Jornal Mensal de Actualidade Angolana

MARÇO 2010 EDIÇÃO GRATUITA www.embaixadadeangola.org EDIÇÃO DOS SERVIÇOS DE IMPRENSA DA EMBAIXADA DE EM

PRESIDENTE DA REPÚBLICA ALTERA ORGÂNICA DO GOVERNO VIVA A MULHER ANGOLANA!

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AVIÕES DA TAAG VOLTAM A VOAR POR TODA EUROPA TAAG recebeu, finalmente, autorização, A da Comissão Europeia (CE) para voar a todo o espaço europeu, quase cerca de três anos depois de ter sido suspensa. A compa- nhia de bandeira angolana vai utilizar os seus aviões da última geração, nomeadamente, os Boeings 777-200, adquiridos há três anos pelo Governo, segundo o ministro dos Transportes, Augusto Tomás.

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EMBAIXADOR VISITA GRUPO AMORIM ASSUNÇÃO DOS ANJOS Pág. 2 NA REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA CPLP

JOÃO INGLÊS: DE N`DALATANDO Pág. 3 PARA SETÚBAL… Pág. 11 2 Política MARÇO 2010 PRESIDENTE DA REPÚBLICA ALTERA ORGÂNICA DO GOVERNO O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, alterou a orgânica do Executivo com a transformação do Ministério do Comércio e Turismo em duas tutelas distintas, acrescentando ao elenco o Ministério da Hotelaria e Turismo. Com esta alteração, a ministra Maria Idalina Valente assume a pasta do Ministério do Comércio, enquanto Pedro Mutinde assume a pasta da Hotelaria e Turismo, quando antes tinha o cargo de secretário de Estado para estes sectores. estas alterações, comunicadas pe- José Eduardo dos Santos mexeu ainda N los serviços da Presidência ango- na área da “inteligência” angolana, no- lana, surgem ainda as nomeações de meando André de Oliveira João Sango Aldemiro da Conceição para o cargo director geral do Serviço de Inteligência de director de Gabinete de Quadros Externa e António José Maria chefe do dos Serviços Auxiliares do Presidente Serviço de Inteligência Militar. Os dois da República, Antónia Florbela de Jesus responsáveis já integram a estrutura dos Araújo, para secretária para os Assuntos Serviços de Inteligência, mas noutros Judiciais e Jurídicos do Presidente da cargos. Ainda neste contexto de alte- República, e André Rodrigues Mingas rações decididas pelo Chefe de Estado Júnior, secretário para os Assuntos Lo- angolano, Augusto Archer de Sousa cais do chefe de Estado. José Mena Mangueira surge como vice-ministro do Abrantes foi ainda, entre cerca de uma Comércio, Paulino Baptista, vice-ministro dezena de alterações no Palácio da Ci- da Hotelaria e Turismo, e Carlos Alberto dade Alta, nomeado secretário para os Teixeira de Alva Sequeira Bragança, vice- Assuntos de Comunicação Institucional ministro das Relações Exteriores para a e Imprensa do Presidente da República. Administração e Finanças. ❚

ASSISTÊNCIA AOS VETERANOS DE GUERRA PARLAMENTO ANGOLANO APROVA ACORDO DE DEFESA COM MOÇAMBIQUE ANGOLA TROCA EXPERIÊNCIA Assembleia Nacional aprovou, em Lu- domínio da Defesa, em especial na área A anda, com 152 votos a favor, zero técnico-militar, quando para tal solicitada, contra e nenhuma abstenção, o projecto e na medida das suas possibilidades, em COM ÁFRICA DO SUL de resolução sobre o acordo de coopera- conformidade com o direito interno de ção entre as Repúblicas de Angola e de cada um dos países e das normas apli- vice-ministro da Defesa e dos pela saúde dos veteranos de guer- Moçambique, no domínio da Defesa. O cáveis do direito internacional. O relató- O Veteranos Militares da África ra, sobretudo no que respeita ao ante-projecto apresentado pelo ministro rio parecer da Comissão dos Assuntos do Sul, Thabang Makwetla, visitou, trabalho que deve ser feito para das Relações Exteriores, Assunção dos An- Constitucionais, Jurídicos e Regimento do este mês, o País, tendo, durante garantir a assistência aos mesmos, jos, foi negociado e assinado em 2008, na Parlamento angolano, lido pelo deputado três dias, trocado experiências pelo que espera inteirar-se sobre cidade de Maputo, pelos governos dos Constantino Manuel dos Santos, destaca a dois países, e visa a promoção da coo- colaboração entre Angola e Moçambique, com as autoridades nacionais na como as autoridades angolanas peração no domínio militar e de Defesa, assente numa base de respeito mútuo, assistência aos antigos combaten- têm resolvido essa questão. Em bem como as vantagens daí resultantes dos princípios consagrados na Carta das tes. Segundo Thabang Makwetla, Angola, a comitiva sul-africana foi para ambos os Estados. O acordo tem Nações Unidas e das normas do direito “Angola é um País que joga um recebida pelos ministros dos Anti- por objectivo o reforço da cooperação no internacional universalmente aceites. ❚ papel importantíssimo na região gos Combatentes e Veteranos da e que tem um tipo de Governo Pátria, Kundi Paihama, e da Defesa, e políticas muito sensíveis para a Cândido Van-Dúnem, assim como questão dos veteranos de guerra”. encontrou-se com veteranos de Considerou ser um desafio velar guerra. ❚ ASSUNÇÃO DOS ANJOS NA REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA CPLP AGOSTINHO NETO RECONHECIDO ministro das Relações Exteriores, talecimento do ensino do português, a O Assunção dos Anjos, participou, sua implantação em organizações inter- no final de Março, na VI Reunião Ex- nacionais e a sua importância para as traordinária do Conselho de Ministros diásporas nacionais dos países da CPLP. NA NAMÍBIA da Comunidade dos Países de Língua A segunda etapa reuniu delegações go- Presidente da Namíbia, Lucas Po- Portuguesa (CPLP), realizada na Repú- vernamentais dos Estados-membros da O hamba, condecorou o primeiro blica Federativa do Brasil. O chefe da organização, tendo discutido as propos- Presidente de Angola, António Agosti- diplomacia angolana foi um dos titula- tas consideradas passíveis de compor nho Neto, com a Ordem da Welwitshia res da pasta das Relações Exteriores dos um programa de acções da comunida- de Primeira Classe, a maior e mais anti- Estados-membros da CPLP reunidos em de para o cumprimento dos objectivos ga condecoração do país. No vigésimo sessão extraordinária para analisar as fixados pelos Chefes de Estado e de aniversário da independência daquele estratégias e as acções que projecta- Governo na “Declaração sobre a Língua país, a figura de Agostinho Neto foi Libertação de Angola (FAPLA) pelo seu rão a língua portuguesa no mundo. Os Portuguesa”, aprovada em 2008 em Lis- mesmos recomendaram acções para a boa. A conferência internacional sobre o recordada pelo seu contributo à causa contributo na luta pela independência próxima cimeira da comunidade, que se futuro da língua portuguesa e a reunião da libertação do povo da Namíbia e nacional. O Comandante Ndalu recebeu realizará em ainda este ano. A extraordinária do Conselho de Ministros de todos os povos da região. Maria a condecoração. Nas festas do vigésimo conferência iniciou a 25 de Março e foi decorreram sob a presidência conjunta Eugénia Neto, viúva do primeiro Pre- aniversário da Namíbia, o Presidente Lu- dividida em duas etapas, sendo que a do Brasil e de Portugal, na qualidade de sidente de Angola, recebeu a conde- cas Pohamba foi empossado no cargo, primeira terminou no dia 27 e reuniu actual presidente da comunidade. Para coração. Foi também condecorado o depois da sua eleição. António Paulo escritores, professores, académicos, edi- além dos Estados membros da CPLP, deputado Paulo Teixeira Jorge, que foi Kassoma, Presidente da Assembleia Na- tores, jornalistas, entre outros profissio- foram convidadas delegações da Guiné ministro das Relações Exteriores no cional, esteve presente na cerimónia nais directamente ligados à difusão da Equatorial, Ilhas Maurícias e do Senegal, tempo de Agostinho Neto. As autori- de investidura em representação do língua portuguesa. Esses profissionais na qualidade de Estados Observadores dades da Namíbia distinguiram ainda Presidente da República José Eduardo reflectiram sobre a necessidade do for- Associados da CPLP. ❚ as então Forças Armadas Populares de dos Santos. ❚ www.embaixadadeangola.org MARÇO 2010 Economia 3

