POLO DE BIOTECNOLOGIA DA MATA ATLÂNTICA “Relatos De Pesquisas E Outras Experiências Vividas No Vale Do Ribeira”
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POLO DE BIOTECNOLOGIA DA MATA ATLÂNTICA “Relatos de Pesquisas e Outras Experiências Vividas no Vale do Ribeira” REGINALDO BARBOZA DA SILVA Engº Agrônomo Professor Doutor da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Registro-SP Professor Colaborador da Universidade de Campinas Faculdade de Engenharia Agrícola - FEAGRI LIN CHAU MING Engº Agrônomo Professor Titular da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Botucatu-SP Editores Ministério do Meio Ambiente - MMA Secretaria de Biodiversidade e Florestas Universidade Estadual Paulista - UNESP Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão - FUNEP 2010 © 2010 by Reginaldo Barboza da Silva Lin Chau Ming Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a autorização prévia do detentor do compyright. Capa: Reginaldo Barboza da Silva Ruy Fernando de Mello Morelli Diagramação: Flávia Maria Martucci Vidureto Impressão: Gráfica Multipress Ltda. Revisão gramatical: Vitório Barato Neto Colaboradores: Mirela Andréa Alves Ficher Senô e Renata Moreira Barroso PEDIDOS PARA: UNESP - Campus Experimental de Registro Av. Nelson Brihi Badur, 430 - Vila Tupy 11900-000 - Registro - SP [email protected] O trabalho foi revisado de acordo com as novas normas ortográficas da Academia Brasileira de Letras. Apresentação Novos rumos na pesquisa científica e de fomento na região do Vale do Ribeira: uma necessidade em andamento A implantação do Polo de Biotecnologia da Mata Atlântica , PBMA, tem trazido bons resultados desde sua aprovação poucos anos atrás. Visto como um referencial diferente de outras iniciativas vinculadas a universidades e instituições de pesquisa, este está localizado em Registro, em pleno coração de uma região no Estado de São Paulo, que apresenta características extremamente próprias, com uma densa vege- tação ainda conservada, uma riquíssima biodiversidade ainda inexplorada, diferen- tes características edafoclimáticas, ainda praticamente desconhecidas, e, sobretudo, uma importante sociodiversidade, diferentes comunidades tradicionais e de peque- nos agricultores, muito pouco estudadas e muitas vezes desprezadas, mas que deram suas contribuições para que tudo isso se mantivesse ainda do jeito que está. O trabalho tem sido coordenado por professores da Universidade Estadual Paulista, dos Câmpus de Botucatu e de Registro, em parceria com representantes de outras universidades e instituições de pesquisa do Estado de São Paulo, organi- zações não governamentais e outras entidades que têm foco de trabalho na região. Uma tarefa extremamente difícil, dada a situação de pouco apoio recebido histo- ricamente e também carência de estudos técnicos e científicos que abordem as necessidades desta região. O Polo tem a intenção de mudar essa situação, adequando-se às caracte- rísticas da região e de seus habitantes. Do ponto de vista científico, vai manter-se aberto a estudos laboratoriais mais modernos, usando toda a tecnologia de alto nível disponível e também estará aberto a projetos dedicados às características socioeconômicas e ambientais das comunidades tradicionais, outro marco da re- gião, e que desenvolvem atividades muito peculiares, com baixo impacto ambiental e que também merecem apoio científico. Do ponto de vista institucional, torna-se um centro que vai amalgamando e aglutinando as entidades que trabalham na e com a região, mantendo-se como, além de uma fonte de novas ideias, um espaço para uma interação mais forte entre elas. Sempre se encontra alguém ou algo em que se basear e discutir, arejando as ideias. Todas essas atividades, discutidas, coordenadas, acompanhadas e avaliadas por um comitê gestor multi-institucional, recebem a necessária chancela democrá- tica, pois amplificam as discussões e os debates sobre o que realmente deve ser feito para o desenvolvimento da região, no que tange aos assuntos relacionados ao escopo do Polo. A publicação do presente livro. “Polo de Biotecnologia da Mata Atlântica: relatos de pesquisas e outras experiências vividas no Vale do Ribeira” é o resultado deste longo processo de articulações e pesquisas realizadas por diversas pessoas, das instituições já citadas, todas elas com um ponto em comum: a necessidade de se oferecerem novas informações técnicas acerca dessa região peculiar no Esta- do de São Paulo, fragilizada por contingências sociais e históricas, mas que ainda guarda em si uma grande diversidade biológica, de indiscutível importância para diversos setores sociais e científicos, além de uma rica sociodiversidade, caracteri- zada pela interação havida entre os atores sociais que vieram habitar essa região ao longo de seu processo de ocupação, convivendo com comunidades autóctones em contato direto com a