Um registro do que aconteceu nos 20 anos de Sambas de Enredo na Passarela do Samba

01 DAS ÁGUAS DO , NASCE UM RIO DE ESPERANÇA • 2006 Gilson Bernini • Henrique Gomes • Cosminho

Vou navegar... Graças à irrigação, o chão virou pomar Na minha Estação Primeira E tem frutas de primeira pra saborear Nas águas da “integração” chegou Mangueira Um brinde à exportação, um vinho pra comemorar Opará... Rio-mar, o nativo batizou O Velho Chico! Quem chamou de São Francisco foi o navegador É pra se orgulhar Na serra ele nasce pequenino Ilumina o destino, vai cumprir sua missão O sertanejo sonhou Se expande pra mostrar sua grandeza Banhou de fé o coração “Gigante pela própria natureza” E transbordou em verde-e-rosa A esperança do sertão A carranca na Mangueira vai passar Minha bandeira tem que respeitar Ninguém desbanca minha embarcação Porque o samba é minha oração

Beleza o bailar da piracema Cachoeiras, um poema à preservação Lendas ilustrando a história Memórias do valente Lampião Mercado flutuante, um constante vai-e-vem Violeiro, sanfoneiro, que saudade do meu bem O sabor desse tempero, eu quero provar MANGUEIRA REDESCOBRE A ESTRADA REAL... E DESTE ELDORADO 02 FAZ SEU CARNAVAL • 2004 Cadu • Gabriel • Almyr • Guilherme

Mangueira Igrejas, o Barroco emoldura o Brasil Um brilho seduziu o meu olhar Ó Minas Me fez encontrar És um berço de cultura, és raiz A Estrada do Sonho Que brilha forte em verde-e-rosa “Real” desejo de poder e ambição Herança e patrimônio de um país As trilhas, bordadas em ouro Levaram tesouros, a caminho do mar (teu chão) Eu vou embarcar... Teu chão é um retrato da História Na Estação Primeira E o tempo não pôde apagar Tesouro do samba, minha paixão Hoje descubro a beleza “Eh, trem bão!” Que faz a riqueza voltar

Por belos recantos andei Das suas águas provei De mansinho eu peço passagem A Mangueira vai seguir viagem

Que tempero bom! Pode avisar que a comida está na mesa Se a pinga não “pegar” Eu chego ao Rio com certeza Na arte, eu vi obras que o gênio esculpiu OS DEZ MANDAMENTOS: O SAMBA DA PAZ CANTA A SAGA 03 DA LIBERDADE • 2003 Marcelo D' Aguiã • Bizuca • Gilson Bernini • Clóvis Pê

Um clarão no céu No ouro, a falsa adoração Iluminou... Mangueira A vontade de Deus é a lei da verdade Surge um caminho de luz Foi revelada pra Humanidade Pra mergulhar na História Mostra pro mundo, Brasil (meu Brasil) No Egito, um faraó O caminho da Poder e riqueza, cruel tirania E um povo sonhava na lama Quem plantar a paz Que o “libertador” ali nasceria Vai colher amor Flutua nas águas do Nilo Um grito forte de liberdade A esperança guiando o menino Na Estação Primeira ecoou! Criado no luxo da corte Enfrenta o deserto, sagrado destino

É o vento que sopra, poeira! Segue o homem em busca da fé Do alto uma voz anuncia A certeza de um novo dia Moisés desafia o rei A ira Divina desaba na Terra Libertação! E num gesto encantado O mar virou passarela Descrença... Ilusão COM "Z" É PRA CABRA DA PESTE, BRASIL COM "S" 04 É A NAÇÃO DO NORDESTE • 2002 Cadu • Gabriel • Almyr • Guilherme

Mangueira encanta (Meu Padim) E canta a história que o povo faz, ô, ô, ô, ô, Padim Padre Ciço, faça chover alegria Vem mostrar a Nação do valente sertão Pra que cada gota seja o pão de cada dia De guerras e de sonhos imortais Jogo flores ao mar pra saudar Iemanjá A cada invasão, uma reação E na lavagem do Bonfim, eu peço axé Pra cada expedição, um brado surgia Terra encantada e predestinada Brilhou o sol no sertão Tua beleza não tem fim À luz de um novo dia Brasil, no coração eu levo paz Lendas e crendices, mistérios que vêm ao luar Pau-de-arara nunca mais No Velho Chico naveguei Com meu cantar (naveguei) Vou invadir o Nordeste, seu cabra da peste Sou Mangueira No canto e na dança Com forró e xaxado, o filho do chão rachado No pecado ou na fé Vem com a Estação Primeira Vou seguir no arrasta-pé Deixa o povo aplaudir Ao som da sanfona Vou descendo a ladeira Com o trio da Mangueira “Doce Cartola”, sua alma está aqui 05 A SEIVA DA VIDA • 2001 Marcelo D' Aguiã • Bizuca • Gilson Bernini • Clóvis Pê

