10 53245 Simulado 171 questões

Questão 1 (ACAFE) TEXTO BASE 1 Identifique na primeira coluna as opções que preenchem corretamente as lacunas dos textos da TEXTO: segunda coluna. ( 1 ) O Tempo e o Vento; Terra e Cambará Há uma outra face do Marechal Floriano que muito ( 2 ) Bentinho; Capitu explica os seus movimentos, atos e gestos. Era o seu ( 3 ) ; Canudos amor à família, um amor entranhado, alguma coisa de ( 4 ) Vidas Secas; Sinhá Vitória patriarcal, de antigo que já se vai esvaindo com a marcha ( 5 ) Iracema; ema selvagem 5 da civilização. [...]. A sua preguiça, a sua tibieza de ânimo e o seu ( ) Na análise de ______, cujo autor é , destaca-se o papel feminino na amor fervoroso pelo lar deram em resultado esse trama. ______quer uma vida melhor, e é por causa de seus sonhos que a família avança e “homem-talvez” que, refratado nas necessidades mentais conquista condições melhores. “Ela quer uma vida melhor e expressa isso no desejo de ter uma e sociais dos homens do tempo, foi transformado em cama, onde ela possa deitar e não sentir dor”. 10 estadista, em Richelieu e pôde resistir a uma séria revolta ( ) A trilogia ______, do escritor Érico Veríssimo, é uma obra contextualizada no estado do com mais teimosia que vigor, obtendo vidas, dinheiro e Rio Grande do Sul. O romance representa a história do estado gaúcho, de 1680 até 1945 (fim do despertando até entusiasmo e fanatismo. [...] Estado Novo), através da saga das famílias ______. A sua concepção de governo não era o despotismo, ( ) É a Natureza que serve para pintar ______, a virgem dos lábios de mel, que tinha os nem a democracia, nem a aristocracia; era a de uma cabelos mais negros que as asas da graúna, mais longos do que seu talhe de palmeira. O favo da 15 tirania doméstica. O bebê portou-se mal, castiga-se. jati não era doce como o seu sorriso, nem a baunilha recendia no bosque como o seu hálito Levada a coisa ao grande, o portar-se mal era fazer-lhe perfumado. Mais rápida que a ______. oposição, ter opiniões contrárias às suas e o castigo ( ) O olhar de ______acerca do Sertão enfatiza tanto o caráter indomável e despovoado do não eram mais palmadas, sim, porém, prisão e morte. interior do território brasileiro quanto o flagelo das caatingas e as secas deste meio causticante. A Não há dinheiro no Tesouro; ponham-se as notas flora desse espaço é descrita, bem como sua “vegetação agonizante, doente e informe”, porém, 20 recolhidas em circulação, assim como se faz em casa no seu dizer, “o sertão, de inferno que é, se metamorfoseia em paraíso”. Neste enfoque, o quando chegam visitas e a sopa é pouca: põe-se mais ambiente onde se localiza ______não poderia ser diferente, é um locus único porque água. [...] inclassificável. Quaresma estava longe de pensar nisso tudo; ele, ( ) Inteligente, prática, de personalidade forte e marcante (ela era muito mais mulher do que como muitos homens honestos e sinceros do tempo, ______, homem, ______acaba se tornando a dona do romance: forma, inicialmente, com o 25 foram tomados pelo entusiasmo contagioso que Floriano narrador, um “duo terníssimo” e, depois, possa a constituir o centro do drama do protagonista conseguira despertar. Pensava na grande obra que o masculino, com a entrada em cena de Escobar (“trio") e de Ezequiel (“quattuor”). Destino reservava àquela figura plácida e triste; na A sequência correta, de cima para baixo, é: reforma radical que ele ia levar ao organismo aniquilado a 1 - 5 - 2 - 4 - 3 da pátria, que o major se habituara a crer a mais rica do b 3 - 2 - 5 - 1 - 4 30 mundo, embora, de uns tempos para cá, já tivesse dúvidas a certos respeitos. [...] c 4 - 1 - 5 - 3 - 2 — Então, Quaresma? fez Floriano. d 2 - 3 - 4 - 5 - 1 — Venho oferecer a Vossa Excelência os meus fracos préstimos. Questão 2 (UFN) 40 O presidente considerou um instante aquela Um dos nomes mais importantes da linha intimista da moderna literatura brasileira é pequenez de homem, sorriu com dificuldade, mas, ______, tendo em A paixão segundo G. H. um exemplo significativo de tal tendência. levemente, com um pouco de satisfação. Sentiu por aí Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna. a força de sua popularidade e senão a razão boa de sua a Lya Luft causa. 45 — Agradeço-te muito... Onde tens andado? Sei b Cecília Meirelles que deixaste o arsenal. c Carlos Drummond de Andrade Floriano tinha essa capacidade de guardar d Clarice Lispector fisionomias, nomes, empregos, situações dos e subalternos com quem lidava. Tinha alguma coisa de 50 asiático; era cruel e paternal ao mesmo tempo. / 10 53245 Quaresma explicou-lhe a sua vida e aproveitou a TEXTO BASE 2 ocasião para lhe falar em leis agrárias, medidas tendentes a desafogar e dar novas bases à nossa vida Leia o trecho inicial do conto “A doida”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder agrícola. O marechal ouviu-o distraído, com uma dobra à questão. 55 de aborrecimento no canto dos lábios. — Trazia a Vossa Excelência até este memorial... A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado. E a rua descia para o córrego, onde O presidente teve um gesto de mau humor, um os meninos costumavam banhar-se. Era só aquele chalezinho, à esquerda, entre o barranco e um quase “não me amole” e disse com preguiça a Quaresma: chão abandonado; à direita, o muro de um grande quintal. E na rua, tornada maior pelo silêncio, o — Deixa aí... burro que pastava. Rua cheia de capim, pedras soltas, num declive áspero. Onde estava o fiscal, BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Ática, 1994. p. 131-133. que não mandava capiná-la? Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho. Só com essa Questão 3 (UEFS) intenção. Mas era bom passar pela casa da doida e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era horroroso, poucos pecados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade, porque eles PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1 não gozam dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoados. Não explicavam bem quais O texto evidencia características da produção literária pré-modernista do Brasil, que se fossem esses benefícios, ou explicavam demais, e restava a impressão de que eram todos estenderam à estética modernista. privilégios de gente adulta, como fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandades. E isso não A característica que tem relevância no fragmento em estudo está indicada na alternativa comovia ninguém. A loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se inclinados a 1 a Nacionalismo crítico. lapidar a doida, isolada e agreste no seu jardim. Como era mesmo a cara da doida, poucos poderiam dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo b Denúncia das mazelas sociais. inteiro, como as outras pessoas, conversando na calma. Só o busto, recortado numa das janelas c Rejeição das estéticas tradicionais. da frente, as mãos magras, ameaçando. Os cabelos, brancos e desgrenhados. E a boca d Valorização dos elementos primitivos brasileiros. inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca. Eram palavras da Bíblia misturadas a e Projeto ufanista de construção da identidade brasileira. termos populares, dos quais alguns pareciam escabrosos, e todos fortíssimos na sua cólera. Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto Questão 4 (ENEM PPL) (contava mais de sessenta anos, e loucura e idade, juntas, lhe lavraram o corpo). Corria, com Famigerado variantes, a história de que fora noiva de um fazendeiro, e o casamento uma festa estrondosa; Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente. mas na própria noite de núpcias o homem a repudiara, Deus sabe por que razão. O marido Contra que aí estava com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado. Do que, ergueu-se terrível e empurrou-a, no calor do bate- -boca; ela rolou escada abaixo, foi quebrando se resolveu. Levantou as feições. Se é que se riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me ossos, arrebentando-se. Os dois nunca mais se veriam. Já outros contavam que o pai, não o encarava, só se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho indeciso. Redigiu seu monologar. marido, a expulsara, e esclareciam que certa manhã o velho sentira um amargo diferente no café, O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão, travados ele que tinha dinheiro grosso e estava custando a morrer – mas nos racontos2 antigos abusava- assuntos, insequentes, como dificultação. A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de se de veneno. De qualquer modo, as pessoas grandes não contavam a história direito, e os entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com meninos deformavam o conto. Repudiada por todos, ela se fechou naquele chalé do caminho do o jogo, sonso, no me iludir, ele enigmava. E, pá: córrego, e acabou perdendo o juízo. Perdera antes todas as relações. Ninguém tinha ânimo de — Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: visitá-la. O padeiro mal jogava o pão na caixa de madeira, à entrada, e eclipsava-se. Diziam que fasmisgerado... faz-me-gerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...? nessa caixa uns primos generosos mandavam pôr, à noite, provisões e roupas, embora ROSA, J. G. Primeiras estórias. : Nova Fronteira, 1988 oficialmente a ruptura com a família se mantivesse inalterável. Às vezes uma preta velha A linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque arriscava-se a entrar, com seu cachimbo e sua paciência educada no cativeiro, e lá ficava dois ou na literatura brasileira. No fragmento lido, a tensão entre a personagem e o narrador se três meses, cozinhando. Por fim a doida enxotava-a. E, afinal, empregada nenhuma queria servi- estabelece porque la. Ir viver com a doida, pedir a bênção à doida, jantar em casa da doida, passaram a ser, na a o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a perigosa pergunta de seu cidade, expressões de castigo e símbolos de irrisão3 . interlocutor. Vinte anos de uma tal existência, e a legenda está feita. Quarenta, e não há mudá-la. O b o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se vê em “a conversa era para sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave, teias de aranha " uma coisa aberrante, instalou-se no espírito das crianças. E assim, gerações sucessivas de c entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível, decorrente de suas diferenças moleques passavam pela porta, fixavam cuidadosamente a vidraça e lascavam uma pedra. A socioculturais. princípio, como justa penalidade. Depois, por prazer. Finalmente, e já havia muito tempo, por d a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência do narrador, decidido a mudar o hábito. Como a doida respondesse sempre furiosa, criara-se na mente infantil a ideia de um assunto da conversa. equilíbrio por compensação, que afogava o remorso. Em vão os pais censuravam tal procedimento. Quando meninos, os pais daqueles três tinham e a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar as personagens em plano feito o mesmo, com relação à mesma doida, ou a outras. Pessoas sensíveis lamentavam o fato, incomunicáveis. sugeriam que se desse um jeito para internar a doida. Mas como? O hospício era longe, os / 10 53245 parentes não se interessavam. E daí – explicava-se ao forasteiro que porventura estranhasse a Questão 6 (UPE) situação – toda cidade tem seus doidos; quase que toda família os tem. Quando se tornam ferozes, são trancados no sótão; fora disto, circulam pacificamente pelas ruas, se querem fazê-lo, O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI ou não, se preferem ficar em casa. E doido é quem Deus quis que ficasse doido... Respeitemos - O meu nome é Severino, sua vontade. Não há remédio para loucura; nunca nenhum doido se curou, que a cidade como não tenho outro de pia. soubesse; e a cidade sabe bastante, ao passo que livros mentem. Como há muitos Severinos, (Contos de aprendiz, 2012.) que é santo de romaria, deram então de me chamar 1 Severino de Maria; lapidar: apedrejar. como há muitos Severinos 2 raconto: relato, narrativa. com mães chamadas Maria, 3 irrisão: zombaria. fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. Questão 5 (UNIFESP) Mais isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2 por causa de um coronel De acordo com o segundo parágrafo, que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo a os garotos, ao descerem a rua, tinham como principal objetivo provocar a doida. senhor desta sesmaria. b as explicações dadas pelas mães para condenar as provocações à doida não comoviam os Como então dizer quem falo garotos. ora a Vossas Senhorias? c as provocações dos garotos à doida não comoviam ninguém. Vejamos: é o Severino d as mães, apesar de dizerem o contrário, consideravam as provocações dos seus filhos à da Maria do Zacarias, doida uma mera brincadeira. lá da serra da Costela, e as mães, por considerarem a doida responsável por sua loucura, não repreendiam seus filhos. limites da Paraíba. (...) [continuação...] Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas e iguais também porque o sangue, que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte Severina/ ataca em qualquer idade,/ e até gente não nascida). João Cabral de Melo Neto Analise as afirmativas a seguir:

I. No início do trecho, Severino se apresenta e, para se diferenciar dos demais Severinos existentes na ‘freguesia’, revela informações acerca dos pais e da região onde vive. Mas, o lavrador tem dificuldades em sua apresentação, pois Severinos no norte são “iguais em tudo na vida”. / 10 53245 II. À medida que apresenta, Severino faz revelações sobre ele e os demais sujeitos que estão em TEXTO BASE 3 condições de sobrevida tão ou mais precárias que a sua. É uma vida cercada pela morte, que, se não lhes rouba os dias pela doença, rouba pela violência. Fragmento do poema do poeta mineiro Murilo Mendes (1901-1975). III. “A gente não nascida” é uma referência às crianças não nascidas, por causa da doença da mãe, cujas vidas são similares à de Severino, pois essas mulheres também são vítimas da fome, O pastor pianista da seca, do desemprego e da violência humana. Soltaram os pianos na planície deserta Onde as sombras dos pássaros vêm beber. Está CORRETO o que se afirma, apenas, em Eu sou o pastor pianista, Vejo ao longe com alegria meus pianos a I e II. Recortarem os vultos monumentais b I e III. Contra a lua. c II e III. Murilo Mendes d I. Questão 8 (Mackenzie) e II. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 3 Questão 7 (UFRGS) O bloco superior, abaixo, lista quatro títulos de romances e seus respectivos autores; o inferior Seria possível compararmos o fragmento do poema “O pastor pianista” com: apresenta resumos de enredo de três desses romances. a a poesia parnasiana de e de Alberto Oliveira, pela presença da temática da arte pela arte. Associe corretamente o bloco inferior ao superior. b os cenários sertanejos e a representação do conflito entre indivíduo e natureza, como presentes em Vidas secas, de Graciliano Ramos. 1 - Senhora, de José de Alencar c o indianismo e as metáforas de mestiçagem, como encontrados no romance Iracema, de José 2 - Inocência, de Visconde de Taunay de Alencar. 3 - Dom Casmurro, de d o poema-piada e a desconstrução com efeito de humor da temática do amor, característicos 4 - O Mulato, de Aluísio Azevedo da obra de Oswald de Andrade.

( ) Moça órfã de pai recebe herança, que lhe permite comprar o marido, sendo a relação e o jogo poético entre os planos físico e onírico, como recorrente na obra de Jorge de Lima. matrimonial marcada pelos atritos entre o casal. TEXTO BASE 4 ( ) Moça prometida pelo pai a um sertanejo apaixona-se por outro homem e, a partir daí, passa a se sentir dividida entre satisfazer a promessa paterna e entregar-se ao amor. Science Fiction ( ) Moça de origem humilde, depois de um longo namoro, casa-se com seu vizinho, que estava destinado ao seminário por uma promessa de sua mãe. O marciano encontrou-me na rua e teve medo de minha impossibilidade humana. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é Como pode existir, pensou consigo, um ser a 1 – 2 – 4. que no existir põe tamanha anulação de existência? [5] Afastou-se o marciano, e persegui-o. b 2 – 1 – 3. Precisava dele como de um testemunho. c 3 – 4 – 1. Mas, recusando o colóquio, desintegrou-se d 1 – 2 – 3. no ar constelado de problemas. e 2 – 1 – 4. E fiquei só em mim, de mim ausente

Carlos Drummond de Andrade Nova reunião. São Paulo: José Olympio, 1983.

/ 10 53245 Questão 9 (UERJ) Questão 11 (PUC-PR) PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 4 A respeito de São Bernardo, de Graciliano Ramos, assinale a INCORRETA: a Abrindo o relato da vida de Paulo Honório, há uma reflexão metalinguística na qual o narrador, A pergunta formulada pelo marciano pode ser lida como uma projeção da consciência do próprio um escritor contratado pelo protagonista, pondera sobre a dificuldade que terá para realizar a sujeito poético. tarefa de biograr um homem tão rude e misterioso, pelo qual sente admiração e no qual se projeta. Um verso que também sugere essa projeção é: b Entre os muitos recursos formais tipicamente modernos empregados no texto do romance, a O marciano encontrou-me na rua (v. 1) têm destaque os fluxos de consciência e os monólogos interiores. Por meio deles o narrador b Afastou-se o marciano, e persegui-o. (v. 5) revela sua constituição psicológica conturbada, carregada de ressentimentos, raiva, frustrações e c Mas, recusando o colóquio, desintegrou-se (v. 7) culpa, sem, contudo, em momento algum, deixarse levar pelo sentimentalismo. d E fiquei só em mim, de mim ausente. (v. 9) c A linguagem de Paulo Honório é marcada pela concisão e pelo tom direto, um tanto rude. Porém, quanto ao ritmo do desenvolvimento da ação, nota-se que o narrador, ao recuperar Questão 10 (IMEPAC) fatos de sua vida anteriores à consquista da propriedade de São Bernardo, usa de um discurso Com base na leitura de Poesia completa, de Manoel de Barros, assinale a alternativa CORRETA. breve e lacunar, com a supressão de dados sobre a sua origem. A razão dessa escolha narrativa é salientar que, na experiência de dificuldades – todas vencidas –, Paulo Honório seria uma a Muitos textos poéticos que compõem o livro trazem em seu léxico palavras artisticamente “obra” de si mesmo, sendo as suas conquistas a expressão de um movimento incontido na inventadas ou neologismos. direção da construção (nos planos social e econômico) do indivíduo, pouco importando a sua b De modo eloquente, o autor em seus textos procura ressaltar a necessidade de se defender a origem. terra brasileira da influência nociva do estrangeiro. d O momento da narração de Paulo Honório é de isolamento e inação. Embora ainda resida em c Pode-se perceber nos textos que a infância vivida na capital paulista, marcada por tantas São Bernardo e goze da consideração de figuras importantes da cidade (os quais pensou em dificuldades, deixou traumas inesquecíveis no autor. engajar no projeto de escrita de sua biografia, descartando depois essa ideia e preferindo d Vários textos poéticos da obra buscam reafirmar o arrebatamento que o autor sentia ao escrever por conta própria), Paulo Honório vive sozinho. Em momentos de instrospecção, observar as metrópoles brasileiras. enquanto recorda os fatos de sua vida, a natureza, com seus sons soturnos (como o pio da coruja) funciona como reflexo do estado de alma do narrador. Isso confere à obra, para além do tom realista das descrições, uma carga de elementos poéticos. e No relato de Paulo Honório, o ponto mais doloroso é o que diz respeito à morte de Madalena. Após uma convivência conjugal marcada pela incomunicabilidade, pelo ciúme e pela explicitação de diferentes visões de mundo (ela solidária aos empregados da fazenda, ele explorando-os sem piedade e de modo crescente), a morte de Madalena, fragilizada pela pressão psicológica que ele lhe dirigiu, é a marca maior do fracasso de Paulo Honório em sua vivência afetiva. Esse episódio lhe dá a sensação de que a busca pelo poder o esvaziou do ponto de vista humano, sendo suas conquistas, nesse sentido, ausentes de significado.

/ 10 53245 Questão 12 (UFRN) Questão 13 (UCS) Observe as ilustrações abaixo, de autoria do artista plástico Poty, que acompanha algumas Leia o fragmento do poema Bacanal, de . edições de Capitães da areia. Quero beber! Cantar asneiras No esto brutal das bebedeiras Que tudo emborca e faz em caco... Evoé Baco! (LIMA, Alceu Amoroso. Poesia: Manuel Bandeira. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1983. p. 25.) Tendo como base o fragmento, analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das proposições abaixo.

( ) O sujeito lírico deseja Cantar asneiras como forma de incorporar ao fazer poético qualquer temática. ( ) Inspirado por Baco, o sujeito lírico almeja por uma libertação da poesia, afastando-a das formas tradicionais em voga no século XIX. ( ) O título do poema sugere uma relação de sentido com a antropofagia, uma das tendências do Modernismo.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo. a V – F – V As ilustrações 1 e 2 representam, respectivamente, o desfecho das personagens b V – V – V a Volta Seca, que termina por integrar um bando de cangaceiros, e Sem-Pernas, que se suicida c F – F – F numa perseguição policial. d V – V – F b Querido-de-Deus, que ingressa numa companhia de teatro regional, e Professor, que se transforma no principal mestre de capoeira de Salvador. e F – V – V c Gato, que vai para Ilhéus se juntar ao grupo de Lampião, e João Grande, que passa a ser considerado o ladrão mais perigoso de Salvador. d Boa-Vida, que, como pintor, passa a retratar as figuras do Nordeste, e Raimundo, que foi morto numa briga em meio à greve dos doqueiros.

/ 10 53245 Questão 14 (PUC-RS) Questão 15 (UFMG) INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o poema “Elegia de agosto”, de Manuel INSTRUÇÃO: As questões de 07 a 15 baseiam-se na obra Os ratos, de Dyonelio Machado, Bandeira. indicada para leitura prévia. Não há vagas O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. A nação elegeu-o seu Presidente Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão O Certo de que jamais ele a decepcionaria. funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. De fato, Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras Durante seis meses, – porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” [...] GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de O eleito governou com honestidade, Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. p. 224. (Fragmento) Com desvelo, Assinale a alternativa em que, no trecho transcrito, se faz referência CORRETAMENTE a um Com bravura. personagem de Os ratos que mais se assemelha aos trabalhadores de Não há vagas. Mas um dia, a Cem mil réis pra um homem desses não é nada... Essa gente que vive no centro, nos cafés, é De repente, desprendida. Não sabe explicar por quê. Lhe deu a louca b Duque procederia doutro modo: cavaria. [...] acha-o superior, superior sobretudo como E ele renunciou. esforço, como combate...

Renunciou sem ouvir ninguém. c Ele tem mesmo o ar de pessoas de fora, de gente de campanha. A pele é trigueira, cheia de Renunciou sacrificando o seu país e os seus amigos. rugas. Parece homem de quarenta anos. Renunciou carismaticamente, falando nos pobres e d “Esses homens não gostam de passar por generosos...” É uma sentença que o Alcides e o humildes que é tão difícil ajudar. Duque bem podiam ter feito com antecipação... Explicou: “Não nasci presidente. Nasci com a minha consciência. Questão 16 (PUC-Campinas) Quero ficar em paz com a minha consciência.” A dois séculos de distância, o espetáculo ainda é assombroso (...) Que de tão longe uma Rainha enlouqueça e venha a morrer no cenário final do drama; que os sonhos dos Inconfidentes se Agora vai viajar. cumpram depois de tantas sentenças; e que o Brasil se torne independente dali a 31 anos, e a Vai viajar longamente no exterior. República seja proclamada exatamente ao cumprir-se um século sobre aquelas prisões − tudo Está em paz com a sua consciência. parece impregnado de um mistério claro, desejoso de revelar-se e de se fazer compreender. Ouviram bem? (Cecília Meireles. “Como escrevi o Romanceiro da Inconfidência”, anexo a Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2012. p. 255) ESTÁ EM PAZ COM A SUA CONSCIÊNCIA Tendo como centro os sonhos dos Inconfidentes, Cecília Meireles criou a obra-prima que é o Romanceiro da Inconfidência, poema E que se danem os pobres e humildes que é tão difícil ajudar. a inteiramente composto em decassílabos, voltado para a exposição didática da ideologia dos seguidores de Tiradentes. Com base no poema, afirma-se: b em prosa, que se tornou exemplo máximo desse gênero literário, logo adotado por vários outros modernistas. I. Os versos abordam uma temática prosaica, de aparente simplicidade, muito presente na c épico, decalcado de Os Lusíadas, em que a autora demonstra grande familiaridade com a totalidade da obra de Manuel Bandeira. II. Uma certa melancolia, associada ao sentimento de conformismo diante da realidade, é retórica clássica. perceptível ao longo do poema. d em que se alternam o tom épico e o lírico, o modo reflexivo e o narrativo, tudo se sustentando III. O poema apresenta um traço narrativo, trazendo, inclusive, uma fala registrada em discurso numa grande variedade de ritmos. direto. e em que, mesmo buscando afastar-se dos fatos históricos, se entrevê aqui e ali alguma IV. As marcas de oralidade e a presença de adjetivos evidenciam o lirismo exacerbado que referência inequívoca à Conjuração mineira. caracteriza o sentimento de mundo do poeta.

A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são a I, apenas. b II, apenas. c I e III, apenas. d II e III, apenas. e I, II e III. / 10 53245 Questão 17 (FACISA) Questão 18 (UFPR) Sobre o romance São Bernardo, responda a questão O poema “Legado” integra a primeira parte do livro Claro enigma (1951), a que o autor denominou Assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas. “Entre lobo e cão”. ( ) O romance repete alguns dos traços característicos da escola realista, como o determinismo histórico, a exposição de tendências psicológicas desviantes e a crítica às relações de poder Legado entre classes sociais. Que lembrança darei ao país que me deu ( ) Os conflitos conjugais de Madalena e Paulo Honório são preponderantes na trama e afastam tudo que lembro e sei, tudo quanto senti? a narrativa do chamado romance social da segunda fase do Modernismo. Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu ( ) A trajetória de vida, a constituição do caráter, as atitudes idealistas e a morte trágica fazem de minha incerta medalha, e a meu nome se ri. Madalena uma personagem muito próxima das heroínas dos romances românticos do século XIX. ( ) Paulo Honório apresenta-se como um personagem arrivista que se eleva sobre a própria E mereço esperar mais do que os outros, eu? classe e cria códigos de conduta à revelia das leis e dos ditames morais de sua época. Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti. ( ) A presença de agregados e de trabalhadores em regime de semiescravidão na fazenda São Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu, Bernardo mostra que no Nordeste das primeiras décadas do século XX ainda prevaleciam a vagar, taciturno, entre o talvez e o se. algumas práticas do período escravista de nossa história. A sequência correta é Não deixarei de mim nenhum canto radioso, a V, V, V, F, V. uma voz matinal palpitando na bruma b V, V, F, V, V. e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.

c F, F, V, V, V. De tudo quanto foi meu passo caprichoso d V, F, V, V, V. na vida, restará, pois o resto se esfuma, e V, V, F, V, F. uma pedra que havia em meio do caminho. ANDRADE, Carlos Drummond de, Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 19. Considerando o poema, sua relação com o livro, e a poética de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa correta. a O livro Claro enigma é considerado pela crítica como um marco na redefinição da poesia de Drummond por instaurar diálogo com as poéticas clássicas. b Se anos antes Drummond havia escrito “no meio do caminho tinha uma pedra”, no verso final de “Legado” observa-se a opção por uma expressão mais coloquial. c O poema “Legado” tematiza a identidade nacional, vinculando-se aos modelos e perspectivas próprios do movimento Antropofágico. d O poema “Legado” tematiza a inconstância do eu do poeta e das coisas do mundo e inaugura a vertente autobiográfica da poesia de Drummond. e O último terceto trai a norma clássica de um soneto, pois apresenta a síntese do poema, da biografia e da trajetória poética de Carlos Drummond de Andrade.

