1 , um artista moderno Francis Vogner dos Reis e Paulo Santos Lima

e Charles Chaplin a Jim Carrey, de Mack Sennett aos irmãos Farrelly, o cinema cômico norte- Damericano conheceu sua síntese mais complexa e radical em Jerry Lewis. Ator e diretor: duas dimensões de um mesmo artista, tais como outros grandes cômicos do cinema, como Buster Keaton, Charles Chaplin e Jacques Tati, que também eram diretores. Jean-Luc Godard, no entanto, Ministério da Cultura e o Banco do Brasil apresentam o considerava o maior cineasta entre Jerry Lewis – o rei da comédia. A mostra em homenagem os cômicos que acumulavam as duas ao diretor, produtor e ator Jerry Lewis revela o poder funções. Ainda que Lewis tenha sido Ocriativo de um artista que revolucionou o gênero da estrela nos filmes de outros diretores, comédia. alguns mais inexpressivos, como , e um de primeira grandeza, Considerado um gênio do cinema moderno, ficou famoso por como , foi como diretor comédias estilo pastelão e personagens caricaturais que dos próprios filmes que a arte de Jerry serviram de inspiração para estrelas do humor como Robin Lewis alcançou um patamar único na Williams, Billy Crystal e Jim Carrey. história do cinema. Já nos filmes com Tashlin, como Bancando a Ama Seca A mostra apresenta a trajetória do artista, com ênfase em sua (Rock-a-Bye Baby, 1958) e Ou Vai ou fase mais autoral. A exibição conta com 23 filmes, variando Racha (, 1956), a mise entre sua atuação na companhia de , trabalhos en scène era radicalmente orientada solos e filmes em que radicalizou o seu estilo em nível estético no aspecto performático de Jerry e nas e performático. disfunções do corpo na vida moderna. Ao lado de John Cassavetes, Jerry Lewis Ao realizar esta mostra, o Centro Cultural Banco do Brasil leva pode ser considerado a grande ruptura ao conhecimento do público o trabalho de um importante no interior da tradição cinematográfica artista para a cinematografia mundial, afirma seu compromisso americana – ambos fariam de seus com a democratização da cultura e contribui para a formação e cinemas gestos modernos incisivos, o desenvolvimento cultural da sociedade brasileira. agressivos e corajosos. Cassavetes foi acolhido como gênio do cinema Centro Cultural Banco do Brasil independente, que realizava seus filmes apartado do maquinário industrial, mas Lewis, no interior da indústria (filmava pela Paramount), foi visto como persona non grata por realizar filmes de humor nonsense e extravagante, que contrastava com o conservadorismo do público e do cinema americano da época. Pagou caro por ousar dentro da indústria de Hollywood, num gênero de apelo industrial e maquinário que Hollywood sempre aceitou como “transgressão permitida dentro da linha de montagem”; e assim teve,

2 lamentavelmente, uma curta e sazonal modo, até em obras mais “genéricas” Dirigidos, escritos, produzidos e carreira de cineasta. De grande astro ao lado de Dean Martin: Stanley Belt, interpretados por Jerry Lewis, filmes popular, se tornou um cineasta maldito o tal “otário”, é sim atrapalhado, um como O Mensageiro Trapalhão (The com direito a um filme lendário,The Day tanto ingênuo, manipulado, mas seu Bellboy, 1960), Mocinho Encrenqueiro the Clown Cried (1972), jamais exibido rosto alterna ilusão e consciência, ou (, 1961), O Terror das por motivos ainda obscuros. uma constatação lúcida do absurdo Mulheres e O Otário são obras radicais e sem concessões, paradigmas não só do Como ator, Lewis é a síntese radical do mundo, que no caso é o pior dos cinema americano e do cinema burlesco, do burlesco americano, que parte de mundos, o da mídia e da indústria mas também do cinema moderno. Charles Chaplin, Harold Lloyd e Buster de entretenimento. Ele ri da própria Os filmes de Lewis se autodestroem, Keaton, passando pelo estupidez de sua condição de aceitar desde a trama que Gordo e o Magro e pelos vai se desintegrando irmãos Marx. Como todos aos poucos em favor os atores cômicos, as das imagens puras (e disfunções caóticas de absurdas), passando pelo seu corpo nos espaços e cenário que vai ruindo nas relações com objetos por intervenção do caos e seres desestabilizam encarnado por Lewis e o a ordem social, e próprio pacto de ilusão personagens de Jerry entre filme e espectador Lewis desnaturalizam que é desfeito em obras a cultura e as regras como, por exemplo, O sociais, mostrando o Otário, que no seu fim absurdo das normas, revela todo o seu aparato das autoridades e dos técnico e ficcional – assim pactos de convivência. como o fizeram outros Todos eles fizeram isso cineastas modernos, bagunçando as próprias como Godard). regras do naturalismo e da ordenação rígida da linguagem aquele jogo espúrio. Exemplo idem é o A mostra Jerry Lewis - O Rei da Comédia do cinema americano, assim como de Errado pra Cachorro (Who’s Minding busca abranger o máximo da carreira de viram a sociedade como um simulacro the Store?, Tashlin, 1963), Lewis Jerry Lewis e chamar especial atenção de absurdos. Mas Lewis utiliza um fazendo um vendedor que só parece para o seu trabalho de diretor, não só repertório mais amplo e ousa nas bobo porque a loja de departamento como autor cômico e americano, mas medidas (os desenhos de Chuck Jones, é a usina desse absurdo travestido de sobretudo como autor moderno que a art pop na sua capacidade de delegar funcionalidade (afinal, precisamos dialoga diretamente com diretores a uma cor ou objeto cotidiano toda uma mesmo dum eletrodoméstico ou de um radicais como Charles Chaplin, Jacques dissertação sobre o funcionamento colchão novo?). Os personagens de Tati e os primeiros Jean-Luc Godard, do mundo), pendendo entre detalhes Jerry Lewis se embananam menos por dos anos 1960. O público brasileiro, milimétricos (algum índice manifestado incapacidade e mais porque o mundo principalmente aquele com mais de pelo rosto, por exemplo) e a hemorragia tecnológico é potente em seus vazios 30 anos, conhece Jerry Lewis através (as cores, os sons volumétricos), entre o e disfunções, uma teia de embaraços e dos filmes bem que, bem populares, plano-detalhe e o plano geral que situa absurdos. eram muito reprisados nas tardes da a diegese num contexto inesperado, TV nos anos 1970 e 1980. Talvez não mesmo sendo do cinema e do mundo Como diretor, Lewis levou ao paroxismo se lembre do nome de muitos filmes, (O Terror das Mulheres/The Ladies esses predicados do cinema cômico a mas suas imagens (e seu humor) são Man, 1961, é grande exemplo). O rosto partir das rupturas de linguagem do estampas marcadas na memória. As de Jerry Lewis, uma plataforma de cinema moderno. Seu cinema pode ser novas gerações terão a oportunidade revelação (denúncia?) dessa dinâmica comparado ao jazz americano, do bebop, de conhecer este que não é apenas do mundo moderno, mascarado de passando pelo jazz modal e chegando ao um dos grandes atores e diretores do ordem mas que na verdade oprime o free jazz. Como um intérprete/músico cinema, mas também um grande artista homem através dum caos e dum vazio de jazz, nos seus filmes ele pode alterar americano moderno que dialoga com a de espírito bestiais, mostra-se em sua harmonias e fórmulas rítmicas. Ainda tradição cômica do cinema americano, plenitude em O Otário (The Patsy, 1964), como um músico de jazz, ele abandona a com a pintura abstracionista americana, onde o Lewis-diretor pauta o Lewis-ator noção estrita de progressão harmônica, a arquitetura funcionalista, o jazz, a a radicalizar o uso facial que já fazia nos os acordes, as escalas e a métrica ficção visual das animações dos anos trabalhos dirigidos por Tashlin e, de certo rítmica. 1940 e 1950, a HQ e a performance.

