Programa Gênero E Cooperativismo – Coopergênero Análise E Diagnósticos
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
FERRAMENTAS EUROSOCIAL Nº 16 aprendizagens em COESÃO SOCIAL Programa gênero e cooperativismo – coopergênero Análise e Diagnósticos RODRIGO GOUVEIA Nº 16 FERRAMENTAS EUROSOCIAL Nº 16 aprendizagens em COESÃO SOCIAL Programa gênero e cooperativismo – coopergênero Análise e Diagnósticos RODRIGO GOUVEIA PROGRAMA FINANCIADO PELA UNIÃO EUROPEIA Edição: Programa EUROsociAL C/ Beatriz de Bobadilla, 18 28040 Madrid (España) Tel.: +34 91 591 46 00 www.eurosocial.eu Com a coordenação de: Expertise France Com o apoio de: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil A presente publicação foi elaborada com o apoio da União Europeia. O conteúdo da mesma é de responsabilidade exclusiva dos autores, em nen hum caso debe considerar que reflete a opinião da União Europeia. Edição não comercial. ISBN: 978-84-09-24592-5 Realização gráfica: Cyan, Proyectos Editoriales, S.A. 11 de outubro de 2018. Não se permite o uso comercial da obra original nem das possíveis obras derivadas,cuja distribuição requer licença semel hante à que regula a obra original. Índice Acerca do autor . 5 I . Introdução . 7 II . Contextualização das políticas públicas de gênero para promoção da autonomia econômica das mulheres rurais . 9 a) A situação na América Latina . 9 b) A situação no Brasil . 12 III . Gênero e cooperativismo . 17 a) O cooperativismo no mundo, na América Latina e no Brasil: breve histórico, dados gerais e iniciativas de promoção de igualdade gênero . 17 b) Os princípios cooperativos e a sua ligação com os ODS e a promoção da igualdade e equidade de gênero . 19 c) As cooperativas como centros de democracia e empoderamento económico da mulher . 20 IV . Coopergênero . 23 a) Gênese, evolução e integração em outras políticas públicas de gênero . 23 b) O Comitê de gênero do MAPA: estrutura e objetivos . 25 c) Principais atividades no âmbito do COOPERGÊNERO . 25 d) Situação atual e perspectivas de futuro . 28 V . Análise crítica . 31 a) Análise dos instrumentos utilizados e sua eficácia . 31 b) Estudos de caso . 34 c) Principais conclusões da análise crítica . 37 VI . Conclusões e recomendações . 43 VII. Síntese final . 51 Referências . 53 Agradecimentos . 55 Anexos . 57 Acerca do autor Rodrigo Gouveia é consultor internacional em cooperativismo e desenvolvimento sustentável . Tra- balha desde 1998 com o movimento cooperativista tendo sido conselheiro jurídico na Pluricoop, Cooperativa de Consumo e na Fenacoop, Federação Nacional de Cooperativas de Consumo em Portugal, onde foi responsável pelas áreas de defesa do consumidor e proteção ambiental . Em 2006 foi nomeado Secretário-Geral da Comunidade Europeia das Cooperativas de Consumo (Euro Coop) e em 2014 Diretor de Política da Aliança Cooperativa Internacional . Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (1997) e possui cursos de pós-graduação em Direito do Consumidor e Direito Público e Regulação Econômica, ambos pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra . 5 I. Introdução O presente documento foi elaborado no âmbito do projeto de “Fortalecimento das políticas públicas para gênero na integração e sustentabilidade do cooperativismo brasileiro” do Ministério da Agricul- tura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, contando com o financiamento da União Europeia através do programa EUROsociAL+, um programa de cooperação regional entre a América Latina e a União Europeia, que busca contribuir para a melhoria da coesão social nos países latino-americanos e para o fortalecimento institucional, mediante o apoio de processos de desenho, reforma e imple- mentação de políticas públicas, enfatizando sua ação nas áreas de gênero, governança e políticas sociais . Na área temática de gênero, o programa EUROsociAL+ destaca, como linha de atuação prioritária, entre outras, a autonomia econômica da mulher através do acesso ao mercado de trabalho, a um emprego digno e à proteção social, com especial ênfase nas mulheres adultas e jovens, assim como o desenvolvimento de mulheres rurais, acesso à terra e luta contra as desigualdades . Em todas estas vertentes, as cooperativas são instrumentos muito relevantes para potenciar a igualdade de gênero através de uma maior participação e integração das mulheres em suas estruturas de gestão e de governo, assim como na gestão comercial e na criação de emprego e renda . O projeto de “Fortalecimento das políticas públicas para gênero na integração e sustentabilidade do cooperativismo brasileiro” visa, numa primeira fase, analisar e diagnosticar o “Programa de Gênero e Cooperativismo – COOPERGÊNERO” do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA), instaurado pela Portaria no 156, de 07 de julho de 2004, que é um instrumento de política pública que visa a promoção da equidade entre mulheres e homens e a família, no âmbito do cooperativismo . Este documento apresenta essa análise e diagnóstico que servirá de base às futuras discussões nas etapas seguintes do projeto, contendo recomendações e propostas de me- lhoramento que são formuladas apenas como elementos para uma futura discussão aberta e com a participação de vários interessados . No plano de trabalho do projeto prevê-se a realização de uma visita de estudo a outro país, que permitirá conhecer uma realidade diferente, mas ainda na mesma região latino-americana, e outras experiências ligadas à promoção da igualdade e equidade de gênero no cooperativismo . Numa terceira etapa, realizar-se-á um seminário internacional para apresentar as principais conclusões deste documento, identificar prioridades, discutir temáticas e propor soluções . Espera- se, no final, produzir um relatório dessa discussão contendo as recomendações finais que daí surtiram . O presente documento é resultado de consultas dos documentos em arquivo no Ministério da Agri- cultura, Pecuária e Abastecimento relativos ao programa COOPERGÊNERO, de variadas entrevis- tas a responsáveis do COOPERGÊNERO e de outras entidades, para além da pesquisa de diversos documentos que se encontram na lista de referências . 7 II. Contextualização das políticas públicas de gênero para promoção da autonomia econômica das mulheres rurais a) A situação na América Latina Apesar de alguns avanços significativos nas últimas décadas, o progresso da situação das mulheres no mundo e da promoção da igualdade e equidade de género, tem sido lento e díspar . A Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONUMulheres) reconhece este fato em seu plano estratégico 2018-2021 (ONUMulheres:2017a), afirmando que nenhum país do mundo conseguiu, até hoje, alcançar a igualdade de gênero ou o pleno empodera- mento das mulheres e meninas . As mulheres continuam a enfrentar barreiras estruturais, falhas de governança, violência generalizada, incluindo a matança seletiva dos defensores dos direitos huma- nos das mulheres, femicídio, práticas nocivas, normas sociais discriminatórias e estereótipos que negam ou restringem seus direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, bem como pre- judicam a sua sexualidade e saúde reprodutiva . A nível económico a situação é grave . Mundialmente, as mulheres ganham 24% menos do que os homens para trabalhos semelhantes e apenas 4% dos(as) líderes das empresas listadas no Fortune 500 são mulheres (ONUMulheres:2015), para além de as mulheres enfrentarem maiores barreiras legais em termos de oportunidades económicas e de ocuparem apenas 24% dos cargos de chefia de empresas (ONUMulheres:2014) . Em 2015, as Nações Unidas aprovaram a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável que veio substituir os objetivos de desenvolvimento do milênio por dezessete objetivos de desenvolvi- mento sustentável (ODS) . Trata-se de uma agenda ambiciosa cujos ODS se desdobram em 169 metas que serão monitoradas por centenas de indicadores estatísticos . Os ODS cobrem um vasto número de áreas e, contrariamente ao que sucedia com os objetivos de desenvolvimento do milênio, eles se aplicam a todos os países, não tratando apenas de questões de desenvolvimento . A Agenda 2030 reconhece expressamente a validade e os resultados da Pla- taforma de Ação de Pequim, considerando que “a desigualdade de gênero continua a ser um desa- fio fundamental” do mundo atual (ONU:2015a) . Para além disso, a igualdade de gênero e o empo- deramento das mulheres têm um papel transversal e, por isso, darão “uma contribuição essencial para o progresso em todos os objetivos e metas” (ONU:2015a) . Os países da América Latina e do Caribe assumiram compromissos importantes em relação aos direitos das mulheres . Para além de terem aprovado a Agenda 2030, todos ratificaram a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e 14 deles também ratificaram seu Protocolo Facultativo . Nos últimos anos, vários países decidiram promover a igual- dade de gênero através da modificação de suas constituições, da criação de ministérios ou institutos 9 RODRIGO GOUVEIA de assuntos da mulher, da reforma de leis, da tipificação da violência de gênero como crime e/ou do estabelecimento de cotas de gênero para cargos políticos . No entanto, apesar destes avanços formais, de acordo com o gabinete regional da ONUMulheres para a América Latina e o Caribe, as atitudes culturais e os estereótipos de gênero continuam a criar impor- tantes desafios e obstáculos para uma concretização efetiva dos direitos das mulheres na região . Esta realidade afeta, de forma ainda mais pronunciada, as mulheres rurais e, especificamente na dimensão do seu empoderamento econômico . O Comitê para a Eliminação