1 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

TC n. 013.633/2016-3 Fiscalização n. 210/2016

Relator: Weder de Oliveira

DA FISCALIZAÇÃO Modalidade: Conformidade Ato originário: Acórdão 664/2016 - Plenário Objeto da fiscalização: LT 230 KV Rio Branco I - Feijó - Cruzeiro do Sul Funcional programática: 25.752.2033.7V16.0012/2016 - Implantação de Linha de Transmissão Rio Branco - Cruzeiro do Sul e de Subestações Associadas (AC) no estado do Tipo da Obra: Linha Transmissão/Distribuição de Energia Elétrica Período abrangido pela fiscalização: De 27/02/2014 a 03/06/2016 DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO Órgãos/entidades fiscalizados: Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., Agência Nacional de Energia Elétrica e Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Vinculação (ministério): Ministério de Minas e Energia Vinculação TCU (unidades técnicas): Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica e Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro PROCESSOS DE INTERESSE - TC 008.681/2015-5 - TC 018.724/2016-7

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Resumo Trata-se de auditoria de conformidade (Fiscalis 210/2016) realizada na Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), na Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no período compreendido entre 11/5/2016 a 1º/7/2016. A fiscalização teve por objetivo fiscalizar as obras de implantação da Linha de Transmissão LT 230KV entre os municípios de Rio Branco, Feijó e Cruzeiro do Sul, todos no Acre, bem como das Subestações (SE) associadas. A fiscalização é decorrente do Acórdão 664/2016-TCU-Plenário (TC 011.421/2015-0). O empreendimento foi objeto do Lote "N" do Leilão 7/2013-Aneel e compreende quatro instalações, a saber, a LT 230 kV Rio Branco I - Feijó (357 km); a LT 230 kV Feijó - Cruzeiro do Sul (300 km); a SE 230/69 kV Feijó; a SE 230/69 kV Cruzeiro do Sul; além da ampliação da SE Rio Branco. Acessoriamente, após constatar-se a rescisão pela Eletronorte, em 19/1/2016, do Contrato Principal 4400000372, celebrado com o consórcio das empresas Mavi/Engeglobal para a implantação do empreendimento, em 27/2/2014, foi avaliada a regularidade das ações que vem sendo realizadas pela Eletronorte a fim de contratar a execução dos serviços e fornecimentos remanescentes daquele Contrato. A partir dos objetivos do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas: 1) A rescisão unilateral do contrato 4400000372 pela Eletronorte, com base nas alíneas b e c da Cláusula 54, foi regular? 2) Eventuais atrasos no licenciamento ambiental das obras concorreram para a inexecução do Contrato 4400000372? 3) A administração tem adotado as providências necessárias com vistas a regularizar a situação da obra? Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos nesta Corte. Nenhuma restrição foi imposta aos exames. Mais especificamente, foram aplicadas as técnicas de exame documental, revisão de cálculos e entrevistas. Na fase de execução foram realizadas as seguintes atividades: a) análises documentais de diversas correspondências trocadas entre a Eletronorte, o Consórcio Mavi/Engeglobal e a seguradora Berkley Internacional do Brasil de Seguros Ltda afetas ao processo de rescisão do Contrato 4400000372, bem como, entre outros, de cópias integrais de processos da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), afetos ao licenciamento ambiental, e da Eletronorte, afeto à nova contratação; b) reuniões e entrevistas com gestores e funcionários da Eletronorte, da Funai, do Imac e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre (Sema/AC); e c) visita técnica à subestação de Rio Branco/AC, bem como ao local onde se encontram armazenadas as estruturas metálicas das torres da linha 230kV adquiridas pelo Consórcio durante a execução do contrato. As principais constatações deste trabalho foram: 1) Diversas irregularidades no RDC Presencial RE-012-6-0067 da LT Rio Branco – Feijó, com edital publicado em 10/6/2016, que ensejaram representação em apartado desta equipe de auditoria (TC 018.724/2016-7) com proposta de cautelar, uma vez que, ante o rito do Fiscobras 2016, fatalmente o processo não estaria concluso para decisão do relator antes do dia 4/7/2016, data em que se encontrava prevista o recebimento das propostas econômicas das licitantes, evidenciando, entre os demais pressupostos também evidenciados para a adoção da cautelar, o periculum in mora; 2) Ausência de nova análise da viabilidade econômica do empreendimento quando da instauração do novo procedimento licitatório (RDC Presencial RE-012-6-0067) para implantar-se a LT 3 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Rio Branco – Feijó; 3) Inadequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372; Ademais, foi consignado no tópico “esclarecimentos adicionais” o exame da equipe de auditoria que acabou por concluir pela regularidade da rescisão unilateral do Contrato 4400000372 pela Eletronorte, fundado nas alíneas “b” e “c” da Cláusula 54 daquele Contrato, c/c a Cláusula 55, alínea “a”. Decorrente desta análise, também foi possível traçar um relato fático que por si só demonstra as dificuldades para a o licenciamento sócio-ambiental de obras de transmissão, ponto recorrentemente defrontado pela SeinfraElétrica em suas fiscalizações. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 552.322.649,23, correspondente ao valor atualizado dos investimentos necessários para executar as obras e serviços decorrentes do Contrato 4400000372, rescindido em 19/1/2016 (R$ 530.350.000,00), somado aos valores dos Contratos 4300000000 (R$ 5.925.282,68), 4300000001 (R$ 850.191,55) e 4500083642 (R$ 15.197.175,00). Entre os benefícios efetivos desta fiscalização pode-se mencionar o aprimoramento do Edital que eventualmente venha a ser publicado alusivo à implantação da LT Rio Branco I – Feijó, em substituição ao publicado no dia 10/6/2016, tendo em vista a revogação, pela Eletronorte, do RDC Presencial RE-012-6-0067, em 19/7/2016, ante as diversas irregularidades/oportunidades de melhorias identificadas no curso daquele certame, que ensejaram a adoção de medida cautelar, em 4/7/2016, havendo, em consequência, perda de objeto. Entre os benefícios potenciais desta fiscalização pode-se mencionar as melhorias nos procedimentos internos da estatal a partir das irregularidades relatadas neste relatório, em especial quanto à governança e redução de riscos de contratações antieconômicas. As propostas de encaminhamento para as principais constatações contemplam determinação e ciência de irregularidade à entidade jurisdicionada e o envio da informações e documentos ao Congresso Nacional e a diversos órgãos/entidades públicos. A escolha do relator se deu conforme estabelecido no item 9.4.6 do Acórdão 664/2016-TCU- Plenário, c/c o art. 2º, inciso VII, da Resolução-TCU 259/2014.

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Sumário

I. Apresentação ...... 5 I.1. Importância socioeconômica ...... 5 II. Introdução ...... 6 II.1. Deliberação que originou o trabalho ...... 6 II.2. Visão geral do objeto ...... 6 II.3. Objetivo e questões de auditoria ...... 8 II.4. Metodologia utilizada ...... 8 II.5. Limitações inerentes à auditoria ...... 8 II.6. Volume de recursos fiscalizados ...... 8 II.7. Benefícios estimados da fiscalização ...... 8 III. Achados de auditoria ...... 9 III.1. Diversas irregularidades no RDC da LT Rio Branco – Feijó ...... 9 III.2. Ausência de nova análise da viabilidade econômica do empreendimento quando da instauração do procedimento licitatório para implantar a LT Rio Branco – Feijó ...... 19 III.3. Inadequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372 ...... 22 IV. Esclarecimentos Adicionais ...... 25 IV.1 Dos atrasos no licenciamento ambiental do empreendimento ...... 25 IV.2 Regularidade da rescisão unilateral do Contrato 4400000372 pela Eletronorte e consequente inexecução parcial do Consórcio ...... 40 IV.3 Pendências decorrente da rescisão do Contrato 4400000372 ...... 48 IV.4 Esclarecimentos sobre a execução dos contratos 4300000000, 4300000001 e 4500083642 .... 50 V. Conclusão ...... 51 VI. Proposta de encaminhamento ...... 54 APÊNDICE A - Matriz de Achados ...... 57 APÊNDICE B - Matriz de Responsabilização ...... 59 APÊNDICE C - Fotos ...... 60 APÊNDICE D - Dados da obra ...... 64 APÊNDICE E - Achados de outras fiscalizações ...... 67 APÊNDICE F - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização ...... 68 APÊNDICE G - Despachos ...... 69 ANEXO A - Deliberações ...... 71

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I. Apresentação 1. Trata-se de auditoria de conformidade (Fiscalis 210/2016) realizada na Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), na Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com o objetivo de fiscalizar a implantação da Linha de Transmissão (LT) Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações (SE) associadas, todos no Acre. A auditoria decorre do Acórdão 664/2016-TCU-Plenário, de 23/3/2016 (TC-011.421/2015-0). 2. O empreendimento foi objeto do Lote "N" do Leilão 7/2013-Aneel e compreende a LT 230 kV Rio Branco I - Feijó (357 km); a LT 230 kV Feijó - Cruzeiro do Sul (300 km); a SE 230/69 kV Feijó; a SE 230/69 kV Cruzeiro do Sul; além da ampliação da SE Rio Branco I, todas no estado do Acre. 3. Para a realização do empreendimento, a Eletronorte firmou o Contrato Principal 4400000372 com o consórcio das empresas Mavi Engenharia e construções Ltda. e Engeglobal Construções Ltda, no valor de R$ 355.000.000,00 e regime EPC Full (Engineering, Procurement and Construction), incluindo projetos, fornecimento de materiais e equipamentos, obras civis, terraplanagem, construção, montagem eletromecânica e comissionamento, obtenção de todas as licenças e autorizações socioambientais, serviços de regularização fundiária e aquisição de terrenos necessários (Evidência 1). 4. Ainda quanto ao Contrato Principal 4400000372, sua Cláusula 21ª estabelece o prazo de 24 meses para entrada em operação comercial do empreendimento, enquanto sua Cláusula 25ª estabelece o prazo de 30 meses de vigência, ambos contados da sua assinatura, ocorrida em 27/2/2014. 5. Acessoriamente, a Eletronorte celebrou os seguintes instrumentos: a) Contrato 4300000000, em 8/7/2014, no valor de R$ 5.925.282,68, com a empresa Cristal – Consultoria e Projetos Ltda, para apoio ao controle de qualidade dos projetos básico e executivo das linhas de transmissão e apoio à fiscalização e controle de qualidade das obras de implantação das LT e Subestações (Evidência 2); b) Contrato 4300000001, em 12/8/2014, no valor de R$ 850.191,55, com a empresa Themag Engenharia e Gerenciamento Ltda., para apoio ao controle de qualidade dos projetos básico e executivo das subestações (Evidência 3); e c) Contrato 4500083642, em 15/12/2014, no valor de R$ 15.197.175,00, com o consórcio das empresas Themag Engenharia e Gerenciamento Ltda. e Leme Engenharia Ltda, para prestação de serviços de apoio institucional à estatal na gestão de diversos empreendimentos de transmissão da companhia, incluindo o empreendimento em tela (Evidência 4). I.1. Importância socioeconômica 6. O empreendimento em questão objetiva interligar o interior do estado do Acre (Cruzeiro do Sul, Feijó e Tarauacá) ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A região é atualmente suprida em energia por meio de usinas termoelétricas, formando Sistemas Isolados de Geração. 7. Mais especificamente, a interligação daquelas localidades ao SIN terá o potencial de acarretar melhoria dos índices de continuidade, incremento na qualidade de suprimento e ainda a maior confiabilidade do sistema. 8. Adicionalmente, o suprimento desta demanda por meio do SIN permitirá o desligamento das termelétricas a diesel atualmente utilizadas e, ainda, evitará a implantação de novas térmicas que se fariam necessárias para atender à crescente demanda, contribuindo significativamente para a redução das emissões de gases poluentes e da geração de resíduos perigosos (sólidos, líquidos e emissão de particulados para atmosfera). 9. Ademais, a geração de energia por meio de termelétricas é mais dispendiosa do que por meio de hidroelétricas (predominantes no SIN), tanto em termos econômicos quanto em termos ambientais. Desta forma, a implantação do empreendimento acarreta tanto economia para a sociedade quanto 6 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica diminuição dos impactos ambientais, além, como já exposto, de uma maior confiabilidade ao atendimento da demanda. 10. Por outro lado, o traçado do empreendimento, ao longo da BR-364 (assim planejado por proporcionar melhor infraestrutura logística e menores impactos ambientais), privilegia municípios com maiores índices populacionais entre os não atendidos pela rede básica no estado do Acre, como Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Feijó. A área de influência do empreendimento atenderá cerca de dois terços da população do estado, incluída a ampliação que se fará na SE de Rio Branco. 11. Além disso, cabe anotar que a implantação do empreendimento vai ao encontro de programas sociais em curso na região atendida, tal como o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica denominado LUZ PARA TODOS, do governo federal, que visa levar energia elétrica ao meio rural ainda sem acesso a esse serviço público, e ainda facilitará a integração das comunidades atendidas com outros programas sociais. 12. Por fim, o referido projeto encontra-se inserido no objetivo Expandir o Sistema Interligado Nacional (SIN), para o pleno atendimento ao mercado, para a integração dos novos empreendimentos de geração de energia elétrica e para a extensão a todas capitais brasileiras, parte integrante do Plano Plurianual de Investimento PPA.

II. Introdução II.1. Deliberação que originou o trabalho 13. Em cumprimento aos termos do Acórdão 664/2016-TCU-Plenário, de 23/3/2016 (TC- 011.421/2015-0), realizou-se auditoria de conformidade nas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte); nas Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras); e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), durante o período de 11/5/2016 a 1º/7/2016, com o fim de verificar a legalidade e a legitimidade dos atos e contratos que envolvem a implantação da LT Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações associadas, no estado do Acre. II.2. Visão geral do objeto 14. Para a implantação deste empreendimento foram previstas, tanto na LOA 2015 quanto na LOA 2016, as dotações de R$ 311.250.000,00 e R$ 162.215.463,00, respectivamente, mediante o Programa de Trabalho (PT) 25.752.2033.7V16.0012, a fim de expandir a rede interconectada ao SIN, com vistas ao pleno atendimento ao mercado, à integração dos novos empreendimentos de geração de energia elétrica ao sistema nacional e para a incorporação de todas as capitais brasileiras ao SIN. 15. Como já mencionado, o empreendimento compreende a execução de uma linha de transmissão de 230 kV, de duas subestações associadas e da ampliação de uma terceira, em um trajeto de aproximadamente 665 quilômetros entre os municípios de Rio Branco e Cruzeiro do Sul, passando por Feijó, todos no Acre, e decorre da outorga da exploração dos serviços à Eletronorte por meio do Leilão Aneel 7/2013, cuja sessão pública ocorreu em 14/11/2013. 16. O mesmo empreendimento já fora ofertado em dois outros leilões. Na primeira tentativa, ocorrida em 19/12/2012, constou do Lote H do Leilão 7/2012, com RAP de R$ 26 milhões. Na segunda, realizada em 10/5/2013, constou do Lote A do Leilão 2/2013, com RAP de R$ 33 milhões. Ambos os certames restaram frustrados pela falta de interesse dos investidores. 17. No Leilão Aneel 7/2013, a estatal arrematou o Lote “N” do certame, sem qualquer deságio, pela Receita Anual Permitida (RAP) no valor de R$ 38,9 milhões, com prazo de 36 meses para a entrada em operação comercial do empreendimento e trinta anos para a concessão, ambos contados da assinatura do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014, ocorrida em 29/1/2014, nos termos das Cláusulas Segunda e Décima Quarta, respectivamente (Evidência 5, p. 5/21). 7 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

18. Importa esclarecer que o plano de negócios original previa investimentos da ordem de R$ 406 milhões diretamente na implantação da linha e subestações e custos indiretos da ordem de R$ 54 milhões que, somados, representavam um custo da ordem de R$ 460 milhões e Taxa Interna de Retorno (TIR) de 8,54%, de acordo com o que consta da Nota Técnica da Eletronorte FPCE 42/2013, de 2/12/2013 (Evidência 6, p. 6/7/24). 19. No entanto, o principal contrato firmado para a implantação do empreendimento, de nº 4400000372, foi rescindido unilateralmente pela Eletronorte, em 19/1/2016, ante o inadimplemento contratual por parte do Consórcio Mavi/Engeglobal (Evidência 7, p. 17-18). 20. Em resposta ao Ofício de Requisição 1-210/2016, a estatal informou que foram pagos, no âmbito da execução daquele contrato, o valor de R$ 36.976.506,40, que corresponde a 10,42% do valor total do contrato, e que sua execução física foi da ordem de 16,96% (Evidência 8, p. 2). 21. Ademais, acrescentaram que naquela quantia encontra-se inserido o valor de R$ 24,85 milhões, que corresponde a 7% do valor global do contrato, adiantado ao Consórcio para fins de mobilização do empreendimento, nos termos da Cláusula Sétima (Evidência 1), coberto pelo seguro garantia emitido em favor da estatal no mesmo valor (Parágrafo Primeiro, alínea “a”), que seria recuperado ao longo da execução do contrato, descontando-se 7% do valor de cada pagamento devido ao contratado (Parágrafo Segundo). 22. Basicamente, os serviços executados compreendem apenas a realização parcial dos projetos básicos e executivos da obra, além do fornecimento de parte das estruturas metálicas das torres. Nada fora realizado em termos de obras em campo, não tendo sido sequer construídos os canteiros de obra. 23. Em decorrência, passou a Eletronorte a buscar recompor os prejuízos havidos da ruptura daquele contrato, bem como a envidar diretamente esforços no deslinde do licenciamento ambiental da LT Feijó-Cruzeiro do Sul, que até o momento (fase de execução da presente fiscalização) não conta sequer com Licença Prévia (LP), uma vez que a solução adotada neste trecho, que margeia a BR 364 e atravessa a Terra Indígena Campinas/Katukina, em uma extensão aproximada de 17 km, torna necessária a manifestação da Funai naquele processo, mediante a emissão de Termo de Referência, a fim de subsidiar a elaboração do componente indígena do Relatório Ambiental Simplificado (RAS). 24. Por outro lado, tanto o trecho da LT Rio Branco – Feijó quanto as Subestações de Feijó, Cruzeiro do Sul e ampliação da SE Rio Branco já contam tanto com a Licença de Instalação (LI) 229/2015, emitida 26/6/2015 (Evidência 9, p. 57-63), quanto com a Licença Ambiental Única 21/2015 (também conhecida como Autorização de Supressão de Vegetação – ASV), para supressão de vegetação na faixa de servidão do trecho da LT Rio Branco – Feijó, emitida em 25/8/2015 (Evidência 9, p. 70-76). 25. Em vista das informações acima, a Eletronorte passou a envidar esforços também na contratação dos serviços remanescentes para a execução das obras de implantação do empreendimento, segmentando-os em três licitações distintas, todas sob o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC): a) a primeira para as obras da LT Rio Branco – Feijó, cuja fase interna encontra-se encerrada, tendo ocorrido a publicação do edital (RDC Presencial RE-012-6-0067), em 10/6/2016, e sua revogação em 19/7/2016 (peça 24 do TC-018.724/2016-7, p. 34), a partir da medida cautelar adotada por esta Corte em 4/7/2016 (peça 16 do TC-018.724/2016-7); b) a segunda para as obras das três subestações, sem processo administrativo autuado, mas com previsão de publicação de edital em breve; e c) a terceira, que se realizaria na modalidade de contratação integrada, para as obras da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, ainda sem processo administrativo autuado, mas com previsão de publicação do edital em 2017. 26. Nesse contexto, os trabalhos da presente auditoria giram em torno da análise da regularidade 8 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica tanto da rescisão unilateral do contrato 4400000372, ocorrida em 19/1/2016 (incluída a análise de eventuais impactos do processo de licenciamento ambiental como causa da ruptura do ajuste), quanto do procedimento licitatório em curso que visa à realização das obras da LT Rio Branco – Feijó. 27. Quanto à mencionada licitação, considerando que os seus objetos (edital e seus anexos) não se incluíam originalmente entre os objetos da presente fiscalização, importa esclarecer que procedeu-se um exame não exauriente dos seus termos, focando-se principalmente nos aspectos que, sob a ótica desta equipe, detém o potencial de comprometer sua eficácia, não significando, em consequência, que os demais aspectos não mencionados neste relatório tenham tido sua regularidade atestada. II.3. Objetivo e questões de auditoria 28. A presente auditoria objetivou fiscalizar a implantação da Linha de Transmissão (LT) Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul, no Acre, e suas Subestações (SE) associadas. 29. A partir deste objetivo e com o fim de avaliar a legalidade e a legitimidade da aplicação dos recursos públicos alocados para este empreendimento, formularam-se as seguintes questões: 1) A rescisão unilateral do contrato 4400000372 pela Eletronorte, com base nas alíneas b e c da Cláusula 54, foi regular? 2) Eventuais atrasos no licenciamento ambiental das obras concorreram para a inexecução do Contrato 4400000372? 3) A administração tem adotado as providências necessárias com vistas a regularizar a situação da obra? II.4. Metodologia utilizada 30. Realizaram-se os trabalhos em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU. Nenhuma restrição foi imposta à realização dos trabalhos. 31. Nesse sentido, aplicaram-se técnicas de entrevistas com os gestores; inspeção física sobre os materiais da obra estocados pela estatal; conferência de cálculos sobre o preço-paradigma da nova contratação e sobre o encontro de contas decorrente da rescisão contratual; além do exame dos documentos colhidos durante os trabalhos de fiscalização. II.5. Limitações inerentes à auditoria 32. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU. Não ocorreram limitações aos exames realizados. II.6. Volume de recursos fiscalizados 33. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 552.322.649,23, correspondente ao valor atualizado dos investimentos necessários para executar as obras e serviços decorrentes do Contrato 4400000372, rescindido em 19/1/2016 (R$ 530.350.000,00), somado aos valores dos Contratos 4300000000 (R$ 5.925.282,68), 4300000001 (R$ 850.191,55) e 4500083642 (R$ 15.197.175,00). 34. Em relação ao Contrato 4500083642, insta esclarecer que R$ 7.000.000,00 são oriundos do orçamento do presente empreendimento e o restante (R$ 8.197.175,00) proveem de orçamento de outras obras. II.7. Benefícios estimados da fiscalização 35. Entre os benefícios efetivos desta fiscalização pode-se mencionar o aprimoramento do Edital que eventualmente venha a ser publicado alusivo à implantação da LT Rio Branco I – Feijó, em 9 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica substituição ao publicado no dia 10/6/2016, tendo em vista a revogação, pela Eletronorte, do RDC Presencial RE-012-6-0067, em 19/7/2016, ante as diversas irregularidades/oportunidades de melhorias identificadas no curso daquele certame, que ensejaram a adoção de medida cautelar, em 4/7/2016, havendo, em consequência, perda de objeto. 36. Entre os benefícios potenciais desta fiscalização pode-se mencionar as melhorias nos procedimentos internos da estatal a partir das irregularidades relatadas neste relatório, em especial quanto à governança e redução de riscos de contratações antieconômicas.

III. Achados de auditoria III.1. Diversas irregularidades no RDC da LT Rio Branco – Feijó III.1.1. Tipificação do achado: Classificação – outras falhas e impropriedades (F/I) III.1.2. Situação encontrada: 37. No âmbito do procedimento administrativo RE 012.6.0067, que trata da licitação, em regime de RDC, das obras de implantação da LT Rio Branco – Feijó (ampliada para 390 km), constataram-se diversas irregularidades/impropriedades suportadas por evidências levantadas pela equipe ao longo desta fiscalização, suficientes a ensejar, nos termos dos arts. 237, inciso V, 246, caput e §2º, e 276 do Regimento Interno do TCU (RITCU), representação desta equipe de fiscalização, nos autos do TC 018.724/2016-7, com proposta de cautelar, a fim de suspender a continuidade daquele certame até a decisão de mérito desta Corte, nos termos do art. 45 da Lei 8.443/1992. 38. Quanto ao periculum in mora, este decorreu do fato de que encontrava-se previsto para o dia 4/7/2016 o recebimento das propostas econômicas das licitantes, nos termos do Edital RE 01260067, publicado em 10/6/2016. No entanto, a conclusão do presente relatório de auditoria encontrava-se previsto para 1º/7/2016 e, a partir deste, seria ainda necessário observar o prazo de quinze dias previsto para manifestação dos gestores acerca de provável irregularidade do tipo IG-P, o que fatalmente inviabilizaria a conclusão do processo para decisão do relator antes do dia 4/7/2016. 39. Neste aspecto, esclareceu-se ainda que, uma vez recebidas pela comissão as propostas econômicas dos licitantes e franqueado seus conteúdos a todos os presentes (membros da comissão e licitantes), ampliar-se-ia consideravelmente a possibilidade de conluio entre os licitantes quando da repetição do certame, uma vez que estes tanto já conheceriam a identidade quanto o teor da proposta econômica uns dos outros, em potencial prejuízo à obtenção da proposta econômica mais vantajosa pela estatal. 40. Ademais, não restou configurado o periculum in mora reverso capaz de trazer prejuízos significativos ao órgão/entidade ou a terceiros, uma vez que o conjunto de alterações propostas no Edital RE 01260067 e seus anexos não demandariam tempo considerável da estatal para implementação, ensejando tão somente sua republicação, após as devidas alterações propostas. 41. Mediante despacho de 4/7/2016, o Ministro-Relator adotou a medida cautelar proposta, suspendendo o RDC Presencial RE-012-6-0067 até que a questão se resolvesse no mérito, e ainda determinou a realização de oitiva da Eletronorte para que se manifestasse sobre as principais irregularidades apontadas, como também o apensamento daqueles autos ao presente TC, no qual concentrar-se-á a discussão de mérito (peça 16 do TC 018.724/2016-7). 42. Em resposta, foi recebido nesta Corte a CE-PR-0174, de 21/7/2016, apresentando uma série de esclarecimentos sobre as irregularidades/impropriedades apontadas e ainda informando a revogação do RDC Presencial RE-012-6-0067, conforme publicado no DOU de 19/7/2016, Seção 3, p. 96, havendo, em consequência, perda do objeto tanto da cautelar quanto da representação conexa (peça 24 do 10 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