/ 10 53245 Questão 19 (Unichristus) Questão 21 (UFRGS) “Estou contando ao senhor, que carece de um explicado. Pensar mal é fácil, porque esta vida é Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas dos trechos abaixo, adaptados de A embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice hora da estrela, de Clarice Lispector. reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade. Está certo, sei. Mas ponho minha fiança: homem muito homem que fui, e homem por mulheres!, nunca Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigado a usar as palavras tive inclinação pra aos vícios desencontrados. Repilo o que, o sem preceito. Então, o senhor me que vos sustentam. A história – determino com falso livre-arbítrio – vai ter uns sete personagens e perguntará, o que era aquilo? Ah, lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o que, durando eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, ...... Relato antigo, este, pois não quero ser todo o tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou (...).” modernoso e inventar modismos à guisa de originalidade. Assim é que experimentarei contra os Grande Sertão: veredas. João Guimarães Rosa. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. meus hábitos uma história com começo, meio e “gran finale” seguido de silêncio e de chuva caindo. [...] Ainda que Guimarães Rosa retrate o sertão das Gerais – sul da , norte de Minas e norte e ...... trabalhava de operário numa metalúrgica e ela nem notou que ele não se chamava de nordeste de Goiás – e a gente que vive ali, em particular matutos, vaqueiros, crianças, velhos, “operário” e sim de “metalúrgico”...... ficava contente com a posição social dele porque também feiticeiros, loucos, sua obra não prioriza questões regionais, mas universais. tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos de um salário mínimo. Mas eles eram alguém no mundo. “Metalúrgico e datilógrafa” formavam um casal de classe. Na obra de Guimarães Rosa, observa-se que o sertanejo a Rodrigo S. M. – Olímpico de Jesus – Macabéa a vive um impasse existencial que pode ser vivido e/ou compreendido por qualquer um, em b Raimundo Silveira – Rodrigo S. M. – Macabéa qualquer espaço. c Clarice Lispector – Olímpico de Jesus – Macabéa b vive uma realidade fantasiosa compreendida apenas por aqueles que conhecem o drama da d Rodrigo S. M. – Olímpico de Jesus – Carlota vida sertaneja. e Raimundo Silveira – Rodrigo S. M. – Glória c representa a concretização de um mundo irreal que nasce do delírio fantasioso de um autor, quase sempre, desligado da realidade. TEXTO BASE 5 d vive dramas oriundos de sua origem humilde e, portanto, não ocorridos em outros níveis Morro da Babilônia sociais. e vivencia dramas exclusivos do meio urbano e, sem dúvida, jamais vividos pelo homem do À noite, do morro campo. descem vozes que criam o terror (terror urbano, cinquenta por cento de cinema, Questão 20 (UFAM) e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua Assinale a afirmativa que mais acertadamente esclarece sobre a razão do homicídio cometido por [geral). Luís. Quando houve revolução, os soldados se espalharam a Luís precisava continuar vivendo, e sua vida só seria possível sem a existência de Julião [no morro, Tavares. Foi preciso matar com as próprias mãos para concluir que suas mãos de velho eram, o quartel pegou fogo, eles não voltaram. na verdade, fortes e úteis. Alguns, chumbados, morreram. b Luís mata por ciúme, para impor-se, para existir como homem, portanto para não ser reduzido O morro ficou mais encantado. à completa insignificância, embora reconheça depois que sua vida não mudou, permanece na mesma inutilidade (“monótona, agarrada à banca das nove horas ao meio dia, e das duas às Mas as vozes do morro cinco”). não são propriamente lúgubres. Há mesmo um cavaquinho bem afinado c Matar Marina foi a única forma de Luís se ver livre da convivência com a memória da traição que domina os ruídos da pedra e da folhagem que lhe atormentava. e desce até nós, modesto e recreativo, d Luís teve todos os motivos para matar Julião Tavares, desferindo-lhe uma facada no peito. Foi como uma gentileza do morro. este o golpe suficiente para restituir a tranquilidade que tanto buscava. Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. e Luís da Silva matou pelo clichê do homem ofendido que mata por ciúme, para só assim ver reestebelecida sua paixão por Marina e retomar a vida a dois com o enxoval já comprado, da paixão interrompida pelo rude Julião no seu momento de maior fervor.

/ 10 53245 Questão 22 (FUVEST) TEXTO BASE 6 PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 5 [1] Porque há o direito ao grito. Então eu grito. Leia as seguintes afirmações sobre o poema de Drummond, considerado no contexto do livro a Grito puro e sem pedir esmola. Sei que há moças que vendem que pertence: [4] o corpo, única posse real, em troca de um bom jantar em vez de um sanduíche de mortadela. Mas a pessoa de quem falarei mal I. No conjunto formado pelos poemas do livro, a referência ao Morro da Babilônia — feita no título tem corpo para vender, ninguém a quer, ela é virgem e inócua, do texto – mais as menções ao Leblon e ao Méier, a Copacabana, a São Cristóvão e ao [7] não faz falta a ninguém. Aliás — descubro eu agora — eu Mangue, – presentes em outros poemas –, sendo todas, ao mesmo tempo, espaciais e de classe, também não faço a menor falta, e até o que escrevo um outro constituem uma espécie de discreta topografia social do Rio de Janeiro. escreveria. Um outro escritor, sim, mas teria que ser homem II. Nesse poema, assim como ocorre em outros textos do livro, a atenção à vida presente abre-se [10] porque escritora mulher pode lacrimejar piegas. também para a dimensão do passado, seja ele dado no registro da história ou da memória. Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas III. A menção ao “cavaquinho bem afinado”, ao cabo do poema, revela ter sido nesse livro que o por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões poeta finalmente assumiu as canções da música popular brasileira como o modelo definitivo de [13] trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente sua lírica, superando, assim, seu antigo vínculo com a poesia de matriz culta ou erudita. substituíveis e que tanto existiram como não existiriam. Poucas se queixam e ao que eu saiba nenhuma reclama por não saber Está correto o que se afirma em [16] a quem. Esse quem será que existe? a I, apenas. Estou esquentando o corpo para iniciar, esfregando as mãos uma na outra para ter coragem. Agora me lembrei de que b I e II, apenas. [19] houve um tempo em que para me esquentar o espírito eu c III, apenas. rezava: o movimento é espírito. A reza era um meio de d II e III, apenas. mudamente e escondido de todos atingir-me a mim mesmo. e I, II e III. [22] Quando rezava, conseguia um oco de alma — e esse oco é o tudo que posso eu jamais ter. Mais do que isso, nada. Mas o Questão 23 (FDSM) vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter Assinale a afirmativa que não condiz com a biografia da autora, Clarice Lispector: [25] é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é resposta a meu a Clarice Lispector nasceu na Rússia. — a meu mistério. b Fugindo da Revolução Russa, sua família chega ao Brasil e se estabelece no Recife. Clarice Lispector. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p.13-4. c Depois muda para o Rio de Janeiro. d Casa-se com um diplomata e, com ele, percorre o mundo. Tendo como referência o fragmento acima, da obra A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, e Falece aos 57 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de câncer de ovário. julgue o item a seguir. Questão 24 (UnB) PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 6

Nos romances de Clarice Lispector, a linguagem, conforme evidenciado no fragmento acima, é predominantemente objetiva, uma vez que a autora deseja aproximar o jornalismo da literatura. a CERTO b ERRADO

/ 10 53245 TEXTO BASE 7 TEXTO BASE 8 Para responder à questão, leia o poema pertencente ao livro A rosa do povo, de Carlos TEXTO: Drummond de Andrade, publicado em 1945. Anda, apressando-se, como a fugir. Não percebe Áporo 1 os que passam porque nada realmente importa a não Um inseto cava ser o encontro com Odilon. E a verdade é que, antes cava sem alarme de transpor a porta da casa, ali no Bângala, deteve-se perfurando a terra [5] frente ao espelho, no quarto, mas não teve coragem sem achar escape. de olhar-se. Pareceu-lhe que, vendo-se naquele espelho, faltaria a coragem para o encontro. E por Que fazer, exausto, isso, apenas por isso, ganhara a rua com rapidez. em país bloqueado, Gasto é o vestido que usa, fora de moda, o enlace de noite [10] melhor de todos que restaram. Os cabelos agora raiz e minério? brancos, sempre sedosos, não melhoram o rosto cansado. Olhos sem brilho, boca um pouco murcha, Eis que o labirinto as rugas. Este é o lado, o lado de fora, que (oh razão, mistério) Odilon verá. Sabe que Odilon – e se não mudou 2 [15] inteiramente – examinar-lhe-á o rosto com atenção presto se desata: a observar todos os detalhes. Não poderá ver, porém, o lado de dentro, precisamente o lado da consciência em verde, sozinha, e do coração. antieuclidiana, ...... uma orquídea forma-se. É o começo da ladeira, agora. Espera que o (Poesia completa, 2006.) [20] caminhão suba, invadindo o largo e espantando os 1 áporo: problema de difícil resolução; gênero de insetos cavadores; espécie rara de orquídea. pombos, para transpô-la. E, apesar de andar muito 2 presto: que se faz com rapidez, ligeiro, prestes. devagar, sente crescer a inquietação quanto mais se aproxima do pátio da igreja, o lugar do encontro. Questão 25 (UNICID) Minutos, faltam apenas alguns minutos! Perto, muito [25] perto mesmo, já na escadaria que leva ao pátio, vê PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 7 Odilon. Está de pé, o paletó chegando aos joelhos, a “Que fazer, exausto, calça frouxa em dobras sobre as pernas, o laço da em país bloqueado,” gravata quase no peito, velho e sujo o chapéu de Esses versos sugerem que o eu lírico se depara com o país diante feltro. E, talvez por causa do buquê de rosas [30] vermelhas que tem na mão, parece um palhaço de a do embargo econômico à Cuba, aliada do Brasil na sua fase desenvolvimentista. circo. É ele, Odilon, não há dúvida. Os cabelos b da repressão promovida pela ditadura civil militar, que durou até 1985. grisalhos, bastante envelhecido, mas o mesmo c das liberdades cerceadas e do clima de opressão durante o Estado Novo. homem de sempre. d da crise da bolsa de Nova Iorque, que afetou a economia brasileira por anos. Enorme o esforço de Eliane para que não chore [35] e as mãos não tremam, agora, quando recebe as e da iminência da Primeira Grande Guerra Mundial, quando o Brasil combateu na Itália. rosas. Ele, com a face séria e tranquila, mantém-se em silêncio por um minuto. Segurar o braço da mulher é tudo o que faz. E, como se nada tivesse acontecido naqueles trinta anos, desde que se [40] separaram, ele apenas diz: – Vamos, Eliane, vamos para casa. Ergue o rosto e, vendo o sol que tudo inunda, não sabe por que se lembra das manhãs de chuva que sempre escurecem o Largo da Palma. Agora, [45] como a vingar-se daquelas manhãs, o sol ajuda o céu tão azul. E Eliane, ainda com o coração a bater muito forte, não tem dúvida de que o seu velho largo, como / 10 53245 num dia de festa, está vestido de branco. Questão 27 (UVA) ADONIAS FILHO. O largo de branco. O Largo da Palma. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. p. 31-32 e 46-47. TEXTO Questão 26 (UNEB) [1] – Pode deixar o tabuleiro aí mesmo. Já estava com fome. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 8 – Sinhá Mariana manda dizer ao senhor para desculpar. Hoje é dia de guarda, e o povo da Marque com V ou com F, conforme sejam, respectivamente, verdadeiras ou falsas as afirmativas casa-grande está no sobre o conto “O largo de branco”, de Adonias Filho, de onde foram retirados os trechos acima jejum. transcritos. – Este povo vai todo pro céu. Estão pensando que Deus Nosso Senhor gosta de gado magro. Deus gosta é de ( ) Os trechos transcritos correspondem ao início e ao fim do conto, e ambos focalizam o [5] ver gado de sedenho abrindo. O que foi que a velha mandou hoje? Esta história de bacalhau desfecho de uma história cujo início se deu há 30 anos. não é comigo. ( ) Após a separação entre Odilon e Eliane, que eram casados, ela foi amante de outro homem, – Todo mundo está no bacalhau, mestre Zé. Geraldo, que a abandonou, deixando-a em decadência econômica e física. – Não venho trabalhar aqui para comer isto. ( ) Odilon era estudante de Medicina quando conheceu Eliane e lhe deu apoio na difícil situação – Os brancos estão comendo, mestre. enfrentada pela família com a doença do pai e, posteriormente, casou-se com ela. – Quero lá saber de branco. Quero é a minha barriga cheia. [10] O moleque abriu os dentes numa risada gostosa. ( ) A referência ao Largo da Palma “vestido de branco” (l. 48) constitui uma alusão simbólica ao estado emocional de Eliane, após o encontro com Odilon e a aceitação de seu convite. – Mestre, o velho anda com essa leseira de reza que não acaba mais. ( ) O convite para o encontro entre Odilon e Eliane – por ela aceito imediatamente – foi feito – É o que eles querem. Estão pensando que oficial é cachorro. Pensam que me machucam, através de uma carta que ele lhe enviou, mesmo sem indicar o assunto ou o motivo desse não me chamando para comer na casa-grande. Não sou o pintor Laurentino que vive por aí contando prosa. O encontro. mestre José Amaro, A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a menino, tem a sua bondade, também. Tenho trabalhado para senhor de engenho de muitas posses, gente de mesa a V V V V V [15] de banquete, e nunca vi este luxo aqui no Santa Fé. b V F V F F (REGO, José Lins. Fogo Morto. 53ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. p.24-25). c V F F V F d F V V V F A personagem principal do texto é: e F V F V V a mestre Zé. b Laurentino. c Mariana. d o dono da casa-grande.

/ 10 53245 Questão 28 (ENEM PPL) Questão 29 (UnB) Naquele tempo eu morava no Calango-Frito e não acreditava em feiticeiros. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 9 E o contrassenso mais avultava, porque, já então, - e excluída quanta coisa-e-sousa de nós todos lá, e outras cismas corriqueiras tais: sal derramado; padre viajando com a gente no trem; Para Mário Quintana, o silêncio no cinema sonoro é elemento de mediação entre momentos e, não falar em raio: quando muito, e se o tempo está bom "faísca"· nem dizer lepra" só o "mal"· como tal, se enche de virtualidade. passo de entrada com o pé' esquerdo; ave do pescoço pelado; risada renga de suindara; a CERTO cachorro, bode e galo, pretos; [...] - porque, já então, como ia dizendo, eu poderia confessar, num b ERRADO recenseio aproximado: doze tabus de não uso próprio; oito regrinhas ortodoxas preventivas; vinte péssimos presságios; dezesseis casos de batida obrigatória na madeira; dez outros exigindo a Questão 30 (ENEM PPL) figa digital napolitana, mas da legítima, ocultando bem a cabeça do polegar; e cinco ou seis indicações de ritual mais complicado; total: setenta e dois - noves fora, nada. Confidência do itabirano ROSA, J. G. São Marcos. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967 (adaptado) João Guimarães Rosa, nesse fragmento de conto, resgata a cultura popular ao registrar De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil; a trechos de cantigas. este São Benedito do velho santeiro Alfredo Durval; b rituais de mandingas. este couro de anta, estendido no sofá de visitas; c citações de preceitos. este orgulho, esta cabeça baixa. d cerimônias religiosas. Tive ouro, tive gado, tive fazendas. e exemplos de superstições. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotograia na parede TEXTO BASE 9 Mas como dói. ANDRADE, C. D. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012 (fragmento). [1] O cinema nunca foi totalmente mudo. Só não tinha O poeta pensa a região como lugar, pleno de afetos. A longa história da ocupação de Minas fala. Som, sempre teve. É quase que instintivo, natural, do Gerais, iniciada com a mineração, deixou marcas que se atualizam em Itabira, pequena cidade homem associar som a imagens, e vice-versa. No cinema, só onde nasceu o poeta. Nesse sentido, a evocação poética indica o(a) [4] imagem ou só som causava estranhamento, assim como hoje causa-nos desconforto assistir a uma projeção muda, a não a pujança da natureza resistindo à ação humana. ser que seja pelo interesse histórico. (...) b sentido de continuidade do progresso. [7] Uma das conquistas do cinema sonoro foi a c cidade como imagem positiva da identidade mineira. descoberta do silêncio — o silêncio de quando se espera ou d percepção da cidade como paisagem da memória. se imagina uma coisa. No tempo do silencioso, ignorava-se e valorização do processo de ocupação da região. [10] o silêncio: havia sempre, nas salas de projeção, o pano de boca da orquestrinha, como hoje o pano de fundo musical. Me ocorre tudo isso ao ver Frenesi, o último filme de mestre [13] Hitchcock, que, Deus o abençoe, não criou mofo com a velhice. Há, neste filme, uma esquina terrivelmente silenciosa, sem ninguém. E uma escada deserta, por onde [16] sente-se que o silêncio vai subindo. Um truque da objetiva, sim, mas pura magia do mestre. Aliás, o silêncio é que torna tão impressionante — tão de outro mundo — uma rua numa [19] tela. Que torna tão encantadoras as crianças daquelas cenas familiares pintadas pelo velho Renoir. E, mesmo lendo-se um romance, ouvindo-se um drama, nós o fazemos em um [22] silêncio de almas desencarnadas, isto é, quando nos vemos livres de nós mesmos. Esse, o milagre da arte. E, diante disto, bem se poderia dizer que toda a arte é feita de silêncio [25] — inclusive a música. Mário Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 2005, p. 558.

Tendo como referência o fragmento de texto apresentado, de Mário Quintana, julgue o próximo item.

/ 10 53245 Questão 31 (Unichristus) Questão 33 (ENEM PPL) A segunda fase do Modernismo (1930-45) colheu os resultados da fase precedente, Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. substituindo o caráter destruidor pela intenção construtiva, pela recomposição de valores e Não é. configuração da nova ordem estética. Cessada a batalha, as águas assentaram, e puderam os A coisa mais fina do mundo é o sentimento. membros da nova geração tirar os efeitos do desmonte e aplicar as fórmulas estéticas obtidas Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, com a revolução em tentativas de novas sínteses. A poesia prossegue a tarefa de purificação de ela falou comigo: meios e formas iniciadas antes, ampliando a temática na direção da inquietação filosófica e "Coitado, até essa hora no serviço pesado". religiosa. A prosa, por sua vez, alargava a sua área de interesse para incluir preocupações novas Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com de ordem política, social, econômica, humana e espiritual. água quente. Coutinho, Afrânio. Introdução à Literatura no Brasil. 19ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. Não me falou em amor. Essa palavra de luxo. Na Segunda Geração do Modernismo, a piada foi substituída pela gravidade de espírito, pela PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991. seriedade de alma, de propósitos e meios. A Geração de 30 revela Um dos procedimentos consagrados pelo Modernismo foia percepção de um lirismo presente nas a o interesse por uma literatura excessivamente erótica e apelativa, pois a exaltação do amor cenas e fatos do cotidiano. No poema de Adélia Prado, o eu lírico resgata a poesia desses carnal é a grande marca deste momento. elementos a partir do(a) b a preocupação com o destino do homem e com as dores do mundo. a reflexão irônica sobre a importância atribuída aos estudos por sua mãe. c a contenção emocional e a recuperação da disciplina formal valorizando a herança b sentimentalismo, oposto à visão pragmática que reconhecia na mãe. parnasiana. c olhar comovido sobre seu pai, submetido ao trabalho pesado. d uma postura crítica, anarquista e combativa em relação a todos os valores literários e d reconhecimento do amor num gesto de aparente banalidade. artísticos. e enfoque nas relações afetivas abafadas pela vida conjugal. e a produção de uma literatura alienada política e socialmente, pois retoma o lema da “arte pela arte”. Questão 32 (FDV) Os escritores parnasianos, representados na charge por , foram alvo da crítica dos modernistas por apenas um dos motivos abaixo: a Excesso de sentimentalismo. b Preocupação exagerada com as questões sociais. c O tradicionalismo de suas escolhas formais. d A produção de uma poesia difícil que não encontrava eco no leitor daquele tempo. e Pelos excessos retóricos, especialmente pelo uso da antítese e do paradoxo, expressando as contradições de sua época.

/ 10 53245 Questão 34 (PUC-PR) Questão 35 (Unioeste) Leia os fragmentos a seguir, retirados do conto O besouro e a rosa, do livro Contos de Belazarte, Para responder à questão, leia o texto abaixo. de Mário de Andrade, para responder às questões. Em tempos de depressão 1 - João não viu nada disso, estou fantasiando a história. Depois do século dezenove os contadores parece que se sentem na obrigação de esmiuçar com sem-vergonhice essas coisas. Sim! Jovens e velhos, adultos e crianças, vivemos tempos de angústia e depressão. 2 - João ficou sozinho na sala, não sabia o que tinha acontecido lá dentro, mas porém A luz no fim do túnel – adágio popular bem conhecido – não se apresenta ou é ofuscada por adivinhando que lhe parecia que a Rosa não gostava dele.(...) Por causa dele o Lapa Atlético um sistema em que a violência, a insegurança, a corrupção, a falta de emprego e outras mazelas venceu. Venceu porque derrepentemente ela aparecia no corpo dele e lhe dava aquela vontade. andam à solta. 3 - Pedro Mulato era um infame, até gatuno, Deus me perdoe! Rosa não escutou nada. Bateu o “Mas essa dor da vida que devora/ A ânsia de glória, o dolorido afã...” tem remédio? Ou será pé. Quis casar e casou. Meia que sentia que estava errada porém não queria pensar e não que apenas resta a desesperança? “O meu semblante está enxuto./ Mas a alma, em gotas pensava. As duas solteironas choraram muito quando ela partiu casada e vitoriosa, sem uma mansas,/ Chora abismada no luto/ Das minhas desesperanças...”. lágrima. Dura. Rosa foi muito infeliz. É irônico perceber que, muitas vezes, as pessoas oferecem aquilo que não possuem ou desconhecem: “Tanta gente também nos outros insinua/ Crenças, religiões, amor, felicidade”. I. O primeiro fragmento há metaficção, voltada para a crítica aos escritores do século XIX. Talvez nos reste, ao final, como aquele “acrobata da dor”, o sarcasmo pungente do riso: “ri! II. A crítica aos escritores do século XIX é uma das marcas do Modernismo brasileiro, do qual Coração, tristíssimo palhaço”. Mário de Andrade é um dos expoentes. III. No fragmento 2, o uso da palavra derrepentemente se justifica pela proposta de uso da língua Assinale a alternativa cujos versos, pela ordem em que são citados no texto, correspondem a feita pelo Modernismo. seus respectivos autores. IV. O uso do mas porém, no fragmento 2, aproxima a escrita da oralidade, uma das propostas do a Gregório de Matos, Álvares de Azevedo, Jorge de Lima, Olavo Bilac. Modernismo brasileiro. b Gregório de Matos, Olavo Bilac, Manuel Bandeira, Cruz e Sousa. V. O final do conto “Rosa foi muito infeliz”, quebra a expectativa do leitor, que espera haver um final feliz. Esse estranhamento também faz parte das propostas modernistas. c Álvares de Azevedo, Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Cruz e Sousa. d Álvares de Azevedo, Gonçalves Dias, Jorge de Lima, Olavo Bilac. Assinale a alternativa CORRETA: e Álvares de Azevedo, Jorge de Lima, Olavo Bilac, Manuel Bandeira. a As assertivas I, II e IV são verdadeiras. Questão 36 (FUVEST) b Todas as assertivas são verdadeiras. c As assertivas I e V são verdadeiras. E grita a piranha cor de palha, irritadíssima: – Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta resolvo a questão!... d Somente a assertiva I é falsa. – Exagero... – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a prumo, e sempre há um descuidoso e Todas as assertivas são falsas. que vem se espetar. – Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês duas boiarão mortas...

*peixe elétrico.

Esse texto, extraído de Sagarana, de Guimarães Rosa, a antecipa o destino funesto do ex‐militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, em “Duelo”, ao qual serve como epígrafe. b assemelha‐se ao caráter existencial da disputa entre Brilhante, Dansador e Rodapião na novela “Conversa de Bois”. c reúne as três figurações do protagonista da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, assim denominados: Augusto Estêves, Nhô Augusto e Augusto Matraga. d representa o misticismo e a atmosfera de feitiçaria que envolve o preto velho João Mangalô e sua desavença com o narrador‐personagem José, em “São Marcos”. e constitui uma das cantigas de “O burrinho Pedrês”, em que a sagacidade da boiada se sobressai à ignorância do burrinho.

/ 10 53245 Questão 37 (UNICID) Questão 38 (FITS) “Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido Mas quando a fazenda se despovoou, viu que tudo estava perdido, combinou a viagem com a de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas mulher, matou o bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com a família, sem óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.” se despedir do amo. Não poderia nunca liquidar aquela dívida exagerada. Só lhe restava jogar-se ao mundo, como negro fugido. Em seu “Manifesto antropófago”, do qual foi retirado o trecho acima, Oswald de Andrade defende Saíram de madrugada. Sinha Vitória meteu o braço pelo buraco da parede e fechou a porta da a uma arte mais preocupada com seus fundamentos estéticos do que com suas relações com a frente com a taramela. Atravessaram o pátio, deixaram na escuridão o chiqueiro e o curral, sociedade e a história. vazios, de porteiras abertas, o carro de bois que apodrecia, os juazeiros. Ao passar junto às pedras onde os meninos atiravam cobras mortas, Sinha Vitória lembrou-se da cachorra Baleia, b uma arte brasileira moderna que se liberte das raízes locais indígenas, inserindo-se assim no mundo do século XX. chorou, mas estava invisível e ninguém percebeu o choro. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 65. ed. Rio de Janeiro: Record, 1994. p. 116. c um princípio literário baseado nas ideias de trabalho árduo, disciplina e isolamento do artista em relação ao mundo. O fragmento, inserido na obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, põe em foco a d uma produção cultural tipicamente brasileira que reprocesse criticamente o legado cultural europeu, sem se submeter a ele. I. repetição do primeiro capítulo da narrativa, por trazer novamente a fuga das personagens e um ideal nacionalista, de recuperação dos valores positivistas ligados aos princípios de ordem centrais, movida pelo flagelo da seca e pela fome, em busca de sustento e paradeiro. e progresso. II. saudade que a mulher do protagonista sente da cadela Baleia, considerada um membro da família, que teve de ser sacrificada pelas próprias mãos de Fabiano, por suspeita de hidrofobia. III. figura de Sinha Vitória, que era admirada pelo marido, mas que nunca conseguia fixar o pensamento por muito tempo num só assunto, salvo em possuir uma cama com o lastro de couro, como a de Tomás da bolandeira. IV. referência ao amo marcada por certo pesar, pois, de alguma forma, ele os ajudara, quando permitiu que ficassem morando na sua fazenda em troca dos serviços do vaqueiro, que não tinha raiva dele por suas trapaças, culpando só a sua sina ruim. V. alusão aos meninos como uma forma de retratar o quanto admiravam o pai, considerado um herói pelos dois, razão de ambos desejarem seguir a profissão dele, principalmente por não terem a quem se apegar, uma vez que eram ignorados pela mãe.

A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a a I e IV. b II e V. c III e IV. d IV e V. e I, II e III.

/ 10 53245 Questão 39 (UDESC) Questão 41 (UFT) Considerando a obra Primeiras estórias, e seu autor, Guimarães Rosa, analise cada proposição e A crítica literária denomina gêneros literários as diferentes categorias em que as obras literárias assinale (V) para verdadeira ou (F) para falsa. podem ser agrupadas em função de diferentes interpretações e olhares do escritor diante do mundo. Com base na teoria dos gêneros literários, considere as afirmações abaixo: ( ) Guimarães Rosa exerceu a medicina no interior do Brasil, tendo o cuidado de registrar a fala do povo; mais tarde, como diplomata, deu sequência à escrita de suas obras e recebe o título de I. Há uma teoria clássica que dominou a literatura até o século XIX, e outra moderna que membro da Academia Brasileira de Letras. começou a manifestar-se a partir do Romantismo. ( ) A obra traz uma compilação de contos, com temas variados e lugares que poderiam ser II. Na teoria clássica consideram-se os três gêneros: épico, lírico e dramático e não se admite chamados de “guimarãezianos”. mistura de gêneros. ( ) O conto A terceira margem do rio, narrado por um filho, versa sobre a partida do pai para III. Na teoria moderna considera-se que não há limites para as espécies de gêneros, mas algum lugar e o reflexo disso na vida do filho, que se mantém fiel ao pai – mesmo à maneira do reconhecem-se três tipos básicos: narrativo, lírico e dramático. filho. IV. Na teoria moderna admite-se fusão de gêneros, o que amplia as possibilidades do processo ( ) O conto A menina de lá narra a história de Nhinhinha – uma menina que tinha um jeito especial de criação do escritor. de se comunicar; a família atribuiu a ela alguns milagres, considerando-a Santa Nhinhinha. a todas estão corretas

b apenas I e II estão corretas Assinale a alternativa correta, de cima para baixo. c apenas II e III estão corretas a V – F – V – F d apenas I e IV estão corretas b F – V – V – V e apenas III e IV estão corretas c V – F – F – F d V – V – V – V Questão 42 (UNICAMP) e V – V – F – V No conto “Amor”, de Clarice Lispector, a percepção da personagem Ana, em relação ao seu mundo, é alterada de forma significativa pelo seguinte acontecimento: Questão 40 (UNISC) a os ovos quebrados no embrulho do jornal, que simbolizam a mudança psicológica da Assinale a alternativa incorreta. protagonista no relato ficcional. a O cortiço e O mulato, de Aluísio de Azevedo, são dois importantes romances do Naturalismo b o cego parado no ponto do bonde, que modifica a visão da protagonista em relação aos brasileiro. vínculos familiares. b Senhora, de José de Alencar, é um dos mais importantes romances do Realismo brasileiro. c o estouro do fogão da cozinha, que significa, no percurso narrativo, a ruptura psíquica da c Mario de Andrade e Oswald de Andrade são autores representativos do Modernismo no protagonista com a opressão da vida matrimonial. Brasil, tanto na prosa quanto na poesia. d a aparição súbita do gato no Jardim Botânico, que deflagra uma reviravolta afetiva de Ana d Graciliano Ramos e Guimarães Rosa são, respectivamente, autores da segunda e da terceira com o seu amante. geração do Modernismo brasileiro. Questão 43 (Unaerp) e Gregório de Matos Guerra e Antônio Vieira são dois importantes nomes da literatura barroca. O protagonista do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, presente na coletânea Sagarana, a declina ao esquecimento após muitos anos de exílio. b sucumbe de maneira heroica para salvar sua família. c pretende transformar-se moralmente, tornando-se um novo homem. d planeja meticulosamente sua vingança, auxiliado por seus salvadores. e resiste a todas as propostas de mudança, mantendo firmes suas convicções.

