Instituto Politécnico de Beja

Escola Superior Agrária de Beja

Estudo da Viabilidade de Reconhecimento dos Azeites do Alentejo como Indicação Geográfica Protegida (I GP) Relatório de Projecto

Francisco José Costa de Oliveira

Orientadores:

Interno: Eng. José Velez

Externo: Eng. Henrique Herculano

Curso de Engenharia dos Sistemas Agrícolas e Ambientais

Ramo Agricultura Ecológica

Beja

2007 Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradecer aos meus familiares, porque foi através deles que eu tive a

oportunidade de vir estudar para o ensino superior e posteriormente conclui-lo.

Uma vez fmalizado, mais uma etapa da carreira académica, pode-se exprimir através

deste ponto que só foi possível a conclusão do projecto, bem como as fases precedentes

a este, devido há amizade e camaradagem de todos os colegas e amigos que me

ajudaram directa ou indirectamente na realização deste projecto e deste curso.

Especialmente ao Sr. Eng. o José Velez, pela forma como se empenhou a coordenar este

trabalho mostrando-se sempre disponível para o esclarecimento de dúvidas que foram

surgindo com a realização desta trabalho.

Como não podia deixar de ser, de louvar a preciosíssima ajuda e esclarecimento de

dúvidas ao longo da realização deste projecto por parte do Sr. Eng. o Henrique

Herculano, demonstrando assim uma grande disponibilidade e vontade para que este

projecto fosse alcançado com o maior sucesso possível.

De saudar o espírito sempre saudável e alegre vivido na realização deste trabalho, o que

contribui para uma mais fácilrealização.

Por tudo o que foi dito anteriormente um MUITO OBRIGADO e esperando que esta

seja só mais uma etapa de umacarre ira de sucesso.

r ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Resumo

Em primeiro lugar, de referir que este trabalho foi dividido em três consoante os temas preponderantes no mesmo. Assim os três capítulos escolhidos foram: caracterização tisica e geográfica do Alentejo, Olivicultura no Alentejo e Indicação Geográfica

Protegida.

Uma vez estabelecido e assumido pela sociedade, que o azeite é um produto fundamental no nosso país e mais em concreto na região Alentejana, devido ao facto de ser extremamente importante para a saúde em geral e também por possuir um papel preponderante na economia e desenvolvimento da região.

Sabendo-se que o Alentejo, é uma região na sua maioria a nível agrícola caracterizada pela olivicultura, estabeleceu-se que a curto médio prazo se deveria implementar a

Indicação Geográfica Protegida para os azeites da região, com o objectivo de protecção, evitar a descaracterização dos "Azeites do Alentejo" e a sua divulgação. Para isso foi necessário encontrar uma justificação histórica, cientifica e produtiva, que permitisse que este modo de protecção fosse criado, principalmente para aqueles

"Azeites do Alentejo" que não se incluem nas três DOP existentes e assim também poderão estar abrangidos por esta denominação.

Não obstante, os azeites DOP também vão fazer parte da IGP, umavez que também são

"Azeites do Alentejo", contudo já estão protegidos, enquanto os azeites extraídos fora das zonas geográficas de produção das regiões DOP não se encontram protegidos por nenhum mecanismo.

Contudo foi necessário, saber se este modo de protecção se justificava ou não, para isso foi necessário efectuar alguns cálculos, que permitissem extrair ilações bastante conclusivas. Entre alguns cálculos efectuados, destaca-se aquele que permite afirmar que a percentagem dos azeites DOP Alentejanos, dentro de todos os azeites produzidos na região é de 14,8%. O que vem mais uma vez justificar a criação da Indicação

Geográfica Protegida (IGP), é necessária na fileira olivícola.

II ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto -Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

, . lndice

Introdução ...... 1

1- Analise SWOT sobre a região do Alentejo ...... 3

1.1-Forças ...... 3

1.2- Fraquezas...... 4

1.3-0portunidades...... 5

1.4 - Ameaças ...... 6

2-Caracterização edáfica do Alentejo ...... 7

2.1- Características edáficas do Alentejo ...... 7

2.2 - Solos do Alentejo ...... 7

2.2.1 -Litossolos ...... 8

2.2.2- Solos Litólicos não Húmicos ...... 8

2.2.3 - Solos Calcários Pardos ...... 9

2.2.4-Solos Calcários Vermelhos...... 10

2.2.5 - Barros Pretos ...... 11

2.2.6-Barros Castanho Avermelhados ...... 12

2.2.7 -Solos Mediterrâneos Pardos de materiais calcários ...... 13

2.2.8- Solos Mediterrâneos Pardos de materiais não calcários...... 13

2.2.9- Solos MediterrâneosVermelhos ou Amarelos de materiais calcários ...... 14

2.2.1O -Solos Mediterrâneos Vermelhos ou Amarelos de materiais não calcários 15

2.2.11- Solos Hidromórficos...... 16

2.2.12 -Aluviossolos ...... 17

2.2.13-Relação solo/cultura ...... 18

3 -Características Climáticas do Alentejo ...... 19

3.1- Dados climáticos do Alentejo ...... 20

3.1.1-Precipitação ...... 20

3.1.2- Temperatura ...... 22

3.1.3- Geada ...... 23

3.1.4-Humidade relativa do ar ...... 25

3. 1.5 - Insolação ...... 26

3.1.6-Vento ...... 28

1-Situação olivícola actual no Alentejo ...... 30

1.1- Breve caracterização do olival situado na região do Alentejo ...... 30

III ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto -Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

1.2 -Peso das variedades nos Azeites do Alentejo ...... 31

1.3 -Área de olival ...... 31

1.4- Quantidade de Azeite obtido no Alentejo...... 33

2-Varriedades utilizadas na elaboração dos azeites do Alentejo ...... 34

2.1- Galega ...... 34

2.2-Cordovil...... 36

2.3- Verdeal ...... 37

2.4-Cobrançosa ...... 38

2.5-Blanqueta...... 39

2.6-0utrasVariedades ...... 40

3-Regiões olivícolas do Alentejo ...... 41

3 .l-Principais características olivícolas e respectiva área geográfica das regiões DOP

e nãoDOP do Alentejo ...... 42

3.1.1- "Azeite de Moura" ...... 42

3.1.2- "Azeites do Norte Alentejano" ...... 43

3.1.3-Alentejo Interior ...... 45

3.1.4 - Outras zonas produtoras de azeite no Alentejo não abrangidas por as

regiões DOP ...... 47

4- Importância das regiõesDOP do Alentejo em relação a toda a região Alentejana .. 49

4.1 -" Azeite de Moura" ...... 49

4.2 -"Azeite do Norte Alentejano" ...... 50

4.3 -"Azeite do Alentejo Interior" ...... 51

4.4 -Comentário aos resultados obtidos ...... 51

4.5 -Aposição das regiões DOP Alentejanas na produção de azeite no Alentejo.... 52

1- Indicação Geográfica Protegida (IGP) ...... 55

1.1-0 que é a Indicação Geográfica Protegida ...... 55

1.2-0bjectivo e funções da realização da Indicação Geográfica Protegida (IGP) ..... 55

1.3 -Justificação histórica paraa criação da IGP ...... 56

1.4-Diferenças entreregiões DOP e IGP ...... 60

Conclusões ...... 62

Bibliografia...... 64

Anexos ...... 67

IV ESAB-Francisco José Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Índice de Figuras

Figura 1 -A zona regional do Alentejo ...... 30

Figura 2 -Evolução do Azeite obtido na região Alentejo ...... 34

Figura 3 - Azeitona da variedade galega...... 34

Figura 4- Mapa indicador dasDenominações de Origem Protegidas (DOP) ...... 41

Figura 5- Rótulo identificador da indicação geográfica protegida...... 55

v

ESAB- Francisco José Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Índice de Quadros

Quadro 1 -Total de hectares de olival no Alentejo ...... 32

Quadro 2- Diferenças entre os mecanismos de protecção DOP e IGP...... 61

Quadro 3-As quatro denominações de azeite e as suas respectivas componentes...... 61

VI ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Introdução

De acordo com o programa da Escola Superior Agrária de Beja do quinto ano de

Engenharia dos Sistemas Agrícolas e Ambientais e no intuito da conclusão da

licenciatura, é necessária a realização de um trabalho/projecto, com apresentação oral e

avaliação do mesmo.

Após reflexão decidi elaborar o meu projecto referente à criação da Indicação

Geográfica Protegida (IGP) dos Azeites do Alentejo. Esta decisão foi equacionada e concretizada, devido ao facto de ser um projecto que visa garantir a protecção da genuidade do olival e Azeites do Alentejo e evitar a sua descaracterização, bem como encontrar os pontos comWis que possam existir a nível edáfico, climático, entre outros.

Outro aspecto bastante importante que motivou a realização deste trabalho, foi o facto de possuir um papel preponderante para os Azeites do Alentejo como já foi referido anteriormente, bem como para a região onde se insere, uma vez que vai preservar a cultura, tradições e ideologias do olival e Azeites da região. Para isso é necessário trabalhar este tema de uma fonna mais abrangente e não dando tanto ênfase às regiões

DOP, uma vez que o objectivo principal é proteger os Azeites do Alentejo, principalmente aqueles que ainda não estão abrangidos por nenhuma denominação.

Isto é possível, através de uma justificação do total de olival no Alentejo, da quantificação total do peso do Azeite DOP no Alentejo, bem como da respectiva quantificação de cada região DOP no Alentejo. Só através da quantificação destes dados e de outros referidos anterionnente, se tornará viável a criação da IGP, uma vez que os dados encontrados irão sustentar e justificar a sua criação.

Não esquecer que para a realização deste trabalho, será ainda necessário e fundamental para o estabelecimento de possíveis correlações e conclusões, a recolha de informação organoléptica e sensorial de vários azeites produzidos na campanha de 2006/2007 na região onde se insere.

1 ESAB- FranciscoJosé Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

I- Caracterização física e geográfica do Alentejo

2 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto-Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

1- Analise SWOT sobre a região do Alentejo

Este tipo de analise, vem descodificar quais as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de uma empresa ou região, ou seja, é através de uma pesquisa de vários factores económicos e sociais que irá permitir estabelecer este tipo de análise e assim dimensionar a região ou a empresa nesta óptica. De seguida passa-se a descrever a

Análise SWOT realizadapara a região do Alentejo.

1.1-Forças

> Localização geográfica integrada naorla mediterrânica, na fachada

atlântica, na diagonal continental europeia e com proximidade ao continente

africano;

> Boas acessibilidades rodoviárias ao exterior, nomeadamente à Área

Metropolitana de Lisboa e a Espanha;

> Razoável cobertura da região em termos da rede viária principal;

)- Afirmação das cidade médias de Évora, Beja e Portalegre com níveis de

desenvolvimento significativo, particularmente activo;

> Potencialidades de desenvolvimento urbano dos principais centros;

> Elevada ligação da população ao território, associada a uma grande riqueza de

tradições;

)- Significativa percentagem da população beneficiada por infra-estruturas básicas;

> Existência de subsectores (vinho, azeite, moagem, horto-frutícolas, queijo,

enchidos de porco, derivados de cortiça), que produzem produtos competitivos e

de excelente qualidade;

> Importante know-how na indústria extractiva, nomeadamente nas rochas

ornamentais e na exploração de pirites;

> Disponibilidade de espaços infra-estruturados para atracção de investimento

produtivo e actividades logísticas;

> Rico património natural e cultural, por vezes de importância internacional e com

diversas Áreas Protegidas ou Classificadas;

> Elevados padrões de qualidade ambiental;

> Forte identidade cultural;

)- Existência de instituições de ensino superior, tecnológicas e de investigação;

3 ESAB- Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

)ii;> Existência de instituições de apoio técnico-empresarial; )ii;> Experiências positivas de desenvolvimento local (CCDR, 2006)

1.2- Fraquezas

)ii;> Desajustamento dos traçados da rede fundamental no PRN 2000.Marcada

dicotomia entre as condições proporcionadas pelos lP e IC e as vias de nível intermédio;

)ii;> Inexistência de plataformas intermodais;

)ii;> O conjunto dos aglomerados não configura um sistema urbano devido às escassas relações entre eles;

)ii;> Acentuada dicotomia urbano-rural, com despovoamento e abandono de algumas áreas rurais;

)ii;> Insuficiência de equipamentos e/ou infra-estruturas de apoio à saúde, à primeira

inf'ancia e à terceira idade;

)ii;> Insuficiência de equipamentos que garantam o acesso à cultura, desporto e fruição de tempos livres; )ii;> Condições edafo-climáticas limitativas de determinadas práticas agrícolas;

)ii;> Insuficiente aposta na diversificação e na multifuncionalidade da agricultura e no aproveitamento das condições de paisagem e qualidade ambiental; > Sistemas produtivos predominantes, muito sensíveis às medidas de políticas agrícola, internas e externas (preços, subsídios, liberalização dos mercados, etc.) e elevado grau de condicionamento ao mercado; > Insuficiente ocupação florestal;

)ii;> Insuficiente expressão da pecuária extensiva /raças autóctones; > Não estruturação das fileiras agro-industriais; )ii;> Mercado desorganizado no que se refere a produtos com forte representatividade ( cortiça, cereais, azeite, gados);

)ii;> Insuficiência e falta de articulação entre infra-estruturas e equipamentos

complementares de alojamento; > Fraca promoção e comercialização dos produtos turísticos com vertentes ainda não exploradas;

)ii;> Sub-utilização de parques e zonas industriais e outras infraestruturas e equipamentos tecnológicos;

4 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto -Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

> Fragilidade do tecido industrial e diminuta propensão para a inovação e a

internacionalização;

> Mau posicionamento das empresas regionais nos circuitos da distribuição;

> Fraca cooperação empresarial;

> Insuficiente cooperação das actividades I & D com o tecido empresarial;

> Recursos humanos pouco qualificados e envelhecidos;

> Dificuldade na articulação das estruturas de formação profissional com as

empresas, de modo a elevar os níveis de especialização e a qualificação

profissional;

> Reduzida rentabilidade económica e funcional de grandes infraestruturas

hidráulicas;

> Degradações ambientais dos recursos hídricos e do solo( erosão);

> Fraca sustentabilidade das origens de água e deficiente qualidade;

)o> Insuficiência de sistemas adequados de redução de resíduos sólidos ( recolha

selectiva e reciclagem ) e tratamento de efluentes;

)o> Reduzida densidade e desequilíbrios espaciais na cobertura telefónica e domínio

escasso das tecnologias da informação (CCDR, 2006)

1.3-0portunidades

> Potenciação da fronteira externa da União Europeia e intensificação da

articulação Territorial transfronteiriça;

)o> Expansão significativa do regadio (Alqueva);

)o> Desenvolvimento turístico devido ao estimulo provocado pelo Alqueva;

> Inserção mais diversificada do porto de Sines no comércio mundial e sua

interligação ferroviária com o interior do Alentejo e Espanha;

> Redefinição das Funções da Base Aérea de Beja com aproveitamento para fins

económicos, incluindo indústrias aeronáuticas (Aeroporto de Beja);

)o> Modernização e crescimento do sector agro-industrial;

)o> Crescimento da pecuária extensiva prioritariamente direccionada para a

produção de raças autóctones;

> Expansão da área florestal (sobreiros, pinheiros, eucaliptos);

)o> Expansão do mercado das rochas ornamentais;

5 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

)- Afirmação de produtos turísticos complementares, susceptíveis de atenuar a

sazonalidade (património cultural e natural, praias, termas, caça);

)- Crescente interesse por actividades de lazer e contacto com a natureza;

);;> Reconhecimento pela U E da importância do meio rural;

)- Consolidação do sistema urbano;

);;> Implementação dos principais nós intermodais regionais;

)- Participação em redes de universidades, cidades, de empresas e de inovação

tecnológica;

)- Desenvolvimento das redes de telecomunicações e das tecnologias de

informação;

� Condições favoráveis à produção de energias alternativas e renováveis e

utilização da rede de gás natural;

� Disponibilidades de instrumentos de planeamento e ordenamento do Território

(CCDR, 2006)

1.4- Ameaças

� Perda de competitividade das produções tradicionais (rochas ornamentais,

produtos agrícolas e turismo);

);;> Exaustão do minério de cobre, sem um plano de reconversão e flutuação das

cotações dos metais;

)- Perda de eficiência da logística instalada;

)- Degradação acentuada do coberto vegetal autóctone e sistemas tradicionais

sustentáveis associados;

)- Desertificação do meio rural;

� Perda de vitalidade do meio rural com consequente perda de atractivos

turísticos;

);;> Agravamento dos níveis de acessibilidade nas áreas territoriais mais afastadas

dos principais eixos rodoviários;

)- Descaracterização da imagem das cidades e aglomerados urbanos;

� Elevados custos das intervenções ambientais e agravamento dos respectivos

impactes (CCDR, 2006)

6 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto -Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

l-Caracterização edáfica do Alentejo

2.1- Características edáficas do Alentej o

Para a realização da Indicação Geográfica Protegida, estabeleceu-se que havia a

necessidade de proteger e evitar a descaracterização dos azeites do Alentejo, bem como

encontrar os pontos que lhes são comuns. Para isso esta primeira parte, reporta-se a

nível edáfico, devido há extrema importância que o solo exerce sobre a cultura, neste

caso em particular o olival.

