Comunicação-Cultura. Paulo. MembrodoGrupode Pesquisa Espacc-Espaço-Visualidade/ Comunicação e Semiótica pela Pontifícia de São Universidade Católica Pontifícia deSãoPaulo. UniversidadeCatólica Doutoraem Debora CristineRocha| Simulação. Etnografia. Reality TV. Realityshow.Ficçãoerealidade. Palavras-chave Porém, nointeriordeambos,subsisteaficção. a promessadeexibiromáximorealidade. reality showbuscamaetnografiaparacumprir credibilidade. Tanto areality TVquantoo como marcasdeveracidadeeindicadores do mundovividoparaomidiático etnografia: dadosetnográficossãotraduzidos Nesse processo,acomunicaçãodialogacom midiático: ouniversocriadopelarepresentação. sistema decomunicaçãoquealimentaomundo natural queossignosrepresentam–um linguagem quefazdomundovivido–o Entra emjogoasimulação,umprocessode visam tornarseustextosmaisereais . programação emgeral,estilosetécnicasque ela nãoserestringeaeleetransporta,para a essaformadetelevisãosejaoreality show , televisivos. Emboraoformatomaisassociado factual popular, influenciainúmerosformatos A reality TV,umavariedadedaprogramação Resumo ficção erealidadenatelevisão Reality TVerealityshow: [email protected] Debora CristineRocha telespectadores, énecessárioseaproximar do encontrar lugarnavidaprivada erotineirados ou relegadosaoesquecimento. Então,épreciso diariamente, nãoterseusaparelhos desligados que adentraamoradiadetantostelespectadores olhos dopúblicopara,comomídiadoméstica comunicação chamadotelevisãoconfiávelaos da produçãotelevisiva,tornarosistemade Esse éoobjetivoquemovegrandeparte nossa atençãoeprecisaserassistida. televisão sópodeserdignadecrédito,merecea como agente,onossocotidiano.Portanto, valer, elatransmitearealidadeaomostrar vai saberquevocêérealemais,aTVpara existe, asuacasaconstanomapa.Todo mundo por algunsminutosquevocêexiste,asuafamília passageiro, quemvocêé.Todo mundovaisaber por uminstante,aindaquepequeno, a milhõesdepessoasetodomundovaisaber história devida,asuaimagemserátransmitida Logo mais,ànoite,nohorárionobre,asua sua vidaembuscadealgoparaexibirnatelinha. A televisãovaiadentrarasuacasa,revirar 1 Reality TV Reality www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599

gente 1/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. auditório similares aoexibiremaspegadinhas , (TV Globo),DomingoLegal (Sbt)eprogramasde TV natelevisãobrasileira:DomingãodoFaustão Além dosreality shows,sãoexemplosdereality o quelevaàsimulação. um efeito de máxima realidade no que é veiculado, da produção televisiva como um todo, pois se busca textos maisereais. Daíareferencialização em geral, estilos e técnicas que visam tornar seus se restringe a ele e transporta, para a programação associado àreality TVsejaoreality show , ela não formatos televisivos. Embora o formato mais factual popular que modeliza os mais diversos A reality TV denominada comoreality TV,arealidade. e estruturaessaformadetelevisãoquetemsido protagonista daTV, eleéopersonagemprincipal sensível ereal,omundovividosetornagrande de umaestratégianaqualoreferente,mundo programação comomarcadeveracidade.Trata-se para dentrodamáquina,ointerior pelo público,agoravaialém,quertrazê-lo reproduzir mimeticamenteocotidianovivenciado etapa deseudesenvolvimento,elaprocurou aproximação criadaspelatelevisão.Se,emcerta Nesse contexto,sãoinúmerasasestratégiasde enquanto meio. necessidade queocaracterizaeconfigura Essa éumaexigênciaprópriadosistema, e realizar-se comosistemadecomunicação. íntima ecotidianaparagarantiraudiência público, criarlaços,estabelecerumarelação é uma variedade da programação

enquadrá-la emdeterminadacategoria: reality TVtemcontagiado,hádificuldadespara Dada essadiversidadedeformatosquea anônimas. mulheres de experiências as humor com reproduz que Globo), (TV Fantástico do quadro telespectador; RetratoFalado, algum de carro o recupera segundo o e casa a Huck (TVGlobo),quandooprimeiroreforma do Lar eLataVelha , quadrosdoCaldeirão Doce comuns aofinaldecadacapítulo;Lar pessoas de depoimentos insere que telenovela Globo), traição conjugal;PáginasdaVida(TV a identificar para polígrafo o utiliza , que O Programa daMárcia (TVBandeirantes) pessoas anônimasquesimulaaterapiaemgrupo; reais; CasosdeFamília(Sbt),talkshowcom performances queintervêmemacontecimentos na vidareal;PânicoTV(RedeTV!),aocriar (TV Globo), que reconstitui crimes que ocorreram pois utilizamacâmeraescondida;LinhaDireta genre? (HILL, 2007, p. 41) diverse this categorise we death.do So,to how birth from pets, to people from everything, and anything with associated is TV reality recently, More services. emergency or order, and law of footage on-scene with associated was TV reality genre, the of stages early the In cade. de- past the over developed has genre the as changed has programming reality in “reality” of treatment However,the camera. the of front in happening are they as unfold events seeing cameras, hand-held footage, surveillance gue, dialo- unscripted actors, non-professional such as TV, reality with associated and techniques styles of variety a pro- are factual There gramming. popular of range a describe to used commonly is TV reality of category The www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 2/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. troca deumcachêapenassimbólico