O Jornal da Vitivinicultura e da Agricultura Familiar

Ano X - número 100 - Outubro de 2017 www.avindima.com.br | facebook.com/AVindima Edição 100 Neste especial conheça o dia a dia e a quais culturas se dedicam algumas das famílias que trabalham no meio rural e acompanham o A Vindima

Alto Antônio Prado Bento Gonçalves Canela Casca Cotiporã Fagundes

Varela Guaporé Ipê Marau Nova Araçá Nova Pádua Nova Petrópolis

Nova Prata Paraí Protásio Alves São Jorge São Marcos São Valentin do Sul Antônio Prado Bento Gonçalves Campestre da Serra Canela Carlos Barbosa Casca Caxias do Sul Coronel Pilar Cotiporã Fagundes Varela Farroupilha Flores da Cunha Gramado Guaporé

Ipê Marau Monte Belo do Sul Nova Araçá Nova Bassano Nova Pádua Nova Petrópolis Nova Roma do Sul Paraí Protásio Alves São

Jorge São Marcos São Valentin do Sul Alto Feliz Antônio Prado Bento Gonçalves Campestre da Serra Canela Carlos Barbosa Casca Caxias do

Sul Coronel Pilar Cotiporã Fagundes Varela Farroupilha Flores da Cunha Gramado Guaporé Ipê Marau Monte Belo do Sul Nova Araçá Nova Bassano

Nova Pádua Nova Petrópolis Nova Prata Nova Roma do Sul Paraí Protásio Alves São Jorge São Marcos São Valentin do Sul Alto Feliz Antônio Prado

Bento Gonçalves Campestre da Serra Canela Carlos Barbosa Casca Caxias do Sul Coronel Pilar Cotiporã Fagundes Varela Farroupilha Flores da

Cunha Gramado Guaporé Ipê Marau Monte Belo do Sul Nova Araçá Nova Bassano Nova Pádua Nova Petrópolis Nova Prata Nova Roma do Sul Paraí

Protásio Alves São Jorge São Marcos São Valentin do Sul Alto Feliz Antônio Prado Bento Gonçalves Campestre da Serra Canela Carlos Barbosa

Casca Caxias do Sul Coronel Pilar Cotiporã Fagundes Varela Farroupilha Flores da Cunha Gramado Guaporé Ipê Marau Monte Belo do Sul Nova Araçá

Nova Bassano Nova Pádua Nova Petrópolis Nova Prata Nova Roma do Sul Paraí Protásio Alves São Jorge São Marcos São Valentin do Sul Alto Feliz

Antônio Prado Bento Gonçalves Campestre da Serra Canela Carlos Barbosa Casca Caxias do Sul Coronel Pilar Cotiporã Fagundes Varela Farroupilha

Flores da Cunha Gramado Guaporé Ipê Marau Monte Belo do Sul Nova Araçá Nova Bassano Nova Pádua Nova Petrópolis Nova Prata Nova Roma do Sul Paraí Protásio Alves São Jorge São Marcos São Valentin do Sul Alto Feliz Antônio Prado Bento Gonçalves Campestre da Serra Canela Carlos

Barbosa Casca Caxias do Sul Coronel Pilar Cotiporã Fagundes Varela Farroupilha Flores da Cunha Gramado Guaporé Ipê Marau Monte Belo do Sul

Nova Araçá Nova Bassano Nova Pádua Nova Petrópolis Nova Prata Nova Roma do Sul Paraí Protásio Alves São Jorge São Marcos São Valentin do Sul Alto Feliz Antônio Prado Bento Gonçalves Campestre da Serra Canela Carlos Barbosa Casca Caxias do Sul Coronel Pilar Cotiporã

Fagundes Varela Farroupilha Flores da Cunha Gramado Guaporé Ipê Marau Monte Belo do Sul Nova Araçá Nova Bassano Nova Pádua Nova

Petrópolis Nova Prata Nova Roma do Sul Paraí Protásio Alves São Jorge São Marcos São Valentin do Sul Alto Feliz Antônio Prado Bento Gonçalves

Campestre da Serra Canela Carlos Barbosa Casca Caxias do Sul Coronel Pilar Cotiporã Fagundes Varela Farroupilha Flores da Cunha Gramado

Guaporé Ipê Marau Monte Belo do Sul Nova Araçá Nova Bassano Nova Pádua Nova Petrópolis Nova Prata Nova Roma do Sul Paraí Protásio

Alves São Jorge São Marcos São Valentin do Sul Alto Feliz Antônio Prado Bento Gonçalves Campestre da Serra Canela Carlos Barbosa Casca

Caxias do Sul Coronel Pilar Cotiporã Fagundes Varela Farroupilha Flores da Cunha Gramado Guaporé Ipê Marau Monte Belo do Sul Nova Araçá

Nova Bassano Nova Pádua Nova Petrópolis Nova Prata Nova Roma do Sul Paraí Protásio Alves São Jorge São Marcos São Valentin do Sul 2 ESPECIAL EDIÇÃO 100 Outubro 2017

Uma edição

COMTEXTO INFORMAÇÃO E CONTEÚDO LTDA - ME feita com a ajuda CNPJ 22.454.981/0001-80

Rua Dr. Montaury, 435 - Sala 41 CEP 95270-000 - Flores da Cunha - RS do produtor rural Fone/Fax: (54) 99983.3588

www.avindima.com.br O A Vindima é o único jornal este momento, preparamos uma Direção: sobre vitivinicultura e agricul- publicação especial para mos- Andréia Debon, Fabiana Lavoratti e Mirian Spuldaro tura familiar da Serra Gaúcha. trar como é o dia a dia e a quais Temos orgulho em dizer que culturas se dedicam algumas Comercial: Fabiana Lavoratti (54) 99934.3288/ [email protected] também somos o único jornal das famílias que trabalham no especializado nesses temas que meio rural e acompanham o A Circulação: mensal chega diretamente à casa do Vindima. Serviços Gráfi cos: Pioneiro agricultor, permanecendo com Com a ajuda dos sindicatos ru- ele durante um mês. São 10 rais e dos escritórios municipais Os arti gos assinados são de inteira mil exemplares impressos, que da Emater, conseguimos o nome responsabilidade dos autores e não circulam em 42 municípios da de um produtor que se destaca de representam, necessariamente, o ponto de vista do Jornal A VINDIMA região com o apoio dos Sindi- alguma forma em cada cidade, catos dos Trabalhadores Rurais seja por investir em novas cultu- de cada um desses municípios, ras, em tecnologia ou aprendiza- Assinaturas além de casas agrícolas e viní- do. Feito o contato, lançamos o 12 edições: R$ 108 colas. desafi o: cada um deveria mostrar Informações: [email protected] Em outubro chegamos à edição o seu dia a dia por meio de uma só enviar a imagem e apresentar nha e Jaime (Nova Araçá), Diego de número 100. Para celebrar foto feita por celular. Depois, era a sua propriedade, o que poderia (Nova Bassano), Edite e Rosime- ser feito por um aplicativo de ri (Nova Pádua), Márcio (Nova mensagens instantâneas ou por Petrópolis), Luis Antônio (Nova e-mail. Vinte e nove famílias, de Roma do Sul), Irineo (Nova Pra- 29 cidades diferentes, compõem ta), Ana Paula e Raquel (Paraí), esse especial, o que comprova Valdecir (Protásio Alves), Alan que o agricultor está ‘antena- (Monte Belo do Sul), Altair (São do’ com as novas tecnologias e Jorge), Leandro (São Marcos) e continua dando muito valor ao Michel (São Valentin do Sul). jornal impresso como meio para Vocês e suas famílias fazem parte se informar e mostrar o orgulho da história do jornal A Vindima! que tem em trabalhar com a terra. Agora, vamos rumo aos 10 anos, Muito obrigado Jair (Alto Fe- em abril de 2018! Até lá nosso liz), André (Antônio Prado), Cel- telefone (54) 999128288 e nos- so (Bento Gonçalves), Geromildo so e-mail avindima@avindima. (Campestre da Serra), Felipe com.br continuam à disposição. (Canela), Marco (Caxias do Sul), Queremos que o nosso leitor, os Eleandro (Casca), João (Carlos nossos clientes e os amigos que Barbosa), Andriel e Guilherme acompanham o trabalho do A (Caronel Pilar), Cristian (Coti- Vindima continuem sendo parte porã), Dário (Fagundes Varela), do nosso dia a dia. Boa leitura, Diego (Farroupilha), Vágner um abraço da equipe A Vindima! (Flores da Cunha), Ricardo (Gua- Andréia Debon, Camila Bag- poré), Cássia (Gramado), Sandra gio, Fabiana Lavoratti e Mirian (Ipê), Rodrigo (Marau), Teresi- Spuldaro. Outubro 2017 ESPECIAL EDIÇÃO 100 3

Alto Feliz Antônio Prado Com cerca de três mil habitan- anos, é um deles. Na propriedade ramo da agricultura. Hoje, temos O amor pela terra e a liberdade pre bem informados e em busca tes, distribuídos em sua maioria na da família, na localidade de Canto os viveiros, que é nosso principal de conduzir o próprio negócio é de novos produtos e ferramentas área rural, de onde provém a base Canela, ele divide o trabalho com trabalho, mas há pouco tempo o que motiva o jovem agricultor para melhorar a atividade e a pro- econômica do município, Alto outras sete pessoas. Atualmente, o entramos no ramo da fruticultura, André Filippini, 29 anos, a perma- dução. “Participamos de cursos Feliz une as culturas alemã e ita- foco está nos viveiros de mudas onde temos produzido culturas necer na colônia. Ao lado dos pais, e palestras, pesquisas junto de liana. Até 1992 pertencia à cidade frutíferas, mas aos poucos ele como caqui, citros e uvas de mesa Luiz Antonio, 62 anos, e Salete, agrônomos e pela internet, novos de Feliz, quando emancipou-se e pretende investir na fruticultura. e americanas”, conta Freiberger. 64 anos, do irmão Evandro, 23 experimentos /testes na proprie- garantiu a permanência de muitas “Nasci e me criei no meio rural, Para estar sempre atualizado, o anos, e da cunhada Larissa, 17 dade. Também somos associados famílias no campo. O alto-felizen- fi quei alguns anos fora para es- agricultor pesquisa novas técnicas anos, ele conduz a propriedade ao Sindicato dos Trabalhadores se Jair Fernando Freiberger, 50 tudar, mas voltei e continuei no e tecnologias que possam auxiliar localizada na Linha 21 de Alto, Rurais que nos ajuda a fortalecer no dia a dia da propriedade que em Antônio Prado, onde produz com informações e através deste conta com vinhedos, caquizeiros uva (Niagara Rosa e Branca e Isa- temos acesso ao jornal A Vindima e o viveiro de mudas frutíferas. bel), pêssego, milho e mel, além que nos ajuda muito”, conta o “Buscamos sempre as fontes de de criar gado de corte e leiteiro jovem que irá se casar em breve e tecnologia as quais é possível para consumo próprio. que pretende continuar a moderni- implementar na propriedade com Apesar de viver no interior, zação da propriedade e seguir em o objetivo de facilitar serviços e André e os familiares estão sem- busca de especialização. melhorar as condições de vida, não somente nossas, mas de todas as pessoas que venham a consumir nossos produtos. Além disso, procuramos participar de cursos de qualifi cação profi ssional sempre que possível, buscando aprimorar formas de produção da propriedade. A forma de produzir na propriedade não visa quan- tidade de produto, mas que no fi nal seja de melhor qualidade”, valoriza o produtor. A propriedade possui uma área demonstrativa da Embrapa com quatro variedades de uva. O objetivo é o início do O agricultor Jair Fernando Freiberger investe na fruticultura ao lado da família. processo de enxertia. Família Filippini, de Antônio Prado. 4 ESPECIAL EDIÇÃO 100 Outubro 2017 Campestre da Serra Campestre da Serra nasceu do 3º distrito Castagna. de e hoje sua população estimada Criada em 2004, para o produtor Castag- é de 3,4 mil habitantes. A economia mu- na a Aprocamp gera não apenas bons frutos, nicipal é fortemente atrelada à produção mas também bons números. “Desde o início agrícola e à pecuária, a qual faz parte o da associação, a cooperação e a venda das produtor Geromildo Castagna, 45 anos. frutas com marca própria proporcionou Com propriedade localizada na Capela a todos os produtores o aumento de suas Nossa Senhora das Graças, interior do colheitas e, consequentemente, de seus município, Castagna divide o trabalho faturamentos”, destaca. com a família e produz pêssego, ameixa Além disso, a família busca de forma e caqui. Além das atividades no campo, o constante cursos que atualizem o trabalho qual sempre se dedicou, Castagna preside na agricultura, acompanhando o desenvol- atualmente a Associação de Produtores vimento da área. “Minha principal motiva- de Hortifrutigranjeiros de Campestre da ção em permanecer na colônia é saber que Serra (Aprocamp). “É uma associação trabalhamos no que é nosso e em prol de de produtores que atualmente conta com todo o país, pois a agricultura move o mun- 12 sócios. Trabalhamos com produção e do. A maior difi culdade que enfrentamos é venda de frutas e, por meio desse trabalho, depender diariamente do tempo e do clima, procuramos estar sempre nos atualizando nunca podendo ter uma certeza do dia de em busca de modernas tecnologias”, conta amanhã”, opina Castagna.

