II ENCONTRO DE RECURSOS HIDRICOS DE - 25 E 26/03/2009

CONFLITOS SÓCIO-AMBIENTAIS RELACIONADOS AO USO DA ÁGUA OUTORGADA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO – SE

Mestre: Sérgio Silva de Araújo Orientador: Prof. Dr. Antenor de Oliveira Aguiar Netto OBJETIVOS

 - Analisar e Tipificar os Conflitos Relacionados ao Uso da Água Outorgada na Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba-SE;

- Verificar o Cenários dos Corpos d’Água e os Aspectos Ambientais

- Verificar as Características Físicas e os Aspectos Econômicos;

- Analisar a Percepção Ambiental dos Usuários Outorgados de Uso da Água. JUSTIFICATIVA

É importante instrumento para a sociedade e para a economia do Estado de Sergipe adequar e balizar seus empreendimentos a partir da utilização de recursos naturais ligados aos corpos d’água de uma bacia hidrográfica;

Contribuir ainda, para o desenvolvimento e auxilio de tomada de decisões para políticas públicas, que priorizem a preservação ambiental;

Para subsidiar planos de manejos que minimizem os impactos ambientais no espaço que compreende a bacia hidrográfica em estudo.

 Servir também de parâmetros para verificar a degradação e o potencial desses recursos e, qual a melhor forma de apropriação deste espaço pelo homem, posto que sua sobrevivência depende do modo como ele se apropria da natureza. CONFLITOS SSÓÓÓÓCIOCIOCIO----AMBIENTALAMBIENTAL

 Os conflitos de caráter sócio-ambiental engloba três dimensões: o mundo biofísico e seus ciclos naturais, o mundo humano e suas estruturas sociais e, a clivagem entre esses dois mundos.

 Little (2001) – Tipologia dos conflitos sócio-ambientais que engloba as três dimensões, dividindo-os em três tipos básicos e suas dimensões:

 - Conflitos em torno do controle sobre os recursos naturais (com dimensões políticas, sociais e jurídicas);

 - Em torno dos impactos ambientais (contaminação do meio ambiente, esgotamento dos recursos naturais e degradação dos ecossistemas) e;

 - Em torno do uso dos conhecimentos ambientais (entre grupos sociais ao redor da percepção de risco, envolvendo o controle formal dos conhecimentos ambientais e em torno dos lugares sagrados). CARACTERCARACTERÍÍÍÍSTICASSTICAS FFÍÍÍÍSICASSICAS

 A bacia hidrográfica é um sistema físico e compreende todo o território que apresenta característica topográfica, geológica, de solo, de vegetação e de águas; que recebe e conduz todos os volumes sólidos e líquidos superficiais que se precipitam e escoam pelo exutório, com limites interno e externo em todos os processos, provocando interferência no fluxo de matéria e energia em rios e canais fluviais. CARACTERCARACTERÍÍÍÍSTICASSTICAS FFÍÍÍÍSICASSICAS

 O Estado de Sergipe se compõe de seis bacias hidrográficas distribuídas em todo seu território.

 Sua nascente se localiza na serra de Boa Vista, no município de Gracho Cardoso, a uma altitude pouco superior a 240 m . LOCALIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

Localização da Bacia Hidrográfica do rio Japaratuba no Estado de Sergipe.

Fonte: Sergipe-2004. CARACTERCARACTERÍÍÍÍSTICASSTICAS FFÍÍÍÍSICASSICAS

 A Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba compõe-se de três rios principais ( Figura 3.2 ), que são:

 O rio Japaratuba, drenagem principal;

 O rio Siriri, afluente pela margem direita e;

 O rio Japaratuba Mirim pela margem esquerda. Limites da Bacia HidrogrHidrográáááficafica do Rio Japaratuba e os municmunicíííípios.pios. ASPECTOS SSÓÓÓÓCIOCIOCIO----ECONÔMICOSECONÔMICOS

 Antes o espaço era ocupado pelos índios Tupinambás, que tiveram que disputar suas terras com os colonos brancos portugueses.

 Hoje, é ocupado por uma população de 201.337 habitantes, dos quais 122.486 estão nas áreas urbanas e o restante, que representa 78.851 habitantes, encontra-se nas áreas rurais. ASPECTOS SSÓÓÓÓCIOCIOCIO----ECONÔMICOSECONÔMICOS

 Os estabelecimentos industriais presentes na bacia hidrográfica do rio Japaratuba são indústrias químicas, indústrias cerâmicas, minerações (mármore e granito), agroindústria e indústrias de cerâmica. Município de Carmópolis, no detalhe a Sede da Petrobrás em Carmópolis.

