* Parte do conteúdo deste texto baseia-se num inédito do autor, intitulado “The Practice of Central Banking in Macao”, cujo esboço agradecimento. ** Economista, Doutor na Economia e nas Finanças pela Universidade de Hong Kong, Mestre na Economia pela University of Warwick, Inglaterra.

Administração n.º 84, vol. XXII, 2009-2.º, 405-421 405

Mercado turístico de nos últimos 10 anos António R. J. Monteiro*

I. Introdução

Macau passou a ser considerada como uma Região Administrativa Especial da República Popular da China, em 1999. O território, com uma identidade histórica-cultural única, e pequeno geograficamente, apostou seriamente na estratégia de desenvolvimento turístico, nos úl- timos 10 anos, por forma a promover o turismo através da inserção de capitais no desenvolvimento e na construção de novos hotéis ou resorts, com capacidade para incluir espaços na prática do turismo de negócios (MICE), assim como Casinos e na remodelação de infra-estruturas dos patrimónios arquitectónico e histórico existentes, cativando desta forma a chegada de turistas e visitantes, nomeadamente provenientes da Chi- na Continental, Hong Kong e outros países asiáticos. Os mercados têm abrangido igualmente Europa e os Estados Unidos, bem como aproveita- do para fortalecer as relações sócio-económicas com os países lusófonos, tais como Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, algumas cidades lusófo- nas da Índia e Timor. O Turismo de Macau tem efectuado grande esforço para imple- mentar a prática do turismo de negócios e com a presença dos visitantes, aproveitar a sua estadia para promover o turismo local, de modo a que os turistas consumam os produtos turísticos. Aproveitando o seu status, com a prática da política “Um País, Dois Sistemas”, uma vez estabelecida como região administrativa especial, tal como a sua vizinha Hong Kong, desde 2002 Macau tem vindo a crescer fortemente, assistindo-se a um boom turístico e económico, desde que foi aprovada a política da liberali- zação do Jogo (Macau goza, desde 1874, da legalização dos jogos de for- tuna e azar), para o que muito contribuiu a liberalização da entrada, por vistos, dos chineses da República Popular da China. Gozando deste estatuto, e com o aumento de fluxo de capitais, com as receitas relativamente elevadas do sector do Jogo e devido ao esforço

* Licenciado pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa.

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do turismo local, nomeadamente na prática de MICE, têm vindo a ser satisfeitas as metas e alcançados os objectivos do território, assim como os residentes e os visitantes têm vindo a sentir uma imagem diferente de Macau, numa perspectiva de satisfação significativa.

De acordo com os dados existentes na Página Electrónica da Indús- tria Turística de Macau, do organismo governamental do turismo local, em 2003 Macau recebeu 23.167 participantes em 239 eventos realizados nesse ano e o crescimento deste número foi-se verificando gradualmente em 2007, com 117.860 participantes em 391 eventos realizados nesse ano. Por outro lado, o turismo local tem vindo a estimular as relações com as companhias aéreas, apostando na estratégia de pacotes de voos de baixo custo, traçando o caminho para o aumento gradual das visitas dos turistas do mercado asiático e australiano, através da criação da compa- nhia aérea low cost, Viva Macau, e na possibilidade de estreitar relações contínuas com o continente europeu para possíveis rotas aéreas, nomea- damente com a capital portuguesa, Lisboa.

“Macau tem desfrutado de um constante crescimento do seu merca- do de turismo interno desde 1998, mas o desempenho de 2003 foi qua- se inteiramente devido a uma vaga de visitantes da China continental, resultante de uma flexibilização das restrições de viagens para residen- tes do continente provenientes de cidades seleccionadas na China (…). Esta tendência deverá manter-se num futuro próximo com a continuação da urbanização da China, aumentando a afluência da população chinesa e um melhor acesso, devido à flexibilização de vistos”1.

