ISSN 0370-6583

Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Volume 62 Número 1 2011 TTt iTT INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO Rua lardim Botânico 1008 - Jardim Botânico - Rio de laneiro - R) - CEP 22460-180

© |BR| ISSN 0370-6583

Presidência da República Dilma Vana Rousseff - Presidenta

Ministério do Meio Ambiente Izabella Mônica Vieira Teixeira - Ministra Francisco Gaetani - Secretário-Executivo

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do ffio de Janeiro Liszt Vieira - Presidente

Corpo Editorial Editora-chefe Karen Lúcia Gama De Toni, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Editores - assistentes André Mantovani, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Cássia Monica Sakuragui, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Conselho Editorial Ary Teixeira de Oliveira Filho, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG Jorge E.A. Mariath, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS Nicholas Hind, Royal Botanical Gardens, Kew, Inglaterra Renato Goldenberg, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR Rogério Gribel, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ William Wayt Thomas, The New York Botanical Garden, NY, EUA Editores de Área Ana Claudia Araújo, Royal Botanical Gardens, Kew, Inglaterra André Márcio Araújo Amorim, Universidade Estadual de Santa Cruz, BA Dorothy Sue Araújo, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Emerson Pansarin, Universidade de São Paulo, Sào Paulo, SP Lana da Silva Sylvestre, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ Luiz Antônio de Souza, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR Maria das Graças Sajo, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP Maria Teresa Menezes de Széchy, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Natalia Macedo Ivanauskas, Instituto Horestal do Estado de São Paulo, São Paulo, SP Nivaldo Peroni, Universidade Federal de Santa Catarina, Horianópolis, SC Ricardo de Souza Secco, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA Sandra Cristina Muller, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Editoração Edição on-line Carla Molinari Carla Molinari Simone Bittencourt Simone Bittencourt Evelyn dos Santos Almeida (bolsista CNCFlora) Capa Edição eletrônica Simone Bittencourt http: / /rodriguesia.jbrj.gov.br

Apoio!

FAPERJ CNCFL©RA •c""—¦"¦"""-¦ 0UHl^k(HlHfltWKHl>»»>l>4 \J0 foO ANOS 4 6,03,^ fiWWH^ fiú

I 0301813-0 Ro d ri g u ésia Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Volume 62(1): 001-228 Janeiro-Março 2011 INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO Rua lardim Botânico 1008 - lardim Botânico - Rio de Janeiro - RJ - CEP 22460-180 © JBRJ ISSN 0370-6583

Rodriguésia

A revista Rodriguésia é uma publicação trimestral do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a qual foi criada em 1935. A Revista publica artigos científicos originais, de revisão, de opinião e notas científicas em diversas áreas da Biologia Vegetal (taxonomia, sistemática e evolução, fisiologia, fitoquímica, ultraestrutura, citologia, anatomia, palinologia, desenvolvimento, genética, biologia reprodutiva, ecologia, etnobotânica e filogeografia), bem como em História da Botânica e atividades ligadas a Jardins Botânicos.

Ficha catalográfica

Rodriguésia: revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. — Vol.l, n.l (1935) - .- Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jadrn Botârixi do Rb de Janáro, 1935- v. : il. ; 28 cm. Trimestral Inclui resumos em português e inglês ISSN 0370-6583

1. Botânica I. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro CDD - 580 - CDU 58(01)

Indexação DOAJ Index of Botanical Publications (Harvard University Herbaria) Latindex Referativnyi Zhurnal Review of Pathology Ulrich's International Periodicals Directory

Esta publicação é afiliada à ABEC-Brasil

Edição eletrônica ISSN: 2175-7860 http://rodriguesia.jbrj.gov.br ;S~5>»

/r

X\$ SUMÁRIO/CONTENTS il

Artigos Originais / Original Papers

Florística e distribuição geográfica das samambaias e licófitas da Reserva Ecológica de Gurjaú, Pernambuco, Brasil 001 Floristic and geographical distribution of fems and lycophytes from Ecological Reserve Curjaú, Pernambuco, Brazil Anna Flora de Novaes Pereira, Iva Carneiro Leão Barros, Augusto César Pessoa Santiago & Ivo Abraão Araújo da Silva

Dennstaedtiaceae (Polypodiopsida) no estado de Minas Gerais, Brasil Dennstaedtiaceae iPolypodiopsidal in Minas Gerais, Brasil 011 Francine Costa Assis & Alexandre Salino

Adiciones a Ia ficoflora marina de Venezuela. II. Ceramiaceae, Wrangeliaceae y Callithamniaceae (Rhodophyta) 035 Additions to the marine phycoflora of Venezuela. 11. Ceramiaceae, Wrangeliaceae and Callithamniaceae IRhodophytal Mayra Garcia, Santiago Gómez y Nelson Gil

Fungos conidiais do bioma Caatinga I. Novos registros para o continente americano, Neotrópico, América do Sul e Brasil 043 Conidial fungi from Caatinga biome I. New records for Américas, Neotropics, South America and Brazil Davi Augusto Carneiro de Almeida, Tasciano dos Santos Santa Izabel & Luís Fernando Pascholati Gusmão

Solanaceae na Serra Negra, Rio Preto, Minas Gerais Solanaceae in the Serra Negra, Rio Preto, Minas Gerais 055 Eveline Aparecida Feliciano & Fátima Regina Gonçalves Salimena

Moraceae das restingas do estado do Rio de Janeiro of restingas of the state of Rio de laneiro 077 Leandro Cardoso Pederneiras, Andréa Ferreira da Costa, Dorothy Sue Dunn de Araújo & Jorge Pedro Pereira Carauta

Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Convolvulaceae Flora of the Usina São losé, Igarassu, Pernambuco: Convolvulaceae 093 Maria Teresa Buril & Marccus Alves

Machaerium (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae) nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Brasil 107 Machaerium /Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieael from the Mato Grosso and Mato Crosso do Sul States, Brazil Caroline do Amaral Polido & Ângela Lúcia Bagnatori Sartori Species composition and floristic relationships in southern Goiás forest enclaves Composição e relações florísticas de encraves florestais no sul de Goiás123 Paulo Oswaldo Garcia, Arthur Sérgio Mouco Valente, Daniel Salgado Pifano, José Felipe Salomão Pessoa, Luiz Carlos Busato, Marco Aurélio Leite Fontes & Ary Teixeira Oliveira-Filho

Altitudinal distribution and species richness of herbaceous in campos rupestres of the Southern Espinhaço Range, Minas Gerais, Brazil139 Distribuição altitudinal e riqueza de espécies de plantas herbáceas em campos rupestres do sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais. Brasil Rafael Augusto Xavier Borges, Marco Antônio Alves Carneiro & Pedro Lage Viana

Existe utilização efetiva dos recursos vegetais conhecidos em comunidades caiçaras da Ilha do Cardoso, estado de São Paulo, Brasil?153 Is there effective resources utilization among Cardoso Island population {"caiçaras"), São Paulo State, Brazil? Tatiana Mota Miranda, Natalia Hanazaki, José Silvio Govone & Daniela Mota Miranda Alves

—Andropogoneae) Revisão de Andropogon (Poaceae para o Brasil Revisión oi Andropogon (Poaceae —Andropogoneae! from Brazil171 Ana Zanin & Hilda Maria Longhi-Wagner

SEM studies on the leaf indumentum of six Meiastomataceae species from Brazilian Cerrado Microscopia eletrônica de varredura do indumento foliar de seis espécies de Meiastomataceae do cerrado203 Camilla Rozindo Dias Milanez & Silvia Rodrigues Machado

Reproductive biology of Echinodorus grandifloms (Alismataceae): evidence of self-sterility in populations of the state of São Paulo2t3 Biologia reprodutiva de Echinodorus grandiflorus (Alismataceae!: evidência de auto-esterílidade em populações do estado de São Paulo Emerson R. Pansarin & Ludmila M. Pansarin

Variação da viabilidade polínica em (Meiastomataceae) Variation of pollen viability in Tibouchina (Meiastomataceae)Z23 Glaucia Margery Hoffmann & Isabela Galarda Varassin Rodriguésia 62( 1): 001 -010. 2011 K w http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Florística e distribuição geográfica das samambaias e licófitas da Reserva Ecológica de Gurjaú, Pernambuco, Brasil rnwiV Floristic and geographical distribution of ferns and lycophytes from Ecological Reserve Gurjaú, Pernambuco, Brazil

Anna Flora de Novaes Pereira1'4, Iva Carneiro Leão Barros , Augusto César Pessoa Santiago3 & Ivo Abraão Araújo da Silva1

Resumo O presente estudo visou realizar o inventário das samambaias e licófitas da Reserva Ecológica de Gurjaú (Pernambuco, Brasil) avaliando a riqueza, composição, distribuição geográfica c raridade das espécies. Foi realizado a partir do exame das coleções dos principais herbários do Estado e levantamento florístico com trabalho de campo. A distribuição geográfica das espécies no globo e em território brasileiro foi baseada em dados da literatura e foram consideradas como espécies raras aquelas com apenas um ou dois pontos de coleta na Floresta Atlântica Nordestina. Foram registradas duas espécies pertencentes ao grupo das licófitas e 75 espécies pertencentes ao grupo das samambaias, das quais 10% são raras, no contexto da Floresta Atlântica Nordestina. As famílias mais representativas foram Pteridaceae (21 espécies), Thelypteridaceae (8 spp.) e Polypodiaceae (8 spp.). Os gêneros com maior número de espécies foram Adiantum (14 spp.) e Thelypteris (7 spp.). A maioria das espécies é amplamente distribuída nos trópicos e também em território brasileiro. Palavras-chave: conservação. Floresta Atlântica, riqueza, samambaias. Abstract This paper aimed floristic survey the ferns and lycophytes from Reserva Ecológica de Gurjaú (Pernambuco, Brazil) evaluating the richness, composition, geographical distribution, and rarity ofthe species. The study was realized from examination the collections of major herbaria in the State and floristic survey with field work. The geographical distribution of species on the globe and in Brazilian territory was based on literature and were considered rare species as those with one or two collection points in the Northeastern Atlantic Forest. The floristic survey identificd two species of lycophytes and 75 species of ferns. Among ferns, 10% were considered rare in the context of the Northeastern Atlantic Forest. The most representative families were Pteridaceae (21 species) Thelypteridaceae (8 spp.) and Polypodiaceae (8 spp.). The richest genera were Adiantum (14 spp.) and Thelypteris (7 spp.). Most species are widely distributed in the tropies and also in Brazilian territory. Key vtords: Atlantic Forest, conservation, ferns, richness.

Introdução 2010). O país abriga um dos centros de endemismo As samambaias e licófitas possuem ampla e especiação do grupo no continente americano distribuição mundial, com muitas espécies (Tryon 1972). cosmopolitas, vivendo preferencialmente nas Em Pernambuco é estimada a ocorrência de florestas tropicais úmidas. Na América do Sul 260 espécies de samambaias e licófitas, das quais ocorrem cerca de 3.500 espécies, das quais, cerca de 80% crescem em áreas de Floresta aproximadamente 33% podem ser encontradas em Atlântica (Barros et ai. dados não publicados). Esse território brasileiro (Moran 2008: Prado & Sylvestre bioma apresenta ambientes essenciais para a

' UmvciMdadc Federal de Pernambuco. Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Av. Prof. Moraes Rego s/n.50560-901. Recite, PE. I nr. midade Federal de Pernambuco, Centro de Ciências Biológicas, Depto. Botânica. Av. Prof. Moraes Rego sil 50560-901, Recife. PE. 'Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória. Núcleo de Biologia. R. Alui do Reservatório, 55608-903, Vitória de Santo Anlão, PE. Autor para correspondência: floranovacsu hotinail.com Apoio financeiro: CNPq, PPGBV- UFPE. MMA-PROBIO. Pereira. A.F.N et al. permanência das plantas vasculares sem sementes, da Reserva Ecológica de Gurjaú. remanescente de por reunir condições ideais para o estabelecimento Floresta Atlântica, contribuindo com informações das espécies, como a umidade e o sombreamento, sobre a riqueza, composição, distribuição indispensáveis para o ciclo de vida destes vegetais geográfica e raridade no contexto regional. detentores de gametas flagelados e fertilização externa (Pausas & Sáez 2000; Xavier & Barros 2005). Material e Métodos Embora o reconhecimento do seu valor Caracterização da área de estudo ambiental e das tentativas de fiscalização do poder A foi desenvolvida na Reserva a Floresta Atlântica vem sendo bastante pesquisa público, Ecológica de Gurjaú (REG) localizada nos degradada ao longo dos anos, principalmente pelo municípios de Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão desmatamento, compromete a das que permanência dos Guararapes e Moreno, ao estado áreas de floresta, uma vez reduz habitats pertencentes que de Pernambuco. A REG é um importante contínuos a fragmentos e isolados. Esse pequenos remanescente de Floresta Atlântica Nordestina e de destruição de habitat vem ocorrendo em quadro faz do Centro de Endemismo Pernambuco, toda extensão da Floresta Atlântica desde meados parte diversidade biológica do século XVI, com as ocasionadas possuindo grande pressões pela constituída diferentes de e exploração dos seus recursos naturais, por grupos plantas processo animais, com a de espécies endêmicas e resulta na da sua riqueza específica e, presença que perda ameaçadas (Tabarelli etal. 2006). consequentemente, do seu valioso patrimônio A Floresta Atlântica Nordestina corresponde Jr. 2005). genético (Tonhasca a todas as florestais situadas ao norte do Vários levantamentos florísticos foram porções Rio São Francisco, entre os estados de Alagoas e realizados o estudo das samambaias e licófitas para Rio Grande do Norte, mais os encraves no Ceará ocorrentes em remanescentes de Floresta Atlântica (Tabarelli et al. 2006). Com base em dados do IBGE Nordestina, em Pernambuco, onde principalmente (1985) a Floresta Atlântica Nordestina é composta estes vegetais são mais conhecidos grupos cinco tipos florestais, entre eles a Floresta maior de trabalhos por justamente pela quantidade já Ombrófila Densa, no se enquadram as áreas efetuados. Entre alguns dos estudos qual principais da Reserva estudada. citar: Xavier & Barros desenvolvido podemos (2003), A REG ocupa uma área total de 1.362,02 ha na Serra Negra, município de Bezerros; Pietrobom & '30"-08 (sob coordenadas geográficas 08 21 12'00"S Barros (2003), com levantamento florístico em São e 34°56'30"-35°45'30"W), dos quais 42% (575,236 ha) Vicente Férrer; Santiago & Barros (2003), que são cobertos por florestas. Na área existem estudaram fragmentos de um Refúgio Ecológico em aproximadamente 17 fragmentos florestais com Xavier & Barros e Santiago et al. Igarassu; (2005) tamanhos variados, que se encontram em diferentes (2004), que realizaram inventários em remanescentes condições de preservação (Borges & Porto, dados Atlântica localizados em Brejos de de Floresta não publicados). Altitude e Pietrobom & Barros (2007), com A geomorfologia predominante na área é do levantamentos florísticos em fragmentos florestais tipo Litoral com Tabuleiros, com altitudes variando do Engenho Água Azul, município de Timbaúba. entre 17 e 102 m. O solo é do tipo Latossolo Amarelo Apesar do nível de devastação do ecossistema Distrófico, o clima é úmido com precipitação média Floresta Atlântica, todos esses trabalhos evidenciam anual superior a 1.500 mm e temperatura média anual sua importância para esses grupos vegetais, já que em torno dos 25°C (Tabarelli et al. 2006). nos remanescentes estudados foi encontrada uma considerável riqueza de samambaias e licófitas, assim Coleta e análise dos dados como a presença de espécies raras e bioindicadoras. O inventário das espécies de samambaias e O conhecimento da biodiversidade dos licófitas foi realizado a partir do exame das coleções ecossistemas, através de levantamentos florísticos, dos principais herbários do estado de Pernambuco, constitui importante embasamento para a UFP. PEUFR e IPA (Thiers 2010) e trabalhos de conservação, bem como para uma potencial campo, iniciados em março de 2002 e finalizados em exploração racional dos recursos e das áreas abril de 2004. naturais ainda existentes (Menini Neto et al. 2007). O levantamento florístico das samambaias e Portanto, o presente estudo teve como objetivo licófitas foi realizado através de caminhadas inventariar as espécies de samambaias e licófitas sistematizadas de acordo com Barros (1997), que

Rodriguésia 62( 1): 001 -010. 201 1 Samambaias e licófitas da Reserva Ecológica de Gurjaú indica os ambientes preferenciais de ocorrência do coleta das espécies estudadas foi utilizado o banco grupo. O material biológico foi coletado e de dados pertencente ao Laboratório de Pteridófitas herborizado de acordo com metodologia da Universidade Federal de Pernambuco, assim estabelecida por Windisch (1990), com como levantamento bibliográfico (artigos, capítulos testemunhos depositados no herbário do de livros, teses, dissertações e monografias Departamento de Botânica da Universidade Federal referentes à região e ao grupo estudado). de Pernambuco - UFP. As identificações foram feitas seguindo-se Resultados e Discussão bibliografia especializada para cada família. O Riqueza específica sistema de classificação adotado a seqüência para Em toda a área florestal da Reserva Ecológica de apresentação dos táxons seguiu o de Smith et de Gurjaú (REG) foram registradas duas espécies al. (2006,2008). Os nomes dos autores das espécies de licófitas, a duas famílias, e 75 foram abreviados segundo Pichi-Sermolli (1996). pertecentes espécies de samambaias, distribuídas em 38 A verificação da distribuição das geográfica e 20 famílias 1). Estimativas apontam espécies foi baseada em dados da literatura gêneros (Tab. a Floresta Atlântica Nordestina ocupa cerca (principalmente Moran & Riba 1995). em obras que de 76.938 km2. Sendo a REG um utilizadas na identificação das espécies, em constituinte que eqüivale a 1,77% dessa floresta, o número de trabalhos científicos desenvolvidos com o grupo espécies de samambaias e licófitas registradas é que contemplam o tema abordado e em consultas a representativo se levarmos em consideração a especialistas brasileiros. Para a análise da "área / número de espécies", uma distribuição geográfica das espécies no mundo, proporção pois amostragem de apenas 1,77% de área da Floresta seguiu-se a classificação proposta por Atlântica Nordestina Schwartsburg & Labiak (2007), segundo os quais contém cerca de 30% do total de espécies registradas a região. as espécies puderam ser classificadas em para introduzidas (espécies introduzidas do Velho O número de espécies registradas para as Mundo nas Américas e hoje de ocorrência áreas da REG pode ser comparado com outros subespontânea), brasileiras (espécies endêmicas do levantamentos florísticos desenvolvidos em áreas Brasil), sul-americanas (espécies restritas aos de Floresta Atlântica Nordestina (Tab. 2), destacando REG países da América do Sul), americanas (espécies a como o quinto maior levantamento de ocorrentes na América do Sul, América Central e samambaias e licófitas para a região citada. eventualmente na América do Norte) e circum- Dentre as espécies registradas para a REG, antárticas (espécies ocorrentes na América, África, 69% foram observadas in situ e as demais espécies Ásia e/ou Oceania). (31 %) foram observadas apenas em coleções de Para análise da distribuição geográfica em herbários, com registros datados de mais de 10 anos. território nacional, foram levados em consideração Isso pode ser conseqüência da progressiva perda os ecossistemas de ocorrência de cada táxon. A de habitats que todos os remanescentes de Floresta classificação dos ecossistemas foi o mesmo adotado Atlântica vêm sofrendo, inclusive a área estudada. na lista de espécies do Brasil (Prado & Sylvestre Borges & Porto (dados não publicados) analisaram 2010), a saber: Amazônia, Floresta Atlântica, a cobertura da área florestal da Reserva Ecológica Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa. Contudo, o de Gurjaú, através de fotos de satélites obtidas ecossistema de Floresta Atlântica foi dividido em entre os anos de 1975 e 2000 e constataram que, Floresta Atlântica Nordestina (Floresta Atlântica durante este período, a Reserva perdeu 25% de localizada ao Norte do Rio São Francisco) e Floresta suas áreas de florestas. Atlântica do Sul-Sudeste (incluindo o sul da Bahia). Segundo Primack & Rodrigues (2001), a Essa divisão foi baseada em Prance (1982) que fragmentação e a perda de áreas florestais são, reconhece a Floresta Atlântica ao Norte do Rio São de forma geral, as principais causadoras da redução Francisco como sendo um importante centro de populacional ou ainda do desaparecimento total endemismo desse ecossistema. de espécies. Desse modo, pode-se sugerir que Foram consideradas como espécies raras as espécies que não foram encontradas durante aquelas com registros em apenas uma ou duas o trabalho de campo e que as últimas coletas localidades de coleta na Floresta Atlântica datam de mais de 10 anos podem ter tido suas Nordestina. Para a identificação dos pontos de populações extintas das áreas pertencentes à REG.

Rodriguésia 62( 1): 001 -010. 201 1 ' Pereira. AF.N et ai.

Tabela 1 - Riqueza específica das samambaias e licófitas registradas para a Reserva Ecológica de Gurjaú, Pernambuco. Brasil. Distribuição geográfica mundial: IN- espécies introduzidas de ocorrência subespontanea; BR- espécies endêmicas do Brasil; AS- espécies restritas à América do Sul; AM- espécies encontradas na América do Sul, América Central e eventualmente na América do Norte; CA- espécies encontradas na América, África, Ásia e/ou Oceania. Distribuição Geográfica no Brasil: AM- espécies ocorrentes na Amazônia; FAN- espécies ocorrentes na Floresta Atlântica Nordestina (Floresta Atlântica localizada ao Norte do Rio São Francisco); FAS- espécies ocorrentes na Floresta Atlântica do Sul- Sudeste (incluindo o sul da Bahia); CE- espécies ocorrentes no Cerrado; CA- espécies ocorrentes na Caatinga; PA- 'Espécies espécies ocorrentes no Pantanal; PM- espécies ocorrentes no Pampa. encontradas apenas nas coleções de :Espécies herbário; que possuem as áreas da Reserva Ecológica de Gurjaú como seu único ponto de ocorrência no estado de Pernambuco; Espécies indicadas como raras para as áreas da Floresta Atlântica Nordestina. Table 1 Species richness of Ferns and Lycophytes recorded for lhe Ecological Reserve Gurjaú, Pernambuco, Brazil. Worldwidc gcographic dislribulion: IN- subsponlaneous species; BR- species endemic to Brazil; AS- species restricted to South America; AM- species found in South America. Central America and North America, cventually; CA- species found in America, África, Ásia and/or Oceania. Geographic dislribulion in Brazil: AM- species found in Amazon; FAN- species found in Northeastern Atlantic Forest (Atlantic Forest located north ofthe São Francisco River); FAS- species found in Atlantic Forest South-East (including southern Bahia); CE- species found in Cerrado; CA- species 'Species found in Caalinga; PA- species found in Pantanal; PM- species found in Pampa. found only in herbarium collections; Species which have 'Species a single point of oceurrence in Pcrnanbuco in the Ecological Reserve Gurjaú; listed as rare in arcas ofthe Northeastern Atlantic Forest.

Grupo/ Família/ Espécie Distribuição Ecossistemas Material testemunho geográfica

LICÓFITAS Lycopodiaceae Lycopodiellacernua(L.)Pic. Serm.CAAM, FAN, Fonseca & Silva s.n.(UFP 8219) FAS, CE Selaginellaceae Selaginella mttscosa SpringAMAM,AM, FAN.FAN, FAS Pereira & Santiago 3 (UFP) Samambaias Anemiaceae Anemia hirta (L.)Sw.AMFAN, FAS Paula era/, s.n. (UFP 22414) Anemia pastinacaria Moritz ex Prantl1-3 AM CA, CE, Pickel 3381 (IPA) FAN, FAS Aspleniaceae Asplenium serratum L. AM AM, FAN, FASFreitas 4 (UFP) Blechnaceae Blechnum brasiliense Desv.1 AM CE, FAN, FASPontual 58-851 (PEUFR) Blechnum occidentale L. AM AM, CA, FASLira 1 (UFP) CE, FAN, Blechnum serrulatum Rich. AM AM, CA, CE,Barros s.n. (UFP 22965) FAN, FAS Cyatheaceae Cyathea abreviata Fernandes BRFAN, FASPereira & Santiago 24 (UFP) Cyathea microdonta (Desv.) Domin AMAM,CE,Xavier et «/.s.n. (UFP 22408) FAN, FAS Cyathea phalerata Mart.1 BRCE, FAN, FAS Andrade-Lima 52-1192 (IPA) Dryopteridaceae Ctenitis distans (Brack.) Ching BRFAN, FASPereira et ai. 56 (UFP) Ctenitis falciculata (Raddi) Ching1 ASFAN, FASBarros & Fonseca s.n. (UFP 8372) Cyclodium heterodon var. abreviaiiun BRFAN, FASPereira & Santiago 172 (UFP) (C.Presl.)A.R.Sm

Rodriguésia 6211): 001 -010. 201 1 Samambaias e licófitas da Reserva Ecológica de Gurjaú

Grupo/ Família/ Espécie Distribuição Ecossistemas Material testemunho geográfica Lomagramnui guianensis (Aubl.) ChingAM AM, FAN, FASPereira & Santiago 19 (UFP) Gleicheniaceae Dicranopte ris flexuosa (Schard.) Underw.1CA AM, CE, FAN,Barros s.n. (UFP 22973) FAS, PA Gleichenella pectinata (Willd.) ChingAM AM, CE,Fonseca & Porto s. n. (UFP 8223) FAN, FAS Hymenophyllaceae Didymoglossum krausiiAM AM, FAN, FASSilva & Barros s.n. (UFP 7669) (Hook.&Grev.)C.Presl' Didymoglossum numidarium Bosch23AM AM, FANPereira & Pietrobom 170 (UFP) Didymoglossum ovale E.Fourn.AM AM, FAN, FASPereira & Santiago 1 (UFP) Trichomanes pedicellatum Desv.2'3AM AM, FAN, FASPereira & Santiago 145 (UFP) Trichomanes pinnatum Hedw.AM AM, CE,Pereira et al. 43 (UFP) FAN, FAS Lindsaeaceae Lindsaea lancea (L.) Bedd. var. lanceaAM AM, FAN, FASPereira & Santiago 20 (UFP) Lindsaea ovoidea Fée'AM FAN, FASFonseca & Silva s.n. (UFP 8366) Lomariopsidaceae Lomariopsis japurensis (Mart.) J. Sm.AM AM, FANPereira et al. 60 (UFP) Nephrolepis biserrata (Sw.) SchottCA AM, FAN, FASPereira et al. 59 (UFP) Nephrolepis exaltata (L.) Schott'-3CA AM, FAN, FASBarros & Fonseca s.n. (UFP 8219) Lygodiaceae Lygodium venustum Sw.AM AM, FAN, FASPereira et al. 36 (UFP) Lygodium volubile Sw.AM AM, FAN, FASFreitas 2 (UFP) Marattiaceae Danaea bipinnata H. Tuomisto3AS AM, FANFonseca & Porto s.n. (UFP 8365) Danaea leprieurii KunzeAM AM, FANFonseca 8c Porto s. n. (UFP 8324) Danaea nodosa (L.) Sm.uAM AM, FAN, FASFonseca & Porto s.n. (UFP 8337) Metaxyaceae Metaxya rostrata (Kunth) C. Presl2-3AS AM, FAN, FASPereira & Santiago 29 (UFP) Ophioglossaceae Ophioglossum reticulatum L.'CA CE, FAN, FASPontual 68-848 (PEUFR) Polypodiaceae Campyloneurum phyllitidis (L.) C. PreslAM AM, CE, FANPereira et al. 39 (UFP) Campyloneurum repens (Aubl.) C. Presl1AM AM, FANBarros & Fonseca s.n. (UFP 8308) Dicranoglossum desvauxiiAS AM, FAN, FASFreitas 07 (UFP) (Klotzsch) Proctor' Dicranoglossum furcatum (L.) J. Sm.AM FAN, FASPereira et al. 51 (UFP) Microgramma vacciniifoliaAM CE, FAN, FASPereira & Santiago 5 (UFP) (Langsd. & Fisch.) Copei. Phlebodium decumanum (Willd.) J. Sm.AM CA, AM, CE,Barros & Fonseca s.n. (UFP 8275) FAN, FAS, PA Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E. Fourn.AM FAN, FASPereira et al. 37 (UFP)

Rodriguésia 62( 1): 001 -010. 201 1 Pereira, A.F.N et al.

Grupo/ Família/ Espécie Distribuição Ecossistemas Material testemunho geográfica Serpocaulon triseriale (Sw.) A.R. Sm. AM AM, CA, CE, Fonseca & Silva s.n. (UFP 9496) FAN, FAS, PA, PM Pteridaceae Acrostichum danaeifolium AM CA, FAN, FAS Fonseca et al. s.n. (UFP 8325) Langsd. & Fisch. Adiantum argutum Splitg. AMAM, FAN Pereira etal. 38 (UFP) Adiantum diogoanum Glaz. ex Baker BRAM, FAN, FAS Pereira etal. 50 (UFP) Adiantum dolosum Kunze AMAM, FAN, FAS Freitas 09 (UFP) Adiantum glaucescens Klotzsch ASAM, FAN, FAS Fonseca & Silva s.n. (UFP 9486) Adiantum humile Kunze AMAM, FAN, FAS Pereira etal. 40 (UFP) Adiantum intermedium Sw.1 AMCE, FAN, FAS Fonseca & Porto s.n. (UFP 8330) Adiantum latifolium Lam. AMAM, FAN, FAS Alves 2 (UFP) Adiantum lucidum Sev.' AMAM, FAN, FAS Pontual 68-853 (PEUFR) Adiantum obliquum Willd.1 AMAM, FAN, FAS Barros s.n. (UFP 7643) Adiantum petiolatum Desv. AMAM, FAN, FAS Alves 1 (UFP) Adiantum pulverulentum L.1 AMAM, FAN, FAS Barros & Fonseca s.n. (UFP 8304) Adiantum serratodentatum Willd. AMAM, CE, FAN, Fonseca s.n. (UFP 10683) FAS Adiantum terminatum Kunze ex Miq. AMAM, FAN, FAS Fonseca s.n. (UFP 10682) Adiantum tetraphyllum Willd.1 AMAM, CE, FAN, Pickel s.n. (IPA 2596) FAS Anetium citrifolium (L.) Splitg. AM AM, FAN, FAS Pontes 3 (UFP) Hecistopterispumila (Spreng.) J. Sm.' AM AM, FAN, FAS Barros etal. s.n. (UFP7347) Hemionitis tomentosa (Lam.) Raddi1 AS CA, CE, FAN, Silva era/, s.n. (UFP 22389) FAS Pteris brasiliensis Raddi' AS FAN, FAS Pontual 68-858 (PEUFR) Pityrogramma calomelanos (L.) Link AM AM, CA, CE, Pereira et al. 62 (UFP) FAN, FAS Vittaria lineata (L.) J.E. Smith AM AM, FAN, FAS Pereira etal. 44 (UFP) Saccolomataceae Saccoloma elegans Kaulf. AM AM, FAN, FASBarros etal. s.n. (UFP 8307) Salviniaceae Salvinia auriculata Aubl. AM CA, AM, CE,Vieira 2 (UFP) FAN, FAS, PA Tectariaceae Teclaria incisa Cav.' AM AM, FAN, FASPontual 68-854 (PEUFR) Triplophyllum boliviense AS AM, FANPereira et al. 58 (UFP) J.Prado & R.CMoran Thelypteridaceae Macrothelypteris torresiana INCE, FAN, FAS Fonsêca& Silvas./?. (UFP8194) (Gaudisch.) Ching Thelypteris abrupta (Desv.) Proctor3 AMAM, FANFonseca s.n. (UFP 10679)

Rodriguésia 62( 1): 001 -010. 2011 Samambaias e licófitas da Reserva Ecológica de Gurjaú

Grupo/ Família/ Espécie Distribuição Ecossistemas Material testemunho geográfica Thelypteris chrysodioides (Fée) AS AM, CE, FAN,Pereira & Santiago 10 (UFP) CV. Morton FAS Thelypteris dentata (Forsk.) IN CE, FAN, FAS,Pontes s.n. (UFP 4233) E. P. St. John1 PA Thelypteris hispidula (Decne.) CF. Reed CA CE, FAN, FASFonseca s. n. (UFP 7626) Thelypteris interrupta (Willd.) K. Iwats CA CA, AM, CE,Fonseca & Silva s.n, (UFP 8195) FAN, FAS Thelypteris macrophylla (Kunze)AM AM, FAN, FASFonseca & Porto s.n. (UFP 8363) CV. Morton1 Thelypteris serrota (Cav.) AlstonAM AM, CE, FAN, Barros & Silva s.n. (UFP 7670) FAS Woodsiaceae Diplazium plantaginifoliitm (L.) Urban1 AM FAN, FAS Barros s.n. (UFP 6993)

O levantamento indicou que as famílias mais desenvolvidos na porção Sul-Sudeste (Sylvestre representativas foram a Pteridaceae (21 espécies), 1997; Salino 1996). As espécies desse gênero ocorrem seguida de Thelypteridaceae (8 spp.) e em uma grande diversidade de habitats, mas Polypodiaceae (8 spp.). Os gêneros que se principalmente em locais abertos e encharcados ou destacaram foram Adiantum e Thelypteris, com 14 ao longo dos cursos de água (Salino 1996), tal como e sete espécies, respectivamente (Tab. 1). observado para a maioria das espécies aqui citadas. Isoladamente, as famílias mais representativas Por outro lado, vale ressaltar os registros observados somaram 49% do total de espécies encontradas na para os gêneros Trichomanes e Didymoglossum que REG. Essas famílias são numerosas quanto à riqueza são conhecidos como poucos freqüentes nos específica em florestas tropicais do novo mundo fragmentos da região nordestina (Barros et al. 2006). al. 2006). Tais dados (Tryon & Tryon 1982; Smith et As plantas pertencentes a esses gêneros são corroboram outros levantamentos os obtidos por formadas apenas por uma única camada de células florísticos em fragmentos de Floresta realizados (Tryon & Tryon 1982) e, normalmente, são plantas Atlântica Nordestina, onde essas famílias também sensíveis que tendem a desaparecer frente às se destacaram & Barros 2003,2005; Santiago (Xavier alterações ambientais (Sota 1971). A ocorrência de & Barros 2003; Pietrobom & Barros 2003,2007). espécies destes gêneros pode indicar que apesar de O número de táxons a Adiantum pertencentes possuir visível perturbação antrópica, a REG ainda (Pteridaceae) é expressivo, sendo cerca de 61 % que possui áreas conservadas capazes de abrigar das espécies desse registradas para a gênero espécies sensíveis e mais exigentes quanto às Floresta Nordestina são encontradas nas Atlântica condições ambientais. áreas da REG. Xavier & Barros (2005) comentaram espécies deste que, para o Nordeste do Brasil, Padrões de distribuição gênero ocorrem freqüentemente nas bordas de mata geográfica A análise da distribuição mundial apontou a secundária, sendo pouco representadas em áreas das espécies americanas, de mata primária. Esta situação também foi predominância encontrada na área de estudo, bem como em Barros representadas por 54 táxons, seguida pelas sulamericanas spp.) spp.). etal. (2006) e Pietrobom & Barros (2007). (9 e as circum-antárticas (7 Foram registradas espécies endêmicas O gênero Thelypteris está entre os mais ricos quatro para em vários levantamentos de samambaias realizados o Brasil, Cyathea abreviata, Cyathea phalerata, na região (Santiago & Barros 2003; Santiago et al. Ctenitis distans e Cyclodium heterodon var. 2004; Pietrobom & Barros 2007), bem como em outros abreviatum e duas introduzidas Macrothelypteris levantamentos florísticos em Floresta Atlântica torresiana e Thelypteris dentata (Tab. 1).

Rodriguesia 62(1): 001-010. 2011 8 Pereira. A.F.N et al.

Tabela 2 - Principais levantamentos de Licófitas e Samambaias realizados em áreas da Floresta Atlântica Nordestina, ordenado por número de espécie. Tablc 2 - Major floristic studies of Ferns and Lycophytcs in arcas ofthe Northcastem Atlantic Forest, organized by species number.

Autor(es) Ano da Área de estudoMunicípio(s) e estadoN°de publicaçãoespécies Lopes2(103Serra do UrubuJaqueira e Lagoa dos Gatos - PE 145 Pietrobom2004Engenho CoimbraIbateguara - AL99 Pietrobom & Barros2003Serra do MascarenhasSão Vicente Férrer - PE94 Santiago et al.2004Serra dos MacacosBonito - PE94 Pietrobom & Barros2007Engenho Água AzulTimbaúba-PE85 Pereira et al.R.E.doGurjaúFE77 Pietrobom & Barros2006Mata Maria MaiorSão José da Laje - AL76 Xavier & Barros2005Brejo dos CavalosCaruaru - PE74

Até o presente momento, não foram dessas áreas. Já outras sete são ocorrentes apenas registradas espécies endêmicas para a Floresta na Amazônia e na Floresta Atlântica Nordestina. Atlântica Nordestina. Isso pode ser conseqüência Dessa forma, as 77 espécies de samambaias e do contexto histórico da região. O nordeste do Brasil licófitas registradas para a área de estudo e boa parte da Bacia Amazônica sofreram drásticas demonstram possuir uma maior afinidade com a flora alterações em sua vegetação durante os últimos da Floresta Atlântica do Sul-Sudeste e da Amazônia. eventos de glaciação e alterações climáticas no Este fato pode ser explicado por uma ligação Terciário e no Pleistoceno (Bigarella & Andrade-Lima pretérita da Floresta Atlântica com a Floresta 1982; Tryon 1985). Esse longo período de Amazônica, assunto discutido por Andrade-Lima instabilidade climática pode ter interferido nos (1960, 1966, 1969), Santos etal. (2007), Santiago processos envolvidos na especiação das (2006), entre outros. Além disso, um maior número samambaias e licófitas dessas regiões. Outro aspecto de espécies em comum com as áreas da Amazônia e importante é o nível de devastação da Floresta Floresta Atlântica do Sul-Sudeste pode estar relacionado com Atlântica Nordestina, que apresenta apenas 3% da o fato das Florestas Tropicais Úmidas serem o maior centro cobertura original, o que pode ter ocasionado a de riqueza e "extinção" de muitas espécies antes mesmo de terem diversidade das samambaias e licófitas (Tryon & sido descobertas, segundo indica Santiago (2006). Tryon 1982; Moran 2008). A predominância de espécies de samambaias e licófitas da Floresta Atlântica amplamente Espécies raras distribuídas pelo Continente Americano é comum Na categoria de espécies raras foram e já foi reportada por diversos autores (Pietrobom classificadas nove espécies. Dessas, merecem ser & Barros 2007; Sehnem 1977; Labiak & Prado 1998). ressaltadas Metaxya rostrata, Didymoglossum Em relação à distribuição no território nummularium e Trichomanes pedicelatum, por brasileiro, a maior parte das espécies encontradas possuírem, no estado de Pernambuco, ocorrência no presente estudo ocorre também na Floresta restrita às áreas de floresta da REG. Atlântica do Sul-Sudeste e na Amazônia, com 62 e Ainda merecem destaque Anemia 56 táxons respectivamente. Em seguida, encontram- pastinacaria e Nephrolepis exaltata, pois além de se as espécies também registradas para os possuírem poucos registros nas áreas da floresta ecossistemas do Cerrado (28), Caatinga (10), Atlântica Nordestina, não foram coletadas no Pantanal (5) e Pampa (1). Vale ressaltar que dez das trabalho de campo realizado no atual estudo. Embora espécies encontras na REG ocorrem, no país. apenas as áreas da REG sejam destinadas à conservação, cm áreas de Floresta Atlântica (Nordestina + Sul- são preocupantes as queimadas periódicas para o Sudeste), sendo duas delas (Cyathea abreviata e cultivo de mandioca, banana e principalmente cana- Cyclodium heterodon var. abreviatum) endêmicas de-açúcar, assim como as coletas desordenadas e

Rodriguésia 62( 1): 001 -010. 201 1 Samambaias e licófitas da Reserva Ecológica de Gurjaú intensivas retiradas de madeira e de plantas Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural de ornamentais. Esses fatos comprometem a diversidade Pernambuco, Recife. 577p. das samambaias e licófitas ocorrentes nas áreas da Barros, I.C.L.; Santiago, A.CP.; Pereira, A.F.N. & Pietrobom, M.R. 2006. Pteridófitas. In: Porto, K.C.; Reserva. Given & Jermy (1985), comentam que a Almeida-Corez, J.S. & Tabarelli, M. elaboração de uma criteriosa lista de espécies (org.). Diversidade biológica e conservação da Floresta ameaçadas, somada à cooperação e ao acesso das Atlântica ao norte do rio São Francisco. Ministério informações através do contato entre pesquisadores, do Meio Ambiente, Brasília. Pp. 147-171. seriam a chave para uma efetiva conservação das Barros, I.C.L. & Windisch, P.G. 2001. Pteridophytes samambaias e licófitas. of the state of Pernambuco, Brazil: rare and Dessa forma, identificar as espécies endangered species. In: Abstract of the consideradas raras, poderá contribuir para a elaboração international symposium: Fern Flora Worldwide de medidas conservacionistas mais eficazes. Em um Threats and Responses. University of Surrey, Guildford. Pp. 17. país de dimensões continentais como o Brasil, muitas Bigarella, J.J. & Andrade-Lima, D. 1982. Paleoenvironmental espécies chegam a um estado crítico de changes in Brazil. In: Prance, G.T. (ed.). Biological desaparecimento regional antes mesmo de terem diversification in the tropics. The New York passado pelas listas de raridade criadas pelos órgãos Botanical Garden, New York. Pp. 27-40. nacionais. Isso ressalta a importância das criações de Given, D.R. & Jermy, A.C. 1985. Conservation of listas regionais (municipais ou estaduais), pois pteridophytes: a postscript. In: Dyer A.F. & Page espécies bem distribuídas não são consideradas raras C.N. (eds.). Biology of pteridophytes. em contexto nacional, mas podem estar desaparecendo Proceedings of the Royal Society of Edinburgh, Edinburgh. Pp. 435-437. em escala regional; principalmente quando estão IBGE. 1985. Atlas nacional do Brasil: Região Nordeste. associadas a ambientes alterados pela ação antrópica IBGE, Rio de Janeiro. (Barros & Windisch 2001). Labiak, P.H. & Prado, J. 1998. Pteridófitas epífitas da Reserva Volta Velha, Itapoá- Santa Catarina, Brasil. Agradecimentos Boletim do Instituto de Botânica 11: 1-79. Os autores agradecem ao Ministério do Meio Lopes, M.S. 2003. Florística, aspectos ecológicos e distribuição Ambiente (PROBIO/MMA) pelo financiamento de altitudinal das pteridófitas em remanescentes de Floresta Atlântica no estado de pesquisa, ao CNPq pela concessão de bolsa aos Pernambuco, Brasil. Dissertação de Mestrado. autores, ao biólogo Felipe Lira pelo apoio nas Universidade Federal de Pernambuco, Recife. 77p. coletas, a Dra. Fabiana Nonato pela confirmação a Menini Neto, L.; Alves, R.J.V.; Barros, F. & Forzza, R.C. identificação de duas espécies de Hymenophyllaceae 2007. Orchidaceae do Parque Estadual de Ibitipoca, e aos Doutores Jefferson Prado, Alexandre Salino MG, Brasil. Acta Botânica Brasilica 21: 687-696. e Márcio Roberto Pietrobom, pelas informações Moran, R.C. 2008. Diversity, biogeography, and floristics. sobre a distribuição geográfica de algumas espécies In: Ranker, T.A. & Haufler, CH. (eds.). Biology and estudadas. Agradecemos também aos revisores pelas evolution of ferns and lycophytes. Cambridge importantes sugestões para melhoria deste trabalho. University Press, New York. Pp. 367-394. Moran, R.C. & Riba, R. 1995. Psilotaceae a Salviniaceae. Referências In: Davidse, G.; Sousa, M. & Knapp, S. (eds.). Flora mesoamericana. Vol. 1. Universidad Nacional Autônoma Andrade-Lima, D. 1960. Estudos fitogeográficos de de México, Ciudad de México. Pp. 1-470. Pernambuco. Arquivos do Instituto de Pesquisas Pausas, J.G. & Sáez, L. 2000. Pteridophyte richnessn in Agronômicas 5: 305-341. the NE Iberian Península: biogeographic patterns. Andrade-Lima, D. 1966. Esboço fitoecológico de Plant Ecology 148: 195-205. alguns brejos de Pernambuco. Boletim Técnico Pichi-Sermolli, R.E.G. 1996. Authors of scientific names do Instituto de Pesquisas Agronômicas de in Pteridophyta. Royal Botanical Garden, Kew. 78p. Pernambuco 8: 1-27. Pietrobom. M.R. 2004. Florística e associações de Andrade-Lima, D. 1969. Pteridófitas que ocorrem nas espécies de pteridófitas em remanescentes da floras extra-amazônicas e amazônicas do Brasil e Floresta Atlântica Nordestina, Brasil. Tese de proximidades. In; Anais do XX Congresso Nacional Doutorado. Universidade Federal de Pernambuco, de Botânica. Sociedade Botânica do Brasil, Goiás. Recife. 183p. Pp. 34-39. Pietrobom, M.R.

Rodriguésia 62( 11: 001 -010. 201 1 10 Pereira. A.F.N et ai.

Pietrobom. M.R. & Barros, I.C.L. 2006. Associações entre Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.: as espécies de pteridófítas em dois fragmentos de Floresta Schneider. H. & Wolf, P.G. 2008. Fern classification. Atlântica do Nordeste brasileiro. Biotemas 19: 15-26. In: Ranker, T.A. & Haufler. CH. (eds.). Biology Pietrobom, M.R. & Barros, I.C.L. 2007. PteridoOora do and evolution ferns and lycophytes. Cambridge Engenho Água Azul, município de Timbaúba, University Press, New York. Pp. 417-467. Pernambuco. Brasil. Rodriguesia 58:085-094. Sota, E.R. 1971. El epifitismo y las pteridófítas en Costa Prado, J. & Sylvestre. L.S. 2010. Samambaias e Licófitas. In: Rica (América Central). Nova Hedwigia 21:401 -465. Forzza, R.C. et ai. (eds.). Catálogo de plantas e fungos Sylvestre. L.S. 1997. Pteridófítas da Reserva Ecológica de do Brasil. Vol. I. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico Macaé de Cima. In: Lima, H.C. & Guedes-Bumi. R.R. do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Pp. 522-567. (eds.). Serra de Macaé de Cima: diversidade florística e Prance. G.T. 1982. Forest refuges: evidences from woody conservação em Mata Atlântica. Jardim Botânico do angiosperms. In: Prance, G.T. (ed.). Biological Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Pp. 40-52. diversification in the tropics. Columbia University Tabarelli, M.; Siqueira Filho, J.A. & Santos, A.M.M. 2006. Press, New York. Pp. 137-158. A floresta atlântica ao norte do Rio São Francisco. Primack, R.B. & Rodrigues, E. 2001. Biologia da In: Porto, K.C.; Almeida-Cortez, J.S & Tabarelli, conservação. Ed. Vida. Londrina. 327p. M. (org.). Diversidade biológica e conservação da floresta atlântica Salino. A. 1996. Levantamento das pteridófítas da Serra ao norte do rio São Francisco. do Cuscuzeiro, Analândia. SP, Brasil. Revista Ministério do Meio Ambiente, Brasília. Pp. 23-37. Brasileira de Botânica 19: 173-178. Thiers, B. 2010. Index Herbariorum: A global dircctory Santiago, A.C.P. 2006. Pteridófítas da floresta atlântica of public herbaria and associated staff. New York ao norte do Rio São Francisco: florística, biogeografia Botanical Garden's Virtual Herbarium. Disponível e conservação. Tese de Doutorado. Universidade em . Acesso em 17 Federal de Pernambuco, Recife. 124p. agosto 2010. Santiago. A.C.P. & Barros, I.C.L. 2003. Pteridoflora do Refúgio Tonhasca Jr.. A. 2005. Ecologia e história natural da mata Ecológico Charles Darwin (Igarassu. Pernambuco, atlântica. Ed. Interciência. Rio de Janeiro. 197p. Brasil). Acta Botânica Brasilica 17: 597-604. Tryon. R.M. 1972. Endemic áreas and geigraphical speciation Santiago, A.C.P.; Barros, I.C.L. & Sylvestre, L.S. 2004. in tropical american ferns. Biotropica 4: 121-131. Pteridófítas ocorrentes em três fragmentos florestais Tryon, R.M. 1985. Fern speciation and biogeography. de um brejo de altitude (Bonito-Pernambuco-Brasil). Proceeding ofthe Royal Society of Edinburgh 86B: Acta Botânica Brasilica 18: 781-792. 353-360. Santos, A.M.M; Cavalcanti 1. D.R.; Silva. J.M.C & Tryon. R.M. & Tryon. A.F. 1982. Ferns and allied plants. Tabarelli. M. 2007. Biogeographical relationships with special reference to tropical America. Springer- among tropical forests in north-eastern Brazil. Verlag, New York. 857p. Joumal of Biogeography 34: 437—446. Xavier, S.R.S. & Barros, I.C.L. 2003. Pteridófítas ocorrentes Schwartsburd. P.B. & Labiak, PH. 2007. Pteridófítas em fragmentos de floresta serrana no estado de do Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa. Pernambuco, Brasil. Rodriguesia 54: 13-21. Paraná, Brasil. Hoehnea 34: 159-209. Xavier. S.R.S. & Barros, I.C.L. 2005. Pteridoflora e seus Sehnem, A. 1977. As fílicíneas do sul do Brasil, sua aspectos ecológicos ocorrentes no Parque Ecológico distribuição geográfica, sua ecologia e suas rotas de João Vasconcelos Sobrinho, Caruaru. PE. Brasil. migração. Pesquisas botânica 31: 1 -108. Acta Botânica Brasilica 19:775-781. Smith. A.R.: Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall. P; Windisch. P.G. 1990. Pteridófítas da região norte-ocidental Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification do estado de São Paulo: guia para excursões. 2ed. for extant feras. Taxon 55: 705-731. UNESP, São José do Rio Preto. 1 lOp.

Artigo recebido em 19/04/2010. Aceito para publicação em 03/ 1 1 /2010.

Rodriguesia 6211): 001 -010. 201 1 ss» Rodriguésia 62(11:011 -033. 201 1 http: / /rod riguesia.jbrj.gov.br

Dennstaedtiaceae (Polypodiopsida) no estado % de Minas Gerais, Brasil1 Dennstaedtiaceae (Polypodiopsida) in Minas Gerais, Brasil

2 Francine Costa Assis & Alexandre Salino

Resumo Dennstaedtiaceae Pie. Serm. sensu lato é formada por cerca de 20 gêneros e 175 espécies. A família é caracterizada pelo caule ereto, raramente arborescente, curto a longo-reptante, com tricomas e/ou escamas, folhas geralmente pinadas, raro simples, soros indusiados e marginais, submarginais ou raramente abaxiais, esporângios curto a longo-pedicelados, anulo interrompido pelo pedicelo, esporos sem clorofila. Foram encontrados no estado de Minas Gerais oito gêneros e 24 espécies de Dennstaedtiaceae: Blotiella lindeniana (Hook.) R.M. Tryon. Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore, D. comuta (Kaulf.) Mett., D. dissecta (Sw.) T. Moore, D. globulifera (Poir.) Hieron., Histiopteiis incisa (Thunb.) J. Sm., Hypolepis aquilinaris (Fée) Christ, H. repens (L.) C. Presl, H. stolonifera Fée, H. mitis Kunze, Lindsaea arcuata Kunze, L bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn, L. botrychioides St.-Hil.,L divaricata Klotzsch, L. guianensis ssp. lanceastrum K.U. Kramer, L lancea (L.) Bedd. var. lancea, L. ovoidea Fée, L quadrangidaris Raddi ssp. quadrangularis, L stricta (Aubl.) Dryand. var. stricta, L. virescens Sw. var. virescens, Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn, Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon, Saccoloma elegans Kaulf. e 5. inaequale (Kunze) Mett. São apresentadas descrições, chaves de identificação, ilustrações, comentários e distribuição geográfica dos táxons. Palavras-chave: florística, pteridófitas, taxonomia. Abstract Dennstaedtiaceae Pie. Serm. sensu lato is a family contains about 20 genera and 175 species. The family is characterized by stem erect, short or very long-creeping, bearing trichomes or scales, or both, leaves pinnate or rarely simple, indusiate and marginal, submarginal or rarely abaxial sori, sporangia short to usually long-stalked, annulus interrupted by the stalk, spores lacking chlorophyll. Eight genera and twenty four species were found: Blotiella lindeniana (Hook.) R.M. Tryon, Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore, D. comuta (Kaulf.) Mett., D. dissecta (Sw.) T. Moore, D. globulifera (Poir.) Hieron., Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm., Hypolepis aquilinaris (Fée) Christ, H. repens (L.) C. Presl., H. stolonifera Fée, H. mitis Kunze, Lindsaea arcuata Kunze, L. bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn, L botrychioides St.-Hil., L divaricata Klotzsch, L. guianensis ssp. lanceastrum K.U. Kramer, L. lancea (L.) Bedd. var. lancea, L. ovoidea Fée,L quadrangularis Raddi ssp. quadrangularis, L. stricta (Aubl.) Dryand. var. stricta, L. virescens Sw. var. virescens, Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn, Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon, Saccoloma elegans Kaulf., and 5. inaequale (Kunze) Mett. Descriptions, identification keys, illustrations, geographical distribution, and comments of taxa are provided. Key words: fems, floristics, .

íntroauçaocaracterizada pelo caule ereto, raramente arborescente, Dennstaedtiaceae Pie. Serm. é formada porcurto a longo-reptante, coberto por tricomas e/ou cerca de 20 gêneros e 175 espécies (Tryon & Stolzeescamas, folhas geralmente pinadas, raramente 1989). Está amplamente distribuída no mundo e,simples, soros indusiados e marginais, submarginais embora seja predominantemente pantropical,ou raramente abaxiais, esporângios curto a geralmente espécies possui boreais ou de regiões temperadaslongo-pedicelados. anulo interrompido pelo pedicelo austrais (Tryon & Stolze 1989). A família pode sere esporos sem clorofila (Tryon & Tryon 1982).

Pane de dissertação de Mestrado, ICB/UFMG. ¦ Universidade Federal de Minas Gerais. Instituto de Cii icias Bir jgicas, Depto. Botânica. C. P. 486,30123-970, Belo Horizonte, MG, Brasil. Autor para correspondência: salinobhu timail.com. 12 Assis, F.C. & Salino A.

Smith et al (2006) apresentam uma nova coletadas e preparadas segundo técnicas usuais classificação para as famílias e gêneros de de herborização. Os espécimes testemunhos foram pteridófitas, baseada numa hipótese filogenética depositados no acervo do herbário BHCB. A lista que utiliza tanto dados morfológicos quanto completa dos materiais examinados e comentários moleculares. Segundo Smith et al. (2006) de cada espécie encontram-se disponíveis em Dennstaedtiaceae sensu lato deve ser segregada Assis (2008). em Dennstaedtiaceae sensu stricto (ca. 1 1 A descrição da família foi baseada em Tryon gêneros), Lindsaeaceae (ca. oito gêneros) e & Tryon (1982), Tryon & Stolze (1989) e Kramer Saccolomataceae (apenas um gênero). Apesar (1990), apresentando amplitude nacional. destas recentes análises, o presente estudo As descrições das espécies foram elaboradas utilizou a circunscrição de Dennstaedtiaceae sensu exclusivamente com base no material examinado. lato adotada por Tryon & Tryon (1982). As medidas das estruturas foram realizadas em Informações disponíveis sobre espécies materiais férteis; o comprimento das pinas brasileiras de Dennstaedtiaceae podem ser corresponde às do terço médio da lâmina; o encontradas na Flora brasiliensis (Baker 1870), comprimento das pínulas refere-se às do terço Flora Ilustrada Catarinense (Sehnem 1972), ou médio das pinas medianas; a largura das pinas e mesmo mais recentemente em Kieling-Rubio & pínulas foi medida na parte média. A medida do Windisch 2002 para o estado do Rio Grende do Sul. diâmetro do caule foi realizada próxima ao peciolo Tais informações também podem ser encontradas e, para o diâmetro do peciolo, a medida foi feita em trabalhos com enfoque mais regional como Ilha na base. Para a descrição da morfologia em geral, de Maracá (Edwards 1998), Flora do Maciço da foram utilizados os termos propostos no Juréia (Prado 2004a). Parque Estadual das Fontes glossário de Lellinger (2002). do Ipiranga - SP (Prado 2004b). Reserva do Rio das No tratamento taxonômico, os táxons estão Pedras - Mangaratiba (Mynssen & Windisch arranjados em ordem alfabética. As abreviaturas 2004), Reserva Ducke - Manaus (Prado 2005) e de autores dos táxons estão de acordo com Parque Estadual de Vila Velha - Ponta Grossa PichiSermolli(1996). (Schwartsburd & Labiak 2007), nos quais somente algumas espécies são tratadas, o Resultados e Discussão mesmo ocorrendo para Minas Gerais nos Tratamento taxonômico trabalhos da Serra do Cipó (Prado & Windisch Dennstaedtiaceae Pie. Serm., Webbia 24: 1996), Grão Mogol (Prado & Labiak 2003) e 704.1970. Estação Ecológica do Panga - Uberlândia Plantas terrestres ou rupícolas. raro epífitas. (Arantes et al 2008). Caule ereto, raramente arborescente, curto a longo- O objetivo desse trabalho foi realizar um reptante, com tricomas e/ou escamas. Folhas ca. 20 estudo taxonômico de Dennstaedtiaceae sensu cm a 7 m compr., raro 12 m compr., de vernaçâo lato no estado de Minas Gerais, elaborando circinada, geralmente pinadas, raro simples e descrições, chaves de identificação, ilustrações cordadas a sagitadas, geralmente monomorfas; dos táxons e comentários taxonômicos, nervuras livres a completamente anastomosadas, contribuindo assim para a ampliação do sem vênulas livres nas aréolas. Soros marginais, conhecimento da flora pteridofítica para o estado. submarginais, ou raramente abaxiais, nas extremidades das nervuras ou sobre uma comissura Material e Métodos vascular; indúsio em forma de taça ou bolsa, ou O presente estudo foi realizado com base em formado por segmento modificado da margem da amostras coletadas nas regiões noroeste e norte lâmina revoluta sobre os esporângios, ou indúsio de Minas. Baixo Vale do Jequitinhonha. Central abaxial estendido lateralmente, ou ainda um indúsio Mineira, Triângulo Mineiro, Vale do Rio Doce, Zona marginal bem desenvolvido e outro interno abaxial da Mata, Sudeste e Sul de Minas Gerais, bem como menos desenvolvido; esporângios curtos a em material proveniente dos herbários BHCB. F, geralmente longo-pedicelados, com ângulo HB. HUFU, MBM, MBML. OUPR. R. RB, SJRP e longitudinal a levemente oblíquo, anulo SPF (510 espécimes). As siglas dos herbários interrompido pelo pedicelo, isosporados. esporos seguem Holmgren et al. (1990). As amostras foram monoletes ou triletes. sem clorofila.

Rodriguésia 62( 11: 01 1 -033. 201 1 Dennstaedtiaceae de Minas Gerais\ 3

Chave de identificação para os gêneros de Dennstaedtiaceae sensu lato em Minas Gerais 1. Uma única nervura em cada soro. 2. Caule ereto, com escamas8. Saccoloma 2\ Caule reptante, sem escamas. 3. Esporos monoletes; indúsio formado pela margem da lâmina revoluta e modificada 4. Hypolepis 3'. Esporos triletes; indúsio em forma de taça ou bolsa2. Dennstaedtia 1". Duas ou mais nervuras em cada soro. 4. Pinas ou pínulas dimidiadas, flabeladas ou ovadas5. Lindsaea 4". Pinas ou pínulas lineares, elípticas, lanceoladas, raro deltóides. 5. Nervuras livres. 6. Lâmina com tricomas glandulares6. Paesia 6'. Lâmina sem tricomas glandulares 7. Segmentos estéreis e porção estéril de segmentos férteis com margem modificada similar ao indúsio; indúsio abaxial presente7. Pteridium 1'. Segmentos estéreis e porção estéril de segmentos férteis com margem não modificada similar ao indúsio, somente porção fértil do segmento com margem modificada em indúsio; indúsio abaxial ausente1. Blotiella 5*. Nervuras anastomosadas. 8. Caule com escamas; lâmina geralmente glabra, usualmente glauca na face abaxial 3. Histiopteris 8'. Caule sem escamas; lâmina sempre pilosa, não glauca na face abaxial 1. Blotiella

1. Blotiella R.M. Tryon, Contr. Gray Herb. 191: dos segmentos, tricomas catenados na costa e 96.1962. cóstula, nervuras glabras. Soros reniformes, nos Blotiella é um dos poucos gêneros de enseios ou nos lados acroscópico e basioscópico; pteridófitas fortemente centrados na África (ca. 15 indúsio membranáceo, margem crenada, pubescente espécies), apresentando uma única espécie na região com tricomas aciculares ou catenados. Neotropical (Tryon & Tryon 1982; Kramer 1990). Material examinado: Santa Maria do Salto, Fazenda Duas Barras, 16°24' 16,5"S e40°03'27,4"W, X.2003, A 1.1. Blotiella lindeniana (Hook.) R.M. Tryon, Salino et al. 9236 (BHCB). Simonésia, RPPN Mata do Contr. Gray Herb. 191: 99. 1962. Lonchitis Sossego, 20°04'2,0"S e 42°04'40,4"W, V.2006, A. Salino lindeniana Hook. Sp. Fil. 2:56.1851. Fig. la-c etai. 11027 (BHCB). Plantas terrestres; caule reptante, 8,24-10,95 mm Segundo Tryon & Stolze (1989), Blotiella lindeniana apresenta diâm., piloso ou pubescente com tricomas catenados. nervuras completamente anastomosadas, entretanto, no material analisado Folhas 135,8-180,5 cm compr.; pecíolo 32-54,6 x 0,70- 0,89 cm, sulcado adaxialmente, com tricomas ocorrem nervuras anastomosadas e livres. Em Minas aciculares, catenados ou clavados; lâmina 103,8- Gerais, a espécie é considerada ameaçada de extinção. 125,9 cm compr., 2-pinado-pinatífida, membranácea, Blotiella lindeniana ocorre no Caribe, Costa lanceolada ou elíptica, ápice agudo ou cuneado; raque Rica, Venezuela, Colômbia, Bolívia e Brasil (Tryon & sulcada adaxialmente, com tricomas aciculares, Tryon 1982). No Brasil ocorre nos estados de Minas catenados e clavados; pinas 17,2 -33,3 cm compr., Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa sésseis, lanceoladas a elípticas, ápice cuneado, às Catarina (Schwaitsburd 2010). Em Minas Gerais ocorre vezes caudado; costa sulcada adaxialmente, pilosa geralmente em locais muito úmidos, em floresta ombrófila ou pubescente; pínulas 2,1-5,2 x 0,99-1,7 cm, sésseis, densa montana, entre 750 e 1600 m de altitude. lineares, ápice cuneado, às vezes caudado, margem crenada, as basais reduzidas ou ausentes no lado 2. Dennstaedtia Bernh., J. Bot. 1800(2): 124. 1800 acroscópico, reduzidas ou não no lado basioscópico; [1801]. cóstula sulcada ou não adaxialmente, pilosa ou Dennstaedtia é um gênero tropical e pubescente; indumento de tricomas aciculares e extratropical, com ca. 45 espécies, sendo 12 delas clavados na costa, cóstula, tecido laminar e margens encontradas na América (Tryon & Tryon 1982).

Rodriguesia 62( 1): 011 -033. 201 1 14 Assis. F.C. & Salino A.

V «A. vi V^-^ ^ ^ ^ ^

Figura 1 - a-c. Blotiella lindeniana (A. Salino 9236) - a. pina mediana; b. detalhe da face abaxial dos segmentos e cóstula; c. detalhe da face adaxial dos segmentos e da cóstula. d-f. Dennstaedtia cicutaria (T.E. Almeida 237) - d. pina mediana; e. detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula; f. detalhe da face adaxial dos segmentos e da cóstula. g-h. Dennstaedtia comuta (A. Salino 12539) - g. detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula; h. detalhe da base do peciolo e caule. i-1. Dennstaedtia dissecta (A. Salino 2227) - i. pinas medianas com gemas na base; j. detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula; k. detalhe da face adaxial dos segmentos e da cóstula; 1. detalhe da base do peciolo. Figure 1 - a-c. Blotiella lindeniana (A. Salino 9236) - a. mediai pinna; b. dctail ofthe abaxial surface of segments and costulc; c. dctail ofthe adaxial surface of segments and costule. d-f. Dennstaedtia cicutaria (TE. Almeida 237) - d mediai pinna; e. dctail ofthe abaxial surface of segments and costule; f. dctail ofthe adaxial surface of segments and costulc. g-h. Dennstaedtia comuta (A Salino 12539) - g. dctail ofthe abaxial surface of segments and costulc; h. dctail of petiole base and stem. i-1 Dennstaedtia dissecta (A. Salino 2227) - i. mediai pinnac with buds; j. dctail ofthe abaxial surface of segments and costulc; k. dctail ofthe adaxial surface of segments and costule; 1. dctail of petiole base.

Rodriguésia 62(11:011 -033. 201 1 Dennstaedtiaceae de Minas Geraisi

Chave de identificação para as espécies de Dennstaedtia em Minas Gerais 1. Eixo dos penúltimos segmentos com aletas herbáceas no lado basioscópico da face adaxial perpendiculares ao plano do segmento; caule piloso2.4.D. globulifera V. Eixo dos penúltimos segmentos sem aletas herbáceas; caule glabro ou pubescente. 2. Com gemas nas pinas e pínulas; lâmina membranácea a papirácea; pínulas sésseis. 3. Base do pecíolo com raízes; pinululas 0,34-0,52 cm de largura2.3. D. dissecta 5\ Base do pecíolo sem raízes; pinululas 0,15-0,28 cm de largura2.2. D. comuta T. Sem gemas nas pinas e pínulas; lâmina cartácea; pínulas pecioluladas2.1. D. cicutaria

2.1. Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore, Index Minas Gerais ocorre geralmente no interior de Fil. 97. 1857. Dicksonia cicutaria Sw., J. Bot. formações florestais como matas de galeria em floresta 1800(2): 91.1801.Fig. ld-f estacionai semidecidual montana e floresta ombrófila Plantas terrestres; caule reptante, 8,18- densa montana, entre 700 e 1200 m de altitude. 12,23 mm diâm., pubescente com tricomas aciculares e catenados, ou glabro. Folhas 159,5-250,5 cm 2.2. Dennstaedtia comuta (Kaulf.) Mett., Ann. Sei. compr.; pecíolo 69-150 x 0,68-1,24 cm, sulcado Nat. 5.2:260.1864. Dicksonia comuta Kaulf, Enum. adaxialmente, sem raízes na base, pubescente com Fil. 227.1824.Fig. 1 g-h tricomas aciculares; lâmina 90,5-100,5 cm compr., Plantas rupícolas ou terrestres; caule 2-pinado-pinatífida a 3-pinado-pinatissecta, geralmente ascendente ou reptante com ápice cartácea, lanceolada a elíptica, ápice agudo; raque elevado, 3,46-1,77 mm diâm., glabro. Folhas 39,5- 142,5 cm compr.; 15,5^7 x sulcada adaxialmente, pubescente com tricomas pecíolo 0,17-0,74 cm, sulcado adaxialmente, sem raízes na base, aciculares e catenados; pinas 18,4-54 cm compr., com tricomas catenados; lâmina 24- pecioluladas, lanceoladas a lineares, ápice cuneado pubescente 98,5 cm compr., 2-pinada a 3-pinado-pinatífida, a agudo, sem gemas; costa sulcada adaxialmente, membranácea a papirácea, lanceolada a elíptica, pubescente ou 2,6-9 x 0,73-2 cm, pilosa; pínulas ápice agudo a cuneado; raque sulcada pecioluladas, lanceoladas a lineares, ápice cuneado adaxialmente, pubescente com tricomas catenados; a agudo, às vezes caudado, as basais não reduzidas, pinas (3,8) 10,4-27,6 cm compr., sésseis, elípticas a sem cóstula sulcada adaxialmente, gemas; lineares, ápice cuneado-caudado, ou redondo, com ou 0,89-1,11 x 0,32- pubescente pilosa; pinululas gemas pubescentes com tricomas catenados; costa 0,45 cm, sésseis, sem aletas na base, lineares, sulcada adaxialmente, pubescente ou glabra; dimidiadas ou ápice redondo, margem quadrilaterais, pínulas (0,64)1,2-3,2 x 0,42-1 cm, sésseis, crenada a inteira, plana ou recurvada, glabra, as lanceoladas, lineares ou elípticas, ápice redondo basais não reduzidas; nervuras bifurcadas, as ou cuneado, caudado ou não, as basais reduzidas estéreis clavadas tricomas no ápice; indumento de ou não, com gemas pubescentes com tricomas catenados na costa, cóstula, tecido laminar e catenados; cóstula sulcada ou não adaxialmente, nervuras. Soros oblongos ou arredondados; pubescente ou glabra; pinululas 0,39-0,61 x 0,15- indúsio em forma de bolsa, membranáceo, glabro. 0,28 cm, sésseis, sem aletas na base, ovadas, ápice Material examinado: Patos de Minas, Cascata, redondo ou agudo, margem inteira ou levemente 1.IX.1935, A.P. Duarte 3077 (RB). Sabará. RPPN de crenada, geralmente plana, glabra, as basais Cuiabá, Base da e Serra da Piedade, 19°51'8,7"S reduzidas ou não; nervuras geralmente bifurcadas, 43°44'38,rw, 18.VII.2006, TE. Almeida & D.T. Souza as estéreis clavadas no ápice; indumento de 237 (BHCB). São Roque da de Minas, Parque Nacional tricomas catenados na costa, cóstula, tecido laminar Serra da Canastra, Casca d'Anta, 20°18'20"S e e nervuras, ou tecido laminar e nervuras 46°3ri2,8"W, 14.VII.1997.A. Salino3196(BHCB). glabros. Soros oblongos ou arredondados; indúsio em forma Dennstaedtia cicutaria ocorre no México, de bolsa, membranáceo, América Centra], Grandes Antilhas e Venezuela até a glabro. Material examinado selecionado: Conceição do Mato Argentina & (Mickel Smith 2004). No Brasil ocoiTe Dentro, Parque Natural Municipal do Ribeirão nos do Campo, estados do Pará, Ceará, Mato Grosso, Minas 19o06'19,4"Se43°34'4,9"W,30.V.2003,A.5a/moera/. Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, 8749 (BHCB). Lambari, Parque Estadual de Nova Baden, Paraná e Santa Catarina (Schwartsburd 2010). Em trilha das Sete Quedas, 21°56'15,2"S e 45°19'23,9"W,

Rodriguésia 62( 1): 011 -033. 2011 16 Assis. F.C. & Salino A.

13.VII.2007. A. Salino et al. 12539 (BHCB). Santa Maria Catas Altas, Parque Natural do Caraça, Mata do do Salto, Fazenda Duas Barras, 16°24'16,5"S e Engenho, 20°07'S e43°27'W, 20.XI.2004, N.F.O. Mota 40°03'27,4"W, 10.X.2O03.A. Salinoetal. 926/íBHCB). etal. 78 (BHCB). Dennstaedtia comuta apresenta todos os Dennstaedtia dissecta ocorre no México, eixos castanho-escuros. América Central, Antilhas. Trinidad a Colômbia Brasil. A espécie ocorre no México, América Bolívia e Paraguai (Tryon & Stolze 1989). No Brasil Central e Venezuela até a Bolívia (Mickel & Smith ocorre nos estados da Bahia. Minas Gerais, Rio de 2004). A distribuição no Brasil é incerta, porém há Janeiro, São Paulo. Paraná. Santa Catarina e Rio Grande um registro para a Bahia (Matos 2009). Em Minas do Sul (Schwartsburd 2010). Em Minas Gerais ocorre Gerais ocorre geralmente em locais muito úmidos, geralmente em locais muito úmidos, muitas vezes até à margem de cursos d'água, muitas vezes sobre alagados, em matas de galeria e ciliares, floresta rochas úmidas junto à cachoeiras, em Floresta estacionai semidecidual submontana. montana e Ombrófila Densa Submontana e Montana (em altomontana c lloresta ombrófila densa montana, entre fundo de vale e interflúvios) e matas de galeria, 370 el 900 m de altitude. entre 620 e 1600 m de altitude. 2.4.Dennstaedtiaglobulifera (Poir.) Hieron., Bot. 2.3. Dennstaedtia dissecta (Sw.) T. Moore. Index Jahrb. Syst. 34.455. 1904. Polypodium globuliferum Fil. 305. 1861. Polypodium dissectum Sw., Prodr. Poir.Encycl. 5:554.1804.Fig. 2a-c 134.1788.Fig. li-1 Plantas terrestres, caule reptante. 1,89— 12,69 mm Plantas terrestres, raro rupícolas; caule diâm., piloso com tricomas catenados ou aciculares. reptante, 2,02-18,67 mm diâm., pubescente com Folhas 109-323,8 cm compr.; peciolo 48 -130 x 0,36- tricomas catenados ou glabro. Folhas 35-316 cm 0,95 cm, sulcado adaxialmente, sem raízes na base, compr.; peciolo 11-118 x 0,21-1,12 cm, sulcado piloso com tricomas catenados e aciculares, adaxialmente, com raízes na base, pubescente com pubescente com tricomas catenados; lâmina 61- tricomas catenados, clavados ou aciculares; lâmina 193,8 cm compr., 3-pinada, raro 2-pinado-pinatífida 53,5-198 cm compr., 2-pinada a 3-pinado-pinatífida, membranacea, lanceolada ou elíptica, ápice agudo ou membranacea a papirácea, lanceolada a elíptica ápice lanceado; raque sulcada adaxialmente, pubescente. agudo a cuneado, às vezes caudado; raque sulcada pilosa ou não com tricomas catenados; pinas 19- adaxialmente. pubescente com tricomas catenados: 42,1 cm compr., pecioluladas ou curto-pecioluladas, pinas 5,9-56,3 cm compr., sésseis, ou curto- elípticas, lanceoladas ou lineares, ápice cuneado ou pecioluladas, elípticas, lanceoladas ou lineares, ápice agudo, caudado ou não, sem gemas; costa sulcada cuneado-caudado, agudo, ou redondo, com gemas adaxialmente, pubescente ou glabra; pinulas 2,4- 8,4 pubescentes com tricomas catenados; costa sulcada x 0,48-2 cm, pecioluladas a sésseis, lanceoladas a adaxialmente, pubescente ou glabra; pinulas 0,53- lineares, ápice cuneado. agudo, ou redondo, às vezes 10,1 x 0.79 - 9,18 cm, sésseis, lanceoladas ou lineares, caudado, as basais reduzidas ou não, sem gemas; ápice redondo ou cuneado, às vezes caudado, as cóstula sulcada adaxialmente, pubescente ou glabra; basais reduzidas ou não, com gemas pubescentes pinululas 0,50-0,99 x 0,24-0,51 cm, sésseis, com aletas com tricomas catenados; cóstula sulcada ou não herbáceas no lado adaxial e na base da penúltima adaxialmente, pubescente ou glabra; pinululas 0,55- pinulula, ovadas ou dimidiadas, ápice redondo, 1,06 x 0,34—0,52 cm, sésseis, sem aletas na base, margem crenada, recurvada ou não, glabra, as basais oblongas, ápice redondo ou quadrangular, margem reduzidas ou não; nervuras bifurcadas, raro simples, crenada a inteira, plana às vezes recurvada, glabra, estéreis clavadas no ápice; indumento de tricomas as basais reduzidas ou não; nervuras geralmente aciculares na costa e cóstula, tricomas catenados na bifurcadas, às vezes 2-3-bifurcadas, as estéreis costa, cóstula tecido laminare nervuras, txi tecido laminar clavadas no ápice; indumento de tricomas catenados e nervuras glabros. Soros arredondados ou oblongos; na costa cóstula, tecido laminar e nervuras, ou tecido indúsio em forma de taça, membranáceo. pubescente laminar e nervuras glabros. Soros arredondados; com tricomas catenados. principalmente na base. indúsio em forma de bolsa, membranáceo, glabro. Material examinado selecionado: Alto Caparão, Material examinado selecionado: Aiuruoca, Vale do Parque Nacional do Caparão, XI.2006, A. Salino et al. Matutu, RPPN do Matutu, Cachoeira do Fundo, 11421 (BHCB). Januária, vale do Rio Peruaçu, 22°10'02"S e 44°54'49,9"W, 12.X.2004, A. Salino et 15°07,23"Se44°14,34"W, 20.VII.I997./1. Sa/moi25/ al. 9816 (BHCB). Caratinga, Estação Biológica de (BHCB). Marliéria, Parque Estadual do Rio Doce, trilha Caratinga, Jaó, 24.IH.20OO, A. Salino 5120 (BHCB). do Vinhático.29.III.1996, A. Salino 2666 (BHCB).

Rodriguésia 62(1): 01 1-033. 201 1 Dennstaedtiaceae de Minas Gerais 17

j

Figura - - 2 a-c. Dennstaedtia globulifera (A. Salino 9569) a. detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula; b. detalhe da face adaxial dos segmentos e da cóstula; c. detalhe da base do pecíolo e caule. d-f. Histiopteris incisa (F. C. Assis 01) - d. pina mediana; e. detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula; f. detalhe da base do pecíolo e caule, g-h. Hypolepis aquilinaris (J.B. Figueiredo 481) - g. detalhe da face abaxial da raque, costa e pínulas; h. detalhe da base do pecíolo e caule, i-j Hypolepis mitis (A. Salino 12984) - i. hábito; j. detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula. - Figure 2 a-c. Dennstaedtia globulifera (A. Salino 9569) - a. detail of the abaxial surface of segments and costulc; b. detail of the adaxial surface of segments and costule; c. detail of petiole base and stem. d-f. Histiopteris incisa (F.C. Assis 01) - d. mediai pinna; e. detail ofthe abaxial surface of segments and costulc; f. detail of petiole base and stem. g-h. Hypolepis aquilinaris (J.B. Figueiredo 481) - g. detail ofthe abaxial surface of rachis, costa and pinnules; h. detail of petiole base and stem. i-j. Hypolepis mitis (A. Salino - 12984) i. habit; j. detail ofthe abaxial surface of segments and costule.

Rodriguésia 62( 1): 01 1 -033. 201 1 18 Assis. F.C. & Salino A.

Dennstaedlia globulifera ocorre nos estados adaxialmente, glabra; pínulas (0.67) 1,1-14,7 x 0,39 Unidos, América Central, Caribe até a Argentina -4 cm, sésseis, lanceoladas, lineares, elípticas ou (Tryon & Stolze 1989). No Brasil ocorre nos estados oblongas, ápice cuneado-caudado, oblongo, ou do Ceará, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, agudo, as basais reduzidas geralmente no lado Rio de Janeiro, São Paulo. Paraná. Santa Catarina, basioscópico; cóstula geralmente sulcada Rio Grande do Sul (Schwartsburd201())e Espírito adaxialmente; pinululas quando presentes 0,5-2,1 Santo (Salino 13486 - BHCB). Em Minas Gerais x 0.3-0,72 cm. sésseis, margem inteira ou crenada, ocorre geralmente no interior de formações recurvada, as basais reduzidas no lado florestais como matas ciliares, florestas estacionais basioscópico; nervuras anastomosadas. Soros deciduais e semideciduais, e floresta ombrófila oblongos ou lineares nos lados acroscópico e densa submontana e montana, entre 450 e 1400 m basioscópico; indúsio linear, membranáceo, de altitude. margem crenada, glabro. Material examinado selecionado: Camanducaia, mata 3. Histiopteris (J. Agardh) J. Sm., Hist. Fil.: 294. da nascente do rio Camanducaia, 22°42'50"S e 1875. 45°56,12"W.20.VI.2000,A.S»j//>io56/9(BHCB).Santa Maria do Salto. Fazenda Duas Barras, Histiopteris é um com distribuição I6°24'16,5"S e gênero 40°03'27.4"W, X.2003, A. Salino et al. 9185 e temperada, ou (BHCB). pantropical representado por uma São Gonçalo do Rio Preto. Parque Estadual do Rio Preto. poucas espécies (Tryon & Tryon 1982). 18o 12'02,4"S e 43°20' 18,4"W, 6.VIII.2003, A. Salino et al. 9321 (BHCB). 3.1. Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm., Hist. Fil.: Histiopteris incisa ocorre no arquipélago de 295.1875. Pteris incisa Thunb., Prodr. Pl. Cap.: 171. Juan Femandez, Sudeste da Ásia, África, Nova 1800.Fig.2d-f Zelândia, Tasmânia, México, América Central. Plantas terrestres, raro rupícolas; caule longo- Caribe, Venezuela até a Bolívia (Mickel & Smith reptante, 2,04-7,08 mm diâm., com escamas 2004). No Brasil ocorre nos estados da Bahia, Minas lanceoladas, às vezes filiformes, de ápice Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo. Paraná, Santa acuminado, não ciliadas, subclatradas, piloso ou Catarina e Rio Grande do Sul (Schwartsburd 2010). pubescente com tricomas aciculares e catenados. Em Minas Gerais ocorre em formações florestais e Folhas (32,5) 48,7-238,5 cm compr.; pecíolo (6) 11- campestres, como campos rupestres, matas de 70 x (0,18) 0,25-0,70 cm, sulcado ou não galeria e capões de mata da Cadeia do Espinhaço, adaxialmente, com escamas lanceoladas, de ápice florestas estacionais semideciduais montana e acuminado a filiforme, não ciliadas, subclatradas, altomontana entre 1 lOOe 1900 m de altitude. somente na base, ou sem escamas, pubescente com tricomas aciculares ou catenados, ou sem tricomas; 4. Hypolepis Bernh., Neues J. Bot. (Schrad.) 1(2): lâmina 26,5-166,2 cm compr., 2-pinado-pinatífida a 34.1806. pinatissecta, raro 3-pinada, membranacea a Segundo Moran (1995). Hypolepis é um dos papirácea, eliptica ou lanceolada. ápice agudo ou gêneros menos estudados em pteridófitas e várias cuneado; raque geralmente sulcada adaxialmente, espécies deverão ser descritas ainda, sendo pubescente com tricomas catenados ou glabra: necessário um estudo mais abrangente. É composto pinas (4,3) 9,2-55,8 cm compr., sésseis, lanceoladas, por aproximadamente 50 espécies e distribui-se nos elípticas ou lineares, ápice agudo ou cuneado- neotrópicos e regiões temperadas meridionais. As caudado, glabras; costa sulcada ou não espécies estudadas apresentam caule longo-reptante.

Chave de identificação para as espécies de Hypolepis em Minas Gerais Pecíolo, raque e costa com espinhos4.3. H. repens Pecíolo, raque e costa sem espinhos. 2. Pecíolo e lâmina com tricomas glandulares4.4. H. stolonifera 2'. Pecíolo e lâmina sem tricomas glandulares. 3. Lâmina lanceolada a eliptica; base do pecíolo piloso com tricomas setiformes 4.1. H. aquilinaris 3'. Lâmina deltóide; base do pecíolo sem tricomas setiformes4.2. H. mitis

Rodriguésia 62( 1): 01 1 -033. 201 1 Dennstaedtiaceae de Minas Gerais 19

4.1.Hypolepis aquilinaris (Fée) Christ, Buli. Boiss. pecíolo 38-145 x 0,40-0,57 cm, sulcado adaxial e II. 2.636. 1902. CheilanthesaquilinarisFée, Crypt. abaxialmente, piloso com tricomas aciculares e Vasc. Brés. II: 37.1872-73.Fig. 2g-h catenados, pubescente com tricomas catenados, Plantas terrestres, raro rupícolas; caule 1,33- sem espinhos; lâmina 37-157 cm compr., 3-pinada 3,17 mm diâm., pubescente com tricomas catenados, a 3-pinado-pinatífida na base, às vezes 4-pinada, piloso ou não com tricomas setiformes, sem estolões. papirácea, deltóide, ápice agudo; raque levemente Folhas 15,5-234 cm compr., eretas; pecíolo 4,5-51 x flexuosa na base, sulcada adaxialmente, pubescente 0,04-0,48 cm, sulcado adaxialmente, piloso com com tricomas catenados, sem espinhos; pinas 11,6 tricomas -48,2 setiformes na base do pecíolo, pubescente cm compr., pecioluladas, deltóides ou com tricomas aciculares e catenados, sem espinhos; lanceoladas, ápice agudo; costa sulcada lâmina 11-183 cm compr., 2-3-pinado-pinatisecta, raro adaxialmente, pubescente ou pilosa, sem espinhos; 4-pinada, membranácea a papirácea, lanceolada a pínulas (1,94) 6-15 x (0,57) 1,3-6,6 cm, pecioluladas elíptica, ápice agudo a cuneado; raque levemente a sésseis, elípticas a lineares, ápice agudo a flexuosa ou não, sulcada adaxialmente, pubescente cuneado, as basais não reduzidas; cóstula sulcada com tricomas aciculares ou catenados sem espinhos; ou não adaxialmente, pubescente ou pilosa, sem pinas 3,5-61,1 cm compr., pecioluladas ou sésseis, espinhos; pinululas 0,75-3,1 x 0,18-0,92 cm, elípticas ou lanceoladas, ápice cuneado ou agudo; pecioluladas a sésseis, lineares, ápice redondo ou costa sulcada adaxialmente, pubescente, sem agudo a cuneado, as basais não reduzidas; espinhos; pínulas 0,89-13 x 0,41-4,66 cm, sésseis a segmentos 0,40-0,55 x 0,17-0,25 cm, sésseis, curto-pecioluladas, lanceoladas, elípticas ou lineares, lineares, ápice redondo, margem crenada, ápice redondo, cuneado ou agudo, as basais reduzidas geralmente plana, glabra, os basais não reduzidos; ou não; cóstula sulcada adaxialmente, pubescente, nervuras geralmente bifurcadas; indumento de sem espinhos; pinululas 0,32-1,52 x 0,182-0,57 cm, tricomas aciculares e catenados na costa, cóstula, sésseis, lanceoladas, lineares, ovadas, ou elípticas, nervuras e tecido laminar, ou clavados nas nervuras ápice redondo, cuneado ou agudo, margem crenada, e tecido laminar. Soros marginais, oblongos ou recurvada a plana, as basais reduzidas ou não; arredondados, nos enseios ou próximo dele; indúsio nervuras l(2)-bifurcadas; indumento de tricomas membranáceo, margem crenada e pubescente com aciculares na costa, cóstula, tecido laminar, nervuras tricomas aciculares e catenados. e margens dos segmentos, tricomas catenados na Material examinado: Aiuruoca, Parque Estadual da Serra costa e cóstula, tricomas clavados no tecido laminar e do Papagaio, 22°02'32,5"S e 44°38'32,rw, 19.V.2005, nervuras. Soros e indúsio não vistos. A. Salino & T.E. Almeida 10502 (BHCB). Alto Caparão, Material examinado selecionado: Aiuruoca, Parque Parque Nacional do Caparão, região próxima a Torre Estadual da Serra do Papagaio, 22°02'32,5"S e Repetidora, 20°26'20,4"S e 4P51'04,8"W, 24.XI.2006. 44°38'32,1"W, 19.V.2005, A. Salino & TE. Almeida 10476 A. Salino et ai. 11461 (BHCB). Camanducaia, mata da (BHCB). Santa Maria do Salto, Fazenda Duas Barras, nascente do rio Camanducaia, 22°42'50"S e 45°56' 12"W, 16°24' 16,5"S e 40°03' 27,4"W, 10.X.20O3, A. Salino ei ai. 20.VI.2000, A. Salino 5596 (BHCB). 9238 (BHCB). São Roque de Minas, Parque Nacional da Hypolepis mitis é endêmica do Brasil Serra da Canastra, Capão Forro, 20°15'11,9"S e ocorrendo em Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, 46°24'26,1"W,31.1.2007,A.Salinoetal. 7/603(BHCB). São Paulo e Rio de Janeiro (Schwartsburd 2010). Todos os materiais estudados de Hypolepis Em Minas Gerais ocorre geralmente no interior de aquilinaris estavam estéreis. formações florestais como floresta estacionai Espécie aparentemente endêmica do Sudeste semidecidual montana e altomontana, e floresta do Brasil com registros para o estado do Rio de ombrófila densa montana e altomontana, entre 1000 Janeiro (Fée 1873) e Minas Gerais ocorrendo e 1900 m de altitude. geralmente em áreas de formações florestais que foram queimadas, formações savânicas e campestres 4.3. Hypolepis repens (L.) C. Presl, Tent. Pterid. do bioma Cerrado, entre 620 e 1700 m de altitude. 162.1836. Lonchitis repensL.,Sp. PI. 2:1078.1753. Fig. 3a-c 4.2. Hypolepis mitis Kunze, Linnaea 36:105. 1869. Plantas terrestres; caule 1,8-6,2 mm diâm., piloso Fig. 2i-j ou pubescente com tricomas aciculares e catenados, Plantas terrestres; caule 2,6-4,25 mm diâm., sem estolões. Folhas 66,5-286 cm compr.; pecíolo 24,5- piloso ou pubescente com tricomas aciculares ou 145 x 0,23-0,71 cm, sulcado adaxialmente, com espinhos, catenados, sem estolões. Folhas 75-302 cm compr.; piloso com tricomas aciculares, pubescente com

Rodriguésia 62( 1): o 1 1 -033. 201 1 20 Assis. F.C. & Salino A. tricomas catenados ou aciculares; lâmina 42-157 cm estolões pilosos com tricomas aciculares ou compr., 3-pinado-pinatífida, raro 4-pinada, papirácea a catenados. Folhas 76-146,7 cm compr.; pecíolo cartácea, raro membranacea. lanceolada a elíptica, ápice 32 -55,8 x 0,22-0,49 cm. sulcado adaxialmente, cuneado ou agudo; raque não flexuosa, sulcada piloso com tricomas aciculares, pubescente com adaxialmente, com espinhos, pubescente com tricomas tricomas glandulares e catenados, sem espinhos; catenados; pinas 7,9^9 cm compr., pecioluladas, lâmina 44-102,2 cm compr., 3-pinado-pinatífida, elipticas a lanceoladas, ápice cuneado ou agudo; costa membranacea a levemente papirácea, lanceolada sulcada adaxialmente, pubescente ou pilosa, com a elíptica, ápice cuneado; raque não flexuosa, espinhos: pinulas (),85-9,7x 0.51 - 6,6 cm, pecioluladas sulcada adaxialmente, pubescente com tricomas a sesseis, lanceoladas, elipticas, ou lineares, ápice catenados e glandulares, sem espinhos; pinas cuneado ou redondo, às vezes caudado, as basais 10,5-19 cm compr., pecioluladas, elipticas, ápice reduzidas ou não; cóstula sulcada adaxialmente, cuneado; costa sulcada adaxialmente. pubescente ou pilosa, com ou sem espinhos; pinululas pubescente, sem espinhos; pinulas 1,9-3,5 x 0,27-3,5 x 0,04-1,19 cm, sesseis ou pecioluladas, 0,55-1,26 cm, sesseis, lineares a elipticas, ápice lanceoladas. lineares ou ovadas, ápice redondo ou agudo a redondo, as basais não reduzidas; cuneado (nas folhas 4-pinadas), margem geralmente cóstula sulcada ou não adaxialmente, crenada, recurvada, glabra. as basais reduzidas ou nâo; pubescente, sem espinhos; pinululas 0,35-0,67 segmentos 0,5-0,54 x 0,22-0,23 cm, sesseis, lineares, x 0,16-0,33 cm, sesseis, lineares, ápice ovados, ou lanceados, ápice redondo ou truncado, os arredondado, margem crenada, plana, as basais basais não reduzidos; nervuras 1-2-bifurcadas; não reduzidas; nervuras geralmente bifurcada, às indumento de tricomas aciculares ou catenados na vezes 2(3)-bifurcadas; indumento de tricomas costa, cóstula, tecido laminar e nervuras, tricomas glandulares e catenados na costa, cóstula, tecido clavados no tecido laminar e nervuras. Soros marginais, laminar, nervuras e margens dos segmentos. arredondados, oblongos, ou flabelados, nas laterais Soros marginais ou submarginais, redondos, em dos segmentos; indúsio membranaceo, margem enseios ou próximo a eles; indúsio membranaceo crenada, pubescente com tricomas clavados ou a papiráceo, com margem crenada, levemente aciculares, somente na margem, ou glabro. recurvada e pubescente com tricomas Material examinado selecionado: Almenara, Fazenda glandulares e catenados. Limoeiro, 16o04'47,l" S e 40°50'22,6" W, 29.11.2004, Material examinado: Camanducaia. Sítio do mato, A. Salino etal. 9400 (BHCB). Araponga, Parque Estadual 22°43'18,8" S e 45°35'45,4" W, 31.111.2001. A. Salino da Serra do Brigadeiro, 26.V.2000, A. Salino et ai. 5482 & L.C.N. Melo 6432 (BHCB). Catas Altas, Parque (BHCB). Mariana, Parque Estadual do Itacolomi, Natural do Caraça, Pico do Inficcionado, 20°08'01,9" S e Caberão, 20°25'27,2" S e 43028'56,1" W, 13.11.2006, 43°27' 11,2" W, 25.V.2004, A. Salino & R.C. Mota 9579 LB. Rolim & J.L. Silva 268(BHCB). (BHCB). Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, Hypolepis repens apresenta pecíolo com 21°40'38" S e43°52'58,3" W, 22.VI.2007, T.E. Almeida coloração castanho-avermelhada no seu terço inferior. etal. 1223 (BHCB). Esta espécie ocorre nos Estados Unidos, sul Hypolepis stolonifera apresenta coloração do México, América Central, Caribe até a Argentina castanho-acobreada nos eixos. (Mickel & Smith 2004). No Brasil, ocorre nos Esta espécie é aparentemente endêmica do estados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Brasil, com registro para Minas Gerais, Rio de Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo (Schwartsburd Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio 2010) e Espírito Santo (Salino 13339 - BHCB). Em Grande do Sul (Schwartsburd 2010) e Espírito Santo Minas Gerais ocorre em formações florestais e (Salino 13739 - BHCB). Em Minas Gerais ocorre campestres, como campos rupestres quartzíticos geralmente nas bordas de formações florestais e ferruginosos, florestas estacionais semideciduais úmidas (floresta ombrófila densa montana e submontana, montana, altomontana, entre 620 e altomontana), entre 1600 e 2100 m de altitude. 1400m de altitude. 5. Lindsaea Dryand. ex Sm., Mem. Acad. Roy. Sei 4.4. Hypolepis stolonifera Fée, Crypt. Vasc. Brés. 5:413.1793. II: 35.1872-73.Fig.3d-g O gênero Lindsaea foi revisado por Kramer Plantas terrestres; caule 1,78-4,45 mm diâm., (1957) e possui ca. 150 espécies com distribuição piloso com tricomas aciculares, pubescente com pantropical e extratropical. As espécies estudadas tricomas aciculares, catenados e glandulares, com apresentam caule reptante.

Rodriguésia 62( 1): 01 1 -033. 201 1 Dennstaedtiaceae de Minas Gerais 21

if rfh c

Figura 3 - a-c. Hypolepis repens (J.B. Figueiredo 398) - a. detalhe da base do pecíolo e caule; b. detalhe da face abaxial da raque, costa e pínulas; c. detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula. d-g. Hypolepis stolonifera (A. Salino 12389) - d. pina mediana; e. detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula; f. detalhe da face abaxial do segmento, mostrando tricomas glandulares; g. detalhe da base do pecíolo e caule com estolões. - Figure 3 a-c. Hypolepis repens (J.B. Figueiredo 398) - a. detail of petiole base and stem; b. detail ofthe abaxial surface of rachis, costa and pinnules; c. detail of the abaxial surface of segments and costule. d-g. Hypolepis stolonifera (A. Salino 12389); d. mediai pinna; e. detail ofthe abaxial surface of segments and costule; f. detail ofthe abaxial surface of segmcnt showing glandular trichomes; g. detail of petiole base and stem showing stolons.

Chave de identificação para as espécies de Lindsaea em Minas Gerais Lâmina 1-2 pinada, raro 3-pinada. 2. Pinas (lâmina 1 -pinada) ou pínulas (lâmina 2-pinada) medianas flabeladas a ovadas. 3.Lâmina 1 -pinada, raro 2-pinada; margem do indúsio crenada ou ondulada 5.3. L. botrychioides y. Lâmina 2-pinada, raro 1-pinada; margem do indúsio fortemente serreada5.7. L. ovoidea 2\ Pinas (lâmina 1-pinada) ou pínulas (lâmina 2-pinada) medianas dimidiadas. 4.Costa abaxialmente angulada. 5. Pecíolo e raque abaxialmente angulados. 6. Esporos monoletes5.8. L quadrangularis ssp. quadrangularis 6'. Esporos triletes 5.6. L lancea var. lancea 5'. Pecíolo e raque abaxialmente cilíndricos5.4. L. divaricata 4'. Costa abaxialmente cilíndrica. 7. Pínulas até 2,5 vezes mais compridas que largas. 8. Raque com tricomas catenados, pinas 2,5-3,5 cm larg 5.5. L guianensis ssp. lanceastrum

Rodriguésia 62 (1): 011 -033. 2011 22 Assis. F.C. & Salino A.

8'. Raque sem tricomas catenados, pinas 0,25-2 cm larg5.9. L. stricta var. stricta T. Pínulas mais que 2,5 vezes mais compridas que largas5.1. L. arcuata V. Lâmina 2-pinado-pinatífida ou (2)3-pinado-pinatissecta, raro 1 -pinado-pinatífida. 9. Último segmento pinatissecto, com ápice bifurcado; pínula basal dividida igualmente às pínulas medianas5.2. Lbiflda 9'. Ultimo segmento pinatífido, com ápice não bifurcado; pínula basal mais vezes dividida que as pínulas medianas5.10. L virescens var. virescens

5.1. Lindsaea arcuata Kunze, Linnaea 9: 86.1835. floresta estacionai semidecídual montana e floresta Fig. 4a-c ombrófila densa montana e altomontana e veredas, Plantas terrestres ou rupícolas; caule 0,95 - entre 750 e 1600 m de altitude. 3,6 mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice acuminado a filiforme, sem tricomas. Folhas 17,5- 5.2. Lindsaea bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn, 80,9 cm compr.; peciolo 6,5-50,7 x 0,08- 0,35 cm, Festschr. 50 Jahr. Jub. Real. Berlin 26. 1882. sulcado ou não adaxialmente, cilíndrico ou angulado Davallia bifida Kaulf, Enum. 222. 1824. abaxialmente, com escamas lanceoladas, de ápice Fig. 4d-e acuminado a filiforme, pubescente com tricomas Plantas terrestres, raro rupícolas; caule 1,15- catenados, clavados, ou sem tricomas: lâmina 10- 3,13 mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice 33 cm compr., 2-pinada, raro 1-pinada, filiforme, sem tricomas. Folhas 13-41,5 cm compr.; membranacea, rombiforme, raro linear, abaxialmente peciolo 5,5-24,4 x 0,05-0,16 cm, sulcado ou alado não glauca; raque sulcada, alada ou não adaxialmente, cilíndrico a angulado abaxialmente, adaxialmente, angulada a cilíndrica abaxialmente, com escamas lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com tricomas catenados ou clavados, pubescente com tricomas clavados ou sem ou glabra; pinas 5,7-19 x 1,1 -3,4 cm, pecioluladas, tricomas; lâmina 7-22 cm compr., 3-pinado- elípticas a lineares, ápice cuneado ou agudo, às pinatissecta, raro 2-pinado-pinatissecta, vezes caudado, as basais não reduzidas; costa membranacea, lanceolada a rombiforme, sulcada adaxialmente, cilíndrica abaxialmente, abaxialmente não glauca; raque sulcada pubescente; pínulas 0,84—2,8 x 0,33-0,76 cm, adaxialmente, angulada abaxialmente, pubescente pecioluladas, dimidiadas, ápice redondo, agudo ou com tricomas clavados ou glabra; pinas 1,15-8,5 x truncado, margem inteira a crenada, glabra, as 1,41-1,80 cm, pecioluladas, lanceoladas ou basais reduzidas; nervuras (1 )2-bifurcadas; rombiformes, ápice agudo a cuneado, as basais não indumento de tricomas catenados e clavados reduzidas; costa geralmente sulcada adaxialmente. na costa e tecido laminar; nervuras glabras. geralmente cilíndrica na base da face abaxial, Soros oblongos ou lineares na margem pubescente ou glabra; pínulas 0,64-1,67 x 0,39- acroscópica, às vezes no ápice das pínulas; 2,7 cm, pecioluladas. lanceoladas, ápice bifurcado, indúsio membranáceo a papiráceo com margem as basais não reduzidas; pinululas 0,36-0,61 x 0,12- ondulada, glabro; esporos triletes. 0,34 cm. pecioluladas, ápice bifurcado, margem Material examinado selecionado: Catas Altas. Parque crenada ou não, glabras, as basais não reduzidas; Natural do Caraça, 20°05-46"S e 43°28'45"W, 30. VIII. 1997. nervuras l(2)-bifurcadas; indumento de tricomas A. Salino 3373(BHCB). Felício dos Santos, APA Felício, clavados na costa e tecido laminar, geralmente Mata do Isidoro, 18o 11'48,1"S e 43° 1T13/7"W, 30.X.2004, tecido laminar e nervuras Soros oblongos A. Salinoetal. 99i7(BHCB). Formoso. Parque Nacional glabros. a (Tabelados no ápice das e do Grande Sertão Veredas. 15°23'26,8"S e 45°53'04.4"W. pínulas pinululas; indúsio membranáceo 7.II.2006,A Salinoetal. 10801 (BHCB). com margem crenada, Lindsaea arcuata ocorre no México, América glabro; esporos triletes. Material examinado selecionado: Central, Cuba. Hispaniola, Venezuela até a Bolívia Carrancas. Serra de Carrancas, 21 °36" 17,2"S e 44°36' 19,2"W, 19.VI.2007, (Mickel & Smith 2004). No Brasil ocorre nos estados A. Salino cl al. 12305 (BHCB). Catas Altas, Parque de Minas Gerais. São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Natural da Serra do Caraça, Trilha para Gruta do Padre Catarina (Schwartsburd, 2010). Em Minas Gerais Caio, 15.IV.200O, A. Salino 5245 (BHCB). Simonésia. ocorre geralmente, em locais muito úmidos, muitas RPPN Mata do Sossego, 20°04-18,7"S e 42°04' 13,1"W, vezes até alagados em matas ciliares e de galeria. 23.V.2006, A Salinoetal. 11174(BHCB).

Rodriguésia 62( 1): 011 -033. 201 I Dennstaedtiaceae de Minas Gerais 23 Lindsaea bifida ocone apenas no Brasil, com 5.4.Lindsaea divaricata Klotzsch, Linnaea 18:547. registros para os estados da Bahia, Minas Gerais, 1844.Fig. 4g-i Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Plantas terrestres ou rupícolas; caule 1,27-3,89 Santa Catarina (Kramer 1957). Em Minas Gerais (7,17) mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice ocorre geralmente, em locais muito úmidos, muitas acuminado a filiforme, pubescente com tricomas vezes até alagados, em matas ciliares, floresta aciculares ou catenados, ou sem tricomas. Folhas 12,8— estacionai semidecidual e floresta ombrófila densa 96,1 cm compr.; pecíolo 8,5-55,7 x 0,10-0,34 cm, alado altomontana, entre 770 e 1700 m de altitude. ou não, sulcado ou não adaxialmente, cilíndrico abaxialmente, com escamas lanceoladas, de ápice 5.3. Lindsaea botrychioides St. Hil., Voy. Distr. filiforme, pubescente com tricomas clavados, Diam. 1:379.1833.Fig.4f aciculares ou catenados, ou sem tricomas; lâmina 14,3- Plantas terrestres; caule 0,94-2,09 mm diâm., 40,4 (50,4) cm compr., 2-pinada, membranacea a com escamas lanceoladas, de ápice filiforme, papirácea rombiforme ou linear, abaxialmente glauca pubescente com tricomas catenados ou clavados, ou não; raque alada adaxialmente, não sulcada, cilíndrica abaxialmente, ou sem tricomas. Folhas 30,8-59.1 cm compr.; pecíolo pubescente com tricomas aciculares, catenados, 08,9-22,4 x 0,07-0,22 cm, geralmente sulcado ou clavados, ou glabra; pinas adaxialmente e angulado abaxialmente, com escamas 9-19,3 x 1,5-3,2 cm, pecioluladas ou curto- elípticas a lineares, lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com pecioluladas, ápice cuneado- tricomas catenados ou clavados; lâmina 17,3-38,2 lanceado, agudo-lanceado, ou truncado, raro cm compr., 1 -pinada, raro 2-pinada, membranacea ou caudado, as basais não reduzidas; costa alada, não sulcada, angulada abaxialmente, papirácea, linear (1-pinada) ou rombiforme, pubescente ou glabra; 0,68-1,49 x 0,3-0,63 cm, curto-pecioluladas abaxialmente não glauca; raque sulcada adaxialmente pínulas a pecioluladas, dimidiadas, ápice redondo a truncado, com sulco interrompido pelo peciólulo das pinas, margem inteira ou crenada no ápice, levemente angulada abaxialmente, pubescente com principalmente glabras, as basais levemente reduzidas a flabeladas; tricomas catenados ou clavados; pinas 0,97-2,1 (22,7 nervuras 1-2-bifurcadas; indumento de tricomas nas folhas 2-pinadas) x 0,63-1,8 cm, pecioluladas, clavados na costa e tecido laminar, ou tecido laminar redondas, flabeladas (1-pinada) ou lineares (2- glabro, nervuras Soros lineares na margem pinada), ápice redondo ou cuneado, as basais não glabras. acroscópica, às vezes no ápice reduzidas; costa sulcada ou não adaxialmente, das pínulas; indúsio membranáceo a com margem ondulada a pubescente; 0,78-0,93 x papiráceo pínulas quando presentes crenada, esporos triletes. 0,55-0,58 cm, flabeladas, ápice glabro; pecioluladas, Material examinado selecionado: Carmópolis de Minas. redondo, margem fértil inteira a levemente crenada, Estação Ecológica Mata do Cedro, 20°27'30,5"S e estéril crenada, as basais reduzidas ou não, glabras; 44°37-21,2"W, 11.XII.2004, TE. Almeida 33 (BHCB). nervuras 2-3-bifurcadas; indumento de tricomas Chapada Gaúcha, Parque Nacional do Grande Sertão catenados, clavados ou aciculares, na costa. Soros Veredas, 15°23'39,4"S e 45°54'01,9"W, 8.II.2006, A. lineares na margem acroscópica; indúsio Salino et al. 10802 (BHCB). Santa Rita do Itueto, Parque Estadual de membranáceo ou papiráceo, com margem crenada Sete Salões, 19°16'42"S e 41°22'22,6"W, 9.V.2006, ou ondulada, esporos triletes. A. Salino etal. 10987 (BHCB). glabro; Lindsaea Material examinado selecionado: Barbacena, do lado divaricata ocorre na Guatemala, da Cabana da Mantiqueira na BR 040, XII.2002, A. Salino Panamá, Guiana Francesa até o Paraguai (Kramer & V.A.O. Dittrich 8223 (BHCB). Catas Altas, Parque 1957). No Brasil ocorre nos estados do Amazonas, Natural do Caraça, 20°06'32"S e 43°28'43"W, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e 19.IV. 1997, A. Salino 3018 (BHCB). Lima Duarte, São Paulo (Assis & Salino 2007). Em Minas Gerais °42'24"S Parque Estadual do Ibitipoca, 21 e 43°53'25"W, ocorre preferencialmente em matas ciliares e de galeria 9.VIII.2005, CM. Mynssen et al. 780 (RB). em terrenos brejosos ou periodicamente alagados, às Lindsaea botrychioides é uma espécie vezes, em floresta estacionai semidecidual de encosta endêmica do Brasil ocorrendo em Minas Gerais, Rio ou submontana, entre 600 e 1300 m de altitude. de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Schwartsburd 2010). Em Minas Gerais ocorre 5.5.Lindsaea guianensis ssp. lanceastrum K.U. geralmente no interior de formações florestais Kramer, Acta Bot Neerl. 6:216.1957.Fig.5a-b como floresta ombrófila densa altomontana e Plantas terrestres; caule 0,95-3,51 mm diâm., com floresta estacionai semidecidual niontaua, entre escamas lanceoladas, de ápice filiforme, sem tricomas. 1200 ei 850 m de altitude. Folhas 23,4-77,7 cm compr.; pecíolo 5,6-44,7 x 0,14-

Rodriguesia 62( 1): 011 -033. 201 1 24 Assis. F.C. & Salino A.

í—o, i

Figura 4 - a-c Lindsaea arcuata - a. pina mediana (A. Salino 5254); b-c. detalhe da face abaxial das pínulas (A. Salino 10988, 5254). d-e. Lindsaea bifida (JB. Figueiredo 66) - d. hábito; e. detalhe da face abaxial dos segmentos; f. Lindsaea botrychioides (A. Salino 3018) - hábito e detalhe da face abaxial da pina. g-i. Lindsaea divaricata - g. pina mediana; detalhe da forma da raque e costa em corte transversal (A. Salino 10802); h-i. detalhe da face abaxial das pínulas (A. Salino 10860. 8852). Figure 4 - a-c. Lindsaea arcuata a. mediai pinna (A. Salino 5254); b-c. detail of lhe abaxial surface of pinnulcs (A. Salino 10988. 5254). d-e Lindsaea bifida (JB. Figueiredo 66) - d. habit; e. detail ofthe abaxial surface of segments. f. Lindsaea botrychioides (A. Salino 3018) - habit and dctail ofthe abaxial surface of pinna. g-i. Lindsaea divaricata - g. mediai pinna, and delails ofthe cross sections of rachis and costa (A. Salino 10802); h-i. dctail ofthe abaxial surface of pinnulcs (A. Salino 10860, 8852).

Rodriguésia 6211): 011 -033. 2011 Dennstaedtiaceae de Minas Gerais 25

0,27 cm, não sulcado, angulado a cilíndrico lineares, ápice lanceado, as basais não reduzidas; abaxialmente, com escamas lanceoladas, de ápice costa sulcada ou alada adaxialmente, angulada filiforme, pubescente com tricomas clavados ou abaxialmente, pubescente ou glabra; pinulas 1,08-1,95 catenados; lâmina 17,8-37,3 cm compr., 2-pinada raro x 0,4-0,88 cm, pecioluladas, dimidiadas, ápice redondo -pinada, 1 membranácea ou papirácea, rombiforme ou a truncado, margem inteira a crenada, principalmente elíptica, abaxialmente não glauca; raque alada ou não no ápice das pinulas estéreis, as basais reduzidas adaxialmente, não sulcada, cilíndrica abaxialmente, (flabeladas); nervuras 1-2-bifurcadas; indumento de pubescente com tricomas clavados ou catenados; pinas tricomas clavados na costa e tecido laminar, ou tecido (13)10-23,5x2,5-3,5 cm (pinas 1,13-1,62x0,61- laminar glabro, nervuras glabras. Soros lineares na 0,75 cm nas plantas 1 -pinadas), pecioluladas, elípticas margem acroscópica, às vezes no ápice das pinulas; a lineares, ápice cuneado a lanceado, as basais não indúsio membranáceo a papiráceo com margem reduzidas; costa alada ou não, não sulcada, cilíndrica ondulada, glabro; esporos triletes. abaxialmente, pubescente ou glabra; pinulas 0,53-1,82 Material examinado selecionado: Caratinga, Estação Biológica de x 0,34-0,73 cm, pecioluladas, dimidiadas, ápice redondo Caratinga, 25.111.2000, A. Salino 5165 et al. ou truncado, margem inteira a levemente ondulada, ou (BHCB). Santa Maria do Salto, Fazenda Duas Barras, 16°24'18,7"S e 40o03'22,l"W, crenada no lado acroscópico, as basais reduzidas; 22.VIII.2003, J.A. Lombardi etal. 5381 (BHCB). São Roque de Minas, Parque nervuras 1-2-bifurcadas; indumento de tricomas Nacional da Serra da Canastra, 20° 18' 20"S e 46°31' 12,8"W. aciculares ou catenados na costa, tricomas clavados 14.VII.1997, A. Salino 3207(BHCB). na costa e tecido laminar, ou tecido laminar glabro, Lindsaea lancea var. lancea ocorre no México, nervuras glabras. Soros lineares na margem acroscópica America Central, Antilhas, Trinidad, Guiana com margem e ápice das pinulas; indúsio membranáceo, Francesa até o Paraguai (Kramer 1957). No Brasil ondulada a crenada, glabro; esporos triletes. ocorre nos estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Material examinado selecionado: Francisco Dumont, Serra Amapá, Pará, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, doCabral, IS.V .200), G. Hatschbach etal. 72/oW(BHCB). Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, Leme do Prado, Estação Fxológica de Acauã, 17°09'42,8"S e Espírito Santo, Rio de Janeiro, 42°46-38,3"W, 2.VII.2006.A. Salino etal. 11208 (BHCB). São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul & Salino São Roque de Minas, Estrada para a Cachoeira dos Rolinhos, (Assis 21.XIA995, J.N. Nakajima et al. 1573 (BHCB). 2007). Em Minas Gerais ocorre geralmente nas Lindsaea guianensis ssp. lanceastrum ocorre formações florestais do bioma Cerrado, estacionais no Brasil e Paraguai (Kramer 1957). No Brasil ocorre semideciduais montana e submontana, e ombrófilas nos estados do Amazonas, Maranhão, Ceará, densa submontana e montana do bioma Mata Pernambuco, Alagoas, Bahia Mato Grosso, Goiás, Atlântica, entre 250 e 1360 m de altitude. Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Paraná (Assis & Salino 2007). Em Minas Gerais ocorre geralmente em 5.7. Lindsaea ovoidea Fée, Crypt. Vasc. Brés. II: locais encharcados no interior de matas ciliares, de 21.1872-73.Fig.5e-f galeria e veredas, entre 700 e 1150 m de altitude. Plantas terrestres ou rupícolas; caule 1,25- 1,61 mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice 5.6. Lindsaea lancea (L.) Bedd. var. lancea, Suppl. filiforme, sem tricomas. Folhas 12,1 -51,8 cm compr.; Ferns S. Ind. 6.1876. Adiantum lancea L., Sp. Pl. ed.2. peciolo 4,3-21,5 x 0,06-0,19 cmm, sulcado ou não 2:1557.1763.Fig.5c-d adaxialmente, cilíndrico ou angulado abaxialmente, Plantas terrestres; caule 1,19-4,8 mm diâm., com com escamas lanceoladas, de ápice filiforme, escamas lanceoladas, de ápice acuminado a filiforme, pubescente com tricomas clavados; lâmina 7,8-30,3 sem tricomas. Folhas 22,2-89,8 cm compr.; peciolo cm compr., (1 )2-pinada, membranácea a papirácea, 6,5-60,8 x 0,12-0,32 cm, sulcado ou não adaxialmente, rombiforme, abaxialmente não glauca; raque sulcada angulado abaxialmente, com escamas lanceoladas. de ou não adaxialmente, angulada abaxialmente, ápice acuminado a filiforme, pubescente com tricomas pubescente com tricomas clavados ou catenados, clavados, catenados, ou sem tricomas; lâmina 7-34,7 ou glabra; pinas 9-12,7 x 1,09-2,16 cm, subsésseis, cm compr., 2-pinada, raro 1-pinada, membranácea, lineares, ápice cuneado a redondo, as basais não rombiforme ou linear, abaxialmente não glauca; raque reduzidas; costa sulcada adaxialmente, angulada a sulcada ou alada adaxialmente, angulada abaxialmente, cilíndrica abaxialmente, pubescente ou glabra; pubescente com tricomas clavados, ou glabra; pinas pinulas 0,68-0,7 x 0,42-0,45 cm, subsésseis a 7-23,5 x 2-3,9 cm (pinas 1,28-1,91 x 0,55-0,84 cm pecioluladas, flabeladas a ovadas, ápice redondo, nas plantas 1-pinadas), pecioluladas, elípticas a margem crenada a serreada, glabra, as basais

Rodriguésia 62( 1): 01 1 -033. 201 1 26 Assis, F.C & Salino A.