3 Jerry Lewis e a enredo é mínima, mas o detalhamento Otário ou o caos promovido em todas as dos aspectos visuais e sonoros das gags sequências na loja de departamento de comédia moderna é tão minucioso que perfaz um roteiro Errado pra Cachorro (Who’s Minding the Luiz Carlos Oliveira Jr. de 170 páginas para apenas 70 minutos Store?, Frank Tashlin, 1963). de filme. A outra premissa que Lewis assume lá o começo de O Mensageiro Construindo O Mensageiro Trapalhão e no prólogo de O Mensageiro Trapalhão Trapalhão (, 1960), O Terror das Mulheres quase como uma é o distanciamento. Trata-se de afirmar primeiro filme dirigido por Jerry mera sucessão de gags, Lewis recupera e deixar claro que “isto é um filme”. A Lewis, um homem se apresenta algo das primeiras comédias burlescas, comicidade de Lewis funciona fora do N em que a narrativa decorria muito processo tradicional de envolvimento como produtor executivo da Paramount e avisa ao espectador que este filme não mais da exploração sistemática das do espectador. Eis um dos traços da sua é como a maioria. Aqui, não há trama possibilidades cômicas de um espaço modernidade: questionar e deslocar, nem enredo, mas apenas “uma série de do que de uma estrutura dramática como o cinema moderno faria ao longo sequências idiotas”, uma sucessão de preconcebida. Esse cinema de colagem dos anos 1960, a relação convencionada situações cômicas provocadas por um anárquica de ideias cômicas era um entre plateia e filme. Isso o levará – sem funcionário de um hotel. atentado involuntário à tradição que seja preciso abrir mão da comédia clássica da obra de arte harmoniosa física em seu funcionamento mais e coesa com partes organicamente básico e elementar – à adoção de formas articuladas num todo. Não por acaso, cômicas sofisticadas, balizadas não conquistou a admiração de muitos somente pela performance burlesca, artistas e intelectuais de vanguarda mas também pela excelência técnica e (André Breton, Antonin Artaud, Bertolt estilística, o que resulta numa grande Brecht). Também não por acaso, o recorrência da gag metacinematográfica sucessor tardio desse cinema, Jerry na obra de Lewis. Piadas que colocam Lewis, seria uma grande fonte de em jogo os segredos de fabricação dos inspiração para Jean-Luc Godard. filmes ou seus componentes materiais e estruturais, que já existiam desde No cinema, quem nasceu primeiro foi Chaplin (e mesmo antes), seriam uma a gag, e não as técnicas de narração: das suas diversões prediletas. Difícil “Ainda antes de o cinema pensar em fugir do exemplo mais óbvio: a cena contar histórias, já reconhecia a sua de apresentação de Buddy Love em O capacidade de registrar efeitos visuais Professor Aloprado, que começa com um cômicos, quase sempre nascidos de plano-sequência inteiramente filmado Duas características recorrentes do uma relação problemática entre o ator e com câmera subjetiva: o espectador cinema de Lewis já se colocam aí. Em os objetos que o rodeiam”1. A gag não vê tudo pelos olhos da personagem, primeiro lugar, a desestruturação precisa trabalhar no contexto de um que anda pela rua provocando olhares do enredo. Embora os dois filmes argumento preciso; ela não se submete admirados nos lugares por onde passa. consensualmente (mas não à ordenação conjunta de uma narrativa Na sequência anterior havíamos visto indiscutivelmente) apontados como os senão para desestabilizá-la e destruí- Lewis se transformar num monstro, mas seus melhores – a saber, O Professor la – ela “é uma perturbação do discurso a reação das pessoas agora é ambígua, Aloprado (The Nutty Professor, 1963) ‘normal’, da lógica implícita do filme”2. podendo ou não ser de espanto com e O Otário (The Patsy, 1964) – sejam Em linhas gerais, pode-se defini-la como algo horripilante. Um suspense se justamente os mais bem estruturados a descrição das relações desastrosas cria, dilatado pela longa duração do em termos narrativos e dramatúrgicos, entre um corpo, um espaço e os objetos plano. Somente depois que ele entra há de se notar que o formato episódico, aí presentes. O plano geral, essencial no numa boate e desperta novos olhares mais solto e desorganizado, rendeu- cinema burlesco, sublinha a relação do surpresos ocorre o contraplano que nos lhe momentos inesquecíveis como herói cômico com um contexto espacial mostra que o tímido e desastrado Julius comediante. Em filmes como O Terror que pode ser favorável ou – na maioria Kelp se metamorfoseou não exatamente das Mulheres (, 1961), dos casos – desfavorável a ele. O corpo num monstro, mas num galã narcisista, A Família Fuleira (The Family Jewels, burlesco é uma insurgência contra o arrogante e excêntrico (o Mr. Hyde 1965) e As Loucuras de Jerry Lewis regime de vida mecanizado e repetitivo desta adaptação enviesada de O Médico (Cracking Up/Smorgasbord, 1983), além das sociedades modernas. Sempre e o Monstro). A eficácia da cena está do próprio O Mensageiro Trapalhão, que adentra algum lugar, sua missão é totalmente vinculada à inventividade a falta de uma intriga romântica ou uma só: aumentar o grau de entropia. formal do ator-diretor. de uma carga sentimental relevante, O limite da fórmula, evidentemente, assim como a proposital fragilidade do é a destruição total, como se vê com O Professor Aloprado é o primeiro fio narrativo condutor, permite a Lewis frequência nos filmes com Jerry Lewis: filme em que Lewis investe mais concentrar seus esforços criativos na por uma série de acidentes em cascata, detidamente no que se afirmaria como elaboração das gags. Conta-se que o ele provoca um verdadeiro abalo sísmico. sua grande obsessão temática: a divisão roteiro de O Mensageiro Trapalhão foi Basta ver o desfecho da antológica da personalidade. A partir daí, uma escrito em oito dias; a descrição do cena com o professor de canto em O constante multiplicação de personae