diante TV semremuneraçãoou,quando muito,em pois asprimeirassedispõem aaparecerna programas comanônimosdoquecelebridades, 2007, p.6).Defato,émaisbaratoproduzir provides acheapalternativetodrama”(HILL, a fatoreseconômicos:“Realityprogramming Por umlado,abuscapelasimulaçãosedeve acontecimentos reaisatravésdeperformances. do cotidianodepessoasreais;aintervençãoem reais; aexibiçãodoantes-e-depois;observação como pessoascomuns;areconstituiçãodefatos na programação;aexibiçãodecelebridades a participaçãocrescentedepessoasanônimas entre osquaissedestacamacâmeraescondida; técnicas empregadosnaproduçãotelevisiva, estabelece comoumconjuntodeestilose configura comosimulação. Tal processose acontecimentos domundovividonaTVse procura reproduzircomtotalfidelidadeos O processoqueenfatizaoreferentee TV procuraeliminá-los. o mundovividoemidiático,areality entre limites admitem TV fazer de modos outros Enquanto televisão. da olhos dos menina a como coloca o que o referente, ao dado destaque o a realidade.Essaéessênciadareality TV, e ficção a aproximam que simulações geram e referente o enfatizam que linguagem de elementos de utilização a mas formato, o seu televisivo comoreality TVnãoépropriamente O quecaracterizaumprogramaouquadro televisão émuito maisdoqueatelinha Tal utilizaçãotambémindicaoquantoa diferentes formasdeviver. coletados hábitos,históriasecomportamentos, outras casas,outrosestilosdevida.Assim,são se passanaprivacidadedeoutraspessoas, outro sentido,levaoindivíduoabuscarque utilização televisivainstigaacuriosidadeem encontra naobservaçãodooutro,ésexual.A psicologia, naqualoprazer, queoindivíduo diferencia dapráticavoyeurdescritapela No entanto,essaformadevoyeurismose sente prazeremobservaravidaalheia. indivíduo o qual na prática uma é midiático voyeurismo o Afinal, público. do atenção a prender para isca como canaliza TV a que outro pelo fascinação uma É comunicação. de sistemas dos partir a fechadura da buraco do através alheia vida a observar janelas, e portas de frestas pelas olhar cortinas, das vãos pelos entrever de vontade uma midiático, voyeurismo um realmente, Há, audiência. significa agradá-lo afinal, público, do interesse o considerar preciso é lado, outro Por programas játestadossempretraz. claro, dasegurançaqueoinvestimentoem remunerados quantoosroteiristas.Além,é trabalho deprofissionaistãodisputadosebem figurinos muitodispendiosos,assimcomoo formatos quenãorequeiramcenáriose de televisão.Também émaisbaratoutilizar das cifrasastronômicaspagasàsestrelas www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 3/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. a TVcomomídiadoméstica. mesmos. Trata-se deumaestratégiaquelegitima telespectadores que,dessaforma, assistirãoasi em público.Osanônimosrepresentammilhõesde espetáculo eexpõeavidaprivadadeanônimos Uma versãoquetraduzavidacotidianacomo a realidadeereexibe-aemversãomidiática. vidraça seacomodanateladecristalquecapta A televisãoatuacomoumajanelaindiscreta,cuja televisiva, numaoutraformatextual. elementos ereorganiza-os,segundoalinguagem uma formadetexto,selecionaalgunsseus que, levadaatermopelamontagem,desorganiza texto domundomidiático.Éumamodelização a traduçãoentreotextodomundovividoe de montagem,umtextoquenadamaisédo mesma umtextoqueseestruturapeloprocesso sua programação.Nessapretensão,elafazdesi las paraelaboraroutrostextosqueirãocompora partes impregnadasdereferencialidadeeutilizá- parte domundovivido,desmontá-los,selecionar Ou seja,aTVsepropõecolhertextosquefazem encontrou comotextomidiático. público enquantotextovividoedevolve-lheoque tempo comoreceptora,poiscaptaavidadiáriado como emissoradaprogramação,masaomesmo espaço damídia.Então,aTVnãooperaapenas privada etransportaoqueencontrapara que vasculhaosepassanoespaçodavida televisão revelaoutraface,oolhosuperpoderoso que asrecebepassivamente.Comareality TV,a emite imagensdocotidianoparaumpúblico texto decultura, tendoemvistaavariedade a atençãodopúbliconesteou naquele o voyeurismomidiático,que procuramanter público pelabisbilhotice.Assim seconstrói atos invasivos,proibidos,queseduzemo da simulação.Esãotodos,semexceção, da fechadurasãoatosassociadosàdinâmica frestas dajanela,observaratravésdoburaco Entrever pelosvãosdascortinas,olharpelas duas visõesdiferenciadassobreomundo. comunicação, da e etnografia da olhares aos respondem que diferentes modelizações duas inseridos numsistemacomoatelevisão.São quando dados mesmos os e etnografia pela utilizados quando etnográficos dados os entre comunicação. Há,portanto,umasemiose a realidade,formadossistemasde conceber de forma outra segundo telinha na reconfigurados são e privacidade alheia câmeras superpoderosasquedevassama Dados etnográficossãocaptadospor diálogo entreacomunicaçãoeetnografia? andamento? Eoqueéasimulaçãonãoser nacional deTVanãosersimulaçãoem Mas oqueéaexibiçãodesseespaçoemrede privado-público, ocarro-chefedaprogramação. tornar avedetedatelevisão.Surgeoespaço é fundidoaoespaçodavidapúblicaparase comumente preservadodoolhardeestranhos, da vidaprivadadotelespectadoreesseespaço, doméstica, aTVdevesevoltarparaoespaço Na verdade,nadamaisadequado.Comomídia www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 4/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. se postamdiantedosaparelhos deTVtodosos é aexpectativademilhões anônimosque ao anônimoexibi-locomo celebridade.Essa da superexposição,oespaçoquedávisibilidade transforma avidaprivadaempúblicaatravés ser encontradonoespaçomidiático,oque mundo, omaiorreconhecimentopossívelsópode mídia? Numaeraondeacomunicaçãomodelizao encontrar amaiorvisibilidadepossívelsenãona comunicação possuem papel preponderante, onde E, numaculturaondeossistemasde visibilidade, maiorainserçãosocial. privada, maioravisibilidade.Quanto vista detodos.Quantomaioraexposiçãodavida A privacidadedeixaaclausuraeécolocadaà vida privada,particularidadesdapessoal. mais qualquerpudoremexporosdetalhesda ver paraserconsideradoe,tanto,nãohá cada vezmaispelavisibilidade.