GEYHSA ATALA GOMES CURVO

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA POR MEIO DA ABORDAGEM MORFOPEDOLÓGICA DA SUB-BACIA DO CÓRREGO DRACENA NA BACIA DO - MUNICÍPIO DE RESERVA DO CABAÇAL - MT

Dissertação apresentada à Universidade do Estado de , para obtenção do título de Mestre, em Ciências Ambientais.

Cáceres Mato Grosso 2008

GEYHSA ATALA GOMES CURVO

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA POR MEIO DA ABORDAGEM MORFOPEDOLÓGICA DA SUB-BACIA DO CÓRREGO DRACENA NA BACIA DO ALTO PARAGUAI MUNICÍPIO DE RESERVA DO CABAÇAL- MT

Dissertação apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre, em Ciências Ambientais

Orientador: Professor Dr. Marcos Figueiredo

Cáceres Mato Grosso 2008

FICHA CATALOGRÁFICA

Curvo, Geyhsa Atala Gomes. c9819c Caracterização física por meio da abordagem morfopedológica da sub-bacia do córrego Dracena na bacia do Alto Paraguai – Município de Reserva do Cabaçal - MT / Geyhsa Atala Gomes Curvo. – Cáceres, 2008. 140 f. ; 30 cm. il. color.

Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) - Universidade do Estado de Mato Grosso, 2008. Orientador: Marcos Figueiredo

1. Morfopedologia. 2. Erosão. 3. Solo. I. Autor. II. Título. CDU 631.459 Walter Clayton De Oliveira CRB1/2049

FOLHA DE APROVAÇÃO

GEYHSA ATALA GOMES CURVO

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA POR MEIO DA ABORDAGEM

MORFOPEDOLÓGICA DA SUB-BACIA DO CÓRRERO DRACENA

NA BACIA DO ALTO PARAGUAI – MUNICÍPIO DE RESERVA DO

CABAÇAL - MT

Esta Dissertação foi julgada e aprovada como requisito para obtenção do título de

Mestre em Ciências Ambientais.

Cáceres, MT. 28 de abril de 2008

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Marcos Figueiredo Universidade do Estado de Mato Grosso Professor Orientador

Prof. Drª. Maria Aparecida Pereira Pierangeli Universidade do Estado de Mato Grosso

Prof. Dr. Fernando Ximenes de Tavares Salomão Universidade Federal de Mato Grosso

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me dado a vida e a todos meus familiares, principalmente ao meu esposo, Ricardo, e filhos, Ricardinho e Rodrigo que souberam compreender a minha ausência durante a infinita busca do conhecimento científico para escrever esta dissertação.

Ao professor Mestre Joaquim Ribeiro, pela sua dedicação, compreensão, paciência e, sobretudo, pelas valiosas contribuições, teóricas orientando esta pesquisa, mantendo-se sempre presente em todas as fases deste trabalho.

Ao professor Dr. Marcos Figueiredo, pelas suas contribuições.

A amiga Renilce Barbosa, pelo companheirismo, pela dedicação e por se fazer sempre presente no trabalho, nos momentos em que precisei me ausentar para os estudos .

As grande amigas Sandra Raquel de Almeida Cabral Hayashida e Gleide do

Amaral, pelo incentivo e pela correção lingüística deste trabalho.

Ao colega de trabalho professor José Humberto Gonçalves Urban, que me auxiliou com seus conhecimentos tecnológicos.

As professoras Carla e Carolina, pelo incentivo e apoio na realização deste trabalho.

SUMÁRIO

RESUMO ...... 8 ABSTRACT...... 9 Lista de Figuras...... 10 Lista de Quadros...... 11 Lista de Tabelas...... 12 1. INTRODUÇÃO...... 13 2.1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA...... 16 2.2 – Localização da área de estudo...... 16 3.1 - FUNDAMENTOS DE BASES CONCEITUAIS ...... 19 3.2 - Problematização e Conceitos Básicos de Erosão ...... 19 3.3 - Formas de Erosão Hídrica...... 24 3.4 - Processos Erosivos...... 28 3.5 - Tipos de Erosão ...... 31 3.6 - Fatores Atuantes no Desenvolvimento dos Processos Erosivos ...... 39 3.6.1 - Chuva ...... 39 3.6.2 - Solo...... 41 3.6.3 - Topografia ...... 43 3.6.4 - Cobertura Vegetal...... 45 3.6.5 - Ação Antrópica...... 47 3.7 - A ABORDAGEM MORFOPEDOLÓGICA...... 48 3.8 – Caracterização do Cerrado...... 52 3.9 – Ocupação e Impactos Ambientais no Cerrado ...... 54 4.1 - Caracterização Geral da Área de Estudo ...... 59 4.1.1 – Aspectos Históricos da Área Estudada...... 59 4.1.2 - Aspectos Geológicos...... 61 4.1.3 - O Complexo Xingu...... 62 4.1.4 - O Grupo Aguapeí ...... 62 4.1.5 - Grupo Rio Branco...... 63 4.1.6 - Grupo Parecis...... 64 4.1.7 - As Coberturas Detrito Lateríticas...... 65 4.2 – Solos...... 66 4.3 - Aspectos Geomorfológicos...... 70

4.3.1 - Planalto Sedimentar dos Parecis...... 70 4.3.2 - Os Planaltos Residuais do Alto Guaporé ...... 71 4.3.3 - A Depressão do Alto Paraguai...... 71 4.3.4 - A Província Aguapeí – Rio Branco...... 72 4.4 – Clima...... 72 4.5 – Vegetação ...... 73 4.5.1 – Cerrado...... 74 4.5.2 - Savana Arbórea Aberta (Campo Cerrado)...... 75 4.5.3 - Savana Parque (Campo Sujo) ...... 75 4.5.4 - Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo Limpo) ...... 76 4.5.5 - Savana Arbórea Densa ( Cerradão)...... 77 4.5.6 – Matas Aluviais...... 77 5.1 - Materiais e Procedimentos Metodológicos ...... 79 5.1.1 - Fundamentação Teórico-Metodológica da Abordagem Morfopedológica ...... 79 5.2 – Primeira Etapa: Compartimentação Morfopedológica ...... 82 5.3 - Elaboração do Mapa Morfopedológico...... 84 5.4 –Segunda Etapa: Caracterização da Passagem Pedológica...... 85 5.5 – Terceira Etapa: Representações Cartográficas...... 86 6.1 - Resultados e Discussão ...... 89 6.1.1 - Uso e Ocupação do Solo...... 89 6.2 – Caracterização dos Solos Predominantes...... 95 6.3 - Caracterização Morfopedologica...... 107 6.3.1. - Compartimento Morfopedológico I ...... 111 6.3.2 - Compartimento Morfopedológico II ...... 115 6.3.3 - Compartimento Morfopedológico III ...... 119 6.3.4 - Compartimento Morfopedológico IV...... 121 6.3.5 - Compartimentação Morfopedológivo V ...... 125 6.3.6 - Compartimentação Morfopedológico VI ...... 126 7. CONCLUSÕES...... 128 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...... 131

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivos identificar e analisar, a inter-relação entre solos, relevo e substrato geológico, a fim de diagnosticar e compreender a gênese e evolução dos processos erosivos existentes na bacia hidrográfica. A área de estudo constitui-se na sub-bacia hidrográfica do Córrego Dracena, localizada no município de Reserva do Cabaçal, que constitui parte integrante da bacia hidrográfica do Paraguai. Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se a abordagem morfopedológica proposta por Castro & Salomão (2000) que embasa nas concepções que enfocam as inter-relações entre o substrato geológico, o relevo e os solos, de forma a compreender o comportamento erosivo e servir de suporte para o planejamento do uso e ocupação do solo da bacia. Os procedimentos metodológicos, aplicados nas interpretações das informações coletadas, através de cartas topográficas, imagens de satélites e tomadas fotográficas, e com reconhecimento a campo, conduziram a um entendimento de fundamental importância. Buscou-se a identificação dos compartimentos morfopedológico, e os produtos de representações cartográficos finais, expressos pelos mapas de uso e ocupação do solo; mapa morfopedológico; carta-imagem, mapas de curvas de nível e drenagem, que serviram de base para indicação dos processos erosivos e para determinação de áreas com diferentes suscetibilidades à erosão. Como resultado, a compartimentação morfopedológico comprovou sua eficiência para o diagnóstico dos processos erosivos lineares, a determinação da passagem pedológica, bem como o substrato geológico, ao relevo e os solos, relacionando-as ao planejamento da ocupação do solo, voltada ao controle preventivo da erosão. Palavras-chaves: Morfopedologia, erosão, erodibilidade, solo e assoreamento.

ABSTRACT

The present research aims at identifying and analyzing the connection between soils, relief and geologic substratum, in order to diagnose and understand the origin and the evolution of the existing erosive processes in the hydrographic basin. The area of study consists in the hydrographic sub-basin of the Dracena Stream, located in the city of Reserve of the Cabaçal which is an integrant part of the hydrographic basin of Paraguay River. In order to reach the proposed aims, in this study, it was used a morphopedological approach suggested by Castrates & Salomão (2000) which is based on relations between the geologic substratum, the relief and soil as a form to understand the erosive behavior and to serve as a support for the planning of the use and occupation of the basin soil. The methodological procedures used for the interpretation of the data collected through topographical letters, images of satellites, photographic taking and field recognition has lead to very important understandings. It was tried to the identify the morphopedological compartments and the products of the representation of final cartographic showed on the maps of use and occupation of the soil; morphopedological map; image-letter, maps of level curves and draining, which were the base for the indication of the erosive processes and for the determination of the areas with different susceptibility for erosion. As result, the morphopedological compartmentalization proved its efficiency for the diagnosis of the linear erosive processes, the determination of the pedological pass as well as the geologic substratum to the relief and soil, relating them to the planning of the occupation of the soil turning to the preventive control of the erosion. Key-words: morphopedology; erosion; erodobility; soil and silting.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Mapa de Localização da sub-bacia hidrográfica do córrego Dracena...18 FIGURA 2- Imagem de Satélite...... 90 FIGURA 3 – Atividade da pecuária da sub-bacia do Córrego Dracena...... 92 FIGURA 4 – Mapa de Uso e Ocupação...... 94 FIGURA 5 – Gráfica das análises das propriedades físicas e químicas do solo da área da sub-bacia do córrego Dracena...... 97 FIGURA 6 – Erosão de encosta em áreas de cabeceira de drenagem (a) do córrego Dracena e assoreamento do canal (b) com destaque nos sedimentos arenosos.....98 FIGURA 7- Contato entre as duas unidades pedológicas: solo arenoso/argila...... 98 FIGURA 8 - Erosão provocada pelo pisoteio do gado...... 101 FIGURA 9 - Áreas de Afloramentos de Rochas...... 103 FIGURA 10 - Área de chapada, com declividade e identificação da retirada da vegetação com surgimento de processo erosivo presente, próximo a cabeceira de drenagem...... 106 FIGURA 11 - MAPA DE CURVAS DE NÍVEL...... 108 FIGURA 12 - MAPA DE COMPARTIMENTAÇÃO MORFOPEDOLÓGICO...... 109 FIGURA 13 - Área de chapada, identificação da retirada da vegetação próxima da cabeceira de drenagem...... 112 FIGURA 14 - Erosão do Tipo Ravinamento...... 114 FIGURA 15 - Presença de processo erosivo, condicionada à Construção de estrada, próxima à cabeceira de drenagem...... 115 FIGURA 16 - Vista de uma voçoroca com presença do fenômeno “piping” localizada em cabeceira de drenagem do córrego Dracena...... 117 FIGURA 17- Erosão de Sulcos e Ravinas...... 118 FIGURA 18 - Vista de uma escarpa, com presença de ravinamentos e afloramentos de rochas na declividade das vertentes, com uso de pastagem...... 120 FIGURA 19 – vista do compartimento representativo de fundo de vale...... 122 FIGURA 20 - Vista da área de planícies e terraços, ao alto a área urbana da cidade de Reserva do Cabaçal - MT, e, na parte inferior, a presença do córrego Dracena...... 125 FIGURA 21- Vista de morro, com presença de processos erosivos, localizada em área de pastagem com alta declividade nas vertentes...... 127

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Roteiro Metodológico...... 81

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Resultado de análise laboratoriais de textura de solo encontrado na área da sub-bacia do córrego Dracena...... 96 TABELA 2– Classificação dos Compartimentos Morfopedológicos da bacia do Córrego Dracena...... 110

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1. INTRODUÇÃO

O Centro-Oeste é uma região que começa a se transformar, sob o impacto da expansão da economia brasileira e de ocupação do centro do Brasil, tem acentuado essas mudanças a partir da década de 1970, vindo a colocar as áreas primeiramente do bioma Cerrado em perigo e de rápido desaparecimento, devido à falta de planejamento e preocupação com a conservação ambiental.

O estado de Mato Grosso apresenta uma diversidade de ambientes naturais dominados por associação de serras e planaltos e extensas superfícies rebaixadas, dando origem e contribuindo com três importantes bacias hidrográficas brasileiras: bacia Amazônica, Araguaia/Tocantins e bacia Platina. Grande parte das cabeceiras de drenagens dessas bacias hidrográficas está situada junto às escarpas dos planaltos e serras (SALOMÃO, 1998).

Particularmente, no Estado de Mato Grosso, os programas governamentais de desenvolvimento tanto federais como estaduais, demonstraram não possuir nenhum tipo de preocupação com o meio ambiente, se constituindo num exemplo de ocupação desordenada e predatória de seus principais biomas.

Em função da crescente necessidade de preservação, de recuperação e da utilização adequada dos recursos naturais, é de fundamental importância o conhecimento das variadas formas de se estudá-los. Neste sentido, o recorte espacial que vem sendo bastante utilizado nas ciências ambientais é aquele que considera como unidade de análise a bacia hidrográfica.

De acordo com Botelho (1999), a bacia hidrográfica ou bacia de drenagem é a

área de superfície terrestre drenada por um rio principal e seus tributários, sendo limitada pelos divisores de água.

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Nos últimos anos, a bacia hidrográfica vem sendo utilizada como unidade de análise em estudos sobre erosão, manejo, conservação do solo e da água, fragilidade ambiental entre outros.

Fendrich et al. (1997) argumenta que hoje em dia é praticamente impossível planejar, projetar, construir ou manter medidas de conservação e controle nas bacias hidrográficas sem levar em consideração aspectos relacionados à erosão.

Grandes avanços em todo o país já foram obtidos nesse campo de pesquisa, principalmente com trabalhos de cunho científico que se utilizou de diferentes metodologias para alcançar os objetivos propostos. Todas essas informações devem ser utilizadas da melhor forma com vistas ao correto planejamento e manejo das bacias hidrográficas.

Dessa forma, a presente pesquisa justifica-se na medida em que se necessita, cada vez mais, conhecer e compreender a organização do espaço e as transformações dele decorrentes, seja em nível local ou de bacia hidrográfica, para que o planejamento e medidas de controle sejam utilizadas como ferramentas na resolução, prevenção e contenção da erosão. Ainda deve-se levar em consideração a realização de análises que integrem o papel que o homem possui como ser transformador da paisagem e do meio em que vive, já que é a ação antrópica um dos principais fatores atuante no desencadear do processo erosivo.

Sendo assim, optou-se em adotar a abordagem morfopedológica neste estudo já que é uma técnica que propõe o conhecimento do meio físico, descrição e dinâmica, com vistas à sua análise considerando-o como um sistema, onde as interações específicas definem unidades de igual estrutura, evolução e problemas comuns.

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Diante do contexto apresentado, a presente pesquisa tem como objetivo principal identificar por meio da compartimentação morfopedológica os fatores que favoreceram os impactos do meio físico, a fim de evitar a ação erosiva na sub-bacia do Córrego Dracena, no município de Reserva do Cabaçal-MT.

Objetiva-se nessa pesquisa compreender a dinâmica da erosão do solo e as feições resultantes mediante consultas a bibliografia que tratam do assunto; caracterizar os processos erosivos pela compartimentação morfopedológica, a partir dos resultados analíticos, temáticos e integrados dos atributos do meio físico em reconhecimento em campo; realizar tomadas de produção fotográficas das diferentes áreas impactadas das feições erosivas presente na área de estudo e os processos responsáveis pelo seu desenvolvimento e sistematização dos resultados obtidos através da identificação da relação entre os sistemas hidrológicos, processos erosivos e unidades morfopedológicas.

O estudo dessa área, prende-se ao fato de sua importância econômica, social e ambiental, bem como vem sendo apontada como produtora de altas taxas de sedimentos provocando sérios danos ao ambiente.

O trabalho apresenta informações geomorfológicas ambientais básicas existentes sobre o planalto do rio Cabaçal, mais precisamente na sub-bacia do córrego Dracena. Para isso utilizou-se de uma visão sistêmica, relacionando os fatores do meio físico (solo, vegetação, água e clima), com a ação antrópica desenvolvida na área, produzindo uma determinada realidade e funcionalidade de seus elementos, facilitando a observação, análise e mensuração dos elementos estudados.

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2.1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA

Esta pesquisa se propõe a identificar por meio da Compartimentaçãomorfopedologica os fatores que causaram os impactos do meio físico, a fim de compreender e prevenir as ocorrências erosivas na sub-bacia do Córrego Dracena da bacia do Alto Paraguai no Município de Reserva do Cabaçal - MT. Nesse sentido, embuída nesse objetivo passa-se a explicitar sobra a localização da área estudada.

2.2 – Localização da área de estudo

A bacia hidrográfica selecionada para o estudo pertence ao município de

Reserva do Cabaçal, que está situado na região sudoeste do estado de Mato

Grosso, e é parte integrante da bacia do Alto Paraguai.

A sub-bacia do córrego Dracena, com área aproximada de 4.524,68 hectares, situa-se entre as coordenadas geográficas de latitudes 15° 08’ 03“ e 15° 0 1’ 33” Sul e as longitudes 58° 24’ 15’’ e 58° 19’ 30” Oeste de Greenwich.

As altitudes oscilam entre 288 a 428 m, estando localizada na parte noroeste do município de Reserva do Cabaçal, micro-região de , sudoeste do estado de

Mato Grosso, conforme o Mapa de Localização (Figura 01).

O córrego Dracena é afluente do rio Cabaçal e tributário do rio Paraguai, componente da bacia Platina.

O município de Reserva do Cabaçal situa-se na micro-região Jauru, na meso- região Sudeste Mato-grossense, distante a 398 quilômetros da capital do estado de

Mato Grosso – Cuiabá, com a sede do município está localizada entre as coordenadas geográficas de latitude 15° 08’ 15” Sul e longitude de 58° 08’ 15”,

Oeste de Greenwich.

O acesso ao município de Reserva do Cabaçal é feito por meio da Rodovia

Estadual MT-175, que parte da Rodovia Federal BR-070, encontrando a Rodovia

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Federal BR-174, que se inicia em Cáceres. Ambas se encontram com a BR-364 no município de e, juntas, dirigem-se para os estados de Rondônia e Acre.

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FIGURA 1 - Mapa de Localização da sub-bacia hidrográfica do córrego Dracena

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3.1 - FUNDAMENTOS DE BASES CONCEITUAIS

Para apresentar as bases conceituais sobre o meio ambiente, as principais condicionantes naturais dos processos erosivos, e realizou-se um levantamento bibliográfico minucioso, abrangendo campos de conhecimentos específicos, que foram relevantes ao desenvolvimento e realização do trabalho.

3.2 - Problematização e Conceitos Básicos de Erosão

A erosão tem suas raízes no passado, a exemplo do Império Babilônico que se utilizou do rio Eufrates para o abastecimento das construções de canais de irrigação, escoando-o para o Rio Tigre, desencadeando assim com essa atividade um processo erosivo acelerado na Mesopotâmia, onde os sedimentos transportados pelos rios foram depositados gradualmente, forçando os rios a mudarem o curso.

Esses locais foram transformados em desertos, sendo os desmatamentos uma das causas responsáveis pela violência das enchentes e pela sedimentação dessas

áreas (Bertoni e Lombardi Neto,1999, apud RIBEIRO, 2001).

A análise contínua da ação antrópica pode servir como meio de previsão das mudanças de avaliação da sensibilidade dos sistemas naturais, ou seja, de determinação dos pontos de interferência e dos limiares de sistemas que poderão ser modificados na análise da paisagem, sob a perspectiva global e integrado.

A erosão é um problema universal e, ao longo do tempo, veio caminhando com o homem no cultivo da terra; porém, hoje, alguns países estão seriamente ameaçados em função do cultivo irracional ou com pastagens mal utilizadas

(GALETI, 1973).

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O uso inadequado do solo para a produção de alimentos está causando sérias degradações e erosão das áreas rurais, em quase todas as regiões agrícolas mais importantes do mundo. Nos Estados Unidos, mesmo com a utilização de técnicas para o combate à erosão, o problema persiste por mais de 60 anos, numa perda de mais de 3 bilhões de toneladas de solo fértil a cada ano, sendo que, em algumas regiões, a cultura deixou de ser feita, cedendo lugar ao eucalipto, na tentativa de se conter o processo erosivo. A redução de áreas de cultivo de grãos em países como a ex-União Soviética e a China também têm ocorrido pelos mesmos problemas

(GALETI, 1973; CORSON, 1996).

