CAPÍTULO I – CARACTERÍSTICAS GERAIS

PARTE A PLANO DE MANEJO DA RPPN

LONTRA

ITANAGRA/ENTRE RIOS – BA

REVISÃO ABRIL DE 2016 – VERSÃO FINAL.

PLANO DE MANEJO DA RPPN LONTRA Fazenda Lontra/Saudade

EQUIPE TÉCNICA

Coordenação Técnica Coordenação Geral e Contratual

Meio Físico e Sócio-Ambiental ADALTRO T. AZEVEDO JÚNIOR EDIVAL LOPES DA SILVA Eng° Agrônomo Geólogo M.Sc. em Geoquímica e Meio Ambiente Doutor em Geologia de Engenharia Esp. em Auditoria e Perícia Ambiental Especialista em Gestão Ambiental CREA/RS 106 345 CREA/SP 060 14.2226 0/D

Meio Biótico - Flora Meio Biótico - Fauna CRISTIANE FREITAS GONÇALVES DANIEL ARAUJO SILVA M.Sc. Botânica Biólogo-fauna Bióloga-flora Esp. em Gestão Ambiental CRBio/28.561/5-D CRBio/46.329/5-D

Ictiofauna PRISCILA CAMELIER DE ASSIS CARDOSO M.Sc. Bióloga CRBio 59.040/05-D

Técnicos Auxiliares HUGO E. A. COELHO – Biólogo KARLA MATOS CORREIA DE ARAÚJO – Bióloga RAFAEL BORGER - Biólogo EDÉSIO F. OLIVEIRA JR. – Estudante (C. Biológicas)

COPENER FLORESTAL LTDA.

Representante da Direção (RD) JOÃO ZENAIDE – Engº. Agrônomo

APRESENTAÇÃO

A Copener Florestal Ltda tem a atribuição legal de instrumentalizar suas áreas em reservas particulares do patrimônio natural (RPPN) com um plano de manejo que irá servir de orientação para a implementação do manejo. Nesse sentido, a

Nordeste Ambiental Ltda, empresa contratada na área de consultoria ambiental, apresenta o plano de manejo e o diagnóstico ambiental da área, com caracterização e análise da reserva, que fará parte do manejo específico RPPN Lontra.

O presente plano foi elaborado obedecendo ainda, ao disposto no Decreto nº

4.340/2002, o Regulamento da Lei do Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza (SNUC), a chamada Lei do SNUC, e o roteiro metodológico para elaboração dos planos de manejo das reservas particulares do patrimônio natural como unidade de conservação – UC, sendo apresentadas as seguintes informações: a) diagnóstico; b) zoneamento; c) programas de manejo; d) prazos de avaliação, revisão e etapa de implementação.

O plano de manejo da RPPN Lontra servirá como ferramenta primordial para determinação das zonas restritas dentro da área e da normatização dos programas que serão elaborados na implementação dessa categoria de UC.

3

SUMÁRIO

CAPÍTULO I – CARACTERÍSTICAS GERAIS ...... 1

PARTE A ...... 1

EQUIPE TÉCNICA ...... 2

COPENER FLORESTAL LTDA...... 2

APRESENTAÇÃO ...... 3

SUMÁRIO ...... 4

1. INTRODUÇÃO ...... 22

CAPÍTULO II – O PLANO DE MANEJO ...... 24

1. PARTE A ...... 24

1.1. INFORMAÇÕES GERAIS ...... 24

1.2. ACESSO ...... 25

1.3. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN ...... 30

1.4. FICHA-RESUMO DA RPPN ...... 36

2. PARTE B ...... 37

2.1. DIAGNÓSTICO ...... 37

2.1.1. METODOLOGIA DE LEVANTAMENTO DE CAMPO ...... 37

2.1.2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ...... 40

2.1.3. MEIO FÍSICO ...... 45

2.1.3.1. CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DA REGIÃO ...... 45

2.1.3.1.1. PLUVIOMETRIA ...... 48

2.1.3.2. GEOLOGIA ...... 50

2.1.3.3. UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS ...... 53

2.1.3.4. RECURSOS EDÁFICOS ...... 54

2.1.3.4.1. ASPECTOS PEDOLÓGICOS ...... 56

2.1.3.5. RECURSOS HÍDRICOS ...... 60

2.1.3.5.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA BHRNI ...... 61

2.1.3.5.2. ÁGUAS SUPERFICIAIS ...... 64 4

2.1.3.5.2.1. RESULTADOS DA ANÁLISE DE ÁGUA ...... 68

2.1.3.5.2. ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ...... 70

2.1.4. MEIO BIÓTICO ...... 74

2.1.4.1. FLORA ...... 74

2.1.4.1.1. OBJETIVOS ...... 78

2.1.4.1.1.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...... 78

2.1.4.1.2. MATERIAL E MÉTODOS ...... 79

2.1.4.1.3. VEGETAÇÃO DE TRANSIÇÃO RESTINGA DE ENCOSTA E FLORESTA OMBRÓFILA DENSA ...... 87

2.1.4.1.4. MATA CILIAR ...... 88

2.1.4.1.5. MATA PRIMÁRIA ...... 88

2.1.4.1.6. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ...... 89

2.1.4.1.7. RESULTADOS E DISCUSSÃO NA FAZENDA LONTRA/ SAUDADE94

2.1.4.1.7.1. INVENTÁRIO FLORÍSTICO ...... 94

2.1.4.1.8. ESTADO DE REGENERAÇÃO DAS ÁREAS ALTERADAS ...... 96

2.1.4.1.9. EFEITO DO FOGO E DA CAÇA NA ÁREA DE ESTUDO ...... 100

2.1.4.1.10. EFEITO DA FRAGMENTAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS SOBRE A VEGETAÇÃO, NO QUE SE REFERE AOS AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS ...... 101

2.1.4.1.11. ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÕES, MECANISMO DE POLINIZAÇÃO E DISPERSÃO ...... 102

2.1.4.1.12. PRINCIPAIS TIPOS OU FORMAÇÕES (FITOFISIONOMIA) DA ÁREA, CLASSIFICANDO-AS DE ACORDO COM O SISTEMA DO IBGE .... 104

2.1.4.1.12.1. COMPARAÇÕES COM CLASSIFICAÇÕES LOCAIS E REGIONAIS ...... 105

2.1.4.1.13. A VEGETAÇÃO E A SUA DISTRIBUIÇÃO ...... 105

2.1.4.1.13.1. VARIAÇÃO AO LONGO DO ANO DAS ESPÉCIES ...... 107

2.1.4.1.13.2. ESPÉCIES MAIS COMUNS ...... 107

2.1.4.1.13.3. ESPÉCIES BIOINDICADORAS ...... 108

2.1.4.1.13.4. ESPÉCIES ENDÊMICAS ...... 110

5

2.1.4.1.13.5. ESPÉCIES DE INTERESSE ECONÔMICO E CIENTÍFICO . 111

2.1.4.1.13.6. ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA ...... 111

2.1.4.1.13.7. ESPÉCIES VEGETAIS ENDÊMICAS, RARAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO ...... 112

2.1.4.1.13.8. ESPÉCIES RARAS ...... 114

2.1.4.1.13.9. ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO ...... 114

2.1.4.1.13.10. ESPÉCIES INVASORAS ...... 116

2.1.4.1.13.11. ESPÉCIES EXÓTICAS ...... 117

2.1.4.1.13.12. ESPÉCIES QUE SOFREM PRESSÃO DE EXTRAÇÃO E COLETA ...... 117

2.1.4.1.14. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA ÁREA ...... 118

2.1.4.1.15. OCORRÊNCIA DE ESPECIFICIDADE NA ÁREA DE ESTUDO ... 118

2.1.4.2. FAUNA ...... 133

2.1.4.2.1. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL DA FAUNA ...... 133

2.1.4.2.2. ÁREAS DE PROTEÇÃO NO LITORAL NORTE ...... 136

2.1.4.2.2.1. APA LITORAL NORTE ...... 137

2.1.4.2.2.2. APA DA PLATAFORMA CONTINENTAL DO LITORAL NORTE ...... 137

2.1.4.2.2.3. APA DE JOANES - IPITANGA ...... 138

2.1.4.2.3. CARACTERIZAÇÃO LOCAL DA FAUNA ...... 139

2.1.4.2.3.1. METODOLOGIA ...... 139

2.1.4.2.3.2. RESULTADOS ...... 140

2.1.4.2.4. ANFÍBIOS ...... 141

2.1.4.2.5. RÉPTEIS ...... 147

2.1.4.2.6. AVES ...... 152

2.1.4.2.7. MAMÍFEROS ...... 170

2.1.4.3. INTERAÇÕES FLORA/FLORA E FLORA/FAUNA ...... 173

2.1.4.4. ICTIOFAUNA ...... 176

2.1.4.4.1. MATERIAL E MÉTODOS ...... 177

6

2.1.4.4.1.1. ÁREA DE ESTUDO ...... 177

2.1.4.4.2. COLETA E ANÁLISE DE DADOS ...... 178

2.1.4.4.2.1. CAMPANHA DE CAMPO ...... 178

2.1.4.4.2.2. INFORMAÇÕES SOBRE OS PONTOS AMOSTRADOS ...... 179

2.1.4.4.3. PREPARO, CONSERVAÇÃO E ANÁLISE DOS EXEMPLARES ...... 180

2.1.4.4.4. CARACTERIZAÇÃO DA ICTIOFAUNA...... 181

2.1.4.4.4.1. COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA ...... 181

2.1.4.4.4.2. HÁBITO ALIMENTAR DAS ESPÉCIES REGISTRADAS NO RIACHO SECO ...... 183

2.1.4.4.4.3. ESPÉCIES EXÓTICAS ...... 185

2.1.4.4.5. REGISTRO FOTOGRÁFICO DAS ÁREAS AMOSTRADAS E DA COLETA DE DADOS EM CAMPO...... 187

2.1.4.4.6. PRINCIPAIS CONCLUSÕES DA ICTIOFAUNA...... 192

2.1.4.5. CONSERVAÇÃO DA ÁREA ...... 192

2.1.4.6. FATORES IMPACTANTES SOBRE A BIODIVERSIDADE DO PARQUE ...... 194

2.1.4.7. ESPÉCIES EXÓTICAS ...... 194

2.1.4.8. EXTRAÇÃO DE RECURSOS DA BIODIVERSIDADE ...... 195

2.1.5. SÓCIO ECONOMIA AMBIENTAL ...... 196

2.1.5.1. ASPECTOS GERAIS DOS MUNICÍPIOS DO ENTORNO ...... 196

2.1.5.2. ASPECTOS HISTÓRICOS NA REGIÃO ...... 198

2.1.5.2.1. HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DA REGIÃO ...... 198

2.1.5.2.2. BSC E A PRODUÇÃO FLORESTAL REGIONAL ...... 201

2.1.6. VISITAÇÃO ...... 203

2.1.7. PESQUISA E MONITORAMENTO ...... 203

2.1.8. PESQUISA E O ENTORNO DA RESERVA ...... 206

2.1.9. OCORRÊNCIA DE FOGO ...... 207

2.1.10. PRESENÇA DE SÍTIOS HISTÓRICOS, ARQUEOLÓGICOS E/OU PALEONTOLÓGICOS ...... 208

7

2.1.11. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN LONTRA ...... 209

2.1.12. SISTEMA DE GESTÃO ...... 210

2.1.13. PESSOAL ...... 210

2.1.14. INFRA-ESTRUTURA ...... 211

2.1.15. EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ...... 211

2.1.16. RECURSOS FINANCEIROS ...... 212

2.1.17. FORMAS DE COOPERAÇÃO ...... 212

2.1.18. PERCEPÇÃO DO ENTORNO IMEDIATO DA RPPN LONTRA ...... 213

2.1.19. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE ...... 215

2.1.20. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ...... 216

3. PARTE C ...... 218

3.1. PLANEJAMENTO...... 218

3.1.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...... 218

3.1.1.1. LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES ...... 219

3.1.1.2. PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS, CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS ...... 219

3.1.1.3. LEVANTAMENTO DE CAMPO ...... 220

3.1.1.4. TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES ...... 220

3.1.2. DESENHO DO PLANEJAMENTO ...... 221

3.1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO ...... 222

3.2. ZONEAMENTO ...... 223

3.2.1. ZONA DE TRANSIÇÃO ...... 226

3.2.2. ZONA DE PROTEÇÃO ...... 230

3.2.2. ZONA DE SILVESTRE ...... 234

3.2.2.1. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ...... 238

3.2.7. ÁREA DE VISITAÇÃO ...... 239

3.2.7.1. ÁREAS DE RECUPERAÇÃO ...... 244

3.2.7.2. ÁREA DE ENRIQUECIMENTO VEGETAL ...... 245

8

3.3. CRITÉRIOS PARA O ZONEAMENTO ...... 247

3.3.1. GRAU DE CONSERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO ...... 247

3.3.2. VARIABILIDADE AMBIENTAL ...... 248

3.4. CRITÉRIOS INDICATIVOS DE SINGULARIDADE DA RPPN LONTRA ...... 249

3.4.1. CRITÉRIOS INDICATIVOS DE VALORES PARA A CONSERVAÇÃO ...... 249

3.4.1.1. REPRESENTATIVIDADE ...... 249

3.4.1.2. RIQUEZA E/OU DIVERSIDADE DE ESPÉCIES ...... 250

3.4.1.3. ÁREAS DE ECÓTONO (CONTATO OU TENSÃO ECOLÓGICA) ...... 250

3.4.1.4. SUSCETIBILIDADE AMBIENTAL ...... 250

3.4.2. CRITÉRIOS INDICATIVOS PARA VOCAÇÃO DE USO ...... 251

3.4.2.1. POTENCIAL DE VISITAÇÃO ...... 251

3.4.2.2. POTENCIAL PARA SENSIBILIZAÇÃO ...... 251

3.4.2.3. PRESENÇA DE INFRAESTRUTURA ...... 251

3.5. PROGRAMAS DE MANEJO - PM ...... 252

3.5.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO - PA ...... 252

3.5.1.1. RESULTADOS ESPERADOS ...... 253

3.5.1.2. ATIVIDADES ...... 254

3.5.1.3. NORMAS ...... 255

3.5.2. PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO - PPF ...... 256

3.5.2.1. RESULTADOS ESPERADOS ...... 256

3.5.2.2. ATIVIDADES ...... 256

3.5.2.3. NORMAS ...... 258

3.5.3. PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO - PPM ...... 258

3.5.3.1. RESULTADOS ESPERADOS ...... 258

3.5.3.2. ATIVIDADES ...... 259

3.5.3.3. NORMAS ...... 260

3.5.4. PROGRAMA DE VISITAÇÃO - PV ...... 261

3.5.4.1. RESULTADOS ESPERADOS ...... 261

9

3.5.4.2. ATIVIDADES ...... 261

3.5.4.3. NORMAS ...... 263

3.5.5. PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA - PSE ...... 263

3.5.5.1. RESULTADOS ESPERADOS ...... 264

3.5.5.2. ATIVIDADES ...... 264

3.5.5.3. NORMAS ...... 264

3.5.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO - PC ...... 265

3.5.6.1. RESULTADOS ESPERADOS ...... 265

3.5.6.2. ATIVIDADES ...... 265

3.5.6.3. NORMAS ...... 266

3.6. PROJETOS ESPECÍFICOS ...... 266

3.6.1. PESQUISAS PRIORITÁRIAS ...... 266

3.6.2. ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NO ENTORNO IMEDIATO .. 268

3.7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS ...... 269

3.8. INFORMAÇÕES FINAIS ...... 271

3.6.1. MEMORIAL DESCRITIVO DA RPPN: RPPN FAZENDA LONTRA/SAUDADE ...... 271

4. PARTE D ...... 273

4.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 273

4.2. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ...... 288

4.3. GLOSSÁRIO ...... 294

5. ANEXOS ...... 297

5.1. ANEXO 1 – ORTOFOTO DA RPPN LONTRA/SAUDADE...... 297

5.1. ANEXO 2 - MAPA DO ZONEAMENTO AMBIENTAL ...... 297

5.2. ANEXO 3 - MAPA DE VEGETAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ...... 297

5.3. ANEXO 4 - ANOTAÇÕES DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA ...... 297

10

SUMÁRIO DE FIGURAS, QUADROS, FOTOS, TABELAS

E SIGLAS

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- ROTAS DE CHEGADA A U.C. RPPN LONTRA, DO INTERIOR A CAPITAL, NO LITORAL NORTE BAIANO...... 26

FIGURA 2- CROQUI DE LOCALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE FAZENDA LONTRA/SAUDADE...... 27

FIGURA 3– IMAGEM DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO. ÁREA DA RPPN LONTRA...... 40

FIGURA 4– ORTOFOTOCARTA DA ÁREA DA FAZENDA LONTRA/SAUDADE QUE MOSTRA A OCUPAÇÃO ANTRÓPICA DAS ÁREAS DE ENTORNO...... 41

FIGURA 5– LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DA RPPN ENTRE OS MUNICÍPIOS DE ENTRE RIOS E ITANAGRA, NOS LIMITES DAS MICROBACIAS DOS RIOS SAUÍPE E SUBAÚMA, LITORAL NORTE BAIANO...... 42

FIGURA 6- GRÁFICO DE TEMPERATURA NO MUNICÍPIO DE - PARA OS MESES DO ANO, REPRESENTANDO A SÉRIE HISTÓRICA NO PERÍODO DE 1964-1983. FONTE: INMET (1992)...... 47

FIGURA 7- PRECIPITAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS ANUAIS MEDIDAS NO MUNICÍPIO DE ESPLANADA - BAHIA PARA OS MESES DO ANO, REPRESENTANDO A SÉRIE HISTÓRICA NO PERÍODO DE 1964-1983. (SEI, 1999)...... 48

FIGURA 8- GRÁFICO DE TEMPERATURA NO MUNICÍPIO DE - BAHIA PARA OS MESES DO ANO DE 2009 E REPRESENTANDO A SÉRIE HISTÓRICA NO PERÍODO DE 1961-1990. FONTE: INMET (2010)...... 49

FIGURA 9- UNIDADES FÍSICAS AMBIENTAIS. REGIÃO DE ESTUDO . ...54

FIGURA 10– MAPA PEDOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE ENTRE RIOS CARACTERIZANDO A SUA MAIORIA COMO SOLO ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO...... 58

FIGURA 11- MAPA PEDOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE ITANAGRA CARACTERIZANDO A SUA MAIORIA COMO SOLO ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO...... 58

FIGURA 12– ÁREA DA RESERVA LOCALIZADA NA BACIA DO RECÔNCAVO NORTE E ...... 61

FIGURA 13– ÁREA DE ESTUDO INSERIDA ENTRE DIVISORES DE ÁGUA, COM PRESENÇA DE NASCENTES, ENTRE DOIS MUNICÍPIOS. ÁREA DE ESTUDO - ...... 65

11

FIGURA 14- DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS COM A INSERÇÃO DA POLIGONAL DA FAZENDA LONTRA/SAUDADE EM SUA LOCALIZAÇÃO E CORTADO PELO RIACHO SECO, AFLUENTE DO RIO SAUÍPE...... 66

FIGURA 15– MUNICÍPIOS DO LITORAL E RECÔNCAVO BAIANO EM SUAS FORMAÇÕES FLORESTAIS, CARACTERIZANDO A ÁREA DE ESTUDO COMO FLORESTA OMBRÓFILA DENSA COMO FLORESTA TROPICAL PLUVIAL...... 81

FIGURA 16- SITUAÇÃO GEOGRÁFICA DA RESERVA, INSERIDA EM ÁREA DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA, NA PORÇÃO LITORÂNEA, NORDESTE DO ESTADO...... 91

FIGURA 17- ÁREA DA RPPN LONTRA PRESERVANDO, EM SEUS LIMITES, REMANESCENTES FLORESTAIS COM GRAU DE CONSERVAÇÃO ALTAMENTE ELEVADO, GARANTINDO A PROTEÇÃO DE ECOSSISTEMAS PRIMÁRIOS, AUSENTES DE PRESENÇA ANTRÓPICA. FAZENDA LONTRA/SAUDADE ...... 92

FIGURA 18- NÚMERO DE ESPÉCIES DAS 15 FAMÍLIAS BOTÂNICAS MAIS DIVERSAS NA RPPN LONTRA...... 94

FIGURA 19- NÚMERO DAS ESPÉCIES EM RELAÇÃO AO SEU HÁBITO.HÁBITOS: ARV. = ÁRVORES; E. = EPÍFITAS; H. = HERBACEAS; ARB. = ARBUSTIVAS; L. = LIANAS; PAR. = PARASITA; S. = SAPROFÍTICA...... 95

FIGURA 20- ALTURA MÉDIA DAS ESPÉCIES ARBÓREAS NA RPPN LONTRA...... 97

FIGURA 21- DAP MÉDIO DAS ESPÉCIES ARBÓREAS NA RPPN LONTRA...... 97

FIGURA 22- RELACÃO ENTRE O ESTÁGIO DE REGENERAÇÃO DAS FORMAÇÕES DA ÁREA DE ESTUDO EM RELAÇÃO A QUANTIDADE DE ESPÉCIES ENCONTRADAS...... 98

FIGURA 23- MECANISMO DE POLINIZAÇÃO DAS ESPÉCIES NA RPPN LONTRA.N. ESP. = NÚMERO DE ESPÉCIES...... 103

FIGURA 24- MECANISMO DE DISPERSÃO DAS ESPÉCIES NA RPPN LONTRA SAUDADE. N. ESP. = NÚMERO DE ESPÉCIES...... 103

FIGURA 25- OCORRÊNCIA DAS ESPÉCIES NAS SUBFORMAÇÕES VEGETAIS DA RPPN LONTRA.M. = MATA (FLORESTA OMBROFILA DENSA)/ A.A. = ÁREA ANTROPIZADA; CH. = CHARCO; C.N. = CLAREIRA NATURAL...... 119

FIGURA 26– GRÁFICO REPRESENTANDO A COMPOSIÇÃO PERCENTUAL DA ICTIOFAUNA AMOSTRADA NO RIACHO SECO, EXPRESSA EM ORDENS COM BASE NO NÚMERO DE ESPÉCIES COLETADAS...... 182

FIGURA 27- CROQUI DE LOCALIZAÇÃO DA ZONA DE TRANSIÇÃO NA RPPN LONTRA - FAZENDA LONTRA/SAUDADE...... 227

FIGURA 28- CROQUI DE LOCALIZAÇÃO DA ZONA DE PROTEÇÃO NA ÁREA DA RPPN LONTRA...... 231

12

FIGURA 29- CROQUI DE LOCALIZAÇÃO DA ZONA DE PROTEÇÃO NA ÁREA DA RPPN LONTRA...... 234

FIGURA 30- CROQUI DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE VISITAÇÃO NA RPPN LONTRA - FAZENDA LONTRA/SAUDADE...... 241

FIGURA 31- CROQUI DE LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE RECUPERAÇÃO NA RPPN LONTRA - FAZENDA LONTRA/SAUDADE...... 245

FIGURA 32- CROQUI DE LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ENRIQUECIMENTO VEGETAL NA RPPN LONTRA - FAZENDA LONTRA/SAUDADE...... 246

13

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS POR NÚMERO DE RPPN NO ESTADO DA BAHIA...... 33

QUADRO 2 – CONFLITOS E IMPACTOS AMBIENTAIS NA BHRN...... 63

QUADRO 3 - FONTES POTENCIAIS E ATUAIS DE CONTAMINAÇÃO PARA AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RECÔNCAVO NORTE...... 64

QUADRO 4– PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS ANALISADOS PARA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIACHO SECO DENTRO DA RPPN LONTRA...... 69

QUADRO 5- LISTAGEM DAS ESPÉCIES DA FLORA DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DA RPPN LONTRA ...... 120

QUADRO 6 – ANFÍBIOS REGISTRADOS DURANTE A CAMPANHA DE CAMPO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RESERVA DA COPENER...... 143

QUADRO 7 - RÉPTEIS REGISTRADOS DURANTE A CAMPANHA DE CAMPO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RESERVA DA COPENER...... 149

QUADRO 8- AVES REGISTRADAS DURANTE ESTUDO EM CAMPO NA RPPN...... 152

QUADRO 9 - REGISTROS OBTIDOS DURANTE ESTUDO DE CAMPO NA REGIÃO DA RPPN...... 171

QUADRO 10- LISTA DAS ESPÉCIES DE PEIXES DE ÁGUA DOCE COLETADAS NO RIACHO SECO...... 181

QUADRO 11- LISTA DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS NO RIACHO SECO, ACOMPANHADA DE NOMES POPULARES E HÁBITO ALIMENTAR DE CADA ESPÉCIE...... 184

QUADRO 12 – QUANTIFICAÇÃO DO ZONEAMENTO ESTABELECIDO NA RPPN LONTRA E DE ÁREAS QUE INTEGRAM A FORMAÇÃO DESTAS ZONAS...... 225

QUADRO 13 - SÍNTESE DA ZONA DE TRANSIÇÃO PARA NORMAS E OBJETIVO DE USO DA ÁREA...... 228

QUADRO 14 - CRITÉRIOS DE ZONEAMENTO PARA A ZT DA RPPN LONTRA...... 229

QUADRO 15 – ESPECIFICAÇÃO DAS PORÇÕES CARACTERIZADAS COMO ZP...... 231

QUADRO 16 – SÍNTESE DA ZONA DE PROTEÇÃO ELABORADO PARA O MANEJO DA RPPN LONTRA...... 232

QUADRO 17 – CRITÉRIOS APONTADOS PARA O ZONEAMENTO DA ZP DA RPPN LONTRA...... 233

QUADRO 18 - SÍNTESE DA ZONA DE SILVESTRE PARA NORMAS E OBJETIVO DE USO DA ÁREA...... 236 14

QUADRO 19 - CRITÉRIOS APONTADOS PARA O ZONEAMENTO DA ZS DA RPPN LONTRA...... 237

QUADRO 20 - SÍNTESE DA ÁREA DE VISITAÇÃO PARA NORMAS E OBJETIVO DE USO DA ÁREA...... 242

QUADRO 21 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA AV DA RPPN LONTRA...... 243

QUADRO 22 – QUANTIFICAÇÃO DAS PORÇÕES CARACTERIZADAS COMO ZR...... 244

QUADRO 23 - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS PARA AS ATIVIDADES DA RPPN LONTRA...... 270

15

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- RPPN LONTRA, FAZENDA LONTRA/SAUDADE ...... 35

TABELA 2– SÉRIE HISTÓRICA DO BALANÇO HÍDRICO MENSAL E ANUAL NO MUNICÍPIO DE ESPLANADA, BAHIA. FONTE INMET, 1991...... 46

TABELA 3 - QUANTITATIVO DOS DIFERENTES ESTÁGIOS DE REGENERAÇÃO E CONSERVAÇÃO DA FLORESTA OMBRÓFILA PRESENTE NA RESERVA...... 93

16

LISTA DE FOTOS

FOTO 1- ENTRONCAMENTO DA LINHA VERDE (BA-99) COM A RODOVIA ESTADUAL (BA- 506) DE ACESSO A CIDADE DE ENTRE RIOS, NAS PROXIMIDADES DE MASSARANDUPIÓ...... 27

FOTO 2– ACESSO PELA FAZENDA LONTRA/SAUDADE ATÉ A ÁREA DA RPPN LONTRA. ...28

FOTO 3– TALHÃO DE REFLORESTAMENTO, DENTRO DA ÁREA DA FAZENDA LONTRA/SAUDADE...... 28

FOTO 4– PLACA DOS PROJETOS FLORESTAIS DENTRO DA PROPRIEDADE, EM ÁREAS DE RESERVA LEGAL...... 29

FOTO 5– REGISTRO FOTOGRÁFICO DOS PONTOS EXTREMOS DA ÁREA DA RESERVA...... 44

FOTO 6– (A) E (B) FRAGMENTOS DE ROCHA ENCONTRADOS NAS CALHAS DE DRENAGEM E NO RIACHO SECO, DENTRO DA RESERVA RPPN LONTRA, CONSTATANDO ROCHAS DO CRISTALINO; (C) E (D) FORMAÇÃO DISPOSTO SOBRE O CRISTALINO REPRESENTATIVO EM PARTE DA FAZENDA...... 51

FOTO 7- (A) VISÃO DE PARTE DA RPPN LONTRA DESTACADA COMO REMANESCENTE DA MATA ATLÂNTICA ENTRE ÁREAS DE PASTAGENS E (B) RELEVO ACIDENTADO, COM VALES E CANAIS DE DRENAGENS NATURAIS QUE MARCAM O TERRENO COM RELEVO FORTEMENTE ONDULADO...... 56

FOTO 8– (A)TALUDE DE CORTE FEITO PARA ABERTURA DE ACESSO; (B) ANÁLISE DOS HORIZONTES DO SOLO EM TRINCHEIRA; (C) CAMADA SUPERFICIAL DO SOLO COM GRANULOMETRIA ARENOSA MISTURADAS COM MATERIAIS ORGÂNICOS EM DECOMPOSIÇÃO E (D) SOLO PEDREGOSO...... 59

FOTO 9– CANAIS DE DRENAGEM DE ÁGUA SUPERFICIAL...... 67

FOTO 10– COORDENADAS 597370/8646718: POÇO TUBULAR PROFUNDO CONSTRUÍDO PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO, MARGINALMENTE À RODOVIA (COMUNIDADE DE PAU D´ARCO, ITANAGRA)...... 73

FOTO 11– VISTA DA MATA ATLÂNTICA DA RPPN LONTRA...... 77

FOTO 12–TRECHOS DA ÁREA DE LEVANTAMENTOS DA CIRCUNFERÊNCIA DE ESSÊNCIAS FLORESTAIS REPRESENTANTES NAS FRAÇÕES INVENTARIADAS - X = 611.101, Y = 8.646.636...... 84

FOTO 13- (A) E (B) TRAVESSIA DA TRILHA, X = 612.055, Y = 8.645.816 E (C) X = 609.682, Y = 8.646.406; (D) PRESENÇA DE ESPÉCIES FLORESTAIS EXÓTICAS, X = 609.703, Y = 8.646.438 E (D) PROPRIEDADES COM PECUÁRIA, X = 606.490,Y = 8.644.864; (F) CIDADE DE ITANAGRA...... 91

17

FOTO 14- (A) VISTA DA VEGETAÇÃO ATLÂNTICA DA ÁREA INTERNA EM ESTÁGIO DE REGENERAÇÃO AVANÇADO, (B) ÁREA ANTROPIZADA EM REGENERAÇÃO PRIMÁRIA, (C) AMBIENTE ÚMIDO BEM PRESERVADO COM ESPÉCIES TÍPICAS...... 99

FOTO 15– PRESENÇA DE ESTALEIROS DE ESPERA DE CAÇADORES, SOBRE AS ÁRVORES, PARA CAPTURA DA CAÇA DE ANIMAIS SILVESTRES...... 101

FOTO 16- ESPÉCIES MAIS COMUNS - (A). IGUAÇU (TACHIGALI MULTIJUGA), (B). SELVA DE LEITE (MALOUETIA CF. CESTROIDES), (C). MUNDURURU (CF. LEANDRA SP); ÁREA ANTROPIZADA, INICIAL A MÉDIA. ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO - (D). MURTA PRETA, (E). JUERANA E (F) INGÁ...... 108

FOTO 17- (A E B) - ESPÉCIES DE LIQUENS ENCONTRADOS. (C A F) - EPIFÍTICAS BIOINDICADORAS DE AMBIENTE AVANÇADO DE REGENERAÇÃO SÃO: (C) – ORCHIDACEAE - ACIANTHERA SP, (D) – BROMELIACEAE- VRIESIA SP1, (E) - ARACEAE - MONSTERA SP1, (F) – PIPERACEAE -PEPERÔMIA SP...... 109

FOTO 18– ALGUMAS ESPÉCIES ENDÊMICAS ENCONTRADAS NA RPPN LONTRA: (A) ARAPATIELA PSILOPHYLLA (FABACEAE), (B) PSIDIUM BAHIANUM (MYRTACEAE). 110

FOTO 19– (A E B) FRUTOS DO DENDEZEIRO PARA A FABRICAÇÃO DO ÓLEO DE DENDÊ E DO PALMITEIRO (EUTERPE EDULIS) SENDO USADO NA CULINÁRIA BRASILEIRA....112

FOTO 20- A ESPÉCIE RARA MAÇARANDUBA (MANILKARA SALZMANI) FOI OBSERVADA EM CAMPO RARAMENTE E COM BAIXO NÚMERO DE INDIVÍDUOS...... 114

FOTO 21- A ÚNICA ESPÉCIE CONSIDERADA RARA NA ÁREA DE ESTUDO - MASSARANDUBA (MANILKARA SALZMAN)...... 115

FOTO 22– EXEMPLO DAS ESPÉCIES DE PLANTAS AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO NA RPPN LONTRA : EUTERPE EDULIS (FRUTO DO PALMITEIRO), CAESALPINIA ECHINATA (MUDA DE )...... 116

FOTO 23- ESPÉCIES PIONEIRAS, CARACTERÍSTICAS DOS AMBIENTES COM ESTÁGIOS INICIAIS DE SUCESSÃO. A. MELASTOMATACEAE (LEANDRA SP.), B. CYPERACEAE (CYPERUS SP.), C. POACEAE (SP1.)...... 116

FOTO 24- (A), (B) E (C): METODOLOGIA DE PROCURA VISUAL ATIVA. (A) PROCURA VISUAL ATIVA DIURNA EM MICROHABTITAS; (B) REGISTRO FOTOGRÁFICO DE ESPÉCIME AVISTADO; (C) PROCURA VISUAL ATIVA NOTURNA...... 140

FOTO 25- ANFÍBIOS REGISTRADOS DURANTE A CAMPANHA DE CAMPO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RESERVA DA COPENER...... 146

FOTO 26- RÉPTEIS REGISTRADOS DURANTE A CAMPANHA DE CAMPO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RESERVA DA COPENER...... 151

FOTO 27- AVES REGISTRADAS DURANTE A CAMPANHA DE CAMPO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RESERVA DA COPENE...... 169

18

FOTO 28- MAMÍFEROS REGISTRADOS DURANTE A CAMPANHA DE CAMPO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RESERVA DA COPENER...... 172

FOTO 29- VESTÍCIO DA FAUNA LOCAL...... 175

FOTO 30- LISTA DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS NO RIACHO SECO, ACOMPANHADA DE NOMES POPULARES E HÁBITO ALIMENTAR DE CADA ESPÉCIE...... 187

FOTO 31– CÓRREGO AFLUENTE DA MARGEM DIREITA DO RIACHO SECO NO ENCONTRO COM ESTE. 12º14’29,2”S/37º59’39,2”W, 62 M ALT...... 188

FOTO 32 – AMOSTRAGEM DA ICTIOFAUNA – REDE DE ARRASTO...... 188

FOTO 33– AMOSTRAGEM DA ICTIOFAUNA – REDE DE ESPERA...... 189

FOTO 34– APLICAÇÃO DE FORMOL 10% NA MUSCULATURA DE RHAMDIA QUELEN...... 189

FOTO 35– EXEMPLAR DE 55,4 MM CP DE ASTYANAX SP. 1 ...... 190

FOTO 36– EXEMPLAR DE 30,8 MM CP DE ASTYANAX SP. 2 ...... 190

FOTO 37– EXEMPLAR DE 61,7 MM CP DE RHAMDIA QUELEN...... 190

FOTO 38– EXEMPLAR DE 35,0 MM CP DE PAROTOCINCLUS BAHIENSIS...... 191

FOTO 39– EXEMPLAR DE 33,5 MM CP DE GEOPHAGUS BRASILIENSIS...... 191

FOTO 40– EXEMPLAR DE 22,9 MM CP DE POECILIA RETICULATA...... 191

FOTO 41- TRECHS DA ÁREA COM OCORRÊNCIA DE ESPERA DE CAÇADORES E PONTOS DE ENTRADA NA RESERVA POR TRILHAS...... 193

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LISTA DE SIGLAS

ABCRN –Associação para Conservação dos Recursos Naturais

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

APP – Área de Preservação Permanente

BHRN – Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte e Inhambupe.

COELBA – Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPTEC - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

DAP – Diâmetro na Altura do Peito

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO – Demanda Química de Oxigênio

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPI – Equipamento de proteção Individual

GPS - Sistema de Posicionamento Global

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IMA – Instituto do Meio Ambiente do Estado da Bahia

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

INPE – Instituto Nacional de Pesquisa Espacial

MZUFBA – Museu de Zoologia da Universidade Federal da Bahia

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OD – Oxigênio Dissolvido pH – Potencial Hidrogenionico

PMV – Populações Mínimas Viáveis

PREVFOGO – Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais

RAA – Região Administrativa da Água

RL – Rerserva Legal

RPGA – Região de Planejamento e Gestão das Águas

RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural

SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia

SISBIO – Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade

SNUC – Sistema Nacional de Unidade de Conservação

UC – Unidade de Conservação

UFBA – Universidade Federal da Bahia

UNEB – Universidade do Estado da Bahia

UTM – Sistema Universal Transverso de Mercator

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1. INTRODUÇÃO

A partir do momento em que uma área de proteção é legalmente estabelecida, ela deve ser eficazmente manejada se quisermos que a diversidade biológica seja mantida. Entretanto, as decisões sobre o manejo de uma unidade de conservação podem ser tomadas com maior eficiência quando as informações são fornecidas por um plano de manejo (Primack & Rodrigues, 2001).

As Unidades de Conservação de Uso Sustentável visam compatibilizar a conservação da biodiversidade com o uso sustentável de parcela, zoneando seus recursos naturais. Constituem UCs de uso sustentável as categorias: Área de

Proteção Ambiental – APA; Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta

Nacional; Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento

Sustentável; e Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN.

Apesar das RPPNs serem uma categoria de UC de Uso Sustentável, de propriedade privada, só é permitido atividades de pesquisa e a visitação com objetivos turístico, recreativo e educacional, ampliando o objetivo desta categoria de conservar a diversidade biológica.

Um dos principais objetivos quando se pensa em criar uma UC é diagnosticar e proteger os recursos bióticos e a conservação dos recursos físicos e culturais para que sejam utilizados de forma sustentável.

O manejo da reserva ambiental, localizada na Fazenda Lontra/Saudade entre os municípios de Itanagra e Entre Rios, Bahia, busca principalmente que esse fragmento florestal seja utilizado pela população local e vizinha, integrando-as e fazendo delas parte importante e fundamental na conservação da floresta.

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Pois somente desta forma haverá uma consciência ambiental suficiente para gerar nas comunidades um conhecimento maior sobre a importância da preservação de remanecentes do Bioma Mata Atlântica, ainda conservado.

A importância do plano de manejo é dar ordenação as atividades, servir de modelo para estudos na região, desenvolvendo a educação ambiental das comunidades próximas e conseguir a preservação dos recursos naturais.

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CAPÍTULO II – O PLANO DE MANEJO

1. PARTE A

1.1. INFORMAÇÕES GERAIS

A reserva particular do patrimônio natural (RPPN) denominada LONTRA é uma unidade de conservação em área privada, de interesse público e em caráter de perpetuidade, segundo portaria n° 95-96-N de 25-10-1996, aprovada pelo Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.

Conforme processo n° 02026.000875/93-96-SUPES/BA, a reserva é integrante do imóvel rural Fazenda Lontra/saudade, situado entre os municípios de Entre Rios e

Itanagra, no estado da Bahia, de propriedade da COPENER FLORESTAL LTDA, com uma área de 1.377,33 hectares, inserido no bioma Mata Atlântica.

As RPPNs atualmente têm demonstrado eficiência rede de conservação de remanenscentes da mata atlântica e também um importante meio de mudança socioambiental das áreas de entorno. Essa atitude tem dado como exemplo para outros proprietários de terras que tenham um potencial para a conservação de espécies e de ecossistemas restritos.

A RPPN LONTRA surgiu com o objetivo de preservar e conservar uma parcela da mata existente na região; situada em tabuleiro litorâneo do litoral norte do estado da Bahia, e tem potencial para estudos da flora e fauna, educação ambiental e transformação socioambiental das comunidades envolvidas, de modo a proteger

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os recursos naturais existentes, proporcionando benefícios de ordem ecológica, científica e educacional.

Este documento visa abordar os levantamentos realizados em campo, avaliando os meios abiótico e biótico, no período de 01 a 06 de junho de 2010, inventariados para a etapa do diagnóstico que contribuirá na elaboração do respectivo plano de manejo, definindo as diferentes categorais de conservação, uniformizando conceitos e metodologias, fixando diretrizes para o zoneamento e propondo programas específicos de manejo.

Os objetivos básicos para o manejo na RPPN LONTRA são a preservação da biodiversidade e o desenvolvimento das atividades de pesquisa científica, aprofundando no conhecimento da diversidade biológica, o monitoramento ambiental e a educação ambiental, fornecendo as diretrizes para o manejo da área da reserva, de acordo com a legislação em vigor.

1.2. ACESSO

Para chegar a área da Fazenda Lontra/Saudade pode-se acessar por dois caminhos, um pela Linha Verde (BA 099), saindo de Salvador até o quilômetro 95, em frente a entrada da comunidade de Massarandupió, retorna no entrocamento para a cidade de Entre Rios pela BA 093 e no quilômetro 5 da rodovia, a esquerda, inicia a propriedade.

Outro acesso pode ser realizado saindo de Salvador pela BR 324 até Simões Filho, entrando na BR 110 e segue até a BA 093, passando por Dias d'Ávila, Mata de São

João, , Araçás, seguindo em direção a BA 505 acessando a cidade de

Itanagra. Da cidade de Itanagra segue estrada de chão, dando acesso as

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propriedades rurais que confrontam a RPPN Lontra; ou por outras rodovias estaduais e federais de qualquer parte do estado, como mostra na figura 01.

Aracajú

BA -506

Massarandupio

Salvador

Figura 1- Rotas de chegada a U.C. RPPN Lontra, do interior a capital, no litoral norte baiano.

Fonte Google Maps, site. Área de estudo.

A figura 02 mostra o croqui de localização com algumas referências, indicando os acessos a fazenda Lontra/Saudade.

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Figura 2- Croqui de localização da propriedade Fazenda Lontra/Saudade.

