A Paulistânia, o mineiro e o italiano: processo histórico, acesso à terra e aexperiência histórica e cultural numa Moda de Viola. THIAGO RIGHI CAMPOS DE CASTRO*

Resumo

Parte integrante da pesquisa de mestrado intitulada "A Paulistânia, o mineiro e o italiano: processo histórico, acesso à terra e a experiência histórica e cultural numa Moda de Viola", esta comunicação apresenta alguns resultados e análises ainda parciais e em processo. Aqui são discutidos aspectos relativos ao que possa ser a Paulistânia e abordadas questões históricas referentes ao acesso e à disputa pela propriedade da terra nesta região. O ponto de partida para tanto é a letra da Moda de Viola O mineiro e o italiano - composição de Teddy Vieira e Nelson Gomes. Por meio da análise das relações sociais, econômicas, jurídicas e de poder, assim como de alguns elementos que dão sentido e coesão à narrativa desta obra, intenta-se investigar em que medida esta canção popular pode ser compreendida enquanto síntese do processo histórico e da experiência histórica e cultural da região no período compreendido entre os séculos XVI e início do XX.

* Mestrando do programa de pós-graduação multidisciplinar em Culturas e Identidades Brasileiras (IEB-USP), é Bacharel em História (USP) e em Música Popular (UNICAMP).

O Mineiro e o Italiano (Teddy Vieira e Nelson Gomes) 2 O mineiro e o italiano viviam às barras dos tribunais Numa demanda de terra que não deixava os dois em paz Só em pensar na derrota o pobre caboclo não dormia mais O italiano roncava: nem que eu gaste alguns capitais Quero ver esse mineiro “voltar de a pé” pra

“Voltar de a pé” pro mineiro seria feio para os seus parentes Apelou para o advogado: fale para o juiz pra ter dó da gente Diga que nós somos pobres que meus filhinhos vivem doentes Um palmo de terra a mais para o italiano é indiferente Se o juiz me ajudar a ganhar lhe dou uma leitoa de presente

Retrucou o advogado: o senhor não sabe o que está falando Não caia nessa besteira senão nós vamos “entrar pro cano” Este juiz é uma fera, caboclo sério e de tutano Paulista da velha guarda família de 400 anos Mandar a leitoa para ele dar a vitória para o italiano

Porém chegou o grande dia que o tribunal deu o veredicto Mineiro ganhou a demanda, o advogado achou esquisito Mineiro disse ao doutor: eu fiz conforme eu lhe havia dito Respondeu o advogado que o juiz vendeu e eu não acredito Jogo meu diploma fora se nesse angu não tiver mosquito

Di fato, falou o mineiro, nem mesmo eu estou acreditando Ver meus filhinhos “de a pé” meu coração vivia sangrando Peguei uma leitoa gorda, foi Deus no céu me deu esse plano De uma cidade vizinha, para o juiz eu fui despachando Só não mandei no meu nome Mandei no nome do italiano.

“[…] o poder sugestivo da música é formidável." Mário de Andrade

1. A Paulistânia

3 Paulistânia. Hermes Fontes, em algumas crônicas escritas para o jornal Correio Paulistano entre 1917 e 1918, serviu-se deste vocábulo como sinônimo para São Paulo1. No Clube Piratininga2 foi título de revista e, para Martins Fontes, de livro3. O editor Heitor de Moraes que a Fontes o título soprou: nos ouvidos de Moraes, "Paulistânia" soava como "Terra Paulista", tal qual os portugueses tinham sua Lusitânia e os povos germânicos sua Germânia. Mas foi Joaquim Ribeiro, na obra Folklore dos Bandeirantes, de 1946, quem propôs que Paulistânia era termo seu, um neologismo criado "para designar o espaço vital dos antigos paulistas" (RIBEIRO, 1946: 185), um substantivo a ser usado, a partir de então, para se fazer referência à região que, em sua opinião, foi "uma das células fundamentais da formação do Brasil" (RIBEIRO, 1946: 13). O autor acreditava que, além de útil, Paulistânia era um nome que vinha "de encontro à compreensão geográfica e histórica da região do bandeirismo" (Idem: 185). O que seria, entretanto, esta "região do bandeirismo"? Qual era, afinal, sua extensão, abrangência, tessitura? Quais foram os limites da "Terra Paulista"? Do que se tratava e como se constituiu, por fim, este espaço vital dos antigos paulistas? Em uma primeira aproximação, pode-se pensar esta "região do bandeirismo" simplesmente como sendo a área geográfica desbravada e percorrida pelos bandeirantes que, desde o século XVI até meados do XVIII, partiram rumo aos sertões4 à busca de índios para escravizar, ouro para enriquecer, reduções jesuíticas ou quilombos para destruir5. Feito sem dúvida monumental - em tudo aquilo que possa conter de benemérito ou condenável -, no mais das vezes tratado como heroico e, quase sempre, de forma ufanista, a empreitada daqueles andarilhos seminômades ainda causa espanto. Pense-se num Raposo Tavares a percorrer mais de 10 mil quilômetros de pés descalços, sem ou quase sem recursos (fossem eles da ordem que