EMBAIXADOR VISITA GRUPO AMORIM

embaixador angolano em Por- dente do conselho de administração, O tugal, José Marcos Barrica, visi- é intenção da empresa que dirige tou em Espinho (norte de Portugal), consolidar o seu mercado em Angola, a fábrica de rolhas de champanhe derivadas das relações históricas en- “Champork”, pertencente ao Grupo tre os dois países. Remontando a sua Amorim Revestimentos, SA. Acom- origem a 1870, o Grupo Amorim é panhado de funcionários do corpo hoje uma das maiores multinacionais diplomático angolano em Portugal, de origem portuguesa, liderando a ligados ao sector económico, nomea- indústria da cortiça. A par da cor- damente os adidos económico e ad- tiça, o grupo foi pioneiro em várias ministrativa, Pedro Caetano e Maria operações e actividades que muito do Carmo, respectivamente, o em- contribuíram para o desenvolvimen- baixador Marcos Barrica manifestou to da economia portuguesa, como o “firme desejo” do referido grupo a telecomunicações, da energia, do reforçar os seus laços em Angola. turismo, dos sectores imobiliário e Segundo Américo Amorim, seu presi- financeiro, entre outros. ❚ ÁGUA PARA TODOS ECONOMIA ANGOLANA CRESCE Comissão Permanente do Conse- nente do Conselho de Ministros reco- A lho de Ministros aprovou o plano mendou a tomada de medidas para 2,7 POR CENTO EM 2009 de acção revisto do projecto “Água que se encontrem as melhores solu- taxa de crescimento real da enquanto que as do Fundo Monetá- para Todos”, que indica que cerca de ções financeiras para a realização de economia angolana em 2009 foi rio Internacional indicavam um cres- 3,6 milhões de pessoas de 1620 po- investimentos até 2016, envolvendo A de 2,7 por cento com estabilidade cimento de 9,3 por cento e a equipa voações e bairros vão beneficiar de também o sector privado. Para o efeito, registada nos principais indicadores de analistas da Espírito Santo Research água potável até 2012. Refere que a Comissão Permanente do Conselho económicos do País, segundo dados perspectivava um crescimento real do no ano passado 2,3 milhões de pes- de Ministros sugeriu a criação de no- apresentados na reunião da Comissão Produto Interno Bruto em torno de 10 soas beneficiaram de água potável, vas tarifas, que devem ser introduzidas Permanente do Conselho de Ministros por cento. O documento refere que o um número que perfaz 33 por cento de modo gradual, para a criação de angolano, que analisou o relatório de sector não petrolífero registou uma da população rural. Relativamente ao condições que garantam a expansão balanço da execução do cronograma expansão, ao contrário do petrolífe- sector da energia, a Comissão Perma- da energia a todo o País. ❚ das medidas principais de gestão ma- ro que sofreu uma contracção de 5,1 croeconómica e estruturais implemen- por cento. O relatório informa ainda tadas em 2009. As previsões do Banco que a inflação acumulada em 2009 Mundial apontavam que a economia foi de 13,99 por cento, ultrapassando angolana deverá crescer 6,5 por cento a previsão que apontava para 12,5 este ano e 8,0 por cento em 2011, por cento. ❚ CENTRAL DE COMPRAS PARA ESTABILIZAR PREÇOS

Governo criou a CENCO - Cen- Conselho de Ministros. A CENCO é O tral de Compras E.P, para con- uma entidade de grande dimensão, tribuir na estabilização dos preços dotada de personalidade jurídica e e regularização do abastecimento autonomia administrativa, financeira de produtos essenciais à popula- e patrimonial e a principal institui- ção e para a institucionalização de ção de compras do estado, sem GOVERNOS PROVINCIAIS um sistema de compras públicas prejuízo de outras finalidades que mais rigoroso e transparente. Esta lhe venham a ser atribuídas por lei, empresa pública vai executar e refere o comunicado de imprensa. TÊM UM NOVO FIGURINO gerir os objectivos da Rede Inte- Para presidente do Conselho de Ad- grada de Logística e Distribuição ministração da Central de Compras s governos provinciais têm uma do, durante a segunda sessão ordinária (RILD), subprograma integrado no foi nomeado, para um mandato de O nova forma de organização e fun- orientada pelo Presidente da República, PRESILD. Os projectos de Decretos três anos, Manuel Francisco Gomes cionamento concebida para adequar o José Eduardo dos Santos. Entre outros Presidenciais que aprovam a criação, Maiato, tendo como administrado- quadro organizativo e funcional daque- ajustamentos, o documento propõe estatuto orgânico, estratégia de ac- res Djamila Huguette da Silva de les órgãos ao novo figurino constitucio- uma nova definição das competências tuação, estudo de viabilidade eco- Almeida e Francisco Firmino Jacinto. nal. O Conselho de Ministros aprovou, dos governadores provinciais e cria nómica e financeira e o orçamento Mais dois integrantes deste conse- este mes, a Proposta de Lei sobre a três vice-governadores; para os secto- de instalação da CENCO – Central de lho de administração devem ser Organização e Funcionamento dos Ór- res económico, político e social e para Compras E.P foram adoptados pelo indicados em breve. ❚ gãos de Administração Local do Esta- os serviços técnicos e infra-estruturas. ❚

www.embaixadadeangola.org 4 Economia MARÇO 2010 PAGAMENTO VIA-TELEMÓVEL EM VISTA ngola prepara-se para a entrada nidade” em função dos diversos canais realizar um negócio de 80 mil kwanzas Aem vigor do sistema de pagamento de distribuição existentes. “Atendendo (cerca de oito mil dólares) tem que se via telemóvel, que visa facilitar a cir- que há um uso massivo de telemóveis enfrentar filas e limites de horário, e culação do dinheiro entre pessoas de por parte da população angolana, até essa forma de ‘mobile payment’ resul- baixo rendimento, informou o Banco nos sítios mais recônditos, pretende-se tou em alguns países para as pessoas Nacional de Angola (BNA), durante o aproveitar este facto para a inclusão de baixo rendimento, como no Brasil, IV encontro sobre Sistema de Paga- social da população nos serviços ban- com quem vamos aprimorar essa ques- mentos da Comunidade dos Países de cários”, salientou. O recurso às agências tão”, refere. Os cartões bancários são Língua Portuguesa (CPLP), terminado bancárias é pouco prático, segundo o actualmente o sistema de pagamento recentemente, em Luanda. Segundo o BNA, para os que funcionam na eco- com mais expressão em Angola, onde BNA, os sistemas de pagamentos em nomia informal, devido às limitações até há uns cinco anos predominavam Angola apresentam já “níveis de moder- que apresenta para essa classe. “Para os cheques. ❚ DESEMPENHO DA ECONOMIA DÁ CONFIANÇA A INVESTIDORES economia angolana continua a re- mais emprego e a redução da pobre- A gistar um desempenho “surpreen- za. O seminário sobre “Organizações dente”, dando maior confiança e segu- inteligentes, empresas eficientes” visou rança aos investidores, na visão de Rute divulgar as competências tecnológicas Saraiva, gestora da Sinfic, empresa de disponíveis no mercado para a análi- consultoria e tecnologia de informação. se estatística. Foram abordados temas A gestora, que falava à margem do se- como “A problemática da recolha de minário sobre “ Organizações inteligen- dados em Angola e da produção de tes, empresas eficientes” disse que os estatísticas”, “a importância da análise indicadores animadores podem ajudar preditiva nas organizações” e “a medi- a aumentar cada vez mais os níveis de ção do risco e previsão do futuro no investimento no País, proporcionando sector dos seguros. ❚ BM CONCEDE CRÉDITO DE 81,7 MILHÕES USD

