Recombinação
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2 28/08/2002 Novas percepções para um novo tempo? Talvez. Talvez mais ainda novas visões sobre coisas antigas, o que seja. Não vamos esconder aqui um certo Amigos Leitores, anseio, meio utópico até, de mudar as coisas, as regras do jogo. Impossível? Vai saber... Como diziam os situacionistas: "As futuras revoluções deverão Agora está acionada a máquina de conceitos do Rizoma. Demos a partida inventar elas mesmas suas próprias linguagens". com o formato demo no primeiro semestre deste ano, mas só agora, depois de calibradas e recauchutadas no programa do site, que estamos Pois é, e já que falamos de jogo, é assim que propomos que você navegue começando a acelerar. pelo site. Veja as coisas como uma brincadeira, pequenos pontos para você interligar à medida que lê os textos, pois as conexões estão aí para serem Cheios de combustível e energia incendiária, voltamos à ativa agora, com feitas. Nós jogamos os dados e pontos nodais, mas é você quem põe a toda a disposição para avançar na direção do futuro. máquina conceitual para funcionar e interligar tudo. Vá em frente! Dê a partida no seu cérebro, pise no acelerador do mouse e boa diversão! É sua primeira vez no site? Estranhou o formato? Não se preocupe, o Rizoma é mesmo diferente, diferente até pra quem já conhecia as versões Ricardo Rosas e Marcus Salgado, editores do Rizoma. anteriores. Passamos um longo período de mutação e gestação até chegar nesta versão, que, como tudo neste site, está em permanente transformação. Essa é nossa visão de "work in progress". Mas vamos esclarecer um pouco as coisas. Por trás de tantos nomes "estranhos" que formam as seções/rizomas do site, está nossa assumida intenção de fazer uma re-engenharia conceitual. Mas de que se trata uma "re-engenharia conceitual" ? Trata-se sobretudo de reformular conceitos, dar nova luz a palavras que de tão usadas acabam por perder muito de seu sentido original. Dizer "Esquizofonia" em vez de "Música" não é uma simples intenção poética. A poesia não está de maneira alguma excluída, mas o objetivo aqui é muito mais engendrar novos ângulos sobre as coisas tratadas do que se reduzir a uma definição meramente didática. Daí igualmente a variedade caleidoscópica dos textos tratando de um mesmo assunto nas seções/rizomas. Não se reduzir a uma só visão, virar os ângulos de observação, descobrir novas percepções. Fazer pensar. 3 Índice POR QUE SOMOS CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL? - Pablo A ARTE DA PIRATARIA MUSICAL - Jorge Pereirinha Pires Ortellano PÁGINA - 6 PÁGINA - 28 A CULTURA DA RECICLAGEM - Marcus Bastos COPYRIGHT E MAREMOTO - Wu Ming PÁGINA - 9 PÁGINA - 41 A DEMOCRACIA DO BOOTLEG - Os bootlegs tomaram conta das CRIAR E COMPARTIR - Rafael Evangelista pistas e estações de rádio. - Vítor Angelo PÁGINA - 45 PÁGINA - 15 ENTREVISTA COM O RE:COMBO PARA A REVISTA TRÓPICO - Giselle A PROPÓSITO DE READYMADES - Marcel Duchamp PÁGINA - 17 Beiguelman O QUE É ARTE XEROX - Hugo Pontes PÁGINA - 48 PÁGINA - 18 ENTROPIA SOCIAL E RECOMBINAÇÃO - Bifo (Franco Berardi) SOBRE ARTE, RECICLAGEM E CHIPS ELETRÔNICOS NA ÉPOCA DA PÁGINA - 51 COMPRESSÃO DO TEMPO - Fernando José Pereira IMAGINE UM MUNDO SEM COPYRIGHT - Joost Smiers e Marieke van PÁGINA - 20 Schijndel CIBERATIVISTAS PREOCUPADOS COM DIREITOS AUTORAIS - Renata PÁGINA - 54 Aquino ISUMMIT 2006, CREATIVE COMMONS E CORY DOCTOROW - PÁGINA - 24 Cristiano Dias CÓPIA DE LIVRO E PIRATARIA – TUDO DIREITO - Marilene Felinto PÁGINA - 57 PÁGINA - 26 KLF CONTRA A INDÚSTRIA MUSICAL - Uma breve biografia do Kopyright Liberation Front - John Bush 4 PÁGINA - 59 PLÁGIO UTÓPICO, HIPERTEXTUALIDADE E PRODUÇÃO CULTURAL ELETRÔNICA - Critical Art Ensemble LICENÇA CREATIVE COMMONS - Glenn Otis Brown PÁGINA - 62 PÁGINA - 90 MANIFESTO COPIAR LIVRO É DIREITO! - Movimento Copiar Livro é PLUNDERPHONIC - Alexandre Matias Direito! PÁGINA - 104 PÁGINA - 67 REMIXANDO PARA PROTESTAR - Katie Dean MANIFESTO DA POESIA SAMPLER - Círculo de Poetas Sampler de São PÁGINA - 109 Paulo RIMBAUD DA AMÉRICA E OUTRAS ILUMINAÇÕES : ENTREVISTA COM PÁGINA - 70 MAURÍCIO SALLES VASCONCELOS - Ricardo Rosas MONTAGEM - Serguei Eisenstein PÁGINA - 111 PÁGINA - 72 SEM COPYRIGHT: O PLÁGIO COMO NEGAÇÃO NA CULTURA - Karen Eliot O DESVIO É O ALVO - Luisa Duarte PÁGINA - 119 PÁGINA - 80 SOB AS ORDENS DA MISS CICLONE - UMA LEITURA DO PERFEITO COZINHEIRO DAS ALMAS DESTE MUNDO - Maria Eugênia Boaventura O MÉTODO DO CUT-UP - William S. Burroughs PÁGINA - 121 PÁGINA - 85 TESTE DO ESTILHAÇO - Genesis P Orridge AFINAL, O QUE É ORIGINALIDADE? - Kendra Mayfield PÁGINA - 128 PÁGINA - 87 UM CADÁVER A CÉU ABERTO - J. C. Jerónimo & Paulo Bernardino Ribeiro 5 PÁGINA - 130 UM GUIA PARA USUÁRIOS DO DETURNAMENTO - Guy Debord e Gil J. Wolman PÁGINA - 133 UÍLCON PEREIRA: UM VAMPIRO DE LETRAS PARA