1 A coleção do jornal Correio Paulistano encontra-se disponível para consulta e pesquisa no Arquivo do Estado de São Paulo. A consulta em microfilme compreende o período de 1854 (ano de início da publicação) a 1928. 2 Tendo suas raízes na Revolução Constitucionalista de 1932, o Clube Piratininga foi fundado por famílias tradicionais da aristocracia paulistana, em 16/12/1934, no bairro de Higienópolis, cidade de São Paulo. (fonte:https://www.clubepiratininga.com.br/sobre-nos, consultado em 30/05/2018) 3 FONTES, Martins. Paulistânia. São Paulo: Martins Fontes, 1984 (1a. edição 1934). 4 “Sertão, segundo Walnice Galvão, a partir de pesquisas de Gustavo Barroso, já era utilizado na África e Portugal antes do Brasil e não tem o sentido de designar um lugar deserto ou estéril como muitas vezes se supõe, mas sim o de nomear o interior e regiões que estão distantes do litoral." ARAÚJO, Lucas Antonio de. Tensões e ajustes entre tradição e modernidade nas definições de padrões da música sertaneja entre os anos 50 e 70. Tese de Doutorado – UNESP. Franca : [s.n.], 2014. Para aprofundar-se na discussão sobre significados, usos e questões à volta do termo Sertão ver: BOLLE, Wille. grandesertao.br: o romance de formação do Brasil. São Paulo: Duas cidades; Ed. 34, 2004. FERRETE, J. L. Capitão Furtado: ou sertaneja? Rio de Janeiro: Divisão de Música Popular de Instituto Nacional de Música/ Funarte (Coleção MPB, n. 18), 1985. 5 RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil São Paulo: Companhia das Letars, 1995; http://atlas.fgv.br/marcos/bandeiras-e-bandeirantes/mapas/objetivos-das-bandeiras, consultado em 30/05/2018.

fossem), pelejando em território desconhecido, inóspito, "desafiando as insídias de um mundo ignorado e talvez inimigo" (HOLANDA, 1986: 26). 4 O mapa a seguir ilustra as rotas dessas bandeiras e entradas e dá a (assustadora) dimensão do que foram estas aventuras:

fonte: http://atlas.fgv.br/marcos/bandeiras-e-bandeirantes/mapas/bandeiras-e-entradas (consultado em 30/05/2018)

Isto representa muito em quilômetros e ousadia: estas incursões ao sertão foram decisivas para a "a expansão do domínio português terra adentro" (RIBEIRO, 1995: 106) e contribuíram para dar ao Brasil - em linhas gerais e no sentido Centro-Oeste-Sul - um contorno geográfico bem próximo àquele que hoje conhecemos. Ao esgarçar os limites de Tordesilhas, alargando o domínio português em detrimento ao indígena, espanhol ou jesuítico, abriram o caminho para uma ocupação efetiva que ainda tardaria a se concretizar. Andando, andando, andando, estes velhos paulistas, brasilíndios e mamelucos como quis Darcy Ribeiro (Idem: 106), abraçaram o sertão "desde os campos de Coritiba às serras do Espírito Santo, Bahia, Goiás

e campos de , [dominando] toda a região de Minas Gerais" (RIBEIRO, 1946: 149). Foram, também, "até as ribanceiras do rio Iguassú, de um lado e do rio Parana de outro, estiveram5 na "região alta catarinense, [na] serrana rio-grandense [e na] do vale do médio rio Paraíba", lá no que hoje é território do Estado do Rio de Janeiro (ELLIS JR., 1948: 14). Esta, portanto, a "região do bandeirismo":

http://atlas.fgv.br/marcos/descoberta-do-ouro/mapas/o-papel-das-minas-na-unificacao-do-brasil (consultado em 30/05/2018)

