Revolução dos Cravos Cronologia e Fatos marcantes pós 25 de abril de 1974 até 22 de abril de 1976 Revolução dos Cravos

Revolução dos Cravos é o nome dado ao golpe de Estado militar que derrubou, sem derramamento de sangue e sem grande resistência das forças leais ao governo, o regime ditatorial herdado de Oliveira Salazar e aos acontecimentos históricos, políticos e sociais que se lhe seguiram, até à aprovação da Constituição Portuguesa, em Abril de 1976.

O regime que vigorava em desde 1933 cedia, de um dia para o outro, à revolta das forças armadas, lideradas por jovens oficiais. O levantamento, usualmente conhecido pelos portugueses como 25 de Abril, foi conduzido em 1974 por oficiais intermédios da hierarquia militar (o MFA), na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra Colonial. Os oficiais de baixa patente, os oficiais milicianos. Estudantes recrutados, muitos deles universitários, vendo suas carreiras interrompidas, cedo aderiam.

É consensual ter trazido essa revolução, conduzida por esses jovens, a liberdade ao povo português, oprimido durante décadas.

Denomina-se "Dia da Liberdade" o feriado nacional instituído em Portugal para comemorar a revolução iniciada no dia 25 de Abril de 1974.

Na seqüência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, foi instaurada em Portugal uma ditadura militar, que culminaria na eleição presidencial de Óscar Carmona, em 1928. No mandato presidencial de Carmona, no que então se designou por "Ditadura Nacional", foi elaborada a Constituição de 1933, instituindo um novo regime autoritário de inspiração fascista, autodenominando-se . Oliveira Salazar passou a controlar o país através do partido único designado "União Nacional", não mais abandonando o poder até 1968, quando este lhe foi retirado por incapacidade, na seqüência de uma queda em que sofreu lesões cerebrais. Foi substituído por Marcelo Caetano, que dirigiu o país até ser deposto no dia 25 de Abril de 1974. A chamada Primavera Marcelista seria sinônimo de ditadura branda.

Sob o governo do Estado Novo, Portugal foi sempre considerado um país governado por uma ditadura, quer pela oposição, quer pelos observadores estrangeiros quer mesmo pelos próprios dirigentes do regime. Formalmente, existiam eleições, consideradas fraudulentas pela oposição, desrespeitadas pelo dever de imparcialidade.

O Estado Novo tinha a sua polícia política, a PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), versão renovada da ex-PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), mais tarde reconvertida na DGS (Direção-Geral de Segurança), que continuaria perseguindo os opositores do regime. Na visão histórica dos ideólogos do regime, o país teria de manter uma política de defesa das colônias, de manutenção do "Ultramar", numa época em que alguns países europeus iniciavam os seus processos de descolonização progressiva. Apesar de séria contestação nos fóruns mundiais, como na ONU, Portugal manteve a sua política de força, endurecendo-a a partir do início dos anos 1960, face ao alastramento dos ataques independentistas em , na Guiné e em Moçambique.

Economicamente, o regime manteve uma política de condicionamento industrial que protegia certos monopólios e certos grupos industriais e financeiros (a acusação de plutocracia é freqüente). O país permaneceu pobre até à década de 1960, sendo conseqüência disso um significativo acréscimo da emigração. É nesta década, contudo, que se notam sinais de desenvolvimento econômico.

A Guerra do Ultramar, um dos precedentes para a revolução. O mito do "orgulhosamente sós"

No início da década de setenta mantinha-se vivo o ideário salazarista. Continuavam os ideólogos do regime a alimentar o mito do «orgulhosamente sós», coisa que todos entendiam, num pais periférico e pequenino, marcado pelo isolamento rural: estar ali e ter-se orgulho nisso eram valores, algo merecedor de respeito. Mesmo em plena Primavera Marcelista, Marcelo Caetano, que sucedeu a Salazar no início da década (em 1970, ano da morte do ditador), não destoa. Sentindo o mesmo, age a seu modo, governa em isolamento, faz o que pode, mas um dia virá em que já nada pode fazer.

Qualquer tentativa de reforma política era impedida pela própria inércia do regime e pelo poder da sua polícia política (PIDE). Nos finais de década de 1960, o regime exilava-se, envelhecido, num ocidente de países em plena efervescência social e intelectual. Em Portugal cultivam-se outros ideais: defender o Império pela força das armas.

O contexto internacional era cada vez mais desfavorável ao regime salazarista/marcelista. No auge da Guerra Fria, as nações dos blocos capitalistas e comunistas começavam a apoiar e financiar as guerrilhas das colônias portuguesas, numa tentativa de atraí-las para a influência americana ou soviética. A intransigência do regime e mesmo o desejo de muitos colonos de continuarem sob o domínio português, atrasaram o processo de descolonização: no caso de Angola e Moçambique, um atraso forçado de quase 20 anos,

Portugal mantinha laços fortes e duradouros com as suas colônias africanas, quer como mercado para os produtos manufaturados portugueses quer como produtoras de matérias primas para a indústria portuguesa. Muitos portugueses viam a existência de um império colonial como necessária para o país ter poder e influência contínuos. Mas o peso da guerra, o contexto político e os interesses estratégicos de certas potências estrangeiras inviabilizariam essa idéia.

Apesar das constantes objeções em fóruns nacionais, como a ONU, Portugal mantinha as colônias, dizendo considerá-las parte integral de Portugal e defendendo-as militarmente. O problema surge com a ocupação unilateral e forçada dos enclaves portugueses de Goa, Damão e Diu, em 1961.

Em quase todas as colônias portuguesas africanas – Moçambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde – surgiam, entretanto movimentos independentistas, que acabariam por se manifestar sob a forma de guerrilhas armadas. Estas guerrilhas não foram facilmente contidas, conseguido controlar uma parte importante do território, apesar da presença de um grande número de tropas portuguesas que, mais tarde, seriam em parte significativas recrutadas nas próprias colônias.

Os vários conflitos forçavam Salazar e o seu sucessor Caetano a gastar uma grande parte do orçamento de Estado na administração colonial e nas despesas militares. A administração das colônias custava a Portugal um pesado aumento percentual anual no seu orçamento e tal contribuiu para o empobrecimento da economia portuguesa: o dinheiro era desviado de investimentos infra-estruturais na metrópole. Até 1960 o país continuou relativamente frágil em termos econômicos, o que aumentou a emigração para países em rápido crescimento e de escassa mão-de-obra da Europa Ocidental, como França ou Alemanha. O processo iniciava-se no fim da Segunda Guerra Mundial.

O estado do país

A economia cresceu bastante, em particular no início da década de 1950. Economicamente, o regime mantinha a sua política de Corporativismo, o que resultou na concentração da economia portuguesa nas mãos de uma elite de industriais. A informação circulava e a oposição bulia. A guerra colonial tornava-se tema forte de discussão e era assunto de eleição para as forças anti- regime. Portugal estava muito isolado do resto do Mundo. Muitos estudantes e opositores viam- se forçados a abandonar o país para escapar à guerra, à prisão e à tortura. Eis os temas que informavam a imprensa que de Portugal falava nos anos 1960.

Anos setenta

Em Fevereiro de 1974, Marcelo Caetano é forçado pela velha guarda do regime a destituir o general António de Spínola e os seus apoiantes. Tentava este, com idéias algo federalista, modificar o curso da política colonial portuguesa, que se revelava demasiado dispendiosa.

Conhecidas as divisões existentes no seio da elite do regime, o MFA decide levar adiante um golpe de estado. O movimento nasce secretamente em 1973. Nele estão envolvidos certos oficiais do exército que já conspiravam descontentes por motivos de carreira militar.

Preparação do golpe

Monumento em Grândola.

A primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em Bissau, em 21 de Agosto de 1973. Uma nova reunião, em 9 de Setembro de 1973 no Monte Sobral (Alcáçovas) dá origem ao Movimento das Forças Armadas. No dia 5 de Março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: Os Militares, as Forças Armadas e a Nação. Este documento é posto a circular clandestinamente. No dia 14 de Março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente, por estes se terem recusado a participar numa cerimônia de apoio ao regime. No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o fato do primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, Portugal e o Futuro, no qual, pela primeira vez uma alta patente advogava a necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colônias e não uma solução militar. No dia 24 de Março a última reunião clandestina decide o derrube do regime pela força.

Ver também: Oposição à ditadura portuguesa: ditadura militar (1926-1933) e Estado Novo (1933- 1974).

Movimentações militares durante a Revolução

No dia 24 de Abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instalou secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa.

Às 22h 55m é transmitida a canção "E depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por Luís Filipe Costa. Este foi um dos sinais previamente combinados pelos golpistas, que desencadeou a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado.

O segundo sinal foi dado às 0h20 m, quando foi transmitida a canção "Grândola, Vila Morena", de José Afonso, pelo programa Limite, da Rádio Renascença,, que confirmava o golpe e marcava o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão foi Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano. O golpe militar do dia 25 de Abril teve a colaboração de vários regimentos militares que desenvolveram uma ação concertada.

No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos de Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedra Rubras. Forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reagiu, e o ministro da Defesa ordenou a forças sediadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não foi obedecido, já que estas já tinham aderido ao golpe.

À Escola Prática de Cavalaria, que partiu de Santarém, coube o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria eram comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço foi ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia moveu, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontrava o chefe do governo, Marcello Caetano, que ao final do dia se rendeu, fazendo, contudo, a exigência de entregar o poder ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua". Marcello Caetano partiu, depois, para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil. A revolução resultou na morte de 4 pessoas, quando elementos da polícia política (PIDE) dispararam sobre um grupo que se manifestava à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa.

