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1. Introdução

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2. Caracterização do bem cultural

2.1. Histórico do bem cultural

Andradas e sua história

Em recentes descobertas arqueológicas, verifica-se que o território hoje da cidade de Andradas pode ter abrigado populações indígenas por longos períodos, deixando vestígios de pedra lascada, polida e pinturas rupestres. Os registros históricos oficiais de Andradas começam em 1792, com a iniciativa de dois fazendeiros de . Naquele ano, segundo os dados analisados, Felipe Mendes e Antônio Rabelo de Carvalho atravessaram o rio das Antas, cruzaram a Cachoeira Grande (hoje Cachoeirinha) do córrego do Tamanduá e se estabeleceram às margens do córrego do Cipó - Felipe Mendes à margem direita, Antônio Rabelo à esquerda. Com o gado que trouxeram, iniciaram suas fazendas.

Revelando um pouco as características do lugar, o primeiro povoado foi chamado de Samambaia, planta que dividia a paisagem com araucárias, perobas, cedros e jequitibás. Além de áreas de várzea, também se observavam na região os chamados campos de altitude. Como era comum naqueles tempos, depois de se estabelecer no casarão da Macieira, na fazenda , Felipe Mendes voltou a Baependi para buscar a família e escravos. Conforme consta, um deles, que não queria se mudar para a nova fazenda, provavelmente porque deixaria parte de sua família, assassinou o fazendeiro. Sua mulher, Maria Francisca de Jesus, e os filhos conheceram então a fome e a miséria. Apareceram aventureiros para se apossar das terras. Sentindo-se impotente para enfrentar a situação, a viúva doou metade da fazenda para o alferes André de Pontes Pereira, garantindo, assim, a continuidade da colonização iniciada e dando origem a uma das principais famílias da história de Andradas.

A economia da época girava em torno da vida familiar, caracterizada por "casa, paiol e senzala", que constituíam um sistema de subsistência praticamente autossuficiente. As construções eram de pau-a-pique. A roda de tear e fiar garantia o tecido para as roupas, enquanto a natureza generosa e as terras férteis proviam as necessidades de alimentos e produtos para o escambo com outras localidades.

Em 1848, moradores da fazenda Lagoa Dourada decidiram erguer uma capela e a consagraram ao santo guerreiro São Sebastião. O terreno, de um alqueire, foi doado

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por Plácida Joaquina dos Reis, mulher de Cândido José Mendes, em escritura passada no Termo de Nossa Senhora do Patrocínio do Rio Verde de Caldas, da vila de Cabo Verde, comarca de Sapucaí, hoje Santa Rita do Sapucaí.

Em 1850, 1852, 1853 e 1881, sucessivas doações de terrenos, ligados à primeira delas, ampliaram a área do povoado. Assim, foram construídas ruas e o cemitério, localizado onde hoje se encontra a Rodoviária. Em 1860, Samambaia foi elevada à categoria de Distrito de Paz e passou a se chamar São Sebastião de Jaguary. Em 1866, transformou-se em Freguesia.

Por essa época, a fazenda Lagoa Dourada estava dividida em duas partes, que foram sendo retalhadas em áreas menores, com a chegada de novos moradores. No relato do historiador andradense João Moreira da Silva, no texto Caminhando de Samambaia a Andradas, "os proprietários que antigamente deixavam o gado livre, buscando o que comer onde quisesse, encontravam-se confinados, sufocados, como o gado, pelas cercas de arame farpado, novidade naquele tempo. Outra das inovações era o plantio do café, coisa que irritava aqueles que acreditavam que a nossa região deveria continuar sendo unicamente pastoril. Muitos deles, amando a natureza bruta, com suas árvores nativas, com o pinheiral margeando o rio Jaguari-Mirim, encantando-se com a variedade de pássaros, não viam com bons olhos as queimadas abrindo espaços, os animais afugentados, a enxada correndo, para plantar o odiado cafezal, que nem sequer sabiam se ia se adaptar ao nosso clima. Este foi um dos motivos da família Pontes ir procurar novos caminhos, em busca de terras férteis para o gado ou compras mais amplas e mais baratas. Havia também outro motivo a este, bem mais forte. A execução de Cachico na forca em 1857, sendo este interligado em parentesco com a família Pontes. Pois os Pontes, Batista, Beraldo, Ribeiro e Mendes são entrelaçados familiarmente e os primeiros a se estabelecerem em nossa comunidade". Cachico, ou Francisco Batista Ribeiro, o último condenado à forca em , foi executado em Caldas no dia 8 de janeiro de 1857. A mudança da família Pontes, causada em parte pela morte de Cachico, mas também (e, talvez, principalmente) pela chegada do café, pode ser considerada como um marco divisor na história de Andradas.

O fim da escravidão ainda tardaria quase dez anos, mas, em 1880, o café já exigia a contratação de mão-de-obra para o trato e a colheita. O Brasil (principalmente o Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Município de Andradas | MG Processo de Tombamento Ano 2019 | Exercício 2021 Estação de Enologia de Andradas – Página 4 de 91 Campo Experimental

Sul) iniciava a política de atrair imigrantes alemães e italianos. Em São Sebastião do Jaguary não era diferente e os italianos começaram a chegar, a partir da abertura oficial à imigração, em 1893.

Contratados para substituir os escravos, moraram inicialmente nas senzalas. Os registros guardam nomes das primeiras famílias: Guido, Athanazio, Venturelli, Baldassari, Benassi, Conti, Trielli, Lomgo. Por essa época, havia cerca de cem casas na comunidade, das quais três assobradadas mais antigas e mais de vinte, novas. Com os italianos, chegaram também nova cultura e novos hábitos. No início, a colônia italiana se manteve fechada. As famílias não permitiam o casamento fora dela, porque a maioria pretendia voltar para a Itália, depois de "fazer a América".

Naturalmente, os brasileiros os viam com reserva e com a superioridade de quem se sente dono do lugar. Tal sentimento se traduziu no tratamento jocoso de "polenteiros", que davam aos italianos. Isso durou cerca de duas décadas. A tradição portuguesa de manejo da propriedade rural foi sendo substituída pelo jeito italiano de cuidar da casa, da criação e das lavouras, bem como por uma mentalidade de diversificar as atividades e a produção.

A casa de fazenda ligada ao curral e à pocilga, com chão de terra batida, foi substituída pela casa colonial, com tábuas largas, janelas amplas e mobiliários em madeira de lei. Uma tulha, um monjolo, ranchos para carros de boi e o engenho de cana para produzir o açúcar completavam a estrutura de produção da fazenda. E no porão, ainda no século passado, surgiu uma novidade que se revelaria promissora para o futuro da região: a adega.

A primeira parreira de que se guardou registro pertenceu ao coronel José Francisco de Oliveira e controvérsias se estabelecem quanto ao primeiro fabricante de vinho, ainda para uso familiar: há quem mencione o próprio Cel. José Francisco de Oliveira e quem atribua o fato a Joaquim Teixeira de Andrade. Mas logo os italianos reuniriam as condições para fabricarem o vinho. As cantinas mais antigas foram criadas por Mansueto Leonardi, Francisco Bertoli, Maximiliano Trevisan e Francisco Basso.

Através de Lei Provincial de 1º de setembro de 1888, a Freguesia de São Sebastião do Jaguary foi elevada a Vila do Caracol, instalada em 22 de fevereiro de 1890, data oficial de aniversário da cidade. A comunidade parece haver despertado para

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um dos maiores patrimônios naturais da região - a serra do Caracol, em cujas encostas se formou a sede.

Chama a atenção o fato de que, no brasão de armas do município (criado em 1972) aparecem duas buzinas de caça de boiadeiros, lembrando a pecuária, dois ramos de videiras, simbolizando a vinicultura, e um caracol, representando a serra homônima. Não se colocou símbolo ou alegoria para o café.

A beleza da região, a fertilidade das terras e a água limpa e abundante foram vencendo a nostalgia dos italianos pela terra natal e, no início do século, já havia ex- colonos transformados em cafeicultores. Apesar do forte grau de parentesco entre a população brasileira, descendente de portugueses ("todos que não são italianos, são aparentados", testemunha hoje uma moradora de Andradas), começou um processo de maior aproximação e interação com a comunidade italiana.

Na virada do século, o comércio da Vila do Caracol já ostentava tabuletas com nomes de lojas como Venturelli, Benassi, Trielli, Conti, Athanazio, Lomgo, Leonardi, Graziani, Biagioni, Pieroni, Taddei, Piagentini, Ferrari, Salvetti, Carroni, Giaconi e Contadini, iniciando uma tradição no ramo que se mantém até hoje. Outro traço de integração da comunidade é a influência italiana em uma das maiores tradições de Andradas e de Minas Gerais: a banda de música.

Em 1892, tomou posse a primeira Câmara Municipal. Em 1918, instalou-se o Termo Judiciário de Caracol. E, em 1925, a vila foi elevada à categoria de cidade. Por iniciativa do presidente da Câmara Municipal, Orestes Gomes de Carvalho, em 1928, o nome da cidade mudou: Caracol passou a se chamar Andradas, em homenagem ao então governador de Minas, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.

A mudança não agradou a muitos moradores da cidade. Fiel a uma tradição de combatividade e de polêmica, inaugurada em 1911 por "O Caracolense", seguido por "A Gazeta de Caracol" e "A Defesa", o jornal "O Popular", em sua edição de 22 de maio de 1932, dizia: "Caracol ou Andradas? Eu penso que nem Caracol e nem Andradas, São Sebastião do Jaguary é que é. Caracol foi ruim, Andradas pessimamente péssima. Convém que trabalhemos para São Sebastião do Jaguary, nome antigo, que depois de Samambaia, foi a segunda denominação que tivemos".

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O plebiscito organizado pelo jornal não foi suficiente para mudar o nome de Andradas, que permaneceu até hoje. Ademais, verificou-se que a homenagem a um governador de Minas Gerais já não teria unanimidade local muito antes dos fatos relatados. A proximidade da cidade com a fronteira do estado de São Paulo e a distância física e política em relação à capital e ao governo mineiros, já em 1874 tinham provocado um movimento de cerca de 300 moradores, para que a então São Sebastião de Jaguary fosse incorporada a São Paulo. Isso se repetiu em 1961, quando São Sebastião do Paraíso liderou movimento separatista em favor de São Paulo, reunindo 55 municípios do Sul de Minas, entre os quais Andradas. Um e outro não chegaram aos resultados desejados, mas sinalizam uma realidade de maior proximidade com São Paulo.

A evolução da economia do município gerou, além da sede, mais duas aglomerações de moradores, os distritos de Campestrinho e Gramínea, com vocação marcadamente rural. Pecuária, café, vinicultura, banana, rosas, indústria cerâmica, confecções, fabricas de doce, biscoito e bolacha configuram o atual perfil econômico de Andradas. Seu processo de formação histórica, com forte influência da imigração e da cultura italianas, conformou um perfil sociológico diferenciado dos municípios vizinhos, que influi e aparece em diversos indicadores de desenvolvimento econômico e de qualidade de vida. A polarização exercida por Poços de Caldas, a proximidade com as cidades paulistas de Campinas, Águas da Prata, Espírito Santo do Pinhal, Mogi Mirim, Mogi Guaçu e a própria capital (São Paulo), bem como o afastamento econômico, político e cultural da capital mineira definem fluxos e expectativas econômicas.

As parreiras que produzem ainda hoje são as mesmas que foram plantadas no fim do século XIX, com a chegada dos imigrantes, ou seja, já estão produzindo a mais de 100 anos! Pois seguem o sistema de poda tradicional e não a técnica atual de enxertia. Por ser a uva que mais adaptou às condições naturais da região, a uva Jacques foi a que se perpetuou, tendo qualidade apropriada para produção de vinhos e não para apreciação como uva de mesa.

Ao longo da primeira metade do século XX Andradas esteve por um lado fortemente ligada á lógica da economia cafeicultora paulista, pelo outro desenvolvia uma série de peculiaridades ligadas às tradições italianas. Em 1920, Andradas

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despontava como a 35° maior produtora de café de Minas gerais e em 1940 permanecia em 36°. As Vinícolas, símbolos do município começam a aparecer já no início do século, primeiramente apenas “para o gasto” das famílias de imigrantes, e posteriormente com grande expressão nacional.

