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AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE CINCO ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS NA REGIÃO DE LAVRAS-MG*

Auwdréia Pereira Alvarenga mestranda em Engenharia Florestal -UFLA [email protected] Soraya Alvarenga Botelho profa do Departamento de Ciências [email protected] Israel Marinho Pereira doutorando em Engenharia Florestal -UFLA [email protected]

Resumo Este trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento de 5 espécies florestais produtoras de madeira de alta qualidade, potenciais para a região de Lavras, MG. O experimento foi implantado em janeiro de 1999. Utilizou-se o plantio misto, em espaçamento 1,5 x 3,0m. Utilizou-se parcelas de 252m2, com linhas intercaladas (pioneiras/clímax). O delineamento experimental foi em blocos casualizados com 3 repetições. As espécies utilizadas foram: Clímax- peruiferum (óleo bálsamo), Anadenanthera peregrina (angico vermelho), Myracrodruon urundeuva (aroeira do sertão), Cedrela fissilis (cedro), Hymenaea courbaril (jatobá). Além das espécies citadas, utilizou-se também 6 espécies pioneiras, com finalidade de proporcionar condições ideais para o crescimento inicial das espécies clímax. Foram medidos a altura (m), diâmetro do colo (cm) e área de copa (m2), aos 4, 15 e 23 meses. As espécies que apresentaram maior crescimento foram Anadenanthera peregrina com altura média de 1,64m e DAS de 2,56cm e Myracrodruon urundeuva com altura de 1,55m e DAS de 2,87cm, aos 23 meses. Por outro lado, Hymenaea courbaril e Myroxylon peruiferum, apresentaram os menores valores de crescimento, com alturas de 0,48m e 0,95m, aos 23 meses, respectivamente.

Abstract This work was designed to evaluate the growth of 5 high quality wood- producing forest potential for the region of Lavras, MG. The experiment was established in January 1999. The mixed planting was used at 1.5 x 3.0 m spacing. Plots of 252 cm2 with intercropped row (pioneers/climax) were utilized. The experimental design was in randomized blocks with three replicates the species utilized were: Climax- Myroxylon peruiferum (oleo balsamo), Anadenanthera peregrina (angico vermelho), Myracrodruon urundeuva (aroreira do sertão), Cedrela fissilis (cedro), Hymenaea courbaril (jatobá). In addition to the species reported, 6 pioneer species were also utilized with a view to providing conditions suitable for the initial growth of the climax species. Height (m), soil level diameter (cm) and crown area (m2) at 4, 15 and 23 months were measured. The species which presented greatest growth were Anadenanthera peregrina, average height of 1.64m and S L D of 2.56cm and Myracrodruon urundeuva with, height of 1.55m and SLD of 2.87 cm at 23 months. On the other hand, Hymenaea courbaril and 2

Myroxylon peruiferum presented the smallest growth values with heights of 0.48m and 0.95 m at 23 months, respectively.

Key words: Native forest species, climax species, reforestation and mixed planting.

1. Introdução Atender a crescente demanda mundial de madeira num mercado que exige qualidade, preço e produção sustentável, é um grande desafio para os profissionais do setor florestal, principalmente no que se refere às essências nativas. Existem sistemas silviculturais que podem ser empregados visando a exploração das florestas em regime de manejo sustentável, atendendo desta forma a produção contínua de madeira e a conservação da biodiversidade. Outra opção para obtenção de madeira de espécies de alto valor de mercado, seria a implantação de florestas de produção de composição pura ou mista.

O reflorestamento com espécies tropicais ainda é incipiente devido ao conhecimento limitado do comportamento silvicultural destas espécies, e em função disso a silvicultura de essências nativas ainda tem pouca expressão comercial, com exceção de algumas poucas espécies (Durigan et al., 1999).

A aptidão de espécies nativas para o cultivo tem sido abordada em algumas publicações, podendo-se destacar entre as mais antigas Corrêa (1926), Rizzini (1971), Reitz et al. (1978), Reitz et al. (1983) e Inoue et al. (1984). Entre publicações mais recentes pode-se mencionar os manuais de identificação e cultivo de Lorenzi (1992 e 1998) e a revisão sobre cem espécies brasileiras apresentada por Carvalho (1994). No entanto, o percurso entre a indicação de espécies nativas para plantios comerciais e o cultivo comercial em larga escala é longo.