Cravo

O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Logo ao amanhecer começaram o povo a juntar-se nas ruas, solidário com os soldados revoltosos. Entretanto, (existem várias versões da mesma história) uma florista, que levava cravos para um hotel, terá dado um cravo a um soldado, que o colocou no cano da espingarda. Outros o imitaram, enfiando cravos vermelhos nos canos das suas armas.

Conseqüências

No dia seguinte, forma-se a Junta de Salvação Nacional, constituída por militares, e que procederá a um governo de transição. O essencial do programa do MFA é, amiúde, resumido no programa dos três D: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.

Entre as medidas imediatas da revolução contam-se a extinção da polícia política (PIDE/DGS) e da Censura. Os sindicatos livres e os partidos foram legalizados. Só a 26 foram libertados os presos políticos, da Prisão de Caxias e de Peniche. Os líderes políticos da oposição no exílio voltaram ao país nos dias seguintes. Passada uma semana, o 1.º de Maio foi celebrado legalmente nas ruas pela primeira vez em muitos anos. Em Lisboa reuniram-se cerca de um milhão de pessoas.

Portugal passou por um período conturbado que durou cerca de 2 anos, comumente referido como PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado pela luta e perseguição política entre as facções de esquerda e direita. Foram nacionalizadas as grandes empresas. Foram igualmente "saneadas" e muitas vezes forçadas ao exílio personalidades que se identificavam com o Estado Novo ou não partilhavam da mesma visão política que então se estabelecia para o país. No dia 25 de Abril de 1975 realizaram-se as primeiras eleições livres, para a Assembléia Constituinte, que foram ganhas pelo PS. Na seqüência dos trabalhos desta assembléia foi elaborada uma nova Constituição, de forte pendor socialista, e estabelecida uma democracia parlamentar de tipo ocidental. A constituição foi aprovada em 1976 pela maioria dos deputados, abstendo-se apenas o CDS.

Acabada a guerra colonial, durante o PREC, as colônias africanas e Timor-Leste tornaram-se independentes. O 25 de abril visto mais tarde

É preciso salvar Abril, pintura mural.

O 25 de abril de 1974 continua a dividir a sociedade portuguesa, sobretudo nos estratos mais velhos da população que viveu os acontecimentos, nas facções extremas do espectro político e nas pessoas politicamente mais empenhadas. A análise que se segue refere-se apenas às divisões entre estes estratos sociais.

Existem atualmente dois pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa em relação aos 25 de abril.

Quase todos reconhecem, de uma forma ou de outra, que o 25 de abril representou um grande salto no desenvolvimento político-social do país. Mas as pessoas mais à esquerda do espectro político tendem a pensar que o espírito inicial da revolução se perdeu. O PCP lamenta que a revolução não tenha ido mais longe e que muitas das conquistas da revolução se foram perdendo.

De uma forma geral, ambos os lados lamentam a forma como a descolonização foi feita, enquanto que as pessoas mais à direita lamentam as nacionalizações feitas no período imediato ao 25 de abril de 1974 que condicionaram sobremaneira o crescimento de uma economia já então fraca.

A Revolução dos Cravos teve uma influência determinante no futuro do Cinema Português, sobretudo ao dar-lhe a liberdade de expressão e a possibilidade de intervir no real, nos acontecimentos do dia a dia. A maior parte dos cineastas da época envolveu-se no "processo revolucionário em curso", registrando em película um volume considerável de informação histórica.

Televisão

De igual modo, a televisão tirou partido das novas liberdades, noticiando sem censura, registrando em filme, em entrevistas e documentários, momentos históricos, fazendo de um país em ebulição, retratos vivos.

A Revolução dos Cravos foi amplamente coberta, além da RTP, por várias televisões estrangeiras, logo após ter sido notícia de interesse internacional. As primeiras imagens do 25 de Abril foram divulgadas no estrangeiro na televisão alemã - ver "enquadramento histórico", Cravos de Abril, filme de Ricardo Costa (cineasta). As televisões que mais cobertura deu aos acontecimentos foram as cadeias alemãs (ARD e ZDF) e, no final do PREC, com o Verão Quente, a norte-americana CBS, com a qual Ricardo Costa também colaborou.

A televisão alemã, em particular a ARD, canal oficial, foi a que mais filmou, tendo reunido documentação muito completa dos principais eventos políticos e históricos da época. O correspondente estrangeiro então mais ativo nessa época quer em Lisboa quer em Madrid (onde foi instalado um estúdio), foi o alemão Horst Hano, que algum tempo depois daria larga cobertura à agonia do regime franquista. Uma grande parte da produção da ARD nessa época não consta em arquivo, o mesmo sucedendo com a CBS, o que leva a temer que a maior parte desse patrimônio se encontre perdido. Cronologia

Esta é uma cronologia da Revolução dos Cravos que, em 25 de Abril de 1974, pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal, abrindo caminho para a implementação de um governo democrático.

24 de Abril

No final do dia 24 de Abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instalou secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa. Entre eles estavam também o comandante Vítor Crespo, o major Sanches Osório, o major Garcia dos Santos e o major Hugo dos Santos.

22h55min

• É transmitida a canção ”E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, pelo jornalista João Paulo Diniz dos Emissores Associados de Lisboa. Este foi a primeira das senhas previamente combinadas pelos golpistas para sincronizar as operações.

25 de Abril

00h20min

• É dada a senha definitiva, quando foi transmitida a leitura gravada da primeira estrofe da canção "Grândola, Vila Morena" de José Afonso, no programa independente Limite transmitido através da Rádio Renascença. A senha definitiva confirma o início simultâneo das operações em todo o País e comanda o avanço das forças sobre os seus objetivos. Em seguida foram lidos dois poemas de Carlos Albino, jornalista do República e um dos responsáveis pelo programa, juntamente com Manuel Tomás, Leite de Vasconcelos e Marcel Almeida. A bobine original da Senha foi doada pelos seus executores à Fundação Mário Soares, onde se encontra.

00h30min

• Os militares do MFA ocupam a Escola Prática de Administração Militar.

01h00min

• É tomada a Escola Prática de Cavalaria de Santarém, ao mesmo tempo em que se inicia a movimentação de tropas em Estremoz, Figueira da Foz, Lamego, Lisboa, Mafra, Tomar, Vendas Novas, Viseu, e outros pontos do país.

03h00min

• As forças revoltosas, numa ação sincronizada, iniciam a ocupação dos pontos da capital considerados vitais para o sucesso da operação: o Aeroporto de Lisboa, o Rádio Clube Português, a Emissora Nacional, a RTP e a Rádio Marconi. Todos estes alvos serão ocupados sem resistência significativa.

• No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos Azeredo toma o Quartel General da Região Militar do Porto. Mais tarde estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. 03h30min

• Os militares do MFA iniciam o cerco ao Quartel-General da Região Militar de Lisboa, em São Sebastião da Pedreira.

04h00min

• Devido à falta de noticias sobre o controlo do Aeroporto de Lisboa, é adiada a transmissão do primeiro comunicado do Movimento, prevista para esta hora no RCP..

04h15min

• O regime reagiu, com o ministro da Defesa a ordenar a forças sediadas em Braga para avançarem sobre o Porto, com o objetivo de recuperar o Quartel-General, mas estas forças tinham aderido ao MFA e ignoraram as ordens.

04h20min

• As forças da Escola Prática de Infantaria de Mafra controlam o aeroporto de Lisboa que é encerrado. O tráfego aéreo é reencaminhado para Madrid e Las Palmas.

04h26min

• Leitura do primeiro comunicado do MFA, pela voz do jornalista Joaquim Furtado, aos microfones do Rádio Clube Português:

Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas. As Forças Armadas portuguesas apelam a todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal, para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas, no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os Portugueses, o que há que evitar a todo o custo. Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua ocorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração, que se deseja, sinceramente, desnecessária

• Após a leitura do comunicado, foi tocada A Portuguesa, prosseguindo a emissão com a passagem de marchas militares, entre as quais a marcha "A Life on the Ocean Waves" de Henry Russell (1812-1900), que haveria de ser adotada como hino do MFA.

• Às 04h 20m o Aeroporto Militar de Figo Maduro (Aeródromo de Transito nº. 1), adjacente ao Aeroporto de Lisboa, foi ocupado por um só homem, o capitão piloto-aviador Costa Martins. Controlado o AT1, com o "bluff" de que se encontrava cercado por uma Companhia da Escola Prática de Infantaria, o capitão Costa Martins dirigiu-se à torre de controlo do aeroporto de Lisboa, com o mesmo "bluff" e deu ordens de encerrar todo o trafego aéreo instruindo o ATC no sentido de divulgar um "NOTAM" que oficializou o encerramento da FIR de Lisboa e de todos os sobrevôos e ou operações aéreas civis em Portugal. Costa Martins seria mais tarde difamado e vilipendiado sendo a sua promoção suspensa e afastado da Força Aérea. Após um longo processo judicial que chegou ao Supremo Tribunal de Justiça o capitão Costa Martins foi reintegrado e promovido a coronel, o posto que teria se nunca tivesse sido afastado. 04h45min

• Leitura do segundo comunicado do MFA, na antena do RCP:

A todos os elementos das forças militarizadas e policiais o comando do Movimento das Forças Armadas aconselha a máxima prudência, a fim de serem evitados quaisquer reencontros perigosos. Não há intenção deliberada de fazer correr sangue desnecessário, mas tal acontecerá caso alguma provocação se venha a verificar. Apelamos, portanto, para que regressem imediatamente aos seus quartéis, aguardando as ordens que lhes serão dadas pelo M. F. A. Serão severamente responsabilizados todos os comandos que tentarem por qualquer forma conduzir os seus subordinados à luta com as Forças Armadas.