Éprecisosefazer pois oreconhecimentosocialpassaaserobtido século XXeiníciodoXXI,essavisãoéalterada, doméstica quantoumdogma.Mas,nofinaldo se apoianumresguardotãocompletodavida século XX,aideiadeprivacidadenesseperíodo século XIXemantidadurantegrandepartedo privacidade dostemposatuais.Formadano Há umamudançaprofundananoçãode privacidade, ocupaespaçonamídia. mais significativosdareality TV,aexibiçãoda outros. Énessepanoramaqueumdostraços canal, abandonarumtextoemergulharem absurda deopçõeseestímulosparamudar se prestaàobservação, detalhescapazesde se forcapazdeenfatizar, navidaalheiaque tedioso? Espiarpodeseratrativo, masapenas Será queopúblicoquerassistir aumcotidiano ainda maisnatelevisão,éenfadonho. pode sersedutor, masespreitar ainsistência, e desinteressedadaafaltadenovidade.Espiar trazem consigooenfado,umaespéciedecansaço cotidianos sãoreproduzidossistematicamentee se, tomarbanho,escovarosdentes.Osatos acordar, trabalhar, comer, dormir, deslocar- extremo pelarepetição,sópodeserocotidiano: são repetitivos.Aliás,seexistealgomarcadoao outro, tantoquantoodia-a-diadequemobserva Seja comofor, ébemverdadequearotinado credibilidade datelevisão. marcas deveracidadedotextoeindicadores sistemas decomunicação,serãotraduzidoscomo fornecer dadosetnográficosimportantesque,nos buscam observar, poissãoestruturascapazesde e fazersãoexatamenteoqueosetnógrafos famílias. Noentanto,essesmodosdeviver modos deviverefazeroutrascasas, toa queaexposiçãodaprivacidadeexploraos do outrorevelamseumundopessoal.Nãoéà rotina, odia-a-diaalheio,poisosatoscotidianos privada. Enadamelhordoqueacompanhara Mas, paratanto,éprecisodevassaravida necessidade dereconhecimento. O exibicionismomidiáticoéalimentadopela meio àmultidãoquetornaoindivíduoinvisível. dias, aparecernatelevisãoeserreconhecidoem www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 5/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. com essavariedadedatelevisão factualpopulare advento. Aexceçãoseráoreality show,quesurge dos formatostelevisivosjáexistia antesdoseu um todo,énecessárioconsiderarqueamaioria se areality TVcontaminaaprogramaçãocomo TV commaiorclareza:oreality show.Afinal, principalmente naquelequeidentificaareality observado eminúmerosformatostelevisivos,mas televisão seestabeleceumdiálogoquepodeser funcionamento. Entreessasduasformasdefazer television éumdossegredosdasualógicade A modelizaçãodareality TVpela tabloid do mundomidiático. audiovisuais, captados no mundo vivido, em textos montagem, queselecionaeorganizafragmentos captada. NaTV, talexibiçãoestácondicionadaà será apresentadaforadocontextonoqualfoi conquistar audiência,naqualavidaprivada do cotidianoatraente.Éumaestratégiapara entre quatroparedes,paratornaraexibição detalhes escabrososechocantesencontrados escandalosa davidaprivada,enfatizaros O tabloidismoprocuraráressaltaraface a tabloidtelevisionealimentaráTVrealidade. impressos. Natelevisão,eleseapresentarácomo jornalismo irámodelizarváriossistemasalémdos categoria jornalísticainteira.Essemododefazer tão popularesnoReinoUnido,masenglobauma sistemas impressos,casodosjornaistabloides ou tabloidismo–quenãoserestringeaos na reality TV,advindodojornalismotabloide quebrar arotina.Esseéumviésmuitoutilizado um únicofenômeno. e reality show,chegamaserconfundidoscomo alcança tamanhoimpactoqueambos,reality TV informar. Trata-se doinfoentretenimento(HILL, o reality deveentretere,quandoentretém, dessas duasvertentes.Mesmo quandoinforma, embora oformatosempreexibaumamistura outros dãomaisatençãoaoentretenimento, Há reality showsqueprivilegiamainformação, dicotomia informaçãoouentretenimento. opções, emconstanteexpansão,queultrapassaa dessa dinâmica,oreality showexibeumlequede pelo reality showquantopela reality TV.Apartir característica quetemsidodemonstradatanto modelizando-os comrapidez,éuma outros formatosesistemasdecomunicação, A grandecapacidadededialogarcom emgeral. comunicação restringe àtelevisão,masafetaossistemasde do reality showétãograndequenãose visibilidade àreality TV.Afinal,oimpacto sua lógicadefuncionamento,conferegrande de fazertelevisãoetotalmentepautadopor reality show,umformatocriadoporessemodo do surgimento o Porém, despercebida. quase permitiu aessavariedadetelevisivapassar por elajáexistiamantesdoseuadvento,oque contagiados televisivos formatos dos maioria como umtodo,éprecisoconsiderarquea Ainda queareality TVmodelizeaprogramação 2 Reality show Reality www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 6/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. durante oprocesso,elesequer