Banco Mundial (BM) vai conce- de manutenção. O crédito a Angola O der um crédito de 81,7 milhões tem uma maturidade de 20 anos PARLAMENTO APROVA LEI de dólares (cerca de 60 milhões de e um período de carência de 10 euros) a Angola, para financiar obras anos. A segunda componente do públicas locais e prestar assistência projecto é o desenvolvimento eco- SOBRE BIOCOMBUSTÍVEIS técnica a entidades públicas, civis e nómico local, através da melhoria de agentes económicos. A aprovação “capacidades de criação de negócios Assembleia Nacional aprovou, por produção de biocombustíveis pode vir do crédito ao Governo de Angola e participação nos mercados para A 146 votos a favor, nenhum contra a ter na produção de alimentos. “Não para o Projecto de Desenvolvimento grupos de produtores selecciona- e quatro abstenções, o projecto de lei há uma contradição entre a produção Local foi concedida pela administra- dos”, através de assistência técnica. sobre os biocombustíveis. O projecto, alimentar e a produção dos biocombus- ção do Banco Mundial em Washing- Os beneficiários desta assistência apresentado pelo ministro dos Petró- tíveis”, garantiu o ministro dos Petróleos. ton, segundo anunciou a instituição serão os municípios, na preparação leos, estabelece as bases gerais para José Botelho de Vasconselos explicou financeira de apoio ao desenvolvi- das suas estratégias de desenvolvi- dinamizar o cultivo da cana-de-açúcar que a lei, nos seus princípios, diz que mento. A primeira componente do mento local, províncias, Fundo de e outras plantas, visando o seu apro- não pode haver conflitos entre a produ- projecto tem como objectivo “finan- Apoio Social, grupos de produtores veitamento, em especial para a produ- ção alimentar, considerada como priori- ciar a reabilitação e construção de e prestadores de serviços de de- ção de biocombustíveis. A lei surge na dade suprema, e a de biocombustíveis. obras públicas básicas e a aquisição senvolvimento de negócio e ain- sequência da aprovação, pelo Governo, Além disso, explicou, a lei defende que de bens essenciais em resposta a da divulgadores de esquemas de da Estratégia para o Desenvolvimento para a produção de biocombustíveis planos de desenvolvimento locais micro-finança. O projecto visa ainda de Biocombustíveis, que aponta para a são utilizadas terras de fraca aptidão e através de concessões municipais”. o fortalecimento de instituições lo- necessidade de se diversificar a produ- para os produtos agro-alimentares ou “Esta componente visa melhorar cais, públicas e privadas, quanto a ção de bens agrícolas. Esta diversificação terras marginais. Na produção de bio- o acesso de lares carenciados a capacidade de planeamento, gestão tem em conta não apenas fins alimenta- combustíveis, sublinhou, não são utiliza- melhores infra-estruturas sociais e e monitorização de serviços públi- res, mas a produção de biocombustíveis dos produtos importantes para a dieta económicas”, afirma. Para assegurar cos básicos e gestão de despesas. e geração de electricidade. Depois da alimentar da população. Os deputados o melhor funcionamento das infra- Estão previstas acções de assistên- apresentação do projecto de lei e do questionaram também a oportunidade estruturas, adianta o Banco Mundial cia técnica no trabalho, formação e relatório/parecer das comissões especia- de se usar a cana-de-açúcar para a pro- em comunicado, o projecto prevê a visitas de estudo, de acordo com o lizadas da Assembleia Nacional, alguns dução de biocombustíveis, quando o criação de comissões de operação e Banco Mundial. ❚ deputados questionaram a oportunida- País depende de importações para o de da aprovação e o impacto que a açúcar que consome. ❚ www.embaixadadeangola.org MARÇO 2010 Economia 5 ANGOLA FORTE PARCEIRO INSTITUTO DE AUDITORIA Instituto Angolano de Auditoria ter este encontro nacional, para reunir- O Interna entra em funcionamen- mos com a comunidade dos auditores COMERCIAL DOS EUA to dentro de três meses, segundo in- e lançarmos os desafios da criação formou o coordenador da comissão do Instituto. Agora só vamos elaborar ngola continua a ser um dos íses: Nigéria (44 por cento), Angola constituinte, Ladislau Ventura, durante o plano de acção, porque já temos principais parceiros comerciais (22 por cento) e África do Sul (12 por A o encerramento do primeiro Simpó- toda a documentação reunida para dos Estados Unidos na África subsaa- cento). Os recursos naturais dominam sio Nacional sobre Auditoria Interna, ser oficializada dentro de três meses”, riana, segundo um estudo do Centro as importações dos Estados Unidos, realizado no Centro de Convenções esclareceu Ladislau Ventura, antes de de Investigação do Congresso norte- sendo os “produtos energéticos” (83 do Talatona, em Luanda. O objecti- adiantar que o Instituto pretende mu- americano. O documento - Relações por cento) os principais. A Nigéria, o vo principal deste Instituto será o dar a postura dos auditores angolanos, Comerciais e de Investimentos dos quinto maior fornecedor de petróleo de prestigiar o País com um agente para que este trabalho tenha maior EUA com a África subsaariana - reve- dos Estados Unidos, foi responsável moralizador da sociedade no contro- qualidade e objectividade, visando a la ainda que Angola é também um por 53 por cento das importações nor- lo da gestão das empresas públicas garantia da excelência profissional. A dos principais pólos de atracção de in- te-americanas de petróleo da região, e privadas, bem como promover e constituição do Instituto de Audito- vestimentos norte-americanos naquela seguindo-se Angola, com 26 por cento. desenvolver a carreira de auditoria ria, disse, vai servir também como um região. Segundo o documento, datado No que diz respeito às exportações interna dos auditores angolanos que organismo moralizador da sociedade, de Fevereiro deste ano, as exporta- norte-americanas para aquela região, trabalham em diversas modalidades de para a melhor gestão das empresas ções norte-americanas para a África os mesmos três países continuam a sistema de controlo. “Precisávamos de públicas, sem fins lucrativos. ❚ subsaariana foram em 2008 1,6 por dominar a lista sendo a África do Sul cento e as importações de apenas 4,1 o principal importador (34 por cento), por cento, mas ainda assim o comér- seguido da Nigéria (22 por cento) e cio quadruplicou entre 1990 (17 mil Angola (12 por cento). As exportações milhões de dólares) e 2007 (81 mil norte-americanas para a África subsa- milhões de dólares). O estudo refere ariana são dominadas por maquinaria que em 2008 (último ano em análise e sobressalentes, cereais, aviões e ma- no documento) a esmagadora maioria quinaria eléctrica, mas o estudo não das importações norte-americanas da especifica por país o destino desses região esteve centrada em três pa- produtos. ❚ BOTSWANA QUER LIGAÇÃO AÉREA COM ANGOLA

Governo do Botswana ma- No encontro, expressamente soli- O nifestou interesse em esta- citado pelo governante tswanês, o belecer, o mais rápido possível, chefe da missão diplomática an- ligações aéreas directas entre a golana foi informado da urgência sua capital, Gaberone, e Luanda, e importância da concretização indica uma nota de imprensa da do estabelecimento das ligações embaixada angolana no Botswa- entre as duas capitais. “O Gover- na. Este interesse foi manifesta- no do meu país gostaria de ver do pelo ministro dos Transportes estabelecido um acordo entre as e Comunicações do Botswana, autoridades da aviação civil de Frank Ramsden, durante um en- ambos os países, de forma a ter- contro que manteve com o embai- mos movimento de voos entre as xador de Angola acreditado em duas capitais até Agosto deste ESTRATÉGIA PESQUEIRA Gaberone, José Agostinho Neto. ano”, afirmou o ministro. ❚ DISCUTIDA EM LISBOA MEDIDAS PARA COMBATER secretária de Estado das Pescas, dos recursos oceanográficos. Para esta A Vitória de Barros Neto, participou, reunião, Angola levou como proposta recentemente, em Lisboa, na primeira a necessidade de um posicionamento BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS reunião dos ministros responsáveis técnico e político comum, num tra- executivo pretende pôr fim a ac- Presidente da República. Nesse âmbito, pelos Oceanos da Comunidade dos balho que está a ser levado a cabo O tividade criminosa que pode ge- foi adoptado o projecto de Decreto Países de Língua Oficial Portuguesa pela países da comunidade, relaciona- rar graves consequências económicas Presidencial que aprova para a ratifi- (CPLP). Em declarações à imprensa, do com os processos de extensão das e sociais para o país. Para o efeito, cação a adesão de Angola à Conven- Vitória Neto informou que o encon- plataformas continentais e da investi- prepara um conjunto de medidas de ção das Nações Unidas contra a Cri- tro os responsáveis dos assuntos dos gação científica e protecção ambiental natureza preventiva e repressiva, que minalidade Organizada Transnacional. Oceanos dos países de língua por- Outra proposta visa a mobilização de deve constar da Proposta de Lei de O objectivo é promover a aplicação tuguesa aprovaram uma estratégia estudantes, professores e sociedade ci- Combate ao Branqueamento de Capi- de medidas internas e de cooperação comum para os mares, com vista a vil, para se inteirarem e conhecerem tais e ao Financiamento do Terrorismo internacional para prevenir e combater garantir o desenvolvimento sustentá- a importância que os oceanos têm apreciada ontem pelo órgão auxiliar do mais eficazmente esse fenómeno. ❚ vel dos mesmos e melhorar a gestão no desenvolvimento das sociedades. ❚

www.embaixadadeangola.org 6 Economia MARÇO 2010 EMPREENDEDORISMO ANGOLANO NA UAL ma conferência sobre o empreendedorismo em Angola conferência, que visou incentivar os estudantes angolanos U foi realizada, recentemente, na Universidade Autónoma para espírito empreendedor, foram debatidos, entre outros, de Lisboa (UAL) por estudantes angolanos do curso de temas como o programa de financiamento do Banco de gestão, em colaboração com o departamento de ciências Desenvolvimento de Angola e “como fazer um plano de empresariais da mesma instituição de ensino. Durante a negócios”. ❚

