Arquivo Olympio Da Fonseca Foi Adquirido Pelo MAST De Uma Maneira Que Não É Rara No Que Se Refere a Arquivos Pessoais
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Inventário Analítico ArqArquivouivo OlOlympympioio ddaa FFonsonsececaa Arquivo de História da Ciência Museu de Astronomia e Ciências Afins Sumário Apresentação Trajetória científica de OF Ficha técnica Organização do arquivo INVENTÁRIO ANALÍTICO Documentos textuais Série 1 - Documentos pessoais Série 2 - Atividades profissionais Subsérie 1 - Instituto Oswaldo Cruz Subsérie 2 - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônica Série 3 - Participação em entidades de classe Subsérie 1 - Academia Nacional de Medicina Subsérie 2 - Conselho Nacional de Saúde Série 4 - Documentos diversos Série 5 - Documentos complementares Documentos iconográficos Série expedições Série eventos Série Instituto Oswaldo Cruz Série pessoal Série família Série diversos Documentos impressos Índice Assunto Onomástico 1 Fotos da capa: Da esquerda para a direita: 1ª foto: João Carlos Penido e Francisco Penido em Porto Esperança, em 17 jan. 1925 (AF.F.004 foto28); 2ª foto: Embaixador da Bolívia e OF, em primeiro plano, por ocasião do Cinqüentenário do Instituto Oswaldo Cruz, ago. 1950 (AF.F.0026 foto7); 3ª foto: OF como paraninfo na formatura do curso de doutoramento da Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, em 1938 (AF.F.0103 foto2). 2 Apresentação O Arquivo de Olympio da Fonseca constitui-se em mais uma fonte de pesquisa que o Arquivo de História da Ciência do MAST torna disponível à consulta. Este acervo, parte comprado e parte doado, possui documentos que registram as atividades profissionais deste cientista, principalmente no Instituto Oswaldo Cruz. É um acervo rico em imagens, boa parte delas feitas em viagens realizadas a trabalho, onde vale destacar a longa viagem ao Extremo Oriente, principalmente ao Japão e ao sul da China, como delegado do Comitê de Higiene da Liga das Nações. Este acervo possui, ainda, medalhas, homenagens e condecorações recebidas no decorrer de sua vida profissional. Devido à riqueza visual deste material, optamos por elaborar, em CD-Rom, um catálogo de medalhas e um repertório de fotografias, incluindo as imagens e índices. Na verdade, o MAST está oferecendo ao pesquisador, não apenas um inventário, mas três instrumentos de pesquisa. A preservação do Arquivo de Olympio da Fonseca é uma importante contribuição para o conhecimento de parte da história do Brasil e, em especial, da Medicina e da FIOCRUZ. Registramos o nosso agradecimento a Olympio Henrique Monat da Fonseca pela confiança que depositou no MAST ao doar parte deste acervo, à dedicação e paciência com que nos auxiliou na identificação de documentos com informações gerais. Agradecemos, ainda, a Maria de Fátima Argon e a Neibe Machado da Costa, do Arquivo Histórico do Museu Imperial, pela ajuda na indexação de alguns termos; e a Regina Bibiane, pela colaboração na descrição dos documentos tridimensionais. Maria Celina Soares de Mello e Silva Coordenadora de Documentação em História da Ciência 3 4 Trajetória científica de Olympio Oliveira Ribeiro da Fonseca Filho Ana Luce Girão Soares de Lima Pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ Olympio Ribeiro da Fonseca Filho era carioca e nasceu ainda nos últimos anos do século XIX, em 1895. Herdou da família uma forte tradição científica – o avô fora botânico e naturalista, discípulo de Francisco Freire Alemão1, e exercera grande influência sobre a formação dos filhos, todos médicos. Seu pai, Olympio Arthur Ribeiro da Fonseca, especializou-se em ginecologia e obstetrícia, além de ser Secretário Geral da Academia Nacional de Medicina e membro do American College of Surgeons, entre outras instituições. Olympio da Fonseca ingressou aos 15 anos incompletos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Naquela época (1910/1915), o curso de medicina seguia o modelo francês, que privilegiava as aulas teóricas sobre as práticas e a experiência clínica sobre o laboratório. O reduto da medicina experimental no Rio de Janeiro localizava-se no Instituto Oswaldo Cruz, e ainda não transpusera os muros daquela instituição de ensino. A clínica, no entanto, entrava bastante cedo na vida dos estudantes, muitas vezes a partir do primeiro ano. Assim, o jovem Olympio da Fonseca iniciou sua prática na cirurgia (o que muito o auxiliaria, posteriormente nas experiências com cobaias) ao final do primeiro ano, na mesma época em que também estagiava no laboratório de história natural sob a orientação de Hildegardo Noronha. Por força das circunstâncias - Noronha foi obrigado a se afastar para se tratar de uma tuberculose - acabou por assumir seu lugar como docente da disciplina e como curador do herbário, permanecendo nesta função até 1917. 1 Francisco Freire Alemão (1797/1874), botânico e médico de D. Pedro II, notabilizou-se também por ter atribuído às queimadas de florestas para expansão das plantações de café o espesso nevoeiro no qual o Rio de Janeiro mergulhou, em 1851, chamado de “enfumaçado”. Revista Época On line. Disponível em: <http://epoca.globo.com/ especiais/500anos/esp991011.htm>. Capturado em: 7 out. 2003. 