Uma Missão Para O Império: Política Missionária E O “Novo Imperialismo” (1885-1926)
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PROGRAMA INTERUNIVERSITÁRIO DE DOUTORAMENTO EM HISTÓRIA Universidade de Lisboa, ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Universidade Católica Portuguesa e Universidade de Évora Uma Missão para o Império: Política missionária e o “novo imperialismo” (1885-1926) Hugo Filipe Gonçalves das Dores Doutoramento em História Especialidade «Impérios, Colonialismo e Pós-Colonialismo» Tese orientada pelos Professores Doutores António Costa Pinto, Miguel Bandeira Jerónimo e António Matos Ferreira Ano 2014 Tese financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, fundos nacionais do MCTES Referência da Bolsa: SFRH/BD/63422/2009 UMA MISSÃO PARA O IMPÉRIO II UMA MISSÃO PARA O IMPÉRIO RESUMO Este trabalho procura compreender o processo histórico de constituição de uma política missionária no império colonial português, num período de crescente internacionalização da problemática da religião e das missões nos contextos imperial e internacional, com a afirmação da liberdade missionária e da tolerância religiosa enquanto princípios essenciais na obra “civilizacional” europeia nos espaços coloniais africanos. A análise da complexidade de um processo que relaciona “missão” e “império”, nas suas múltiplas expressões históricas e manifestações geográficas, é feita a partir de três dimensões essenciais para o debate empreendido pelos actores históricos da época: a dimensão católica, com a centralidade da problemática padroeira e a procura de uma solução concordatária como forma de auxiliar a consolidação da soberania imperial portuguesa em África; a dimensão protestante, vista como “ameaça” ao império, sublinhando as percepções formadas em torno do seu carácter «herético» e, principalmente, «estrangeiro», cruciais para o argumentário colonial português; a dimensão republicana, com as vicissitudes para a definição de uma política missionária nacionalizadora e os limites da aplicabilidade de uma estratégia legislativa iminentemente ideológica. Abrangendo o período que vai da Conferência de Berlim (1885) à publicação do Estatuto de João Belo (1926), este estudo tem como objectivo principal interrogar o lugar do projecto missionário português nas dinâmicas históricas do “novo imperialismo”, interpelando os acontecimentos e os processos históricos que promoveram e condicionaram a formulação de uma política missionária no império colonial português em África. Palavras-Chave: Portugal, África, missão, império colonial, política missionária, Concordata, protestantismo, República Portuguesa, Santa Sé, Direito internacional. III UMA MISSÃO PARA O IMPÉRIO ABSTRACT This study intends to understand the historical process of the constitution of a missionary policy in the Portuguese colonial empire, in a period marked by an increasing internationalization of religious and missionary issues in imperial and international contexts, with the affirmation of missionary freedom and religious tolerance as fundamental principles in the European “civilizational” work in the African colonial spaces. The analysis of the complexity of a process that relates “mission” and “empire”, in their multiple historical expressions and geographical manifestations is based on three main dimensions which were essential to to the debate undertaken by the actors of the time: the Catholic dimension, with the centrality of the Patronage question and the pursuit of a concordatory solution as an auxiliary to the consolidation of Portuguese imperial sovereignty in Africa; the Protestant dimension, seen as a “threat” to the empire, addressing the perceptions formed over its character as “heretical”, and specially, as “foreigner”, which were crucial to the Portuguese rhetoric; he Republican dimension, with the ups and downs of the definition of a nationalizing missionary policy and the limits of the applicability of a particularly notable ideological legislative strategy. Covering the period from the Berlin Conference (1885) to the publication of the Statute of João Belo (1926), this study aims to assess the place of the Portuguese missionary project in the historical dynamics of the “new imperialism”, focusing on the historical events and processes that promoted and conditioned the formulation of a missionary policy in the Portuguese colonial empire in Africa. Key words: Portugal, Africa, mission, colonial empire, missionary policy, Concordat, protestantism, Portuguese Republic, Holy See, international Law. IV UMA MISSÃO PARA O IMPÉRIO AGRADECIMENTOS A primeira palavra de agradecimento deverá ser dada de igual modo a duas pessoas que foram fundamentais para que este trabalho se iniciasse, progredisse e, finalmente, se concluísse: António Matos Ferreira e Miguel Bandeira