Se por meio desta epopeia de preação, busca pelo ouro e disputa por terras e almas os homens daquela época6 deixaram de apenas arranhar o litoral tal e qual caranguejos7, seria preciso, contudo, mais tempo e um novo contexto histórico para que esta vasta área geográfica se constituísse, de fato, enquanto uma "Terra Paulista". Pois o contexto histórico necessário para tanto emergiu no (e traspassou o) século XVIII: com o forte declínio do comércio de escravos indígenas e a descoberta de ouro8 na área das Minas Gerais, as atividades que impulsionavam as incursões bandeirantes pelo interior extinguiram-se, gerando “estagnação e decadência” (PRADO Jr., 2011: 68-69) e promovendo,

6 Séculos XVI e, principalmente, XVII. 7 SALVADOR, Frei Vicente do. Historia do Brasil 1500-1627. Livro Digital (PDF). Fundação Darcy Ribeiro. Disponível em http://www.fundar.org.br/bbb/index.php/project/historia-do-brasil-1500-1627-frei-vicente-do- salvador/ 8 Bem como o ápice e o declínio de sua exploração.

em praticamente toda a área de sua expansão, uma “fixação generalizada do paulista ao solo” (CANDIDO, 2001: 103). 6 Uma vez assentada, aquela população de famigerados9 foi, aos trancos e barrancos, tomando posse de terras, cultivando roças mais perenes, criando animais para fins de abate, ordenha ou transporte, erigindo espaços comuns de culto e lazer, formando bairros rurais e pequenas vilas. Por corolário, foi-se engendrando uma verdadeira tessitura cultural que, de mais a mais, se fazia comum à grande maioria dos habitantes da vasta região apontada no mapa acima (ainda que a comunicação entre diferentes núcleos fosse precária ou nula). Em outras palavras, cada vez mais este imenso território se tornava o "espaço vital dos paulistas", de tal modo que, paulatinamente, foi surgindo e sendo criada, sendo criada e surgindo, uma região geográfica10 que, historicamente, consolidou-se como berço de uma cultura específica, à qual Antonio Candido denominou caipira (CANDIDO, 2001). Com “formas de sociabilidade que se apoiavam [...] em soluções mínimas, apenas suficientes para manter a vida dos indivíduos” e sua coesão social enquanto grupo (Idem: 103), vivendo em comunidades isoladas e autossuficientes, de economia fechada e de subsistência (FURTADO, 2007: 218; CANDIDO, 2001: 45, 75 e 108; FRANCO, 1997: 33), ao fixar-se essa gente deu origem ao que viria a ser o grosso da população de homens livres e pobres daqueles territórios, com “estilo de vida específico”, “integridade de cultura e de organização social” (FRANCO, 1997: 33). Assim, tem-se que, do movimento inicial do bandeirante, de sua posterior fixação e do desenrolar do processo histórico da Paulistânia, “foi se moldando uma cultura peculiar em seus vários aspectos” (VILELA 2015: 153), que não só se desenvolveu como também se conservou ao longo do tempo (CANDIDO, 2001: 45 e 102; VILELA 2015: 153-155). Para Ivan Vilela, seu

9 ver: RIBEIRO, 1995, p. 106 e HOLANDA, 1986, p. 26. 10 Região Geográfica, aqui, enquanto conceito cunhado pela Geografia Humanista: "[...] a região, portanto, [é entendida] não como constituindo uma realidade objetiva; ao contrário, ela foi concebida como uma construção mental, individual, mas também submetida à subjetividade coletiva de um grupo social, por assim dizer, inscrita na consciência coletiva. [De acordo com a Geografia Humanista, a região] “não se confunde com espaços sociais cotidianos, com os lugares pontuais nem com os grandes espaços. [Situa-se, antes] “numa escala intermediária, definida segundo a rede de relações que os indivíduos tecem de acordo com os lugares mais frequentados por um determinado grupo social” (LENCIONI, 2003, p.155-156)". Como se pode inferir, "nessa concepção a região é encarada como espaço vivido e não unicamente como espaço material com limites fixos à medida que leva em consideração valores psicológicos que as pessoas têm em relação à região" (VIEIRA, 2014, p. 25). Assim, esta perspectiva historicista da Geografia considera a região como "um espaço que é o produto da história e da cultura” (LECIOLI, 2003 p. 154). Neste contexto, a análise regional extrapola a investigação que se restringe às divisões e traçados estritos da Geografia Politica, levando em consideração as "fronteiras" culturais em maior grau do que aquelas políticas, físicas, procurando analisar, também, os aspectos subjetivos da região (Ibidem, 2003, p. 156). Sobre correntes e conceitos da Geografia ver: BECKER, Bertha. Manual do candidato : geografia; apresentação do Embaixador Georges Lamazière. Brasília : FUNAG, 2012. 196 p. Disponível em http://funag.gov.br/loja/download/1014-Manual_do_candidato_-_Geografia.pdf; e GOMES, Paulo C. da C. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, Iná E.; GOMES, Paulo C.; CORRÊA, Roberto L. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2003, p. 49-76.