II. O impacto dos jogos dos casinos em Macau e a posição do turismo Macau é conhecida como o centro de jogo na Ásia, possuindo numerosos casinos, pertencentes aos titulares de seis concessões e sub- concessões de jogo atribuídas pela Região Administrativa Especial de Macau, após a reforma de sector introduzida a partir dos anos de 2001 e 2002.

1 Scott Hetherington , Director-Gestor, Ásia Jones Lang LaSalle Hotels, in http://www.4hoteliers.com/4hots_nshw.php?mwi=1376

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Macau, desde então, entrou numa fase de transformações impres- sionantes. A sociedade e a economia, através da “consolidação de bases e desenvolvimento firme”, política levada a cabo após a reintegração na República Popular da China, principalmente com a liberalização da in- dústria dos jogos, em 2002, experimentou um desenvolvimento enorme nos últimos anos. Como resultado, tem registado um rápido crescimento económico, um aumento explosivo das receitas financeiras, um aumento constante do salário médio, assim como um decréscimo da taxa de de- semprego e mudanças sociais significativas, factos destacados pelos media dos diferentes continentes. Este rápido crescimento do investimento privado e público e os re- sultados alcançados pelo sector do turismo, incluindo o jogo, constituem aumentos do PIB e do PIB per capita.

Fonte: Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

Segundo dados estatísticos fornecidos pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos de Macau, 2004 foi o ano de maior crescimento do PIB – ano da inauguração do primeiro Casino ao estilo de Las Vegas, o Sands, competindo com o rival Hotel e do magnata de Hong Kong, , que estabeleceu um marco histórico, principal- mente com a chegar de inúmeros visitantes provenientes da China Con- tinental para assistirem à inauguração e entrada no Casino. Os próximos anos, com o dono da Sands Corporation a implementar projectos na a zona do COTAI, zona dos aterros ligando as ilhas da Taipa e de Coloane, irão registar novas evoluções já em 2007 com a inauguração do Venetian Macao Resort Hotel, Four Seasons Hotel e na península de Macau com o

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MGM Grand Macau. Stanley Ho, responde também à concorrência com o Grand Lisboa Casino e Hotel, assim se posicionando no competitivo mercado macaense. “No 3.º trimestre do corrente ano, assinalou-se um abrandamento no crescimento das receitas totais do jogo (excluídas as gorjetas). Embora estas receitas subissem 27,6%, em termos nominais, face ao idêntico trimestre de 2007, o aumento foi inferior aos observados no 1º trimestre (61,8%) e no 2.º trimestre (47,6%) de 2008. As despesas dos visitantes (excluído o jogo) apenas cresceram 4,2%, ao passo que a formação bruta de capital fixo (FBCF) diminuiu 25,2%, graças aos decréscimos registados no investimento em cons- trução e em equipamento. As exportações de mercadorias também caíram substancialmente 26,5%. Analisando os dados acima mencionados, o PIB observou um crescimento de 11,3%, em termos reais, no 3.º trimestre deste ano. O acréscimo do PIB foi revisto: de 31,6% no 1.º trimestre para 32,3% e de 21,1% no 2.º trimestre para 22,2%; porém, o crescimento do PIB em 2 2007 foi ajustado para baixo, de 27,3% para 25,6%. ” O recente empenho demonstrado pelo Governo tem-se revelado mais atento às mudanças económicas, sociais e urbanas, com a intro- dução da referida liberalização parcial da indústria do Jogo. Contudo, o recente comportamento da economia, só beneficia aqueles que estão mais directamente ligados aos casinos e actividades complementares, não se traduzindo em claros benefícios económicos para outros sectores da eco- nomia e para o resto da população. Ao mesmo tempo, alguns problemas e contradições emergem, no que respeita à estrutura económica e relações sociais - o jogo tem de facto causado um grande impacto na sociedade. Martin Chung, da Macau Industrial Evangelistic Fellowship, referiu ao Jornal Tribuna de Macau, do dia 9 de Maio que “(…) os trabalhadores da administração pública, mesmo estando proibidos de frequentar casi- nos, acabam por se tornar jogadores compulsivos”3; o vício pelo jogo po- derá tornar os funcionários públicos mais vulneráveis à corrupção; dados