De modo a realizar o que foi referido anteriormente é necessário caracterizar todo o

Alentejo a nível edáfico, para que se possa estabelecer uma relação da cultura com o

solo e assim justificar a adaptação da cultura aos solos da região, que irá ser

fundamental naqualidade e caracterização do produto.

Mais propriamente em relação aos solos e segundo o esquema da FAO para a carta dos

solos da Europa, coexistem nesta região praticamente todas as unidades pedológicas numa interligação que torna muito dificil uma descrição clara dos solos do Alentejo

(Reis et al, 1987).

Tendo em conta o que foi referido anteriormente e estabelecendo uma relação cultura/solo, verificamos na região do Alentejo existem os seguintes solos: Litossolos

de Climas Sub-Humidos e Semi-Áridos, Litólicos Não Húmicos, Calcários, Barros,

Argiluviados Pouco Insaturados e Hidromórficos (Cerqueira, 1992; Regato et al, 1993).

2.2 - Solos do Alentejo

Passa-se agora a caracterizar os solos do Alentejo de um modo abrangente, sempre tendo como base a cultura da oliveira.

7 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

2.2.1- Litossolos

Assim os Litossolos são solos incipientes derivados de rochas consolidadas, de espessura efectiva normalmente inferior a 1 O cm. Essas características destacam-se pela pouca profundidade destes tipo de solos (< 1O cm), e por não apresentarem horizontes genéticos defmidos, estando limitados a um perfil do tipo C R, mas podendo, nalguns casos, definir-se wn horizonte Al ou Ap incipiente, de baixo teor orgânico (Cardoso, 1965).

Não esquecer ainda a elevada percentagem de elementos grosseiros, como a fraca disponibilidade de matéria orgânica e possui um pH ligeiramente ácido (Cardoso, 1965).

Devido às características anteriormente referidas, pode-se concluir que este solo não tem aptidão agrícola. Estes ocupam as regiões de das Serras do Baixo- Alentejo e bacia do Guadiana entre Elvas e Moura (Cerqueira, 1992; Regato et al, 1993).

2.2.2 - Solos Litólicos não Húmicos

Em relação a este solo, verifica-se que a profundidade nos primeiros horizontes pode chegar até a 60 cm. Não esquecer que este tipo de solo possui um pH que está entre 4,5 a 8,0 (Cardoso, 1965).

No que diz respeito à textura são quase sempre de textura ligeira, resultante do seu material originário ou da sua relativamente reduzida alteração. Também o seu teor orgânico é bastante reduzido, poucas vezes excedendo 1% (Cardoso, 1965).

Estes solos têm relações C/N baixas indicadoras de uma decomposição rápida (Cardoso, 1965).

Outro aspecto bastante importante, é o facto de o catião dominante ser o cálcio e os valores de potássio serem medianos. Este também apresenta uma acidez moderada ou até mesmo neutralidade (Cardoso, 1965).

8 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto -Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Em relação às características hfdricas deste solo, é de realçar que este apresenta uma

permeabilidade muito rápida e uma capacidade de campo mediana, que pode variar

entre os 10% e 20% (Cardoso, 1965).

A nível hfdrico, este solo apresenta uma boa capacidade de campo, bem com uma

porosidade apreciável e uma permeabilidade moderada em todos os horizontes

(Cardoso, 1965).

Tendo em conta as características anteriormente referidas do solo em causa, conclui-se

que este apresenta umas razoáveis aptidões para a cultura da oliveira.

Este tipo de solos encontram-se na região de Portalegre ( originários de granitos); em

Monforte e Campo Maior (os que se formam sobre granitos); na região de Sines e de

Santiago do Cacém (associados aos regossolos); nas margens do Guadiana (na região

onde se projecta a albufeira do Alqueva); em Beja; Alvito; Cuba Mértola e

(Cerqueira, 1992; Regato et al, 1993).

2.2.3 - Solos Calcários Pardos

A textura destes solos é geralmente mediana ou pesada, sendo a percentagem de areia

grossa quase sempre baixa, inferior a 25% (Cardoso, 1965).

O cálcio é o catião nitidamente dominante. O potássio apresenta também valores muito

baixos. Todos os solos deste agrupamento se encontram completamente saturados e têm uma reacção moderadamente alcalina (Cardoso, 1965).

A expansibilidade é diminuta e a microestrutura é muito estável ou estável (Cardoso, 1965).

A porosidade da terra fmaé elevada e a permeabilidade varia, em geral, entre moderada e rápida nos horizontes superficiais; nos materiais originários, muitos calcários,

9 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP mostram-se, porem, inferior, de moderada a lenta. A capacidade de campo é sempre alta ou muito alta, daíresulta que a água disponível é elevada (Cardoso, 1965).

De acordo com estas características, este solo é de elevada aptidão agrícola. Convêm, ainda, realçar o pH, que se situa perto da neutralidade (7,5 a 8) o que combina com quase todas as culturas, que a oliveira não excepção (Cardoso, 1965).

Este tipo de solo pode-se encontrar nas regiões de Moura, , Beja, Vidigueira,

Alvito e Santiago do Cacém (AGRO.GES, 2001 ; Cerqueira, 1992; Regato et al, 1993).

2.2.4 - Solos Calcários Vermelhos

A textura destes solos é geralmente mediana ou pesada, sendo a percentagem de areia grossa quase sempre baixa, sendo as fracções que predominam as de areia fina e argila.

(Cardoso, 1965).

O cálcio é o catião nitidamente dominante. O potássio apresenta também valores muito baixos. Todos os solos deste agrupamento se encontram completamente saturados e têm uma reacção moderadamente alcalina (pH entre 7,5 e 8,6) (Cardoso, 1965).

A expansibilidade é diminuta e a microestrutura é muito estável ou estável (Cardoso, 1965).

A porosidade da terra fina é elevada e a permeabilidade varia, em geral, entre moderada e rápida nos horizontes superficiais; nos materiais originários, muitos calcários, mostram-se, porem, inferior, de moderada a lenta. A capacidade de campo é sempre alta ou muito alta, daíresulta que a água disponível é elevada (Cardoso, 1965):

De acordo com estas características, este solo é de elevada aptidão agrícola para a cultura da oliveira. Convêm, ainda, realçar o pH, que se situa perto da neutralidade (7,5 a 8) o que combina com quase todas as culturas, que a oliveira não excepção (Cardoso, 1965).

10 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Estes solos podem ser encontrados na região de Beja, Alvito, Vidigueira, Serpa, Moura

Santiago do Cacém, em Alcácer do Sal, em Sousel e Avis (Cerqueira, 1992; Regato et al, 1993).

2.2.5 -Barros Pretos

A textura argilosa e, a relativamente baixa permeabilidade tornam os Barros Pretos muito susceptíveis à erosão. Mesmo em declives muito suaves ela é notória e acima de

8% os perfis encontram-se frequentemente decapitados (Cardoso, 1965).

Nas zonas planas surgem quase sempre problemas de drenagem de muito dificil solução

(Cardoso, 1965).

Estes solos possuem uma elevada capacidade utilizável da água, bem como uma aceitável quantidade de água disponível que pode ser utilizada por as culturas (Cardoso, 1965).

Não obstante todas as deficiências apontadas, estes solos possuem grande fertilidade, conseguindo-se deles produções muito elevadas que, nalguns casos, até encorajam a adopção de práticas e rotações mais encaminhadas para a obtenção de rápidos e quantitativos lucros do que para uma conservação racional da terra (Cardoso, 1965).

O grau de saturação varia entre 90 e 1 00 % e a reacção do solo é neutra ou ligeiramente alcalina. Outro aspecto importante a referir é o pH, que nesta situação vai aumentando à medida da profundidade, estabelecendo-se entre valores nem muito ácidos nem muito alcalinos. O cálcio é o ião nitidamente dominante; contudo o magnésio atinge percentagens relativamente muito elevadas (Cardoso, 1965).

A capacidade de campo é sempre muito elevada, não obstante, a capacidade utilizável nos 50 cm superiores do solo é muito alta, excedendo sempre os 100 mm, o que contraria opiniões de alguns autores. A porosidade da terra fina é apreciável e a permeabilidade mostra-se moderada a lenta, a qual atinge certamente valores mais

11 ESAB- Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

baixos em condições naturais e após o encerramento por humedecimento das fendas abertas nos períodos secos (Cardoso, 1965).

Tendo em conta as características apresentadas anteriormente, este tipo de solos possuem uma razoável aptidão paraa cultura da oliveira, uma vez que podem ter alguns problemas a nível da drenagem e de permeabilidade (Cardoso, 1965).

Uma vez estabelecidas as características deste tipo de solos, tendo em conta a aptidão para a cultura da oliveira, é de referir que se podem encontrar na região de Bej a, Alvito, Cuba e Vidigueira (Regato et al, 1993).

2.2.6 - Barros Castanho Avermelhados

O grau de saturação vai pouco mais de 90 a 100% e a reacção é neutra a ligeiramente alcalina. O cálcio é o ião dominante. Nos solos Cb a quantidade de magnésio de troca é elevada (Cardoso, 1965).

A capacidade de campo é elevada, mesmo nos solos de textura mais ligeira; as percentagens de humidade a pF 4,2 são altas, sobretudo nos solos mais pesados, onde chegam a atingir valores superiores a 30%; apesar disso a capacidade utilizável nos primeiros 50 cm dos solos consegue ser alta ou muito alta, excepto nos solos Bvc em que é moderada a alta. A porosidade da terra fina é apreciável e a permeabilidade mostra-se moderada a rápida, nuns casos, e moderada a lenta, noutros. Em condições naturais, após o encerramento por humedecimento das fendas abertas nos períodos secos é, seguramente, moderada a lenta (Cardoso, 1965).

Estes dois tipos desolos apresentam boas credenciais para a cultura da oliveira, tendo em conta as características apresentadas anteriormente.

Este tipo de solos pode ser encontrado em Baleizão, Moura, Serpa, Pias, Vila Nova de S. Bento, a norte de Ferreira do Alentejo, Beja, Vidigueira e Cuba (Cerqueira, 1992;

Regato et al, 1993).

12 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

2.2.7 - Solos Mediterrâneos Pardos de materiais calcários

Este tipo de solo possui uma textura que é mediana, em que percentagem de argila

aumenta quase para o dobro no horizonte B2. Contudo o teor de matéria orgânica é

baixo, e decresce com a profundidade (Cardoso, 1965).

Em relação à capacidade de troca de catiões é mediana nos horizontes superiores e mais

elevados nos inferiores . De notar ainda que o catião dominante é cálcio, por sua vez o

potássio apresenta valores muito baixos. Quanto à sua reacção pode-se dizer que esta é

neutra ou quase à superficie e ligeira ou moderadamente alcalina em profundidade

(Cardoso, 1965).

A expansibilidade é moderada podendo variar entre os horizontes, enquanto que a

microestrutura apresenta elevada estabilidade (Cardoso, 1965 ).

Em solos deste tipo a capacidade de campo tem valores elevados e a capacidade

utilizável aparenta ser elevada nos horizontes superficiais. Estes apresentam, porém,

uma porosidade da terra fina mediana, bem como a permeabilidade que se verifica

moderada a lenta; não há pois que contar muito com eles, em condições naturais, para o

fornecimento às plantas de quantidades importantes de humidade (Cardoso, 1965).

Com as características apresentadas anteriormente, verifica-se que este tipo de solos

apresentam uma média a fraca aptidão para a cultura da oliveira.

No que diz respeito à sua localização na região do Alentejo, estes podem ser

encontrados nas área de Elvas, Ferreira do Alentejo, Beja, Alvito, Vidigueira e Moura

(Cerqueira, 1992;Regato et al, 1993).

2.2.8 - Solos Mediterrâneos Pardos de materiais não calcários

A textura das camadas superficiais é ligeira, aumentando bastante a percentagem de

argila no horizonte B (Cardoso, 1965).

13 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Nos solos cultivados deste agrupamento a percentagem de matéria orgânica é sempre baixa, decrescendo gradualmente com a profundidade. Bem como a capacidade de troca catiónica que se verifica baixa ou mediana nos horizontes superiores e mais elevada nos horizontes de acumulação (Cardoso, 1965).

De referir ainda que a reacção que acontece neste tipo de solos vai de moderadamente ácida a neutra, podendo ser ligeiramente alcalina nos horizontes de alguns solos em que há diminutas de carbonatos (Cardoso, 1965).

Em todos os solos deste tipo, o cálcio é o catião dominante e a capacidade de campo tem valores moderados ou elevados e a capacidade utilizável aparenta ser baixa nos horizontes superficiais e mediana nos inferiores. Estes apresentam, porém, permeabilidade mais ou menos lenta e não poucas vezes são dificilmente penetráveis pelas mízes; não há pois que contar muito com eles, em condições naturais, para o fornecimento às plantas de quantidades importantes de humidade (Cardoso, 1965).

No que diz respeito à sua localização, este tipo de solos podem ser encontrados em , no chamado Campo Branco entre Almodôvar e , na Mina de S. Domingos, em Monsaraz, em Montemor�o-Novo, prolongando-se até Évora e quase até Viana do Alentejo, a noroeste do Redondo, numa grande parte do distrito de Portalegre, que desce de Fronteira, Alter do Chão, Crato e Portalegre, no Baixo Alentejo em Beja, Alvito, Cuba, Vidigueira, Mértola, Moura, Ferreira do Alentejo e Baleizão (Cardoso, 1965).

2.2.9 - Solos Mediterrâneos Vermelhos ou Amarelos de materiais calcários

No que se refere à textura, este solo apresenta esta característica sendo mediana ou pesada, aumentando o teor de argila para o dobro no horizonte B. Sempre que este tipo de solo esteja sujeito a cultura agrícola o seu teor orgânico é baixo, enquanto que em zonasincultas se mostraelevado (Cardoso, 1965).

14 ESAB -FranciscoJosé Costa de Oliveira Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

No que se refere à capacidade de troca catiónica, esta é mediana a alta. O catião cálcio predomina sobre as restantes. O potássio apresenta valores medianos ou altos, mas às vezes nitidamente deficientes. de troca é, em regra, baixo enquanto o sódio, comparativamenteapresenta valores elevados. O grau de saturação é alto ou muito alto, sempre superior a 50 %. O pH nunca é inferior a 5,0 e indica que a reacção vai moderadamente ácida a neutra(Cardoso, 1965).

A expansibilidade deste solo é normalmente baixa, contudo verifica-se uma microestrutura bastante estável (Cardoso, 1965).

A capacidade de campo é alta e a capacidade utilizável dos primeiros 50 cm varia de mediana a elevada. A porosidade da terra fma é mediana ou baixa e a permeabilidade vai de moderada a lenta, agravando-se sobretudo nos horizontes argilosos (Cardoso, 1965).