“processo de formação confundiu-se com a própria colonização do centro-sul brasileiro” (VILELA 2015: 153). 7 Condição necessária para o alargamento da extensão geográfica da América Portuguesa, as expedições bandeirantes, por si só, não chegaram a ser condição suficiente para a criação de uma Paulistânia. Foi a partir dos bandeirantes que, por razões históricas, partiram e não voltaram ao planalto do Piratininga que a "região bandeirante" tornou-se uma "Terra Paulista" e, posteriormente, "o espaço vital dos paulistas". Da fixação ao solo surgiu a região paulistânica; desta, a Paulistânia; e então, seu povo, cultura, experiência história. Ainda que administrativa e politicamente os recortes e fronteiras desta Paulistânia foram sendo alterados, reconfigurando- se ao longo do tempo, para desdobrar-se no que hoje são os estados de São Paulo, Goiás e , parte de Mato Grosso e Tocantins, norte do Paraná, regiões do Triângulo Mineiro e do sul de Minas Gerais (VILELA 2015: 42), pode-se assumir que a região formada pelo “grande território devassado pelas bandeiras e entradas” (CANDIDO, 2001: 45) conservou uma unidade cultural expressiva, "unificada por um corpo comum de compreensões, valores e tradições de que todos participavam" (RIBEIRO, 1995: 253), numa realidade em que as variações regionais nunca chegaram a ameaçar a essência do todo. Paulistânicos ontem, hoje são paulistas, goianos, mato-grossenses, paranaenses, mineiros. Em comum? São todos, em algum grau, caipiras. Por ora, o que interessa reter desta síntese acerca do que possa ser a Paulistânia é o fato de que sua formação territorial, demográfica, econômica, política, social e cultural foi resultado da “expansão geográfica dos paulistas” (CANDIDO, 2001: 45) em direção ao interior da América Portuguesa – e para além dela (GOES FILHO, 2015: Cap. V) - entre os séculos XVI e XVIII e de sua posterior fixação ao solo. Expansão originalmente nômade e predatória (CANDIDO, 2001: 46), que teve como propulsores primevos a preação de índios para escravização e a busca pelo ouro, resultou, por fim, em povoamento (PRADO Jr., 2011: 68). A partir deste, originou-se um modo de vida e de relações sociais e econômicas específicas, únicas e inéditas (RIBEIRO, 1995). Com "formas particulares de regulação [destas relações], devidas ao atendimento dos imperativos oriundos" de sua "configuração histórico-cultural" (Idem: 253), a cultura caipira engendrou e perpetuou uma peculiar visão de mundo e deu vida a uma experiência histórica que se fez e se faz comum a uma grande parcela da população brasileira. Fruto da cultura caipira, a narrativa da Moda de Viola O mineiro e o italiano, ambienta- se em algum(uns) ponto(s) desta vasta Paulistânia - inclusas as partes que politicamente

deixaram de fazer parte dela mas que, por longo tempo, foram subsidiárias de São Paulo11 (ELLIS JR., 1948: 14). Por meio de seus personagens, de sua narrativa, dos elementos que a ela dão8 sentido e das relações sociais, econômicas, jurídicas e de poder nela expressas, esta Moda sintetiza o processo histórico e a experiência histórico-cultural da "Terra Paulista" e de sua gente, no período compreendido entre os séculos XVI e início do XX. Ilustra, também, questões e conflitos em torno do acesso à e da propriedade da terra.