2 Direcção dos Serviços de Estatística e Censos da RAEM (DSEC), in http://www.dsec. gov.mo/getAttachment/8df4f941-3de8-4380-9ec5-8d602f8f1736/P_PIB_FR_2008_ Q3.aspx 3 “Vício no jogo torna funcionários públicos mais vulneráveis à corrupção”, Jornal Tribuna de Macau, 9 de Maio de 2007, in http://www.jtm.com.mo/view.asp?dT=245003003.

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revelados demonstram que os funcionários públicos representam um em cada dez jogadores compulsivos nos últimos quatro anos; é pois um pro- blema que pode causar grandes impactos na sociedade, algo preocupante, uma vez que o jogo pode ter uma relação próxima com a corrupção. Por outro lado, a imagem cultural de Macau, como cidade de jogo, está enraizada na mente das pessoas, devido à excessiva dependência do jogo. Quando falamos em publicitar e promover o turismo, devemos ter em conta a tendência de não promover uma imagem de cidade do jogo; aliás, o organismo do turismo local tem evitado, esforçando-se mais na divulgação da herança cultural do território com relevância, uma vez que Macau se encontra inserido no Património Mundial. Wu Zhiliang, membro do Conselho de Administração da Fundação de Macau, num seminário decorrido em Macau, sublinhou que “considera necessária também uma maior promoção de Macau como uma cidade detentora de um importante património histórico e não apenas como mero centro 4 de jogo” . A verdade, porém, é que houve muitas novas oportunidades de emprego, o que permitiu que indivíduos de baixa habilitação tivessem mais saídas e opções na escolha de emprego; para além disso houve um aumento das receitas fiscais do governo e daí ter havido aumentos sala- riais dos funcionário públicos e desenvolvimento dos sectores envolventes nesta área como turismo, hotelaria e área para a realização de eventos.

Fonte: Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

Com base no quadro supramencionado, as receitas do Jogo permiti- ram uma evolução significativa entre os anos de 2002 a 2005.

4 “RAEM deve dar “mais importância” à sua herança patrimonial”, Jornal Tribuna de Ma- cau, 6 de Abril de 2007, in http://www.jtm.com.mo/view.asp?dT=241903005.

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III. O turismo de negócios Sua contribuição para o desenvolvimento do turismo ma- caense Leong e Chaplin, mostram a diversidade das razões que levam os turistas a visitar particularmente um destino de turismo de negócios. A maioria dos turistas visita Macau a título individual, devido a exposições em escala existentes ou por motivos de negócio ou trade fairs.

Tipos de turismo de negócios em Macau - Tipos de turista de negócios - Percentagem • Presenças nas exposições dos produtos da minha companhia 60 • Actividades promocionais e de marketing 58 • Negociação com clientes 50 • Consulta, pesquisa de informações e networking 33 • Presenças nas exposições dos produtos de outras companhias 30 • Gerir o funcionamento de um negócio em Macau, entertaining co- legas, clientes e dos clientes 27 • Reunião com os funcionários do governo 25 • Presenças nas reuniões da companhia 25 • Viagem de incentivo 15 • Outros 15 • Supervisionar as operações de gestão de um negócio em Macau 5 • Em trânsito para a China ou Hong Kong 3

Nota: Várias respostas contam o facto de percentagens não adicionar até 100 por cento.