Algumas famílias que produzem vinho comercialmente até hoje iniciaram suas atividades a mais de um século. Os Basso iniciaram sua produção em 1902, os Bertoli em 1905, os Marcon em 1912, Muterle em 1918. Mas para além da agricultura se expandia a economia do município. Alguns italianos optaram por se estabelecer no núcleo urbano de povoamento e dedicar-se ao comercio ou ao trabalho como artesões, articulando-se com o campo.

Em 1954, aconteceu a 1° Festa do Vinho, considerada um dos principais eventos turísticos do sul de Minas. A festa contou com a presença do então Governador Kubitscheck e de artistas nacionalmente conhecidos. Nos anos seguintes ela se manteve com grande esplendor, atraindo os principais artistas da época como Roberto Carlos, Jorge Bem, Chico Buarque, Cazuza, Elis Regina e tantos outros. De uma festa pequena, passou a ser um grande evento que movimenta milhares de reais e impulsiona o turismo.

Em 1962, no auge da produção vinícola, Andradas produzia mais da metade do vinho de Minas Gerais, e contava com dezenas de adegas, inclusive multinacionais como as portuguesas A. Izidro Gonsalves S.A. e Caves do Restelo, e italianas como Traudi e ALBA. Até meados da metade do século passado, no auge do período vinicultor, cerca de 54 famílias produziam vinho em escala comercial. Fala-se também que o número chegou a 72 unidades produtivas.

Hoje, embora apenas poucas famílias continuem a produção comercial do vinho, a Festa do Vinho ocorre anualmente e ainda atrai moradores das cidades vizinhas. O cultivo de uva, atualmente, já não é mais tão forte. A cultura predominante é a do café, que emprega cerca de 9 mil pessoas em período de colheita. Atualmente, a região central concentra a maior parte das atividades de comércio e serviços e encontra-se a maior infraestrutura urbana do município. Exatamente por isso, é uma região bastante dinâmica e que abriga os grandes marcadores do desenvolvimento do espaço, a saber: o cemitério, o mercado e a Capela de São Sebastião.

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Em outros espaços, é possível encontrar construções modernistas. Alguns prédios ainda podem ser visualizados na região central, mas a tendência é de construções de dois pavimentos com possibilidade de construção do terceiro. Nas regiões afastadas do centro, predomina a volumetria térrea de um ou dois pisos. Geralmente são residências, mas em alguns casos também são construções de uso residencial e comercial, como fonte de renda para o proprietário.

Datas importantes:

1790 - Felipe Mendes do Prado e o Guarda-Mor José Rabelo de Carvalho resolvem fixar-se às margens do Córrego do Cipó.

1845 - Foi erguida uma capela que foi consagrada a São Sebastião. Para isso escolhem um terreno coberto por extenso samambaial, o qual era de propriedade de Cândido José Mendes e sua mulher Plácida Joaquina dos Reis.

1846 - Eis que, a 3 de março, a Cúria de São Paulo expedia a Provisão que autorizava o Vigário da Paróquia de Caldas a proceder à bênção da primeira capela.

1848 - Cândido José Mendes e sua mulher Plácida Joaquina dos Reis, fazem a doação de um alqueire de terras ao Mártir São Sebastião, no qual, aliás, já se achava construída a Capela. dando início, assim, à formação do Patrimônio.

1857 - O primeiro batizado foi realizado pelo Padre Lúcio Leite de Meireles Freire. O primeiro Livro de Batismo, traz o termo de abertura redigido pelo Padre Francisco de Paula Trindade, datado de 3 de fevereiro do mesmo ano.

1860 - Pelo Decreto nº 1088, de 7 de outubro de 1860, São Sebastião do Jaguari era elevado à categoria de Distrito de Paz.

1865 - Assume o curato o primeiro vigário da Freguesia que foi o Padre Ângelo José Philidory, que veio do Rio de Janeiro na qualidade de secretário particular e acompanhante de Dom José Afonso de Morais Torres, Bispo do Pará. Antes, atendiam á população católica de Andradas os padres procedentes de Caldas.

1866 - No 2º dia do mês de janeiro, o Governador Provincial assinava a Lei nº 1278, pela qual São Sebastião do Jaguari era elevada à categoria de Freguesia, condição que corresponde a Paróquia.

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1880 - Em 1º de julho, São Sebastião do Jaguari engalana-se para receber a Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo de São Paulo. Releva informar de que, nessa época, o Sul de Minas, eclesiasticamente falando, estava sob a jurisdição de São Paulo.

1884 - Havia aqui, uma escola primária e mais de cem casas.

1888 - Em 1º de setembro, pela Lei nº 3.656, era criada a Vila Caracol. Assinou a referida Lei o Exmo. Dr. Antônio Gonçalves Ferreira, DD. Presidente da Província de Minas Gerais. A instalação da Vila, entretanto, realizou-se a 22 de fevereiro de 1890, razão pela qual essa é a data oficial da cidade, comemorada anualmente. O novo topônimo passava a ser CARACOL.

1890 - Instala-se o Conselho de Intendência Municipal. A primeira reunião foi realizada em 24 de fevereiro desse mesmo ano. Presidente eleito: Teodoro Higino Brandão, a rigor, o Primeiro Administrador de Andradas.

1892 - Toma posse a primeira Câmara Municipal.

1911 - Em 23 de setembro, foi inaugurada em Andradas a luz elétrica. Nesse mesmo ano surgia, também, o primeiro jornal da cidade sob o título de “O Caracolense”.

1913 - Inicia-se as obras da Igreja-Matriz. Foi no paroquiato do Padre Dr. Aristóteles Aristodemo Benatti que se cogitou da construção do belíssimo templo que domina toda a Praça Dr. Alcides Mosconi.

1914 - A primeira escola oficial foi criada por força do Decreto Estadual nº 4207, de 30 de junho, e denominava-se Escolas Reunidas de Andradas. A primeira diretora foi D. Francisca Tavares e a primeira professora D. Francisca Vilela Peçanha.

1918 - Em 1º de janeiro, durante a Primeira Guerra Mundial, verifica-se a criação do Termo Judiciário de Caracol. O Presidente da Câmara era o Major Bonifácio Monteiro de F. Reis.

1925 - Consoante a Lei nº 893, a Vila de Caracol é elevada à categoria de cidade.

1928 - Em 1º de janeiro foi inaugurada a célebre estátua do Cristo Redentor, defronte à Igreja-Matriz, sendo Presidente da Câmara o Dr. Orestes Gomes de Carvalho, que muito trabalhou para que a ideia se transformasse em realidade. No pedestal dessa estátua há uns dizeres em Latim que, vertidos para o Português, transmite a seguinte mensagem: “Ao Cristo Redentor dos povos e Rei dos Séculos, todo o povo caracolense”. A ideia de Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Município de Andradas | MG Processo de Tombamento Ano 2019 | Exercício 2021 Estação de Enologia de Andradas – Página 10 de 91 Campo Experimental

se erigir o monumento partiu do vigário na época - Monsenhor. João Batista Rigotti, que se transferiu, depois, para a Paróquia de Cosmópolis-SP. Pela Lei nº 1035, de 2 de setembro de 1928, Caracol passava a ser cidade, e adotava o nome de Andradas em homenagem ao DD. Presidente do Estado, Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andradas.

1936 - Instalação da Comarca de Andradas que se verificou em 5 de abril. O primeiro Juiz de Direito foi o Dr. Dario Bráulio de Vilhena.

1938 - Conforme estabelece o Decreto-Lei Estadual nº 148, de 17 de dezembro do mesmo ano, parte do território do Distrito-Sede vai formar o Distrito de Grama que, destarte, passa a integrar o município.

1942 - O término da construção da Igreja-Matriz verificou-se no paroquiato do Cônego Benedito Profício. Eis os padres que administraram as obras: Cônego João Calazans Nogueira, Padres Antônio de Almeida, Pedro Andery e Heliodoro Pires, Cônegos Herculano Moreira, Mons. João Batista Rigoti. Trabalharam na construção: Augusto Marcondes, André Pontilho e Mário Manzoli.

1954 - Realização da primeira Festa do Vinho no mês de julho, num barracão de sapé construído na Praça Cel. Antônio Augusto de Oliveira (ao lado do Mercado Municipal onde hoje se situa o Teatro Municipal). O Prefeito Municipal da época era o Dr. Alcides Mosconi.

1971 - É inaugurado o jornal “Folha Andradense” 1979 - Houve um movimento na cidade, liderado por Sebastião Roberto de Campos, para fundar a Academia Andradense Letras. Algumas reuniões se verificaram nesse sentido.

1980 - ACA – Associação Cultural Andradense, fundada por um grupo de intelectuais e artistas.

1986 - Em 22 de fevereiro entrou em funcionamento a Rádio Vinícola AM/FM.

1990 - Deu-se início a Expofica (Feira Industrial e Comercial de Andradas) onde mais de 60 expositores mostram os produtos andradenses, entre eles o artesanato, indústria moveleira, vinícolas, indústrias de cerâmica, confecções, comércio local, etc., com apresentações culturais e artísticas todos os dias. A Feira é realizada no Pavilhão do Vinho, região central da cidade onde foi realizada a Festa do Vinho até o ano de 1988.

1997 - Em 3 de agosto é inaugurado o jornal “Andradas Hoje”.

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1998 - Em 12 de outubro é inaugurada a TV Andradas.

Imagem: Bandeira de Andradas. Acervo da Prefeitura.

Imagem: brasão de Andradas. Acervo da Prefeitura.

Hino de Andradas

I

“Eu sinto uma saudade

Vou dizer de onde é

É da minha terrinha

Que bonita que ela é.

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Fica entre montanhas

É banhada pelo sol

Hoje é Andradas

Antiga Caracol.

II

Oh, que maravilha!

Os teus verdes parreirais!

És a cidade jóia

Da velha Minas Gerais!

Tuas praças são tão belas

Tua igreja é altaneira

És pétala de rosa

Aos pés da Mantiqueira.

III

Cidade toda em flor

Amor de tantos ninhos

Tua gente é tão boa

Oh, terra santa dos vinhos!

Teu céu é tão azul

Tão belo é teu luar

Quem te conhecer

Sempre há de te amar”.

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A Cultura da Uva chega a Caracol.

Em meados do século XIX, a uva já era amplamente plantada e difundida em alguns municípios paulistas, tais como Jundiaí e São Roque. Nessas localidades, o cultivo e a produção já seguiam certo vulto, devido, principalmente, a proximidade dessas localidades com a cidade de São Paulo, capital que crescia de forma exponencial a partir do último quartel do século XIX.

Nessa mesma época, a vitivinicultura já estava presente em diversas localidades de Minas Gerais, mas foi no Sul do Estado de Minas, encrostados ao pé da extensa Serra da Mantiqueira, que os mais variados parreirais se desenvolveram, sendo as cidades de Baependi, Campanha, Caldas e Caracol que obtiveram o melhor desenvolvimento da vitivinicultura e produção de uvas de mesa. (INGLES DE SOUSA, 1996, p. 39).

Munícipios mineiros e sua produção vinícola em 1911

Municípios Produção/Litros Municípios Produção/Litros

Ouro Fino 79.500 5.000

Caracol 49.500 4.500

Caldas 48.700 Jacutinga 3.800

Campanha 37.000 Baenpedy 3.540

Santa Bárbara 20.740 Marianna 2.800

São Domingos do 14.000 2.000 Prata

São João del Rey 9.060 1.260

Pouso Alegre 8.000 Tiradentes 600

Fonte: adaptado de JACOOB, Rodholfo. Minas Gerais no XX° Século. Gomes, Irmão &C. Rio de Janeiro, 1911: 42.

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Em 29 de fevereiro de 1888, por mediação do Cel. José Francisco de Oliveira1, foram plantadas vinte variedades de parreiras provenientes da França, por mediação da empresa Elach Freres& Cia, de São Paulo. Entre estas, cerca 487 pés da variedade Jacques foram plantados, além é claro, de outras variedades de uvas. O Cel. realizou alguns experimentos com essas cultivares em suas propriedades, e percebendo que seus experimentos logram êxito, logo começou a produzir vinhos2.

