Marise Gândara Lourenço Gota D'água De Chico
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MARISE GÂNDARA LOURENÇO GOTA D’ÁGUA DE CHICO BUARQUE E PAULO PONTES: O TRÁGICO-MUSICAL, CRIAÇÃO E HISTORICIDADE Uberlândia 2010 MARISE GÂNDARA LOURENÇO GOTA D’ÁGUA DE CHICO BUARQUE E PAULO PONTES: O TRÁGICO-MUSICAL, CRIAÇÃO E HISTORICIDADE Dissertação de mestrado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Letras – Curso de Mestrado em Teoria Literária, no Instituto de Letras e Lingüística, Universidade Federal de Uberlândia, para obtenção do título de Mestre em Letras (Área de Concentração: Teoria da Literatura). Orientador : Prof. Dr. Luiz Humberto Martins Arantes. Uberlândia 2010 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil. L892g Lourenço, Marise Gândara, 1966- Gota d’água de Chico Buarque e Paulo Pontes [manuscrito] : o trágico- musical, criação e historicidade / Marise Gândara Lourenço. - Uberlândia, 2010. 253 f. : il. Orientadora: Luiz Humberto Martins Arantes. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Letras. Inclui bibliografia. 1. Literatura - História e crítica - Teoria, etc. - Teses. 2. Buarque, Chico, 1944- - Gota d’água - Crítica e interpretação - Teses. 3. Pontes, Paulo, 1940 - 1976 - Gota d’água - Crítica e interpretação - Teses. 4. Peixoto, Fernando, 1937- Subúrbio e poesia - Teses. 5. Intertextualidade - Teses. 6. Teatro brasileiro - História e crítica - Teses. 7. Literatura e história - Teses. 8. Música e literatura - Teses. 9. História e teatro - Teses. I. Arantes, Luiz Humberto Martins. II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Letras. III. Título. CDU: 82.09 À minha mãe querida Palmira T. Gândara Lourenço AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Luiz Humberto Martins Arantes, pela orientação ponderada, repleta de ideias criativas e consistentes. À Profª. Drª. Marisa Martins Gama Khalil, por me ensinar a valorizar, entender, e gostar de Teoria Literária e, acima de tudo, por existir. Muito obrigada! À Profª. Drª. Maria Ivonete Santos Silva, por ter me apresentado o trabalho de Octávio Paz, pela sua atenção e dedicação e por quem tenho imensa admiração. À Profª. Drª. Irley Machado, pela sua paciência, dedicação e suas sugestões muito proveitosas. À Profª. Dr.ª Regma Maria dos Santos e Prof.ª Dr.ª Kenia Maria de Almeida Pereira, pelo carinho como me trataram durante a realização de suas disciplinas. Aos Prof. Dr. Ivan Marcos Ribeiro e Leonardo Francisco Soares, sempre dispostos a me auxiliar no que fosse necessário. Muito obrigada, professores! À Ione Mercedes Miranda Vieira, pela atenção e amor com que transmite seu conhecimento sobre construção textual, que fez com que eu me sentisse mais segura e tomasse gosto pela escrita. Aos queridos colegas e amigos que me acolheram e me ajudaram em meio a um mundo totalmente novo para mim – a arte da palavra e sua teoria. São eles: a Marli, a Gysely, o Francisco, a Valquíria, a Andréa, o Júlio, a Ionice, a Maria José (a Zezé) e a Núbia. Aos meus amigos Sara Cardoso, Wagner Evangelista e Maria José Botelho, que me ajudaram a deslindar incertezas com relação a assuntos musicais e outros, meus sinceros agradecimentos. A todos aqueles que se propuserem leitores, a fim de desvendar comigo (e espero que sejam muitos) o teatro Chico Buarque e Paulo Pontes, Gota d’água. RESUMO O trabalho tem como corpus a peça trágico-musical Gota d’água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, escrita em 1975. Obra concebida sob alto grau de brasilidade, ao mesmo tempo, romântica e revolucionária, representa o resgaste da arte de esquerda , construída nas décadas de 1950 e 60. Por esta razão, seus autores elegem, intencionalmente, a palavra como centro do fenômeno dramático, valorizando-a por meio do verso e fazendo dela um instrumento revelador do momento histórico dos anos de 1970. Além de colocarem o povo no palco, por considerá-lo a única fonte de concretude da identidade nacional. Sendo assim, realizou-se um estudo analítico músico-teatral da obra Gota d’água , sob uma perspectiva literária e histórica, tendo como ponto de partida as ideias de Chico Buarque e Paulo Pontes, expressas no preâmbulo do texto da peça, e na entrevista concedida a Fernando Peixoto, intitulada Subúrbio e poesia. Para melhor elucidar esse teatro, que se pretende popular, mas adota como texto-fonte a peça erudita Medeia , de Eurípedes (480-405 a.C.), recorreu-se à análise comparativa. Análise esta que permitiu revelar e compreender os fios dialógicos que compõem esse teatro e a dinâmica desses fios. Gota d’água é uma tragédia pós-moderna, que se concretiza como metaficção historiográfica com um texto realista, embora a encenação não o seja, por incorporar o verso e a música. Peça popular, crítica e nacional, cuja tônica é o