5 Fonte: Leong and Chaplin, in Leong and Leong (1999)

Nos últimos anos, com um mercado totalmente diferente, Macau encontra-se envolvido, devido à sua forte concorrência, de acordo com as informações fornecidas pelo Centro do Turismo de Negócios de Ma- cau, da Direcção dos Serviços de Turismo, na concretização de diferen- tes infra-estruturas de luxo e de entretenimento com cariz potencial no mundo, tem de facto acrescentado novas componentes diversificadas para a indústria do turismo e do entretenimento, que criam condições favorá- veis para o desenvolvimento multi-dimensional da indústria turística de Macau.

5 Leong and Chaplin, in Leong and Leong (1999), Tipos de turismo de negócios em Ma- cau – Business Travel and Tourism, pg. 62.

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Estas novas componentes incluem também infra-estruturas de con- venções, exposições e de entretenimento de grande escala, que impulsio- nam o desenvolvimento da indústria MICE de Macau, tornando o desti- no em um novo jogador para o mercado internacional do MICE. O governo da Região Administrativa Especial de Macau reconhece que a diversificação é crucial para o desenvolvimento sustentável da eco- nomia. Para a Direcção dos Serviços de Turismo de Macau, o turismo de negócios é uma área estratégica, sendo reconhecido como um contributo fundamental ao desenvolvimento da indústria do turismo de negócios em Macau e contribuindo activamente para a implementação das políticas públicas nessa área. Na verdade, Macau está a desenvolver um modelo de turismo que integra a cultura e o património da cidade, convenções e exposições, en- tretenimento, jogos e retalho, desporto, lazer, eventos e gastronomia, que irão moldar Macau como um destino multi-dimensional. Existem uma série de factores que se prevêem para a contribuição do crescimento contínuo do negócio do MICE de Macau:  O governo de Macau tem um forte compromisso perante o posi- cionamento de Macau como um dos destinos líderes do MICE da Ásia;  Um maior investimento do sector privado nas infra-estruturas e comercialização vai continuar a melhorar o perfil de Macau e a sua capa- cidade para os eventos do MICE.  A expectativa de Macau continuar a posicionar-se face aos con- correntes, através de preços competitivos perante outras grandes cidades da Ásia.  Macau continuará a posicionar-se como um “novo” destino do MICE, atraindo conferências rotativas e programas de incentivos que nunca aqui foram realizados;  Melhorar o acesso a Macau por vias aérea, marítima e terrestre, permitindo novas oportunidades de mercado.

IV. A crise financeira dos mercados em 2008

A actual crise financeira irá causar impactos sobre a grande indústria do MICE da Ásia. Tal como acontece com os abrandamentos financeiros

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registados, os impactos mais prováveis serão uma desaceleração no núme- ro de eventos, cortes nos componentes não-essenciais dos eventos e esco- lha de destinos “mais perto de casa” (menos distantes) para minimizar os custos. A proximidade de Macau aos principais mercados, como China e Hong Kong, bem como os seus preços competitivos devem ajudar o ter- ritório a ultrapassar esta tempestade da crise financeira.

V. O Centro Histórico como papel determinante no estabelecimento da verdadeira identidade de Macau A presença histórica e cultural em Macau é notável, constituindo até hoje uma importante coexistência continuada das culturas orientais e ocidentais, sendo fruto do respeito e tolerância mútuas entre culturas e civilizações diferentes, nomeadamente a chinesa e o mundo ocidental. Oficialmente aclamado como 31a. região da China inscrita na Lista do Património Mundial, este reconhecimento internacional conduzirá Ma- cau a implementar uma consciência à comunidade na apreciação dos seus valores patrimoniais, que levarão a cabo futuros programas de desenvol- vimento urbano. O processo cuidadoso no investimento da revitalização dos bairros históricos, ruas e praças, como o Largo do Senado, Largo de S. Domingos, Largo de Camões, assim como os legados arquitectónicos Ruínas de São Paulo, Templo Á-Má, Santa Casa da Misericórdia, Edifício do Leal Senado, Farol da Guia, entre muitos outros, não só preservou a identidade do território, como recriou a imagem cultural na cidade, pra- ticando um desenvolvimento sustentável, o que permitiu particularmente a atracção de inúmeros turistas ao território. “Por isso, a reabilitação dos bairros históricos é, além de uma obra de construção civil, uma engenharia cultural (…) Por outros termos, será a obra que introduzirá Macau na sua segunda etapa de modernização (…) Significa reforçar as particularidades de Macau e da consciência de terra dos seus naturais, sob o pano de fundo da globalização. Significa fortalecer a sua identidade durante o processo de integração económica (…) Isto põe à prova uma correcta percepção sobre a nossa história e um conhecimento penetrante da essência da sociedade de Macau e das regras do seu desenvolvimento, e também sujeita à prova a nossa capacidade para explorar e reconstituir o nos- so espírito cultural e a inteligência da nossa alma (…) Considerada uma obra de construção civil, a reabilitação dos bairros históricos não só põe à prova a