TC 018.724/2016-7). 43. Não obstante, a partir dos esclarecimentos prestados pela Eletronorte, entende-se ainda pertinente a discussão, neste relatório de auditoria, daquelas irregularidades/impropriedades apontadas com o fim de registrar-se o posicionamento deste Tribunal acerca destas questões. Frui, na espécie, a função pedagógica desta Corte de Contas, uma vez que aquela licitação constituiu-se a primeira vez em que as regras do RDC foram empregadas no âmbito da Eletronorte, havendo ainda a previsão de serem empregadas tanto na nova licitação das obras de implantação da LT Rio Branco – Feijó quanto em outras decorrentes do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014. Ante a revogação do RDC Presencial RE-012- 6-0067 e as perdas de objeto decorrentes, aquelas irregularidades/impropriedades foram classificadas apenas como meras falhas e impropriedades (F/I). III.1.2.1. Potencial sobrepreço da ordem de 18% no orçamento de referência da licitação Descrição da irregularidade 44. Conforme relatado na representação conexa, apurou-se que a Eletronorte optou por adotar a cotação de fornecedores na composição de preço de serviços relevantes do objeto a licitar, mesmo dispondo de fontes mais fidedignas para a obtenção do custo de referência, como preços firmados em contratos ou pré-contratos precedentes da própria estatal, sem apresentar justificativas técnicas adequadas para tal decisão, o que afronta orientação deste Tribunal de Contas. Ademais, verificou-se que tal procedimento poderia implicar em um sobrepreço de 18% em comparação a valores de obras anteriores e de até 48% em relação ao Banco de Preços da Aneel (BP). 45. Na espécie, verifica-se que as propostas de preços colhidas no mercado para fins de composição de custos costumam ter seus preços inflados pelos agentes privados. Tal ocorre pela indisposição do proponente em investir valor expressivo (entre 0,05% e 0,5% do valor total do objeto, de acordo com a AACE International Recommented Practice Nº 17R-97, Cost Estimate Classification System) no detalhamento de um orçamento que sabe, de antemão, não redundará em um novo contrato para sua empresa; ou mesmo com a intenção de aumentar artificialmente o preço-referência da futura licitação em que ele mesmo poderá vir a participar. 46. Por esse motivo, este Tribunal já assentou que a utilização de cotação de fornecedores na composição do preço-paradigma de licitações somente pode ocorrer quando a Administração não dispuser de fontes mais fidedignas, como referenciais de preços oficiais, a exemplo do Sicro e do Sinapi; ou o histórico de preços efetivamente contratados pela Administração ou até mesmo por particulares, desde que – repita-se – reflitam o nível de custos de um negócio que, de fato, se sujeitou a algum tipo de concorrência até atingir seu valor final. É o que se decidiu no Acórdão 1.445/2015-TCU-Plenário, de 10/6/2015, de relatoria do Exmo. Ministro Vital do Rêgo: 9.3.2. para fim de orçamentação nas licitações de bens e serviços, devem ser priorizados os parâmetros previstos nos incisos I e III do art. 2º da IN SLTI/MPOG 5/2014, quais sejam, “Portal de Compras Governamentais” e “contratações similares de outros entes públicos”, em detrimento dos parâmetros contidos nos incisos II e IV daquele mesmo art. 2º, isto é, “pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo” e “pesquisa com os fornecedores”, cuja adoção deve ser vista como prática subsidiária, suplementar [grifou-se]. 47. Nesse diapasão, verificou-se, no caso sob exame, que a Eletronorte optou por incluir em sua metodologia de apuração do preço-referência valores levantados a partir de cotação de fornecedores em detrimento do custo histórico dos mesmos serviços extraído de contratos que celebrara anteriormente, sem justificativas técnicas adequadas para tanto. Quanto ao assunto, em resposta ao Ofício de Requisição 2-210/2016, a estatal esclareceu que (Evidência 10): Entretanto, o aumento de custos dos produtos industrializados e da mão de obra qualificada para a construção de linhas de transmissão no período mais recente associado à crise econômica, eventualmente não captada pela variação do IPCA, índice utilizado para a atualização dos preços de 11 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

referência das fontes mencionadas anteriormente, motivou a necessidade de uma pesquisa de mercado realizada para a totalidade do escopo da licitação, mas visando determinados itens sobre os quais se tinham as maiores dúvidas. A preocupação da Eletronorte quanto à possível desatualização de preços do orçamento recaía, basicamente, sobre os itens de serviços de montagem de estruturas e de instalação de cabos condutores e para-raios, sobretudo considerando as características do empreendimento relacionadas à grande dificuldade logística da região (precariedade de acessos, reduzida infraestrutura urbana ao longo, da LT, regime de chuvas) [grifou-se]. A corroborar a preocupação da Eletronorte, citam-se os frequentes leilões de transmissão da ANEEL que têm tido diversos lotes sem interessados, sendo que os agentes do mercado alegam como motivo para o desinteresse, entre outros fatores, a desatualização das referências empregadas pela própria ANEEL. Diante dessa situação, a ANEEL tem relançado a oferta dos mesmos empreendimentos em novos leilões, porém aumentando o valor teto das receitas estabelecidas nos editais. 48. Nesse contexto, considerou-se que os motivos apresentados pela estatal não seriam aptos a justificar a utilização de cotação de mercado na composição de seu preço paradigma. Isso porque não foi demonstrada a efetiva discrepância entre a atualização dos custos de mão de obra e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado na parametrização dos contratos anteriores. 49. Ademais, não se havia demonstrado que o incremento das receitas dos leilões da Aneel têm origem na atualização dos custos de investimento. Antes, apurou-se que os ajustes decorrem, via de regra, da atualização de índices para o cálculo do custo de capital e da ampliação dos prazos para entrada em operação de empreendimentos, conforme consta do relatório e voto que subsidiaram o Acórdão 288/2016-TCU-Plenário. 50. Nesse sentido, o custo que ela mesma apurou para a obra, sem levar em conta as cotações de mercado, importa em R$ 151.217.260,79. Tal montante já se encontraria acima do preço que esta equipe estimou com base no BP da Aneel, que importa em R$ 120.964.622,55 (peça 06 do TC 018.724/2016- 7, p. 2). Ainda que, por conservadorismo, se afaste o uso da base de dados da Aneel, o preço estimado da Eletronorte estaria 18% acima dos padrões de mercado, vez que fixado em R$ 179.292.192,24, indicando sobrepreço de R$ 28 milhões. Todos os valores na data base de outubro de 2015 (Evidência 10). 51. Ademais, ainda que se justificasse o uso das cotações de mercado, os preços apresentados deveriam ser criticados pela estatal antes de serem levados à composição de seu orçamento paradigma. Isso é, aquelas propostas com preços discrepantes de um certo patamar tomado como razoável para a prática de mercado deveriam ser extirpadas do cálculo, a fim de evitar distorções no preço-referência apurado, tal como assentado na jurisprudência deste Tribunal, a exemplo do Acórdão 2.943/2013-TCU- Plenário: 9.1.2.1. deixe de considerar, para fins de elaboração do mapa de cotações, as informações relativas a empresas cujos preços revelem-se evidentemente fora da média de mercado, como se observa em relação à sociedade empresária [omissis], de modo a evitar distorções no custo médio apurado e, consequentemente, no valor máximo a ser aceito para cada item licitado, a exemplo do que ocorreu no Pregão Eletrônico 3/2009 [grifou-se]. 52. Nesse contexto, verificou-se que a Eletronorte obteve cinco propostas de preços para o objeto da licitação que pretende realizar, mas apenas uma delas teria valores compatíveis com o mercado. As propostas podem ser assim sintetizadas (peça 07 do TC 018.724/2016-7): Tabela 1: Síntese das cotações de mercado obtidas pela Eletronorte

Valor Total Diferença % para Fornecedor R$ Estimativa Própria Cymi Masa 899.361.140,00 460,27% Incomisa 350.648.760,98 118,44% 12 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Planova 364.492.989,57 127,07% SG 246.076.851,08 53,30% Tabocas 210.938.282,20 31,41% Estimativa Própria* 160.523.390,76 0,00% * Utilizou-se valor atualizado pela própria Eletronorte para maio de 2016, a fim de compatibilizar com os preços cotados pelos fornecedores. 53. Como pode ser observado, ainda que se considerassem as propostas com uma variação de até 50% da estimativa inicial da Eletronorte, somente a cotação da empresa Tabocas estaria apta a compor o preço de referência da licitação, o que vai ao encontro da tese acima mencionada no sentido de que as cotações de mercado costumam estar infladas em relação a referenciais fidedignos. Observa- se, entre as cinco cotações, que três possuem valores acima do dobro do orçamento prévio da Eletronorte. Careceria, pois, de confiabilidade a pesquisa de preços realizada junto a fornecedores pela Eletrobras, devendo mesmo prevalecer o preço obtido a partir de contratos anteriores. 54. Nesse sentido, já foi assentado nesta Corte que a deficiente justificação do orçamento prévio viola o princípio da motivação dos atos administrativos, e ainda atentam contra os princípios da busca da melhor proposta, da economicidade e da competitividade, pois impede a Administração contratante de aferir a vantajosidade real da contratação e os potenciais interessados de cotarem adequadamente suas propostas, conforme registrado no voto condutor do Acórdão 1.002/2015-TCU-Plenário. Ademais, aquele procedimento implicaria afronta à ordem de preferência para as fontes de preços, listadas no art. 8º, § 4º, da Lei 12.462/2011. Esclarecimentos prestados 55. Inicialmente, a estatal esclareceu que o alegado sobrepreço da ordem de 18% apontado pela equipe e associado à montagem de estruturas, instalação de cabos condutores, instalação de cabos para- raios e fornecimento de cabos OPGW, encontrar-se-ia, de fato, circunscrito a apenas oito dos 125 itens da planilha de quantidades e preços integrante do edital do RDC Presencial RE-012-6-0067 (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 3). 56. Ressaltaram, em consequência, que a metodologia empregada pela Eletronorte na composição do orçamento de referência da licitação não fere o disposto no Acórdão 1.445/2015-TCU- Plenário, vez que pautou a adoção da pesquisa com os fornecedores como prática subsidiária, suplementar, tendo priorizado a utilização das fontes mais fidedignas de que dispunha na orçamentação de 117 dos 125 itens da planilha de quantidades e preços (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 4). 57. Quanto ao alegado incremento nos custos da mão de obra acima da variação do IPCA desde a celebração do Contrato 4400000372, em 27/2/2014, apresentaram a evolução do IPCA comparativamente ao índice de mão de obra da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base/ABDIB (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 5). 58. Registraram não ser regra geral para os leilões de transmissão que os insucessos decorram exclusivamente da desatualização de índices para cálculo de custo de capital e/ou da insuficiência de prazos para entrada em operação do empreendimento, havendo também situações em que as estimativas de investimento não refletem as condições do mercado, como teria ocorrido, sendo citados, como exemplos, o Lote H do Leilão 7/2012 e o Lote A do Leilão 2/2013, que se constituem as duas tentativas pretéritas ao Leilão 7/2013 nas quais objetivou-se conceder o objeto da presente auditoria. 59. Em relação ao Banco de Preços da Aneel, apresentaram considerações que apontam possíveis inconsistências nos orçamentos gerados pelo Banco de Preços da Aneel, já apontadas inclusive por esta Corte mediante o voto condutor do Acórdão 288/2016-TCU-Plenário. 60. Em continuidade, apresentaram uma série de considerações sobre os preços unitários dos oito itens que tiveram seus preços cotados no mercado. Neste aspecto, mediante reunião realizada em 13 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

3/8/2016 no âmbito desta Corte, os representantes da Eletronorte esclareceram que os serviços objeto dos orçamentos de mercado referem-se basicamente a serviços de instalação e montagem e, por isso, seriam de pleno domínio dos fornecedores, de forma a afastar imprecisões significativas em suas cotações, vez que não dependem de variáveis desconhecidas no atual estágio do projeto. 61. Por fim, a Eletronorte reconhece que igual raciocínio não se aplica aos itens atrelados ao fornecimento de cabos OPGW, razão pela qual corrigirá o orçamento base da licitação de forma a considerar, para tais itens, os valores de contratos anteriores, ao invés de utilizar os preços colhidos no mercado (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 11 e 12), alteração esta que proporcionará redução da ordem de R$ 1,5 milhão no orçamento de referência. Análise Técnica 62. A Eletronorte logrou demonstrar que houve efetivo incremento nos custos da mão de obra acima da variação do IPCA desde a celebração do Contrato 4400000372, em 27/2/2014, e que as condições de logística da obra a se realizar, no interior do Acre, diferem-se substancialmente daquelas afetas aos contratos possíveis de serem utilizados como parâmetro (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 4, 5, 9, 10). 63. Ademais, restou razoavelmente demonstrado que, embora os valores globais dos orçamentos utilizados na composição de preços da companhia sejam discrepantes, os oito serviços alçados de cada proposta são, de fato, harmônicos entre si (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 7-8). 64. Em consequência, conclui-se que as alegações apresentadas pela estatal devem ser acolhidas tanto no que se refere ao uso subsidiário da cotação de mercado quanto no que se refere à aparente discrepância dos orçamentos utilizados em sua composição de preços. 65. Por todo o exposto, será proposto dar ciência à Eletronorte que a utilização de cotações de preços de mercado na composição do orçamento de referência, no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067, desacompanhada das devidas justificativas, violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, e ainda atentou contra a ordem de preferência para as fontes de preços e contra os princípios da busca da melhor proposta, da economicidade e da competitividade, previstos no art. 8º, § 4º, da Lei 12.462/2011, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993, bem como no entendimento desta Corte presente no voto condutor do Acórdão 1.002/2015-TCU-Plenário. III.1.2.2. Inadequação do regime de execução contratual adotado para todo o empreendimento Descrição da irregularidade 66. Como consta da representação conexa, contatou-se que o grau de detalhamento do projeto básico aprovado pela Eletronorte (peças 09 e 10 do TC 018.724/2016-7) não se coaduna com o exigido pelo art. 2º, inciso IV e parágrafo único, da Lei 12.462/2011, de forma a inviabilizar a adoção do regime de empreitada por preço global para todo o empreendimento, uma vez não ser possível garantir que o impacto financeiro no contrato a ser celebrado, decorrente do conjunto de ajustes necessários ante eventuais falhas ou omissões constatadas naquele projeto, se circunscreverá a apenas 10% do valor total do contrato, em afronta ao art. 42, § 4º, inciso III, do Decreto 7.581/2011 (regulamento do RDC). 67. Sucintamente, a conclusão acima alcançada pela equipe decorreu do fato: a) do projeto básico aprovado pela Eletronorte ter origem em documento elaborado pelo consórcio Mavi-Engeglobal – no âmbito da execução do EPC Full, que se rescindiu – com a finalidade específica de aprovação dos estudos junto à Aneel e, naquele momento, o detalhamento com o nível de precisão requerido pela norma legal não era crucial, visto que o próprio consórcio faria os projetos executivos e realizaria as obras, tornando possível, assim, o desdobramento dos estudos em momento posterior à aprovação do “projeto básico”; 14 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica b) do ato de aprovação do projeto básico não conter análises – sequer declarações – quanto ao cumprimento dos requisitos da Lei do RDC (peça 04 do TC 018.724/2016-7, p. 106-113); c) de não terem sido juntados aos autos do RDC Presencial RE-012-6-0067 as Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) dos gestores responsáveis pela aprovação do projeto básico no âmbito da Eletronorte ou, ao menos, dos técnicos responsáveis pela análise e aperfeiçoamento do projeto, em afronta aos termos da Súmula-TCU 260; d) de ter sido constatada a ausência/insuficiência de diversos elementos de projeto que poderiam implicar em variações orçamentárias acima de 10% na fase de execução das obras, tais como a ausência do relatório de sondagem; a ausência do detalhamento dos serviços de mobilização e desmobilização, construção de canteiro e administração local; insuficiência da estimativa do serviço “acessos para construção e montagem”; e a indefinição do próprio traçado da LT em alguns trechos, correspondentes a cerca de cinquenta quilômetros (13% do comprimento total da linha), tornando-se possível a ampliação ou redução da extensão total da linha; e) de restar ausente no projeto básico o cronograma previsto para a realização das obras, restando definido apenas que as obras deveriam ser executadas em, no máximo, 22 meses, em afronta aos termos do art. 8º, § 2º, inciso I, do Decreto 7.581/2011 (regulamento do RDC); f) de restar ausente, nos autos do processo licitatório, as justificativas da estatal ante a definição do regime de empreitada por preço global para a execução do contrato, com violação ao princípio da motivação dos atos administrativo, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, e inobservância do item 9.1.1 do Acórdão 1.977/2013-TCU-Plenário. Esclarecimentos prestados 68. Neste aspecto, a estatal inaugurou esclarecendo que o projeto básico elaborado pelo consórcio MaviEngeglobal constituiu-se apenas um dos elementos que compõem o projeto básico elaborado pela Eletronorte, este sim com a finalidade de atender aos ditames do diploma legal. Ademais, mediante reunião realizada em 3/8/2016 no âmbito desta Corte, os representantes da Eletronorte esclareceram que seriam providenciados as ARTs dos gestores responsáveis pela aprovação do projeto básico no âmbito da Eletronorte. 69. Em relação a ausência do detalhamento dos serviços de mobilização, construção de canteiro e desmobilização e de administração local, foi informado que a estimativa de quantos metros quadrados deverá ter um canteiro de obras de linhas de transmissão é tarefa árdua, porquanto cada canteiro dependerá da definição das estratégias a serem adotadas pelo contratado no planejamento de condução da obra, tais como (i) quantidade de frentes de obra; (ii) fundações de concreto moldadas "in loco" ou pré-moldadas no canteiro; (iii) utilização de terrenos vazios ou aproveitamento de edificações existentes; (iv) emprego de canteiros secundários com infraestrutura limitada, inferior à dos canteiros principais; (v) utilização de células reaproveitáveis de instalações de acampamento; (vi) emprego de mão de obra local ou de mão de obra "importada", a depender das condições encontradas na região de implantação do empreendimento. 70. Na mesma linha informou a Eletronorte que seria igualmente árdua a tarefa de estimar a composição dos insumos que levam ao valor mensal da administração local, como a quantidade de engenheiros e apontadores na obra, utilização de carro de apoio, discriminação de valores de despesas fixas, entre outros. 71. Em consequência, a Eletronorte teria estimado os custos dos serviços de mobilização, construção de canteiros e desmobilização e de administração local a partir de referências de contratos anteriores, fazendo os devidos ajustes proporcionais em relação à quantidade de canteiros e ao número de parcelas de cada empreendimento e atualizando os valores pela variação do IPCA até outubro de 2015, mês de referência do orçamento da licitação. 15 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

72. Quanto à quantidade de acessos e respectivas extensões, informaram que sua definição encontra-se intrinsecamente relacionada à localização de cada uma das estruturas a serem instaladas na linha de transmissão, localização essa que somente será conhecida após a elaboração do projeto executivo. Ademais, esclareceram que os acessos requerem a avaliação de logística de execução que varia desde a possibilidade de se utilizar de acessos existentes que necessitem ser melhorados até a completa construção de novos acessos que necessitem da supressão de vegetação, instalação de pontes, tubos de drenagem, entre outros. 73. Em relação à indefinição do próprio traçado da LT em alguns trechos, correspondentes a cerca de cinquenta quilômetros, esclareceram que as possíveis variações naqueles trechos circunscrevem-se, mesmo quando considerado o empreendimento como um todo, a variação de 10% no cumprimento total da LT, o que corroboraria a precisão conferida àqueles trechos. Ademais, mediante a reunião do dia 3/8/2016, os representantes da Eletronorte acrescentaram que, mesmo naqueles trechos, a previsão de traçado da LT já se encontra muito bem definida e maturada, de tal forma que quaisquer variações nos quantitativos de torres e cabos seriam residuais, com reduzido impacto no orçamento de referência do empreendimento. 74. Quanto à ausência do cronograma previsto para a realização das obras, a estatal a reconheceu e informou que, no próximo certame para a implantação da LT Rio Branco – Feijó, será exigido dos licitantes que apresentem o cronograma definitivo em consonância com o prazo máximo de 22 meses e com a curva de desembolso máximo integrante do edital da licitação. 75. Em relação à ausência do relatório de sondagem, documento essencial para o dimensionamento das fundações, a Eletronorte concordou com o entendimento da Unidade Técnica ao reconhecer que os serviços de fundações não detinham o nível de precisão adequado ao regime de empreitada por preço global e, em consequência, seria adotado, quando do novo certame com o mesmo objeto, o regime misto, reservando-se aos serviços de fundações o regime de empreitada por preços unitários, permanecendo os demais serviços e fornecimentos que compõem o objeto sob o regime de empreitada por preço global. Análise Técnica 76. Preliminarmente, importa registrar que o compromisso assumido pelos representantes da Eletronorte, mediante a reunião de 3/8/2016, no sentido de que seriam providenciados as ARTs dos responsáveis técnicos pela aprovação do projeto básico no seu âmbito, terá o condão de atestar sua adequação quanto à precisão exigida para o regime de empreitada por preço global e, naquilo em que sua precisão não for suficiente, optar-se-á pelo regime de empreitada por preço unitário, como os informados serviços de fundações. Tais medidas mitigam significativamente as irregularidades apontadas. 77. Ademais, as justificativas apresentadas para a manutenção do regime de empreitada por preço global para os serviços de mobilização e desmobilização, construção de canteiro, administração local, acessos para construção e montagem mostraram-se coerentes e consistentes, razão pela qual propõe-se que sejam acolhidas. 78. Quanto à indefinição do próprio traçado da LT em alguns trechos, circunscritos a cerca de cinquenta quilômetros da LT, os esclarecimentos prestados pelos gestores, mediante a reunião do dia 3/8/2016, foram significativamente esclarecedores, razão pela qual propõe-se que sejam acolhidas. 79. Não obstante, será proposto dar ciência à Eletronorte das seguintes irregularidades/impropriedades praticadas no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067: a) a ausência das Anotações de Responsabilidade Técnica - ART da elaboração e da aprovação de cada etapa do projeto básico violou os termos da Súmula-TCU 260; b) a ausência do cronograma previsto de execução da obra no projeto básico violou os 16 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica termos do art. art. 8º, § 2º, inciso I, do Decreto 7.581/2011 (regulamento do RDC); c) a ausência de motivação nos autos do procedimento licitatório pela escolha do regime de execução contratual por preço global, na qual deve constar declaração do responsável técnico de que o projeto básico possui o nível de detalhamento adequado a tal regime de execução, violou o princípio da motivação dos atos administrativo, assentado no art. 50 da Lei 9.784/1999; e d) a responsabilidade por eventuais falhas ou omissões no projeto básico, inclusive naquilo em que impacte o orçamento da obra, realizada no regime de execução por preço global, em patamar superior a 10% de seu valor total, é daqueles que o aprovaram, consoante entendimento firmado no Acórdão 1.067/2016-TCU-Plenário. III.1.2.3. Inadequação da adoção do sigilo para o orçamento de referência da licitação Descrição da irregularidade 80. Como consta da representação conexa, apurou-se, sucintamente, que a Eletronorte não motivara sua opção por manter o orçamento de referência da licitação sob sigilo e ainda não apresentou controles administrativos suficientes a garantir a manutenção efetiva daquele sigilo, não afastando, assim, a possibilidade de conluio entre as potencias proponentes e ainda detendo potencial de prejudicar a obtenção da proposta mais vantajosa pela estatal, com violação do princípio da isonomia e do caráter competitivo do certame, em afronta ao art. 3º, caput e §1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, c/c o art. 50 da lei 9.784/1999. Esclarecimentos prestados 81. Em resposta à oitiva realizada na representação cautelar, a estatal esclarece que acatará os argumentos desta equipe de fiscalização e não adotará o orçamento sigiloso na futura licitação sobre o objeto tratado nestes autos. Além disso, esclareceu, em reunião realizada em 3/8/2016 nesta Secretaria, que não adotará o orçamento sigiloso em suas futuras contratações até que reúna condições técnicas adequadas para garantir efetividade na manutenção do sigilo de seus preços-base. Análise Técnica 82. Pelo exposto, considera-se que os esclarecimentos apresentados pela estatal devem ser acolhidos. Não obstante, será proposto dar ciência à Eletronorte que a ausência de motivação da escolha pela utilização do orçamento de referência público ou sigiloso, no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067, violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, conforme já consignado mediante o voto condutor do Acórdão 3.011/2012-TCU-Plenário, e que o sigilo de processos e documentos, a exemplo do orçamento de referência, previsto no art. 6º da Lei 12.462/2011, pressupõe a institucionalização de controles administrativos suficientes a garantir a efetiva manutenção daquela confidencialidade, nos termos do art. 28 da Lei 12.527/2011, regulamentada pelo art. 31 do Decreto 7.724/2012. III.1.2.4. Presença no Edital RE 01260067 de disposições potencialmente restritivas à competitividade Descrição da irregularidade 83. De acordo com o que consta da representação conexa, apurou-se excessivo grau de subjetividade na descrição de alguns critérios, bem como a ausência de justificativas na definição de outros, a serem empregados na avaliação da qualificação das licitantes, mediante as regras presentes no Edital RE 01260067, e ainda cláusulas restritivas à competitividade, com potencial prejuízo aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da isonomia, do julgamento objetivo e da motivação dos atos administrativos, decorrentes tanto do art. 37, inciso XXI, da CF/1988 quanto do art. 3º da Lei 8.666/1993 e art. 50 da Lei 9.784/1999. 84. Em síntese, constatou-se a necessidade da estatal (i) esclarecer o real alcance da expressão “boa situação financeira da empresa” presente no item 13.11, C1 do Edital; (ii) justificar nos autos da 17 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica licitação os valores de patrimônio líquido mínimo requeridos para habilitação financeira das licitantes, previstos no item 13.11, C3, do Edital; (iii) justificar nos autos do processo licitatório a metodologia e respectivo critério de corte, definidos no item 17.3.3 do Edital, para a avaliação da qualificação econômico-financeira das proponentes; e (iv) estabelecer parâmetros objetivos que permitam a aferição da qualificação técnica das licitantes, em complemento ao disposto nos itens 13.11, D2 e 13.11, D6, ambos do Edital. Esclarecimentos prestados 85. Em resposta à oitiva realizada na representação, a estatal manifesta anuência aos argumentos desta equipe de fiscalização e informa que o futuro edital da implantação da LT Rio Branco-Feijó contemplará as adequações propostas. Análise Técnica 86. Pelo exposto, considera-se que os esclarecimentos apresentados pela estatal devem ser acolhidos. Não obstante, será proposto dar ciência à Eletronorte que o excessivo grau de subjetividade na descrição de alguns critérios, a ausência de justificativas na definição de outros, e ainda a ausência de parâmetros objetivos que permitam a aferição de outros, empregados na avaliação da qualificação das licitantes, constatados no âmbito do Edital RE-012-6-0067, violaram o princípio da motivação dos atos administrativos e ainda constituiram cláusulas potencialmente restritivas à competitividade, em prejuízo aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da isonomia e do julgamento objetivo, previstos no art. 37, inciso XXI, da CF/1988, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993 e art. 50 da Lei 9.784/1999. III.1.2.5. Inadequada alocação contratual de riscos do empreendimento entre contratante e futura contratada Descrição da irregularidade 87. Conforme relatado na representação conexa, constatou-se inadequada a alocação contratual dos riscos do empreendimento entre a Eletronorte e a futura contratada, com prejuízo tanto à obtenção da proposta mais vantajosa quanto à segurança jurídica do contrato a ser celebrado, em afronta aos arts. 3º, caput, e 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993. 88. Preliminarmente, a Cláusula 56ª, §2º, item 1, da minuta do contrato atribuiu expressamente à contratada todos os custos e riscos decorrentes das etapas de projeto, fabricação, fornecimento, transporte, instalação, treinamento de pessoal, garantia de fornecimento, montagem, desmontagem, construção e colocação em serviço. 89. Na espécie, verificou-se que a Eletronorte não distinguiu os riscos do negócio daqueles a serem suportados pela futura contratada, atribuindo todos a última. Cabe à Eletronorte – que tem o domínio do projeto básico – verificar os riscos da contratação e evidenciá-los no edital, alocando-os devidamente entre as partes. 90. Neste sentido, atribuir todo o risco aos licitantes – ou simplesmente omitir-se em relação à sua alocação – eleva sobremaneira os custos da contratação, podendo até inviabilizá-la. Em outras palavras, um cenário de incertezas quanto à assunção de riscos por parte da Administração induz sobremaneira as licitantes a incluírem elevados percentuais de contingências em seus preços, que acabarão por afastá-las do preço-base da licitação e, em última análise, inviabilizar o próprio certame. 91. A Administração pode, inclusive, vir a pagar duas vezes pelo mesmo evento, uma vez que, além de majorar suas contingências, a licitante vencedora certamente virá a pleitear aditivos contratuais para o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato em função da concretização de riscos que não estavam claramente definidos no edital e no contrato ou que, embora lhe tenham sido atribuídos, por irrazoáveis que venham a se mostrar, justifiquem a relativização de tais cláusulas, com base no princípio da boa-fé objetiva e da vedação ao enriquecimento sem causa. 18 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

92. Mais especificamente, foram criticadas, de forma não exauriente: a) a ausência de delimitação da dimensão do que seriam imprecisões quantitativas no projeto básico a serem toleradas pelos licitantes e o que seriam erros substanciais a ensejar a celebração de aditivos; b) a alocação do risco hidrológico inteiramente à futura contratada, visto que as obras situam- se em região amazônica, onde a questão climática pode afetar consideravelmente seu cronograma de execução; e c) a ausência de clareza quanto à responsabilidade pelas indenizações fundiárias. Esclarecimentos prestados 93. Em resposta à oitiva realizada na representação, a estatal esclareceu que será adotado o regime de empreitada por preços unitários para os serviços de fundações, assumindo a contratante os riscos pelas variações de quantidades a serem apuradas no decorrer da execução do contrato. 94. Admitiu, ainda, a inadequação da responsabilidade imputada à futura contratada em relação aos custos das indenizações dos acessos necessários à construção, passando a assumir, na condição de contratante, tal ônus, de forma a incorporar tal alteração no edital que vier a ser publicado, em substituição ao Edital RE-012-6-0067. 95. Esclareceu também que o risco hidrológico, inerente ao empreendimento, sempre presente nas obras realizadas na região amazônica, foi inicialmente avaliado pela Eletronorte como tendo sido, de certa forma, repartido adequadamente ao se estabelecer o prazo de execução de 22 meses, suficiente para a ocorrência de dois períodos "secos" e, em consequência, para a consecução do objeto. 96. Por fim, informaram que será definido, no edital que vier a ser publicado, os riscos a serem assumidos pelas partes, de tal forma a conferir maior transparência ao que pode ser considerado como imprecisões quantitativas no projeto básico a serem toleradas pelos licitantes e o que seriam erros substanciais a ensejarem a celebração de aditivos. Análise Técnica 97. As medidas a serem envidadas pelos gestores, juntamente com os esclarecimentos prestados quanto ao prazo de 22 meses para a consecução do objeto, mostram-se suficientes e vão ao encontro do que a equipe de auditoria propôs, mediante a instrução que culminou na medida cautelar, adotada em 4/7/2016, razão pela qual propõe-se o acolhimento das justificativas apresentadas. 98. Não obstante, será proposto dar ciência à Eletronorte que a alocação contratual de todos os custos e riscos à contratada, prevista na Cláusula 56ª, §2º, item 1, da minuta do contrato anexa ao Edital RE-012-6-0067, decorrentes das etapas de projeto, fabricação, fornecimento, transporte, instalação, treinamento de pessoal, garantia de fornecimento, montagem, desmontagem, construção e colocação em serviço – e que incluem, entre outros, erros quantitativos no projeto básico e no orçamento, mesmo diante do regime de preço global adotado para todo o empreendimento – deteve o potencial de acarretar prejuízo tanto à obtenção da proposta mais vantajosa quanto à segurança jurídica do contrato a ser celebrado, em afronta aos arts. 3º, caput, e 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993, bem como ao entendimento já assentado por esta Corte mediante o item 9.2 do Acórdão 1.977/2013-TCU-Plenário. III.1.2.6. Oportunidades de melhorias identificadas no Edital Descrição das impropriedades 99. Por fim, apresentaram-se na representação conexa oportunidades de melhorias visando à reformulação do Edital RE-012-6-0067, afetas a ausência (i) da definição do prazo máximo de resposta pela Eletronorte tanto para os pedidos de esclarecimentos sobre o edital quanto para as impugnações 19 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica eventualmente apresentadas pelas licitantes; (ii) do condicionamento da aceitabilidade das certidões, previstas no item 13.11, C2 do edital, à sua data de emissão, tendo por parâmetro a data de recebimento das propostas; e (iii) de definição quanto às multas previstas no item 21.1 do edital, dos seus respectivos valores, suas gradações ante situações com gravidades distintas e mesmo o prazo para recolhimento. Esclarecimentos prestados 100. Em resposta à oitiva realizada na representação, a estatal manifesta anuência aos argumentos desta equipe de fiscalização e informa que o futuro edital da implantação da LT Rio Branco-Feijó contemplará as adequações propostas, salvo quanto à fixação de prazo de resposta pela estatal aos pedidos de esclarecimentos e de impugnações ao edital, uma vez que entende que a fixação de prazo em edital para as respostas pode comprometer a eficiência do certame. Análise Técnica 101. Nesse sentido, entende-se que os esclarecimentos apresentados pela estatal devem ser acolhidos, até porque não há indícios de que tenha havido retardo, no âmbito do RDC Presencial RE- 012-6-0067, no fornecimento de respostas aos questionamentos que lhes foram encaminhados. III.1.3. Conclusão da equipe 102. Inicialmente, verifica-se que há firme disposição da estatal em providenciar a elaboração de um novo edital de licitação para a obra em análise, razão pela qual será proposto determinar à Eletronorte que encaminhe a esta Corte cópia do edital e respectivos anexos que venha a publicar para a licitação das obras de implantação da Linha de Transmissão Rio Branco I – Feijó. 103. Ademais, será proposto dar ciência à Eletronorte das irregularidades/impropriedades acima identificadas, com o fim de mitigar suas reincidências tanto no edital que vier a substituir o Edital RE- 012-6-0067 quanto nos demais, a cargo daquela entidade. III.1.4. Evidências: Evidência 10 - Resposta Ofício de Requisição 2-210/2016