imaginacomoo mistério, odonodocarronão podeveroveículo Outro traçodoentretenimento nessequadroéo acessórios originaisenãoapenasconsertá-lo. o cuidadoderestaurarveículo,compeçase velho, umaverdadeiralatavelha,impecável.Há de apenasalgunsdiasparadeixarumcarro contra otempo,poisosprofissionaisdispõem O componentelúdicosedeslocaparaacorrida automobilística. materiais, funilaria,pinturaehistória sobre mecânicadeautomóveis,restauração, entretém e,simultaneamente,informaopúblico do telespectador. Éumshowdetecnologiaque estratégias empregadaspararealizarosonho profissionais especializados,astécnicase exibidas imagensqueenfatizamaperíciados a passo,progridecenacena,enquantosão o público,atransformaçãoacontecepasso oficinas parceirasdoCaldeirãoHuck.Para e comoficou,apósumbanhodelojanas antes-e-depois, aomostrarcomoocarroera ao programaéatransformação,ochamado forma deentretenimento.Oquedáaudiência apesar depossuirelementosprópriosdessa Velha nãoépropriamenteumgameshow, de umtelespectadornumcarrão.OLata Velha, quadroquetransformaocarrovelho programa deauditórioqueexibeoLata É ocasodoCaldeirãoHuck(TVGlobo), informam e entretêm o público ao mesmo tempo. 2007), noqualprogramasequadrostelevisivos Aprendiz (TVRecord),versãobrasileira do No Brasil,hágameshowsquevãodesde O que pressupõeacompetição comoeixocentral. mas sempreassociamentretenimentoajogo,o As fórmulasdegameshowssãomuitovariadas, gerarem versõesdiferenciadas. fórmulas sofrerempequenasmudançase Daí, aochegaremadeterminadopaís,as adaptá-las àculturaemqueserãomostradas. direitos deexibição,realizemalteraçõespara permitirem queasemissoras,compradorasdos mas conseguemserflexíveisosuficientepara e diferenciamoprogramadequalqueroutro, portanto, prescriçõesgeraisqueidentificam punições, aparticipaçãoounãodopúblico.São, funcionamento dojogo,preveempremiaçõese estabelecem asregraseadinâmicade as emissorasdomundotodo.Asfórmulas eles sãocomercializadoscomofórmulaspara grande parte,porempresasespecializadas, mesmo osgameshows.Desenvolvidos,em mais elevadosíndicesdeaudiência,estão No entanto,entreosreality showscomos do carropuroespetáculo. e poderoso – que causa surpresa e animação, faz quebrado, eodepoisincrementado,empolgante confronto entreoantesvelho,emperradoe feliz proprietário.Éaespetacularização–o roncando diantedascâmeraseaemoçãodo no palcodoprogramadeauditório,omotor a exibiçãodoresultadofinal:oveículopronto carro vaificar. Daí,opontoaltodoquadroser www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 7/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. dúvida, mastambéméadisputa pelafama: é acompetiçãoporumprêmio milionário,sem últimas consequências.Ojogo doBigBrother simplesmente BBB,levaoconceitodejogoàs a serconhecidacomoBigBrother Brasil,ou O BigBrother, fórmulaquenoBrasilpassou e oimpactomidiáticomundial,nãofogeàregra. de todososreality, dadososíndicesdeaudiência A estrelamaiornãoapenasdosgameshows,mas são sempreevidenciadas. esportivos, jogos e provas em valorizadas muito pessoal, esforço o e vontade de força a como virtudes entanto, no talento (Ídolos;Astros) ; do físico ebiológico(OGrandePerdedor)ou desempenho do depende outras, (O Aprendiz) , organizacional performance a para direcionada está vezes Algumas principal. lugar o ocupa competição a programas, esses Em todos talentosos competemparasetornarpopstar. (Sbt; TVRecord)eAstros (Sbt) , garotosegarotas quantidade dequilosporsemana.Jáem bem acimadopesoprecisamperderamaior Em OGrandePerdedor, pessoasqueestejam uma vagadeexecutivocomsalárioinvejável. tarefas davidacorporativa,oprêmiofinalserá sob tensão,jovensprofissionaisdevemcumprir Idols. OAprendiz simulaomundodosnegócios: Astros (Sbt),versõesbrasileirasdobritânico de fórmulascomoÍdolos(Sbt;TVRecord)e (Sbt), versãobrasileiradeTheBigDiet;além , MarkBurnett,atéoGrandePerdedor americano TheApprentice, domesmocriadorde Ídolos brother cujocomportamento nacasasejao programa, opúblicovaloriza sobremaneirao da autenticidadeécentralna eliminaçãodo veracidade dasatitudesdos brothers. Aquestão detetive paraapontarafalsidadeoudescobrir e aautenticidade.Opúblicosetransformaem O BigBrother tambémjogacomaencenação É ojogopelavisibilidade. serão assuaschancesdepermanecernadisputa. for notadodemodopositivopelopúblico,maiores são articuladas,poisquantomaisoparticipante moeda, voyeurismoeexibicionismomidiáticos, exibicionista. Assim,asduasfacesdamesma O públicoévoyeur,enquantooparticipante o públicobisbilhota,participantesemostra. Os participanteseopúblicocompetementresi: se transformaemelementoessencialdojogo. forma deinvadiraprivacidadealheia.Ali,ela No BigBrother, abisbilhoticenãoéapenasuma espiadinha?!” BBB convidarrepetidamente:“Vamos daruma vida alheiasemtrégua.Daí,oapresentadordo casa. Aideiaévigiar, bisbilhotar, acompanhara estúdio televisivo,chamadosugestivamentede por diaarotinadeumgrupoconfinadonum possibilitar aopúblicoobservardurante24horas o maioratrativodoprogramaéexatamenteesse, voyeurismo eexibicionismomidiáticos.Defato, Além disso,oBigBrother éojogoacirradoentre comunicação. Éacompetiçãopelavisibilidade. dinheiro, queremumlugaraosolnossistemasde os participantesnãocompetemapenaspor www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 8/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. desempenhando