Celso Antônio Strapazzon é exemplo de diversifi cação na propriedade rural. Bento Gonçalves Importante polo industrial e turístico rais com uvas comuns, Niágara e Itália, da Serra Gaúcha, Bento Gonçalves fi gura parte delas cobertas. “Depois temos uma entre as 10 maiores economias do Rio área de 1,2 hectare de estufas onde pro- Grande do Sul e tem população estimada duzimos alface, rúcula, salsa, cebolinha, em 115 mil habitantes. Dentre as opções radici, morangos, beterraba e tomates. para visitantes está o Roteiro Caminhos Para manter a atividade sempre com- de Pedra, concebido com a realização de petitiva, a família busca auxílio junto à um levantamento do acervo arquitetônico Emater para conhecer novas tecnologias. de todo o interior do município, unindo “Procuramos empregar tecnologias na as comunidades do distrito de São Pedro, agricultura, buscando sementes/mudas de O produtor Geromildo Castagna preside atualmente a Associação de Produtores de onde mora o produtor Celso Antônio boa qualidade. Visitamos feiras fora do Hortifrutigranjeiros de Campestre da Serra. Strapazzon, 50 anos. Um exemplo de Estado, assinamos revistas para sempre diversifi cação, a propriedade da família buscar o aperfeiçoamento e a satisfação Canela conta com hortaliças e vinhedos, tudo de nossos clientes. Gostamos do que produzido com muita qualidade. Enquan- fazemos. É um serviço muito cansativo, O mundo corporativo já não satisfazia diferencial a hidroponia, um cultivo que to Celso se dedica às hortaliças, o irmão porém satisfatório”, destaca Strapazzon. mais o empresário Felipe Endress Cavallin, não existia aqui na região. Fomos pioneiros Luciano fica encarregado do trabalho Para ele, o preço dos produtos está dentro quando há cinco trocou a vida corrida na nesse tipo de cultivo. Fiz cursos em Porto nas videiras. dos desafi os da agricultura. “Os preços cidade pela tranquilidada da colônia. Foi Alegre com especialistas e sempre que A família Strapazzon sempre teve a que nos rebaixam, tornando o serviço um então que ele adquiriu uma propriedade posso busco novidades na área”, conta o agricultura como profi ssão, e a atividade tanto quanto desvalorizado, é um desafi o, no interior do município de Canela, na empreendedor. passou de geração para geração e hoje são porque tudo tem seu custo de produção. localidade de Chapadão. Com a ajuda dos Com perspectiva de crescimento em oito pessoas que se dedicam ao negócio: o Para superá-los, é importante produzir pais, João Cavallin e Ana Endress Cavallin, curto prazo, Felipe pretende ampliar a patriarca Flávio, a matriarca Gessi, a es- com qualidade e diversidade. O futuro é Felipe iniciou a produção de folhosas, rú- sua produção para atender a demanda que posa de Celso, Vilma, suas fi lhas Susana uma coisa incerta, na agricultura é impos- cula, alface e micro greens, com a marca cresce a cada dia devido à alta qualidade e Samara, o irmão Luciano e sua esposa sível saber o que dará certo, vivemos de Hidrollin Hidroponia. “Busquei como dos produtos Hidrollin. Cassiane. São cinco hectares de parrei- experiências”, compartilha Strapazzon.

Felipe Endress Cavallin largou a vida corporativa para dedicar-se à produção de hortaliças. Outubro 2017 ESPECIAL EDIÇÃO 100 5

Caxias do Sul

Com mais de 483 mil habitantes, Caxias qual circula uma solução nutritiva composta do Sul hoje é um município centralizador de água e nutrientes) é uma das tecnologias da região mais diversifi cada do Brasil, com buscadas e que é aprimorada anualmente. indústria metalmecânica de destaque. Mas “Em nossas estufas procuramos trabalhar não é apenas a área empresarial que se a planta da forma mais natural possível, moderniza, a agricultura também tem suas sem apressar seu crescimento, para que virtudes e se renova constantemente. Assim com isso ela entregue o máximo de sabor é na propriedade de Marco Antonio Toss, quando estiver pronta. A hidroponia por si 26 anos. A família trabalha com hidroponia já necessita de tecnologia para produzir em em NFT sob a marca Salute Hidroponia na alta escala e com qualidade. Um exemplo é comunidade de Bevilacqua, no distrito de o ‘timer’, que controla a adubação e água, Fazenda Souza. O trabalho em mais de 2 mil utilizando apenas o necessário para planta, metros quadrados de área resulta em uma sem desperdícios”, conta Marco. produção anual que gira em torno de 100 Para o jovem, o principal motivador em A família Toss está à frente da Salute Hidroponia. mil maços de rúcula e radicci. permanecer na área rural é ter a possibilidade que seja ajudando na qualidade de vida das trabalho. Outra meta a ser buscada é com o Com uma família enraizada na agricultura, de produzir alimentos de qualidade e ser re- pessoas”, valoriza. E se Marco sabe bem seu futuro. Precisamos mostrar às pessoas que nós, Marco tem o suporte dos pais, Ademir An- conhecido por isso. “Não existe dinheiro que motivador, também conhece os desafi os do agricultores, somos os que mais se preocupam tonio Toss e Odete Boff Toss, e do cunhado pague um simples elogio do consumidor ao setor. “Para nós a falta de mão de obra é um com o que faz parte da mesa dos consumido- Jonathan Bonella, para o trabalho que dura o comprar o produto quando o mesmo chega problema. Meus pais já estão envelhecendo e res. É no trabalho bem executado do dia a dia ano todo. O sistema de hidroponia em NFT recém-colhido nos mercados. Isso me deixa isso requer muita atenção na continuidade do que vamos colher os resultados”, reconhece. (uma técnica de cultivo em água no qual as muito alegre, pois sei que o eu faço não é em plantas crescem tendo o seu sistema radicular vão. Nós não podemos mudar o mundo, mas dentro de um canal ou canaleta através do se pudermos melhorar apenas um pedaço dele, Carlos Barbosa Casca A família Malfatti, da Linha 16 Carlos viver na colônia está na qualidade de vida, Gomes, no interior do município de Casca, aliada ao prazer de estar em contato com encontrou na agroindústria uma forma de a natureza. Além disso, Eleandro acredita diversifi car a atividade agrícola. Atualmen- que pode, sim, existir retorno fi nanceiro te o agricultor Eleandro Malfatti, juntamen- se a propriedade e os negócios forem bem te com o pai, Alcides, a mãe, Elma, a esposa geridos. “Nossa maior difi culdade atual- Graziele, e a irmã, Luana, e o cunhado, mente é na agroindústria, com a liberação Mateus Boff, dedica-se à produção de leite, da inspeção no âmbito estadual. Já na la- criação de aves em aviários, à lavoura e à voura é o baixo preço pago pelos produtos Agroindústria de Embutidos Malfatti. produzidos, o que se tentamos minimizar Para a família Malfatti, a vantagem de enxugando custos”.

João Marcos Grespan e Iracema Deitos Grespan, orgulhos do rebanho que soma 85 vacas leiteiras, na Granja Grespan. A Granja Grespan é referência na bovi- trabalho está na qualidade do leite produ- nocultura de leite em Carlos Barbosa. A zido em sua granja. E para conseguir esse propriedade, que fi ca na Linha Dezenove, item tão desejado em qualquer empreendi- interior do município, é uma das sete que mento, foi necessário muito investimento produzem leite tipo B para a Cooperativa tanto qualifi cação quanto em maquinário. Santa Clara. O produtor rural João Marcos “Para nos aperfeiçoar fazemos cursos, par- Grespan, 58 anos, quarta geração da família ticipamos de palestras e de Dias de Campo. Grespan que trabalha nesta propriedade, di- Além disso, tenho meus fi lhos fazendo uma vide o comando da lida diária com a esposa, graduação nesta área, pois conhecimento é Iracema, 51 anos, e com os fi lhos, Cleiton, a melhor maneira que temos para ver pon- 23 anos, e Cleimar, 20 anos. Atualmente, tos fortes e fracos e para melhorar a cada o rebanho conta com 85 animais, sendo dia”, destaca o produtor, citando que hoje 40 vacas em lactação, que produzem um os maiores desafi os da vida na colônia são a Anderson Verdi, Israel Barili, Mateus, Luana, Emili, Elma, Eleandro e volume diário de 1250 litros de leite. baixa remuneração paga pelo produto fi nal Graziele: a equipe que atua na agroindústria de embutidos Malfatti. Para João Marcos, o diferencial do seu e a falta de área para expandir a produção. 6 ESPECIAL EDIÇÃO 100 Outubro 2017

Coronel Pilar Fagundes Varela Os primos Andriel, 26 anos, e me, formou-se Técnico Agrícola, Com cerca de 2,7 mil ha- Guilherme Zucatto, 19 anos, foram também pelo IFRS. “O uso de bitantes, Fagundes Varela em busca de formação técnica na novas tecnologias juntamente tem no setor primário mais área da agricultura para ajudar os com a aplicação de nossos conhe- de 70% da economia do mu- pais Felisberto e Neusa, e Antonio cimentos vêm, ano após ano, au- nicípio. A agricultura local e Denise, respectivamente, na mentando nossas produções. Isso é diversificada, tem como condução da propriedade que está também traz melhor qualidade de principais produtos rurais na família desde 1957, quando foi vida, pois tudo é mecanizado e está aves, leite, suínos, uva, soja, comprada pelos avós Lirio e Anna organizado para ser feito na hora bovinos e milho. Essa varie- Zucatto. O sítio de 45 hectares e da forma mais correta possível”, dade de segmentos garantiu próprios, localizado na comuni- comenta Andriel, destacando que com que as propriedades se dade de São Jorge, na cidade de as maiores difi culdades enfrenta- fortalecessem e garantissem Coronel Pilar, é bem diversifi cado. das atualmente no campo são o a permanência do homem Atualmente, a família cultiva uvas clima e a alta carga tributária que no campo, a exemplo da americanas, batata inglesa, milho incide sobre produtos e insumos família de Dario Russi, 54 e pêssego. Neste ano, as famí- agrícolas, reduzindo a lucrativi- anos. Além da esposa Salete lias também investiram em uma dade da atividade. “A agricultura Baschetti Russi, Dario conta estufa agrícola com área de dois em nossas vidas é um negócio. com o apoio do filho Diego, mil metros quadrados, a qual será Não é apenas uma atividade. Essa que ele considera seu “braço destinada ao cultivo de tomate do é a nossa empresa. Nascemos direito” na lida com os vi- segmento Grape e Salada. no campo e nos especializamos nhedos, com a soja, o milho, Para empreender neste segmen- na produção para atingir nossas o aviário, a criação de gado to, aproveitando a oportunidade metas. Hoje, essa empresa nos leiteiro e também para corte, que receberam de seus pais, An- proporciona vidas confortáveis, e além de ovelhas, as quais a driel formou-se em Horticultura, isso nos estimula sempre mais a família cria para a venda de pelo Instituto Federal do Rio produzir e permanecer na ativida- matrizes e reprodutores da Grande do Sul (IFRS), e Guilher- de”, completa. raça Suffolk. A diversidade é uma das principais carac- Dario Russi e a esposa Salete Baschetti Russi têm como braço direito o fi lho Diego (C). terísticas da propriedade localizada na Capela Nossa tamos atravessando e os preços Entre as motivações para seguir Senhora do Rosário – mais que dão pouca margem de lucro investindo no meio rural está de 90 hectares de área. nos fazem reduzir os custos e o filho. “O Diego pretende dar Dario sempre teve a agri- segurar os investmentos. Além continuidade ao nosso trabalho cultura como fonte de renda disso, tenho o auxílio do meu na agricultura, então este é o e atualmente o setor vitícola filho Diego, meu braço direi- meu grande incentivo. Mas é o principal sustento da to”, valoriza o produtor. também nos sentimos valoriza- família. São cerca de cinco Até o ano de 2020, Dario dos no município, pois existe hectares de uva que pro- ainda se dedica à política, é o incentivo por parte do poder duzem uma média de 150 vereador do município e pro- público por meio do programa toneladas por safra. Para cura aliar o cargo público ao Impulsão Agropecuária, que be- acompanhar o mercado, o trabalho na agricultura. “Ser neficia as famílias que passam produtor busca participar de vereador me ajuda a ter mais a investir mais em suas proprie- palestras variadas, tudo para conhecimento sobre as leis, dades e também permanecem na fortalecer o negócio. “Busco maior contato com as pessoas, colônia”, complementa. informações atuais sobre criando novos conhecimentos Continuar na agricultura junto tratamentos, poda, adubação, que ajudam também no traba- com a família é o que Dario Formação dos primos Andriel e Gulherme é fundamental para a família. entre outros. A crise que es- lho da propriedade”, destaca. planeja para o futuro. Coti porã A ‘joia da Serra Gaúcha’, como liberdade de horários, de folgas, além casa e entregas na casa dos clientes. Cotiporã é conhecida devido ao seu da qualidade de vida em ter uma Procuramos partir para a plasticultura mercado de fábrica de joias, também hortinha com os nossos alimentos, para ter uma redução signifi cativa tem uma agricultura que cria ver- ter um ar puro e também de ter a pos- no uso de agrotóxicos. Utilizamos dadeiras joias, mas estas de comer. sibilidade de criar nosso fi lho com métodos e práticas de manejo como Um dos exemplos é a propriedade liberdade para ele crescer”, valoriza poda verde, raleio de grãos, desbaste de Cristian Carteri, 39 anos. Ele e a Cristian que há oito anos se tornou de galhos, tudo para evitar a proli- esposa Daniela Duz Carteri cultivam agricultor. feração de fungos e com isso o uso uvas fi nas para a venda in natura e Na comunidade da Capela São desses produtos”, destaca. também de variedades americanas. Vicente Cristian e Daniela começa- Além de integrar o programa de O investimento da família vem sendo ram com dois hectares de vinhedos Assistência Técnica e Extensão Rural na plasticultura, buscando reduzir o e, aos poucos, foram aumentando a (Ater), Cristian está participando do uso de insumos químicos e qualifi car área e também investindo na produ- programa de Produção Integrada de as frutas. Ao lado do pequeno Antony ção protegida. “Hoje investimos na Sistemas Agropecuários em Coopera- Duz Carteri, de dois anos, a vida na plasticultura, com um total de sete tivismo e Associativismo (PISACO- colônia tem também o peso da qua- variedades de uvas entre americanas OP), que tem como objetivo auxiliar lidade de vida. e europeias. Também estamos reno- na produção sustentável de alimentos Cristian nasceu e cresceu na cidade vando antigos parreirais e buscando seguros e de alta qualidade. “Serão de Veranópolis. Já atuou como matri- sempre aumentar a área protegida. três anos de trabalho com o acompa- zeiro de joias, auxiliar de mecânico, A uva é nossa principal fonte de nhamento técnico de sustentabilidade madeireiro e no comércio. Não sabia renda, mas também direcionamos da propriedade, gestão e parte técnica. que um dia, após uma brincadeira nosso trabalho para o atendimento O objetivo é obter o Certifi cado de com o sogro, conheceria a área a ao consumidor fi nal”, acrescenta o Qualidade da Uva. Queremos mostrar qual se apaixonaria – a agricultura. produtor. A família atende a quem que é possível ter uma boa produção, “Sempre digo que a agricultura é vem em busca da uva e encontra com uma significativa redução de uma atividade que não te enriquece, atendimento direto nas videiras, com agrotóxicos, respeitando carências, mas a gente vive bem. Conseguimos visitação e atendimento especial. fazendo análises e tendo um diferen- Cristian Carteri e a esposa Daniela Duz Carteri investem no trabalhar no que é nosso, temos a “Intercalamos o atendimento em cial”, aposta o produtor. meio rural pensando também no pequeno deles, o Antony. Outubro 2017 ESPECIAL EDIÇÃO 100 7

