Relatório Parcial De Pesquisa De Iniciação Científica Mídia E Polícia Na (Des) Construção Do Movimento Punk Paulistano
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Relatório Parcial de Pesquisa de Iniciação Científica Mídia e polícia na (des) construção do movimento punk paulistano Bolsista Flávia Lucchesi de Carvalho Leite Orientador Edson Passetti SÃO PAULO 2012 1 SUMÀRIO 1.Relatório das Atividades................................................................................................3 1.1.Atividades desenvolvidas................................................................................3 2.Relatório Científico........................................................................................................7 2.1.Resultados preliminares...................................................................................7 2.1.1.Rock, punk, mulheres e espaço..........................................................8 2.1.2. The herstory e as meninas da cena punk........................................14 2.1.3.Mídia e riot grrrl.............................................................................28 2.2. Cuidado de si e cuidado do outro..................................................................37 2.2.1. A união das mulheres…………………………………….............38 2.2.2. Auto-ajuda…………………………….........................................40 2.3.Sexo...............................................................................................................42 2.4 Resignificações e demolições........................................................................46 2.4.1. A novo linguagem slut...................................................................47 2.5.Resumo da pesquisa......................................................................................49 2.5.1.Angry Women.................................................................................49 2.5.2. Vídeos: Don’t need you – The Herstory of Riot Grrrl e Bella Donnas – as meninas da cena punk ....................................................................52 2.5.3.Notícias do acervo da Folha de S. Paulo........................................53 2.6.Cronograma de trabalho da segunda parte da pesquisa.................................54 Referências......................................................................................................................55 2 1.RELATÓRIO DAS ATIVIDADES 1.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS O presente relatório apresenta o desenvolvimento dos primeiros seis meses de pesquisa, a qual tem como objetivo mostrar como foi possível o movimento riot grrrl, metamorfose da máquina de guerra (DELEUZE, 2008) punk, e como este movimento se constituiu, se modificou e para onde se redimensionou. Para tal, não perdendo de vista a forte relação entre o movimento punk -e suas vertentes- com a mídia, fiz um levantamento de todas as notícias relacionadas ao movimento riot grrrl a partir do acervo virtual de notícias do site do jornal Folha de S. Paulo. Utilizei essas notícias para perceber a relação entre eles e como a mídia construiu e veiculou um perfil das riot grrrls. Fazendo a leitura das notícias do acervo digital da Folha de S. Paulo, levantei algumas novas bibliografias para a pesquisa, dentre elas o livro Angry Women in Rock da cientista social Andrea Juno. Pesquisando um pouco mais sobre esse livro na internet, descobri que a autora havia publicado, anteriormente, o livro Angry Women tratando não de mulheres roqueiras como na primeira obra aqui citada, mas de nomes importantes do que se convencionou chamar de “cultura feminista”. Resolvi fazer a leitura desse livro antes, ao invés de partir direto para a leitura das “roqueiras zangadas”1, que se associa mais diretamente ao tema da minha pesquisa. Optei por essa leitura inicial a fim de tomar contato com práticas, discursos e enunciados que antecederam – reproduzidos, redimensionados ou mesmo refutados – os 1 O livro traz entrevistas com Chrissie Hynde, Joan Jett, Phranc, Jarbone, Fanny, Candice, Kendra Smith, Naomi Yang, Kathleen Hanna, Bettina Richards, Lois e as bandas Tribe 8, 7 Years Bitch. 