Na África, o Rio Nilo transporta sedimentos em grande quantidade da Etiópia para o Egito, onde o cultivo naquele lugar tornou-se impraticável. No Quênia, mais de 70% de suas terras estão afetadas e, em Madagascar, mais de 80% do seu território (GALETI, 1973).

Na Colômbia, a erosão está se constituindo em um grande problema para a produção de café, seu principal produto agrícola de exportação. No Peru, a agricultura constitui-se no principal meio de vida da população, sendo que 50% de suas terras cultivadas encontram-se afetadas pela erosão (GALETI, 1973).

Para se determinar a causa de ocorrência erosiva é necessário que se considere não apenas um, mas a interação de todos os fatores envolvidos em sua dinâmica.

A ação antrópica é um dos principais fatores responsáveis pela aceleração dos processos erosivos, pois, o homem ao se apropriar da natureza retira a cobertura vegetal, para pastagem, urbanização, construção de estradas, entre outros.

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A erosão é considerada como normal quando reflete um certo equilíbrio da natureza, mas, muitas vezes esse equilíbrio é rompido quando ela se intensifica, sendo então mais veloz que os processos de formação dos solos, não permitindo a regeneração dos mesmos, sendo considerada como erosão acelerada. Instalando- se o desequilíbrio, ocorre a perda das diversas camadas sucessivas ou horizontes do solo, até o afloramento das rochas subjacentes, acontecimento que pode ser desencadeado por alterações das condições climáticas e geológicas, acorrendo ao longo de milhares de anos, ou ser desencadeada pelo homem, que pode ocorrer em poucos anos, sendo conhecida como erosão antrópica (RIBEIRO, 2001).

O problema de erosão dos solos ocorre com grande intensidade em quase todo o território nacional; seu estudo data de algum tempo, através de pesquisa da universidade e de outras instituições públicas ligadas ao assunto. Propostas técnicas de prevenção e de controle de erosão têm sido sugeridas por meio dessas pesquisas. Em algumas áreas do território nacional, a ocupação rural desenvolveu- se de maneira indiscriminada, como a observado no noroeste do Paraná, no planalto central, no oeste paulista, no Médio Vale do Paraíba do Sul, na Campanha Gaúcha e no triângulo mineiro, onde a perda do solo causada pelo processo erosivo é muito significativa, provocando redução na produção agrícola (VITTE e GUERRA, 2004).

De acordo com Vitte e Guerra (2004), os problemas de erosão no Brasil, atualmente, são uma combinação de um rápido desenvolvimento, solos frágeis e um regime climático, com períodos chuvosos e bem definidos. O desafio é compreender os processos responsáveis pela erosão, reconhecendo que esses processos não são meramente físicos, mas também sócio-econômicos. Os solos erodem não apenas porque os índices pluviométricos são altos, mas porque foram desmatados e cultivados de maneira incorreta.

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No noroeste do Paraná, intensos processos erosivos foram observados nos municípios de Loanda, Paranavaí, Cianorte, Cruzeiro do Oeste e Palotina, tendo iniciado, segundo Galerani, citado por Guerra (1955) na década de 50, devido à falta de planejamento nos loteamentos rurais, seguida de retirada da vegetação original para o cultivo agrícola e uso para pastagens (RIBEIRO, 2001).

Estudos envolvendo diagnóstico de erosão, no estado de São Paulo, constataram que a região oeste é a que apresenta maior incidência erosiva.

Salomão (1994), diagnosticou as incidências erosivas lineares (sulcos, ravinas e voçorocas), no município de Bauru/SP, associados à retirada da cobertura vegetal.

Cavaguti (1995), trabalhando no mesmo local, demonstrou que o desenvolvimento das voçorocas é de grande extensão, com até um quilômetro de comprimento e mais de 30 metros de profundidade.

No Cerrado, não existem avaliações globais da intensidade da erosão, sobretudo pela dispersão e extensão das frentes agropecuárias, que dificultam qualquer estudo amplo nesse Bioma (VERDÉSIO, 1993).

Segundo Bigarella (1985), o desgaste acelerado dos solos, no Oeste Paulista, está associado à alta suscetibilidade à erosão dos seus solos, originada dos arenitos do Grupo Bauru, ao uso e à ocupação inadequada do solo.

No médio Vale do Paraíba do Sul, também palco de algumas pesquisas sobre erosão dos solos, os processos erosivos lineares (ravinas e voçorocas) atingiram os

Municípios de Vassouras, Barra do Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Piraí e

Bananal. Nesses locais, a derrubada da cobertura vegetal nativa, representada pela

Mata Atlântica, causou desequilíbrio natural, provocando desencadeamento dos

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processos erosivos, além do assoreamento de rios, reservatórios e barragens

(CUNHA E GUERRA, 1998).

Na campanha gaúcha, situada no sudoeste do Rio Grande do Sul, ravinas e voçorocas ocorrem nos interflúvios, relacionados com a pouca cobertura vegetal que acelera o escoamento superficial, originando processos erosivos e dissecação da paisagem, devido à ocupação indiscriminada pela pecuária e agricultura (CUNHA e

GUERRA, 1998).

No Triângulo Mineiro, segundo dados de Cunha e Guerra (1998), região que se destaca pela pecuária de corte, observa-se sérios problemas erosivos em função do relevo e dos tipos de solos existentes. Baccaro (1994), trabalhando nessa mesma região, identificou 173 voçorocas ativas e 13 estabilizadas, em relevo de topo aplainado entre 700 e 900 metros, relacionadas ao desmatamento generalizado, para atendimento das atividades agropecuárias.

Nota-se, portanto a importância da elaboração de um planejamento de uso e ocupação dos solos, principalmente, para prática da agropecuária. Pois, é por meio de um planejamento que se destinará a melhor utilização do solo sem provocar grandes danos ao ambiente natural.

No início da colonização, as terras foram desmatadas para prática da agropecuária sem o emprego de nenhuma técnica de planejamento que objetivasse o melhor aproveitamento, sem desgastar muito o solo com o intenso desmatamento, acarretou o surgimento de grandes voçorocas.

A ocupação inadequada em Mato Grosso, especialmente pela exploração agropecuária verificada nas duas últimas décadas, vem causando sérios prejuízos econômicos e ambientais pela intensificação dos processos erosivos e de

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assoreamento Ala Filho e Paes de Barros; (CASTRO JÚNIOR, 1995);

VASCONCELOS, (1998); apud RIBEIRO,( 2001).

A bacia do Alto Rio da Casca, situada no Planalto dos Guimarães, municípios de e Chapada dos Guimarães, é parcialmente formada por terrenos favoráveis à agricultura intensiva e constitui um exemplo marcante dessa problemática ambiental, (RIBEIRO, 2001)

O Planalto Central, região de grande domínio de topografia razoavelmente plana, tem sido ocupado desordenadamente, juntamente com a mecanização utilizada nos últimos dez anos, sem levar em conta a suscetibilidade a risco de erosão. O manejo inadequado dessas áreas tem acarretado processos erosivos acelerados, como observado no Município de /MT CUNHA E GUERRA

(1998), apud Ribeiro, (2001).

3.3 - Formas de Erosão Hídrica

A presença da vegetação na superfície do solo serve como um obstáculo ao escoamento superficial das águas de chuva, favorecendo assim a infiltração ou seja, minimizando a erosão.

Silveira e Pejon (2002), destacam a importância da cobertura vegetal para as cotas mais baixas, vencendo principalmente o atrito com a superfície.

De acordo com Guerra (1999), erosão é o processo de desprendimento e arraste das partículas do solo causado pela água e vento, cuja origem está ligada principalmente à ocupação das terras pelo homem (ação antrópica). As enxurradas, provenientes das águas que não foram retidas ou infiltradas no solo, transportam

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partículas de solo em suspensão e nutrientes necessários às plantas. As regiões mais ameaçadas pela erosão são aquelas onde os solos são arenosos.

A água da chuva atua como agente erosivo iniciando pelo impacto das gotas sobre a superfície do solo, caindo em velocidade e energia variáveis e se intensificando através do escorrimento de enxurrada (escoamento superficial).

A ação do splash, também conhecida por erosão por salpicamento, é a forma inicial do processo erosivo, pois prepara as partículas que compõem o solo, para serem transportadas pelo escoamento superficial, de acordo com Guerra (1999). A erosão causada pela ação do splash, além da resistência do solo ao impacto das gotas de águas, leva-se em consideração também a própria energia cinética das gotas de chuva.

De acordo com Salomão (1994), a água de chuva provoca a erosão laminar por meio do impacto das gotas sobre a superfície do solo, caindo com velocidade e energia variáveis, e por meio de escorrimento da enxurrada. Sua ação erosiva depende da distribuição pluviométrica e sua intensidade.

A perda do solo causada pelo impacto das gotas de chuva e pelo escoamento superficial tornou-se um dos grandes problemas ambientais do Século XX, principalmente em terras agrícolas que elimina a capa superficial do solo que contém matéria orgânica e frações minerais finas, as quais garantem a nutrição indispensável ao crescimento dos vegetais.

Completam Bastos et al. (2000), que a erosão hídrica é um fenômeno de alta complexidade devido à multiplicidade e inter-relações dos mecanismos, fatores, condicionantes e agentes envolvidos, destacando que os principais fatores podem ser agrupados em: climáticos (chuvas, temperaturas, vento e radiação solar);

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topográficos (declividade e o comprimento de rampa); cobertura vegetal e tipo de solo (erodibilidade do solo).

Mafra (1999), conceitua erosão hídrica como sendo uma série de transferência de energia e materiais, geradas por um desequilíbrio de sistema água, solo, cobertura vegetal, que resulta numa perda progressiva de solo, sendo mais efetiva onde a água de precipitação não pode ser infiltrada.

A erosão acelerada afeta principalmente as vertentes mais íngremes, as encostas mais arenosas, ou aquelas desprovidas de vegetação, como por exemplo, as terras utilizadas inadequadamente na agricultura, as quais com o passar do tempo acabam degradadas e impróprias ao uso.

O termo erosão acelerada dos solos, nome dado à erosão por voçorocas, origina do entendimento de que sulcos, ravina e voçorocas resultam da intervenção causada pelas atividades humanas, isto é, a partir da retirada da vegetação que deixa o solo desprotegido.

Segundo Guerra et al. (1999), a erosão acelerada do solo é tão antiga quanto à própria agricultura, pois quando o homem deixou de ser nômade e retirou a cobertura vegetal natural para plantar, possibilitou que a água das chuvas e ou/vento atuassem diretamente sobre o solo desnudo, iniciando com isso o processo de degradação do solo.

Segundo Baccaro (1989) os estudos da dinâmica das vertentes são essenciais, não somente para uma compreensão da evolução das paisagens geográficas, mas também como um meio para estabelecer o controle dos processos acelerados de erosão e de sedimentação, resultantes das alterações feitas pelo homem, na paisagem natural.

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Afirma Coelho Netto (1998), que a erosão por sulcos, ravinas e voçorocas é causada por vários mecanismos que atuam em diferentes escalas temporais e espaciais. Todos derivam de rotas tomadas pelos fluxos de água, que podem ocorrer na superfície ou em sub-superfície.

A forma de erosão em sulcos resulta de irregularidades na declividade do terreno e concentração de enxurradas, provocando incisões mais ou menos profundas no terreno, onde a velocidade da água causa a ação erosiva, sucedendo a erosão laminar, originando-se de chuvas muito intensas. Possui fácil controle, porém, se os sulcos não forem bem contidos podem aprofundar-se, originando ravinas (RIBEIRO, 2001).

Ravinas, originalmente têm uma forma em “V” (devido ao encontro com horizontes mais resistentes), retilínea, alongada e estreita, com poucas ramificações, quando situada e desenvolvida dentro de um material de resistência homogênea, não chegando a atingir o lençol freático, (RIBEIRO, 2001).

A ravina é formada essencialmente pelo escoamento de grandes quantidades de água relacionada a diferentes formas de ocupação, que propiciam a concentração das águas, como por exemplo, estradas, arruamentos, caminhos de serviço, trilhas de gado e cerca nos eixos de drenagem superficial, que provoca o desprendimento de partículas do solo e movimentos de massa, apresentando profundidades superiores a 0,5 metros, (BIGARELLA, 1985).

As voçorocas representam um estágio mais avançado e complexo de erosão, originada de um desequilíbrio hidrológico, provocado pela retirada da vegetação, uso e ocupação dos solos, produtos combinados de ação das águas do escoamento superficial e subterrâneo, que alcançam o lençol freático ou o nível de água de

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subsuperfície. A interceptação do lençol freático pela erosão causa o aparecimento de minação de água no seu fundo, onde são desenvolvidos os processos ou fenômenos conhecidos como piping (do inglês, canal), conhecido como entubamento, criando vazios no interior do solo, o que vem a causar o solapamento da base das paredes da voçoroca. Atingem de 15 a 20 metros ou mais de profundidade e várias dezenas de metros de comprimento (GUERRA, 1999).

Verifica-se que a erosão é um processo que ocorre em duas fases: a primeira, compreende a remoção de partículas, e a segunda, referente ao transporte deste material.

De acordo com Guerra et al. (1999), as taxas de erodibilidade do solo dependem, além de outros fatores, da estabilidade dos agregados, que, se baixa, se rompem facilmente, podendo formar crostas na superfície do solo, dificultando a infiltração e aumentando o escoamento superficial.

A erosão do solo constitui a forma de degradação do território mais generalizada, pois, além de degradar o solo tornando-os impróprios ao uso, ela também assoreia os cursos d’água, como é o caso do córrego Dracena.

3.4 - Processos Erosivos

A luta do homem contra a erosão do solo é tão antiga como a própria agricultura. Quando mudou do nomadismo para um sistema fixo de vida, o homem teve necessidade de intensificar o uso do solo, levando à destruição a cobertura de sua superfície e acarretando a exposição do solo às forças erosivas (BERTONI e

LOMBARDI NETO, 1990).

Erosão é o processo de desprendimento e arraste das partículas do solo causado pela água e pelo vento. A erosão do solo constitui, sem dúvida, a principal

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causa do depauperamento das terras. As enxurradas, provenientes das águas de chuva que não ficaram retidas sobre a superfície, ou não se infiltraram, transportam partículas de solo em suspensão e elementos nutritivos essenciais em dissolução.

Outras vezes, esse transporte de partículas de solo se verifica pela ação do vento

(BERTONI e LOMBARDI NETO 1990).

De acordo com Fendrich et al (1997), erosão é a desagregação, transporte e deposição dos materiais dos horizontes superficiais e profundos do solo, provocando o seu rebaixamento. Pode-se perceber que a erosão inicia o seu trabalho na parte superficial, aprofundando-se até encontrar rocha ou camada consolidada de solo.

Segundo Vitte & Guerra (2004), a erosão do solo é um dos principais impactos causados pela ação humana sobre o meio ambiente. O estudo da problemática da erosão fundamenta-se principalmente no conhecimento da dinâmica da água proveniente de precipitações pluviométricas, após entrar em contato com o solo, momento em que inicia sua ação mecânica, por meio do transporte de partículas.

A erosão pluvial, como defini Tricart (1977), é o fenômeno de destruição dos agregados do solo pelo impacto das gotas da chuva. É função, por um lado, da energia cinética das gotas e, por outro, da resistência mecânica dos agregados.

Segundo Guerra (1999), o processo erosivo inicia-se pela ação do splash2, considerado o estágio inicial do processo erosivo. O splash ocorre quando as gotas de chuva atingem a superfície. Dessa forma, há uma preparação das partículas que formam o solo para serem transportadas pelo escoamento superficial. Essa preparação se dá tanto pela ruptura dos agregados, quebrando-se em tamanhos menores, como pela própria ação transportadora que o salpicamento provoca nas partículas dos solos. Como conseqüência, os poros da superfície do solo vão sendo preenchidos, provocando a selagem e a conseqüente diminuição da porosidade,

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aumentando o escoamento das águas. O papel do splash varia não só com a resistência do solo ao impacto das gotas de água, mas também com a própria energia cinética das gotas de chuva.

A partir do momento em que os agregados se rompem no topo do solo, inicia-se a formação de crostas. Com isso, há diminuição das taxas de infiltração e conseqüentemente, aumento nas taxas de escoamento superficial, podendo influenciar na perda de solo. A partir da formação das crostas no topo do solo, a superfície do terreno se torna selada, dificultando a infiltração da água das chuvas.

Isso faz com que haja uma mudança de processos, ou seja, de grande destacamento (detachment) e baixo transporte, antes de se iniciar o runoff3, para baixo destacamento e alto transporte, durante o escoamento superficial (GUERRA,

1999).

Guerra (1999), coloca que o ciclo hidrológico é de fundamental importância para a compreensão do processo erosivo, pois parte da água da chuva cai diretamente no solo, outra parte é interceptada pela vegetação e pode chegar até o solo por meio do gotejamento ou pelo fluxo de tronco (stemflow). A água pode tomar vários caminhos: primeiro causa o splash, depois se infiltra, podendo saturar o solo e, finalmente, pode se armazenar nas irregularidades do solo, formando as poças

(ponds), que, em alguns casos, poderão dar início ao escoamento superficial.

De acordo com o mesmo autor, a formação das poças (ponds) na superfície do solo é o estágio que antecede ao escoamento superficial. A taxa de infiltração tem papel importante na sua formação e, conseqüentemente, na geração de runoff, pois uma vez o solo saturado, cessa a infiltração e começam a se formar as poças.

Estas, por sua vez, ocupam as irregularidades existentes na superfície. Quando as irregularidades estiverem preenchidas, começam a se ligar umas com as outras.

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Nesse momento tem início o escoamento superficial, que a princípio é difuso, mas a medida que o processo tem continuidade temporal e espacial, pode se tornar concentrado.

3.5 - Tipos de Erosão

Segundo Drew (1998), Guerra (1999), Bertoni & Lombardi Neto (1990) e outros autores, a erosão hídrica acelerada é um dos processos mais negativos de indução antrópica sobre os solos, constituindo-se em um fenômeno de grande significado, principalmente pela rapidez com que se processa.

De acordo com Barbalho (2002), vale ressaltar que é necessário distinguir também os tipos dos fenômenos erosivos, se laminares ou lineares, uma vez que vários mecanismos atuam na evolução dessas formas erosivas, e sua identificação possibilita o dimensionamento preciso de eventuais medidas corretivas a serem implementadas.

Salomão (1994), afirma que a erosão acelerada causada pela água pode ser de dois tipos: laminar e linear (sulcos, ravinas e voçorocas).

A erosão laminar, em lençol (GUERRA 1999), superficial (BIGARELLA &

MAZUCHOWSKI 1985) ou lavagem superficial, é a uniforme remoção de uma delgada camada superior de todo o terreno. Ao colidirem com a superfície do solo desnudo, as gotas de chuva rompem os agregados, reduzindo-os a partículas menores, passíveis de serem arrastadas pela força das enxurradas. Este tipo de desgaste é constatado em certos terrenos, mesmo quando possuem inclinações pequenas.

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O termo laminar adotado neste trabalho refere-se, portanto, à erosão provocada pelo escoamento superficial difuso, que não provoca incisões significativas no solo na escala de uma vertente.

Segundo Fendrich et al. (1997), a erosão laminar é uma forma de erosão bastante difícil de ser observada, permanecendo, às vezes, por muitos anos à vista sem que se perceba sua atuação. Sua ocorrência pode ser constatada pelo decréscimo de produção das culturas e também pelo aparecimento de raízes, ou mesmo marcas no caule das plantas onde o solo tenha sido arrastado.

Neste mesmo sentido, Bigarella & Mazuchowski (1985), comenta que na erosão laminar, ocorre à remoção progressiva e sucessiva de películas do solo, afetando principalmente as partículas mais finas. Os microrelevos da superfície do solo sofrendo a ação do escoamento, originam turbulências que causam o ataque lateral das microformas. No conjunto da superfície, verifica-se uma erosão lateral, altamente danosa, uma vez que é difícil de ser detectada em tempo.

A FAO (1967), assinala que os resultados da erosão laminar se percebem freqüentemente como solos expostos lavados de cor clara nas encostas das vertentes do terreno.

Bigarella (2003), comenta que num relevo pouco acentuado, sob condições pedológicas particulares (horizonte impermeável a poucos centímetros da superfície), a fase terminal da erosão laminar caracteriza-se por uma lâmina de água escorrendo em direção às pequenas depressões e aos talvegues pouco pronunciados. Sendo o solo impermeável, não há infiltração; a água remove a camada superior e o lençol flui limitado por duas microribanceiras de poucos centímetros de altura.

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Nessas condições, o atrito dos filetes de água sobre as paredes laterais rugosas do leito origina movimentos turbilhonares de ação erosiva, com formação de micromarmitas e festonamento das microribanceiras. Segue-se a erosão lateral por solapamento.

Diferentemente da erosão em lençol, a erosão acelerada é caracterizada por uma velocidade de remoção de material tão rápida que não permite o desenvolvimento de vegetação. Constitui um processo acelerado de formação de um vale, onde o escoamento era difuso ou em lençol. O processo de erosão acelerada está ligado a um desequilíbrio entre a quantidade de água que se escoa na superfície da encosta, o tipo de escoamento, a forma da encosta e a erodibilidade do material (FIORI & SOARES 1976).

