Releitura Do Caso O Pequeno Hans: Sobre Silêncios E Invisibilidades Releitura Do Caso O Pequeno Hans: Sobre Silêncios E Invisibilidades

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Releitura Do Caso O Pequeno Hans: Sobre Silêncios E Invisibilidades Releitura Do Caso O Pequeno Hans: Sobre Silêncios E Invisibilidades Releitura do caso O pequeno Hans: sobre silêncios e invisibilidades Releitura do caso O pequeno Hans: sobre silêncios e invisibilidades Ingeborg Bornholdt*, Porto Alegre Passados mais de cem anos, aborda-se um ângulo possível de releitura do texto Análise de uma fobia em um menino de cinco anos, de Freud (1909). O principal recurso utilizado é uma entrevista que o próprio paciente desta primeira análise de criança concede quando contava sessenta e nove anos. Tornara-se um importante diretor de óperas. Com este adicional importante do próprio Hans – Herbert Graf e outros dados de seu histórico – consideram-se entendimentos e hipóteses adicionais sobre este caso clássico de psicanálise de crianças. O palco giratório é utilizado como imagem das visibilidades e dos silêncios na análise do pequeno Hans. A autora procura sintetizar três pontos principais do desenvolvimento teórico- clínico da psicanálise de crianças ao longo do último século. Palavras-chave: teoria da sexualidade infantil, angústia de castração, angústias primitivas, psicanálise de crianças, elaboração, sublimação. *Psicanalista, membro efetivo, analista didata e psicanalista de crianças e adolescentes da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre. Revista de Psicanálise da SPPA, v. 22, n. 2, p. 339-358, agosto 2015 339 Ingeborg Bornholdt Em 1909 Freud publica o caso do pequeno Hans, analisado pelo pai da criança com sua supervisão. Ele havia convidado e encorajado os participantes de seu grupo de adeptos e pioneiros da psicanálise, o grupo das quartas-feiras, a registrarem observações de crianças, filhos ou outras de seus convívios, para sedimentar a teoria da sexualidade infantil. Em 1905 publicara os Três ensaios sobre a teoria da sexualidade e segue seu espírito de pesquisador à procura de comprovações através da observação prática. Muitos são os trabalhos escritos ao longo deste século com novas ideias e discussões sobre este caso pioneiro de psicanálise de uma criança: a Análise de uma fobia em um menino de cinco anos (Freud, 1909). As anotações do pai de Hans datam da idade de dois anos e nove meses do filho e seguiram durante os próximos anos. O material é objeto de estudos e reflexões no grupo de Freud, parcialmente já abordado em Sobre as teorias sexuais das crianças (1908), no qual ainda se conserva o nome real do paciente – Herbert – substituído por Hans ou pequeno Hans em 1909. O caso do pequeno Hans segue presente em estudos de psicanalistas de várias latitudes no decorrer do último século. Atualmente, desfrutamos do privilégio de termos à disposição muitas destas fontes de autores emergentes e seus trabalhos inspiradores, com diversas inclinações teóricas e identificações pessoais. Há, pois, um legado que convida a nos engajarmos em mais reflexões e observações como respostas ao convite de Freud (1909) para “reunir observações da vida sexual das crianças” (p. 16). Partimos agora do material do próprio personagem Herbert Graf em sua vida adulta. Imaginemo-nos na análise de um adulto que nos fala de seu trabalho e vida presentes e que sabe ter tido a experiência de uma análise na infância, da qual, todavia, não lembra conscientemente. A partir de 1909, Freud conserva o H de Herbert, porém substitui por Hans o nome no relato deste trabalho clássico. Para ilustrar claramente tratar-se de uma criança, passa a denominá-lo de pequeno Hans. Herbert Graf, por sua vez, autoriza- nos a utilizar as informações ao consentir na publicação de uma entrevista concedida em Nova York ao jornalista Francis Rizzo (1972) sob o título Memórias de um homem invisível. Seus pais já haviam consentido na publicação do caso há décadas. Em 1922 Herbert encontra no gabinete do pai o artigo Análise de uma fobia em um menino de cinco anos (Freud, 1909) reconhecendo-se, vagamente, na criança em foco, embora não lembre a análise em si. Morador em Viena, procura Freud apresentando-se pessoalmente na Berggasse e evoca a satisfação deste 340 Revista de Psicanálise da SPPA, v. 22, n. 2, p. 339-358, agosto 2015 Releitura do caso O pequeno Hans: sobre silêncios e invisibilidades último, que escreve: “O pequeno Hans era agora um forte rapaz de dezenove anos. Declarou que estava perfeitamente bem e que não sofria de nenhum problema de inibição” (p. 153). Na entrevista aqui em questão Herbert Graf diz: Atrás de sua mesa, Freud parecia um destes bustos de filósofos gregos que eu havia visto na escola. Ele se levantou e me abraçou afetuosamente, dizendo que não podia esperar melhor comprovação de suas teorias do que o jovem alegre e saudável que eu me tornara. Façamos então um salto no tempo para o ano da longa entrevista aqui focada. Estamos em 1972, e Herbert Graf tem sessenta e nove