Figura 5 - a-b Lindsaea guianensis ssp. lanceastrum (A. Salino 11208) - a face abaxial das pínulas basais, detalhe da fonna da raque e costa em corte transversal; b. detalhe da face abaxial das pínulas. c-d. Lindsaea lancea var. lancea (A. Salino 10896) -c. hábito, mostrando detalhe da forma da raque e costa em corte transversal; d. detalhe da face abaxial das pínulas. e-f. Lindsaea ovoidea (A. Salino 4236) - e. hábito; f. detalhe da face abaxial da pina g-i. Lindsaea qiuulrangidaris ssp. quadrangularis - g. pina mediana (T.E. Almeida 57); h. detalhe da face abaxial das pínulas (F.A. Canulho 118); i. detalhe da face abaxial das pínulas (J.B. Figueiredo 285). j-k. Lindsaea stricta vai. stricta {A. Salino 3229) - j. pina mediana; k. detalhe da face abaxial das pínulas. Figure 5 - a-b. Lindsaea guianensis ssp. lanceastrum (A. Salino 11208) - a. abaxial surface of proximal pinnulcs and detail of the cross section of rachis and costa; b. detail of the abaxial surface of pinnules. c-d. Lindsaea lancea var. lancea (A. Salino 10896); c. habit. and details of the cross sections of rachis and costa; d. detail of the abaxial surface of pinnulcs. c-f. Lindsaea ovoidea (A. Salino 4236) - c. habit; f. details of the abaxial surface of pinna. g-i. Lindsaea quadrangularis ssp. quadrangularis - g. mediai pinna (T.E. Almeida 57); h. detail of the abaxial surface of pinnules (F.A. Carvalho 118); i. detail of the abaxial surface of pinnules (J.B. Figueiredo 285). j-k. Lindsaea stricta var. stricta (A. Salino 3229) - j. mediai pinna; k. detail of the abaxial surface of pinnules.

Rodriguesia 6211): 011 -033. 2011 Dennstaedtiaceae de Minas Gerais 27 reduzidas ou não; nervuras 2-bifurcadas, às vezes, Lindsaeaquadrangularisssp. 1-furcadas; indumento de tricomas clavados na quadrangularis é endêmica do Brasil, com costa e tecido laminar, raro nas nervuras. Soros registros para Minas Gerais, Rio de Janeiro, São oblongos ou lineares na margem acroscópica e ápice Paulo e Paraná (Schwartsburd 2010). Em Minas das pínulas; indúsio membranáceo, com margem Gerais ocorre geralmente em formações florestais fortemente serreada, glabro; esporos triletes. como matas ciliares, de galeria e secundária, e Material examinado: Ouro Preto, Parque Estadual Floresta Estacionai Semidecidual Montana, entre do Itacolomi, Pico do Itacolomi, 13.V.1998, A. Salino 600 e 780 m de altitude. et ai. 4236 (BHCB). Lindsaea ovoidea apresenta pecíolo bege a 5.9. Lindsaea stricta (Sw.) Dryand. var. stricta, castanho e uma incisão na porção mediana do lado Trans. Linn. Soe. London 3: 42. 1797. Adiantum acroscópico das pínulas. strictum Sw., Prodr.: 135. 1788.Fig. 5j-k É uma espécie endêmica do Brasil com Plantas terrestres ou rupícolas, raro epífitas; registros para Minas Gerais, Rio de Janeiro, São caule 1,04-4,25 mm diâm., com escamas lanceoladas, de Paulo, Paraná e Santa Catarina (Schwartsburd ápice filiforme, sem tricomas. Folhas 8,9-103,8 cm 2010). Em Minas Gerais ocorre no interior de matas compr.; pecíolo 1,3-61,1 x 0,07-0,33 cm, sulcado de galeria e de floresta ombrófila densa montana e ou não adaxialmente, cilíndrico abaxialmente, com altomontana, entre lOOOe m de altitude. 1200 escamas lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com tricomas clavados, catenados, ou sem 5.8. Lindsaea quadrangularis Raddi ssp. tricomas; lâmina 7,3-55 cm compr., geralmente 2- qiiadrangularis, Opusc. Sei. Boi. 3:294.1819. pinada, raramente 1-pinada ou 3-pinada, papirácea Fig. 5g-i a cartácea, rombiforme ou linear, abaxialmente não Plantas terrestres, raro rupícolas; caule 1,6- glauca; raque sulcada ou não adaxialmente, cilíndrica 3,99 mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice abaxialmente, pubescente com tricomas clavados, filiforme, sem tricomas. Folhas 41,2-79 cm compr.; ou glabra; pinas 0,39-25,7 x 0,25-2 cm, curto- pecíolo 16-50,7 x 0.09-0,31 cm, alado ou sulcado pecioluladas ou pecioluladas, lineares, elípticas, ou adaxialmente, angulado abaxialmente, com escamas dimidiadas, ápice cuneado, redondo, ou caudado, lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com as basais não reduzidas; costa sulcada ou não tricomas 20,7- clavados, ou sem tricomas; lâmina adaxialmente, cilíndrica abaxialmente, pubescente 40,4 cm compr., 2-pinada, membranácea, rombiforme ou glabra; pínulas 0,3-1,19 x 0,23-0,6 cm, curto- ou linear, abaxialmente não glauca; raque alada, pecioluladas, dimidiadas ou lineares, ápice redondo sulcada ou não adaxialmente, abaxialmente, angulada ou cuneado, as basais reduzidas ou não; pinululas pubescente com tricomas clavados, ou glabra; pinas 0,29-0,64 x 0,22-0,44 cm, curto-pecioluladas, 7,3-19,6 x 1,3-2,6 cm, curto-pecioluladas a pecioluladas, dimidiadas ou flabeladas, ápice redondo, margem lineares, ápice cuneado, caudado ou não, as basais crenada ou ondulada, as basais reduzidas; nervuras não reduzidas; costa alada ou sulcada adaxialmente, 1-2-bifurcadas; indumento de tricomas clavados angulada abaxialmente, pubescente ou glabra; pínulas na costa e tecido laminar, ou tecido laminar glabro, 0,64-135 x 034-0,65 cm, curto-pecioluladas, dimidiadas, nervuras glabras. Soros lineares ou oblongos, na ápice truncado, margem crenada a fortemente serreada, margem acroscópica e ápice das pínulas; indúsio glabra, as basais reduzidas a flabeladas; nervuras 1- membranáceo, margem serreada, raro fortemente 3-bifurcadas; indumento de tricomas clavados na crenada, pubescente com tricomas clavados, costa e tecido laminar, ou tecido laminar glabro, somente na base, ou glabro; esporos triletes. nervuras glabras. Soros lineares ou oblongos, na Material examinado selecionado: Boa Esperança, margem acroscópica e ápice das pínulas; indúsio Parque Estadual da Serra da Boa Esperança, 21°0'0,5"S membranáceo com margem crenada a fortemente e 45°40'40,3"W, 14.XII.2007, A. Salino et ai. 13017 serreada, pubescente com tricomas clavados, (BHCB). Camanducaia, Mata do Trevo de acesso a Camanducaia, 22°44'53,2"S e 46°09' 16,9"W, somente na base, ou glabro; esporos monoletes. 1 .VI.2001, Material examinado selecionado: Carangola, Fazenda A. Salino 6887 (BHCB). Catas Altas, Parque Natural do Caraça, Trilha a Cascatona, 1 .IV. 1999, Santa. Rita, 26.V.1989, A Salino 737 (BHCB. HB, para A. Salino et MBM). Conceição do Mato Dentro, 19°06' 11,46"S ai. 4564 (BHCB). e 43°24'33,6"W, 25.IX.2005, T.E. Almeida etal. 131 Kramer (1957) reconheceu para Lindsaea (BHCB). Marliéria, Parque Florestal do Rio Doce, stricta três variedades, sendo que somente L. IX. 1997, A. Salino & LCM Melo 3443 (BHCB). stricta var. stricta ocorre em Minas Gerais.

Rodriguesia 62( 1): 01 1 -033. 201 28 Assis. F.C. & Salino A.

Lindsaea stricta var. stricta ocorre no sul do Espécie endêmica do Brasil, com registros México, América Central, Cuba, Jamaica, Trinidad, para Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Guiana Francesa até a Bolívia (Kramer 1957). No Santa Catarina (Schwartsburd 2010) e Espírito Santo Brasil ocorre nos estados do Acre, Amazonas, (Kollman 5901 -MBML). Segundo Kramer(1957), Roraima. Amapá, Pará, Rondônia, Maranhão, ocorre em florestas a ca. 1000 m de altitude. Em Pernambuco, Alagoas. Bahia, Goiás, Distrito Minas Gerais ocorre no interior de formações Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo. florestais como sub-bosque de floresta estacionai Rio de Janeiro. São Paulo. Paraná e Santa Catarina semidecidual, entre 1000- 1300 m de altitude. (Assis & Salino 2007). É a espécie de Lindsaea mais comum em Minas Gerais, ocorrendo em 6. Poesia St.-Hil., Voy.Distr. Diam. 1:381.1833. formações campestres, savânicas e florestais do Segundo Tryon & Stolze (1989), Paesia é um bioma Cerrado e nas florestais estacionais gênero principalmente tropical com ca. 12 espécies, deciduais, e semideciduais do bioma Mata com duas delas na América. Atlântica, entre 550 e 1600 m de altitude. 6.1. Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn, Festschr 50 5.10. Undsaea virescens Sw. var. virescens, Kongl. Jãhr. Jub. Real. Berlin 347 (27). 1882. Cheilanthes Vetensk. Akad. Handl. 1817:73.1817. Fig. 6a-b glandulosa Sw., Kongl. Vetensk. Akad. Handl. 1817: Plantas terrestres; caule 1,91-2,39 mm diâm., 77.1817.Fig.6c-e com escamas lanceoladas, de ápice filiforme, Plantas terrestres ou rupícolas; caule longo- reptante, 1,3-2,95 mm diâm., ou pubescente com tricomas catenados, ou sem piloso pubescente com tricomas aciculares ou catenados, ou tricomas. Folhas 17,5-35,1 cm compr, peciolo 9- glabro. Folhas 40,6 - 143 cm compr, x 20.7 x 0,07-0,13 cm, sulcado adaxialmente, cilíndrico peciolo 10,9—46,9 0,13-0,25 cm, sulcado ou não adaxialmente, abaxialmente, com ou sem escamas lanceoladas. de com tricomas aciculares, catenados e lâmina ápice filiforme, com tricomas catenados, glandulares; pubescente 24,3-105,5 cm compr., 3-pinado-pinatífida, às vezes ou sem tricomas; lâmina 8,5-14,4 (20) cm compr.. 2- 4-pinado-pinatíflda na base, cartácea, elíptica. ápice raro 1-pinado-pinatífida, pinado-pinatífida, agudo; raque sulcada adaxialmente, com membranácea, rombiforme ou lanceolada, pubescente tricomas aciculares, catenados e abaxialmente não raque sulcada em ambas glandulares; pinas glauca; 12,5-41,7 cm compr., lanceoladas ou as faces, angulada abaxialmente, com pecioluladas, pubescente lineares, ápice cuneado; costa sulcada adaxialmente, tricomas catenados, ou glabra; pinas 1,5-6,9 x 1,09- pilosa ou pubescente; pínulas 2-6,9 x 0,7-2 cm, 1,51 cm, pecioluladas, lanceoladas, elípticas, ou pecioluladas ou sésseis, lanceoladas, lineares, ou flabeladas, ápice cuneado, as basais não reduzidas; elípticas, ápice cuneado, caudado ou não, as basais costa sulcada adaxialmente, angulada abaxialmente, reduzidas ou não; cóstula sulcada adaxialmente, ou 0,74-0,97 x 0,29- pubescente glabra; pínulas pilosa, pubescente, ou glabra; pinululas 0,39-0,92 0,47 cm, pecioluladas, flabeladas ou dimidiadas, x 0,17-0,51 cm, sésseis, lanceoladas, lineares, ápice redondo, margem inteira a crenada no ápice, ovadas, ou dimidiadas, ápice redondo a cuneado, as basais reduzidas ou não; nervuras 1-2- glabra, margem inteira e plana, as basais reduzidas ou não; bifurcadas; indumento de tricomas catenados na nervuras 1-bifurcadas, às vezes, 2-bifurcadas; costa, às vezes tricomas clavados no tecido laminar, indumento de tricomas catenados na costa, cóstula. geralmente tecido laminar e nervuras glabros. Soros tecido laminar, margem e nervuras, tricomas oblongos ou lineares na margem acroscópica das glandulares na costa, cóstula e tecido laminar, pínulas; indúsio membranáceo, margem ondulada tricomas aciculares na costa. Soros oblongos; a crenada, glabro; esporos triletes. indúsio com margem membranácea e crenada, Material examinado: Catas Altas, Serra do Caraça, pubescente com tricomas catenados, aciculares e acima da Cascatinha, 2.X. 1998, A Salino 4366 (BHCB). ou indúsio - glandulares, glabro, abaxial presente. Lima Duarte. Saint Gobain Fazenda da Serra, Material examinado selecionado: Ouro Preto, Parque 14.VII.2005, E. Tameirão Neto 3932 (BHCB). Estadual do Itacolomi, 20°24'43,2"S e 43°25'50,I"W, Ressaquinha. Serra da Trapizonga, VIII. 1894, A. Silveira 6.1.2006, LB. Rolim & J.L Silva 163 (BHCB). Rio Preto, 67(R). Serra do Funil, 21°57'50,9"S e 43°52'45,7"W, Lindsaea virescens apresenta duas I0.IV.20O7, T.E. Almeida et al. 762 (BHCB). Santo variedades, sendo que somente L. virescens Sw Antônio do Itambé. Parque Estadual do Pico do ltambé, var. virescens ocorre em Minas Gerais. 6.X.20O6, F.C. Assis et al. 14 (BHCB).

Rodriguésia 62( 1): 011 -033. 201 1 Dennstaedtiaceae de Minas Gerais 29

R\ IO&^

Figura 6 - a-b. Lindsaea virescens var. virescens (E. Tameirão Neto 3932) - a. hábito; b. detalhe da face abaxial das - pínulas. c-e. Paesia glandulosa (F.C Assis 17) c. Detalhe da face adaxial da raque e pina; d. detalhe da face abaxial dos segmentos; e. tricomas glandulares. Figure 6 - a-b. Lindsaea virescens var. virescens (E. Tameirão Neto 3932). a. habit; b. detail of the abaxial surface of pinnules. c-e. Paesia glandulosa (F. C Assis 17) - c. detail ofthe adaxial surface of rachis and pinna. d. detail ofthe abaxial surface of segments; e. glandular trichomes.

Paesia glandulosa ocorre na Costa Rica, 7. Pteridium Gled. ex Scop., Fl. Carniol. 169.1760, Panamá, Cuba, Jamaica, Hispaniola, Venezuela até nom. cons. a Bolívia (Tryon & Tryon 1982). No Brasil ocorre Pteridium é um gênero cosmopolita, com ca. apenas em Minas Gerais (Tryon & Tryon 1982), 12 espécies. Embora Tryon & Tryon (1982) tenham no Quadrilátero Ferrífero e Cadeia do Espinhaço, considerado apenas uma espécie dividida em 12 onde ocorre nos campos rupestres e formações variedades, algumas dessas são claramente florestais montanas e altomontanas, entre 1500 e distintas e merecem reconhecimento em nível 1850 m de altitude. específico (Moran 1995, Mickel & Smith 2004).

Rodriguésia 62( 1): 01 1 -033. 201 1 30 Assis. F.C. & Salino A.

7.1. Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon, J. Material examinado selecionado: Alto Caparão, Wash. Acad. Sei. 14: 89. 1924. Pteris arachnoidea Parque Nacional do Caparão. XI.2006. A. Salino et al. Kaulf., Enum. Fil.: 190.1824.Fig. 7a-b 11403 (BHCB). Bocaiúvas, Parque Nacional das Sempre Vivas, e 43°46,22,6" W. 29.IV.2007, T.E. Plantas terrestres; caule longo-reptante, 17°54,7,5" S Almeida ei al. 926 (BHCB). Carrancas. Serra de 2,82-12,19 mm diâm.. ou com piloso pubescente Carrancas, 21 °36-17,2" S e 44036• 19,2" W, 19. VI.2007, tricomas aciculares e/ou catenados. Folhas 51- A. Salino etal. 12300 (BHCB). 13-166,5 x 343,3 cm compr.; pecíolo (2,5) (0,16) Foram analisados indivíduos de Pteridium 0,32-1,26 cm, sulcado ou não adaxialmente. piloso arachnoideum com lâmina 5-pinada, o que ainda ou com tricomas catenados ou pubescente não tinha sido descrito para o gênero e para a aciculares, ou glabro; lâmina 29-176,8 cm compr.. família. Esta espécie foi tratada por Tryon & 3-4-pinada, raro 5-pinada na base a 2-pinada no Tryon (1982) como P. aquilinum subsp. ápice, cartacea, lanceolada a elíptica, ápice aquilimtm var. arachnoideum (Kaulf.) Brade. cuneado ou não; raque sulcada agudo, Pteridium arachnoideum ocorre no adaxialmente, às vezes abaxialmente, ou pilosa México, América Central, Grandes Antilhas. com tricomas catenados, ou pubescente glabra; Trinidad até o Uruguai (Mickel & Smith 2004). 5,8-124,9 cm compr., ou pinas (2,8) pecioluladas No Brasil ocorre em Amazonas, Pará, Ceará, sésseis, lanceoladas, elípticas, ou lineares, ápice Pernambuco. Alagoas, Bahia, Distrito Federal, agudo, cuneado ou não; costa sulcada Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito adaxialmente ou em ambas as faces, pubescente Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa ou (0,34) 0,66-37 x (0,10) 0,22- glabra; pínulas Catarina e Rio Grande do Sul (Schwartsburd 16,5 cm, ou sésseis, lanceoladas, pecioluladas 2010). Em Minas Gerais Pteridium lineares, ou elípticas, ápice cuneado a agudo, arachnoideum é comum em beira de estradas, caudado ou não, as basais reduzidas a ausentes encostas secas e locais úmidos, crescendo em no lado acroscópico; cóstula sulcada locais abertos, onde a mata original foi cortada, adaxialmente, pubescente ou glabra; pinululas ocorrendo raramente em formações florestais 0,12-10 x 0,03-0,52 cm, sésseis, lineares ou mais abertas. Forma Ocorre lanceoladas, ápice redondo, agudo, ou cuneado- grandes populações. também associada a diversas formações caudado, as basais reduzidas ou não; segmentos vegetacionais como florestas estacionais 0,54-1,03 x 0,17-0,36 cm, sésseis, lineares ou florestas ombrófilas, e diversas lanceados, ápice cuneado ou redondo, margem semideciduais, formações campestres e savânicas, entre 450 e inteira, recurvada, glabros, os basais reduzidos 1800 m de altitude. ou não, lobos presentes ao menos entre os últimos segmentos; nervuras bifurcadas; indumento de tricomas catenados na costa, 8. Saccoloma Kaulf., Berl. Jahrb. Pharm. cóstula e do tecido laminar, setiformes nas Verbundenen Wiss. 21:51.1820. é um nervuras, ou tecido laminar glabro. Soros Saccoloma gênero pantropical lineares; indúsio com margem crenada, (Mickel & Smith 2004). Segundo Moran (1995) o três espécies no neotrópieo. pubescente com tricomas catenados, indúsio gênero possui espécies apresentam caule ereto. abaxial presente, porém pouco desenvolvido. As

Chave de identificação para as espécies de Saccoloma em Minas Gerais

1. Lâmina 1-pinada; pinas inteiras8.1.5. elegans 1'. Lâmina 2-3-pinado-pinatífida8.2. S. inaequale

Rodriguésia 6211): 011 -033. 201 1 Dennstaedtiaceae de Minas Gerais 31

Figura 7 - a-b. Pteridium arachnoideum (F.C. Assis 10) - a. Pina mediana; b. Detalhe da face abaxial dos segmentos, c-d. - Saccoloma elegans (A. Salino 8966) c. Pina mediana; d. Detalhe da face abaxial da pina. e-f. Saccoloma inaequale (A. Salino 8413) - e. Hábito; f. Detalhe da face abaxial dos segmentos. Figure 7 - a-b. Pteridium arachnoideum (F.C. Assis 10)-a. Mediai pinna; b. Detail ofthe abaxial surface of segments. c-d. Saccoloma elegans (A. Salino 8966) - c. Mediai d. Detail ofthe abaxial surface of e-f. Saccoloma inaequale Salino 8413) - pinna; pinna. (A. e. Habit; f. Detail of the abaxial surface of segments.

8.1. Saccoloma elegans Kaulf, Berlin. Jahrb. Pharm. não clatradas, pubescente com tricomas catenados, Verbundenen Wiss. 21:51.1827.Fig. 7c-d ou sem tricomas; lâmina 45-133,1 cm compr., 1- Plantas terrestres; caule 5,73-17,5(21) mm pinada, membranácea elíptica, ápice conforme; raque diâm., com escamas lanceoladas, de ápice acuminado, sulcada adaxialmente, pubescente com tricomas não ciliadas, não clatradas, piloso com tricomas catenados ou aciculares, ou glabra; pinas 12,5-35,2 catenados, ou sem tricomas. Folhas 78,5-208,1 cm x 1,7- 3,2 cm, pecioluladas, lineares a lanceoladas, compr.; pecíolo 31,5-114 x 0,39-1,34 cm, sulcado ápice cuneado, raro caudado, margem crenada; costa adaxialmente, ou em ambas as faces, com ou sem sulcada adaxialmente, pubescente ou glabra; escamas lanceoladas, de ápice acuminado, ciliadas. nervuras bifurcadas; indumento de tricomas

Rodriguésia 62( 1): 01 1 -033. 201 1 32 Assis, F.C. & Salino A. catenados na costa, tecido laminar e nervuras Saccoloma inaequale ocorre no sul do glabros. Soros marginais ou submarginais, México, América Central, Cuba, Porto Rico, Trinidad arredondados ou lineares; indúsio às vezes com até a Bolívia (Mickel & Smith 2004). No Brasil ocorre margem membranacea, crenada. nos estados do Amazonas, Mato Grosso, Minas Material examinado selecionado: Almenara, Fazenda Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Limoeiro, 16°04,47,1"S e 40°50'22,6"W, 29.11.2004, A. Catarina (Melo & Salino 2002). Em Minas Gerais Salino et ai. 9J°2 (BHCB). Barãode Cocais, Mina dc Gongo ocorre geralmente no interior de formações florestais Soco (CVRD), 19°56,40,8"S e 43°36'59"W, 7.V.2003, A. como matas de matas ciliares, em Floresta Salino cl ai. #697 (BHCB). Tombos, Fazenda da Vargem galeria, Estacionai Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa Alegre, 14.VII.1935, M. Barreto 1601 (BHCB, RB). Saccoloma elegans ocone no México, América Submontanas, entre 250 e 1280 m de altitude. Central, Grandes Antilhas, Trinidad até a Bolívia (Mickel & Smith 2004). No Brasil ocorre nos estados Agradecimentos de Roraima, Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Agradecemos à Coordenação de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo. Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (CAPES) a concessão de bolsa de Mestrado. À (Schwartsburd 2010). Em Minas Gerais ocorre Myrian Morato Duarte, os desenhos que ilustram geralmente no interior de formações florestais como este trabalho. A todos os pteridólogos do floresta ombrófila densa e floresta estacionai Laboratório dc Sistemática Vegetal da Universidade semidecidual, e formações campestres como campo Federal de Minas Gerais (UFMG), o auxílio. Aos rupestre, entre 450 e 1280 m de altitude. curadores dos herbários, o envio das exsicatas.

8.2. Saccoloma inaequale (Kunze) Mett., Ann. Sei. Referências Nat. Bot. sér. 4, 15: 80. 1861. Davallia inaequalis Arantes, A.A.; Prado, J. & Ranal, M.A. 2008. Monilófitas Kunze, Linnaea 9:87.1834.Fig. 7e-f da Estação Ecológica do Panga, Uberlândia, estado Plantas terrestres, raro rupícolas; caule 8,56- Minas Gerais, Brasil: Dennstaedtiaceae, 19,44 mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice Dryopteridaceae, Gleicheniaceae, Hymenophyllaceae filiforme, ciliadas, ou glabro. Folhas 91,6-168 cm e Lindsaeaceae. Hoehnea 35: 367-378. compr.; pecíolo 38,5-83 x 0,38-0,80 cm, sulcado Assis, F.C. & Salino A. 2007. Dennstaedtiaceae. In: adaxialmente, com ou sem escamas lanceoladas, de Cavalcanti, T.B. Hora do Distrito Federal. Vol. VI. ápice filiforme, ciliadas, não clatradas, pubescente Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, com tricomas catenados, ou sem tricomas; lâmina Brasília. Pp. 109-122. 39,6-85 cm compr., 2-3-pinado-pinatífida, Assis, F.C. 2008. A família Dennstaedtiaceae Pie. Serm. sensu lato (Polypodiopsida) no estado de Minas membranacea ou papirácea, elíptica, ápice cuneado; Gerais, Brasil. Dissertação de Mestrado. raque sulcada adaxialmente, com pubescente Universidade Federal de Minas Gerais. 82p. tricomas catenados, ou 14-26,7 x 5- glabra; pinas Baker, J.G. 1870. Cyatheaceae et Polypodiaceae. In: cm, elipticas, lanceoladas, ou 8,8 pecioluladas, Martius, C.F.P. & Eichler. A.G. Flora brasiliensis, lineares, ápice cuneado; costa sulcada adaxialmente, Frid. Fleischer, Lipsiae. Vol. 2, pp. 306-624. com escamas filiformes, de ápice filiforme, Edwards, P.J. 1998. The pteridophytes of the Ilha de pubescente ou sem tricomas; pinulas 2,2-5 x 0,7- Maracá. In: Maracá: The biodiversity and 1,4 cm, pecioluladas ou sesseis, geralmente environmcnt of an Amazonian Rainforest. Royal quadrilaterais, ápice cuneado. margem crenada, glabra. Botanic Gardens. Richmond. as basais reduzidas ou não; nervuras 1-2-bifurcadas, Fée, A.L. 1873. Cryptogames vasculaires du Brésil. V. I. raro 3-bifurcadas; indumento de tricomas catenados Veuvc Berger-Levrault & Fils. Libraires, Paris. ou aciculares na costa, tecido laminar e nervuras Holmgren, P.K.; Holmgren, N.H. & Barnett, L.C. 1990. glabros. Soros marginais, oblongos ou arredondados: Index Herbariorum. Part I. The herbaria of the world. indúsio membranaceo, margem crenada. 8 ed. New York Botanical Garden, New York. 693p. Material examinado selecionado: Almenara, Fazenda Kieling-Rubio, M.A. & Windisch, PG. 2002. O gênero Limoeiro, 16°02'S e 40°51' W, 22.11.2003, A. Salino et ai. Dennstaedlia Moore (Dennslacdüaceae, Ptcridophyta) 8296 (BHCB). Catas Altas, Serra do Caraça, Fazenda do no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas. Engenho, 20°02'47,6"S e 43°30' 13,6"W, 26.IV.2004, R.C. Botânica 52: 185-194. Mota & P.O. Morais 2297(BHCB). Turmalina, Estação Kramer, K.U. 1957. A revision ofthe genus Lindsaea in Ecológica de Acauã, I7°10'58,2"S e 42°45'58,2"W, the New World with notes on allied genera. Acta 3.VII.2006, A. Salino et ai. 11253 (BHCB). Botânica Neerlandica 6: 97-290.

Rodriguésia 62( 1): 011 -033. 2011 Dennstaedtiaceae de Minas Gerais 33

Kramer, K.U. 1990. Dennstaedtiaceae. In: Kramer, K.U. Prado, J. 2004b. Criptógamas do Parque Estadual das & Green, P.S. The families and genera of vascular Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Pteridophyta: 5. plants. Vol. I. Pteridophytes and Gymnosperms. Dennstaedtiaceae. Hoehnea 31:11-22. Springer Verlag, New York. Pp. 81 -94. Prado, J. 2005. Flora da Reserva Ducke, Amazônia, Brasil: Lellinger, D.B. 2002. A modem multilingual glossary for Pteridophyta- Dennstaedtiaceae. Rodriguésia 56:43^18. taxonomic Pteridology. Pteridologia. American Fern Prado, J. & Labiak, P.H. 2003. Flora de Grão-Mogol, Society 3: 1-264. MG: Pteridófitas. Boletim de Botânica da Matos, F.B. 2009. Samambaias e Licófitas da RPPN Universidade de São Paulo. 21: 25-47. Serra Bonita, município de Camacan, sul da Bahia. Prado, J. & Windisch, P.G. 1996. Hora da Serra do Cipó, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade MG: Dennstaedtiaceae. Boletim de Botânica da Federal do Paraná. 237p. Universidade de São Paulo. 15: 83-88. Melo, L.C.N. & Salino, A. 2002. Pteridófitas de duas Sehnem, A. 1972. Pteridáceas. In: Reitz, R. Flora Ilustrada áreas de floresta da Bacia do Rio Doce no estado de Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajai. Minas Gerais, Brasil. Lundiana3: 129-139. Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.; Mickel, J.T. & Smith, A.R. 2004. Pteridophytes of Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification México. Memoirs of the New York Botanical for extant ferns. Taxon 55: 705-731. Garden 88: 1-1055. Schwartsburd, P.B. 2010. Dennstaedtiaceae In: Lista de Moran, R.C. 1995. Dennstaedtiaceae. In: Moran, R.C. espécies da flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio & Riba, R. Flora Mesoamericana. Psilotaceae a de Janeiro. Disponível em . Acesso em 24 maio 2010. México, Ciudad dei México. Pp. 150-163. Schwartsburd, P.B. & Labiak, P.H. 2007. Pteridófitas Mynssen, CM. & Windisch P.G. 2004. Pteridófitas da do Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa, Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba. RJ, Brasil. Paraná, Brasil. Hoehnea 34: 159-209. Rodriguésia 55: 125-156. Tryon, R. M. & Stolze, R. G. 1989. Pteridophyta of Pichi Sermolli, R.E.G. 1996. Authors of scientifíc names Peru. Part II. 13. Pteridaceae - 15. Dennstaedtiaceae. in Pteridophyta. Royal Botanic Gardens, Richmond. Fieldiana Botany New Series, 29: 1-128. Prado. J. 2004a. Pteridófitas do Maciço da Juréia. Estação Tryon, R.M. & Tryon, A.F. 1982. Fem and allied plants, Ecológica Juréia-Itatins. In: Ambiente físico, flora e with special reference to tropical America. Springer fauna. Ribeirão Preto. 139-151. Verlag, New York.

Artigo recebido em 21/08/2009. Aceito para publicação em 28/09/2010.

Rodriguésia 62( 1): 01 1 -033. 201 Rodriguésia 62(1): 035-042. 201 1 ü http: / /rodriguesia.jbrj.gov.br

Adiciones a Ia ficoflora marina de Venezuela. II. r/i Ceramiaceae, Wrangeliaceae y Callithamniaceae (Rhodophyta) Additions to the marine phycoflora of Venezuela. 11. Ceramiaceae, Wrangeliaceae and Callithamniaceae (Rhodophyta)

Mayra Garcia', Santiago Gómez2 y Nelson Gil3

Resumen Las siguientes cuatro espécies: Balliellapseudocorticata, Perikladosporonpercurrens, Monosporus indicus y Seirospora occidentalis, constituyen las primeras citas para Ia costa venezolana. Se mencionan sus caracteres diagnóstico y se establecen comparaciones con espécies cercanas. Todas estas han sido mencionadas en arrecifes coralinos de águas tropicales y se consideran comunes en el Mar Caribe. Palabras clave: Balliella, Monosporus, Perikladosporon, Seirospora, Rhodophyta. Abstract The following four species: Balliella pseudocorticata, Perikladosporon percurrens, Monosporus indicus and Seirospora occidentalis, represent the first report to the Venezuelan coast, of which mention their diagnostic features and making comparisons with its relatives. AH these species have been identified in coral rcefs of tropical waters and are considered common in the Caribbean Sea. Key words: Balliella, Monosporus, Perikladosporon, Seirospora. Rhodophyta.

Introducción tropicales. Particularmente en Venezuela se hace referencia a Ia existência de dos Historicamente Ia família Ceramiaceae sensu (2) gêneros y cinco (5) espécies de Ia família Callithamniaceae, lato ha sido uno de los grupos taxonómicos más nueve espécies de complejos de Ia División Rhodophyta, cuyos (9) gêneros y quince (15) Wrangeliaceae, un três espécies integrantes son algas que forman talos pequenos, (1) gênero y (3) de Spyridaceae once veintidós filamentosos y delicados, con construeción y (11) gêneros y uniaxial con o sin corticación total o parcial y (22) espécies de Ceramiaceae (Tab. 1) (Ganesan crecimiento mediante una célula apical 1989, Garcia et al. 2002, Barrios & Díaz 2005, Garcia & Huérfano 2006, 2008, Ardito & Garcia (Athanasiadis 1996; Nunes etal. 2008). Sole A nivel mundial se han mencionado más 2009, Garcia & Gómez 2007,2009a, 2009b), a pesar de esta muchas de sus de 82 gêneros y 429 espécies de Ceramiaceae, alta representatividad anteriormente reunidas en 12 tribus, siendo uno espécies poseen poços o no poseen reportes en de los grupos más numerosos de las algas los inventários ficoflorísticos. El objetivo dei marinas. Actualmente cuatro de estas tribus han presente trabajo es dar a conocer cuatro sido segregadas y elevadas a Ia categoria de adiciones poço comunes de estas famílias: família: Callithamniaceae, Wrangeliaceae, Balliella pseudocorticata (E.Y. Dawson) D.N. Spyridiaceae y Inkyuleeaceae (Choi et al. 2008). Young, Perikladosporon percurrens (E.Y. Las algas de este grupo poseen amplia Dawson) Athanasiadis, Monosporus indicus distribución, principalmente en las regiones B0rgesen y Seirospora occidentalis B-0rgesen.

'Universidad Central de Venezuela. Fundación Instituto Botânico de Venezuela, Apartado 2156. Caracas, Venezuela. Direeción para Ia correspondência: [email protected] ¦Universidad Central de Venezuela, Ceniro de Bolánica Tropical. Instituto de Biologia Experimental, Apartado 20513, Caracas,Venezuela. "José •Universidad Pedagógica Experimental Libertador. Instituto Pedagógico de Miranda Manuel Siso Martínez", Caracas, Venezuela. 36Garcia. M.: Gómez. S. & Gil. N.

Tabla 1 - Lista de espécies de Callithamniaceae.Ceramiaceae, Spyridiaceae y Wrangeliaceae presentes en Venezuela. Table 1 - Species of Callithamniaceac,Ceramiaceac, Spyridiaceae y Wrangeliaceae in Venezuela. Callithamniaceae Aglaoihamnion cordatum (Bõrgesen) Feldmann-Mazoyer Aglaothamnion halliae (F.S. Collins) N.E. Aponte. D.L. Ballantine & J.N. Norris Aglaothaninion tenuissimum (Bonnemaison) Feldmann-Mazoyer Aglaotliamnion uruguayense (W.R. Taylor) N.E. Aponte, D.L. Ballantine & J.N. Norris Crouania attenuata (C. Agardh) J. Agardh

Ceramiaceae Acrothamnion butlerae (F.S. Collins) Kylin Antithamnion antillanum Bõrgesen Antithamnionella boergesenii (Cormaci & G. Furnari) Athanasiadis Aniiihamnionella hreviramosa (E.Y. Dawson) Wollaston Callithamniella tingitana (Schousboe ex Bornet) Feldmann-Mazoyer Centmceras clavulatum (C. Agardh) Montagne Centmcerocolax ubatubensis A.B. Joly Ceramium brasiliense A.B. Joly Ceraniium <¦imbricum H.E. Peterscn Ceramium cingulatum Weber-van Bosse Ceramium clarionen.se Setchell & N.L. Gardner Ceramium dawsonii A.B. Joly Ceramium deslongchampsii Chauvin ex Duby Ceramium diaphanum (Lightfoot) Roth Ceramium floridunum J. Agardh Ceramium tenerrimum (G Martens) Okamura Ceramium uruguayense W.R. Taylor Corallophila atlântica (A.B. Joly & Ugadim) R.E. Norris Corullophila verongiae (D.L. Ballantine & M.J. Wynne) R.E. Norris Dohrniella antillara (W.R. Taylor) Feldmann-Mazoyer Gayliellafiaccida(Harvey ex Kützing)T.O. Cho & L.J. Mclvor Gymnothamnion elegans (Schousboe ex C. Agardh) J. Agardh

Spyridiaceae Spyridia clavata Kützing Spyridia fdamentosa (Wulfen) Harvey Spyridia hypnoide.s (Bory de Saint-Vincent) Papenfuss

Wrangeliaceae Anotrichium tênue (C. Agardh) Nágeli Anotrichium barbatum (C. Agardh) Nágeli Grallatoria reptans M.A. Howe Griffithsia globulifera Harvey ex Kützing Griffithsia opuntioides J. Agardh Griffithsia schousboei Montagne Haloplegma duperreyi Montagne Ptílothamnion speluncarum (F.S. Collins & Hervey) D.L. Ballantine & M.J. Wynne Spermothamnion investiens (PL. Crouan & H.M. Crouan) Vickers Spermothamnion macromeres F.S. Collins & Hervey Spongoclonium caribaeum (B0rgesen) M.J. Wynne Tiffaniella saccorhiza (Setchell & N.L. Gardner) Doty & Menez Wrangelia argus (Montagne) Montagne Wrangelia bicuspidata B0rgesen Wrangelia penicillata (C. Agardh) C. Agardh

Rodriguésia 6211): 035-042. 2011 Adiciones a Ia ficoflora marina de Venezuela. II. Ceramiaceae, Wrangeliaceae y Callithamniaceae (Rhodophyta) 37 Materiales y Métodos fotografias se tomaron utilizando un microscópio Nikon Eclipse E200 equipado con câmara digital Durante los anos 2006 2009 se realizaron y modelo CoolPix-4500. muestreos contínuos en las localidades de Jurelito, dei Estado Aragua, Puerto Cruz Cepe y Ocumare Resultados Discusión en ei estado Vargas, y Adícora (Península de y Paraguaná) en ei estado Falcón, Venezuela (Fig. 1), Familia Ceramiaceae con ei objetivo de realizar un inventario ficológico. Subfamilia Compsothamnioideae Los especimenes se colectaron en plataformas Tribu Delesseriopseae rocosas y arrecifes coralinos, creciendo Balliella pseudocorticata (E.Y. Dawson) D.N. principalmente sobre cordeles de nylon, entre 0 y YoungFig. 2 a-e 17 m de profundidad. Las muestras se preservaron Talo filamentoso, erecto, monosifonal, hasta se en formaldehído al 4% en água de mar, luego mm de alto, color rosado pálido, arraigado al colorearon con una solución de safranina al 1%, y sustrato mediante rizoides multicelulares. Eje se prepararon lâminas semipermanentes utilizando principal ramificándose de manera alterna a una solución de Karo® al 30%. Estas se depositarem irregular, ramas indeterminadas originándose a en ei Herbário Nacional de Venezuela (VEN). Las intervalos de 4 a 5 células axiales, ramificación secundaria dística-opuesta y desigual Células axiales dei eje principal de 30-32 pm de diâmetro y de 75-77 pm de largo. Porción basal con filamentos corticales. Células glandulares en posición abaxial, ^_-,( 9MAR CARIBEJ de 12-17 pm de diâmetro, originadas en las células basales de las ramas determinadas. Tetrasporangios cruciados, \> Ç-^"'^-FALC0N\ 25-30 pm de diâmetro producidos lC\^s~-^—P'—\-lUJ)-^^^ unicamente en posición adaxial. Habitat: Crece sobre cordeles de nylon® en arrecifes coralinos, entre 6-17 m de profundidad. Material examinado: VENEZUELA. ESTADO ARAGUA: Cepe, 21 .m.2009, M. Garcia, S. Gómez, N. Gil y G. Gómez 2484, 2484a (VEN). Jurelito, 24.1.2009, M. Garcia, S. Gómez, N. Gil y G. Gómez 2429 (VEN); 13.IX.2008, M. Garcia, S. Gómez, N. Gil y L. Cadenas 2360 (VEN). ESTADO VARGAS: Puerto Cruz, 21.VI.2006, M. Garcia, S. Gómez y N. Gil 1900, 1900a (VEN). Distribución mundial: Golfo de Califórnia, Bermuda, Antillas Mayores, Colômbia, Puerto Rico, \ Sur América / Islãs dei Oceano Indico, Austrália y Nueva Zelanda (Guiry&Guiry2010). Oceano ,~s Las espécies Balliella amphiglanda Huisman Pacifico ,ç Kraft, B. crouanioides (Itono) Itono & T. Tanaka, / Oceano B. grandis Huisman & Kraft y B. pseudocorticata "^Atlântico comparten un caracter en común, ei patrón de ramificación irregular, con ramas indeterminadas J U*4- dísticas-opuestas y de tamafio desigual. Las dos primeras espécies poseen pequenas células IrRtopo noa** glandulares (< 6 pm de diâmetro), mientras que las dos últimas presentan grandes células glandulares (13-20 pm de diâmetro), pero B. pseudocorticata se distingue de B. tetrasporangios Figura 1 - Situación geográfica nacional de las áreas grandis por producir exclusivamente adaxiales originados directamente de estúdio (1 Puerto Cruz, 2 Cepe, 3 Jurelito, 4 Ocumare, de las células basales de las ramas laterales 5 Adicora) y por desarrollar un tamafio de talo 10 veces Figure 1 - National geographic situation ofthe study arcas menor al de (1 Puerto Cruz, 2 Cepe, 3 Jurelito, 4 Ocumare, 5 Adícora). B. grandis (Huisman & Kraft 1984; Athanasiadis

Rodriguésia 62( 1): 035-042. 201 1 38 Garcia. M.: Gómez. S. & GU. N.

"^SLmmmwmmmm^^^/S/mm mWmmmmíBBmwmmmmmmv ' ?^^Q^^^^^mmm^»^*!

IJj~'"'|ÍA

Figura 2 - a-c. Balliella pseudocorticata - a. hábito dei talo estéril; b. ramas opuestas con crecimiento desigual; c. eje principal con filamentos corticantes (FC); d. ramas con tetrasporangios cruciados y células glandulares (CG); e. ramas con espermatangios. Figure 2 a-c. Balliella psvudocorikata a. habit of lhe sterile thallus; b. opposite branches with uncqual growth; c. main axi- nith cortical- filaments (FC); d. branches with cruciatc tetrasporangia and glandular cells (CG); c. spcrmatangial branches.

Rodriguésia 62( 1): 035-042. 201 1 Adiciones a Ia licoflora marina de Venezuela. II. Ceramiaceae, Wrangeliaceae y Callithamniaceae (Rhodophyta) 39

1996). Los especimenes encontrados en este estúdio con las características de las pínulas unilaterales y muestran todos los caracteres de B. pseudocorticata curvadas adaxialmente de P. percurrens descritas mencionados por los autores Huisman & Kraft por Bula-Meyer & Díaz-Pulido (1995) para ei mar (1984) y Athanasiadis (1996), Ia cual es Caribe, Cribb (1983) para Austrália, Athanasiadis exclusivamente tropical, bastante común en ei mar (1996) y Abbott (1999) para ei Pacífico Occidental, Caribe y suele crecer en profundidades de 10 a 40 siendo este ei primer registro para Ia costa venezolana. m, su presencia en águas venezolanas representa ei primer hallazgo en estas costas. Família Wrangeliaceae Tribu Monosporeae Subfamilia Ceramioideae Monosporus indicus B0rgesen Fig. 3 c-e, 4 a Tribu Antithamnieae Talo filamentoso con ejes principales erectos secundários Perikladosporon percurrens (E.Y. Dawson) y postrados, monosifonales, hasta 1 AthanasiadisFig. 3 a-b cm de alto, color rosado pálido, arraigados ai Talo filamentoso, erecto, monosifonal, hasta sustrato mediante rizoides unicelulares y multicelulares, con terminaciones 3 mm de alto, color rosado pálido, arraigado ai digitadas. Ramificación sustrato mediante rizoides multicelulares. Eje pseudodicotómica. Células de los ejes principales de 400-420 de largo de 50-60 principal 15-20 pm de diâmetro, ramificándose de pm y pm de diâmetro, de los ejes secundários de 580-600 manera dística y simétrica (pinnas), ápice dei eje y pm de largo y de 130-150 de diâmetro. Células percurrente. Las pinnas son curvadas y pm principal terminales con ápices ampliamente ramificadas adaxialmente, ramas de último orden de redondeados. Propágulos ovalados, de 108-150 de largo de dos células de largo. Células glandulares y pm y 84-100 de diâmetro, ubicados tetrasporângios no observados. pm entre las dicotomías con un corto Tetrasporângios Habitat: Crece sobre cordeles de nylon® en pedicelo. tetraédricos, ovóides, de 34-36 pm de largo de arrecifes coralinos, a 6 m de profundidad. y 24-26 pm de diâmetro. Material examinado: VENEZUELA. ESTADO ARAGUA: Habitat: Crece sobre La Playita, Ocumare de Ia Costa, 7.XI.2008, M. Garcia, cordeles de nylon® en arrecifes coralinos, entre 6-10 m de S. Gómez, N. Gil y L. Cadenas 2418, 2418a (VEN). profundidad. Distribución mundial: Colômbia, Estados Material examinado: VENEZUELA. ESTADO ARAGUA: Cepe, 21.111.2009, Federales de Micronesia, Islãs Hawai, Austrália y M. Garcia S. Gómez, N. Gil y G. Gómez 2457, 2457a ESTADO Nueva Zelanda (Guiry & Guiry 2010). (VEN). FALCÓN: Península de Paraguaná, Adicora, 3.XI.2009, M. Garcia, Perikladosporon es un gênero taxonómicamente S. Gómez y N. Gil 2485,2485a cercano a Acrothamnion, diferenciándose (VEN). Distribución mundial: Puerto Rico, Islãs principalmente por Ia posición de las células Hawai, Corea, índia, Austrália Nueva Zelanda glandulares, en ei primero crecen de manera y (Guiry & Guiry 2010). intercalar sobre las células de las ramas laterales y Los Monosporus Diplothamnion en ei segundo en los ápices de las ramas y eje principal; gêneros y pertenecen a Ia família Wrangeliaceae se asemejan otro caracter importante para segregar estos gêneros y vegetativamente, Ia única diferencia es ei de es Ia de una sola por célula axial de patrón presencia pínula ramificación de los ejes erectos: opuesto crecimiento unilateral en ei caso de Perikladosporon principales en Diplothamnion subdicotómico en un de de crecimiento opuesto en ei y y par pínulas Monosporus (Abbott 1999). Por otra es uno caso de Acrothamnion (Athanasiadis 1996; Bula- parte de los poços gêneros dei orden Ceramiales Meyer & Díaz-Pulido 1995). que produce monosporangios a diferencia de solo dos espécies a nivel Este gênero posee Diplothamnion, algunas de sus espécies son mundial, Perikladosporon y P. abaxiale percurrens distinguidas por Ia presencia o ausência de D.L. Aponte, de morfologia muy Ballantine & N.E. pedicelo en sus monosporangios. En ei caso de M. similar, esta última es completamente sus postrada y indicus los monosporangios pueden desarrollarse un desarrollo abaxial, pínulas poseen principalmente directamente en las dicotomías o a partir de un corto mientras Ia espécie P. tiene un talo que percurrens pedicelo triangular, sin embargo ei principal caracter con porciones postradas y erectas y pínulas con diagnóstico de M. indicus es ei desarrollo de un talo 2005). En crecimiento adaxial (Ballantine & Aponte con porciones erectas y postradas a diferencia de ei material estudiado no se observaron células otras espécies dei gênero en las cuales se presenta glandulares, pero estos especimenes concuerdan un talo estrictamente erecto, incluyendo Ia espécie

Rodriguésia 62(1): 035-042. 2011 40 Garcia.» M.; Gómez. S. & Gií. N.

400 pm

Figura 3 - a-b. Perikladosporon percurrens - a. hábito mostrando porción postrada y erecta; b. detalle de las ramas opuestas. c-e. Monosporus indicus - c. hábito mostrando porción postrada y erecta; d. ramas de Ia porción distai; e. ramas con tctrasporangios (TE). Figure 3 - a-b. Perikladosporon percurrens - a. habit showing erect and postralc portion; b. detail of the opposite branches. c-c. Monosporus indicus - c. habit showing erect and postrate portions; d. branches of lhe distai portion; c. tctrasporangial branches (TE).

Rodriguesia 6211): 035-042. 2011 Adiciones a Ia ficoflora marina de Venezuela. II. Ceramiaceae, Wrangeliaceae y Callithamniaceae (Rhodophyta) 41

?WHL—• m XèTfL *X_S

MOjO£jkZ^V^? SEb C_Ü_-___*a i* __^^*\^^•_^- •tfr ^_-_t_H______^___--______!______M-&______i kl3&urrT>. MB5!f** ^"^S r * c£\II _r_f_-_k. ^_-tf*<^_-ll_-fcíj*_fc_>_. r^%/.'«,-, ,_B_f__^_W-fe_-I-!^*-

^ x. -_r""*^í ¦_.._-_-kv~^^r ' *4n_-_-J«S___> -S 1^ -4 41É*i__d^i _-_P**-«

- - con monosporangios - Figura 4 a. Monosporus indicus ramas (MO), b-d. Seirospora occidentalis b. porción distai mostrando seirosporangios (SE); c. detalle de Ia porción basal; d. detalle de Ia cadena de seirosporangios. - Figure 4 - a. Monosporus indicus monosporangial branches (MO), b-d. Seirospora occidentalis - b. distai portion showing seirosporangia (SE); c. detail ofthe basal portion; d. detail ofthe seirosporangia chains. tipo M. pedicellatus (Smith) Solier. Los especímenes Habitat: Crece sobre cordeles de nylon® en colectados en Ia costa venezolana muestran todos arrecifes coralinos, entre 6-10 m de profundidad. los caracteres diagnóstico de M. indicus descritos Material examinado: VENEZUELA, ESTADO ARAGUA: por Abbott (1999) en las Islãs Hawái y Kim & Lee Cepe, 21.111.2009, M. Garcia, S. Gómez, N. Gil G. Gómez 2458, (1989) en Korea; esta también ha sido reportada por y 2458a (VEN). Distribución Ballantine & Aponte (1997) en Puerto Rico y mundial: Florida Bahamas, Antíllas Menores, Islãs Vírgenes, Colômbia Polinesia Francesa representa una primera cita para Venezuela. Austrália y Nueva Zelanda (Guiry & Guiry 2010). Família Callithamniaceae Los gêneros Seirospora y Aglaothamnion, Tribu Callithamnieae son muy similares en su estructura vegetativa, Seirospora occidentalis B0rgesenFig. 4 b-d particularmente Ia espécie Aglaothamnion Talo filamentoso, erecto, hasta 4 mm de alto, cordatum, Ia cual exhibe un patrón de ramificación color rosado, arraigado al sustrato mediante rizoides muy similar a Seirospora, ei critério básico para multicelulares. Ramificación alterna, hasta cuatro separar estos gêneros es Ia producción de esporas en cadenas ordenes. Eje principal sin corticación, de 120-140 llamadas seirosporas y de pm de largo y de 150-200 pm de diâmetro en Ia porción gonimoblastos laxos, de manera que sin estos basal, porciones médias de 110-120 pm de diâmetro caracteres Ia determinación se hace difícil (Cribb y de 170-180 pm de largo. Seirosporangios sésiles, 1983; Mateo-Cid etal. 2003). De las três espécies de formando cadenas simples o ramificadas, de 20-35 Seirospora presentes en ei Mar Caribe (S. purpurea pm de diâmetro, con cuatro o cinco seirosporas. M.A. Howe, S. viridis Aponte & D.L. Ballantine y S.

Rodriguesia 62( 1): 035-042. 2011 42 Garcia, M.; Gómez, S. & GU. N.

occidentalis) Ia más común es S. occidentalis, among lineages of the Ceramiaceae (Ceramiales, based on nuclear small subunit facilmente distinguible por su talo ecorticado y de Rhodophyta) rDNA menor tamano. sequence data. Journal of Phycology 44: 1033-1048. Cribb. A.B. 1983. Marine algae of the southern Great Taylor (1960) y Cribb (1983) mencionan estos Barrier Reef. Part 1. Rhodophyta. Australian Coral caracteres diagnóstico en esta espécie, las Islãs para Reef Society. Brisbane. 173p. Bahamas Ia barrera de arrecife de Austrália, y gran Ganesan, E.K. 1989. A catalog of benthic marine algae respectivamente, lo cual coincide con el material and seagrasses of Venezuela. Fondo Editorial encontrado en Ia costa venezolana. CONICIT, Caracas. 237p. Todas las espécies registradas en este estúdio Garcia, M.; Ardito, S. & Gómez. S. 2002. Antithamnionella tienen distribución Tropical y son comunes en el mar boergesenii (Cormaci et Furnari) Athanasiadis Caribe, a pesar de ello estas constituyen Ias primeras (Rhodophyta. Ceramiales). nuevo registro para citas en Ia costa venezolana, esto probablemente es Venezuela. Ernstia 12: 173-181. debido al hecho de que muchas de estas aparecen Garcia, M. & Gómez, S. 2007. Primer registro de como diminutos componentes ccspitosos o epílitos. Pleonosporium caribaeum (Borgesen) R.E. Notril en el Mar Caribe El estúdio más exhaustivo y usando herramientas (Ceramiaceae, Rhodophyta) como el buceo autônomo sobre todo en Ia zona Venezolano. Ernstia 17: 25-34. Garcia, M. & Gómez, S. 2009a. Primer registro de submareal, permitirá enriquecer progresivamcnte Ia Weber-Van Bosse información sobre nuestra ficoflora. Ceramium cingulatum (Ceramiaceae. Rhodophyta) para el oceano Atlântico Occidental. Ernstia 19: 55-65. Agradecimientos Garcia. M. & Gómez, S. 2009b. Estúdio morfológico de A Ia Lie. Yaroslavi Espinozay a los Bachilleres Ceramium clarionense Setchell & N.L. Gardner Ceramiales, Rhodophyta). una Luis Cadenas y Gabriel Gómez por su colaboración (Ceramiaceae. Ernstia 19: 97-107. en las actividades de campo. novedad parael Mar Caribe. Garcia, M. & Huérfano. A. 2(X)6. Callithamniclla tingitana (Schousboe ex Bornet) Feldmann-Mazoyer Referencias (Ceramiales, Rhodophyta). nuevo registro de gênero Abbott. LA. 1999. Marine red algae of the Hawaiian y espécie para Ia costa venezolana. Hoehnea 33: 1 -6. hlands. Bishop Museum Press. Honolulu. 477p. Guiry, M.D. & Guiry, G.M. 2010. AlgaeBase. World- Ardito, S. & Garcia, M. 2009. Estúdio ficológico de las wide eleclronic publication. National University of localidades de Puerto Francês y San Francisquito. Ireland, Galway. Avaiable in . Searched on 17 February 2010. Venezuelica32:l 13-143. Huisman. J.M. & Kraft, G.T. 1984. The genus Balliclla Athanasiadis, A. 1996. Morphology and classification Itono & Tanaka (Rhodophyta: Ceramiaceae) from of the Ceramioideae (Rhodophyta) based on eastern Austrália. Journal of Phycology 20: 73-82. phylogenetic principies. Opera Botânica 127: 1-221. Kim, H. & Lee, K. 1989. Morphology and asexual Ballantine, D.L. & Aponte, N.E. 1997. Notes on the reproduetion of Monosporus indicus Borgesen benthic marine algae of Puerto Rico. VI. Additions (Rhodophyta. Ceramiaceae) in Korea. Korean to the flora. Botânica Marina 40: 39-44. 9 figs. Journal of Phycology 4: 11-17. Ballantine. D.L. & Aponte, N.E. 2005. An annotated Mateo-Cid, L.E.; Mendoza-González, A.C. & Searles, checklist of deep-reef benthic marine algae from Lee R.B. 2003. La tribu Callithamnieae (Ceramiaceae, Stocking Island. Bahamas (western Atlantic). II. Rhodophyta) en Ia costa dei Atlântico de México. Rhodophyta. Nova Hedwigia 80: 147-171. Hidrobiológica 13: 39-50. Barrios, J. & Díaz-Díaz, O. 2005. Algas epífitas de Nunes, J. M.; Barros-Barreto, M. B. & Guimarães. S. Thalassia lestudinum en el Parque Nacional Mochima M. 2008. A família Ceramiaceae (Ceramiales, Venezuela. Boletín dei Centro de Investigaciones Rhodphyta) no estado da Bahia. Brasil. In: Abel Biológicas de ia Universidad dei Zulia 39: 1-14 Sentíes. (org.). Monografias ficológicas. Vol. 3. Bula-Meyer, G. & Díaz-Pulido, G. \995. Antithamnion UNAM. Ciudad de México. Pp. 75-159. percurrens Dawson (Ceramiaceae, Rhodophyta) Sole, M. 2008. Observations on Ceramium uruguayense en el Caribe: un nuevo registro para ei Oceano (Ceramiaceae. Rhodophyta): first oceurrence in the Atlântico y notas fitogeográficas. Caribbean Journal Caribbean Sea. Hidrobiológica 18: 117-124. of Science. 31:25-29. Taylor. R.W. 1960. Marine algae of the eastem tropical Choi, H.G.; Kraft, G.T.; Kim. H.S.; Guiry, M.D. & and subtropical coasts of America. Univ. Michigan Saunders, G.W. 2008. Phylogenetic relationships Press. Ann Arbor. 870p.

Artigo recebido em 23/02/2010. Aceito para publicação em 03/08/2010.

Rodriguésia 62( 1): 035-042. 201 1 Rodriguésia 62( 1): 043-053. 201 1 ü W] http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Fungos conidiais do bioma Caatinga I. Novos registros £%>, para o continente americano, Neotrópico, América do Sul e Brasil Conidial fungi from Caatinga biome I. New records for Américas, Neotropics, South America and Brazil

Davi Augusto Carneiro de Almeida12, Tasciano dos Santos Santa Izabel1 & Luís Fernando Pascholati Gusmão

Resumo Durante inventário de fungos conidiais realizado na Serra da Fumaça, Pindobaçu, estado da Bahia, Brasil, foram identificadas 44 espécies. Destas, cinco representam novos registro para o continente americano: Dendryphiosphaera pumila Nawawi & Kuthub., Diplococcium dendrocalami Goh, K.D. Hyde & Umali, Sporidesmiella áspera Kuthub. & Nawawi, S. fiisiformis W.P. Wu e Triposporium verruculosum R.F. Castafieda, Gene & Guarro. Stanjehughesia hormiscioides (Corda) Subram. é um novo registro para o Neotrópico; Hemibeltrania decorosa R.F. Castafieda & W.B. Kendr constitui novo registro para a América do Sul e Spadicoides macroobovata Matsush. é um novo registro para o Brasil. Descrições, ilustrações, distribuição geográfica mundial e comentários são apresentados para os novos registros citados. Uma lista com as demais espécies encontradas é adicionada. Palavras-chave: hifomicetos, serrapilheira, taxonomia. Abstract During inventory of conidial fungi at Serra da Fumaça, Pindobaçu, Bahia State, and Brazil, 44 species were found. Five species are new records for Américas: Dendryphiosphaera parvuta Nawawi & Kuthub., Diplococcium dendrocalami Goh, K.D Hyde & Umali, Sporidesmiella áspera Kuthub. & Nawawi, Sfusiformis W.P. Wu, and Triposporium verruculosum RF Castafieda, Gene & Guarro. Stanjehughesia hormiscioides (Corda) Subram. is a new record for Neotropics; Hemibeltrania decorosa RF Castafieda & WB Kendr. is a new record for South America and Spadicoides macroobovata Matsush is a new record for Brazil. Descriptions, illustrations, geographical distribution and comments are presented for new records. A list of species founded is included too. Key words: hyphomycetes, litter, taxonomy.

Introdução Investigações sobre fungos conidiais A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro associados à serapilheira do bioma Caatinga tem e está totalmente incluído na região semi-árida. Ocupa revelado um número significativo desses uma área de 700.000 a 800.000 km2, o que corresponde microfungos (Gusmão et ai. 2005; Gusmão & a cerca de 10% do território brasileiro (Sampaio et ai. Barbosa 2005; Cruz etal. 2007c; Barbosa et ai. 2008; 2002), abrangendo parte dos estados do Ceará, Rio Marques et ai. 2008; Barbosa et ai. 2009a, b; Cruz & Grande do Norte, Paraíba Pernambuco, Piauí, Alagoas, Gusmão 2009a, b), com descoberta de varias novas Sergipe, Bahia e Minas Gerais (Prado 2003; Ministério espécies (Barbosa et ai. 2007; Cruz et ai. 2007a, b; da Integração Nacional 2005). Apesar disso, é o mais Marques etal. 2007; Cruz etal. 2008; Gusmão etal. negligenciado, menos protegido e um dos mais 2008a). Gusmão et ai. (2006) apresentaram uma ameaçados biomas brasileiros (Leal et ai. 2003). síntese do conhecimento sobre a diversidade de Embora o aspecto fitofisionômico predominante da fungos na região semi-árida brasileira, sendo os região semi-árida brasileira seja a caatinga, há a fungos conidiais o grupo mais representativo com ocorrência de outros tipos vegetacionais como matas 407 das 955 espécies de fungos registrados para essa ciliares, matas estacionais, cerrados, tabuleiros e região, àquela época. Posteriormente, Gusmão et ai. campos rupestres (Barbosa et ai. 2008). (2008b) atualizaram o número de fungos conidiais

'Universidade Estadual de Feira de Santana, Av. Transnordestina s/n, CP. 252 e 294,44036-900, Feira de Santana, BA, Brasil •'Autor para correspondência: daviaugustofqgmail.com "T-SS. Gusmão, L.F.P. 44 Almeida. D.A.C.: Izabel, & Nawawi & Kuthub., para 437 espécies, distribuídas em 186 gêneros. Dendryphiosphaera parvula Entretanto, esses dados ainda estão longe de refletir Mycotaxon 32(1): 461.1988.Fig. 1 a-c macronemáticos. mononemáticos, o quadro real da diversidade de fungos presentes Conidióforos nesse bioma. retos ou levemente flexuosos, simples, eretos, 4—8 na base, castanho-claros O objetivo do presente trabalho foi realizar septados, lisos, castanhos um levantamento e estudo taxonômico dos fungos no ápice. 60-175 x 5-6 (-8) um: células basais infladas, associados à decomposição da serapilheira na Serra 10-12.5 um larg. Células conidiogênicas monoblásticas da Fumaça, incluindo a descrição, comentários, ou poliblásticas. evidentes, subglobosas a ovóides, em verticilos no ilustração, e distribuição geográfica mundial das apicais ou laterais, arranjadas espécies encontradas. conidióforo, lisas, castanho-claras, (5—)7—11 x 3-4 um. Conídios solitários, esquizolíticos, clavados, ,-euseptados na base, 1 -distoseptados distalmente, Material e Métodos septo basal mais espesso, simples, secos, lisos, As expedições de coleta foram realizadas em castanho-claros, (9-) 10-12 (-14) x 4-5 um. 2008, a cada dois meses, abrangendo o final do período Material examinado: BRASIL. BAHIA: Pindobaçu, decomposição, seco (agosto e outubro) e início do período chuvoso Serra da Fumaça, sobre casca em D.A.C. Almeida s.n. (HUEFS 154969). (dezembro), na Serra da Fumaça, município de II.IX.2008, espécies foram descritas em Pindobaçu (10°74'S e 40°36'W), Bahia, Brasil. Essa Apenas quatro Dendrypluospluicra: D. minuta V. Rao & de Hoog, serra compõe, junto com outras, uma cadeia de serras D. Nawawi & Kuthub., D. taiensis Lunghini denominadas de Serra da Jacobina, a qual se estende parvula & Rambelli e D. uniseptatn R.F. Castaiieda & Guarro cerca de 200 km no sentido norte-sul. na porção por 1986; Castaneda-Rui/ et ai. 1998a; norte do estado da Bahia, com 15-25 km de largura e (Rao & Hoog Nawawi & Kuthubutheen 1988). Rao & Hoog (1986) altitude de até 1.300 m (Milesi et ai. 2002; Mascarenhas não haver diferenças significativas entre et ai. 1998). Foram coletadas amostrai de serapilheira declararam os Dendryphiosphaera e Brachysporiella, em área de campo rupestre e mata ciliar, sendo que gêneros mas optaram não a sinonimização. nesta última também foram coletadas amostras de por propor Nawawi & Kuthubutheen (1988), após examinarem material vegetal submerso em um curso d'água. As diferentes isolados da Malásia de Brachysporiella amostras, constituídas por folhas, galhos e cascas em Bat., concluíram as diferenças entre variados estágios de decomposição, foram gayana que Dendryphiosphaera e Brachysporiella justificam acondicionadas em sacos de papel Kraft (de ambiente a manutenção desses dois gêneros. Segundo estes terrestre) ou sacos pláticos (de ambiente aquático) e últimos autores, Brachysporiella difere pelos transportadas ao laboratório, onde foram submetidas conidióforos simples a ramificados e com até três à técnica de isolamento direto descrita por Castaiieda- ramificações, bem como pela proliferação Ruiz (2005). Essa técnica consiste em lavar as amostras dos conidióforos após a secessão em água corrente 30 min. incubá-las em câmaras- percurrente por conidial. Adicionalmente, os conídios das espécies úmidas a temperatura ambiente e. durante um período de Brachysporiella são maiores, castanho-escuros de 30 dias, examiná-las regularmente sob e com espessa estereomicroscópio a de estruturas parede procura Dendryphiosphaera minuta e D. taiensis reprodutivas dos fungos conidiais. Lâminas são as espécies mais similares à D. parvula. foram confeccionadas transferindo-se permanentes A primeira difere pelos conídios maiores e as estruturas repnxiutivas dos fungos conidiais para com dois septos verdadeiros; a segunda difere, lâminas contendo resina PVL (álcool polivinflico + principalmente, pelos conídios cilíndricos com lático + fenol). Lâminas e amostras vegetais secas ácido septos verdadeiros equidistantes. A presença depositadas no Herbário HUEFS (Universidade foram de um distosepto distai no conídio de D. Estadual de Feira de Santana). parvula a distingue facilmente das demais espécies do gênero. As características do material Resultados e Discussão brasileiro estão de acordo com a descrição de Foram identificadas 44 espécies de fungos Nawawi & Kuthubutheen (1988). Este é conidiais associadas à decomposição da serapilheira. provalmente o segundo registro da espécie Destas, oito são novas ocorrências e são aqui para o mundo e o primeiro para o continete descritas, ilustradas e comentadas. Uma lista com americano. Encontrada na Malásia (Nawawi & todas as espécies encontradas é também incluída. Kuthubutheen 1988).

Rodriguésia 62( 11: 043-053. 2011 Fungos conidiais da Caatinga 45

' ?I

I 'Tm

- Figura 1 - a-c. Dendrypliiosphaeraparvuia. Nawawi & Kuthub. a. ápice do conidióforo com células conidiogênicas - e conídio; b. conídios; c. aspecto geral. d-f. Diplococcium dendrocalami Goh, K.D. Hyde & Umali d. aspecto geral; e.conídios em cadeia; f. conídio com poro em destaque (seta), g-j. Hemibeltrania decorosa R.F. Castaneda <& W.B. - conidióforo e seta. k-n. Spadicoides niacroobovata Matsush. - k. Kendr. g. células conidiogênicas; h-i. conídios; j. aspecto k); 5 a, f, 1-n). geral; 1-n. Conídios. Barras: 20 um (c-d, j); 10 um (e, pm (b, g-i, - Figure 1 - a-c. Dendryphiosphaeraparvula Nawawi & Kuthub. a. apex of conidiophore with conidiogenous cells and conidium - b. conidia; c. general aspect. d-f. Diplococcium dendrocalam Goh, K.D. Hyde & Umali d. general aspect; e. chains of conidia W.B. - f.conidium with porc detail (arrow). g-j. Hemibeltrania decorosa R.F. Castaneda & Kendr. g. conidiogenous cells; h-i. conidia - j. conidiophore and seta. k-n. Spadicoides macroobovata Matsush. k. general aspect; 1-n. conidia. Bars: 20 um (c-d, j); 10 um (e, k) 5 um (b, a, f, g-i, 1-n).

Rodriguésia 62(1): 043-053. 2011 46 Almeida. DA.C: izabel. T.S.S. & Gusmão. LF.P. Diplococcium dendrocalami Goh. K.D. Hyde & 3-6 um; células apicais infladas, clavadas, Umali,Mycologia90(3):515.1998.Fig. 1 d-f subhialinas, 4,5-7,5 um larg. Conidióforos Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, macronemáticos, mononemáticos, agrupados, retos retos ou flexuosos, septados, lisos, simples ou a levemente flexuosos, simples ou ramificados, raramente ramificados, eretos, 1-2 regenerações eretos, septados, lisos, célula basal lobada. percurrentes, cilíndricos, ápices arredondados, castanhos, castanho-claros a subhialinos no ápice, afiliando levemente em direção ao ápice, castanhos, 33-75 x 3-4,5 um. Células conidiogênicas 92,5-167,5 x 8-12,5 um. Células conidiogênicas poliblásticas, terminais, integradas, simpodiais. politréticas. terminais, integradas, determinadas, lisas, denticuladas. lisas, castanho-claras, 7,5-15 x 3-6 um. castanhas. Conídios em cadeias acrópetas, l(-2) Dentículos inconspícuos. Conídios solitários, septados, septos medianos com 2 um de espessura, esquizolíticos, 0-septados. naviculares a fusiformes. elípticos, secos, lisos, castanho-claros, 8-15 x 5-7 um. simples, secos, lisos, subhialinos, 18-22.5 x 3—4.5 um. Material examinado: BRASIL. BAHIA: Pindobaçu, Material examinado: BRASIL. BAHIA: Pindobaçu. Serra da Fumaça, sobre folha em decomposição de Serra da Fumaça, sobre folha em decomposição de dicotiledônea não identificada, 13.1.2009, DACAlmeida dicotiledônea não identificada. I6.IX.2008. DAC Almeida s.n. (HUEFS 154970). s.n. (HUEFS 154972). O gênero Diplococcium foi revisado por O gênero Hemibeltrania foi proposto por Goh & Hyde (1998a), considerando 21 espécies, Pirozynski (1963) para acomodar duas espécies, não incluindo entre elas D. atrovelutinum U. Hansfordia cinnamomi Deighton e Mammaria Braun, Hosag. & T.K. Abraham. proposta por nectandrae Bat. & Maia e possui atualmente 10 Braun et ai (1996). Posteriormente foram espécies (Kirk 1983a Castaneda-Ruiz & Amold 1985. adicionadas duas espécies: D. hughesii C.J.K. Castaneda-Ruiz & Kendrick 1991, Zucconi 1992, Wang & B. Sutton (Wang & Sutton 1998) e D. Matsushima 1996, Castaneda-Ruiz et ai. 1998b, Shin verruculosum A.C. Cruz, Gusmão & R.F. & Braun 1998. Fernandes et ai. 2007). Gusmão & et ai 2007b). Diplococcium Castaneda (Cruz Barbosa (2005) apresentaram uma chave para as nove dendrocalami é comparável à D. clavariarum espécies aceitas até àquela data. Hemibeltrania (Desm.) Hol.-Jech. e D. insolitum Hol.-Jech. urbanodendrii Fernandes. Lustosa, R.W. Barreto & Diplococcium clavariarum diferencia-se por J.L. Bezerra foi descrita recentemente por Fernandes conidióforos freqüentemente ramificados produzir et ai. (2007). Hemibeltrania mitratae P. M. Kirk é e mais estreitos (3,5-6 um), bem como conídios mais sinônima de Dactylaria mitrata Matsush. e H. extensos (14-29 um). Além disso, esta espécie navicularis B. C. Sutton foi transferida para o gênero foi relatada como (Holubová-Jechová parasita Subramaniomyces Varguese & Rao (Castafieda-Ruiz 1982), enquanto D. dendrocalami foi referida et ai. 1998b). A de setas é conhecida apenas como sapróbia (Goh et ai 1998). Diplococcium produção em três espécies: H. cymbifonnes Zucconi, H. decorosa insolitum distingue-se por produzir conídios R.F. Castaneda, W.B. Kendr. & Guarro. comumente 2-septados, obclavados, com célula e H. saikawae decorosa difere das demais espécies basal castanha e célula apical hialina a subhialina Hemibeltrania a navicular do conídio, bem (Holubová-Jechová 1982; Goh et ai 1998). O pela morfologia fusiforme O material material examinado concorda com a descrição de como pela largura maior dos conidióforos. difere da descrição apresentada Goh et ai (1998), exceto pela presença de raras examinado por ramificações nos conidióforos e conídios Castaneda-Ruiz & Kendrick (1991) pelos conídios um menores. Diplococcium dendrocalami é pouco mais largos, concordando nas demais conhecida apenas da sua localidade-tipo. O característicus. Esta espécie está sendo referida pela material brasileiro representa o primeiro registro primeira vez para a América do Sul. Encontrada em 1991). Ilhas Maurício para o continente americano. Encontrada nas Cuba (Castaneda-Ruiz & Kendrick Filipinas (Goh et ai. 1998). (Dulymamode et ai. 2001).

Hemibeltrania decorosa R.F. Castaneda & W.B. Spadicoides macroobovata Matsush., Matsush. Kendr., Univ. Waterloo Biol. Ser. 35:57.1991. Mycol. Mem. 8:36.1995.Fig. 1 k-n Fig-1 g-j Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, Setas retas ou flexuosas, simples, eretas, retos, simples, eretos, septados, lisos, castanhos, 50- ocasionalmente produzindo conídios no ápice, 87,5 x 4-5 um. Células conidiogênicas produzindo cilíndricas, lisas, capitadas, castanhas, 36-150 x conídos apicais de modo blástico e conídios laterais

Rodriguesia 62( 1): 043-053. 2011 Fungos conidiais da Caatinga 47 de modo trético, integradas, cilíndricas, lisas, Almeida s.n. (HUEFS 154975); sobre galho em castanhas. Conídios solitários, 2-septados, septos decomposição, 28.XI.2008, D.A.C. Almeida s.n. espessos, obovóides, simples, secos, lisos, células (HUEFS 154976). basais truncadas e castanhas, células distais O gênero Sporidesmiella foi estabelecido por Kirk com a espécie-tipo S. claviformis castanho-escuras, 17,5-25 x 10-12,5 pm. (1982a) P.M. Material examinado: BRASIL. BAHIA: Pindobaçu. Kirk e está constituído por 24 espécies e duas Serra da Fumaça, sobre folha em decomposição de variedades (Yanna etal. 2001; Wu & Zhuang 2005). dicotiledônea não identificada, 17.XII.2008, D.A.C. Em dois, dos três espécimes coletados no presente Almeida s.n. (HUEFS 154973). trabalho, foi observada a presença de setas subuladas O gênero Spadicoides foi estabelecido por rugosas. Embora esta característica não tenha sido Hughes (1958) com a espécie-tipo S. bina (Corda) relatada na descrição original por Kuthubutheen & Hughes. Difere de Diplococcium basicamente Nawawi (1993), o material brasileiro é indistinguível pela produção de conídios solitários. Goh & Hyde de S. áspera em todas as demais características e, por (1996) revisaram o gênero, considerando 21 espécies isso, optou-se por identificar os espéciemes brasileiros e apresentaram uma chave de identificação. Sete nesta espécie. Observações desta natureza, onde os espécimes espécies foram posteriormente incluídas por Goh diferiam da descrição do holótipo apenas Hyde (1998b), Dulymamode et al. (1999), Zhou pela presença de uma seta, também foram relatadas Kirk et al. (1999), Ho et al. (2002) e Cai et al. (2004). por (1982b, 1983b) para S. parva (M.B. Ellis) P.M. Kirk cAnungiteafragilis Spadicoides obovata (Cooke & Ellis) S. Hughes é B. Sutton. A ocorrência de verrucosidades no similar à S. macroobovata pela produção de conidióforo é uma característica conídios obvóides, 2-septados, septos espessos exclusiva de S. áspera e a distingue facilmente das demais espécies do e com célula basal mais clara do que as demais, gênero. Este é o primeiro registro da espécie o continente americano. difere notavelmente pelo tamanho menor para Encontrada porém na Malásia (Matsushima 1975; Ellis 1963). O espécime brasileiro (Kuthubutheen & Nawawi 1993). apresentou conidióforos mais espessos, concordando Sporidesmiella nas demais características com a descrição original. fusiformis W.P. Wu, Fung. Divers. Res. Ser. 15:228.2005.Fig. Matsushima (1975) descreveu a produção de conídios 2 d-g Conidióforos macronemáticos, apicais de modo blástico e de conídios laterais de mononemáticos, retos ou flexuosos, 2-A septados, modo trético. O material brasileiro, aparentemente, lisos, simples, cilíndricos, castanhos, 55-105 x 7,5-10 Células também produz conídios desses dois modos. O pm. conidiogênicas monoblásticas, terminais, integradas, presente relato representa o segundo registro da 2-6 proliferações percurrentes, lisas, cilíndricas, espécie para o mundo e o primeiro para o Brasil. castanhas. Conídios solitários, 12-20 distoseptados, Encontrada no Peru (Matsushima 1995). simples, fusiformes, com porção basal alargada, secos, lisos, castanho-claros, 87,5-132,5 x Sporidesmiella áspera Kuthub. & Nawawi, Mycol. (12,5-) 17,5-20(-27,5) pm; ápices arredondados, 5-6 Res.97(ll): 1305.1993.Fig.2a-c pm larg, células basais cônicas, truncadas na base, 7- Setas ou não; presentes presentes quando 7,5 pm larg. retas, simples, eretas, septadas, verrucosas, afiladas Material examinado: BRASIL. BAHIA: Pindobaçu, 137,5-295 x 5-6 em direção ao ápice, castanhas, Serra da Fumaça, sobre folha em decomposição de pm. Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, dicotiledônea não identificada, 25.VIII.2008, D.A.C. retos, simples, eretos, septados, verrucosos, Almeida s.n. (HUEFS 154977); 3.IX.2008, D.A.C. castanhos na base, castanho-claros a subhialinos Almeida s.n. (HUEFS 154978). no ápice, 45-252 x 2,5-5 um. Células conidiogênicas Sporidesmiella fusiformis W.P. Wu foi proposta poliblásticas, terminais, integradas, simpodiais e/ou por Wu & Zhuang (2005) para um espécime isolado percurrentes, cilíndricas, lisas, castanho-claras a sobre ramos em decomposição na China. Conídios subhialinas. Conídios solitários, 1-distoseptados, fusiformes são também produzidos por S. ciliaspora cilíndricos, simples, secos, lisos, base truncada, W.P. Wu e S. verruculosa W.P. Wu (Wu & Zhuang ápice arredondado, célula basal subhialina, célula 2005); contudo diferem pela presença de apêndices distai castanho-clara, 15-22,8 x 3-5 pm. e de verrucosidades, respectivamente. Análise Material examinado: BRASIL. BAHIA: Pindobaçu, filogenética baseada em dados moleculares, realizada Serra da Fumaça, sobre folha em decomposição de por Shenoy etal. (2006), indicou que S. fusiformis é dicotiledônea não identificada, 11.IX.2008, D.A.C. relacionada a membros de Melanommataceae Almeida s.n. (HUEFS 154974); 19.XII.2008, D.A.C. (Ascomycota). Exceto pelas medidas maiores dos

Rodriguésia 6211): 043-053. 2011 'r.S.S. 48 Almeida. DA.C; Izabel. & Gusmão. L.F.P. 1 I w j JI \ 1L*

Figura 2 - a-c. Sporidesmiella áspera Kuthub. & Nawawi - a. aspecto geral; b. conidióforo com conídios; c. conidios. d-g. Sporidesmiellafusiformis W.P. Wu - d. conidióforos com proliferação pcrcurrcntc; c. aspecto geral; f-g. conidios. h-k. Stanjehughesia hormiscioides (Corda) Subram. - h. aspecto geral; i. conídio; j. célula conidiogênica e base do conídio; k. célula conidiogênica. 1-n. Triposporium verruculosum R.F. Castaneda, Gene & Guarro - 1. aspecto geral; m-n. conídios. Barras: 50 um (h-i); 20 (am (a-b, d-g, 1); 10 iim (j, m-n); 5 um (c, k). Figure 2 - a-c. Sporidesmiella áspera Kuthub. & Nawawi - a. general aspect; b. conidiophore with conidia; c. conidia. d-g. S/x>ridesmiella fusiformis W.P. Wu - d. conidiophorcs with percurrent proliferations; e. general aspect; f-g. conidia. h-k. Stanjehughesia hormiscioides (Corda) Subram. - h. general aspect; i. conidium; j. conidiogenous cell and base of conidium; k. conidiogenous cell. l-n. Triposporium wrruculosum R.F. Castaneda. Gene & Guarro 1. General aspect; m-n. Conidia. Bars: 50 um (h-i); 20 um (a-b, d-g. I); 10 um (j. m-n); 5 um (c, k).

Rodriguésia 62( 1): 043-053. 201 1 Fungos conidiais da Caatinga 49 conidióforos e dos conídios, o material brasileiro vermiculata, Wu & Zhuang 2005), Escócia e concordou com as demais características da espécie. Inglaterra (Ellis 1958). O presente relato representa a primeira ocorrência de 5. fusiformis para o continente americano. Triposporium verruculosum R.F. Castaneda, Gene Encontrada na China (Wu & Zhuang 2005). & Guarro, Mycotaxon 59:207.1996.Fig. 2 l-n Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, Stanjehughesia hormiscioides (Corda) Subram., retos ou flexuosos, simples, eretos, cilíndricos, Proc. Indian natn Sei. Acad., Part B. Biol. Sei. 58(4): rugosos em toda a extensão ou apenas na base, 8- 184. 1992. Sporidesmium hormiscioides Corda, leon. 18 septados, afilando em direção ao ápice, castanho- Fung. (Prague) 2:6.1838. Helmisporium liormiscioides escuros na base, castanhos no ápice, 50-275 x 7,5- (Corda) Sacc. Michelia 1:85.1877. Clasterosporium 12,5 pm. Células conidiogênicas monoblásticas, hormiscioides (Corda) Sacc, Syll. Fung. 4:383.1886. terminais, integradas, determinadas, cilíndricas, Grevillea 4: Clasterosporium vermiculatum Cooke, lisas ou verrucosas, castanhas, 7,5-10 x 3-5 pm. 69. 1875. Sporidesmium vermiculatum (Cooke) Conídios solitários, estrelados, secos, constituídos Stanjehughesia M.B. Ellis, Mycol. Pap. 70:41.1958. por uma região central com 2 células de onde vermiculata (Cooke) Subram., Proc. Indian natn Sei. originam-se 2^4 ramificações; ramificações retas, Acad., Part B. Biol. Sei. 58(4). 184.1992. Fig.2h-k divergentes, subuladas, 3-6 septadas, verruculosas Conidióforos ausentes. Células conidiogênicas, na base, lisas e arredondadas no ápice, castanhas monoblásticas, determinadas, lageniformes, lisas, na base, subhialinas no ápice, 12,5-37,5 x 5-10 pm; 10-15 x 5-9 Conídios solitários, castanhas, pm. ápice 2-5 pm larg.; células basais cônico-cilíndricas, esquizolíticos, 20-42 septados, cilíndricos a truncadas, lisas, castanhas, 5-7,5 x 4-5 pm; células ou flexuosos, simples, secos, lisos, fusifonnes, retos supra-basais verrucosas, castanho-escuras, 7,5- castanhos, com ápice arredondado castanho-claro, 10 um diâm. 5-7,5 um larg.; célula 162,5-340 x 7,5-10 um; ápice Material examinado: BRASIL. BAHIA: Pindobaçu, larg. basal cônico-cilíndrica, truncada na base, 4-5 um Serra da Fumaça, sobre folha em decomposição de Material examinado: BRASIL. BAHIA: Pindobaçu, dicotiledônia não identificada, 22.XII.2008, D.A.C. Serra da Fumaça, sobre casca em decomposição de Almeida s.n. (HUEFS 154980). dicotiledônia não identificada, 22.XII.2008, D.A.C. Triposporium verruculosum foi descrito por Almeida s.n. 154979). (HUEFS Castaneda-Ruiz et al. (1996), isolado sobre folhas Subramanian estabeleceu o gênero (1992) em decomposição de Laurus sp. na Espanha. As Stanjehughesia acomodar cinco espécies para espécies T. elegans Corda e T. lambdaseptatum descritas em Sporidesmium Link., previamente (Matsush.) Kuthub. & Nawawi (Kuthubutheen & caracterizadas conidióforos ausentes ou pelos Nawawi 1991;Matsushima 1971) são semelhantes reduzidos às células conidiogênicas e pela produção à T. verruculosum, mas ser diferenciadas de conídios solitários, acrógenos, secos, com septos podem ausência de verrucosidades na verdadeiros. Este autor transferiu Sporidesmium pela parede dos conídios e comprimento maior das ramificações vermiculatum e S. hormiscioides para Stanjehughesia (Ellis 1971; Castaneda-Ruiz et mantendo-as como espécies distintas, discordando al. 1996). Os conídios de T. novoguineense Rifai 1972) também da sinonimização previamente proposta por Hughes (Rifai são similares aos de T. verruculosum, contudo (1958). Wu & Zhuang (2005) adicionaram quatro diferem ramificações mais curtas e ausência espécies ao gênero e retiveram o nome específico pelas de verrucosidades. Stanjehughesia vermiculata para um espécime As características do coletado na China. Delgado (2008), entretanto, espécime examinado divergiram da descrição original ausência de estudando o gênero, considerou Stanjehughesia. pela proliferações vermiculata e S. hormiscoides coespecíficas com base percurrentes, menor tamanho das células nas ilustrações de Ellis (1958, 1976). O presente conidiogênicas, das células basais e suprabasais trabalho segue as considerações de Delgado (2008) dos conídios, bem como pelas ramificações dos conídios mais que mantém a sinonimização proposta por Hughes estreitas, no entanto, preferiu-se (1958). O material brasileiro apresentou conídios mais manter o espécime em T. verruculosum. O extensos e mais estreitos do que os relatados por Ellis presente relato representa o primeiro registro da (1958,1976) e Wu & Zhuang (2005). Este é o primeiro espécie para o continente americano. Encontrada registro da espécie para o Neotrópieo. Encontrada na Espanha (Castaneda-Ruiz et al. 1996) e na no Canadá, China (como Stanjehughesia Nova Zelândia (NZFUNGI2009).

Rodriguésia 6211): 043-053. 201 1 50 Almeida. DA.C: Izabelf T.S.S. & Gusmão. L.F.P.

Outras espécies de fungos conidiais Cryptophialoidea fasciculata Kuthub. & Nawawi, encontradas no município de Pindobçu, Bahia: Mycol. Res. 98(6): 686.1994. Material examinado: (HUEFS 155026). Actinocladium rhodosporum Ehrenb., Jahrb. Gewáchsk. 1(2): 52. 1819. Material examinado: Dictyochaeta anamorfo de Chaetosphaeria (HUEFS 154983). pulchriseta S. Hughes. W.B. Kendr. & Shoemaker, N.Z. Jl Bot. 6: 356. 1968. Material examinado: Atrosetaphiale flagelliformis Matsush., Mycol. (HUEFS 155027). Mem. 8: 14. 1995. Material examinado: (HUEFS 154985). Dictyochaetopsis polysetosa R.F. Castaneda, Gusmão, Guarro & Saikawa, Mycotaxon, 103: 2. Beltrania rhombica Penz., Michelia 2(no. 8): 474. 2008. Material examinado: (HUEFS 155028). 1882. Material examinado: (HUEFS 154989). Ellisembia adscendens (Berk.) Subram., Proc. IU Inanii lia portoricensis (F. Stevens) Piroz. & Indian natn Sei. Acad., Part B. Biol. Sei. 58(4): 183. S.D. Patil, Can. J. Bot. 48(3): 575. 1970. Material 1992. Material examinado: (HUEFS 155029). examinado: (HUEFS 155000). Ellisembia leonensis (M.B. Ellis) McKenzie, Brachysporiella gayana Bat., Boi. Secr. Agric. Mycotaxon 56: 13. 1995. Material examinado: (Pernambuco) 19(1-2): 109. 1952. Material (HUEFS 155032). examinado: (HUEFS 155009). Endophragmiella boothii (M.B. Ellis) S. Hughes, Chaetopsinafulva Rambelli, Diagn. IV 3: 5.1956. N.Z. Jl Bot. 17(2): 147.1979. Materialexaminado: Material examinado: (HUEFS 155010). (HUEFS 155034).

Chalara alabamensis Morgan-Jones & E.G. Eversia parvula Hol.-Jech., Èeská Mykol. 41(1): Ingram, Mycotaxon 4(2): 489. 1976. Material 31.1987. Materialexaminado: (HUEFS 155035). examinado: (HUEFS1550I7). Exserticlava vasiformis (Matsush.) S. Hughes, Chalara cylindrosperma (Corda) S. Hughes, Can. N.Z. Jl Bot. 16(3): 332. 1978. Material examinado: J. Bot. 36: 747. 1958. Material examinado: (HUEFS 155040). (HUEFS155019). Gonytrichum macrocladum (Sacc.) S. Hughes, Circinotrichum olivaceum (Speg.) Piroz., Mycol. Trans. Br. mycol. Soe. 34(4): 565. 1952. Material Pap. 84:6.1962.Material examinado: (HUEFS 155020). examinado: (HUEFS 155042)

Cladosporium oxysporum Berk. & M.A. Curtis, Gyrothrix podosperma var. podosperma (Corda) Berkeley, J. Linn. Soe., Bot. 10(46): 362. 1868. Rabenh., Deutschl. Krypt.-Fl. (Leipzig) 1:72.1844. Material examinado: (HUEFS 155021). Materialexaminado: (HUEFS 155043).

Cladosporium cladosporioides (Fresen.) G.A. de Kionochaeta pughii Kuthub. & Nawawi, Trans. Vries, Contrib. Knowledge of the Genus Br. mycol. Soe. 9(X3): 437.1988. Material examinado: Cladosporium Link ex Fries: 57. 1952. Material (HUEFS 155046). examinado: (HUEFS 155022). Kionochaetaramifera (Matsush.) P.M. Kirk & B. Cumularia eragrostidis (Henn.) J.A. Mey., Publ. Sutton, Trans. Br. mycol. Soe. 85(4): 715. 1986. Inst. nat. Étude agron. Congo belge, Sér. sei. 75: Material examinado: (HUEFS 155047). 183.1959. Materialexaminado: (HUEFS 155023). Menisporopsis novae-zelandiae S. Hughes & Cryptophiale kakombensis Piroz., Can. J. Bot. 46: W.B. Kendr., N.Z. Jl Bot. 6: 369. 1968. Material 1124.1968. Material examinado: (HUEFS 155025). examinado: (HUEFS 155049).

Rodriguésia 62(1): 043-053. 201 1 Fungos conidiais da Caatinga 51

Monotosporella setosa var. setosa (Berk. & M.A. Barbosa, F.R.; Gusmão, L.F.P.; Castaneda-Ruiz, R.F.; Curtis) S. Hughes, Can. J. Bot. 36:787.1958. Material Marques, M.F.O. & Maia, L.C. 2007. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga biome of Brazil. New species examinado: (HUEFS 155051). Deightoniella rugosa & Diplocladiella comitumida with new records for the neotropics. Mycotaxon 102:39-49. Paliphora intermedia Alcorn, Mycotaxon 59: 145. Barbosa, F.R.; Maia, L.C. & Gusmão, L.F.P. 2009a. 1996. Material examinado: 155053). (HUEFS Fungos conidiais associados ao folhedo de Clusia melchiorii Gleason e C. nemorosa G. Mey. R.F. Castafieda, Fungi Paraceratocladium silvestre (Clusiaceae) em fragmento de Mata Atlântica, Bahia, Cubenses II (La Habana) 2: 9. 1987. Material Brasil. Acta Botânica Brasilica 23: 79-84. examinado: (HUEFS 155057). Barbosa, F.R.; Maia, L.C. & Gusmão, L.F.P. 2009b. Novos registros de Hyphomycetes decompositores Parasympodiella laxa (Subram. & Vittal) para o Estado da Bahia, Brasil. Acta Botânica Ponnappa, Trans. Br. mycol. Soe. 64(2): 344.1975. Brasilica 23: 323-329. Material examinado: (HUEFS 155058). Braun, U.; Hosagoudar, V.B. & Abraham, T.K. 1996. Diplococcium atrovelutinum sp. nov. from índia. Phaeoisaria infrafertilis B. Sutton & Hodges, New Botanist 23: 1-4. Nova Hedwigia 27(1-2): 219. 1976. Material Cai L.; McKenzie E.H.C & Hyde K.D. 2004. New species examinado: (HUEFS 155062). of Cordana and Spadicoides from decaying bamboo culms in China. Sydowia 56: 222-228. Castaneda-Ruiz, Stachybotrys longispora Matsush., Icon. R.F. 2005. Metodologia en el estúdio de los hongos anamorfos. In: V Congresso Latino microfung. Matsush. lect. (Kobe): 145.1975. Material Americano de Micologia. Anais do V Congresso Latino Americano examinado: 155063), (HUEFS de Micologia. Brasília. Pp. 182-183. Castaneda-Ruiz, R.F. & Arnold, G.R.W. 1985. Subulispora longirostrata Nawawi & Kuthub., Deuteromycotina de Cuba. I. Hyphomycetes. 459. 1987. Material examinado: Mycotaxon 30: Revista dei Jardín Botânico Nacional 6: 47-67. 155068). (HUEFS Castaneda-Ruiz, R.F.; Gene, J. & Guarro, J. 1996. Litter hyphomycetes from Ia Gomera (Canaries). Subulispora rectilineata Tubaki, in Tubaki & Mycotaxon 59: 203-215. Japan 12(1): 21. Yokoyama, Trans. Mycol. Soe. Castaneda-Ruiz, R.F.; Guarro, J.; Mayayo, E. & Decock, 1971. Material examinado: (HUEFS 155070). C. 1998a. Notes on conidial fungi. XVI. A new species of Dendryphiosphaera and some new records Vermiculariopsiella cubensis (R.F. Castafieda) from Cuba. Mycotaxon 67: 9-19. Nawawi, Kuthub. &B. Sutton, Mycotaxon 37:180.1990. Castaneda-Ruiz, R.F. & Kendrick, W.B. 1991. Ninety- Material examinado: (HUEFS 155072). nine conidial Fungi from Cuba and three from Canada. University of Waterloo, Biology Series 35: 1-132. Virgaria nigra (Link) Nees, Nat. Arr. Brit. Pl. Castaneda-Ruiz, R.F.; Kendrick, B.; Guarro, J. & Gene, (London) 1: 553. 1817. Material examinado: J. 1998b. A new species of Hemibeltrania from Cuba. Mycological Research (HUEFS 155073). 102: 930-932. Cruz, A.C.R. & Gusmão, L.F.P. 2009a. Fungos conidiais na Caatinga: espécies associadas ao folhedo. Acta Agradecimentos Botânica Brasilica 23:999-1012. Os autores agradecem aos Drs. Gregorio Cruz, A.C.R. & Gusmão, L.F.P. 2009b. Fungos conidiais Delgado, Roland Kirschner, Uwe Braun e Xiu-Guo na Caatinga: espécies lignícolas. Acta Botânica Brasilica 23: 1133-1144. Zhang a contribuição no envio de literatura. O Cruz, A.C.R.; Gusmão, L.F.P. & Castaneda-Ruiz, R.F. primeiro autor agradece à Coordenação de 2007a. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior biome of Brazil. Subramaniomyces pulchersp. nov. concedida. L.F.P. Gusmão agradece (CAPES) a bolsa and notes on Sporidesmium circinophorum. financeiro. ao CNPq (Proc. 474589/2008-0) o apoio Mycotaxon 102: 25-32. Cruz, A.C.R.; Gusmão, L.F.P.; Leão-Ferreira, S.M. & Referências Castaneda-Ruiz, R.F. 2007b. Conidial fungi from the Barbosa, F.R.; Gusmão, L.F.P. & Barbosa, F.F. 2008. Fungos semi-arid Caatinga biome of Brazil. Diplococcium anamórficos (Hyphomycetes) no semi-árido do estado verruculosum sp. nov. and Lobatopedis longistriatum da Bahia. Brasil. Acta Botânica Brasilica 22: 29-36. sp. nov. Mycotaxon 102: 33-38.

Rodriguésia 62(1): 043-053. 2011 52 Almeida, D.A.C. Izabef. T.S.S. & Gusmão. LF.P.

Cruz, A.C.R.; Leão-Ferreira. S.M.; Barbosa, F.R. & Gusmão, LF.P: Barbosa F.R. & Cruz, A.C.R. 2005. Espécies Gusmão. L.F.P. 2008. Conidial fungi from semi- de Cuntdaria (Fungos anamórficos - hyphomycetes) arid Caatinga biome of Brazil. New and interesting no semi-árido do estado da Bahia Brasil. Sitientibus: Dictyochaeta species. Mycotaxon 106: 15-27. Série Ciências Biológicas 5:12-16. Cruz, A.C.R.; Marques, M.F.O. & Gusmão, L.F.P. 2007c. Gusmão, L.F.P.; Leão-Ferreira. S.M.; Marques. M.F.O. Fungos anamórficos (Hyphomycetes) da Chapada & Almeida. D.A.C. 2008a. New species and records Diamantina: novos registros para o Estado da Bahia e of Paliphora from the Brazilian semi-arid region. Brasil. Acta Botânica Brasilica 21: 847-855. Mycologia 100:306-309. Delgado, G. 2008. South Florida microfungi: a new Gusmão. L.F.P.; Marques. M.F.O; Cruz. A.C.R. & species of Stanjehughesia (hyphomycetes) from Barbosa. F.R. 2008b. Diversidade dos fungos Sabal palm. Mycotaxon 103: 229-234. conidiais na região semi-árida do Brasil: situação Dulymamode, R.; Cannon, P.F. & Peerally, A. 2001. atual e perspectivas. In: Hercdia, G. (ed.). Tópicos Fungi on endemic plants of Mauritius. Mycological sobre diversidad, ecologia, y uso de los hongos Research 105: 1472-1479. microscópicos en lberoamérica. Programa Dulymamode, R.; Kirk. P. M. & Peerally. A. 1999. Fungi Ibcroamericano de Ciência y Tecnologia para el from Mauritius: three new hyphomycetes species Desarrollo (CYTED) e Instituto de Ecologia, A.C. on endemic plants. Mycotaxon 73: 313-323. Xalapa, Ver. México. Pp. 43-61. Ellis, M.B. 1958. Clasterosporium and some allied Ho, W.H.; Yanna & Hyde. K.D. 2002. Two new species Dematiaceae - Phragmosporae. I. Mycological of Spadicoides from Brunei and Hong Kong. Papers 70: 1-89. Mycologia 94: 302-306. Ellis, M.B. 1963. Dematiaceous hyphomycetes. V. Holubová-Jechová. V. 1982. Lignicolous Hyphomycetes Mycological Papers 93: 1-33. from Czechoslovakia 6. S/xulicoides and Diplococcium. Ellis, M.B. 1971. Dematiaceous hyphomycetes. Folia Geobotanica & Phytotaxonomica 17:295-327. Commonwealth Mycological Institute, Kew. 608p. Hughes. S.J. 1958. Revisiones hyphomycetum aliquot Ellis M.B. 1976. More dematiaceous hyphomycetes. cum appendice de nominibus rejiciendis. Canadian Commonwealth Mycological Institute. Kew. 507p. Joumal of Botany 36: 727-836. Fernandes, R.C; Lustosa, D.C; Barreto. R.W. & Bezerra. Kirk, P.M. 1982a. New or interesting microfungi VI. J.L. 2007. Hemibeltrania urbanodendrii sp. nov. Sporidesmiella gen. nov. (hyphomycetes). Transactions and Peudobeltrania angamosensis: new fungai of the British Mycology Society 79: 479-489. records from the Brazilian Tropical Seasonal Semi- Kirk. P.M. 1982b. New or interesting Microfungi. IV. Deciduous Montane Forest. Brazilian Joumal of Dematiaceous hyphomycetes from Devon. Transactions Microbiology 38: 756-758. ofthe British Mycology Society 78: 55-74. Goh, T.K. & Hyde, K.D. 1996. Spadicoides Kirk, P.M. 1983a. New or interesting microfungi IX. cordanoides sp. nov., a new dematiaceous Dematiaceous hyphomycetes from Esher hyphomycete from submerged wood in Austrália, Common. Transactions ofthe British Mycological 80: 449-467. with a taxonomic review ofthe genus. Mycologia Society 88: 1022-1031. Kirk, P.M. 1983b. New or interesting microfungi X. Goh, T.K & Hyde, K.D. 1998a. A synopsis of and a key Hyphomycetes on Laurus nobilis leaf litter. to Diplococcium species, based on lhe literature, Mycotaxon 18:259-298. with a description of a new species. Fungai Diversity Kuthubutheen, A.J. & Nawawi, A. 1991. A new species 1:65-83. of Ceratosporella and Triposporium Goh, T.K & Hyde, K.D. 1998b. Spadicoides palmicola lambdaseptatum (Matsush.) comb. nov. from sp. nov. on Licuala sp. from Brunei. and a note on Malaysia. Mycological Research 95: 158-162. Spadicoides heterocolorata comb. nov. Canadian Kuthubutheen, A.J. & Nawawi, A. 1993. Three new Journal of Botany 76: 1698-1702. and several interesting species of Sporidesmiella Goh, T.K.; Hyde, K.D. & Umali, T.E. 1998. Two new from submerged litter in Malaysia. Mycological species of Diplococcium from the Tropics. Research 97: 1305-1314. Mycologia 90: 514-517. Leal, I.R.; Tabarelli, M. & Silva J.M.C. 2003. Introdução. In: Gusmão, L.F.P. & Barbosa, F.R. 2005. Hemibeltrania Leal, IR.: Tabarelli, M. & Silva J.M.C. (eds.). Ecologia (anamorphic fungi - Hyphomycetes) from the state e conservação da caatinga Ed. Universitária Universidade of Bahia, Brazil. Sitientibus: Série Ciências Federal de Pernambuco, Recife. Pp. 13-17. Biológicas 5: 17-19. Marques, M.F.O.; Barbosa, F.R.; Gusmão, L.F.P.; Gusmão, L.F.P.; Barbosa, F.R. & Barbosa, F.F. 2006. Cataneda Ruiz. RF. & Maia. L.C. 2007. Conidial Fungos conidiais. In: Gusmão, L.F.P. & Maia, L.C. fungi from the semi-arid caatinga biome of Brazil. (orgs.). Diversidade e caracterização dos fungos no Cubasina microspora sp. nov., a note on C. semi-árido. led. Associação Plantas do Nordeste, albojusca, and some new records for South America. Recife. Pp. 27-47. Mycotaxon 102: 17-23.

Rodriguésia 62( 1): 043-053. 2011 Fungos conidiais da Caatinga 53

Marques, M.F.O.; Gusmão, L.F.P. & Maia, L.C. 2008. Ecologia e conservação da caatinga. Ed. Universitária Espécies de Vermiculariopsiella (Hyphomycetes) Universidade Federal de Pernambuco, Recife. associadas a substratos vegetais em fragmento de Pp. 3-73. Mata Atlântica, Serra da Jibóia, estado da Bahia, Rao, V. & Hoog, G.S. 1986. New or criticai hyphomycetes Brasil. Revista Brasileira de Botânica 31: 659-665. from índia. Studies in Mycology 28: 1-84. Mascarenhas, J.F.; Ledru, P.; Souza, S.L.; Conceição Rifai, M.A. 1972. A new tropical species of Filho, V.M.; Melo, L.F.A.; Lorenzo, CL. & Milési, Triposporium. Reinwardtia 8: 365-367. J.P. 1998. Geologia e recursos minerais do Grupo Sampaio, E.V.S.B.; Giulietti, A.M.; Virgínio, J. & Jacobina e da parte sul do Greenstone Belt de Mundo Gamarra-Rojas, C.F.L. 2002. Vegetação e flora da Novo. Série Arquivos Abertos. Companhia Baiana caatinga. Associação Plantas do Nordeste, APNE/ de Pesquisa Mineral, Salvador. 58p. CNIP, Recife. 176p. Matsushima, T. 1971. Microfungi of the Solomon Shenoy, B.D.; Jeewon, R., Wu, W.P.; Bhat, D.J. & Hyde, Islands and Papua-New Guinea. Published by the K.D. 2006. Ribosomal and RPB2 DNA sequence author, Kobe. 78p. analyses suggest that Sporidesmium and Microfungorum a Matsushima Matsushima T. 1975. ícones morphologically similar genera are polyphyletic. Lectorum. Published by the author, Kobe. 209p. Mycological Research 110: 916-928. Matsushima, T. 1995. Matsushima Mycological Shin, H.-D. & Braun, U. 1998. A new species of Memoirs n. 8. Published by the author, Kobe, 60p. Hemibeltrania on Convallaria keiskei. Mycotaxon Matsushima, T. 1996. Matsushima Mycological 67:317-321. Memoirs n 9. Published by the author, Kobe. 30p. Subramanian C.V. 1992. A reassessment of Sporidesmium Milesi, J.P.; Ledru, P.; Marcoux, E.; Mougeot, R.; Johan, (hyphomycetes) and some related taxa. Proceedings V.; Lerouge, C; Sabate, P.; Bailly, L.; Respaut, J.P. ofthe Indian National Science Academy 58:179-190. & Skipwith, P. 2002. The Jacobina Paleoproterozoic Wang, C.J.K. & Sutton, B.C. 1998. Diplococcium hughesü gold-bearing conglomerates, Bahia, Brazil: a sp. nov. with a Selenosporella synanamorph. "hydrothermal shear-reservoir" model. Ore Geology Canadian Journal of Botany 76: 1608-1613. Reviews 19: 95-136. Wu, W. & Zhuang, W. 2005. Sporidesmium, Nacional. 2005. Secretaria de Ministério da Integração Endophragmiella and related genera from China. políticas de desenvolvimento regional. Nova Fungai Diversity Research Series 15. Fungai delimitação do semi-árido brasileiro. Brasília: MISDR. Diversity Press, Hong Kong. 53lp. Nawawi, A. & Kuthubutheen, A.J. 1988. A new Yanna; Ho, W.H.; Hyde, K.D. & McKenzie, E.H.C. species of the genus Dendryphiosphaera. 2001. Sporidesmiella oraniopsis, a new species of 461-466. Mycotaxon 32: dematiaceous hyphomycete from North Queensland, - Bactéria). Provide a NZFUNGI New Zealand Fungi (and Austrália and synopsis of the genus. Fungai gateway to a wealth of information on fungi (and plant Diversity 8: 183-190. pathogenic bactéria) in New Zealand. Disponível em Zhou, D.Q.; Goh, T.K.; Hyde, K.D. & Vrijmoed, L.L.P. . Acesso em 1999. A new species of Spadicoides and other 18 agosto 2009. hyphomycetes on bamboo from Hong Kong. Fungai Pirozynski, K.A. 1963. Beltrania and related genera. Diversity 3: 179-185. Mycological Papers 90: 1-37. Zucconi, L. 1992. Hemibeltrania cymbiformis sp. nov., Prado, D.E. 2003. As caatingas da América do Sul. In: a new Hyphomycetes from Ivory Coast forest litter. Leal, I.R.; Tabarelli, M. & Silva, J.M.C. (eds.). Mycological Research 96: 154-156.

Artigo recebido em 26/01/2010. Aceito para publicação em 03/11/2010.

Rodriguésia 62(1): 043-053. 2011 Rodriguésia 62(1): 055-076. 201 1 http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Solanaceae na Serra Negra, Rio Preto, Minas Gerais1 Solanaceae in the Serra Negra, Rio Preto, Minas Gerais Wâw

Eveline Aparecida Feliciano2 & Fátima Regina Gonçalves Salimena2'3

Resumo Apresenta-se o estudo taxonômico da família Solanaceae A. Juss na Serra Negra, município de Rio Preto, Minas Gerais. A família está representada na área por oito gêneros e 26 espécies. As espécies encontradas são: Athenaea picta, Aureliana fasciculata, Brugmansia suaveolens, Cestrum bracteatum, Dyssochroma viridiflorum, Nicotiana tabacum, Physalis pubescens, Solanum bullatum, S. capsicoides, S. cinnamomeum, S. decorum, S. leptostachys, S. leucodendron, S. luridifuscescens, S. lycocarpum, S. melissarum, S. palinacanthum, S. piluliferum, S. pseudoquina, S. schizandrum, S. sellowianum, S. sisymbriifolium, S. subumbellatum, S. swartzianum, S. vaillantii e S. velleum. Solanum é o gênero mais representativo com 19 espécies. São apresentadas chave de identificação, descrições, ilustrações, comentários taxonômicos, ecológicos e distribuição geográfica para as espécies. Palavras-chave: Mata Atlântica, Serra da Mantiqueira, Solanum, taxonomia. Abstract The taxonomic study ofthe family Solanaceae A. Juss is represented in Serra Negra, Rio Preto municipality, Minas Gerais state is presented. In this área the family is represented by eight genera and 26 species. The species are: Athenaea picta, Aureliana fasciculata, Brugmansia suaveolens, Cestrum bracteatum, Dyssochroma viridiflorum, Nicotiana tabacum, Physalis pubescens, Solanum bullatum, S. capsicoides, S. cinnamomeum, S. decorum, S. leptostachys, S. leucodendron, S. luridifuscescens, S. lycocarpum, S. melissarum, S. palinacanthum, S. piluliferum, S. pseudoquina, S. schizandrum, S. sellowianum, S. sisymbriifolium, S. S. vaillantii e S. velleum. subumbellatum, S. swartzianum, Solanum is the most representative genus with 19 species. A key for identification, as well as, descriptions, illustrations, and comments about of the species taxonomy, ecology and geographic distribution is presented. Key words: Atlantic Forest, Mantiqueira Range, Solanum, taxonomy.

Introdução estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, abriga A família Solanaceae A. Juss. é uma das 20% dos remanescentes da Mata Atlântica mineira maiores entre as angiospermas eudicotiledôneas, (Costa & Herrmann 2006). No Complexo da Mantiqueira, a Serra Negra é atualmente reunindo 96 gêneros e aproximadamente 2300 considerada espécies, com o maior centro de diversidade na prioritária para a conservação da biodiversidade de Minas Gerais, América do Sul (D'Arcy 1991). devido à elevada riqueza e grau de endemismo de espécies No Brasil ocorrem 31 gêneros e cerca de da sua fauna e flora etal. 500 espécies nativas (Hunziker 2001), sendo 28 (Drummond 2005). Estudos florísticos recentes na área comprovaram uma elevada diversidade gêneros e cerca de 450 espécies encontrados na vegetal, com a amostragem de 157 espécies Região Sul (Stehmann & Mentz 2006) e 16 de plantas vasculares em apenas um de seus ambientes, a mata gêneros e 313 espécies, na Região Sudeste de Neto (Carvalho et al. 1996). grota (Menini etal. 2009). A Serra da Mantiqueira é uma das maiores Visando preencher uma lacuna no e a mais importante cadeia montanhosa do conhecimento de Solanaceae na Serra da Mantiqueira, sudeste brasileiro. Abrangendo parte dos o presente trabalho teve como

1 Universidade Federal de Juiz de Fora. Pós-graduação em Ecologia, Parte de Dissertação de Mestrado. 1 Universidade Federal de Juiz de Fora. Deplo. Botanici. Campus Universitário. R. José Lourenço Kelmer s.n., 33036-900. Juiz de Fora, MG. 1 Autora para correspondência: fatima.salimcnaf^uíjf.edu.br 56 Felicianb, EA & Salimena, F.R.G objetivo apresentar o estudo taxonômico da Para a complementação das descrições e a família na região da Serra Negra. São fornecidos análise de padrões morfológicos dos taxons uma chave de identificação, descrições, estudados foram analisadas as coleções dos ilustrações, comentários sobre a taxonomia, herbários BHCB, MBML, R, RB. SP, SPFe VIC. ecologia e dados sobre a distribuição geográfica das espécies encontradas. Resultados e Discussão Tratamento Taxonômico Material e Métodos Solanaceae A. Juss. A Serra Negra está localizada no sul da Ervas, arbustos, árvores, escandentes ou Zona da Mata de Minas Gerais, nas coordenadas hemiepífitas, glabros ou recobertos por diversos aproximadas de 21°58'24"S e 43°53"15"W, a tipos de tricomas, espinhos ou acúleos. Folhas cerca de 25 km do Parque Estadual do Ibitipoca, pecioladas ou subsésseis, alternas, isoladas ou no município de Lima Duarte. Apresenta geminadas; lâminas inteiras, lobadas a pinatissectas altitudes variando entre 960-1750 m e clima ou às vezes dimorfas. Inflorescências axilares, tropical de altitude mesotérmico, com terminais, ou opostas às folhas, fasciculadas, temperaturas amenas e a precipitação média racemosas, corimbosas ou paniculiformes, raro anual de 1.886 mm (EMATER 2003). bracteoladas, ou flores solitárias. Flores alvas, A Serra Negra está inserida no domínio creme, lilases, róseas, roxas e azuis, monóclinas, atlântico, e sua vegetação é composta por florestas diclamídeas, heteroclamídeas, actinomorfas. raro ombrófilas densas e campos rupestres. As florestas levemente zigomorfas, prefloração valvar, valvar- ombrófilas estão subdivididas nesta área em três plicada ou imbricada; corola pentâmera, rotácea, formações florestais (Oliveira-Filho 2006; Valente campanulada infundibuliforme, hipocrateriforme 2007): floresta ombrófila densa aluvial, a cerca de ou tubulosas. Androceu pentâmero ou tetrâmero, 900 m de altitude em áreas periodicamente isodínamo ou didínamo, estames pentâmeros, inundáveis; floresta ombrófila densa baixo- epipétalos, filetes retos, reflexos ou geniculados, montana, entre 900 a 1.100 m de altitude, e floresta antéras monotecas ou bitecas, com deiscência ombrófila densa alto-monlana acima de 1.100 m de rimosa longitudinal, transversal ou poricida, altitude (matas nebulares). apicais extrorsas ou introrsas, amarelas ou lilases. Foram analisados materiais depositados no Ovário supero, biiocular, placentação axilar, Herbário Leopoldo Krieger (CESJ) da Universidade multiovulado; estilete simples; estigma apical Fruto cápsula ou Federal de Juiz de Fora, obtidos a partir de estudos capitado, clavado ou bífido. florísticos iniciados em 2003 na Serra Negra. As baga, por vezes envolvidos pelo cálice acrescente, descrições morfológicas das espécies foram sementes poucas a numerosas. Solanaceae realizadas com base no material coletado no projeto, Na Serra Negra a família está e 26 espécies: seguindo a terminologia proposta por Harris & representada por oito gêneros Harris (2003) e Radford et al. (1974) para as Athenaea (1), Aureliana (1), Brugmansia (1), estruturas vegetativas e florais, e a terminologia de Cestrum (1), Dyssochroma (1), Nicotiana (1), e Solanum Roe (1971) para os tricomas. PhysaÜS (1) (19).