A erosão linear desenvolve-se principalmente em função do tipo de escoamento superficial ao longo das vertentes, sendo o escoamento concentrado, a principal causa. Também conhecida como erosão em sulcos 1, de acordo com Bertoni &

Lombardi Neto (1990), resulta de pequenas irregularidades na declividade do terreno que faz com que a enxurrada, concentrando-se em alguns pontos do terreno, atinja volume e velocidade suficientes para formar riscos mais ou menos profundos.

Segundo FAO (1967), não existe limite definido que assinale o final da erosão laminar e o começo da erosão em sulcos. As mesmas se formam no momento em que se inicia o fluxo superficial e podem ser de um tamanho minúsculo ou de um tamanho que permita ser observada facilmente. O número de sulcos que se forma em uma determinada superfície pode variar amplamente, dependendo esta variação, da irregularidade da superfície do terreno, da quantidade e da velocidade do escoamento.

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De acordo com Bigarella & Mazuchowski (1985), a erosão em sulcos sucede à laminar, podendo igualmente originar-se de precipitações muito intensas. Pode ser considerada como uma forma transitória ou instável, facilmente eliminável no preparo do solo. Porém, se não controlada, os sulcos podem aprofundar-se, dando origem a uma ravina, já tornando-se difícil de ser controlada por operações simples de preparo do solo.

Neste particular, os autores afirmam que a erosão em sulcos e ravinas deixa traços acentuados de sua ação. Os sulcos são abertos pelos pequenos filetes que se encaixam na superfície, pela remoção de detritos ao longo do seu fluxo, na maior inclinação da vertente. O escoamento deixa de ser laminar e uniforme, concentrando-se em filetes líquidos, onde a velocidade da água causa ação erosiva, cada vez mais intensa, tanto para a jusante como para montante, iniciando uma dissecação vertical embrionária.

Guerra (1999), explica que com a evolução do escoamento superficial, há formação de microrravinas (micro-rills). Boa parte da água que escoa em superfície está concentrada em canais bem definidos, embora ainda pequenos. O aumento da rugosidade no fundo dos pequenos canais causa uma turbulência bem localizada, aumentando a erosão, podendo começar a surgir algumas pequenas cabeceiras nas ravinas (headcuts) que estão se formando na encosta.

As microrravinas com cabeceiras (headcuts) ocorrem quando as poças e as cabeceiras começam a se formar dentro da microrravina. Essas cabeceiras tendem a coincidir com um segundo pico na produção de sedimentos, resultantes da erosão ocorrida dentro das ravinas. Isso demonstra que, nesse estágio de evolução das ravinas, o processo está alcançando um nível de equilíbrio dinâmico, ou seja, ocorre uma zona de sedimentos, abaixo das cabeceiras, indicando que a taxa de produção

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de sedimentos, a partir do recuo das cabeceiras, excede capacidade de transporte do fluxo da água (GUERRA, 1999).

Nesse processo, devem ainda ser considerados mecanismos de erosão que envolve movimentos de massa, representados pelos pequenos deslizamentos que provocam o alargamento da feição erosiva e também seu avanço remontante.

Ravinas originalmente têm uma forma em “V”, retilínea, alongada e estreita, com poucas ramificações, quando situada e desenvolvida dentro de um material de resistência homogênea, não chegando a atingir o lençol freático. A ocorrência da formaem “U” é devido ao encontro de horizontes inferiores mais resistentes, com paredes abruptas e, a partir de um determinado ponto, a ravina se encaixa nas rochas adjacentes, constituindo-se na forma máxima de erosão do solo, que são as voçorocas (BIGARELLA & MAZUCHOWSKI 1985; CANIL et al. 1995, apud RIBEIRO

2001).

Finalmente, por sua grande complexidade quanto aos fenômenos envolvidos em sua gênese e evolução, têm-se as voçorocas. Conforme Salomão (1994) com a formação e aprofundamento das ravinas, interceptando o lençol freático, pode-se observar uma somatória de processos erosivos pela ação concomitante das águas superficiais e subsuperficiais, fazendo com que o ravinamento atinja grandes dimensões. A esse estágio do fenômeno erosivo, dá-se o nome de boçoroca ou voçoroca, deferindo, portanto, do que se convencionou chamar de ravina.

De acordo com Salomão (1994), embora, em sentido amplo, considere-se as voçorocas como ravinas, na realidade esses dois termos devem ser diferenciados, pois cada um apresenta as suas características próprias. Apenas no início da formação de uma voçoroca haverá dificuldade para separar essas duas formas de erosão.

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Enquanto o ravinamento se processa em função apenas da erosão superficial, com a linha de água apresentando grandes declives, canal profundo, estreito e longo, as voçorocas formam-se tanto devido à erosão superficial como à erosão subterrânea, com tendência a alargar-se e aprofundar-se, até atingir o seu equilíbrio dinâmico.

De acordo com Bertoni & Lombardi Neto (1990), a voçoroca é a forma espetacular da erosão, ocasionada por grandes concentrações de água que passam, ano após ano, no mesmo sulco, que se vai ampliando, pelo deslocamento de grandes massas de solo, formando grandes cavidades em extensões e em profundidade.

A FAO (1967) afirma que a intensidade e amplitude da formação de voçorocas guardam uma íntima relação com a quantidade de água do escoamento e a velocidade da mesma. A sua formação depende da existência de água em quantidades relativamente grandes para desenvolver a energia necessária para desprender o solo e transportá-lo. A origem e evolução das voçorocas podem se dar de maneira natural, mas também estão ligadas a estradas mal localizadas ou mal conservadas, ou ainda, arruamentos que conduzem grandes volumes de águas pluviais, ou então de “trilhos” de animais, principalmente de gado bovino, que passa continuamente em determinadas rotas.

De acordo com Bigarella & Mazuchowski (1985), elas podem originar-se também nas margens de cursos d’água naturais profundamente entalhados pela erosão. Propagam-se pelas vertentes, sendo mais escavadas a montante onde atingem, não raro, 15, 20 ou mais metros de profundidade.

As voçorocas representam um estágio mais avançado e complexo de erosão, originada de um desequilíbrio hidrológico provocado pela retirada da vegetação, uso

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e ocupação dos solos, produtos combinados de ação das águas do escoamento superficial e subterrâneo, que alcançam o lençol freático ou o nível de água de subsuperfície.

A interceptação do lençol freático pela erosão causa o aparecimento de minação de água no seu fundo, onde são desenvolvidos os processos ou fenômenos conhecidos como “piping4”, conhecido como entubamento, criando vazios no interior do solo, o que vem a causar o solapamento da base das paredes da voçoroca (BIGARELLA & MAZUCHOWSKI, 1985; DAEE/IPT, 1989 apud

RIBEIRO, 2001).

De acordo com Salomão (1999), o fenômeno de piping provoca a remoção de partículas do interior do solo formando canais que evoluem em sentido contrário ao do fluxo de água, podendo dar origem a colapsos do terreno com desabamentos que alargam a voçoroca, ou criam novos ramos.

Nessa interface, os movimentos de massa merecem destaque, pois são os mecanismos que atuam no desenvolvimento do processo erosivo. Dentre eles, estão os rastejamentos, escorregamentos, deslizamentos, desmoronamentos, solapamentos e as subsidências e colapsos, ambos associados à evolução e a modelagem das feições erosivas.

Os movimentos de massa são reconhecidos como os mais importantes processos geomórficos que modelam a superfície terrestre e constituem-se no deslocamento de material (solo e rocha) vertente abaixo sob influência da gravidade, sendo desencadeados pela interferência direta de outros meios ou agentes independentes como a água, gelo ou ar. (BIGARELLA, 2003).

Como afirma Bigarella (2003), um talude é estável quando a ação da gravidade é equilibrada pela resistência do solo ao cisalhamento. Quando o equilíbrio é rompido ocorre o

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movimento, que pode ser provocado por uma causa externa (escavações ou cortes no sopé do talude), ou sem causa externa, tanto pelo aumento temporário da pressão intersticial, como por deterioração progressiva da resistência do solo. Parece, igualmente, que os movimentos de massa são precedidos por extensa erosão subterrânea iniciada pela formação de “olhos de água” no sopé do talude tubular (piping), que provoca o movimento e a liquefação do material.

De acordo com Oliveira (1999), vários são os movimentos de massa que podem ser verificados no interior das erosões lineares e, principalmente, nas voçorocas.

Praticamente toda a gama de transporte em massa auxilia o desenvolvimento dessas incisões, desde os mais lentos aos mais rápidos e desde os mais sólidos aos mais fluidos.

O autor afirma que, nas voçorocas, esses movimentos dependem basicamente da resistência dos materiais e estes, estão relacionados a fatores que levam à diminuição da resistência ao cisalhamento.

Esses fatores podem ser organizados de acordo com a sua contribuição, seja para aumentar as tensões cisalhantes, seja para diminuir a resistência ao cisalha mento. Os fatores que aumentam as tensões cisalhantes em encostas e paredes de voçorocas são: remoção de suporte lateral, sobrecarga, solapamento, pressão lateral e tensões transitórias relacionadas a vibrações de diversas origens. Os fatores que podem diminuir a resistência ao cisalhamento dos materiais são: composição e textura, reações físico-químicas, efeitos da água matricial, alterações da estrutura e remoção da vegetação. (OLIVEIRA 1999).

Oliveira (1999), afirma que os movimentos de massa constituem uma enorme variedade de feições erosivas. As mais comuns estão associadas à extensão para montante ou ao alargamento das incisões erosivas. Em geral, a sua ocorrência pode ser facilmente identificada pelos resíduos deixados imediatamente abaixo das

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bordas da incisão. Diferentemente dos processos de movimento de massa, o processo de subsidência, de acordo com Infanti Jr. & Fornasari Filho (1998), consiste na deformação ou deslocamento de direção essencialmente vertical descendente, manifestando-se por afundamentos de terrenos.

Pode ser provocada por solos colapsíveis, também conhecidos como subsidentes, que possuem uma estrutura porosa e instável quando saturados. Os fenômenos de “piping” também auxiliam em subsidências no terreno, já que são formados verdadeiros tubos por onde exfiltra a água deixando suspensas determinadas parcelas de solo. A força da gravidade compromete-se em fazer tais parcelas sofrerem rebaixamento, caracterizando o processo de subsidência.

Os colapsos diferem-se das subsidências no que se refere à velocidade do movimento, ou seja, o colapso corresponde a um movimento brusco de terreno e a subsidência, um movimento mais lento de afundamento da superfície.

3.6 - Fatores Atuantes no Desenvolvimento dos Processos Erosivos

A erosão resulta da combinação de fatores que são dependentes e estão interligados entre si, apresentando grande variabilidade espacial e temporal. Dentre os principais fatores que influenciam no processo erosivo destacam-se a chuva, o solo, a topografia, a cobertura vegetal e a ação antrópica.

3.6.1 - Chuva

De acordo com Bertoni & Lombardi Neto (1990), a chuva é um dos fatores climáticos de maior importância na erosão dos solos. O volume e a velocidade da enxurrada dependem da intensidade, da duração e da freqüência da chuva. A intensidade é o fator pluviométrico mais importante na erosão. Segundo estes

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autores, quanto maior a intensidade da chuva, maior a perda por erosão. A duração de chuva é o complemento da intensidade e a combinação dos dois determina a chuva total.

Fendrich et al (1997), discorrendo sobre a formação das voçorocas, destaca que a chuva contribui com vários efeitos dinâmicos que são:

a) destacabilidade do solo já desnudo pelo impacto das gotas de chuva;

b) desagregabilidade do solo superficial pelo escoamento superficial direto,

devido à chuva efetiva;

c) desagregabilidade do subsolo e do desmonte de maciços pelo escoamento

subterrâneo, devido ao lençol freático superior;

d) capacidade transportadora da chuva sobre o solo destacado;

e) capacidade transportadora do escoamento superficial sobre o solo

desagregado;

f) capacidade de provocar o deslizamento e quedas de maciços arenosos no pé

dos taludes, devido às águas subterrâneas;

g) a parcela do escoamento superficial excedente, após a chuva haver satisfeito

a capacidade de infiltração do solo, atua intensamente no terreno durante

alguns minutos e também ao longo dos períodos de chuva;

h) a parcela do escoamento subterrâneo é menos intensiva sobre o solo, porém,

atua persistente e continuamente ao longo dos meses de seca.

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3.6.2 - Solo

Os efeitos da erosão não são iguais em todos os solos pois, dependem das suas propriedades físicas, químicas e biológicas (BERTONI & LOMBARDI NETO

1990).

Para Salomão (1999), o solo por influenciar e sofrer a ação dos processos erosivos, conferindo maior ou menor resistência, constitui o principal fator natural relacionado à erosão.

A textura, ou seja, o tamanho das partículas influi na capacidade de infiltração e de absorção da água, interferindo na maior ou menor coesão entre as partículas e, conseqüentemente na maior ou menor quantidade de material arrastado pela erosão.

Desse modo, solos arenosos são geralmente mais porosos e permitem maior infiltração da água, dificultando o escoamento superficial. Como possuem baixa proporção de partículas argilosas, que atuam como elemento de ligação, apresenta maior facilidade de remoção das mesmas. Em solos argilosos, com espaços porosos menores, a penetração da água é reduzida, entretanto, a força de coesão das partículas é maior, aumentando sua resistência à erosão (BERTONI & LOMBARDI

NETO 1990; SALOMÃO, 1999).

Assim como a textura, a estrutura do solo, ou seja, o modo como se arranjam às partículas do solo, é de grande importância na quantidade de solo arrastado pela erosão e na capacidade de infiltração e absorção da água.

Sendo assim, SALOMÃO (1999) assinala que solos com estrutura microagregada ou granular, como os Latossolos, apresentam alta porcentagem de poros e, conseqüentemente, alta permeabilidade, favorecendo a infiltração.

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Apresentam também agregação entre partículas, aumentando a resistência do solo ao arraste das mesmas pela ação das águas.

A permeabilidade é outra característica importante do solo, já que determina a maior ou menor capacidade de infiltração das águas, estando diretamente relacionada com o tamanho das partículas, volume e distribuição dos poros.

De acordo com Bertoni & Lombardi Neto (1990), apud Silva et al (2003), o conteúdo de matéria orgânica no solo é de grande importância no controle da erosão. Nos solos argilosos modifica-lhes a estrutura, melhorando as condições de arejamento e de retenção de água, o que é explicado pelas expansões e contrações alternadas que redundam de seu umedecimento e secamento sucessivos.

Nos solos arenosos, a aglutinação das partículas firmando a estrutura e diminuindo o tamanho dos poros, aumenta a capacidade de retenção de água. A matéria orgânica retém duas a três vezes o seu peso em água, o que aumenta a taxa de infiltração e diminui a possibilidade de perda de solo por erosão.

Outra característica importante do solo com relação ao comportamento erosivo

é sua espessura. Solos mais rasos permitem uma rápida saturação dos horizontes superiores, favorecendo o desenvolvimento de enxurradas.

Essas características, analisadas num conjunto, determinam a erodibilidade do solo, que é representada pela sua suscetibilidade à desagregação tanto em sulcos como em entressulcos, pelo fluxo superficial concentrado e pelo impacto da gota da chuva respectivamente. Nesta perspectiva, determinado tipo de solo pode ser mais ou menos erodível conforme o seu conjunto de características físicas, químicas e mineralógicas.

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3.6.3 - Topografia

A topografia do terreno, representada pela declividade e pelo comprimento das vertentes, exerce acentuada influência sobre a erosão. Segundo Bertoni & Lombardi

Neto (1990), o tamanho e a quantidade do material em suspensão arrastado pela

água dependem da velocidade com que ela escorre e essa velocidade é uma resultante do comprimento da vertente e do grau de declive do terreno.

Dentre os fatores topográficos, a declividade de um terreno é possivelmente o mais importante no condicionamento da gênese e da evolução dos processos erosivos. Mas, de acordo com Guerra (1995), a declividade das encostas não deveria ser levada em conta separadamente, mas sim em conjunto com as características da superfície do solo, que, igualmente afetam a remoção do solo e a quantidade de runoff.

Contudo, como aponta Silva et al (2003), o comprimento de rampa não é menos importante que o declive, pois à medida que o caminho percorrido vai aumentando, não somente as águas se tornam mais volumosas como também a velocidade de escoamento aumenta progressivamente e a maior energia resultante, se traduz em maior erosão.

Para ilustrar o exposto, pode-se citar o exemplo da experiência de Bertoni et al.

(1990), em que estimaram que um terreno com 20 metros de comprimento e 20% de declividade tem a mesma taxa de perda de terra que um terreno de 180 metros e 1% de declividade, nas mesmas condições de chuva, tipo de solo e tipo de cobertura e manejo.

Salomão (1999), cita a experiência de Bertoni (1959), em que a partir de experimentos realizados para os principais solos do estado de São Paulo, determinou-se uma equação que permitiu calcular as perdas médias de solo para os

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vários graus de declive e comprimento de rampa. A equação por ele definida é LS =

0,00984 L0,63 S1,18, onde:

LS: fator topográfico;

L: comprimento de rampa, em metros;

S: grau de declive, em porcentagem.

Em outra experiência, Bertoni (in: Bertoni & Lombardi Neto 1990), analisando os dados de perdas por erosão obtidos nas estações experimentais do Instituto

Agronômico de Campinas, com o auxílio de talhões experimentais munidos de coletores especiais, determinou o efeito nas perdas por erosão, que pode ser expresso pela seguinte equação: T = 0,145 D1,18, onde:

T: perda de solo em quilogramas/unidade de largura/unidade de comprimento;

0,145: constante de variação;

D: Grau de declive do terreno, em porcentagem;

1,18: expoente.

Outro fator importante com relação à topografia e que atua diretamente na erodibilidade dos solos, diz respeito à forma (geometria) da vertente. As vertentes sejam elas do tipo côncava, convexa ou retilínea, respondem de forma diferenciada na infiltração e escoamento da água da chuva, gerando diferenças significativas no desenvolvimento dos processos erosivos.

Referindo-se à forma das vertentes, Casseti (1995) apresenta alguns exemplos para ilustrar a influência da geometria das vertentes:

a) vertentes portadoras de comprimento reto e largura reta respondem pelo

predomínio do fluxo laminar;

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b) vertentes representadas por comprimento reto e largura curva respondem por

processos complexos (largura convexa: fluxo disperso; largura côncava: fluxo

convergente com ocorrência de escoamento concentrado);

c) vertentes de comprimento curvo e largura também curva caracterizam

processos mais complexos (ocorrência de fluxo concentrado em linhas de

drenagem de primeira ordem).

No entanto, como afirma Guerra (1995), as características relativas à declividade, comprimento e forma das vertentes atuam em conjunto entre si e com outros fatores relativos a erosividade da chuva, bem como às propriedades do solo, promovendo maior ou menor resistência à erosão.

3.6.4 - Cobertura Vegetal

De acordo com Tricart (1977), a erosão é impedida, ou pelo menos retardada, por uma cobertura vegetal herbácea densa e por uma camada de detritos vegetais, principalmente folhas mortas. A permanência desses detritos vegetais depende da produtividade da vegetação e da velocidade de sua destruição pelos agentes reduto res (microoganismos, cupins, outros insetos, vermes, etc).

A cobertura vegetal é a defesa natural de um terreno contra a erosão. De acordo com Bertoni & Lombardi Neto (1990), o efeito da vegetação pode ser assim enumerado: a) proteção contra o impacto direto das gotas de chuva; b) dispersão da água, interceptando-a e evaporando-a antes que atinja o solo; c) decomposição das raízes das plantas que aumentam a infiltração da água; d) melhoramento da estrutura do solo pela adição de matéria orgânica, aumentando assim sua capacidade de retenção de água;

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e) diminuição da velocidade de escoamento da enxurrada pelo aumento do atrito na superfície.

A densidade da cobertura vegetal tem grande importância na remoção de sedimentos, no escoamento superficial e na perda de solo. Em um solo descoberto, por exemplo, a gota atinge diretamente o solo fazendo desprender e salpicar as partículas, que são facilmente transportadas pela água. Já em um solo com cobertura vegetal, a gota é interceptada pela vegetação fazendo com que se divida em diversas gotículas, diminuindo a sua força de impacto, e conseqüentemente, a ação erosiva.

Além da vegetação servir de barreira à gota de chuva, até atingir o solo, Silva et al, (2003) assinalam que a vegetação também possui grande influência quando interpretada no sentido de aumentar a rugosidade do solo (micro-relevo), servindo de barreira no caminho das águas, evitando assim a formação de enxurradas.

Para Guerra (1995), a cobertura vegetal atua também de forma direta, na produção de matéria orgânica, que por sua vez, atua na agregação das partículas constituintes do solo. Além disso, as raízes podem ramificar-se no solo e ajudar na formação de agregados.

A vegetação, assim como os outros fatores que influenciam no processo erosivo, se analisados isoladamente, explicam pouco o contexto completo do fenômeno.

De acordo com Silva et al (2003), a análise integrada das relações que os fatores possuem entre si, fornece subsídios práticos e ideais que contribuem para a compreensão holística do processo, além de aportarem bases sólidas para melhorar a forma de manejo do solo.