assuasfunções. estranha completa uma estará filhos, seus e marido seu com casa, sua na família, sua à junto tempo, mesmo Ao seus. dos diversos crenças e atitudes hábitos, com mulher outra os filhosdela,viveráarotinaeocotidianode família emoraránacasadela,comomarido à junto outra a substituirá uma período, Nesse irão trocardelugareviveravidaumadaoutra. diferentes, bem vida de estilos com família, de mães mulheres, duas semana, uma Durante Fox. americana Tradingemissora Spousesda fórmula na baseado Record), de Família(TV destacam ovoyeurismomidiático,como É claroqueexistemoutrosreality shows que vida emjogo. que ocotidianoguardaetransformaraprópria forma simulada,masvamosdescobrirossegredos privada, invadiravidadooutro,aindaquede verdade precisater. Vamos invadir, invadiravida desafio eoingredientequetodojogobomde jogos digitais,esseapeloéintenso,invadirum de invasãoprivacidade.Naera doméstica, sãoelementosquereforçamaideia do exibicionistanumacasa,quesimulaavida exibido, tornar-se voyeureassistiràperformance quanto existederealidadeeficçãonoqueé Dessa forma,observarooutro,identificar autêntico nessesentido. conseguir demonstrardealgumaformaser costuma votarnapermanênciadequem mesmo nomundodefora.Assim,otelespectador hackers e Troca vida, maioresasdificuldades deadaptaçãoeas quanto maioresforemasdiferenças deestilos as semelhançasentremães selecionadas,pois Na escolhadosparticipantes,aideiaéminimizar pessoal queéaprópriacasa. terão dereceberassubstitutasnesseespaçotão privada deoutrapessoa,enquantoasfamílias mesmas. Asmãesvãoadentraroespaçodavida suas vidascompessoasbemdiferentesdesi substitutas, poisseráprecisoquecompartilhem lugar edasrespectivasfamíliasquerecebemas está focadonasreaçõesdasmãesquetrocamde por umprêmiomilionário.Ogameaquiéoutro, observação contínuadejogadoresquecompetem sim, masoentretenimentonãoestána como oBigBrother. Hávoyeurismomidiático, Porém, Troca deFamílianãoéumgameshow naturista, émuitotímida. numa escoladesamba,enquantoZilma,amãe revela extrovertida–elaesuasfilhasdesfilam contrariando oestereótipo,ajaponesaCarolse colônia nudistadeBalneárioCamboriú.Mas, alemã quevivenumabarracadecamping, troca delugarcomZilma,umamãeorigem Carol, deumafamíliajaponesaSãoPaulo, suporta sermandada.Namesmatemporada, os preceitosdoIslã,enquantoTherezanão e ésubmissaaomarido,queseguefielmente uma famílialiberaldeRecife.Zaynabusavéu São Paulo,trocadelugarcomThereza,mãe (2008), Zaynab,mãedeumafamíliaárabe Em umdosepisódiosdasegundatemporada www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 9/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. identificar essasnecessidades, poisafamília chega que àquela cabe e viajar querem outros anfitriões. Algunsprecisam consertarocarro, dos expectativas às atender não ou pode que o prêmio, o distribuir de forma melhor a àquela família,eladeveprocurarcompreender integra se mãe nova a que em momento do partir a seja, Ou gasto. será participação, pela prêmio emdinheiro,quecadafamíliarecebe o como escrito por apontar vai ela programa, que seusmembrospossuem.Aofinaldo materiais necessidades as verificar e tribo outra dessa diária rotina a cuidado com observar deve pois estudiosa, de papel o desempenha condição, mesma na mulher outra com lugar de troca que família, de mãe Nesse realitya , estudada comaprópria. de origem e fora dele, além de relacionar a cultura atentamente as reações do nativo em seu contexto etnográfica, na qual o pesquisador observa de uma fórmula que utiliza recursos da linguagem com a sua própria experiência familiar. Trata-se famílias e comparar diferenças e semelhanças oportunidade de observar a rotina diária de outras Através dessa troca de lugares, o público tem a lidar comasdiferenças. informação queopúblicoiráencontrar:como na montagemfinaldoepisódioepodeseramaior de quemfoisubstituída.Tudo issoseráutilizado família easubstituta;sejadespertadasaudade e brincadeiras;afloremasdiferençasentrea possibilidades dequesurjamsurpresas,disputas o mundoexterior epassarãoportestesde e isolado,ondenãopoderão secomunicarcom do programasãolevadospara umlocalexótico reality showspelaTVGlobo.Osparticipantes americano Survivor,inauguraatransmissãode Já NoLimite(TVGlobo),versãodoprograma pais efilhos. encanta comobeijoeabraçocarinhosoentre descontrole emocionaldospais,mastambémse telespectador sedeparacomabirrainfantileo e vercomocriamseusfilhos.Nessetour,o o públicosediverteaoentrarnacasadosoutros mesmo tempo,encontramentretenimento,pois filhos comoauxíliodatelevisão.Porém,ao carona nasaulinhaseaprendemaeducaros programa, milharesdepais,emcasa,pegam Enquanto asupernannyensinaospaisno hora, amanhaemácriação. de fora alimentação a motivo, sem choro o com acabar e crianças as disciplinar para técnicas ensinar lhes irá Ela filhos. os com problemas têm que pais de casas às enviada superbabá uma desempenha opapeldasupernanny, Poli Cris apresentadora a Brasil, No Unidos. Estados e China Israel, Holanda, Polônia, Alemanha, como países para exportado e Unido programa demesmonomecriadonoReino Supernanny midiático ocupaposiçãodedestaqueé Outro reality shownoqualovoyeurismo sobre isso. abertamente fala não geral em recebe a que (Sbt), a versão brasileira do do brasileira versão a (Sbt), www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 10/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. primeira temporada, físico desdeoinício.Noprogramadeestreiada deixam osparticipantesnolimitepsicológicoe As provasfazemjusaotítulodoprograma,defato significativo emdinheiro. de deixaroreality. Oganhadorlevaumprêmio um dosseuscomponentes,oquesignificater pois, acadaprovaperdida,ogrupoiráexpulsar devem superarobstáculoseagradaràequipe, participantes sãodivididosemequipes.Eles moderno esofrendotodotipodeprivações,os local hostil.Distantesdasfacilidadesdomundo de pessoasanônimaspelasobrevivêncianum A fórmuladoprogramapretendeexibiraluta Marajó, noPará. numa fazendanoMatoGrossoenaIlhade Limite 2e3,foramgravadasrespectivamente Ceará. Aspróximasduastemporadas(2001), No Limite1,olugarescolhidofoiumapraiano lugares inóspitos.Naprimeiratemporada(2000), treinamentos militaresparasobrevivênciaem resistência físicaepsicológica,própriosdos da costa. Tiveram de nadar para buscar os su- os buscar para nadar de costa.Tiveram da na areia, e sim boiando no mar, a uns 30 metros estavam não eles a destinados caixotes os que de muito subir e descer dunas, ficaram sabendo depois chegaram, lá Quando básicos. materiais e víveres receberiam onde ponto o atingir até graus, 35 de calor um sob minutos, quarenta andar de teriam que de orientação a ceberam re- onde questão, em praia da perto largadas foram “Lua”, e “Sol” equipes de batizadas disputa, em duas As roupa. de mudas algumas com mochila uma apenas levando aventura, a para partiram participantes os imediações, das resort num confraternização de dia um Após No com asuperação deumaprovaouobstáculo devido àscircunstâncias;oobjetivo contará conquistar umobjetivopordesejo próprioou constante (PROPP, 1984):oheróideseja organiza segundoumaestruturamorfológica dos contosdefadas,nosquaisoenredose elementos própriosdanarrativaficcional,caso É importantelembrarqueasprovas são As privaçõesincluemaalimentaçãodiária: dor deNoLimite(MARTHE, 2000). de ninguém”, avisa Zeca Camargo, - apresenta pode ser até carne de cobra . “Não teremos dó terão de saborear uma refeição asquerosa, que tura, uma prova em haverá que os vencedores al- certa A porções. esquálidas as balancear de encarregada Madeira, Márcia nutricionista tração nazista. “Eles só vão perder peso”, diz a cebia um prisioneiro de um campo de concen- 300 calorias diárias – mais ou menos o que re- a 250 de garantir para suficiente ração uma recebe dias,participante três cada em três De mite (MARTHE, 2000). de protagonistas dos stress o aumentar soro antiofídico. para serviram só falhas Essas de dispunha não plantão de médico o início no escorpiões, e venenosas cobras de habitat ser local o de dia.Apesar primeiro do final no apareceram só – postos a estavam não ainda fuzileiros os gravado ser a começou programa um erro que ninguém soube explicar, quando o Por plantão. de médico um de além selva, na sobrevivência em especializados navais leiros fuzi- sete de ajuda a com conta produção a [..] bules velhosoumachadinhas. como badulaques e lona de pedaço um mente barraca,so- uma armar para mínimo material do lugar No exóticas. frutas com caixa uma apenas farta, comida de vez Em decepção. outra caixotes, os abrir de hora Na primentos. www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 No Li- No 11/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. remanescente conquistaráa granderecompensa: permanecer noprogramaaté ofim.Esseherói final, umúnicoheróiatingirá oobjetivomaiorde com opositoresquedificultarãoasuajornada.Ao a eliminação.Osheróistambémsedepararão propostos peloprogramaacadaetapaparaevitar recursos ealiadosparaultrapassarosobstáculos a cadaepisódio.Osheróisdevemconquistar desdobrará emprovasmenoresaseremvencidas prova deresistênciadifícilsuperaçãoquese Além disso,oprogramaseráemsimesmouma prova queosheróisterãodeenfrentar. visíveis aosolhosdopúblico.Essaseráamaior promovidos àcondiçãodeheróis,tornarem-se com anecessidadedeosparticipantes, fórmula NoLimite-Survivorcontajustamente que foramcapazesdeconquistar. Afinal,a heroica éalcançadapelavisibilidademidiática 2000). Ouseja,verdadeirosheróis,cujacondição tornaram verdadeirascelebridades(MARTHE, Entre osamericanos,protagonistasse verdade, mastambémcomofamaesucesso. como umprêmiosignificativoemdinheiro,é No casodeLimite,arecompensasemostra estrutura narrativaquerecuperaaficção. promete omáximoderealidade,subsisteuma seja, nointeriordoreality show,oformatoque o objetivo;heróirecebeumarecompensa.Ou herói cumpreaprova,superaoobstáculoeatinge opositores quedificultamarealizaçãodatarefa;o conta comauxiliares,mastambémsedepara com altograudedificuldade;paratanto,oherói que distingue a fórmulaBigBrother deoutros um jogoemsimesmo.Aliás, éexatamenteisso fazer dovoyeurismo-exibicionismo midiático Já oBigBrother ofereceentretenimentoao não emoutrasculturas. responde muitobemnaculturaamericana,mas ideia, Survivorconcentraasuafacelúdica,oque provas deresistênciafísicaepsicológica.Nessa anônimas numambientehostil.Daíadurezadas programa éalutapelasobrevivênciadepessoas dele oseuobjetivomaior;aideia-chavedo Survivor jádisponhadesseelemento,nãofaz Esse éofocoprincipaldoBigBrother . Embora relacionamento entreosparticipantesdo brotheriano, éaexibiçãodasdificuldadesde Survivor, quesetransformounaalmadonegócio Semelhanças àparte,umadascaracterísticasde faz apenasdoBigBrother um hit mundial? elementos emcomum,qualseráosegredoque Mas, seosdoisprogramaspossuemtantos desempenho emdiferenteslugaresdoplaneta. Estados Unidos,masoBigBrother repeteseu índices deaudiênciatãoelevadosquantonos inteiro. Emoutrospaíses,Survivornãoobtém o BigBrother setornasucessonomundo se tornasucessoabsolutonosEstadosUnidos, shows, seráconstruído.Porém,seSurvivor Big Brother, campeãodeaudiênciadosreality ao públicotodososingredientescomquaiso Na verdade,NoLimite-Survivorapresentará visível amilhõesdetelespectadores. um ótimoprêmiofinanceiroeaglóriadeser www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 reality. 