III.2. Ausência de nova análise da viabilidade econômica do empreendimento quando da instauração do procedimento licitatório para implantar a LT Rio Branco – Feijó III.2.1. Tipificação do achado: Classificação – outras falhas e impropriedades (F/I) III.2.2. Situação encontrada: 104. Constatou-se que a decisão de licitar a implantação da LT Rio Branco – Feijó, cujo processo licitatório foi instaurado em 6/5/2016, foi adotada sem que a Eletronorte tivesse procedido nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, em afronta aos princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência, decorrentes do art. 37 da Constituição Federal/1988, c/c o art. 6º do Decreto-Lei 200/1967. 105. Tal avaliação far-se-ia necessária ante o novo cenário em que se insere aquela licitação, uma vez que decorreu da rescisão do Contrato 4400000372, ocorrida em 19/1/2016, que por sua vez acarretou a frustração da expectativa de geração futura de parcela da receita, a ampliação dos investimentos necessários à conclusão do empreendimento e ainda a exposição da estatal a penalidades aplicáveis pela Aneel ante o atraso na entrada em operação comercial do empreendimento. 106. Nesse viés, a partir do exame dos autos do processo licitatório da LT Rio Branco – Feijó (RDC Presencial RE-012-6-0067), constatou-se que as razões econômicas que apontam para a realização da licitação inserem-se no parágrafo onze da Comunicação Interna DE-0075-2016, de 16/4/2016 (peça 20 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

04 do TC 018.724/2016-7, p. 12), nos seguintes termos: É premente a retomada das obras para construção e instalação da linha de transmissão objeto da concessão firmada com a Aneel. O atraso maior desse empreendimento terá impactos desastrosos na equação econômico-financeira da concessão, sujeitando a Eletronorte a perdas de receita e a sanções pecuniárias elevadas pela outorgante [grifou-se]. 107. Como pode ser observado, tratam-se de informações vagas desassociadas de quaisquer estudos técnicos que evidenciem o saldo, positivo ou não, de se levar adiante a implantação do primeiro trecho da LT Rio Branco-Feijó-Cruzeiro do Sul, visto que a licitação do segundo trecho encontra-se prevista para ocorrer somente em maio de 2017. 108. Neste contexto, esperava-se uma análise de cenários por parte da estatal acerca dos desdobramentos possíveis para a concessão. Afinal, até mesmo a rescisão do contrato de concessão poder-se-ia mostrar uma alternativa viável, em termos estritamente econômicos, a depender do que aponte, por exemplo, os estudos de cenários. 109. Não por outro motivo este Tribunal já assentou que “a Administração deve realizar, previamente à realização da licitação, estudos que comprovem a viabilidade econômico-financeira do empreendimento” (Acórdão 1.730/2004-TCU-Plenário). 110. Ademais, além de não constar nos autos do processo licitatório da LT Rio Branco – Feijó (RDC Presencial RE-012-6-0067) a avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, a Eletronorte encaminhou a esta equipe, em resposta ao Ofício de Requisição 1-210/2016, de 17/5/2016, cópia de Parecer Financeiro, datado de 25/5/2016 (Evidência 11), no qual procede tal avaliação, restando claro que sua elaboração foi providenciada apenas em decorrência da provocação desta equipe, uma vez que o processo para a implantação da LT Rio Branco – Feijó foi instaurado, como já exposto, em 6/5/2016 (peça 04 do TC 018.724/2016-7). 111. Em decorrência, resta claro que a decisão que autorizou a instauração do procedimento licitatório da LT Rio Branco – Feijó (RDC Presencial RE-012-6-0067) foi adotada sem que tivesse sido previamente avaliado a viabilidade econômico-financeira da continuidade do empreendimento. 112. Pelo exposto, será proposto dar ciência à Eletronorte que a instauração de procedimento licitatório de implantação da LT Rio Branco – Feijó, mediante o RDC Presencial RE-012-6-0067, em 6/5/2016, foi adotada sem que a estatal tivesse procedido nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento (LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações), em afronta os princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência, decorrentes do art. 37 da Constituição Federal/1988, c/c o art. 6º do Decreto-Lei 200/1967. 113. A partir das projeções adotadas, no citado parecer, para as premissas operacionais, indicadores macroeconômicos, despesas operacionais, encargos setoriais, tributos, revisões tarifárias e, especialmente, para o novo valor do investimento, que alcançou a monta de R$ 530 milhões, e considerando ainda a postergação da entrada em operação comercial do empreendimento, a Taxa Interna de Retorno (TIR) do empreendimento como um todo (LT Rio Branco-Feijó-Cruzeiro do Sul e subestações associadas) caiu de 8,54%, previsto nos estudos que subsidiaram a licitação em 2014 (§18 deste relatório), para 4,64%. 114. Observa-se, portanto, redução quase pela metade da TIR inicialmente projetada para o empreendimento, em decorrência tanto do atraso na sua operação comercial quanto do aumento do valor do investimento. Diante deste cenário, esta equipe ressentiu-se ainda da ausência de uma avaliação, pela Eletronorte, que aponte a real viabilidade econômico-financeira da continuidade do empreendimento, a partir do emprego de métodos e técnicas que venham a considerar, por exemplo, (i) o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na implementação da transmissão em exame ante novos projetos de geração e transmissão a serem disponibilizados pela Aneel; (ii) os potenciais danos 21 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica decorrentes da rescisão do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014; e (iii) até a importância social do empreendimento. 115. Pelo exposto, será proposto determinar à Eletronorte que encaminhe a esta Corte, no prazo de quinze dias, a análise da viabilidade econômico-financeira da continuidade da implantação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, sopesando-se, entre outros, o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na sua implementação com seu respectivo retorno econômico e financeiro, os potenciais danos decorrentes da rescisão do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014 e ainda a importância social do empreendimento. 116. A análise acima mencionada poderá ser avaliada por esta SeinfraElétrica em processo apartado ou no bojo das contas daquela estatal relativas ao ano de 2016, já que se insere na clientela desta Unidade Técnica, a depender da coerência, consistência e robustez das informações a serem apresentadas. 117. Por fim, apenas a título de esclarecimento, em relação à percepção pela Eletronorte de parcela(s) da Receita Anual Permitida (RAP), ante a entrada em operação comercial de parte(s) das Instalações de Transmissão, foi questionado à estatal tal possibilidade, mediante o Ofício de Requisição 4-210/2016, uma vez inexistir tal previsão a partir da inteligência das Cláusulas Segunda e Sexta do Contrato de Concessão 9/2014-Aneel. 118. Em resposta, foi encaminhado cópia do Ofício 837/2014-SCT/Aneel, de 28/11/2014 (Evidência 12, p. 8-9), no qual aquela Agência esclarece haver a possibilidade de emissão, pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em favor da Transmissora, do Termo de Liberação Parcial (TLP), documento este apto a permitir a percepção de 90% da parcela de RAP por Função Transmissão (FT) liberada para operação comercial provisória com pendências não impeditivas próprias, de acordo com o art. 7º, §3º, da Resolução Normativa – Aneel 454/2011 (Evidência 12, p. 15), c/c o Despacho-Aneel 2.809/2014 (Evidência 12, p. 17). Ademais, aquela Agência expressamente consignou que “a não conclusão da Linha de Transmissão 230 kV Feijó – Cruzeiro do Sul pode ser considerada não impeditiva para a entrada em operação comercial da Linha de Transmissão 230 kV Rio Branco I – Feijó”. 119. Portanto, conclui-se que mesmo diante da inexistência de previsão, no Contrato de Concessão 9/2014-Aneel, de recebimento pela Eletronorte de parcela da RAP ante a entrada em operação comercial apenas da LT Rio Branco I – Feijó, tal percepção torna-se possível a partir dos atuais normativos da Aneel que disciplinam o assunto. III.2.3. Conclusão da equipe: 120. Por todo o exposto, será proposto determinar à Eletronorte que encaminhe a esta Corte, no prazo de quinze dias, a análise da viabilidade econômico-financeira da continuidade da implantação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, sopesando-se, entre outros, o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na sua implementação com seu respectivo retorno econômico e financeiro, os potenciais danos decorrentes da rescisão do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014 e ainda a importância social do empreendimento. 121. Ademais, será proposto dar ciência à Eletronorte que a instauração de procedimento licitatório de implantação da LT Rio Branco – Feijó, mediante o RDC Presencial RE-012-6-0067, em 6/5/2016, foi adotada sem que a estatal tivesse procedido nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento (LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações), em afronta os princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência, decorrentes do art. 37 da Constituição Federal/1988, c/c o art. 6º do Decreto-Lei 200/1967. III.2.4. Evidências: Evidência 11 – Parecer Financeiro da Eletronorte 22 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Evidência 12 – Parte 2 da Resposta ao Ofício de Requisição 4-210-2016

III.3. Inadequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372 III.3.1. Tipificação do achado: Classificação – outras falhas e impropriedades (F/I) III.3.2. Situação encontrada: 122. Foram constatadas fragilidades no controle, guarda e conservação, pela Eletronorte, de estruturas metálicas de torres de transmissão, adquiridas pelo Consórcio Mavi/Engeglobal ainda no âmbito da execução do contrato 4400000372 e que remanesceram em poder da estatal após sua rescisão, em 19/1/2016, em afronta ao art. 15, §7º, inciso III, da lei 8.666/1993. 123. Mais especificamente, foram adquiridos pelo Consórcio Mavi/Engeglobal, no período de nov/2014 a jan/2015, estruturas metálicas de torres de transmissão que seriam empregadas no trecho da LT Rio Branco-Feijó, no valor total de R$ 6,5 milhões, conforme apontam as notas fiscais relacionadas na Tabela 1 abaixo, todas com o mesmo objeto (Evidência 13): Tabela 1: Relação das notas fiscais referentes às estruturas metálicas condicionadas em terreno próximo à Subestação de Rio Branco. Nota Fiscal Data Valor 7292 19/11/2014 R$ 131.436,32 7293 19/11/2014 R$ 132.784,77 7299 19/11/2014 R$ 128.830,98 7300 19/11/2014 R$ 128.868,44 7301 20/11/2014 R$ 129.372,03 7304 20/11/2014 R$ 129.351,22 7309 20/11/2014 R$ 133.696,22 7310 20/11/2014 R$ 130.366,72 7311 21/11/2014 R$ 127.345,19 7324 24/11/2014 R$ 131.203,25 7325 24/11/2014 R$ 132.714,02 7327 24/11/2014 R$ 129.550,99 7331 25/11/2014 R$ 130.670,53 7332 25/11/2014 R$ 130.083,71 7336 25/11/2014 R$ 131.045,10 7346 28/11/2014 R$ 132.027,31 7347 28/11/2014 R$ 127.515,83 7348 28/11/2014 R$ 130.628,92 7349 28/11/2014 R$ 141.649,57 7350 28/11/2014 R$ 132.922,11 7360 28/11/2014 R$ 129.176,42 7361 28/11/2014 R$ 131.457,13 7371 03/12/2014 R$ 129.921,40 7372 03/12/2014 R$ 128.835,14 7373 04/12/2014 R$ 135.286,06 23 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

7384 05/12/2014 R$ 126.625,19 7385 05/12/2014 R$ 10.442,16 7453 29/12/2014 R$ 129.850,64 7454 29/12/2014 R$ 136.713,58 7456 29/12/2014 R$ 133.071,94 7457 29/12/2014 R$ 134.245,59 7459 29/12/2014 R$ 133.879,34 7465 30/12/2014 R$ 133.230,09 7466 30/12/2014 R$ 134.732,53 7467 30/12/2014 R$ 133.438,18 7469 30/12/2014 R$ 133.687,90 7476 06/01/2015 R$ 131.336,43 7477 06/01/2015 R$ 134.054,14 7480 06/01/2015 R$ 131.361,41 7481 07/01/2015 R$ 133.850,21 7482 07/01/2015 R$ 146.144,40 7487 07/01/2015 R$ 134.079,11 7490 07/01/2015 R$ 133.009,51 7494 08/01/2015 R$ 143.364,27 7508 14/01/2015 R$ 133.858,53 7527 19/01/2015 R$ 132.738,99 7530 19/01/2015 R$ 133.675,41 7544 21/01/2015 R$ 132.106,38 7559 26/01/2015 R$ 131.548,69 7572 28/01/2015 R$ 133.105,23 TOTAL R$ 6.500.889,23 Fonte: elaboração própria 124. Mais especificamente, tal valor corresponde a 46,36% do total em estruturas metálicas originalmente previsto para aquele trecho (R$ 14.021.163,30) e 25,19% do total para o empreendimento (R$ 25.803.653,47), de acordo com as Planilhas de Quantitativos e Preços das LTs Rio Branco I-Feijó e Feijó-Cruzeiro do Sul, que constituem, respectivamente, os Anexos V e IV do contrato 4400000372 (Evidência 14). 125. Durante a execução da presente fiscalização (jun/2016), esta equipe de auditoria visitou o terreno onde se encontram condicionadas estas estruturas metálicas (aproximadamente 1.500 ton), localizado próximo à subestação de Rio Branco. 126. Naquela oportunidade, foi constatado que tais estruturas encontram-se expostas a intempéries, conforme fotos anexas ao presente relatório, e que o mencionado terreno é de propriedade de terceiros, tendo sido locado pelo Consórcio Mavi/Engeglobal à época dos recebimentos. 127. Mais especificamente, o Consórcio informou a Eletronorte via e-mail, datado de 27/04/2016, que estaria mantendo o contrato de locação do terreno onde encontram-se depositadas as estruturas metálicas, assim como a vigilância armada, até o dia 30/4/2016 (Evidência 15). 128. Em consequência, posteriormente àquela data, a Eletronorte providenciou um posto de vigilância naquele mesmo terreno, situado junto ao seu principal acesso, mas que se mostra insuficiente a fim de preservar àqueles materiais contra furto ou roubo, ante as dimensões do terreno e características das cercas que o isola, de fácil transposição. 24 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

129. Tal situação é agravada tanto pela ausência de inventário ou qualquer outro controle patrimonial mais preciso que permita à estatal identificar eventuais subtrações, conforme confirmado pela equipe mediante entrevista com os gestores, quanto pelo expressivo valor daqueles materiais, de fácil comercialização, ainda que no mercado de ferro-velho. 130. Ainda mediante entrevistas, aqueles mesmos gestores informaram que estão sendo adotadas providências no sentido de remover aquelas estruturas metálicas do mencionado terreno, passando-as para uma área localizada no interior da própria subestação de Rio Branco. Com isso, esperam ampliar a salvaguarda daquelas estruturas, uma vez que a subestação conta com maior nível de segurança representado tanto pelo maior número de postos de vigilância quanto por um mais eficiente isolamento externo. 131. Ante o exposto, será proposto determinar à estatal que, no prazo de trinta dias, providencie o adequado controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372, encaminhando a esta Corte, até o término daquele prazo, informações acerca das providências efetivamente adotadas. 132. Quanto à destinação, constatou-se que a Eletronorte pretende entregar este material à empresa ou consórcio que vier a ser contratado, a partir do RDC Presencial RE-012-6-0067, juntamente com o restante necessário à completude da LT Rio Branco I – Feijó, a ser adquirido pela estatal, mediante inexigibilidade de licitação, de tal forma que o fornecimento de estruturas metálicas não se tornou item tanto do orçamento de referência do mencionado RDC (peça 04 do TC 018.724/2016-7, p. 102-105) quanto, por óbvio, da Planilha de Quantidades e Preços objeto do Anexo 3 daquele RDC (Evidência 16). 133. Ademais, mediante entrevista com os gestores, obteve-se a informação de que a inexigibilidade estaria amparada no parecer jurídico encomendado acerca do assunto (peça 04 do TC 018.724/2016-7, p. 20-45). Segundo informado, os fornecedores do Consórcio Mavi/Engeglobal já teriam fabricado parcela significativa dos materiais a adquirir, de forma que existiriam especificidades do negócio, em termos de preço e de solução ao projeto das torres, que estariam a justificar a inviabilidade da concorrência. 134. Nesse sentido, considerando o valor das estruturas metálicas já em poder da Eletronorte alcançam o valor de R$ 6,5 milhões; considerando que o valor total destas estruturas para o trecho da LT Rio Branco I – Feijó alcançava, no âmbito do contrato 4400000372, a monta de R$ 14.021.163,30; e considerando, por fim, a ampliação da extensão daquele trecho no atual RDC, passando de 357 km, no certame anterior, para 390 km, estima-se que o valor das estruturas metálicas a serem adquiridas pela Eletronorte supere R$ 8 milhões. 135. Ante o exposto, considerando a materialidade dos recursos a serem envolvidos, bem como o risco de que as estruturas metálicas ainda não estejam disponíveis à empresa/consórcio que vier a ser contratado para a implantação da LT Rio Branco I – Feijó quando do início das fases de montagem e instalação das torres, será proposto determinar à Eletronorte encaminhe bimestralmente a este Tribunal informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam examinar tanto a viabilidade jurídica da pretendida inexigibilidade quanto a mitigação do risco de possíveis atrasos na disponibilidade daqueles materiais que possam vir a afetar a implantação da referida LT. III.3.3. Conclusão da equipe: 136. Por todo o exposto, e considerando que já se passaram cinco meses, contados da rescisão do contrato 4400000372, em 19/1/2016, desde que a Eletronorte assumiu diretamente a responsabilidade pela guarda, controle e conservação daquelas estruturas metálicas, será proposto assinar à estatal o prazo de trinta dias para que providencie o adequado controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372, encaminhando a esta Corte, até o término daquele prazo, informações acerca das providências efetivamente adotadas. 25 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

137. Ademais, será proposto determinar à Eletronorte encaminhe bimestralmente a este Tribunal informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam examinar tanto a viabilidade jurídica da pretendida inexigibilidade quanto a mitigação do risco de possíveis atrasos na disponibilidade daqueles materiais que possam vir a afetar a implantação da referida LT, até que esta se encontre conclusa. III.4.4. Evidências: Evidência 13 - Relação Notas Fiscais Evidência 14 - Planilha de Quantidades e Preços das LTs Evidência 15 - E-mail de 27-4-2016 Evidência 16 - Anexo 3 (Planilha de Quantidades e Preços)

IV. Esclarecimentos Adicionais IV.1 Dos atrasos no licenciamento ambiental do empreendimento 138. Conforme já vem sendo verificado por esta SeinfraElétrica, no âmbito de suas fiscalizações (p.e TC 019.948/2014-0, TC 019.948/2014-0, TC 008.682/2016-5, TC 008.695/2016-4, TC 012.743/2016-0, TC 012.167/2016-9, TC 019.948/2014-0), a etapa de licenciamento ambiental tem sido um dos grandes responsáveis pelos atrasos das obras de transmissão das estatais do setor elétrico, seja por problemas relacionados ao processo de licenciamento junto ao órgãos ambientais, seja por problemas da própria gestão da empresa estatal, que dá causa concorrente aos atrasos por não apresentar tempestivamente os requerimentos e estudos exigidos pelos licenciadores. 139. No caso do empreendimento ora em exame não foi diferente, demonstrando haver, em verdade, uma questão sistêmica a ser enfrentada. Desta feita, colaciona-se neste tópico os fatos levantados por esta equipe de auditoria no tocante ao processo de licenciamento da LT Rio Branco – Cruzeiro do Sul, de forma a conferir transparência ao problema e subsidiar ação de controle futura da SeinfraElétrica, inclusive já autorizada pelo Tribunal, mediante o item 9.4 do Acórdão 3.493/2014-TCU- Plenário, e programada para realização ainda no segundo semestre do ano corrente. 140. A Eletronorte previa o prazo de 8 meses, a contar da assinatura do contrato de construção da obra (27/2/2014), para obtenção de todo licenciamento e 16 meses para a execução da obra em si, totalizando 24 meses para concluir todas instalações da LT Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul. 141. No entanto, até o momento, a estatal somente conseguiu o licenciamento completo de parte do empreendimento (seguimento da LT Rio Branco – Feijó, subestações de Feijó e Cruzeiro do Sul e ampliação da SE Rio Branco I) com atraso de mais de 10 meses em relação ao previsto. Para o segundo trecho da linha de transmissão, LT Feijó – Cruzeiro do Sul, até hoje, passados 22 meses da data prevista, não há sequer o licenciamento prévio. 142. Todo malfado processo de licenciamento ambiental do empreendimento em exame, que será detalhadamente abordado nos tópicos seguintes, trouxe repercussões econômico-financeiras danosas à Eletronorte, dada frustração da expectativa de geração de parte da receita futura, a ampliação dos investimentos previstos e a exposição da estatal a penalidades aplicáveis pela Aneel pelo atraso na entrada em operação comercial. 143. As causas aparentes do problema, decorrentes da situação fática levantada, apontam para uma imbricada concorrência de condutas omissivas e intempestivas dos agentes envolvidos no processo de licenciamento, fomentada notadamente pela dificuldade de coordenação destes. Como já dito, tal problema tem caráter sistêmico, de forma que poderá ser melhor enfrentado por este Tribunal no bojo da auditoria operacional já autorizada, sem prejuízo das considerações ora apresentadas serem levadas 26 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica a conhecimento dos agentes envolvidos e das instâncias responsáveis pela fiscalização e implementação das políticas públicas relacionadas ao setor elétrico. IV.1.1 Informações preliminares 144. A partir da celebração do contrato 4400000372 (celebrado pela Eletronorte com o Consórcio Mavi/Engeglobal), ocorrida em 27/2/2014, previa-se, de acordo com o cronograma físico-financeiro apresentado pelo próprio Consórcio (Evidência 17) e aprovado pela Eletronorte, que a Licença Prévia (LP) para todo o empreendimento (duas linhas e as três subestações) seria obtida até 5/8/2014 (159 dias), enquanto a Licença de Instalação (LI) e a Autorização de Supressão de Vegetação (ASV) seriam obtidas até 17/10/2014 (mais 73 dias), totalizando aproximadamente 8 meses no total. 145. O Consórcio Mavi/Engeglobal foi contratado para fornecer os projetos executivos, materiais, equipamentos e construção integral da obra, além de ser também o responsável pela obtenção de todas licenças ambientais e respectivos estudos necessários. 146. No caso das licenças ambientais, o Consórcio subcontratou a empresa Novo Norte Energia e Consultoria Ltda (CNPJ 09.613.277/0001-64), doravante referenciada pelo seu nome de fantasia Novo Norte Ambiental (NNA), como responsável técnica pelos estudos ambientais para a implantação do empreendimento. Também foi subcontratada pelo Consórcio a empresa Archaeo Pesquisas Arqueológicas Ltda (CNPJ 07.376.564/0001-72), doravante referenciada como Archaeo, para execução dos serviços de arqueologia afetos ao empreendimento. 147. A fim de perquirir-se as razões, circunstâncias e responsáveis que teriam dado causa ao atraso no processo de licenciamento ambiental do empreendimento, foram emitidos os Ofícios de Requisição 1-210/2016 à Eletronorte e 5-210-2016 ao Consórcio Mavi/Engeglobal, bem como foram realizadas reuniões com representantes do Imac, Sema/AC e Funai. Apenas a título de esclarecimento, trata-se o Imac de autarquia estadual, vinculada à Sema/AC, que tem como princípio básico ser o executor da política ambiental do Estado. 148. Também, foram obtidas cópias integrais dos processos de licenciamento ambiental no âmbito do Imac (processos administrativos LP-60/2014, LP-73/2014, LP-88/2014 e LI-131/2014), cujas principais peças encontra-se compiladas nos autos (Evidências 18, 19 e 20); cópia integral do processo 08620.000804/2014-27 da Funai (Evidência 21); cópia de diversas ofícios encaminhados e recebidos pela Eletronorte sobre o assunto (Evidência 9); e, por fim, cópia da documentação correlata apresentada pelo Consórcio Mavi/Engeglobal, distribuída em anexos (Evidências 22, 23 e 24), com planilha descritiva de todos os anexos inaugurando o arquivo presente na Evidência 22. 149. Nos próximos dois tópicos será descrito todo o processo de licenciamento ambiental do empreendimento, que resta atrasado por vários motivos. IV.1.2 Início do processo de licenciamento ambiental no Imac (processos administrativos LP-60/2014 e LAU-84/2014) 150. A fase inicial do processo de licenciamento ambiental do empreendimento foi marcada pela indefinição quanto ao órgão ambiental que seria o responsável pela condução do processo de licenciamento. Originalmente, o licenciamento ambiental competiria ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão federal, tendo em vista que aproximadamente 15 km da LT Feijó-Cruzeiro do Sul (300 km) atravessaria a Terra Indígena Campinas/Katukina, de acordo com o previsto no art. 4º, inciso I, da Resolução-Conama 237/1997, c/c o art. 7º, inciso XIX, alínea “d”, da lei Complementar Federal 140/2011. 151. No entanto, segundo consta no e-mail encaminhado pelo Gestor do Contrato 4400000372 ao Superintendente de Expansão da Transmissão da Eletronorte, em 16/4/2014 (Evidência 22, p. 105-106), o presidente do Imac à época encaminhou consulta ao Ibama averiguando a possibilidade de delegação de competência àquele órgão estadual a fim de conduzir o processo de licenciamento ambiental do 27 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica empreendimento. 152. A mencionada iniciativa do Imac, segundo informações obtidas durante entrevista com o Secretário de Meio Ambiente do Acre, decorreu tanto do interesse do Estado ante os benefícios sociais e econômicos advindos da implantação do empreendimento quanto da experiência pregressa daquele órgão ambiental decorrente da implantação da própria BR 364, ao longo da qual margeia o traçado definido para a LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul. 153. Em consequência, o Ibama encaminhou à Funai o Ofício 02001.002645/2014- 14/DILIC/IBAMA, de 23/3/2014 (Evidência 9, p. 1), consultando se haveria algum óbice à delegação por parte daquele órgão. 154. Em resposta, foi encaminhado o Ofício 332/2014/DPDS/FUNAI-MJ, de 24/4/2014 (Evidência 9, p. 2-3), esclarecendo que não haveria óbices à delegação, desde que fosse assegurado o cumprimento dos ritos dispostos na legislação vigente, inclusive no que se refere aos procedimentos abarcados nas Instruções Normativas nº 01 e 04/2012. 155. No entanto, aquele órgão indigenista pontuou que a condução dos processos que possuem componente indígena pelos órgãos estaduais de meio ambiente apresenta, em geral, diversas inconsistências e lacunas. Além disso, acrescentaram que as terras indígenas são bens da União e que sua proteção é tratada em nível federal, de modo que os procedimentos são facilitados quando conduzidos por órgãos da mesma esfera, ainda porque esses órgãos possuem dispositivos orientadores comuns, como a então vigente Portaria Interministerial 419/2011. 156. Por fim, a Funai esclareceu desde logo que a área mais afeta ao licenciamento ambiental no âmbito daquele órgão seria a Coordenação Geral de Licenciamento Ambiental (CGLIC), informando inclusive o telefone de contato, e ainda alertou desde logo quanto a necessidade de apresentação das alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas, tendo em vista as restrições legais que fazem referência a essas áreas especialmente protegidas, apontando, como ausente, as coordenadas geográficas dos vértices do empreendimento e arquivo digital em formato shapefile dos três traçados. 157. Neste ponto, importa fazer um primeiro parêntesis para esclarecer que o Consórcio Mavi/Engeglobal tomou conhecimento do teor do Ofício 332/2014/DPDS/FUNAI-MJ, como resta claro a partir do e-mail encaminhado pelo representante do Consórcio à Eletronorte, em 4/5/2014 (Evidência 22, p. 114-115). 158. Ademais, um segundo parêntesis se faz necessário a fim de esclarecer a mencionada “necessidade de apresentação das alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas”, uma vez ter sido constatado que tal questão gerou um imbróglio que se estende até a data presente. 159. A Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, de 26/10/2011 – vigente desde sua publicação até sua revogação, em mar/2015, mediante a edição da Portaria Interministerial- MMA/MJ/MINC/MS 60/2015, de 24/3/2015 – regulamenta a atuação da Funai, da Fundação Cultural Palmares (FCP), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Ministério da Saúde, incumbidos da elaboração de parecer em processo de licenciamento ambiental de competência federal, a cargo do Ibama (Evidência 25) 160. Segundo o art. 3º daquela Portaria, o início do procedimento de licenciamento ambiental junto ao Ibama é marcado pelo preenchimento da Ficha de Caracterização da Atividade (FCA) pelo empreendedor, mediante a qual deverá informar sobre possíveis interferências em terra indígena, em terra quilombola, em bens culturais acautelados e em áreas ou regiões de risco ou endêmicas para malária. 161. Em consulta ao site do Ibama, foi constatado que se trata a FCA de um formulário eletrônico padrão mediante o qual são informadas diversas características a fim de individualizar determinado 28 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica empreendimento (setor a qual pertence e tipologia, responsáveis técnicos, características especificas, localização, entre outros). 162. Havendo interferência em terras indígenas, o Ibama disponibilizará a FCA em seu site e solicitará à Funai, nos termos do art. 5º, inciso I, a emissão de um Termo de Referência(TR) Específico, que constituir-se-á o instrumento que subsidiará a elaboração, pelo empreendedor, do componente indígena ínsito ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) ou Relatório Ambiental Simplificado (RAS), conforme o caso, definindo, para tanto, os itens que deverão nortear os estudos necessários à avaliação dos impactos sobre as terras e culturas indígenas, decorrentes da interferência do empreendimento. 163. Em outras palavras, o TR elaborado pela Funai será agregado ao TR elaborado pelo Ibama, a fim de estabelecer todo o conteúdo necessário dos estudos a serem apresentados pelo empreendedor no processo de licenciamento ambiental (EIA ou RAS). 164. Para tanto, nos termos daquela Portaria, é concedido à Funai o prazo de quinze dias consecutivos para envio do TR ao Ibama, contados do recebimento da solicitação de manifestação, podendo ser prorrogado excepcionalmente por dez dias, nos termos do art. 5º, inciso II e §1º daquela Portaria. 165. Importa salientar que, expirado o mencionado prazo, o TR do Ibama será considerado consolidado, dando-se prosseguimento ao procedimento de licenciamento ambiental, nos termos do art. 5º, §2º, daquela Portaria. 166. Neste caso, constatou-se, mediante entrevista com representantes da CGLIC/Funai, que o acesso às Terras Indígenas, para a confecção dos estudos afetos àquele componente, dependeria da anuência da Funai, representante legal daquelas comunidades, que avaliaria o programa de trabalho e respectivo cronograma para a confecção dos estudos. Por sua vez, ante a ausência de emissão pela Funai do TR específico para aquele empreendimento, os estudos do componente indígena ínsito ao EIA ou RAS do empreendimento poderiam partir do Termo de Referência padrão, presente no Anexo III-B daquela Portaria. 167. Por fim, aspecto importante presente tanto no parágrafo único do art. 4º quanto no tópico IX (Alternativas Locacionais) da seção 3 (Roteiro Tópico-Metodológico) diz respeito a necessidade do EIA ou RAS contemplar alternativas técnicas e locacionais sob a ótica do componente indígena, analisando qual traçado seria mais adequado à integridade das terras e culturas indígenas afetadas, avaliando-se inclusive a possibilidade de desvio do empreendimento das Terras Indígenas (Evidência 25, p. 17). 168. Dando continuidade à descrição dos fatos, apenas em 11/7/2014 foi celebrado o Acordo de Cooperação Técnica 11/2014 entre o Ibama, o Imac e a Sema/AC para delegação da atribuição de licenciamento ambiental do empreendimento (LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul e subestações associadas) do órgão ambiental federal ao estadual (Evidência 18, p. 27-30). Ou seja, a definição do órgão licenciador foi arrematada quando já se passara aproximadamente 4,5 meses da data de início do contrato, restando tão somente mais 3,5 meses para a obtenção de todo licenciamento, conforme inicialmente previsto. 169. Em seguida, mediante o Ofício NNA/066/2014, de 18/7/2014, a Novo Norte Ambiental (NNA) encaminhou tempestivamente ao Imac a solicitação de emissão de Licença Prévia para todo o empreendimento (LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, juntamente com as subestações associadas), inaugurando naquele órgão ambiental o processo administrativo LP-60/2014, acompanhada dos estudos e documentos que embasam a solicitação (Evidência 22, p. 231-232). 170. Naquela mesma data, a NNA encaminhou ao Imac o Ofício NNA/067/2014, com diversos anexos, solicitando a autorização para supressão da vegetação para a LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul (Evidência 22, p. 233-234), dando origem naquele órgão ambiental ao processo administrativo LAU-84/2014. 29 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