1Jacqueline Nacache, O cinema clássico de Hollywood, Lisboa: Texto & Grafia, 2012, p. 30. 4 2 Ibid., p. 31. cômicas terá lugar em sua obra. Em Self-service: os de circunstâncias confortáveis, através A Família Fuleira, ele interpreta sete das quais ele teve a oportunidade de figuras diferentes, numa narrativa mais últimos longas de refinar seu estilo cômico autocentrado. próxima do formato livre de O Mensageiro A maioria das piadas de seus filmes Trapalhão do que da construção linear Jerry Lewis é focada no próprio artista – em sua Aaron Cutler de O Professor Aloprado e O Otário. No fisionomia, fisicalidade e, em especial, filme seguinte, Três em um Sofá (Three sua psicologia, a qual ele expõe ao on a Couch, 1966), Lewis faz um artista s dois longas-metragens mais retratar uma variedade de personagens plástico que tem de se desdobrar em recentes dirigidos por Jerry masculinos e femininos em cenas outras três personagens. O protagonista Lewis foram inicialmente pouco surrealistas. é apenas um homem comum, até mesmo notados nos Estados Unidos. Em contraste ao naturalismo artificial banal (é talvez a primeira vez que Lewis O Um Trapalhão Mandando Brasa (Hardly de muitos dramas hollywoodianos, aparece na tela “de cara limpa”, sem o Working, 1980), mesmo entrando Lewis ofereceu ao seu público uma filtro do clown); sua função no filme é no circuito comercial europeu e sul- artificialidade natural, expressando a estabelecer um contraponto para as americano logo após sua conclusão, insistente procura da mente humana por figuras cômicas, impondo ao espectador levou dois anos para entrar em cartaz organização do caos ao seu redor. Seus um maior grau de distanciamento, em seu país de origem, quando a filmes autorais são ao mesmo tempo pois fica evidente no jogo de disfarce 20th Century Fox lançou uma versão autorretratos e registros documentais o fato de Lewis realizar esse filme para reduzida do filme. As Loucuras de Jerry autoconscientes, inclusive Um Trapalhão refletir sobre seu próprio trabalho de Lewis (Cracking Up, 1982), cujo título Mandando Brasa (cujo roteiro foi escrito comediante. Filme de transição (de a Warner Brothers mudou do original em parceria com Michael Janover). O crise?), Três em um Sofá questiona o Smorgasbord (uma enorme mesa de longa abre com uma montagem de cenas sentido ontológico da representação comida estilo buffet), teve um destino dos filmes de Lewis realizados há duas cômica. Lewis indaga a si mesmo (e a ainda pior ao ser encaminhado direto décadas na Paramount, seguida pelas nós) sobre o que significa, afinal, ser para vídeo e TV a cabo. palavras “Jerry Lewis is” e o título do engraçado – reflexão central da comédia Eu pessoalmente adoro estas duas filme, “.” (“Jerry Lewis moderna, como já demonstrara a obra- produções independentes de Lewis, está sem trabalho”). prima O Otário. obras diferentes de sua primeira safra O cineasta havia perdido seu privilegiado hollywoodiana. Nelas, escolhas do posto em Hollywood e não dirigia um O troca-troca de fantasias se repetirá diretor que foram interpretadas como filme havia dez anos, com exceção de em O Fofoqueiro (, erros – como a tendência de prolongar (1972), o qual 1967) e nos filmes posteriores do as cenas além da duração convencional, não foi concluído. Após a sequência comediante, atingindo um ponto de repetir piadas ad infinitum, ignorar a inicial de Um Trapalhão Mandando ebulição no extraordinário As Loucuras continuidade e romper com a quarta Brasa, o Lewis do presente aparece de Jerry Lewis. Para além de um desejo parede para comentar a limitação de no familiar papel de um melancólico manifesto de constante autoanálise, uma produção de baixo orçamento – palhaço de circo, chamado Bo Hooper. essa fragmentação personalística são virtudes que dão origem a muitos Ele delicia o seu público ao tirar de sua demonstra uma inesgotável pulsão de seus melhores momentos. Além mala uma série de objetos como tacos inventiva: trata-se de sempre abrir um disso, são virtudes das quais Lewis de golfe, cordões de linguiça, um par de novo campo de variedade dentro do sempre soube tirar proveito. Os filmes esquis, uma gaiola de pássaros e até um repertório de expressões corporais e funcionam não só em seus próprios pequeno palhaço. faciais já disponíveis. Lewis poderia termos, mas também em diálogo com a ter passado a carreira inteira fazendo carreira inicial do cineasta no estúdio Logo após a apresentação, Bo e seus um único papel (digamos, o eterno Paramount Pictures com O Mensageiro colegas recebem a notícia de que o circo será fechado. Fora do circo, pateta desastrado, ingênuo e bem Trapalhão (The Bellboy, 1960), O Terror desempregado e sem moradia, ele intencionado da época da parceria das Mulheres (The Ladies Man,1961) e sofre para arrumar um lugar em um com Dean Martin), e ainda assim o Mocinho Encrenqueiro (The Errand Boy, mundo com pouco espaço para seu adoraríamos. Mas ele decidiu fazer mais, 1961), entre outros filmes. comportamento fora do padrão. Mesmo muito mais, e por isso o consideramos o com a ajuda de sua irmã, que o abriga grande gênio da comédia a ter surgido Lewis nasceu com o nome de Joseph contra a vontade do marido – um depois da era Chaplin/Keaton. Levitch e já em sua infância de classe gerente de banco que não se conforma média em Nova Jersey nutria um amor com a incapacidade do cunhado de se Luiz Carlos Oliveira Jr. é crítico e pelo cinema. Filho de um casal de portar como um capitalista respeitável pesquisador de cinema. Autor do livro artistas do vaudeville de ascendência –, Bo passa sem sucesso por vários A Mise en Scène no Cinema: Do Clássico russo-judaica, ele atuou no teatro empregos em dez dias. ao Cinema de Fluxo (Papirus , 2013). algumas vezes em família e acabou, após Ex-editor da revista Contracampo, já anos, levando para o cinema o nome Ele experimenta ser um barman colaborou para as revistas Bravo!, Cult, artístico de seu pai (Danny Lewis), junto em um clube de striptease, mas se Foco, Interlúdio e Paisà. Ministrou cursos com um estilo de contar histórias por distrai facilmente com as pernas das e oficinas em espaços como Centro Cultural livres associações nutrido pela natureza dançarinas; a tentativa de ser um Banco do Brasil, Cinesesc, Cine Humberto variada do vaudeville. O início de sua vendedor em uma loja de móveis logo Mauro e Fundação Getúlio Vargas. carreira cinematográfica ocorreu dentro fracassa por não conseguir achar

5 a etiqueta de preço dos objetos a personificou em toda sua carreira no parceria com Bill Richmond, roteirista venda. O triunfo só chega de forma cinema. Este protagonista – já definido que trabalhou com Lewis nos tempos não monetária, em seu breve cargo nos primeiros longas de Lewis – é um da Paramount), nós aprendemos que o de frentista em um posto de gasolina, típico trapalhão que luta para executar fracasso afligiu os ancestrais de Warren quando, apesar de destruir o carro de tarefas simples, exigidas por sua classe e o assistimos colidir com praticamente uma cliente, a trapalhada agrada à social trabalhadora, como carregar todos que cruzam seu caminho. Ele moça (interpretada por Susan Oliver), malas, pintar painéis e organizar passa por um banco onde pretensos rendendo a ele um romance. Sem que Bo estoques. Seu heroísmo reside em provar assaltantes (no qual o líder também é saiba, Claire é a filha de seu futuro chefe de forma honesta e persistente que ele interpretado por Lewis) fogem antes (Harold J. Stone) nos correios, onde é capaz de executá-las, culminando em mesmo do roubo, após realizarem ele encontrará um trabalho fixo. Na um espanto nas pessoas ao seu redor, uma apresentação para as câmeras de segunda metade do filme, Bo se dá bem quando se mostra mais capacitado do segurança no estilo da Broadway. Ele como carteiro e procura se distanciar que o imaginado por elas. se consulta com um médico New Age de seu passado no circo, assumindo o (novamente interpretado por Lewis) novo uniforme cinza e cercado pelas As tramas na maioria dos filmes de que logo perde a postura zen e acaba se paredes e armários cinzas de seu novo Lewis se desenvolvem conforme tornando um vagabundo. O cuidadoso local de trabalho. Mas ele se dá conta, as confusões deste personagem psiquiatra (interpretado por Herb eventualmente, que não está sendo (americano e sugestivamente judeu, Edelman) após diagnosticar Warren justo consigo mesmo. como o próprio artista), que crescem como insano, o ajuda a conquistar a um nível grotescamente freudiano, tranquilidade, mas ele próprio Ao longo do filme, assistimos a Bo e resultando em uma personificação de enlouquece ao ser engolido pelo mundo Lewis personificando outros papeis seu próprio medo. As demais ações surreal de seu paciente. exagerados, como um dançarino de do filme cessam quando ele foca na discoteca à la John Travolta e uma conclusão de alguma tarefa básica, após No final do filme, Warren aparece típica senhora judia, residente em um a qual poderá encontrar outro pesadelo deixando uma sala de cinema onde um condomínio de luxo para idosos. Estes da vida cotidiana. Ele se esforça para letreiro anuncia um filme de Jerry Lewis momentos brincalhões nos preparam conseguir ser bem-sucedido enquanto é – Smorgasbord: The Movie – e passa para o clímax do filme, quando Bo, ao conduzido por medos de exclusão, dor, por uma longa fila na bilheteria. Duas se deparar com uma entrega que mais morte e das mulheres. Eles representam mulheres perguntam sobre o filme, ao parece uma providência divina – um coletivamente um medo maior – o do que ele responde em um tom infantil casal de coelhos férteis –, assume seu fracasso – que deve ser superado. e nasalado, facilmente reconhecível velho uniforme de palhaço e faz as pelo público de Lewis. Sua postura entregas acompanhado de uma multidão Este medo transparece em As Loucuras também se transforma de ereta para admirada. Claire e seu pai assistem à de Jerry Lewis, realizado logo após Um familiarmente relaxada, e em seguida cena e o velho, furioso, condena Bo ao Trapalhão Mandando Brasa. O filme assistimos a uma série de cenas onde que considera um crime: desrespeito começa em tom de pânico ao assistirmos a um órgão público. O palhaço então as mãos de um anônimo tirar de uma Lewis e outros atores brincam enquanto responde que está apenas fazendo seu mala diversos itens como uma dinamite, aparecem os créditos finais. Assim como trabalho. um revolver, veneno, uma granada a audiência na tela, nós testemunhamos e uma corda de enforcamento. Logo um homem atingir uma espécie de O filme termina com Bo à procura de descobrimos Lewis no papel de um paz. Ele encontra pessoas com quem uma nova vida, desta vez guiado por seu suicida chamado Warren Nefron, que compartilhar suas ansiedades através coração. Esta conclusão pode ser vista após inúmeras tentativas fracassadas da brincadeira – como sempre – de como uma resposta pessoal de Lewis desiste e procura se consultar com um descobrir os conteúdos da mala humana para uma indústria cinematográfica psiquiatra. Warren parece uma figura de de “Jerry Lewis”. mecânica e impessoal. Bo e Lewis, ao desenho animado: calado, tipicamente contrário de muitos, podem admitir em desconforto, sendo caçado a todo Obrigado à minha esposa, Mariana que são palhaços. Superficialmente, momento e esbofeteado, empurrado, Shellard, pela tradução e revisão deste o homem que vemos fracassou com roubado e perseguido por estranhos texto. todos menos consigo próprio e ainda, como um criminoso, porém seu único mantendo-se verdadeiro a sua essência, crime foi tentar confiar em seu entorno. Aaron Cutler, norte-americano, é crítico de se renovou, voltando a ser um sucesso. Ele incorpora os medos de seu criador ao cinema, programador e vive em São Paulo. extremo e acredita que é um tamanho Colaborou com textos críticos para revistas Na época em que Um Trapalhão fracasso na vida ao ponto de não e sites como os norte-americanos Cinema Mandando Brasa foi lançado nos Estados conseguir se sair bem nem ao cometer Scope, Cineaste, Film Comment e The Unidos, alguns críticos reclamaram suicídio. Village Voice, para a publicação britânica que Lewis, quase sexagenário, era Sight & Sound e para a brasileira Revista inapropriado para o papel, e que o Aparentando ser o mais atrapalhado e Cinética. Foi assistente de programação filme havia sido feito amadoramente. ilógico filme de Lewis, As Loucuras de em três edições da Mostra Internacional Ainda assim, o personagem e a forma Jerry Lewis retrata uma série de ações de Cinema de São Paulo (2012-2014) e como ele foi retratado são consistentes que fracassam durante as sequências mantém o site pessoal The Moviegoer – com o tipo de herói amador que Lewis seguintes. Ao longo do filme (escrito em http://aaroncutler.tumblr.com.