 A partir da década de 1960 a bacia hidrográfica do rio Japaratuba, recebe a instalação da Petrobrás (indústria petrolífera ligada à prospecção, exploração, extração e produção de petróleo e gás).

Fonte: Sérgio Araújo, 13/12/2006. Complexo Taquari Vassouras – Petromisa (hoje VALE). Implantação na década de 1980.

 Na década de 1980 foi instalado o Complexo Minero- industrial Taquari-Vassouras (explorado pela empresa Petróleo Brasileiro Mineração – Petromisa) – hoje arrendada à Vale.

Fonte: Petrobrás (1992) e Araújo (2005). ASPECTOS SSÓÓÓÓCIOCIOCIO----ECONÔMICOSECONÔMICOS

 As principais formas de uso da terra são as seguintes: ocupação urbana e industrial;

 áreas cultivadas com cana-de-açúcar; coco; feijão; mandioca; milho;

 áreas de exploração de petróleo; potássio;

 áreas de Mata Atlântica e Manguezais, e uma área de proteção ambiental localizada próximo ao litoral no município de – a Reserva Biológica de Santa Isabel ligada à União. ( Figura 3.5 ). Mapa de Uso e Ocupação do Solo na Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba – Sergipe.

Fonte: Sergipe, 2006 . METODOLOGIA

 Chauí (1997) – A percepção envolve toda a vida social do ser humano, todo o arcabouço cultural do homem.

 A percepção ambiental é parte do processo de formação do conhecimento e, por conseguinte do sistema de valores. METODOLOGIA

 1 – Uma abordagem quantitativa e qualitativa;

 2 – Coleta de dados nas fontes primárias (entrevistas e pesquisa de campo); e secundárias, com ampla pesquisa bibliográfica;

 3 – Relatórios, cartas, artigos, dissertações em órgãos públicos como EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária, IBGE – Instituto Brasileiro e Geográfico, Câmaras Municipais e Prefeituras, Bibliotecas Públicas e da Universidade Federal de Sergipe, CPRM – Serviços de Pesquisa dos Recursos Minerais, ANA – Agência Nacional de Águas, SRH – Superintendência de Recursos Hídricos de Sergipe, na Rede Mundial de Computadores – INTERNET, Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba; METODOLOGIA

 4 – levantamento das condições ambientais através de registro de imagem e observação de campo;

 5 – foi percorrido todo o percurso do rio principal, o Japaratuba e seus afluentes desde as suas nascentes e mananciais até a foz e encontros destes;

 6 – Caderneta de Campo;

 7 – Foram realizadas quinze viagens com transporte rodoviário acompanhado de guias e uma viagem aérea, no período de dezembro de 2006 a janeiro de 2008.

 8 - o georeferenciamento dos pontos de captação de água, ou mesmo das áreas que apresentaram degradação ambiental, através de Global Positioning System (GPS). (Figura 4.6) Mapa de localização dos pontos georeferenciados na bacia hidrográfica do rio Japaratuba-Sergipe – 2007.

Fonte: Sergipe, 2004. METODOLOGIA

 9 – foram entrevistados 11 estabelecimentos dos 14 existentes com direito de outorga de uso de água, que detêm juntos 62 processos de outorga até dezembro de 2007, dos quais 14 são de superfície e 48 subterrâneos, assim distribuídos;

 10 – quatro para a Companhia de Saneamento de Sergipe e um para a Prefeitura Municipal de Carmópolis para abastecimento humano.

 11 – Para os outros usos como irrigação em número de 23 outorgas, aqüicultura 5, para fins industriais 29 – um deles para uso da agroindústria – conforme dados adquiridos na SRH ( Anexo I );

 12 – Em decorrência da utilização da outorga, facultada à Prefeitura do Município de Carmópolis, pela SAAE, autarquia ligada ao governo municipal, foi realizada a 12ª entrevista; Mapa de localização dos processos de outorga na bacia hidrográfica do rio Japaratuba no Estado de Sergipe.