Flores da Cunha Vágner Molon, 30 anos, cresceu na co- O jovem agricultor acredita que para se lônia, no Travessão Carvalho, interior de diferenciar nesse segmento é necessário Flores da Cunha (RS) e foi pelo exemplo estar sempre em busca de conhecimento dos pais, os agricultores Sinésio e Marilene e de alternativas mais práticas que facili- Casa Molon, que ele decidiu na colônia tem o trabalho e reduzam a mão de obra. permanecer. Hoje conta também com a “Na propriedade buscamos diversifi car a ajuda da esposa, Sandra Slaviero Molon, produção com o cultivo in natura de uva no cultivo de videiras e ameixas. “Pelo Niagara no sistema protegido, uvas para amor que tenho pela propriedade e pela produção de sucos e vinho e nos períodos evolução da tecnologia como um todo, que não estamos trabalhando com as videi- acredito que hoje a agricultura tornou- ras nos dedicamos às ameixas”, explica ele, -se um caminho rentável e um motivo que considera o clima e o alto preço dos para que os jovens fi quem no interior”, insumos agrícolas os principais desafi os comenta Molon. para quem vive da agricultura hoje em dia.

O produtor Diego Sachet estuda Agronomia e Farroupilha investe em produtos orgânicos. O Berço da Imigração Italiana no Rio Grande os produtos”, reconhece Diego. Os alimentos do Sul, a Capital Nacional da Malha, a maior contam com os selos de Orgânico do Brasil e da produtora de uvas moscatéis do país. Estamos rede Ecovida Certifi cação Participativa. Além da falando da cidade de Farroupilha, atualmente produção sem insumos químicos, a família conta com 69,5 mil habitantes. E é no 1º Distrito, na ainda com 1,5 hectare de vinhedos nas varieda- comunidade de Linha Vicentina, que o estudante des Rainha Itália e Rubi, estas com manejo da de Agronomia Diego Sachet, 24 anos, investe forma tradicional e produção de 25 mil quilos. todo o seu conhecimento em produções orgâni- O diferencial da família, além de produzir cas de uva e morangos. Para o trabalho ele conta quantidades pequenas, mas com qualidade, é a com o auxílio do pai Sergio Sachet e planeja venda direta ao consumidor. “As pessoas veem seguir no setor, buscando aumentar a produção na propriedade comprar os produtos como o sem perder a qualidade. morango e a uva Rainha Itália. As uvas de Bordô Desde criança Diego acompanha o trabalho da são comercializadas para a elaboração de suco”, família na agricultura e há pelo menos 10 anos complementa o produtor. Diego está cursando já auxilia no dia a dia. A propriedade possui 12 Agronomia e tem como motivação colocar tudo hectares onde três deles são destacados devido à o que aprende na teoria em prática. “E eu gosto produção orgânica. São 11 mil mudas de moran- do que faço, tenho a possibilidade de aplicar Vágner, Sandra, Marilene e Sinésio, do Travessão Alfredo Chaves, go com uma produção estimada em 5 mil quilos; todo o conhecimento da universidade no meu interior de Flores da Cunha. e um hectare de uva Bordô que tem estimativa de dia a dia, mesmo levando em conta desafi os 15 mil quilos de produção. “Resolvi investir em como a falta de mão de obra, e as pragas e in- culturas orgânicas devido ao benefício à saúde tempéries, que estão cada vez mais frequentes”, de quem produz e também de quem consome lamenta. Guaporé Sendo o polo gaúcho de joias e lingerie, a agri- novos conhecimentos e benefícios para todos. cultura de Guaporé também ganha destaque pela Hoje nossa família faz o caminho inverso de sua diversifi cação. Com uma população estimada uma agroindústria – moramos na cidade e pelo em 24,8 mil habitantes, o município produz hor- carinho e dedicação pela erva-mate, visando tifrutigranjeiros, citros, uvas e vinhos, tem silos tornar nosso negócio uma grande indústria, de milho e o tradicional setor de erva-mate, com sempre mantemos nossa origem e cultivamos exemplos como a família de Ricardo Moccellin, nossa matéria-prima”, valoriza. 51 anos, que há 80 anos – quatro gerações –, Fazer um produto diferenciado é o principal planta e industrializa erva-mate. objetivo. “A possibilidade de fazer um produto Para o plantio da erva, a família possui duas 100% natural com um bom padrão de qualidade e propriedades que somam mais de 58 hectares. preço acessível a todos que quiserem consumir é A agroindústria onde a matéria prima é indus- o que mais nos motiva a continuar produzindo e, trializada chama-se Indústria Erva-Mate Platina consequentemente, manter a produção na colônia e fi ca na comunidade de Linha 3ª de Maio, bem e na agroindústria. É uma forma de respeitar próximo ao Autódromo Internacional de Gua- nossas gerações passadas, pois a erva-mate, com poré. O trabalho com a erva-mate é tradicional todos os seus benefícios e variadas aplicações, para a família Moccellin. “Antigamente havia sempre vai ser um produto que poderá gerar carência de lenha para secagem da erva-mate, benefícios ao nosso bem-estar”, complementa meu avô João Moccellin arrendava terras para o produtor. plantar Acácia e Eucaliptos. Para mim, apesar de morar e trabalhar na cidade, sempre foi um gosto pessoal lidar com a erva-mate, então, para poder dar continuidade à indústria e ao que já havia sido construído, também segui este caminho”, conta Ricardo. Além da produção da erva-mate, a família sempre se dedicou também ao refl orestamento para suprir as necessidades de lenha da em- presa. O que veio mudando nos últimos anos. “A partir de 1996 acabamos nos dedicando exclusivamente à agroindústria, com uma visão focada na atividade da erva-mate”, destaca. Hoje são 15 hectares de refl orestamento de Acácia e Eucaliptos que fornecem a quantidade neces- sária de lenha para a secagem da erva-mate. Para garantir a qualidade, Ricardo participa de cursos e palestras, eventos e Dias de Campo. “Também pesquisamos com empreendimentos Ricardo Moccellin ao lado da esposa mais experientes, pois essa troca sempre agrega Rejane e do fi lho Eduardo. 8 ESPECIAL EDIÇÃO 100 Outubro 2017

Gramado

Sabe o que combina bem com bito colonial, meus pais sempre do outras produções menos van- os famosos chocolates de Grama- desempenharam a profissão de tajosas de lado. Atualmente uma do? Morango! A produtora Cássia agricultores, e construíram um agroindústria está sendo montada Eduarda Augsten, 26 anos, sabe patrimônio muito grande, não para aumentar a renda. “A ideia muito bem disso e investe com fi sicamente, mas sim emocional- de construção e regularização os pais Luis Cesar Augsten e Vera mente. Toda a história que eles de uma agroindústria de doces e Elisabete Augsten, e a irmã Caro- construíram é motivo de muito geleias de frutas vem com objeti- laine no cultivo em hidroponia de orgulho para mim. Quando ter- vo de agregar valor em frutos de morangos. A produção anual gira minei meu ensino médio, já tinha difícil comércio. Outra fi nalidade em torno de 70 toneladas da fruta a certeza do que queria, que era é investir na agroindústria em pe- que, além de ser destinada para não deixar morrer essa história ríodos de sazonalidade da safra de o mercado local, também tem de sucesso, continuar e ampliar morango, com outros sabores de parte utilizada na agroindústria os negócios da família e um dia geleias”, complementa. de doces e geleias de frutas que quem sabe ter a história reconhe- Para lidar com a crescente Cássia Eduarda Augsten tem ao lado da família uma produção de morangos hidropônicos. a família está estruturando e em cida fora das fronteiras do nosso concorrência, Cássia e a família processo de regularização. Estado”, conta Cássia. buscam atualização constante. Ela “mas sempre seguindo o princípio nistração de Empresas com o pro- Cássia nasceu vendo os pais Na localidade Linha Ávila complementa que tendências do de geleia artesanal colonial com pósito de melhorar a propriedade. na agricultura e desde muito Baixa a família cultiva morangos mercado também são analisadas, sabor de fruta sem a utilização de Sua meta é crescer no mercado jovem ajudava no turno inverso há quase 30 anos e foi investindo como a linha gourment de doces, conservantes”. e tornar a marca de geleias da ao escolar. “Nasci e cresci no âm- cada vez mais na cultura, deixan- com baixos índices calóricos, Atualmente Cássia cursa Admi- família conhecida em todo país. Ipê Marau O consumo de alimentos orgânicos das que os identifi cam no mercado. Agricultura orgânica é um dos é uma tendência mundial e o produtor Procuramos sempre o contato direto segmentos que mais cresce no Rodrigo Trichez, 38 anos, está de olho com o cliente, que cada vez busca Brasil atualmente. Segundo da- nisso. Ele e a esposa, a professora Re- mais informações sobre os produtos dos atualizados do Ministério da nata Francieli de Oliveira trabalham e também qualidade na alimentação Agricultura, a área de produção de com horticultura orgânica com uma saudável. Nossa permanência na agri- orgânicos no país é de 1,1 milhão gama gigante de opções como alface, cultura é motivada pela valorização de hectares, quase o dobro do que tomate, repolho, tempero verde, bró- que a produção de alimentos vem havia em 2013. Neste contexto, colis, couve-fl or e couve folha, pepi- tendo nos últimos anos, a qualidade está inserida a agricultora Sandra no, beterraba, mandioca, batata doce, de vida também é motivo relevante”, Campagnollo, 34 anos, de Ipê, entre outros. Mas além de colocar a valoriza Renata. município gaúcho que detém produção orgânica em prática todos O turismo surgiu na rotina da fa- o título de Capital Nacional da os dias, o casal busca um trabalho de mília há cinco anos como iniciativa Agricultura Agroecológica. Em visitação e conscientização sobre os de algumas famílias que perceberam sua propriedade, localizada na benefícios desses alimentos livres de as potencialidades de suas proprieda- Capela Santa Catarina, no distrito insumos químicos. des. “Assim, abriram as portas para de Vila , Sandra cultiva Marau tem mais de 40 mil habi- receber visitantes e gerar renda extra. mais de 60 variedades de produtos tantes e polo industrial de destaque. Nós oferecemos visitação na horta e orgânicos, entre grãos, frutas, to- Rodrigo e Renata moram na comu- explanação do que é produto e produ- mates, melancias, melão, cenoura, nidade de Santo Antônio dos Trichez ção orgânica e também alimentação beterraba, nabo, repolho, brócolis, Sandra Campagnollo com o pai, Luiz Campagnollo Filho, e a mãe, e as estufas contam com uma área de Osteria Trichez”, conta Renata. O couve fl or, batatas, temperos, mo- Nadir B. Campagnollo. O fi lho de Sandra, Eric Campagnollo Parizotto, cerca de um hectare. Para o casal, a roteiro é organizado pela Associação também atua na propriedade. rangas, cebolas e outros. horticultura teve início em 2000 e Turística e Cultural Caminho das a certifi cação de orgânicos foi con- Águas e Sabores. Difundir os pro- Não é a toa que Sandra é refe- cando experiências com outros para agricultura orgânica, mas quistado há três anos. A produção dutos orgânicos é o principal desafi o rência em seu município, desde agricultores que a Cooperativa tem trabalhado em grupos de livre de insumos químicos exige para o casal que tem como alegria 1994 quando adotou o sistema Econativa, o Centro Ecológico e a agricultores junto às organizações aperfeiçoamento constante em nú- a pequena Luisa, de dois anos. “O orgânico está sempre em busca Emater organizam. Apesar disso, parceiras, em busca de alternati- cleos de produtos orgânicos, além do nosso maior desafi o é conscientizar de especialização, participando Sandra reclama da falta de apoio vas de produção, organização e curso em Gestão do Agronegócio, que as pessoas do mal que os produtos de cursos, Dias de Campo, tro- para os pequenos produtores e comercialização dos produtos. está em andamento na Faculdade da químicos e agrotóxicos fazem para Associação Brasiliense de Educação nossa saúde. O que fi zemos é produzir (Fabe) de Marau. alimentos saudáveis e que respeitam e Os produtos são comercializados vivem em harmonia com a natureza”, em mercado local, fruteiras, feira do destaca a produtora. Para o futuro a produtor e merenda escolar. “Alguns família pretende implementar uma possuem embalagens personaliza- agroindústria.