6 Jerry Lewis, o exército. Mesmo com Frank Tashlin – de O Terror das Mulheres (The Ladies Man, esse sim um cineasta verdadeiramente 1961). Opera-se uma perspectivação do estrategista do digno dessa atribuição – a coisa não personagem, um remanejamento dentro se configura por completo, ainda que do sistema narrativo e espacial, rítmico regressivo haja evidentes semelhanças de temas e tonal que faz as debilidades de Jerry- Ruy Gardnier e abordagens (comparar Em Busca de ator combaterem os mundos de agruras um Homem [Will Success Spoil Rock que Lewis-diretor coloca à sua frente. á muitas maneiras de denunciar Hunter?, Frank Tashlin, 1957] com O o domínio das instituições sobre Otário [The Patsy, 1964)) entre alguns O Terror das Mulheres é relativamente o indivíduo e a consequente filmes que ambos dirigiram. Mas é só modesto em relação ao escopo de seu Hautomatização das relações quando Lewis assume a direção e se personagem. Não é “Jerry contra o sociais, a hipocrisia dos encontros afirma como mestre de dois domínios mundo”, é apenas “Jerry aprendendo a e das posições de status, a inibição que a perfeição será atingida. conviver com mulheres”. Mas talvez seja e repressão de qualquer sinal de o filme matricial para falar da regressão expressividade mais pessoal que destoe Esses dois domínios, é comum o do personagem, seja porque oferece do protocolo esperado. Luis Buñuel fez comediante juntá-los: Chaplin, Keaton, a cena primitiva do trauma – recém- sua denúncia a partir do cinismo, da Tati, todos os grandes atores cômicos formado na universidade, Herbert H. crueldade e do aporte do naturalismo literário. Frederick Wiseman o faz circunscrevendo e descrevendo o modus operandi de cada instituição específica e vendo qual espaço ela deixa para cada um. Stanley Kubrick o fez do alto, e com seu estilo gélido conseguiu zombar e se maravilhar com aquilo que o homem acha de si mesmo e que não é. Jerry Lewis denuncia a partir do riso, e tem como tema maior a regressão. Em Lewis, a regressão não é um estado no qual um determinado personagem se esconde e cria um mundo próprio; é uma arma ativa para radiografar não a si mesmo, mas o outro, e imprimir toda a torpeza, toda a robotização do que se convenciona chamar de “vida adulta” e “pessoa séria” de todos os não regressivos que sabem sempre se que precisam do espaço acabam Heebert vasculha o campus em busca comportar sem uma palavra errada, uma hora ou outra descobrindo que de sua namorada e, encontrando-a nos sem um gaguejar, sem uma gafe, sem o precisam também dominar o espaço braços de um altão, sai em disparada menor constrangimento. No mundo de cênico, não só o de seu próprio corpo. gritando “mamãe” pelos jardins da Jerry, uma gafe é uma gag e uma gag é Só que, ao contrário de todos eles, univesidade –, seja pela forma de deixar um questionamento moral. Lewis constrói seu estilo de mise en evidente uma recusa à vida adulta e aos Mas alto lá – zeeeeeep! twik! CRASH! scène às antípodas de seu personagem, papeis de poder masculinos vigentes –, não é todo humor regressivo que ao passo que o universo de Chaplin- à época (embora ele seja claramente automaticamente se transforma em diretor corresponde ao de Carlitos, o de caracterizado como “não homem” em ferramenta de luta contra o enfadonho Keaton-diretor tem o mesmo laconismo certo nível, ele consegue fazer chorar comportamento certo. E, ao mesmo dos objetos que as expressões de seu um poderoso mafioso que, esse sim, tempo, é também muito fácil e temerário rosto, o de Tati é desajeitado e parece domina ou parece dominar todos os atribuir uma característica subversiva a rimar com a mobilidade do longilíneo códigos de masculinidade e ação). No qualquer gesto cômico por seu potencial Mr. Hulot. Mas se Jerry Lewis-ator é entanto, talvez mais determinante liberador (de riso, ao menos). Então infantilóide, inofensivo, falastrão e para a performatividade travada do é necessário especificar. Enquanto exagerado, o cinema de Jerry Lewis- personagem seja a breve (e hilária) trabalha basicamente como ator, sendo diretor é malicioso, agressivo, discreto montagem em campo-contracampo dirigido por Norman Taurog ou Hal e elegante. O timing cadenciado das de todas as mulheres do casarão, Walker, Jerry Lewis certamente já é um sequências, a sutileza de certas criações absolutamente silenciosas, olhando cômico completo em seu domínio, um de expectativa, os não-ditos que ficam para o protagonista. Lewis equaciona virtuoso das caras e bocas, um histrião como sugestão para o espectador à perfeição: o que provoca angústia velocista, mas ainda tem alguma destoam sobremaneira do estilo direto, é o olhar do outro, é não saber reagir dificuldade em encontrar a moldura frenético, caricatural e ostensivo das ao lugar do outro, é supor que deve-se social perfeita para desancar – mesmo caretas de Lewis-ator. E é essa variação suprir aquilo que o olhar do outro espera quando há um alvo até relativamente de tom, do diretor ao ator, que vai tornar de você. A reação não poderia ser outra: fácil para explorar, caso de O Palhaço totalmente subversivos os personagens sair gritando “mamãe” e correr pelas do Batalhão (, vividos pelo ator Jerry, ao menos nos escadarias multiplicando-se em quatro Hal Walker, 1950), uma comédia sobre filmes mais ambiciosos, ou seja, a partir de tanta ansiedade.