5 Em 1912, quando cursava o terceiro ano, e aconselhado por Pacheco Leão, travou seu primeiro contato com Oswaldo Cruz ao se candidatar a uma vaga no Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz. Aceito para o ano seguinte (naquele não havia mais vagas), beneficiou-se pela ampliação do curso de 8 para 14 meses, e por sua mudança para o Pavilhão Mourisco, que, apesar de não estar totalmente concluído, apresentava instalações magníficas. Lá teve como mestres Alcides Godoy, Carlos Chagas, além de Adolpho Lutz e de Arthur Neiva, travando contato com a tradição alemã de pesquisa. Daí surgiu também o material para fazer sua tese de doutoramento, requisito necessário para a conclusão do curso de medicina. Por influência de Oswaldo Cruz e de Aristides Marques da Cunha (protozoologista), Olympio da Fonseca optou por orientar sua pesquisa para o estudo dos flagelados do homem e dos mamíferos, um assunto ainda pouco conhecido naquele momento. Descreveu um novo parasito do homem (denominado enterónomos hominis) que causaria posteriormente uma grande polêmica: durante a I Guerra Mundial o mesmo parasito, descoberto desta vez na África, foi descrito como espécie nova, e a situação só ficou totalmente esclarecida alguns anos depois. Pela originalidade do tema, a tese intitulada “Estudos sobre os flagellados parasitos dos mamíferos no Brazil”, foi laureada pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por ocasião de sua formatura, em 1915, com o prêmio Gunning, e teve resumo publicado pelo Instituto Pasteur de Paris, bem como pelo periódico “Tropical Diseases Bulletin”, de Londres. No anos seguintes, saiu nas “Memórias do IOC”. Em 1916, a Fundação Rockfeller iniciaria sua atuação no Brasil, com o objetivo de combater a malária e a febre amarela2. Por indicação de Carlos Chagas, já bastante influente devido à repercussão da descoberta da Tripanossomíase Americana, Olympio da Fonseca foi 2 ”Malaria, like hookworm, attracts Foundation interest. RF secretary Jerome D. Greene calls malaria “probably the heaviest handicap on the welfare and economic efficiency of the human race.” Beginning with pilot projects in Arkansas and Mississippi, RF establishes research centers in 25 locations in Latin America, Europe, the Near East, and Asia.” The Rockfeller Foundation: a History. Disponível em: <http://www.rockfound.org/> .Capturado em: 7 out. 2003. 6 nomeado seu primeiro diretor de campo, tornando-se o primeiro médico brasileiro da Rockfeller. Trabalhou nesta época em um amplo projeto de saneamento da Baixada Fluminense, única forma conhecida de combater a malária antes da utilização de inseticidas, o que só começou a acontecer após a II Guerra Mundial. Em 1917 assumiu o cargo de inspetor da Comissão Sanitária Federal, atuando no combate à febre amarela na Bahia, permanecendo até 1920. Acumulou esta função com o ensino de protozoologia no IOC. Em 1920, foi agraciado com uma bolsa da Fundação Rockfeller para estudar patologia nos Estados Unidos. Fixou-se inicialmente em Baltimore, onde estagiou no laboratório do Dr. MacCallum, principal patologista americano da época. Posteriormente, foi para Washington, a fim de complementar sua formação com o estudo da patologia botânica, com Erwin Simth e para a Johns Hopkins University, onde estagiou nos Laboratórios de Botânica, sob a orientação de William Welch. Sobre este período, ficou a impressão de que a ciência que se produzia naquele país era excessivamente autônoma, sem contato por exemplo, com o que se produzia na Europa, principalmente porque a geração mais nova não lia em outro idioma que não fosse o inglês, embora fossem muito bem aparelhados. Como a parte médica não era o forte nas instituições americanas que visitou, Olympio da Fonseca conseguiu que a Fundação Rockfeller estendesse sua bolsa por mais um ano, afim de que fosse para a França. Lá estudou com Emílio Brumpt, da Faculdade de Medicina da Universidade de Paris, e com o eminente cientista e médico, R. Sabouraud, do Hospital Saint Louis. A orientação que seguiu neste momento foi a de acumular conhecimento e prática em micologia, afim de organizar a seção de micologia médica do IOC, quando voltasse. Com efeito, imediatamente após sua volta, em 1922, Carlos Chagas o designou para esta função, além de atuar na Clínica Dermatológica, chefiada por Fernando Terra. Uma das mais importantes tarefas que assumiria seria o aparelhamento da Biblioteca de Manguinhos com o que havia de mais moderno na área de Micologia, além de formar uma coleção científica considerada a segunda mais importante do mundo, perdendo apenas para a do British Institute. Notabilizou-se, ainda, pela primeira descrição de 7 um caso de cromoblastomicose3 no Brasil, nome cunhado pelo próprio Olympio da Fonseca, após a sugestão de um americano de chamá-la de Doença de Fonseca. Em 29 de abril de 1925, casou-se com Adélia Monat da Fonseca. No mesmo dia embarcaram para uma nova missão que Olympio da Fonseca assumiu no exterior. Desta vez fora designado delegado pelo Comitê de Higiene da Liga das Nações (novamente por influência de Carlos Chagas, membro do Comitê) para realizar estágios em países do Extremo Oriente, principalmente no Japão e no sul da China.