/ 10 53245 Questão 44 (CESGRANRIO) Questão 46 (FACASPER) Assinale o item cuja associação autor – passagem – obra está INCORRETA. Assinale a alternativa correta sobre os versos de “Carta a Stalingrado”, poema que integra A rosa a do povo, de Carlos Drummond de Andrade, apresentados a seguir.

“A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais. Os telegramas de Moscou repetem Homero. b Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novo que nós, na escuridão, ignorávamos.” a Escritos para celebrar o fim da Segunda Guerra, os versos tratam de uma área geográfica ambígua e utópica, a província e o mundo, que oscila entre o privado e o público, e que servirá de lastro para definir a força e o valor do Brasil no contexto das nações. c b Os versos retratam o engajamento de Drummond, pelo viés ideológico-político, com as lutas revolucionárias no Brasil e no mundo afora, aludindo alegoricamente à adesão do poeta ao Partido Comunista Brasileiro. d c Os versos prestam uma homenagem à memória de Josef Stalin, lançando questões relevantes para se discutir o papel político da palavra poética e o valor estratégico da imaginação num mundo que se queria em paz. e d Retratando o ambiente nacional tomado pela covardia e a demência, bem como o ambiente internacional tomado por irmãos inimigos e sanguinários, os versos rejeitam a palavra poética tradicional, celebrando, em seu lugar, a força dos meios de comunicação. e Escritos durante a Segunda Guerra, os versos falam que os poemas épicos de então estão Questão 45 (UENP) sendo escritos pelo povo europeu em guerra contra o nazi-fascismo, enquanto os brasileiros afundavam na retórica do Estado Novo e no desconhecimento de um mundo novo que surgia. Com relação ao romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, considere as afirmativas a seguir.

I. A obra é construída sob a ótica de um narrador em terceira pessoa. II. A narrativa é pontuada por diversos comentários sobre o próprio ato da escrita. A este procedimento dá-se o nome de metalinguagem. III. O personagem Paulo Honório é caracterizado como um sujeito bruto, cruel e mesquinho, que não mede esforços para conquistar o que deseja.

Assinale a alternativa correta. a Somente a afirmativa I é correta. b Somente a afirmativa II é correta. c Somente as afirmativas I e II são corretas. d Somente as afirmativas II e III são corretas. e As afirmativas I, II e III são corretas.

/ 10 53245 Questão 47 (PUC-SP) Questão 49 (UPE) O mulungu do bebedouro cobria-se de arribações. Mau A terceira margem do rio sinal, provavelmente o sertão ia apegar fogo. Vinham em bandos, arranchavam-se nas árvores da abeira do Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo rio, descansavam, bebiam e, como em redor não havia que comida, seguiam viagem para o Sul. O casal agoniado testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo sonhava desgraças. O sol chupava os poços, e aquelas me alembro, ele excomungadas levavam o resto da água, queriam matar não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. o gado (...) Alguns dias antes estava sossegado, Nossa mãe era quem preparando látegos, consertando cercas. De repente, regia, e que ralhava no diário com a gente - minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo um risco no céu, outros riscos, milhares de riscos juntos, dia, nosso pai nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar mandou fazer para si uma canoa. Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de destruição. Ele já andava meio desconfiado vendo as vinhático, pequena, mal fontes minguarem. E olhava com desgosto a brancura com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes. escolhida forte e (...) arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns 20 ou 30 anos. Nossa mãe jurou muito contra a ideia. O trecho acima é de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos. Dele é correto afirmar que Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? a emprega linguagem figurada e explora a gradação como recurso estilístico para anunciar a Nosso pai nada não dizia. passagem de aves a caminho do Sul. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo b utiliza apenas linguagem referencial, uma vez que o objetivo é informar sobre a nova seca grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer que se anuncia. não posso, do dia c emprega linguagem com função apelativa com o objetivo de configurar, com imagens visuais, em que a canoa ficou pronta. Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu. em dimensão plástica, o quadro da penúria da seca. Um adeus para a d despreza o uso de recursos estilísticos e marca-se por fatalismo exagerado, impedindo a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez alguma recomendação. manifestação poética da linguagem. Nossa mãe, a gente e vale-se de linguagem marcadamente emotiva, capaz de revelar o estado de angústia do casal achou que ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: - agoniado que sonhava desgraças. "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de Questão 48 (UNIMONTES) vir também, por uns Leia atentamente o fragmento extraído do livro A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, Mas não vou enfeitar a palavra, pois se eu tocar no pão dessa moça esse pão se tornará ouro - e chega que um a jovem (ela não tem dezenove anos) e a jovem não poderia mordê-lo, morrendo de fome. Tenho propósito perguntei: - "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" Ele só retomou a olhar em então que falar simples para captar a sua delicada e vaga existência. Limito-me a humildemente - mim, e me botou limito-me a contar as fracas aventuras de uma moça numa cidade toda feita contra ela. a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, (LISPECTOR, 1984, p. 21) para saber. Nosso pai Assinale a alternativa INCORRETA. entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo - a sombra dela por igual, feito a A palavra, em A Hora da Estrela, expressa a simplicidade e a pobreza da existência de um jacaré, Macabéa. comprida longa. Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se b Para o narrador, não enfeitar a palavra representa sua falta de compaixão pela personagem. permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não c A metalinguagem da narrativa reflete o grau de comprometimento do narrador com a saltar, nunca mais.” personagem. d O romance deixa explícitos os conflitos do narrador ao representar a carência extrema da ROSA, João Guimarães. “A terceira margem do rio”. In Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova jovem. Fronteira, 2005.

Analise as afirmativas a seguir:

I. No fragmento do conto A terceira margem do rio, o leitor pode perceber que a linguagem utilizada pelo narrador tem especificidades que dão à narrativa um ritmo próprio e uma originalidade quando comparada a outros textos produzidos na mesma época, no Brasil. / 10 53245 II. O narrador, um menino que presencia a partida do pai, também presencia a discordância da Questão 51 (UPE) mãe em relação à atitude paterna. Em muitos momentos do conto, a linguagem do sertanejo, com seus trejeitos e modos, é enunciada pelo autor, confirmando seu estilo que merece sempre Irene no Céu destaque. Irene preta III. Os irmãos do narrador, mesmo diante da decisão do pai de ir embora, não esboçam Irene boa qualquer reação. Eles sabem que o pai não voltará, mas não se importam. Essa declaração é Irene sempre de bom humor. confirmada pelo narrador do conto A terceira margem do rio, no momento em que ele diz: “Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu. Um adeus para a gente”. Imagino Irene entrando no céu: IV. O pai do narrador, embora diante das contrariedades da esposa: “Nossa mãe jurou muito - Licença meu branco! contra a ideia”, não mudava de ideia: “Nosso pai nada não dizia”. Em razão da qualidade E São Pedro bonachão: narrativa, da história, do enredo, da boa psicologia das personagens, o conto de Guimarães Rosa - Entra, Irene. Você não precisa pedir permite muitas interpretações, muitas impressões sobre a atitude do pai do narrador. licença. V. A decisão do pai do narrador de sair de casa foi motivada pelo fato de não suportar mais (Manuel Bandeira) a convivência com aquela família repleta de problemas, vivenciando muitos desafios a serem vencidos. Isso fica evidenciado na hora em que o narrador diz: “Ele só retomou a olhar em Essa Negra Fulô mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás.” Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) Está CORRETO, apenas, o que se afirma em no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha, a I, II e III. chamada negra Fulô. b I, II e IV. c I, III e IV. Essa negra Fulô! d II, III e IV. Essa negra Fulô! e III, IV e V. Ó Fulô! Ó Fulô! Questão 50 (FMABC) (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama, Fabiano, personagem de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, vive no limite de conflitos entre si e pentear os meus cabelos, o mundo por enfrentar situações com as quais não sabe lidar ou que não consegue resolver. É vem ajudar a tirar um ser marcado por limitações num mundo cheio de adversidades. Assim, indique nas a minha roupa, Fulô! alternativas abaixo aquela que mais o ajudaria a diminuir essas limitações, se conseguisse

a dominar a natureza inóspita constituída de caatinga com montes baixos, planícies torradas, Essa negra Fulô! cascalhos e rios secos, areia fofa e lama seca e rachada. Essa negrinha Fulô b entender as contas do patrão, sempre diferentes das de Sinha Vitória e cuja diferença, ficou logo pra mucama, segundo o outro, era proveniente dos juros. pra vigiar a Sinhá c vingar a injustiça praticada pelo soldado amarelo que o mandara para a cadeia, onde foi pra engomar pro Sinhô! espancado, por ter reagido a uma agressão contra ele. d utilizar os recursos de comunicação e de linguagem de Seu Tomás da Bolandeira, que lia Essa negra Fulô! livros e sabia onde tinha as fuças, e que era homem bom e aprendido. Essa negra Fulô!

e impedir a ação predatória das aves de arribação, aquelas excomungadas que levavam o resto Ó Fulô! Ó Fulô! da água dos poços e queriam matar o gado.

(Era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu corpo que eu estou suada, Fulô!

vem coçar minha coceira, vem me catar cafuné, vem balançar minha rede, vem me contar uma história, que eu estou com sono, Fulô! / 10 53245

Essa negra Fulô! Ah! foi você que roubou. Ah! foi você que roubou. “Era um dia uma princesa que vivia num castelo Essa negra Fulô! que possuía um vestido Essa negra Fulô! com os peixinhos do mar. Entrou na perna dum pato O Sinhô foi açoitar saiu na perna dum pinto sozinho a negra Fulô. o Rei-Sinhô me mandou A negra tirou a saia que vos contasse mais cinco.” e tirou o cabeção, de dentro pulou Essa negra Fulô! nuinha a negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô? Ó Fulô? Essa negra Fulô! Vai botar para dormir esses meninos, Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! Cadê, cadê teu Sinhô “Minha mãe me penteou que Nosso Senhor me mandou? minha madrasta me enterrou Ah! Foi você que roubou, pelos figos da figueira foi você, negra fulô? que o Sabiá beliscou.” Essa negra Fulô! (Jorge de Lima) Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! NEGRA A negra para tudo Ó Fulô? Ó Fulô? a negra para todos (Era a fala da Sinhá a negra para capinar plantar Chamando a negra Fulô.) regar Cadê meu frasco de cheiro colher carregar empilhar no paiol Que teu Sinhô me mandou? ensacar lavar passar remendar costurar — Ah! Foi você que roubou! cozinhar rachar lenha Ah! Foi você que roubou! limpar a bunda dos nhozinhos trepar. O Sinhô foi ver a negra levar couro do feitor. A negra para tudo A negra tirou a roupa. nada que não seja tudo tudo tudo até o minuto de O Sinhô disse: Fulô! (único trabalho para seu proveito (A vista se escureceu exclusivo) que nem a negra Fulô.) morrer. (Carlos Drummond de Andrade) Essa negra Fulô! Nos três poemas mencionados anteriormente, há um tema em comum, a situação étnica do negro Essa negra Fulô! no Brasil, embora a abordagem não seja a mesma.

Ó Fulô! Ó Fulô! Cadê meu lenço de rendas, Cadê meu cinto, meu broche, Cadê o meu terço de ouro que teu Sinhô me mandou? / 10 53245 a Em Essa Negra Fulô, o uso de expressões próprias da linguagem erudita comprova a origem Questão 53 (UNICENTRO) humilde de Jorge de Lima. Nascido em Alagoas, possui um nível baixo de escolaridade, aspecto inerente à produção poética do autor. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 10 b A linguagem utilizada nos poemas reflete a situação de submissão imposta aos africanos que viveram aqui no Brasil. Além disso, nos três poemas, o eu poético trata, especialmente, da Sobre os termos “Indesejada das gentes”, no primeiro verso, e “noite”, no sexto e sétimo versos, imagem da mulher negra, ou como escrava, ou em decorrência da situação em que viveu no assinale a alternativa correta. passado. a “Indesejada das gentes” é metáfora para a fome, vivenciada cotidianamente pelo nordestino e c A sensualidade da mulher é o tema de NEGRA, de Drummond, expresso de modo objetivo, tema central desse poema. claro e contundente no último verso da primeira estrofe, quando o poeta usa o verbo “trepar” b “Indesejada das gentes” é metáfora para o cotidiano duro do lavrador, que nunca perde a no sentido denotativo. esperança de dias melhores. d Em Irene no céu, há um tom carinhoso e meigo, quando o eu poético analisa o c O termo “noite” é metáfora de calmaria, visto que em períodos de seca somente a noite traz comportamento de Irene e a coloca em um bom lugar após a morte. Mesmo assim, a alívio para o calor insuportável. concepção de submissão e de irreverência se revela quando São Pedro ordena a Irene: “Entra, d Ambos são metáfora para a morte, tratado aqui de maneira suave, sem demonstrações de Irene, / você não precisa pedir licença”. revolta por parte do eu lírico. e Há, nos três poemas produzidos por poetas brancos, certo desprezo pelos negros, percebido e Os termos são contraditórios, na medida em que o primeiro se relaciona à vida e o segundo à na linguagem utilizada pelo eu poético de cada um deles e na falta de confiança das sinhás morte. em relação às suas mucamas. TEXTO BASE 11 Questão 52 (FAGOC) Porque as águas deste lugar ainda são espraiadas para o alvoroço dos pássaros. “O Modernismo foi um movimento que teve início em São Paulo, com Prezo os espraiados destas águas com as suas beijadas garças. ______, em ______, expandindo-se por todo o país, ______a Nossos rios precisam de idade ainda para formar os seus barrancos Para pousar em seus leitos. ideia de literatura e de escritor.” Assinale a alternativa que completa correta e Penso com humildade que fui convidado para o banquete destas águas. sequencialmente a afirmativa anterior. Porque sou de bugre. Porque sou de brejo. a a Semana de Arte Moderna / 1922 / renovando Acho que as águas iniciam os pássaros b a cultura pré-modernista / 1902 / concretizando Acho que as águas iniciam as árvores e os peixes E acho que as águas iniciam os homens. Nos iniciam. c a publicação da revista Klaxon / 1922 / resgatando E nos alimentam e nos dessedentam. d os movimentos da vanguarda europeia / 1945 / intensificando Louvo esta fonte de todos os seres, de todas as plantas, de todas as pedras. Louvo as natências do homem do Pantanal. TEXTO BASE 10 Todos somos devedores destas águas. Consoada Somos todos começos de brejos e de rãs. E a fala dos nossos vaqueiros carrega murmúrios destas águas. Quando a Indesejada das gentes chegar Parece que a fala de nossos vaqueiros tem consoantes líquidas (Não sei se dura ou caroável), E carrega de umidez as suas palavras. talvez eu tenha medo. Penso que os homens deste lugar são a continuação destas águas. Talvez sorria, ou diga: BARROS, Manoel. Águas. Campo Grande: Sanesul, 2001 (Fragmento). – Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com os seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar. (BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Poesias reunidas e poemas traduzidos. 19 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991, p.202.)

/ 10 53245 Questão 54 (UFGD) Questão 56 (UFN) PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 11 De um modo geral, as personagens de ______representam a vivência alienada dos centros urbanos e certa inadaptação ao mundo, o que se revela por uma escrita marcada pelo Sobre o texto, é correto afirmar: fluxo da consciência e subjetividade, sendo o conto ______um exemplo. a Percebemos que Manoel de Barros pode até ter usado técnicas que outros poetas, ou pintores, ou cineastas usaram, no entanto, apropriou-se delas e transformou-as ao Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas. pantanalizá-las. a ; “A morte e a morte de Quincas Berro D´Água”. b Estão presentes no poema tudo: o universo, o homem, a natureza, as relações sociais, a b João Simões Lopes Neto; “O mate do João Cardoso” alegria, a liberdade, os grandes temas da humanidade, as reminiscências que passam a ser c Manuel Bandeira; “Pneumotórax”. inventadas sob o filtro da poesia. d Caio Fernando Abreu; “Uma ideia confusa”. c No trecho estão presentes alguns dos arquissemas, que são as palavras ancestrais que e Clarice Lispector; “Amor”. povoam e comandam o ser subterrâneo do poeta. São, mais ou menos, as seguintes: terra, rã, árvores, pedra, parede, antro, musgo, lesma, peixes, pássaros, caracol, boca e água . TEXTO BASE 12 d No trecho estão presentes as gags, ou seja , verdadeiras anedotas, poemas piadas com Texto para a questão: influência do humor imagético. São exercícios de pura liberdade e intuição fantástica. e Todas as afirmativas estão corretas. A um passarinho

Questão 55 (UNCISAL) Para que vieste Mar português Na minha janela Meter o nariz? Ó mar salgado, quanto do teu sal Se foi por um verso São lágrimas de Portugal! Não sou mais poeta Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Ando tão feliz! Quantos filhos em vão rezaram! Se é para uma prosa Quantas noivas ficaram por casar Não sou Anchieta Para que fosses nosso, ó mar! Nem venho de Assis. Valeu a pena? Tudo vale a pena Deixa-te de histórias Se a alma não é pequena. Some-te daqui! Quem quer passar além do Bojador (Vinicius de Moraes) Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele espelhou o céu PESSOA, Fernando. Mensagem. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

O poema de Fernando Pessoa refere-se à expansão marítima portuguesa. Nele, o poeta enfatiza a os custos humanos que a empreitada marítima legou a Portugal e a coragem desse povo em se aventurar no desconhecido. b as riquezas que as novas colônias da América produziam e sua importância para a economia portuguesa. c a necessidade de se contornar a África e criar uma nova rota marítima para o comércio com as Índias. d a diversidade cultural portuguesa e sua influência sobre os povos colonizados nas novas terras. e o avanço tecnológico naval português em comparação ao de outros povos europeus

/ 10 53245 Questão 57 (ESPM) Questão 59 (FPP) PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 12 Com relação à obra São Bernardo de Graciliano Ramos, leia o seguinte fragmento:

A partir da leitura do poema e da observação da imagem, assinale a afirmação correta. (...) “O seu oferecimento é vantajoso para mim, Seu Paulo Honório, murmurou Madalena. Muito a Tanto no texto poético quanto na imagem fica evidente que a fonte de inspiração para a vantajoso. Mas é preciso refletir. De qualquer maneira, estou agradecida ao senhor, ouviu? A prática literária são os elementos da natureza. verdade é que sou pobre como Job, entende? - Não fale assim, menina. E a instrução, a sua pessoa, isso não vale nada? Quer que lhe diga? b Enquanto a imagem mostra a alienação de vários leitores, o poema de Vinicius de Moraes Se chegarmos a acordo, quem faz um negócio supimpa sou eu.(...) sugere o engajamento do escritor com personagens históricas. Fonte: RAMOS, Graciliano. São Bernardo. São Paulo: Martins, 1970. c O texto poético diz que a produção literária é consequência da tristeza; a imagem deixa claro que só se faz poesia com a distração. A partir desse diálogo pode-se afirmar que: d O poema de Vinicius e a imagem apresentam a ideia de que a poesia é algo fugidio, volúvel, a O casamento traz vantagens para Madalena que se torna a rica proprietária de São consequência também de um estado de espírito. Bernardo. e A noção de que poesia e prosa são gêneros distintos fica evidente no texto poético; já a b O objetivo com o casamento para Madalena era sair da pobreza e não ter que trabalhar. imagem não discrimina qualquer tipo de leitura literária. c O casamento de Madalena e Paulo Honório é absolutamente um negócio com vantagens para TEXTO BASE 13 os dois. O pequeno sentou-se, acomodou-se nas pernas a cabeça da cachorra, pôs-se a contar-lhe d Com o casamento Madalena se submete a seu marido Paulo Honório e obedece tudo o que baixinho uma história. Tinha um vocabulário quase tão minguado como o do papagaio que ele manda. morrera no tempo da seca. Valia-se, pois, de exclamações e de gestos, e Baleia respondia com o e Com o casamento Madalena buscava uma forma de ajudar aos pobres que trabalhavam em rabo, com a língua, com movimentos fáceis de entender. São Bernardo. (Graciliano Ramos. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 57.) Questão 60 (USF) Questão 58 (UNICAMP) Com relação às obras de maior relevância no cenário literário nacional e às características das estéticas a que pertencem, assinale a alternativa incorreta. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 13 a Em Vidas secas observa-se a animalização das personagens em virtude das condições a que No romance Vidas secas, a alteridade é construída ficcionalmente. Isso porque o narrador são submetidas no sertão esturricado. A seca que animaliza também rouba os sonhos e as a impõe seu ponto de vista sobre a miséria social das personagens, desconsiderando a luta possibilidades de comunicação. A linguagem de Ramos reflete a secura do ambiente e se torna dessas personagens por uma vida mais digna. tão áspera quanto o sertão. O regionalismo da Segunda Geração Modernista, que trabalha com o b permite conhecer o ponto de vista de cada uma das personagens e manifesta um juízo crítico viés crítico, tem nessa obra um dos seus expoentes. sobre o drama da miséria social e econômica. b Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, é classificado como romance romântico devido a seu contexto de produção, uma vez que em seu enredo nada há c relativiza o universo social das personagens, uma vez que elas estão privadas da capacidade de comunicação. que o vincule às característica da estética. Obra impregnada de bom humor, traz um protagonista que se não é herói, também não é vilão e a mocinha não segue os parâmetros da idealização tão d analisa os dilemas de todas as personagens e propõe, ao final da narrativa, uma solução para comuns no Romantismo brasileiro. o drama da miséria social e econômica. c O cortiço e Memórias de um sargento de milícias pertencem a estéticas literárias distintas, embora, tematicamente, haja um – ainda que frágil – alinhamento entre elas: o registro de camadas da população até então ignoradas no cenário literário nacional. A obra de Azevedo, de forma mais profunda, escancara a miséria humana traduzida em um ambiente conspurcado. d Sentimento do mundo é a obra que traduz o “estar no mundo”. Em consonância com os ideais da poética da Segunda Geração Modernista, Drummond mostra-se atento aos acontecimentos de seu tempo e os registra com inequívoco apelo social, que se configura como uma das características de sua obra e que o situa como um poeta identificado com a humanidade, com o mundo. e Em Memórias póstumas de Brás Cubas deparamo-nos com uma das obras de ponta da Literatura nacional. Inovadora, encerra uma série de características que formariam o Realismo no Brasil, como a metalinguagem, a conversa com o leitor, a sondagem psicológica, o pessimismo e o ceticismo, além da agudeza do sarcasmo e do humor. Tudo isso usado para perpetrar uma crítica da sociedade de seu tempo.

/ 10 53245 Questão 61 (UFRGS) Questão 64 (FGV-SP) Considere as seguintes afirmações sobre a poesia de Álvaro de Campos, heterônimo de Considere a seguinte frase, adaptada de uma carta que o autor da obra em questão enviou a um Fernando Pessoa. de seus amigos escritores:

I - Em Todas as Cartas de Amor São, o eu-lírico recusa-se a escrever porque prefere sonhar a É fácil provar que eu estabeleci bem dentro de todo o livro ______, em que pese viver. sua matriz lendária, que o personagem ______é uma contradição de si II - No Poema em Linha Reta, a trajetória do indivíduo é descrita como sendo vinculada a mesmo. O caráter que demonstra em um capítulo, ele desfaz em capítulo, ele desfaz em outro. fracassos e vilezas, o que provoca seu cansaço e sua revolta. (Adaptado) III - Em Aniversário, o eu-lírico, acreditando ter recuperado a perfeição do passado, renega os familiares mortos. Mantida a sequência, preenche corretamente as lacunas o que está em a Til; Luís Galvão. Quais estão corretas? b Memórias póstumas de Brás Cubas; Brás Cubas. a Apenas I. c O cortiço; João Romão. b Apenas II. d Macunaíma; Macunaíma c Apenas I e II. e Vidas secas; Fabiano. d Apenas I e III. e I, II e III. Questão 65 (ACAFE) Todas as alternativas se referem à obra Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Questão 62 (FAG) Andrade, exceto a: Sobre o romance “Fogo Morto”, de José Lins do Rego, é correto afirmar a No final do romance, o herói fica viúvo, é abandonado pela amante e vai à falência, em virtude a O personagem do romance regionalista da década de 30, não conseguindo vencer as da má aplicação de fundos na indústria cinematográfica. adversidades de um destino hostil, evadiu-se no tempo e no espaço em busca de aventuras b A história do protagonista inicia na infância do herói, sugerida pela linguagem amorosas e sentimentais. propositadamente infantil dos primeiros capítulos. Ainda adolescente, e com grande inclinação b O protagonista Carlos de Melo narra episódios da infância e adolescência vivida no engenho para a boêmia, Miramar faz a sua primeira viagem à Europa, a bordo do navio Marta. do avô José Paulino, fornecendo-nos um amplo perfil da sociedade patriarcal do Nordeste c O romance compõe-se de 163 episódios numerados. A montagem fragmentária do romance açucareiro. impossibilita uma leitura tradicional e linear da história. Uma série de inventivos traços de c Faz um retrato fotográfico da realidade nordestina, afastando-se do ficcional, uma vez que estilo e um agudo senso crítico da sociedade da época fazem desse texto uma grande obra de parte de fatos que realmente existiram e que podem ser comprovados, como a decadência vanguarda. De fato, o estilo fragmentário e sintético do texto é revolucionário na nossa prosa, dos engenhos de açúcar e a Guerra de Canudos. assim como seu caráter cinematográfico. d O uso do discurso indireto livre é um dos procedimentos de construção narrativa mais d A primeira parte da obra começa com a morte de Miramar em pleno Domingo de Carnaval. significativa do romance, na medida em que permite a diversidade de olhares sobre uma dada Vestido de baiana, João Miramar cai enquanto dançava e seu funeral é muito concorrido. realidade e, ao mesmo tempo, auxilia no processo de aprofundamento do drama psicológico Enquanto o defunto é enterrado, voltam as lembranças de todos sobre o falecido: dos amigos de vivenciado pelas personagens. farra, das possíveis [prováveis] amantes, dos conhecidos e principalmente da esposa, e Apresenta uma visão saudosa da realidade política, econômica e social do Nordeste da Rocambola. primeira metade do século XX, bem como uma visão pitoresca do espaço enfocado.

Questão 63 (UNIFOR) Este é o ano do centenário de Jorge Amado. Assim sendo, assinale a única alternativa FALSA com relação à sua trajetória literária. a As personagens femininas principais de suas obras são: Gabriela, Dona Flor, Tereza Batista e Tieta. b A culinária baiana tem espaço privilegiado em suas obras. c A cidade de Salvador é cenário de muitos de seus livros. d “O ABC de ” é uma de suas obras de ficção. e “Capitães da Areia” tem meninos de rua que são personagens.

/ 10 53245 Questão 66 (ESPM) Questão 67 (ESCS) Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça. Da vida pouco me resta – só o deogratias; e o troco. [...] Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? [.] Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai, acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa sempre fazendo ausência: e o rio-rio-rio — o rio — pondo perpétuo. Eu sofria já o começo da importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje velhice — esta vida era só o demoramento. Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim cansaços, perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer demais. De tão idoso, é que eu conto. O senhor é bondoso de me ouvir. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto não ia, mais dia menos dia, fraquejar do vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe. sem pulso, na levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo da Mire veja: aquela moça, meretriz, por lindo nome Nhorinhá, filha de Ana Duzuza: um dia eu recebi cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha dela uma carta: carta simples, pedindo notícias e dando lembranças, escrita, acho que, por outra tranquilidade. Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse — se as alheia mão. [...] Ela tinha botado por fora só: Riobaldo que está com Medeiro Vaz. E veio trazida coisas fossem outras. E fui tomando idéia. por tropeiros e viajores, recruzou tudo. [...] (ROSA, João Guimarães. “A Terceira Margem do Rio”, Primeiras estórias, Nova Fronteira, 2005) Sendo isto. Ao doido, doideiras digo. Mas o senhor é homem sobrevindo, sensato, fiel como O personagem sente-se: papel, o senhor me ouve, pensa e repensa, e rediz, então me ajuda. Assim, é como conto. Antes a humilhado pela atitude vigorosa do pai. conto as coisas que formaram passado para mim com mais pertença. Vou lhe falar. Lhe falo do b solitário, por ser muito idoso. sertão. Do que não sei. Um grande sertão! Não sei. Ninguém ainda não sabe. Só umas raríssimas pessoas — e só essas poucas veredas, veredazinhas. O que muito lhe agradeço é a c obstinado, à procura do pai. sua fineza de atenção. d obcecado pela ideia da morte próxima. João Guimarães Rosa. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 82-4. e culpado, embora não consiga identificar sua falta. O fragmento de texto apresentado acima foi extraído de uma das mais conhecidas obras de Guimarães Rosa, escritor que renovou a ficção regionalista brasileira. A narrativa desse autor caracteriza-se por a reproduzir a evasão dos sentimentos do herói, que não se reconhece em seu meio. b apresentar crítica política severa aos acontecimentos sertanejos nordestinos. c criar uma tensão crítica em que o herói luta contra o meio e as suas mazelas. d transfigurar metafisicamente o espaço do sertão. e retratar fielmente a linguagem e os costumes sertanejos.