TAAG VOLTA A VOAR POR TODA EUROPA «FORAM 18 MESES DE TRABALHO PARA ASSEGURAR ALTOS PADRÕES» – AUGUSTO TOMÁS TAAG recebeu, finalmente, autori- - uma das peças fundamentais do de- sua capacitação e torná-la apta a voar fio é bem ilustrada pelo facto de, na A zação, da Comissão Europeia (CE) senvolvimento económico e social do para todos os destinos internacionais. história recente da aviação, não existir para voar a todo o espaço europeu, País -, como também ao orgulho dos Além da reestruturação, a nova estra- exemplo de companhia aérea africana quase cerca de três anos depois de seus trabalhadores e dos angolanos, tégia também visou tornar a TAAG a quem a CE tenha levantado o tipo ter sido suspensa. A companhia de em geral. Augusto Tomás recordou que, moderna e eficiente, regendo-se pelo de restrições impostas à transportadora bandeira angolana vai utilizar os seus na sequência das restrições impostas mais alto padrão de qualidade, segun- aérea nacional. A retomada dos voos aviões da última geração, nomeada- pela CE, foi preparado um programa de do Augusto Tomás. “No fundo, pugnar para todo o espaço da Europa culmina, mente, os Boeings 777-200, adquiridos refundação da TAAG e, em Novembro pela existência de uma companhia aé- assim, dezoitos meses de trabalho pro- há três anos pelo Governo, segundo o de 2008, o Governo angolano partiu rea de bandeira operacionalmente for- fundo, com a introdução de novos pro- ministro dos Transportes, Augusto To- para uma abordagem definitiva do pro- te e financeiramente sustentável, que cessos operacionais e de gestão, para más, que reconheceu que a inclusão blema, com o lançamento de um amplo assegure a independência do sector”. assegurar altos padrões. Para o ministro, da TAAG na lista negra da União Eu- programa de transformação da Compa- O ministro notou que a aspiração de “a Companhia deu amplas provas da ropeia, em Julho de 2007, representou nhia. Foi, na altura, nomeada uma nova reerguer a TAAG era ambiciosa. Argu- sua evolução operacional às autorida- um “duro golpe”, não só à companhia comissão de gestão, para assegurar a mentou que a complexidade do desa- des nacionais e internacionais”. ❚ www.embaixadadeangola.org MARÇO 2010 Sociedade 7

HISTORIADORA AFRO-AMERICANA SHEILA WALKER «ÁFRICA TEM DE REIVINDICAR OS SEUS DIREITOS POR ESTAR NA FORMAÇÃO DAS MAIORES NAÇÕES NO MUNDO» A norte-americana e afro-descendente, Sheila Walker, historiadora e antiga gestora do Centro de Estudos Africano e Americano da Universidade do Texas, defende a permanência dos nomes de origem africana como forma de se manter viva a identidade cultural do continente na diáspora. A historiadora estima que os nomes facilitam aos estudiosos a identificação das origens dos afros descendentes nas Américas e acredita que este factor foi determinante para ajudar a preservar e identificar as origens culturais que ainda conseguem manter-se nas Américas. Em recente visita a Angola, Sheila Walker concedeu uma entrevista ao Jornal de Angola, que, pela sua importância, transcrevemos na íntegra:

Conseguiu concretizar que foi o comércio de escravos nos os objectivos que a trouxeram Estados Unidos, com colaboração invo- a Angola? luntária da parte dos africanos e dos indígenas, uma colaboração tri étnica, É a quarta vez que venho a Angola, mas na qual a África estava presente com a segunda em representação da Em- Angola. A história não é muito conhe- baixada americana. O meu objectivo é cida entre os angolanos e americanos. compartilhar os resultados das minhas Acho muito importante que este facto pesquisas e estabelecer um intercâm- seja mais divulgado. bio cultural com os angolanos. Acredito que este propósito foi alcançado. Foi esta razão então que a fez vir em Angola? Quais foram os resultados mais visíveis dos contactos mantidos Fui a escolhida pela embaixada Ame- até agora? ricana, talvez pelo interesse que tenho demonstrado em relação a este assunto Primeiro, quero explicar que o meu inte- que é o de manter viva a identidade resse é divulgar a continuidade cultural cultural africana e torná-la mais conhe- entre África e as Américas, incluindo cida entre os afros descendentes. os Estados Unidos. O que me interessa é realmente saber a importância das nunca foi a mais digna e o interessante sentamento britânico naquele país, o E em relação as outras nações fronteiras no contexto histórico e, no é os africanos e afros descendentes Jamestown, no começo do século XVII. africanas que influenciaram, caso específico de Angola, da projecção contribuíram para o desenvolvimento Os primeiros africanos que chegaram de alguma forma, a cultura da sua cultura na diáspora. Sabemos das Américas e do resto do mundo. em 1619, que foram aproximadamente afro-americana nos EUA? que a forma como os africanos foram No caso dos Estados Unidos, há algo 30 negros, eram provenientes de Ango- transportados no processo da escra- de maravilhoso, que ainda não é co- la. Temos uma exposição no Museu de O meu interesse é um todo, é principal- vatura para outras partes do mundo nhecido sobre Angola, o primeiro as- Jamestown, que faz um retrato daquilo mente pesquisar sobre a presença da África nas Américas e na índia. Sei que existiram seis regiões africanas, duas em particular, que muito influenciaram a cultura afro descendente nos EUA, as dos Congos, onde Angola está in- cluída. A minha descendência é dessa região dos Congos, esta é a realidade. Encontramos o nome Angola em vários Estados dos EUA, pelo que é preciso sabermos as origens disso.

Quais são os traços mais fortes da herança cultural africana nos EUA, exceptuando a música e a dança, onde são mais evidentes? Por exemplo, existe uma comida tí- pica do estado de Louisiana, muito semelhante ao calulú, que se chama n’gombo. Outro dos aspectos foi a luta dos africanos contra opressão, em 1525. Temos várias palavras de origem bantu que sofreram transformações ao longo dos séculos. No México encontrei lo- calidades com nomes africanos como Matamba. Mas, mesmo assim, a palavra Congo é a que mais se vê em todas as

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provenientes. Tenho de dizer que me sinto satisfeita pelos resultados, pois tenho encontrado pessoas que me in- dicaram de onde vieram, origens cul- turais e pratos típicos. É através destas aspectos ou referências culturais que os africanos conseguiram manter-se firmes nas Américas.