natureza. Objetiva reunir, em uma única obra literária, relatos e também experiências observadas e ocorridas ao longo dos projetos realizadas por aqui. Não é uma tarefa fácil, apesar de poder parecer. O hábito de se sistematizarem resultados e informa- ções ainda é começante por esses lugares; nada que uma boa iniciativa e um bom produto possam contribuir para que essa deficiência possa ser superada. Além disso, apresenta resultados de projetos técnicos que abordam situa- ções diferentes da região: os recursos naturais e seus usos, o ambiente, seus dife- rentes povos e suas culturas. Apresenta, de modo algumas vezes sintético, a visão de como o pesquisador enxerga essa diversidade. E também como é o olhar inverso, numa espécie de espelho refletindo, não a imagem de quem está à sua frente, mas como a imagem que está no interior do espelho, ou quem este representa, enxerga o objeto que está refletindo. Ou seja, como esses atores, que também são alvo das pesquisas, imaginam, discutem e se retroalimentam; afinal, são deles os trabalhos, mas também pertencem aos outros. Essa aparente contradição está visualizada no constante movimento na re- gião. Já foi uma grande área para ouro, hoje a riqueza é outra, existem muitos “ou- ros” locais, cada qual vasculhado, esmiuçado, como na mão de um hábil costureiro, que ao conectar pontos e linhas com olhar de lente macro e atento, permite a um outro, ao ser olhado mais a distância, o vislumbre da imagem como um todo, total, magnificando todos os pequenos pontos dessa realidade ainda um tanto inóspita, para alguns, convenhamos. A publicação deste livro dá um passo adiante nesta longa empreitada. Um pequeno passo, cremos, porém extremamente importante e necessário. Contém um apanhado de vários dos mais recentes trabalhos realizados na região por essa rede de entidades envolvidas em torno do Polo. Contém também relatos e impressões de pessoas que fizeram estes traba- lhos. Muitos, a maioria, têm uma cara acadêmica, formatada de acordo com o rito científico geral utilizado em todo o Brasil. Outros são mais flexíveis, escritos em tom mais parecido com um diálogo intimista, olhar específico e pessoal. Não devem ser consideradas contribuições menores, pois apresentam visões diferentes dessa região multifacetada. Todos se completam, mostrando pedaços do estado da arte no estudo e com- preensão da região e seus moradores. Podem ser considerados uma atividade e um produto necessários. Um passo completado, uma tarefa, talvez uma das primeiras, cumprida. Trata-se de um início, de uma provável sina mobilizante e potencializado- ra, esperamos, afinal o momento é o presente, e dele todos não podemos escapar. Desejamos que esta contribuição possa ajudar no melhor entendimento e compre- ensão da região, seu povo e seus ambientes. Registro, setembro de 2010. Os editores . Prefácio Ao ser convidado pela coordenação para proferir a palestra de abertura do II Seminário do Polo de Biotecnologia da Mata Atlântica, PBMA, veio-me ime- diatamente à lembrança de como a proposta do PBMA veio à baila, fazendo-me aceitar o convite, em razão do meu envolvimento com a criação desta importante organização do Vale do Ribeira. Posteriormente, com a proposta para que eu fizesse o prefácio desta publicação, deram essas razões mais ênfase para o aceite, também, deste honroso convite. Rememorando, foi numa reunião política, no ano de 2004, nesta capital do Vale do Ribeira, que fui designado para representar o Ministério do Meio Ambien- te, em que a ideia do Polo de Biotecnologia foi primeiramente elaborada. Àquela época, a discussão sobre o CBA – Centro de Biotecnologia da Amazônia, estava em pauta no Governo Federal, sendo que o Ministério do Meio Ambiente tinha a opi- nião contrária à majoritária, de que a biotecnologia a ser criada e aplicada na e para a biodiversidade da Amazônia deveria, prioritariamente, ser dirigida aos povos da Amazônia, ou que não deveria ser uma biotecnologia elitista voltada somente para grupos industriais sulistas e internacionais. Foi nessa reunião política memorável em Registro que, então, me manifes- tei contra a direção tecnocrática que tomava o CBA à época, sugerindo à deputada Mariângela Duarte, que coordenava a reunião, que se criasse na capital do Vale do Ribeira, região de maior percentual de cobertura de Mata Atlântica, um Centro de Biotecnologia da Mata Atlântica diferente. Ou que este centro desenvolvesse e apli- casse biotecnologia voltada para o uso da biodiversidade para o manejo sustentável por agricultores familiares, ou para a maioria da população da região. Essa foi a história que originou o Polo de Biotecnologia da Mata Atlântica, que fica então aqui registrada. Dessa forma, ao prefaciar a publicação, que registra “relatos de pesquisas e outras experiências vividas no Vale do Ribeira”, tendo como editores os Professores da UNESP, Reginaldo Barboza da