O uso de espécies pioneiras nos plantios mistos, criando condições de sombreamento para as espécies dos estágios mais avançados de sucessão, foi o grande avanço nos modelos de plantios que vêm sendo utilizados com sucesso até o presente em nossas condições (Kageyama et al., 1985 citados por Kageyama e Gandara, 2001; Martins, 2001). De acordo com Aber (1990) e Botelho et al. (1995), o sistema que vem obtendo mais êxito é o baseado na sucessão florestal, devido ao fato de que favorece o rápido recobrimento do solo e garante a auto-renovação da floresta.

Buscando contribuir com conhecimento acerca de silvicultura de espécies nativas, foi instalado em janeiro de 1999, um experimento na região de Lavras- MG, com intuito de acompanhar o crescimento de espécies florestais nativas com grande potencial de uso e futuramente inferir sobre a viabilidade técnica e econômica de plantios comerciais destas espécies na região.

Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho inicial de 5 espécies com grande potencial de produção de madeira, em um modelo de plantio que utiliza o conceito de sucessão secundária, na região de Lavras – MG. 3

2. Material e métodos 2.1 Caracterização da área O trabalho foi realizado numa área experimental, de 2 hectares, situada no campus da Universidade Federal De Lavras - UFLA (Lavras -MG), entre as coordenadas geográficas 210 14´S de latitude e 450 00´W de longitude, a uma altitude de 918 m. Antes da instalação do experimento a área foi ocupada por pastagem de gramíneas, encontrando-se com grande invasão de plantas herbáceas e subarbustivas.

O clima da região é do tipo cwb de köppen (mesotérmico com verões brandos e estiagem no inverno). As médias anuais de precipitação e temperatura são de 1493 mm e 19.3 0C, respectivamente.

O déficit hídrico da área em estudo dos anos de 1999 e 2000 foi 252 mm e 511mm, respectivamente.

O solo da área experimental é LATASSOLO VERMELHO distroférrico. Foi coletada amostra do solo para realização de análise físico-química, realizada no laboratório de ciências do solo da UFLA e os resultados encontram-se na tabela I.

TABELA I- Resultados da análise físico-química do solo. Onde: H+Al= Ac. Potencial; S.B= Soma das bases; T= CTC a PH 7.0; t= CTC efetiva; m= Sat. Al; V= Sat. Bases; S-SO4= Enxofre; A= alto; M= médio; MB= muito baixo; Ac. e= acidez elevada.

Características Solo Características Solo Al (cmolc/dm3 ) 0.6 M Zn(DTPA) (mg/dm3) 3.3 Ca (cmolc/dm3 ) 0.6 B C (dag/kg) 1.22 Mg (cmolc/dm3) 0.2 B M.O (dag/kg) 2.10 M K (mg/dm3) 34 B Ca/T (%) 12.2 P (mg/dm3) 1 B Mg/T (%) 4.1 PH 4.7 Ac.e K/T (%) 1.8 H+Al (cmolc/dm3 ) 4 M Ca/Mg (%) 3.0 S.B. (cmolc/dm3) 0.9 B Ca/K 6.9 t (cmolc/dm3 ) 1.5 B Mg/k 2.3 T (cmolc/dm3 ) 4.9 M Argila % 38.0 M (%) 40.0 A Areia % 47.0 V (%) 18.4 MB Silte % 15.0 B (mg/dm3) 0.32

2.2 Preparo do solo, plantio e espécies plantadas Após a limpeza da área, realizada com trator de esteira, foi feita gradagem, seguida de sulcamento em nível.

Foram construídos aceiros no entorno da área, para proteção contra o fogo e cerca para evitar a entrada de animais. 4

O plantio foi realizado em covas, num espaçamento 1,5 por 3,0 metros (1,5 entre sulcos e 3 entre plantas). Na adubação por cova de plantio utilizou-se 100 gramas de N-P-K 8 28 16 + boro e 200 gramas de calcário dolomítico.

As mudas utilizadas para o plantio foram adquiridas no viveiro da UFLA, além de complementação com algumas mudas que foram doadas pelo IEF/Lavras e pela CEMIG. O plantio foi realizado em janeiro de 1999, com replantio 15 dias após o plantio.

O plantio seguiu o modelo de sucessão secundária com distribuição das plantas em quincôncio, intercalando linhas de espécies de rápido crescimento, com linhas de espécie de crescimento mais lento.

As espécies utilizadas neste trabalho estão apresentadas na tabela II, bem como o seu grupo sucessional. A classificação das espécies em grupos ecológicos foi conforme Swaine e Whitmore (1988). As espécies pioneiras foram utilizadas, em função do modelo de plantio, como sombreadoras para as espécies clímax que são as espécies potenciais para a produção.