2. A questão da terra: contendas e demandas

Se as razões que impeliram as incursões bandeirantes estavam ligadas à pobreza material e humana a que estavam submetidos aqueles homens12, pouco ou quase nada se alterou quando estes começaram a fixar-se um tanto mais. Os velhos paulistas formavam uma sociedade rústica e ensimesmada que, "por ser mais pobre, era também mais igualitária" (RIBEIRO, 1995: 369). Essa realidade de maior igualdade se sustentaria, porém, apenas enquanto houvesse "terras virgens despovoadas e desprovidas de qualquer valor" ou função mercantil de alta lucratividade (Idem: 383). Logo, reconhecer esta maior igualdade não implica dizer, necessariamente, que em seu seio não se plasmaram (e foram agigantadas com o passar do tempo) desigualdades, hierarquias, estratificação. Toda sociedade, pobre ou rica, engendra uma elite. É neste sentido que se deve lembrar que, paralelamente aos núcleos isolados e autossuficientes, floresceram “setores da sociedade que se organizaram para a produção mercantil” (FRANCO, 1997: 34), afirmando-se primeiro, como elites econômicas e, posteriormente, político-administrativas. “Historicamente, o estabelecimento [dos] núcleos de povoação [da Paulistânia] se fez na base de famílias independentes, de sitiantes, proprietários ou posseiros, mas todos com acesso à terra e em igualdade de posição social”, segundo afirma Maria Sylvia de Carvalho Franco (1997: 33). Durante os duzentos primeiros anos do povoamento da Paulistânia “a possibilidade de ocupar terras sem ônus, portanto, estava teoricamente aberta a todos” (FRAGOSO, 1998: 63-65), num cenário em que os mais abonados [as obtinham] por concessão

11 Devo à leitura de O ouro e a Paulistânia, de Alfredo Ellis Junior, a ideia de considerar "áreas subsidiárias a São Paulo" todas aquelas que, ao longo da história e a partir das novas divisões político-administrativo-geográficas, deixaram de pertencer a São Paulo. Antes pertencentes à Paulistânia, estas áreas se desmembraram no que hoje são os Estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul, parte de Mato Grosso e Tocantins, e incluem as regiões do Triângulo Mineiro, do sul de Minas Gerais e norte do Paraná, como afirmado anteriormente. 12 ver: RIBEIRO, 1995, p. 106 e HOLANDA, 1986, p. 26.

em enormes sesmarias e os mais pobres e imprevidentes apenas [as ocupavam] como posseiros" (RIBEIRO, 1995: 383). 9 Acontece que, como ensina Caio Prado Jr., nos estertores do século XVIII a Paulistânia começou a “recuperar as forças exauridas em dois séculos de aventuras”, inaugurando um “período de expansão e prosperidade” que se baseava na estabilidade da agricultura (PRADO Jr., 2011: 69). Parte significativa do capital que financiou esta expansão agrícola na região provinha do capital mercantil acumulado na “era da mineração”13 (FRAGOSO, 1998: 75). De acordo com Sampaio, esse círculo virtuoso “foi marcado pelo crescimento da produção açucareira” (SAMPAIO, 2014: 325). Paralelamente à economia do açúcar, continuavam a dar bons frutos a “agricultura mercantil de alimentos” e o vultuoso comércio de animais que, após o declínio da mineração, encontravam novo fôlego e mercado com a transmigração da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro. Contribuiu para engrandecer de vez a fazenda paulistânica o advento da produção cafeeira, iniciada na região ainda no primeiro quartel do século XVIII e “incrivelmente aumentada nas primeiras décadas” do XIX (FRAGOSO, 1998: 74). Se a ampliação da lavoura canavieira abriu “uma era de desenvolvimento ao integrar a capitania ao lucrativo comércio de exportação” (MEDICCI, 2006: 393), o café veio para consolidá-la de vez. Sua evolução histórica deu novo perfil à região e mudaria para sempre os destinos de sua vida material e da de seu povo. Desde fins do século XVIII e conforme avançava o XIX, o consumo mundial de café aumentava e o cultivo da planta configurava-se como interessante mercado (FURTADO, 2000: 114). Reunindo condições ideais de clima, terras disponíveis, mão de obra e capitais subutilizados ou ociosos, o Brasil não tardou a inserir-se de forma vigorosa nesse mercado. Já no início da década de 1830 “o café passou a se destacar na pauta de exportação” do recém estabelecido Império e, seu cultivo, a expandir-se em direção ao Oeste paulista; não levaria