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3.6.5 - Ação Antrópica

A erosão acelerada está relacionada diretamente à ocupação humana, iniciadapelo desmatamento e seguida pelo cultivo da terra, implantação de estradas, criação e expansão de vilas e cidades, sobretudo quando efetuadas de modo inadequado (GOUDIE 1995 apud GUERRA & MENDONÇA 1999).

De acordo com Fendrich (1997), as principais agressões causadas pelo homem decorrem da: a) retirada da cobertura vegetal, seguida pelas queimadas e pelas capinas; b) agricultura praticada irracionalmente com manuseio impróprio, tais como: culturas esgotantes; plantio morro abaixo, e outras; c) pastos com alta densidade de animais, proporcionando o excessivo pisoteio em determinadas direções e a formação de trilhas pela passagem dos animais na busca de água nos talvegues inferiores; d) abertura de valetas com a finalidade de dividir e separar áreas, proteger culturas e propriedades, em geral, perpendicularmente às curvas de nível; e) abertura de estradas sem o devido cuidado na execução das necessárias obras de drenagem para coletar, transportar e restituir as águas captadas e acumuladas; f) execução de loteamentos sem os cuidados anteriores e com inobservância das práticas e normas racionais de conservação do solo e de controle da erosão.

Em áreas rurais, as taxas de erosão aumentam em freqüência e magnitude, principalmente em terrenos que são deixados descobertos durante boa parte do ano, ou mesmo em áreas em que ocorre o superpastoreio, causando o excessivo aumento da densidade do solo pelo pisoteio do gado. Essas práticas tendem a aumentar de forma significativa as taxas de erosão acelerada.

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De acordo com Bigarella & Mazukowski (1985), é normalmente no preparo do solo que se inicia o processo erosivo, sendo importante considerar que durante o preparo processam-se alterações na superfície (resteva e rugosidade superficial) e no interior do solo (densidade aparente, macroporosidade, camadas compactadas, entre outras), que podem contribuir para a maior ou menor agressividade erosiva.

Estes autores destacam ainda que, a fase crítica da erosão agrícola, ocorre nos primeiros 30 dias do desenvolvimento das culturas, em virtude das plantas apresentarem baixa cobertura foliar e possuírem sistema radicular pequeno, além dela coincidir com os meses de chuvas.

3.7 - A ABORDAGEM MORFOPEDOLÓGICA

A morfopedologia pode ser definida como o produto da relação entre o substrato rochoso, os solos e o relevo. Assim examinados e em escala de mais detalhe, pode caracterizar e expressar ordens de grandeza intermediárias ou pequenas, conheci das como morfopedológicas (Castro & Salomão 2000).

De acordo com Castro & Salomão (2000), a abordagem morfopedológica vem sendo pensada, testada e aprimorada há algum tempo, onde foi significativa a releitura de um trabalho publicado por Ab’Saber (1969), adaptado a uma pesquisa sobre comportamento de compartimentos morfopedológicos face à erosão linear

(sulcos, ravinas e voçorocas) em áreas urbanas e rurais por Salomão (1994) e a pliada por Castro (1997), estes últimos na busca de um caminho para compreender quais são os indicadores diagnósticos e prognósticos do meio físico da bacia do Alto

Araguaia.

Segundo Castro & Salomão (op cit) a proposta de Ab’Saber apontava três níveis para o entendimento do meio físico. O primeiro permite o conhecimento dos

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compartimentos topográficos que revelam como se configuram as formas de relevo.

O segundo permite a apreensão e estudo específico dos testemunhos materiais dos processos que atuaram na elaboração das formas (morfogênese) no tempo

(morfocronologia) e o terceiro possibilita a dedução do comportamento atual da paisagem (no caso a cronológica), a partir dos dois anteriores e também de estudos experimentais e medidas diversas, sobretudo dos agentes intervenientes.

Essa proposta, posteriormente adaptada por Salomão (1994), quando estudou os fenômenos erosivos lineares no Platô de Bauru (SP), objetivando subsidiar medidas de controle desses processos, acrescentou e desenvolveu ainda um quarto nível, relativo à generalização cartográfica em que alguns mapas como o de restrições ao uso e ocupação dos solos pode tornar-se instrumentos básicos para as ações, sobretudo preventivas, de controle da erosão.

O mapa produzido por Salomão (1994), baseou-se na proposto de Ab’Saber

(1969).

Levando-se em consideração o aporte teórico-metodológico até então já elaborado, Castro & Salomão (2000) em um artigo, explicam de forma detalhada o roteiro metodológico para a elaboração da compartimentação morfopedológica, entendida aqui, de acordo com as afirmações dos autores como: fisionomias

(externalidade) do meio físico biótico e abiótico que revelam um tipo reconhecível e delimitável de modelado do relevo suportado por organizações/estruturas litológicas e pedológicas (internalidade), cujos atributos e funcionamentos revelam consonância histórico-evolutiva, no tempo e no espaço, e são passíveis de observações relativamente direta através de procedimentos de compartimentação do modelado em escala de semi-detalhe, bem como de representação nessas mesmas escalas, e

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nas quais o uso e ocupação são capazes de induzir mudanças de formas, materiais e processos, de modo continuado ou rápido e intenso, induzindo mudanças no seu funcionamento e conseqüentemente na sua fisionomia.

Os mesmos autores comentam ainda que os compartimentos morfopedológicos refletem uma história climática que pode ser deduzida a partir de suas formas e materiais, sobretudo inconsolidados, entendidos como testemunhos de processos geomorfopedogenéticos e podem apresentar evidências das relações com determinados tipos de flora original, mesmo que tenha sido devastada por outros usos.

Nesse sentido, Barbalho (2002) coloca que, se os compartimentos morfopedológicos forem correlacionados ao uso da terra histórico e atual e a um problema específico decorrente e relativo a um ou mais dos seus componentes físicos e suas conseqüências de modo mais abrangente, então passam a contribuir para além da explicação genético evolutivo e processual relativa à dinâmica dos componentes que os delimitam, afetados que foram pelas inter-relações temporais e espaciais específicas entre a sociedade e a natureza.

Sendo assim, a compartimentação morfopedológica pode ser a base fundamental e inicial para a identificação dos diferentes riscos ao uso e ocupação, revelando-se como instrumento para os programas de controle preventivo e corretivo de uso do solo (BARBALHO 2002; CASTRO & SALOMÃO 2000).

Segundo Barbalho (2002) o diagnóstico morfopedológico tem como objetivo delimitar unidades da paisagem e/ou compartimentos a partir dos processos complexos de morfogênese e pedogênese explicitamente relacionados entre si, que lhe conferem uma dinâmica de evolução específica. Estes processos variam em

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função da declividade, da natureza das rochas, do material superficial, do clima, da formação vegetal e do solo.

Como destacam Castro & Salomão (2000) em especial quanto aos solos, tal abordagem poderia contribuir para evitar, muitas vezes, a adoção de práticas que não levam suficientemente em conta certas especificidades, como por exemplo, a de que seus fluxos hídricos verticais e, sobretudo, laterais internos subsuperficiais e profundos estão associados às naturezas dos seus constituintes, às suas formas de organização espacial e às suas disposições, pois que seus horizontes se superpõem e/ou se justapõem lateralmente e em continuum do topo à base dos interflúvios, constituindo os chamados sistemas pedológicos.

Para corroborar a eficiência da abordagem morfopedológica, Nakashima (1999) elaborou um trabalho na região noroeste do Paraná utilizando essa abordagem produzindo o mapa de sistemas pedológicos. Da mesma forma, Barbalho (2002) elaborou a compartimentação morfopedológica da Alta Bacia do Rio Araguaia (GO) com vistas ao entendimento dos processos erosivos lineares. Ribeiro (2001) utilizou- se da mesma abordagem como subsídio ao diagnóstico e prevenção dos processos erosivos lineares da bacia hidrográfica do Alto Rio da Casa (MT). Com uma abordagem um pouco diferenciada, Silva (2000), também se utilizou da caracterização morfopedológica para explicar às implicações ecológico-ambientais da bacia do Rio Formoso-Bonito – MS.

Levando-se em consideração a abordagem morfopedológica, percebe-se que a mesma possui importância fundamental nos estudos envolvendo os fatores do meio físico. Aliando-se essa concepção ao uso da terra histórico e atual pode-se ir além da explicação genético evolutiva do problema específico estudado e entender qual a

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relação que se deu no contexto sociedade-natureza originando determinado impacto. A partir dessa idéia, é possível propor medidas que venham melhorar o uso e ocupação do meio físico, em especial dos solos e do relevo, fundamentadas em modelos mais adequados quanto às formas de uso e manejo ambiental.

3.8 – Caracterização do Cerrado

O Bioma Cerrado é uma das mais ricas savanas tropicais do planeta, provavelmente conseqüência de sua enorme antiguidade cuja origem remonta ao período Cretáceo (145 a 65 milhões de anos) tendo experimentado uma longa evolução através do período Terciário e grande especiação durante os períodos glaciais e inter-glaciais do Quartenário (OLIVEIRA FILHO E RATTER 1995).

No Brasil, o Cerrado ocupava originalmente aproximadamente 23% do seu território (mais de 2 milhões de km2), configurando o segundo maior Bioma do país

(apesar de sua crescente redução), superado apenas pela Floresta Amazônica

(Ribeiro & Walter 1998). Compreende uma extensa área contínua nos Estados de

Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará e Rondônia (Eitem 1972, Vargas & Hungria 1997 e algumas penínsulas e áreas disjuntas nos estados de Roraima, Amapá, Pará, Amazonas,

São Paulo e Paraná (Vargas & Hungria 1997), Ratter et al. 1997).Atualmente restam apenas 21,6% de sua extensão original

(http://www.biodiversityhotspots.org/org.xp/Hotspots/cerrado/).

Em Mato Grosso, a área recoberta originalmente por essa vegetação era de

38,29%, recobrindo principalmente as depressões do Alto Paraguai-Guaporé, o sul e

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o sudoeste do planalto dos Parecis e ao sul do paralelo 13º, até os limites com Mato

Grosso do Sul (MORENO e HIGA 2005).

A vegetação do cerrado é constituído de varias formações herbáceas graminosas contínuas, em geral cobertas de plantas lenhosa, cuja riqueza florística só é menor em número de espécies, que a Floresta Tropical úmida. Essa vegetação

é típica de clima tropical estacional, com a estação chuvosa entre outubro a abril e precipitação média de l.500 mm anuais. Está associada a solos com alta concentração de alumínio e pobres em nutrientes.

Trata-se de uma região tropical, com grandes amplitudes longitudinais e latitudinais, onde cerca de 70% da região está situada entre 10º e 20º de latitude Sul e entre 41º e 63º de longitude Oeste, dominada por amplos planaltos, que variam de

300 a mais de 1600 metros (AB' SABER, 1983; DIAS, 1992).

A precipitação pluviométrica nos cerrados varia de 600 a 2200 mm anuais, com

65% da área recebendo entre 1200 e 1800 mm, com distribuição estacional de chuvas, apresentando de 5 a 6 meses de seca durante o inverno (DIAS, 1992).

Neste bioma, existe uma predominância de solos do tipo latossolos, tanto em áreas sedimentares quanto em terrenos cristalinos, ocorrendo ainda solos concrecionários e Neossolos Quatzarênicos em grandes extensões de cerrado em

Mato Grosso (AB'SABER 1983; RIBEIRO 1998).

Apresenta, em decorrência dessa variabilidade de ambientes, formações vegetacionais que vão desde as fisionomias florestais (Mata de Galeria, Mata Ciliar e

Cerradão), às savânicas (Cerrado, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e campestres (Campo Sujo, Campo Rupestre e Campo Limpo) e seus subtipos

(RIBEIRO 1998).

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O Bioma Cerrado é uma das regiões de maior diversidade do planeta, pois, das 10.000 espécies de plantas, 4.400 são endêmicas, o que significa metade das plantas do Brasil; abriga também 837 espécies de aves, 161 espécies de mamíferos,

120 espécies de répteis e 150 de anfíbios, sendo considerado um verdadeiro berço natural de vida. Devido a essa excepcional riqueza biológica, o Cerrado, ao lado da

Mata Atlântica, é considerado como um dos hotpots (pontos quentes em megadiversidade) mundiais, isto é, um dos biomas mais ricos e mais ameaçados do planeta (MMA, 2000).

3.9 – Ocupação e Impactos Ambientais no Cerrado

Em Mato Grosso, a partir dos anos 70, ocorreu um avanço ocupacional significativo, caracterizado pela presença de projetos de colonização, dessa forma, grandes empresas agropecuárias e forte urbanização, desencadearam um intenso processo de desmatamento e queimadas que, em poucos anos, alterou significativamente o Cerrado.

A prática do desmatamento no Cerrado pode ser facilmente identificada e mensurada por meio das imagens orbitais, como as obtidas pelo satélite LANDSAT ou

SPOT. As queimadas são mais facilmente localizadas pelo satélite NOAA. Dessa maneira com a utilização do sensoriamento remoto foi possível identificar, em Mato

Grosso mais de 16.000 focos de incêndio somente no mês de agosto de 2007.

Segundo Moreno e Higa (2005), estima-se que a taxa anual de desmatamento em Mato Grosso, esteja em torno de 1% de sua superfície, ou seja, por volta de 800 mil hectares ao ano, dos quais 600 mil hectares estão em áreas de cerrado.

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O uso das áreas do Cerrado para a monocultura de grãos e formação de pastagens cultivadas tem sido viabilizado pela correção do solo e uso de técnicas modernas. Todas essas atividades provocam alterações e descaracteriza o Cerrado.

Por outro lado, propicia grande produção de alimentos além de contribuir com o PIB

O processo ocupacional vem apresentando os seguintes impactos nos cerrados: erosão e perda do solo, compactação do solo, assoreamento dos rios, contaminação das águas pelo uso excessivo de agrotóxicos, proliferação de insetos que causam prejuízos à atividade agrícola ou que afetam a saúde do homem.

Geograficamente, a região dos Cerrados engloba os planaltos com as nascentes de três grandes bacias hidrográficas sul-americanas: amazônica, platina e franciscana. São freqüentes as áreas de encontro físico entre as bacias, conhecidas como "águas emendadas", que funcionam como importante corredor ecológico entre elas (DIAS, 1992).

Os Cerrados se transformaram, nas últimas décadas, na nova fronteira agrícola do País, a ponto de ser hoje uma das maiores regiões produtoras de grãos do Brasil e ser conhecida como a última fronteira agrícola do mundo, porém à custa de uma ocupação sem planejamento adequado, uma vez que os cerrados são vistos, pelos olhos dos planejadores, financiadores e agricultores apenas como um "chão a ser ocupado", nos dizeres de (DIAS, 1992).

Além dessa expansão da fronteira agropecuária, outros fenômenos ameaçam a integridade dos ecossistemas dos cerrados, como a construção de grandes barragens e estradas, mineração, uso indiscriminado de agrotóxicos e a expansão urbana (DIAS, 1992; MMA, 2000).

Os dados demográficos demonstram uma duplicação da população na região central do Cerrado nos últimos 26 anos, com queda brusca de crescimento nos

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últimos 05 anos. Em 1996, a taxa de crescimento populacional foi superior à registrada para o Brasil no mesmo período, de 1,38%. A urbanização aumentou fortemente, acompanhando o ritmo do país. A população rural do Cerrado corresponde a 20% da brasileira, apresentando significativos índices de deslocamento no sentido rural-urbano, devido à migração e ao êxodo rural (MMA,

2000).

No cerrado, a economia é fortemente apoiada na produção de grãos. Até 1990, a atividade cresceu 62% em 09 anos, principalmente devido à abertura de novas fronteiras. Entretanto, a atividade vem experimentando uma diminuição nos últimos anos, com menor ritmo na expansão territorial, devido à introdução de novas variedades e práticas de cultivo mais modernas (MMA, 2000).

A fragmentação de habitats é uma das principais conseqüências da interferência do homem sobre as formações nativas no cerrado. A conversão de áreas de vegetação natural em lavouras e pastagens, observada em toda a distribuição original do bioma, tem sido acentuada nas últimas décadas (MMA, 2000).

Os solos nos cerrados refletem um equilíbrio frágil entre o relevo, o clima e a vegetação, predominando os tipos: Latossolos Vermelho-escuros, os Latossolos

Vermelho-amarelos, os Latossolos Amarelos e os Neossolos Quartzarênicos, representando mais de 65% dos tipos de solos da região, abrangendo cerca de 132 milhões de hectares (Pinto e Barros, 1992).

Entretanto, a maior parte desses solos é profundo e bem drenado e assentado sobre sedimentos do período Terciário, que formam as superfícies de pediplanos característicos dos planaltos que cobrem 70% da região dos cerrados. Funcionam essas superfícies sedimentares como gigantescas esponjas que retêm temporariamente as águas das chuvas que se infiltram nos solos, liberando-as

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lentamente durante os meses secos para as nascentes dos riachos e veredas, sendo essa a razão da perenidade dos rios e árvores durante a longa estação seca, que pode durar de 03 a 07 meses (DIAS, 1992).

Os solos que suportam a forma fisionômica mais comum da região do Planalto

Central Brasileiro, o cerrado stricto sensu, são invariavelmente Latossolos ou Areias

Quartzosas, ambos igualmente distróficos. A auto-sustentação dessas vegetações na natureza ocorre devido a uma ciclagem eficiente dos nutrientes essenciais, cujo reservatório é a biomassa vegetal (HARIDASAN,1992).

Segundo Haridasan (1992), quando da utilização do Cerrados, um dos aspectos que merece cuidado especial é o aproveitamento das áreas de Areia

Quartzosa, que representam cerca de mais de 30 milhões de hectares, pois a vegetação nativa nessas áreas está sendo destruída, sem estudos mais apurados, o que pode ocasionar a formação de um grande deserto no planalto central brasileiro, caso não sejam desenvolvidas estratégias eficazes de proteção e aproveitamento racional desse tipo de solo.

As queimadas são corriqueiras e até de ocorrência natural na região dos

Cerrados, empregadas com várias finalidades, entre elas, como instrumento de manejo de pastagens, para antecipar a brotação. Acarretam a modificação da cobertura florística, diminuem a proporção ocupada pelos estratos arbustivos e arbóreos, ocorrendo com freqüência a degradação das pastagens, com a substituição de espécies desejáveis por espécies indesejáveis e até mesmo o aparecimento de manchas de solo nu, o que acelera enormemente a erosão dos solos (FILGUEIRAS E WECHSLER 1992)

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Os processos erosivos estão sendo intensificados na região do Cerrado, pela acelerada utilização do trinômio ecológico, constituído pela vegetação, pelo solo e pela água.

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4.1 - Caracterização Geral da Área de Estudo

Nesse capítulo remete às abordagens históricos-físicos de levantamentos bibliográficos existentes de diferentes citações e pesquisas publicadas correspondente a delimitação do município de Reserva de Cabaçal - MT.

4.1.1 – Aspectos Históricos da Área Estudada

O município de Reserva do Cabaçal recebeu esta denominação em virtude da presença do rio que delimita o município em sua totalidade, onde habitavam os

índios Bororos, nomeados de Cabaçais pelos portugueses que exploravam a região.

A ocupação pelos povos indígenas na região é atestada pelo encontro de material lítico, trabalhado, como exemplo: instrumento de pedra polida e cerâmica em vários locais do município.

Testemunho dessa ocupação, além das peças arqueológicas citadas anteriormente, foi encomendada recentemente pelo Poder Público Municipal a construção de uma oca a alguns índios bororos, servindo como um ponto de atração turística, mas que inegavelmente atesta o passado de ocupação indígena da região.

Têm-se registros que em 1789 atividades de mineração na região do rio

Cabaçal, as quais foram incentivadas pelo governador da Capitania de Mato Grosso,

João Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, (SILVA et al., 1991).

As afirmações contidas em Castro e Galeti (1994) são pertinentes nesse contexto posto que segundo os autores, o processo de ocupação do território mato- grossense se deu em íntima conexão com os indígenas, através da apropriação de

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informações vitais sobre os recursos da região, sua utilidade e formas de aproveitamento.

A partir da navegação após a Guerra do Paraguai, os produtos extrativos dentre eles a poaia, cuja exploração teve início em 1830, de forma bastante reduzida, passam a receber atenção mais detida das elites políticas nacionais e estrangeiras

(CASTRO e GALETI 1994).

No final do século XIX, as indústrias farmacêuticas européias tinham interesse na compra da poaia, cuja raiz era por Ipeca ou Ipecacuanha (Cephaeles ipecacuanha). As qualidades medicinais dessa raiz eram conhecidas entre os índios da América do Sul que a utilizavam na cura de muitas doenças (SIQUEIRA, 2002).

A extinção de outras espécies vegetais encontradas em diferentes regiões do país, como Bahia, Espírito Santo, Pará e Amazonas, fez com que no início do século

XIX, a poaia mato-grossense se tornasse procurada, garantindo ao Mato Grosso, primazia em sua exportação (CASTRO e GALETI, 1994).

No Brasil a planta era nativa, tendo como agentes dispersores os pássaros, que ingeriam as bagas carnosas, defecando suas sementes, fazendo a proliferação das chamadas “matas de poaia”. A raiz do pequeno arbusto é rica em emetina, substância que compõe os ingredientes de diversos medicamentos utilizados para doenças como coqueluche, bronquite e disenterias (SIQUEIRA 2002).