Foto 1- Entroncamento da linha verde (BA-99) com a rodovia estadual (BA-506) de acesso a cidade de Entre Rios, nas proximidades de Massarandupió.

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Foto 2– Acesso pela Fazenda Lontra/Saudade até a área da RPPN Lontra.

Foto 3– Talhão de reflorestamento, dentro da área da Fazenda Lontra/Saudade.

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Foto 4– Placa dos projetos florestais dentro da propriedade, em áreas de Reserva Legal.

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1.3. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN

No Brasil, desde a Lei Florestal de 1934, está prevista a destinação de espaços naturais para proteção, por iniciativa de proprietários rurais, que eram denominados “Florestas Protetoras” (IBAMA, 1997a).

Até o ano de 1977 não haviam regras que regulamentassem a criação de reservas privadas no Brasil. Porém neste mesmo ano, uma portaria do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), já extinto, determinava o reconhecimento de terras privadas como “Refúgios Particulares de Animais Nativos”, com o principal objetivo de proteger fazendas onde seus proprietários não permitiam a caça, mesmo nas regiões e períodos permitidos para tal atividade (WIEDMANN, 1997).

Em 1986 o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA) revoga as regras dispostas na portaria anterior, cria as

“Reservas Particulares de Fauna e Flora”e assim faz novas determinações como a proibição da caça e a proteção de proprietários mais conservacionistas. Algumas

RPPN existentes hoje, já foram “Refúgios ou Reservas de Fauna e Flora”

(MESQUITA, 2004; IBAMA, 1997a; IBAMA, 1997b).

Apesar do reconhecimento legal do IBAMA, as reservas privadas e os seus proprietários ainda não tinham um amparo e ao mesmo tempo benefício algum por reservarem suas terras para conservação. O que muda em 1990, quando o

Decreto 98.914, de 31 de janeiro (Brasil, 2004) dita novas regras para a perservação e conservação dos recursos naturais em terras privadas. Com os incentivos e benefícios destinados aos propritários privados de terras com objetivo de conservação e o estabelecimento das atividades permitidas surge o conceito de

RPPN no Brasil (MESQUITA, 2004; IBAMA, 1997a; IBAMA, 1997b). 30

Com o objetivo de corrigir possíveis desvios e deixar mais claro o instrumento de conservação, em 5 de junho de 1996 é assinado o Decreto Federal 1.922 que determinava o caráter perpétuo das RPPN e possibilitava que as RRPN fossem reconhecidas por órgãos ambientais estaduais, (MESQUITA, 2004).

Apenas com a Lei nº 9.985 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza – SNUC que foi sancionada pelo Presidente da

República em 18 de julho de 2000 e após dois anos de publicada foi feita uma nova regulamentação através do Decreto Federal nº 4.340 de 22 de agosto de 2002, e com isso, a partir do ano 2000 as RPPN ganharam status de Unidade de Conservação

(UC) o que fez do Brasil o único país da América Latina a incluir as reservas privadas no seu sistema de áreas protegidas oficialmente. Embora sejam consideradas como unidades de “uso sustentável” pela Lei do SNUC, só é permitida a prática de atividades recreacionais, turísticas, de educação e pesquisa, excluindo-se quaisquer outros tipos de uso tradicionais como a extração mineral e vegetal, pecuária e agricultura já que o SNUC é um instrumento legal que determina os critérios e normas para os processos de criação e implementação das

UCs (BRASIL, 2004; MESQUITA, 2004).

O conceito de UC surge em 1872 nos Estados Unidos da América quando foi criado o Parque Nacional de Yellowstone objetivando a conservação de áreas naturais, especialmente com a crescente urbanização da época (IBAMA 1989).

Segundo Diegues (1996), as preocupações com áreas e recursos naturais já existiam em 1821 quando José Bonifácio de Andrada e Silva sugere que seja criado um setor para cuidar das matas e bosques e demonstra preocupação com a utilização sem planejamento dos recursos naturais.

31

No Brasil os primeiros Parques (Parque Nacional de Itatiaia, criado em 1937 e o

Parque Nacional do Iguaçu, em 1939) surgem baseados na idéia principal de criação de monumentos Naturais de beleza estética e com valor científico, algo que foi copiado do modelo norte-americano.

Segundo MILANO (1998), o plano do Sistema de Unidades de Conservação do

Brasil, produzido em 1979 pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

(IBDF), extinto e complementado em 1982, definia diretrizes e estratégias, estabelecia critérios técnicos na seleção das áreas que seriam destinadas à Parques e Reservas biológicas e definia conceitos de manejo já criados.

Como são diversos os objetivos nacionais de conservação é natural a existência de variados tipos de UCs com distintas categorias de manejo. E o estabelecimento de diferentes UCs ajuda na redução do risco de empobrecimento genético com a preservação de mais espécimes de vegetais e animais.

O objetivo de uma RPPN, de acordo com Wiedman (1997) é a proteção dos recursos ambientais representativos da região em áreas particulares. As atividades permitidas são previamente autorizadas pelo órgão responsável pela criação da

RPPN, que pode ser o IBAMA, no nível federal, ou os órgãos estaduais de meio ambiente e não devem comprometer a integridade dos mesmos recursos naturais ali protegidos.

O Decreto Federal 1.922 (BRASIL, 1996) prevê o procedimento para a criação da reserva particular, a documentação necessária e, no uso, dá-se prioridade ao reconhecimento de reservas contíguas às unidades de conservação, para que funcionem como corredores ecológicos ou zonas tampão, ou seja, áreas que atuem como filtros dos impactos gerados nas áreas do entorno de unidades de

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conservação. A propriedade é submetida a uma vistoria técnica para descrição e avaliação dos recursos e a aprovação culmina na publicação de uma Portaria no

Diário Oficial da União. Para garantir a perpetuidade da reserva, o proprietário tem que averbar sua criação à margem do registro de imóveis no cartório em que está o título de propriedade.

Criada em 1996, a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Lontra está localizada no município de Entre Rios. De sua área total de 1.377 hectares, cerca de

60% da área são recobertos por floresta ombrófila densa em estágio muito avançado de regeneração, que agregam grande interesse ambiental, graças à riqueza de sua fauna e flora.

O quadro 1 lista os municípios do estado da Bahia com suas respectivas unidades de conservação por ordem quantitativa de RPPNs e suas áreas.

Quadro 1 - Relação dos municípios por número de RPPN no estado da Bahia.

Número de Total da Área Protegida Município UF RPPN (ha)

Porto Seguro BA 10 7238,83

Prado BA 8 1880,49

Ilhéus BA 7 421,57

Malhada BA 6 11500

Itacaré BA 4 1177,57

Cocos BA 4 2347

Una BA 3 257,45

Piraí do Norte BA 2 465,66

Uruçuca BA 2 30,7

Maraú BA 2 45,5

Caravelas BA 2 500,1

33

Queimadas BA 2 836

Cachoeira BA 2 607

Iguaí BA 1 4750

Pojuca BA 1 13,39

Mucugê BA 1 70

Jussari BA 1 200

Itabela BA 1 47

Ibotirama BA 1 1259,2

Simões Filho BA 1 86,96

Camaçari BA 1 78

Mata de São João BA 1 370,72

Santana BA 1 220

Ibicaraí BA 1 95

Barra do Choça BA 1 8,85 Entre Rios BA 1 1377,33

Belmonte BA 1 391,77

Valença BA 1 97

Ubaíra BA 1 5

Palmas de Monte Alto BA 1 1000

Esplanada BA 1 379

Ribeira do Pombal BA 1 5

Palmeiras BA 1 50

São Sebastião do Passé BA 1 216

Total Muncípios: 34

Total Municípios no Estado: 417 (fonte: IBGE, 2007)

Percentual com RPPN: 8,15 % 75 38028,09

A tabela 1 apresenta informações básicas da RPPN Lontra.

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Tabela 1- RPPN LONTRA, FAZENDA LONTRA/SAUDADE

Nome da RPPN: Lontra

Munícipio: Itanagra/Entre Rios - BA

Área da RPPN: 1.377,33 ha

Proprietário: Copener Florestal ltda

Portaria 95N DOU de 28/10/1996 n°209 Portarias – seção 1 página 22055.

Propriedade

Nome da Propriedade: Fazenda Lontra/Saudade

Área total do Imóvel: 1.904,24 ha

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1.4. FICHA-RESUMO DA RPPN

• Nome da RPPN – Lontra.

• Nome do Proprietário – Copener Florestal Ltda.

• Nome do Representante da Direção (RD) – João Zenaide – Engº. Agrônomo.

• Contato - Meryellen Baldim de Oliveira – Engª. Florestal.

• Endereço da RPPN - Fazenda Lontra/Saudade.

• Endereço para correspondência - Rua Dr° José Tiago Correia, S/N, Alagoinhas Velha – Alagoinhas - Ba.

• Telefone/Fax/E-mail/Site – (75) 3423-9900 / (75) 3423-8218 [email protected] /www.bahiaspeccell.com

• Área da RPPN (em ha) e área total da propriedade (quando couber) – RPPN Lontra 1377,33 ha; Fazenda Lontra/Saudade 1904,24 ha.

• Principal município de acesso à RPPN - Itanagra e Mata de São João - Bahia.

• Município(s) e estado(s) abrangido(s) - Entre Rios e Itanagra, Estado da Bahia.

• Coordenadas (geográficas ou UTM) – X=607.986 , Y=8.646.506 , Z=154. Zona 24L.

• Data e número do ato legal de criação - 28/10/1996 e Portaria 95/996-N - DOU 209 - seção/pg. 1 - 22055.

• Marcos e referências importantes nos limites e confrontantes - ADB MZ698.

• Biomas e/ou ecossistemas – Mata Atlântica, Floresta Ombrófila Densa.

• Distâncias dos centros urbanos mais próximos - Itanagra – 8 km.

• Meio principal de chegada à UC – Terrestre, Rodovias Estaduais e Federais.

• Atividades ocorrentes - Pesquisa e Fiscalização .

36

2. PARTE B

2.1. DIAGNÓSTICO

2.1.1. METODOLOGIA DE LEVANTAMENTO DE CAMPO

Para dar início as atividades de caracterização da área da RPPN Lontra e de seu entorno foi necessário um planejamento prévio e o reconhecimento da área de estudo. De posse de mapas fundiário, altimétrico, uso do solo e imagem de satélite da área, fornecidos pelo proprietário, foi possível traçar diretrizes para um diagnóstico mais preciso, representativos da área.

Para o planejamento do diagnóstico e análise ambiental da área a ser zoneada foram observados alguns elementos da região, como: forma e grau de declividade de encostas, tipos de cobertura vegetal natural, modificada e reflorestamento, aptidão de compartimentos do relevo, condições hídricas, rede de drenagem, mananciais, linhas de nascentes, unidades morfopedológicas, unidades geológicas e formação superficial, ocupação agrícola e ou urbana e vias de circulação, áreas de agressão sob impacto de usos inadequados e processos erosivos em equilíbrio e em desequilíbrio.

O planejamento do espaço no qual se articulam o planejamento ambiental, o planejamento sócio educacional, e outras modalidades, como na pesquisa, monitoramento, proteção e fiscalização, deve ser a projeção no espaço das políticas socioambiental de uma sociedade.

O diagnóstico da área foi planejada a partir de quatro etapas:

1ª - Levantamento bibliográfico;

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2ª - Visitas a campo;

3ª - Identificação e análise das pontencialidades e degradação ambiental presente na área de estudo;

4ª - Proposta de zoneamento ambiental como uma síntese do estudo e programas que normalize os regulamentos em cada zona.

A primeira etapa enfoca uma análise dos elementos físicos-naturais: o relevo, através da delimitação geográfica da propriedade, altimetria e o uso e ocupação do solo, envolvendo os elementos derivados da dinâmica natural, como a vegetação nativa, quanto aqueles resultantes das atividades humanas, representados pela vegetação secundária e pela agropecuária. Logo em seguida são considerados os aspectos relativos à degradação ambiental e biodiversidade, conectividade e grau de significância e importância de conservação presentes na reserva florestal em estudo, aspectos relacionados fauna/flora e à legislação ambiental, tendo o Código Florestal Brasileiro como base.

Com isso, a partir da confrontação dos dados de pesquisa, do uso da cartografia e de informações de campo, é proposto o zoneamento ambiental, levando em conta a intensidade de sua conservação e da degradação ambiental, presente de modo diferenciado, na área e em seu entorno, respectivamente. Por fim, com o zoneamento ambiental é possível planejar as ações, visando à gestão ambiental da

RPPN Lontra.

Cada uma dessas etapas é caracterizada por uma série de atividades e foram divididas em: trabalhos de gabinete, trabalhos de campo e análise ambiental.

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Os trabalhos de gabinete corresponderão à análise de material bibliográfico, seja para a compreensão da área e região, com suas degradações ambientais, como para a caracterização do espaço estudado. Fez parte, também, dos trabalhos de gabinete a análise dos dados coletados em campo, bem como a análise e produção de material cartográfico, e finalmente, a análise conjunta de todas as informações adquiridas em todo o processo de execução do diagnóstico, visando elaborar uma proposta de zoneamento ambiental para a RPPN Lontra.

Os trabalhos de campo envolveram a averiguação das informações coletadas por fontes bibliográficas e cartográficas, de modo a identificar a fidelidade das mesmas. No campo foram igualmente identificados amostras de materiais botânicos, registros da fauna local e feições edafológicas que caracterizam a formação florestal de remanescente altamente preservado na região. Nas diversas visitas ao campo foram identificadas algumas situações de degradação ambiental, fotografadas, juntamente com outros aspectos que caracterizam a reserva.

O método de trabalho aplicado constou de visitas à área, objeto da avaliação, onde se realizou caminhadas em transectos aleatórios, objetivando levantar suas condições ambientais, as diferentes tipologias vegetacionais, além das espécies vegetais e da macrofauna terrestre existentes, bem como verificar a ocorrência de restrições ambientais, conforme legislação ambiental.

Nesta etapa foram levantados a florística com sua estrutura vegetagional, integrando os grupos da fauna. Esta integração possibilita uma primeira avaliação sobre a dinâmica estrutural da floresta e da composição da biota local. Com estas informações foi gerado uma mapa de biodiversidade, cruzando com os dados do diagnóstico socioeconômico ambiental da população ocorrente no entorno.

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2.1.2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

As unidades ambientais naturais foram marcantes a partir do cruzamento das informações do mapa de localização (Figura 3) e da cobertura vegetal e uso e ocupação da terra (Figura 4); levando-se em consideração principalmente as características de apropriação da terra e de uso atual. Dessa maneira, o critério mais importante foi à distribuição espacial da área de estudo através de visitas a campo com a caracterização da área.

Figura 3– Imagem de localização da área de estudo. Área da RPPN Lontra.

A área de RPPN Lontra se localiza na propriedade rural Fazenda Lontra/Saudade nos municípios de Entre Rios e Itanagra, no estado da Bahia, entre as coordenadas em UTM – 1. X= 607.829, Y=8.646.366 ; 2. X=610.420, Y= 8.648.379 ; 3. X= 612.681,

40

Y=8.646.693; 4. X=611.037 e Y= 8.643.579, (Figura 4) e pelo memorial descritivo da

RPPN Lontra, em anexo.

2.

3.

1.

4.

Figura 4– Ortofotocarta da área da fazenda Lontra/Saudade que mostra a ocupação antrópica das

áreas de entorno.

A área da RPPN Lontra é caracterizada como um fragmento florestal de remanescentes da Mata Atlântica com avançados estágios de regeneração, em uma

área de 1377 ha e um perímetro de 14 km e 419 metros.

Inserida na região litorânea da Bahia, entre as micro bacias hidrográficas dos Rios

Sauípe e Subaúma como mostra na figura 5, que integra a Bacia Hidrográfica do

Reconcavo Norte do Estado da Bahia, encontra-se sob o domínio do clima Quente e Úmido, com temperatura média de 25º C.

41

Embora nesta região o relevo, o solo e o clima variem muito, o que possibilita a ocorrência de diferentes tipos de vegetação com fisionomias e floras distintas, a vegetação predominante é a Mata Atlântica que está correlacionado aos Argissolo

Vermelho-Amarelo. O relevo apresenta em geral altitudes inferiores a 200 m.

Nos últimos vinte anos, a região conheceu uma expansão agropecuária sem precedentes, traduzida principalmente pelo acréscimo significativo em áreas de pastagem e de floresta plantada com pinus e eucalipto. Este processo produziu importantes transformações na região, principalmente no que se refere ao uso e ocupação da terra.

12°

38°

Figura 5– Localização da área da RPPN entre os municípios de Entre Rios e Itanagra, nos limites das microbacias dos Rios Sauípe e Subaúma, Litoral Norte Baiano.

42

A foto 5 mostra, como registro fotográfico, pontos do entorno da RPPN Lontra como no (A) identificação do Projeto Saudade na Fazenda Lontra Saudade, trecho de acesso a entrada da RPPN Lontra - X = 612.490, Y = 8.643.911; o (B) Talhões distribuídos, na parte sul da propriedade, com plantio de eucalipto do Projeto

Saudade, vizinho a reserva da área - X = 613.334, Y = 8.643.874; (C) porteira de entrada na RPPN Lontra a leste da propriedade e confronta com áreas de pastagem - X = 612.470, Y = 8.645.757; (D) entrada da reserva, a oeste da propriedade - X = 607.986, Y = 8.646.506; (E) via de acesso a reserva dentro de propriedades vizinhas X = 607.524, Y = 8.646.834 e (F) Sede de imóveis rurais limítrofes a RPPN - X = 606.738, Y = 8.647.136, Z = 115.

43

A B

C D

E F

Foto 5– Registro fotográfico dos pontos extremos da área da reserva.

44

2.1.3. MEIO FÍSICO

2.1.3.1. CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DA REGIÃO

Os itens a serem abordados neste tópico descrevem as condições climáticas dominantes, regionalmente, na área de influência indireta da reserva como a precipitação pluviométrica média, o período chuvoso, o balanço hídrico e a temperatura média.

Pela carência de dados meteorológicos nos municípios da região foram utilizadas informações coletadas dos municípios circunvizinhos como Esplanada e

Alagoinhas.

Para a região de Esplanada – BA e do entorno a classificação climática segundo

Koppen é As e para Thornthwaite e Mather é B1rA’a’ (úmido) (SEI, 1999).

A tabela 2 abaixo apresenta a série histórica do balanço hídrico mensal e anual no município de Esplanada, realizado com dados obtidos da estação meteorológica de Palame.

45

Tabela 2– Série histórica do balanço hídrico mensal e anual no município de Esplanada, Bahia. Fonte

INMET, 1991.

Balanço hídrico mensal e anual. Município Esplanada. Estação: Palame. Período: 1964 - 1983. 0 0 Altitude 10m. Latitude 12 04'. Longitude: 37 44'. CAC: 125 mm. Tipol. Climática: Koppen - As; Thornthwaite e Mather - B1rA' a' (úmido)

Índice *T *EP *P P - EP *Neg. *ARM *ER *DEF *EXC Índice de índice Meses de (0C) (mm) (mm) (mm) Acum. (mm) (mm) (mm) (mm) Umidade Hídrico Aridez

JAN 26.4 145.6 67.4 231.6 19.6 84.4 61.2 0.0 42.0 0.0

FEV 26.3 127.3 114.0 244.9 17.6 116.0 11.3 0.0 8.9 0.0

MAR 25.3 121.5 118.4 248.0 17.2 118.8 2.6 0.0 2.1 0.0 ABR 25.5 117.1 229.6 112.5 0.0 125.0 117.1 0.0 4.7 0.0 4.0 4.0 MAI 25.0 111.0 264.0 153.0 0.0 125.0 111.0 0.0 153.0 0.0 137.8 137.8 JUN 23.4 88.9 211.8 122.9 0.0 125.0 88.9 0.0 122.9 0.0 138.2 138.2 JUL 22.4 75.3 149.4 74.1 0.0 125.0 75.3 0.0 74.1 0.0 98.4 98.4 AGO 22.7 82.8 132.9 50.1 0.0 125.0 82.8 0.0 50.1 0.0 60.5 60.5

SET 23.6 93.1 82.9 10.2 115.2 92.7 0.4 0.0 0.4 0.0

OUT 24.7 114.3 84.3 40.2 90.6 108.9 5.4 0.0 4.7 0.0

NOV 25.4 123.9 71.5 92.6 59.6 102.5 21.4 0.0 17.3 0.0

DEZ 25.8 136.1 75.3 153.5 38.6 98.3 37.9 0.0 27.8 0.0 ANUAL 24.7 1336.9 1601.5 1196.7 140.2 404.8 10.5 30.3 24.0

Fonte: INMET, 1991 SEI, 1999

* T = Temperatura EP = Evapotranspiração potencial P = Precipitação média do mês Neg. = Negativo acumulado de água no solo ARM= Armazenamento de água no solo ER = Evaporação real DEF = Deficiência hídrica EXC = Excedente hídrico

46

Esta tabela mostra uma temperatura média anual de 24,70°C, a precipitação média anual nos 1.601,5 mm, distribuídos ao longo do ano, com maiores volumes de pluviométricos nos meses de março a agosto.

Com o clima do tipo As, a área da reserva apresenta geograficamente uma ocupação na porção litorânea do norte baiano, caracterizando-se como uma região de clima quente e úmido com estação seca no verão e chuvas no inverno, (SEI,

1999).

O clima B1rA’a’ é a designação dada aos ventos sazonais, em geral associados à alternância entre a estação das chuvas e a estação seca, que ocorrem em grandes

áreas das regiões costeiras tropicais.

O diagrama apresentado na figura 6 ilustra as variações de temperatura média nos

últimos vinte anos segundo dados do INMET, 1991 e SEI, 1999.

Figura 6- Gráfico de temperatura no município de Esplanada - Bahia para os meses do ano, representando a série histórica no período de 1964-1983. Fonte: INMET (1992).

47

2.1.3.1.1. PLUVIOMETRIA

Os períodos de maior precipitação são os meses de abril a junho, com sua pluviosidade média mensal de 133 mm; com máxima de 264 mm e mínima de 67,4 mm, onde as precipitações médias anuais no período de vinte anos (1964-1983) foram em torno de 1.601,5 mm e apresentando risco de seca nos períodos de setembro a janeiro (SEI, 1999) conforme figura 7.

Figura 7- Precipitações pluviométricas anuais medidas no município de Esplanada - Bahia para os meses do ano, representando a série histórica no período de 1964-1983. (SEI, 1999).

48

A figura 8 mostra a distribuição pluviométrica no município de Alagoinhas.

Figura 8- Gráfico de temperatura no município de Alagoinhas - Bahia para os meses do ano de

2009 e representando a série histórica no período de 1961-1990. Fonte: INMET (2010).

As taxas de insolação se encontram normalmente acima de 2000 horas anuais, por toda a área, com um pequeno decréscimo nos meses do outono e inverno. Já os

índices de umidade relativa estão sempre acima da casa de 70%, na maior parte do ano superiores a 80% (CPTEC-INPE, 2003). Ainda segundo o CPTEC-INPE (2003) e Gonçalves (1991), cerca de 75% dos ventos provêm de NE-E-SE, sendo que deste percentual, 18% são de NE e 47% de E, principalmente durante a primavera-verão e 35% de SE, normalmente no período de outono-inverno.

49

2.1.3.2. GEOLOGIA

A caracterização geológica da região em estudo é descrita a partir de informações contidas no enquadramento do Litoral Norte do Estado da Bahia, conforme

BARBOSA, & DOMINGUEZ, (1996). Nesta região ocorrem basicamente três domínios geológicos, abrangendo sua área de influência indireta e direta:

• Rochas cristalinas pré-cambrianas – este domínio constitui o Embasamento

Cristalino e compreendem rochas do tipo piroxênio-granulitos e

hornblenda-piroxênio granulitos, cortadas por zonas de cisalhamento,

representadas por falhas com direção geral SW-SE, coincidentes com a

foliação metamórfica. Estas direções influenciam geotecnicamente na

estabilidade de muitas encostas existentes, constituindo locais susceptíveis

a ocorrência de deslizamentos e escorregamentos.

• Rochas sedimentares mesozóicas e terciárias - compreendem as rochas

sedimentares pertencentes ao Super Grupo Bahia, assim constituídas:

50

(A) (B)

(C) (D)

Foto 6– (A) e (B) Fragmentos de rocha encontrados nas calhas de drenagem e no Riacho Seco, dentro da reserva RPPN Lontra, constatando Rochas do Cristalino; (C) e (D) Formação Barreiras disposto sobre o Cristalino representativo em parte da fazenda.

Formação Barreiras : é constituído por sedimentos arenosos de granulometria grossa a média, de coloração branca, amarela e vermelha, intercalados com lentes de argila caulinítica de pequena espessura e de coloração vermelha. São bastante

51

friáveis e susceptíveis à erosão pluvial. Em locais onde a cobertura vegetal foi removida é comum a ocorrência de ravinamentos e voçorocas. Esta formação é característica da área da reserva RPPN Lontra.

Formação Marizal : é constituída em geral por arenitos variegados mal selecionados, cauliníticos, pouco micáceos, com intercalações argilosas e siltosas, dispostas em camadas horizontais, exceto em trechos localizados onde apresentam mergulhos acentuados. Apresentam espessura inferior a 30 metros, é bastante susceptível a erosão, sendo freqüente a presença de ravinamentos e voçorocas.

Formação São Sebastião : é constituída predominantemente por arenitos grosseiros, mal selecionados, friáveis, de coloração cinza-esbranquiçada, cinza-amarelada e cinza-avermelhada, intercalados com argilas avermelhadas, podendo ocorrer, localmente, delgadas lâminas de óxido de ferro. Seus sedimentos são bastante susceptíveis à processos erosivos, quando ocorre a retirada da cobertura vegetal.

Grupo Ilhas : é constituída por siltitos cinza-esverdeados, calcíferos, micáceos e carbonatos plaqueados, arenosos ou não, interestratificados com folhelhos.

Sedimentos Quaternários - constituem os sistemas deposicionais recentes existentes dentro dos limites litorâneos, sendo representados por sedimentos inconsolidados de origem fluvial, eólica e marinha.

52

2.1.3.3. UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS

A caracterização geológica da região em estudo é descrita a partir de informações contidas no enquadramento do Litoral Norte do estado da Bahia, conforme

GEOLOGIA DA BAHIA (1996). A área de estudo pode ser dividida em três compartimentos distintos:

• Baixo planalto interior: corresponde às áreas de ocorrência das unidades

meso-cenozóicas da Bacia Sedimentar do Recôncavo e encontra-se em

posição altimétrica muito rebaixada, não ultrapassando os 100 metros. As

formas de relevo mais destacadas são os tabuleiros e os morros ou colinas

isoladas, de topo plano, com vertentes convexas, onde está situado a RPPN

Lontra;

• Planície litorânea: são representadas por unidades geológicas pertencentes

ao período Quaternário que, em geral, ocorrem paralelas à linha de costa.

As formas de relevo mais destacadas são as dunas;

• Terraços marinhos, mangues, pântanos de água doce e planícies de

inundação no trecho situado próximo à desembocadura.

Geologicamente a estrutura e funcionamento das unidades físicas ambientais da

Zona Costeira podem ser compreendidos pelo modelo esquemático apresentado na figura 9 a seguir:

53

Figura 9- Unidades físicas ambientais. Região de estudo .

Fonte: Lyrio, 1996.

2.1.3.4. RECURSOS EDÁFICOS

O estudo pedológico foi realizado a partir de levantamentos de dados secundários e análise no campo, utilizando-se como principais referenciais teóricos o Manual de Descrição e Coleta de Solo no Campo (LEMOS; SANTOS, 2002), o Sistema

Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999) e o Manual de Métodos e

Análises de Solos (EMBRAPA, 1997).

Em campo foram averiguadas as classes e as associações de solos que ocorrem na

área da reserva e de seu entorno, através da observação em barrancos, cortes em talude e análises do relevo.

54

Os perfis do solo foram submetidos à descrição morfológica, conforme Lemos e

Santos (1984), coletando-se amostras para realização de análises comparativas de textura e coloração.

Fase pré-campo

A fase pré-campo foi baseada em três atividades principais: interpretação de imagens de satélite, mapa planialtimétrico e pesquisa bibliográfica da região.

Como produto dessa etapa foi obtido imagens de satélite da área para determinação dos pontos de averiguação.

Esta metodologia segue as normas ditadas pela Sociedade Brasileira de Ciência do

Solo.

Fase de campo

A visita de campo foi realizada nos meses junho de 2010, in loco, sendo levantada a topografia do terreno, sua característica geomorfológica, acesso as áreas em estudo e marcação dos pontos de análise. O trabalho foi executado da seguinte forma: observação das peculiaridades do solo nas áreas de cima e de baixo do talude, verificando as diferentes texturas, formações e profundidades dos solos. Além de anotações técnicas e observações em campo foi feito registro fotográfico.

55

(A) (B)

Foto 7- (A) Visão de parte da RPPN Lontra destacada como remanescente da Mata Atlântica entre

áreas de pastagens e (B) Relevo acidentado, com vales e canais de drenagens naturais que marcam o terreno com relevo fortemente ondulado.

A área de influência direta do empreendimento, em sua maioria, composta por sedimentos recentes, ou seja, do Quaternário, sendo arenosos e relativamente uniformes, expressos geomorfologicamente como depósitos marítimos, fluviais e/ou eólicos. Os solos desenvolvidos a partir desses sedimentos são, em geral, pouco evoluídos, pobres em nutrientes e muito susceptíveis à instalação de processos degradativos.

2.1.3.4.1. ASPECTOS PEDOLÓGICOS

Os solos desenvolvidos sobre os tabuleiros costeiros no litoral norte do Estado da

Bahia apresentam a transformação podzólica como uma feição comum, bem distribuída por todo o domínio dos sedimentos da Bacia de Tucano/Recôncavo e do Grupo Barreiras. Como principais classes de solos que ocorrem na região, destacam-se Argissolos Vermelho-Amarelo álico, latossolo amarelo argiloso, areia 56

quartzosa e vertissolo. O Argissolo Vermelho-Amarelo é a classe de solo que predomina na área da reserva. Como mostra no mapa de solo dos municípios de

Itanagra e Entre Rios nas figuras 10, 11 e fotos na área.

• Argissolo Vermelho-Amarelo Álico : Geralmente, ocorre em relevo

ondulado ou fortemente ondulado, com cor amarelada ou vermelho-

amarelada no horizonte B, o qual, em geral apresenta maior teor de argila

do que o horizonte A. Normalmente apresenta cerosidade, especialmente se

a textura for argilosa ou muito argilosa. Se for eutrófico, há condições

favoráveis para o enraizamento ao longo do perfil. Outro aspecto favorável

ao enraizamento ocorre pelo fato ser solo normalmente profundo.

Os aspectos da paisagem e do próprio solo contribuem para que o processo erosivo se constitua no fator dos mais limitantes, pois o relevo é acidentado e o solo apresenta gradiente textural média do teor de argila do horizonte B dividido pela média do teor de argila do horizonte A, em geral alto, especialmente se ocorrer o caráter abrupto, ou seja, se o teor de argila do horizonte B for muito maior do que no horizonte A, na região de contato entre estes horizontes. Se for

álico ou distrófico, há baixo potencial nutricional no horizonte B. Baixo teor de

água disponível às plantas se a textura do horizonte A for arenosa. Solo sujeito á compactação se o horizonte A for especialmente de textura média ou mais argilosa.

57

RPPN Lontra

Figura 10– Mapa pedológico do município de Entre Rios caracterizando a sua maioria como solo

Argissolo Vermelho-Amarelo.

RPPN Lontra

Figura 11- Mapa pedológico do município de Itanagra caracterizando a sua maioria como solo

Argissolo Vermelho-Amarelo.

58

A foto 8 apresenta pontos de caracterização do solo e de suas feições pedológicas na área de estudo com análise de perfil do solo dentro e fora da reserva, através de análise de taludes em trincheiras no solo para verificação da coloração do solo nas camadas sub-superficiais, a textura e teores mineralógicos.

(A) (B)

(C) (D)

Foto 8– (A)Talude de corte feito para abertura de acesso; (B) Análise dos horizontes do solo em trincheira; (C) Camada superficial do solo com granulometria arenosa misturadas com materiais orgânicos em decomposição e (D) Solo pedregoso.

59

2.1.3.5. RECURSOS HÍDRICOS

A RPPN é atravessada por uma drenagem perene importante, contributária do rio

Sauípe. Embora essa drenagem seja importante, não existem dados hidrológicos e/ou de análises físico-química da mesma. Como é parte integrante de uma sub- bacia hidrográfica independente (rios Sauípe/Subauma), que por sua vez integra a

Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte e Inhambupe (BHRNI), são apresentados aqui características dessa bacia hidrográfica, principais aspectos ambientais e usos.

A Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte e Inhambupe (Figura 12) é formada por um conjunto de bacias hidrográficas independentes, a saber: bacias dos rios

Sauípe/Subauma; do rio Pojuca; do rio Jacuípe; dos rios Joanes/Ipitanga; bacias urbanas de Salvador, integradas pelos rios Jaguaribe, Pedras/Pituaçu, Camurujipe,

Lucaia, das Tripas e Cobre; bacias da Baía de Todos os Santos, integradas pelos rios Paraguari, Aratu, São Paulo, Mataripe e ; bacia do Rio Subaé e bacia do rio Açu.

A BHRNI se localiza entre as bacias dos rios, Inhambupe, ao norte, e Paraguaçu a oeste; a leste faz limites com o Oceano Atlântico; e ao sul, interligam-se pela Baía de Todos os Santos à Região Hidrográfica do Recôncavo Sul. No contexto do

Sistema Estadual de Recursos Hídricos, faz parte da Região Administrativa da

Água (RAA) III - Paraguaçu/ Recôncavo Norte e Inhambupe.

Contudo, a região da BHRNI possui uma intensa atividade antrópica que vem acarretando interferências negativas nos recursos hídricos superficiais bem como comprometendo os recursos subterrâneos. Verifica-se que a utilização da água subterrânea para fins de abastecimento humano, doméstico e industrial na Bacia vem crescendo em escala acentuada e de forma desordenada, principalmente nas

60

áreas urbanas, podendo provocar prejuízos futuros de caráter irreversível para os aqüíferos.

Figura 12– Área da reserva localizada na bacia do recôncavo norte e Inhambupe.

Área de estudo -

2.1.3.5.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA BHRNI

Quanto aos aspectos político-administrativos, a BHRNI compreende 40 municípios: Água Fria, Alagoinhas, Amélia Rodrigues, Araçás, Aramari,

Camaçari, Candeias, , , Conceição do Jacuípe, Coração de

Maria, Dias D’Ávila, Entre Rios, Irará, Itanagra, Itaparica, , Madre de Deus, Mata de São João, Ouriçangas, Pedrão do Passe, Simões Filho, Teodoro

Sampaio, Terra Nova, Vera Cruz, , Esplanada, Inhambupe, Lamarão,

Santa Bárbara, São Gonçalo dos Campos, Sátiro Dias, , Teofilândia,

61

Acajutiba, Aporá, , Conceição de Feira, Conde, e

Serrinha.

A BHRNI ocupa uma área total de 16.822,2 km 2 equivalente a quase 3% da superfície total do Estado. Segundo o Censo Demográfico do IBGE, em 2.000, os 40 municípios da Bacia possuíam uma população urbana de 3.886.060 hab. equivalentes a 44,3% do total da população urbana do Estado, e de 4.237.035 habitantes, equivalente a 2.4% da população total do Estado, abrigando a maior densidade populacional dentre as demais regiões hidrográficas do estado, da ordem de 252 hab/km², 10 vezes maior que a média estadual. A grande expressão demográfica, juntamente com a presença de importantes centros urbanos pode ser explicada pelo potencial econômico das indústrias e serviços que atraem intensos fluxos migratórios. O contingente populacional da Bacia continua em crescimento com a ampliação dos pólos industriais e do setor de serviços , aumentando com isso a demanda de mais água (BAHIA, 1994).

Os dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgados no Perfil das

Regiões Econômicas do Estado da Bahia (BAHIA, 1994) indicam que 77 % dos municípios da Bacia (31 municípios) possuem um IDH acima da média estadual, enquanto apenas 9 municípios (22,5%) se encontram abaixo da média, indicando o alto grau de desenvolvimento dos municípios da Bacia do Recôncavo Norte.

Dentre os 10 primeiros municípios mais desenvolvidos do Estado, 8 se encontram nesta região: Salvador, Lauro de Freitas, Feira de Santana, Dias D’Ávila, Camaçari,

Madre Deus e Simões Filho.

Os principais conflitos e impactos ambientais relevantes estão sintetizados no quadro 2 abaixo.

62

Quadro 2 – Conflitos e Impactos Ambientais na BHRN.

Pressão Sobre o Meio Resposta da Pressão

- Deficiência no abastecimento de água devido ao aumento da demanda;

- Alteração da qualidade das águas dos rios da região Conflitos (devido ao lançamento de resíduos urbanos e industriais);

- Destinação final imprópria dos resíduos sólidos, com risco a contaminação das águas subterrâneas.

- Poluição dos corpos hídricos devido ao lançamento sem tratamento de parte dos efluentes líquidos urbanos e

industriais;

- Poluição do meio ambiente devido à disposição inadequada dos resíduos sólidos;

- Processos erosivos dos solos devido às atividades extrativistas com ocorrência de queimadas e desmatamentos, ocasionando também o assoreamento dos rios; Impactos Ambientais - Poluição gerada pelo manuseio indiscriminado de agrotóxicos, em algumas áreas;

- Poluição das águas subterrâneas devido à deficiência no controle, na exploração e uso, seja industrial ou urbano.

O quadro 3 apresenta de forma sumarizada, por grupos de atividades econômicas, fontes potenciais e atuais de contaminação, identificadas na Bacia, e que impactam tanto a qualidades das águas superficiais como subterrâneas.

63

Quadro 3 - Fontes potenciais e atuais de contaminação para as águas subterrâneas na Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte.

Atividades Econômicas Fontes Principais

Atividade agropecuária, pocilgas, currais, abatedouro/matadouro, reflorestamento, Agricultura açudes e barragens.

Padarias a lenha/pizzarias, serrarias/beneficiamento, torrefação de café,

posto de gasolina, cerâmicas, ferro velho, Comércio e Serviço comércio de produtos fitossanitários, marmoraria, oficinas mecânicas, lavagem de veículos, cemitérios.

Indústrias químicas e petroquímicas, indústria petrolífera/ refinamento e

exploração, fundição/usinagem/esquadrias,

Indústria extração mineral, efluentes industriais, bacias de detenção, oleodutos e gasodutos, áreas industriais abandonadas e curtume.

Residências Efluentes domésticos, fossas sépticas, jardinagem.

Serviço de Saneamento Aterros sanitários e industriais, lixões, bota– fora.

Fontes: Adaptado do Plano Municipal Saneamento Ambiental de Alagoinhas, 2004; PERH-BA e EPA/625/R-93/002: Wellhead Protection: A Guide for Small Communities, Publisher in February of 1993.

2.1.3.5.2. ÁGUAS SUPERFICIAIS

Regionalmente, a rede de drenagem local é relativamente ampla. Apresenta um padrão retangular, característico de regiões sedimentares. É caracterizada por rios perenes, tendo como representantes principais os Rios Sauípe, Imbassaí e Pojuca, além de drenagens de menor ordem e importância, que fazem parte da XI Região de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA), denominada de Recôncavo Norte.

64

As características geológicas, descritas anteriormente, associadas à precipitação da região, são favoráveis à acumulação de água em reservatórios superficiais (açudes, barreiros etc.), além de tornar toda essa região uma excelente área de recarga dos aqüíferos da Bacia Sedimentar.

Figura 13– Área de estudo inserida entre divisores de água, com presença de nascentes, entre dois municípios. Área de estudo -

O principal corpo d’água na área da RPPN Lontra é o Riacho Seco e com seus afluentes tem uma extensão de aproximadamente 12,7km, intermitente, e 766 metros com curso perene, que são realimentados pela precipitação pluviométrica com a ajuda da topografia da área e pela presença de quatro nascentes, distribuídas pela reserva, nas coordenadas X = 609.714 Y = 8.644.157; X = 611.148

Y = 8.644.618; X = 611.189 Y = 8.645.230 e X = 612.193 Y = 8.646.871.

65

A figura 14 mostra as drenagens fluviais na área de estudo e de seu entorno, geograficamente marcada em pontos como divisores de água das micro bacias hidrográficas do entorno.

Fazenda

Lontra/Saudade

Figura 14- Distribuição regional dos recursos hídricos superficiais com a inserção da poligonal da fazenda Lontra/Saudade em sua localização e cortado pelo Riacho Seco, afluente do Rio Sauípe.

A foto 9 mostra corpos d’água encontrados dentro da RPPN Lontra nos diversos pontos percorridos da área.

66

Trecho do Riacho Seco na travessia da trilha, na coordenada X = 609.384 Y = 8.646.218, Z = 53.

Canal de drenagem intermitente localizado na coordenada X = 611.170, Y = 8.646.814e se encontrava com fluxo contínuo.

Trecho de charco dentro da reserva que se acumula devido o direcionamento da drenagem fluvial, X = 611277, Y = 8644109 e Área inundável circunvizinha à reserva em um dos trechos de acesso, X = 613.071, Y = 8.645.717. Foto 9– Canais de drenagem de água superficial. 67

2.1.3.5.2.1. RESULTADOS DA ANÁLISE DE ÁGUA

Foram realizadas coletas e análises de água em dois pontos da principal drenagem perene dentro da RPPN, correspondente ao Riacho Seco. Os dados estão descritos no quadro 4 abaixo.

A título de comparação, é apresentado também alguns valores estabelecidos para rios classe 2 pela resolução 357,17/03/2005 do CONAMA e a Portaria 518/2004 do

Ministério da Saúde que estabelece os padrões de potabilidade da água para consumo humano.

Os parâmetros analisados foram condutividade elétrica (Cond. Elet.), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), Demanda química de oxigênio (DQO), concentrações de nitrato e nitrito, oxigênio dissolvido (O 2 Dissolvido), pH, salinidade, sulfeto de hidrogênio, turbidez, coliformes termotolerantes e totais.

Observa-se que os valores de pH, para águas superficiais (pH 6,80-6,48), sendo compatíveis com os limites estabelecidos pelas normas ambientais brasileiras e atende aos limites de potabilidade das águas para consumo humano.