12/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. aventura que, em de umarecompensa,otesourodasnarrativas se dividememgruposeenfrentam-sebusca do herói,oscomparsasvilão.Ospersonagens protagonista, ovilãoouantagonista,osamigos revisita, numanovaroupagem,oheróiou transformados empersonagens,eopúblico o ficcionaliza.Osbrothers sãoliteralmente uma estruturanarrativanoreality show que A montagemdoBigBrother Brasil retoma narrativa que,noBrasil,dialogacomatelenovela. pela montagemerepetirãoumaestrutura mundo midiático.NaTV, serãosupervalorizadas vivido, mastendemaassumiroutradimensãono Tais situaçõespoderiamserrotineirasnomundo alianças efofocas. picuinhas eintrigas,acordosdesacordos, dentre elesseráenviadoaoparedão,surgem apenas bigbrothers –jogameapontamquem participantes doprograma–brothers, sistersou reality queenfocamovoyeurismo.Enquantoos aquele queexibir umcomportamentonacasa da autenticidade:oBemserá praticadopor entre oBemeMalserápautada porumaética encenação, vistacomofraude. EmBBB,abatalha à veracidade,enquantooMaldirárespeito reencenada natelevisão.OBemseráassociado Por vezes,abatalhaentreoBemeMalserá ou oantagonista,aoqualseunem,conquiste-a. si, maspodemcolaborarparaqueoprotagonista secundários podemnãoobterarecompensapara milionário. Oscoadjuvantes,ospersonagens BBB, assume a forma de prêmio tendem aabandonarsuacondição obscura. público, enquanto na transformam emgentecomum eaproximam-sedo bem conhecidos.Nessacasa, as celebridades se entre as estrelas estão atores, cantores e músicos participantes daCasadosArtistas já são famosos, durante um longo período. No entanto, todos os reality quetambémconfinaumgruponumacasa É oquediferenciadaCasadosArtistas(Sbt), transformação de pessoas comuns em celebridades. Aliás, faz parte da fórmula tão anônimasquantoqualquertelespectador. pessoas geral, em outro, do vida a conhecer de tal, eleserendeàbisbilhotice,necessidade telespectador setransformaemvoyeur.Como o e oportunidade a oferece programa o vigia, a telespectador o e alheia vida a exibe programa um pactoentreoprogramaepúblico: estabelecerá se que modo desse Será telinha. na mostrada alheia vida a olhar em prazer ele secolocacomoomexeriqueiroquesente participante exibidanaTV. Aomesmotempo, possa existirpordetrásdacondutadecada que o esmiuçar ao detetive de brinca público O jogo. do primordial função uma portanto, ser, a passa programa no quem é Distinguir veracidadeeencenação,identificar comportamento decadabrother. câmeras, oquantoasuapresençapodealterar o contrário.Nocentrodessaquestão,estãoas enquanto oMalserápraticadoporquemfizer semelhante aoqueexibiriadoladodefora; casa brotheriana os anônimos Big Brother mostrar a www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599

13/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. simular omundo vividonomundomidiático e,se telinha. Comoreality TVereality show,elavai revirar asuavidaembusca de algoparaexibirna Afinal, atelevisãovaiadentrar asuacasa,vai Diante detalapelo,comoresistir? os sonhosdeganharnaloteriaeserpopstar. de conheceravidaalheia,apimentadocom Sendo assim,oBigBrother instigaodesejo comunicação. não apenasnaTV, masemdiversossistemasde súbita, Marceloserápopstarduranteváriosdias uma garantiadevisibilidade.Apósarevelação à confissãosobrehomossexualidade,torna-se do psiquiatraMarcelo(BBB8,2008),comdireito poderá levá-loàfama.Porisso,aperformance brother nãoganheoreality , seudesempenho o vencedorfinal,poisaindaquedeterminado para todososparticipantesenãoapenas não acontecequandodeixamojogo.Issovale casa comopessoasanônimas,masomesmo No BigBrother, osparticipantesentramna modelizado comoreality show. é brasileira, televisão na 1972) Record, (TV título mesmo de telenovela uma como assim todo, mundo no teatrais peças e filmes gerou que romance O comum naCasadosArtistas. pessoa é agora celebridade a – mendigo torna se príncipe o enquanto no BigBrother –, celebridade vira anônimo o – príncipe torna se o mendigo que refaz,emlinguagemreality, Opríncipee Essa trocadepapéiséumaestruturanarrativa , de Mark Twain (1881): o mendigo mendigo o Twain (1881): Mark de , Paulo, São2009. Semiótica, PontifíciaUniversidadeCatólicadeSão de EstudosPós-GraduadosemComunicaçãoe (Doutorado emComunicaçãoeSemiótica)–Programa simulação domundovividonoaudiovisual.Tese ROCHA, DeboraCristine.Janelaindiscreta,a maravilhoso. RiodeJaneiro:ForenseUniversitária,1984 PROPP, VladimirIakovlevitch.Morfologia do conto com.br/260700/p_152.html>. Acesso ed. 1659,26jul.2000.Disponívelem:

y reality show reality :