Em Mato Grosso, a poaia era nativa entre as bacias hidrográficas dos rios

Paraguai e do rio Guaporé, donde se destacou a região de Cáceres (município do qual se originou a Reserva do Cabaçal), , Tangará da Serra, Vila

Bela de Santíssima Trindade e até mesmo Cuiabá (SIQUEIRA 2002).

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Toda a valorização da poaia não veio desacompanhada de grande devastação nessas “matas de Poaia” do alto Paraguai e Sepotuba, iniciada há longo tempo como os incêndios provocados pelos poaieros, que deram fim às “majestosas florestas compreendidas entre o Sepotuba e Cabaçal e entre este e o Jauru, chegando a ser chamada de “capital quase morto” por Pitaluga citado por Castro e

Galleti, (1994), comprometendo toda a grande diversidade da qual dependia esse vegetal.

A criação do município de Reserva do Cabaçal ocorreu em 1986, desmembrado do Município de Rio Branco. Atualmente é conhecido pelo seu alto potencial turístico devido à presença de inúmeras cachoeiras, chamada cidades das águas, mas ao mesmo tempo possui grandes problemas de erosão e voçorocamento ao longo de suas estradas e principais sub-bacias hidrográficas.

4.1.2 - Aspectos Geológicos

Geologicamente a região é dominada por área rochosa, as quais são representadas por uma seqüência de unidades litoestratigráficas que evidenciam diferentes fases deposicionais, pertencentes ao Complexo Xingu – (Pré-Cambriano

Inferior ao Médio); Grupo Aguapeí (Formações Fortuna, Vale da Promissão e Morro

Cristalino – Pré-Cambriano Superior); Suíte Intrusiva Rio Branco (Pré-Cambriano

Superior, Suíte Intrusiva do Guapé – Pré-Cambriano Superior); Grupo Parecis

(Formações Salto das Nuvens e Utiariti – Cretáceo Superior), Coberturas Detrito

Lateríticas do Terciário e Aluviões Recentes Barros et al., (1982); CAMPOS et al.,(

1986) e BITTENCOURT ROSA et al., 2002).

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4.1.3 - O Complexo Xingu

Registrado por Bittencourt Rosa et al. (2002) citados nos trabalhos do Projeto

RADAMBRASIL, que compoem o embasamento sobre o qual depositaram sobre as unidades litoestratigráficas situadas no arcabouço geológico da região. Denominada na região de rochas intrusivas básicas, ultrabásicas e ácidas.

É constituído por granitos, granodioritos, migmatitos, gnaisses, granulitos, anfibolitos, quartzitos e xistos.

4.1.4 - O Grupo Aguapeí

De acordo com Barros et al. (1982) o grupo Aguapeí corresponde a uma seqüência metassedimentar. Esses sedimentos originado pelo Grupo Aguapeí estratigraficamente está sobrepostos às rochas do Complexo Xingu, e estão separadas pelas rochas que constituem a Suíte Intrusiva Rio Branco.

A Formação Fortuna corresponde à unidade distal do Grupo Aguapeí, constituída predominantemente por metarenitos ortoquartzíticos com intercalação lenticular ou difusa de metaconglomerado oligomítico, litificado e às vezes friáveis.

Os metarenitos possuem cores: roxa, vermelha, rosa, branca e creme, granulação média e grossa, cujos grãos de quartzo são sub-arredondados com esfericidade média.

A Formação Vale da Promissão é formada essencialmente por uma seqüência predominantemente pelítica, constituída por metassiltitos, filitos, ardósias e secundariamente intercalações de psamitos finos. Os metassiltitos e as ardósias possuem cores roxa, vermelha, cinza e verde, normalmente apresentam estratificação plano-paralelo, em lâminas ou camadas de espessuras milimétricas a decimétricas. Essas rochas muitas vezes apresentam-se bastante micácias e

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possuem granulometria fina, cor creme, rosa e vermelha, constituídas por quartzo e feldspatos caulinizados.

A Formação Morro Cristalino situa-se em relevo de morros alongados e platôs com vertentes suaves e abruptas. É formada por metarenitos de cores rósea, branca, bordô e cinza, granulação de média à grossa e de fina à média, com níveis conglomeráticos e freqüentes intercalações de metaconglomerados e finos leitos de metassiltitos bordô. Além dessas características, os metarenitos mostram-se friáveis e litificados, com estratificações planas, paralelas e cruzadas tipo tangencial de pequeno a médio porte.

Os metaconglomerados que ocorrem intercalados nessa seqüência metassedimentar possuem cor rósea, são litificadas e apresentam-se micácis e caulínicos. Os seixos são formados de grão de quartzo sub-arredondados e com diâmetros de até 2 cm.

4.1.5 - Grupo Rio Branco

Barros et al. (1982) reconheceram como Grupo Rio Branco, a Suíte Intrusiva, Rio

Branco compreendida num conjunto de rochas plutovulcânicas (diabásios e gabros) e ácidas (riodacitos, granitos pórfiros, andesitos e dacitos). Mais tarde reconhecida por Campos et al. (1986) essa Suíte Intrusiva Rio Branco foi assim denominada, em função das investigações iniciais interpretados por BARROS (1982).

Nas partes mais altas e platôs da Serra do Roncador estão às rochas ácidas e nas bordas e em terrenos suavemente ondulados aparecem solos avermelhados argilosos, produto de alterações das rochas básicas.

As rochas intrusivas graníticas da Suíte Intrusiva do Guapé também foram descritas por Barros et al. (1982) e ocorrem na região intrudida nas rochas do

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Complexo Xingu, estão localizadas nas proximidades e a noroeste de Reserva do

Cabaçal. Esses corpos intrusivos ocorrem sob forma de lageados e matacões arredondados, originando, às vezes, relevo colinoso quando os afloramentos são bastante pronunciados.

4.1.6 - Grupo Parecis

De acordo com Oliveira (1982) apud Barros et al., (1982), reconheceram e confirmaram a presença da existência de dois pacotes sedimentares distintos da base para o topo: formações Salto das Nuvens e Utiariti.

A Formação Salto das Nuvens constitui a base do Grupo do Parecis e, litologicamente, compõe-se de conglomerados petromíticos, matriz arcoseana, intercalados com arcóseos, argilitos e trapes basálticos em sua seção basal. Na seção média e topo, apresenta-se constituída por conglomerados petromíticos, arcóseos, arenitos feldspáticos com estratificação cruzada.

A Formação Utiariti ocupa a parte mais elevada do Planalto dos Parecis, formando grandes extensões de areais. Repousa sobre as rochas do Complexo

Xingu e sobre as rochas do Grupo Aguapeí e se assenta em discordância angular e erosiva sobre metarenitos das formações Fortuna e Morro Cristalino e sobre os metapelitos da Formação Vale da Promissão.

Litologicamente, este pacote sedimentar é constituído, em quase sua totalidade, por sedimentos arenosos, em cores variadas nas matizes, branca, amarela, roxa e avermelhada, depositados em bancos maciços e espessos localmente com estratificações cruzadas de pequeno porte.

Devido à falta de matriz de materiais cimentantes, o poder de desagregação destas rochas é muito grande, razão pela qual formam espessos solos arenosos e

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profundos, que muito caracterizam os Chapadões do Planalto dos Parecis. Outras vezes eles se apresentam bastante endurecidos e compactados por silicificação diagenética ou zonas de falhas, assumindo aspectos de quartzitos com fraturas conchoidais.

4.1.7 - As Coberturas Detrito Lateríticas.

Partes da área da bacia do rio Cabaçal estão constituídas por crostas de óxido de ferro de cor avermelhada escura, as quais ocorrem maciçamente, ou em oólitos e psólitos, por vezes irregulares. As formas maciças são caracterizadas por níveis de crostas regulares de espessura de alguns centímetros (0,5 a 5 cm). As oóliticas e psolíticas correspondem a nódulos de segregação de óxido de ferro, e as formas irregulares constituem níveis de crostas irregulares. Em alguns pontos podem ser encontrados grãos quartzosos dispersos na crosta laterítica.

Nas margens e nos leitos do rio Cabaçal e do córrego Dracena observa-se a presença de aluviões recentes, localizados na margem esquerda do córrego

Dracena, que se formaram sob influências periódicas das cheias. São produtos do transporte de sedimentos por intervenção das correntes de água, formando camadas sucessivas em diferentes horizontes com depósitos constituídos, na maioria das vezes, de areias, argilas, carbonatos, quartzo, opala, sesquióxidos, concreções ferruginosas, basaltos e diabásios, entre outros. A espessura pode variar de 70 cm a 8 metros.

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4.2 – Solos

A delimitação do município de Reserva de Cabaçal foi contemplada por estudos de interpretação das ocorrências pedológicas por Bittencourt Rosa et al. (2002),

Salomão (2003), e EMBRAPA (1995), que concluíram a existência dos seguintes tipos de solos: : Latossolos, Neossolos Litólicos, Organossolos, Argissolos e

Neossolos Quartzarênicos.

Os Latossolos são solos com horizonte B latossólico, apresentam seqüência de horizontes A-B-C, com pouca diferenciação textural entre os horizontes A e B. O horizonte B é, em geral, muito espesso, nunca inferior a 50 cm, homogêneo, com estrutura, em geral, do tipo granular, microagredada ou maciça-porosa. Não apresenta minerais primários facilmente intemperizáveis e a fração argila, com alto grau de floculação, é constituída, predominantemente, por óxidos de ferro (hematita e goetita), óxidos de alumínio (gipsita) e argilominerais do grupo 1:1 (caolinita).

Apresenta baixa relação sílica/sesquióxidos de ferro e alumínio. O horizonte C é, em geral, espesso, refletindo as características texturais e mineralógicas do material de origem (SALOMÃO e ANTUNES, 1998).

Os Latossolos tendem a ocorrer em relevos suaves, de vertentes pouco declivosas. È comum a associação dos Latossolos com os Argissolos, dispondo-se, os primeiros, nas porções menos declivosas das vertentes e, os segundos, nas porções mais declivosas. Essa tendência em se dispor em topografias suavizadas do relevo deve-se ao fato dos Latossolos desenvolverem-se, especialmente, por ação das águas de infiltração que promovem a alteração dos minerais presentes no substrato pedogenético e a remoção, por lixiviação, de substâncias solúveis

(principalmente base e sílica), deixando in situ substâncias menos solúveis

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(especialmente ferro e alumínio) na forma oxidada, condições favoráveis para a formação de argilominerais 1:1 do grupo caolinítico (SALOMÃO E ANTUNES, 1998).

Segundo Braun (1962) os Latossolos apresentam geralmente um horizonte A1 pouco desenvolvido que não ultrapassa 20 cm de espessura, via de regra com pequenos teores de matéria orgânica, com estrutura, textura e coloração que variam de um local para outro.

Os Latossolos encontrados na área objeto desta pesquisa são caracterizados quimicamente por um pH ácido que oscila em torno de 3,5 a 5,0. Os álcalis como

Ca, K e Mg não são muito representativos nestes solos. Os teores de matéria orgânica são baixos, assim como o fósforo (P205), todavia, as quantidades de

óxidos de alumínio e ferro superam os de silíca.

Predominam os Latossolos distróficos, que se estendem nas áreas aplainadas ao longo do vale do córrego Dracena.

Os Neossolos Litólicos são solos rasos, sem horizonte B, apresentam seqüência de horizontes A-C ou horizonte A em contato direto com a rocha, sendo, portanto, solos pouco evoluídos e rasos. Esses solos ocorrem com muita freqüência associados aos afloramentos de rochas. Apresentam em geral profundidade não superior a 0,50 m (SALOMÃO E ANTUNES, 1998).

Comumente são formados por teores elevados de minerais mais resistentes ao intemperismo e blocos de rochas semi-intemperizadas de diversos tamanhos na massa do solo EMBRAPA (1995). São solos de textura bastante variável, normalmente, predominando no horizonte A, a fração areia. Os perfis são rasos, muito pedregosos, geralmente, com transição nítida ou abrupta entre os horizontes.

As cores são escuras nos horizontes A e variadas no C. A estrutura predominante é a de blocos sub-angulares.

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Os Neossolos Litólicos se desenvolvem sobre as rochas profundamente intemperizadas, encontradas na área em foco, especialmente aquelas associadas a granitos, gnaisses e migmatitos.

Nas bordas das chapadas ocorrem Neossolos Litólicos associados à couraça ferruginosa (Petroplintitas). Esses solos são pouco profundos, com baixo teor de matéria orgânica.

O pH é ácido e baixo na faixa de 3,7. Pouca é a mobilidade dos óxidos de Al e

Fe, assim como é pequena a lixiviação da sílica. O teor em fósforo é baixo.

Os Organossolos são constituídos essencialmente por compostos orgânicos, originados pela progressiva acumulação de detritos vegetais, em ambiente palustre.

As condições permanentes de encharcamento retardam a decomposição bioquímica destes detritos, propiciando seu acúmulo. Apresenta superficialmente, nos primeiros

40 cm, um horizonte turfoso de cor preta, resultante da transformação dos produtos orgânicos. Pedaços de troncos e fragmentos de raízes podem ser encontrados na massa do solo (SALOMÃO e ANTUNES, 1998).

Apresentam espessuras variadas em um mesmo ambiente, sendo comum ocorrerem sobre uma camada mineral de cor cinza, de textura comumente argilosa.

São solos que ocorrem nas posições mais baixas e mal drenadas das várzeas, sujeitas a inundações, geralmente associadas a solos hidromórficos minerais – gleissolos (SALOMÃO e ANTUNES 1998).

Os Organossolos são típicos das várzeas onde a sedimentação aluvionar é recente. Eles se apresentam mal drenados, tendo como característica um horizonte

A que não ultrapassa 2 m de espessura, tal como ocorrem nas várzeas formadas pelo rio Cabaçal e pelo córrego Dracena. O pH destes solos é variável, sendo ácido

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e oscilando em torno de 5,2 a 3,7. Os álcalis Ca, Mg e Na ocorrem em valores baixos, assim como o fósforo.

Os Neossolos Quartzarênicos são solos minerais, não hidromórficos, pouco desenvolvidos, essencialmente quartzosos, com textura arenosa ao longo do perfil de pelo menos 2 m de profundidade. Ker et al. (1990) caracterizam como solos de estrutura simples, onde não existe coerência entre as unidades estruturais, devido à carência de colóides agregantes (matéria orgânica, óxidos e argila). Por essa razão, são bem susceptíveis as erosões, não sendo raro nas áreas de seu predomínio a ocorrência de ravinamentos e voçorocamentos, principalmente face às intervenções de natureza humana. Os solos Neossolos Quartzarênicos se estendem ao longo dos chapadões e nas áreas aplainadas de topo de colinas.

Nesses solos, os processos erosivos se desenvolvem com certa facilidade, cujo controle necessita de práticas altamente dispendiosas, o que associado aos fatores químicos e físicos, dificultam os trabalhos de agricultura.

As principais limitações ao uso agrícola são decorrentes da baixa fertilidade natural, da baixa capacidade de troca de cátions e baixa retenção de umidade. A utilização mais recomendada é a pecuária com plantio de gramíneas resistentes a longos períodos secos e com raízes resistentes ao pastoreio. Entretanto, para o uso de algumas culturas perenes (fruticultura e reflorestamento) necessitam ter sua viabilidade estudada.

Os Argilossolos são solos com horizonte B textural e argila de atividade baixa, conhecidos anteriormente como podzólico vermelho-amarelo, parte das terras roxas estruturadas e similares, terras brunas, podzólico amarelo, podzólico vermelho- escuro. São de profundidade variável, desde forte à imperfeitamente drenados, de cores avermelhadas ou amareladas, e mais raramente, brunadas ou acinzentadas. A

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textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre havendo aumento de argila daquele para este EMBRAPA,

(1995).

Os Argissolos apresentam caracteres distintos, onde os sedimentos dão origem a solos pobres com teores de alumínio trocáveis.

A principal característica é a presença de argila nos horizontes mais profundos, estando presentes na área de estudos na faixa de predominância da Formação Vale da Promissão.

Face ao gradiente textural, os Argissolos podem apresentar sérios riscos aos processos erosivos, em razão de diferença de infiltração da água através do perfil, ou seja, com mais rapidez no horizonte A, que é mais arenoso do que no horizonte

B, normalmente mais argiloso (KER et a., 1990).

O uso deste solo exige o conhecimento de técnicas de conservação em níveis ou faixas, terrenos com gradientes, carpas alternadas, entre outras.

4.3 - Aspectos Geomorfológicos

O município de Reserva do Cabaçal é representado pelas unidades geomorfológicas: Planalto dos Parecis, Planaltos Residuais do Alto Guaporé,

Depressão do Alto Paraguai e a Província Aguapeí - Rio Branco (RADAMBRASIL,

1982).

4.3.1 - Planalto Sedimentar dos Parecis.

A unidade geomorfológica denominada de Planalto Sedimentar dos Parecis é sustentada por rochas cristalinas, rochas vulcânicas e rochas sedimentares

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paleozóicas e mesozóicas. Essa variedade litológica e estratigráfica permite a compartimentação do planalto em duas subunidades: a mais elevada, Chapada dos

Parecis, englobando principalmente as áreas pediplanadas, amplas superfícies tabulares erosivas e interflúvios tabulares com altitude em torno de 600 m, e o

Planalto Dissecado dos Parecis que reúne porções mais erodidas e em posição altimétrica inferior, variando entre 200 m a 400 m de altitude.

4.3.2 - Os Planaltos Residuais do Alto Guaporé

Segundo Ross & Santos (1982), estão referenciados a um pediplano que fez recuar as escarpas do Planalto Dissecado dos Parecis. Conforme Ross & Santos

(1982), Kux et al. (1979) usaram essa denominação por estarem envolvendo a depressão do Guaporé.

Os Planaltos Residuais do Alto Guaporé compreendem um conjunto de relevos dobrados e falhados conhecidos como “Serra Guaporé”, apresentando a mesma direção das escarpas sul-ocidental do Planalto dos Parecis, incluindo a Serra do

Roncador, moldados em metassedimentos pré-cambrianos do Grupo Aguapeí.

4.3.3 - A Depressão do Alto Paraguai

È uma subunidade da depressão do Paraguai, correspondendo a área drenada pelo alto curso do rio Paraguai. Essa área corresponde a uma superfície de relevo pouco dissecado com pequeno caimento topográfico de norte a sul. A altitude varia de 120 a 300 m.

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4.3.4 - A Província Aguapeí – Rio Branco

É constituída pelas rochas do Grupo Aguapeí, com domínio de relevo montanhoso com cristas e relevos tabulares conservados, cujas cotas altimétricas oscilam entre 200 a 580 metros distribuídos desde os vales do rio Cabaçal e do córrego Dracena, até o vale do alto rio Bracinho, passando pelo distrito de

Roncador, e atingindo as serras do Roncador e Monte Cristo, estando claramente delimitadas por patamares estruturais. Localmente, esses cursos d’água estão encaixados numa zona de falha, cuja direção principal é N 20º W, recortados por fraturas perpendiculares ou então oblíquas ao falhamento principal, permitindo a ocorrência de leitos.

4.4 – Clima

A área estudada apresenta duas estações bem distintas: uma estação chuvosa e outra de estiagem (seca). Nesta variação sazonal são comuns seis meses chuvosos e seis meses quentes, com oscilações de extremo quente a frio seco.

A estação chuvosa tem seu início progressivo no mês de setembro indo até o mês de abril. Os meses de dezembro a março, correspondentes ao verão, estão caracterizados por um aumento acentuado nas precipitações e 80% das chuvas caem nessa temporada.

As temperaturas oscilam entre 24º a 34º C, na estação chuvosa. A pluviometria média regional é de 1.500 mm, com um máximo mensal de 140 a 300 mm, aproximadamente, e um mínimo mensal de 20 a 50 mm durante a estação seca.

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A umidade relativa do ar varia na época das grandes precipitações, podendo atingir quase 70%, enquanto na estação seca ela é de aproximadamente 50%.

A estação seca, nos mês de maio a agosto, onde as chuvas são escassas e podem cair quando existe uma queda acentuada de temperatura. A temperatura oscila entre 18° a 21°C.

4.5 – Vegetação

Segundo Amaral et al (1982), a área estudada está caracterizada fitosionomicamente por sete formações: cerrado (savana) campo cerrado (savana arbórea aberta), campo sujo (savana parque), campo limpo (savana gamino lenhosa), cerradão (savana arbórea densa), matas (destacando as matas ciliares e as de galerias) e áreas desmatadas.

Segundo Ross (1998), o cerrado tem sido definido como floresta-ecótomo- campo. O conceito de ecótomo, menos rÍgido do que as classificações fisionômicas e florísticas, refere-se ao mosaico cerrado. As transformações intermediárias que ocorrem no ecótomo floresta-campo estáo, ao longo desse ecoclíneo (cerradão- campo limpo), a biomassa arbórea e arbustiva decresce paulatinamente. Os ecótomos seriam produzidos pela ação de alguns fatores de controle do desenvolvimento da biomassa arbórea e arbustiva. Os fatores principais nesse ecoclíneo são principalmente, as condições do solo e a ação das queimadas.

