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Universidade de Évora - Instituto de Investigação e Formação Avançada Programa de Doutoramento em Literatura Tese de Doutoramento O Kuduro Concretizações Literárias à Margem Wakala Isaac Manuel Muzombo Orientador(es) | Cláudia Maria Ferreira de Sousa Pereira Évora 2020 ii Universidade de Évora - Instituto de Investigação e Formação Avançada Programa de Doutoramento em Literatura Tese de Doutoramento O Kuduro Concretizações Literárias à Margem Wakala Isaac Manuel Muzombo Orientador(es) | Cláudia Maria Ferreira de Sousa Pereira Évora 2020 iii A tese de doutoramento foi objeto de apreciação e discussão pública pelo seguinte júri nomeado pelo Diretor do Instituto de Investigação e Formação Avançada: Presidente: Doutora Elisa Nunes Esteves (Universidade de Évora) Vogais: Ana Clara de Sousa Birrento Matos Silva (Universidade de Évora) Paula Maria Guerra Tavares (Universidade do Porto) Maria da Natividade Carvalho Pires (Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco) Maria da Graça Guilherme de Almeida Sardinha (Universidade da Beira Interior) Ricardo Manuel Fernandes Marques (Universidade Nova de Lisboa) Cláudia Maria Ferreira de Sousa Pereira, Orientadora (Universidade de Évora) Évora 2020 iv A criatividade e a sensibilidade linguística e literária não são exclusivas do homem culto, rico, burguês; elas existem em todos os homens que as exercitem; e nunca deixou de haver homens das classes trabalhadoras e até analfabetas a exercitá-las, ainda que desencorajados por toda a espécie de limitações e de censuras. (Arnaldo Saraiva, Literatura Marginalizada, Vanguarda, Tradução, Crítica, Literatura pobre linguagem política, gralha. Sobre o slogan «O povo unido jamais será vencido», 1975:107) E são criações culturais, no sentido forte do termo, que podem ser descritas como “textos”, quer dizer, como estruturas de significação que se combinam em obras singulares e duradouras, sujeitas à dialética das representações de autores, intérpretes e recetores, no quadro de referência de certas comunidades e contextos de criação, valoração, intermediação e consumo- (A. Santos Silva & Paula Guerra, As Palavras do Punk. Uma viagem fora dos trilhos pelo Portugal contemporâneo, 2015: 75) v À memória de meu sobrinho/filho Gutto vi AGRADECIMENTOS São várias as pessoas que interferem num trabalho desta dimensão. É assim que, reconhecidamente, agradeço: Em primeiro lugar a Nzambe-a-Mpungu, meu Protetor. Aos meus pais, Pedro Rafael Muzombo e Luísa Manuel com todo o carinho e respeito, pelo milagre deascendência e criação. À minha mulher Verónica Nambongo Panzo Muzombo e aos meus filhos Kiese Daniel Pedro Muzomboe Luyindula Dádiva Daniel Muzombo com amor e carinho. Aos meus irmãos Albano Manuel Muzombo, Makuntima Orlando Manuel Muzombo (meucompanheiro, gémeo), Rosa Afonso Muzombo, Félix Manuel Muzombo, Mayangui Gabriel Manuel Muzombo, Wilson dos Santos, GeremiasManuel Muzombo, Daniel Muanza Muzombo, Maria da Conceição Muzombo, Nsia Nsoki Pedro ManuelMuzombo, Paulo Manuel Muzombo, eu agradeço o orgulho que sentem por mim e em mim. À Universidade da Beira Interior, por me abrir horizontes e me mostrar que há outros caminhos que devem serpercorridos. Agradeço por ali ter feito o Mestrado e ter nascido a vontade de prosseguirpara doutoramento. À Universidade de Évora, que me acolheu, ficarei sempre grato pela oportunidade que medeu de fazer a minha formação académica que contribuiu para o meu crescimento como pessoae como profissional. Aos meus companheiros de luta, Francisco Monteiro Daniel e Xavier JorgeMafuassa, por todo o encorajamento nos momentos críticos. À todos os kuduristas de Angola, principalmente daqueles cujos nomes e letras foram tratadas neste trabalho. Aos jovens do bairro Candombe Velho, sou grato por ter aprendido o mundo de vários prismas. Ao Engenheiro Deodact Ngudiavita, no SIAC/Uíge, por vários apoios. À Professora Beleza António, no ISCED – Uíge, minha Professora na licenciatura, por me ter incentivado para a canditura à bolsa de estudos em Portugal. vii À Professora Maria da Graça Sardinha, na Universidade da Beira Interior, minha orientadora no mestrado, agradeço o lançar das sementes de escrita. À Professora Cláudia Sousa Pereira, minha orientadora neste trabalho, pela partilha do conhecimento, pela amizade e sua forma de escrever que ficou comigo. viii RESUMO O presente estudo decorre de um trabalho de investigação que começou como reflexão e termina, agora, como proposta para mais reflexões. É sobre o Kuduro, estilo musical e de dança, de Angola, mas também do Mundo. O percurso que nos trouxe ao presente estudo permite-nos encarar o Kuduro como património cultural imaterial. Trazemos, para confirmar a nossa posição e proposta, abordagens às