Chave para identificação das espécies de Solanaceae na Serra Negra Corola hipocrateriforme ou infundibuliforme; cálice tubuloso ou campanulado. 2 Flor solitária. 3. Arvoreta; flores com corola alva; bractéolas ausentes3. Brugmansia suaveolens 3'. Epífita ou hemiepifita; flores com corola verde; bractéolas presentes 5. Dyssocbroma viridiflora 2\ Flores agrupadas em inflorescências. 4. Inflorescência dicotômica ramificada; bractéolas aciculares6. Nicotiana tabacum 4'. Inflorescência helicoidal; bractéolas foliáceas4. Cestrum braetcatum r. Corola rotácea. rotácea-estrelada ou campanulada; cálice rotáceo, campanulado ou cupuliforme.

Rodriguesia 62111: 055-076. 2011 Solanaceae na Serra Negra, Minas Gerais57

5. Anteras com deiscência longitudinal. 6. Corola campanulada; anteras roxas; fruto com cálice inflado7. Physalis pubescens 6". Corola rotácea-estrelada; anteras alvas ou alvo-esverdeadas; fruto com cálice não inflado. 7. Ramos e folhas glabros, com pontuações negras; cálice com lacinias denteadas; não acrescente nos frutos2. Aureliana fasciculata T. Ramos e folhas pubescentes a pilosos, sem pontuações negras; cálice com lacinias estreitamente lanceoladas, acrescente no fruto1. Athenaea picta 5'. Anteras com deiscência poricida às vezes prolongada basipetamente por fendas longitudinais. 8. Plantas inermes. 9. Ramos e folhas glabros, glabrescentes ou pilosos com tricomas simples; lâminas verdes nas duas faces. 10. Lâminas foliares sem papilas, com domácias pilíferas entre as nervuras na face abaxial 19. Solanum pseudoquina 10'. Lâminas foliares com papilas, sem domácias pilíferas entre as nervuras. 11. Corola lilás; anteras coniventes com escamas papilosas 14. Solanum luridifuscescens 11'. Corola alvo-esverdeada; anteras livres, glabras 16. Solanum melissarum 9'. Ramos e folhas com tricomas equinóides, estrelados ou lepidotos; lâminas com a face adaxial verde e a abaxial alva ou alvo-esverdeada. 12. Corola rotáceo-pentagonal, lilás23. Solanum subumbellatum 12'. Corola rotáceo-estrelada, alva. 13. Lâminas foliares com o ápice involuto 10. Solanum cinnamomeum 13'. Lâminas foliares com o ápice não involuto. 14. Inflorescência monocásio reduzido24. Solanum swartzianum 14'. Inflorescência dicotômica ramificada. 15. Ramos lepidotos ou glabrescentes, tricomas peitados 13. Solanum leucodendron 15'. Ramos tomentosos, tricomas equinóides. 16. Lâminas foliares com base cuneada; ovário glabro, estigma profundamente bífido21. Solanum sellowianum 16'. Lâminas foliares com base obtusa; ovário com região apical tomentosa, estigma capitado8. Solanum bullatum 8'. Plantas armadas. 17. Ramos glabrescentes, pubescentes, viscosos ou pilosos com tricomas simples e/ou glandulares. 18. Lâminas foliares com base cordada; inflorescência monocásio reduzido. 19.Corola verde ou alva; ovário glabro; fruto vermelho 9. Solanum capsicoides 19'. Corola roxa; ovário piloso; fruto verde rajado de amarelo 17. Solanum palinacanthum 18'. Lâminas foliares com base truncada ou assimétrica; inflorescência escorpióide. 20.Ramos cilíndricos, viscosos; corola rotáceo-pentagonal, cálice acrescente nos frutos 22. Solanum sisymbriifolium 20'. Ramos quadrangulares, glabrescentes; corola rotáceo-estrelada, cálice não acrescente nos frutos25. Solanum vaillantii 17'. Ramos tomentosos com tricomas equinóides ou estrelados ramificados. 21. Liana; ramos e lâminas foliares com acúleos uncinados 20. Solanum schizandrum 21'. Arbusto ou arvoreta a árvore; ramos e lâminas foliares sem a presença de acúleos uncinados. 22. Lâminas foliares com a face abaxial alvo-esverdeada; corola violacea. 23. Lâminas foliares com o ápice arredondado; cálice não acrescente no fruto.... 5. Solanum lycocarpum

Rodriguésia 62(1): 055-076. 2011 58Feliciano. EA & Salimena. F.R.G

23'. Lâminas foliares com o ápice acuminado, raro obtuso; cálice acrescente no fruto 12. Solanum leptosiachys 22'. Lâminas foliares com a face abaxial ferruginea; corola alva. 24. Inflorescência umbeliforme18. Solanum piluliferum 24'. Inflorescência dicotomicamente ramificada 25. Corola rotáceo-estrelada: fruto com cálice não acrescente 11. Solanum decorum 25'. Corola rotáceo-pentagonal; fruto com cálice acrescente cobrindo o terço basal do fruto 26. Solanum velleum

Athenaea Sendtn. Aurclia na Sendtn. /. Athenaea picta Sendtn. in Mart., Eichler & 2. Aureliana fasciculata Sendtn. in Mart., Eichler Urban. Fl. bras. 10: 134.1846.Fig. 1 a-b & Urban, Fl. bras.10: 140.1846.Fig. lc-d Arvoreta; ramos cilíndricos, inermes, Arvoreta; ramos cilíndricos, inermes, glabros. pubescentes a pilosos, tricomas glandulares. com pontuações negras ao longo do caule. Folhas Folhas geminadas, raro isoladas; pecioladas; isoladas, raro geminadas; pecioladas; lâmina lâmina membranácea, as maiores 5,7-9 x 3,5-4,6 membranácea, (2,2-)5,5-9,3 x (0.8) 1.6-3,lem, cm, as menores 1,5—4,5 x 1-2,3 cm, lanceolada a lanceolada a estreitamente elíptica, ápice acuminado ovada, ápice agudo a acuminado, base a cuspidado, base cuneada a atenuada, raramente assimétrica, margem sinuada, faces adaxial verde assimétrica, margem inteira, faces adaxial e abaxial e abaxial verde-clara, pubescentes, tricomas verdes, glabras. com pontuações negras, acúleos simples e glandulares, acúleos ausentes. ausentes. Inflorescência fascículo. Flores Inflorescência fascículo. Flores pediceladas; pediceladas; bractéolas ausentes; cálice bractéolas ausentes; cálice rotáceo, lacínias campanulado, lacínias denteadas; corola estreitamente lanceoladas; corola rotáceo- rotáceo-estrelada, alva, com manchas basais estrelada, alva, matizada de roxo na face adaxial. magentas na face adaxial, 1,1-1,4 cm diâm.. 1 -1,7 cm diâm., lacínias 5 x 2-3 mm, obtusas, ápice lacínias triangulares, ápice agudo, margem agudo, piloso com tricomas simples, raro glabra a ciliada, tricomas simples; face abaxial e adaxial 5, heterodínamos, glandulares, faces abaxial e adaxial glabrescentes. glabras. Estames 3 Estames 5, isodínamos; filetes ca. 1 mm compr.; maiores e 2 menores; filetes 3-4 mm compr.: anteras alvas, 2-3 mm compr.. oblongas, anteras alvo-esverdeadas, 1-2 mm compr.. deiscência longitudinal. Ovário ca. 2 mm diâm.. oblongas, deiscência longitudinal. Ovário 1-2 mm diâm., subgloboso, estilete ca. 7 mm ovado, glabro; estilete ca. 3 mm compr., curvo, glabro; compr., reto, estigma capitado. Fruto glabro; estigma capitado. Fruto baga. 1,2-1,4 cm glabro; compr., 4-7 mm diâm., ovado, apiculado. baga. ca. 3 mm diâm., imaturo, globoso, glabro; às vezes cálice acrescente, cálice não acrescente. pubescente, glabro; Material examinado: Serra Negra, Cânion à lacínias cobrindo o fruto. próximo Gruta do Funil. XI.2005. fl. e fr.. K. Antunes et al. 208 Material examinado: Serra Negra, estrada para o Vilarejo (CESJ); Mata do Benedito, ca. I .(XX) m, XI.2006. fl.. AS do Funil. IX.2004. fl.. CN. Matozinhos et al. 107 (CESJ). M. Valente & P.O. Garcia 514 (CESJ). Material adicional examinado: ESPÍRITO SANTO: Aureliana fasciculata pode ser Reserva Biológica Augusto Ruschi, 01.VIII.2002. fl. e reconhecida ramos e folhas com fr..RR. Vervloet etaL629(BHCB. MBML). pelos glabros pontuações negras, pelas flores com manchas Athenaea picta distingue-se das demais basais magentas na face adaxial e pelo cálice com espécies estudadas de flores com pela presença lacínias denteadas. Na Serra Negra foi encontrada corola alva matizada de roxo na face adaxial. pela em um local bastante úmido no interior de uma expressiva presença de tricomas glandulares nos mata de encosta, a 1000 m de altitude. Ocorre na ramos, folhas e flores e pelos frutos apiculados. Argentina, Paraguai e Brasil, nos estados do Na Serra Negra foi encontrada apenas cm borda de Acre, Bahia. Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de mata ciliar a 900 m de altitude. Ocorre nos estados Janeiro. São Paulo, Paraná e Santa Catarina do Espírito Santo, Minas Gerais. Rio de Janeiro, (Hunziker & Barboza 1990). É considerada rara São Paulo e Paraná (Carvalho 1997). no estado de Minas Gerais (Oliveira-Filho 2006).

Rodriguésia 6211 >: 055-076. 2011 Solanaceae na Serra Negra, Minas Gerais 59

^<í^. CM/ j^ 1

• a

o

I ƒE í CD >: -*1Í fl .'.'jl 1

l^T ?\^v_/n

- Figura 1 - a-b. Athenaeapicta - a. flor; b. fruto apiculado. c-d. Aurelianafasciculata c. ramo com inflorescência; - - d.fruto. e. Brugmansia suaveolens - flor. f-g. Cestrum bracteatum f. flor; g. fruto. h. Dyssochroma viridiflora flor (a-b Matozinhos 107; c-d Antunes 208; e Feliciano 51; f-g Feliciano 28; h Matozinhos 21). - Figure 1 - a-b. Athenaea - a. flower; b. apiculate fruit. c-d. Aureliana fasciculata c. branch with inflorescence; d. fruit. picta - e.Brugmansia suaveolens - flower. f-g. Cestrum bracteatum f. flower; g. fruit. h. Dyssochroma viridiflora - flower (a-b Matozinhos 107; c-d Antunes 208; e Feliciano 51; f-g Feliciano 28; h Matozinhos 21).

Rodriguésia 62( 1): 055-076. 201 1 60 Feliciano. EA & Salimena. F.R.G

Brugmansia Persoon ovadas; cálice tubuloso, lacinias triangulares; 3.Brugmansia suaveolens (Willd.) Bercht. & C. corola hipocrateriforme. verde, ca. 2,7 cm compr.. Presl. Prir. Rostlin Aneb. Rostl. 1:45. 1823. Fig. le ca. 1,3 cm diâm., glabro. ápice do tubo ligeiramente Arvoreta; ramos cilíndricos, inermes, giboso; lacinias lanceoladas, ápice arredondado a glabrescentes, raro com tricomas simples. Folhas agudo; face abaxial pilosa, tricomas simples; face isoladas: pecioladas; lâmina cartácea. (6.5-) 12-22.2 adaxial glabra. Estames 5, isodínamos, filetes ca. x (1 -)6.1 -11.4 cm. ovada a lanceolada, ápice agudo 5 mm compr.; anteras. ca. 1 mm compr.. ovadas, a acuminado, base assimétrica, margem inteira, deiscência longitudinal. Ovário ca. 2 mm diâm.. levemente sinuada, faces adaxial e abaxial verdes, ovado, glabro; estilete ca. 2,3 cm compr., reto, pubescentes a pilosas, tricomas simples, raro glabro: estigma capitado. Fruto baga. atropurpurea. glandulares. acúleos ausentes. Flores solitárias, ca. 8 mm compr.. 5-6 mm diâm.. globoso a oblongo. terminais; pediceladas; bractéolas ausentes; cálice glabro; cálice não acrescente. tubuloso, inflado, lacinias obtusas; corola Material examinado: Serra Negra. Vilarejo do Funil, infundibuliforme, alva. 25-29 cm compr., ca. 13.5 cm 2.VI.2006, fl.. F.R.G. Salimena ct al. 1355 (CESJ); diâm., lacinias longamente caudadas. face abaxial 16.111.2007. fl. e fr.. EA. Feliciano et al. 28 (CESJ); 27.IV.2007. fl.. EA. Feliciano et al. 42(CESJ). pubescente. face adaxial glabrescente. Estames 5, isodínamos; filetes ca. 4,7 cm compr.; anteras alvas, Cestrum bracteatum pode ser reconhecida ca. 3 cm compr., laminares. deiscência longitudinal. pela presença de bractéolas foliáceas. flores verdes, sésseis, com corola hipocrateriforme. e Ovário 1-2 mm diâm., fusiforme. glabro; estilete ca. pequenas, ramos, folhas e frutos Na Serra Negra 16,6 cm compr.. reto, glabro; estigma oblongo a pelos glabros. ser encontrada no interior de matas de e globoso. Fruto não visto. pode grota Material examinado: Serra Negra. Vilarejo do Funil. em áreas de transição de mata e campo rupestre, a 29.IV.2(X)7. fl., E. A. Feliciano etal. 51 (CESJ); Fazenda aproximadamente 930 m altitude. Ocorre nos estados Santa 1 ui/a. VI.2007, fl.. F.R.G. Salimena & P. H. Nobre do Pernambuco, Minas Gerais. Espírito Santo, Rio 24 76 (CESJ). de Janeiro, São Paulo. Paraná e Rio Grande do Sul, Brugmansia suaveolens pode ser facilmente em altitudes que variam de 500 a 2.000 m. distinta das demais espécies estudadas pelas flores grandes e pêndulas, com corola Dyssochroma Miers infundibuliforme, lacinias com ápice longamente S.Dyssochroma viridiflora Miers. Ann. Mag. Nat. caudado e estames com filetes longos, pilosos na Hist. ser. 2.4(22): 251. 1849.Fig. lh metade proximal e anteras laminares. NaSerraNegra Epífita ou hemiepífita; ramos angulosos, é encontrada próximo às margens de cursos d"água em inermes, glabros. Folhas isoladas: pecioladas; li cais bastante iluminados. Essa espécie é amplamente lâmina cartácea, 7-15 x 2,1-4,3 cm, oblanceolada distribuída no Brasil, ocorrendo também em outros a elíptica, ápice agudo a cuspidado, base países da América do Sul. América Central e África atenuada, margem inteira, ligeiramente crenada, (Smith & Downs 1966). Apesar de ser uma espécie faces adaxial e abaxial verdes, glabras, com emplamente distribuída no Brasil não foram encontrados domácias pilíferas na axila das nervuras frutos nos materiais analisados em herbário, secundárias na face abaxial, acúleos ausentes. Flor possivelmente por serem volumosos, chegando a 20 solitária, terminal, pedicelada; bractéolas ausentes: cm, como citado por Carvalho & Bovini (2006). cálice campanulado, profundamente 4-partido. lacinias triangulares; corola infundibuliforme, Cestrum L verde, ca. 6 cm compr., ca. 3,5 cm diâm.. lacinias 4.Cestrum bracteatum Link & Otto. Icon. PI. Rar. lanceoladas, revolutas; faces abaxial e adaxial ILink&Otto] 11:6.1828.Fig. lf-g glabras. Estames 5. isodínamos; filetes ca. 7,2 cm Arbusto ou arvoreta; ramos cilíndricos, compr.; anteras ca. 1,3 cm compr., lineares, inermes, glabros. Folhas isoladas; pecioladas; deiscência longitudinal. Ovário ca. 7 cm compr.. lâmina membranácea, 10,4-16,5 x 3,2-4 cm., ca. 5 cm diâm., subgloboso, glabro; estilete ca. estreitamente elíptica, raro oblonga, ápice 9 cm compr., reto, glabro; estigma capitado. acuminado, raro agudo e cuspidado, base atenuada, Fruto baga, 3-5,2 cm diâm., globoso, apiculado, margem inteira, levemente revoluta, face adaxial e glabro; cálice acrescente, lacinias cobrindo mais abaxial verdes, glabras, acúleos ausentes. da metade do fruto. Inflorescência helicoidal. axilar. Flores sésseis; Material examinado: Serra Negra, interior do Cânion do bractéolas foliáceas, caducas, 0,8-1,7 x 0,5-0,9 cm. Funil, 20.VIII.2004, fl.. C.N. Matozinhos et al. 21 (CESJ).

Rodriguésia 62( 1): 055-076. 2011 Solanaceae na Serra Negra, Minas Gerais 61

Material adicional examinado: MINAS GERAIS: irregularmente lobada, lobos às vezes agudos, Ouro Preto, Cachoeira das Andorinhas, 9.II.1985, fl. e glabros, faces adaxial e abaxial verdes, velutinas, fr., M. F. Vieira etal. 121 (VIC). tricomas simples, acúleos ausentes. Flor solitária, Dyssochroma viridiflora destaca-se pelo axilar; pedicelada; bracteolas ausentes; cálice hábito epífitico ou hemiepífitico, podendo ser campanulado, lacínias reflexas, lanceoladas; corola facilmente reconhecida pela corola esverdeada com campanulada, amarela, matizada de roxo na face lacínias revolutas e bagas apiculadas. Na Serra Negra adaxial, ca. 1 cm compr., ca. 1,2 cm diâm., lacínias no pode ser encontrada em locais bastante úmidos, arredondadas, face abaxial pilosa, face adaxial pilosa interior de matas de grota, a cerca de 990 m de altitude. até a Vi do tubo, tricomas glandulares. Estames 5, Ocorre nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas isodínamos; filetes ca. 3 mm compr.; anteras roxas, Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. ca. 4 mm compr., oblongas, deiscência longitudinal. Ovário ca. 2 mm diâm., globoso, glabro; estilete roxo, Nicotiana L. ca. 7 mm compr., reto, glabro; estigma capitado. 180. 1753. 6.Nicotiana tabacum L.. Sp. PI. 1: Fruto baga, amarelo, 1-1,5 cm diâm., globoso, Fig. 2a-b glabro; cálice acrescente, inflado, cobrindo todo o com Erva; caule cilíndrico, inerme, pubescente fruto, ca. 4 cm compr., ca. 3 cm diâm., piloso. tricomas simples e glandulares. Folhas isoladas; Material examinado: Serra Negra, Fazenda Santa x pecíolo curto a séssil; lâmina membranácea, 6-20 Luiza, 3LVI.2007, fl. e fr., F.R.G. Salimena & P.H. 0,7-7 cm, oblongo-lanceolada a elíptica, ápice Nobre 2474 (CESJ). acuminado, base decorrente, margem sinuada, faces Physalis pubescens possui flores com corola amarela matizada adaxial e abaxial verdes, pubescentes com papilas, de roxo na face adaxial, anteras roxas e fruto com cálice acrescente tricomas simples e glandulares, acúleos ausentes. e inflado cobrindo Inflorescência dicotômica ramificada, terminal. todo o fruto. Na Serra Negra foi encontrada apenas 0,5-1.2 em áreas antropizadas. No Brasil, P. ocorre Flores pediceladas; bracteolas aciculares, pubescens nos estados de Goiás, Pernambuco, Bahia, Minas cm compr., pubescente; cálice tubuloso, lacínias Rio aciculares; corola infundibuliforme, dilatada no Gerais, de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio ápice, esverdeada ca. 4,5 cm compr., ca. 1,5 cm diâm., Grande do Sul. lacínias róseas, reflexas, aciculares, face abaxial 5, Solanum L. pilosa e adaxial pubescente. Estames 8. Solanum bullatum heterodínamos, 2 maiores e 3 menores; filetes ca. 3 Vell., Fl. Flumin.: 84. 1829, Icon.2:104.1831.Fig.2e-f cm compr.; anteras alvas, ca. 3 mm compr., ovadas, Arvoreta ou árvore; deiscência longitudinal. Ovário ca. 7 mm compr., ramos cilíndricos, inermes, tomentosos com tricomas equinóides. Folhas ca. 3 mm diâm., ovado, glabro; estilete ca. 4 cm Fruto isoladas; pecioladas; lâmina membranácea, 11,3-17,5 compr., reto, glabro; estigma capitado. x 3,3-6,7 cm, lanceolada a elíptica, ápice acuminado, cápsula, verde, 2-2,3 cm compr., ca. 1 cm diâm., base obtusa, margem inteira, levemente sinuosa, face ovado, ápice apiculado; cálice acrescente, glabro, adaxial verde, com tricomas estrelados, cobrindo mais da metade do fruto. pilosa face abaxial alvo-esverdeada, flocosa com Material examinado: Serra Negra, Vilarejo do Funil, peitados, tricomas equinóides e estrelados 21.V.2004., f\.efr.,F.R.G. Salimena et al. 1321 (CESJ). ramificados, acúleos ausentes. Inflorescência dicotômica Nicotiana tabacum possui folhas com pecíolos ramificada, terminal e axilar. Flores curtos a séssseis com base decorrente, bracteolas curto-pediceladas a sésseis; bracteolas ausentes; aciculares e flores com corola infundibuliforme, com cálice cupuliforme, lacínias triangulares; lacínias róseas curtas. Na Serra Negra pode ser corola rotáceo-estrelada, alva, 1,8-2,3 cm diâm., encontrada em ambientes antropizados. lacínias triangulares, ápice mucronado, face abaxial tomentosa, face adaxial Estames 5, isodínamos; Physalis L. glabra. filetes ca. 2 mm compr.; anteras amarelas, ca. 4 mm compr., oblongas, 7.Physalis pubescens L., Sp. PI. 1: 183. 1753. Fig. 2c-d deiscência poricida, prolongada por fendas Ovário Arbusto; ramos subcilíndricos a angulosos, longitudinais. ca. 2 mm diâm., globoso, Folhas tomentoso no ápice; estilete ca. 7 mm compr., inermes, pubescentes com tricomas simples. 3,5- ligeiramente curvo, estigma capitado. geminadas; pecioladas; lâmina membranácea, glabrescente; 8,1 x 2,3-5,8 cm, ovada, ápice agudo a acuminado, Fruto baga, 0,5-1 cm diâm., globoso, pubescente; base subtruncada a cordada, margem levemente e cálice acrescente, cobrindo até a metade do fruto.

Rodriguésia 62( 1): 055-076. 201 1 62 Feliciano, EA & Salimena. F.R.G Material examinado: Serra Negra, Mata do Ninho 10.Solanum cinnamomeum Sendtn. in Mart., da Égua, 04.IV.2006, bot., A.S.M. Valente & P.O. Eichler & Urban. Fl. bras. 10:44.1846. Fig. 3a-d Garcia 502 (CESJ). Árvore; ramos cilíndricos, inermes, lepidotos Material adicional examinado: MINAS GERAIS: com tricomas peitados. Folhas isoladas; pecioladas; Marliéria. Parque Estadual do Rio Doce, 02.XII. 1997, fl. lâmina cartácea, (3-)6,6-10,7 x 2-2,3 cm; oblonga e fr., M.G. Bovini 1253 (VIC). a lanceolada, ápice acuminado, involuto, base bullatum ser reconhecida Solanum pode obtusa, assimétrica, margem inteira, face adaxial indumento flocoso, com tricomas pelo verde-escura, glabrescente, face abaxial alva, equinóides e estrelados ramificados na face tomentoso-lepidota. tricomas peitados, acúleos abaxial das lâminas foliares. Na Serra Negra pode ausentes. Inflorescência dicotômica ramificada, ser encontrada em interior de mata nebular, a terminal. Flores pediceladas; bractéolas ausentes; cerca de 1300 m de altitude. Ocorre na Região cálice campanulado, Iacínias triangulares; corola Sudeste do Brasil e nos estados do Paraná e rotáceo-estrelada, alva, ca. 1,4 cm compr., ca. Santa Catarina (Smith & Downs 1966). 1,8 cm diâm., Iacínias oblongas, face abaxial pubescente, face adaxial glabra. Estames 5, 9. Solanum capsicoides Ali., Auct. Syn. Meth. isodínamos; filetes ca. 2-3 mm compr, anteras Stirp. Hort. RegiiTaur, 12.1773.Fig. 2g amarelas, ca. 3 mm compr.. oblongas, deiscência Erva; caule cilíndrico, armado, com piloso, poricida, não prolongada por fendas longitudinais. simples, acúleos tricomas longos e glandulares; Ovário 1-2 mm diâm.. ovado, glabro; estilete ca. aciculares. Folhas isoladas, raro geminadas; 7 mm compr., reto, pubescente; estigma capitado. lâmina membranácea, 3,5-11,5 x2,3- pecioladas; Fruto baga, verde, 1-1,3 cm diâm., globoso. glabro; 9 cm., ovada, ápice agudo a acuminado, base cálice não acrescente. cordada, margem regularmente lobada com 3 pares Material examinado: Serra Negra. Serra da Caveira de lobos, faces adaxial e abaxial verdes, pilosas, D'Anta, Faz. Tiririca, 25.11.2004, fl., K. Antunes etal. 56 com tricomas simples e glandulares, raro tricomas (CESJ); Mata do Ninho da Égua. 04.IV.2006, fr., A.S.M. estrelados, acúleos presentes. Inflorescência Valente & P.O. Garcia 416 (CESJ). monocásio reduzido, extra-axilar. Flores Solanum cinnamomeum destaca-se das pediceladas; bractéolas ausentes; cálice demais espécies de Solanum da Serra Negra por campanulado, Iacínias triangulares; corola rotáceo- apresentar lâminas foliares com o ápice involuto. estrelada, verde ou alva, ca. 9 mm compr., ca. 1,5 cm Na Serra Negra pode ser encontrada na borda e no diâm., Iacínias lanceoladas, ápice mucronado, interior de matas de encosta e matas nebulares, a involuto, face abaxial pilosa, tricomas simples e 1000-1300 m altitude. Ocorre nos estados Minas glandulares; face adaxial glabra. Estames 5, Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e isodínamos, filetes ca. 1 mm compr, anteras Paraná. Solanum cinnamomeum é considerada amarelo-claras, 6-7 x 3 mm, lanceoladas, deiscência muito rara em Minas Gerais (Oliveira-Filho 2006). poricida, prolongada por fendas longitudinais. Ovário 1-2 mm diâm., subgloboso, glabro; estilete 11.Solanum decorum Sendtn., in Mart., Eichler ca. 2 mm compr. nas flores brevestilas, reto, glabro; & Urban, Fl. bras. 10: 83. 1846.Fig. 3e-g estigma capitado. Fruto baga, vermelho. 2,5-5 cm Arvoreta; ramos cilíndricos, armados, diâm., globoso. glabrescente; cálice não acrescente. tomentosos, com tricomas equinóides, ferrugíneos; Material examinado: Serra Negra. Vilarejo do Funil. acúleos aciculares. Folhas isoladas; pecioladas; 26.1.2007, fl.,f.A Feliciano ei al. 20 (CESJ); 18.HI.20O7, lâmina cartácea, (2-)6-14 x (0,7-)2,l-3,9 cm; fl. e fr., EA. Feliciano et al. 39 (CESJ); 28.1V.2007, fr., oblongo-lanceolada a elíptica, ápice agudo a EA. Feliciano et al. 47 (CESJ). acuminado, base atenuada a decorrente às vezes Solanum capsicoides possui lâminas foliares assimétrica margem inteira, levemente sinuosa, face com margem regularmente lobada, ovário e estilete adaxial verde, escabra com tricomas estrelados, muito curtos e glabros e frutos grandes, vermelhos peitados, face abaxial ferruginea, tomentosa com quando maduros. Na Serra Negra pode ser encontrada tricomas equinóides, acúleos ausentes. próximo à borda de matas e estradas, em área de Inflorescência dicotômica ramificada, terminal. pastagem e em campo rupestre. Ocorre em áreas Flores pediceladas; bractéolas ausentes; cálice tropicais da América Central e da América do Sul (Nee campanulado, Iacínias triangulares; corola rotáceo- 1999). No Brasil S. capsicoides é amplamente estrelada, alva, ca. 1,5-2,2 cm diâm., Iacínias distribuída, onde ocorre do Ceará até o Paraná. lanceoladas, face abaxial pilosa, face adaxial glabra.

Rodriguésia 62(1): 053-076. 201 1 Solanaceae na Serra Negra. Minas Gerais 63

4^ e

- Figura 2 - a-b. Nicotiana tabacum - a. flor; b. fruto. c-d. Physalis pubescens c. flor; d. fruto. e-f. Solanum bullatum - e. ramo com inflorescência; f. tricoma estrelado ramificado, curto pedicelado. g. 5. capsicoides - fruto (a-b Salimena 1321; c-d Salimena 2474; e-f Valente 502; g Feliciano 47). - Figure 2 - a-b. Nicotiana tabacum - a. flower, b. fruit. c-d. Physalis pubescens c. flower, d. fruit e-f. Solanum bullatum - e. branch with - 1321; c-d Salimena inflorescence; f. stellate hair, short pedicellate. g. S capsicoides fruit (a-b Salimena 2474; e-f Valente 502; g Feliciano 47).

Rodriguésia 62( 1): 055-076. 201 1 64 Feliciano, EA & Salimena. F.R.G

Estames 5, isodínamos; filetes ca. 1 mm compr.; Material adicional examinado: BAHIA: Poções, anteras amarelas, ca. 9 mm compr.. lanceoladas, Acesso a Fazenda Boa Esperança com entrada ao Sul de Morinhos, 8.X.2004, fl., A.M. Amorim et ai. 4295 deiscência poricida. prolongada por fendas CEPEC). longitudinais. Ovário ca. 1-2 mm diâm., ovado, (BHCB, Solanum leptostachys caracteriza-se pelas piloso com tricomas glandulares; estilete ca. 4 mm folhas alvp-esverdeadas, viscosas, com tricomas compr., reto, estigma capitado. Fruto baga, piloso; estrelado-glandulares, e margem sinuosa a verdes, 1-1,4 cm diâm., globoso, pubescente; irregularmente lobada, de odor forte e cálice não acrescente. Na Material examinado: Serra Negra, Vilarejo do Funil. inflorescências escorpióides. Serra Negra pode 2.VI.2006, fr., F.R.G. Salimena et ai. 1356 (CESJ); ser encontrada em campo rupestre. Ocorre nos 16.111.2007, fr., E.A. Feliciano et ai. 29 (CESJ). estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Material adicional examinado: MINAS GERAIS: Rio de Janeiro e São Paulo. Capclinha, 1000 m, 7.XI.1981, fi., G.C.P. Pinto. 376/ 81 (P.B). 13. Solanum leucodendron Sendtn., in Mart., Solanum decorum possui ramos ferrugíneos Eichler & Urban, Fl. bras. 10:43.1846.Fig. 4f com acúleos inconspícuos, lâminas foliares Árvore; ramos cilíndricos, inermes, discolores com face adaxial verde, escabra e abaxial lepidotos ou glabrescentes, com tricomas ferruginea, além de flores com corola rotáceo- peitados. Folhas isoladas; pecioladas; lâmina estrelada. Na Serra Negra foi encontrada cartácea, (2-)7,5-16,4 x (0,9-)2,5-5,3 cm, principalmente no interior e borda de matas ciliares, oblonga a estreitamente elíptica, ápice agudo a a 900 m altitude. É endêmica da Região Sudeste do acuminado, raro retuso, não involuto, base Brasil (Agra 2000), sendo considerada rara em Minas decorrente e revoluta, margem inteira, levemente Gerais (Oliveira-Filho 2006). sinuada, face adaxial verde, glabrescente, face abaxial alva, lepidota, tricomas peitados, acúleos 12. Solanum leptostachys Dunal in DC, Prodr. ausentes. Inflorescência dicotômica ramificada, 13(1): 306.1852.Fig.4a-e terminal. Flores pediceladas; bractéolas Árvore; ramos cilíndricos, tomentosos, ausentes; cálice cupuliforme, lacínias com tricomas equinóides; acúleos aciculares. triangulares; corola rotáceo-estrelada, alva, ca. Folhas isoladas; pecioladas; lâmina cartácea, 6- 9 mm compr., 1,2-1,5 cm diâm., lacínias 11 x 2,1-4,5 cm, lanceolada a elíptica, raro ovada, triangulares, face abaxial lepidota, face adaxial ápice acuminado. raro obtuso, base assimétrica, glabra. Estames isodínamos; filetes ca. 1 mm margem sinuosa a irregularmente lobada, faces compr.; anteras amarelas, ca. 3 mm compr., adaxial e abaxial alvo-esverdeadas, viscosas, oblongas, deiscência poricida, prolongada por com tricomas estrelado-glandulares, fendas longitudinais. Ovário ca. 1 mm diâm., ramificados, curto-pedicelados e simples- subgloboso, tomentoso no ápice; estilete ca. 5 mm compr., curvo, na metade glandulares, acúleos ausentes. Inflorescência pubescente estigma clavado. Fruto baga, verde, escorpióide, extra-axilar. Flores pediceladas; proximal; bractéolas ausentes; cálice campanulado 0,9-1,4 cm diâm., globoso, pubescente; cálice mais da metade do fruto. lacínias triangulares; corola rotáceo- acrescente cobrindo Material examinado: Serra Negra, estrada Rio Preto- violacea, ca. 1,1 cm compr., ca. pentagonal, Olaria. 10.XI.2003, fl.. F. R. G. Salimena & P. H. Nobre 2 cm diâm., lacínias triangulares, face abaxial 1121 (CESJ). pilosa, face adaxial glabra. Estames 5, Material adicional examinado: ESPÍRITO SANTO: isodínamos; filetes 1-2 mm compr.; anteras Venda Nova do Imigrante, Sítio Guaçuvirá, 31.1.1995, fl. amarelas, ca. 5 mm compr., lanceoladas, c fr.. D. A. Folli 2521 (BHCB). deiscência poricida. prolongada por fendas Solanum leucodendron apresenta folhas longitudinais. Ovário ca. 1 mm diâm., globoso, geralmente grandes, oblongas a estreitamente face abaxial alva, coberta tricomas piloso; estilete 3-7 mm compr., glabro; estigma elipticas, com a por bífido. Fruto baga, verde, 0,9-1,2 cm diâm.. peitados prateados. Na Serra Negra pode ser encontrada em borda de mata, a aproximadamente globoso, pubescente; cálice acrescente, lacínias cobrindo até a metade do fruto. 1.000 m altitude. Ocorre nos estados de Minas Gerais, Material examinado: Serra Negra, Cachoeira da Água Espírito Santo, Rio de Janeiro e Paraná, em altitudes Vermelha. 9.1 V.2004, fr., K. Antunes et ai. 69 (CESJ). que variam de 400 a 1.300 m.

Rodriguésia 62( 11: 055-076. 201 1 Solanaceae na Serra Negra. Minas Gerais 65

(^^

Figura 3 - a-d. Solanum cinnamomeum - a. ramo com fruto; b. fruto; c. tricoma peitado; d. ápice foliar involuto. e-g. S. decorum - e. ramo com frutos; f. tricoma estrelado; g. tricoma equinóide (a-d Antunes 56; e Feliciano 47; f-g Feliciano 29). - Figure 3 - a-d. Solanum cinnamomeum - a. branch with fruit; b. fruit; c. peltate hair; d. leaf involute apex. e-g. 5. decorum e. branch 56; e Feliciano 47; f-g Feliciano 29). with fruits; f. stellate hair; g. echinate hair (a-d Antunes

Rodriguésia 62( 1): 055-076. 201 1 66 Feliciancé EA & Salimena. F.R.G

14. Solanum luridifuscescens Bitter, Repert. Spec. esverdeadas. densamente pilosas. com tricomas Nov. Regni Veg. 12:466.1913.Fig. 4g estrelados, ramificados, e equinóides. acúleos Arbusto; ramos cilíndricos, inermes, glabros presentes. Inflorescência escorpióide, extra-axilar. com pontuações negras. Folhas isoladas, raro Flores pediceladas; bractéolas ausentes; cálice geminadas; pecioladas; lâmina membranacea, 3- campanulado, lacinias lanceoladas: corola rotáceo- 13,5 x 1,2^4 cm; oblonga a oblanceolada. ápice pentagonal, violacea, 3,5-4,5 cm diâm., lacinias agudo a acuminado, base decorrente, margem lanceoladas, ápice agudo, faces abaxial e adaxial inteira, revoluta, ciliada, com tricomas simples, faces pubescentes. Estames 5, isodínamos; filetes 2- adaxial e abaxial verdes, glabras, com pontuações 3 mm compr.; anteras amarelas, ca. 1,3 cm compr.. negras e papilas, esparsas, acúleos ausentes. lanceoladas, deiscência poricida, prolongada por Inflorescência escorpióide, axilar. Flores fendas longitudinais. Ovário ca. 1 mm diâm.. pediceladas; bractéolas ausentes; cálice globoso, piloso; estilete ca. 3 mm compr., reto, campanulado a cupuliforme, lacinias ovadas, com glabro; estigma capitado. Fruto baga, verde, 4,5- ápice mucronado, carnoso; corola rotáceo- 8 cm diâm., globoso, piloso; cálice não acrescente. estrelada, lilás, ca. 1,5-2,7 cm diâm., lacinias Material examinado: Serra Negra. Vilarejo do Funil, lanceoladas, ápice agudo, involuto, face abaxial 28.1.2007, fi.fr., E.A. Feliciano et ai. 21 (CESJ). Solanum lycocarpum ser facilmente pubescente; face adaxial glabra. Estames 5, pode isodínamos; filetes subsésseis; anteras amarelas, reconhecida pelos frutos grandes, cálice não e flores vistosas 8-9 mm compr., lanceoladas, coniventes, com acrescente durante a frutificação violáceas. Na Serra Negra ser encontrada escamas papilosas, deiscência poricida, não pode em áreas abertas antropizadas a ca. 900 m de prolongada por fendas longitudinais. Ovário ca. altitude. Possui ampla distribuição 2 mm diâm., ovado, glabro, raramente com tricomas geográfica, ocorrendo no Paraguai e no Brasil, nos estados glandulares na base do ovário; estilete ca. 9 mm do Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, compr., reto, glabro; estigma truncado. Fruto baga, Distrito Federal, Goiás, Tocantins. Bahia. Minas 1-1,5 cm diâm., ligeiramente oblongo, glabro. com Gerais, São Paulo e Paraná. pontuações negras, raro com tricomas simples; cálice não acrescente. Material examinado: Serra Negra. Região do Burro de \6.Solaiiiimmelissarum Bohs. Taxon 44 (4): 584.1995. Ouro, 26.II.2ai6, fr., P.L Viana & N.F.O. Mota 1945(CESJ). Fig. 5c-d Material adicional examinado: RIO DE JANEIRO: Arvoreta; ramos angulosos, inermes, Nova Friburgo, Estrada das Torres, 15.IX. 1987, fl., pubescentes, com tricomas simples. Folhas Siqueira & Sobral s.n. (RB 274803). geminadas, raramente três no mesmo nó; ser distinta Solanum luridifuscescens pode pecioladas; lâmina membranacea, as maiores 7,5- das demais espécies estudadas pela presença 17 x 3,8-4,5 cm oblongas a lanceoladas, as de anteras coniventes com escamas papilosas. menores 2,5-5,4 x 1,2-3,2 cm, ovadas, ápice Na Serra Negra pode ser encontrada a caudado, às vezes agudo e raramente apiculado, aproximadamente 1.501) m de altitude, no interior base atenuada, assimétrica, margem inteira a de matas nebulares. Espécie endêmica do Brasil, levemente sinuada, faces adaxial e abaxial verdes, onde ocorre nos estados de Goiás, Minas Gerais, papilosas e pubescentes, com tricomas simples, Espírito Santo, Rio de Janeiro. São Paulo e Paraná, acúleos ausentes. Inflorescência escorpióide, em florestas úmidas freqüentemente alagadas entre extra-axilar ou axilar. Flores pediceladas; 1.100 e 2.650 m de altitude (Bohs 2001). bractéolas ausentes; cálice campanulado, profundamente partido, lacinias filiformes; corola 15. Solanum lycocarpum A. St.-Hil.. Voy. Distr. rotáceo-estrelada, alvo-esverdeada, ca. 1,5 cm Diam. 1(2): 333.1833.Fig.5a-b compr., ca. 2,8 cm diâm., lacinias profundamente Arvoreta; ramos cilíndricos a quadrangulares, partidas, lanceoladas, face abaxial pubescente, armados, tomentosos, com tricomas equinóides; face adaxial glabra. Estames 5, isodínamos; filetes acúleos aciculares. Folhas isoladas raro geminadas; ca. 1 mm compr., espessados no ápice; anteras pecioladas; lâmina cartácea, 9,8-20 x 5,3-10,3 cm; amarelas, ca. 5 mm compr., lanceoladas, região lanceolada, ápice arredondado, base cordada, basal gibosa, deiscência poricida, prolongada por assimétrica, margem sinuada a lobada, com lobos fendas longitudinais. Ovário ca. 4 mm compr., ca. irregulares redondos, faces adaxial e abaxial, alvo- 3 x 1 mm diâm., oblongo, pubescente; estilete ca.

Rodriguésia 62(11:055-076.201 1 Solanaceae na Sena Negra, Minas Gerais 67

n) t

Figura 4 - a-e. Solanum leptostachys - a. detalhe do ramo; b. tricoma estrelado ramificado; c. tricoma estrelado-glandulífero; d. tricoma equinóide; e. tricoma glandular. f. S. leucodendron - inflorescência - com inflorescência escorpióide dicotômica ramificada, g. S. luridifuscescens ramo evidenciando os frutos (a-e Antunes 69; f Salimena 1121; g Viana 1945). hair; c. stellate hair; Figure 4 - a-e. Solanum leptostachys - a. branch detail; b. stellate glandular d. echinate hair; e. glandular - branch with hair. f. S. leucodendron - dicotomous inflorescence. g. 5. luridifuscescens scorpioid inflorescence highlighting the Iruits (a-e Antunes 69; f Salimena 1121; g Viana 1945).

Rodriguésia 6211): 055-076. 2011 68 Feliciano. EA & Salimena. F.R.G

1-4 mm compr., reto, pubescente; estigma Solanum palinacanthum pode ser distinta capitado. Fruto baga, 2-3,5 cm compr., ca. 1,5- das demais espécies estudadas pelas 2,1 cm diâm., oblongo, glabrescente; cálice às inflorescências congestas com flores grandes (2,5- vezes caduco, não acrescente. 4 cm diâm.), com corola roxa e frutos verdes rajados Material examinado: Serra das Voltas, Estrada Vilarejo de amarelo, com 3,1-3,6 cm de diâmetro. Na Serra do Funil-Taboão, 27.1.2007, fl., F.R.G. Salimena & P.H. Negra pode ser encontrada em campos rupestres a Nobre 2370 (CESJ). 990 m de altitude. Ocorre nos estados de Rondônia. Material adicional examinado: BAHIA: Ilhéus. Mato Grosso, Goiás, Ceará, Paraíba. Espírito Santo, Estrada liga Olivença à Vila Brasil, 16.II. 1982, fr., L que Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo A. M. Silva etal., s.n. (RB 271845). e Paraná, estando ainda na Bolívia. Solanum melissarum apresenta flores com presente Paraguai c nordeste da Argentina (Nee 1999). corola alvo-esverdeada, com lacinias partidas, estames com filetes profundamente 18. Solanumpiluliferum Dunal. DC. espessados no ápice e cálice caduco durante a Prodr. 13(1): 265.1852.Fig.5f-h frutificação. Pode ser encontrada na Serra Negra Arbusto; ramos cilíndricos, em locais sombreados no interior de matas de armados, tomentosos com tricomas equinóides; encosta, a ca. 950 m de altitude. Ocorre nos estados acúleos aciculares. Folhas da Paraíba, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio geminadas; pecioladas; lâmina cartácea, as maiores 12-13,8 x 4,5-6 cm, de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, em elípticas a oblongas, ápice acuminado, base assimétrica, elevações de 50 a 800 m (Bohs 1995). Solanum margem inteira a levemente sinuada, as melissarum é considerada muito rara em Minas menores 2,7-4 x 2-2,7 cm, ovadas, ápice arredondado, base Gerais (Oliveira-Filho 2006). obtusa, raro truncada, margem inteira, faces adaxial e abaxial ferrugíneas, tomentosas com 17. Solanumpalinacanthum Dunal, DC. Prodr. 13 tricomas equinóides e estrelados sésseis, acúleos (0:245.1852.Fig.5e ausentes. Inflorescência umbeliforme, axilar. Arbusto; ramos cilíndricos, armados, Flores pediceladas; bractéolas ausentes; cálice simples e pubescentes com tricomas glandulares; cupuliforme, lacinias triangulares; corola aciculares. Folhas isoladas, raro acúleos rotáceo-pentagonal, alva, glabra e membranácea 2,5-9 x geminadas; pecioladas; lâmina cartácea, na região entre as lacinias, ca. 1,3 cm compr.; ca. 1,1-8 cm, ovada, ápice agudo, base cordada, 2,2 cm diâm., lacinias lanceoladas, face abaxial lobada, face adaxial verde- margem irregularmente pilosa, face adaxial glabra. Estames 5, escura, pilosa com tricomas simples, face abaxial isodínamos; filetes ca. 1 mm compr.; anteras alvo-esverdeada, pilosa com tricomas estrelados, amarelas, ca. 8 mm compr., lanceoladas, aculeadas. ramificados, sésseis, as duas faces deiscência poricida, às vezes prolongada por Inflorescência monocásio reduzido, extra-axilar. fendas longitudinais. Ovário ca. 1,8 cm compr., ca. Flores pediceladas; bractéolas ausentes; cálice 2 mm diâm., globoso, glabro; estilete ca. 1,1 cm cupuliforme a campanulado, lacinias ovadas; corola compr., reto, piloso na metade basal; estigma rotáceo-estrelada, roxa, ca. 2,2 cm compr., 2,6-4 cm capitado. Fruto baga, verde-amarelado, 1,3-1,6 cm diâm., profundamente partida, lacinias estreitamente diâm., globoso, glabro; cálice acrescente, cobrindo lanceoladas, face abaxial pilosa, face adaxial glabra. até a metade do fruto. Estames 5, isodínamos; filetes ca. 1 mm compr.; Material examinado: Serra Negra, Estrada Rio Preto- anteras amarelas, ca. 1,2 cm compr., lanceoladas, Olaria, 10.XI.2003, fl., F.R.G. Salimena & P.H. Nobre atrás do Cambuí, 26.1.2007, fr., deiscência poricida, prolongada por fendas 1116 (CESJ); Mata E.A. longitudinais. Ovário ca. 1,5 compr., ca. 2 mm diâm.. Feliciano ei ai. 18 (CESJ). Solanum apresenta como caracteres ovado, piloso; estilete ca. 1,6 cm compr., levemente piluliferum diagnósticos as inflorescências umbeliformes e as curvo, pubescente na base; estigma capitado. Fruto de tamanho e forma diferentes, sendo baga, verde, rajado de amarelo, 3,1-3,6 cm diâm., folhas aos pares, a oblongas com ápice acuminado, cálice não acrescente. as maiores elípticas globoso, glabrescente; com ápice arredondado. Na Serra Material examinado: Serra Negra, vilarejo do Funil, e as menores ovadas antropizadas 28.1.2007, fl., E.A. Feliciano et ai. 22 (CESJ). Negra pode ser encontrada em áreas entre Material adicional examinado: RIO DE JANEIRO: 900 e 1.035 m de altitude. Ocorre nos estados da Bahia Barra Mansa, Fazenda do Paraíso, 4.XII. 1960, fl. e fr., (Whalen 1984), Minas Gerais, Rio de Janeiro, São A. P. Duarte 5840 (RB). Paulo e Paraná.

Rodriguésia 62(1): 055-076. 2011 Solanaceae na Serra Negra, Minas Gerais 69

Figura 5 - a-b. Solanum lycocarpum - a. flor (corola rotáceo-pentagonal); b. fruto. c-d. 5. melissarum - c. ramo com - inflorescência; d. tricoma simples, e. S. palinacanthum flor (corola rotáceo-estrelada). f-h. S. piluliferum - f. ramo; g. tricoma equinóide; h. tricoma estrelado (a-b Feliciano 21; c-d Salimena 2370; í Feliciano 22; f-h: Feliciano 19). Figure 5 - a-b. Solanum lycocarpum - a. flower (rotate-pentagonal corolla); b. fruit. c-d. S. melissarum - c. branch with - inflorescence; d. simple hair. e. S. palinacanthum flower (rotate-stellate corolla). f-h. 5. piluliferum - f. branch; g. echinate hair; h. stellate hair (a-b Feliciano 21; c-d Salimena 2370; (Feliciano 22; f-h Feliciano 19).

Rodriguésia 62( 1): 055-076. 201 1 70 Feliciano, EA & Salimena. F.R.G

19.Solanum pseudoquina A. St.-Hil., Pl. Usuel. rotáceo-estrelada, azul, ca. 1,1 cm compr., ca. Bras. 5:t.21.1825.Fig.6a-c 1,5 cm diâm., lacínias obtusas, faces abaxial e Árvore; ramos cilíndricos, inermes, adaxial, pilosas. Estames 5, isodínamos; filetes ca. glabrescentes. Folhas isoladas e geminadas; 1 mm compr.; anteras amarelas, ca. 9 mm compr.. pecioladas; lâmina membranacea a cartácea, 4,5- lanceoladas, deiscência poricida, às vezes 13,5 x 2,1-3,6 cm, estreitamente elíptica a oblonga, prolongada por fendas longitudinais. Ovário 1-2 mm ápice agudo-acuminado, base decorrente, revoluta, diâm., globoso, piloso; estilete ca. 2 mm compr.. margem inteira, face adaxial verde, glabra, face reto, glabro; estigma capitado. Fruto baga, abaxial verde, com domácias pilíferas entre as vermelho, ca. 4,5 cm diâm.. globoso. pubérulo; nervuras, aculeos ausentes. Inflorescência cálice não acrescente. escorpióide, axilar e extra-axilar. Flores pediceladas; Material examinado: Serra Negra, Mata do Ninho da bractéolas ausentes; cálice campanulado. lacínias Égua. 1 .IV.2006, fr., PL Viana etal. 2011 (CESJ). largamente oblonga; corola rotáceo-estrelada, alva, Material adicional examinado: MINAS GERAIS: Juiz de Fora, Reserva Biológica 1-1,3 cm diâm., lacínias lanceoladas, ápice agudo, Santa Cândida. 12.X. 1996. fl. e fr.. R.C. Almeida-Lafeta 206 (CESJ). pubescente com tricomas simples; faces abaxial e Solanum schizandrum é a única liana entre adaxial glabras. Estames isodínamos; filetes ca. I mm as Solanaceae da Serra Negra. Dentre os caracteres compr.; anteras amarelas, ca. 3 mm compr., diagnósticos da espécie destacam-se os oblongas, deiscência às vezes prolongada pequenos poricida, aculeos uncinados, as folhas cobertas tricomas fendas longitudinais. Ovário ca. 1 mm diâm., por por estrelados ramificados curto-pedicelados com base globoso, glabrescente na base do ovário; estilete bulbosa e os frutos grandes (ca. 4,5 cm diâm.). ca. 4 mm compr., curvo, glabro; estigma bilobado. Na área de estudo pode ser encontrada no interior Fruto baga, castanho-amarelado, ca. 1 -2 cm diâm., de matas ncbulares e em afloramentos rochosos cálice não acrescente. a globoso, glabro; 1.300 m de altitude. Ocorre nos estados da Bahia. Material examinado: Serra Negra, Estrada Rio Preto- Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Olaria, 10.XI.2003, fr., F.R.G. Salimena & PH. Nobre Janeiro. ///9(CESJ). Material adicional examinado: MINAS GERAIS: Juiz 21. Solanum sellowianum Sendtn., in Mart.. de Fora, Reserva Biológica Santa Cândida, X.1996. fl., Eichler& Urban, Fl. bras. 10:38.1846.Fig.6g /?. C. Almeida-Lafetá 213 (CESJ). Arvoreta ou árvore; ramos subeilíndricos, Solanum pseudoquina pode ser reconhecida inermes, tomentosos com tricomas equinóides. pela presença de domácias pilíferas na axila das Folhas isoladas; pecioladas; lâmina cartácea, 5- nervuras secundárias na face abaxial da lâmina 12 x 2,3-3,5 cm, elíptica a estreitamente elíptica, foliar. Na Serra Negra pode ser encontrada em ápice acuminado a cuspidado, não involuto, base borda de mata, a aproximadamente 1.035 m de cuneada, assimétrica, margem inteira, revoluta, face altitude. Ocorre na Argentina, Brasil, Paraguai e adaxial verde-escura, papilosa, glabrescente com Uruguai (Knapp 2002; Nee 1999). No Brasil tricomas estrelados, ramificados, curto- estende-se do Espírito Santo até o Rio Grande pedicelados, face abaxial alva, tomentosa-velutina do Sul (Smith & Downs 1966). com tricomas estrelados e peitados, aculeos ausentes. Inflorescência dicotômica ramificada, 20.Solanum schizandrum Sendtn., in Mart., terminal. Flores pediceladas; bractéolas ausentes; Eichler & Urban, Fl. bras. 10:85.1846. Fig. 6d-f cálice cupuliforme, lacínias triangulares; corola Liana; ramos cilíndricos, armados, rotáceo-estrelada, alva ca. 1,7 cm compr., ca. 2,3 cm tomentosos com tricomas equinóides; aculeos diâm., lacínias ca. 8 x 4 mm, lanceoladas, ápice uncinados. Folhas isoladas; pecioladas; lâmina acuminado, involuto, face abaxial pilosa, face cartácea, 9-10,2 x 2,9-3,6 cm, lanceolada a adaxial glabra. Estames 5, isodínamos: filetes oblonga, ápice agudo, base obtusa, raro truncada, ca. 1 mm compr.; anteras amarelas, ca. 6 mm margem inteira, faces adaxial e abaxial verde- compr.. oblongas, deiscência poricida. ferrugíneas, pilosas a tomentosas, com tricomas prolongada por fendas longitudinais. Ovário estrelados, ramificados, curto-pedicelados, 1 mm diâm., globoso, glabro; estilete ca. 9 mm bulbosos e equinóides, aculeos presentes. compr., ligeiramente curvo, glabro; estigma Inflorescência dicotômica ramificada, terminal. profundamente bífido. Fruto baga, verde, ca. Flores pediceladas: bractéolas ausentes; cálice 1 cm diâm.. globoso, pubescente; cálice campanulado, lacínias triangulares; corola acrescente, cobrindo mais da metade do fruto.

Rodriguesia 62( 1): 055-076. 201 1 Solanaceae na Serra Negra, Minas Gerais 71

- - Figura 6 a-c. Solanumpseudoquina a. ramo com frutos; b. fruto; c. face abaxial da lâmina foliar evidenciando domácias pilíferas entre as nervuras principal e secundárias, d-f. S. schizandrum - d. ramo; e. tricoma equinóide; f. tricoma estrelado - com base bulbosa. g. 5. sellowianum fruto ( a-c Salimena 1119; d-f Viana 2017; g Feliciano 25). - a-c. Solanum - a. branch with fruits; b. ftuit; Figura 6 pseudoquina c. leaf abaxial surface highlighting piliferous domada between and secondary veins. d-f. S. schizandrum - d. branch; e. echinate primary hair; f. stellate hair with bulbose base. g. S. sellowianum - fruit (a-c: Salimena 1119; d-f: Viana 2011; g: Feliciano 25).

Rodriguesia 62( 1): 055-076. 2011 72 Feliciano. EA & Salimena. F.R.G

Material examinado: Serra da Caveira D'Anta. Fazenda 23.Solanum subumbellatum Vell., Fl. Flumin. 85. Tiririca, 15.XI.2003, fl., F.R.G. Salimena et ai. 1143 1829,Icon.2:t. 105.1831.Fig.7e Negra, Ninho (CESJ); Serra Cachoeira do da Égua, Arbusto; ramos cilíndricos, inermes. 1.111.2006, fl. e fr., P.L. Viana et ai. 2010 (CESJ). tomentosos com tricomas equinóides. Folhas Solanum sellowianum ser reconhecida pode isoladas; lâmina cartácea, 3,6-8,5 x de tricomas estrelados nas folhas, pecioladas; pela presença 1,7-3,6 cm, elíptica a oblonga, ápice agudo a inflorescéncias e frutos, inflorescência pela acuminado, base levemente assimétrica, margem dicotômica ramificada e pelos frutos parcialmente inteira, face adaxial verde, com pontuações envolvidos pelo cálice. Na Serra Negra ocorre em negras, pubescente, face abaxial alva, velutina- campos rupestres, áreas de transição de floresta- tomentosa com tricomas estrelados ramificados, campo, no interior e borda de matas nebulares e até pedicelados, acúleos ausentes. Inflorescência mesmo na beira de estradas, em altitudes variam que escorpióide, terminal. Flores de 900 a 1.300 m. Possui distribuição restrita aos pediceladas; bractéolas ausentes; cálice campanulado, lacínias estados de Minas Gerais e São Paulo. oblongas; corola rotáceo-pentagonal. lilás, ca. 1,2 cm compr., ca. 2,2 cm diâm., lacínias 4x3 mm, 22. Solanum sisymbriifolium Lam., Tabl. Encycl. lanceoladas, ápice agudo, involuto, face abaxial 2:25.1794.Fig.7a-d pilosa, tricomas estrelados, sésseis; face adaxial Arbusto; ramos cilíndricos, armados, viscosos glabra. Estames 5, isodínamos; filetes 2-3 mm com tricomas simples e longos; acúleos glandulares compr.; anteras amarelas, 6-8 mm compr., aciculares. Folhas isoladas, pinatissectas; lanceoladas, deiscência poricida, lâmina membranácea, 4-13,5 x 3,3- prolongada por pecioladas; fendas longitudinais. Ovário ca. 1 mm diâm.. 7,5 cm, ovada, ápice agudo, base assimétrica margem globoso, glabro; estilete 4-10 mm compr., reto, irregularmente lobada, denteada, face adaxial verde, glabro, pubescente na base; estigma capitado e com tricomas simples, raro pilosa glandulares, bífido. Fruto baga, pêndulo, 8-10 mm diâm.. estrelados, face abaxial verde, com tricomas pilosa globoso, glabro; cálice não acrescente. estrelados, sésseis com célula central longa e curva, Material examinado: Serra Negra. Região do Burro de raro tricomas simples e glandulares, acúleos Ouro, 27.1.2007, fl. e fr., L Menini Neto et ai. 302 (CESJ). presentes. Inflorescência escorpióide, extra-axilar. Solanum subumbellatum caracteriza-se Flores pediceladas; bractéolas ausentes; cálice pelas lâminas foliares discolores, com a face campanulado, lacínias lanceoladas; corola rotáceo- abaxial velutino-tomentosa, com tricomas pentagonal, alva, ca. 1,4 cm compr.. ca. 2,5 cm diâm.. estrelados, ramificados, flores com a corola rotáceo- lacínias 0,8 x 1 cm, obtusas, ápice mucronado, face pentagonal lilás e frutos pequenos (8-10 mm diâm.) abaxial pilosa, face adaxial glabra. Estames 5, e pêndulos com cálice não acrescente. Na Serra isodínamos; filetes ca. 2 mm compr.; anteras Negra pode ser encontrada em campos rupestres amarelas, 5-7 mm compr., lanceoladas, acima de 1510 m de altitude. Ocorre no Tocantins. deiscência poricida, prolongada por fendas Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, longitudinais. Ovário 1-2 mm diâm.. globoso, Minas Gerais e São Paulo. glabro; estilete ca. 2 mm compr., reto, glabro; estigma bilobado ou capitado. Fruto baga, 24.Solanum swartzianum Roem. & Schult., Syst. Veg. 4:602.1819.Fig.7f-g negro, ca. 1,7 cm diâm., globoso, nítido, glabro; Arvoreta ou árvore; ramos cilíndricos, cálice acrescente, as lacínias cobrindo quase inteiramente o fruto. inermes, escabros, lepidotos com tricomas peitados. Material examinado: Serra Negra, Vilarejo do Funil, Folhas isoladas e geminadas; pecioladas; lâmina Taboão antes da Fazenda da Tiririca, 26.1.2006, II. e fr., cartácea, 3,5-14,3 x 1,9-5 cm; obovada-elíptica a F.R.G. Salimena & P.H. Nobre 2366 (CESJ). lanceolada, ápice acuminado a cuspidado, não Solanum sisymbriifolium distingue-se das involuto, base cuneada, margem inteira, levemente demais espécies estudadas por apresentar folhas revoluta, face adaxial, verde-escura, pubescente pinatissectas com a margem denteada, acúleos com tricomas peitados, com célula central longa, aciculares amarelados com base clara e frutos face abaxial. alva. lepidota com tricomas peitados. glabros com cálice acrescente e aculeado, cobrindo com célula central curta, acúleos ausentes. quase inteiramente o fruto. Na Serra Negra pode Inflorescência monocásio reduzido, axilar. Flores ser encontrada em áreas de pastagem. pediceladas; bractéolas ausentes; cálice

Rodriguesia 62( 11: 055-076. 201 1 Solanaceae na Serra Negra. Minas Gerais 73

H(,$*^

- - Figura 7 a-d. Solanum sisymbriifolium a. ramo com flores e frutos; b. tricoma glandular; c. tricoma simples; d. tricoma estrelado séssil com célula central longa e curva. e. S. subumbellatum - fruto. f-h. 5. swartzianum - f. ramo com flores; g. fruto (a-d Salimena 2366; e Menini Neto 302; f-h Salimena 2481). - - Figura 7 a-d. Solanum sisymbriifolium a. branch with flowers and fruits, b. glandular hair; c. simple hair; d. sessile stellate hair with central long and curve cell. e. S. subumbellatum - fruit. f-h. S. swartzianum - f. branch with flowers; g. fruit (a-d Salimena 2366- c Menini Neto 302; f-h Salimena 2481).

Rodriguésia 62( 1): 055-076. 201 1 74 Feliciano. EA Sc Salimena. F.R.G campanulado. lacínias triangulares; corola rotáceo- Material examinado: Serra Negra. Região do Çurro de estrelada alva 1,5-1,8 cm diâm., lacínias 5-8 x 2-3 mm, Ouro. 26.11.2006. fl., P.L Viana & N.F.O. Mota 1954 (CESJ). lanceoladas, lepidotas. Estames 5, isodínamos; Material adicional examinado: ESPÍRITO SANTO: filetes ca. 1 mm compr.; anteras amarelas, 4-5 mm Venda Nova do Imigrante, Guaçuvirá, 31.1.1995, fl. e fr., D.A. Folli, 2535 compr., oblongas, deiscência (BHCB). poricida, prolongada Solanum vaillantii fendas longitudinais. Ovário ca. 2 mm diâm., difere das demais por espécies estudadas ovado, tomentoso; estilete ca. 5 mm compr., reto, pela presença de ramos quadrangulares com acúleos aciculares tricomas peitados, no terço basal; estigma capitado. grandes, amarelados com a base negra, folhas lobadas, com Fruto baga, verde, 1-1,5 cm diâm., globoso, piloso; lobos longos e agudos. Na Serra cálice acrescente, cobrindo todo o fruto. Negra a espécie ocorre em Material examinado: Serra Negra, Região do Burro de borda e interior de mata nebular entre Ouro. 26.11.2006, fl.. P.L. Viana & N.F.O. Mota 1947 940 e 1.510 m de altitude. Ocorre de Minas Gerais (CESJ); Mata do Ninho da Égua, 28.IV.2007, fl. e fr., até o Rio Grande do Sul (Whalen 1984). E.A. Feliciano et ai. 44 (CESJ). Solanum swartzianum pode ser reconhecida 26. Solanum velleum Thunb., PI. Bras. 2:21.1818. pela presença de tricomas peitados nos ramos, folhas, Fig. 8d-f inflorescência, flores e frutos; possui também folhas Arvoreta; ramos cilíndricos, armados, com ápice acuminado a cuspidado e cálice acrescente tomentosos com tricomas equinóides e estrelados, cobrindo inteiramente o fruto. Na Serra Negra pode ramificados, curto-pedicelados, com célula central ser encontrada em área de transição de floresta- longa e curva; acúleos aciculares. Folhas isoladas; campo e no interior e borda de matas nebulares, entre pecioladas; lâmina cartácea, 7,5-13,6 x 2,5-6,5 cm, aproximadamente 900 e 1.500 m de altitude. E elíptica, ápice agudo a acuminado, base cuneada, amplamente distribuída, com ocorrência na Venezuela faces adaxial e abaxial ferrugíneas, pilosas a e no Brasil, nos estados de Roraima, Amazonas. tomentosas com tricomas iguais aos dos ramos, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio dc Janeiro, acúleos presentes. Inflorescência dicotômica São Paulo e Paraná (Carvalho 1996). ramificada, terminal. Flores pediceladas; bractéolas ausentes; cálice campanulado, lacínias triangulares; 25. Solanum vaillantii Dunal, Solan. Syn.: 38.1816. corola rotáceo-pentagonal, alva, ca. 1,2 cm compr.. Fig. 8a-c ca. 1,4 cm diâm., lacínias ca. 8 x 6 mm. triangulares, Arbusto; ramos quadrangulares, armados, ápice agudo, involuto, face abaxial tomentosa, face glabrescentes, raro tricomas simples, longos; adaxial glabra. Estames 5, isodínamos; filetes ca. acúleos aciculares. Folhas isoladas e geminadas; I mm compr.; anteras amarelas, ca. 5 mm compr., pecioladas; lâmina membranacea, 5,8-16,8x3,7- lanceoladas, deiscência poricida, prolongada por 13 cm, ovada, ápice agudo a acuminado, base truncada fendas longitudinais. Ovário ca. 1 mm diâm., a assimétrica, margem lobada, com lobos longos e globoso, piloso; estilete 4-7 mm compr., reto, agudos, face adaxial verde, pilosa com tricomas pubescente, na metade basal; estigma capitado. simples, face abaxial verde, pilosa com tricomas Fruto baga, verde, rajado de alvo, ca. 1 cm diâm., estrelados, sesseis e curto pedicelados, acúleos globoso, piloso; cálice acrescente, cobrindo o terço presentes. Inflorescência escorpióide, extra-axilar. basal do fruto. Flores pediceladas; bractéolas ausentes; cálice Material examinado: Serra Negra, entre Rio Preto- campanulado, lacínias triangulares; corola Olaria. Fazenda da Tiririca. fr., F.R.G. Salimena et ai. rotáceo-estrelada, alva, 1,4 cm compr., ca. 2,2 cm 1222 (CESJ); Mata do Ninho da Égua, 9.XI.2005, fi., diâm., lacínias 10x3 mm, lanceoladas, ápice agudo, N.L Abreu et ai. 27 (CESJ). Solanum velleum é característica face abaxial pubescente, face adaxial glabra. pelo Estames 5, isodínamos; filetes ca. 2 mm compr.; indumento ferrugíneo, corola rotáceo- anteras amarelas, ca. 7 mm compr., lanceoladas, pentagonal e estilete com tricoma glandular e basal. Na Serra deiscência poricida, prolongada por fendas dendrítico na metade Negra a em afloramentos longitudinais. Ovário ca. 1 mm diâm., globoso, espécie pode ser encontrada matas glabrescente; estilete ca. 1 cm compr., reto, glabro. rochosos e no interior de nebulares, entre puberula na base; estigma capitado. Fruto baga, 1.000 e 1.510 m de altitude. É endêmica da Região pêndulo, ca. 0,8-1,2 cm diâm., globoso, Sudeste do Brasil (Agra 2000) e considerada rara glabrescente; cálice não acrescente. em Minas Gerais (Oliveira-Filho 2006).

Rodriguésia 62( 1): 055-076. 201 1 Solanaceae na Serra Negra, Minas Gerais 75

d

- Figura 8 - a-c. Solanum vaillantii a. ramo com inflorescências; b. tricoma estrelado séssil; c. tricoma simples; d-f. S. velleum - d.ramo com inflorescência; e. tricoma estrelado ramificado com célula central longa e curva; f. tricoma equinóide (a-c Salimena 2367; d-f Abreu 27). Figura 8 - a-c. Solanum vaillantii - a. branch with inflorescences; b. sessile stellate hair; c. simple hair; d-f. S. velleum - d. branch with inflorescence; e. stellate hair with central long and curve cell; f. echinate hair (a-c Salimena 2367; d-f Abreu 27).

Rodriguésia 62(1): 055-076. 2011 76 Feliciano. EA & Salimena. F.R.G Agradecimentos Harris, J.G. & Harris, M.W. 2003. Plant identification terminology: an illustrated À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado glossary. 2 ed. Spring Lake. 216p. de Minas Gerais - FAPEMIG, o auxílio financeiro Hunziker, A.T. & Barboza, G.E. 1990. Estúdios sobre aos CRA 1891/06eCRA-APQ 1810-5.027 projetos Solanaceae. XXX. Revision de Aureliana. 07; ao biólogo Luiz Menini Neto, as ilustrações; Darwininana30:95-113. aos curadores dos herbários citados, o empréstimo Hunziker, A.T. 2001. Genera Solanacearum. Ruggell: de material. A.R.G. Gantner Verlag. 500p. Knapp, S. 2002. Solanum sect. Geminata (Solanaceae). Referências Flora Neotropica Monograph 84: 1-405. Menini Neto, L.; Matozinhos, Agra, M.F. 20(X). Revisão Taxonômica de Solanum sect. C.N.; Abreu, N.L.; Valente, A.S.M.; Antunes, Erythrotrichum Child (Solanaceae). Tese de Doutorado. K.; Souza, F.S.; Viana, P.L. & Salimena, F.R.G. 2009. Flora vascular Universidade de São Paulo. São Paulo. 280p. não- arbórea de uma floresta de na Serra da Bohs. L. 1995. Transfer of Cyphomandra (Solanaceae) grota Mantiqueira, Zona da Mata de Minas Gerais, Brasil. Taxon 44: 583-587. and its species to Solanum. Biota Neotropica 9:1-14. Bohs, L. 2001. Revision of Solanum section Nee, M. 1999. Synopsis of Solanum in the world. In: Cyphomandropsis {Sohmceae). Systematic Botany Nee, M.; Symon, D.E.; Lester, R.N. & Jessop, J.P. Monographs 61:1-85. (eds.). Solanaceae IV. Royal Botanic Gardens, Carvalho, L.A.F. 1996. Espécies de Solanum das seções Kew. Pp. 285-333. Seithe Cernumm Carv. & Shep. e Lepidotum (Dun.) Oliveira-Filho, A.T. 2006. Catálogo das árvores nativas v. Hoff (Solanaceae). Pesquisas Botânica 46: 5-83. de Minas Gerais: mapeamento e inventário da flora Carvalho, L.A.F. 1997. Diversidade taxonômica das nativa e dos reflorestamentos de Minas Gerais. Ed. Solanáceas no Estado do Rio de Janeiro -Brasil: I. UFLA, Lavras. 423p. Albertoa 4: 245-260. Radford, A.E.; Dickison, W.C.; Massey, J.R. & Bell, Carvalho, L.A.F. & Bovini, M.G. 2006. Solanaceae na CR. 1974. systematic. Harpere Row Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, Rio de Published, New York. 89lp. - Janeiro Brasil. Rodriguésia 57: 75-98. Roe, K.E. 1971. Terminology of hairs in the genus Carvalho, L.A.F.; Costa, H. & Duarte, A.C. 1996. Solanum. Taxon 20: 501-508. Diversidade taxonômica das Solanáceas que ocorrem Smith, L.B. & Downs, R.J. 1966. Solanáceas. Flora no Sudeste brasileiro: listagem dos táxons. Revista Ilustrada Catarinense. Vol. I. 32lp. Brasileira de Geografia 58: 95-109. Stehmann, J.R. & Mentz, L.A. 2006. Riqueza e Costa, C. & Herrmann, G. 2006. Plano de ação do corredor endemismo de Solanaceae na Região Sul do Brasil. In: Ecológico da Mantiqueira. 1 ed. Valor Natural. 64p. Mariath, J.E.A. & Santos, R.P. (orgs.). Os avanços D'Arcy, W.G. 1991. The Solanaceae since 1976, with a da Botânica no início do século XXI: morfologia, review of its biogeography. In: Hawkes, J.G.; Lester, fisiologia, taxonomia e genética. Sociedade Botânica R.N.; Nee, M. & Estrada, N. (eds.). Solanaceae III do Brasil, Porto Alegre. Pp. 190-193. taxonomy, chemistry, evolution. Royal Botanic Valente, A.S.M. 2007. Composição, estrutura e Gardens, Kew. Pp. 75-137. similaridade florística do estrato arbóreo de três Drummond, G.M.; Martins, CS.; Machado, A.B.M.; fragmentos de Floresta Atlântica, na Serra Negra, Sebaio, F.A.; Antonini, Y. 2005. Biodiversidade em município de Rio Preto, Minas Gerais, Brasil. Minas Gerais: Um atlas para sua conservação. 2ed. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte. 222p. Juiz. de Fora, Juiz de Fora. 76p. EM ATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Whalen, M.D. 1984. Conspectus of species groups in Rural do Estado de Minas Gerais. 2003. Projeto Solanum subgenus Leptostemonun. Gentes APA da Serra do Funil. EMATER. Rio Preto. 63p. Herbaruml2: 179-282.

Artigo recebido em 02/12/2009. Aceito para publicação em 27/09/2010.

Rodriguésia 62( 1): 055-076. 2011 Rodriguésia 62( 1): 077-092. 201 1 http: / /rodriguesia.jbrj.gov.br 3v Moraceae das restingas do estado do Rio de Janeiro1 Ir Moraceae of restingas ofthe state ofRio de Janeiro rf\ \

Leandro Cardoso Pederneiras2, /Andréa Ferreira da Costa2'*, Dorothy Sue Dunn de Araujo3 & Jorge Pedro Pereira Carauta

Resumo As restingas são planícies arenosas ao longo da costa litorânea que exibem uma rica e peculiar vegetação. As Moraceae nativas do Brasil englobam principalmente plantas lenhosas de porte arbóreo que participam do estágio mais avançado das matas de restinga. Através de bibliografia especializada, consultas a herbários e coletas de campo, objetivou-se elucidar a taxonomia, identificar os habitats preferenciais, atualizar a área de ocorrência e reconhecer o atual estado de conservação das espécies dessa família. Nas restingas fluminenses ocorrem cinco gêneros e 20 espécies de Moraceae. Na Formação de Mata Seca acham-se presentes 16 espécies, na Mata Inundável oito e na Arbustiva Fechada seis. Dessas espécies, 15 encontram-se ameaçadas de extinção, principalmente: pulchella e Madura brasiliensis. Palavras -chave: Urticales, taxonomia. Mata Atlântica, conservação Abstract Restingas are sandy coastal plains with a rich flora and distinct vegetation types. The native Brazilian Moraceae include primarily tall woody plants growing in the more developed stages of restinga forests, but they also include herbs and shrubs. Specialized bibliography, herbarium material and field collections, were used to elucidate the taxonomy, recognize the preferred habitats, update the área of oceurrence and to recognize the current conservation status of its species. There are tive genera and 20 species in Moraceae. In the Dry Forest formation occur 16 species, eight in Swamp Forest and six in Closcd Shrub. These species, 15 are threatened ofthe extinetion, mainly: Ficus pulchella and Madura brasiliensis. Kcywords: Urticales, taxonomy, Atlantic Forest, conservation.

Introdução No estado do Rio de Janeiro a vegetação de restinga uma área de ca 1.200 krrr, equivalente Moraceae compreende plantas lactescentes de possui a 2,8% da área total do estado (Araujo & Maciel porte arbóreo, como as figueiras (Ficus), geralmente das matas. 1998), a qual é estudada pela ciência desde o século presentes nos estágios mais avançados XVIII. Dentre os relatos históricos de Moraceae Dorstenia é o único gênero herbáceo dentro da nas restingas fluminenses destacam-se Madura família, muito susceptível a interferência antrópica tinetoria nos ambientes naturais (Carauta 1978). No estado (L.) D.Don ex Steud e Ficus indica L. em localidade do Rio de Janeiro foram descritas 51 espécies, sendo próxima ao mar (Vellozo 1881); Ficus mais da metade ameaçada de extinção (Carauta 19%). luschnathiana (Miq.) Miq., F. maximilianii (Miq.) Nas restingas fluminenses foram esparsamente Mart. e Madura tinetoria em Cabo Frio; Madura citadas em diversas listagens (Araujo & Henriques brasiliensis (Mart.) Endl. em Campos dos Goitacazes; 1984; Silv a & Somner 1984; Henriques et al. 1986; e Dorstenia hirta Desv. em Copacabana (Rio de Araujo & Oliveira 1988; Araujo et al. 1998; Janeiro) (Miquel 1853); Brosimum gaudichaudii Assumpção & Nascimento 2000; Sá 2002; Menezes formapamfolia Miq. por Auguste Glaziou, entre Cabo & Araujo 2005; Reif et al. 2006) e reunidas numa Frio e São João da Barra (Carauta 1967); e diversos listagem totalizando 20 espécies (Araujo 2000). Ficus, por Ernesto Ule, em Cabo Frio (Ule 1967).

1 Pane da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Botânica) do Museu Nacional l 1 RJ Bolsista do CNPq. 1 ni\ crsidade I cdcral do Rio de Janeiro. Museu Nacional. Depto. Botânica, Quinta da Boa Vista s.n., 20940-040, Rio de Janeiro, RJ. Brasil. -590. ¦Universidade rcdcral do Rio de Janeiro, CCS, Instituto de Biologia, Dep'" Ecologia, 21941 Rio de Janeiro, RJ, Hrasi I 4AuiorpflracofTespondcncia: afcosu/u acd.uftj.br 78 Pederneiras LC et al.

Diante da diversidade de Moraceae, pelas passos) no processo de classificação das espécies peculiaridades do ambiente das restingas, e ainda, em risco de extinção regional, sendo o passo dois, o pela falta de um trabalho de flora que sintetize e estabelecimento da avaliação pelos critérios da Lista facilite a compreensão dessas espécies nesse bioma, Vennelha da IUCN (2001), e o passo três, a aplicação esse trabalho objetivou descrever as espécies e dos critérios regionais da IUCN (2003). A proporção reconhecer a distribuição, o habitat e o estado de da população global presente nas restingas foi conservação das espécies dessa família nas auferida calculando-se a razão do total de municípios restingas fluminenses, dando continuidade aos globais sob o total de localidades de restingas estudos de Segadas-Vianna et al. (1965/1978). fluminenses, baseado no material examinado por Pederneiras (2009). Para verificar a existência de Material e Métodos possíveis fontes de imigração de propágulos para as restingas fluminenses, verificou-se cm herbários Foram realizada! expedições entre setembro a existência da espécie em localidades interioranas de 2007 c dezembro de 2008 às restingas do estado no estado do Rio de Janeiro. do Rio de Janeiro. Todo o material coletado foi processado de acordo com o método usual em taxonomia (Mori et al. 1989) e depositado no Resultados e Discussão herbário do Museu Nacional (R). Os herbários A família Moraceae está representada nas ALCB.CEPEC, GUA, HB, HRB. HUEFS, R, RB, RBR. restingas fluminenses por cinco gêneros e 20 SP, SPF (Thiers 2010, continuamente atualizado) e espécies. Dentre as formações de restinga, a Mata UENF (Universidade Estadual Norte Fluminense), Seca apresentou 16 espécies, a Mata Inundável oito, serviram de base para análise do material de e a Arbustiva Fechada seis espécies. Moraceae das restingas fluminenses. Os caracteres morfológicos seguem as terminologias apresentadas Moraceae por Vasconcelos (1969), Lawrence (1971) e Radford Árvores, arbustos, ervas ou hemiepífitas, et al. (1974). Foi considerada apenas a variação monóicas ou dióicas, lactescentes. Estípulas morfológica observada nos exemplares provenientes intrapeciolares ou amplexicaules, únicas ou da área de estudo. Somente as espécies nativas foram pareadas, caducas, deixando cicatriz nos ramos. inventariadas. O enquadramento da família está de Folhas simples, alternas, inteiras ou lobadas, acordo com APG III (2009), consolidada por peninérveas. Inflorescencias axilares, pareadas ou diversos trabalhos (Sytsma et al. 2002; Datwyler & não, em cachos, glomérulos, capítulos discóides Weiblen 2004; Berg 2005; Clement & Weiblen 2009). (cenanto) a urceolados (sicônio). Flores unissexuais, Para a classificação das comunidades vegetais aclamídeas ou monoclamídeas, geralmente 4 tépalas, foram usadas as definições de Araújo et al. (1998). livres ou concrescidas, isostêmones ou oligostêmones; opostos as tépalas, retos A distribuição geográfica e o habitat foram tomados 1,2 ou 4 estames, ou curvos em Pederneiras (2009). As ocorrências das espécies no botão; anteras reniformes, dorsifixas, deiscência estão de acordo com a classificação de Veloso et longitudinal; estiletes únicos ou bífidos, terminais al. (1991) e as formações de restinga de acordo ou laterais; ovários súperos a ínferos, uniloculares, com Araújo (2000), acrescidas de Baia de Guanabara uniovulares; óvulos anátropos. Fruto drupa. e Parati. Somente as espécies carentes de ilustração A família Moraceae compreende ca. 53 com foram apresentadas, haja vista que a maioria delas gêneros e 1500 espécies ocorrência nas regiões encontra-se ilustrada na literatura sobre o grupo. tropicais a temperadas (Judd et al. 2009). No Brasil Todas as espécies foram enquadradas como encontram-se 27 gêneros e 250 espécies (Souza & restingas populações reprodutoras e avaliadas sob os critérios Lorenzi 2005) e nas fluminenses cinco de Miller (2007), o qual estabelece quatro etapas (ou gêneros e 20 espécies.

Chave de identificação para as espécies de Moraceae das restingas fluminenses 1. Ervas. 2. Plantas monóicas; lâminas sagitadas a alabardinadas, ou lobadas2. Dorstenia arifolia T. Plantas dióicas; lâminas cordiformes a deltóides3. Dorstenia cayapia

Rodriguésia 62(1): 077-092. 201 1 Moraceae das restingas, RJ'"

1'. Árvores ou arbustos. 3. Inflorescências em capítulos urceolados (sicônio). 4. Lâminas até 7 cm de comp. 5.Sicônios hirsutos e lâminas de face abaxial tomentosa 10. Ficus hirsuta 5'. Sicônios e lâminas glabros14. Ficus organensis 4'. Lâminas maiores que 7 cm de comp. 6.Sicônios glabros. 7. Pedúnculos até 0,4 cm, ou sicônios sésseis. 8. Sicônios até 1,2 cm de diâm. 9. Ostíolos triangulares16. Ficus trigona 9". Ostíolos planos a levemente elevados. 10. Sicônios alé 0,7 cm de diâm.; 10-19 pares de nervuras secundárias; sicônios de verdes a amarelados6. Ficus clusiifolia 10'. Sicônios maiores que 0,9 cm de diâm.; 8-12 pares de nervuras secundárias; sicônios verdes, máculas verde-claras 11. Ficus luschnathiana 8'. Sicônios maiores que 1,2 cm de diâm. 11. Ostíolos planos5. Ficus castellviana 11*. Ostíolos elevados. 12. Sicônios com epibrácteas maiores que 1,3 cm, lâminas obovadas; estipulas persistentes, freqüentemente congestas e secas nos ramos 7. Ficus cyclophyUo 12'. Sicônios com epibrácteas até 1,2 cm, lâminas elípticas a ovadas; estipulas caducas8. Ficus glabra T. Pedúnculos maiores que 0,5 cm. 13. Mais de 21 pares de nervuras secundárias 15. Ficus pulchella 13'. Até 14 pares de nervuras secundárias. 14. Lâminas de face abaxial tomentosa 12. Ficus maximiliana 14'. Lâminas glabras em ambas as faces. 15. Pedúnculos até 1 cm de compr.; sicônios lisos ...4. Ficus arpazusa 15'. Pedúnculos maiores que 1,1 cm de compr.; sicônios rugosos 13. Ficus nevesiae 6'. Sicônios pilosos. 16. Pedúnculos até 0,4 cm de compr5. Ficus castellviana 16'. Pedúnculos maiores que 1 cm de compr9. Ficus gomelleira 3'. Inflorescências em cachos, espigas, discóides, hemisféricas ou globosas. 17. Inflorescências discóides, hemisféricas ou globosas. 18. Plantas monóicas; inflorescências discóides a hemisféricas; flores estaminadas com apenas 1 estame\. Brosimum guianense 18'. Plantas dióicas; inflorescências globosas; flores estaminadas com 4 estames. 19. Folhas de margem denteada 18. Madura tinctoria 19'. Folhas de margem lisa17. Madura brasiliensis 17'. Inflorescências em cachos ou espigas. 20. Inflorescências estaminadas; flores sésseis; folhas subcoriáceas para membranáceas, face abaxial pubescente; margem inteiramente denteada 18. Madura tinctoria 20'. Inflorescências pistiladas ou estaminadas; flores curto-pediceladas; folhas subcoriáceas a coriáceas, ambas as faces glabras; margem lisa a denteada do meio ao ápice ou inteiramente serreada. 21. Folhas de margem inteiramente espinuloso-denteada 19. Sorocea guilleminiana 21'. Folhas de margem lisa a denteada do meio ao ápice20. Sorocea hilarii

Rodriguésia 62(1): 077-092. 2011 80 Pederneiras LC et al.

Brosimum Sw.. Prod. 1:12. 1788. amazônica, estacionai semidecidual e,decidual e Árvores, arbustos, subarbustos, monóicos. cerrado. Nas restingas fluminenses são encontradas Folhas de margem inteira, lisa. Inflorescências em seis localidades de restinga (Barra de São João, bissexuadas, capitadas, globosas, hemisféricas, Cabo Frio, Maricá, Rio de Janeiro, Grumari. turbinadas ou discóides convexas, solitárias ou Marambaia), com extensão de ocorrência de ca. 3000 pareadas; receptáculos totalmente cobertos por km2, na Formação Arbustiva Fechada e Mata Seca, bràcteas peitadas. Flores estaminadas numerosas, em lugares que recebem intensa radiação solar como ausente, filetes retos no botão; flores pistilódio as bordas de trilhas e estradas. A proporção da imersas e fundidas ao receptáculo. pistiladas perigônio população global da espécie presente nas restingas vestigial unido com ovário, estiletes bífidos, terminal. o não foi estimada porque não foram visitados todos Frutos crescendo dentro do receptáculo. os herbários das regiões de sua distribuição Gênero neotropical com 15 espécies (Cardona- geográfica. A espécie ocorre nas vizinhanças das Pena ei al. 2005), dos campos cerrados preferenciais restingas, sendo uma fonte de imigração de do centro da América do Sul (Berg 1972). No Brasil propágulos e, por isso, diminui-se uma categoria do ocorrem 14 espécies (Carauta é'/ al. 1996), no estado passo dois. Espécie considerada vulnerável, VU B1. do Rio de Janeiro cinco (Carauta 1996) e nas restingas fluminenses uma espécie. Dorstenia L., Sp. PI. 1: 121. 1753. Ervas monóicas ou dióicas, geralmente com 1. Brosimumguianense (Aubl.) Huber. Boi. Mus. ramos subterrâneos e entrenós hipertrofiados. Folhas Paraense Hist. Nat. 5: 337. 1909. alternas a espiraladas. Inflorescências em capítulos Arvores a subarbustos, 1,5-8 m alt., látex discóides (cenanto), solitárias, pedunculadas. branco a transparente. Caules freqüentemente compostas freqüentemente por bràcteas marginais esbranquiçados. 2-10 mm compr., Estipulas terminais coroando o receptáculo. Flores imersas no alvéolo, brúncas. Folhas com 0,3-0,5 cm compr., pecíolos periantos tubulares. 2-4 panido; 2 estames, filetes glabros; lâminas elípticas, (2,3)3,5-5,5(10,4) x 2- curvos no botão; estiletes bífidos, laterais. 3(4,5) cm, subcoriáceas, lustrosas, base arredondada, Gênero com 105 espécies distribuídas na ápice agudo a cuspidado, face adaxial glabra e abaxial África, na Ásia e na América. No neotrópico ca. 47 glabra a puberulenta, freqüentemente alvacenta; 8- espécies são reconhecidas (Berg 2001). No Brasil 12 pares de nervuras secundárias. Inflorescências ocorrem 37 espécies (Carauta 1978), no Rio de Janeiro vermelhas, vináceas a roxos escuros, discóides a 18 (Carauta 1996), e nas restingas fluminenses duas. hemisféricas, 4-11 mm diâm., recobertas por bràcteas Dorstenia hirta, coletada por Luschnath (Miquel peitadas vináceas; pedunculos 7-21 mm compr. 1853), em Copacabana, não foi encontrada em Flores estaminadas com perianto 3-4 lobado; estame nenhuma outra localidade. 1; antéras brancas a amarelas, extrorsas quando maduras. Flores pistiladas 1-5, mergulhadas nos 2. Dorstenia arifolia Lam., Encycl. 2 (1): 317.1786. alvéolos do receptáculo. Frutos semi-globosos, 1- Ervas 24 cm de alt., hemicriptófitas, monóicas, 2,1 cm diâm., vermelhos, doces, comestíveis. látex branco. Caules 5,5-8.2 cm compr., entrenós entre Sementes de cor paleácea. 1-2 mm compr. Estipulas 4-9 mm compr., ápice agudo, Materiais selecionados: Cabo Frio, Condomínio glabras, sub-coriáceas, persistentes. Folhas com Florestinha. 3.XI.2008, LC. Pederneiras 549 et R.W. pecíolo 10-34 cm compr., glabros; lâminas sagitadas Lacerda (R); dunas ao lado do bairro Vila do Sol, a alabardinadas, 16,5-33 cm compr., membranáceas 1.IV.2008, L.C. Pederneiras 388 et M.S. Faria (R). a subcoriáceas, base auriculado-alabardinas, ápice Búzios, 7.VIII.2004, A.F.P. Machado 237 et al. (RB). acuminado ou agudo, face adaxial Mangaraliba,6.V.2008, LC. Pederneiras 432 et al. (R). glabra, lisa e Niterói, restinga da Praia de Itaipu, 27. V. 1969, D. Sucre lustrosa e abaxial pubérula levemente áspera margem 5090 et al. (RB, GUA). Maricá, 30.XI.2006, L.C. ondulada, levemente ondulado-serreada ou 5-7 Pederneiras 302 et al. (R). Rio de Janeiro, Restinga da lobado; 7-10 pares de nervuras secundárias. Barra da Tijuca. 16.V.1932, J.G. Kuhlmann s/n (RB Inflorescências verdes, receptáculos discóides a 150055): Grumari, 6.XI.1972, J.A. Jesus 2080 (RB). orbiculares, peitados, coroado por bràcteas foliáceas Saquarema, 28.11.2008, LC. Pederneiras 374 et al. (R). verdes a vináceas, 0,7-3,1 cm diâm.; pedúnculo 4- Brosimum guianense ocorre na América 16 cm compr., glabros. Flores estaminadas entre as Central e América do Sul tropical. No Brasil nas matas pistiladas; estames 2. Flores pistiladas com estigma secundárias da floresta ombrófila densa atlântica e bítido. extrorso, alvo. Fnitos 1-1,5 mm compr.

Rodriguesia 62(1): 077-092. 201 1 Moraceae das restingas. RJ 81

Materiais selecionados: Angra dos Reis, 21.VI. 1991. fonte de imigração de propágulos e, por isso, J.P.P. Carauta 6334 et R.C. Santos (GUA). Parati, diminui-se uma categoria do passo dois. Espécie 16.V.1975, G. Martinelli 596 et Gurken (RB). Rio de considerada como em perigo, EN B1. Janeiro, Recreio dos Bandeirantes, 28.IV. 1937. F.R. Silveira 15768 et Brade (RB); Grumari, 14.VII.20O8, Fici/íL.,Sp.P1.2:1059.1753. Vianna-Fillw LC. Pederneiras471, 472 et M.D.M. (R). Arvores, freqüentemente hemiepífitas, Maricá. 6.IX.1978./Y.C. Lima 648 (RB). estranguladoras quando jovens, monóicas. Folhas Dorstenia arifolia é endêmica do Brasil, de margem lisa, inteiras. Inflorescências em capítulos ocorre na floresta ombrófila densa atlântica e urceolados (sicônio), axilares, pareados ou solitários, semidecidual, nos estados da Bahia, estacionai deixando cicatriz ao caducar, ostíolos Santo, Rio de Janeiro e São planos, Minas Gerais, Espírito elevados, crateriformes ou triangulares. Flores com Paulo. Nas restingas fluminenses ocorre em cinco perigônios com 2-4 segmentos irregulares localidades de restinga (Maricá, Rio de Janeiro, envolvidos por brácteas hialinas; estaminadas Grumari, Praia do Sul e Parati), com extensão de geralmente sésseis ou curto-pedunculadas, menores ocorrência ca. 350 km:. na Mata Seca, próxima a em tamanho e número que as pistiladas, geralmente da presente encosta. A proporção população global concentradas perto do ostíolo, 1-2 estames, filetes é de 11%. A espécie ocorre nas nas restingas retos no botão; pistiladas sésseis ou com uma fonte de pedicelo vizinhanças das restingas, sendo bem desenvolvido, distribuídas em várias séries no isso, diminui-se uma imigração de propágulos e, por interior do sicônio, estiletes únicos, laterais, curtos categoria do passo dois. Espécie considerada ou longos. vulnerável, VU B1. O gênero compreende ca. 800 espécies em todas as regiões tropicais do mundo. No neotrópico 52.1825 3. Dorstenia cayapia Vell., Fl. Flumin.: (1829). em torno de 120 (Berg & Villavicencio 2004). No Ervas dióicas, látex branco. Caules 10,5-11.5 Brasil estima-se ca. 100 espécies, mas somente 65 2-3 cm compr., parte aérea quase nula. Estipulas descritas (Carauta & Ernani-Diaz 2002) e nas mm compr., ápice arredondado, congestas no caule. restingas fluminenses 13 espécies. ou Folhas com pecíolo 7-19,5 cm compr., glabros lâmina; lâminas pubescentes na proximidade da 4. Ficus arpazusa Casar., Nov. Stirp. Bras. Dec: cordiformes a deltóides, 8,5-14,5 x 10,5-7,5 cm, 15.1842. membranáceas, base cordada. ápice arredondado, Árvores 3-10 m alt., látex branco. Estipulas verde-leitosas face adaxial lustrosa, máculas terminais 10-13 mm compr.. Folhas com peciolos irregulares acompanhando a direção da nervura 1,2-3,6 cm compr., glabros; lâminas elípticas a central, glabra e lisa, face abaxial fosca, glabra, ovadas, 6,5-12 x 3-4,7 cm, subcoriáceas, base verde-clara. margem inteira, lisa a ondulada; 5-7 arredondada a truncada, ápice agudo a levemente com cuspidado, pares de nervuras secundárias. Inflorescências ambas as faces glabras, abaxial com receptáculos discóides, 0,9-2 cm diâm., coroados superfície verde-clara; 6-10 pares de nervuras até lmm compr.; secundárias. Sicônios por brácteas inconspícuas, verdes, 10-13 mm diâm., alvos. Flores lisos; pedúnculos 5-12,5 cm compr., glabros, glabros, pedúnculos 5-10 mm compr., glabros, roxo-avermelhadas. pareados; epibrácteas 2, deltóides, 1-1,5 mm compr.; Materiais selecionados: Rio de Janeiro, Recreio dos ostíolos crateriformes. Flores cor paleácea. Bandeirantes, 3.V.1969, D. Sucre 4942 (RB); Barra da Infrutescências brúneas. Tijuca, 22.IX. 1972, J.A. Jesus 1965 (RB). Materiais selecionados: Cabo Frio, Condomínio Dorstenia cayapia é endêmica do Brasil, Florestinha,9.VI.2008, LC. Pederneiras465etal. (R). ocorre na floresta ombrófila densa atlântica e Carapebus, PNRJ, entre as Lagoas Comprida e de estacionai semidecidual, nos estados da Bahia, Carapebus, 22.IX.1995, R.C. Oliveira s/n et al. (RB 326302, 326303). Macaé, PNRJ, Espírito Santo, Minas Gerias, Rio de Janeiro e São 31.X.2008, LC. Pederneiras 536 et R. W. Ixicerda (R). Magé, Praia de Paulo. Nas restingas fluminenses ocorre em apenas Piedade, 16.IX.1976. D. Araújo 1210 de restinga (Rio de Janeiro), com (GUA). uma localidade Mangaratiba, Restinga de Marambaia, Campo de Provas km2, na Mata extensão de ocorrência inferior a 5 da Marambaia, 23.1.2005, H.M. Dias 25 et R. Freitas Seca próxima a encosta. A proporção da população (RB). Saquarema: Ipitangas, 29.X.1991, G.V. Somner global presente nas restingas é de 5%. A espécie 707 et al. (RBR); R.E.E. Jacarepiá, 5.1.1994, V.S. ocorre nas vizinhanças das restingas, sendo uma Fonseca 279 et al. (RB).

Rodriguésia 62(1): 077-092. 2011 82 Pederneiras LC et al.

Ficus arpazusa ocorre na América Central e existentes das vizinhanças das restinga» (somente América do Sul (Carauta 1989). No Brasil, na floresta Kuhlmann 675 RB) indica uma escassez de fontes ombrófila densa atlântica e amazônica, estacionai de imigração de propágulos e, por tanto, não foi semidecidual e decidual, nas matas de galeria do modificada a classificação do passo dois. Espécie cerrado e caatinga. Nas restingas ocorre em cinco em perigo, EN B1. localidades de restinga (Macaé, Barra de São João, Cabo Frio, Baía de Guanabara e Marambaia), numa 6. Ficus clusiifolia (Miq.) Schott, Syst. Veg., ed. extensão de ocorrência ca. 6900 knv, na formação 16,4(2): 409.1827. de Mata Seca e Mata Inundável. A proporção da Arvores 6-30 m, hemiepífitas, bem ramificada população global da espécie presente nas restingas desde a base, látex branco. Raízes tabulares. não foi estimada porque não foram visitados todos Estipulas terminais verdes a brúneas, 9-16 mm, os herbários das regiões de sua distribuição glabras. Folhas com pecíolos 0,9-3,1 compr., geográfica. Cumpre com os critérios de VU B1, mas glabros; lâminas elípticas a obovadas, (6,7)9-11(16) a espécie ocorre nas vizinhanças das restingas, x 4,5-6(8,5), coriáceas, base cuneada, ápice sendo uma fonte de imigração de propágulos e, por arredondado, ambas as faces glabras, lustrosa; 10- isso, diminui-se uma categoria. Espécie próxima a 19 pares de nervuras secundárias. Sicônios de ameaçada, NT. verdes a amarelados, com ou sem máculas claras. 5-7 mm diâm.. glabros, pareados; pedúnculos (1 )3- 5. Ficus castellviana Dugand, Caldasia 1 (4): 33. 4 mm, glabros; epibrácteas 2^, bipartindo-se ao 1942.Fig. 1 amadurecer, deltóides, mais raramente reniforme. Árvores 10 m, heliófilas, látex hialino, 3-5 mm compr.; ostíolos planos. Flores de cor palha. abundante. Ramos pubérulos, ferrugíneos, folhas Infrutescências vermelho-alaranjadas. prostradas. Estipulas terminais 15-19 mm compr.. Materiais selecionados: Arraial do Cabo, 3.III.2008. Pederneiras 378 et al glabras, rosadas. Folhas com pecíolos 1,5-5 cm LC. (R). Cabo Frio, Estação de compr., a ferrugíneos; lâminas Rádio da Marinha Campos Novos, 2.IV.2008, L.C. glabros puberulentos, Pederneiras 391 et M.S. Faria Vila elípticas, 12,3-23 x 4,3-7,5 cm, membranáceas a (R); do Sol, dunas atrás da Rua Augusturas, 1.IV.2008, L.C. Pederneiras subcoriáceas, base arredondada, ápice agudo a 389 et M.S. Faria (R). Carapebus, 18.X.2007, LC. cuspidado, face adaxial glabra, abaxial puberulento, Pederneiras 322 et al. (R). Macaé, 3I.X.2008, L.C. ferrugíneo; 12-18 pares de nervuras secundárias, Pederneiras 531 et R.W. Lacerda (R). Maricá, levemente rosadas a verde-claras. Sicônios verde- I5.IV. 1985, D. Araújo 6823 et N.C Maciel (GUA). claros quando jovem, ferrugíneos a arroxeados Quissamã, 9.IV.1980, D. Araújo3719etal. (GUA). Rio quando maduro, interior cor paleácea, 12-14 mm das Ostras, 28.V.1986, D. Araújo 7511 et N.C. Maciel Rio de Janeiro: Restinga do diâm., glabros a puberulentos; pedúnculos 2-4 mm (GUA). Arpoador, compr.; epibrácteas 2, deltóides a arredondadas, 11.XII. 1896, t/c (R 39338); Recreio dos Bandeirantes, N. Santos 5325 et al. (R). São João 1-3 mm compr.; ostíolos 12.1.1965, da Barra, planos. III. 1942, A./ Sampaio 8967(R). Saquarema, 17.1.2008, Materiais selecionados: Cabo Frio, Parque Municipal L.C. Pederneiras 358etA.F.P. Machado (R). do Mico Leão Dourado, 30.X.2008, L.C. Pederneiras Ficus clusiifolia é endêmica do Brasil, ocorre 505, 507, 529 et R.W. Lacerda (R). Rio de Janeiro, Restinga de Jacarepaguá, 10.IX.1958, E. Pereira 4153 et principalmente na floresta ombrófila densa atlântica, al. (HB. RB). de Pernambuco ao Rio de Janeiro, e mais raramente na Fiem castellviana ocorre na Colômbia, Peru. estacionai semidecidual. Nas restingas fluminenses Equador e Bolívia (Berg & Villavicencio 2004). No ocorre em sete localidades de restinga (São João da Brasil, na floresta ombrófila densa atlântica e Barra, Macaé, Barra de São João, Cabo Frio, Maricá. amazônica e na floresta estacionai semidecidual de Baía de Guanabara e Rio de Janeiro), com extensão Minas Gerais. Nas restingas fluminenses ocorre em de ocorrência ca. 9500 km2, nas Formações Arbustiva duas localidades (Barra de São João e Rio de Fechada, Mata Seca e Mata Inundável. A proporção Janeiro), com extensão de ocorrência ca. 115 km:, da população global presente nas restingas é de 28%. na formação de Mata Seca. A proporção da Cumpre com os critérios de VU B1, mas a espécie população global da espécie presente nas restingas ocorre nas vizinhanças das restingas, sendo uma não foi estimada porque não foram visitados todos fonte de imigração de propágulos e, por isso, diminui- os herbários das regiões de sua distribuição se uma categoria. Espécie considerada próxima a geográfica. A quantidade de registros de herbários ameaçada NT-

Rodriguésia 62(11:077-092. 2011 Moraceae das restingas. RJ 83 Àk

JitUh.vmfrln. zoc*!

Figura 1- Ficus castellviana Dugand - a. ramo com figos jovens; b. sicônio; c-d. sicônio evidenciando ostíolo e cpibráctcas, respectivamente; e. sicônio em seção longitudinal; f. indumento da lâmina da folha (a-d, f L.C Pederneiras 507 et R. W. Lacerda; e AP. Duarte 7669). Figure 1- Ficus castellviana Dugand - a. leafy branch with young figs; b. fig; c-d. fig showing ostiole and epibracts, respectively; c. fig longitudinal section; f. leaf blade indumentum (a-d, f L.C. Pederneiras 507 et R.W. Lacerda; e A.P. Duarte 7669).

Rodriguésia 62( 1): 077-092. 2011 84 Pederneiras LC et ai.

7.Ficus cyclophylla (Miq.) Miq., Ann. Mus. Bot. compr., chegando na altura do terço superior do Lugduno-Batavi. 3:297.1867. sicônio; ostíolos elevados, conatos, 1,5-2 mm alt. Árvores 5-10 m alt., látex branco. Estípulas Flores verde-amareladas. terminais de verde a vinácea ou brúnea, 12^-3 mm Materiais selecionados: Mangaratiba, Restinga de Marambaia,5.V.2008. LC. Pederneiras421 etal. compr., persistentes, freqüentemente congestas e (R). Rio de Janeiro, 25.VIII.1946, O.X.B. secas nos ramos. Folhas com 1-1,5 cm Machado s/n pecíolos (RB 75503). compr., glabros; lâminas obovadas, 12-25 x 7-13 Ficus glabra ocorre na floresta ombrófila cm, coriáceas, base cuneada, truncada, ápice densa atlântica e estacionai semidecidual e decidual. arredondado, ambas as faces 8-11 glabras; pares da Bahia ao Rio Grande do Sul e Paraguai. Nas de nervuras secundárias. Sicônios verde 1,4-3 cm restingas fluminenses ocorre em duas localidade diâm.. sesseis; glabros, pareados; pedúnculos de restinga (Rio de Janeiro e Marambaia), com epibrácteas 2, arredondadas a deltóides, extensão de ocorrência inferior a 5 km:, na formação 1,3-1,6 cm compr.; ostíolos elevados. persistentes, de Mata Seca próxima a encostas. A proporção da Flores cor Infrutescências roxas. paleácea. população global presente nas restingas é de 59c. selecionados: Angra dos Reis, 19.IX.1991, Materiais A espécie ocorre nas vizinhanças das restingas, D. Araújo 9464 (GUA). Arraial do Cabo, 10.VIII.2001. sendo uma fonte de imigração de e, J.P.P. Carauta 6163 et Ernani-Diaz (GUA). Cabo Frio, propágulos isso, diminui-se uma categoria do dois. 2.IV.2008, L.C. Pederneiras 403 et M.S. Faria (R). por passo Espécie em EN B1. Mangaratiba, 7.V.2008.Z..C. Pederneiras 449et ai. (R). perigo, Maricá, I7.XI.1988, A.Souza 2534 et ai. (R). Rio das Ostras, l.V.1978,L.£. Mello-Filho 4340 et ai. (R). Rio 9. Ficus gomelleira Kunth. Ind. Sem. Hort. Berol. de Janeiro, 24.V. 1953,0.X.B. Machados/n (R 112872). (1846): 18.1847. São Pedro da Aldeia. 11.IV. 1982, H.Q. Boudet- Árvores 5-30 m alt., látex branco. Estípulas Fernandes 459 (GUA). Saquarema, 11.IV.2008, LC. terminais 7-14 mm compr., tomentosas, ferrugíncas, Pederneiras 414 (R). caducas. Folhas com pecíolos 1,5-6 cm compr., Fiem cyclophylla é endêmica do Brasil, tomentosos a hirsutos ferrugíneos; lâminas elíptico- ocorre na floresta ombrófila densa atlântica e ovadas, 10,5-30 x 6-15 cm, membranáceas a estacionai semidecidual, da Paraíba ao norte de subcoriáceas, base cordada a arredondada, ápice São Paulo. Nas restingas fluminenses ocorre em agudo a arredondado, face adaxial glabra. seis localidades de restinga (Barra de São João, puberulenta ou pubescente, face abaxial Cabo Frio. Maricá, Rio de Janeiro. Marambaia e pubescente a tomentoso ferrugíneo; 10-14 pares Praia do Sul), com extensão de ocorrência ca. 3000 de nervuras secundárias. Sicônios 1,3-2 cm diâm., km2, na formação de Mata Seca. A proporção da tomentoso-ferrugíneos, pareados; pedúnculos 1- população global presente nas restingas é de 29%. 2 cm compr., pubescentes, ferrugíneos; epibrácteas A espécie ocorre nas vizinhanças das restingas, 2, deltóides, pubescentes, ferrugíneas, 2-5 mm sendo uma fonte de imigração de propágulos e, por compr.; ostíolos planos a levemente crateriformes. isso, diminui-se uma categoria do passo dois. Materiais selecionados: Angra dos Reis, 13.XII.1983. Espécie considerada vulnerável, VU B1. D. Araújo 5930 (GUA). Cabo Frio. 3.XI.2008, L.C. Pederneiras 558 et R.W. Lacerda (R). Carapebus, I8.X.2007, LC. Pederneiras 323 et ai. (R). Macaé, 8.Ficus glabra Vell., Fl. Flurnin. Icon. 11: t. 50. 29.XI. 1994, D. Araújo 10165 (GUA). Mangaratiba, 1827(1831). 5.V.2008, LC. Pederneiras 418 et ai. (R). Quissamâ, Árvores 4,5-10 m alt., estranguladoras, látex 8.IV.1980, D. Araújo 3745 et N.C. Maciel (GUA). Rio branco. Estípulas terminais 18-25 mm, glabras, das Ostras, 5.VI.2O01, E. Erbesdobler 13 (RB). Rio de caducas. Folhas com pecíolos 5-18 cm compr., Janeiro: Ipanema, 2.VI.1926, J.G. Kuhlmann s/n (RB glabros: lâminas elipticas a ovadas, 14-36 x 8- 19682); Baixada de Jacarepaguá, 26.V.1989, M.B.R. Silva 16 cm, membranáceas, base cordada, ápice agudo 273etal. (GUA). Saquarema. 17.1.2008,LC. Pederneiras a levemente cuspidado, ambas as faces glabras; 346 etA.F.P. Machado (R). ocorre nas florestas 12-15 pares de nervuras secundárias. Sicônios Ficus gomelleira úmidas sulamericanos: Bolívia. solitários ou geminados, verdes com máculas claras, de países tropicais Peru, Guianas, leste 1,2-1,4 cm diâm., glabros, pareados; pedúnculos Equador, Colômbia, da Venezuela e 3-4 mm compr.; epibrácteas 2, ápice agudo a Antilhas (Berg & Villavicencio 2004). No Brasil arredondado, ocasionalmente bipartido. 6-12 mm ocorre na floresta ombrófila densa atlântica e

Rodriguésia 62( 1): 077-092. 201 1 Moraceae das restingas, RJ 85 amazônica, na estacionai semidecidual e decidual, das restingas (somente S.Weinberg 451 GUA) nas matas de galeria do cerrado e nas matas próximas indica uma escassez de fontes de imigração de a rios e campos rupestres da caatinga. Nas restingas propágulos e, por tanto, não foi modificada a fluminenses ocorre em seis localidades de restinga classificação do passo dois. Espécie considerada (Macaé, Barra de São João, Cabo Frio, Baía de vulnerável, VU BI. Guanabara, Rio de Janeiro e Praia do Sul), com extensão de ocorrência ca. 4700 km:, na Formação 11. Ficus luschnathiana (Miq.) Miq., Ann. Mus. de Mata Inundável e Mata Seca. A proporção da Bot. Lugduno-Batavi 3:298.1867. população global da espécie presente nas restingas Arvores 5-15 m, estranguladora. Estipulas não foi estimada porque não foram visitados todos terminais vináceas, 10-30 mm compr., glabras, os herbários das regiões de sua distribuição caducas. Folhas com pecíolos 1,4-8 cm compr., geográfica. A espécie ocorre nas vizinhanças das glabros; lâminas obovadas a elípticas, 5,8-17 x 3,5- restingas, sendo uma fonte de imigração de 8,5 cm, subcoriáceas a coriáceas, base obtusa, ápice propágulos e, por isso, diminui-se uma categoria do agudo, ambas as faces glabras; 8-12 pares de passo dois. Espécie considerada vulnerável, VU B1. nervuras secundárias. Sicônios verdes com máculas verde-claras, freqüentemente congestas no ápice do 10. Ficus hirsuta Schott in Spreng., Syst. Veg., ed. ramo, 9—12 mm diâm., glabros, pareados; pedúnculos 16,4(2):410 1^ mm compr.; epibrácteas 2-4, freqüentemente Árvores 4-7 m alt., geralmente bem ramificada bipartidas, deltóide, 1,5-7 mm compr.; ostíolos verdes desde a base, látex branco. Caules esbranquiçados, ou vináceos, planos a levemente elevados. cascas lisas. Ramos terminais hirsutos a Infrutescências verde-amareladas. Materiais selecionados: pubescentes. Estipulas terminais 5-9 mm compr., Arraial do Cabo, 18.VI. 1987, M. tomentosas, brúneas, caducas. Folhas com Gomes 196 et al. (RB). Búzios, 17.X.2004, H.G. Dantas 424 et al. (RB). Cabo Frio, 3.XI.2008, LC. Pederneiras pecíolos 5-16 mm compr., hirsutos alvos; lâminas 553, 554 et R.W. Lacerda Maricá, elípticas, 3,6-7 x 2-3,7 cm, subcoriáceas, base (R). 17.VII.1989, J.G. Silva s/n (R 180701). Rio das Ostras, 28.VIII. 1999, H.N. cuneada, ápice agudo, face adaxial glabrescente, Braga 475 (RB). Rio de Janeiro: Restinga da Tijuca, face abaxial tomentosa; 4-7 de nervuras pares 22.XII.1940, O.X.B. Macliado s/n (RB 76254); Grumaii 2-11 mm secundárias. Sicônios verdes a castanhos, UJV.\952,LB.Smith6540etal. (R). Saquarema 17.1.2008. 1-4 mm diâm., hirsuto-alvos, pareados: pedúnculos LC. Pederneiras 348etA.F.P. Machado (R). compr.; epibrácteas 2, arredondadas, 1 mm compr.; Ficus luschnathiana ocorre no Uruguai, ostíolos levemente elevados. Flores cor paleácea. Paraguai e norte da Argentina (Berg & Villavicencio Infrutescências vermelhas a arroxeadas. 2004). No Brasil, na floresta ombrófila densa e mista Cabo, 4.III.2O08, Materiais selecionados: Arraial do atlântica, estacionai semidecidual e decidual e no LC. Pederneiras 379 et al. (R). Búzios, 12.XI.1998, D. cerrado, da Bahia ao Rio Grande do Sul. Nas restingas Fernandes 168 et al. (RB). Macaé, 16.VIII.2004, L.C. fluminenses ocorre em cinco localidades de Pederneiras 108. 109, 110 et al. (R). Mangaratiba, restinga (Barra de São João, 23.1.2005, H.M. Dias 26 et al. (RB.GUA). Maricá, Cabo Frio, Maricá, Rio de Janeiro e Grumari), 16.IV. 1975. D. Araújo 682 et al. (RB). Rio de Janeiro: numa extensão de ocorrência ca. 3700 km2, na formação restinga perto da Gávea, X. 1894, E. Ule s/n (R 39308); de Mata Seca. A proporção da Grumari, 17.VIII.1981, V.F. Ferreira 1885 et al. população global presente nas restingas é de 6%. (RB.GUA). Saquarema. 17.1.2008, LC. Pederneiras355 A espécie ocorre nas vizinhanças das restingas, etA.F.P.Machado(R). sendo uma fonte de imigração de propágulos e, por é endêmica do Brasil, ocorre na Ficus hirsuta isso, diminui-se uma categoria do passo dois. floresta ombrófila densa atlântica, estacionai Espécie considerada vulnerável, VU BI. semidecidual e nas matas de galeria do cerrado, da Bahia a São Paulo e também no Mato Grosso. Nas 12. Ficus maximiliana (Miq.) Mart., Ann. Mus. restingas fluminenses ocorre em sete localidades Bot. Lugduno-Batavum 3:297.1867. (Macaé, Barra de São João, Cabo Frio, Maricá, Rio Árvores 4-15 m alt., tronco ocasionalmente de Janeiro, Grumari e Marambaia), numa extensão retorcido, bem ramificado desde a base, látex branco. de ocorrência ca. 6600 knv, na formação Arbustiva Raízes tabulares. Estipulas terminais 5-9 mm compr., Fechada e Mata Seca. A da tomentosas, proporção população ferrugíneas, caducas. Folhas com pecíolos nas restingas é de 25%. A global presente quantidade 1,3-2,6 cm compr., glabros a levemente puberulentos; de registros de herbários existentes das vizinhanças lâminas obovadas, 9-26 x 4-12 cm, subcoriáceas.

