ISSN 2520-5927 Diálogos Ano 5/ n.o 5/ 2020 Faculdade de Filosofa e Ciências Humanas
ComuniCaÇão SoCial e produÇão de SentidoS
Universidade Nacional Timor Lorosa’e Díli, Timor-Leste ISSN 2520-5927 Ano 5/ n.o 5/ 2020 Diálogos Faculdade de Filosofa e Ciências Humanas
Comunicação Social e Produção de Sentidos
Universidade Nacional Timor Lorosa’e Díli, Timor-Leste Universidade Nacional Timor Lorosa’e Reitor Dr. Francisco Miguel Martins Faculdade de Filosofia e CiÊncias Humanas Decano Martinho Borromeu Expediente Universidade Nacional Timor Lorosa’e Faculdade de Filosofa e Ciências Humanas Avenida Cidade de Lisboa, Díli, Timor-Leste Telefone: (670) 3324031 / e-mail: [email protected] www.untl.edu.tl Comissão Editorial Executiva Cesar Ferreira Amaral Elda Alves Sarmento Marciana Almeida Soares Conselho Editorial Francisco Miguel Martins (Reitor da Universidade Nacional Lorosa’e) Miguel Maia dos Santos (Pró-reitor de Assuntos Provedoria e Aconselhamento – UNTL) Vicente de Paula Correia (Diretor do Centro Nacional de Investigação Científca – UNTL) Vicente Paulino (Unidade de Produção e Disseminação do Conhecimento do PPGP/UNTL) Editor Alessandro Boarccaech Design Editorial Joana Saraiva Imagem da capa 407475370 lightspring/Shutterstock Projeto Gráfico Joana Saraiva e Paginaria Impressão Gráfca da UNTL Missão A revista Diálogos tem por missão ser um espaço de encontro e partilha de conhecimento por meio de abordagens que contemplem a diversidade de visões de mundo, a refexão, a troca de experiências e o aprofundamento de questões relevantes para a sociedade. Desta forma, a Diálogos valoriza a pluralidade dos saberes e busca estimular a inclusão e a interação entre investigadores das mais diversas áreas do conhecimento.
Diálogos. Universidade Nacional Timor Lorosa’e, Faculdade de Filosofa e Ciências Humanas. Ano 05, n.° 05. Díli: UNTL, 2020. Revista Anual – ISSN 2520-5927 Diálogos – Comunicação Social e Produção de Sentidos Sumário
Apresentação / 5 Komunikasaun, falácia lójika sira no indústria kulturál: estratéjia kona-ba kontrole sosial no manipulasaun informasaun nian / 9 Alessandro Boarccaech
Filozofa, serimónia kulturál no komunikasaun / 25 Natalino da Costa Soares e Martinho Borromeu
Cinema de base comunitária na contramão da boiada / 39 Bárbara Dias Ferreira, Rafael Nogueira Costa e Robson Loureiro O cibernético e a interatividade no mundo virtual compartilhado / 57 Irta Sequeira Baris de Araûjo e Vicente Paulino
Comunicação e educação: diálogos com Paulo Freire para pensar cooperações internacionais decoloniais / 75 Patrícia M. Giraldi, Irlan von Linsingen e Suzani Cassiani
Transformação comunicacional na aprendizagem da língua portuguesa: um estudo na Universidade Nacional Timor Lorosa'e / 93 Paulo M. Faria e Susana Soares
Reconfgurar cenários de ensino e de aprendizagem em tempos de emergência: processos de integração tecnológica na educação - perspetivas de professores / 117 Filipe Couto e Januário Gomes
Educação patrimonial como base de preservação / 129 Douglas Lima da Costa
Génese sexual da comunicação: como a comunicação depende da sexualidade ou como somos sexualmente comunicativos / 143 Carmen Inácio
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 3 Linguagem como um sistema formal e redes de práticas da comunicação / 159 Vicente Paulino
Behaviour change communication and the Catholic Church response to covid-19 in Timor-Leste: a Peircean perspective / 191 David J. Butterworth
On the enigma of the Portuguese Diamond / 215 José Pinto Casquilho
4 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 ApreSentAção
A revista Diálogos, desde a sua primeira edição em 2016, tem promovido a pluralidade dos saberes e estimulado a inclusão e a interação entre investi- gadores das mais diversas áreas do conhecimento. Isto está em sintonia com a sua missão que é ser um espaço de encontro e partilha de conhecimento, por meio de abordagens que contemplem a diversidade de visões de mundo, a refexão, a troca de experiências e o aprofundamento de questões relevantes para a sociedade. Para esta 5° edição, a revista Diálogos apresenta o tema Comunicação Social e Produção de Sentidos. Cremos ser importante pensarmos sobre a comunicação social e suas formas de manifestação, pois esta possui um papel importante na dinâmica social ao refetir ideologias, visões de mundo, bem como contribui para a produção e reprodução de sentidos em uma determinada sociedade e contexto cultural. Com a intenção de contemplar a diversidade de sentidos, consideramos a comunicação social de duas formas distintas e complementares. Pode estar associada ao processo de comunicação de massa, onde as mensagens divulgadas são direcionadas para um grande público e de maneira impessoal. Os principais meios de divulgação são a televisão, o rádio, jornais, revistas, internet, redes sociais, livros, pinturas, fotografas, jogos e etc. Consideramos, também, a comunicação social enquanto uma área do conhecimento científco (ciências da comunicação que abrange o jornalismo, a publicidade e as relações públi- cas), onde são estudados os meios de transmissão de textos, imagens, vídeos e áudios para um grande e heterogéneo grupo de pessoas. Entre os objetivos da comunicação social como ciência podemos destacar a análise dos meios de comunicação no processo de transmissão de entretenimento/diversão, educação e da informação de forma geral. O primeiro artigo, de Alessandro Boarccaech, está dividido em três partes onde o autor aborda i) a teoria da comunicação e a relação entre emissor-receptor da mensagem, bem como as dinâmicas conscientes e inconscientes que inter- ferem no processo de comunicação; ii) o signifcado de argumento, retórica,
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 5 falácias lógicas e o conceito de Dialética Erística elaborado por Schopenhauer; iii) o conceito de indústria cultural desenvolvido por Adorno e Horkheimer no âmbito da Teoria Crítica da Sociedade. Natalino da Costa Soares e Martinho Borromeu apresentam algumas considerações advindas da pesquisa realizada no subdistrito Hatulia acerca da relação entre Filosofa, cerimónias tradicionais e o processo de comunicação e transmissão de informações nesta comunidade. Para tal, realizaram entrevistas com lideranças locais, religiosos, encarregados da segurança e policiamento, entre outros. Os autores destacam a importância do diálogo entre os diferentes atores envolvidos para a conservação e divulgação dos costumes locais. Na sequência, Bárbara Dias Ferreira, Rafael Nogueira da Costa e Robson Loureiro, a partir do referencial teórico de Paulo Freire, discorrem sobre a lin- guagem cinematográfca – em especial o cinema de base comunitária – como um recurso para o olhar crítico e politicamente engajado no enfrentamento do consumo de imagens e para a mobilização de transformações simbólicas nas sociedades contemporâneas. A cibernética como um fenómeno local e global é o ponto de partida das refexões de Irta Sequeira Baris de Araújo e Vicente Paulino. Os autores analisam a relação que a cibernética estabelece com o ciberespaço, a intera- tividade e a modelagem no mundo virtual compartilhado. A tecnologia, nas suas variadas formas de manifestação, é apresentada como algo integrado à vida quotidiana encurtando as distâncias físicas e confundindo diferenças geolinguísticas e culturais. Patrícia Giraldi, Irlan von Linsingen e Suzani Cassiani analisam como as cooperações internacionais no âmbito da educação em ciências realizadas em Timor-Leste podem contribuir para um processo de comunicação vertica- lizado. A partir da refexão de temas referentes aos conceitos de colonialidade, decolonialidade, educação e transmissão de conhecimento os autores buscam estabelecer algumas conexões entre as bases teóricas da crítica colonial e a perspectiva conceitual de comunicação de Paulo Freire. Tendo como participantes os alunos do 1.º ano da licenciatura de Ensino da Língua Portuguesa da Universidade Nacional Timor Lorosa’e, a pesquisa conduzida por Paulo Faria e Susana Soares, refete acerca das alternativas
