5 de junho de 2017 37

BILHETES PARA JÁ À VENDA O espetáculo “Soy Luna Live” é só a 20 de artes janeiro de 2018, no Meo Arena, em Lisboa, mas desde ontem já é possível adquirir bilhetes, com preços entre os 35 e os 75 euros. Estão previstos dois horários nesse dia: às 15 e às 19 horas. Os amores de Pedro e Inês têm nova cara Cinema Diogo Amaral e Joana de Verona no novo filme de António Ferreira “Fazer aqui

Carina Fonseca DIREITOS RESERVADOS um festival [email protected] literário é v Já são conhecidos os atores que vão interpretar Pedro e Inês, no filme homónimo de António Fer- uma ousadia”, reira, baseado no romance “A trança de Inês”, de Rosa Lobato de diz Alegre Faria. Diogo Amaral e Joana de Ve- rona dão corpo aos protagonistas daquela mítica história de amor, FREIXO DE ESPADA À CINTA O ar- que o realizador conimbricense rojo de haver um festival literário considera a versão portuguesa de em Freixo de Espada à Cinta foi “Romeu e Julieta”, mas “muito notado por Manuel Alegre –“é mais brutal”. Ou não envolvesse uma ousadia fazê-lo aqui” –, pri- corações arrancados e beijos da meiro laureado com o prémio corte a uma mão defunta – a obra Guerra Junqueiro, instituído no segue o mito, não o rigor histórico. festival que terminou anteontem, As filmagens de “Pedro e Inês” na terra natal do poeta falecido começam no próximo dia 20 e em 1923 e que durante o século centram-se em Coimbra, tendo XIX foi uma voz de resistência. como cenários a Quinta das Lágri- “Um homem que fez a revolu- mas e a Sé Velha, mas passam ção republicana antes de esta ser também por Montemor-o-Velho, feita”, lembrou Alegre, também Lousã e Cantanhede. A ação de- ele poeta que toca a política e a senrola-se em três épocas: Idade resistência, e que defende a rein- Média, atualidade e futuro distó- trodução do poeta freixenista no pico (numa comunidade rural). Plano Nacional de Leitura. “Deve Em cada uma dessas eras, o casal ser apologiado”, referiu. apaixona-se de uma forma des- O inusitado prémio foi entre- controlada, enfrentando tabus. gue a Alegre num dos concelhos Diogo Amaral e Joana de Verona são Pedro e Inês, cuja história de amor trágica atravessa três épocas e é rodada em Coimbra mais despovoados do país, onde Amor, morte e psiquiatria o município decidiu apostar num As narrativas entrelaçam-se pela falecida em 2010, ainda leu a pri- ma (tem um novo filme em cartaz, evento em torno do poeta, é para voz de Pedro, que, internado num meira versão do guião, até porque “Perdidos”, com realização de Sér- a autarca Local, Céu Quintas, hospital psiquiátrico por viajar de o filme – uma produção feita em gio Graciano e produção de Leo- uma forma de mostrar que “o in- carro com o cadáver de Inês, re- parceria com França e Brasil, com nel Vieira). E também da respon- terior resiste e consegue fazer corda três vidas, saltando de uma estreia prevista para 2018 – come- sabilidade que sente ao encarnar coisas”. para a outra como se fossem a çou a ser pensado há dez anos. Pedro – e logo em três épocas. Alegre surpreendeu-se com o mesma. “São três histórias, mas António Ferreira, que já havia “É um privilégio poder interpre- prémio. “A escrita de Junqueiro é não repetimos a história nos três manifestado a intenção de fazer tar um personagem histórico e o muito diferente da minha. Do tempos”, explicou António Ferrei- um filme “moderno” e com “ape- maior romance da História de ponto de vista poético não tenho ra ao JN. As histórias “vão ressoan- lo juvenil”, está satisfeito com o ”, diz. “Acho que nunca ti- inspiração junqueiriana. Temos do umas nas outras”, funcionando elenco da sua terceira longa-me- nha sonhado com uma coisa tão algo em comum, ele foi deputado como uma só. Vera Kolodzig na pele de Constança tragem, depois de “Embargo” grande como a que está a aconte- e eu também, ambos nos envol- Entre os atores escolhidos para (2010) e “Esquece tudo o que te cer!”. Para Diogo Amaral, o papel, vemos no combate político”. esta adaptação do livro de Rosa disse” (2002). A começar pelo par num filme em que, para mais, vai Apesar de Freixo de Espada à Lobato de Faria, sobre a atempo- principal: “É uma combinação não estar rodeado de atores que admi- Cinta parecer um local imprová- ralidade do amor e da paixão, es- muito comum. Quero bons atores, ra, é “um presente”. “Um ator não vel para juntar nomes mediáticos, tão ainda João Lagarto e Custódia que me sirvam os papéis. Procuro pode pedir mais. Acho que nunca na verdade o festival atraiu per- Gallego, na pele de Afonso e Bea- sempre a questão visual: o rosto, a nenhum desafio profissional me sonalidades como Mário Cláudio, triz, pais de Pedro; Vera Kolodzig, expressão têm de me trazer logo deixou tão entusiasmado e tão Isabel Alçada, João Gobern ou no papel de Constança; Cristóvão uma parte do personagem”. apavorado, pela enorme respon- Nuno Rogeiro, que não só leva- Campos, como Estêvão, fiel escu- sabilidade que é. Acho que esta ram Junqueiro para o centro da deiro e amigo de Pedro; e Miguel “Um ator não pode pedir mais” história é quase melhor do que o discussão como reencontraram o Borges, que interpreta Pero Coe- Ao JN, Diogo Amaral, cujo percur- ‘Romeu e Julieta’. Quase nem seu lado visionário e crítico sobre lho, um dos assassinos de Inês. so tem estado muito ligado à tele- acredito. Às vezes, acho que me o caminho de Portugal, que se A autora de “A trança de Inês” , João Lagarto é Afonso, pai de Pedro visão, fala do sonho de fazer cine- estão a mentir”, graceja. v tem cumprido. GLÓRIA LOPES