O Cel. José Francisco de Oliveira era um grande fazendeiro da Vila do Caracol, possuindo grandes lotes de terras e plantel médio de escravos, sendo bastante plausível a hipótese que os primeiros cultivadores da uva na região sejam os escravos do Cel. Oliveira. Esse proprietário também era o único em toda a Vila do Caracol que possuía maquinário a vapor em sua propriedade (VEIGA, 1874, p. 40). No relatório realizado pela revista do Arquivo Público Mineiro, no ano de 1900, o Coronel José Francisco de Oliveira é descrito como o maior produtor de uvas e vinhos da região:

“Ha diversas fabricas de assucar e aguardente, bem como duas machinas de beneficiar café. Ha tambem duas de vinho, cuja produção orça por 80 pipas atualmente. Na principal delas, de propriedade do Cel. José Francisco de Oliveira são cultivadas as mais distictas e nobres variedades da videira americana, taes como: a Cyntheana, a Rulander, a Jacques (Lenver) A Herbomont e a Norton´sVirginea: cujos excelllentes produtos conquistam neste e no visinho Estado de São Paulo a mais notável e merecida fama, alcançando preços fabulosos em relação aos produtos das outras fabricas da comarca de Caldas, onde esta indústria largamente se desenvolve, sob os mais promissores auspícios”.

A primazia na produção de vinhos na região pelo Coronel Oliveira também é atestada na tese de Carlos Rovaron. Nesse trabalho, Rovaron analisou diversos contratos de compra e venda de imóveis rurais na região de Caldas- MG, feitos durante o decorrer do séc. XIX. Todavia, em um desses documentos ele encontra uma certa propriedade do

1Os vinhos produzidos pelo Cel. Francisco José de Oliveira são destaque em concurso, alcançando elevada qualidade. Tal concurso foi realizado na então capital de Minas Gerais, a cidade de Ouro Preto. Jornal Correio de Poços. Número 90, 26 de junho de 1891. Acessado em memórioa.bn

2O pioneirismo do Cel. José Francisco de Oliveira, proprietário da Fazenda Pitapetinga na Vila do Caracol, também é citado na “Revista Industrial de Minas Geraes”, que destaca que o viticultor resolvera praticar “novos ensaios de aclimatação e cultura, e comprou de uma casa importadora, Loja do Japão -, na cidade de São Paulo, em agosto de 1890, grande quantidade de mudas enraizadas de videiras de diferentes casas, que passam por productoreas de bom vinho”. Oliveira, Francisco de Paula. Revista Industrial de Minas Geraes. MEDRADO, Alcides (Editor). Ouro Preto: Imprensa Oficial de Minas Gerais, ano I, n. 4, 15 de janeiro de 1894. Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Processo de Tombamento Município de Andradas | MG Estação de Enologia de Andradas Ano 2019 | Exercício 2021 – Campo Experimental Página 15 de 91

Cel. José Francisco de Oliveira que está sendo vendida e as características gerais da propriedade:

“Em 1891 José Francisco de Oliveira vendia a Manoel Augusto de Oliveira a Chácara Perapetinga nos subúrbios da Vila Caracol, contendo: máquina a vapor de beneficiar café, uma casa com pastos contíguos e anexos, partes de terras de culturas com fábrica de vinho e vinhedos formados, mais uma olaria” Grifos nossos- (ROVARON, 2015 :97).

Em 1911, a antiga Vila do Caracol já desponta como a segunda maior produtora de vinho do Estado de Minas Gerais, com a produção de 49.500 litros de vinho. A cidade vizinha de , encabeçou a lista dos maiores produtores do Estado, com mais de 79.000 litros de vinhos produzidos em 1911 (JACOOB, 1911, p. 42).

Tabela 1: Números da produção Caracolense de uva em 1900 e 1901.

. Vinhedos 8

Números de cepas em produção 16.700

Número de cepas que ainda não produziram 32.500

Número total de cepas 49.200

Superfície dos vinhedos m² 460.000

Fonte: adaptado de JACOOB, Rodholfo. Minas Gerais no XX° Século. Gomes, Irmão &C. Rio de Janeiro, 1911: 42.

Por meio da tabela é possível perceber que a produção de uvas na Vila de Caracol se encontrava em crescimento, pois o número de cepas que ainda não produzem é o dobro das que produzem, o que nos lança a hipótese de uma total adaptação das plantas ao clima, solo, altitude e pluviosidade. Não obstante, tal crescimento no número de parreirais pode estar ligado à fixação dos primeiros grupos imigrantes em pequenas propriedades e a adaptação ao plantio da parreira, além de consequentemente, uma expansão no consumo do vinho.

No ano de 1918, o Jornal Caracolense “A Defeza”, realiza uma crônica sobre o município de Andradas, descrevendo as diversas atividades econômicas que seus Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Município de Andradas | MG Processo de Tombamento Ano 2019 | Exercício 2021 Estação de Enologia de Andradas – Página 16 de 91 Campo Experimental

habitantes realizavam e as suas particularidades. Dentro do artigo há uma menção ao cultivo da vinha:

“Os vinhedos municipaes, apesar das pragas que tem-se aumentado consideravelmente, tiveram uma safra abundante, exportando os vinhateiros mais de 6000 quintos de vinhos que são muito apreciados e vendidos nos melhores mercados; e maior seria a exportação se grande parte da colheita fosse vendida em cachos aqui mesmo” (A Defeza. Caracol, 01 de Janeiro de 1918. P. 02).

Uma vez que os cepos de videira estavam adaptados ao clima, solo e a altitude da Vila do Caracol, a vitivinicultura iria se desenvolver ainda mais nos decênios posteriores, e, principalmente, com o novo elemento social que surgira no espaço regional: o imigrante italiano.

Zappa, lavoro e vino (enxada, trabalho e vinho) - os imigrantes italianos e sua importância na vitivinicultura de Andradas

A imigração italiana para o Brasil sempre foi uma temática de grande investigação histórica, pois o caráter dinâmico que tal imigração causou nas localidades em que foi introduzida alterou profundamente a economia, culinária, politica, sociedade, educação e até o esporte. Existe assim, nesse ínterim, uma bibliografia extensa sobre a imigração italiana no Brasil, com uma grande ênfase na colonização do sul do país (RS, SC e PR), do Estado do Espírito Santo, além é claro, da grande imigração subvencionada para o trabalho nas lavouras de café de São Paulo. Em Minas Gerais, com exceção de e da Zona da Mata mineira, verifica-se que as pesquisas para algumas regiões, e, em especial o Sul de Minas Gerais, ainda são insuficientes para contextualizar as transformações socias, econômicas, políticas e culturais que esse acréscimo demográfico trouxe à região.

Durante o período do Brasil Colônia, o fluxo de imigrantes para o Brasil sempre foi bastante pequeno, com exceção do período áureo da mineração em Minas Gerais. A imigração no Brasil tem início de modo operante com o apoio e incentivo do Estado só com a chegada da Corte à sua colônia americana, em 1808. Dom João VI buscou realizar uma ocupação efetiva dos extensos espaços vazios do Brasil, sendo que os esforços para tal empreitada foram muitos, mas sempre esbarravam nas péssimas

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condições ofertadas aos imigrantes: assistência inicial precária, débeis vias de comunicação, isolamento, entre outros fatores(OBERACKER JR, 1997, p. 221). Porém, alguns grupos se instalaram com algum êxito durante o Primeiro Reinado; tais como os casos dos açorianos no litoral sul, dos suíços e alemães na província do Rio de Janeiro e dos alemães e italianos no Rio Grande do Sul.

Devido à grande facilidade e abundância de conseguir africanos escravizados para o trabalho nas atividades econômicas do Império e da Colônia, a entrada maciça de mão de obra livre para o trabalho nas grandes lavouras nunca foi incentivada pelas forças produtivas. Mas na primeira metade do séc. XIX, com o surgimento do café e a sua crescente importância na balança comercial, houve o crescimento por mais mão de obra para à lavoura crescente. Entretanto, em um primeiro momento, tal demanda foi suprimida com a compra de escravos das regiões açucareiras do Nordeste, região que estava em crise havia algum tempo. Porém, com as sucessivas pressões acerca da extinção do tráfico negreiro por parte da Inglaterra, a necessidade de trabalhadores para a lavoura cafeeira torna-se um assunto recorrente no Governo Imperial.

Em meados do período Imperial, algumas tentativas foram implementadas no sentido de atrair “braços” para a crescente lavoura cafeeira que estava se desenvolvendo de forma extraordinária no Oeste da Província de São Paulo. Em 1847, o então Senador Nicolau Vergueiro importa da Europa algumas centenas de imigrantes suíços, portugueses e alemães para trabalhar na lavoura de café de sua fazenda, a célebre Fazenda Ibicaba, localizada no município de Limeira. Tal acontecimento traz grandes consequências a política imigratória e a imagem do Brasil, devido a uma revolta realizada por parte dos colonos, tendo como motivos os maus tratos, falta de pagamentos e dívidas crescentes3.

3O regime de trabalho iniciado na experiência de Ibicaba é o da parceria. Nesse sistema,o trabalhador imigrante ficava com a responsabilidade de zelar por certa quantidade de pés de café, para que no final da safra entregasse ao proprietário o total de café colhido. Entretanto, não recebia nenhum bônus pela colheita. Ao termino do ano agrícola, eram descontadas do imigrante as despesas da passagem da Europa até o Brasil, além das despesas com estadias e as instalações iniciais na fazenda. Portanto, tal sistema gerava uma dívida que só tinha indícios de aumentar para o trabalhador imigrante. O incidente em Ibicaba chega a macular a imagem da Brasil junto aos órgãos europeus de imigração. Segundo Emília Viotti da Costa, os conflitos entre fazendeiros e imigrantes se davam porque os primeiros ainda possuíam escravos em suas fazendas, e acreditavam que deveriam dar o mesmo tratamento dos escravos aos imigrantes livres como forma de aumentar a produtividade. COSTA, EmiliaViotti da. in O Brasil Monárquico, tomo II: Reações e transações / por Francisco Iglésias... [et al.]. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997 :158-159.

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A partir do fim do tráfico negreiro com a Lei Eusébio de Queirós (1850), a questão da oferta de mão de obra para a cultura do café se tornaria bastante séria. A partir das leis graduais de libertação dos escravos, tais como a lei dos Sexagenários (1865) e do Ventre-livre (1871), o fim da escravidão era questão de tempo (FURTADO, 1991, p. 117). Em diversas reuniões da Câmara e do Senado Imperial, era discutida a possibilidade de trazer trabalhadores “livres” da Ásia para o trabalho na lavoura cafeeira, que se expandia pelo Oeste de São Paulo; e, em menor escala, no Sul de Minas e Zona da Mata Mineira.

Porém, somente a partir da década de 1880 é que a imigração em massa para o Brasil começa a alcançar os níveis de expressividade de outras nações americanas como os EUA e a Argentina. A política de atração de imigrantes para o trabalho sofre uma grande mudança, passando a ser subvencionada pela Província de São Paulo, a mais rica do Império. Nesse ínterim, mais precisamente no ano de 1887, verifica-se o início de um processo imigratório em massa de portugueses, espanhóis, alemães, e, principalmente, italianos.

Nesse novo modelo de captação da mão de obra estrangeira, a província de São Paulo recrutava e pagava os valores das passagens e estadias do imigrante e de seus familiares, para que os mesmos viessem à América. Ao chegar ao Brasil, os imigrantes tinham suas primeiras despesas pagas e eram acomodados em hospedarias, nas quais foram construídas para esse fim. Em seguida, embarcavam nas locomotivas rumo às fazendas de café no interior da província. Esse novo sistema atraia muito mais trabalhadores por ser vantajoso para com os imigrantes que sofriam um grande pauperismo na Europa. Tal sistema fez com que o número de imigrantes aumentasse ano após ano, atingindo o pico de 670.598 imigrantes italianos no período de 1890- 18994. O Estado de Minas Gerais, de certo modo, também “copiou” o modelo paulista de subvenção à imigração a partir de 1890, mas sem conseguir atrair o mesmo quantitativo que o Estado vizinho.

4A entrada de italianos no Brasil tem seu ápice entre o período de 1880 a 1910, devido às crises que abalavam a estrutura da recém unificada Itália. Depois de 1915, devido às melhorias no padrão de vida dos italianos e a recuperação econômica da península itálica, o número de imigrantes cai consideravelmente, até minguar-se na década de 30, com as novas leis de imigração decretadas pelo governo de Getúlio Vargas. Ver COMISSÃO DE ELABORAÇÃO DA HISTÓRIA DOS 80 ANOS DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL. Uma epopeia moderna: 80 anos da imigração japonesa no Brasil – São Paulo- Hucitec: Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, 1992, p. 24.