engajamento, realizando como uma arte radical, de protesto e violência, um teatro musical engajado. Palavras-chave: Povo. Verso. Palavra. Teatro musical engajado. ABSTRACT The corpus used for this study was the tragic-musical piece Gota d’água , written by Chico Buarque and Paulo Pontes in 1975. This literary work was conceived of in the most authentic Brazilian style; at the same time, romantic and revolutionary. It represents the rescue of leftist art , in the 1950s and 1960s. The authors of the referred musical piece, intentionally, elect the word as its dramatic center, valuing the word through verses and transforming it into a revealing historical moment in the 70’s. Additionally, they put the people as the central focus of their discourse as they considered it the only way to rescue the Brazilian cultural identity. Therefore, an analytical musical-theatrical study of the literary work Gota d’água was carried out, under a literary and historical perspective, taking as a starting point Chico Buarque’s and Paulo Pontes’s ideas expressed in the preface of the piece and in an interview to Fernando Peixoto, entitled Subúrbio e Poesia ( Suburb and Poetry) . This piece is intended to be popular, but it adopts as a source text Medeia , an erudite piece, by Euripides (480- 405 a. C.). In order to elucidate this theater, we developed a comparative analysis, which revealed and enabled the understanding of the threads that compose this theater and the dynamics of these threads. Gota d’água is a postmodern tragedy, which is actualized as historiographic metafiction with a realist text, although the staging is not, due to the fact that it incorporates the verse and the music. It is a popular theater, at the same time critical and national, whose tonic is the engagement, fulfilling itself as a radical art of protest and violence, an engaged musical theater. Key-Words: People. Verse. Word. Engaged Musical theater. LISTA DE ILUSTRAÇÕES QUADRO 1 – Comparativo de Medeia e Gota d’água.................................................... 86 QUADRO 2 – Comparativo de Medeia e Gota d’água .................................................. 89 QUADRO 3 – Comparativo de Medeia e Gota d’água .................................................. 90 FOTO 1 – Bibi Ferreira em cena: Gota d’água, 1975 .............................................. 115 FOTO 2 – Bibi Ferreira em cena: Gota d’água, 1975 .............................................. 115 FOTO 3 – Cena de Arena conta Zumbi, 1965 .......................................................... 116 FOTO 4 – Bibi Ferreira e Roberto Bonfim em Gota d’água, 1975 .......................... 117 FOTO 5 – Cena de Gota d’água, 1975 ..................................................................... 117 FOTO 6 – Cena do Show Opinião, 1964 - Nara Leão, Zé Keti e João do Valle ................................................................................................................... 118 QUADRO 4 – Comparativo de Medeia e Gota d’água .................................................. 148 “Vira o céu, no oceano a noite cai E em basta sombra envolve a terra e o pólo E a mirmidónia astúcia: ante as muralhas Derramada em silêncio, a tróica gente Em modorra ensopava os lassos membros. Já, da tácita Lua ao mudo amparo, De Tenedos partia às notas praias A instructa armada, e a capitânia régia Sinal flâmeo iça à ré. De iníquos deuses Sinon valido, a furto os píneos claustros Laxa; e o cavalo, devassado, às auras Rende as falanges que no ventre aloja. Por um calabre escorregando, alegres Baixam do cavo seio os cabos Toas, Tissandro e Stenelo, o maldito Ulisses, Atamante e Pelides Neoptolemo E Macaon primeiro e Menelau, E o autor da máquina o engenheiro Epeu. Tróia invadem sepulta em sono e vinho: Matam a guarda, os seus na brecha esperam, E os batalhões de acordo se encorporam. Era quando aos mortais começa e côa, Divino dom, gratíssimo descanso: Tétrico Heitor em sonhos se me antolha, Debulhando-se em pranto; como outrora, Negro do pó cruento a biga o arrasta, Os loros arrochando os pés tumentes.” (VIRGÍLIO, 1970). SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2 GOTA D’ÁGUA – TEXTO, HISTÓRIA E CULTURA 2.1 Gota d’água e contexto ............................................................................................ 15 2.2 Obra, autoria e autores ............................................................................................. 28 2.3 Gota d’água – o cotidiano e cultura de massa ......................................................... 41 3 MEDEIA, DE EURÍPEDES E GOTA D’ÁGUA, DE CHICO BUARQUE E PAULO PONTES 3.1 Medeia – mito e tragédia .......................................................................................... 49 3.2 O trágico em Gota d’água e intertextualidades