7 A mesma cena ocorre no começo de sedução (verdadeiros, mas nem por isso de suas produções anteriores, aqui O Otário, só que dessa vez não são menos calculistas) da personagem de ele é ostentatoriamente furioso. Se mulheres-vamp querendo seduzir um Ina Balin, um simples gesto na tirada do nos outros filmes havia uma certa pós-universitário traumatizado. São cachecol faz com que uma peça de roupa negociação com a expectativa do experientes profissionais do ramo do transforme-se numa forca e mostre público (personagem bonzinho, par entretenimento que querem pegar como aquele personagem sente-se romântico, fiapo de história), aqui um zé ninguém e transformá-lo numa totalmente inadequado naquele lugar, não há qualquer concessão. Depois da estrela do show business. Exatamente naquela vestimenta, naquela pompa. tentativa falhada de suicídio, Nefron a mesma relação campo-contracampo Ironicamente, é com a mesma situação vai ao psiquiatra apenas para encontrar ocorre, e o camareiro Stanley Belt de homem enforcado que começa o um esnobe afetado do mesmo jeito que começa a gaguejar, falar palavras sem último longa-metragem dirigido por Stanley Belt já encontrara visitando sentido e tentar falar diversas frases ao Jerry Lewis, e com toda certeza seu o professor de canto em O Otário. Mas mesmo tempo, sem conseguir terminar filme mais radical. As Loucuras de Jerry se lá o virtuosismo de humor físico se resumia a não conseguir sentar em cadeiras exóticas, em Smorgasbord ele mal consegue dar um passo sem cair num piso excessivamente encerado (excessivamente encerado = a aparência de normalidade suplementar – a mais valia de saber/poder dos escritórios de advogados, médicos, restaurantes chiques etc. – que se quer fazer ver). Em O Terror das Mulheres a idade adulta é impossível, em O Otário a indústria do entretenimento é impossível, mas em Smorgasbord é o próprio mundo que é impossível. Como que para deixar claro, umas cinco vezes no filme aparece um sujeito e gratuitamente dá um soco na cara de um personagem, quase sempre nenhuma. Se em O Terror das Mulheres Lewis (Cracking Up/Smorgasbord, 1983) Nefron – uma dramatização comovente a objetificação (bem de leve, em substitui aqui o personagem regressivo do real lacaniano. comparação) ia no sentido da simples dos filmes anteriores por um doente busca de um handyman, em O Otário crônico, um personagem chamado Contra esse tipo de mundo, o retardo a transformação em objeto tende ao Warren Nefron – pelo sobrenome, inadaptável já não é suficiente. É absoluto: pegaremos você, vestiremos alguém que sofre dos nervos – que vai necessário o gesto veemente do você, treinaremos, poremos palavras na de consulta em consulta, de psiquiatra demiurgo, tanto na construção de sua boca, diremos como mexer o corpo, a guru, para tentar entender por que espaço-tempos singulares quanto na como agir, ou seja, como ser. É nesse ele não consegue se comportar como interpretação e na dramatização do filme que a regressão e a debilidade todas as outras pessoas, ou seja, ser vivido. Não basta mais “encenar”: é funcionam mais preciosamente normal. Obviamente, essa guinada necessário uma ação deliberada do como armas: na incapacidade de ser de personagem se dá parcialmente diretor para fazer resistência. E quanto a ensinado a repetir, na inconformidade pela idade de Lewis, em 1982 (data isso a trajetória de Lewis-diretor revela do comportamento ou na paródia das de filmagem) contando 56 anos e uma implacável seta de reorganização situações de status, cada cena desse portanto com poucas possibilidades de estratégica do mundo para remoldurar estupendo filme faz do erro contínuo convencer como uma criança bobona. seu personagem ali onde ele poderá uma máquina de má vontade contra Mas é impossível não notar que isso fazer maior estrago – e usar o riso como a estandardização da vida e da arte. também acontece graças a um esforço força de desmitificação. Virulento libelo contra a produção de de universalização da incapacidade estrelas descartáveis dentro da indústria de se adaptar, em parte porque há um cultural, sem dúvida, mas sem a pressa pouco de inadaptável em cada um, em Ruy Gardnier é jornalista, pesquisador e crítico. Fundou em 1998 a revista ou o esnobismo de ver nisso tudo uma parte porque os padrões de normalidade eletrônica de cinema Contracampo, única e mesma coisa ao contrário, Lewis criados pela medicalização da sociedade da qual foi editor até 2008. Crítico de foca na automatização e repetição americana fizeram de todos grandes cinema do jornal O Globo, trabalhou ad nauseam dos procedimentos neuróticos. como pesquisador para o Tempo Glauber justamente para chamar a atenção para (2007-2011), para a Cinemateca do MAM e no acervo audiovisual do Circo Voador. o singular, para o brilhante, para a força Smorgasbord é Lewis à enésima Foi curador de retrospectivas sobre os da originalidade e da arte. potência. Se os primeiros filmes eram cineastas Julio Bressane (CCBB e CineSesc) fragmentários, esse é o triunfo do e Rogério Sganzerla (CCBB), além de co- Num dado momento em que Stanley fragmento (radicalmente só esquetes curador, com Eduardo Valente e João Luiz se deixa levar pelos códigos aceitáveis em prolongamento). Se a agressividade Vieira, da mostra Cinema Brasileiro Anos de vida adulta, graças aos poderes de só se deixava ler nas entrelinhas 90: 9 Questões (CCBB).