Já no caso do oxigênio dissolvido (OD), (DBO), (DQO), N (Nitrato), N (nitrito) , salinidade, sulfeto de hidrogênio, turbidez, coliformes termotolerantes e totais, revelaram concentrações abaixo do estabelecido pela resolução do CONAMA 357, de 17/03/2005.

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Quadro 4– Parâmetros físico-químicos analisados para qualidade das águas superficiais do Riacho Seco dentro da RPPN Lontra.

PADRÕES Ponto 1 (M): Ponto 2 (J):

Parâmetros/Locais Unidade Método LDM CONAMA PORTARIA 609219/8645 609334/864618 357,17/03/ 972 2 2005 518 /2004

Cond. Elet. 111 89,0 umho/cm Condutimétric 0,1 200,00

DBO 1,10 1,10 mg/L Eletrométrico 1 5

DQO 13,0 18,2 mgO 2/L Espectrofotom 5 -

N (Nitrato) 0,15 0,12 mgNO 3/L SMEWW 4110 0,01 10

N (nitrito) <0,005 <0,005 mgNO 2/L SMEWW 4110 0,005 1

O2 Dissolvido 7,46 7,25 mgOD/L Volumétrico 0,1 >5,00

pH 6,80 6,48 - Potenciométric 0,01 6,00 a 9,00

Salinidade 0,10 <0,1 Por mil Condutimétric 0,1 0,05-3% >3

Sulfeto de H <0,008 <0,008 mg S/L Espectrofotom 0,008 0,05

Turbidez 6,7 5,6 NTU Nefelométrico 0,001 100 5,00

Colif.Termotoleran 98,0 50,0 UFC/100M Membr Filtran 1 1.000 tes l

Coliformes Totais 3,20E4 2,50E4 UFC/100m Membr Filtran 1 5.000 L

M: Montante e J: Jusante em relação a uma trilha existente ao longo da RPPN, que cruza o riacho Seco; LDM – Limite de Detecção de Método.

69

2.1.3.5.2. ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Na região podem-se distinguir dois domínios hidrogeológicos distintos: formações superficiais cenozóicas e bacias sedimentares.

Domínio das Formações Superficiais Cenozóicas : Esse domínio é constituído por pacotes de rochas sedimentares de naturezas diversas, que recobrem as rochas mais antigas das bacias sedimentares e do cristalino. Em termos hidrogeológicos tem um comportamento de “aqüífero granular”, caracterizado por possuir uma porosidade primária, e nos terrenos arenosos uma elevada permeabilidade, o que lhe confere, no geral, excelentes condições de armazenamento e fornecimento de

água.

Na área de interesse, este domínio está representado por sedimentos do Grupo

Barreiras, relacionado temporalmente ao Terciário. A depender da espessura e da razão areia/argila dessa unidade, podem ser produzidas vazões significativas nos poços tubulares perfurados sendo, contudo, bastante comum que os poços localizados neste domínio captem água dos aqüíferos subjacentes.

Na Formação Barreiras o potencial aqüífero é bastante reduzido, não sendo aproveitado diretamente na região. Sua maior importância é como exutório natural para a Formação Marizal. Entretanto, perfilagens elétricas realizadas em poços profundos perfurados pela Petrobrás constataram boas possibilidades de

água doce nos intervalos correspondentes a estas duas unidades litológicas.

A alimentação se efetua praticamente através das infiltrações oriundas da precipitação pluviométrica sobre as zonas de afloramento, apenas uma pequena parte se infiltra indiretamente por meio de aluviões, depósitos de talus, ou ainda, através da infiltração lateral dos rios e riachos na época das cheias. 70

Domínio das Bacias Sedimentares ; Em termos regionais, esse domínio é constituído por rochas sedimentares bastante diversificadas, representam os mais importantes reservatórios de água subterrânea, formando o denominado aqüífero do tipo granular. Em termos hidrogeológicos, estas bacias têm alto potencial, em decorrência da grande espessura de sedimentos e da alta permeabilidade de suas litologias, que permite a exploração de vazões significativas. Na área, este domínio está representado pelas unidades geológicas da Bacia em estudo.

Na região, de modo geral, embora a Formação Marizal não seja encontra ao longo do traçado, o sistema aqüífero Marizal-São Sebastião apresenta dois componentes acoplados: uma componente livre ou freático, representado pelas coberturas das

Formações Marizal – eventualmente, com sedimentos Barreiras sobrepostos e pela parte superior da Formação São Sebastião, e um componente semiconfinado ou artesiano, representado pelos pacotes de arenitos contidos totalmente na Formação

São Sebastião (Lima, 1999). O freático, normalmente é um reservatório de armazenamento limitado, mas que controla substancialmente a recarga do sistema artesiano regional.

Na Formação Marizal as possibilidades aqüíferas são bastante significativas, associadas principalmente à sua seqüência conglomerática basal. Embora sua potencialidade como reservatório seja menor que a da Formação São Sebastião, a maior parte da recarga desta é controlada pela Formação Marizal. Estudos realizados por Lima e Ribeiro (1982) indicaram que em alguns trechos, a Formação

Marizal repousa diretamente sobre os arenitos da Formação São Sebastião, permitindo, através desse contato a transferência vertical de água entre as duas formações. Quando a sobreposição ocorre sobre os folhelhos da Formação São

Sebastião, ocorrem fontes e surgências naturais, que funcionam como exutórios do

71

aqüífero, como ocorre provavelmente na localidade de Oiteiro. A alimentação se faz diretamente através da precipitação pluviométrica nas áreas de afloramento e pelas exudações provenientes da Formação Barreiras.

Na Formação São Sebastião as intercalações entre as camadas de arenitos, folhelhos e siltitos, conferem a esta unidade um comportamento de aqüífero semiconfinado.

Devido ao confinamento pelos folhelhos, a água nesse último aqüífero está sob pressão. Poços profundos, perfurados pela Petrobrás, têm indicado que a salinidade das águas deste aqüífero, em geral, varia muito com a profundidade e a localização do poço, podendo apresentar-se salobras em profundidades superiores a 400 metros.

As principais fontes de alimentação são as precipitações pluviométricas diretas sobre as zonas de afloramento desta Formação e as exudações das unidades aqüíferas sobrepostas, principalmente da unidade aqüífera Marizal.

O fluxo de água subterrânea no Sistema Marizal-São Sebastião na região, segue o padrão geral do Recôncavo Norte, ou seja, de noroeste (NW) para sudeste (SE), coincidindo com a direção geral dos maiores rios (direções estruturais), tendo a

Serra do Roncador, como uma grande área de recarga. Porém, em escala local, a drenagem subterrânea se faz em direção aos vales e interflúvios da rede de drenagem superficial.

72

Foto 10– Coordenadas 597370/8646718: Poço tubular profundo construído para abastecimento público, marginalmente à rodovia (Comunidade de Pau D´arco, Itanagra).

73

2.1.4. MEIO BIÓTICO

2.1.4.1. FLORA O estudo da flora na área da RPPN Lontra teve início em 1998 com o levantamento da flora vascular. Abaixo apresenta um resumo das considerações do trabalho realizado:

O estudo realizado na área, da flora vascular, num remanescente da Floresta

Ombrófila Densa no Litoral Norte da Bahia, mostra o pouco conhecimento de sua florística. O desenvolvimento desses estudos permitiu o conhecimento da flora local e regional e possibilitou a implantação do Herbário do departamento de ciências exatas da terra da Universidade do Estado da Bahia (DCET/ Campus II/

UNEB).

A área da reserva vem sendo preservada a cerca de 100 anos, entretanto, notaram- se indícios de retirada de madeira aparentemente de forma seletiva de algumas espécies arbóreas.

Na vegetação estratificada e densa da mata, as espécies Sclerolobium densiflorium ,

Erioteca globosa, E.macrophylla, Ocotea sp; Pogomophora schumburgkiana, Coccoloba sp e

Myrsine umbellata dominam o andar superior da comunidade, que juntamente com outras formam um dossel contínuo impedindo a entrada excessiva de luz.

No período do levantamento foi registrada uma pequena presença de indivíduos de madeira nobre. São comuns na área indivíduos de madeira branca de baixo valor comercial como a Erioteca globosa, Xylopia frutecens, Cordia nobosa,

Hymatanthus lancifolius, B anara brasiliensis entre outros como já houve referência por PINTO (1980).

74

Esses resultados do levantamento florístico sugerem a proposta de novos projetos, entre os quais o de enriquecimento do fragmento com espécies nativas da Bahia e de alto valor comercial. Dois anos depois, outro levantamento foi realizado na área visando obter informações sobre o estudo da composição florística preliminar na

área da reserva. Em resumo segue as informações do estudo.

Conforme levantamento preliminar da composição florística da Reserva Particular do Patrimônio Natural Lontra (JESUS et al, 2000), que foi iniciado em novembro de 1996, apresentou-se como o primeiro de uma série de estudos botânicos nos remanescentes da região, esclarecendo a composição florística e o valor da diversidade da vegetação nativa como suporte para diferentes estratégias de ações sobre os fragmentos.

Segundo levantamento, as famílias que tiveram o maior número de espécies foram

Myrtaceae (15); Fabaceae e Rubiaceae (09); Melastomataceae, Mimosaceae e

Sapotaceae (08); Flacourtiaceae (06); Annonaceae, Apocynaceae, Bignoniaceae,

Caesalpiniaceae e Sapindaceae (06); Chrysobalanaceae, Euphorbiaceae e

Clusiaceae (05). As demais famílias estão representadas com menos de quatro espécies.

De acordo com Leitão Filho (1993), nas formações do domínio Atlântico em situações mais maduras, as famílias Myrtaceae, Lauraceae, Rubiaceae, Sapotaceae e Euphorbiaceae são as mais abundantes. As famílias Myrtaceae e Lauraceae muito comuns na Floresta Atlântica não ocorrem nos estágios iniciais e são características de situações mais avançadas de regeneração.

A ocorrência relacionada com a família Myrtaceae demonstra o estágio de sucessão em que se encontra a comunidade vegetal dessa unidade de conservação.

75

O alto índice das fanerófitas determina a dominância fisionômica das formas lenhosas no conjunto da vegetação, definindo assim a aparência florestal da reserva. Estes dados estão de acordo com Walter (1986), quando afirma que cerca de 70% das espécies que crescem numa floresta pluvial são faneróphitas e, além disso, são dominantes absolutas.

O inventário florístico foi de fundamental importância para evidenciar a biodiversidade da vegetação nativa. A partir daí, está estabelecido o pré requisito essencial para desenvolver métodos não destrutivos de aproveitamento dos produtos florestais, respeitando, certamente as limitações de uso pela lei e dentro dos princípios da sustentabilidade a serem aplicados na região.

Estas informações estão contidas no anexo 1, resultantes da composição florística preliminar, realizada na Fazenda Lontra/saudade RPPN Lontra, em setembro de

2000.

Em 2010 foi realizado outro levantamento visando a caracterização da flora local que especificou a florística e sua conservação para avaliação de seu uso para distinguir as zonas e programas apropriados para as formações florestais, conforme restrições ambientais.

COMENTÁRIOS SOBRE A VEGETAÇÃO REGIONAL

No Estado da Bahia, segundo a nomenclatura de Veloso et al. (1991), ocorrem diversas formações fitoecologicas, destacando-se, nas proximidades do litoral, a presença de Floresta Ombrófila Densa e formações pioneiras (manguezais e restingas) (Rizini, 1979). No litoral norte da Bahia, grande parte das formações originais existentes foi substituída por paisagens antropizadas, predominando

76

pastagens. Neste contexto, a RPPN Lontra representa o maior fragmento contínuo de floresta ombrofila densa ainda existente na região.

A RPPN já foi objeto de levantamentos florísticos (Jesus & Fonseca, 1999), o que auxiliou descrição de pelo menos duas novas espécies ( Psidium bahianum e Faramea biflora ). No entanto, não foi possível obter a lista resultado do trabalho citado.

Outros trabalhos na região incluíram estudos florísticos na restinga de

Massarandupió (Fonseca et al ., 2001) e estudos sobre recursos etnobotânicos

(Fonseca et al ., 2003), que mostraram a existência de uma grande diversidade florística na região, (Foto 11).

Foto 11– Vista da Mata Atlântica da RPPN Lontra. 77

A Unidade de Conservação ocupa uma área de aproximadamente 1.370 ha de uma fazenda que é compartilhada também por plantio de eucaliptos, pastagens e instalações da empresa COPENER Florestal LTDA. Neste trabalho é apresentada uma listagem florística e comentários sobre a ecologia das formações vegetacionais da RPPN Lontra.

2.1.4.1.1. OBJETIVOS

O objetivo geral deste estudo florístico é fornecer dados florísticos e ecológicos sobre a vegetação da RPPN Lontra como subsídios a elaboração do plano de manejo em uma área de reserva natural com 1.377,33 hectares.

2.1.4.1.1.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Desenvolver inventário florístico;

• Descrever o estado de regeneração das áreas alteradas;

• Analisar o efeito do fogo – se houver;

• Discutir os efeitos da fragmentação dos ecossistemas sobre a vegetação, no que se refere aos ambientes internos e externos;

• Abordar, quando possível, análise de viabilidade de populações, mecanismo de polinização e dispersão;

• Descrever os principais tipos ou formações (feições) da vegetação

(fitofisionomia) da área, classificando-as de acordo com o sistema do IBGE;

• Fazer comparações com classificações locais ou regionais e

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• Dentro do possível, descrever sua vegetação, sua distribuição, variação ao longo do ano, espécies mais comuns, bioindicadoras, endêmicas, de importância econômica, raras, ameaçadas de extinção, invasoras, exóticas, espécies que sofrem pressão de extração e coleta, estado de conservação e ocorrência de especificidades.

2.1.4.1.2. MATERIAL E MÉTODOS

Dentro deste ecossistema realizou-se o levantamento florístico e outras abordagens ecológicas. O modo de amostragem utilizado foi percorrer a mata de forma aleatória e extensiva, coletando materiais, tais como ramos, flores e frutos, para a identificação e análise posterior e realização de um inventário florístico.

As plantas foram coletadas para a identificação da composição florística dos estratos arbóreo (Arv.), arbustivo (Arb.), herbáceo (H.), liana (L.), parasita (Par.) e epífita (E.) e saprofíticas (S.). As coletas foram feitas durante o mês de junho de

2010, totalizando 10 expedições, incluindo exemplares férteis e não férteis em todas as áreas. Dados das espécies sobre hábito, nome vulgar, polinização, dispersão e utilidades foram observados e anotados. A maioria das coletas arbóreas foi de ramos com folhas, e frutos secos, além de eventualmente coletarem-se flores, quando encontradas. Registros fotográficos foram feitos e observações pertinentes anotadas.

O trabalho contou com a colaboração do morador local, mateiro, notório por seu conhecimento da vegetação e do ambiente como um todo. O material coletado foi identificado com ajuda de bibliografias especializadas (Lorenzi, 2000; Camargo,

2001; Lorenzi, 2002 a, b; Costa, et al. 2002; Souza & Lorenzi, 2005), chaves-

79

dicotômicas (Agarez, et al . 1994; Funch, 1997; Silva & Giulietti, 1997; Nunes &

Queiroz, 1997; Miranda & Giulietti, 2001; Barroso, et al. 2002 a, b, c; Souza &

Lorenzi, 2005).

O resultado do levantamento é apresentado uma listagem (quadro 2). Também são apresentadas figuras e fotos. A classificação taxonômica foi baseada segundo APG

II, conforme Souza & Lorenzi (2005) e Carvalho (2003).

Várias são as denominações para a Floresta Atlântica: floresta latifoliada tropical

úmida de encosta (segundo a classificação de Andrade-Lima, mata pluvial tropical

(segundo Romariz) e mata atlântica (denominação mais geral). Todas estas denominações são corretas e o que importa é saber interpretá-las.

Para Andrade-Lima, indica que se trata de floresta sempre verde, cujos componentes em geral possuem folhas largas, que é vegetação de lugares onde há bastante umidade o ano todo, e, finalmente, que é vizinha da costa ou acompanha a costa. Já ROMARIZ diz que se trata de floresta com árvores de folhas largas, é mata dos trópicos úmidos e vive em encostas.

Os autores que usam a expressão Mata Atlântica estão indicando sua vizinhança com o Oceano Atlântico, com a umidade transportada pelos ventos que sopram do mar. Em conseqüência dessa umidade surge, na maioria dos locais, espécies vegetais de folhas largas. E, ainda, esta umidade constante e às altas temperaturas garante o caráter de vegetação perenifólia, ou seja, as folhas não caem antes de as novas estarem já desenvolvidas.

No presente trabalho será adotado o conceito do IBGE para as áreas da Mata

Atlântica do litoral baiano, como sendo uma Floresta Ombrófila Densa.

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A figura 15 apresenta os ecossistemas encontrados na região do litoral norte e recôncavo baiano, destacando a Floresta Ombrófila Densa como a principal formação florestal da reserva.

FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL - (Floresta Tropical Caducifólia)

FLORESTA OMBRÓFILA DENSA - (Floresta Tropical Pluvial)

FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL - (Floresta Tropical Subcaducifólia)

ÁREAS DAS FORMAÇÕES PIONEIRAS - (Sistema Edáfico de Primeira

Ocupacão)

REFÚGIOS VEGETACIONAIS - (Comunidades Relíquias)

ÁREAS DE TENSÃO ECOLÓGICA - (Contatos entre Tipos de Vegetação)

Geo Bahia – Site do IMA Área da RPPN Lontra

Figura 15– Municípios do litoral e recôncavo baiano em suas formações florestais, caracterizando a

área de estudo como Floresta Ombrófila Densa como floresta tropical pluvial.

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Definida como RPPN Lontra a Fazenda Lontra/Saudade integra sua área com o plantio de eucalipto (Projeto Saudade) e a preservação de maior parte de sua terra, na qual foi visitada por uma equipe de técnicos especialistas, dando início a um trabalho detalhado e amplo, culminando em um Plano de Manejo para a área de

Mata Atlântica senso stricto, de grande importância para a conservação das espécies, controle e manejo adequado da reserva natural.

Este tópico do relatório tem como objetivo apresentar os dados botânicos das visitas de campo realizadas na propriedade particular da Empresa COPENER, nos períodos de 01 a 06 de junho de 2010. A equipe técnica da flora foi composta por bióloga/botânica, engenheiro agrônomo e um mateiro local. Este último, notório pelo seu conhecimento da flora local e da área.

O modo de amostragem utilizado foi percorrer a mata de forma aleatória e extensiva, coletando materiais, tais como ramos, flores e frutos, para a identificação e análise posterior e de um inventário florístico. A maioria das coletas arbóreas foi de ramos com folhas, e frutos secos, além de eventualmente coletarem-se flores, quando encontradas.

Registros fotográficos foram feitos e observações pertinentes anotadas. Marcaram- se pontos no GPS para destacar algumas plantas e áreas de interesse da pesquisa.

Medidas do DAP (diâmetro na altura do peito) foram retiradas para uma análise estatística da média de diâmetros das árvores. De forma aleatória foram medidas, com uma trena de 30 m, 80 árvores que tinham o diâmetro mínimo de 0,15 cm. A estimativa da altura foi feita usando o método trigonométrico, como descrito por

Waechter e Gonçalves.

82

Observou-se ainda, o porte das arbóreas, presença ou não dos sub-bosques, os diferentes estratos vegetacionais, o estado de regeneração das áreas alteradas, efeito de fragmentação do ecossistema, viabilidade de populações, mecanismo de dispersão e polinização. Foi analisado também as diferentes feições e fitofisionomias da área, classificando-as de acordo com o sistema do IBGE e procurando atender ao previsto na Resolução CONAMA 05-94.

Ao longo da área foram identificadas as espécies mais comuns (chapelão, selva de leite, mundururu, e outras), bioindicadoras (liquens, algumas epífitas), endêmicas, de importância econômica (massaranduba, pau d’arco, dendezeiro), raras

(massaranduba), ameaçadas de extinção (massaranduba), invasoras (eucalipto), exóticas (jaqueira), espécies que sofrem pressão de extração e coleta

(massaranduba), estado de conservação nas encostas e nas matas ciliares.

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Foto 12–Trechos da área de levantamentos da circunferência de essências florestais representantes nas frações inventariadas - X = 611.101, Y = 8.646.636.

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Conforme as características encontradas na mata, pode-se definir o seu estágio de regeneração, segundo Resolução do CONAMA n°5. A área de estudo, de uma forma geral, apresentou-se em sua maioria no estágio médio a avançado de regeneração. Entretanto, alguns trechos apresentaram estágios iniciais de regeneração e até áreas antropizada. Estes dados serão detalhados, posteriormente, juntamente com o mapa da vegetação da área.

As árvores do interior da mata são adaptadas à sombra, desenvolveram grande

área foliar para captar o máximo de luminosidade possível nessas condições. Há espécies que produzem flores, frutos e sementes na parte mais sombreada da mata. Muitas árvores são esguias, sem ramos, a não ser na parte superior, onde formam as copas. São nessas copas que são avistadas as epífitas (orquídeas, bromélias, cactáceas), perfeitamente adaptadas a vida longe do solo e a busca de uma maior luminosidade. Outras espécies epifíticas foram avistadas próximo ao solo, na base de algumas árvores, em um ambiente mais úmido e sombreado.

No presente estudo foram identificadas pelo menos cinco espécies distintas de lianas (cipós). Uma delas é usada por caçadores para fazer armadilhas para a fauna.

Na mata foi encontra a espécie embaúba, considerada de ambiente secundário.

Esta é conhecida também por se associar com formigas e ter uma relação de comensalismo, faz com que a formiga proteja a planta contra a ação de predadores e essa árvore serve de abrigo às formigas. Outras árvores são consideradas madeira de lei e muito usadas na fabricação de móveis, tal como massaranduba, jacaranda da Bahia, sucupira branca, encontrada em poucos pontos da mata, provavelmente pelo corte seletivo delas.

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Quatro espécies de palmeiras foram identificadas, sendo o palmiteiro uma espécie em extinção. Essa palmeira só foi vista em ambientes de baixada e próximo a áreas brejadas. Para o mateiro, essa espécie era desconhecida. Isso pode mostrar que, como ele, outros não fazem uso da sua exploração, conservando então esta espécie no local.

Espécies como candeia, mundururu foram avistadas em ambientes onde a vegetação se encontrou mais alterada, pois são plantas de áreas antropizadas. No solo e nos troncos caídos e úmidos da floresta alguns fungos folhosos e não- folhosos foram encontrados. A presença de liquens foi importante porque pode demonstrar que a região não sofre nenhum tipo de poluição, pois os liquens são considerados bioindicadores de qualidade do ar. Duas espécies de liquens foram encontradas.

Uma espécie de plantas saprófita foi avistada, essas são evoluídas a ponto de dispensar a clorofila, deixando de fazer a fotossíntese, vivem a custa de matéria orgânica em decomposição. São plantas esbranquiçadas que crescem em meio às folhas no chão da floresta.

Observou-se a presença de raízes tabulares e raízes de escoras em um grande número de árvores. Os solos muito úmidos não proporcionam boa fixação, assim as raízes tabulares aumentam a base de sustentação da planta.

No solo da mata há uma expessa quantidade de serrapilheira, que origina abundante húmus. Existem microorganimos de vários grupos os quais decompõem a matéria orgânica que se incorpora ao solo, principalmente a decomposição das folhas, ramos, flores, frutos e sementes que caem.

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Com o levantamento em campo foi gerado a listagem dos indivíduos florestais identificados e registrados dentro da RPPN Lontra, indicado no quadro 5, listando a família, nome científico, nome popular, hábito, estágio de regeneração, polinização, dispersão e utilização.

2.1.4.1.3. VEGETAÇÃO DE TRANSIÇÃO RESTINGA DE ENCOSTA E FLORESTA

OMBRÓFILA DENSA

Representa ambientes de transição entre restinga e floresta ombrofila, áreas de influência predominantemente marinha e áreas de influência continentais, sobre solos da formação barreiras e depósitos quaternários, caracterizado por finas coberturas sedimentares arenosas, propiciando a ocorrência não só de espécies de restinga como espécies características de florestas densas.

Esta formação é composta em sua maior parte por uma vegetação secundária (em função de atividades de exploração seletiva ou mesmo cortes rasos em algumas

áreas ocorridas no passado) em estágio avançado. Apresenta porte avantajado, alta diversidade e grande semelhança fisionômica com a vegetação primitiva.

Estas florestas estão integralmente inseridas na Fazenda Lontra/Saudade na porção noroeste da propriedade. A área caracteriza-se como floresta secundária em estágio avançado de regeneração, com ocorrência, em pontos aleaórios, da ação antrópica na área, porém sabe-se que a prática de caça e retirada de madeira é uma realidade local.

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2.1.4.1.4. MATA CILIAR

A mata ciliar é uma área de preservação permanente obrigatória. O Código

Florestal (Lei n.° 4.771/65) inclui desde 1965 as matas ciliares na categoria de Áreas de Preservação Permanente. Mas nem sempre foi cumprida.

As matas ciliares quando preservadas funcionam como um filtro, absorvendo e processando elementos impactantes no meio ambiente que escorrem para os rios durante as chuvas.

Toda a vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios, e ao redor de nascentes e de reservatórios, deve ser preservada. De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada está relacionada com a largura do curso d'água. Para as nascentes são preservadas em um raio de 50 metros e nas margens dos canais de drenagem e córregos 30 metros para cada lado.

2.1.4.1.5. MATA PRIMÁRIA

Fitofisionomia arbórea, com estratos arbustivos e herbáceos geralmente desenvolvidos. Pode ser encontrada em áreas bem drenadas ou paludosas; predominância do estrato arbóreo; epífitas e trepadeiras presentes; ocorrendo espessa camada de serrapilheira, variável de acordo com a época do ano; e sub- bosque presente (CONAMA 261, 1999).

88

A importância dos estudos descritivos sobre vegetação Ombrófila para a preservação ambiental e manejo de unidades de conservação reside no fornecimento de dados sobre a dinâmica de comunidades.

Essas pesquisas procuram, ainda, facilitar a escolha de espécies cujas populações mereçam estudos mais detalhados, objetivando a preservação de espécies raras e o aumento de conhecimento sobre estratégias bem sucedidas na colonização de ambientes com solos pobres.

2.1.4.1.6. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A substituição da cobertura vegetal por atividades de agricultura, pecuária, monoculturas e silvicultura representam perdas ambientais incalculáveis, tais atividades estão ligados com a redução maciça da biodiversidade, com o progressivo assoreamento dos cursos d’água, principalmente quando a ocupação ocorre em vertentes de maior declividade, houve remoção de matas ciliares, existindo também o risco de contaminação dos recursos hídricos por insumos químicos utilizados nos cultivos.

Nas áreas mais próximas a reserva onde o relevo ondulado e solos pouco férteis predominam a cultura da pastagem que se adapta bem às condições específicas. O principal impacto causado por este tipo de atividade já está configurado a partir da redução da cobertura vegetal nativa, outrora abundante sobre o Baixo Planalto

Interior.

Na área interna da RPPN Lontra foi encontrado vestígios de ocupação de parte da propriedade, com potencial em aplicação de programas como de recuperação e

89

enriquecimento vegetal; que antigamente, há mais de setenta anos, existiram moradores, nos quais, utilizavam a terra como agricultura de subsistência e sede de antiga fazenda. Foram encontradas na área espécies exóticas espalhadas pela gleba, como laranjeiras, limoeiros, jaqueiras, dendezeiro, bananal, entre outros, como mostra na foto 13.

(A) (B)

(C) (D)

90

(E) (F) Foto 13- (A) e (B) Travessia da trilha, X = 612.055, Y = 8.645.816 e (C) X = 609.682, Y = 8.646.406; (D)

Presença de espécies florestais exóticas, X = 609.703, Y = 8.646.438 e (D) Propriedades com pecuária,

X = 606.490,Y = 8.644.864; (F) Cidade de Itanagra.

A figura 16 mostra, conforme sistema geográfico do Instituto do Meio Ambiente do Estado da Bahia, IMA, através do site GeoBahia, a localização de reserva em um pequeno fragmento remanescente de Mata Atlântica em estágio primário, cercado por áreas antropizadas. Na figura 16 destaca um percentual maior com

áreas de remanescentes florestais com estágios de conservação bem preservados.

Área de estudo. Figura 16- Situação geográfica da reserva, inserida em área de Floresta Ombrófila Densa, na porção litorânea, nordeste do Estado.

91

Figura 17- Área da RPPN Lontra preservando, em seus limites, remanescentes florestais com grau de conservação altamente elevado, garantindo a proteção de ecossistemas primários, ausentes de presença antrópica. Fazenda Lontra/Saudade

Legenda

92

A tabela 3 apresenta o quantitativo das glebas e seu grau de conservação dentro da área da RPPN Lontra, pode ser observado no mapa de vegetação, do Anexo, tópico 5.2., deste documento.

Tabela 3 - Quantitativo dos diferentes estágios de regeneração e conservação da Floresta Ombrófila presente na reserva.

Floresta Ombrófila em Estágio 853,67 ha 61,98% Primário

Floresta Ombrófila em Estágio 2,16 ha 0,16% Médio/Avançado

Floresta Ombrófila em Estágio Inicial 427,14 ha 31,01%

Floresta Ombrófila Antropizada 94,36 ha 6,85%

Área total da RPPN Lontra 1377,33 ha 100,00%

93

2.1.4.1.7. RESULTADOS E DISCUSSÃO NA FAZENDA LONTRA/ SAUDADE

2.1.4.1.7.1. INVENTÁRIO FLORÍSTICO

Devido à falta de material disponível ou infértil, nove coletas não foram identificadas. No presente trabalho foram encontradas 210 espécies distribuídas em 56 famílias. A família Fabaceae destacou-se por apresentar o maior número de espécies, 57 (27,14 % do total), enquanto que as famílias Bignoniaceae e

Apocynaceae vieram em seguida com 13 (6,19 %) e 10 (4,76 %) espécies respectivamente ( Quadro 5, Figura 18).

Figura 18- Número de espécies das 15 famílias botânicas mais diversas na RPPN Lontra.

Considerando o hábito das espécies encontradas no presente trabalho, as arbóreas foram as mais representativas, com 163 espécies, seguidas das espécies epifíticas, com 24, as herbáceas, com 14, e arbustivas, com seis espécies e ainda, foi encontrada uma espécie saprofítica, uma parasita e três lianas. (Figura 19).

94

Figura 19- Número das espécies em relação ao seu hábito.Hábitos: Arv. = árvores; E. = epífitas; H. =

Herbaceas; Arb. = arbustivas; L. = lianas; Par. = parasita; S. = saprofítica.

Em relação às utilidades das espécies encontradas no estudo florístico, pode-se observar que, das 210 espécies identificadas, 65 possuem algum uso referido em literatura ou citados pelos moradores do local, sendo pelo menos, 15 espécies com potencial ornamental. São exemplos de plantas com potencial ornamental, embora ainda não sejam utilizadas como tal, aquelas pertencentes a famílias como

Orchidaceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Bignoniaceae, entre outras. O uso medicinal foi citado principalmente para famílias como Fabaceae, Myrtaceae,

Asteraceae e Melastomataceae. O uso de madeira para construção e outros empregos é importante nas famílias Fabaceae, Bignoniaceae e Rutaceae. Muitas famílias são consagradas por apresentar-se com um grande potencial comestível, pois seus frutos são adocicados e carnosos, como exemplo Annonaceae, Arecaceae,

Passifloraceae, Myrtaceae, Fabaceae (quadro 5).

95

2.1.4.1.8. ESTADO DE REGENERAÇÃO DAS ÁREAS ALTERADAS

Como critério para definir o estágio de regeneração da mata, optou-se por usar os parâmetros de altura, de DAP médios da vegetação local e da composição florística.

A maioria das espécies apresentou altura de 13,0 a 16,0 m, para 30 espécies, seguida da altura de 10,0 a 13,0 m, para 16 exemplares. Abaixo, encontraram-se apenas quatro espécies com indivíduos de altura superior a 22,1 m, sendo elas: imbiruçu, murta preta, sucupira e uma espécie não identificada, referida como spx., (Figura 19).

Em relação ao DAP médio, 50 espécimes apresentaram-se DAP entre 10,0 a 40,0 cm. Apenas quatro espécimes tiveram o DAP superior a 80, e outras quatro, inferior a 10 cm (Figura 20).

A Figura 21 representa o número das espécies em relação ao estágio de regeneração da vegetação em estudo, mostrando que há 201 espécies em área secundária avançada e 163, em primária. Logo abaixo vêem as 148 espécies em

área secundária média e 43, secundária inicial.

96

Figura 20- Altura média das espécies arbóreas na RPPN Lontra.

Figura 21- DAP médio das espécies arbóreas na RPPN Lontra.

97

250

200

150

100

50

0 secundaria primaria secundaria media secundaria inicial avançada

Figura 22- Relacão entre o estágio de regeneração das formações da área de estudo em relação a quantidade de espécies encontradas.

Diante os dados analisados, das observações feita em campo e segundo Resolução do CONAMA 05 de 94, a área de estudo, de uma forma geral, apresentou os estágios médio e avançado de regeneração como predominantes (Fotos 14).

98

A

B C Foto 14- (A) Vista da vegetação Atlântica da área interna em estágio de regeneração avançado, (B)

Área antropizada em regeneração primária, (C) Ambiente úmido bem preservado com espécies típicas.

Espécies pioneiras como candeia, mundururu, tiririca estavam presentes, além do baixo número de epífitos, líquens e serrapilheiras que são características definidas pelo CONAMA.

Outro trecho da vegetação definiu-se como sendo de estágio médio de regeneração a avançado, pois apresentou características definidas pelo CONAMA,

99

tais como altura e DAP médio. Outras características como presença de serrapilheira, diversidade biológica. Espécies arbóreas predominantes e formação de dois estratos de vegetação. Presença de epífitos e líquens, fungos e trepadeiras lenhosas. Serrapilheira abundante na maioria do trecho percorrido. A florística está representada pelas espécies de estágio médio de regeneração (amescla –

Protium , pau d´arco - Tabebuia , murici - Byrsonima , cocão - Pogonophora , camboatã -

Cupania , murta - Myrcia , sete casco - Pera, pau-pombo - Tapirira e boleira - Joanesia ) e avançado de regeneração (juerana - Parkia , pau d´arco - Tabebuia , ingá - Inga , massaranduba - Manilkara , fruto-do-pombo - Pouteria , sapucaia - Lecythis , louro –

Nectandra , bacupari – Rheedia ).

2.1.4.1.9. EFEITO DO FOGO E DA CAÇA NA ÁREA DE ESTUDO

Não há indício de fogo na área de estudo, ou seja, o efeito do fogo não é tão preocupante no local. Ao contrário, a caça é bastante significativa. Durante o trabalho de campo, pôde-se observar, pelo menos, quatro tipos de armadilhas preparadas. Essas armadilhas são fabricadas artesanalmente utilizando madeira local, de espécies da mata com DAP ate 0,10 cm, além do uso de uma espécie de liana (cipó) específica para amarrar as madeiras. Observou-se que as armadilhas sempre estavam próximas do dendezeiro ( Elais guianeensis ), fruto comestível por algumas espécies da fauna, principalmente pacas ( Cunniculus paca ), tatus ( Dasypus spp) entre outros (Foto 15).

100

Foto 15– Presença de estaleiros de espera de caçadores, sobre as árvores, para captura da caça de animais silvestres.

2.1.4.1.10. EFEITO DA FRAGMENTAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS SOBRE A VEGETAÇÃO, NO QUE SE REFERE AOS AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS

O efeito da fragmentação sobre a vegetação, de uma forma geral, pode incluir a diminuição do número das espécies, pois o ambiente que antes era contínuo foi dividido e alterado por fatores externos tais como maior luminosidade e invasão de outras espécies.

A RPPN é formada por duas áreas de floresta primária distinta uma com cerca de

800 ha e outra com cerca de 40 ha, que é contígua a uma área maior situada fora dos limites da RPPN. Entre estas duas áreas há um trecho de floresta em estágio inicial de regeneração. Desta forma, as florestas da RPPN não são isoladas dos fragmentos vizinhos, mas no contexto regional há pouca conectividade entre as florestas da RPPN e seu entorno com outros fragmentos florestais significativos.

Isto pode levar ao isolamento genético das populações de espécies nativas tanto de plantas como de animais. Esforços como os sugeridos por MAIA & SANTOS

(2008) podem minimizar os efeitos do isolamento das florestas locais.

101

2.1.4.1.11. ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÕES, MECANISMO DE POLINIZAÇÃO E DISPERSÃO

Quanto à polinização das espécies, o número mais elevado foi relacionado à zoofilia, com 177 espécies. Apenas uma espécie apresentou um mecanismo de polinização do tipo anemófilia e 34 espécies não puderam ser determinadas.

Isto mostra que as espécies de plantas apresentam um mecanismo que viabiliza os animais polinizar as mesmas (Figura 23).

A RPPN Lontra Saudade apresenta uma forte presença de plantas cujos frutos ou sementes são dispersos pelos animais (zoocóricas). Este mecanismo foi o mais representativo, com 90 espécies. O mecanismo de dispersão pelo vento

(anemocórico), veio em seguida, com 75 espécies. Espécies autocóricas foram 21 e

35 não puderam ser determinadas. Este fato faz com que a área seja relativamente rica em recursos para a fauna, principalmente na época de seca (Figura 24).

A análise de viabilidade populacional será necessária para várias espécies, mas estava além do possível no presente trabalho, e é recomendável em trabalhos posteriores nesta RPPN. O estudo populacional deve abranger algumas espécies importantes, tais como: maçaranduba ( Manilkara ), palmiteiro ( Euterpe edulis ), pau d´arco ( Tabebuia ), bacupari ( Rheedia), ingá (Inga ), espécies das famílias

Orchidaceae, Araceae e, principalmente, as espécies consideradas endêmicas da

RPPN ( Psidium sp) e da Bahia ( Faramea sp e Arapatiella psilophylla ) irá conhecer com mais detalhe o seu mecanismo e a viabilidade das mesmas.

102

Figura 23- Mecanismo de polinização das espécies na RPPN Lontra.N. esp. = número de espécies.

Figura 24- Mecanismo de dispersão das espécies na RPPN Lontra Saudade. N. esp. = número de espécies.

103

2.1.4.1.12. PRINCIPAIS TIPOS OU FORMAÇÕES (FITOFISIONOMIA) DA ÁREA, CLASSIFICANDO-AS DE ACORDO COM O SISTEMA DO IBGE

Várias são as denominações para a Floresta Atlântica: Floresta latifoliada tropical

úmida de encosta (segundo a classificação de Andrade-Lima, 1981), mata pluvial tropical (segundo Romariz, 1972) e mata atlântica (denominação mais geral). Para

Andrade-Lima, 1981, indica que se trata de floresta sempre verde, cujos componentes em geral possuem folhas largas, que é vegetação de lugares onde há bastante umidade o ano todo, e, finalmente, que é vizinha da costa ou acompanha a costa. Já Romariz (1972) diz que se trata de floresta com árvores de folhas largas,

é mata dos trópicos úmidos e vive em encostas.

Os autores que usam a expressão Mata Atlântica estão indicando sua vizinhança com o Oceano Atlântico, com a umidade transportada pelos ventos que sopram do mar. Em conseqüência dessa umidade surge, na maioria dos locais, espécies vegetais de folhas largas. E, ainda, esta umidade constante, e às altas temperaturas garante o caráter de vegetação perenifólia, ou seja, as folhas não caem antes de as novas estarem já desenvolvidas. No presente trabalho será adotado o conceito do

IBGE (1993) para as áreas da Mata Atlântica do litoral baiano, como sendo uma

Floresta Ombrofila Densa.

104

2.1.4.1.12.1. COMPARAÇÕES COM CLASSIFICAÇÕES LOCAIS E REGIONAIS

Até onde foi possível apurar, não há classificações locais ou regionais para a flora do litoral norte baiano. Os trabalhos encontrados utilizam as nomenclaturas propostas por ANDRADE-LIMA (1981) ou pelo IBGE (1993).

2.1.4.1.13. A VEGETAÇÃO E A SUA DISTRIBUIÇÃO

A vegetação, na sua maioria, é de porte arbóreo com ausência de sub-bosques. As

árvores do interior da mata são adaptadas à sombra, desenvolveram grande área foliar para captar o máximo de luminosidade possível nessas condições. Há espécies que produzem flores, frutos e sementes na parte mais sombreada da mata. Muitas árvores são esguias, sem ramos, a não ser na parte superior, onde formam as copas. São nessas copas que são avistadas as epífitas (orquídeas, bromélias, cactáceas), perfeitamente adaptadas à vida longe do solo e a busca de uma maior luminosidade.

Outras espécies epifíticas foram avistadas próximo ao solo, na base de algumas

árvores, em um ambiente mais úmido e sombreado.

No presente estudo foi identificado, pelo menos, cinco espécies distintas de lianas

(cipós). Uma delas é usada por caçadores para fazer armadilhas para a fauna.

Na mata encontrou-se uma espécie embaúba ( Cecropia cf. hololeuca) , considerada de ambiente secundário. Esta é conhecida também por se associar com formigas e ter uma relação de comensalismo, faz com que as formigas protejam a planta contra a ação de predadores e essa árvore serve de abrigo às formigas.

105

Outras árvores são consideradas madeira de lei e muito usadas na fabricação de móveis, tal como maçaranduba, encontrada em poucos pontos da mata, possivelmente pelo corte seletivo delas. Quatro espécies de palmeiras foram identificadas, sendo o palmiteiro, uma espécie em extinção, uma delas. Essa palmeira só foi vista em ambientes de baixada e próximo a áreas brejadas. Para o mateiro, essa espécie era desconhecida, isso pode mostrar que, como ele, outros não fazem uso da sua exploração, conservando então, esta espécie no local.

Espécies como candeia e mundururu foram avistadas em ambientes onde a vegetação encontrou-se mais mexida, pois são plantas de áreas antropizadas. No solo e nos troncos caídos e úmidos da floresta alguns fungos folhosos e não- folhosos foram encontrados.

