Livro É Um Resumo Da Já Longa Trajetória Que Estamos Percorrendo
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João Daudt d’Oliveira, o primeiro presidente da CNC, comanda reunião da entidade O ex-presidente, Antonio Oliveira Santos, passa o cargo para José Roberto Tadros, atual presidente da CNC Uma trajetória inspiradora na busca de novas conquistas A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) completa 75 anos de existência, plena de realizações e serviços prestados às empresas representadas e ao País. Desde o ano histórico de 1945, que ficou como referência para toda a humanidade pelo término do mais abrangente conflito militar de todos os tempos, são muitas as contribuições da CNC. Este livro é um resumo da já longa trajetória que estamos percorrendo. Aqui estão os resultados do trabalho de gerações de líderes e profissionais que ajudaram a escrever cada página dessa história com dedicação, talento e uma visão de Brasil grande, com um setor terciário forte e próspero. A todos os que contribuíram para esse sucesso, o meu agradecimento. Diretores, presidentes de federação e sindicatos, consultores, gestores, colaboradores e, claro, aos empresários e nossos diversos públicos de relacionamento, sem os quais nossa história certamente não seria possível de ser contada. Um agradecimento especial para Antonio Oliveira Santos, a quem tive a honra de suceder e cujo legado ultrapassa os limites do nosso Sistema. É sob essa inspiração que já estamos escrevendo a história dos próximos 75 anos. Boa leitura! Carta do Presidente José Roberto Tadros Presidente Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC Sumário Capítulo 1 Capítulo 4 Memorial do Comércio 15 O Sistema Comércio no Brasil 109 Capítulo 2 Capítulo 5 Transição 55 Linha do Tempo 177 Capítulo 3 Entrevista com o Presidente 101 12 13 Capítulo 1 MEMORIAL DO COMÉRCIO A CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – completa 75 anos em novembro de 2020. Para entender como ela surgiu é preciso voltar no tempo. Mais precisamente ao histórico dia 2 de setembro de 1945. Terminava oficialmente nessa data a Segunda Guerra Mundial, um conflito que ceifou a vida de cerca de 60 milhões de pessoas e mudou o rumo da humanidade. 15 Após a vitória dos aliados sobre os nazistas sintonia dos demais países do bloco, ou e seus parceiros do eixo, o mundo precisou seja, em uma fase política de reivindicação se reorganizar. Para garantir a manutenção de direitos e eleições democráticas, além da paz e promover um fórum de discussão de promulgação de uma nova Constitu- global, os aliados formaram a Organização ição. Getúlio sentiu que seu regime de das Nações Unidas (ONU) em 24 de governo já não era mais possível e tentou outubro de 1945. Além disso, elaboraram a convocar eleições, mas não contou com o Declaração Universal dos Direitos Humanos, apoio militar e foi deposto por um golpe. em 1948, que passou a ser adotada por O fim da guerra também impulsionou mu- todos os Estados-membros. Entretanto, a danças econômicas e sociais. Nossa econo- aliança entre os aliados ocidentais e a então mia ainda dependia essencialmente das ex- União Soviética, que já estava tênue no portações de café e importávamos a maioria final da guerra, deteriorou-se a ponto de se dos produtos industrializados e quase todo formarem dois blocos político-ideológicos. o petróleo de que precisávamos. Por outro A maioria dos países europeus orientais lado, a urbanização crescia rapidamente e, ficou sob a esfera de influência da União ao final de 1945, Rio de Janeiro e São Paulo Soviética, o que determinou a concepção de já tinham mais de um milhão de habitantes. regimes socialistas e comunistas. Do outro Naqueles anos, os principais líderes empre- lado, sob uma maior influência dos Estados sariais brasileiros entenderam que a emer- Unidos, outros países do globo adotaram gente sociedade democrática demandaria regimes capitalistas democráticos. Essa uma maior representatividade das classes bipolaridade deu início a uma nova realidade trabalhadoras e empresariais. E que, para política, social e econômica mundial. tanto, era necessário se organizarem para O Brasil, na época da guerra, era presidido enfrentar os grandes desafios e oportuni- por Getúlio Vargas em um regime ditatorial dades para a construção não só dessa nova simpático ao modelo fascista dos Países sociedade como também de uma economia do Eixo (Alemanha, Japão e Itália). Porém, forte e moderna. Esses líderes colaboraram nosso país acabou participando da Segunda na da criação da CNC visando partici- Guerra Mundial junto aos aliados. Ao fim par ativamente das decisões nacionais. da guerra, o Brasil ingressou na mesma Vista aérea do antigo centro do Rio A primeira-dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt, exibe cartaz contendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em novembro de 1949 16 Capítulo 1 - Memorial do Comércio CNC - Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo 75 anos 17 Da esquerda para a direita, Roberto Nasce a CNC Simonsen, Iris Meinberg, Luiz Dodsworth Martins, João Daudt d’Oliveira e