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nossa capacidade de recriar o antigo, as elevadas habilidades artísticas e técni- cas, como a capacidade inovadora e imaginativa dos habitantes. (…) Trata-se da maior riqueza que a cultura de Macau nos lega e do maior contributo de Macau para a civilização da Humanidade”.6

VI. As novas Infra-estruturas de Macau Hóteis e casinos de luxo, bem como novos projectos Alcançado os objectivos do Governo da Região Administrativa Espe- cial de Macau com sucesso, restam ainda novos projectos que pretendem oferecer produtos e infra-estruturas de qualidade aos habitantes e aos tu- ristas. A lista elaborada e abaixo apresentada em tabela, revela as constru- ções hoteleiras equipadas com casinos e espaços para MICE. Novos pro- jectos estão ainda a ser concluídos, apesar da crise financeira instalada. Na zona do COTAI, há ainda o espaço do City of Dreams, a ser concluído em 2009 (inclui um casino sub-aquático, Hard Rock Hotel/Café e Ca- sino; Hotel Hyatt, Hotel Crown 2, com espaços comerciais) e os hóteis Sangri-La, Hilton, Fairmont e Sheraton. Na península de Macau, a 5 minutos da 3.ª ponte de Macau, Ponte Sai Van, encontra-se concluída a construção do espaço residencial, e da recriação do Hotel Mandarin Oriental (in Destination Macau).

O novo Macau Casino Sands 2004 Casino Galaxy Waldo 2004 Casino Wynn 2006 Casino Grand Lisboa 2006 Casino Galaxy StarWorld 2006 Casino/Hotel Venetian 2006-09 Casino Galaxy Cotai 2006-09 Casino MGM Macau 2007 Casino Park Hyatt 2007 Ponte Sai Van 2004 Pavilhão Desportivo 2005 Doca dos Pescadores 2005 “Ponte 16” 2006 Centro de Ciência de Macau 2006

6 Wu Zhiliang, A Revitalização dos Bairros Históricos, a Construção Comunitária e o Desen- volvimento Social, in Revista de Administração da RAEM n.º 66, Dezembro de 2004, Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP).

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A novidade passa pelo projecto implementado pelo Governo, na construção de uma rede de transportes multimodal, o metro ligeiro aéreo que liga Macau à ilha da Taipa; ampliação do Aeroporto Internacional de Macau e do Terminal Marítimo Macau-Hong Kong. Por fim, a enorme ponte de ligação entre Guanzhou, Macau e Hong Kong consiste numa infra-estrutura estratégica para as três regiões, con- tribuindo sem dúvida para a grandeza da República Popular da China7.

VII. Análise do mercado turístico de Macau O investimento efectuado em todos os projectos apresentados ante- riormente revela como o governo de Macau tem levado a sério o proble- ma das despesas para concretizar os objectivos alcançados.