05h15min

• É lido o terceiro comunicado do MFA:

Para que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal, apelamos para o bom senso dos comandos das Forças Militarizadas no sentido de serem evitados confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo. Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua ocorrência aos hospitais a fim de prestar a sua eventual colaboração, que se deseja sinceramente desnecessária. A todos os elementos das Forças Militarizadas e policiais, o Comando do Movimento das Forças Armadas aconselha a máxima prudência, a fim de serem evitados quaisquer reencontros perigosos. Não há intenção deliberada de fazer correr sangue desnecessariamente, mas tal acontecerá caso alguma provocação se venha a verificar. Apelamos, portanto, para que regressem imediatamente aos seus quartéis, aguardando as ordens que lhes serão dadas pelo Movimento das Forças Armadas. Serão severamente responsabilizados todos os comandos que tentarem por qualquer forma conduzir os seus subordinados à luta com as Forças Armadas. Informa-se a população de que, no sentido de evitar todo e qualquer incidente ainda que involuntário, deverá recolher a suas casas, mantendo absoluta calma. A todos os elementos das forças militarizadas, nomeadamente às forças da G.N.R. e P.S.P. e ainda às Forças da Direção-Geral de Segurança e Legião Portuguesa, que abusivamente foram recrutadas, lembra-se o seu dever cívico de contribuírem para a manutenção da ordem pública, o que, na presente situação, só poderá ser alcançado se não for oposta qualquer reação às Forças Armadas. Tal reação nada teria de vantajoso, pois conduziria a um indesejável derramamento de sangue, que em nada contribuiria para a união de todos os portugueses. Embora estando crentes no bom senso e no civismo de todos os portugueses, no sentido de evitarem todo e qualquer reencontro armado, apelamos para que os médicos e o pessoal de enfermagem se apresentem em todos os hospitais para uma colaboração que fazemos votos seja desnecessária.

06h45min

• Quarto comunicado do MFA:

Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. Atenção elementos das forças militarizadas e policiais. Uma vez que as Forças Armadas decidiram tomar a seu cargo a presente situação, será considerado delito grave qualquer oposição das forças militarizadas e policiais às unidades militares que cercam a cidade de Lisboa. A não obediência a este aviso poderá provocar um inútil derramamento de sangue, cuja responsabilidade lhes será inteiramente atribuída. Deverão, por conseguinte, conservar-se dentro dos seus quartéis até receberem ordens do Movimento das Forças Armadas. “Os comandos das forças militarizadas e policiais serão severamente responsabilizados, caso incitem os seus subordinados à luta armada.»

07h30min

• Quinto comunicado do MFA:

Aqui posto de comando das Forças Armadas. Conforme tem sido transmitido, as Forças Armadas desencadearam, na madrugada de hoje, uma série de ações com vista à libertação do País do regime que há longo tempo o domina. Nos seus comunicados as F. A. têm apelado para a não intervenção das forças policiais, com o objetivo de se evitar derramamento de sangue. Embora este desejo se mantenha firme, não se hesitará em responder, decidida e implacavelmente, a qualquer oposição que se venha a manifestar. Consciente de que interpretam verdadeiros sentimentos da Nação, o M. F. A. prosseguirá na sua ação libertadora, e pede à população que se mantenha calma e que recolha às suas residências. Viva Portugal.

08h45min

• Sexto comunicado do MFA, desta vez aos microfones da Emissora Nacional.

As Forças Armadas iniciaram uma série de ações com vista à libertação do País do regime que há longo tempo o domina. Nos seus comunicados, as Forças Armadas têm apelado para a não intervenção das forças policiais, com o objetivo de se evitar derramamento de sangue. Embora este desejo se mantenha firme, não se hesitará em responder, decidida e implacavelmente, a qualquer oposição que venha a manifestar-se. Consciente de que interpretam os verdadeiros sentimentos da nação, o movimento das Forças Armadas prosseguirá na sua ação libertadora e pede à população que se mantenha calma e que recolha às suas residências. Viva Portugal!