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Depois do imigrante se instalar nas fazendas de café, era permitido, na maioria das vezes, o plantio de gêneros de primeira necessidade nas entrelinhas do cafeeiro, o que diminuía consideravelmente os custos de vida de sua família. O contrato de trabalho estipulado entre os trabalhadores italianos e o fazendeiro estabelecia que o imigrante teria que zelar de certa quantidade de pés de café durante certo tempo, recebendo assim um pequeno salário nesse período (PETRONE, 1997, p. 275). Chegando à época da colheita, o imigrante recebia ainda uma bonificação pela quantidade de café colhido, o que aumentava ainda mais seus rendimentos. Depois de colhido o café, o imigrante e seu núcleo familiar empregavam-se nas tarefas anuais de cuidar do cafezal, tais como: carpir, preparar o terreno, adubar, colher os alimentos plantados nas entrelinhas do cafeeiro, etc., refazendo assim, todo o ciclo econômico da cultura. Geralmente trabalhavam nessas atividades todos os membros da família, ou seja, mulheres, crianças e jovens5.

Por parte das relações de trabalho, era comum que o imigrante se transferisse de fazenda, sempre em buscada propriedade que fosse mais vantajosa financeiramente e que oferecesse melhores recursos para o seu desenvolvimento. Diferente do trabalho escravo, o novo modelo de trabalho e os novos fatores sociais permitiam uma dinamização e uma rotatividade da mão de obra nas propriedades rurais, sendo criado um novo paradigma: o do trabalhador livre e assalariado.

Com o passar dos anos, as habitações dessas numerosas famílias italianas vão melhorando, passando a ter mais conforto no acabamento, no mobiliário e em sua estrutura física. Com o excedente do plantio e processamento dos gêneros de primeira necessidade, os italianos faziam vendas e trocas comerciais com imigrantes de outras nacionalidades ou com os brasileiros de outras vilas, povoados e cidades. Com o estabelecimento de seus núcleos familiares e vencida a adaptação, os italianos começam

5 O Sr. Ricardo Sasseron (1917-2011), foi um importante vitivinicultor da cidade de Andradas. Em entrevista oral que ele realiza ao pesquisador Carlos Rovaron, o Sr. Ricardo descreve os interessantes mecanismos do trabalho e a acumulação de capital que o imigrante conseguia nas propriedades cafeeiras. Na entrevista, o SrºSasseron também descreve o processo de compra dos pequenos lotes de terra na Vila do Caracol, por parte dos imigrantes italianos provenientes das fazendas de café paulistas, afirmando que a terra em Andradas era barata e muitos fazendeiros da região encontravam-se bastante endividados, o que fazia com que esses lotes fossem cada vez mais fracionados. Ver ROVARON, Carlos Eduardo. Ocupação da região da Caldeira Vulcânica de Poços de Caldas-MG (Séc. XVIII-XX). 2009. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo:206-210.

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a realizar outras atividades econômicas, participando do comércio de secos e molhados, de profissões liberais e de profissões artesanais, tais como: ferreiro, calceteiro, pedreiro, pintor, escultor, etc. nas cidades e regiões que escolhem para viver.

Os italianos e o cultivo da uva e do vinho em Andradas

O atual território de Andradas localiza-se na porção Sul do Estado de Minas Gerais e é limítrofe com vários municípios paulistas, tais como São João da Boa Vista e Espirito Santo do Pinhal. A Vila do Caracol (Andradas) recebeu muitos imigrantes provenientes das fazendas de café dessa região, que é pertencente à extensa e rica região da Mogiana Paulista. Esses imigrantes provenientes do norte da Itália vieram para substituir a mão de obra escrava nas fazendas de café da região, e posteriormente, para virarem proprietários. O historiador andradense João Moreira da Silva, autor da obra “Caminhando de Samambaia a Andradas”, organizado postumamente por sua filha, a memorialista Nilza Alves de Pontes Marques, adverte para às condições socioeconômicas que fizeram à vinda desses imigrantes para a região de Andradas:

“O fim da escravidão ainda tardaria quase dez anos, mas, em 1880, o café já exigia a contratação de mão-de-obra para o trato e a colheita. O Brasil (principalmente o Sul) iniciava a política de atrair imigrantes alemães e italianos. Em São Sebastião do Jaguary não era diferentee os italianos começaram a chegar, a partir da abertura oficial à imigração, em 1893. Contratados para substituir os escravos, moraram inicialmente nas senzalas. Os registros guardam nomes das primeiras famílias: Guido, Athanazio, Venturelli, Baldassari, Benassi, Conti, Trielli, Lomgo.Por essa época, havia cerca de cem casas na comunidade, das quais três assobradadas maisantigas e mais de vinte, novas.” (PONTES, 1996, p. 128).

A Estrada de Ferro Mogiana S.A possuía ramais e estações nos municípios paulistas limítrofes com a Vila do Caracol (São João da Boa Vista e Espírito Santo do Pinhal), municípios em que a cafeicultura se desenvolvia. Esse fator logístico e a proximidade que tais localidades possuíam da Vila do Caracol pode ter contribuído para que muitos imigrantes viessem para a Vila com o objetivo de comprar lotes de terra ou simplesmente trabalhar.

Com respeito ao contingente social que compunha a Vila do Caracol, a Revista do Arquivo Público Mineiro, do ano de 1900, assim descreve: “Ha no districto grande

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numero de trabalhadores extrangeiros, de nacionalidade italiana em sua quasi totalidade, que vencem o salario de 2$ a 8$ com ou sem alimentação fornecida pelos proprietários”. Essa fonte nos revela que talvez parte dos imigrantes que vieram para Andradas não se constituíam ,inicialmente, de pequenos sitiantes, mas de jornaleiros que trabalhavam em diferentes propriedades locais. O relatório da Revista do Arquivo Público Mineiro ainda descreve que a totalidade dos negociantes da Vila é estrangeira, de totalidade italiana. Tal fonte ainda traz uma informação importante acerca do destino dos ex-escravos da região:

“A emigração para fora do municipio nos últimos tempos, quer para outros pontos deste Estado, quer para o do São Paulo consiste apenas de ex- escravos, cujo numero estima-se em 1500, e que abandonaram esta localidade por não quererem submeter-se ás justas e previdentes exigências da autoridade policial no sentido de obrigalo-os a empregar-se. Esse movimento, porém, cessou, com a sahidada população ociosa e inútil”. (ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO, 1900, p. 06)

Se por um lado foi o Cel. Oliveira que instala e prepara as cultivares de uvas para se adaptarem ao clima, solo e altitude da antiga Caracol, por outro lado são os imigrantes italianos e seus descendentes que fizeram da vitivinicultura uma importante economia da região, expandindo-a em seus pequenos terrenos. Esse novo grupo social adaptou-se muito bem ao cultivo da parreira, pois muitos desses trabalhadores já tinham conhecimentos e experiências sobre a cultura da uva, desde os tempos de quando eram trabalhadores na Itália. Adaptaram-se também muito bem ao cultivo da uva Jacques, a videira historicamente mais cultivada do município e a que mais se adaptou ao clima da região.

Em 1917, um dos jornais da antiga Vila do Caracol relata a importância da presença italiana nas mais distintas ocupações e meios econômicos da localidade sul mineira. Tal periódico é bastante enfático ao relatar a representatividade e a importância social dos imigrantes e seus descendentes na sociedade caracolense:

É, sem dúvida, predominantemente neste município, a colônia italiana. Em todos os ramos que constituem a nossa atividade coletiva e publica, tem a laboriosa colônia italiana, de Caracol, os seus representantes. A nossa lavoura agrícola tem nesse elemento de progresso e de riqueza a cousa única do seu aumento sempre crescente. O incremento que as nossas fazendas têm tomado ultimamente, produzindo resultados bastante compensadores aos seus felizes proprietários, é devido exclusivamente a essa laboriosa colônia Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Município de Andradas | MG Processo de Tombamento Ano 2019 | Exercício 2021 Estação de Enologia de Andradas – Página 22 de 91 Campo Experimental

que, procurando resultados satisfatórios aos seus esforços e às suas energias dispendidas, cultivando e valorizando imensamente essas propriedades agrícolas, permite aos seus proprietários resultados positivos, risonhos e benfazejos. Essa pacata colônia italiana aqui domiciliada, conta no seio também muitos proprietários fazendeiros, produzindo frutos salutares que são productos de seus esforços sobrehumanos e da sua constacia efficaz e produtiva no trabalho. Não e admissível um elemento numeroso e precioso, como este, seja deixado a margem, quando o maior incremento de riqueza existente e que muito leva aos cofres públicos lhe é devido, permitindo-lhes regalias de direito e que podem ser exigidas, porque não e permitido, antes tornar-se censurável, que um elemento assim, seja acintosamente e por capricho de nacionalidade, afastados do negócio público do lugar É também no comércio local vantajosamente representadas. Enfim, em todos os ramos da nossa vida activa ella tem seus representantes, e numerosos, que concorre para a nossa riqueza e para o progresso e adiantamento do lugar. [...] A riqueza agrícola de Caracol é facto e está, indubitavelmente nas mãos desse elemento trabalhador e progressista[...] Grifos nossos. (PEREIRA, 1917, p. 01).

Muitas outras localidades sul mineiras limítrofes com o Estado de São Paulo também receberam uma grande massa imigrante de diversas nacionalidades, contudo, o maior número era sempre de proveniência italiana. Atraídos por melhores opções de trabalho, moradia ou pela possibilidade de compra de terras, muitos imigrantes cruzaram as divisas dos Estados e adentraram em solo sul mineiro. O recenseamento de 1920, presente no anuário estatístico de Minas Gerais nos dá um importante quantitativo do total de imigrantes no primeiro quartel do século XX, no município de Caracol (Andradas).

Tabela 02: Imigrantes e sua proveniência na Vila do Caracol.

País Homens Mulheres Total

Alemanha 5 4 9

Áustria 7 4 11

França 2 2 4

Espanha 161 118 279

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Itália 636 513 1149

Portugal 30 27 57

Outros países 1 1 2 Europeus

Argentinos 2 2 4

Túrquia Asiática 22 13 35

Brasileiros 10047 9358 19405

Fonte: Annuario Estatistico de Minas Gerais, 1921, p.78.

Partindo da observação da tabela descrita acima, podemos perceber que a maioria dos imigrantes no município é composta de italianos. Contrastando-a com a matéria do Jornal “A Defeza”, podemos observar um certo exagero por parte desse último, entretanto, não podemos negar a grande participação da população italiana na composição social do município. Outros grupos de diversas nacionalidades também se instalaram, sendo o segundo grupo com maior volume demográfico o dos espanhóis. Todos esses povos compartilhavam um sonho em comum que era “fazer a América”, ou seja, prosperar.

O recenseamento agrícola realizado pelo Estado de Minas Gerais no ano de 1920 nos dá um importante dado sobre a distribuição fundiária da Vila do Caracol. Do total de terras recenseadas, 128 propriedades são pertencentes aos imigrantes. Essas terras possuem uma área total de 4118 há. Calculando em média simples, obtemos em média cerca de 32 ha por propriedade. É um grande contraste com a ocupação da terra por brasileiros, pois do total de uma área de 32.658 ha, existem 432 proprietários brasileiros. Usando a média simples, temos aqui como a área média 75 ha. Tal fator reforça o fracionamento do solo em pequenas glebas para os imigrantes que se instalaram em Caracol, como pode ser verificado no processo de arrolamento de Inês

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Fava, na qual sua propriedade que deixou para seus herdeiros consiste de uma sítio com 01 alqueire de terra, mas com 2000 pés de uva plantados6.

Uma vez donos de seus próprios terrenos, os imigrantes dão início ao plantio de café e gêneros de primeira necessidade (milho, feijão, arroz, etc.), mas também deixam parcelas de suas terras para o cultivo de uvas. Com essas uvas, começam a produzir artesanalmente vinhos para o consumo próprio, para as festividades religiosas ou para a recreação com amigos e vizinhos. Tal argumento é reforçado quando se analisa os processos de arrolamento e de inventário da 1º e 2º Comarca de Andradas.