6 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 tecnológicas para o processo de ensino-aprendizagem, assim como para a abor- dagem multiliterácita e multimodal no ensino da língua portuguesa. Tendo o smartphone como instrumento privilegiado para as suas observações, a pesquisa apresenta dados acerca das características biográfcas e socioeconómicas, do acesso e do uso dos meios digitais e a percepção sobre essas atividades em termos de vantagens e desvantagens. Realizada em um período de educação em situação de emergência devido a epidemia do COVID-19, a pesquisa conduzida por Filipe Couto e Januário Gomes analisa os fatores que infuenciam e interferem na utilização de tec- nologias, em particular no ensino à distância, entre os professores de uma escola particular em Dili. Conforme os autores as Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC, constituem um meio privilegiado para mitigar o dis- tanciamento entre alunos, professores e o espaço escolar. Douglas Lima da Costa apresenta uma refexão sobre o papel desem- penhado pelo Património Histórico Cultural como componente simbólico representativo do poder e da identidade da memória coletiva das comunidades e do local em que constroem sua história. Para tal, o autor destaca a impor- tância da Nova História Cultural como uma fonte de registo e preservação da memória, assim como analisa a proposta de Educação Patrimonial do Guia Básico de Educação Patrimonial organizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional brasileiro. Sexualidade e comunicação é o foco do artigo de Carmen Inácio. A partir da relação entre comunicação, sexualidade e experiências individuais, a autora discorre sobre as infuências da sexualidade na maneira como nos comunicamos. Em um processo onde causa e efeito confundem-se e alternam de posição, a forma como aprendemos a nos relacionar com a sexualidade afeta a nossa visão de mundo e condiciona o olhar sobre as informações que recebemos e divulgamos acerca dos temas relacionados com a própria sexualidade. Vicente Paulino analisa a linguagem enquanto um sistema formal e uma rede de práticas da comunicação e da produção de sentidos. As suas refexões buscam compreender a produtividade e a sistematicidade da lin- guagem e os usos convencionais de muitas elocuções na produção de sentido
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 7 do ato da fala. Isto inclui a expressão ‘dizer é fazer’ em uma compreensão da linguagem enunciativa e jogos da linguagem na comunicação. Por sua vez, David Butterworth apresenta alternativas para as atividades de Comunicação para a Mudança de Comportamento. Para tal, examina as ações comunicativas empreendidas pela Igreja Católica em Timor-Leste em resposta à pandemia do COVID-19. Utilizando como referencial a Teoria dos Signos elaborada por Charles S. Peirce, argumenta que a confança de um intérprete no signo é negociada entre o Interpretante Imediato e o Interpretante Dinâmico, onde um objeto é contextualizado com os valores culturais existentes e as mentalidades do público. No artigo escrito por José Casquilho somos apresentados a história do Diamante Português, o maior diamante facetado da Coleção Nacional de Gemas do Museu Nacional de História Natural em Washington, DC. Após discorrer sobre as possíveis origens do diamante, o autor realiza uma análise semiótica acerca do Diamante Português enquanto um índice de poder que perpassa a realeza portuguesa dos Bragança no século XVIII até a democracia capitalista desenvolvida nos Estados Unidos da América.
Cesar Ferreira Amaral Elda Alves Sarmento Marciana Almeida Soares
8 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 komunikASAun, FAláciA lÓjikA SirA no indÚStriA mAnipulASAun inFormASAun niAn
Alessandro Boarccaech1
Rezumu: Ohin loron sosiedade sira iha dalan barak atu halo, fahe no simu informasaun sira. Hanesan ne’e importante tebes ita hotu hodi hanoin kona-ba komunikasaun sosiál no maneira oinsá ita-nia relasaun ho informasaun sira. Atu hanoin kona-ba asuntu ida- ne’e, artigu ne’e fahe ba parte tolu. Parte dahuluk ko’alia kona-ba teoria komunikasaun nian no prosesu entre emissor (sé maka hato’o) no receptor (sé maka simu) mensajen nian, no relasaun entre código, canal de comunicação, mensagem, referente, ruídos no subjetividade (dinámika sira consciente no inconsciente) ne’ebé fó infuénsia ba prosesu komunikasaun sira. Daruak halo análize kona-ba signifkadu ba ‘argumentu’, falácia lójika sira no konseitu kona-ba Dialética Erística hosi Schopenhauer nia hanoin. Parte ikus, artigu ida-ne’e fó hatete konseitu kona-ba indústria cultural hosi Adorno no Horkheimer sira-nia hanoin iha Teoria Crítica da Sociedade. Liafuan-xave: komunikasaun sosiál; falácia lójika; indústria kulturál; Teoria Crítica sosiedade nian; Schopenhauer; Dialética Erística.
communicAtion, logicAl FAllAcieS And culture induStry: StrAtegieS For SociAl control And mAnipulAtion oF inFormAtion
Abstract: In times when societies have numerous alternatives for the production and reception of information, it is important to think about the media and the way people relate to information. To organize these analyzes, this article is divided into three parts. In the frst section, I approach the theory of communication and the process between sender and receiver, as well as the relationship between code, channel, message, referent, noise and subjectivity (conscious and unconscious dynamics) that interfere in the communication process. In the second part of the article, I discuss the meaning of ‘argument’, the logical fallacies and the concept of Eristics Dialectic developed by Schopenhauer. Finally, I present the concept of cultural industry de- veloped by Adorno and Horkheimer within the scope of Critical Teory of Society. Keywords: social communication; logical fallacies; cultural industry; Critical Teory of Society; Schopenhauer; Eristics Dialectic. 1 Profesór iha Universidade Nacional Timor Lorosa’e.
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 9 Alessandro Boarccaech
Prosesu hotu-hotu komunikasaun nian envolve relasaun entre emissor (sé maka hato’o) no receptor (sé maka simu) informasaun. Entre emissor no receptor (ne’ebé bele ema ida, grupu ida, governu ida, instituisaun ida, no seluk tan), iha código (sinál ka regra lubun ida hodi oinsá organiza mensajen, nu’udar ezemplu maka lian povu ka nasaun ida nian, no regra gramátika nian), canal de comunicação (dalan ka maneira oinsá hodi transmiti mensajen, nu’udar ezemplu hakerek, ko’alia, dezeñu, rádiu, televizaun, múzika, no seluk tan), mensagem (saida mak atu hato’o, konteúdu komunikasaun nian) no referente (kontestu, sirkunstánsia no buat hotu ne’ebé envolve iha mensajen). Dinámika ida-ne’e kompleksa, tanba iha fatór subjetivu no objetivu (consciente no inconsciente) sira-ne’ebé fó infuénsia ba maneira oinsá hato’o no simu mensajen (Sousa, 2006; Vanoye, 2007). Hosi fatór hirak-ne’e iha mós ruído ka interferência ne’ebé bele fó impaktu ba prosesu komunikasaun nian (nu’udar ezemplu, kareta nia barullu, ema barak maka ko’alia iha tempu hanesan, falla liña telefone nian ka koneksaun internet, nonook no seluk tan), relasaun sira podér nian, kbiit hodi hato’o saida maka hanoin, hatene ka lae asuntu maka refere, objetivu komunikasaun nian, far no valór hosi ema sira- ne’ebé envolve, interese pesoál, signos no mós prosesu semiose nian, númeru ema hirak maka fahe informasaun ba malu, no hirak seluk. Komunikasaun sosiál dezempeña funsaun importante iha prosesu ko- munikasaun no transmisaun informasaun sira iha sosiedade. Bele hatene ko- munikasaun sosiál liuhosi forma komplementár rua. Ida maka komunikasaun sosiál envolve comunicação de massa ka liuhosi média hodi hato’o informasaun ba sosiedade, ba ema barak no ho maneira jerál. Daruak maka komunikasaun sosiál nu’udar área ida hosi koñesimentu sientífku (siénsia komunikasaun) ne’ebé estuda kona-ba dalan sira hodi transmiti testu, imajen, vídeo no áudiu ba ema oioin no barak. Área prinsipál sira maka jornalizmu, publisidade no relasaun públika. Hosi objetivu sira komunikasaun sosiál nian, ita bele des- taka análize kona-ba meiu sira komunikasaun nian iha prosesu hodi hato’o entretenimentu/diversaun, edukasaun no informasaun sira. Ho nune’e, ko- munikasaun, bainhira nu’udar siénsia, iha objetivu no objetu ida rasik, maibé ko’alia ho siénsia hirak seluk ne’ebé estuda mós kona-ba prosesu komunikasaun hanesan psikolojia, antropolojia, sosiolojia, semiótika, linguístika no seluk tan.