Fonte: Sergipe – 2004 CENCENÁÁÁÁRIORIO DOS CORPOS DD’Á’Á’Á’ÁGUAGUA E ASPECTOS AMBIENTAIS 5.1 ---CONDICONDIÇ ÇÇÇÕESÕES AMBIENTAIS

 A degradação ambiental é a principal fonte de conflitos, visto que, os atores sociais envolvidos declaram ser de muita importância os problemas ambientais da região e, sobretudo da bacia hidrográfica do rio Japaratuba, pois os principais problemas apontados pelos entrevistados são o desmatamento, assoreamento e poluição das águas (Figura 5.38). CONDICONDIÇÇÇÇÕESÕES AMBIENTAIS

 Figura 5.38 – Principais Problemas da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba

70,0%

60,0%

50,0%

Muito 40,0% Mais ou Menos

30,0% Pouco Nenhuma resposta

20,0% Porcentagem

10,0%

0,0% Desmatamento Assoreamento Poluição das Águaso da DiminuiçãVazão Barragens Irrigação

Problemas ambientais CONDICONDIÇÇÇÇÕESÕES AMBIENTAIS

 Na bacia hidrográfica do rio Japaratuba consta as seguintes variáveis de conflitos:

 Tratamento de água para consumo humano inadequado;

 O plantio de agricultura de subsistência às margens dos rios ou mesmo no próprio leito; Figura 5.9 – Unidade de Bombeio da Petrobrás no Município de Carmópolis próximo ao CP-01.

Vazamentos de óleo dos campos de produção de petróleo das áreas adjacentes.

Fonte: Sérgio Araújo, 05.09.2007 Figura 5.11 – Rio Japaratuba Mirim no Município de Muribeca, com o leito do rio é usado para exploração de argila para fábrica de cerâmica.

Extração de argila para a fabricação de telhas e tijolos.

Fonte: Sérgio Araújo. 26.02.2007. Figura 5.17 – Fazenda Timbó, Manancial do Prata Município de Japaratuba, captação de água da DESO.

Lançamentos de esgotos do setor turístico.

Fonte: Sérgio Araújo. 13.12.2007. Figura 5.20. Açude da Cidade no Município de N. S. das Dores.

Lançamentos de esgotos domésticos.

Fonte Sérgio Araújo 05.09.2007. Figura 5.21. Construção da Usina sucroalcoleira de Campo Lindo no Município de N. S. das Dores - Sergipe.

Vinhoto proveniente das usinas de álcool; Aumento da fronteira agrícola para o plantio de cana-de-açúcar.

Fonte Sérgio Araújo 17.10.2007. Figura 5.22. Lavagem de roupas pela comunidade da Mata do Cipó no Município de Siriri – Sergipe.

Lavagem de roupas nos leitos dos rios.

Fonte Sérgio Araújo 05.09.2007. Figura 5.25. Rio Siriri nas imediações do Povoado de Siririzinho – Município de Siriri mudou seu curso, desviando do antigo rompendo o asfalto da pista.

Desvio de curso de rio.

Fonte Sérgio Araújo 17.10.2007. Figura 5.28 – Ponto de captação de água outorgada da VALE no Município de Rosário do Catete – Sergipe. Poluição das águas do rio pelas indústrias;

Despejo de efluentes hipersalinos da mina de taquidrita no mar;

Fonte: Sérgio Araújo, 05.09.2007. Figura 5.30 – Nascente principal do Rio Japaratuba no povoado Imbira, entre os municípios de Feira Nova e Gracho Cardoso.

Barragens.

Fonte: Sérgio Araújo, 20/02/2007. Figura 5.32 – Rio Japaratuba, na proximidade da rodovia Federal BR 101, no município de Capela.

Desmatamento da mata ciliar .

Assoreamento das margens.

Fonte: Sérgio Araújo. 08/01/2007 . Figura 5.34 – Riacho Mariquita afluente do rio Japaratuba, na Cidade de Carmópolis.

Lançamentos de esgotos domésticos.

Fonte: Sérgio Araújo. 13/12/2006. Figura 5.37 – Vista aérea da Foz do Rio Japaratuba no Município de Pirambu.

 Viveiros de camarões nos manguezais.