Nesses processos7, podemos perceber que a propriedade de posse do imigrante italiana era de pequena extensão, ou seja, poucos há ou alqueires. Entretanto, também percebemos ao analisar essas informações que os donos dessas propriedades também plantavam café, além do cultivo da uva e de outras culturas. O processo de inventário de Edwiges Basso Fossa, registrado no Cartório do 2º Ofício da Comarca de Andradas, demonstra que os bens da falecida eram constituídos de 1,1/2 alqueires de terra, com 1.500 pés de videiras e 1000 pés de videiras novas (2.500 no total)8. Já no inventário de Henrique Pastre e Maria Tonon Pastre, de 07/10/1935, podemos perceber a existência da pequena adega produtora e os equipamentos para a produção de vinho.

[...] Uma outra parte de terras, com área de dois alqueires no logar denominado “morro-secco”, deste districto, terras essas ocupadas com cafés e videiras e pastos. Uma casa de morada regular com uma pequena cantina com os respectivos vasilhames para a fabricação de vinho e mais benfeitorias, confrontando-se essa parte com o falecido Emiliano Pontes, Antonio Trevizan e Randolpho Frizzo [...] (Inventário de Maria Tonon Pastre, de 07/10/1935. Cartório do 2º Ofício da Comarca de Andradas, Folha 04)

6Processo de arrolamento de Inês Fava, de 02 de maio de 1945. Cartório do 01º Oficio da Comarca de Andradas, F. 8V. Nesse processo, verifica-se que a propriedade que será dividida entre os herdeiros é pequena (01 alqueire), além da casa (07 cômodos, de telhas e bem feita). Mas o mais interessante dessa escritura é a quantidade de parreirais plantados em uma área tão pequena de terra. 7 No processo de arrolamento de Angela Moreti Stivanin, de 05 de março de 1944, os bens da falecida são descritos como uma chácara na localidade “Lagoa Dourada”, com 4 alqueires e ½, contendo 2.000 pés de café e 4.000 pés de uva. Arrolamento de Angela Moretti Stivanin, do dia 05 de março de 1944. Cartório de 01º Oficio da Comarca de Andradas. Folhas 7V-8. 8Processo de Inventário de Edwiges Basso Fossa, do dia 15/04/1937. Cartório do 2º Ofício da Comarca de Andradas, Folha 08. Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Processo de Tombamento Município de Andradas | MG Estação de Enologia de Andradas Ano 2019 | Exercício 2021 – Campo Experimental Página 25 de 91

Com o passar do tempo, essas numerosas adegas que vão se formando e passam a comercializar seus vinhos com variados locais, seja por conta da qualidade, da aceitação no mercado ou, também, do desenvolvimento da indústria de bebidas nacional. Nisso, os vinhos produzidos pelos vitivinicultores andradenses começam a ser vendidos para diversas localidades de Minas Gerais e no crescente mercado paulista. Aliada ao fator do crescimento da indústria nacional nos primeiros decênios do sec. XX é verificada também uma melhoria nos transportes em geral, fator esse que contribuiu para o sucesso da empresa vinícola de Andradas. Dessa forma, o escoamento do vinho para as cidades do interior de São Paulo, para outros estados e para o próprio Sul de Minas eram facilitados pela melhoria no transporte rodoviário e pelo alcance das ferrovias.

O Cultivo da Uva Jacquez

A Jacquez é uma uva da variedade Vitisbourquina, usada na elaboração de vinhos tintos comuns. As bourquinas são híbridas originadas de cruzamentos naturais de variedades americanas e viníferas europeias (INGLEZ DE SOUSA, 1996). Apesar de ter sua origem desconhecida, era observada desde 1929 nos Estados Unidos. Foi introduzida 25 anos mais tarde na França, quando foi bastante empregada como porta- enxerto. Em 1993, cerca de 90% de toda a área destinada a viticultura em Andradas era ocupada pela variedade Jacquez, fator que demonstra a importância dessa variedade para a história vinicultora andradense e que gerou reflexos na Festa do Vinho.

Embora a existência da Jacquez em Andradas seja anterior à chegada dos imigrantes italianos, a responsabilidade por ter transformado o cultivo dessa uva e seu respectivo vinho em tradição no município cabe a eles. Foram esses imigrantes que intensificaram o cultivo dessa uva, proporcionando sabor, a cor e a qualidade nas bebidas produzidas, criando uma espécie de tradição na forma de produção do vinho. Ao falarem do cultivo da uva Jacquez e da produção do vinho, os vitivinicultores se recordam do passado, da infância nos parreirais e do afeto que têm por eles: “Plantava 50 plantas de uva aqui e depois na outra lombadinha lá em cima, que o café tinha estragado mais 80. E essa uva era para fazer o vinho para eles consumirem. Mas essa uva, basicamente uma variedade, era Jacquê que chamava Jacquez, né?! Ela produzia

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um vinho que agradava aquele paladar, e... tudo bem fazia aquele vinho”9 (KALIL, 2016. P. 68).

Portanto, a uva Jacquez representa a memória das adegas andradenses, como algo que se faz ou em que se acredita, porque os antepassados assim o fizeram ou acreditaram que tal empreendimento seria profícuo. Nesse interim, o Cultivo da Jacquez é parte da memória histórica da Cidade de Andradas por representar as diversas gerações que empreenderam o trabalho no crescimento da indústria do vinho.

A Estação de Enologia de Andradas (Campo Experimental do Ministério da Agricultura) e o interesse estatal na vitivinicultura andradense

A produção de vinhos entraria em um processo bastante interessante que estava acontecendo no campo brasileiro: a modernização agrícola. Tal processo modernizante não só residia no fato de se produzir no campo só resultados econômicos, mas que tais resultados trouxessem também implicações relacionadas a um dinâmico desenvolvimento social e tecnológico do homem do campo. Nesse ínterim, são destacadas a colocação dos técnicos e agrônomos e utilização em larga escala da mecanização para esse fim, visto que estes elementos seriam a “ponta de lança” do processo modernizador da agricultura.

O contexto politico, social e econômico em que o Brasil vivia após a Proclamação da República era de intensos debates acerca do modelo econômico que a nação deveria seguir no futuro. De um lado, uma corrente defendia a industrialização do Brasil e a formação de um mercado interno, além de uma diversificação das atividades realziadas no campo. De outro lado, ficavam os defensores do agrarismo e da “vocação agricola” do país para a agricultura.

O café, no decorrer dos anos da Primeira República, começa a passar por diversas crises de superprodução e dificuldades de exportação. Foram criadas políticas próprias para o café, como a defesa permanente, onde o produto era subsidiado e estocado para vendas futuras. Esse sistema de proteção fez com que os plantios se

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alastrassem de uma forma nunca antes vista, criando superproduções que eram muito maiores que o consumo mundial da bebida.

O Brasil adquiriu empréstimos no exterior com o objetivo de comprar o excedente da produção, tática econômica essa que desestabilizava cada vez mais a economia, criando uma atmosfera de crise que se perpetuaria durante os anos 20 (e principalmente com o Clash da Bolsa de Nova York em Outubro de 1929), além de ser fator preponderante entre a ruptura das alianças oligárquicas10. É no meio desse clima de mudanças e diversificações da produção rural que a uva, a laranja e outras frutas, como o abacaxi e a banana, vão se consolidar na pauta de novos produtos para os mercados internacionais e nacionais.

Com o advento da Primeira República, eram intensos os debates acerca dos rumos da economia nacional. A extrema dependência do café como principal formador de divisas e a sua quase totalidade da produção concentrada no território do Estado de São Paulo, causava mal-estar político entre as demais unidades da Federação. Esse processo foi uma das principais causas da cisão intra-oligárquica dos principais atores políticos da Primeira Republica: Minas Gerais e São Paulo. Assim, os debates em torno da diversificação econômica nacional expressavam em grande parte, preocupações de vários setores da sociedade brasileira com os rumos da nação.

Nesse ínterim, outra grande disputa política nos últimos anos da Primeira República, e nos primeiros momentos do governo provisório pós-revolução de 1930, foi a indecisão sobre os rumos econômicos que a nação deveria seguir. Uma corrente defendia veementemente a industrialização do país, com o intuito de se soltar o atraso social e econômico sempre ligados ao campo e à inanição que este causava nas populações. Já do outro lado, persistia a corrente que pugnava a vocação agrícola do Brasil, baseada nos campos e pastoreios, sendo o alicerce “moral” da sociedade. Nisso, a chamada “vocação agrícola do país”, ganha ainda mais força com o auge das exportações de café entre 1910 e 1925 e o relativo sucesso que a rubiácea alcançou nos preços internacionais. A corrente da vocação agrícola aceitara que era preciso

10 Segundo Sônia Regina de Mendonça, a década de 1920 foi de grande efervescência política, com pressões de grupos que negligenciados como o núcleo de poder das oligarquias dos Grandes Estados e aumento do custo de vida nas principais cidades. Ver MENDONÇA, Sônia Regina de. Estado e Sociedade, a consolidação da república oligárquica. Linhares, Maria Yedda. "História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus (1990).p, 322. Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Município de Andradas | MG Processo de Tombamento Ano 2019 | Exercício 2021 Estação de Enologia de Andradas – Página 28 de 91 Campo Experimental

modernizar-se, mas sem abandonar o destino econômico do país, ou seja, a agricultura de exportação. Seguindo esse aparente aspecto da vocação agrícola do país, Mendonça (2002) descreve o fato de que são criados mecanismos burocráticos na Primeira República para tornar-se mais coesa, além de poder atender às diferentes classes dirigentes detentoras dos mais diferentes produtos de exportação.

Durante a Primeira República, há o surgimento da SNA (Sociedade Nacional de Agricultura), polo antagônico à burguesia cafeeira paulista, pois esse polo cafeeiro era hegemônico nos rumos da economia nacional. Os membros da SNA, em suas reuniões e propostas, procuravam discutir novas formas de desenvolvimento para o Brasil, com a paulatina busca por uma maior diversificação da produção agrícola nacional. Grande parte dos membros da SNA era de origem fluminense e mineira, sendo que esse grupo teria grande importância para o processo de diversificação e burocratização agrícola que iria ocorrer11.

Desde o surgimento da República me 1889, algumas autoridades mineiras já perceberiam que o melhor caminho para o afastamento das crises decorrentes sobre a produção cafeeira seria a diversificação. Desde o alvorecer da década de 1890, o governo mineiro na então antiga capital de Ouro Preto começa a incentivar concursos para estimular a produção de vinhos no Estado12. Eis que a redação do Concurso agricola de 1895, realizado na capital do Estado, Ouro Preto, nos demonstra:

O grande numero de concorrentes vão actualmente mostrando o quanto se pode esperar da viticultura e da vinicultura em Minas, cujo governo não tem poupado esforços nem sacrificios para desenvolver tão poderosa fonte de riqueza, que, popuco a pouco, nos libertará dos perigos que esse exclusivismo que só faz com que se pense em exportar café. (Grifos nossos). Analyses dos Vinhos Mineiros. Concurso Agrícula de 1895. Imprensa Oficial de Minas Gerais. Ouro Preto, 1896, p. 04.

Em 08 de dezembro de 1929, é realizada a primeira organização municipal para o desenvolvimento da cultura do vinho, devido ao crescimento dessa economia. Surgiu

11 Amália Dias descreve o aumento significativo do número de membros da SNA, que passou de 4.000 membros em 1911 para 8.000 em 1929. Ver DIAS, Amália. Entre laranjas e letras: processos de escolarização no distrito-sede de Nova Iguaçu (1916-1950). Rio de Janeiro, UFF, Tese de Doutorado, 2012.p. 61. 12Desde o Império, a Província de Minas Gerais já incentivava a produção de vinhos, como nos mostra a Lei N. 348 de 1848, que autorizava ao Governo provincial a pagar a quantia de quatro contos de Réis para quem primeiro produzisse cinquenta barris de vinho. Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Processo de Tombamento Município de Andradas | MG Estação de Enologia de Andradas Ano 2019 | Exercício 2021 – Campo Experimental Página 29 de 91

dessa organização a Cooperativa Vinícola de Andradas (PONTES, 1999, p.185). Porém, anteriormente ao surgimento dessa cooperativa, o Estado de Minas Gerais já via o cultivo da uva e a fabricação do vinho na região da Vila do Caracol com bons olhos, pois com a entrada do século XX, verifica-se um aumento na produção desse produto, possibilitando assim, o angariamento de novas receitas para os cofres públicos estaduais, devido ao desenvolvimento econômico da região. No decorrer das décadas de 20 e 30 do séc. XX começa a existir um esforço Estadual e Federal para coordenar tal produção e evitar as adulterações constantes nos vinhos engarrafados13.

