A Épica De Cláudio Manuel Da Costa: Uma Leitura Do Poema Vila Rica / Djalma Espedito De Lima; Orientador João Adolfo Hansen
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA BRASILEIRA DJALMA ESPEDITO DE LIMA A ÉPICA DE CLÁUDIO MANUEL DA COSTA Uma leitura do poema Vila Rica SÃO PAULO 2007 DJALMA ESPEDITO DE LIMA A ÉPICA DE CLÁUDIO MANUEL DA COSTA Uma leitura do poema Vila Rica Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH/USP. Área de concentração: Literatura Brasileira. Orientador: Prof. Dr. João Adolfo Hansen. SÃO PAULO 2007 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. E-mail para contato: [email protected] Serviço de Biblioteca e Documentação da FFLCH/USP Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Lima, Djalma Espedito de A épica de Cláudio Manuel da Costa: Uma leitura do poema Vila Rica / Djalma Espedito de Lima; orientador João Adolfo Hansen. -- São Paulo, 2007. 245 f. Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas) -- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 1. Literatura brasileira - Século 18 - Crítica e interpretação 2. Poesia épica - Crítica e interpretação - Século 18 - Brasil 3. Vila Rica (poema) - Crítica e interpretação 4. Costa, Cláudio Manuel da, 1729-1789 I. Título CDD 869.9122 FOLHA DE APROVAÇÃO Djalma Espedito de Lima A épica de Cláudio Manuel da Costa: Uma leitura do poema Vila Rica Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH/USP. Área de concentração: Literatura Brasileira Aprovado em: _______________ Banca Examinadora Profa. Dra. Laura de Mello e Souza Instituição: FFLCH/USP Assinatura: __________________________________ Prof. Dr. Antonio Alcir Bernárdez Pécora Instituição: IEL/UNICAMP Assinatura: __________________________________ Prof. Dr. João Adolfo Hansen Instituição: FFLCH/USP Assinatura: __________________________________ Ao meu pai, In memoriam. Agradeço: Especialmente ao Professor João Adolfo Hansen, que orientou esta pesquisa com clareza e precisão. Muito obrigado pela inquestionável competência, grande sabedoria e alegre amizade. Aos Professores Laura de Mello e Souza e Ivan Prado Teixeira, pelas valiosas contribuições dadas a este trabalho na realização do exame de qualificação. Ao Professor Antonio Alcir Bernárdez Pécora, por aceitar participar da Banca Examinadora desta dissertação. Ao Professor Eduardo de Almeida Navarro, pelas excursões no território luso-colonial dos cronistas, nas nossas expedições aos séculos XV, XVI e XVII, quando falávamos o Tupi. Ao Professor José Miguel Wisnik pela oportunidade de realizar uma reflexão intensa sobre os pressupostos críticos aplicados à historiografia das letras brasileiras. Aos Professores que palestraram no curso de pós-graduação da FFLCH/USP: Alfredo Bosi, Hélio Guimarães, Luiz Roncari, Flávio Aguiar, Cilaine Alves, Wagner Camilo, Jaime Ginsburg e Alcides Vilaça. À Maria de Lourdes de Souza Lima, Espedito Manuel de Lima †, Davi Espedito de Lima, Maria Dejanira de Lima, Marcelo Teles dos Santos, Clodoaldo de Lucas Santana, Edson Domingues, Pedro Pereira, Carlos Groh, Luiz Carlos Scarparo, Eschivane Manzo, Mauro Machado de Oliveira, Rosemeiri Gomes Felicio, Nelita Surati, Marino Volic, Henrique Linares, Mari Queiroz, Fulvia A. D‘Avello Napolitano, Fábio Batistella, Milena Ferrari, André Angelo Ferrari, Sílvia Ernesto, Jaime Crivelaro, Marcos Vaskevicius, Valdemir M. Lira, Marcos Freire, Lucília Guerra, Murilo Marcondes de Moura, Ricardo Martins Valle, Eduardo Sinkevisque, Suely Perucci, Érica Salgado, Sílvio Roberto Neri, João Gonçalves, Marta Marczyk, Fernanda Guisso, Mariana da Rocha Pita, Rodrigo Bastos, Alejandro e Daniela Avilés, Renato Miguel Amendoeira Pires, Ricardo Vieira da Silva, ao poeta Francisco Barros Cascallar e a todos os outros familiares, amigos e conhecidos que acreditaram no meu empenho. A todos os meus alunos. Aos funcionários da Biblioteca Central da FFLCH-USP, da Seção de Obras Raras da Biblioteca Mário de Andrade de São Paulo, do Museu da Inconfidência e da Casa dos Contos de Ouro Preto, pelo auxílio técnico prestado. À Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, pela oportunidade de realização do curso de mestrado. Um poema épico, no meio desta prosa atual em que vivemos, é uma fortuna miraculosa. Pretendem alguns que o poema épico não é do nosso tempo, e há quem já cavasse uma vasta sepultura para a epopéia e para a tragédia, as duas belas formas da arte antiga. Não fazemos parte do cortejo fúnebre de Eurípedes e Homero. (...) Findou a idade heróica, mas os heróis não foram todos na voragem do tempo. Como fachos esparsos no vasto oceano da história atraem os olhos da