IZZAT GHAZZAWI E NURIT PELED-ELHANAN
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
IZZAT GHAZZAWI e NURIT PELED-ELHANAN Sr. Izzat GHAZZAWI Nascido em 1951 na Palestina, Izzat Ghazzawi é presidente da Associação de Escritores da Palestina, professor na Universidade de Birzeit, possuidor de um Master em Literatura Inglesa e membro do gabinete executivo do Conselho Palestiniano para a Justiça e Paz. O Sr. Ghazzawi ganhou o Prémio Internacional para a liberdade de expressão em Stavanger, em 1995. Romancista, escritor de contos e crítico, Izzat Ghazzawi organizou e liderou a primeira Conferência Internacional de Escritores na Palestina (1997). Ghazzawi foi, por mais do que uma vez, preso e censurado pelas autoridades israelitas, devido às suas actividades políticas. A sua vida ficou marcada pelo assassínio do seu filho Ramy, de 16 anos, pelo exército israelita. Ramy foi assassinado no pátio da sua escola, quando socorria um amigo ferido. Apesar das circunstâncias trágicas, Izzat Ghazzawi nunca deixou de procurar estabelecer o diálogo cultural e político com Israel, partilhando, particularmente, do sentido e do espírito da obra do escritor israelita Horvitz Yaeer. Alguns meses após a morte do filho, apresentou, juntamente com o escritor israelita Abraham B. Yehoshua, uma publicação com fotografias de Oliviero Toscani, sobre as relações entre palestinianos e israelitas (6.500.000 exemplares em diversas línguas). Continua a lutar por uma paz justa, fundada no reconhecimento dos direitos e no respeito recíproco entre o povo hebraico e o povo palestiniano. Nurit PELED-ELHANAN Nascida em 1949, de nacionalidade israelita, é professora universitária e possui um Mestrado em Literatura Comparada. É filha do famoso general Matti Peled, conhecido pelas suas lutas pacifistas e progressistas. Smadar, de 13 anos, filha de Nurit Peled-Elhanan, contava-se entre as vítimas do atentado suicida cometido há três anos, em Jerusalém Oeste, por um kamikaze palestiniano. « Quando a minha filha morreu, evitei que o desespero me cegasse – diz Nurit – e proferi um discurso que causou alvoroço, centrado na responsabilidade de uma política míope que não reconhece os direitos do outro e que fomenta o ódio e o conflito». A partir do momento em que afirmou publicamente as suas ideias, Nurit Peled-Elhanan tornou-se o símbolo da outra Israel, aquela que exige uma solução negociada da crise e que defende o princípio de «dois povos, dois Estados com direitos iguais». O SENTIDO DAS PRESENTES CANDIDATURAS Graças à sua experiência e empenho, Izzat Ghazzawi e Nurit Peled materializam a esperança de uma solução negociada e pacífica do conflito israelo-palestiniano. A tragédia que conheceram (a perda dos filhos) não os tornou inimigos e a sua dor não se transformou em ódio, mas sim em energia para encontrar uma solução conducente ao respeito dos direitos de ambos os povos. Não se trata apenas de premiar duas pessoas que perderam os seus filhos, mas sim de premiar a sua atitude, um exemplo que ultrapassa os limites do conflito israelo-palestiniano para se tornar num modelo de comportamento universal, em que a não-violência e o reconhecimento dos direitos individuais são valorizados e postos em prática. DOM ZACARIAS KAMWENHO D. ZACARIAS KAMWENHO tem 67 anos de idade e nasceu em Chimbundo (na província do Huambo, em Angola) no dia 5 de Setembro de 1934. Ordenado padre em 9 de Julho de 1961, tornou-se bispo em 1974, tendo exercido funções nas dioceses de Luanda, Sumbe e Lubango. Arcebispo de Lubango desde 2 de Fevereiro de 1997, foi mais tarde nomeado Presidente da CEAST, a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé. Dom Zacarias Kamwenho tem ainda desempenhado o cargo de Presidente da COIEPA desde a sua criação em 13 de Abril de 2000. Este Comité Intereclesial para a Paz em Angola é uma estrutura ecuménica que reúne a católica CEAST, a Aliança Evangélica de Angola (AEA) e o Conselho de Igrejas Cristãs de Angola (CICA). Na sua qualidade