Uma espécie de plantas saprófita foi avistada, essas são evoluídas a ponto de dispensar a clorofila, deixando de fazer a fotossíntese, vivem a custa de matéria orgânica em decomposição. São plantas esbranquiçadas que crescem em meio às folhas no chão da floresta. Observou-se a presença de raízes tabulares e raízes de escoras em um grande número de árvores.

Os solos muito úmidos não proporcionam boa fixação, assim às raízes tabulares aumentam a base de sustentação da planta. No solo da mata objeto deste trabalho há muita serrapilheira, que origina abundante húmus. Existem microorganimos de vários grupos os quais decompõem a matéria orgânica que se incorpora ao solo, principalmente a decomposição das folhas, ramos, flores, frutos e sementes que caem.

A distribuição das árvores ocorrem de forma aleatória, com espaçamentos variados. Espécies da família Myrtaceae apresentam-se distribuídas com números

106

de indivíduos próximos entre si, e variando entre três a seis indivíduos, formando um aglomerado da espécie. Outras espécies preferem estar individualizadas e formar copas e crescer a procura de luminosidade (ODUM, 1985).

2.1.4.1.13.1. VARIAÇÃO AO LONGO DO ANO DAS ESPÉCIES

Não foi possível realizar o acompanhamento por um período de tempo que permitisse ter dados para discutir este tema. Há diversas espécies registradas no levantamento florístico que são caducifólias e é provável que isto implique em variações na fisionomia da floresta ao longo do ano, mesmo se tratando de uma floresta ombrofila densa. O levantamento destas e de outras variações sazonais demandara estudos futuros, de longo prazo, para uma apropriada caracterização da vegetação da RPPN Lontra.

2.1.4.1.13.2. ESPÉCIES MAIS COMUNS

Para determinar as espécies mais comuns foi necessária uma abordagem da freqüência e número de indivíduo em campo. A análise mostra que na área da

RPPN, as espécies mais comuns foram biriba ( Eschiweilera ovata ), iguaçu ( Tachigali multijuga ), selva de leite ( Malouetia cf. cestroides ), mundururu (cf. Leandra sp.) e candeia ( Dialium guianense ), principalmente em área antropizada, secundária inicial a média; a espécie chapelão (não identificada) foi mais comum próximo as bordas da mata. Na área mais conservada, ou seja, estágio avançado de regeneração houve mais predominância de murta ( Mycia ), ingá ( Inga ), pau-pombo

(Tapirira) , juerana ( Parkia ) (Foto 16).

107

A B C

D E F

Foto 16- Espécies mais comuns - (A). iguaçu (Tachigali multijuga), (B). selva de leite (Malouetia cf. cestroides), (C). mundururu (cf. Leandra sp); área antropizada, inicial a média. Estágio avançado de regeneração - (D). murta preta, (E). juerana e (F) ingá.

2.1.4.1.13.3. ESPÉCIES BIOINDICADORAS

A presença de liquens foi importante porque pode demonstrar que a região provavelmente não sofre nenhum tipo de poluição, pois os liquens são considerados bioindicadores de qualidade do ar. Duas espécies de liquens foram encontradas (Foto 17).

108

A B C

D E F

Foto 17- (A e B) - Espécies de liquens encontrados. (C a F) - Epifíticas bioindicadoras de ambiente avançado de regeneração são: (C) – Orchidaceae - Acianthera sp, (D) – Bromeliaceae- Vriesia sp1,

(E) - Araceae - Monstera sp1, (F) – Piperaceae -Peperômia sp.

As Orchidaceaes (Acianthera sp, Brassavola tuberculata , Encyclia sp, Notylia sp,

Oncidium sp, Polysthachya sp, Scaphyglottis sp, Vanilla sp), Bromiliaceae ( Aechmea sp1, Aechmea sp2, Aechmea sp3, Bromelia sp1, Vriesia sp1, Vriesia sp2, Wittrokia sp),

Araceae ( Alloschemone inpinata, Anthurium sp, Caladium humbodttii , Monstera sp1,

Monstera sp2, sp1), Piperaceae (P eperômia sp) e Cactaceae ( Rhypsalis sp) são epifíticas consideradas espécies bioindicadoras de ambiente avançado de regeneração, pois estas espécies são epífitas e dependem do desenvolvimento das

árvores onde crescem para se estabelecerem (C, D, E e F ).

109

2.1.4.1.13.4. ESPÉCIES ENDÊMICAS

A Bahia é considerada, por muitos autores, um Estado muito grande e com uma vasta vegetação ainda pouco conhecida (Radam Brasil, 1982; Stradmann, 1997;

Junca et al . 2005). A região da Mata Atlântica baiana, especialmente o sul do

Estado, é melhor conhecida e rica em endemismos, mas ainda há poucos trabalhos enfocam a região norte do Estado. Nesta área, Queiroz (2007) cita onze espécies endêmicas das restingas do litoral norte baiano, sendo possível que tais espécies existam nas proximidades da RPPN. Entre as espécies citadas para a RPPN Lontra

Saudade, há três endêmicas da Bahia: Arapatiella psilophylla (Fabaceae, espécie constatada neste trabalho), Faramea biflora J.G. Jardim & Zappi (Rubiaceae) e

Psidium bahianum Landrum & Funch (Myrtaceae, também encontrada durante as amostragens) (Landrum & Funch, 2008, (Foto 18). A. psilophylla é referida pela primeira vez para o litoral norte da Bahia.

A B Foto 18– Algumas espécies endêmicas encontradas na RPPN Lontra: (A) Arapatiela psilophylla

(Fabaceae), (B) Psidium bahianum (Myrtaceae).

110

2.1.4.1.13.5. ESPÉCIES DE INTERESSE ECONÔMICO E CIENTÍFICO

Em relação a todas as espécies de indivíduos ou grupos de indivíduos que se desenvolvem como em qualquer ecossistema da biosfera, poderão ser desenvolvidas pesquisas, puras ou aplicadas, relacionadas com taxonomia, citologia, histologia, organografia, fisiologia, produtividade, ecologia, agronomia e tantos outros campos de pesquisas.

A massaranduba é uma espécie arbórea com 10-25 m de altura e 40-70 cm de diâmetro, apresenta copa arredondada, casca grossa, tronco ereto e cilíndrico. A espécie é nativa do Brasil sendo outrora uma das espécies mais abundantes da

Mata Atlântica. Ocorrem naturalmente desde o Paraná e Maranhão, Espírito Santo e Rio de Janeiro na mata pluvial (LORENZI, 1992).

Os cipós são plantas, trepadeiras, lenhosas e de tamanhos variáveis, nativas do

Brasil. A exemplo do cipó Caboclo - Davilla rugosa - são considerado como planta medicinal, com propriedades depurativas e estimulantes. As suas folhas são

ásperas, com nervuras proeminentes na parte inferior. As flores são amarelo- pálidas. Utilizadas como diurético estimulante do sistema nervoso central, tônico, adstringente, purgativo e no combate ao inchaço das pernas, (COSTA, et all, 2006).

2.1.4.1.13.6. ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Entre as espécies amostradas, pode-se destacar um grande número de usos dados pela população local ou citados na literatura, como referido nos itens anteriores, poucas têm efetivamente uma exploração comercial digna de nota.

111

Na área de estudo, algumas espécies são consideradas úteis como madeira em construções, tais como: sucupira branca ( Lonchocarpus aff. arapipensis ), maçaranduba ( Manikara salzmanii ), vinhático ( Plathymenia reticulata ), jacarandá da bahia ( Dalbergia miscolobium ) e pau d´oleo ( Copaifera trapezifolia ). Entre as espécies frutíferas, espécies como: genipapo ( Genipa americana ), murici ( Byrsonima sp), baunilha ( Vanilla sp). Pode-se destacar, ainda, o uso dos frutos do dendezeiro para a fabricação do óleo de dendê e o caule do palmiteiro ( Euterpe edulis ) sendo usado na culinária brasileira (Foto 19).

A B

Foto 19– (A e B) Frutos do dendezeiro para a fabricação do óleo de dendê e do palmiteiro (Euterpe edulis) sendo usado na culinária brasileira.

2.1.4.1.13.7. ESPÉCIES VEGETAIS ENDÊMICAS, RARAS E AMEAÇADAS DE

EXTINÇÃO

Considerando os resultados encontrados foi feita comparações com a lista de espécies em extinção do Ministério do Meio Ambiente. No entanto, sabendo-se da exploração do Bioma da Mata Atlântica e seus ecossistemas associados no litoral 112

baiano e brasileiro pode-se aferir que tendo seus habtats naturais extintos, qualquer uma das espécies vegetais identificadas na área, podem entrar em processos de extinção.

Art. 3° Entende-se por espécies:

I - ameaçadas de extinção: aquelas com alto risco de

desaparecimento na natureza em futuro próximo, assim

reconhecidas pelo Ministério do Meio Ambiente, com base em

documentação científica disponível;

II - com deficiência de dados: aquelas cujas informações

(distribuição geográfica, ameaças/impactos e usos, entre

outras) são ainda deficientes, não permitindo enquadra-las

com segurança na condição de ameaçadas;

Para determinar as espécies mais comuns foi necessária uma abordagem da freqüência e número de indivíduo em campo. A análise mostra que na área da

RPPN, as espécies mais comuns foram biriba ( Eschiweilera ovata ), iguaçu ( Tachigali multijuga ), selva de leite ( Malouetia cf. cestroides ), mundururu (cf. Leandra sp) e candeia ( Dialium guianense ), principalmente em área antropizada, secundária inicial a média; a espécie chapelão (não identificada) foi mais comum próximo as bordas da mata. Na área mais conservada, ou seja, estágio avançado de regeneração houve mais predominância de murta ( Mycia ), ingá ( Ingá ), pau-pombo

(Tapirira) , juerana ( Parkia ).

113

2.1.4.1.13.8. ESPÉCIES RARAS

Espécies raras são aquelas que estão presentes em apenas alguns trechos da mata.

Dentre as espécies raras, maçaranduba ( Manilkara salzmani ) foi observada em campo raramente e com o número de indivíduos baixo (Foto 20).

Foto 20- A espécie rara maçaranduba (Manilkara salzmani) foi observada em campo raramente e com baixo número de indivíduos.

2.1.4.1.13.9. ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

A avaliação da presença de espécies ameaçadas de extinção foi baseada na comparação da listagem florística apresentada neste trabalho com a relação da

Instrução Normativa 06 - 2008 do Ministério do Meio Ambiente, que definiu a nova lista das espécies da flora brasileira ameaçada de extinção. Seguindo este critério foram encontradas cinco espécies de plantas ameaçadas de extinção na

RPPN Lontra Saudade: Caesalpinia echinata Lam, Euterpe edulis Martius, 114

Melanoxylon brauna Schott, Myracroduon urundeuntva Allemao e Schinopsis brasiliensis Engl. São árvores com interesse madeireiro ou utilizado para alimentação, no caso de E. edulis (palmiteiro). Como referido anteriormente, a presença do palmiteiro nas áreas mais úmidas da floresta, sem sinais de extrativismo, foi uma surpresa positiva na realização deste levantamento. Além destas, Dalbergia cf. nigra (Vell.) Allemao ex Benth., se confirmada a sua identidade taxonômica, seria a sexta espécie ameaçada. No entanto, o material obtido não foi suficiente para afirmar de modo indubitável se este táxon ocorre na RPPN.

Foto 21- A única espécie considerada rara na área de estudo - massaranduba (Manilkara salzman).

115

Foto 22– Exemplo das espécies de plantas ameaçadas de extinção na RPPN Lontra : Euterpe edulis

(fruto do palmiteiro), Caesalpinia echinata (muda de Pau Brasil).

2.1.4.1.13.10. ESPÉCIES INVASORAS

As espécies típicas de alterações ambientais são pioneiras, características dos ambientes com estágios iniciais de sucessão (Lorenzii, 2000). Na área estudada, algumas espécies são citadas por serem indicadoras de antropização, tais como:

Poaceae sp1, Cyperus sp (Cyperaceae), Gochnatia polymorpha (Asteraceae), Leandra sp (Melastomataceae) (Foto 23).

a b c Foto 23- Espécies pioneiras, características dos ambientes com estágios iniciais de sucessão. a.

Melastomataceae (Leandra sp.), b. Cyperaceae (Cyperus sp.), c. Poaceae (sp1.).

116

2.1.4.1.13.11. ESPÉCIES EXÓTICAS

Em relação às espécies exóticas consideraram-se aquelas que não são nativas do

Brasil e nem na Bahia. As espécies introduzidas pelo homem e classificadas como exóticas foram: jaqueira ( Artrocarpus sp), bananeira ( Musa sp) e dendê ( Elaeis guineensis ), além do eucalipto, plantado na fazenda onde está localizada a RPPN.

Tais espécies foram introduzidas há muito tempo no local, devido ao ambiente ter sido habitado e por apresentar resquícios de morada.

2.1.4.1.13.12. ESPÉCIES QUE SOFREM PRESSÃO DE EXTRAÇÃO E COLETA

Muitas espécies da flora brasileira são conhecidas e visíveis por apresentar algum tipo de uso dado pelo homem, como ornamental, comestível, lenha, entre outros

(Lorenzii, 2002a, b). Na área de estudo, pode-se constatar que houve um uso da madeira da massaranduba ( Manilkara salzmani ) há muito tempo, e que provavelmente, ela passou a ser rara no local, como relatado pelo mateiro.

Observou-se que como há um contínuo uso da caça e para isso, os caçadores utilizam madeiras da mata, com DAP inferior a 0,15 cm, para as armadilhas e amarra com uma espécie de cipó. Outra espécie que sofreu pressão, a muito tempo, foi o pau brasil ( Cesalphinia echinata ). No estudo só foi visto duas mudas desta espécie numa área antropizada, cuja regeneração do terreno se apresentava em estágio secundário médio.

117

2.1.4.1.14. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA ÁREA

Em geral, a RPPN Lontra apresenta sua vegetação em bom estado de conservação.

Cerca de 850 ha da RPPN são compostos por floresta primária que sofreu extrativismo seletivo de madeira no passado em alguns trechos, mas mesmo estas

áreas se encontram plenamente regeneradas.

Nas áreas restantes, que podem ser caracterizadas como floresta ombrófila densa em estágio inicial de regeneração, tem potencial para se recuperar em função da presença de bancos de sementes das matas primárias vizinhas. Como constatado em campo, o principal risco para a regeneração ambiental destas matas é a caça intensiva, que reduz as populações de animais nativos e pode levar a extinção local de algumas espécies.

Como discutido anteriormente, 90 espécies de plantas constatadas na RPPN, neste trabalho, dependem de algum tipo de para dispersar suas sementes e o desaparecimento de seus dispersores pode comprometer a sobrevivência delas.

2.1.4.1.15. OCORRÊNCIA DE ESPECIFICIDADE NA ÁREA DE ESTUDO

Toda a RPPN, como já referido anteriormente, é formada por trechos de floresta ombrofila densa, em diferentes estágios de regeneração. No entanto, além desta floresta propriamente dita, que ocorre sobre tabuleiros, foi possível identificar alguns da floresta com características suficientemente diferentes para que se possa referir a existência de subformações. Assim, próximo aos cursos de água, até uma distância de aproximadamente 10 m da água, ocorreram matas de galeria. Entre outras espécies, o Camaçari foi característico desta formação, embora não exclusivo. 118

Em alguns trechos da mata, o lençol freático aflorava, formando charcos e alagados. Algumas palmeiras, como Bactris sp e Euterpe edulis , além de pteridofitas e Monstera sp, foram típicas destes ambientes. Finalmente, em clareiras naturais e em áreas antropizadas, predominaram espécies herbáceo-arbustivas, além de espécies exóticas.

A maciça maioria das espécies encontradas foi restrita a floresta ombrófila densa

“senso estrito” (182). Cerca de 20 espécies foram restritas a ambientes antropizados ou aos charcos. Nenhuma espécie foi restrita as áreas de mata de galeria.

Figura 25- Ocorrência das espécies nas subformações vegetais da RPPN Lontra.m. = mata (floresta ombrofila densa)/ a.a. = área antropizada; ch. = charco; c.n. = clareira natural.

119

Quadro 5- Listagem das espécies da flora da área de influência direta da RPPN Lontra

Listagem Florística da Mata Atlântica ...... Dados preliminares da florística

Nome vulgar: * significa nome dado naquele momento; ** nome referente à bibliografia

Estágio de regeneraçã o: 1 = primária (p); 2 = secundária inicial (si); 3 = secundária mé dia (sm); 4 = secund á ria avançada (as)

Háb ito: Árv. = árvore; Arb. = arbusto; H = herbáceo; L = liana; Par. = parasita; E = epífita

Utilidades: * bibliografia consultada Estágio de

Família Espécie Nome Vulgar Hábito regeneração Polinização Dispersão Utilidades

Acanthaceae sp1 Arv. m. p., s.m., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Adiantaceae Adianthum sp avenca** Arv. ch. p., s.a. indeterminado anemocoria ornamental

Anacardiaceae Astronium concinnum Schott aderno-preto ** Arv. m. s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

aroeira

Anacardiaceae Myracroduon urundeuva Allemao verdadeira** Arv. m. s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Anacardiaceae Schinopsis brasiliensis Engl. barauna* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria madeira

Anacardiaceae Schinus terebenthifoius Raddi aroeira do brejo** Arv. m. p., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Anacardiaceae Spondias mombin L. caja da mata** Arv. m. s.m., s.a. zoofilia zoocoria comestivel

Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. pau pombo* Arv. m. p., s.a. zoofilia zoocoria madeira

Annonaceae Xylopia emarginata Mart. pindaiba* Arv. m. p., s.a. zoofilia zoocoria madeira

120

Apocynaceae Aspidosperma cf. spruceanum Benth. Ex.Mull. Arg. pitia** Arv. m. p., s.a. zoofilia anemocoria madeira

Apocynaceae Aspidosperma discolor DC. quina** Arv. m. p., s.a. zoofilia anemocoria madeira

Apocynaceae Aspidosperma olivaceum Mull.Arg. peroba vermelha** Arv. m. p., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Apocynaceae Aspidosperma polyneuron Mull.Arg. peroba mirim** Arv. m. p., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart. pereiro** Arv. m. p., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Apocynaceae Aspidosperma tomentosum Mart. peroba** Arv. m. p., s.a. zoofilia anemocoria madeira

Apocynaceae Hancornia speciosa Gomes mangaba** Arv. m. p., s.a. zoofilia zoocoria comestivel

Apocynaceae Himatanthus sucumba (Spruce ex Mull arg.) Woodson sucuba** Arv. m. p., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Apocynaceae Malouetia cf.cestroides (Nees ex Mart.)Mull. Arg. selva de leite* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Apocynaceae Rauvolfia sellowii Mull.Arg. casca d anta* Arv. m. p., s.a. zoofilia zoocoria madeira

Aquifoliaceae Ilex theezans Martius ex Reissex cauna** Arv. m. p., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Aquifoliaceae Ilex sp Arv. m. p., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Araceae Alloschemone inopinata Bogner & Boyce E. ch. p., s.a. indeterminado indeterminado ornamental

Araceae Anthurium sp E. ch. p., s.a. zoofilia zoocoria ornamental

Araceae Caladium humboldtii Schott E. ch. p., s.a. indeterminado indeterminado ornamental

Araceae Monstera sp 1 E. ch. p., s.a. zoofilia indeterminado ornamental

Araceae Monstera sp 2 E. ch. p., s.a. zoofilia indeterminado ornamental

Araceae Philodendron sp E. ch. p., s.a. zoofilia zoocoria ornamental

Araceae sp1 E. ch. p., s.a. indeterminado indeterminado ornamental

121

Schefflera morototoni (Aublet) B. Maguire Steyermark & D.C

Araliaceae Frondim mandiocao** Arv. m.g., ch. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Arecaceae Elaeis guineensis Jacq. dende* Arv. m.g., a.a. s.i., s.m., s.a. zoofilia zoocoria comestivel

Arecaceae Euterpe edulis Martius palmito** Arv. ch. p., s.a. zoofilia zoocoria comestivel

Arecaceae Polyandrococos caudescens (Mart.) Barb. Rodr. buriri* Arv. m.g., ch. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria comestivel

Arecaceae sp1 mane velho* Arv. m.g., ch. p., s.m., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Arecaceae sp2 tucum* Arv. m.g., a.a. s.i., s.m., s.a. indeterminado indeterminado comestivel

Asteraceae Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera candeia* Arv. a.a. s.i., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. caroba* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bignoniaceae Jacaranda cf. micrantha Cham. carobao** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bignoniaceae Paratecoma peroba (Record & Mell) Kuhlm. ipe** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bignoniaceae sp L. m. p., s.m., s.a. indeterminada indeterminado ornamental

Bignoniaceae Sparattosperma leucanthum (Vell.) Schum. cinco folhas** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bignoniaceae Tabebuia aff. roseo-alba (Cham.) Sandwicht taipoca branca* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bignoniaceae Tabebuia alba (Chamisso) Sandurth pau d arco* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

ornamental,

Bignoniaceae Tabebuia cassinoides (Lam.) D.C. pau-paraiba* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria madeira

Bignoniaceae Tabebuia cf. cassinoides (Lam.) D.C. caixeta** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bignoniaceae Tabebuia impetiginosa (Mart.ex D.C.) Standl. ipe-roxo** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

122

Bignoniaceae Tabebuia umbellata (Sond.) Sandwiter ipe-amarelo** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bignoniaceae Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau ipe-felpudo** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bignoniaceae Bignonaceae sp1 taipoca preta* Arv. m. p., s.m., s.a. indeterminado indeterminado ornamental

Boraginaceae cf. Cordia sp Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Boraginaceae Cordia sellouiana Cham. juruti** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Boraginaceae Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. Ex Steud. mutamba* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Bromeliaceae Aechmea sp1 E. m. p., s.a. zoofilia zoocoria ornamental

Bromeliaceae Aechmea sp2 E. m. p., s.a. zoofilia zoocoria ornamental

Bromeliaceae Aechmea sp2 E. m. p., s.a. zoofilia zoocoria ornamental

Bromeliaceae Bromelia sp1 E. m. p., s.a. zoofilia zoocoria ornamental

Bromeliaceae Vriesia sp1 E. m. p., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bromeliaceae Vriesia sp2 E. m. p., s.a. zoofilia anemocoria ornamental

Bromeliaceae Wittrokia sp E. m. p., s.a. zoofilia zoocoria ornamental

Burseraceae Protium spruceanum (Benth.) Engl. almesca* Arv. s.i., s.m., s.a. zoofilia zoocoria comestivel

Cactaceae Rhipsalis sp1 cacto* E. a.a. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria ornamental

Cecropiaceae Cecropia cf. hololeuca Miquel embauba* Arv. m.g., a.a. s.i., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Chrysobalanaceae Hirtella hebeclada Moric. Ex DC pau-pinga** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Chrysobalanaceae Licania tomentosa (Benth.) Fritsch oiti mirim** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Clusiaceae Calophyllum brasiliensis Cambess. * Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

123

Clusiaceae Caraipa densifolia Mart camaçari* Arv. m.g. p., s.m., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Clusiaceae Clusia sp Arv. m. p., s.m., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Clusiaceae Rheedia gardneriana Planch. & Triana bacupari* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Clusiaceae Vismia guianensis (Aubl.) Pers. capianga** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Combretaceae Terminalia brasiliensis (Cambess.) Eichler mussambe** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria madeira

Combretaceae Terminalia triflora Griseb. amarelinho** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Cyperaceae Cyperus sp limao* H. m.g., a.a. s.i., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Cyperaceae sp 1 H. a.a. s.i., s.m., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Cyperaceae sp2 H. a.a. s.i., s.m. indeterminado indeterminado indeterminado

Cyperaceae sp3 H. a.a. s.i., s.m. indeterminado indeterminado indeterminado

Dilleniaceae Davilla latifolia Poiret cipo caboclo* L. m. p., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Erythroxylaceae Erythroxylum deciduum St.-Hil. Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Euphorbiceae Pogonophora schomburgkiana Miers ex Benth. cocao * Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Euphorbiceae Cnidoscolus pubescens (Pax) Pax & Hoffm. urtiga** Arv. s.i., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Euphorbiceae Croton floribundus Spreng. velame** Arv. m.g., a.a. s.i., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Euphorbiceae Croton urucurana Baill. urucurana** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Euphorbiceae Joannesia princeps Vellozo boleira** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Euphorbiceae Pera glabrata (Schorr.) Baill. sete casco** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Acacia polyphylla D.C. manjoleiro** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

124

Fabaceae Anadenanthera aff.macrocarpa (Benth.) Brenan angico-preto** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Anadenanthera colubrina (Vellozo) Brenam var. cebil

Fabaceae Grisebach angico branco** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Andira cf. fraxinifolia Benth. angelim-rosa** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Fabaceae Andira legalis (Vell.) Taledo urarema** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Fabaceae Apuleia leiocarpa (Vogel.) Macbr grapia** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Arapatiella psilophylla (Harms) Cowan arapati** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Balizia pedicellaris D.C. Barnely & Grimes juerena-branca* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Caesalpina pluviosa DC var. pettophoroides (Benth.) Lewis sibipiruna** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Caesalpinia echinata Lam. pau brasil** Arv. a.a. s.i., s.m. zoofilia anemocoria madeira

Fabaceae Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Cenostigma ovata (Cambess.) Miers canela-de-veado** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria madeira

Fabaceae Cenostigma tocantinum Ducke inhare* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria madeira

Fabaceae Centrolobium microchaete (Martius ex Bentham) Lima putumuju** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria madeira

Fabaceae Chloroleucon tenuiflorum (Benth.) Barnely & Grimes tatare* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria madeira

Fabaceae Copaifera langsdorfii Desf. copaifera** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria madeira

Fabaceae Copaifera trapezifolia Hayne pau oleo* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria madeira

jacaranda da Fabaceae Dalbergia cf. nigra (Vell.) Allemao ex Benth. Bahia** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria madeira

125

Fabaceae Dialium guianense (Aubl.) Sandwith jitai* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Fabaceae Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong. timbauva* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Erythina velutina Wildenow mulungu** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Inga aff. cylindrica (Vell.) Mart. inga** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria madeira

Fabaceae Inga marginata Willd. inga-mirim** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Fabaceae Inga sessilis (Vellozo) Martius inga-ferradura** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Fabaceae Inga sp iga-macaco** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Fabaceae Lonchocarpus aff. Araripensis Benth. sucupira branca* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria madeira

Fabaceae Lonchocarpus campestris Mart. Ex Benth. angelim-bravo** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Lonchocarpus guilleminia (Tel.)Malme falso-timbo** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Melanoxylon brauna Schott brauna* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Myrocarpus fastigiatus Allemao pau-de-balsamo** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Parkia pendula (Willdenow) Bentham ex Walperso visgueiro** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Peltogyne confertiflora (Mart. Ex Hayne) Benth. coracao de nego* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Peltophorum aff. dubium (Spreng.) Taub. farinha seca* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Piptadenia moniliformis Benth. catanduva** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Plathymenia reticulata Benth. vinhatico* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Pseudopiptadenia warmingii (Bentham) G.P.Lewis & M.P.Lima cauvi** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia autocoria indeterminado

Fabaceae Pterocarpus rohrii Vahl sangueiro** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

126

Fabaceae Pterocarpus violaceus Vogel. folha larga* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Pterogyne nitens Tul. Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Samanea tubulosa (Benth.) Bameby & Grimes sete casco* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Fabaceae Schizolobium parahyba (Vell.) S.F. Bleke guapuruvu** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Sclerolobium aureum (Tul.) Benth. sucupira-preta* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Sclerolobium densiflorum Benth. inga-rosa** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Senna macranthera (Colladon) Irwin & Barneby manduirana** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae Swartzia macrostachya Benth. jacaranda-branco** Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Fabaceae Tachigali multijuga Benth. ingauçu* Arv. m. p., s.m., s.a. zoofilia anemocoria indeterminado

Fabaceae sp1 miroro** Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp2 taboipe* Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp3 tambaete* Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp4 mutamba* Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp5 Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp6 Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp7 Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp8 Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp9 Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp10 Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

127

Fabaceae sp11 Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Fabaceae sp12 Arv. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Flacoutiaceae Casearia sylvestris Swartz cafezeiro da mata** Arv. m. p., s.m. zoofilia zoocoria indeterminado

Gentianaceae sp1 S. m. p., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Heliconiaceae Heliconia sp heliconia* H. m.g. s.i., s.m., s.a. zoofilia autocoria ornamental

Lamiaceae Aegiphila pernambucensis Moldeke pau mole* Arv. m. s.i., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Lauraceae Nectandra rigida (Kunth) Ness. canela dura, louro** Arv. m. s.i., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Lauraceae Ocotea spixiana (Nees) Mez canela** Arv. m. s.i., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Lauraceae Aniba firmula (Nees. & Mart.) Mez canela-sassafraz** Arv. m. s.i., s.m., s.a. zoofilia zoocoria comestivel

Lauraceae Mezilaurus crassiramea (Meisn.) Taub. Ex Mez tapinhõa** Arv. m. s.i., s.m., s.a. zoofilia zoocoria indeterminado

Lauraceae sp1 erva de passarinho* Arv. a.a. s.i., s.m., s.a. indeterminado indeterminado indeterminado

Lecythidaceae Eschweilera ovata (Cambess.) Miers biriba* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Lecythidaceae Lecythis pisonis Cambess. sapucaia* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Lecythidaceae sp1 inhaiba* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Lytrhaceae cf. Physocalymma scaberrima Pohl cega machado* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia autocoria indeterminado

Malphighiaceae Byrsonima sericea D.C. murici* Arv. a.a. s.i., s.m. zooflia zoocoria indeterminado

Malphighiaceae Byrsonima sp murici 2* Arv. a.a. s.i., s.m. zooflia zoocoria indeterminado

Malvaceae Ceiba sp bacalhau* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

Malvaceae Eriotheca pentaphylla (Vell.) Robyns imbiruçu* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

128

Malvaceae Pachira aquatica Aubl. mamoninha* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

Malvaceae Sterculia chicha A.St.-Hil. ex Turpi xixa* Arv. m. p., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

Maranthaceae Calanthea sp H. a.a. s.i., s.m. zooflia indeterminado indeterminado

Maranthaceae Marantha sp H. a.a. s.i., s.m. zooflia indeterminado indeterminado m., c.n.,

Melastomataceae cf. Leandra sp mundururu* Arv. a.a. s.i., s.m., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

Melastomataceae sp1 Arb. m. s.i., s.m., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

Melastomataceae sp2 Arb. m. s.i., s.m., s.a. zooflia indeterminado indeterminado

Myrtaceae Myrcia rostrata DC guamirim-chorao* Arv. m. p., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Myrtaceae Psidium cattleyanum Sabine araça* Arv. m. p., s.a. zooflia zoocoria comestivel

Myrtaceae Psidium sp1 araça* Arv. m. p., s.a. zooflia zoocoria comestivel

Myrtaceae Psidium sp2 Arv. m. p., s.a. zooflia zoocoria comestivel

Myrtaceae sp1 piroca* Arv. m. p., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Myrtaceae Myrcia sp murta Arv. m. p., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Nyctaginaceae cf. Guapira opposita Vell. pau de amago* Arv. m. s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Orchidaceae Acianthera sp E. m. p., s.a. zooflia anemocoria ornamental

Orchidaceae Brassavola tuberculata Hook. E. m. p., s.a. zooflia anemocoria ornamental

Orchidaceae Encyclia sp E. m. p., s.a. zooflia anemocoria ornamental

Orchidaceae Notylia sp E. m. p., s.a. zooflia anemocoria ornamental

129

Orchidaceae Oncidium sp E. m. p., s.a. zooflia anemocoria ornamental

Orchidaceae Polysthachya sp E. m. p., s.a. zooflia anemocoria ornamental

Orchidaceae Scaphyglottis sp E. m. p., s.a. zooflia anemocoria ornamental

ornamental,

Orchidaceae Vanilla sp baunilha* E. m. p., s.a. zooflia anemocoria comestivel

Passifloraceae Passiflora sp maracuja de cobra* L. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria comestivel

Piperaceae Peperomia sp E. m. p., s.a. zooflia zoocoria ornamental

Poaceae Pharus sp H. c.n., a.a. s.i., s.m., s.a. anemofilia anemocoria indeterminado

Poaceae sp H. c.n., a.a. s.i., s.m., s.a. indeterminada indeterminado indeterminado

Polygonaceae Ruprechtia paxiflora Meissner caxao** Arb. m. s.i., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Polypodiaceae sp H. m. s.i., s.m., s.a. indeterminado anemocoria indeterminado

Pteridaceae sp1 H. m. s.i., s.m., s.a. indeterminado anemocoria ornamental

Pteridaceae sp2 samambaia* H. ch. s.i., s.m., s.a. indeterminado anemocoria ornamental

Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Martius joazeiro** Arv. m. s.i., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Rosaceae Quillaja brasiliensis Mart. saboneteira** Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Rubiaceae Faramea sp Arv. m. s.i., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Rubiaceae Genipa americana L. genipapo* Arv. m., a.a. s.m., s.a. zooflia zoocoria comestivel

Rubiaceae Palicourea sp erva de rato** H. c.n., a.a. s.i., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Rubiaceae Radia ferox (Chamisso & Schlechtendal) Candolle limao do mato* Arv. m. s.i., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

130

Rubiaceae sp1 Arv. m. s.i., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Rubiaceae sp2 Arv. m. s.i., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Rutaceae Dictyoloma vandellianum Juss. tingui* Arv. m. s.i., s.m., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

Rutaceae cf. Esenbeckia sp Arb. m. s.i., s.m., s.a. zooflia autocoria indeterminado

Rutaceae sp H. a.a. s.i., s.m. indeterminado indeterminado indeterminado

Samaroubaceae Simarouba amara Aublet marupa** Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Sapindaceae Allophyllus edulis (A. St.Hil., Cambess. & J.A. Juss.) Radlk. murta branca* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Sapindaceae Cupania vernalis Cambess. camboatâ* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria comestivel

Sapindaceae cf. Matayba elaeagnoides Radlk. camboata branco* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Sapotaceae Manikara salzmannii (D.C.) Lam. maçaranduba* Arv. m. p., s.a. zooflia zoocoria madeira

Sapotaceae Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. pitomba* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Sapotaceae Pouteria torta Mart. fruto de pombo** Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Solanaceae sp Arb. a.a. s.i., s.m. indeterminado indeterminado indeterminado

Styracaceae Styrax ferruginosus Nees & Mart. pindaiba* Arb. m. s.i., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Theaceae Gordonia fruticosa (Schrad.) H. Keng santa peta** Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia zoocoria indeterminado

Tiliaceae Apeiba tibourbou Aubl. embira branca* Arv. m. p., s.m., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

Vochysiaceae cf. Vochysia sp. pau d agua* Arv. m. p., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

Vochysiaceae Vochysia aff. thyrsoidea Pohl palmeirinha** Arv. m. p., s.a. zooflia anemocoria indeterminado

131

Não idetificado

chapelao* Arv. xxxxxxxxxx xxxxxxxx L. xxxxxxxxxx xxxxxxxx cipo ** L. xxxxxxxxxx xxxxxxxx coqueirinho Arv. xxxxxxxxxx xxxxxxxx sp1 Arv. xxxxxxxxxx xxxxxxxx sp2 Arv. xxxxxxxxxx xxxxxxxx sp4 Arv. xxxxxxxxxx xxxxxxxx spw Arv. xxxxxxxxxx xxxxxxxx umburacica Arv. xxxxxxxxxx xxxxxxxx vasa materia Arv.

132

2.1.4.2. FAUNA

2.1.4.2.1. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL DA FAUNA

O Brasil é um dos principais países em nível de diversidade animal no mundo.

Apesar disso, os estudos sobre essa riqueza é ainda insatisfatório, havendo ainda muito que se conhecer sobre as espécies, seus hábitos e ambientes em que ocorrem.

Para isso é fundamental aliar ao desenvolvimento econômico, estratégias de conservação da fauna (São-Pedro, 2009).

Todas as espécies animais representam soluções biológicas singulares para o problema de sobrevivência. Independente de sua abundância ou importância para nós, a sobrevivência de cada espécie deve ser garantida, por seu direito e seu próprio valor, um valor intrínseco não relacionado às necessidades humanas (Primack &

Rodrigues, 2001).

A coleta e captura de espécies da fauna e flora, além da caça de animais silvestres existe historicamente na região, e sua dimensão e impactos sobre a biodiversidade ainda não foram devidamente pesquisados. Entretanto, as principais ameaças à conservação da biodiversidade no Litoral Norte da Bahia são a perda e a fragmentação de seus habitats naturais e ecossistemas, fatos que tornam imprescindíveis o estabelecimento de medidas urgentes que assegurem a preservação, o uso sustentável e socialmente justo de seu patrimônio biológico.

As pesquisas realizadas até o momento no Litoral Norte da Bahia registraram um grande número de espécimes endêmicas da Mata Atlântica e/ou ameaçadas de extinção.

133

Entre os mamíferos destacam-se: Macaco-prego-de-peito-amarelo ( Cebus xanthosternos ): Criticamente em perigo – CR (IUCN, 2008) e Ameaçada de Extinção

(MMA, 2003); Guigó-de-coimbra-filho ( Callicebus coimbrai ): Em perigo – EN (IUCN,

2008). Espécie de macaco descrita apenas em 1999, cuja ocorrência está restrita a fragmentos florestais do Litoral Norte da Bahia e do estado de Sergipe

(JERUSALINSKY et al . 2006). Ameaçada de Extinção (MMA, 2003); Ouriço-preto

(Chaetomys subspinosus ): Vulnerável – VU (IUCN, 2008) e Ameaçada de Extinção

(MMA, 2003); Preguiça-de-coleira ( Bradypus torquatus ): Em perigo – EN (IUCN, 2008) e Ameaçada de Extinção (MMA, 2003) (Maia & Santos, 2008).

Entre as aves oito espécies estão ameaçadas de extinção, segundo a IUCN (2008), e destas, seis estão na Lista Brasileira da Fauna Ameaçada (MMA, 2003): Olho-de-fogo- rendado ( Pyriglena atra ): Em perigo – EN (IUCN, 2008) e Ameaçada de Extinção

(MMA, 2003); Choquinha-de-rabo-cintado ( Myrmotherula urosticta ): Vulnerável – VU

(IUCN, 2008) e Ameaçada de Extinção (MMA, 2003); Chorozinho-da-bahia

(Herpsilochmus pileatus ): Vulnerável – VU (IUCN, 2008) e Ameaçada de Extinção

(MMA, 2003); Anambé-de-asa-branca ( Xipholena atropurpurea ): Em perigo – EN

(IUCN, 2008) e Ameaçada de Extinção (MMA, 2003); Araponga ( Procnias nudicollis ):

Vulnerável – VU (IUCN, 2008); Apuim-de-cauda-amarela ( Touit surdus ): Vulnerável –

VU (IUCN, 2008); Chauá ( Amazona rhodocorytha ): Em perigo – EN (IUCN, 2008) e

Ameaçada de Extinção (MMA, 2003); Pintassilgo-do-nordeste ( Carduelis yarrellii ):

Vulnerável – VU (IUCN, 2008) e Ameaçada de Extinção (MMA, 2003) (Maia &

Santos, 2008).

Também integra a lista de animais endêmicos e/ou ameaçados do Litoral Norte da

Bahia a lagartixa-de-abaeté ( Cnemidophorus abaetensis ), espécie que vive no ecossistema de restinga, a aranha armadeira-da-Bahia ( Phoneutria bahiensis ) e o

134

besouro scarabeídeo ( Dichotomius schiffleri ). Todas estão na Lista das Espécies da

Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2003) (Maia & Santos, 2008).

Além de abrigar espécies endêmicas, vulneráveis e ameaçadas de extinção, o Litoral

Norte possui áreas muito importantes para o pouso e alimentação de aves migratórias continentais e oceânicas. É importante salientar que as espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, bem como áreas que abrigam estas espécies ou que servem de pouso ou reprodução de espécies migratórias são protegidas pela Constituição do Estado da Bahia, de 05/10/1989, artigo 215, pela Lei nº 10.431, de 20/12/2006 e pelo Decreto nº 11.235 de 10/10/2008, sendo consideradas

Áreas de Preservação Permanente – APP.

Segundo Maia & Santos (2008), as zonas úmidas da região recebem anualmente centenas de aves aquáticas, principalmente durante o período chuvoso. Algumas espécies chegam a reproduzir na região, como o pernilongo-de-costas-negras

(Himantopus mexicanus ), a marreca-toucinho ( Anas bahamensis ) e o irerê ( Dendrocygna viduata ). O contingente populacional de algumas espécies chega a variar entre dezenas até centenas de indivíduos entre os períodos de migração.

Há algumas raridades, em números reduzidos, como o pato-de-crista ( Sarkidiornis sylvicola ), o cabeça-seca ( Mycteria americana ) e a águia-pescadora ( Pandion haliaetus ).

Outras espécies continentais, não aquáticas, também passam parte do seu período de migração na região, como o falcão-peregrino ( Falco peregrinus ), o tesourinha

(Tyrannus savana ), guaracava-de-crista-branca ( Elaenia albiceps ) e alguns contigentes da andorinda-do-campo ( Progene tapera ).

O avanço das pesquisas na região nas últimas décadas está não apenas realçando a sua importância biológica mais também revelando importantes descobertas para a

135

ciência. Alguns registros recentes no Litoral Norte representam o aumento da distribuição geográfica dos fungos Speiropsis pedatospora e S. scopiformis , dos répteis

Alexandresaurus cf. e Micrablepharus maximilianis e dos anfíbios anuros

Leptodactylus mystaceus, Phyllodytes melanomystax e Sphaenorhynchus prasinus (Maia &

Santos, 2008).

Nesta década novas espécies foram descritas a partir de exemplares coletados na região, desde cupins, Cylindrotermes sapiranga , vespas parasitóides, Dissomphalus elegans , Apenesia patens e Apenesia hepatica , lagartos, Cnemidophorus abaetensis , anfíbios anuros, Chiasmocleis sapiranga e plantas como Faramea biflora e Psidium bahianum .