8 Jerry Lewis e a Lewis parte de um conceito de gag do clown inglês, tracejando pontos funcional, brutal, sem rodeios na hora fulgurantes de improvisos, sejam estreia na direção de arrancar o riso do espectador, mas corporais ou verdadeiros atentados de Felipe Medeiros o que sobra é a melodia, a repercussão detalhes imprevisíveis dentro da lógica entre os arranjos de cena, a condução previsível. É absolutamente anacrônico rítmica e até mesmo a poesia do homem observar como Lewis em O Mensageiro eria um pouco injusto afirmar que miúdo e trôpego que sai ileso das suas Trapalhão procura pensar a arte num há um divisor de águas na carreira jornadas peculiares. Ora, o que há de universo que renega o seu valor de culto de Jerry Lewis como ator: um mais bonito e difícil no cinema é evocar e permite sua refração num universo sem Santes e um depois de trabalhar o caráter espontâneo das coisas, o dado aura divina, sem relação direta entre o com Frank Tashlin. A princípio, porque impensável no momento oportuno. E há significado e o complexo de signos ao podemos perceber um comediante que de ser ressaltado o processo de filmagem qual o primeiro se refere (comum à arte mereceria, nos termos propostos por de O Mensageiro Trapalhão, que preserva ocidental de modo geral), sem uma idéia Jean Douchet, o título de autor em filmes o aspecto espontâneo da primeira condutora que preexiste e sustenta a onde consegue arrancar criatividade tomada (organizando e pincelando a todas estas relações narrativas. suficiente para tornar digno o trabalho cena para uma única tomada antes de É um filme que, de certa forma, remete de um diretor medíocre. Mas, de fato, rodá-la), a primeira entrega dos atores, aos primeiros filmes de Orson Welles, não deixa de ser singular o salto de não dando brechas ao esmorecimento onde percebemos uma paródia contumaz qualidade que ele teve como ator nos pelas repetições da mise en place. É ao espírito racional, tornado o burlesco filmes de Tashlin, um diretor muito mais nesse filme que Lewis cria o video assist, nas relações entre os homens. Mas claro propenso à direção de atores e à criação permitindo-lhe verificar se os planos que temos aí uma diferença: Welles era de achados visuais para esquetes que os fluem e o tempo de corte corresponde ao um intelectual ardiloso que utilizava uma demais diretores com quem trabalhou no planejado. passado. série de falsas placas indicativas dentro O humor, apesar de agradar a tantos de um pântano narrativo. Lewis trabalha O Mensageiro Trapalhão (The Bellboy, espectadores, é olhado de maneira com o barroco, isso é certo, mas ele não 1960) nasce do próprio incentivo de desdenhosa quanto ao seu lado faz com que o barroco sintetize quaisquer Tashlin, que via potencial de direção em inventivo. E é pela invenção que Lewis preocupações filosóficas ou mesmo em Lewis. E eis que surge a sua primeira imediatamente se revela como realizador relação ao romantismo perdido dos oportunidade para dirigir um filme: excepcional: é difícil imaginar um filme séculos que o cinema buscou no seu a Paramount precisava de algum como O Mensageiro Trapalhão executado início mimetizar (como em Welles). Pelo lançamento para o verão de 1960, e por um diretor mediano. O timing, os contrário, se a corrupção e a decadência Lewis escreve, às pressas, o roteiro de arranjos internos das cenas, os ângulos do homem são irremediáveis em Welles, uma comédia sem história, enredo, com que favorecem o cômico, são assinados aqui jamais irão manifestar-se como as um mínimo de diálogos e inteiramente por um grande inventor de situações, preocupações caras à arte de Lewis, mas tomada por esquetes. Em quatro que tanto se mostram certeiras, porque de mecanismos com funções dramáticas semanas, o projeto está pronto. econômicas e por atenderem ao apelo (e também lúdicas) bastante específicas. imediato que pede passagem para o riso, As preocupações verdadeiramente caras Nota-se a quintessência do apuro traçado bem como elaboradas na justa riqueza ao cinema de Lewis encontramos nesta sob a direção de Tashlin. Os trejeitos, os atrativa: onde o ponto de referência de operação impossível e insana de revelar ímpetos, as lufadas de humor parecem cena, Lewis como protagonista, conduz o que poderia ser a transparência, a cada vez mais ousados, estimulados pela as demais peças de modo estratégico, verdade ontológica (uma palavra que exploração dos cenários, da sofisticação amplificador. Estratégia que vem do pode parecer absurda a princípio em se inverossímil e do gigantismo destes em cartoon mais “superficial” porque longe tratando de Lewis) do falso esplendor relação às ações de Lewis. Como a nota da alegoria – como se caracterizava, por de papelão, da picaretagem pela introdutória do produtor Jack E. Mulcher exemplo, a obra de George Cruikshank. picaretagem, da superfície pelo que ela (na verdade, o ator Jack Kruschen Lewis está mais para Jean Bellus, Robert contém de brilhante, liso, escorregadio: passando-se por um produtor da Lassalvy e Rene Caille no cartoon e para a cena dos telefonemas aleatórios; o Paramount fictício), ainda nos primeiros Tex Avery nos filmes de animação: o tino número de vaudeville; o personagem segundos do filme, aponta: um filme para enquadramentos que fixam bem de Lewis no filme, Stanley, no meio do onde impera a tolice e o humor mais raso. certos desenhos com os corpos que serão bombardeio de uma crise afetiva entre “O filme mais debilóide que já vi.” Ledo o contraponto fundamental para suas hóspedes do hotel; sem esquecer, é claro, engano. O Mensageiro Trapalhão traz situações de ruptura à normalidade ou da cena com a orquestra, verdadeiro consigo a frescura corporal e cinética padrão da cena. tratado em forma de arte poética que de Dislocation Mystérieuse e L’Homme à Lewis, já no seu primeiro filme, nos dá de la Tête en Caoutchouc (Georges Méliès, Há sempre um jogo de gato e rato cujo sua arte. 1901), assim como a liberdade formal conteúdo ignora ou até mesmo zomba de que cede passagem às pantomimas do sua mensagem ou importância enquanto seu protagonista como visto com Harry arte. E, assim como em Keaton, Harold Felipe Medeiros é tradutor e crítico de Langdon em Tramp, Tramp, Tramp (Harry Lloyd e Harry Langdon, consegue-se lidar cinema. Escreveu em veículos como o Edwards, 1926) ou Buster Keaton em The com a “previsibilidade” das expressões e site Dicionários de Cinema e as revistas Lumière e La Furia Umana. Atualmente, Haunted House (Edward F. Cline e Buster dos infortúnios tresloucados, hieráticos compõe o conselho editorial da Revista Keaton, 1921). do gênero e que nos remetem à herança Foco www.focorevistadecinema.com.br

9 filmes

Um palhaço no batalhão Morrendo de Medo Artistas e Modelos At War WithTheArmy Scared Stiff 1950, 93 min, Livre 1953, 108 min, 12 anos 1955, 109 min, Livre Direção: Hal Walker Direção: George Marshall Direção: Frank Tashlin Elenco: Jerry Lewis, Dean Martin, Mike Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Lizabeth Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Shirley Kellin, William Mendrek Scott, Carmen Miranda MacLaine, Dorothy Malone Soldado atrapalhado (Lewis) cria mil O cantor Larry Todd (Martin) e seu parceiro Um cartunista desempregado (Martin) confusões no quartel, complicando a vida atrapalhado Myron Mertz (Lewis) são sente-se incomodado quando toda noite de seu amigo de infância (Martin), agora perseguidos por um gângster ciumento. Na seu companheiro de quarto (Lewis) sonha sargento. fuga, são ajudados por Mary Carrol (Lizabeth histórias das revistas em quadrinhos que Scott), herdeira de uma grande propriedade lê avidamente. Até que ele percebe que em Cuba. Mas eles não estarão livres dos as aventuras sonhadas foram publicadas e problemas. podem ser sua fonte criativa.

O Rei do Laço Ou Vai Ou Racha O Delinquente Delicado Hollywood or Bust The Delicate Delinquent 1956, 90 min, Livre 1956, 95 min, Livre 1957, 101 min, Livre Direção: Norman Taurog Direção: Frank Tashlin Direção: Don McGuire Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Agnes Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Pat Elenco: Jerry Lewis, Darren McGavin, Martha Moorehead, LonChaney Jr. Crowley, Hyer, Robert Ivers Fazendeiros, Slim Mosely (Martin) e Wade Steve (Martin) é o vigarista que terá de Jerry Lewis faz o jovem tímido e desastrado Kingsley (Lewis) são mortos por uma gangue dividir um carro adquirido num sorteio, com que é suspeito de ser delinqüente juvenil, que pretende se apoderar da terra de Slim e outro que também foi premiado, Malcolm mas estuda para ser policial. Sátira aos filmes Wade. Anos depois, seus próprios filhos, Slim (Lewis), este com o sonho de ir a Hollywood de gangue, como Juventude Transviada, e Mosely Jr e Wade Kingsley Jr. (novamente conhecer a atriz dos seus sonhos. O malandro primeiro trabalho de Lewis sem o parceiro Dean Martin e Jerry Lewis) voltam para e o inocente farão a viagem juntos. Último Dean Martin. vingar os seus pais. filme da dupla.

10 Bancando a Ama-seca O Rei dos Mágicos Cinderelo sem Sapato Rock-a-Bye Baby 1958, 103 min, Livre 1959, 98 min, Livre 1960, 91 min, Livre Direção: Frank Tashlin Direção: Frank Tashlin Direção: Frank Tashlin. Elenco: Jerry Lewis, Marilyn Maxwell, Elenco: Jerry Lewis, Marie McDonald, Sessue Elenco: Jerry Lewis, Judith Anderson, Henry Reginald Gardiner, Salvatore Baccaloni Hayakawa, Suzanne Pleshette Silva, Anna Maria Alberghetti Clayton Poole (Lewis) é um rapaz que vive O Grande Wooley (Lewis) é um mágico Após a morte do marido milionário, a em uma cidade pequena e que trabalha desajeitado que, sem emprego e dinheiro, viúva se mostrou uma ótima mãe para os como reparador de televisão. O amor de sua aceita uma oferta do Governo e das Forças filhos, mas maltrata e explora severamente infância (Marilyn Maxwell) se tornou uma Armadas para viajar ao Japão com o seu enteado, Cinderelo (Jerry Lewis), o grande estrela, mas está grávida e viúva. Ela objetivo de entreter os soldados americanos verdadeiro herdeiro. Mas um fada-padrinho volta à cidade natal e pede ajuda a Clayton que lá estão para combater na guerra. O (Ed Wynn) ajudará o rapaz a se engajar com a para ele cuidar do bebê. estranhamento de Wooley com os costumes princesa Charming (Anna Maria Alberghetti). japoneses será a grande fonte de confusões Releitura do clássico Cinderela. deste americano em terra estrangeira.