16h00min

• Forças do CIOE controlam as instalações da RTP do Monte da Virgem e do RCP, no Porto. 1974 25 de ABRIL O MFA leva a cabo uma operação militar que põe termo ao Estado Novo. É constituída uma Junta de Salvação Nacional (JSN), presidida pelo general Spínola, que assume as atribuições dos órgãos fundamentais do Estado, entretanto destituídos. Um conjunto de diplomas legais exonera os principais dirigentes do regime, dissolve a Assembléia Nacional e o Conselho de Estado e extingue a Direção-Geral de Segurança (exceto nas colônias), a Legião Portuguesa, a Mocidade Portuguesa e a Ação Nacional Popular (ANP). De Bona, onde se encontrava a convite de Willy Brandt, Mário Soares parte para Paris, após ter sido informado pelo SPD de que em Portugal eclodira um movimento militar revolucionário. 26 de ABRIL É divulgado o programa do MFA. Realizam-se manifestações de apoio ao MFA em vários pontos do país. É decretada uma anistia para os crimes políticos e infrações disciplinares da mesma natureza. Libertação dos presos políticos de Caxias e Peniche. Em Paris, o Secretariado Político do PS no exterior emite um comunicado onde declara que "a tomada de posição das Forças Armadas Portuguesas, derrubando o Governo fascista e colonialista de Marcelo Caetano, representa um ato altamente positivo e patriótico, que vem abrir uma nova fase na vida nacional" e apela à "mais vasta unidade de todas as forças democráticas e de progresso". Solicita também a abertura imediata de negociações com os movimentos de libertação na "base do princípio do direito dos povos africanos à autodeterminação e independência". O comunicado é assinado por Mário Soares, Manuel Tito de Morais, Francisco Ramos da Costa, Jorge Campinos e Fernando Loureiro. 27 de ABRIL Reunião da JSN com representantes de movimentos políticos (MDP/CDE, SEDES e Convergência Monárquica) e diretores de órgãos de informação. Mário Soares, acompanhado por Tito de Morais, Ramos da Costa e outros dirigentes socialistas, bem como do seu amigo e companheiro de exílio Fernando Oneto, parte para Lisboa de comboio, no Sud Express. 28 de ABRIL Chega a Santa Apolônia, vindo do exílio, o líder do PS, Mário Soares. É o primeiro dirigente da Oposição a regressar. Saúda-o uma enorme manifestação de apoio. Depois de uma improvisada conferência de imprensa na sala de espera, apinhada de jornalistas, Raul Rêgo pede-lhe que o acompanhe ao edifício do EMGFA na Cova da Moura, onde o general Spínola o aguarda. O general solicita-lhe que use a sua influência internacional no sentido do reconhecimento do novo poder político português. Mário Soares torna-se, assim, o primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros da Revolução de Abril, antes mesmo de ser investido oficialmente no cargo, dezenove dias depois, quando da posse do l Governo Provisório. O Conselho Diretivo do PS emite um comunicado em que se enuncia, nomeadamente, os objetivo mais urgentes que o PS define para a Nação Portuguesa. 29 de ABRIL O general Costa Gomes é nomeado Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. São exonerados os reitores das Universidades, as direções das Escolas Superiores e Institutos Politécnicos. 30 de ABRIL É publicado o DL n.º 178/74, que prevê o saneamento dos quadros das Forças Armadas. Comunicado da JSN autorizando o regresso dos exilados políticos portugueses. Chega a Lisboa (Aeroporto da Portela), vindo do exílio, Álvaro Cunhal, líder do PCP. Espera-o uma grande manifestação que o saúda. Mário Soares está presente. Libertação dos presos políticos das colônias do campo de concentração do Tarrafal, Cabo Verde, e da cadeia de Machava, em Moçambique. Vários países reconhecem o novo regime, entre eles os EUA, Brasil, Espanha, França, RFA, África do Sul e Vaticano. 1 de MAIO Manifestação do 1.º de Maio em Lisboa. Outras grandes manifestações decorrem nas principais cidades do país. 2 de MAIO Em comunicado, os jornalistas dos vários órgãos de comunicação social recusam-se a aceitar qualquer censura interna. Mário Soares percorre as capitais dos países membros da CEE. O seu objetivo é explicar aos Chefes de Estado e de Governo europeus a importância das modificações ocorridas em Portugal. Nos dias seguintes, é recebido em Londres por Harold Wilson e James Callaghan, em Bona por Willy Brandt, em Roma por Pietro Nenni e no Vaticano pelo Cardeal Agostinho Casaroli. Encontra-se em Helsínquia com os quatro líderes da social-democracia escandinava: Olof Palme (Suécia), Kalevi Sorsa (Finlândia), Tygrevie Brateli (Noruega) e Anker Jorgensen (Dinamarca). Em Bruxelas tem um primeiro encontro secreto com o presidente do MPLA, Agostinho Neto. 4 de MAIO É publicada uma nota pastoral da Conferência Episcopal a propósito dos acontecimentos do dia 25 de Abril. Defende o pluralismo e a não participação dos padres em partidos políticos. Militantes do MRPP impedem, pela primeira vez, um embarque de tropas para as colônias. Palavra de ordem: "Nem mais um soldado para as colônias!". 7 de MAIO Constitui-se formalmente o Partido Popular Democrático (PPD). 9 de MAIO A ONU faz um apelo à JSN para que entre em negociações imediatas com os movimentos de libertação africanos. 10 de MAIO Novo apelo da ONU à JSN para que esta faça uma "declaração categórica de aceitação de independência das Colônias". É fundado o Movimento de Esquerda Socialista (MES). Num comunicado público, a Causa Monárquica manifesta a decisão de continuar "como associação de estudo, cultura e doutrina monárquica, à margem de qualquer atividade partidária". 11 de MAIO Com a presença de 56 sindicatos, reúne-se a Intersindical Nacional, que aprova dois documentos: "Para uma estratégia do movimento sindical no panorama atual" e "Reestruturação e organização sindical". 12 de MAIO Almeida Santos publica na revista Tempo um artigo intitulado "Carta aberta aos Moçambicanos", em que faz apelo à JSN para que reconheça o direito à autodeterminação dos povos das colônias. 13 de MAIO D. António Ribeiro, Cardeal Patriarca de Lisboa, discursando em Fátima, preconiza a "renovação dos homens e das instituições". Libertação dos presos políticos do Campo de S. Nicolau, em Angola. 14 de MAIO Promulgação da Lei 2/74, que extingue a Assembléia Nacional e a Câmara Corporativa. É extinta a Companhia Móvel da PSP conhecida por Polícia de Choque. 15 de MAIO É publicado o DL n.º 203/74, que estabelece o programa e orgânica do I Governo Provisório. O general António de Spínola assume as funções de Presidente da República. 16 de MAIO Tomada de posse do I Governo Provisório, presidido por Adelino da Palma Carlos. Álvaro Cunhal, Mário Soares, Sá Carneiro e Pereira de Moura assumem as funções de ministros sem pasta. 17 de MAIO Mário Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros, encontra-se em Dakar com Aristides Pereira, secretário-geral do PAIGC, para negociar o cessar-fogo na Guiné. As negociações serão retomadas no dia 25 de Maio, em Londres. O Avante! Órgão oficial do PCP publica o seu primeiro número na legalidade. 18 de MAIO O PS vem a público defender a realização de eleições municipais em Outubro. O PPD manifesta publicamente o apoio a esta sugestão. 19 de MAIO No seguimento de um vasto movimento popular de ocupação de casas, a JSN decide legalizar as ocupações verificadas e proíbe novas ocupações. 20 de MAIO A partida furtiva de Américo Tomás e Marcelo Caetano para o Brasil desencadeia forte reação, por ter sido preparada por António de Spínola sem conhecimento das estruturas do MFA. O Governo, recém-empossado, também não fora posto ao corrente. 22 de MAIO O PS anuncia a integração nas suas fileiras de um numeroso grupo de católicos progressistas e de outros socialistas, entre os quais Manuel Serra, líder do Movimento Socialista Popular. 23 de MAIO Face ao alastramento do movimento grevista, que se estende a todo o país, a Intersindical divulga um comunicado em que chama a atenção para as greves inoportunas "encorajadas pela reação". Constitui-se formalmente o Partido Popular Monárquico (PPM). 24 de MAIO Realiza-se, no Coliseu dos Recreios, o primeiro grande comício de organizações de extrema- esquerda: estão presentes o PRP, a Liga Comunista Internacional (LCI), a União Revolucionária Marxista-Leninista (URML) e os Comitês de Base Socialista (CBS). 25 de MAIO Prosseguem, em Londres, as conversações entre a delegação do PAIGC, chefiada por Pedro Pires, e a delegação portuguesa, presidida por Mário Soares. Comício do PCP no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, onde se afirma que "a onda generalizada de greves serve o fascismo" e se acusam grupos de esquerdistas irresponsáveis de fazerem o jogo da reação. Manifestação anticolonial de extrema-esquerda, exigindo a libertação do capitão cubano Peralta, é reprimida pelas Forças Armadas e policiais. 29 de MAIO António de Spínola inicia no Porto uma série de visitas às principais cidades do país. Afirma em discurso que "as idéias democráticas e de liberdade estão sendo criminosamente minadas por forças que visam à destruição e a anarquia". 31 de MAIO É criado o Conselho de Estado, composto por 21 elementos, sete da JSN, sete do MFA, e sete cidadãos de reconhecido mérito designados por António de Spínola. É criada a Juventude Socialista (JS). Ao longo do mês foram regressando ao país conhecidos exilados políticos: Piteira Santos, , Rui Luís Gomes, Adolfo Ayala, José Augusto Seabra, Miguel Urbano Rodrigues, Emídio Guerreiro entre muitos outros. Vaga grevista ao longo de todo o mês, centrada em reivindicações salariais, melhores condições de trabalho, controlo dos despedimentos, saneamento, etc. 1 de JUNHO Manifestação da Intersindical, com o apoio do PCP, contra a onda grevista. É nomeada uma comissão para elaborar legislação sobre a greve. 4 de JUNHO No Funchal circula um comunicado anônimo que apela à autonomia da Madeira. O Sindicato dos Operários da Construção Civil decide por unanimidade não se filiar na Intersindical por "esta não se mostrar interessada em reconhecer a comissão eleita pelos trabalhadores, dando mostras de partidarismo". 6 de JUNHO Em Lusaka ocorre o primeiro encontro entre representantes portugueses e a FRELIMO. 7 de JUNHO Saldanha Sanches, dirigente do MRPP, é preso por ter publicado no jornal do seu partido um artigo incitando os soldados à deserção armada. 