Fonte: Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

Dados revelados mostram que a evolução entre o ano 1998 e 2005 sofreu um crescimento significativo tanto nas despesas totais, como de capital. Quanto ao alojamento

Número de quartos de alojamento em 30 de Setembro de 2008

Categoria Número de unidades hoteleiras Quartos 5 estrelas 18 9.812 4 estrelas 12 4,208

7 “Metro ligeiro de Macau poderá ser ligado à ferrovia Cantão-Zhuhai”, Jornal Tribuna de Macau, 19 de Janeiro de 2009, in http://www.jtm.com.mo/view.asp?dT=304303003.

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Categoria Número de unidades hoteleiras Quartos 3 estrelas 14 2,830 2 estrelas 12 801 Guest Houses 31 576 Total 87 18,227

Fonte: Direcção dos Serviços de Turismo de Macau. Previsão dos projectos dos novos hotéis e projectos de expansão dos actuais hotéis

Número de Número de Status do novas Número de Duração propriedades Projecto propriedades quartos hoteleiras hoteleiras Expansão 3 — 1068 1-2 Anos Trabalhos em percurso 24 24 20,669

3-5 Projecto Anos preliminar 43 43 11,187

6-10 Aproveitamento Anos dos terrenos 5 5 730

Total 75 72 33,654

Fonte: Direcção dos Serviços de Turismo de Macau. Local Principais locais de convenções e exposições (capacidade superior a 1000)

Número Maior Número de Maior Maior Maior Local de salas espaço de quartos de plenário banquete cocktail de reunião exposição alojamento Centro de Convenções e Exposições da Doca dos Pescadores 11 3,000 2,016 2,800 2,740 — Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental de Macau (Dome) 10 2,944 2.040 3,200 2,772 — Fórum de Macau 3 4,062 — — 1,020 — Estádio de Macau 6 1,500 — — — — Centro de Convenções e de Entretenimento da Torre de Macau 19 2,000 1,080 1,800 1,853 —

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Número Maior Número de Maior Maior Maior Local de salas espaço de quartos de plenário banquete cocktail de reunião exposição alojamento Pavilhão Polidesportivo do Tap Seac 1 4,000 — — — — The Venetian Macao Resort Hotel 108 7,760 5,820 7,360 75,000 3,000

Fonte: Direcção dos Serviços de Turismo de Macau.

VIII. Análise SWOT — Região Administrativa Especial de Macau 1. Pontos Fortes • Sendo uma Região Administrativa Especial da República Popular da China, como Hong Kong, Macau beneficiou do princípio “Um País, Dois Sistemas”. Macau é um porta de entrada para fazer ne- gócios com a China.

• Macau está convenientemente localizada perto de alguns dos mercados principais da Ásia, como por exemplo Hong Kong, China e Taiwan. Melhorando o acesso a outros mercados-chave na sua periferia da Ásia-Pacífico, irá reforçar ainda mais esta po- sição.

• Macau é pequena e compacta, apenas 29,2 quilómetros quadrados, tornando-se fácil a deslocação de “A para B” — nenhum lugar ex- cede 30 minutos.

• Macau tem o maior local integrado de Convenções e Exposições da Ásia — o Venetian Macao Resort Hotel, com 108 salas de reunião, 75,000 metros quadrados de espaço de exposição e 3,000 quartos de hotéis. O Venetian tem a capacidade de um estádio em grande escala para eventos do MICE sob um plataforma minimizando a necessidade de transferências e logística. Novos desenvolvimentos em Macau irão expandir o número de locais polivalentes integra- dos (“all in one”).

• Crescimentos rápidos nas infra-estruturas de Macau, posicionam o referido destino como um “novo” local para eventos do MICE. Este é um factor atractivo para reuniões e para os gestores de even-

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tos, que estão constantemente em busca de novos destinos para os seus clientes. • Macau tem uma longa história de porto comercial entre o Oriente e o Ocidente, que criou um ambiente estável e harmonioso para fazer negócios. • Macau possui preços competitivos face a outras grandes cidades da Ásia e do mundo. • Macau oferece diversas ofertas exclusivas aos visitantes, incluindo uma mistura interessante de culturas portuguesa e chinesa, o Cen- tro Histórico de Macau designado como Património Mundial e resorts luxuosos e entretenimento 24 horas por dia.