Nos mares da poesia, naveguei Tem mascates, troca-troca, gritaria Cruzando as fronteiras do tempo A dança do ventre até hoje contagia Eu aportei... Nas terras de Canaã Vou pro Saara comprar, no dia-a-dia O povo fenício encontrei Descendo o morro Do cedro, construíam as embarcações Vou vendendo alegria Banhando com sabedoria Outras civilizações Eu sou a essência do samba E a expansão comercial A minha raiz é de bamba Gerou o intercâmbio cultural Sou Mangueira Mistério! A seiva da vida O tronco forte que dá fruto Chega ao país do Carnaval A vida inteira

É prometida, esta terra! Abençoado nosso chão Onde a semente da paz é verde-e-rosa E brota no meu coração

Da arte assíria, a inspiração O rei mandou construir O monumento ao amor E à rainha negra ofertou 06 O SÉCULO DO SAMBA • 1999 Adalberto • Jocelino • Jerônimo

“O rufar do seu tambor” Partido alto em fundo de quintal Anunciou a verde-e-rosa Silas, poeta do meu Carnaval Que canta o século do samba Mangueira, hoje o povo te aclama Canta os bambas em verso e prosa Nossa majestade, o samba “Pelo telefone” Vai buscar quem foi pra longe “O mundo é um eterno moinho” Pra matar minha saudade Meu berço, “Folhas secas” vão caindo Recordar a praça Onze em poesia As novas vão crescer em seu caminho “Deixa falar” a nostalgia A manga brota em flor sem ter espinho O morro “Desce a ladeira” pra cidade No batuque, no pagode Sinhô, Ismael, Pixinguinha Avante, “Mangueira, teu cenário é uma beleza” Cartola, Noel, Candeia... Tua voz uma bandeira! Ecoa no céu, Mangueira Traz todo samba pra Estação Primeira

É orgulho e até religião Em meigas faces tradição Jeito moleque mostra em breque No amor então, se faz canção 07 CHICO BUARQUE DA MANGUEIRA • 1998 Nelson Dalla Rosa • Vilas Boas • Nelson Csipai • Carlinhos das Camisas

Mangueira despontando na Avenida E hoje o seu canto de fé (de fé) Ecoa como canta um “Sabiá” Vai "buarqueando" com muito axé Lira de um anjo em verso e prosa De um querubim que em verde-e-rosa Ô iaiá... Vem pra Avenida Faz toda a galera balançar Ver "Meu guri" desfilar "Hoje o samba saiu" Ô iaiá... É a Mangueira Pra falar de você Fazendo o povo sambar Grande Chico iluminado E na Sapucaí eu faço a festa E a minha escola chega dando o seu recado

É o Chico das artes... O gênio Poeta Buarque... Boêmio A vida no palco, teatro, cinema Malandro sambista, carioca da gema

Marcando feito "Tatuagem" Acordes do seu violão Chico abraça a verdade Com dignidade, contra a opressão Reluz o seu nome na História A luz que ficou na memória 08 O OLIMPO É VERDE-E-ROSA • 1997 Chiquinho Campo Grande • Lequeone • Jorge Magalhães

A luz E fez a chama Se fez nascer de um novo dia Do Olimpo se apagar E a Mangueira em poesia Fez luzir um clarão Graças ao barão de Coubertin Criou a juventude campeã As Olimpíadas voltaram De corpo são e mente sã É o amor e a liberdade É o Brasil do amanhã Exaltando o valor e a igualdade Na Grécia antiga Assim como o barão Onde Zeus fez a morada Mangueira, o santuário da esperança A hostilidade acontecia O Olimpo é verde-e-rosa Olímpia se tornou sagrada É o esporte na cultura da criança Numa sábia decisão Criaram os jogos da paz De braços abertos sou o Rio de Janeiro Falou a voz da razão Dois mil e quatro Guerra, nunca mais É o sonho brasileiro

Nero, o cruel sonhador Entrou na competição Disputou só, se fez campeão Um grande imperador Não deixou continuar 09 OS TAMBORES DA MANGUEIRA NA TERRA DA ENCANTARIA • 1996 Chiquinho Campo Grande • Marcondes

No revoar da inspiração Agô, iná, iná, agô ! O poeta conseguiu Oh! Doce mãe, sereia Contar em verso e prosa No seu lampejo que ilumine todos nós O amor pela cultura Lá na praia dos Lençóis Lendas e mistérios É noite de lua cheia Do Nordeste do Brasil Deite numa rede de algodão Os tambores da Mangueira E adormeça nas crenças do Maranhão Na terra da Encantaria No fundo do mar Encantaram o touro negro Tem um castelo que é do rei Sebastião Que num toque de magia Tem mandinga, tem segredo Meu amor, eu tenho medo Se vestiu de verde-e-rosa De brincar com assombração Embarcou na poesia