171. Mediante a análise da documentação encaminhada no âmbito do processo administrativo LP-60/2014, aquele órgão ambiental constatou que o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) não encontrava-se concluso quanto ao estudo do componente indígena. Em decorrência, a NNA encaminhou ao Imac o Ofício 070/2014, de 20/8/2014, solicitando que nas licenças ambientais a serem emitidas por aquele órgão não fossem contempladas as liberações das Terras Indígenas atingidas, que ficariam condicionadas ao avanço da análise dos estudos do componente indígena pela própria Funai (Evidência 22, p. 284-285). 172. Em resposta, o Imac informou à NNA, mediante o Ofício 779/PRESI, de 26/8/2014, que não haveria a possibilidade de emissão de licença prévia (processo LP-60/2014) sem a devida conclusão dos estudos ambientais referentes às terras indígenas cortadas pelo empreendimento (Evidência 22, p. 295). 173. Em consequência, considerando que a necessidade de manifestação da Funai decorria da travessia da Terra Indígena Campinas/Katukina pela LT Feijó-Cruzeiro do Sul (300 km), numa extensão de aproximadamente 17km, a NNA, mediante o Ofício 75/2014, de 4/9/2014, solicitou ao Imac o cancelamento do processo administrativo LP-60/2014 e conseguinte abertura de novo processo, de licenciamento apenas da LT Rio Branco I – Feijó e respectivas subestações (inclusive a de Cruzeiro do Sul), estas fora de área indígena, solicitando ainda o aproveitamento dos estudos outrora protocolados naquele Instituto (Evidência 22, p. 298-299). Destarte, foi instaurado naquele órgão ambiental o processo administrativo LP-73/2014. 174. Naquela mesma data, mediante o Ofício NNA 76/2014, solicitou-se ao Imac o cancelamento do processo administrativo LAU-84/2014 (supressão vegetal), a fim de ser aberto novo processo contemplando apenas a supressão vegetal na faixa de servidão da LT Rio Branco I – Feijó e respectivas subestações (inclusive a de Cruzeiro do Sul), solicitando ainda o aproveitamento dos estudos outrora protocolados naquele Instituto. Deste modo, foi instaurado o processo administrativo LAU-114/2014 (Evidência 22, p. 300-301). 175. No entanto, a partir das informações presentes no Ofício NNA 73/2014, de 1º/9/204, abstrai- se a ideia de que aguardar-se-ia a emissão do Termo de Referência pela Funai, a fim de concluir-se os estudos de componente indígena do RAS para somente então solicitar-se a LP para a LT Feijó – Cruzeiro do Sul (Evidência 22, p. 297/302). Em outras palavras, não houve, naquela oportunidade (4/9/2014), solicitação de abertura de novo processo de licenciamento para a LT Feijó – Cruzeiro do Sul, tendo sido providenciada pela NNA apenas em 17/12/2014, como será visto mais adiante. 176. Por fim, o teor do Ofício NNA 77/2014, de 4/9/2014, confirma o entendimento alcançado acima, uma vez ter sido solicitado ao Imac providências junto a Funai a fim de ser obtido o Termo de Referência afeto ao trecho da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, de forma a subsidiar a elaboração dos estudos de componentes indígenas (Evidência 22, p. 305). 177. Até a data acima, já havia se passado aproximadamente 6,5 meses da previsão total de 8 meses para obtenção de todo o licenciamento, sendo que 4,5 meses foram gastos apenas na definição do órgão licenciador. IV.1.3 Prosseguimento do licenciamento ambiental afeto à LT Rio Branco I – Feijó e subestações (processos administrativos LP-73/2014 e LAU-114/2014) 178. Em 4/9/2014 foi proferido o Parecer Técnico-Imac 25/2014, que registrou uma série de deficiências e indefinições nos estudos apresentados pela NNA, associadas ao canteiro de obras; gestão de resíduos sólidos; desenvolvimento dos trabalhos afetos à preparação da faixa de servidão no qual haverá supressão vegetal e serviços de movimentação de terra; segurança no trabalho; não atendimento, em meio à análise do Diagnóstico Ambiental, das especificações do Termo de Referência emitido para a elaboração do RAS; e ainda plágio, uma vez terem sido identificadas em várias citações ao longo dos estudos compilações de informações de autoria de outros autores, restando ausente a citação da fonte (Evidência 18, p. 31-56). 30 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

179. Em consequência, foi emitido pelo Imac à NNA o Ofício 693/2014/DLIS/DINFRA/DGT/IMAC, de 15/9/2014 (Evidência 18, p. 62), informando que o prosseguimento do licenciamento ambiental do empreendimento dependeria das informações complementares ao RAS, nos termos do Parecer Técnico-Imac 25/2014, bem como da apresentação das Certidões de Uso e Ocupação do Solo, uma vez que as certidões apensadas ao processo pela NNA referem-se ao Lote H do Leilão-Aneel 7/2012, que não condizia com o empreendimento (Lote N do Leilão-Aneel 7/2013), o que mais à frente verificou-se tratar de um erro material por parte da NNA. 180. Neste ponto, importa fazer um parêntesis a fim de esclarecer que o mesmo empreendimento já foi objeto de outros dois Leilões da Aneel, entre eles o Leilão 7/2012, Lote H, como já exposto no §16 deste relatório, de forma que as Certidões de Uso e Ocupação do Solo apresentadas pela NNA, todas emitidas pelas respectivas prefeituras entre fev/2014 e abr/2014, de fato não se coadunavam com o empreendimento (Evidência 22, p. 50/51/61/89/90/93/94/98). 181. Ato contínuo, o Imac emitiu o Relatório de Visita Técnica-Imac 451/2014, de 16/9/2014, apontando uma série de recomendações técnicas, complementares ao Parecer Técnico-Imac 25/2014, com a finalidade de minimizar os impactos ambientais decorrentes da constatação de que haveria supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente (APP) ao longo do traçado da LT Rio Branco I - Feijó, com interceptação de vários cursos d’água e afugentamento da fauna (Evidência 18, p. 63-89). 182. A NNA, mediante o Ofício 78/2014, de 30/9/2014, encaminhou ao Imac a primeira complementação solicitada pelo órgão ambiental, em atendimento ao Parecer Técnico 25/2014, gerando nova análise por parte daquele órgão ambiental, mediante o Parecer Técnico 29/2014, de 20/10/2014 (Evidência 18, p. 97-126), tendo, por sua vez, consignado que diversas daquelas deficiências e lacunas de informações anteriormente apontadas foram saneadas, mas que permaneciam outras, entre as quais destacavam-se imprecisões e incertezas afetas ao Estudo de Alternativas Locacionais do Traçado. Tal análise do Imac foi encaminhada à NNA por meio do Ofício 912/PRESI, 20/10/2014 (Evidência 18, p. 97-126). 183. A NNA, mediante o Ofício 85/2014, de 10/11/2014, encaminhou ao Imac a segunda complementação solicitada pelo órgão ambiental, em atendimento ao Parecer Técnico 29/2014 (Evidência 22, p. 358). 184. Nova análise foi procedida, mediante o Parecer Técnico-Imac 31/2014, de 20/11/2014, tendo registrado que subsistiam itens não contemplados ou parcialmente contemplados (Evidência 18, p. 140- 150). 185. No entanto, a fim de dar prosseguimento ao processo, e considerando que já não havia mais óbice do Iphan à emissão da LP, uma vez ter sido aprovado o Relatório Final do “Diagnóstico Arqueológico”, conforme informado ao Imac por meio do Ofício 188/2014/IPHAN/AC, de 12/11/2014 (Evidência 18, p. 137-139), aquele órgão ambiental propôs que o cumprimento tanto daqueles itens quanto das condições de execução da compensação ambiental fosse condicionado a termo de compromisso a ser firmado com o empreendedor (Evidência 18, p. 151-159). 186. Em consequência, em 9/12/2014, foi emitida a LP-406/2014, autorizando o empreendedor a proceder ao planejamento das obras e elaboração dos projetos afeto à LT Rio Branco I – Feijó e subestações (Evidência 18, p. 170-174). 187. Quanto ao processo LAU-114/2014, consta apenas o encaminhamento ao Imac, pela NNA, do Ofício 86/2014, de 10/11/2014 (Evidência 22, p. 360-361), complementando as informações outrora encaminhadas, em resposta ao Ofício 901/2014/PRESI/IMAC. 188. Assim, a licença prévia em comento, emitida em 9/12/2014, atrasou em relação à data prevista (5/8/2014) por conta da indefinição do órgão ambiental licenciador, que perdurou por 4,5 meses. 31 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Após tal definição, todo processo que culminou no LP levou aproximadamente 5 meses, prazo esse compatível com o cronograma inicial caso não houvesse o atraso para definição do órgão licenciador. 189. Pondera-se que tal licença abrange somente parte do empreendimento (linha de transmissão de Rio Branco a Feijó e as 3 subestações). O trecho da linha que liga Feijó a Cruzeiro do Sul, que passa por 17km de área indígena, não foi comtemplado por essa licença. Mais à frente, serão apresentadas as razões e circunstâncias que ensejaram a ausência de emissão, até a fase de execução da presente auditoria, da LP para o trecho LT Feijó – Cruzeiro do Sul. 190. No tópico seguinte, serão apresentados os fatos relacionados ao licenciamento complementar (licença de instalação e autorização de supressão vegetal) do trecho Rio Branco – Feijó e subestações, obtidos 259 dias depois da emissão da LP-406/2014, prazo este muito superior aos 73 dias previstos. IV.1.4 Prosseguimento do licenciamento ambiental afeto à LT Rio Branco I – Feijó e subestações (processos administrativos LI-131/2014 e LAU-114/2014) 191. Preliminarmente, importa esclarecer que as informações que se seguem referem-se majoritariamente ao processo administrativo LI-131/2014 (licença de instalação) e, por isso, quando se referirem à LAU-114/2014 (autorização de supressão vegetal), será explicitado. 192. A NNA, mediante o Ofício 87/2014, de 16/12/2014, requereu tempestivamente ao Imac a emissão da Licença de Instalação para as mesmas atividades aprovadas pela LP-406/2014, encaminhando, em anexo, diversos documentos (Evidência 20, p. 22-23). 193. Mediante a Análise Técnica providenciada no dia 30/1/2015 (Evidência 20, p. 29-30), foram apontadas uma série de pendências técnicas e documentais que impediam a emissão da pleiteada licença, informadas ao Consórcio mediante o Ofício 78/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC, de 2/2/2015 (Evidência 20, p. 31-32). Em termos de pendências documentais, foi registrada ainda a ausência da ASV, apontada como necessária à emissão da LI. Permaneceu o processo, desde então, parado no Imac aguardando a adoção de providências pelo Consórcio. 194. Mais especificamente, importa esclarecer que todas as pendências técnicas detectadas no RAS, mediante a Análise Técnica do dia 30/1/2015, especialmente afetas ao canteiro de obras, vias de acesso e jazidas de material laterítico ou areia ao longo do empreendimento, já haviam sido apontadas pelo órgão ambiental desde o Parecer Técnico-Imac 25/2014, em 4/9/2014, e constam replicadas nos demais Pareceres 29/2014, de 20/10/2014, e 31/2014, de 20/11/2014. 195. Paralelamente, mediante o Ofício 015/2015/IPHAN/AC, de 12/2/2015, o Iphan/AC informou ao Imac que o Consórcio havia apresentado àquele instituto, até aquele momento, tão somente o “Diagnóstico Arqueológico”, suficiente, naquele órgão, à emissão da LP, restando ainda ausente o “Programa de Prospecção Arqueológica”, necessário à emissão da LI (Evidência 20, p. 34). 196. Somente em 23/3/2015, ou seja, 47 dias após o recebimento do Ofício 78/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC (4/2/2015), a NNA, mediante o Ofício 07/2015/NNA/AC, enviou as informações complementares, visando dar continuidade ao processo ambiental, informando ainda que a ASV estava sendo providenciada junto ao DAUS (outra diretoria do Imac) e que, após sua emissão, encaminharia à DINFRA em complemento ao ofício em tela (Evidência 20, p. 35-48). 197. Posteriormente, a NNA informou ao Imac, mediante o Ofício 09/2015/NNA/AC, de 10/04/2015, que foi emitida pelo Centro Nacional de Arqueologia portaria, em 7/4/2015, autorizando o início das atividades de prospecção arqueológica para a implantação do empreendimento, cujo produto final, como já exposto, é um dos insumos necessários à emissão da LI (Evidência 20, p. 50-51). 198. A partir da análise da nova documentação acostada aos autos do processo administrativo LI- 131/2014, aquele Instituto concluiu, mediante Despacho de 13/4/2015 (Evidência 20, p. 54), que ainda permaneciam algumas daquelas deficiências apontadas em 30/1/2015, informada à NNA mediante o 32 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Ofício 233/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC, de 14/4/2015 (Evidência 20, p. 56-57). Permaneceu o processo, desde então, parado no Imac aguardando a adoção de providências pelo Consórcio. 199. Paralelamente, mediante o Ofício 48/2015/IPHAN/AC, de 11/5/2015 (Evidência 20, p. 59- 60), o Iphan/AC informou ao Imac que o “Programa de Prospecção Arqueológica”, necessário a emissão da LI, ainda não havia sido executado pelo empreendedor. Neste ponto, importa frisar que já havia se passado 88 dias desde o recebimento da mesma informação no Imac, em 12/2/2015, e 180 dias desde a aprovação do “Diagnóstico Arqueológico”, conforme informa o Ofício 188/2014/IPHAN/AC, de 12/11/2014 (Evidência 18, p. 137-139). 200. Tamanha demora no trâmite do processo no âmbito do Iphan/AC encontra resposta nas atas das reuniões realizadas entre representantes da Eletronorte e o Consórcio Mavi/Engeglobal, nos dias 14 e 15/4/2015 (Evidência 23, p. 10-11), e posteriormente em 6/5/2015 (Evidência 23, p. 21-22). 201. Nestas atas, consta que o Consórcio encontrava-se em débito com a subcontratada Archaeo, sendo relatado no primeiro momento que os serviços de prospecção deveriam iniciar em 4/5/2015, e no segundo que não haveria previsão de início das atividades devidos aos problemas financeiros. Como já exposto, essa indefinição impactava diretamente a emissão da LI, uma vez que a anuência do Iphan/AC ao Imac para aquela emissão dependia do recebimento dos relatórios referentes aos serviços de prospecção arqueológicos ainda a serem realizados. 202. Somente em 19/5/2015, ou seja, 30 dias após o recebimento do Ofício 233/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC (19/4/2015), a NNA, por meio do Ofício 14/2015/NNA/AC (Evidência 20, p. 61-76), encaminhou ao Imac as necessárias complementações apontadas no Ofício 233/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC. 203. Mediante o mesmo expediente, também foi informado ao Imac que o processo de emissão da ASV – processo administrativo LAU-114/2014 – já se encontrava em fase final de análise, após as complementações realizadas naquele processo, mediante o Ofício 10/2015/NNA/AC, de 16/4/2015 (Evidência 23, p. 16-17). 204. Neste ponto, quanto ao processo LAU-114/2014, importa esclarecer que o Imac, mediante o Ofício 84/2015/DGT/DAUS/IMAC, de 3/2/2015, solicitou à NNA o envio de documentação pendente, para a continuidade do processo de licenciamento. Em resposta, o Oficio 08/2015/NNA/AC, de 26/3/2015 (ou seja, 51 dias após), informa a realização de novo inventário florestal, e posteriormente, mediante o Ofício 10/2015/NNA/AC, apresenta o novo inventário florestal do traçado ajustado. 205. Retornando ao processo LI-131/2014, mediante a Análise Técnica realizada em 8/6/2015, aquele Instituto concluiu que a única pendência documental a partir daquele momento seria a autorização para supressão vegetal na faixa de servidão, cuja emissão, como já exposto, estava sendo tratada em outro processo em curso também naquele Instituto (Evidência 20, p. 105), situação esta informada à NNA mediante o Ofício 356/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC (Evidência 20, p. 107). 206. Somente em 26/6/2015 e 25/8/2015, como já exposto, foram emitidas respectivamente a LI- 229/2015, autorizando o empreendedor a proceder ao planejamento das obras e elaboração dos projetos afeto à LT Rio Branco I – Feijó e subestações – com a ressalva de não autorizar a realização de supressão vegetal (condicionante 3.2) – e a LAU-21/2015 para supressão de vegetação na faixa de servidão do trecho da LT Rio Branco I – Feijó. 207. Em consequência, considerando o prazo de 259 dias compreendido entre as emissões da LAU-21/2015 e da LP-406/2014, prazo este muito superior aos 73 dias previstos no cronograma físico- financeiro elaborado pelo próprio Consórcio; considerando que as deficiências apontadas pelo Imac no RAS, ao longo do trâmite do processo administrativo LI-131/2014, já haviam sido apontadas pelos Pareceres Técnicos 25/2014, 29/2014 e 31/2014, emitidos ao longo do trâmite do processo administrativo LP-73/2104; considerando os extensos lapsos temporais decorridos entre o recebimento 33 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica das críticas do Imac e a apresentação das informações complementares pela NNA; considerando as paralisações dos serviços prestados pela subcontratada Archaeo e consequente retardo no processo do licenciamento junto ao Iphan/AC; considerando o extenso lapso temporal de 355 dias decorridos entre a instauração do processo administrativo LAU-114/2014, em 4/9/2014,e a emissão da LAU-21/2015, em 25/8/2015; e considerando, por fim, as inúmeras correspondências, e-mails e atas de reunião entre as partes em que a Eletronorte reiteradamente adverte o Consórcio Mavi/Engeglobal ante o atraso no cumprimento das medidas saneadoras necessárias ao deslinde do licenciamento ambiental e emissão da LI e ASV (Anexo 8, p. 23, 37-38, 49-51; Anexo 9, p. 21/24), verifica-se que o Consórcio Mavi/Engeglobal, contratado da Eletronorte como responsável pela obtenção das licenças ambientais, teve responsabilidade única e exclusiva pelo atraso na emissão da LI e ASV para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, a contar de 20/2/2015 (73 dias corridos desde 9/12/2014) até 25/8/2015, no total de 186 dias. 208. Embora quem tenha dado causa ao atraso seja o Consócio contratado, quem responde diretamente pelos prejuízos decorrentes, perante a Aneel, é a Eletronorte, empresa que tem a gestão do empreendimento em face da concessão a ela outorgada. 209. No que tangencia à responsabilidade da empresa estatal, verifica-se que uma dessas causas pode ter origem na transferência integral, pela Eletronorte, da gestão de um risco sensível, complexo e que se constitui caminho crítico de todo empreendimento (obtenção do licenciamento) a uma empresa contratada. IV.1.5 Licenciamento ambiental afeto à LT Feijó – Cruzeiro do Sul – área indígena (processo administrativo LP-88/2014) 210. Preliminarmente, impende relembrar que, quando da solicitação de LP pela NNA para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, em 4/9/2014, paralelamente foi requerido por aquela empresa também ao Imac, como já exposto, providências junto a Funai para a obtenção do Termo de Referência (TR) específico afeto ao trecho da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, a fim de subsidiar a elaboração do componente indígena do RAS. Neste sentido, constam nos autos diversas iniciativas por parte tanto da NNA quanto do Imac e da própria Eletronorte a fim de obtê-lo. 211. Mais especificamente, em referência ao Ofício 332/2014/DPDS/FUNAI-MJ, a Eletronorte encaminhou à Funai, mediante a Carta EEM 429/2014, de 15/7/2014, diversos documentos a fim de atender a demanda daquele órgão indigenista, solicitando, a partir disso, a emissão daquele TR (Evidência 21, p. 18-50). Entre aqueles documentos, destacam-se: a) Tabela de vértices para o trecho entre as Subestações Rio Branco – Tarauacá e trecho entre as Subestações Feijó – Cruzeiro do Sul; b) Relatório do traçado para viabilização do empreendimento, descrevendo a passagem da LT pela TI Campinas Katukina, consubstanciado na Nota Técnica EEMT – 002/2014 (Traçado para Viabilização do Empreendimento); e c) Traçado preliminar da LT e posicionamento das Subestações. 212. Neste ponto, impende fazer um parêntesis e tecer algumas considerações acerca do Relatório R3 disponibilizado pela Aneel, quando da realização do Leilão 7/2013. O mencionado Relatório, intitulado Caracterização e Análise Socioambiental do empreendimento Linha de Transmissão 230 kV Rio Branco / Feijó / Cruzeiro do Sul e Subestações Associadas, teve por finalidade apresentar as características socioambientais do corredor de estudo selecionado, bem como os aspectos relevantes da diretriz básica da Linha de Transmissão (Evidência 19, p. 130). 213. Consta do R3 que a diretriz preferencial apresentada no Relatório é uma sugestão preliminar, sendo de responsabilidade do empreendedor a escolha definitiva do traçado para implantação do 34 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica empreendimento. A diretriz preliminar de traçado foi aquela em que as recomendações de boa prática para escolha de traçados de LTs são usualmente aplicadas. 214. Em decorrência, a principal condicionante daquele traçado foi a existência da rodovia BR 364 asfaltada, buscando-se aproximar o seu traçado das margens daquela rodovia, mitigando assim os impactos ambientais e, ao mesmo tempo, respeitar os limites das Terras Indígenas existentes e áreas protegidas legalmente, inclusive com suas áreas de amortecimento, contornando-as (Evidência 19, p. 142 – traçado preto). 215. Mais especificamente, a existência de Terras Indígenas ao longo e nas proximidades da BR- 364 condicionou duas grandes derivações e consequentes distanciamentos da diretriz do traçado com a BR-364, uma delas representada pelo desvio da Terra Indígena Campinas Katukina, numa extensão de aproximadamente 82 km (traçado preto), ao longo do trecho compreendido entre Feijó e Cruzeiro do Sul, com consequente aumento na extensão total da LT. 216. Em consequência, para a construção dessas derivações da diretriz do traçado, aquele Relatório considerou que seriam necessários novos acessos e desmatamentos em áreas de matas nativas e inexploradas (preservadas), provocando impactos sobre os meios físico e biótico nessas regiões. 217. Quando da análise do negócio pela Eletronorte, antes mesmo da realização do Leilão-Aneel 7/2013, em jul/2013, a Eletronorte teria verificado, mediante reunião com o Secretário do Sema/AC, lideranças indígenas das Terras Indígenas Campinas/Katukina, representantes da Funai e do Governo do Acre, que a diretriz preferencial do traçado previsto no Relatório R3, ao contornar àquelas terras, além de desbravar mata nativa, se insere em área de perambulação empregada na caça, pesca e extrativismo pelos índios. Sendo assim, manifestaram não apenas o interesse de que aquele traçado saísse daquela área, como também que se estendesse ao longo da rodovia BR 364 (Evidência 19, p. 136). 218. Em decorrência, e considerando ainda a significativa redução de custos e impactos ambientais, a solução de traçado adotada pela Eletronorte atravessa a Terra Indígena Campinas/Katukina margeando a rodovia BR 364, em uma extensão aproximada de 17 km, sendo nesse sentido celebrado tanto o pré-contrato quanto o contrato 4400000372 com o Consórcio Mavi/Engeglobal, no valor de R$ 355 milhões. 219. Por todo o exposto até o momento, conjugando-se o disposto no parágrafo único do art. 4º e no tópico IX (Alternativas Locacionais) da seção 3 (Roteiro Tópico-Metodológico) do Anexo III-B, todos da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, com o teor da manifestação da Funai, mediante o Ofício 332/2014/DPDS/FUNAI-MJ, de 24/4/2014, conclui-se que aquele órgão indigenista encontrava-se perquirindo junto ao empreendedor se fora por este analisado o custo-benefício das alternativas de traçado que desviassem das Terras Indígenas e o comparasse com a alternativa que a atravessa, a fim de se preservar a integridade das terras e culturas indígenas afetadas, ou, em poucas palavras, que justificasse a necessidade de travessia daquelas Terras Indígenas, em termos de custos econômicos, financeiros e/ou ambientais, quando comparados ao traçado que a contorna. 220. Destarte, considerando que o orçamento do Consórcio Mavi/Engeglobal baseou-se na travessia daquelas Terras Indígenas, seguindo orientação da própria Eletronorte, e considerando ainda que integrava o objeto do contrato firmado com o Consórcio o licenciamento ambiental do empreendimento, caberia ao Consórcio Mavi/Engeglobal justificar a escolha do traçado perante o Imac para que então este, seguindo o rito previsto na Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011 e já exposto no tópico V.2.2 deste relatório, enviasse estas e outras informações já em seu poder à Funai, solicitando a emissão do TR específico para a elaboração do componente indígena do EIA/RAS afeto à LT Feijó – Cruzeiro do Sul. 221. Neste sentido, importa desde logo esclarecer que nem o Relatório R3 disponibilizado pela Aneel, mediante o Leilão 7/2013, e nem os documentos encaminhados pela Eletronorte à Funai, mediante a Carta EEM 429/2014, de 15/7/2014, continham tal análise. 35 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