letras, textos de literatura de margem, onde, com base na revisão de outras discussões, procuramos enquadrar esta prática cultural. Tratamo-lo também e sobretudo como literatura, encarando-o como um subsistema literário do polissistema que é a cultura e, dentro dela, a literatura. Trabalhamo-lo nos seus diversos domínios de atualização de uma linguagem literária: poema elegíaco, confessional, satírico e interventivo social. Além da vertente estética do Kuduro, que se compreenderá no resultado da análise das letras na sua dimensão literária, apresentamos também interpretações de letras em que realçamos o lado ético e o seu papel interventivo e social. São, portanto, perspetivas em que o texto literário vai emergindo e constituindo-se como objeto cultural pluridimensional. Conscientes da marginalidade do nosso objeto de estudo, independentemente da sua pertença a um lugar de origem que se multiplicou numa diáspora inquestionável, terminamos o nosso percurso como uma etapa, apenas. Uma etapa de um caminho que encara o saber-fazer literário como um património imaterial comum ao ser humano criativo, denominador comum de uma linguagem, também comum, em línguas e “fonias” distintas. Palavras-chave: Kuduro; literaturas marginais; polissistema literário; património cultural imaterial; cultura angolana. ix The Kuduro: Literary achievements on the sidelines ABSTRACT The present study takes place from a researching work that started as a reflection and ends now as a proposal for more reflections. It is about Kuduro, musical and dance genre from Angola but also from the world. The journey that brought us to the present study allows us to face Kuduro as intangible cultural heritage. To confirm our position and proposal, we bring approaches to the lyrics, margin literature texts in which, based on the review of other discussions, we seek to frame this cultural practice. We treat it mostly as literature, facing it as a literary subsystem of the polisystem that culture is and, inside it, literature. We work it in its several domains of updating of a literary language: elegiac, confessional, satirical and socially interventional poem. Apart from the aesthetical slope of Kuduro, that will be understood in the result of the lyrics analysis on its literary dimension, we also present interpretations of the lyrics in which we highlight the ethical side and its interventional and social role. They are perspectives in which the literary text emerges and constitutes itself as a multidimensional cultural object. Aware of the marginality of our object of study, independently of its belonging to a place of origin that has multiplied in an unquestionable diaspora, we conclude our journey as a single stage. A stage of a path that faces the literary know-how as intangible heritage common to the creative human being, common denominator of an also common language in distinct tongues and “fonias”. Keywords: Kuduro; marginal literature; literary polisystem; intangible cultural heritage; Angola’s culture. x Índice AGRADECIMENTOS ............................................................................................... VII INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1 1. Apresentação, enquadramento e metodologia ............................................................................... 2 2. Kuduro e as questões de património .............................................................................................. 6 3. Património cultural imaterial (PCI) segundo a Unesco................................................................. 9 4. Percursos do registo do PCI angolano ......................................................................................... 15 4.1. Literatura tradicional angolana de transmissão oral ........................................................................ 17 4.2. Primeiros registos escritos em português do PCI angolano ............................................................ 17 5. Pertencer à literatura marginal ou marginalizada ...................................................................... 19 6. A voz, um ato de linguagem ......................................................................................................... 27 7. Música e Poesia ............................................................................................................................ 30 8. O caso dos hinos nacionais ........................................................................................................... 33 9. Entre as margens do literário e a identidade musical nacional ................................................... 37 10. Atualmente, o caminho do futuro .............................................................................................. 40 CAPÍTULO