A vegetação dominante é a Savana (Cerrado). Nos fundos dos vales ocorre penetração de Floresta Amazônica, que avança pela extremidade norte de chapada, em forma de mata de galeria.

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4.5.1 – Cerrado

Savana (Cerrado) é a formação vegetal predominante na área de estudo, sendo perfeitamente diferenciado das outras formações. Sua constituição está determinada regionalmente por dois andares: um arbóreo arbustivo com árvores de pequeno a médio porte com, variavelmente, 2 a 8 metros de altura, bem espaçadas e com caules recobertos por uma cascas espessas, bastante tortuosos (inclusive os galhos), com folhas grandes e pilosas, tal como a Faveira (Terramus volubilis,

Ducke).

Neste andar arbóreos arbustivos do Cerrado podem freqüentemente evidenciar as seguintes espécies: a Lixeira (Curatella americana), o Pequizeiro (Caryocar brasilienses), o Angico do Campo (Piptadenia macrocarpa), o Pau Terra (Qualea parviflora), o Ipê do Cerrado (Tabebuia ipe), o Pau Santo (Kielmeyera coriacea), a

Aroeira (Schinus terebenthifolius), a Peroba do Campo (Aspidosperma peroba), a

Umbaúba ou Embaúba (Cecropia), a Lobeira ou Fruta do Lobo (Sollanum licocarpum sp.), o Jatobá (Hymenaea courbaril) (TOCANTINS, 2007).

E o outro andar é o arbustivo herbáceo com a presença predominante das gramíneas, tais como o Capim Branco Felpudo (Andropogom neesii) e do Capim

Mimoso (Paratheria prostata), que formam uma espécie de tapete vegetal, ou então distribuídos em pequenas moitas onde se destaca o Capim Barba de Bode (Aristida pallens), que é abundante nos solos pobres e secos, e o Capim Gordura (Panicum mellinis) (TOCANTINS, 2007).

As espécies vegetais (arbóreas ou subarbustos) são também numerosas e dentre elas podemos destacar: o Murici (Byrsonima verbascifolia), a Guaviroba

(Cocos commosa, sp.), o Araticum (Anona crassiflora, Mart.), o Cajueiro do Campo

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(Anarcadium manum), a Canela de Ema (Costus speciosus), o Ruibarbo (Rheum palmatum, Max.), o Assa Peixe (Vernonia grandioflora, Less.) e o Ipê Branco

(Tabebuia Alba). (TOCANTINS, 2007).

4.5.2 - Savana Arbórea Aberta (Campo Cerrado)

A Savana Arbórea Aberta (Campo Cerrado) está caracterizado por uma vegetação xeromórfica, mas se diferencia do Cerrado, em função do espaçamento no andar arbóreo arbustivo, que é mais denso no Cerrado.

Esta denominação de Campo Cerrado é utilizada para determinar uma forma fitofisionômica intermediária entre o Cerrado e a pastagem, mesmo que ela seja também usada para o pastoreio. Regionalmente, corresponde a uma formação vegetal tipicamente de campo, onde predominam árvores pequenas, tortuosas, e na maior parte de cortéx suberoso, espesso e em sulcos, que podem atingir 5 metros de altura, associadas a uma longa cobertura graminosa-lenhosa, e que são atacadas pelo fogo todos os anos. No Campo Cerrado podem ocorrer também agrupamentos de árvores raquíticas entremeadas com arbustos baixos, subarbustos, ervas e palmeiras anãs.

4.5.3 - Savana Parque (Campo Sujo)

Esta sub-formação vegetal se assemelha um pouco, a um Campo Cerrado degradado constituído por estratos arbustivos e subarbustivos, que se superpõem a

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vegetação herbácea. Estão espalhados aleatoriamente, ocorrendo quase em meio à vegetação dos cerrados constituídos de solos mais pobres. Os seus limites são imprecisos.

Na área de estudos, ficou caracterizada como o tipo vegetal evidentemente campestre natural e antrópico, segundo os dados de Oliveira et al., (1982), constituído por árvores de pequeno e médio porte, que ocorrem associadas de maneira esparsa a uma cobertura de gramíneas, mais arbustos, subarbustos e ervas. São referidos aos solos com superfície dura, argilosos e aos cascalhos quartzosos, solos ferruginosos e areias soltas, em áreas de predominância das unidades litoestratigráficas predominantes na área de estudo.

4.5.4 - Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo Limpo)

O Campo Limpo está caracterizado na área de estudos por uma associação de cobertura verdadeiramente de gramíneas, com plantas lenhosas, pequenas, herbáceas, às vezes, com o aparecimento de subarbustos. Predominantemente, ocorrem as gramíneas isoladas ou então em tufos dispersos (estepes), ou em forma de pradarias, portanto, formando uma cobertura densa e contínua. Geralmente, a vegetação arbórea ocorre na faixa de Mata Ciliar, que acompanha os vales dos rios e córregos regionais.

Durante o período chuvoso, a cobertura graminosa é geralmente densa e alta, todavia na estação seca esta cobertura torna-se seca e é consumida pelo fogo, fenômeno este, que se repete todos os anos. Os clássicos morros pelados, que ocorrem na área, apresentam este tipo de formação vegetal.

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4.5.5 - Savana Arbórea Densa ( Cerradão)

O Cerradão corresponde a uma zona de transição entre o Cerrado e o Campo

Cerrado, estando caracterizado pela presença de um número de árvores superior ao dos arbustos. Nestas árvores, os troncos são quase que totalmente retos e as folhas podem variar de grandes a pequenas. O número de plantas espinhosas é significativo.

Na área de estudos podemos encontrar um Cerradão, onde as espécies predominantes são: a Sucupira (Bowdichia virgilioides), o Jatobá (Hymenaea stigonocarpa), a Mangueira (Mangifera indica, L), a Piúva amarela (Tabebuia serratifolia), o Vinhático (Plathymenia reticulata) e o Pequi (Caryocar brasilenses).

4.5.6 – Matas Aluviais

As matas correspondem às classes de formação vegetal de porte arbóreo, que na área de estudos, estão representadas por diversos tipos fitofisionômicos encontrados geralmente na região de predominância do Cerrado. Dentre as matas podemos destacar, regionalmente, a Mata Ciliar e Galeria.

A mata ciliar e galeria correspondem a um tipo de formação vegetal que fazem um contraste com a vegetação que predomina localmente. A principal característica é a linearidade, sempre acompanhando os vales dos rios e córregos, sendo que a mata ciliar forma um corredor de vegetação, enquanto a mata galeria além de acompanhar os rios possui as copas fechadas.

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Segundo Braun (1962), este tipo de vegetação corresponde ao resultado da elevação da taxa hídrica nos vales por efeito do acúmulo de água por gravidade, resultando daí um microclima favorável ao seu desenvolvimento.

Esta formação vegetal está relacionada com uma vegetação tipicamente arbórea herbácea graminosa, com raros arbustos e subarbustos, onde se destacam os buritis (Mauritia vinifera, Mart.), que em sua maior parte constitue renques que se destacam na paisagem, sempre acompanhando os cursos d’água, ou então, num emaranhado de árvores de todos os tamanhos, ervas, plantas trepadeiras e espinhosas.

O babaçu (Orbygnia Martiana), a jarrinha (Aristolochia esperanzae), o jacarandá

(Jacaranda mimosaefolia) e o Urucum (Bixa orellana, L.) são espécies comuns das

Matas Ciliar e Galeria encontradas na área de estudo.

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5.1 - Materiais e Procedimentos Metodológicos

5.1.1 - Fundamentação Teórico-Metodológica da Abordagem Morfopedológica

As técnicas metodológicas da abordagem proposta por Ab’Saber (1969), que recebeu uma adaptação de Salomão (1994) e Castro & Salomão (2000), e aplicada por Ribeiro (2001), conduziram excelente resultados para o entendimento dos indicadores de diagnóstico e prognóstico do meio físico simplificada pela sistematização de mapeamentos da compartimentação morfopedológica, com níveis de tratamento e modificações adaptados à realidade da área estudada.

De acordo com Gaspar (2000) em todas as etapas de trabalhos desenvolvidos caracterizou os efeitos da degradação ambiental e as propostas de mitigação.

Portanto, foi utilizada para este trabalho a semelhança produzida e testada pelo referido autor, bem como a produção dos mapeamentos como forma de subsídio para o trabalho, foi executado a partir da informação plani-altimétrico da sub-bacia estudada, por meio dos aspectos geológicos, geomorfológico e de uso ocupação da sub-bacia.

A passagem pedológica foi caracterizada estabelecendo critérios de escolha do local privilegiando em diferentes posições das vertentes , essas verificações pedológicas, foram realizadas nas áreas de relevo ao longo das vertentes a partir do topo da chapada em direção à base

A caracterização da passagem pedológica conduziu, ao entendimento do funcionamento hídrico das vertentes, em função da visibilidade das características presentes em cada compartimento morfopedológico , e feições relacionadas ao

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comportamento da água no solo, bem como os escoamentos superficial e sub- superficial das águas de chuvas e do lençol freático ao longo das vertentes. Essas interpretações conduziram ao entendimento quanto às áreas de diferentes suscetibilidades à erosão das passagens pedológicas.

Os mapeamentos tiveram tratamentos de digitalização de todos os resultados obtidos, considerando os limites de cada unidade morfopedológica e a representação cartográfica através do mapa morfopedológico identificando as áreas comuns do meio físico, que originaram a identificação dos processos erosivos.

Essas atividades tiveram início por uma composição do meio físico referente à declividade ao uso da terra, à vegetação, ao solo, ao relevo e às ocorrências erosivas, permitiu que fossem armazenados, inicialmente no programa Microstation

5.0, que serviram de base na utilização das cartas topográficas e na interpretação da imagem de satélite LANDSAT/TM e, combinações de cartas topográficas e mapas temáticos específicos sobre solos, geologia e vegetação, as tomadas fotográfica, elaboradas a partir do reconhecimento de campo, corresponderam na documentação cartográfica básica para a elaboração do produto final.

Com base nessas considerações, e, para alcançar os objetivos propostos neste trabalho, aplicou-se o roteiro metodológico simplificado para elaboração da

Compartimentação Morfopedológica, com os níveis de tratamentos e modificações adaptados a realidade da área de estudo, conforme sintetizado na (Quadro 1).

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Níveis de Tratamento Atividades Principais Proced. Principais - Estudos analíticos - Combinação de

temáticos e mapas temáticos: integrados dos geológico, solos e

atributos do meio vegetação físico com - Delimitação de reconhecimento em unidades campo. Compartimentação morfopedológicas

E T APA Morfopedológica - Planejamento e (áreas

1 º implementação de homogêneas). produção - Elaboração do fotográfica. mapa de - Identificação dos compartimentos compartimentos morfopedológicos. morfopedológicos.

- Observação visual da passagem pedológica em - Interpretação das campo. relações espaciais entre solo-relevo e Caracterização e - Identificação da comportamento do observação visual da passagem escoamento passagem pedológica a partir superficial e sub- E T APA pedológica em cada do topo das superficial.

2 º compartimento chapadas morfopedológico percorrendo - Correlação com o diferentes vertentes uso, ocupação dos até a base onde solos, manejo e encontra os suscetibilidade a terraços. erosão linear.

- Sistematização dos - Representação resultados obtidos cartográfica, em através da escala 1’:25.000. identificação da - Mapa Carta Imagem

relação entre a da área de estudo. Generalização dos caracterização da passagem - Mapa de uso e

E T APA resultados poedológica, ocupação. 3º processos erosivos - Mapa de curvas de e unidades nível. morfopedológicas. - Mapa morfopedológico.

QUADRO 1 - Roteiro Metodológico

Fonte: Adaptado por Ribeiro (2001)

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As atividades propostas conforme Quadro 1, foram reunidas em três etapas de trabalhos, cujas técnicas e procedimentos adotados serão resumidamente descritos abaixo.

5.2 – Primeira Etapa: Compartimentação Morfopedológica

De acordo com Castro & Salomão (2000), e Ribeiro (2001) considera-se compartimentos morfopedológicos, como produtos da inter-relação entre substrato geológico, relevo e solos que constituem unidades temporo-espaciais homogêneas e intrínsecas do meio físico, reconhecíveis em médias e grandes escalas.

Para a compartimentação morfopedológica, foram, inicialmente, utilizados materiais bibliográficos e cartográficos existentes em diversos níveis de informações.

Foram utilizadas cartas topográficas editadas pelo DSG (Diretoria de Serviço

Geográfico do Exército) e complementados através de interpretação de imagens de satélite TM LANDSAT-5 e finalizados em escala 1:25.000, referente a área de estudos visando uma integração dos dados fotointerpretados, análise de imagem de radar e imagem de satélite LANDSAT – 5 nas bandas 3-4-5, datada de julho de

2006, com os dados observados em campo.

Posteriormente, escaneou-se as cartas e fez-se a georreferência utilizando- se de Software ENVI 3.4 para tal procedimento. As cartas georreferenciadas foram importadas para o software Arcview 3.2, no qual pôde-se fazer a digitalização em tela do limite da bacia, bem como da rede de drenagem, das estradas, das curvas de nível, dos pontos cotados e dos outros elementos necessários para a confecção da carta base da área de estudo. Essas informações foram armazenadas em um banco de dados sendo posteriormente manipuladas e atualizadas.

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A delimitação geográfica da sub-bacia do Córrego Dracena foi feita a partir de cartas topográficas editada pelo DSG, Folha Rio Branco com nomenclatura de SD-

21-Y-D-I, na escala 1:100.000.

Foi realizado uma tomada de produção fotográfica digital, em outubro 2007, levando-se em consideração as coordenadas geográficas, nos locais onde haviam degradação ambiental e ocorrências erosivas. Para obtenção dessas fotos foram consideradas a distância focal, aproximando-se da escala natural, baseada na metodologia proposta por POLITANO, (1988).

As fotos digitais foram obtidas com a máquina Sony, com resolução de 640x480 pixels, 72 DPI e composição RGB de 24 bits. Essas fotos foram utilizadas nas informações para a caracterização ambiental da su-bacia, quanto à: vegetação, uso atual do solo, assoreamento e dos processos erosivos.

As informações geológicas, geomorfológicas, pedológicas, e vegetacionais referem-se ao nível compilatório, seguindo o método proposto por Ab’Saber (1969), foram adaptados do Projeto RADAMBRASIL (1982), folha SD-21, da escala

1:1.000.000 para escala 1:250.000, para diagnóstico das condições atuais existentes na área de estudo.

A caracterização de identificação dos diferentes compartimentos morfopedológicos foram definidos baseadas na análise visual da paisagem, ponderando-se o comportamento do escoamento das águas superficiais e a incidência de erosões lineares em relação aos fatores geológicos, geomorfológicos e pedológicos.

Essa metodologia envolveu atividades de: sobreposição de mapas que definiram critérios de distinção das características entre as diferentes formas de relevo, solos predominantes; litologias, formas de uso e ocupação e ocorrências

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erosivas partindo, primeiramente com entendimentos preliminares das diferentes

áreas suscetíveis à erosões dos compartimentos morfopedológicos. E interpretados quanto às inter-relações entre as formas de relevo, as características das passagens pedológicas e as coberturas vegetais consideradas mais significativas.

5.3 - Elaboração do Mapa Morfopedológico

O Mapa Morfopedológico, em escala de detalhe foi elaborado a partir dos seguintes procedimentos: a) Análise de dados disponíveis sobre geologia, geomorfologia e solos relativos à

área objeto; b) Delimitação sobre a carta topográfica das áreas relativamente homogênea quanto as formas de relevo, realizada com base na sobreposição do mapa morfológico existentes da área de estudo com o Mapa de Isodeclividade, complementado pela interpretação das imagens de satélite LANDSAT TM 5 e das tomadas fotográficas; c) Levantamento e observação de campo, conduzindo a um itinerário previamente escolhido do topo à base das vertentes checando-se, com o mapa, as diferentes formas de relevo encontradas. E individualizando nos limites de área, relativamente homogêneas, quanto às características visuais dos solos, remetendo-as aos substratos geológicos e condicionando-as diferentes formas de uso e ocupação do solo. d) Interpretação dos dados levantados em campo e delimitação cartográfica dos compartimentos morfopedológicos, foram elaborados a partir de combinações cartográficas consideradas como produtos que constituem unidades relativamente homogêneas sobre a caracterização do meio físico, revelando o entendimento sobre

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a passagem pedológica, relevo e solos caracterizados pela visualização quando dos levantamentos in loco.

5.4 –Segunda Etapa: Caracterização da Passagem Pedológica

As atividades desenvolvidas na segunda etapa permitiram destacar a existência de diferentes passagens pedológicas: coberturas pedológicas com diferenciação lateral e vertical, que repetem sistematicamente na paisagem (SALOMÃO, 1994).

As observações in loco, foram de fundamental importância em função do critério utilizado, que nos conduziram a partir do topo em direção à base das vertentes visitadas, documentadas e registradas quanto à forma do relevo, o escoamento superficial e sub-superficial, uso e ocupação do solo manejo e suscetibilidade à erosão linear.

Teve como procedimento principal, o percurso previamente planejado nas vias de acesso identificando as diferentes atividades presentes, utilizando-se dos caminhos, as trilhas de gado e no interior das vertentes.

Esse procedimento justifica-se, por constituírem-se de determinada distribuição espacial na vertente, apresentam compartimentos hídricos específicos, constituindo seqüências com evidentes significativos genéticos, permitindo caracterizar interflúvios elementares de mesma família, de acordo com o estado de evolução e cartografá-los de maneira sistemática (SALOMÃO, 1994).

Assim como elemento de interpretação das passagens e coberturas pedológicas, para caracterização dos solos predominantes, coletaram-se amostras de solos indeformadas, por meio de instrumentos próprios para ensaios de laboratórios de propriedades físico-químicas, tais como: matéria orgânica granulometria e outras, todas com mensurações percentuais. Isto porque,

86

consideramos como elemento de importância fundamental de análise de susceptibilidade à erosão de índices como teor de argila e matéria orgânica, em que ambos contribuem para a coesão e estabilidade dos solos frente ao trabalho das

águas das chuvas.

Os locais de amostras obedeceram o gradiente topográfico, observado na sub- bacia do córrego Dracena, sendo que a cota maior localiza-se no topo dos voçorocamentos, a de média altitude na seção intermediária entre o topo e a base e finalmente a de menor na base dos voçorocamentos.

Nas observações macroscópicas nos flancos das erosões, percebe-se que a profundidade dos perfis e suas interfaces são bem definidas, dispensando o procedimento de escavação de trincheiras.

Assim a média de profundidade de tradagem ficou entre 1,20 metros a 1,70 metros, de acordo com a espessura da cobertura pedológica, tanto para as amostras volumétricas como paras as deformadas.

5.5 – Terceira Etapa: Representações Cartográficas

Foram elaborados três produtos, representando sínteses principais dos resultados desta pesquisa: Mapa de Uso e Ocupação do Solo, Mapa

Morfopedológico e mapas de curvas de nível, todas em escala de l:25.000.

Para a elaboração do mapa de uso e ocupação do solo, procedeu-se a critérios de análise visual, utilizando-se os seguintes dados:

· Cartas topográficas DSG SD-21-YD-1, folha de Rio Branco, na escada

1:100.000.

· Imagem de Satélite LANDSAT – 5 nas bandas 3-4-5 de julho de 2006.

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Após análise dessas informações, foi possível realizar o levantamento de campo, que constou de observações da paisagem, percorrendo-se as vias de acesso existentes e buscando a definição de chaves de interpretação das imagens de satélite.

A interpretação visual das imagens permitiu a delimitação dos contornos das

áreas plantadas por culturas anuais, pastagens e vegetação nativa.

Dessa forma, o mapeamento de uso e ocupação do solo permitiu a produção de informações em nível qualitativo e quantitativo das áreas com culturas anuais, pastagens e vegetação natural, com sua respectiva legendas, tratada inicialmente no programa MICROSTATION 5.0.

Constou da compilação e definição do limite da área individualizada de cada cultura anual registrada, da extração da rede de drenagem e do sistema viário, a partir da carta topográfica do DSG e posterior digitalização destas informações em escala 1:100.000, e reproduzida pelo programa do ambiente CD-14, para receber criação de elementos gráficos com topologia, devido à imagem possuir uma base sólida nas técnicas e nos melhoramentos de processamento de imagens e edição do produto final contido no mapa morfopedológico (figura 9).

Para a finalização cartográfica do mapa Morfopedológico, foram necessárias incorporações das informações obtidas durante as etapas anteriormente descritas, utilizando-se, do programa MICROSTATION- 5.0, que permitiu o armazenamento no banco de dados das seguintes informações: delimitação da área de estudo; rede de drenagem, curvas de nível espaçadas de 40 em 40 metros; formas de uso do solo, cobertura vegetal, ocorrências erosivas, escarpas, cabeceiras de drenagens e os diferentes Compartimentos Morfopedológicos (Figura 2).