Foram registradas 25 espécies de anfíbios na Reserva de Sapiranga e na fazenda

Camurugipe, localizadas próximo a Praia do Forte. Na Reserva de Sapiranga também foi registrada uma nova espécie de anfíbio anura (rã), Chiasmocleis sapiranga , município de Mata de São João (Maia & Santos, 2008).

2.1.4.2.2. ÁREAS DE PROTEÇÃO NO LITORAL NORTE

A Área de Proteção Ambiental - APA constitui o tipo de Unidade de Conservação mais apropriada à sub-área do Litoral Norte pela possibilidade que enseja da ocupação e utilização ordenada do solo, favorecendo o desenvolvimento de atividades sócio-econômicas, tais como o turismo, lazer, habitação, pesca, reflorestamento, fruticultura e outras, segundo as exigências do desenvolvimento sustentado; e considerando, por fim, que o desenvolvimento turístico da sub-área do

Litoral Norte guarda estreita relação com a política de desenvolvimento da Região

Metropolitana de Salvador (Bahia, 1992).

A seguir as principais Áreas de Proteção Ambiental do Litoral Norte da Bahia. 136

2.1.4.2.2.1. APA LITORAL NORTE

A área de Proteção Ambiental do Litoral Norte do Estado da Bahia foi criada abrangendo áreas da planície marinha e planície flúvio-marinha dos Municípios de

Jandaíra, Conde, Esplanada, Entre Rios e Mata de São João, cuja área territorial está compreendida, ao Norte pelo limite fronteiriço entre os Estados da Bahia e Sergipe

(), que coincide com o limite Norte do Município de Jandaíra; a Leste pelo

Oceano Atlântico; ao Sul pelo curso do rio Pojuca, limite Sul do Município de Mata de São João, e a Oeste pela linha distante 10 Km dos pontos de preamar média de

1831, nos termos do PORTO-MARINST nº 318.001-A, de 30 de setembro de 1982 e do

Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (Bahia, 1992).

2.1.4.2.2.2. APA DA PLATAFORMA CONTINENTAL DO LITORAL NORTE

Área de Proteção Ambiental – APA da Plataforma Continental do Litoral Norte, foi criada em 05 de junho de 2003, com área estimada de 3.622,66 km², envolvendo as

águas inseridas na poligonal a seguir descrita: partindo-se do Ponto 01, no Farol de

Itapuã, no Município de Salvador, seguindo a linha da preamar, em direção ao

Norte, até a divisa com o Estado de Sergipe, às margens do Rio Real, determina-se o

Ponto 02; daí, seguindo-se para Leste, mantendo a mesma latitude do Ponto 02, até encontrar a isóbata dos 500 metros de profundidade, determina-se o Ponto 03; daí, seguindo-se em direção ao Sul, por essa isóbata, até a mesma latitude do Farol de

Itapuã, determina-se o Ponto 04; daí, seguindo-se em direção Oeste, por essa mesma latitude, retorna-se ao Farol de Itapuã (Ponto 01), fechando-se, assim, a área de forma

137

poligonal, identificada conforme coordenadas constantes do Anexo Único de seu

Decreto (Bahia, 2003).

2.1.4.2.2.3. APA DE JOANES - IPITANGA

Área de Proteção Ambiental – APA de Joanes-Ipitanga, foi criada em 05 de junho de

1999, através do Decreto Estadual nº 7.596 abrangendo parte dos Municípios de

Camaçari, Simões Filho, Lauro de Freitas, São Francisco do Conde, Candeias, São

Sebastião do Passe, Salvador e Dias D´Ávila, com área aproximada de 30.000 ha, conforme projeto elaborado pelo Centro de Recursos Ambientais – CRA, autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia, visando à preservação dos mananciais Joanes I, Joanes II, Ipitanga I, II e III, e o Estuário do Rio Joanes

(Bahia, 1999).

A finalidade da criação da APA Joanes/Ipitanga é o bem-estar das populações locais, a proteção de ecossistemas e sua biodiversidade, as paisagens naturais, o uso e a ocupação do solo, com vistas à promoção da sustentabilidade compatibilizando assim, a ação antrópica e a conservação da natureza (Ribeiro, 2007).

O Conselho Gestor da APA Joanes Ipitanga é composto de 41 membros, entre organismos públicos (federais, estaduais e municipais), empresas privadas e associações da sociedade civil. Da sua estrutura fazem parte ainda comitês municipais, com composições semelhantes. Segundo gestor da APA, essa composição foi sendo delineada ao longo do PEA (Programa de Educação

Ambiental), a partir do nível de participação e interesse de segmentos diversos, em fazer parte desse fórum (Torres, 2007).

138

2.1.4.2.3. CARACTERIZAÇÃO LOCAL DA FAUNA

Para a caracterização da fauna silvestre local, faz-se necessária a coleta de dados primários em campo, a fim de se obter com mais precisão resultados mais próximos da realidade local.

2.1.4.2.3.1. METODOLOGIA

O período de amostragem em campo correspondeu a 02 campanhas de 04 dias cada.

A 1ª Campanha teve início no dia 01.06.2010 e término no dia 06.06.2010, com visitas

à porção leste da RPPN, via acesso o Município de Itanagra e a 2ª Campanha do dia

21.07.2010 ao dia 28.07.2010 com visitas a porção oeste da RPPN, via acesso o

Município de Araças.

Nas duas campanhas foram adotados métodos diretos de observação, procura ativa

(noturna e diurna), registro fotográfico e entrevistas com moradores do local, para posterior identificação das espécies e composição do inventário da fauna local.

Durante procura ativa 03 observadores fizeram a busca por representantes da macrofauna terrestre, através de caminhadas utilizando-se trilhas pré-existentes no local. Foi dada ênfase aos micro-habitats, charcos, brejos e possíveis locais de nidificação.

(A) (B) (C)

139

Foto 24- (A), (B) e (C): Metodologia de procura visual ativa. (A) Procura visual ativa diurna em microhabtitas; (B) Registro fotográfico de espécime avistado; (C) Procura visual ativa noturna.

Foram utilizados equipamentos de proteção individual, binóculos, gancho herpetológico, máquinas fotográficas de longo alcance e lanternas. Um banco de dados digital foi gerado a partir dos registros fotográficos de espécimes, rastros, vestígios e etc.

Também se utilizou métodos indiretos através de pesquisa bibliográfica específica para a região. Foram utilizados guias de campo para todos os grupos de vertebrados, o que facilitou na identificação de espécies durante entrevistas com moradores nativos da região.

2.1.4.2.3.2. RESULTADOS

Foi registrado um total de 16 mamíferos, 76 aves, 31 répteis e 37 anfíbios, representando uma diversidade significativa para o local a partir do esforço amostral adotado.

140

2.1.4.2.4. ANFÍBIOS

Os anfíbios são animais de pequeno porte que possuem características peculiares quanto aos aspectos fisiológicos e morfológicos. Apresentam pele bastante permeável e ciclo de vida bifásico, passando pelo menos uma das fases de sua vida na água

(Bastos et al. , 2003). Possuem papel importante na teia alimentar de um ecossistema, seus ovos e girinos servem de alimento a uma infinidade de seres aquáticos. Já os indivíduos jovens e adultos entram na composição da dieta de serpentes, lagartos, aves e outros anfíbios. Quando ocorrem mudanças na estrutura dos corpos d’água e regiões úmidas são diretamente afetados, sendo bons indicadores para estudos que se propõem a analisar possíveis impactos em uma determinada área.

Nas últimas décadas, tem se registrado um aumento no número de trabalhos sobre o declínio e a extinção desse grupo animal em muitas regiões no mundo, inclusive em

áreas de Mata Atlântica (Eterovick, 2005). Uma questão que agrava tal problemática é a quantidade de anuros endêmicos, ou seja, conhecidos apenas na sua localidade-tipo dentro de um bioma. Algumas espécies têm registro somente em locais pontuais e muitas vezes a falta de estudos faz com que sejam extintos sem ao menos ter sido descrita sua distribuição geográfica.

Segundo a lista de anfíbios mais recente, publicada em maio de 2010, há naturalmente no território brasileiro 875 espécies (Sociedade Brasileira de

Herpetologia, 2010). Embora esses números indiquem que o Brasil é o país mais diverso do planeta, estudos como o de Juncá (2006), mostram que para a Mata

Atlântica ainda faltam trabalhos com anfíbios, dificultando o entendimento do grau de ameaça e identificação das causas do declínio dessa população, o que reforça a

141

importância de se realizar inventários para conhecer melhor a distribuição desses vertebrados.

Desse modo, os anfíbios são extremamente dependentes do ambiente com água e a maioria das espécies precisam desse recurso em boa qualidade para sobreviver.

Assim sendo, deve-se fazer um manejo adequado da área, conservando e mantendo esse ambiente com menor impacto possível.

Nesse grupo animal foram registradas 37 espécies, distribuídas em oito famílias, sendo 26 avistadas e fotografadas e as demais incluídas na lista por registro da vocalização, pesquisas bibliográficas ou entrevistas, conforme o quadro 6.

A maioria das espécies de anfíbios registradas é considerada comum e pode ser encontrada em outros biomas, como na Caatinga e Cerrado. Destacando as dos

Gêneros Leptodactylus e Rhinella que são generalistas e podem sobreviver em ambientes antropizados, sendo facilmente observadas próximas as áreas de charco.

Já as espécies Proceratophrys renalis (sapo de chifre) e o Dermatonotus muelleri (rã manteiga) podem ser consideradas como pouco comum por serem anuros que passam períodos longos em estivação nas câmaras subterrâneas, subindo a superfície em épocas de chuva, quando ocorre a reprodução explosiva. Outra espécie encontrada que merece destaque é a Phylomedusa bahiana (perereca verde) que é arborícola e passa a maior parte do ano na copa de árvores, descendo apenas em

épocas favoráveis a reprodução utilizando poças temporárias.

Nenhum anfíbio registrado encontra-se citado na lista vermelha de animais ameaçados de extinção do IBAMA.

142

Segue o quadro 6 com a lista de espécies e a foto 25 com o registro fotográfico dos anfíbios encontrados na área de Reserva da Copener:

Quadro 6 – Anfíbios registrados durante a campanha de campo na área de influência da Reserva da Copener.

NOME TIPO DE FAMÍLIA N NOME CIENTÍFICO STATUS COMUM REGISTRO

01 Ischnocnema paulodutrai Sã do folhiço C AVIS/FOT Brachycephalidae 02 Ischnocnema ramagii Sã do folhiço C AVIS/FOT

03 Rhinella jimi Sapo boi C AVIS/FOT

Bufonidae 04 Rhinella crucifer Sapo boi C AVIS/FOT

05 Rhinella hoogmoedi Sapo folha C AVIS/FOT

Cycloramphidae 06 Proceratophrys renalis Sapo de chifre PC ENT/BIBLI

07 Leptodactylus fuscus rã assoviadeira C VOC/BIBLI

08 Leptodactylus vastus Rã pimenta C AVIS/FOT

09 Leptodactylus mystaceus Caçote C BIBLI 10 Leptodactylus natalensis Caçote C AVIS/FOT

11 Leptodactylus latrans Caçote C AVIS/FOT

12 Leptodactylus troglodytes Caçote C VOC/BIBLI

Microhylidae 13 Dermatonotus muelleri Rã manteiga PC AVIS/FOT

14 cuvieri Rã piadeira C AVIS/FOT

Leiuperidae 15 Physalaemus kroyeri Rã piadeira C AVIS/FOT

16 saltica Rã grilo C AVIS/FOT

Centrolenidae 17 Vitreorana eurygnatha Rã de vidro PC VOC

18 branneri Perereca C AVIS/FOT

19 Dendropsophus nanus Perereca C AVIS/FOT

20 Dendropsophus elegans Perereca C AVIS/FOT

Hylidae 21 Dendropsophus minutus Perereca C AVIS/FOT

22 Dendropsophus decipiens Perereca C AVIS/FOT

23 Dendropsophus seniculus Perereca C AVIS/FOT

24 Dendropsophus oliveirai Perereca C AVIS/FOT

143

25 Hypsiboas faber Rã ferreiro C VOC

26 Hypsiboas semilineatus Perereca C BIBLI

27 Hypsiboas raniceps Perereca C AVIS/FOT

28 Hypsiboas albomarginatus Perereca verde C AVIS/FOT

29 Itapotihyla langsdorffii Perereca C ENT/BIBLI

30 fuscomarginatus Perereca C AVIS/FOT

31 Scinax similis Perereca C AVIS/FOT

32 Scinax auratus Perereca C AVIS

33 Scinax eurydice Perereca C AVIS/FOT

34 Scinax perpusilius Perereca C AVIS

35 Phyllomedusa bahiana Perereca verde PC AVIS/FOT

36 Phyllomedusa rhodei Perereca verde PC AVIS/FOT

Trachycephalus 37 Perereca grande C AVIS/VOC mesophaeus

Legenda do quadro: Status: C = Comum; PC = Pouco comum; E = Endêmica; AE = Ameaçada de Extinção Tipo de registro: AVIS = Avistamento; VOC = Vocalização; BIBLI = Bibliografias; VEST = Vestígios; FOT = Fotografado; ENT = Entrevistas

Abaixo segue registro fotográfico para o grupo dos anfíbios.

144

(A) (B) (C)

(D) (E) (F)

(G) (H) (I)

(J) (K) (L)

(M) (N) (O) 145

(P) (Q) (R)

(S) (T) (U)

(V) (X) (W)

(Y) (Z)

(A) Ischnocnema paulodutrai ; (B) Ischnocnema ramagii ; (C) Rhinella jimi ; (D) Rhinella crucifer ; (E) Rhinella hoogmoedi ; (F) Leptodactylus vastus ; (G) Leptodactylus natalensis ; (H) Leptodactylus latrans ; (I) Dermatonotus muelleri ; (J) Physalaemus cuvieri ; (K) Physalaemus kroyeri; (L) Pseudopaludicola saltica; (M) Dendropsophus branneri ; (N) Dendropsophus nanus ; (O) Dendropsophus elegans ; (P) Dendropsophus minutus ; (Q) Dendropsophus decipiens ; (R) Dendropsophus seniculus ; (S) Hypsiboas raniceps ; (T) Hypsiboas albomarginatus ; (U) Scinax fuscomarginatus ; (V) Scinax similis ; (X) Scinax eurydice ; (W) Phyllomedusa bahiana ; (Y) Phyllomedusa rhodei ; (Z) Dendropsophus oliveirai . Foto 25- Anfíbios registrados durante a campanha de campo na área de influência da Reserva da Copener.

146

2.1.4.2.5. RÉPTEIS

O grupo dos répteis é constituído por animais que apresentam uma fisiologia mais independente da água, possuindo modo reprodutivo baseado em ovipostura, e em algumas espécies a viviparidade. São frequentemente observados em vegetações abertas, pois a disponibilidade de luz solar e água são essenciais para suas funções fisiológicas e termo-regulação. Estas são tão importantes quanto outras características físicas do como a oferta de alimento que determina o período e locais de atividade durante o dia, ou seja, o padrão de uso do habitat (Pianka e Vitt, 2003).

A camada dérmica desses animais possibilita maior retenção de água no corpo, evitando a perda excessiva durante boa parte do ano. Com exceção dos crocodilianos, a reprodução também é independente de água, estando ligado ao período de maior oferta de alimentos (Dias e Rocha, 2005). Geralmente coincide com o período de explosão reprodutiva dos anfíbios que representa boa parte da dieta desse grupo, que por sua vez coincide com o início das chuvas, favorecendo o rebrotamento de plantas e a reprodução de insetos, consequentemente, fartura de alimento para todo ciclo trófico.

Esses animais são essenciais nas teias alimentares, uma vez que podem atuar como presas ou predadores, controlando populações de roedores, marsupiais, aves, invertebrados e até dos próprios répteis. Portanto podem ter grande influência sobre o funcionamento de um ecossistema.

No Brasil, segundo a lista de espécies da Sociedade Brasileira de Herpetologia mais recente, publicada em maio de 2010, ocorrem 721 espécies de répteis e ocupa a segunda colocação na relação de países com maior riqueza de espécies desse grupo

(SBH, 2010). 147

Na área trabalhada foram registradas 31 espécies de lagartos e serpentes, distribuídas em 14 famílias, sendo 11 avistadas e fotografadas e as demais incluídas na lista por pesquisas bibliográficas ou entrevistas, conforme o quadro 7.

A família Tropiduridae com a espécie Tropidurus hispidus se destacou por ser facilmente encontrada na área trabalhada. Caracteriza-se por ser arborícola, terrestre e rupícola, possuindo modo de caça por espreita. É muito comum nas bordas das matas e em locais que já sofreram algum tipo de intervenção, como em construções.

Outra família que merece destaque é a Teiidae que se caracteriza por possuir indivíduos de porte variável, corpo comprido e longilíneo, hábitos terrestres e alimentação baseada em insetos e pequenos vertebrados. Apresenta a espécie

Tupinambis merianae com valor econômico, por possuir grande porte, podendo chegar até 1,4 metros de comprimento, sendo bastante procurado e abatido por caçadores na região. Já a espécie Ameiva ameiva pode ser observada nas áreas abertas e clareiras dentro da mata.

As espécies Paleosuchus palpebrosus e Caiman latirostris (jacarés) da família

Alligatoridae podem ser consideradas como pouco comum devido ao fato de estarem relacionadas a ambientes aquáticos e possuírem hábito noturno, sendo difícil de serem avistadas.

As demais espécies são consideradas comuns para a Mata Atlântica e assim como a maioria dos anfíbios registrados apresentam grande distribuição geográfica, visto que são facilmente encontradas em biomas como a Caatinga e o Cerrado no estado da Bahia.

148

Com relação às espécies de valor econômico, a família de lagarto Iguanidae,

representada pela espécie Iguana iguana e a de serpentes Boidae, com a Boa constrictor

são espécies comuns de serem encontradas em comércio ilegal de animais silvestres.

Já em relação à importância médica podem ser encontradas 3 espécies de serpentes,

Crotalus durissus , Bothrops leucurus e Micrurus ibiboboca , sendo as duas primeiras

pertencentes a família Viperidae e a última a Elapidae.

Quadro 7 - Répteis registrados durante a campanha de campo na área de influência da Reserva da Copener.

TIPO DE FAMÍLIA N NOME CIENTÍFICO NOME COMUM STATUS REGISTRO

01 Paleosuchus palpebrosus Jacaré preto PC BIBLI Alligatoridae 02 Caiman latirostris Papo amarelo PC ENT/BIBLI

Iguanidae 03 Iguana iguana Iguana C AVIS/FOT

04 Polychrus acutirostris Papa vento C BIBLI

Polychrotidae 05 Anolis ortonii Papa vento C BIBLI

06 Anolis fuscoauratus Papa vento C BIBLI

Amphisbaenidae 07 Amphisbaena alba Cobra cega C ENT/BIBLI

Tropiduridae 08 Tropidurus hispidus Lagartixa C AVIS/FOT

09 Gymnodactylus darwinii Bibra de folhiço C AVIS/FOT Phyllodactylidae 10 Phyllopezus pollicaris Lagartixa C AVIS/FOT

Sphaerodactylidae 11 Coleodactylus Lagartinho C AVIS/FOT

meridionalis

12 Hemidactylus brasilianus Bibra C AVIS/FOT Gekkonidae 13 Hemidactylus mabouia Bibra de parede C AVIS/FOT

14 Ameiva ameiva Calango C AVIS/FOT Teiidae 15 Tupinambis merianae Teiú C ENT/BIBLI

Boidae 16 Boa constrictor Jibóia C ENT/BIBLI

149

17 Eunectes murinus Sucuri C ENT/BIBLI

Viperidae 18 Bothrops leucurus Jararaca C ENT/BIBLI

Elapidae 19 Micrurus ibiboboca Coral C ENT/BIBLI

20 Chironius exoletus Cobra cipó C ENT/BIBLI

21 Chironius flavolineatus Cobra cipó C ENT/BIBLI

22 Oxybelis aeneus Cobra cipó C ENT/BIBLI

Colubridae 23 Pseustes sulphureus Cainana C ENT/BIBLI

24 Spilotes pullatus Cainana C ENT/BIBLI

25 Drymarchon corais Corredeira C ENT/BIBLI

26 Leptophis ahaetulla Corredeira C ENT/BIBLI

27 Philodryas olfersii Cobra verde C ENT/BIBLI

28 Taeniophallus occipitalis Cobra de folhiço C ENT/BIBLI

Dipsadidae 29 Oxyrhopus trigeminus Coral falsa C AVIS/FOT

30 Leptodeira annulata Cobra cipó C AVIS/FOT

31 Thamnodynastes pallidus Cobra cipó C AVIS/FOT

Legenda do quadro: Status: C = Comum; PC = Pouco comum; E = Endêmica; AE = Ameaçada de Extinção Tipo de registro: AVIS = Avistamento; VOC = Vocalização; BIBLI = Bibliografias; VEST = Vestígios; FOT = Fotografado; ENT = Entrevistas

Abaixo segue registro fotográfico para o grupo dos Répteis.

150

(A) (B) (C)

(D) (E) (F)

(G) (H) (I)

(J) (K) (A) Iguana iguana ; (B) Tropidurus hispidus ; (C) Gymnodactylus darwinii ; (D) Phyllopezus pollicaris ; (E) Coleodactylus meridionalis ; (F) Hemidactylus brasilianus ; (G) Hemidactylus mabouia ; (H) Ameiva ameiva (I) Oxyrhopus trigeminus ; (J) Leptodeira annulata ; (K) Thamnodynastes pallidus . Foto 26- Répteis registrados durante a campanha de campo na área de influência da Reserva da

Copener.

151

2.1.4.2.6. AVES

A América do sul é o continente das aves, sendo o número de espécies residentes aproximadamente da ordem de 2.645. O Brasil possui 1.590 espécies, conforme o

último recenseamento (Sick, 2001).

O litoral norte da Bahia, entre Salvador e Mangue Seco (Jandaíra), é formado por importantes ecossistemas de cerrado, restinga, matas secundárias, Mata Atlântica, dunas, mangues, estuários e áreas úmidas. A grande variedade de ecossistemas proporciona ao litoral norte, uma grande riqueza em diversidade biológica (Lima,

2006).

A seguir o quadro 8 com todas as espécies registradas durante estudo em campo na

RPPN.

Quadro 8- Aves registradas durante estudo em campo na RPPN.

NOME NOME TIPO DE FAMÍLIA N AMBIENTE STATUS CIENTÍFICO COMUM REGISTRO

Tachybaptus Mergulhão PODICIPEDIDAE 1 B C OBS/FOT dominicus pequeno

Dendrocygna ANATIDAE 2 Irerê B C OBS viduata

Tigrisoma ARDEIDAE 3 Socó-boi M C OBS lineatum

Butorides 4 Socozinho B C OBS/FOT striatus

152

Garça-branca- 5 Ardea Alba P/B C OBS/FOT grande

Aramus ARAMIDAE 6 Carão B C OBS guarauna

JACANIDAE 7 Jacana jacana Jaçanã B C OBS/FOT

Urubu-de- 8 Coragyps atratus P C OBS/FOT cabeça-preta

Urubu-de-

9 Cathartes aura cabeça- P C OBS/FOT CATHARTIDAE vermelha

Urubu-de- Cathartes 10 cabeça- P C OBS/FOT burrovianus amarela

Rostrhamus Gavião- 11 B C OBS/FOT sociabilis caramujeiro ACCIPITRIDAE Rupornis 12 Gavião-carijó P C OBS magnirostris

Milvago 13 Carrapateiro P C OBS chimachima

14 Caracara plancus Carcará P/A C OBS/FOT

Hepertotheres FALCONIDAE 15 Acauã M C OBS/FOT cachinnans

16 Falco sparverius Quiriquiri P C OBS/FOT

Falcão-de- 17 Falco femoralis E C OBS/FOT coleira

153

Athene Coruja- STRIGIDAE 18 P/A C OBS/FOT cunicularia buraqueira

Nyctidromus CAPRIMULGIDAE 19 Bacurau P C OBS/FOT abicolis

Hydropsalis Bacurau- 20 P C OBS/FOT torquata tesoura

Rolinha- Columbina 21 caldo-de- P/A C OBS/FOT talpacoti feijão

COLUMBIDAE Columbina Rolinha-fogo- 22 P/A C OBS/FOT squammata apagou

Geotrygon 23 Pariri M C OBS/FOT montana

CUCULIDAE 24 Crotophaga ani Anu-preto P/B C OBS/FOT

25 Guira guira Anu-branco P C OBS/FOT

26 Aratinga aurea Periquito-rei P C OBS/FOT

Jandaia-de- Aratinga 27 testa- P C OBS/FOT auricapillus vermelha PSITTACIDAE Forpus 28 Cuiubinha P C OBS/FOT xanthopterygius

Amazona Papagaio-de- 29 P C OBS amazonica mangue

154

Besourinho- Chlorostibon TROCHILIDAE 30 de-bico- P C OBS/FOT lucidus vermelho

Beija-flor-de-

31 Amazilia fibriata garganta- M C OBS/FOT

verde

Polytmus Beija-flor-de- 32 P C OBS/FOT guainumbi bico-curvo

Galbula Ariramba-de- GALBULIDAE 33 M C OBS/FOT ruficauda cauda-ruiva

Nystalus Rapazinho- BUCCONIDAE 34 M C OBS/FOT maculatus dos-velhos

Pica-pau- Colaptes PICIDAE 35 verde- M C OBS melanochloros barrado

36 Furnarius rufus João-de-barro P C OBS/FOT

Casaca-de- Furnarius 37 couro-da- P/A C OBS/FOT FURNARIIDAE figulus lama

Pseudoseisura Casaca-de- 38 P C OBS cristata couro

Guaravaca- Elaenia 39 de-barriga- P C OBS/VOC flavogaster TYRANNIDAE amarela

Todirosrum Ferreirinho- 40 P C VOC cinereum relógio

155

Arundinicola 41 Freirinha B C OBS/FOT leucocephala

Fluvicola Lavadeira- 42 P C OBS/FOT nengeta mascarada

Pitangus 43 Bem-te-vi P/A C OBS/FOT sulphuratus

Tyrannus 44 Suiriri P/A C OBS/FOT melancholicus

Chiroxiphia 45 Tangará-falso M C OBS/FOT pareola PIPRIDAE Manacus 46 Rendeira M C VOC manacus

Cyanocorax CORVIDAE 47 Gralha-cancã M C OBS/FOT cyanopogon

Stelgydopteryx - HIRUNDINIDAE 48 B C OBS/FOT ruficollis serradora

Troglodytes Corruíra-de- TROGLODYTIDAE 49 P/A C OBS/VOC musculus casa

Donacobius 50 Japacanim B C OBS/FOT atricapilla

Mimus Sabiá-do- MIMIDAE 51 P C OBS/FOT saturninus campo

Ramphocelus THRAUPIDAE 52 Tiê-sangue M/A C OBS/FOT bresilius

156

Sanhaço- 53 Thraupis sayaca M C OBS/FOT cizento

Thraupis Sanhaço-do- 54 A C OBS/FOT palmarum coqueiro

55 Tangara cayana Saíra-amarela M C OBS/VOC

56 Tersina viridis Saí-andorinha M C OBS/FOT

COEREBIDAE 57 Coereba flaveola Cambacica A C OBS/FOT

Canário-da-

58 Sicalis flaveola terra- P C OBS/FOT

verdadeiro

Emberizoides Canário-do- 59 P C OBS/FOT herbicola campo

Ammodramus Tico-tico-do- 60 P C OBS/FOT humeralis campo

Sporophila 61 Papa-capim P/B C OBS/FOT nigricollis EMBERIZIDAE

Sporophila 62 Bigodinho C C OBS/FOT lineola

Volatinia 63 Tiziu P/B C OBS jacarina

Sporophila 64 Golinho C C OBS/FOT albogularis

Sporophila 65 Caboclinho C C OBS/FOT bouvreuil

157

Sporophila 66 Chorão P/B C OBS/FOT leucoptera

Sporophila 67 Curió C C OBS/FOT angolensis

Paroaria Cardeal-do- 68 P C OBS/FOT dominicana nordeste

Cyanoloxia CARDINALIDAE 69 Azulão C C OBS/FOT brissonii

Geothlypis PARULIDAE 70 Pia-cobra B C OBS/FOT aequinoctialis

71 Icterus jamacaii Sofrê P C OBS/FOT

Icterus 72 Encontro A C OBS/FOT cayanensis

ICTERIDAE Molothrus 73 Vira-bosta P C OSB/FOT bonariensis

Gnorimopsar 74 Pássaro-preto P C OBS/FOT chopi

Carduelis 75 Pintassilgo C AE OBS/FOT magellanica FRINGILLIDAE Passer 76 Pardal A C OBS domesticus

Legenda da tabela: Tipo de registro: OBS = Observação; VOC = Vocalização; FOT = Fotografado. Tipo de ambiente: T= todos; M= mata; P= pasto; B = brejo; A = antropizado; C= cativeiro. Status: C = Comum; E= Endêmica; R= Raro; AE = Ameaçada de Extinção.

Abaixo segue breve descrição das espécies amostradas durante estudo.

158

Tigrisoma lineatum: 93 cm. Espécie grande de bico extremamente longo. A plumagem adulta é apenas adquirida aos dois anos de idade, distinguido-se pelo pescoço castanho e manto pardo-acizentado,vermiculado de acanelado.

Jacana jacana: 23 cm. Provavelmente a paludícola brasileira mais comum. Negra de manto castanho, bico amarelo e lobos membranosos frontais e laterais vermelhos, rêmiges verde-amareladas, sendo exibidas amiúde. Econtro com um esporão afiado, de cor amarela, servindo como arma.

Coragyps atratus: 62 cm, envergadura 143cm, peso 1,6kg. Uma das aves que mais chama a atenção de qualquer observador no Brasil. Cabeça e pescoço nus, cinza- escuros. Voa pesadamente, alternando algumas rápidas batidas de asa com o planeio, no qual são mestres, suas asas são largas, sendo suas extremidades mantidas abertas durante o vôo.

Cathartes aura: 73 cm, envergadura 137-180cm. Possui a cabeça e o pescoço róseos ou vermelhos, comparado com o anterior tem as asas e caudas bem mais cumpridas e estreitas.

Cathartes burrovianus: 53-65 cm, bem semelhante ao anterior sendo um pouco menor.

Abaixo do olho uma área de intenso alaranjado ou amarelo pálido adiante do olho uma nódoa negra.

Rostrhamus sociabilis: 41 cm. Espécie paludícola inconfundível, bico extremamente adunco. Macho cinza-ardósia com a base da cauda branca, sendo visível tanto por cima como por baixo, cera e pés laranja.

Rupornis magnirostris: 36 cm. O gavião mais abundante do Brasil, chega até a metrópoles desde que haja arborização suficiente. Inconfundível pela área ferrugínea

159

da base das primárias, sendo está menos acentuada que em Ictinia plúmbea, chama atenção por geralmente circular em casal, até sobre cidades.

Milvago chimachima: 40 cm, envergadura 74cm. Provavelmente o mais conhecido gavião do país, associado à pecuária, cabeça, pescoço e partes inferiores branco- amareladas, uma curta faixa negra postocular, face nua e alaranjada, asas longas com nítida área branca.

Caracara plancus: 56 cm, envergadura 123cm. Espécie grande muito conhecida,alvinegra, de face nua e cera amarela ou vermelha, um penacho nucal da à cabeça forma característica, pernas altas, tarsos amarelados.

Falco femoralis: 36cm. Espécie campestre peculiar, de fácil identificação, esbelta, de asas e cauda bastante longas, abdômen menos vermelho que o de F. rufigularis , largas faixas supra-oculares brancas ligando-se na nuca.

Nyctidromus abicolis: 30cm. A espécie mais citada neste país. Existe uma fase vermelha e uma cizenta. De cauda longa mas não bifurcada. A faixa da asa, no macho, também as grandes manchas longitudinais nas retrizes são brancas, estas manchas sendo exibidas ocasionamente em curtos vôos.

Hydropsalis torquata: 35 cm. De hábito noturno, se distribui por quase todo Brasil e boa parte da America do Sul. Se alimentam de insetos e possuem uma cauda longa e bifurcada bem característica da espécie.

Columbina talpacoti: 17 cm. Usualmente a mais conhecida das pombinhas brasileiras.

Macho de cabeça cinza-clara contrastante, as coberturas inferiores das asas são exibidas amiúde, quando a ave ameaça ou se vê ameaçada.

160

Columbina squammata: 19,5 cm. Particularíssima pela aparência escamosa, regimes co rufescente, bem visível em vôo.

Geotrygon Montana: 24 cm. Representante terrícola relativamente comum. Conspícuo dimorfismo sexual, macho ruivo-purpurino escuro nas partes superiores, lado a cabeça com linha horizontal esbranquiçada acima de uma segunda escura.

Crotophaga ani: 36 cm. É uma das aves que mais se vêem em regiões cultivadas, sempre em bandos. Preto uniforme, de bico surpreendentemente alto.

Aratinga aurea: 27 cm. Um dos nossos mais conhecidos e abundantes psitacídeos. De testa e região perioftálmica emplumados de amarelo-vivo.

Forpus xanthopterygius: 12 cm. É o menor psitacídeo do Brasil. Macho com a asa azul no baixo dorso e a fêmea verde.

Amazona amazônica: 34cm. Mutio parecido com o A. aestiva sendo um pouco menor e de encontro não vermelho, verde ou amarelo, espelho e nódoas caudais aboboras que caracteriza a espécie.

Nystalus maculatus: 18cm. Bico vermelho, a garganta posterior e colar pardo- amarelados, peito e barriga brancos manchados de preto.

Colaptes melanochloros: 26cm. Espécie de tamanho relativamente grande, verde, de lados da cabeça brancos, com vermelho na nuca, partes superiores barradas.

Furnarius rufus: 19cm. Um dos pássaros mais populares no Brasil méridio-oriental, de asa aberta surge uma faixa amarelada na base das rêmiges.

161

Pseudoseisura cristata: 21,5cm. Ave do porte de um sabiá, possui um topete alto e colorido inteiramente ferrugíneo-claro com a ponta da asa escura, olhos amarelos.

Elaenia flavogaster: 15cm. É uma das espécies residentes mais conhecidas de um grupo cuja determinação exige a técnica mais aperfeiçoada do especialista. Tem o topete com branco escondido, a garganta esbranquiçada e duas faixas esbranquiçadas na asa.

Todirosrum cinereum: 8,8cm. Ave de fácil identificação devido a seu canto, apesar do seu tamanho.

Arundinicola leucocephala: 12,4cm. Espécie ribeirinha de vasta distribuição. O macho é inconfundível com seu corpo negro e sua cabeça branca. Geralmente anda em casal.

Fluvicola nengeta: 15cm. Ave comum de cabeça branca, faixa negra através do olho, costas cinza-claro.

Pitangus sulphuratus: 22,5cm. Uma das aves mais popular do nosso país, fácil de identificar pelo seu canto específico.

Tyrannus melancholicus: 21,5cm. Ave bastante comum no Brasil. Possui uma grande habilidade de capturar insetos no vôo.

Chiroxiphia pareola: 12cm. Plumagem negra com o dorso azul-celeste e topete prolongando-se em dois cornos orientados para trás. Encontrado em mata densa.

Manacus manacus: 11cm.É inconfundível, desperta a atenção o rumorcreptante que se ouve sem ver o pássaro.

162

Cyanocorax cyanopogon: 31cm. Espécie bem conhecida no Nordeste, asas e cauda negras, a barriga e a ponta da cauda sempre de um branco puro.

Stelgydopteryx ruficollis: 14cm. Espécie de tamanho médio, cauda quase retangular, a garganta de cor canela-avermelhada.

Troglodytes musculus: 12cm. Insetívora, de vôo rápido e bastante generalista. Se distribui por toda América do Sul.

Donacobius atricapillus: 23cm. Paludicola singular, do tamanho de um sabiá, tendo as asas curtas, redondas, cauda bastante longa e graduada, negra e amarelo,asas e cauda com impressionantes sinais brancos revelados quando as abrem.

Mimus saturninus: 26cm. Espécie de vasta distribuição no interior. Lado superior pardo-escuro, sombrancelha branca, longa faixa pós-ocular anegreda.

Ramphocelus bresilius: 19cm. Uma das mais espetaculares aves do mundo, endêmica do Brasil oriental. A soberba plumagem rubro-negra do macho é adquirida no segundo ano de vida.

Thraupis sayaca: 17,5cm. Um dos pássaros mais abundantes do Brasil oriental.

Cinzento ligeiramente azulado com as partes inferiores um pouco mais claras.

Tangara cayana: 14cm. Espécie facilmente reconhecível embora existam raças bem diversas. Predomina a cor amarelo-prateado,possui máscara negra a qual, nas populações do Brasil oriental e central, se estende a garganta.

Tersina viridis: 14cm. De colorido berrante muito típico, aparece azul quando contra a luz ou de baixo, e verde brilhante quando visto com a luz, colar branco resplandecente. 163

Coereba flaveola: 10,8cm. Espécie muito comum em quintais, um dos pássaros mais abundantes deste país.

Sicalis flaveola: 13,5cm. Muito conhecido no Brasil extra-amazônico, ave bastante visada para o tráfico devido seu forte canto.

Sporophila nigricollis: 11cm. Macho bem caracterizado pela coloração negra uniforme de cabeça, garganta , pescoço e peito, dorso e asas oliváceos, cauda negra, partes inferiores amarelo-pálidas ou branca.

Sporophila lineola: 11cm. Representante caractezado no macho pela região malar e faixa mediana do píleo brancas, a fêmea se distingue das outras do gênero pelo porte mais esguio, cauda mais alongada e bico pequeno com mandíbula amarela-clara.

Volatinia jacarina: 11,4. É um dos mais comuns emberizíneos conhecidos deste país.

De bico cinza,macho, plumagem nupcial, negro-azulado brilhante uniforme com as axilares e coberteiras inferiores da asa brancas.

Sporophila albogularis: 10,5cm. Típico do nordeste, possui o bico um pouco delgado de cor alaranjada, o colar peitoral é negro e a garganta toda branca.

Sporophila bouvreuil: 10cm. O macho possui uma coloração canela-avermelhado com o boné, asas e cauda negros além de um grande especulo branco.

Sporophila leucoptera: 12,5cm. Representante relativamente grande, rabilongo e de bico grosso e amarelo.

Sporophila angolensis: 13cm. É atualmente o passaro canoro mais cobiçado do país. O macho é inconfundível sendo totalmente negro com o ventre castanho.

164

Paroaria dominicana: 17,2cm. Um dois pássaros mais belos e típicos do nordeste brasileiro. Plumagem da cabeça vermelha, curta e eresta aparentando ser uma pelúcia.

Geothlypis aequinoctialis: 13,5cm. Espécie paludicola comum, de vasta distribuição.

Icterus jamacaii: 23cm. Uma das a ves mais lindas e em matéria de voz das mais dotadas deste continente.

Gnorimopsar chopi: 23cm. Negro uniforme com brilho de seda, penas da cabeça estreitas e pontudas, na maioria das vezes avistado em bando, quando voam é fácil a identificação devido o canto alto e especifico durante o mesmo.

Carduelis magellanica: 11cm. Espécie de vasta distribuição neste continente, bem conhecida no Brasil meridional como pássaro de gaiola, cabeça e pescoço anterior negros, dorso verde onde o resto do seu corpo é amarelado.

Passer domesticus: 14,8cm. O macho adulto se distigue pela “gravata” e bico negro, ave exótica bastante abundante nas grandes cidades.

Ardea Alba : 88cm. Branca com o bico e íris amarelos, comuns á beira de lagoas, rios e banhados.

Tachybaptus dominicus : 23cm. Menor mergulhão do continente, pardo acizentado com a garganta preta na época reprodutiva, olhos amarelos-claros.

Butorides striatus : 36cm. Em qualquer lugar que aja água. Inconfundível, pernas curtas e amarelas, anda agachado à feição de uma saracura grande.

165

Dendrocygna viduata : 44cm. De porte ereto, máscara branca ( ausente nos imaturos), flanco finamente listrados e asas largas negras.

Aramus guarauna : 70cm. Ave do porte robusto de bico quase reto. Pardo-escuro com a garganta branca e riscas da cabeça e pescoço também brancas.

Hepertotheres cachinnans : 47cm. Espécie facilmente reconhecível e bastante onhecida.

Cabeçuda, lembra a coruja, partes claras de cor amarelo-creme destacando-se as regiões perioftálmicas negras, as quais continuam em um colar nucal da mesma cor.

Falco sparverius : 25cm. Inconfundível pelo desenho característico e estranho que ostenha na cabeça, duas faixas verticais laterais e duas nódoas nucais negras.

Aratinga auricapillus : 31cm. Bico negro, verde-escura somente com a parte anterior da cabeça e abdômen lavados de vermelho.

Chlorostibon lucidus : 8,5cm. É uma das espécies mais comuns, verde brilhante com o bico vermelho de ponta negra, a fêmea destaca-se por uma linha curva branca atrás dos olhos e a cauda um pouco esbranquiçada.

Amazilia fibriata : 8,5-11cm. De vasta distribuição, no Brasil e que reúne o maior número de subespécies.

Polytmus guainumbi : 11cm. Beija-flor campestre, de bico curvo com base rosada, típico de campos limpos, campos sujos, campos cerrados, campos rupestres, apresenta as retrizes da cauda verdes e margeadas de branco.

Guira guira : 38cm. As penas do alto da cabeça estão constantemente ereçadas. É branco-amarelado, bico cor de laranja, cauda com fita preta, possuem hábitos predatórios. 166

Athene cunicularia : 23cm. Corujinha terrícola, pernilonga, e inconfundível, possui hábitos diurnos. Plumagem frequentemente com traços cor de terra.

Galbula ruficauda : 22cm. Representante amplamente distribuído, de bico preto, garganta branca no macho e ferrugínea na fêmea, peito verde.

Furnarius figulus : 16cm. Espécie ribeirinha ,possui partes superiores canela- ferrugíneas-escuras.

Thraupis palmarum : 18cm. Espécie amplamente distribuída e geralmente muito ligada

à presença de palmeiras, é inconfundível pelo colorido esverdeado com o dorso cambiando para o cinza-sérpia.

Emberizoides herbicola : 20cm. Espécie camprestre comum de vasta distribuição, a cauda longa graduada (discretamente transfasciada) toma mais que a metade do corpo.