SEMPRE ÀSSOMBRADADO - Jorge Pieiro PÁGINA - 140 UNIVERSITÁRIOS LANÇAM FRENTE PRÓ-XEROX - Fábio Takahashi PÁGINA - 149 VOCÊ NÃO EXISTE - Surgido no Brasil, movimento ativista NÃOEU (NOID) tenta reposicionar o individuo - Vitória Araújo PÁGINA – 151 6 A ARTE DA PIRATARIA MUSICAL dizer quando a tecnologia passa a ser utilizada com o propósito declarado Jorge Pereirinha Pires ([email protected]) de sabotar a ideologia de consumo propagada pela indústria musical, e as idéias correntes sobre o negócio dos direitos de reprodução musical, quase exclusivamente dominado pelas multinacionais? Utilizar a tecnologia para sabotar a ideologia de consumo propagada pela O alvo óbvio são os artistas que ganham sucesso com produtos claramente indústria musical é o objetivo dos novos piratas da música que circula na obtidos por um processo de colagem - que é o método pop por excelência. Internet. Há alguns anos, os californianos Negativland (agora presentes em www.negativland.com) criaram uma “blague” monumental aos U2 da «Zoo Os californianos Negativland lançaram um CD com samplings pirateados dos TV Tour», e publicaram um disco com samplings sonoros da banda irlandesa U2, dando origem a uma dura batalha judicial. E um CD pirata do cantor - o que originou uma dura batalha legal (que, aliás, perderam) com os Beck está à venda exclusivamente na Internet. advogados da editora. É hoje um dado adquirido que muitos dos passos fundamentais da Este ano, utilizando softwares bastante avançados de manipulação digital revolução digital foram motivados por necessidades tecnológicas da sonora (entre os quais o cada vez mais popular Pro Tools), alguns artistas indústria musical. Poder-se-ia avançar o exemplo da criação do MIDI que pretendem permanecer anônimos dedicaram-se a retalhar diversas (Musical Instrument Digital Interface), uma linguagem que, pela primeira canções do cantor e compositor texano Beck, retiradas dos seus álbuns vez, permitiu a diversas máquinas trocarem informação binária entre si, Odelay, Mellow Gold e Stereopathic Soulmanure, e o resultado foi explorando em comum as diversas características de cada uma delas: um posteriormente publicado num CD intitulado Deconstructing Beck, que é sintetizador, por exemplo, podia assim “comandar” simultaneamente os encomendado em exclusivo através da Internet (no site sons e efeitos de vários outros. www.detritus.net/illegalart/beck/) a troco de uns míseros cinco dólares - cerca de um terço do preço habitual de um novo CD. Além de se tratar de Ou o da elaboração de toda a tecnologia de edição digital multipista, que uma exibição de virtuosismo estético e tecnológico, a manobra visa também antecedeu em vários anos a tecnologia semelhante para edição de imagem, ser interpretada como um ato de guerrilha capaz de provar: que as hoje amplamente utilizada. Da mesma forma, a circulação de arquivos de multinacionais vendem os seus discos a preços excessivamente elevados; audio através da Internet serve hoje de balão de ensaio a diversas que o regime de auto-edição é uma forma cada vez mais óbvia, e acessível, experiências - mas nem todas relacionadas com a qualidade do sinal audio de criar circuitos alternativos de comercialização, que idealmente trariam transportado, ou com a dimensão e propriedades físicas dos arquivos. Que 7 mais vantagens a autores e consumidores, deixando pelo caminho todos os ou uma nova carreira, pagar aos advogados, ir de férias, etc.», desde que o intermediários do negócio. projeto apresentado seja conduzido ao seu termo - caso contrário, o dinheiro terá de ser restituído. Sabotagem artística Eis exemplos de projetos já financiados pelo grupo: um músico encarregado de efetuar uma remixagem de diversas canções a fim de estas serem A pirataria quer provar que as multinacionais vendem os CD muito caros, e exportadas para o mercado japonês, propôs que se alterassem os títulos e que o regime de auto-edição é uma forma de criar circuitos alternativos as letras dos temas, de modo a expor diante dos ouvintes não anglófonos o caráter rudimentar das músicas; o projeto foi financiado por dois indivíduos O site dos ativistas - que se dão a conhecer pelo nome de ®™ark, e são já diferentes - um ofereceu uma determinada soma para um mínimo de dez responsáveis por cerca de vinte projetos bem sucedidos de sabotagem alterações, e o outro uma soma por cada alteração. Um grupo de militares artística no meio industrial desde 1991 - pode ser encontrado em veteranos com horror à utilização de reproduções de material bélico para www.rtmark.com. O nome ®™ark é uma pequena graça, já que o que se brinquedos e jogos infantis, propôs que se trocassem as pequenas caixas de deve ler é “Registered Trade Mark”, ou “Marca Registada”. Para a gravadora voz incorporadas nas bonecas Barbie e nos bonecos GI Joe, de forma que que detém os direitos