/ 10 53245 Questão 68 (Albert Einstein) Questão 69 (UNIPE) De repente, na altura, a manhã gargalhou: um bando de maitacas passava, tinindo guizos, PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 14 partindo vidros, estralejando de rir. E outro. Mais outro. E ainda outro, mais baixo, com as maitacas verdinhas, grulhantes, gralhantes, incapazes de acertarem as vozes na disciplina de um Em relação à palavra “medo”, substantivo abstrato, que permeia quase todo o poema, estão coro. (...) O sol ia subindo, por cima do voo verde das aves itinerantes. Do outro lado da cerca, também presentes dois outros, ódio e amor, com a finalidade de passou uma rapariga. Bonita! Todas as mulheres eram bonitas. Todo anjo do céu devia de ser a completar-lhe o sentido, reforçando-lhe a expressividade. mulher. b estabelecer uma similaridade semântica entre esses substantivos: ódio, amor e medo.

O trecho acima integra a obra Sagarana, de Guimarães Rosa. Indique, nas alternativas abaixo, o c revelar a frequência da ação dessas três emoções nos corações humanos desde sempre. nome do conto que contém o referido trecho. d evidenciar o quanto o primeiro sentimento domina, então, os indivíduos em diferentes a A hora e vez de Augusto Matraga, que narra a violência como instrumento de redenção, situações. materializada na morte de Joãozinho Bem-Bem e do jagunço protagonista. e mostrar a permanência dessas sensações no seio social, destacando, entre elas, o b Corpo Fechado, história de valentões e de espertos, de violência e de mágica, protagonizado surgimento do amor. por Manuel Fulô. Questão 70 (UNESP) c São Marcos, que relata a desavença entre o narrador e um feiticeiro que o deixa cego por Ricardo Reis é, assim, o heterônimo clássico, ou melhor, neoclássico: sua visão da realidade força de uma bruxaria. deriva da Antiguidade greco-latina. Seus modelos de vida e de poesia, buscou-os na Grécia e em d Minha Gente, em que se relata a situação vivida por um moço da cidade que vai passar uma Roma. temporada no campo e vive amores desencontrados. (Massaud Moisés. “Introdução”. In: Fernando Pessoa. O guardador de rebanhos e outros poemas, TEXTO BASE 14 1997.) Levando-se em consideração esse comentário, pertencem a Ricardo Reis, heterônimo de TEXTO: Fernando Pessoa (1888-1935), os versos:

a Nada perdeu a poesia. E agora há a mais as máquinas Provisoriamente não cantaremos o amor, Com a sua poesia também, e todo o novo gênero de vida que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Comercial, mundana, intelectual, sentimental, Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, Que a era das máquinas veio trazer para as almas. não cantaremos o ódio, porque este não existe, [5] existe apenas o medo, nosso pai e nosso b Súbita mão de algum fantasma oculto [companheiro, Entre as dobras da noite e do meu sono o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, Sacode-me e eu acordo, e no abandono o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das Da noite não enxergo gesto ou vulto [igrejas, c Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos [democratas, Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. cantaremos o medo da morte e o medo de depois da (Enlacemos as mãos.) [morte. d À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica [10] Depois morreremos de medo Tenho febre e escrevo. e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, [medrosas. Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. ANDRADE, Carlos Drummond de. Congresso Internacional do Medo. e O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.

/ 10 53245 Questão 71 (UFPR) Questão 72 (UCS) Acerca dos personagens de Fogo morto, considere as afirmativas abaixo: De acordo com Pablo Neruda, Tudo está na palavra... Uma ideia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar ou porque outra se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não 1. O mestre José Amaro é um homem pobre que vive no Santa Fé, mas não é empregado lá, a esperava e que a obedeceu... trabalha por conta própria, o que não faz dele um homem independente, já que o proprietário (Disponível em: . Acesso em: 1 nov. 2012.) exige que ele saia da casa que ocupa no engenho. Leia o fragmento do poema “Profundamente”, de Manuel Bandeira. 2. O coronel Lula de Holanda faz parte de uma longa linhagem de senhores de engenho, donos há gerações do engenho Santa Fé que, ao final do romance, estará de fogo morto. [...] 3. Apesar da distância social que as separa, tanto a filha de José Amaro quanto a do coronel Lula Quando eu tinha seis anos de Holanda vivem em isolamento e terminam por enlouquecer. Não pude ver o fim da festa de São João 4. O capitão Vitorino Carneiro da Cunha grita o tempo todo que é um homem que não se submete Porque adormeci ao poder de ninguém, mas na verdade cede ao comando do cangaceiro, o capitão Antônio Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Silvino. [...] – Estão todos dormindo Assinale a alternativa correta. Estão todos deitados a Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. Dormindo b Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. Profundamente. (TUFANO, Douglas. Estudos de literatura brasileira. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 1995. p. 237.) c Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. Ao comparar o fragmento do poema de Manuel Bandeira com a declaração de Pablo Neruda, é d Somente a afirmativa 3 é verdadeira. possível perceber que a afirmação de Neruda está exemplificada no poema de Bandeira por meio e Somente a afirmativa 4 é verdadeira. das palavras adormeci e dormindo. A palavra dormindo se configura como uma ______, pois sugere uma imagem completamente nova.

A alternativa que preenche corretamente a lacuna da frase acima é a antítese. b metonímia. c catacrese. d hipérbole. e metáfora.

/ 10 53245 Questão 73 (UCPEL) Questão 74 (UESB) Assinale a única alternativa correta. I. a Um dos aspectos que concede unidade à poesia de Carlos Drummond de Andrade é o tempo: Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. o passado, o presente e o futuro. Toda a trajetória do poeta marca-se por uma tentativa de Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os conhecer-se a si mesmo e aos outros homens, através da volta ao passado (infância, coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. adolescência, terra natal), da adesão ao presente (poesia social) e da projeção num futuro Tupi, or not tupi that is the question. possível (expectativa de um mundo melhor). Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas. Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropólogo, o b Em “Primeiras Estórias”, Guimarães Rosa nos dá um catálogo de imperfeições brasileiras, consubstanciadas em personagens magníficas, que tratam, especialmente, da introspecção Visconde de Cairu: — É mentira muitas vezes repetida. da alma, da morte, da fatalidade, da melancolia, da depressão, das neuroses, dos conflitos [...] Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. psíquicos e da fantasmagoria dos silvícolas. Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. c Em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, a intenção de Machado de Assis foi fugir do Antônio de Mariz. romance isolado, sem ligação com outro anterior, e ilustrar suas teorias naturalistas através A alegria é a prova dos nove. de uma saga familiar, rigorosa e científica. ANDRADE, Oswald de. Manifesto Antropófago. Oswald de Andrade. São Paulo: Nova Cultura,1988. p.135-138- d Em “Morte e Vida Severina”, João Cabral de Melo Neto, identificando-se com Cruz e Sousa 139. em vários aspectos, aborda apenas a melancolia, o tédio, a desilusão amorosa e o fervor religioso acima da existência medíocre da civilização e dos costumes da sociedade do século II. XIX. [...]Peri, de pé, junto de Cecília, parecia querer ainda protegê-la contra a morte inevitável que a e Em “Contos Gauchescos”, João Simões Lopes Neto compôs um retrato progressivo, porém ameaçava. Dir-se-ia que o índio esperava algum socorro imprevisto, algum milagre que salvasse indefectível, da formação da sociedade brasileira, a partir do momento histórico de sua sua senhora; e que aguardava o momento de fazer por ela tudo quanto fosse possível ao homem. afirmação como entidade supostamente autônoma e carregada das mesmas características D. Antônio, vendo a resolução que se pintava no rosto do selvagem, tornou-se ainda mais existentes no Arcadismo. pensativo; quando, passado esse momento de reflexão, ergueu a cabeça, seus olhos brilhavam com um raio de esperança. Atravessou o espaço que o separava de sua filha, e, tomando a mão de Peri, disse-lhe com uma voz profunda e solene: — Se tu fosses cristão, Peri!... O índio voltou-se extremamente admirado daquelas palavras. — Por quê?... perguntou ele. — Por quê?... disse lentamente o fidalgo. Porque se tu fosses cristão, eu te confiaria a salvação de minha Cecília, e estou convencido de que a levarias ao Rio de Janeiro, à minha irmã. O rosto do selvagem iluminou-se; seu peito arquejou de felicidade; seus lábios trêmulos mal podiam articular o turbilhão de palavras que lhe vinham do íntimo da alma. — Peri quer ser cristão! exclamou ele. D. Antônio lançou-lhe um olhar úmido de reconhecimento. — A nossa religião permite, disse o fidalgo, que na hora extrema todo o homem possa dar o batismo. Nós estamos com o pé sobre o túmulo. Ajoelha, Peri! O índio caiu aos pés do velho cavalheiro, que impôs-lhe as mãos sobre a cabeça. — Sê cristão! Dou-te o meu nome. Peri beijou a cruz da espada que o fidalgo lhe apresentou, e ergueu-se altivo e sobranceiro, pronto a afrontar todos os perigos para salvar sua senhora. ALENCAR, José de. O guarani. 7.ed. São Paulo: Ática, 1978. p. 201-202. (Série Bom Livro). Comparando-se os textos I e II, é correto afirmar:

/ 10 53245 a Ambos revelam um ideal de brasilidade ligado à herança colonial. TEXTO BASE 15 b Os dois textos expressam o papel positivo do colonizador na definição do ser brasileiro. O OPERÁRIO NO MAR c Tanto no texto I quanto no texto II, há a rejeição dos valores patriarcais e a defesa da contribuição da mulher na vida social. Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso d No texto I, ironiza-se a figura do índio descaracterizado e, no II, exalta-se o índio insubmisso a político, a dor do operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés valores alheios à sua cultura. enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os e O texto I revela uma visão crítica acerca do processo de construção da identidade cultural outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde brasileira, enquanto o II exemplifica a proposta romântica de valorização do elemento vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com indígena, idealizado segundo valores do passado europeu. algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia, do Questão 75 (FPP) Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista Com relação à obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, assinale a alternativa CORRETA. vociferando. Caminha no campo e apenas repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. a O romance é narrado em terceira pessoa e relata a vida de Paulo Honório desde sua órfã Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me infância até se tornar o proprietário de São Bernardo mediante aquisição por compra. despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação quase me obriga b O romance é narrado em primeira pessoa e conta a vida de Paulo Honório desde sua infância a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos implorar-lhe que suste a na casa de seus pais até se tornar o proprietário de São Bernardo. marcha. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e c A obra é narrada em primeira pessoa e conta a vida de Paulo Honório desde seu trabalho na de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu roça até se tornar o proprietário de São Bernardo por meios não convencionais. corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão d A obra é narrada em primeira pessoa e conta a vida de Paulo Honório a partir dos dezoito nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e anos até se tornar o proprietário de São Bernardo por meios não convencionais. que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e A obra é narrada em terceira pessoa e conta a vida de Paulo Honório desde seu trabalho na e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se roça até se tornar o proprietário de São Bernardo por meios não convencionais. decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei? Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo

Questão 76 (USP)

PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 15 Atente para as seguintes afirmações relativas ao texto de Drummond, considerado no contexto da obra a que pertence:

I. A referência inicial aos modos de se representar o operário sugere uma crítica do poeta aos estereótipos presentes na literatura da época em que o texto foi escrito. II. O alcance simbólico da figura do operário depende, inclusive, do fato de que, no texto, ele é constituído por tensões que o fazem, ao mesmo tempo, comum e extraordinário, familiar e enigmático, próximo e longínquo etc. III. A imagem do operário que anda sobre o mar pode simbolizar a criação prodigiosa de um mundo novo - a “vida futura” -, igualmente anunciado em símbolos como o das “mãos dadas”, o da “aurora”, o do “sangue redentor”, também presentes no livro.

Está correto o que se afirma em a I, apenas. b II, apenas. c I e II, apenas. d II e III, apenas. e I, II e III. / 10 53245 Questão 77 (UNIFOR) Questão 78 (CESMAC) OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO Considerado o “príncipe dos poetas de Alagoas”, Jorge de Lima começou a sua vida escrevendo Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. poemas parnasianos. Depois, enamorou-se pelo regionalismo de e, a partir dos Tempo de absoluta depuração. anos de 1930, buscou, junto com o poeta mineiro Murilo Mendes, “restaurar a poesia em Cristo”. Tempo em que não se diz mais: meu amor. No entanto, em 1952, Jorge de Lima escreveu aquele que é considerado o seu mais importante Porque o amor resultou inútil. poema: “Invenção de Orfeu”. Esse poema é: E os olhos não choram. a um longo poema em prosa. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. b um livro composto por cem sonetos. E o coração está seco. c um livro composto todo em “terza rima”. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. d um poema épico em dez cantos. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, e um poema composto em redondilha maior. mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. TEXTO BASE 16 E nada esperas de teus amigos. TEXTO

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e Teus ombros suportam o mundo não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava e ele não pesa mais que a mão de uma criança. uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava provam apenas que a vida prossegue nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, e nem todos se libertaram ainda. onomatopéias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da Alguns, achando bárbaro o espetáculo, cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. prefeririam (os delicados) morrer. (RAMOS, 1992, p. 20) Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. Questão 79 (UERR) A vida apenas, sem mistificação. ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. Nova Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 16 1985, p. 78. O texto é um trecho do romance Vidas Secas (1938) de Graciliano Ramos, autor que se Pelo exposto no texto, analise as afirmações a seguir: enquadra na escrita modernista da geração de 30. O roteiro de sua escrita norteou-se pela rejeição do contato do homem com a natureza, abordando com excelência e indignação o conflito I. O autor apresenta um mundo marcado pela solidão, pela impotência do homem diante da entre a existência do ser e o que a sociedade apresentava para o homem. realidade. II. Percebemos a renúncia dos desejos e inquietações pessoais do poeta. Analisando o texto, que trata da descrição de personagem do romance Vidas Secas, assinale o III. O autor sente-se realizado, por tudo que viveu. item que melhor analisa sua caracterização através da relação com meio. IV. A velhice não causa medo ao poeta. a O que está em foco nessa descrição é a incredulidade da personagem em relação aos níveis V. O poema é profundo e de grande significação existencial. É correto apenas o que se afirma em: sociais de existência. b Na descrição, é expressa a distância do personagem da estrutura familiar, pois não assume a a I e IV. posição paterna comum à sociedade da época. b II, III e V. c É fixada a tensão social como mola propulsora do comportamento do personagem. c I, II e III. d São acentuados os recursos linguísticos para abordar a humanização do personagem. d III, IV e V. e O que se percebe é a desumanização do homem no sentido de reduzi-lo a condição e I, II, IV e V. semelhante do animal.

/ 10 53245 Questão 80 (ENEM PPL) Questão 82 (UNIPE) Cena PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 14 O canivete voou E o negro comprado na cadeia A alternativa em que o verso transcrito do poema faz uso da vírgula para separar um aposto Estatelou de costas explicativo é a E bateu coa cabeça na pedra a “Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços” (v. 3). ANDRADE, O. Pau-brasil. São Paulo: Globo, 2001. b “não cantaremos o ódio, porque este não existe” (v. 4). O Modernismo representou uma ruptura com os padrões formais e temáticos até então vigentes na literatura brasileira. Seguindo esses aspectos, o que caracteriza o poema Cena como c “existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro” (v. 5). modernista é o(a) d “o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos” (v. 6). a construção linguística por meio de neologismo. e “cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,” (v. 8). b estabelecimento de um campo semântico inusitado. Questão 83 (UNCISAL) c configuração de um sentimentalismo conciso e irônico. Considere o poema, parte de Invenções de Orfeu, de Jorge de Lima, para responder d subversão de lugares-comuns tradicionais.

e uso da técnica de montagem de imagens justapostas. Agora, escutai-me que eu falo de mim; TEXTO BASE 17 ouvi que sou eu, Barricada sou eu, eu em mim; tocai esses cravos já feitos pra mim, suores de sangue, pressuados sem poros, [1] Todos os passarinhos da Praça da República verônica herdada, Voaram sem face do ser. Todas as estudantes [4] Morreram de susto Embora; escutai-me, Nos uniformes de azul e branco que eu falo com a voz As telefonistas tiveram uma síncope de fios inata que diz [7] Só as árvores não desertam que a voz não é essa Quando a noite luz que fala por mim, Oswald de Andrade. Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade. São Paulo: Globo, talvez minha fala 2006, p. 71. saída de ti. Uma das características do Modernismo presente no poema de Jorge de Lima é A respeito do poema Barricada e da obra de Oswald de Andrade, julgue o item. a o uso de uma linguagem mais próxima do coloquial, como se verifica, por exemplo, no verso “já feitos pra mim”. Questão 81 (UnB) b a linguagem marcada por neologismos e regionalismos, como se observa em “pressuados PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 17 sem poros”. c o retorno a estruturas métricas típicas dos cancioneiros medievais, no caso a redondilha A simplicidade dos versos do poema Barricada é característica contrastante com o restante da maior. produção poética de Oswald de Andrade, em que predominam cortes elípticos. d a busca de uma linguagem poética extremamente concisa, quase telegráfica, como se nota a CERTO pela pequena extensão dos versos. b ERRADO e a incorporação da cultura popular, como se verifica nos últimos versos, nos quais o eu lírico reconhece que sua voz vem do povo.

/ 10 53245 TEXTO BASE 18 [39] sem terríveis, sem constantes [40] cortes d’água quando as nuas Leia o texto a seguir. [41] formas já ensaboadas ANÚNCIO CLASSIFICADO [42] se restauravam, cuidando [43] de logo após se enroscarem [1] Procura-se apartamento [44] nas formas do amor, amando. [2] pequeno, bem situado, [3] onde caibam dois amantes [45] Quem souber de tal imóvel [4] de frente como de lado. [46] não fique imóvel: na asa [47] do vento que me informe onde, [5] Quer-se bem perto do mar [48] onde é que fica essa casa! [6] e bem longe do barulho, ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 2003. [7] de modo que a única música [8] ouvida seja a de Bach, Questão 84 (UCPEL)

[9] de Corette,de Bomporti, PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 18 [10] com seus preciosos discos Leia as afirmativas a seguir e assinale a melhor opção. [11] arrumados de tal sorte I. O poema fala da procura de um apartamento. [12] que inda caibam uns livros II. O texto transmite ao leitor uma sensação de perrice e aversão.

III. O texto, na última estrofe, identifica o local do imóvel procurado. [13] de poesia, está claro, [14] e também (toda uma estante) a Somente a I. [15] os tratados de Epicuro, b II e III. [16] Descartes, Spinoza, Kant. c Somente a II. d I, II, e III. [17] A mesa-de-cabeceira e Todas as afirmativas estão erradas. [18] deve ficar a seu cômodo [19] para que nenhuma aresta [20] machuque o amor na testa. [21] E a cama, sem ser estreita, [22] nem larga como avenida, [23] tenha espaço suficiente [24] para as doçuras da vida.

[25] Caibam na pequena copa [26] a bandeja, o biscoitinho, [27] hoje guardados no armário [28] dos alvos lençóis de linho,

[29] bem como aquelas garrafas [30] do escocês nacional [31] que a gente, faute de mieux, [32] ingere e não nos faz mal.

[33] Procura-se apartamento [34] de quarto-e-sala (tão pouco [35] e tão muito), sem barata, [36] sem mosquito rezinguento,

[37] sem vizinhos enervantes [38] que gritem palavras sujas, / 10 53245 TEXTO BASE 19 Questão 85 (UCPEL) AS BENDITAS FILAS PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 19 O homenzinho que estava à minha frente na fila do sabão de coco dobrou o jornal, voltou-se para Leia as afirmativas a seguir e assinale a opção correta. mim e disse: I. O narrador afirma que a fila é democrática, propícia ao estudo e que possibilita cultivar o – Não sei por que os jornais falam tanto contra espírito, além de motivar brados contra o Sistema, ordem e a legalidade. [5] as filas. A fila não é um problema, a fila é uma II. O autor nos impele a não participar de filas, pois elas são problemáticas, insensíveis e solução. Lembro-me de que nos meus tempos de emblemáticas. ginásio, quando as entradas para as matinês III. O texto nos diz que o homenzinho adorava filas, porque havia aprendido grego durante uma custavam trezentos réis, era aquela luta ombro a ombro fila do leite. nos guichês do Apolo! Venciam os guris mais fortes, a Todas estão erradas. [10] os grandalhões, os “prevalecidos”, como a gente b Todas estão corretas. dizia. Era o domínio da força bruta, o fascismo, meu caro senhor! Veja agora que beleza, olhe só esta fila: c Apenas a terceira está correta. não é o grandalhão, socialmente falando, que chega d A segunda e a terceira estão corretas. primeiro ao balcão; é o que tem direito a isso, e A primeira e a segunda estão corretas. [15] conforme o seu lugar na fila. Olhe, eu sou um barnabé, pois lá atrás está a cunhada do chefe, que até me cumprimentou, mas “conhece o seu lugar”, compreende? Que é isso? Legalidade, ordem, democracia. Democracia, meu caro senhor. Não, a [20] fila não é um problema, a fila é o orgulho da nossa civilização. Olhe, aquele velhinho que chegou por último e que se colocou atrás da preta velha, sabem quem é? Não sei, mas deve ser troço na vida... Como eu não dissesse nada, o homenzinho [25] prosseguiu: – E depois, não é só isso. Se não fossem as filas, como poderíamos calmamente ler os jornais do dia (em casa é impossível, as crianças berrando, a mulher alegando), como poderíamos, dizia eu, ler [30] calmamente os jornais do dia, nos inteirarmos dos problemas nacionais e internacionais, e refletir ponderadamente sobre as suas soluções? A fila é propícia à meditação e ao estudo. Ao estudo, sim. Disse isso porque um tio meu, que tem fama de gira, [35] aprendeu grego durante a fila do leite. Está vendo? Se todos fizessem como ele, poderiam, trazendo um livro para a fila, aprofundar seus conhecimentos, cultivar seu espírito, em vez de estar a bradar contra o Sistema que lhe proporciona esses úteis lazeres. [40] Eu continuava a não dizer nada, porque acabara de ler, no meu jornal, a morte de Janjão. Era mais velho do que eu, não muito. E isso me dava a inquietante impressão de que eu já havia avançado mais um lugar na fila... QUINTANA, Mário. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006, p.708.

/ 10 53245 TEXTO BASE 20 [46] cristal. Tirésias, contudo, já havia predito ao belo Narciso que ele viveria apenas enquanto a si mesmo não se visse... No fragmento de texto de Machado de Assis — O emplasto —, a referência ao episódio mítico Sim, são para se ter medo, os espelhos... edipiano soma-se à do episódio da medalha e suas duas faces, metáfora que se estende à ideia João Guimarães Rosa. O espelho. In: Primeiras estórias. Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova trapezista de Brás Cubas. No texto a seguir, de João Guimarães Rosa, a face, a imagem, está no Aguilar, 1994, v. 2, p. 437-55 (com adaptações). âmbito da reflexão especular: real, virtual, simbólica. Com referência ao texto O espelho, e a questões por ele suscitadas, julgue o item. O espelho [1] Se quer seguir-me, narro-lhe; não uma aventura, mas Questão 86 (UnB) experiência, a que me induziram, alternadamente, séries de raciocínios e intuições. Tomou-me tempo. Surpreendo-me, PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 20 [4] porém, um tanto à parte de todos, penetrando conhecimento que A aproximação entre o discurso filosófico e o literário, proposta pelo narrador ao seu interlocutor, os outros ainda ignoram. O senhor, por exemplo, que sabe e produz como efeito estético a composição de fechamento do texto em si mesmo, o que impede o estuda, suponho nem tenha ideia do que seja, na verdade — um leitor de mirar-se no espelho da narrativa. [7] espelho? Decerto, das noções de física, com que se familiarizou, as leis da ótica. Reporto-me ao transcendente, todavia... a CERTO O espelho, são muitos, captando-lhe as feições; todos b ERRADO [10] refletem-lhe o rosto, e o senhor crê-se com aspecto próprio e praticamente inalterado, do qual lhe dão imagem fiel. Mas — TEXTO BASE 21 que espelho? Há-os bons e maus, os que favorecem e os que Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos [13] detraem; e os que são apenas honestos, pois não. E onde situar tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um o nível e ponto dessa honestidade ou fidedignidade? deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo Como é que o senhor, eu, os restantes próximos, de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga [16] somos, no visível? O senhor dirá: as fotografias o comprovam. branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o Respondo: que, além de prevalecerem para as lentes das alastrim que matara. Fora o lazareto*. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos máquinas objeções análogas, seus resultados apoiam antes que negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da [19] desmentem a minha tese, tanto revelam superporem-se aos cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de dados iconográficos os índices do misterioso. Ainda que tirados terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os de imediato, um após outro, os retratos sempre serão entre si ogãs, as filhas e pais de santo cantam: [22] muito diferentes. E as máscaras, moldadas nos rostos? Valem, Ele é mesmo nosso pai: grosso modo, para o falquejo das formas, não para o explodir e é quem pode nos ajudar... da expressão, o dinamismo fisionômico. Não se esqueça, é de Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de [25] fenômenos sutis que estamos tratando. despedida: Resta-lhe argumento: qualquer pessoa pode, a um Ora, adeus, ó meus filhinhos, tempo, ver o rosto de outra e sua reflexão no espelho. O Qu’eu vou e torno a vortá... [28] experimento, por sinal ainda não realizado com rigor, careceria E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu de valor científico, em vista das irredutíveis deformações, de pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele. ordem psicológica. Além de que a simultaneidade torna-se Jorge Amado, Capitães da Areia. [31] impossível, no fluir de valores instantâneos. Ah, o tempo é o *lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças. mágico de todas as traições... E os próprios olhos, de cada um de nós, padecem viciação de origem, defeitos com que [34] cresceram e a que se afizeram, mais e mais. Os olhos, por enquanto, são a porta do engano; duvide deles, dos seus, não de mim. Ah, meu amigo, a espécie humana peleja para impor ao [37] latejante mundo um pouco de rotina e lógica, mas algo ou alguém de tudo faz brecha para rir-se da gente... Vejo que começa a descontar um pouco de sua inicial [40] desconfiança quanto ao meu são juízo. Fiquemos, porém, no terra a terra. Rimo-nos, nas barracas de diversões, daqueles caricatos espelhos, que nos reduzem a mostrengos, esticados ou [43] globosos. Mas, se só usamos os planos, deve-se a que primeiro a humanidade mirou-se nas superfícies de água quieta, lagoas, fontes, delas aprendendo a fazer tais utensílios de metal ou / 10 53245 Questão 87 (FUVEST) Questão 88 (Unifenas) PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 21 Texto 1 Apesar das diferenças notáveis que existem entre estas obras, um aspecto comum ao texto de A MARIA DOS POVOS, SUA FUTURA ESPOSA Capitães da Areia, considerado no contexto do livro, e Vidas secas, de Graciliano Ramos, é a a consideração conjunta e integrada de questões culturais e conflitos de classe. Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora, b a reprodução fiel da variante oral-popular da linguagem,como recurso principal na Em tuas faces a rosada Aurora, caracterização das personagens. Em teus olhos e boca o Sol, e o dia. c o engajamento nas correntes literárias nacionalistas que rejeitavam a opção por temas regionais. Enquanto com gentil descortesia d o emprego do discurso doutrinário, de caráter panfletário e didatizante, próprio do “realismo O ar, que fresco Adônis te namora socialista”. Te espalha a rica trança voadora, e o tratamento enfático e conjugado da mestiçagem racial e da desigualdade social. Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade, Que o tempo passa a toda a ligeireza, E imprime em cada flor sua pisada.

Oh não aguardes que a madura idade, Te converta essa flor, essa beleza, Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. (MATOS, Gregório de – in: Poemas Escolhidos. São Paulo Editora Cultrix, 1997, pág. 319.)

Texto 2 :

MARIETA

Como o gênio da noite, que desata O véu de renda sobre a espádua nua, Ela solta os cabelos...Bate a lua Nas alvas dobras de um lençol de prata.

O seio virginal, que a mão recata, Embalde o prende a mão...cresce...flutua... Sonha a moça ao relento...Além na rua Preludia um violão na serenata!...