www.e-compos.org.br | E-ISSN1808-2599 15/16 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. Universidade Federal da Bahia, Brasil Jeder SilveiraJanottiJunior Universidade Federal do RiodeJaneiro, Brasil Janice Caiafa Universidade Federal daBahia, Brasil Itania MariaMotaGomes Universidade Federal doRiodeJaneiro, Brasil Ieda Tucherman Universidade MunicipaldeSãoCaetanodoSul, Brasil Herom Vargas Universidad deManizales, Colômbia Hector Ospina Universidade Federal deGoiás, Brasil Goiamérico Felício Universidade Anhembi/Morumbi, Brasil Gelson Santana Universidade Tuiuti doParaná, Brasil Francisco MenezesMartins Universidade doEstadoRiodeJaneiro, Brasil Erick Felinto deOliveira Universidade Paulista, Brasil Eduardo Peñuela Cañizal Universidade Federal doRiodeJaneiro, Brasil Denilson Lopes Pontifícia doRioGrandeSul, UniversidadeCatólica Brasil Cristiane Freitas Gutfreind Universidade Federal deMinasGerais, Brasil César GeraldoGuimarães Universidade deSãoPaulo, Brasil Arlindo RibeiroMachado Pontifícia doRioGrandeSul, UniversidadeCatólica Brasil Antonio CarlosHohlfeldt Universidade do Vale doRiodosSinos, Brasil Antônio Fausto Neto Universidade Federal dePernambuco, Brasil Ângela Freire Prysthon Universidade Federal daBahia, Brasil André LuizMartinsLemos Universidade EstadualPaulista, Brasil Ana SilviaLopesDaviMédola Pontifícia doRioGrandeSul, UniversidadeCatólica Brasil Ana CarolinaDamboriarenaEscosteguy Universidade Federal dePernambuco, Brasil Alfredo Vizeu Universidade Federal doRioGrandeSul, Brasil Alex Fernando Teixeira Primo Universidade EstadualdeLondrina, Brasil Alberto Carlos Augusto Klein Universidade Federal Fluminense, Brasil Afonso Albuquerque CONSELHO EDITORIAL EDITORAÇÃO ELETRÔNICA|RaquelCastedo REVISÃO DE TEXTO E TRADUÇÃO |Everton Cardoso Walter Teixeira LimaJunior|FundaçãoCásperLíbero Vicente Gosciola|Universidade Anhembi Morumbi Vander eMarketing Casaqui|EscolaSuperiordePropaganda Tattiana Gonçalves Teixeira |UniversidadeFederal deSantaCatarina Suzana Kilpp|Universidadedo Vale doRiodosSinos Sandra MariaLúciaPereira Gonçalves|UniversidadeFederal doRioGrandeSul Marcia BenettiMachado|UniversidadeFederal doRioGrandeSul Elizabeth BastosDuarte|UniversidadeFederal deSantaMaria Elisa ReinhardtPiedras|UniversidadeFederal doRioGrandeSul Carlos EduardoFranciscato |UniversidadeFederal deSergipe Arthur Autran Franco deSáNeto|UniversidadeFederal deSãoCarlos CONSULTORES AD HOC eMarketing,Rose MeloRocha|EscolaSuperiordePropaganda Brasil Felipe daCosta Trotta |UniversidadeFederal dePernambuco, Brasil COMISSÃO EDITORIAL em instituiçõesdoBrasileexterior. produção acadêmicadepesquisadoresdaáreaComunicação, inseridos (Compós). Lançadaem2004, temcomoprincipalfinalidadedifundira Associação NacionaldosProgramasdePós-Graduação emComunicação eletrônicoda A revistaE-Compóséapublicaçãocientíficaemformato Expediente [email protected] [email protected] Pontifícia deMinasGerais, UniversidadeCatólica Brasil Julio Pinto Vice-presidente [email protected] Universidade Federal da Bahia, Brasil Itania MariaMotaGomes Presidente Associação NacionaldosProgramasdePós-Graduação emComunicação COMPÓS |www.compos.org.br Pontifícia doRioGrandeSul, UniversidadeCatólica Brasil Ana CarolinaEscosteguy Secretária-Geral Universidade Federal de MinasGerais, Brasil Vera Regina Veiga França Universidade Federal de SantaMaria, Brasil Veneza MayoraRonsini Universidade do Vale doRiodosSinos, Brasil Valério CruzBrittos Universidade deBrasília, Brasil Suzete Venturelli Universidade Federal Fluminense, Brasil Simone Maria Andrade Pereira deSá Universidade MetodistadeSãoPaulo, Brasil Sebastião CarlosdeMoraisSquirra Universidade Federal doRioGrandeNorte, Brasil Sebastião Albano Universidade Federal deSãoCarlos, Brasil Samuel Paiva Universidade Federal deMinasGerais, Brasil Rousiley CeliMoreiraMaia Instituto Tecnológico ydeEstudiosSuperioresdoOccidente, México Rossana Reguillo Universidade deSãoPaulo, Brasil Rosana deLimaSoares Universidade doEstadoRiodeJaneiro, Brasil Ronaldo GeorgeHelal Pontifícia doRiodeJaneiro, UniversidadeCatólica Brasil Renato CordeiroGomes Universidade Federal doRiodeJaneiro, Brasil Paulo RobertoGibaldi Vaz Universidade Federal doRioGrandeSul, Brasil Nilda Jacks Aparecida Universidade Federal doRiodeJaneiro, Brasil Muniz Sodrede Araujo Cabral Tulane University, EstadosUnidos Mauro Pereira Porto Pontifícia deSãoPaulo, UniversidadeCatólica Brasil Maria LuciaSantaella Universidade deSãoPaulo, Brasil Maria Immacolata Vassallo deLopes Universidade deBrasília, Brasil Luiz ClaudioMartino University ofBristol, Grã-Bretanha Lorraine Leu Pontifícia doRioGrandeSul, UniversidadeCatólica Brasil Juremir MachadodaSilva Universidade do Vale doRiodosSinos, Brasil José Luiz Warren JardimGomesBraga Pontifícia deSãoPaulo, UniversidadeCatólica Brasil José Luiz Aidar Prado University of Texas at Austin, EstadosUnidos John DHDowning Universidade Federal doRiodeJaneiro, Brasil João Freire Filho passa aservolumeanualcomtrêsnúmeros. A identificaçãodasedições, apartirde2008, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. de Pós-Graduação emComunicação. Revista da Associação NacionaldosProgramas E-COMPÓS |www.e-compos.org.br |E-ISSN1808-2599

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