Não obstante, o Estado de Minas buscava melhor controlar e coordenar os rendimentos advindos dessa atividade econômica. Dessa forma, o jornal Gazeta de Andradas, do dia 05 de julho de 1929, elucida esse investimento estatal: “Segundo Annuciaramos anteriormente, já se acham entre nós, os srs. Dr. Gabriel Lherme e Romainlabarrére, abalisados chimicos francezes, contractados especialmente pelo Governo do Estado, para estudar o desenvolvimento technico da viticultura nesta zona, que como ninguém ignora è a maior productora de vinho em nosso Estado”. Em outra passagem do texto, o presente hebdomadário completa:

Com as providencias que o Governo do Estado vai tomar em beneficio da vitivinicultura em Minas, estamos certos de que na regulamentação de seu fabrico e exportação, serão introduzidas medidas tendentes ácohibir aquellas falsificações, de maneira que o vinho de Minas Gerias possa torna-se um produto de especial qualidade, digno portanto, da aceitação do publico do Paiz(Gazeta de Andradas, 05 de julho de 1929, p. 02)

Algumas famílias que produzem vinho comercialmente até os dias de hoje iniciaram suas atividades há mais de um século. A Familia Basso, por exemplo, iniciou sua produção em 1902. Já os Bertoli iniciaram as atividades viniculas em 1905 e os Marcon, no ano de 1912. Mas para além da agricultura e da vitivinicultura, expandiam- se também outros setores econômicos do município. Alguns italianos e seus descedentes optaram por se estabelecer no núcleo urbano de povoamento e dedicar-se ao comércio ou ao trabalho como artesões, comerciantes, funcionários públicos e prestadores de

13A adulteração de bebidas era um problema bem comum no Brasil da Primeira República, uma vez que os falsificadores usavam a ideologia do “fetiche da mercadoria” para adulterar vinhos provenientes da França, Portugal e Itália. CABRAL, Carlos. Presença do Vinho no Brasil: um pouco de história. São Paulo: Editora da Cultura, 2004:157.

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serviços diversos, articulando-se assim suas atividades com o campo (PASTRE, 2012, p. 35).

Em 1939, de acordo com o relatório industrial do Estado de Minas Gerais14, Andradas possuia 46 adegas, sendo que essas adegas empregavam um total de 101 pessoas. De acordo com essa fonte, podemos perceber que a esmagadora maioria das firmas possuem nomes de proveniência italiana, tais como: Pastre, Salvi, Stivannin, Basso, Bertoli, Beloto, Fossa, Venturelli, etc. A mão de obra familiar é ainda a mais empregada no fabrico do vinho e de outros derivados da uva. As grandes empresas vinicolas, com centenas de empregados, tais como a italiana Alba e a portuguesa Izidro só irão se instalar em Andradas a partir dos anos de 1960, considerado o auge da produção de vinhos no municipio.

O então Presidente do Estado de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, em mensagem do Governador para a Assembléia Mineria no ano de 1928, já assinalava o crescimento que a uva e a vitivinicultura estavam tendo nos municipios de Caldas e Andradas. Nessa mensagem, o estadista almejava construir uma estação experiemtnal na região compreendida entre os dois munisipios, para assim, aperfeiçoar essa atividade economica:

A viticultura e a vinicultura, que tão prosperas já estiveram no estado, voltaram a objetificar cogitações mais intensas de certas zonas e notadamente, dos muncipios de Caldas e Andradas, o que levou o governo a contractar um profissional dessa especialidade, para cuidar do ensino e aperfeiçoamento dessas industrias remuneradoreas. É minha intensão estabelecer, naquela região sul-mineira, uma estação experimental para desenvolve-las, de fôrma segura. (Grifos nossos. Mensagem do Governador de Minas Gerais, Antônio Andrada, para a Assembleia (MG). 1892 à 1930. p. 135-136)

Com o advento da Revolução de 30, o Governo Provisório de Getúlio Vargas caracteriza-se como um administrador e um centralizador de todas as atividades econômicas do país, fator que ia se acentuar a partir de 1937, com o surgimento do Estado Novo. A vitivinicultura entra nesse processo, pois o Governo Federal via com bons olhos as atividades econômicas que poderiam ser alternativas para diminuir a dependência do país com a cultura do café, e que também pudessem impulsionar o

14Inserimos tal fonte no anexo de nosso trabalho, pois trata-se de informação bastante extensa.

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mercado interno. Getúlio Vargas e sua cúpula econômica pretendiam desenvolver a produção de bebidas nacionais - em especial o vinho -, para que ocorresse uma diminuição nas importações dessa bebida e, consequentemente, uma balança comercial mais favorável (CABRAL, 2004, p. 176). Essa era uma tendência geral que se apresentava de diferentes matizes na América Latina como um todo. O Estado como “administrador da economia”.

A gestão de Távora dentro do Ministério da Agricultura caracterizou-se primeiramente por uma reforma estrutural e funcional do Ministério, com o objetivo de dotá-lo de uma organização mais centralizada e racional15. Esta reestruturação, completada no decorrer do segundo semestre de 1933, compreendeu também na criação de órgãos especializados como o Departamento Nacional da Produção Mineral, o Departamento Nacional da Produção Animal, o Departamento Nacional da Produção Vegetal e a Diretoria-Geral de Pesquisas Científicas.

Foram também melhoradas as estruturas burocráticas ligadas à estatística da produção e contabilidade, proteção e ao fornecimento de créditos. Em 1937, é criado o Laboratório Central de Enologia, que pouco tempo depois, em 1943, passa a se chamar Instituto de Fermentação. Tais órgãos são ligados à Diretoria de Fruticultura, que por sua vez é englobada dentro do Ministério da Agricultura.

No ano de 1938, o Estado Novo publica o Decreto nº 826, criando uma Subestação de Enologia na cidade de Andradas. Essa Subestação16 estaria ligada à Diretoria do Instituto de Fermentação, autarquia ligada ao Ministério da Agricultura do Distrito Federal17. A criação de tal Substação tinha como principais objetivos norteadores: orientar à vitivinicultura, racionalizar a produção e estabelecer diretrizes

15 Távora fora um dos sobreviventes do Movimento Tenentista de 1922. Uma das principais premissas de sua gestão foi a organização e o desenvolvimento tecnológico das atividades econômicas do Brasil. SAES. Guilherme Azevedo Marques de. O Nacionalismo Econômico e o Desenvolvimentismo do Tenente Juarez Távora (1930-1934).II Conferência Internacional em História Econômica & V Encontro de Pós-graduação em História Econômica. Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010. p.12.

16Outras subestações de enologia foram implementadas em outras regiões vinícolas do Brasil: Bento Gonçalves (RS), Urussanga (SC), Campo Largo (PR) e Jundiaí (SP). Jornal do Brasil. Sexta-feira, 30 de outubro de 1953. :06. 17A gestão econômica do período Vargas criou vários Institutos e Autarquias para gerenciar todas as etapas produtivas das mais variadas atividades econômicas do Brasil. Nesse período, a vitivinicultura ficaria ligada ao Instituto de Fermentação. Ver MENDONÇA, Sônia Regina de. Estado e economia no Brasil: opções de desenvolvimento. Rio de Janeiro: Graal, v. 30, 1986.

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para sua extenção. Essa repartição começou a funcionar em 1942, contando com um moderno laboratório para análises de vinhos e derivados e com uma mão de obra altamente capacitada. O primeiro diretor da Subestação de Enologia foi o agronômo Pedro de Barros Duarte.

O magazine Andradas em Revista, editado pelo Sr. Constante Campos no ano de 1955, descreve a importância econômica da vitivinicultura andradesne no cenário nacional, além de expor sobre a missão e a importância dessa Subestação construída pelo Governo Federal: “Andradas, que ocupa o 1º lugar em produção no Estado de Minas Gerais, é hoje considerada a segunda zona de produção em instalações, no Brasil. Vale isso dizer, que temos os nossos estabelecimentos perfeitamente instalados em normas higiênicas, de acordo com as mais rigorosas exigências da legislação que rege o assunto”. (CAMPOS, 1955, p. 97).

A assistência técnica também é uma das atividades mais importantes desenvolvidas pela Subestação; visto que ela abarcava o processo produtivo comum todos, indo desde o momento do preparo do solo, da escolha da melhor parreira, da adubação mais eficiente, da colheita e preparo dos derivados da uva. A assistência também era dada no período da fermentação da bebida, considerada a etapa mais complexa de todo o processo produtivo.

No ano de 1946, segundo o relatório da Agência Municipal de Estatistica, Andradas produziu 2.623.514 litros de vinho. Já no ano de 1954, a produção ultrapassou os mais de 3.000.000de litros de vinho. Porém, grande parte desse crescimento pode ser atribuida a vinda da Substação de Enologia, pois a vitivinicultura ganhou novo folêgo e força frente às adversidades. Segundo Constante Campos, passou a existir a produção vinícola antes e depois do surgimento da Subestação de Enologia, pois com o surgimento dessa ferramenta governamental, a qualidade, o zelo do produtor com a parreira e os tratos culturais da uva subiram de patamar:

“a uva destinada a produção de vinhos, além de atenções anteriores na fase de seu cultivo, é analisada quando ainda pende nos vinhedos. Seus teores em açucar e ácidos são cuidadosamente dosados, verificando-se assim seu estado de maturação. A colheita somente é feita quando esse estado atinge o ponto máximo, isto é, quando se considera que a mesma poderá constituir-se em ótima matéria prima, capaz de produzir excelente vitinificação. São indicadas então as correções legais que se faz mistér, para o perfeito equilibrio do produto”. (CAMPOS, 1955, p. 99)

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A Subestação de Enologia também desenvolvia pesquisas com o intuito de adaptar variedades de parreirais que atribuissem melhor qualidade aos vinhos andradenses. A partir desss proposições apresentadas no texto, podemos perceber o interesse do Ministério da Agricultura em desenvolver essa atividade em Andradas, já que era uma atividade econômica que estava se desenvolvendo18 além, é claro, de atingir um dos grandes objetivos do período getulista: a diversificação da produção regional e nacional.

A tabela apresentada abaixo, retirada de um exemplar de um anuário que se encontra no APM, exemplifica a importância e o volume da produção dos parreirais andradenses:

Produção Uvas (kg) Valor (Cr$ Andradas 3.541.700 35:417.000 Caldas 1.800.000 4:500.000 560.000 1:400.000 Poços de Caldas 182.000 546.000 Campestre 142.000 213.000 Barbacena 95.200 476.000 91.000 182.000 Diamantina 78.000 390.000 Bueno Brandão 50.000 150.000 Maria da Fé 42.000 126.000 Outros muncipios 843.800 4:754.045 Total 7.426.290 48: 154. 795 Fonte: Anuário Estatistico de Minas Gerais. Brasil- Departamento Estadual de Estatistica de Minas Gerais. Belo Horizonte. Imprensa Oficial. Ano VI, 1952. P.169.

Ao analisarmos a tabela acima, podemos perceber que a Andradas corresponde a quase metada da produção de uvas do Estado de Minas Gerais, com um percentual de

18Em uma reportagem especial feita pelo Jornal Semanário Andradense, no ano de 1957, a produção de uva foi de 8 540 305 kg. Já a de vinhos foi de 5. 978. 213 litros. O jornal ainda faz uma menção ao aumento do número de parreirais: mais de 272 000 pés de uva foram plantados em 10 anos. O periódico ainda faz menção ao comentário técnico do Diretor da Subestação de Enologia de Andradas, em que o agrônomo descreve a partir depesquisas de laboratório, que a uva produzida e Andradas é a mais doce do Brasil. (Semanário Andradense, 14 de abril de 1957. p. 01. Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Município de Andradas | MG Processo de Tombamento Ano 2019 | Exercício 2021 Estação de Enologia de Andradas – Página 34 de 91 Campo Experimental

aproximadamente 47,7% da produção vinífera de Minas. Porém, se analisarmos a rentabilidade que tal quantitativo de uvas produzidas gera, ao comparamos com outros municipios, veremos que a renda produzida em Andradas é deveras maior. Uma das possíveis explicações para esse fator é o de que os produtores andradenses industrializavam suas uvas, ou seja, as transformavam em vinho, sendo tal fator diferente de outros muncipios. Caldas, por exemplo, vendia sua maior produção in natura. Outras cidades vizinhas ao muncipio de Andradas, como Santa Rita de Caldas, por exemplo, vendiam sua produção para as adegas andradenses, pois em alguns momentos a produção de uvas no município não era suficiente.