Icterus cayanensis : 21cm. Corpo delgado, cauda longa, bico fino e curvo, é negro, base da asa amarela.

167

(A) (B) (C)

(D) (E) (F)

(G) (H) (I)

(J) (K) (L)

168

(M) (N) (O)

(P) (Q) (R)

(S) (T) (U)

(V) (X) (W)

(Y) (Z) (A1)

(A) Amazilia fibriata ; (B) Polytmus guainumbi ; (C) Chlorostibon lucidus ; (D) Jacana jacana ; (E) Tachybaptus dominicus ; (F) Ardea Alba ; (G) Fluvicola nengeta ; (H) Stelgydopteryx ruficollis ; (I) Dermatonotus muelleri ; (J) Aratinga aurea ; (K) Aratinga auricapillus; (L) Troglodytes musculus; (M) Coragyps atratus ; (N) Cathartes burrovianus ; (O) Milvago chimachima ; (P) Falco femoralis ; (Q) Caracara plancus ; (R) Hepertotheres cachinnans ; (S) Rostrhamus sociabilis ; (T) Emberizoides herbicola ; (U) Sporophila leucoptera ; (V) Chiroxiphia pareola ; (X) Geothlypis aequinoctialis ; (W) Ammodramus humeralis ; (Y) Donacobius atricapilla ; (Z) Tersina viridis ; (A1) Vanellus chilensis .

Foto 27- Aves registradas durante a campanha de campo na área de influência da Reserva da Copene. 169

2.1.4.2.7. MAMÍFEROS

O Brasil abriga uma fauna de mamíferos diversa, com o número estimado em mais de 650 espécies descritas, entretanto, é provável que diversas espécies estejam ainda por ser descobertas e catalogadas, especialmente para as ordens Rodentia,

Chiroptera, Didelphimorphia e Primates (Costa et al ., 2005b; Reis et al ., 2006 apud

Penter, 2008).

Na região neotropical, a diversidade de espécies de mamíferos é muito grande. O

Brasil ocupa o quarto lugar do mundo em número de espécies da mastofauna, porém a grande maioria é de pequeno porte como ratos e morcegos, que representam a maior diversidade e também biomassa entre os mamíferos da região. Os mamíferos de porte médio como cutias, pacas e macacos, e as espécies de grande porte como antas, veados, porcos e a capivara, possuem populações e diversidades bem reduzidas. (Freitas & Silva, 2005).

Estudos envolvendo mamíferos são de extrema importância na avaliação e conservação de áreas protegidas, uma vez que são considerados bons indicadores do estado de preservação ambiental e devido ao grau de ameaça e importância ecológica do grupo (D’Andrea et al., 1999 apud Goulard, 2008; Penter et al. , 2008).

Os hábitos predominantemente noturnos e arborícolas da maioria das espécies, as

áreas de vida relativamente grandes e as baixas densidades populacionais dificultam o estudo de alguns grupos, exigindo metodologias específicas associado a uma boa experiência de campo.

Abaixo segue o quadro 9 com registros obtidos durante estudo de campo na região da RPPN.

170

Quadro 9 - Registros obtidos durante estudo de campo na região da RPPN. NOME NOME TIPO DE FAMÍLIA N STATUS CIENTÍFICO COMUM REGISTRO Fam. Dasypodidae 1 Dasypus sp. Tatu C VEST

2 Panthera onca Onça-pintada AE ENT

3 Puma concolor Suçuarana AE ENT Fam. Felidae Leopardus 4 Jaguatirica AE VEST pardalis

Fam. Canidae 5 Cerdocyon thous Raposa C AVIS/ENT

Sariguê-de- Didelphis Fam. Didelphidae 6 orelhas- C AVIS albiventris brancas

Procyon Fam. Procyonidae 7 Mão pelada C VEST/ENT cancrivorus

Bradypus Preguiça-de- Fam. Bradypodidae 8 AE ENT torquatus coleira

Dasyprocta Fam. Dasyproctidae 9 Cutia C AVIS/FOT agouti

Fam. Tamandua Tamanduá- 10 C ENT Myrmecophagidae tetradactyla mirim

Fam. Tayassuidae 11 Pecari tajacu Caititu C ENT

Sphiggurus Ouriço- 12 C ENT insidiosus amarelo Fam. Eretzontidae Chaetomys 13 Ouriço-preto AE ENT subspinosus

Fam. Muridae 14 Orizomys sp. Rato-do-mato C ENT

Fam. Caviidae 15 Galea spixii Preá C ENT

Callithrix Fam. Callitrichidae 16 Mico-estrêla C AVIS/FOT jacchus

Legenda do quadro:

Status: C = Comum; PC = Pouco comum; E = Endêmica; AE = Ameaçada de Extinção Tipo de registro: AVIS = Avistamento; VOC = Vocalização; BIBLI = Bibliografias; VEST = Vestígios; FOT = Fotografado; ENT = Entrevistas

171

(A) (B) (C)

(D)

(A) Callithrix jacchus ; (B) Vestígio (toca) de Dasypus sp .; (C) Vestígio (pegada) de Procyon cancrivorus ; (D) Registro em cativeiro de Dasyprocta agouti .

Foto 28- Mamíferos registrados durante a campanha de campo na área de influência da Reserva da

Copener.

Com base nos estudos e resultados obtidos durante o diagnóstico da fauna silvestre vertebrada da região, poderão ser definidas medidas de conservação e manejo, tais como, enriquecimento de espécies nativas através de programas de re-introdução e monitoramento.

Foi possível constatar com o inventário realizado que a composição biótica da fauna silvestre local ainda apresenta uma riqueza de espécies bastante significativa, apesar das alterações e impactos ambientais já sofridos. Estudos a longo prazo mostraria com mais eficácia a real situação do nível de conservação do ambiente.

A presença de espécies ameaçadas de grande porte tais como Puma concolor e

Panthera onca , representando animais topo de cadeia alimentar e que necessitam de

áreas amplas para desenvolverem seus nichos, reforçam o pressuposto de que a

172

região é bastante significativa quanto ao funcionamento do seu ecossistema em nível de cadeia trófica, assim como a necessidade de mantê-lo conservado.

Porém a região ainda sofre pressão com as atividades de caça, o que força a desencadear um desequilíbrio na estrutura do ecossistema em questão. Deste modo, além dos programas bióticos para conservação da RPPN, programas sociais de educação ambiental para as comunidades vizinhas seriam de extrema importância para manter a biodiversidade do local.

2.1.4.3. INTERAÇÕES FLORA/FLORA E FLORA/FAUNA

Quanto às interações ecológicas flora/flora e flora/fauna foram realizados através de observações de campo, informações de mateiros, caçadores e outras pessoas moradoras do entorno, bibliografia e a experiência profissional dos componentes da equipe além de informações pessoais de profissionais da área de ecologia.

Na RPPN Lontra, localizada no município de Itanagra, situada no Recôncavo baiano próxima a divisa com Sergipe, são encontrados os principais remanescentes de floresta ombrófila do litoral norte da Bahia.

Itanagra é um dos municípios de maior importância para a conservação de Pyriglena atra (papa-taoca-da-bahia). A RPPN Lontra na Fazenda Lontra/Saudade é a maior unidade de conservação onde essa espécie ameaçada ocorre. Recentes inventários conduzidos por pesquisadores da Associação Baiana para Conservação dos Recursos

Naturais (ABCRN) revelaram cerca de dez novos pontos de ocorrência de P. atra na região, todos descobertos a partir de janeiro de 2002. Na RPPN Lontra ocorrem cerca de 190 espécies de aves, incluindo todas as espécies ameaçadas e quase ameaçadas.

173

Espécies como Crypturellus noctivagus , Aratinga auricapillus , Touit surdus, Procnias nudicollis , Xipholena atropurpurea e Pyriglena atra foram identificadas nos estudos da avifauna presente na área da reserva.

A foto 29 mostra a riqueza da fauna na área preservada da reserva Lontra, com diversas espécies de insetos, aracnídeos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos endêmicos de muita importância ecológica para a manutenção do bioma.

O levantamento da fauna terá duas etapas de monitoramento e que apresentará dados mais precisos da dinâmica do ecossistema em estudo.

174

A B

c d

e f (a) e (b) Espécies variadas de aracnídeos presentes na reserva; (c) Répteis encontrados nas áreas mais úmidas, próximos aos corpos d’água e importantes na cadeia alimentar para a integridade do ecossistema; (d) Ninhos de aves são encontrados por toda a área pelo seu grau de preservação e conservação do local; (e) Diversas tocas de mamíferos roedores, espalhadas pela reserva servindo como abrigo a mastrofauna local e (f) Excremento de mamífero de hábito noturno que circulam pela área. Foto 29- Vestício da fauna local. 175

Através do levantamento dos estudos da Avifauna realizados foi objetivado inventariar a fauna de aves e lepidópteros, estudar a biologia dos grupos (fontes de alimentação, reprodução); investigar as relações ecológicas distintas dos grupos com a área (efeito de borda, fragmentação, disponibilidade de alimento sazonal e temporal, uso da área, relações intra-específicas e interespecíficas, estrutura de comunidades); estudar a história natural de algumas espécies endêmicas ou ameaçadas do Bioma de Mata Atlântica, a exemplo de Pyriglena atra (ave) e Haetera piera diaphana (borboleta), entre outras, CAMBUÍ, E. et al. 2002.

Em anexo, encontra-se o relatório de atividades preliminares de estudo da avifauna e lepidopterorfauna na Fazenda Lontra/saudade, que detalha sobre estudo realizado na área.

2.1.4.4. ICTIOFAUNA

A caracterização das comunidades biológicas é fundamental para estabelecer padrões comparativos caso o ambiente venha sofrer perturbações geradas por atividades antropogênicas e possibilitar atuações buscando minimizar os efeitos negativos nele causados. Sendo assim, levantamentos faunísticos representam o passo inicial indispensável para o estudo biológico e, principalmente para o manejo de uma área, por fornecerem informações básicas para uma série de outros estudos científicos (Casatti et al. , 2001).

Os peixes representam um dos componentes mais conspícuos dos ecossistemas aquáticos e sua utilização como indicadores da qualidade destes corpos d’água é uma técnica bem conhecida. A comunidade de peixes apresenta numerosas vantagens como organismos indicadores nos programas de monitoramento 176

biológico, citando dentre estas a disponibilidade de informações sobre o ciclo de vida de grande número de espécies, por incluírem uma variedade de níveis tróficos

(onívoros, herbívoros, insetívoros, planctívoros, carnívoros), compreendendo alimentos tanto de origem aquática como terrestre.

Assim como outros bioindicadores, a composição da comunidade ictiofaunística reflete a integração das características do ambiente e, caso o ecossistema esteja sob influência de alterações ambientais, uma análise desta composição poderá revelar os fatores atuantes. Neste contexto, o estudo da ictiofauna de uma determinada região é de fundamental importância quando se pretende evitar e/ou avaliar qualquer impacto ambiental sobre ecossistemas aquáticos.

Este relatório trata das atividades técnicas referentes ao estudo da ictiofauna do riacho Seco, pertencente à bacia do rio Sauípe, localizado na RPPN Fazenda Lontra da empresa Copener Florestal Ltda, no município de Itanagra (BA), realizado no mês de julho de 2010. O objetivo deste trabalho reside, portanto, em identificar, descrever e fornecer dados gerais sobre a ictiofauna do riacho Seco, com o intuito de fornecer subsídios para o diagnóstico e avaliação ambiental da área em questão.

2.1.4.4.1. MATERIAL E MÉTODOS

2.1.4.4.1.1. ÁREA DE ESTUDO

O Riacho Seco drena a RPPN Lontra, área de proteção ambiental pertencente e mantida pela empresa Copener Florestal LTDA. Este riacho é um dos afluentes da bacia do rio Sauípe, drenagem localizada no Litoral Norte do Estado da Bahia, limitada ao norte pela bacia do rio Subaúma e ao sul pela bacia do rio Imbassaí. A

177

bacia do rio Sauípe abrange os municípios de Entre Rios, Itanagra e Mata de São

João, apresenta área de cerca de 780 km 2 e extensão de 80 km, sendo sua maioria plana. O Riacho Seco, localizado em Itanagra, representa um corpo d’água relativamente pequeno, com cerca de 4 km de extensão, nos locais amostrados, sua largura variou de 3 a 8 metros, e a profundidade não ultrapassou 1,5 m.

O Riacho Seco apresenta, normalmente, águas claras em quase todo seu curso e substrato, predominantemente, arenoso, mas com grande quantidade de matéria orgânica depositada ao fundo. Além disso, este corpo d’água pode ser caracterizado por apresentar uma grande quantidade de vegetação marginal formada, em especial, por remanescentes de Mata Atlântica.

2.1.4.4.2. COLETA E ANÁLISE DE DADOS

2.1.4.4.2.1. CAMPANHA DE CAMPO

Foi realizada uma campanha de campo ao Riacho Seco em julho de 2010 e a equipe de coleta constituiu-se de dois integrantes. Para amostragem da ictiofauna, foram utilizadas peneiras de armação metálica, rede de arrasto com malha de 3 e 5 mm entre nós e redes de espera variadas (com malhas de 10, 30 e 40 mm entre nós, altura de 1,5 m e comprimento de 10 e 20 m). Estes artefatos são comuns na pesca científica realizada em ambientes de substrato arenoso e com vegetação marginal abundante, como o caso do riacho Seco. As amostragens foram realizadas em pontos no curso principal do riacho Seco e em um pequeno córrego, afluente da margem direita do riacho.

178

2.1.4.4.2.2. INFORMAÇÕES SOBRE OS PONTOS AMOSTRADOS

PONTO 1: X= 609.372 ,Y= 8.646.220

N.º de campo – EFL2010072101 = Riacho Seco, afluente do rio Sauípe, na RPPN

Fazenda Lontra da Empresa Copener Florestal LTDA, Itanagra/BA,

12º14’39,6”S/37º59’39,9”W, 72 m alt., 21 de julho de 2010; Coletores: Priscila Camelier

& Rafael Burger. Neste ponto de coleta foram utilizados como artefato de pesca rede de arrasto e peneiras de armação metálica.

PONTO 2: X= 609382, Y= 8646321

N.º de campo – EFL2010072201 = Riacho Seco, afluente do rio Sauípe, na RPPN

Fazenda Lontra da Empresa Copener Florestal LTDA, Itanagra/BA,

12º14’36,3”S/37º59’39,6”W, 71 m alt., 22 de julho de 2010; Coletores: Priscila Camelier

& Rafael Burger. Neste ponto de coleta foram utilizados como artefato de pesca rede de arrasto e três tipos de rede de espera (com malhas variadas).

PONTO 3: X=609395, Y=8646539

N.º de campo – EFL2010072202 = Córrego afluente da margem direita do riacho Seco, bacia do rio Sauípe, na RPPN Fazenda Lontra da Empresa Copener Florestal LTDA,

Itanagra/BA, 12º14’29,2”S/37º59’39,2”W, 62 m alt., 22 de julho de 2010; Coletores:

Priscila Camelier & Rafael Burger. Neste ponto de coleta foram utilizados como artefato de pesca rede de arrasto e peneiras de armação metálica.

Outros dados bióticos e abióticos básicos (tipo de vegetação marginal, tipo de vegetação aquática, tipo de fundo, por exemplo) foram obtidos através de observação direta, tendo como base uma ficha padrão para coletas.

179

Para complementar a amostragem da ictiofauna, informações sobre as espécies de peixes ocorrentes na área de interesse foram coligidas com moradores e trabalhadores locais.

2.1.4.4.3. PREPARO, CONSERVAÇÃO E ANÁLISE DOS EXEMPLARES

Amostras dos peixes coletados foram imediatamente colocadas em camburões com solução de formol diluído a 10%, visando melhor preservação dos espécimes. Em exemplares maiores do que 15 a 20 cm de comprimento padrão foi injetado formol, na mesma concentração, na cavidade abdominal e na musculatura dorsal e lateral do corpo, logo após terminada a coleta. No Laboratório de Ictiologia da Universidade

Federal da Bahia, os exemplares melhor preservados foram fotografados em vista lateral e as fotografias estão disponível no tópico 2.1.4.4.5 deste Plano.

Ainda em laboratório, os peixes coletados foram triados, identificados e conservados em álcool 70% dentro de frascos de vidro. A identificação dos peixes foi feita de acordo com a literatura pertinente. Todas as amostras foram depositadas na Coleção

Ictiológica do Museu de Zoologia da Universidade Federal da Bahia (MZUFBA).

180

2.1.4.4.4. CARACTERIZAÇÃO DA ICTIOFAUNA

2.1.4.4.4.1. COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA

A amostragem realizada no riacho Seco resultou na coleta de 88 indivíduos pertencentes a 6 espécies distintas. Estas espécies estão distribuídas em 4 ordens, 5 famílias e 5 gêneros (Quadro 10).

Quadro 10- Lista das espécies de peixes de água doce coletadas no Riacho Seco.

Nome Ordem Família Espécie Popular

Astyanax sp. 1 Characiformes Characidae piaba-branca Astyanax sp. 2

Heptapteridae Rhamdia quelen jundiá Siluriformes Parotocinclus Loricariidae imboré bahiensis

Geophagus Perciformes Cichlidae corró-dourado brasiliensis

Cyprinodontiformes Poeciliidae Poecilia reticulata -

Segundo moradores e trabalhadores locais, além das espécies capturadas e indicadas no Quadro 10, as espécies Hoplias malabaricus (“traíra”), Hoplerythrinus unitaeniatus

(“ieiú”) e Leporinus bahiensis (“piau”) ocorrem no riacho Seco, todas pertencentes à ordem Characiformes, sendo as duas primeiras da família Erythrinidae e a última da família Anostomidae. Estas espécies são comuns em rios e riachos que drenam o litoral norte do Estado da Bahia e ocorrem, inclusive, na bacia do rio Sauípe.

181

Representantes destas espécies não foram coletadas no presente estudo provavelmente devido ao excesso de água do riacho, que, em decorrência das chuvas abundantes e recentes, encontrava-se com um nível de água muito maior do que o usualmente observado na região.

Das espécies amostradas no riacho Seco, 33% pertencem à ordem Characiformes, 33%

à ordem Siluriformes, 17% à ordem Perciformes e 17% à ordem Cyprinodontiformes

(Figura 26). A composição da ictiofauna obtida, com predomínio de representantes das ordens Characiformes e Siluriformes, corresponde ao esperado para a ictiofauna de água doce neotropical (Lowe McConnell, 1999) e é também registrada em rios e riachos que drenam o Estado da Bahia, inclusive na bacia do rio Sauípe.

Figura 26– Gráfico representando a composição percentual da ictiofauna amostrada no Riacho Seco, expressa em ordens com base no número de espécies coletadas.

A espécie mais abundante no presente estudo foi a “piaba-branca” Astyanax sp. 2

(Characiformes, Characidae). Representantes de Characiformes, particularmente

182

caracídeos, usualmente se alimentam de ampla diversidade de itens e possuem capacidade adaptativa relativamente ampla, ocorrendo em grande diversidade de ambientes lóticos e lênticos e diversas espécies sobrevivem mesmo em ambientes alterados. Espécies do gênero Astyanax , especificamente, ocorrem com grande freqüência em rios, riachos, lagos e represas, principalmente próximo à vegetação marginal, sendo, portanto, generalista quanto ao tipo de ambiente habitado. Além disso, como será discutido adiante, também é generalista com relação ao hábito alimentar, sendo caracterizada como uma espécie onívora. Tais fatores, portanto, podem ser responsáveis pelo maior número de indivíduos dessa espécie ter sido encontrado na área amostrada no presente estudo.

2.1.4.4.4.2. HÁBITO ALIMENTAR DAS ESPÉCIES REGISTRADAS NO RIACHO SECO

Tratando-se do hábito alimentar, os peixes registrados para o riacho Seco podem ser enquadrados, de uma forma geral, em duas categorias distintas (Quadro 11), conforme a predominância de itens alimentares ingeridos por eles. Das seis espécies registradas, cinco são classificadas como onívoras (apresentam espectro alimentar amplo, ingerem desde algas até vegetal superior e desde invertebrados até pequenos peixes) e uma como carnívora. Esta última foi Rhamdia quelen , que pode se alimentar de peixes, em especial quando adulto, mas sua dieta é composta principalmente por insetos (daí a denominação de carnívoro/insetívoro), crustáceos e outros invertebrados.

As espécies de piaba-branca Astyanax sp. 1, Astyanax sp. 2, o imboré Parotocinclus bahiensis , o corró-dourado Geophagus brasiliensis e a espécie Poecilia reticulata são consideradas onívoras. As piabas são espécies de meia-água que coletam itens alimentares (frutos, sementes, insetos, larvas, etc) arrastados pela corrente, o imboré 183

possui uma dieta variada, porém apresenta tendência a se alimentar de algas microscópicas ou filamentosas e de detritos. Esta espécie, assim como os demais membros da família Loricariidae, tem a boca voltada para o substrato e costumam viver associados às rochas ou pedras raspando os itens alimentares disponíveis nesses locais. Além desta espécie, o corró, que também é considerado onívoro, tem preferência por invertebrados e possui hábito mais bentônico ou vive sob vegetação marginal/submersa, e a espécie Poecilia reticulata apresenta uma maior tendência a se alimentar de insetos (larvas e formas adultas), configurando um hábito onívoro/insetívoro. Representantes desta espécie vivem próximos à superfície e a alimentação é facilitada pela presença de uma boca voltada para cima, que captura itens alimentares provenientes da mata ciliar.

Quadro 11- Lista das espécies amostradas no Riacho Seco, acompanhada de nomes populares e hábito alimentar de cada espécie.

Nome científico Nome popular Hábito alimentar

1. Astyanax sp. 1 piaba-branca onívoro 2. Astyanax sp. 2

jundiá carnívoro/insetívoro 3. Rhamdia quelen

imboré onívoro/algívoro 4. Parotocinclus bahiensis

5. Geophagus brasiliensis corró-dourado

onívoro/insetívoro

6. Poecilia reticulata -

184

O tipo de hábito alimentar predominante no riacho Seco foi o onívoro. De forma geral, a dieta de espécies onívoras inclui alimentos tanto de origem autóctone

(proveniente do próprio ambiente aquático) como alóctone (proveniente de fora do ambiente). Assim, tais espécies dependem da preservação tanto do ambiente aquático em si quanto da vegetação marginal, que disponibiliza alimento de origem vegetal (frutos, sementes, por exemplo) e também abriga insetos que porventura caem na água e servem de alimento aos peixes, ou possuem estágios larvais aquáticos, que, eventualmente, tornam-se alimento para os peixes.

2.1.4.4.4.3. ESPÉCIES EXÓTICAS

Apenas uma espécie exótica foi coletada no Riacho Seco, Poecilia reticulata pertencente à família Poeciliidae. Representantes desta família estão presentes nos mais diversos habitats, desde zonas temperadas a tropicais, e apresentam uma alta adaptabilidade e tolerância a variações termais e de salinidade (Nascimento &

Gurgel, 2000).

A espécie Poecilia reticulata , originária das Guianas, é comum no comércio de aquário em todo o mundo e atualmente encontra-se dispersa por todas as principais drenagens brasileiras, sendo encontrada em todos os rios que drenam o litoral norte da Bahia, inclusive na bacia do rio Sauípe. Esta espécie foi uma das mais difundidas, não apenas nos trópicos, mas também em países de clima temperado, como a

Alemanha e Estados Unidos, onde atuou como forte competidora com as espécies nativas (Coates & Atz, 1964).

Uma das características que tornam os peixes cultivados mais atraentes, para corte ou para aquariofilia, é a sua resistência. Sendo assim, não é de se surpreender que as

185

espécies introduzidas pelo homem freqüentemente sejam mais competitivas que as espécies nativas.

Atualmente, as espécies invasoras são uma das maiores ameaças à integridade dos ecossistemas nativos, representando um importante elemento no processo de alteração nas condições ambientais (Vitousek et al. , 1997; Crosby, 1993), fato que se corrobora na grande quantidade de eventos de extinção derivados de efeitos diretos e indiretos das introduções de espécies tanto em ecossistemas terrestres quanto aquáticos.

Dependendo da espécie escolhida, as introduções podem resultar em reduções dos estoques nativos ou mesmo extinções locais, decorrentes de alterações no habitat, e ainda em pressões de competição, predação, nanismo, degradação genética de espécies nativas, disseminação de patógenos e parasitas, ou combinações desses efeitos. Além disso, uma vez introduzidas e aclimatadas, formas exóticas ou alóctones tendem a se mostrar de difícil controle (Santos et al. , 1994; Agostinho &

Júlio, 1996).

A presença de apenas uma espécie exótica no riacho Seco pode ser um indicativo do bom estado de preservação deste corpo d’água. Neste contexto, é importante ressaltar que a proteção da área deve ser mantida e que toda a intervenção no meio aquático deve ser conduzida com cuidado, frente ao perigo de se infringir princípios ecológicos básicos. Deve-se, portanto, evitar e proibir a introdução de espécies alóctones ou exóticas, de modo a respeitar as peculiaridades dos ambientes estudados.

186

2.1.4.4.5. REGISTRO FOTOGRÁFICO DAS ÁREAS AMOSTRADAS E DA COLETA DE

DADOS EM CAMPO.

Foto 30- Lista das espécies amostradas no Riacho Seco, acompanhada de nomes populares e hábito alimentar de cada espécie.

187

Foto 31– Córrego afluente da margem direita do Riacho Seco no encontro com este. 12º14’29,2”S/37º59’39,2”W, 62 m alt.

Foto 32 – Amostragem da ictiofauna – rede de arrasto. 188

Foto 33– Amostragem da ictiofauna – rede de espera.

Foto 34– Aplicação de formol 10% na musculatura de Rhamdia quelen.

189

Foto 35– Exemplar de 55,4 mm CP de Astyanax sp. 1

Foto 36– Exemplar de 30,8 mm CP de Astyanax sp. 2

Foto 37– Exemplar de 61,7 mm CP de Rhamdia quelen.

190

Foto 38– Exemplar de 35,0 mm CP de Parotocinclus bahiensis.

Foto 39– Exemplar de 33,5 mm CP de Geophagus brasiliensis.

Foto 40– Exemplar de 22,9 mm CP de Poecilia reticulata.

191

2.1.4.4.6. PRINCIPAIS CONCLUSÕES DA ICTIOFAUNA

O Riacho Seco representa um corpo d’água relativamente pequeno, que pertence à bacia do rio Sauípe, localizada no litoral norte da Bahia. A ictiofauna amostrada foi de seis espécies, com predominância das ordens Characiformes e Siluriformes, o que está de acordo com o esperado para rios e riachos neotropicais, incluindo afluentes do rio Sauípe, como o caso do riacho Seco.

A maioria das espécies coletadas apresenta hábito onívoro. Espécies onívoras apresentam espectro alimentar amplo e dependem tanto de itens alimentares de origem autóctone quanto os de origem alóctone para sua dieta, o que indica a elevada importância da preservação e manutenção do riacho em si e da vegetação marginal.

Apenas uma espécie exótica foi coletada na área de estudo, Poecilia reticulata . Esta espécie foi amplamente introduzida em todas as bacias hidrográficas brasileiras e é conhecida para a maioria dos rios do Estado da Bahia, incluindo a bacia do rio

Sauípe. Evitar a introdução de outras espécies exóticas deve ser levado em consideração como um ponto crucial nas atividades de manutenção do riacho Seco, de modo a respeitar as características naturais do ambiente, bem como o equilíbrio das comunidades ali estabelecidas.

2.1.4.5. CONSERVAÇÃO DA ÁREA

Há corte seletivo de madeira, caça e captura de aves (Aratinga auricapillus e

Amazona amazonica) para o comércio ilegal de fauna silvestre da RPPN Lontra na

Fazenda Lontra/Saudade, ainda que a área seja fiscalizada pelos proprietários. A 192

supressão de florestas nativas para fins agropecuários e a atividade de agricultores sem-terra representam outras ameaças aos fragmentos florestais da região. O acesso a esses fragmentos é facilitado pela existência de uma extensa rede de vias secundárias, construídas para atender às necessidades de manejo e corte das plantações de eucalipto. Felizmente, existe um projeto de reconexão das matas remanescentes entre o rio Joanes/Ipitanga e a RPPN Fazenda Lontra/Saudade. BirdLife International

(2009).

(A) (B)

(C) (D) (A) e (B) Pontos de espera de caçadores dentro da RPPN Lontra, hábito de moradores que preparam estes pontos de dia, com corte de cipós e árvores para armar estes suportes no aguardo noturno da caça como as cutias, tatus, pacas, entre outros.Coordenadas X= 609.293, Y=8.646.232; X = 609.721, Y = 8.646.487; (C) e (D) Um dos acessos a entrada na área da reserva pela trilha, a oeste da propriedade, na coordenada X = 607.986, Y = 8.646.506. Foto 41- Trechs da área com ocorrência de espera de caçadores e pontos de entrada na reserva por trilhas.

193

2.1.4.6. FATORES IMPACTANTES SOBRE A BIODIVERSIDADE DO PARQUE

Os fragmentos florestais preservados existentes na região como o reserva e em seu entrono sofrem diferentes pressões: as Florestas Ombrófilas encontram-se atualmente ameaçadas pela ocupação humana e áreas de agropecuária; e estão sujeitas aos diversos tipos de perturbações (caça, corte seletivo, poluição, uso irregular).

De forma geral, a RPPN Lontra apresenta um situação crítica em relação ao estado de preservação que se encontra, uma vez que acumula diferentes tipos de pressão sobre a biodiversidade.

A seguir são descritas algumas pressões, muitas delas interdependentes, que afetam direta e indiretamente a biodiversidade da RPPN. O controle inadequado desses fatores acarreta a diminuição do estado atual de conservação da biodiversidade. As respostas aos efeitos negativos desses fatores são bons indicadores da melhoria da qualidade ambiental e da efetividade de gestão da reserva.

2.1.4.7. ESPÉCIES EXÓTICAS

Destaca-se a aparente invasão de Eucalyptus spp. em parte do entorno, a sudoeste da reserva que pode interferir na dinâmica das espécies nativas, levando à descaracterização da vegetação dos locais onde se estabelecem. Tal descaracterização pode vir a ser um sério problema no médio e longo prazo. A descaracterização das

áreas causa redução da área de vida das espécies de aves características do bioma, pois a maioria delas não se adapta a outros tipos de ambiente.

194

2.1.4.8. EXTRAÇÃO DE RECURSOS DA BIODIVERSIDADE

A caça é o principal fator de impacto sobre a estrutura e dinâmica de todo o ecossistema.

Como foi mostrado no quatro 9, a respeito da fauna local, encontra-se espécie considerada ameaçada de extinção mundialmente e, no Estado da Bahia, incluída na categoria Criticamente em Perigo. Sabe-se que uma das principais fontes alimentares da espécie é o fruto de espécies florestais nativas e de preças endêmicas do Bioma.

Esses espécimes de mamíferos são bastante fiéis às suas fontes alimentares e são capazes de conhecer, no tempo e no espaço, a época e os locais de maturação dos frutos que consomem.

Como decorrência são relatados para a espécie deslocamentos altitudinais em função da época de maturação dos frutos. Porém não são comuns registros da espécie para as florestas da planície litorânea. Há indícios de que a espécie venha escasseando ao longo de toda sua área de distribuição, tanto em razão de caça predatória, quanto devido à descaracterização de seus ambientes de ocorrência e diminuição de suas fontes alimentares.

195

2.1.5. SÓCIO ECONOMIA AMBIENTAL

2.1.5.1. ASPECTOS GERAIS DOS MUNICÍPIOS DO ENTORNO

 ARAÇÁS

O município, com 420 km 2, possui cerca de 11.000 habitantes (Censo de 2.000), com cerca de 52% do sexo masculino e 48% do sexo feminino, onde, aproximadamente,

52% da população do município era urbana, e 48% moradores da zona rural.

Sua economia é baseada, majoritariamente, nas atividades agro-pastoris, atividade agro-industrial (produção de material vegetal e produtos cerâmicos) e, subordinadamente, no comércio. Parte da força de trabalho é ocupada nessas atividades, ou trabalham nas adjacências do município. Araçás possuía, em 2.000, uma renda per capita de R$ 62,35, que reflete num IDH (Índice de Desenvolvimento

Humano) muito baixo: 0.463. Cerca de 17% da população tem sua renda proveniente de transferências governamentais, cerca de 55% rendimentos do trabalho, e a parte remanescente de outras fontes.

Parte das residências é abastecida por sistema de abastecimento público de água

(cerca de 60%), e as demais por poços tubulares profundos ou poços comuns ou

“caipiras”; todo o município é abastecido por energia elétrica, servida pela Coelba.

Não há saneamento básico, e sim fossas sépticas rudimentares. Na época do censo, a maior parte das residências não possuía banheiros e/ou sanitários.

O lixo coletado pelo município é depositado em lixões clandestinos, muito comum no interior do estado. A cidade, embora seja atravessa pela rodovia BA 093, não possui instituições bancárias (é servida por lotérica), hotéis, restaurantes, grandes lojas, etc. 196

Embora a grande parte da população na idade escolar esteja na escola (estadual e municipal), o índice de analfabetos no município é elevado.

• ITANAGRA

Itanagra, com uma área de 452 km 2, possuía em 2.000 uma população de 6.370 habitantes, onde 29% residem na zona urbana e 81% na zona rural. Semelhante à

Araçás, sua economia é baseada nas atividades agro-pastoris, atividade agro- industrial (produção de material vegetal) e, subordinadamente, comércio, que empregam a maior parte da população ativa, economicamente. Com uma renda per capita de R$ 72,60, censo de 2.000, o seu IDH também é muito baixo, refletindo a situação econômica dos habitantes do município: 0.488. Cerca de 17,5% da população obtém sua renda de projetos sociais (transferências governamentais), enquanto que para 61% são provenientes do trabalho; a parte remanescente possui outras fontes de renda.

Parte das residências (41%) é abastecida por água de sistema de abastecimento público, outra parte significativa (49%) de poços comuns (ou poços caipiras), e cerca de 10% de outras formas. Por outro lado, toda população urbana e a zona rural são possuem energia elétrica fornecida pela Coelba. Não há saneamento básico, e sim fossas sépticas, onde grande parte é rudimentar. Na época, a maior parte das residências não possuía banheiros e/ou sanitários.

O lixo coletado pelo município é depositado em lixões clandestinos, muito comum no interior do estado. A cidade não possui instituições bancárias, hotéis, restaurantes, lojas, postos de abastecimento de derivados de petróleo, etc.

197

Embora a grande parte da população na idade escolar esteja na escola (estadual e municipal), o índice de analfabetos também é elevado nas diversas faixas etárias da população.

2.1.5.2. ASPECTOS HISTÓRICOS NA REGIÃO

2.1.5.2.1. HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DA REGIÃO

 ARAÇÁS (ALAGOINHAS)

Desde sua fundação, a história de Araçás se confunde com a de Alagoinhas, pois sempre fez parte do município quando este obteve sua autonomia.

Conta à tradição que, em fins do século XVIII, um sacerdote português cuja identidade a História não guardou, fundou uma capela no sítio em que existe, atualmente, o município de Alagoinhas, topônimo resultante da existência, na região, de grande número de pequenas lagoas. A 12 quilômetros da capela, estabeleceu-se o padre, criando a fazenda "Ladeira", primeiras terras a serem devassadas, embora a cidade fosse edificar-se em torno do templo.

O que é certo, porém, é que, substituindo-o, o Padre José Rodrigues Pontes conseguiu a criação da Freguesia de Santo Antônio de Alagoinhas, através de Alvará de 7 de novembro de 1816, iniciando-se o povoamento com os imigrantes vindos das zonas limítrofes de Inhambupe, Irará e Santo Amaro.

Tratando-se de ponto obrigatório de passagem dos que se encaminhavam pare o norte, cortada pôr velha estrada de boiadas, a localidade não tardou em prosperar.

Na segunda metade do século XIX, iniciou-se o movimento de emancipação do 198

povoado, tentando desligar-se do Município de Inhambupe, objetivo alcançado em

16 de junho de 1852, pela Resolução provincial N.° 442, que criou o de Alagoinhas, instalado no dia 2 de julho do mesmo ano.

A inauguração do trecho da Estrada de Ferro Bahia-São Francisco compreendido entre Pitanga e Alagoinhas, em 13 de fevereiro de 1863, com sua estação terminal localizada a três quilômetros da sede municipal, motivou a decadência desta, razão pôr que a Resolução provincial N.° 1.013, de 16 de abril de 1868, removeu-a para onde se achava a Estação da Estrada de Ferro, hoje denominada Estação de São

Francisco, da Viação Férrea Federal Leste Brasileiro. Nesse local, em que havia apenas algumas casas, a vila de Alagoinhas progrediu rapidamente, tornando-se cidade em 1880.

Já Araçás, inicialmente, foi fundada com a denominação de Aranha, e nela foi construído um cemitério e uma igreja. Nesta localidade o solo era muito argiloso que, no inverno, transformava as estradas num lamaçal, dificultando o aceso até a localidade; já no verão, o solo argiloso se solidificava, dificultando até mesmo a escavação de covas no cemitério, fato que levou os moradores a procurarem um local com um solo próprio para construção de um novo cemitério.

No local do novo cemitério, cerca de 3 km de Aranha, havia muitos pés de Araçás; logo após foi construída uma igreja influenciando a transferência dos moradores de

Aranha para Araçás, onde se instalaram definitivamente.

Posteriormente, através da Lei Provincial Nº 1239, de 21 de junho de 1872, foi criado o Distrito de Araçás, subordinado à Vila de Alagoinhas. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o Distrito de Araçás, já figura no município de Alagoinhas,

199

no qual permanece até 1988. Em 24 de dezembro de 1989 é elevado à categoria de município pela Lei Estadual de N o. 4.849.

 ITANAGRA

O nome Itanagra significa pedra de areia na língua tupi, uma vez que a cidade já foi habitada por povos indígenas. A cidade teve, inicialmente, outras denominações:

Cipó das Cabaças, Engenho de Cipó e Açú da Torre, até passar ao nome atual.

No mês de julho de 1842 saiu de Açu da Torre, uma expedição composta de quarenta e duas pessoas, tendo como chefe capitão e almoxarife do Barão da Torre Manoel

Dias Gonçalves, quatro capatazes, trinta e sete escravos e cablocos nativos. Criaram o primeiro povoado em Sauípe e o segundo em Mucugê; em novembro do mesmo ano chegaram na região e entraram em contato com os índios Tupis. Foi escolhida para acampamento a hoje Praça Eurico de Freitas . Após se instalarem, fizeram os preparativos para os primeiro plantios de cana-de-açúcar e deram o primeiro nome ao local: Cipó das Cabaças. O nome é resultante da grande quantidade de cipó existente, e também ao grande cultivo de enormes cabaças pelos índios que serviam para guardar farinha de mandioca e para enterros fúnebres.

Quando da criação do primeiro engenho, o nome foi mudado de Cipó das Cabaças para Engenho do Cipó. A instalação do segundo engenho foi próximo ao Rio Sauípe, hoje Fazenda Santa Helena. Em 1849, o então administrador Alexandre Alves, construiu a Fazenda Olhos D'Água, na qual dedicou uma casa para sede da Fazenda

Olhos D'Água para seu filho José Alves, que começou a distribuir as terras com aqueles que desejassem construir novos engenhos aproveitando a força da água para

200

movimentá-los. Surgem assim, as Fazendas Taimbé do major Beumiro de Souza

Gomes, Lontra do coronel Francelino, Perí do Coronel Lauro Veloso, Jaqueira de José

Ermenegildo de Souza e Tabatinga do Coronel Aurélio Veloso.

Em outras fazendas como sesmarias, Pau d'Arco, Mateus, Quizanga, Capivara,

Machado, , etc, anida restam sinais que lembram os engenhos, sezalas, ruínas das residências, igrejas, morões, cruzeiros (cruzes), etc.

Foram quatro (4) engenhos que mais se destacaram: Fazenda Taimbé, Fazenda Olhos

D'Água, Fazenda Lontra e Fazenda Perí.

Em 1938 recebeu o nome de Vila de Itanagra, dado pelo desembargador José Martins de Almeida, então juiz de Direito da comarca que deu também significado da palavra

Itanagara: pedra de areia. Em 30 de julho de 1962, foi elevado à categoria de cidade com o nome de Itanagra.

2.1.5.2.2. BSC E A PRODUÇÃO FLORESTAL REGIONAL

A BSC é a única produtora de celulose solúvel especial com alto teor de pureza da

América Latina, e a mais moderna do mundo. Aliando tecnologia, alto padrão de qualidade e respeito pelas comunidades e pelo meio ambiente, a empresa atende aos mais diversos segmentos industriais, contribuindo para o bem-estar e a qualidade de vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

A empresa é uma subsidiária do Grupo Sateri International, com sede em Xangai, na

China, uma das principais fabricantes de celulose solúvel especial e viscose, com operações em locais estratégicos em todo o mundo.

201

A maior parte da celulose solúvel produzida pela empresa destina-se ao mercado externo, especialmente Ásia, Europa e Estados Unidos, onde é convertida em produtos que serão utilizados nos segmentos têxteis, alimentícios, cosméticos, farmacêuticos, eletrônicos, de filtros para cigarros e tintas, entre outros.

Assim, um programa denominado de Produtor Florestal da referida empresa engloba cerca de 80 famílias de produtores florestais em pequenas propriedades na região de Araçás-Itanagara. Este programa está em prática desde 2007, e a parceria entre a companhia e os fazendeiros locais consiste no plantio de eucalipto em áreas degradadas, com treinamento, tecnologia e insumos florestais subsidiados, seguida da venda do volume produzido no final do ciclo para a fabricação de celulose solúvel pela empresa sediada no estado. O foco do projeto, que abrange 25 municípios, é inserir a comunidade em uma atividade importante, economicamente, para a região, gerando emprego, renda e melhor qualidade de vida.

O plantio de eucalipto é uma alternativa para os agricultores, sobretudo em áreas já em degradação, que apresentam solos expostos susceptíveis à erosão, sem aptidão para plantio de culturas de ciclo curto como feijão e arroz. “Para estas terras, oferecemos o Programa Produtor Florestal, uma parceria sustentável de incentivo à geração de empregos e de fortalecimento da economia baseada no que a região tem de melhor”, diz Inácio Amorim, coordenador da área na Copener.