Quanto à sua aptidão agrícola para a cultura da oliveira, verifica-se que este tipo de solo tem uma razoável aptidão para a cultura.

No que diz respeito à sua localização, este tipo de solo localiza-se nas proximidades de Elvas, Estremoz, Vila Viçosa, Beja, Alvito, Cuba, Moura (Serra da Adiça) e Pias (AGO.GES, 2001;Cerqueira, 1992; Regato et al, 1993).

2.2.10 - Solos Mediterrineos Vermelhos ou Amarelos de materiais não calcários

A nível da textura, este tipo de solos caracteriza-se por apresentar textura que é ligeira ou mediana, aumentando a quantidade de argila no horizonte B. Quanto ao seu teor orgânico, este caracteriza-se por ser baixo e decresce com a profundidade (Cardoso,

1965).

A nível da capacidade de troca catiónica, verifica-se que esta é baixa. O ião cálcio predomina sobre as restantes. O potássio de troca é, em regra, baixo. O grau de

15 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto -Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

saturação é alto ou muito alto, sempre superior a 50 %. O pH nunca é inferior a 5,0 e indica que a reacção vai moderadamente ácida a neutra(Cardoso, 1965).

A capacidade campo é mediana ou alta e a capacidade utilizável dos primeiros 50 cm mediana. A porosidade da terra fina tem valores moderados e a permeabilidade é lenta ou moderada, às vezes com tendência para rápida; em condições naturais deverá, porém ser lenta nos horizontes de acumulação de argila (Cardoso, 1965).

Tendo em conta as características que foram enunciadas anteriormente, estabelece-se que este solo tem umaaceitável aptidão para a cultura da oliveira.

No que diz respeito à sua localização este pode ser encontrado nas áreas de Alter do Chão, Elvas, Montemor-o-Novo, Beja, Alvito, Vidigueira, Mértola, Cuba, Mourão, Reguengos de Monsaraz, Viana do Alentejo e Portel (Cerqueira, 1992; Regato et al, 1993).

2.2.11 - Solos Hidromórficos

Este tipo de solos apresenta uma textura muita variável, podendo ir de arenosa até franco-argilosa. Outro aspecto relacionado coma sua constituição é o facto de a percentagem de argila ser sempre maior no horizonte B (Cardoso, 1965).

Quanto ao seu teor orgânico, este é geralmente baixo e diminuindo com a profundidade, umas vezes rápida outra gradual. Em termos de expansibilidade, esta é baixa ou nula, contrapondo com a estabilidade da microestrutura que é em regra muito elevada. (Cardoso,1 965).

Em relação à capacidade de troca catiónica, esta caracteriza-se por ser muito variável, dependendo da percentagem de matéria orgânica e dos coloides minerais do solo. O ião cálcio predomina sobre as restantes. O potássio de troca é, em regra, baixo. O grau de saturação é alto ou muito alto, sempre superior a 75 % e a reacção varia de ligeiramente ácida a moderadamente alcalina (Cardoso, 1965).

16 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

A nível das suas características hidrícas, pode-se referir que a capacidade campo é mediana ou alta e a capacidade utilizável dos primeiros 50 cm é elevada. A porosidade da terra fina é mediana e a permeabilidade é moderada a lenta, às vezes com tendência para rápida; em condições naturais deverá, porém ser lenta nos horizontes de acumulação de argila (Cardoso, 1965).

Tendo em conta as características que fo ram enunciadas anteriormente, estabelece-se que este solo tem umaaceitável aptidão para a cultura da oliveira.

Este tipo de solos pode ser encontrado em algumas baixas da faixa litoral arenosa do Alentejo, Ponte de Sôr, nas baixas mal drenadas no "Campo Branco" em , Almodôvar, Cabeça Gorda, Beja, Cuba, Alvito, Mértola, Vidigueira, Aljustrel, Montes Velhos, nas proximidades de Ferreira do Alentejo e Évora (Cerqueira, 1992; Regato et al, 1993).

2.2.12 - Aluviossolos

Este tipo de solos apresenta baixos teores orgânicos, estando a capacidade de troca catiónica intimamente relacionada com os teores de matéria orgânica e de argila (Cardoso, 1965).

Estes solos em regra geral, têm uma toalha freática mais ou menos profunda, sujeita a oscilações acentuadas no decurso do ano. Não esquecer que esta toalha freática vai influenciar a vegetação, uma vez que na época de seca esta irá baixar e se for para valores muito baixos pode dar-se umadessecação das camadas superficiais. Contudo os fenómenos de redução não se manifestam com intensidade, uma vez que a toalha freática se renova constantemente (Cardoso, 1965).

Outro aspecto a referir, é que estes solos apresentam um pH ligeiramente ácido ou alcalino e até mesmo neutro (Cardoso, 1965).

Em relação à aptidão destes solos para a cultura da oliveira, é de mencionar que possuem uma boa aptidão para a cultura, desde que não corram o risco de cheia, uma

17 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP vez serem solos de aluvião. Esse risco é maior nos solos de aluvião modernos, uma vez que fo ram fo rmados à menos tempo (Cardoso, 1965).

No que diz respeito à sua localização, estes podem-se encontrar nas áreas de Beja,

Alvito; Mértola; Cuba e Vidigueira (Regato et al, l993).

2.2.13 - Relação solo/cultura

Uma vez identificados e caracterizados quais os solos com maior relevo sobre a superficie do Alentejo, estabeleceu-se que seria necessário proceder a uma relação solo cultura, que visa justificar que a cultura da oliveira está adaptada às condições edáficas do Alentejo.

Para isso foi necessária a realização de um quadro, que se encontra em anexo 1, 2 e 3 que estabelece se os solos analisados têm ou não aptidão para a cultura da oliveira. Estes na sua maioria revelam ter aptidão apara a cultura, o que faz com que esta tenha menores dificuldades de adaptação e assim se justifica que a oliveira está bem interiorizada a nível edáfico na região.

Outro dado a ter em consideração e tendo em conta a bibliografia consultada, foi as classes de capacidade de uso. Estas divididas por classes consoante os distritos em causa, ft zeram notar que a cultura da oliveira pode obter uns melhores rendimentos nas classes A,B e C, sendo que estas ocupam 33% da área total. Este valor revela mais uma vez que a cultura pode ter melhores condições edáficas em 33% dos solos do Alentejo, não querendo este valor dizer que a cultura não consiga vingar em outro tipo de solos.

Nunca esquecendo que este valor vem transmitir que a cultura da oliveira, de acordo com as condições edáficas do Alentej o se justifica plenamente na região em causa, desde que as operações culturais sej am realizadas correctamente e respeitando as condições de cadasolo.

Apesar do que foi referido anteriormente a oliveira, é uma cultura que se adapta a uma vasta gama de solos, sendo a maior preocupação o encharcamento, devido à asfixia radicular que este provoca, podendo matar as árvores.

18 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentej ana sustentada no IGP

3 -Características Climáticas do Alentejo

Paraproteger os azeites do Alentej o e evitar a sua descaracterização, não é só necessário caracterizar os solos e estabelecer quais os seus pontos em comum, mas também é parte fundamental estabelecer a mesma relação para o clima na região alentejana, de modo a que se possa encontrar umajustificação climática para o Alentej o que sustente que os

"Azeites do Alentejo" são elaborados por uma matéria prima perfeitamente adaptada às condições climáticas alentejanas.

Como uma das principais condicionantes da agricultura, justifica-se tratar de maneira mais pormenorizada o nosso clima que, como se sabe, é o mediterrânico. Este clima tem características originais que o tornam único entre todos os climas do mundo. Este tipo de clima só existe na latitude em que se dá esta alternância (variável com os lugares, desde cerca de 32°, como Jerusalém até uns 43°, como Nimes) e na margem dos continentes voltada ao poente, onde não se faz sentir o efeito de monção, contrariado pela circulação geral do planeta (Feio, 1991).

Agora mais propriamente em relação à região do Alentejo, verifica-se que neste clima se manifesta uma alternância de uma estação seca e de uma de muita chuva, que é causada pelo deslocamento do anticiclone subtropical, que acompanha o movimento aparente do sol. Isto acontece, devido a que no Inverno o anticiclone desloca-se para o sul e deixa entrada livre, nomeadamente no nosso país, aos temporais vindos do oceano, no regime dos ventos dominantes do oeste, que ocasionam muita chuva. Pelo contrário de Verão, o anticiclone desloca-se para o norte e ocupa muitas vezes posição, que lhe dá o nome, junto dos Açores; domina a circulação atmosférica do nosso país e ocasiona bom tempo firme. Na realidade, é a cintura desértica do Sahará que avança e nos cobre, impondo-nos o seu regime durante os meses de Julho e Agosto. Nesta época os ciclones chuvosos passam muito ao norte, pela Inglaterra e Escócia (Feio, 1991).

Uma vez referenciado as condicionantes que implicam que este clima proceda deste modo, convém referenciar de um modo geral como o clima mediterrânico se comporta no Alentejo, afim de fundamentar a sua influência na produção vegetal.

19 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

3.1 -Dados climáticos do Alentejo

3.1.1 - Precipitação

Este aspecto define-se como a quantidade de água transferida da atmosfera para o globo no estado liquido ou sólido sob a forma de chuva, chuvisco, neve, granizo ou saraiva, por unidade de área de uma superficie horizontal, durante um determinado intervalo de tempo. Expressa-se em mm (I mm = 11 /m2) (Reis e Gonçalves, 1987).

O conhecimento da quantidade de água que cai na superficie terrestre, nas diferentes fo rmas de precipitação, bem como o da que abandona por evaporação, é fundamental para o planeamento do reservatório, canais e sistemas de drenagem, rega e sua dosagem, etc (Reis e Gonçalves, 1987).

A consulta que fo i realizada através do livro Clima de - Caracterização

Climática da Região Agrícola do Alentejo, permitiu estabelecer algumas considerações finais, tendo em conta que o período de observação é de 1941/1970 (Reis e Gonçalves,

1987).

Uma vez realizada as observações no espaço temporal anteriormente referido, pode-se destacar que os valores da quantidade anual de precipitação variam nesta região entre

430 a 950mm. As zonas mais chuvosas, com precipitação ultrapassando os 800mm são os da serra de S. Mamede, parte do concelho de Santiago do Cacém e as partes confinantes dos concelhos de Évora, Montemor-o-Novo e Viana do Alentejo. As zonas mais secas, com precipitação anual inferior a 500mm, compreendem a parte sul do

concelho de Ferreira do Alentejo, a parte norte do de Aljustrel, uma pequena parte ao sul do concelho de Beja, a parte leste de Castro Verde, a parte sul do de Mértola, parte do concelho de Moura e ainda uma pequena zona da bacia do Rio Sado para jusante de

Alcácer do Sal (Reis e Gonçalves, 1987).

20 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

De acordo com estudo da Caracterização Climática da Região Agrícola do Alentejo,

estabeleceu-se qual o valor médio da quantidade mínima e máxima de precipitação

registada, indicando a respectiva localidade onde se verificou esse valor. Estes valores,

estão descriminados em anexo 4 e irão permitir de uma fo rma mais simplificada, que o

clima da região alentejana se adequa às características necessárias e essenciais para a

cultura da oliveira.

Apesar de ser um clima único, em que a região do Alentej o se encontra abrangida, não é

de estranharque as produções vegetais se encontrem directamente afectadas por este.

Uma vez adquiridos os valores médios de precipitação, não é de estranhar que as

produções vegetais sejam afectadas por estes, tendo em conta que se verifica uma

escassez de chuvas no Verão e parte da Primavera, agravando-se mais a situação quando

na maioria dos casos as chuvas são muito insuficientes e irregulares de Maio até

Setembro (Feio, 1991).

Por outro lado, a distribuição da precipitação concentra�se quase toda na estação fr ia

(Novembro a Março), tomando-se excessiva nesta época de dias curtos e temperaturas

baixas. Seria muito mais proveitoso que não houvesse concentração das chuvas na

estação fria e passa-se a haver uma Primavera mais chuvosa teria grandes vantagens

(Feio, 1991).

Estas duas situações levam a crer que a distribuição da precipitação é sazonal, uma vez

que se verifica a concentração de chuvas nos meses de Outono/Inverno e a sua escassez

nos meses de Primavera/Verão. Como é compreensível as duas situações atrás

apresentadas conduzem a que nos meses de Inverno, durante os quais ocorrem

temperaturas relativamente baixas, se verifiquem condições favoráveis à ocorrência de

excessos de água no solo, enquanto que nos meses de Primavera/Verão, em que a

temperatura é já bastante elevada, se verifiquem condições de acentuada escassez

hídrica (Regato et al, 1993). A situação anteriormente mencionada pode ser constatada

no anexo 5.

Reportando a situação apresentada anteriormente para um nível olivícola do Alentej o, verificamos que háuma escassez de água na altura da floração (meados de Maio/Julho)

21 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto -Olivicultura Alentejana sustentada no IGP e na formação do fruto da (Agosto/Setembro), sendo isto prejudicial, uma vez que é nestas alturas em que a planta necessita mais de água. Tendo em consideração que a oliveira é uma planta xerófita, não é de estranhar a sua resistência em relação à precipitação.

Outro aspecto a realçar, é fa cto de se verificar uma grande concentração de chuvas na altura da colheita, o que pode vir a ser prejudicial porque podem surgir alguma doenças inerentes a esse facto. Não esquecer que a oliveira é uma planta muito sensível ao encharcamento, por isso a concentração de ch uvas na estação friapode ser prejudicial se o solo não tiver uma drenagem adequada (Feio, 1991).

3.1.2 - Temperatura

O calor, medido através da temperatura, é o elemento mais importante do cli ma regulando o ritmo de crescimento da vegetação e limitando a área de expansão da cultura (Reis e Gonçalves, 1987).

A influência da temperatura no crescimento vegetal, verifica-se dada a sua acção em todos os processos vitais. Salienta-se a denominada lei de Van' t Hoff de acordo com a qual dentro de determinados limites de temperatura um acréscimo de 10° C provoca a duplicação da velocidade a que decorrem as reacções no interior das células (Regato et al, 1993).

Nas condições que caracterizam o clima da região em estudo, não é a temperatura o elemento do clima mais limitante da generalidade das culturas agrícolas dado que este é termicamente ameno, como se pode verificarnos anexos 6, 7 e 8.

Em relação às temperaturas máximas absolutas verificadas (anexo 9), pode-se estabelecer uma boa relação, uma vez que a oliveira é uma árvores de verões quentes e secos e por isso perfeitamente bem adaptada às altas temperaturas verificadas, não esquecendo que essas altas temperaturas vão exterminar com muitas das pragas e doenças que poderiam vir a afectar a cultura. Contudo não deve ultrapassar um limite máximo de 45°C (Feio,l991).

22 ESAB -FranciscoJosé Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Contudo temperaturas mais baixas, na ordem dos 38°C podem causar problemas na floração, uma vez que é nesta altura que ela necessita de mais água (Feio, l991).

Do ponto de vista das temperaturas mínimas absolutas registadas, verifica-se valores bastante baixos em todos os pontos. No entanto, a oliveira consegue uma excelente adaptação ao frio, contudo se as baixas temperaturas vêm de repente há prejuízos a partir dos 5°C negativos, mas se há um período de adaptação de alguns dias, os prejuízos sentem-se à cerca de l2°C negativos, cerca de 2°C mais abaixo os prejuízos são graves (Feio, 1991).

Como há diferenças consideráveis conforme as variedades e a idade das árvores, não admira certa dispersão nos valores apresentados na bibliografia, embora haja consenso que a partir de 8°C a 10°Cse verificam prejuízos graves e superiores ou iguais a l2°C totais (Feio, 1991).

Em relação às últimas situações e tendo como base no anexo 1 O, não haverá grandes prejuízos, uma vez que a oliveira está bem adaptada às temperaturas negativas e assim não surgirão prejuízos de maior importância.

