Universidade Federal Do Tocantins Campus De Araguaína Programa De Pós-Graduação Em Estudos De Cultura E Território
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS DE ARAGUAÍNA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE CULTURA E TERRITÓRIO SÚSIE FERNANDES SANTOS SILVA A RETERRITORIALIZAÇÃO DOS BARQUEIROS DE BABAÇULÂNDIA (TO) ATINGIDOS PELA USINA HIDRELÉTRICA DE ESTREITO (MA) ARAGUAÍNA 2017 SÚSIE FERNANDES SANTOS SILVA A RETERRITORIALIZAÇÃO DOS BARQUEIROS DE BABAÇULÂNDIA (TO) ATINGIDOS PELA USINA HIDRELÉTRICA DE ESTREITO (MA) Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura e Território (PPGCULT), da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus de Araguaína, como requisito parcial e final para a obtenção do título de Mestre em Estudo de Cultura e Território. Linha de pesquisa: Natureza, Poder e Territorialidades. Orientador: Prof. Dr. Airton Sieben ARAGUAÍNA 2017 AGRADECIMENTOS A Universidade Federal do Tocantins (UFT), pela oferta do curso. Ao Programa de Mestrado PPGCULT pela oferta do curso. Ao Laboratório de Cartografia e Estudos do Território (LCET). Ao meu orientador, Professor Dr. Airton Sieben pelos momentos de diálogo, orientações, visitas de campo e acompanhamento da escrita da dissertação. Ao Professor Dr. Marivaldo Cavalcante da Silva, professor do PPGCULT, pela indicação de informações que foram úteis para esta pesquisa. Aos colegas do mestrado que direta ou indiretamente contribuíram com informações, principalmente ao Amarildo Silva Araújo, companheiro de orientações por pesquisar tema semelhante, pelo fornecimento de algumas informações técnicas relacionadas à área da Geografia. Ao Professor Dr. Miguel Pacífico Filho, colegiado de Gestão de Cooperativas, pela orientação no TCC do curso de Tecnólogo em Gestão de Cooperativas e no aprofundamento da pesquisa sobre atingidos por barragens. Ao Professor Cleiton Milagres, colegiado de Gestão de Cooperativas, pela indicação e empréstimo de livros sobre a temática de impactos causados por barragens. Aos colegas do curso de Tecnologia em Gestão de Cooperativas, UFT, que participaram comigo da primeira visita técnica a Associação dos Barqueiros de Babaçulândia (TO): Elenilda Vieira, Élia Martins, Marthus Stalin e Maria Raimunda. Ao curso de Tecnologia em Gestão de Cooperativas, UFT, através da disciplina Estudo de casos em Gestão de Cooperativas, na qual conheci a Associação dos Barqueiros de Babaçulândia (TO). Ao Professor Dr. Rumeninng Abrantes dos Santos, pois durante suas aulas deparei-me com a necessidade de conhecer o funcionamento de uma cooperativa e, tive a oportunidade de conhecer a associação que deu origem a esta pesquisa. À Professora Ana Daisy Araújo Zagallo, colegiado de Turismo, UFT, pelo apoio na disponibilização de algumas informações necessárias para a composição do referencial teórico e algumas viagens a campo durante suas entrevistas para a tese do doutorado. Ao meu marido Rubens Martins da Silva, pelo apoio psicológico, físico e acompanhamento durante algumas das pesquisas de campo. Aos meus filhos Renato e Suzana que compreenderam minhas ausências e os poucos momentos juntos devido às necessidades de pesquisas e leituras. Aos meus pais pelos esforços nunca medidos em me propiciar meios para estudar. Ao meu sogro, Raimundo Ferreira da Silva, pela paciência e dedicação em estar comigo em algumas visitas aos barqueiros. Aos presidentes da Associação dos Barqueiros: senhores Adelsimon Paz de Oliveira, Sebastião de Sousa Neto e Deusélio Pereira Rocha que prontamente me atenderam, forneceram informações e me direcionaram aos demais associados. Ao Samuel Oliveira Alves, filho de Babaçulândia (TO) e testemunha ocular das modificações no território, pelo fornecimento de algumas fotografias da praia nos ano s de 2009 e 2010. À Deline Martins pelo fornecimento de informações referentes ao número de universitários que em moram Babaçulândia e viajam diariamente para Araguaína. Ao Dr. Tulio Barbosa pela participação na banca de qualificação desta pesquisa. Aos membros da Associação dos Barqueiros de Babaçulândia (TO) pela disponibilidade, prontidão e paciência em relatar suas vivências, anseios e situação atual. A Deus pelo dom da vida e permissão para toda e qualquer ação! Epígrafe A GRANDE MUDANÇA Antonio Brito Sousa, 56 anos. Morador de Babaçulândia. Escrito em 23 de junho de 2009. A mudança tá chegando, Suas terras que de antes, O desassossego também Eram tão boas de plantar, Todo mundo tá mudando, Hoje fica submersa, Carregando o pouco que há, Na imensidão desse mar, Só resta à lembrança Tudo fica diferente, Quando a represa chegar Quando a represa chegar. A mudança começou, Hoje modificaram tudo, Com o povo a se mudar O lugar de nós morar, Desmontando suas casas, Some baixada e grotas, Era seu lugar de morar E não seio onde ficar, Tudo fica diferente, Tudo isso tá