2. Ameaças

• Como todos na Ásia, Macau terá de lidar com os desafios da crise financeira mundial. • O desfecho mais provável será uma redução nos orçamentos de viagens para indivíduos e grupos. A força competitiva consiste na proximidade dos mercados-chave e na permanência de um preço competitivo, o que ajudará Macau a enfrentar qualquer desacelera- ção esperada no mercado. • O controlo rigoroso dos vistos induviduais do continente chinês causou algum impacto na chegada de visitantes, mas não se espera que haja grande impacto nos grupos do MICE. Macau encontra- se a diversificar a combinação dos seus produtos e negócios para garantir que o destino não é demasiado dependente de um ou dois principais mercados. • Mão-de-obra e escassez de competências é ainda uma questão, que é um problema a nível mundial (o que pode ser considerado igual- mente como um principal Ponto Fraco). Esta não é uma questão fácil de resolver a curto prazo, mas é uma grande prioridade neste momento a ser gerida pelo Governo de Macau, em consulta com a indústria. O Centro de Turismo de Negócios de Macau está a proporcionar programas de formação específicos e a promover a acreditação para o sector do MICE.

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3. Oportunidades • A nova capacidade de Macau permite-lhe um alvo muito maior nos grupos do MICE, incluindo convenções, exposições e grandes incentivos. • Novos produtos e desenvolvimento de infra-estruturas, como luxu- osos hotéis e resorts, entretenimento e lojas de renome ou de marca estão a criar novas oportunidades de mercado para atrair negócios do MICE, em particular programas de incentivos. • A introdução de hotéis e de marcas conhecidas a nível internacio- nal, assim como atracções abrem novas oportunidades a Macau para se orientar em novos mercados geográficos.

IX. Considerações Finais O futuro de Macau O papel do turismo local Baseando-nos na tabela abaixo, vemos que Macau aumentou signifi- cativamente os turistas de ano para ano, após o seu estabelecimento como Região Administrativa Especial em finais de 1999. A aposta no jogo, a política das visitas para a entrada por visto pelos chineses da China Con- tinental, bem como a proximidade do mercado da vizinha Hong Kong, têm posicionado Macau como um destino turístico.

Fonte: Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

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A oferta diversificada de produtos turísticos, o Centro Histórico de Macau como destaque, bem como inúmeros projectos hoteleiros equipa- dos com casinos e espaços para o turismo de negócios permitiram a Ma- cau posicionar-se como um dos mercados turísticos competitivos a nível internacional. O mercado chinês, enorme como é, leva a que os chineses não baixem os braços para tentar a sorte numa cidade onde, além da ofer- ta do lazer, entretenimento e cultura, o jogo é legal.