Ana se fez Donana Na carruagem tem uma mula-sem-cabeça Por incrível que pareça Uma serpente circundando o ribeirão A manguda vai chegar Bumba-meu-boi e cazumbás É festa de São João 10 ATRÁS DA VERDE E ROSA SÓ NÃO VAI QUEM JÁ MORREU • 1994 David Corrêa • Paulinho Carvalho • Carlos Sena • Bira do Ponto

Bahia é luz A meiguice de uma voz De poeta ao luar Uma canção Misticismo de um povo No teatro Opinião Salve todos orixás Bethânia “Explode coração” Quem me mandou “Domingo no parque”, amor Estrelas de lá “Alegria, alegria”, eu vou Foi São Salvador A flor na “Festa do interior” Pra noite brilhar Seu nome é Gal Mangueira! Aplausos ao cancioneiro Jogando flores pelo mar É Carnaval, é Rio de Janeiro Se encantou com a musa Que a Bahia dá Me leva que eu vou “Sonho Meu” Obá, berimbau, ganzá Atrás da verde-e-rosa Ô, capoeira Só não vai quem já morreu Joga um verso pra iaiá

Caetano e Gil, ô Com a Tropicália no olhar Doces Bárbaros ensinando A brisa a bailar 11 SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ • 1992 Hélio Turco • Alvinho • Jurandir da Mangueira

Mangueira vai deixar saudade Salve o samba de terreiro Quando o Carnaval chegar ao fim Salve o Rio de Janeiro Quero me perder na fantasia Seus recantos naturais Que invade os poemas de Jobim Amanheceu... “Se todos fossem iguais a você” O Rio canta de alegria Que maravilha seria viver Aconteceu... A mais linda sinfonia O sol já despontou na serra Doirando o seu corpo sedutor O mar beija a “Garota de Ipanema” A musa de um sonhador

É Carnaval É a doce ilusão É promessa de vida no meu coração

Vem... Vem amar a liberdade Vem cantar e sorrir Ver um mundo melhor Vem, meu coração está em festa Eu sou a Mangueira em tom maior 12 100 ANOS DE LIBERDADE, REALIDADE OU ILUSÃO • 1988 Hélio Turco • Jurandir • Alvinho

O negro samba, o negro joga capoeira Sonhei... Ele é o rei na verde-e-rosa da Mangueira Que Zumbi dos Palmares voltou A tristeza do negro acabou Será... Foi uma nova redenção Que já raiou a liberdade Ou se foi tudo ilusão Senhor... (Ô, Senhor) Será... Eis a luta do bem contra o mal... contra o mal Que a Lei Áurea tão sonhada Que tanto sangue derramou Há tanto tempo assinada Contra o preconceito racial Não foi o fim da escravidão Hoje, dentro da realidade Onde está a liberdade Onde está que ninguém viu

Moço Não se esqueça que o negro também construiu As riquezas do nosso Brasil

Pergunte ao Criador Quem pintou esta aquarela Livre do açoite da senzala Preso na miséria da favela 13 O REINO DAS PALAVRAS • 1987 Bira do Ponto • Verinha • Rody

Mangueira Olha as carrancas De mãos dadas com a poesia Do rio São Francisco Traz para os braços do povo Rema, rema, remador Este poeta genial Carlos Drummond de Andrade Primavera vem chegando Suas obras são palavras Inspirando o amor De um reino de verdade O Rio toma forma de sambista Como o artista imaginou Itabira Em seus versos ele tanto exaltou Na ilusão de um sonho, achei Com amor O elefante que eu imaginei Eis aí a verde-e-rosa Cantando em verso e prosa O que ao poeta inspirou

É Dom Quixote, ô É Zé Pereira É Charlie Chaplin No embalo da Mangueira 14 CAYMMI MOSTRA AO MUNDO O QUE A BAHIA E A MANGUEIRA TÊM • 1986 Ivo Meirelles • Paulinho • Lula

Tem xinxim e acarajé Como é belo o teu cantar Tamborim e samba no pé Das estrelas, a mais linda tá no Gantois Mangueira, berço do samba Mangueira Caymmi, a inspiração Mangueira vê no céu dos orixás Que mora no meu coração O horizonte rosa, no verde do mar Bahia, terra sagrada A alvorada veste a fantasia De Iemanjá, Iansã Pra exaltar Caymmi e a velha Bahia, ô, ô, ô Mangueira supercampeã

Quanto esplendor Nas igrejas soam hinos de louvor (de louvor) E pelos terreiros de magia O ecoar anuncia um novo dia Nessa terra fascinante A capoeira foi morar

O mundo se encanta Com as cantigas que fazem sonhar

Lua cheia... Leva a jangada pro mar Oh! Sereia