Memória E Retórica: “Mouros” E “Negros” Na Crônica Da Guiné (Século XV)
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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade Memória e Retórica: “Mouros” e “Negros” na Crônica da Guiné (Século XV) Jerry Santos Guimarães Vitória da Conquista Fevereiro de 2012 i Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade Memória e Retórica: “Mouros” e “Negros” na Crônica da Guiné (Século XV) Jerry Santos Guimarães Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade, como requisito parcial e obrigatório para obtenção do título de Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade. Orientador: Prof. Dr. Marcello Moreira Vitória da Conquista Fevereiro de 2012 ii Guimarães, Jerry Santos. G9473m Memória e Retórica: “Mouros” e “Negros” na Crônica da Guiné (Século XV). Jerry Santos Guimarães; orientador Dr. Marcello Moreira. - - Vitória da Conquista, 2012. 177 f. Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade ). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2012. 1. Memória. 2. Retórica. 3.Crônica da Guiné. 4. Mouros. 5. Negros. I. Moreira, Marcello. II. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. III. Memória e Retórica: “Mouros” e “Negros” na Crônica da Guiné (Século XV). Título em inglês: Memory and Rhetoric: “Moors” and “Blacks” on the Chronicle of Guinea (15 th Century). Palavras-chave em inglês: Memory. Rhetoric. Chronicle of Guinea. Moors. Blacks. Área de concentração: Multidisciplinaridade da Memória. Titulação: Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade. Banca Examinadora: Prof. Dr. Marcello Moreira (orientador); Prof. Dr. Pedro Ramos Dolabela Chagas (titular); Prof. Dr. João Adolfo Hansen (titular); Profa. Dra. Maria da Conceição Fonseca-Silva (suplente); Prof. Dr. Márcio Ricardo Coelho Muniz (suplente). Data da Defesa: 14 de fevereiro de 2012. Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade. iii iv Em memória de meus pais, Tereza e Jaime v AGRADECIMENTOS “Geralmente somos ensinados da experiência que todo bem-fazer quer agradecimento”. É com tais palavras que Gomes Eanes de Zurara principia a sua Crônica da Guiné . Em concordância com elas agradeço, portanto, àqueles sem os quais não haveria dissertação alguma. Numa pesquisa que trata de lugares-comuns, não consegui escapar dos topoi próprios dos agradecimentos. Nem poderia. É que as relações humanas talvez não passem, no final das contas, de um amontoado de clichês. Atualizo-os, pois. Agradeço ao Prof. Dr. Marcello Moreira, meu orientador, primeiramente por me apresentar a Zurara e à sua Crônica da Guiné , ciente que estava do meu desejo, desde a graduação, de tratar dos africanos. Sua ajuda foi ainda importantíssima no que diz respeito à instrumentalização necessária para lidar com uma tal fonte, ensinando-me a levar em consideração as poéticas e as retóricas, régua e compasso novos para mim. Obrigado por franquear-me sua biblioteca, seu tempo e seus conhecimentos, concedendo-me a autonomia necessária para caminhar com meus próprios passos. Se tive segurança para seguir adiante foi porque não deixei de me estribar em seus conselhos. À Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por me liberar de minhas atividades docentes para dedicar-me integralmente aos estudos de pós-graduação. À direção, estudantes, colegas e funcionários do Colégio Estadual Edilson Freire, em Maracás, Bahia, por entenderem a necessidade do meu afastamento. Especialmente aos professores Carlos Gomes e Jair Almeida pelo apoio, compreensão e confiança. Sem a ajuda de vocês tudo teria sido muito mais difícil. À Coordenação de Aperfeiçomento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa concedida para que eu pudesse cursar, em missão de estudo, disciplinas na Universidad Nacional del Litoral (UNL), em Santa Fé, Argentina, entre junho e agosto de 2010. À banca examinadora, pela disponibilidade em ler meu trabalho e pelos conselhos. Especialmente ao Prof. Dr. João Adolfo Hansen, leitura obrigatória em minhas peregrinações acadêmicas, e esta dissertação é uma prova disso. À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade, especialmente na pessoa da Profa. Dra. Maria da Conceição Fonseca-Silva, pelo apoio e confiança demonstrados. Agradeço ainda à professora Conceição por ouvir-me pacientemente em momentos difíceis, bem como por indicar-me caminhos que se mostraram valiosos para meu bem-estar e a concretização desta pesquisa. vi Às professoras Dra. Lívia Diana Rocha Magalhães e Dra. Tânia Cristina Gusmão, por terem possibilitado minha ida à Argentina em missão de estudo. Aos professores que, através de suas disciplinas, encetaram o debate a respeito desse objeto tão escorregadio que é a memória. À Profa. Dra. Lúcia Ricotta, por introduzir-me pelos labirintos de Borges. Ao Prof. Dr. Pedro Dolabela, por apresentar-me a Whitman, bem como por ter acompanhado este trabalho desde seus primeiros rabiscos, ainda na banca de qualificação. Ao Prof. Dr. Hector Odetti, por me ter recebido e apresentado à cidade de Santa Fé e à UNL. Às professoras Dra. Elena Candiotti de De Zan e Ms. Marcela