Rodrigo Trichez se orgulha de sua produção livre de agrotóxicos. Outubro 2017 ESPECIAL EDIÇÃO 100 9

Nova Araçá Nova Araçá, um peque- no município da Encos- ta Superior do Nordeste Gaúcho, com uma popu- lação de 4471 habitantes, tem na produção primária sua base econômica, com destaque para a produção de milho, que está asso- ciada à criação de suínos, bovinos de leite e aves de corte. O produtor rural Jaime Brena, 59 anos, que tem hoje uma pro- priedade de 24 hectares, na Linha Treze, é um dos Diego Agnolin, de Nova Bassano. destaques do segmento no município. Juntamente com a esposa, Teresinha Nova Bassano Olivia Pivotto Brena, com A família Agnolin, que reside na e plantamos os grãos para o consu- a sogra, Regina Somacal Linha Silva Jardim, Capela São mo dos animais”, explica Diego. Pivotto, e com a filha, Pedro, na Linha Oitava, em Nova Após 12 anos de mercado, a Andresa Brena, dedica-se Bassano (RS), tem suas raízes Agroindústria Agnolin é referência à plantação de milho, com ligas à agricultura, mas a partir de no segmento de embutido, tendo uma produção total de 13 2002, Diego Agnolin, juntamente conquistado premiações impor- hectares, em média 120 com o pai, Gilberto, e com os tios, tantes como o de ‘Melhor Salame quilos por hectare. Jonacir, Gerson e Carlos, deram Tipo Italiano do Rio Grande do Para complementar a início ao projeto de criação de Sul’, durante a Expointer 2013. Teresinha e Jaime Brena mostram o parreiral de Concord. renda, a família também se uma agroindústria de embutidos. “Prezamos sempre pelo trabalho dedica à produção de uva, de gado, para a produção de leite. é investir: ampliar o rebanho de Foram três anos para adaptar a dedicado, eficaz e eficiente de com a variedade Concord, No total são 20 cabeças, que pro- vacas leiteiras e seguir apostando documentação, até que em 2005 a todos. Sempre com o máximo de que é vendida pra suco na duzem em média 450 litros por na tecnologia para alavancar os Agroindústria Agnolin entrou em determinação para produzir um Tecnovin, além da criação dia. Para o futuro, a ideia de Brena negócios. funcionamento, tendo como base produto de ótima qualidade”, des- a suinocultura. “Criamos nosso taca Diego, que vê na qualifi cação próprio suíno para desenvolver um de dos envolvidos a razão para o Nova Pádua produto com garantia de qualidade sucesso da agroindústria Agnolin. As agricultoras Edite Inês Rossi sozinhas, há mais de 15 anos mãe de energia elétrica. Todo o leite Marin, 53 anos, e a fi lha, Rosime- e fi lha investiram na tecnologia produzido na propriedade Marin é ri, 31 anos, moradoras do Traves- e hoje contam com um sistema vendido para a empresa Steffenon são Curuzu, interior da cidade de automatizado que faz a ordenha, Alimentos, de . Nova Pádua (RS), conduzem a garantindo a qualidade da be- Atualmente, o esposo de Edite, propriedade da família, que tem bida. “Buscamos com o passar o agricultor Neris Marin, 63 anos, 22 hectares, com mãos de ferro. do tempo financiamentos para ajuda o fi lho mais novo, Maico A rotina diária das duas divide-se conseguirmos investir na nossa Marin, 29 anos, em uma empresa entre o trabalho com as videiras propriedade. Se não tivermos a qual ele é sócio, a Vita Frutta, e com a produção de leite. Hoje coragem para avançar não saímos sediada em Flores da Cunha. A contam com 35 vacas, sendo 20 do lugar. É preciso buscar o novo Vita Frutta armazena e classifi ca em lactação, o que rende uma e o melhor”, valoriza Edite, que frutas de alta qualidade, as quais produção diária de 400 litros de pretende em breve investir na são comercializadas na Ceasa de leite e uma média de 13 mil litros compra de um gerador elétrico e em redes de super- de leite por mês. para garantir o armazenamento mercados no Brasil todo, por meio Como conduzem o trabalho da produção em caso de falta da Ceasa Brasil. Edite e a fi lha Rosimeri (ao fundo) conduzem a propriedade rural. 10 ESPECIAL EDIÇÃO 100 Outubro 2017

Nova Petrópolis

O casal de agricultores Már- No total, a produção anual de tabilidade de seus negócios e cio Luís Fenner, 40 anos, e uvas chega a 66 toneladas. Eles reduzir as perdas, o casal busca Marivane Luiza Witt Fenner, 35 mantém, ainda, duas estufas investir em culturas protegidas. anos, da Linha do Sol, em Nova de 500 metros quadrados de “Aparecendo novidades no Petrópolis (RS), é o exemplo de tomate cereja, o que significa mercado, tentamos nos informar que é possível o jovem perma- 1,2 mil pés e um total de seis para melhorar nossas culturas”, necer na colônia e ter uma vida mil quilos de tomates colhidos. comenta Márcio, que destaca tranquila em meio à natureza, A produção de morangos semi- que o clima é um dos maiores conduzindo a propriedade e -hidropônicos em estufas chega desafios de quem trabalha com os próprios negócios. Os dois a 19 mil pés, o que rende uma agricultura. “Superamos com o contam com 15 hectares de ter- média de 19 mil quilos da fruta cultivo protegido, para colher- ra, sendo dois de parreirais não por colheita. mos um produto de qualidade”, protegidos e um de uva coberta. Buscando aumentar a ren- completa o agricultor. Márcio e Marivane produzem uvas e morangos em Nova Petrópolis. Nova Prata Nova Roma do Sul

Cidade do basalto e das águas de 10 anos, seguindo o ofício que falta de mão de obra qualifi cada e o Com 3,6 mil habitantes, Nova atividades com outros produtores termais, Nova Prata recebe turistas os pais trabalharam durante toda a clima. “Reduzir custos de produção Roma do Sul é um município “Gosto de trocar experiências e com frequência e este é um nicho vida. “Permaneço na colônia porque se torna cada vez mais difícil e para formado por vales e de agricultura procuro sempre inovar e, na me- que vem sendo aproveitado por al- gosto do que faço e hoje, com as superarmos isso estamos buscando fortifi cada e variada. O produtor dida do possível, mecanizar para guns produtores rurais locais como novas tecnologias, você consegue novas tecnologias e também trei- Luiz Antônio Sundstron, 44 anos, reduzir custos e mão de obra”, é o caso da família de Irineo Sergio agregar mais valor ao teu produto. nando pessoas para o trabalho. Para é um exemplo disso, trabalha com conta. Bonatto, 43 anos. Ele e os pais Além disso, pela localização da o futuro também estamos pensando vinhedos, gado para corte e outras Para Luiz Antônio, permanecer Albino e Lourdes trabalham com nossa propriedade, conseguimos ter em ampliar a produção de uvas para produções que auxiliam no consu- na colônia é sinônimo de qualida- uvas viníferas e europeias e frutei- um bom número de turistas”, com- criar uma agroindústria de vinhos, mo próprio da família. Localizada de de vida. “Temos menos violên- ras como pêssego, ameixa e fi gos. plementa. Para o futuro, o produto sucos, espumantes e outros deriva- na Linha Castro Alves, capela São cia, menos poluição e barulho. No Como a propriedade está localizada lista desafi os já conhecidos como a dos da fruta”, planeja Irineo. Roque, trabalham na propriedade momento atual, a renda também na Linha XV de Novembro, que a esposa de Luiz, Patrícia, e seus é melhor que o assalariado e, fi ca no caminho dos visitantes que pais Maria e Tranquilo Roque. acima de tudo, por que gosto do buscam pelas águas quentinhas, “Trabalho na agricultura desde faço. Para o futuro quero manter o tem uma atenção voltada também a que me conheço por gente, nasci negócio e se Deus permitir quero esse público. Eles criaram o sistema e sempre morei aqui”, valoriza. dar uma formação para meus dois 'colha e pague', onde o próprio visi- São 6 hectares de vinhedos fi lhos e que pelo menos um deles tante pode escolher suas frutas do pé divididos em sete diferentes va- seja meu sucessor”, valoriza o e levá-las para casa. riedades e uma produção que vem produtor. Os fi lhos Gabriel e Rafa- Além da família Bonatto, o fun- crescendo com o passar dos anos. el, de 11 e 5 anos respectivamente, cionário Adelar Sherer também in- Na última safra foram 163 tonela- já têm a vivência da agricultura. tegra a equipe para dar conta dos 12 das de uvas. “Além das parreiras Como desafios para o meio hectares de área, sendo 5 de vinhedos temos 35 cabeças de gado de rural, a garantia de uma renda es- e um de fruteiras. “No geral, produ- corte e uma área arrendada onde tável é a principal para Luiz. “No zimos cerca de 8 toneladas de uvas à plantamos aipim, milho, caqui e sobe e desce dos preços muitas safra e 8 toneladas das outras frutas. outras frutas para o consumo na vezes sobra produção e o pior é o Anualmente busco cursos diferentes, propriedade. Temos cerca de 2 custo de vida que a cada dia fi ca assisto palestras e participo das tar- hectares de reserva legal e outra maior e a nossa renda de incerte- des de campo promovidas na região. área para pasto ou invernada para zas. Para superar isso, reduzimos Procuramos investir em mecaniza- os animais”, explica o produtor. ao máximo os custos e fi camos ção e hoje estamos implantando um Ele procura se atualizar sempre, sempre de olho nas novidades”, sistema de irrigação para toda a área fazendo cursos e participando de destaca. cultivada, além de iniciar a cobertura de uvas pela plasticultura. Irineo Sergio Bonatto criou com a família um sistema Irineo está na agricultura há mais de 'colha e pague' das uvas e frutas.

Luiz Antônio Sundstron tem o auxílio da família com os vinhedos e o gado para corte. Outubro 2017 ESPECIAL EDIÇÃO 100 11