Outro aspecto bastante importante, é fa cto de a oliveira ter outra exigência ténnica, mais concretamente a vemalização, que não é mais do que um número de horas de frio necessária para a árvore frutificar. No Alentej o não temos esse problema, uma vez que são largamente ultrapassadas o número de horas necessárias, muitas das vezes chegam

àscentenas (Feio, 1991 ). Esta situação também pode ser constatada no anexo 6.

3.1.3 - Geada

A geada é um hidrometeoro fo rmado por cristais leves de gelo que se formam em especial nas superficies dos corpos arrefecidos durante as noites com temperaturas inferiores a 0°C, ao nível do solo. Durante essas noites frias, em que a temperatura desce e atinge valores abaixo de zero graus centigrados, o vapor de água existente na atmosfera condensa-se passando depois para um estado de sobrefusão em que as

23 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

gotículas de água congelam instantaneamente. Surge assim a geada, que no Inverno cobre de branco os ramos das árvores, as folhas das culturas, o sol, etc. As geadas causam grandes prejuízos nas culturas em especial nos órgãos de reprodução, que são muito sensíveis ao frio. No nosso país, em especial no Alentejo (Reis e Gonçalves, 1987).

Por isso, o seu conhecimento é essencial para a agricultura, pois a sua ocorrência pode originar grandes prejuízos nas culturas, especialmente em determinadas fases do seu desenvolvimento vegetativo, como já foi referido anteriormente (Reis e Gonçalves, 1987).

Além das situações meteorológicas típicas que dão origem à fo rmação de geada, têm grande importância as características da superficie terrestre no local a considerar. Assim podem mencionar-se a natureza e o estado do solo, o seu revestimento, a altitude, a exposição e as condições de drenagem atmosférica. Como factores que favorecem baixas temperaturas à superflcie podem destacar-se: céu limpo durante a noite e vento fraco ou calmo; solo revolvido; solo seco; solo coberto de relva ou ervas daninhas; solo sachado (Reis e Gonçalves, 1987).

Tendo em conta o que foi referido anteriormente e reportando este factor a nível do olival, verificamos que este não é representativo, uma vez que o período mais sensível da oliveira, a floração, só ocorre entre Maio/Julho, assim sendo é de destacar areduzida probabilidade de ocorrência deste factor nesta data.

Esta situação pode verificar-se nos anexos 11 e 12, que irão permitir compreender a probabilidade de ocorrênciade geadas no Outono e na Primavera.

Assim sendo verifica-se através dos quadros em baixo uma maior probabilidade de ocorrência de geadas em Fevereiro e em Março, o que para a cultura da oliveira não é muito representativo, uma vez que o período sensível da árvore é quando esta está na floração, que terá lugar entre Maio/Julho, por isso em principio este factor meteorológico não causara prejuízos para a cultura.

24 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

3.1.4 - Humidade relativa do ar

A humidade relativa do ar é um dos elementos climáticos que defmem o estado higrométrico do ar e representa a razão entre a massa de vapor de água que existe num determinado volume de ar húmido e a massa de vapor de água que existiria se o ar estivesse saturado à mesma temperatura num dado local e no instante considerado (Reis e Gonçalves, 1987).

Por isso verifica-se quando o calor solar faz evaporar para a atmosfera uma parte da

água existente à superficie terrestre, o vapor de água existente na atmosfera pode apresentar-se sob diversas formas, pode ser gasoso e, portanto invisível, líquido sob a fo rmade gotículas e sólido sob a fo rma de gelo (Reis e Gonçalves, 1987).

A quantidade de vapor de água que uma massa de água pode ter varia em função da temperatura e pressão, o ar quente pode conter mais vapor de água do que o ar frio, a grandeza :fisica verdadeiramente importante para compreender a dinâmica do vapor de

água na atmosfera, é a quantidade por unidade de volume em regra gramas de vapor de

água por m3 (Reis e Gonçalves, 1987).

Este elemento climático exerce uma grande influência no desenvolvimento tanto das plantas como das suas doenças, pragas, parasitas, pode também influenciar a evapotranspiração e a realização de alguns trabalhos agrícolas (Regato e Gonçalves, 1993).

No Alentejo este factor manifesta uns valores mais baixos nos meses de Julho/ Agosto, sendo em Janeiro e Dezembro que se registam os valores mais elevados. Os valores médios da humidade relativa do ar às 9UTC, em Janeiro variam entre cerca de 80 e

92%. Em Julho, estes valores variam entre cerca de 50 e 70% (Reis e Gonçalves, 1987).

Quanto à variação diurna, os valores mais baixos da humidade relativa do ar, ocorrem normalmente nas primeiras horas da tarde e correspondem aos valores mais elevados da temperatura do ar, enquanto que os valores mais altos ocorrem geralmente nas primeiras

25 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentej ana sustentada no IGP

horas da manhã e correspondem aos valores mais baixos da temperatura do ar (Reis e Gonçalves, 1987).

Em relação ao olival, a humidade é prejudicial quando se verificam valores elevados, devido ao facto de virem a poder causar doenças criptogâmicas, por isso não se virem a cultivar em zonas costeiras (Velez, 2004). Por essa razão é que a qualidade do fruto no

interior é muito melhor, umavez que a humidade atmosférica é mais baixa o que leva a que haja menos ataques de doenças e de outras pragas (Feio, 1991).

Outro aspecto a realçar é o facto de se registarem os valores mais elevados de humidade em Janeiro e Dezembro, que irá coincidir com a altura da colheita, o que não é muito favorável uma vez que podem vir a surgir alguns problemas com o estado de sanidade

dos frutos, devido à propagação de doenças.

3.1.5 - Insolação

A energia proveniente do sol é um dos elementos principais para a realização do processo essencial para a produção vegetal - fotossíntese (Regato et al, 1993).

A radiação luminosa é captada pelas plantas ao longo da fa se luminosa da fo tossíntese, sendo a fo nte de energia a partir da qual todo o processo decorre, pelo que se toma fundamental determinar a quantidade de energia solar que efectivamente atinge a crosta terrestre. Pode-se também salientar que o ciclo de desenvolvimento das diversas plantas é fo rtemente influenciado pela duração do período de dia (Regato et al, 1993).

Tendo em conta o que foi referido anteriormente e agora em termos mais concretos, designa-se por insolação ao tempo de sol descoberto num determinado local e durante um intervalo de tempo considerado. O seu valor expressa-se em horas (Reis e Gonçalves, 1987).

Pelas razões apresentadas anteriormente, não podem restar duvidas quanto à importância de analisar o elemento climático insolação (Regato et al, 1993).

26 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejanasustentada no IGP

Por isso é que importa analisar os dados referentes a este elemento climático, consoante as necessidades de uma cultura, que neste caso é a oliveira.

Assim através da bibliografia O Clima de Portugal - Caracterização Climática da Região do Alentejo, estabeleceu-se através de alguns dados encontrados, quais as quantidades de insolação para alguns locais da região. Esta recolha de dados, irá permitir posteriormente que se estabeleça uma relação com a cultura, ou seja, se o número de horas registado está de acordo com as necessidades da cultura (Reis et al, 1987).

Assim através da bibliografia anteriormente referida registou-se que anualmente os concelhos mais beneficiados sob o ponto de vista da insolação com um número de horas de sol superior a 3000 são os de Campo Maior, Elvas, Vila Viçosa; Alandroal; Redondo; partes leste dos de Évora e Portel, Reguengos de Monsaraz, Mourão, e as partes centra e norte do de Moura. O menor número anual de horas de sol inferior a 2800, regista-se nos concelhos de Portalegre, Marvão e Castelo de Vide. Resumindo, a insolação anual varia entre 2700 horas na serra S. Mamede e 3030 no concelho de Mourão (Reis e Gonçalves, 1987).

O mês com mais elevada insolação, Julho, regista valores que podem variar entre 360 horas nas serras de S. Mamede e Caldeirão e 400 horas no concelho de Mourão (Reis e Gonçalves, 1987).

Os meses de Janeiro e Dezembro são os que registam menor número de horas de sol descoberto, podendo considerar-se o primeiro como o de mais fraca insolação com valores entre 135 horas na serra de S. Mamede e na zona de Alvalade e 165 horas no concelho de Mourão (Reis e Gonçalves, 1987).

Tendo em conta as exigências da cultura, os valores registados para a insolação e que se podem observar no anexo 13, estão perfeitamente adequados às necessidades da planta, uma vez que a oliveira é conhecida por ser uma planta de sol, que necessita de luz e que os seus melhores resultados são quando elas se situam em vertentes viradas a sul.

27 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

3.1.6 - Vento

Os parâmetros utilizados para descrever o vento num local são o rwno, indicado pelo

ponto da rosa dos ventos donde ele sopra, e a velocidade, que pode ser expressa em

km/h. Quando a velocidade do vento é igual ou inferior a lkmlh, sem rwno

determinável diz-se que hácalma (Reis e Gonçalves, 1987).

Este elemento climático pode ter efeitos muito importantes na agricultura, que podem

ser benéficos ou prejudiciais. Contam-se entre os primeiros, o fa vorecer a polinização e

o transporte de sementes a longas distâncias e entre os segundos, o aumento da

evapotranspiração que poderá prejudicar o desenvolvimento das plantas, a queda de

frutos e em casos de grande intensidade do vento a destruição total de culturas, derrube

de árvores etc (Reis e Gonçalves, 1987).

Nesta região o vento predominante é do quadrante norte embora em alguns locais, onde

em virtude de factores fisiográficos, possa haver predominância de outros rumos ou

ainda grande ou ainda percentagem de calmas. Apesar de em valores médios predominar do quadrante norte há que ter em conta que durante o Inverno, os ventos e

as rajadas mais fortes se fa zem sentir de sudoeste, acompanhados de chuva normalmente associados a perturbações da superficie frontal polar (Reis e Gonçalves, 1987).

Numa perspectiva olivícola, o vento na nossa região não tem muito significado, uma vez que nas alturas mais sensíveis do seu ciclo vegetativo (Maio/Julho) este factor climático quase não se faz sentir, como se pode verificar nos anexos 14 e 15. Outro

aspecto a ter em conta em relação a este factor é o facto de este se poder aliar alguma chuva e ocorrer a lavagem dos órgãos florais. É bom não esquecer que é através deste fa ctor que se realiza a polinização (cruzada), mais conhecida por polinização anemófila.

28 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

II - Olivicultura no Alentejo

29 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentej ana sustentada no IGP

1- Situação olivícola actual no Alentejo

De uma forma fundamentada e objectiva, vamos tentar fa zer uma análise global da olivicultura no Alentejo.

1.1- Breve caracterização do olival situado na região do Alentejo

A Zona Regional Alentejo é a zona com maior área das cinco zonas regionais de Portugal Continental. É também uma zona com bastante importância para o sector oleícola português, visto ser uma das zonas onde a olivicultura está mais desenvolvida (ACACSA, 2005).

Figura 1 -A zona regional do Alentejo Fonte: (SNIG, 2005)

O número significativo de oliveiras existentes, comparado com o total nacional, e de olivicultores candidatos a aj uda de produção de azeite, demonstra essa importância. Não se pode deixar de chamar a atenção para os 428 olivicultores candidatos a aj uda existentes em 610 nacionais com mais de 5000 oliveiras (ACACSA, 2005).

O Olival no Alentejo é maioritariamente estreme (70 %), de compasso defmido (74 %) e sem rega (80 %) como mostram os dados da DRA do Alentejo apresentados no anexo 16 (ACACSA, 2005).

30 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentej ana sustentada no IGP

1.2 - Peso das variedades nos Azeites do Alentejo

Tal como na maior parte do país a variedade mais importante do Alentej o é a Galega, o

que leva a crer que o azeite que é obtido no nosso país e em particular no Alentejo, é

elaborado na sua maioria com variedades autóctones. Esta situação que se encontra em

anexo 1 7 demonstra que ainda existe uma grande tradição naprodução de azeite através

das variedades autóctones, traduzindo-se em azeites únicos, demarcando-se dos outros

através da sua qualidade e tipicidade.

Á 1.3 - rea de olival

Com base no quadro 1 , verifica-se que a cultura da oliveira está muito bem difundida

por a região Alentejana, o que vem demonstrar e justificar o porquê da realização da

Indicação Geográfica Protegida, umavez que muitos dos azeites que são elaborados não

possuem a sua respectiva certificação (DRAAL, 2006).

É também através deste quadro 1, que se pode verificar o número total de hectares de

olival na região do Alentejo. Foi necessário saber o total da plantação já existente até ao

ano de 1999, bem como o as novas plantações realizadas desde o ano 2000 até 2006 e

por último a área total de olival arrancada no mesmo espaço temporal (DRAAL, 2006).

Deste modo se consegui determinar a áreatotal actual de olival na região do Alentejo, o

que vem demonstrar que existe uma extensa área de olival que não está inserida nas três

regiões de Denominação de Origem Protegida (DOP) e assim o azeite que possa vir a

ser elaborado nessas áreas não está protegido. Uma vez referido que existe uma extensa

área de olival no Alentej o, que poderá elaborar azeite não estando protegido, justifica-se

que com a implementação da IGP dos Azeites do Alentej o se protejam esses azeites,

para que não surja uma descaracterização dos Azeites do Alentejo. Vai ser ainda um

modo de protecção e de realçar as qualidades dos mesmos. Desta fo rma será

estabelecida a marca Azeites do Alentej o, que englobará os Azeites certificados como

DOP, bem como aqueles que não possuem essa certificação, isto irá se possível através

de uma certificação não tão específica como a DOP, mas sim mais abrangente como a

da IGP (DRAAL, 2006).

31 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentej ana sustentada no IGP

Quadro I -Total de hectares de olival no Alentej o

32 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Também se verificou com a análise do quadro I, que a área total de olival aumentou de

fo rma significativa na região alentejana, em especial contribuíram os concelhos de Beja,

Serpa, Ferreira do Alentejo e Moura (DRAAL, 2006).

Tendo em conta tudo o que foi referido anteriormente e em conjunto com os valores apresentados, demonstram a grande importância socioeconómica da cultura do olival na região alentejana (DRAAL, 2006).

Convém ainda referir que quando falamos em arranque de olival, referimo-nos a olivais velhos, pouco densos e pouco produtivos ou mesmo quase abandonados. As novas plantações referem-se na maior parte dos casos, a olivais de elevada densidade, regados e com produtividades esperadas muito superiores.

Mais uma vez fica demonstrado que o Alentejo é a região do pais com maior peso olivícola, como se pode verificar no anexo 18. Estes valores traduzem-se por uma percentagem referente ao total nacional de 36% de oliveiras para azeite; de 28,8% de oliveiras para azeitona de mesa e de 36,5% de oliveiras no total nacional (ACACSA,

2005).

1.4- Quantidade de Azeite obtido no Alentejo

Através do anexo 19 destaca-se a manifesta irregularidade na quantidade de azeite obtido. Para isso contribuíram como factores determinantes, além das variedades e sistema produtivo, as condições edáficas que muitas das vezes não são as melhores, as condições climáticas com especial importância para a precipitação e como consequência desta alternância de factores, irá determinar a qualidade de uma azeitona que por sua vez será determinante para a qualidade do azeite (DRAAL, 2006).

Outro dado a destacar no anexo 19 é o fa cto de o número de lagares situados no

Alentejo terem sofrido uma pequena redução quanto ao seu número (DRAAL, 2006).

Contudo nestes últimos anos, tenham surgido alguns novos lagares.

33 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Através da figura 3, constata-se que a produção deazeite na região Alentejo como já fo i referido anteriormente é muito irregular, devido principalmente, entre outras, às condicionantes climáticas e edáficas (DRAAL, 2006).

AZEITE OBTIDO NA REGIÃO ALENTEJO . 16000 Â 14000 / "' 12000 � ' ê 10000 .r, "'- _.. / -...--- .s 8000 ...... 6000 4000 2000 o .

Figura 2 -Evolução do Azeite obtido na região Alentejo

Fonte: (DRAAL, 2007)

2-Va rriedades utilizadas na elaboração dos azeites do Alentejo

De uma fo rma tão breve quanto possível, vamos descrever as principais variedades de azeitona produzidas no Alentej o e utilizadas na extracção dos seus azeites.