humanidade, e inspiram os arrojos da musa moderna. Casar a lição antiga ao caráter do tempo, eis a missão do poeta épico. Machado de Assis. RESUMO Este ensaio estuda a invenção retórico-poética do poema épico Vila Rica, lido como uma composição que emula o costume da escrita das epopéias gregas, latinas e modernas, especialmente a Farsália de Lucano e a Henriade de Voltaire, atualizando, pelo intermédio do pensamento das preceptivas de Francisco José Freire, filtradas pela postura crítica de Voltaire, que deprecia a importância de muitas regras convenientes ao decoro do gênero épico. A epopéia de Cláudio Manuel da Costa é entendida como um exercício prático de poesia, orientado para o ensinamento da instrução moral e para a admiração do deleite poético, retratadas na atitude ideal do chefe militar português de uma encenação da história da pacificação das terras mineiras, produzindo uma gênese mítica heróica para a pátria mineira, buscando a perpetuação da memória na posteridade, seguindo o exemplo da poesia épica retratada no mundo hispano-colonial, no chamado Siglo de oro, que encena a descoberta e a pacificação das colônias pelos europeus, aplicando um estilo sublime na reinvenção de uma ação entendida como heróica. Ao realizar este movimento, permanecendo inédito por muito tempo, e pouco divulgado por séculos, o poema Vila Rica agrega uma fortuna crítica que se divide entre a apologia e o vitupério do texto, que representa o topos do utópico, na medida em que a paisagem retratada difere evidentemente daquela encontrada na Arcádia e nas margens do rio Mondego, mais adequadas à figuração do exemplar locus amoenus, da poesia idílica de Teócrito. Ao mesmo tempo, realiza a mitificação da história pela superposição de diversos fatos históricos, apresentados no Fundamento Histórico, encenados como tópicos da morte e do amor, orientando e evidenciando o caráter de valorização da glória dos feitos dos representados do reino português num herói portador da perfecta eloquentia, contra um suposto domínio da lei natural pelos nativos do Estado do Brasil, reinventando a história na agregação de uma glória poética a ser reconhecida ou inventada numa sociedade hierárquica que encena a si mesma num teatro de imagens e discursos. Exclui-se a subjetividade de um sujeito em conflito consigo próprio pela melancolia da paisagem rochosa, buscando-se a glória, além da tradição, demonstrando a honra da moral católica da sociedade colonial luso- brasileira no empenho da elucidação da história. PALAVRAS-CHAVE: Vila Rica (poema); Teologia-política; Poética-retórica; Poesia Épica; Glória poética. ABSTRACT This essay studies the rhetorical-poetical invention of the epic poem Vila Rica, read as a composition that emulates the written custom of the greek, latim and modern epics, especially the Pharsalia of Lucan and the Henriade of Voltaire, bringing up to date, by the intermediacy of the thought of Francisco José Freire‘s precepts, filtered by the critical position of Voltaire, that depreciates the importance of many convenient rules to the decorum on the epic genus. The epic of Cláudio Manuel da Costa is understood as a practical exercise of poetry, guided by the teaching of a moral instruction and in favor of the admiration of a poetical delight, portrayed in the ideal attitude of the Portuguese military head as a representation of the mining lands pacification‘s history, producing a mythical heroic source for the mining country, searching the upholding of the memory in the posterity, following the example of the epic poetry portrayed in the Hispanic-colonial world, in the so called Siglo de oro, that represents the discovery and the pacification of colonies by Europeans, applying a sublime style in the re-invention of an action understood as heroic. When carrying through this movement, remaining unknown for a long time, and little divulged for centuries, the poem Vila Rica supports a critical history that is divided between praise and vituperation of the text, which represents the topos of utopian, taking into account that the portrayed landscape differs evidently from that one joined in the Arcadia and in the edges of the Mondego river, adjusted to the picture of the pattern locus amoenus, of the idyllic poetry of Theocritus. At the same time, it carries through turning the History into a myth, by the overlapping of various historical events, presented in the Fundamento Histórico, figured as topics of the death and of love, guiding and evidencing the estimation‘s character on the glory of the Portuguese kingdom‘s representatives‘ actions in a hero carrying a perfecta