Monte Belo do Sul Dar continuidade ao trabalho dos pais levando tecnologia e melhoria de processos para o meio rural é o objetivo do jovem pro- dutor Alan Zanesco, da pequena, mas encantadora, Monte Belo do Sul, a terra da uva. Aos 23 anos de idade, Alan auxilia os pais Telmo Zanesco e Maristela Faccin Za- nesco desde seus 14 anos de idade e vê na propriedade e na agricul- tura seu futuro. “Desde pequeno sempre ajudei minha família nas atividades de casa, um pouco ajudava um pouco atrapalhava quando era pequeno, mas dos 14 anos em diante já trabalhava igual Ana Paula Coldebella e Raquel Pellegrini, sócias na agroindústria Casa do Sabor, de Paraí. aos meus pais”, brinca Alan. Alan Zanesco auxilia desde jovem os pais Telmo Zanesco A irmã caçula Camile também e Maristela Faccin Zanesco. Paraí auxilia a família na propriedade aumentar e aprimorar o conheci- motivou sempre foi o incentivo Um dos cases de sucesso no A agroindústria foi criada em localizada na Capela Santa Bár- mento, tecnologias de aplicação de meus pais para permanecer na segmento da agroindústria vem 2011, mas a família Pellegrini sem- bara, onde são cultivados cerca de para diminuir custos de produção colônia. Outro fator é a liberdade da cidade de Paraí (RS). É de lá pre atuou na agricultura. “Criamos seis hectares de uvas, gado leiteiro e ajudar a preservar a natureza e e a tranquilidade que tenho aqui, a agroindústria Casa do Sabor, a Casa do Sabor com o intuito de e outras produções como milho, assim por diante. O importante é além das opções de trabalho, pois conduzida pela técnica em agroin- nos manter no interior, mas é um mandioca, batata e cana para o não parar, sempre quero algo a como trabalhamos com várias dústria e estudante de Engenharia desafio diário. As dificuldades próprio sustento da propriedade. mais para facilitar meu dia a dia coisas, eu nunca canso de fazer de Alimentos Raquel Pellegrini, existem em todas as áreas, mas Para manter a propriedade sempre no trabalho”, destaca. determinado serviço. Para mim, 29 anos, e por sua família, os devemos estar preparados e se- funcionando, Alan procura pes- Embora o produtor conheça os principais desafi os hoje são pais Anélio e Arlete Pellegrini, e guros para superá-las. Contamos quisar e se especializar. “Sempre bem os desafi os do setor, pretende produzir e respeitar a natureza, a cunhada Ana Paula Coldebella. com o apoio de entidades como estou em busca de novidades, se- continuar na agricultura já que, reduzir custos e, principalmente, Um dos destaques do pavilhão a FETAG a e Emater, que desde jam máquinas para facilitar nosso para ele, as vantagens são mais incentivar os jovens a permane- da Agricultura Familiar na Expoin- o início estiveram ao nosso lado. trabalho e diminuir a dependência significantes. “O que mais me cerem na agricultura”, valoriza. ter 2017, a Casa do Sabor, produz Qualifi cação, inovação, qualidade, de mão de obra, cursos para doces e geleias, desde as tradicio- segurança alimentar devem ser nais até as mais inusitadas, como o foco do negócio, só assim se as de caipirinha, pimenta, cebola consegue fidelizar o cliente”, São Jorge roxa e a caponata italiana, além de afi rma Raquel, que pretende dar Com 2,8 mil habitantes, São suco de uva integral, totalizando continuidade a ampliação dos Jorge tem na agropecuária sua mais de 40 itens. A matéria prima pomares da família, visando principal fatia econômica. Vizinha é produzida em grande parte na atender a demanda crescente da de e Paraí, a cidade conta propriedade da família. agroindústria. com a produção expressiva de uvas dos irmãos Altair e Adilson Zanon, que têm 30 hectares de Protásio Alves diferentes variedades, a maioria destinada para a elaboração de Nascido e criado na colônia, milho, 1,5 hectare de uva bordô. espumantes nas vinícolas Salton, o agricultor protasio-alvense, Além disso, a família Lorenset de Bento Gonçalves, e Jolimont, Valdecir Lorenset, 48 anos, também se dedica à criação de de Canela. Com o auxílio das dedicou a vida à agricultura e gado de corte, contando com 26 esposas, e também irmãs, Denise até hoje mantém e trabalha na cabeças. e Deise, e dos pais Graciema e propriedade que herdou de seus Para eles, o diferencial está em Zelindo, Altair e Adilson viram pais, na Linha Nona Turvo, sempre buscar novas técnicas que no setor vitícola um crescimento interior de Protásio Alves (RS). melhorem a vida na colônia e a muito grande e pretendem conti- Com o apoio da esposa, Cleiva qualidade dos produtos produzi- nuar investindo no negócio. Lorenzzetti Lorenset, 41 anos, dos, tentando vencer os desafi os Entre as variedades presentes no Altair Zanon ao lado da família em São Jorge. e do filho, Eloi Lorenset, 23 de reduzir despesas e agregar vinhedo estão Moscatos, Lorena, anos, planta quatro hectares de valor aos produtos produzidos. Malvasia de Cândia, Trebbiano, de um trabalho criterioso nos manejos, como nos tratamentos Riesling Itálico, Niágara e Bor- vinhedos que estão em áreas nas e na poda verde. Vimos que dô, sendo que as últimas duas comunidades de Nossa Senhora neste trabalho a qualidade da ficam na própria propriedade do Horto, Capela Entre Rios e uva tem um resultado muito para a produção de vinho para o na cidade vizinha de Guabuju. significativo. Resumidamente, consumo da família. “Nosso pai Na última safra a produção a máquina é uma turbina de ar gosta de produzir o vinho para atingiu 970 toneladas de uvas. que sopra um jato forte, jogando nosso consumo, mas o restante “Iniciamos com a viticultura para longe as folhas que devem segue para as vinícolas e se em 1988, antes tínhamos outras ser descartadas. Os cachos fi- transforma em espumantes de culturas como o milho e a soja. cam intactos”, conta Altair. muita qualidade. Na Jolimont, O que nasceu da parceria com A ideia de agora em diante que vinifi ca somente com nossas um vizinho ganhou força para não é aumentar mais a área de uvas, o espumante foi premiado nós e decidimos investir. Hoje vinhedos, mas qualificar os já com medalha de ouro na 23ª temos a área própria de vinhedos existes modernizando parreiras edição do concurso Vinalies e contamos com parcerias para e também a estrutura para que a Internationales, da França. O mão de obra”, conta o produtor. mão de obra mecanizada possa Moscatel concorreu com vinhos A meta da família é qualificar ser ampliada. “Sempre busca- de 45 países e mais de 3,5 mil cada vez mais a produção e por mos coisas novas e estamos rótulos, teve ainda destaque por isso neste ano investiram em tendo um retorno muito bom ser a única Moscatel com essa uma máquina que auxilia na nesta área, o que já nos permi- distinção”, valoriza Altair. desfolha no período de poda tiu ter um conforto para nossas Eloi, Valdecir e Cleiva, de Protásio Alves. O reconhecimento é resultado verde. “Temos total atenção aos famílias”, valoriza. 12 ESPECIAL EDIÇÃO 100 Outubro 2017

São Marcos São Valenti n do Sul A agricultura orgânica Michel Filippi chiella tem ganhado cada vez Pasini, 25 anos, é o pro- mais espaço no Brasil e no dutor de São Valetin do mundo, assim como esses Sul, cidade de 2,2 mil ha- produtos têm ganhado a bitantes próxima de Dois mesa dos consumidores, Lajeados. Ele e os pais que estão descobrindo os Claci Filippi Chiella Pasini benefícios de se consu- e Valmir Pasini têm uma mir produtos livres de propriedade variada, com agrotóxicos. Desde os 13 vinhedos, vacas leiteiras e anos trabalhando com a soja no distrito de Fazen- produção agrícola, o agri- da Fialho. Sempre teve a cultor Leandro Guzzon, 45 agricultura como profi ssão anos, decidiu apostar nessa e desde jovem ajuda os ideia em 2010, iniciando a pais nos afazeres de casa. reconversão de seus vinhe- “Atualmente estamos com dos. “Em parceria com a uma média anula de 48 mil vinícola, começamos com litros de leite, que reveza uma pequena área de 0,93 o trabalho com os dois hectares de Bordô. Aos Leandro, Andresa, Luís Felipe e Manuela. hectares de videiras que Michel Filippi chiella Pasini e os pais Claci Filippi Chiella Pasini poucos fomos evoluindo, na safra deste ano resultou e Valmir Pasini trabalham com variedade. buscando conhecimento e nos sentindo se- com a Vinícola Sinuelo e com a certifi cadora guros. Em 2014 transformamos toda a área”, Ecocert. em 45 mil quilos. Estamos investindo em mais me dedicar a ela para poder colher seus frutos conta o viticultor da Linha Zambicari, em São Leandro conta que não foi fácil tomar a de- uma área de vinhedos para as uvas comuns no futuro, essa é minha maior satisfação”, Marcos (RS). cisão de fazer a reconversão, todavia, fez em e, em menos quantidade, de mesa. Na soja valoriza. Com a ajuda da esposa, Andresa, 40 anos, e nome da liberdade e do amor em trabalhar com alcançamos 220 sacaso ao ano, são 3 hectares Nos desafi os, o preço de mercado é o princi- do fi lho, Luís Felipe, 17 anos, Leandro mantém a terra. “Hoje sei que posso usufruí-la sem cau- de área”, explica Michel. pal para Michel. “As mudanças de preços sobre a produção orgânica em dois hectares, sendo sar impacto ambiental. Tenho certeza de que Para dar conta de todo o trabalho o produtor os produtos fazem com que os investimentos 1,8 hectares de Isabel precoce, que já está em se meus fi lhos permanecerem na agricultura explica que participa de cursos e palestras que sejam sempre medidos, pois além de esperar produção; três hectares de Bordô, também em irão encontrar um meio ambiente bem mais agreguem conhecimentos. “Buscamos muito a o resultado da colheita, você não sabe como produção; 0,8 hectare de BRS Carmem, em equilibrado do que quando comecei”, ressalta ajuda de técnicos agrícolas e hoje temos como vai vender o produto e que preço receberá por início de produção; 0,4 hectare de Niagara, o agricultor que está sempre em busca de quali- uma boa ajuda a Internet, onde eu tiro dúvidas ele. Mas a gente sempre pede por saúde em em início de produção; e 1,2 hectare de BRS fi cação e de melhorias para a propriedade e que e até pesquiso formas diferentes para lidar com primeiro lugar para conseguir manter o que te- Carmem, que foi implantada neste ano. A tem o sonho de construir uma agroindústria as culturas que produzimos. Permaneço nesta mos, sempre tentando melhorar nosso trabalho produção obtida atualmente é comercializada familiar para elaborar vinhos orgânicos. profi ssão poque gosto de ver a plantação e e se dedicando cada vez mais a isso”, destaca.

INFORME PUBLICITÁRIO "Em menos de 20 dias já percebi a diferença no desenvolvimento das plantas"

Após utilizar o Codasal Plus 2000, um complexo líquido de cálcio que atua como corretor da salinidade do solo e corretor de cálcio, Paulo César Bertuol, produtor de morangos de Farroupilha, comemora os resultados positivos na produção. Ideia agora é testar o produto nos par- reirais Você, produtor, está realizando Além disso, por ser um com- já percebi a diferença no desenvol- MIRIAN SPULDARO constantemente a adubação de sua plexo cálcico orgânico atua como vimento das plantas, que renderam produção e mesmo assim percebe floculante, aumentando a dre- frutos mais bonitos e mais doces. que os frutos não têm a qualidade nagem do solo. “O Codasal não Desde então, não parei mais de esperada? Nesse caso, não é por supre a adubação. Na verdade, ele aplicar. Já faz seis meses. No início falta de nutrientes que as plantas libera rapidamente os nutrientes fi z uma dose maior e hoje aplico não se desenvolvem, mas por ex- que estão presos no perfi l do solo somente a dose de manutenção a cesso de sódio no solo, o que acaba por causa do sal. Ele é um aporte cada 15 dias”, comemora o produ- impedindo que as raízes absorvam de cálcio". tor, justifi cando que vale a pena o os nutrientes necessários para o Segundo o engenheiro agrôno- investimento. A ideia dele agora é seu desenvolvimento. “A salini- mo, o Codasal pode ser utilizado testar o Codasal nos parreirais. zação do solo ocorre por meio da em qualquer tipo de solo ou em Bertuol, que cultiva cerca de própria adubação. Com o tempo, diferentes culturas que utilizem 25 mil mudas de morangos em os nutrientes, que são sais mine- substrato, slab ou outro tipo de estufa, trabalha com os produtos Paulo César Bertuol rais, acabam salinizando a área de ambiente de produção, como a da marca Coda há cerca de quatro absorção da raiz, impedindo que hidroponia. A aplicação é feita por "Depois de algumas semanas de tência da fruta está melhor", afi rma. anos. Além de morangos, a família uso percebi a malhora dos brotos Os produtos Potencialize Coda a planta absorva esses nutrientes. meio da fertirrigação, com doses cultiva videiras na propriedade de Esse sal é muito prejudicial para as das plantas. O Codasal empare- podem ser encontrados na Forqueta específicas, que serão definidas 30 hectares. lha a lavoura. Da uma diferença Produtos Agrícolas (Rodovia Vici- plantas, pois não as deixa absorver de acordo com a condição que se O resultado do Codasal também boa na brotação. Inclusive, estou nal Mato Perso, nº8 – km 1,8), no os nutrientes”, explica o engenhei- encontra a plantação. agradou o agricultor Volmir Calga- reduzindo a quantidade de adubo bairro Forqueta, em Caxias do Sul. ro agrônomo e representante da Po- ro, de Otávio Rocha, em Flores da que coloco na lavoura e a planta Informações: www.forquetaltda. tencialize Coda na Serra Gaúcha, Satisfação garantida Cunha (RS). Ele aplicou o produto está vindo mais bonita e vistosa. A com.br; (54) 3206-1104 ou (54) Francisco Bino Lacerda. O agricultor Paulo César Bertuol, na sua produção de morangos. impressão que dá é que até a resi- 9 9978-2736, com Giovani. Para resolver esse problema a da Capela São José, na Linha Pal- Potencialize Coda trouxe para o meira, em Farroupilha, enfrentou Brasil o Codasal Plus 2000. La- o problema em sua produção de cerda explica que o Codasal é um morangos. Ele relata que as plantas complexo líquido de cálcio com não se desenvolviam normalmente. uma função tripla, cuja fi nalida- “Não vinha a fl or e com isso não de é dessalinizar o solo, ou seja, tinha fruta. Em algumas estufas as afastar a salinidade da área de plantas estavam totalmente parali- circunferência da raiz, facilitando sadas, já em outras, os morangos a sua lavagem. O produto atua, eram tortos e defeituosos”, lembra o ainda, como corretor de cálcio, produtor. Após orientação, Bertuol fornecendo 175 g/l de cálcio (CaO) resolveu testar o Codasal em seus totalmente assimilável pela planta, morangos. aumentando a dureza, qualidade e O resultado, segundo ele, foi sur- período de conservação. preendente. “Em menos de 20 dias Outubro 2017 VETERINÁRIA 13