10 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 Komunikasaun, falácia lójika sira no Indústria kulturál
Meiu sira komunikasaun nian nu’udar instrumentu ka meiu hotu-hotu ne’ebé uza hodi transmiti informasaun ba ema barak. Hosi meiu komunika- saun prinsipál sira iha: livru, revista, rádiu, televizaun, pintura, jogu, fotografa, teatru, sinema no seluk tan. Hahú kedas hosi metade tinan-1990 nian, ema mós uza tiha internet hanesan meiu ida hodi hetan informasaun, ko’alia, estuda, halimar no seluk tan. Meiu sira komunikasaun nian bele ajuda iha edukasan, motiva hodi realiza kampaña kona-ba vasinasaun, ajuda promove dame iha sosiedade nia leet, hakbesik ema sira-ne’ebé hela iha fatin dook malu, esplika kona-ba diferensa kultura nian no seluk tan. Maibé meiu sira komunisaun nian (tanba ema mak halo) iha mós ninia ideolojia rasik, fliasaun partidu, prekonseitu, no presiza manan lukru liuhosi ‘fa’an’ informasaun hodi bele mantein funsiona nafatin. Ida-ne’e bele halo hasees sentidu loloos ka manipulasaun ba informasaun. Hosi sorin seluk, ema barak maka hetan informasaun ho maneira pasivu, ka, la halo análize ka re- fete informasaun ne’ebé sira simu no far de’it buat hotu sira hetan ne’e loos. Halo kontrolu ba informasaun, meiu sira komunikasaun nian no mono- póliu ba diskursu/narrativa ofsiál nian nu’udar baze hodi domina sosiedade. Grupu sira-ne’ebé iha podér iha sosiedade (bele iha nasaun ida ka suku ida) bele kontrola no selesiona informasaun sasá maka nu’udar importante, informasaun sasá maka fó-sai no ema ne’ebé maka bele hetan informasaun ne’e. Ho ida-ne’e, sira bele infuénsia sosiedade ho loos ka sala no oinsá ema tau-an ka hanoin. Ezemplu ida-ne’ebé ema hotu hatene maka kona-ba infuénsia meiu sira komunikasaun nian akontese iha 1938. Eskritór foin-sa’e no atór teatru norte-a- merikanu nian, ho naran Orson Welles, hato’o informasaun iha programa rádiu nian, kona-ba invazaun rai hosi alien ne’ebé hakarak domina ita-nia planeta. Ema barak maka far no lakon esperansa, tanis, halai buka fatin seguru. Bainhira ramata transmisaun, ne’ebé han oras-1, nia dehan ba ema sira katak informasaun ne’ebé hato’o tiha la loos, maibé nu’udar informasaun ne’ebé nian lee iha livru A Guerra dos Mundos hosi eskritór H. G. Wells, publika iha 1898, ka tinan-40 molok. Ida-ne’e nu’udar ezemplu simples ida, maibé meius komunikasaun nian mós bele fó infuénsia ba asuntu hirak-ne’ebé sériu. Nu’udar ezemplu, durante eleisaun prezidente nian, meiu sira komunikasaun bele asosia imajen kandidatu nian ho ema ida-ne’ebé respeita ‘kultura no tradisaun sira’, hanesan ‘eroi’ ida,
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 11 Alessandro Boarccaech
hanesan ema ‘fraku’ ida ka ‘iha interese ba an rasik’, hanesan ‘ema ida eskola ka la eskola’, ka hanesan ‘ema matenek no iha kbiit’. Bainhira repete beibeik informasaun sira-ne’e dala barak – sein iha prova ka esplikasaun kle’an – bele infuénsia ema atu vota ka la vota ba kandidatu ida. Infuénsia ida-ne’e bele mós nu’udar buat ki’ik sira-ne’ebé ita halo iha loroloron. Se ita haree ba propaganda kona-ba sigaru no tua sira, ema hirak- ne’ebé halo propaganda mesak bonita de’it, haksolok, isin-di’ak no hamnasa hela. Mensajen ne’ebé hato’o maka: se ita-boot fuma ka hemu tua, ita-boot sei sai hanesan ema sira iha propaganda ne’e. Atu fa’an produtu ruma, empreza sira hili ema famozu sira (artista, jogadór tebe-bola, polítiku no seluk tan) ne’ebé mosu iha televizaun (han buat ruma, uza sapatu, hatais kamiza, hemu ai-moruk ka uza dezodorante no seluk tan) atu manan populasaun sira-nia laran hodi sosa produtu ne’ebá. Tau atensaun took ba fraze sira tuirmai: a) peskiza ida hatete katak 3/4 hosi 1 millaun populasaun ne’ebé hela iha Timor-Leste iha eletrisidade iha sira-nia uma; b) peskiza ida dehan katak 25% hosi 1 millaun populasaun ne’ebé hela iha Timor-Leste la iha eletrisidade iha sira-nia uma. Notísia ‘A’ parese di’akliu notísia ‘B’ tanba 3/4 signifka besik ema hotu-hotu iha eletrisidade iha uma. Maibé loloos ne’e notísia ‘A’ no notísia ‘B’ hanesan hela, tanba 3/4 hosi 1 millaun maka 75%, ne’ebé signifka katak 25% maka la iha eletrisidade. Maibé se ita hakarak hamosu impaktu boot, ita bele hakerek notísia dehan katak ema 250 mil iha Timor-Leste la iha eletrisidade. Ida-ne’e iha impaktu kedas bainhira hatudu númeru ema barak maka la iha eletrisidade. Maibé informasaun ida-ne’e mós hanesan ho notísia ‘A’ no ‘B’, tanba 250 maka 1/4 ka 25% hosi 1 millaun. Maneira oinsá divulga informasaun mós depende ba saida maka hakarak atu transmiti ka la dehan sai. Ezemplu hirak-ne’e interesante atu ita haree kona-ba oinsá meiu sira komunikasaun nian infuénsia ita-nia hanoin no tau-an. Téknika sira-ne’e uza ona iha tinan rihun ba rihun molok ne’e. Faraó sira hosi Ejiptu tempu uluk sira pinta sira-nia konkista iha parede sira palásiu nian hodi hato’o ba povu kona-ba sira-nia grandeza no besik ba Maromak sira-nian. Imperadór romanu sira harii monumentu hodi hatudu sira-nia manan. Relijiaun sira hakerek sira- nia regra no obra sira hosi sira-nia lidér hodi hato’o lia-menon hosi sira-nia
12 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 Komunikasaun, falácia lójika sira no Indústria kulturál
Maromak ba ema hotu-hotu. Maibé la iha ema ka grupu ida maka hakerek ka ko’alia kona-ba sira-nia lakon ne’ebé sira sofre, kona-ba krime ne’ebé sira halo, kona-ba sira-nia dúvida, kona-ba efeitu negativu hosi ai-moruk ruma, katak sapatu-foun no bonitu la iha kualidade no sei estraga iha fulan balu nia laran no seluk tan. Ohin-loron ita simu beibeik mesanjen barak kona-ba saida mak ita tenke sosa, hatais, han, ko’alia, gosta, hakarak, far no seluk tan. Husu kona-ba orijen no objetivu mensajen nian bele ajuda ita atu hanoin kona-ba maneira oinsá ita simu, hato’o no analiza informasaun sira. eStrAtÉjiA Hodi HAlo Argumentu no FALÁCIA lÓjikA SirA