Jerónimo. Inicialmente a tese que me havia proposto fazer em nada se relacionava com este tema. Não havia império, nem missões. Contudo, numa feliz casualidade, o meu interesse nestas duas questões, lentamente alimentado pelo acolhimento que o Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa me concedeu, desde 2009, em especial na pessoa de António Matos Ferreira, encontrou eco aquando de uma apresentação feita por Miguel Bandeira Jerónimo, num seminário do meu programa doutoral. Foi necessário convencer um e outro para aceitarem orientar uma tese que conjugassem império e missões. A disponibilidade de ambos foi enorme, apesar da minha insistência para que o António Matos Ferreira se dispusesse a integrar oficialmente a minha “equipa de orientação”, da qual viria, também, a fazer parte António Costa Pinto. Tenho de lhe agradecer a amabilidade em aceitar a orientação do meu trabalho e o respaldo institucional que isso me proporcionou no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Por outro lado, gostava de deixar expresso o entusiasmo com que frequentei o Programa InterUniversitário de Doutoramento em História, que de certo modo, permitiu-me alargar os meus horizontes científicos e historiográficos, além de ter sido no seu âmbito que decorreu o encontro casual que alteraria o meu percurso de investigação. Quero agradecer a todos os meus eminentíssimos colegas, jovens investigadores, da 2.ª edição do PIUDH que pacientemente me escutaram, ouviram as minhas observações e cujo convívio deu origem a uma comunidade pensante muito particular. Acima de tudo, permitiram que o doutoramento, amplamente apregoado como solitário, se tornasse um processo pontuado de intercâmbios de conhecimento. Hoje sei muito mais, também por causa de todos eles. Ao PIUDH queria agradecer as possibilidades dadas, nomeadamente, no acesso aos recursos de cada uma das instituições participantes, com destaque para as suas diferentes bibliotecas. Também quero sublinhar a importância crucial do apoio financeiro atribuído pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, na concessão de uma bolsa de doutoramento, nas contribuições para diversas missões científicas ao estrangeiro e, V UMA MISSÃO PARA O IMPÉRIO principalmente, por ter aceitado a mudança do meu plano inicial de trabalho. Sem isto, a tese, agora apresentada, teria contornos bem diferentes. Esse apoio financeiro foi complementado pelo auxílio de diferentes arquivos e bibliotecas. Deixo o meu obrigado ao Arquivo Histórico-Diplomático e ao Arquivo Histórico-Ultramarino, pelo valioso contributo das suas fontes e a ajuda que aí me foi prestada. À Martha Smalley, bibliotecária da Yale Divinity School, pela assistência dada durante uma semana em New Haven; ao Professor Onésimo Teotónio de Almeida e ao Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University, cujo acolhimento me abriu portas à riqueza do mundo académico americano; à FLAD, pelo apoio dado à minha estadia nos Estados Unidos; ao KADOC, em especial ao Jan de Maeyer e à Carine Dujardin, por colocarem à minha disposição recursos sobre a perspectiva belga que, infelizmente, várias vicissitudes deixaram de lado; ao Pontifício Colégio Português de Roma e ao Instituto Português de Santo António em Roma, pela hospitalidade sempre amistosa que engrandeceu os resultados práticos da investigação feitas nos riquíssimos arquivos do Vaticano; ao projecto Globiber da Casa de Velázquéz (École des Hautes Études Hispaniques et Ibériques), em especial ao Stéphane Michonneau e ao Xavier Huetz de Lemps, pelo apoio disponibilizado numa fase final da minha investigação e pelo interesse no meu trabalho; ao Centro de Estudos de História Religiosa, por me receber como membro. Agradeço-lhes por isso. Quero agradecer a todos aqueles que, nestes últimos anos, de uma forma ou de outra, mostraram um sincero interesse ou uma simples curiosidade por aquilo que pacientemente ia investigando, lendo, descobrindo e escrevendo. Aos meus amigos e colegas. Não posso deixar de dar um agradecimento especial à Kate Burlingham e ao Jelmer Vos que, após grande insistência, que enviaram as suas teses, ainda por publicar, para que de alguma forma pudessem ajudar-me a ter um novo olhar sobre algumas questões. À minha família, agradeço a afeição e um certo entusiasmo por algo longe dos seus afazeres quotidianos. Um muito obrigado. À Cátia, pelo que é e por quem é, especialmente para mim. VI UMA MISSÃO PARA O IMPÉRIO ÍNDICE INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1 PENSAR A MISSÃO NO IMPÉRIO .................................................................................. 1 PROBLEMAS E DINÂMICAS DA MISSÃO ....................................................................... 7 ESTUDAR “UMA MISSÃO PARA O IMPÉRIO” ..............................................................