WWW.REVISTAVETERINARIA.COM.BR/DIVULGAÇÃO [email protected] como Dichelobacter nodosus e Fusobacterium necrophorum, o qual faz parte do trato digestivo de ovinos. Attilio Santini, Esta bactéria (Fusobacterium) veterinário aparentemente contribui para a pa- togenia da doença causando inva- são inicial e superfi cial, que resulta Saiba mais sobre o 'Foot-Rot', a em uma leve lesão da epiderme, a qual facilita o estabelecimento do doença que ataca os cascos Dichelobacter nodosus. O Dichelobacter nodosus não Um dos fatores limitantes da pro- lorização do animal e eliminação é encontrado em nenhum local dutividade ovina é a alta taxa de re- prematura do rebanho. da natureza a não ser em pés de posição, a qual pode ser maior que A prevalência da doença varia ovinos, caprinos e bovinos. Ele 20%, reduzindo a possibilidade do muito de um rebanho a outro por permanece viável por períodos melhoramento genético, aumento estar infl uenciada por muitos fa- curtos no meio ambiente, uma vez do rebanho e produtividade da fa- tores, como o clima, alimentação, que é um germe não esporulado. zenda. Problemas de casco e baixa idade, intensifi cação da exploração Por ser uma doença infecciosa, condição corporal são importantes e manejo rotineiro. A descrição e a sua transmissão está relaciona- causas de descarte de matrizes em causas das doenças do casco foram da com três principais variáveis interdigital, a qual progride para aumenta a efi cácia do tratamento rebanhos ovinos. estudadas por diversos autores, epidemiológicas: o agente, o hos- uma ferida que apresenta secreção para 90%. Como medidas pre- Uma boa locomoção é necessária mostrando que Dichelobacter no- pedeiro e o meio. Outros fatores sanguinolenta e odor desagradável. ventivas deve-se proceder o exa- para um pastejo efetivo. As patolo- dosus e Fusobacterium necropho- ambientais, como o solo e tipos Em casos mais graves ocorre des- me minucioso e apara dos cascos gias de casco afetam diretamente o rum são os principais causadores de pastagens, podem infl uenciar a locamento do casco (inicialmente de todos os ovinos do rebanho bem estar animal e produzem per- da enfermidade, sendo este último transmissão da doença. na porção posterior, podendo se pelo menos duas vezes ao ano. das econômicas importantes devido a causa primária de doenças como O sinal clínico mais comum em estender para a parte anterior. O uso de pedilúvios preventi- a menor locomoção, infertilidade o 'foot rot'. casos de 'foot-rot' é a claudicação Em casos iniciais recomenda- vos (principalmente em épocas temporária dos reprodutores (pois O 'foot rot' é uma doença conta- (manqueira). Casos graves, com -se como tratamento a utilização chuvosas ou em ambientes que com problemas nos cascos, não giosa, crônica e necrosante da sola lesões nos cascos anteriores fa- de pedilúvio com solução de for- apresentem solo úmido) apresen- conseguem seguir e montar ovelhas e meio dos cascos dos ovinos, zem com que os animais pastejem mol a 5% e sulfato de cobre a 5%. ta boa efi ciência para prevenir a que apresentarem cio), perda de levando a manqueira, com con- ajoelhados, levando a maceração e O uso de antibióticos parenterais enfermidade. Também é impor- peso e condição corporal (matrizes sequente perda de peso, queda na consequentemente miíase (bichei- como o fl orfenicol (20 mg/kg) tante descartar os animais com magras não se reproduzem), menor produção de lã e difi culdade re- ra). Animais seriamente atacados ou tetraciclinas (20 mg/kg) são lesões severas e crônicas, pois produção leiteira (alto índice de produtiva em carneiros. É causado perdem peso e carneiros tem sua muito utilizados em casos mais difi cilmente serão curados, po- mortalidade até a desmama, peso pela associação sinérgica de, pelo atividade reprodutiva reduzida. adiantados da doença. dendo ser fonte de contaminação de desmama muito baixo ou idade menos, duas bactérias: Bacteroides Em casos iniciais da doença A associação do tratamento pa- bacteriana ao solo, pastagem e a desmama muito elevada), desva- nodosus, atualmente conhecida se observa uma leve dermatite renteral com o uso do pedilúvio instalações. 14 ESPECIAL EDIÇÃO 100 Outubro 2017

Por que adotar o cultivo protegido de hortaliças no Brasil? ESTUFAS AGRÍCOLAS ZANATTA / DIVULGAÇÃO Ítalo Moraes Rocha Guedes que são hoje cultivadas em grandes extensões de Pesquisador da Embrapa Hortaliças terra Brasil afora. Para se ter uma ideia, a área sob cultivo de hortaliças no Brasil, anualmente, tem girado em torno dos 900 mil hectares. Em comparação, apenas a área cultivada com soja Crescemos acostumados a ouvir que a vocação na safra 2016/2017 foi de quase 34 milhões de agrícola do Brasil deve-se majoritariamente à hectares, cerca de 35 vezes maior do que a área abundância de terra e ao clima tropical propício cultivada com hortaliças. Por outro lado, enquanto a uma agricultura altamente produtiva. Apesar a produtividade da soja está em 3,3 toneladas por da pressão da expansão urbana e das mudanças hectare, a produtividade de tomate para consumo climáticas, há muita verdade nessa afirmação. O in natura já se aproxima de 100 toneladas por fato de o Brasil ser hoje considerado uma super- hectare. potência agrícola produtora de grão deve-se, sem outra diferença fundamental entre a produção dúvida, à grande quantidade de terras agricultá- de hortaliças e a produção de grãos é que o con- veis (e mecanizáveis) e à diversidade climática do sumidor tradicionalmente compra hortaliças "com país, associados ao desenvolvimento e à adoção os olhos", baseado na aparência. Pouco importa de tecnologias e práticas agrícolas avançadas. se o produtor consiga 100 ou 200 toneladas de Estranha, à primeira vista, que apesar de tudo tomate em um hectare. Essas 100 ou 200 toneladas isso cresça cada vez mais a área de agricultura devem ter a aparência, o tamanho e a cor exigidos sob ambiente protegido no Brasil, hoje estimada pelo consumidor. A hortaliça visualmente perfeita Além da proteção contra chuva, ventos e insolação, o cultivo em mais de 30 mil hectares, principalmente ao exigida pelo mercado é difícil de ser produzida. A sob ambiente protegido pode oferecer também um abrigo físico entorno de grandes centros urbanos. aparência pode ser prejudicada por pragas, pela contra a incidência de insetos e outros artrópodes-praga e contra O cultivo de hortaliças, plantas ornamentais e insolação excessiva, por doenças ou pelo excesso microrganismos causadores de doenças de plantas. algumas frutíferas sob ambiente protegido (estu- de chuva. O aumento da frequência de fenômenos fas, túneis altos e túneis baixos) vem em resposta climáticos severos tem tido um papel considerável Muitos benefícios a determinadas especificidades que as fazem no aumento de dificuldade de obtenção da horta- muito diferentes das espécies produtoras de grãos liça perfeita. Entra em cena o cultivo protegido. Além da proteção contra chuva, dades hídricas e nutricionais das ventos e insolação, o cultivo sob espécies cultivadas, para evitar a ambiente protegido pode oferecer ocorrência de problemas de difícil também uma proteção física contra resolução como a salinização e o Maximização da produção agrícola a incidência de insetos e outros adensamento dos solos. artrópodes-praga e contra micror- O acúmulo de problemas de A adoção das práticas de cultivo protegido é um meses mais frios, o que era impraticável em campo ganismos causadores de doenças solo em razão de práticas ina- passo à frente na tendência de controlar as variá- aberto. de plantas. Hoje em dia, tem sido dequadas de manejo tem levado veis ambientais e se resguardar do acaso visando O efeito estufa causado pelo plástico é menos comum perdas de produção em muitos produtores a optarem por a otimização e maximização da produção agrícola. intenso, além do material ser mais versátil e barato. razão de viroses transmitidas por técnicas de cultivo sem solo, como Além das questões climáticas e comerciais, o plantio Nas regiões tropicais, como o Brasil, o cultivo prote- insetos sugadores como mosca- a hidroponia e a semi-hidroponia de hortaliças em ambientes protegidos pode evitar gido foi adotado visando principalmente proteger as -branca, pulgões e tripes. O uso (cultivo em substratos como ataques de pragas e microrganismos nocivos às cul- culturas do excesso de chuva e das pragas e doenças. de telas especiais que impedem a perlita, fi bra de coco, areia, entre turas agrícolas, reduzindo a aplicação de produtos É um sistema de cultivo cuja implantação é relativa- entrada desses insetos na lavoura outros). Nesse tipo de cultivo, químicos biocidas, embora no cultivo em solo a mente cara, de forma que os cultivos adotados devem protegida pode reduzir conside- as plantas são ao mesmo tempo incidência de doenças possa ainda ser um problema ser mais produtivos e rentáveis, como as hortaliças. ravelmente o uso de agrotóxicos, hidratadas e nutridas por meio se práticas culturais, tais como a rotação de culturas, Embora o plástico retenha menos calor que o vidro, proporcionando hortaliças mais de soluções nutritivas contendo não forem convenientemente adotadas. o grande desafi o da agricultura protegida nos trópicos seguras para o consumo. Tem au- todos os nutrientes essenciais em A agricultura protegida surgiu no Norte da Euro- é o controle de temperaturas muito altas que afetem a mentado também a utilização de concentrações sufi cientes para o pa para que as famílias ricas pudessem ter frutas e produção e a qualidade dos produtos. Diversas técni- práticas alternativas de controle de desenvolvimento normal. Essas hortaliças frescas nos períodos frígidos de inverno. cas têm sido testadas ao longo dos anos: plásticos de pragas e doenças, como o uso de soluções devem ter sua acidez A expansão do cultivo em ambiente protegido para diferentes composições e características físicas, telas armadilhas, o controle biológico e e sua condutividade elétrica pe- as regiões tropicais foi possível pelo surgimento aluminizadas, maiores alturas de pé-direito, cortinas o manejo integrado. riodicamente monitoradas para do plástico, principalmente do polietileno de baixa laterais retráteis e nebulização. A utilização intensa Por outro lado, o manejo ina- garantir que os nutrientes estejam densidade, sintetizado pela primeira vez na década de tecnologias mais efi cientes esbarra na perspectiva dequado da agricultura protegida nas concentrações e nas formas de 40 do século XX. Como surgiu no frio norte da de aumento no custo de produção. O consumo médio pode trazer problemas graves adequadas para a absorção das Europa, o material utilizado nas primeiras estufas de hortaliças pelo brasileiro ainda é muito baixo e com potencial de inviabilizar a plantas. Esses sistemas exigem era o vidro, menos permeável à radiação infraver- o temor é que hortaliças mais caras, em razão de produção. O uso inadequado de que o produtor se prepare, indo melha responsável pela criação do efeito estufa que maiores custos de produção, diminuam ainda mais implementos agrícolas e a compra além da mera execução de práticas permitia o cultivo de hortaliças e frutas durante os o consumo. de mudas sem procedência garanti- agrícolas convencionais. da, por exemplo, têm aumentado a Entre as principais vantagens do incidência de nematoides em solos cultivo hidropônico, destacam-se: de cultivo protegido, problema ciclos de produção mais curtos; para o qual há poucos tratamen- possibilidade de uso do espaço tos além do uso de variedades vertical na casa de vegetação; resistentes. Problema semelhante maior produtividade; menor ne- tem ocorrido pelo uso contínuo de cessidade de mão de obra; meno- uma mesma espécie, muitas vezes res riscos de salinização do meio de uma mesma variedade, sem de cultivo; menores riscos de nenhum tipo de rotação de cultu- poluição do lençol freático; menor ras, com acúmulo principalmente incidência de doenças e pragas. de doenças de solo e acúmulo de Algumas dessas vantagens advêm nutrientes. da adoção do cultivo protegido em A utilização de técnicas de irriga- si, outras do uso da hidroponia. ção localizada, como o gotejamen- O cultivo protegido não é mila- to ou a microaspersão, associadas groso: o investimento inicial é alto com a aplicação de adubos de alta e há necessidade de conhecimento solubilidade através da própria técnico multidisciplinar. Se não irrigação, técnica chamada de for feito profissionalmente, os fertirrigação, tem permitido altas problemas aparecem rapidamente produtividades com um uso muito (em torno de três anos) e sua re- mais efi ciente de insumos, prin- solução pode ser difícil e cara. Os cipalmente água e nutrientes. Por segredos para o cultivo protegido serem insumos caros, é indispen- são planejamento e manejo. O sável que o produtor conheça as resultado é a intensifi cação susten- características físicas e químicas tável da produção e rentabilidade dos solos, bem como as necessi- para o produtor. Outubro 2017 AGRICULTURA FAMILIAR 15

A irrigação em ambiente [email protected] protegido ESPAÇO JURÍDICO DO AGRICULTOR Marcos Brandão Braga DANIEL ZANDONADI / DIVULGAÇÃO [email protected] Sérgio Augustin *