8 de JUNHO Plenário do MFA na Manutenção Militar. Decide-se: a graduação de Otelo Saraiva Carvalho em brigadeiro e recusar graduações a quaisquer outros militares. 9 de JUNHO São estabelecidas as relações diplomáticas de Portugal com a União Soviética e com a Jugoslávia. 11 de JUNHO Silvério Marques é nomeado Governador-Geral de Angola. Henrique Soares de Melo é nomeado Governador-Geral de Moçambique. 12 de JUNHO Início da greve de fome de ex-agentes da PIDE, detidos na Cadeia Penitenciária de Lisboa. 14 de JUNHO Realiza-se o primeiro encontro de Argel entre o PAIGC e uma delegação portuguesa. 16 de JUNHO A OUA recomenda aos seus membros o "isolamento" de Portugal até a solução dos principais problemas das colônias. 17 de JUNHO Apesar do apelo do Governo, entram em greve trinta e cinco mil trabalhadores dos CTT. É a primeira confrontação sindical entre o PCP, que critica a greve, e o PS, que apóia. 18 de JUNHO Mário Soares participa em Otava na conferência ministerial da NATO. 19 de JUNHO Encontro de António de Spínola com Richard Nixon nos Açores acompanhados de Sá Carneiro e de Diogo Neto. 21 de JUNHO O Movimento Nacional Pró-Divórcio realiza o seu primeiro comício em Lisboa, no Pavilhão dos Desportos. 22 de JUNHO Tem início o movimento para a criação dos sindicatos de assalariados agrícolas do Sul. 25 de JUNHO É publicado o DL n.º 281/74 sobre liberdade de imprensa. A censura prévia é abolida, mas são criados instrumentos militares de controle. Entrevista de Palma Carlos ao Diário de Notícias: "As maiorias silenciosas têm de sair do seu comodismo ou do seu temor e de se pronunciarem abertamente" 3 de JULHO Comício do PS no Porto, no Pavilhão dos Desportos, em que está presente François Mitterrand. 4 de JULHO O PS emite um comunicado em que afirma "opor-se a toda e qualquer tentativa de institucionalizar uma frente única orgânica das forças democráticas, ainda que aparentemente suprapartidária". Inicia-se, assim, o desacordo com o PCP a propósito do MDP/CDE. 8 de JULHO O Conselho dos CEMFA cria o Comando Operacional do Continente (COPCON). 9 de JULHO Uma manifestação organizada para pedir a libertação dos dois oficiais presos na seqüência da recusa de intervenção no caso da greve dos carteiros, é proibida pelas autoridades. Os manifestantes recusam-se a obedecer e desfilam até ao Marquês de Pombal. 13 de JULHO Otelo Saraiva de Carvalho toma posse de comandante-adjunto do COPCON e de comandante da Região Militar de Lisboa. O seu discurso entra em choque direto com o do general Jaime Silvério Marques. 18 de JULHO Tomada de posse do II Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves. 19 de JULHO Silvério Marques é afastado do cargo de Governador-Geral de Angola, devido à forte contestação das estruturas do MFA local. Forma-se o Partido do Centro Democrático Social (CDS). O Movimento Pró-Divórcio manifesta-se junto à Nunciatura Apostólica, exigindo a revisão imediata da Concordata. 22 de JULHO No seguimento de vários incidentes graves em Angola, a JSN resolve criar uma Junta Governativa. Rosa Coutinho irá chefiá-la, acumulando o cargo com o de Comandante-Chefe das Forças Armadas. 24 de JULHO Publicada a Lei n.º 6/74 que estabelece um regime transitório para Angola e Moçambique, criando as Juntas Governativas. O Governador de Moçambique, Soares de Melo, demite-se. O PDC realiza um comício no Teatro Monumental, em Lisboa. 25 de JULHO Manifestação-Comício no Estádio 1.º de Maio de apoio ao Governo Provisório e ao MFA. Organizada pelas forças políticas participantes na coligação governamental (PS, PPD, PCP), reúne cerca de cem mil pessoas. 27 de JULHO António de Spínola reconhece o direito à independência das colônias, após três meses de silêncio sobre essa matéria. 28 de JULHO O MPLA e a FNLA concordam em constituir uma frente comum para negociar com Portugal a Independência de Angola. Em Moçambique é estabelecido o cessar-fogo com a FRELIMO. 29 de JULHO Pires Veloso é nomeado Governador-Geral de S. Tomé e Príncipe. 30 de JULHO Entra no 2.º Tribunal Militar Territorial de Lisboa o processo contra os agentes da PIDE que assassinaram o general Humberto Delgado. 2 de AGOSTO A Comissão de Extinção da PIDE/DGS e Legião Portuguesa revelam à imprensa o número de agentes e informadores daquelas instituições. DGS: 2162 funcionários, 20000 informadores; Legião Portuguesa: 8000 legionários com mais de 600 informadores. 5 de AGOSTO O semanário Luta Popular, órgão oficial do MRPP, é suspenso pela JSN, acusado de agressão ideológica ao MFA. Uma manifestação promovida por aquele partido é reprimida pelas forças militares. 6 de AGOSTO Toma posse o novo governador de Cabo Verde, capitão-de-fragata Henrique da Silva Horta 14 de AGOSTO Manifestação anti-colonial em Lisboa. Um morto e vários feridos devido à repressão da Polícia Militar e das forças da PSP. 15 de AGOSTO Iniciam-se em Dar-es-Salam contactos entre uma delegação portuguesa, chefiada por Melo Antunes, e a FRELIMO. 20 de AGOSTO O primeiro comício do CDS tem lugar em Vila Nova de Famalicão. 26 de AGOSTO Assinatura em Argel do acordo entre Portugal e o PAIGC, com vista à independência da Guiné- Bissau e Cabo Verde. 27 de AGOSTO Promulgação da chamada "lei da greve" que regula o exercício do direito à greve e ao lock-out. 28 de AGOSTO Catorze membros do MRPP são presos enquanto colavam cartazes. 29 de AGOSTO É assinado pelo Presidente da República o Acordo de Argel, com vista à independência da Guiné e de Cabo Verde. 30 de AGOSTO São constituídos e legalizados os primeiros sindicatos de trabalhadores agrícolas. No Alentejo, alguns agrários reagem com o abandono de terras e a destruição de culturas. 1 de SETEMBRO O Governo da Indonésia afirma, em declarações à imprensa, que "não tem pretensões sobre o território de Timor sob administração portuguesa". 2 de SETEMBRO Em comunicado, o PS considera que a lei da greve é merecedora de graves críticas por limitar a luta dos trabalhadores. 3 de SETEMBRO Encontro em Brazzaville dos dirigentes das três facções do MPLA: Agostinho Neto, Joaquim Pinto de Andrade e Daniel Chipenda. Firma-se um acordo pelo qual Agostinho Neto é reconhecido como Presidente. 7 de SETEMBRO É assinado o acordo de Lusaka, com vista à independência de Moçambique. 10 de SETEMBRO O Governo Português reconhece a Guiné-Bissau como país independente. No seu discurso, António de Spínola faz novamente apelo à "Maioria Silenciosa". 11 de SETEMBRO Uma vez informado da criação da comissão organizadora da manifestação da "Maioria Silenciosa", o general Spínola faz um segundo apelo na televisão para que "a maioria silenciosa do povo português reaja contra o comunismo". 13 de SETEMBRO São publicados diplomas pelos quais se procede respectivamente à nacionalização dos Bancos Emissores: Banco de Angola, do Banco Nacional Ultramarino e do Banco de Portugal. Em conferência de imprensa, Mário Soares declara que vão ser estabelecidas relações diplomáticas com todos os países africanos e asiáticos. O PL começa a enviar circulares convocando para a "Manifestação Nacional" de 28 de Setembro. Também o PNP promove a reorganização de ex-legionários "para recomeçar a luta interrompida em 25 de Abril". 18 de SETEMBRO Na madrugada de 18 para 19 são colados cartazes nas principais artérias de Lisboa, convidando para uma manifestação de apoio ao Presidente da República. 19 de SETEMBRO Mário Soares reivindica junto de MacNamara, Presidente do Banco Mundial, o apoio efetivo daquele banco ao desenvolvimento econômico português. 20 de SETEMBRO Tomada de posse do Governo de transição de Moçambique, presidido por Joaquim Chissano. Vítor Crespo é nomeado Alto-Comissário para Moçambique. 21 de SETEMBRO Tomada de posse do novo Governador de Cabo Verde, Duarte da Fonseca, em substituição de Silva Horta. 22 de SETEMBRO Criado o Conselho dos Vinte como Conselho Superior do MFA. Nele terão assento militares pertencentes à Comissão Coordenadora, à JSN e ao Governo. Mário Soares discursa perante a Assembléia Geral da ONU. 23 de SETEMBRO Mário Soares encontra-se em Washington com o Secretário de Estado Americano Henry Kissinger. 24 de SETEMBRO Portugal e a União Indiana restabelecem relações diplomáticas 25 de SETEMBRO É anunciada para o dia 28 a realização de uma manifestação da "Maioria Silenciosa" de apoio ao Presidente da República. 27 de SETEMBRO O Presidente da República, António de Spínola, entra em confronto com a Comissão Coordenadora do MFA, Vasco Gonçalves e Otelo Saraiva de Carvalho, e manda encerrar diversas rádios. Os partidos de esquerda tomam posição contra a manifestação da "Maioria Silenciosa". 28 de SETEMBRO É distribuído um comunicado da Presidência da República, em que se declara ser inconveniente a realização da manifestação da "Maioria Silenciosa". São, entretanto detidos pelas forças do COPCON numerosos elementos afetos ao anterior regime. 29 de SETEMBRO A Comissão Coordenadora do MFA informa o Presidente da República que retira o mandato aos generais Diogo Neto, Galvão de Melo e Jaime Silvério Marques. Reunião do Conselho de Estado com o Presidente da República. A proposta de António de Spínola de declarar o estado de sítio não é aceite. São erguidas barricadas nas principais estradas do país. 30 de SETEMBRO António de Spínola renuncia ao cargo de Presidente da República. Nomeação de Costa Gomes para a Presidência da República. Acumula estas funções com as de CEMGFA. 1 de OUTUBRO Tomada de posse do III Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves. São afastados do elenco governativo Firmino Miguel e Sanches Osório. 2 de OUTUBRO É libertado Saldanha Sanches, líder do MRPP. 11 de OUTUBRO Comício do PS no Pavilhão dos Desportos em Lisboa. Mário Soares declara: "É necessário ganhar a classe média, a pequena burguesia, os pequenos comerciantes e os pequenos proprietários, porque também são povo e estão com a democracia". 14 de OUTUBRO Começo da operação Komodo, plano indonésio de anexação de Timor-Leste. 17 de OUTUBRO Pela primeira vez, um Presidente da República Portuguesa, Costa Gomes, discursa perante a Assembléia Geral da ONU. 18 de OUTUBRO Em Washington, Costa Gomes e Mário Soares estabelecem contactos com vista à obtenção de ajuda econômica a Portugal. Encontram-se com Henry Kissinger e Gerald Ford. 20 de OUTUBRO O PCP, no VII Congresso (Extraordinário), o primeiro realizado em Lisboa desde 1932, faz algumas alterações ao seu programa, dele retirando a expressão "ditadura do proletariado". 