TABELA II - Relação das espécies pioneiras utilizadas como sombreadoras e das clímax avaliadas em plantio misto no município de Lavras- MG

Espécies Nome comum Famílias Grupo ecológico Anadenanthera peregrina Angico vermelho Mimosoideae Clímax – CL Cedrela fissilis Cedro Meliaceae Clímax- CL Enterolobium contortisiliquum Tamboril Fabaceae Mimosoideae Pioneira Guazuma ulmifolia Mutamba Malvaceae Pioneira Hymenaea courbaril Jatobá Fabaceae Caesalpinioideae Clímax – CS Myracrodruon urundeuva Aroeira do sertão Anacardiaceae Clímax – CL Myroxylon peruiferum Óleo bálsamo Fabaceae Clímax – CS Peltophorum dubium Angico amarelo Fabaceae Caesalpinioideae Pioneira Schinus terebinthifolius Aroeirinha Anacardiaceae Pioneira Senna multijuga Cássia verrugosa Fabaceae Caesalpinioideae Pioneira TREMA MICRANTHA Candiúva Ulmaceae Pioneira CL - clímax exigente de luz; CS - clímax tolerante à sombra.

2.3 Delineamento experimental Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados com 5 tratamentos e 3 repetições, sendo que os tratamentos são as 5 espécies clímax, conforme tabela II.

Cada parcela, com uma área de 252 m2 , foi composta por 7 linhas com 8 plantas por linha, sendo que 3 linhas são de espécies clímax e 4 linhas de pioneiras, conforme a distribuição em quincôncio, totalizando 21 plantas da espécie clímax e 32 das espécies pioneiras. Em cada parcela foi utilizada somente uma espécie 5

clímax, enquanto a linha de pioneira foi composta pela combinação das 6 espécies já listadas na tabela II.

2.4 Avaliações Foram feitas 3 avaliações, aos 4, 15 e 23 meses de idade. Mensurou-se as seguintes características: Altura total das plantas (m); Diâmetro do caule ao nível do solo (DAS) em cm; Área de copa (m2).

2.5 Análises estatísticas Foi realizada para cada período de avaliação a análise de variância para altura, DAS, área de copa, conforme o delineamento utilizado. A comparação entre as médias dos tratamentos foi por meio do teste Tukey a 5% de probabilidade.

Para obtenção da curva de crescimento de altura e DAS das espécies clímax foram ajustados os seguintes modelos:

H= bo + b1 I DAS = bo + b1 I H = bo + b1 1/I DAS = bo + b1 1/I H = bo + b1 I + b2 I2 DAS = bo + b1 I + b2 I2

A escolha do melhor modelo foi pela distribuição de resíduos, erro padrão (syx) e coeficiente de determinação (R2). Quando nenhum modelo se mostrou adequado à curva de crescimento foi obtida pelos valores médios de altura e diâmetro.

O incremento médio anual em diâmetro e altura foi obtido pela diferença entre as médias de DAS ou altura aos 15 meses e aos 23 meses dividido pelo período de crescimento (19 meses), multiplicado por 12, conforme ilustrado pelas fórmulas de cálculo.

Idas = { [ ( Df - Di )/ T ] x 12 } IH = { [ ( Hf - Hi )/ T ] x 12 } Onde : Idas = incremento em DAS IH = incremento em altura Df = DAS médio aos 23 meses Di = DAS médio aos 4 meses Hf = altura média aos 23 meses Hi = altura média aos 4 meses T = período de crescimento (19 meses)

3. Resultados e discussão 3.1 Avaliação do crescimento Os valores médios de altura e DAS aos 4 meses (Tabela III), evidenciaram a diferença no ritmo de crescimento das espécies avaliadas. As espécies Anadenanthera peregrina (angico vermelho) e Myracrodruon urundeuva (aroeira 6

do sertão) apresentaram maiores alturas. O maior crescimento em DAS foi observado nas espécies Myracrodruon urundeuva (aroeira do sertão), Myroxylon peruiferum (óleo bálsamo) e Cedrela fissilis (cedro).

Aos 15 meses, conforme pode ser constatado na tabela III, as espécies Myracrodruon urundeuva e Anadenanthera peregrina, apresentaram maiores valores de altura e área de copa, sendo que Cedrela fissilis (cedro) também se destacou em área de copa, além de apresentar o maior diâmetro médio.

Com 23 meses as maiores alturas médias foram detectadas nas espécies Anadenanthera peregrina, Myracrodruon urundeuva e Cedrela fissilis (cedro), sendo que esta última apresentou o maior diâmetro médio. Estas espécies, com destaque no crescimento em altura, também apresentaram as maiores áreas de copa juntamente com Myroxylon peruiferum. Hymenaea courbaril (jatobá) apresentou menor crescimento em altura, diâmetro e área de copa, nesta mesma idade.