Detetive Mixuruca Errado pra Cachorro O Bagunceiro Arrumadinho It’s Only Money Who’s Minding the Store? 1962, 83 min, Livre 1963, 90 min, Livre 1964, 89 min, Livre Direção: Frank Tashlin. Direção: Frank Tashlin Direção: Frank Tashlin Elenco: Jerry Lewis, Joan O’Brien, Zachary Elenco: Jerry Lewis, Jill St. John, Ray Elenco: Jerry Lewis, Glenda Farrell, Everett Scott, Jack Weston Walston, Agnes Moorehead Sloane, Karen Sharpe Lester March (Jerry Lewis) é um órfão de Phoebe Tuttle (Agnes Moorehead) é dona Jerome Littlefield (Lewis) é um jovem com 25 anos e trabalha como reparador de de uma grande loja de departamentos que excelente coração, que trabalha como eletrodomésticos, mas seu sonho é ser não aprova o namoro de sua filha com um atendente em um hospital. Entretanto, um detetive. Seu melhor amigo é um de rapaz pobre chamado Norman Phiffier (Jerry Jerome não consegue estudar Medicina, pois verdade, e está trabalhando em um caso Lewis). Phoebe, então, decide contratar é afetado por todos os males que atingem os sobre uma cliente que procura um sobrinho o rapaz para trabalhar na loja, dando-lhe pacientes, o que sempre gera desastres em desaparecido. A recompensa de 100 mil tarefas complicadas para poder humilhá- alta escala. dólares faz com que Flint peça ajuda a Lester lo e também mostrar a filha que ele é um para entrar na casa da família e descobrir o desmiolado. As coisas não saem como o mistério. esperado.

11 O Mensageiro Trapalhão O Terror das Mulheres Mocinho Encrenqueiro The Bellboy The Ladies Man The Errand Boy 1960, 72 min, Livre 1961, 95 min, Livre 1961, 95 min, Livre Direção: Jerry Lewis Direção: Jerry Lewis Direção: Jerry Lewis Elenco: Jerry Lewis, Alex Gerry, Bob Clayton, Elenco: Jerry Lewis, Helen Traubel, Pat Elenco: Jerry Lewis, Brian Donlevy, Howard Sonnie Sands Stanley, George Raft McNear, Dick Wesson Tudo pode dar errado quando Jerry Lewis Depois de ser chutado por sua garota, o A Paramaut Pictures, um grande estúdio de encarna Stanley, um mensageiro mudo deprimido Herbert (Lewis) jura renegar Hollywood, decide contratar um espião que e atrapalhado, no sofisticado Hotel os relacionamentos românticos e decide descubra o que acontece lá dentro. Isso Fontainebleau, em Miami Beach, Flórida. Em viver sua vida como um solteirão convicto. porque a empresa está perdendo dinheiro, vários e geniais esquetes cômicos, Stanley Porém, por acaso, ele arranja emprego em não pelos seus filmes mas pelo seu próprio experimenta toda sorte de catástrofes, uma hospedaria feminina em Hollywood, serviço nos seus setores. Por coincidência, incluindo embates com hóspedes de topless, gerando uma série de confusões. o chefe da companhia vê um moço (Lewis) chaves trocadas e telefonemas invertidos. trabalhando em um cartaz, e o contrata Primeiro filme dirigido por Jerry Lewis. para o cargo. Mesmo sendo gentil e honesto, Morty tem um especial talento em arranjar confusão.

O Professor Aloprado O Otário Uma Família Fuleira The Nutty Professor The Patsy The Family Jewels 1963, 107 min, Livre 1964, 101 min, Livre 1965, 99 min, Livre Direção: Jerry Lewis Direção: Jerry Lewis Direção: Jerry Lewis Elenco: Jerry Lewis, Stella Stevens, Del Elenco: Jerry Lewis, Ina Balin, Everett Elenco: Jerry Lewis, Donna Butterworth, Moore, Kathleen Freeman. Sloane, Peter Lorre Sebastian Cabot, Neil Hamilton Julius Kelp (Jerry Lewis) é um professor Quando um popular animador tem uma Donna Peyton, uma órfã de nove anos, herda muito trapalhão e que está apaixonado por morte prematura, seus perplexos associados uma fortuna em milhões de dólares, mas uma de suas alunas. Para tentar chamar a correm desesperadamente para encontrar precisa escolher um “pai” entre seus seis atenção dela e das mulheres, ele inventa um substituto. O escolhido é Stanley Belt malucos tios (todos feitos por Jerry Lewis), uma fórmula que o transforma em um ótimo (Lewis), um pacífico empregado de hotel que que tomará posse da herança e cuidará dela. galante e exibido cantor. Porém, a fórmula saltará do anonimato ao estrelato. Grande tem um efeito temporário e isso faz com que crítica mordaz de Lewis ao show business. ele passe por várias situações complicadas. O filme mais popular de Jerry Lewis.

12 Três em um Sofá Uma Dupla em Sinuca Qual o caminho para a guerra? One More Time Which Way to the Front 1966, 109 min, Livre 1970, 92 min, Livre 1970, 92 min, Livre Direção: Jerry Lewis Direção: Jerry Lewis Direção: Jerry Lewis. Elenco: Jerry Lewis, Janet Leigh, Mary Ann Elenco: Sammy Davis, Jr., Peter Lawford, Elenco: Jerry Lewis, Jan Murray, John Wood, Mobley, Gila Golan Maggie Wright, Leslie Sands Steve Franken Christopher Pride (Lewis) é um pintor que Chris Pepper (Peter Lawford) e Charlie Salt Homem mais rico do mundo em 1942, o planeja aproveitar uma viagem a Paris para (Sammy Davis, Jr.) vêem o seu nightclub playboy norte-americano Brendan Byers levar sua noiva (Leigh) e casar com ela em falir e pedem ajuda ao irmão gêmeo de Chris. III (Lewis) andava entediado quando foi solo francês. Mas ela, uma psicanalista, Ele recusa a ajudá-los, e depois é encontrado convocado para servir o exército. Ele deseja não pode abandonar três jovens pacientes morto. Pepper assume a sua identidade, lutar, mas é rejeitado no exame médico. desiludidas com seus parceiros. Pride, e então ele descobre que o irmão já foi um Por conta disso, ele e mais três homens então, decide se passar por três homens com contrabandista e que foi assassinado por que também não foram aceitos resolvem personalidades diferentes para preencher o seus cúmplices. formar um exército particular, com direito vazio das moças. a se passar por nazista para assim ajudar o avanço dos aliados.

As Loucuras de Jerry Lewis O Rei da Comédia Cracking Up/Smorgasbord The King of Comedy 1982, 89 min, Livre 1983, 109 min, 12 anos Direção: Jerry Lewis Direção: Martin Scorsese. Elenco: Jerry Lewis, , Sammy Elenco: Robert De Niro, Jerry Lewis, Diahnne Davis Jr., Herb Edelman Abbott, Sandra Bernhard Warren Nefron(Lewis) é um deprimido que Rupert Pupkin (De Niro), aspirante a co- não consegue fazer nada direito, inclusive mediante obcecado por se tornar um rei da se suicidar. Ele recorre ao seu psiquiatra, comédia, consegue finalmente interceptar contando várias passagens de sua vida. Filme seu ídolo, Jerry Langford (Lewis), e lhe pede em esquetes e com Jerry Lewis assumindo ajuda para participar do seu talk-show. Ao diversas personas. não ser atendido, Pupkin tem um plano um tanto radical para conseguir seus minutos de fama na TV.