2.1- Galega

Figura 3 -Azeitona da variedade galega

Fonte: (Serviço de apoio informático e Técnicos do Centro Hortofrutícola, 2006)

34 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

É uma variedade originária de Portugal, que possui um porte médio a grande (Navero,

2000).

Quanto aos seus frutos, estes possuem um peso médio que pode ir de 1 a 2,5g.

É a variedade mais importante e representativa em Portugal (cerca de 80% da superficie dedicada à cultura da oliveira) e que por sua vez também é utilizada por as três regiões olivícolas do Alentej o naelaboração dos seus respectivos azeites (Navero, 2000).

Esta variedade devido às suas características que lhes estão conferidas, tem uma dupla aptidão, ou seja, tanto pode ser utilizada para elaboração de azeite, como também para azeitona de mesa. Apesar do que foi referido anteriormente é mais utilizada para a elaboração de azeite, contudo possui uma funda relativamente baixa. Outro aspecto a referir, é fa cto de a separação da polpa do caroço ser bastante fácil (Navero, 2000).

Em relação às suas características agronómicas, é de destacar a sua resistência à secura, contudo é sensível ao frio, salinidade e ao excesso de calcário. Por sua vez a aptidão ao enraizamento pode variar de média a baixa, pois tem dificuldades de enraizamento por estaca do semilenhoso em nebulização, como também se considera que é uma boa patroa para outras variedades (Navero, 2000).

Quanto à sua produtividade, pode-se mencionar que esta variedade tem uma entrada em produção bastante precoce, podendo estabelecer valores elevados, contudo alternados.

Em relação ao seu ciclo vegetativo, é de destacar as duas etapas mais importantes, a floração e a maturação, em que a primeira se realiza entre Maio e Junho, enquanto que a maturação é precoce (Navero, 2000).

A nível dos frutos que esta variedade pode formar, estes apresentam uma grande resistência ao vibrador utilizado em colheita mecânica, sendo por isso muito mais resistente ao desprendimento dos ramos (Navero, 2000).

Tendo em vista a produção de um azeite são e de elevada qualidade, é necessário que a matéria prima esteja em bom estado sanitário, para isso é necessário proteger as árvores e os frutos com os tratamentos adequados e necessários, respeitando as doses e quantidades, bem como os intervalos de segurança. Contudo esta variedade é bastante

35 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultum Alentejana sustentada no IGP

susceptível algumas pragas e doenças que atacam o olival. Em relação às pragas, esta

variedade é mais atacada por a mosca da azeitona, enquanto a nível de doenças pode-se

afirmar que é mais vulnerável à tuberculose e à gafa (Navero, 2000).

2.2-Cordovil

A variedade que se está a tratar, possui um pequeno a médio porte, fo rmando frutos com

uma fo rma ovóide ou elipsoidal, com um peso médio de 2,5 a 4g.

É uma variedade que teve a sua origem em Portugal, estabelecendo a sua maior

representatividade e difusão na região alentejana, contudo só estada representada em

duas das três regiões olivícolas alentejanas (Navero, 2000).

Esta também possui uma dupla aptidão, ou seja, é tanto apreciada por a qualidade do

azeite (elevada % em ácido oleico) que produz e por o seu rendimento em azeite ser

médio, bem como para azeitona de mesa. Outro aspecto a referir, é fa cto de a separação

da polpa do caroço ser bastante fá cil (Navero, 2000).

Conseguem também ser uma variedade rústica, devido à sua certa tolerância ao excesso

de calcário, contudo é sensível ao frio, à secura e à salinidade. A nível do seu

enraizamento, este pode-se considerar mediano (Navero, 2000).

Quanto à sua produtividade, pode-se mencionar que esta variedade tem uma entrada em

produção bastante precoce, podendo estabelecer valores elevados, contudo alternados

(Navero, 2000).

Em relação ao seu ciclo vegetativo, é de destacar as duas etapas mais importantes, a

floração no qual se destaca o seu elevado aborto dos ovários e a maturação, em que a

primeira se realiza entre Maio e Junho, enquanto que a maturação é tardia (Navero,

2000).

A nível dos frutos que esta variedade pode formar, é de destacar que estes apresentam

uma grande resistência ao vibrador utilizado em colheita mecânica, sendo por isso muito mais resistente ao desprendimento dos ramos. Contudo quando os frutos já estão maduros, essa resistência ao desprendimento dos ramos desaparece (Navero, 2000).

36 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Tendo em vista a produção de um azeite são e de elevada qualidade, é necessário que a matéria prima estej a em bom estado sanitário, para isso é necessário proteger as árvores e os frutos com os tratamentos adequados e necessários, respeitando as doses e quantidades, bem como os intervalos de segurança. Contudo esta variedade é bastante susceptível algumas pragas e doenças que atacam o olival. Em relação às pragas, esta variedade é resistente à mosca da azeitona, enquanto a nível de doenças pode-se afirmar que é mais vulnerável à tuberculose (Navero, 2000).

2.3- Verdeal

Como principais características morfológicas desta variedade, destaca-se o seu grande porte, como também por ser bastante vigorosa. Em relação aos frutos que esta pode vir a formar, caracterizam-se por uma forma ovóide ou elipsóide, com um peso médio de 3 a

5g (INIA, 1997; Manuel, 2006).

É uma variedade que está completamente enraizada na cultura e tradição do olival alentejano, contudo só esta representada em duas das três regiões olivícolas alentejanas(INIA, 1997; Manuel, 2006).

Outro aspecto a ter em conta e que os olivicultores têm sempre em atenção, é rendimento em azeite de cada variedade, que irá contribuir para uma sustentabilidade económica da cultura. Neste aspecto a Verdeal possui um rendimento em azeite que ronda 21 e os 25%, ou seja, um valor já bastante aceitável (INIA, 1997; Manuel, 2006).

Consegue ser uma variedade bastante apreciada por se adaptar bem a terrenos húmidos

(INIA, 1997; Manuel, 2006).

Em relação ao seu ciclo vegetativo, é de destacar as duas etapas mais importantes, a floração que se realiza num espaço temporal médio e a maturação que é tardia (INIA,

1997; Manuel, 2006).

Quanto à sua produtividade, pode-se mencionar que esta variedade tem uma produção elevada, bem como é bastante regular a esse nível e isso é extremamente importante tendo em conta as nossas condições edáfo - climáticas (INIA, 1997; Manuel, 2006).

37 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Contudo é uma variedade que não se adapta da melhor maneira à colheita mecânica, uma que as características que são conferidas aos frutos desta variedade levam a que eles tenham alguma dificuldade em se desprenderem dos ramos e assim diminuir a

eficiência do vibrador mecânico e da respectiva operação (lNIA, 1997; Manuel, 2006).

Tendo em vista a produção de wn azeite são e de elevada qualidade, é necessário que a matéria prima esteja em bom estado sanitário, para isso é necessário proteger as árvores e os frutos com os tratamentos adequados e necessários, respeitando as doses e quantidades, bem como os intervalos de segurança. Contudo esta variedade é bastante susceptível algumas pragas e doenças que atacam o olival. Em relação às pragas, esta variedade é pouco sensível à mosca da azeitona, enquanto a nível de doenças pode-se afirmarque é resistente à tuberculose e pouco sensível em relação à gafa (INIA, 1997;

Manuel, 2006).

2.4-Cobrançosa

A variedade que se está a tratar, possui um porte médio, formando frutos com uma forma elipsoidal, com um peso médio de 2,5 a Sg (INIA, 1997; Manuel, 2006).

É uma variedade que teve a sua origem em Portugal, estabelecendo a sua maior representatividade e difusão na região de Trás-os-Montes, contudo só estada representada em duas das três regiões olivícolas alentejanas (Navero, 2000).

Em relação à aptidão, enquanto as outras variedades já analisadas possuem uma dupla aptidão, esta só é utilizada para a elaboração de azeite, uma vez que pode estabelecer produções elevadas e constantes. Também possui um rendimento em azeite médio (18 a

22%) (Navero, 2000).

Consegue ser uma variedade apreciada por a sua tolerância ao frio e àscloroses férricas, provocadas por excesso de calcário, contudo é sensível à fa lta de água e à salinidade.

Também é de não esquecer que esta variedade possui uma capacidade de enraizamento média (Navero, 2000).

38 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Em relação ao seu ciclo vegetativo, é de destacar as duas etapas mais importantes, a floração que se realiza num espaço temporal médio, como a maturação (Navero, 2000).

A nível dos frutos que esta variedade pode fo rmar, estes apresentam uma baixa resistência aovibrador utilizado em colheita mecânica, sendo por isso muito mais fácil o desprendimento dos ramos. Ainda se pode mencionar que esta variedade possui uma escassa queda natural, por isso ser esta uma das variedades mais propicias para a colheita mecânica (Navero, 2000).

Tendo em vista a produção de um azeite são e de elevada qualidade, é necessário que a matéria prima esteja em bom estado sanitário, para isso é necessário proteger as árvores e os frutos com os tratamentos adequados e necessários, respeitando as doses e quantidades, bem como os intervalos de segurança. Contudo esta variedade é bastante susceptível algumas pragas e doenças que atacam o olival. Em relação às pragas, esta variedade é resistente à mosca da azeitona e à gafa, enquanto a nível de doenças pode-se afirmarque é mais vulnerável à tuberculose (Navero, 2000).

2.5-Blanqueta

É uma variedade que teve a sua origem em Espanha, contudo só neste últimos anos é que fo i difundida em Portugal. Esta constatação deve-se ao aumento significativo da

área de olival no nosso país por parte dos nossos vizinhos Espanhóis que implementarem esta variedade na nossa região. Contudo só estada representada em uma das três regiões olivícolas alentej anas (Navero, 2000).

Quanto à aptidão podemos mencionar que esta variedade só é utilizada para a elaboração de azeite, por possuir uma substancial percentagem em azeite, bem como a sua elevada qualidade, que leva a que este azeite sej a doce e frutado, contudo possui uma baixa estabilidade (Navero, 2000).

Acaba por ser uma variedade com um vigor reduzido, mas bastante rústica, isto deve-se

à sua resistência ao frio como à sua adaptação à seca. A nível do seu enraizamento, este pode-se considerar elevado (Navero, 2000).

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Quanto à sua produtividade, pode-se mencionar que esta variedade tem uma entrada em produção bastante precoce, podendo estabelecer valores elevados e constantes (Navero, 2000).

Em relação ao seu ciclo vegetativo, é de destacar as duas etapas mais importantes, a floração e a maturação Em relação à primeira estadestaca-se por ser tardia e por o seu pólen possuir uma baixa percentagem de germinação, enquanto que em relação à maturação dos frutos esta é média. Contudo possui um fraca adaptabilidade à colheita mecânica, devido há dificuldade elevada do desprendimento dos frutos das árvores quando é realizada a colheita mecânica (Navero, 2000).

Tendo em vista a produção de um azeite são e de elevada qualidade, é necessário que a matéria prima esteja em bom estado sanitário, para isso énecessário proteger as árvores e os frutos com os tratamentos adequados e necessários, respeitando as doses e quantidades, bem como os intervalos de segurança. Quanto a esta variedade é de referir a este nível que é bastante resistente à tuberculose (Navero, 2000).

2.6-0utras Variedades

Existem ainda outras variedades utilizadas, as que têm um peso muito menor nos azeites da região, vejamos:

> Carrasquenha -Porpossuir uma produtividade bastante elevada e regular, bem como o seu rendimento que se verifica na ordem dos 22 a 24% de azeite (bom) e

ainda por ser umavariedade bem adaptadacolheita à mecânica; )o- Redondil - Apesar de ser muito produtiva, apresenta tendência para a alternância, apresentando um rendimento em azeite aceitável. É uma variedade

adaptada à colheita mecânica, mas com alguma resistência ao desprendimento dos frutos;

)i> Azeiteira - Caracteriza-se por apresentar um rendimento bastante baixo em azeite, sendo por isso utilizada para conserva; > Cordovil de Elvas - É de destacar oelevado seu rendimento em azeite, bem a sua notória dificuldade em se adaptar à colheita mecânica;

40 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

� Conserva de Elvas - Salientamos a sua a sua adaptação a condições menos favoráveis para a cultura, também se caracteriza por ser pouco produtiva e um rendimento em azeite aceitável (Navero, 2000).

3-Regiões olivícolas do Alentejo

Neste caso em particular, a criação da Indicação Geográfica Protegida (IGP) visa proteger e evitar a descaracterização dos Azeites do Alentejo, bem como encontrar alguns pontos em comum entre eles, através das características edáfo - climáticas e dos seus respectivos processos de extracção.

Para isso é necessário ter em atenção que o Alentej o é delimitado por três regiões olivícolas e suas respectivas Denominações de Origem Protegida (DOP).

Essas regiões em causa, são as seguintes: };;> Azeite de Moura � Azeites do Norte Alentejano };;> Azeite do Alentejo Interior � Outras regiões alentejanasprodutoras de azeite

Figura 4- Mapa indicador das Denominações de Origem Protegidas (DOP) Fonte: (CEPAAL, 2004 )

41 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

3.1-Principais características olivícolas e respectiva área geográfica das regiões DOP e não DOP do Alentejo

3.1.1- "Azeitede Moura"

Descrição

É um azeite com excelentes características que o qualificam como azeite virgem extra e azeite virgem nos termos da regulamentação comunitária (Andrade, 2005).

A variedade da azeitona verdeal entrana sua composição entre 15 a 20% no máximo, a variedade Cordovil entre 35 a 40% e a variedade Galega na percentagem restante. É um azeite produzido exclusivamente das variedades anteriormente referidas (Andrade, 2005).

O aroma e sabor que lhe são próprios são devidos à variedade Galega e Verdeal. O alto teor de ácidos monoinsaturados provem principalmente da variedadeCordovil(Andrade, 2005).

É um azeite de baixa ou muito baixa acidez, de cor amarela esverdeada, com perfume e sabor frutados, amargo e picante nos primeiros meses seguintes à sua extracção. É um azeite muito rico em ácidos gordos monoinsaturados (Andrade, 2005).

Em relação há matéria-prima utilizada, é de referir que só são utilizadas as azeitonas colhidas nas árvores sãs e em plena maturação, verificando-se logo de seguida o transporte dos frutos para o lagar. Este transporte convém ser efectuado o mais rapidamente possível até após a colheita para não comprimir a azeitona e não provocar danos mecânicos ou aceleração da fermentação. Como também deve se realizar em recipientes de porte médio que permitam boa circulação do ar (Andrade, 2005).

Produção

A produção anual é de 100 000 hl.Os lagares são 15(Andrade, 2005).

42 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

O estatuto de Organismo Privado de Controlo e Certificação foi reconhecido à ATOM

(associação técnica dos olivicultores de Moura).

Garantia sobre a origem geográfica do produto

Só poderão utilizar a Denominação de Origem os produtores para o efeito autorizados pelo Agrupamento de Produtores Cooperativa agrícola de Moura e Barrancos (CAMB,

1994).

Contudo a autorização só poderá ser concedida aos produtores que cumulativamente:

}> Possuam instalações industriais situadas na área geográfica de produção;

}> Utilizem apenas azeitona proveniente de olivais existentes em explomções

situadas na área geográfica referida;

}> Produzam o azeite de acordo com o estabelecido nas "Condições de

produção";

}> Se submetem aoregime de controlo e certificação previsto;

}> Assumam por escrito, o compromisso de respeitar as disposições previstas no

caderno de especificações (CAMB, 1994)

Área geográfica

A sua área geográfica de produção abrange as de Amareleja, Póvoa de S.

Miguel, S. João Baptista, S. Agostinho, S. Amador, Safara, S. Aleixo da Restauração e

Sobral da Adiça, do concelho de Moura; as freguesias de Pias, Vale de Vargo, Vila

Verde de Ficalho, Brinches, S. Maria, Salvador e Vila Nova de S. Bento, do concelho de Serpa e a da Granja, do concelho de Mourão (CAMB, 1994).