Os valores obtidos para Hymenaea courbaril neste trabalho são bastante inferiores aos encontrados em outros estudos (Toledo Filho, 1988; Balbino,1999).

A espécie Myroxylon peruiferum apresentou crescimento intermediário. O seu valor de DAS (1.94cm) e altura (0.95m) aos 23 meses foi inferior ao encontrado por Kageyama et al. (1992) em Teodoro Sampaio-SP aos 2 anos, onde o DAS foi de 2.9 cm e a altura 1.7 m.

Comparando os valores médios de altura e diâmetro das espécies que se destacaram com outros trabalhos, constata-se que a Anadenanthera peregrina apresentou altura média (1,64 m) menor do que o esperado por Lorenzi (1998) na idade de 2 anos e do valor encontrado por Balbino (1999) aos 28 meses (3,46 m). 0A espécie Myracrodruon urundeuva apresentou altura média um pouco inferior tanto aos 15 meses (1,53 m) como aos 23 meses (1,55 m) em relação aos valores encontradas em outros estudos, em idades semelhantes Garrido Gurgel et al. (1997) que obtiveram valores variando de 1,62 aos 24 meses a 3,90 aos 36 meses.

Cedrela fissilis apresentou, de forma geral, altura média um pouco superior quando comparada com outros estudos, em idades semelhantes (Carvalho, 1994; Botelho et al., 1995), com exceção dos valores apresentados por Carvalho (1994), em Ilha Solteira- SP (1,58m) e em Campo Mourão- PR (1,37m). Com relação ao DAS, obteve-se para esta espécie, aos 15 meses, valores médios superiores (4,23cm) ao encontrado por Balbino (1999) aos 18 meses (3,40cm).

Sabe-se que de maneira geral as espécies clímax exigentes de luz crescem mais rapidamente que as espécies clímax tolerantes à sombra. Desta forma é importante ressaltar que as 3 espécies (Anadenanthera peregrina, Myracrodruon urundeuva e Cedrela fissilis) que se destacaram quantos aos valores médios de altura e diâmetro são todas clímax exigentes de luz. Segundo Botelho et al. (1995), devido à interação espécie-ambiente, as espécies podem apresentar comportamento contrastante quando plantadas em ambientes distintos. Portanto 7

os resultados observados em determinado ambiente não podem ser extrapolados para outro.

Alguns trabalhos realizados com Cedrela fissilis ilustram o comportamento contrastante das espécies quando plantadas em situações diferentes e comparadas com espécies diferentes (Carvalho, 1994; Botelho et al., 1995; Moreira, 2002).

TABELA III – Valores médios do crescimento em altura, diâmetro do colo e área de copa aos 4, 15 e 23 meses de idade.

2 Espécies Altura (m) DAS (cm) Área de copa (m ) 4 15 23 4 15 23 15 23 Angico vermelho 1.18 a 1,43a 1,64a 0,84b 2,56bc 2,56b 1,12ab 1,27a Aroeira do sertão 1.09 a 1,53a 1,55ab 1,20a 1,9b 2,87b 1,78a 1,37a Óleo balsamo 0.60 b 0,83bc 0,95cd 1,03ab 1,55cd 1,94b 0,49bc 0,92ab Cedro 0.34 c 0,96b 1,14bc 1,00ab 4,23a 4,29a 1,62a 1,36a Jatobá 0.24 c 0,30cd 0,48d 0,43c 0,86d 0,61c 0,11c 0,26b Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

3.2 Comportamento do crescimento inicial das espécies em altura e diâmetro 3.2.1 Curvas de crescimento Os ajustes dos modelos de DAS e altura em função da idade não foram eficientes para descrever o comportamento do crescimento de nenhuma espécie avaliada. Eles apresentaram coeficiente de determinação (R2) baixo e distribuição gráfica de resíduos insatisfatória.

Esta inadequação dos modelos pode ser devido ao fato de se ter um pequeno número de avaliações. Sendo assim a curva de crescimento em altura e DAS apresentada para cada espécie foi aquela obtida pelos valores médios de altura e diâmetro.