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Essas informações foram processadas nos sistemas de vetorização nos processos de conversão de dados cartográficos para o ambiente digital, do programa CAD-14, elaborados a partir do cruzamento de inúmeros outros dados, escolhendo-se as áreas relativamente homogêneas entre a litologia, relevo, solo e vegetação. Dessa forma, foi possível obter o Mapa Morfopedológico, permitindo a expressão cartográfica do produto final na escala de 1:100.00, que, após análise, permitiu a elaboração de uma legenda explicativa de seis diferentes áreas de compartimentação, para a escala de 1:25.000.

Com base nesses procedimentos, foi possível em tempo relativamente curto, um conhecimento da caracterização do meio físico e da distribuição dos processos erosivos, viabilizando a configuração do funcionamento hídrico de áreas com diferentes suscetibilidades a ravinas e voçorocas.

Cada compartimento morfopedológico foi interpretado em relação às interações com o substrato geológico, os tipos de solos, formas e feições de relevo, além da interpretação da suscetibilidades à erosão laminar e linear.

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6.1 - Resultados e Discussão

6.1.1 - Uso e Ocupação do Solo

Com base na interpretação da imagem de satélite CBERS 2 168-117, recobrimento de 04.08.2006, na escala de 1:100.000 ficou constatado a acentuada ocupação da área objeto desta pesquisa e convertida para a escala 1:25.000.

A partir de 1970, o município de Reserva do Cabaçal-MT passou a sentir os primeiro efeitos da intensa ocupação, registrando perda de vegetação e nutrientes dos solos, provocados pelo assoreamento e pelo crescimento de volume de materiais oriundos do desmatamentos, como folhas, madeiras, raízes, troncos e outros.

Ao visualizar a imagem de satélite constata-se que as atividades agrícolas ocupam praticamente a totalidade da área. E mais precisamente, nas cabeceiras de drenagens, verifica-se área considerada extremamente suscetível a ravinas e voçorocas que se encontra com a cobertura vegetal natural desmatada e com intensa ocupação agropecuária, como pode observar na figura 3.

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FIGURA 2- Imagem de Satélite

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Atualmente, dominam na região áreas de pastagens e monoculturas de mandioca, milho, arroz e outros que surgiram como uma opção para os proprietários, em decorrência de uma política de incentivo a produção, desenvolvida pelo governo do Estado.

A comunidade rural do município de Reserva do Cabaçal é caracterizada desde o seu início por pequenos produtores que sobrevivem da agricultura de subsistência, como milho, arroz feijão, café, banana, mandioca, cana-de-açúcar e algodão, bem como da pecuária de corte e de leite, suinocultura, avicultura e apicultura.

Além da ocupação agrícola, as atividades econômicas baseiam-se na exploração de aves de corte, bovinos de corte e leite, suínos, e ovinos.

Na sub-bacia hidrográfica do córrego Dracena, constatou-se que as atividades agrícolas são realizadas em áreas de Latossolos com alto teor de areia de relevo de topo aplainado, com declividade praticamente nula. E a pecuária extensiva ocupa

áreas com solos Neossolos Quartzarênicos, com alta declividade e extremamente suscetíveis à erosão, provocando sérios problemas ambientais para essa sub-bacia hidrográfica. Figura 3.

92

FIGURA 3 – Atividade da pecuária da sub-bacia do Córrego Dracena.

A economia do município está baseada na agricultura, pecuária, piscicultura e apicultura. A vegetação nativa foi retirada para formação de pastagens ou para cultivos. Observa-se que as áreas de pastagens, a cobertura vegetal foi substituída por gramíneas, arbustos e subarbustos esparsos, cujo uso principal é para pastoreio de gados ou para cultivos. E as áreas cultivadas são utilizadas para cultivo de culturas perenes (frutíferas: laranja, limão, mamão, manga e etc) e culturas anuais temporárias, como, cana-de-açucar, milho, mandioca, banana, feijão, abacaxi, arroz, o cultivo desses produtos servem para complementação de renda e de subsistência familiar, e não como forma de exploração econômica. Atualmente é praticada a pecuária extensiva de gado de leite e de corte, a suinocultura e

93

avicultura. As evidências da ocupação da área em questão pela interpretação da imagem de satélite registrada pela figura 3, nos permitiu a confecção do mapa de uso e ocupação do solo da sub-bacia do córrego Dracena, identificando os diferentes uso e ocupação da área em questão, para um melhor entendimento do processo erosivo na região. (Figura 4).

94

FIGURA 4 – Mapa de Uso e Ocupação

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Com a geração desse mapa obtivemos uma distribuição por área de uso quantificada em hectares, representada e individualizada pelo uso e não uso. Desse modo constatou-se que, dos 4.524,68 hectares da área total estudada, foram ainda encontradas 1.816,93 hectares da vegetação natural que praticamente ocupam as

áreas de relevos escarpadas, muito suscetível a erosão, as áreas identificadas como desmatadas, foram quantificadas em 891,71 hectares, localizam-se em áreas de

Latossolos de textura média de relevo de topo aplainado onde localizam-se as mais altas cabeceiras de drenagem desta sub-bacia. A área de uso de maior predomínio foi identificada como as de pastagens num total de 1.691,04 hectares, localizadas ao longo da bacia principalmente em relevo com alta declividade e extremamente suscetíveis a erosão as quais vem provocando sérios problemas ambientais para essa sub-bacia.

Para finalizar a interpretação do mapa de uso e ocupação do solo destacamos a

área do perímetro urbano da cidade de Reserva de Cabalçal por localizar-se na delimitação desta sub-bacia com área de 125,00 hectares, implantada na foz da sub- bacia do córrego Dracena com o rio Cabaçal assentada em solos arenosos denominados como terraços e planícies.

6.2 – Caracterização dos Solos Predominantes

Foram previamente selecionados três locais para coleta de amostra de solos mais representativos dos eventos erosivos (voçorocamento), em que se procurou identificar a presença dos horizontes dos perfis e demais características necessárias que foram analisadas dentro dos parâmetros físicos-químicos e quanto à granulometria.

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O entendimento desses sistemas pedológicos com relação às suas características topográficas, pedológicas e de funcionamento hídrico, permitiu a definição dos processos erosivos e a diferenciação das classes de suscetibilidade utilizando-se critérios aplicados por SALOMÃO (1999). Para definição da erosão laminar, as classes de suscetibilidades foram definidas com base na interação entre a erodibilidade dos solos e as suas declividades das vertentes. Dessa maneira, foi possível deduzir para cada sistema pedológico, o comportamento das águas de chuvas, em nível da infiltração e escoamento superficial e sub-superficial e do lençol freático com relação a sua ocorrência e localização nos diferentes setores das vertentes.

Tabela 1

TABELA 1 – Resultado de análise laboratoriais de textura de solo encontrado na área da sub-bacia do córrego Dracena

Areia Areia Amostras Grossa Fina (%) Silte (%) Argila pH (%) M.O. (%) Pr (%) (%) (%) Topo de voçoroca 33,50 14,85 40,8 10,85 4,9 0,99 41,29 Parte intermediária 5,40 9,84 64,20 20,56 5,0 1,77 24,27 Base da voçoroca 58,7 25,30 12,00 4,00 4,8 0,39 42,00

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70 60 50 40 30 20 10 0 Topo de voçoroca Área intermediária Base

Areia Grossa (%) Areia Fina (%) Silte (%) Argila (%) pH (%) M.O (%) Pr (%)

FIGURA 5 – Gráfica das análises das propriedades físicas e químicas do solo da área da sub-bacia do córrego Dracena

A baixa capacidade de detenção de umidade, intensa lixiviação faz com que esta área de estudo tenha considerável susceptibilidade à erosão, pois na análise granulométrica encontrou-se como resultado teores de areia em torno de 48,35%.

Sabe-se, entretanto que as relações de propriedades dos solos, vegetação, topografia e clima são interligados e obedecem a uma dinâmica de co-relação, porém como resultados encontrados na análise de textura, tornam-se os solos presentes na área, desfavoráveis ao manejo da prática agrícola, restringindo à pastagem em regime extensivo com aproveitamento das espécies vegetais nativas predominantes. (Tabela 1 e Figura 5).

A maior intensidade erosiva com ravinas observa-se, principalmente, nas cabeceiras de drenagem, em grotas e nas proximidades da linha de ruptura de declive onde ocorre o contato de duas unidades litológicas.

Os fundos de vales estão muito assoreados (b), com bancos de areias que se encontram re-entalhados, proveniente das erosões (a) instaladas na área da bacia

(Figura 6).

98

a b

FIGURA 6 – Erosão de encosta em áreas de cabeceira de drenagem (a) do córrego Dracena e assoreamento do canal (b) com destaque nos sedimentos arenosos.

A intensidade erosiva por ravinas profundas ocorre condicionada aos desmatamentos das cabeceiras, às trilhas de gados e, principalmente, pelas estradas mal planejadas. A interceptação do lençol freático verifica-se com maior facilidade na linha de ruptura de declive, que marca a linha de contato entre as duas unidades pedológicas: solo arenoso/argila (Figura 7).

Solos argilosos Solos arenosos

FIGURA 7- Contato entre as duas unidades pedológicas: solo arenoso/argila

Os principais locais críticos com alto risco para o desenvolvimento das erosões na bacia são: cabeceiras de drenagem, ruptura de declives e fundos de vales.

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Na área de estudo, destaca-se o posicionamento da concentração das erosões situadas na ruptura de declive, local onde ocorre o contato pedológico do solo arenoso no horizonte superficial e o solo argiloso no horizonte subadjacente.

A gênese do processo erosivo, responsável pelo modelamento do vale e colinas convexas da área de estudo, não só possui condicionantes de falhamento geológico local intrusões de matacões de rochas intrusivas que direcionam a linha de sulco da erosão, mas é a granulometria (textura) dos solos, que determina o aceleramento do surgimento das erosões.

Os solos arenosos permitem com maior facilidade a percolação das águas em subsuperfície, onde encontrando camada mais impermeável de composição predominantemente argilosa, forma um fluxo interno, que pela ação da gravidade busca o nível de base local (Morgan, 1986).

Desse modo, encontrando pontos de friavibilidade do solo, devido ao alto teor de areia, baixa percentagem de matéria orgânica (M.O.), como também de argila; os quais são elementos cimentantes que, conseqüentemente, dão ao solo maior resistência aos efeitos das intempéries (erodibilidade), a água inicia um processo de fluidificação do solo em subsuperfície, em que começa a formação de pipers, que são câmaras internas que aumentam com o fluxo e refluxo do escoamento de subsuperfície, atingindo o topo do solo, desmoronando por gravidade originando os voçorocamentos.

Evans (1980) e Drew (1989) observam que solos com menos de 3,5% de matéria orgânica são considerados solos erodíveis e que a presença de argila é imprescindível para a estabilidade das partículas que o compõem.

A argila, além de ser elemento agregador, é responsável também pela condutibilidade hidráulica no solo (Guerra, 2001 e 2003), fator que irá determinar a

100

umidade antecedente ao aporte de águas provenientes das chuvas e que determinará o encharcamento deste solo aumentando, ou não, os efeitos do escoamento superficial (runoof).

Com o fluxo e refluxo do escoamento de subsuperfície e com as características de susceptibilidade à desagregação do solo, devido a baixa estabilidade dos agregados, formam-se verdadeiras câmaras internas, denominadas pipers, ou seja dutos internos que avançam ao topo do solo e com a pressão do peso, colapsa originando voçorocamento e avança lateralmente pelo efeito da erosão linear decorrente do escoamento de superfície (runoof).

Constatou-se que os baixos índices de argila e matéria orgânica, são os principais fatores que determinam erosões lineares identificadas na área, como também os desmatamentos intensivos.

O super-pastoreio associado às propriedades do solo propicia a formação e concentração de trilhas de gados próximos à surgência d’águas e também a abertura de caminhos e estradas sem ou com inadequada infra-estrutura de drenagem facilitando o processo erosivo, isto porque o pisoteio impermeabiliza a superfície do solo favorecendo e intensificando os efeitos do runoof (Figura 8.)

101

Trilha de

FIGURA 8 - Erosão provocada pelo pisoteio do gado

Na área estudada, foi identificada a predominância dos seguintes tipos de solos:

Latossolos, Neossolos Litólicos, Organossolos, Argissolos e Neossolos

Quartzarênicos. A seguir as características desses solos serão sintetizados com base em Bittencourt Rosa et al. (2002), Salomão (2003) e EMBRAPA (1999).

- Latossolos

Os Latossolos, segundo Braun (1962), possuem como característica principal, um horizonte A1 pouco desenvolvido e que não transpõe 20 cm de espessura, com teores baixos de matéria orgânica. Possuem uma porosidade elevada, com estrutura, textura e coloração que podem variar de uma localidade para outra.

Quimicamente possuem um pH ácido que varia em torno de 4,2 a 5,3. Os

álcalis como Ca, Mg e K ocorrem em teores baixos. Os teores de matéria orgânica são variáveis, com um valor que correspondeu a 1,4 %. Os teores em P são baixos.

102

Os Latossolos vermelho-amarelados distróficos e pardo-amarelado que se estendem ao longo dos vales e nas áreas planas, são predominantes. O Latossolo pardo-amarelado constitui-se numa exceção quanto ao teor em C (carbono), explicável pela posição na topografia que é favorável à acumulação em matéria orgânica.

Tratam-se de solos encontrados na área de estudo profundos com teores de argila de até 35,41%, e apresentam elevado teor de concreções lateríticas- ferruginosas

- Neossolos Litólicos

Em segundo lugar os Neossolos Lítólicos apresentam faixas expostas por afloramentos predominantemente nas áreas de relevo escarpados, sendo considerado como extremamente suscetível à erosão de ravinas e não suscetível à erosão de voçoroca em função de sua constituição por terrenos e alta declividade favorecendo a concentração das águas de escoamento superficial. São áreas de relevos caracterizadas por afloramento de rochas, permitindo com relativa facilidade o escoamento superficial, favorecendo assim a energia cinética das águas das chuvas. (Figura 9).

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FIGURA 9 - Áreas de Afloramentos de Rochas

Estes solos se desenvolvem preferencialmente, sobre as rochas profundamente intemperizadas que afloram na área em referência.

O fato é que não houve tempo suficiente para a formação do solo, pois estes locais apresentam um regime de dissecação atual elevado, em razão dos processos erosivos que são intensos.

Os neossolos regolíticos, que ocorrem comumente na área de estudos, são de quartzo-arenitos, areias cascalhosas e arenitos, enquanto que os neossolos litólicos são de folhelhos, argilitos e siltitos. Localmente nos afloramentos e nos testemunhos das superfícies das cotas de 200 a 750 metros, ocorrem neossolos litólicos de laterita, e estes solos são pouco profundos, com baixo teor de matéria orgânica.

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- Organossolos

Os Organossolos são constituídos essencialmente por compostos orgânicos, originados pela progressiva acumulação de detritos vegetais, em ambiente palustre.

As condições permanentes de encharcamento retardam a decomposição bioquímica destes detritos, propiciando acúmulo. Apresenta superficialmente, nos primeiros 40 cm, um horizonte turfoso de cor preta, resultante da transformação dos produtos orgânicos. Pedaços de troncos de raízes podem ser encontrados na massa do solo

(SALOMÃO E ANTUNES, 1988).

Os Organossolos, encontrados nos compartimentos morfopedológico IV e V

(Figura 12), são típicos de várzea onde a sedimentação aluvionar é recente. Eles se apresentam mal drenados, e correspondem aos aluviões elevados. A característica principal destes solos é um horizonte A, que não ultrapassa às vezes 2 metros de espessura, tal como aqueles que ocorrem nas faixas marginais do córrego Dracena.

O pH é variável, sendo ácido e oscilando na faixa de 4,7 a 5,0. Os álcalis Ca, Mg e

Na ocorrem em valores baixos, assim como o fósforo.

- Argissolos

Os argissolos são solos com horizonte B textural e argila de atividade baixa, conhecidos, anteriormente, como podzólico vermelho-amarelo.

São de profundidade variável, desde forte, a imperfeitamente drenados, de cores avermelhadas ou amareladas, e mais raramente, brunadas ou acinzentadas.

A textura varia de arenosa e argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre havendo aumento de argila daquele para este

(EMBRAPA, 1999).

105

Os argissolos apresentam caracteres distintos, onde os sedimentos dão origem a solos pobres com teores de alumínio trocáveis. São bem drenados, lixiviados, se desenvolvendo a partir de matérias de gêneses também distintas nas áreas de relevo mais movimentado.

A principal característica é a preservação de argila nos horizontes mais profundos, estando presentes na área de estudos na faixa de predominância da

Formação Vale da Promissão.

Face ao gradiente textural, os argissolos podem apresentar sérios riscos aos processos erosivos, em razão de diferença de infiltração da água através do perfil, ou seja, com mais rapidez no horizonte A, que é mais arenoso do que no horizonte

B, normalmente mais argiloso (KER et al. 1990).

O uso deste solo exige o conhecimento de técnicas de conservação em níveis ou faixas, terrenos gradientes, carpas alternadas, entre outras.

- Neossolos Quartzarênicos

Estes solos correspondem a solos arenosos quartzosos, que se desenvolvem a partir dos arenitos ou dos sedimentos areno-quartzosos inconsolidados, pertencentes à Formação Raizama , sendo pouco evoluídos com a continuidade dos horizontes dos tipos A e C, de pequena capacidade de retenção de água e cátions, sendo também notadamente insaturados.

Segundo a Embrapa (1999), os neossolos quartzarênicos são solos de estrutura simples, onde não existe coerência entre as unidades estruturais, em face da carência de colóides agregantes (matéria orgânica, óxidos e argila). Desta forma, são bem susceptíveis aos processos erosivos, não sendo raro nas áreas de sua

106

predominância, a ocorrência de ravinamentos e voçorocamentos, principalmente em razão das intervenções de natureza humana.

A sub-bacia possui Neossolos Quartzarênicos como o de maior predominância, considerado para classe de erodibilidade como muito alta e extremamente suscetível à erosão, apresentam problemas complexos de conservação quanto a sua capacidade de uso, portanto, deve ser indicado apenas para o manejo de preservação ou para reflorestamento.

Os Latossoslos, Orgonossolos e Argissolos encontram-se em área de menor cobertura pedológica e não foram estudados e analisados. Foram apenas estudados em nível exploratório para um reconhecimento ao entendimento dos elementos fundamentais de da passagem pedológica devido constituírem comportamento hídricos específicos, e evidências significativas genéticas, que permitiu caracterizar interflúvios elementares de mesma família e de acordo com o estado de evolução.

(Figura 10).

FIGURA 10 - Área de chapada, com declividade e identificação da retirada da vegetação com surgimento de processo erosivo presente, próximo a cabeceira de drenagem.

107

6.3 - Caracterização Morfopedologica. Para a delimitação dos compartimentos morfopedológicos foram utilizados os seguintes produtos cartográficos: Mapa Morfopedológico Digital, Mapa de

Isoinclinação, Mapa de Curvas de nível, Mosaico Fotogramétrico, Ajustado Sem

Controle e dados de campo colhidos e interpretados visualmente.

Elaborou-se também um mapa com curvas de nível sobre a imagem de Satélite

LANDSAT – 5 de 06/2006 (Figura 11) com o objetivo de contribuir no levantamento geológico, pedológico e morfológico dos compartimentos morfopedológicos.

Foram delimitados cinco compartimentos morfopedológicos, conforme mostra a

Figura 12 e Tabela 2.

108

FIGURA 11 - Mapa de Curvas de Nível

109

FIGURA 12 - Mapa de Compartimentação Morfopedológico

110

TABELA 2– Classificação dos Compartimentos Morfopedológicos da bacia do Córrego Dracena

Compartimentos Formas de Relevo Classes Substrato geológico morfopedológicos pedológicas

predominantes

I Chapada, topos Latossolos Grupo Aguapeí

planos e

arrendondados

II Colinas amplas e Argissolos e Complexo Xingu em

médias Cambissolos e contato com

Neossolos sedimentos da

Quartzarênicos formação Utiariti

III Escarpas e bordas Neossoslos Formação Morro

de chapada Litólicos e Cristalino e Suíte

Cambissolos Intrusiva do Guapé

IV Fundos de Vales Neossolos Grupo Parecis

Quartzarênicos, e

Neossolos Litólicos

V Terraços e Organossolos Complexo Xingu

Planícies

VI Morros e Morrotes Neossolos Litólicos Grupo Aguapeí

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Isolados Cambissolos

A seguir, os compartimentos morfopedológicos serão descritos e interpretados.

6.3.1. - Compartimento Morfopedológico I

Compartimento identificado como Chapada corresponde aproximadamente a

24% da área estudada, com 1.084,23 hectares, encontra-se em cotas altimétricas maiores, com variações entre 600 a 700 metros de altitudes.

Situa-se predominantemente em toda a região norte da área mapeada e partes da região oeste da sub-bacia do córrego Dracena, com relevos de bordas de chapada e com declividade aproximadamente de 5% em direção às vertentes alongadas, de forma dominantemente retilíneas, sendo muito longas, superiores a

100 metros e declividade muita baixa, variando de 0 a 5%, na porção superior (topos planos e arredondados), aumentando gradativamente à jusante, atingindo, no máximo, em torno de até 6%, no terço inferior da vertente.