Imagem: Andradas em Revista. 1955.

No livro “Caminhando de Samabaia à Andradas”, importante referência sobre a história andradense, há algumas informações a respeito da Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental. O prédio foi construído graças às verbas conseguidas por Dr. José Gabriel de Oliveira, chefe da Estação Experimental de Vitivinicultura, à época. Quando o posto de análise entrou em funcionamento, a direção foi assumida por Dr. Pedro de Barros Duarte:

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Em 1943, o Dr. Pedro propcurou entrar em contato com os vitivinicultores, para um trabalho conjunto, tendo formulado um programa a ser seguido. Na cantina organizada para este fim foram iniciadas por ele uma série de experiências e que foram colocados os resultados em 1946. Em 1947, Andradas conseguia o título de a maior produtora de vinhos de Minas Gerais (SILVA, 1996, p. 185)

Imagem: Andradas em Revista. 1955.

À época, Dr. Pedro de Barros Duarte concedeu uma série de entrevistas, fazendo referência à Andradas como uma zona vinicolaperfeitamente caracterizada, com a uva mais doce do Brasil. Esta importante figura foi substituída por Dr. José Gabriel de Oliveira no início da década de 1960. Ele foi o responsável pela construção do grande prédio do laboratório, como dissemos anteriormente e

Conseguiu também transformar o local de Subestação para Estação, tendo passado a receber mais verbas. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) dizia que aquele local mais parecia um presépio de vitivinicultura, pois estava abrigando a maior variedade de videiras do Brasil. Contava 244 variedades de uvas, sendo que muitas mudas vieram de Portugal. Em 1981, o Dr. José Gabriel de Oliveira recebeu a incumbência de ser gerente nacional de vitivinicultura, sem prejuízos dos direitos e vantagens de Andradas (SILVA, 1996, p. 186).

"Andradas em Revista", na edição de agosto de 1955, tece uma série de comentários elogiosos sobre o vinho andradense e a Subestação de Enologia:

Andradas, pela extraordinária fertilidade de seu solo, pela sua colocação geográfica privilegiada e pela qualidade excelente do

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trabalho que nela se realiza, é um município que de pronto se distingue perante outros de igual tamanho e importância. (...) Enquanto em outras regiões a indústria do vinho, por exemplo, é relegada a um plano subsidiário, entre nós ocorre precisamente o contrário: o nosso vitivinicultor faz de seu vinhedo uma razão cara de sua existência. Temos perfeitamente formada a nossa mentalidade vitivinicultora (ANDRADAS EM REVISTA, 1955, s.p.).

Imagens: Subestação de Enologia – Campo Experimental. Andradas em Revista. 1955.

A revista tambem exoplora os serviços oferecidos pela Subestação de Enologia e a sua importância desde o processo de cultivo das uvas até o engarrafamento do vinho, garantindo, assim, a qualidade do produto final:

A assistência dos vitivinicultores por parte da Subestação de Enologia é completa. A uva destinada a produção de vinhos, além de atenções anterioes na fase de seu cultivo, é analisada quando ainda pende dos vinhedos. Ses teores em açucar e ácidos são cuidadosamente dosados, verificando-se assim seu estado de maturação. A colheita somente é feita quando esse estado atinge o ponto máximo, isto é, quando se considera que a mesma poderá constituir-se em ótima matéria prima, capaz de produzir excelente vinificação. (...) A matéria prima recebida na Cantina para a vinificação é pesada à sua entrada, sendo logo esmagada por possante máquina e recolhida às cubas ânforas ou alagares para a primeira fermentação necessária. A marcha da fermentação é acompanhada então por repetidas análises de orientação, executadas pela nossa Subestação. Desse modo se previne qualquer eventualidade que possa influenciar as boas qualidades e conservação do produto elaborado. Verifica-se assim se o teor en acidez se comporta convenientemente ou se o grau alcoolico vai indo satisfatoriamente. Se existem bactérias estranhas à boa marcha fermentativa. Estas são algumas das indagações precedidas pelos técnicos da nossa repartição (ANDRADAS EM REVISTA, 1955, s.p.).

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Imagem: Subestação de Enologia – Campo Experimental. Andradas em Revista. 1955.

Imagem: O professor Acyr da Costa Pereira (de terno escuro) em visita, na década de 60, ao Campo Experimental juntamente com normalistas (estudantes que se tornariam professoras). Acervo de Regina Garibaldi.

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No local onde funcionava o Campo Experimental, a Prefeitura passou a utilizar, na década de 1990 como horta. As verduras produzidas no local eram enviadas às escolas estaduais, municipais, creches, Casa da Criança, APAE, Asilo e Zoológico. Também possuía lavoura de café e canteiro de mudas de essência (SILVA, 1996).

Hoje, a sede da antiga Estação de Enologia de Andradas está sendo ocupada por pessoas em situação de rua. O tombamento visa proteger, conservar e preservar este bem tão importante para a história e identidad andradense, mas que nos últimos 20 anos foi subutilizado e negligenciado. A revitalização do território já tem ocorrido parcialmente. Parte da propriedade da União, onde a edificação da Estação de Enologia de Andradas/Campo Experimental está localizada, foi cedida para o município por tempo determinado. A prefeitura transformou o local em Parque Municipal Ricardo Sasseron. A inauguração do Parque ocorreu no dia 7 de setembro de 2018. O local é utilizado para caminhadas, passeios de bicicleta, para a prática de esportes e fruição da natureza. Seu horário de funcionamento é de 06h às 19h. Já a parte onde está edificado o objeto deste tombamento ainda não foi cedida para Prefeitura, estando em tramitação.

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Documentos – fontes primárias - relativos à Estação de Enologia de Andradas/Campo experimental – Acervo da Prefeitura Municipal de Andradas

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2.2. Descrição detalhada do bem cultural

A Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental esta localizada no Parque Municipal Ricardo Sasseron na região nordeste do município de Andradas, no extremo sul do estado de Minas Gerais, com acesso principal pela Avenida Procópio Stella e acesso secundário ao bem por uma estrada rural que circunda o parque; o acesso principal, pelo parque, fachada oeste, é realizado no interior da área de preservação transitando por uma trilha e um córrego que margeia o terreno da Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental até chegar à edificação com dois acessos principais; o acesso secundário é realizado pela fachada norte, sendo de fácil acesso, onde foi observado somente uma entrada. A edificação foi construída nos fundos do parque com divisas para sítios e chácaras. O terreno do bem este localizado na intercepção entre região rural e urbana do município.

De acordo com a fachada norte o bem foi construído em terreno de declive, tendo afastamentos para todos os lados.

A fachada principal, sentido oeste, possui aberturas com contra vergas e vergas retas, tendo somente uma verga arcada, sendo ela pelo vão da varanda de acesso ao pavimento térreo, de cobertura aparente, tendo outro acesso com nível acima. Sua fachada apresenta formato assimétrico de telhado à vista em duas águas,

Alvenaria em tijolos do tipo maciço sobre base realizada em concreto. A edificação não possui laje de forro, tendo salas com telhado aparente e salas com forro do tipo madeira, com cobertura em telhas do tipo francesa.

A tipologia das fachadas possui algumas tendências do uso colonial, porém apresenta traços de edificações construídas após os anos 90 com cumeeira paralela à fachada principal. As fachadas não apresentam detalhes arquitetônicos marcantes dificultando a análise de estilos.

O conceito e partido da edificação foram realizados em formato em L de dois níveis, conforme a adequação da Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental e facilitando a produção, nas fachadas norte e sul apresentam somente três janelas de contra vergas altas com janelas do tipo basculante. O bem possui paredes construídas com tijolos maciços, revestidos com argamassa de cimento e areia. O

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revestimento foi executado com reboco acabado e desempenado, no revestimento externo possui pedras do tipo São Thomé próxima à base. O piso é de cimento rústico sem acabamento.

A cobertura possui telhado em estrutura de madeira aparente em algumas salas, com telhas cerâmicas do tipo francesas de duas águas, com cumeeiras paralelas às fachadas leste e oeste.

Os vãos e aberturas possuem volumetrias únicas, sendo janelas retangulares executadas em esquadria metálica tipo basculantes com vedação de vidro e portas de correr em duas folhas com almofadas do tipo madeira. Somente o vão de acesso principal pela varanda possui verga arcada, todos os demais vãos internos e externos possuem vergas retas. Os vãos internos e alguns externos não possuem vedação.

A edificação não possui cercadura de lote e seus afastamentos são preenchidos por vegetação invasora e/ou nativa, além de lixo e restos de materiais de obras.

Análise do estado de conservação

- Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental possui estado ruim/péssimo de conservação;

- Danos: os danos são encontrados por toda edificação, a maioria são observados nos vãos e vedações, revestimento, piso e cobertura. Os vãos e vedações que ainda permanecem, apresentam danos como quebra e perda de peças, desgaste, apodrecimento e danos causados por falta de manutenção e atos de vandalismo, tendo somente as esquadrias das janelas metálicas inteiras com danos aparentemente causados pelas ações relativas ao tempo. Os revestimentos possuem atos de vandalismo, desgaste, abrasões, sujidades aderidas, manchas de umidade e pontos de infiltrações e fissuras principalmente próximos da base da edificação. O piso executado em cimento rústico possui sujidades, manchas de umidade e acúmulo de lixo em algumas salas. A cobertura em telhas francesas aparenta ainda uma estrutura de madeira intacta com apenas sujidades causadas por aves e insetos, já o manto de cobertura possuem telhas quebradas, sujas, desniveladas e perdas de algumas unidades, que provocam danos no interior do prédio. Os forros em madeira encontrados em algumas salas estão

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apodrecendo devido a umidade e inexistência de manutenção. Os afastamentos da edificação possuem vegetação invasora, lixo acumulado e restos de obras aparentemente não usados na Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental. Não foram identificadas instalações elétricas e hidráulicas na edificação.

Estado de Conservação:

[ ] Excelente [ ] Bom [ ] Regular [X] Péssimo

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 01 / 02: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista fachada norte;

Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 03 / 04: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista fachada leste;

Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 05 / 06: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista fachada sul;

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Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 07 / 08: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista fachada oeste;

Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 09 / 10: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista revestimento externo;

Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 11 / 12: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista revestimento interno;

Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 13 / 14: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista interna do forro e cobertura;

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Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 15 / 16: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista do piso interno e acumulo de lixo;

Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 17 / 18: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista câmara e vista para a sala onde abriga mendigos;

Data: 19 de Agosto de 2019 | Foto 19 / 20: Byron Dias Costa Filho | Andradas | Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental | Vista vão do acesso principal e vista da entrada do parque onde esta localizado o bem;

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2.3. Justificativa para o tombamento

Considerando-se que:

A permanência no presente dos aspectos da memória e da história através do patrimônio arquitetônico constitui um ambiente indispensável ao equilíbrio e ao desenvolvimento do homem. Nesse sentido, os bens culturais materiais, sejam eles constituídos por conjunto de edificações ou outras obras que possuam uma significação cultural, bem como seu entorno, podem e devem ser objetos do Tombamento a fim de garantir sua permanência. Por significação cultural ou caráter cultural entendemos os valores históricos, memorialísticos, identitários, estéticos, científicos e/ou sociais que um bem representa. Os bens imóveis, móveis, conjuntos urbanos e paisagísticos, núcleos históricos são considerados materiais, portadores de um valor que, em determinado contexto social e cultural, a partir da ressonância junto à comunidade, se convertem e são construídos como patrimônio. Para que a preservação da memória e das referências culturais de um povo ocorra, devem ser estabelecidas medidas de acautelamento.

