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UNIVERSIDADE ABERTA MEMÓRIA E IMAGINÁRIO MEDIEVAIS EM QUATRO RELATOS DE CONQUISTA Dissertação de Mestrado em Estudos Portugueses Multidisciplinares na área de especialização de Literatura Medieval Isabel Maria Pessanha Marcante 1701262 Orientadora: Professora Doutora Isabel de Barros Dias 2019 UNIVERSIDADE ABERTA MEMÓRIA E IMAGINÁRIO MEDIEVAIS EM QUATRO RELATOS DE CONQUISTA Dissertação de Mestrado em Estudos Portugueses Multidisciplinares na área de especialização de Literatura Medieval Isabel Maria Pessanha Marcante 1701262 Orientadora: Professora Doutora Isabel de Barros Dias 2019 Crédito de foto da capa: Foto privada de um quadro de H. Roberto (quadro privado). II RESUMO Tendo como base quatro narrativas medievais de conquista – o relato epistolográfico De Expugnagtione Lyxbonnensi, A Conquista de Lisboa aos Mouros, os poemas narrativos Quomodo sit capta Sanctarem ciuitas a rege Alfonso comitis Henrici filio, a Tomada de Santarém e a Tomada de Alcácer do Sal, Quomodo capta fuit Alcaser a Francis e, por fim, a crónica sobre a conquista definitiva do Algarve, Coroniqua de como Dom Payo Correa Mestre de Santiago de Castella tomou este Reino do Algarve aos Moros - este trabalho pretende analisar o imaginário e a memória ali fixados por escrito, considerando que os textos são também a expressão de mentalidades e do imaginário veiculados através da produção de imagens visuais contidas nos textos, encontrando-se aliados a certas intenções e inseridos num determinado contexto histórico. As imagens transmitidas pela narrativa permitem também a consolidação de certos ideais e tratando-se, como no presente trabalho, de textos referentes a batalhas de conquista que ocorreram em diferentes momentos dos chamamentos às Cruzadas, eles permitem transmitir também imagens de uma gesta e de acontecimentos que eram a celebração de determinados ideais e valores praticados ao serviço da Fé. Palavras-chave: Idade Média, crónicas, cruzadas, imaginário, mentalidades. III ABSTRACT Based on four medieval narratives of conquest - the epistemolographic account of Expugnagtione Lyxbonnensi, The Conquest of Lisbon to the Moors, the narrative poems Quomodo sit capta Sanctarem ciuitas a rege Alfonso comitis Henrici filio, the Capture of Santarém and the Capture of Alcácer do Sal, Quomodo capta fuit Alcaser a Francis and, finally, the chronicle of the final conquest of the Algarve, Coroniqua de como Dom Payo Correa Mestre de Santiago de Castella tomou este Reino do Algarve aos Moros - this work aims to analyse the imaginary and memory fixed in narratives, considering that texts are also the expression of mentalities and collective imaginary that are transmitted through the production of visual images and that they are coupled to certain intentions and inserted in a certain historical context. The images transmitted by the narrative also allow for the consolidation of certain ideals and, as in the present work, we are looking at texts referring to battles of conquest that occurred at different times of the calls to the crusades, these texts also transmit images of a gesture and deeds which were the celebration of certain ideals and values practised in the service of faith. Key words: Middle Age, chronicles, crusades, imaginary, mentalities. IV RESUMEN Teniendo como base cuatro narrativas medievales de conquista – el relato epistolográfico De Expugnagtione Lyxbonnensi, la conquista de Lisboa a los moros, los poemas narrativos Quomodo sit capta Sanctarem ciuitas a rege Alfonso comitis Henrici filio, la toma de Santarém y la toma de Alcácer do Sal, Quomodo capta fuit Alcaser a Francis y, finalmente, la crónica sobre la conquista definitiva del Algarve, Coroniqua de como Dom Payo Correa Mestre de Santiago de Castella tomou este Reino do Algarve aos Moros – este trabajo pretende analizar el imaginario y la memoria fijados en la época por escrito, considerando que los textos son también la expresión de mentalidades y del imaginario vehiculados a través de la producción de imágenes visuales contenidas en los textos, teniendo como objetivo ciertas intenciones y estando inseridos en un determinado contexto histórico. Las imágenes transmitidas por la narrativa permiten igualmente la consolidación de ciertos ideales y tratándose, como en el presente trabajo, de textos referentes a batallas de conquista que tuvieron lugar en diferentes momentos de los llamamientos a las Cruzadas, estos permiten transmitir a su vez imágenes de una gesta y de acontecimientos que eran la celebración de determinados ideales y valores practicados al servicio de la Fe. Palabras clave: Edad Media, crónicas, cruzadas, imaginario, mentalidades. V Dedicatória: Aos meus filhos Vasco e Simão, à avó Ceda, à tia Marília, ao meu pai, e à minha amiga Ana. Eles sabem porquê. VI Agradecimentos: Este trabalho nunca poderia ter sido realizado sem o incentivo da minha orientadora, a Professora Doutora Isabel de Barros Dias, a quem estou muito grata pelo apoio, pela disponibilidade e pelas palavras de apreço e de crítica construtiva. Muito obrigada. Atrevo-me a dizer que, no que diz respeito à área de Estudos Medievais, o interesse do estudante não é suficiente, sendo muito importante o tipo de abordagem às temáticas por parte do Professor. Consigo, cara Professora, os Estudos Medievais ganharam em mim uma adepta incondicional. Um agradecimento especial vai para as funcionárias da Biblioteca Manuel Teixeira Gomes – Biblioteca Municipal de Portimão –, pela simpatia, profissionalismo e disponibilidade. Muito obrigada a vós todas. VII Índice Créditos de foto II Resumo III Abstract IV Resumen V Dedicatória VI Agradecimentos VII Índice VIII Introdução 1 Metodologia de análise 5 I. IMAGINÁRIO, IMAGEM E REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA 7 II. MEMÓRIA, MITO E O IMAGINÁRIO MEDIEVAL 12 1.1. O mito cristão e o ideal de cavalaria 16 1.2. A função cruzadística e as ordens militares religiosas 22 III. O CORPUS DE ANÁLISE E A SUA CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 30 IV. RELATOS DE CONQUISTA 37 1. A Conquista de Lisboa (1147) 38 De Expugnatione Lyxbonnensi 2. A Conquista de Santarém (1147) 55 Quomodo sit capta Sanctarem ciuitas a rege Alfonso comitis Henrici filio 3. A Tomada de Alcácer do Sal aos Mouros (1217) 65 Quomodo capta fuit Alcaser a Francis 4. Crónica da Conquista do Algarve (1249-1250) 72 Coroniqua de como Dom Payo Correa Mestre de Santiago de Castella tomou este Reino do Algarve aos Moros VIII V. MENTALIDADE E IMAGINÁRIO NOS RELATOS DE CONQUISTA 82 A GUERRA, OS MILAGRES, AS IMAGENS E A RELIGIÃO Características, semelhanças e disparidades nos textos analisados CONCLUSÃO 104 Bibliografia 108 IX [...] car l’histoire est transformation et mémoire, mémoire d’un passé qui ne cesse de vivre et de changer sous le regard des societés successives.1 Introdução Idade Média e Memória É muito comum designar a Idade Média como a “idade das trevas”, esquecendo que esta época possuía quadros mentais próprios e diferentes dos nossos, os quais não podem ser encarados sob o nosso ponto de vista coetâneo. É interessante verificar que foi precisamente a Idade Média que integrou, retomou ou refundiu tradições pagãs, adaptando-as ao contexto e à época em que estas eram necessárias para veicular uma ideologia e determinados valores. A Idade Média foi também uma época em que o papel da mulher tinha uma certa importância, sendo este papel espelhado nas várias lendas em que as personagens femininas aparecem como seres sobrenaturais que podem dar (e tirar) a fecundidade, o poder e premiar boas condutas com riqueza e o seu amor, sendo, por vezes, apresentadas de forma contraditória. Estas criaturas que a Igreja tinha integrado no sobrenatural cristão, estas mulheres, as fadas, surgiam também como as personagens que encarnavam na imaginação do Homem da Idade Média todos os fantasmas ligados à feminilidade, animalidade e alteridade.2 É também a Idade Média que deixa vislumbrar que cada civilização possui os seus próprios mitos ou é herdeira de mitologias logicamente coerentes no seu conjunto, como refere Claude-Gilbert Dubois3 e que nos forneceu as bases – quer queiramos ou não – para o nosso pensar e sentir como comunidade e para a construção da nossa memória e valores. A memória do passado é construída e preservada muitas vezes de acordo com os propósitos e motivações de quem a conserva em seu poder, sendo transmitida também pela 1 LE GOFF, Jacques, Un Autre Moyen Âge, Paris: Quatro Gallimard, 1999, p. 454. 2 Cf. HARF-LANCNER, Laurence, Le Monde des Fées dans l’Occidente Médiéval, Paris: Hachette Littératures, 2003. 3 DUBOIS, Claude-Gilbert, “Introduction: II. Les modes de classification des mythes”, in THOMAS, Joël (coord.), Introduction aux méthodologies de l’ Imaginaire, Paris: ellipses, 1998, p. 35. 1 escrita. Se as imagens transmitidas pela narrativa propagam determinadas imagens e metáforas, elas permitem também, através destas, a consolidação de certos valores e ideais. No presente trabalho, iremos ocupar-nos de quatro relatos de conquista, elaborados em diferentes épocas das Cruzadas à Terra Santa, tendo eles sido feitos eventualmente com diferentes propósitos: trata-se dos relato epistolográfico De Expugnagtione Lyxbonnensi, A Conquista de Lisboa aos Mouros, os poemas narrativos Quomodo sit capta Sanctarem ciuitas a rege Alfonso comitis Henrici filio, a Tomada de Santarém e a Tomada de Alcácer do Sal, Quomodo capta fuit Alcaser a Francis e, por fim, a crónica sobre a conquista definitiva do Algarve, Coroniqua de como Dom Payo Correa Mestre de Santiago de Castella tomou este Reino do Algarve aos Moros. Tratando-se, aqui, de relatos referentes