202

2.1.6. VISITAÇÃO

No caso desta área, a ausência de visitação ocorre pela preservação do fragmento e por não ter estrutura e logística para a implantação desta forma de atividade e da forma correta para certo número de pessoas.

2.1.7. PESQUISA E MONITORAMENTO

A pesquisa é importante para avaliar os progressos das ações de conservação desenvolvidas pelo plano de manejo e efetivamente avaliar o sucesso do manejo para fazer revisões e atualizações periódicas necessárias para alcançar a sustentabilidade; aproveitando a oportunidade de compatibilizar pesquisas mais pontuais sobre a reserva com os objetivos de monitoramento e aplicar os resultados na prática.

O potencial desta Unidade de Conservação (UC) destina-se à proteção integral de sua biodiversidade como fonte de pesquisa e produção de conhecimento em vários campos, na qual vem sendo feito estudos do meio biótico, há anos atrás, pela comunidade científica e consultores ambientais.

Foram realizados estudos:

• Composição Florística Preliminar da Flora da Reserva particular do

Patrimônio Natural da Lontra/Saudade. Entre Rios – Bahia.

• A flora vascular da mata atlântica de uma reserva particular do patrimônio

natural na região do Litoral Norte da Bahia.

• Relatório de atividades preliminares de estudo da avifauna e

lepidopterorfauna na fazenda Lontra/Saudade, Copener Florestal ltda., no

município de Entre Rios, Bahia, Brasil. 203

Os materiais botânicos coletas para identificação foram levados para Universidade

Estadual da Bahia e os do estudo de ictiofauna realizado para este plano esta catalogado no departamento de biologia da UFBA.

Porém, grande parte de RPPN encontra-se intacta e inexplorada, alguns trechos têm sido visitado para a realização de pesquisa científica, dando subsídios a elaboração destes estudos. Aplicada de forma integrada, a investigação pode ultrapassar os objetivos de pesquisa por si só e se tornar uma fonte indispensável de informações necessárias para a gestão efetiva da reserva. Recorrendo às experiências práticas na gestão de RPPNs, este trabalho visa identificar brevemente algumas das áreas onde a pesquisa na RPPN Lontra pode ser importante, incentivando à sustentabilidade da reserva e contribuir para a manutenção da área em longo prazo.

Por ausência de infra-estrutura na área para receber pesquisadores ou grupos de pesquisa fica limitada a permanência de equipes nas campanhas de monitoramento, deixando de aprofundar nos conhecimentos científicos existentes neste remanescente florestal.

A reserva visa em um futuro próximo programar estudos mais específicos de cunho científico e acadêmico. A partir dos levantamentos do plano de manejo, pode-se identificar e descrever linhas prioritárias para indicação de estudos, pesquisas e levantamentos futuros. A relação abaixo mostra as potencialidades para estudos na

RPPN Lontra, com nas seguintes abordagens:

• áreas de transição (ecótonos ou áreas de contato ou tensão ecológica) entre

biomas ou ecossistemas;

• ocorrência de espécies endêmicas; existência de sítios de nidificação,

alimentação ou reprodução de espécies;

204

• áreas em acelerado processo de erosão;

• recuperação de áreas degradadas;

• controle ou erradicação de espécies invasoras;

• reintrodução de espécies ameaçadas;

• monitoramento do impacto da visitação;

• manejo e prevenção de fogo;

• relações e possíveis impactos da fauna da RPPN Lontra nas propriedades

vizinhas, entre outros.

Em relação ao termo e seu significado prático para uma RPPN, este trabalho se restringe aos seguintes aspectos que são interligados e interdependentes:

Sustentabilidade ecológica – a capacidade da área de proteger a sua biodiversidade e a função do ecossistema de satisfazer às necessidades imediatas e de longo prazo de populações de espécies, assegurando a proteção contínua de representantes do maior número de espécies e tipos de comunidades biológicas possível;

Sustentabilidade econômica – a habilidade da reserva de disponibilizar recursos adequados para seu manejo a longo prazo;

Sustentabilidade sociocultural – a sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento sócio-cultural de seu entorno.

A pesquisa é fundamental para considerar vários fatores importantes para selecionar uma área com o mínimo de obstáculos a sua sustentabilidade. Estes fatores incluem:

• se os sistemas remanescentes e tamanho da área são adequados para assegurar

a capacidade da reserva de manter sua biodiversidade através da proteção de

populações mínimas viáveis (PMV) de espécies em longo prazo;

205

• a configuração e forma da área para minimizar o efeito de borda;

• sua localização espacial em relação à ameaças a sua conservação;

• o uso da paisagem pelo homem e o nível de fragmentação e conectividade da

matriz envolvente que determinam a capacidade do entorno de oferecer

refúgios, criadouros, pontos de ligação (stepping stones) e

• corredores que possibilitem fluxo biológico entre seus elementos e

variabilidade e fluxo genético entre a reserva e entorno; a presença de espécies

e recursos chaves espécies raras ou ameaçadas, endêmicas e bandeiras e/ou o

fato deste espaço estar em uma área prioritária para a conservação podem

oferecer oportunidades de marketing, aumentar a visibilidade da reserva e

atrair recursos financeiros e humanos para a área.

Para assegurar o sucesso do plano de manejo, é importante tentar entender os efeitos e inter-relações de todas as comunidades biológicas e não biológicas, identificando os mecanismos que alteram ou mantém a diversidade com a finalidade definir prioridades para maximizar a saúde da reserva e a sobrevivência contínua das comunidades naturais de uma forma integrada.

2.1.8. PESQUISA E O ENTORNO DA RESERVA

Aproximadamente 88% da superfície da terra ficam fora de áreas protegidas e no

Brasil esta porcentagem é ainda maior. Um estudo chamado “Análise Global de

Lacunas” publicado na revista Nature em Março de 2004, mostra que a nível mundial mais de 800 espécies ameaçadas de extinção estão fora de áreas protegidas. Além de existir muitas espécies e comunidades biológicas importantes no entorno da RPPN

Lontra, o entorno da reserva é muito importante para o fluxo biológico e viabilidade

206

de PMV, particularmente em áreas menores. Quanto mais degradada for à área que cerca a reserva, maior a chance do fragmento florestal perder suas características naturais e aptidão a conservação e reduzir sua viabilidade gênica.

2.1.9. OCORRÊNCIA DE FOGO

De acordo com relato do setor de meio ambiente, segurança e certificação (Copener), não é de seu conhecimento a ocorrência de fogo na área que hoje constitui a RPPN

Lontra. Na propriedade e no entorno imediato da reserva há o risco de incêndio, pois a utilização de fogo é praticada por alguns confrontantes. Também não há relatos sobre focos de incêndios causados por combustão espontânea. Contudo, a queima é uma prática comum na região, para limpeza das áreas para plantio.

Foram realizadas entrevistas com os proprietários de áreas do entorno direto da

RPPN Lontra. As entrevistas foram semi-estruturadas com um roteiro pré-definido sob a forma de questionário.

A maioria dos entrevistados declarou saber da existência da RPPN Lontra na

Fazenda Lontra/saudade. Os entrevistados demonstraram não compreender a importância de uma RPPN, mas tinham consciência da importância da preservação da mata para a conservação da natureza e provimento de água.

Grande parte dos vizinhos do entorno imediato da propriedade Fazenda

Lontra/Saudade são agricultores. As principais culturas são: soja, milho, feijão, reflorestamento de eucalipto; além da criação de porco, gado e galinha. Todos utilizam pelo menos algum tipo de agrotóxico nas culturas, bem como a utilização do fogo para a limpeza do solo.

207

O terreno acidentado permite o abastecimento das propriedades rurais do entorno, com a captação da água feita diretamente nos corpos d’águas que cortam a região. Os entrevistados mencionaram não possuir sistema de fossa; o lixo produzido é queimado e às vezes levados para a cidade.

Conclui-se que, de uma forma geral, o cenário ambiental do entorno da RPPN Lontra e, ainda, o grau de sensibilização da maioria dos atores locais demonstram condição favorável à uma consientização da comunidade com a conservação da biodiversidade desta área; frizando que, há a necessidade de reforços com programas educacionais sócio-ambientais.

2.1.10. PRESENÇA DE SÍTIOS HISTÓRICOS, ARQUEOLÓGICOS E/OU

PALEONTOLÓGICOS

Quando as características e/ou eventos históricos e/ou arqueológicos e paleontológicos relacionam-se diretamente a algum sítio específico, aparecendo como relíquias físicas tais como ruínas de construções históricas, sítios arqueológicos, sítios de depósitos de fósseis ou similares que possam ser visitados pelo público, devem ser integrados em uma zona específica, a zona histórico-cultural. Se a importância destes sítios não for significativa, não se justifica a criação de uma zona histórico-cultural, podendo os mesmos serem integrados em outras zonas de visitação mais restrita, como a zona primitiva ou a de uso extensivo. Reservas biológicas e estações ecológicas podem comportar uma zona histórico-cultural, desde que a visitação seja direcionada para atividades educativas e educacionais.

208

2.1.11. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN LONTRA

Foram realizados trabalhos em campo sobre a flora, fauna, qualidade da água, avifauna, replantio, entre outros para este plano.

Não há atividades sendo desenvolvidas na RPPN Lontra e os resultados alcançados são redução e em alguns casos a eliminação da pressão dos impactos negativos.

Diariamente ocorrem rondas nos limites da propriedade por funcionários de segurança em motocicletas, que fiscalizam e protegem contra ações externas e depredações que possam vir a degradas a reserva Lontra.

Com relação às atividades de sensibilização/conscientização e de educação ambiental no momento nenhum trabalho é realizado a este respeito.

Alguns trabalhos e pesquisas foram realizados na RPPN Lontra:

• Composição Florística Preliminar da Flora da Reserva particular do

Patrimônio Natural da Lontra/Saudade.

• A flora vascular da mata atlântica de uma reserva particular do patrimônio

natural na região do Litoral Norte da Bahia.

• Relatório de atividades preliminares de estudo da avifauna e

lepidopterorfauna na fazenda Lontra/Saudade.

• As plantas de lontra-Saudade: Uma versão preliminar da flora vascular de

uma unidade de conservação na região do litoral Norte da Bahia.

Ocorrem atividades na RPPN que são incompatíveis com sua categoria ou que colocam em risco o cumprimento de seus objetivos de criação, como foi verificado clandestinamente ocorre a caça de mamíferos a noite, com a entrada indevida de

209

caçadores que cortam toras e lianas para armar estruturas de suporte, denominadas estaleiros, que esperam a caça passar e matam sem autorização.

2.1.12. SISTEMA DE GESTÃO

A RPPN Lontra é administrada pelo setor de meio ambiente, segurança e certificação, pessoa jurídica, Copener Florestal LTDA, e conduzida pelo setor de cartografia e meio ambiente da empresa.

2.1.13. PESSOAL

Não há uma estrutura de pessoal exclusivamente a serviço da RPPN Lontra, o responsável pela gestão é o Gerente de meio ambiente, segurança e certificação.

210

2.1.14. INFRA-ESTRUTURA

A área se encontra sem nenhuma infra-estrutura, possui apenas cercas que limitam a propriedade e placas de informação, preservação e sinalização. Parte das cercas está em boas situações, em outros pontos há necessidade de uma limpeza do mato e regularização de estacas e arames danificados.

Analisando o sistema de circulação, para chegar na área passar por estradas de chão em condições precárias e, n o interior da reserva RPPN Lontra possui uma trilha para pedestre, em bom estado de conservação, com largura de quatro metros e 5.575 m, que corta a reserva de Leste-Oeste, passando pela travessia do Riacho Seco.

2.1.15. EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

Atualmente não existe equipamento exclusivo da RPPN.A comunicação é feita por rádio das equipes de segurança motorizada utilizando as torres e repetidoras da

Copener.

211

2.1.16. RECURSOS FINANCEIROS

Sem recursos financeiros previstos.

2.1.17. FORMAS DE COOPERAÇÃO

O Cetas já utilizou a Lontra para solturas de animais 2008/2009: 3 jaguatiricas (1 fêmea e 2 machos), 1 tamanduá-mirim, 1 coral, 1jararaca.

A UNEB (Universidade Estadual da Bahia-Alagoinhas) mantém trabalhos de pesquisa de identificação de espécies da flora; e foram concluídos os trabalhos da

ABCRN (Associação Baiana para Conservação dos Recursos Naturais),que detinha projeto de pesquisa financiado pela fundação o Boticário para estudar a Pyriglena atra (Papa-taoca-da-bahia).

212

2.1.18. PERCEPÇÃO DO ENTORNO IMEDIATO DA RPPN LONTRA

Como percepção do entorno da RPPN Lontra observa-se conflitos culturais, de convivência e em relação à sustentabilidade, pela ausência de uma metodologia de gestão que contemple todos os autores, moradores e instituições que possam construir um pacto de convivência.

A situação econômica crítica vivida por parte da comunidade do entorno, sem o conhecimento claro dos objetivos da RPPN Lontra, a legislação a ser cumprida até agora quase desconhecida, e um cerceamento ao uso de seus próprios recursos naturais, como a lenha para cozinhar e a caça para se alimentar.

A Lei 11.428 de 22/12/2006 que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, prêve no seu artigo 10, parágrafo 2: “visando controlar o efeito de borda nas áreas de entorno de fragmentos de vegetação nativa, o poder público fomentará o plantio de espécies florestais, nativas ou exóticas.”

A nova realidade de não poder caçar, é de fato, um lugar diferente daquele que certas populações viu seus antepassados utilizarem. Um novo espaço na consciência dos moradores e dos outros atores que contemple a proteção à biodiversidade não aflora no ato de instituição da RPPN. É necessário o estabelecimento de um programa de educação ambiental imediatamente no momento em que são instituidas mudanças que interfiram no modo de vida das pessoas.

O getor da reserva compreende que a relação entre uma RPPN Lontra e a população do entorno é mutuamente influenciada e que por isso, merece, por si só, uma nova conformação, com regras diferentes, com menor perda possível para ambos os lados, no qual requer a criação de regras de convivência.

213

A paisagem local é caracterizada pela sua geografia acidentada, com abertura de

áreas para agropecuária em fazendas limitrofes, principalmente a leste e oeste da reserva, formando um imagem de mosaico com tonalidades que mostram o avanço desta atividade em direção dos rumos da área. Ao sul apresenta quadros de plantação de eucaliptos - nos topos dos morros. Apenas ao norte encontra-se grande

área de floresta nativa, preservada e que serve de conectividade do fluxo gênico da espécies biológicas. As sinuosas estradas de acesso não são pavimentadas e apresentam uma situação de má conservação. O recorte das propriedades é desenhado por arame farpado que separam as áreas de pastagens, como pode ser observada na imagem de satélite da área, no mapa em anexo.

Aspectos ambientais: Com relação aos aspectos ambientais identificou-se alguns temas recorrentes nos cotidianos da comunidades estudadas como:

Matas: Apresentam algumas dificuldades com as matas. Apesar de terem consciência da importância das matas para o futuro do meio ambiente, têm dificuldade em entender os limites estabelecidos legalmente para o manejo da área.

Recursos hídricos: Apresentam grande preocupação com os recursos hídricos, mediante assoreamento e contaminação das águas com agroquímicos.

Animais: Alguns animais foram citados como complicadores em seus cotidianos, como por exemplo, o gato do mato que ataca os galinheiros, ou os gambás que acabam com as plantações. Predação da fauna nativa por caçadores que capturam para comercializar e alimentar-se.

214

2.1.19. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE

A região norte da RPPN Lontra apresenta uma conectividade existente, na qual forma um bloco maciço da floresta da Mata Atlântica preservada em estágios avançados de regeneração. Esta conectividade é feita com a reserva florestal que pertence a propriedade vizinha, localizada a nordeste da RPPN Lontra e pertencente a Ferbasa, constituindo um bloco florestal contíguo. Entretanto, a ocorrência desta conectividade tem a importância de conduzir, em um corredor ecológico, a fauna silvestre da região.

Corredores ecológicos são áreas que unem os remanescentes florestais possibilitando o livre trânsito de animais e a dispersão de sementes das espécies vegetais. Isso permite o fluxo gênico entre as espécies da fauna e flora e a conservação da biodiversidade. Também garante a conservação dos recursos hídricos e do solo, além de contribuir para o equilíbrio da paisagem. Os corredores podem unir Unidades de

Conservação, Reservas Particulares, Reservas Legais, Áreas de Preservação

Permanente ou quaisquer outras áreas de florestas naturais. Estes fragmento florestais são ilhas de biodiversidade que guardam as informações biológicas necessárias para a restauração dos diversos ecossistemas que integram o bioma.

215

2.1.20. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA

A RPPN Lontra está inserida num importante contexto histórico e ambiental da região de Entre Rios e Itanagra . A reserva apresenta como Bioma Mata Atlântica características importantes para a manutenção do equilíbrio ambiental, como a água

(charcos, córregos e riacho e nascentes) e a heterogeneidade ambiental. Essas características são primordiais para manter a rica fauna regional com representantes dos diversos seguimentos da cadeia trófica.

O seu entorno se caracteriza por um contexto extremamente fragmentado quanto a sua paisagem, fragmento em que está inserido, que confere um refúgio natural para a fauna e possibilita que esta consiga se reproduzir e dispersar-se para outras área conservadas.

Foi encontrado na área de influência da reserva RPPN Lontra uma espécie de ave registrada na lista de ameaçados de extinção - o Carduelis magellanica , assim como dois mamíferos - Puma concolor , Leopardus pardali , Bradypus torquatus e Chaetomys subspinosus.

Para a flora foram identificadas espécies como Caesalpinia echinata Lam, Euterpe edulis

Martius, Melanoxylon brauna Schott, Myracroduon urundeuntva Allemao e Schinopsis brasiliensis Engl. – ameaçadas de extinção; Manilkara salzmani como espécie rara.

A conservação da propriedade Lontra/saudade, com suas áreas de floresta, especialmente, a área de RPPN, proporciona, acima de tudo, a preservação da biodiversidade vegetal e animal do local. A preservação vegetal se torna indiscutivelmente necessária, à medida que a dinâmica natural tem uma ligação

216

muito estreita com o equilíbrio climático e regulador das águas pluviais, inclusive para a ideal recarga dos mananciais de abastecimento do entorno.

É ainda importante a criação e manutenção da RPPN em função de aspectos como a perda de hábitat natural um importante fator de redução da biodiversidade tanto em nível local, como regional, justificando ações conservacionaistas como a aplicação deste plano de manejo.

217

3. PARTE C

3.1. PLANEJAMENTO

O planejamento ambiental tem como objetivo zonear a área de estudo visando o melhor desempenho em relação à sua vocação natural. Sua aptidão esta voltada a preservação dos ecossistemas naturais de grande relevância ecológica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e proteção a fauna, a flora e os recursos naturais.

A visitação pública, quando ocorrer, deverá estar sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo e de sua administração, e àquelas previstas em regulamento posteriormente adotado; e a pesquisa científica dependerá de autorização prévia do setor responsável pela administração da RPPN Lontra e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas.

3.1.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Considerando o planejamento como um instrumento necessário para a organização dos processos futuros, as atividades a serem realizadas serão estabelecidas através de práticas que visam, além da preservação sócio-ambiental, a conservação do solo, da

água, da fauna e da flora.

O planejamento irá aperfeiçoar as ações que serão estabelecidas para o alcance dos objetivos propostos. Para chegar a um planejamento estratégico e eficaz será necessária a aplicação de restrições tanto em relação ao ambiente interno quanto ao externo. No ambiente interno temos aspectos como a queimada, caça, retirada

218

seletiva de madeira, invasões para uso da trilha da reserva como acesso, gerando degradação ambiental. As degradações ambientais vêm ocorrendo lentamente no ambiente externo em função de desmatamentos para atividades desenvolvidas das fazendas circunvizinhas e pela pressão da urbanização na zona de amortização. Para a manutenção das características positivas da reserva como a biodiversidade, a exclusividade da composição vegetal e a diversidade de ambiente, far-se-á necessária a implantação do plano de manejo de forma plena e efetiva.

3.1.1.1. LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES

Fase inicial do planejamento com o levantamento bibliográfico e cartográfico, na qual se buscou as informações já disponíveis na literatura, em instituições locais, regionais e nacionais, e junto a técnicos e pesquisadores. Materiais como imagens de satélite e mapas adquiridos em órgãos competentes como IBAMA, IMA, IBGE, INPE,

EMPRAPA ou outras instituições.

3.1.1.2. PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS, CRONOGRAMA DE

ATIVIDADES E CUSTOS

O Planejamento envolveu a noção da logística, os meios e todas as formas de apoio com as quais a equipe de elaboração do plano contou. Em uma primeira etapa, estava envolvido somente o representante da RPPN, dirigido pelo engenheiro da Copener, e o coordenador do plano. Em seguida, uma reunião com toda a equipe do estudo para uma integração e programar as explicações para nivelamento dos conhecimentos e da metodologia, ajudando na definição de todas as etapas e seus custos. Nessa fase,

219

foram identificadas a duração e a época em que cada passo será dado, sendo detalhados todos os procedimentos de coleta de informações e dados de campo. Essa etapa foi reavaliada periodicamente visando a melhoria do andamento do trabalho.

3.1.1.3. LEVANTAMENTO DE CAMPO

Consistiu nas visitas à RPPN Lontra e ao seu entorno para reconhecimento e levantamento dos seus aspectos gerais: pontos fortes e fracos, problemas, ameaças e oportunidades para seu funcionamento. Nessa ocasião foram feitas todas as coletas de material biológico e da socioeconômica, de acordo com as características da reserva e seu entorno. Em outra campanha a campo também foram feitas visitas e entrevistas com autoridades locais, vizinhos e com todas as instituições que possam influenciar de alguma maneira o manejo da RPPN.

3.1.1.4. TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES

O coordenador do plano assegurou que os profissionais envolvidos apontem as principais recomendações para o manejo da RPPN Lontra, a partir dos seus conhecimentos e dos que foram obtidos, e como tais dados podem influenciar os programas de manejo, sugerindo, especialmente, as principais pesquisas a serem realizadas na RPPN. Esta informação gerou um diagnóstico preliminar sócio- ambiental da área que norteou as diretrizes do manejo destinado à reserva.

220

3.1.2. DESENHO DO PLANEJAMENTO

Essa é a etapa específica da definição das atividades e normas para a RPPN Lontra, ou seja, trata da estratégia de manejo que será delineada a partir do cruzamento e da integração de todo o conhecimento obtido na fase dos levantamentos e tratamento das informações, que é o diagnóstico.

O início dos trabalhos se deu pela definição dos objetivos específicos de manejo, seguindo-se o desenho do zoneamento da RPPN Lontra. Logo após, foram escolhidas as áreas de atuação dentro de cada zona, para quais são definidas as atividades e normas que levarão ao funcionamento da RPPN como um todo.

Durante a fase do planejamento é de fundamental importância que os objetivos estejam bem definidos para que as ações estabelecidas sejam adequadas e resultem no fim objetivado.

Na etapa do planejamento houve a participação direta dos pesquisadores dos meios biótica e abiótica na exposição dos tópicos que seriam os objetivos de manejo considerando cada área relativa às atividades específicas de cada um destes. Além disto, com os resultados de cada área estudada foi possível determinar os programas que serão desenvolvidos pela RPPN Lontra.

As áreas de atuação dentro de cada zona e a definição das normas e atividades que irão funcionar dentro da RPPN só foram estabelecidas depois que as zonas foram determinadas pelos grupos. O que de um modo geral, estas etapas serão importantes para o funcionamento da RPPN.

221

3.1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO

Os objetivos específicos deverão seguir um modelo que respeite o meio ambiente, minimizando os impactos causados ao ecossistema e que busque a sustentabilidade ambiental e harmonia com a população local.

São alguns dos objetivos específicos de manejo para a Unidade de Conservação

RPPN Lontra:

• Conservação da diversidade biológica;

• Manter as fontes de recursos e sítios reprodutivos utilizados pelas espécies,

principalmente aquelas ameaçadas de extinção, migratórias, grandes

mamíferos e espécies frugívoras que utilizam a área;

• Preservação das amostras de ecossistemas em estado natural;

• Conservação e preservação dos recursos genéticos;

• Estabelecimento de serviços de educação e monitoramento;

• Preservar as espécies da fauna e flora, em especial as espécies ameaçadas de

extinção;

• Proteger as espécies endêmicas e cinegéticas;

• Minimizar os impactos nas espécies da fauna e flora em extinção;

• Conservação das margens do Riacho Seco de nascentes, drenagens naturais e

corpos d’água;

• Recuperação das áreas degradadas;

• Desenvolver atividade no intuito de haver maior interatividade entre a RPPN

e a comunidade do entorno;

222

• Propiciar condições necessárias para o desenvolvimento de práticas

sustentáveis de educação ambiental que possam servir de exemplo para a

conservação da região;

• Controle da erosão e sedimentação;

• Preservação das matas ciliares;

• Manutenção e acompanhamento do desenvolvimento da vegetação na área da

RPPN; e

• Promover e incentivar a pesquisa científica na RPPN e na região para ampliar

o conhecimento e auxiliar no seu manejo.

3.2. ZONEAMENTO

O Zoneamento foi executado com base nos objetivos determinados pelo SNUC –

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei Federal 9.985/2000), onde a finalidade principal é tornar compatível o uso de parte dos recursos naturais disponíveis na natureza, dentro da reserva, com a sua conservação.

Conforme Galante, et al.(2002), o zoneamento de uma UC é definido por zonas, com normas específicas e objetivos de manejo para que as metas da reserva possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz.

O ordenamento territorial da reserva por meio da delimitação de diferentes zonas destacou a diferenciação de cada espaço, levando em consideração a intensidade do uso, garantindo os objetivos da RPPN Lontra.

São critérios para o zoneamento:

• Representatividade; 223

• Suscetibilidade Ambiental;

• Grau de conservação da área;

• Diversidade e riqueza de espécies;

As zonas determinadas para a RPPN foram três (3): Zona de Transição (ZT), Zona de

Proteção (ZP) e Zona Silvestre (ZS).

Na RPPN Lontra ocorrerá áreas específicas que irão determinar sua especificidade, indicado sua funcão e uso. Estas áreas estão representadas como área de preservação permanente (APP), área de visitação (AV), áreas de recuperação (AR) e enriquecimento vegetal (AEV) e área de reserva legal (ARL).

O quadro 12 apresenta quantitativamente as diferentes zonas estabelecidas na área de RPPN Lontra.

224

Quadro 12 – Quantificação do zoneamento estabelecido na RPPN Lontra e de áreas que integram a formação destas zonas.

Zonas – RPPN Lontra Área (ha) Porcentagem (%) ZT 140,44 10,20 ZP 734,04 53,29 ZS 502,85 36,51

TOTAL 1377,33 100

Áreas – RPPN Lontra Área (ha) Porcentagem (%) APP 75,86 15,11 AEV 41,08 8,18 AR 23,81 4,74 AV 2,7875 0,56 ARL 358,56 71,41

TOTAL 502,0975 100

A área selecionada para a implantação e estruturação de uma base da atividade administrativa teve como estratégia a escolha de um local degradado, em uma área clareira (AR-I). Esta área, como mostra no mapa do zoneamento em anexo, localiza- se no inicio da trilha – Acesso Esquerdo (Acesso E), no qual foi também cadastrada como forma de facilitar trabalhos futuros que busquem minimizar ou mitigar os impactos existentes sobre a área da RPPN.

Como a reserva é composta, na sua totalidade, por áreas naturais, com um grau mínimo de intervenção antrópica foi considerado prioritariamente as atividades voltadas à pesquisa, estudos, monitoramento, proteção, fiscalização e formas de visitação de baixo impacto.

225

3.2.1. ZONA DE TRANSIÇÃO

Esta é a zona de transição entre a RRPN Lontra e as áreas externas circunvizinhas. É onde há uma maior possibilidade de interferência do homem e do meio. E por isso foi delimitada com base em estudos que levem em consideração principalmente os possíveis impactos à RPPN.

A ZT está sujeita as ações de efeito de borda que ocorre em fragmentos florestais por esta localizada nas extremidades deste remanescente. Os efeitos podem ser notados pela presença de espécies florestais pioneiras em maior número e a redução da umidade proporcionada pelo microclima, promovido pela mata fechada. Esta zona expressa à transição vegetativa das formações da flora local por efeito de bordadura.

Sua função é servir de faixa de proteção, absorvendo os impactos provenientes da área externa. Nesta zona é permitida a implantação de infra-estrutura e serviços da RPPN.

Benfeitorias realizadas nesta zona são permitidas para assegurar a integridade da reserva como colocação de cercas; marcos topográfico de concreto, nos vértices da propriedade; e abertura de aceiro com três metros de largura, próximo a cerca.

Os aceiros serviram de mecanismo de segurança contra incêndio florestal. A retirada da vegetação beirando a cerca evita que o fogo que venha de fora passe para o interior da reserva. Este aceiro serve também de faixa de fiscalização e ronda de segurança do patrimônio particular natural, percorrendo todo o entorno da RPPN Lontra.

A ZT tem outras funções que podem ser incluídas como de importância:

• Servir de zona de proteção para áreas mais rigidamente protegidas; e

• Preservar provisoriamente áreas para uso futuro.

A Zona de Transição da RPPN Lontra compreende uma área de aproximadamente 26 hectares em uma largura de 100 metros contornando a reserva em todo o seu perímetro.

226

A figura 27 mostra a localização da ZT na área da RPPN Lontra.

Fazenda Lontra/Saudade

RPPN Lontra – Zona de Tranzição (ZT)

Faixa da zona de transição.

Figura 27- Croqui de localização da Zona de Transição na RPPN Lontra - Fazenda Lontra/Saudade.

O quadro 13 apresenta as normas e objetivos de uso para a utilização desta zona.

227

Quadro 13 - Síntese da Zona de Transição para Normas e objetivo de uso da área.

ZONA DE TRANSIÇÃO

Normas de uso: Poderá ser instalada infra -estrutura, equipamentos e facilidades. As infra -

estruturas deverão ser de baixo impacto utilizando de técnicas de permacultura. Todo o

resíduo (orgânico e inorgânico) produzido nessas áreas em decorrência de atividades

eventuais deve ser conduzido para local adequado fora da resrva. A abertura de aceiros serão

permitidas se necessárias nos casos de segurança, combate a incêndios e outras atividades

consideradas imprescindíveis para a proteção dessa Zona.

Objetivos: Servir como filtro e faixa de proteção para absorver os impactos da área externa.

A avaliação desta zona passou pela análise de critérios de zoneamento que valorou em caráter sócio-ambiental, como mostra o quadro 14.

228

Quadro 14 – Critérios de zoneamento para a ZT da RPPN Lontra.

Caracterização Geral Valores Principais Usos Critérios de Zoneamento Meio Meio A/M/B/I Conflitos Permitidos Físico Biótico

Grau de conservação da M vegetação

Variabilidade ambiental M/A

Representatividade A

Riqueza e/ou diversidade A de espécies

Áreas de transição A

Suscetibilidade ambiental A

Presença de sítios de gado, cachorros e espécies da flora da espécies e cachorros gado, de o para limpeza de pastagem e retiram a retiram e pastagem de limpeza para o arqueológicos e/ou I da e ar relativa do umidade da redução o, paleontológicos proteção. e fiscalização monitoramento, trilhas,

Potencial de visitação M

Potencial para conscientização A taxa de permeabilidade do solo. solo. do taxa permeabilidade de exóticas (Eucaliptus e pastagem). pastagem). e (Eucaliptus exóticas ambiental

Presença de infra - endêmicas. ameaçadas, espécies de Presença estrutura M

Uso conflitante M floresta para a formação de monoculturas. Presença Presença monoculturas. de formação a floresta para Limite com propriedades vizinhas que utilizam o fog o queutilizam vizinhas propriedades Limite com Exposição a incidência solar, ação contínua do vent do ação contínua solar, a incidência Exposição Turismo científico, observação de vida silvestre e e silvestre vida de observação científico, Turismo QUADRO 14 - Critérios de zoneamento para a ZT da RPPN Lontra.

229

3.2.2. ZONA DE PROTEÇÃO

Na zona de proteção é possível encontrar um maior número de biodiversidade, espécies em extinção e espécies raras. Segundo Ferreira et all, (2004), a ZP funciona como reserva de recursos genéticos naturais onde podem ocorrer pesquisas, estudos, monitoramento, proteção e fiscalização.

Esta zona é destinada exclusivamente à preservação e conservação da biodiversidade. Esta área visa:

• Preservar a biodiversidade;

• Preservar e/ou restaurar amostras dos diversos ecossistemas naturais;

• Preservar recursos de flora e fauna;

• Manejar e estudar recursos de flora e fauna;

• Proteger canais de drenagens naturais;

Na RPPN Lontra foram selecionados cinco (5) fragmentos florestais, em uma área total de aproximadamente 734,04 ha, representando 53% da reserva.

A figura 28 mostra a distribuição da ZP dentro da reserva em 5 blocos florestais.

230

RPPN Lontra

Fazenda Lontra/Saudade

Zona de Proteção

Figura 28- Croqui de localização da zona de proteção na área da RPPN Lontra.

O quadro 15 mostra as áreas e seus percentuais representantes da ZP.

Quadro 15 – Especificação das porções caracterizadas como ZP.

Zona de Proteção Área (ha) Porcentagem (%) 1 24,73 3 2 16,27 2 3 83,91 11 4 178,02 24 5 431,11 59 Total 753,24 100,00

231

Por esta importância, a zona de proteção deverá apresentar somente atividades que promova seu monitoramento, pesquisas, proteção e fiscalização.

Qualquer atividade deverá seguir algumas normas de uso como segue especificado no quadro síntese, quadro 16.

Quadro 16 – Síntese da Zona de Proteção elaborado para o manejo da RPPN Lontra..

ZONA DE PROTEÇÃO

Normas de uso: Uso restrito apenas à pesquisa científica desde que comprovada cientificamente suas excepcionalidades não afetando a estrutura e a dinâmica das espécies, populações e comunidades biológicas, bem como a estrutura geomorfológica, monitoramento e fiscalização. Não haverá visitação pública. Não poderá haver instalações de infra-estruturas e/ou facilidades. Serão permitidas as ações necessárias para resgate, combate a incêndios e para garantir a proteção e integridade desta zona. É proibida a abertura de trilhas e/ou picadas e clareiras.

Objetivos: Funcionar como reserva de recursos genéticos silvestres e proteção do principal curso d'água e nascentes dentro da RPPN Lontra.

Estas normas foram designadas mediante avaliações técnicas relevantes zoneando as glebas como ZP, considerando os seguintes critérios: Grau de conservação da vegetação, Variabilidade ambiental, Representatividade, Riqueza e/ou diversidade de espécies, Áreas de transição, Suscetibilidade ambiental,

Presença de sítios arqueológicos e/ou paleontológicos, Potencial de visitação,

Potencial para conscientização ambiental, Presença de infra-estrutura, Uso conflitante.

232

O quadro 17 apresenta a caracterização geral dos valores dos meios naturais, relacionando seus conflitos e usos permitidos.

Quadro 17 – Critérios apontados para o zoneamento da ZP da RPPN Lontra.

Caracter ização Geral Valores Principais Usos Critérios de Zoneamento Meio Meio A/M/B/I Conflitos Permitidos Físico Biótico

Grau de conservação da A vegetação

Variabilidade ambiental A

Representatividade A em natural natural em Riqueza e/ou diversidade A de espécies

Áreas de transição B

Suscetibilidade ambiental A

Presença de sítios arqueológicos e/ou I paleontológicos

Potencial de visitação B

Potencial para flora da seletiva Caça degradação e A conscientização ambiental endêmicas e ameaçadas espécies de Presença Pesquisa, monitoramento, proteção e fiscalização fiscalização e proteção monitoramento, Pesquisa, Presença de infra -

estrutura I drenag canais de presença de acentuada, Declividade

Uso conflitante B

A – Alto; M – Médio; B – Baixo e I – Inexistente.

233

3.2.2. ZONA DE SILVESTRE

A zona de silvestre pode ser descrita como a zona em que o estado de intervenção do homem foi mínimo, ou seja, compreende a zona em que se pode observá-la em seu

“quase” estágio natural. Além disso, esta zona representa mais de trinta por cento da

área da RPPN.

A figura 29 mostra a localização da ZS integrada no zoneamento da RPPN Lontra.

RPPN Lontra

Fazenda Lontra/Saudade

Zona Silvestre

Área de preservação permanente Curso d’água

Figura 29- Croqui de localização da zona de proteção na área da RPPN Lontra.

234

A poligonal prevista para a ZS foi de 502,85 ha e estar interligando a Zona de

Proteção e área de Preservação Permanente. Esta zona segue paralela aos cursos d’água, permanentes e intermitentes, existentes na área, distribuídas as margens dos canais de drenagem natural após faixas de 30 metros de APP. A largura de 200 metros para a ZS foi determinada pelo grau de importância científica e ambiental e pelos critérios do zoneamento, apresentados a seguir.

As atividades previstas para esta zona são as pesquisas, a fiscalização, monitoramento e proteção.

Na zona silvestre só é permitida a colocação de infraestrutura apenas para o controle e a fiscalização. As formas de acesso nesta zona compreendem exemplos como estudos científicos, observação de vida silvestre para uso acadêmico e trilhas restritas, as quais não necessitam de infraestrutura e equipamentos facilitadores.

A função desta zona é seguir as seguintes diretrizes:

• Proteger espécies raras, endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção;

• Proteger os recursos hídricos e interligas diferentes fragmentos florestais por

toda a área;

• Aplicar medidas rigorosas de proteger a flora, a fauna e conservação deste

considerado corredor ecológico particular da reserva;

• Desenvolver pesquisas;

• Fiscalizar e monitorar;

• Permitir visitação com orientação e ou acompanhamento.

235

Para restringir o uso desta zona foi apresentado normas de uso específico para esta porção florestal. O quadro 18 discorre as normas de uso e seu objetivo para a Zona

Silvestre da RPPN Lontra.

Quadro 18 - Síntese da Zona de Silvestre para normas e objetivo de uso da área.

ZONA DE SILVESTRE

Normas de uso: Uso permitido para pesquisa cientí fica, desde que comprovada suas excepcionalidades, não afetando a estrutura e dinâmica das espécies, populações e comunidades biológicas; bem como a estrutura geomorfológica, monitoramento e fiscalização. Não haverá visitação pública. Não poderá haver instalações de infraestrutura e/ou facilidades. Serão permitidas as ações necessárias para resgate, combate a incêndios e para garantir a proteção e integridade desta zona. É proibida a abertura de trilhas e/ou picadas e clareiras.

Objetivos: Proteção de área relevante para a manutenção da biodiversidade e como zona tampão para a área de preservação permanente e recursos hídricos.

Para avaliar esta zona foram selecionados critérios de zoneamento para a ZS, como mostra no quadro 19.

236

Quadro 19 - Critérios apontados para o zoneamento da ZS da RPPN Lontra.

Caracterização Geral Valores Principais Usos Critérios de Zoneamento Meio Meio A/M/B/I Conflitos Permitidos Físico Biótico

Grau de conservação da A vegetação

Variabilidade ambiental M

Representatividade M a de cobertura cobertura a de Riqueza e/ou diversidade pequenos de e oso A de espécies

Áreas de transição B

Suscetibilidade ambiental M

Presença de sítios arqueológicos e/ou I paleontológicos

Potencial de visitação B trechos alguns em densa arbórea Caça e degradação seletiva da flora flora da seletiva Caça degradação e cursos hídricos e canais de drenagem drenagem de canais e hídricos cursos Potencial para A conscientização ambiental proteção e fiscalização monitoramento, Pesquisa,

Presença de infraestrutura I

Uso conflitante B ausenci e endêmicas ameaçadas, espécies de Presença Declividade acentuada, presença de afloramento roch afloramento presença de acentuada, Declividade

Nesta zona encontram-se áreas degradadas com presença de clareiras que ocupam porções na mata, em 2% da ZS, identificadas como zonas de recuperação e enriquecimento vegetal, principalmente as áreas II, III, VI e uma parte do I; e o E1, respectivamente. Estas zonas serão abordadas nos tópicos seguintes.

237

3.2.2.1. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

A área denominada de Preservação Permanente - APP, que no artigo 2 da lei 4.771/65 do código florestal considera as florestas e outras formas de vegetação natural, situada ao longo dos rios em seu nível mais elevado em faixas marginais uma largura mínima, que no caso da RPPN Lontra é de 30 (trinta) metros com os cursos d'água menos de 10 (dez) metros de largura e está inserida na ZS.

A largura da área de proteção permanente objetiva exercer a função de proteção dos recursos hídricos e do entorno de forma mais efetiva, uma vez que, sua configuração aumenta a proteção das margens do curso d’água, ligando fragmentos florestais isolados, para interação entre os ambientes, produzindo áreas de corredores de fauna, facilitando e aumentando o fluxo gênico da flora e fauna na RPPN Lontra.

A APP tem uma área de 75,86 ha, representando aproximadamente mais de 5% da reserva e segue as mesmas normas, objetivos, restrições e usos.

Os recursos hídricos (RH) são constituídos pelos corpos d’água e canais de drenagens naturais intermitentes, além de áreas úmidas e charcos.

Áreas úmidas/alagadas podem ser identificadas como terras úmidas que são ecossistemas complexos, responsáveis pela conservação da biota, representando

áreas cobertas temporariamente por água doce, formadas a partir da exudação de

águas subterrâneas associadas a aqüíferos formados nos sedimentos quaternários arenosos e fluxo dos corpos hídricos que alimentam a área, onde sobrevivem espécies vegetais bastante características destes ambientes, e muito importantes para a regulação dos fluxos hídricos que controlam o ciclo hidrológico responsável por grande parte da vida animal silvestre da reserva.

238

Os recursos hídricos, interligados que contribuem para a recarga do Riacho Seco – principal corpo hídrico da reserva, passam por quase todos os pontos da área em uma extensão de aproximadamente 13 km em uma largura média de três metros, abrangendo menos de meio por cento da área em estudo.