Tendo-se em conta que a Constituição brasileira de 1988 expandiu a noção de patrimônio cultural, passando a compreender os bens de natureza material (móvel ou imóvel) e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referências à identidade, à ação ou à memória dos grupos formadores da sociedade brasileira (Art. 266, caput. I a V). A vitivinicultura em Andradas iniciou no final do século XIX e foi amplamente desenvolvida e intensificada devido à presença de imigrantes italianos que fixaram residência no local. No início do século XX, a localidade já se destacava como a segunda maior produtora de vinho do Estado de Minas Gerais. No contexto de políticas de modernização e desenvolvimento no Ministério da Agricultura na década de 1930, e no intuito de estimular a produção de bebidas nacionais a fim de diminuir a importação, é que em 1938 foi criada a Subestação de Enologia de Andradas - mais tarde chamada de Campo Experimental. Essa repartição começou a funcionar em 1942 e impulsionou de maneira efetiva a produção de uvas e vinhos, uma vez que no Anuário Estatístico de Minas Gerais Andradas aparece como responsável por quase 50% da produção de uvas do Estado. Este fator está intimamente ligado à memória e à identidade de Andradas, que ainda possui grande volume de vitivinicultores que mantém essa tradição familiar realizando, inclusive, a Festa do Vinho, bem registrado Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Município de Andradas | MG Processo de Tombamento Ano 2019 | Exercício 2021 Estação de Enologia de Andradas – Página 74 de 91 Campo Experimental

como patrimônio imaterial. Tendo-se em conta a importância histórica, identitária, memorialística e arquitetônica da Estação de Enologia de Andradas – Campo experimental é que o bem foi tombado em 2019 como patrimônio andradense.

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3. Perímetro de tombamento e de entorno

Justificativa do Perímetro de Tombamento do Bem

O perímetro de tombamento justifica-se por compreender os limites do terreno, no qual está localizado o bem. O tombamento tende a preservar as características estéticas e de estilo formais da edificação, a sua forma de implantação, formas e desenhos da fachada, ambiente e locação com relação a outras edificações.

Descrição do Perímetro de Tombamento do Bem

A área que delimita o perímetro de tombamento do bem é composta pela poligonal de fechamento entre P1 até P7 onde fecha a poligonal no ponto P1, que compreende a edificação, delimitando-se pelas divisas entre as vias de acessos e afastamentos de lotes vizinhos. Os pontos que confrontam este perímetro são:

P1 – Coordenadas Geográficas (22°03’36.02’’S – 46°33’19.41’’O). P1 que coincide com o ponto P7, este ponto compreende o início da poligonal formada por duas linhas imaginárias no eixo de cruzamento entre a fachada principal sentido oeste do bem;

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De P1, seguimos em sentido norte com azimute de 350° por uma distância de 30,5 metros acompanhando à fachada oeste até chegar em P2;

De P2, seguimos em sentido leste com azimute de 80° por uma distância de 15 metros acompanhando a fachada norte até chegar em P3;

De P3, seguimos em sentido su-sudeste com azimute de 170° por uma distância de 7,30 metros acompanhando a fachada leste até chegar em P4;

De P4, seguimos em sentido oeste com azimute de 260° por uma distância de 4,30 metros acompanhando a fachada sul até chegar em P5;

De P5, seguimos em sentido su-sudeste com azimute de 170° por uma distância de 23,20 metros acompanhando a fachada leste até chegar em P6;

De P6, seguimos em sentido oeste com azimute de 260° por uma distância de 10,70 metros acompanhando a fachada sul até chegar em P7;

P7 que coincide com P1, onde teve inicio da poligonal;

Justificativa do Perímetro de Entorno

O perímetro de entorno do tombamento justifica-se por compreender os limites do entorno, no qual está localizado o bem tombado, pra poder preservar a percepção do espaço e também preservar a relação do bem com o local onde esta instalada.

Descrição do Perímetro de Entorno

A área que delimita o entorno de tombamento composta pela poligonal de fechamento entre P1 até P10 onde fecha a poligonal no ponto P1, que compreende o entorno onde está inserido o lote da Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental, definindo a relação entre a paisagem urbana e o bem tombado. Os pontos que confrontam este perímetro são:

P1 – Coordenadas Geográficas (22°03’37.51’’S – 46°33’36.20’’O).

P1 que coincide com o ponto P10, este ponto compreende o início da poligonal formada por duas linhas imaginárias no eixo do cruzamento com a edificação entre a

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Avenida Procópio Stella e o Parque Municipal Ricardo Sasseron com vista à oeste do bem;

De P1, seguimos em sentido nor-nordeste com azimute de 25° por uma distância de 106,80 metros acompanhando a fachada do parque até chegar em P2;

P2 – Coordenadas Geográficas (22°03’34.32’’S – 46°33’35.13’’O).

De P2, seguimos em sentido nordeste com azimute de 45° por uma distância de 104,30 metros pela fachada do parque até chegar em P3;

P3 – Coordenadas Geográficas (22°03’31.94’’S – 46°33’32.55’’O).

De P3, seguimos em sentido nordeste com azimute de 40° por uma distância de 96,30 metros pela fachada do parque até chegar em P4;

P4 – Coordenadas Geográficas (22°03’59.64’’S – 46°33’30.65’’O).

De P4, seguimos em sentido nordeste com azimute de 45° por uma distância de 110,60 metros pela fachada do parque até chegar em P5;

P5 – Coordenadas Geográficas (22°03’27.11’’S – 46°33’27.87’’O).

De P5, seguimos em sentido lés-nordeste com azimute de 70° por uma distância de 137 metros pela estrada rural margeando a área de preservação do parque até chegar em P6;

P6 – Coordenadas Geográficas (22°03’25.86’’S – 46°33’23.25’’O).

De P6, seguimos em sentido sudeste com azimute de 135° por uma distância de 280,40 metros pelos fundos do parque e margeando a área de preservação até chegar em P7;

P7 – Coordenadas Geográficas (22°03’33.04’’S – 46°33’17.12’’O).

De P7, seguimos em sentido sul com azimute de 180° por uma distância de 271,60 metros pela fachada leste da Estação de Enologia de Andradas – Campo Experimental até chegar em P8;

P8 – Coordenadas Geográficas (22°03’41.67’’S – 46°33’16.27’’O). Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Município de Andradas | MG Processo de Tombamento Ano 2019 | Exercício 2021 Estação de Enologia de Andradas – Página 78 de 91 Campo Experimental

De P8, seguimos em sentido oeste com azimute de 270° por uma distância de 205,10 metros a sul do parque margeando a área de preservação até chegar em P9;

P9 – Coordenadas Geográficas (22°03’41.43’’S – 46°33’23.67’’O).

De P9, seguimos em sentido oés-noroeste com azimute de 285° por uma distância de 383 metros a sul do parque em divisa com lotes urbanos vizinhos até chegar em P10;

P10 que coincide com P1, onde teve inicio da poligonal;

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4. Documentação cartográfica

Área do bem tombado: 366,25 m² / 0,366 hectare Área do entorno do bem tombado: 19.584 m² / 19,5 hectare Projeto e mapa em anexo

Sugiro inserir miniatura do mapa e projeto aqui

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5. Diretrizes de proteção específicas

Bem Cultural

Conservação:

- Manutenção e preservação das fachadas e áreas ajardinadas;

- Manutenção e inspeção periódica de toda a cobertura;

- Manutenção e imunização periódica dos vãos e vedações, principalmente das aberturas externas;

- Manutenção e limpeza adequada para as áreas externas e principalmente internas do bem;

Intervenção:

- Intervenção do revestimento externo e interno, para evitar futuras fissuras e infiltrações;

- Intervenção e manutenção dos pisos de cimento rústico;

- Intervenção dos forros em madeira;

- Intervenção de todos os vãos e vedações, principalmente nas áreas que se encontram abertas;

- Intervenção das áreas externas ajardinadas como afastamentos e passeio de entrono da edificação;

Obs.: Quaisquer intervenções a serem realizadas no bem protegido deverão ser analisadas e aprovadas pelo Conselho de Patrimônio do município e pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA);

Entorno do Bem

Conservação:

- Manutenção periódicas das vias de acesso secundário ao bem;

- Manutenção e limpeza das margens das vias, prevenindo o acúmulo de água e lixo;

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- Manutenção, limpeza e proibição do acesso principal ao bem. Acesso realizado pelo interior da área de preservação, caso não, este acesso deverá ser aprovado pela secretária de meio ambiente do município;

Intervenção:

- Intervenção nas áreas verdes que margeiam a edificação;

- Intervenção dos acessos ao bem a ser tombado;

- Intervenção e limpeza dos acessos e vias de entorno;

Fatores de Degradação

- Falta de parte e falta de manutenção do manto de cobertura, prejudicando áreas internas;

- Uso incorreto do local, servindo como abrigo para mendigos do município;

- Falta ou inexistência de impermeabilização do revestimento externo permitindo manchas de umidade e infiltrações;

- Inexistência de manutenção e limpeza do bem;

- Inexistência de porta e vedações de janelas;

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6. Ficha Técnica

Agência Mineira de Entretenimento Eireli Rua Astolfo Pio, nº 242, Centro | CEP: 37750-000 | Machado-MG | Tel.: (35) 3295- 1544 www.amecultura.com.br | [email protected] Representante legal: Platinny Dias de Paiva

Município de Andradas

Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura – Divisão de Incentivo à Cultura Responsável pelo setor: Selislei de Cássia Corol de Pontes Praça 22 de Fevereiro, s/nº, Centro, Andradas, MG, CEP 37795-000 Execução: (Agosto à Outubro/2019) Levantamento: Bárbara Pereira Mançanares (Historiadora) / Byron Dias Costa Filho (Arquiteto e Urbanista) / Selislei de Cássia Corol de Pontes (Responsável pelo setor) / Ricardo Luiz de Souza (Historiador Municipal) Elaboração: Bárbara Pereira Mançanares (Historiadora) / Byron Dias Costa Filho (Arquiteto e Urbanista) / Ricardo Luiz de Souza (Historiador Municipal) / Platinny Dias de Paiva (bacharel em Direito) Revisão e Finalização: Agência Mineira de Entretenimento Eireli

Bárbara Pereira Mançanares Selislei de Cássia Corol de Pontes

Byron Dias Costa Filho Ricardo Luiz de Souza

Agência Mineira de Entretenimento Eireli Platinny Dias de Paiva 7. Referências bibliográficas Município de Andradas | Prefeito: Rodrigo Aparecido Lopes Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Cultura Praça 22 de Fevereiro, s/nº | Bairro: Centro | CEP: 37.795-000 | Tel.: (35) 3731-7244 Processo de Tombamento Município de Andradas | MG Estação de Enologia de Andradas Ano 2019 | Exercício 2021 – Campo Experimental Página 83 de 91

Fontes Primárias.

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BRASIL. Decreto-Lei n. 826, de 28 de outubro de 1938. Modifica a lei n. 549, de 20 de outubro de 1937. Coleção das leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, v. 4, p. 75, 1939.

BRASIL. Lei n. 549, de 20 de outubro de 1937. Dispõe sobre a fiscalização da produção, circulação e distribuição de vinhos e derivados e criação do respectivo serviço. Coleção das leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, v. 3, p. 224, 1938.

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Andradas em Revista. Organizada por Constante Campos. Andradas, 1955. Acervo do Museu Municipal João Moreira da Silva.

Annuario Estatístico de Minas Gerais, anno de 1921. Imprensa Oficial. Belo Horizonte, 1922. Disponível em memoriaestatistica.gov

Fonte: Anuário Estatistico de Minas Gerais. Brasil- Departamento Estadual de Estatistica de Minas Gerais. Belo Horizonte. Imprensa Oficial. Ano VI, 1952. P.169.

Anuário Industrial de Minas Gerais. Ano de 1937. Imprensa Oficial, Belo Horizonte, 1939. p. 43-44. Disponível em memoriaestatistica.gov.

Arquivo Público Mineiro. Chorographia Mineira (município de Caracol).Imprensa oficial de Minas Gerais. Bello Horizonte, 1900.

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Processo de arrolamento de Inês Fava, de 02 de maio de 1945. Cartório do 01º Oficio da Comarca de Andradas, F. 8V.

Processo de Inventário de Edwiges Basso Fossa, do dia 15/04/1937. Cartório do 2º Ofício da Comarca de Andradas, Folha 08.

Processo de Inventário de Maria TononPastre, de 07/10/1935. Cartório do 2º Ofício da Comarca de Andradas, Folha 04.

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Fontes secundárias.

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CAMPOS, Sebastião Roberto de. Andradas e sua trajetória luminosa. Andradas: Caseli& Ribeiro Gráfica e Editora Ltda, 1996.

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Acervos

Acervo da Prefeitura Municipal de Andradas.

Acervo da Casa da Memória.

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8. Notificação

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9. Cópia da ata do Conselho aprovando

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10. Cópia da homologação do tombamento e comprovação de sua publicidade

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11. Cópia da inscrição do bem no livro de Tombo

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