Rodriguésia 62( 1): 077-092. 201 1 86 Pederneiras LC et ai. base cordada, ápice agudo, face adaxial glabra e Folhas com pecíolos 2-3,3 cm compr., glabros; abaxial tomentosa a pubescente; 10-11 pares de lâminas elípticas. 12.5-16 x 5-7,7 cm, subcoriáceas, nervuras secundárias. Sicônios verdes com máculas base cuneada, ápice agudo, ambas as faces glabras; claras, 1,5-1,7 cm diâm., glabros, raramente 12-14 pares de nervuras secundárias. Sicônios pubescentes, pareados; pedúnculos 1,4—1,7 cm verdes, 1,7-2,5 cm diâm., glabros. rugosos, solitários; compr.; epibráclcas 2—\, freqüentemente bipartidas, pedúnculos 1,1 -2,6 cm compr., glabros; epibrácteas deltóides a arredondadas, l^X mm compr.; ostíolos 2-3, arredondadas. 1-1,5 mm compr.; ostíolos levemente elevados a crateriformes. Flores cor crateriformes. Flores vermelhas a rosadas. paleácea. Inlrutescências verdes. Materiais selecionados: Angra dos Reis. Praia do Sul, Materials selecionados: Arraial do Cabo. 4.III.2008, LC. 16.11.1984, D. Araújo 6126 (RBR). Arraial do Cabo, Pederneiras 381, 382 ei ai. (R). Cabo Frio, Estação de 4.III.2008, LC. Pederneiras 383, 385 et ai. (R). Cabo Rádio da Marinha Campos Novos. 29.X.2008. L.C. Frio, Restinga da Praia do Peró, 14.IX.1968, D. Sucre Pederneiras 491, 500 et R.W. Lacerda (R); Restinga da 3632 (RB). Rio de Janeiro. Lcblon. 8.VIII. 1926, J.G. Praia do Peró, 14.IX.1968. D. Sucre 3634 (RB. GUA). Kuhlmann s/n (RB 19679); Restinga de ltapeba. Macaé, 31.X.2008, LC. Pederneiras 532. 534 et R.W. 22.V.1963. J.P.P. Carauta 179 (GUA). Saquarema. Lúcida (R). Maricá, 2.IX.2008, LC. Pederneiras 473 8.IV. 1992, D. Araújo 9610 (GUA). (R).Quissumã. 17.IV. 1979.D. Araújo2298etN.C. Maciel Ficus nevesiae é endêmica do Brasil, ocorre (GUA). Rio de Janeiro: Restinga de Jacarepaguá, na floresta ombrófila densa e estacionai semidecidual. I I.VII.196I.A.P. Duí/rte56/mB);Grumari.23.111.21 KU. nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Nas M. Botelho s/n (GUA 4871X1). São João da Barra 22.I.2(X)8, restingas fluminenses ocorre em quatro localidades LC. Pederneiras 362 et R.W. Lacerda (R). Saquarema. de restinga (Cabo Frio. Baia de Guanabara. Rio de 17.I.2008.LC. Pederneiras356etA.F.P. Machado(R). Janeiro e Praia do Sul), numa extensão Ficus maximiliana é endêmica do Brasil, de ocorrência ca. 17(X) knr. na formação de Mata Inundável. ocorre somente no Espírito Santo e Rio de Janeiro, A da na floresta ombrófila densa e na estacionai proporção população global presente nas restingas é de 607r. A semidecidual do nordeste fluminense. Ampla quantidade de registros de herbários existentes das vizinhanças ocorrência nas restingas fluminenses. Nas das restingas 1250 SPF; Kuhlmann restingas fluminenses ocorre em sete localidades (R.Mello-Silva s/n. RB 19686) e a atual deterioração desses locais de restinga (São João da Barra, Macaé, Barra de (p. ex. Morro Rio de Janeiro) São João, Cabo Frio, Maricá, Rio de Janeiro e Dois Irmãos, indicam uma escassez imigração Grumari), numa extensão de ocorrência ca. 8800 de fontes de de propágulos e, por tanto, a classificação knv, na Formações de Mata Seca ou Inundável. A não foi modificada do passo dois. Espécie considerada em EN B1. proporção da população global presente nas perigo, restingas é de 55%. Cumpre com os critérios de VU B1, mas a espécie ocorre nas vizinhanças das 14, Ficus organensis (Miq.) Miq., Ann. Mus. Bot. restingas, sendo uma fonte de imigração de Lugduno-Batavi 3(7): 229.1867. Árvores 5-20 m alt., látex branco. propágulos e. por isso, diminui-se uma categoria. Raízes Estipulas terminais verdes Espécie considerada próxima a ameaçada, NT. tabularcs. a brúneas, Essa espécie era, até então, sinonimizada sob 5-7 mm compr., glabras, caducas. Folhas com Ficus tomcniclla. No entanto, é considerada correta pecíolos 0,7-1,3 cm compr., glabros; lâminas 2,9-5,5(6,5) x 2,3-3,5 cm, coriáceas, neste trabalho, uma vez. que só ocorre nos estados do elípticas, base Rio de Janeiro e Espírito Santo (Pará é a região típica de arredondada a cunheada, ápice arredondado, ambas /¦'. lamenlella). que F. tomentella carece de descrição raramente agudo, as faces glabras; 5-10 do sicônio e que existem diferenças morfológicas pares de nervuras secundárias. Sicônios verdes observadas na obra princeps (/-". tomentella possuo com máculas avermelhadas, 5-10 mm diâm., lâmina lanceolado-oblonga coriacea base obtusa e face glabros, pareados; pedúnculos 1-2(4) mm compr.; adaxial sub-escabrosa pubescente, caracteres não epibrácteas 2-3, arredondadas, 1-1,5 mm compr.: observados em F. maximiliana). ostíolos vináceos. planos a levemente elevados. Piora verde-claras a paleáceas. Infrutescências 13. Ficus nevesiae Carauta, Albertoa, série amarelo-claras a avermelhadas. Urticineae 10:65-67.2002.Fig. 2 Materiais selecionados: Angra dos Reis, 19.XII.1984. Árvores 7-15 m alt., ocasionalmente bem D. Araújo 6487 (GUA). Arraial do (abo. 4.(11.2008, LC. ramificadas desde a base, látex branco. Estipulas Pederneiras 384 et ai. (R). Cabo Frio, 30.X.2008, LC. Pederneiras 513 ei R. W. Lacerda (R). Macaé, 29.XI. 1994, terminais verdes, 30-50 mm compr., glabras, caducas.

Rodriguésia 62(1): 077-092. 201 1 Moraceae das restingas. RJ 87

W **%> r//\/ //y^a í-féi.4 t.<* ?\ / / / ri. / //'¦•'/ /S.^^ ^--A ÍV? tagyWf ¦•,;// / 7^ II /V^S-^A LiíW^^'2''^\ / '/ / ImA / f TSvV-A MW\ / / \?SkJ I I tÈC A

a LoJÁÍewrixt^Lja. zooi \A / / / \>C^~T ^^=-=^"^

Figura 2 - Ficus neveriae Carauta - a ramo foliar com figos; b. sicônio em seção longitudinal (L. C. Pederneiras 383 et ai.). Figure 2 - Ficus nevesiae Carauta - a. leafy branch with figs; b. fig in longitudinal section (L.C. Pederneiras 383 et al.).

Rodriguésia 62( 1): 077-092. 2011 88 Pederneiras LC et al.

D. Araújo 10163 (GUA). Mangaratiba. 5.V.2008. LC. 16. Ficus trigona L.fi, Suppl. PI.: 441. 1782. Pederneiras419etal. (Ri. Quissamã, 16.VII.2005, LC. Árvores 15-20 m alt.. Estipulas terminais 6-7 Pederneiras 184(K). Rio de Janeiro. I .X. 1950, F. Segadas- mm compr., ferrugíneas, caducas. Vianna 3731 (R). São João da Barra, 22.1.2008, LC. pubescentes, Folhas com 3,5-5,6 Pederneiras 366, 367 et R.W. Lacerda (R). Saquarema, pecíolos cm compr., glabros a 29.X. 1991, D. Araújo 9473 et C. Farney (GUA). puberulentos; lâminas elípticas a obovadas, 13,5-21 Ficus organensis é endêmica do Brasil, ocorre x 7-11,4 cm, subcoriáceas, base cordada a truncada. na floresta ombrófila densa atlântica, estacionai ápice agudo, face adaxial glabra, face abaxial glabra semidecidual e em brejo de altitude do cerrado, do a puberulenta; 7-11 pares de nervuras secundárias, estado de Pernambuco ao Rio Grande do Sul. Nas nitidamente proeminentes até a margem. Sicônios restingas fluminenses ocorre em seis localidades verdes, esparsas máculas claras, 8-10 mm diâm.. de restinga (São João da Barra, Macaé, Barra de glabros, parcados; pedúnculos 2-2,5 mm compr.. São João, Cabo Frio, Rio de Janeiro e Praia do Sul), glabros a pubescentes. ferrugíneos; epibrácteas 2- numa extensão de ocorrência ca. 10900 knr, nas 3. arredondadas, pubescentes, 2-2,5 mm compr.; formações de Mata Seca e Mata Inundável. A ostíolos triangulares, levemente acuminado em seus proporção da população global presente nas ângulos. Flores de cor paleacea. restingas é de 15%. Cumpre com os critérios de VU Material examinado: Cabo Frio, Condomínio BI, mas a espécie ocorre nas vizinhanças das Florestinha, 9.VI.2008, LC. Pederneiras 466 et al. (R). restingas, sendo uma fonte de imigração de Ficus trigona ocorre na América do Sul No propágulos e, por isso, diminui-se uma categoria. tropical. Brasil, ocorre na floresta ombrófila Espécie considerada próxima a ameaçada, NT. densa atlântica e amazônica, ombrófila aberta, estacionai semidecidual c nas matas de galeria do 15. Ficus pulchella Schott in Spreng., Syst. Veg., cerrado. Nas restingas fluminenses ocorre em ed. 16,4(2):410.1827. apenas uma localidade de restinga (Barra de São Árvores 4-7 m alt., látex branco. Estipulas João), numa área de ocupação ca. 1 km2, em terminais 15-32 mm compr.. glabras, caducas. formação de Mata Seca, sob continuo decréscimo Folhas com pecíolos 0,6-0,9 cm compr., glabros; por causa de construções de residências, lâminas elípticas, 6,7-13 x 3-7 cm, subcoriáceas, empreendimentos e estradas. A proporção da base cuneada, ápice agudo a cuspidado, ambas as população global da espécie presente nas faces glabras; 21-37 pares de nervuras secundárias restingas não foi estimada porque não foram quase perpendiculares a nervura principal. Sicônios visitados todos os herbários das regiões de sua verdes, 1,4-2,1 cm diâm., glabros, solitários: distribuição geográfica. A espécie ocorre nas pedúnculos 5-7 mm compr., glabros; epibrácteas vizinhanças das restingas, sendo uma fonte de 2, deltóides; ostíolos planos. Flores avermelhadas. imigração de propágulos e, por isso, diminui-se Materiais selecionados: Arraial do Cabo, 28.VIII. 1996. uma categoria do passo dois. Espécie considerada LE. Mello-Fillw6I02 et al. (R). Carapebus, 17.X.2007. cm perigo, EN B2a,b(ii,iii). LC. Pederneiras318etal. (R). Ficus é endêmica do Brasil, ocorre pulchella Madura Nutt., Gen. N. Amer. PI. 2:233.1818. da Paraíba a Santa Catarina, na floresta ombrófila Arbustos ou árvores, dióicos, freqüentemente densa atlântica e estacionai semidecidual. Nas Folhas alternas, dísticas. restingas fluminenses ocorre em duas localidades armados. Inflorescências ou Flores de restinga (Macaé e Cabo Frio), numa extensão em espigas glomérulos. com 4 tépalas. estaminadas de ocorrência ca. 45 knr, na formação de Mata livres ou conatas; com filetes curvos no botão. 4 estames, brácteas interflorais, Inundável. A proporção da população global pistilódio flores com estiletes presente nas restingas é de 9%. A quantidade de geralmente presente; pistiladas registros de herbários existentes das vizinhanças únicos, filiformes, laterais. das restingas (D. Araújo 4997 et Maciel, GUA; Compreende 11 espécies distribuídas na Ásia, E.A. Filho 108 et al, RB; Kuhlmann 694, RB) e a Australásia, leste da África (Berg 2001) e nas atual deterioração desses locais (p. ex. Magé e Américas, desde o sul dos Estados Unidos ao norte Rio de Janeiro) indicam uma escassez de fontes da Argentina (Cardona-Pciia etal. 2005). No estado de imigração de propágulos e. por tanto, não foi do Rio de Janeiro, ao se tratar de restinga, os modificada a classificação do passo dois. Espécie municípios de Cabo Frio e Búzios são os únicos considerada criticamente em perigo, CE B1. locais de ocorrência, totalizando duas espécies.

Rodriguésia 62( 1): 077-092. 201 1 Moraceae das restingas. RJ 89

17.Madura brasiliensis (Mart.) Endl., Gen. Pl. Materiais selecionados: Búzios, 12.11.1999, D. 274 et Caruzo Frio, Suppl.4(2):34.1847. Fernandes (R). Cabo Estação de Rádio da Marinha Campos Novos, 2.IV.2008, L.C. Arbustos até 3 m alt.. látex transparente a Pederneiras 393, 394 et M.S. Faria (R). São João da axilares solitários, 1,8- amarelo-leitoso; espinhos Barra, 17.V.1989, D. Araújo 8874 (GUA). 2 cm compr., levemente curvados. Estipulas 1- Madura tinctoria ocorre na América tropical. 1.5 mm compr.. coriáceas, ápice tomentoso No Brasil, nas matas secundárias da floresta ferrugíneo. Folhas com pecíolos 1,6-2,2 cm compr.. ombrófila densa atlântica e amazônica, ombrófila glabros; lâminas elípticas, 7-8,5 x 3-4 cm, aberta, estacionai semidecidual e decidual, cerrado coriáceas, base cuneada, ápice agudo, glabra em e caatinga. Nas restingas fluminenses ocorre em ambas as faces, margem lisa; 7-10 pares de nervuras três localidades (São João da Barra, Barra de São secundárias. Inflorescências estaminadas e João e Cabo Frio), numa extensão de ocorrência pistiladas capitadas, globosas, 2-2,4 cm diâm., 670 km2, na formação Arbustiva Fechada. A glabras; pedúnculos 2,2-3 cm compr.. Flores proporção da população global da espécie presente pistiladas 1,5-2,5 cm compr., 3-4 tépalas; estiletes nas restingas não foi estimada porque não foram extrorsos. Frutos até 3,6 cm diâm., verdes. visitados todos os herbários das regiões de sua Materiais selecionados: Búzios, Praia da Gorda, distribuição geográfica. A espécie ocorre nas 17.XII. 1998, A.Q. Lobão 395 et al. (RB): Praia da vizinhanças das restingas, sendo uma fonte de etal. (RB). Tartaruga, 12.XI.1998,A.Q. Lobão381 imigração de propágulos e, por isso, diminui-se uma Honduras a Madura brasiliensis ocorre de categoria do passo dois. Espécie considerada Bolívia e disjunta com o sudeste brasileiro, em vulnerável, VU BI. florestas marginais, freqüentemente ao longo de rios, ou regiões secas (Berg 2001). No Brasil Sorocea A.St.-Hil., Mém. Mus. Hist. Nat. 7:473.1821. somente ocorre nas restingas fluminenses (Cabo Arvores a arbustos, dióicos. Inflorescências Frio), numa área de ocupação ca. 2 km2, em formação em cachos, pareadas ou solitárias, brácteas desconhecida. Em excursões feitas durante a semipeltadas ao longo da raque. Flores estaminadas execução deste trabalho a espécie não foi reencontrada 4 tépalas, isostêmones; flores pistiladas com na localidade. A proporção da população global da perigônio tubuloso, inteiro ou 4-lobada, filetes retos estimada no botão; estiletes espécie presente nas restingas não foi bífidos, terminais, óvulos das Frutos drupáceos, unidos porque não foram visitados todos os herbários pêndulos. ao perigônio. regiões de sua distribuição geográfica. A espécie Gênero exclusivamente neotropical com 28 não ocorre nas vizinhanças das restingas e, por espécies (Romaniuc-Neto 1999). No Brasil são isso, não se diminui uma categoria do passo dois. conhecidas 17 espécies (Carauta et al. 1996), no estado Espécie considerda criticamente em perigo, CE do Rio de Janeiro cinco (Carauta 1996, Vianna-Filho etal. 2009) B2ab(ii,iii). e nas restingas fluminenses duas espécies. 18.Madura tinctoria (L.) D. Don ex Steud., 19. Sorocea Gaudich., Voy. Bonite, Nomencl.Bot.(ed.2)2:87.1841. guilleminiana Bot. t. 74.1844. Árvores a arbustos, 1,5-5 m alt., látex branco. Árvores 7-9 m alt., látex branco. Estipulas Estipulas terminais 6-7 mm compr., glabras. Folhas terminais 7-8 mm compr., glabras, brúneas. Folhas com 0,5-1,5 cm compr., glabros; lâminas pecíolos com pecíolos 0,9-1,2 cm compr., glabros; lâminas x 2,5-6,2 cm, membranáceas elíptico-ovadas, 5-13 elíptico-obovadas a lanceoladas, 13-22 x 4,5-6 cm, oblíqua ou truncada, ápice a subcoriáceas, base subcoriáceas, base obtusa a cuneada, ápice adaxial face abaxial cuspidado, face glabra, cuspidado, glabro em ambas as faces, margem margem denteada; 7-11 pares pubescente a glabra, espinuloso-denteada; 14-19 pares de nervuras Inflorescências de nervuras secundárias. secundárias. Inflorescências estaminadas 0,4-8 cm a amareladas, 3- estaminadas espiciformes, verdes compr., pistiladas 2,2-6,5 cm compr. Flores verde-claro. 5,3 cm compr.; pistilada capitada, estaminadas com perigônio 1-2 mm compr., verdes; 4-12 mm globosa, 4-13 mm diâm., pedúnculo pedicelos 1-2 mm compr.. Flores pistiladas com compr.. Flores estaminadas sésseis, pistilódios perigônio 0,9-3 mm compr.; pedicelos 0,5-1 mm elípticos. Flores pistiladas 1-3 mm diâm.; estiletes compr.. Frutos drupas, globosas, 4-5 mm diâm., extrorsos. Frutos verde-claros. vermelhos, superfície rugosa.

Rodriguesia 62( 1): 077-092. 2011 90 Pederneiras LC et ai

Materiais selecionados: Cabo Frio, Condomínio de Itaúna. 16.11.1960, H.F. Martins 1081GVA). São Florestinha, 2.IV.2008, LC. Pederneiras 398 et M.S. João da Barra, 1 .XI.2008. LC. Pederneiras 544 et R. W. Faria(R). Mangaratiba, 6.V.2008, LC. Pederneiras433 Lacerda (R). Saquarema, 17.1.2008, LC. Pederneiras et ai. (R). Maricá, 26.V.1989, M. Botelho 338 et ai. 353, 354 etA.F.P. Machado (R). (GUA). Sorocea hilarii é endêmica do Brasil, ocorre Sorocea guilleminiana é endêmica do na floresta ombrófila densa atlântica e estacionai Brasil, ocorre na floresta ombrófila densa semidecidual, de Pernambuco a São Paulo. Nas atlântica, estacionai semidecidual e decidual. restingas fluminenses ocorre em nove localidades cerrado e caatinga, nos estados litorâneos da de restinga (São João da Barra, Macaé, Barra de Paraíba a São Paulo e no interior, nos estados de São João, Cabo Frio, Maricá, Baia de Guanabara. Minas Gerais e Goiás. Nas restingas fluminenses Rio de Janeiro, Grumari e Marambaia), com extensão ocorre em três localidades de restinga (Barra de de ocorrência ca. 11300 km2, na Formação de Mata São João, Maricá e Marambaia), com extensão de Inundável, Mata Seca e Arbustiva Fechada. A ocorrência de ca. 1150 km:, nas formações Arbustiva proporção da população global presente nas Fechada e Mata Seca. A proporção da população restingas é de 20%. Cumpre com os critérios de VU global presente nas restingas é ca. 5%. A espécie BI, mas a espécie ocorre nas vizinhanças das ocorre nas vizinhanças das restingas, sendo uma restingas, ou seja, uma fonte de imigração de fonte de imigração de propágulos e, por isso, propágulos que diminui uma categoria. Espécie diminui-se uma categoria do passo dois. Espécie próximo a ameaçada, NT. considerada vulnerável, VU B1. Agradecimentos 20. Sorocea hilarii Gaudich., Voy. Bonite, Bot. Ao CNPq a concessão de bolsa de mestrado Atlas: 71.1844. ao primeiro autor. A Marinha do Brasil e a empresa Arbustos 1-5 m alt., semi-escandentes, látex LLX a permissão de acesso e coleta de material branco. Estipulas terminais 2-4 mm compr., botânico em suas áreas. Aos curadores e vermelhas. Folhas com 0,4-1 cm glabras, pecíolos funcionários dos herbários visitados. Aos compr., lâminas obovado-elípticas, 3,5- glabros; motoristas do departamento de transporte da UFRJ. 17,5 x 2-6,6 cm, coriáceas, lustrosas, base obtusa, Aos Drs. Sérgio Romaniuc-Neto, Regina Helena ápice cuspidado, em ambas as faces, glabra Potsch Andreata, Genise Vieira Somner e Claudia margem lisa a denteada do meio ao ápice; 10-15 Petean Bove pelas sugestões prestadas. Aos de nervuras secundárias. Inflorescéncias pares colegas de excursão de campo e do Departamento verdes a branco-esverdeados, estaminadas 2,4- de Botânica do Museu Nacional. A Ilustradora 11 cm compr., pistiladas3,7-19cmcompr.;brácteas Botânica, Isabel Lima e Silva. peitadas 1 mm diâm. Flores estaminadas perigônio 1-2 mm compr., verde-claro; pedicelo 1—4 mm Referências compr.. Flores pistiladas perigônio 1-1,2 mm APG. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny compr.; pedicelos 0,7-1,2 mm compr. Frutos 4- for lhe orders 14 mm diâm., reflexos, rosas, vermelhos, roxos Group classification and families of flowering APG III. Botanical Joumal ofthe a negros; 10-11 mm compr. plants: pedúnculos Linnean Society 161: 105-121. Infrutescências rosadas a avermelhadas. Frutos Araújo, D.S.D. 2000. Análise florística e fítogeográfíca drupas, 6-8 mm diâm. globosas, das restingas do Estado do Rio de Janeiro. Tese Materiais selecionados: Araruama, 3.XII.2007, D. de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Araújo 11042 (GUA). Arraial do Cabo. 23.VI.1994, J. Janeiro. Rio de Janeiro. 176p. Fontella 3101 et ai. (RB). Búzios, 9.VI.2008, L.C. & Henriques, R.P.B. Pederneiras 460 et ai. (R). Cabo Frio, 2.IV.2008, LC. Araújo. D.S.D. 1984. Análise das restingas do Estado Pederneiras 396 et M.S. Faria (R). Carapebus. florística do Rio de In: Lacerda, L.D.; Araújo, 17.X.2007, LC. Pederneiras315. 316etal. (R). Macaé. Janeiro. D.S.D.; 11.V.1995, D. Araújo 10263 et ai. (GUA). Mangaratiba, Cerqueira, R. & Turcq, B. (orgs.). Restingas: 6.V.2008, LC. Pederneiras 440 et al.(R). Maricá, origem, estrutura e processos. CEUFF, Niterói. 2.IX.2008, LC. Pederneiras 480 (R). Quissamã. Pp. 159-194. 13.XI.2002. /. Fontella 3743 et al.(R). Rio das Ostras, Araújo, D.S.D. & Oliveira, R.R. 1988. Reserva Biológica 2.VII.2000, H.N. Braga 1187 (R). Rio de Janeiro: Estadual da Praia do Sul (Ilha Grande, estado do Grumari, I6.IX.1982.D. Araújo 5255 (GUA); Restinga Rio de Janeiro): lista preliminar da flora. Acta de Copacabana, 2.II.1896, E. Ule s.n. (R 39556); Pedra Botânica Brasilica 1: 83-94, suplemento.

Rodriguesia 62( 1): 077-092. 201 1 Moraceae das restingas. RJ 91

Araújo, D.S.D. & Maciel, N.C. 1998. Restingas IUCN. 2001. IUCN Red List categories and criteria: fluminenses: biodiversidade e preservação. Versión 3.1. IUCN Species Survival Commission. Boletim FBCN 25: 27-51. IUCN, Gland and Cambridge. 30p. Araújo, D.S.D.; Scarano, F.R.; Sá, C.F.C.; Kurtz, B.C.; IUCN. 2003. Guidelines for application of IUCN red list Zaluar, H.L.T.; Montezuma, R.C.M. & Oliveira, criteria at regional leveis: Versión 3.0, IUCN Species R.C. 1998. As comunidades vegetais do Parque Survival Comission. fUCN, Gland and Cambridge. 26p. Nacional da Restinga de Jurubatiba, Macaé, RJ. In: Judd, W.S.; Campbell, CS.; Kellogg, E.A.; Stevens, P.F. & Esteves, F.A. (ed.). Ecologia das lagoas costeiras do Donoghue, M.J. 2009. Sistemática vegetal, um enfoque Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e do ftlogenético. 3 ed. Artmed, Porto Alegre. 632p. Rio de município de Macaé (RJ). NUPEM-UFRJ, Lawrence, G.H.M. 1971. Taxonomy of vascular plants. Janeiro. Pp. 39-62. Macmillan. Nova York. 823p. Assumpção, J. & Nascimento, M.T. 2000. Estrutura e Menezes, L.F.T. & Araújo, D.S.D. 2005. Formações composição florística de quatro formações vegetais vegetais da Restinga de Marambaia. In: Menezes, de restinga no complexo lagunar Grussaí/Iquipari, L.F.T.; Peixoto, A.L. & Araújo, D.S.D. (eds.). São João d Barra. RJ, Brasil. Acta Botânica Brasilica História natural da Marambaia. EDUR, Rio de 14:301-315. Janeiro, Seropédica. Pp. 67-120 Berg. CC. 1972. Olmedieae, Brosimeae (Moraceae). Flora Miller, R.M.; Rodriguez, J.P.; Aniskowicz-Fowler, T.; Neotropica 7: 1-229. Bambaradeniya, C; Boles, R.; Eaton, M.A.; Berg. CC. 2001. Moreae, Artocarpeae and Dorstenia Gárdenfors, U.; Keller, V.; Molur, S.; Walker, S. & (Moraceae): with introductions to the family and Ficus Pollock, C 2007. National threatened species listing and with additions and corrections to Flora Neotropica based on IUCN criteria and regional guidelines: Monograph 7. Hora Neotropica 83: 1-220. current status and future perspectives. Conservation Biology 21: Berg, CC. 2005. Flora Malesiana precursor for the 684-696. treatment of Moraceae 8: other genera than Ficus. Miquel, F.A.G. 1853. Urticineae. In: Martius, CF.P. Blumea 50: 535-550. von; Eichler, A.W. & Urban, I. Flora brasiliensis. München, Wien, Berg, CC & Villavicencio, X. 2004. Taxonomic studies Leipzig 4: 77-218. Tab. 25-70. on Ficus (Moraceae) in west Indies, extra- Mori, S. A.; Silva, L.A.M.; Lisboa, G. & Coradin, L. Amazonian Brazil, and Bolívia. Ilicifolia 5: 1-173 1989. Manual de manejo do herbário fanerogâmico. Carauta, J.P.P. 1967. Naturalistas na Guanabara, quatro 2. ed. Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus. 104p. séculos de impressões. Boletim Geográfico, Rio de Pederneiras, L.C. 2009. Urticales das restingas do Estado Janeiro 26: 3-20. do Rio de Janeiro: flora e padrões de distribuição Carauta, J.P.P. 1978. Dorstenia L. (Moraceae) do geográfica. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Brasil e países limítrofes. Rodriguésia 29: 53-233. 166p. Radford, A.E.; Carauta. J.P.P. 1989. Ficus (Moraceae) no Brasil: Dickinson, W.C; Massey, J.R. & Bell CR. 1974. conservação e taxonomia. Albertoa 2: 1-365. Vascular plant systematies. Harper et Row, Nova York. 89lp. Carauta, J.P.P. 1996. Moraceae do estado do Rio de Reif, C.H.; Andreata, Janeiro. Albertoa 4: 145-194. R.H.P. & Andreata, J.V. 2006. Vegetação marginal das lagunas Carauta, J.P.P. & Emani-Diaz, B. 2002. Figueiras do da baixada de Jacarepagu. Rio de Janeiro. Brasil. Ed. UFRJ, Rio de Janeiro. 212p. Eugeniana 29: 27-42. Romaniuc-Neto, S. 1999. Taxonomie et Biogéographie Carauta, J.P.P.; Sastre, C. & Romaniuc-Neto, S. 1996. des Sorocea A. St. - índice de Moráceas do Brasil. Albertoa 4: 77-93. genres Hil., Clarisia Ruiz & Pavón et Trophis P. Browne (Moracées-Urticales): Cardona-Pena, V.; Fuentes, A. & Cayola, L. 2005. Las Mise en evidence de centres d endémisme et de zones moráceas de Ia region de Madidi. Bolívia. Ecologia proteger au Brésil. These de Docteur. Museum en Bolívia 40:212-264. National D Histoire Naturelle, Paris. 348p. Clement, W.L. & Weiblen, G.D. 2009. Morphological Sá, CF.C 2002. Regeneração de um trecho de floresta de evolution in the mulberry family (Moraceae). resünga na Reserva Ecológica Estadual de Jacarepi, Systematic Botany 34: 530-552. Saquarema, estado do Rio de Janeiro: II - estrato G.D. 2004. On the origin Datwyler, S.L. & Weiblen, arbustivo. Rodriguésia 53: 5-23. ofthe fig: relationships of Moraceae phylogenetic Segadas-Vianna, F.; Ormond, W.T. & Dau, L. 1965/ from ndhF sequences. American Journal of 78. Flora ecológica das restingas do Sudeste Botany 91: 767-777. brasileiro. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Araújo, D.S.D. & Hay, J.D. 1986. Henriques, R.P.B.; Museu Nacional, Rio de Janeiro. 22v. Descrição e classificação dos tipos de vegetação da Silva, J.G. & Somner, G.V. 1984. A vegetação de restinga de Carapebus, Rio de Janeiro. Revista restinga na Barra de Maric, RJ. In: Lacerda, L.D.; Brasileira de Botânica 9: 173-189. Araújo, D.S.D.; Cerqueira, R. & Turcq, B. (orgs.).'

Rodriguésia 62( 1): 077-092. 201 1 92 Pederneiras LC et al.

Restingas: origem, estrutura, processos. CEUFF, Ule, E. 1967. A vegetação de Cabo Brio. Boletim Niterói. Pp. 217-225. Geográfico, Rio de Janeiro 26: 21-32. Souza, V.C. & Lorenzi, H. 2005. Botânica sistemática: Vasconcellos, J.C. 1969 Noções sobre a Morfologia guia ilustrado para identificação das famílias de externa das Plantas Superiores. 3*ed. Série Estudos Angiospermas da flora brasileira, baseado em APGII. e Informação Técnica. Serviço Editorial da Instituto Plantarum, Nova Odessa. 640p. Repartição de Estudos, Informação e Propaganda. Sytsma, K.J.; Morawetz, J, Pires, J.C, Nepokroeff, Lisboa. 227p. M, Conti, E., Zjhra, M, Hall, J.C. & Chase, M.W. Vellozo, J.M.C. 1881. Flora Fluminensis. Vol. 5. 2002. Urticalean : circumscription, rosid Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro. ancestry, and phylogenetics based on rbcL, trnL-F, Veloso, H.P.; Rangel-Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. 1991. and ndhF sequences. American Journal of Botany Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um 89: 1531-1546. sistema universal. Instituto Brasileiro de Geografia Thiers, B. 2010. [continuously updated]. Index e Estatística. Rio de Janeiro. 123p. Herbariorum: A global directory of public herbaria Vianna-Filho, M.D.M, Carrijo. T.T. & Romaniuc- and associated staff. New York Botanical Garden's Neto, S. 2009. Sorocea carauiana (Moraceae): Virtual Herbarium. Disponível em . Acesso em junho 2010. 19:549-551.

Artigo recebido em 09/02/2010. Aceito para publicação em 27/09/2010.

Rodriguésia 62( 1): 077-092. 201 1 Rodriguésia 62( 1): 093-105. 2011 http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Convolvulaceae Flora ofthe Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Convolvulaceae w Maria Teresa Burií2 & Marccus Alves1

Resumo Convolvulaceae é uma família predominantemente tropical e compreende entre 1600 e 1700 espécies. O Brasil é um importante centro de endemismo do grupo, mas sua diversidade ainda é pouco conhecida e subestimada no país. A flora de Convolvulaceae da Usina São José, aqui apresentada, portanto, incrementa o conhecimento sobre a diversidade da família no Nordeste. Foram registradas doze espécies e cinco gêneros de Convolvulaceae na região: Bonamia maripoides, Evolvulus nummularius, Ipomoea bahiensis, I. hederifolia, I. nil, 1. philomega, I. quamoclit, I. tiliacea, Jacquemontia glaucescens, J. sphaerostigma, Merremia macrocalyx e M. umbellata. O tratamento conta com chave de identificação, descrições, ilustrações e comentários para os táxons. Palavras-chave: florística, liana. Mata Atlântica, taxonomia, trepadeira. Abstract Convolvulaceae is a predominantly tropical family and comprises between 1600 and 1700 species. Brazil is an important center of endemism ofthe group, but its diversity is still poorly understood and underestimated in the country. Therefore, the flora of Convolvulaceae from the Usina São José, presented here, increases the knowledge about the diversity of the family in the Northeast Brazil. Twelve species and five genera of Convolvulaceae is reported in the region: Bonamia maripoides, Evolvulus nummularius, Ipomoea bahiensis, I. hederifolia, I. nil, I. philomega, I. quamoclit, I. tiliacea, Jacquemontia glaucescens, J. sphaerostigma, Merremia macrocalyx, and M. umbellata. The treatment includes identification key, descriptions, illustrations, and comments for the taxa. Key words: Atlantic rainforest, floristics, liana, taxonomy, vine.

Introdução simples, por vezes lobadas a compostas, sem Convolvulaceae compreende entre 1600 e estípulas. As flores são dialissépalas, gamopétalas, 1700 espécies agrupadas em 55 a 60 gêneros, e campanuladas, infundibiliformes ou hipocrateriformes, com áreas mesopétalas possui distribuição cosmopolita, com centro de proeminentes, estames diversidade na região tropical (Mabberley 1987; epipétalos, ovário supero e fruto do tipo cápsula Austin 1998a). No Brasil, são reconhecidos 18 valvar ou indeiscente (Simão-Bianchini & Pirani 1997; Smith et al. 2004). gêneros, sendo os mais representativos Ipomoea L., Evolvulus L. e Jacquemontia Choisy, aos quais Grande parte das pesquisas aplicadas conduzidas com a família é focada na pertence a maioria das cerca de 300 espécies utilização e nas e da Ipomoea registradas para o país. Ocorrem em formações propriedades químicas genéticas vegetacionais variadas, desde a Caatinga até a batatas (L.) Lam., popularmente conhecida como Amazônia, sendo mais freqüentes em ambiente de batata-doce (Padda & Picha 2008). No entanto, campos abertos e em bordas de mata (Simão- estudos recentes vêm demonstrando o potencial Bianchini & Pirani 1997; Souza & Lorenzi 2005). de outras espécies, principalmente para a indústria farmacêutica etal. 2008; Yen São geralmente trepadeiras sem gavinhas. (Cervenka etal. 2008). ervas ou subarbustos, raramente arbustos ou Segundo Gentry (1991), 26 famílias de angiospermas holoparasitas áfilas (Cuscuta L.), quase sempre incluem 85% de todas as trepadeiras latescentes. As folhas são alternas, na maioria do Novo Mundo e Convolvulaceae agrega o

1 Universidade Federal de Pernambuco. Dcpto. Botânica. Av. Prof. Moraes Rego 1235,50670-901, Recife, PE. 'Autora para correspondência: lerrsa vitais gmail.com 94 Buril. M.T. & Alves M. segundo maior número de espécies. No Brasil, as 2009). As amostras botânicas foram processadas discussões sobre a importância ambiental e de acordo com as técnicas usuais em taxonomia "vouchers" ecológica da família ainda são pouco enfatizadas, vegetal (Mori et ai. 1985) e os apesar dela ser bem representada em nossa flora depositados no Herbário UFP, com duplicatas (Simão-Bianchini & Pirani 2005; Simão-Bianchini distribuídas para o IPA e RB. 2009). Em vários inventários fiorísticos (e.g., As identificações foram realizadas com auxílio Uduiutsch et ai. 2004; Tibiriçá et ai. 2006; Alves- de bibliografia específica (0'Donell 1941; Araújo et ai. 2008; Durigon et ai. 2009), a família Robertson 1971; Austin 1975; Austin & Cavalcante aparece entre aquelas com o maior número de 1982; Gentry 1996; Austin 1998b; Simão-Bianchini espécies, sendo destacada principalmente na 1998; Buril 2009) e comparação com amostras diversidade de trepadeiras. Na Região Nordeste, o previamente identificadas por especialistas, conhecimento sobre a diversidade de incluindo os tipos. A caracterização morfológica Convolvulaceae é ainda mais restrito, seguiu principalmente Harris & Harris (2000) e Steam principalmente devido à incipiência de especialistas (2004), além de Gonçalves & Lorenzi (2007) para a na Região. A Flora de Convolvulaceae da Usina venação e forma da corola. O presente trabalho São José, em Igarassu, Pernambuco, apresentada a adota a organização apresentada para as demais seguir, vem, portanto, contribuir para o famílias monografadas para a Usina São José (e.g., conhecimento da diversidade da família na Mata Alves-Araújo & Alves 2010). Atlântica ao Norte do rio São Francisco. Resultados e Discussão Material e Métodos Doze espécies e cinco gêneros de A Usina São José localiza-se na Zona da Mata Convolvulaceae foram registrados na Usina São Norte, a 28 km de Recife, no município de Igarassu, José, sendo Ipomoea (6 espécies) o mais Pernambuco (7°40,21,25,,-7°55,50,92"S e representativo em número de espécies, adicionando 34°54' 14,25''-35^5'21,08"W)(Trindadee7tf/. 2008). quatro à lista florística da área (Alves-Araújo etal. Compreende uma área total de 280 km2 e possui 2008). As espécies são, de modo geral, amplamente aproximadamente 100 fragmentos florestais; seis distribuídas na Mata Atlântica do Nordeste, e em deles foram selecionados para este estudo. alguns casos, a exemplo de /. bahiensis Willd. ex As coletas foram realizadas entre 2007 e 2010, Roem. & Schult., são comumente encontradas em borda, em fragmentos que variam de 30 a 400 ha. Foram capoeiras, áreas de e com influência ainda agregadas informações obtidas a partir das antrópica, desde a Caatinga (Buril 2009) até a Mata coleções depositadas nos herbários ASE, HST, Atlântica. Em contraposição, Bonamia maripoides HUEFS, HURCA, HVASF, IPA, JPB, K, M, MAC, Hallier f. ocorre apenas no interior da mata, sendo P, PEUFR, UFRN, UFP (siglas de acordo com Thiers incomum em áreas perturbadas.

Tratamento Taxonômico Chave de Identificação para as Convolvulaceae da Usina São José 1. Lianas, látex abundante, ramos rugosos, às vezes com lenticelas verrucosas. 2 Folhas elipticas. largamente elipticas a ovadas, base cuneada ou arredondada, face abaxial densamente serícea, venação camptódroma ' • Bonamia maripoides T. Folhas ovadas, base cordada, puberulentas em ambas as faces, venação actinódroma 6. Ipomoea philomega Y. Ervas trepadeiras, eretas ou prostradas, subarbustos eretos ou escandentes, látex geralmente escasso, ramos lisos, sem lenticelas verrucosas. 3. Ervas prostradas, folhas inteiras, orbiculares, inflorescências unifloras axilares, gineceu com 2 estiletes2. Evolvulus nummularius 3'. Trepadeiras herbáceas ou subarbustos eretos a escandentes, folhas compostas ou simples, inteiras ou lobadas, ovadas quando inteiras, inflorescências multifloras, raramente unifloras, gineceu com 1 estilete.

Rodriguésia 62(11:093-105.201 1 Convolvulaceae da Usina São José. PE 95

4. Folhas simples inteiras. 5. Plantas pilosas, tricomas estrelados, frutos 8-valvares, sementes com anel de tricomas rijos na margemJacquemontia 6.Tricomas glandulares principalmente nos ramos jovens, sépalas lanceoladas, flores com estilete inserto 10.7. sphaerostigma 6'. Tricomas glandulares ausentes, sépalas orbiculares a obcordadas, flores com estilete exserto 9. J. glaucescens 5'. Plantas glabras a glabrescêntes, tricomas simples, frutos 4-valvares, sementes glabras ou pilosas. 7.Tricomas na face abaxial da lâmina foliar restritos às nervuras secundárias, inflorescência em umbela, corola amarela, anteras retorcidas após a antese12. Merremia umbellata T. Tricomas na face abaxial da lâmina foliar ausentes ou quando presentes nunca restritos às nervuras secundárias, inflorescência em dicásio, corola rósea ou roxa, anteras retas após a anteseIpomoea 8. Folhas com 7 pares de nervuras secundárias, 1 sépala externa menor (ca. 6x4 mm) que as demais (8x5 mm), nunca rostradas8. /. tiliacea 8'. Folhas com 6 pares de nervuras secundárias, sépalas externas e internas do mesmo tamanho (ca. 7x4 mm), as externas rostradas3. /. bahiensis 4'. Folhas lobadas, pinatipartidas a palmadas. 9. Corola vermelha, hipocrateriforme, estames e estilete exsertosIpomoea 10.Folhas pinatipartidas, sépalas lisas7. / quamoclit 10'. Folhas 3-5-lobadas, nunca aparentando uma folha pinada, sépalas com um rostro subapical 4. /. hederifolia 9'. Corola branca, azul ou rósea, infundibuliforme, estames e estilete insertos. 11.Folhas palmadas, inflorescência dicasial, anteras retorcidas após a antese 11 ¦ Merremia macrocalyx 11'. Folhas 3-lobadas, inflorescência uniflora axilar, anteras eretas após a antese 5. Ipomoea nil

Bonamia Thouars, Hist. vég. isles France: 33.1804. arredondada, ápice agudo a acuminado, face abaxial Lianas, raramente trepadeiras ou subarbustos. densamente serícea, dourada, tricomas simples, oblongas ou raramente Folhas ovadas, elípticas, lanceoladas, bífidos e assimétricos, face adaxial glabra, vilosas na face abaxial. acinzentada; lineares, glabras ou seríceas a venação camptódroma, 7 pares de Inflorescências axilares, cimeiras, compostas ou simples, nervuras secundárias. Pecíolo 0,5-1,3 cm compr., Flores raramente flores isoladas, axilares. pediceladas seríceo. Dicásios 3-7-floros; pedúnculos ca. 1 cm ou rósea, raramente ou sésseis, corola azul, purpurea compr., seríceos. Cápsula ca. 1,2 cm compr., globosa, na vermelha ou amarela, geralmente pubescentes 4-valvar, sépalas persistentes. Sementes trigonais tricomas nervura mesopétala. Estames com glandulares ou largamente elípticas, lisas, glabras. na base dos filetes, anteras eretas. Ovário piloso a Material examinado: Mata da Cruzinha, 26.XI.2009, fr., glabro, 2-carpelar, 2-locular, 2 estiletes, livres a J.D. Garcia 1339 (UFP); Mata de Piedade, I8.IX.2009, J.D. Garcia parcialmente livres, estigmas globosos a capitados, 1216 (UFP); Mata de Vespas, 12.111.2009, J.D. Garcia 976 reniforme ou raramente peitado. Fruto cápsula, 4-8- (UFP). Material adicional: BRASIL. PERNAMBUCO: valvar. Sementes largamente elípticas a trigonais, Paulista, estrada de Aldeia-Caetés, 14.V.1985, ou ciliadas. A. lisas ou punctadas, glabras Chisppeta 556 (IPA). BAHIA: Uruçuca, 11.IX.1991, fr.,AM. Car\

Rodriguésia 62( 1): 093-105. 2011 96 Buril. M.T. & Alies M.

(Gentry 19%), dos quais difere pelos frutos, que nesta IpomoeaL.Sp.pl: 159.1753. última são drupas. Devido à forma e coloração dos Trepadeiras ou subarbustos, raramente tricomas das folhas, pode ser confundida com espécies arbustos ou árvores. Folhas inteiras a compostas, de Maripa, gênero freqüente na Amazônia (Ribeiro et glabras ou pubescentes. Inflorescência axilar na al. 1999), mas que apresenta tricomas glandulares na maioria, 1-muitas flores em dicásios. Flores em face abaxial das folhas e frutos indeiscentes. As pedicelos longos ou curtos, sépalas geralmente sementes são trigonais quando formadas quatro por não acrescentes, corola infundibuliforme. fruto e largamente elípticas em frutos com menos de campanulada ou hipocrateriforme. freqüentemente quatro sementes. rósea ou lilás, raramente amarela ou branca, nervura mesopetalina bem definida por duas veias Evolvulus L., Sp. pi. (ed. 2): 391. 1762. distintas. Estames insertos ou raramente exsertos, Ervas ou pequenos arbustos, eretos ou triangulares na base, comumente de tamanhos prostrados. Folhas inteiras, lineares a orbiculares. diferentes, anteras eretas. Ovário às vezes Inflorescências axilares, pedunculadas ou sésseis, pubescente, 2(3)-locular, 4(-6)-ovulado, estilete 1. dicusiais, às vezes reduzidas a uma flor. Flores com estigmas 2(3)-globosos. Fruto cápsula. 4-valvar. tão longos o cálice, ou pedicelos quanto pedicelo Sementes geralmente 4. glabras ou pubescentes. aparentemente ausente, sépalas geralmente iguais entre si, corola infundibuliforme, hipocrateriforme ou 3. Ipomoea bahiensis Willd. ex Roem. <& Schult.. rotácea, geralmente azul ou branca. Estames Syst. veg. 4:789.1819.Fig. 1 f-h exsertos, anteras eretas. Ovário geralmente glabro, Trepadeira herbácea, látex branco, escasso. 2-carpelar, 2-locular, 2 óvulos lóculo, 2 estiletes. por Ramos glabrescentes. Folhas 6,8-12,3 x 3,2-6,4 cm, livres ou unidos, cada estigma parcialmente membranáceas, inteiras, ovadas, base profundamente profundamente bífido, lobos estigmáticos filiformes. cordada a sagitada, ápice acuminado, Fruto cápsula, 4-valvar. Sementes lisas ou glabrescentes; venação actinódroma, 6 de nervuras discretamente verrucosas. pares secundárias. Pecíolo 2-4,2 cm compr., às vezes com concentração de tricomas na axila. Dicásios 6-7- 2. Evolvulus nummularius (L.) L.. Sp. (ed. 2): pi. floros, às vezes com a flor truncada; 391.1762.Fig. le principal pedúnculo 4,2-6 cm compr., geralmente não Erva prostrada, sem látex. Ramos ultrapassando a folha subtendente. 1 par de puberulentos, tricomas simples e longos, raízes nos bractéolas 2-4 mm compr., lineares. nós. Folhas 4—8 x 3-7 mm. membranáceas, inteiras, persistentes, Sépalas 2 externas ca. 7 x 4 mm, largamente orbiculares, base arredondada ou discretamente elípticas. base truncada. ciliàdas, 3 internas ca. 7 x 4 mm, cordada, ápice arredondado, glabras; venação largamente elípticas, com rastro subapical. Corola camptódroma, 3 pares de nervuras secundárias. 2,5-5 cm compr., infundibuliforme, roxa. Pecíolo ca. 1,5 mm compr., puberulento. glabra, Estames heterogêneos, 2 maiores, 3 menores, com Inflorescências unifloras, axilares, pedicelo ca. 2 mm tricomas na base; estilete inserto, maior os compr., puberulento, 1 par de bractéolas ca. 1.2 mm que compr., lineares. Sépalas iguais, ca. 3 x 1 mm, estames; disco nectarífero ausente; ovário globoso. oblanceoladas, ciliàdas. Corola ca. 5 mm compr., Cápsulas ca. 1 cm compr., largamente elípticas, 4- valvares. Sementes densamente rotácea, distintamente lobada, glabra, branca. pilosas. Estames de mesma altura. Disco nectarífero ausente. Material examinado: Mata de Macacos, 10.XII.2007, Ojima 110 UFP); Mata Ovário 2-locular, 2 óvulos lóculo. Cápsula ca. 3 fl. e fr., P.Y. (IPA, de Pezinho, por 25.11.2008. fr., P.Y. Ojima 115 (IPA, UFP); mm compr., ovoide, reflexo. Mata de pedicelo Piedade, 20.IX.2009. fl., J.D. Garcia 1159 Material examinado: Mata de Piedade, I6.XII.2009, (UFP); I4.IX.2009, fl. e fr., J.D. Garcia 1088 (UFP). 11.. D. Cavalcanti 25 (UFP). do Brasil, bastante Material adicional: BRASIL. PERNAMBUCO: São Endêmica freqüente, Lourenço da Mata, Tapacurá, 11.V.2004, 0. e fr., M.S. principalmente em áreas de capoeira, campos Sobrinho 576 (UFP). abertos e bordas de mata (Austin & Huáman 1996), Amplamente distribuída no Novo e no Velho incluindo áreas de Caatinga (Buril 2009) a matas Mundo, ocorrendo em áreas de clareiras e ambientes úmidas (Simão-Bianchini 2009). Na Usina São José, antropizados (Austin & Cavalcante 1982; Austin apresenta grande variabilidade na forma, de 1998b). Na Usina São José, ocorre ocasionalmente cordadas a sagitadas, e no tamanho foliar. em áreas de borda com solo areno-argiloso. Facilmente reconhecida pelas sépalas rostradas.

Rodriguésia 62( 1): 093-105. 201 1 Convolvulaceae da Usina SSo José. PE 97

'>{*£• «!i^Bb ^^^^^-^

- Figura I - a-d. Bonamia maripoides (Garcia 1339) a. ramo florífero; b. detalhe da face abaxial da folha; c. detalhe - da face adaxial da folha; d. semente, vista frontal, e. Evolvulus nummularius (Cavalcanti 25) hábito, f-h. Ipomoea bahiensis (Garcia 1159) - f. sepala externa; g. sepala interna, vista dorsal; h. sepala interna, vista frontal, i-k. /. hederifolia (Melo et al. 141)- i. ramo florífero; j. flor, vista lateral; k. fruto com septos persistentes, vista lateral. - Figure 1 - a-d. Bonamia maripoides (Garcia 1339) a. fertile branch; b. detail of the lower surface of leaf; c. detail of the - upper surface leaf; d. seed, frontal view; e. Evolvulus nummularius (Cavalcanti 25) habit. f-h. Ipomoea bahiensis (Garcia 1159) - f- externai sepal; g. internai sepal, dorsal view; h. internai sepal, frontal view. i-k. /. hederifolia (Melo et al. 141) - i. fertile branch; j. flower, lateral view; k. fruit with persistent septs, lateral view.

Rodriguésia 62( 1): 093-105. 201 1 98 Buril. M.T. & Alves M. 4.Ipomoea hederifolia L., Syst. nat. (ed. 10): 925. tricomas na base, anteras eretas após a antese; 1759.Fig. I i-k estilete inserto, maior que os estames. lobos Trepadeira herbácea, látex branco. Ramos estigmáticos oblongos; disco nectarífero ausente; glabros a glabrescentes. Folhas 5,2-14,5 x 3,9- ovário globoso. Cápsula ca. 1 cm compr., globosa. 10,5 cm, membranáceas, 3-5-lobadas, base Material examinado: Mata de Piedade, 28.X.2009, fl. profundamente cordada, ápice agudo a e fr., J.D. Garcia 1251 (UFP). acuminado; venação actinódroma, 7 pares de Material adicional: BRASIL. PERNAMBUCO: nervuras secundárias. Peciolo até 7,5 cm compr., Mirandiba. Serra do Tigre, 30. V.2006, fl. e fr„ K. Pinheiro 114 (UFP). glabro, raramente com tricomas na região do nó. Amplamente distribuída nas Américas Cimeiras dicasiais, com paracládios laterais (Austin & Huáman 1996), ocorre monocasiais, escorpióides ou dicasiais; em capoeiras, campos abertos e bordas de mata 5,3-12,4 cm compr., glabro, (Simão- pedúnculo Bianchini 1998). De uma forma bracteolas lineares. Sépalas iguais, ca. 6 x 3 mm, geral, as flores desta espécie são oblongas, com um rostro subapical de ca. 3 mm bem marcantes pela coloração azul-celeste com a fauce compr. Corola 3,5-4 cm compr., hipocrateriforme. do tubo alva. Contudo, esse ser um caráter na espécie, vermelha, glabra. Estames exsertos, iguais; pode plástico variando do branco ao róseo. Também é estilete exserto, pouco maior que os estames; considerada uma espécie disco nectarífero ausente; ovário cônico. invasora e daninha (Simão-Bianchini 1998). Cápsula ca. 6 mm compr., globosa. Sementes densamente pubérulas. Material examinado: Mata de Piedade, 13.IX.2007, fl. 6. Ipomoea philomega (Vell.) House, Ann. New tU., A. Melo etal. 141 (IPA e UFP), 18.IX.2009, fl.efr., York Acad. Sei. 18(6): 246.1908.Fig.2b-d J.D. Garcia 1212 (UFP). Liana látex branco, abundante, lenticelas planas. Amplamente distribuída nas Américas tropical Ramos rugosos, quando jovens glabrescentes. Folhas e subtropical, ocorrendo desde o México até o sul da 9,5-27 x 7,5-26 cm, cartáceas, inteiras, ovadas, base Argentina, comum em áreas de capoeira e bordas de cordada, ápice acuminado a cirroso, quando jovens mata (Austin & Huáman 19%). No Brasil, é considerada lanulosas, as mais desenvolvidas puberulentas em daninha, principalmente em regiões da Mata Atlântica ambas as faces; venação actinódroma, 8 pares de (Simão-Bianchini 1998). sendo raramente citada para nervuras secundárias, 3 divergindo da base. Peciolo o semi-árido. Na Usina São José, assim como Ipomoea 1,2^,8 cm compr.. puberulento. Tirsos 9-18-floros; quamoclit, diferencia-se das demais espécies do pedúnculo 12-16 cm compr., bracteolas caducas. gênero pela comia hipocrateriforme vermelha mas são Sépalas 2 externas 1,8-2 x 1,5-1,6 cm. ovadas, base facilmente distintas entre si pelas folhas levemente cordada, ápice agudo, 3 internas 1-1,2 x pinatipartidas em /. quamoclit. 1-1,1 cm, orbiculares, ápice arredondado, mucronulado, côncavas. Estames subiguais, dilatados 5.Ipomoea niKL.) Roth., Catai, bot.: 36.1797. na base, puberulentos; estilete inserto, maior que os Fig. 2 a estames; disco nectarífero ausente; ovário globoso. Trepadeira herbácea, látex branco. Ramos Cápsula ca. 2 cm compr., globosa. Sementes pilosas. hirsutos. Folhas 6,2-11 x 7-9,5 cm, membranáceas, Material examinado: Mata de Piedade, 24.V.2008. 3-lobadas, ovadas, base profundamente cordada. fl., A. Melo et al. 358 (IPA, UFP); 7.III.2009, J.D. ápice acuminado a caudado, face abaxial Garcia et al. 935 (UFP); 15.IX.2009, fl. e fr.. J.D. 1100 glabrescente a adaxial puberulenta, com tricomas Garcia (UFP). Há registros da espécie desde o México até a restritos principalmente às nervuras principais; do Sul tropical, no Brasil, Equador. venação actinódroma, 6 pares de nervuras América Guianas e Venezuela (Austin & Huáman secundárias. Peciolo 1-3 cm compr., glabrescente. Colômbia, São José, apesar de também Inflorescéncias unifloras, axilares; pedúnculo 5-6,5 1996). Na Usina ocorrer borda, é freqüente no interior cm compr., hirsuto, com 1 parde bracteolas lineares, em áreas de da mata, ca. 5 mm compr. Sépalas iguais, 0,8-1 cm compr., alcançando o dossel, podendo desenvolver caule lineares, com tricomas hirsutos na base, ca. 2,5 mm bastante robusto e lignificado. O látex branco é compr., dourados. Corola ca. 4 cm compr., abundante, as folhas mais velhas podem alcançar infundibuliforme, glabra, branca. Estames 30 cm compr. e, nas folhas jovens, a face abaxial heterogêneos, 2 maiores, 3 menores, insertos. apresenta coloração púrpura.

Rodriguésia 62( 1): 093-105. 201 I Convolvulaceae da Usina São José. PE 99

- Figura 2 - a. Ipomoea nil (Garcia 1251) flor, vista lateral, b-d. /. philomega (Garcia 1100) - b. ramo florífero; c. detalhe da folha; d. flor sem parte da corola. e. /. quamoclit (Alves-Araújo 531)- ramo florífero. f. Ipomoea tiliacea (Nascimento 655) - flor, vista lateral. - Figure 2 - a. Ipomoea nil (Garcia 1251) flower, lateral view. b-d. /. philomega (Garcia 1100) - b. fertile branch; c. detail of leaf; d. flower without part of corola. e. /. quamoclit (Alves-Araújo 531)- fertile branch. f. Ipomoea tiliacea (Nascimento 655) - flower, lateral view.

7. Ipomoea quamoclit L., Sp.pl. 1: 159.1753. monocasiais, geralmente 2-floras; pedúnculo 4- Fig. 2 e 6 cm compr. Sépalas iguais, ca. 1,2 x 0,6 cm, Trepadeira herbácea, látex escasso e largamente elípticas, base arredondada, ápice transparente. Ramos delgados, glabros. Folhas mucronado. Corola até 4 cm compr., 2,2-4,5 x 2-4,2 cm, membranáceas, pinatipartidas, hipocrateriforme, glabra, vermelha. Estames e lobos lineares, agudos, gemas 0,5-2 cm compr., estilete exsertos; disco nectarífero presente; ovário semelhantes às folhas, profundamente lobadas, globoso. Cápsula ca. 6 mm compr., elíptica. glabras. Pecíolo 0,3-2 cm, glabro. Cimeiras Sementes com tricomas em blocos.

Rodriguesia 62(11:093-105.201 1 100 Buril. M.T. & Alves M.

Material selecionado: Mata dos Macacos, 16.VIII.2007, diferentes, puberulentos na base, anteras eretas. fi. e fr., A. Alves-Araújo et al. 531 (IPA, UFP). Ovário glabro, 2-carpelar, 2-locular, 4-ovulado. estilete a Argentina com exceção Distribuída do México 2-lobado, lobos largamente elípticos, planos, a de algumas ilhas da América Central (Austin & Huáman raramente filiformes. Fruto cápsula 8-valvar. Sementes 19%). É amplamente cultivada como ornamental, e trigonais, com anel de tricomas rijos na margem. algumas vezes citada como ruderal. As flores, vermelhas são semelhantes às de Ipomoea e hipocrateriformes, 9. Jacquemontia glaucescens Choisy, Mém. Soe. hederifolia, porém suas folhas pinatipartidas a Phys. Genève 8( 1): 64.1837.Fig. 3 a-i distinguem facilmente daquela espécie. Trepadeira herbácea látex branco. Ramos com indumento velutino, tricomas 5-(7)-armados. 8. Ipomoea tiliacea (Willd.) Choisy, Prodr. 9:375. Folhas 5-7,3 x 2,3^.,7 cm, membranáceas, inteiras, 1845.Fig. 2 f ovadas, base arredondada, ápice agudo a obtuso, Trepadeira herbácea, látex branco. Ramos raramente mucronado, face abaxial densamente a Folhas 3,5-13,3 x 2,8- glabros glabrescentes. velutina, coloração glauca, tricomas 5-7-armados, 11,2 cm, membranáceas, inteiras, ovadas, base face adaxial pubescente, quando secas com venação cordada, ápice acuminado, glabras; coloração marrom, tricomas 5-(7)-armados; actinódroma, 7 de nervuras secundárias, com pares venação camptódroma, 7 pares de nervuras 4,3-7,8 cm destas convergindo da base. Pecíolo secundárias. Pecíolo 0,6-2,3 cm compr., velutino. 3-7-floros; compr., glabro. Dicásios laxos, Cimeiras dicasiais umbeliformes, com até 12 flores; 7,5-11 cm compr., bractéolas ca. pedúnculo glabro, pedúnculo de tamanho variável, em ramos jovens 2 mm compr., subuladas, caducas. Sépalas 1 externa as inflorescências podem parecer sésseis ou com maior ca. 6 x 4 mm, oblanceolada, 1 externa e 3 pedúnculo bem curto, ca. 5 mm compr., em ramos ápice cuspidado a internas ca. 8 x 5 mm, obovadas, desenvolvidos alcançam ca. 4 cm compr., bractéolas no fruto. Corola ca. acuminado, glabras, paleáceas ausentes. Sépalas 3 externas ca. 4 x 3 mm, coriaceas, cm compr., infundibuliforme, rósea. glabra, orbiculares, côncavas, puberulenlas, 2 internas 5- tamanhos diferentes, 2 maiores e 3 Estames de 6 x 4-5 mm, obcordadas, ciliadas. Corola 1,9- menores, insertos, com tricomas na base; estilete 2,3 cm compr., infundibuliforme, glabra, azul. inserto, maior os estames; disco nectarífero que Estames maiores 2, menores 3, com tricomas na base; ausente; ovário Cápsula ca. 8 mm compr., globoso. estilete exserto, lobos estigmáticos cilíndricos, mais Sementes densamente globosa. pilosas. longos largos; disco nectarífero Material selecionado: Engenho Campinas, I4.XI.2007, fl. que presente, Cápsula ca. 6 mm compr., e fr., LM. Nascimento & G. Batista 655 (IPA, PEUFR, UFP). ovário globoso. ovóide, 8-valvar. Sementes trigonais, lisas. Registrada para o Brasil, Colômbia, Material examinado: Mata de Piedade. 20.IX.2009, Suriname, Guiana Francesa, Venezuela, México J.D. Garcia 1161 (UFP); 15.IX.20O9, fl. e fr../D. Garcia e da América Central (Austin & Huáman países 1104 (UFP); 15.IX.2009. fr., J.D. Garcia 1099 (UFP): 1996). No Brasil, é referida principalmente para 15.IX.2009, fl., J.D. Garcia 1095 (UFP); 28.VI1.2007, a Mata Atlântica (Simão-Bianchini 1998). Na fl., A. Melo et al. 95 (IPA, UFP); Mata de Vespas. Usina São José, pode ser diferenciada das 12.111.2009, fr., J.D. Gania 977 (UFP); Mata de demais espécies de Ipomoea pela presença de Zambana. 13.III.2009. fr.. J.D. Gania etal. 990 (UFP). uma sépala externa menor que as internas, com Endêmica do Brasil, predominantemente em consistência paleácea. áreas de Mata Atlântica e nos brejos de altitude do Nordeste. Na Usina São José, é a espécie de Jacquemontia Choisy, Mém. Soe. Phys. Genève 6: Convolvulaceae mais comum, formando densas 476.1833. populações nas bordas dos fragmentos. Devido à base Trepadeiras herbáceas ou lianas, ervas ou espessa dos caules é aqui tratada como uma liana de subarbustos. Folhas inteiras, geralmente cordadas. caule fibroso persistente. Pertence a um complexo de glabrescente ou densamente pubérulas, tricomas espécies bastante semelhantes morfologicamente e estrelados, 3-7-ramificados. Inflorescência do tipo pode ser relacionada a J. holosericea (Weinm.) cimeira com 3-muitas flores, brácteas ausentes ou 0'Donell. diferenciando-se principalmente pelas presentes em grande quantidade. Flores sésseis ou folhas discolores, pela proporção do tamanho entre pedunculadas, infundibuliformes. azuis ou brancas, as sépalas externas c as internas e pelo indumento raramente com outra cor. Estames de tamanhos dos ramos (0'Donell 1953).

Rodriguésia 62( 1): 093-105. 201 1 Convolvulaceae da Usina São José, PE 101

Figura 3 - a-i. Jacquemontia glaucescens (Garcia 1104)- a. ramo florífero; b flor, vista frontal, c. inflorescência; d. corte longitudinal da flor; e. detalhe do ovário e a base dos filetes; f. sépalas externas (2) à esquerda, as internas (3) à direita; g. tricomas; h. fruto; i. semente, da esquerda para direta, detalhe dos tricomas na margem, face ventral e vistas laterais. Figure 3 -a-i. Jacquemontia glaucescens (Garcia 1104) - a. fertile branch; b. flower in a frontal view; c. inflorescence; d. longitudinal cut flower; detail ofthe ovary and the base of filaments; f. externai sepals (2) at left and internai sepals (3) at right; g. trichomes; h. fruit; i. seed, from left to right, margin with detail of trichomes, ventral face, lateral views.

Rodriguesia 6211): 093-105. 201 1 102 Butil. M.T. & Alves M.

10. Jacquemontia sphaerostigma (Cav.) Rusby. 11.Merremia macrocalyx (Ruiz & Pa,v.) ODonell. Buli. Torrey Bot. Club 6: 151.1899.Fig. 4 a-g Lilloa 6:506.1941.Fig.4h Trepadeira herbácea, látex branco, escasso. Trepadeira herbácea, látex não observado. Ramos pilosos, tricomas simples ou 3-armados Ramos glabros, às vezes com tricomas restritos às homogêneos ou heterogêneos com um dos braços 3 regiões nodais. Folhas 4-5,2 x 6,2-8,3 cm, cartáceas, vezes mais longo do que os demais. Folhas 2,4—4,3 x palmadas, folíolos com margem inteira ou 1,4—2,4 cm, membranáceas, inteiras a sinuosas, discretamente serreada, oblanceolados, base lanceoladas a ovadas, base cordada, ápice agudo a cuneada, ápice agudo, glabros. Pecíolo 1-2,3 cm acuminado, puberulentas, tricomas 3-armados com 1 compr., glabro. Cimeira dicasial laxa 3-7-flora às vezes dos braços bem mais longo; venação camptódroma, com a flor principal truncada; pedunculo 6,4-8,5 cm 6 pares de nervuras secundárias. Pecíolo 0,7-1,5 cm compr., brácteas e bracteolas ausentes. Sépalas compr., glabrescente. Cimeira monocasial umbeliforme. subiguais, 1,7-2 x 0,7-0,8 cm, elípticas a ovadas, 4-9-flora; pedunculo 3,6-9,8 cm, com tricomas 3- acrescentes no fruto, paleáceas. coloração dourada. armados e glandulares, brácteas ca. 4 mm compr., Corola 3,4-3,8 cm compr., infundibuliforme, glabra. lanceoladas, quando secas com coloração vinácea. alva. Estames 4 menores e 1 maior, insertos, com Sépalas iguais, ca. 7 mm compr., lanceoladas, com tricomas na base; disco nectarífero presente; ovário tricomas 3-armados homogêneos e heterogêneos, e globoso, 4-locular, 1 óvulo por lóeulo. Cápsula ca. 1 tricomas glandulares. não acrescentes no fruto. Corola cm compr., globosa. infundibuliforme, ca. 1 cm compr., glabra azul. Estames Material examinado: Mata de piedade, 23.XI.2009, 3 maiores e 2 menores, com tricomas curtos na base; J.D. Garcia 1304 (UFP); I9.XII.2007, fl., A. Alves- Araújo & D. Araújo estilete inserto, lobos estigmáticos largamente 723 (IPA, UFP); Mata de Vespas, 12.XI.2007, fl. e fr., P. Y. Ojima 103 (IPA, UFP). elípticos, planos; disco nectarífero ausente; ovário Amplamente distribuída na América do Sul oblongo. Cápsula 3-4 mm compr., globosa. (0'Donell 1941; Austin 1998b). No Brasil, é freqüente Sementes trigonais. lisas. em áreas de Mata Atlântica. Material selecionado: Mata de Piedade. 17.IX.2009. principalmente Na Usina São José. é comum e facilmente 0. e fr., J.D. Garcia 1117 reconhecida (UFP). folhas Ocorre desde o sul dos Estados Unidos até o pelas palmadas e, quando em frutificação, cápsulas com sépalas acrescentes Brasil (Austin & Cavalvante 1982; Austin 1998b). pelas persistentes, e com coloração dourada. No Brasil, ocorre tanto em áreas fragmentadas de Mata Atlântica na Caatinga. Na Usina São quanto 12.Merremia umbellata (L.) Hallier José, está em ambientes de capoeiras, f., Bot. Jahrb. presente Syst. 16(4-5): 552.1893.Fig.4i-j sendo mais rara J. glaucescens. Pode ser que Trepadeira herbácea, látex não observado. confundida com J. agrestis (Mart. ex Choisy) Ramos Folhas 3,7-8,8 x 1,8-6,2 Meisn. e J. evolvuloides Meisn., devido à puberulentos. cm, presença membranáceas, inteiras a discretamente sinuosas, de tricomas glandulares principalmente em ramos ovadas, base cordada, ápice mais dás duas espécies. Contudo, a estrutura profundamente jovens acuminado a mucrunado, face abaxial com tricomas das inflorescências é bastante peculiar, geralmente restritos à região das nervuras secundárias, face cimeiras congestas com 3-7 flores, enquanto nas adaxial venação actinódroma. 6 outras espécies elas são cimeiras laxas similares a glabrescente; pares de nervuras secundárias. Pecíolo 1 -4,5 cm compr., rácemos. geralmente 3-floras. tomentuloso. Umbela 6-8-flora, pedicelos ca. 1,5 cm compr., pedunculo 4,8-8,2 cm compr. Merremia Dennst., Schlüssel Hortus malab.: 34. glabros; Sépalas subiguais. 9-10 x 6-8 mm compr.. côncavas, 1818. largamente elípticas, base arredondada, ápice obtuso, Trepadeiras herbáceas e sem látex. geralmente Corola ca. 3 cm compr., infundibuliforme, Folhas inteiras, lobadas ou digitadas com 3-7 glabras. tubo muito estreito na base, tricomas às vezes folíolos. Inflorescências axilares, unifioras ou com glabra, restritos ao ápice das amarela. Estames ca. flores, Flores plicas, poucas politélicas. pediceladas, 4 mm compr., insertos, com tricomas na base; disco brancas, raramente amarelas ou róseas. Estames nectarífero presente; ovário 2-locular, 2 óvulos na base, anteras retorcidas na por geralmente glabros lóeulo. Cápsula ca. 1.5 cm compr., antese. Ovário 2- ou globosa. glabro, 3-carpelar, 2- ou 3- Material examinado: Mata de Piedade, 17.IX.2009, locular, 4-6-ovulado, estilete 1, estigma 2-globoso. fl.,/D. Garcia 1121 (UFP); Mata de Zambana, I9.X.2007. Fruto cápsula, 4-valvar. Sementes trigonais. fl. e fr., A. Alves-Araújo et al. 665 (IPA, UFP).

Rodriguésia 62( 1): 093-105. 201 1 Convolvulaceae da Usina Sào José. PE 103

-4r -jc;^ Of |[J \ j

Figura 4 - a-g. Jacquemontia sphaerostigma (Garcia 1117)-i\. ramo florífero; b. inflorescência; c. tricomas, da com 1 braço bem mais longo, 6-ramificado com 1 braço bem mais longo, esquerda para direita, simples, 3-ramificado androceu e f. fruto; semente, face 3-ramificado com todos os braços iguais, glandular; d. flor, e. gineceu; g. dorsal à - ramo florífero. i-j. M. umbellata esquerda, face ventral à direta, h. Merremia macrocalyx (Ojima 103) (Alves- Araújo 665) - i. ramo florífero; j. detalhe das anteras e lobos estigmáticos. fertile branch; b. inflorescence; c. trichomes, from left to right, simple, Figure 4 - a-g. Jacquemontia sphaerostigma (Garcia 1117)- a. with equal arms, d. flower; e. androecium 3-branched with 1 arm longer, 6-branched with 1 arm longer, 3-brachcd glandular; face at left, ventral face at right. h. Merremia macrocalyx (Ojima 103) - fertile branch. and gynoecium; f. fruit; g. seed, dorsal 665) - i. fertile branch; j. detail of anthers and stigmatic lobes. ' J M. umbellata (Alves-Araújo

Rodriguésia 62( 11: 093-105. 2011 104 Buril. M.T. & Alves M.

Pantropical (Austin 1998b), bastante Durigon, J.; Canto-Dorow, T.S. & Eisinger. S.M. 2009. cultivada como ornamental. Na Usina São José, Composição florística de trepadeiras ocorrentes ocorre principalmente nas bordas dos em bordas de fragmentos de floresta estacionai. Santa Maria. Rio Grande fragmentos, e pode ser facilmente reconhecida do Sul, Brasil. Rodriguésia 60:415-422. quando em estágio florífero, pela coloração Gentry, A.H. 1991. amarela intensa da corola. The distribution and evolution of climbing plants. In: Putz, F.E. & Mooney, H.A. (eds.). The biology of vines. Cambridge University Agradecimentos Press, Cambridge. Pp. 3-49. A primeira autora agradece à FACEPE, a Gentry, A.H. 1996. A field guide to the families and bolsa de Doutorado concedida, aos curadores genera of woody plants of Northwest South America. dos Herbários visitados, a durante a University of Chicago Press. Chicago. presteza Pp. 445-454. consulta das coleções, à Regina Carvalho as Gonçalves, E.G. & Lorcnzi. H. 2007. ilustrações botânicas, e à Dra. Rosângela Simão- Morfologia vegetal: organogralia e dicionário ilustrado de morfologia das Bianchini pelas valiosas discussões sobre plantas vasculares. Instituto Plantarum de Estudos Convolvulaceae. Este estudo foi apoiado pela da Flora, Nova Odessa. 416p. FACEPE e CNPq. pelo Harris, J.G. & Harris M.W. 2000. Plant identification terminology: an illustrated glossary. Spring Lake Referências Publishing, Spring Lake. I97p. Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2010. Flora da Usina Mabberley. D.J. 1987. The plant book. Cambridge São José, Igarassu, Pernambuco: Sapotaceae. University Press, Cambridge. 699p. Rodriguésia 61: 303-318. Mori. S.A.; Mattos-Silva, L.A.; Lisboa. G. & Coradin. Alves-Araújo, A.; Araújo, D.; Marques. J.; Melo. A.; Maciel. L. 1985. Manual de manejo do herbário fanemgâmico. J.R.; Uirapuã. J.: Pontes. T; Lucena M.F.A.; du B).

Rodriguésia 62( 1): 093-105. 201 1 Convolvulaceae da Usina Sio José, PE 105

Simão-Bianchini, R. & Pirani, J.R. 2005. Duas novas estacionai semidecidual. Parque Estadual de espécies de Convolvulaceae de Minas Gerais, Brasil. Vassununga, Santa Rita do Passa Quatro, SP, Brasil. Hoehnea 32:295-300. Acta Botânica Brasilica 20: 339-346. Smith, N, Mori. A, Henderson, A, Stevenson, D.W. & Trindade, M.B.; Lins-e-Silva, A.C.B, Silva, H.P, Heald, S.V. 2004. Flowering plants ofthe Neotropics. Figueira, S.B. & Schessl, M. 2008. Fragmentation Princeton University Press, Princeton. Pp. 229-232. of the Atlantic rainforest in the Northern coastal Souza. V.C. & Lorenzi. H. 2005. Botânica sistemática. región in Pernambuco, Brazil: recent changes and Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova implications for conservation. Bioremediation, Odessa. 640p. Biodiversity and Bioavailability 2: 5-13. Steam, W.T. 2004. Botanical Latin. 4 ed. David & Charles Udulutsch, R.G.; Assis, M.A. & Picchi, D.G. 2004. Publishers. Newton Abbot. 546p. Florística de trepadeiras numa floresta estacionai semidecídua. Rio Claro - Araras, estado de São Thiers, B. 2009 [continuously updated]. Index Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 27: Herbariorum: a global directory of public herbaria 125-134 and associated staff. New York Botanical Garden's Virtual Herbarium. Disponível em Aacesso em 15 fevereiro 2010. 2008. Concordances between antioxidant acti vities and Tibiriçá, Y.J.A.: Coelho. L.F.M. & Moura, L.C. 2006. flavonol contents in different extracts and fractions of Florística de lianas em um fragmento de floresta Cuscuta chinensis. Food Chemistry 108: 455-462.

Lista de Exsicatas \lves-\raújo A. 531 (8)- 665 (12); 723 (11); Carvalho, A.M. 3511 (1); Cavalcanti, D. 25 (2); Chisppeta, A. 556 (1); Garcia, J.D. 1104 1117 935 (7): 976(1); 977 (9); 990 (9); 1088 (3); 1095 (9); 1099 (9); 1100 (6); (9); (10); 1121 (12); 1159 (3); 1161 (9); 1212 (4); 358 Nascimento, L.M. 1216 (1); 1251 (6); 1304(1 D; 1339 (1); Melo, M. 95 (9); 141 (4); (7); 655 (5); Ojima, P.Y. 103 (11); 110 (3); 115 (3); Pinheiro, K. 114 (6); Sobrinho, M.S. 576 (2).

Artigo recebido em 06/04/2010. Aceito para publicação em 28/07/2010.

Rodriguésia 6211): 093-105. 2011 MM Rodriguésia 62(1): 107-122. 201 1 http://rodriguesia.jbrj.gou.br ^VvV

Machaerium (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae) nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Brasil Machaerium (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae) from the Mato Grosso and Mato Grosso do Sul States, Brazil

Caroline do Amaral Polido' & Ângela Lúcia Bagnatori Sartori"

Resumo Neste estudo, são confirmados 18 táxons de Machaerium para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Dos 15 táxons ocorrentes em Mato Grosso, seis são citados pela primeira vez no Estado: M. biovulatum, M. floribundum var. floribundum, M. macrophyllum var. macrophyllum, M. paraguariense, M. quinatum var. parviflorum e M. no Mato Grosso quinatum var. quinatum. Das nove espécies ocorrentes do Sul, M. eriocarpum e M. isadelphum são novas ocorrências para o Estado. O gênero encontra-se amplamente distribuído nos Estados e está representado em diversas formações vegetacionais. São apresentadas chave analítica, descrições e informações sobre a fenologia e os ambientes preferenciais de cada táxon, além de ilustrações para determinados táxons. Palavras-chave: Centro-Oeste, , florística, Jacaranda, taxonomia. Abstract In this study, 18 taxa of Machaerium are confirmed for Mato Grosso and Mato Grosso do Sul. Amongst the 15 taxa oceurring in Mato Grosso, six were cited for the first time in the State: M. biovulatum, M. floribundum macrophyllum, M. var. floribundum, M. macrophyllum var. paraguariense, M. quinatum var. parviflorum, nine species and M. quinatum var. quinatum. Amongst the confirmed for Mato Grosso do Sul, M. eriocarpum and M. isadelphum are new records for the State. The genus is widely distributed in the States and is represented in various vegetational formations. Analytical key, descriptions, and information on the phenology taxon are and prcfcrential environments of each presented, besides illustrations for certain taxa. Kev words: Center-West Brazil, Fabaceae, floristies, Jacaranda, taxonomy.

Introdução et ai. 2007; Mendonça-Filho et ai. 2007; Polido & Sartori 2007). Estudos fiorísticos e fitossociológicos Machaerium Pers. é um dos maiores gêneros ainda são incipientes em Mato Grosso arbóreos tropicais de Papilionoideae (Leguminosae), e Mato Grosso do Sul, confirmam a com cerca de 130 táxons, distribuídos do México à porém ampla distribuição do e sua importante representatividade Argentina, com centro de diversidade no Brasil gênero nas diferentes formações vegetacionais & (Lewis et ai. 2005). Em espécies do gênero são (Pinto Oliveira- geral, Filho 1999; Damasceno conhecidas como jacarandás ou Júnior e-r ai. 2000;Marimon popularmente & Lima 2001; caviúnas, e apresentam importância econômica e Salis et ai. 2004; Borges & Shepherd 2005; Daniel & Arruda 2005; Pinto ecológica sendo utilizadas para a recomposição de & Hay 2005). Os objetivos deste estudo foram áreasdegradadas (Lorenzi 1992,1998: Pott & Pott 1994). realizar o levantamento Diversos trabalhos foram realizados com das espécies de Machaerium ocorrentes em Mato Grosso Machaerium no Brasil (Bentham 1862; Hoehne e Mato Grosso do Sul e fornecer chave 1941; Bastos 1987; Lewis 1987; Lima et ai. 1994; analítica, descrições, ilustrações e informações Mendonça-Filho 1996; Dubs 1998; Sartori & Tozzi sobre a floração, a frutificação e os ambientes 1998; Bortoluzzi etal. 2004;Camargo, 2005; Lima preferenciais de cada táxon.

'Universidade Esladual de Campinas, Instituto de Biologia, Depto. Biologta Vegetal, Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, CP. 6109, 13083-970, Campinas, SP. 'Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Depto. Biologia, Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, CP. 549, 79070-900, Campo Grande. MS. Autora para correspondência. albsartori(ggmail.com 108 Polido. CA. & Sartori. A.LB. Material e Métodos Tratamento Taxonômico Foram examinadas 210 exsicatas Machaerium Pers., Syn. pi. 2:276. 1807. Tipo: M. depositadas nos herbários nacionais, além de ferrugineum (Willd.) Pers. materiais-tipo ou foto de tipos disponíveis. A Árvore, arvoreta, arbusto a liana; ramos sigla dos herbários segue Holmgren & geralmente com sulcos longitudinais, raramente Holmgren (1998). As plantas foram identificadas transversais (M. villosum); estipulas quando a partir da literatura c de comparações. A chave transformadas em espinhos persistentes, aos pares de identificação e as descrições foram baseadas na base da folha; lenticelas e exsudado em geral nas análises morfológicas de espécimes presentes: catáfilos raramente evidentes (M. villosum). coletados nos dois Estados, complementadas Folhas imparipinadas. sem estipela: folíolos sésseis. subsésseis ou alternos pelas informações dos coletores e observações pedicelados. ou subopostos, concolores ou em campo. Para espécies não apresentavam discolores, de formas variadas, que nervação broquidódroma flores e frutos foram utilizados dados de ou craspedódroma. Iiiílorescências ou bibliografias específicas. A terminologia paniculadas racemosas, axilares e/ou terminais; brácteas caducas. Flores morfológica adotada nas descrições foi baseada geralmente sésseis, subsésseis ou bractéolas em Font Hickey (1973). Radford et pediceladas; Quer (1953), adpressas ao cálice; cálice campanulado ou ai. (1974), Harris & Harris e Barroso et (1994) oL cilíndrico, 5 lacínios; corola de diversas colorações; (1999). As mensurações foram feitas com estandarte às vezes com mácula amarela, alva ou paquímetro digital. Informações a respeito do creme na base; asa com unguícula linear, esculturas distribuição e período reprodutivo, geográfica difusas, com dobras na face ventral; pétalas da quilha ambiente preferencial das espécies foram conatas dorsalmente. elípticas ou oblongas; estames obtidas das etiquetas de herbário, consulta 10, raramente 8 (M. acutifolium), monadelfos. bibliográfica e observações em campo. As raramente em duas falanges pentâmeras (M. formações vegetacionais foram classificadas de aculeatum, M. hirtum, M. isadelphuni), diadelfos acordo com o IBGE (1992). (M. brasiliense), filetes de alturas iguais ou Foram ilustrados os 10 táxons não incluídos diferentes, glabros, anteras elípticas. oblongas, ovadas ou triangulares, dorsifixas, no levantamento de Machaerium para o Pantanal introrsas; ovário (Polido & Sartori 2007). As ilustrações foram estipitado. uniovulado, com disco nectarífero anelar na base. estigma capitado ou clavado. Fruto sâmara, realizadas a partir de material herborizado e cultriforme ou falciforme, estipitado. hidratado, com auxílio de câmara-clara acoplada a região seminífera basal, asa apical, reticulada, raramente estereomicroscópio Zeiss. legume samaroide (M. inundatum).

Chave para os táxons de Machaerium ocorrentes em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul Folíolos com nervação broquidódroma. 2. Folhas com 19 ou mais folíolos 18. M. villosum 2". Folhas com menos de 19 folíolos. 3. Folíolos ovados ou Iargo-ovados. raramente largo-elípticos. 4.Folíolos de ápice acuminado, inflorescéncias paniculadas. frutos legumes samaroides 9. M. inundatum 4'. Folíolos de ápice cuspidado a raramente acuminado, inflorescéncias racemosas, frutos sâmaras13. M. paraguarien.se 3'. Folíolos lanceolados, oblongo-lanceolados, oblongo-elípticos ou oval-lanceolados. 5.Pecíolo e raque vilosos a esparso-vilosos5. M. brasiliense 5'. Pecíolo e raque nunca vilosos a esparso-vilosos. 6. Folhas 5-foliolada. cálice viloso, bractéola ovada 11. Aí. ituicropliyHum var. macrophylluin 6'. Folha 9-17-foliolada, cálice glabrescente. tomentoso no ápice, bractéola geralmente o vado-compri m i d a.

Rodriguesia 6211): 107-122. 201 I Machaerium no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 109

7.Peciolo pubescente a glabro, folíolos em geral lanceolados ou oblongo-lanceolados, região seminífera mais que 3 cm compr2. M. acutifolium T. Peciolo tomentoso a glabrescente. folíolos em geral elípticos, região seminífera menos que 3 cm compr.17. M. stipitatum 1'. Folíolos com nervação craspedódroma. 8.Estipulas não modificadas em espinhos. 9. Arbusto escandente, face abaxial dos folíolos sericea 7. M. floribundum var.jloribundum 9'. Arvoreta, face abaxial dos folíolos puberulenta ou glabrescente. 10. Folíolos elípticos ou largo-elípticos, de ápice arredondado ou obtuso, cálice campanulado 15. M. quinatum vàr.pannflorum 10'. Folíolos lanceolados ou oblongo-lanceolados, de ápice acuminado ou agudo, cálice cilíndrico16. M. quinatum var. quinatum 8'. Estipulas modificadas em espinhos. II. Espinhos retilíneos na base da folha. 12.Folíolos oblongos ou estreito-oblongos, de ápice retuso, cálice campanulado S.M. hirtum 12'. Folíolos elípticos ou estreito-elípticos, de ápice agudo, cálice cilíndrico 14. M. pilosum 11'. Espinhos recurvados na base da folha. 13.Folíolos sésseis 12. M. multifoliolatum 13'. Folíolos subsésseis ou peciolados. 14. Peciolo e raque com dois tipos de revestimento (esparso-setosos e vilosos), folíolos oblongos ou estreito-oblongos10. M. isadelphum 14'. Peciolo e raque com apenas um tipo de revestimento, folíolos elípticos, estreito- elípticos ou largo-elípticos. 15. Árvore, sâmaras falciformes. 16.Espinhos mais que 2 mm compr., folíolos de ápice emarginado ou retuso, cálice externamente seríceo, região seminífera castanho-escura, estrigosa e tomentosa4. M. biovulatum 16". Espinhos até 2 mm compr., folíolos de ápice agudo ou apiculado, cálice externamente glabrescente, região seminífera acinzentada, tomentosa a puberulenta6. Aí. eriocarpum 15'. Arbusto escandente ou liana, sâmaras cultriformes. 17.Ramos vilosos, folhas 29-39 folioladas, cálice campanulado, flores com asa oblonga 1 • Aí. aculeatum 17'. Ramos glabros, folhas 9-17 folioladas, cálice cilíndrico, flores com asa elíptica ou estreito-elíptica3.M.amplum

1. Machaerium aculeatum Raddi. Mem. Mat. Fis. equilateral, ápice emarginado ou retuso, nervação Soc. Ital.Sci. Modena Pt. Mem. Fis. 18(2): 398.1820. craspedódroma, 2-3,5 x 0,5-1 cm. Panículas Arbustos escandentes, 2,5-4 m alt., às vezes terminais, axilares, eixos vilosos, o principal ca. 16 lianas; ramos vilosos; espinhos recurvados, ca. 6 cm compr. Flores subsésseis, pedicelos vilosos, ca. mm compr.; lenticelas inconspícuas, exsudado 1 mm compr.; bractéolas internamente glabras, acastanhado. Folhas 29-39-folioIadas; peciolo, externamente esparso-tomentosas a glabras, raque e peciólulo vilosos a glabrescentes, peciolo elípticas ou largo-ovadas, 2,5-3,5 x 2,5-3 mm; cálice 1 -2 cm compr., raque 10.5-16.5 cm compr., peciólulo campanulado, glabro. lacínios superiores oblongos, 1-1,5 mm compr.; folíolos peciolados, alternos, os inferiores estreito-oblongos, ca. 6 mm compr.; discolores, seríceos a glabrescentes, elípticos ou corola lilás ou rosa; estandarte ventralmente glabro, estreito-elípticos, base arredondada, às vezes com mácula amarela, dorsalmente seríceo, largo-

Rodriguésia 62( 1): 107-122. 201 1 110 Polido. CA. & Sartori. A.LB. ovado, ápice obcordado, às vezes retuso, ca. 8 x 5 cm. Panículas terminais, axilares, eixos mm; asa e pétalas da quilha glabras, oblongas, asa 8- glabrescentes a glabros, o principal 3,5-9.5 cm 9 x 5-6 mm, pétalas da quilha 7-7,5 x 4-5 mm; compr. Flores sésseis ou subsésseis, pedicelos androceu monadelfo. filetes de mesma altura anteras vilosos, ca. 1 mm compr.; bractéolas internamente elípticas; ovário velutino, estigma capitado. Sâmaras glabras, externamente tomentosas, ovadas- cultri formes, estipe tomentoso, ca. 2 mm compr., região comprimidas, 0,5-1,5 x 1,5-2 mm; cálice seminífera glabra, castanho-escura, 1-2 x 0,5-1 cm, campanulado, internamente glabro, externamente asa glabra, oblonga, castanho-clara, pontuações glabrescente, ápice tomentoso, lacínios superiores enegrecidas dispersas, 1,5-4,5 x 1-1,5 cm. elípticos, inferiores estreito-elípticos, 1-3 mm Material selecionado: MATO GROSSO DO SUL: compr.; corola alva ou creme; estandarte 1120 Corumbá, 9.IX.2004, fl.. RR. Silvo & R. Silva ventralmente glabro, dorsalmente denso-seríceo, fr.. RR. Silva & R. Silva (CGMS. UEC); 26.XI.20O4. obovado, raramente ovado, ápice obtuso ou retuso, 1329 UEC). Ladário, 18.X.2001, fr., G.A. (CGMS, 5,5-7 x 2,5-6 mm; asa e da Damasceno Júnior etal. 2816 (CGMS. COR). Miranda. pétalas quilha glabras, estreito-oblongas, asa 4,5-7,5 x 1,5-2.5 mm. 1.VIII.1996, fl.. A/. Nadruzetal. 1259(RB). pétalas da quilha 6-7 x 1,5-3 mm, tomentosas na região da Machaerium aculcatum caracteriza-se pelos ungüícula; androceu monadelfo, filetes espinhos recurvados, folíolos elípticos ou estreito- de alturas diferentes, anteras oblongas ou triangulares; elípticos, de ápice emarginado ou retuso, asa e ovário velutino, estigma capitado. Sâmaras tenuemente pétalas da quilha oblongas e filetes com duas falciformes; estipe tomentoso a glabrescente, 5-11 falanges pentâmeras. Estudos realizados no Rio de mm compr., região seminífera esparso-pubescente Janeiro (Lima 1995) e em Minas Gerais (Mendonça- a glabra, marrom, 3,5^.,5 x 1 -2 cm, asa Filho 1996) relatam a espécie como liana, porém seu glabrescente, eliptica, castanho-clara, discolor na região hábito parece variar de arbustivo escandente (Silva seminífera, com pontuações brilhantes dispersas, 1120, 1329) a lianescente (Damasceno-Júnior 3,5-6x1-2,5 cm. 2816). Os espinhos recurvados a diferenciam de Material selecionado: MATO GROSSO: Alto M. hirtuni e de M. espinhos pilosum. que possuem Paraguai, 20.V.1997. fr., V.C. Souza etal. 16687(CGMS. de M. retilíneos. Também pode ser distinguidas ESA). Aripuanã. 3.VII.1997, fr., G.F. Árboczetal. 4071 hirtum a partir de dados citotaxonômicos (CGMS, ESA). Barra do Garças, 22.VIII. 1972, II. JA. (Mendonça-Filho et al. 2007) e de M. isadelphum Ratter et al. s/n (UB 4552). Chapada dos Guimarães. pelos folíolos, que são oblongos ou estreito- 23.11.1997, fr., A.G. Nave et al. 1193 (CGMS, ESA). oblongos naquela espécie. E restrita ao noroeste Cuiabá, 1.XI.1914, fl., J.G. Kuhlmann 426 (RB); de Mato Grosso do Sul, podendo ser encontrada 3.II.1979, fl., M.C. Silva & A. Pinheiro 4423 (INPA. em lloresta estacionai semidecidual. Savana RB). Diamantino, 15.V.1997, fr., V.C. Souza etal. 16185 ESA). Guarantã do Norte, (Cerrado) e Savana florestada (Cerradão). (CGMS, 8.X.1993, fr., V.C al. 16185 Nova Floresce nos meses de agosto e setembro, Souza et (CH). Xavantina. 28.111.1997, fr., G.F. Árboczetal. J690(CGMS, ESA). Ponte Branca. frutificando em outubro e novembro. 20.1.1988, fr.. J. Ramos et al. 362 (INPA, RB). Pontes e Lacerda, 9.XI. 1996. fl.. G. Hatschbach et al. 65479 (RB): 2. Machaerium acutifolium Vogel. Linnaea 11:187. 14.IV.1997, fr., G.F. Árbocz3777(ESA). Rosário Oeste. 1837. 9.X. 1997, fl.. V.C. Souza et al. 20505 (CGMS. ESA). Arvoretas a árvores, 2,5-18 m alt.; ramos MATO GROSSO DO SUL: Aquidauana. 15X11.1999. glabros, às vezes esparso-seríceos; estipulas não fl., M.S. Ferrucci 1472 (ESA). Bataguaçu, 24.XI.1992, modificadas em espinhos; lenticelas fl.. /. Cordeiro et al. 1196 (SP). Bela Vista. 11.11.1993, esbranquiçadas. exsudado acastanhado. Folhas 9- fr., G. Hatschbach et al. 58886 (SPSF). Bonito, fl., A Pott etal. /050O(HMS). Campo 17-folioladas; pecíolo e raque pubescentes a 8.XI.2002, Grande. 19.VIII.2004, fl., A. Pott & V.J. Pott 7065 glabros. pecíolo 2-5.5 cm compr.. raque 6-19,5 cm (HMS). Corumbá, 16.IX.1987, fr., A. Pott et al. 3430 (CPAP, compr., peciólulo viloso a glabrescente, 2-6 mm HMS). Coxim, 23.11.1994, fr., A. Pott & V.J. Pott 6616 compr.; folíolos peciolados, alternos ou (CPAP, CGMS). Dourados, 19.X. 1999, bot., A. subopostos, concolores, tomentosos a glabros, Sciamarelli & Z.V. Pereira 770 (DDMS). Miranda, esparso-tomentosos sobre a nervura da principal I.VI.20O6. fl., CR. Lehn et al. s/n (CGMS 17591). abaxial, lanceolados ou oblongo-lanceolados, face Nioaque, 20.X. 1988. fl., G. Hatschbach etal. 5242? (ESA, raramente oval-lanceolados, base arredondada ou INPA. MBM). Nova Andradina, 24.X.I986, fl., U. atenuada, às vezes oblíqua, ápice agudo, raramente PaMi.re&R.M. Klein 132(RB). Piraputanga, 16.VI.2002, acuminado, nervação broquidódroma, 4-8 x 1,5-3 fr.. A.LB. Sartori et al. 921 (CGMS. DDMS). Selviria.

Rodriguésia 62( 1): 107-122.2011 Machaerium no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul in

19.XII.1984, fr., M.R. Pereira-Noronha 478 (RB): dorsalmente seríceo, obovado ou ovado, ápice 6.XI.1985, fí.,A.M.A. Tozzi et al. s/n (HRCB 9931, SP obtuso ou retuso, 8-13 x 6,5-7,5 mm; asa e pétalas 224627, UB 139). Sidrolândia, 12.IX.2001, fi., A. da quilha glabras, asa elíptica ou estreito-elíptica, Sciamarelli et al. 998 (CGMS). Terenos, 30.111.1996, aurícula breve, 8,5-13 x 3,5—4,5 mm, pétalas da fr., A. Pott & S.G. Nunes 7734 (CPAP, HMS). Três Lagoas, 30.XII.2004. fr., E.L Jacques etai. 1658(CEUL, quilha oblongas, 11-13 x 3,5-5 mm; androceu CGMS). monadelfo, filetes de mesma altura, antéras elípticas; Material adicional selecionado: MINAS GERAIS: São ovário esparso-velutino, estigma clavado. Sâmaras João Batista. 1837,11.. J.E. Pohl s/n. (foto K). cultriformes, estipe velutino, 6-9 mm compr., região Machaerium acutifoliuni é reconhecida pelos seminífera tomentosa a glabra, castanho-escura; 1-2,5 folíolos lanceolados ou oblongo-lanceolados, caule x 0.5-1 cm, asa tomentosa a glabra, oblonga, castanho- com sulcos longitudinais e cicatrizes horizontais clara discolor na região seminífera, 2-3,5 x 0,5-1,5 cm. (Sartori & Tozzi 1998), estandarte denso-seríceo na Material selecionado: MATO GROSSO: Alta Floresta, face dorsal e sâmaras tenuemente falciformes. Pode 29.VI. 1988, fl.. Aí. Macedo & A. Assumpção 63 (BHCB. ser confundida com M. brasiliense e M. villosum INPA); 15.III. 1989, fr., Aí. Macedo & A. Assumpção s/n devido à forma e dimensão dos folíolos. Entretanto, (INPA 176628). Barra do Garças, 21.IV. 1978. fl., G.J. Shepherdetal. 7511 (RB). Cuiabá, 22.VII.1976, fr.,AA M. acutifoliuni possui pecíolo e raque pubescentes 179 Gaúcha do Norte, 29.111.1979, a enquanto em M. brasiliense eles são Maciel et al. (INPA). glabros, í\.,F. Darioetal. í 749 (CGMS, ESA). Jauru,24.IV. 1997, vilosos a esparso-vilosos, e seus folíolos são fl., G.F. Árbocz 3811 (CGMS, ESA). Nortelândia, glabros, enquanto em M. villosum eles são 21.V.1997, fr., V.C. Souza et al. 16752 (ESA). Nova velutinos a esparso-velutinos. Neste estudo, a Ubiratâ, 28.IV. 1997, fl., A.G. Nave et al. 1333 (CGMS, variação morfológica não permitiu o reconhecimento ESA). Nova Xavantina, 2.V. 1968, fl., RR. Santos et al. de taxons infraespecíficos. pautados na morfologia s/n (RB 165758, UB 4742). Pontes e Lacerda, 4.V. 1983, dos folíolos e no comprimento das flores. A espécie fl., L Carreira etai. 670 (INPA). Ribeirão Cascalheira, está amplamente distribuída em Mato Grosso e Mato 18.VIII.1998, fr.. J.A. Ratter et al. s/n (CH 23619, UB .V. 1995, fl., G. Hatschbach Grosso do Sul, principalmente em Savana (Cerrado) 8089). Rio Branco, 11 et al. MATO GROSSO DO e Savana Florestada (Cerradão), mas também ocorre 62635 (MBM, RB). SUL: fl., G. Hatschbach et al. 52446 em Florestas Estacionais Decidual e Semidecidual Anastácio, 20.X.1988, Aquidauana, 15.V. 1989, fl., A. Pott & CA. Mazza e Floresta Ombrófila Densa. Floresce e frutifica (INPA). 4773 (CPAP, HMS). Campo Grande, 19.IX.2006, fl. e simultaneamente, o ano todo. fr., CA. Polido 42 (CGMS). Corumbá, 25.VI. 1985, fl. e fr., A. Pott & V.J. Pott 1942 (CPAP, HMS). Coxim, 3. Machaerium amplum Benth., Comm. Legum. 1.V.1911, fl., F.C. Hoehne 2550 (RB, SP). Dourados, Gen.: 33.1837. 4.VIII.2001. fr.. A. Sciamarelli et al. 919 (CGMS, Arbustos escandentes, 2-4 m alt.; ramos DDMS). Miranda, 17.VIII.1990, fr., (/.Aí. Resende 163 glabros; espinhos recurvados, 2-6 mm compr.; (CGMS). Nioaque. 2.V.1995, fl., G. Hatschbach etai. lenticelas esbranquiçadas, exsudado amarelado. 62210 (BHCB, MBM). selecionado: GOIÁS: Caretão, Folhas 9-17-folioladas; pecíolo, raque e peciólulo Material adicional 1837, fl„ J.E. Pohl s/n. (foto UEC). pubescentes a glabrescente, pecíolo 1-2,5 cm Machaerium amplum caracteriza-se compr.. raque 3-9,5 cm compr., peciólulo 1-3 cm pelo escandente, espinhos recurvados e folíolos compr.; folíolos peciolados, alternos, discolores, hábito com nervação glabros, seríceos a esparso-seríceos sobre a nervura elípticos ou oblongo-elípticos, principal da face abaxial, elípticos, oblongo-elípticos craspedódroma, corola azul, lilás ou roxa, com ou largo-elípticos, base arredondada, ápice retuso, mácula alva ou creme e ovário esparso-velutino. às vezes apiculado. nervação craspedódroma, 2- Apesar da semelhança nos folíolos, M. amplum 3,5 x 0,5-2 cm. Panículas terminais, axilares, eixos diferencia-se de M. biovulatum pelo hábito tomentosos, o principal 5.5-15,5 cm compr. Flores escandente e pelos folíolos menores, com até 3,5 pediceladas, pedicelos tomentosos, 1-2,5 mm cm compr. Está amplamente representada nos dois compr.; bractéolas glabras, largo-elípticas ou largo- Estados, exceto na Região Leste de Mato Grosso ovadas, 1,5-3 x 1,5-2,5 mm; cálice cilíndrico, do Sul. Ocorre principalmente em Savana (Cerrado) csparso-tomentoso a glabro, lacínios superiores e Savana Florestada, podendo ser encontrada oblongos, inferiores estreito-oblongos, 4-5 mm também em Floresta Estacionai Decidual e Florestas compr.; corola azul, lilás ou roxa; estandarte Ombrófilas Aberta Submontana e Densa. Floresce ventralmente glabro, com mácula alva ou creme. de março a outubro e frutifica de maio a outubro.

Rodriguesia 62( 1): 107-122. 201 1 112 Polido. CA. & Sartori. A.LB.

4.Machaerium biovulatum Micheli, Mém. Soe. e peciólulo vilosos a esparso-vilosos, pecíolo 3,5- Phys. Genève 34:265; pl. 15.1903.Fig. 1 a-j 5 cm compr., raque 6,5-10,5 cm compr., peciólulo Árvores ca. 5 m alt.; ramos pubescentes; 5-7 mm compr.; folíolos peciolados, alternos ou espinhos recurvados, ca. 6 mm compr.; lenticelas subopostos, concolores, glabros, vilosos sobre a conspícuas, exsudado não observado. Folhas 17- nervura principal da face abaxial, oblongo-elípticos 31-folioladas; pecíolo e raque tomentosos a ou oblongo-lanceolados, base equilateral, ápice glabrescêntes, pecíolo 1,5^4,5 cm compr., raque acuminado, nervação broquidódroma, 6,5-9,5 x 2- 12,5-21 cm compr., peciólulo viloso a glabrescente, 3 cm. Racemos simples, axilares, eixos ferrugíneo- 4 mm compr.; folíolos alternos, ca. peciolados, vilosos. Flores pediceladas, pedicelos ferrugíneo- discolores, glabrescêntes, seríceos sobre nervura vilosos, ca. 1 mm compr.: bractéolas ferrugíneo- principal da face abaxial, elípticos, oblongo-elípticos vilosas, linear, ca. 2 mm compr.; cálice campanulado. ou largo-elípticos, os apicais obovados, base ferrugíneo-tomentoso externamente, ca. 3 mm oblíqua, ápice emarginado ou retuso, nervação compr.; corola creme-esverdeada; estandarte craspedódroma, 4-6 x 1-2,5 cm. Panículas terminais, dorsalmente seríceo na metade superior, orbicular, axilares, eixos velutinos, o principal ca. 26 cm compr. 6-7 x ca. 5 mm; asa e pétalas da quilha 7-8 x ca. 3 Flores pediceladas, pedicelos velutinos, 2—4 mm mm, oblongas, sericeus na ungüicula da asa e no compr.; bractéolas internamente glabras, dorso das pétalas da quilha; androceu diadelfo, externamente tomentosas a esparso-tomentosas, filetes de alturas diferentes, anteras oblongas a largo-ovadas, ca. 3 x 2,5-3 mm; cálice campanulado, elípticas; ovário esparsamente ferrugíneo-vilosos internamente glabro, externamente seríceo, lacínios (Sartori & Tozzi, 1998). Sâmaras tenuemente superiores oblongos, inferiores estreito-oblongos, falciformes. estipe glabro, ca. 1 mm compr., região ca. 4,5 mm compr.; corola lilás; estandarte seminífera esparso-pubescente a glabra. marrom, ventralmente glabro, dorsalmente esparso-seríceo, 2-3 x 1-2 cm, asa glabrescente, elíptica. castanho- largo-elíptico, ápice retuso, ca. 12,5 x 8,5 mm; asa e escura, manchas claras próximas da região seminífera, 4,5-6 pétalas da quilha glabras, asa 12-13 X 3,5-5 mm. x 1,5-cm. Material selecionado: MATO elíptica, pétalas da quilha 9,5-10,5 x 7-8 mm, GROSSO: Chapada dos 6.X. 1984. oblongas; androceu monadelfo, filetes de mesma Guimarães, Ir.. J.R. Borges et ai. 137 (INPA. UB). Jauru, 6.VI.1995. S.M. Salis altura, anteras oblongas; ovário velutino, estigma ei ai. 908 (CPAP). Pontes e Lacerda, 15.IX.I997. fr., AG. Nave et ai. 2172 clavado. Sâmaras falciformes. estipe velutino, 7-9 (CGMS, ESA). mm compr., região seminífera estrigosa e tomentosa. Machaerium brasiliense é reconhecida pelo castanho-escura, 1-2 x 0,5-1 cm, asa estrigosa e revestimento viloso a esparso-viloso no -1,5 pecíolo, tomentosa, oblonga, castanho-clara, 3-4 x 1 cm. raque e face abaxial dos folíolos, além da sâmara Material selecionado: MATO GROSSO: Figueirópolis tenuemente falciforme. Ocorre nas regiões centro- d'Oeste, 8.V.1995, fl., G. Hatschbach et ai. 62489 (ESA. sul e sudoeste de Mato Grosso; ocorre em Floresta MBM). Indiavaí, 8.V.1995. fr.. G. Hatschbach et ai. Estacionai Semidecidual e Savana Florestada 62497 (MBM, RB). Floração não observada; frutificação Machaerium biovulatum apresenta como (Cerradão). em setembro e outubro. características diagnosticas o hábito arbóreo, eixo da inflorescência e velutinos, região pedicelo 6. Machaerium eriocarpum Benth.. Comm. Legum. seminífera estrigosa e tomentosa. Esta amplamente Gen.: 34.1837. distribuída na América Central, Venezuela e Brasil Arvores 2-8 m alt.; ramos pubescentes a & Klitgaard 2006). Foi encontrada na região (Lozano espinhos recurvados. ca. 2 mm sudoeste sua glabrescêntes; de Mato Grosso, sendo ocorrência compr.: lenticelas inconspícuas, exsudado inédita pura o estado. Habita exclusivamente Floresta amarronzado. Folhas 43-63-folioladas; pecíolo Ombrófila Densa. Floresce e frutifica em maio. e raque velutinos a glabrescêntes, pecíolo 4-7 mm compr.. raque 3,5-9,5 cm compr., peciólulo 5.Machaerium brasiliense Vogel, Linnaea 11: 185. viloso a esparso-viloso. ca. 1 mm compr.; folíolos 1837.Fig. 1 k-1 subsésseis. alternos, raramente subopostos. Arvores até 23 m alt.; ramos tomentosos a discolores, glabros na face adaxial, glabrescêntes; estipulas não modificadas em glabrescêntes na abaxial, tomentosos a espinhos; lenticelas amareladas, exsudado glabrescêntes sobre a nervura principal e a amarronzado. Folhas 7-9-folioladas; pecíolo. raque margem, estreito-elípticos, base arredondada ou

Rodriguésia 62( 1): 107-122.2011 Machaerium no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 113

ZK=9 _cv.ll

'Z*Y2i W E VI " í' Í^P^ CJ> Us E |"t

3v itóIj] N N v» X

Figura 1 - a-j. Machaerium biovulatum (a-b Hatschbach 62497; c-j Hatschbach 62489) - a. fruto; b. folíolo, face adaxial; c. flor; d. bractéola; e. cálice; f. estandarte; g. asa; h. pétalas da quilha; i. androceu; j. gineceu. k-1. M. brasiliense (Nave 2172) - k. fruto; 1. folíolo, face adaxial. m-n. M.floribundum va.r.floribundum (Arbocz 3472) - m. - fruto; n. folíolo, face adaxial. o-w. M. inundatum (o-p Mattos 15535; q-w Arbocz 4612) o. fruto; p. folíolo, face adaxial; q. flor; r. bractéola; s. cálice; t. estandarte; u. asa; v. pétalas da quilha; w. androceu; x. gineceu. Figure 1 - a-j. Machaerium biovulatum (a-b Hatschbach 62497; c-j Hatschbach 62489) - a. fruit; b. leaflet, adaxial surface; c. flower d. bractcole; c. calyx; f. standard; g. wing; h. petals ofthe keel; i. androccium; j. gynoecium. k-1. M. brasiliense (Nave 2172) - k. fruit; - 1. leaflet, adaxial surface. m-n. M. floribundum var. jloribundum (Arbocz 3472) m. fruit; n. leaflet. adaxial surface. o-w. M. inundatum (o-p Mattos 15535, q-w Arbocz 4612) - o. fruit; p. leaflet, adaxial surface; q. flower; r. bracteole; s. calyx; t. standard; u. wing; v. petals of the kccl; w. androccium; x. gynoecium.

Rodriguésia 62( 1): 107-122.2011 114 Polido. CA. & Sartori. A.LB. oblíqua, ápice agudo ou apiculado, nervação Grosso. Sua ocorrência é inédita para o Mato craspedódroma, 0,5-1,5 x até 0,5 cm. Panículas Grosso do Sul. Os ambientes preferenciais são terminais, axilares, eixos velutinos, o principal Florestas Estacionais Decidual e Semidecidual. 7,5-19 cm compr. Flores subsésseis, pedicelos Savana (Cerrado), Savana Florestada (Cerradão), velutinos, ca. 1 mm compr.; bractéolas glabras, Savana Parque e Floresta-Estépica Florestada às vezes externamente esparso-tomentosas, (Chaco), este último exclusivo de Mato Grosso largo-ovadas ou ovado-comprimidas, 1,5-2,5 x do Sul. Floresce de fevereiro a dezembro e 1-2,5 mm, cálice campanulado, internamente frutifica de março a dezembro. glabro, externamente glabrescente, denso- tomentoso sobre o ápice, lacínios superiores 7. Machaerium floribundum Benth. var. os 4-5 mm compr., elípticos, estreito-elípticos, floribundum, J. Proc. Linn. Soe., Bot. 4(Suppl.): 68. azulada, lilás ou roxa; estandarte corola 1860.Fig. 1 m-n com mácula creme, elíptico ou largo- glabrescente, Arbustos escandentes; ramos obovado, ápice obcordado ou retuso, 7-9,5 x puberulentos; estipulas não modificadas em espinhos; lenticelus 7,5-9,5 mm, asa e da asa pétalas quilha glabras, enegrecidas, exsudado amarronzado. Folhas 5-9- obovada, 7-10 x 4-6,5 mm, da pétalas quilha folioladas; e raque oblongas, 6,5-8,5 x 4-6 mm; androceu monadelfo, pecíolo tomentosos a 3-5 filetes de mesma altura, anteras oblongas; ovário glabrescentes. pecíolo cm compr.. raque 6-10,5 cm compr., esparso-velutino. estigma clavado. Sâmaras peciólulo tomentoso, 3-5 mm compr.; folíolos falciformes; estipe tomentoso, 6-9 mm compr.. peciolados, alternos, discolores. a na face adaxial. seríceos região seminífera tomentosa a puberulenta, glabrescentes glabros acinzentada, 1-2.5 x 0,5-1,5 cm, asa tomentosa a na abaxial, obovados, base equilateral ou oblíqua, ápice retuso, nervação craspedódroma. 6.5-11.5 x puberulenta elíptica acinzentada 2,5-4,5 x 0,5-1-5 cm. Material selecionado: MATO GROSSO: Cuiabá. 4-6 cm. Panículas terminais, axilares, eixos 20.X. 1990, fl., D.N. Conceição s/n (RB 295194). Poconé, puberulentos a tomentosos, o principal 15-34 cm 30.XI. 1982, fr.. /. U. Santos & CS. Rosário 611 (INPA.). compr. Flores sésseis; bractéolas tomentosas, MATO GROSSO DO SUL: Bela Vista. 13.XI. 1977, fl., deltoides, ca. 2 x 2 mm; cálice campanulado, J.S. Costa I48(RB); 21.IV.1984, fx.J.F.M. Valls etal. tomentoso, ca. 3 mm compr.; corola alva a 7649(RB). Bonito. 11.1X1996, fl..//.. Ratteretal. s/n esverdeada; estandarte dorsalmente tomentoso, ca. (UB 7670). Corumbá, 14.XII.1986, fl. e fr., C.N. Cunha 10x4 mm; asa ca. 9 x 4 mm, et al. 2113 (CPAP, HMS). Ladário, 16.XI.1996, fl., pétalas da quilha ca. 7 M.A.O. Bezerra & J.L. Peixoto 7 (CGMS, COR). x 3,5 mm; androceu monadelfo, filetes de mesma Miranda, 18.XII.1990, fl., U.M. Resende et al. 360 altura; estigma reto (Lozano & Klitgaard, 2006). (CGMS); 19.XI.2O02. fr.. A. Pott et al. 10860 (HMS). Sâmaras imaturas, cultriformes, estipe velutino, ca. Porto Murtinho, 5.IV.2001, fr., A.LB. Sartori et al. 475 1 mm compr., região seminífera sericea, castanho- (CGMS.HMS);l6.\V.2005,n.,LE.A.M.Lescanoetal. clara. 1,5-2 x 0,5-1,5 cm, asa glabrescente, oblonga, 209 (CGMS). . amarelada, 3,5-5 x 1,5-2 cm. Machaerium eriocarpum possui como Material selecionado: MATO GROSSO: Cláudia. características diagnosticas os folíolos estreito- 9.XI. 1996. fr., G.F. Arbócz et al. 3472 (CGMS, ESA). elípticos, com ápice agudo ou apiculado, de Machaerium floribundum var. floribundum margem espessada, ápice do cálice denso- possui hábito escandente. folíolos obovados e tomentoso e sâmaras falciformes, acinzentadas, sâmara com região seminífera sericea. O material de asa elíptica. Considerando-se o tamanho dos analisado possui flores de 9-10 mm compr. e cálice folíolos, é próxima de M. pilosum, da qual se de ca. 3 mm compr., se enquadrando na circunscrição diferencia principalmente pelo hábito arbóreo da variedade típica (flor de 6-10 mm compr. e cálice (versus escandente em M. pilosum). As de 3-4 mm compr.; Rudd, 1987). As var.panifloritm inflorescências axilares, a paniculadas Benth. e var. hypergyrettm (Harms) Rudd podem aproximam de M. hirtum, da qual se distingue apresentar flores até 6(-7) mm compr. e cálice até 2.5 folíolos estreito-elípticos, de ápice agudo pelos mm compr. (Rudd 1987). E registrada para a região sâmaras ou apiculado e falciformes (vs. folíolos norte de Mato Grosso, sendo este o primeiro registro oblongos ou estreito-oblongos, de ápice retuso, no Estado. É encontrada em Floresta Ombrófila sâmaras cultriformes). na região e Ocorre oeste Aberta. O período de floração não foi observado, de Mato Grosso do Sul e no sudoeste de Mato mas apresentou frutos imaturos em novembro.

Rodriguesia 62( 1): 107-122. 2011 Machaerium no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 115

8. Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld, Tribuna Brilhante, 24.X.2002, fl, A. Sciamarelli et al. 1344 Farm. 12:132.1944. (CGMS, DDMS). Rio Negro, 14.IV. 1984, fl. e fr., V.J. Pott etal. 3508 Três Lagoas, 22. VI. 1996, fr., Arvores 3-11 m alt.; ramos pubescentes a (CGMS). SP, UB). espinhos retilíneos, 1,5-3 mm J.C. Gomes Júnior 1988 (CPAP, HMS, glabrescentes; Material selecionado: BRASIL. Brasília meridionalis. compr.; lenticelas inconspícuas, exsudado 1836, fl., Humboldt 240 (foto UEC). amarelado. Folhas 31^47-folioladas; e raque peciolo Machaerium hirtum é reconhecida pela casca vilosos a 3-10 mm compr.. glabrescentes, peciolo lisa, com cicatrizes circulares (Sartori & Tozzi 1998), raque 6-12,5 cm compr., 1- peciólulo glabrescente, espinhos retilíneos, folíolos oblongos ou estreito- 2 mm compr.: folíolos subsésseis, alternos ou oblongos, de nervação craspedódroma, eixo da subopostos, discolores, glabros na face adaxial. inflorescência e pedicelo vilosos e hábito arbóreo. esparso-sericeos a na abaxial, oblongos ou glabros Assemelha-se a M. isadelphum causa dos estreito-oblongos, os apicais oblongo-lanceolados. por folíolos oblongos ou estreito-oblongos, porém eles base oblíqua, raramente arredondada, ápice retuso, são menores em M. hirtum (mais 2 cm compr. nervação x que craspedódroma, 1-2 até 0,5 cm. em M. isadelphum) e os espinhos são recurvados Panículas terminais, axilares, vilosos, eixos o em M. isadelphum. Difere de M. aculeatum e M. 9,5-16,5 cm compr. Flores subsésseis, principal pelo hábito ereto (vs, escandente naquelas vilosos, pilosum pedicelos ca. 1 mm compr., bractéolas espécies). As semelhanças em relação aos folíolos tomentosas sobre margem da face externa, glabras. e às inflorescencias também podem levar a largo-ovadas ou ovadas, 2-2,5 x 1,5-2,5 mm; cálice identificações equivocadas entre M. hirtum e M. campanulado, internamente glabrescente, eriocarpum. No entanto, essas duas espécies externamente esparso-seríceo, lacínios superiores podem ser diferenciadas pelas sâmaras, oblongos, os inferiores estreito-oblongos, 3,5-5,5 cultriformes e castanho-escuras em M. hirtum. mm compr.; corola lilás; estandarte ventralmente enquanto em M. eriocarpum elas são falciforme e glabro, com mácula alva, dorsalmente seríceo a acinzentada. Machaerium hirtum está amplamente esparso-seríceo, obovado, raramente ovado, ápice distribuída em Mato Grosso do Sul, enquanto em emarginado, 6,5-11 x 5,5-8 mm; asa e pétalas da Mato Grosso pode ocorrer nas regiões central e quilha glabras. asa elíptica, 7,5-12 x 3-5,5 mm, sudeste. Habita Florestas Estacionais Decidual e pétalas da quilha oblongas, 7-10 x 4,5-7,5 mm; Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa e Savana androceu monadelfo, filetes de mesma altura, Florestada (Cerradão). Apresenta flores de agosto anteras elípticas; ovário velutino, estigma a abril e frutos de abril a agosto. clavado. Sâmaras cultriformes, estipe tomentoso, 5,5-7,5 mm compr., região seminífera tomentosa 9. Machaerium inundatum (Mart. ex Benth.) a glabra, castanho-escura, 1-2 x 0,5-1 cm, asa Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 4: 311.1925. tomentosa a glabra, oblonga ou ovada, castanho- Fig. 1 o-x clara, 2-3,5 x 1-1,5 cm. Árvores 2-5 m alt.; ramos glabrescentes, às Material selecionado: MATO GROSSO: Chapada dos vezes esparso-tomentosos; estípulas não Guimarães, 21.11.1997. fl., AG. Nave et al. s/n (CGMS modificadas em espinhos; lenticelas 17581, ESA). MATO GROSSO EX) SUL: Anaurilândia, esbranquiçadas, exsudado amarronzado. Folhas 5- 19.VI.1998, fr., J.L.G. Salvador et al.50 (CGMS). 7-folioladas; raque e esparso- Bataguaçu. 22.1.1992, fl., M.M. Los s/n (CGMS 17590). peciolo, peciólulo Bela Vista. 2.XI.1998. fl.. OS. Ribas et al. 2450 (ESA. tomentosos a glabros, peciolo 2-3,5 cm compr.. INPA, SO). Bodoquena, 23.V.2O02, fr., S. Aragaki & raque 4-7 cm compr. e peciólulo 4-6 mm compr.; U.M. Resende 985 (DDMS). Bonito, I2.VIII.2001. fr.. folíolos peciolados, alternos, concolores, glabros R. Constantino I30(CGMS, HRCB); 15.XI.2002, fl., A. na face adaxial, esparso-sericeos sobre a nervura Pott et al. 10744 (HMS). Camapuã, 26.11.2002. fl., A. principal da face abaxial, ovados ou largo-ovados, Pott et al. 9523 (HMS). Caarapó, 2.II.2001, fl., A. base arredondada, ápice acuminado, nervação Sciamarelli et al. S46 (DDMS). Corumbá, 31.111.2004. broquidódroma, 4-7 x 2-5 cm. Panículas axilares, fl. e fr.. R.R. Silva & J.S. Velásquez 623 UEC). (CGMS. eixos velutinos, o principal 2,5-5 cm compr. Flores Ladário. 16.111.2003, fl., G.A. Damasceno Júnior et al. sésseis; bractéolas internamente 2763 (CGMS, COR). Miranda. 19.11.1993, fl., A. Pott et glabras, externamente velutinas, circulares ca. 1,5 x 2 mm; al. 7095 (CPAP). Mundo Novo, 7.II.1993, fl.. G. cilíndrico, Hatschbach et al. 58552 (MBM, SPSF). Piraputanga, cálice internamente glabro, 6\ III.2006. fr., CA. Polido etal. 3 (CGMS 17579). Rio externamente velutino, lacínios superiores largo-

Rodriguésia 62( 1): 107-122. 2011 116 Polido. CA. & Sartori. A.LB.

oblongos, os inferiores estreito-oblongos, 2,5-4 mesma altura, anteras oblongas; ovário velutino. mm compr.; corola amarela na face interna, verde- estigma capitado. Sâmaras cultriformes. estipe alvacenta na externa (Hoehne 1941); estandarte tomentoso, 5,5-7 mm compr., região seminífera ventralmente glabro, dorsalmente velutino. tomentosa a glabrescente, castanho-escura, 1-1.5 x obovado, ápice retuso, 6,5-8 mm; asa e pétalas da 0,5-1 cm, asa esparso-tomentosa a glabra, elíptica. quilha esparso-velutinas, asa estreito-elíptica, 7- castanho-clara, 2-3,5 x 1 -1,5 cm. 8 x 2-3 mm; pétalas da quilha oblongas, 6-8 x 2- Material selecionado: MATO GROSSO: Cáceres. 3,5 mm; androceu monadelfo, filetes de alturas 1 .VIII. 1908, fl., FC. Hoehne272(RB). Poconé,5.X. 1989, diferentes, anteras elípticas; ovário velutino. fr., A. Pott 4990 (CPAP). MATO GROSSO DO SUL: estigma capitado. Legumes samaroides, 2-3 x 1,5- Piraputanga, 24.IX.2006, fr., A.LB. Sartori et al. s/n (CGMS 17586). 2,5 cm, sésseis, seríceos, amarelados. Miranda. 1 .VII.2006, fl. e fr., CR. Lehn et al. s/n 17592). Material selecionado: MATO GROSSO: Cocalinho. (CGMS A espécie é caracterizada 1997, IL. G.F. Árbocz etal. 4612 (CGMS. ESA). Luciara. pelos espinhos 15.VIII.1969, fr.. J. Mattos 15535 (CGMS, SP); recurvados e folíolos oblongos ou estreito-oblongos, 25.XI.1977, fr.. C.7". Falcão 5125 (RB). de nervação craspedódroma, com pontuações Os folíolos ovados ou largo-ovados. de ápice enegrecidas na face adaxial. O hábito da espécie é acuminado. estandarte externamente velutino e fruto variável, constando como árvore (Lehn s/n), arvoreta do tipo legume samaroide. seríceo são características escandente I /'«ir 4990). arbustos ou lianas escandente diagnosticas de M. iniuulatum. Ocorre no extremo leste (Lozano & Klitgaard 2006). Sua ocorrência é inédita de Mato Grosso, exclusivamente em Floresta Oníbrófi Ia para Mato Grosso do Sul, onde se distribui nas regiões Densa. Seu período de floração não foi registrado, mas central e oeste. Em Mato Grosso, está restrita a região a frutificação ocorre de agosto a novembro. sudoeste. Em ambos os estados. M. isadelphum ocorre em Floresta Estacionai Semidecidual e Floresta 10. Machaerium isadelphum (E. Mey.) Ombrófila Densa. Floresce e frutifica em julho e agosto, Amshoff, Meded. Bot. Mus. Herb. Rijks Univ. com (ratificação se estendendo até outubro. Utrecht 52: 53. 1839. Arvores, 4-12 m alt. ou arvoretas escandentes, 11. Machaerium macrophyllum Benth. var. Comm. ca. 2 m alt.; ramos vilosos a pubescentes, às vezes macrophyllum, Legum. Gen.: 35.1837. estrigosos; espinhos recurvados, 6-8 mm compr.; Fig. 2 a-j lentieelas esbranquiçadas, exsudado acastanhado. Arbustos a árvores, 2-7 m alt.; ramos Folhas 25-49-foiioladas; pecíolo e raque esparso- puberulentos a glabros: estipulas não modificadas em setosos e vilosos, pecíolo 0.5-2 cm compr, raque. 9,5- espinhos; lentieelas esbranquiçadas, exsudado 21 cm compr., peciólulo viloso a tomentoso, ca. 1 mm amarronzado. Folhas 5-folioladas; pecíolo e raque compr.; folíolos subsésseis, alternos na base da folha, esparso-tomentosos a glabrescentes, pecíolo 1—4,5 cm opostos no ápice, discolores, seríceos a glabrescentes. compr.. raque 1.5-5,5 cm compr.. peciólulo tomentoso pontuações enegrecidas na face adaxial, oblongos a esparso-tomentoso, 2-5,5 mm compr.; folíolos ou estreito-oblongos. base equilateral ou oblíqua, peciolados, alternos ou subopostos, discolores, ápice emarginado ou retuso. nervação glabros. m;tnchas vináceas na face adaxial. pubescentes craspedódroma, 2,5-5 x 0,5-1,5 cm. Panículas sobre a nervura principal da face abaxial, oblongo- terminais, axilares, eixos vilosos. o principal 6-7 cm lanceolados. os apicais obovados, base arredondada compr. Flores pediceladas, pedicelos tomentosos, 2- ou equilateral. ápice agudo ou obtuso, nervação 3 mm compr.; bractéolas internamente glabras, broquidódroma 5-11J5 x 2-5,5 cm. Panículas terminais. externamente esparso-tomentosas a glabras, ovadas axilares,eixostonx'ntosos,oprincip;il 10.5-19 cm compr. ou largo-ovadas, 2,5-4 x 2-3 mm; cálice campanulado, Flores pediceladas, pedicelos vilosos. ca. I mm compr.; internamente glabro. externamente esparso-viloso a bractéolas internamente glabras, externamente glabro. lacínios superiores oblongos, inferiores tomentosas, ovadas, 1-2 x 0,5-1 mm; cálice estreito-oblongos, 5-6,5 mm compr.; corola roxa; campanulado, externamente viloso, internamente estandarte ventralmente glabro, dorsalmente seríceo. glabro, lacínios superiores largo-oblongos. os inferiores ovado ou largo-ovado, ápice emarginado ou retuso. oblongos. 3—1 mm compr.; corola vinácea; estandarte 7-9 x 4,5-7 mm; asa e pétalas da quilha glabras. asa glabro, largo-clíptico. ápice obtuso ou retuso, 7,5-8,5 x elíptica. 9-10 x 4-5 mm, pétalas da quilha oblongas. 4-4,5 mm; asa e pétalas da quilha glabras, elípticas. asa x 7.5-8,5 4-5.5 mm; androceu monadelfo, filetes de ca. 7.5 x 2.5 mm. pétalas da quilha 6-7 x 2-3 mm;

Rodriguésia b2{l): 107-122.201 Machaerium no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 117

N w cm c E | / e,| Ey

'' " VCMWCM

Zy

Figura 2 - a-j. Machaerium macrophyllum var. macrophyllum (a-b Pereira 396; c-j Hatschbach 67004) - a. fruto; b. folíolo, face adaxial; c. flor; d. bractéola; e. cálice; f. estandarte; g. asa; h. pétalas da quilha; i. androceu; j. gineceu. k. M. multifoliolatum (Philcox4191)- folha face adaxial. 1. M.pilosum (Silva 3374)- folha face adaxial. m-u. M. quinatum var. quinatum (m-u Thomas s/n) - m. folíolo, face adaxial; n. flor; o. bractéola; p. cálice; q. estandarte; r. asa; s. pétalas - da quilha; t. androceu: u. gineceu. v-x. M. quinatum var.paniflorum (v-x Mattos 15530) v. fruto; w. folíolo, face adaxial. x-y. M. stipitatum (w-y Arruda 152) - x. fruto; y. folíolo, face adaxial. Figure 2 - a-j. Machaerium macrophyllum var. macrophyllum (a-b Pereira 396; c-j Hatschbach 67004) - a. fruit; b. leaflet, adaxial surface; c. flower; d. bracteole; e. calyx; f. standard; g. wing; h. petals of the keel; i. androecium; j. gynoecium. k. M. multifoliolatum (Philcox 4191) - leaf, adaxial surface. I. M. pilosum (Silva 3374) - leaf, adaxial surface. m-u. M. quinatum var. quinatum (m-u Thomas s/n) - m. leaflet, adaxial surface; n. flower: o. bracteole; p. calyx; q. standard; r. wing; s. petals of the keel; t. androecium; u. gynoecium. - v-x. M. quinatum var. paniflorum (v-x Mattos 15530) v. fruit; w. leaflet, adaxial surface. x-y. M. stipitatum (w-z Arruda 152) - x. fruit; y. leaflet, adaxial surface.

Rodriguésia 62(1): 107-122.2011 118 Polido. CA. & Sartori. A.LB. andnxreu monadelfo, filetes de alturas diferentes, anteras Machaerium multifoliolatum é reconhecida pelo oblongas; ovário velutino. estigma clavado. Sâmaras número elevado de folíolos (75-102), não ultrapassando falciformes. estipe viloso, 4-6 mm compr., região 1.5 cm compr. Foi registrada apenas no extremo leste de seminífera tomentosa a glabrescente. castanho-clara. Mato Grosso, em Floresta Ombrófila Densa. Não possui 1-2 x 0.5-1 cm, asa tomentosa a glabrescente. elíptica. dados sobre floração e frutificação. amarelada 2.5-4 x 1 -1,5 cm. Material selecionado: MATO GROSSO: Chapada dos 13.Machaeriumparagtiariense Hassl.. Buli. Herb. Guimarães, 19.IX.1988, fr.. M. Pereira 396 (RB). Nova Boissier, sér. 2,7:358.1907. Xavantina, 25.IX. 1949. fr.. J.E. Oliveira s/n (RB 67959). Arvoretas a árvores, 2-20 m alt.; ramos et 276 INPA). Poxoréu, 30.X. 1976, fr., M. Macedo al < glabrescentes: estipulas não modificadas em Vila Bela da Santíssima Trindade, 18.VIII.I997. fl., C. espinhos; lenticelas esbranquiçadas, exsudado não Hatschbach etal 67004 ÇRB). observado. Folhas 5-7-folioladas; raque e Machaerium niacrophyllum var. peciolo, peciólulo vilosos, 2-A cm compr., raque 2- macrophyllum apresenta estipulas não modificadas peciolo 4.5 cm compr., peciólulo 2,5-5 mm compr.; folíolos em espinhos, a maioria dos folíolos oblongo- peciolados, alternos ou subopostos, concolores, lanceolados, com manchas vináceas na face adaxial, glabros, esparso-tomentosos apenas sobre a cálice externamente viloso, corola vinácea e nervura principal da face abaxial, ovados ou largo- estandarte largo-elíptico, denso-tomentoso. A ovados, raramente largo-elípticos, base sâmara não reniforme, de ala desenvolvida provida arredondada, ápice cuspidado, raramente (5-6 x 1,5-2 cm). diferencia a var. macrophyllum da acuminado, nervação broquidódroma, 4,5-6 x 2,5- var. brcvialatnm Rudd, caracterizada sâmara por 5 cm. Racemos em fascículos, axilares, eixos vilosos, reniforme com ala terminal curta (2,5-3 x 3.4 cm) o principal 5-6,5 cm compr. Flores sésseis; (Rudd 1972,1987). A variedade típica possui registros bracteolas internamente glabras, externamente as regiões central e Sul de Mato Grosso, sendo para tomentosas, ovadas ou largo-ovadas, 2,5-3 x 2- esta a primeira citação para o estado. Habita Florestas 2,5 mm, cálice campanulado, glabro, externamente Ombrófilas Aberta e Densa. Floresce em agosto e tomentoso no ápice, lacínios superiores largo- frutifica em setembro e outubro. elípticos. os inferiores elípticos, ca. 4 mm compr.; corola alva ou creme-esverdeada; estandarte 12. Machaerium multifoliolatum Ducke. Buli. ventralmente glabro, dorsalmente tomentoso, largo- Mus. Natl. Hist. Nat.. sér. 2 4(6): 734.1932. Fig. 2 k ovado ou ovado, raramente obovado, ápice obtuso Arbustos escandentes; ramos pubescentes: ou retuso, ca. 6,5 x 6 mm; asa e pétalas da quilha espinhos recurvados, ca. 2 mm compr.; lenticelas glabras, elípticas, asa ca. 7 x 3 mm. pétalas da quilha inconspícuas, exsudado amarronzado. Folhas 75- ca. 7.5 x 3 mm. androceu monadelfo, filetes de 102-folioladas; tomentoso, raramente peciolo alturas diferentes, anteras ovadas, às vezes setoso, 1,5-2,5 mm compr., raque setoso, 8-11,5 triangulares; ovário esparso-velutino, estigma cm compr.; folíolos sésseis, opostos, concolores, clavado. Sâmaras falciformes, estipe viloso, 6,5- estreito-oblongos ou estreito-elípticos, os glabros, 9,5 mm compr., região seminífera tomentosa a apicais obovados, base oblíqua, ápice retuso, glabrescente, castanho-escura, 1-2 x 1-1,5 cm, nervação craspedódroma, 0,5-1,5 x ca. 0,2 cm. asa tomentosa a glabrescente. oblonga, castanho- Panículas terminais, eixos tomentosos. Flores clara, 3,5^.5x1-1,5 cm. pediceladas; bracteolas tomentosas, orbiculares, Material selecionado: MATO GROSSO: Alta Floresta, ca. 1 mm compr.; cálice campanulado. tomentoso, 11.1988. fr., S. Assumpção s/n (CH). Barra do Garças. região mediana glabra, ca. 2 mm compr.; corola 25.VIII. 1972. fr.. J.A. Ratier et al. s/n (UB). Cáceres. branca; estandarte externamente pubescente, ca. 5 1997, fr„ F. Dário et al. s/n (ESA 61804). Juscimcira. mm compr.; asa e pétalas da quilha glabras, ca. 5 I6.IX.I995. fr.. A. Pott et al. 7294 (CGMS, CPAP). mm compr.; androceu monadelfo. filetes de mesma Poconé. 7.X. 1989, fl. e fr, A. Pott 5083 (CPAP. HMS); Pott & V.J. altura, anteras oblongas; ovário tomentoso. estigma 12.XI.2005. fr.. A. Pott 13559 (HMS). Rondonópolis, I5.IX.1995, fr., S.M. Salis 826 clavado. Sâmaras cultriíonnes, estipe tomentoso. ca. et al. (CGMS. CPAP). MATO GROSSO DO SUL: Bonito, 0.5 mm compr; região seminífera tomentosa ca. 2.5 cm XI. 1997. fl., U.M. Resende 2006 (CGMS). Corumbá. compr. asa tomentosa. ca. 4 x 0,5 cm 1981). (Bastos 24.11.1988. fr.. A. Pott et al. 474 (CGMS, CPAP) Material examinado: MATO GROSSO: Nova Miranda. 20X1991. fr., U.M. Resende 563 (CGMS). Xavantina, 25.1.1968, D. Philcox & A. Ferreira4191 (UB). Nioaquc. 11.2001. fl.. RJ. Bastos 798 (CGMS).

Rodriguésia 62(1): 107-122.2011 Machaerium no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 119

Material adicional selecionado: PARAGUAI. pilosum, M. aculeatum e M. isadelphum; nas YPACARAI: 1.1845-1895, fi., E. Hassler 1849 últimas duas espécies, no entanto, os espinhos são (holótipo G). recurvados, ao passo que, em M. pilosum, eles são Caule e ramos esfoliantes (Sartori & Tozzi retilíneos. A espécie é registrada para Mato Grosso, 1998), folíolos geralmente ovados ou largo-ovados, mas sem indicação de localidade na etiqueta de com ápice em geral cuspidado, e inflorescência herborizado. Ocorre em Floresta Ombrófila Densa racemosa são características diagnosticas de M. Aluvial. Foi coletada em julho, final de floração, paraguariense. Em Mato Grosso do Sul, está com frutos imaturos. distribuída na região noroeste, especialmente no Alto Pantanal. Este é o primeiro registro para o Mato 15. Machaerium quinatum (Aubl.) Sandwith var. Grosso, tendo sido encontrada na região sul e quinatum. Buli. Misc. Inform. Kew 1931(7): 359. extremo norte do estado. Ocorre preferencialmente 1931.Fig.2m-u em Florestas Estacionais Decidual e Semidecidual Arvoretas 3-5 m alt.; ramos pubescentes; e Savana (Cerrado). Floresce em outubro e estípulas não modificadas em espinhos; lenticelas novembro e frutifica de outubro a fevereiro. inconspícuas, exsudado acastanhado. Folhas 11- 13-folioladas; pecíolo e raque pubescentes a 14. Machaeriumpilosum Benth., J. Linn. Soe, Bot. tomentosos, pecíolo 2,5-5 cm compr., raque 9,5-14,5 4(Suppl.):57.1860.Fig. 21 cm compr.. peciólulo tomentoso, 2-3.5 mm compr.; Lianas escandentes; ramos puberulentos; folíolos peciolados, alternos ou subopostos, espinhos rctilíneos. 1-1,5 mm compr.; lenticelas discolores, puberulentos na face adaxial, vilosos a enegrecidas, exsudado não observado. Folhas 47- glabrescentes na abaxial, lanceolados ou oblongo- 57 folioladas; pecíolo, raque e peciólulo vilosos, lanceolados, base equilateral, ápice agudo ou pecíolo ca. 3 mm compr., raque 8-9,5 cm compr., acuminado. nervação craspedódroma, 6-10 x 2-3,5 peciólulo ca. 1 mm compr.; folíolos alternos, cm. Rácemos axilares ou terminais, eixos vilosos, o discolores. glabrescentes na face adaxial, com resinas principal 12,5-18 cm compr. Flores pediceladas. amarelas, seríceos a glabrescentes na face abaxial, pedicelos vilosos, ca. 1 mm compr.; bractéolas margem tomentosa, elípticos ou estreito-elípticos, internamente glabras, externamente vilosas, largo- base arredondada ou oblíqua, ápice agudo, nervação ovadas ou ovado-comprimidas, 2,5-3,5 x 2-2,5 mm; craspedódroma. 7-9 x 1,5-3 cm. Panículas terminais. cálice cilíndrico, internamente glabro, externamente superiores largo- eixos vilosos, o principal ca. 18 cm compr. Flores tomentoso a glabrescente, lacínios 3,5-4 mm compr.; corola pediceladas; bractéolas tomentosas, largo-ovadas, elípticos, inferiores elípticos, 10-20 mm compr.. cálice cilíndrico, glabrescente, 40- enegrecida; estandarte ventralmente glabro, 50 mm compr.; estandarte ventralmente glabro, dorsalmente seríceo, obovado ou largo-obovado, asa e da dorsalmente puberulento, 100-120 mm compr; asa ápice retuso, ca. 10 x 8,5 mm; pétalas quilha ca. 10,5 x 4 mm, da 80-100 mm compr., pétalas da quilha 80-100 mm glabras, elipticas, asa pétalas compr.; androceu monadclfo, filetes de mesma altura; quilha 9-10 x ca. 3 mm; androceu monadelfo, filetes ovário densamente tomentoso (Bastos 1981). de mesma altura, anteras oblongas, às vezes Sâmaras imaturas, cultriformes; estipe 0,5-1,0 cm triangulares; ovário velutino, estigma capitado. compr., região seminífera ca. 1,5 cm compr, asa ca. 3 Sâmaras falciformes, hirsutas, amareladas, 6-9,5 x x 0,5-1 cm (Bastos 1981). 2-2,5 cm (Lozano & Klitgaard 2006). Material examinado: MATO GROSSO: s/loc. Material examinado: MATO GROSSO: Nova Suia, 18.VII.I977, íl. e fr., M.G. Silva & J. Maria 3374 (RB). 14.VIII.1997, fl., LC. Bernacci 2449(ESA, IAC). Sinop, fl.. W. Thomas et ai. s/n (INPA 150676). Machaerium pilosum pode ser identificada 31.X. 1985, Machaerium var. quinatum pelos espinhos retilíneos e diminutos (1-1,5 mm quinatum apresenta folíolos oblongo-lanceolados ou compr.), pecíolo, raque e peciólulo vilosos e folíolos dc margem tomentosa. Bastos (1987) descreveu M. lanceolados. inflorescência racemosa. cálice cilíndrico enegrecida. O hábito arvoreta e os folíolos pilosum como arbórea, enquanto o material aqui e corola analisado apresenta hábito escandente, semelhante vilosos ou glabrescentes na face abaxial aproximam táxon de M. var. Os folíolos ao observado por Hoehne (1941). O hábito este quinatum paniflonun. escandente a difere de M. eriocarpum e M. hirtum. são lanceolados ou oblongo-lanceolados, de ápice duas espécies arbóreas. O hábito e a morfologia agudo ou acuminado, e o cálice cilíndrico na variedade enquanto, na var.paniflonun, os folíolos são geral dos folíolos, por outro lado, aproximam M. típica,

Rodriguésia 62( 1): 107-122. 201 1 120 Polido. CA. & Sartori. A.LB. elípticos ou largo-elípticos, de ápice arredondado folíolos peciolados. alternos, discolorçs, glabros na ou obtuso, e o cálice é campanulado. Trata-se da face adaxial. esparso-pubescentes na face abaxial. primeira citação deste táxon para o Mato Grosso. vilosos sobre a nervura principal, oblongo-elíptici >s t >u ocorrendo na região norte, em Floresta Ombrófila oblongo-lanceolados. base arredondada, ápice Densa. Foram observadas flores de agosto a outubro, arredondado, nervação broquidódroma, 2,5-5 x 1-2 mas não foram obtidos dados de frutificação. cm. Panículas terminais, axilares, eixos esparsamente ferrugíneo-tomentosos. Flores sésseis; bractéolas 16.Machaerium quinatum var. parviflorum externamente pubérulas a tomentelas. oblongas, ca. (Benth.) Rudd. Phytologia 24(2): 121.1972. 1 mm compr, cálice campanulado. externamente esparso Fig. 2 v-w e curto-tomentoso. ca. 2 mm compr, corola creme Arvoretas ca. 2,5 m alt, ramos puberulentos ou esverdeada: estandarte dorsalmente seríceo. a pubescentes; estipulas não modificadas em amplamente obovado; ca. 5 x 3 mm: asa e pétalas da espinhos; lenticelas inconspícuas, exsudado não quilha glabras. oblongas. asa ca. 5 mm compr.. pétalas observado. Folhas 9-11 -folioladas: peciolo e raque da quilha ca. 4 mm compr, andrtx:eu monadelfo. filetes pubescentes, peciolo 1,5-2.5 cm compr., raque 5.5- de mesma altura, anteras oblongo-arredondadas; 7 cm compr., peciólulo tomentoso, 2-3 mm compr, ovário espaiM>-vi loso no ápice (Sartori & Tozzi 1998). Sâmaras falcilormes; folíolos pedalados, alternos, discolores. face adaxial estipe esparso-tomentoso a esparso-pubescente. glabra. face abaxial glabrescente, tomentosa apenas 4-7 mm compr., região seminífera sobre a nervura principal, elípticos ou largo- glabra. marrom, 1-2x0,5-1 cm, asa glabra. elípticos, base arredondada, ápice arredondado ou elíptica. castanho-clara, 2-3,5x0.5-1,5 cm. obtuso, nen ação craspedódroma, 3.5-5 x 2-3 cm. Material selecionado: MATO GROSSO DO SUL: Anaurilândia. I8.VI.1998. Panículas axilares ou terminais, eixos ferrugíneo- Ir.. J.LG. Salvador et al. 1 (CGMS). Corumbá, 31.111.2003. fr., tomentosos. Flores bractéolas ovadas M.C.V. Arruda et pediceladas; al. 152 (CH). ou elípticas, ca. 1 x 1.5 mm: cálice campanulado, Machaerium stipitatum ser identificada ferrugíneo-seríceo, 3-4,5 mm compr, corola alva pode pelo hábito arbóreo, folíolos oblongo-elípticos ou ou amarelada; estandarte (Rudd 1972). pubescente oblongo-lanceolados, de ápice arredondado e Estandarte, asas, pétalas da quilha, androceu e gineceu nervação broquidódroma e sâmara com asa elíptica, não observados. Sâmaras falcilormes. estipe velutino. castanho-clara. Ocorre no extremo da região nomeste e 5,5-7.5 mm compr., região seminífera tomentosa. sudeste de Mato Grosso do Sul. em Floresta Estacionai castanho-clara, 1,5-2.5 x 0,5-1 cm, asa tomentosa a Semidecidual. Sua floração não foi observada mas glabrescente, elíptica amarelada. 4.5-6 x 1 -2 cm. frutos foram encontrados em março e Material examinado: MATO GROSSO: Luciara. junho. 15.X1I.I969, fr.,./. Manos 15530(SP). VLMacliaerium villosum Vogel. Linnaea 11:189.1837. Machaerium quinatum var. parviflorum Árvores 4-8 m alt, ramos vilosos a caracteriza-se pelas estipulas não modificadas em estipulas espinhos, folíolos elípticos ou largo-elípticos, com glabrescentes; não modificadas em espinhos; lenticelas amareladas, exsudado nervuras secundárias proeminentes, cálice campanulado e asa da sâmara amarelada. Esta amarronzado. Folhas 19-25 folioladas; peciolo viloso a 2-4,5 cm compr, raque variedade é citada pela primeira vez para o Mato glabrescente, e peciólulo Grosso, ocorrendo no extremo da região nordeste \ i losos. raque 19-29.5 cm compr., peciólulo 2,5-5 mm do estado. Ocorre em Floresta Estacionai Decidual. compr, folíolos peciolados, alternos ou subopostos, Não foram observadas flores, mas os frutos foram concolores. velutinos a esparso-velutinos, encontrados em dezembro. lanceolados ou oblongo-lanceolados, base arredondada ou equilateral, ápice agudo ou 17.Machaeriumstipitatum (DC.) Vogel, Linnaea acuminado, nervação broquidódroma 6-9 x 1 -3 cm. 11:189.1837.Fig.2x-y Panículas axilares. eixos vilosos, os de segunda ordem Arvores ca. 7 m alt, ramos glabrescentes: fasciculados, o principal 12-14,5 cm compr. Flores estipulas não modificadas cm espinhos; lenticelas sésseis; bractéolas internamente glabrescentes. esbranquiçadas, exsudado não observado. Folhas ') externamente tomentosas. largo-ovadas ou ovado 11 folioladas; peciolo tomentoso a glabrescente, 0.5- comprimidas, 1-2 x 1-1,5 mm; cálice campanulado. 2,5 cm compr.; raque c peciólulo vilosos a glabrescentes, internamente glabrescente. externamente tomentoso raque 3-6,5 cm compr., peciólulo 2-3 mm compr.; a glabrescente. tomentoso sobre ápice, lacínios

Rodriguésia 62( 1): 107-122. 201 Machaerium no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 121 superiores oblongos, inferiores estreito-oblongos, 2,5- Bentham. G. 1862. Leguminosae. Dalbergieae. In: Martius 3 mm compr.; corola alva; estandarte ventralmente C.P.F. & Eichler, A.G.(eds.). Flora brasiliensis. F. Fleisher. Lipsiae. Vol. 15. Pars. 1. 349p. glabro, dorsalmente seríceo, ovado ou largo-ovado, Borges, H.B.N & Shepherd. G.J. 2005. Flora e estrutura do ápice obtuso ou retuso; ca. 7.5 x 5.5 mm; asa e pétalas estrato lenhoso numa comunidade de Cerrado em Santo da asa tomentosa na região da quilha glabras, Antônio do Leverger. MT, Brasil. Revista Brasileira de unguícula. elíptica 6.5-8 x 2,5-3 mm; da pétalas quilha Botânica 28:61-74. oblongas. ca. 7,5 x 3 mm; androceu monadelfo, filetes Bortoluzzi, R.L.C.; Carvalho-Okano, R.M.; Garcia F.C.P. de mesma altura, anteras oblongas ou triangulares; & Tozzi. A.M.G.A. 2004. Leguminosae, Papilionoideae ovário velutino, estigma capitado. Sâmaras no Parque Estadual do Rio Doce. Minas Gerais, Brasil. cultriformes: estipe glabrescente, 0.5-1.5 mm compr., II: árvores e arbustos escandentes. Acta Botânica região seminífera glabra marrom, brilhante, 1,5-3 x 1- Brasilica 18:49-71. 2 cm, asa glabrescente. elíptica. castanho-clara 4-5 x Camargo. R.A. 2005. A Tribo Dalbergieae (Leguminosae- l,S-2cm. Faboideae) no Estado de Santa Catarina. Brasil. Material selecionado: MATO GROSSO DO SUL: Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Bodoquena 25.VIII.2002, fr.. U.M. Resende & S. Aragaki Grande do Sul. Porto Alegre. 131 p. /2aS'(CGMS, DDMS); 19.VIII.20O6. CA. Polido etal. 16 Damasceno Júnior, G.A.; Nakajima, J.N. & Rezende, (CGMS). Bonito. IX. 1998. fr.. G.A. Damasceno Júnior etal. U.M. 2000. Levantamento florístico das cabeceiras 1621 (CGMS); 9.X.2O03. fi.. G. Hatsclibach et al. 76049 dos rios Negro, Aquidauana. Taquari e Miranda no (MBM. SPSF). Corumbá, 28.X. 1980. fl. e fr.. J.E. Guimarães Pantanal, Mato Grosso do Sul. Brasil. In: Willink. 1237(RB): 30.IX.1996,11., A. Pott 7880 (CPAP, HMS). P. W.; Chemoff, B.; Alonso, L.E.; Montambault, J.R. Material adicional selecionado: s/loc.. s/d. 11., F. Sellow & Lourival. R. (eds.). Uma avaliação biológica dos s/n (isótipo K B.V., foto UEC). ecossistemas aquáticos do Pantanal, Mato Grosso Machaerium VÜlosum caracteriza-se pela raque do Sul. Brasil. Conservation International, e peciólulo vilosos. folíolos lanceolados ou oblongo- Washington, DC. Pp. 152-162. lanceolados, velutinos a esparso-velutinos em ambas Daniel. O. & Amida L 2005. Fitossociologia de um fragmento as faces, c tlores sésseis. de corola alva. A espécie é de fkxesta estacionai semidecidual aluvial às margens do Dourados. MS. Scienüa Forestalis 68: 69-86. encontrada no Mato Grosso do Sul. na porção nonvsie rio Betrona ilo estado, em Savana (Cerrado) e Floresta Estacionai Dubs. B. 1998. Prodomus florae matogrossensis. 444p. Semidecidual. Floresce em setembro e outubro, sendo Vcrlag. Ktisnaclit. Labor S.A., observados frutos em agosto e setembro. Font Quer. P.1953. Diccionario de botânica. Barcelona. 1244p. Agradecimentos Harris. J.G. & Harris. M.W. 1994. Plant identification terminology: an illustrated glossary. Spring Lake Aos curadores dos herbários o empréstimo Publishing. Spring Lake. 198p. das exsicatas; às biólogas Caroline Lcuchtenberger Hickey, L.J. 1973. Classification of the architecture of e Luciana A. Spindola. as ilustrações; à FUNDECT dicoty ledonous leaves. American Journal of Botany 60: (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do 17-23. - Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Hoehne. F.C. 1941. Leguminosas Papilionadas gêneros e Paramacluierium. In: Flora brasilica. Grosso do Sul) a bolsa de Mestrado concedida à Maclwerium São Paulo. Vol. 25. Fasc.3. lOOp. primeira autora: à coordenação do Mestrado em Holmgren. P.K. & Holmgren. 1998. Onwards (continuously Biologia Vegetal da UFMS e à Pró-Reitoria de update). Index herbarium. New York Botanical Garden. Pesquisa e Pós-Graduação, o auxílio às excursões New York. Disponível em . Aeessoem agosto 2006. IBGE 1992. Manual técnico da vegetação brasileira Fundação Referências Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Rio de 89p. Barroso. G.M.; Morim. M.P: Peixoto, A.L. & Ichaso. C.L.F. Janeiro. 1999. Frutose sementes: nxxíoliigiaaplicadaàsisteniálica Lewis. G.P. 1987. Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens, de dicotiledôneas. Universidade Federal de Viçosa. Kew. 369p. Viçosa. 443p. Lewis, G.P; Schire, B.: Mackinder. B. & Lock. M. 2005. world. Royal Botanic U.tstos. M.N.C. 19X7. Contribuição ao estudo de algumas Legumes of the Gardens. Kew. ¦luicrium 577p. espécies do gênero Mm Pcrscxinllx-guminosae - Papilionoideae) ocorrentes na Amazônia brasileira. Lima H.C. 1995. Leguminosas da Flora Fluminenses-}.M.C. - Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. série Velloso Lista atualizada das espécies arbóreas. Acta Botânica?: 183-278. Botânica Brasilica 9:123-146.

Rodriguésia 62(1): 107-122.2011 122 Polido. CA. & Sartori. A.L.B.

Lima. H.C; Correia. C.M.B. & Farias, D.S. 1994. Oblonga (BenÚ\.)Tmib. (Leguminosae. Papilionoideae. Leguminosae. In: Lima M.P.M. & Guedes-Bruni. R.R. Dalbergieae). Rodriguésia. 58:283-312. (orgs.). Roera Ecológica de Macaé de Cima Nova Pinto. J.R.R. & Hay, J.V. 2005. Mudanças florísticas e Friburgo-RJ: aspectos florísticos das espécies vasculares. estruturais na comunidade arbórea de uma floresta de Vol. 1. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. vale no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, 4()4p. Mato Grosso. Brasil. Revista Brasileira de Botânica Lima L.C.P.; Garcia, F.C.P. & Sartori, A.L.B. 2007. 28:523-539. Leguminosae Adans. nas florestas estacionais do Parque Pinto, J.R.R & Oliveira-Filho, A.T. 1999. Perfil florísticoe Estadual do Itacolomi, Minas Gerais. Brasil: ervas, estrutura da comunidade arbórea de uma floresta de Rodriguésia arbustos, subarbustos. lianas e trepadeiras. vale no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, 58:331-358. Mato Grosso. Brasil. Revista Brasileira de Botânica Lorenzi. H. 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação 22: 53-67. e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Vol. 1. Polido. CA. & Sartori. A.L.B. 2007.0 gênero Mai Inicritim Plantarum. Nova Odessa. 368p. (Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae) no Pantanal de Lorenzi. H. 1998. Árvores brasileiras: manual identificação brasileiro. Rodriguésia 58:313-329. e cultivo de arbóreas nativas do Brasil. Plantarum. plantas Pott. A. & Pott, V.J. 1994. Plantas do Pantanal. Embrapa. Nova Odessa. Vol. 2. 368p. Brasília. 32()p. Lozano. P. & Klitgaard, B.B. 2006. The genus Machaerium Radford. A.E.: Dickison, W.C; Massey, JR. & Bell, CR. (Leguminosae: Papilionoideae: Dalbergieae) in Ecuador. 1974. Vascular systematics. Harper & Row. New Brittonia 58: 124-150. plant York. 891 p. Marimon. B.S. & Lima. E.S. 2001. Caracterização Rudd. V.E. 1972. New taxa and combinations in Macliaeriiun fitofisionómiai e levantamento florístico preliminar no (Leguminosae). Phytologia 24: 121 -124. pantanal dos rios Mortes-Araguaia. Cocalinho, Mato Grosso, Brasil. Acta Botânica Brasilica 15:213-229. Rudd. V.E. 1987. Studies in Macluierium (I .eguminosae) VI. Phytologia 62: 282-302. Mendonea-Filho.C.V. 1996. Braúna angico, jacaranda e outras leguminosas de Mata Atlântica: Estação Biológica de Salis. SM.; Silva M.P.; Mattos. P.P.; Silva J.S.V.; Pott, V J. Caratinga. Minas Gerais. Fundação Botânica Margaret & Pott. A. 2(XM. Fitossociologia de remanescentes de Mee, Viçosa. lOOp. floresta estacionai decidual em Corumbá. Estado do Mato Mendonça-Filho, C.V.; Fomi-Martins. E.R. & Tozzi. Grosso do Sul. Brasil. Revista Brasileira de Botânica 27: A.M.G.A. 2002. New chromosome counts in 671-684. neotropical Machaerium Pers. species (Fabaceae) and Sartori. A.L.B. & Tozzi, A.M.G.A. 1998. As espécies de their taxonomic¦significance.Caryologia55:111-114. Machaerium Pers. (Leguminosae - Papilionoideae - Mendonça-Filho, C.V.; Tozzi, A.M.G.A & Fomi-Martins. Dalbergieae) ocorrentes no estado de São Paulo. Revista E.R. 2007. Revisão taxonômica de Macluierium sect. Brasileira de Botânica 21:211 -246.

Lista de Exsicatas Amador, G.A. 11 (13). Aragaki, S. 985(8). Arbócz 3472 (7); 3690. 3777 (2); 3811 (3); 4071 (2); 4612 (9). Arruda, M.C.V. 152(17). Bastos, RJ. 798 (13). Bernacci, L.C. 2449 (15). Bezerra, M.A.O. 7 (6). Borges, J.R. 137 (5). Caliente, A.D. 1626 (6). Carreira, L. 670 (3). Carvalho, CA. 2737 (6). César, O. 322 (2). Conceição. D.N. I n RB 295194 (6). Constantino, R. 130 (8). Cordeiro, 1. 9680, 1196 (2). Costa, J.S. 148 (6); 157 (6). Cunha, CN. 4613 (6). Damasceno-Júnior, G.A. 1621 (18); 2763 (8); 2816 (1). Dário, F.R. 1149 (3); s/n. ESA 61804 (13). Dubs, B 1571 (2). Falcão, C.T. 5125 (9). Faria, S.M. 1420 (6). Fernandes-Júnior, S. 113 (3). Ferrucci, M.S. 1472(2);Garcez,W.S.s/nCGMS05172(2). Gomes-Júnior, J.C 1988 (8). Guimarães, J.G. 1237(18); 1301 (6). Harley, R.M. 10930, 11300 (2). Hassler, E. 1849 (13). Hatschbach, G. 37488.52427 (2); 52446 (3); 52465 (6); 58552 (8); 58886 (2); 62210.62489.62497 (4); 62635 (3); 65479 (2); 67004 (11); 76049 (18); 77453 (6). Hoehne, F.C 272 (10); 2550 (3). Jacques, E.L. 960, 1658 (2). Kuhlmam, J.G. 426 (2). Lehn, CR s/n. CGMS 17592 (10). Lescano, L.E. 209 (6). Lima, A. 3153 (3). Loureiro, R.L. 26 (6). Macedo. M. 63 (3); 276 (11); 1356 (6); s/n INPA 164601 (1); s/n INPA 176628 (3). Maciel, A.A. 179(3). Maria, V.R 339 (6). Mattos, J. 15530(16); 15535(9). Melo,P.H.A. 115(6). Nadruz, M. 1259 (1). Nave, A.G. 1193(2); 1333 (3); 2172 (5). Nunes, M.S. 17 (2). Oliveira, J.E. s/n. RB 67959 (11). Pastore, U. 132 (2). Pereira, M. 396 (11). Pereira-Noronha. M.R. 478 (2) Philcox, D. 3017, 3570 (2); 4191 (12). Pinto. J.R.R. 76 (5). Polido, CA. 16(18); 17 (8). Pott, A. 474 (13); 1904. 1942 (3); 2238 (2); 3267 (6); 3418 (8); 3430 (2); 3508 (8); 3806 (13); 4228, 4282 (8); 4773 (3); 4990 (10); 5083 (13); 6616,7065 (2); 7095 (8); 7294 (13); 7734 (2); 7880 (18); 9523 (8); 10500 (2); 10744 (8); 10860 (6); 13559 (13). Prance, G.T. 26676, s/n INPA 42461 (2). Ramos, A.E. 222 ,263,288.309, 362 (2). Ramos, J. s/n RB 164375 (2). Ratter, J.A. s/n RB 165756, UB 2053, UB 4552 (2); s/n UB 5241, UB 7070, UB 7670 (6). Resende, U.M. 163 (3); 262 (2); 360 (6); 563 (13), 1208 (18); 2006 (13); s/n CGMS 2142 (2). Ribas, O.S. 2450 (8). Ribeiro, E. 9 (3). Salis, S.M. 826 (13): 908 (5). Salvador, J.L.G. 1(17); 50 (8). Santos, J.U. 563 (6); 611 (6); Sartori, A.L.B. 475 (6); 921 (2); s/n. CGMS 17586 (10). Schwcnk, UM. 42 (3). SciamarellL A. 770 (2); 846 (8); 919 (3); 998 (2); 1344 (8). Shepherd, GJ. 7511 (3). Silva, M.G. 3374 (14); 4423 (2). Sil>a, R.R. 623 (8); 1120. 1329 (1). Souza, P.R. s/n CGMS 11425 (1). Souza, V.C. 15520(3); 16185, 16687(2); 16752(3); 20505 (2). Torro, A.C. 10(2). Thomas, W. s. n. INPA 150676 (15). Valls, J.F.M. 7649 (6).

Artigo recebido em 18/05/2010. Aceito para publicação em 26/10/2010.

Rodriguésia 6211): 107-122. 201 1 Rodriguésia 62(1): 123-137.2011 ¦g^sN»\ http://rodriguesia.jbrj.gov.br>^^kv\-Í< Species composition and floristic relationships in southern Goiás forest enclaves Composição e relações tlorísticas de encraves florestais no sul de Goiás

*, Paulo Oswaldo Garcia1 Arthur Sérgio Mouco Valente1, Daniel Salgado Pifano1, José Felipe Salomão Pessoa3, Luiz Carlos BusatoA, Marco Aurélio Leite Fontes1 & Ary Teixeira Oliveira-Filho5

Abstract llinterland ffagments of Atlantic forests situated in transitional arcas are poorly known with rcspcct to the effects of human impacts on their species composition and regeneration. The purpose of this study was to describe and characterize the structure and composition ofthe community of forest rcmnants located in Itumbiara, Goiás State, Central Brazil, and to analyzc their floristic relationship with other arcas of seasonal and transitional vegetation ecotones. Five forest fragments were chosen for tree community sampling. The survey was carried out asing PCQ (point-centered quarter) method and 25 points were distributed along linear transects totalling 125 sampling unas. Four live with circumfcrence at breast height (1.30 m) > 15 cm were recorded at each point. The floristic and phytosociological survcys recorded 149 tree species bclonging to 110 genera and 47 families. The analysis of similarity confirmed the ccotonal character with many generalist species and other w ith occasional 'Cerrado' oceurrence in (woody savanna) and seasonal forests. The forest remnants in Itumbiara showed a high tree species diversity. In spite of this, the tree community species suggests higher similarity with savanna vegetation. Key words: Atlantic rainforest. Cerrado, secondary forest, ecotone. Resumo Os fragmentos de Mata Atlântica interioranos localizam-se em região de tensão ecológica e carecem de conhecimento sobre os efeitos de impactos antrópicos sobre sua composição e regeneração. Objctivou-sc caracterizar e descrever a estrutura e composição da comunidade arbórea em remanescentes florestais localizados cm Itumbiara. Goiás, além de analisar as relações floristicas entre esses e outros fragmentos de formações estacionais e de áreas ecotonais. Foram selecionados cinco fragmentos para a amostragem da comunidade arbórea. Foi aplicado o método de quadrantes. sendo alocados, em cada fragmento, transecções lineares contendo 25 pontos, o que resultou no estabelecimento de 125 unidades amostrais. Em cada ponto, foram inventariados os espécimes arbóreos vivos com circunferência a 1,30 m acima do solo >15 cm. As coletas floristicas e o levantamento fitossociológico registraram 149 espécies arbóreas, pertencentesa 110 gêneros c distribuídas em 47 famílias. A análise de similaridade demonstrou o caráter ccotonal, com muitas espécies generalistas e outras de ocorrência mais pontual no Cerrado ou em matas estacionais. Os remanescentes florestais em Itumbiara apresentaram elevada diversidade arbórea No entanto, a comunidade arbórea sugere relações floristicas mais estreitas com as formações sav ânicas. Palavras-chave: Mata Atlântica, cerrado, floresta secundária, ecótono.

Introductioninland (Morellato & Haddad 2000; Oliveira-Filho & The Atlantic Domain comprises variousFontes 2000), where it intersects with Caatinga to threatened ecosystems with high structural andtne North. Cerrado in its central part and/.raucaria floristic complexity and acknowledged value (SOSforests to the South (Oliveira-Filho & Fontes 2000). Mata Atlântica & INPE 2008). It covers the mountainRemnants are estimated to represem only 77c of its ranges of the eastern Brazilian coast and extends faroriginal extension (SOS Mata Atlântica & INPE 2008).

Universidade I cdcr.il de Lu ras, Depto. Ciências Florestais. Lab Dinâmica de Florestas Tropicais. CP. 3037.3720TMXX). Lavras. MG. Autor para correspondência [email protected] hr l nucnidadc Federal de Juiz de Fora. R. José Lourcnco Kelincr s n.. 36036-900. Juiz de Fora. MG. 'Signus Vitae Comércio e Elaboração de Estudos e Projeto» Ambientais Ltda . R. Berlim 73.27:65-000. Volta Redonda. RJ. \Jnivenidade Federal de Minas Gerais. Instituto de Ciências Biológicas. Depto. Botânica. 31270-901. Belo Horizonte. MG. 124 Garcia. P.O. et ai.

Deforestation main causes have been lumbering and diffcrcnt-aged communities. in this transitional área. farming activities. not to mention urban expansion. to obtain data that help us understand better the According to Oliveira-Filho & Fontes (2000), Atlantic dynamics ofthe végétation confronted to the current forest formations include the ombrophilous and model of land use and occupation, and make seasonal types, which are associated to high rainfall decisions to preserve these ecosystems. and temperatures, and to their seasonality. respectively. Material and Methods Since agricultura! borders, energy production. This work was condueted at population and road networks are ever expanding. the Fazenda São Fernando (18°2rS and 49-06^), in forest fragmentation provokcd by human influence Itumbiara, southern Goiás. Located on the banks is a continuous process that often has irreparablc of river Paranaíba. consequences on the environment (Sabbag 2003). its circa 1.470 ha are mostly used to grow sugar Fragments of Atlantic Forest are scattered cane. The landscape presents forest and throughout what used to be its original territory. In Cerrado physiognomies, in addition to áreas with Centra] Brazil, rclict formations are found in southern huge gullies, where research is developed to recover plant communities. Mean altitude is 448 m and climate Goiás and in Mato Grosso do Sul (MMA 2(XX)). "Aw", Penetration occurs through riparian forests. which is according to Kóppens classification, with act as ecological corridors (Lcdru et ai. 1998: Oliveira- two distinct seasons: dry winters (4 to 5 months) and humid summers Filho & Ratter 2000). According to Ab'sáber (2(X)3). (SEPLAN-GO 2005; EPE 2006). these relicts, surrounded and enclaved in Ninety percent of annual rainfall (between 1,200 and 1,800 mm) occur in the wet season, morphoclimatic and phytogéographie Cerrado with monthly raies superior to 100 mm domain. reflect the impact ofthe Quaternary climatic (SEPLAN-GO 2005; EPE 2006). Temperatures have monthly and palcoccological changes on the formation and means superior fragmentation of corridors or, on a wider scale, on to 18°C, and annual amplitude isinlcrioi to 4°C (EPE the expansion and retraction of biomes. 2006). According to Oliveira-Filho & Fontes (2000), In Goiás, the Atlantic Forest, which covers 4' í within the Atlantic domain. forest communities ofthe state, includes seasonal deciduous and semi- located to the North of 23°20'S, characterized by a season superior deciduous forests (SOS Mata Atlântica & INPE dry to 30 days, and at altitudes 2008), associated with recently exposed valleys and between 300 and 700 m, are classified as seasonal slopes with mineral-rich rocks or soils of médium to semi-deciduous submontanc forests. The various high fertility (Oliveira-Filho & Ratter 2000; Imaiia- oceurrence of Cerrado physiognomies Encinas et ai. 2007). The township of Itumbiara. (Ribeiro & Walter 1998) was also observed in lhe southern Goiás, is characterized as an ecotone region, which includes Cerradão. the forest between Atlantic Forest and Cerrado physiognomy of that Domain. The forest fragments located at the Fazenda São Fernando physiognomies. Since local plant cover is no are usually exception to the national disturbance history, smaller than 5 ha and at different succcssional stages. fragments result from the interaction between urban Based on acrial pielures shot in 1968 (Fig. Ia) we growth and lhe use of environmental resources. and 2(X)5 (Fig. Ib). selected five fragmente to Atlantic Forest. which used to cover approximately sample the tree community (Fig. 1). In fact, in 1968, 54% of the township, has now been reduced to 3'; two fragments (AI and A2) were already observed of its surface (SOS Atlantic Forest & INPE 2(X)8). and considered in a more advanced stage of natural since they mainly ow ing to the excellent farming potcntial of ils regeneration presented an established soils of basaltic origin (Oliveira-Filho & Ratter 2000). tree community. The three other remnants (RI, R2 "insufficiently The region is classified as known. and R3) comprchcnded degraded arcas covered likely to be biologically valuable", so that surveys mainly with herbaccous and shrub sinusiac. which have are needed in order to eslablish in situ conservation been regencrating over lhe last 40 years and currcntly units to protect biological diversity (MMA 2000). present a forest physiognomy. Since lhe esiahlishment The present study describes lhe structure and of their tree community is more recent, they were composition ofthe tree community in forest rcmnanls categori/ed as at an carlier stage of regeneration. located in Itumbiara. Goiás, and anal v/cs ihcir llorisiic The point-centered quarter method (Mucller- relationships with Atlantic and Cerrado formations to Dombois & Ellenberg 1974; Brower & Zar 1984; characterize the influence af these donmins oo species Martins 1991) was used to describe the tree composition. It also analy/es forest regeneration in phytococnosis. In each fragment. a 10 m transed

Rodriguésia 62( 1): 123-137.2011 Floristic relationships in southern Goiás enclaves 125 with 25 equidistant points was established. totaling square test (Ayres et al. 2007) to quantify the 5 transects, 125 points and 500 individuais. At each influence of the different disturbance histories on was point. four li ve tree specimens with a circumference tree species stratification. A Kruskal-Wallis test at breast levei (CBH) equal or superior to 15 cm were run (Zar 1999) to observe possible differences among inventoried in 2008. Specimens with multiple stems basal área values in the groups. of the species sampled in this were only sampled when their quadratic mean CBH The occurrence mct the minimum criteria for inclusion. The total study in different phytophysiognomies of the and Cerrado domains was determined height. estimated with the help of (10 m long) pruning Atlantic sheers, and circumference of each individual were according to data found in Treeatlan 1.0 (Oliveira- Filho 2009) and Mendonça et al. (1998) and used to recorded. When possible. species were identified in the field. Voucher material of ali individuais was construct a Venn diagram to characterize We also collected either to confirmor determine identifications phytogeographical relationships. dendrogram based on through bibliographic research orcomparisons with constructed a UPGMA index, involving tree communities specimens kept at the ESAL herbarium ofthe Federal Stírensen similarity and seasonal forests of center- University of Lavras. The family classification ofthe from the Cerrado westem Federal, Goiás and Mato Grosso Angiosperm Phylogeny Group (APG III 2009) was (Distrito and eastern Gerais) Brazil (Tab. 1). used. Nomenclature was checked based on the do Sul) (Minas Data from a floristic survey carried out Tropicosdataba.se (2010), but synonymies and new preparatory in the Fazenda in 2007 were added to the inventory combinations follow Oliveira-Filho (2009). and PC-ORD 4.0 (McCune & Mefford 1999) was For the analyses, we phytosociological used to construct the dendrogram. An abundance separated the samples into two collected in groups: matrix was to perform a Detrended fragments in more advanced stage of regeneration generated Correspondence Analysis (DCA) and verify (A1+A2) and gathered in communities at earlier vegetation gradients between the two groups, due stages (R1+R2+R3). Both Shannon's diversity and to their distinct preservation history. EstimateS 8.0 Pielou's evenness indexes were obtained. The former also constructed accumulation curves for the specific were compared both through l-test (Zar pairwise richness observed (Mao Tau) in the different 1999) and diversity curves from 500 generated fragments, after 500 randomizations (Colwell 2006). randomizations of Shannon's index per fragment. The diversity curves were constructed with the help of Results EstimateS 8.0 (Colwell 2006). To compare the We recorded 149 tree species to 110 structural patterns between groups, heights and pertaining diameters (at CBH) were distributcd into frequency genera and 47 families (Tab. 2), with a predominance species), which corresponds to classes and then compared through a partition chi- of Fabaceae (31

HWB W0O0 W9O00 700000 roíOOO 70MO0 70JOOO 7O4O00 705000 M7000 696000 699000 700000 701000 70KP0 703000 704000 70S000 ,-A

'I1

* T^MA .0 0.5 1 Km m mm . 0' Db Figure 1- Images taken from the air in 1968 (a) and 2005 (b) ofthe forest fragments in São Fernando farm, Itumbiara, Goiás State. A1 and A2 are forest fragments in later successional phases; RI, R2 and R3 are forest fragments in earlier successional phases.

Rodriguésia 62( 1): 123-137. 2011 126 Garcia. P.O. ei al.

20.9% of the richness. Out of these species, 7.3% The difference in tree species, composition were only indentified to the family or genus levei. between the fragments in different stages of The inventory sampled 500 tree individuais, 300 of regeneration became evident in the Detrended which grew in the fragments at an earlier stage of Correspondence Analysis (DCA). with high regeneration and 200, in the fragments in a more eigenvalues on the first two axes (Braak 1995). Axis advanced stage of regeneration, resulting in an 1 (0.879) distinguishes fragments in a more advanced estimate of 1,039.5 and 882.2 individuals.ha-1, stage of regeneration from those in earlier stage of respectively. As for the tree community, Shannon's regeneration (Fig. 3). while axis 2 (0.762) differentiates index (H') was 4.02 and Pielou's evenness index (J'), the composition within the very communities both 0.87. The number of sampled species that only in advanced and earlier stages (Fig. 3). The biggest presented a single individual was high (32.7%). differences in structure and composition were The number of species recorded in the observed between fragments AI and R3, represented fragments at earlier (Tab. 2) and more advanced at the extremities of axis 1. stages of regeneration was 72 and 50 species, With regard to the distribution ofthe identified respectively. The Shannon's index ofthe fragments species (Fig. 4), 64.2% are common both to the at earlier stage, 3.68, was significantly superior (tO.()5, 430 = 8.23; p < 0.05) to that of the more advanced ones. 3.31. Except for R3. the other fragments at an earlier stage of regeneration presented a Shannon's •FAl »FA: 4FJU 0FR2 oFtU index superior to that of the fragments in a more advanced stage of regeneration (Fig. 2a), the high ô " value of RI being noteworthy. Ali remnants 1 »*??**' similar specific richness 2b), except ' presented a (Fig. :< for RI whose number of species was quite superior i llliiiiitlllUi.:::: to the others. The species accumulation curves tend to remain constant as the sampling effort increases, & "1 suggesting that the species composition sampling \ ¦ was representative (Fig. 2b). Ali fragments presented similar evenness values: 0.86 in those at an earlier stage of regeneration and 0.84 in the ones at a more 10|5 13 Pontos advanced stage of regeneration. a Xylopia aromática (Lam.) Mart., Tapirira guianensis Aubl. and Myracrodruon urundeuva Allemão represented 30% ofthe importance value »FA1 »fa: «FRI DFIU OFRJ 50 (IV) in the fragments at an earlier stage of regeneration 45

(Tab. 2), but either were not recorded in the fragments 40 in a more advanced stage of regeneration (T. 55 guianensis and M. urundeuva) or had a drastically 10 in reduced importance in the community (X. aromática). H Conversely, Nectandra lanceolata Nees, Acácia :o ,...!ÍÍii.H.I^ DC. and Trichilia hirta L., which U i.i polyphylla 10 correspond to 31% of the IV in the fragments in a 5 more advanced stage of regeneration (Tab. 2), a reduced importance in the fragments at 1015 presented Ponitvs earlier stages, while T. hirta was not even recorded in them. It is worth noting that no species of the Figure 2 - Accumulation curves for the Shannon index genus Trichilia. which mainly formed the understory (a) and observed number of species (b), obtained from of more mature fragments. the mainly due to the 500 randomized combinations of sample plots used to density of T. hirta, were recorded in the fragments survey five forest fragments at São Fernando farm, at earlier successional stages. No species with higher Itumbiara, Goiás State, Brazil. Al and A2 are forest I Vs were common to communities in different stages fragments at later successional phases; RI, R2 and R3 of regeneration 2). (Tab. are forest fragments at earlier successional phases.

Rodriguésia 62( 1): 123-137.2011 I Table 1 - Tree community survcys used for similarity analysis. CAP or DAP, circumferencc or diameter at brcast height (1.30 m); CA30 or DA30, circumference and £? diameter at 0.30 m above ground; M, methods; Q, point-centered quarter; P, plots; H', Shannon diversity index; J', Pielou evenness index; NI, number of individuais per j$ hectare; FED or FES, semideciduous and deciduous forest, respectively; Ce, Cerrado; GO and MG, Goiás and Minas Gerais States, rcspcctivcly; DF, Distrito Federal.

N Authors Locality Geographical Climate Admission M H' J' NI N°of Typology coordinates criteria species (cm) (% rare) è Presente trabalho Itumbiara. GO I8°2 PS 49°06,W AwCAP>15 Q 3.3 to 3.7 0.8 to 0.9 972 148(32.7) FLO-GO 1 I ¦ Balduinoefa/. 2005 Paraopeba, MG I9°20'S44020,W CwbCA30_>15.7 P 3.60.81990 75(14.7) CE-MG 1

Costa & Araújo 2001 Uberlândia, MG 19o10'S48°23,W AwCAP£l5 P 3.80.81867 107(11.2) CE-MG 2

Espírito-Santo et ai. 2002 Lavras, MG 21°13'S44057,W CwbDAP^5 P 4.20.81411 to 17(X) 238(23.0) FES-MG 3

Fonseca & Silva Júnior 2004 Brasília, DF 15°52'S47°50,W Aw a CwaDA30>5 P 3.2 to 3.4 0.8 to 0.9 121964(9.4) CE-DF

Haidaretal. 2005 BR-060 Goiânia 16°33'S49°10,W AwDAP>5 P 1097124(17.5) FES-G0 3 a Anápolis

Imana-Encinase/a/. 2007 Pirenópolis, GO I5°45'S49°(M-W Aw DAP>5 P 3.8 0.9 185583(18.1)FES-G02

Nascimento et ai. 2004 Monte Alegre, GO 13o08'S46o39'W Aw DAP>5 P 66352 (28.8)FED-GOl

Salis et ai. 2004 Corumbá, MS 19o33,S57°50,W Aw CAP>9 Q 2.5to 3.2 0.8 to 0.9 1020 to 3240 79(44.0)FED-MS

Silva &Scariot 2004 São Domingos, GO 1304,S46°44,W Cw DAP>5 P 3.0 0.8 924 48(22.9)FED-G02

Souza et ai. 2006 Araguari, MG 18038'S48°H"W Cwa CAP^15 P 3.3 to 3.7 0.7 to 0.8 1472.5 110(8.18)FES-MG 1

Souza et ai. 2007 Uberlândia, MG 18°48'S48o10"W Aw CAP>15 P 2.6to 2.8 0.7 1279 59(20.33)FED-MG

Sposito & Stehmann 2(X)6 Belo Horizonte, MG 20°05,S43°46'W Cwb CAP>15 Q 3.0to4.0 O.Stol.O 1724to4058 221(36.19)FES-MG 2 128 Garcia. P.O. et ai.

(ombrophilous and/or seasonal) forest and savanna Discussion, The species that only occur in the physiognomies. This survey recorded generalist species with Domain accounted for 33.57c ofthe total. Atlantic a wide geographical distribution that colonize from Nonetheless, the floristic relationships between the Atlantic rainforest to hinterland savanna communities. of the Fazenda São Fernando and tree community as is the case of Amaioua guianensis Aubl.. other formations point out a greater similarity to Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr.. Casearia vegetations 5). Cerrado (Fig. sylvestris Sw. and Cecropia pachystachya Trécul Analyzing the frequency distribution of (Oliveira-Filho & Fontes 2000; Oliveira-Filho 2009). individuais in height (X*0.05,5 = 30.63; p < O.(XX) 1) On the other hand, Byrsonima crassa Nied., and diameter (X^.OS, 5 = 24.72; p = 0.01) classes Ferdinandusa ovalis Pohl, Mouriri elliptica Mart., showed significam differences between fragments. Sorocea sprucei (Baill.) J.F. Macbr.. Tachigali was observed in A reduetion of higher specimens vulgaris L.G. Silva & H.C. Lima - predominantly the fragments at earlier stages of regeneration, distributed in Central Brazil - and Erythroxylum especially of individuais higher than 12 m (Fig. 6a) tortuosum Mart.. Salada cras.sifolia (Mart.) G.Don and over 25 cm in diameter (Fig. 6b). On the whole, and Zeyheria montana Mart., characteristic of individuais are between 4.1 m and 8 m high and Cerrado (Mendonça et ai. 1998; Oliveira-Filho correspond to 48% in the earlier fragments and 54.67r 2009), were also reported. According to Mendonça in the more advanced ones. The distribution of et ai- {1998). the distribution of F. ovalis and S. sprut ei individuais in diameter classes (Fig. 6b) showed a in the Cerrado Domain is limited to riparian forests. higher abundance of sampled trees in the smaller wfaile B. crassa. M. elliptica and T. vulgaris are size classes and a gradual decrease as we move more directly associated with lower savanna toward bigger classes. A difference (H0.05,1 = 7.02; formations. On the other hand. among the species ¦ 0.008) between basal área values was also predominantly distributed in the Atlantic Domain p "sensu observed: they were higher in the more mature latissimo" (Oliveira-Filho 2(X)6), we reported fragments, 23.71 m2.ha'. than in the ones at an earlier Machaerium siipiiatum (DC.) Vogel, Nectandra stageof regeneration, 11.11 m2.ha '. lanceolata Nees, Bauhinia ungulata L., Manihot

Florestas OmbroBs» Fragmentos Florestas Semtdeciduas N=89 • ‡$RI N=136 «2

‡• «Al

Nv^-^^T-"^^^1/ Florestas DecirJuas I /*^-ii__--^7\N=97

‡t » V

1

Eixol (0.879)

Figure 3 - Detrended correspondence analysis Figure 4 - Venn diagram produced for the tree species (DCA) of 125 sample points used to survey the forest surveyed in forest fragments ofthe São Fernando farm, fragments at São Fernando farm, Itumbiara, GO. Al Itumbiara, Goiás State, floristic and phytossociological and A2 are forest fragments in later successional stands showing number of species shared by rain, phases; R1, R2 and R3 are forest fragments in earlier semideciduous and deciduous forests and Cerrado successional phases. (woody savanna) vegetation. N, total number of species.

Rodriguésia 62( 1): 123-137. 2011 Floristic relationships in southem Goiás enclaves 129

Table 2 - Families and species recorded in floristic and phytossociological surveys carried out in forest fragments with different disturbance histories in Itumbiara, Goiás State. N, number of individuais; AB, basal área in m2; NP, number ***Species of point-quarter species occurrence; VI, Importance Value; surveyed only in floristic surveys.

FAMII.IKS/SPKCIKS Floristic cnmmunities Initial stageAdvanced stage AB NP VI1AB NP VI Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Schott. ex Spreng.*** Myracrodruon urundeuva Allemão 220.219 1721.00 Tapirira guianensis Aubl. 26 0.421 1829.03 Thyrsodium spruceanum Salzm. & Benth. 0.002 0.79 Annonaceae Annona crassiflora Mart. 0.024 3 2.95 Cardiopetalum calophyllum Schltdl.*** Guatteria aff. pogonopus Mart.*** Xylopia aromalica (Lam.) Mart. 0.020 2 2.62 43 0.332 30 36.73 Xylopia sericea A.St.-Hil.*** Apocynaceae Aspidosperma cf. cuspa (Kunth) S.F.BIake ex Pittier*** Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg. 0.087 8.85 0.079 6.46 Aspidosperma panifolium A. DC. 0.009 1.74 Araliaceae Schefflera macrocarpa (Cham. & Schltdl.) Frodin 0.006 ,1.23 0.003 0.83 Schefflera morotoloni (Aubl.) Maguire et ai.*** Arecaceae Mauritia ffexuosa L.f.*** Bignoniaceae Cybisiax anlisyphititica (Mart.) Mart. 0.005 1 1.21 Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A.DC.) Standl.*** Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. 0.003 0.83 Tabebuia sp. 0.004 0.85 '/.cyhcria montana Mart.*** Boraginaceae Cordia ecalyculala Vell. 0.003 1.18 - Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand 0.106 5.33 0.033 3.24 Calophyllaceae Kielmeyera sp. 0.005 1.21 - Celastraceae Maytenus ilicifolia (Schrad.) Planch. 0.010 2.43 ...- Salada crassifolia (Mart.) G. Don 5 0.033 5 6.22 - Chrysobalanaceae Hirtella glandulosa Spreng. ,0.015 1.20 Hirtella hebeclada Moric. ex DC. 0.049 4.27 - Hirtella racemosa Lam.*** Hirtella sp. 0.020 2.42 Licania kunthiana Hook. f. 0.468 17.06 - Clusiaceae Symphonia globulifera L.f.*** Combretaceae Terminalia argenlea (Cambess.) Mart.*** Terminalia fagifolia Mart. 0.002 ,1.16 0.006 1.26 Connaraceae Rourea cf. induta Planch. 0.005 0.88 Dilleniaceae Curatella americana L. 10 0.159 11.89 Kbenaceae Diospyros hispida A.DC.***

Rodriguesia 6211): 123-137. 201 1 130 Garcia. P.O. et al.

FAMIUES/SPECIES Floristic communities, Initial stageAdvanced stage N AB NP VI1AB NP VI

Erylhroxylaceae Erythroxylum dtciduum A. St.-Hil. 0.0697.63 Erythroxylum tortuosum Mart. ,0.0161.23 Euphorbiaceae Manihot anômala Pohl 0.010 1.31 - Maprounea guianensis Aubl. ,0.008,0.97 Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. 0.003 ,1.17 0.0565.41 Sapium glandulatum (L.) Morong 0.017 3.06 .... Fabaceae Acácia polyphylla DC. 18 0.271 1322.11 ,0.0171.26 Acosmiurn dasycarpum (Vogel) Yakovlev 0.004,0.85 Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart*** Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan 1.302 27.58 - Apuleia lelocarpa (Vogel) J.F.Macbr.*** Bauhinia brevipes Vogel 0.0071.68 Hauhiniu rufa (Hong.) Stcud. 0.029,1.63 Bauhinia ungulata I-.*** Bowdichia virgilioides Kunth 0.020,1.69 Copaifera langsdorffii Desf. 0.828 I 16.52 0.1135.72 Deguelia coslata (Benth.) Az.-Tn//i ,0.0020.80 Dimorphandra mollis Benth. 0.0363.31 Dipteryx alala Vogel 0.009 1 1.29 - Diptychandra aurantiaca Tul.*** Enterolohium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr.*** martiana Hayne*** Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne 0.0243.63 Inga lamina (Sw.) Willd.*** Inga sessilis (Vell.) Mart. 0.0020.79 Machaerium acutifoliuni Vogel*** Machaerium opacum Vogel 0.0192.80 Machaerium stipilutum (DC.) Vogel 0.081,3.59 Mimosa himucronala (DC.) Kuntze*** Ormosia fastigiata Tul. 0.1035.42 Plathymenia reticulata Benth. 1 0.076 1 2.53 0.020,1.35 Platypodium elegans Vogel I 0.012 I 1.34 0.0131.87 Pterodon emar^inatus Vogel 5 0.071 5 6.92 - Stryphnodendron adstringens (Mart.) Cov. 0.22113.11 Tachigali suhvehnina (Benth ) Oliveira-Filho 0.007 2.87 0.0265.21 Tachigali vulgaris L.G.Silva & H.C.Lima*** Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke*** Humiriaceae Sacoglottis cf. guianensis Benth. 0.014 1.89 Icacinaceae Emmotum niiens (Benth.) Miers ,0.016 ,1.23 Indeterminada Indclerminada 0.018 145 Lauraceae Nectandra cuspidata Nees*** Nectandra lanceolata Nees 34 0.717 20 42.77 0.002 ,0.79 Ocotea cl. corymbosa (Meisn.) Mez*** I.ecythidaceae Cariniana legalis (Man.) Kuntze 0.246 6.82 Lecythis sp 0.009 1.29 I.oganiaceae Antonia ovata Pohl*** Strychnoi cf. pseudoquina A.St.-Hil.*** Malpighiaceae Byrsonima cf. intermedia A.Juss.***

Rodriguesia 62( 1): 123-137. 2011 Floristic relationships in southern Goiás enclaves 131

FAMILIF.S/SPKCIKS Floristic communities Initial stageAdvanced stage AB NP VI1AB NP VI

Byrsonima cf. verbascifolia (L.) DC.*** Byrsonima coccolobifolia Kunth. 0.020 I 1.68 Byrsonima crassa Nied. 0.006 1 0.92 Byrsonima sericea DC. 0.032 5 5.01 Byrsonima sp. 0.239 2 6.68 Malvaceae Apeiba tibourbou Aubl.*** Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna*** Guazuma ulmifolia Lam. 0.019 3 4.21 0.054 2 3.47 Luehea grandiflora Mart. & Zucc. 0.067 3 4.60 100.033 6 6.79 Pseudobombax longiflorum (Man. & Zucc.) A.Robyns*** albicans (Sw.) Triana 0.007 2 1.69 Miconia sp. 0.002 1 1.17 Mouriri elliptica Mart.*** Meliaceae Guarea guidonia (L.) Sleumer 0.0071 1.25 Guarea macrophylla Vahl*** Trichilia ticiiiwenii C.DC. 8 0.0566 8.76 Trichilia hirla L. 21 0.10813 20.58 Trichilia pallida Sw. 3 0.0243 3.80 Moraceae Brosimum gaudichaudii Trécul*** Sorocea sprucei (Baill.) J.F.Macbr. 0.0071 1.26 - Myristicaceae Virola sebifera Aubl. 0.0655 7.31 0.030 6 6.02 Myrtaceae Campiimuncia sp. 0.011 3 2.54 Eugenia adenantha O.Berg*** Eugenia brasiliensis Lam. 0.0051 1.21 - Eugenia punicifolia (Kunth) DC.*** Myrcia sp. 0.006 1 0.92 Myrcia tomentosa (Aubl.) DC.*** Myrtaceae sp.l 0.0503 4.30 - Psidium saluiare (Kunth) O.Berg 0.085 7 8.12 Siphoneugena cf. densiflora O.Berg*** Ochnaceae Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Baill. 0.0041 1.20 - Olacaceae Heisteria silvianii Schwacke 0.0051.62 Ximenia americana L. 0.0071.69 Polygonaceae Coccoloba mollis Casar. 0.0434.29 Primulaceae Myrsine umbellata Mart. 1 0.007 I 1.25 0.0152.59 Proteaceae Roupala montaria Aubl. 0.003,0.82 Rubiaceae Alibertia edulis (L.C.Rich.) A.Rich. ex DC. 0.0101.79 Amaioua guianensis Aubl. 0.004 ,1.19 - Cordiera concolor (Cham.) Kuntze 0.008 2.40 - Ferdinandusa ovalis Pohl 0.0474.39 Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl. ,0.0080.99 Ixora brevifolia Benth. 5 0.069 5 6.89 .... Simira sampaioana (Standl.) Steyerm.*** Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. 0.102 3 5.38

Rodriguesia 62( 1): 123-137.201 1 132 Garcia. P.O. et al.

FAMII.IES/SPIXIES Floristic communities Initial stageAdvanced stage AB NP VI1AB NP VI

Salicaceae Casearia sylvestris Sw. 0.033 6 7.84 Sapindaceae Cupania racemosa (Vell.) Radlk. 0.0345.48 Cupania vernalis Cambess. 0.0081.73 Dilodendron bipinnatum Radlk.*** Magonia pubescens A.St.-Hil 0.007,0.95 Matayba elaeagnoides Radlk. 0.0151.93 Matayba guianensis Aubl. 0.128 2 5.11 0.0436.83 Sapotaceae Chrysophyllum sp. 0.0616.31 Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 0.006,0.92 Pouteria torta (Mart.) Radlk.*** Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. 0.034 9 10.72 0.0143.37 Solanaceae Solanum lyCOCCWpum A.Si.-Hil.*** Styracaceae Styrax ferrugineus Nees & Mart. 0.021 I 2.01 1 0.003 I 0.82 Styrax pohlii A.DC.*** Urticaceae Cecropia pachyslachya Trécul 0.0344 4.33 Vochysiaceae Callisthene major Mart. 0.008 1 1.26 I 0.191I 6.69 Qualea cf. parviflora Mart. 0.009I 1.01 Qualea grandiflora Mart.*** Qualea multiflora Man. 0.018 I 1.95 4 0.0123 2.91 Vochysia acuminata Bong.*** Vochysia cf. pyramidalit Man.*** Vochysia thyrsoidea Pohl 0.008 I 1.26

anômala Pohl and Trichilia hirta L., and B. Vogel. Myrcia tomentosa (Aubl.) DC.. Plaiypodium ungulata, M. anômala and T. hirta, which are elegans Vogel, Siparuna guianensis Aubl., related to seasonal forests (Oliveira-Filho 2009). Siphoneugena cf. densiflora O.Berg, Terminalia Other species found in ecotonal áreas as Dipterix argentea (Cambess.) Mart., Virolasebifera Aubl.. alata Vogel, Emmotum nitens (Benth.) Miers, Xylopia aromatica (Lam.) Mart. and Zanthoxylum Hirtella glandulosa Spreng., Magonia pubescens rhoifolium Lam. A. St.-Hil. and Myracrodruon urundettva Allemão The high values of specific richness and reaffirm the transition between Atlantic Forest and diversity reported for the tree phytocoenosis of Cerrado Domain (Oliveira-Filho & Ratter 2002). Few the Fazenda São Fernando were compatible with recorded species are exclusive to semi-deciduous those obtaincd in semi-deciduous forests in the formations, as Ixora brevifolia Benth. and Styrax Atlantic Domain (Meira-Neto & Martins 2002) and pohlii A. DC. (Oliveira-Filho 2009). Among the are also characteristic of southern Goiás woodlands. species associated with the semi-deciduous forests which are considered as ecotonal áreas (Oliveira- of western Brazil (Oliveira-Filho & Fontes 2000) are Filho & Ratter 2002). Central Bra/il forests constitute Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev, Albizia an important link between northeastern, southeastem nlopoides (Spruce ex Benth.) Burkart, Apeiba and Pantanal seasonal formations and pre-Amazunian tíbourbou Aubl., Astronium fruxinifolium Schott. vegetation (Oliveira-Filho & Ratter 2000; Felfili 2003; ex Spreng.. CallisthenemajorMat\.,Cordieraconcoliw Haidaretal. 2005)and. naturally. theircomposiüon (Cham.) Kuntze. Dhspyros Itispida A.DC.. Eugenia is influenced by these zones (Leitão Filho 1987). punicifolia (Kunth) DC.. Machaerium acutifoliuni According to surveys carried out by Haidar et al.

Rodriguésia 62( 1): 123-137. 201 1 Floristic relationships in southern Goiás enclaves 133

Information Remaining (2005) and Imana-Encinas et al. (2007) in Goiás (%) semi-deciduous forests, the most representative CE-MG' ce-of , species in the community structures were Acácia Ct*tC2 n*4io% - polyphylla DC Amaioua guianensis Aubl.. FES-GOZ FEfrMGt " Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, FES-OOl ' FtS*G2

Callisthene major Mart.. Dilodendron bipinnatttm fES-MC) Radlk.. Guazuma ulmifolia Lam., Myracrodruon FEO40 FHMKí " urundeuva Allemao, Protium heptaphyllum FED490) " FEOO02 (Aubl.) Marchand, Qualea multiflora Mart. and - Tapirira guianensis Aubl., which were also Figure 5 Floristic relationships obtained from recorded in the present survey. Nonetheless, the Sorensen similarity index including the present study similarity of the tree community inventoried in and the other surveys listed in Table 1. Itumbiara to savanna formations reveals the remarkable influence of the Cerrado Domain. highlighted by the increased importance of genera composition of the fragments at the Fazenda São associated with it, as Byrsonima and Qualea (Ledru Fernando. There was a clear distinetion between 1993: Mendonça et al. 1998; Oliveira-Filho & Ratter species whose high importance values stood out, 2002; Ratter etal. 2003; Carvalho & Marques-Alves as Xylopia aromatica and Nectandra lanceolata, 2008). Thus, the records of species characteristic which demonstrated a lower recruitment capacity of Goiás semi-deciduous forests and of species in forests in more advanced and earlier successional distributed in the Atlantic Domain as well as the stages, respectively. Floristic separations also floristic relationships to Cerrado manifest that this oceurred between fragments of similar ages, albeit área is an ecotone between seasonal and Cerradão on a minor scale. Again, the composition types. Delimiting the extension of Cerradão peculiarities between fragments can reflect soil communities (Cerrado Domain) and of seasonal modifications (Oliveira-Filho & Ratter 2002) or forests (Atlantic Forest) in transition áreas is correspond to distinct successional stages (Durigan complex (Ribeiro et al. 1983). Cerradão can act as a & Ratter 2006). Also, the differences between distribution limit for tree species of the Atlantic fragments of the Fazenda São Fernando can be Domain (Costa & Araújo 2001) and share a high explained by past disturbances, since those in number of species with the latter (Rizzini 1979). earlier stages of regeneration were exposed to of time. Such Differences among the compositions of plant luiman activity for a longer period communities can derive from habitat heterogeneity. disturbances affect both water sources and the climatic and edaphic conditions and modifications, availability of propagules to restore vegetation inter-specific interactions. and disturbance histories (Castellani & Stubblebine 1993; Roberts & Gillian (Whittaker 1972; Ledru 1993; Oliveira- Filho etal. 1995;Frelich«?/a/. 1998). 2001; Tabarelli et al. 2004; Sposito & Stehmann The tree density obtained for the community 2006). Since they modify the demographic rates, inventoried in Itumbiara is inferior to that found in and other semi-deciduous the geographical distribution of plant populations savanna formations and impact the extension ofthe biome zones (Ledru forests, and is closer to that of Goiás deciduous 1993: Ledru et al. 1996; Ledru et al. 1998; Hill & forests (Tab. 1). Lower densities can be attributed to Curran 2003; Tabarelli et al. 2004; Durigan

Rodriguésia 62( 1): 123-137. 2011 134 Garcia. P.O. el al.

I8O-1¦ RI-R2«R3 D.AI-A2 was superior to that obtained by Haidar etal. (2005) (19,9 m2.ha') and Imana-Encinase/ al. (2007) (20.08 140- m2.ha ') in Goiás semi-deciduous forests. 120- Thus, the greater representativeness of savanna phytophysiognomies in the fragments at an earlier stage of regeneration also gave rise to the differences and to species diversity, increasing the values of the latter to numbers closer to those proposed by Sposito & Stehmann (2006). Another source of biological variability 121620 >20 can be the ( lissiidc altura (m) conjugation of the permanence of species related to the beginning of suecession and of the recruitment of species from more advanced stages, in a facilitation model (Connell & Slatyer 1977). ilnis weakening 140 ,¦ RI'R2*R3 DAI-A2 possible dominance relationships among species. 120 L The occasional occurrcnce of disturbances can ¦ 100 I generate and/or maintain plant community diversity (Connell 1978) and prevent competitive exclusion. However. the increase in frequency and intensity of these disturbances impoverishes the community composition and structure. During the Quatemary climatic fluctuations. III..._ oscillations in the territorial extension of biomes (Ledru 1993; Ledru e7 a/. 19%; Ledru et al. 1998; 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5 25 27.5 30 32.5>32.5 Oliveira- Filho & Ratter 2000; Ab'sáber 2003; • Ij-m . dt ili.im, iii. (cm) Joly 2(X)7; Ledru et al. 2009;) provoked speciations and promoted geographical dissimilarities (Joly 2007; Ledru et al. - Figure 6 Frequency distribution into height (A) and 2009). Cerrado expanded over mesophytic forests, diameter (B) classes of the tree specimens surveyed in which were unable to re-expand tbeir zone, a failure São Fernando farm forest fragments, Itumbiara, Goiás that can be attributed to human actions (Oliveira-Filho State. A1+A2, forest fragments in later successional & Ratter 2000). The suecession process encompasses phases; RI+R2+R3, forest fragments in earlier a recovery of species richness and diversity. guild successional phases recomposiüon. Hora rcstoraüon and. finally, a vegetation restrueturing (Brown & Lugo 1990; Tabarelli & Mantovani 1999; Oliveira-Filho etal. 2004). The Fazenda over the last 40 years, basal arca and structural São Fernando in southern Goiás represents an complexity were lower. According to Rosa & ecotonal área between the Atlantic and Cerrado Schiavini (2006). the tree stratum of Central Brazil domains. Its vegetation was degraded and is mesophilic forests comprises individuais between currently undergoing a natural regeneration process. 15 and 25 m high. Yet, mainly in the fragments in Characterizing the local vegetation and following its earlier stages of regeneration, we checked the transi ormations can provide information allowing to absence of specimens higher than 12 m. which made understand the phytogeographical relationships. these communities similar to Cerradão or Campo Although we found species richness and diversity Cerrado phytophysiognomies. depending on the values compatible with other semi-deciduous fragments (according to Silva & Bates 2002: Durigan formations. the composition of the inventoried dl Ratter 2(X)6). In this survey, biomass loss and remnants showed floristic relationships closer to stratum reduetions in the canopy are probably due vi\ atina tree communities. In Itumbiara. it was to the fact that sampling included Cerrado patches estimated that the Atlantic forest covered more than composed of lower specimens. It is worth 509r of the township (SOS Mata Atlântica & INPE highlighting that in the more mature fragments, where 2008) and it may have been predominam in the study intersections with lower savanna communities were arca. Thus, two hypothcscs can be formulated: the less frequent. the basal área value (23.71 m2.ha ') past vegetation was mainly constituted by species

Rodriguésia 62( I): 123-137. 201 1 Floristic relationships in southern Goiás enclaves 135

ofthe Atlantic Forest. but environmental degradation Carvalho, A.R. & Marques-AIves, S. 2008. Diversidade índice sucessional de uma vegetação drastically reduced their populations, and natural e de Cerrado regeneration encompassed the recruitment of species sensu stricto na Universidade Estadual de Goiás-UEG, campus de Anápolis. Revista Arvore 32: 81-90. from adjacent savanna physiognomies, in which case Castellani, T.T. & Stubblebine, W.H. 1993. Sucessão the balance between forest and types physiognomies secundária inicial em mata tropical mesófila, após would result from the interaction between perturbação por fogo. Revista Brasileira de Botânica disturbance frequency and intensity (Durigan & 16: 181-203. Ratter 2006); or, the floristic relationships with Colwell, R.K. 2006. EstimateS: Statistical estimation of Cerrado used to be and still are narrower. so that species richness and shared species from samples, phytophysiognomy distinction depends mainly on Versión 8. Persistent URL purl.oclc.org/estimates. edaphic attributes (Oliveira-Filho & Ratter 2002) and Connell, J.H. 1978. Diversity in tropical Rainforest and the disturbance history affects the similarity between coral reefs. Science 199: 1302-1310. local communities because it impacts the suecession Connell. J.H. & Slatyer, R.O. 1977. Mechanisms of process. Further clarification with regard to these suecession in natural communities and their role in community stability and organization. The hypotheses can come out of edaphic, paleoecological American Naturalist 111:1119-1140. and palynological surveys or even of a monitoring & Araújo, G.M. 2001. Comparação da of the forest community development over time Costa. A.A. vegetação arbórea de Cerradão e de Cerrado na (Durigan & Ratter 2006). This scenario demonstrates Reserva do Panga, Uberlândia, Minas Gerais. Acta how difficult it is to delimit zones or vegetation types. botânica brasilica 15: 63-72. Nevertheless, the forest community inventoried in Durigan, G & Ratter, J.A. 2006. Successional changes in Itumbiara, Goiás, presented high species richness Cerrado and Cerrado/Forest ecotonal vegetation in and it is located in a transitional área between two Western São Paulo State, Brazil, 1962-2000. hotspots characterized by the urgency of surveys Edinburgh Journal of Botany 63: 119-130. describing their biological diversity and allowing to EPE - Empresa de Pesquisa Energética. 2006. Avaliação implement conservationist activities. ambiental integrada dos aproveitamentos hidrelétricos da bacia do rio Paranaíba. Ministério References de Minas e Energia, Brasília. 466p. Espírito-Santo, F.D.B.; Oliveira-Filho, A.T; Machado. Ab*Sáber. A.N. 2003. Os domínios de natureza no Brasil: E.L.M.; Souza, J.S.; Fontes, M.A.L. & Marques, potencialidades paisagísticas. Ateliê Editorial, São J.J.G.S.M. 2002. Variáveis ambientais e a distribuição Paulo. 160p. de espécies arbóreas em um remanescente de floresta - APG Angiosperm Phylogeny Group III. 2009. An estacionai semidecídua montana no campus da update of the Angiosperm Phylogeny Group Universidade Federal de Lavras, MG. Acta Botânica classification for the orders and families of flowering Brasilica 16: 331-356. plants: APG III. Botanical Journal ofthe Linnaean Felfili. J.M. 2003. Fragmentos de florestas estacionais do Society 161: 105-121. Brasil central: diagnóstico e propostas de corredores Ayres, M.; Ayres Júnior. M.; Ayres, DL. & Santos, A.A.S. ecológicos. In: Costa. R.B. Fragmentação florestal e 2007. BioEstat: aplicações estatísticas nas áreas das alternativas de desenvolvimento rural na região ciências bio-médicas. Instituto de Desenvolvimento Centro-Oeste. UCDB, Campo Grande. Pp. 139-160. Sustentável Mamirauá. Belém. 364p. Fonseca, M.S. & Silva Júnior. MC 2004. Fitossociologia e Balduino. A.P.C; Souza, A.L.; Meira-Neto, J.A.A.; Silva, similaridade florísüca entre trechos de Cerrado sentido A.F. & Silva Júnior. MC. 2005. Fitossociologia e restrito em i nterflúvio e em vale no Jardim Botânico de análise comparativa da composição florística do Brasília, DF. Acta botânica brasilica 18: 19-29. Cerrado da flora de Paraopeba-MG. Revista Árvore Frelich, L.E.; Sugita, S.; Reich, P.B.; Davis, M.B. & 29: 25-34. Friedman, S.K. 1998. Neighbourhood effects in Braak. C.J.F. ter. 1995. Ordination. In: Jongman. R.H.G.; forests: implications for within-stand patch Braak. C J.F. ter & Tongeren. O.F.R. van. Data analysis structure. Journal of Ecology 86: 149-161. in community and landscape ecology. Cambridge Haidar, R. F.; Felfili, J. M.; Pinto. J. R. R. & Fagg. C W. University Press, Cambridge. Pp. 91-173 2005. Fitossociologia da vegetação arbórea em Brower, J.E. & Zar, J.H. 1984. Field & laboratory fragmentos de floresta estacionai, no Parque methods for general ecology. Wm. C. Brown Ecológico Altamiro de Moura Pacheco, GO. Boleüm Publishers, Iowa. 226p. do Herbário Ezechias Paulo Heringer 15: 19-46. Brm n. S. & Logo, A.E. 1990. Tropical secondary forests. Hill, J.L. & Curran, P.J. 2003. Área, shape and isolation Journal of Tropical Ecology 6: 1-32. of tropical forest fragments: effects on tree species

Rodriguésia 62( 1): 123-137.2011 136 Garcia, P.O. et al.

diversity and implications for conservation. Journal MMA - Ministério do Meio Ambiente. 2000. Avaliações -1403. of B iogeography 30: 1391 e ações prioritárias para a conservação da Imana-Encinas, J.; Macedo. L. A. & Paula. J. E. 2007. biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Florística e fitossociologia de um trecho da floresta MMA/SBF, Brasília. 40p. estacionai semidecidual na área do Ecomuscu do Mueller-Dombois, D. & Ellenberg, H. 1974. Aims and Cerrado, em Pirenópolis-Goiás. Cerne 13: 308-320. Methods of Vegetation Ecology. John Wilcy & Joly, CA. 2007. Biodiversidade e mudanças climáticas: Sons, New York. 547p. contexto evolutivo, histórico e político. Ambiente Nascimento, A.R.T.; Felfili, J.M. & Meirelles, E.M. e Sociedade X: 169-172. 2004. Florística e estrutura da comunidade arbórea de um remanescente Ledru, M. P. 1993. Late Quaternary environmental and de floresta estacionai decidual de encosta. Monte Alegre, climatic changes in central Brazil. Quaternary Goiás, Brasil. Acta Research 39: 90-98. Botânica Brasilica 18:659-669. Oliveira-Filho, A.T. Ledru, M.P.; Braga, P.I.S.: Soubiès, F.; Fournier, M.; 2006. Catálogo das árvores nativas de Minas Gerais: mapeamento Martin, L.; Suguio, K. & Turcq, B. 1996. The last e inventário da flora nativa e dos rcflorcstamentos 50,000 in the Neotropics (southern Brazil): de Minas Gerais. years Editora UFLA, Lavras. 423p. evolution of vegetation and climate. Palaeogeography, Oliveira-Filho, A.T. 2009. Treeatlan Palaeoclimatology, Palaeoecology 123: 239-257. 1.0: Flora arbórea da Mata Atlântica e domínios adjacentes - um banco Ledru, M.P.; Mourguiat, P. & Riccomini, C. 2009. de dados envolvendo geografia, diversidade e Related changes in biodiversity, insolation and conservação. Available in . Accessed 7 Dec 2009. interglacial. Palaeogeography, palaeoclimatology, Oliveira-Filho, A.T.; Carvalho. D.A.; Vilela. E.A.; Curi, Palaeoecology 271: 140-152. N. & Fontes. M.A.L. 2004. Diversity and structure Ledru, M.P.; Salgado-Labouriau, M.L. & Lorscheitter, of the tree community of a fragment of tropical M.L. 1998. Vegetation dynamics in southern and secondary forest of the Brazilian Atlantic Forest central Brazil during the last 10,000 yr B.P. Review domain 15 and 40 years after logging. Revista of Palaeobotany and Palynology 99: 131-142. Brasileira de Botânica 27: 685-701. Leitão Filho, H.F. 1987. Considerações sobre a florística de Oliveira-Filho, A.T.; Curi, N.; Vilela, E.A. & Carvalho, florestas tropicais e sub-tropicais do Brasil. Instituto D.A. 2001. Variation in tree community composition de Pesquisas e Estudos Florestais 35: 41-46. and structure with changes in soil properties within Lenoir, J.; Gégout, J.C; Marquei, P.A.; Ruffray, P. de a fragment of semideciduous forest in south-eastern Edinburgh & Brisse, H. 2008. A significam upward shift in Brazil. Journal of Botany 58: 139-158. Oliveira-Filho, A.T. & Fontes, M.A.L. plant species optimum elevation during the 20th 2000. Patterns century. Science 320: 1768-1771. of floristic differentiation among Atlantic Forest in southeastern Brazil and the influence Malhi, Y.; Roberts, J.T.; Betts, R.A.; Killeen, T.J.; Li, W. of climate. Biotropica 32: 793-810. & Nobre, CA. 2008. Climate change, deforestation, Oliveira-Filho, A.T. & Ratter, and the fale of the Amazon. Science 319: 169-172. J.A. 2000. Padrões florísticos das matas ciliares da região dos cerrados Mantgem, P. van; Stephenson, N.L.; Byme. J.C; Daniels. e a evolução das paisagens do Brasil central durante L.D.; Franklin, J.F.; Fulé, P.Z.; Harmon, ME.; Larson. o Quaternário tardio. In: Rodrigues, R.R. & Leitão A.J.; Smith, J.M.; Taylor, A.H. & Veblen, T.T. Filho, H.F. Matas ciliares: bases multidisciplinares 2009. Widespread inercase of tree mortality rates in para estudo, conservação e restauração. EDUSP, the wcstern United States. Science 323: 521-524. São Paulo. Pp. 73-89. Martins, F.R. 1991. Estrutura de uma floresta mesófila. Oliveira-Filho, A.T. & Ratter. J.A. 2002. Vegetation Ed. UNICAMP, Campinas. 246p. physiognomies and woody flora of the Cerrado McCune, B. & Mefford, M.J. 1999. PC-ORD 4.0: Biome. In: Oliveira, P.S. & Marquis, R.J. The multivariatc analysis of ecological data, user guide. Cerrados of Brazil: ecology and natural history of a MjM Software Design. Oregon. Neotropical savanna. Columbia University Press, Meira-Neto, J.A.A. & Martins, F.R. 2002. Composição New York. Pp. 91-120. florística de uma floresta estacionai semidecidual Ratter, J.A.: Bridgcwaler. S & Ribeiro. J.F. 2003. Analysis montana no município de Viçosa-MG. Revi si ;i of floristic composition of Brazilian Cerrado vegetation Árvore 26: 437-446. III: comparison ofthe woody vegetation of 376 arcas. Mendonça. R.C; Felfili, J.M.; Walter, B.M.; Silva Júnior.. Edinburgh Journal of Botany 60: 57-109. M.C: Rezende, A.V.; Filgueiras, T.S. & Nogueira. Ribeiro. J.F. & Walter. B.M.T. 1998. Fitofisionomias P.E. 1998. Flora vascular do bioma Cerrado. In: Sano, do bioma cerrado. In: Sano, S.M. & Almeida. S.P. S.M. & Almeida. S.P. Cerrado: ambiente e flora. Cerrado: ambiente e flora. EMBRAPA Cerrado. EMBRAPA Cerrado. Planaltina. Pp. 287-556. Planaltina. Pp. 89-166.

Rodriguésia 6211): 123-137.2011 Floristic relationships in southern Goiás enclaves 137

Ribeiro, J.F.; Sano. S.M.; Macedo, J.; Silva, J.A. 1983. Silva L.A. & Scariot. A. 2004. Comunidade arbórea de uma Os principais tipos fisionômicos da região dos floresta estacionai decídua sobre afloramento calcário cerrados. Boletim de Pesquisas 21. EMBRAPA na bacia do Paraná. Revista Árvore 28: 61-67. Cerrado. Planaltina. Souza, J.P.; Araújo. G.M. & Haridasan, M. 2007. Influence Rizzini, CT. 1979. Tratado de Fitogeografia do Brasil - of soil fertility on the distribution of tree species in a aspectos sociológicos e fiorísticos. Hucitec, São deciduous forest in the Triângulo Mineiro region of Paulo. 374p. Brazil. Plant Ecology 191: 253-263. Roberts, M.R. & Gillian. F.S. 1995. Patterns and Souza, J.P.; Araújo, G.M.; Schiavini, I. & Duarte, P.C. mechanisms of plant diversity in forested 2006. Comparation between canopy trees and ecosystems: implieations for forest management. arboreal lower strata of urban semideciduous seasonal Ecological Applications 5: 969-977. forest in Araguari-MG. Brazilian Archives of Rosa, A.G. & Schiavini, 1.2006. Estrutura da comunidade Biology and Technology 49: 775-783. arbórea em um remanescente florestal urbano Sposito. T. C. & Stehmann, J. R. 2006. Heterogeneidade (Parque do Sabiá. Uberlândia. MG). Bioscience florística e estrutural de remanescentes florestais da Joumal 22: 151-162. Área de Proteção Ambiental ao sul da região S.O.S. Mata Atlântica & INPE - Instituto Nacional metropolitana de Belo Horizonte (APA Sul- de Pesquisas Espaciais. 2008. Atlas dos RMBH). Minas Gerais, Brasil. Acta Botânica remanescentes florestais da Mata Atlântica Período Brasilica 20: 347-362. 2000-2005. Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, Tabarelli, M.; Cardoso, J. M. & Gascon, C. 2004. Forest São Paulo. 157p. fragmentation synergisms and the impoverishment Sabbag. S. C. 2(X)3. Dcsmatamenio. Informativo técnico. of neotropical forests. Biodiversity and IBAMA/MMA. Brasília. Conservation 13: 1419-1425. Salis, S.M.; Silva, M.P.; Mattos, P.P.; Silva, J.S.V.; Pott, Tabarelli, M. & Mantovani, W. 1999. A regeneração de V.J. & Pott, A. 2004. Fitossociologia dc remanescentes uma Floresta Tropical Montana após corte e queima de floresta estacionai decidual em Corumbá, estado (São Paulo-Brasil). Revista Brasileira de Biologia do Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasileira 59: 239-250. de Botânica 27: 671-684. Tropicos.org. 2010. Missouri Botanical Garden. SEPLAN-GO - Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Available in . Accessed do Estado de Goiás. 2005. Anuário estatístico do 25 Nov 2009. estado de Goiás-2005. SEPLAN, Goiânia. 826p. Whittaker, R.H. 1972. Evolution and measurement of Silva, J.M.C. & Bates. J.M. 2002. Biogeographic patterns species diversity. Taxon 22: 213-251. and conservation in the South America Cerrado: a Zar, J.H.; 1999. Biostatistical analysis. Prentice-Hall, tropical savanna hotspot. BioScience 52: 225-233. New Jersey. 929p.

Artigo recebido em 05/04/2010. Aceito para publicação em 13/09/2010.

Rodriguésia 62( 1): 123-137. 2011 Rodriguésia 62( 1): 139-152. 2011 t 85 http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Altitudinal distribution and species richness of herbaceous plants in campos rupestres of the Southern Espinhaço Range, Minas Gerais, Brazil Distribuição altitudinal e riqueza de espécies de plantas herbáceas em campos rupestres do sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil

Rafael Augusto Xavier Borges'2, Marco Antônio Alves Carneiro' & Pedro Lage Viana3

Abstract The variation in the species richness of herbaceous plants along an altitudinal gradient was analyzed in the Serra do Ouro Branco and Serra do Ribeiro, in the townships of Ouro Branco and Ouro Preto, respectively. Plant similarity between both serras was also assessed. Twenty spots were sampled along a 440 m (1105 m to 1545 m) altitudinal range; at each site, herbs were collected within ten 1 m; plots, totaling 200 m2. We found 101 species distributed in 59 genera and 25 families. The richest plant families in Serra do Ouro Branco were Poaceae (22 spp.), Asteraceae (14 spp.) and Cyperaceae (10 spp.), while in Serra do Ribeiro, they were Poaceae (17 spp.), Cyperaceae (12 spp.) and Asteraceae (8 spp.). Variation between the number of species and altitude was not significam. The higher number of species in Serra do Ouro Branco may be due to different local environmental factors and to the occurrence of grazing and fires. The serras presented a high similarity value (J = 0.44), but cluster and ordination analysis indicated the formation of two distinct groups, reflecting the importance of local factors to determine the floristic composition of neighboring áreas of campos rupestres. Key words: biogeography, gradient, diversity, mountains, similarity. Resumo A variação da riqueza de plantas herbáceas ao longo do gradiente altitudinal foi estudada em campos rupestres das Serras do Ouro Branco e do Ribeiro, localizadas respectivamente nos municípios de Ouro Branco e Ouro Preto. A similaridade entre a flora das serras também foi verificada. Foram amostrados 20 pontos num gradiente altitudinal de 440 m (1.105 m a 1.545 m); em cada ponto, as ervas foram coletadas em parcelas de 1 m", totalizando 200 mJ. Foram encontradas 101 espécies em 59 gêneros e 25 famílias. Na Serra do Ouro Branco, as famílias com maior número de espécies foram Poaceae (22 spp.), Asteraceae (14 spp.) e Cyperaceae (10 spp.), enquanto na Serra do Ribeiro foram Poaceae (17 spp.), Cyperaceae (12 spp.) e Asteraceae (8 spp.). Não houve variação significativa da riqueza de espécies com a altitude e a Serra do Ouro Branco apresentou um maior número de espécies. As serras apresentaram elevada similaridade entre si (J = 0,44), porém houve a formação de dois grupos distintos nas análises de agrupamento e ordenação, indicando que a riqueza de espécies em áreas relativamente próximas de campo rupestre podem estar sob influência de fatores locais predominantes. Palavras-chave: biogeografia, gradiente, diversidade, montanhas, similaridade.

IntroduCtionranges are important to understand the Although Brazilian mountain ecosystemsprocesses and mechanisms that influence and organism responses to are of great ecological and economicbiodiversity importance, they are threatened by humanenvironmental changes, as global warming activities and their biology is poorly known(Gottfried ef a/. 1999; Lomolino 2001; Beckage (Martinelli 2007). Studies on tropical mountainetal. 2008).

L nu crsidade Federal de Ouro Prcio(UFOP). Instituo de Ciências Exatasc Biológicas, Dr3IO,Lab.Eniomologi»r^lógk* 35400-OM, Ouro Preto, MG, Brasil. 'Centro Nacional de Conservação da Fk>ra - PROBIO11. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), R. Pacheco Leio 915.22460-030, Rio de Janeiro. RJ. Brasil. Autor para correspondência: rafaelborgesCujbrj gov.br Uri* crsidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Instituto de Cüncias Biológicas (ICB). Dcp Botânica, 30123-970, Belo Horizonte. MG, Brasil. 140 Borges. RA.X.; Carneiro. MA A. & Viana. P.L

Variations in species richness along altitudinal The present work surveyed herbaceous gradients are relatively well studied (Hodkinson plants in two serras located in the southern 2005). In short, two plant species distribution Espinhaço Range and verified if species richness patterns were described for different organisms and diminishes with altitude. The influence of the biogeographical regions (Lomolinopra/. 2006). The environmental heterogeneity on the species first one maintains that the number of species composition of each serra was also assessed by decreases as altitude increases (Roscnzweig 1995). analyzing the floristic similarity of the sampled This negative linear relationship was reported for places. different organisms, as birds (Terborgh 1977), herbivore insects (Fernandes & Price 1988; McCoy Material and Methods 1990; Carneiro et al. 1995) and (Givnish plants This work was carried out in Serra do Ouro 1999; Jones et al. 2003). The second one holds Branco (SOB) and Serra do Ribeiro (SR), located in that the number of species diminishes as we get the townships of Ouro Branco and Ouro Preto (Fig. closer to the extremes of the altitudinal gradient, 1). respectively. The SOB stands out as the most defines a maximum value of species richness and significam element of the southern border of the at intermediate altitudes & Dodson 1987; (Gentry Quadrilátero Ferrífero. The altitude of its circa 65 2000; Lomolino Rahbek 1997; Colwell & Lewis ba varies from l.(XX) to 1.573 m (Alkmim 1987). It was described for different 2001; Grytnes 2003). Located approximately 10 km to the North of the 2003; groups of plant species (Tryon 1989; Grytnes SOB, with altitudes \ arying between 1,270 and 1,550 Bachmanc/t//. 2(X)4;Kromcretal. 2005),herbivore m. the SR comprises a set of two smaller formations. insects (McCoy 1990), birds (Hcrmg etal. 2005) Climateismesothermic-CwbíKoppen 1948). with and mammals (Nor 2001). mild. rainy summers and dry, cold winters. Mean Campos rupestres are found in the states of annual temperatures vary between 17"C and 20°C Minas Gerais, Bahia and Goiás. They are usually and the annual rainfall records are approximately constituted by mosaies of plant communities. 1.5(X) mm (Giulietti & Pirani 1988). In the campos formed by a herbaceous stratum followed by rupestres of both serras, the sampling places are and perennial and sclerophyllous bushes characterized as quartzitic grasslands with or subshrubs occurring at altitudes between 900 and without subshrubs (Rizzini 1979). usually next to of outerops 2070 m. on great extensions quartzitic rocky outerops, sometimes with evidence of grazing w ith shalkm. compact litholic soils (Giulietti & Pirani and fires. 1988; Romero 2002). The herbaceous stratum is Field expeditions were carried out between Poaceae. mainly formed by species ofthe families March and July 2004. Ten collection points Cyperaceae, Eriocaulaceae and Xyridaceae. The arbitrarily defined, in an attempt to encompass the bush stratum comprises a high number of species different types of habitats along the altitudinal of Asteraceae, Melastomataceae, Lamiaccae, and gradient of each serra, were sampled; geographical Velloziaceae (Giulietti & Pirani 1988). coordinates and spot heights (Tab. 1) were In the southern Espinhaço Range, the determined using an Etrex Venture (Garmin®) GPS. Quadrilátero Ferrífero (lron quadrangle) stands Sampling was performed in ten 1 m:plots out by its rich deposits of mineable resources and systematically distributed. at adistance of 5 m from remarkable biological diversity (Drummond et al. each other along a 50 m imaginary linc (Pivello et 2005). The région is distinguished by its high al. 1999), so that 10 m2 were sampled at each diversity of habitats, which may be related to altitudinal point, totaling 200 m2. Plants were edaphic peculiarities. to the characteristic mountain identified by comparison with specimens kept at relief ofthe région and to the fact that it is located the OUPR and BHCB herbaria (acronyms according in a transition área between the Atlantic Forest and to Holmgren et al. 1990) and with the help of cerrado biomes (Council & Murta 2(K)7). Among its specialists. Only the angiosperms composing the different phytophysiognomies. we can mention herbaceous stratum were sampled. Fertile samples forest (cg. seasonal forests. gallery forests. cloudy were deposited at the OUPR herbarium. Botanical forests). savanna (cerrado sensu ttricto) and families are circumscribcd according to the grassland (campos rupestres on quart/ite. campos Angiosperm Phylogeny Group - APG II (APG 2003). rupestres on canga anú campos limpos) formations Analyses of co\ ariance were performed to (Viana & Lombardi 2(X)7). determine il plant species richness diminishes with

Rodriguésia 62( 1): 139-152. 2011 Distribution and richness of herbs in campos rupestres 141

51-W4ÍX45-W«TV L, eo*w «rw 40-w^s-—yN

. "A

YI*4k. s **RiDe,ro ( ?S Ouro Branca»'J ?"2,s

D 40 *0160 240 (^ pÊiÊ^—a^^^^m-.Km\__-^-' —ir- 51-W4»-W45-W«-W Figure 1 - Localization ofthe study áreas in the southern Espinhaço Range, Minas Gerais, Brazil.

altitude (Crawley 2002). On our model, plant richness are exclusive to it, and 61 species occur in the SR, was the response variable and altitude (covariable) 16 of which are exclusive to it (Tab. 2). In the SOB, and the serras (categorical variable) were the the families with the greatest number of species explanatory variables. The analyses were performed were Poaceae (22), Asteraceae (14) and Cyperaceae with the statistical package R versión 2.5.1 (R (10), while in the SR, they were Poaceae (17), 'glm' Development, Core Team 2005). using the Cyperaceae (12) and Asteraceae (8). procedure, and Poisson errors were calculated The species growing in the widest altitudinal through chi-square tests (x2)- Residual analyses range, since they found practically along the whole were carried out to check error distribution and gradient of both places, were Inulopsis scaposa adjust the model (Crawley 2002). (Asteraceae) and Echinolaena inflexa (Poaceae). We used the Jaccard index to measure The most frequent species in both serras were: similarity between the sampling points (McCune & Inulopsis scaposa and Lessingianthus linearifolius Grace 2002) and the relationships between them (Asteraceae); Bulbostylisparadoxo (Cyperaceae); were characterized by cluster and ordination Apochloa poliophylla, Echinolaena inflexa, analyses based on the method of unweighted means Mesosetum loliifome and Paspalum hyalinum (UPGMA), using the FITOPAC software (Shepherd (Poaceae); Polygala paniculata and P. longicaulis 1996), and on a multidimensional scale analysis (). A single sampling point presented (MDS) carried out with XLSTATdata analysis and 33 species and no exotic species were collected in statistical solution for Microsoft ® Excel 2007. the study (Tab. 2). Although there was no significam variation Results in species richness with altitude for herbaceous One hundrcd and one species distributed in plants (x2 = 2.170; p = 0.141, n = 20), a higher was = 59 genera and 25 families were collectcd in the two number of species found in the SOB (x2 studied serras (Tab. 2). The families with the highest 16.515; p < 0.0001; n = 20) (Fig. 2). When each of number of species were Poaceae (25), Asteraceae the four richest plant families were analyzed (14), Cypcraceae (13) and Polygalaceae (9). Out of separately, the same pattern was found between this total, 86 species grow in the SOB, 41 of which the number of species and the explanatory

Rodriguésia 6211): 139-152. 2011 Table 1 - Localization. spot height and description ofthe collection points in the Serra do Ouro Branco (OB) and in the Serra do Ribeiro (SR).

Places (.11 ȟi -;i|)liic C(K>rdenates Description Altitude (m)

OB ,20*30' 21.8"S: 43°38*35"W Grassland with a dense herbaceous stralum and small outerops.1314 OB220"30-6.4"S; 43°38' I0,3"W Grassland with me bnshes close to the serra watershed.1232 OB320'3()-34.5"S; 43°37'54.4"W Grassland with a dense herbaceous stratum. close an outerop with velozias.1190 OB42()"30'28.6"S: 43 -\37'32.8"W Grassland with bushes and subshruhs.11% OB520"3(r 17.6"S: 43°39*26£HrV Grassland with small outerops. few bushes and small trees.1318 OB620D30M,r,S;43°4l-3.5"W Grassland close to a riparian forest. with signs of fires and cattlc grazing.1363 OB720*29' 12.9"S; 43042,36,TW Grassland with outerops and a large population of velozias.1544 OB820°29'4.2"S:43 42,22.7"W Grassland close to the «rro watershed with signs of cattle grazing.1477 OB920°30' 18,9"S; 43°36'28.6"\V Grassland close to a riparian forest with signs of cattlc grazing.1105 OBI20°30-29,5"S;43°37,5.5"W Grassland with a large population of velozias.1254 SR120°27'27,4"S;43o36-9"vV Grassland with watcrloggcd arcas on clayey soil.1517 SR220"2T I9.2"S:43°35,7.3"W Slopc grassland with outerops and watcrloggcd arcas on clayey soil.1367 SR320327'41,6"S; 43°35,4"W Grassland with few bushes close to a large outerop and a watershed with riparian forest.1314 SR420°29,1,9"S;43°35,1.5"W Grassland surrounded by small outerops and velozias.1381 SR520°28*19,8"S:43 34'51.9-W Grassland with bushes. close a small outerop.1318 f SR620D28'20,8"S; 43°35' 15"W Grassland with bushes close to lhe serra watershed with great erosion.1294 i ?< SR720D29'4,3"S;43°34'45,8"W Grassland with small outerops close to a creek. Moist and loose soil.1458 Q -- SR820D28'50.6"S;43°34'54,r,W Grassland with a dense herbaceous stralum. close to an outerop and small temporary lakes.1545 N .3' SR920°29-3,4"S:43°34,5.8"W Grassland with B dense herbaceous stralum and moist soil. between a large outerop and a creek. 1438 5

1 SR 1020°29"7.2"S; 43°34,25,4,"W Grassland with small outerops and a large population of velozias.1472 I

BI V N c P I Table 2 Prescncc (+) and abscncc (-) of species of herbaccous plants along the altiludinal gradient in Üic serras do Ouro Branco and do Ribeiro, locatcd in the Espinhaço §? Range. Minas Gerais, Brazil. Vouchcr material is represented by the collection number of R.A.X. Borges (B).st - I Family /Species Serra do Ouro Branco Serra do Ribeiro _ z 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Amaranthaceae ã- Gomphrena scapigera Mart. (B 96)

Apiaceae Eryngium pandarüjolium Cham & Schltdl. (B 58)

Aristolochiaccae Aristolochia smilacina Duch. (B 15)

Apocynaceae Barjonia erecta (Vell.) Schw. (B 32)

Asteraceae Baccharis aphyUa DC. (B 45) +_+___+_______+___ Calea pilosa Baker (B 37) --++__________Chromolaenadecumbens (Gardner) R.M. King& H. Rob. (B 10) + + + + ++ + -1--1-+-+ Heterocondylits mnpliidiciyiis (DC.) R.M. King & H. Rob. (B 54) Inulopsisscaposa (DC.)O. Hoffm. (B I) + + + + ++ + ++- + + + ++ + +-- Lessingianthus linearifolius (Less.) H. Rob. (B 21) Mikania microphylla Sch. Bip. ex Baker (B 46) Porophylhim lincare DC. (B 31) +--+ + -. Richterago radiata (Vell.) Roque (B 40) Stevia lundiana DC. (B 39) Lessingianthuspsilophyllus (Gardner) H. Rob. (B 71) + + + -+-----_--_____ Stenocephallum megapotamicum (Spreng.) Sch. Bip. (B 35) _____ Eupatoriaespl (B 108) + Vernoniaespl (B 88) + + + + + + + + + Family /Species Serra do Ouro Branco Serra do Ribeiro 2 »3 4 5 6 789 10 123456789 10 Bunnanniaccae Hurmannia bicolor Mart. (B 131)

Convol.ulaceac Ipomoea procumbens Mart. ex Choisy (B 69) + + Evolvulus aurigenius Mart. (B 70) + +

Cyperaceae BuIbostyÜsJacobinae{Sfttag)lJodm(Bll4)-  + + + - ... «i///»o.sn7ú7/./i<-i/()/-;;//.v(Humb.Borpl.& Kunth.)C.B.Clarke (B 111)- + - + - Bulhostyliscapillari.s (L.)C.B. Clarke (B 90)+ - Bulhostylisparadoxo (Spreng.) Lindm. (B 3)+ + - + + + + + + + + + + + - + - + - + llulbost\Jis.scahra (Pcrs\.)C.B.C\arkc(BT)+ - - - + - - - - + + - Lagenocarpus rigiduí(Kunth) CB. Clarke (B 130)- - --+ - + + Lagenocarpustenuifolius(Kunth)CB.Clarke(B62)- - - - + - - - - - + + + + ++ + +- + Rhynchospora consanguinea Boeck. (B120)------+-- + + - - - - + - + + Rhynchospora lapensisC3. Clarke (B 1 ISi- - ..-. .+.. + . . + . ... Rhynchospora pilosa (Kunth) Boeck (B 121)+ + + + + - +++ + + + + Rhynchospora setiucra (Kunlh)Rocck.(B 123) . . . + . . Scleria virgata Stench. (B 52)- - - + - - - + - - Scleria cuyabensisPüg. (BS3) +

8. Droseraceae Drnscra montana A. St-Hil.(B84)+ - - 

Kriocaulaccac Paepalanthusfreyreissii (Thumb) Koem. (B117)  + - Paepalanthuspubescens var. chapadensis (Koern.) Ruhl. (B 119) + + + + Paepalanthus spluieroccphalus Ruhl. (B 97) +  + rs- Syngonanthuscaulescens (Poir.) Ruhl. (B 132) c Family /Species Serra do Ouro BrancoSerra do Ribeiro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 101 2 3 4 5 6 7 8 9 10

9 HbacHw N Galactia martii DC. (B 126) Stylosanthes capitata Vog. 91) + u- (B Zornia diphvlla (L.) Pers. (B 86) + a. n N o Gentianaceae Curtia diffusa Cham. (B 109) Schultesia gracilis Mart. (B 102) + + - +

Iridaceae Sisyrinchium alatum Hook. (B 9) . . + . + - - . Sisyrinchium vaginatum Spreng. (B 59) + + --+- - - - + Trimeziajuncifolia Klatt. (B 22) + + -+ + ++-+ + Trimezia lutea (Klatt) R.C. Foster(B 78) + --- + + + --

Lamiaceae Hyptis nudicaulis Benth. (B 43)

Lt-ntibulariaccae Utricularia amethystina Salzm.ex A.St.Hil. (B 82) + + + Utriculariaflaccida A. DC. (B 133) + + Utricularia gibba L. (B 103)

Melastomataceae Tibouchina hicracioides Cogn. (B 28) + + + + + +

Orchidaceae Habenaria rupícola Barb. Rodr. (B 93) + + + + - - + - - Epidendrum spl (B 27)

Orobanchaceae Buchnera lavandulacea Cham. & Schdlt. (B 29) Family /Species Serra do Ouro BrancoSerra do Ribeiro 1 2 3456 789 101 2 3 456789 10 Poaceae Apochloaeuprepes (Renvoize) Zuloaga &Morrone(B 94)-+-+.+..+.+... -hloa .)/>"< poliophylla Renvoize & Zuloaga (Zuloaga & Morrone)(B 42) +-+ + --+ + +-+ + -+++ + -+ + Aristida recurvata Kunth (B 20)+---+---++ Aristida torta (Ness) Kunth (B 47)..+....+..+ + + + ...._. Axonopus brasiliensis (Spreng.) Kuhlm. (B17)+--+...... Axonopus canescens Ness ex Trin. (B 61)+  Axonopus chrysoblepharis (Lag.) Chase (B13)+...+..... Axonopus fastigiatus(Ness) Kliiilin. (B 25)+ + + + + --+----+-++ + --- Axonopus pressus (Ness ex Steud.) Parodi (B 79)..-.-...+. Echinolaena inflexa (Poir.)Cbase (B 4)+ + + + + ++ + + +- + + ++ + + + + Mesosctum loliiforme (Hwhsl.c*. Steud.) Chase (B5)+ + +-+++-+ -+ + + ++---- Paspalum hyalinum Ness ex Trin. (B 2)+-+ + + ++ + -++ + -+++-+-- Paspalum polyphyllum Ness ex Trin. (B18)---+--+ + +-+ - - - - Schizachyrium sanguineum (Ret/.) Alslon (B 100)...-+-..... . +  Scliizachyrium tenerum Ness. (B 67)+ --++ Sporobolus metallicolus Longhi-Wagner & Boechat (B 34)+---+ StcincliismadccipicnsíNessexTnnAWy. Br. (B 87)+--- Thrasyopsis repanda (Nesscx Trin.) Parodi (B 74)+ + +-+-+ Truchypogon Spicatus (L.f.) Kunt/e(B 81)+-...... +..+...+... Trachypogon vestitus Anderson (B14)+-+-+-+---+-+ 9 Tristachya leiostachya Ness. (B II)+---++- + a- Poaceae spl (B23) Poaceae sp2(B 44)---+ n Poaceae sp3(B 73)+ + Poaceae sp4(B 65)+-- u Polygalaceae

M Po(yga/a6ryoú2»A.St-Hil.(B66)+ c Polygala cuspidata DC. (B 70)- - - - + + 3 8. Family /Species Serra do Ouro Branco Serra do Ribeiro 1 2 3 456 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

9 + .. + +... IV Polygalafiujormes A. St.-Hil. (B 51) Polygala longicaulis Humb.Borpl. & Kunth (B 129) + + + + + + + + -- + + + + + Polygalapaludosa A.St. Hill. (B 60) - - - -- a Polygala paniculata L. (B 41 ) + + + + + + + + +++ + + 5 M Polygala radlkoferiCaodsL (B 110) o Polygala rhodoptera Mart. cx A.W.Bcnn. (B 48) + + Polygala sp\ (B 16) + +

Rubiaceae Galiantheangustifolia (Cham. & Schltdl.) E.L. Cabral (B 19) Spermacoce verticillata L. (B 75) + Spermacoce suaveolens (G. Mey.) Kuntze (B 68) + - + + - Spermacoce neotenuis Govaerts (B 72) + Decüewda cordigera Mart. & Zucc. (B 6) + + -+ + + + Psyllocarpus schwachei K. Schum. (B 38) + + - - + + + -

Solanaceae Schwenckia americana L. (B 95)

Turneraceac Túrnera oblongifolia Cambess. (B 56)

Vcrbenaceac l.ippiti sericea Cham. (B 55) + -

Xyridaceae Xyris graminosa Pohl cx Mart. (B 1 13) + + + + + + + Xyris trachyphylla Mart. (B 12) + + + - Borges. RA.X.: Carneiro. MA\A. & Viana. P.L. 148 I variables, but, again, there was no significam Discussion variation in species richness with altitude: The total herbaceous richness recorded in Asteraceae (X2 = 3.708; P = 0.054; n = 20). this study is similar to that reported in other floristic Cyperaceae (x2 = 1081; P = 0.299; n = 20), Poaceae surveys in campos rupestres (Giulietti et al. 1987; (X2 = 1.9702; P = 0.160; n = 20) and Polygalaceae Stannard 1995; Pirani et al. 2003; Zappi et al. 2003: (X2 = 0.554; P = 0.457; n = 20). Nevertheless, the Conceição & Pirani 2005; Viana & Lombardi 2007). = number of species of families Poaceae (X2 3.741; However, these results are probably underrated P = 0.05; n = 20), Asteraceae (X2 = 10.563; P = because the sampled arca was small and the field 0.001; n = 20) and Polygalaceae (X2 = 6.252; P = work was only carried out in one climatic season of 0.01; n = 20) was significantly higher in the SOB, the year, so that it does not lake seasonal variaiions whereas the number of species of Cyperaceae (X2 into account. The higher species richness found = 4.681; P = 0.03; n = 20) was higher in the SR. for families Poaceae, Asteraceae and Cyperaceae Forty-five species (44.5'r ofthe total) were is also corroborated by previous work (Giulietti et sampled in both serras, whose similarity was high al. 1987;Safford 1999; Filgueiras 2002). (J = 0.44). although the cluster and ordination The absence of exotic species at collection analyses yi< lded two distinct groups (Fig. 3 and points shows that few disturbances affcct the Fig. 4). The cluster analysis showed that studied place. despite ofthe presence of cattle and of contiguous points on the altitudinal gradient tend the oceurrence frequent fires, especially in the to be more similar, mainly in the SR, whose samples SOB, where populations of Melinis minutiflora P. Beauv. and Hyparrliciiia rufa (Nees) Stapf. presented higher similarity values than those of grow the SOB. along the highway that crosses it. The oceurrence Although the MDS analysis showed an of tires increases the probability of intrusion of invasive African as Melinis minutiflora. organization similar to that of the UPGMA. it grasses Urochloa decumbens Stapf. and revealed different relationships between some Megathyrsus maximum Jacq. (Pivello 1999). i.e. 1 and 2 ofthe SR and point 8 of points, points Although the and the the SOB; and the 7.9 and 10 ofthe SR (Fig. geographical proximity points similar orogeny of the two serras imply similar 4). The highest similarity value is between points climatic conditions, geology and biogeographical 5 and 6 ofthe SR (J = 0.61), while points 9 and 10 history of the species, the SOB presented higher Of the SR outside the set of the two serras grouped richness of herbaceous plants than the SR. A (Fig. 3 and Fig. 4). possible explanation is the effect of grazing and fires on the plant community structure of grassland vegetation (Howe 1994), since, in the SOB. the

35 —1A A -«» -«• 30-A -«• -«7 -«• !.A -«• | 25-* -«« -«I $$• Lc± -«1 -O, 20-A ••t -"1 j -Ow ‡• rCE - -• ,• -04 15-‡, -O, "í -o, -o, -o, 10-_, -oi +I -o, 1100 1200 13001400 1500 1600 0,04 0.2 0.36 0.52 0.68 0.84

Altitude (m) Coeficiente de Jaccard Figure 2 - Variation in herbaceous species richness Figure 3 Floristic similarity dendrogram based on according to altitude (x2 = 2.170; p = 0.141, n = 20). Jaccard index among the 20 sampled points of both serras Serra do Ouro Branco ( a ) and Serra do Ribeiro (•). (O =Scrra de Ouro Branco, R =Serra do Ribeiro).

Rodriguésia 62( 1): 139-152.2011 Distribution and richness of herbs in campos rupestres 149

favorable local characteristies, as the presence of slopes with moist or soaked soils, a typical environment for given species of these families, as Burmannia bicolor Mart.. Rhynchospora consanguinea Boeck. and Syngonanthus caulescens (Poir.) Ruhl. According to Sano & Almeida (1998), campos rupestres often shelter single species clusters.

D whose presence is conditioned, among others factors, by soil moisture. In the Espinhaço Range, seasonality is evident, with heavy cloud cover during the winter, which causes high moisture. sporadic rains and a lot of dew, so that some regions have a waterlogged soil ali year round (Giulietti & Pirani 1988). Figure 4 - Multidimensional analysis ofthe similarity The absence of pattern in species richness values between the 20 sampled points in the two serras variation as altitude increases in both serras reflects (O = Serra de Ouro Branco, R = Serrado Ribeiro), the heterogeneity ofthe studied vegetation, which 1-10110 resulting from 10,000 repetitions (Kruskal (1) stress = suggests the need of studies on the influence of 0.146). local environmental and biological factors on the distribution of herbaceous plants, such as the availability of nutrients or water in the soil and or facilitation, respectively prcscnce of cattle and a more fires is frequently competition (Mallen- observed during the dry season. Cooper & Pickering 2008). The Espinhaço Range is Herbaceous species composition, mainly in a low altitude, very fragmented formation, which small influence of macro-scale factors natural grassland formations, has been found to implies a 1995) present modifications related to the intensity and along the altitudinal gradient (Carneiroetal. to the historical time of cattle grazing (Puchetae/ as, for instance. climatic changes and the formation al. 1998: Olff & Ritchie 1998). When comparing of different habitats (Whittaker et al. 2001). samples of a same área impacted by large grazers in Furthermore, the proximity between the eastern Austrália. Mcintyreetal. 2003 verified that sample points and the differences in elevation those with médium disturbance intensity presented ranges and distances between them should also be higher plant richness as compared to samples with considered to explain the absence of an altitudinal little or much disturbance, which they explained by pattern. Nonetheless previous studies carried out a decrease in competition and an increase in on broader altitudinal ranges presented consistem regeneration. variations in organism distribution, which resulted Along the altitudinal gradient, local factors in a statistically significam relationship between can be more important than regional ones to species richness and altitude (Gottfried etal. 1999; determine the occurrence of species (Pausas & Kessler 2000; Jones et al. 2003; Grytnes 2003: Austin 2001; Herzog et al. 2005). In this context, Bachman <>/«/. 2004). the facts that almost 30% ofthe total species occur Since the serras presented a high number of in a single sampling point and that different species species (44.5%) in common, the formation ofthe richness was found between samples at similar two groups observed in the UPGMA and MDS altitude suggest that the communities can be analyses probably reflects the different occurrence influenced by loca] factors or present a great natural of species at the sample points of each serra, which, variation in their species composition, w ith high â- in turn, have peculiarilies similar to insular systems di\crsity values (Liebermanc/í//. 1996). Again. one in the determination of species richness (Conceição should keep in mind that the result interpretation is & Pirani 2007). The higher similarity found between samples partial and restricted, due to the small sample size. contiguous SR is probably due to the low In addition, the higher number of species of families species richness variation between them, since Burmanniaceae, Cyperaceae, Eriocaulaceae and great part ofthe species of this serra grow in various Gentianaceae in the Serra do Ribeiro is related to sample points.

Rodriguésia 62( 1): 139-152.2011 150 Borges. RA.X.; Carneiro. MAA. Çí Viana. P.L.

Nevertheless, despite the small área sampled Carneiro, M.A.A.. Ribeiro. S.P. & Fernandes. G.W. 1995. at each point. the marked difference between points Artrópodos de um gradiente altitudinal na Serra do 9 and 10, in the SR. may be related to their isolation Cipó, Minas Gerais. Brasil. Revista Brasileira de Entomologia 39: in the landscape. In addition, the occurrence of 597-604. Conceição, A.A. «& Pirani, J.R. 2005. Delimitação de species in specific places and the concentration of habitats em campos rupestres na Chapada species in a single sampling point (Tab. 2) and the Diamantina: substratos, composição florística e of different species richness between presence aspectos estruturais. Boletim de Botânica da 2) out the samples at similar altitude (Fig. point Universidade de São Paulo 23: 85-111. importance of local factors in the species composition Conceição, A.A. & Pirani, J.R. 2007. Diversidade em found. which contribute to the formation of mosaies quatro áreas de campos rupestres na Chapada in campos rupestres (Conceição

Rodriguésia 62( 1): 139-152.2011 Distribution and richness oi herbs in campos rupestres 151

Herzog. S. K., Kessler, M. & Bach, K. 2005. The Pausas, J.G. & Austin, M.P. 2001. Patterns of plant elevational gradient in Andean bird species richness species richness in relation to different at the local scale: a foothill peak and a high-elcvation environments: An appraisal. Journal of Vegetation plateau. Ecography 28: 209-222. Science 12: 153-166. Hodkinson. I. D. 2005. Terrestrial insects along elevation Pikãlã. J. 2005. Plant species responses to cattle grazing gradients: species and community responses to in mesic semi-natural grassland. Agriculture. altitude. Biological Reviews 80:489-513. Ecosystems & Environment 108: 109-117. Holmgren P.K, Holmgren, N.H. & Barnett, L.C. 1990. Pirani, J.R.; Mello-Silva. R.. Giulietti. A.M. 2003. Flora Index Hcrhariorum. Part I: The herbaria ofthe world. de Grão Mogol. Minas Gerais. Brasil. Boletim de New York Botanical Garden, New York. 120p. Botânica da Universidade de São Paulo 21: 1-24. Howe, H.F. 1994. Managing species diversity in tallgras Pivello, V.R.; Shida CN. & Meirelles. S.T. 1999. Alien savannas: prairie: assumptions and implications. Conserv ational grasses in brazilian a threat to the Biology 8: 691-704. biodiversity. Biodiversity and Conservation 8: Jones, J.L; Li. W. & Maberly, C 2003. Área. altitude 1281-1294. Pucheta, E.; Cabido, M.; Diaz, S. & Funes. G. 1998. and aquatic plant diversity. Ecography 26:411 -420. biomass. and aboveground Kessler, M. 2000. Altitudinal zonation of Andean Floristic composition, net in and sites cryptogam communities. Journal of Biogeography plant produetion grazed protected in a mountain of central Argentina. Acta 27: 275-282. grassland Oecologica 19:97-105. Kromer. T.. Kessler, M., Gradstein, S.R. & Acebey, A. Core Team. 2005. R: a language and 2005. Diversity of vascular epiphytes along R Development patterns environment for statistical computing. R Foundation an elevational in the Andes. Journal of gradient for Statistical Computing, Viena. Disponível em Biogeography 32: 1799-1809. . Acesso em 10 Jul 2005. Kóppen. W. 1948. Climatologia; con un estúdio de los Rahbek, C 1997. The relationship among área, elevation. climas dc Ia tierra. Fondo de Cultura Econômica, and regional species richness in Neotropical birds. México. 478p. American Naturalist 149: 875-902. Lieberman. D.: Lieberman, M.; Peralta. R. & Hartshorn, Rizzini, C.T. 1979. Tratado de fitogeografia do Brasil: G.S. 1996. Tropical forest structure and composition Vol. 2. Edgard Blucher, EDUSP, São Paulo. 747p. on a large-scale altitudinal in Costa Rica. gradient Romero, R. 2002. Diversidade dos campos rupestres de Journal of Ecology 84: 137-152. Goiás, sudoeste e sul de Minas Gerais. In: Araújo. Lomolino. M.V. 2001. Elevation gradients of species- EL.; Noura, A.N.; Sampaio. E.V.S.B.; Gestinari, L.M.S. and views. density: historical prospective Global & Carneiro, J.M.T. Biodiversidade, conservação e uso Ecology and Biogeography 10: 3-13. sustentável da flora do Brasil. Boletim da Sociedade Lomolino, M.V.; Riddle. B.R. & Brown. J.H. 2006. Botânica do Brasil/UFRPE, Recife. Pp. 81-86. Biogeography. 3rd ed. Sinauer Associates, Rosenzweig, M.L. 1995. Species diversity in space and Suderland. 845p. lime. Cambridge University Press. Oxford. 436p. Mallen-Cooper, J. & Pickering. CM. 2008. Linear Safford. H.F. 1999. Brazilian Paramos I. An introduction declines species richness in exotic and native plant to the physical environment and vegetation of along an increasing altitudinal gradient in lhe Snowy the campos de altitude. Journal of Biogeography Mountains. Austrália. Austral Ecology 33: 684-690. 26:693-712. Martinelli. G. 2007. Mountain biodiversity in Brazil. Sano, S.M. & Almeida, S.P. (org.). 1998. Cerrado: Revista Brasileira de Botânica 30: 587-597. ambiente e flora. EMBRAPA. Brasília, DF. 556p. McCoy, E.D. 1990. The distribution of insects along Shepherd, G.J. 1996. FITOPAC I - Manual do usuário. elevational gradients. Oikos 58: 313-322. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 96p. Mccune. B. & Grace. J.B. 2002. Analysis of ecological Stannard. B.L. 1995. Flora ofthe Pico das Almas, communities. MjM Software Design. Oregon. 302p. Chapada Diamantina. Brazil. Royal Botanical Mclntyre. S.; Heard. K.M.; Martin. T.G. 2003. The relative Gardens, Kew. 853p. importance of cattle grazing in subtropical grasslands: Terborgh, J. 1977. Bird species diversity on na Andean does it reduce or enhance plant biodiversity? Journal elevational gradient. Ecology 58: 1007-10019. of Applied Ecology 40: 445-457. Tryon, R.M. 1989. Pteridophytes. In: Lieth, H. & Nor, M.D. 2001. Elevational diversity patterns small Werger, M.J.A. (eds.). Tropical rain forest mammals on Mount Kinabalu. Sabah. Malaysia. ecosystems. Biogeographical and ecological Global Ecology & Biogeography 10: 101-109. studies. Ecosystems of the world V, 14b. Elsevier, Olff. H. & Ritchie. M.E. 1998. Effects of herbivores on Amsterdan. Pp. 327-338. grassland plant diversity. Trends in Ecology and Viana. P.L. & Lombardi, J.A. 2007. Florística e Evolution 13:261-265. caracterização dos campos rupestres sobre canga na

Rodriguésia 62( 1): 139-152. 2011 152Borges. RA.X.: Carneiro. MA A. & Viana. P.L

Serra da Calçada, Minas Gerais. Brasil. RodriguesiaZappi, D.C; Lucas, E.; Stannard, B.; Lughadha. E.; Pirani. 58: 159-177.J.R.; Queiroz, L.P.; Atkins, S.; Hind, D.J.N.; Whittaker R. J.; Willis K. J. & Field R. 2001. Scale andGiulietti, A.M.; Harley, R. & Carvalho, AM. 2003. species richness: towards a general, hierarchicalLista das plantas vasculares de Catolés, Chapada theoryof species diversity. Journal ofBiogeographyDiamantina, Bahia, Brasil. Boletim de Botânica da 28: 453-70.Universidade de São Paulo 21: 345-398.

Artigo recebido em 19/02/2009. Aceito para publicação em 03/08/2010.

Rodriguesia 62(1): 139-152.2011 Rodriguésia 6211): 153-169. 2011"^c? vf http: / /rodriguesia.jbrj.gov.br m Existe utilização efetiva dos recursos vegetais conhecidos em comunidades caiçaras da Ilha do Cardoso, estado de São Paulo, Brasil? Is there effective resources utilization among Cardoso Islandpopulation ["caiçaras"), São Paulo State, Brazil?

Tatiana Mota Miranda', Natalia Hanazaki2, José Silvio Covone3 & Daniela Mota Miranda Alves

Resumo usados seus O presente trabalho buscou verificar se os recursos vegetais da Ilha do Cardoso são efetivamente pelos caiçaras, além de avaliar se a origem biogeográfica e a finalidade de uso das plantas, bem como se fatores sócio- econômicos influem no conhecimento local. O estudo consistiu na realização de 51 entrevistas semi-estruturadas, com residentes do local há pelo menos cinco anos e maiores de 18 anos. Os resultados permitiram-nos concluir do conhecem c que os entrevistados retêm amplo e diverso conhecimento sobre plantas e que grande parte que apesar de verificarmos maior por eles utilizado (82%). As plantas mais conhecidas são em sua maioria nativas, a categoria de uso dos proporção de uso entre as exóticas (95%). O conhecimento e uso variaram conforme recursos e se mostraram, de modo geral, equivalentes cm relação à idade e gênero dos informantes. Em relação à atividade exercida, constatou-se que as donas de casa usam um maior número de plantas exóticas medicinais, ambientais e os que os pescadores conhecem e usam mais plantas nativas manufatureiras e que monitores que exercem atividades relacionadas ao turismo demonstraram conhecimento semelhante, predominando o de plantas medicinais, apesar de menos usadas, em comparação com os de outras atividades profissionais. Pala\ ras-chave: etnobotãnica, conhecimento local. Mata Atlântica, uso de recursos. Abstract 'communities This study aims to investigate if plant resources are effective used by caiçaras ofthe Cardoso Island. We also want to verify if the biogeografic origin of plants, their uses and socioeconomic factors influence the locais' knowledge. We carried out 51 semi-struetured interviews with people who have been living there for at least 5 years, who were oldcr than 18. We concluded that the interviewees' knowledge is still diverse and that most while ofthe plants known are used by them (82%). Native plants are largely known, the exotic ones are the most used (95%). Knowledge and use vary according to the use of plants, although they were very similar, considering the interviewees' age and gender. We also realized that housewives use a large quantity of medicinal plants, which are mainly the exotic ones. Fishermen know and use native plants, usually for handicraft purposes. The environmental guides and people, whose job is tourism related, have a similar knowledge, especially about medicinal plants, which are less used when compared with the other professional activities. Key words: ethnobotany, local knowledge, Atlantic Forest, resource use.

Introduçãoagricultura de pequena escala, da pesca artesanal de recursos com o Caiçaras são habitantes rurais nativos dac da extração do ambiente, que a subsistência familiar (Begossi 1998). região que se estende do litoral norte do Paraná aogarantem litoral sul do Rio de Janeiro, em áreas de FlorestaNos últimos 20 anos, têm se dedicado também a Atlântica. Originaram-se da miscigenação entreatividades relacionadas ao turismo (Begossi indígenas e portugueses e sobrevivem da1998; Hanazaki et ai. 2007).

'Universidade Estadual Paulisui. UNESMUo Claro. Depto Botânica. Programa de Pós-Graduacão cm Ciências BiológicasBiologia Vegetal. Av. 24A. 1515,13506-900, Rio Claro, SP. Brasil. Autor para correspondência: tmotarrKo.yahoo.com.br 'Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Biológicas. Dcrito.Ecolo_naeZookigia.IJik l m v crsidade Estadual Paulista. I NESP Rio Claro. Depto. Estatística. Matemática Aplicada c Computação. Av 24A, 1515.13506-900, Rio Claro. SP. Brasil. 4 R. Estcro Bclaco 274. ap. 14.04055-110. Sio Paulo. SP. Brasil. 154 Miranda. T.M et ai. Diversos estudos apontam que distintos Paulo, considerando fatores como idade, gênero, grupos humanos, incluindo os caiçaras, apresentam atividade desenvolvida pelos entrevistados, origem amplo conhecimento local do ambiente em que biogeográfica (nativa ou exótica) e a finalidade de vivem, bem como dos recursos vegetais nele presentes uso das plantas. (Prance et ai. 1987; Philips & Gentry 1993a,b; Miranda & Hanazaki 2008). Hanazaki (2003) aponta Material e Métodos há menos 25 anos discussões relativas a que pelo Área de estudo importância e a valorização do conhecimento local A Ilha do Cardoso localiza-se no litoral sul do para a conservação da biodiversidade começaram estado de São Paulo. Brasil, entre as coordenadas a ganhar espaço no meio científico e alguns estudos 48i05'42"W, 25°03,05"S e 48°53-48"W, evidenciam essa tendência (Antweiler 1998; 25°18' 18"S. Pertencente ao município de Cananéia. Gazzaneoeva/. 2005; Albuquerque & Oliveira 2007). abrange uma área aproximada de 22.500 ha, constituída Entretanto, diversos fatores influenciam a por áreas de campos de altitude, florestas de encosta e de ampliação, a prática, a perpetuação ou a do perda restinga, vegetação de dunas e manguezais. conhecimento local e o uso dos recursos vegetais Em decorrência da sua importância biológica, criou-se por grupos humanos. Características demográficas, na ilha, em 1962, o Parque Estadual da Ilha do culturais e econômicas como idade, gênero, Cardoso (PEIC) (Barros et ai. 1991; Sampaio et ai. escolaridade, atividade econômica desenvolvida, 2005). As comunidades estudadas foram Pereirinha. outras, são entre apontadas por pesquisadores como Itacuruçá, Foles e Cambriú. possíveis geradores de diferenciação intracultural do conhecimento local, assim como do uso dos Coleta de dados recursos vegetais (Nesheim et ai. 2006; Gavin & A metodologia de coleta Anderson 2007; Reyes-Gracia etal. 2007; Voeks 2007; de dados empregada foi a mesma utilizada Miranda & Camou-Guerrero et ai. 2008). Torre-Cuadros & Islebe por Hanazaki (2008), ao descreverem e analisarem o conhecimento (2003) apontam ainda a diferenciação no corpo que etnobotânico de caiçaras habitantes de áreas de do conhecimento ocorrer devido às diferenças pode restinga da Ilha do Cardoso (SP). A coleta de dados no acesso aos recursos locais, à aparência consistiu na realização de entrevistas semi- morfológica das às formas de transmissão plantas, estruturadas com os moradores, residentes no local de conhecimento, bem como no modo de observação há pelo menos cinco anos, maiores de 18 anos, de dos recursos. Albuquerque et ai. destacam (2005) ambos os sexos. As entrevistas continham o entendimento da influência de fatores que questões relativas a aspectos sócio-econômicos e biológicos e culturais no conhecimento local é dc ao conhecimento dos entrevistados sobre os fundamental importância no desenvolvimento de recursos vegetais e seus respectivos usos. Os estratégias de manejo mais adequadas dos recursos. participantes foram solicitados a nomear as plantas Ao analisar também as diferentes nuances das que conheciam, a indicar-lhes as respectivas relações entre conhecimento local e a utilidade dos utilidades, a informarem o local em que se recursos, há se considerar as que que populações encontravam e seja haviam sido usadas. As plantas humanas, ao fazerem uso dos recursos para citadas foram categorizadas nos seguintes grupos satisfação de suas necessidades, avaliam e usam as de finalidades: manufatura, alimentação, medicina espécies vegetais de modo distinto (Camou-Guerrero e outros. Em manufatura foram incluídas as plantas et ai. 2008). Gavin & Anderson (2007) e Camou- empregadas em artesanato, na construção de casas Guerrero et ai. (2008) asseguram que o emprego de e na fabricação de canoas. Na categoria outros um recurso implica no conhecimento sobre ele e na foram consideradas as espécies usadas para habilidade de usá-lo. Destaque-se ainda que a ornamentação c/ou como alimento da fauna. Tal utilidade de um dado recurso está relacionada não classificação, feita a partir de outros estudos só às suas finalidades específicas, mas também à etnobotânicos (Prance et ai. 1987; Figueiredo et sua utilidade simbólica ou cognitiva (Hunn 1980). ai. 1993; Hanazaki et ai. 2000), considerou as Nesse contexto, o presente estudo busca categorias tidas como as mais usuais. Vale ressaltar "etnoespécie" analisar a relação entre conhecimento local e uso que o termo é aqui empregado como "nome efetivo de recursos vegetais. Pretende verificar se sinônimo de popular" de uma planta. As os recursos vegetais citados são efetivamente usados plantas citadas foram classificadas, segundo seu pelos caiçaras da Ilha do Cardoso, estado dc São status de origem em nativas, ou seja, de ocorrência

Rodriguésia 62( 1): 153-169. 2011 Existe utilização eletiva dos recursos vegetais na Ilha do Cardoso? 155 natural em áreas de domínio do bioma Mata (5% de significância) (Vieira 2003), considerando Atlântica, ou exóticas, de ocorrência não natural as informações referentes ao número de citações, em áreas de domínio do bioma Mata Atlântica. Tal de etnoespécies, de espécies botânicas, o status e tarefa foi efetuada com auxílio de material as categorias de uso. Os testes Qui-quadrado e bibliográfico (Barros et al. 1991; Hanazaki et al. Friedman foram calculados com auxílio do software 2000; Hanazaki 2001: Lorenzi & Matos 2002; BioEstat, versão 5.0 (Ayres et al. 2007). Para as Sampaio et al. 2005; Souza & Lorenzi 2005). As análises referentes à idade, os entrevistados foram plantas citadas foram coletadas e identificadas agrupados em duas categorias: uma com idade entre pelo Prof. Dr. Daniel Falkenberg (Departamentode 18 e 40 anos; outra, a partir de 41 anos. Em relação Botânica da UFSC), sendo posteriormente incorporadas às análises relativas às atividades exercidas, foi ao acervo de referência do Laboratório de Ecologia considerada a principal ocupação desenvolvida Humana e Etnobotânica do Departamento de pelos informantes, sendo elas as seguintes: turismo, Ecologia e Zoologia (UFSC 1-354). atividades domésticas, monitoria ambiental, pesca, funcionários do PEIC e outras atividades. Nessa Tabulação dos dados última categoria, enquadraram-se atividades O sistema utilizado para extração dos relacionadas ao setor terciário. relatórios de dados foi desenvolvido sobre a plataforma SQL (Structured Query Language) Resultados e Discussão 2000, com uso de recursos de Business Dos 51 entrevistados (9 da comunidade de Intclligence et al. 2006) (Turban que permitem Pereirinha, 11 de Itacuruçá, 8 de Foles e 23 de extração rápida e de relatórios e números. precisa Cambriú), 57% eram homens. A idade de O é composto uma Excel, quase programa por planilha metade deles variava entre 18 e 30 anos e contendo todos os dados dos (41%) questionários 94% eram caiçaras de origem, nascidos no respondidos, são carregados em uma próprio que local ou nas Cerca de 90% dos estrutura de dados denominada "Modelo proximidades. no local há mais de 10 anos. Estrela", estruturada de forma a atender as entrevistados moravam ao nível de escolaridade, 76% declararam necessidades do projeto. A carga é feita através Quanto não ter concluído o ensino fundamental, 14% de um pacote de extração de dados que lê, valida e carrega os dados no "Modelo Estrela". O chegaram ao ensino médio, sendo 10% analfabetos. Modelo serviu ainda de suporte, com a utilização No tocante à atividade profissional, para 45% a ocupação seguida do turismo do Analysis Manager, pertencente também à pesca era a principal, domésticas plataforma SQL 2000, para a construção de uma (31%), atividades (29%) e do base multidimensional, organizada com várias cumprimento das atribuições de cargo público (6%). dimensões e medidas, possibilitando a extração Em relação aos moradores entrevistados nas de relatórios baseados em vários e diversos comunidades de Pereirinha e Itacuruçá, 50% deles cruzamentos de informações. (n= 10) eram funcionários do PEIC, onde trabalhavam como monitores e vigias. Alguns moradores Análise de dados exerciam mais de uma atividade, para complementar econômicos. O teste de proporção Z (Vieira 2003) (57c de seus ganhos significância) foi usado para comparar a proporção de citações de plantas usadas em relação ao conjunto O conhecimento etnobotânico local total de plantas conhecidas e a proporção de plantas e o uso dos recursos nativas e exóticas conhecidas e usadas pelos A síntese das 813 citações feitas pelos entrevistados. As comparações entre as plantas entrevistados é apresentada na Tabela 1. As 154 usadas e não usadas, segundo os respectivos espécies mencionadas foram agrupadas em 66 números de citações, de espécies botânicas, o status famílias botânicas, das quais destacam-se Myrtaceae de origem e as categorias de uso foram feitas com a e Asteraceae (19 espécies cada) e Poaceae (com 12 utilização do teste Qui-quadrado de comparação espécies). Pela tabela, constata-se a evidente de várias proporções (Vieira 2003). Para se apurar a predominância das plantas utilizadas: 666 citações, significância ou não da variação das plantas usadas correspondente a 82% do total das citações. conforme a idade, o gênero e as atividades exercidas Cálculos com o uso do teste de proporção Z pelos informantes, utilizou-se o teste de Friednuiii confirmam a ocorrência de diferença significativa

Rodriguésia 62111: 153-169. 2011 156 Miranda. T.M et al. entre as declaradas usadas plantas e não usadas, Paragominas, estado do Pará, identificaram grande às de citação de = quanto proporções plantas (Z diferença entre o conhecimento e o uso de plantas, 23,7; p<0,05) quanto às espécies botânicas (Z = pois muitas espécies apontadas como úteis, 7,54; p<0,05), quanto às nativas (Z = 4,06; p<0,05) apresentavam declínio na sua utilização efetiva, fato = e quanto às exóticas (Z 8,5; p<0,05), evidenciado por afirmações que indicavam o uso comprovando que a grande maioria do que é pretérito de determinados recursos. No estudo, conhecido pelos entrevistados é ou já foi espécies medicinais e da categoria "tecnologia", efetivamente utilizado por eles. por exemplo, existiam principalmente na memória Estes resultados indicam os que caiçaras dos caboclos e os autores questionavam, por isso, residentes da Ilha do Cardoso ainda retém amplo se o conhecimento sobre a identificação, as formas e diverso conhecimento local sobre plantas, de manejo, a coleta e o processamento dessas especialmente nativas, fazendo uso da maioria espécies sobreviveria sem o exercício de sua prática. delas, o que indica a relativa dependência dos Mesmo concluindo que a ausência do uso moradores locais dos recursos vegetais que os dos recursos locais apurada no presente estudo cercam. Estudos etnobotânicos realizados em não configura ameaça real à existência do distintas localidades do Brasil também indicaram conhecimento das comunidades estudadas, elevada amplitude do conhecimento local sobre convém considerar que o uso dos recursos na Ilha plantas entre distintos grupos populacionais do Cardoso passou a sofrer maior controle, com a (Albuquerque & Andrade 2002; Amorozo 2002; implantação do PEIC. Até o ano de 2006, por Silva & Andrade 2006). Albuquerque & Oliveira exemplo, a extração de madeira pelos moradores destacam (2007) ainda que a resiliência e a locais era permitida pelo Parque, desde que flexibilidade do conhecimento local é de extrema solicitada autorização com antecedência. Após a importância para que ele se mantenha frente aos solicitação, cabia à direção do Parque analisar o diversos tipos de pressão que podem ameaçar sua pedido e aprová-lo ou não, decisão que dependia, permanência em grupos populacionais de diversas entre outros fatores observados, da área que origens. abrigava a espécie. Shanley & Rosa (2004) ressaltam que a Uma observação que também se mostra ausência de aplicação, representada pelo pouco uso pertinente envolve a acepção do termo "uso". dos recursos, pode acarretar um processo de erosão Habitualmente empregado como sinônimo de "consumo", "gasto", e até mesmo de extinção do conhecimento local. de o vocábulo prestou-se Tais autores, ao estudarem o conhecimento local também, muito apropriadamente, para definir dos caboclos amazônicos residentes nas situações em que significa apenas e tão somente "utilização" "emprego". proximidades do Rio Capim, no município de ou Plantas adequadas, por

'Os Tabela 1 - Síntese das citações. totais gerais, exceto os de citações, não correspondem à soma das respectivas "usadas", colunas, pois, de acordo com a resposta dos informantes, a mesma planta figura, em vários casos, entre "não "não * - usadas" e de uso informado"; = diferença significativa (p<0,05) testada a igualdade de proporções entre usadas e não usadas. 'Grand Table 1 - Citation summary. total, except that referring to citations, is not related to the sum of its respective columns, because "used", "not "not the same plant can be mentioned as used" and informed", depending on the intcrviewecs' answer; • = significative difTercnce (p<0,05) - proportion's equality tested between used and not used plants. CaracterísticasGeralUsadas Não usadas Não informado Citações de plantas 813666*12819 Etnoespécies' 2051806421 Espécies1 154136*4714 Espécies exóticas1 5653*2 Citações de plantas exóticas 300285132 Espécies nativas1 9076*3613 Citações de plantas nativas 45734110313 Média de citações de plantas por informante 16130

Rodriguésia 62( 1): 153-169. 201 I Existe utilização eletiva dos recursos vegetais na Ilha do Cardoso? 157 exemplo, para a ornamentação, na verdade estão em Pelo número de citações e de espécies botânicas uso, quando enfeitam. Hunn (1980). Torre-Cuadros (Tab. 2), fica evidente que as plantas nativas, com & Islebe (2003), Albuquerque & Lucena (2005) e destaque para as empregadas em manufatura são mais Lucena et al. (2007) alertam para a necessidade de se conhecidas pelos moradores do que as exóticas, "uso diferenciar o real" de um recurso e o destinadas principalmente para fins medicinais e conhecimento acerca do mesmo, ou "uso cognitivo". alimentares, sendo estas últimas mais usadas. As Esses autores apontam que é natural que recursos plantas exóticas, trazidas de outras localidades para vegetais amplamente citados como úteis por grupos ambientes muitas vezes bem diversos do originário, humanos não sejam necessariamente usados em normalmente demandam cultivo, exigindo, por isso, situações atuais. A constatação merece, a nosso ver, maiores cuidados. Usadas em geral para fins medicinais um estudo mais aprofundado, que ao defini-la em e alimentares, finalidades de uso relacionadas ao "situações pormenores, clarifique melhor as atuais" atendimento de necessidades mais imediatas, seu de uso de recursos vegetais. plantio ocorre comumente em áreas próximas às residências, tornando-as dessa forma mais acessíveis Espécies nativas e exóticas e disponíveis para uso freqüente que delas se faz. As informações sobre as plantas nativas Vale ressaltar que nesse grupo são encontradas plantas totalizaram 457 citações, 159c das quais foram de potencial invasor ou de distribuição cosmopolita, declaradas usadas ao menos uma vez. Das espécies como é o caso de Bidens pilosa L. e Plantago botânicas. 72' < são utilizadas para manufatura, 47% australis Lam. como medicamento e 41% para alimentação. Das As plantas nativas destinam-se espécies botânicas usadas, 70% são empregadas na predominantemente à manufatura. Por ser um manufatura, 50% na medicina e 47% na alimentação. conhecimento mais relacionado a ambientes de Já das espécies nativas não usadas. 78% destinam- floresta e, por isso, de certa forma mais específico. se à manufatura 35% à medicina e 8% à alimentação ele se manifesta de forma diversa, quando, por (Tab. 2). Quanto às plantas exóticas, foram exemplo, se considera o gênero dos informantes. registradas 300 citações. Das espécies botânicas Como se verá adiante, se apresenta de forma mais citadas. 71 % são empregadas para fins medicinais. acentuada entre os homens. 52% utilizadas como alimento e 11 % para manufatura Peculiaridades como a facilidade de acesso e a As utilizadas correspondem a 95% das citações. Em disponibilidade podem também se refletir no uso do relação as espécies botânicas usadas, 72% têm uso recurso, especialmente em áreas florestadas. Aliás, medicinal. 55% alimentare 7% manufatureiro.Todas etnobotânicos como Phillips & Gentry (1993b) e as alimentares são usadas (Tab. 2). Já as não Albuquerque & Lucena (2005) já buscaram investigar utilizadas apresentam reduzido número de citações se tais fatores (acessibilidade e disponibilidade) têm e de espécies botânicas. influência no conhecimento local sobre espécies "hipótese Embora o uso de seja significativamente florestais e procuraram resposta para a da plantas "As grande, quer entre nativas quer entre exóticas, os aparência", contida na questão: plantas mais cálculos do teste Z evidenciaram a ocorrência de maior disponíveis (ou abundantes) na natureza tendem a diferença nas citações de plantas usadas e não ser as mais importantes culturalmente, ou seja, as usadas exóticas. Entre elas. o número de citações mais conhecidas pelos informantes?" Apesar de de plantas usadas é proporcionalmente maior que consistente em muitos casos, como em Phillips & o apurado entre as nativas (exóticas: Z = 38,4; p<0,05; Gentry (1993b), Galeano (2000) e Albuquerque & nativas: Z = 13,4; p<0,05). O cálculo do teste Z para Lucena (2005) ressaltam que nem sempre esta relação o conjunto de espécies botânicas mencionadas está presente, como comprovam algumas evidenciou que também há uma diferença descobertas no Nordeste do Brasil (Albuquerque et significativa entre as plantas usadas e não usadas, al. 2005), em que se constatou que o uso ou não de nativas e exóticas. Entre as exóticas, constatou-se um recurso, além de sua acessibilidade, também pode também maior diferença nas proporções de usadas ser influenciado pela freqüência com que o ambiente (95';) e não usadas (4%) (Z = 8.54; p<0,05) do que é visitado pelo usuário. Entretanto, Casagrande a registrada entre as nativas (usadas: 75%; não (2004) concluiu que o conhecimento etnobotânico usadas: 229c) (Z - 3,90: p<0.05). indicando que um em áreas manejadas e florestadas em Chiapas, no maior número de espécies não usadas foi registrado México, não apresentou diferenças e não estava entre as plantas nativas (Tab. 2). correlacionado com a freqüência de visitas à floresta.

Rodriguesia 62(1): 153-169.2011 158 Mjranda. T.M et al.

Categoria de uso aponta também a importância das plantas»cultivadas Os resultados, conforme as três categorias para a subsistência local e para a conservação das de uso que se mostraram relevantes (alimentar, dessas espécies (Peroni & Hanazaki 2002). medicinal e manufatureira) estão sintetizados na Foi também significativo o número de plantas Tabela 3. Para estas categorias houve diferença nativas manufatureiras conhecidas, situação significativa na proporção citação de plantas igualmente observada por Hanazaki et al. (2000). usadas e não usadas em todas as categorias de Tal fato evidencia a importância das plantas nativas uso (alimentares: x: = 216.7; rxO.0001; medicinais: na prática de atividades como construção de casas, X:= 225; p<0,0001; manufatureiras: %2= 6,3; p = canoas, armadilhas de pesca e confecção de 0.012; todos com grau de liberdade: 1). A diferença artesanato. O número de plantas manufatureiras não mais expressiva é a das alimentares, que são mais usadas, superior ao das outras duas categorias, usadas. O mesmo teste, efetuado com base no indica, por outro lado, a falta de prática das número de espécies citadas por cada categoria de atividades mencionadas, muito provavelmente pela uso, apontou idêntica tendência, ou seja, quando implantação da Unidade de Conservação na Ilha comparada a outras categorias de uso, as espécies do Cardoso, que poderá, com o tempo, influir na alimentares apresentam maior número (%2= 17,8; p conservação desse conhecimento. = 0.0001; grau de liberdade: 2). O teste Qui-quadrado apontou também uma diferença significativa entre Idade plantas exóticas alimentares e manufatureiras Estudos etnobotânicos realizados com = = usadas pelos entrevistados (x: 7.80; p 0.020; distintos grupos populacionais indicam a influência graus de liberdade: 2). bem como entre nativas da idade no conhecimento local (Phillips & Gentry = alimentares e manufatureiras também usadas (x: 1993b; Hanazaki et al. 1996, 2000; Begossi et al. 10.49; = 0.006; de liberdade = 2). 2002: p graus Pilla et al. 2006). Os autores asseguram que O maior número de citações e também a relativa quanto maior a idade do entrevistado mais diverso superioridade no número de espécies indicam maior também se mostra o conhecimento, em decorrência di fusão do conhecimento local associado às plantas do acúmulo de experiência de vida e o conseqüente medicinais. Estes dados reforçam os resultados de aumento da probabilidade de conhecer e usar os alguns estudos realizados no Brasil que destacam recursos disponíveis. a importância da categoria de uso medicinal entre Entre os entrevistados com idade superior a outros grupos caiçaras (Figueiredo et al. 1993; 40 anos, apesar da menor quantidade no total de Hanazaki et al. 2000; Begossi et al. 2(X)2). As plantas citações, obtiveram-se relativamente maiores exóticas medicinais suas também superaram números de espécies, de etnoespécies e de plantas correspondentes alimentares e manufatureiras. Tal nativas, em relação ao grupo mais jovem. Quanto à destaque aparece também em outros estudos categoria de uso, no grupo com mais de 40 anos foi etnobotânicos (Figueiredo et al. 1993; Bennett & maior o número de plantas alimentares e Prance 2000: Hanazaki et al. 2000; Fonseca-Kruel manufatureiras. enquanto entre os mais jovens & Peixoto 2004). destacaram-se as plantas medicinais (Tab. 4). Apesar de não figurar como a classe de uso Quando se cotejam as plantas usadas, apesar da mais expressiva, as plantas alimentares também se superioridade dos mais jovens em relação ao total destacaram quanto ao conhecimento local. Elas são de citações, o grupo mais longevo obteve maior proporcionalmente as plantas com maior número, embora pequeno, de etnoespécies, porcentagem de uso (979<). em comparação com as espécies, plantas exóticas e nativas e média superior medicinais (90%) e as manufatureiras (58%), e pelo de citação por informante. Mantêm-se, também aqui. reduzido número de plantas não usadas. O fato de as tendências já manifestas, de predomínio nas de se constituírem gêneros de necessidade primordial e uso alimentar e manufatureiro. entre os mais direta para a sobrevivência humana, faz com que 0 experientes e de uso medicinal entre os menos conhecimento sobre elas esteja fortemente associado vividos. Entretanto, o cálculo do teste de Friedman. ao uso. Consistem principalmente de frutas nativas, com base nos dados acima, aponta que as como já observaram Hanazaki et al. (2000), e de diferenças não são significativas entre os conjuntos plantas exóticas cultivadas, com destaque para a de plantas conhecidas (Fr = 1,00; grau de liberdade mandioca (Manihot esculenta Crantz.). Estudo = 1; p>0,05) e usadas (Fr = 2.78. grau de liberdade = realizado entre caiçaras no litoral sul de São Paulo I; p>0.05) nesses dois grupos etários.

Rodriguésia 62( 1): 153-169. 201 1 'Os Tabela 2 Plantas nativas e exóticas citadas. totais gerais, não correspondem à soma das respectivas colunas, pois, de acordo com a resposta dos informantes, a mesma "usadas", "não "não * - planta figura, em vários casos, entre usadas" e de uso informado", bem como apresentar diversos usos; diferença significativa (p<0,05) testada a igualdade de entre usadas e não usadas. g proporções 'Cirand "used", "not ¦ Table 2 Native and exotic plants cited. total, except that referring to citations, is not related to the sum of its rcspcctivc columns. because lhe same plant can bc mentioned as "not informed", on the intcrvicwccs' answer; * ¦ significativc difference - cquality tested between used and not used used" and depending (p<0,05) proportion's plants. §. 5 NativasExóticasS Zo. - CaracterísticasGeralUsadas Não usadasNão informadoGeralUsadasNão usadasNão informado8 o- ²_, Citações457341* 10313300 285*132 2 Etnoespécies1 11195 46156966II$ Espécies19076* 36135653*| Espécies medicinais14238 1340 38| Citações de plantas medicinais1 142121 20184 1760 Espécies nianufatureiras16553 29,,== Citações de plantas manufaturcirus1 185 106 7813 o. Espécies alimentarcs1 3736 29 29q Citações de plantas alimentares1 126 121 ,104 104a. Média de citações por informante°

Tabela 3 - Plantas citadas, por categoria de uso.'Os totais gerais, exceto os de citações, não correspondem à soma das respectivas colunas, pois, de acordo com a resposta "usadas", "não "não = - dos informantes, a mesma planta figura, em vários casos, entre usadas" c de uso informado";* diferença significativa (p<0,05) testada a igualdade de entre usadas e não usadas. proporções 'Grand "used", "not Table 3 - Plants cited, by use category. total, except lhal referring to citations. is not related to the sum of its rcspcctivc columns, because the same plant can bc mentioned as "not used" and informed", depending on the intcrvicwccs' answer; * ¦ significative difference (p<0,05) - proportion's cquality tested between used and not used plants. AlimentaresMedicinaisManufatureiras Características Geral Usadas NãoNão(.ciaiUsadas NãoNão(íeralUsadas NãoNão usadasinformadas usadasinformadas usadasinformadas Citações 243 236* 347 313* 33219 127* 893 Etnoespécies1 80 77 107 98 3095 78 404 Espécies1 70 68* 85 77* 2272 59* 312 Espécies exóticas1 29 29* 40 38 6 4* I Citações de plantas exóticas 104 104 184 176 0 13 7 I Espécies nativas1 37 36* ,42 38 1365 53* 291 ('ilações de plantas nativas 126 121 142 121 201 185 106 781 Média de citações 5 5 7 6 4 2 2 de plantas por informante 160 Miranda. T.M et ai.

Considerando as plantas não usadas, empregadas na construção de casas, na fabricação comprova-se que o uso que os mais jovens fazem de canoas e na confecção de artesanatos e do conhecimento que possuem é relativamente possuem, por isso, conhecimento maior de espécies menor do que o do grupo com mais de 40 anos, nativas das florestas que cercam as regiões que tendência esta confirmada pelo teste de Friedman vivem (Phillips & Gentry 1993a; Hanazaki etal. 2000). (Fr = 5,44; grau de liberdade = 1; p<0,05). Em contrapartida, as mulheres, dedicadas sobretudo Desta forma, é possível considerar que os aos afazeres domésticos e aos cuidados com a caiçaras da Ilha do Cardoso apresentam, de modo família, dominam um conhecimento sobre o geral, um conhecimento equilibrado, uma vez que conjunto de espécies utilizadas com finalidades as diferenças constatadas, referentes ao número medicinais (Phillips & Gentry 1993a; Begossi et ai. de citações, de etnoespécies, espécies botânicas. 2002), grande parte delas exóticas (Bennett & de nativas e exóticas, bem como das categorias de Prance 2000). O elevado número de plantas não uso das plantas, não são acentuadas. O uso dos usadas pelos homens pode ser composto por recursos também se mostrou semelhante por faixa aquelas cujo uso sofre restrições, impostas pela etária, apesar de ser pouco maior entre os mais administração do PEIC, conforme já mencionado novos o número de plantas não usadas. Trata-se, anteriormente. neste caso, de uma tendência já observada em outros estudos (Phillips & Gentry 1993b; Hanazaki Atividade et ai. 1996, 2000; Begossi et ai. 2002; Pilla et ai. Dc modo geral, um maior número dc citações, 2006), de que os mais velhos tendem a conhecer e de etnoespécies, de espécies botânicas e de plantas usar mais plantas manufatureiras e medicinais. nativas resultou das entrevistas dos que declararam Considerando estas diferenças em relação aos exercer a pesca como atividade principal. Esses grupos de idade, o pressuposto é que, quanto maior pescadores, todos eles homens, foram também os a idade, maiores são também as chances dos que se destacaram pelas citações de plantas informantes utilizarem as plantas que conhecem, manufatureiras e alimentares. As donas de casa por terem tido mais tempo de experimentação ao também merecem destaque, com elevado número longo da sua vida. de plantas medicinais, e de plantas em sua quase totalidade exóticas. Entre os praticantes de Gênero atividades relacionadas ao turismo, com De modo geral, os homens apresentam um entrevistados geralmente na faixa etária de 18 a 40 conhecimento mais amplo das plantas, evidenciado anos. predominam, como no caso das donas de as medicinais, pelo maior número de citações, de etnoespécies, casa, plantas seguidas das Uma diferença de espécies botânicas e de plantas nativas. Em alimentares. que chama a atenção relação à categoria de uso, sobressaem o número entre esses grupos é que, no terceiro, as espécies e nativas mencionadas de plantas manufatureiras e uma pequena diferença exóticas se equiparam, nas alimentares. As mulheres mencionam mais enquanto, no segundo, predominam as exóticas. exóticas e medicinais e apresentam maior média de Os monitores ambientais, também com idade até 40 sobressaíram número citação de plantas usadas por informante (Tab. 5). anos, pelo de espécies nativas Embora constatadas, tais tendências não se e de plantas medicinais. Entre os funcionários do mostraram significativamente distintas, conforme PEIC. predominam as plantas nativas e as de uso apontam os cálculos do teste Friedman para o manufatureiro (Tab. 6). da variação conjunto de plantas citadas (Fr = 1,78; grau de Apesar do número de liberdade ¦ 1; p>0,05), usadas (Fr = 1,00; grau de entrevistados, a quantidade de espécies botânicas liberdade = 1; p>0,05) e não usadas (Fr = 2,78; grau mostrou-se relativamente constante nas respostas deliberdade=l;p>0,05). obtidas dos praticantes das atividades de turismo. As tendências encontradas se assemelham dona de casa e monitoria ambiental. Um maior às de outros estudos etnobotânicos, ao número coube, no caso, aos pescadores. Os comprovarem que conhecimento e uso de recursos funcionários do PEIC receberam menor destaque, naturais sâo heterogêneos nas comunidades, provavelmente pelo reduzido número de quando se considera o gênero dos moradores. entrevistados. O cálculo do teste de Friedman Seguindo tendência geral, os homens mostraram- confirma as tendências acima descritas, apontando se mais familiarizados com plantas manufatureiras. que há diferença significativa entre o conhecimento

Rodriguésia 62( 1): 153-169.2011 'Os ¦& 1 Tabela 4 Plantas citadas, por faixa etária dos informantes. totais gerais, exceto os de citações, não correspondem à soma das respectivas colunas, pois, de acordo com N "usadas", "não "não = - a resposta dos informantes, a mesma planta figura, em vários casos, entre usadas" e dc uso informado";* diferença significativa (p<0,05) testados ^ valores absolutos das colunas "geral", "usadas" e "não usadas".?• a "used" U Table 4 Plants cited. by intcrvicwccs' agc.'Grand lotai, except that referring to citations. is not related to the sum of its rcspcctivc columns, because the same plant can be mentioned as "not "not "general", "used" "not 9 used" and informed". depending on the intcrvicwccs' answcr; • ¦ significative dilTcrcncc (p<0.05) - tested values from the columns and used". I l <40 anos>41 anos

NãoNãoNãoNão Características (íeral Usadas UsadasInformadoGeralUsadasUsadasInformado ²¦———¦ S Citações 445 353 85*36831343*12 f Etnoespécies1 154 133 50*15613529*14 * Espécies1 114 [00 37*11910622*9 Espécies exóticas1 45 42 8*44432*2 Citações de plantas exóticas 161 151 101391342 Espécies nativas1 64 55 27*685719*8 Citações de plantas nativas 254 181 68203160358 Espécies medicinais1 67 59 21*54522*0 Citações de plantas medicinais 210 178 311371350 Espécies manufatureiras1 43 33 21*494019*2 Citações de plantas manufatureiras 108 56 520 11171373 Espécies alimentares1 42 41 2*56543*1 Citações de plantas alimentares 126 123 0 1171131 Média de citações de plantas por informante 15 12 3*17152*0 'Os Tabela 5 - Plantas citadas, por gênero dos informantes. totais gerais, exceto os de citações, não correspondem à soma das respectivas colunas, pois, de acordo com a "usadas", "não "não resposta dos informantes, a mesma planta figura, cm vários casos, entre usadas" e de uso informado". "used", Tible 5 - Plants cited. by interv iewecs' gcndcr.'Grand total, except that referring to citations. is not related to the sum of its rcspcctivc columns, because the same plant can bc mentioned as "not used" and "not informed". depending on the intcrvicwccs' answcr. FemininoMasculino

NãoNãoNãoNão CaracterísticasGeral Usadas UsadasInformadoGeralUsadasUsadasInformado Citações 344 304 384693629017 Etnoespécies1 137 113 321671435119 Espécies1 KW 99 131151083912 Espécies exóticas' 47 45 41381 Citações de plantas exóticas 175 167 1251181 Espécies nativas1 57 50 1777643312 Citações de plantas nativas 144 116 273132257612 Espécies medicinais1 73 66 155244121 Citações de plantas medicinais 213 1% 17134117161 Espécies manufatureiras1 18 8 146655272 Citações de plantas manufaturciras 33 12 21186115683 Espécies alimentares1 51 50 5553I Citações de plantas alimentarcs 102 101 1411351 Média de citações de plantas por informante1(5141613 ? 9c Existe utilização eletiva dos recursos vegetais na Ilha do Cardoso? 163 de plantas apresentado pelos informantes conforme precisam, por isso, ser conhecidos. As plantas a atividade exercida (Fr = 17,08; graus de liberdade utilizadas para manufatura concentram-se também = 5; p<0,05). As diferenças são mais acentuadas no universo masculino, certamente por caber entre pescadores e os que exercem as demais predominantemente aos homens os afazeres que atividades (turismo e pesca: p = 0,038; atividades envolvem o uso de tais recursos (como a domésticas e pesca: p = 0,033; monitor ambiental e construção de casas e de canoas, e a confecção pesca: p = 0,024; funcionário do Parque e pesca: p de peças artesanais), como observado também = 0,011; outras atividades e pesca: p = 0,015). por Hanazaki et ai. (2000). Diferenças significativas também são encontradas O conhecimento de espécies medicinais entre os que exercem atividades de turismo e mostrou-se similar entre as donas de casa, os funcionários do parque (p = 0,044), bem como entre monitores ambientais e os praticantes de turismo. "outras os primeiros e os incluídos em atividades" Estudos etnobotânicos evidenciam a tendência das (p = 0.015). Entretanto, tal fato talvez seja mulheres apresentarem um conhecimento mais conseqüência do diferente número de informantes amplo do que homens sobre plantas medicinais. O em cada uma delas. O teste de Friedman também papel social que desempenham (cuidar da casa e apontou diferenças significativas na porcentagem dos familiares, inclusive em questões de saúde) de uso entre as distintas classes de atividades (Fr exige conhecimento e uso de recursos que tornem intervenção feminina, exigida. Entre = 19.08; graus de liberdade = 5; p<0,05). eficaz a quando ambientais e os exercem O uso mais acentuado das plantas citadas os monitores que coube às donas de casa (96%), seguidas dos atividades relativas ao turismo, grupos compostos destacam-se também as pescadores (95%), dos que exercem atividades principalmente por jovens, ligadas ao turismo (90%), dos monitores ambientais plantas medicinais. O conhecimento, nesses casos, associado à necessidade (83%) e dos funcionários do PEIC (60%) (Tab. 6). A está também de transmitir aplicação do teste de Friedman indicou diferença aos turistas, que visitam a Ilha do Cardoso, significativa de uso entre as seguintes classes de informações sobre as plantas encontradas no atividades: "atividades domésticas - funcionário percurso, tornando o seu trabalho mais qualificado. "pesca Talvez issojustifique a diferença entre as medicinais do parque" (p = 0,036); - funcionário do "pesca usadas e não usadas monitores ambientais parque" (p = 0,011); - monitor ambiental" pelos "turismo 6). De forma, tal (0,021); - monitoria ambiental" (p = 0,021); (Tab. qualquer prática, denominada "turismo Torre-Cuadros e Isbele (2003) e Albuquerque - funcionários do parque" (p = 0,017); e por "monitoria & Lucena de "uso cognitivo", sem dúvida ambiental - funcionários do parque" (p (2005), é = 0,021). As diferenças não significativas foram importante para a manutenção do conhecimento. constatadas entre: "pescadores - atividades "pesca domésticas" (p = 0,051) e - turismo" (p = Plantas citadas 0,051). Todas as comparações efetuadas com os As plantas citadas por até 10% dos informantes incluídos em "outras atividades" entrevistados encontram-se na Tabela 7. As mais apresentaram-se significativas, o que pode ser um conhecidas, que receberam um maior número de viés decorrente do reduzido número de informantes. citação são: garapuvu (Schizolobium parayba Nota-se, assim, que, de modo geral, os (Vell.) Blake); hortelã (Mentha arvensis L. e Mentha pescadores e funcionários do parque apresentam sp.); caxeta (Tabebuia cassinoldes (Lam.) A. P. maior conhecimento sobre plantas; que as donas DC); araçá (Psidium cattleyanum Sabinc); boldo de casa são as maiores usuárias dos recursos; que (Plectranthus barbatus Andrews, Sorvia sp. e uma um conhecimento semelhante é mantido entre os espécie indeterminada); erva-de-santa-maria monitores ambientais e os que exercem atividades (Chenopodium ambrosioides L.); poejo (Mentha relacionadas ao turismo, apesar do uso ser menor pulegium L.); capim-cidró (Cymbopogon citratus entre estes últimos. (DC.) Stapf.); goiaba (Psidium guajava L.) e vacupari O maior conhecimento de plantas nativas (Garcinia gardneriana (Planch & Triana) Zappi). manufatureiras demonstrado pelos pescadores Nesse conjunto, composto por 13 espécies, 8 decorre, certamente, da prática do próprio ofício, consideradas exóticas de áreas de Mata Atlântica pois, para garantir a produtividade da pesca, e 5 nativas, destacam-se as empregadas na medicina dependem de equipamentos (como canoas e local: o hortelã (M. an-ensis e Mentha sp.), o boldo armadilhas) feitos com recursos da mata, que (P. barbatus; Salvia sp. e uma espécie indeterminada).

Rodriguésia 62( 1): 153-169. 201 1 164 Miranda. T.M et al.

Tabela 6 - Plantas citadas, por atividade exercida pelos informantes. Os totais gerais, exceto os de citações, não correspondem à soma das respectivas colunas, pois, de acordo com a resposta dos informantes, a mesma planta figura, "usadas", "não "não em vários casos, entre usadas" e de uso informado"; * = diferença significativa (p<0,05) - "geral", "usadas" "não testados valores absolutos das colunas e usadas; G = geral; U = usadas; NU = não usadas; NI = não informado. Table 6 - Plants cited. by interviewecs' professional activities. Grand total, except that referring to citations. is not related to the sum "used". "not "not of its respective columns, becausc the same plant can be mentioned as used" and informed", depending on the interviewees' answer; * ¦ significativc difference (p<0,05) - tested values from columns "general", "used" and "not used"; G = general; U = used; NU = not used; NI = not informed.

TurismoDo larMonitoramhiental CaracterísticasGUNUNIGUNUNI*8NUNI

Citações133*114*14153*146*124*85*390 Etnoespécies190* 78*1381*77*87*71*350 Espécies168* 61*1069*66*64*53*230 Espécies exóticas131* 31*37*36*,,24*22*0 Citações de plantas exóticas55 5310310133280 Espécies nativas135* 28*30*28*,38*30*180 Citações de plantas nativas65 511143388252300 Espécies medicinais137* 36*,42*41*43*33*170 Citações de plantas medicinais57 561021007855230 Espécies manufatureiras113* 6*5*3*15*7*II0 Citações de plantas manufatureiras19 1125160 Espécies alimentares130* 30*33*33*23*22*0 Citações de plantas alimentares50 50454524220 Média de citações de plantas/informante26* 23*10*10*25*17*0

PescaFuncionário do Parque Outras atividades

CaracterísticasGUNUNI GUNUNI*1)NUNI

Citações295*250*4272*38*2536*33*0 Etnoespécies1126*118*2173*48*241147*43*0 Espécies'97* 92*1850*33*1933*30*0 Espécies exóticas136* 34*6*5*11* 11*0 Citações de plantas exóticas89 8619II 110 Espécies nativas'56* 53*1444*28*1820* 18*0 Citações de plantas nativas187 1513559302121 190 Espécies medicinais135* 32*10*9*21*20*,0 Citações de plantas medicinais78 721022210 Espécies manufatureiras'49* 46*1425*12*175*3*0 Citações de plantas manufatureiras130 9137331220,0 Espécies alimentares140* 40*18*16*11* 10*0 Citações de plantas alimentares94 931916II 100 Média de citações de plantas/informante13* 11»24*13*36»33»0

Rodriguésia 62( 11: 153-169. 201 1 Existe utilização efetiva dos recursos vegetais na Ilha do Cardoso? 165

O poejo (A/, pulegium), o capim-cidró (C. citratus) É interessante notar que as 13 espécies de e a erva-de-santa-maria (C. ambrosioides). As maior destaque se mantiveram as mesmas quatro primeiras são as citadas como mais usadas. independente da característica analisada, o que, O vacupari (G. gardneriana), o araçá (P. cattleyanum) além de evidenciar a importância das mesmas, pode e a goiaba (P. guajava) se destinam a uso indicar que o conhecimento local apresenta-se calcado alimentar. O garapuvu (S. parahyba) e a caxeta num conjunto relativamente reduzido de plantas. (7". cassinoides) são usados para manufatura. Vale ressaltar que as variações no conhecimento As mais citadas delas pelos entrevistados evidenciadas e discutidas anteriormente se refletem com até 40 anos foram: o hortelã (M. an-ensis e também quando se considera o conjunto de plantas Mentha sp.), o boldo (P. barbatus, Salvia sp. e citadas pelos informantes. uma espécie indeterminada) e a goiaba (P. guajava), Os resultados obtidos permitem-nos concluir com indicação de 100% de uso. Também merecem que os caiçaras da Ilha do Cardoso ainda retêm ser citados o araçá (P. cattleyanum), com 94% amplo e diverso conhecimento sobre plantas e que de uso; o garapuvu (5. parahyba) e a caxeta grande parte do que conhecem é por eles utilizado, (7". cassinoides), apesar do menor percentual de mostrando-se, nesse aspecto, resilientes frente aos uso desses dois últimos, com respectivamente 68% diversos tipos de pressão que vêm sofrendo, dentre e 47%. Entre os mais velhos, com idade acima de 40 elas a restrição ao uso de plantas imposta pelo PEIC. anos, destacaram-se também como as mais usadas É indiscutível que tal processo impõe grande (100% de uso): o hortelã (M. ar\-ensis e Mentha dificuldade para o uso dos recursos vegetais, que sp.), o capim-cidró (C. citratus), a erva-de-santa- poderá resultar em obstáculo para a manutenção maria (C. ambrosioides), o poejo (M. pulegium). do conhecimento que se tem sobre eles. Futuras o boldo (P. barbatus, Salvia sp. e uma espécie investigações poderão verificar como e de que indeterminada) e o vacupari (G. gardneriana). modo as restrições advindas com a implantação do O percentual de uso do garapuvu (S. parahyba) PEIC influíram na manutenção do conhecimento foi, nessa categoria, de 56%. etnobotânico local. As plantas mais conhecidas são As plantas mais usadas pelos homens foram o em sua maioria nativas, apesar de verificarmos que vacupari (G. gardneriana), a caxeta (T cassinoides) as exóticas são mais usadas. Isso pode indicar que e o garapuvu (S. parahyba); e pelas mulheres: o hortelã os moradores locais podem estar reduzindo (M. anensis e Mentha sp), o boldo (P. barbatus, gradativamente sua interação com o ambiente Salvia sp. e uma espécie indeterminada) e o poejo vegetal, o que pode ser reflexo do fato das espécies (M. pulegium). nativas situarem-se mais distantes das residências Também foi possível observar diferenças no ou de demandarem conhecimento mais específico. conjunto de plantas mais citadas conforme a Tais fatores, além da presença do PEIC, podem estar atividade exercida. Entre os praticantes de influenciando a utilização das plantas nativas. atividades relacionadas ao turismo, as plantas mais O conhecimento e uso variaram conforme a citadas foram o boldo (P. barbatus. Salvia sp. e categoria de uso dos recursos. Espécies medicinais uma espécie indeterminada), com 46% de uso e o mostraram-se as mais conhecidas, as alimentares araçá (P. cattleyanum), com 44%. Já entre os destacaram-se pelo uso e as manufatureiras foram pescadores, as mais citadas foram a caxeta (T. as menos usadas. O conhecimento mostrou-se, de cassinoides) e o garapuvu (5". parahyba), com 58% modo geral, equivalente em relação à idade dos de uso cada; o vacupari (G. gardneriana), com informantes, apesar de, entre os mais jovens, ser 43%; a erva-de-santa-maria (C. ambrosioides), com menor a proporção de uso dos recursos. O nível 42% e o araçá (P. cattleyanum), com 36%. As donas de conhecimento também se mostrou semelhante de casa citaram principalmente o poejo (M. em relação ao gênero dos informantes. Homens pulegium); o hortelã (M. anensis e Mentha sp.); o demonstram conhecer mais espécies capim-cidró (C. citratus) e o boldo (P. barbaius. manufatureiras, enquanto as mulheres mais de Salvia sp. e uma espécie indeterminada), com as plantas medicinais, provavelmente, pelo tipo de respectivas porcentagens de uso: 55%, 52%, 37% trabalho que desenvolvem. e 31%. Os funcionários públicos mencionaram o Em relação à atividade exercida, constatou- vacupari (G. gardneriana). com 13%; a goiaba (P. se que as donas de casa usam um maior número guajava) e o garapuvu (5. parahyba), com 10% de de plantas exóticas medicinais, e que os citação de uso cada. pescadores conhecem e usam mais plantas nativas

Rodriguésia 6211): 153-169. 201 1 ======não informado; Tabela 7 - Plantas citadas por 10% dos entrevistados, por número de citação. S status: E exótica: N nativa; I indeterminado; NU não usada; NI U = usada; H = manufatura; M = medicinal; A = alimentar; O = outros usos. - - Tible 7 Plants cited by I0°o ofthe informants. by citation number. S = status; E = exotic: N = native; I ¦ undctcrmined: NU ¦ not used: NI = not informed; U nsed; II handeraft; M medicinal: A ¦ food; O = other uses. Número de citações

Nome popular/etnoespécie Espécie botânica Família6NUNI8TotalUso garapuvu / guapiruvu Schizplobiumparahyba (Vell.) Blake Caesalpinioideae1191535H/M/O hortelã Mentha arvensis L. Lamiaceae(2525M Mciulia sp LamiaceaeE cavela Tabebuia cassinoides (Lam.) A. P. DC. Bignoniaceae1101424H araçá / araçá-roxo Psidium catlleyaniim Sabine Myrtaceae12122H/M/A boMo Indet 1 Asteraceae(2121M Tlcctraiuhus IhiiíhiIus Andrews LamiaceaeE Salvia sp. LamiaceaeE erva-de-santa-maria Chenopodium ambrosioides L. Chenopodiaceae1,1819M poejo Mentha pulegiwn L. Lamiaceae(1818 capim cidró / capim-limâo / erva-cidreira Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. Poaceae(1717M goiaba / goiaba-branca / goiaba-vermelha Psidium guajava L. Myrtaceae(1717H/M/A vacupari Garcinia gardneriana (Planch & Triana) ZappiClusiaceae11717H/A aipim /mandioca Manila il csculcnta Crant/ Euphorbiaceae(1414A guanandi Caloplnllum hrasilicnsc Cambess. Clusiaceae1,14II cauda Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum Myrtaceae11313M laranja Citrus aiiraiilium L Rutaceae(1313M/A abacate Persea americana Mill. Lauraceae(,II12M/A maracujá Passiflora alata Dryand Passifloraceae1liIIM/A Passiflora edulis Sims PassifloraceaeN pitanga Eugenia uniflora L. Myrtaceae1IIIIM/A ! araticum Annona crassifolia Mart. Annonaceae(1010M/A Rollinia sericea (R. E. Fr.) R. E. Fr. AnnonaceaeN caju / caju-branco Anacardium occidenlale L. Anacardiaceae11010M/A lissa/ saha-vida Lippia atha (Mill.) N. E. Br. Verbenaceae(1010M brejaúva Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Burret Arccaceae110H/A quebra-pedra Phyllanthus sp. Euphorbiaceae110M 0> canela Inga sp. Mimosoideae110II 1 banana Musa acuminata Colla Musaceae(A O tucum Bactris setosa Mart. Arccaceae1H/A Número de citações

Nome popular/etnoespécic Espécfc botânica Família NU NI U Total l so J ananás-dc-raposa Indet. Bromeliaceae1,9 M/A mentrasto / lanchais Plantago australis Lam.Plantaginaccac(,9 M erva-balecira / mentruz / lalima Cordia verbenacea DC.Boraginaceae19 M u cana-do-brejo Costas spiralis (Jacq.) RoscoeZingiberaceae1169 M/A a cipó-timbopeva Indet. Sapindaceae19 II M O limão Ciirus limon (L.) Burm. F.Rutaceae(8 M/A Citrus sinensis (L.)OsbeckRutaceaeE arocira Schinus lerebinlhifolia RaddiAnacardiaceae18 H/M/O mangue-bravo / mangue-vermelho Rhizophora mangle L.Rhizophoraceae18 H/M aipo Apium sp.Apiaceae17 M murta Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg.MyrtaceaeNI7 H/A Eugenia suleata Spring ex Mart.MyrtaceaeN 8- palmito Euterpe edulis L.Arccaceae17 H/A jacatirão Tibouchina pulchra Cogn.Melastomataceae17 H/O timbuva Pithecellobium langsdoifii Benth.Mimosaceae17 II cará Dioscorea alata /Dioscoriaceae(6 A feijão Phaseolus vulgaris L.Faboideae(6 A picão / pico-pico Bidens pilosa L.Asteraceae(6 M cipó-caboclo Indet. Indeterminada16 M erva-do-bicho Indet. Polygonaceae(6 M carqueja Baccharis trimera (Less.) DC.Asteraceae16 M batata Ipomoea batatas Lam.Convolvulaceae(5 M/A guapurunga / vapurunga Marlierea tomentosa Cambess.Myrtaceae15 A/O hipomea Ipomoea pes-caprae (L.) R. Br.Convolvulaceae(5 M ambo Syzygiumjambos (L.) AlstonMyrtaceae(5 A melancia Citrullus lanatus Thunb.Cucurbitaceae(5 A olho-de-boi Indet. Faboideae,5 H/M tabucuva/ lapiá Pera glabrata (Schott) Baill.Euphorbiaceae15 H orelha-de-gato Tibouchina clavata (Pers.)Melastomataceae15 M serralha Emilia sp.Asteraceae15 M/A arapaçu Indet Indeterminada15 H cedro Ccdrela sp.Meliaceae5 H figueira Ficus insipida VlittdMoraceae15 H/M/A/O taquara Indet. Poaceae(,5 H 168 Miranda. T.M et al.

manufatureiras. Monitores ambientais e os que Ayres, M; Ayres Jr.. M.; Ayres, D.L. & Santos, A.S. exercem atividades relacionadas ao turismo 2007. BioEstat. Versão 5.0. Sociedade Civil de demonstraram também conhecimento semelhante, Mamirauá, MCT-CNPq. Belém. predominando o de plantas medicinais, apesar de Barros. F.; Melo. M.M.R.F. & Chiea. S.A.C. 1991. Flora menos usadas, em comparação com os de outras fanerogâmica da Ilha do Cardoso: caracterização geral atividades Tal fato indicar da vegetação e listagem das espécies ocorrentes. profissionais. pode que Hueitec. São Paulo. o conhecimento local sobre as se mantém I84p. plantas Begossi. A. 1998. Use of vivo, nesse caso, também devido ao tipo de ecological mettKxis in ethnobotany: diversity índices. Economic Botany 50: 280-289. atividade exercida. Por não estarem diretamente Begossi. A.; Hanazaki. N. & Tamashim. J.Y. 2(X)2. Medicinal ligadas à exploração do ambiente, as atividades plants in the atlantie forest (Brazil t: knowledge, use relacionadas ao turismo e à monitoria ambiental and conservation. Human Ecology 30: 281 -299. lidam mais diretamente com o conhecimento Bcnnett, que B. & Prance, G.T. 2000. Introduccd plants in se tem de um recurso do que com o recurso em si. the indigenous pharmacopeia of northen South Estabelecem, por isso, entre os que as exercem e o America. Economic Botany 54: 90-102. meio ambiente, uma relação de dependência Camou-Guerrcro, A.; Reyes-Garcia. V.; Martínez- indireta para a sobrevivência, diferentemente, por Ramos. M. & Casas. A. 2008. Know ledge and use exemplo, dos pescadores, que, via de regra. value of plant species in a Rarámuri community: a utilizam os recursos naturais para obtenção de gender perspective for conservation. Human Ecology 36: 259-272. produtos a serem consumidos. Casagrande. D.G. 2004. Conceptions of primary forest in a Tzeltal Maya community: implications for Agradecimentos conservation. Human Organization 63: 189-202. Agradecemos aos moradores da Ilha do Figueiredo, G.M; Leitão-Filho. H.F. & Begossi. A. 1993. Cardoso, que participaram da pesquisa, ao Ethnobotany of atlantie forest coastal communities: Prof. Dr. D. Falkenberg (UFSC), a identificação diversity of plant uses In Gamboa (Itaeuruça Island. Brazil). das espécies; a M. Cultrera, F.C. Oliveira, E. Human Ecology 21: 419-430. Fonseca-Kruel. V.S. Zuchiwschi, o auxílio na coleta de dados; a J.V. & Peixoto, A.L. 2004. Etnobotânica na reserva extrativista marinha de Miranda, a revisão do texto e sugestões; à Arraial do Cabo, RJ. Brasil. Acta Botânica Brasilica 18: 77-190. CAPES, FAPESC e Programa Biota/FAPESP, o Galcano. G. 2000. Forest use at the coast of Choco. auxílio financeiro. pacific Colômbia: a quantitative approach. Economic Botany 54: 258-376. Referências Gavin. M.C. & Anderson, G.J. 2007. Socioeconomic of Albuquerque, U.P. & Andrade, L.H.C. 2002. Uso de prcdictors forest use values in the Peruvian Amazon: recursos vegetais da caatinga: o caso do agreste do a potential tool for biodiversity conservation. estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil). Ecological Economics 60:752-762. Interciéncia 27: 336-346. Gazzaneo. L.R.S.; Lucena. R.F.P. & Albuquerque, U.P. Knowledge Albuquerque. U.P. & Lucena. R.F.P. 2005. Can 2005. and use of medicinal plants by local speeialists is a région of atlantie forest in the apparency affect the use of plants by local people state of Pernambuco in tropical forests? Interciéncia 30: 506-511. (northeastern Brazil). Journal of Ethnobiology and Ethnomedieine I: I -11. Albuquerque, U.P.; Andrade, L.H.C. & Silva, A.C.O. H.ina/aki. N.; Leitão-Filho. H. F. & Begossi. A. 1996. 2005. Use of plant resources in a seasonal dry forest (Northcastcrn Brazil). Acta Botânica Uso de recursos na Mata Atlântica: o caso da Brasilica 19: 27-38. Ponta do Almada (Ubatuba. Brasil). Interciéncia 21: 268-276. Albuquerque. U.P. & Oliveira. R.F. 2(X)7. Is lhe use- impact on native caatinga species in Brazil reduced Hana/aki, N.; Tamashiro, J.Y.; Leitão-Filho, H.F. & Begossi, A. 2000. Diversity of uses in two by lhe high species richness of medicinal plants.' plants Journal of Ethnopharmacology 113: 156-170. caiçara communities from the atlantie forest coast. Brazil. Biodiversity and Conservation 9: 597-615. Amoro/o. M.C.M. 2(X)2. Uso e diversidade de plantas medicinais cm Santo Antônio do l-everger. MT. (ianazald, N. 2001. Ecologia de caiçaras: uso de recursos Brasil. Acta Botânica Brasilica 16: 1X9-203. e dieta. Tese de Doutorado. Universidade Estadual Campinas. Campinas. 193p. Antweiler. C. 1998. Local knowlcdgc and local de knowing: an anlhropological anal) sis oi contested Hanazaki. N. 2003. Comunidades, conservaçãoc mane|o: o do conhecimento ecológico local. Biotemas produets in the context of development. papel Anthopos 93: 469-494. 16:2347.

Rodriguésia 62( 1): 153-169 2011 Existe utilização eletiva dos recursos vegetais na Ilha do Cardoso? 169

Hanazaki, N.; Castro, F.; Oliveira, V.G. & Peroni, N. Prance, G.T.; Baleé, W.; Boom, B.M. & Carneiro, R.L. 2007. Between the sea and the land: the livelihood 1987. Quantitative ethnobotany and the case for of estuarine people in southeastern Brazil. Ambiente conservation in Amazônia. Conservation Biology & Sociedade 10: 1-16. 1:296-310. Hunn. E. 1980. The utilitarian factor in folk biological Reyes-Garcia, V.; Vadez. V.; Huanca, T.; Leonard, W.R. classification. American Anthropologist 84: 830-847. & McDade, T. 2007. Economic development and Lorenzi. H. & Matos. A.F.J. 2002. Plantas medicinais local ecological know ledge: a deadlock? Quantitative no Brasil: nativas e exóticas. Instituto Plantarum, Research from a native Amazonian society. Human Nova Odessa. 512p. Ecology 35: 371-377. Lucena. R.F.P.; Araújo, E.L. & Albuquerque. U.P. 2007. Sampaio, D.; Souza, V.C; Oliveira, A.A.; Souza-Paula, Does lhe local availability of woody caatinga plants J. & Rodrigues. R.R. 2005. Árvores de restinga: (Northeastern Brazil) explain their use value? guia ilustrado para identificação das espécies da Ilha Economic Botany 61: 347-361. do Cardoso. Ed. Neotrópica. São Paulo. 277p. Miranda. T.M. & Hanazaki, N. 2008. Conhecimento e Shanley, P. & Rosa, N.A. 2004. Eroding knowledge: an uso de recursos vegetais de restinga por comunidades ethnobotanical inventory in eastern Amazonia's das ilhas do Cardoso (SP) e de Santa Catarina (SC), logging frontier. Economic Botany 58: 135-160. Brasil. Acta Botânica Brasilica 22: 203-215. Silva, A.J.R. & Andrade, L.H.C. 2006. Cultural Ncsheim. I; Dhillion. S.S. & Stolen, K.A. 2006. What significance of plants in communities located in the happens to traditional knowledge and use of natural coastal forest zone of the state of Pernambuco, resources when people migrate? Human Ecology Brazil. Human Ecology 34: 447-465. 34:99-131. Souza, V.C. & Lorenzi, H. 2005. Botânica sistemática: Peroni. N. & Hanazaki, N. 2002. Current and lost guia ilustrado para identificação das famílias das diversity of cultivated varieties. especially cassava, angiospermas da flora brasileira. Instituto Plantarum, under swidden cultivation systems in the Brazilian Nova Odessa. 638p. Atlantic Forest. Agriculture, Ecosystems and Torre-Cuadros, M.A. & Islebe, G.A. 2003. Traditional Environment92: 171-183. ecological knowledge and use of végétation in Philips. O. & Gentry, A.H. 1993a. The useful plants in southeastern México: a case study from Solferino. Tambopata. Peru: I. Statistical hypotheses tests with Quintana Roo. Biodiversity and Conservation P- a new quantitative techniques. Economic Botany 2455-2476. 47: 15-31 Turban, E; Aronson, J.E.; Liang, T.P. & Sharda, R. 2006. Philips. O. & Gentry, A.H. 1993b. The useful plants Decision support and business intelligence systems. in Tambopata, Peru: II. Aditional hypothesis Prentice Hall. New Jersey. 850p. testing in quantitative ethnobotany. Economic Vieira, S. 2003. Bioestatística: tópicos avançados. Botany 47: 33-43. Campus, Rio de Janeiro. 212p. Pilla. M.A.C.; Amorozo, M.C.M. & Furlan. A. 2006. Voeks, R.A. 2007. Are women reservoirs of traditional Obtenção e uso das plantas medicinais no distrito plant knowledge? Gender, ethnobotany and de Martim Francisco, município de Mogi-Mirim, globalization in northeast Brazil. Singapore Joumal SP. Brasil. Acta Botânica Brasilica 20: 789-802. of Tropical Geography 28: 7-20.

Artigo recebido em 07/03/2010. Aceito para publicação em 19/10/2010.

Rodriguésia 62( 1): 153-169. 201 1 'wl Rodriguesia 62(1): 171-202.2011 ir http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Revisão de Andropogon (Poaceae — Andropogoneae) />. para o Brasil1 lvN Revision of Andropogon (Poaceae —Andropogoneae) from Brazil

Ana Zanin2'4 & Hilda Maria Longhi-Wagner3

Resumo É apresentada uma revisão taxonômica das espécies de Andropogon L. que ocorrem no Brasil com base em coletas, observação de populações no campo e análise de coleções de 72 herbários nacionais c internacionais. Foram confirmadas 28 espécies, incluindo A. gayanus Kunth. introduzida da África para cultivo, além de uma subespécie e uma variedade. O trabalho inclui chaves de identificação, descrições e ilustrações para todos os taxons, além de dados sobre distribuição geográfica, habitat, período de floração, nomenclatura e comentários gerais. Palavras-chave: Gramineae, taxonomia. Abstract A taxonomic revision of the genus Andropogon L. in Brazil is presented. Based on field collections. observation of the populations and revision of 72 national and intemational herbaria, 28 species, including A. Gayanus Kunth introduced from África were confirmed. besides one subspecie and one variety. The work includes key for the identification of the confirmed taxa. descriptions and illustrations. as well as data about geographic distribution. habitat, flowering periods. typification, synonymy and general comments. Key vvords: Gramineae, taxonomy.

Introdução e procurada pelo gado em áreas do Pantanal Mato- está O gênero Andropogon é um dos mais grossense, entre as forrageiras exponenciais representativos da tribo Andropogoneae com cerca do Pantanal (Aliem & Valls 1987). de 100 espécies, distribuídas especialmente através Estudos de floras de regiões limítrofes têm dos trópicos (Clayton & Renvoize 1986). Estas, cm contribuído para a identificação de algumas espécies sua maior parte, são perenes e de hábito cespitoso, do gênero ocorrentes no Brasil. Entre destacando-se especialmente por suas estes, destacam-se as Horas agrostológicas do Uruguai inflorescências plumosas. Algumas espécies (Rosengurtt et al. 1970), Argentina constituem-se em importantes componentes de (Burkart 1969,Cabrera 1970), Bolívia (Killeen 1990, campos naturais, como é observado no sul do Renvoize 1998) e Guianas (Judziewicz 1990), bem Brasil, onde geralmente integram os chamados como o trabalho de Pohl & Davidse (1994), para "campos grossos" (Hervé & Valls 1980), e em áreas a Flora Mesoamericana. de cerrado do Brasil Central (Aliem & Valls 1987). No Brasil, destacam-se inicialmente os Andropogon gayanus é uma espécie nativa da trabalhos de Nees (1829) em Agrostologia África e cultivada em diferentes regiões tropicais brasiliensis e Hackel (1883) na Flora brasiliensis, como forrageira, inclusive no Brasil, onde ocorre os quais apresentam descrições originais e como subespontânea. especialmente no Centro- complementares detalhadas para diversas espécies, Oeste. Andropogon hypogynus. que é muito comum porém, sem a inclusão de chave para a identificação

1 Parte da tese de Doutorado da primeira autora desem olvida no Instituto de Biociénctas da USP. São Paulo. Brasil. 1 Universidade I «letal de SantaCatarina. Depto. Botânica, 88040-900. Florianópolis. SC, Brasil. ' Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Dcplo. Botânica, Av. Bento Goncal-.es 9500. prédio 43323.91501 -970, Pono Alegre. RS. Brasil. Bolsista CNPq 4 Autor para concspondència: -ína/anirVu ccb.ufsc.br 172 Zanin. A. & Long/ii-Wagner H.M. das mesmas. O conceito de Andropogon A apresentação das espécies segtfe ordem apresentado por Hackel (1883) inclui vários alfabética. Na descrição de formas, texturas e tipo subgêneros reconhecidos atualmente como gêneros de indumento. adotou-se principalmente a independentes. Mais recentemente, são conhecidos terminologia apresentada por Radford et al. (1974). os trabalhos de Hervé & Valls (1980). tratando de São apresentados apenas um exemplar nove espécies do gênero Andropogon ocorrentes analisado para cada Região do Brasil. As no Rio Grande do Sul: de Smith et al. (1982) para informações sobre o período de floração e nomes Santa Catarina; e de Renvoize (1984, 1988) para as vulgares foram referidas apenas com base nos Horas da Bahia e Paraná, respectivamente. O gênero dados obtidos nas etiquetas de material de carece, no entanto, de uma revisão, como já herbário, enquanto os dados de distribuição mencionado por Clayton (1987). geográfica foram estabelecidos com base no Este estudo contribui com a revisão dos material examinado e na literatura. táxons do gênero ocorrentes no Brasil, apresentando informações nomenclaturais e de Resultados e Discussão tipificação, meios a identificação e dados sobre para AndropogonL.. Sp.pl. 1: 1045. 1753.Espécie-tipo: hábitat, de floração e distribuição período A. distachyus L. (Clayton & Renvoize 1986). - as 28 espécies, uma subspécie e geográfica para Diectomh Kunth, Mem. Mus. Hist. Nat. Paris. 2. variedade confirmadas. uma 69: 1815, nom. cons.. non P. Beauv. 1812. Espécie- tipo: D. fastigiata (Sw.) P. Beauv.. typ. cons. - Material e Métodos Hypogynium Nees, Agrostologia brasiliensis, in O estudo foi realizado com base em análise Mart., Fl. bras. enum. pl. 2( 1): 364. 1829. Espécie- de material proveniente de coletas realizadas nas tipo: Hypogynium spathitloritm Nees. regiões Sul. Sudeste. Centro-Oeste e Nordeste do Plantas perenes ou anuais, geralmente Brasil e de coleções de 72 herbários do Brasil e do cespitosas, às vezes rizomatosas. Colmos 20-300 cm exterior, acrônimos citados conforme Thiers (2010). alt. Inovação intravaginal. Pa-foliaçãoconduplicada exceto para os que se encontram cm negrito, ainda ou convoluta. Folhas nunca aromáticas. Lígula não oficiais: ALCB, ASE, B, BHCB. BHMH. BM, membranosa. membranoso-ciliolada ou BR. C, CEN, CEPEC, CESJ, CH. CGMS. CNPO, membranoso-ciliada: lâminas lineares, de base reta CPAC. CPAP, CTES, CVRD, ESA, ESAL, F. Fl, ou atenuada, linear-lanceoladas, ou lanceoladas de FLOR, FUEL. G, GUA. HB. HGH. HRB. HRCB, base cordada ou subcordada. geralmente planas, HUCS, HUEFS, HUEPG, HURG, IAC. IAN, IBGE, às vezes crispadas, menos comumente cilíndricas ICN, INPA, IPA, JPB, K. L. M. MBM. MBML, MG, com a face adaxial reduzida a um pequeno sulco, MO, NY, P, PEL, PEUFR, PMSP. PR. PRE. OCA, R, ápice acuminado, agudo ou obtuso. Inflorescencias RB, S, SMDB, $P, SPF, SPSF, TEPB, UB, UEC, pouco ou muito ramificadas na metade superior dos UFMT. UPCB. US, VIC, VIÉS. W. colmos floríferos, terminais e axilares, às vezes O estudo morfológico foi realizado com só terminais; cada ramificação termina em uma auxílio de microscópio estereoscópio. O material unidade de inflorescência formada por uma folha foi analisado a seco, uma vez que a hidratação modificada, geralmente reduzida ou quase torna as estruturas internas das espiguetas ainda reduzida à bainha foliar, a espatéola. e dois ou mais delicadas e praticamente impossíveis de mais ramos floríferos que portam as espiguetas. serem retiradas inteiras. A lista completa de simples ou ramificados, menos freqüentemente exsicatas. com todo o material examinado por apenas um ramo florífero por espatéola. táxons. encontra-se disponível com a primeira Espiguetas aos pares sobre cada nó da ráquis, autora e poderá ser solicitada à mesma (Zanin uma séssil ou subséssil e outra pcdicclada, com 2001). Para a medição das lâminas foliares, foram dois antécios. as sésseis do ápice de cada ramo excluídas aquelas da folha bandeira, que precede florífero acompanhadas de duas pediceladas. imediatamente a inflorescência. As medidas foram Ráquis desarticulando-se em cada nó, sendo tomadas com auxílio de uma régua com escala em que o par de espiguetas. o entrenó da ráquis e a centímetros e milímetros para estruturas maiores espigueta pcdicclada geralmente caem juntos, e uma lâmina com escala em décimos de formando uma unidade de dispersão. Entrenó lineares, milímetros para as menores. da ráquis c pedicelo clavados ou

Rodriguésia 62( 11: 171 -202. 201 1 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 173 subclavados, variadamente plumosos ou graus, no máximo até a metade, aristado ou mútico; escabros, ápice inteiro, lobado ou ondulado, pálea superior hialina; lodículas 2; estames 3 ou 1, geralmente não fimbriado. Espiguetas sésseis às vezes 1-3 estaminódios; estiletes 2. Fruto do dorsal ou lateralmente comprimidas, aristadas tipo cariopse. Espiguetas pediceladas ou múticas; calo obtuso, piloso ou glabro; desenvolvidas ou com diferentes graus de glumas subiguais, ocultando completamente os redução, então neutras, raramente suprimidas; antécios; gluma inferior bicarenada, cartácea ou quando desenvolvidas são múticas, raramente subcoriácea, plana ou côncava, com ou sem um aristadas, comprimidas ou não dorsalmente; sulco longitudinal central, com ou sem nervuras glumas subiguais, ocultando os antécios; gluma entre as carenas; gluma superior unicarenada; inferior simétrica, raramente assimétrica (A. antécio inferior neutro; lema inferior bicarenado, fctstigiatus); antécio inferior neutro; lema inferior hialino ou vináceo; pálea inferior ausente; hialino; pálea inferior ausente; antécio superior antécio superior com flor monoclina, ou com flor estaminada ou menos comumente pistilada por redução dos estames a monoclina; lema superior hialino; pálea superior estaminódios; lema superior hialino ou palhete presente, raramente ausente (A. virgatus), hialina; hialino, inteiro, bidentado ou bífido em diferentes lodículas 2; estames 3, raramente 2 ou 1.

Chave de identificação para as espécies de Andropogon ocorrentes no Brasil Um ramo florífero por unidade de inflorescência ou espatéola. 2 Espiguetas sésseis múticas. 3.Espiguetas sésseis com flor monoclina. Entrenós da ráquis e pedicelos pilosos, tricomas mais curtos ou atingindo até 1,5 vezes o comprimento da espigueta séssil8. A. crucianus 3'. Espiguetas sésseis com flor pistilada. Entrenós da ráquis e pedicelos escabros 27. A. virgatus 2\ Espiguetas sésseis aristadas. 4.Gluma inferior da espigueta pedicelada assimétrica, aristada. Entrenós da ráquis e pedicelos clavados10. A. fastigiatus 4*. Gluma inferior da espigueta pedicelada simétrica, mútica. Entrenós da ráquis e pedicelos lineares ou subclavados. 5. Gluma inferior da espigueta séssil com nervuras entre as carenas. Plantas até 110 cm alt. Espiguetas pediceladas sempre estaminadas ou sempre neutras, ou neutras e estaminadas na mesma planta. Anteras das espiguetas sésseis e pediceladas subiguais no comprimento, atingindo 1,2-1,9 mm compr. 6. Espiguetas pediceladas 1,5-2,2 mm compr., neutras. Entrenós da ráquis e pedicelos com tricomas mais curtos que a espigueta séssil. Lema inferior da espigueta séssil 3,4-4 mm compr.23. A. palustris 6*. Espiguetas pediceladas 3,5-7,2 mm compr.. estaminadas ou estaminadas e neutras ocorrendo ao longo e no ápice dos ramos floríferos, raramente só neutras na mesma planta. Entrenós da ráquis e pedicelos com tricomas do mesmo comprimento ou até duas vezes o comprimento da espigueta séssil, menos comumente mais curtos. Lema inferior da espigueta séssil 4-6 mm compr. 16. A. ingratas 5'. Gluma inferior da espigueta séssil sem nervuras entre as carenas. Plantas de 170-250 cm alt. Espiguetas pediceladas estaminadas. raramente algumas espiguetas pediceladas neutras na mesma planta. Anteras das espiguetas sésseis e pediceladas desiguais no comprimento, atingindo 0,6-1 mm compr. nas espiguetas sésseis e 2-2,5 mm nas pediceladas 21. A. monocladus r. Dois ou mais ramos floríferos por unidade de inflorescência ou espatéola. 7. Lâminas foliares lanceoladas, crispadas quando envelhecidas. Rizomas bem desenvolvidos 7. A. crispifolius T. Lâminas foliares lineares ou linear-lanceoladas. nunca crispadas. Rizomas ausentes ou pouco desenvolvidos.

Rodriguésia 6211): 171 -202. 201 1 174Zanin. A. & Longhi-Wagner H.M.

8. Gluma inferior da espigueta pedicelada aristada. arista (1,5-) 4,2-9 mm compr.* 9.Espiguetas sésseis 7,2-8,2 mm compr., gluma inferior elíptico-lanceolada, plana, com sulco mediano e com nervuras entre as carenas. Gluma inferior da espigueta pedicelada com 20 a mais nervuras L/4, gayunus 9'. Espiguetas sésseis 4,2-5,5(-7) mm compr., gluma inferior linear, profundamente côncava. sem sulco e sem nervuras entre as carenas. Gluma inferior da espigueta pedicelada 7-nervada 1. A. angustatus 8'. Gluma inferior da espigueta pedicelada mútica 10.Lâminas foliares linear-lanceoladas, ápice longamente acuminado. Entrenós da ráquis clavados, às vezes subclavados na mesma planta 11.Espiguetas pediceladas 2-A mm compr.. gluma inferior 7-11 -nervada, lema inferior 3,1 -3,5 mm compr. Espiguetas sésseis com arista de 8-15 mm compr15. A. indetonsus 11'. Espiguetas pediceladas 7,1-10 mm compr., gluma inferior 14 a mais nervada, lema inferior 6,7- 7,5 mm compr. Espiguetas sésseis com arista de 18-22 mm compr24. A. pohlianus 10'. Lâminas foliares lineares, de ápice apiculado ou variadamente agudo a obtuso. Entrenós da ráquis lineares ou subclavados. 12.Lâminas foliares, especialmente as inferiores, fortemente atenuadas em direção à base. reduzindo- se praticamente à região da nervura central 12. A. glaucophyllus 12'. Lâminas foliares de margens paralelas até a base, não atenuadas. 13. Lâminas foliares cilíndricas, com a face adaxial reduzida a um pequeno sulco, rijas, menos freqüentemente planas na mesma planta. Gluma inferior da espigueta pedicelada 7-9- nervada9. A. durifolius 13'. Lâminas foliares planas, conduplicadas ou convolutas, não rijas. Gluma inferior da espigueta pedicelada 3-7-nervada. 14. Espiguetas pediceladas todas neutras, geralmente ruduzidas ou rudimentares, raramente do mesmo comprimento das sésseis 15. Espiguetas sésseis com arista conspícua, de 8-31 mm compr. Entrenós da ráquis e pedicelos com tricomas até 1,5-2 vezes o comprimento da espigueta séssil. 16. Lígula membranoso-ciliada. Lâminas foliares 3,5-17 x 0,05-0,2(-0,4) cm. Espiguetas pediceladas (2-)3-5 mm compr.; 2-3(-5) ramos floríferos por unidade de inflorescência (por espatéola)4. A. brasiliensis 16'. Lígula membranoso-ciliolada. Lâminas foliares 4-38 x 0,2-0,7 cm. Espiguetas pediceladas 0,2^4,5 mm compr.; 2-11 ramos floríferos por unidade de inflorescência (por espatéola). 17. Gluma inferior da espigueta séssil com 2-5 nervuras entre as carenas. Folhas glaucas16./.. ingratas 17'. Gluma inferior da espigueta séssil sem nervuras entre as carenas. Folhas verdes ou verde-vináceas. 18. Lema inferior da espigueta séssil 3-nervado, com uma nervura central entre as carenas. Espiguetas pediceladas 3-5 mm compr. Entrenós da ráquis e pedicelos densamente pilosos; 2-3(^) ramos floríferos por unidade de inflorescência (por espatéola) 26./.. ternatus 18'. Lema inferior da espigueta séssil 2-nervado, sem nervura central entre as carenas. Espiguetas pediceladas 0,2-3 mm compr. Entrenós da ráquis e pedicelos com tricomas subdensos; (2-3-) 4-11 ramos floríferos por unidade de inflorescência (por espatéola)20. A. macrothrix 15'. Espiguetas sésseis múticas ou com arista inconspícua. de 0,5-6 mm compr. Entrenós da ráquis e pedicelos com tricomas 2-4 vezes o comprimento da espigueta séssil.

Rodriguesia 62(1): 171 -202. 2011 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil175

19. Espiguetas pediceladas 3,3-6,3 mm compr., mais curtas ou mais longas que as espiguetas sésseis 2. A. arenarius 19'. Espiguetas pediceladas 0,1—2(-3) mm compr., mais curtas que as espiguetas sésseis. 20. Lâminas foliares 1—2(—3,5) mm larg.. ápice agudo. Espiguetas sésseis 2,5-3,2(-3,8) mm compr. Tricomas dos entrenós da ráquis e pedicelos 3-4 vezes o comprimento da espigueta séssil 18. A. leucostachyus 20'. Lâminas foliares (2,5-)3-6(-10) mm larg., ápice obtuso-navicular. Espiguetas sésseis 3-5 mm compr. Tricomas dos entrenós da ráquis e pedicelos 2-3 vezes o comprimento da espigueta séssil25. A. selloanus 14'. Espiguetas pediceladas estaminadas, desenvolvidas, presentes em toda ou, ao menos, em parte da inflorescência, às vezes somente no ápice dos ramos floríferos, então as restantes neutras, menores ou do mesmo comprimento das sésseis. 21. Inflorescências muito ramificadas, corimbiformes, congestas no ápice dos colmos floríferos. Espiguetas sésseis múticas3. A. bicornis 21'. Inflorescências laxas, alongadas, terminais ou terminais e axilares, mais raramente subcongestas e subcorimbiformes, então espiguetas sésseis aristadas (Andropogon sp.). Espiguetas sésseis múticas ou aristadas. 22 Entrenós da ráquis e pedicelos com tricomas 3^4 vezes mais longos que o comprimento da espigueta séssil. 23.Espiguetas pediceladas geralmente estaminadas e neutras na mesma planta, as estaminadas (4-)6-7 mm compr. Calo da espigueta séssil com os tricomas mais longos alcançando (6_) 8-14 mm compr. Aristada espigueta séssil 1-6 mm compr2. A. arenarius 23'. Espiguetas pediceladas geralmente estaminadas, raramente neutras na mesma planta, as estaminadas 4,2-6,1 mm compr. Calo da espigueta séssil com os tricomas mais longos alcançando (2-)3-4(-6) mm compr. Arista da espigueta séssil 4-10,5 mm compr. 19. A. lindmanü 22'. Entrenós da ráquis e pedicelos com tricomas mais curtos ou até duas vezes o comprimento da espigueta séssil. 24.Anteras das espiguetas sésseis e pediceladas subiguais no comprimento. 25. Espiguetas pediceladas estaminadas e monóclinas na mesma planta. Arista da espigueta séssil 4—7 mm compr. 5. A. campestris 25'. Espiguetas pediceladas todas estaminadas, ou estaminadas e neutras na mesma planta. Arista da espigueta séssil 8-24 mm compr. ou apenas vestigial no interior da espigueta. 26. Espiguetas sésseis 5-7 mm compr., lema inferior 4-6 mm compr., pálea 0,8- 1,1 mm compr. Folhas glaucas16. A. ingratus 26'. Espiguetas sésseis 4-5 mm compr., lema inferior 3-4 mm compr, pálea 1,9-3 mm compr. Folhas verdes6. A. carinata.s 24'. Anteras das espiguetas sésseis e pediceladas desiguais no comprimento. 27. Espiguetas pediceladas todas estaminadas, raramente algumas espiguetas neutras misturadas na mesma planta. 28.Entrenós da ráquis e pedicelos glabros, ou com tricomas esparsos nas margens, tricomas mais curtos que a espigueta séssil14. A. hypogynus 28'. Entrenós da ráquis e pedicelos pilosos, tricomas distribuídos em toda a superfície abaxial ou especialmente no ápice e margens, tricomas mais curtos, subiguais ou alcançando até 1,3 vezes o comprimento da espigueta séssil 17. A. lateralis 27'. Espiguetas pediceladas estaminadas e neutras na mesma planta. 29.Entrenós da ráquis e pedicelos com tricomas mais curtos que a espigueta séssil. Espiguetas sésseis geralmente múticas, às vezes múticas e aristadas na mesma planta22. A. multiflorus

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 2011 176 Zanin. A. & Long/ii-Wagner H.M.

29'. Entrenós da raquis e pedicelos com tricomas 1,5-2 vezes o comprimento da espigueta séssil. Espiguetas sésseis sempre aristadas, aristas (2-) 4,2-10 mm compr. 30. Espiguetas pediceladas todas estaminadas, ou todas neutras, ou estaminadas e neutras misturadas, ao longo dos ramos floríferos. Inflorescéncias laxas. alongadas e estreitas. Lâminas foliares seríceas em ambas as faces, especialmente quando jovens13. A. glaziovii 30'. Espiguetas pediceladas neutras ao longo e no ápice dos ramos floríferos, às vezes uma espigueta estaminada no ápice dos mesmos. Inflorescéncias subcongestas. subcorimbiformes. Lâminas foliares vilosas nas duas faces, menos comumente glabras28. Andropogon sp.

1. Andropogon angustatus (J. Presl) Steud., Syn. x 1 -1.1 mm, aristado, arista (1,5-)4,2-9 mm compr.. pl. glumac. 1: 370. 1854. Diectomis anguslata i. simétrica, 7-nervada; gluma superior (2-)3,5-5 x Presl in C. Presl, Reliq. haenk. 1: 333. 1830. Tipo: 1-1,1 mm; lema inferior 4,5-5x0,7-0,9 mm; pálea MÉXICO (fotocópia PR! fotos K!). Diectomis laxa ausente; lema superior 4.5-4,7 x 0,8 mm; pálea 2.2- Nees, in Mart., Fl. bras. enum. pl. 2 (1): 340. 1829 2,5 x 0,2-0,3 mm; estames 3. anteras 1,9-2,2 mm "Habitat (non Andropogon laxus Willd., 1806). Tipo: compr., amarelas. in apricis montosis Serra dos Dois Irmãos et prope Material selecionado: BRASIL. CEARÁ: Coreaú, 29.IV.1987. Oeiras, provinciae Piauyensis" (holótipo M!). J.F.M. Vaus et al. 11014 (CEN). GOIÁS: Andropogon apricus Trin., Mém. Acad. Imp. Sei. Alvorada do Norte, 12 km ao sul de Alvorada, a leste da BR-020.29.III.1985./F.M. Vaus 8524(SP.UEC). Saint-Pétersbourg ser. 6. Sei. Math. Nat. 3(2): 83. etal RORAIMA: Boa Vista. BR 202, km 4, 20.V.I995, AS. 1836, nom. superfl., baseado em Diectomis laxa Miranda 602 (IBGE, INPA). Ia Nees.Fig. Espécie presente no México, Cuba e Brasil. rizomas, Plantas anuais, cespitosas, sem No Brasil, ocorre nas Regiões Norte, Nordeste e 56-140 cm. Bainhas foliares com margens Centro-Oeste. Segundo Coradin (1978), é comum x ciliadas quando jovens; lâminas (4,5-)9-30 nas áreas de pastagens dos campos de Roraima, ápice 0,02-0,4 cm, lineares, planas ou convolutas, em solos secos ou periodicamente inundados. agudo, base reta, verdes nas duas faces, glabras a Ocorre também em áreas de caatinga, campo- variadamente pilosas; lígula 1-2 mm compr.. cerrado limpo, seco ou úmido ou em afloramentos membranoso-ciliolada. Inflorescéncias laxas, rochosos do Brasil Central. Coletada com flores de alongadas, compostas por unidades de março a junho, outubro a dezembro. inflorescencia terminais e axilares de 1,5-3,5 cm Andropogon angustatus é morfologicamente compr., estas com 2(3) ramos floríferos simples. semelhante a A. fastigiatus. As duas espécies com Pedicelos e entrenós da raquis clavados, apresentam o entrenó da raquis e o pedicelo tricomas mais curtos que a espigueta séssil, clavados, com a espigueta séssil fortemente distribuídos apenas nas margens. Espiguetas comprimida entre os mesmos, e a gluma inferior da sésseis 4,2-5,5(-7) mm compr., monóclinas, calo espigueta séssil profundamente côncava e linear. piloso, os tricomas mais longos atingindo 1,5-2 mm Além disso, apresentam as espiguetas pediceladas compr., aristadas, arista 27-38 mm compr.; gluma desenvolvidas, semelhantes às sésseis no inferior 4,2-5,5(-7) x 0,3-0,6 mm, profundamente comprimento e neutras, às vezes estaminadas em côncava, linear, 2-4 nervada. sem nervuras e sem A. angustatus. As diferenças entre ambas, no sulco entre as carenas; gluma superior 4—5 x 1,1- entanto, são bem evidentes. Andropogon 1,5 mm, 3 nervada, alistada, arista 7,2-11 mm compr.: angustatus apresenta 2-3 ramos floríferos por -3,9 lema inferior 3,1 x 0,5-0,6 mm, 2- nervado; pálea unidade de inflorescencia (por espatéola), gluma ausente; lema superior 3 x 0,4-0,6 mm. 3-ncrvado, inferior da espigueta pedicelada simétrica. aristado; pálea 1,5-2,2 x 0,4-0,5 mm; estames 3, 7-nervada e lígula de 1-2 mm compr.. truncada. anteras 1,9-2mm compr., amarelas. Cariopse não Em A. fastigiatus a unidade de inflorescencia vista. Espiguetas pediceladas geralmente neutras, apresenta apenas um ramo florifero, a gluma raramente estaminadas. de 3,5-5,5 mm compr. ao inferior da espigueta pedicelada é assimétrica, longo e no ápice dos ramos floríferos das unidades com dez ou mais nervuras e a lígula é aguda, com de inflorescencia, aristadas; gluma inferior 3,5-5,5 9-14 mm compr.