...Furtivos passos morrem no lajedo... Resvala a escada do balcão discreta, Matam lábios os beijos em segredo...

Afoga-me os suspiros, Marieta! Ó surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo! Ai! noites de Romeu e Julieta... (ALVES, Castro. in: Poesia.4ª ed. Rio de Janeiro, Agir,1972.página 59)

Texto 3 LETRA PARA UMA VALSA ROMÂNTICA

A tarde agoniza Ao santo acalanto / 10 53245 Da noturna brisa, Questão 89 (UESB) E eu, que também morro, Morro sem consolo, (Diálogo entre Quirino e Mestre Aurélio dos Santos) Se não vens, Elisa! QUIRINO: Ai nem te humaniza Estamos comemorando as enroladas que os capitães da areia fizeram. São uns artistas esses O prato que tanto meninos. Nas faces desliza Do amante que pede MESTRE AURÉLIO: Suplicantemente Capitães da areia são as alma da Bahia, as alma daqui da Bahia. Teu amor, Elisa! QUIRINO: Ri, desdenha, pisa! Um brinde de cachaça pra selar nossa amizade. Meu canto, no entanto, CAPITÃES DA AREIA. Direção: Cecília Amado e Guy Gonçalves. Intérpretes: Jean Luís Amorim (Pedro Bala), Ana Mais de diviniza, Graciela (Dora), Robério Lima (Professor), Paulo Abade (Gato), Israel Gouvêa (Sem Pernas) e Jordan Mateus (Boa Mulher diferente, Vida). Música: Carlinhos Brown. Produção: Imagem Filmes. C. 2011. 1 DVD (96 min). Color. Tão indiferente, A alternativa em desacordo com o trecho e o filme em sua totalidade é a Desumana Elisa! a Os meninos são “uns artistas”, porque usam os “talentos” de que dispõem para sobreviver (BANDEIRA, Manuel - in: Poesia completa e prosa. 2ª ed. Rio de Janeiro, José Aguilar, 1967, página 326) numa sociedade desigual e hostil. Avalie as afirmações sobre os textos acima. b Os efeitos da marginalização são revelados não só no plano físico, como também no psicológico. I – Nos textos 1 e 2, os poetas utilizam uma espécie do gênero lírico de feição clássica, porque c Os Capitães da Areia, revoltados com as suas condições de vida, negam o valor da criada e codificada na Antiguidade Clássica (cultura greco-latina); no texto 3, autor emprega uma espiritualidade. espécie do mesmo gênero, mas de extração moderna, sobretudo pelo emprego dos versos redondilhos. d Os meninos, por enfrentar um cotidiano adverso, tornam-se precocemente maduros. e O discurso da narrativa fílmica evidencia o sentimento de esperança. II – No texto 2, Castro Alves, ao adotar uma forma fixa (soneto), vai de encontro à estética Questão 90 (UDESC) romântica (de que é representante) que, como é sabido, rompe com as formas clássicas que definiam temas e estruturas formais consagradas pela tradição poética. Analise as proposições em relação à primeira fase do Modernismo, na literatura brasileira, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa. III – Nos quartetos dos textos 1 e 2, verifica-se o mesmo esquema de rimas (opostas ou intercaladas). Neles, em sua totalidade, nota-se, no primeiro, a predominância de rimas pobres; ( ) Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira são nomes que compõem no segundo, a de rimas ricas. a primeira fase do Modernismo brasileiro, também denominada “fase heroica ou de ruptura”. ( ) Os autores desta fase procuraram exaltar, com um toque pessoal, as formas literárias IV – Conclui-se que nos textos 1 e 2, as figuras femininas (Maria e Marieta) são retratadas pelas já consolidadas como Parnasianismo e Simbolismo. respectivas vozes poéticas segundo um processo de idealização, o qual se encontra ausente do ( ) Os escritores desta fase buscavam uma língua livre que permitisse uma aproximação texto 3, em que a voz poética ressalta a indiferença da amada. maior entre a linguagem literária e a fala brasileira coloquial. ( ) A grande obra, o marco da literatura nacional da primeira fase modernista foi “Grande sertão: V – No texto 3, vivenciando um amor não correspondido, a voz poética coloca no primeiro verso veredas” de Guimarães Rosa. do poema um elemento do mundo exterior (a tarde) que desencadeia o seu sentimento, sendo, ( ) Dentre os principais movimentos desta fase destaca-se o Concretismo, que pretendia ampliar por conseguinte, uma extensão do sofrimento dele. os recursos da comunicação visual sem desmerecer a palavra. a todas corretas, sem exceção. Assinale a alternativa correta, de cima para baixo. b todas corretas, com única exceção a F – F – V – F – V c todas corretas, exceto I e IV. b F – F – F – V – V d todas corretas, exceto II e V. c V – F – V – F – V e todas corretas, exceto III e IV. d V – V – V – F – F e V – F – V – F – F

/ 10 53245 Questão 91 (UNICENTRO) Questão 92 (IFPE) Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde. O cão sem plumas O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos João Cabral de Melo Neto gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade A cidade é passada pelo rio embotada. como uma rua Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para é passada por um cachorro; quê! Comer e dormir como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, uma fruta procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. por uma espada. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo? O rio ora lembrava RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1979. p. 179-180. a língua mansa de um cão, ora o ventre triste de um cão, Na percepção que constrói de si mesmo, o sujeito-narrador ora o outro rio a valoriza a resistência emocional que adquiriu ao longo dos anos. de aquoso pano sujo dos olhos de um cão. b expressa, ao escrever o seu livro, a sensação de aniquilamento em face da vida que Aquele rio escolheu. era como um cão sem plumas. c sente-se orgulhoso de seu itinerário existencial, embora esteja bastante triste e melancólico. Nada sabia da chuva azul, d considera que todos os seus erros podem ser remediados através da conciliação com seus da fonte cor-de-rosa, filhos e seus futuros netos. da água do copo de água, e julga proveitoso o esforço que fez para se tornar um homem de posses, já que pode guardar da água de cântaro, bens para as próximas gerações. dos peixes de água, da brisa na água. Sabia dos caranguejos de lodo e ferrugem. Sabia da lama como de uma mucosa. Devia saber dos polvos.

Sabia seguramente da mulher febril que habita as ostras. [...] Como o rio aqueles homens são como cães sem plumas (um cão sem plumas é mais que um cão saqueado; é mais que um cão assassinado. [...] Na paisagem do rio difícil é saber onde começa o rio; onde a lama começa do rio; onde a terra começa da lama; onde o homem, onde a pele começa da lama; onde começa o homem / 10 53245 naquele homem. TEXTO BASE 22 “O cão sem plumas” é um poema composto por 426 versos, de autoria do poeta modernista João Cabral de Melo Neto. Sobre o excerto reproduzido acima, analise as afirmativas abaixo. Poema I Dois e dois são quatro I. Em “O cão sem plumas”, João Cabral denuncia não apenas o estado do rio Capibaribe, mas [1] Como dois e dois são quatro ressalta a exclusão da população ribeirinha. Sei que a vida vale a pena II. Ao afirmar que “Aquele rio era como um cão sem plumas”, o autor destaca a extensão do rio, Embora o pão seja caro que corta todo o estado de Pernambuco. [4] E a liberdade, pequena III. O cão sem plumas tematiza uma denúncia social sem cair no tom panfletário ou romantizado. Como teus olhos são claros IV. A imagem do cão sem plumas, sem enfeites, sem adornos é uma metáfora criada por João E a tua pele, morena Cabral para representar o rio Capibaribe. [7] Como é azul o oceano V. Como o rio Capibaribe ocupa a posição de protagonista do poema, não há espaço para tratar E a lagoa, serena da região, do povo ou da cidade que o circunda. Como um tempo de alegria [10] Por trás do terror me acena Estão corretas apenas: E a noite carrega o dia No seu colo de açucena a III e IV. [13] — sei que dois e dois são quatro b I, II e V. sei que a vida vale a pena c I, III e IV. mesmo que o pão seja caro d I, III e V. [16] e a liberdade, pequena. e III e V. Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.

Questão 93 (FAMEVAÇO) Poema II Neologismo A questão abaixo se refere aos livros “Contos de Aprendiz”, de Carlos D. de Andrade e “A estrela [1] Beijo pouco, falo menos ainda. sobe”, de . Leia e responda com atenção. Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda “A estrela sobe” de Marques Rebelo é um romance nitidamente modernista porque: [4] E mais cotidiana. a aborda o universo das pequenas rádios que surgiam no país; Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. b nele cresce o universo de Leniza, uma candidata a cantora de rádio, oportunidade não Intransitivo: existente nos períodos anteriores ao Modernismo; [7] Teadoro, Teodora c evoca os costumes do Rio de Janeiro, próximo à zona portuária, espaço deselegante, de Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. moradores pobres e de vida difícil; d Incorpora na história a experiência do linguajar coloquial, com falares da linguagem coloquial. Considerando os aspectos estruturais e os sentidos produzidos nos poemas acima, julgue o item que se segue. Questão 94 (UnB)

PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 22 O poema II pode ser considerado um exemplo da estética modernista brasileira porque apresenta as seguintes características: expressão de ideias de forma sintética; subversão da concepção tradicional de lírica amorosa; linguagem simples, cotidiana. a CERTO b ERRADO

/ 10 53245 Questão 95 (UNISC) TEXTO BASE 23 Escolha a alternativa que completa corretamente as lacunas: Fala aos inconfidentes mortos

Em ______, de ______, ______que tem como pano de fundo a ______, a história [1] Treva da noite, é contada por um narrador-personagem, ______, que vem a ser o protagonista de outra obra lanosa capa do mesmo autor, ______. Ambas narrativas estão situadas na mesma época, mas a nos ombros curvos conjuntura política do Brasil que vem à tona nesta última é a ______, embora com menos [4] dos altos montes importância para os conflitos vividos pelas personagens. aglomerados... a Esaú e Jacó – Machado de Assis – romance – Proclamação da República – Conselheiro Aires Agora, tudo – Memorial de Aires – abolição da escravatura. [7] jaz em silêncio: amor, inveja, b Memorial de Aires – Machado de Assis – conto – Proclamação da República – Brás Cubas – ódio, inocência, Memórias póstumas de Brás Cubas – Revolta da Vacina. [10] no imenso tempo c Esaú e Jacó – Machado de Assis – conto – Proclamação da República – Esaú – Memorial de se estão lavando... Aires – abolição da escravatura. d Esaú e Jacó – Machado de Assis – romance – abolição da escravatura – Conselheiro Aires – Grosso cascalho Memorial de Aires – Proclamação da República. [13] da humana vida... e Memorial de Aires – Machado de Assis – romance – Independência do Brasil – Conselheiro Negros orgulhos, Aires – Memórias póstumas de Brás Cubas – Revolta da Vacina. ingênua audácia, [16] e fingimentos Questão 96 (Unaerp) e covardias Agora a lagoa estava cheia, tinha coberto os currais que ele construíra. O barreiro também se (e covardias!) enchera, atingia a parede da cozinha, as águas dele juntavam-se às da lagoa. Para ir ao quintal [19] vão dando voltas onde havia craveiros e panelas de losna, Sinha Vitória saía pela porta da frente, descia o copiar e no imenso tempo, atravessava a porteira de baraúna. Atrás da casa, as cercas, o pé de turco e as catingueiras — à água implacável estavam dentro da água. As goteiras pingavam, os chocalhos das vacas tiniam, os sapos [22] do tempo imenso, cantavam. O som dos chocalhos era familiar, mas a cantiga dos sapos e o rumor das goteiras rodando soltos, causavam estranheza. Tudo estava mudado. Chovia o dia inteiro, a noite inteira. As moitas e com sua rude capões de mato onde viviam seres misteriosos tinham sido violados. Havia lá sapos. E a cantiga [25] miséria exposta... deles subia e descia, uma toada lamentosa enchia os arredores. Tentou contar as vozes, atrapalhou-se. Eram muitas, com certeza havia uma infinidade de sapos nas moitas e nos Parada noite, capões. Que estariam fazendo? Por que gritavam a cantoria gorgolejada e triste? Nunca vira um suspensa em bruma: deles, confundia-os com os habitantes invisíveis da terra e dos bancos de macambira. [28] não, não se avistam Graciliano Ramos, Vidas secas. os fundos leitos... Mas, no horizonte Nesse romance, [31] do que é memória a predomina a seca, embora, ocasionalmente, as chuvas modifiquem os cenários por onde da eternidade, passam os migrantes. referve o embate [34] de antigas horas, b alternam-se a seca e as chuvas intensas conforme os migrantes se deslocam pelos extensos de antigos fatos, territórios do Brasil. de homens antigos. c as chuvas e as cheias provocadas por elas são mais um motivo de sofrimento e flagelo para as personagens, já castigadas pela miséria e pela falta de perspectiva no futuro. [37] E aqui ficamos d tanto as chuvas quanto os longos períodos de estio são fatores que forçam os migrantes a todos contritos, deixarem a região inóspita onde uma vez habitaram e trabalharam com regularidade. a ouvir na névoa e apesar de centrado no drama dos migrantes da seca, as chuvas fortes criam o ambiente em [40] o desconforme, que ocorrem os momentos de maior densidade psicológica das personagens retratadas. submerso curso dessa torrente [43] do purgatório... Quais os que tombam, em crime exaustos, / 10 53245 [46] quais os que sobem, Questão 98 (ENEM PPL) purificados? Cecília Meireles In: Romanceiro da Inconfidência Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p 278-9 PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 24

O poema Fala aos inconfidentes mortos encerra a obra Romanceiro da Inconfidência, na As vanguardas europeias não devem ser vistas isoladamente, uma vez que elas apresentam qual Cecília Meireles aborda o importante episódio histórico acontecido em Minas Gerais. Acerca alguns conceitos estéticos e visuais que se aproximam. Com base nos conceitos vanguardistas, desse poema e de aspectos a ele relacionados, julgue o item seguinte. entre eles o de exploração de formas geometrizadas do Cubismo, no início do século XX, o quadro Soldados jogando cartas explora uma Questão 97 (UnB) a abordagem sentimentalista do homem. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 23 b imagem plana para expressar a industrialização. c aproximação impossível entre máquina e homem. Entre os aspectos de estilo que justificam a inserção desse poema no movimento modernista, d uniformidade de tons como crítica à industrialização. destacam-se o emprego de versos curtos e a ausência de musicalidade, decorrente da não utilização de rimas. e mecanização do homem expressa por formas tubulares. a Certo Questão 99 (UENP) b Errado Todos olharam a aniversariante, compungidos, respeitosos, em silêncio. TEXTO BASE 24 Pareciam ratos se acotovelando, a sua família. Os meninos, embora crescidos – provavelmente já além dos cinquenta anos, que sei eu! – os meninos ainda conservavam os traços bonitinhos. Mas que mulheres haviam escolhido! E que mulheres os netos – ainda mais fracos e mais azedos – haviam escolhido. Todas vaidosas e de pernas finas, com aqueles colares falsificados de mulher que na hora não aguenta a mão, aquelas mulherzinhas que casavam mal os filhos, que não sabiam pôr uma criada em seu lugar, e todas elas com as orelhas cheias de brincos – nenhum, nenhum de ouro! A raiva a sufocava. – Me dá um copo de vinho! Disse. O silêncio se fez de súbito, cada um com o copo imobilizado na mão. – Vovozinha, não vai lhe fazer mal? Insinuou cautelosa a neta roliça e baixinha. – Que vovozinha que nada! Explodiu amarga a aniversariante. – Que o diabo vos carregue, corja de maricas, cornos e vagabundas! Me dá um copo de vinho, Dorothy! – ordenou.

(LISPECTOR, C. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p.61-62.)

Com base no trecho, assinale a alternativa correta que apresenta um aspecto central da prosa de Clarice Lispector. a Demonstração de vínculo com o Regionalismo literário. b Exposição de um forte componente científico na narrativa. c Perspectiva intimista da realidade retratada por meio do cotidiano familiar. d Uso de personagens pitorescos em um cenário rural. e Visão religiosa em conflito com o apego mundano do homem.

/ 10 53245 Questão 100 (UPF) Questão 102 (CESMAC) No conto “Famigerado”, de Guimarães Rosa, a história, contada por um(a) ______Católico, modernista, regionalista, pintor, fotógrafo, poeta, prosador, crítico, político e médico: e perpassada pelo(a) ______, apresenta um desfecho que evidencia o esses foram alguns dos predicados atribuíveis a Jorge de Lima, ao longo das suas quase seis ______na definição do destino das personagens. décadas de vida. No entanto, quando pensamos no escritor alagoano, pensamos basicamente no Assinale a alternativa cujas informações preenchem corretamente as lacunas do enunciado. poeta e, particularmente, em sua obra maior: Invenção de Orfeu. Sobre essa obra, publicada em a narrador onisciente / tensão / poder da força. 1952, é correto afirmar que se trata de um poema: b personagem / tensão / poder da instrução. a escrito em sonetos. c narrador onisciente / tensão / poder da instrução. b dividido em 10 Cantos. d narrador onisciente / humor / poder da instrução. c épico sobre a vida marital. e personagem / humor / poder da força. d escrito em 'terza rima'. e que narra a história de Alagoas. Questão 101 (URCA) Segue o Teu Destino Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós próprios. Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como exvoto aos deuses. Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizerte. A resposta Está além dos deuses. Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam.

Ricardo Reis, in "Odes" São heterônimos de Fernando Pessoa: a Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. b Ricardo Reis, João Ubaldo e Álvares de Azevedo. c Umberto Eco, Álvares de Azevedo e Ricardo Reis. d Álvaro de Campos. Saramago e Alberto Caeiro. e Fernando Veríssimo, Ricardo Reis e João Ubaldo.

/ 10 53245 TEXTO BASE 25 Questão 103 (UNEB)

TEXTO: PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 25

– Meu compadre, você quer saber tudo, não lhe Marque com V ou com F, conforme sejam, respectivamente, verdadeiras ou falsas as afirmativas basta o que já sabe? Não lhe chega para o livro? sobre a obra de onde foi retirado o trecho em destaque. Pedro Archanjo ria da pressa do compadre: – O que sei ainda é pouco, até parece que ( ) A obra denuncia a presença de uma ciência elitista, particularmente assumida e difundida pela [5] quanto mais leio mais preciso ler e estudar. área médica, com suas teorias que se ocupavam de tentar provar a inferioridade racial e Durante aquele comprido decênio, Pedro intelectual de pretos e mestiços. Archanjo leu sobre antropologia, etnologia e ( ) A convivência conflituosa entre a cultura científica e a cultura popular constitui um dos temas sociologia, o que encontrou na Bahia e o que fez vir apresentados e discutidos no romance Tenda dos Milagres, representadas, respectivamente, de fora, juntando tostões, seus e de outros. [...] pelos personagens Nilo Argolo e Pedro Archanjo. [10] Longa e árida seria a relação, mesmo incompleta, de ( ) O ódio às religiões de matriz africana – com criminalização do candomblé e perseguição a autores e livros estudados por mestre Archanjo, mas seus adeptos –, fato amplamente ilustrado na obra, revela um contexto de higienização religiosa e vale registrar alguns detalhes de sua caminhada, racial que marca o final do século XIX e início do século XX. acompanhá-lo da indignação ao riso. ( ) O comportamento atribuído ao brasileiro, de valorizar o que é estrangeiro em detrimento do A princípio tinha de trancar os dentes para que é nacional, é criticado na obra a partir do incidente de súbita valorização da produção de [15] prosseguir na leitura de racistas confessos e, pior Pedro Archanjo, relegada ao esquecimento após sua morte. ainda, dos envergonhados. Apertava os punhos: teses ( ) A resistência dos grupos marginalizados, representada pela “Tenda” e os que a frequentavam, e afirmações soavam como insultos, eram bofetadas, em especial Pedro Archanjo, constitui um dos polos da oposição que se estabelece, na obra, surras de chicote. [...] entre a opressão de brancos e poderosos, de um lado, e a resistência de pobres, pretos e pardos, Até o último dia de sua vida aprendeu com o de outro. [20] povo e tomou notas nas cadernetas. Pouco antes de morrer, acertara com o estudante Oliva, sócio de A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a empresa gráfica, a publicação de um livro e, ao rolar a V V V V V no Pelourinho, repetia uma frase pouco antes ouvida b V F V F F da boca de um ferreiro: nem Deus pode terminar com [25] o povo. Perdera, no entanto, quase todos os seus c V F F V F livros, a preciosa coleção, reunida pouco a pouco à d F V V V F custa de imenso esforço e da ajuda de tantos homens e F V F V V rudes e pobres, trabalhadores e cachaceiros. A maioria dos volumes foi destruída por ocasião do Questão 104 (UFSM) [30] assalto à oficina, outros desapareceram aqui e ali, Observe a passagem a seguir de A hora e a vez de Augusto Matraga (1946), de Guimarães em mudanças e correrias, vendidos a Bonfanti em Rosa, momento em que um padre aconselha Augusto. horas de desesperado aperto. Guardou uns poucos, os fundamentais em seu aprendizado. Mesmo Você não deve mais pensar na mulher, nem em vinganças. Entregue para Deus, e faça quando já não os lia, gostava de tê-los à mão, repassar penitência. [...] Você nunca trabalhou, não é? Pois, agora, por diante, cada dia de Deus você deve [35] as folhas, demorar os olhos gastos numa página, trabalhar por três, e ajudar os outros, sempre que puder. repetir de memória uma frase, um conceito, uma palavra. Entre os livros que conservou no caixão de A partir do fragmento, assinale a alternativa correta. querosene no quartinho dos fundos do castelo de a O padre vê o trabalho como uma forma de Augusto evitar o pecado da carne. Ester, encontrava-se uma velha edição do ensaio de [40] Gobineau e o primeiro opúsculo do professor Nilo b O sacerdote encara o trabalho como uma maneira de o personagem conquistar a proteção Argolo de Araújo. Pedro Archanjo partira do ódio para divina. o saber. c O padre incentiva Augusto a ganhar a vida de forma honesta para, assim, conquistar o perdão AMADO, Jorge. Tenda dos milagres. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 175-176. da esposa. d O conselho demonstra a preocupação do sacerdote com a qualidade de vida das pessoas próximas a Augusto, cujo trabalho poderia ajudálas. e A fala do sacerdote revela que o trabalho árduo e a solidariedade são caminhos para a redenção.

/ 10 53245 Questão 105 (FAMERP) Questão 106 (UDESC) É fato sabido que a trajetória de João Cabral começa num surrealismo despojado da escrita A Literatura não está dissociada do meio. Os fragmentos abaixo descrevem três automática, passa pelo ardor da construção e da lucidez, discute a pureza e a decantação da autores representantes do Modernismo/Pós-Modernismo da literatura brasileira e o contexto no poesia antilírica e, descartando a desconfiança (então em moda) quanto à possibilidade de dizer qual estavam inseridos. o mundo e os seus conflitos, assume, de Morte e vida severina em diante, o lado sujo da miséria do Nordeste. − “Em 1936, ...... foi preso por atividades consideradas subversivas, mas (Modesto Carone. “Severinos e comendadores”. In: Roberto Schwarz (org). Os pobres na literatura brasileira, libertado no ano seguinte. Essas experiências pessoais foram retratadas em seu livro Memórias 1983.) do cárcere. É tido hoje como o autor que levou ao limite o clima de tensão presente nas relações Segundo Modesto Carone, o trecho que melhor ilustra a última fase da poesia de João Cabral é: homem/meio natural e homem/meio social, tensão essa geradora de um relacionamento violento, a O mar, que só preza a pedra, capaz de moldar personalidades e de transfigurar o que os homens têm de bom. A luta pela que faz de coral suas árvores, sobrevivência, portanto, parece ser o grande ponto de contato entre todos os personagens; a lei luta por curar os ossos maior é a da selva.” da doença de possuir carne, − “Publicando seu primeiro livro em 1946, um ano após a queda de Getúlio Vargas e o início das produções da chamada Geração de 45, ...... apontaria novos rumos para a b Sobre o lado ímpar da memória literatura brasileira. Os contos Sagarana abririam uma nova perspectiva para o regionalismo. A o anjo da guarda esqueceu princípio, percebe-se uma revalorização da linguagem; depois, a universalização do regional.” perguntas que não se respondem. − “Com o AI-5 e os ataques de grupos de extrema-direita, desmantela-se o teatro de resistência; c Com peixes e cavalos sonâmbulos autores importantes, como Augusto Boal e José Celso, vão para o exílio; outros, como pintas a obscura metafísica ...... , continuam a produzir textos apesar da repressão. Sua obra O berço do do limbo. herói é censurada, e mesmo uma década depois, já com outro nome, Roque Santeiro, numa d Ó face sonhada adaptação para a televisão, ainda é vetada no dia da estreia.” de um silêncio de lua, Adap. TERRA, Ernani, NICOLA, José. Gramática, literatura e redação para o 2º grau. São Paulo: Scipione, 1997. na noite da lâmpada Assinale a alternativa que indica sequencialmente os autores referentes às descrições acima. pressinto a tua. a – João Guimarães Rosa – Graciliano Ramos e As nuvens são cabelos b João Guimarães Rosa – Graciliano Ramos – Dias Gomes crescendo como rios; c Graciliano Ramos – Dias Gomes – João Guimarães Rosa são os gestos brancos da cantora muda; d João Guimarães Rosa – Dias Gomes – Graciliano Ramos e Graciliano Ramos – João Guimarães Rosa – Dias Gomes

/ 10 53245 Questão 107 (PUC-Campinas) Questão 109 (PUC-SP) Primeiro houve entradas para pegar índio Bolero de Ravel Entradas para descobrir o ouro A alma cativa e obcecada Agora há entradas para plantar café enrola-se infinitamente numa espiral de desejo (...) e melancolia. Marcha soldado Infinita, infinitamente... Pé de café As mãos não tocam jamais o aéreo objeto, Se não marchar direito esquiva ondulação evanescente. O Brasil não fica em pé. Os olhos, magnetizados, escutam (Manuel Bandeira (excerto). Poesia completa & Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985. p. 401 e 402) e no círculo ardente nossa vida para sempre está presa, está presa... De todas as colônias inglesas, a melhor é o reino de Portugal. (Dito popular, muito em voga na Os tambores abafam a morte do Imperador. metrópole em meados do século XVIII, sobre a dependência crescente de Portugal em relação à Inglaterra.) O poema acima integra a obra Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade. Da (Francisco M. P. Teixeira. Brasil, História e Sociedade. São Paulo: Ática, 2001. p. 98) leitura dele NÃO se pode depreender que Os versos exemplificam a seguinte afirmação sobre Manuel Bandeira: a se constrói pela utilização da materialidade do corpo e da espiritualidade da alma, com ênfase a Em seu livro de estreia, o poeta mostra-se ainda bastante sensível à influência das poéticas para as ações concretizadoras das mãos. parnasiana e simbolista. b revela uma relação semântica traduzida na ideia de aprisionamento que envolve a alma, o b Já ao final da vida, o poeta buscou resistir aos ideais nacionalistas do movimento de 22. corpo e a vida. c Ainda que simpatizante do modernismo paulista, o poeta não abriu mão das normas clássicas c sugere um movimento contínuo que a tudo engolfa e impede a libertação do ser, manifesta na da versificação. ideia de duração e circularidade. d Momentos há em que se reconhecem, na sua poesia, técnica e tema típicos dos modernistas d reproduz verbalmente a construção musical do bolero de Ravel, representada, no poema, de 22. pela ideia de moto-contínuo, de repetição e de infinitude. e Alguns poetas modernistas retomaram dos românticos o tom solene do ufanismo nacionalista. Questão 110 (FACASPER) Questão 108 (PUC-PR) Sobre Laços de família, de Clarice Lispector, é correto afirmar que: No conto O ovo e a galinha, de Clarice Lispector, uma das características da 3ª fase do a A ação básica da personagem do conto Amor é a de desprender-se da realidade e mergulhar Modernismo está presente no fragmento: “As galinhas prejudiciais ao ovo são aquelas que são em uma outra, com a subsequente e inevitável volta ao curso normal da trivialidade, mas já um “eu” sem trégua. Nelas o “eu” é tão constante que elas já não podem mais pronunciar a sob o estigma da mudança propiciada pela vivência paradoxal do melhor e do pior. palavra “ovo”. Mas, quem sabe, era disso mesmo que o ovo precisava. Pois se elas não b O exercício de linguagem proposto no conto Uma galinha serve de instrumento para atingir o estivessem tão distraídas, se prestassem atenção à grande vida que se faz dentro delas, segredo da personagem-título e revelá-lo. Assim, especulando sobre o pior e o melhor da atrapalhariam o ovo. Comecei a falar da galinha e há muito já não estou falando mais da galinha. condição humana, a autora trata verdadeiramente da agonia de um animal. Mas ainda estou falando do ovo”. c As personagens do conto Feliz aniversário entram no território do imaginário e defrontamse Fonte: (LISPECTOR, Clarice. O ovo e a galinha, de Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro, Rocco, 1998.) com a fantasia e a invenção de si mesmas, do outro e do mundo, zona extraordinária em que experimentam a verdade sem sair da experiência do cotidiano. Essa característica é: d A personagem do conto O búfalo tenta escapar dos laços institucionalizados que cerceiam a a A realidade objetiva que situa o ovo e a galinha num mesmo plano. manifestação de uma identidade mais autêntica, desejando encontrar a felicidade na livre b O fluxo de consciência já que por meio dele se cruzam vários planos narrativos. expressão do amor. c A autoanálise feita pela autora por meio da galinha que é mais importante que o ovo. e No conto A imitação da rosa, há um acentuado pendor para as elucubrações de ordem d A ficção científica representada pelas galinhas que são figuras distraídas. teológica, filosófica e metafísica, nascidas do tema e das personagens bíblicas, que a autora e A linearidade dos eventos que termina com a extinção da galinha. usa dissimuladamente.