Manuale, da UNL, e à Profa. Dra. Susana Garcia Barros, da Universidad de La Coruña, Espanha, pela boa vontade com que me aceitaram entre seus alunos de pós-graduação e por terem sido pacientes para com minhas intervenções dificultadas pela barreira linguística, que se tornou bem menor, felizmente, nas últimas aulas. Así lo creo . Devo agradecimentos ainda a outros argentinos que me marcaram de diferentes modos. Ao Prof. Gustavo Pereira, por permitir que eu falasse a seus alunos da Universidad Autónoma de Entre Ríos (UADER) sobre meu objeto de pesquisa. Daí nasceu uma amizade que rendeu um retorno à Argentina, desta vez como seu hóspede. Obrigado, Gus! A pessoas como Adrian Canteros, Dario Borda, Edu Mathieu, Jorge Rezett, Jose Cancellieri, Laura Eberlé, Letícia Montes, Luís Corvalán e Valentina Amado, que fizeram com que minha permanência nas cidades de Santa Fé e Paraná se tornasse ainda mais agradável. E muito especialmente a Francisco Russo, pelo carinho, atenção, cuidado e companheirismo; por ensinar-me pacientemente os primeiros passos na apreciação de un buen vino , bem como a ética e a etiqueta envolvidas no preparo e no compartilhamento de un buen mate . E foi com litros de mate, afinal, que esta dissertação foi escrita. Aos colegas do mestrado, pelas conversas, risos, desabafos e discussões ao longo dos dois últimos anos: Antônio Joaquim, Joaquim Antônio, Luís, Fabíola e Glauber. A Cecília, pelo carinho mútuo e inexplicável. A Roney, por ensinar a fazer a viagem valer a pena, colega do desbravamento de Buenos Aires e de Bariloche. A Luisa, a princípio colega e hoje amiga das mais queridas. Pelo ombro, pelos ouvidos, pela paciência. Por apresentar-me a Eddie e a Otto, que embalaram minhas caminhadas por la Costanera . Por entender-me e me ajudar a também me entender. A todos os amigos e colegas que, através de um telefonema, uma conversa via internet, uma visita ou uma rodada de cerveja me proporcionaram a paz necessária para ler, pensar, reler, considerar novamente, escrever e reescrever. Nomeio-os: Abenildo Galindo, Achiles Neto, Adauto Viana, Alessandra Oliveira, Alexandre Alves, Ana Paula Soledade, vii André Sá, Beto Júnior, Bia Gusmão, Bia Lima, Carla Rocha, Clara Carolina, Edigar Limeira, Eduardo Ferreira, Eronildes Teixeira, Fá Nascimento, Fábio Pimentel, Fernando de Oxum, Flávio Guimarães, Gabriel Rafael, Hortênsia Nascimento, Jacson Neri, Jean Almeida, Joab Cruz, João Reis, Jules Ramon, Jussara Zaffalon, Karine Rebouças, Leandro Aquino, Meg Sousa, Milena Pereira, Neila Portela, Nênia Blue, Renê Rodrigues, Sérgio Guimarães, Thiago Alves, Thiago e Tibério Menezes, Thiago Cajado, Vítor Sá e Wilson Doll. Especialmente a Poltergeist – assim ele prefere ser chamado –, pela generosidade em ofertar seus conhecimentos profissionais para elaborar as figuras que fazem parte desta dissertação. A Leniram Rocha, por me ajudar a perceber que o “não” é “não”, mas que também o “sim” é “sim”. E por estar presente nos momentos essenciais de minha vida. Aos amigos que me abriram suas portas por onde passei para apresentar os primeiros resultados de minha pesquisa: Gabriel Filipe, Edinha, Kadu e Tatia Silva, em Brasília; Franck Santos, em São Luís do Maranhão; Lullão e Débora Santiago, em Buenos Aires; e Deborah Dornellas de Xangô, em São Paulo, a quem sou grato ainda pela revisão do abstract . Ao cantor uruguaio Jorge Drexler, pela gentileza em permitir expressamente a utilização de um trecho de uma sua cantiga como epígrafe do meu trabalho. Ao Prof. Dr. Julio Santana Braga de Iansã, meu babalorixá, exemplo para mim de intelectual, sacerdote e ser humano. Modu pé , meu pai, por estar sempre disponível quando precisei do senhor, e principalmente por me ter oferecido seus conselhos, o melhor ebó que há. Neste sentido vão também meus agradecimentos ao Prof. Dr. Robson Cruz de Omolu, meu babaquequerê. À minha família: meus irmãos Tony, Alex, Jéssica e Juraci. A própria existência de vocês justifica e requer meu agradecimento. A Alex especialmente, pela companhia nos últimos meses. Aos orixás. Pela saúde, pela força, pela esperança. De Exu a Oxalá. Mas muito especialmente a Iansã, de cuja barra da saia não quero soltar nunca; e a Oxóssi e Xangô, meus orixás de cabeça. Obrigado ainda por não se importarem sequer com minhas dúvidas. Eu não acreditaria em deuses que se ofendessem por eu não acreditar neles. viii RESUMO Temos por objetivo demonstrar que Gomes Eanes de Zurara, segundo cronista-mor do reino português, fez uso de técnicas retóricas para descrever, caracterizar e hierarquizar mouros e negros, bem como suas terras, na escrita da Crônica da Guiné (século XV). A partir dos lugares-comuns utilizados para a descrição das paisagens, Zurara nos apresenta a “terra dos Negros”, também chamada por ele de “terra verde”, como um locus amoenus , devido às suas águas em abundância, sua profusão de árvores frutíferas de cheiro agradabilíssimo e suas sombras revigorantes. A “terra dos Mouros Azenegues”, por sua vez, descrita como seca, quente, infértil, de poucas e más águas e de vegetação rala, é caracterizada como um locus horrendus .