222. Mediante reunião realizada entre representantes da Funai e da Eletronorte, em 19/8/2014, foi esclarecido à Eletronorte, entre outros, que o TR específico deveria ser solicitado pelo órgão ambiental licenciador e não pelo empreendedor, em conformidade com a Portaria Interministerial- MMA/MJ/MINC/MS 419/2011 (Evidência 21, p. 74-75). 223. A partir daquela mesma reunião, foi encaminhado pela Funai, na mesma data, o Ofício 544/2014/CGLIC/DPDS/FUNAI-MJ ao Coordenador Geral de Geoprocessamento solicitando a elaboração de plotagem e análise técnico cartográfica e posterior encaminhamento à Coordenação Geral de Identificação e Delimitação, para manifestação no que se refere a reivindicações fundiárias ou revisão de limites na área de influência do empreendimento (Evidência 21, p. 78). 224. Mediante nova reunião entre representantes da Funai, do Imac e da Sema/AC, em 22/8/2014, foi reforçado pela Funai o entendimento de que o órgão licenciador deve ser o interlocutor obrigatório com aquele órgão indigenista, e não o empreendedor, e que não haveria qualquer óbice em se manter o RAS pelo empreendedor desde que o componente indígena fosse considerado na íntegra (Evidência 21, p. 86-87). 225. Ademais, aqueles representantes do órgão indigenista acrescentaram ainda que, até aquele momento, o Imac sequer havia comunicado oficialmente à Funai a delegação de competência para o licenciamento, tão pouco a existência do processo de licenciamento. 226. Considerando que, naquele mesmo momento, encontrava-se em curso o processo de licenciamento LP-60/2014 para todo o empreendimento, instaurado em 18/7/2014 e cancelado em 4/9/2014, aquela crítica foi suprida pelo Imac, mediante o Ofício 768/PRESI, com data de 21/8/2014 (Evidência 21, p. 90). 227. No entanto, desde 24/7/2014 encontrava-se em curso na Funai o processo administrativo 08620.000804/2014-27 com o fim de acompanhar o licenciamento da LT 230 kV Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul e subestações associadas (Evidência 21, p. 6). 228. Por fim, nesta mesma reunião foi sugerido ao Imac, ante a inexistência de terras indígenas em distância inferior à 8km da LT Rio Branco I – Feijó e subestações, o desmembramento do processo de licenciamento ambiental, ficando acertado que, após esta análise, o Imac oficializaria à Funai solicitando o TR para a elaboração do componente indígena. 229. Mesmo a partir de todas as críticas realizadas pela Funai à Eletronorte e ao Imac, mediante as citadas reuniões, tanto a Eletronorte reiterou os termos da Carta EEM 429/2014, mediante as Cartas EEM 581/2014, de 18/9/2014, e EEM 637/2014, de 9/10/2014, solicitando àquele órgão indigenista a emissão do TR específico (Evidências 19, p. 52-53; 21, p. 18-19), quanto o Imac, mesmo provocado reiteradamente pela NNA, mediante os Ofícios 77/2014, de 4/9/2014, e 83/2014, de 16/10/2014 (Evidência 22, p. 305/337/338), absteve-se de solicitar à Funai a emissão do TR específico. 230. Mediante o Ofício NNA 88/2014, de 17/12/2014 (Evidência 22, p. 406-407), a NNA requereu junto ao Imac a emissão da LP para a LT Feijó-Cruzeiro do Sul, sendo, em consequência, instaurado o processo administrativo LP-88/2014, encaminhando, para tanto: a) Relatório Ambiental Simplificado (RAS), contendo as Certidões de Uso e Ocupação do Solo; b) Cópia das publicações dos pedidos da LP no Diário Oficial e Jornal de Circulação Diária; c) Volume único contendo as autorizações de passagens assinadas pelos proprietários; e d) CD-R contendo as documentações emitidas. 231. Impende registrar que, a esta altura, as Certidões de Uso e Ocupação do Solo já haviam sido novamente emitidas pelas prefeituras, todas em nov/2014, com a correta remissão ao Lote N do Leilão- Aneel 7/2013. Também importa destacar que aquela documentação encontrava-se desprovida da análise 36 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica das alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas, nos termos da Portaria Interministerial- MMA/MJ/MINC/MS 419/2011. 232. Em 6/1/2015, foi emitido o Ofício 01/2015/NNA/AC ao Imac novamente solicitando aquele TR, já no âmbito do processo LP-88/2014 (Evidência 19, p. 63-64). Destarte, restou claro que o RAS apresentado em 17/12/2014 encontrava-se desprovido dos estudos do componente indígena. 233. Neste ponto, importa esclarecer que a ausência da emissão do TR específico pela Funai poderia ter sido contornada, ante a inteligência do que dispõe o art. 5º, §2º, da Portaria Interministerial- MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, c/c as considerações presentes no §164. 234. Em decorrência, e considerando o extenso lapso temporal decorrido desde a apresentação da primeira versão do RAS para todo o empreendimento, em 18/7/2014, verifica-se que teria sido possível a elaboração do componente indígena do RAS pela NNA, a partir do modelo presente no Anexo III-B daquela Portaria, de forma que sua apresentação completa ao Imac poderia ter ocorrido mesmo antes de 17/12/2014, a fim de dar prosseguimento ao licenciamento ambiental do empreendimento, com posterior apreciação daquele componente pelo órgão indigenista, nos termos do art. 6º da Portaria. 235. No entanto, após compulsar-se toda a documentação listada no §146 deste relatório, constatou-se não ter havido qualquer iniciativa neste sentido tanto por parte do Consórcio Mavi/Engeglobal, responsável pelo deslinde do licenciamento ambiental do empreendimento, por meio de sua subcontratada Novo Norte Ambiental, quanto por parte da própria Eletronorte. 236. Em resposta ao Ofício 01/2015/NNA/AC, o Imac, mediante o Ofício 18/2015/DLIS/DGT/IMAC, de 13/1/2015, informou que o TR deveria ser solicitado pelo próprio requerente do licenciamento ambiental à Funai, esclarecendo ainda que não caberia àquele órgão ambiental tal solicitação, uma vez que a anuência da Funai é documento complementar do checklist da atividade em questão. 237. Neste ponto, restou claro tanto o desconhecimento, por parte daquele órgão ambiental estadual, dos termos da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, mais especificamente do art. 5º, inciso I – que expressamente atribui tal competência ao órgão ambiental – quanto o quão infrutífera foi a reunião realizada em 22/8/2014. 238. Em 21/1/2015, mediante o Oficio 03/2015/NNA/AC (Anexo 8, p. 27-28), reiterou-se solicitação no sentido de que o Imac providenciasse junto à Funai o TR, pontuando que tal iniciativa decorria não apenas de tratativas anteriores entre o Imac e o Consórcio como também do acordado entre a atual presidência daquele instituto e o Consórcio, mediante reunião realizada em 15/1/2015, onde teria ficado acertado que o Imac encaminharia à Funai as documentações necessárias solicitando o pleiteado TR. 239. Apenas em 6/2/2015, ou seja, um mês após o recebimento do Ofício 01/2015/NNA/AC, o Imac, mediante o Ofício 86/2015/PRES/IMAC (Evidência 19, p. 87), encaminhou à Coordenação Geral de Licenciamento Ambiental (GLIC) da Funai, em formato digital, os documentos técnicos e estudo ambiental referente ao processo de licenciamento ambiental, objetivando a elaboração e fornecimento do TR do Componente Indígena a ser fornecido ao requerente do licenciamento (LP-88/2014), reiterando-o por meio do Ofício 170/2015/PRES/IMAC, de 6/4/2015 (Evidência 19, p. 188). Compulsando-se os autos do processo 08620.000804/2014-27, constatou-se que aqueles dois expedientes do Imac permaneceram sem resposta pela Funai. 240. Neste ponto, importa registrar as críticas apresentadas pelos representantes da Funai a esta equipe de auditoria, mediante entrevista, no sentido de não lhes ter sido informado pelo Imac o encerramento do processo administrativo LP-60/2014, que objetivava a LP para todo o empreendimento, e esclarecido, em consequência, que outros dois processos haviam sido instaurados, LP-73/2014 e LP- 88/2014, em complemento às informações encaminhadas pelo Ofício 768/PRESI (§214 deste relatório). 37 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

241. Paralelamente, o Imac solicitou à NNA, mediante o Ofício 61/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC, de 28/1/2015, que apresentasse as três vias impressas do RAS necessárias ao avanço do processo ambiental, uma vez que não teriam sido apensadas ao processo LP- 88/2014 no momento do protocolo naquele Instituto (Evidência 19, p. 79). 242. Em resposta, a NNA, mediante o Ofício 5/2015/NNA/AC, de 29/1/2015, informou que teria sido entregue uma via do RAS, bem como outras documentações exigidas no checklist para abertura do processo de licenciamento ambiental, mas se prontificava, a fim de dar continuidade ao processo, encaminhar as três vias como solicitado, divididas, cada qual, em três volumes (Evidência 19, p. 81-82). 243. Em continuidade, o Imac analisou o RAS e demais documentação apresentada pela NNA, no âmbito do processo LP-88/2014, tendo sido emitido o Parecer Técnico 02/2015, de 19/3/2015 (Evidência 19, p. 91-111), que constatou uma série de deficiências e indefinições naqueles estudos, associadas ao estudo das alternativas, caracterização do empreendimento, canteiro de obras, área de influência do empreendimento, saúde trabalhista, impactos ambientais, entre outros, onde destacam-se as seguintes passagens: Considerando que a Terra Indígena Campinas será afetada diretamente, recomendamos apresentar a anuência da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que deverá ser parte integrante do presente licenciamento. (...) As informações referentes as diretrizes e alternativas mencionadas são dados indicativos proposto do Ministério de Minas e Energia (MME) e Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (páginas 4,5,6,8 e 9), mas que seriam necessários dados locacionais. O estudo não apresenta a caracterização das diretrizes selecionadas, informando ao longo da diretriz escolhida, citando: os locais, as condições de acesso e apoio logístico para a construção, operação e manutenção da Linha de Transmissão (LT). O subitem 2.4 páginas 4 e 5, informa que a diretriz preliminar são as recomendações de escolha de traçado usualmente aplicadas em LT, conforme o MME, bem como a alternativa proposta pela ANEEL e Relatório R3. 244. Mediante o Ofício 191/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC, de 24/3/2015 (Evidência 19, p. 116), o Imac informou a NNA que o prosseguimento do licenciamento ambiental do empreendimento dependia das complementações elencadas no Parecer Técnico-Imac 2/2015. Permaneceu o processo, desde então, parado no Imac aguardando a adoção de providências pelo Consórcio. 245. Posteriormente, a Funai, reportando-se às Cartas da Eletronorte EEM 581/2014 e EEM 637/2014 e fazendo referência ao “Licenciamento Ambiental da LT em 230 kV Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul” (processo Funai 08620.000804/2014-27), informou ao Sema/AC, mediante o Ofício 448/2015/DPDS/FUNAI-MJ, de 20/4/2015 (Evidência 21, p. 208), que a continuidade do processo na Funai dependeria da “adoção de alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas”, cuja cópia foi encaminhada ao Consórcio em 21/5/2015, mediante o Ofício 251/2015/PRES/IMAC (Evidência 19, p. 119). 246. Neste sentido, a NNA manifestou-se expressamente, mediante o Ofício 16/2015, de 10/6/2015 (Evidência 23, p. 33-36), reafirmando junto ao Imac, em alusão àquela correspondência da Funai, a possibilidade de licenciamento ambiental do empreendimento mesmo atravessando terras indígenas, nos termos do art. 231, §3º, da CF/1988, c/c o art. 4º, inciso I, da Resolução-Conama 237/1997, e ainda o art. 2º, inciso I, da Instrução Normativa – Funai 4/2012. 247. De fato, à luz do art. 231, §6º, da CF/1988, c/c os demais dispositivos citados, é possível a incidência de empreendimentos de relevante interesse público da União em Terras Indígenas, potencial e efetivamente causadores de impactos ambientais e socioculturais em terras e povos indígenas, desde que os estudos de impacto ambiental do empreendimento contemplem informações e estudos específicos afetos ao componente indígena, a serem analisados e avaliados pela Funai, a fim de verificar o grau de 38 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica adequação das medidas de controle e de mitigação propostas pelo empreendedor, decorrentes desses impactos. 248. O processo LP-88/2014 só teve sua continuidade retomada quase um ano depois, em 17/3/2016 (posteriormente a rescisão do contrato 4400000372), quando a Eletronorte, mediante a CE- EEM 119/2016, encaminhou ao Imac a Nota Técnica EEMT – 002/2016 (Análise das Alternativas de Traçado), mediante a qual foi providenciada a análise de alternativa ao traçado inicialmente proposto no Relatório R3, em atendimento ao Ofício 448/2015 da Funai (Evidência 19, p. 128-145). 249. Dessa forma, é possível que os termos do citado Ofício tenham acarretado prejuízo ao deslinde do licenciamento ambiental da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, ante o condicionamento do seu prosseguimento à adoção de alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas, restando a possibilidade do empreendimento incidir tão somente dentro dos limites de influência estabelecidos no Anexo I da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 60/2015, em afronta art. 231, §6º, da CF/1988, c/c o art. 4º, inciso I, da Resolução-Conama 237/1997, e ainda o art. 2º, inciso I, da Instrução Normativa – Funai 4/2012. 250. A fim de avaliar se o conteúdo da mencionada Nota Técnica – que apresenta não mais do que duas páginas com informações efetivamente relacionadas à análise de alternativas locacionais ao traçado proposto – constata-se que o seu conteúdo vai, em alguma medida, ao encontro das considerações presentes neste relatório, conclusão esta alcançada a partir dos excertos abaixo: A implementação de empreendimentos de transmissão envolve o estabelecimento de faixa de servidão e a abertura de vias de acesso (estradas) que permitem o transporte de equipamentos na etapa construtiva e a manutenção da linha de transmissão na etapa de operação. A proximidade de LTs com estradas já implementadas reduz significativamente os impactos socioambientais relacionados ao seu processo construtivo. As áreas de floresta ombrófila densa, localizadas ao norte e ao sul dos limites da TI Campinas Katukina estão preservadas, e apesar de não estarem localizadas dentro dos limites da TI, têm sido utilizadas pelos Katukinas para caça, pesca, extrativismo, etc (Anexo 1 - Mapa de Alternativa de Traçado da LT 230 kV Rio Branco Feijó/ Cruzeiro do Sul). A abertura de uma nova faixa de servidão ao norte ou ao sul da TI traria impactos significativos às áreas utilizadas pelos indígenas no seu modo de vida tradicional, por meio da abertura de novos vetores de desmatamento e caça predatória, aumentando a pressão ao redor do território indígena. (...) Analisando-se os impactos sobre a vegetação local, a alternativa de traçado proposta em Relatório R3, teria uma estimativa de área de supressão de vegetação de 458 ha, sendo que na alternativa de traçado proposta margeando a rodovia e interceptando a TI, a supressão de vegetação estimada é de 50,7 ha, sendo 9,7 ha no interior da TI (Anexo 3 - Estimativa de cálculo de supressão de vegetação). Dessa forma, considerando os impactos já ocasionados com a construção da BR 364, a constante vigilância da comunidade indígena às margens da rodovia (onde eles residem) a utilização pelos Katukinas de áreas preservadas localizadas ao norte e ao sul dos limites do seu território para a manutenção dos seus hábitos tradicionais de caça e coleta e a importância da não abertura de novos vetores de desmatamento ao redor dos limites da TI, recomenda-se uma alternativa ao traçado originalmente proposto no Relatório R3, mantendo-se o paralelismo e a proximidade com a BR 364 (Anexo 1 - Mapa de Alternativa de Traçado da LT 230 kV Rio Branco Feijó/ Cruzeiro do Sul). (grifos nossos) 251. Em complemento, o Anexo 3 da CE-EEM 119/2016 apresenta estimativas de cálculo de supressão vegetal, comparando a área total necessária com o traçado proposto no Relatório R3 (458 ha) com a alternativa proposta pela Eletronorte (50,7 ha) que, uma vez adotada, demandaria, no interior das 39 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Terras Indígenas Campinas/Katukina, supressão da ordem de 9,7 ha, reforçando o exposto no excerto acima, em destaque. 252. Em continuidade, o Imac, mediante o Ofício 405/PRES/IMAC, de 31/5/2016, informou à Funai que o traçado com menor grau de impactos ambientais é o que segue paralelo à rodovia BR-364 e, por conseguinte, em 27/7/2016, mediante o Ofício 723/2016/DPDS/FUNAI-MJ, aquele órgão indigenista finalmente encaminhou ao Imac o pleiteado Termo de Referência específico a fim de subsidiar a elaboração dos estudos afetos ao componente indígena no trecho da LT Feijó-Cruzeiro do Sul (Evidência 26). 253. Por fim, impende registrar que, decorridos aproximadamente dois anos e meio desde a assinatura do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014, em 29/1/2014, a LT Feijó – Cruzeiro do Sul permanece sequer contando com a Licença Prévia, necessária ao planejamento das obras e elaboração dos projetos para aquele trecho. 254. Por todo o exposto, considerando que a previsão inicial para a emissão da LP pelo órgão ambiental competente seria até 5/8/2014; e considerando a razoabilidade de admitir sua obtenção até 9/12/2014, juntamente com a LP-73/2014, ao supor-se que, em 4/9/2014, o Consórcio Mavi/Engeglobal tivesse tanto enviado ao Imac a análise das alternativas ao traçado inicialmente proposto no Relatório R3 quanto apresentado o RAS já com o componente indígena concluso, elaborado a partir do modelo presente no Anexo III-B da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011; conclui-se que a responsabilidade pelo atrasos no licenciamento ambiental do para o trecho LT Feijó – Cruzeiro do Sul encontra-se espraiada entre as diversas pessoas jurídicas que atuaram no processo, a saber: a) Consórcio Mavi/Engeglobal por: a.1) inexecução dos estudos afetos ao componente indígena da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, tendo em vista não terem sido apresentados ao longo da execução do contrato 440000372, em inobservância às cláusulas do próprio contrato, bem como ao disposto no art. 5º, §2º, c/c o modelo presente no Anexo III-B, ambos da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011; a.2) deixar de adotar providências com vistas ao andamento do processo de licenciamento ambiental LP-88/2014, a partir de 24/3/2015, até a rescisão do contrato, em 19/1/2016. b) Imac por: b.1) ter comunicado a Funai apenas em 21/8/2014, mediante o Ofício 768/PRESI, tanto a delegação de competência para o licenciamento, empreendida pelo Acordo de Cooperação Técnica 11/2014, de 11/7/2014, quanto a existência do processo de licenciamento LP- 60/2014; b.2) deixar de comunicar à Funai, até a fase de execução desta auditoria (mai/2016), o encerramento do processo administrativo LP-60/2014, que objetivava a LP para todo o empreendimento, e esclarecido, em consequência, que outros dois processos haviam sido instaurados, LP-73/2014 para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, e LP-88/2014 para a LT Feijó – Cruzeiro do Sul, a fim de complementar às informações encaminhadas pelo Ofício 768/PRESI; b.3) deixar de solicitar o TR específico à Funai, mesmo quando provocado reiteradamente pela Novo Norte Ambiental, mediante os Ofícios 77/2014, de 4/9/2014, e 83/2014, de 16/10/2014, chegando mesmo a se opor, mediante o Ofício 18/2015/DLIS/DGT/IMAC, de 13/1/2015, com inobservância do art. 5º, inciso I, da Portaria Interministerial- MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, bem como das orientações oferecidas pela Funai, mediante a reunião do dia 22/8/2014. c) Funai por: 40 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

c.1) deixar de responder o Ofício 86/2015/PRES/IMAC, de 6/2/2015, reiterado pelo Ofício 170/2015/PRES/IMAC, de 6/4/2015, a fim de esclarecer ao Imac que restava ausente a apresentação das alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas, necessário à emissão do pleiteado Termo de Referência específico; e c.2) condicionar, mediante o Ofício 448/2015/DPDS/FUNAI-MJ, de 20/4/2015, o prosseguimento do deslinde do licenciamento ambiental da LT Feijó – Cruzeiro do Sul à adoção de alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas, em afronta art. 231, §6º, da CF/1988, c/c o art. 4º, inciso I, da Resolução-Conama 237/1997, e ainda o art. 2º, inciso I, da Instrução Normativa – Funai 4/2012. 255. Por todo o exposto, será proposto encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser proferido nestes autos, bem como do Relatório e Voto que o fundamentarem, à Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), à Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras); à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao Ministério de Minas e Energia (MME), à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre (Sema/AC), ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), ao 1º Ofício Civil e Criminal da Procuradoria da República em Cruzeiro do Sul/AC, às Comissões de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal, e às Comissões de Minas e Energia (CME) e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara dos Deputados. IV.1.6 Evidências Evidência 17 - Cronograma Físico-Financeiro Evidência 18 - Processo Imac 73-2014 - LP Rio Branco I-Feijó Evidência 19 - Processo Imac 88-2014 - LP Feijó-Cruzeiro do Sul Evidência 20 - Processo Imac 131-2014 - LI Rio Branco I-Feijó Evidência 21 - Processo Funai e Legislação Evidência 22 - Manifestação Consórcio - Anexos 1-21, 141-154, 34-101 Evidência 23 - Manifestação Consórcio - Anexos 102-169 Evidência 24 - Manifestação Consórcio - Anexos 169-183 Evidência 25 - Portarias Interministeriais 49-2011 e 60-2015 Evidência 26 - Ofício 723/2016/DPDS/FUNAI-MJ

IV.2 Regularidade da rescisão unilateral do Contrato 4400000372 pela Eletronorte e consequente inexecução parcial do Consórcio 256. Diante de todo imbróglio da rescisão unilateral do Contrato 440000372 pela Eletronorte, firmado junto ao Consórcio Mavi/Engeglobal, é pertinente apresentar esclarecimentos que levam pela conclusão da regularidade dos atos praticados pela estatal, que, em 19/1/2016, mediante a Resolução da Diretoria Executiva nº 33, de 18/1/2016 (Evidência 7, p. 17), aprovada pela Deliberação do Conselho de Administração nº 13, de 19/1/2016 (Evidência 7, p. 18), rescindiu unilateralmente o contrato com base nas alíneas “b” e “c” da Cláusula 54 daquele Contrato, c/c a Cláusula 55, alínea “a”, abaixo transcritas, reflexas dos arts. 77 e 78, inciso III, da Lei 8.666/1993. CLÁUSULA 54ª Constituem motivo para a rescisão do presente Contrato: (...) 41 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