previsto, Quando a represa chegar. Quando a represa chegar. Os vizinhos que de antes, A mudança que veremos, Hoje não se sabe mais, É para sempre nos lamentar, Cada um para seu canto, Corre o pobre lavrador, Cuidando de seus animais, Do seu lugar de morar, Acaba esta amizade, Sobe o morro e espera, Quando a represa chegar. Quando a represa chegar. O que mais lhe pertencia, O vaqueiro não tem mais, Hoje não lhe pertence mais, A fazenda de vaquerar, Só nos resta o sentimento, A terra do fazendeiro, Saudade e nada mais, Vai sumir deste lugar, Tudo começa de novo Fica ele desempregado, Quando a represa chegar. Quando a represa chegar. Os filhos do meu vizinho, A estrada que passava Vão ter que se acostumar, Por ali e acolá, Pois vivia entre nós, Foi toda modificada, Sem ter que se preocupar, Para a água se abrigar, Hoje só fica na lembrança, Por isso não me acostumo, Quando a represa chegar. Quando a represa chegar. RESUMO A construção da Usina Hidrelétrica de Estreito (MA) causou impactos sociais, ambientais e econômicos aos moradores de 2 municípios maranhenses e 10 municípios tocantinenses. Dentre os impactos, a modificação no território, causada pelas migrações compulsórias que interferiram nas relações sociais, econômicas e políticas dos moradores do município de Babaçulândia (TO), alterando a maneira tradicional de produzir e viver. Partindo dessa informação, este estudo revela indicadores relacionados à observação e descrição do panorama da construção da Usina Hidrelétrica de Energia Estreito (UHEE), no período de 2007 a 2011, localizada no Rio Tocantins, na divisa entre os estados do Maranhão e Tocantins. Esta pesquisa apresenta os impactos desse empreendimento no território e na realização das atividades de autossustento dos barqueiros associados à Associação dos Barqueiros de Babaçulândia (TO), bem como a apresentação de relatos sobre como aconteceu a desterritorialização, o processo de negociação das indenizações e a reterritorialização do grupo pesquisado, composto por 15 homens. Metodologicamente, o estudo foi desenvolvido com base na pesquisa qualitativa. Aplicou-se o roteiro de entrevistas com questões abertas e fechadas sobre: identificação do participante da pesquisa, memória do trabalho e do lugar impactado, produção e rendimento, impactos do empreendimento que englobaram desde o processo de desapropriação até a definição de um novo local de moradia e sobre as medidas compensatórias coletivas. O roteiro de entrevista foi aplicado nos meses de abril e maio de 2017. Os instrumentos metodológicos em história oral, visitas de campo, fotografias e participação em assembleias da Associação dos Barqueiros de Babaçulândia (TO) foram utilizados para a composição dos dados. A categoria atingidos por barragens e barqueiros e a suas relações com o território e a paisagem sustentaram a pesquisa nos termos teóricos. Durante a pesquisa compreendeu-se que na desestabilização do território dos barqueiros, ocorreram as indenizações, com valores recebidos individualmente; e como associação – através das medidas compensatórias - com a construção de um galpão sede com alguns equipamentos e mobília para a associação e um barco catamarã, também equipado com utensílios de cozinha e lazer. Constatou-se algumas dificuldades para os reassentados na zona rural, como falta de água potável para consumo humano e animal. Outras dificuldades dizem respeito à falta de trabalho devido não existirem mais as praias na margem maranhense nem moradores ribeirinhos para serem transportados, situação que impossibilita a continuidade do trabalho de barqueiro e a falta de outros tipos de trabalho nos quais os barqueiros possam ser inseridos. Diante do exposto, observa-se também, que apesar do recebimento das medidas compensatórias para a associação, os barqueiros não estão realizando trabalhos capazes de suprir suas necessidades de produção de rendas em prol de seus sustentos familiares. Para tanto, sugere-se a realização de eventos no barco catamarã ancorado na orla, como por exemplo, a venda de comidas e bebidas durante determinados dias da semana à noite. E para utilização do galpão, sugere-se a realização de momentos em que os associados possam comercializar produtos e serviços produzidos por seus grupos familiares. Palavras-chave: Território; Atingidos por barragem; rio Tocantins; barqueiros. ABSTRACT The construction of the Estreito Hydroelectric Power Plant (MA) caused social, environmental and economic impacts to the residents of 2 municipalities of Maranhão and 10 municipalities of Tocantins. Among the impacts, the alteration in the territory, caused by the compulsory migrations that interfered in the social, economic and political relations of the inhabitants of the city of Babaçulândia (TO), altering the traditional way of producing and living. Based on this information, this study reveals