/ 10 53245 Questão 111 (ENEM PPL) Questão 112 (FGV-RJ) A rua Brasil Bem sei que, muitas vezes, O único remédio O Zé Pereira chegou de caravela É adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem, E preguntou pro guarani da mata virgem A dívida, o divertimento, — Sois cristão? O pedido de emprego, ou a própria alegria. — Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte A esperança é também uma forma Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! De contínuo adiamento. Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! Sei que é preciso prestigiar a esperança, O negro zonzo saído da fornalha Numa sala de espera. Tomou a palavra e respondeu Mas sei também que espera significa luta e não, apenas, — Sim pela graça de Deus Esperança sentada. Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! Não abdicação diante da vida. E fizeram o Carnaval

A esperança Oswald de Andrade, Poesias Reunidas. Nunca é a forma burguesa, sentada e tranquila da espera. Considere as seguintes anotações referentes ao poema de Oswald de Andrade: Nunca é figura de mulher Do quadro antigo. I Mistura de registros linguísticos, níveis de linguagem e pessoas verbais incompatíveis entre si. Sentada, dando milho aos pombos. II Paródia das narrativas que pretendem relatar a fundação do Brasil. RICARDO, C. Disponível em: www.revista.agulha.nom.br. Acesso em: 2 jan. 2012. III Glosa humorística do tema habitual das “três raças formadoras" do povo brasileiro. O poema de insere-se no Modernismo brasileiro. O autor metaforiza a crença do sujeito lírico numa relação entre o homem e seu tempo marcada por Contribui para o caráter carnavalizante do poema o que se encontra em a um olhar de resignação perante as dificuldades materiais e psicológicas da vida. a II e III, somente. b uma ideia de que a esperança do povo brasileiro está vinculada ao sofrimento e às privações. b II, somente. c uma posição em que louva a esperança passiva para que ocorram mudanças sociais. c I, II e III. d um estado de inércia e de melancolia motivado pelo tempo passado “numa sala de espera”. d I e II, somente. e uma atitude de perseverança e coragem no contexto de estagnação histórica e social. e I, somente.

/ 10 53245 Questão 113 (ACAFE) Questão 114 (UPE) Considerando o contexto histórico descrito no texto a seguir, assinale a alternativa correta quanto Texto 3 à produção literária no Brasil. Retrato de Novembro I

“Na Europa, a segunda Revolução Industrial promovera modificações profundas. Inovações Os trabalhadores protestam na rua, Excelência. tecnológicas desenvolveram a produção em massa de bens diversos. As cidades cresceram Não me incomodam! muito (em detrimento do campo), e formou-se um proletariado que logo começou a organizar-se Como?! politicamente. E, dentro desse contexto, as artes mudaram: a belle époque assiste a uma Não vou sair para essas bandas! sucessão de movimentos artísticos revolucionários.” Querem avistar-se com Vossa Excelência. (LAFETÁ, 1982, p. 99) Não os conheço! a Na literatura rompeu-se com a tradição clássica, imposta pelo período árcade, e Já estão a fazer barulho. apresentaram- se novas concepções literárias, dentre as quais podem ser apontadas: a Manda-os embora! observação das condições do estado de alma, das emoções, da liberdade, desabafos Não abalam. sentimentais, valorização do índio, a manifestação do poder de Deus através da natureza Manda-os calar! acolhedora ao homem, a temática voltada para o amor, para a saudade, o subjetivismo. Não nos escutam, Excelência. b Os escritores brasileiros abordaram a realidade social do país, destacando a vida nos Bom, somos um país livre! cortiços, o preconceito, a diferenciação social, entre outros temas. O homem é encarado Mas a gritaria vai-nos incomodar. Fecha as portas e as janelas! como produto biológico passando a agir de acordo com seus instintos, chegando a ser Mesmo assim os ouviremos. comparado com os animais (zoomorfização). Tapa os ouvidos! c O romance focou o regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, Também não resulta, Excelência. a migração, os problemas do trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram ressaltados. Então, ignora-os! Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas; surgiu o romance urbano e Como?! psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista. Finge que não existem! d As características comuns às obras literárias brasileiras desse período são: a ruptura com a Vai ser difícil, Excelência. linguagem pomposa parnasiana; a exposição da realidade social brasileira; o regionalismo; a Mas não impossível! marginalidade exposta nas personagens e associação aos fatos políticos, econômicos e sociais. II

E os massacres no Alentejo, Excelência? Oh nada de extraordinário a assinalar Senão os coveiros já teriam reclamado Horas suplementares! (Mário de Andrade)

Texto 4 Alerta

Lá vem o lança-chamas Pega a garrafa de gasolina Atira Eles querem matar todo amor Corromper o polo Estancar a sede que eu tenho doutro ser Vem de flanco, de lado P or cima, por trás Atira Atira Resiste Defende De pé De pé De pé / 10 53245 O futuro será de toda a humanidade Questão 115 (UDESC) (Oswald de Andrade) Acerca dos Textos 3 e 4, bem como dos seus autores e do contexto histórico e literário em que TEXTO 1 estão inscritos, analise as seguintes proposições. Famigerado

I. O Texto 3 é um poema em que o autor se revela comprometido com as causas sociais de seu [1] Foi de incerta feita – o evento. Quem pode esperar coisa tão sem pés nem cabeça? Eu tempo, e em que um eu lírico questionador faz vir à tona imagens da indiferença de quem está no estava em casa, o arraial sendo de todo tranquilo. Parou-me à porta o tropel. Cheguei à janela. poder, subjugando o oprimido. Um grupo de cavaleiros. Isto é, vendo melhor: um cavaleiro rente, frente à minha porta, II. Mário de Andrade foi o autor de Macunaíma, cujo protagonista é um “herói sem nenhum equiparado, exato; e, embolados, de banda, três homens a cavalo. Tudo, num relance, caráter”, uma espécie de mito grego, nascido na selva amazônica que vai até São Paulo, em [5] insolitíssimo. Tomei-me nos nervos. O cavaleiro esse – o oh-homem-oh – com cara de busca de um valioso talismã. Sobre o nascimento desse mito, confira o seguinte trecho: “No fundo nenhum do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da amigo. Sei o que é influência de fisionomia. Saíra e viera, aquele homem, para morrer em noite”. guerra. Saudou-me seco, curto pesadamente. Seu cavalo era alto, um alazão; bem arreado, III. O Texto 4 é um poema, cujo eu lírico é um revolucionário, em luta por sua liberdade. A sua ferrado, suado. E concebi grande dúvida. causa, isto é, o seu ideal, é a humanidade. Nenhum se apeava. Os outros, tristes três, mal me haviam olhado, nem olhassem para IV. Para Oswald de Andrade, no seu Manifesto da Poesia Pau-brasil, “a poesia existe nos fatos”. [10] nada. Semelhavam a gente receosa, tropa desbaratada, sopitados, constrangidos – Isso faz entender que ele conseguiu reunir, na sua poesia e na sua prosa, elementos para um coagidos, olhar crítico sobre a realidade brasileira. sim. Isso por isso, que o cavaleiro solerte tinha o ar de regê-los: a meio-gesto, desprezivo, intimara-os de pegarem o lugar onde agora se encostavam. [...] Estão CORRETAS: A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele a I e II, apenas. [15] enigmava. E, pá: b I, III e IV, apenas. – “Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: c II e III, apenas. fasmisgerado... faz-me-gerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...?” d II e IV, apenas. [...] e I, II, III e IV. (ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. 50ª. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 56-59.) Em relação ao Texto 1 e ao conto Famigerado, de Guimarães Rosa, analise as proposições.

I. Pode-se dizer que o conto versa sobre a angústia de um homem à procura do significado de uma palavra que lhe foi dirigida; e a angústia de um segundo homem, que precisa explicar ao primeiro o sentido de tal palavra. II. Ao explicitar que precisava interpretar as informações não linguísticas advindas do cavaleiro, como “Sei o que é influência de fisionomia” (linha 6), “entender-lhe as mínimas entonações” (linha 13) e “seguir seus ... silêncios” (linha 14), o narrador está dizendo que despreza este tipo de ação comunicativa porque é menos importante que a fala. III. Na sequência do conto, o personagem-narrador explica ao cavaleiro o significado da palavra famigerado. E este, não gostando da explicação, convida aquele para um duelo. IV. O emprego sequencial de adjetivos, como “equiparado, exato” (linha 4), “arreado, ferrado, suado” (linhas 7 e 8) e “desbaratada, sopitados, constrangidos – coagidos” (linha 10) faz parte do estilo de linguagem de Guimarães Rosa.

Assinale a alternativa correta. a Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. b Somente a afirmativa II é verdadeira. c Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. d Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras. e Todas as afirmativas são verdadeiras.

/ 10 53245 Questão 116 (FPP) Questão 118 (UFU) Identifique no conto “Uma amizade sincera”, de Clarice Lispector. (In: Felicidade Clandestina. Rio Interessante ressaltar é que o desvio empreendido por Manoel de Barros abrange vários planos de Janeiro, Rocco, 1998), a alternativa CORRETA em relação à afirmativa a seguir: da língua. Em seus versos, o poeta subverte a sintaxe, criando construções que não respeitam as A amizade entre os amigos mostra sinais de crise quando: normas da língua padrão; brinca com a morfologia, criando constantemente vocábulos novos; a disputam o mesmo espaço dentro da casa; explora a fonética, valorizando a beleza dos sons das palavras; e, principalmente, abusa da semântica, buscando aproveitar ao máximo as possibilidades de sentido das palavras e b um tentou se aproximar demais da namorada do outro; enunciados. c pediram provas da amizade um ao outro; ZANARDI, Juliene Kely. “O delírio do verbo: a agramática de Manoel de Barros”. In: d não tem nenhum assunto grave para discutir; . e um decidiu se mudar para São Paulo sem consultar ao outro. Assinale a alternativa em que, no livro Menino do mato, de Manoel de Barros, a palavra “rio(s)” desvia-se de seu sentido habitual e apresenta um sentido conotativo. Questão 117 (FMABC) a “O menino foi andando na beira do rio / e achou uma voz sem boca.” (p. 466) Congresso Internacional do Medo b “Sua maior alegria era de ver uma garça descoberta no alto do rio.” (p.452).

c “Naquele dia eu estava um rio./ O próprio,/Achei em minhas areias uma concha” (p. 464). Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. d “Eu não sabia que as pedrinhas do rio que eu guardava/no bolso fossem de posse das rãs” (p. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, 460). não cantaremos o ódio porque esse não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

O poema acima integra a obra Sentimento do Mundo de Carlos Drummond de Andrade. Dele é INCORRETO concluir que a se mostra como um manifesto político e existencial consolidado como forma artística e que arrola o conjunto das inseguranças e incertezas do homem contemporâneo. b sugere, por exclusão, a ineficácia do amor e o aniquilamento de seus efeitos pela força do ódio que se implantou no coração dos homens. c sugere que a consciência do medo funciona como índice da falência do herói e de outras poses vencedoras. d se constrói de forma paradoxal, fazendo do canto um instrumento de expressão de um sentimento negativo e opressor. e expõe a condição social e política do homem e a consciência inescapável de sua impotência diante da opressão.

/ 10 53245 TEXTO BASE 26 I. E uma vez, quando ajoelhados assistíamos à dança nua [das auroras Surgiu do céu parado como uma visão de alta serenidade Uma branca mulher de cujo sexo a luz jorrava em ondas E de cujos seios corria um doce leite ignorado. Oh, como ela era bela! era impura — mas como era bela! Era como um canto ou como uma flor brotando ou como um [cisne Tinha um sorriso de praia em madrugada e um olhar [esvanecente E uma cabeleira de luz como uma cachoeira em plenilúnio MORAES, Vinícius de. O poeta. Antologia poética. 16. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. p. 25.

II. A brisa teus negros cabelos soltou, O orvalho da face te esfria o suor; Teus seios palpitam — a brisa os roçou, Beijou-os, suspira, desmaia de amor! Teu pé tropeçou... Não corras assim! Donzela, onde vais? Tem pena de mim! AZEVEDO, Álvares de. Sonhando. Lira dos Vinte anos. São Paulo: FTD, 1994. (Coleção Grandes Leituras).

RENOIR, Pierre Auguste. A banhista loira (1881). In: Gênios da pintura: do romantismo ao pós-impressionismo. III. São Paulo: Abril Cultural, 1972. p. 677.

Questão 119 (UEFS) PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 26 Os versos de Vinícius de Moraes, texto I, sugerem uma figura feminina a marcada pela culpa. b essencialmente estéril. c desprovida de contradição. d submissa ao assédio masculino. e ao mesmo tempo sublimada e humanizada.

/ 10 53245 Questão 120 (PUC-SP) Questão 121 (ESPM) Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos, apresenta um ambiente caracterizado por um quadro de penúria e de miséria, em que perambulam personagens frágeis, vencidas pelo meio e sem força comunicativa de linguagem bem articulada. Indique, das alternativas abaixo, aquela que destoa da caracterização do referido quadro. a Vegetação inimiga onde se encontram juazeiros, mandacarus, xiquexiques, catingueiras e muito espinho. b Abundância de água, vegetação sempre verdejante como a dos juazeiros, céu repleto de estrelas, aves de diferentes plumagens e plantas generosas como as sucupiras e as imburanas. c Natureza inóspita, de caatinga com montes baixos, planícies torradas, cascalhos e rios secos, areia fofa e lama seca e rachada. d Cores do horror como as do céu, recorrentemente de um azul terrível, as vermelhidões sinistras do poente, o branco das ossadas e o negrume dos urubus. e Sol inclemente que chupa os poços e aves de arribação que bebem suas águas, carniças e bichos moribundos.

(...) Não lembra o canavial então as praças vazias: não tem, como têm as pedras, disciplina de milícias.

É solta sua simetria: como a das ondas na areia ou as ondas da multidão lutando na praça cheia.

Então, é de praça cheia que o canavial é a imagem: veem-se as mesmas correntes que se fazem e desfazem,

voragens que se desatam, redemoinhos iguais, estrelas iguais àquelas que o povo na praça faz. (O Vento no Canavial, de João Cabral de Melo Neto) Considere o fragmento e as características de seu autor para assinalar a afirmação incorreta.

/ 10 53245 a Constatam-se ritmo, métrica definida e uso da medida velha, ou seja, uso de versos Questão 123 (UCPEL) redondilhos maiores ou heptassílabos. Assinale a opção correta. b Inexiste no poema tom sentimental, coerente com o antilirismo praticado pelo autor, por isso imagens como “canavial” ou “pedras”. a Segundo o próprio Vinicius de Moraes, sua obra apresenta duas fases: a primeira é marcada por um profundo misticismo e preocupação religiosa; a segunda aborda os temas cotidianos – c Há no texto rimas toantes, em que a coincidência sonora só ocorre com as vogais: “vazias” / o trabalho, o amor, a mulher – com uma linguagem mais simples. É, dessa última fase, a sua “milícias”; “imagem” / “desfazem”. poesia de cunho social. d Nota-se uma disciplina formal na estrutura de estrofes definidas, sempre quadras, e uma b Com exceção de Os escravos, todas as demais obras de Castro Alves eram de temática linguagem acessível ao leitor comum. abolicionista e foram publicadas após sua morte. e Existe uma finalidade político-social ao instigar as massas a se manifestarem publicamente c Carlos Drummond de Andrade, em sua obra, exalta a morte, a angústia existencial, o amor, o (“disciplina de milícias”, “lutando na praça cheia”...). erotismo e a infância. A descoberta da tuberculose, em tenra idade, transformou-o no poeta Questão 122 (UNICAMP) do infortúnio e das lágrimas. Leia o poema “Mar Português”, de Fernando Pessoa. d Apesar da vida atribulada, Álvares de Azevedo, com o passar dos anos, tornou-se escritor MAR PORTUGUÊS profissional: escrevia por encomenda e em ritmo acelerado. Seu maior êxito literário encontra- Ó mar salgado, quanto do teu sal se nas cinquenta novelas históricas que escreveu. São lágrimas de Portugal! e Gonçalves Dias, em sua obra, denuncia a exploração a que os negros sempre foram Por te cruzarmos, quantas mães choraram, submetidos e retrata o modo de pensar e de agir dos cativos. Quantos filhos em vão rezaram! Questão 124 (FAG) Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! A respeito do romance “Terras do sem fim” de Jorge Amado, assinale a alternativa CORRETA: a A obra retrata a existência sofrida dos que vencem a mata, plantam, colhem e tratam os frutos Valeu a pena? Tudo vale a pena além de retratar os imponentes coronéis do cacau, sua força e violência, na época da Se a alma não é pequena. aventureira conquista da terra. Quem quer passar além do Bojador b A exploração do cacau trouxe para a região Petrópolis, Rio de Janeiro, o desenvolvimento e Tem que passar além da dor. com este os mais diversos tipos humanos que ali aportavam, atraídos pelas histórias de terras Deus ao mar o perigo e o abismo deu, férteis e dinheiro em abundância. Mas nele é que espelhou o céu. (Disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso03.html.) c Em uma linguagem simbólica, tem momentos de crônica, poesia e conto, formando um singular romance em blocos que, além de cativar pelo lirismo, é um vigoroso retrato de um No poema, a apóstrofe, uma figura de linguagem, indica que o enunciador pouquíssimo explorado período de nossa História recente. a convoca o mar a refletir sobre a história das navegações portuguesas. d Nessa obra Jorge Amado rastreia o seu passado vivido no interior do Paraná, delimitando b apresenta o mar como responsável pelo sofrimento do povo português. uma trajetória de angústias e pesadelos, constrói uma saga dramática no sul do país, em que c revela ao mar sua crítica às ações portuguesas no período das navegações. as antíteses sociais são forçadas a conviver entre si: a vida que queriam lhe impingir e o seu d projeta no mar sua tristeza com as consequências das conquistas de Portugal. desejo real. e O romance acaba com o protagonista adulto, voltando à sua cidade. Ele já não pertence àquele lugarejo, nem à história dos seres que ficaram presos a ele. Mas não sabe o que fazer com seu passado, com sua história.

/ 10 53245 Questão 125 (UEA - SIS) TEXTO BASE 27 Leia o comentário do crítico literário Massaud Moisés publicado em 1988. Soneto de Carnaval [01] Distante o meu amor, se me afigura Há um Camões lírico e um Camões épico, um medieval e um clássico, e tem-se divisado um [02] O amor como um patético tormento Antero “das luzes” e um Antero “das sombras”. No entanto, somente ______explorou todos os [03] Pensar nele é morrer de desventura efeitos possíveis dessa cisão natural em que mergulha o poeta quando exercita o seu ofício de [04] Não pensar é matar meu pensamento. expressar a sua e/ou a nossa interioridade por meio dos versos. Ao estilhaçar o sujeito poético, pela multiplicação heteronímica, ele igualmente desintegra o objeto poético: a matéria poética, a [05] Seu mais doce desejo se amargura temática, sobre que cada um dos heterônimos se debruça não é a mesma, ainda que nela se [06] Todo o instante perdido é um sofrimento encontre uma unidade subjacente à diversidade. [07] Cada beijo lembrado uma tortura [08] Um ciúme do próprio ciumento. A lacuna do texto deve ser preenchida pelo nome do seguinte poeta modernista: a Camilo Pessanha. [09] E vivemos partindo, ela de mim [10] E eu dela, enquanto breves vão-se os anos b Manuel Bandeira. [11] Para a grande partida que há no fim c Fernando Pessoa. d Mário de Andrade. [12] De toda a vida e todo o amor humanos: e Carlos Drummond de Andrade. [13] Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo [14] Que se um fica o outro parte a redimi-lo. Questão 126 (UFU) Vinícius de Moraes Assinale a afirmativa correta. Questão 128 (Mackenzie) a A poesia do poeta modernista José Paulo Paes é, por um lado, fruto de suas experiências biográficas, como a perda da perna, recordações da infância e, por outro, negação das formas PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 27 tradicionais da poesia e das experiências universais. Considere as seguintes afirmações sobre a obra de Vinícius de Moraes em suas diferentes fases: b Identifica-se a literatura por uma linguagem trabalhada e pela presença de uma realidade que I. Fez experiências formais, exercitando o redondilho e o decassílabo, o alexandrino e o verso transcende o plano do cotidiano. O poder criativo do escritor opõe-se ao processo racional do livre. cientista. II. Compôs uma lírica comprometida com o cotidiano, buscando grandes dramas sociais do seu c O surgimento dos modelos estéticos do modernismo ocorreu nas décadas de 20 e 30, com tempo. obras como Macunaíma e Memórias Sentimentais de João Miramar. A partir daí, a literatura III. Abordou em poemas, crônicas, músicas e peças teatrais temáticas amorosa, infantil, religiosa, retomou os procedimentos estéticos passadistas que se conservam até os dias de hoje. social e sensual. d O pré-modernismo trata de questões relacionadas à cultura e à identidade brasileira, em Assinale: obras que se consagraram pela ousadia linguística e temática, como O Cortiço e O Mulato, de a se apenas a afirmação I estiver correta. Aluísio de Azevedo. b se apenas a afirmação II estiver incorreta. Questão 127 (UNITAU) c se as afirmações I e II estiverem corretas. Sobre Martim Cererê, de Cassiano Ricardo, NÃO se pode dizer: d se todas as afirmações estiverem corretas. a é um livro que, à semelhança de Macunaíma, de Mário de Andrade, e de Cobra Norato, de e se as afirmações II e III estiverem incorretas. Raul Bopp, traz experiências mitopoéticas. Questão 129 (UNITINS) b o livro é tributário de um nacionalismo estrito e define uma das opções possíveis da poesia modernista. A prosa do Segundo Momento do Modernismo se volta ao regionalismo nordestino. Qual autor e c o problema da cor no livro é central: o livro é uma síntese étnica do nosso povo ou um obra que representam essa época literária? problema de cor. a João Cabral de Melo Neto – Morte e Vida Severina d o livro, quanto ao nacionalismo, é brasileiro e, mais do que isso, é um poema épico. b Euclides da Cunha – Os Sertões e o livro apresenta uma poesia rupestre, em que contam os elementos físicos, em que se c Erico Veríssimo – O Tempo e o Vento restauram o som, a cor, o tato. d Graciliano Ramos – Vidas Secas e Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas

/ 10 53245 Questão 130 (Unichristus) Questão 131 (Unifenas) “À noite parecia-me ouvir passos no jardim. Por que diabo aquele Tubarão não ladrava? O EVOCAÇÃO DO RECIFE safado do cachorro ia perdendo o faro Erguia-me, pegava o rifle, soprava a luz, abria a janela: Recife — Quem está aí? Não a Veneza americana Seria inimigo, gente dos Gama, do Pereira, do Fidélis? Pouco provável. As ameaças tinham Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais cessado: eu e Casimiro Lopes criávamos ferrugem. Instintivamente, resguardava-me colado à Não o Recife dos Mascates parede. Julgava distinguir um vulto. Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois — Quem está aí? É bicho de fôlego ou é marmota? Não responde não? Recife das revoluções libertárias E lá ia no silêncio um tiro que assustava os moradores, fazia Madalena saltar da cama, Mas o Recife sem história nem literatura gritando. Recife sem mais nada — Que foi? Gemia Madalena aterrada. Recife da minha infância — São os seus parceiros que andam rondando a casa. Mas não tem dúvida: qualquer dia fica um diabo aí estirado.” A Rua da União onde eu brincava de chicote-queimado São Bernardo. Graciliano Ramos. 88ª ed.- Ed. Revista- Rio de Janeiro: Record, 2009. [e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincinê Entre os vários talentos revelados durante o ciclo do regionalismo nordestino brasileiro, Graciliano [na ponta do nariz Ramos foi o maior. Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com [cadeiras, mexericos, namoros, risadas Autor de linguagem direta e correta, moldada em um estilo seco, conciso, com poucos adjetivos, A gente brincava no meio da rua Graciliano soube equilibrar a investigação profunda dos problemas sociais nordestinos com a Os meninos gritavam: análise psicológica de suas personagens, unindo o Coelho sai! a regionalismo e o ufanismo romântico Não sai! À distância as vozes macias das meninas politonavam: b regionalismo e o romance policial. Roseira dá-me uma rosa c regionalismo e o intimismo. Craveiro dá-me um botão d romance político a uma visão romântica da vida (Dessas rosas muita rosa e regionalismo universal e o realismo fantástico. Terá morrido em botão...)

De repente Nos longes da noite Uma pessoa grande dizia: Fogo em Santo Antônio! Outra contrariava: São José! Totônio Rodrigues achava sempre que era São José. Os homens punham o chapéu saíam fumando E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir [ver o fogo

Rua da União... Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância Rua do Sol (Tenho medo que hoje se chame do dr. Fulano de Tal) Atrás da casa ficava a Rua da Saudade...... onde se ia fumar escondido Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...... onde se ia pescar escondido Capeberibe - Capibaribe Lá longe o sertãozinho de Caxangá Banheiros de palha Um dia eu vi uma moça nuinha no banho / 10 53245 Fiquei parado o coração batendo I – É sabido que Manuel Bandeira, entre suas características mais reveladoras, deixa entrever Ela se riu aspectos marcantes de sua biografia, entre os quais está a referência constante a vultos Foi o meu primeiro alumbramento familiares e populares, o que é confirmado pela leitura deste texto. Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços II - As evocações da voz poética incluem não somente atitudes de intenso lirismo (Eu me deitei no [redomoinho sumiu colo da menina e ela começou a passar a mão em meus cabelos), mas também sensações E nos pegões da ponte do trem de ferro os caboclos marcadas pelo erotismo (um dia eu vi uma moça nuinha no banho/fiquei parado o coração [destemidos em jangadas de bananeiras batendo...). III – No verso “Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redomoinho sumiu”, verifica- Novenas se uma sequência de palavras em que não há causalidade lógica, uma vez que a associação livre Cavalhadas de ideias se faz por uma “enumeração caótica”. Eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar IV – “A vida(...) vinha da boca do povo na língua errada do povo/língua certa do povo/porque ele é [a mão nos meus cabelos que fala gostoso o português do Brasil”. Nestes versos, o poeta adota um procedimento, quanto à Capiberibe linguagem, que vai de encontro aos princípios modernistas da chamada “geração de 22”. Capibaribe V – Os versos “Recife.../Rua da União.../A casa de meu avô...” (vide o texto) indicam um tipo de experimentalismo gráfico a que o autor não deu prosseguimento em suas obras posteriores. Rua da União onde todas as tardes passava a preta das a todas corretas, sem exceção. [ das bananas com o xale vistoso de pano da Costa b todas corretas, com única exceção. E o vendedor de roletes de cana O de amendoim c todas corretas, exceto I e II. que se chamava midubim e não era torrado d todas corretas, exceto III e IV. [era cozido e todas corretas, exceto IV e V.

Me lembro de todos o pregões: Ovos frescos e baratos Dez ovos por uma pataca Foi há muito tempo...

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil Ao passo que nós O que fazemos É macaquear A sintaxe lusíada A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem Terras que não sabia onde ficavam

Recife... Rua da União... A casa do me avô... Nunca pensei que ela acabasse! Tudo parecia impregnado de eternidade

Recife... Meu avô morto. Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa do [meu avô. (BANDEIRA, Manuel. Evocação do Recife. In: Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro. Aguilar. 1967.p.253-255) Avalie as afirmações seguintes sobre o poema em questão.