13 Em virtude da alta lucratividade do negócio, houve “excessiva concentração de recursos nos trabalhos mineratórios” (FURTADO, 2007, p.118) e, graças a esta, a produção de bens alimentícios ficou prejudicada. Somado a isso, era fato que “a população [mineradora] dependia para tudo de um complexo sistema de transporte” (Ibidem, p.122). Sem condições de se auto abastecer, a região mineradora acabou por fomentar, nas áreas que a circundavam, o desenvolvimento de atividades ligadas à produção e ao comércio de gêneros alimentícios e de animais (FRANCO, 1997, p. 34).Originalmente e em sua maioria, estes produtores e comerciantes eram os sitiantes - proprietários ou posseiros – e os tropeiros que, após o fim dos ciclos bandeirantes em meados do mesmo século XVIII, haviam se estabelecido nas rotas para as minas ou nas regiões periféricas às da mineração (SCATIMBURGO, 2006, p. 191; CANDIDO, 2001, p. 103; FRAGOSO, 1998, p. 60). Durante todo o Setecentos, destarte, a região paulistânica permaneceu “ligada ao abastecimento das minas”, com “inúmeras áreas dedicadas à produção de alimentos” e animais para estas (FRAGOSO, 1998, pp. 71 e 74). Neste contexto, abria-se ao homem pobre a “perspectiva de acumulação de capital” (Ibidem, p. 69). O rápido aumento da demanda aliado à escassez da oferta, ao mesmo tempo em que gerou um processo inflacionário (SAMPAIO, 2014, p. 309), desencadeou a “irradiação dos benefícios econômicos da mineração” para suas regiões vizinhas (FURTADO, 2007, p.121). “O efeito multiplicador da mineração foi evidente” (FRAGOSO, 1998, p. 71).

muito tempo para que se alastrasse e cobrisse vasta área da Paulistânia (FURTADO, 2000: 94- 95; FURTADO, 2007: 147, 169, 170 e 252). Na segunda metade do Oitocentos “o café tornou- se,10 então, o elemento dinâmico da economia brasileira” (FURTADO, 2000: 115; RIBEIRO, 2006: 357) e, na virada para o século XX, o “ouro verde” era, de longe, o produto mais representativo da pauta exportadora do país. Resultado de sua expansão e efeito de sua importância: o café, para além de consolidar o deslocamento do eixo dinâmico da economia do país para o Sudeste, repercutiu, para o bem ou para o mal, “em todos os setores da vida nacional” (FURTADO, 2000: 94; RIBEIRO, 2006: 350). Quanto à sua organização material, a empresa cafeeira, no Brasil, caracterizou-se, além dos baixos custos monetários, pelo crescimento por extensão (FURTADO, 2007: 170 e 177). Este a fez basear-se “amplamente na utilização do fator terra” (FURTADO, 2007: 169-170; RIBEIRO, 2006: 366). A expansão de nossa produção cafeeira (e, por consequência, dos lucros obtidos com ela), como observa Celso Furtado (2007: 233-234), não se realizou pelo aumento de produtividade, mas, sim, pela ampliação da área cultivada. Parece evidente que esta forma de crescimento incitava um voraz apetite por terra; apetite proporcional àquela por lucros... Dessa forma, não surpreende a investida feroz de um certo fazendeiro italiano por um “palmo de terra a mais”. Antes, esta atitude faz parte e corresponde tanto à sua lógica quanto à do sistema ao qual pertence pois, no que concerne às esferas econômica e social, pode-se afirmar seguramente que “o café suscitou uma classe” (SCATIMBURGO, 2006: 238). Milton Braga Furtado assevera que “a expansão da cultura cafeeira gerou uma nova aristocracia rural – a do barão do café, que se constituiu em uma classe econômica poderosa, com objetivos essencialmente capitalistas, como a propriedade, o lucro e a acumulação de capital” (FURTADO, 2000: 117). A mentalidade capitalista dessa nova aristocracia rural e a forma como a produção e a economia cafeeira foram organizadas e desenvolveram-se, associadas, modificaram as condições históricas de acesso à terra14 e, por conseguinte, as relações entre posseiros, pequenos proprietários e grandes fazendeiros (RIBEIRO, 2006: 348-349). Enquanto houvesse terras desocupadas abundantes, os litígios seriam diminutos e “somente uma forte alta nos preços da mão de obra poderia interromper” o crescimento dos cafezais (FURTADO, 2007: 170). Uma vez que, por uma somatória de fatores15, “o setor cafeeiro pôde [...] manter seu salário real praticamente estável durante a longa etapa de sua expansão” (Idem: 220), os

14 “É enganoso supor que a ocupação territorial, na colônia, tenha-se dado somente através da sesmaria. A posse, pura e simples, constitui-se, na realidade, na forma mais comum de acesso à terra, em particular nos lugares onde pessoas com grandes capitais não se impuseram de maneira dominante. Durante toda sua história, o Brasil registrou um alto grau de movimentação de seus habitantes” (FRAGOSO, 1998, p. 63). 15 Ver FURTADO, 2007, p. 218-222 e 232.

conflitos entre classes estabeleceram-se nas questões ligadas à terra, pois, no século XX, a disponibilidade de terras desocupadas e a descobrir - que outrora propiciava acesso por meio da11 mobilidade e expansão constantes, evitando ou mitigando dissabores e disputas -, já não existia. Se ao longo do século XIX “quase não há referências a conflitos” entre grandes e pequenos (FRANCO, 1997: 95), conforme a terra se tornou “objeto de interesse dos mais enriquecidos” - como mercadoria e fator essencial para a expansão da produção e lucros cafeeiros -, as tensões e disputas entre grandes e pequenos emergiram. A possibilidade de acesso à terra, sem ônus, deixava de ser uma possibilidade aberta a todos (FRAGOSO, 1998: 60). Ia longe o tempo em que a igualdade de posição social e de acesso à terra vigiam...