A sua ida várias vezes ao Brasil foi apenas em trabalho? Não só por questões profissionais, mas também pela necessidade de aprender novas culturas e aperfeiçoar o meu por- tuguês. Estas foram as principais razões que me levaram a ir muitas vezes ao Brasil. No encontro que tive com a mi- nistra angolana da Cultura, Rosa cruz e Silva, disse-lhe que a minha intenção era regressar a Angola, para conhecer melhor a cultura. Por exemplo, no Equa- dor toca-se marimba. Temos de fazer um trabalho de divulgação e mostrar as origens destes instrumentos musi- cais, próprios dos africanos que foram transportados ao longo dos anos, pelo mundo fora. Mas primeiro, temos de estudar estes instrumentos a partir das origens e não nos países para onde foram levados. Américas, principalmente nos Estados poderes. Por isso, acredito que temos paradas com os exames das pessoas de Geórgia, Carolina do Sul e várias ainda comportamentos e atitudes com interessadas em saber as suas origens. Com a abertura de várias Universidade Ilhas onde os afros descendentes fixa- base nas nossas origens africanas. Posso, pois, dizer que existem vários nas Américas vai ser cada vez mais ram residência e viviam isolados, pois programas virados a história destes importante a presença de professores não era permitida a mistura de raças. No estado brasileiro da Baía o afros descendentes. Todos os anos, em africanos, não para estudarem a História estudo da História de África deve Setembro, Setembro, em Washington, de África a partir de lá, mas para da- Pode depreender-se que esses fazer parte do currículo escolar. há um grande encontro, onde os afros rem o seu contributo na divulgação da estudos são pouco divulgados ou Existem políticas semelhantes nos deputados discutem temas relaciona- identidade cultural africana. São apenas não são um reflexo da realidade? EUA para os afros descendentes? dos África. Nas Universidades de Nova ideias e não projectos. Mas não deixa de Não tem a ver com os estudos. Eles Sim, nos anos 60, quando conseguimos Iorque, Chicago, Filadélfia e Nova Jer- ser uma possibilidade. Gostava também existem, o problema é que não estão entrar para as Universidades, começa- sey existem programas de ampliação de poder fazer algumas conferências. a ser devidamente divulgados. O que mos a exigir cursos aos professores so- e conhecimento da História de Arte. Acho que uma vez que os angolanos precisamos, de facto, é de historiado- bre o ensino da História africana. Hoje, Como é do conhecimento público, há têm a ideia da projecção de Angola nas res africanos que se desloquem aos isso é uma realidade, e como resultado, EUA muitas pessoas originárias da Áfri- Américas, podem passar a ter outra per- EUA para nos ensinarem a estudar e deu-se a criação de vários centros de ca Central. Estes centros de genealogia cepção do que representa Angola no conhecer melhor a História de África. pesquisas e de estudos nas principais têm a missão de trabalhar com o pro- mundo. Temos cada vez mais conheci- Conheci o director do Museu da Es- universidades do país. Conseguimos grama National Geographic na recolha mentos sobre processo de escravatura e cravatura de Angola, na sua passagem criar um doutoramento sobre o Estudo de vários ADN, em lugares diferentes colonização e, principalmente, das con- pelos EUA, onde esteve a estudar um da Diáspora Africana, onde já se forma- do continente africano. Em Angola dei- tribuições tecnológicas que África deu grupo tri étnico, uma mistura de eu- ram vários doutores afros descendentes xo a responsabilidade ao historiador as Américas para o desenvolvimento da ropeus, indígenas dos EUA e africanos em Antropologia de Estudos Africanos. Simão Souindoula. As recolhas feitas agricultura, minas de ouro e de ferro que se chamam “Molongé”, derivado da aqui vão ser encaminhada para estes e na farmacopeia. palavra “Malongo”, que também é usada Que referências tem de eventuais centros para se saber a origem de mui- Esta é também uma forma dos no Brasil e Cuba. A palavra designa buscas da herança africana por tos afros descendentes nas Américas. africanos reivindicarem o seu pessoas que atravessaram o Oceano norte-americanos, além do legado Que balanço se pode fazer da sua lugar na História do mundo com Atlântico involuntariamente no mesmo de Alex Halley que, através de uma pesquisa inusitada, conseguiu visita no País? outra dignidade? barco. No Brasil significa “irmão de in- chegar às origens gambianas, fortúnio”. Estas pessoas, uma vez chega- O que posso dizer é que cada vez que África tem de criar formas de reivindicar depois de sete gerações? das às Américas consideravam-se uma venho a Angola, saio daqui frustrada os seus direitos por ter participado na família. No Brasil, durante séculos, não Conheço dois projectos: Ancestralidade porque nunca consigo concretizar os formação das maiores nações no mundo. podiam casar entre si porque tinham Africana e Mapeamento Genográfico meus objectivos. A minha missão, esteja Os africanos têm o direito de beneficiar as mesmas origens e consideravam-se do programa National Geographic. Já onde estiver, é levar bastante informa- de tudo que os seus filhos deram ao irmãs. Entre os afro-americanos e afro existem afro-americanos que estão a ção a esses centros. Estive em Benguela mundo e de reclamar o seu lugar na his- descendentes era muito difícil vestirem pagar para fazer exames de ADN com e o que me pediram foi que fizesse tória com outra dignidade. Aprendemos roupas de cor vermelha, considerada o intuito de saberem as suas origens. estudos sobre a província. Acredito que que os africanos chegaram à Europa e uma ofensa por despertar a atenção. Tenho uma colega de profissão, que di- através dos nomes de origens e de às Américas sem nada do ponto de vista Mas quando acompanhei uma sessão rige um Centro de Genealogia Africano- outros aspectos pode manter-se viva a material e mental, o que na verdade foi de chinguilamento, observei várias se- Americana, que esteve recentemente identidade cultural africana. Assim, mais um absurdo. Havia recrutamento especí- nhoras vestidas dessa cor e sei que ela no Ghana, onde recolheu mais de 250 facilmente os historiadores passam a fico para os conhecimentos tecnológicos na espiritualidade é usada por que tem amostra de ADN que vão ser com- ter uma ideia de onde as pessoas são dos africanos da época. ❚ www.embaixadadeangola.org MARÇO 2010 Sociedade 9 GOVERNO DEFINE PREÇOS DOS TERRENOS PARA REDUZIR CUSTOS DAS HABITAÇÕES Governo angolano vai definir o do de construção, porque a principal oferta seja substancialmente maior do de um milhão de fogos habitacionais, O preço dos terrenos para cons- preocupação do cidadão é “o valor que a procura. O ministro salientou o ministro José Ferreira disse que es- trução com o objectivo de reduzir ainda muito alto das casas”. “Estamos ainda que existe escassez de habita- tão a ser assinados protocolos com os custos das habitações, anunciou o a trabalhar para um valor único no ção em Angola, razão pela qual todos empresas privadas que vão participar ministro do Urbanismo e Construção, País, para que os promotores imo- os projectos imobiliários ainda têm na construção das habitações. O Mi- José da Silva Ferreira. O ministro ex- biliários desçam o preço das casas preços altos. “Estamos a trabalhar para nistério do Urbanismo e Construção plicou que o Governo está a elaborar em função dos custos dos terrenos”, que quando tivermos mais oferta de assinou, recentemente, um protoco- um decreto-lei que vai permitir que afirmou. José da Silva Ferreira disse habitação, seja possível baixar os pre- lo com quatro empresas privadas a os promotores imobiliários apliquem ainda que a redução dos preços da ços”, insistiu. Numa curta avaliação do construção, numa primeira fase, de preços mais baixos por metro quadra- habitação é necessária para que a programa do Governo de construção 150 mil habitações. ❚ MAIS 200 MÉDICOS CUBANOS VINHO ALENTEJANO: PRONTOS PARA ANGOLA ANGOLA É O PRINCIPAL IMPORTADOR ais duzentos médicos cubanos mil e trezentos profissionais da saúde ngola é maior importador de os dois milhões e 859 mil litros. As M deverão chegar ao País, nos pró- entre médicos, enfermeiros, farmacêu- A vinhos da região do Alentejo estatísticas da CVRA indicam, além ximos meses, para reforçar a assistên- ticos, entre outros, espalhados em se- (Portugal), com um volume de im- de Angola, mais seis principais des- cia à população, revelou o embaixador tenta municípios do País. Quanto aos portações avaliado em três milhões tinos dos vinhos alentejanos, nome- cubano em Angola, Pedro Ross Leal. professores, Pedro Ross Leal informou e 482 mil litros de vinho, em 2009, adamente Brasil, com um volume Em declarações à imprensa, após uma que leccionam no País cerca de 600 segundo dados estatísticos da Co- de importação em 2009 de um audiência concedida pelo presidente cubanos, nas Universidades Agostinho missão Vitivinícola da Região do milhão e 451 mil, Estados Unidos da Assembleia Nacional, Paulo Kasso- Neto e privadas. Adiantou que cem es- Alentejo (CVRA). A actual cifra revela (1.237.000), Suíça (812 mil), Canadá ma, o diplomata informou que os qua- tudantes angolanos preparam-se para um crescimento de 21,8 por cento (641 mil), China (364 mil) e Macau, dros chegam ao País tão logo estejam efectuar o curso de medicina em Cuba, comparativamente a 2008, em que com 177 mil litros de vinhos im- criadas as condições de alojamento. onde já se encontram, desde o ano o volume das importações atingiu portados durante o ano transacto. ❚ Lembrou que trabalham já em Angola passado, cento e oito discentes. ❚ PORTUGAL E ANGOLA ASSINAM MAIS DE USD UM MILHÃO ACORDOS NO ENSINO SUPERIOR PARA INFRA-ESTRUTURAS Governo angolano disponibilizou programa da construção de um milhão s Governos de Portugal e de das instituições de ensino superior O um milhão e meio de dólares de habitações que, no fundo, não re- O Angola assinaram em Luan- em Angola, que neste momento para a construção de infra-estruturas solve o problema mas vai atenuar a da acordos no domínio do ensino atravessa uma fase enorme de de saneamento, energia eléctrica e situação que tem um horizonte de superior e formação de quadros expansão, já que existe hoje uma água, anunciou o ministro do Urba- quatro anos (até 2012), terminando a para permitir o desenvolvimento procura explosiva em Angola que nismo e Construção, José Ferreira. Em primeira fase”, afirmou. O governante sistemático das instituições de en- deve ser vista como uma oportu- declarações à imprensa no Rio de Ja- reconheceu que todo o País debate- sino superior angolanas. Os acordos nidade”, frisou José Mariano Gago. neiro, à margem do V Fórum Mundial se com problemas de habitação, mas foram rubricados pelo ministro da Segundo o ministro português, essa Urbano, José Ferreira adiantou que Luanda é um caso diferente, onde se Ciência e Tecnologia e do Ensino procura é um dos principais capi- para 2010 estão mobilizados para o está a trabalhar num plano director Superior português, José Mariano tais de desenvolvimento do país, programa de habitação um valor de que vai permitir organizar melhor o es- Gago, e pela sua homóloga ango- acrescentando que Portugal com- 1,5 milhões de dólares para as infra- paço da província. Este plano-director, lana, Cândida Narciso. O ministro preende que essa é uma oportuni- estruturas necessárias ao projecto em explicou, tem contado com o apoio português disse à imprensa que há dade, não apenas para Angola mas execução. De acordo com o ministro, o do governo da província para definir necessidade de a “colaboração pon- para África e para a região em que sector privado poderá recorrer à banca as áreas onde se pode trabalhar no tual” existente entre professores e está inserida. Mariano Gago refe- para adquirir o montante necessário sentido de requalificá-las, apontando investigadores portugueses e ango- riu ainda que compete ao governo para desenvolver a “componente ha- como exemplo, o município do Ca- lanos passar a um “estado de de- português patrocinar o relaciona- bitação”, mas, referiu, para assegurar zenga. José Ferreira adiantou que o senvolvimento político das relações mento institucional entre universi- as infra-estruturas necessárias para as programa prevê igualmente a criação entre Portugal e Angola”. “Isto vai dades e institutos politécnicos de novas centralidades já estão disponi- de uma nova cidade que vai albergar permitir um desenvolvimento de Portugal e Angola, no sentido de bilizados 1,5 milhões. “Este programa cerca de 350 mil habitantes e o grande forma sistemática de programas de incentivar o desenvolvimento do conta resolver paulatinamente o pro- desafio é que Luanda cresça no sentido capacitação e de desenvolvimento ensino superior. ❚ blema de habitação. Nós traçamos um sul e norte. ❚ ÁGUA POTÁVEL EM DOIS ANOS PARA HABITANTES DO MEIO RURAL ministra da Energia e Águas, Ema- populações, o que constitui uma das sumo humano constitui um problema aprovado recentemente pelo Conselho A nuela Viera Lopes, reconheceu a grandes preocupações do Governo. de saúde pública. A ministra da Energia de Ministros, vai permitir que, até 2012, existência ainda de um défice elevado Emanuela Vieira Lopes acentuou que e Águas referiu ainda que o plano de mais de 3,67 milhões de pessoas no no fornecimento de água potável às a falta de água em condições para con- acção do projecto “Água para Todos”, meio rural beneficiem de água potável. ❚

