A Violência Extrema No Cinema
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PAULO CESAR ALMEIDA SCARPA Transgressão, Mercado e Distinção: A Violência Extrema no Cinema CURITIBA 2007 PAULO CESAR ALMEIDA SCARPA Transgressão, Mercado e Distinção: A Violência Extrema no Cinema Dissertação submetida à avaliação como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná. Prof. Pedro Rodolfo Bodê de Moraes. Orientador. CURITIBA 2007 2 Agradecimentos Gostaria de agradecer especialmente meu orientador, Pedro Rodolfo Bodê de Moraes, primeiro por ter aceitado o meu pedido de orientação e, em segundo, pelas suas observações e sugestões. Sem seu incentivo e acompanhamento durante todo o processo, a realização deste trabalho seria impossível. Agradeço também à Bruna Gisi Martins de Almeida por não apenas ter lido cuidadosamente meu trabalho, mas também por ter longamente debatido comigo os temas aqui discutidos. Sua ajuda foi também de fundamental importância nos momentos de dúvidas e incertezas, ossos do ofício intelectual. Agradeço ainda minha mãe e meu irmão, Orlando Scarpa Neto, pelas diversas contribuições, gerais e pontuais, apresentadas a mim em nossas diversas conversas. Gostaria de agradecer ainda todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para tornar este trabalho possível. 3 Resumo Este trabalho pretende estudar a produção cultural geralmente conhecida como "filmes exploitation" (filmes de exploração em português) ou, academicamente, paracinema: um terreno cinematográfico cujo elemento central é a violência estetizada de maneira gráfica e realista. Busco defender a premissa de que tal visão estética não pode ser compreendida (pelo analista) meramente como marginal ou transgressiva, como muitas vezes o é, mas sim como parte de uma engrenagem social mais ampla na qual estar "de fora", ser outsider, pode ser um local social desejado, no sentido de um espaço de criação de identidade e distinção social. Portanto, este objeto permite complexificar o próprio conceito outsider na sua relação com a idéia de estabelecido. Antes de uma reação ao mainstream e a lógica comercial da arte, o chamado paracinema consiste em um espaço social de forças, no qual o uso de diversos capitais simbólicos específicos é invocado para reafirmar uma superioridade frente aqueles que consideram "vítimas" de uma "cultura de massa", e frente ao cinema acadêmico. Portanto, mais do que uma negação do mundo, este estudo buscou compreender como a transgressão pode criar, antes de tudo, um espaço próprio para a entrada neste mundo. Abstract This work intends to study the cultural production usually know as exploitation films or, academically, paracinema: a cinematographic terrain in which the central element is the aestheticized violence, pictured in a graphic and realistic manner. I shall defend the premise that such aesthetic vision cannot be understood (by the researcher) merely as marginal or transgressive, as it many times is, but as a part of wider social process in which being outsider can be a desired social space, in the sense of a space for creations of social identity and social distinction. Therefore, such object allows the complexification of the actual concept of outsider in its relation to the notion of established. Prior to a reaction to the mainstream and the commercial logic of art, the so called paracinema consists of a social space with many power, in which the use of several specific symbolic capitals is evoked to reaffirm a superiority front those considered victims of a mass culture and front the academic cinema. Therefore, more than a denial of the world, this work tried to understand how transgression can create, before all, its own space towards entrance in this same world. 4 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 6 PRIMEIRO CAPÍTULO – O CINEMA EXPLOITATION .................................................................. 17 PARTE 1 – PRIMEIRO CONTATO .............................................................................................................. 17 Exploitation clássico ......................................................................................................................... 21 Sex exploitation ................................................................................................................................. 37 Black exploitation ............................................................................................................................. 41 Hick exploitation ............................................................................................................................... 43 W.I.P ................................................................................................................................................. 43 Nunsploitation ................................................................................................................................... 45 Canibal exploitation ......................................................................................................................... 46 Mondo ............................................................................................................................................... 46 Shock exploitation ............................................................................................................................. 52 PARTE 2 – O HORROR EUROPEU DA DÉCADA DE 60 ................................................................................. 56 O cinema de choque .......................................................................................................................... 62 A influência externa .......................................................................................................................... 66 PARTE 3 - A VIOLÊNCIA NO CINEMA MONDO .......................................................................................... 78 A morte e suas diferentes faces ......................................................................................................... 86 A morte real e a vanguarda documental ........................................................................................... 91 PARTE 4 – A FALSA MORTE REAL ........................................................................................................... 95 O filme canibal ................................................................................................................................ 101 PARTE 5 – A NOVA ONDA ..................................................................................................................... 105 O cinema da transgressão .............................................................................................................. 112 O cinema oriental – filme pinku ...................................................................................................... 115 Tortura e sexo ................................................................................................................................. 118 Koji Wakamatsu .............................................................................................................................. 124 Os anos 90 ...................................................................................................................................... 126 Sexo e violência extrema: o caso de Hisayasu Sato ........................................................................ 133 PARTE 6 - QUADRINHOS, HORROR EUROPEU E EXPLOITATION .............................................................. 135 SEGUNDO CAPÍTULO – TRANSGRESSÃO E CONSUMO .......................................................... 142 TRANSGRESSÃO .................................................................................................................................... 142 INSERÇÃO E DISTINÇÃO ........................................................................................................................ 149 Paracinema e cultura legítima ........................................................................................................ 158 O cinema de Jess Franco ................................................................................................................ 165 ESTETICISMO E PARACINEMA ............................................................................................................... 168 OUTSIDERS DOS OUTSIDERS .................................................................................................................. 172 TERCEIRO CAPÍTULO - O SINEMA BRASILEIRO ...................................................................... 175 VIOLÊNCIA VERSUS VIOLÊNCIA ............................................................................................................ 185 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................. 194 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ................................................................................................ 202 ANEXO 1 - DESCRIÇÃO DE CENA POR CENA EM MONDO CANE .......................................... 206 ANEXO 2 – MANIFESTO DO CINEMA DA TRANSGRESSÃO .................................................... 211 5 Introdução O presente trabalho tem como objeto mais amplo o mercado da violência estetizada. Em uma definição abrangente de mercado da violência, poderíamos dizer que se refere a todos aqueles fenômenos econômicos e