Fonte: Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

A verdade é que Macau já ultrapassou os 30 milhões de visitantes, de acordo com o Director dos Serviços de Turismo de Macau, João Ma- nuel Costa Antunes. A ênfase das promoções deste ano será o Património Mundial. “Conforme números provisórios, em 2008 Macau recebeu um recorde de mais de 30 milhões de visitantes, um aumento de 11 por cento em relação ao ano anterior. O Interior da China, Hong Kong e Taiwan continuam a ser os três maiores mercados de visitantes para Macau. Os visitantes do Interior da China representaram 17.5 milhões de visitantes, um crescimento de 17 por cento. Entre Janeiro e Novembro passados o número de visitantes que pernoi- taram em Macau atingiu quase 13 milhões, tendo o número de hóspedes de hotel atingido os 5.2 milhões, ultrapassando o valor de 2007. O tempo de es- tadia em média também aumentou para as 1.5 noites (…) Os dez principais mercados de visitantes de Macau são sobretudo países e territórios asiáticos. No ano passado, os mercados do sudeste e do nordeste asiático registaram um forte crescimento: a Tailândia aumentou 81 por cento, Singapura 41 por cento, as Filipinas 30 por cento, a Coreia do Sul 24 por cento, o Japão 23 por cento e a Malásia 12 por cento, dando sinais de uma clara tendência para a diversificação da origem dos visitantes de Macau (…) A DST terá como alvo principal das suas actividades a diversificação dos mercados de visitantes e dos produtos turísticos. Pretende usar os recursos tu- rísticos locais, impulsionar o desenvolvimento do turismo cultural, conceber e planear itinerários turísticos temáticos variados, explorar os recursos turísticos da região e criar uma marca para o turismo regional. (…) a DST vai au-

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mentar a promoção nos mercados internacionais e continuar a abrir novos mercados, a trabalhar de perto com as companhias aéreas, mover esforços para expandir as ligações aéreas directas internacionais, bem como impul- sionar a divulgação através da Internet. Este ano, a DST conta com mais um escritório de representação no exterior, na Indonésia. Os mercados com potencial a desenvolver são o Vietname, a Europa de Leste, com ênfase na Rússia, e o Médio Oriente (…) A DST indicou que o Património Mundial será o cerne do impulso do desenvolvimento da diversificação da oferta tu- rística. A DST pretende cooperar com os profissionais de turismo locais e dos mercados de visitantes para promover roteiros de qualidade pelo património, de forma a oferecer aos visitantes um produto turístico de qualidade a um 8 preço razoável” . A densidade das palavras acima apresentadas, revela que a estratégia implementada em Macau foi além das expectativas. Nunca se sabe quan- do o crescimento irá parar; a verdade é que a prosperidade continua em Macau, bem como os interesses da República Popular da China. Porém, a taxa de desemprego tem decrescido graças à abertura dos novos espaços hoteleiros e projectos em fase de conclusão.

Fonte: Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

Macau começou o ano em alta na Bolsa de Turismo de Lisboa, como convidado especial na promoção do destino. O Ano Novo Chinês marca o início das novas metas para o ano de 2009. O turismo envolve a prática da estratégia, de forma a conseguir atrair os turistas a visitarem o destino em causa. A actividade turística, por seu lado, é actualmente encarada como o cuidado de uma prática sustentável. A preocupação social e ambiental é cada vez mais realçada.

8 “Macau ultrapassa os 30 milhões de visitantes impulsiona em força a diversificação”, Comunicados à Imprensa da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), de 14 de Janei- ro de 2009, in http://industry.macautourism.gov.mo/pt/pressroom/index.php?page_ id=172&id=2183

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Tal como o concebemos na actualidade, o turismo resulta fundamen- talmente do lazer, embora muitas das viagens (…) integram o conceito de turismo se realizem no exercício de uma actividade profissional ou de uma ocupação intelectual não implicando, portanto, necessariamente o lazer (…) O turismo, consequentemente, é o resultado da forma como é ocupado o tem- po livre mas distingue-se do recreio (…) Tal como o recreio, o turismo origi- na um conjunto variado de actividades produtivas que visam satisfazer as necessidades de quem se desloca, e portanto, a um mercado. Estas actividades que, em muitos aspectos se identificam com as do recreio, assumem, porem, dimensão e natureza diferentes das actividades geradas por este (…) Con- siderando um determinado turista, um país ou uma localidade terá ou não capacidade de retenção consoante dispuser de condições capazes de, alem de o atrair, lhe proporcionar uma estada agradável e que satisfaça os seus anseios 9 e necessidades .

9 Cunha, Licínio (2007), Introdução ao Turismo, Editorial Verbo (3.ª Edição), Lisboa, pgs.13/43.

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