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 201 1 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 177

Ir D?-. ^ mW:r~lií i e, V . \f-' Hy

Figura 1 - a Andropogon angustatus - diásporo terminal do ramo florífero. b. A. arenarius - diásporo mediano com a - - espigueta pedicelada desenvolvida, c. A. bicornis inflorescência. d-e. A. brasiliensis d. lígula; e. diásporo mediano, f. - A. campestris - diásporo mediano, g. A. carinatus diásporo terminal do ramo florífero. h. A. crispifolius folhas crispadas. i-j. A. crucianus - i. inflorescência; j. diásporo mediano, k-1. A. durifolius - k. lâmina foliar, corte transversal; 1. diásporo mediano, m. A.fastigiatus - espigueta pedicelada, vista da gluma inferior, n. A. gayanus - diásporo mediano (a. Valls et al. 8525; b. Zanin & Alves 757; c. Zanin 737; d-e. Joly et al. 1851; f. Riedel s.n.; g. Black 548b; h. Guala & Filgueiras 1345; i-j. Harley et al. 15771; k-1. Hatschbach 47997; m. Zanin et al. 493; n. Zanin etal. 583). Figure 1 - a. Andropogon angustatus - terminal dispersai unit ofthe flowering branches. b. A. arenarius - dispersai unit ofthe mid portion ofthe flowering branches with one devclopcd pcdicellatc spikelet. c. A. bicornis - inflorescence. d-c. A. brasiliensis - d. ligule dispersai unit of the mid portion of the flowering branches. f. A. campestris - dispersai unit of the mid portion of the flowering branches. g. A. carinatus - terminal dispersai unit ofthe flowering branches. h. A. crispifolius - leaves crisped. i-j. A. crucianus i. inflorescence: j. dispersai unit ofthe mid portion ofthe flowering branches. k-1. A. durifolius - k. leaf-bladc, transversal cut; - 1. dispersai unit ofthe mid portion ofthe flowering branches. m. A. fastigiatus pcdicellatc spikelet, lower glume view. n. A. gayanus dispersa! unit ofthe mid portion ofthe flowering branches (a. Valls ei al. 8525; b. Zanin & Alves 757; c. Zanin 737; d-e. Joly et al. 1851; f. Riedel s.n.; g. Black 548b; h. Guala & Filgueiras 1345; i-j. Harley et al. 15771; k-1. Hatschbach 47997; m. Zanin et al. 493; n. Zanin et al. 583).

Rodriguésia 62(1): 171-202.2011 178 Zanin. A. & Longhi-Wagner H.M.

2. Andropogon arenarius Hack., Flora 68 (8): 134. H. M. Longhi-Waf;ner415 (FLOR. SPF). SÃO PAULO: 1885. Tipo: MONTEVIDEO. Arenalcs da Costa, leg. ( anancia. Ilha do Cardoso. Praia do Itacuruçá. 23.X. 1984. Arechavaleta n. 204 (holótipo W!; isótipos G, K!) T. S. Silva 358 (SP). Andropogon arenarius Hack. f. subcompletus Espécie presente no Brasil e Uruguai, Hack. in Lindm.. Kongl. Svenska Vclcnskapsakad. estendendo-se desde Montevidéu até o estado "Brasiliae Handl. 346: 6. 1900. Tipo: austr.. Rio de São Paulo. Forma densas e extensas no litoral dos estados do Grande do Sul, Ilha dos Marinheiros prope populações Rio Grande do Sul e Santa Catarina, diminuindo no sentido oppidium Rio Grande, in collibus arenae profunda. norte, onde tem C.A.M. Lindman. Exp. I. Regnellian". A. 699 registros apenas para a Ilha do Mel (Paraná), e a Ilha do Cardoso (lectótipos! designado por A. Zanin & Longhi- para (São Paulo). É uma espécie característica Wagner 2005: isolectólipos S. W!).Fig. lb e exclusiva de dunas secundárias c solos arenosos do litoral Plantas perenes, cespitosas. sem ri/omas. 21 - atlântico sul. sendo geralmente dominante nos 90(-150)cm. Bainhas foliares glabras; lâminas 6-53 locais onde ocorre. Coletada com flores x 0,1-0,2 (-0,35) cm, lineares, conduplicadas. ;is e/ou frutos de setembro a maio. vezes involulas. mais raramente planas, ápice agudo Andropogon arenarius é de fácil identificação ou subobtuso. base reta. glauco-esverdeadas nas devido à sua área específica de ocorrência, nos duas faces, glabras a variadamente lígula I - pilosas; solos arenosos do litoral, e apresentar os 2 mm compr.. membranoso-ciliolada. Inflorescências por tricomas do entrenó da raquis e do longos laxas, alongadas, compostas unidades de pedicelo por e vistosos, com 3-4 vezes o comprimento da inflorescência terminais e axilares de 2.5-5 cm compr.. espigueta séssil. Assemelha-se a A. lindmanii. estas com 2—4 ramos floríferos simples. Pedicelos e porém geralmente apresenta plantas menores. entrenós da raquis lineares, com tricomas, 3-4 vezes localizadas mais próximas ao mar. Em A. arenarius o comprimento da espigueta séssil. distribuídos em é comum a ocorrência de espiguetas pediceladas sésseis toda a superfície abaxial. Espiguetas 3- neutras c estaminadas misturadas ao longo e no 5,5 mm compr., monoclinas. calo piloso, os ápice dos ramos floríferos. Em A. lindmanii as tricomas mais longos atingindo (6-)8-14 mm espiguetas pediceladas são estaminadas. raramente compr.. aristadas. arista 1-6 mm compr; gluma neutras c as aristas das espiguetas sésseis são inferior 3-5,5x0,7-1,1 mm, levemente côncava, exsertas e cm geral bem visíveis, de 4-10.5 mm compr.. lanceolada, 2-3-nervada. sem nervura e sem sulco enquanto em A. arenarius são apenas vestígiais, entre as carenas. raramente com uma nervura central; gluma superior 3,2-4,5 x 0,9-1 mm, 3- 3. Andropogon bicornis L., Sp.pl. 1046. 1753, nom. nervada: lema inferior 2,5-3,1 x 0,5-0.6 mm, 2- cons. Tipo: PORTO RICO. Mayagüez, between ncr\ado; pálea ausente; lema superior 1,8-2.3 x Monte Mesa and the sea, 27.X., A. Chase 247 0.3-0,5 mm, l-nervado. aristado: pálea 0,6-1,5 x (MO), typ. cons. Andropogon bicornis L. var. 0,2-0,5 mm: estames 3. anteras 0.4-0.8 mm compr.. genuinus Hack. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 2(3): amarelas. Cariopse 2-2,5 x 0,6-1 mm. Espiguetas 284. 1883. nom. inval. Andropogon bicornis I.. v ar. pediceladas estaminadas e neutras ao longo e absconditus Hack. in Mart. & Eichler, FI. bras. 2(3): no ápice dos ramos floríferos das unidades de 284. 1883. Tipo: BRASIL, in Monte Corcovado inflorescência, menos freqüentemente só prope Rio de Janeiro, Schot in herb. Vindob. (W estaminadas ou só neutras cm plantas separadas: holótipo!). Andropogon bicornis L. var. burchelii espiguetas neutras 3,3-6,3 mm compr., mais Hack. in Mart. & Eichler. Fl. bras. 2(3): 285. 1883. curtas a mais longas que a espigueta séssil. porém Tipo: BRASIL, prope Rio de Janeiro. Burchell 808 mais estreitas: espiguetas estaminadas (4-)6-7 ex parte (isótipo K!). Andropogon bicornis L. v ar. mm compr., semelhantes às sésseis no gracillinius Hack. in Mart. & Eichler. Fl. bras. 2 comprimento, múticas; inferior (4-)6-7 x gluma (3): 285. 1883. Tipo: PARAGUAY. Lamboré pr. 0,8-1.2 mm. simétrica, 3-5-nervada; gluma Asstimpcion. Balansa a. 1874 n. 271" (lectotipo superior 4-5.3 x 0,8-1,4 mm; lema inferior 3.5- W!, designado por A. Zanin & Longhi-Wagner 4,5 x 0,5-1 mm; pálea ausente; lema superior 3- 2005; isolectótipos G. K!). Andropogon bicornis 3.5 x 0.7-1,2 mm; pálea 1-1,8 x 0,5-0,7 mm; L var. virginicoides Hack. in Mart. & Eichler. Fl. estames 3. anteras 1,5-2 mm compr., amarelas. bras. 2(3): 284. 1883. Tipo: BRASIL, prope Rio de Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO Janeiro, Gaudichaud 260, in herb. De Cand. SUL: Osório, Balneário Xangrilá. 21.1.1997. A. »í Zanin (holótipoG!).Fig. Ic

Rodriguésia 6211): 171 -202. 2011 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 179

Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas. Nomes vulgares: capim-rabo-de-cavalo, 130-180 cm. Bainhas foliares glabras; lâminas 20- capim-rabo-de-raposa, capim-rabo-de-burro, capim- 72 x 0,30-0,5 cm, lineares, planas, ápice agudo, vassoura, capim-barba-de-bode, capim-peba, base reta. glaucas na face adaxial e verdes na capim-andai me. capi m-rabo-de-boi. abaxial, escabras ou vilosas na face adaxial, Espécie presente na América do Sul e Central, a Argentina o México glabras na face abaxial: lígula 0,7-1,1 mm compr.. estendendo-se entre e e. mcmbranoso-ciliolada. Inflorescências muito nas Antilhas, apresentando também um registro ramificadas, congestas, corimbiformes, de coleta para o sul dos Estados Unidos. No Brasil, ocorre em todos os Estados. Não compostas por unidades de inflorescência quase terminais e axilares, de 2^4- cm compr., estas com foi observado apenas material do Rio Grande do 2(-3) ramos floríferos simples. Pedicelos e Norte, porém muito provavelmente ocorre também entrenós da ráquis lineares, com tricomas 2,5-3 neste Estado. Andropogon bicornis geralmente vezes o comprimento da espigueta séssil, forma grandes populações dominantes em distribuídos em toda a superfície abaxial. ambientes brejosos e margens de cursos d'água. Espiguetas sesseis 3-4 mm compr., monoclinas, Pode ocorrer de forma mais esparsa em áreas de declive ou em ambientes alterados como margens calo piloso, os tricomas mais longos atingindo de caminhos, clareiras e áreas 2-2,5 mm compr., múticas; gluma inferior 3-4 x de cultura 0,6-0,7 mm. levemente côncava, lanceolada, 2- abandonada. Coletada com flores e/ou frutos nervada, sem nerv uras c sem sulco entre as carenas; durante todo o ano. Andropogon bicornis distingue-se das gluma superior 2-3,5 x 0,5-0,7 mm. 3 nervada; lema inferior 1.8-2,5 x 0,3-0,5 mm. enérveo ou 3- demais espécies estudadas pelas inflorescências densamente com aspecto nervado; pálea ausente; lema superior 1,3-2 x 0,1- plumosas, 0.3 mm, enérveo ou com uma nervura central tênue, corimbiforme, congestas, no ápice dos colmos floríferos. Outra característica diagnostica é a mútico; pálea 0.25-1 x 0.1-0,3 mm; estames 3. ou 1 comum de estame e 2 estaminódios. ou 2 estames e 1 presença uma espigueta pedicelada estaminada no estaminódio. anteras dos estaminódios 0,1-0,2 mm ápice dos ramos floríferos. As desta compr., brancas, anteras funcionais 0,5-0,6 mm glumas espigueta se afastam na maturidade, assemelhando-se compr., amarelas. Cariopse 1,5-2 x 0,4 mm. a dois pequenos chifres, de onde vem o epíteto específico, de Espiguetas pediceladas geralmente neutras 0,5- acordo com Hervé Valls 1,5( -3) x 0,05-1 mm, ao longo dos ramos floríferos & (1980). das unidades de inflorescência, às vezes 4. Andropogon brasiliensis estaminadas misturadas, no ápice dos ramos A. Zanin & Longhi- Wagner, Novon 13: 368. 2003. Tipo: BRASIL. geralmente uma neutra e outra estaminada. MINAS GERAIS: menos freqüentemente as duas neutras ou as Congonhas do Norte, Serra da Carapina, 18°52'S-43°14'W, duas estaminadas; espiguetas estaminadas 3,1- 2III. 1998, R.C. Forzza etal. 694 (holótipo SPF!, isótipos FLOR. K!). 4 mm compr., múticas; gluma inferior 3,1-4 x Fig. ld-e 0,6-1 mm, simétrica, 3-5-nervada; gluma superior Plantas 2.5-3 x 0,7-1 mm; lema inferior 2,8-3,5 x 0,8-1 perenes, cespitosas, sem rizomas, 34-64 cm. Bainhas foliares lâminas 3,5- mm; pálea ausente; lema superior 2,5-3 x 0,5- glabras; 17 x 0,05-0,2(-0,4) cm, lineares, 0,8 mm; pálea 1-1.8 x 0.1-0.2 mm; estames 3, geralmente conduplicadas, anteras 1-1.5 mm compr., amarelas. às vezes convolutas ou com Material selecionado: BRASIL. AMAPÁ: Mazagão. margens involutas. ápice agudo ou subobtuso, Morro do Felipe I. esquerda do Rio Jari. 16.VIII. 1985,7. base reta, verdes nas duas faces, glabras na face Murça Pires et ai. 556 (INPA. MG). BAHIA: Abaíra. abaxial, pubérulas na face adaxial, geralmente Catolés de Cima, 23.111.1999. A. Zanin et ai. 785 setosas na porção proximal; lígula 0,2-0,6 mm (FLOR). GOIÁS: Alto Paraíso, saída da cidade. compr., membranoso-ciliada. Inflorescências 24.11.1997, A. Zanin & H.M. Longhi-Wagner 512 laxas, alongadas, compostas por unidades de (FLOR). MINAS GERAIS: São Tome das Letras, inflorescência terminais ou terminais e axilares 6.XII.1997, A. Zanin & H.M. Longhi-Wagner 671 de 2,5-6 cm compr., estas (FLOR). SANTA CATARINA: Içara, Balneário Rincão. com 2-3(-5) ramos trevo cerca de 1 km do mar. 22X11. 1998, A. Zanin <£ floríferos simples. Pedicelos e entrenós da ráquis A.C. Alves 754 (FLOR, SPF). lineares, com tricomas mais curtos ou atingindo

Rodriguésia 6211): 171 -202. 201 1 180 Zanin. A. & Longhi-lVagner H.M. até 1,5 vezes o comprimento da espigueta séssil, 5. Andropogon campestris Trin., Mém. Acad. distribuídos nas margens e na metade ou no terço Imp. Sei. Saint-Pétersbourg, ser. 6, Sei. Math. superior da face abaxial, raramente apenas nas Nat. 2(3): 277. 1832. Tipo: BRASIL, in campis margens. Espiguetas sésseis 4,5-6,5 mm compr., siceis graminosis, S. da Lapa Langsdorff s.n. LE! monóclinas, calo piloso, os tricomas mais longos (foto fragmento US!). Andropogon atingindo 1-2 mm compr., aristadas, arista 12-22 camporum Trin. ex Steud.. Syn. pi. glumac. 1: 378. 1854, nom. superfl., baseado mm compr.; gluma inferior 4,5-6,5 x 0,6-1 mm, em A. campestris levemente côncava, lanceolada, 4-nervada, sem Trin., non Kunth.Fig. lf Plantas cespitosas, com rizomas nervuras e sem sulco entre as carenas; gluma perenes, curtos, 124 cm. Bainhas foliares superior 4,1 -5 x 0,8-1,4 mm, 3-nervada: lema inferior glabras; lâminas 16- 30 x 0,1 -0,2 cm. lineares, geralmente conduplicadas, 3,9^,5 x 0,7-1 mm, 2-nervado; pálea ausente; lema ápice agudo, base reta. ver-des nas duas faces, superior 3-4 x 0,4—0,9 mm, 3-nervado, aristado; glabras em ambas as faces; lígula 0,7-1,7 mm compr.. 1,2-2,8 x 0,3-0,7 mm; estames 3, anteras 0,7- pálea membranoso-ciliolada. Inflorescéncias laxas, 1,2 mm compr., amarelas. Cariopse 1,5-1,8 x 2-3 compostas por unidades de inflorescência terminais no mm. Espiguetas pediceladas neutras ao longo e de 4-9 cm compr., estas com 2-A ramos floríferos ápice dos ramos floríferos das unidades de simples. Pedicelos e entrenós da ráquis subclavados. inflorescência,de(2-)3,l-5x 0,1-0,2mm. com tricomas mais curtos que a espigueta séssil, Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: distribuídos em uma ou em ambas as margens. Jaboticatubas, km 141 ao longo da rodovia Lagoa Santa- Espiguetas sésseis 6-7 mm compr., monóclinas, calo Conceição do Mato Dentro-Diamantina, 17.IV. 1972, A. glabro ou escassamente piloso, os tricomas mais B. Joly etal. 1851 (ICN, SP, SPF). longos atingindo 0,2 mm compr., aristadas. arista 4-7 Endêmica do Brasil, dos campos rupestres mm compr.; gluma inferior 6-7 x 0,8-1,2 mm, a do Espinhaço, no estado de Minas plana da Cadeia levemente côncava, lanceolada, 4-6-nervada, com 2- Gerais. Distribui-se desde São Tome das Letras e 4 nervuras entre as carenas, com ou sem sulco; gluma Serra do Ibitipoca, ao sul, estendendo-se pelos superior 6 x 1,1 mm, 3-nervada; lema inferior 5,5 x 1 campos da Serra do Cipó, região da Bandeira, em mm, 3-nervado; pálea ausente; lema superior 3,5 x 0,6 Diamantina, e Serra da Carapina, em Congonhas mm. 1-nervado, aristado; pálea 2 x 1 mm; estames 3. do Norte. Ocorre como indivíduos isolados, sem anteras 2,1 mm compr., amarelas. Cariopse não vista. formar populações densas, em solos úmidos, Espiguetas pediceladas estaminadas e monóclinas arenosos e pedregosos. Coletada com flores e/ou misturadas ao longo e no ápice dos ramos floríferos frutos em dezembro, março a abril, junho a julho. das unidades de inflorescência, menos Andropogon brasiliensis assemelha-se a A. freqüentemente reduzidas, estas de 2 x 0,1 -0,2 mm; macrothrix, diferenciando-se por apresentar espiguetas estaminadas e monóclinas 5,5-7 mm plantas mais delicadas, com lâminas foliares compr., múticas; gluma inferior 5,5-7 x 1,1 mm, estreitas, geralmente não ultrapassando 2 mm de simétrica, 6-nervada; gluma superior 6x1,1 mm; largura, e de comprimento médio menor, alcançando, lema inferior 5,5 x 1 mm; pálea ausente; lema superior no máximo, 17 cm. Em A. macrothrix. a largura das 4,5 x 1 mm; pálea 2 x 0,6 mm; estames 3. anteras 1,2-1,6 mm compr. .amarelas. lâminas foliares geralmente é superior a 2 mm e estas atingem até 38 cm compr. As inflorescéncias de A. Material examinado: BRASIL. S. loc. (provavelmente Minas Gerais, Serra da Lapa, segundo Hackel, brasiliensis também são muito delicadas, 1883), s. d., Riedel 1134 (K), Riedel s. n. (W). Parte da geralmente apenas terminais, com um número coleção-tipo. sempre baixo de ramos floríferos, dois a três, Conhecida somente de duas coletas raramente até cinco. As espiguetas pediceladas são pertencentes à coleção-tipo, das uma explicita -5 quais longas, com (2-)3,1 mm compr. Em A. macrothrix. claramente Serra da Lapa (provavelmente Serra do as inflorescéncias são mais robustas, sempre Cipó-MG). Esta região é conhecida especialmente terminais e axilares, com números de ramos por formações de campos rupestres, porém não há floríferos, que podem variar de 2-11, e as espiguetas informação específica sobre o habitat preferencial pediceladas geralmente são mais curtas, com 1,2- tia espécie. Não há informação sobre quando foi 3,2 mm compr, além da presença de lígula encontrada com flores, pois os materiais estudados membranoso-ciliada (Fig. Id). enquanto cm A. não apresentam as datas de coleta. macrothrix a lígula é membranoso-ciliolada (Fig. Assemelha-se a A. durifolius, devido à forma 21), ou apenas membranosa de ápice eroso. subclavada dos entrenós da ráquis e à presença de

Rodriguésia 621II: 171 -202. 201 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 181

nervuras entre as carenas da gluma inferior da mm, levemente côncava. lanceolada, 2-4-nervada, espigueta séssil. No entanto, apresenta aristas sem ou com duas nervuras entre as carenas, sem menores, com 4-7 mm compr., sendo em A. sulco; gluma superior 3,2^,5 x 0,7-1 mm. 3- durifolius de 10-14 mm compr.. e lâminas foliares nervada; lema inferior 3-4 x 0,6-1,3 mm, 1-3- conduplicadas e não tipicamente cilíndricas, como nervado; pálea ausente; lema superior 2-3,5 x 0,4- em A. durifolius. Em A. campestris, as espiguetas 1.5 mm, 1 -3-nervado, aristado; pálea 1,9-3 x 0,9- pediceladas são monoclinas, além de estaminadas 1,2 mm; estames 3, anteras 2-2,2 mm compr.. como em A. glaucophyllus. amarelas. Cariopse 2-3.5 x 0,6 mm. Espiguetas pediceladas geralmente estaminadas ao longo e no 6. Andropogon carinatus Nees, Agrostologia ápice dos ramos floríferos das unidades de brasiliensis, in Mart.. Fl. bras. enum. pi. 2( 1): 330. inflorescência, raramente neutras na mesma planta, 1829. Tipo: BRASÍLIA: Sellow s.n., destruído estas de 1—2,5(—3,5) x 0,1-0,2 mm; espiguetas (lectotipo K!, designado por A. Zanin & Longhi- estaminadas 3-5 mm compr., múticas; gluma Wagner 2005; isolectótipo W!). Andropogon inferior 3-5 x 1-1,5 mm, simétrica, 5-7-nervada, carinatus Nees var. genuinus Hack. in Mart. & aparentemente 3-nervada devido à proximidade das Eichler, Fl. bras. 2(3): 288. 1883. nom. inval. nervuras laterais,; gluma superior 3-4 x 0,5-1 mm; Andropogon carinatus Nees var. exserens Hack. lema inferior 3-4 x 0,8-1,5 mm; pálea ausente; lema in Mart. & Eichler. Fl. bras. 2(3): 288. 1883. Tipo: superior 2,8-3,1 x 0,5-1 mm; pálea 2-3x0,5-1 mm; "prope Lagoa Santa. Lund in herb., Warming", estames 3, anteras 1,6-2,1 mm compr., amarelas. Andropogon carinatus var. leiophyllus Hack. in Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Abaíra. Catolés. 13°17-N 41°5-W, 20.XII.1991, A. DC. & DC. Monogr. phan. 6: 434. 1889. Tipo: R.M. Harley et al. H50191 GOIÁS: "Brasília, Prov. Minas Gerais" Glaziou 17381 (SPF). Mineiros, Parque Nacional das Emas, estrada do Portão Jacuba, 25.XI. 1997, A. (lectotipo W! designado A. Zanin & Longhi- por Zanin etal. 650(FLOR). MINAS GERAIS: São Roque Wagner 2005: isolectótipo K!). - Andropogon de Minas, Serra da Canastra, I8.X.1994, R. Romero et sanlorenzanus Killeen, Ann. Missouri Bot. Gard. al. 1378 (IBGE). de San 77(1): 137. 1990. Tipo: BOLÍVIA. Serrania Espécie presente no Brasil e Bolívia. No Brasil, de Lorenzo, 10 km W of San Javier, Pvcia. Nuflo está presente especialmente nas formações de 800- Chávez, Depto. Santa Cruz. 16o 15'S. 62°40'W, cerrado do Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, 900 m. 30.X. 1987, Killeen 2832 (isótipo US!). sendo menos comum no Mato Grosso e Mato syn. nov.Fig. lg Grosso do Sul. Existe também uma coleta para Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas, Catolés (Bahia), com informações correspondentes vilosas, menos 30-63 cm. Bainhas foliares a solos arenosos de área recém queimada, em freqüentemente lâminas 1,5-23 x 0,1- glabras; cerrado de altitude. Além disto, há um registro para 0,3(-0,4) cm. lineares, planas ou conduplicadas, os campos de altitude da Serra do Itatiaia (Rio de verdes nas ápice subagudo ou obtuso, base reta, Janeiro), e dois registros para São Paulo. Na Bolívia, duas faces, densamente vilosas na face abaxial, com ocorre também em formações de cerrado, na região adaxial. tricomas esparsos a subdensos na face de Chiquitania, para onde é referida como menos freqüentemente glabras nas duas faces, ápice abundante (Killeen 1990). No Brasil, suas mm compr., geralmente barbado; lígula 0,2-1 populações são formadas por indivíduos esparsos membranoso-ciliolada. Inflorescências laxas, e pouco vistosos, em meio à vegetação de cerrado alongadas, compostas por unidades de pouco alterado. Coletada com flores e/ou frutos inflorescência terminais ou terminais e axilares de principalmente de agosto a dezembro, com algumas floríferos 2,5-5 cm compr.. estas com 2-4 ramos coletas entre abril e junho. simples. Pedicelos e entrenós da ráquis lineares, A maior parte do material de Andropogon com tricomas geralmente mais curtos que a carinatus analisada encontrava-se sem espigueta séssil. às vezes igualando-a ou identificação ou com identificação errônea e ultrapassando-a brevemente, raramente atingindo freqüentemente confundida com A. lateralis. Em 2 vezes o seu comprimento, distribuídos em toda a A. carinatus, a pálea superior da espigueta séssil é superfície abaxial. Espiguetas sésseis 4-5 mm bem desenvolvida, medindo de 1,9-3 mm compr., compr., monoclinas. calo piloso. os tricomas mais ciliada nas margens e ápice ou apenas no ápice, longos atingindo 1,2-2,5 mm compr., alistadas, raramente glabras e em A. lateralis a pálea atinge arisla S-14 mm compr.; inferior4-5 x 0,8-1,5 gluma 0,6-1 mm compr., sendo sempre glabra. Em A.

Rodriguésia 62( I): 171 -202. 201 1 182 Zanin. A. & Longhi-Wagner H.M.

lateralis as anteras das espiguetas sésseis Endêmica do Brasil, dos campos de cerrado apresentam cerca da metade do comprimento das do Brasil Central. Ocorre, especialmente, nos anteras das espiguetas pediceladas. Além disto, as arredores do Parque Nacional das Emas, onde de A cariiuitus são menores (30-63 cm alt.) plantas foi observada formando pequenas populações e as lâminas foliares verdes nas duas faces e A. em solo com vegetação rala. Segundo Guala & lateralis são maiores (50-170 cm alt.), as lâminas Filgueiras (1995), é importante no controle da foliares são consistentemente glaucas na face erosão e como forrageira, durante a estação seca. adaxial e em com mais inflorescências axilares. geral Existe também um registro para a região de especialmente em A. lateralis subsp. lateralis. cerrado de Rondonópolis (Mato Grosso). Encontrada com flores e/ou frutos em fevereiro, l.Andropogon crispifolius Guala & Filg.. Nordic. maio a junho. J. Bot. 15(1) 59. 1995. Tipo: BRASIL. GOIÁS. Andropogon crispifolius assemelha-se a A. Mineiros, Parque Nacional das Emas, ca. 10 km NE pohlianus nas características do diásporo. of the headquarters, vicinity of Rio Jacuba. park Apresentam os entrenós da ráquis e os 27.V. 1992. Filgueiras 2304 (holótipo IBGE!). pedicelos fortemente clavados, espiguetas sésseis Fig. lh pistiladas, com os estames reduzidos a Plantas com rizomas bem perenes, estaminódios com anteras de 0.5-0,8 mm de compr. desenvolvidos, 90-170 cm. Bainhas ou glabras Menos freqüentemente foram observadas ciliadas nas margens em direção ao ápice; lâminas flores monóclinas nas espiguetas sesseis de A. 5-25 x 0,8-0,16 cm, lanceoladas. planas quando pohlianus, com anteras de 3 mm compr.. cheias de jovens e crispadas quando envelhecidas, ápice grãos de pólen. Além disso, apresentam em comum longamente acuminado, base subcordada, glaucas espiguetas sésseis com aristas bem desenvolvidas, nas duas faces, glabras; lígula 0,4-1 mm compr.. membranoso-ciliolada. Inflorescências laxas, de 9-23 mm compr., e gluma inferior linear- lanceolada, com nervuras entre alongadas, compostas por unidades de infiorescência as carenas. A. terminais e axilares de 6-9 cm compr.. estas com 2(-3) crispifolius é de fácil reconhecimento e se ramos floríferos simples. Pedicelos e entrenós da distingue de A. pohlianus por apresentar lâminas ráquis clavados, com tricomas mais curtos que a foliares lanceoladas, de base subcordada, espigueta séssil. distribuídos apenas nas margens. fortemente crispadas quando envelhecidas. Outro Espiguetas sésseis 5,1-8 mm compr., pistiladas. caráter desta espécie é a presença de rizomas bem contendo 2-3-estaminódios, calo piloso, os tricomas desenvolvidos, cobertos por muitas escamas mais longos atingindo 1-2,2 mm compr., aristadas, foliáceas densamente imbricadas. arista 9-23 mm compr.; gluma inferior 5.1-8 x 1,2 mm, côncava, linear-lanceolada, 4-6-nervada, com 8. Andropogon crucianus Renvoize, Grani. Bolívia: duas ou quatro nervuras entre as carenas, com sulco; 596. 1998. Tipo: BOLÍVIA. Santa Cruz, Nuflo de gluma superior 5-8 x 2-2,2 mm, 3-nervada; lema Chávez, est. Salta. 15 km S of Concepción, 16o 13' S inferior 4,2-5,5 x 1-1,4 mm, 2-nervado; pálea ausente: 62° 00' W, 23.IV. 1987, T. Killeen 2484 (holótipo LPB. lema superior 3^4,2x0,6-1 mm, 1-nervado, aristado; foto Kl).Fig. 1 i-j pálea 2,5-4,2 x 0,8-1.5 mm; estaminódios 2-3, anteras Plantas perenes, cespitosas. sem rizomas, 150 0,5-0,8 mm compr.. brancas ou levemente amareladas. cm. Bainhas foliares glabras; lâminas 30-60 x 0,2- lineares, convolutas Cariopse 2 x 0,6 mm. Espiguetas pediceladas 0.3 cm, ou conduplicadas. ápice estaminadas e neutras ao longo e no ápice dos ramos agudo, base rela, glaucas na face adaxial e verdes floríferos das unidades de infiorescência, de 6-10 na abaxial, escabro-setosas na face adaxial, vilosas direção à base, na mm compr., múticas ou aristuladas; gluma inferior em glabras face abaxial; lígula 0.5-0,7 mm compr., membranoso-ciliolada. 6-10x2-2,1 mm. simétrica. 14a mais nervada; gluma superior6-9x 1,1-1,5 mm; lema inferior6-8x 1,4- Inflorescências congestas. alongadas, compostas unidades de inflorescência 2 mm; pálea ausente; lema superior 5,5-7,5 x 1.2-2 por terminais e axilares de 1,5-2,5 cm compr., estas com mm; pálea 3-6 x 1-1,2 mm; estames 1-3, anteras 3- 1 ramo fiorífero 7 mm compr., amarelas. simples. Pedicelos e entrenós da ráquis lineares, Material selecionado: BRASIL. MATO GROSSO: tricomas mais curtos ou atingindo até 1,5 vezes o Rondonópolis. Serra da Pctroliva, 13.11.1974, G. comprimento da espigueta séssil, distribuídos nas Hatschbach 34144 (MBM. K). margens ou nas margens e na superfície abaxial.

Rodriguésia 6211): 171 -202. 201 1 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 183

especialmente no terço superior. Espigueta séssil tricomas esparsos submarginais em direção ao ápice; 3-4 mm compr, monoclinas, calo piloso, os tricomas lâminas 12-65 x 0,1-0,3 cm, lineares, cilíndricas, mais longos atingindo 1 mm compr., múticas; gluma rijas, ápice agudo, base reta, verdes nas duas faces, inferior 3-4 x 0.8-1 mm, levemente côncava, glabras nas duas faces, ou setosas na face adaxial, lanceolada, 2-nervada, sem nervuras e sem sulco em direção à base; lígula 0,6-2 mm compr.. entre as carenas; gluma superior 2,8-3 x 0,8-1 mm. membranoso-ciliolada. Inflorescências laxas. 3-nervada; lema inferior 2.5-3 x 0,5-0,7 mm, enérveo alongadas, compostas por unidades de inflorescência ou 1 -nervado; pálea ausente; lema superior 2-2,2 x terminais e axilares de 6-8 cm compr., estas com 2(-3) 0,4-0.6 mm, 1 -nervado, mútico; pálea 0,3-0,7 x 0,2 ramos floríferos simples. Pedicelos e entrenós da mm; estames 3, anteras 0.5-0,8 mm compr., amarelas. ráquis subclavados, com tricomas mais curtos que a Cariopse não vista. Espiguetas pediceladas espigueta séssil, distribuídos em uma ou nas duas estaminadas ao longo e no ápice dos ramos floríferos margens. Espiguetas sesseis 5-6,5 mm compr.. das unidades de inflorescência. raramente neutras na monoclinas. calo piloso, os tricomas mais longos -0.5 atingindo 1-2.5 mm compr., aristadas, arista 10-14 mesma planta estas de 1.9-2,2 x 0,1 mm: espiguetas inferior estaminadas 3-4.5 mm compr.: gluma inferior 3-4,5 x mm compr.; gluma 5-6,5 x 1,4-1,5 mm, I -1.2 mm. simétrica 5-nervada: gluma superior 2,8-4 x levemente côncava, lanceolada, 4-6-nervada, com 0,8-1 mm; lema inferior 2.8-3x0,7-1 mm; pálea ausente; duas ou quatro nervuras entre as carenas, com ou -0.2 sem sulco; superior lema superior 2.8-3 x 0.5-0.6 mm; pálea 0.7 x 0.1 gluma 5,5-6 x 0,6-1,5 mm, 3- mm; estames 3. anteras 1.4-1,5 mm compr. amarelas. nervada; lema inferior 4,2-5,1 x 1-1.5 mm, 2-3- Material examinado: BRASIL. BAHIA: Ibicoara. 19 nervado; pálea ausente; lema superior 3-5 x 0,6-1 km NE of Ibicoara. 4ri3'W, I3°20S, 1 II. 1974,/f. A/. mm, (l-)3-nervado, aristado; pálea 1,1-2,5 x 0,4-0,9 Harley el ai. 15771 (B, CEPEC, K. MO). mm; estames 3, anteras 2,7-3 mm compr., amarelas. sendo Espécie presente no Brasil e Bolívia, Cariopse não vista. Espiguetas pediceladas conhecida apenas por dois registros de coleta, um para estaminadas ao longo e no ápice dos ramos floríferos a região de brejos de Ibicoara, na Chapada Diamantina das unidades de inflorescência, de 5,1-7,3 mm (Bahia) e outro para o leste da Bolívia. Neste último, compr., múticas; gluma inferior 5,1 -7,3 x 1,1 -1,5 mm, segundo Renvoize (1998), ocorre em campos úmidos a ápice apiculado, simétrica, cartácea, 7-9-nervada, SOOmde altitude, na região de Chávez, próximo a escabra no terço superior das nervuras, às vezes Concepción. Coletada com flores em fevereiro. escabérula em toda a superfície, margens ciliadas na A. Andropogon crucionus assemelha-se a metade superior; gluma superior 4,9-6,5 x 0,9-1,5 arista nas espiguetas bicornis devido à ausência de mm; lema inferior 4-6 x 1-1,5 mm; pálea ausente; inflorescências congestas sesseis e à presença de lema superior 4-5,3 x 1-1,3 mm; pálea 1-3 x 0,3-0,5 são mais no ápice dos colmos floríferos. Porém, estas mm; estames 3, anteras 2,5-3,1 mm compr., amarelas. alongadas, não assumindo o aspecto geralmente Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Abaíra, corimbiforme das inflorescências de A. bicornis. A. Campo do Cigano, 24.11.1992, P. T. Sano & T. Laessoe crucianus apresenta espiguetas pediceladas H52300 (SPF). MINAS GERAIS: Diamantina, ca. 10 estaminadas ao longo e no ápice dos ramos, ao km SW of Diamantina, 3.II. 1972, W. R. Anderson et ai. contrário de A. bicornis, onde estas são em geral 35221 (UB). Endêmica neutras, ocorrendo geralmente somente uma do Brasil, de locais úmidos dos espigueta estaminada no ápice dos ramos floríferos. campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, com Além disto. A. crucianus apresenta apenas um ramo registros entre Palmeiras e Abaíra, na Chapada florífero por unidade dc inflorescência. enquanto A. Diamantina (BA) e um registro mais ao sul, em bicornis apresenta 2 (-3). Diamantina (MG). Coletada com flores em dezembro, fevereiro, março, junho e julho. 9. Andropogon durifolius Renvoize, Kew Buli. Andropogon durifolius caracteriza-se 39(1): 181. 1984. Tipo: BRASIL. BAHIA. Pico das especialmente por apresentar as lâminas foliares Almas, ca. 25 km NW ofthe Vila de Rio de Contas, cilíndricas e firmes, com a face adaxial reduzida a aprüx.41°57'W. 13°33'S", 17 fev. 1977. R. M. Harley um pequeno sulco, menos freqüentemente etal. 19569 (holótipo CEPEC!; isótipos CEPEC. K. conduplicadas ou planas na mesma planta. Outras UB!).Fig. lk-l características diagnosticas importantes são a Plantas perenes, cespitosas, com rizomas forma subclavada dos entrenós da ráquis e dos curtos. 71-250 cm. Bainhas foliares glabras ou com pedicelos, e a presença de gluma inferior da

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 201 1 184 Zanin. A. & Longhi-Wagner H.M. espigueta séssil subcoriácea, com 2-4 nervuras América Central, México. Panamá, região das entre as carenas. Suas inflorescências não são Antilhas. norte da América do Sul, Bolívia e plumosas, por apresentarem tricomas mais curtos Continente Africano. No Brasil, ocorre em quase que a espigueta séssil, distribuídos apenas em todas as Regiões, exceto na Região Sul, com maior uma ou nas duas margens dos entrenós da ráquis número de registros no Distrito Federal, Goiás e e pedicelos. Esta espécie foi estudada apenas com Minas Gerais. Forma pequenas e densas populações base em material de herbário, não existindo dominantes cm locais alterados, com solos limpos praticamente informações sobre a mesma. e secos, com ou sem pedregulhos. geralmente de beira de estrada. Coletada com flores e/ou frutos 10. Andropogon fastigiatus Sw., Prodr. 26. 1788. durante todo o ano, mas, principalmente, de Diectomis fastigiata (Sw.) P. Beauv., Ess. fevereiro a maio. Agrostogr.132.160.1812. Tipo: JAMAICA. Swartz Andropogon fastigiatus é facilmente (holótipo S!, foto K!, isótipo M!).Fig. lm reconhecida por apresentar apenas um ramo Plantas anuais, cespitosas, sem rizomas, 20- florífero por unidade de inflorescência, com 180 cm. Bainhas foliares glabras ou vilosas, ciliadas espiguetas sésseis comprimidas entre o entrenó nas regiões submarginais: lâminas 10-40 x 0,15- da ráquis e o pedicelo, com aristas longas, de 33- 0,4 cm, lineares, planas, ápice acuminado, base reta, 47 mm compr., sendo o entrenó da ráquis e o verdes nas duas faces, escabras na face abaxial c pedicelo fortemente clavados. A espigueta escabro-pubescentes na face adaxial; lígula 9-14 pcdicelada é diferenciada das demais espécies por mm compr.. membranosa de ápice liso ou eroso. apresentar a gluma inferior bem mais longa e larga Inflorescências laxas, alongadas, compostas por do que a superior e assimétrica. unidades de inflorescência terminais e axilares de simples. 3-6,5 cm compr.. estas com 1 ramo florífero 11. Andropogon gayanus Kunth, Enum. pi. 1:491. Pedicelos e entrenós da ráquis clavados, com 1833. Tipo: Senegalia.Gay s.n. (isótipo K!). tricomas mais curtos ou alcançando o comprimento Fig. In da espigueta séssil, distribuídos apenas nas Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas, margens. Espiguetas sésseis 4-5,5 mm compr.. 140-300 cm. Bainhas foliares glabras ou hirsutas; monóclinas. calo piloso, os tricomas mais longos lâminas 17-72 x 0,4-0,18 cm, linear-lanceoladas. as aristadas, arista 33—47 atingindo 1,8^4 mm compr., inferiores atenuadas na base. planas, ápice x 0,7-1,2 mm, mm compr.; gluma inferior 4-5,5 longamente acuminado, glauco-esverdeadas nas profundamente côncava, linear, 2^4-nervada, sem duas faces, às vezes com manchas avermelhadas as carenas: nervuras e sem sulco entre gluma ou vináceas, glabras, vilosas ou hirsutas nas duas superior 4-4,5 x 2-2,2 mm, aristada, arista 14,5-18 faces; lígula l-l,5(-2) mm compr., membranoso- x mm compr., 3-nervada; lema inferior 3-3,5 0,7-0,8 ciliolada. Inflorescências laxas. alongadas, mm, 2-nervado; ausente; lema superior 3-3,5 x pálea compostas por unidades de inflorescência terminais -3 x0,5- 1,6-2,2 mm, 3M)-nervado, aristado; pálea 2,1 e axilares de 5,5-10 cm compr.. estas com 2-4 0,6 mm; estames 3, antéras 1,1-1,6 mm compr., ramos florífero* simples. Pedicelos e entrenós da amarelas. Cariopse 2 x 0,6 mm. Espiguetas pediceladas ráquis clavados. com tricomas mais curtos que a neutras at) longo e no ápice dos ramos fiorííeros das espigueta séssil, distribuídos ao longo das unidades de inflorescência. de 7-11 mm compr.. margens. Espiguetas sésseis 7,2-8,2 mm compr.. alistadas; inferior 7-11 x2-3 mm, aristada arista gluma monóclinas. calo piloso, os tricomas mais longos 6-9 mm compr.. assimétrica. 10 a mais nervada; gluma atingindo 2—4 mm compr.. aristadas. arista (22-)25- superior4-4,5 X 1,1-1 J5 mm; lema inferior 3.5-4 x 0,8- 33 mm compr.; gluma inferior 7.2-8,2 x 1-1,7 mm. 1.2 mm: ausente: lema superior 4-4.2 x0,54),8 pálea plana, elíptico-lanceolada, 8 a mais nervada, com mm; pálea 1-2.5 x 0.3-0,5 mm. 6 a mais nervuras entre as carenas. com sulco; selecionado: BRASIL. BAHIA: Correnlina. Material superior 6,2-8 x 2,2 mm, 3-nervada; lema 37 km N from Correnlina. on lhe Inhaúmas road. 44°47'W gluma inferior 5,5-6,1 x 1-1,5 mm. 2-3-ncrvado; 13°7'S. 24.IV. 1980, R.M. Harley 21965 (B. CEPEC). pálea ausente; lema superior 5-6.1 x 1-1.2 mm, 1- GOIÁS: Cristalina, estrada para a Barragem, 23.111.1997. A. Zanin & H.M. hmghi-Wagner $05(FLOR). MINAS nervado. as vezes 3-nervado na base. aristado; GERAIS: Joaquim K-hcin. Serra doCahral. 15.IV. 1996. pálea 3,1-4X 1-1.2 mm: estames 3. antéras 3.9 G. Hatschbach etai WW7IMBM). PARÁ: Conceiçlo 4.5 mm compr.. amarelas. Cariopse 2.8-3 x 0.8-1 do Araguaia. 7.VI. 1953. K/.. Fróet 29712 (UB). mm. Espiguetas pediceladas estaminadas ao

Rodriguesia 6Z( I): 171 -202. 2011 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 185

longo e no ápice dos ramos floríferos das simples ou com ramificações secundárias. Pedicelos unidades de inflorescência, de 7-9 mm compr.. e entrenós da ráquis subclavados ou tendendo a aristadas; gluma inferior 7-9 x 1,2-1,5 mm, ápice lineares, glabros ou com tricomas mais curtos que a aristado. arista (3-)5-8 mm compr., simétrica, 20 espigueta séssil, distribuídos em uma ou nas duas Espiguetas sésseis 4.5-6,5 mm a mais nervada, glabra; gluma superior 6,5-8 x margens. compr., 1-1,5 mm compr.; lema inferior 6-6.5 x 1-1.5 mm; monóclinas, calo piloso, os tricomas mais longos atingindo 0,8-2 mm compr., aristadas, arista 0,5-8 pálea ausente; lema superior 5,5-8 x 0,5-1.2 mm; mm compr.; inferior 4,5-6,5 x 1,1-1,6 mm, pálea 1.2-3 x 0.5-1,5 mm; estames 3, anteras 3,5- gluma 4,5 mm compr., amarelas. levemente côncava a plana, lanceolada, 2-8-nervada, Material selecionado: BRASIL. CEARÁ: Sobral, sem ou com 2-4 nervuras entre as carenas, com ou BAG-ForrageirasCNP Caprinos, 19.VI.1979. L Coradin sem sulco; gluma superior 4,2-6,2 x 1,1-2 mm, 3- et al. 2072 (CEN). GOIÁSÁgua Fria. estrada para São nervada: lema inferior 3,9-5,5 x 1-1,4 mm, 2(-3)- João da Aliança. 24.11.1997, A. Zanin & H.M. Longhi- nervado,; pálea ausente; lema superior 3,1-5 x 0,4— Coronel Wagner 511 (FLOR). MINAS GERAIS: 1.5 mm, 3-nervado, aristado ou aristulado; pálea 1,5- Pacheco. 23.V. 1989, L Krieger & M. Brüggers.n. (CESJ 3 x 0,6-1 mm; estames 3, anteras 1,8-3 mm compr., DO SUL: Viamão, Escola 23710). RIO GRANDE amarelas. Cariopse 2-4 x 0,5-0,8 mm. Espiguetas Técnica de Agricultura. 17.IV. 1974, A. Pott s.n. (SP estaminadas e monóclinas ao longo e 174635). TOCANTINS: Pedro Afonso. Fazenda Santa pediceladas Vitória, I5.V.1994, M. Alves & M. B. Mano 1409 (UB). no ápice dos ramos floríferos das unidades de Espécie nativa da África, introduzida no Brasil inflorescência, raramente espiguetas neutras na comoforrageira(Renvoize 1984; Filgueiras 1990). É mesma planta, estas de 2-3 x 0,2-0,5 mm; espiguetas encontrada atualmente fora das áreas de cultivo, estaminadas e monóclinas 5-8 mm compr., múticas; em margens de estradas, especialmente no Brasil gluma inferior 5-8 x 1-1,3 mm, simétrica, 5-7- Central. Coletada com flores e/ou frutos durante nervada; gluma superior 4,8-5,6 x 1-1,4 mm; lema inferior 4-6 x 1,1-1,5 mm; todo o ano. Andropogon gayanus foi incluída no pálea ausente; lema superior 4-5,1 x 1-1,2 mm; 1-2,5x0,6-1 presente trabalho por já ser uma espécie comum pálea mm; fora das áreas de cultivo, ao longo das rodovias, estames 3, anteras 2-3 mm compr., amarelas. Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE especialmente do DF e GO, e por estar relativamente DO SUL: Porto Alegre. Morro da Polícia, 1_>.III. bem representada em alguns herbários revisados. 1997, A. Zanin 541 (FLOR, SPF). SÃO PAULO: São Paulo, Linha Santo Trata-se, segundo Stapf (1917-19), de uma espécie Amaro-lbirapuera. 17.1.1942, D. B. Pickel 5792 (IPA). o autor reuniu em três variedades, polimórfica, que Espécie presente no Brasil e Uruguai. Para o sqiutmidatus e bisquamidalus. As duas genuinus. Uruguai, foi referida por Rosengurtt et al. (1970) últimas variedades foram observadas entre o material como escassa em áreas marítimas úmidas. No Brasil, estudado, diferenciando-se especialmente pelas ocorre especialmente no litoral do Rio Grande do espiguetas escabérulas na variedade pediceladas Sul e Santa Catarina, em solos arenosos das squamulatus c vilosas na variedade bisquamulatus. planícies próximas ao mar. No Rio Grande do Sul, ocorre também em morros graníticos a 12. Andropogon Roseng.. BR. próximos glaucophyllus Porto Alegre e, com menor abundância, em solos Arrill. & Jzag., Grani. Urug. 165. 1970. Tipo: arenosos nas proximidades do município de Santa URUGUAI. Montevideo, Cult. in Hort. Bot. Maria. Existe ainda um registro para as imediações Facultad de Agronomia, orig. Arroyo Los índios. do Rio Tibagi (Paraná), e dois registros antigos para Rocha. IV. 1966. Rosengtirtt B-2634b (holótipo a cidade de São Paulo. Geralmente, forma pequenas MVFA; isótipos B, K. MBM!).Fig. 2a-b e densas populações, em áreas arenosas ou Plantas cespitosas, sem rizomas, 110- perenes, pedregosas relativamente úmidas. Coletada com ou com tricomas 200 cm. Bainhas foliares glabras flores e/ou frutos de dezembro a maio. esparsos; lâminas 17-80 x 0.2-0.10 cm. lineares, Andropogon glaucophyllus caracteriza-se ápice acuminado, base atenuada, por planas, apresentar plantas de grande porte, formando especialmente nas folhas inferiores, nas duas glaucas densas touceiras devido a muitas inovações faces, raramente vilosas na face adaxial: glabras. concentradas na base da planta. As lâminas foliares lígula 1,2-5 membranoso-ciliolada. mm compr.. variam muito no comprimento na mesma Inflorescências laxas. alongadas, compostas planta, por porém as lâminas das folhas basais são unidades e axilares de 6- geralmente de inflorescência terminais longas, alcançando até 80 cm de comprimento. 10,5 cm compr., estas com 2-30 ramos floríferos

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 201 1 186 Zanin. A & Longhi-lVagryr H.M.

Muito característico, nesta espécie, é a lâmina foliar nervado; pálea ausente; lema superior 2-2,3 x em direção estreitada à base, onde reduz-se 0,3-0,6 mm, 3-nervado, aristado; pálea 0.6-1,1 praticamente à região da nervura central. As folhas x 0,3-0,5 mm; estames 3, anteras 0,5-0,8 mm são tipicamente glaucas, o que confere o nome à compr., amarelas. Cariopse 2 x0,5 mm. Espiguetas espécie. Andropogon glaucopliyllus assemelha-se pediceladas estaminadas e neutras na mesma superficialmente a A. lateralis subsp. lateralis, com planta, em ramos floríferos separados ou misturadas a qual convive simpatricamente. Esta última, no ao longo e no ápice dos mesmos, espiguetas neutras entanto, apresenta lâminas foliares geralmente mais 0,5-3 x 0,1-0.5 mm: espiguetas estaminadas 3-4 estreitas, sem estreitamento na base, e glaucas mm compr.. múticas; gluma inferior 3-4 x 0.8-1 mm, apenas na face adaxial. Além disto, apresentam 5-nervada; gluma superior 3-3,5 x 0,8-1.1 mm; lema diferenças no diásporo, como a de presença inferior 2,5-3 x 1-1,2 mm; pálea ausente; lema espiguetas monóclinas misturadas com pediceladas superior 2,2-3 x 0.6-1 mm; pálea 0,6-1 x 0,2-0,6 estaminadas em A. glaucophyllus e somente mm; estames 3. anteras 1,1-1,5 mm compr., amarelas. estaminadas em A. lateralis, sendo as anteras do Material selecionado: BRASIL. MATO GROSSO DO par de espiguetas subiguais no comprimento em SUL: Sidrolándia. sul de Campo Cirande. I0.IV.I985. A. glaucophyllus e desiguais em A. lateralis. Os J.F.M. Valls et al. 8650 (CEN. CPAP). SÃO PAULO: exemplares Nornnann et al. 146 (CTES), con.sideradi > Guzolândia, SP 310. km 574. 12. V/. 1999. A. Zanin 793 (FLOR, SPF). por Norrmann (1999) e Zanin & Longhi-Wagner Espécie no Brasil, (2006) como pertencente a A. barretoi Nornnann & presente Paraguai e Bolívia. Foi referida Quarin e também o material A. Zanin cv. T. Canto- por Killeen (1990) como abundante na Dorow 797 (FLOR, SPF), foram considerados como a região de Chiquitania, Bolívia, onde ocorre uma vegetação semelhante A. glaucophyllus no presente trabalho. Os caracteres ao cerrado do Brasil morfológicos destes dois táxons se sobrepõem em Central. No Paraguai, distribui- se em regiões sua maioria, sendo de difícil separação. pantanosas da porção sul e leste do país, formando densas e pequenas (Norrmann 1999). No Brasil, 13. Andropogon glaziovii Hack. in Mart. & Eichler, populações ocorre nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, formando Fl. bras. 2(3): 286.1883. Tipo: BRASIL, prope Rio sempre associadas de Janeiro ci. Glaziou 11672 ex parte; altera pars est pequenas populações, a ambientes A. spatliiflorus Kunth (isotipos G, K, S!). úmidos ou áreas permanentemente Fig. 2c-d brejosas. Coletada com flores e/ou frutos em fevereiro e de abril a Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas. junho. Andropogon está entre 140-270 cm. Bainhas foliares geralmente seríceas; glaziovii as espécies do apresentam indivíduos lâminas 37-60 x (0,3-)0,5-0,8 cm, lineares, planas, gênero que robustos, ápice agudo, base reta, verdes nas duas faces, de grande porte. Suas inflorescências são alongadas, estreitas, lineares, com cerca seríceas nas duas faces, especialmente quando de 50-100 de comprimento, com jovens, ou glabras na face abaxial; lígula 1-2 mm cm ramificações axilares compr., membranoso-ciliolada. Inflorescências abundantes e, consequentemente, com espatéolas numerosas. Estas destacam-se laxas, alongadas, estreitas, compostas por unidades por serem mais de inflorescência terminais e axilares de 1,5-3.5 cm vistosas que os ramos floríferos, os quais são compr., estas com 2-5 ramos floríferos simples ou curtos e total ou em sua maior extensão envolvidos menos freqüentemente ramificados. Pedicelos e pelas espatéolas. No campo, observaram-se as entrenós da ráquis lineares, com tricomas atingindo espatéolas com duas cores contrastantes, a base 1,5 vezes o comprimento da espigueta séssil, verde e o ápice castanho, porém, em material de distribuídos nas margens e na metade ou terço herbário, elas apresentam-se tipicamente castanhas. superior da face abaxial. Espiguetas sésseis 2,2-4 As lâminas foliares e. em geral, também as bainhas mm compr., monóclinas, calo piloso, os tricomas são seríceas, especialmente quando jovens. Os mais longos atingindo 1 -1,2 mm compr., aristadas, tricomas, no entanto, são facilmente decíduos e, arista (2-4,2-10 mm compr.; gluma inferior 2,2-4 x cm material herborizado, aparecem esparsos ou 0,7-1 mm, levemente côncava, lanceolada, 2- mesmo são ausentes, cm algumas partes das folhas. nervada, sem nervuras e sem sulco entre as carenas; A. glaziovii apresenta espiguetas pediceladas gluma superior 2,9-3,1 x0.6-l mm, 3-nervada; lema estaminadas e neutras. Estas ocorrem em inferior 2,2-2,5 x 0,6-0,7 mm, enérveo ou 2-3- combinações muito aleatórias, com ramos floríferos

Rodriguésia 62(1): 171-202.2011 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 187 w

£ o ml Ja E f. CMl , f V / E 4 //W

' e

o » ^ SHE:

/ L; , \J m k

- Figura 2 - a-b. Andropogon glaucophyllus a. base da lâmina foliar; b. diásporo mediano, c-d. A. glaziovii - c. diásporo mediano com a espigueta pedicelada reduzida; d. diásporo mediano com a espigueta pedicelada - desenvolvida, e. A. hypogynus - diásporo mediano com espigueta séssil mútica. f. A. indetonsus espigueta pedicelada - desenvolvida, vista da gluma inferior, g. A. ingratus diásporo mediano com a espigueta pedicelada desenvolvida. h. A. lateralis subsp. lateralis - diásporo terminal do ramo florifero. i. A. lateralis subsp. cryptopus - unidade de - k. A. lindmanii- inflorescencia. j. A. leucostachsits diásporo mediano, diásporo terminal do ramo florifero. 1-m. A. macrothrix -1. lígula; m. diásporo mediano (a-b. Zanin 541; c-d. Vallsetal. 11765;e.Zanin & Canto-Dorow 744; f. Maguire & Maguire 40148; g. Zanin St. Longhi-Wagner 684; h. Fernandes 451;i. Fonseca etal. 1296;]. Zanin & Longhi-Wagner 469; k. Campbell 4562; 1. Hatschbach 45700; m. Zanin & Longhi-Wagner 435). - Figure 2 - a-b. Andropogon glaucophyllus a. base ofthe leaf-blade; b. dispersai unit ofthe mid portion ofthe flowering branches. c-d. A. glaziovii - c. dispersai unit ofthe mid portion ofthe flowering branches with rudimentary pedicellate spikelet; d. dispersai unit - ofthe mid portion ofthe flowering branches with dcvclopcd pedicellate spikelet. e. A. hypogynus dispersai unit ofthe mid portion of - lhe flowering branches with sessile spikelet awnless. f. A. indetonsus developcd pedicellate spikelet; lower glume view. g. A. ingratus - dispersai unit of the mid portion of the flowering branches with developcd pedicellate spikelet. h. A. lateralis subsp. lateralis - - terminal dispersai unit ofthe flowering branches. i. A. lateralis subsp. cryptopus unit ofthe inflorescence. j. A. leucostachyus - - dispersai unit ofthe mid portion ofthe flowering branches. k. A. lindmanii terminal dispersai unit ofthe flowering branches. l-m. A. macrothrix 1. ligule; m. dispersai unit ofthe mid portion ofthe flowering branches (a-b. Zanin 541; c-d. Valls et al. 11765; e. Zanin & Canto-Dorow 744; f. Maguire & Maguire 40148; g. Zanin & Longhi- Wagner 684; h. Fernandes 451; i. Fonseca et al. 1296; j. Zanin & Longhi-Wagner 469; k. Campbell 4562; 1. Hatschbach 45700; m. Zanin & Longhi-Wagner 435).

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 2011 188 Zanin, A. & Longhi-Wagner H.M.

da unidade de inflorescência contendo apenas 0,5 mm. Espiguetas pediceladas estaminadas ao longo espiguetas pediceladas neutras, ou apenas e no ápice dos ramos floríferos das unidades de estaminadas, ou as duas em distintas combinações. inflorescência raramente espiguetas neutras na mesma Em todo o material estudado, sempre foram planta, estas de 2,5-2,9 x 0,2 mm; espiguetas observados os dois tipos de espiguetas pediceladas estaminadas 4-6 mm compr.. múticas; gluma inferior no mesmo indivíduo. 4-6 x 1-1,2 mm. simétrica. 3-5-nervada: gluma superior 3-5-5 x 0,9-1,2 mm; lema inferior4-4.2 x 0.9- 14. Andropogon hypogynus Hack. in Mart. & 1,5 mm; pálea ausente; lema superior 3,1-4 x 0,5-1 Eichler. Fl. bras. 2(3): 290.1883. Tipo: Brasília. Riedel mm; pálea 0.2-1 x 0.1 -0_5 mm; estames 3. anteras 2-3 1655 ( lectótipo G! designado por A. Zanin & mm compr.. amarelas. Nome vulgar: rabo-de-lobo. Longhi-Wagner2005:isolectótipoK!)././i_//-rYw.t,'í'// Material selecionado: BRASIL. MATO GROSSO DO hypogynus Hack. var. genuiniis Hack. in Mart. & SUL: Corumbá, estrada pano Porto da Manga. 19. VIII. Eichler. Fl. bras. 2(3): 290. 1883. nom. inval. 1998, A. Zanin & T. Canlo-Dorow 744 (FLOR. SPF). Hypogynium campestre Nees, Agrostologia MINAS GERAIS: Formoso. Parque Nacional Grande Sertão Veredas, 15°8'S 45°46'W, 5.XI.I989, T. brasiliensis, in Mart.. Fl. bras. enum. pl. 2( I): 365. S. Filgueiras 1916 (IBGE. ICN. SP). TOCANTINS: 1829. Andropogon hypogynus Hack. var. anatherus Santa Izabel, Ilha do Bananal. Parque Nacional do Araguaia. Hack. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 2 (3): 290. 1883. "in 21.VI.1979. F.C Silva etal. 2M(UB). Tipo: campis Provinciae Piauhiensis. Martius Espécie presente no Brasil. Bolívia, Paraguai s.n." (M holótipo!). Andropogon hypogynus Hack. e Argentina. Sua principal área de ocorrência var. conjungens Hack. in Mart. & Eichler. Fl. bras. corresponde à região do Pantanal, no noroeste do 2( 3): 290.1883. "Brasil, Warming Tipo: pr. Lagoa Santa Mato Grosso do Sul c sul do Mato Grosso, onde é s.n. ex parte" (holótipo W!).Fig. 2e comum cm áreas periodicamente inundadas, Plantas 80-220 perenes, com rizomas curtos, formando densas e extensas populações. Coletada cm. Bainhas foliares glabras ou levemente vilosas; com flores e/ou frutos praticamente durante todo o lâminas 6-85 x 0,2-0,8 cm, lineares, planas ou ano, com ausência de registro para os meses de conduplicadas, ápice apiculado, apiculo quebrando maio. julho e setembro. facilmente ficando o ápice obtuso, base reta. glaucas Andropogon hypogynus apresenta um verdes número muito variável na face adaxial e na abaxial. glabras nas duas de ramos floríferos por faces, ou escabras a esparsamente vilosas na face unidade de inflorescência. Estes podem ser simples adaxial: lígula 0,5-1,2 mm compr., membranoso- ou ramificados, assemelhando-se mais, no primeiro ciliolada. Inflorescências laxas, alongadas, caso, a A. lateralis subsp. lateralis, com compostas por unidades de inflorescência terminais distribuição centrada nos campos do sul do Brasil e axilares de 6-16 cm compr., estas com 2-23 ramos e, no segundo caso, a A. lateralis subsp. cryptopus, floríferos simples oü com ramificações secundárias. mais comum no cerrado do Brasil Central. Porém, a Pedicelos e entrenós da ráquis lineares, pedicelos ocorrência de ramos floríferos simples ou glabros ou com tricomas mais curtos que a ramificados é comum em uma mesma planta. Suas espigueta séssil, esparsos nas margens; entrenós inflorescências. no entanto, são mais delicadas e glabros, escabros ou com tricomas cm uma ou em podem ser facilmente diferenciadas das duas ambas as margens, mais curtos que a espigueta subespécies de A. lateralis, por serem glabras ou séssil. Espiguetas sésseis 3,2-5,5 mm compr.. com tricomas esparsos, pouco conspfcuos, montx-linas, calo ou escassamente glabro piloso. característica na qual Hackel (1883) baseou-se para os tricomas mais longos atingindo 0.1-1.2 mm descrever a espécie. compr.. alistadas ou múticas, arista 1 -8 mm compr.; gluma inferior 3,2-5,5 x 0.8-1,1 mm, levemente 15. Andropogon indetonsus Sohns. Mem. New côncava. lanceolada. 2-3-nervada. sem ou raramente York Boi. Gard. 9 (3): 269-271.1957. Tipo: BRASIL. com uma nervura central entre as carenas. sem Seira Tepequem, HXK)-12(X)m. Tcrr. Rio Branco sulco: gluma superior 3-3,5 x 0,7-0,8 mm, 3- | Roraima |. 4. XII. 1954. B. MaguirreoiC.K. Maguirre DOVada; lema inferior 2.5-3 x 0.2-0,6 mm. 2-3- 40148 (holótipo. foto US!: isótipos IAN, NY!). nervado; pálca ausente; lema superior 2-2.8x0,2- Fig. 2f -nervado. 0,4 mm. I mútico ou aristado; pálca 0.2- Plantas perenes, cespitosas, sem ri/omas. x 0,6 0,2-0,3 mm; estames 3. anteras 0.6-1 mm 20O-3(X) cm. Bainhas foliares glabras; lâminas 11 x compr.. amarelas ou violáceas. Cariopse 2.5-2,8 x 30 cm. linear-lanceoladas. planas, ápice longamente

Rodriguesia 62( 1): 171-202 2011 Revisáo taxonômica de Andropogon do Brasil 189 acuminado, base reta, verdes nas duas faces, 16. Andropogon ingratus Hack., Oesterr. Bot. Z. glabras; lígula 1,5-2,5 mm compr., membranoso- 51(5):151.1901.Fig.2g ciliolada. Inflorescencias laxas, alongadas, unidades Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas, 50- de inflorescência terminais e axilares de 2,5-8 cm 110 cm. Bainhas foliares glabras ou hirsutas; lâminas compr., estas com 2-4 ramos floríferos simples. 5-35 x 0,15-0,6 cm, lineares, planas, ápice agudo, Pedicelos e entrenós da ráquis clavados ou base reta, glaucas nas duas faces, geralmente subclavados, com tricomas 1,5-2 vezes o escabérulas ou hirsutas em ambas as faces; lígula comprimento da espigueta séssil, distribuídos nas 0,5-1,2 mm compr., membranoso-ciliolada. margens ou nas margens e na face abaxial. Inflorescencias laxas, alongadas, compostas por Espiguetas sésseis 4-5,5 mm compr., monoclinas, unidades de inflorescência terminais e axilares de 4-9 cm compr., estas com )2-3(4) ramos floríferos calo piloso, os tricomas mais longos atingindo 1,5- (1 2 mm compr., aristadas, arista 8-15 mm compr.; simples. Pedicelos e entrenós da ráquis lineares ou subclavados, com tricomas atingindo o gluma inferior 4-4,5 x 1-1,2 mm, plana, elíptico- geralmente mesmo comprimento ou até vezes lanceolada, 4-nervada, com duas nervuras entre as 2 o comprimento da espigueta séssil, menos comumente mais curtos, carenas, geralmente com sulco; gluma superior 3,5- distribuídos em toda a superfície abaxial 5 x 1,2-1,5 mm. 3-nervada; lema inferior 3,5—4 x ou apenas nas margens. Espiguetas sésseis 5-7 mm compr., 0,5-1,1 mm, 0-2-nervado; pálea ausente; lema monoclinas, calo piloso, os tricomas mais longos superior 2,5-3,5 x 1 mm, 3-nervado, aristado; pálea atingindo 1,5-3 mm compr., aristadas, arista 8-24 2-3 x 0,2-0,3 mm; estames 3, anteras 2-2,2 mm mm compr.; gluma inferior 5-7 x 1-1,2 mm, compr., amarelas. Cariopse não vista. Espiguetas levemente côncava, lanceolada, 4-7-nervada, com estaminadas ao longo e no pediceladas geralmente duas a cinco nervuras entre as carenas, sem sulco; ápice dos ramos floríferos das unidades de gluma superior 4,5-6 x 1 -1,2 mm, 3-nervada; lema inflorescência, às vezes neutras na mesma planta, inferior 4-6 x 1 mm, 2-3-nervado; ausente; estas 2-2,5 x 0,1-0,2 mm; espiguetas estaminadas pálea lema superior 3^ x 0,5-1 mm, 3-nervado, aristado; 3,5-4 mm compr., múticas; inferior 3-4 x 1- gluma pálea 0,8-1,1 x 0,3-0,6 mm; estames 3, anteras 1,2- 1,2 mm, simétrica, cartácea, 7-11-nervada; gluma 1,9 mm compr., amarelas. Cariopse 2,5 x 0,6 mm. superior3-3,8 x 1,2 mm; lema inferior3,l-3,5x 1,2 Espiguetas pediceladas estaminadas, ou mm; superior 2,5-3,2 x 0,7-1,1 pálea ausente; lema estaminadas e neutras misturadas ao longo e no mm; x estames 3, anteras 2- pálea 1,5-2 0,6-0,8 mm; ápice dos ramos floríferos das unidades de 2,5 mm compr., amarelas. inflorescência, raramente só neutras na mesma Material AMAZONAS. examinado: BRASIL. planta, estas de 3,5-5,5 x 0,5-0,6 mm; espiguetas Encosta da Serra Aracá, 6.II. 1978. N.A. Rosa & S.B. Lira estaminadas 4,2-7,2 mm compr., múticas; 2395 (MG). gluma inferior 4,2-7,2 x 1-1,2 mm, simétrica, 3-7-nervada; Conhecida apenas amostras aqui pelas gluma superior4-5,5 x0,8-l,2 mm; lema inferior4- citadas. Coletada com flores em dezembro e fevereiro. 5,1 x 1-1,2 mm; pálea ausente; lema superior 3,2-5 Andropogon indetonsus caracteriza-se por x 0,6-1 mm; pálea 0,5-1,5 x 0,3-0,8 mm; estames 3, apresentar de com lâminas plantas grande porte, anteras 1,2-1,8 mm compr., amarelas. foliares linear-lanceoladas, de ápice longamente Andropogon ingratus pertence ao grupo de acuminado. Sohns( 1957) referiu A. indetonsus que espécies com plantas delicadas, não ultrapassam Isto que assemelha-se superficialmente a A. lateralis. 110 cm de altura e com ramos floríferos das unidades decorre apenas da semelhança na riqueza de de inflorescência geralmente com pilosidade densa inflorescencias axilares e no número de ramos e alva. Possui as lâminas foliares e as bainhas floríferos inflorescência. As por unidade de totalmente glaucas e as lâminas em geral assumem características das lâminas foliares, a presença um aspecto ondula-do nas folhas envelhecidas. Um de sulco constante de nervuras e, geralmente, caráter diagnóstico importante é a presença de entre as carenas da gluma inferior da espigueta nervuras entre as carenas da gluma inferior da séssil, o elevado número de nervuras na gluma espigueta séssil. Estas podem variar de 2-5, sendo inferior da espigueta pedicelada. além da forma desenvolvidas até a base ou somente visíveis no clavada. às vezes subclavada do entrenó da ráquis terço ou na metade superior, porém estão sempre em A. indetonsus, diferenciam facilmente esta presentes. As espiguetas pediceladas nesta espécie de A. lateralis. espécie são geralmente estaminadas, ou

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 201 1 190 Zanin. A. & Longhi-Wagner H.M. estaminadas e neutras na mesma planta. Alguns pequeno número de indivíduos, as bainhas, as indivíduos somente com espiguetas neutras duas faces da lâmina foliar e as espatéolas são também foram observados. A grande maioria do hirsutas. Os tricomas são longos e alvos, material estudado de A. ingratus apresenta as conferindo à planta uma coloração esbranquiçada. folhas e as espatéolas glabras. No entanto, em um que se destaca em meio à vegetação.

Chave para as variedades de A. ingratus ocorrentes no Brasil Bainhas, lâminas foliares e espatéolas glabras A. ingratus var. ingratus r. Bainhas, lâminas foliares e espatéolas hirsutasA. ingratus var. hirsutus

16a. Andropogon ingratus Hack var. ingratus. Diamantina-Bahia). onde ocorre em formação de Tipo: Brasília, Província Minarum, 1891, Glaziou cerrado de altitude. Existe também um registro para 18681 (lectotipo W! designado por A. Zanin & Cachoeirinha (Pernanbuco), sem informações Longhi-Wagner 2005; solectótipos W, US!). sobre habitat. Coletada com flores e/ou frutos Andropogon sincoranus Renvoize, Kew Buli. entre março e agosto. 39(1): 181-182.1984. Tipo: BRASIL. BAHIA: Serra do Sincorá, W of Barra da Estiva, on the road to 17. Andropogon lateralis Nees, Agrostologia Jussiape, 41°27'W, 13°35'S", 22.111. 1980, R.M. brasa iensis. in Mart.. Fl. bras. enum. pi. 2( 1): 329.1829. Harley et al. 20765 (holótipo CEPEC!, isótipos K!) Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas ou syn. nov. com rizomas curtos, 50-170 cm. Bainhas foliares Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Palmeiras. glabras ou vilosas; lâminas 4,5-60 x 0,1-0,7 cm, Morro do Pai Inácio, 29.VIII. 1996, A.A. Conceição & lineares, planas, ápice agudo ou apiculado, apículo do A.A. Grillo 148 (SPF); MINAS GERAIS: Santana quebrando facilmente ficando o ápice subagudo do Mato Dentro, 7.XII. 1997, Riacho, estrada Conceição ou obtuso, base reta, glaucas na face adaxial e A. Zanin & H.M. Ümghi-Wagner 684 (FLOR, SPF). verdes na abaxial, glabras, vilosas ou hirsutas nas no Brasil, especialmente Espécie presente duas faces; lígula 0,5-2.4 mm compr., membranoso- formações de campos rupestres e de campo nas ciliolada. Inflorescéncias laxas, alongadas, unidades cerrado da Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e de inflorescência terminais ou terminais e axilares. Bahia). Distribui-se desde São Tome das Letras, de 3-8 cm compr., estas com 2-25 ramos floríferos região de Ouro Branco e Ouro Preto (Minas Gerais) simples ou com ramificações secundárias. Pedicelos a Diamantina Neste último até Chapada (Bahia). e entrenós da ráquis lineares, com tricomas Estado, também há várias coletas da região geralmente mais curtos que a espigueta séssil, às litorânea ou do litoral, ao norte de próxima vezes igualando-a ou alcançando até 1,3 vezes o alcançando o estado de Sergipe, com Salvador, seu comprimento, distribuídos em toda a superfície um registro a Serra de Itabaiana. limite para abaxial ou especialmente nas margens e ápice. setentrional da variedade conhecido até o Espiguetas sésseis 4-5,5 mm compr., monóclinas. momento. Coletada com flores e/ou frutos calo piloso, os tricomas mais longos atingindo 0,5- durante todo o ano. praticamente 2,5 mm compr.. aristadas ou múticas. arista 2,2-16 mm compr.; gluma inferior 4-5.5 x 0,3-1,3 mm, 16b. Andropogon ingratus Hack. var. hirsutus levemente côncava, lanceolada, 2-6-nervada, sem A. Zanin & Longhi-Wagner, Novon 13: 372.2003. ou com duas a quatro nervuras entre as carenas. Tipo: BRASIL. BAHIA: Mun. Abaíra, Catolés de sem sulco; gluma superior 3-4.1 x 0.3-1,1 mm. 3- Cima, 1999, A. Zanin et al. 786 (holótipo 23.IIL nervada; lema inferior 3^1 x 0,2-0,7 mm, enérveo isotipo FLOR!). SPF!, ou 1-3-nervado; ausente; lema superior 2-3,2 Material examinado: BRASIL. BAHIA: Abaíra. 17 km pálea x 0,1-0.6 mm. I -nervado. aristado ou mútico; da cidade em direção a Catolés, 22.111.1999. A. 7uinin pálea x mm; estamos ei al. 784 (SPF). 0,6-1 0,2-0,5 3. anteras 0,6-0,9 mm Andropogon ingratus var. hirSUtUi t compr., amarelas ou violáceas. Cariopse 2-2,5 x conhecida de Abaíra e Jussiape (Chapada 0,4-0.6 mm. Espiguetas pediceladas estaminadas

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 201 I Revisão taxcinômica de Andropogon do Brasil 191 ao longo e no ápice dos ramos floríferos das populações de A. lateralis subsp. cryptopus as unidades de inflorescência, raramente neutras na aristas das espiguetas sésseis são nulas ou, mesma planta, estas de 1,5-3,8 x 0,1-0,2 mm; quando presentes, variam de 2,2 a 6,5(-10) mm espiguetas estaminadas 3-7,3 mm compr., múticas compr. Estas espiguetas apresentam também a ou aristuladas: gluma inferior 3-7,3 x 0,5-1.1 mm. gluma inferior com ou sem uma nervura entre as simétrica. 3-5-nervada: gluma superior 2.9-6 x 0.4- carenas. Nesta subespécie há um maior número 1.2 mm; lema inferior 2.7-5,5 x 0,3-1.5 mm; pálea de ramos floríferos por unidade de ausente; lema superior 2,7-5,3 x 0,2-1.5 mm: pálea inflorescência, com pilosidade mais densa do 0,5-1 x 0,2-0,8 mm; estames 3, anteras 2-3 mm que o ocorrente nas populações do sul do Brasil. compr., amarelas ou violáceas. O maior número de ramos geralmente é Andropogon lateralis possui ampla decorrente de ramificações secundárias dos distribuição na América do Sul e está entre as ramos floríferos digitados. Nas populações de espécies mais abundantes do gênero no sul do A. lateralis que ocorrem principalmente no sul "capim Brasil, onde é conhecida como caninha". do Brasil, os ramos floríferos digitados não Sua abundância diminui em maiores latitudes. apresentam ramificações secundárias e possuem Foram descritos muitos táxons infra-específicos pilosidade menos densa; as aristas estão sempre para A. lateralis, a maioria deles hoje incluída presentes nas espiguetas sésseis e são mais em sinonimia. No presente trabalho são longas, atingindo de 6 a 16 mm compr. Além reconhecidas duas subespécies, Andropogon disto, a gluma inferior destas espiguetas não lateralis Nees subsp. lateralis com distribuição apresentam nervuras entre as carenas. Nestas especialmente no sul do Brasil e Andropogon populações, os ramos floríferos são digitados lateralis Nees subsp. cryptopus (Trin. ex Hack.) sobre um eixo curto, enquanto que no material A. Zanin, com ocorrência principal nos campos- do Brasil-Central os ramos floríferos dispõem- cerrado da Região Centro-Oeste do Brasil. Nas se sobre um eixo relativamente alongado.

Chave para as subespécies de Andropogon lateralis ocorrentes no Brasil Unidade de inflorescência (porção subtendida por espatéola) com ramos floríferos simples, em número de 2-6(-7). Entrenós da raquis e pedicelos com tricomas subdensos. Espiguetas sésseis sempre alistadas, arista 6-16 mm compr., com a gluma inferior sem nervuras entre as carenas. Lâminas foliares glabras, raramente vilosasA. lateralis subsp. lateralis r. Unidade de inflorescência (porção subtendida por espatéola) com ramos floríferos geralmente ramificados, em número de (2-4-25, incluindo as ramificações. Entrenós da raquis e pedicelos densamente pilosos. Espiguetas sésseis múticas ou aristadas, geralmente variando na mesma planta, arista 2,2-6,5(-10) mm compr., com a gluma inferior sem ou com 24 nervuras entre as carenas. Lâminas foliares freqüentemente vilosasA. lateralis subsp. cryptopus

17a. Andropogon lateralis Nees subsp. lateralis. Saint-Pétersbourg ser. 6, Sei. Math. Nat. 2:268.1832. Agrostologia brasiliensis, in Mart.. Fl. bras. enum. Andropogon glaucescens sensu Hack. var. brevis pl. 2( 1): 329.1829. Andropogon glaucescens sensu (Trin.) Hack. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 2(3): 289. Hack. var. lateralis (Nees) Hack. subvar. typicus 1883. Andropogon incanus var. brevis (Trin.) Hack. Hack., in Mart. & Eichler, Fl. bras. 2(3): 289.1883, in A.DC. & DC. Monogr. phan. 6: 432. 1889. p.p. Andropogon incanus Hack. var. lateralis (Nees) Andropogon lateralis Nees var. brevis (Trin.) Hack. subvar. typicus Hack., in A. DC. & DC. Henrard, Med. Rijks-Herb. Leiden, 40:43.1921. Tipo: "habitat "V. Monogr. phan. 6: 432. 1889. p.p. Tipo: in spp. Brasil". Andropogon glaucescens sensu Brasilia australi, Sellow s.n- vidi in herb. Reg. Hack. var. genuinus Hack. subvar. typicus Hack., Berol." (lectotipo B! designado por A. Zanin 2006; in Mart. & Eichler, Fl. bras. 2(3): 289. 1883, p. p., isolectótipo K!; fotocópia isolectótipo US!). nom. inval. (a outra parte = A. glaucescens Kunth, Andropogon brevis Trin., Mém. Acad. Imp. Sei. do Equador). Andropogon glaucescens sensu

Rodriguésia 62( 1): 171 -202 201 1 192 Zanin. A. & Longhi-lVagner H.M.

Hack. var. genuinus Hack. subvar. subtilior Hack., 17b. Andropogon lateralis Nees subsp. cryptopus in Mart & Eichler. Fl. bras. 2(3): 289.1883. Andropogon (Trin. ex Hack.) A. Zanin, Insula: 35: 60. 2006. A. incanus Hack. var. subtilior (Hack.) Hack. in A. glaucescens sensu Hack. var. lateralis (Nees) Hack. DC. & DC. Monogr. phan. 6:432.1889. Andropogon subvar. cryptopusTún. ex Hack.. in Mart. & Eichler. lateralis Nees var. subtilior (Hack.) Henrard. Med. Fl. bras. 2(3): 289.1883. Andropogon incanus Hack. "prope Rijks-Herb. Leiden. 40:42.1921. Tipo: Caldas, var. lateralis (Nees) Hack. subvar. cryptopus Trin. Andropogon incanus Hack., in A. DC.& ex Hack. in A. DC. & DC. Monogr. phan. 6:432.1889. Mosén". "ad DC, Monogr. phan. 6:431.1889. Andropogon lateralis Tipo: Rio Pardo, Riedel" (holótipo LE, foto!). Nees var. incanus (Hack.) Henrard, Med. Rijks-Herb. Fig. 2i "Montevideo, Leiden, 40: 42. 1921. Tipo: Sellow Material selecionado: BRASIL. AMAZONAS: Humailá. 15.VIII. 1980. A. Janssen & I. Gemtchujnicov s.n." (lectótipo W! designado por A. Zanin 2006). 518 (CEN, SPF). GOIÁS: Alto Paraíso, Parque Nacional Andropogon incanus Hack. var. genuinus Hack., da Chapada dos Veadeiros. ca. 23 km do Parque para Alto in A. DC. & DC. Monogr. phan. 6:431.1889, nom. Paraíso, 23.X.I996, M.L Fonseca et al. 1296 (IBGE). inval. Andropogon incanus Hack. var. ramosissimus MARANHÃO: Balsas, Projeto Geral de Balsas, 20. XI. Hack., in A. DC. & DC. Monogr. phan. 6:431.1889. 1995, R.C. Oliveira & G.P. Silva Í65(CEN). SÃO PAULO: Andropogon lateralis Nees var. ramosissimus Angatuba. estrada para llalinga. ca. 29 km de Angatuba. (Hack.) Henrard, Med. Rijks-Herb. Leiden 40:42. 27.1.1996, V. C. Souza etal. 10789 (ESA). 1921. Tipo: PARAGUAY. Balansa 229. Andropogon Ocorre especialmente em baixadas úmidas. incanus Hack. var. trichocoleus Hack. in A. DC. & brejos e margens de cursos d'água em formações de campo cerrado da região Centro DC. Monogr. phan. 6: 432. 1889. Andropogon Oeste do Brasil, sendo mais comum no Distrito lateralis var. trichocoleus (Hack.) Henrard. Med. Federal, Goiás e Mato Grosso. Apresenta Rijks-Herb. Leiden, 40:42.1921. Tipo: PARAGUAY. apenas dois registros ao norte do Brasil Central, Balansa 226 (holótipo G !).Fig.2h para solos inundáveis de Humailá Material selecionado: BRASIL. MATO GROSSO DO (Amazonas) e para SUL: Bela Vista, 18.VI.I946, /. R. Swollen 9480 (PEL). Balsas (Maranhão) em solo úmido c humoso. Ao RIO GRANDE DO SUL: Eldorado do Sul, Estação sul, apresenta vários registros para Minas Gerais Experimental da UFRGS, 18.XII. 19%, A. Zanin & T. Canto- tendo seu limite meridional em campos de Dorow J67(ICN). SÃO PAULO: Itararé, 24.1.1996. H. M. altitude do estado de São Paulo. Foi observada Longhi-Wagner & A. Zanin 3140 (UEC, ICN). formando pequenas e densas populações, ou Nome vulgar: capim-caninha. ocorrendo como indivíduos isolados, sempre Existem divergências na literatura quanto à associadas a ambientes úmidos. Coletada com área total de ocorrência de Andropogon lateralis flores e/ou frutos praticamente todo o ano, subsp. lateralis, porém vários autores concordam predominando nos meses de outubro a janeiro. com sua ocorrência na América do Sul austral, incluindo Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e 18. Andropogon leucostachyus Kunth in Humb.. Bolívia. No Brasil, ocorre nas Regiões Sul. Sudeste Bonpl. & Kunth, Nov. gen. sp. 1: 187. 1816. Tipo: "Venezuela, e Centro Oeste, sendo muito abundante nos campos crescit in ripa rivulorum qui vallem sulinos e diminuindo de forma significativa no percurrunt Caripensen Cumanensium, altit. 400" sentido norte, alcançando seu limite setentrional (holótipo P!). Andropogon virginicus sensu Hack. no estado de Mato Grosso. Geralmente forma subsp. genuinus Hack. subvar. typicus Hack. in densas e extensas populações, fisionomicamente Mart. & Eichler, Fl. bras. 2(3): 286.1883. nom. inval. dominantes onde ocorre. Desenvolve-se em Andropogon leucostachyus Kunth subsp. ambientes variados, com solos secos, arenosos genuinus Hack. subvar. typicus Hack. in A. DC. & ou pedregosos, em ambientes turfosos, margens DC. Monogr. phan. 6: 420. 1889, nom. inval. de cursos d'água e baixadas úmidas, onde é mais Andropogon virginicus sensu Hack. subsp. comum. Renvoize (1984) referiu A. lateralis para a genuinus Hack. subvar. mas Hack. in Mart. & Bahia, citando quatro registros de coleta. Destes, Eichler, Fl. bras. 2(3): 286. 1883. Andropogon apenas Salzmann s. n. não foi estudado, e os leucostachyus Kunth subsp. genuinus Hack. correspondem a A. ingratus, não sendo, subvar. mas Hack. in A. DC. & DC. Monogr. phan. demais "Brasília, portanto, confirmada a ocorrência de A. lateralis 6:420.1889. Tipo: Sellow v. /.." (B síntipo!). naquele estado. Coletada com flores e/ou frutos Andropogon virginicus sensu Hack. subsp. durante todo o ano. genuinus Hack. subvar. subvillosus Hack. in Mart.

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 2011 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 193

& Eichler, Fl. bras. 2(3): 286. 1883. Andropogon indiferente quanto ao ambiente de ocorrência, leucostachyus Kunth subsp. genuinus Hack. estando presente geralmente em locais alterados subvar. subvillosus Hack. in A. DC. & DC. Monogr. das diferentes formações campestres do Brasil. "Prope phan. 6:420.1889. Síntipo: Ilhéus (Riedel), Encontra-se em áreas descampadas, em beira de inter Vitória et Bahia (Sello)".Fig. 2j estradas, barrancos, áreas abandonadas de Plantas perenes, cespitosas. sem rizomas, cultura, bem como em campos arbustivos e 50-110 cm. Bainhas foliares geralmente glabras, capoeiras, entre outros. Ocorre também em solos menos freqüentemente vilosas; lâminas 5-52 x arenosos do litoral. Encontrada com flores e/ou 0,l-0,2(-0,35) cm, lineares, planas, ápice frutos durante todo o ano. geralmente agudo, base reta, verdes nas duas faces, Andropogon leucostachyus caracteriza-se por escabérulas ou escabérulo-vilosas nas duas faces, apresentar inflorescéncias muito plumosas, com às vezes lanosas; lígula 0,5-2 mm compr., tricomas longos nos entrenós da ráquis e pedicelos, membranoso-ciliolada. Inflorescéncias laxas, alcançando 3-^1 vezes o comprimento da espigueta alongadas, compostas por unidades de inflorescência séssil. Assemelha-se a A. selloanus, da qual terminais e axi-lares de 2-5 cm compr., estas com 2- diferencia-se especialmente por apresentar lâminas 8 ramos floríferos simples. Pedicelos e entrenós foliares mais estreitas e de ápice agudo, sendo este da ráquis lineares, com tricomas 3-4 vezes o obtuso em A. selloanus. Além disso, A. leucostachyus comprimento da espigueta séssil. distribuídos em geralmente forma touceiras mais densas, com toda a superfície abaxial ou apenas nas margens. inflorescéncias mais delicadas, contendo espiguetas Espiguetas sésseis 2,5-3,2(-3,8) mm compr., sésseis de dimensões menores do que em A. selloanus. monóclinas, calo piloso, os tricomas mais longos Há também diferenças na superfície do fruto vistas atingindo 3,2-7 mm compr., geralmente alistadas, raro em microscopia eletrônica de varredura entre estas múticas, aristas 0,5-3,5(-6) mm compr.; gluma inferior duas espécies. Em A. leucostachyus, as paredes 2,5-3,2 x 0,5-0,9 mm, levemente côncava, lanceolada, anticlinais longitudinais são onduladas e delgadas, 2-nervada, sem nervuras e sem sulco entre as carenas; sem projeções, e as periclinais lisas, enquanto em gluma superior 2-3 x 0.5-0,8 mm, 3-nervada; lema A. selloanus as paredes anticlinais longitudinais inferior 2-2,2 x 0,2-0.6 mm, 2-nervado; pálea ausente; são sinuosas e angulosas, espessas, com ou sem lema superior 1,2-3 x 0,2-0,5 mm, 1 -nervado, aristado, projeções, e as periclinais rugosas (Zanin & Longhi- raro mútico; pálea 0,8-1 x 0,1-43,6 mm; estames 3, Wagner 2001). anteras 0,5-0,8 mm compr., amarelas. Cariopse 1,5-2 x 0,5 mm. Espiguetas pediceladas neutras ao longo 19. Andropogon lindmanii Hack. in Lindm. Kongl. e no ápice dos ramos floríferos das unidades de Svenska Vetenskapsakad. Handl. 346:6.1900. Tipo: "in inflorescência, de 0,4-2(-2,5) x 0,05-0,2 mm, mais Brasília australi, Rio Grande do Sul, Quinta prope curtas e estreitas que a espigueta séssil. Oppidium São Pedro do Rio Grande, locis arena Nomes vulgares: capim-membeca, capim- mobili obtectis, mens. dec. florens, C.A.M. colchão, capim-seda. Lindman, Exp. I. Regnellian. A. 855" (holótipo S!, Material selecionado: BRASIL. AMAZONAS: isótipos S, W!).Fig.2k Manaus, Reserva Ducke, 28.V. 1986, /. Ferraz 2 (INPA). Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas, 70- BAHIA: Ibicoara, A. Zanin et ai. 780 (FLOR. SPF). 105 cm. Bainhas foliares glabras; lâminas 7,5^45 x ESPIRITO SANTO: morro da estação Santa Tereza, 0,15-0,4 cm, lineares, ou conduplicadas, às repetidora de TV. s.d.. H.Q.B. Fernandes II36 (MBML). planas vezes convolutas, ápice agudo ou apiculado. MATO GROSSO: Alto Araguaia. BR 364, 20 km da apículo divisa Goiás/Mato Grosso cm direção a Cuiabá, 26.XI. 1997, quebrando facilmente, ficando o ápice subagudo A Zanin et ai. 655 (FLOR. SPF). PARANÁ: General ou obtuso, base reta, glaucas na face Carneiro, saída BR 153 cm direção a Bituruna. 24.1.1997, adaxial e verdes na abaxial, escabras ou vilosas na A. Zanin & H.M. Lmghi-Wagner447 (FLOR. SPF). face adaxial, glabras na face abaxial; lígula 1,2-2 Espécie presente nas Américas Central e do mm compr., membranoso-ciliolada. Inflorescéncias Sul, México, Antilhas e Argentina. No Brasil, laxas, alongadas, compostas por unidades de distribui-se em todas as Regiões, não apresentando inllorescência terminais e axilares de 4-6 cm compr., registro apenas para o estado do Acre, onde muito estas com 2-3(-4) ramos floríferos simples. provavelmente deve ocorrer. Ocorre como indivíduos Pedicelos e entrenós da ráquis lineares, com isolados ou formando densas e extensas populações tricomas 3-4 vezes o comprimento da espigueta localmente dominantes. É uma espécie bastante séssil, distribuídos em toda a superfície abaxial.

Rodriguesia 62( 1): 171 -202. 201 1 194 Zanin. A. & Longhi-Wagner H.M.

Espiguetas sésseis 3,1—4,5 mm compr., monóclinas, navicular ou subobtuso, às vezes apiculado. base calo piloso, os tricomas mais longos atingindo reta, verdes ou verde-vináceas nas duas laces. (2-)3—4(-6) mm compr., aristadas. arista 4—10,5 glabras ou vilosas nas duas laces: lígula 0,7-1.5 mm compr.; gluma inferior 3,1 -4,6 x 0,7-1,4 mm. mm compr.. membranoso-ciliolada. ou membrunosu levemente côncava, lanceolada, 2-nervada, sem de ápice eroso. Inflorescências laxas. alongadas, nervuras e sem sulco entre as carenas; gluma compostas por unidades de inflorescência terminais superior 3,1-4,1 x 0,8-1,5 mm, 3-nervada; lema ou terminais e axilares de 3,5-9 cm compr., estas inferior 2,3-3 x 0,4-0,7 mm, 2-nervado; pálea com (2-3-) 4-11 ramos floríferos simples. Pedicelos ausente; lema superior 1,5-2,7 x 0.2-0,5 mm, 1- e entrenós da ráquis lineares, ou especialmente os nervado, aristado; pálea 0,5-1.3 x 0,2-0,5 mm; entrenós tendendo a subeiavados. com tricomas estames 3. anteras 0,6-0.9 mm compr., amarelas. atingindo 1.5-2 vezes o comprimento da espigueta Cariopse 1,5-3 x 0,5 mm. Espiguetas pediceladas séssil, subdensos, distribuídos nus margens ou nas geralmente estaminadas ao longo e no ápice dos margens e na metade superior da face abaxial. ramos floríferos das unidades de inflorescência, Espiguetas sésseis 4-6 mm compr., monóclinas. calo raramente neutras na mesma planta, estas de 3—4 piloso, os tricomas mais longos atingindo 1.2-3,2 x 0,1 mm; espiguetas estaminadas 4.2-6,1 mm mm compr.. aristadas. arista 12-31 mm compr.; gluma compr., múticas; gluma inferior 4,2-6,1 x 1 mm. inferior 4-6 x 0,6-1,2 mm, levemente côncava, simétrica, 5-7-nervada; gluma superior 3,9-4,6 x lanceolada, 2-nervada, sem nervuras e sem sulco 1-1,5 mm; lema inferior 3,1-4,9 x 0,9-1,2 mm; entre as carenas; gluma superior 3,8-1,9 X 1,4-1,8 pálea ausente; lema superior 2,4-4 x 0,6-1,2 mm; mm, 3-nervada; lema inferior 3-4 x 0,9-1,2 mm, 2- nervado, pálea 0,4-1 x 0,2-0,3 mm; estames 3, anteras 1,5- sem nervura central entre as carenas; pálea 2,2 mm compr., amarelas. ausente; lema superior 2-4 x 0,9-1,3 mm, 1-3- Material selecionado: BRASIL. SANTA CATARINA: nervado, aristado; pálea 1-2 x 0,8-1 mm; estames Içara. Balneário Rincão, entre Lagoa dos Esteves e I .agoa 3, anteras 0,8-1,3 mm compr., amarelas. Cariopse 2 Faxinai. 22X11.1998, A. Zanin & A. C. Alves 761 (FLOR). 2,5 x 0,4-0,6 mm. Espiguetas pediceladas neutras Ocorre no Uruguai, onde é referida como ao longo e no ápice dos ramos floríferos das escassa Rosengurtt et al. (1970), e no litoral do por unidades de inflorescência, de 0,2-3 x 0,1-0,2 mm. ate sul do Brasil, distribuindo-se desde Caneloncs Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Correntina. Laguna (Santa Catarina). Vive em locais arenosos, vereda próximo ao Rio das Éguas, I3°30'S-45°35'W. próximo a A. arenarius, porém mais afastados do 17.X.1989. R.C. Mendonça et al. 1565 (IBGE)! mar. É pouco comum em seus locais de ocorrência, DISTRITO FEDERAL: Planaltina. Estação Ecológica de onde forma pequenas e às vezes densas populações. Águas Emendadas. 26.11.1997, A. Zanin & H. M. Longhi Coletada com flores e/ou frutos de dezembro a abril. Wagner 527 (FLOR). MINAS GERAIS: Santana do Andropogon lindinaiüi assemelha-se a Riacho, Alto Palácios. 1 km após a sede do IBAMA. 9X11.1997,/!. Zanin & H. M Longhi-Wagner 693 (FLOR). A. arenarius, porém as plantas desta espécie RIO GRANDE DO SUL: Santana do Livramento. são menores. Além disso, em A. arenarius Cerro geralmente Palomas. 12.1. 1997.A Zanin etal 402 (FLOR). ocorre comumente espiguetas pediceladas Nomes vulgares: capim-serrano. capim-membeca estaminadas e neutras na mesma planta, enquanto Esécie presente no nordeste da Argentina, em A. lindmanii estas geralmente são estaminadas. norte e leste do Uruguai e Paraguai, estendendo-se A. lindmanii também apresenta espiguetas sésseis até a Bolívia. No Brasil, é mais comum com aristas mais longas e robustas, com os tricomas na Região Paulo e Minas Gerais, do calo mais longos. Sul. São onde está geralmente associada a campos de altitude, com elevada solo 20. Andropogon macrothrix Trin., Mém. Acad. umidade do e/ou ar. Diminui em abundância Imp. Sei. Saint-Pétersbourg ser. 6 Sei. Math. Nat. 2: no sentido do Brasil Central, ocorrendo em beira dc 270. 1832. Andropogon ternatus subsp. macrolhri.x riachos e áreas encharcadas ou úmidas das (Trin.) Hack. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 2(3): 289. formações dc cerrado daquela região. Tem seu limite "Brasil, 1883. Tipo: in campis siccis arcnosis. Serra norte conhecido no nordeste do estado do Mato "banhado". da Lapa. Langsdoríf s.n." (LE! fragmento US!). (irosso, onde é indicada para A. Fig. 21-m macrothrix ocorre como indivíduos isolados ou e densas Plantas perenes. ceipitOtM, sem rizomas. 30 formando extensas populações em 100cm. Bainhas foliares glabras ou vilosas; lâminas ambicnles pouco alterados. Coletada com flores e/ 4-38 x 0,2-0,7 cm, lineares, planas, ápice obtuso- ou frutos durante todo o ano.

Rodriguésia 62(l>: 171-202.2011 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 195

Andropogon macrothrix está entre as no estado da Bahia, também indicada para brejo. espécies estudadas de pequeno porte, com Coletada com flores e/ou frutos em janeiro e de inflorescências delicadas com pilosidade branca. julho a setembro. Assemelha-se a A. brasiliensis e A. ternatus, sendo Andropogon monocladus apresenta plantas suas principais diferenças apresentadas nos de grande porte com 170-250 cm alt., bainhas e comentários destas duas últimas espécies. lâminas foliares glaucas e apenas um ramo florífero por unidade de inflorescência. Assemelha-se 21. Andropogon monocladus A. Zanin & Longhi- brevemente com A. lateralis. no entanto diferencia- Wagner, Novon 13:370-372.2003. Tipo: BRASIL. se pelo porte maior e presença constante de um BRASÍLIA, Reserva Ecológica do IBGE. 4. VIII. 1979. ramo florífero por unidade de inflorescência. Em E.P. Heringer etal. l716(holótipoIBGE!;isótipos A. lateralis as unidades de inflorescência US!).Fig. 3a-b apresentam sempre dois ou mais ramos floríferos sem rizomas, Plantas perenes, cespitosas, e as plantas possuem de 50-170 cm alt. 170-250 cm. Bainhas foliares vilosas ou hirsutas; lâminas (22-)50-70x 0,5-0,7 cm. lineares, planas, 22. Andropogon multiflorus Renvoize, Gram. ápice obtuso ou abruptamente agudo, base reta, Bolivia: 596. 1998. Tipo: BOLÍVIA, Haase 1 (LPB glaucas nas duas faces, vilosas ou hirsutas nas holótipo, isótipo K!). Andropogon bogotensis duas faces, menos freqüentemente glabras: lígula (Hack.) A. Zanin & Longhi-Wagner, Novon: 372. 1-1,2 mm compr., membranoso-ciliolada. 2003. Andropogon incanus Hack. var. bogotensis Inflorescências laxas, alongadas, compostas por Hack. in A. DC. & DC. Monogr. 6:433.1889. "Apiai, phan. unidades de inflorescência terminais e axilares de Tipo: Lhano de S. Martin, Karsten in h. 2,5-5 cm compr., estas com 1 ramo florífero simples. Vind." (holótipo W!).Fig. 3c Pedicelos e entrenós da ráquis lineares, com Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas, 70- tricomas mais curtos que a espigueta séssil, 130 cm. Bainhas foliares glabras; lâminas 9-45 x distribuídos nas margens e na face abaxial, 0,2-0,3 cm, lineares, planas ou conduplicadas, ápice especialmente na metade superior. Espiguetas subobtuso, base reta, glaucas na face adaxial e sesseis 4,5-5 mm compr., monoclinas, castanhas, verdes na abaxial, glabras ou escabras; lígula 1-1,5 calo piloso, os tricomas mais longos atingindo 1- mm compr., membranoso-ciliolada. Inflorescências 1.2 mm compr., aristadas, arista 8-9 mm compr.; laxas, alongadas, compostas por unidades de gluma inferior 4,5-5 x 1-1,1 mm compr., levemente inflorescência terminais e axilares de 3,5-6 cm côncava, lanceolada. 2-nervada. sem nervuras e sem compr., estas com 3-9 ramos floríferos simples. sulco entre as carenas; gluma superior 3,5—4 x 0,8- Pedicelos e entrenós da ráquis lineares, com I mm. 3-nervada: lema inferior 3-4x0,7-1 mm, 2-3- tricomas mais curtos que a espigueta séssil, nervado; pálea ausente: lema superior 3-3,5 x 0,3- distribuídos nas margens e no terço superior da 0.6 mm, 1 -3-nervado, aristado; pálea 0,8-1,2 x 0,6 face abaxial. Espiguetas sesseis 4-5 mm compr., mm; estames 3. anteras 0.6-1 mm compr., amarelas. monoclinas, calo piloso, os tricomas mais longos Cariopse 2-3 x 0,8 mm. Espiguetas pediceladas atingindo 1-3 mm compr., geralmente múticas, ou geralmente estaminadas ao longo e no ápice dos múticas e aristadas na mesma planta, arista 0,1 (-2- ramos floríferos das unidades de inflorescência, 10) mm compr.; gluma inferior 4-5 x 0.6-1,2 mm, levemente raramente neutras na mesma planta, estas de 3-3,5 côncava. lanceolada, 2-3-nervada, sem x 0,2 mm; espiguetas estaminadas 4,5-5,5 mm ou raramente com uma nervura entre as carenas, sem sulco; superior x compr., múticas; gluma inferior 4,5-5.5 x 1-1,2 mm. gluma 3,3^1 1-1,2 mm, 3- nervada; lema inferior 3-3,9 x 0,5-0,8 mm, simétrica, 5-nervada; gluma superior 4 x 1,5 mm; 2-3- nervado; ausente; lema superior lema inferior 3.5-4,2 x 1,2 mm; pálea ausente; lema pálea 2,5-3,1 X 0,5-1 mm, enérveo ou 1-nervado, mútico, superior 2.8-3,5 x 0.6-1 mm: pálea 0,6 x 0,5 mm; geralmente vezes estumes 3, anteras 2-2,5 mm compr., amarelas. às aristado; pálea 0,9-2,1 x 0,2-0,5 mm; Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Correntina, estames 3, anteras 0,5-0,8 mm compr., amarelas. Fazenda Jatobá. 8.VIII. 1992. M.A. Silva etal. /606(IBGE). Cariopse 2-2,5 x 0,5 mm. Espiguetas pediceladas DISTRITO FEDERAL: Brasília, Cristo Redentor, estaminadas e neutras misturadas ao longo e no 15.1.1991, PS. Câmara & T.S. FUgueirm 118 (IBGE). ápice dos ramos floríferos das unidades de Brasil, ocorrendo em ambientes brejosos do inflorescência; espiguetas neutras de 1-3x0,1 mm, cerrado do Distrito Federal. Goiás e com uma coleta espiguetas estaminadas 4-5,1 mm compr., múticas:

Rodriguésia 62( 1): 171-202.201 1 196 Zanin. A. & Longhi-Wagner H.M.

gluma inferior 4,3-5,1 x 1 mm, simétrica, 5-nervada; curtos que a espigueta séssil, distribuídos em toda gluma superior 3,5-4 x 0,9-1 mm: lema inferior 3,5- a superfície abaxial ou especialmente nas margens 4 x 0,8-1.2 mm; pálea ausente; lema superior 3,2—4 e ápice. Espiguetas sésseis 4,5-5 mm compr.. x 0,5-1 mm; pálea 0,9-1,2 x 0,243,5 mm; estames 3, monóclinas, calo piloso, os tricomas mais longos anteras 1,2-1,6 mm compr., amarelas. atingindo 2 mm de compr., aristadas, arista 10-12 Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: mm compr.; gluma inferior 4,5-5 x 1 mm. levemente estrada Datas-Diamantina. BR 259, km 590.10.XII.1997. cóncuva. lanceolada. 6-nervada. com duas nervuras A. Zanin & AC. Araújo 716 (FLOR. SPF). entre as carenas, sem sulco; gluma superior 4-4,2 enconcotrada no Brasil. Bolívia e Espécie x 1 mm, 3-nervada; lema inferior 3,4-4x0.6 mm, I- Colômbia. Na Bolívia, ocorre em savanas úmidas de nervado; pálea ausente: lema superior 3.2 x 0.5 mm, Beni e La Paz, ao norte do país (Renvoize 1998). Na -nervado. "llanos 1 aristado; pálea 0,8 x 0.7 mm; estames 3. Colômbia, em áreas úmidas dos de San anteras 1.5 mm compr., amarelas. Cariopse não \ lata Martin", a Bogotá. No Brasil, foi registrada próximo Espiguetas pediceladas neutras ao longo e no ápice em baixadas úmidas e apenas para Minas Gerais dos ramos floríferos das unidades de inflorescência. margens de riachos. Encontrada com flores e/ou de 1.5-2.2x0.1-0.2 mm. de setembro a outubro. frutos em abril, julho e Conhecida apenas do material-tipo, de solo Andropogon multiflorus assemelha-se a A. pantanoso, próximo de regato. Coletada com flores subsp. lateralis à altura da lateralis quanto planta, em julho. riqueza de inflorescências axilares nos colmos Andropogon palustris está entre as espécies floríferos, e número de ramos floríferos da pilosidade de Andropogon que, embora tendo apenas um ramo a face unidade de inflorescência, além de possuir florífero por unidade de inflorescência, são aceitas A. lateralis. No adaxial da lâmina foliar glauca, como neste trabalho no gênero Andropogon. devido às entanto, em A. multiflorus as espiguetas pediceladas características da gluma inferior da espigueta séssil. são, em sua maioria, reduzidas e neutras, com poucas A descrição apresentada acima foi complementada espiguetas pediceladas estaminadas misturadas ao com algumas informações da descrição original, ao contrário longo e no ápice dos ramos floríferos, uma vez que, especialmente as partes vegetativas onde as espiguetas de A. lateralis subsp. lateralis, do único material observado (material-tipo). é pobre. pediceladas são sempre desenvolvidas e estaminadas. Além disso, em A. multiflorus as 24. Andropogon pohlianus Hack. in Mart.

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 2011 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 197

A G',V.\ r

A*-Er

Figura 3 - a-b. Andropogon monocladus - a. porção superior do colmo florífero; b. diásporo mediano, c. A. multiflorus - diásporo terminal com uma espigueta pedicelada desenvolvida e outra reduzida, d. A. palustris - diásporo mediano. - - e. A. pohlianus - diásporo mediano, f. A. selloanus diásporo mediano, g. A. ternatus diásporo terminal do ramo florífero. h-i. A. virgatus - h. inflorescência; i. diásporo mediano, j. Andropogon sp. - diásporo terminal com as duas espiguetas pediceladas reduzidas (a-b Câmara & Filgueiras 118; c Zanin & Araújo 719; d Pilger 732; e Oliveira et ai. 246; iZaninet. ai. 407; g Zanin et ai. 387b;h-i Zanin et ai. 60;) Campbell 4705). Figure 3 - a-b. Andropogon monocladus - a. flowering culm, apical portion; b. dispersai unit ofthe mid portion ofthe flowering branches. c. A. multiflorus - terminal dispersai unil ofthe flowering branches showing one developed and one rudimentary pcdicellate - ofthe flowering branches. - spikelet. d. A. palustris dispersai unit ofthe mid portion e. A. pohlianus dispersai unit ofthe mid portion - of the flowering branches. f. A. selloanus dispersai unit of the mid portion of the flowering branches. g. A. ternatus - terminal - dispersai unil of the flowering branches. h-i. A. virgatus h. inflorescence; i. dispersai unit of the mid portion of the flowering branches. j. Andropogon sp. - terminal dispersai unit ofthe flowering branches showing two rudimentary pediccllate spikelet (a-b Câmara & Filgueiras 118; c Zanin & Araújo 719; d Pilger 732; e Oliveira et ai. 246; (Zanin ei. ai. 407; g Zanin ei ai. 387b; h-i Zanin et ai. 60; j Campbell 4705).

Rodriguésia 62( 1): 17J-202. 2011 198 Zanin, A. & Longhi-Wagner H.M.