En-termu-jerál, bele hatene argumentu hanesan tema ka asuntu prinsipál ida diskursu nian. Iha prosesu argumentasaun nia laran, ita iha orden/regra sira hodi hato’o enunsiadu no premisa sira ho objetivu atu informa, rejeita/la simu ka konfrma hanoin ruma. Estratéjia sira hodi hato’o argumentu ida-ne’e bele inklui falácia lógica, ka diskursu, informasaun no premissa sala sira-ne’ebé konfunde sé maka rona ka lee informasaun. Iha tinan-2400 liubá, Sócrates fó atensaun kona-ba diskursu ne’ebé la iha sentidu, be ho objetivu atu manán adversáriu ka lohi ema. Filózofu antiga Grésia nian estuda no dezenvolve ona téknika argumen- tasaun oioin. Ita mós bele haree ida-ne’e, nu’udar ezemplu, iha Zenão hosi Eleia, iha tinan-460 molok Kristu, hatudu liuhosi paradoxo no antinomias, ne’ebé argumentu ida – depende ba oinsá ita organiza no ko’alia – serve hodi hatebes ka nega buat ida-ne’ebé hanesan. Retórika, ka, arte hodi uza linguajen ho oin ida-ne’ebé moos, fasil no monu ba ema hotu nia laran, uluk uza beibeik hodi manipula argumentu sira no manán debate ida. Sofsta sira, hanesan Protágoras (490-421 m.K.) no Górgias (485-380 m.K.) hatudu mós katak ho retórika ita bele ko’alia konaba asuntu kualkér, no ho téknika ne’ebé loloos ita mós bele manán debate maske lahatene didi’ak asuntu. Iha Arthur Schopenhauer (2009 [1864]) nia ensaiu A arte de ter razão – ne’ebé inspira hosi Tópicos Aristóteles nian –, hakerek kona-ba estratéjia 38 hodi
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 13 Alessandro Boarccaech
manán debate ida, maske ita sala hela ka la hatene asuntu. Tuir Schopenhauer (2009, p. 15), atu rejeita (la simu ka la konkorda) kualkér teze, ita bele uza modu rua (“ad rem e ad hominem, isto é, demonstramos que a proposição não concorda com a natureza das coisas, com a verdade objetiva absoluta, ou com outras afrmações e assentimentos do adversário”) no dalan rua (“refutação direta e indireta. A direta ataca a tese em seus fundamentos; a indireta, em suas implicações: a direta mostra que a tese não é verdadeira; a indireta, que ela não pode ser verdadeira”). Bainhira tau modu ka dalan sira-ne’e hamosu estratéjia argumentativu 38 (Schopenhauer dehan katak iha liutan) ne’ebé ita iha atu ignora adversáriu nia argumentu sira, ataka ninia onra, fnji katak la hatene, bosok, ko’alia kona-ba buat hirak-ne’ebé la iha relasaun ho asuntu, halo nia nervozu, ameasa ema ruma ho kastigu, interpreta sala ema seluk nia argumentu no hirak seluk. Diskursu oin hanesan ida-ne’e atu lori ita manán debate lahó preokupa ho konteúdu ka kestaun sira étika nian, ne’ebé ho naran Dialética Erística. Tuir Schopenhauer (2009, p. 3) tipu dialética ida-ne’e maka “a arte de disputar, mais precisamente a arte de disputar de maneira tal que se fque com a razão, portanto, per fas et nefas (com meio lícitos e ilícitos)”. Filózofu la hakerek en- saiu ida-ne’e hodi hanorin ema atu manán debate ka manipula ema seluk. Ho kontráriu, Schopenhauer hakerek atu ema bele proteje sira-nia an hosi tipu argumentu hanesan ne’e no krítika ema sira-ne’ebé uza estratéjia hirak-ne’e atu manán ka manipula ema seluk. Maibé, iha ita-nia moris loron-loron baibain ema uza de’it argumentu no falácia atu manán ema seluk, atu manán debate, atu defende ninia ideia rasik, ka manipula opiniaun ema seluk nian. Falácia sira-ne’e bele uza bainhira ita troka mensajen ho ema seluk iha família, entre doben sira, iha rede sosiál (Facebook, Instagram, Whatsapp, TikTok no hirak seluk), hodi jornalista sira hakerek notísia, hodi ema intelektuál sira defende sira-nia teze, hodi ema po- lítiku sira ko’alia ba povu, hodi advogadu ida defende ninia kliente, hodi lidér relijiozu ida kontrola ema far igreja, ema ferik-katuas uza atu joven respeita sira-nia regra, hodi governu obriga ema atu haktuir orden, hodi emprezáriu sira hetan lukru, hodi la’en kontrola ninia feen, hodi kolega hosi eskola koko
14 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 Komunikasaun, falácia lójika sira no Indústria kulturál manán debate iha sala aula nian, hodi halo ema ki’ak sira simu divizaun ie- rárkia ne’ebé eziste no hirak seluk. Tuir Schopenhauer (2009, pp. 4-5) atu manán debate ida “cada um tentará, portanto, impor sua própria asserção, mesmo quando naquele ins- tante ela lhe parecer falsa ou duvidosa”. Ho maneira ida-ne’e ema la ko’alia hodi buka “verdade, mas em defesa da sua própria tese”. Ba Schopenhauer, ema uza estratéjia sira-ne’e tanba: a) maldade (buat aat), ne’ebé hakarak de’it manán, manipula, kontrola ka prejudika ema seluk; b) atu defende-an hosi argumentu ida-ne’e kontrariu ho ninia rasik; c) vaidade inata, tanba lakohi ema haree katak menus matenek ka ninia “afrmasaun dahuluk sai sala no adversáriu nian mak loos”. Ohin-loron iha estudu sira kona-ba falácia lógica no estratéjia sira argu- mentasaun nian. Entre estudu hirak-ne’e, sira ne’ebé bele sai hanesan intro- dusaun ba tema ne’ebé ha’u temi maka Downes (s/d), Perelman & Olbrechts- Tyteca (1996), Tindale (2007), Walton (2008), Luque (2014), Huf (2019), Damer (2009) no hirak-ne’ebé temi ona Aristóteles no Schopenhauer. Iha falácia lógica barak liu tan sanulu-resin, maibé, iha-ne’e ha’u hakerek de’it falácia na’in-15 maka ema sira uza bebeik: 1) Falso dilema: enjerál aprezenta de’it opsaun rua ne’ebé halo ema tenke hili entre loos ka lae, konkorda ka la konkorda. Ho maneira ida-ne’e, ema la konsege hanoin katak iha tan opsaun seluk. Ezemplu: ita gosta Timor ka la gosta Timor; governu atu hatún saláriu traballadór sira, karik la halo ida-ne’e ekonomia nasaun sei monu; ita konkorda ho ha’u ka ita ha’u nia inimigu; ita respeita regra ka ita ema aat ida. 2) Derrapagem (bola de neve): hodi kontra ema nia argumentu hodi dehan katak konsekuénsia aat tebes no kontinua ko’alia kona-ba konsekuén- sia hirak-ne’e. Ezemplu: se ita aprova lei hodi kontra uza arma, ita sei kontra demokrasia no liberdade ema nian, tanba tuir konstituisaun ema sira livre. Tuir ida-ne’e ita bele sai ditadór. Atu ita respeita ema nia liberdade ita tenke husik livre hodi uza arma; ema ida ko’alia kontra liurai, ne’e hanesan lakon respeitu, tuir hahalok ida-ne’e ema sira seluk mós bele lakon respeitu, ne’e hanesan lakon respeitu ba ita nia tradisaun, karik ida-ne’e akontese ita la iha orden iha sosiedade nia laran no ita nia nasaun bele monu.
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 15 Alessandro Boarccaech
3) Apelo à força (argumentum ad baculum): bainhira ema ida uza argu- mentu ho ameasa ruma ba ema seluk simu nia opiniaun. Ida-ne'e tuir loloos la'os falácia bainhira ita ko'alia kona-ba lei sira tanba la iha falla lójika iha argumentu (ezemplu: se ita la respeita ahi mean iha lampumera, polisia bele kaer ita nia motor). Maibe apelo à força bele falácia bainhira uza hanesan ameasa de'it atu manán debate. Ezemplu: di’akliu vota ba partidu Y, tanba se la vota ita bele simu kastigu ruma; di’akliu halo buat ne’ebé ha’u husu, se lakohi halo ita bele lakon servisu; se ita la halo tuir ha’u nia hanoin ha’u husu ba ema seluk atu mai baku ita. 4) Apelo às consequências (argumentum ad consequentiam): atu prova ka- tak ideia ida (hanoin, lójika no hirak seluk) sala ka loos, ideia ida-ne’e hatudu konsekuénsia ne’ebé la monu ba ema nia laran ka monu ba ema nia laran. Ezemplu: tenke far Maromak, tanba se lae moris ne’e la iha folin; ita tenki respeita ferik no katuas sira se lae ita nia kultura la loos. 5) Apelo ao preconceito: argumentu hirak-ne’ebé uza emosaun atu tau relasaun entre valór morál ho buat ne’ebé ita hakarak atu sai loos. Ezemplu: sidadaun ne’ebé di’ak nafatin konkorda ho lidér sira; timoroan loloos maka ida-ne’ebé terus, luta no moris durante nasaun seluk nia okupasaun; ema hosi rai-liur sira mai esplora Timor no nune’e povu la iha servisu no osan; ita ema ki’ak no la ba eskola entaun labele sai ema boot no labele lidera ita-nia grupu. 6) Ataques pessoais – ema nia an (argumentun ad hominen): ataka ema ne’ebé ko’alia no la’ós buat ne’ebé nia ko’alia. Atake hanesan ne’e bele ba ema nia onra, karatér, nasionalidade, etnia, far no hirak seluk. Bele argumenta mós katak ema hanoin de’it ka ko’alia kona-ba buat ruma, maibé iha interese ba an rasik ka iha vantajen ruma. Ezemplu: nia krítika governu tanba nia koruptu, na’okteen, no hakarak simu kontratu ka osan; nia la konkorda ho ha’u, tanba nia beik, iha iis-dois, no la hatene buat ida; feto ida-ne’e nia hanoin sala tanba la hatene buat ruma, iha ibun-boot, nia klosan no la hatene ita-nia kultura. 7) Apelo à autoridade (argumentun at verecundian): bainhira ita temi au- toridade sira ka ema boot ida (polítiku, lia-na’in, liurai, bispu, sientista, flózofu, profesór no seluk tan) atu justifka ita-nia argumentu. Ezemplu: ida-ne’e justu no di’ak ba nasaun tanba polítiku ‘Y’ dehan katak ida ne’e loos; Lia-na’in ‘X’ dehan katak ida-ne’e maka loos; flózofu ‘Z’ dehan katak dalan ida-ne’e maka di’akliu; ida-ne’e maka Maromak hakarak tanba bispu ‘M’ dehan hanesan ne’e.
16 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 Komunikasaun, falácia lójika sira no Indústria kulturál
8) Estilo sem (lahó) substância: bainhira maneira oinsá aprezenta argu- mentu (liafuan maka uza, meneira maka ko’alia, no seluk tan) ka ema ne’ebé hato’o argumentu (ema bonita, uza faru kapáz no seluk tan) kontribui ba konkluzaun ne’ebé loos ka sala. Falácia ida-ne’e fó folin liu ba forma duké konteúdu. Ezemplu: ha’u sei vota ba nia tanba nia hanesan ho eroi sira nasaun nian; nia ema ida-ne’ebé hatene buat barak, tanba nia mai hosi família riku; nia ko’alia di’ak, entaun nia loos hela; ha’u gosta grupu muzikál ida-ne’ebá, sira nia oin jeitu liu. 9) Generalização precipitada: bainhira uza amostra ne’ebé ki’ik no limi- tadu, maibé uza atu justifka argumentu ida. Ezemplu: Pedro hosi Lospalos na’ok tiha fahi ida, ema sira hosi Lospalos la’ós ema atu far; João hosi Suai ko’alia la para, ema sira hosi Suai la respeita ema seluk; iha tempu sira liubá malae sira invade ita-nia rain, malae sira de’it maka esplora Timor; deputadu hosi partidu ‘K’ halo korupsaun, ema sira hosi partidu ida-ne’e sira hotu ko- ruptu; José halo kursu iha fakuldade maibé la hatene buat ruma, alunu hosi universidade sira hotu beik. 10) Apelo ao povo (argumentun ad populum): falácia ida-ne’e dehan katak argumentu ne’e loos tanba ema barak fiar katak ne’e loos ka grupu balu ne’ebé importante ka poderozu mós fiar ba hanoin ida-ne’e. Falácia ida-ne’e, dala barak, ‘apelo para a emoção’ tanba apelu sira ba emosaun iha objetivu, dala barak, atu atinji populasaun hanesan ida de’it. Nu’udar ezemplu: ema barak fiar katak Maromak iha, entaun Nia iha; veteranu sira hotu atu vota ba partidu polítiku Y sei manán eleisaun parlamen- tár, nune’e ita tenke vota ba sira tanba sira atu manán; artista famozu hotu-hotu uza shampo Z, ita-boot tenke uza shampo ida-ne’e mós atu sai bonita hanesan sira. 11) Substitui o efeito pela causa: bainhira relasaun entre kauza no efeitu troka malu. Ezemplu: halo aat feto nia isin hamosu diskriminasaun ba jéneru; joven sira la iha esperiénsia, tan nune’e ema katuas-ferik kontrola buat hotu; ema ida-ne’e la bá eskola tanba la hatene lee; ema sira uza kareta tanba iha poluisaun boot liu iha sidade. 12) Petição de princípio (petitio principii): lia-loos konkluzaun nian hatene liuhosi premisa. Konkluzaun afirma filafali de’it iha premisa ho
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 17 Alessandro Boarccaech
maneira oinseluk. Iha kazu baibain sira, premisa nu’udar konsekuén- sia konkluzaun nian. Tuir ida-ne’e konkluzaun hanesan argumentu ida atu hetan konkluzaun, ita-nia argumentu hanesan hako’ak. Ezemplu: ita hatene katak Maromak eziste, tanba hakerek iha Bíblia no saida mak Bíblia dehan maka lia-loos, tanba Maromak mak hakerek, entaun Nia iha; katuas ida-ne’e dehan de’it lia-loos no proteje ita, nia nu’udar lidér tradisionál, no ita-nia kultura dehan katak lidér sira proteje ema, entaun nia lian nafatin loos. 13) Espantalho: ema ne’ebé hato’o argumentu tuir loloos ataka argu- mentu ema adversáriu nian, maibé ataka fali argumentu seluk, ne’ebé fraku ka interpreta ho maneira oinseluk. Ida-ne’e maka téknika sira-ne’ebé uza dala barak hodi halo argumentasaun. Ezemplu: Debatedór A (ema ne’ebé halo debate): saláriu mínimu maka direitu traballadór nian, sá proposta governu nian atu hadi’ak saláriu mínimu traballadór sira-nian? Debatedór B hatán: saláriu mínimu ne’e importante tebes no governu sei mantein di- reitu traballadór nian (la hatán pergunta difsíl kona-ba oinsá sei aumenta saláriu, maibé ko’alia de’it kona-ba parte ida-ne’ebé fasíl no monu ba ema nia laran maka saláriu mínimu importante); teoria evolusaun dehan katak ema no lekirauk mai hosi beiala ida de’it, maibé ema no lekirauk la’ós hanesan, entaun teoria evolusaun nian sala. 14) Superfcialidade: bainhira argumentu ne’ebé uza tiha atu esplika buat ruma utiliza kategoria jerál no la aprezenta konteúdu atu justifka ninia hanoin. Ezemplu: ita kontra orsamentu ne’ebé governu propoin, tanba ita hosi partidu seluk; José ne’e imperialista tanba ema malae; Pedro ne’e perigozu, tanba ema loro-monu; João ne’e ema arbiru tanba fraku. 