Euvaldo Lodi. Dodsworth Martins era o secretário geral, enquanto os demais compunham a Em 4 de setembro de 1945, poucos meses mesa diretora da I Conclap após o encerramento da I Conclap, os líde- res de oito federações do comércio reuni- ram-se para efetivamente constituir a Con- federação Nacional do Comércio (CNC). Seu principal objetivo era catalisar os esforços O passo inicial se deu na 1a Conferência regionais de federações e sindicatos e atuar como porta-voz oficial dos empresários do Nacional das Classes Produtoras (Conclap), comércio, a exemplo do que a Confederação realizada em 1º de maio de 1945, Nacional da Indústria fazia pelos industriais em Teresópolis (RJ), que reuniu 183 desde 1938. delegações de todo o Brasil compostas por DECRETO Nº 20.068, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1945 A CNC foi reconhecida em 30 de novembro empresários e representantes de sindicatos, de 1945 como a entidade máxima do associações comerciais, industriais, entre Reconhece a Confederação Nacional do Comércio outras entidades. Presidida por João empresariado comercial brasileiro. Daudt d’Oliveira, então presidente da “O Presidente da República, atendendo ao que lhe expôs o Associação Comercial do Rio de Janeiro ministro de Estado dos Negócios do Trabalho, Indústria e (ACRJ), a conferência discutiu os principais Comércio, e, usando da atribuição que lhe confere o Artigo 537, temas ligados às atividades produtivas § 3º, da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452, no Brasil. de 1º de maio de 1943), decreta: Três pontos de destaque foram resultado Artigo único. Fica reconhecida a Confederação Nacional do das discussões. O principal foi a “Carta Comércio, com sede na Capital da República, como entidade Econômica de Teresópolis”, que fez uma sindical de grau superior coordenadora dos interêsses radiografia da situação socioeconômica econômicos do comércio em todo o território nacional, do País e propôs um compromisso dos na conformidade do regime instituído pela Consolidação empresários com um regime de “justiça das Leis do Trabalho. social”, que manteria a harmonia entre todos os elos da cadeia produtiva. O segundo Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1945, 124º da Independência foi um adendo ao anterior, a “Carta da e 57º da República. Paz Social”, que trazia a preocupação dos empregadores com a extrema pobreza do JOSÉ LINHARES R. CARNEIRO DE MENDONÇA” País e com a baixa capacitação profissional do trabalhador brasileiro. Derivada dela (Diário Oficial da União surgiu o terceiro ponto sob a forma de um Seção 1, 4 de dezembro de 1945) consenso da necessidade da criação de um órgão que fosse o porta-voz oficial do comércio perante o governo e a sociedade. A Carta de Teresópolis se tornou um documento histórico, cujos princípios foram incorporados aos estatutos da criação da CNC quatro meses depois. 18 Capítulo 1 - Memorial do Comércio CNC - Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo 75 anos 19 Os primeiros passos No cenário do pós-guerra, o Brasil estava foi encaminhado ao presidente Dutra. Entre em uma posição melhor que os países as medidas sugeridas estavam a revisão da destruídos pelo conflito. Por outro lado, atuação dos órgãos de controle de preços, o enfrentou o esgotamento das reservas aperfeiçoamento da arrecadação de impos- cambiais e o desabastecimento de produtos tos, a criação do Banco Central, do Banco industrializados, principalmente os que Industrial e do Banco Rural e a garantia de dependiam das importações. A incipiente preços mínimos para a agricultura. indústria nacional, com dificuldades para Passados alguns anos, a CNC voltou a a importação de maquinário e a falta de colaborar com os destinos do país. Em 1949, investimentos em infraestrutura, precisou ciente da sua importância como articuladora se reorganizar para atender às demandas das de um planejamento econômico para o Brasil, empresas e dos consumidores brasileiros. a CNC promoveu, juntamente com outras Nesse contexto, naturalmente, os preços entidades representativas do empresariado, se elevaram. O comércio, fio condutor de a II Conclap, conhecida como Congresso todo esse complicado momento econômico, de Araxá. Dela saíram uma análise da ganhou destaque nas discussões políticas realidade nacional e novas propostas para o que responsabilizavam os comerciantes pelo desenvolvimento do país. desabastecimento, pelos preços elevados e, Paralelamente, o presidente Daudt deu início João Daudt d’Oliveira toma consequentemente, pela inflação. a uma grande reestruturação dos serviços posse na Presidência da CNC, O primeiro presidente da CNC, João Daudt sociais e de aprendizagem oferecidos pe- em cerimônia realizada no d’Oliveira, convocou a diretoria para iden- la CNC em doze estados: Rio de Janeiro, São Theatro Municipal do tificar como a entidade poderia contribuir Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Es- Rio de Janeiro, em 1946 nesse contexto e expôs seu ponto de vista pírito Santo, Bahia, Pernambuco, Ceará, Ala- à Assembleia Constituinte, que estava dis- goas, Rio Grande do Norte, Pará e Paraíba.