anos. Fala sobre sua carreira dentro da área da música e, especificamente, da ópera. A matéria tem o título de Memórias de um homem invisível. Herbert Graf relembra meio século de teatro: um diálogo com Francis Rizzo publicado em quatro números (5, 12, 19 e 26 de fevereiro 1972) da revista Opera News de New York. A leitura da entrevista nos convida, naturalmente, a elaborarmos hipóteses sobre a personalidade do entrevistado, homem por certo sensível e criativo em sua área de trabalho. Assim sendo, breves comentários seguir-se-ão ao resumo dessa entrevista, acompanhados de ampliações dos mesmos por outros autores. Na sequência abordar-se-ão alguns pontos da teoria e técnica da psicanálise de crianças no decorrer do último século. O trabalho finaliza com conjecturas a respeito de possíveis e profundos registros da vivência infantil do paciente no entorno familiar, bem como de sua experiência de análise aos cinco anos. Utilizarei como figura ilustrativa o movimento de um palco giratório – recurso externo e interno desenvolvido na vida profissional por Herbert Graf. A entrevista ocorre em Nova York, onde o entrevistado atua há mais de uma década como diretor do Met. Graf já é, então, autor de três livros sobre a produção operística1 e de muitos artigos; é também compositor com larga experiência em dirigir orquestras e teatros de ópera na Europa e nos Estados Unidos. Quando o entrevistador conduz as questões de forma a convidar Herbert Graf a falar sobre sua infância e adolescência, o entrevistado enfatiza sua grande admiração pelo pai. Descreve-o como homem extraordinário e erudito, musicólogo, crítico, doutor em leis, sagaz analista político cujo campo de conhecimentos e de ensino abrange a estética e a literatura, a filosofia e a matemática. Descreve-o como um homem universal e, simultaneamente, um autêntico vienense apreciador de vinho e mulheres bonitas. O pai, Max Graf, 1 The opera and its future in America, 1941; Opera for the people, 1951; Producing opera for America, 1961. Revista de Psicanálise da SPPA, v. 22, n. 2, p. 339-358, agosto 2015 341 Ingeborg Bornholdt também integrou o círculo de pioneiros de Freud. Na opinião de Herbert, de fato foi o primeiro a aplicar o método psicanalítico no estudo do processo criativo. Herbert relata uma infância imersa em música: foi afilhado de Gustav Mahler, hóspede frequente na casa dos pais, amigos de Richard Strauss e de outros grandes nomes da produção musical. Em Viena, onde moravam, cresceu sempre assistindo a concertos de música de câmara e recitais. Sobretudo Strauss o impressionou. Ao ser declarada a primeira guerra, os pais o enviam a Berlin para as férias de verão. Max Reinhardt, amigo de seu pai, dirigia três teatros em Berlin, o que permite a Herbert saborear por três meses suas apresentações. Declara: Meu grande amor era a ópera. Sobre seu regresso a Viena, afirma: Senti como missão fazer pela ópera o que Reinhardt fez pelo teatro... Assim, o adolescente Herbert, aos dezesseis anos, pede licença para montar no ginásio de sua escola a cena do foro de Júlio César. Colhe uma quase reprovação no ano escolar, e, no livro anual da escola, em uma coluna sobre as Estupidezes do ano, lê-se: Herbert Graf quer chegar a ser diretor de cena de ópera! O entrevistado segue discorrendo sobre este período de sua adolescência sem mencionar a mãe e/ou separação de seus pais. Observa que a profissão de diretor de ópera não existia e que ele a teria inventado, porém menciona que seu primeiro teatro foi construído em casa, na infância, com a ajuda da irmã menor, Hanna. O pai não o incentivava, nem o impedia. Apesar das finanças difíceis durante esse período, o pai lhe dava meios para preparar-se para a carreira escolhida. Herbert a seguir ingressa na Universidade de Viena. Sua tese final intitula- se Wagner como diretor de cena 2 e, em 1925, obtém seu PhD. Havia então mais de cem teatros nos países de língua alemã: Áustria, Alemanha, Boêmia e Suíça. Aos poucos é chamado para atuar em pontas de apresentações como cantor até montar sua primeira ópera. Fígaro, seu debut, é um sucesso e lhe traz o primeiro contrato de trabalho integral aos vinte e dois anos. Em continuidade, como diretor de ópera, realiza mais e mais seu desejo e monta óperas em Breslau e Frankfurt. Berg3 vem assistir-lhe e torna-se seu primeiro coordenador/supervisor. Graf se refere ao mestre como modesto e bondoso, severo e exigente, com um encantador e irônico sentido de humor. Naquela época, Berg, que dirige um programa de premier na Filadélfia, EUA, mostra a Herbert um programa no qual aparecem, com grande destaque, fotos do elenco, reproduções, de vários desenhistas, de cenários e uma pequena foto do próprio Berg. Depois de tudo, não se esqueceram de mim, comenta, divertido, com o próprio Herbert. 2 Richard Wagner als Regrisseur. 3 Alban Maria Johannes Berg foi um compositor austríaco, fazia parte da elite cultural de Viena durante o início do século XX. 342 Revista de Psicanálise da SPPA, v.
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