b) Quando o Contratado, por motivos exclusivamente a ele imputáveis, estiver comprovadamente incapaz de fornecer materiais, equipamentos ou mão-de-obra suficientes para executar os trabalhos, no ritmo e progresso que proporcionem garantias à Contratante, de que o Contratado possa atingir a Aceitação Provisória até as datas estabelecidas; c) Quando o atraso nos marcos contratuais ultrapasse 90 (noventa) dias consecutivos, desde que por culpa comprovada do Contratado; (...) CLÁUSULA 55 A rescisão do Contrato poderá ser: a) Determinada por ato unilateral e estrito da Contratante, nos casos enumerados nas alíneas de "a" à "m” da Cláusula 54ª. 257. Mais especificamente, a Eletronorte afirmou a ocorrência de atraso na execução de centenas de marcos contratuais pelo Consórcio, muitos deles ensejadores apenas de multas, nos termos do Parágrafo Nono da Cláusula 58 do Contrato, outros ensejadores de multa e advertência, nos termos do Parágrafo Terceiro da mesma Cláusula. 258. Segundo a Eletronorte, a lentidão na execução dos serviços e o descumprimento sistemático das obrigações contratuais pelo Consórcio vinha acarretando atrasos nas obras suficientes a comprovar a impossibilidade de recuperação dos prazos contratualmente previstos, a fim de concluir-se o empreendimento no prazo estabelecido. Tais circunstâncias, além de caracterizarem de per si a inexecução contratual e ensejarem a necessidade de rescisão, foram agravadas pela exposição da Eletronorte à aplicação de penalidades por parte da Aneel, ante o atraso na energização do empreendimento, nos termos das Cláusulas 9ª e 10ª do Contrato-Aneel 9/2014 (Evidência 5). 259. O Consórcio, por sua vez, alegou perante a Eletronorte que não concorreu para o atraso nas obras, que acabaram por impactar o preço e prazo contratuais, tendo apontado as seguintes causas (Evidência 7, p. 23-27): a) entraves na obtenção do licenciamento ambiental, especialmente junto à Funai, uma vez que a solução adotada para o trecho da LT Feijó-Cruzeiro do Sul, que margeia a BR 364 e atravessa a Terra Indígena Campinas/Katukina, em uma extensão aproximada de 17km, torna necessária sua manifestação no processo, mediante a emissão do Termo de Referência, a fim de subsidiar a elaboração do componente indígena do Relatório Ambiental Simplificado (RAS); b) mora da Eletronorte na emissão dos Certificados de Realização de Eventos (CRE), o que atrasa a emissão das faturas e os pagamentos devidos, “afetando enormemente o fluxo de caixa do Consórcio, que não pode seguir antecipando recursos para manutenção do ritmo das obras sem a correspondente e pontual contrapartida”; e c) exigência de execução de atividades pela Eletronorte suplementares àquelas previstas no Contrato, o que oneraria sobremaneira os custos do Consórcio. 260. O deslinde do licenciamento ambiental do empreendimento já se encontra suficientemente descrito e analisado no tópico anterior deste relatório, mediante o qual apontou-se em que medida os alegados entraves pelo Consórcio Mavi/Engeglobal o eximem da responsabilidade tanto pela obtenção propriamente dita das necessárias licenças ambientais quanto do desenvolvimento das atividades executivas do contrato 4400000372. 261. Cada uma das alegações apresentadas pelo Consórcio foram objeto de exame pela Eletronorte que, em resposta, afirmou que (Evidência 7, p. 29-32): a) ocorreram atrasos até mesmo na execução de marcos contratuais que não dependiam da emissão da LI para o empreendimento; b) houve atraso inclusive no encaminhamento aos órgãos ambientais da documentação 42 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica necessária ao deslinde do licenciamento ambiental, sendo citado, como exemplo, o encaminhamento ao Imac de documentos fundamentais à obtenção da LI apenas em jun/2015; c) as obras de implantação da LT Rio Branco – Feijó e das três subestações associadas, abrangidas pela LI-229/2015 e LAU-21/2015, permaneceram paralisadas mesmo após suas obtenções; d) as atividades que precedem as atividades civis de campo, tais como construção de canteiros, mobilização da equipe de obra, de topografia, de arqueologia, de sondagem e o projeto executivo, não foram concluídas por morosidade e culpa exclusiva do Consórcio, sendo destacado ainda que somente cerca de três meses após a obtenção da LI o Consórcio teria iniciado os serviços de terraplanagem afetos a ampliação da SE Rio Branco, não tendo sido posteriormente iniciada qualquer outra atividade civil de implantação da LT e demais subestações; e) o Consórcio teria reconhecido, em mais de uma oportunidade, a exemplo do que consta na ata da reunião EET 1/2015, realizada em 28/1/2015, e EET 7/2015, realizada em 20/2/2015, suas dificuldades financeiras, que terminavam por prejudicar a continuidade das atividades executivas do empreendimento, tendo sido alertada, pela Eletronorte, da necessidade de aportar capital de giro a fim de garantir o prosseguimento da implantação do empreendimento; f) as dificuldades financeiras retrocitadas do Consórcio teriam sido corroboradas pelo ajuizamento de pedido de recuperação judicial pela empresa Mavi Engenharia e Construções Ltda; g) o atraso na obtenção da LI para o trecho LT Rio Branco – Feijó e subestações associadas é de inteira responsabilidade do Consórcio, ao passo que, em relação ao trecho da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, reconheceram que o avanço do processo de licenciamento depende de autorização da Funai, e que sua ausência não impactaria a implantação do outro trecho; h) em relação à alegação de atraso na emissão dos CREs e consequentes pagamentos, a Eletronorte esclareceu que a documentação de suporte encaminhada pelo Consórcio afeta a diversos marcos contratuais encontrava-se incompleta, em desacordo com o Parágrafo Primeiro da Cláusula 9ª do Contrato 4400000372, e ainda destacou que o adiantamento ao Consórcio no valor de R$ 24,85 milhões, providenciado em cumprimento à Cláusula 7ª, possibilitaria a manutenção do ritmo de execução adequado do empreendimento; e, por fim, i) quanto às alegadas atividades suplementares, a Eletronorte consignou que todas as atividades que vinham sendo exigidas do Consórcio estavam em consonância com as cláusulas contratuais, não tendo sido solicitada nenhuma atividade suplementar. 262. Ademais, foram aplicadas pela Eletronorte as seguintes penalidades ao Consórcio ante o inadimplemento de suas obrigações contratuais (Evidência 7, p. 1-9; 26, p. 147): a) advertência em 18/11/2014, pelo atraso na LI, conforme Fax EETO-CAOB/1096/2014; b) advertência em 12/12/2014, pelo atraso na mobilização dos serviços de terraplanagem, conforme Fax EETO-1163/2014; c) multa em 28/10/2015, pelo atraso de 262 dias na obtenção da LI, conforme Fax EETE- CAOB/774/2015; d) multa em 5/11/2015, pelo atraso de 321 dias na mobilização para serviços de terraplanagem da SE Rio Branco I (marco 001), conforme Fax EETE-CAOB/809/2015; e) advertência em 5/11/2015, pelo atraso na conclusão de 50% das fundações dos transformadores nas Subestações Feijó e Cruzeiro do Sul, conforme Fax EETE-CAOB/811/2015; f) advertência em 5/11/2015, pelo atraso na conclusão de 50% das fundações do trecho da LT Rio Branco – Feijó, conforme Fax EETE-CAOB/812/2015; e g) advertência em 5/11/2015, pelo atraso na conclusão de montagem de 70% das torres do 43 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica trecho da LT Rio Branco – Feijó, conforme Fax EETE-CAOB/813/2015. 263. A fim de logo estender ao Consórcio Mavi/Engeglobal a ampla defesa e o contraditório necessários ante os reflexos diretos e/ou indiretos das conclusões que viriam a ser alcançadas nestes autos sobre os interesses jurídicos/econômicos/financeiros do Consórcio, esta equipe lhe enviou o Ofício de Requisição 5-210/2016, de 8/6/2016, solicitando que fosse apresentado, acompanhado da cópia de todos os documentos que se fizessem necessários, a descrição detalhada, entre outros, de todas as circunstâncias que ensejaram a rescisão do contrato 4400000372 pela Eletronorte, em 19/1/2016. Análise Técnica 264. Em relação à alegação do Consórcio de entraves na obtenção do licenciamento ambiental do empreendimento, como já exposto, o deslinde do licenciamento ambiental do empreendimento já se encontra suficientemente descrito e analisado no tópico anterior deste relatório, mediante o qual concluiu-se pela: a) responsabilidade exclusiva do Consórcio Mavi/Engeglobal ante o atraso na emissão da LI- 229/2015 para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, em 26/6/2015, e da LAU-21/2015 para a LT Rio Branco I – Feijó, em 25/8/2015, a contar de 20/2/2015 até 25/8/2015, no total de 186 dias; e b) responsabilidade concorrente do Consórcio Mavi/Engeglobal, ante a ausência de emissão da LP para o trecho LT Feijó – Cruzeiro do Sul, necessária ao planejamento das obras e elaboração dos projetos para aquele trecho, já tendo decorridos aproximadamente dois anos e meio desde a assinatura do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014, em 29/1/2014. 265. Ademais, mediante o cotejamento dos esclarecimentos prestados tanto pela Eletronorte quanto pelo Consórcio com os documentos probatórios correlatos, foi constatado que, de fato, procede a resposta da Eletronorte ao afirmar que diversos serviços marcos que não dependiam da emissão da LI foram concluídos com atraso ou sequer tiveram sua execução iniciada. 266. Neste sentido, reveladora é a Carta EET/1154/2014, de 18/8/2014 (Evidência 22, p. 269/281/282), enviada pela Eletronorte ao Consórcio Mavi/Engeglobal, que já apontava dificuldades da estatal em acompanhar efetivamente a execução do contrato 4400000372, em decorrência de informações inconsistentes fornecidas pelo Consórcio afetas tanto às atividades realizadas quanto à previsão de datas para as atividades programadas. 267. A fim de que o empreendimento fosse entregue dentro do prazo contratual, aquele expediente registra que havia sido acordado entre as partes, mediante reunião realizada em 10/6/2014, que as seguintes atividades, listadas no Quadro 1 abaixo, deveriam encontrar-se concluídas antes da emissão da LI, de acordo com o previsto na coluna “data prevista 1”, para que, logo após sua emissão, as atividades executivas de campo pudessem ser iniciadas: Quadro 1: Serviços que independiam da emissão da LI concluídos com atraso ou sequer iniciados Atividades Data Prevista 1 Data prevista 2 Implantação dos canteiros principais 30/6/2014 out/2014 Projeto de locação de torres 17/7/2014 5/9/2014 Projeto de fundação de torres 17/7/2014 5/9/2014 Locação/sondagem/prospecção de torres 25/7/2014 12/9/2014 Regularização fundiária 31/7/2014 set/2014 Entrega de materiais para fundação 31/7/2014 set/2014 Projeto terraplanagem/prospecção SE Cruzeiro do Sul 31/7/2014 set/2014 Fonte: Carta EET/1154/2014, de 18/8/2014 (Evidência 22, p. 269/281/282) 44 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

268. No entanto, após reunião realizada em 28/7/2014 e inspeção realizada no período de 11/8/2014 a 15/8/2014, aquele mesmo expediente prossegue informando que não houve o cumprimento das datas acordadas, sendo previstas novas, de acordo com o registrado na coluna “data prevista 2”. 269. Em complemento, na seara fundiária, aquele mesmo expediente esclarece que a Eletronorte solicitava ao Consórcio, desde 1º/7/2014, informações consistentes da situação das autorizações de passagem, que seria a atividade básica para o início das atividades de locação e sondagem. No entanto, a cada reunião de coordenação, tal informação era protelada, o que os deixava em alerta sob a viabilidade de início das atividades de execução do empreendimento tão logo fosse emitida a LI. 270. Em continuidade, prossegue aquele expediente esclarecendo que a data contratual de obtenção de todas as autorizações de passagem era de 12/6/2014 e que o quadro abaixo demonstrava a não confiabilidade nas datas informadas até aquele momento. Quadro 2: Data prevista para encaminhamento de todas as autorizações de passagem Reunião Data Data prevista para encaminhamento de todas as autorizações de passagem 35/2014 14/7/2014 21/7/2014 36/2014 28/7/2014 31/7/2014 39/2014 15/8/2014 Quando a subcontratada for paga pelo Consórcio Fonte: Carta EET/1154/2014, de 18/8/2014 (Evidência 22, p. 269/281/282) 271. Também são citados naquela Carta informações que caracterizam a mora do Consórcio no encaminhamento à Eletronorte do Levantamento Cadastral e Planialtimétrico, Projeto de Terraplanagem e Arranjo, afetos aos projetos executivos das SEs Cruzeiro do Sul e Feijó. 272. Mediante nova reunião realizada entre as partes e registrada na ata EET 7/2015, em 20/2/2015 (Evidência 22, p. 427-428), novamente foi apontada uma série de serviços que antecediam a LI e que ainda não haviam sido executados, tais como prospecção arqueológica, dinâmica de canteiros, produção de pré-moldados, produção de helicoidal, regularização fundiária, sondagens, serviços de topografia, inventário florestal, entre outros. 273. Nova reunião realizada entre as partes e registrada na ata EET 20/2015, em 14 e 15/4/2015 (Evidência 23, p. 10-12) informa que alguns dos serviços citados acima, tais como o de topografia e inventário florestal, ainda não se encontravam conclusos. E diversas outras reuniões registradas em atas e e-mails prosseguiram informando uma série de atrasos no cumprimento das obrigações contratuais pelo Consórcio Mavi/Engeglobal, tais como as realizadas em 1º/4/2015 (Evidência 23, p. 2-3), em 5/5/2015 (Evidência 23, p. 19-20), em 6/5/2015 (Evidência 23, p. 21-22) e o e-mail de 15/5/2015 (Evidência 23, p. 24). 274. Quanto à resposta da Eletronorte no sentido de afirmar o atraso da NNA no envio, aos órgãos ambientais, da documentação necessária ao deslinde do licenciamento ambiental, de fato, como consta registrado no tópico V.2.4 deste relatório, os extensos lapsos temporais decorridos entre o recebimento das críticas do Imac e a apresentação das informações complementares pela NNA foi uma das causas que conduziu esta equipe de auditoria a concluir pela responsabilidade do Consórcio Mavi/Engeglobal ante o atraso na emissão da LI e ASV para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, a contar de 20/2/2015 até 25/8/2015, no total de 186 dias. 275. Em relação à resposta da Eletronorte no sentido de afirmar que as obras de implantação da LT Rio Branco – Feijó e das três subestações associadas, abrangidas pela LI-229/2015 e LAU-21/2015, permaneceram paralisadas mesmo após a obtenção das referidas licenças, foi constatado, a partir do exame dos relatórios mensais de jul/2015 a jan/2016, elaborados pela Eletronorte em acompanhamento do empreendimento (Evidência 27), que tanto o avanço físico quanto financeiro da execução do empreendimento (2 LTs e as 3 Subestações) permaneceram praticamente inalterados naquele período, 45 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica com tímido avanço de 2% na elaboração do projeto executivo da SE Rio Branco I em ago/2015, frente a jul/2015, e com os serviços de terraplanagem da SE Rio Branco I iniciados em set/2015. 276. Quanto à resposta da Eletronorte no sentido de afirmar que somente cerca de três meses após a obtenção da LI o Consórcio teria iniciado os serviços de terraplanagem afetos a ampliação da SE Rio Branco, não tendo sido posteriormente iniciada qualquer outra atividade civil de implantação da LT e demais subestações, procedem tais informações, como pode ser observado a partir dos relatórios mensais elaborados pela Eletronorte (Evidência 27). 277. Em relação à resposta da Eletronorte no sentido de afirmar que a continuidade das atividades executivas do empreendimento encontrava óbices também nas dificuldades financeiras do Consórcio, de fato uma série de cartas e e-mails enviados e recebidos pela Eletronorte, assim como reuniões entre a Eletronorte e o Consórcio Mavi/Engeglobal registradas em ata, distribuídos desde ago/2014 até ago/2015, informam as dificuldades financeiras do Consórcio para honrar seus compromissos junto às subcontratadas, a fim de dar prosseguimento nas atividades executivas do contrato 4400000372, tais como a Carta EET/1154/2014, de 18/8/2014; e-mails de 24/11/2014 e 20/1/2015; ata das reuniões EET 1/2015, de 27/1/2015, EET 7/2015, de 20/2/2015, EET 57/2014, de 1º/4/2015, EET 20/2015, de 14 e 15/4/2015, EET 22/2015, de 6/5/2015; e-mails de 13/5/2015, 15/7/2015 e 10/8/2015 (Evidência 28). 278. Em consequência, fora distribuída, em 1º/10/2015, a ação 46354-55.2015.811.0041, em trâmite na Primeira Vara Civil do Tribunal de Justiça do Mato Grosso/MT, que trata do pedido de recuperação judicial ajuizado pelas empresas do Grupo Bipar, entre as quais a Mavi Engenharia & Construções Ltda, CNPJ 08.712.460/0001-54 (Evidência 29, p. 1-60). 279. Em resposta àquele juízo, a Eletronorte informou a existência de Contratos de Cessão de Crédito em que a Recuperanda MAVI Engenharia e Construções Ltda. cedeu créditos do Contrato 4500000372 às seguintes Cessionárias (Evidência 29, p. 61-63) a) TOPOCART – Topografia Engenharia e Aerolevantamentos S/S Ltda, no valor de R$ 926.871,59, em 5/5/2015; b) ENGETOWER engenharia e consultoria Ltda., no valor de R$ 235.657,50, em 13/4/2015; c) ENGEPRO Engenharia Ltda., no valor de R$ 404.337,10, em 13/4/2015. 280. Por outro lado, mediante tabela elaborada pela Eletronorte, em 10/8/2015, consta que as duas empresas do Consórcio Mavi/Engeglobal possuem débitos junto a subcontratadas, decorrentes da execução do contrato 4400000372, que alcançam a soma de R$ 3 milhões (Evidência 28, p. 25-26; 32, p. 64). 281. Em relação à alegada mora ou ausência da Eletronorte na emissão dos CREs afetos a marcos contratuais já concluídos, o Consórcio encaminhou cópia de diversos documentos, referenciados, no Quadro 3 abaixo, pelos marcos ao quais se referem e respectivas localizações nos presentes autos. Quadro 3: Relação de marcos contratuais que, segundo o Consórcio, teriam sido adimplidos sem a emissão do respectivo CRE Marcos Contratuais Anexo Evidência SE RB – 139 e XXX (inelegível) / SE FJ – 222 e 246 / SE CZ – 221 e 245 / LT RB-FJ – 012, 013, 021, 022, 117 27, p. 83-86 113, 137, 150, 218 e 263 / LT FJ – CZ - 145 SE FJ – 245 e 246 / SE CZ – 245 / LT RB-FJ – 263 125 27, p. 125-128 SE FJ – 245 e 246 / SE CZ – 245 / LT RB-FJ – 263 129 27, p. 139-141 Não especifica 138 27, p. 173-176 LT RB-FJ – 013, 015, 021, 022, 137 e 146 141 27, p. 184-192 46 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

SE RB – 094 / SE FJ – 201 / SE CZ – 200 142 27, p. 193-194 LT RB-FJ – 013, 015, 021, 022, 137 e 146 143 27, p. 195-198 SE RB – 015 e 016 145 27, p. 202-205 Não especifica 146 27, p. 206-208 SE RB – 015, 016 e 094 / SE FJ – 201 / SE CZ – 200 / LT RB-FJ – 013, 015, 021, 022, 137 e 146 149 27, p. 216-220 Não especifica 153 27, p. 233-236 SE RB – 015, 016, 094, 200 e 201 / LT RB-FJ – 013, 015, 021, 022, 137 e 146 154 27, p. 169-173 Não especifica 155 27, p. 241-246 Não especifica 157 27, p. 250-251 Cópia de Diários de Obra inelegíveis 158 27, p. 252-254 SE RB – 064 / SE FJ – 117, 133, 145 e 158 / SE CZ – 116, 132, 144 e 161 159 27, p. 255-257 Diversos 162 27, p. 267-291; 33 Não especifica 163 27, p. 292-293 SE RB – 064 / SE FJ – 117, 133, 145 e 158 / SE CZ – 116, 132, 144 e 161 164 27, p. 294-296 SE FJ – 116 166 27, p. 314-315 Não especifica 168 27, p. 319-320 SE RB – 015, 016, 064 e 094 / SE FJ – 117, 133, 145, 158 e 201 / SE CZ – 116, 132, 144 e 200 / LT RB-FJ – 169 27, p. 321-347; 28, p. 1-168 006, 007, 008, 013, 015, 021, 022, 137, 146, 218-232 / LT FJ – CZ – 006, 137, 138-141 e 218-232 Fonte: elaboração própria 282. Preliminarmente, impende esclarecer que os documentos apontados acima se estendem no tempo, de tal forma que alguns dos marcos contratuais correlacionados já foram reconhecidos e aprovados pela estatal, como por exemplo, entre outros, os marcos 139 (SE RB), 221 (SE CZ) e 150 (LT RB-FJ), tendo em vista constarem nesta condição na planilha de encontro de contas, providenciada pela estatal ante a rescisão do contrato, nos termos da Cláusula 56ª, parágrafo único, alíneas “d”, “e” e “f” (Evidência 33). 283. Ao final, remanesceram todos os marcos contratuais relacionados na Evidência 30 que, segundo o Consórcio, já teriam sido executados e cuja soma alcança a monta de R$ 22.199.348,51, mas cujos pagamentos não foram adimplidos ante a recusa da estatal na emissão das respectivas CREs. 284. Compulsando-se a documentação relacionada no Quadro 03 acima, resta claro que se trata, em sua maioria, de simples e-mails encaminhados pelo Consórcio à Eletronorte, Cartas e outros cobrando a emissão de CRE para os referenciados marcos contratuais, que não se confundem com as documentações de suporte que lhe são próprias, especificadas nos Anexos VI a X do contrato 4400000372 (Evidência 31). 285. Ademais, para fins de comprovação de execução, além da documentação de suporte, far-se- ia necessário que estivessem acompanhadas do protocolo de entrega e/ou recebimento pela Eletronorte e também, quando o caso, em se tratando de projetos e outros, da aprovação da estatal no sentido de atestar que aqueles encontram-se completos e adequados aos fins a que se destinam, nos termos da Cláusula 9ª, Parágrafo Primeiro. 286. Em consequência, conclui-se que as documentações apresentadas pelo Consórcio a esta Corte não se prestam a evidenciar o cumprimento, em relação aos marcos contratuais apontados, do 47 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica previsto na Cláusula 9ª, Parágrafo Primeiro, do contrato e muito menos o descumprimento, pela estatal, da obrigação prevista na Cláusula 52ª, alínea “e”. 287. Questionados a respeito, os gestores da Eletronorte informaram, mediante entrevista, que após o exame dos documentos apresentados pelo Consórcio afetos aos marcos contratuais listados na Evidência 30, apenas alguns deles ainda foram considerados pendentes de comprovação e permaneceriam em análise até que o Consórcio providenciasse as devidas complementações, conforme consta inclusive na planilha de encontro de contas (Evidência 33). 288. No entanto, mesmo estes marcos considerados pendentes de comprovação pela estatal e que, uma vez somados, alcançam o valor de R$ 5.047.031,98, não foram devidamente comprovados. Ante o exposto, torna-se insubsistente a alegação de que o atraso nas emissões dos CREs e consequentes pagamentos estaria “afetando enormemente o fluxo de caixa do Consórcio, que não pode seguir antecipando recursos para manutenção do ritmo das obras sem a correspondente e pontual contrapartida”. 289. Ademais, fora adiantado ao Consórcio, a título de adiantamento para mobilização do empreendimento, o valor de R$ 24,85 milhões, que corresponde a 7% do valor total do contrato, nos termos da Cláusula 7ª, coberto pelo seguro garantia emitido em favor da estatal no mesmo valor (Parágrafo Primeiro, alínea “a”), valor este que seria recuperado ao longo da execução do contrato, descontando-se 7% do valor de cada pagamento devido ao contratado (Parágrafo Segundo). 290. A partir da tabela providenciada pela estatal a fim de evidenciar o saldo final dos adiantamentos descontados e a descontar, em vista dos marcos contratuais efetivamente realizados pela contratada, foram executados eventos no valor total de R$ 16.915.921,44, tendo sido descontado o valor de R$ 1.184.114,50, restando a haver pela estatal o saldo de R$ 23.665.885,50 que, corrigido pelo IPCA, alcança o valor de R$ 27.641.286,60 (Evidência 32). 291. Pelo exposto, mesmo que o Consórcio lograsse comprovar a execução daqueles marcos que, somados, alcançam o valor de R$ 5.047.031,98, o saldo do adiantamento ainda devido à estatal supera em quatro vezes os alegados valores. Aliás, mesmo considerando o conjunto de marcos contratuais listados na Evidência 30, sua soma também é inferior ao saldo do adiantamento devido à estatal, torna- se absolutamente insubsistente a alegação do Consórcio. 292. Por fim, quanto às alegadas atividades suplementares que estariam sendo exigidas pela Eletronorte e que estariam onerando sobremaneira os custos do Consórcio, novamente não foi apresentado, compulsando-se os autos, qualquer evidência neste sentido, tendo a estatal expressamente informado, como já exposto, que todas as atividades que vinham sendo exigidas do Consórcio estavam em consonância com as cláusulas contratuais, não tendo sido solicitada nenhuma atividade suplementar. 293. Por todo o exposto, conclui-se pela regularidade da rescisão unilateral do Contrato 4400000372 pela Eletronorte, em 19/1/2016, com base nas alíneas “b” e “c” da Cláusula 54 daquele Contrato, c/c a Cláusula 55, alínea “a”, tendo em vista ter restado comprovado que: a) as dificuldades financeiras do Consórcio terminaram por prejudicar a execução das atividades do empreendimento, ante o atraso nos pagamentos devidos às subcontratadas, a ponto das empresas do Grupo Bipar, entre as quais a Mavi Engenharia & Construções Ltda, terem interposto pedido de recuperação judicial, distribuído em 1º/10/2015; b) o Consórcio incorreu em atraso superior a 90 dias na execução de diversos marcos contratuais tanto antes quanto após a obtenção das LI-229/2015 e LAU-21/2015; c) ocorreram atrasos mesmo na execução de marcos contratuais que não dependiam da emissão da LI para o empreendimento; d) o Consórcio foi responsável pelo atraso na obtenção da LI-229/2015 e LAU-21/2015; 48 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica e) a execução das atividades do contrato foi mínima após a obtenção das referidas licenças; e f) o saldo de adiantamento em poder do Consórcio, desde o início da execução do Contrato 4400000372, no valor de R$ 23.665.885,50, considerado conjuntamente com a ausência de comprovação de execução dos marcos contratuais listados na Evidência 30, mostra-se suficiente a refutar o argumento de que o atraso nas emissões de diversos CREs e consequentes pagamentos estaria “afetando enormemente o fluxo de caixa do Consórcio, que não pode seguir antecipando recursos para manutenção do ritmo das obras sem a correspondente e pontual contrapartida”. IV.2.1 Evidências: Evidência 27 - Relatório de Transmissão jul/2014 a mar/2015 Evidência 28 - Dificuldades Financeiras do Consórcio Mavi-Engeglobal Evidência 29 - Ação 46354-55.2015.811.0041 Evidência 30 - Alegados eventos executados e não faturados Evidência 31 - Anexos VI a X do contrato 4400000372 Evidência 32 - Cálculo do adiantamento a recuperar pela Eletronorte Evidência 33 - Rescisão contratual total

IV.3 Pendências decorrente da rescisão do Contrato 4400000372 294. A partir das respostas ao item 2.4.5 do Ofício de Requisição 1-210/2016 e 3.3 do Ofício de Requisição 4-210/2016, avaliou-se a regularidade do encontro de contas procedido pela Eletronorte, previsto na Cláusula 56ª, parágrafo único, alíneas “d”, “e” e “f”, do contrato 4400000372. 295. Como já exposto no tópico anterior, a partir dos R$ 24,85 milhões adiantados ao Consórcio, a Eletronorte reaveu, mediante os marcos contratuais executados, o valor de R$ 1.184.114,50, restando a haver pela estatal o saldo de R$ 23.665.885,50 que, corrigido pelo IPCA, alcança o valor de R$ 27.641.286,60 (Evidência 32). Em análise, constatou-se a regularidade dos resultados apresentados. 296. Em relação às multas moratórias, previstas na Cláusula 58ª, Parágrafo Nono, importam alguns comentários mais específicos. Em primeiro lugar, constatou-se que os marcos ensejadores das multas (Evidência 33, p. 20-26) conferem com o disposto no contrato. Em segundo lugar, considerando que muitos marcos contratuais permaneceram inadimplidos até a rescisão do contrato, reputa-se regular, para fins de definição de valor das multas moratórias, calculá-las até aquela data (19/1/2016). 297. Em terceiro lugar, quanto aos marcos apontados pela Eletronorte, ensejadores de multa moratória, que teriam sido tardiamente adimplidos ou inadimplidos pelo Consórcio, cotejando-se a relação de eventos que o Consórcio alega ter executado mas que não restou comprovado nestes autos (Evidência 30) com a memória de cálculo das multas moratórias aplicadas (Evidência 33, p. 20-26), as únicas controvérsias identificadas encontram-se listadas na Tabela 2 abaixo. Tabela 2: Marcos contratuais ensejadores de multa cuja execução foi alegada mas não comprovada pelo Consórcio

Empreendimento Valor Evento Data Data de Dias de Valor da Multa Data de - Marco Prevista Conclusão Atraso Conclusão Contratual para a (Evidência (Evidência Conclusão 33) 30) SE RB - 094 R$ 48.739,93 5/5/2014 19/1/2016 624 R$ 30.413,72 2/10/2015 SE FJ - 201 R$ 56.443,32 5/5/2014 19/1/2016 624 R$ 35.220,63 2/10/2015 49 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

SE CZ - 200 R$ 106.444,22 5/5/2014 19/1/2016 624 R$ 66.421,19 2/10/2015 TOTAL R$ 132.055,54 Fonte: elaboração própria 298. De qualquer forma, ainda que comprovados, e considerando que a multa é fixada no valor de 0,1% do valor atualizado do marco contratual, e considerando ainda que seriam reduzidos 109 dias no cálculo da multa de cada marco contratual acima, conclui-se que o valor total acima, de R$ 132.055,54, seria reduzido para R$ 108.988,10. No entanto, estes três marcos contratuais se inserem no bojo de outros tantos que o Consórcio não logrou comprovar a execução, como esclarecido no tópico anterior (Evidência 33). 299. Por fim, quanto às multas moratórias, registra-se terem alcançado a monta de R$ 4.764.925,91, enquanto a multa rescisória, de 10% do valor total do contrato, nos termos da Cláusula 64ª, e corretamente aplicada quando do encontro de contas, alcançou o valor de R$ 35,5 milhões. 300. Por todo o exposto, o saldo final do encontro de contas alcançou o valor de R$ 67.962.363,63 devido à Eletronorte, conforme se depreende da Tabela 3 abaixo. Tabela 3: Resultado final do encontro de contas promovido pela Eletronorte

Eventos Valores Adiantamento Contratual R$ 27.641.286,60 Multa Contratual Rescisória R$ 35.500.000,00 Multa Contratual Moratória R$ 4.764.925,91 Valor do Reajuste a Pagar R$ 56.151,12 Valor a ser Restituído à Eletronorte R$ 67.962.363,63 Fonte: elaboração própria, a partir XXXX 301. Resta, por fim, considerar o seguro garantia firmado pelo Consórcio em decorrência do adiantamento, no valor de R$ 24,85 milhões, nos termos da Cláusula 7ª, Parágrafo Primeiro, alínea “a”, bem como o seguro garantia de fiel cumprimento do contrato, no valor de R$ 17,75 milhões, nos termos da Cláusula 28ª, ambos tomados pelas empresas do Consórcio e em favor da Eletronorte junto à seguradora Berkley Internacional do Brasil de Seguros Ltda, conforme a Tabela 4 abaixo. Tabela 4: Apólices de seguro emitidas em favor da Eletronorte, no âmbito do contrato 4400000372

Nº Apólice Tomadora Valor Vigência (com endossos) Cláusula 014142014000107760005646 Mavi R$ 12.425.000,00 14/2/2014 a 27/8/2016 7ª 014142014000107760005648 Engeglobal R$ 12.425.000,00 14/2/2014 a 27/8/2016 7ª 014142014000107760005645 Mavi R$ 8.825.000,00 14/2/2014 a 27/8/2016 28ª 014142014000107760005653 Engeglobal R$ 8.825.000,00 14/2/2014 a 27/8/2016 28ª TOTAL R$ 42.600.000,00 Fonte: elaboração própria (Evidências 37 e 38) 302. Pelo exposto, ainda que sejam liberados os valores dos seguros pela seguradora, restaria ainda um passivo a descoberto cujo valor, no presente momento, seria de R$ 25.362.363,63. 303. Em resposta ao Ofício 4-210/2016 (Evidências 33, 34 e 35), foi constatado o envio de correspondências pela Eletronorte ao Departamento de Sinistros da Seguradora, em nov/2015, já informando a aplicação de advertências e multas ao tomador devido ao baixo desempenho, bem como a expectativa de sinistro, sendo solicitado pela Seguradora, em jan/2016, uma série de documentos probatórios, complementados posteriormente em mar/2016, que se encontravam, até a fase de execução 50 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica da presente auditoria, em análise no âmbito daquela Seguradora. 304. Em decorrência, conclui-se que a Eletronorte, na condição de beneficiária, tem envidado esforços na seara administrativa, junto à seguradora Berkley Internacional do Brasil de Seguros Ltda., a fim de receber as indenizações decorrentes dos seguros acima, referentes ao adiantamento contratual, no valor de R$ 24,85 milhões, e cumprimento fiel do contrato, no valor de R$ 17,75 milhões, e assim mitigar seus prejuízos decorrentes da rescisão do contrato 4400000372, em 19/1/2016. 305. No entanto, considerando os expressivos valores envolvidos, que somam R$ 42,6 milhões, será proposto à Eletronorte que encaminhe bimestralmente a este Tribunal informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam a esta SeinfraElétrica acompanhar o deslinde do recebimento das indenizações, pela estatal, decorrentes das apólices de seguro acima. V.3.1 Evidências: Evidência 34 - Trâmite da execução das garantias contratuais – Parte 1 Evidência 35 - Trâmite da execução das garantias contratuais – Parte 2 Evidência 36 - Trâmite da execução das garantias contratuais – Parte 3

IV.4 Esclarecimentos sobre a execução dos contratos 4300000000, 4300000001 e 4500083642 306. A presente auditoria constitui-se a segunda na implantação da LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações, tendo a primeira sido realizada em 2015 (Fiscalis 114/2015), cujos resultados constam do TC 008.681/2015-5. Os principais achados daquela fiscalização (peça 40 do TC 008.681/2015-5) referem-se à constatação de diversas irregularidades no contrato secundário 4500083642 (achado 3.1); e à exclusão, no bojo do contrato principal 4400000372, da repercussão de benefícios posteriores advindos de alterações do ICMS, bem como sua omissão quanto a necessária indicação da periodicidade do reajustamento de preços (achado 3.2). 307. Em despacho de 29/7/2015 (peça 48 do TC 008.681/2015-5), foi determinada a audiência dos senhores José Orlando Cintra, Tito Cardoso de Oliveira Neto e Ricardo Gonçalves Rios para apresentarem suas razões de justificativa quanto às irregularidades apontadas no achado 3.1 do Relatório de Auditoria, bem como a oitiva da Eletronorte e do Consórcio Themag/Leme para se pronunciarem sobre o mesmo assunto, e ainda foi determinada a oitiva da Eletronorte e do Consórcio Mavi/Engeglobal para se pronunciarem quanto aos indícios de irregularidades apontados no achado 3.2 daquele Relatório. 308. Impende registrar que já constam nos autos do TC 008.681/2015-5 as respostas aos diversos ofícios encaminhados em cumprimento às deliberações do relator, conforme registrado na peça 114 daquele TC, e que já se encontram em curso, no âmbito desta Unidade Técnica, as respectivas análises a fim de encaminhar aquele processo para o exame de mérito desta Corte. 309. No curso da pressente auditoria, em resposta ao Ofício de Requisição 1-210/2016, foi constatado que o contrato 4500083642 teve sua execução suspensa, tendo ocorrido, no seu âmbito, a execução de demandas relativas ao objeto desta auditoria até jul/2015. Do total de R$ 15.197.175,00, foram executados R$ 3.079.845,17 (20,27% do total) e, destes, R$ 632.557,90 (4,16% do total) referem- se a serviços vinculados ao objeto da presente auditoria (Evidência 8). 310. Quanto à execução dos contratos 4300000000 (R$ 5.925.282,68) e 4300000001 (R$ 850.191,55), também tiveram suas execuções suspensas (não foram informadas as datas), tendo sido executados, respectivamente, R$ 2.209.099,18 (35,81% do total) e R$ 313.861,41 (35,50% do total).