13 CCBB Brasília - 18/02 a 16/03/2015 CCBB Rio de Janeiro - 18/02 a 02/03/2015

DATA FILME HORA DATA

QUARTA - 18/02 O Rei da Comédia 20:30 O otário 18:30 QUARTA - 18/02 QUINTA - 19/02 O terror das mulheres 20:30 Cinderelo sem sapato 18:30 SEXTA - 20/02 Mocinho encrenqueiro 20:30 O otário 18:30 QUINTA - 19/02 SÁBADO - 21/02 O mensageiro trapalhão 20:30 O delinquente delicado 18:30 DOMINGO - 22/02 Cinderelo sem sapato 20:30 O mensageiro trapalhão 18:30 SEXTA - 20/02 SEGUNDA - 23/02 O Rei da Comédia 20:30

TERÇA - 24/02 O terror das mulheres 18:30 SÁBADO - 21/02 QUARTA - 25/02 O delinquente delicado 20:30 Bancando a ama seca 18:30 QUINTA - 26/02 Errado pra cachorro 20:30 Ou vai ou racha 18:30 SEXTA - 27/02 DOMINGO - 22/02 O rei dos mágicos 20:30 Detetive mixuruca 18:30 SÁBADO - 28/02 Qual é o caminho pra guerra? 20:30 Errado pra cachorro 18:30 DOMINGO - 01/03 Mocinho encrenqueiro 20:30 SEGUNDA - 23/02 Ou vai ou racha 18:30 SEGUNDA - 02/03 As loucuras de Jerry Lewis 20:30 TERÇA - 24/02 TERÇA - 03/03 O rei dos mágicos 18:30 QUARTA - 04/03 Detetive mixuruca 20:30 QUARTA - 25/02 As loucuras de Jerry Lewis 18:30 QUINTA - 05/03 Um palhaço no batalhão 20:30 Qual é o caminho pra guerra? 18:30 SEXTA - 06/03 O professor aloprado 20:30 Três em um sofá 18:30 QUINTA - 26/02 SÁBADO - 07/03 DEBATE - Jerry Lewis ator e diretor 20:40 Um palhaço no batalhão 18:30 DOMINGO - 08/03 O professor aloprado 20:30 O rei do laço 18:30 SEXTA - 27/02 SEGUNDA - 09/03 O bagunceiro arrumadinho 20:30

TERÇA - 10/03 Uma família fuleira 18:30 QUARTA -11/03 Uma dupla em sinuca 20:30 SÁBADO - 28/02 O bagunceiro arrumadinho 18:30 QUINTA - 12/03 Artistas e modelos 20:30 Uma família fuleira 18:30 SEXTA - 13/03 Morrendo de medo 20:30 DOMINGO - 01/03 O rei do laço 18:30 SÁBADO - 14/03 Artistas e modelos 20:30 Uma dupla em sinuca 18:30 DOMINGO - 15/03 Morrendo de medo 20:30 Bancando a ama seca 18:30 SEGUNDA - 02/03 SEGUNDA - 16/03 Três em um sofá 20:30

14 CCBB Rio de Janeiro - 18/02 a 02/03/2015 CCBB São Paulo - 04 a 30/03/2015

FILME HORA DATA FILME HORA O otário 14:00 QUARTA - 04/03 O rei da comédia 19:00 O delinquente delicado 16:00 O terror das mulheres 18:00 O otário 17:00 QUINTA - 05/03 O terror das mulheres 19:00 O Rei da Comédia 20:00 Cinderelo sem sapato 17:00 Qual é o caminho pra guerra? 14:00 SEXTA - 06/03 Mocinho encrenqueiro 19:00 Mocinho encrenqueiro 16:00 O otário 13:00 Cinderelo sem sapato 18:00 SÁBADO - 07/03 O mensageiro trapalhão 20:00 O delinquente delicado 15:00 DOMINGO - 08/03 O otário 14:00 Cinderelo sem sapato 17:00 O mensageiro trapalhão 17:00 Mocinho encrenqueiro 16:00 SEGUNDA - 09/03 O Rei da Comédia 19:00 DEBATE 19:00 Qual é o caminho pra guerra? 14:00 TERÇA - 10/03 Cinderelo sem sapato 16:00 O terror das mulheres 17:00 QUARTA - 11/03 O Rei da Comédia 18:00 O delinquente delicado 19:00 17:00 O terror das mulheres 20:00 Bancando a ama seca QUINTA - 12/03 DEBATE 19:00 Três em um sofá 14:00 Ou vai ou racha 17:00 O delinquente delicado 16:00 SEXTA - 13/03 O rei dos mágicos 19:00 Morrendo de medo 18:00 Detetive mixuruca 15:00 O rei dos mágicos 20:00 SÁBADO - 14/03 Errado pra cachorro 17:00 Errado pra cachorro 14:00 Qual é o caminho pra guerra? 19:00

Detetive mixuruca 16:00 DOMINGO - 15/03 Bancando a ama seca 18:00 Ou vai ou racha 17:00 Ou vai ou racha 20:00 SEGUNDA - 16/03 As loucuras de Jerry Lewis 19:00

TERÇA - 17/03

Detetive mixuruca 14:00 O rei dos mágicos 17:00 QUARTA - 18/03 19:00 O rei dos mágicos 16:00 Detetive mixuruca As loucuras de Jerry Lewis 17:00 Um palhaço no batalhão 18:00 QUINTA - 19/03 Um palhaço no batalhão 19:00 O rei do laço 20:00 Qual é o caminho pra guerra? 17:00 O mensageiro trapalhão 14:00 SEXTA - 20/03 O professor aloprado 19:00 Uma família fuleira 16:00 Errado pra cachorro 15:00 O bagunceiro arrumadinho 18:00 SÁBADO - 21/03 Mocinho encrenqueiro 17:00 19:00 Artistas e modelos 20:00 Três em um sofá Um palhaço no batalhão 15:00 O rei do laço 14:00 DOMINGO - 22/03 O professor aloprado 17:00 Uma dupla em sinuca 16:00 O rei do laço 17:00 O professor aloprado 18:00 SEGUNDA - 23/03 O bagunceiro arrumadinho 19:00 As loucuras de Jerry Lewis 20:00 TERÇA - 24/03 Bancando a ama seca 14:00 17:00 Ou vai ou racha 16:00 Uma família fuleira QUARTA - 25/03 Uma dupla em sinuca 19:00 Artistas e modelos 18:00 O bagunceiro arrumadinho 17:00 Errado pra cachorro 20:00 QUINTA - 26/03 Artistas e modelos 19:00 Morrendo de medo 14:00 Uma família fuleira 17:00 O bagunceiro arrumadinho 16:00 SEXTA - 27/03 Morrendo de medo 19:00 Uma dupla em sinuca 18:00 O rei do laço 15:00 17:00 Um palhaço no batalhão 20:00 SÁBADO - 28/03 O mensageiro trapalhão Artistas e modelos 19:00 As loucuras de Jerry Lewis 14:00 Morrendo de medo 15:00 DOMINGO - 29/03 Três em um sofá 16:00 Uma dupla em sinuca 17:00 Uma família fuleira 18:00 Bancando a ama seca 17:00 SEGUNDA - 30/03 O professor aloprado 20:00 Três em um sofá 19:00

15 CRÉDITOS

PATROCÍNIO Banco do Brasil AGRADECIMENTOS REALIZAÇÃO Aaron Cutler Centro Cultural do Banco do Brasil Aleques Eiterer Allia Hotels PRODUÇÃO Amanda Carvalho de Andrade Segunda-Feira Filmes Bistro do Paço (Maria Nauer) Carlos Losilla CURADORIA Cléber Eduardo Francis Vogner dos Reis Fabrício Felice e Paulo Santos Lima Felipe Medeiros Filipe Furtado PRODUÇÃO EXECUTIVA Graham Fulton Raquel Rocha Green’s Restaurante Alexandre Sivolella Hernani Heffner Inácio Araujo COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO João Luiz Vieira Pedro Nogueira Julia Kelly Luiz Carlos Oliveira Jr. PRODUÇÃO DE FILMES Ruy Gardnier Marília Lima Sérgio Alpendre Tatiana Monassa LEGENDAGEM Tiago Mata Machado 4Estações Tunico Amâncio

PRODUÇÃO LOCAL Daniela Marinho e Rafaella Rezende (Brasília) Katharine L. Weber (São Paulo)

ASSESSORIA DE IMPRENSA Marina Fernandes (Brasília) Eduardo Santos (Rio de Janeiro) Baobá Comunicação (São Paulo)

PROJETO GRÁFICO E VINHETA Inhamis Studio

WEB DESIGN Inhamis Studio