3. Paulistânicos mineiros, quatrocentões e imigrantes: caipiras em disputa?

Com o surgimento e a viabilização do café enquanto economia de exportação por meio da grande lavoura, a Lei de Terras de 1850, a abolição da escravidão em 1888, a Proclamação da República em 1889 e as correntes imigratórias do final do século XIX e início do XX, toda uma reordenação social e institucional se opera no país, tendo a Paulistânia em seu centro. Para Darcy Ribeiro, esta reordenação institucional, que se implanta no nível civil por meio da penetração e de uma maior capilaridade alcançada pelo poder público, não se realizou "como uma extensão da justiça ou como uma garantia de bem comum". De acordo com o antropólogo, "o estado penetra o mundo caipira como agente da camada proprietária" e, "com a ajuda do aparelho legal, administrativo e político do governo", promove "o desenraizamento do posseiro caipira, [forçando-o] a engajar-se no colonato, como assalariado rural, ou a refugiar-se na condição de parceiro, transferindo-se para as áreas mais remotas ou para as terras cujos proprietários não têm recursos para explorar os novos cultivos" (RIBEIRO, 1995: 386-388). De sua parte, com a Lei de Terras de 1850 e "o crescimento prodigiosamente rápido das culturas de café" (Idem: 388), o caipira viu-se obrigado ou a comprar terras às quais os preços orbitavam muito além de seu poder aquisitivo ou compelido a "formas de legitimação cartorial da posse" às quais eram a ele inacessíveis (Idem: 386), posto que “a autoridade pública [esteve] sempre [referida] a instituições alheias ao mundo caipira” (FRANCO, 1997: 34). Não poucas vezes, caipiras viram-se obrigados a "voltar de a pé pra Minas Gerais"... Circo montado, "todo um aparato jurídico citadino se coloca a serviço dessa concentração de propriedade. [...] Multiplicam-se os grileiros, subornando juízes e recrutando forças policiais das vilas para desalojar famílias caipiras, declaradas invasoras de terras

em que sempre viveram. Postas fora da lei e submetidas à perseguição, elas são, finalmente, escorraçadas das terras à medida que sua exploração comercial se torna

12 viável" (RIBEIRO, 1995: 387).

Dessa forma, "aos poucos [...], o novo sistema ganha força e congruência, indo buscar e desalojar o caipira em qualquer ermo que se embrenhe, pela expansão contínua das áreas ocupadas pela economia da fazenda, obrigando-o a renovar sua opção entre o engajamento como assalariado rural ou novos deslocamentos, à procura de áreas mais atrasadas" (Idem: 388).

Por fim, "confinado nas terras mais sáfaras, enterrado na sua pobreza, o caipira vê, impassível, chegarem e instalarem-se, como colonos das fazendas, multidões de [imigrantes - italianos em sua maioria -] para substituírem o negro no eito. Essa massa nova vinha, porém, de velhas sociedades, rigidamente estratificadas, que a disciplinara para o trabalho assalariado, e via na condição de colono um caminho de ascensão que faria dela talvez, um dia, pequenos proprietários" (Idem: 389).

Isso de fato ocorreu, chegando alguns destes imigrantes a tornarem-se, mesmo, grandes proprietários integrantes da elite cafeeira, uma vez que, "já [adaptados] ao regime salarial", aqui chegaram predispostos "a [esforçarem-se] ao máximo para conquistar [...] um palmo de terra em que [pudessem] prosperar, livre da exploração dos fazendeiros" (Idem: 221). Tudo isto posto, pense-se nos personagens e na narrativa de O mineiro e o italiano e enquadre-se seus dramas e ações nos contextos que até aqui se expôs. Um caipira típico, mineiro por adjetivação imprópria, contingência, destino... paulistânico em sua origem e essência. Posseiro ou pequeno proprietário, migrante por excelência, pobre, filho da economia de subsistência. Resultante de uma cultura em que manter- se a dignidade é uma necessidade vital e na qual a bravura e a ousadia são valores altamente prezados (FRANCO, 1997: 54-55), é também arguto. Defronte situação adversa - a demanda judicial que por certo perderia e da derrota que, além de espoliar-lhe terra, levaria consigo toda bravura e dignidade que ainda lhe restassem - vê-se obrigado a recorrer à astúcia. Digno de um Pedro Malasartes sai, por fim, vitorioso, subvertendo o “caráter inelástico da estrutura de poder” (COHN apud FAORO, 2012: 8). A par do sistema no qual está inserido, este mineiro caipira com ele joga, uma vez que o suborno figura entre as possibilidades disponíveis para se ganhar uma demanda na justiça. Desencorajado pelo advogado, recorre à astúcia para subverter a

