Os Sentimentos E Ressentimentos Do Futebol Em Nelson Rodrigues (1951- 70)
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NATASHA SANTOS FREUD EXPLICARIA ISSO? OS SENTIMENTOS E RESSENTIMENTOS DO FUTEBOL EM NELSON RODRIGUES (1951- 70) CURITIBA 2012 NATASHA SANTOS FREUD EXPLICARIA ISSO? OS SENTIMENTOS E RESSENTIMENTOS DO FUTEBOL EM NELSON RODRIGUES (1951- 70) Dissertação apresentada como quesito parcial à obtenção do título de Mestre. Programa de Pós- Graduação em História; Departamento de História; Setor de Ciências Humanas; Universidade Federal do Paraná. Professor orientador: Dr. André Mendes Capraro. CURITIBA 2012 Catalogação na publicação Sirlei do Rocio Gdulla – CRB 9ª/985 Biblioteca de Ciências Humanas e Educação - UFPR Santos, Natasha Freud explicaria isso? Os sentimentos e ressentimentos do fute- bol em Nelson Rodrigues (1951-70) / Natasha Santos. – Curitiba, 2012. 136 f. Orientador: Prof. Dr. André Mendes Capraro Dissertação (Mestrado em História) - Setor de Ciências Huma- nas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná. 1. Crônicas brasileiras – Futebol – 1951-70. 2. Rodrigues, Nelson, 1912-1988 – Critica e interpretação. 3. Psicanálise e Literatura. I. Titulo. CDD B869.3 AGRADECIMENTOS Obviamente, não cheguei até aqui sozinha. Foram alguns passos carregados de suor, junto a pessoas e oportunidades que fizeram toda a diferença. Também é claro que uma dissertação de mestrado, apesar de todo o esforço, figura como apenas uma primeira e imatura pegada no meio acadêmico. Pegada esta que compartilho com os que me deram suporte para esta realização. Primeiramente, agradeço a CAPES, pelos 24 meses de Bolsa Reuni , que contribuíram substancialmente para o desenvolvimento da pesquisa. Ao professor Luiz Carlos Ribeiro , pelo apoio, disposição e iniciativas que, sem sombra de dúvidas, facilitaram os rumos da pesquisa do futebol. Ao Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade , que me ajudou a amadurecer academicamente e acolheu as perspectivas de um olhar “feminino” a respeito do esporte. Sinto-me honrada em fazer parte desse grupo. Ao professor Miguel de Freitas , que desde o início acreditou no estudo em questão e se dispôs a contribuir, entre suas idas e vindas intermunicipais. À pesquisadora Fátima Antunes , por sua gentileza em compor a banca examinadora, agraciando-nos com suas considerações sobre a pesquisa. Não há como não citar a professora Roseli Boschilia e os colegas Liz Andréa Dalfre , Edson Hirata e Ernesto Marczal , que ao longo de árduos meses de lapidação, na então incógnita área da História, contribuíram com importantes sugestões para o acréscimo do trabalho – sem acreditar na falácia de que no curso de Educação Física só se “joga bola”. Agradeço à Maria Cristina , pela simpatia, disponibilidade e paciência em resolver as situações burocráticas mais adversas. Você é incrível! Ao Instituto Bom Aluno do Brasil , cujas iniciativas de apoio à educação, indubitavelmente, mudaram a vida de diversos bons alunos – entre os quais tenho o orgulho de me incluir. Além do acesso a uma formação exemplar, cujos frutos começam hoje a ser colhidos, o IBAB proporcionou encontros maravilhosos. Alguns desses encontros durariam mais do que o esperado. Falo de Letícia e Viviane . Amigas que escolhi para o resto da vida: cada encontro com vocês representa uma espécie de renovação daquela adormecida alma pueril – e sim, essa renovação me rendeu fôlego para as páginas que se seguem. Só há mais três pessoas sobre quem preciso falar, muito embora dispensem qualquer agradecimento. A Mãezinha que sempre me ajudou das mais diversas e impossíveis maneiras, mesmo sem saber exatamente sobre o motivo de ler e escrever tanto. Seria um pleonasmo dizer que a amo. Outro pleonasmo é citar a pessoa Rick , colega de estudo e parceiro da vida. Mencionar tudo o que você fez por mim, até o dia de hoje, levaria muito tempo. Amo você não só por isso, mas por tudo o que significa estar ao seu lado. Por fim, mas de importância vital para este estudo, devo mencionar o professor André Capraro , meu orientador desde os tempos de graduação. Posso dizer que tive a felicidade de ser também sua orientanda no mestrado. Espero ter essa façanha prolongada, pois a única maneira de retribuir a amizade, o apoio e o incentivo que me foi dado, é colocando o seu nome como o grande orientador de cada êxito acadêmico. Faltam palavras para agradecer. E, na falta de palavras, sejamos clássicos: muito obrigada a todos vocês! Muita gente acha horrível o que faço. Pode ser. Não fosse a vida a minha inspiradora. Em todo caso, sou moço. E é possível que um dia eu encontre a beleza das coisas feias. Tanto é belo um idílio romântico quanto um crime bárbaro. Às vezes, prefiro o necrotério com as mães chorando a Copacabana com as meninas bonitas e alegres. No resto, sou igual a qualquer mortal: tolero a vida por covardia. (Roberto Rodrigues) RESUMO O objetivo da presente pesquisa é analisar as abordagens futebolísticas nos roteiros, contos e crônicas de Nelson Rodrigues, entre 1951 e 1970, a partir de uma perspectiva teórica psicanalítica – haja vista os traumas, recalques e obsessões observáveis em suas obras. Se Nelson Rodrigues, independentemente do gênero que escrevia, mantinha-se na intersecção entre o factual e o fictício, pode-se constatar que, assim como a dramaticidade típica do teatro rodrigueano adentra a crônica esportiva, o futebol – enquanto tema do cotidiano – também ocupou um espaço na ficção, representada pelos contos e roteiros. Nesse sentido, quais as conjunções utilizadas por Nelson Rodrigues, ao retratar o futebol nos roteiros, contos e crônicas do período entre 1951 e 1970? O esporte nos roteiros e contos é o mesmo dramatizado nas crônicas ou assume papel preponderante na psicologização de seus personagens? E, em contrapartida, esse ponto de vista psicológico acerca dos personagens adentra a crônica esportiva? A fim de solucionar as questões levantadas previamente, fez-se necessário o uso da análise literária, proposta de Antonio Candido (1992, 2000), que considera tanto as questões do texto por si só, quanto os aspectos do contexto que, inevitavelmente, permeiam a obra. Junto a isso, contou-se ainda com alguns conceitos psicanalíticos propostos por Sigmund Freud. Com base na análise das fontes, constatou-se que, se na crônica esportiva, Nelson Rodrigues se utilizava da psicologia para falar do complexo de vira-latas e do bem-estar do atleta, que se sentia inferior diante de estrangeiro, nos contos e roteiros o autor estabelece o futebol como elemento de sublimação das repressões cotidianas. A trama teatral, que também se reflete no conto, atua como um meio de mostrar, de maneira prática, sob a forma de exemplo, os sentimentos em torno do esporte, expostos na crônica. Palavras-Chave: futebol; literatura; psicanálise; sentimento. ABSTRACT The goal of this research is to analyze football in the screenplays, short stories and sport chronicles produced by Nelson Rodrigues, between 1951 and 1970, through a perspective based on the psychoanalytic theory – considering the traumas, repressions and obsessions observable in his texts. If Nelson Rodrigues, independently of the literary genre, used to stay at the intersection between the factual and the fictional, it can be seen that as well as the drama of his theater enters the sport chronicles, football – as a topic of everyday life – also held a space in fiction, represented through screenplays and short stories. Thereby, what were the conjunctions used by Nelson Rodrigues, when represented football in the screenplays, short stories and chronicles of the period between 1951 and 1970? Is the sport presented in the screenplays and short stories the same dramatized in the chronicles or does it assume a role in the psychologizing of the characters? And, on the other side, does this psychological point of view appear on the sport chronicles? In order to answer the questions raised, it was necessary the use of literary analysis, proposed by Antonio Candido (1992, 2000), which considers both issues of the text and the aspects of context that permeate the production. Also, it was necessary to use some psychoanalytic concepts grounded by Sigmund Freud. Based on the analysis of the sources, it was found that if in the sport chronicles Nelson Rodrigues used psychology to talk about the Brazilians complex of inferiority; in the short stories and screenplays the author establishes football as an element of sublimation of daily repression. The theatrical plot, which is also reflected in the short stories, acts as a way of showing, in a practical mean, like an example, the emotions around the sport exposed in the chronicle. Key words: football; literature; psychoanalysis; emotion. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 8 1.1 O FUTEBOL NA LITERATURA ................................................................................ 8 1.2 HISTÓRIA, LITERATURA E PSICANÁLISE ........................................................... 14 2 OS DRAMAS, AS TRAGÉDIAS, AS FARSAS E COMÉDIAS DA CRÔNICA ESPORTIVA ...................................................................................................................... 25 2.1 O GÊNERO LITERÁRIO, O ESPORTE E UM IDEAL IDENTITÁRIO ................... 25 2.2 A PAIXÃO PELO ESCRETE ENTRE PERSONAGENS DA SEMANA ................... 35 2.2.1 O fracasso brasileiro: do racial ao psicológico ....................................................... 35 2.2.2 Construção e desconstrução de um enredo: seleção brasileira nas vitórias e derrotas ..............................................................................................................................