51 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

V. Conclusão 311. O sistema elétrico do estado do Acre já conta atualmente com uma Linha de Transmissão em 230 kV, com comprimento aproximado de 500km, procedente da cidade de Porto Velho-RO, que integra ao SIN os municípios de Rio Branco, , Plácido de Castro, , Bujari, Capixaba, Brasiléia, Epitaciolândia, , , Acrelândia e as Vilas Redenção e Campinas, que representam aproximadamente 70% da população acreana, de acordo com as estimativas populacionais encaminhadas a esta Corte pelo IBGE e atualizadas em 12/7/2016 (http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2015/estimativa_tcu.shtm). 312. O empreendimento objeto da presente auditoria visa integrar ao SIN, entre outros, os municípios de Cruzeiro do Sul, Feijó, Tarauacá, e Rodrigues Alves, que apresentam atualmente, quando somados, população em torno de 180.000 pessoas, perfazendo aproximadamente 23% da população acreana ainda suprida por usinas termoelétricas à diesel, no Sistema Isolado. 313. No curso da presente auditoria, foi constatado que, passados aproximadamente dois anos e meio desde a assinatura do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014, em 29/1/2014, o empreendimento ainda se encontra distante da sua conclusão, tendo sua execução física alcançado a ordem de 16,96% até a rescisão do contrato 4400000372, em 19/1/2016, e permanece não contando sequer com a Licença Prévia para o trecho da LT Feijó – Cruzeiro do Sul. 314. Em agravante, enquanto o edital do primeiro RDC para empreender apenas a LT Rio Branco I – Feijó foi publicado, em 10/6/2016, com uma série de vícios tanto nas escolhas feitas pelos gestores quanto na sua própria redação, o edital do segundo RDC, visando apenas as subestações, conta apenas com a previsão de ser publicado em breve, ao passo que para o terceiro, afeto à LT Feijó – Cruzeiro do Sul, a previsão mais otimista é de publicação em meados de 2017. 315. Considerando que o prazo para a implantação da LT Rio Branco I – Feijó será de 22 meses, a contar da assinatura do contrato que vier a ser celebrado, e que os demais RDCs não foram sequer inaugurados, estima-se que o empreendimento como um todo não estará concluso antes de 2019. 316. A partir do acima exposto, a presente auditoria teve por objetivo não apenas verificar a regularidade da rescisão unilateral do Contrato Principal 4400000372 pela Eletronorte, em 19/1/2016, tendo em vista seus impactos econômico-financeiros para ambas as partes (Eletronorte e Consórcio), como também avaliar a regularidade das ações que vêm sendo empreendidas pela Eletronorte a fim de contratar a execução dos serviços e fornecimentos remanescentes daquele Contrato. 317. Para tanto, perquiriu-se, mediante as três questões de auditoria, se (i) a rescisão unilateral do contrato 4400000372 pela Eletronorte, com base nas alíneas b e c da Cláusula 54, foi regular; (ii) eventuais atrasos no licenciamento ambiental das obras concorreram para a inexecução do Contrato 4400000372; e (iii) a administração tem adotado as providências necessárias com vistas a regularizar a situação da obra. 318. Em resposta à terceira questão, foram constatados os seguintes achados de auditoria: diversas irregularidades no RDC Presencial RE-012-6-0067 da LT Rio Branco – Feijó (achado III.1); ausência de nova análise da viabilidade econômica do empreendimento quando da instauração do RDC Presencial RE-012-6-0067 para implantar a LT Rio Branco – Feijó (achado III.2); e inadequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372 (achado III.3). 319. Em relação ao achado III.1, no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067 da LT Rio Branco – Feijó, foram constatados (i) potencial sobrepreço da ordem de 18% no orçamento de referência da licitação; (ii) inadequado regime de execução contratual adotado para todo o empreendimento; (iii) inadequada adoção do sigilo para o orçamento de referência da licitação; (iv) presença no Edital RE 01260067 de disposições restritivas à competitividade; (v) inadequada alocação contratual de riscos do empreendimento entre contratante e futura contratada; e (vi) oportunidades de melhorias na redação do 52 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Edital RE 01260067. 320. Em decorrência, tendo em vista que o edital já havia sido publicado em 10/6/2016, com recebimento das propostas econômicas das licitantes previsto para o dia 4/7/2016, e considerando ainda o rito do Fiscobras 2016, que inviabilizaria a apreciação de mérito do processo antes daquela data, esta equipe de auditoria representou ao dirigente da Unidade Técnica, em processo apartado (TC 018.724/2016-7), com proposta de cautelar, adotada em 4/7/2016, mediante despacho do Relator naqueles autos, suspendendo o RDC Presencial RE-012-6-0067 até que a questão se resolvesse no mérito. 321. Em resposta, foi recebido nesta Corte a CE-PR-0174, de 21/7/2016, que informou a revogação do RDC Presencial RE-012-6-0067, conforme publicação no DOU de 19/7/2016, Seção 3, p. 96, restando configurada, em consequência, a perda do objeto tanto da cautelar quanto da representação conexa. 322. No entanto, em especial atenção à função pedagógica do Controle Externo, optou-se por dar ciência à Eletronorte das irregularidades que cometera na interpretação e na aplicação das normas licitatórias pertinentes na realização de tal certame, mormente acerca dos entendimentos deste Tribunal sobre os dispositivos da Lei 12.642/2011 - Regime Diferenciado de Contratação Integrada -, mesmo porque trata-se da primeira licitação realizada pela estatal com base na lei do RDC. 323. Além disso, foi proposto determinar à Eletronorte que encaminhe a esta Corte cópia do edital e respectivos anexos que eventualmente venham a substituir o publicado no dia 10/6/2016, alusivo à implantação da LT Rio Branco I – Feijó, para fins de acompanhamento da futura licitação. 324. No tocante ao achado III.2, foi constatado que a decisão de licitar a implantação da LT Rio Branco – Feijó foi adotada sem que a Eletronorte tivesse procedido nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, tendo em vista as consequências da rescisão do contrato 4400000372, em 19/1/2016, em termos de frustração da expectativa de geração futura de parcela da receita, ampliação dos investimentos necessários à conclusão do empreendimento e ainda exposição da estatal a penalidades aplicáveis pela Aneel ante o atraso na entrada de sua operação comercial, em afronta os princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência. 325. Destarte, foi proposto tanto dar ciência à Eletronorte da irregularidade acima quanto determinar à estatal que encaminhe a esta Corte a análise da viabilidade da continuidade da implantação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, sopesando-se, entre outros, o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na sua implementação com seu respectivo retorno econômico e financeiro, os potenciais danos decorrentes da rescisão do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014 e ainda a importância social do empreendimento. 326. Quanto ao achado III.3, constataram-se inadequados controle, guarda e conservação, pela Eletronorte, de estruturas metálicas de torres de transmissão, adquiridas pelo Consórcio Mavi/Engeglobal ainda no âmbito da execução do contrato 4400000372, no valor de R$ 6,5 milhões, cuja responsabilidade passou para a estatal após sua rescisão, em 19/1/2016. 327. Em consequência, foi proposto determinar à Eletronorte que providencie, no prazo de 30 dias, os adequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372, encaminhando a esta Corte informações acerca das providências efetivamente adotadas. 328. Quanto à destinação daquelas estruturas, constatou-se que a Eletronorte pretende entregar este material à empresa ou consórcio que vier a ser contratado, a partir do RDC Presencial RE-012-6- 0067, juntamente com o restante necessário à completude da LT Rio Branco I – Feijó, a ser adquirido pela estatal, mediante inexigibilidade de licitação. 329. Ante o exposto, considerando a materialidade dos recursos a serem envolvidos, bem como o risco de que as estruturas metálicas ainda não estejam disponíveis à empresa/consórcio que vier a ser 53 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica contratado para a implantação da LT Rio Branco I – Feijó quando do início das fases de montagem e instalação das torres, foi proposto determinar à Eletronorte que encaminhe bimestralmente informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam examinar tanto a viabilidade jurídica da pretendida inexigibilidade, em caso de efetiva adoção, quanto a mitigação do risco de possíveis atrasos na disponibilidade daqueles materiais que possam vir a afetar a implantação da referida LT. 330. A partir das consequências econômico-financeiras para a Eletronorte do ato por ela praticado que rescindiu o contrato 4400000372, em 19/1/2016, tendo em vista não apenas o resultado do encontro de contas decorrente, mas principalmente a confirmação de frustração da expectativa de geração futura de parcela da sua receita, a ampliação dos investimentos necessários à conclusão do empreendimento e ainda a exposição da estatal a penalidades aplicáveis pela Aneel ante o atraso na entrada em operação comercial do empreendimento, a primeira questão de auditoria buscou, precisamente, examinar a regularidade daquela rescisão. 331. Para tanto, fez-se necessário examinar sua motivação, ou seja, se de fato o Consórcio Mavi/Engeglobal, por motivos exclusivamente a ele imputáveis, encontrou-se comprovadamente incapaz de fornecer materiais, equipamentos ou mão-de-obra suficientes para executar os trabalhos no ritmo e progresso pactuados, e ainda se atrasou a execução de marcos contratuais por prazo superior a 90 dias consecutivos, por sua exclusiva culpa, de forma a fazer incidir o previsto na Cláusula 54, alíneas “b” e “c”, e Cláusula 55, alínea “a”, e consequente encontro de contas, previsto na Cláusula 56ª, parágrafo único, alíneas “d”, “e” e “f”, todas do Contrato 4400000372. 332. O Consórcio, por sua vez, reiteradamente alegou que adotou todas as providências que lhe cabia nos prazos determinados, e que o atraso nas obras decorreu, principalmente, da mora dos órgãos/entidades que atuaram no licenciamento ambiental do empreendimento, bem como da ausência de emissão pela Eletronorte dos Certificados de Realização de Eventos ante a conclusão de diversos marcos contratuais, “afetando enormemente o fluxo de caixa do Consórcio, que não pode seguir antecipando recursos para manutenção do ritmo das obras sem a correspondente e pontual contrapartida”. 333. Sendo assim, a segunda questão de auditoria perquiriu as razões e circunstâncias que ensejaram atraso na emissão das licenças ambientais. A partir das conclusões alcançadas, decidiu-se registrar o produto daquela análise no tópico V.2 dos esclarecimentos adicionais deste relatório, tendo em vista não terem sido identificadas irregularidades/impropriedades imputáveis à estatal. 334. Em resposta a segunda questão, se por um lado constatou-se que a LP-406/2014, emitida em 9/12/2014, atrasou em relação à data prevista (5/8/2014) por conta da indefinição do órgão ambiental licenciador, constatou-se que o Consórcio Mavi/Engeglobal teve responsabilidade única e exclusiva pelo atraso na emissão da LI e ASV para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, a contar de 20/2/2015 (73 dias corridos desde 9/12/2014) até 25/8/2015, no total de 186 dias. 335. Em decorrência, foi proposto o encaminhamento de cópia do Acórdão que vier a ser proferido nestes autos, bem como do Relatório e Voto que o fundamentarem, a diversos órgãos/entidades. 336. Quanto à primeira questão, restou comprovado que as dificuldades financeiras do Consórcio terminaram por prejudicar a execução do contrato, ante o atraso nos pagamentos devidos às subcontratadas, assim como a ocorrência de atraso superior a 90 dias na execução de diversos marcos contratuais tanto antes quanto após a obtenção das LI-229/2015 e LAU-21/2015, concluindo-se, portanto, pela regularidade da rescisão do Contrato 4400000372, em 19/1/2016. 337. A fim de recompor seus prejuízos decorrentes da ruptura daquele contrato, a Eletronorte promoveu o encontro de contas previsto contratualmente, mediante o qual apurou-se o saldo final de R$ 67.962.363,63 devido à estatal, havendo ainda quatro apólices de seguro emitidas em favor da 54 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Eletronorte pela mesma seguradora, duas delas referentes ao adiantamento contratual, no valor de R$ 24,85 milhões, e as outras duas ao cumprimento fiel do contrato, no valor de R$ 17,75 milhões. 338. Na fase de execução da presente auditoria, foi constatado que estão em curso tratativas da Eletronorte, junto àquela seguradora, a fim de receber aquelas indenizações. Em caso de recebimento, o saldo final do encontro de contas seria reduzido para R$ 25.362.363,63, ainda devido à estatal. 339. Em consequência, foi proposto à Eletronorte que encaminhe bimestralmente a este Tribunal informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam a esta SeinfraElétrica acompanhar o deslinde do recebimento das indenizações, pela estatal, decorrentes das quatro apólices de seguro mencionadas. 340. Por fim, constatou-se que os contratos 4500083642 (R$ 15.197.175,00), 4300000000 (R$ 5.925.282,68) e 4300000001 (R$ 850.191,55) tiveram suas execuções suspensas pela Eletronorte em 2015, tendo sido executados até então, respectivamente, R$ 3.079.845,17 (20,27%), R$ 2.209.099,18 (35,81%) e R$ 313.861,41 (35,50%).

VI. Proposta de encaminhamento

Proposta da equipe 341. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, para posterior envio ao gabinete do Ministro Relator Weder de Oliveira, propondo: a) Determinar à Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que: a.1) encaminhe a esta Corte cópia do edital e respectivos anexos que eventualmente venham a substituir o publicado no dia 10/6/2016, alusivo à implantação da LT Rio Branco I – Feijó (Achado III.1); a.2) no prazo de quinze dias, encaminhe a esta Corte a análise da viabilidade econômico- financeira da continuidade da implantação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, comparando-se o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na implementação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul com o retorno econômico e financeiro deste empreendimento (Achado III.2); a.3) no prazo de 30 dias, providencie o adequado controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372, encaminhando a esta Corte, até o término daquele prazo, informações acerca das providências efetivamente adotadas (Achado III.3); a.4) encaminhe bimestralmente a este Tribunal, a partir da ciência do acórdão que vier a ser prolatado, informações alusivas à implantação da LT Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul (objeto do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014), mediante o preenchimento da ficha de informações cujo modelo segue no Anexo I deste Relatório de Auditoria, até que aquele empreendimento esteja concluído, a fim de permitir (i) o acompanhamento tanto da execução física e financeira do empreendimento quanto da suficiência de recursos financeiros destinados a sua conclusão; (ii) o exame da viabilidade jurídica da pretendida inexigibilidade para a contratação do fornecimento do restante das estruturas metálicas necessário à implantação da LT Rio Branco – Feijó, bem como da mitigação do risco de possíveis atrasos na disponibilidade daqueles materiais que possam vir a afetar a implantação da referida LT; e (iii) o acompanhamento do deslinde do recebimento das indenizações, pela estatal, oriundas das quatro apólices de seguro emitidas em seu favor, referentes tanto ao adiantamento contratual quanto ao cumprimento fiel do contrato, no valor total de R$ 42,6 55 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

milhões (Achado III.3 / Esclarecimentos Adicionais V.4); b) Dar ciência à Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., nos termos do art. 4º da Portaria - Segecex 13/2011, das seguintes irregularidades/impropriedades cometidas no âmbito do RDC Presencial RE 012.6.0067 (Achado III.1): b.1) a utilização de cotações de preços de mercado na composição do orçamento de referência, desacompanhada das devidas justificativas, violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, e ainda atentou contra a ordem de preferência para as fontes de preços e contra os princípios da busca da melhor proposta, da economicidade e da competitividade, previstos no art. 8º, § 4º, da Lei 12.462/2011, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993, bem como no entendimento desta Corte presente no voto condutor do Acórdão 1.002/2015-TCU-Plenário; b.2) a ausência das Anotações de Responsabilidade Técnica - ART da elaboração e da aprovação de cada etapa do projeto básico violou os termos da Súmula-TCU 260; b.3) a ausência do cronograma previsto de execução da obra no projeto básico violou os termos do art. art. 8º, § 2º, inciso I, do Decreto 7.581/2011 (regulamento do RDC); b.4) a ausência de motivação nos autos do procedimento licitatório pela escolha do regime de execução contratual por preço global, na qual deve constar declaração do responsável técnico de que o projeto básico possui o nível de detalhamento adequado a tal regime de execução, violou o princípio da motivação dos atos administrativo, assentado no art. 50 da Lei 9.784/1999; b.5) a responsabilidade por eventuais falhas ou omissões no projeto básico, inclusive naquilo em que impacte o orçamento da obra realizada no regime de execução por preço global em patamar superior a 10% de seu valor total, é daqueles que o aprovaram, consoante entendimento firmado no Acórdão 1.067/2016-TCU-Plenário; b.6) a ausência de motivação da escolha pela utilização do orçamento de referência público ou sigiloso violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, conforme já consignado mediante o voto condutor do Acórdão 3.011/2012- TCU-Plenário, e que o sigilo de processos e documentos, a exemplo do orçamento de referência, previsto no art. 6º da Lei 12.462/2011, pressupõe a institucionalização de controles administrativos suficientes a garantir a efetiva manutenção daquela confidencialidade, nos termos do art. 28 da Lei 12.527/2011, regulamentada pelo art. 31 do Decreto 7.724/2012; b.7) o excessivo grau de subjetividade na descrição de alguns critérios, a ausência de justificativas na definição de outros, e ainda a ausência de parâmetros objetivos que permitam a aferição de outros, empregados na avaliação da qualificação das licitantes, violaram o princípio da motivação dos atos administrativos e ainda constituiram cláusulas potencialmente restritivas à competitividade, em prejuízo aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da isonomia e do julgamento objetivo, previstos no art. 37, inciso XXI, da CF/1988, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993 e art. 50 da Lei 9.784/1999; b.8) a alocação contratual de todos os custos e riscos à contratada, prevista na Cláusula 56ª, §2º, item 1, da minuta do contrato anexa ao Edital RE-012-6-0067, decorrentes das etapas de projeto, fabricação, fornecimento, transporte, instalação, treinamento de pessoal, garantia de fornecimento, montagem, desmontagem, construção e colocação em serviço – e que incluem, entre outros, erros quantitativos no projeto básico e no orçamento, mesmo diante do regime de preço global adotado para todo o empreendimento – deteve o potencial de acarretar prejuízo tanto à obtenção da proposta mais vantajosa quanto à segurança jurídica 56 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

do contrato a ser celebrado, em afronta aos arts. 3º, caput, e 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993, bem como ao entendimento já assentado por esta Corte mediante o item 9.2 do Acórdão 1.977/2013-TCU-Plenário; b.9) a instauração daquele procedimento licitatório foi adotada sem que a estatal tivesse procedido nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento (LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações), em afronta os princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência, decorrentes do art. 37 da Constituição Federal/1988, c/c o art. 6º do Decreto-Lei 200/1967; c) Encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser proferido nestes autos, bem como do Relatório e Voto que o fundamentarem, à Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), à Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras); à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao Ministério de Minas e Energia (MME), à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre (Sema/AC), ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), ao 1º Ofício Civil e Criminal da Procuradoria da República em Cruzeiro do Sul/AC, às Comissões de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal, e às Comissões de Minas e Energia (CME) e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara dos Deputados (Esclarecimentos Adicionais V.1); d) Encerrar o presente processo, com fulcro no art. 169, inciso V, do Regimento Interno do TCU.

Seinfraele, 3 de agosto de 2016

57 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

APÊNDICE A - Matriz de Achados

DESCRIÇÃO DO SITUAÇÃO OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO ACHADO ENCONTRADA F/I - Diversas No âmbito do procedimento Edital - RE-012- Constituição Evidência 10 - Insuficiente Revogação, pela Determinação a irregularidades no administrativo RE 6-0067 Federal, art. Resposta ao expertise na Eletronorte, do Órgão/Entidade RDC da LT Rio 012.6.0067, que trata da 37, inciso Ofício de utilização das RDC Presencial (Centrais Elétricas do Branco – Feijó licitação, em regime de RDC, XXI Requisição 2- regras do RDC RE-012-6-0067, Norte do Brasil S.A.) das obras de implantação da Decreto 210-2016 em 19/7/2016, Dar ciência (Centrais LT Rio Branco – Feijó 7581/2011, ante as diversas Elétricas do Norte do (ampliada para 390 km), art. 42, § 4º, irregularidades/op Brasil S.A.) foram constatados (i) inciso III ortunidades de potencial sobrepreço da melhorias Lei ordem de 18% no orçamento identificadas no 8666/1993, de referência da licitação; (ii) curso daquele art. 3º, § 1º, inadequação do regime de certame. inciso I; art. execução contratual adotado 3º, caput ; art. para todo o empreendimento; 65, inciso II, (iii) inadequação da adoção alínea d do sigilo para o orçamento de referência da licitação; (iv) Lei presença no Edital RE 9784/1999, 01260067 de disposições art. 50 restritivas à competitividade; e (v) inadequada alocação contratual de riscos do empreendimento entre contratante e futura contratada. F/I - Ausência de Constatou-se que a decisão de Edital - RE-012- Constituição Evidência 11 - Precariedade do Possível Determinação a nova análise da licitar a implantação da LT 6-0067 Federal, art. Parecer planejamento no continuidade do Órgão/Entidade viabilidade Rio Branco – Feijó, cujo 37, caput Financeiro âmbito da empreendimento (Centrais Elétricas do econômica do processo licitatório foi Decreto Lei Eletronorte estatal. com reduzida Norte do Brasil S.A.) empreendimento instaurado em 6/5/2016, foi 200/1967, art. Evidência 12 - viabilidade Dar ciência (Centrais quando da adotada sem que a 6º Parte da econômico- Elétricas do Norte do 58 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

DESCRIÇÃO DO SITUAÇÃO OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO ACHADO ENCONTRADA instauração do Eletronorte tivesse procedido Resposta ao financeira. Brasil S.A.) procedimento nova avaliação da viabilidade Ofício de licitatório para econômico-financeira do Requisição 4- implantar a LT Rio empreendimento, em afronta 210-2016 Branco – Feijó aos princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência. F/I - Inadequados Foram constatadas Contrato - Lei Evidência 13 - Não Desvio/deterioraç Determinação a controle, guarda e fragilidades no controle, Implantação da 8666/1993, Relação Notas identificadas. ão de bens. Órgão/Entidade conservação dos guarda e conservação, pela LT Rio Branco- art. 15, § 7º, Fiscais (Centrais Elétricas do materiais Eletronorte, de estruturas Feijó-Cruzeiro inciso III Evidência 14 - Norte do Brasil S.A.) remanescentes da metálicas de torres de do Sul Planilha de execução do contrato transmissão, adquiridas pelo Quantidades e 4400000372 Consórcio Mavi/Engeglobal Preços das LTs ainda no âmbito da execução Evidência 15 - do contrato 4400000372 e E-mail de 27-4- que remanesceram em poder 2016 da estatal após sua rescisão, em 19/1/2016. Evidência 16 - Anexo 3 (Planilha de Quantidades e Preços)

59 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

APÊNDICE B - Matriz de Responsabilização

Não existem dados cadastrados na matriz de responsabilização.

60 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

APÊNDICE C - Fotos

Estruturas Metálicas das Torres de Transmissão que seriam empregadas no trecho da LT Rio Branco-Feijó (valor de R$ 6,5 milhões)

Exposição das estruturas metálicas da LT Rio Branco - Feijó a intempéries (valor de R$ 6,5 milhões)

61 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Guarda e conservação inadequadas das estruturas metálicas da LT Rio Branco - Feijó (valor de R$ 6,5 milhões)

Conservação inadequada das estruturas metálicas da LT Rio Branco - Feijó (valor de R$ 6,5 milhões)

62 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Principal acesso ao terreno onde se encontram condicionadas as estruturas metálicas, com um único posto de vigilância.

Terreno terraplanado no interior da SE Rio Branco que servirá temporariamente para condicionamento das 63 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica estruturas metálicas.

64 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

APÊNDICE D - Dados da obra

1. Dados Cadastrais

Obra bloqueada na LOA deste ano: Não

1.1. Execução física, orçamentária e financeira

1.1.1. Execução física

Data de vistoria: 31/05/2016 Percentual executado: 16,96% Data do início da obra: 27/02/2014 Data prevista para conclusão: 01/01/2019 Situação na data da vistoria: Paralisada Descrição da execução realizada até a data da vistoria: Basicamente, os serviços executados compreendem apenas a realização parcial dos projetos básicos e executivos da obra, além do fornecimento de parte das estruturas metálicas das torres. Nada fora realizado em termos de obras em campo, não tendo sido sequer construídos os canteiros de obra.

Observações: Contrato 4400000372 rescindido em 19/1/2016

1.1.2. Execução orçamentária e financeira

Valor estimado para conclusão: R$ 515.346.142,83 Valor estimado global da obra: R$ 552.322.649,23 Data base da estimativa: 31/05/2016

Funcional programática: 25.752.2033.7V16.0012/2016 - Implantação de Linha de Transmissão Rio Branco - Cruzeiro do Sul e de Subestações Associadas (AC) no estado do Acre

Origem Ano Lei Valores Valores Pagamento de Percentual Orçamentária empenhados liquidados despesas execução financeira União 2016 162.215.463,00 895.631,00 895.631,00 895.631,00 0,55% União 2015 36.189.000,00 8.076.258,00 8.076.258,00 8.076.258,00 22,32% União 2014 83.000.000,00 38.679.299,00 38.679.299,00 38.679.299,00 46,60% Valores em reais Observações:

1.2. Contratos principais

Nº contrato: 4400000372 Objeto do contrato: Fornecimento de bens e prestação de serviços, pelo Contratado, para a implantação, sob o regime EPC Full, a preço global, das instalações que compõe o Lote "N", do Edita l 07/2013-ANEEL, conforme Proposta n° 001/2013, de forma a permitir a operação comercial do empreendimento, incluindo projetos, fornecimento de materiais e equipamentos, obras civis, terraplanagem, construção, montagem eletromecânica e comissionamento, a obtenção de todas as licenças e autorizações socioambientais, os serviços de regularização fundiária e aquisição de terrenos necessários. Data da assinatura: 27/02/2014 Mod. licitação: Dispensa de Licitação SIASG: Código interno do SIASG: CNPJ contratada: Razão social: Consórcio Mavi-Engeglobal CNPJ contratante: 00.357.038/0001-16 Razão social: Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.