No Brasil a demanda por hortaliças frescas e de boa Direito Agrário e Ambiental qualidade vem aumentado devido à melhoria de renda e à concentração de pessoas nos centros urbanos. E o uso de cultivos em ambiente protegido (estufas plás- Acertada a decisão deste importante veículo de comunicação de ticas) vem crescendo a largos passos, principalmente levar ao agricultor familiar da região serrana as informações jurídicas em regiões periurbanas. Porém, a despeito do cresci- relacionadas com a (cada vez mais) importante atividade: agricultura. mento dessa tecnologia, ainda existem vários desafi os A calejada família agrícola está produzindo com maior qualidade, a serem vencidos no intuito de adequar sistemas de buscando a inovação para sua produção, administrando com respon- produção que possibilitem a produção de hortaliças sabilidade sua atividade, consumindo e aplicando informações gerais. em quantidade e qualidade, levando em consideração Tamanha a sua responsabilidade e contribuição com a construção as condições edafoclimáticas e socioeconômicas lo- de uma sociedade melhor, pois, além da produção de alimentos, cais. Dentre estes desafi os estão os ligados à estrutura precisa observar regras ambientais, acompanhar os movimentos e (altura, largura, tipo, etc.) e ao manejo dos sistemas de cenários econômicos, conhecer a observar a complexa legislação produção que darão as condições necessárias para que tributária, etc. as hortaliças cultivadas nesses ambientes expressem O agricultor precisa interagir com diversas áreas do conhecimento. sua produtividade e qualidade. Entre os principais A multiplicidade é palavra que nos guia. Nesse sentido, o jornal A desafi os estão adequar os manejos da irrigação, da Vindima deu-nos o desafi o de levar a informação acadêmica das nutrição, do combate a pragas e doenças. ciências jurídicas para seu público leitor. Espero conseguir fazê-lo. Diversos trabalhos são publicados no Brasil sobre Para início de conversa escolhi duas recentes e inéditas decisões a irrigação, porém quase a sua totalidade diz respeito que benefi ciam o nosso agricultor. à irrigação de plantas em ambiente aberto, ou seja, A primeira é a decisão, deste mês, do Tribunal de Justiça do Es- irrigação em campo aberto. A maioria dos cultivos tado de Santa Catarina, que, julgando o Agravo de Instrumento nº protegidos em estufas agrícolas utiliza sistema de irri- Gotejamento em muda de hortaliça. gação localizada – principalmente o tipo gotejamento, 4014705-332016.8.24.0000, reconheceu a impenhorabilidade de o que proporciona aos produtores uma ferramenta fato que está muito relacionado a menor escala de imóvel rural com área de 35,5 hectares, localizado em Abelardo moderna para o controle apurado da quantidade de produção nesse ambiente em comparação aos cultivos Luz/SC. água e dos nutrientes a serem aplicados. Porém, nesses tradicionais. O diferencial da decisão é que o imóvel é uma pequena proprie- ambientes de cultivo, os produtores tendem a irrigar A defi nição do momento e da quantidade de água dade rural e está em condomínio. A propriedade é de uma família de em excesso, pois trazem essa prática que utilizam em dentro de uma estrutura de cultivo protegido (estufa agricultores, pais e fi lhos, e, assim, não pode ser penhorada, mesmo ambiente aberto para dentro de um ambiente fechado agrícola) é um dos parâmetros que condiciona o sucesso que em parte, pela dívida de um dos proprietários. ou parcialmente fechado. desse tipo de cultivo, uma vez que o manejo inadequado O módulo fi scal em Abelardo Luz é de 20 hectares. A propriedade, Os estudos que abrangem as defi nições de parâmetros pode afetar não só o desenvolvimento e produtividade mesmo que ultrapasse o módulo, como possui diversos proprietários técnicos que auxiliariam na defi nição do quanto irri- das plantas, mas também causar danos ambientais ao e é explorada por agricultores familiares, é impenhorável. gar em cultivos protegido (estufas) ainda são poucos, solo, principalmente, devido à salinização. A segunda informação acadêmica que benefi cia os agricultores é a recente decisão da 4ª Câmara da 2ª Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) que determinou o can- Manejo de irrigação celamento de um auto de infração aplicado pela Fazenda Nacional. O agricultor foi autuado pois vendeu quatro imóveis rurais e não O manejo da irrigação nada mais é do que a defi ni- substrato de cultivo e condições ambientais, poderão teve ganho, considerado o valor pago e o valor obtido com a venda ção do momento e da quantidade de água a ser aplicada ter frequências de injeção de água/nutrientes que po- dos referidos bens. em uma planta irrigada, para que a mesma expresse dem variar de 10 a 60 vezes por dia. Já em sistemas A Receita Federal utilizou os valores constantes dos chamados seu potencial de produção. de cultivo sob o solo, a frequência das irrigações em Documentos de Informação e Apuração do ITR (Diats) relativos O momento ou quando irrigar pode ser defi nido em ambiente protegido tende a ser menor que em ambiente aos anos da compra (2000) e da venda (2006), seguindo a instrução relação a um potencial limite de água no solo, onde aberto, considerando a mesma cultura, tipo de solo e normativa da própria Receita Federal (SRF 84/2001). abaixo desse limite começará a afetar a produtividade. sistema de cultivo. Esse limite é variável entre as espécies de plantas O quanto irrigar está associado basicamente à con- O relator do caso afastou a aplicação da instrução normativa, pois cultivadas. E esse potencial de água no solo está dição edafoclimática local e das variedades de plantas entendeu que deve ser observada a Lei nº 9.393/96, que trata do intimamente correlacionado ao valor do teor de água cultivadas. Em ambiente protegido, as condições Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. no solo (umidade do solo). Assim, pode-se defi nir o microclimáticas, sejam estas dentro de uma estufa Pela lei referida, o cálculo para fi ns de imposto de renda incidente momento de irrigar usando tanto os potenciais como o padrão e ou de túneis, normalmente são diferentes sobre eventual ganho de capital é o Valor da Terra Nua (VTN), sem teor de água no solo limites. Felizmente, essas tensões das condições externas, principalmente, devido às contar as construções, instalações e melhoramentos. limites de água no solo, para a maioria das plantas variações dos elementos climáticos: radiação solar Assim, a Receita Federal, para apurar eventual Imposto de Renda irrigadas, já são facilmente conhecidas e encontradas (Rs), velocidade do vento (Vv), umidade relativa sobre o ganho de capital, deve sempre considerar apenas a terra nua. em diversas publicações. (UR) e temperatura do ar (T). Como são os principais As duas notícias acima são informações técnicas, mas que con- Dentre as várias metodologias existentes que pos- fatores climáticos que afetam a demanda evaporativa tribuem e levam conhecimento ao agricultor, evitando-se que seja sibilita indicar o momento de irrigar, os sensores que das plantas, pode-se concluir que a demanda de água despojado, injustamente, de seu patrimônio. O Estado, cada vez medem a tensão de água no solo e, que indiretamente dentro e fora desses ambientes de cultivo são distintas. mais, quer arrecadar, sem se preocupar com quem está produzindo possibilita correlacionar com os teores de água no O que, normalmente, ocorre dentro de um ambiente o essencial: alimentos. solo, são os mais usados pelos agricultores irrigantes protegido (estufas agrícolas) é o aumento dos valo- em cultivo protegido. Dentre esses sensores existem res médios de T e da UR, e diminuição da Vv e Rs. * Possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do (1983), mestrado em Direito pela Universidade alguns que são de fácil manuseio e de baixo custo Sugere-se então que para as mesmas condições de Federal do Paraná (2000) e doutorado em Direito pela Universidade Federal como: tensiômetros e Irrigas, sendo este último bastan- cultivo de uma hortaliça, os valores das lâminas de do Paraná (2002). Foi Coordenador de Curso de Direito - Faculdade da Serra te utilizado em cultivo protegido por ter boa precisão, irrigação a serem aplicados para cultivos em estufas Gaúcha. Foi coordenador do Mestrado em Direito da UCS. Atualmente, é demandar pouca manutenção e nenhuma calibração. agrícolas serão menores do que os necessários em doutor adjunto III da Universidade de Caxias do Sul, professor visitante da Em ambiente protegido, na maioria das vezes, os cultivos tradicionais. Universidade Federal da Paraíba e professor do Mestrado e Doutorado e pes- produtores irrigam em excesso, o que impacta na Assim, para se ter um bom plano de manejo de quisador da Universidade de Caxias do Sul. Tem experiência na área de Direito, produtividade das plantas e no surgimento de doenças. irrigação em cultivo protegido, o técnico e o pro- com ênfase em Direito Administrativo, atuando principalmente nos seguintes Nestes ambientes, observamos cultivos de hortaliças dutor irrigante devem levar em consideração, além temas: ambiental, dano ambiental, cidadania, desenvolvimento sustentável e diretamente sob o solo, com e sem cobertura (plástico, dos fatores normalmente observados (cultura, solo / administração pública. Avaliador CAPES - Área do Direito capim, etc.), além de cultivos sem solo (hidroponia) substrato, dados climáticos local/regional, qualidade Dr. Sérgio Augusti n ou em substratos inertes (semi-hidroponia). da água etc), o tipo de estrutura e de plástico em Advogado OAB/RS 16.809 Assim, para cada sistema de produção com uma cobertura, o tipo de mulching (cobertura do solo), ou mesma ou diferente cultura plantada, teremos distintas seja, os fatores que em última instância irão acarretar Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná demandas da água de irrigação. Os sistemas hidro- variações nas condições microclimáticas internas da Professor Universitário pônicos e semi-hidropônicos, a depender da cultura, estufa ou túneis plásticos. Telefone: (54) 9.9974.8136 | Flores da Cunha/RS 16 AGRICULTURA FAMILIAR Outubro 2017 Pela qualificação na produção de pimentão

Embrapa Hortaliças lança portfólio para cultivo do fruto com dados completos e disponíveis gratuitamente pela internet

Camila Baggio produtores de pimentão em cultivo [email protected] protegido (com uso de estufas) do Bra- Avaliação da fertilidade do solo sil. De acordo com números da Emater, O solo é o principal substrato para o desen- amostragem é uma operação muito importante, a área plantada no ano passado foi de volvimento das plantas do pimentão. Por isso, o pois uma pequena quantidade de solo recolhida Com o objetivo de facilitar o acesso 217 hectares e a produção chegou a 18 conhecimento da disponibilidade de nutrientes no deve ser capaz de representar a fertilidade média dos produtores às tecnologias que mil toneladas. A cultura do pimentão solo é fundamental para adicionar as quantidades e de uma grande área. orientam sobre os procedimentos tem importância social na região por as fontes corretas de fertilizantes. Solos com teores Portanto, os procedimentos para a coleta de necessários para a obtenção do cer- ter como característica pequenas de nutrientes aquém do ideal ou em excesso com- amostras devem ser rigorosos, pois as análises tificado de Produção Integrada de propriedades com emprego de mão prometem a produtividade do pimentão, pois essa laboratoriais não corrigem as falhas de uma amos- Pimentão, a Empresa Brasileira de de obra familiar. O reconhecimento cultura acumula e exporta em suas partes comerciais tragem inadequada. Para a cultura do pimentão, Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do certifi cado de Produção Integrada grandes quantidades de nutrientes. a amostragem do solo deve ser realizada sempre Hortaliças, de Brasília, lançou no de Pimentão será viável apenas após A análise química do solo é uma das etapas-chave a cada plantio. Para isso, são necessários alguns último mês o portfólio Produção Inte- a publicação das normas técnicas. da Produção Integrada de Pimentão (PIP), pois o passos como, por exemplo, a separação da área grada de Pimentão (PIP). A coletânea Dentre as publicações estão infor- resultado obtido permitirá o conhecimento do nível em unidades de amostragem ou glebas; a coleta de reúne 10 publicações resultantes de mações sobre o solo; principais pra- de fertilidade do solo e das variáveis que controlam amostras simples dentro de cada gleba; e o preparo um projeto de cooperação entre o gas e doenças; manejo de nematoides a disponibilidade dos nutrientes para as plantas. A correto da amostra composta. Ministério da Agricultura, Pecuária e (das galhas e das lesões radiculares); Abastecimento (Mapa) e a Embrapa análises microbiológicas e de re- Guia prático para identificação de doenças Hortaliças para subsidiar as normas síduos de agrotóxicos; manejo na técnicas específicas para o sistema compactação do solo; tecnologia de A cultura do pimentão é encontrada em todas dos consumidores mediante o consumo de frutos de produção integrada de pimentão, aplicação de agrotóxicos; fi siologia as regiões do país, seja em cultivo protegido ou com resíduos, além de causar a contaminação do que estão em fase fi nal de publicação. e manuseio pós-colheita; entre outros em campo aberto, ao longo de todo o ano. Dada a meio ambiente e o aumento dos custos de produção. grande diversidade climática de seus locais de pro- Por isso, o objetivo é valorizar as medidas preven- Programas de produção de alimentos assuntos (confi ra ao lado). O jornal A dução, o pimentão está sujeito a vários problemas tivas e culturais, que se adotadas harmoniosamente, Vindima reuniu algumas das informa- certifi cados como este têm como ob- de ordem fi tossanitária, especialmente doenças, que podem reduzir a dependência e o uso de agrotóxi- jetivo a obtenção de produtos de alta ções disponíveis nas publicações da comprometem a produtividade e a qualidade do cos, bem como assegurar a qualidade dos frutos. qualidade por meio do uso normas Embrapa Hortaliças nesta matéria. O produto. O controle fi tossanitário representa um dos Algumas das principais doenças relacionadas ao técnicas específi cas. conteúdo completo pode ser acessado principais problemas enfrentados por produtores no cultivo do pimentão no país são: tombamento; oídio; O portfólio foi lançado durante a 19ª no site da entidade (www.embrapa. país, devido ao uso excessivo e indiscriminado de mancha de estenfílio; mancha bacteriana; cancro edição da Semana do Pimentão, reali- br) ou diretamente pelo link http:// agrotóxicos. Tal uso aumenta as chances de intoxi- bacteriano; mosqueado do pimentão; antracnose; zada no Distrito Federal. Atualmente, bit.ly/2xQhF2l cação dos produtores devido à exposição excessiva talo oco; entre outras – são pelo menos 18 doenças, o Distrito Federal está entre os maiores Confi ra: aos produtos, aumenta os riscos de contaminação além das secundárias como a podridão cinzenta. Outubro 2017 AGRICULTURA FAMILIAR 17