3 discursos e práticas do movimento riot grrrl. Pensando a análise desses discursos a partir de Michel Foucault “Suponho que em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade” (FOUCAULT, 1996:8). O livro Angry Women é composto por uma série de entrevistas realizadas pela autora Andrea Juno com Kathy Acker, Susie Bright, Wanda Coleman, Valie Export, Karen Finley, Diamanda Galás, bell hooks, Holly Hughes, Lydia Lunch, Kerr & Malley, Linda Montano, Avital Ronell, Sapphire, Carolee Schneemann e Annie Sprinkle. Selecionei trechos de entrevistas com algumas dessas mulheres as quais penso haver procedências daquilo que depois veio a se constituir o movimento riot grrrl. Os livros Angry women in rock, Rock she wrote e Girls to the front, descobertos a partir do meu levantamento bibliográfico, serão analisados somente no próximo relatório devido a dificuldade de acesso a este material, indisponível para compra no mercado nacional. Nesta primeira parte da pesquisa foram utilizados alguns livros sobre o movimento punk - O que é punk de Antonio Bivar e Punk: anarquia planetária e a cena brasileira de Silvio Essinger; além de pesquisas sobre este movimento e o riot grrrl, sobre este último as dissertações Cultura juvenil feminista Riot Grrrl em São Paulo de Érica Isabel de Melo e O grito das garotas de Fernanda Rodrigues. Houve dificuldade em encontrar bibliografia específica sobre o riot grrrl. São poucas as pesquisas e não há livros nacionais publicados sobre o assunto, ademais, os livros publicados no exterior não possuem tradução nem comercialização em livrarias brasileiras. 4 Atrelada a essa leitura, analisei alguns materiais produzidos pelas próprias riot grrrls como fanzines2, webzines, letras de músicas e vídeos disponíveis na internet. Dentre os vídeos, destaco Bella Donnas – Meninas da Cena Punk desdobramento do trabalho de conclusão de curso de Anelise Paiva Csapo sobre o riot grrrl nacional e Don’t Need You – The Herstory of Riot Grrrl documentário de Kerri Koch que conta, através de depoimentos, a história do inicio do movimento riot grrrl em seu local de origem; as cidades de Olympia e Washington DC, Estados Unidos. Realizada essa leitura, feitas as seleções e analises do material, foi possível buscar as procedências e a constituição do movimento riot grrrl. Pretendo, neste relatório, mostrar esse processo e problematizar suas implicações políticas tendo em vista as resistências na sociedade de controle (DELEUZE,2010). Nestes meses de pesquisa fui a alguns eventos relacionados ao tema pesquisado. Show das bandas Dominatrix e Repentina, realizado no dia 09 de janeiro de 2011 na casa de noturna Outs, na rua Augusta. Mesa de debate Feminismo e Pornografia no Festival Pop Porn, realizada no dia 01 de junho de 2011 na Galeria Vermelho, foi formada com Elisa Gargiulo (mediadora), vocalista da banda Dominatrix e ativista feminista; Heloisa Passos, fotógrafa e cineasta; Bruna Vieira, atriz pornô e striper virtual; Penélope Nova, vj da MTV e ex-apresentadora de programas sobre sexualidade voltados ao público jovem e Tica Moreno, militante da Marcha Mundial das Mulheres, blogueira feminista. Contestação, comunicação e consumo: a cena Straight Edge na 2 “Literalmente, significa uma ‘revista de fã’. Pequenas publicações, feitas de modo artesanal e criadas por fãs de alguma banda, estilo musical ou até mesmo outras artes, como quadrinhos, cinema etc. Do seu surgimento, nos anos 70, até os tempos atuais, desenvolveram-se a ponto de termos fanzines com a mesma qualidade editorial e gráfica de revistas encontradas em bancas de jornal”. (O’HARA,2005:187) A importância dos fanzines para o movimento punk é assinalada por Moraes: “Tratava-se, na verdade, de problematizar esse cotidiano do qual falavam, de questionar esse ou aquele tipo de crítica, de se perguntar pelo melhor meio de resistir na atualidade, de repensar algumas atitudes e condutas, refletir sobre o que era afinal ser punk e o que se estava fazendo de si mesmo” (MORAES, 2008:3). 5 cidade de São Paulo, apresentação do resultado de pesquisa de mestrado de Denise Tangerino, realizada na PUC-SP dia 02 de junho de 2011. Slut Walk – Marcha das Vadias, realizada no dia 04 de junho de 2011 com concentração na Praça do Ciclista e disperção na Rua Augusta, enfrente ao Comedians. Verdurada, evento straight edge realizado no dia 05 de junho de 2011 na Ego Club, centro de São Paulo. Riot Grrrl – Hallohímen da festa gay Valentina realizada no dia 28 de outubro de 2011 na casa noturna Open Bar, no bairro de Pinheiros, com discotecagem da vocalista do Dominatrix, Elisa Gargiulo. Simpósio Paisagens com Mulheres de Autoridade realizado no dia 09 de novembro de 2011, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o evento foi oferecido pelo Inanna (Núcleo Transdisciplinar de Investigações de Sexualidades, Gêneros e Diferenças), participaram do debate as professoras Carla Cristina Garcia, Marijane Lisboa e Norma Telles como mediadora. Acompanhei algumas mesas do VII Colóquio Internacional Michel Foucault O mesmo e outro. 50 anos da História da Loucura (1961-2011) também realizado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo nos dias 24, 25, 26 e 27 de outubro de 2011. Mais adiante retomarei algumas pontuações das exposições dos professores Peter Pál Pelbart, Margareth Rago, Carmen Soares, Tânia Navarro Swain, Denise Sant’Anna,