3.1.2- "Azeites do Norte Alentejano"

Descrição

Tem características que o qualificam como azeite virgem extra e azeite virgem nos termos da regulamentação comunitária (Andrade, 2005).

43 ESAB - Francisco José Costa de Oliveim Projecto- Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

É obtido por processos mecânicos, a partir de azeitonas com elevada percentagem das variedades Galega, Blanqueta e Cobrançosa em que a variedade principal é a Galega. É um azeite de baixa ou muito baixa acidez, ligeiramente espesso, frutados, com cor amarelo ouro por vezes ligeiramente esverdeada, perfwne e gosto suave, bem característico e agradável aopaladar (Andrade, 2005). Uma vez referido as variedades que são utilizadas na laboração dos Azeites do Norte Alentejano, é necessário identificar quais os limites percentuais necessários para a sua produção, bem como aspercentagens das variedades que são toleradas e aquelas que são expressamente proibidas.

Assim os Azeites do Norte Alentejano são produzidos atendendo às seguintes limitações: � A variedade Galega é obrigatória (num mínimo de 65%); � As variedades Azeiteira, Blanqueta, Carrasquenha e Cobrançosa são toleradas

até 5%, enquanto que a Redondil é até 1 0%; � A variedade Picual é expressamente proibida;

»- Outras variedades tradicionais desde que autorizadaspelo AP gestor da DOP

O olivicultor no caso de cultura estreme, elimina regularmente as infestantes, através de processos mecânicos, bem como também realiza podas regulares e tratamentos fitossanitários utilizando os produtos devidamente autorizados para o efeito, respeitando o respectivo intervalo de segurança (Andrade, 2005).

Quanto há parte produtora de referir que os frutos são colhidos no estado ideal de maturação, não podendo estes serem apanhados do chão ou conterem doenças. Outra medida que deve ser respeitada por parte dos produtores, é facto de estes não poderem efectuar o seu armazenamento, bem como o transporte da azeitona deve ser realizado de preferência a granel (Andrade, 2005).

Garantia sobre a origem geográfica do produto Só podem utilizar a Denominação de Origem Protegida os fabricantes para o efeito autorizados pelo agrupamento Gestor da DOP. A autorização só poderá ser concedida aos fabricantes de azeite que, cumulativamente:

»- Possuam instalações industriais situadas nas áreas geográficas de produção;

44 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejanasustentada no IGP

» Utilizem apenas azeitonas provenientes de olivais existentes nas áreas geográficas referidas;

» Produzam o azeite de acordo com as condições estabelecidas nestas "Regras de Produção"; » Se submetam aoregime de controlo e certificação previsto neste documento; » Assumam, por escrito, o compromisso de respeitar as disposições previstas neste documento

Área geográfica de produção A área geográfica de produção (localização dos olivais, extracção do azeite e acondicionamento) está circunscrita aos concelhos de Alter do Chão, Arronches, Avis, Borba, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Estremoz, Elvas, Fronteira, Marvão, Monforte, Redondo, Portalegre, Sousel, Vila Viçosa, Alandroal, Nisa e Reguengos de Monsaraz e às freguesias de Nossa Senhora de Machede, São Mansos, São Vincente do Pigeiro, São Miguel de Machede e São Bento do Mato do concelho de Évora e às freguesias da Luz e Mourão do concelho de Mourão (Andrade, 2005).

3.1.3-Aientejo Interior

Descrição Tem características que o qualificam como azeite virgem extra e azeite virgem nos termos da regulamentação comunitária (Andrade, 2005).

É designado azeite do Alentej o Interior, o liquido oleoso que se extrai por meios mecânicos dos frutos, depois de separado da água de vegetação e das partículas da pele, polpa e caroço, das variedades apropriadas que são elas a Galega Vulgar, Cordovil de Serpa e Cobrançosa (Andrade, 2005).

A variedade predominante em toda a região do Alentejo Interior é a Galega Vulgar enquanto as outras variedades tem uma menor expressão na produção deste azeite.

Assim os Azeites do Alentej o Interior são produzidos atendendo às seguintes limitações: » Galega Vulgar: mínimo 60 %;

45 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

)- Cordovil de Serpa e/ou Cobrançosa: máximo 40%; )- Outras cultivares: máximo 5%; );> Variedades proibidas: Picual e Mançanilha (Andrade, 2005)

Este azeite tem uma cor amarelo dourado ou esverdeado, e aroma frutado suave de azeitona madura e/ou verde de outros frutos, nomeadamente maçã e/ou figo e com grande sensação de doce (Andrade, 2005).

Quando nos referimos em relação há época de colheita, devemos salientar que esta só é realizada dependendo do estado de maturação dos frutos, tendo em vista a produção de um azeite de qualidade. Para isso também necessário que sejam só colhidas azeitonas de árvores sãs e em plena maturação(Andrade, 2005).

Garantia sobre a origem geográfica do produto As características do Azeite do Alentejo Interior, designadamente as sápidas e aromáticas estão intimamente relacionadas com a área geográfica de produção e facilmente perceptíveis pelos naturais e consumidores habituais, que têm que ser assinaladas através da rotulagem e da marca de certificação par que os restantes consumidores as possam conhecer (UCAAI, s/dat a). A existência de um sistema de controlo e certificação que garanta fundamentalmente que: )- Só podem beneficiar do uso da DOP Azeite do Alentej o Interior, os azeites produzidos na área geográfica de produção referida e cuja obtenção do azeite tenha sido feita em instalações, para o efeito, autorizadas pelo Agrupamento Gestor da Denominação de Origem Protegida; )- A autorização é concedida aos operadores que possuam instalações na área geográfica de produção, utilizem apenas azeitonas provenientes de olivais existentes na área geográfica de produção, produzam o azeite de acordo com as condições estabelecidas, se submetam ao regime de controlo e certificação e assumam por escrito o compromisso de respeitar as disposições previstas neste documento; )- A autorização prevista no ponto anterior depende de uma verificação prévia a efectuar pelo OPC, a pedido do Agrupamento Gestor da Denominação da Origem Protegida das condições de produção, em relação: ongem e

46 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

características das matérias primas utilizadas, condições de transformação e

características do produto final (UCAAI, s/data) .

Área geográfica de produção

A área geográfica de produção (localização dos olivais, extracção do azeite e acondicionamento) está circunscrita aos concelhos de Portel, Vidigueira, Cuba, Alvito,

Viana do Alentejo, Ferreira do Alentejo, Bej a contendo estes concelhos todas as suas freguesias, enquanto que em Aljustrel vai compreender as freguesias de Aljustrel, S.

João de Negrilhos e Ervidel. No concelho de Castro Verde só engloba a freguesia de

Entradas. No concelho de Mértola é compreendida a freguesia de Alcaria Ruiva enquanto que no Concelho de Alcácer do Sal vai só abranger a freguesia de Torrão

(UCAAI, s/data).

3.1.4 - Outras zonas produtoras de azeite no Alentejo não abrangidas por as regiões DOP

Através da realização deste ponto, têm-se em consideração que existe produção de azeite no Alentejo, para além das três regiões DOP Alentejanas. O que não impede que esse azeite que é elaborado fora da delimitação das regiões DOP sej a de qualidade, e dai a necessidade de se justificar wna protecção desses azeites, que irá ser efectuada pela

IGP, ou seja, uma certificação mais abrangente que a DOP, mas que iráestabelecer uma protecção aos Azeites do Alentejo sejam eles certificados ou não. Para isso foi necessário elaborar um quadro com base nos cadernos de especificação das três regiões

DOP, bem como nos dados de novas plantações, arranques e área de olival já existente que se obtiveram através dos dados da DRAAL. Não menos importante, fo i o fa cto de se estabelecer quais os concelhos que não fa ziam parte das três regiões DOP e só assim se poderia encontrar um valor de área de olival não pertencente a esta área delimitada.

Contudo em algumas freguesias destes concelhos verificaram-se, que estas faz em parte da delimitação DOP, por isso estabeleceu-se uma estimativa da percentagem do concelho como área abrangida por uma das regiões DOP, através de um mapa que apresenta as delimitações necessárias para a realização deste pressuposto.

47 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - OliviculturaAlentejana sustentada no IGP

Uma vez estabelecida a quantificação da área de olival no Alentejo não abrangida por as trêsregiões DOP, apercebe-secada vez mais da extrema importância da implementação da IGP dos Azeites do Alentejo, uma vez que a área estimada ainda é bastante significativa, bem como a criação de uma marca denominada "Azeites do Alentejo",

que permitirá um maior desenvolvimento ao sector, através de um maior associativismo e fortalecimento dos Azeites do Alentejo, bem como da marcaanteriormente referida.

A área de olival não abrangidapor astrês regiões DOP, é 15,56% da área total de olival no Alentejo, por isso se justifica que perante este valor significativo se estabeleça um mecanismo legal que realize a protecção dos "Azeites do Alentejo" e permita estabelecer um maior fortalecimento e homogeneização no sector olivícola. O mecanismo anteriormente referido é o IGP, que se justifica perante este cenário, uma

vez que a percentagem da área de olival não abrangida pelas regiões DOP ainda é significativa. Assim pode-se concluir que quanto maiorfor esta percentagem, maior será o fortalecimento da IGP e uma maior razão da sua existência.

Área geográfica de produção A área geográfica de produção encontra-se descrita no anexo 20 e (localização dos olivais, extracção do azeite e acondicionamento) está circunscrita aos concelhos

Almodôvar, Arraiolos, Barrancos, Gavião, Grândola, Montemor-o-Novo, Mora, Odemira, , Ponte de Sôr, Santiago do Cacém e Vendas Novas contendo estes concelhos todas as suas freguesias. Enquanto que os concelhos seguintes só aportam algumas freguesias dos seu municípios. Nesta situação vamos ter Alcácer do Sal (vai abranger as freguesias de Comporta, Santiago, Sta. Susana, Sta. Maria do Castelo e São Martinho), Aljustrel (só engloba as freguesias de Messejana e Rio de Moinhos), Castro Verde (vai abranger as freguesias de Casével, CastroVerde, S. Marcos da Atabueira e Sta. Barbara de Padrões), Évora (este município vai contribuir com as freguesias de

Santo Antão, São Mamede, Sé e São Pedro, Senhora da Saúde, Malagueira, W Sra. De

Graça do Divor, Horta das Figueiras, Bacelo, W Sra. da Tourega, N8 Sra. da Guadalupe,

Canaviais, São Sebastião da Giesteira, Torre de Coelheiros e � Sra. da Boa Fé), Mértola (engloba as freguesias de Corte do Pinto, Espírito Santo, Mértola, Santana de Cambas, São João das Caldeireiras, São Miguel do Pinheiro, São Pedro de Sólis e São Sebastião dos Carros} e Mourão (que só vai abranger a freguesia da Granja) {APAFNA, 2006).

48 ESAB - FranciscoJosé Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

4 - Importância das regiões DOP do Alentejo em relação a toda a região Alentejana

4.1 -" Azeite de Moura"

Através do organismo certificador (SATIV A) e da entidade gestora da DOP (ATOM), foi possível realizar a quantificação da percentagem "Azeite de Moura", em relação ao azeite que é obtido em todo o Alentejo. Este valor fo i encontrado, através da quantidade total de azeite certificado como "Azeite de Moura", que por sua vez se irá dividir por a quantidade total de azeite que é obtido em todo o Alentejo, e assim se saberá qual a percentagem de azeite certificado com a denominação "Azeite de Moura".

Estabeleceu-se que se iria realizar este calculo para as duas últimas campanhas, ou seja,

2004/2005 e 2005/2006, para que os resultados encontrados espelhem o melhor possível o ''peso" da percentagem de azeite certificado com a denominação "Azeite de Moura", mas também ainda para demonstrar que há muito azeite a ser elaborado para além das regiões DOP.

Assim, os cálculos foram elaborados da seguinte fo rma, na campanha 2004/2005:

> Quantidade de azeite certificado: 1.143.653,48 kg;

> Quantidade de azeite obtido no Alentejo: 14.854.3 11 kg;

> Percentagem da quantidade certificada "Azeite de Moura": (1.143.653,48

kg/14.854.311kg)* 100 = 7,6%;

Os cálculos foram elaborados da seguinte fo rma, na campanha de 2005/2006:

> Quantidade de azeite certificado: 1.045.248,52 kg;

> Quantidade de azeite obtido no Alentejo: 8.642.385 kg;

> Percentagem da quantidade certificada "Azeite de Moura"no Alentejo:

(1.045.248,52 kg/8 .642.385 kg)*lOO = 12,1%

49 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentej ana sustentada no IGP

4.2 - "Azeite do Norte Alentejano"

Com a colaboração da entidade certificadora da DOP (AGRICERT), uma vez que foi esta que facultou os dados que permitiram que fo sse possível a realização do calculo da quantidade total certificada como "Azeite do Norte Alentejano", nas duas últimas campanhas ("2004/2005 e 2005/2006). Como já fo i referido anteriormente, este calculo, neste caso para a denominação "Azeite do Norte Alentejano" vai permitir quantificar a percentagem do azeite com este tipo de denominação em relação a todo o azeite que é obtido no Alentejo. Estes cálculos irão ser realizados para as duas últimas campanhas, com o objectivo de não só verificar o peso da denominação de origem protegida "Azeite do Norte Alentejano'', mas também demonstrar novamente que há muito azeite a ser elaborado para além das regiões DOP.

Assim os cálculos fo ram elaborados da seguinte fo rma, na campanha 2004/2005:

)i> Quantidade de azeite certificado: 49399,8 kg;

)i> Quantidade de azeite obtido no Alentejo: 14.854.311 kg;

)i> Percentagem da quantidade certificada Azeite do Norte Alentejano": (49399,8

kg/14.854.3 11kg)* 100 = 0,3%;

Assim os cálculos foram elaborados da seguinte fo rma, na campanha de 2005/2006:

)i> Quantidade de azeite certificado : 140391,6 kg ;

)i> Quantidade de azeite obtido no Alentejo: 8.642.385 kg;

)i> Percentagem da quantidade certificada "Azeite do Alentej o Interior''no

Alentejo: (140391,6 kg/8.642.385 kg)*100 = 1,62 %

50 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentej ana sustentada no IGP

4.3 - "Azeite do Alentejo Interior"

Com a colaboração da entidade gestora da DOP (UCAAI), wna vez que foi esta que facultou os dados que permitiram que fo sse possível a realização do calculo da quantidade total certificada como "Azeite do Alentej o Interior", nas duas últimas campanhas .("2004/2005 e 2005/2006). Como já fo i referido anteriormente, este calculo, neste caso para a denominação "Azeite do Alentejo Interior" vai permitir quantificar a percentagem do azeite com este tipo de denominação em relação a todo o azeite que é obtido no Alentejo. Estes cálculos irão ser realizados para as duas últimas campanhas, com o objectivo de não só verificar o peso da denominação de origem protegida "Azeite do Alentejo Interior", mas também voltar a demonstrar que há muito azeite a ser elaborado paraalém das regiões DOP.

Assim os cálculos foram elaborados da seguinte forma, na campanha 2004/2005:

� Quantidade de azeite certificado: 46.296,47 kg; � Quantidade de azeite obtido no Alentejo: 14.854.311 kg;

)> Percentagem da quantidade certificada "Azeite do Alentej o Interior":

(46.296,47 kg/14.854.311kg)* 100 = 0,3%;

Assim os cálculos fo ram elaborados da seguinte fo rma, na campanha de 2005/2006:

)> Quantidade de azeite certificado: 94.393,8 kg; � Quantidade de azeite obtido no Alentejo: 8.642.385 kg; � Percentagem da quantidade certificada "Azeite do Alentej o Interior"no

Alentejo: (94.393,8 kg/8.642.385 kg)* 100 = 1%

4.4 - Comentário aos resultados obtidos

Através dos resultados obtidos anteriormente, verificou-se que a certificação com a

Denominação de Origem Protegida "Azeite de Moura", é aquela que possui uma maior

51 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

percentagem em relação aos Azeites obtidos no Alentejo, ou sej� é a denominação que tem um maior "peso" no Azeite obtido no Alentejo. Mesmo assim o seu peso é bastante reduzido.