Este recurso está protegido pela APP de forma contígua e em seguida reforçada pela faixa expressiva da ZS, que dão uma margem em seu entorno de 230 metros para cada margem dos canais hídricos.

As normas e objetivos designados para as áreas dos recursos hídricos são as mesmas dadas a APP, ficando protegidos pelo código florestal, além dos mesmos critérios de zoneamento da ZS.

3.2.7. ÁREA DE VISITAÇÃO

Por se tratar de um espaço onde a visitação é permitida, alguns aspectos devem ser observados, como a visitação de uma forma consciente para que os danos causados pela interferência humana sejam os menores possíveis, com o menor impacto ambiental, o que será provável através da educação ambiental destes visitantes.

O traçado existente na área apresenta o acesso de uma trilha principal, percorrendo trechos com 4.105 metros de comprimento na zona silvestre, sentido Leste-Oeste, com acesso em dois pontos de entrada da propriedade, E e D; o outro trecho, de uso mais restrito, atravessa a ZP em 1.470 metros de comprimento. A largura da trilha fica representada com cinco metros, tendo o objetivo de maior preservação da área.

A área total de visitação corresponde menos de 1% da reserva e apresenta alguns aspectos que devem ser seguidos:

239

• Proteger paisagens e belezas naturais;

• Proporcionar educação ambiental;

• Proporcionar turismo ecológico e recreação em contato com a natureza;

• Criação de um centro ao visitante, com exposições sobre o local e sobre as

técnicas de conservação, que deve ser desenvolvido;

• Oferecer guias bem treinados, que possam prestar informações exatas aos

visitantes, educá-los quanto à diversidade biológica e às técnicas de

conservação e observar medidas conservacionistas adequadas durante os

passeios.

A figura 30 identifica o traçado feito pelas trilhas da AV e sua funcionalidade para acessar toda a reserva.

240

RPPN Lontra

Fazenda Lontra/Saudade

Figura 30- Croqui de localização da Área de Visitação na RPPN Lontra - Fazenda Lontra/Saudade.

Vale ressaltar que, como o interesse da administração não é o turístico, e sim que as visitações sejam mínimas e com o objetivo da educação ambiental dos visitantes, que será viável já que a sede da RPPN irá apoiar estas atividades, através de seus recursos e infraestrutura.

O quadro 20 aborda a síntese da norma de uso desta área.

241

Quadro 20 - Síntese da Área de Visitação para normas e objetivo de uso da área.

ÁREA DE VISITAÇÃO

Normas de uso: Serão permitidas nesta zona atividades de fiscalização, pesquisa, monitoramento e educação ambiental. Poderá ser instalada infraestrutura, adquiridos equipamentos e facilidades para acesso à RPPN. Infraestruturas deverão ser de baixo impacto utilizando de técnicas de permacultura. Todo o resíduo

(orgânico e inorgânico) produzido nessas áreas em decorrência de atividades eventuais deve ser conduzido para local adequado fora da RPPN. As áreas abertas à visitação de baixo impacto serão monitoradas e controladas. Não serão permitidos banhos de rio e qualquer tipo de atividade de pesca esportiva no Riacho Seco. A sinalização admitida é aquela considerada indispensável à proteção dos recursos da

RPPN à segurança do visitante e interpretação ambiental conforme projeto específico a ser elaborado. Serão permitidas ações necessárias para contenção de erosão, deslizamentos e outras imprescindíveis à implementação e manutenção da visitação das áreas restritas, estratégicas e específicas do trecho. O uso de veículos é permitido para as atividades essenciais de proteção, pesquisa e sensibilização ambiental e somente poderá ser feito a baixas velocidades (máximo de 30 Km/h).

Serão controladas e erradicadas as espécies exóticas e invasoras encontradas nestas

áreas, dando-se prioridade àquelas definidas em estudos específicos.

Objetivos: Desenvolver projet os de conscientização ambiental e contemplação da natureza.

O quadro 21 apresenta os critérios de avaliação para determinação dos valores de importância deste trecho da reserva.

242

Quadro 21 – Critérios de avaliação da AV da RPPN Lontra.

Caracterização

Valores Geral Principais Usos Critérios de uso da área A/M/B/I Meio Meio Conflitos Permitidos

Físico Biótico

Grau de conservação da M vegetação

Variabilidade ambiental B

Repre sentatividade B

Riqueza e/ou diversidade B de espécies fauna de Encontro o. propriedades vizinhas. vizinhas. propriedades Áreas de transição B o, monitoramento e pesquisa. pesquisa. e monitoramento o, Suscetibilidade ambiental A

Presença de sítios arqueológicos e/ou I paleontológicos

Potencial de visitação A sinergética ou inexistente. inexistente. ou sinergética Potencial para A conscientização ambiental Animais domésticos. Passagem de transeuntes transeuntes de Passagem Animais domésticos. Presença de infra -estrutura I Vegetação em estágio inicial ou médio de regeneraçã de médio ou inicial estágio em Vegetação Declividade média, presença de trilha de acesso às às acesso de trilha de presença média, Declividade

Uso conflitante B fiscalizaçã proteção, manejo, controlada, Visitação

243

3.2.7.1. ÁREAS DE RECUPERAÇÃO

Estas áreas compreendem pequenos fragmentos degradados e alguns em estágio inicial de recuperação. Trata-se de uma área provisória onde a visitação é permitida, desde que as atividades não comprometam a recuperação.

Devido ao estado de conservação encontrado nestas áreas, por meio de estudos e observação, as ações de recuperação serão espontâneas, em um segundo momento, e de início será necessário à indução da recuperação com uso de técnicas de silvicultura, de acordo com o nível de alteração de cada trecho.

A AR é formada por seis (6) fragmentos distribuídos pela reserva, e estão enumerados e quantificados como mostra no quadro 22.

Quadro 22 – Quantificação das porções caracterizadas como ZR.

AR ÁREA (ha ) PORCENTAGEM (%) I 6,33 26,59 II 0,74 3,11 III 3,06 12,85 IV 0,93 3,91 V 4,37 18,35 VI 8,38 35,20 TOTAL 23,81 100,00

Esta á representa menos de 2% da reserva RPPN Lontra, estando localizadas em parte das três zonas.

A figura 31 mostra as áreas de recuperação distribuídas na reserva Lontra. 244

RPPN Lontra

Fazenda Lontra/Saudade

Figura 31- Croqui de localização das áreas de Recuperação na RPPN Lontra - Fazenda

Lontra/Saudade.

Os fragmentos VI e V das áreas de recuperação estão localizados na Reserva Legal (RL) da propriedade e deverão passar por um processo de restauração de suas áreas, assim como os demais trechos, aplicando técnicas orgânicas no intuito de reestruturação do solo e introdução de espécies endêmicas e de importância ecológica, conforme modelo de plantio apropriado, projetado através de um plano de recuperação de áreas degradadas - PRAD.

3.2.7.2. ÁREA DE ENRIQUECIMENTO VEGETAL

Foram identificados espaços dentro da RPPN Lontra, cujos usos e finalidades foram estabelecidos antes da criação desta Unidade de Conservação. Estas áreas apresentam vegetação em estágio inicial/médio de regeneração, com base na

Resolução CONAMA nº. 05/94. Sua fitofisionomia é representada por espécies pioneiras, secundárias iniciais e tardias. Há baixa ocorrência de essências clímax indica que a formação se encontra em processo de mudança de estágio sucessional.

245

Estas áreas estão distribuídas em dois fragmentos isolados, denominados como E1 de

2,16 ha e E2 com 38,92 ha. Ambas as áreas localizam-se na poligonal demarcada como Reserva Legal - RL da Fazenda Lontra/Saudade e representa aproximadamente

3% da RPPN Lontra.

A figura 32 mostra a disposição destas áreas na propriedade em estudo.

RPPN Lontra

Fazenda Lontra/Saudade

Figura 32- Croqui de localização das áreas de Enriquecimento Vegetal na RPPN Lontra - Fazenda

Lontra/Saudade.

A averbação da Reserva Legal é uma exigência do Código Florestal e desde 1980 com a Lei n° 7.803/89 passara a ter passivo ambiental as propriedades que não têm a RL averbada na sua matrícula.

O enriquecimento destas áreas deverá ser realizado mediante uma análise mais aprofundada, com o conhecimento da fitossociologia da área e do modelo de plantio adequado.

246

A realização desta atividade deverá ser de responsabilidade da administração da

RPPN Lontra e que deverá haver um planejamento com a elaboração de um plano de enriquecimento das áreas de enriquecimento vegetal.

3.3. CRITÉRIOS PARA O ZONEAMENTO

Os critérios para o zoneamento foram estabelecidos por um roteiro metodológico que subsidiaram o zoneamento da RPPN Lontra, sendo estabelecidos como indicativos para vocação de uso, indicativos de valores de conservação e como físicos mensuráveis. (GALANTE et al .,2002).

3.3.1. GRAU DE CONSERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO

O grau de conservação da cobertura vegetal está geralmente condicionado com o menor grau da degradação da fauna e dos solos. Ao contrário, quanto mais degradada estiver a vegetação de uma área, maiores interferências já teriam sofrido a fauna local e provavelmente também os solos.

As áreas da RPPN Lontra mais conservadas deverão conter zonas de maior grau de proteção. Este critério refere-se também aos cuidados que se precisa ter na identificação de ambientes fragmentados. A fragmentação resulta na maioria das vezes em um cenário constituída por talhões com remanescentes de vegetação nativa entremeados por terrenos com a vegetação degradada ou mesmo eliminada.

As áreas mais degradadas foram direcionadas para as zonas de recuperação e de

Enriquecimento Vegetal.

247

3.3.2. VARIABILIDADE AMBIENTAL

Este critério está condicionado principalmente pela compartimentação do relevo apresentado, em relação a altitudes e declividades. A identificação da compartimentação do relevo constitui-se em processos fundamentais para a análise e a explicação dos elementos da paisagem natural.

A compreensão da disposição das formas do relevo e da drenagem, fatores intrinsecamente ligados em suas relações de causa e efeito, levam à compreensão dos fatores que atuam na distribuição dos solos e das diferentes fitofisionomias. Áreas na

RPPN Lontra que contenham vários ambientes, como aquelas que são oferecidas pelo relevo muito recortado, devem merecer maior proteção, como as áreas das zonas ZH,

ZPP e ZP. As diferenças acentuadas de altitude também ocasionam visíveis modificações na vegetação, o que, por sua vez, ocasionará também mudança de fauna.

248

3.4. CRITÉRIOS INDICATIVOS DE SINGULARIDADE DA RPPN LONTRA

3.4.1. CRITÉRIOS INDICATIVOS DE VALORES PARA A

CONSERVAÇÃO

3.4.1.1. REPRESENTATIVIDADE

Zonas de maior grau de proteção (ZP e ZS) devem proteger amostras de recursos naturais mais representativos da Unidade. E importante que estas zonas representativas estejam presentes não só nas áreas mais protegidas, mas também naquelas onde possam ser apreciadas pelos visitantes. Como critérios de representatividade têm-se:

• As espécies em extinção, em perigo de extinção, raras, endêmicas, frágeis e os

sítios de reprodução (e em caso especiais de alimentação) devem estar

contidos nas zonas de maior proteção: zona de proteção e zona silvestre.

• As espécies que requeiram manejo direto, isto é quaisquer formas de

interferência que impliquem em mudanças das condições naturais, como a

transposição de ovos, reintrodução ou translocação, eliminação de espécies

exóticas, devem estar contidas em zonas de média e maior proteção, como a

zona de uso extensivo, zona de interferência experimental e a zona de

recuperação e enriquecimento vegetal, mas não nas zonas de maior grau de

proteção, como as zonas intangível e primitiva.

• Os atributos que condicionaram a criação da unidade de conservação, devem,

na medida do possível também estar presentes nas áreas destinadas ao uso

público (área de visitação e zona de transição), de modo a que possam ser

apreciados pelos visitantes. 249

3.4.1.2. RIQUEZA E/OU DIVERSIDADE DE ESPÉCIES

Devem ser considerados a riqueza e/ou diversidade de espécies vegetais e animais que ocorrem na unidade zoneada. Áreas com maiores índices de espécies encontradas deverão integrar zonas de maior grau de proteção, como a zonas de proteção e silvestre.

3.4.1.3. ÁREAS DE ECÓTONO (CONTATO OU TENSÃO ECOLÓGICA)

São aquelas que abrangem simultaneamente características de dois ou mais ambientes, retratadas na sua fitofisionomia e na sua composição de espécies, da vegetação e da fauna. As características únicas que cada área de transição apresentada deve merecer graus maiores de proteção (áreas intangível e primitiva).

A zona selecionada para esta categoria foi a Zona de Transição com quase 2% da

RPPN Lontra.

3.4.1.4. SUSCETIBILIDADE AMBIENTAL

As áreas que apresentem características que as indiquem como ambientalmente suscetíveis devem estar contidas em zonas mais restritivas (ZS e ZP). Áreas frágeis que não suportem pisoteio, como aquelas com solo susceptíveis a erosão e encostas

íngremes; áreas úmidas, charcos, cursos d’água e nascentes, principalmente aquelas formadoras de drenagens significativas; habitats de espécies ameaçadas; biótopos

únicos, como ninhais, bem como áreas de reprodução e alimentação de avifauna e mastofauna.

250

3.4.2. CRITÉRIOS INDICATIVOS PARA VOCAÇÃO DE USO

3.4.2.1. POTENCIAL DE VISITAÇÃO

Este critério diz respeito ao uso possível nas UCs, seja para lazer em parques nacionais, recreação ou para educação ambiental em todas as categorias de manejo.

Os atrativos que cada UC apresentada devem ser condicionados aos usos permitidos por sua categoria de manejo.

3.4.2.2. POTENCIAL PARA SENSIBILIZAÇÃO

Características relevantes de áreas na Unidade de Conservação que apresentem indicativos para o desenvolvimento de processos de educação ambiental, estudos específicos e trilhas interpretativas.

3.4.2.3. PRESENÇA DE INFRAESTRUTURA

Por ocasião do zoneamento da RPPN Lontra devem ser considerados os usos possíveis a serem dados as infraestrutura. Casas estrategicamente localizadas podem ser destinadas a postos de fiscalização, moradia do chefe ou de funcionários da unidade. Tratando-se desta RPPN, guaritas localizadas no interior da unidade podem ser destinadas ao centro de visitantes.

251

3.5. PROGRAMAS DE MANEJO - PM

Os programas de manejo definem e prevêem as atividades a serem desenvolvidas na unidade, visando cumprir os objetivos de cada zona e estabelecer normas e diretrizes para o desenvolvimento de todos os projetos (Milano, 2001).

Neste plano de manejo os programas foram divididos visando facilitar o controle, coordenação e implementação das atividades propostas. Os programas foram elaborados levando em consideração as condições atuais da área e as possibilidades de atividades futuras dentro de um planejamento de acordo com as expectativas e possibilidades de seu proprietário visando o alcance dos objetivos da RPPN.

3.5.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO - PA

A administração da RPPN Lontra é feita pelo envolvimento direto dos técnicos do

Setor de meio ambiente, segurança e certificação subordinado a Diretoria Florestal da

Copener, situado na Fazenda Lontra/Saudade, subordinados a Vice-Presidência da

Copener Florestal Ltda. O programa de Administração propõe ações que visam o gerenciamento eficiente da reserva de forma que ela cumpra os objetivos pelos quais foi criada.

O programa de administração é destinado a estabelecer as condições administrativas adequadas para o funcionamento da unidade de forma a definir procedimentos relacionados à instalação e manutenção de infraestruturas e equipamentos, contratação e capacitação técnica dos funcionários, rotinas relacionadas à administração, manejo para conservação dos recursos naturais.

252

Este programa é responsável por determinar quais ações serão executadas e desenvolvidas na RPPN Lontra, desde seleção e contratação de pessoal até o controle fiscal e contábil, monitoramento dos programas, controle de custos, cronograma de execução das atividades, registros, relatórios diversos, acervos fotográficos e visitação direcionada à educação ambiental, assim como definir nomes as trilhas e divisas da área da RPPN Lontra, enfim, todas ações de ordem administrativa.

Além disso, o que se pretende com este programa de administração é que haja um controle maior de todas as ações necessárias para o desenvolvimento dos programas na RPPN Lontra, já que os programas dependem de infraestrutura necessária para o seu bom andamento.

3.5.1.1. RESULTADOS ESPERADOS

• Registros contábeis organizados e atualizados;

• Registros, relatórios e acervos fotográficos arquivados e disponíveis;

• Colocação das placas sinalizadoras, para cada zona, materiais necessários para

cada programa;

• Controle dos custos de cada programa;

• Controle e monitoramento das espécies exóticas;

• Controle de erosão e recuperação de áreas degradadas;

• Desenvolvimento de ações educativas e de pesquisa científica;

253

• Na área da propriedade desenvolver ações que minimizem o impacto

ambiental, mudando de forma gradativa as técnicas empregadas;

• Nomes das trilhas definidas e utilizadas;

• Placas de identificação instaladas;

3.5.1.2. ATIVIDADES

• Com o intuito de diminuir os custos da RPPN Lontra, contratar profissionais

temporários para alguns serviços, como por exemplo, manutenção das trilhas,

serviços regularização das cercas;

• Executar as ações planejadas para a recuperação das áreas;

• Fazer acompanhamentos periódicos das espécies exóticas;

• Fazer o registro contábil, mantê-lo atualizado e arquivá-lo;

• Contatar e promover parcerias com instituições e organizações que atuem na

área ambiental para ampliação dos conhecimentos legais, com líderes

comunitários, prefeituras para buscar um maior incentivo as práticas de

educação e preservação ambiental;

• Proporcionar a educação ambiental (através de cursos e palestras) à população

do entorno, à comunidade e nas escolas através de visitas aos alunos

demonstrando assim a importância da RPPN Lontra para a região;

• Fazer recibos de todos os pagamentos a pessoal que não seja contratado através

de carteira de trabalho (CLT);

254

• Executar atividades administrativo-financeiras, contratar pessoal (com carteira

assinada – em regime da CLT) que seja necessário para a execução e manutenção

dos programas;

• Priorizar a contratação de pessoal que seja da região e proximidades onde está

situada a RPPN Lontra;

• Fazer relatórios de todo tipo de despesas, gastos com pessoal e das atividades

realizadas, atualizando sempre que necessário;

• Além de monitorar os gastos, fazer orçamentos e planejamento de todos os

gastos que são necessários para a execução das atividades de cada programa por

zona. E manter atualizado;

• Identificação dos limites e trilhas. Definir os nomes para trilhas no interior da

RPPN, para facilitar a comunicação e localização das atividades de fiscalização e

visitação.

3.5.1.3. NORMAS

• Para a execução de quaisquer obras na propriedade, observar e seguir o que é determinado pela legislação;

• Priorizar a recuperação das áreas;

• Fazer controle frequente através de acompanhamento das espécies exóticas;

• Sinalizar as áreas da reserva, colocando placas de identificação (com informações técnicas sobre a RPPN, como tamanho e data de criação da UC) nas entradas principais e em pontos estratégicos de acesso.

255

3.5.2. PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO - PPF

Parte das ameaças à integridade da reserva são a caça, a captura de animais, a pesca,

o corte seletivo de árvores e o uso do fogo nas áreas do entorno. Este programa inclui

ações direcionadas às atividades de proteção e fiscalização da RPPN Lontra, com o

objetivo de manter a sua integridade física e biológica. Entre essas ações, tem-se:

estratégias de fiscalização; lista de equipamentos e infra-estrutura para proteção e

fiscalização; estabelecimento de procedimentos para controle e combate à incêndios

florestais; regras de segurança para funcionários e visitantes;

3.5.2.1. RESULTADOS ESPERADOS

• Possuir um plano de segurança para coibir atividades ilegais;

• Ter controle do destino dado aos resíduos sólidos gerados dentro da área;

• Controlar o uso do Fogo na região do entorno através de fiscalização e

promover a educação da população vizinha no sentido de se obter o

conhecimento sobre o uso do fogo, seus riscos e conseqüências.

3.5.2.2. ATIVIDADES

• Ter EPI’s (equipamentos de proteção individual) e kits de segurança disponíveis e

acessíveis a colaboradores e visitantes;

256

• Realizar manutenção periódica dos equipamentos de primeiros socorros e

acompanhar a validade dos mesmos para realizar a substituição em tempo hábil.

• Estabelecer um plano de emergência para os casos de acidentes e incêndios e

oferecer treinamentos e determinar equipe que fará parte da brigada de incêndio.

• Fazer com que todos os colaboradores tenham conhecimento das técnicas para os

casos de emergência;

• Utilizar as normas de prevenção ao fogo e de acidentes com animais peçonhentos.

• Fazer acompanhamento com relatórios nos casos em que houver acidentes na

RPPN para determinar técnicas que possam ajudar na prevenção e evitá-los;

• Colocar uma guarita para fiscalização;

• Estabelecer um guia responsável pela fiscalização;

• Criar um roteiro de fiscalização para realizar vistorias mensalmente ou

quinzenalmente a todas as áreas da RPPN o que contribuirá para a conservação e

preservação, bem como na prevenção a incêndios;

• Ter uma parceria com a Polícia Ambiental;

• Sinalizar todas as áreas destinadas à visitação;

• Ter a infra-estrutura instalada e corredores específicos para facilitar a fiscalização;

• Manter as vias de acesso à RPPN Lontra acessíveis;

257

3.5.2.3. NORMAS

• Priorizar a segurança de funcionários, proprietário, pesquisadores e visitantes;

• Tornar as ações de educação ambiental prioridade, o que a médio e longo

prazo irá ser determinante na proteção da RPPN Lontra;

• Fiscalizar as atividades realizadas evitando ações que prejudiquem a

conservação da reserva.

3.5.3. PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO - PPM

O PPM refere-se às ações necessárias para incentivo à pesquisa, bem como regras

para seu cumprimento e definição de prioridades. Também apresenta sugestões de

atividades e indicadores para monitoramento da qualidade ambiental da unidade e

do impacto do uso público.

Este programa tem como meta fornecer subsídios para a proteção e o manejo efetivo,

a médio e longo prazo, permitindo ajustes no decorrer do tempo. O PPM deve ter

uma flexibilidade necessária para se adequar as características específicas

encontradas pela área, considerando-se os níveis físicos, biológicos e

socioeconômicos.

3.5.3.1. RESULTADOS ESPERADOS

• Acompanhar a biota e avaliar possíveis impactos causados pela visitação nas

áreas;

258

• Monitorar a recuperação das áreas degradadas e a regeneração florestal;

• Realizar estudos de viabilidade de projetos que possibilitem o desenvolvimento

sustentável na região do entorno da RPPN Lontra;

• Estimular e realizar estudos e pesquisas na reserva, através de parcerias com

instituições de ensino e pesquisa da região;

• Manter monitoramento das atividades realizadas na área.

3.5.3.2. ATIVIDADES

• Realizar pesquisas para as espécies ameaçadas de extinção e endêmicas do

bioma;

• Mensalmente registrar todas as atividades realizadas e fazer relatórios das

atividades que prejudiquem o bom andamento da RPPN. Após isso, gerar

relatórios para planejar as próximas atividades a serem desenvolvidas por

área da RPPN Lontra e os investimentos que serão necessários;

• Semestralmente acompanhar o andamento do planejamento das atividades e

ações que foram estabelecidas para o ano através dos relatórios mensais;

• Anualmente fazer relatório das ações e atividades programadas para o ano e

que não foram realizadas e incluí-las no planejamento anual do ano seguinte;

• Realizar avaliações sobre o planejamento das atividades, entre as pessoas

envolvidas direta e indiretamente como forma maior de interação com a

comunidade e com todos os envolvidos diretamente com o manejo da RPPN

259

Lontra. Fazer isto preferencialmente na metade do ano para possibilitar as

mudanças necessárias no planejamento anual;

• Contratar profissional independente para fazer a avaliação final que servirá

para a realização do planejamento anual das atividades para o ano seguinte e

que servirá para os próximos três anos;

• Verificar através de pesquisas nas áreas de visitação possíveis impactos

causados observando a ocorrência de diminuição das espécies nestas áreas;

• Realizar estudos sobre a fauna, a localização dentro de cada zona e a sua

sazonalidade;

• Fazer estudos para verificar possíveis ações que possibilitem o

desenvolvimento econômico da região de forma sustentável e

• Estimular estudos sobre ações que incentivem a proteção da RPPN Lontra.

3.5.3.3. NORMAS

• Para a função de pesquisador, exigir a contratação de pessoal com cadastro junto

às instituições de pesquisa e de ensino;

• Disponibilizar o resultado da pesquisa na área de visitação para contribuir para as

próximas ações desenvolvidas para ajudar na conservação da área e em projetos

de educação e conscientização ambiental de visitantes;

• Todas as pesquisas realizadas na RPPN Lontra envolvendo a coleta das espécies

da flora e fauna deverão seguir as normas e procedimentos determinados pelo

SISBIO;

260

3.5.4. PROGRAMA DE VISITAÇÃO - PV

Este programa tem como objetivo promover a educação ambiental e disseminar a

importância da RPPN Lontra para alunos e demais interessados.

3.5.4.1. RESULTADOS ESPERADOS

• Um programa de visitação planejado visando à proteção da reserva;

• Sensibilização dos visitantes quanto à importância da conservação ambiental;

• Promover a conscientização ambiental e a mudança de comportamento de

visitantes e

• Disseminação de informações referentes à RPPN Lontra.

3.5.4.2. ATIVIDADES

• Criar projeto específico sobre a visitação na reserva;

• Estabelecer treinamento de primeiros socorros a todos que fazem parte da

RPPN Lontra;

• Especificar equipamentos de segurança (EPIs) indicados no programa de

administração para visitantes, membros e colaboradores na RPPN;

• Avaliar os impactos causados na fauna e flora em decorrência da visitação

através de estudos que deverão ser realizados a médio e longo prazo para

prevenir e minimizar os impactos;

• Aplicar metodologias existentes para determinação da capacidade de carga da

261

área. Esta metodologia somente poderá ser aplicada quando houver visitação

que possibilite a visualização da interação das pessoas com o meio ambiente;

• Destacar através das ações de promoção da educação ambiental, o

comportamento esperado na RPPN Lontra, informando a cerca da

importância da reserva ambiental;

• Instalar se necessário, uma torre de observação com base nos objetivos da

permacultura, observando cuidados na sua construção para que tenha o

menor impacto ambiental para a RPPN;

• Nas áreas de acesso à visitação colocar porteiras com guarita onde deverão ser

dadas orientações aos visitantes, e também indicações através de placas

sinalizando o local para estacionamento de veículos, proibindo assim o acesso

na área;

• Pretende-se apoiar as visitas de escolas, com baixo impacto, através da

divulgação das trilhas interpretativas;

• Será criado um roteiro de interpretação ambiental com pontos de paradas nas

trilhas e assuntos a serem abordados;

• Todos os visitantes serão instruídos a minimizar os impactos a área e

• Poderá ser elaborado material impresso (folder, manual do visitante).

262

3.5.4.3. NORMAS

• Nas guaritas dos acessos terão sistemas de comunicação via rádio;

• Não é permitida a extração de flores, galhos, etc. Não é permitido jogar resíduos

no chão, bem como lanchar no interior da reserva;

• A RPPN Lontra será aberta para visitação com autorização e agendamento prévio

com a administração;

• As trilhas serão guiadas por um representante capacitado da RPPN;

• O condutor deverá disseminar o conceito da categoria RPPN, com foco na

importância da conservação da biodiversidade realizada pela iniciativa privada.

• Priorizar a visitação de acadêmicos até o ensino fundamental;

3.5.5. PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA - PSE

O PSE tem como objetivo buscar fontes de recursos para implantação dos programas

de manejo e projetos específicos.

Este programa é destinado a auxiliar na identificação de potenciais fontes de recursos

financeiros e formas de captação. Também trata das atividades desenvolvidas pela

própria RPPN Lontra para captar recursos como cobrança de ingressos, vendas de

produtos, prestação de serviços, entre outros.

263

3.5.5.1. RESULTADOS ESPERADOS

• Realizar avaliação de serviços ambientais;

• Buscar potenciais apoiadores;

• Levantamento de potenciais apoiadores;

• Negociação do repasse do ICMS Ecológico para auxiliar na manutenção da

propriedade e

• Destinar uma verba mensal das atividades econômicas do proprietário para a

manutenção e fiscalização da RPPN Lontra.

3.5.5.2. ATIVIDADES

• Enviar projetos específicos de acordo com editais de apoio;

• Ter uma lista de financiadores que apóiam projetos e ações em UC;

• Manter atualizada uma lista de financiadores que apóiam projetos e ações em

UC;

• Negociar o repasse do ICMS Ecológico com as Prefeituras Municipais;

3.5.5.3. NORMAS

• O proprietário deve avaliar a origem da fonte de recursos recebida e obedecer

à legislação pertinente para transações financeiras.

264

3.5.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO - PC

Aborda questões relacionadas à divulgação da RPPN: estratégias de marketing e

inserção na mídia; relações públicas; envolvimento e cooperação interinstitucional;

relação com moradores do entorno da área; e demais atividades necessárias a

divulgar os objetivos da RPPN Lontra e suas atividades.

3.5.6.1. RESULTADOS ESPERADOS

• Divulgar todas as ações que são desenvolvidas na reserva, especialmente os

objetivos e o papel da RPPN Lontra;

• Dar visibilidade para as atividades desenvolvidas na RPPN Lontra e na

propriedade Lontra/Saudade e

• Divulgar as atividades implementadas no entorno imediato.

3.5.6.2. ATIVIDADES

• Participar de palestras e eventos ambientais;

• Divulgar notícias sobre os projetos desenvolvidos na RPPN Lontra em mídia local;

• Criar espaços na internet para divulgar a RPPN, através das redes sociais e

• Produzir materiais de divulgação de educação ambiental e institucional da RPPN

Lontra (vídeos, folders, exposição de fotos, stands em feiras e eventos ambientais e

outros materiais de divulgação).

265

3.5.6.3. NORMAS

• Os resultados de estudos e pesquisas somente deverão ser publicados mediante

autorização do pesquisador;

• Ter como princípio básico a ética em todas as publicações feitas;

• Todas as publicações deverão seguir as normas da ABNT, Associação Brasileira de

Normas Técnicas.

3.6. PROJETOS ESPECÍFICOS

Para o Plano de Manejo recomenda-se a execução de algumas atividades que

poderão contribuir na proteção e restauração, divulgação e sustentabilidade desta

unidade de conservação. Essas atividades estão atreladas ao Programa de Pesquisa e

Monitoramento – PPM, sendo importante firmar parcerias com instituições de ensino

e pesquisa da região, bem como fornecer condições favoráveis para a execução das

pesquisas na reserva. São elas:

3.6.1. PESQUISAS PRIORITÁRIAS

• Fazer levantamento sobre a atividade de pesca e caça na região da RPPN;

• Realizar o levantamento, em todas as áreas da RPPN Lontra, promovendo a

eliminação das espécies exóticas;

• Elaborar programa de recomposição de mata ciliar em trechos críticos

identificados na área da RPPN e Entorno;

266

• Estimular a produção de guias ilustrados sobre a ictiofauna da RPPN Lontra e

região;

• Realizar monitoramento da ictofauna de longo prazo na região;

• Realizar um inventário mais completo da ictiofauna, visando ampliar as

informações sobre a biologia das espécies de peixes do Riacho Seco na RPPN

Lontra;

• Realizar um estudo sistemático e sazonal sobre a Herpetofauna na RPPN Lontra.

Este estudo deve objetivar os seguintes aspectos sobre a herpetofauna local:

distribuição, história natural, sazonalidade reprodutiva, tipos de reprodução,

habitats de reprodução, predação e hábito alimentar;

• Um trabalho de longo prazo que contemple amostragens em todas as estações do

ano é recomendado para conhecer a riqueza e diversidade de aves da RPPN.

Sugere-se que sejam empregadas metodologias específicas para cada grupo de

aves (aves diurnas, noturnas e de rapina).

• É essencial a realização de estudos em longo prazo para avaliar as estimativas

populacionais de mamíferos de pequeno, médio e grande porte na RPPN Lontra e

entorno, a fim de verificar a viabilidade das populações e reconhecer os efeitos das

pressões e ameaças existentes;

• Execução de área afetada pelo escorregamento, com execução de canaletas de

crista e de descidas de água com posterior realização de plantação de leivas no

local, para se evitar ocorrência de processos erosivos e para recuperação da

vegetação local e

• O monitoramento periódico da qualidade das águas superficiais.

267

3.6.2. ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NO ENTORNO

IMEDIATO

Essas atividades estão atreladas aos seguintes programas: Programa de Proteção e

Fiscalização – PPF; Programa de Pesquisa e Monitoramento – PPM; Programa de

Visitação – PV; e Programa de Comunicação - PC.

• Pesquisas que busquem enfatizar a necessidade de proteção dos recursos hídricos,

das áreas de recarga e das matas ciliares;

• Trabalhos de educação ambiental no entorno imediato, com crianças das escolas, e

trabalhos de educação ambiental que sejam voltados para mudança das práticas

do uso e ocupação do solo.

• A educação ambiental no entorno imediato é aconselhável para minimizar as

atividades de captura e caça ilegal de aves e mamíferos na região, enfatizando a

importância da fauna para a manutenção do ecossistema.

• Um programa de monitoramento do impacto dos animais domésticos sobre a

fauna local.

• Educação sobre o uso do fogo na área do entorno será necessário para poder

prevenir possíveis incêndios dentro da RPPN Lontra ou nos corredores ecológicos

ligados a reserva;

• Também são necessárias medidas de recuperação ambiental na área de entorno, o

que deve ser feito de forma cooperativa com a comunidade local, conscientizando-

os da importância desta região como área de proteção, principalmente das

nascentes que são fonte de água, recurso tão ameaçado na atualidade;

• Pesquisas que visem orientar os produtores rurais do entorno para que consigam

aproveitar os recursos naturais de maneira mais responsável;

268

• Estudos de impacto da introdução de espécies exóticas e/ou invasoras no entorno

da RPPN Lontra, já que é necessário cada vez mais acompanhar se essas

atividades estão respeitando as bases ambientalmente sustentáveis;

• A preservação das matas ciliares de cursos d’água da RPPN e entorno é

fundamental na manutenção de abrigos e corredores ecológicos para várias

espécies da mastofauna. A conectividade entre a RPPN Lontra e outros

remanescentes florestais e pode se dar através da recuperação das matas ciliares

em parceria com os proprietários de terras adjacentes a RPPN.

• As áreas de Proteção Permanente e Reservas Legais das propriedades do entorno

também podem servir de corredores para a mastofauna e deve ser incentivado o

cumprimento da legislação pertinente e

3.7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS

Este item apresenta um cronograma preliminar para o custeio e investimentos dos

programas para o plano de manejo da RPPN Lontra para o período inicial em 2011.

Este orçamento inclui a criação de uma base central de coordenação do PM, além da

manutenção das atividades correntes das oito zonas de manejo.

As despesas de custeio e investimentos foram agrupadas de forma a refletir a

operação dos Programas de Manejo e a facilitar a reflexão sobre as necessidades

futuras da base de administração central e dos núcleos. O quadro 23 mostra o

cronograma de atividades e custos para as descrições das ações que serão

implantadas, determinando o período e as fontes de recursos financeiros que serão

empregados.

269

Quadro 23 - Cronograma de Atividades e Custos para as atividades da RPPN Lontra.

Custo Anual Programas e Projetos Descrição Frequência Previsto (R$)

A depender da ação Programa de Atividades descritas varia de mensal a R$ 10.000,00 Administração - PA no item 3.5.1.2. anual.

A depender da ação Programa de Proteção e Atividades descritas varia de semanal a R$ 30.000,00 Fiscalização - PPF no item 3.5.2.2. anual.

A depender da ação Programa de Pesquisa e Atividades descritas varia de mensal a R$ 15.000,00 Monitoramento - PPM no item 3.5.3.2. quinquenal.

Atividades descritas Programa de Visitação - PV Semestral. R$ 10.000,00 no item 3.5.4.2.

Programa de Atividades descritas Sustentabilidade Anual R$ 5.000,00 Econômica - PSE no item 3.5.5.2.

A depender da ação Programa de Comunicação Atividades descritas varia de semanal a R$ 10.000,00 - PC no item 3.5.6.2. anual.

A depender da ação Atividades descritas Pesquisas Prioritárias varia de mensal a R$ 50.000,00 no item 3.6.1. quinquenal.

Atividades a serem A depender da ação Atividades descritas desenvolvidas no entorno varia de mensal a R$ 20.000,00 no item 3.6.2. imediato quinquenal.

Custo Anual Total Previsto (R$) R$ 150.000,00

270

3.8. INFORMAÇÕES FINAIS

3.6.1. MEMORIAL DESCRITIVO DA RPPN: RPPN FAZENDA LONTRA/SAUDADE

Nome do Imóvel: Fazenda Lontra/Saudade Comarca: Entre Rios - BA

Proprietário: Copener Florestal ltda

Municípío: Entre Rios UF: Bahia

Matrícula: R-6997

Área: 1377,33 ha

Profissional: João Carlos Zenaide de Oliveira CREA : 1RJ: 56471/0 Visto/BA:

Alves 8909

Coordenadas Geográficas - SAD69

A RPPN do imóvel Fanda Lontra/Saudade inicia-se no Ponto 1 de coordenadas

LATITUDE -11°56'29,31" e LONGITUDE -38°03'54,83", segue até o Ponto 2 de coordenadas LATITUDE -11°56'42,54" e LONGITUDE -38°03'55,82", segue até o

Ponto 3 de coordenadas LATITUDE -11°56'55,32" e LONGITUDE -38°03'59,43", segue até o Ponto 4 de coordenadas LATITUDE -11°57'07,17" e LONGITUDE -38°04'05,52", segue até o Ponto 5 de coordenadas LATITUDE -11°57'17,63" e LONGITUDE -

38°04'13,87", segue até o Ponto 6 de coordenadas LATITUDE -11°57'26,30" e

LONGITUDE -38°04'24,13", segue até o Ponto 7 de coordenadas LATITUDE -

11°57'32,85" e LONGITUDE -38°04'35,94", segue até o Ponto 8 de coordenadas

LATITUDE -11°57'37,01" e LONGITUDE -38°04'48,82", segue até o Ponto 9 de coordenadas LATITUDE -11°57'38,64" e LONGITUDE -38°05'02,28", segue até o

Ponto 10 de coordenadas LATITUDE -11°57'37,67" e LONGITUDE -38°05'15,81", segue até o Ponto 11 de coordenadas LATITUDE -11°57'34,14" e LONGITUDE -

271

38°05'28,89", segue até o Ponto 12 de coordenadas LATITUDE -11°57'28,18" e

LONGITUDE -38°05'41,01", segue até o Ponto 13 de coordenadas LATITUDE -

11°57'20,03" e LONGITUDE -38°05'51,71", segue até o Ponto 14 de coordenadas

LATITUDE -11°57'09,98" e LONGITUDE -38°06'00,57", segue até o Ponto 15 de coordenadas LATITUDE -11°56'58,45" e LONGITUDE -38°06'07,26", segue até o

Ponto 16 de coordenadas LATITUDE -11°56'45,85" e LONGITUDE -38°06'11,52", segue até o Ponto 17 de coordenadas LATITUDE -11°56'32,69" e LONGITUDE -

38°06'13,19", segue até o Ponto 18 de coordenadas LATITUDE -11°56'19,46" e

LONGITUDE -38°06'12,19", segue até o Ponto 19 de coordenadas LATITUDE -

11°56'06,67" e LONGITUDE -38°06'08,58", segue até o Ponto 20 de coordenadas

LATITUDE -11°55'54,82" e LONGITUDE -38°06'02,48", segue até o Ponto 21 de coordenadas LATITUDE -11°55'44,36" e LONGITUDE -38°05'54,14", segue até o

Ponto 22 de coordenadas LATITUDE -11°55'35,69" e LONGITUDE -38°05'43,87", segue até o Ponto 23 de coordenadas LATITUDE -11°55'29,15" e LONGITUDE -

38°05'32,07", segue até o Ponto 24 de coordenadas LATITUDE -11°55'24,98" e

LONGITUDE -38°05'19,19", segue até o Ponto 25 de coordenadas LATITUDE -

11°55'23,35" e LONGITUDE -38°05'05,73", segue até o Ponto 26 de coordenadas

LATITUDE -11°55'24,32" e LONGITUDE -38°04'52,20", segue até o Ponto 27 de coordenadas LATITUDE -11°55'27,86" e LONGITUDE -38°04'39,12", segue até o

Ponto 28 de coordenadas LATITUDE -11°55'33,82" e LONGITUDE -38°04'27,01", segue até o Ponto 29 de coordenadas LATITUDE -11°55'41,97" e LONGITUDE -

38°04'16,31", segue até o Ponto 30 de coordenadas LATITUDE -11°55'52,01" e

LONGITUDE -38°04'07,44", segue até o Ponto 31 de coordenadas LATITUDE -

11°56'03,55" e LONGITUDE -38°04'00,75", segue até o Ponto 32 de coordenadas

LATITUDE -11°56'16,14" e LONGITUDE -38°03'56,49", seguindo até o Ponto 1, ponto inicial da descrição deste perímetro.

272

4. PARTE D

4.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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4.3. GLOSSÁRIO

Para os fins previstos neste plano de manejo serão abordados as seguintes palavras chaves, definidas segundo o Art. 2° da LEI N° 9.985, de 18 de julho de 2000:

I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais,

incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,

legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites

definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias

adequadas de proteção;

II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza,

compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a

restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o

maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu

potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e

garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral;

III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as

origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e

outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte;

compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de

ecossistemas;

IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e

subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da

biosfera, a fauna e a flora;

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V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais;

VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais;

VII - conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características;

VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas;

IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais;

X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais;

XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável;

XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis;

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XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original;

XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original;

XV - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz;

XVI - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade; e

XVII - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de

áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

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5. ANEXOS

5.1. ANEXO 1 – ORTOFOTO DA RPPN LONTRA/SAUDADE

5.1. ANEXO 2 - MAPA DO ZONEAMENTO AMBIENTAL

5.2. ANEXO 3 - MAPA DE VEGETAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

5.3. ANEXO 4 - ANOTAÇÕES DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA

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