Observando as curvas médias da altura em função da idade (Figura I) percebe-se que após os 15 meses de idade (abril do ano 2000) a espécie Myroxylon peruiferum tendeu a estabilizar o crescimento em altura. Já a espécie Hymenaea courbaril apresentou decréscimo no valor médio de altura provavelmente devido à mortalidade de indivíduos maiores e seca de ponteiro. Myracrodruon urundeuva, Anadenanthera peregrina e Cedrela fissilis mantiveram o ritmo de crescimento em altura no período em questão. Desta forma a maioria das espécies estabilizaram ou diminuíram o ritmo de crescimento em altura, após a idade de 15 meses, este fato também está relacionado com o período seco da região, no período de abril a outubro do ano 2000, que dobrou em relação ao ano anterior passando de 252 mm a 511 mm.

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Altura m édia em função da idade para Altura média em função da idade para Cedrela fissilis Hymenaea courbaril 8 2 6 1.5

4 1 Altura (m)

2 Altura (m) 0.5

0 0 0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25 Idade em m eses Idade em meses

Altura m édia em função da idade para Altura média em função da idade para Myracrodruon urundeuva Anadenanthera peregrina

4 5

3 4 3 2 2 Altura (m) 1 Altura (m) 1 0 0 0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25 Idade em m eses Idade em meses

Altura média em função da idade para Myroxylon peruiferum 2 1.5 1

Altura (m) 0.5 0 0 5 10 15 20 25 Idade em meses

FIGURA I - Curvas médias de altura em função da idade.

Com exceção das espécies Anadenanthera peregrina e Myroxylon peruiferum, que não apresentaram alteração no ritmo de crescimento em DAS após os 15 meses de idade, as demais espécies tenderam a estabilizar o crescimento em DAS no período em questão. Sendo assim, supõe-se que o crescimento em DAS destas espécies foi influenciado pela menor disponibilidade de água. A figura II apresenta as curvas médias de DAS em função da idade para todas as espécies estudadas.

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Diâmetro médio rente ao solo para Cedrela fissilis Diâmetro médio rente ao solo para Hymenaea courbaril 8 7 2 6 5 1.5 4 1 3

DAS (cm) 2

DAS (cm) 0.5 1 0 0 0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25 Idade em meses Idade em meses

Diâmetro médio rente ao solo para Myroxylon Diâmetro médio rente ao solo para Anadenanthera peruiferum peregrina 2 5

1.5 ) 4 m

c 3

1 (

S 2

DAS (m) 0.5 1 DA 0 0 0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25 Idade em meses Idade em meses

Diâmetro médio rente ao solo para Myracrodruon urundeuva 8 7 6 )

m 5 c 4

AS ( 3 D 2 1 0 0 5 10 15 20 25 Idade em meses

FIGURA II – Curvas médias de DAS em função da idade.

3.3 Incremento médio anual em altura e diâmetro. A tabela IV apresenta o incremento médio anual em altura de todas as espécies avaliadas. Verificou-se que o incremento médio anual variou de 0,15 a 0,51m para as espécies avaliadas. A espécie Hymenaea courbaril apresentou o menor ritmo de crescimento apresentando o menor IMA. Como espécie de ritmo de crescimento intermediário aparece, Myroxylon peruiferum. Como espécies de maior ritmo de crescimento, dentre as 5 espécies estudadas, destacam-se Cedrela fissilis, Myracrodruon urundeuva e Anadenanthera peregrina.

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TABELA V – Valores de crescimento em altura para cinco espécies florestais estudadas em Lavras- MG. Onde: IMA= Incremento médio anual

Altura média (m) IMA Espécie 4 meses 15meses 23meses (m) Anadenanthera peregrina 1,18 1,43 1,64 0,29 Myracrodruon urundeuva 1,09 1,53 1,55 0,29 Myroxylon peruiferum 0,60 0,83 0,95 0,22 Cedrela fissilis 0,34 0,96 1,14 0,51 Hymenaea courbaril 0,24 0,30 0, 48 0,15

O incremento médio anual em altura para Myracrodruon urundeuva (0,29) foi superior ao encontrado por Toledo Filho (1988) em Casa Blanca- SP no espaçamento 3x2 (0,12). Enquanto que nos trabalhos realizados por Garrido (1981) em Piracicaba, e por Nogueira (1977) em São Paulo os incrementos médios anuais em altura foram superiores ao encontrado neste estudo.

4. Conclusões O modelo de plantio misto, utilizando o conceito de sucessão secundária, propiciou o estabelecimento satisfatório das espécies avaliadas.

Das cinco espécies avaliadas Anadenanthera peregrina, Myracrodruon urundeuva e Cedrela fissilis, são as espécies mais promissoras para plantios comerciais na área em questão, considerando-se o crescimento inicial até 23 meses, nas condições do presente estudo. Entretanto é necessário acompanhar o crescimento destas espécies por um maior período de tempo, para verificar seu potencial real para plantios comerciais para a região.

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