15) Defnição contraditória: argumentu ne’ebé uza tiha nu’udar kontradi- tóriu. Ezemplu: sosiedade ne’e demokrátika no ema sira livre, maibé ita presiza vota ba ema ne’ebé atu sai ita-nia lidér hodi fó orden no kontrola ema nia hahalok; ha’u kristaun no ha’u la’o tuir Kristu nia hanoin, maibé ha’u hanoin katak ita tenki baku ema sira bainhira halo buat ruma sala; Parlamentu fatin demokrátiku no hanesan uma povu nian, entaun ema la bele halo protestu kontra governu iha parlamentu nia fatin.
18 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 Komunikasaun, falácia lójika sira no Indústria kulturál indÚStriA kulturál HAktuir Adorno no HorkHeimer
Teodor Adorno no Max Horkheimer publika iha 1947 livru ida ho naran A Dialética do Esclarecimento, ne’ebé aprezenta konseitu indústria cultural ho forma sistematizadu. Autór rua ne’e hola-parte iha Teoria Crítica, ne’ebé ema hotu mós hatene hanesan Escola de Frankfurt. Iha mundu akadémiku ka intelektuál nian, bainhira ita ko’alia kona-ba ‘eskola’ la presiza iha fatin ida ka instituisaun ensinu formál ida. Escola de Frankfurt – maske liga ho Institutu ba Peskiza Sosiál hosi Universidade Frankfrut, Alemaña – nu’udar mós movimentu flozofa no polítika nian ne’ebé forma hosi grupu pensadór sira (inklui Herbert Mercuse, Urgen Habermas, Erich From, no sira seluk) ne’ebé koko atu hatene realidade iha sosiedade nia laran iha sira-nia tempu no sira iha interese oioin no lahanesan kona-ba peskiza. Nune’e, ‘eskola’ mós bele signifka ideia, konseitu, métodu no peskiza lubun ida-ne’ebé hala’o hosi grupu pensadór (ka pensadór ida) ne’ebé fó infuénsia ba peskizadór sira seluk. Pensadór sira-ne’e haburas Teoria Crítica hahú hosi halo análize ba rea- lidade sosiál, polítika, ekonomia no mekanizmu sira hodi domina sosiedade. Ho oin ida-ne’e Teoria Crítica, haktuir ninia autór sira, la’ós de’it preokupa hodi hatene no analiza fenómenu sira iha sosiedade nian laran, maibé atu aje no transforma sosiedade. Hosi prinsipál infuénsia intelektuál Adorno no Horkheimer nian, ita bele temi estudu sira Max Weber nian kona-ba sistema sira hodi halo dominasaun; inkonsiente psikanálize nian; movimentu mo- dernista sira-ne’ebé propoin tiha estétika naun-formalista ba arte; konseitu kona-ba razaun Kant nian; nomós leitura krítika kona-ba dialétika Hegel nian no sosializmu Marx nian. Iha sira-nia estudu, pensadór sira-ne’e buka atu hateten-sai kona-ba deziguldade sosiál ne’ebé mosu tanba kapitalizmu, esplorasaun ba meiu sira hodi halo produsaun, imperializmu kultura nian hosi osidente ne’ebe hanehan grupu hirak-ne’ebé nakloke ba susar no terus, no vizaun naun-istórika no naun-dialétika pozitivizmu nian. Pensadór hotu-hotu ne’ebé hola-parte iha Teoria Crítica iha karaterístika ida hanesan katak ba sira iha buat rua importante atu mudansa hirak-ne’ebé mosu iha sosiedade maka dialética (halo refesaun no análize beibeik kona-ba
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 19 Alessandro Boarccaech
prátika no teoria, ne’ebé bele muda tuir tempu) no prática, tanba mudansa sira iha sosiedade la akontese mesak. Konseitu indústria cultural, ne’ebé formula hosi Adorno no Horkheimer, maske uza tiha ba analiza sosiedade europeia hafoin Funu Mundiál-II, sei na- fatin interesante atu ita hanoin kona-ba infuénsia meios de comunicação nian ohin-loron. Liafuan ‘indústria’, ba autór sira, signifka halo padronizasaun ba produtu sira no rasionalizasaun ba prosesu hodi fó-sai produtu sira. Nune’e, indústria cultural la’ós fatin atu prodús/halo objetu ruma (hanesan baibain ita uza espresaun ida-ne’e), maibé signifka katak prosesu atu buat hotu-hotu sai hanesan no tuir padraun. Objetivu maka masifkasaun produtu sira arte nian no kultura nian halakon sira-nia an, simplifka sira no adapta sira ba nesesidade ema nian no nune’e, bele fa’an ho fasil liu. Indústria cultural ida-ne’e halo liuhosi meiu sira komunikasaun nian no repete informasaun balu, aleinde hodi tenta hatán ema hotu nia hakarak, maibé mós hodi dada ema nia hakarak hodi haluha saida maka sira presiza ka importante. Tuir Adorno no Horkheimer (1985, p. 127) “os elementos irreconciliáveis da cultura, da arte e da distração se reduzem mediante sua su- bordinação ao fm a uma única fórmula falsa: a totalidade da indústria cultural. Ela consiste na repetição.” Liuhosi repete beibeik mensajen sira liuhosi meiu sira komunikasaun nian hamosu iluzaun katak bainhira ema sosa produtu balu sira sei haksolok; se hatais roupa ka se sira gosta múzika ruma sira sei sai furak; se sira repete ideia ruma sira sei sai matenek; se sira hakruuk ba lidér ruma ka tuir regra ka valór ruma, entaun ema sei simu sira no konsidera sira hanesan sidadaun di’ak; katak istória no hahalok balu nu’udar ‘kultura’ no hirak seluk la’ós, no hirak seluk tan. Dalan prinsipál sira atu haree indústria cultural maka flme, novela, múzika, teatru, dansa, jornál, livru, revista, promosaun ba produtu sira iha televizaun no hirak seluk. Ohin-loron internet bele sai hanesan meiu hodi fó-sai indústria cultural, tan ema barak liu iha asesu ba telemóvel no halo ligasaun ho ema seluk liuhosi rede sosiál. Ho masifkasaun no padronizasaun, ema bele iha difkuldade atu hanoin mesak no desidi kona-ba saida maka atu halo, hein de’it desizaun ‘grupu’ nian no repete saida mak manda sira atu halo. Ho ida-ne’e, halo ema lakon ninia an rasik, ka, ho maneira ida-ne’e ema