Sua cobertura pedológica é dominada por Latossolos vermelho-escuros e vermelho-amarelados. Neste compartimento encontrou-se predomínio de areia onde a somatória das classes fina e grossa totalizou 48,35%; pouco profundos, de textura média, que ocupam praticamente toda vertente.

O substrato geológico não foi identificado em afloramentos, tendo em vista a espessura desses solos, sendo considerados como pertencente à formação do

Grupo Aguapeí. Visualmente, foi constatado neste compartimento vestígios da área coberta por vegetação de Savana Arbórea Aberta, com floresta de galeria identificada conforme RADAM BRASIL (1982).

112

Foram identificados 9 (nove) cabeceiras de drenagens (nascentes), neste compartimento, com níveis altimétricos, variando entre 500 a 600 metros de altitudes; essas cabeceiras apresentam forma de anfiteatros côncavos com rupturas de declive com ligeiro aumento de declividade em relação à porção superior da vertente levando a um entendimento quanto ao favorecimento do escoamento concentrado das águas das chuvas. Observa-se que nessas cabeceiras com passagens pedológicas vem sofrendo um alto índice da retirada da vegetação e intenso processos de ocupação, sem nenhuma técnica de manejo adequado colocando em risco essa área em função de se tratar de alta suscetibilidade à erosão. (Figura13).

FIGURA 13 - Área de chapada, identificação da retirada da vegetação próxima da cabeceira de drenagem.

O uso agrícola inadequado desses solos, que ocupam os horizontes superficiais, remete ao empobrecimento da matéria orgânica, tornam-se ainda mais

113

suscetíveis à formação de erosão. Essa sensibilidade pode acentuar-se com a compactação provocada pelo manejo inadequado do solo, ou pelo pisoteio do gado devido à porosidade e conseqüente redução da permeabilidade provocando um escoamento concentrado das águas das chuvas.

A baixa erodibilidade dos solos com declividade inferior a 6% permitiu interpretar este compartimento I, como pouco suscetível à erosão laminar, sendo áreas favoráveis a ocupação agrícola, porém exigindo técnicas de manejos adequados.

Pode-se considerar esse compartimento, como moderadamente, suscetível à erosão linear, dependendo do terço superior e inferior das vertentes, dependendo também da declividade condicionada a ausência do escoamento superficial das

águas das chuvas.

Neste compartimento, mesmo em se tratando de área pouca suscetível à ocorrência de erosão, foram identificadas três erosões de ravinas, localizadas no terço médio e inferior. (Figura 14).

114

FIGURA 14 - Erosão do Tipo Ravinamento

Essas erosões, observadas nesse compartimento, são por ravinamentos originados a partir das obras de estradas e retirada da vegetação. Este compartimento vem sendo altamente utilizado com diferentes formas de uso e ocupação, devidos as suas características topográficas que favoreceram a mecanização predominantemente de uso para pastagem. (Figura 15).

115

FIGURA 15 - Presença de processo erosivo, condicionada à Construção de estrada, próxima à cabeceira de drenagem.

6.3.2 - Compartimento Morfopedológico II

Compartimento identificado como Colinas amplas e médias, ocorre na porção norte e central da área de estudo, ocupando a parte superior do Planalto dissecado dos Parecis, caracterizado por relevo pouco movimentado de colinas amplas e médias. Essas colinas apresentam topos suavizados, ligeiramente aplainados, e vertentes de retilíneas à ligeiramente convexas, com declividades baixas, dificilmente superiores a 12%. Os vales são amplos, em que drenam cursos d’água afluente do córrego Dracena.

O substrato geológico predominante é constituído por rochas de composição granítica em contato superior com sedimentos arenosos essencialmente quartzosos, provavelmente provenientes da alteração de arenitos pertencentes à Formação

Utiariti.

116

Neste compartimento, predominam os solos essencialmente arenosos

(Neossolos Quartzarênicos) provenientes de alteração e pedogênese de arenitos que recobrem camadas argilosas proveniente da alteração de granitos. As cabeceiras de drenagem deste compartimento contribuem com o córrego Dracena com alimentação de, surgências de águas que foram observadas durante período chuvoso e grande parte do período seco do ano. Essas surgências, dispõem-se na zona de contato dos solos arenosos com os materiais argilosos, tendo em vista fortes contrastes de permeabilidade, que impõem a esses locais, alta instabilidade a processos erosivos com desenvolvimento de fenômenos de “piping”, gerando desmoronamento e evolução erosiva remontante, atingindo as porções mais superiores das encostas onde ocorrem solos essencialmente arenosos com alto poder erosivo. Voçorocas de grande extensão são observadas. (Figura 16).

117

FIGURA 16 - Vista de uma voçoroca com presença do fenômeno “piping” localizada em cabeceira de drenagem do córrego Dracena.

Esses locais de ocorrência de anfiteatros de cabeceira, pertencentes ao compartimento morfopedológico n° 2, constituem-se, sem sombra de dúvida, nas situações de maior criticidade à erosão da área objeto, e que devem ser rigorosamente conservadas. Basta à retirada da cobertura vegetal original dessas

áreas, para se instalarem processos erosivos lineares de voçoroca.

Nas porções à jusante dessa zona superior do compartimento morfopedológico n° 2, as vertentes de colinas são constituídas por cobertura pedológica caracterizada por argilossolos e cambissolos, ambos com horizontes sub-superficial concentrado em argila (horizonte B textural com baixa permeabilidade), com imposição gradiente textural elevada tendo em vista a presença de horizonte superficial arenoso. Nessas condições, as águas pluviais infiltram-se com relativa facilidade no horizonte superficial arenoso e são retidas no contato com horizonte sub-superficial B textural, permitindo a saturação das porções superiores da cobertura pedológica e

118

tendências ao escoamento superficial e sub-superficial, o que favorece o desenvolvimento de sulcos e ravinas. (Figura 17).

FIGURA 17- Erosão de Sulcos e Ravinas

A ação erosiva das chuvas, nessas vertentes de colinas, é intensificada em função das formas de uso do solo que induzem a concentração dos fluxos d’água de chuva como, por exemplo, estradas/caminhos, e trilhas de gado, situações comumente observadas na área estudada, dominada por pastagens.

Esses processos de ravinamentos, aprofundando-se, podem interceptar o lençol freático, normalmente presente nos solos, especialmente nos argilossolos, das porções mais inferiores das vertentes, e nos fundo de vales, onde ocorrem gleissolos.

Com a interceptação do lençol freático, observa-se o aumento significativo do gradiente hidráulico (SALOMÃO, 1994), provocando o fenômeno de “piping” com desenvolvimento de voçoroca. Encontrando-se, nesse estágio erosivo, os

119

sedimentos são lançados diretamente nos cursos d’água que ocorrem nos fundos de vales e promovem o assoreamento que destrói a mata ciliar pela instabilização das margens e intensificação da ação erosiva.

6.3.3 - Compartimento Morfopedológico III

O Compartimento III, identificado como escarpas, corresponde a 8% da área estudada, com 363,88 hectares. Ocorre no terço inferior da sub-bacia do córrego

Dracena, com relevos movimentados, com cotas altimétricas entre 400 a 500 metros de altitude, conforme observado na figura 18.

Caracteriza-se pela presença de relevo escarpado, em geral contornando as vertentes e nascentes do córrego Dracena, cortando na sua totalidade transversalmente a área estudada, de litologia da formação Morro Cristalino e Suíte

Intrusiva do Guapé, onde se observa predominância de afloramento de rochas e de solos rasos, apresentando vertentes íngremes, com formação da vegetação de transição entre Savana-Arbórea aberta e fechada. O substrato geológico é constituído por metarenito conglomeráticos e granitos intrusivos. A cobertura pedológica de rasa a pouco profunda, dificilmente superior a 1,00 m, é constituída por Neossolos Litólicos e Cambissolos.

120

FIGURA 18 - Vista de uma escarpa, com presença de ravinamentos e afloramentos de rochas na declividade das vertentes, com uso de pastagem.

Neste compartimento não foi observada cabeceiras de drenagens, porém foram observadas inúmeras vertentes que apresentam perfis irregulares, em função das rupturas de declive e linhas de talvegue, dando a configuração de vertentes ravinadas.

Nessas condições, as águas de chuva tendem ao escoamento superficial, tendo em vista o impedimento à infiltração, devido à ocorrência de rocha, à pequena profundidade e ao domínio de topografia com declividade elevada. Com o desmatamento dessas áreas, normalmente servindo à pastagem, verifica-se a ocorrência de sulcos, especialmente quando formas de ocupação favorecem a concentração dos fluxos d’água como, por exemplo, trilhas de gados, cercas, estradas e caminhos entre outros. Esses sulcos podem transformar-se em ravinas, mas de pequenas profundidades. A ausência do lençol freático, na cobertura pedológica, impede o desenvolvimento de fenômenos de “piping” e formação de

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boçorocas. São, portanto, áreas muito favoráveis ao desenvolvimento de sulcos e ravinas pouco profundas, mas não favoráveis a voçorocas.

Esses locais, quando desmatados, imediatamente são afetados por processos erosivos de ravinamentos, avançando vertente abaixo, até o fundo dos vales. A energia excessiva do escoamento das águas permite o aprofundamento da erosão, mesmo em rochas alteradas, dando origem às ravinas relativamente profundas, em alguns casos, atingindo em torno de 8,0 m de profundidade.

Para este compartimento não é aconselhável o uso de atividades agrícolas, sendo considerado pelo código ambiental do estado de Mato Grosso, como área de preservação, em função da alta declividade e dos solos rasos. Mesmo assim, foram observadas algumas clareiras, pela retirada da vegetação para esse fim.

Na forma do relevo escarpado, conduz a um aumento significativo da declividade que varia de 20 a 40% , com nítida apresentação de afloramento rochosos, ora com solos expostos, predominantemente arenosos, constituídos pela seqüência de solos rasos (Noeossolos Líticos), corresponde num limite transversalmente em sua totalidade da área estudada, com ocorrência litológica da

Formação Morro Cristalino e Suíte Intrusiva do Guapé.

6.3.4 - Compartimento Morfopedológico IV

O Compartimento morfopedológico IV, identificado como Fundos de Vales, corresponde a 23 % da área estudada, com 1.055,71 hectares. Ocorrem em todos os compartimentos da área estudada em função de localizar-se em toda a região da rede de drenagem da sub-bacia do córrego Dracena, apresentando cotas altimétricas que variam 700 a 320 metros, localizadas a partir das mais altas

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cabeceiras de drenagens até atingir a foz do Rio Cabaçal, em uma extensão de aproximadamente 12 quilômetros de comprimento e numa faixa de, aproximadamente, de 4 quilômetros de largura, desde suas principais nascentes até a foz do córrego Dracena.

Neste compartimento apresentam relevos de colinas médias e amplos vales, apresentando características de topos relativamente estreitos, ligeiramente convexo, com largura média de 100 metros, encosta com amplitudes de 50 metros, e declividades variando de 0 a 5% no terço superior, de 5 a 12% nos terços médio e inferior. Os amplos vales compõem os fundos de drenagem, constituindo porções mais à jusante das colinas médias.. (Figura 19)

FIGURA 19 – vista do compartimento representativo de fundo de vale.

O substrato geológico presente no compartimento morfopedológico n° IV é constituído por arenitos da Formação Utiariti, que se encontram muito alterados e pedogenizados, reproduzindo espessa cobertura pedológica essencialmente

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arenosa (neossolos quartzarênicos). Esses solos não apresentam coesão entre suas partículas, sendo, por essas razões, muito erodíveis, ocorrendo ao longo da totalidade das vertentes com mudanças apenas no fundo de vales, onde se observam ocorrências de gleissolos.

A natureza arenosa dos Neossolos Quartzarênicos condiciona alta permeabilidade, facilitando a infiltração das águas de chuva, e, conseqüentemente, reduzindo o escoamento quando a cobertura vegetal natural encontra-se presente.

Entretanto, com o desmatamento dessas áreas e utilização das terras, os escoamentos superficiais podem ser observados, desenvolvendo com relativa facilidade intensos processos erosivos, considerada a ausência de coesão verificada nesses solos. Ravinas profundas são formadas e se transformam em boçorocas quando o lençol freático presente nesses solos é interceptado, com desenvolvimento, nas surgências d’água dos taludes, de fenômenos de “piping”, que promovem desmatamentos e evolução erosiva remontante. Comumente boçorocas imensas são formadas, com profundidades superiores a 10 metros e extensão de centenas de metros com vários ramos laterais que avançam em direção aos fundos de vales, onde gradientes hidráulicos elevados são normalmente observados, impondo alto poder erosivo e de destruição dos cursos d’água pelo assoreamento.

Situação de extrema sensibilidade à degradação por erosão é a observada na zona de transição do compartimento morfopedológico n° III, com o compartimento morfopedológico n° IV, onde, conforme anteriormente explicado, as vertentes apresentam brusco aumento de declive em porções marcadas por ruptura de declive. Nesses locais, o aumento brusco de declividade promove intensificação erosiva, tendo em vista o aumento de energia de escoamento das águas de chuvas

124

e a ocorrência comum de surgência d’água que favorecem desenvolvimento de fenômenos de “piping”. Esses locais devem ser rigorosamente conservados com manutenção da cobertura vegetal natural. Entretanto, tal condição não tem sido verificada e nem os seus processos erosivos instalados.

Outra constatação extremamente preocupante, observada nesse compartimento morfopedológico, é a presença de processos de degradação ambiental , resultante da destruição da matéria orgânica do horizonte superficial, reproduzindo paisagem similar a ambiente de desertificação, com domínio de areia, praticamente pura, e ausência completa da cobertura vegetal, mesmo de gramíneas. Esse fenômeno é causado pela baixa fertilidade natural dos neossolos quartzarênicos e, provavelmente, por suas características físico-hídricas que favorecem a rápida destruição da matéria orgânica incorporada no horizonte superficial que, após o desmatamento, torna-o vulnerável à lixiviação por ação das águas pluviais. Com a destruição e remoção da matéria orgânica incorporada no horizonte superficial, o solo tornase totalmente desprovido de elementos vitais à manutenção da cobertura vegetal, deixando-o vulnerável à erosão, tanto por águas pluviais como pelo vento

(erosão eólica).

125

6.3.5 - Compartimentação Morfopedológivo V

Compartimento identificado como Terraços e Planícies, corresponde a 15% da

área estudada, com 688,84 hectares. Ocorre ao longo de boa parte do vale do córrego Dracena e de vales de seus afluentes principais, localiza-se a partir da base das escarpas com alto nível de sedimentos até as margens do rio Cabaçal, fazendo parte do solo urbano em quase toda sua totalidade da área da cidade de Reserva do Cabaçal-MT (Figura 20).

FIGURA 20 - Vista da área de planícies e terraços, ao alto a área urbana da cidade de Reserva do Cabaçal - MT, e, na parte inferior, a presença do córrego Dracena.

Caracteriza-se por formas de agradação constituídas por planícies de inundação e de topografia praticamente plana, substrato geológico representado por

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sedimentos recentes, e cobertura pedológica constituída por Organossolos e

Gleissolos.

São áreas periodicamente inundáveis com lençol freático subsuperficial, portanto, área mal drenada de baixo gradiente hidráulico, não sustentável à erosão, mas ao assoreamento de sedimentos provenientes de processos erosivos que ocorre nos demais compartimentos morfopedológicos, em posição topográficas mais elevadas.

6.3.6 - Compartimentação Morfopedológico VI

Compartimento identificado como Morros e Morrotes isolados, corresponde a

5% da área estudada, com 212,73 hectares. Ocorre na porção média inferior da área objeto, constituído por relevo movimentado de colinas médias e morrotes. O topo dessas formas de relevo é relativamente estreito e ligeiramente arredondado

(convexo), passando a jusante para encostas retilíneas à ligeiramente convexas com declividades médias em torno de 12% e vales entalhados. O substrato geológico é constituído por rochas graníticas e a cobertura pedológica por Cambissolo.

Na forma do relevo, identificado como morros e morrotes, encontra-se na parte superior e central da área de estudo. O topo, dessa forma de relevo, é relativamente

restrito, com largura aproximada de 100 metros, com vertentes curtas de extensão

máxima de 50 metros e suas declividades não ultrapassam a 6%, com setores intermediários chegando até 20% de declividade. O sistema pedológico é constituído

de uma seqüência de solos rasos e poucos profundos, que passam de fundos de

vales para solos gleizados. A seqüência mais comum é formada por solos

Neossolos Lítólicos, Cambissolos e Gleissolos. O compartimento morfopedológico n°

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VI apresenta, portanto, áreas muito favoráveis a processos erosivos em sulco e

ravinas, condicionados às formas de ocupação que favorecem a concentração das

águas de escoamento em locais específicos (vertentes) quando os lençóis

suspensos temporários forem interceptados pelo aprofundamento de ravinas. A presença dominante de solos rasos muito erodíveis, sejam pela forma de relevo, de

topografia muito movimentada, constatou-se erosões, que teve início logo após ao

desmatamento; mesmo em se tratando do uso do solo pouco exigente, neste local

foi identificado processos erosivos significativos. (Figura 21.)

FIGURA 21- Vista de morro, com presença de processos erosivos, localizada em área de pastagem com alta declividade nas vertentes.

128

7. CONCLUSÕES

A caracterização física por meio da abordagem morfopedológica facilitou o entendimento na identificação dos compartimentos morfopedológicos bem como cartografar a sub-bacia do córrego Dracena. Esse trabalho culminou no reconhecimento de seis unidades morfopedológicas, quanto as suas inter-relações em áreas relativamente homogêneas e quanto à concentração de processos erosivos relacionados aos tipos de solos, formas de relevo, substratos geológicos e as formas de uso de ocupação do solo.

O estudo utilizando a caracterização por meio da abordagem morfopedológica possibilitou mapear e identificar, na região de estudo, seis compartimentos relativamente homogêneos no que diz respeito à interação entre o substrato geológico, o relevo, solos e ocorrências erosivas, com a denominação de

Compartimentos Morfopedológicos.

Nessa pesquisa pode-se verificar que, nos seis compartimentos morfopedológicos delimitados e mapeados, apenas o compartimento I, correspondendo a 24% da área pesquisada, mostrou-se favorável a exploração agrícola, enquanto que os demais compartimentos apresentaram sérias restrições, em função das suas características desfavoráveis dos solos e relevos.

Pode-se considerar esse compartimento como moderadamente suscetível a erosão linear, dependendo do terço superior e inferior das vertentes, dependendo, também, da declividade condicionada a ausência do escoamento superficial das

águas das chuvas.

129

Os compartimentos morfopedológicos III, IV, e VI, representando 36% da área estudada, foram interpretados como extremamente suscetível à erosão onde o aparecimento dos processos erosivos se verifica logo após da retirada da vegetação, sendo, em função disso, sugerida a distinção dessas áreas à preservação ambiental.

As determinações da suscetiblidade de cada compartimento morfopedológico possibilitaram traçar um panorama geral sobre a situação encontrada, em termos do conjunto de fatores ambientais considerados, relativos à preservação de impactos e a manutenção dos recursos naturais existentes na sub-bacia.

As terras ocupadas com pastagens são as que se encontram em mais avançado estado de degradação. O manejo inadequado é o principal responsável pela intensificação da ação dos fatores erosivos naturais relacionados com o solo, clima, relevo e geologia, promovendo o surgimento de inúmeras ocorrências erosivas lineares.

Dessa forma o manejo adequado das bacias, cada vez mais, é compreendido como uma iniciativa fundamental tanto para a preservação ambiental como para a manutenção da qualidade de vida da população e a continuidade da exploração econômica por parte dos agricultores.

Foram identificadas cinco ocorrências erosivas de grande porte sendo três do tipo ravina e duas de voçorocas. Grande parte dessas erosões encontra-se instalada no interior de cabeceiras de drenagem e nos fundos de vales, em especial no compartimento III, onde os solos são essencialmente arenosos (Neossolos

Quartzarênicos).

130

A evolução dos processos erosivos condicionadas pelas obras e manutenção de estradas, caminhos de serviços e trilhas de gado demonstraram ser as principais causas do desenvolvimento de processos erosivos, devido permitirem diretamente o escoamento concentrado das águas de chuvas, carreadas pelas vertentes abaixo.

Essas ocorrências predominam inicialmente por ravinamentos, e quando intercepta o lençol freático, transforma-se em voçorocas, situação observada nos fundos de vales e em diferentes vertentes.

A sub-bacia do córrego Dracena constitui-se de maior criticidade, tendo em vista a intensificação da exploração agropecuária, a grande intensidade de ocorrências erosivas e do grande volume de sedimentos que deslocam diretamente para o Rio

Cabaçal, pertencente à bacia hidrográfica do Alto Paraguai.

Os procedimentos sobre o controle dos processos erosivos e de assoreamento da sub-bacia do Dracena, somente será possível com ações voltadas ao disciplinamento e ao manejo do uso do solo voltado à capacidade do uso e a suscetibilidade da erosão. Os produtos de mapeamentos remetem a recomendações resultantes dessa pesquisa para servir de base de ações e gestões dos órgãos responsáveis pelo controle e proteção ambiental.

O estudo desenvolvido serve como um importante referencial para futuros trabalhos e ainda como fonte inicial para um planejamento e manejo adequado das formas de uso e ocupação da sub-bacia do córrego Dracena.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS