2 O FATOR DANIELA

Empolgadas com o sucesso de Luiz Caldas, as gravadoras começaram a vasculhar a Bahia atrás de novos tilintadores de caixas registra- doras. Um dos maiores acertos foi uma baiana ligada no 220 volts: Daniela Mercury. A more- na de voz grave já era um sucesso no Nordeste com a música Swing da Cor, hit do primeiro 5 MÚSICAS FUNDAMENTAIS disco, homônimo, lançado em 1991. Um ano depois, o país todo se rendia ao álbum O Fricote, de Luiz Caldas, inaugurou o gênero, Canto da Cidade, cuja faixa-título foi tocada à mas quem o tornou comercialmente viável exaustão e reforçou o poder de fogo do axé. foi O Canto da Cidade, de Daniela Mercury. Na esteira, Sarajane cavou seu lugar com A Ro- da, enquanto Margareth Menezes inventou o samba-reggae com o sucesso Faraó. Um 3 DANÇANDO, DANÇANDO dos maiores grupos afro do Brasil, o Olodum é lembrado por Requebra. Ainda na seara das Até 1995, todo mundo dançava axé da manei- bandas, destacaram-se Chiclete com Banana ra que achasse melhor. Mas naquele ano um (Cara Caramba Sou Camaleão), Banda Beijo grupo botou ordem na folia. Amparado por (Beijo na Boca), Banda Eva (Levada Louca) e duas dançarinas de vestuário reduzido, o Gera Bamdamel (Prefixo de Verão). Samba acrescentou uma dose de erotismo ao gênero, com coreografias criadas a partir das letras de suas músicas – que, com alguma generosidade, podem ser consideradas de duplo sentido. É o Tchan!, do disco homôni- 6 O AXÉ HOJE mo (e que depois veio a se tornar o nome da banda), foi a primeira a ganhar coreografia, seguida de uma infinidade de outras que en- Nos anos 2000, a crise da indústria musical sinavam o público a mexer o quadril enquan- freou o avanço da axé music. Com medo to apalpava partes do corpo. A partir dali, as de investir em novos artistas, as gravadoras coreografias virariam regra no axé. (e consequentemente as rádios) passaram a focar apenas em nomes confirmados – especialmente cantoras com apelo mais pop, como Ivete Sangalo e Claudia Leitte. 4 AS MUSAS Gregário por natureza, o gênero começou a absorver outros estilos, como pagode, 1 O MARCO INiCIAL De corpete e luvas à la Rita Hayworth, Dani- reggae e samba, e aí vieram Psirico (do hit ela Mercury foi uma das primeiras grandes Lepo Lepo) e Parangolé (Rebolation). O re- flexo dessas mudanças pode ser conferido Luiz Caldas já era um músico experiente musas da axé music. Atentas, as gravadoras começaram a apostar em outros rostinhos em sua festa maior: no Carnaval de Salva- quando gravou Fricote, para o disco Magia, em dor, há anos artistas sem nenhuma ligação 1985. A música, que misturava ritmos afros bonitos – tivessem eles ou não competência vocal. Nessa leva surgiram nomes como Ivete com o axé original, como funkeiros e ser- e sintezadores, explodiu durante o Carnaval tanejos, ocupam os trios elétricos. na Bahia e se alastrou rapidamente para to- Sangalo que, além de bonita, segurava a on- do o Brasil. Tocando sem parar no rádio e na da em cima do palco e do trio elétrico. O mes- TV – Caldas não saía do Cassino do Chacrinha, mo valeria, mais tarde, para Claudia Leitte. por exemplo –, Fricote vendeu mais de 400 Sem abrir a boca, Carla Perez também merece mil cópias do seu LP e fundou o gênero que lugar de destaque nessa categoria – afinal, mudaria para sempre a música pop brasileira. nem só de música vive a axé music. Charles Guerra, bd 11/01/2013 É o Tchan!

Luiz Caldas polygram, Divulgação polygram,

Claudia Leitte

Daniela Adriana Franciosi, bd 11/12/1993Mercury

rca, Divulgação

Ivete

ução d

repro Sangalo