20 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 Komunikasaun, falácia lójika sira no Indústria kulturál hanoin katak sira únika, independente no kontrola saida maka sira gosta ka halo, maibé prodús flafali maneira atu hanoin no atu tau-an ne’ebé impoin hosi indústria cultural. Tan nune’e, indústria cultural sempre kria ídolu, eroi no hatudu ema famozu sira atu ema seluk bele tuir, admira no halo tuir. Cultura de massa – hanesan padraun kultura nian ne’ebé ema lubun boot ida fahe ba malu, maka ‘produtu’ ida indústria cultural nian ne’ebé iha objetivu atu infuénsia ema sira ka grupu espesífku balu. Cultura de massa maka meiu no fn ne’ebé tau-hamutuk forma oioin espresaun arte, kultura no intelektuál, ho objetivu atu hamenus diferensa entre sira no halo sira nakloke atu ema bele hetan asesu ba sira hodi bele konsumu. Cultura de massa nu’udar produtu ida ho padraun ona no defni uluk ona atu ema konsumu kedas. Ho liafuan seluk, cultura de massa kahur elementu oioin kultura sosiedade ida nian ho objetivu atu transforma elementu sira-ne’e ba buat ida-ne’ebé simples, hanesan no sai ba produtu ida atu fa’an (merkadoria) ba ema barak. Hanesan Adorno no Horkheimer dehan “sob o poder do monopólio, toda cultura de massas é idêntica” (1985, p. 114). ‘Moda’ no ‘tendénsia’ ohin -loron nian sai nu’udar ezemplu kultura masa nian ne’ebé ema hotu-hotu konsumu hanesan produtu sira, rona múzika hanesan ida, asiste programa televizaun ida-ne’ebé hanesan, tipu flme ne’ebé hanesan, iha modelu fuuk hanesan, hatais roupa atu hanesan, no hirak seluk tan. Arte, kultura no to’o mós ba espiritualidade sai tiha produtu/merkadoria ida-ne’ebé iha ligasaun ho interese sira ekonomia nian no hodi hetan lukru. Uma Lulik sai nu’udar ezemplu ida kona-ba oinsá fenómenu sira kultura nian bele padroniza tiha. Iha Timor-Leste iha diferente tipu Uma Lulik, maibé Uma Lulik Lospalos nian de’it maka – entre motivu sira seluk, haree ba ninia furak arkitetura nian – divulga hodi dada ema turista sira mai paíz. Fa’an tiha ideia ida katak Uma Lulik hotu-hotu hanesan no la hatete signifkadu kompletu ba uma sira ne’e. Ida-ne’e bele duni, tuir autór sira, tanba hahú hosi períodu iluminizmu (sékulu XVIII) fó tiha prioridade ba razaun no konsekuénsia hosi ida-ne’e maka téknika. Maibé, ho sistema kapitalizmu – iha faze revolusaun indústria nian – téknika no rasionalidade uza fali tiha hanesan meiu ida atu domina ekonomia no kontrolu ba sosiedade. Importante atu temi-sai katak bainhira autór sira ko’alia kona-ba téknika, sira la’ós ko’alia kona-ba modernidade ka teknolojia;
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 21 Alessandro Boarccaech
nune’e hanesan mós bainhira sira ko’alia kona-ba rasionalidade, sira la ko’alia de’it kona-ba razaun ka pensamentu/hanoin lójiku. Krítika sira Adorno no Horkheimer nian hato’o ba utiliza téknika lahó refesaun étika kona-ba ninia impaktu ba sosiedade, nune’e mós rasionalidade haree fla de’it ba atu hetan meiu adekuadu sira hodi to’o ba objetivu ida no manán lukru. Ba autór sira téknika no rasionalidade la’ós neutra no iha konsekuénsia prátika iha ema nia moris. Maibé, bainhira la iha autokrítika (halo análize no hanoin kona-ba an rasik), la iha refesaun kona-ba valór sira étika nian, la preokupa ho konsekuénsia hosi asaun sira, valoriza fali forma duké konteúdu, buka vantajen – liuliu ekonomia – sai nu’udar karakterístika prinsipál balu bainhira uza téknika no rasionalidade. (...) o terreno no qual a técnica conquista seu poder sobre a sociedade é o poder que os economicamente mais fortes exercem sobre a sociedade. A racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria dominação. Ela é o carácter compulsivo da sociedade alienada de si mesma. (…) a técnica da indústria cultural levou apenas à padronização e à produção em série, sacrifcando o que fazia a diferença entre a lógica da obra e a do sistema social. (Adorno e Horkheimer, 1985, p. 57). Ho estratéjia sira-ne’e, ema hotu-hotu bele sai hanesan, repete ideia hane- san, iha ta’uk hanesan, sosa roupa hanesan, tuir lidér ida hanesan no la hatene katak sira konsumu de’it saida maka indústria cultural determina ona. Indústria cultural, tuir Adorno no Horkheimer nia haree, reprodús fali interese hosi grupu ne’ebé iha podér ba ekonomia iha sosiedade nia laran. Ho forma hanesan ne’e indústria cultural – bainhira utiliza téknika no rasionalidade hanesan objetivu atu hetan lukru barak – transforma kultura no arte ba sasán ne’ebé hodi fa’an; koko infuénsia maneira oinsá ema hanoin; saida maka sira far; saida loos no sala; saida maka arte; saida maka kultura; no kontribui ba estrutura sosiedade nian no halo fahe podér/ierárkia kontinua hanesan nafatin.
reFerÉnSiA
Adorno, T. W., & Horkheimer, M. (1985). Dialética do esclarecimento: fragmen- tos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar.
22 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 Komunikasaun, falácia lójika sira no Indústria kulturál
Damer, T. E. (2009). Attackimg faluty reasoning: A Practical Guide to Fallacy- Free Arguments. Sixth edition. Wadsworth Cengage Learning. Downes, Stephen. (s/d). Stephen’s Guide to the Logical Fallacies. Retrieved from https://linguistics.byu.edu/classes/elang410am/fallacies.pdf. (04 march 2020). Huf, D. (2019). Como mentir com estatisticas. Intrinsica. Luque, L. B. (2014). Falacias Y Argumentación. Plaza y Valdés Editores. Perelman, C.; Olbrechts-Tyteca, L. (1996). Tratado de argumentação: a nova retórica. São Paulo: Martins Fontes. Schopenhauer, A. (2009 [1864]). A arte de ter razão: exposta em 38 estratage- mas. Organização e ensaio Franco Volpi. Tradução Alexandre Krug e Eduardo Brandão. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes. Sousa, J. P. (2006). Elementos de teoria e pesquisa da comunicação e dos media. 2. Edição. Porto: editora Porto. Tindale, C. W. (2007). Fallacies and argument appraisal. Cambridge University Press. Vanoye, Francis. (2007). Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Martins Fontes. Walton, D. (2008). Informal Logic: a pragmatic approach. 2nd edition. Cambridge University Press.