Outro aspecto bastante importante a realçar e que justifica a realização da IGP dos

"Azeites do Alentejo", é o facto de as percentagens não serem muito significativas em relação à quantidade total de azeite obtido no Alentejo, o que leva a crer que é de extrema importância a criação da IGP, tendo em vista a protecção dos "Azeites do

Alentejo" que ainda não estão certificados.

4.5 - A posição das regiões DOP Alentejanas na produção de azeite no Alentejo

Tendo em conta que as campanhas alisadas foram as de 2004/2005 e 2005/2006, de seguida passa-se a estabelecer qual o peso dos Azeites DOP na quantidade total de azeite obtido no Alentejo.

Para isso é necessário a quantidade total de Azeite DOP referente à campanha e a respectiva quantidade total de azeite obtido no Alentejo.

Uma vez efectuados os cálculos, pode-se concluir que a campanha de 2005/2006 tem um peso mais significativo na quantidade total de azeite obtido no Alentejo. Estabelecidas estas percentagens mais uma vez comprava-se que ainda existe muito azeite que precisa ser protegido e que o Azeite DOP não tem assim peso tão significativo, por isso se justifica a realização da IGP dos "Azeites do Alentejo".

Assim para saber qual o peso total do Azeite DOP no Alentejo na campanha 2004/2005, efectuou-se o seguinte cálculo:

};;> Quantidade total de Azeite DOP é de 1.239.349,75 kg };;> Quantidade total deazeite obtido no Alentejo é de 14.854.311 kg };;> Percentagem do Azeite DOP no Alentejo (1.239.349,75 kg/14.854.311kg)*100 =8,3%

52 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Assim para saber qual o peso total do Azeite DOP no Alentej o nacampanha 2005/2006, efectuou-se o seguinte cálculo:

}o> Quantidade total de Azeite DOP é de 1.280.033,9 kg » Quantidade total de azeite obtido no Alentej o é de 8.642.385 kg

}o> Percentagem do Azeite DOP no Alentej o (1.280.033,9 kg/8.642.385kg)* I 00 = 14,8% Não chega a 15% o peso dos azeites DOP alentejanos dentro de todos os azeites

"produzidos" na região.

53 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

III - Indicação Geográfica Protegida (I GP)

54 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

1- Indicação Geográfica Protegida (IGP)

1.1-0 que é a Indicação Geográfica Protegida

A IGP é o nome reconhecido a nível comunitário de uma região, ou de um local

determinado ou, em casos excepcionais de um país, que serve para designar um produto

agrícola ou um género alimentício originário dessa região dessa região, desse local

determinado ou desse pais e cuj a reputação, determinada qualidade ou outra

característica podem ser atribuídas a essa origem geográfica e cuj a produção e/ou

transformação e/ou elaboração ocorrem na área geográfica delimitada (Soeiro, 2005).

Figura 5- Rótulo identificador da indicação geográficaprotegida

Fonte: (anónimo sem/data) http: //ec. europa .eu/agriculture/foodgu al/guali 1 pt .htm

1.2-0bjectivo e fu nções da realização da Indicação Geográfica Protegida (IGP)

Desde há muito tempo que os produtos agrícolas e géneros alimentícios começaram a

ser designados pelos nomes das terras onde eram produzidos ou transformados (Soeiro, 2005).

Tendo em conta o que os historiadores dizem, esta situação já era habitual entre os povos mediterrânicos antigos (gregos e romanos), devido ao facto de estes mencionarem

os produtos (vinho, azeite, pão, queijos, azeitonas e pastas de peixe) pelos nomes das terras de onde eram provenientes (Soeiro, 2005).

Devido ao que fo i referido anteriormente, não é muito dificil adivinhar porque é que hoje em dia se quer atribuir uma protecção a um produto de uma determinada região, tendo em conta a enorme variedade de produtos mediterrânicos e não só, que se

encontram disponíveis para consumo no mercado a preços bastante competitivos.

55 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Embora haja diferentes produtos e se estabelecem as respectivas diferenças entre os

produtos mediterrânicos, estes apresentam alguns pontos em comum: produtos da terra,

feitos de fo rma tradicional, com uma qualidade marcada pelo sol, pela proximidade do

mar e pela calma e lentidão que o calor induz (Soeiro, 2005).

Assim as razões, motivações lógicas para a protecção de um produto de uma

determinada região, local ou excepcionalmente de um país têm como base os seguintes

aspectos:

)> A utilização de um nome geográfico para assinalar a particularidade e

especificidade de um produto;

)> O valor acrescentado pelo o uso de tal nome geográfico permite chamar ao

produto pelo e aumentar-lhe o valor comercial;

)> Face ao aumentado do valor comercial do produto, outros produtos

semelhantes, mas produzidos noutras regiões, começam abusivamente a usar

o nome geográfico gerador de valor, invejando-lhe a fama e apropriando-se

do proveito;

)o Porventura como reacção, na própria região de origem se assiste à

adulteração do produto, com o intuito de aumentar a quantidade, ao mesmo

tempo que se tenta acrescentar território, ainda que adj acente, mas já sem a

qualidade reconhecida;

)o Como reacção, fo rma-se um Agrupamento de Produtores que pressiona os

poderes públicos no sentido de tipificar o produto, delimitar a região,

garantir sustentabilidade à produção, reservar o nome geográfico e protege­

lo dos abusos e aumentar o valor do produto e fa cilitar a sua comercialização

(Soeiro, 2005).

1.3 -.Justificação histórica para a criação da IGP

Para uma ainda melhor aceitação e reconhecimento da qualidade dos Azeites do

Alentejo, justifica-se que se realize a sua protecção e se evite a sua descaracterização, através de aspectos culturais, climáticos, sociais entre outros.

56 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Hoj e em dia sentiu-se a necessidade de proteger os Azeites do Alentejo, ou seja, esta tomada de decisão teve em consideração o facto de a cultura e o azeite serem realizados há muito nesta região, bem como a sua qualidade requintada, que fez com que os

Azeites do Alentej o fo ssem ganhando destaque e prestigio através da sua qualidade ao longo dos tempos.

Mais propriamente abordando os Azeites do Alentejo, é de referir que estes têm vindo a ser elaborados ao longo dos tempos, tendo em conta os métodos tradicionais, bem como a utilização de variedades autóctones. Para isso foi necessário manter as tradições e costumes, aliadas a uma qualidade extremamente requintada, que levou a que o nome

Azeites do Alentej o tivessem um enorme destaque ao longo dos tempos.

Desde há muito que cada região Alentejana elabora azeite só das suas variedades regionais, conferindo-lhe assim uma característica bastante tradicional e diferenciadora em relação a outros azeites que possam existir no mercado. Através do que fo i referido anteriormente, o que se faz agora através das regiões DOP, em que só se pode elaborar azeite ÍJOP através das variedades delimitadas pela área de produção, não é novidade nenhuma, porque ao longo dos tempos também se foi realizando essa pratica, só que de uma fo rma empírica (Saldanha, 2003).

A oliveira surge por expansão do zambujeiro, que se dá por toda a região mediterrânica ao longo dos milénios que se seguem à mudança do clima mundial que corresponde à transição do Terciário para o Quaternário. Podendo-se ainda afirmar que esta espécie é uma xerofitização, isto é, a adaptação para resistir à secura, de uma vegetação preexistente que cobria inteiramente a bacia do Mediterrâneo numa época em que a zona do planeta possuía um clima mais quente e muito mais húmido que presentemente

(Saldanha, 2003).

Abordando agora a cultura da oliveira num contexto histórico, verificamos que foi através dos Egípcios no século IX aC., os Gregos no século VII a.C. e, depois os

Cartagineses no século III a.C. chegaram via marítima, à Península Ibérica onde trocavam produtos de luxo, azeite e vinho, pelos alimentos de que necessitavam

(Gouveia, 2005).

57 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

A propagação da oliveira verificou-se por toda a bacia mediterrânica, afirmando-se que

os Visigodos herdaram dos Romanos e Fenícios que já a haviam encontrado na

Península Ibérica, contudo foram os romanos que se melhorou os sistemas de plantação,

bem como de enxertia e de extracção de azeite .Também os Árabes mantiveram a

cultura e fizeram com que ela prospera-se.

No Condado Portucalense e depois Portugal, o azeite é referido pela primeira vez no

foral da cidade de Évora, em 1166, como produto a que era atribuído o direito de portagem. Contudo, o azeite alentejano havia merecido referências elogiosas de romanos ilustres como Estrabão e Plínio não só por a sua excelência, como também pela maneira como curiosa como as oliveiras eram cultivadas e podadas (Saldanha, 2003).

Gama Barros esclarece que onde a reconquista cristã se realizou mais tardiamente, foi precisamente onde esta iria ter maior importância futura. Outro ponto a enaltecer é o facto de o primeiro "Regimento do Oficio de Lagareiro" é de 1392 e refere-se à cidade de Évora. Por outro lado na Idade Média o azeite ocupava o primeiro lugar na condimentação dos alimentos (Andrade, 2005).

Outra documentação que realça a importância do olival alentejano e que se teve acesso através do site (http://www.cm-moura.pt /p I lagar.htm), em se destaca a resposta aos capítulos apresentados nas cortes de Évora de 1436 pelos procuradores da vila de Beja ,

D. Duarte fez a carta de 12 de Julho de 1436. Faz referência ao crescimento constante da zona de olival em Beja, e, mais importante, faz referência à zona de Portel e Moura como grande produtora de azeite. Trata-se muito provavelmente da referência mais antiga em relação à produção de azeite em Moura (Anónimo, sem/data).

Em Portugal, e em especial na região alentejanaos lagares de varas tiveram uma grande importância no que diz respeito à produção de azeite, uma vez que foram determinantes para a obtenção de produções elevadas, bem como para a elaboração de azeite de qualidade requintada. Estas circunstâncias motivaram a uma grande proliferação de lagares nesta zona, o que fez com que os azeites de Moura, Elvas, Beja entre outros fossem considerados dos melhores de Portugal e assim fossem exportados para a

Alemanha, Flandres, Castella, Leão e Galiza (Anónimo, sem/data).

58 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto -Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Esta grande proliferação de lagares na região alentejana, mais propriamente em Moura,

levou a que na década de 30 existissem cerca de 26 lagares de Azeite em Moura, mas actualmente apenas se conserva o Lagar de Varas do Fojo, que de resto é um exemplar precioso e de conservação rara na Península Ibérica, conservando todo o processo de produção de azeite num estado de imediata utilização, que é dos aspectos que coloca e evidência o interesse que detêm o aproveitamento cultural deste lagar clássico de vara e fuso. Ainda de referir que os lagares de varas, foram os primeiros sistemas de transformação referenciados na região alentejana, sendo um sistema que evolui do sistema utilizado pelos Romanos(Anónimo, sem/data).

A produção de azeite na região Alentejana já é conhecida desde o tempo dos romanos, que apreciavam e admiravam a arte de bem fazer este produto por parte do povo desta região. Tendo em conta o apreço e admiração que o povo romano tinha por azeite elaborado nesta região, este era alvo de exportações para Roma. Por isso com o passar dos anos e o reconhecimento dasgentes, quando se quer enaltecer o espírito e salientar a inteligência de uma pessoa afirma-se que: ''tão finocomo o azeite de Moura".

Como principais vestígios da implementação e posterior extracção do azeite, pode-se destacar as ruínas de lagares, pesos de prensas e vestígios de fo mos cerâmicos de ânforas olearias (Andrade, 2005).

Assim ao longo dos tempos a cultura da oliveira e posterior elaboração do azeite nesta região foi assumindo cada vez uma maior importância económica e social para a região, que por sua vez em 1974 passou a ter a maior manchade olival da Europa, pertencente a uma só pessoa na Herdade dos Machados (Moura) e tem ainda hoje um lagar accionado manualmente que é talvez o único na Península Ibérica, em excelente estado de conservação (Andrade, 2005).

Outro facto bastante importante vinculado ao azeite nesta região, é facto de este ter uma fulcral importância na gastronomia da região, uma vez que os pratos mais típicos e a restante gastronomia são confeccionados quase na sua totalidade a partir do azeite elaborado na região em causa, bem como na conservação de alguns alimentos (salsichas, sardinhas e queijos) (Andrade, 2005).

59 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Mais uma vez o azeite volta a ter uma grande importância a nível cultural, social e

económico, uma vez que é bom não esquecer, que só através deste produto se

conseguem confeccionar pratos típicos e diferenciados (açorda, sopa de bacalliau,

gaspacho) que caracterizam e notabilizam a região em causa (Andrade, 2005).

É neste sentido que se justifica a necessidade de proteger a genuidade do olival português, mais em concreto neste caso o olival alentejano, das suas cultivares e da sua produção, de fo rma a criar as condições para que o olivicultor alentejano continue

colhendo, com lucro, a saborosa azeitona alentejana. É nesse aspecto que nos parece

vital a criação de um enquadramento fa vorável à oliveira portuguesa, cuja maioria das

cultivares é exclusiva do nosso pais, procurando criar condições para promover o plantio do nosso olival e o consumo do nosso azeite (Gouveia, 2005).

Através do que foi referido anteriormente, pode-se concluir que ao longo dos séculos o azeite elaborado na região alentej ana alternou períodos de abastança com outros de carestia, mas soube resistir pelas suas características próprias, a tempos de guerra e de paz, a diferentes modos de fa zer politica, a sistemas de cultura alternativos, a novas fo rmas de tecnologias extractivas e à concorrência movida por outros óleos e gorduras comestíveis (Gouveia, 2005).

Para finalizar, é sempre bom lembrar que com o passar dos tempos se tem verificado o grande carinho e apreço destas gentes pela cultura da oliveira, e dai resulta o seu papel preponderante no quotidiano alentejano. (Andrade, 2005).

1.4 - Diferenças entre regiões DOP e IGP

Tendo em conta o que foi referido até a este ponto em relação a estes dois mecanismos de protecção de produtos, estabeleceu-se que seria mais produtivo e perceptível evidenciar quais as suas diferenças, neste caso em concreto as que se verificam nas regiões olivícolas DOP e na área não protegida por este mecanismo de protecção, ou seja, aquelas áreas que serão só abrangidas por a IGP. Assim através do quadro 2, depreende-se que o mecanismo de protecção DOP é muito mais restrito e rigoroso, porque individualiza uma região e certifica-se de que esta possui uma justificação

60 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

histórica comprovada de longos anos, bem como outras situações. Ao contrário, a IGP é um mecanismo de protecção mais abrangente, não necessitando de uma justificação histórica comprovada de longos anos, entre outras situações.

Contudo para tomar este aspecto de uma fo rma mais objectiva e prática, realiza-se o

quadro 3, onde se destaca o território, variedades, entidade certificadora, denominação e

mecanismo de protecção de cada umadas três regiões DOP e da IGP.

Quadro 2- Diferenças entre os mecanismos de protecção DOP e IGP

A tem de ser proveniente da área u<:'""''-'"'"' pela DOP pela IGP, que é muito maior que a da DOP, uma vez que engloba as três DOP Respeitar as das variedades definidas Ainda não estando definido este ponto, certamente nos cademos de especificação que será mais abrangente que a DOP Cada região possui uma entidade certificadora Cada região DOP tem uma área demarcada, não Como mecanismo mais abrangente, tem uma área muito extensa demarcada muito maior

Quadro 3 -As quatro denominações de azeite e as suas respectivas componentes

no caderno de no caderno de no caderno de especificações especificações especificações outras Descritas no Descritas no As variedades das caderno de caderno de caderno de DOPS anteriores e especificações especificações especificações outras

AGRICERT UCAAI Nilo está definido

Azeite do Norte Azeite do Alentejo Azeites do Alentejo Alentejano Interior DOP DOP IGP

61 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejanasustentada no IGP

Conclusões

Através da realização deste projecto e depois da experiência e conhecimentos adquiridos, estabeleceram-se algumas conclusões que permitem acreditar naviabilidade

da IGP, possivelmente mais uma"ferramenta" extremamente útil à agricultura nacional e em especial aos "Azeites do Alentejo".