Fonte: Sérgio Araújo. 09/04/2007. MEIO AMBIENTE E OUTORGA DE USO DE ÁÁÁGUAÁGUA

 Objetiva garantir o controle quantitativo e qualitativo dos usos das águas superficiais e subterrâneas e autoriza ao usuário a utilizar as águas de seu domínio;

 É um instrumentos de gestão dos recursos hídricos;

 É autorizado pela União através da Agência Nacional de Águas (ANA), quando as águas de domínio da União; Pelos Estados e Distrito Federal através de seus órgãos gestores da água quando estas fazem parte apenas de seu território;

 No caso do Estado de Sergipe, esta é autorizada pela Superintendência dos Recursos Hídricos (SRH). MEIO AMBIENTE E OUTORGA DE USO DE ÁÁÁGUAÁGUA

 Os conflitos pela disputa da água existem em decorrência:

 1 – de sua escassez, resultado cada vez maior de seu consumo;  2 – da multiplicidade de percepções;  3 – da má gestão dos recursos hídricos;  4 – do desmatamento; da poluição; do desperdício;  5 – do vazio de políticas públicas que estimulem o uso sustentável;  6 – da ausência de participação democrática da sociedade;  7 – falta de programas de educação ambiental que atenda a toda comunidade;  8 – Agravada em virtude da desigualdade social e da falta de manejo e usos sustentáveis dos recursos naturais. PERCEPPERCEPÇÇÇÇÃOÃO AMBIENTAL DOS OUTORGADOS

 Os três blocos de entrevistas:

 Interesses imediatos para cada uma das instalações;

 Aqueles ligados à indústria se referem à água da bacia hidrográfica como necessária e importante para o seu negócio e, sua percepção ambiental não passa dos marcos regulatórios contidos na legislação vigente. Definição de meio ambiente: OT4 “É o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”, apenas reflete a definição dos termos da Lei de criação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), nº 6.938, de 31/08/1981.

 Aqueles ligados ao município e à agricultura tratam-na como essencial para a sobrevivência do homem e, sua percepção ambiental encontra no mito da terra a mãe que afaga e protege. Definição de Meio Ambiente: OT8 “Preservação da natureza”.

 Esta diversidade de opiniões a respeito da importância da água e das definições sobre o meio ambiente, encontra-se na esfera das representações simbólicas atribuída à água, e estas são relativizadas a partir do ponto de vista das culturas, da forma como se dá o envolvimento e os interesses do indivíduo com a natureza. Figura 6.40 – Volume de Outorga em (m3/mês) na bacia hidrográfica do rio Japaratuba-SE.

900000,00

800000,00

700000,00

600000,00

500000,00

VOLUME OUTORGA (m3/mês)

400000,00

300000,00

200000,00

100000,00

0,00 OT01 OT02 OT03 OT04 OT05 OT06 OT07 OT08 OT09 OT10 OT11 OT12 OT13 OT14 OT15 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

 Uma gestão baseada na sustentabilidade ecológica;

 A construção de uma nova relação entre o homem e o meio ambiente;

 Uma educação ambiental crítica para promover a sustentabilidade da vida no planeta a partir de rupturas e religações fundantes de um novo paradigma;

 Apontar indicadores de sustentabilidade para que se criem mecanismos de desenvolvimento em escala social, humana, econômico-financeira e ecológica; CONCLUSÕES E SUGESTÕES

 Do ponto de vista prático, esta pesquisa sugere que, no âmbito dos órgãos públicos e privados, que estes possibilitem a recomposição da mata ciliar e a criação de reservas extrativistas como unidade de conservação de uso direto em todos os ecossistemas em que se encontra inserida à bacia hidrográfica do rio Japaratuba, através de convênios.

 Que as empresas privadas e estatais que usufruem dos recursos naturais oriundos da bacia hidrográfica estudada, estabeleçam programas ambientais e educativos que garantam a sustentabilidade ecológica, sócioeconômica e cultural da região. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

 Que os órgãos públicos, intensifiquem a aplicação da outorga de direitos do uso da água, na perspectiva de utilização racional deste recurso e que possibilite tratamento adequado para a água distribuída para consumo humano, bem como, o enquadramento dos corpos de água em classes distintas.

 Que as empresas instaladas na região realizem convênios com as universidades para que possibilitem pesquisas no âmbito de suas especificidades industriais, para que minimizem os custos ambientais e mitiguem os efeitos e conseqüências que o seu processo possa causar ao ambiente. Figura 5.36– Vista aérea da Foz do Rio Japaratuba no Município de Pirambu.

OBRIGADO!

Fonte: Sérgio Araújo. 09/04/2007.