/ 10 53245 Questão 132 (ACAFE) Questão 133 (UCS) Sobre o contexto histórico e social das escolas literárias brasileiras, correlacione as colunas A obra A Morada do Ser, de Marina Colasanti, reúne contos, que retratam o cotidiano do ser seguir. humano. Sobre a obra, é correto afirmar que a as histórias são narradas em primeira pessoa, deixando transparecer as experiências de vida ( 1 ) Proclamada a independência, em 1822, cresce no Brasil o sentimento de nacionalismo, das personagens. buscase o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um b a estrutura da obra é dividida como se fosse um prédio e, à medida que vão subindo os período difícil com o autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia Constituinte; a andares, vai aumentando a melancolia da narrativa. Constituição outorgada; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. c embora as narrativas da obra sejam breves, as personagens vivem dramas complexos e ( 2 ) O crescimento de algumas cidades de Minas Gerais, cuja base econômica era a exploração densos. do ouro, favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento de uma literatura d a temática da solidão perpassa quase todo o livro, principalmente no conto Apartamento 706. cujos modelos os jovens brasileiros foram buscar em Coimbra, já que a colônia não lhes oferecia e o conto Número 407 tem como principal personagem uma telespectadora que trabalha em cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias iluministas. uma emissora de televisão. ( 3 ) O período era sem dúvida de muita opressão. A igreja lutava contra os reformadores por meio da Inquisição e instaurava um clima de medo constante em seus fiéis, que se viam divididos Questão 134 (ITA) entre o material e o espiritual, o prazer e o dever. Ao mesmo tempo eram mostradas cenas Verbo crackar bíblicas que remetem ao amor e à compaixão, como os momentos de dor imensa do sacrifício de Jesus Cristo. Eu empobreço de repente ( 4 ) A industrialização brasileira, que vinha crescendo desde o começo do século, foi Tu enriqueces por minha causa impulsionada com a Primeira Guerra Mundial e estimulou a urbanização das cidades, Ele azula para o sertão principalmente de São Paulo. A capital paulista, com a expansão da cafeicultura começou a Nós entramos em concordata experimentar um enorme crescimento econômico. O período foi marcado também pela chegada Vós protestais por preferência em massa de imigrantes, principalmente italianos, muitos dos quais haviam vivido a experiência Eles escafedem a massa da luta de classes em seus países e divulgaram no país ideias anarquistas e socialistas. Sê pirata ( 5 ) Influenciados pelo pensamento evolucionista de Charles Darwin no Brasil e pelo positivismo Sede trouxa de Augusto Comte, o movimento ficou bastante conhecido por explorar temas como a Abrindo o pala homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio e a loucura. Os escritores passaram a retratar em Pessoal sarado. seus personagens traços de natureza animal, desde impulsos sexuais a comportamentos desregrados e instintivos. A agressividade, a violência e o erotismo eram considerados parte da Oxalá que eu tivesse sabido que esse verbo era irregular. personalidade humana, já que o indivíduo era visto como fruto do meio em que vivia. Azula: foge ( ) Arcadismo Abrindo o pala: escapando ( ) Romantismo Sarado: valentão, abusado ( ) Naturalismo ( ) Modernismo Com base no poema, a única opção que NÃO contempla a proposta modernista é ( ) Barroco a o escape da visão lírico-amorosa. A sequência correta, de cima para baixo, é: b a apresentação de problemas existenciais. a 5 - 2 - 3 - 1 - 4 c a inovação da linguagem literária. b 4 - 5 - 1 - 3 - 2 d a apresentação de problemas sociais. c 3 - 4 - 2 - 5 - 1 e a ironia ao sistema econômico-social. d 2 - 1 - 5 - 4 - 3

/ 10 53245 Questão 135 (UPE) Questão 136 (UFMG) Graciliano Ramos, Clarice Lispector e Guimarães Rosa produziram nos mesmos gêneros textuais INSTRUÇÃO: As questões de 07 a 15 baseiam-se na obra Os ratos, de Dyonelio Machado, narrativos; são romancistas e contistas, cujas produções são referenciadas nacional e indicada para leitura prévia. internacionalmente. Sobre isso, analise as afirmativas a seguir: “Está outra vez na sua infância... Uma tia – romântica! – lhe lê Paulo e Virgínia, e chora... Chora quantas vezes lê... (E ela só possui esse livro...).” MACHADO, Dyonelio. Os ratos. 2. ed. São Paulo: I. Graciliano Ramos, em seu romance Vidas Secas, retoma um dos problemas vivenciados pelo Planeta do Brasil, 2010. p.158. homem nordestino, que, apesar de remontar ao início do século passado, haja vista a alusão a Nessa passagem, o narrador faz referência a uma experiência de leitura com o objetivo de ele realizada no título do romance de Raquel de Queiroz, O Quinze, ainda persiste na atualidade. a criticar o sentimentalismo daqueles que leem pouco. Do mesmo modo, Patativa de Assaré também tratou da seca em seus poemas populares, e a televisão não se cansa de transmitir as consequências desse fenômeno. b ilustrar a importância do conhecimento de outros livros. II. Clarice Lispector, em A Hora da Estrela, parece dar sequência à temática de Vidas Secas, c informar o leitor sobre livros que, de fato, emocionam. quando trata da trajetória de Macabéa, imigrante nordestina no Rio de Janeiro. Por sua vez, d revelar que a literatura deve entreter e gerar comoção. Fabiano e sua família, no último capítulo de Vidas Secas, deixam a fazenda. O romance termina em aberto; dentre outras possibilidades, sugere o início de uma nova vida na cidade, onde os Questão 137 (ENEM) meninos poderiam até ir à escola. Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos III. Há pontos comuns entre a produção dos três autores, pois os textos por eles criados que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca e engolem tudo. demonstram, dentre outros aspectos, preocupação com a linguagem, a interioridade e a condição Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorável humana, além de as narrativas se desenrolarem no campo, tendo a cidade apenas como plano nas seguintes. de fundo. Essas afirmações se confirmam nos romances Vidas Secas e A Hora da Estrela e no Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em conto A Menina de Lá, integrante da coletânea Primeiras histórias, de João Guimarães Rosa. que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações. IV. Em A Hora da Estrela, há dois discursos narrativos que se intercruzam, assim como ocorre em — Minhas senhoras, Seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem Vidas Secas e Famigerado, pois o narrador onisciente e intruso analisa cada uma das não gostar, paciência, vá à justiça. personagens dos três romances, revelando minuciosamente suas interioridades. Isso interfere na Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho apIainado, invadi a terra do continuidade da narrativa que sofre rupturas constantes, as quais resultam dos comentários do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando direito. narrador intruso. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz. V. Os contos dos três autores, Clarice Lispector, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa são Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, psicológicos, tal como Amor, pertencente à coletânea Laços de Família, de Clarice Lispector; O graças as chicanas de João Nogueira. Relógio do Hospital, de Graciliano Ramos, integrante de Insônia e O Espelho, de Primeiras Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos Histórias, de Guimarães Rosa. Acresce-se, ainda, que todos eles, com exceção de Amor, são que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a narrados em primeira pessoa, imprimindolhes um tom emotivo e confessional. avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Está CORRETO, apenas, o que se afirma em Brito também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em a I, II e III. consequência mordeu-me cem mil réis. b I, III e IV. RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1990.

c II, IV e V. O trecho, de São Bernardo, apresenta um relato de Paulo Honório, narrador-personagem, sobre a d I, II, III e IV. expansão de suas terras. De acordo com esse relato, o processo de prosperidade que o e I, II e V. beneficiou evidencia que ele a revela-se um empreendedor capitalista pragmático que busca o êxito em suas realizações a qualquer custo, ignorando princípios éticos e valores humanitários. b procura adequar sua atividade produtiva e função de empresário as regras do Estado democrático de direito, ajustando o interesse pessoal ao bem da sociedade. c reIata aos seus interlocutores fatos que lhe ocorreram em um passado distante, e enumera ações que põem em evidência as suas muitas virtudes de homem do campo. d demonstra ser um homem honrado, patriota e audacioso, atributos ressaltados pela realização de ações que se ajustam ao princípio de que os fins justificam os meios. e amplia o seu patrimônio graças ao esforço pessoal, contando com a sorte e a capacidade de iniciativa, sendo um exemplo de empreendedor com responsabilidade social.

/ 10 53245 Questão 138 (UCPEL) quando os nossos sentidos se rebelam contra a Infâmia bifronte que deprava. Para responder à questão, considere o texto. Livre! bem livre para andar mais puro, Texto 1 mais junto à Natureza e mais seguro do seu Amor, de todas as justiças. O Último Poema Manuel Bandeira Livre! para sentir a Natureza, para gozar, na universal Grandeza, Assim eu quereria o meu último poema. Fecundas e arcangélicas preguiças. Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos Disponível em:. Acesso em: 07 nov. 2016. intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Sobre o(s) texto(s) é correto afirmar que: Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume a O texto 3 demonstra a temática presente nas poesias românticas da segunda geração, ou A pureza da chama em que se consomem os diamantes seja, o desejo pela liberdade. mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem explicação. b O texto 2 é um soneto que representa o valor métrico atribuído ao parnasianismo. Disponível em:. Acesso em: 07 nov. 2016. c Os textos 1 e 3 demonstram a liberdade representada ora na escrita e ora no tema, algo representativo para o romantismo. Texto 2 d O texto 2 demonstra a preocupação do eu-lírico com a questão da efemeridade da vida e a busca pelo prazer, algo representativo na primeira geração do romantismo. AMAR E SER AMADO e O texto 1 demonstra a liberdade de expressão e criação poética, sem preocupação com a Castro Alves linguagem, característica presente nas produções literárias do modernismo.

Amar e ser amado! Com que anelo Questão 139 (UNCISAL) Com quanto ardor este adorado sonho “Esses acontecimentos de três dias foram relatados mais ou menos em ordem; apesar de Acalentei em meu delírio ardente apresentarem falhas, os lugares surgiram imprecisos, as figuras não se destacaram bem no Por essas doces noites de desvelo! ambiente novo. A 6 de março, porém, íamos entrando na rotina – e daí em diante não me seria Ser amado por ti, o teu alento possível redigir uma narrativa continuada”. A bafejar-me a abrasadora frente! “A tendência para o diário se comprova em razão das precisões de datas, horários e Em teus olhos mirar meu pensamento, acontecimentos cronologicamente relacionados, mesmo espaçadamente. Logo no primeiro Sentir em mim tu’alma, ter só vida volume, capítulo 9 da primeira parte, o narrador demonstra a preocupação que mantinha quanto P’ra tão puro e celeste sentimento a seu relato. Instalado há três anos no quartel, resume os acontecimentos atinentes a esses dias Ver nossas vidas quais dois mansos rios, e enceta a narração mais espaçada dos dias seguintes [...]”. Juntos, juntos perderem-se no oceano, (J. Ubireval Guimarães). Beijar teus lábios em delírio insano Nossas almas unidas, nosso alento, Pelas características, o texto acima se refere ao romance Confundido também, amante, amado Como um anjo feliz... que pensamento!? a Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida. Disponível em: . Acesso em: 07 nov. 2016. b Memórias póstumas de Brás Cubas, de de Machado de Assis. c Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade. Texto 3 d Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos

e Memórias, de Visconde de Taunay. Livre Cruz e Sousa

Livre! Ser livre da matéria escrava, arrancar os grilhões que nos flagelam e livre penetrar nos Dons que selam a alma e lhe emprestam toda a etérea lava.

Livre da humana, da terrestre bava dos corações daninhos que regelam, / 10 53245 Questão 140 (FACASPER) Questão 142 (CESMAC) Assinale a opção que identifica corretamente a narrativa de Contos Novos, de Mario de Andrade, O escritor paraibano José Lins do Rego narrou em sua obra romanesca a decadência dos a que se refere o crítico Anatol Rosenfeld na seguinte afirmação: “Este conto magistral lança um engenhos de açúcar do Nordeste, em obras que ficaram conhecidas como o “Ciclo da cana-de- clarão sobre as cisões e contradições que se manifestam numa sociedade em transição, ainda açúcar”. Este “Ciclo” foi concluído com Fogo Morto, romance de 1943, que encerra três narrativas presa de padrões paternalistas, mas em vias de democratização, urbanização e industrialização”. interdependentes sobre personagens que estavam presentes nas demais obras do “Ciclo”. Quais a O peru de Natal eram esses personagens? b O ladrão a Mestre José Amaro, Capitão Vitorino e Lula de Holanda. c Nelson b Pedro Malazarte, Isaías Caminha e Carlos Melo. d Primeiro de maio c Lula de Holanda, Pedro Malazarte e Chicó. e Tempo da camisolinha d Capitão Vitorino, Chicó e Sinhá Vitória. e Mestre Amaro, Diadorim e Maria Moura. Questão 141 (FACASPER) Assinale a alternativa que apresenta a análise crítica do excerto do conto “São Marcos”, integrante de Sagarana, de Guimarães Rosa, apresentado a seguir

“E era para mim um poema esse rol de reis leoninos, agora despojados da vontade sanhuda e só representados na poesia. Não pelos cilindros de ouro e pedras, postos sobre as reais comas riçadas, nem pelas alargadas barbas, entremeadas de fios de ouro. Só, só por causa dos nomes. Sim, que, à parte o sentido prisco, valia o ileso gume do vocábulo pouco visto e menos ainda ouvido, raramente usado, melhor fora se jamais usado. Porque, diante de um gravatá, selva moldada em jarro jônico, dizer-se apenas drimirim ou amormeuzinho é justo; e, ao descobrir, no meio da mata, um angelim que atira para cima cinqüenta metros de tronco e fronde, quem não terá ímpeto de criar um vocativo absurdo e bradá-lo – Ó colossialidade! – na direção da altura? E não é sem assim que as palavras têm canto e plumagem.” a É todo o interior do Brasil, e não apenas os “sertões do Urucuia”, por suas paisagens, suas criaturas humanas, seus costumes e sua linguagem, que vive em sua obra. (Tristão de Ataíde). b O escritor parece divertir-se e, todavia, comover-se com seus mitos, tanto quanto o menino com seus brinquedos e o primitivo com suas superstições, ao considerá-los objetos reais dentro ao reino em que vivem, o sobrenatural. (Henriqueta Lisboa). c A metalinguagem encontra expressões variadas nos textos rosianos, que se estendem desde a própria técnica até a inserção de toda uma reflexão teórica sobre o processo de criação artística. (Eduardo Coutinho). d A sua obra, toda ela, compendia a história da realização heróica. Não há herói possível sem um fundo interno de contemplação – sem uma orientação, uma vontade, uma determinação de realizar os valores. (Franklin de Oliveira). e Nada mais natural, portanto, que, num escritor tão artista quanto Guimarães Rosa, a busca do ritmo seja um problema constante em todos os momentos da criação. (Ângela Vaz Leão).

/ 10 53245 Questão 143 (UDESC) Questão 144 (EsPCEx) Cada obra literária é única, uma vez que o autor busca imprimir o seu particular às características Sobre a narrativa de Clarice Lispector, pode-se afirmar que dos períodos literários. Assim, de forma às vezes mais marcantes, outras por inferência, a leitura a se utiliza do fluxo de consciência, quebrando os limites espaço-temporais que tornam a obra de uma obra apresenta fragmentos que podem remeter o leitor a escolas literárias. Relacione as verossímil. colunas, numerando as estéticas literárias às características, nos excertos da obra A majestade b mostra a dor e o sofrimento da mulher sertaneja, castigada pela seca e pelo preconceito do Xingu, Moacir Scliar. social e cultural. ( 1 ) Quinhentismo ( 2 ) Naturalismo/Realismo c apresenta em sua obra recursos como o ritmo, aliterações, metáforas e imagens, retomando o ( 3 ) Modernismo movimento concretista. ( 4 ) Contemporâneo d recria a própria língua portuguesa, utilizando-se de termos em desuso, bem como neologismos. ( ) “Ano de chegada ao Brasil? 1553. ... Entendia a língua tupi, relacionava-se bem como os e foi fortemente marcada pelo Simbolismo do séc. XIX, de cunho documental. selvagens, cuidava deles quando estavam doentes; em sua tarefa missionária, valeu-se da poesia e do teatro como recursos didáticos.” (p. 62) Questão 145 (PUC-Campinas) ( ) “Naquele começo de 1922 – ano glorioso, doutor, ano do centenário da Independência, ano da No começo da vida sofreu Lampião numerosas injustiças e suportou muito empurrão. Arrastou a Semana de Arte Moderna.” (p. 61) enxada de sol a sol, ganhando dez tostões por dia, e o inspetor de quarteirão, quando se ( ) “... naquela época – estava com dez anos – só pensava em peitinhos. Os peitinhos das aborrecia dele, amarrava-o e entregava-o a uma tropa, que o conduzia para a cadeia da vila. Aí meninas do Bom Retiro, das meninas da escola [...] O mundo estava cheio de belos seios; fora do ele aguentava uma surra de vergalho de boi e dormia com o pé no tronco. meu alcance, claro, ao menos durante o dia. À noite, em sonhos, eu possuía todas as mulheres, As injustiças e os maus-tratos foram grandes, mas não desencaminharam Lampião. Ele é todas as indiazinhas do mundo. E aí – litros de esperma molhando o pijama, sonhos úmidos...” resignado, sabe que a vontade do coronel tem força de lei e pensa que apanhar do governo não (pp. 71 e 72) é desfeita. O que transformou Lampião em besta-fera foi a necessidade de viver. Enquanto ( ) “A conclusão era óbvia: um judeu só poderia sair da miséria, da insignificância, com um possuía um bocado de farinha e rapadura, trabalhou. Mas quando viu em redor dos diploma. ... A propósito – o senhor é judeu, não é? Eu sabia, um judeu reconhece o outro mesmo bebedouros secos o gado mastigando ossos, quando já não havia no mato raiz de imbu ou quando está deitado numa UTI...” (p. 60) caroço de mucunã, pôs o chapéu de couro, o patuá com orações da cabra preta, tomou o rifle e ( ) “O que pretende a agonizante? Quer que sinta os ossos avultando sob a pele macerada, quer ganhou a capoeira. Lá está como bicho montado. que sinta o coração batendo cada vez mais fraco no peito cavo? [...] quer que sinta o seio, o (Graciliano Ramos, Revista Novidade n. 1. Maceió, abril /1931) pequeno seio que recém começa a crescer e que logo os vermes devorarão?” (p.70) Nessa crônica, as considerações feitas por Graciliano Ramos acerca do fenômeno do cangaço ( ) “...é grande esta floresta, maior do que a França, maior do que a Inglaterra, e nesta floresta há recaem, mais precisamente, sobre arvores altíssimas e flores belíssimas e pássaros de todas as cores... Esta é uma praia de mar, a a conversão consciente da violência em ato de injustiça, tal como ocorre com os retirantes. olhem como é bonito este mar... Olhem as palmeiras... [...] Via as cores do Brasil. Deus, que cores. Que verdes. Que amarelos.” (pp. 35 e 48) b a transformação da rebeldia em submissão, que é também o tema central de seus romances. c a decadência dos engenhos e os atos de vandalismo gerados pela mão de obra ociosa. Assinale alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo. d o processo de sublevação do homem da terra e de sua afirmação como sujeito violento e a ( ) 1 – 3 – 2 – 3 – 4 – 4 decidido. b ( ) 3 – 1 – 4 – 4 – 2 – 1 e a justificação inaceitável que os adeptos do banditismo dão para seus atos de violência e c ( ) 1 – 3 – 2 – 4 – 2 – 3 vandalismo. d ( ) 3 – 1 – 4 – 4 – 2 – 3 e ( ) 1 – 3 – 2 – 4 – 2 – 1

/ 10 53245 Questão 146 (FACISA) Questão 147 (Unioeste) A questão refere-se ao livro Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade Com base nos poemas abaixo, de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa Leia com atenção o poema “Inocentes do Leblon”, transcrito abaixo: INCORRETA.

“Os INOCENTES do Leblon Mãos dadas Não viram o navio entrar. Não serei o poeta de um mundo caduco. Trouxe bailarina? Também não cantarei o mundo futuro. Trouxe emigrantes? Estou preso à vida e olho meus companheiros. Trouxe um grama de rádio? Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram, Entre eles, considero a enorme realidade. mas a areia é quente, e há um óleo suave O presente é tão grande, não nos afastemos. que eles passam nas costas, e esquecem.” Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

É possível afirmar que: Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, I. O termo navio, no segundo verso, pode ser lido em seu sentido literal e pode ser lido também não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, como metáfora para uma invasão colonialista ou bélica. não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. II. Estruturado como um poema concreto, “Os inocentes do Leblon” exemplifica a tese da arte O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, pela arte típica da terceira fase do Modernismo brasileiro. a vida presente. III. Referências a bailarinas e emigrantes que chegam pelo oceano podem sugerir imageticamente o tráfego ilegal de pessoas (escravos e mulheres) existente durante o período Fraga e sombra colonial brasileiro. A sombra azul da tarde nos confrange. IV. A referência ao metal pesado e extremamente radioativo que poderia entrar pela costa do país Baixa, severa, a luz crepuscular. sem ser visto de certo modo contrasta com o “óleo suave” das costas dos banhistas inocentes do Um sino toca, e não saber quem tange Leblon. é como se este som nascesse do ar. V. Os inocentes do Leblon tudo ignoram por serem crianças. Estão corretas apenas Música breve, noite longa. O alfanje a I e II. que sono e sonho ceifa devagar b I, III e IV. mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar. c II, III e IV. d I, II e IV. Os dois apenas, entre céu e terra, e II e III. sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.

E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.

Os mortos de sobrecasaca Havia a um canto da sala um álbum de fotografias intoleráveis, alto de muitos metros e velho de infinitos minutos, em que todos se debruçavam na alegria de zombar dos mortos de sobrecasaca.

Um verme principiou a roer as sobrecasacas indiferentes e roeu as páginas, as dedicatórias e mesmo a poeira dos retratos. Só não roeu o imortal soluço de vida que rebentava que rebentava daquelas páginas.

/ 10 53245 a As enumerações de evasão ou escapismo, às quais se opõe o eu lírico, presentes na Questão 149 (PUC-PR) segunda estrofe do poema “Mãos dadas”, aludem a situações comuns da poética romântica, da qual fizeram parte Álvares de Azevedo, Gonçalves Dias e . O Modernismo foi um movimento muito importante para a Literatura Brasileira. Entre os muitos nomes, destaca-se o de Manuel Bandeira, sobre quem esta questão trata. Assinale a resposta b Em “Mãos dadas”, o poeta revela a perplexidade decorrente dos acontecimentos da Segunda CORRETA. Guerra Mundial e, contrapondo os tempos, reitera seu compromisso com a realidade presente. I. A poesia de Manuel Bandeira, embora considerada modernista, é marcada por uma influência c A oposição que aparece na última estrofe do poema “Fraga e sombra” constitui uma figura de simbolista, que se percebe principalmente em Cinza das Horas. linguagem característica dos textos barrocos de Gregório de Matos Guerra e de Padre II. “Vou me embora pra Pasárgada” é um poema em que o desejo de evasão está presente, Antônio Vieira. embora não se possa dizer que seja romântico. d O soneto “Fraga e sombra” ilustra a fase tradicional e formalista de Drummond, na qual, junto III. Ao elaborar Os sapos e enviar o poema para ser declamado por Ronald de Carvalho, na com Olavo Bilac e , funda a revista Festa. abertura da Semana de Arte Moderna, Bandeira deixa clara sua adesão ao movimento e A presença de “fotografias”, a que alude o poema “Os mortos de sobrecasaca”, é recorrente modernista. na poesia drummondiana, a exemplo dos versos “Itabira é apenas uma fotografia na parede. / IV. Poeta que ironicamente viveu mais de oitenta anos, Bandeira tem na morte um tema Mas como dói!” recorrente em sua poesia. V. Assim como Oswald de Andrade, Manuel Bandeira faz críticas ferrenhas a todos os Questão 148 (Mackenzie) movimentos que antecederam o Modernismo. Poema Tirado de uma Notícia de Jornal a Somente a alternativa II está incorreta. b Somente a alternativa V está incorreta. João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da c As questões I e II estão incorretas. Babilônia num barracão sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro d As alternativas III, IV e V estão corretas. Bebeu e Todas as alternativas estão corretas. Cantou Dançou Questão 150 (UEL) Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. Sobre a obra O planalto e a estepe, de Pepetela, assinale a alternativa correta. Manuel Bandeira a Conta a história de dois jovens anticomunistas caçados pela polícia durante a ditadura militar Sobre a poesia de Manuel Bandeira, é INCORRETO afirmar que o autor: angolana entre os anos trinta e quarenta do século passado. a exprimiu sentimentos humanos profundos com grande simplicidade. b Conta a história do casamento secreto entre Jean-Michel e Sarangerel durante a Guerra Civil b explorou a brasilidade da vertente antropofágica. que assolou a Europa na década de cinquenta do século passado. c fez uso tanto do verso livre quanto da versificação tradicional. c Narra a história do amor impossível entre dois jovens militantes chineses, impedidos de se d expôs fatos da vida cotidiana com intenso lirismo. relacionar por pertencerem a famílias inimigas. e trouxe com grande constância as temáticas da humildade, da paixão e da morte. d Narra a saga de Júlio e Sarangerel em busca da filha que lhes foi retirada, ainda bebê, pelos militantes ligados a partidos anticomunistas da Rússia e da China. e O romance entre Júlio e Sarangerel traz como pano de fundo os bastidores da atuação política nos países do chamado bloco comunista durante a Guerra Fria.

/ 10 53245 Questão 151 (Unioeste) a A citação 9 alude ao romance de formação Chove sobre minha infância, do paranaense Miguel Sanches Neto. Citação 1: “Olhe, nunca me esqueço dum caso que vi e que me ficou cá na lembrança, e ficará té b A citação 9 integra parte da carta escrita pela personagem Carmen, destinada a Miguel, o eu morrer [...] foi na estância dos Lagoões, duma gente Silva, uns Silvas mui políticos, sempre narrador protagonista. metidos em eleições e enredos de qualificações de votantes”. c O recurso epistolar, na citação 9, constitui uma estratégia narrativa que dá voz e humaniza a Citação 2: “Esse moço possuía, em gérmen, a faculdade de decifrar os homens, de compor os história do padrasto. caracteres, tinha o amor da análise, e sentia o regalo, que dizia ser supremo, de penetrar muitas d A citação 10 faz parte de um romance cuja narrativa complexa rompe com os valores e camadas morais, até apalpar o segredo de um organismo”. conceitos da ideologia vigente na época. e A estrutura composicional que caracteriza o romance da citação 10 dá forma à matéria Citação 3: “Toquei-lhe no ombro, ela se moveu, descobriu-se. Quis levantar-se e eu procurei detê- narrada e lança, já no início, o compromisso com a verossimilhança. la. Não era preciso, eu tomaria um café na estação. Esquecera de falar com um colega e, se fosse esperar, talvez não houvesse mais tempo. Ainda assim, levantou-se. Ralhava comigo por Questão 152 (FUVEST) não tê-la despertado antes, acusava-se de ter dormido muito. Tentava sorrir”. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 5

Citação 4: “A entrevistadora, porém, insiste (é chata ela). [...] Ele se mexe na cadeira; o Guardadas as diferenças que separam as obras a seguir comparadas, as tensões a que remete o microfone, preso à desbotada camisa, roça-lhe o peito, produzindo um desagradável e bem poema de Drummond derivam de um conflito de audível rascar. Sua angústia é compreensível; aí está, num programa local [...] e ainda tem de a caráter racial, assim como sucede em A cidade e as serras. passar pelo vexame de uma pergunta que o embaraça e à qual não sabe responder”. b grupos linguísticos rivais, de modo semelhante ao que ocorre em Viagens na minha terra. Citação 5: “De mais a mais, havia a Rose pra de-noite, e uma linda namoradinha oficial, a Violeta. c fundo religioso e doutrinário, como o que agita o enredo de Til. [...] Mário de Andrade conta num dos seus livros que estudou alemão por causa duma emboaba d classes sociais, tal como ocorre em Capitães da areia. tordilha... e eu também: meu inglês nasceu duma Violeta e duma Rose. Não, nasceu de Maria. e interesses entre agregados e proprietários, como o que tensiona as Memórias póstumas de [...] era Maria que eu amava como louco”. Brás Cubas.