Este projecto sensibilizou-nos para o "bem fazer dos Azeites do Alentejo" desde há muito, o que vem justificar que os "Azeites do Alentejo" fa zem parte integrante da nossa cultura e tradições, sendo esta uma das partes fundamentais que justifica a criação da IGP dos "Azeites do Alentejo".

Outro aspecto a destacar neste trabalho, fo i a quantidade total de azeite obtido no Alentejo. Este ponto veio a ser determinante para as conclusões elaboração, uma vez que se veio a constatar que as Denominações de Origem Protegida (DOP) só contribuem com 14,8% do azeite total obtido no Alentejo. Este valor vem justificar que a criação daIGP deve ser umamais valia para os Azeites daregião, podendo proteger e divulgar os azeites que ainda não beneficiam dessa situação, bem como criar uma marca "Azeites do Alentejo", englobando as DOP e assim a fileira olivícola ficará mais fo rte. Uma vez estabelecida que a quantidade total de azeite "DOP" obtido no Alentej o é de

14,8%, como fo i anteriormente referido, há muito trabalho a faz er com os outros azeites, no sentido de preservar a sua qualidade, os seus constituintes fundamentais e promover a sua valorização.

Tendo como ponto de partida que "a oliveira é o melhor índice do clima mediterrânico", foi necessário justificar, que esta cultura se adapta às condições edáfo-climáticas do Alentejo, o que veio a confirmar-se, sem qualquer surpresa.

Em relação aos solos, conclui-se que esta cultura se adapta a uma diversa gama de solos, não sendo por isso muito exigente neste aspecto. Os solos, nas principais áreas de cultura daoliveira, não são regra geral factor limitante.

62 ESAB -Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejanasustentada no IGP

Tendo conta que fo i realizada uma caracterização edáfo-climáticas do Alentejo e depois de analisados este dois pontos, constata-se que a oliveira pela sua rusticidade e generosidade produtiva pode ser uma das melhores apostas no desenvolvimento da agricultura da região, desde que fe ita com competência e rigor. Mais uma vez, a criação da IGP (Azeites do Alentejo) é quanto a nós uma necessidade e pode ser fundamental, para além do que já fo i dito, na defesa de um produto mais valorizado, conhecido e rentável.

63 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

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66 ESAB - Francí�o José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no [GP

Anexos

67 osta ESAB - Francisco José C deOliveira Projecto - Olivicultura Alentej ana sustentada no IGP

Anexo 1- Aptidão da cultura da oliveira em relação aos solos do Alentej o ...... 69 Á Anexo 2- reas por classes de capacidade de uso...... 69

Anexo 3- Total em % dos solos de capacidade A,B e C no total do Alentejo ...... 70

Anexo 4- Precipitações médias dasmínimas e das máximas ...... 70 Anexo 5- Distribuição estacionai da precipitação nas estações meteorológicas de

Amareleja, Beja, Mértola/ Vale Formoso e Viana do Alentej o ...... 70

Anexo 6 - Média diária da temperatura do ar...... 71

Anexo 7 -Média das máximas da temperaturado ar...... 71

Anexo 8- Média das mínimas da temperatura do ar...... 72

Anexo 9 - Máxima absoluta da temperatura do ar...... 72

Anexo 1 O -Mínima absoluta da temperatura do ar ...... 73 Anexo 11 - Probabilidade de ocorrência de geada depois das datas indicadas (1951/1970) ...... 73 Anexo 12- Probabilidade de ocorrência de geada antes das datas indicadas (195111970)

...... 74

Anexo 13 - Excerto de um quadro representativo dos valores médios de insolação (horas)...... 74

Anexo 14 - Número médio de dias em que a velocidade do vento é igual ou superior a 361anlh...... 75

Anexo 15 - Número médio de dias em que a velocidade do vento é igual ou superior a 55km/h...... 75

Anexo 16-Características agronómicas dos olivais do Alentej o ...... 76

Anexo 17 -Percentagem das variedades representativas da DRAAL...... 76

Anexo 18-Número de oliveiras de azeite, de mesa e total na DRAAL ...... 76 Anexo 19- Campanhas Oleícolas de 1999/00 a 2005/06 ...... 77

Anexo 20 - Quantificação da área de olival não abrangida por as três regiões DOP . . .. 77

68 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Anexo 1-Aptidão da cultura daoliveira em relação aos solos do Alentejo

Litossolos 5

Litólicos Nlo Húmicos 3

Calcários Pardos 2

Calcários Vermelhos 2

Barros Pretos 3

Barros 2 Mediterrâneos Pardos de materiais calcários 3

Mediterrâneos Pardos de materiais nlo calcários 3 Mediterrâneos Vermelhos ou Amarelos de materiais calcários 3

Mediterrineos Vermelhos ou Amarelos

Regato et al, 1

1 - Elevada aptidão

2 - Boa aptidão

3 - Média aptidão

4 - Baixa aptidão

5 - Muito baixa aptidão

Anexo 2- Áreas por classes de capacidade de uso

69

ESAB- Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Anexo 3- Total em % dos solos de capacidade A,B e C no total do Alentej o

Total em % (nos solos 33 Fonte:

Anexo 4- Precipitações médias das mínimas e das máximas

127 mm (Santiago do Escoural)

142 mm (Santiago do Escoural)

25 mm (Fortes/Daroeira/Alcaria 60 mm (Castelo de Vide) Longa e Montevil)

9 mm (Comporta) 34 mm (Vale Peso)

< 1 O mm em todos os locais

< I O mm em todos os locais

82 mm (Santiago do Escoural)

59 mm (Moura)

56 mm (Fortes) e Gonçalves, 1987)

Anexo 5- Distribuição estacionai da precipitação nas estações meteorológicas de Amareleja, Beja, Mértola/ Vale Formoso e Viana do Alentejo

MértolaNaleFormoso 37 39 40 18 5 37

70 ESAB-F rancisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejanasustentada no IGP

Anexo 6 -Média diária datemperatura do ar

Amareleja 11,6 21,5 21,9 16,1 Beja 12 20,9 21,7 9,2 16 Campo Maior 12,4 22,4 22,4 9,2 16,5 Castro Verde 12,2 12,2 21 9,8 15,8 Contenda 11,6 20,5 21,8 9 16 Elvas 11,9 22,1 22 8,6 16,1 20,5 21,2 9,4 15,8 11,8 20,6 20,1 8,8 15,4

MértolaN. Formoso 12,4 21,8 22 9,4 16,4 Moura 13,5 23,1 23,2 10,1 17,5 Odemira/Flor do Brejo 13,2 18,6 19,8 11,1 15,6 Portalegre 1 9 15,7 Santiago do Cacém 12,8 19,4 20,4 10,8 15,8 Viana do Alentejo 12,4 20,6 '21,4 9,7 16 1941170 Fonte: (Reis e Gonçalves, 1987)

Anexo 7 - Média das máximas datemperat ura do ar

Amareleja 16,8 12,6 22,3 1963/70 Beja 17 28,6 28,8 13,3 22,1 1956/70 Campo Maior 17,6 30,1 29,7 13,5 22,7 1941/64 Castro Verde 17,7 29 29 14,5 22,4 1943/62 Contenda 11,6 20,5 21,8 9 16 1961170 Elvas 17,4 29,8 29,3 13,2 22,5 1941/70 1 26,8 27,1 12,8 20,7 1941170 17,6 28,7 27,5 13,9 22 1941170

MértolaN. Formoso 17,5 29,1 29 13,9 22,4 1941170 Moura 18,7 42,8 23,6 1941/63 Odemira/Flor do Brejo 17,2 23,6 25,3 15,1 20,4 1959/64 Portalegre 15,6 27,1 27,3 12,3 20,6 1941170 Santiago do Cacém 16,3 24,1 25,2 13,9 19,8 1941170 Viana do Alentejo 17,6 27,7 28,9 14,3 22,3 194

Fonte: (Reis e 1987)

71 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Anexo 8- Média das mínimas da temperatura do ar

Amareleja 6,4 14,2 14,8 3,3 Beja 6,9 13,2 14,6 5 9,4 Campo Maior 7,2 14,6 15 4,9 10,3 1941164 Castro Verde 6,6 13 13,1 5,2 9,2 1943/62 Contenda 7,8 14,8 15,9 5,8 11,2 1961170 Elvas 6,4 14,3 14,6 4 9,7 1941170 8 14,2 15,3 6,1 10,9 1941 5,9 12,5 12,7 3,7 8,7 1941170 Mértola/V. Formoso 7,3 14,6 15,1 5 10,4 1941170 Moura 8,3 15,6 16,1 6 11,4 1941/63 Odemira/Flordo Brejo 13,6 14,3 7 0,9 1959/64 Portalegre 7,6 14,5 15,5 5,7 10,8 1941170 Santiago do Cacém 9,2 14,6 15,7 7,8 11,8 1941170 Viana do Alentejo 7,2 13,4 14 5,1 9,8 1941170 Fonte: e Gonçalves, 1987)

Anexo 9 - Máxima absoluta da temperaturado ar

Amareleja 41,7 1,3 18 43,2 Beja 26 40,7 40,3 19,5 42,7 Campo Maior 29 41,1 40,1 22,2 45,6 Castro Verde 27 40,5 38,5 23 43,5 Contenda 24,2 39,7 38,7 20,5 40,7 Elvas 27,2 42 41 21,5 45,5 1941170 26,9 39,7 38,8 19,7 42,3 1941/70

29 47,5 40 21,2 47,5 1941/70

Mértola/V. Formoso 27,4 39,5 40 21,7 42,8 1941170 Moura 30 41,4 40 22,8 45 1941163 Odemira/Flor do Brejo 27 35,2 39,5 21,2 41 1959/64 Portalegre 26,8 41 42,5 22,8 43,3 1941170 Santiago do Cacém 26,8 40 39,3 20,1 41,3 1941170 Viana do Alentejo 31 40,7 41 21 43,5 1941170 Fonte: (Reis e Gonçalves, 1

72 ESAB- Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Anexo 1 O - Mínima absoluta datemperatura do ar

Amareleja 7,2 7,8 -3,5 -4,4 Beja 6,2 7,4 -4,9 -4,9 Campo Maior -1,3 6,9 7,5 -5,6 -5,6 Castro Verde -2 4 2 -2,5 -8 Contenda 0,7 7,6 7,6 -3 -3,3 Elvas -3,2 6 6,4 -5,8 -7 -1,2 8,3 7,4 -4,5 -5

-3,5 4 -6,6 -7,1 1941/70 Mértola/V. Formoso -1,8 6,6 7,5 -4,3 -8,3 1941/70 Moura -0,8 9,7 8 -3 -4,6 1941163 Odemira/Flor do Brejo 1,5 8,8 8,4 -1 -1 1959/64 Portalqre -3 1,6 5,7 -7 -8 1941170

Santiago do Cacém 0,5 9,5 10 -1,2 -3 ,2 1941/70 Viana do Alentejo 6,5 2,5 -5 -7 1941170

Fonte: e Gonçalves, I 987)

Anexo 11 - Probabilidade de ocorrência de geada depois das datas indicadas (1951/1970)

01-Nov 11-Nov 21-Nov 27-Nov 22-Nov 20 31-0ut 20-Nov 03-Dez 16-Dez 22-Dez 10-Jan 03-Dez Maior 20 28-0ut 15-Nov 24-Nov 03-Dez 08-Dez 22-Dez 24-Nov Elvas 11 01-Nov 08-Dez Évora 20 07-Nov 08-Dez Mértola/V.Formoso 12 22-0ut 18-Nov

73 ESAB-F rancisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Anexo 12 - Probabilidade de ocorrência de geada antes dasdatas indicadas (195111970)

15-Abr 02-Fev 19-Fev 08-Mar 17-Mar 11-Abr 19-Fev 20 19-Abr 15-Fev 01-Mar 14-Mar 21-Mar 10-Abr 01-Mar 11 02-Abr 03-Mar 20 08-Abr 28-Jan

12 11-Mai 18-Mar

Viana do

Anexo 13 - Excerto de um quadro representativo dos valores médios de insolação

(horas)

Beja 178,4 325,8 247,6 150,8 2859,6 1956170 Campo Maior 215,9 354,6 278,4 160,6 3048,1 1941155 Elvas 202,8 346,3 269,7 154,3 3015,5 1941170 195 334,4 270,4 159,2 2967,5 1941/70 MértolaN. Formoso 187,4 323,3 264,8 151,5 2894,4 Odemira/Flor do Brejo 184,4 324,4 253 134,2 2862,7 1959/64 Portalegre 176,1 315,6 237,4 152,4 2757,3 1959170 Santiago do Cacém 195 340 277 166 2976,4 1946/58 Fonte: (Reis e

74 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Anexo 14 - Número médio de dias em que a velocidade do vento é igual ou superior a 36km/h

- . �I •• ! - I Amareleja o o o o 0,8 1963/70 Beja 2,6 0,6 0,7 3,7 22,1 1956170 Campo Maior 0,3 o o 0,2 1,3 1941/64 Castro Verde 1,2 0,4 0,3 1,7 9,9 1943/62 Contenda 1,6 0,3 0,1 0,9 7,5 1961/70

Elvas 0,3 0,1 o 0,2 3,1 1941170 Évora 2,6 1,2 0,9 3,1 23,6 1941170 Ev ora/Mitra 3,3 1,2 1,8 1,9 19,2 1941/56 Mértola/V. Formoso 1,6 0,9 0,3 0,8 10,7 1941170 Moura 4,8 1,7 1,2 3,9 35,5 1951/63

Odemira/Flor do Brejo 1 0,3 o 1 7,5 1959/64 Portalegre 3,5 1,2 1,7 4,1 31,2 1941170 Santiago do Cacém 2,7 1,3 0,9 2,4 22 1941170 Viana do Alentejo 1 0,2 0,2 0,8 5,8 1941170 Fonte: (RelS e Gonçalves, 1987)

Anexo 15 - Número médio de dias em que a velocidade do vento é igual ou superior a 55kmlh

Beja o o o 0,3 0,7 1956/70

Campo Maior o o o o o 1941/64

Castro Verde 0,2 o 0,1 0,5 1,2 1943/62

Contenda 1 o o o o 1961170

Elvas o o o o 0,2 1941170

0,1 o o 0,3 0,8 1941170 0,4 o 0,2 0,1 1,5 1941156 Mértola/V. Formoso 0,2 0,1 0,1 0,2 1,8 1941170

Moura 0,3 o o o 0,6 1951/63

Odemira/Flordo Brejo o 0,2 0,4 1959/64

Portalegre O, I 0,8 3,3 1

Santiago do Cacém o 0,2 1 1941170

Viana do Alentejo o 0,1 0,7 1941170 Fonte: (Reis e Gonçalves, 1987)

75 ESAB- Francisco José Costa de Oliveira Proj ecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Anexo 16 - Características agronómicas dos olivais do Alentej o

Anexo 17 -Percentagem das variedades representativas da DRAAL

Anexo 18 -Número de oliveiras de azeite, de mesa e total na DRAAL

76 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira Projecto - Olivicultura Alentejana sustentada no IGP

Anexo 19- Campanhas Oleícolas de 1999/00 a 2005/06

l000/2001 7.916.278 33.020.042

2001/lOOl 74 55.328.354 8.840.189 39.105.134 lOOl/2003 67 55.503.798 7.539.617 37.770.365 2003/2004 72 72.045.617 11.112.431 50.740.869 2004/2005 77 87.615.239 14.854.3 11 65.028.306 200512006 74 53.299.716 8.642.385 39.174.697

Média --- 63.429.927 9.995.602 42.653.474 Fonte: (DRAAL, 2007)

Anexo 20 - Quantificação da área de olival não abrangida por as três regiões DOP

77 ESAB - Francisco José Costa de Oliveira