Reconhecimento e Tecnologia de aplicação de agrotóxicos monitoramento das em cultivo protegido de tomate e pimentão principais pragas Atualmente, o uso de agrotóxicos tem sido realizado de e trabalhadores rurais. O pimentão é cultivado de forma intensiva em forma intensiva e, na maioria dos casos, de forma inadequada A utilização de técnicas corretas para a aplicação do agrotó- estufas ou em campo aberto, o que o torna passível e indiscriminada, podendo colocar em risco a vida dos aplica- xico é fundamental para garantir a efi ciência do produto. Além de problemas de ordem fi tossanitária. A ocorrência dores e consumidores. Muitas vezes, o excesso de aplicações disso, uma aplicação de qualidade permite redução nos custos de pragas e doenças representa um dos principais de agrotóxicos se deve à inefi ciência da aplicação dos produtos. de produção, maior produtividade, menor acúmulo de resíduo problemas enfrentados por produtores no país, Trabalhos recentes têm evidenciado que, de modo geral, a nos alimentos, menor risco ambiental e de contaminação do causando perdas significativas na produção e qualidade das pulverizações comumente realizadas pelos agri- aplicador e consumidor. Para isso, devem-se considerar vários grandes prejuízos aos produtores. A técnica de cultores está muito abaixo dos padrões desejáveis. Isso ocorre fatores, como o alvo a ser atingido, as características do produto amostragem e monitoramento de pragas do pimen- em função do mau estado de conservação dos equipamentos a ser aplicado, os equipamentos utilizados e as condições am- tão é considerada um fator de grande importância, de pulverização, da falta de calibração e regulagem dos pul- bientais no momento da aplicação. A interação desses fatores pois permitirá detectar o início da infestação, de- verizadores, bem como da falta de capacitação de agricultores garantirá a efi cácia de controle. terminar o local de entrada das pragas no cultivo, DIVULGAÇÃO identifi car como estão distribuídos os focos de infestação e estimar a densidade populacional das Época de plantio pragas. Estas informações servirão de base para a É na propriedade da comunidade Linha Sebastopol, no distrito caxiense tomada de decisão sobre a necessidade do uso de de Vila Cristina, que o casal de agricultores Ivete e Alcides Basso trabalha métodos de controle. Quando da necessidade da no cultivo do pimentão. Há 20 anos a família investe na cultura, aliando o utilização do controle químico, devem-se utilizar trabalho com outras produções como feijão de vagem, pepino, abobrinha, apenas agrotóxicos registrados para a cultura do couve-fl or, brócolis e uva. Nas últimas semanas Ivete e Alcides aplicam-se pimentão no Ministério da Agricultura, Pecuária no plantio das mudas de pimentão, tarefa que, inicialmente, não foi fácil e Abastecimento. em função da falta de chuvas na região. “O tempo seco afeta o plantio, pois No monitoramento de pragas recomenda-se rea- no momento do transplante da bandeja para o solo, as mudas passam por lizar a amostragem ou inspeção dos cultivos, duas um período de adaptação e têm pouca raiz. Com um solo úmido a muda vezes por semana, desde a semeadura ou trans- sofre menos. Faltou chuva neste período”, aponta Alexandre, fi lho do casal. plantio até o fi nal da estação de cultivo, de modo A família cultiva cerca de 2 mil mudas de pimentão por safra – sendo a identifi car possíveis alterações nas populações duas ao ano. Embora ainda não tenha tido contato com as informações que das pragas. Deve-se percorrer a área de cultivo integram o sistema de produção integrada de pimentão, que está em fase (campo aberto ou cultivo protegido) em zigue- fi nal de publicação no Distrito Federal, a família Basso está investindo na -zague, avaliando-se, aleatoriamente, 20 plantas qualifi cação da produção e, neste ano, buscou subsídio para o custeio de por parcela. Em cada ponto de amostragem, avaliar insumos, fertilizantes, sementes e para uma estrutura de irrigação, entre outras melhorias. Tudo com o objetivo de uma safra positiva e, acima de duas folhas do ápice, duas da parte mediana, duas Os agricultores Ivete e Alcides Basso cultivam da parte inferior e duas fl ores em cada planta. tudo, lucrativa. “Esperamos que o clima colabore para uma boa safra, e que no momento da colheita tenhamos um bom preço”, sustenta Alexandre. pimentão há 20 anos no distrito de Vila Cristina, interior de Caxias do Sul. 18 SAÚDE DO AGRICULTOR Outubro 2017

O que é rinite alérgica? Alérgenos Conheça mais sobre esse tipo de alergia tão comum entre as pessoas A rinite alérgica pode causar outros problemas, como otites (infl a- mação dos ouvidos), sinusites (infl amação de cavidades existentes e que requer cuidados especiais na primavera na face) e roncos (pelo entupimento do nariz) que interferem na qualidade de sono do paciente. No entanto, ele só vai apresentar esses O nariz é um dos componentes Por isso, quando fi ca gripada, a em contato com essa mesma sintomas quando estiver em contato com as substâncias aos quais é das vias respiratórias. Na verdade, pessoa apresenta obstrução nasal, poeira, podem ter rinite e asma. alérgico. Essas substâncias recebem o nome de alérgenos. Quanto é o primeiro local por onde o ar espirros e coriza, pois seu orga- O paciente alérgico não nasce maior o contato, mais intensos tendem a ser os sintomas. passa até alcançar os pulmões. nismo está tentando protegê-la, hiperreativo (com alergia), mas Normalmente o paciente com rinite alérgica só apresenta os sin- Dentre outras atribuições, ele é impedindo que os vírus alcancem sim com a capacidade de sensi- tomas quando entra em contato com o alérgeno. Em geral, eles são responsável pela limpeza, umi- seus pulmões através do ar. bilizar-se a determinado fator. proporcionais à quantidade de alérgeno a que foram expostos. Na dificação e aquecimento do ar Alergia, na realidade, não signi- Tornar-se sensível signifi ca passar época do inverno, costumam sofrer mais, pois acabam usando co- inspirado. fi ca falta de defesa do organismo. a ter uma resposta de defesa a uma bertores e roupas que fi caram guardados por muito tempo e podem Para exercer essa função cor- Ao contrário, indica uma defesa substância que antes era tolerada. estar cheios de ácaros e fungos. retamente, o nariz possui um exagerada contra agentes que não Isso signifi ca que podemos convi- Além disso, esses doentes são mais susceptíveis a resfriados. Na complexo mecanismo de defesa. são potencialmente agressivos ao ver com determinada substância verdade, o resfriado é uma infl amação do nariz, que compromete os Por isso, ao entrar em contato ser humano. Ou seja, uma pessoa por muitos anos, e vir a desenvol- mecanismos de proteção nasal, o que facilita a entrada dos alérgenos. com alguma substância tóxica, alérgica é hiperreativa a deter- ver sintomas apenas tardiamente. desencadeia uma resposta para minadas substâncias que numa Essa característica é herdada impedir que essa substância al- pessoa normal não despertam dos pais. Quando um homem e cance os pulmões. O surgimento nenhuma resposta. uma mulher alérgicos têm um fi - Saiba mais da obstrução nasal provoca o O sistema imunológico das lho, a probabilidade dessa criança bloqueio da passagem do agente pessoas alérgicas, por caracte- ser alérgica é de cerca de 50%. No Quais os sintomas da rinite alérgica? agressor e, através dos espirros rísticas genéticas, interpreta que entanto, mesmo que nenhum dos Os sintomas que os pacientes portadores de rinite alérgica apresentam e coriza, a remoção dessa subs- determinada substância é tóxica, e pais apresente alergia, a criança são obstrução nasal (entupimento), coriza, espirros (algumas vezes o tância. Essa reação é normal e que precisa proteger o organismo ainda assim pode ter manifes- paciente espirra mais 20 vezes seguidas) e coceira no nariz. Essa coceira todas as pessoas, ao entrarem em contra sua entrada. Por essa razão, tações alérgicas, como rinite, pode ser na garganta ou nos olhos. Todos os doentes apresentam tais contato com algumas substâncias algumas pessoas convivem nor- conjuntivite, asma e alguns tipos sintomas minutos após o contato com o alérgeno, e cerca de metade tóxicas, apresentam tais sintomas. malmente com fatores que cau- de alergia de pele. A forma mais deles terão novamente sintomas cerca de 4 a 6 horas depois. sam a alergia, como a poeira de comum, porém, é a rinite. Cerca casa, sem ter sintomas, ao passo de 10% a 25% das pessoas sofrem Quais as causas da rinite alérgica? que outras pessoas, ao entrarem de rinite alérgica. Poeira, pólen e alguns alimentos são substâncias que podem causar alergia. Aqui no Brasil a poeira domiciliar é o fator de risco mais importante. Ela é constituída por descamação da pele humana e de animais, por restos de pelos de cães e gatos, restos de barata e outros insetos, fungos, bactérias e por ácaros, organismos microscópicos da família dos aracnídeos. Existem vários tipos de ácaros. Entre todos, o que mais frequente- mente está relacionado com a alergia é o Dermatophagoides ssp., nome que signifi ca “aquele que se alimenta de pele”, visto que uma de suas fontes de alimentos é a descamação da pele. No colchão de nossas camas e nos móveis estofados de nossas casas, podem acumular-se muitos fragmentos de descamação de pele. Exatamente por essa razão, nesses locais, é grande a quantidade de ácaros, aracnídeos que vivem nas camadas profundas dos tecidos, abraçados as fi bras. Ácaros não são capazes de viver sobre uma superfície lisa, por exemplo, em paredes.

Como tratar rinite alérgica? O tratamento dos pacientes portadores de rinite alérgica é composto por três pontos fundamentais: a) Higiene ambiental; b) Tratamento medicamentoso; c) Vacinas antialérgicas.

Parte do artigo retirado de www.drauziovarella.com.br e assinado por João Ferreira de Melo Junior, médico otorrinolaringologista especialista em alergias. Outubro 2017 VARIEDADES 19

onde? Aqui a saída é o próprio ato resignifi car o mal que nos acontece. dá sentido, então de alguma forma, [email protected] | www.padreezequiel.com.br de criar. Por isso, a criação é um Se isso é verdade podemos dizer apesar do mal, nunca estaríamos ato de amor. Um amor que não se que vale a pena a criação. Embora totalmente jogados no mundo e esgota pelo fato de criar, mas que Deus, sabendo que a criação, que desamparados, submetidos a força se realiza na permanente atividade nós, seus fi lhos, padeceríamos do do mal. Mesmo o mal mais radical REFLEXÕES de amar. Deus ama continuamente mal, decidiu criar. É uma decisão poderá encontrar algum sentido a criação que sai dele. de amor. O amor embora não en- se lhe tiver alcançado a palavra Padre Ezequiel Dal Pozzo Esse amor também é sustento tenda todo o mal, o resignifi ca. E ou presença do amor. Por isso, a contra o mal. Ele não é garantia a vida se resolve nos signifi cados. criação vale a pena apesar do mal. Se Deus sabia que iríamos enfrentar o mal, de ausência de mal. A presença Muito embora haja o mal. Alguém O mal embora seja um mistério porque mesmo assim decide criar? do amor não evita uma doença ou poderia dizer: mas minha vida foi só absurdo, não tem força para des- um terremoto, mas pode dar um sofrimento. Mesmo assim, a partir fazer o sentido radical e profundo Essa pergunta é possível ao co- obra diferente de si. O mundo não sentido novo para aceitação des- do amor dirá que valeu a pena ter da vida e do amor. Ele não é mais ração humano. Deus é onisciente. é idêntico a Deus. Se fosse idêntico ses males. Embora nos aconteça o nascido. O sofrimento, os males, forte que o amor. Mesmo que leve Sabe tudo. Sabe o antes o agora e seria perfeito e ilimitado, o que mal podemos nos sentir guardados não anulam a potência da vida e do à morte. Para levar à morte precisa o depois. Sabe o que aconteceu, o já dissemos que não é possível. por um amor que nunca abandona. sentido. Deus sabia que o mal seria ter havido a vida que é por si mes- que estamos vivendo e sabe o que Deus não cria a si mesmo. Ele é o Esse parece ser o sentido maior algo inevitável, como possibilidade, ma produto do amor. Embora às iremos enfrentar. Assim é com a eterno e incriado. Sem princípio e para suportarmos os males. Não se na criação. Sabia que iríamos sofrer vezes não se perceba isso, a verda- criação. Deus sabia, ao criar, que sem fi m. A criação carrega em si deve colocar do lado do mal a oni- a força do mal. Contudo, sabe que o de é que para sofrer o mal radical é a criação seria limitada e fi nita, os traços de Deus e do seu amor. potência de Deus que, pensamos, na mal só é suportável na perspectiva necessário estar vivo. E se eu dizer por isso atormentada por males O amor por sua natureza não se maioria das vezes de forma errada, do amor. O amor cuida. O amor dá que a vida não vale a pena porque das mais diferentes proporções. fecha em si, mas tem necessidade que poderia evitar os males. Do sentido. Sendo Deus uma oferta de o mal é forte e destruidor, deveria Isso faz parte do conhecimento de interna de criar. O amor não per- lado do mal que nos acontece po- amor incondicional, sabia que o admitir que a vida para a maioria Deus. Sabendo que sofreríamos o manece fechado em si mesmo, se demos colocar a presença do Deus absurdo do mal somente seria total- não é isso. O mal que eu sofro mal porque mesmo assim decide auto contemplando. Ele cria algo, amor, que está conosco. Sofrendo mente exterminante longe do amor. não deveria simplesmente anular criar? Primeiro temos que perceber pela própria necessidade do amor. conosco. Sofrendo a impotência do Como a criação é sustentada pelo o sentido da vida em si mesma. que Deus cria por amor. Ele que é O amor traz dentro dele mesmo a amor, mas dando um sentido novo amor e a nossa liberdade recebe Não deve anular o sentido da vida puro amor cria o mundo, que é uma necessidade de saída. Saída para ao sofrimento. Só o amor pode continuamente a oferta de amor, que e sua beleza.