Citação 6: “[...] demagogo, chamado Bernardino, o qual em cosmografia professava a opinião de Questão 153 (UEG) que este mundo é um imenso tonel de marmelada, e em política pedia o trono para a multidão. Leia o texto a seguir. [...] deitou abaixo o rei, mas, entrando no passo, vencedor e aclamado, viu que o trono só dava para uma pessoa, e cortou a dificuldade sentando-se em cima”. Segundo os cálculos de José Pereira Rego (1816-1892), importante médico da Corte, a doença

teria acometido, ao todo, cerca de 90.000 pessoas, mais de um terço da população carioca, Citação 7: “Toda a tarde, [...] ficava esperando Corisco com medo de Papai ter feito alguma coisa estimada, por um relatório do ministério do Império da época, em 266.466 habitantes. Os próprios com ele e quase pulava de alegria quando via ele aparecendo atrás da poeirinha que o cavalo de médicos estavam longe de um consenso sobre a natureza da febre amarela. De onde vinha? Papai fazia. [...] Corisco morreu”. Como se propagava? Era contagiosa? Infecciosa? Qual era a cura? Como evitar que a cidade fosse atingida por novas epidemias? Perguntas como estas eram estampadas diariamente nas Citação 8: “Ai de mim Quem me acode O soluço do pobre vampiro quem escuta?” páginas dos jornais, que começavam a cobrar, de forma mais agressiva, soluções para o problema. Citação 9: “Li seu livro emocionada não só por ter participado dos acontecimentos, mas porque GONÇALVES, Monique de Siqueira. Morte anunciada. História Viva. 2 fev. 2009. Disponível em: vejo como a leitura te livrou de um destino que insistiu em ficar grudado em nossa família. Agora . Acesso em: 8 mar. 2018. compreendo melhor [...] este profundo sentimento de orfandade, que definiu sua personalidade”. A citação refere-se à epidemia de febre amarela que assolou a cidade do Rio de Janeiro em 1850. No contexto da época, acreditava-se que a epidemia era causada Citação 10: “– Então entende que depois de privar-se um homem de sua liberdade, de o rebaixar ante a própria consciência, de o haver transformado em um instrumento, é lícito, a pretexto de a pelas picadas de pulgas que viviam em simbiose com os ratos, uma verdadeira praga urbana alforria, abandonar essa criatura [...]?” na época. A respeito das citações 9 e 10, assinale a alternativa IMPROCEDENTE. b pela exalação de miasmas, gases decorrentes da putrefação de corpos e alimentos em solo urbano. c pelos mosquitos Aedes Aegyptis que habitavam os inúmeros córregos e rios que cortavam a cidade. d pelas frequentes miscigenações entre caucasianos e negroides das camadas populares. e pelos vírus hospedeiros das populações indígenas nativas do continente americano.

/ 10 53245 Questão 154 (UFT) Questão 155 (UCS) Leia a seguir o fragmento do poema Mundo Pequeno, de Manoel de Barros, para responder a Leia o poema “Soneto de fidelidade”, de Vinicius de Moraes QUESTÃO. De tudo, ao meu amor serei atento Mundo Pequeno Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas Dele se encante mais meu pensamento. leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas. Hei de vivê-lo em cada vão momento Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, E em seu louvor hei de espalhar meu canto esse gosto esquisito. E rir meu riso e derramar meu pranto Eu pensava que fosse um sujeito escaleno. Ao seu pesar ou seu contentamento. – Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse. E assim, quando mais tarde me procure, Ele fez um limpamento em meus receios. Quem sabe a morte, angústia de quem vive, O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, Quem sabe a solidão, fim de quem ama pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas... Eu possa me dizer do amor (que tive): E se riu. Que não seja imortal, posto que é chama, Você não é de bugre? – ele continuou. Mas que seja infinito enquanto dure Que sim, eu respondi. Fonte: MORAES, Vinicius de. Antologia poética. 2. ed., Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960. p. 113. Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas – Embora se distinga da perspectiva romântica, o poema tematiza o arrebatamento amoroso. Sobre Pois é nos desvios que encontra as melhores os versos, é correto afirmar que eles surpresas e os ariticuns maduros. Há que apenas saber errar bem o seu idioma. a trazem um olhar otimista e alvissareiro sobre o sentimentalismo. Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de b enfatizam o zelo e o devotamento do sujeito lírico ao seu amor, inclusive na morte. agramática. Fonte: BARROS, Manoel de. O livro das Ignorãças. In: Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010, p. 319-320. c descuidam da métrica e do emprego de recursos que dão sonoridade ao texto. d enfocam a efemeridade do amor, a despeito da sua intensidade, por meio da aproximação O excerto do poema traz o descobrimento, inquietação e questionamento do menino Manoel pela entre o sentimento amoroso e a chama. “doença das frases”. e ressaltam a imortalidade do amor verdadeiro, ideia reforçada pelo título. É CORRETO afirmar que esta doença pode ser lida como um desvio: a para o menino Manoel que não gostava de ler. Questão 156 (UNICENTRO) b que constrói uma frase saudável errando bem o idioma. Assinale a alternativa correta quanto ao que se afirma a respeito da obra “A rosa do povo”, de Carlos Drummond de Andrade. c da língua portuguesa, porque Padre Ezequiel era professor de gramática. d de caminho que pode render ao menino Manoel as melhores surpresas e ariticuns maduros. a Em “Morte do Leiteiro”, Drummond retrata o cotidiano social e seus problemas por meio de um leiteiro e de seu relacionamento complicado com o patrão. b Em “Retrato de família”, Drummond relembra, por meio de uma velha fotografia, seus antepassados e o sofrimento deles durante a Segunda Guerra mundial. c Em “Caso do vestido”, o eu lírico é uma mulher que relata às filhas a perda do marido para outra mulher e o sofrimento quando do retorno dele à casa da família. d Em “O mito”, Drummond retorna às características românticas para enaltecer a mulher amada, a quem ama platonicamente e por quem sofre profundo amor e dor. e Em “A flor e a náusea”, o poeta, por meio de sonetos de versos rimados, transita pelas ruas da cidade inóspita, enlouquecendo com os problemas coletivos.

/ 10 53245 Questão 157 (CESMAC) Questão 159 (IFPE) O escritor alagoano Ledo Ivo (1924-2012) foi múltiplo nas suas atividades intelectuais: jornalista, Leia os TEXTOS 4 e 5 para responder à questão. ensaísta, tradutor, poeta, contista e crítico literário. Mas é como poeta que o seu nome se consagra como um dos maiores da sua geração, que é, no caso, a mesma geração de João TEXTO 4 Cabral de Mello Neto, Paulo Mendes Campos, Mauro Mota, dentre outros poetas. Como ficou NO MEIO DO CAMINHO consagrada e conhecida a geração em que se inscreve Ledo Ivo? a Geração do Regionalismo de 1926. No meio do caminho tinha uma pedra b Geração do Modernismo de 1922. tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra c Geração da Poesia Concreta. no meio do caminho tinha uma pedra. d Geração da Poesia Pau-Brasil. e Geração de 45. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Questão 158 (ENEM) Nunca me esquecerei que no meio do caminho Lépida e leve tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho Língua do meu Amor velosa e doce, no meio do caminho tinha uma pedra. que me convences de que sou frase, ANDRADE, Carlos Drummond de. No meio do caminho. Disponível em: que me contornas, que me vestes quase, http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond04 .htm. Acesso: 12 out. 2017. como se o corpo meu de ti vindo me fosse. Língua que me cativas, que me enleias TEXTO 5 os surtos de ave estranha, POEMA DE SETE FACES em linhas longas de invisíveis teias, de que és, há tanto, habilidosa aranha... Quando nasci, um anjo torto [...] desses que vivem na sombra Amo-te as sugestões gloriosas e funestas, disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. amo-te como todas as mulheres te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor, As casas espiam os homens pela carne de som que à ideia emprestas que correm atrás de mulheres. e pelas frases mudas que proferes A tarde talvez fosse azul, nos silêncios de Amor!... não houvesse tantos desejos.

MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, O bonde passa cheio de pernas: 2001 (fragmento). pernas brancas pretas amarelas. A poesia de Gilka Machado identifica-se com as concepções artísticas simbolistas. Entretanto, o Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu texto selecionado incorpora referências temáticas e formais modernistas, já que, nele, a poeta coração. Porém meus olhos a procura desconstruir a visão metafórica do amor e abandona o cuidado formal. não perguntam nada. b concebe a mulher como um ser sem linguagem e questiona o poder da palavra. c questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa a construção do verso livre. O homem atrás do bigode d propõe um modelo novo de erotização na lírica amorosa e propõe a simplificação verbal. é sério, simples e forte. e explora a construção da essência feminina, a partir da polissemia de "língua", e inova o léxico. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo / 10 53245 seria uma rima, não seria uma Questão 160 (UFRGS) solução. Mundo mundo vasto mundo, Leia o segmento abaixo. mais vasto é meu coração. Em Terras do Sem-Fim, Jorge Amado narra as lutas que ocorreram ...... pelas terras da mata do Eu não devia te dizer Sequeiro Grande, fértil região próxima a ...... : Horácio Silveira e seus seguidores disputaram, mas essa lua ...... , com o clã Badaró. mas esse conhaque botam a gente comovido como Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do segmento acima. o diabo. a Em meados do século XIX – Salvador – pelas armas e pela influência religiosa ANDRADE, Carlos Drummond de. Poema de sete faces. Disponível em: b No início do século XX – Ilhéus – pela força e mediante ardis legais http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/poema-das-s ete-faces-carlos-drummond-de-andrade/. Acesso: 12 out. c Em meados do século XIX – Ilhéus – pelas armas e pela influência religiosa 2017. d No início do século XX – Salvador – pela força e mediante ardis legais Os TEXTOS 4 e 5 apresentam poemas de Carlos Drummond de Andrade, importante poeta do Modernismo brasileiro. Acerca deste significativo movimento da literatura brasileira, analise as e No início do século XX – Ilhéus – pelas armas e pela influência religiosa proposições a seguir e assinale a alternativa CORRETA.

I. Drummond integrou a 2ª Geração Modernista Brasileira, a qual, ao contrário da 1ª Geração, mostrava consolidação e amadurecimento na literatura do Brasil. II. Juntamente com Oswald de Andrade e Mário de Andrade, Drummond de Andrade fez parte da 1ª Geração Modernista, e os TEXTOS 4 e 5 demonstram a insatisfação e a rebeldia frente ao comportamento das pessoas no Brasil daquela época. III. Drummond fez parte da 3ª Geração Modernista, a “Geração de 45”, e, por se tratar de um período menos conturbado em relação ao vivenciado pelas Gerações anteriores, a produção literária tinha espaço para suscitar reflexões acerca do comportamento da sociedade. IV. Os poemas que constituem os TEXTOS 4 e 5 abordam temáticas cotidianas e fazem uso da linguagem coloquial, características recorrentes nas produções literárias dessa fase do Modernismo brasileiro. V. O uso de versos livres e brancos nos poemas dos TEXTOS 4 e 5 corresponde à tendência das produções literárias do Modernismo brasileiro nesta fase: com evidente desprendimento de formatos clássicos e limitadores para se fazer poesia. Estão CORRETAS, apenas, as proposições a I, II e IV. b I, II e III. c III, IV e V. d I, IV e V. e II e V.

/ 10/12/2019 hexag.estuda.com/questoes_imprimir/resolver-7453245 Questão 161 (UECE) encheu-a. Sentiu-se feliz e necessitou desabafar com alguém. Cruzou a sala. Luciana Espalhou as revistas e as bonecas, pôs-se a dançar em cima delas. Regressou, muito Ouvindo rumor na porta da frente e os leve, boiando naquela claridade que a passos conhecidos de tio Severino, Luciana envolvia e penetrava. ergueu-se estouvada, saiu do corredor, – Esta menina sabe onde o diabo dorme. entrou na sala, parou indecisa, esperando Tio Severino tinha feito uma revelação que a chamassem. Ninguém reparou nela. extraordinária, e Luciana devia comportar-se Papai e mamãe, no sofá, embebiam-se na como pessoa que sabe onde o diabo dorme. palavra lenta e fanhosa de tio Severino, Ouvindo rumor na porta da frente e os homem considerável, senhor da poltrona. O passos conhecidos de tio Severino, Luciana que ele dizia para a família tinha força de lei. ergueu-se estouvada, saiu do corredor, Luciana quis aproximar-se das pessoas entrou na sala, parou indecisa, esperando grandes, mas lembrou-se do que lhe tinha que a chamassem. Ninguém reparou nela. acontecido na véspera. Andara com mamãe Papai e mamãe, no sofá, embebiam-se na pela cidade, percorrera diversas ruas, palavra lenta e fanhosa de tio Severino, satisfeita. Num lugar feio e escorregadio, homem considerável, senhor da poltrona. O onde a água da chuva empoçava, resistira, que ele dizia para a família tinha força de lei. acuara e caíra no chão, sentara-se na lama, Luciana quis aproximar-se das pessoas esperneando e berrando. Em casa, antes de grandes, mas lembrou-se do que lhe tinha tirar-lhe a camisa suja, mamãe lhe infligira acontecido na véspera. Andara com mamãe três palmadas enérgicas. Por quê? Luciana pela cidade, percorrera diversas ruas, passara o dia tentando reconciliar-se com o satisfeita. Num lugar feio e escorregadio, ser poderoso que lhe magoara as nádegas. onde a água da chuva empoçava, resistira, Agora, na presença da visita, essa criatura acuara e caíra no chão, sentara-se na lama, forte não anunciava perigo. esperneando e berrando. Em casa, antes de Luciana aproximou-se do sofá nas tirar-lhe a camisa suja, mamãe lhe infligira pontas dos pés, imitando as mulheres que três palmadas enérgicas. Por quê? Luciana usam sapato alto. Convidava a irmã para passara o dia tentando reconciliar-se com o brincar de moça, mas acabava arranjando-se ser poderoso que lhe magoara as nádegas. só. E lá ia ela remedando um pássaro que se Agora, na presença da visita, essa criatura dispõe a voar, inclinada para a frente, os forte não anunciava perigo. calcanhares apoiados em saltos enormes e Luciana aproximou-se do sofá nas imaginários. Assim aparelhada, chamava-se pontas dos pés, imitando as mulheres que D. Henriqueta da Boa-Vista. usam sapato alto. Convidava a irmã para Tio Severino era notável: vermelho, brincar de moça, mas acabava arranjando-se tinha maçarocas brancas no rosto, o beiço e só. E lá ia ela remedando um pássaro que se o queixo rapados, a testa brilhante, dispõe a voar, inclinada para a frente, os sobrancelhas densas e óculos redondos. calcanhares apoiados em saltos enormes e Entre os dentes amarelos, a voz escorria imaginários. Assim aparelhada, chamava-se pausada, nasal, incompreensível. Luciana D. Henriqueta da Boa-Vista. percebia as palavras, mas não atinava com a Tio Severino era notável: vermelho, significação delas. Rondou por ali um tinha maçarocas brancas no rosto, o beiço e instante, mas fatigou-se. E ia esgueirar-se o queixo rapados, a testa brilhante, para o corredor, quando algumas sílabas da sobrancelhas densas e óculos redondos. conversa indistinta lhe avivaram a recordação Entre os dentes amarelos, a voz escorria de outras sílabas vagas, largadas por um pausada, nasal, incompreensível. Luciana moleque na rua. Repetiu bem alto as percebia as palavras, mas não atinava com a palavras do moleque. significação delas. Rondou por ali um – Esta menina sabe onde o diabo dorme. instante, mas fatigou-se. E ia esgueirar-se Luciana teve um deslumbramento. O para o corredor, quando algumas sílabas da coraçãozinho saltou, uma alegria doida / 10/12/2019 hexag.estuda.com/questoes_imprimir/resolver-7453245 conversa indistinta lhe avivaram a recordação Questão 162 (UNITAU) de outras sílabas vagas, largadas por um moleque na rua. Repetiu bem alto as A propósito do romance Capitães da areia, de Jorge Amado, não se pode afirmar: palavras do moleque. a O romance inicia-se de maneira inusitada, trazendo matéria de um jornal e carta de leitores. – Esta menina sabe onde o diabo dorme. b As diversas vozes que abrem o romance constituem forte argumentação que tornará mais Luciana teve um deslumbramento. O grave a denúncia social apresentada. coraçãozinho saltou, uma alegria doida c As personagens são apresentadas uma a uma e têm reportadas situações de seu passado, encheu-a. Sentiu-se feliz e necessitou para que sejam apreendidas melhor pelo leitor. desabafar com alguém. Cruzou a sala. d O episódio do carrossel expõe a fragilidade das crianças que vivem situações violentas no Espalhou as revistas e as bonecas, pôs-se a seu dia a dia. dançar em cima delas. Regressou, muito leve, boiando naquela claridade que a e A terceira parte do romance não tematiza claramente questões político-ideológicas. envolvia e penetrava. – Esta menina sabe onde o diabo dorme. Questão 163 (UCS) Tio Severino tinha feito uma revelação Leia o fragmento do poema “Um boi vê os homens”, de Carlos Drummond de Andrade, no qual extraordinária, e Luciana devia comportar-se um boi descreve sua visão em relação aos seres humanos. como pessoa que sabe onde o diabo dorme. de saber. Descobriria o lugar onde o diabo [...] Têm, talvez, dorme. Dona Henriqueta da Boa-Vista se certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem largaria pelo mundo, importante, os perdoar a agitação incômoda e o translúcido calcanhares erguidos, em companhia de vazio interior que os torna tão pobres e carecidos seres enigmáticos que lhe ensinariam a de emitir sons absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme residência do diabo. Mais tarde seu Adão a (que sabemos nós), sons que se despedaçam e tombam no campo embarcaria na carroça: – “Foi um dia uma como pedras aflitas e queimam a erva e a água, princesa bonita que tinha uma estrela na e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade. testa”. Luciana recusava as princesas e as (ANDRADE, C. D. de, 1992 apud ABAURRE, M. L. M.; PONTARA, M. Literatura brasileira: tempos, leitores e leituras. estrelas. Seu Adão coçaria o pixaim, São Paulo: Moderna, 2005. p. 548.) encolheria os ombros. Levá-la-ia para a Em relação ao fragmento, considere as seguintes afirmações. gaiola. Mamãe recebê-la-ia zangadíssima. E daria, quando seu Adão se retirasse, várias I Nesse texto, a clássica relação entre racionalidade e irracionalidade se subverte. chineladas em Dona Henriqueta da Boa-Vista. II A “queima da água” é uma metonímia que simboliza o poder de autodestruição que o homem Sem dúvida. Mas isso ainda estava muito possui. longe – e Luciana aborrecia tristezas. III O eu-lírico sugere que o descaso da sociedade com os recursos naturais é consequência do vazio interior. (Graciliano Ramos. Luciana. In: Insônia. Record 14ª Ed. Rio, São Paulo: 1978. p. 61-68. Texto adaptado.) No conto “Luciana”, Graciliano Ramos focaliza uma das fases do desenvolvimento humano, a Das afirmativas acima, pode-se dizer que infância. Dentre os excertos abaixo, extraídos de obras que falam sobre a infância, assinale a apenas I está correta. aquele cujo conteúdo é compatível com a visão de infância que Graciliano Ramos transmite no b apenas II está correta. conto supracitado. c apenas I e II estão corretas. a “Deus é alegria. Uma criança é alegria. Deus e uma criança têm isso em comum: ambos sabem que o universo é uma caixa de brinquedos. Deus vê o mundo com os olhos de uma d apenas II e III estão corretas. criança. Está sempre à procura de companheiros para brincar.” (Rubem Alves) e I, II e III estão corretas. b “Mostrei minha obra prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes dava medo. Responderam-me ‘Por que um chapéu daria medo?’ Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jiboia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jiboia, a fim de que as pessoas grandes pudessem entender melhor.” (Antoine de Sainte-Exupéry) c “Todos sabem que a infância é a idade mais alegre e agradável. Ao ver esses pequenos inocentes, até um inimigo se enternece e os socorre.” (Erasmo de Roterdã) d “Quando crianças, nosso maior sonho é ver o tempo voar e finalmente nos tornarmos adultos. Ah, se soubéssemos, naquele tempo, o que significa ser criança...” (Internet. Autor não declarado.) / 10/12/2019 hexag.estuda.com/questoes_imprimir/resolver-7453245 TEXTO BASE 28 Questão 165 (IFSulDeMinas) TEXTO Sobre a obra “Capitães de Areia”, de Jorge Amado, pode-se afirmar que: a o romance está contextualizado na época em que o Brasil vivia a Ditadura Vargas. Assumindo (...) Nesta hora de sol puro eu ouço o Brasil. uma postura crítica diante do fato, Jorge Amado posicionava-se a favor do regime ditatorial; Todas as tuas conversas, pátria morena, correm pelo ar... b Pedro Bala é a personagem que melhor incorpora os ideais socialistas do autor por aderir à A conversa dos fazendeiros nos cafezais, militância política; a conversa dos mineiros nas galerias de ouro, a conversa dos operários nos fornos de aço, c Gato aproveita-se de seu defeito físico para facilitar a entrada de seus colegas nas a conversa dos garimpeiros peneirando as bateias, residências e furtá-las; a conversa dos coronéis nas varandas das roças... d Todas as personagens, apesar do sofrimento ao longo da narrativa, têm um final feliz.

Mas o que eu ouço, antes de tudo, Questão 166 (UCS) nesta hora de sol puro A canção apresentada a seguir, “Parque industrial”, foi composta por Tom Zé e ficou conhecida na palmas paradas voz de Gilberto Gil. pedras polidas claridades Parque industrial brilhos faíscas Retocai o céu de anil cintilações Bandeirolas no cordão é o canto dos teus berços, Brasil, de todos esses teus Grande festa em toda a nação berços onde dorme, com Despertai com orações a boca escorrendo leite, moreno, confiante, O avanço industrial o homem de amanhã! Vem trazer nossa redenção (Ronald de Carvalho. Toda a América.) Pois temos o sorriso engarrafado Questão 164 (CESMAC) Já vem pronto e tabelado PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 28 É somente requentar e usar É somente requentar e usar Manuel Bandeira não só foi o São João Batista do Modernismo brasileiro, mas também autor de O que é made, made, made alguns dos versos mais importantes da lírica brasileira no século XX. Dentre as estrofes abaixo, Made in Brazil qual foi escrita pelo poeta recifense? O que é made, made, made a O ser que é ser transforma tudo em flores... Made in Brazil E para ironizar as próprias dores Fonte: ZÉ, Tom. Parque Industrial. In: Tropicália ou Panis et Circenses. Philips, 1968. 1 disco sonoro. Disponível em: Canta por entre as águas do Dilúvio! . Acesso em: 13 fev. 15.

b O sol e as flores jogam bolas amarelas Ao tematizar criticamente o progresso e manifestar uma preocupação nacionalista, a canção De travessas verdes e paralelas apresenta características do movimento literário conhecido como Nos jardins, sobre os bancos. a Barroco. c A mulher do fim do mundo Dá de comer às roseiras, b Modernismo. Dá de beber às estátuas, c Parnasianismo. Dá de sonhar aos poetas d Romantismo. d Vou-me embora pra Pasárgada e Realismo. Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei e Se diz a palo seco O cante sem guitarra; O cante sem; o cante; O cante sem mais nada.

/ 10/12/2019 hexag.estuda.com/questoes_imprimir/resolver-7453245 Questão 167 (UNIVESP) Questão 169 (FACASPER) Leia o trecho de Menino de engenho, de José Lins do Rego, para responder a questão. Assinale a opção que apresenta corretamente a análise crítica de Capitães da areia, de Jorge Amado. Eu passava o dia inteiro rondando os oficiais nas suas confidências. Contavam a história de uns a “O realismo do escritor não é orgânico nem espontâneo. É crítico. O ‘herói’ é sempre um carpinas num engenho do Brejo. problema: não aceita o mundo, nem os outros, nem a si mesmo. Sofrendo pelas distâncias – O senhor de engenho só mandava para eles bacalhau, na janta e no almoço. Passavam o dia que o separam da placenta familiar ou grupal, introjeta o conflito numa conduta de extrema inteiro bebendo água com a boca seca. Um dia um deles disse para o negro que não gostava de dureza, que é a sua única máscara possível”. (). bacalhau, que não aguentava mais aquilo. No outro dia o tabuleiro com a comida chegou: era b “O romance reafirma as qualidades que o escritor atribui aos filhos de nosso país – coragem, peru. E peru de tarde. E a semana toda, peru. Num domingo, o mestre saiu para dar umas voltas capacidade de extrair força da adversidade, imaginação vigorosa. Ele sugere ainda que elas nos arredores. Viu um negro com uma porção de urubus nas costas: não são apenas uma conquista, mas algo que já existe naturalmente em nós. (...) Torna-se mais – O que é isto, moleque? forte ainda, aqui, o otimismo com que o escritor vê o Brasil, quase sempre, é verdade, temperado – É peru pros carpinas. pela violência”. (José Castello). Os oficiais anoiteceram e não amanheceram na propriedade. E rebentou ferida pelo corpo deles. Estiveram para morrer um tempão. c “A indeterminação semântica ou a duplicidade que rege o texto encontra eco na concepção (Menino de engenho. Rio de Janeiro, José Olympio, 2000) do cenário, dos personagens e na caracterização do herói principal, projeta-se também na trama narrativa, cujo enunciado segue uma orientação dupla”. (Gilda de Mello e Souza). Publicado em 1932, Menino de engenho representa a prosa d “Em lugar da família restrita, unida por laços de sangue, e perturbada pelo contato a regionalista comprometida em retratar a vida de moradores do Nordeste brasileiro. com estranhos, vemos uma destas moléculas algo soltas e contingentes, que se podem chamar uma parentela, em que ao sabor das circunstâncias e das conveniências se associam os b romântica voltada para a exaltação idealizada do território brasileiro e sua gente. laços de sangue, o compadrio e os favores trocados”. (Roberto Schwarz). c psicológica especializada em investigar o funcionamento da mente humana. e “O escritor parece divertir-se e, todavia, comover-se com seus mitos, tanto quanto o menino d surrealista empenhada em empregar a lógica dos sonhos na criação ficcional. com seus brinquedos e o primitivo com suas superstições ao considerá-los objetos reais e naturalista engajada com o estudo do comportamento humano a partir da ciência. dentro do reino em que vivem, o sobrenatural. Tal como eles, com alegria e unção, o poeta ultrapassa os limites da realidade em seus patos (pathos) criadores”. (Henrique Lisboa). Questão 168 (FAGOC) Epigrama n. 2 Questão 170 (UFN) Assinale a alternativa correta, em que existe correspondência entre autor e obra: És precária e veloz, Felicidade. a Mário de Andrade/São Bernardo. Custas a vir e, quando vens, não te demoras. b Graciliano Ramos/Vidas Secas. Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo, c Jorge Amado/O Quinze. e, para te medir, se inventaram as horas. d Erico Veríssimo/Fogo Morto. Felicidade, és coisa estranha e dolorosa. e José Lins do Rego/Gabriela, Cravo e Canela. Fizeste para sempre a vida ficar triste: Porque um dia se vê que as horas todas passam, e um tempo despovoado e profundo, persiste.

(Cecília Meireles.) Em meio a toda movimentação modernista, Cecília Meireles apresenta uma poesia lírica, numa linguagem mais suave e menos contestadora. O poema destacado demonstra o principal núcleo temático de sua obra: a A angústia da degradação humana. b A simplicidade da vida e suas divagações. c A renovação do código poético na expressão do lirismo. d O momento fugidio em que a existência humana adquire sentido pleno.

/ 10/12/2019 hexag.estuda.com/questoes_imprimir/resolver-7453245 Questão 171 (UNIFOR) Quando estudava no ginásio Pedro II, em Manaus, lembro que um professor de literatura incluía no programa do curso alguns clássicos de outras regiões do Brasil. Ele nos dizia que o conhecimento da cultura do país passava pela literatura. O Nordeste de Graciliano Ramos e o Sul de Érico Veríssimo provaram isso. Foi nessa época que li Vidas secas e, quase ao mesmo tempo, alguns trechos d’Os sertões e d’O continente, primeiro volume de O tempo e o vento. Ainda não tinha maturidade para assimilar o sentido histórico dessas obras, mas me deparei com imagens, situações e conflitos de um Brasil que me era estranho. E também com outro vocabulário. A descoberta de uma nova linguagem e de outra paisagem social e geográfica aconteceu em 1969, quando comecei a ler Grande sertão: veredas no colégio de aplicação da UnB (Brasília). Foi uma leitura penosa e meio arrastada. Só depois, no começo dos anos 70, pude ler o livro inteiro com disciplina e, por que não dizer, paixão. Foi um dos livros mais surpreendentes de minha experiência de leitor. (HATOUM, Milton. Leituras da juventude. Disponível em: http:// www.miltonhatoum.com.br/categoria/do-autor/cronica s. Acesso em 10/11/2010.) De acordo com Milton Hatoum, que discorre sobre o texto literário em sua crônica,

I. o conhecimento da cultura do país passa pela literatura. II. a leitura proficiente só é feita quando o leitor tem maturidade para fazê-la; do contrário, pode ser “penosa e arrastada”. III. alguns trechos dos clássicos são suficientes para se fazer um retrato da cultura do país. IV. para quem gosta de ler e o faz com disciplina e paixão, a leitura é proficiente em qualquer época da vida.

Marque a opção que corresponde às alternativas verdadeiras: a I, III e IV b II, II, IV c I e IV d II e III e I e II

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