22 de OUTUBRO Como resultado do primeiro encontro formal entre as delegações portuguesa e do MPLA (21 de Outubro), este movimento difunde um comunicado em que anuncia o fim da luta armada. 23 de OUTUBRO Na imprensa surge o anúncio do início das Campanhas de Dinamização Cultural. 25 de OUTUBRO O PPD realiza o seu primeiro grande comício no Pavilhão dos Desportos em Lisboa. 31 de OUTUBRO Visitam Lisboa, a convite do PS, Willy Brandt, Olof Palme, bem como os secretários-gerais do PS e da Juventude Socialista do Chile. No seguimento dos acontecimentos do dia 28 de Setembro, começa a organizar-se o Movimento Democrático para a Libertação de Portugal (MDLP). Spínola encontra-se com Alpoim Calvão em Massamá, para a preparação de um golpe de Estado. 2 de NOVEMBRO O MDP/CDE transforma-se em partido político. 4 de NOVEMBRO Grupos de militantes de extrema-esquerda tentam impedir a realização de um comício do CDS em Lisboa. O PPD, o PS e o PCP condenam os acontecimentos. 7 de NOVEMBRO São publicados os diplomas que garantem a todos os cidadãos maiores de 18 anos o livre exercício do direito de associação e regulamentam a constituição e atividade dos partidos políticos. 13 de NOVEMBRO Tomam posse os governadores de , Garcia Leandro, e de Timor, Lemos Pires. 15 de NOVEMBRO São publicados os DL n.º 621 A/74, 621 B/74 e 621 C/74, que no seu conjunto ficaram conhecidos como lei eleitoral. 21 de NOVEMBRO O DL n.º 647/74 reintegra, postumamente, no seu posto o General de Força Aérea Humberto da Silva Delgado 23 de NOVEMBRO I Congresso do PPD em Lisboa. Consagrada a liderança de Francisco Sá Carneiro. 26 de NOVEMBRO Assinatura, em Argel, de um acordo entre o Governo Português e o Movimento para a Libertação de São Tomé e Príncipe. 27 de NOVEMBRO Tem início o I Congresso do MES. 4 de DEZEMBRO O Governo institui o pagamento do chamado 13.º mês (subsídio de Natal) aos pensionistas do Estado. 5 de DEZEMBRO Inauguração da Barragem de Cahora Bassa, em Moçambique, uma das obras mais propagandeadas pelo regime deposto. DL n.º 695/74. Confere às entidades patronais o direito de se constituírem em associações patronais para a defesa e promoção dos seus interesses. 9 de DEZEMBRO Início do Recenseamento Eleitoral. 3-15 de DEZEMBRO I Congresso do PS na legalidade, realizado em Lisboa. A linha de Soares sai vitoriosa. Alguns militantes considerados mais à esquerda, entre eles Manuel Serra, abandonam o partido. 16 de DEZEMBRO Fundação da União Democrática Popular (UDP). 18 de DEZEMBRO Em Angola, o MPLA e a UNITA assinam acordo. 31 de DEZEMBRO Criação da Comissão Nacional de Descolonização. 1975 2 de JANEIRO O Conselho Superior do MFA pronuncia-se, por unanimidade, a favor da unicidade sindical. 3 de JANEIRO Carlos Carvalhas, secretário de Estado, pronuncia-se a favor da unicidade sindical. 6 de JANEIRO Portugal reconhece o Governo Popular da China e corta relações com a Formosa (República da China). 7 de JANEIRO Salgado Zenha assina um artigo no Diário de Notícias intitulado "Unidade Sindical ou Medo da Liberdade?", em que considera inconstitucional a unicidade sindical. 9 de JANEIRO Criação da Frente Socialista Popular (FSP), chefiada por Manuel Serra. 10 de JANEIRO Inicia-se no Alvor a cimeira para discussão da independência de Angola (que termina a 15 de Janeiro). Representantes portugueses e dos três movimentos nacionalistas angolanos (FNLA, MPLA, UNITA) acordam na constituição de um Governo de Transição, chefiado por um Alto Comissário português até 11 de Novembro, data prevista para a independência. 14 de JANEIRO Manifestação promovida pela Intersindical, PCP, MDP/CDE e diversos agrupamentos de esquerda a favor da unicidade sindical. 16 de JANEIRO Comício do PS, no Pavilhão dos Desportos, contra a unicidade sindical, durante o qual o PCP é acusado de querer impor o seu domínio sobre o movimento sindical e suprimir as liberdades públicas. 20 de JANEIRO UDT e FRETILIN formam uma coligação para negociar com Portugal a independência de Timor. 21 de JANEIRO O III Governo Provisório aprova o diploma que consagra a unicidade sindical. O Conselho dos 20 reafirma solenemente a sua promessa de realização de eleições para a Assembléia Constituinte em Abril. 22 de JANEIRO I Congresso do CDS, no Porto. Os congressistas e convidados estrangeiros são cercados por manifestantes de esquerda. 31 de JANEIRO O Conselho Superior do MFA proíbe manifestações convocadas pelo PCP e PS sobre a questão da unicidade sindical, para evitar confrontos partidários. 1 de FEVEREIRO Legalização do Partido Socialista com 6820 assinaturas. 12 de FEVEREIRO Marcada a data das eleições dos deputados à Assembléia Constituinte. 13 de FEVEREIRO Portugal e o Vaticano assinam o Protocolo Adicional à Concordata (datada de 7 de Maio de 1940), que reconhece o direito dos católicos ao divórcio. O principal responsável pelas negociações é Salgado Zenha. 15 de FEVEREIRO Realiza-se em Lisboa o I Congresso da JS. 20 de FEVEREIRO Realiza-se a primeira reunião do MFA com os partidos políticos legalizados (PCP, PPD, PS, MDP/CDE e CDS), com vista à elaboração de uma plataforma de acordo constitucional (Pacto MFA-Partidos). 21 de FEVEREIRO É divulgado o Programa de Política Econômica e Social, aprovado em Conselho de Ministros, que ficou conhecido por "Plano Melo Antunes". 26 de FEVEREIRO É promulgada a nova Lei de Imprensa. 8 de MARÇO Graves incidentes num comício do PPD em Setúbal. 9 de MARÇO Por todo o país circulam boatos de que o PCP, aliado a outras forças de esquerda e de extrema- esquerda, prepara uma "matança da Páscoa". I Congresso da UDP, no Montijo. São aprovados os estatutos e eleita a Comissão Central. 11 de MARÇO Tentativa gorada de um golpe de Estado, com assalto ao RAL 1, assalto ao emissor do RCP no Porto Alto e sublevação na GNR. Spínola foge de helicóptero para Espanha. Durante a noite realiza-se, em Lisboa, uma Assembléia Extraordinária do MFA, onde se decide a institucionalização do Movimento, a constituição do Conselho da Revolução e a adoção de algumas medidas políticas, entre elas as nacionalizações e a Reforma Agrária; a Assembléia reafirma a intenção de realizar eleições para uma Assembléia Constituinte. 14 de MARÇO Lei 5/75 extingue a JSN e o Conselho de Estado e institui o Conselho da Revolução e a Assembléia do MFA. Decretam-se as nacionalizações da banca e dos seguros. 17 de MARÇO Definição da composição do Conselho da Revolução. É suspensa a atividade política do PDC, do MRPP e da AOC. 19 de MARÇO Por decisão do Conselho da Revolução são adiadas para 25 de Abril as eleições para a Assembléia Constituinte. 21 de MARÇO São estabelecidas medidas para o saneamento dos quadros das Forças Armadas e é decretada a expulsão dos militares implicados no "golpe contra-revolucionário" do 11 de Março, fugidos do país. 23 de MARÇO O Comandante da Região Militar Norte denuncia a atividade do Exército de Libertação Português (ELP), sediado em Espanha. 26 de MARÇO Tomada de posse do IV Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves e composto por elementos do PS, PPD, PCP, MDP/CDE, ex-MES, militares e independentes. 31 de MARÇO Ocorrem as primeiras ocupações de terras no Alentejo e em algumas zonas do Ribatejo. 2 de ABRIL Início da campanha eleitoral para a Assembléia Constituinte, à qual concorrem 14 partidos e organizações políticas. 7 de ABRIL Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, o Cardeal Patriarca de Lisboa afirma que "O Governo não controla o país". Costa Gomes preside à 1ª reunião da nova Assembléia do MFA, onde se reafirma a "via socialista". 11 de ABRIL Assinatura da Plataforma de Acordo Constitucional do MFA com os principais partidos políticos. PS, PPD, PCP, CDS, MDP/CDE e FSP subscrevem o acordo. 16 de ABRIL Nacionalização da Siderurgia Nacional e das várias sociedades exploradoras do serviço público de produção, transporte e distribuição de energia elétrica. 17 de ABRIL A emissão portuguesa da Rádio Vaticano apela aos católicos para não votarem em partidos marxistas. 24 de ABRIL A JOC responde à Rádio Vaticano: os cristãos devem comprometer-se em organizações revolucionárias. 25 de ABRIL Realizam-se as eleições para a Assembléia Constituinte, as primeiras eleições livres dos últimos 50 anos. Com uma participação eleitoral excepcional e sem incidentes de maior, estas eleições dão ao PS-38%; PPD-26,5%; PCP-12,5%; CDS-7,6%; UDP-0,79% e MDP-4, l2%. 1 de MAIO Incidentes nas comemorações do Dia do Trabalhador, em Lisboa. No Estádio 1.º de Maio, Mário Soares e outros dirigentes socialistas são impedidos de entrar na tribuna. 14 de MAIO Nacionalizados os sectores dos cimentos, celulose e tabacos. 19 de MAIO Início da crise no jornal República entre trabalhadores e a direção, encabeçada por Raul Rêgo. O PS reage violentamente. Mário Soares encabeça uma manifestação de protesto junto à sede do jornal, acusa o PCP de estar por detrás dos acontecimentos. 20 de MAIO Os militares fazem evacuar o local do jornal e selam-no. Mário Soares denuncia a ilegalidade do fecho do jornal e ameaça abandonar o Governo do general Vasco Gonçalves, assim como os ministros do PS. Regressam a 30 de Maio, após conversações com o Conselho da Revolução. 27 de MAIO Ocupação dos estúdios da Rádio Renascença e do emissor da Buraca por elementos de extrema-esquerda. 29 de MAIO Impedidos de entrar nas instalações, os jornalistas e outros trabalhadores iniciam a publicação do Jornal do Caso República. Junho: Durante o mês de Junho prosseguiu a política de nacionalizações, abrangendo o Metropolitano de Lisboa, a Empresa Geral de Transportes e 54 empresas de transportes de passageiros e mercadorias. 2 de JUNHO Abertura solene da Assembléia Constituinte, composta por 250 deputados. O socialista Henrique de Barros é eleito seu presidente. 7 de JUNHO Álvaro Cunhal declara em entrevista ao jornal italiano Europeu: "Asseguro-lhe que em Portugal não haverá qualquer Parlamento." 13 de JUNHO Reunião em Lisboa da Comissão de Descolonização da ONU (Comitê dos Vinte e Quatro). Costa Gomes inicia uma viagem oficial à Romênia. 16 de JUNHO Em Angola prosseguem os combates entre o MPLA e a FNLA, enquanto se intensifica o afluxo de retornados para Portugal. 18 de JUNHO Manifestação e contramanifestação junto ao Patriarcado, devido à situação na Rádio Renascença. 19 de JUNHO Conselho da Revolução aprova o "Plano de Ação Política" (PAP), também chamado II Programa do MFA.