www.embaixadadeangola.org 10 Sociedade MARÇO 2010

Dois rostos, LUÍS HENRIQUES JÁ TEM QUATRO ANOS! duas formas de sorrir. dia 28 de Março, um dia antes da Semana de nacionalistas ofereceram uma festa-surpresa ao querido O Páscoa, e o primeiro do início do Verão em Por- netinho pelo seu quarto aniversário de vida, num dos tugal, será inesquecível para a vida do pequenino parques infantis da floresta do Monsanto, em Lisboa, Luís Henriques, que tem como avôs maternos, o casal rodeado por colegas da escola, amigos, primos, tios, Ezequiel e Rosa de Almeida, primeira secretária do avôs e também por muitos brinquedos. Uff… para Comité do MPLA em Portugal. É que nesse dia, estes que chorar? ❚

Luís Henriques com os avôs Izequiel e Rosa Almeida.

Rodeado por colegas da escolinha e amiguinhos.

O momento depois de apagar as velas. No momento da recepção de muitos presentes.

www.embaixadadeangola.org MARÇO 2010 Cultura 11 JOÃO INGLÊS: DE N`DALATANDO PARA SETÚBAL… Diz-se que desde infância demonstrou aptidões no domínio das artes plásticas. Fez os seus estudos primários e secundários em N’dalatando em 1972, passou pelo curso de Artes Visuais na antiga Escola Industrial de Luanda em 1976. Entre 1977 e 1979 trabalhou no então Conselho Nacional da Cultura, como monitor de arte infantil, dedicando-se à recuperação de crianças traumatizadas pela guerra. Da Escola Experimental Técnica e Artística (ex-Barracão), fez parte dos executores das famosas pinturas murais do Hospital Militar, Ministério da Agricultura, entre outras. Membro fundador da União Nacional de Artistas Plásticos (UNAP) em Angola, preside, em Setúbal, a Associação dos Angolanos e Amigos de Angola (4As), visando a promoção do desenvolvimento dos seus associados nas vertentes humana, cultural, científica, técnica e profissional.

As artes correm-lhe pelas veias… Desde infância que tive sempre sensi- bilidade pelas artes. Na escola primária, era sempre destacado como um bom desenhador. Fui despertado por um professor já falecido, de nome Osvaldo Carneiro, na cadeira de educação visual, no Kwanza-Norte, mais propriamente em N`dalatando. Já em Luanda, depois da independência, em 1975, voltei a encontrar-me com o professor Osvaldo que me levou para a escola a Escola Industrial de Luanda). Comecei a cola- borar com o Ministério da Cultura em 1977, na altura Conselho Nacional de Cultura, no Barracão, actual Instituto Na- cional de Formação Artística e Cultural PERFIL (INFAC). Lá foi um pontapé de saída Nome: para as artes. Participei nas famosas João de Faria Ramos da Cruz da pinturas murais do Hospital Militar e Silva Inglês com o Centro de Cultura Popular, com Formação a experiencia dos professores cubanos. académico-profissional: A partir de 1980, usufrui de uma bolsa convidado a dar aulas em Almada. Dou porque temos muito material e não Curso de Instrutores de Artes de estudo na então União Soviética aulas e também tenho desenvolvido o temos espaço suficiente. Contamos com Plásticas; Curso de Superação (curso médio de professores de arte). papel de dinamizador da nossa cultura grande ajuda de pessoas de bem e Técnica e Artística com pinto- angolana em Portugal. Desde 1999 que também do gabinete do embaixador Como veio parar em Portugal? res e gravadores Cubanos; Cur- o “Projecto Raiz”, um pequeno núcleo, de Angola, que vai abraçar e contamos so de cor e forma com Pinto- Foi pela necessidade de continuar com mesmo sem ainda estarmos ainda le- com a sua visita cá. Só ainda não veio res Suecos; Curso de Professor a minha formação académica. Vim com galizados, já éramos convidados. De- cá por problemas de agenda. Além de de Desenho Técnico em Artes o Van-Dúnem e o Ngumbe, com outra senvolvíamos a dança, teatro e música. dar aulas, desenvolvo atelier de arte Plásticas Karkov (URSS) – 1980 bolsa em licenciatura em educação vi- Depois de alguns baixos e altos, que aos sábados com alunos que vêm de e 1984; 1984/1994 professor do sual e tecnológica. desde o ano passado que decidimos Setúbal, Lisboa, Alentejo e outras loca- INFAC; Licenciatura em Educação transformar o “Projecto Raiz” em As- lidades. São pessoas amantes das artes Visual e Tecnológica na Escola Como é que tem sido o seu sociação de Angolanos e Amigos de que gostam de pintar e que para elas é percurso? Superior de Educação em Setú- Angola (4As). Ela tem pernas para andar. mais um passatempo. Aqui é diferente bal; frequência de mestrado em Deveria ter voltado a Angola, mas por Vamos fazer um ano em Junho, mas do que dar aulas, porque temos opor- História de África na Faculdade várias razões fui ficando. Depois da li- ainda estamos à espera de uma sede tunidades de criar, discutir, etc. de Letras da Universidade de Lis- cenciatura, e pelas notas obtidas, fui que ficaram de nos ceder em Setúbal, Conseguiria viver só das artes boa – 2000/200; mestrando em plásticas? Educação Visual e Tecnológica na ESE de Setúbal – 2009/2011. Não dá para viver só das artes. Não penso que um artista, sem nome e tradição, viva da arte. Basta ver que a crise é tão grande. É uma ilusão pensar viver da arte.

Que tipo de apoio espera da Embaixada de Angola? Aquando da nossa visita à Embaixada, tive muito atendo ao senhor embaixa- dor, que disse que somos nós os pró- prios embaixadores da cultura angolana, através da divulgação da nossa riqueza cultural, sobretudo às nossas crianças que não conhecem a nossa cultura. Te- mos que arranjar tempo para que elas se ocupem para sua integração.

www.embaixadadeangola.org 12 Cultura MARÇO 2010

Como é João inglês como pessoa perior de Setúbal e pensar no regres- ou cidadão angolano? so definitivo ao País, para dar o meu Sou aberto, acessível, não gosto de estar contributo no desenvolvimento das parado. Tenho aquele bichinho, tenho artes angolanas, principalmente numa a veia artística sempre presente, gosto escola superior de belas artes. Há já sempre de desenvolver a minha arte, estudos nesse sentido, e o objectivo é sou um agente cultural. dar o meu melhor daquilo que apren- di aqui; apoiar também na abertura Como vê o futuro de Angola? de escolas infantis, entre outras coisas, Vejo que Angola tem pernas para andar, porque ganhei muita experiencia aqui desde que nos sintamos com este dever em Portugal. de dar o nosso contributo. Cada vez A sua integração em Portugal não mais acreditamos que País precisa de foi fácil… nós. Depois do CAN de futebol, vimos que o mundo olha Angola com olhos Não foi muito difícil, porque encontrei diferentes. conterrâneos que conhecia em Ango- la e que já dominavam o mercado Que projectos imediatos tem português. Antes de vir cá, já parti- idealizado? cipei em vários fóruns em Portugal Terei de acabar o mestrado em edu- e a nível da Embaixada de Angola cação visual tecnológica, na Escola Su- em Portugal. ❚