de líder da COIEPA e da CEAST, D. ZACARIAS KAMWENHO tem sido uma voz firme, imparcial e persistente, inspirando e incentivando continuamente os crescentes esforços que emergem do coração da sociedade civil angolana: um novo e promissor caminho espiritual para devolver a paz, a democracia e o respeito pelos direitos do Homem aos angolanos. O Arcebispo KAMWENHO possui uma personalidade marcante e é uma referência moral notável deste novo movimento. A sua voz é respeitada e ouvida (embora por vezes de forma relutante) por ambas as partes no conflito armado, que ele não se inibe de criticar e pressionar, expressando a opinião do povo e lutando pelo bem-estar e direitos fundamentais do povo angolano. D. ZACARIAS KAMWENHO é um dos símbolos mais proeminentes das exigências da paz, liberdade e justiça do povo angolano. Existem actualmente vários indícios de que chegou o momento de a sociedade civil angolana intervir e, a partir das bases, tomar as rédeas desta demanda pela paz em Angola. Em 1999, o povo angolano começou a desenvolver uma consciência activa, encorajada e representada pelos esforços dos líderes religiosos, dos cidadãos e de várias organizações independentes que surgiram dentro da sociedade civil, que prosseguem o objectivo de alcançar uma “reconciliação nacional global”. Estas entidades trabalham arduamente para ultrapassarem uma política desastrosa baseada no ódio e numa divisão violenta, que apenas trouxe destruição a Angola e um enorme sofrimento aos angolanos. As grandes esperanças de alcançar uma paz duradoura em Angola provêm desta pressão independente e persistente no sentido de, em primeiro lugar, alcançar um cessar-fogo e restabelecer o diálogo entre as partes beligerantes e, em seguida, enveredar pelo caminho de uma mediação interna eficaz já que, no passado, a mediação internacional nunca foi bem sucedida. É no quadro destes esforços e apelos contínuos que se distingue a voz de Dom ZACARIAS KAMWENHO, o Presidente da COIEPA, uma das mais persistentes e notáveis vozes em todo este processo. Mesmo após o regresso da terrível guerra civil em 1998, e apesar de se continuarem a verificar constantemente incidentes violentos, esta nova esperança mantém-se viva. O clima geral que se vive em Angola parece estar a mudar, lenta mas decididamente: pela primeira vez em vários anos, os políticos moderados do MPLA e da UNITA, os líderes de outros partidos políticos, activistas dos direitos do Homem e vários movimentos cívicos estão a trabalhar em conjunto no âmbito das mesmas iniciativas de paz. Apesar da guerra, tanto o Governo como a UNITA sentiram recentemente a necessidade de apresentar novas “propostas” ou “planos” para a paz. Os apelos para um cessar-fogo imediato são cada vez mais intensos em todo o país. O papel das igrejas como possíveis mediadoras é cada vez mais reconhecido, tanto a nível nacional, como a nível internacional. David Kramer, o chefe da equipa de peritos norte-americanos que, há poucas semanas, concluiu que Angola precisa de paz antes das eleições, sublinhou que: “a Igreja desempenha um papel muito importante no processo de paz”. Entre os marcos mais importantes desta demanda independente pela paz levada a cabo pela sociedade civil angolana, que conta com a inestimável contribuição do Arcebispo ZACARIAS KAMWENHO figuram: a mensagem Episcopal “O Sofrimento do Povo Angolano” (Janeiro de 1999); o documento do GARP (Grupo Angolano de Reflexão para a Paz) “Paz através do Diálogo” (Abril de 1999); “O Manifesto para a Paz em Angola” (Junho de 1999); a criação da COIEPA (Abril de 2000); o “Congresso Pro Pace” (Julho de 2000); o “Fórum sobre as Múltiplas Consequências da Guerra” (Março de 2001); a apresentação e lançamento do AMC – Amplo Movimento de Cidadãos (Abril/Julho de 2001); a “Workshop para a Paz” e a criação da “Rede para a Paz” (Julho de 2001); a resposta ao líder da UNITA (Agosto de 2001) e a “Jornada para a Paz” (Agosto/Setembro de 2001), que decorreram durante um mês..