ordem das coisas e sair vitorioso. Tal qual o rio Tietê - por excelência o rio dos caipiras - que contraria a natureza das coisas ao correr em direção contrária ao mar, o caipira, ao inverter a ordem13 “natural” do sistema oligárquico, por meio da astúcia coloca o mundo “de pernas pro ar” e encontra, talvez, sua única chance de continuar a existir. Um italiano, imigrante-migrante, que, ao abrasileirar-se, acaipirou-se em igual proporção (SANT’ANNA, 2009: 316). Inserido em um “regime de colonato que permitia a possibilidade de um pequeno ganho e poupança” (BIGAZZI, 2006: 85), quis a sorte - ou as oportunidades (surgidas e aproveitadas) de um meio em que “a ascensão econômica fazia parte do horizonte alcançável e tornou-se realidade para alguns” (FRAGOSO, 1998: 69) - que esse italiano ascendesse de colono a fazendeiro. Tal ascensão vai deslocá-lo de integrante a participante da cultura caipira, para falar com Antonio Candido. Agora fazendeiro, cafeicultor e capitalista (SANT’ANNA, 2009: 328-329), formará e aumentará seu latifúndio “à custa de proprietários menores” (CANDIDO, 2001:105) e fará valer seu novo status e interesses, defendendo-os à morte. Ou à expensa de “alguns capitais”... Há, ainda, o advogado e o juiz “quatrocentão”. Este, tem a seu dispor o peso da tradição, daquilo que é porque sempre foi. De seu bisavô bandeirante retira sua legitimidade e, de seu cargo, a manutenção de seu status quo: elite econômica, política, social e, no mais das vezes, proprietário de vastos pedaços de chão. Em uma sociedade em que o “uso dos aparelhos governamentais como propriedade privada” era realidade, a conduta do servidor público era orientada, em elevado grau, pelos “interesses de seu meio social”. Maria Sylvia de Carvalho Franco observa que “essa diferenciação rudimentar entre função oficial e vida privada permitiu a extensão do poder oriundo do cargo público para a dominação com fins estritamente particulares”. Neste contexto, “o destino do homem pobre definiu-se num mundo regido por dois princípios divergentes de ordenação das relações sociais – associações morais e ligações de interesses – que se articularam e tiveram efeitos deletérios recíprocos (FRANCO: 139, 122, 137, 110, respectivamente). É por essa razão que a narrativa da canção em questão é construída de modo a nos fazer crer que o mineiro, sem dúvida, perderá a causa. Sua beleza, graça e humor está tanto no improvável resultado da demanda quanto na desconfiança do advogado em relação ao veredicto. E é por também fazer parte desse mundo da elite - sendo filho de fazendeiro, por exemplo (SCATIMBURGO, 2006: 239) -, que o advogado aconselha – e depois desconfia do desfecho da ação - o mineiro da forma como a faz: diz o que diz e sabe o que sabe porque conhece o sistema a partir de dentro. Se a disputa entre o mineiro e o italiano, em si, nos remete imediatamente às questões do acesso e propriedade da terra, o contexto geral e seus episódios, o desenrolar e o desfecho

do “causo”, tudo isso nos coloca em contato direto com esse mundo do “homem cordial” (HOLANDA, 1995: cap. 5). Daí a importância da subversão da ordem como resultante da astúcia14 do caipira. Donde a surpresa (e o riso) que o final inesperado causa no ouvinte, quando, por fim, quem “entra pelo cano” é o todo poderoso fazendeiro italiano e, pior, pelas mãos de um juiz que, no frigir dos ovos (ou da leitoa...), também subverteu a lógica oligárquica ao manter-se incorruptível. O risível é, no mais das vezes, receptáculo das verdades e idiossincrasias mais enraizadas, estruturais e condicionantes.

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