www.embaixadadeangola.org MARÇO 2010 Cultura 13

EXPOSIÇÕES COLECTIVAS INTERNACIONAIS n XI Festival Mundial da Juventude e Estudantes em Havana (Cuba) - 1978. n Círculo Internacional da Criança “Bandeira da Paz” em Sófia (Bulgária) - 1979. n Participação nas Bienais do CICIBA, Arte Contemporânea Bantu no Zaire, Congo, Gabão e Guiné Equatorial - 1989. n Festival Mundial da Juventude e Estudantes em Moscovo. n Exposição de Artes Plásticas Angolana na Expo-Sevilha - 1992. n Exposição de Artes Plásticas Angolana na Expo-Lisboa. n Exposições em representações Diplomáticas Angolanas no exterior (Argélia, Congo Gabão, Zaire, Nigéria, Itália, Brasil, Portugal, Alemanha Democrática, Ex-URSS). n Arte e Artesanato no Centro Anunciada de Setúbal - 1995. n Pintura Mural alusiva a “III Semana entre Culturas” em Setúbal - 1997. n Artes Plásticas “ Gesto Solidário para Timor” em Setúbal - 1997. n Artes Plásticas para a Lusofonia em Évora - 1998. n Artistas Angolanos em Portugal - 1998. n Arte contemporânea Angolana na Galeria Municipal de Montemor-o-Novo. 2003 n Angolan Contemporary Art, Guild Gallery, Bristol (Reino Unido) - 2003. n Tons e Texturas da Angolanidade - Fórum Picoas - Lisboa - 2003. n Tons e Texturas - Museu de América - Madrid (Espanha) - 2006. n Arte da Paz II - Galeria Matos - Lisboa - 2007. n Colectiva de artistas angolanos C.C.B. Lisboa - 2008 - COSAP Actividades Culturais. n A Cor da Arte (João Inglês e seus Alunos) - 2008. PRÉMIOS/MENÇÕES INTERNACIONAIS n Prémio Gravura - Escola de Arte em Karkov (URSS) - 1982. n Prémio Promoção III Bienal de Arte Contemporânea Bantu Libreville (Gabão) - 1989. n Diploma de Reconhecimento pela Divulgação da cultura Angolana em (Portugal) - 2005. EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS n Pintura no Centro Comercial João de Deus em Lisboa - 1999. n Desenho/Pintura/Gravura na galeria do Novotel - Setúbal - 2004. n Pintura no Átrio da Faculdade de Direito - 2004. n Desenho/Pintura/ gravura no Museu Michell Giacommetti Setúbal - 2005. n Pintura/Gravura/Desenho - Telavive Estado de Israel - 2005. n Pintura/desenho/Gravura - Áires - Setúbal - 2006. n Pintura/desenho/gravura no Espaço Coexperimental - Setúbal - 2007.

www.embaixadadeangola.org 14 Desporto MARÇO 2010

MEMÓRIA “CASO MATEUS”: HISTÓRIA APAIXONANTE! Mateus Galiano da Costa nasceu a 18 de Junho de 1984 em Angola e, na época 2003/2004, jogou no Sporting B, ainda que poucos se lembrem. Hoje, o internacional angolano é recordado também pelo protagonismo tido com famoso “Caso Mateus” do futebol português. Ele jogou também a Casa Pia, Gil Vicente, Lixa, Felgueiras, e novamente Gil Vicente, altura em que arrebentou o tal caso. Depois do Boavista, o internacional angolano está agora no Nacional da . podia ser inscrito pelo Gil Vicente. O ao fim-de-semana, precisamente os dias com o Vitória de Setúbal na sequência de Gil Vicente e Mateus recorreram para os em que o jogador realizava os jogos. A participação apresentada por este último tribunais comuns, sem terem esgotado três de Março, o director executivo da clube. Este processo foi arquivado em 31 todas as instâncias jurídicas desportivas, Liga cancelou a inscrição provisória de de Março de 2006 por a Liga ter conclu- argumentando que o contrato que Ma- Mateus pelo Gil Vicente, implicando a ído pela inexistência de irregularidades. teus tinha com o Lixa era ilegal, pois era impossibilidade deste clube o utilizar o Em 21 de Março, a Comissão Disciplinar um contrato como “contínuo” daquele dito jogador no campeonato de futebol. da Liga abriu um inquérito na sequên- clube, e não um contrato desportivo. O A 27 de Março de 2006, o Gil Vicente cia de participação pela Académica de 11 de Janeiro de 2006, a Federação Tribunal Administrativo e Fiscal do Por- queixou-se à Comissão Disciplinar da Coimbra visando averiguar da eventual A Portuguesa de Futebol (FPF) e a Liga to intimou a Liga a aceitar a inscrição Liga com o objectivo de impugnar esse conformidade regulamentar e relevância Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) do jogador. Mateus acabaria por efec- despacho. Essa queixa foi julgada impro- disciplinar da utilização em competição recusaram a inscrição do jogador Mateus tuar apenas quatro jogos na segunda cedente por ter sido apresentada fora e das condutas conducentes ao registo no Gil Vicente. Mateus tinha jogado como metade da época. O Gil Vicente era da de prazo. O Gil Vicente recorreu desta provisório, obtido através do recurso à via jogador profissional no Felgueiras, mas opinião que o recurso sobre a inscri- decisão a 13 de Maio de 2006 para o judicial, do contrato entre o Gil Vicente e tinha passado para a condição de amador ção do angolano não era uma matéria Conselho de Justiça da FPF, que viria Mateus. A 27 de Março de 2006, o Gil Vi- ao ser transferido para o Lixa. De acordo puramente desportiva, mas laboral. Por considerar, a seis de Julho de 2006, não cente queixou-se à Comissão Disciplinar com os regulamentos da FPF, “o jogador isso, considerava legítimo o recurso a haver matéria digna de ilícito disciplinar da Liga com o objectivo de impugnar o que tenha mudado da classe profissio- tribunais civis. Aparentemente, o contrato para a sua apreciação. Em sete de Março despacho do director executivo da Liga, nal para amador, terá de permanecer como “contínuo” que Mateus tinha com de 2006, a Comissão Disciplinar da Liga Cunha Leal, que cancelava a inscrição pelo menos uma época como amador”. o Lixa, apenas existia para que o clube ordenou a instauração de inquérito para provisória de Mateus pelo Gil Vicente Como Mateus tinha optado pelo estatuto pagasse menos impostos, pois o valor do averiguação da regularidade da utilização e a consequente impossibilidade deste de amador há menos de um ano, não contrato era o salário mínimo com folga pelo Gil Vicente FC de Mateus no jogo clube o utilizar no campeonato.

do Belenenses (e que pediram a demis- seria o Belenenses. A 25 de DECISÕES CONTRADITÓRIAS são) ficaram a presidir a nova comissão, Agosto, depois de o Gil Vicente avisar tendo sido nomeado um novo juiz para que iria interpor uma providência caute- A nove de Maio, a Comissão Disciplinar na Comissão Disciplinar da Liga dizendo comissão, que daria razão ao Belenenses. lar sobre a decisão da Comissão Executiva da Liga decidiu ordenar a instauração que já poderia votar para o caso, por o Em um de Agosto de 2006, a Comissão da Liga, o Leixões Sport Club reclama de processo disciplinar ao Gil Vicente, seu pai já não pertencer à direcção do Gil Disciplinar da Liga, deliberou condenar promoção à Primeira Liga, baseando-se na sequência de queixa do Belenenses, Vicente há cerca de um mês, tendo disso o Gil Vicente com descida de divisão, na sua interpretação dos regulamentos: por o Gil Vicente ter recorrido a tribu- apresentado os respectivos documentos por este clube ter recorrido a tribunais se o Gil Vicente desce de divisão, este nais civis na sequência da inscrição de comprovantes. Assim, na votação oficial comuns, em infracção do Regulamento deve ser substituído pelo terceiro clas- Mateus. Nesse mesmo dia a queixa apre- do caso Mateus, Mourão e Cebola vo- Disciplinar da Liga. A sete de Agosto, o sificado da segunda liga (Leixões) e não sentada pela Académica foi arquivada. A taram a favor do Belenenses, Domingos Gil Vicente recorreu desta decisão para o pelo 13° classificado da Primeira Liga queixa apresentada pelo Belenenses foi Lopes votou a favor do Gil Vicente, e Conselho de Justiça da FPF, mas, a 22 de (Belenenses). Em 29 de Agosto de 2006, analisada a um de Junho numa reunião Gomes da Silva na qualidade de presi- Agosto, este conselho decidiu confirmar na sequência de um requerimento do da comissão disciplinar da LPFP, mas, de dente desta comissão, votou a favor do a decisão recorrida. Por esta via, a 25 de Gil Vicente interposto dois dias antes, o acordo com as actas, nada foi decidido Gil Vicente, valendo este voto como voto Agosto de 2006, a Comissão Executiva da Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa nessa reunião. No entanto, e numa con- de qualidade. Os juízes Pedro Mourão e Liga confirmou que o 16° participante adoptou uma providência cautelar que versa informal, a comissão falou sobre a Frederico Cebola, que votaram vencidos, no campeonato nacional de futebol da suspendeu o acórdão de 22 de Agosto possível resolução do caso. O conselhei- teceram fortes acusações aos colegas e de 2006 e a decisão de 25 de Agosto. ro Domingos Lopes pediu dispensa por demitiram-se do cargo pedindo a anu- Assim, o campeonato iria abrir com o Gil considerar que existia “colisão de ordem lação da votação, visto que a comissão Vicente na I Liga, e o Belenenses na se- familiar e pessoal”, uma vez que era filho sem eles ficava sem quórum. No entan- gunda. Na sequência de mais este recurso de um dirigente do Gil Vicente. Então, to, o presidente da Assembleia Geral da a tribunais civis, a Comissão Executiva Gomes da Silva, presidente da Comis- Liga, Adriano Afonso, recusou aceitar as da LPFP decidiu apresentar mais uma são Disciplinar da Liga, pronunciou-se demissões. A seis de Julho, o Conselho queixa à Comissão Disciplina da Liga. no sentido de se abster à votação visto de Justiça da FPF anulou o acórdão da O Conselho de Disciplina da FPF deci- não ser necessário o seu voto de quali- Comissão Disciplinar da Liga, e ordenou diu também instaurar um processo ao dade para um possível desempate, pois a elaboração de outro sem a intervenção Gil Vicente FC pela infracção disciplinar os restantes membros (Pedro Mourão de Domingos Lopes. A 20 de Julho, Go- de ter recorrido aos tribunais civis (tal e Frederico Cebola) iriam votar a favor mes da Silva é demitido em vésperas de como previsto no Artigo 54º do Regu- do Belenenses. No dia seguinte (dois de a Comissão Disciplinar se reunir para ana- lamento Disciplinar da FPF). No entanto, Junho), a manchete de um jornal des- lisar novamente o processo. O presidente a Comissão Executiva da Liga suspende portivo já referia que o Belenenses é da Assembleia Geral da Liga entrega a os jogos do Belenenses, Gil Vicente e que ficava na I Liga. Domingos Lopes, presidência da comissão a Pedro Mourão Leixões, argumentando-se na reclamação revoltado por Pedro Mourão e Frederico e nomeia como novo juiz José Fonseca. do clube de Matosinhos ter apresentado Cebola venderem à comunicação social Assim, da comissão inicial, todos aqueles um recurso. O recurso do Leixões veio uma decisão informal, e que ainda não que eram a favor do Gil Vicente acabaram a ser considerado improcedente, e este era oficial nem definitiva, apresentou-se por ser demitidos, e os que eram a favor clube desistiu do processo. ❚ www.embaixadadeangola.org MARÇO 2010 Desporto 15 JESUS PREMIADO NA GALA DA CAF epois da excelente campanha do futebol ango- o Prémio Lenda do Futebol com Jean-François Bo- assim reconhecido o seu contributo para o futebol D lano em 2001, ano em que Angola conseguiu candé (Senegal) e Stephen Keshi (Nigéria). Jesus continental na Gala que recentemente premiou vá- uma mão cheia de prémios na Gala da Confedera- foi uma referência do futebol africano nos anos rias categorias. O prémio maior, o de Futebolista do ção Africana de Futebol (CAF), o País voltou a cons- 80, tanto em representação da equipa nacional Ano (de 2009) foi para o marfinense Didier Drogba tar da lista de premiados. Desta feita, o galardão como do Petro-Atlético de Luanda, sendo bastante (Chelsea/Inglaterra), que disputou o galardão com coube a Osvaldo Saturnino de Oliveira, conhecido admirado em todo o continente. Actualmente vice- o seu companheiro de equipa Michael Essien, do nas lides futebolísticas como Jesus, que partilhou presidente da Federação Angolana de Futebol, viu Ghana, e o camaronês Samuel Eto’o.