21 de JUNHO Manifestação do PS a favor do PAP. 25 de JUNHO Independência de Moçambique. Samora Machel toma posse como Presidente da República Popular de Moçambique. 29 de JUNHO Fuga de 88 agentes da PIDE da prisão de Alcoentre. 5 de JULHO Independência de Cabo Verde. 8 de JULHO A Assembléia do MFA aprova o "Documento-Guia" da Aliança Povo-MFA, que suscita protestos veementes por parte do PS, PPD e CDS. 10 de JULHO Partidos e outros grupos de esquerda organizam uma manifestação de apoio ao "Documento- Guia". São recebidos por Costa Gomes e Vasco Gonçalves, que discursam. São visíveis as diferenças de conteúdo dos dois discursos. O jornal República reaparece sob a orientação de uma "Comissão Coordenadora de Trabalhadores". Perante estes acontecimentos, os ministros do PS abandonam o IV Governo Provisório. Uma semana mais tarde, os ministros do PPD tomam idêntica atitude. 12 de JULHO Independência de S. Tomé e Príncipe. O Conselho da Revolução emite um comunicado no qual critica a saída do Governo dos ministros socialistas. 13 de JULHO Destruição das sedes do PCP e da FSP em Rio Maior. É o início de uma série de ações violentas contra pessoas e organizações de esquerda e extrema-esquerda. 15 de JULHO O PS promove manifestação de apoio aos seus representantes que abandonam o Governo. 16 de JULHO Manifestações em Lisboa e no Porto, organizadas por Comissões de Trabalhadores. Entre outras reivindicações, pedem a dissolução da Assembléia Constituinte. 17 de JULHO O PPD abandona o Governo assim como os ministros independentes Silva Lopes e Almeida Santos. 18-19 de JULHO O PS convoca dois comícios (Antas e Fonte Luminosa). Mário Soares exige a demissão de Vasco Gonçalves e ameaça que "o PS pode paralisar o país". 22 de JULHO É decretado novo cessar-fogo em Angola. 25 de JULHO Na Assembléia do MFA Vasco Lourenço opõe-se a Vasco Gonçalves e critica a ação da 5ª Divisão do EMGFA. Na mesma Assembléia é criado um Diretório, que concentra o poder político e militar em Costa Gomes (Presidente da República), Vasco Gonçalves (Primeiro-Ministro) e Otelo Saraiva de Carvalho (comandante do COPCON). São assaltadas no Norte do país várias sedes do PCP. 27 de JULHO Termina o Congresso da Intersindical. Vasco Gonçalves discursa na sessão de encerramento defendendo a aliança Povo-MFA. 31 de JULHO Intensifica-se a ponte aérea que, a partir de Angola e de outras ex-colônias, fará afluir a Portugal milhares de retornados. 2 de AGOSTO É criado na reunião da Internacional Socialista, em Estocolmo, o Comitê Internacional de Apoio ao Socialismo Democrático em Portugal. 7 de AGOSTO Nove membros do Conselho da Revolução, entre os quais Melo Antunes, entregam à Costa Gomes um documento em que recusam, quer a via totalitária, quer a via social-democrata ("Documento dos Nove"). O Diretório do MFA condena severamente o documento. Mário Soares escreve uma Carta aberta ao general Costa Gomes. 8 de AGOSTO Tomada de posse do V Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves, composto por elementos do PCP, MDP/CDE, independentes e militares. O Jornal Novo publica o "Documento dos Nove" (também conhecido por "Documento Melo Antunes"). 10 de AGOSTO Em Braga e Lamego ocorrem manifestações de apoio à Igreja Católica. Na primeira localidade, após discurso violento do Arcebispo Primaz, grupos de indivíduos assaltam a sede do PCP. 11 de AGOSTO O Diretório suspende os oficiais subscritores do "Documento dos Nove" (Francisco Charais, Pezarat Correia, Vítor Alves, Melo Antunes, Costa Neves, Canto e Castro, Vítor Crespo, Vasco Lourenço e Sousa e Castro). 13 de AGOSTO Respondendo ao "Documento dos Nove", o COPCON divulga um documento intitulado "Autocrítica revolucionária do COPCON e proposta de trabalho para um programa político" ("Documento do COPCON"). Mobilizada pelo PCP e pelo PS, a população portuguesa divide-se. Enquanto o PS exige a demissão do V Governo Provisório, o PCP protesta contra a "violência reacionária". Início de uma série de reuniões entre os "nove" e Otelo Saraiva de Carvalho tendentes à elaboração de um documento e projeto de convergência política. 15 de AGOSTO No Norte e Centro do país agudiza-se a hostilidade em relação ao V Governo Provisório, ao PCP e aos partidos de extrema-esquerda. Os assaltos e destruições das sedes destes partidos ocorrem um pouco por todo o lado. O PS promove uma manifestação, em Belém, de apoio ao "Documento dos Nove". O PCP, num comício realizado no Pavilhão dos Desportos, apela "à unidade dos democratas e antifascistas". 19 de AGOSTO O Presidente da República reúne com os subscritores do "Documento dos Nove" e com Otelo Saraiva de Carvalho. É apresentado o Plano Político do MFA, elaborado pelos "Nove" e Otelo Saraiva de Carvalho. É decidido encetar o processo de consultas para formação do VI Governo Provisório. Em Ponta Delgada são assaltadas as sedes dos partidos de esquerda. 20 de AGOSTO Otelo Saraiva de Carvalho consuma a ruptura com Vasco Gonçalves. Em carta pessoal Otelo proíbe Vasco Gonçalves de visitar as unidades militares integradas no COPCON e pede ao general que "descanse, repouse, serene, medite e leia". Manifestações em Lisboa de apoio ao Documento do COPCON. No Porto, a sede do MDP/CDE e da União dos Sindicatos são atacadas. 21 de AGOSTO As autoridades portuguesas perdem o controlo da situação em Timor e a ilha é considerada em estado de guerra civil. Surgem rumores de um golpe de direita. Os partidos de esquerda tomam posição. 22 de AGOSTO Portugal suspende parcialmente o Acordo de Alvor. 24 de AGOSTO Manifestações em Leiria e Vila Real de apoio ao Episcopado. Em Leiria são assaltadas as sedes de partidos de esquerda. Apresentação do elenco do VI Governo Provisório, chefiado por Carlos Fabião. 25 de AGOSTO Carlos Fabião recusa a chefia de um novo executivo, Pinheiro de Azevedo é indigitado para formar o VI Governo Provisório. Vasco Gonçalves será nomeado CEMGFA. É criada a Frente Unida Revolucionária (FUR), com a participação do PCP, do MDP/CDE, do MES, da FSP, da LUAR, da LCI e do PRP/BR. Inicia-se a publicação do jornal A Luta. O governo português de Timor retira-se para a ilha de Ataúro. 26 de AGOSTO O Conselho da Revolução suspende a 5.ª Divisão. 27 de AGOSTO A FUR promove, junto ao Palácio de Belém em Lisboa, uma manifestação de apoio a Vasco Gonçalves e a Costa Gomes. Ambos recebem os manifestantes com discursos, mas, mais uma vez, são notórias as diferenças de tom e de conteúdo utilizados pelos oradores. As instalações da 5ª Divisão do EMGFA, um dos mais importantes apoios de Vasco Gonçalves, são encerradas por uma força militar chefiada por Jaime Neves. 28 de AGOSTO Almeida Santos desloca-se a Jacarta, para conversações. Em Timor a guerra civil instala-se e mais de 3000 refugiados de Timor chegam a Lisboa. 31 de AGOSTO O coronel Jaime Neves e outros oficiais do Regimento de Comandos da Amadora são proibidos de entrar na unidade. Pinheiro de Azevedo inicia as primeiras diligências para a formação do VI Governo Provisório. O PS e o PPD opõem-se à nomeação de Vasco Gonçalves para CEMGFA. 1 de SETEMBRO Pinheiro de Azevedo pretende a constituição de uma plataforma comum entre o PS, o PPD e o PCP. 3 de SETEMBRO Conferência de imprensa do PCP e do MDP/CDE, alertando para a "ofensiva reacionária". Acusam o PPD, o CDS e o MRPP da onda de violência e o PS da passividade e cumplicidade. 4 de SETEMBRO A Assembléia Constituinte consagra a separação entre a Igreja e o Estado. 5 de SETEMBRO Uma Assembléia geral do MFA em Tancos modifica a composição do Conselho da Revolução e afasta Vasco Gonçalves do cargo de CEMGFA. 6 de SETEMBRO Demissão do V Governo, encabeçado por Vasco Gonçalves. 9 de SETEMBRO Forças da Polícia Militar recusam-se a embarcar para Angola. 10 de SETEMBRO O Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, no encerramento da XIII Semana de Estudos Missionários declara: "O apelo de Karl Marx à consciência do homem do seu tempo é na essência, profundamente evangélico". Em Angola começa a ponte aérea; 1500 refugiados chegam a Lisboa. 16 de SETEMBRO Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique são formalmente admitidos na ONU. 19 de SETEMBRO Tomada de posse do VI Governo Provisório, constituído por militares, independentes e representantes do PS, PPD e PCP, e chefiado pelo vice-almirante Pinheiro de Azevedo. 21 de SETEMBRO Aparecimento dos "Soldados Unidos Vencerão" (SUV's), no Porto. 22 de SETEMBRO Início das "jornadas de luta" promovidas pelos deficientes das Forças Armadas. 23 de SETEMBRO Criado, na dependência do Conselho da Revolução, o Serviço da Polícia Judiciária Militar (SPJM). Sá Carneiro regressa à atividade política (interrompida, por razões de saúde, desde Fevereiro de 1975). 25 de SETEMBRO Manifestação dos SUV's em Lisboa, com a libertação de soldados presos na Trafaria. 26 de SETEMBRO O Conselho da Revolução autoriza a criação de uma nova força militar para intervir, em substituição do COPCON, em casos de ordem pública. É denominado Agrupamento Militar de Intervenção (AMI). 27 de SETEMBRO Destruição da Embaixada e consulados de Espanha em Lisboa, Porto e Évora, após a execução de militantes da ETA, ordenada por Franco. 28 de SETEMBRO Conselho Nacional do PPD: Sá Carneiro é reconduzido no cargo de Secretário-Geral. 29 de SETEMBRO Pinheiro de Azevedo ordena a ocupação militar das emissoras de Rádio e Televisão. Várias organizações de extrema-esquerda convocam uma manifestação de protesto junto do Ministério da Comunicação Social. 