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 23
FiloZoFiA, SerimÓniA kulturál no komunikASAun1
Natalino da Costa Soares2 Martinho Borromeu3
Rezumu: Tema hosi artigo ida mak Filozofa, ritus kulturais no komunikasaun sosiál. Filozofa refere ba prátika Filozofa pré-Sócrates ne’ebé hahú halo produsaun sientífku bazeia ba mitu sira ne’ebé ema konta hosi ibun ba ibun no hosi tempo ba tempo. Ritus kulturais refere ba prátika kulturál ne’ebé existe iha sub munisipiu Hatolia. No komunikasaun sosiál refere ba esénsia (sentidu lolos) ne’ebé Lia Na’in sira hakarak komunika ba partisipantes iha serimónia kultura laran. Liafuan-xave: Filozofa; serimónia sira tradisaun nian; komunikasaun sosiál.
pHiloSopHy, culturAl ceremonieS And communicAtion Summary: the theme of this article is philosophy, traditional ceremony and communi- cation. Te term Philosophy refers to the pre-Socratic philosophical practice. Traditional ceremonies refer to cultural practices prevailing in Hatolia sub-district. And commu- nication refers to the meaning or cultural essence that the traditional leader wants to convey to the participants who are present in a traditional ceremony event. Keywords: Philosophy; traditional ceremonies; social communication. introduSAun
Artigo ida nee mai hosi konjugasaun entre refesaun literatura flozófca ho peskiza kampu. Ekipa halao peskiza kampu durante tinan ida nia laran no adopta vizaun teoria do agir comunicativo hosi flózofu Jürgem Habermas nian4.
1 Agradese wa’in ba dosente peskizador sira Duarte da Costa Barreto, Esmeralda de Araujo, Marciana Almeida Soares, Elda Alves Sarmento, Nicolau Borromeu, Luis Maia, Moises Martins; nomos agradese ba asistente peskizadores sira Moises Soares Magno, Nilton Alves do Rosário, Cesaltino Madeira de Deus, Anita Soares, Erfna da Cruz Pinto, Cipriana Rodina. 2 Padre Diretor Escola Secundária São Francisco Xavier Hatolia. 3 Decano Faculdade Filosofa e Ciências Humanas – Universidade Nacional Timor Lorosa’e. 4 Teoria ida nee lao tuir dialogu entre ema sira hotu maka tama iha grupu ruma. Tuir ida nee buka dala ida diak wainhira rona opiniaun hosi ema sira hotu no fó folin ba hanoin sira diferente. Kona-ba teoria do agir comunicativo bele haree Habermas, 1989.
Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 | 25 Natalino C. Soares e Martinho Borromeu
Ekipa tama suku, sai suku durante tinan ida nia laran, hahu hosi jullu to’o dezembru tinan-2019 (nudar primeira faze), no janeiru to’o agostu tinan-2020 (nudar segunda faze). Iha primeira faze, peskizadore sira halo entrevista ho ema xave hosi autoridade Igreja, autoridade sivil, autoridade siguransa, Lia Na’in nomos komunidade simples balun. No iha segunda faze, peskizador ba halo fali sosializasaun, verifkasaun, konfrmasaun no afrmasaun ba informasaun ne’ebé rekolla ka halibur iha primeira faze. Liu tiha primeira no segunda faze, iha terseira faze peskizador sira banati tuir buat ne’ebé flózofu Sócrates dehan: “hanoin, hahalok no liafuan ne’ebé ema expresa ka koalia sai, sei lakon, sei naben no sei semo tuir anin, wainhira ita la rekorda liu hosi hakerek”.5 Iha artigo ida nee sei elabora konaba mitu sira, Filozofa, ritus kulturais ho nia sentido ne’ebé Lia Na’in sira hakarak komunika ba sira nia oan no bei oan iha no liu hosi serimónia ritual laran.
mitu SirA no FiloZoFiA
Iha tempo antigu liu, wainhira ema seidauk hatene hakerek no lee, buat hotu-hotu ne’ebé liga ba realidade ka verdade ruma, sempre koalia deit hosi ibun ba ibun, no hosi jerasaun ba jerasaun liu hosi historia ka aiknanoik ruma ne’ebé bele espresa ka deskreve konaba realidade ka verdade ida. Pettazzoni (1954, pp. 11-12) dehan ida nee naran mitu sira. Nia hatutan tan katak iha mitu sira nia laran existe buat los no buat falsu.6 Tuir Boarccaech (2019, p. 11) importante atu estuda mitu sira tanba mitu “fó-sai lójika, signu no valór sira sosiedade ida nian. La’ós ne’e de’it, mitu sira nu’udar metáfora ba saída mak akontese iha ita-nia moris”. Situasaun hanesan deskreve iha leten, akontese la’os deit iha Timor maibe akontese mos iha mundo grego antes Sócrates hahu Filozofa iha sékulo VI m.K. Autor sira hanesan Tales, Heráclito, Pitágoras, Permênides, no sira
5 Sócrates conhecido ho nia métodu dialogal. Iha tempo neba, nia buka verdade ka lialos liu hosi dialogo, diskurso no hakerek. 6 Bele mos halo komparasaun ho buat ne’ebé Werner Muller hakerek iha livro Die Religionen der Waldlandindianer Nordamerikas.
26 | Diálogos | Ano 05 | n.o 05 | 2020 seluk7, koalia konaba natureza, kriasaun, deuses (maromak sira) no asunto seluk ne’ebé segredu ka misteriu ho deskrisaun ne’ebé hanaran mitu sira. Konaba ida nee Malinowski (1955, p. 108) dehan: Mitu, nudar parte importante ida ba civilizasaun ema nian. Nia toka ou koalia konaba realidade moris ida. Nia nudar relijiaun primeiro no virtude moris nian. Buat ne’ebé sira ne’ebé mai hosi mitu sira sempre refere ba misteriu boot ida ne’ebé liga direta ba ema nia moris. Hosi mitu sira ema bele hatene saida mak kultura no asaun moral nomos hanorin ema oinsa bele moris tuir valor kulturál no moral ne’ebé existe. Filózofu Martin Heidegger (1953, p. 11) dehan katak hosi historia ka aiknanoik (mitu sira) ne’ebé ema konta, ita bele hakat ba hasoru verdade ne’ebé subar iha mitu sira nee nia kotuk. Hosi buat ne’ebé ita rona, ita hakat ba verdade ne’ebé subar iha nia kotuk. Situasaun hanesan mos mosu no akon- tese iha Timor liu hosi ritus kulturais ne’ebé Lia Na’in sira halo. Katuas Lia Na’in sira hafalun sentido verdade ruma ho liafuan dadolin ne’ebé sira halo iha serimónia ritual sira. Konaba ida nee ita bele haree hosi serimónia ritual no nia sentido ne’ebé hakerek tuirmai nee.
SerimÓniA kulturál Ho niA Sentido
Iha serimónia rituál tradisionál komunidade Hatulia nian koalia mós kona-ba rituál sira hanesan: Mate keo, uma keo, kuku ou gase, gase tur no gase hamrik, saubatar, fase matan, bee manas aitukan no tiu ho naan hola barlake feto folin. Mate keo ne’e tuir Sr. Rui Monteiro8 katak: Avó sira sei jentiu ne’e bolu naran tana mate. Iha mate keo ne’e baku tanbor, bidu too semana ida ka semana rua. Uluk halo fulan ida ou fulan rua ne maka bolu mate keo ou mate jentiu” ne’e katak avo sira ne’ebé mak uluk seidauk sarani, bainhira sira mate família halibur malu hodi keo sira liu husi atividade baku tanbor no bidu”.
7 Atu hatene klean konaba saida mak autor sira nee nia hanoin no koalia bele lee: Bornheim (1998, pp. 24-106); Souza (1996, pp. 10-35). 8 Lia Na’in hosi Uma Lisan Batila, Aldeia Malabe, Suku Malabe, Postu Atsabe, Munisípiu Ermera. Entrevista iha foho Darlau, Leimea Leten, loron 31/08/ 2019.