Eis os vencedores:

Bola de Ouro: Didier Drogba (Chelsea/Costa do Marfim). Melhor Jogador em África: Trésor Mputu Mabi (T.P. Mazembe/RDC). Selecção do Ano: Argélia. Clube do Ano: TP Mazembe (RDC). Jogador Revelação: Dominic Adiyiah (AC Milan e Ghana S-20). Técnico do Ano: Sellas Tetteh (Ghana S-20). Fair-Play: Adeptos do Al Hilal (Sudão). Adeptos do Ano: De Clubes da África do Sul. Legendas do futebol Africano: Stephen Keshi (Nigéria), Jules-François Bocandé (Senegal), Osvaldo Saturnino de Oliveira «Jesus» (Angola). Troféu de Platina: Prof. John Evans Atta Mills (Presidente do Ghana). Equipa Ideal do Ano: Guarda-redes – Muteba Kidiaba (RD Congo e TP Mazembe); Defesas – John Pantsil (Ghana e Fulham/Inglaterra), Nadir Belhadj (Argélia e Portsmouth/Inglaterra), Wael Gomaa (Egipto e Al-Ahly); Médios – Alexandre Song (Camarões e Arsenal/Inglaterra), Michael Essien (Ghana e Chelsea/Inglaterra), Seydou Keita (Mali e FC Barcelona/Espanha), Yaya Touré (Costa do Marfim e FC Barcelona/Espanha); Atacantes – Trésor Mputu Mabi (RD Congo e TP Mazembe), Samuel Eto’o (Camarões e Inter Milão/Itália) e Didier Drogba (Costa do Marfim e Chelsea/Inglaterra). ❚ Jesus (à direita) com Dinis, duas glórias do futebol angolano.

ANGOLANOS RESIDENTES EM SETÚBAL BASQUETEBOL HOMENAGEIAM JACINTO JOÃO BENFICA ndiscutivelmente um dos mais con- o Vitória de Setúbal decidiu homena- E OVARENSE I ceituados nomes no futebol em geá-lo, erguendo uma estátua na en- Portugal durante a década de 60 e trada principal do Estádio do Bonfim, a 70, o ex-futebolista angolano Jacinto exemplo do Eusébio no Estádio da Luz. EM ANGOLA João (Jota Jota), como ficou conhe- Quase seis anos após o seu desapare- s equipas de basquetebol cido, estará eternamente ligado ao cimento físico, um grupo de represen- A do Benfica e da Ovarense, período de ouro da história do Vitória tantes da comunidade angolana em ambos de Portugal, disputam de Setúbal. Um ano após a morte Setúbal, decidiram homenagear ao de dois a quatro de Abril dis- do “pantera negra de Setúbal”, ocor- “rei” de Setúbal, com um “trumunu” putam, com o 1º de Agosto e rida a 29 de Outubro de 2004, à maneira angolana. ❚ o Petro de Luanda, a primeira edição da Taça Compal, desti- nada aos campeões nacionais e vencedores da taça, em senio- res masculinos, dos dois países. A prova disputa-se no sistema de todos contra todos a uma volta, segundo o secretário-geral da Federação Angolana de Bas- quetebol (FAB), Tony Sofrimento. Tony Sofrimento garantiu que a segunda edição da competição será em Portugal, salientando a importância do torneio por dar maior visibilidade ao basquete- bol angolano. “As nossas equipas ficam muito confinadas ao cam- peonato nacional, e é necessário expandi-las”, disse. ❚

www.embaixadadeangola.org 16 Destaque MARÇO 2010 VIVA A MULHER ANGOLANA! «MAIS RIGOR, MAIS TRANSPARÊNCIA, MELHOR GOVERNAÇÃO» «Mulheres angolanas, mais rigor, mais transparência, melhor governação” foi o lema que norteou a jornada Março mulher, decorrido entre fins de Fevereiro e 31 de Março em todo o País. A intenção do Ministério da Família e Promoção da Mulher era que as várias actividades visassem resgatar os valores morais da sociedade e dar fim a violência doméstica. Na prática, era uma forma de chamar a atenção de todas as mulheres sobre a “tolerância zero”, segundo a ministra do pelouro, Genoveva Lino.

Luanda, Luena (Moxico), Lobito (Ben- guela) e Lubango (Huíla), tornaram-se chefes de agregados familiares, por ra- zões da guerra e da poligamia praticado pelos seus companheiros, factores que levaram a que estas mulheres sozinhas vivessem e educassem os filhos.

m Portugal, precisamente em Lis- na edição de Fevereiro, a professora E boa, a iniciativa levada a cabo santomense Inocência da Mata citara pela Organização da Mulher Angolana um relatório do Programa das Nações VI Congresso ordinário do MPLA, com (OMA) para assinalar a Jornada, contem- para o Desenvolvimento (PNUD) que no rigor e gestão da coisa pública”, disse plou um vasto programa de activida- apontava que cerca de 50 por cento ainda Ana do Céu Branco. Integrado des, que incluiu uma palestra sobre a de mulheres angolanas, sobretudo em ainda por uma exposição plástica e “pobreza cultural”, um jantar de confra- de trajes tradicionais angolanos, o pro- ternização, na associação dos Deficien- grama geral de actividades terminou tes das Forças Armadas, e uma outra com a conferência sobre “direitos iguais, conferência, intitulada “direitos iguais, oportunidades iguais e progresso para oportunidades iguais e progresso para todos”, presidida pela professora uni- todos”, e uma sessão cultural, no último Neste colóquio, que inaugurou a “Jor- versitária angolana Elisabeth Vera Cruz, dia do programa, sete de Março. Na nada da Mulher” em Portugal, a pri- tendo, perante uma plateia maioritaria- palestra sobre a “pobreza cultural”, rea- meira secretária do comité da OMA, mente composta por jovens estudantes, lizada na sede Associação dos Estudan- Ana do Céu Branco, apelou “ao apoio salientado os factores que concorrem tes Angolanos, em Lisboa, e tal como aos esforços do Governo na luta contra para a reprodução do desenvolvimento o jornal “Mwangolé” se havia referido todas as formas de violência contra da educação diferenciada entre rapazes as mulheres angolanas”. “É de louvar o e raparigas”. espaço que as mulheres vão conquis- tando na sociedade angolana, e por isso apelamos à dignidade da mulher, que deve trabalhar para a materialização das orientações emanadas do recente

Nessa ocasião, a primeira secretária do MPLA em Portugal, Rosa da Silva Almei- da, referiu-se satisfeita com a aprovação da nova Constituição, que contempla mais direitos às mulheres. ❚

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