4-7 x 1—1,5 mm, 2-3-nervado; pálea ausente; lema base reta, verdes nas duas faces, glabras, às vezes superior 2,5-5 x 0,5 mm, 1 -3-ncrvado, aristado; pálea levemente escabras, raro vilosas; lígula 0,3-0,7 mm 2,5^4 x 0,5-0,8 mm; estames 3, anteras 3 mm compr., compr., membranoso-ciliolada. Inflorescências amarelas, ou 3 estaminódios com anteras de 0,2- laxas, alongadas, compostas por unidades de 0,7 mm compr., brancas. Cariopse não vista. inflorescência terminais e axilares de 3-7 cm compr., Espiguetas pediceladas estaminadas ao longo e no estas com 2-9 ramos floríferos simples. Pedicelos e ápice dos ramos floríferos das unidades de entrenós da ráquis lineares, com tricomas 2-3 vezes inflorescência, de 7,1-10 mm compr., múticas; gluma comprimento da espigueta séssil, distribuídos em inferior 7,1-10x2 mm, simétrica, 14amaisnervada; toda a superfície abaxial ou apenas nas margens. gluma superior 7-9 x 1,5 mm; lema inferior 6,7- Espiguetas sésseis 3-5 mm compr., monoclinas, calo 7,5 x 1-1,5 mm; pálea ausente; lema superior 5,5- piloso, os tricomas mais longos atingindo 7-10 mm 7 x 1 mm; pálea ausente ou presente, quando compr., aristadas ou múticas, arista 0,5^,5 mm presente, 3-4 x 1 mm; estames 3, anteras 3,5-6 mm compr.; gluma inferior 3-5 x 0,7-0,9 mm, levemente compr., amarelas. côncava, lanceolada, 2-nervada, sem nervuras e sem Material selecionado: BRASIL. GOIÁS: Niquelândia, sulco entre as carenas; gluma superior 2,5-3 x 0,8- cerca 2 km da estrada Macedo Velho, 14°21'13"S para mm, 3-nervada; lema inferior 1,8-3 x 0,4-0,8 mm, 48°24'52"W, 24.111.1995, F.C A. Oliveira et al. 246(SP). 2-nervado; ausente; TOCANTINS: Natividade, Serra da Natividade, XII/ pálea lema superior 1,5-3 x 0,4-0,9 mm, 0-3-nervado, 1939, Gardner 3524 (K), RIO DE JANEIRO: Horto mútico ou aristado; pálea Florestal, 17.VIII.1929, J.G. Kuhlmann 1776 (RB) - 0,6-2 x 0,2-0,6 mm; estames 3, anteras 0,5-0,9 mm "planta cultivada, originária do Rio Branco Amazônico". compr., amarelas. Cariopse 1,6-2 x 0,6 mm. Brasil, 1839, Pohl s.n. (B, M); s. d., Pohl s.n. (M). Espiguetas pediceladas neutras ao longo e no ápice Descrita para a Serra Dourada (Goiás), de dos ramos floríferos das unidades de inflorescência, onde provavelmente devem ser também as outras de 0, l-2(-3) x 0,05-0,1 mm, mais curtas e estreitas coletas de Pohl, sem localidade especificada. O que a espigueta séssil. autor não forneceu indicação do ambiente de Nomes vulgares: capim-membeca, capim- ocorrência da espécie, porém, coletas mais recentes plumas-brancas, capim-de-São-José. indicam ambientes sombreados de margem de mata Material selecionado: BRASIL. AMAZONAS: de galeria.. O hábito sublenhoso lembra um bambu Humaitá, 24.XII. 1979, A. Jansen & I. Gemichujnicov 2 de pequeno tamanhho. Coletada com flores de (INPA). BAHIA: Belmonte, 7 km SE de Belmonte, 5.1. dezembro a março e em cultivo no Horto Florestal 1981, A.M. Carvalho & J. Gatti 418 (CEPEC). do Rio de Janeiro, em agosto. DISTRITO FEDERAL: Brasília, campo da Reserva Ecológica Andropogon caracteriza-se do IBGE, 22.11.1997, A Zanin & H.M. Longhi- pohlianus Wagner 489 SPF). MINAS especialmente apresentar de (FLOR, GERAIS: por plantas grande Jaboticatubas, acesso secundário à sede do IBAMA, 9. com lâminas foliares linear-lanccoladas, de porte XII. 1997, A Zanin & H. M. Longhi- Wagner 687 (FLOR, ápice acuminado. Os diásporos apresentam os SPF). PARANÁ: Ponta Grossa, margens do rio Tibagi, entrenós da ráquis e pedicelos clavados, com 11 km antes de Vila Velha, 25.1.1997, A. Zanin & H.M. tricomas mais curtos que as espiguetas sésseis. Longhi-Wagner 454 (FLOR). Estas possuem aristas longas, de 18-22 mm compr. Espécie presente nas Américas Central e do Sul, México e Argentina. No Brasil, ocorre em todas 25. Andropogon selloanus (Hack.) Hack., Buli. as regiões, não apresentando registro apenas para Herb. Boissier. 2(4): 266. 1904. Andropogon o Acre, Amapá e Rondônia. Andropogon selloanus leucostachyus Kunth subsp. selloanus Hack. in A. forma touceiras delicadas e pode ocorrer como DC. & DC. Monogr. phan. 6:420.1889. Andropogon indivíduos isolados ou formando populações virginicus sensu Hack. subsp. leucostachyus Hack. esparsas e pouco expressivas em campos naturais in Mart. & Eichler, Fl. bras. 2(3): 286. 1883, non ou em locais alterados, de ambientes variados. "Brasília, Andropogon virginicus L.Tipo: Sello" Estes locais geralmente também são ocupados por (lectotipo W! designado por A. Zanin & Longhi- A. leucostachyus. Porém, ao contrário desta Wagner 2005; isolectótipos K, W!).Fig. 3f espécie, que geralmente ocupa solos secos, parece Plantas perenes, cespitosas, sem rizoma, 25- ocorrer igualmente em locais secos e úmidos, 120 cm. Bainhas foliares glabras; lâminas 3-34 x especialmente no Sudeste e Brasil Central. As (0,25-)0,3-0,6(-0,10) cm, lineares, planas ou plantas de locais úmidos são geralmente de maior conduplicadas, ápice geralmente obtuso navicular, porte. Andropogon selloanus é comum também nos

Rodriguésia 62( 1): 171 -202. 201 1 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 199

solos arenosos da restinga do litoral brasileiro, onde ausente; lema superior 3-5 x 0,5-2 mm, 1-3- A. leucostachyus é menos freqüente. Coletada com nervado, aristado; pálea 2,5-4 x 0,6-1,1 mm; estames flores e/ou frutos durante todo o ano. 3, anteras 1-2 mm compr., amarelas. Cariopse 2-3 x Andropogon selloanus caracteriza-se por ser de 0,6-1 mm. Espiguetas pediceladas neutras ao longo pequeno porte e apresentar inflorescências densamentes e no ápice dos ramos floríferos das unidades de pilosas e alvas, como em A. leucostachyus. inflorescência, de 3-5 mm x 0,1—0,4(—1) mm. Diferencia-se desta especialmente pelas lâminas Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO foliares mais largas, de ápice obtuso. Os indivíduos SUL: Bagé, 5 km do trevo em direção a Aceguá, 30.XI.1996, A. Zanin 344 de A. selloanus que ocorrem em lugares secos (ICN). Espécie no Uruguai, nordeste apresentam um porte menor, geralmente não presente da Argentina e sul do Brasil. ultrapassando 50 cm de altura. Geralmente, possuem No Brasil ocorre um menor número de inflorescências axilares e principalmente nos campos limpos e secos da região colmos de coloração verde-amarelada, com bainhas sudeste do Rio Grande do Sul, formando densas em beira e lâminas foliares verdes. Estas geralmente são mais populações de estrada e em campos naturais, especialmente na região de Bagé. Diminui curtas do que as lâminas foliares dos indivíduos de em abundância ambientes úmidos. Por outro lado, plantas de solos no sentido norte, alcançando os Campos do nordeste do estado, úmidos geralmente são maiores, apresentando cerca e atingindo o seu de 80-120 cm altura, com mais inflorescências limite setentrional nos campos planai ticos de Santa axilares, e com os colmos, bainhas e lâminas foliares Catarina. A. ternatus ocorre em campos com solos freqüentemente de coloração vinácea. Indivíduos secos, diferente de A. macrothrix, espécie com estas características foram observados mais morfologicamente semelhante, que está associada comumente na Região Centro Oeste do país. a solos úmidos ou a ambientes de campo de altitude com alta umidade relativa do ar. Este 26. Andropogon ternatus (Spreng.) Nees, comportamento provavelmente é o responsável Agrostologia brasiliensis, in Mart., Fl. bras. enum. pela distribuição mais ampla de A. macrothrix, 2(1): 326. 1829. Saccharum tematum Spreng., especialmente nos campos de altitude das Regiões pl. "Monte Syst. veg. 1:283.1825. Tipo: Video, Capit. Sul e Sudeste. Encontrada com flores e/ou frutos King. s.n.". Andropogon ternatus (Spreng.) Nees de setembro a março. subsp. genuinus Hack. in Mart. & Eichler, Fl. bras. Andropogon ternatus assemelha-se a 2(3): 287.1883, nom. inval.Fig. 3g A. macrothrix, distinguindo-se por apresentar Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas, 20- geramente um número menor de ramos floríferos na 75(-100) cm. Bainhas foliares glabras ou hirsutas; unidade de inflorescência, 2-3, raramente quatro lâminas 4-30 x 0,2-0,35 cm, lineares, planas, ápice na mesma planta, enquanto em A. macrothrix, agudo ou subobtuso, base reta, verdes nas duas embora possa ocorrer também 2-3 ramos, o número faces, vilosas ou hirsutas na porção proximal das é geralmente maior, chegando all. Além disso, em duas faces; lígula 0,2-0,6 mm compr., membranoso- A. ternatus, as espiguetas sésseis e também as ciliolada. Inflorescências laxas, alongadas, pediceladas geralmente são maiores, os tricomas compostas por unidades de inflorescência terminais dos entrenós da raquis e pedicelos são mais densos ou terminais e axilares de 4-7(-9) cm compr., estas e geralmente mais longos, isto confere um aspecto com 2-3(4) ramos floríferos simples. Pedicelos e muito mais vistoso para a inflorescência de A. ternatus entrenós da raquis tendendo a subclavados, com no campo, o comprimento dos tricomas do calo da tricomas atingindo 1,5-2 vezes o comprimento da espigueta séssil atingem até 5-mm em A. ternatus e espigueta séssil, densamente distribuídos nas até 3,2 mm, em A. macrothrix. Em A. ternatus, margens e no terço superior da face abaxial. também observa-se a ocorrência de uma nervura Espiguetas sésseis 5-6,5 mm compr., monoclinas, central no lema inferior da espigueta séssil, calo piloso, os tricomas mais longos atingindo 2- geralmente mais visível na face interna, não vista 5mm compr., aristadas, arista 8,5-21 mm compr.; em A. macrothrix. De acordo com Norrmann & gluma inferior 5-6,5 x 1,2-2 mm, levemente côncava, Quarín (1987), A. ternatus é uma espécie triplóide lanceolada, 2-nervada, sem nervuras e sem sulco (2n=3x=30), com um processo de microsporogênese entre as carenas; gluma superior 4,2-6 x 1,6-2,2 que leva à formação de dois tipos de grãos de pólen, mm, 3-nervada; lema inferior 3-5 x 1-1,2 mm, 3- uma metade contendo um genoma com 10 nervado, com uma nervura entre as carenas; pálea cromossomos e a outra apresentando dois genomas.

Rodriguésia 62(1): 171 -202. 2011 200 Zanin, A. & Longhi-Wagner H.M.

O mecanismo especial de reprodução presente longo e no ápice dos ramos floríferos das unidades nesta espécie permite a manutenção do nível de de inflorescência, de 2,5^4- mm compr., múticas; triploidia para a mesma. Por outro lado, segundo os gluma inferior 2,5-4 x 0,6 mm, simétrica, 5-nervada; mesmos autores, A. macrothrix é uma espécie diplóide gluma superior 2,2-3,1 x 0,4-0,7 mm; lema inferior (2n=2x=20). Renvoize (1988) incluiu A. macrothrix 2-2,5 x 0,6-0,7 mm; pálea ausente; lema superior em sua sinonímea e citou A. ternatus para o PR e, 2-2,2 x 0,4-0,5 mm; pálea ausente; estames 3, Pereira (1986), com base em identificação errônea, anteras 0,8-1,5 mm compr., amarelas. referiu a espécie para Minas Gerais e Rio de Janeiro. Material selecionado: BRASIL. AMAPÁ: Macapá, Campo Experimental do Cerrado, 5.V. 1988, J.F.M. Valls 21. Andropogon virgatus Desv. in W. Ham., Prodr. etal. 11659 (CEN). BAHIA: Ibicoara, Lagoa Encantada, Ind. occid.: 9. 1825. Hypogynium virgatum 41°13'W 13°20'S, 1.II.1974, /?. M. Harley et al. 15769 pi. MBM, SPF). MATO GROSSO: Chapada dos Dandy, J. Bot. 69(2): 54. 1931. Tipo: (CEPEC, (Desv.) Guimarães, Parque Nacinal da Chapada dos Guimarães, "Antilhas, Baudin P!). Hypogynium s.n." (holótipo 27.XI.1997, A. Zanin et al. 667 (FLOR. SPF). MINAS spathiflorum Nees, Agrostologia brasiliensis, in GERAIS: Santana do Riacho, 7/XII/ 1997, A. Zanin & Mart., Fl. bras. enum. pi. 2 (1): 336.1829. Andropogon H.M. Longhi-Wagner686 (FLOR, SPF). RIO GRANDE spathiflorus (Nees) Kunth, Enum. pi. 1:496.1833. DO SUL: Dom Pedrito, estrada para Santana do "Habitat Tipo: in campis agrestibus generalibus Livramento, 11.1.1996, A. Zanin et al. 398 (ICN, FLOR). provinciae S. Pauli, pone Ypanema lecta, et álibi" Espécie presente nas Américas Central e do (holótipo M!). Andropogon spathiflorus (Nees) Sul, México, Cuba, Argentina e Uruguai. No Brasil, Kunth var. genuinus Hack. in Mart. & Eichler, Fl. está presente em todas as Regiões. É uma espécie bras. 2(3): 295. 1883, nom. inval. Andropogon característica de ambientes brejosos, geralmente de inermis Steud., Syn. pi. glumac. 1: 390. 1854. águas limpas. Foi observada formando densas e Andropogon spathiflorus (Nees) Kunth var. extensas populações, especialmente nos campos inermis (Steud.) Hack. in Mart. & Eichler, Fl. bras. do Paraná e Mato Grosso, sendo fisionomicamente 2(3): 296.1883. Tipo: VENEZUELA. Funcke 235 dominante nos locais onde ocorre. Apresenta-se (isotipos K,W!).Fig. 3h-i também de forma isolada ou em pequenas Plantas perenes, cespitosas, sem rizomas, 42- populações, em margens de cursos d'água e em 150 cm. Bainhas foliares glabras, raramente vilosas; áreas úmidas degradadas. Encontrada com flores lâminas 11 -50 x 0,1 -0,3(-0,6) cm, lineares, planas e/ou frutos durante todo o ano. ou convolutas, ápice apiculado, apículo quebrando Andropogon virgatus é uma espécie de fácil facilmente, ficando o ápice subagudo ou obtuso, reconhecimento. Caracteriza-se por apresentar as base reta, glaucas na face abaxial e verdes na adaxial, inflorescências estreitas e congestas, devido à geralmente glabras ou vilosas na porção proximal presença de ramos floríferos curtos e geralmente da face adaxial; lígula 0,2-0,9 mm compr., aproximados, nos nós superiores dos colmos membranoso-ciliolada. Inflorescências congestas, floríferos. Além disso, apresenta apenas um ramo geralmente alongadas, estreitas, compostas por florífero por unidade de inflorescência, com unidades de inflorescência terminais e axilares de entrenós da ráquis e pedicelos glabros e espiguetas 0,9—1,7 cm compr., estas com 1 ramo florífero simples. sésseis múticas, caracteristicamente pistiladas. Pedicelos e entrenós da ráquis lineares, escabros. Espiguetas sésseis ou subsésseis 2,5-3,5(-3,9) mm 28. Andropogon sp.Fig. 3j compr., pistiladas, contendo 3 estaminódios, calo Plantas perenes, sem rizomas, 120-220 cm. geralmente glabro, às vezes escabro, raro com tricomas Bainhas foliares vilosas; lâminas 35-70 x (0,25-) de 0,2-0,5mm compr., múticas; gluma inferior 2,5- 0,4-0,6 cm, lineares, planas, ápice subobtuso- 3,5(-3,9) x 0,6-0,8 mm, levemente côncava, navicular, base reta, verdes nas duas faces, vilosas lanceolada, 2-3-nervada, sem ou raramente com uma nas duas faces, menos freqüentemente glabras; nervura central entre as carenas, sem sulco; gluma lígula 1,2-2 mm compr., membranoso-ciliolada. superior 2,5-3 x 0,50,6 mm, 3-nervada; lema inferior Inflorescência, subcongestas, subcorimbiformes, 2-2,1 x 0,2-0,5 mm, enérveo ou 1 -3-nervado; pálea compostas por unidades de inflorescência terminais ausente; lema superior 1,8-2,1 x 0,2-1 mm, enérveo e axilares de 2,5cm compr., estas com 2-3 ramos ou 1-3-nervado, mútico; pálea ausente; estaminódios floríferos simples. Pedicelos e entrenós da ráquis 3, anteras 0,1-0,2 mm compr., brancas. Cariopse 2,5 lineares, com tricomas de 1,5-2 vezes o comprimento x 0,5 mm. Espiguetas pediceladas estaminadas ao da espigueta séssil, distribuídos em toda a superfície

Rodriguésia 62(1): 171-202. 201 1 Revisão taxonômica de Andropogon do Brasil 201

abaxial, mais concentrados na metade superior ou Clayton, W.D. & Renvoize, S.A. 1986. Genera graminum: só nas margens. Espiguetas sésseis 1-\ mm compr., grasses of the world. Her Majesty's Stationery Office, London. 389p. Bulletin Additional monoclinas, calo piloso, os tricomas mais longos (Kew Series, 13) atingindo 0,5-1,2 mm compr., aristadas, arista 7- Coradin, L. 1978. The grasses ofthe natural savannas of 8,5 mm compr.; gluma inferior 3^4- x 0,6-0,8 mm, the Federal Territory of Roraima, Brazil. Dissertação levemente côncava, lanceolada, 2-nervada, sem de Mestrado. Lehman College, NewYork. 333p. nervuras e sem sulco entre as carenas; gluma Filgueiras, T.S. 1990. Africanas no Brasil: superior 3 x 0,5-0,8 mm, 3-nervada; lema inferior gramíneas introduzidas da África. Cadernos de Geociências 5: 2,1-2,5 x 0,4-0,6 mm, 2-nervado; pálea ausente; 57-63. -nervado; lema superior 1,5-2,2 x 0,2-0,6 mm, 1 pálea Guala, F.G. & Filgueiras, T.S. 1995. Andropogon 0,8-1 x 0,5-0,6 mm; estames 3, anteras 0,5-0,8 mm crispifolius (Poaceae: Andropogoneae): a new compr., amarelas. Cariopse 2 x 0,5 mm. Espiguetas species from the cerrado of central Brazil. Nordic pediceladas neutras de 1,5-2,5 x 0,1-0,2 mm ao Journal of Botany 15: 59-62. longo e no ápice dos ramos floríferos das unidades Hackel, E. 1883. Gramineae - Andropogoneae. In: de inflorescência, as vezes uma estaminada de 3,1 mm Martius, C.F.P. von; Eichler, A.W. & Urban, I. Flora brasiliensis. Munchen, Wicn, compr. no ápice dos ramos, múticas; gluma inferior Leipzig, 2: 245-326. Hervé, A.M.B. 8c Valls, J.F.M. 3,1 x 0,7 mm, simétrica, 5-nervada; gluma superior 1980. O gênero Andropogon L. (Gramineae) no Rio Grande do Sul. 2,1 x 0,7 mm; lema inferior 2,5 x 0,6 mm; pálea Anuario Técnico do IPZFO 7: 317-410. ausente; lema superior 2 x 0,6 mm; pálea 0,6-0,8 x Judziewicz, E. J. 1990. Poaceae In: Gôrts- 0,1-0,2 mm compr.; estames 3, anteras 1,1-1,5 mm (Gramineae). Van Rijin (ed.). Flora of Guianas. Koeltz Scientific compr., amarelas. Books, Koenigstein. Pp. 47-58. Material selecionado: BRASIL, SÃO PAULO: Killeen, T.J. 1990. The of Chiquitania. Annals of Auriflama, SP 310, km 570,27.XII. 1984, CS. Campbell grasses the Missouri Botanical Garden 77: 125-201. 4704 (SP). Nees, CG. 1829. Agrostologia brasiliensis. In: Coletada em ambientes brejosos, especialmente Martius, C.F.P. von. Flora brasiliensis seu enumerado na margem da rodovia SP-310, no nordeste de São plantarum!: 320-31. Paulo. Durante a realização deste trabalho, a espécie Norrmann, G. 1999. Biosistemática relaciones não foi encontrada nesta ou em outras regiões, y filogenéticas de espécies hexaploides sudamericanas apesar de intensivas buscas realizadas. Coletada de Andropogon (Gramineae). Tese de Doutorado. flores e/ou frutos de a dezembro. com junho Faculdad de Ciências Exactas, Físicas y Naturales. Andropogon sp. assemelha-se ligeiramente a Universidad Nacional de Córdoba, Córdoba. 98p. A. bicornis por apresentar inflorescencias muito Norrmann, G. & Quarín, C. 1987. Permanent odd ramificadas, com dois ou três ramos floríferos por polyploidy in a grass (Andropogon ternatus). unidade de inflorescência e espiguetas pediceladas, Genome 29: 340-344. em sua maioria, neutras. As inflorescencias são Pereira, S.C. 1986. Contribuição ao conhecimento das menos congestas e mais alongadas, e diferem de A. gramíneas de Poços de Caldas, MG. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de bicornis especialmente por apresentarem as Campinas. Campinas. 516p. espiguetas sésseis aristadas. Devido à escassez e Pohl, R.W. & Davidse, G. 1994. Andropogon L. //;: à qualidade do material disponível, optou-se por Davidse, G; Sousa, M. & Chater, A.O. Flora não formalizar a espécie. (eds.). mesoamericana. Vol. 6. Universidad Nacional Autônoma de México, México. Pp. 387-390. Referências Radford, A.E.; Dickison, W.C; Massey, J.R. & Bell, C Aliem, CA. & Valls, J.F.M. 1987. Recursos forrageiros R. 1974. Vascular plant systematcs. Harper&Row, nativos do Pantanal Mato-Grossense. EMBRAPA, New York. 891 p. CEN, Brasília. 339p. Renvoize, S. 1984. The grasses of Bahia. Royal Botanic Burkart, A. 1969. Flora ilustrada de Entre Rios. Gardens, Kew. 30lp. Gramíneas. V. 2. INTA. Buenos Aires. 55lp. Renvoize, S. 1988. Hatchbach's Paraná grasses. Royal Cabrera, A.L. 1970. Andropogon. In: Cabrera, A.L. Flora Botanic Gardens, Kew. 76p. de Ia Província de Buenos Aires. Gramineae. Buenos Renvoize, S. 1998. Gramíneas de Bolívia. Royal Botanic Aires, INTA. V. 2. Pp. 592-594. Gardens, Kew. 644p. Clayton, W.D. 1987. Andropogoneae. In: Soderstrom, Rosengurtt, B.; Arrillaga, B. & Izaguirre, P. 1970. T.R. et al. (eds.). Grass systematics and evolution. Gramíneas Uruguayas. Universidad de Ia Republica, Smithsonian Institution Press, Washington. Pp. 307-309. Montevideo. 489p.

Rodriguésia 62(1): 171-202. 201 1 202 Zanin, A. & Longhi-Wagner H.M. ê Smith, L.; Wasshausen, D. & Klein, R. 1982. Gramíneas. Zanin, A. 2001. Revisão de Andropogon L. (Poaceae- Flora Ilustrada Catarinense, Itajaí (Gram.): Panicoideae - Andropogoneae) no Brasil. Tese 1282-1309. de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Sohns, E.R. 1957. Andropogon. In: Bassett, M. & Paulo. 404p. Wurdack, J.J. The botany ofthe Guayana highland. Zanin, A. 2006. Uma nova combinação cm Andropogon Part II. Memories ofthe New York Botanical Garden L. (Poaceae - Andropogoneae). Insula 35: 51 -67. 9: 269-278. Zanin, A. & Longhi-Wagner, H.M. 2001. Micromorfologia Stapf, O. 1917-19. Gramineae. In: Prain, D. Flora of da superfície do fruto em espécies de tropical África. V. 9. Reeve, London. Pp. 1-265. Andropogon L. (Poaceae) ocorrentes no Brasil. Thiers, B. 2010. [continuously updated]. Index Insula 30: 35-46. Herhariorum: A global dircctory of public herbaria Zanin, A. & Longhi-Wagner, H.M. 2005. Lectotypifications and associated staff. New York Botanical Garden's in the genus Andropogon (Poaceae). Novon 15: Virtual Herbarium. Disponível em . Acesso em Setembro 2010. Zanin, A. & Longhi-Wagner, H.M. 2006. Sinopse Trinius, CB. 1832. Andropogineorum genera. Mém. do gênero Andropogon L. (Poaceae-Andropogoneae) Académie Impériale des Sciences de Saint- no Brasil. Revista Brasileira de Botânica 29: Petersbourg ser. 6, Sei. Math. Nat. 2: 239-290. 289-299.

Artigo recebido em 24/02/2010. Aceito para publicação em 27/09/2010.

Rodriguésia 62(1): 171-202. 201 1 Rodriguésia 62(1): 203-212. 2011 httpV/rodriguesia.jbrj.gov.br mm

SEM studies on the leaf indumentum of six Melastomataceae species from Brazilian Cerrado1 Wêw Microscopia eletrônica de varredura do indumento foliar de seis espécies de Melastomataceae do cerrado

Camilla Rozindo Dias Milanez2 & Silvia Rodrigues Machado

Abstract The wide diversity of their trichomes, which vary from simple unicellular to very complex structures, is a remarkable characteristic in Melastomataceae. This papcr characterizes the leaf indumentum of Miconia albicans (Sw.) Triana, M. chamissois Naudin, M. fallax DC, M. ligustroides (DC.) Naudin, Microlepis oleaefolia (DC.) Triana and Rhynchanthera dichotoma DC, typical species from Brazilian cerrado. Samples collected from the median third of young and mature leaf blades were processed following the usual scanning electron microscopy techniques (SEM). We observed ten morphological types of trichomes and four of emergences. With five different types, four of which are reported for the first time, Rhynchanthera dichotoma is the species that presents the most diverse indumenta. A mixed type of trichome formed by a glandular and "lateral-gland" a branched non-glandular portion called was observed in M. ligustroides. Such non-glandular portion presents different degrees of development. A correlation is suggestcd between the stage of development "lateral ofthe non-glandular portion and the exposition to light of these gland" on young leaves. Key words: emergence, leaf, trichome, morphology. Resumo A grande diversidade de tricomas, variando desde estruturas unicelulares a tricomas muito complexos é uma característica marcante em Melastomataceae. Este trabalho caracteriza o indumento foliar de Miconia albicans (Sw.) Triana, M. chamissois Naudin, M. fallax DC, M. ligustroides (DC.) Naudin, Microlepis oleaefolia (DC.) Triana e Rhynchanthera dichotoma DC, espécies típicas do cerrado brasileiro. Amostras retiradas do terço mediano do limbo de folhas jovens e adultas foram processadas segundo técnicas usuais para microscopia eletrônica de varredura (MEV). Verificaram-se dez tipos morfológicos de tricomas e quatro de emergências. Rhynchanthera dichotoma foi a espécie que apresentou maior diversidade de indumento, cinco, sendo que destes, quatro foram registrados pela primeira vez. Um tipo misto de tricoma constituído por uma porção "lateral-gland", glandular e outra não-glandular ramificada, denominado de foi observado em M. ligustroides. A porção não-glandular apresentou diferentes graus de desenvolvimento. Sugere-se uma correlação entre o grau de desenvolvimento da porção não-glandular e a exposição à luz destes tricomas em folhas jovens. Palavras-chave: emergência, folha, tricoma, morfología.

Introduction According to Wurdack (1986), Melastomataceae Melastomataceae is the largest family of present the most diverse indumentum types , with 166 genera and approximately 4,570 among the angiosperms, even though only about species, predominantly distributed in tropical and 11% ofthe neotropical species have been studied. subtropical regions (Clausing & Renner 2001). In The type of indumentum and the morphology Brazil, it is one of the most representative families of trichomes are important to classify of the Cerrado flora, with about 237 species, Melastomataceae and circumscribe their genera predominantly shrubs (Mendonça et ai. 1998). and species (Wurdack 1986; Guimarães & Martins

Part ofthe first author's doctoral dissertation. Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista. ^Universidade Federal do Espírito Santo, Depto. Ciências Biológicas, Setor de Botânica, Av. Fernando Ferrari 514,29075-910, Vitória, ES, Brasil. Corresponding author: [email protected] 'Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Depto. Botânica, CP. 510,18618-000, Botiicatu, SP, Brasil. 204 Milanez, C.R.D. & Machado, S.R. 1997; Guimarães et al. 1999), and often allow to Material and Methods recognize species even in a vegetative state Plant material & Martins 1997). (Guimarães Studied species are: Miconia albicans (Sw.) Studies on leaf indumentum usually analyze Triana, Miconia chamissois Naudin, Miconia fallax dried mature leaves of herbarium specimens, DC, Miconia ligustroides (DC.) Naudin, Microlepis which may lead to erroneous interpretations oleaefolia (DC.) Triana and Rhynchanthera since some trichomes are while others persistent dichotoma DC. They were selected because of their fali during leaf development 1962). In (Uphof importance index at a well-preserved fragment of addition, the distinction between the types of cerrado located at the "Palmeira da Serra Reserve" trichomes and the strueture of the indumentum in the township of Pratânia, state of São Paulo is not often clearly drawn in the literature. Such and48°44'35.8"W), Brazil. Voucher distinction is important in an ecological context (22°48'50.2"S specimens were deposited at the Herbarium of the because it is likely that environment has a greater Department of Botany Botucatu Campus, influence on indumentum modifications than on (BOTU), Universidade Estadual Paulista, Brazil. Each species changes in the type of trichome (Johnson 1975). data are listed in Table 1. Developmental patterns are not easily categorized since trichomes are produced on almost ali plant organs at various stages of their development. Study site The study site is a seasonal savanna referred Trichome production may continue through Marquis 2002). ontogeny, and as a consequence, different as Cerrado (Oliveira & This biome is extremely variable in and ranges kinds of trichomes may be produced at different physiognomy from open to forests with a degrees of development (Hammond & Mahlberg grasslands 1973; Johnson 1975). Evidence from the discontinuous layer of deciduous and ever-green ontogenetic and developmental studies indicate trees with a low and shrubby growth form. Most trees and shrubs have thick bark, twisted trunks that pubescence is related to genetic control and environmental factors, especially to and scleromorphic leaves (Franco 2002). Soils are availability of water regimes and radiation, since deep, strongly acid dystrophic latosols, with high it is stimulated by red and inhibited by far-red aluminum contents. Climate is Cwb (mesothermal radiation, as a typical example of the with dry winters) according to Kõppen's (1931) classification. The warmest month an phytochrome reaction (Johnson 1975; Gitz & presents Liu-Gitz 2003). Usually, leaves developing in average temperature inferior to 22"C, and July is environments with high radiation tend to show the coldest and driest month of the year. Annual high trichome density (Crawley 1997; Sandquist rainfall is 1,534 mm, with a distinet dry season from &Ehleringerl997). May to September (81-89 mm, respectively). relative humidity is around 80% In this paper, we characterized the leaf Average (diurnal) rainy season, but it drops to 55% indumentum of young and mature leaves of during the during Melastomataceae species oceurring in the Brazilian the dry season when daily minimum relative Cerrado as a framework for taxonomic and humidity reaches values around 15%. Mean annual ecophysiological studies. temperature is about 20,3°C.

Table 1 - Melastomataceae species studied and their respective environment at cerrado vegetation, habit and herbarium record. Species Environment Habit BOTU Herbarium Miconia albicans (Sw.) Triana Cerrado stricto sensu Shrub 24^83 Miconia chamissois Naudin Border of gallery forest Shrub 24,284 Miconia fallax DC. Cerrado stricto sensu Shrub24,285 Miconia ligustroides (DC.) Naudin Border of gallery forest Shrub24,286 Microlepis oleaefolia (DC.) Triana Border of gallery forest Shrub24,287 Rhynchanthera dichotoma DC. Wet open site Sub-shrub24,288

Rodriguésia 62(1): 203-212. 201 1 Leaf indumentum of Melastomataceae species from Brazilian Cerrado 205

Scanning electron microscopy study intercostal région of the abaxial surface (Fig. 2a). (SEM) On mature leaves (Fig. 2b), they occur on both Leaf blade samples were taken from the surfaces and are distributed along the veins and in median third of young and mature functional leaves, the intercostal regions. situated between the 2nd and 6lh nodes from the Type V: Lateral glands (Fig. 2a-e). A mixed apical bud downwards. Materials were collected type of hair formed by glandular and non-glandular from three specimens of each species and processed portions; the non-glandular portion is usually for analysis by scanning electron microscopy branched and may present different degrees of (SEM). Samples were fixed in glutaraldehyde (2.5% development (Fig. 2c-e). Always prostrate, the with 0.1 M phosphate buffer, at pH 7.3; overnight glandular portion consists of a short or long stalk at 4°C), dehydrated in a graded alcohol series, and an elongated, biseriate glandular head (Fig. 2c- critical-point dried (Robards 1978), mounted on e). In the intercostal regions of the abaxial surface aluminum stubs, gold-coated and examined with a of young leaves, hairs present a poorly developed, Phillips 515 scanning electron microscope. often bifurcated non-glandular portion (Fig. 2c-d). The terminology employed to describe Trichomes whose non-glandular portion is highly indumenta follows Payne (1978), Theobald et al. developed and branched occur predominantly on (1979), Wurdack (1986) and Mentink & Baas (1992). the veins of the abaxial surface of young leaves (Fig. 2a, e) and on the adaxial surface of mature Results leaves (Fig. 2b). The analysis of the leaf surfaces of the Type VI: Non-glandular emergences with a species under study revealed the occurrence of 14 multiseriate wide base and piercing ápices (Fig. different morphological types of indumenta: 2b, f). They occur along the margins of young and mature leaves. Miconia albicans (Sw.) TrianaFig. 1 a-b Type I: Non-glandular, vermiform, ferruginous Microlepis oleaefolia (DC.) TrianaFig. 3a-c trichomes (Fig. 1 a-b). They occur on the surface of Type VII: Dendritic, long-stalked, multiseriate non-glandular young and mature leaves. On young leaves, they form hairs, uniformly branched (Fig. 3a). They a dense indumentum on both surfaces. On mature occur on the abaxial surface of young and mature leaves, they form a dense cover on the abaxial leaves and are distributed over the whole surface. surface (Fig. la) but are restricted to the midrib Type VIII: Dendritic, predominantly short- région on the adaxial surface (Fig. lb). stalked, non-glandular emergences, uniformly branched (Fig. 3b). They occur on the adaxial surface Miconia chamissois NaudinFig. 1 c-d of young and mature leaves, where they form a Type II: Sessile to short-stalked non- dense cover. glandular stellate trichomes, covered with al veolar Type IX: Glandular, short-stalked hairs with cuticle (Fig. 1 c-d); they are present on both surfaces a multicellular glandular head (Fig. 3c). They occur of young leaves, and distributed along the veins on the abaxial and adaxial surface of both young and the intercostal regions. Mature leaves are and mature leaves. glabrous. Rhynchanthera dichotoma (Desr.) DC. Miconia fallax DC.Fig. 1 e-f Fig. 3d-h;4a-g Type III: Sessile to short-stalked non-glandular Type X: Glandular, long-stalked emergences stellate trichomes (Fig. le-f); occurring on both with a pedestal base and a multiseriate, ovate surfaces of young leaves and on the abaxial surface multicellular glandular head (Figs. 3d-g; 4a, 0- They of mature leaves, forming a dense cover. They are are present on both surfaces of young and mature predominantly distributed in the intercostal regions. leaves, distributed along the veins and in the intercostal regions. Visible to the naked eye, they Miconia ligustroides (DC.) NaudinFig. 2 a-f stand out by their reddish color due to abundant Type IV: Glandular trichomes, predominantly anthocyanins. short-stalked, prostrate, with an elongated, slightly Type XI: Glandular, long-stalked emergences roughened, multicellular glandular head (Fig. 2a-c). with a pedestal base and a multiseriate, branched On young leaves, they are abundant in the multicellular glandular head (Fig. 4a-d). The

Rodriguésia 62( 1): 203-212. 201 1 206 Milanez, C.R.D. & Machado, S.R. '^HVBH^|9H^EB^BHE9B|IH^| '^ttmwiL, S aiP8>

KaWa^aVáTT^aM KHBISihSJB^B^BJ

Br/*

' "* ,* ^J^^ ' t* 2-*ff a Xatata^^^^^B kn&.^SflSuaKaBSBl^^B^B^B^BHrli Bis? JM^^T^^Mm

*^«-^| ,U

L^aVi^aV t a^a^aB3^^HflLfe£.aa^aML^a^M i^^ - ^ I PvS^a^aVa^a^a^a^aMÊ ' ^a^a^aV BÊmWm%*^ãY^H

tB Vp CHV^rí ¦L A dr *i.v "MHB'; :'-^ r\^ L'^r * a BP** '^ L ^ vaiHaiMaijaM rfA^ B^

¦ ^lavíR*'- ¦ a^as^Lmm mmWav Halí»— '^ailVT^aiaiai^ap^c^

Figure 1 - a-f. Leaf indumentum of Melastomataceae from cerrado, a-b. Mature leaf of Miconia albicans - a. abaxial surface showing vermiform trichomes; b. adaxial surface showing trichomes restricted to midrib. c-d. Young leaf of Miconia chamissois - c. abaxial surface showing non-glandular, stellate trichomes covered with alveolar cuticle; d. detail of trichomes. e-f. Mature leaf ofMiconia fallax- e. abaxial surface showing dense indumentum; f. detail of non-glandular, = = = = stellate trichomes. Scale bars: a = 66.7 pm; b = 64.5 um; c 71.4 pm; d 48.8 pm; e 91.2 pm; f 62.5um.

Rodriguésia 62(1): 203-212. 201 1 Leaf indumentum of Melastomataceae species from Brazilian Cerrado 207

L-'/:-fBHr^^^^ w^**^3^B»

Wfy^vU/M8 àHrHaWP" ?'mJ%*Ac

e ¦¦ÉSBaC

a^^r

Bha^aWOJI aflrS^/i.^JSD&flÍ

MN^ ^«¦¦¦¦¦HH^Br^arfafl

- - Figure 2 a-f. Leaf indumentum of Miconia ligustroides a. abaxial surface of a young leaf showing glandular trichomes and lateral glands; b. adaxial surface of a mature leaf showing glandular trichomes, lateral glands and non- glandular emergences; c. detail of a glandular trichome and lateral gland; d. lateral glands showing non-glandular portion slightly developed; e. lateral gland with a highly developed, branched non-glandular portion. The arrow indicates the glandular portion of a lateral gland; f. detail of a non-glandular emergence. (GT = glandular trichome; = = = = = LG lateral gland; NE non-glandular emergence). Scale bars: a 194.1 um; b 285.7 pm; c 23.3 um; d = 26.7 pm; e=16.7 u.m;f= 74M.m.

Rodriguésia 62(1): 203-212. 2011 Milanez, C.R.D. & Machado, S.R. 208

» ICt.^K V Jl- ' Larfy A

HFIHSVK^B^^EJH DvEi-rBitr^ **1™ ra»!^ , ......

•/¦¦¦¦¦^^•¦¦¦¦¦¦¦¦¦¦¦^^^¦¦¦^a^Éfci^atBi #^.^2. ^^HMk*A3 i«S«^^P^æ^^KM»E5«^i5^5k«»»»W -^flL a» - Figure 3 - a-h. Leaf indumentum of Melastomataceae from cerrado, a-c. Mature leaf of Microlepis oleaefolia a. abaxial surface showing dense indumentum composed of dendritic, long-stalked trichomes; b. adaxial surface covered with dendritic, non-glandular emergences; c. detail of a glandular trichome on the adaxial surface. d-h: Abaxial surface of a mature leaf of Rhynchanthera dichotoma - d. general aspect; e. detail of the previous figure, showing long-stalked emergence, trichome, and sessile glandular emergences, and a glandular trichome; f. aspects of glandular glandular gland and trichome on a secondary on the intercostal région; g. aspects of glandular emergence with a pedestal base, glandular = = vein; h. detail of a non-glandular trichome and a glandular trichome. (GE glandular emergence; GT glandular trichome; = = = = NT = non-glandular trichome; SG = sessile gland). Scale bars: a 105.3 um; b 51.3 um; c 27.8 um; d 645.2 um; = e = 166.7 um; f = 47.6 um; g = 91 u,m; h 25.6 um.

Rodriguesia 62(1): 203-212. 201 1 Leal indumentum oi Melastomataceae species from Brazilian Cerrado 209

W^JÊm uWfJkt B ¦

I V ¦ ¦ ^H BB

*n*aTaiS6!»S - s -^-^ ^*

IlaiKiBMkMKi^.. . *%

ili^^S*ajaW*aV>a*W^^H BW» S*r•**ja*Sl I Lm.^aH-^ ^«sáfl

"•rP^W^ii^^A]

IMtfÉaâlafe<*¦»'.

s*vâL*sB^^^isMufv 1 I' átaws ¦ BiMsí ,K

BaHTnSuH ^>0*4afip£ 5fllV j VjV

Figure 4 - a-g. Indumentum abaxial surface of a mature leaf ofRhynchanthera dichotoma - a. general aspect showing a variety of trichomes and emergences; b. detail of a long-stalked emergence with a branched glandular head (arrow); c. detail ofthe base of a glandular emergence, showing stomata (arrows). Note glandular trichome; d. detail ofthe branched glandular head of an emergence; e. glandular trichomes distributed along a secondary vein; f. glandular trichome, sessile gland and glandular emergence distributed along the intercostal region; g. detail of a non-glandular trichome and a glandular trichome. (GE = glandular emergence; GT = glandular trichome; NT = non-glandular trichome; SG = sessile gland). Scale bars: a = 400 um; b= 166.7 p.m; c = 38.5 um;d = 18.9pm;e = 87 pm; f=91.5um; g = 35.1 pm.

Rodriguésia 62( 1): 203-212. 2011 210 Milanez. C.R.D. & Machado. S.R. presence of stomata at the base of these emergences sessile glands; and short, multiseriate non- is commonly observed (Fig. 4c) along the margins glandular trichomes. Wurdack (1986) recorded of young and mature leaves. Visible to the naked the occurrence of long-stalked glands with thin- eye, their reddish color is due to abundant walled heads on the hypanthium and the adaxial anthocyanins. surface of leaves of R. dichotoma. The sessile Type XII: Claviform, short-stalked glandular and spherical glands observed on the surface of hairs with a multicellular glandular head (Figs. 3e-h; R. dichotoma leaves are similar to the trichomes 4a, c, e-g), occurring on both surfaces of young described by Metcalfe & Chalk (1950) as "bladder-like and mature leaves. glands". These glands are similar Type XIII: Spherical, sessile glands (Figs. 3f; to the pearl-Iike ones observed in Piper regnellii, 4f) present on both surfaces of young and mature which were related to mucilage and protein leaves, except on the veins. secretion (Silva & Machado 1999). Type XIV: Short, multiseriate, erect (Fig. 3h) A mixed type of trichome formed by a or declined (Fig. 4g) non-glandular hairs observed glandular part and a branched, non-glandular in the intercostal regions of both surfaces of young portion similar to a lateral-gland, reported by and mature leaves. Wurdack (1986) on the leaves of Miconia glyptophylla and M. plumifera var. bangii, was Discussion also observed on the surface of young and mature Trichomes were usually denser on the leaves of Miconia ligustroides. In the present work, the variable degree of ramification young leaves of ali the species studied here. The of functions and adaptive value of trichomes include the non-glandular portion was a remarkable feature of these struetures. The protection against solar radiation, reduction of young leaves of M. ligustroides occupy a vertical water loss, protection against predators, and position, thus exposing the physical control of materiais and metabolic abaxial surface to radiation; on this face, regulation (Johnson 1975). Therefore, the presence veins are very prominent and exposed to radiation, while the of a dense indumentum on young leaves which intercostal áreas are shadowed are frequently devoid of other types of protection, and protected from light. The intercostal áreas such as waxy deposits or lignified tissues, for show a predominance of lateral glands whose non- example, may represent an important factor of glandular portion was little developed, while the adaptation to the Cerrado conditions of intense veins showed lateral glands with a highly branched solar radiation and high temperatures (Coutinho non-glandular portion. Recent studies 2002; Oliveira & Marquis 2002). On the other hand, demonstrated a functional link between UV the highly reflexive adaxial surfaces of glabrous radiation and drought that acts on the induetion mature leaves, as observed in Miconia albicans, of trichome development. UV signal perception M. chamissois and M. fallax can act analogously can lead to photomorphogenic responses as to trichomes and reflect a large part of the trichomes differcntiation which may confer incident light, thus being of great value to adaptive advantages under abiotic stress protect against excessive insolation, desiecation conditions associated with high-light and thermal variations (Hallé et ai. 1978; environments, such as water stress (Gitz & Liu- Ehleringer& Mooney 1984). Gitz 2003). In our opinión, this is a very interesting The results of this study corroborate species to study trichome morphogenesis. previous reports on the wide diversity of The presence of vermiform hairs on the indumenta and the predominance of varied and abaxial surface of Miconia albicans leaves was complex forms of hairs among Melastomataceae also observed by Wurdack (1986). Guimarães et (Solereder 1908; Metcalfe & Chalk 1950; Wurdack ai. (1999) also recorded this type of trichome in 1986; Guimarães et ai. 1999). Tibouchina chamissoana and T. heteromalla, Rhynchaiithera dichotoma presented a characterizing them as a tangle of smooth and great morphological variety of foliar indumenta, long hairs present on the abaxial surface of the and four morphological types of hairs are leaves. According to Baumgratz & Ferreira (1980), described for the first time: glandular claviform the upper surface of M. albicans leaves is trichomes; long-stalked glandular emergences glabrous, while its lower surface is pilose. In the with branched multicellular glandular heads; present study, we also observed vermiform

Rodriguésia 62(1): 203-212.2011 Leal indumentum of Melastomataceae species from Brazilian Cerrado 211 trichomes distributed along the midrib on the Coutinho, M.M. 2002. O bioma cerrado. In: Klein, H.L. adaxial surface of mature leaves. These trichomes Eugen Warming e o cerrado brasileiro, um século depois. Editora Unesp, São Paulo. Pp. 77-92. are abundant on both surfaces of young leaves 1997. Life and on the abaxial surface of mature leaves. Crawley, M.J. history and environment. In: Crawley, M.J. Plant Ecology. Academic Press, New As for Miconia chamissois, our findings York. Pp. 73-131. are congruent with descriptions previous Ehleringer, J.R. & Mooney, H.A. 1984. Leaf hairs: effects classifying the mature leaves of this species as on physiological activity and adaptive value to a et al. 1996; Reis et al. 2005). glabrous (Martins desert shrub. Oecologia (Berlin) 37: 183-200. However, it is worth noting that short stellate Franco, A.C. 2002. Ecophysiology of woody plants. In: trichomes covered with alveolar cuticle are Oliveira, P.S. & Marquis, R.J. (eds.). The cerrados present on both surfaces of young leaves. of Brazil: ecology and natural history of a neotropical Miconia fallax showed sessile, short-stalked, savanna. Columbia University Press, New York. stellate non-glandular hairs on both surfaces of Pp. 178-197. young and mature leaves. Martins et al. (1996) Gitz, D.C. & Liu-Gitz, L. 2003. How do UV described this indumentum as stellate canescent, photomorphogenic responses conter water stress tolerance? Photochemistry and Photobiology 78: with the upper surface of the leaf glabrous and 529-534. the lower surface densely covered with stellate Guimarães, P.J.F. & Martins, A.B. 1997. Tibouchina non-glandular hairs. The morphology of the non- sect. Pleroma (D. Don) Cogn. (Melastomataceae) trichomes observed on the and glandular young no estado de São Paulo. Revista Brasileira de is similar mature leaves of Microlepis oleaefolia Botânica 20: 11-33. Baas and to that described by Mentink & (1992) Guimarães, P.J.F.; Ranga, N.T. & Martins, A.B. 1999. Reis et al. (2005). Morfologia dos tricomas em Tibouchina sect. Considering the species here studied, leaf Pleroma (D. Don) Cogn. (Melastomataceae). indumentum constitutes an important instrument Brazilian Archives of Biology and Technology 42: to circumscribe genera and species of 485-493. Melastomataceae, as was pointed out by different Hallé, F.; Oldeman, R.A.A. & Tomlinson, P.B. 1978. Tropical trees and authors (Wurdack 1986; Guimarães & Martins 1997; forests: an architectural analysis. Guimarães etai. 1999). Springer-Verlag, New York. 44lp. Hammond, C.T. & Mahlberg, P.G. 1973. Morphology Acknowledgments of glandular hairs of Cannabis sativa L. from scanning electron microscopy. American Journal of We thanks FAPESP for financial support Botany 60: 524-528. to this study (C.R.D. Milanez scholarship Process Johnson, H.B. 1975. Plant pubescence: an ecological DR 03/00958-8 and Biota Program Process 00/ perspective. The Botanical Review 41: 233-256. 12469-3), CNPq (Research grant to S.R. Machado) Kõppen, W. 1931. Climatologia con un studio de los and the technical team of the Institute of climas de Ia tierra. Fondo de Cultura Econômica, Biosciences' Electron Microscopy Center, Buenos Aires. 320p. UNESP Botucatu, SP, Brazil, for their assistance Martins, A.B.; Semir, J.; Goldenberg, R. & Martins, E. 1996. O Miconia Ruiz & Pav. in preparing the samples. We also thank Dr. gênero no estado de Angela Borges Martins, from the Institute of (Melastomataceae) São Paulo. Acta Botânica Brasílica 10: 267-316. Biosciences at UNICAMP, for identifying the Mendonça, R.C; Felfili, J.M.; Walter, B.M.T.; Silva botanical material. Júnior, M.C.; Rezende, A.V.; Filgueiras, T.S. & Nogueira, P.E. 1998. Flora vascular do Cerrado. In: References Sano, S.M. & Almeida, S.P. Cerrado: ambiente e Baumgratz, J.F. & Ferreira, G.L. 1980. Estudo da nervação flora. Embrapa-CPAC, Planaltina. Pp. 289-539. e epiderme foliar das Melastomataceae do Município Mentink, H & Baas, P. 1992. Leaf anatomy of the do Rio de Janeiro. Gênero Miconia. Seção Miconia. Melastomataceae, Memecylaceae, andCrypteroniaceae. Rodriguesia 32: 161-170. Blumea 37: 189-225. Clausing, G. & Renner, S.S. 2001. Molecular Metcalfe, CR. & Chalk, L. 1950. Anatomy of the phylogenetics of Melastomataceae and Dicotyledons: leaves, stems, and wood in relation Memecylaceae: implications for character evolution. to taxonomy - with notes on economic uses. 1 ed. American Journal of Botany 88: 486-498. Vol. 1. Claredon Press, Oxford. 1498p.

Rodriguesia 62(1): 203-212. 2011 212 Milanez, C.R.D. & Machado. S.R. ê Oliveira, P.S. & Marquis, RJ. 2002. The cerrados of in Encelia farinosa associated with contrasting Brazil: ecology and natural history of a neotropical desert environments. New Phytologist 135:635-644. savanna. Columbia University Press, New York. Silva, E.M.J. & Machado, S.R. 1999. Ultrastructure and 398p. cytochemistry of the pearl gland in Piper regnellii Payne, W.W. 1978. A glossary of plant hairterminology. (Piperaceae). Nordic Journal of Botany 19: 623-634. Brittonia 30: 239-255. Solereder, H. 1908. Systematic anatomy of the Reis, C; Bieras, A.C. & Sajo, M.G. 2005. Anatomia Dicotyledons. Claredon Press, Oxford. 1182p. foliar de Melastomataceae do cerrado do estado Theobald, W.L.; Krahulik, J.L. & Rollins, C. 1979. de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica 28: Trichome description and classification. In: 451-466. Metcalfe, CR. & Chalk, L. (eds.). Anatomy of the Robards, A.W. 1978. An introduction to techniques for dicotyledons. Claredon Press, Oxford. Pp. 40-53. scanning electron microscopy of plant cells. In: Hall, Uphof, J.C.Th. 1962. Plant hairs. Gebrüder Borntraeger, J.L. Electron microscopy and citochemistry of plant Berlin. 292p. cells. Elsevier, New York. Pp. 343-344. Wurdack, J.J. 1986. Atlas of hairs for neotropical Sandquist, D.R & Ehleringer, J.R. 1997. Intraspecific Melastomataceae. Smithsonian Contributions to variation of leaf pubescence and drought response Botany 63: 1-80.

Artigo recebido em 24/05/2010. Aceito para publicação em 13/10/2010.

Rodriguésia 62(1): 203-212. 2011 Rodriguesia 62(1): 213-221. 2011 |5p| http://rodriguesia.jbrj.gov.br W

' Reproductive biology of Echinodorus grandiflorus (Alismataceae): evidence of self-sterility in populations of the state of São Paulo Biologia reprodutiva de Echinodorus grandiflorus (Alismataceae): evidência de auto-esterilidade em populações do estado de São Paulo

Emerson R. Pansarin1 & Ludmila M. Pansarin2

Resumo A biologia floral e reprodutiva de Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli foram estudadas em populações nativas do interior do estado de São Paulo. A espécie floresce no verão e suas flores oferecem tanto néctar quanto pólen como recurso. O néctar é secretado por nectários localizados na base dos carpelos marginais, opostos às pétalas. Os polinizadores (abelhas sociais e solitárias), no entanto, foram observados coletando apenas pólen. As visitas, que podem durar de um a poucos segundos até mais de um minuto, acontecem desde o momento da abertura das flores (ca. 5:30 h) até o fenecimento. Cada flor dura cerca de oito horas. Todos os indivíduos das populações produzem apenas flores hermafroditas. A porcentagem de grãos de pólen viáveis é de 75%. As populações estudadas são auto- incompatíveis e, como conseqüência, polinizadores são necessários para transferência de pólen. Em condições naturais e a partir das polinizações cruzadas realizadas manualmente, todos os receptáculos apresentaram aquênios maduros. Através das análises dos tubos polínicos das flores autopolinizadas manualmente, e devido ao fato dos aquênios derivados desse tratamento abortarem cerca de 30 dias a partir das autopolinizaçõcs, aparentemente, as populações de E. grandiflorus estudadas apresentam um mecanismo de auto-esterilidade de ação tardia. Palavras-chave: Alismataceae, auto-compatibilidade, biologia da polinização. Abstract The reproductive biology and the pollination oi Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli were studied in populations native to interior ofthe State of São Paulo, Brazil. This species blossoms in summer and its flowers ofTer both néctar and pollen as rewards to pollinators. Néctar is produced in nectaries located at the base ofthe marginal carpels, opposite the petals. However, the effective pollinators (social and solitary bees), were recorded collecting pollen only. Visits, which can last from one or a few seconds to more than one minute, occur during the whole flower lifespan. Each flower opens at about 5:30 a.m. and lasts circa eight hours. Ali plants in the studied populations produce only hermaphrodite flowers. Percentage of pollen viability is 75%. The studied populations are self-incompatible and, as a consequence, pollinators are needed to transfer pollen among individuais. In natural conditions and after hand cross-pollinations, ali receptacles presented mature achenes. Based on the analyses of pollen tube growth from hand self-pollinated flowers, and as a consequence of achenes abortion circa 30 days after sclf-pollinations, the populations of E. grandiflorus studied apparcntly presents a mechanism of late-acting self-sterility. Key words: Alismataceae, pollination biology, self-compatibility.

Introductíon Engelm. ex J.G. Sm. Echinodorus is one of its largest Alismataceae is subcosmopolitan and it is genera, with 26 species distributed exclusively on represented in the temperate, subtropical and the American Continent, from Northern United tropical regions of both hemispheres (Haynes & States to Argentina (Rataj 1978). In the State of São Holm-Nielsen 1994). This family includes circa 80 Paulo, Echinodorus is represented by seven species distributed in approximately 11 genera, species that grow in aquatic habitats, since they three of which occur in Brazil: Echinodorus Rich., are found in fresh or briny water or on marshy soils Sagittaria L. and Helanthium (Benth. & Hook.f.) (Pansarin & Amaral 2005).

'University of São Paulo, FFCLRP, Dept. Biology, Av. Bandeirantes 3900,14040-901, Ribeirão Preto, SP, Brazil. Corresponding author: [email protected] 2State University of Campinas, Post-Graduation Program in Plant Biology, Institute of Biology, Dept. Plant Biology, CP. 6109,13083-970, Campinas, SP, Brazil. 214 Pansarin. E.R. & Pansarin, L.M. Data on the floral and reproductive biology mechanisms, reproductive systems and fruiting involving neotropical species of Echinodorus are rates in natural environments. scarce in the literature and only concern two species: E. longipetalus Micheli (Pansarin 2008) Material and methods and E. grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli Place of study & Lima 1997), which are by native (Vieira pollinated This study was carried out in marshy áreas bees & Lima 1997; Pansarin 2008). (Vieira of rural áreas around Ribeirão Preto, State of São The main characteristic used to differentiate Paulo, namely in the townships of Jaboticabal Echinodorus and Sagittaria, two genera occurring (circa 21° 15'S and 48° 19'W), Luiz Antônio (circa in Brazil, is the production of hermaphrodite and 21°33'S and 47°42'W), Matão (circa 21°16'S and unisexual flowers, respectively (Haynes & Holm- 48°22'W) and Sertãozinho (circa 21°08'S and Nielsen 1994; Pansarin & Amaral 2005). Yet, 47°59'W). The région of Ribeirão Preto is located Pansarin reported the occurrence of (2008) in the northwestern of the State of São Paulo for E. longipetalus, in of part gynodioecy populations and has a mean altitude of 555 m, with regular rural áreas of the State of São Paulo. According to reliefs and some áreas. Mean annual the classification by Haynes & Holm-Nielsen plateau (1994), temperature varies between 17°C and 28°C. E. two subspecies. Both occur grandiflorus present Climate is mesothermic, with humid summers and in the State of Minas Gerais and different present dry winters, considered as "Cwa" in Kõppen's reproductive systems: E. (Cham. & grandiflorus classification (1948). The rainy season and high Schltdl.) Micheli ssp. aureus Haynes & (Fasset) temperatures occur from October to March, and Holm-Nielsen is self-compatible, while E. the dry season from May to August. Dark red & Schltdl.) Micheli ssp. grandiflorus (Cham. latosol, sandy originating from Haynes & Holm-Nielsen is self- phase, grandiflorus sandstones, covers almost half of the territory incompatible & Lima 1997). Nevertheless, (Vieira ofthe région. Purple latosol is found in the lower analyses based on morphological phylogenetic parts of the territory and it originates from the (Lehtonen 2008) and molecular (Lehtonen & Myllys decomposition of basalt rocks (e.g., Centurion et 2008) data show that E. is of a grandiflorus part al. 1995; Pissarra et al. 2004). The native flora is Based on such data, Lehtonen paraphyletic group. predominantly composed by mesophytic, currently considers E. ssp. (2008) grandiflorus seasonal semi-deciduous forests. Yet, the aureus as a synonym for E. jloribundus (Seub.) advance of monocultures, initially coffee and, Seub. and E. ssp. as a grandiflorus grandiflorus more recently, sugar cane, has significantly synonym for E. grandiflorus. reduced native wood áreas in that région. Echinodorus Lethonen grandiflorus (sensu Nowadays only forest fragments remain, 2008) occurs in South America and in Florida essentially on river and creek banks (Pinto 1989). (U.S.A.). In the state of São Paulo, it is a widespread species, found throughout the state (Pansarin & Amaral 2005). Its flowers are hermaphrodite Studied species Echinodorus is found in aquatic (Vieira & Lima 1997; Pansarin & Amaral 2005; grandiflorus habitats and on marshy soils (Pansarin & Amaral Pansarin 2009), and offer both pollen and nectar 2005). It is easily recognized by it large leaf blades to their visitors (Vieira & Lima 1997). usually oval, with cordate base and translucent Campbell (1987) discussed the problems marks forming or and lines. brought on by generalizations made in studies on points points floral biology carried out in a single study région. Echinodorus grandiflorus also has very When studies involving widely distributed species characteristic paniculiform cymose inflorescences are carried out in more than one área, differences that produce many white flowers. Gynoecium is apocarpic and androecium many stamens are observed with regard to their pollination systems presents free from each other. Fruits are achenes & (Smith & Snow 1976; Cole & Firmage 1984). Based (Haynes Holm-Nielsen 1994; Pansarin & Amaral 2005). on these assertions, the present work investigated the reproductive system of E. in grandiflorus Floral and morphology populations native to the rural área of Ribeirão phenology Preto, State of São Paulo, through studies on floral Visits to field were conducted monthly, from November 2007 to March 2008, in order to determine morphology, pollinators and pollination

Rodriguésia 62(1): 213-221. 2011 Reproduetive biology of Echinodorus grandiflorus 215 4 the phenological patterns of Echinodorus (4 plants; 5 inflorescences), Matão (3 plants; 3 grandiflorus in the studied populations. To do so, inflorescences), Jaboticabal (3 plants; we surveyed leaf, inflorescence, flower, and fruit inflorescences) and Luiz Antônio (2 plants; 2 types of treatments were produetion periods. We also controlled the time inflorescences). Four and sequence of anthesis, the duration of each performed on inflorescences previously enclosed flower, in addition to the reward availability and in tulle bags (Kearns & Inoye 1993): hand self- = 240), spontaneous self-pollination produetion period checked while observing pollination (n = = 129) and pollinators and pollination mechanisms. During (n 189), cross-pollination (n = were randomly flowering period, between October and March, field emasculation (n 60). Treatments visits were intensified to obtain more data on the applied to each inflorescence. Floral buds were floral and reproduetive biology of this species. emasculated before the oceurrence of anthesis The fresh material of flowers of (circa 5:00 a.m.) and cross- and self-pollinations were Echinodorus grandiflorus collected in the performed between 8:30 a.m. and 10:30 a.m. townships of Matão (n = 98; 49 plants; 49 In addition, both hand self-pollinations (n = inflorescences), Jaboticabal (n = 60; 3 plants; 3 30) and cross-pollinations (n = 30) were carried out inflorescences), Sertãozinho (n = 60; 4 plants; 4 on individuais that had been collected in the field inflorescences) and Luiz Antônio (n = 30; 1 plant; (population of Matão) and were cultivated for over 1 inflorescence) was analyzed with the help of a year in the aquatic plant tanks of the Sector of magnifying glass binoculars. We observed the Botany (Department of Biology, FFCLRP, USP), form, symmetry, disposition and size of floral municipality of Ribeirão Preto (circa 21°09'S and structures such as sepals, petals, anthers, and 47°51' W). Pollen tube growth ofthe aborted flowers related them to both the morphological features produced through self-pollinations was analyzed. of the pollinators and the pollination mechanism Flowers were fixed in Carnoy's solution for 24 h, (Faegri & van der Pijl 1980). and then transferred to 70% alcohol. To mount the To investigate the oceurrence of slides, the material was then immersed in NaOH for gynodioecy, the produetion of pollen grains by a mean time of 30 minutes, washed in distilled water, the anthers of fresh flowers collected in the field stained with aniline blue, compressed under a (n = 98) was verified according to Pansarin (2008). coverslip and observed under a fluorescence Furthermore, to ascertain pollen grain viability, microscope (Martin 1959). anthers were macerated in a solution of acetic Fruiting rates in natural environment (open carmine and observed under an optical microscope pollination) were verified on 5,965 receptacles (30 (Radford et al. 1974). For each flower 200 pollen infrutescences; 30 plants) collected in the grains were sampled. population ofthe township of Sertãozinho. The anatomical analyses of the néctar The number of flowers producing fruits, as secreting structures were carried out on newly well as the total number of achenes yielded after opened flowers (n = 6) collected in the field. Flowers our treatments and on the infrutescences collected were previously fixed in FAA 50% (Johansen 1940) in the field were also assessed. Fruiting rates (in and dehydrated in butyl series (tertiary butyl the field and after treatments) were quantified when alcohol), embedded in paraffin according to the achenes were mature. The number of fruits was method described in Sass (1951) and cut with a estimated by weighing 200 achenes on a precision rotative microtome. The cuts (4 um) were then analytical balance (0.0001 g). stained with safranin and Astra blue 1%, and the slides were mounted in synthetic resin. Flower visitors Plant material was deposited at the herbarium Field visits to observe flower visitors and ofthe University of São Paulo (SPFR): E.R. Pansarin the pollination process of the species were & J.F. Sicchieri 1275, 1288, 1289 and 1290. condueted in two of the studied populations, in the townships of Sertãozinho and Matão. The Reproduetive system observations of the Sertãozinho population were Between November 2008 and February 2009, performed from November 24th to December 03rd, treatments were carried out to verify the 2008. In the township of Matão, they took place reproduetive system of Echinodorus grandiflorus between December 05th and 07th, 2007 and in the populations of the township of Sertãozinho between December 21 st and 24th, 2008. In both

Rodriguésia 62( 1): 213-221.2011 216 Pansarin, E.R. & Pansarin, LM. places, they occurred between 5:30 a.m. and 1:30 Flowers are trimerous, pedicelled and p.m. (between flower opening and withering), hermaphrodite(Fig. Ia). Sepals (5.6-7.3 x4.5-7.3 mm) totaling 136hours. are green, coriaceous, and persistent, and protect the Flower visitors were collected, identified and achenes while they ripen. Petals (2-2.5 x 2.3-2.5 cm) deposited in the collection ofthe Zoology Museum are white, frail and ephemeral. Stamens (ca. 25-30) are ofthe University of São Paulo (MZUSP). arranged in various whorls around the gynoecium (Fig. 1 a-b). Anthers measure 1.6 mm, are versatile and Results ali present viable pollen grains. Anther opening coincides with flower anthesis. Pollen viability Floral and morphology - In ali the grain phenology is 75% = 19,600). The apocarpic studied regions, Echinodorus (n gynoecium prcsents grandiflorus grows numerous each bearing a single ovule and a in marshy habitats, on river and creek banks, in pistils, rudimentary stigma at apex. Mature achenes are waterlogged or on marshy soil. During the places scattered between February and March. drier periods of the year, in autumn and winter, The flowers of Echinodoms grandiflorus offer do not have leaves and only present roots, plants both néctar and to their visitors. Néctar is secreted stems and subterranean rhizomes. In spring, with pollen at the base ofthe carpels, opposite the the first rains (October), rhizomes resprout and each peripheral petals 2a). The secretory tissue is composed of a single various rosulate leaves (Fig. plant produces petioled, layer of oval, epidermal cells 2b) that with very evident cordate blades. Each individual juxtaposed (Fig. have a strongly stained, dense cytoplasm, and a well- then develops one or more, albeit rarely two, lateral developed nucleus (Fig. 2b), characteristic of inflorescences that produce up to 250 flowers. metabolically active cells. The subjacent tissue Flowering period is from November to February comprises cells that are apparcntly (spring to summer), with a peak in December and parenchymatous not involved in the of néctar secretion. January. During flowering, each plant may present process up to 15-20 open flowers day, which open at per Reproductive sunrise (approximately 5:30 a.m.) and last circa 8 system hours. No morphological differences were The populations of Echinodorus registered among the flowers of the different grandiflorus here studied are self-sterile and only fruits through cross-pollinations studied populations. produce

,J^

Figure 1 - a-b. Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli - a. detail of a flower, note the numerous stamens around the apocarpic ovary and the néctar guides at petal base; b. Trígona spinipes Fabricius collecting pollen from flower anthers, note their corbiculae full of pollen grains. Scale bars = 1 cm.

Rodriguésia 62( 1): 213-221.2011 Reproductive biology of Echinodorus grandiflorus 217

Figure 2 - a-b. Longitudinal sections of a flower oi Echinodorus grandiflorus (Cham. 8l Schltdl.) Micheli - a. detail ofthe receptacle (R) and the nectary (N), located on the margin ofthe more distai carpel (arrow), opposite the petal (P); b. detail ofthe nectary (N) evidencing the néctar secretory epidermal cells (arrow). Scale bars = 100 um

(Tab. 1). No fruits were fonned in flowers that were Nevertheless, their long proboscides give them emasculated, manually self-pollinated or access to the reward without touching the stamens spontaneously self-pollinated (untouched flowers) and, therefore, they were not seen acting as (Tab. 1). Thus, a pollinator is necessary to transfer pollinators of E. grandiflorus. pollen among different individuais of the Ali the bee species except Xylocopa suspecta populations. Fruits are mature circa 45 days after presented similar behaviors when collecting pollen. cross-pollinations. In natural conditions, fruiting They usually landed either on the petals before heading rates are high (Tab. 1). Ali the sampled (cross- and to the stamens or directly on the anthers and pistils. open-pollinated) flowers presented mature achenes They collected pollen grains from each anther with their (predated receptacles were excluded). Achene front and middle legs and then transferred it to their produetion in each receptacle is higher after cross- hind legs. When collecting pollen, bees contacted the pollinations (mean of 250 fruits) than in natural stigmas with ventral part: legs, thorax and abdômen conditions (mean of 190 fruits). The reproductive (Fig. Ib), where pollen grains get attached. Xylocopa system of E. grandiflorus is presented in Table 1. suspecta landed directly on the receptacle (anthers and Achenes yielded after hand self-pollination pistils) and collected pollen from various stamens treatment aborted tardily, circa 30 days after simultaneously by buzz-pollination. During these manipulations. The analyses of the pollen tube vibratory movements, great quantities of pollen were growth of the manually self-pollinated flowers also deposited on the stigmas. Bees of the family showed that the tubes had reached the ovules, but Halictidae sometimes performed buzz-pollination, but no evidence of fertilization was found. on one anther at a time. Bees begin visiting flowers immediately after Flower visitors opening and continue as long as they were open. The flowers of Echinodorus grandiflorus are Each visit lasts from one or a few seconds to more visited by various species of beetles, flies and bees. than a minute. Individuais of Trigona spinipes (Fig. Nevertheless, only species of solitary and social Ib) stayed even more than one minute on each bees really act as pollinators (Tab. 2). Ali the bee single flower. Visits only took place on sunny and species collect pollen from the flowers. We never cloudy days. Since there is no flower anthesis when observed bees accessing the néctar produced in it rains, no visits were registered in these conditions. the nectaries located at the base of the marginal The number of bee visits could not be checked due carpels. Beetles were seen feeding on floral pieces to the great number of individuais exploiting (petals, stamens and pistils), damaging flowers and rewards simultaneously on a one inflorescence. Bee often making them inaccessible to effective dimension was not a limiting factor to pollination, pollinators. Flies of the family Bombyllidae were since different-sized species were registered as the only visitors to collect néctar from the flowers. pollinators of Echinodorus grandiflorus (Tab. 2).

Rodriguésia 62( 1): 213-221.2011 218 Pansarin, E.R. & Pansarin, LM.

Table 1 - Reproductive system of'Echinodorus grandiflorus: percentage of flowers that formed fruits and fruiting rate (quantity of achenes produced) after each treatment carried out and in natural conditions (open pollination). Between parentheses is the number of flowers that formed fruits/flowers. Treatment Flowers that formed fruits (%) Quantity of achenes produced (n) Cross-pollination 100(129/129) 32,250 Manually self-pollinated 0(0/240) Spontaneously self-pollinated 0(0/189) Open pollination 100(5.965/5.965) 1,133,350 Emasculation 0(0/60)

Discussion populations, the exclusive collection of pollen by bees was also reported for the herrnaphrodite flowers Among the genera of Alismataceae growing of E. longipetalus 2008). Female flowers in Brazil (Echinodorus Rich., Sagittaria L. and (Pansarin of E. longipetalus are by deceit, since Helanthium (Benth. & Hook. f.) Engelm. ex J.G. Sm.), pollinated their staminodes, albeit smaller, look like the stamens the production of herrnaphrodite flowers is the main characteristic used to distinguish Echinodorus of herrnaphrodite flowers (Pansarin 2008). The of nectary at the base of the (including Helanthium - a genus segregated from presence two species classically recognized as Echinodorus, marginal carpels opposite the petals, as in the Lehtonen & Myllys 2008) from Sagittaria (Haynes flowers of E. grandiflorus, is common in & Holm-Nielsen 1986, 1994; Pansarin & Amaral Alismataceae species that offer néctar as a 2005). Nevertheless, gynodioecy (i.e., herrnaphrodite reward. This family comprises other genera that and female flowers) was registered and documented also secret néctar at the base of the filaments for E. longipetalus in populations of the State of and petals (Pansarin 2009). São Paulo (Pansarin 2008). The present study Studies of floral biology involving species of confirms that ali the populations of E. grandiflorus Echinodorus (Vieira & Lima 1997; Pansarin 2008) studied comprise individuais that exclusively reveal that the flowers are exclusively pollinated by produce herrnaphrodite flowers, corroborating bees, which is confirmed by the present report. Other previously published data (e.g., Rataj 1978; Haynes insects, as beetles (Vieira & Lima 1997, Pansarin 2008) & Holm-Nielsen 1986, 1994; Pansarin & Amaral and flies (Pansarin 2008), only act as flower visitors. 2005), including those on Helanthium (Lehtonen The observations of pollinator behavior on the & Myllys 2008). flowers confirm that social and solitary bees of In ali the studied populations, we verified that different sizes act as pollinators of Echinodorus Echinodorus grandiflorus offers both néctar and grandiflorus. Some species should be highlighted pollen as a reward, which had been previously because they were reported by other pollination described in a study carried out in the township of studies on species of this genus. Exomalopsis Viçosa, in the State of Minas Gerais (Vieira & Lima fulvopilosa was also registered as a pollinator of E. 1997). Although néctar is the most common reward grandiflorus in the State of Minas Gerais (Vieira & among Alismataceae species, since it is described in Lima 1997) and of E. longipetalus in the interior of Baldellia (Vuille 1988), Caldesia (Gituru et al. 2002), the State of São Paulo (Pansarin 2008). Another Damasonium (Vuille 1987) and Sagittaria (Wooten species registered as a pollinator of E. grandiflorus 1971, Sarkissian et al. 2001), and although bees were in populations of Minas Gerais is Protodiscelis watched exploiting this kind of reward in flowers of echinodori (Vieira & Lima 1997), while Xylocopa E. grandiflorus, in addition to pollen grains (Vieira (NeoXylocopa) suspecta was also documented on & Lima 1997), during our observations, hymenoptera flowers of E. longipetalus (Pansarin 2008). were only seen collecting pollen from the flowers. In The family Alismataceae presents a great the studied populations, néctar was only exploited diversity as for the reproductive system of its by flower visitors (Bombyllidae flies) that are not species. Genus Sagittaria comprises dioecious involved in the pollination process of this species. and monoecious species (Wooten 1971; Sarkissian As is the case with E. grandiflorus, in the studied et al. 2001). The flowers of Caldesia granais Samuel.

Rodriguésia 62(1): 213-221.2011 Reproductive biology of Echinodorus grandiflorus219 Table 2 - Bee species (pollinators) collected on flowers of Echinodorus grandiflorus and their body length (mm).

Bee species Body length (mm) Apis mellifera L. 14.5 Augochlora sp. 10.0 Dialictus sp. 6.0 Exomalopsis fulvopilosa Spindola, 1853 10.5 Pseudoaugochloropsis sp. 8.0 Protodiscelis echinodori Melo, 1996 7.0 Thygater analis Lepeletier, 1841 12.0 Trigona spinipes Fabricius, 1793 9.0 Xylocopa (Neoxylocopa) suspecta Moure & Camargo, 1988 28.0

(Gituru etal. 2002), Baldellia ranunculoides (L.) Pari. monoecious (e.g., Rataj 1978; Haynes & Holm- var. ranunculoides and Baldellia alpestris (Cosson) Nielsen 1986,1994; Pansarin & Amaral 2005), at least Vasc. (Vuille 1988), and those of various species of two North-American species (i.e., S. latifoliaWiWd. Damasonium (Vuille 1987) are hermaphrodite and and S. lancifolia L.) have dioecious populations and, self-compatible. Although the species oíSagittaria consequently, need cross-pollination (Wooten 1971; occurring in this región are self-compatible, ali are Sarkissian et al. 2001). Gynodioecy also favors the monoecious, and their inflorescences produce female formation of fruits by cross-pollination in flowers at base and male ones at apex, so that self- Echinodorus longipetalus (Pansarin 2008). pollination is avoided by protogyny (Haynes & The populations of Echinodorus grandiflorus Holm-Nielsen 1994; Pansarin & Amaral 2005). studied clearly show a post-pollination barrier that Echinodorus longipetalus is gynodioecious: the prevents the produetion of fruits as a result of self- hermaphrodite flowers are self-compatible, while the pollinations. Hand self-pollination treatments indicate female ones necessarily need cross-pollination to the occurrence of a late-acting self-incompatibility yield fruits (Pansarin 2008). The occurrence of self- system, since the tubes present themselves well sterility, as seen in populations of E. grandiflorus formed but the pistils abort circa 30 days after self- from interior of the State of São Paulo, is rare in that pollination. Some authors reveal that in systems of family but had been previously reported for this late-acting self-sterility, there are no differences in species in the municipality of Viçosa, Minas Gerais pollen tube growth between self- and cross-pollination (Vieira & Lima 1997) and for a subspecies of Baldellia treatments (e.g., Seavey & Bawa, 1986). According to ranunculoides (Vuille 1988). According to Vieira & Gibbs (1990), mechanisms of late-acting self- Lima (1997), following the classification of Haynes incompatibility have proved relatively common in & Holm-Nielsen (1986, 1994), E. grandiflorus ssp. neotropical species, and were reported for various aureus is self-compatible, while £ grandiflorus ssp. tree species (see Freitas & Oliveira 2002). Nevertheless, grandiflorus is self-incompatible. Currently both for the populations of E. grandiflorus here analyzed, subspecies have been heightened to the category studies will be needed to confirm if ovules fertilize in of species by Lehtonen (2008). Echinodorus flowers self-pollinated by hand and verify the kind of grandiflorus ssp. aureus is now a synonym for E. late-acting self-sterility mechanism involved. floribundus, while E. grandiflorus ssp. grandiflorus Studies on tropical species of Alismataceae is a synonym for E. grandiflorus (Lehtonen 2008). are extremely important, since many taxa are difficult The most common mechanisms that tend to to identify morphologically. Above ali, in Brazil, the avoid self-fertility in Alismataceae are pre-pollination understanding of this family taxonomy presents barriers. Within this family, the occurrence of gaps, mainly with regard to Echinodorus (Lehtonen protogyny was reported for species of Sagittaria 2008). Furthermore, features classically used to (Pansarin & Amaral 2005), while protandry occurs in delimit genera, as the presence of unisexual Damasonium (Vuille 1987). Although the species of (Sagittaria) or hermaphrodite (Echinodorus) flowers Sagittaria occurring in the neotropics are ali (Haynes & Holm-Nielsen 1986, 1994; Pansarin &

Rodriguésia 62( 1): 213-221. 2011 220 Pansarin, E.R. & Pansarin, L.M.

Amaral 2005), can no longer be considered, since Haynes, R.R. & Holm-Nielsen, L.B. 1994. The Alismataceae. female flowers were found in populations of E. Flora Neotropica Monograph 64: 1-112. longipetalus (Pansarin 2008). As a consequence, Johansen, D.A. 1940. Plant microtechnique. McGraw- research on the relations between the neotropical Hill Book Co., New York. species of Echinodorus and Sagittaria, their Kearns, C. & Inouye, W. 1993. Techniques for pollination biologists. University Press of Colorado, Niwot. pollinators and pollination mechanisms, their forms of reproduetion, as well as the elaboration of Kõppen, W. 1948. Climatologia: um estúdio de los climas de la tierra. Fondo de Cultura Econômica, México. phylogenetic hypotheses based on morphological and molecular features are needed to understand Lehtonen, S. 2008. An integrative approach to species delimitation in Echinodorus the taxonomy and the evolution of this (Alismataceae) and description of two new species. Kew Bulletin 63: subcosmopolitan family of monocots. 525-563. Lehtonen, S. & Myllys, L. 2008. Cladistic analysis of Acknowledgements Echinodorus (Alismataceae): simultaneous analysis of molecular and morphological data. Cladistics 24: The authors thank A.R. Pinhal of (Laboratory 218-239. Histology, FFCLRP-USP) for his help during the Martin, F.W. 1959. Staining and observing tubes ofthe slides, M.H. Pires of pollen preparation (Laboratory in the style by means of fluorescence. Stain Plant Systematics, FFCLRP-USP) for help with Technology 34: 125-128. laboratory and S.R.M. Pedro procedures (Laboratory Pansarin, E.R. 2008. Reproductive biology of of and Biogeography, FFCLRP-USP) for Systematics Echinodorus longipetalus (Alismataceae): sexual bee identification. L.M. Pansarin is a doctoral student morphs, breeding system and pollinators. Aquatic at the Post-Graduation Program in Vegetal Biology Botany 89: 404-408. of the State University of Campinas. Pansarin, E.R. 2009. Neotropikey: Interactive key to the flowering plants of the Neotropics - Family References Alismataceae. Royal Botanical Gardens, Kew. Pansarin, Campbell, D.R. 1987. Interpopulational variation in fruit E.R. & Amaral, M.C.E. 2005. Alismataceae. In: Wanderley, M.G.L.; Shepherd, G.J.; Giulietti production: the role of pollination-limitation in the Olympic Mountains. American Journal of Botany A.M. & Melhem, T.S. Flora fanerogâmica do estado 74: 269-273. de São Paulo. Rima, São Paulo. Pp. 1-10. Centurion, J.F.; Andrioli, L.; Marques Jr., J. & Marchiori, Pinto, M.M. 1989. Levantamento fitossociológico de D.G. 1995. Características de latossolos roxos uma mata residual: Campus de Jaboticabal da desenvolvidos de rochas alcalinas e básicas de UNESP. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. Jaboticabal, SP. Scientia Agrícola (Piracicaba) 52: 226-232. Pissarra, T.C.T.; Politano, W. & Ferraudo, A.S. 2004. Cole, F.R. & Firmage, D.H. 1984. The floral ecology of Avaliação de caracterísücas morfométricas na relação Platanthera blephariglottis. American Journal of solo-superfície da Bacia Hidrográfica do Córrego Botany 71: 700-710. Rico, Jaboticabal (SP). Revista Brasileira de Ciências do Solo 28: 297-305. Faegri, K. & van der Pijl, L. 1980. The principies of Radford, A.E.; Dickinson, W.C.; Massey, J. R. & Bell, pollination ecology. 3a ed. Oxford, Pergamon Press. CR. 1974. Vascular systematics. Harper & Freitas, C.V. & Oliveira, P.E. 2002. Biologia reprodutiva plant Row, New York. de Copaifera langsdorffii Desf. (Leguminosae, Caesalpinioideae). Revista Brasileira de Botânica 25: Rataj, K. 1978. Alismataceae of Brazil. Acta Amazônica 311-321. 8: 1-53. Sarkissian, T.S.; Barrett, S.C. H. & Harder, L.D. 2001. Gibbs, P.E. 1990. Self-incompatibility in flowering plants: Gender variation in Sagittaria latifolia a neotropical perspective. Revista Brasileira de (Alismataceae): Botânica 13: 125-136. Is size ali that matters? Ecology 82: 360-373. Sass, J.E. 1951. Botanichal microtechnique. 2nd ed. The Gituru, W.R.; Wang, Q.; Wang, Y. & Guo, Y. 2002. Pollination ecology, breeding system, and Iowa State College Press, Ames. Seavey, S.R. & Bawa, conservation of Caldesia grandis (Alismataceae), K.S. 1986. Late-acting self- incompatibility in an endangered marsh plant in China. Botanical Angiosperms. Botanical Review Bulletin of Academia Sinica 43: 231 -240. 52: 195-219. Haynes, R.R. & Holm-Nielsen, L.B. 1986. Alismataceae. Smith, G.R. & Snow, G.E. 1976. Pollination ecology of In: G. Harling & L. Andersson. Flora of Ecuador 26: Platanthera ciliaris and P. blephariglottis 1-24. (Orchidaceae). Botanical Gazette 137: 133-140.

Rodriguésia 62( 1): 213-221. 2011 Reproductive biology of Echinodorus grandiflorus221

Vieira, M.F. & Lima, N.A.S. 1997. Pollination ofVuille, F. 1988. The reproductive biology of the genus Echinodorus grandiflorus (Alismataceae). AquaticBaldellia (Alismataceae). Plant Systematics and Botany 58: 89-98.Evolution 159: 173-183. Vuille, F. 1987. The reproductive biology of the genusWooten, J.W. 1971. The monoecious and dioecious Damasonium (Alismataceae). Plant Systematics andconditions in Sagittaria latifolia L. (Alismataceae). Evolution 157: 63-71.Evolution 25: 549-553.

Artigo recebido em 06/04/2010. Aceito para publicação em 30/09/2010.

Rodriguésia 62( 1): 213-221. 2011 Rodriguésia 62(1): 223-228. 2011 httpV/rodrigucsia.jbrj.gov.br

Variação da viabilidade polínica em Tibouchina (Melastomataceae) WÊÊ Variation of pollen viability in Tibouchina (Melastomataceae)

Glaucia Margery Hoffmann' & Isabela Galarda Varassin'

Resumo O gênero Tibouchina é comum no Brasil e encontrado principalmente na Floresta Atlântica, em especial na região Sudeste. No presente estudo foi avaliada a viabilidade polínica de cinco espécies de Floresta Atlântica, T. cerastifolia, T. clinopodifolia, T. gracilis, T. pulchra e T. sellowiana, utilizando-se três soluções histoquímicas: carmim acético, Alexander e cloreto de 2,3,5-trifenil-tetrazólio. Foi avaliada a variação de viabilidade entre as anteras dimórficas, entre as soluções histoquímicas e entre os indivíduos. Em T. pulchra e T. sellowiana também foi avaliada a variação entre os dois primeiros dias a partir da abertura da flor. Nenhuma espécie apresentou variação relacionada ao dimorfismo das anteras. Nas duas espécies que apresentam maior longevidade floral, a viabilidade foi semelhante no primeiro e segundo dias em T pulchra, enquanto que em T. sellowiana as flores de segundo dia apresentaram pólen menos viável. As soluções histoquímicas empregadas revelaram taxas de viabilidade polínica distintas. Houve variação na viabilidade polínica entre os indivíduos em todas as espécies. A solução de cloreto de 2,3,5-trifenil-tetrazólio revelou a menor taxa de viabilidade em todos os indivíduos. As soluções histoquímicas empregadas, a amostragem e a longevidade floral foram fatores relacionados à variação da viabilidade polínica. Palavras-chave: pólen, polinização, reprodução, soluções histoquímicas. Abstract The genus Tibouchina is common in Brazil, mainly found in Atlantic Forest, in Southeast región. In this study the pollen viability was evaluated in five species of Atlantic Forest, T. cerastifolia, T. clinopodifolia, T. gracilis, T. pulchra and T. sellowiana, using three histochemical Solutions: acetocarmine, Alexander and 2,3, 5-triphenyltetrazolium chloride. The variation of pollen viability was evaluated among the dimorphics anthers and among individuais. In T. pulchra and T. sellowiana it was also evaluated the variation among the two first days after flower openning. There was no variation related to anther dimorphism. Considering the two species with the longest flower longevity, the viability was similar in the first and second day in T. pulchra, but in T. sellowiana the pollen from the second day was less viable. The histochemical tests employed showed distinct rates of pollen viability. Rates of pollen viability were distinct among individuais in each species. The stain 2, 3, 5-triphcnyltetrazolium chloride showed the smaller viability. The results show that the treatments employed, sampling and flower longevity were factors related to pollen viability. Key words: histochemical solutions, pollen, pollination, reproduetion.

Introdução Barrett 1999; Goldenberg& Varassin 2001). Estas vibrações a deposição de no As flores de Tibouchina Aubl. proporcionam pólen abdômen e nas laterais do corpo da abelha (Renner (Melastomataceae) são quase que exclusivamente 1989; Larson & Barrett 1999). Os grãos de pólen abelhas (Renner 1989) sendo polinizadas por coletados são levados para os ninhos das abelhas bastante atrativas, tanto coloração de suas pela para alimentação das larvas (Renner 1989; pétalas quanto pela produção de pólen. As abelhas Schlindweine/a/. 2005). recolhem o pólen das anteras poricidas de formato Em muitas espécies de Melastomataceae, tubuloso por meio de vibrações, chamada de como as do gênero Tibouchina, há existência de polinização por vibração (Renner 1989; Larson & flores com estames dimórficos (heteranteria sensu

'Universidade Tuiuti do Paraná, R. Sydnei Antônio Rangel Santos 238,82010-330,Santo Inácio, PR, Brasil. !UFPR, -980, Centro Politécnico, Setor de Ciências Biológicas, Dep. Botânica, CP. 19031,81531 Curitiba, PR, Brasil. Autor para correspondência: isagalarda(ò!ufpr.br 224 Hoffmann. G.M. & Varassin, I.G.

Endress 1994). O fato de haver estames maiores e Dentre os métodos histoquímiços, três soluções menores faz com que, durante a visita às flores, são freqüentemente usadas, sendo elas a solução abelhas de grande porte abracem todas as anteras, de carmim acético, solução de Alexandcr e solução enquanto que as abelhas menores abracem as de cloreto de 2,3,5-trifenil-tetrazólio (TTC). anteras uma a uma (Renner 1989; Oliveira-Rebouças O presente artigo tem por objetivo avaliar a & Gimenes 2004). A heteranteria tem sido variação da viabilidade polínica em cinco espécies interpretada como uma divisão funcional de do gênero Tibouchina, sendo duas espécies trabalho entre as anteras (Faegri & van der Pilj 1979; arbóreas (T. pulchra Cogn. e T. sellowiana Cogn.) Buchmann 1983), devido a uma deposição e três espécies arbustivas (T. cerastifolia Cogn., T. diferencial do pólen de anteras de ciclos diferentes clinopodifolia Cogn. e T. gracilis (Bonpl.) Cogn. em regiões distintas do corpo das abelhas. Existem Para isso, foram considerados o dimorfismo das anteras funcionais, de fertilização, cujo pólen não anteras (diferença de viabilidade polínica das é retirado do corpo das abelhas durante a limpeza anteras maiores e menores), a possível perda de e, portanto, estão envolvidos no processo de viabilidade durante a antese nas espécies arbóreas polinização. Outro tipo de anteras são as de e a relevância das soluções histoquímicas para a alimento, cujo pólen é coletado para alimentação realização de testes de viabilidade. (Renner 1989). Associado a isto também foi considerado que apenas nos estames longos, os Material e Métodos de fertilização, os grãos de pólen são férteis (Renner Foram coletados botões e flores de cinco 1989). Em espécies que exibem heteranteria, a indivíduos de cada uma das espécies de Tibouchina, implicação de diversos tipos de anteras para sendo T. cerastifolia, T. gracilis, T. pulchra e T. reprodução tem sido investigada. Em Solanum L. sellowiana os indivíduos coletados em área urbana (Solanaceae) a presença de mais de um tipo de antera de Curitiba, PR e T. clinopodifolia nos mananciais não implica em diferenças reprodutivas a para planta da Serra, Piraquara, PR (Reserva da SANEPAR). Os 1975), mas em Melastoma malabathricum (Bowers materiais foram depositados no Herbário UPCB (I. G. L. (Melastomataceae), Luoetal. (2008) observaram Varassin 173; I.G. Varassin 174; I.G. Varassin 175; I. uma maior deposição estigmática de grãos de pólen G. Varassin 176; I. G. Varassin 177). oriundos de anteras maiores. Em função destas Nas espécies arbustivas, T. clinopodifolia, diferenças, é a viabilidade seja possível que polínica T. cerastifolia, T. gracilis, as flores foram coletadas distinta em anteras maiores e menores. logo após a abertura das flores, pela manhã. Para Ainda os contribuam que polinizadores as espécies arbóreas, T. pulchra e T. sellowiana, significativamente a reprodução em para foram coletadas flores de primeiro dia (flores Tibouchina, outros fatores ligados à biologia do brancas) e flores de segundo dia (mudando de afetar a reprodução. A grão pólen podem coloração para o rosa), também no período da viabilidade e a longevidade polínicas, ou mesmo manhã. A viabilidade das anteras maiores e menores sua capacidade de fertilização, ser afetadas, podem foi avaliada separadamente para cada indivíduo exemplo, ocorrência de dessecação, por pela pela para avaliar um possível papel diferencial dos dois baixa umidade relativa, disponibilidade de tipos de antera na reprodução. Em T. pulchra e T. substância de reserva, idade da flor, metabolismo, sellowiana foi comparada a influência da duração alterações morfológicas da antera, temperatura da antese na viabilidade dos grãos de pólen. entre outros & Firmage 2000). (Dafni Os grãos de pólen foram extraídos com o A fim de compreender a biologia da auxílio de pinça, sendo dispostos em lâmina e polinização são também necessários estudos que submetidos aos testes histoquímiços com três visem avaliar a fertilidade do grão de pólen e os corantes específicos separadamente: solução de fatores que podem alterar a viabilidade. É possível Alexander (Alexander 1980), solução de Carmim avaliar ou estimar a fertilidade masculina a partir de Acético (Kearns & Inouye 1993) e solução de cloreto testes simples, como testes histoquímiços, focando de 2,3,5-trifenil tetrazólio 0,57o (Cook & Stanley na viabilidade polínica (Stanley 1965; Kearns & 1960). A solução de Alexander cora o protoplasma Inouye 1993; Dafni & Firmage 2000). Existem (Alexander 1980; Dafni 1992) e distingue os grãos diversos métodos para estimar a viabilidade de pólen abortados dos não abortados. O composto polínica, havendo vantagens e desvantagens no verde malaquita reage com a celulose da parede uso de cada um deles (Dafni & Firmage 2000). celular do pólen e a fucsina ácida com o

Rodriguésia 62(1): 223-228. 2011 Viabilidade polinica em Tibouchina 225 protoplasma, refletindo a coloração púrpura Em relação ao período de antese, em T. pulchra (Alexander 1980; Kearns & Inouye 1993). Para essa as flores de primeiro dia e segundo dia apresentaram solução foram considerados viáveis grãos corados a mesma viabilidade (r58=l,03; P > 0,05; Fig. lb) de púrpura, enquanto que os não viáveis corados enquanto que em T. sellowiana, as flores de de verde (pólen abortado, deficiente em protoplasma) segundo dia apresentaram menor viabilidade (Alexander 1980). A solução de carmim acético atua (^=0,60; F1;J4=14,47; P < 0,05). A resposta entre os sobre os cromossomos do grão de pólen não tratamentos variou durante a antese (r2=0,60; abortado, corando-o, e podendo corar ainda pólen F2;54=4,48;P<0,05). imaturo e inviável (Stanley & Linskens 1974; Kearns De uma maneira geral, os tratamento & Inouye 1993). Para essa solução, foram histoquímicos empregados revelaram viabilidades considerados viáveis os grãos de pólen corados de polínicas distintas (Fig. lc). A viabilidade polinica vermelho e não viáveis os grãos não corados. A foi consistentemente menor nos ensaios onde se solução de 2,3,5-trifenil-tetrazólio ou TTC é distinta usou solução de TTC e foi semelhante entre os dos outros testes por envolver uma reação enzimática tratamentos usando a solução de Alexander e (Stanley 1965; Stanley & Linskens 1974; Kearns & solução de Carmim Acético (Fig. lc). Inouye 1993). Os sais de cloreto de 2,3,5-trifenil- Em todas as espécies, à exceção de T. sellowiana, tetrazólio confirmam a viabilidade polinica através a viabilidade polinica variou entre os indivíduos, das enzimas ativas que provocam mudanças na cor assim como os tratamentos empregados revelaram dos grãos para o vermelho na presença da atividade taxas distintas de viabilidade (Tab. 1), sendo oxidativa. A reação do corante indica a presença da para algumas espécies, como T. clinopodifolia, atividade enzimática contida nas células vivas T. gracilis, T. pulchra, os indivíduos (Vieitez 1952; Stanley 1965). Para essa solução foram responderam de forma distinta para os três considerados viáveis os grãos de pólen que tratamentos (Tab. 1). coraram de vermelho e não viáveis os sem coloração ou muito claros. Discussão Foram avaliadas 210 lâminas em campos Apesar da possibilidade de haver divisão de de lOx, considerando 100 aleatórios com aumento atividade entre as antéras dimórficas em de lâmina. Em cada solução grãos pólen por Melastomataceae (Renner 1989; Buchmann 1983; foi definido o de histoquímica empregada percentual Luo et al. 2008), não foi constatada variação na viáveis. A diferença de viabilidade média entre grãos viabilidade polinica entre os diferentes tipos de espécie, assim como as antéras dimórficas em cada antéras das espécies aqui estudadas. Esta ausência entre segundo dia de antese foram flores de primeiro e de variação na viabilidade nas antéras de viabilidade polinica avaliadas por teste t. As diferenças dimórficas foi também constatada em média entre os indivíduos e os tratamentos polinica Cambessedesia hilariana (Fracasso & Sazima 2004) empregados foram avaliadas análise de variância por e em T. pulchra (Silva 2006). Esta similaridade na de dois fatores ou unifatorial. Para os resultados que viabilidade polinica em ambos os tipos de antéras não influência de uma variável sobre a apresentaram deve ser em função do meiótico, é o analisadas processo que outra, as médias foram então mesmo em ambas as antéras, independentemente separadamente 1996). Um dos indivíduos de (Zar de seu papel (na reprodução ou como fonte T. apresentava as antéras menores gracilis predadas, alimentar para abelhas). Deste modo, nas espécies acarretando em resultados negativos no tratamento de Tibouchina estudadas, os grãos de pólen com TTC e, portanto, este dado foi excluído para não oriundos dos dois tipos de antéras poderiam ser interferir nos demais resultados. usados para reprodução. Tibouchina pulchra e T. sellowiana, Resultados apresentam, entre elas, uma diferença na queda da Em relação ao dimorfismo das antéras, tanto viabilidade desde a antese até o fenecimento da flor. as grandes quanto as pequenas apresentaram a A viabilidade mais longa em T. pulchra pode estar mesma viabilidade polinica em todas as espécies associada com a manutenção da funcionalidade (Fig. Ia), T. cerastifolia (r,,=0,36; P > 0,05), T. reprodutiva da flor, uma vez que a flor está disponível clinopodifolia (t,=0,46; P >'0,05), T. gracilis (t21=- aos polinizadores por até nove dias (Silva 2006). Em 0,19; P > 0,05), T. pulchra (r58=-0,07; P > 0,05), T T. sellowiana, como cada flor dura de dois a três sellowiana (rj8 = -0,46; P > 0,05). dias (Goldenberg & Varassin 2001), uma extensão

Rodriguesia 62(1): 223-228. 201 1 226 Hoffmann, G.M. & Varassin, l.G.

da viabilidade polínica por mais tempo não resultaria em maior chance de fecundação. Isto pode também estar relacionado com o período de visitação das H abelhas. Enquanto em T. sellowiana os polinizadores II visitam flores apenas no dia em que a flor abriu (Goldenberg & Varassin 2001), em T. pulchra podem ocorrer visitas no segundo dia, porém em menor proporção (Silva 2006). Neste caso, visitas posteriores ao primeiro dia podem ainda resultar em fecundação já que, do ponto de vista masculino, a viabilidade é mantida. Ensaios realizados por Silva cercligrapulsei (2006) em T. pulchra demonstram que os grãos de pólen de segundo dia são capazes de fecundar a oosfera com formação de frutos similar aos ensaios 100 com grãos de pólen de flores de dia. Silva 90 primeiro I (2006) aponta ainda em seu estudo, a influência da II I diminuição da viabilidade polínica na formação de frutos com os grãos de pólen provenientes de flores de terceiro dia. A redução de viabilidade polínica em T. sellowiana no segundo dia de antese foi observada por Goldenberg e Varassin (2001) e se reflete em redução do sucesso reprodutivo, uma vez que polinizações em flores de segundo dia têm menor pul sucesso do que as de primeiro dia (Goldenberg & Varassin 2001). Em autopolinizações espontâneas os tubos polínicos conseguiram atingir os óvulos, mas em apenas 3,4% do total de ensaios ocorreu F n fecundação da oosfera e formação de frutos H & Varassin 2001). : H í (Goldenberg O fato dos tratamentos histoquímicos empregados revelarem diferentes respostas de I T t ? viabilidade era esperada, pois cada teste histoquímico atua sobre um componente do grão 20-1- de pólen. Comparando os três testes histoquímicos, 10 é interessante ressaltar que a viabilidade média o ,L榗 foi mais baixa em todas as espécies e indivíduos cercligrapulsei com os testes conduzidos com a solução de 2,3,5- trifenil-tetrazólio. Isto parece indicar que mesmo grãos de pólen íntegros e com cromossomos Figura 1 -Viabilidade polínica em Tibouchina-a. em viáveis podem ter uma redução na viabilidade em anteras maiores (esquerda) e menores (direita); b. em função de baixa atividade enzimática dos grãos de flores de primeiro (esquerda) e segundo dia de antese pólen, uma vez que o TTC atua sobre as enzimas (direita); c. em diferentes tratamentos histoquímicos: desidrogenases e peroxidases ativas, relacionadas Alexander (esquerda), Carmim acético (centro) e com a respiração celular (Stanley 1965; Stanley & TTC 0,5% (direita), cer = T. cerastifolia; cli = Linskens 1974; Kearns & Inouye 1993). T. clinopodifolia; gra = T. gracilis; pul = T. pulchra; A alta viabilidade polínica encontrada aqui sei = T. sellowiana para todas as espécies pode estar associada à ausência Figure 1 - Pollen viability in Tibouchina - a. in the larger de apomixia e ocorrência de autocompatibilidade anthers (left) and smaller (left); b. in flowers from the first (Goldenberg & Varassin 2001), conforme observado and second day of anthesis c. in different (left) (right); em 7". cerastifolia, T. clinopodifolia, T. histochemical solutions: Alexander (left), Acetic-carmine gracilis (center) and TTC 0,5% (right). (Franco 2007), T. pulchra (Silva 2006) e T. sellowiana

Rodriguésia 62(1): 223-228. 2011 Viabilidade polínica em Tibouchina 227

Tabela 1 - Variação da viabilidade polínica entre os indivíduos, entre os tratamentos e da interação entre indivíduo e tratamento (Anova uni- ou bifatorial). Tabela 1 - Variation of pollen viability among individuais, treatments, and interaction among individuais and treatments (One- or two- way Anova).

VariaçãoVariação entreEfeito do indivíduo Espécie individualtratamentossobre o tratamento Tibouchina cerastifolia r^-0,06 r^-0,68ns F4,=0,62F =31 P<0,05F<0,05)

Tibouchina clinopodifolia r=0,94 H=0,94^=0,94 F415=34,07 F,15=153,03F8,=5,39 P<0,05 P<0,05P8<0,05

Tibouchina gracilis r^Q,92 ri^iH.r2=Q,92 ^14=13.16 F2;14=104,86F,,4=5,62 P<0,05 P<0,05P<0,05

Tibouchina pulchra ^=0,84 r^M^=0,84 F44,=22,00 F=104,14F=2,50 P<0,05 P^0,5P8<4Ò,05

Tibouchina sellowiana 1^=0,05 7^=0,05ns =1 =1 F 4;55 844;55F '84 P>0,05P>0,05

(Goldenberg & Varassin 2001). Espécies do gênero Agradecimentos Leandra Raddi e Miconia Ruiz & Pav. possuem À Miriam Kaehler pelas sugestões, à UFPR baixas taxas de viabilidade polínica (Goldenberg por disponibilizar os laboratórios, à S ANEPAR 2000), em função de malformações pela geralmente autorização das coletas e à EMBRAPA FLORESTAS polínicas de indivíduos de origem poliplóide. De e UTP pelos reagentes. Esse estudo faz do fato, em algumas espécies apomíticas de parte Trabalho de conclusão de curso da primeira autora. Melastomataceae foram observadas irregularidades meióticas, provavelmente responsáveis pelos baixos Referências níveis de viabilidade polínica (Goldenberg & Shepherd 1998). Alexander, M.P. 1980. A versatile stain for pollen fungi, yeast and bactéria. Stain Technology 55: 13-18. A variação individual da viabilidade polínica Bowers, K.A.W. 1975. The pollination of Solanum rostratum demonstra a importância de estudos populacionais (Solanaceae). American Journal of Botany 62:633-638. para avaliar a fertilidade masculina. Neste estudo, Buchmann, S.L. 1983. Buzz pollination in Angiosperms. na maioria das espécies trabalhadas, os indivíduos In: Jones, CE. & Little, R. J. (eds.). Handbook of de uma viabilidade mesma espécie apresentaram experimental pollination biology. Van Nostrand & polínica variável. Reinhold, New York. Pp. 73-113. As diferenças de viabilidade encontradas Cook, S.A. & Stanley, R.G. 1960. Tetrazolium chloride neste estudo indicam que a estimativa de viabilidade as indicator of pine pollen germinability. Silvae polínica pode ser afetada pela amostragem Genetic9: 134-136. Dafni, A. 1992. Pollen (indivíduo) e que o uso de soluções histoquímicas and stigma biology. In: Pollination diferentes influi nos resultados encontrados de ecology: a practical approach. Oxford University Press, Oxford. Pp. 59-89. viabilidade. Além disso, fatores biológicos e Dafni, A. & Firmage, D. 2000. Pollen viability and longevity: ecológicos como a longevidade da flor podem estar practical, ecological and evolutionary implications. Plant associados à variação na taxa de viabilidade Systematics and Evolution 222: 113-132. O dimorfismo das anteras, outro lado, polínica. por Endress, P.K. 1994. Diversity and evolutionary biology não se reflete em diferenças de viabilidade polínica of tropical flowers.Cambridge University Press, para essas espécies de Tibouchina. Cambridge. 530p.

Rodriguésia 62(1): 223-228. 2011 228 Hoffmann, G.M/& Varassin, IG.

Faegri, K. & van der Pijl, L. 1979. The principies of Luo, Z.; Zhang, D & Renner, S.S. 2008. Why two kinds pollinations ecology. 3ed. Pergamon, New York. of stamens inbuzz-pollinated flowers? Experimental 29 lp. support for Darwin's division-of-labour hypothesis. Fracasso, CM & Sazima, M. 2004. Polinização de Functional Ecology 22: 794-800. Cambessedesia hilariana (Kunth) DC Oliveira-Rebouças, P. & Gimenes, M. 2004. Abelhas (Meiastomataceae): sucesso reprodutivo versus (Apoidea) visitantes de flores de Comolia ovalifolia diversidade, comportamento e freqüência de visitas de DC Triana (Meiastomataceae) em uma área de restinga abelhas. Revista Brasileira de Botânica 27:797-804. na Bahia. Neotropical Entomology 33: 315-320. Franco, A.M. 2007. Biologia reprodutiva de três espécies Renner, S.S. 1989. A survey of reproductive biology in de Meiastomataceae (Tibouchina cerastifolia Cogn., neotropical Meiastomataceae and Memecylaceae. T. clinopodifolia Cogn. e T. gracilis Cogn.) nos Annals ofthe Missouri Botanical Garden 76:496-518. Mananciais da Serra, Piraquara, Paraná. Dissertação Schlindwein, C; Wittmann, D.; Martins, CF.; Hamm, de Mestrado. Universidade Federal do Paraná, A.; Siqueira, J.A.; Schiffler, D. & Machado, LC. Curitiba. 57p. 2005. Pollination of Campanula rapunculus L. Goldenberg, R. 2000. Apomixia como alternativa à (Campanulaceae): how much pollen flows into reprodução em Meiastomataceae. In: Cavalcanti, T. pollination and into reproduction of oligolectic B & Walter, B.M.T. Tópicos Anuais em Botânica. pollinators? Plant Systematics and Evolution. 250: Embrapa Recursos Genéticos Brasília. Pp. 225-230. 147-156. Goldenberg, R. & Shepherd, G.J. 1998. Studies on the Silva, J.B. 2006. Biologia das interações entre os visitantes reproductive biology of Meiastomataceae in cerrado florais (Hymenoptera, Apidae) em Tibouchinapulchra vegetation. Plant Systematics and Evolution 211: Cogn. (Melastomateceae). Dissertação de Mestrado. 13-29. Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 62p. uses of tree Goldenberg, R. & Varassin, I.G. 2001. Sistemas Stanley, R.G. 1965. Physiology and pollen. reprodutivos de espécies de Meiastomataceae da Agricultural Science Review 3:9-17. Serra do Japi, Jundiaí, São Paulo, Brasil. Revista Stanley, R.G & Linskens, H. 1974. Viability tests. In: Brasileira Botânica 24: 283-288. Pollen: biology, biochemistry, management. Berlin. Pp. 67-86. Kearns, CA. & Inouye, D.W. 1993. Pollen. In: Springer-Verlag, Vieitez, E. 1952. El uso dei Cloruro 2,3,5- Techniques for pollination biologist. Colorado University Press, Niwot. Pp. 77-151. trifeniltetrazolium para determinar Ia vitalidad dei Anales de Edafología Fisiologia Vegetal 11: Larson, B.M.H. & Barrett, S.C.H. 1999. The pollination polen. y 297-308. ecology of buzz pollinated Rhexia virginica Zar, J.H. 1996. Biostatistical analysis. 3 ed. Prentice (Meiastomataceae). American Journal of Botany 86: 502-511. Hall, New Jersey. 718p.

Artigo recebido em 18/05/2010. Aceito para publicação em 18/10/2010.

Rodriguésia 62(1): 223-228. 2011 Instruções aos Autores Os manuscritos submetidos a Rodriguesia devem exceder o enfoque essencialmente descritivo, evidenciando sua relevância interpretativa relacionada à morfologia, ecologia, evolução ou conservação. Estimula-se que isso seja feito através de uma seção de Discussão ou Conclusão. Artigos de revisão ou de opinião poderão ser aceitos mediante demanda voluntária ou a pedido do corpo editorial. Os manuscritos deverão ser preparados em Português, Inglês ou Espanhol. Ressalta-se que os manuscritos enviados em Língua Inglesa terão prioridade de publicação. A Rodriguesia aceita o recebimento de manuscritos desde que: todos os autores do manuscrito tenham aprovado sua submissão; os resultados ou idéias apresentados no manuscrito sejam originais,' o manuscrito enviado não tenha sido submetido também para outra revista, a menos que sua publicação tenha sido recusada pela Rodriguesia ou que esta receba comunicado por escrito dos autores solicitando sua retirada do processo de submissão; o manuscrito tenha sido preparado de acordo com a última versão das Normas para Publicação da Rodriguesia; se aceito para publicação e publicado, o artigo (ou partes do mesmo) não seja publicado em outro lugar, a não ser com consentimento do Editor-chefe; sua reprodução e o uso apropriado de artigos publicados na Rodriguesia não apresentem fins lucrativos e tenham propósito educacional, qualquer outro caso deverá ser analisado pelo Editor-chefe; o conteúdo científico, gramatical e ortográfico de um artigo seja de total responsabilidade de seus autores.

Envio de Manuscritos O endereço para o site de submissão eletrônica é: http://rodriguesia-seer.jbrj.gov.br/index.php/rodriguesia

Para consulta à íntegra de nossas normas de publicação os autores interessados devem acessar o endereço.' http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Instructions to Authors Manuscripts submitted to Rodriguesia must go beyond the purê descriptive approach, revealing interpretation related to morphology, ecology or conservation. Such interpretation is expected to appear under a separate section (Discussion or Conclusion). Articles that contain only nomenclatural approach will not be accepted. Opinión or review articles may be accepted through voluntary demand or at the request of the editorial board. Manuscripts should be prepared in Portuguese, English or Spanish. Manuscripts submitted in English will be given priority for publication. The Rodriguesia accepts manuscripts provided that ali authors have approved the manuscript submitted; the results or ideas presented in the manuscript are original; the manuscript has not been submitted to another joumal, unless the manuscript has been refused by that other joumal or the author asks that other joumal to withdraw the manuscript from the submission process; the manuscript has been prepared in agreement with the latest versión of the Guidelines for Publication in Rodriguesia. If accepted and published, the article (or its parts) cannot be published elsewhere, except with the consent of the Editor-in-chief. The reproduction and proper use of articles published in Rodriguesia can not receive any profit and must have educational purpose. Any other cases must be examined by the Editor-in-chief. The scientific content, grammar and spelling within an article are the sole responsibility of its author.

Submission of Manuscripts The address for the submission site is: http://rodriguesia-seer.jbrj.gov.br/index.php/rodriguesia

To access the full text of our Guidelines, please access the following: http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Instruciones a los Autores Los manuscritos enviados a Rodriguesia deben superar ei enfoque descriptivo, destacando su importância interpretativa en relación con Ia morfologia, ecologia y conservación. Se alienta que esto se hace a través de una sección de Discusión o Conclusion. Artículos de revision o de opinión serán aceptados solo por pedido dei Cuerpo Editorial. Los manuscritos deberán ser preparados en português, inglês o espanol. Resaltándose que los manuscritos enviados en Lengua Inglesa tendrán prioridad para su publicación. Rodriguesia, acepta los manuscritos enviados desde que: todos los autores dei manuscrito hayan aprobado su envio; los resultados o ideas presentadas en ei manuscrito sean originales; ei manuscrito enviado no haya sido sometido también a otra revista, a menos que su publicación haya sido rechazada por Ia revista Rodriguesia o que esta reciba un comunicado por escrito de los autores solicitando ser retirada dei proceso de evaluación; ei manuscrito haya sido preparado de acuerdo con Ia última versión de las Normas para Publicación de Rodriguesia; si es aceptado para publicación y publicado, ei articulo (o partes de este) no hayan sido publicados en otro lugar, a no ser con ei consentimiento dei Jefe Editorial; su reproducción y ei uso apropiado de los artículos publicados en Rodriguesia no presentan fines econômicos y tienen un propósito educacional, cualquier otro caso deberá ser analizado por ei Jefe Editorial; ei contenido científico, gramatical y ortográfico de un articulo es en su totalidad responsabilidad de los autores.

Preparación dei Manuscrito La dirección para ei sitio de envio electrónico es: http://rodriguesia-seer.jbrj.gov.br/index.php/rodriguesia

Para Ia consulta de nuestras directrices de publicación, los autores interesados deben visitar Ia dirección: http://rodriguesia.jbrj.gov.br SUMÂRIO/CONTENTS

Artigos Originais / Original Papers

Florística e distribuição geográfica das samambaias e licófitas da Reserva Ecológica de Gurjaú, Pernambuco, Brasil / Floristic and001 geographical distribution of ferns and lycophytes from Ecological Reserve Guriaú, Pernambuco, Brazil Anua Flora dp Novaes Pereira. Iva Carneiro 1 eão Barros. Augusto César Pessoa Santiago <£• Ivo Abraão Araújo da Silva

Dennstaedtiaceae (Polypodiopsida) no estado de Minas Gerais, Brasil / Dennstaedtiaceae (Polypodiopsidal in Minas Gerais, Brasilou Francine Cosia Assis & Alexandre Salino

Adiciones a Ia ficoflora marina de Venezuela. II. Ceramiaceae, Wrangeliaceae y Callithamniaceae (Rhodophyta) / Additions to the035 marine phycoflora of Venezuela. II. Ceramiaceae, Wrangeliaceae and Callithamniaceae (Rhodophyta) Mayra Garcia. Santiago Gómez v Nelson Gil

Fungos conidiais do bioma Caatinga I. Novos registros para o continente americano, Neotrópico. América do Sul e Brasil / Conidial fungi from Caatinga biome I. New records for Américas, Neotropics, South America and Brazil Davi Augusto Ci 1 de Almeida. Tasciano dos Santos Santa I/abel & I.uis Fernando Pascholati Gusmã

lanaceae na Serra Negra, Rio Preto, Minas Gerais / Solanaceae in the Serra Negra, Rio Preto, Minas Gerais Eveline Aparecida Feliriano &• Fátima Regina Gonçalves Salimena

Moraceae das restingas do estado do Rio de laneiro / Moraceae of restingas of the state of Rio de laneiro I eandro Cardoso Pederneiras. Andréa Ferreira da Costa. Dorothy Sue Dunn de Araújo & Jorge Pedro Pereira Carauta

Flora da Usina São losé, Igarassu, Pernambuco: Convolvulaceae / Flora of the Usina Sao |osé, Igarassu, Pernambuco: Convolvulaceae Maria Teresa Bnril & Marccus Alves

Machaerium (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae) nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Brasil / Machaerium (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieael from the Mato Grosso and Mato Grosso do Sul States, Brazil Caroline do Amaral Polido & Ângela Lúcia Haguatori Sartori

Species composition and floristic relationships in southern Goiás forest < Composição e relações floristicas de encraves florestais no sul de Goiás Paulo Oswaldo Garcia. Arthur Sérgio Mouco Valente. Daniel Salgado Pifano. José F« Marco Aurélio l.eite Fontes & Ary Teixeira Oliveira-Filho

Altitudinal distribution and species richness of herbaceous plants in campos rupestres oi the Southern Espinhaço Range, Minas Gerais, Brazil / Distribuição altitudinal e riqueza de espécies de plantas herbáceas em campos rupestres do sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais. Brasil r Borges. Marco Antônio Alves G ¦> & Pedro ].,'¦>¦¦ Vi

Existe utilização efetiva dos recursos vegetais conhecidos em comunidades caiçaras da Ilha do Cardoso, estado de *A São Paulo, Brasil? / 153 Is there effective resources utilization among Cardoso Island population ("caiçaras São Paulo State, Brazil? Tatiana Mota Miranda. Natalia Mana/aki. José Silvio Govone & Daniela Mota Miranda Alves

Revisão de Andropogon (Poaceae — Andropogoneae) para o Brasil / Revision of Andropogon (Poaceae — Andropogoneael from Brazil Ana Zanin \ Hilda Maria Longhi-Wagner

SEM studies on the leaf indumentum of six Melastomataceae species from Brazilian Cerrado / Microscopia eletrônica de varredura203 do indumento foliar de seis espécies de Melastomataceae do cerrado Camtlla Ro/indo Dias Milanez & Silvia Rodrigues Machado

Reproductive biology of Echinodorus grandiflorus (Alismataceae): evidence of self-sterility in populations of the state of São Paulo / 213 Biologia reprodutiva de Echinodorus grandiflorus (Alismataceae): evidência de auto-esterilidade em populações do estado de São Paulo F.merson R. Pansarin & Ludmila M. Pansarin

Variação da viabilidade polínica em Tibouchina (Melastomataceae) / Variation of pollen viability in Tibouchina (Melastomataceae) Glaucia Margen, Hoffmann & isahela Galarda Varassin