30 de SETEMBRO Em resposta à manifestação das forças de extrema-esquerda, o PS e o PPD organizam uma manifestação de apoio ao VI Governo. 1 de OUTUBRO Costa Gomes encontra-se em Moscovo: trata-se da primeira visita de um chefe de Estado português à URSS. O Governo manda desocupar as emissoras de rádio e televisão, à exceção da Rádio Renascença. O PS denuncia a preparação de um golpe de Estado de esquerda. O jornal O Século publica o chamado "plano dos coronéis". 2 de OUTUBRO O Jornal Novo, que contém um comunicado do PS sobre uma tentativa de golpe de Estado, é impedido de sair. 7 de OUTUBRO Ocupação por forças da extrema-esquerda do Regimento de Artilharia da Serra do Pilar (RASP), no Porto. 9 de OUTUBRO Documento do PCP denuncia "viragem à direita do Governo". PS, PPD e CDS acusam o PCP de controlar de forma totalitária os principais órgãos de informação. 11 de OUTUBRO Início em Lisboa do Congresso da União Internacional das Juventudes Socialistas (IUSY). Manifestações por todo o país de apoio ao VI Governo. 21 de OUTUBRO A Rádio Renascença é reocupada por elementos de extrema-esquerda. 22 de OUTUBRO Nova onda de boatos sobre golpes de Estado e contragolpes. 23 de OUTUBRO Recomeçam as emissões da Rádio Renascença a partir de Lisboa. 28 de OUTUBRO Melo Antunes desloca-se aos EUA: discursa na ONU e avista-se com o Presidente Ford. É prometido auxílio econômico a Portugal. 2 de NOVEMBRO Em Roma decorrem negociações entre Portugal e a Indonésia sobre a situação em Timor-Leste. 4 de NOVEMBRO Em Angola travam-se violentos combates em Benguela e ultimam-se os preparativos para celebrar a independência. 6 de NOVEMBRO Um "frente a frente" televisivo de 4 horas entre Mário Soares e Álvaro Cunhal confirma a profundidade das divergências que os separam. 7 de NOVEMBRO O centro emissor da Rádio Renascença da Buraca é destruído por ordem do Conselho da Revolução. 9 de NOVEMBRO Manifestação no Terreiro do Paço de apoio ao VI Governo Provisório, com a participação do PS e PPD.Os dirigentes da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colônias Portuguesas (CONCP) reúnem-se em Maputo e decidem reconhecer o Governo da República Popular de Angola, que será proclamado a 11 de Novembro. 11 de NOVEMBRO tirada do Alto Comissário e do último contingente português de Angola, em clima de guerra civil. O MPLA proclama em a independência da República Popular de Angola. 11-13 de NOVEMBRO Cerco da Assembléia Constituinte por trabalhadores da construção civil, impedindo a saída dos deputados constituintes e do Primeiro-Ministro do Palácio de S. Bento. Após 36 horas o almirante Pinheiro de Azevedo é obrigado a ceder às reivindicações dos operários que exigiam aumentos salariais. 16 de NOVEMBRO Manifestação de trabalhadores da cintura industrial de Lisboa e das UCP alentejanas no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio ao "Poder Popular". Dirigentes e deputados do PS, PPD e CDS estão no Porto, correndo rumores que a Assembléia Constituinte pode vir a ser transferida para aquela cidade. 20 de NOVEMBRO O Governo auto-suspende-se enquanto não lhe forem dadas garantias para poder governar. Manifestação em Belém a favor do "Poder Popular". Costa Gomes fala com os manifestantes, afirmando ser indispensável evitar uma guerra civil. 21 de NOVEMBRO O Conselho da Revolução destitui o general Otelo Saraiva de Carvalho do comando da Região Militar de Lisboa e substitui-o pelo capitão Vasco Lourenço. 23 de NOVEMBRO Comício do PS, em apoio ao VI Governo Provisório, na Alameda D. Afonso Henriques. 24 de NOVEMBRO Os agricultores de Rio Maior cortam as estradas de acesso a Lisboa. 25 de NOVEMBRO Tentativa de golpe de Estado protagonizada por algumas unidades militares afetas à esquerda radical. Costa Gomes decreta o estado de sítio parcial na região abrangida pelo Governo Militar de Lisboa. O Regimento de Comandos da Amadora e Ramalho Eanes têm um papel decisivo na neutralização das tropas rebeldes. Mário Soares, Manuel Alegre, Jorge Campinos e Mário Cardia saem clandestinamente de Lisboa, na tarde do dia 25, e seguem para o Porto, onde se apresentam no Quartel da Região Norte, a Pires Veloso e Lemos Ferreira. 26 de NOVEMBRO Em intervenção perante as câmaras da RTP, Melo Antunes denuncia as tentativas de marginalização do PCP. 27 de NOVEMBRO São enviadas para a prisão de Custóias algumas dezenas de militares detidos na seqüência dos acontecimentos do 25 de Novembro. Otelo Saraiva de Carvalho e Carlos Fabião demitem-se dos cargos que até aí ocupavam (comandante do COPCON e CEME, respectivamente); Ramalho Eanes é nomeado CEME interino; o COPCON é integrado no EMGFA. 28 de NOVEMBRO A FRETILIN proclama unilateralmente a independência de Timor-Leste, invocando o protelamento das conversações com Portugal e a eminente invasão pela Indonésia. Este ato não é reconhecido por Portugal. O VI Governo Provisório retoma as suas funções. É suspensa a publicação dos jornais estatizados. 29 de NOVEMBRO Em conferência de imprensa, Sá Carneiro acusa o PCP de ser responsável pela insubordinação militar verificada. O PS toma idêntica atitude. 1 de DEZEMBRO É levantado o estado de sítio em Lisboa. 2 de DEZEMBRO Na Assembléia Constituinte PS, PPD e CDS acusam o PCP de estar envolvido nos acontecimentos de 25 de Novembro. Nacionalizadas a Rádiotelevisão e todas as estações de rádio, com exceção da Rádio Renascença. 4 de DEZEMBRO PS, PPD e CDS defendem a revisão do Pacto MFA-Partidos. Em conferência de imprensa, Mário Soares acusa o PCP de ter participado ativamente no 25 de Novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança. Critica ainda o PPD por "anticomunismo retrógrado" ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo. 6 de DEZEMBRO Forças navais, aéreas e terrestres da Indonésia invadem Timor, causando milhares de vítimas. Início do II Congresso (extraordinário) do PPD. 7 de DEZEMBRO Portugal corta relações diplomáticas com a Indonésia e pede a intervenção da ONU. O PCP realiza um comício no Campo Pequeno. Álvaro Cunhal reconhece a derrota sofrida pela esquerda revolucionária, e apela à "unidade das forças interessadas na salvaguarda das liberdades, da democracia e da revolução". 9 de DEZEMBRO Vinte e um deputados dissidentes do PPD, entre eles Mota Pinto, Júlio Castro Caldas, Carlos Macedo, Sá Borges, Emídio Guerreiro e Santos Silva, passam a independentes. Este abandono dá-se na seqüência do Congresso do PPD. 17 de DEZEMBRO Os tribunais especiais são proibidos. Iniciam-se conversações entre responsáveis militares e representantes dos partidos políticos para alteração do Pacto Constitucional MFA-Partidos. 19 de DEZEMBRO O Diário de Notícias volta a publicar-se, agora sob a direção de Victor Cunha Rego e Mário Mesquita. 22 de DEZEMBRO São nomeados novos diretores para os jornais estatizados. 25 de DEZEMBRO Na sua homilia de Natal o Bispo do Porto afirma: "A reação existe ainda, não podemos esquecê- lo". 28 de DEZEMBRO A Rádio Renascença é restituída à Igreja. 1976 13 de JANEIRO Após conversações entabuladas entre partidos e MFA, é decidido que o Presidente da República passe a ser eleito por sufrágio universal. 18 de JANEIRO Cimeira da Internacional Socialista em Elsinore onde Mário Soares pede a solidariedade da Europa para a consolidação da democracia em Portugal. 26 de JANEIRO Conselho de Ministros da CEE autoriza a Comissão a encetar negociações com Portugal, com vista ao alargamento e desenvolvimento do Acordo de Comércio Livre. 30 de JANEIRO Realiza-se uma reunião de sindicalistas não ligados à Intersindical, com o objetivo de lançar as base de um novo organismo sindical. 1 de FEVEREIRO Em diversos pontos do país decorre uma série de plenários de agricultores organizados pela CAP, que reivindica a abolição das Leis de Reforma Agrária. 7 de FEVEREIRO Os deputados dissidentes do PPD formam uma organização política: o Movimento Social Democrata (MSD). Concessão de licença de maternidade por 90 dias. 8 de FEVEREIRO Comício do CDS no Campo Pequeno, em Lisboa. 16 de FEVEREIRO A ONU aprova uma resolução onde reafirma o direito do povo de Timor Leste à autodeterminação e à independência. 22 de FEVEREIRO Depois de ouvir o Conselho da Revolução e os partidos políticos (PS, PPD e CDS que se pronunciam contra), o Presidente da República reconhece o Governo da República Popular de Angola. 24 de FEVEREIRO Sá Carneiro profere uma declaração segundo a qual se mostra disposto a apoiar a candidatura de Ramalho Eanes à Presidência da República. 26 de FEVEREIRO É assinado o II Pacto Constitucional MFA-Partidos, subscrito pelo PS, PPD, CDS e PCP. 3 de MARÇO Otelo Saraiva de Carvalho, preso em Janeiro por envolvimento no 25 de Novembro, é libertado. Passa ao regime de residência fixa. 13-14 de MARÇO Cimeira Socialista no Porto, sob o lema "A Europa Connosco", que contou com a presença de delegações e líderes políticos de todos os países da Europa Ocidental. 31 de MARÇO Promovidas pelo PCP, realizam-se manifestações em Évora, Portalegre e Beja, em defesa da Reforma Agrária. É constituído o Grupo de Intervenção Socialista (GIS), reunindo ex-militantes do MES. 2 de ABRIL É aprovada a nova lei fundamental da República Portuguesa com o voto de todos os partidos representados, à exceção do CDS. 22 de ABRIL Atentado bombista contra a Embaixada de Cuba, em Lisboa.

Por: Silvana Paes d’ Assumpção Linares Fonte: Internet