Situação inicial Situação atual Vigência: 27/02/2014 a 27/08/2016 Vigência: 65 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Valor: R$ 355.000.000,00 Valor: R$ 355.000.000,00 Data-base: 01/10/2013 Data-base: 01/10/2013 Volume de serviço: Volume de serviço: Custo unitário: Custo unitário: BDI: BDI: Nº/Data aditivoAtual: Situação do contrato: Rescindido. Data de rescisão: 19/01/2016 Alterações do objeto:

Observações: Não houve aditivos.

Execução física e financeira: Data da coleta de dados / vistoria: 31/05/2016 Situação: Paralisada Percentual de execução física: 16,96% Descrição da execução realizada até a data da vistoria: Basicamente, os serviços executados compreendem apenas a realização parcial dos projetos básicos e executivos da obra, além do fornecimento de parte das estruturas metálicas das torres. Nada fora realizado em termos de obras em campo, não tendo sido sequer construídos os canteiros de obra. Valores medidos: R$ 16.915.921,44 Valores pagos: R$ 36.976.506,40 Percentual de execução financeira: 10,42% Observações acerca da execução física e financeira do contrato: Contrato 4400000372 rescindido em 19/1/2016

1.3. Editais

Nº do edital: RE-012-6-0067 Objeto: Implantação da LT Rio Branco I - Feijó UASG: Modalidade de licitação: RDC - Regime Diferenciado de Contratação Data da publicação: 10/06/2016 Tipo de licitação ou critérios de julgamento: Maior oferta de preço Data da abertura da documentação: Valor estimado: R$ 190.326.096,00 Quantidade de propostas classificadas:

Observações: O RDC Presencial RE-012-6-0067 foi revogado, conforme publicação no DOU de 19/7/2016, Seção 3, p. 96,

1.4. Histórico de fiscalizações

A classe da irregularidade listada é referente àquela vigente em 30 de novembro do ano da fiscalização.

2013 2014 2015 Obra já fiscalizada pelo TCU (no âmbito do Fiscobras)? Não Não Não Foram observados indícios de irregularidades graves? Não Não Não

2. Deliberações do TCU

A listagem poderá conter deliberações de processos já encerrados.

66 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Processo de interesse (deliberações até a data de início da auditoria)

Processo Deliberação Data 001.818/2013-9 Despacho do Min. José Jorge 28/08/2014 008.681/2015-5 Despacho do Min. Weder de Oliveira 29/07/2015 008.681/2015-5 Despacho do Min. Weder de Oliveira 29/07/2015 008.681/2015-5 Despacho do Min. Weder de Oliveira 06/10/2015

Processo de interesse (deliberações após a data de início da auditoria)

Processo Deliberação Data 018.724/2016-7 AC-1-21/2016-PL 06/07/2016

67 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

APÊNDICE E - Achados de outras fiscalizações

Não há achados de outras fiscalizações pendentes de solução ou saneados.

68 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

APÊNDICE F - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização

1. Achados desta fiscalização

1.1. Não há.

2. Achados de outras fiscalizações

2.1. Não há.

69 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

APÊNDICE G - Despachos

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Processo: 013.633/2016-3 Fiscalização: 210/2016 Objetivo: fiscalizar as obras da LT 230 KV Rio Branco I - Feijó - Cruzeiro do Sul

DESPACHO

De acordo com a proposta da equipe de fiscalização.

Em 17 de agosto de 2016. Encaminhe-se ao secretário.

70 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Processo: 013.633/2016-3 Fiscalização: 210/2016 Objetivo: fiscalizar as obras da LT 230 KV Rio Branco I - Feijó - Cruzeiro do Sul

DESPACHO

A principal constatação do trabalho (irregularidades no RDC RE-012-6-0067), demandou oitiva de cautelar da estatal em processo de representação apartado (TC 018.724/2016-7), ocasião em que a Eletronorte teve a oportunidade de se manifestar, sendo o exame levado para o próprio achado deste relatório. Os demais achados do relatório são de baixa complexidade, bem como já foram discutidos exaustivamente com os gestores da estatal no âmbito da própria auditoria. Por esses motivos, deixa-se de encaminhar o presente relatório para comentário dos gestores.

Manifesto-me de acordo com as propostas de encaminhamento da equipe de fiscalização, pelas razões expostas ao longo do respectivo relatório de auditoria.

Em 18 de agosto de 2016. Encaminhe-se ao Gab. do Min. Subst. Weder de Oliveira.

______Daniel Maia Vieira Secretário de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

71 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

ANEXO A - Deliberações

GRUPO II – CLASSE V– Plenário TC 013.633/2016-3 [Apenso: TC 018.724/2016-7] Natureza: Relatório de Auditoria Entidades: Agência Nacional de Energia Elétrica; Centrais Elétricas Brasileiras S.A.; Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. Interessado: Congresso Nacional Representação legal: não há

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA DE CONFORMIDADE. FISCALIZAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO DE LINHA DE TRANSMISSÃO. REGULARIDADE DE RESCISÃO CONTRATUAL. EXISTÊNCIA DE PENDÊNCIAS NA OBTENÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS. IRREGULARIDADES NO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. LICITAÇÃO REVOGADA. PERDA DE OBJETO DA MEDIDA CAUTELAR CONCEDIDA EM PROCESSO APENSADO. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.

Relatório

Reproduzo, com os ajustes de forma pertinentes, a instrução da SeinfraElétrica inserta à peça 52 dos presentes autos: “I. Apresentação 1. Trata-se de auditoria de conformidade (Fiscalis 210/2016) realizada na Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), na Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com o objetivo de fiscalizar a implantação da Linha de Transmissão (LT) Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações (SE) associadas, todos no Acre. A auditoria decorre do Acórdão 664/2016-TCU-Plenário, de 23/3/2016 (TC- 011.421/2015-0). 2. O empreendimento foi objeto do Lote ‘N’ do Leilão 7/2013-Aneel e compreende a LT 230 kV Rio Branco I - Feijó (357 km); a LT 230 kV Feijó - Cruzeiro do Sul (300 km); a SE 230/69 kV Feijó; a SE 230/69 kV Cruzeiro do Sul; além da ampliação da SE Rio Branco I, todas no estado do Acre. 3. Para a realização do empreendimento, a Eletronorte firmou o Contrato Principal 4400000372 com o consórcio das empresas Mavi Engenharia e construções Ltda. e Engeglobal Construções Ltda, no valor de R$ 355.000.000,00 e regime EPC Full (Engineering, Procurement and Construction), incluindo projetos, fornecimento de materiais e equipamentos, obras civis, terraplanagem, construção, montagem eletromecânica e comissionamento, obtenção de todas as licenças e autorizações socioambientais, serviços de regularização fundiária e aquisição de terrenos necessários (Evidência 1). 4. Ainda quanto ao Contrato Principal 4400000372, sua Cláusula 21ª estabelece o prazo de 24 meses para entrada em operação comercial do empreendimento, enquanto sua Cláusula 25ª estabelece o prazo de 30 meses de vigência, ambos contados da sua assinatura, ocorrida em 27/2/2014. 5. Acessoriamente, a Eletronorte celebrou os seguintes instrumentos: a) Contrato 4300000000, em 8/7/2014, no valor de R$ 5.925.282,68, com a empresa Cristal – Consultoria e Projetos Ltda, para apoio ao controle de qualidade dos projetos básico e executivo 72 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

das linhas de transmissão e apoio à fiscalização e controle de qualidade das obras de implantação das LT e Subestações (Evidência 2); b) Contrato 4300000001, em 12/8/2014, no valor de R$ 850.191,55, com a empresa Themag Engenharia e Gerenciamento Ltda., para apoio ao controle de qualidade dos projetos básico e executivo das subestações (Evidência 3); e c) Contrato 4500083642, em 15/12/2014, no valor de R$ 15.197.175,00, com o consórcio das empresas Themag Engenharia e Gerenciamento Ltda. e Leme Engenharia Ltda, para prestação de serviços de apoio institucional à estatal na gestão de diversos empreendimentos de transmissão da companhia, incluindo o empreendimento em tela (Evidência 4). I.1. Importância socioeconômica 6. O empreendimento em questão objetiva interligar o interior do estado do Acre (Cruzeiro do Sul, Feijó e Tarauacá) ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A região é atualmente suprida em energia por meio de usinas termoelétricas, formando Sistemas Isolados de Geração. 7. Mais especificamente, a interligação daquelas localidades ao SIN terá o potencial de acarretar melhoria dos índices de continuidade, incremento na qualidade de suprimento e ainda a maior confiabilidade do sistema. 8. Adicionalmente, o suprimento desta demanda por meio do SIN permitirá o desligamento das termelétricas a diesel atualmente utilizadas e, ainda, evitará a implantação de novas térmicas que se fariam necessárias para atender à crescente demanda, contribuindo significativamente para a redução das emissões de gases poluentes e da geração de resíduos perigosos (sólidos, líquidos e emissão de particulados para atmosfera). 9. Ademais, a geração de energia por meio de termelétricas é mais dispendiosa do que por meio de hidroelétricas (predominantes no SIN), tanto em termos econômicos quanto em termos ambientais. Desta forma, a implantação do empreendimento acarreta tanto economia para a sociedade quanto diminuição dos impactos ambientais, além, como já exposto, de uma maior confiabilidade ao atendimento da demanda. 10. Por outro lado, o traçado do empreendimento, ao longo da BR-364 (assim planejado por proporcionar melhor infraestrutura logística e menores impactos ambientais), privilegia municípios com maiores índices populacionais entre os não atendidos pela rede básica no estado do Acre, como Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Feijó. A área de influência do empreendimento atenderá cerca de dois terços da população do estado, incluída a ampliação que se fará na SE de Rio Branco. 11. Além disso, cabe anotar que a implantação do empreendimento vai ao encontro de programas sociais em curso na região atendida, tal como o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica denominado LUZ PARA TODOS, do governo federal, que visa levar energia elétrica ao meio rural ainda sem acesso a esse serviço público, e ainda facilitará a integração das comunidades atendidas com outros programas sociais. 12. Por fim, o referido projeto encontra-se inserido no objetivo Expandir o Sistema Interligado Nacional (SIN), para o pleno atendimento ao mercado, para a integração dos novos empreendimentos de geração de energia elétrica e para a extensão a todas capitais brasileiras, parte integrante do Plano Plurianual de Investimento PPA. II. Introdução II.1. Deliberação que originou o trabalho 13. Em cumprimento aos termos do Acórdão 664/2016-TCU-Plenário, de 23/3/2016 (TC- 011.421/2015-0), realizou-se auditoria de conformidade nas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte); nas Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras); e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), durante o período de 11/5/2016 a 1º/7/2016, com o fim de verificar a legalidade e a legitimidade dos atos e contratos que envolvem a implantação da LT Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações associadas, no estado do Acre. 73 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

II.2. Visão geral do objeto 14. Para a implantação deste empreendimento foram previstas, tanto na LOA 2015 quanto na LOA 2016, as dotações de R$ 311.250.000,00 e R$ 162.215.463,00, respectivamente, mediante o Programa de Trabalho (PT) 25.752.2033.7V16.0012, a fim de expandir a rede interconectada ao SIN, com vistas ao pleno atendimento ao mercado, à integração dos novos empreendimentos de geração de energia elétrica ao sistema nacional e para a incorporação de todas as capitais brasileiras ao SIN. 15. Como já mencionado, o empreendimento compreende a execução de uma linha de transmissão de 230 kV, de duas subestações associadas e da ampliação de uma terceira, em um trajeto de aproximadamente 665 quilômetros entre os municípios de Rio Branco e Cruzeiro do Sul, passando por Feijó, todos no Acre, e decorre da outorga da exploração dos serviços à Eletronorte por meio do Leilão Aneel 7/2013, cuja sessão pública ocorreu em 14/11/2013. 16. O mesmo empreendimento já fora ofertado em dois outros leilões. Na primeira tentativa, ocorrida em 19/12/2012, constou do Lote H do Leilão 7/2012, com RAP de R$ 26 milhões. Na segunda, realizada em 10/5/2013, constou do Lote A do Leilão 2/2013, com RAP de R$ 33 milhões. Ambos os certames restaram frustrados pela falta de interesse dos investidores. 17. No Leilão Aneel 7/2013, a estatal arrematou o Lote ‘N’ do certame, sem qualquer deságio, pela Receita Anual Permitida (RAP) no valor de R$ 38,9 milhões, com prazo de 36 meses para a entrada em operação comercial do empreendimento e trinta anos para a concessão, ambos contados da assinatura do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014, ocorrida em 29/1/2014, nos termos das Cláusulas Segunda e Décima Quarta, respectivamente (Evidência 5, p. 5/21). 18. Importa esclarecer que o plano de negócios original previa investimentos da ordem de R$ 406 milhões diretamente na implantação da linha e subestações e custos indiretos da ordem de R$ 54 milhões que, somados, representavam um custo da ordem de R$ 460 milhões e Taxa Interna de Retorno (TIR) de 8,54%, de acordo com o que consta da Nota Técnica da Eletronorte FPCE 42/2013, de 2/12/2013 (Evidência 6, p. 6/7/24). 19. No entanto, o principal contrato firmado para a implantação do empreendimento, de nº 4400000372, foi rescindido unilateralmente pela Eletronorte, em 19/1/2016, ante o inadimplemento contratual por parte do Consórcio Mavi/Engeglobal (Evidência 7, p. 17-18). 20. Em resposta ao Ofício de Requisição 1-210/2016, a estatal informou que foram pagos, no âmbito da execução daquele contrato, o valor de R$ 36.976.506,40, que corresponde a 10,42% do valor total do contrato, e que sua execução física foi da ordem de 16,96% (Evidência 8, p. 2). 21. Ademais, acrescentaram que naquela quantia encontra-se inserido o valor de R$ 24,85 milhões, que corresponde a 7% do valor global do contrato, adiantado ao Consórcio para fins de mobilização do empreendimento, nos termos da Cláusula Sétima (Evidência 1), coberto pelo seguro garantia emitido em favor da estatal no mesmo valor (Parágrafo Primeiro, alínea ‘a’), que seria recuperado ao longo da execução do contrato, descontando-se 7% do valor de cada pagamento devido ao contratado (Parágrafo Segundo). 22. Basicamente, os serviços executados compreendem apenas a realização parcial dos projetos básicos e executivos da obra, além do fornecimento de parte das estruturas metálicas das torres. Nada fora realizado em termos de obras em campo, não tendo sido sequer construídos os canteiros de obra. 23. Em decorrência, passou a Eletronorte a buscar recompor os prejuízos havidos da ruptura daquele contrato, bem como a envidar diretamente esforços no deslinde do licenciamento ambiental da LT Feijó-Cruzeiro do Sul, que até o momento (fase de execução da presente fiscalização) não conta sequer com Licença Prévia (LP), uma vez que a solução adotada neste trecho, que margeia a BR 364 e atravessa a Terra Indígena Campinas/Katukina, em uma extensão aproximada de 17 km, torna necessária a manifestação da Funai naquele processo, mediante a emissão de Termo de Referência, a fim de subsidiar a elaboração do componente indígena do Relatório Ambiental Simplificado (RAS). 74 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

24. Por outro lado, tanto o trecho da LT Rio Branco – Feijó quanto as Subestações de Feijó, Cruzeiro do Sul e ampliação da SE Rio Branco já contam tanto com a Licença de Instalação (LI) 229/2015, emitida 26/6/2015 (Evidência 9, p. 57-63), quanto com a Licença Ambiental Única 21/2015 (também conhecida como Autorização de Supressão de Vegetação – ASV), para supressão de vegetação na faixa de servidão do trecho da LT Rio Branco – Feijó, emitida em 25/8/2015 (Evidência 9, p. 70-76). 25. Em vista das informações acima, a Eletronorte passou a envidar esforços também na contratação dos serviços remanescentes para a execução das obras de implantação do empreendimento, segmentando-os em três licitações distintas, todas sob o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC): a) a primeira para as obras da LT Rio Branco – Feijó, cuja fase interna encontra-se encerrada, tendo ocorrido a publicação do edital (RDC Presencial RE-012-6-0067), em 10/6/2016, e sua revogação em 19/7/2016 (peça 24 do TC-018.724/2016-7, p. 34), a partir da medida cautelar adotada por esta Corte em 4/7/2016 (peça 16 do TC-018.724/2016-7); b) a segunda para as obras das três subestações, sem processo administrativo autuado, mas com previsão de publicação de edital em breve; e c) a terceira, que se realizaria na modalidade de contratação integrada, para as obras da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, ainda sem processo administrativo autuado, mas com previsão de publicação do edital em 2017. 26. Nesse contexto, os trabalhos da presente auditoria giram em torno da análise da regularidade tanto da rescisão unilateral do contrato 4400000372, ocorrida em 19/1/2016 (incluída a análise de eventuais impactos do processo de licenciamento ambiental como causa da ruptura do ajuste), quanto do procedimento licitatório em curso que visa à realização das obras da LT Rio Branco – Feijó. 27. Quanto à mencionada licitação, considerando que os seus objetos (edital e seus anexos) não se incluíam originalmente entre os objetos da presente fiscalização, importa esclarecer que procedeu-se um exame não exauriente dos seus termos, focando-se principalmente nos aspectos que, sob a ótica desta equipe, detém o potencial de comprometer sua eficácia, não significando, em consequência, que os demais aspectos não mencionados neste relatório tenham tido sua regularidade atestada. II.3. Objetivo e questões de auditoria 28. A presente auditoria objetivou fiscalizar a implantação da Linha de Transmissão (LT) Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul, no Acre, e suas Subestações (SE) associadas. 29. A partir deste objetivo e com o fim de avaliar a legalidade e a legitimidade da aplicação dos recursos públicos alocados para este empreendimento, formularam-se as seguintes questões: 1) A rescisão unilateral do contrato 4400000372 pela Eletronorte, com base nas alíneas b e c da Cláusula 54, foi regular? 2) Eventuais atrasos no licenciamento ambiental das obras concorreram para a inexecução do Contrato 4400000372? 3) A administração tem adotado as providências necessárias com vistas a regularizar a situação da obra? II.4. Metodologia utilizada 30. Realizaram-se os trabalhos em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU. Nenhuma restrição foi imposta à realização dos trabalhos. 31. Nesse sentido, aplicaram-se técnicas de entrevistas com os gestores; inspeção física sobre os materiais da obra estocados pela estatal; conferência de cálculos sobre o preço-paradigma 75 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

da nova contratação e sobre o encontro de contas decorrente da rescisão contratual; além do exame dos documentos colhidos durante os trabalhos de fiscalização. II.5. Limitações inerentes à auditoria 32. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU. Não ocorreram limitações aos exames realizados. II.6. Volume de recursos fiscalizados 33. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 552.322.649,23, correspondente ao valor atualizado dos investimentos necessários para executar as obras e serviços decorrentes do Contrato 4400000372, rescindido em 19/1/2016 (R$ 530.350.000,00), somado aos valores dos Contratos 4300000000 (R$ 5.925.282,68), 4300000001 (R$ 850.191,55) e 4500083642 (R$ 15.197.175,00). 34. Em relação ao Contrato 4500083642, insta esclarecer que R$ 7.000.000,00 são oriundos do orçamento do presente empreendimento e o restante (R$ 8.197.175,00) proveem de orçamento de outras obras. II.7. Benefícios estimados da fiscalização 35. Entre os benefícios efetivos desta fiscalização pode-se mencionar o aprimoramento do Edital que eventualmente venha a ser publicado alusivo à implantação da LT Rio Branco I – Feijó, em substituição ao publicado no dia 10/6/2016, tendo em vista a revogação, pela Eletronorte, do RDC Presencial RE-012-6-0067, em 19/7/2016, ante as diversas irregularidades/oportunidades de melhorias identificadas no curso daquele certame, que ensejaram a adoção de medida cautelar, em 4/7/2016, havendo, em consequência, perda de objeto. 36. Entre os benefícios potenciais desta fiscalização pode-se mencionar as melhorias nos procedimentos internos da estatal a partir das irregularidades relatadas neste relatório, em especial quanto à governança e redução de riscos de contratações antieconômicas. III. Achados de auditoria III.1. Diversas irregularidades no RDC da LT Rio Branco – Feijó III.1.1. Tipificação do achado: Classificação – outras falhas e impropriedades (F/I) III.1.2. Situação encontrada: 37. No âmbito do procedimento administrativo RE 012.6.0067, que trata da licitação, em regime de RDC, das obras de implantação da LT Rio Branco – Feijó (ampliada para 390 km), constataram-se diversas irregularidades/impropriedades suportadas por evidências levantadas pela equipe ao longo desta fiscalização, suficientes a ensejar, nos termos dos arts. 237, inciso V, 246, caput e §2º, e 276 do Regimento Interno do TCU (RITCU), representação desta equipe de fiscalização, nos autos do TC 018.724/2016-7, com proposta de cautelar, a fim de suspender a continuidade daquele certame até a decisão de mérito desta Corte, nos termos do art. 45 da Lei 8.443/1992. 38. Quanto ao periculum in mora, este decorreu do fato de que encontrava-se previsto para o dia 4/7/2016 o recebimento das propostas econômicas das licitantes, nos termos do Edital RE 01260067, publicado em 10/6/2016. No entanto, a conclusão do presente relatório de auditoria encontrava-se previsto para 1º/7/2016 e, a partir deste, seria ainda necessário observar o prazo de quinze dias previsto para manifestação dos gestores acerca de provável irregularidade do tipo IG- P, o que fatalmente inviabilizaria a conclusão do processo para decisão do relator antes do dia 4/7/2016. 39. Neste aspecto, esclareceu-se ainda que, uma vez recebidas pela comissão as propostas econômicas dos licitantes e franqueado seus conteúdos a todos os presentes (membros da comissão e licitantes), ampliar-se-ia consideravelmente a possibilidade de conluio entre os 76 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

licitantes quando da repetição do certame, uma vez que estes tanto já conheceriam a identidade quanto o teor da proposta econômica uns dos outros, em potencial prejuízo à obtenção da proposta econômica mais vantajosa pela estatal. 40. Ademais, não restou configurado o periculum in mora reverso capaz de trazer prejuízos significativos ao órgão/entidade ou a terceiros, uma vez que o conjunto de alterações propostas no Edital RE 01260067 e seus anexos não demandariam tempo considerável da estatal para implementação, ensejando tão somente sua republicação, após as devidas alterações propostas. 41. Mediante despacho de 4/7/2016, o Ministro-Relator adotou a medida cautelar proposta, suspendendo o RDC Presencial RE-012-6-0067 até que a questão se resolvesse no mérito, e ainda determinou a realização de oitiva da Eletronorte para que se manifestasse sobre as principais irregularidades apontadas, como também o apensamento daqueles autos ao presente TC, no qual concentrar-se-á a discussão de mérito (peça 16 do TC 018.724/2016-7). 42. Em resposta, foi recebido nesta Corte a CE-PR-0174, de 21/7/2016, apresentando uma série de esclarecimentos sobre as irregularidades/impropriedades apontadas e ainda informando a revogação do RDC Presencial RE-012-6-0067, conforme publicado no DOU de 19/7/2016, Seção 3, p. 96, havendo, em consequência, perda do objeto tanto da cautelar quanto da representação conexa (peça 24 do TC 018.724/2016-7). 43. Não obstante, a partir dos esclarecimentos prestados pela Eletronorte, entende-se ainda pertinente a discussão, neste relatório de auditoria, daquelas irregularidades/impropriedades apontadas com o fim de registrar-se o posicionamento deste Tribunal acerca destas questões. Frui, na espécie, a função pedagógica desta Corte de Contas, uma vez que aquela licitação constituiu- se a primeira vez em que as regras do RDC foram empregadas no âmbito da Eletronorte, havendo ainda a previsão de serem empregadas tanto na nova licitação das obras de implantação da LT Rio Branco – Feijó quanto em outras decorrentes do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014. Ante a revogação do RDC Presencial RE-012-6-0067 e as perdas de objeto decorrentes, aquelas irregularidades/impropriedades foram classificadas apenas como meras falhas e impropriedades (F/I). III.1.2.1. Potencial sobrepreço da ordem de 18% no orçamento de referência da licitação Descrição da irregularidade 44. Conforme relatado na representação conexa, apurou-se que a Eletronorte optou por adotar a cotação de fornecedores na composição de preço de serviços relevantes do objeto a licitar, mesmo dispondo de fontes mais fidedignas para a obtenção do custo de referência, como preços firmados em contratos ou pré-contratos precedentes da própria estatal, sem apresentar justificativas técnicas adequadas para tal decisão, o que afronta orientação deste Tribunal de Contas. Ademais, verificou-se que tal procedimento poderia implicar em um sobrepreço de 18% em comparação a valores de obras anteriores e de até 48% em relação ao Banco de Preços da Aneel (BP). 45. Na espécie, verifica-se que as propostas de preços colhidas no mercado para fins de composição de custos costumam ter seus preços inflados pelos agentes privados. Tal ocorre pela indisposição do proponente em investir valor expressivo (entre 0,05% e 0,5% do valor total do objeto, de acordo com a AACE International Recommented Practice Nº 17R-97, Cost Estimate Classification System) no detalhamento de um orçamento que sabe, de antemão, não redundará em um novo contrato para sua empresa; ou mesmo com a intenção de aumentar artificialmente o preço-referência da futura licitação em que ele mesmo poderá vir a participar. 46. Por esse motivo, este Tribunal já assentou que a utilização de cotação de fornecedores na composição do preço-paradigma de licitações somente pode ocorrer quando a Administração não dispuser de fontes mais fidedignas, como referenciais de preços oficiais, a exemplo do Sicro e do Sinapi; ou o histórico de preços efetivamente contratados pela Administração ou até mesmo por particulares, desde que – repita-se – reflitam o nível de custos de um negócio que, de fato, se sujeitou a algum tipo de concorrência até atingir seu valor final. É o que se decidiu no Acórdão 1.445/2015-TCU-Plenário, de 10/6/2015, de relatoria do Exmo. Ministro Vital do Rêgo: 77 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

‘9.3.2. para fim de orçamentação nas licitações de bens e serviços, devem ser priorizados os parâmetros previstos nos incisos I e III do art. 2º da IN SLTI/MPOG 5/2014, quais sejam, ‘Portal de Compras Governamentais’ e ‘contratações similares de outros entes públicos’, em detrimento dos parâmetros contidos nos incisos II e IV daquele mesmo art. 2º, isto é, ‘pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo’ e ‘pesquisa com os fornecedores’, cuja adoção deve ser vista como prática subsidiária, suplementar [grifou-se].’ 47. Nesse diapasão, verificou-se, no caso sob exame, que a Eletronorte optou por incluir em sua metodologia de apuração do preço-referência valores levantados a partir de cotação de fornecedores em detrimento do custo histórico dos mesmos serviços extraído de contratos que celebrara anteriormente, sem justificativas técnicas adequadas para tanto. Quanto ao assunto, em resposta ao Ofício de Requisição 2-210/2016, a estatal esclareceu que (Evidência 10): ‘Entretanto, o aumento de custos dos produtos industrializados e da mão de obra qualificada para a construção de linhas de transmissão no período mais recente associado à crise econômica, eventualmente não captada pela variação do IPCA, índice utilizado para a atualização dos preços de referência das fontes mencionadas anteriormente, motivou a necessidade de uma pesquisa de mercado realizada para a totalidade do escopo da licitação, mas visando determinados itens sobre os quais se tinham as maiores dúvidas. A preocupação da Eletronorte quanto à possível desatualização de preços do orçamento recaía, basicamente, sobre os itens de serviços de montagem de estruturas e de instalação de cabos condutores e para-raios, sobretudo considerando as características do empreendimento relacionadas à grande dificuldade logística da região (precariedade de acessos, reduzida infraestrutura urbana ao longo, da LT, regime de chuvas) [grifou-se]. A corroborar a preocupação da Eletronorte, citam-se os frequentes leilões de transmissão da ANEEL que têm tido diversos lotes sem interessados, sendo que os agentes do mercado alegam como motivo para o desinteresse, entre outros fatores, a desatualização das referências empregadas pela própria ANEEL. Diante dessa situação, a ANEEL tem relançado a oferta dos mesmos empreendimentos em novos leilões, porém aumentando o valor teto das receitas estabelecidas nos editais.’ 48. Nesse contexto, considerou-se que os motivos apresentados pela estatal não seriam aptos a justificar a utilização de cotação de mercado na composição de seu preço paradigma. Isso porque não foi demonstrada a efetiva discrepância entre a atualização dos custos de mão de obra e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado na parametrização dos contratos anteriores. 49. Ademais, não se havia demonstrado que o incremento das receitas dos leilões da Aneel têm origem na atualização dos custos de investimento. Antes, apurou-se que os ajustes decorrem, via de regra, da atualização de índices para o cálculo do custo de capital e da ampliação dos prazos para entrada em operação de empreendimentos, conforme consta do relatório e voto que subsidiaram o Acórdão 288/2016-TCU-Plenário. 50. Nesse sentido, o custo que ela mesma apurou para a obra, sem levar em conta as cotações de mercado, importa em R$ 151.217.260,79. Tal montante já se encontraria acima do preço que esta equipe estimou com base no BP da Aneel, que importa em R$ 120.964.622,55 (peça 06 do TC 018.724/2016-7, p. 2). Ainda que, por conservadorismo, se afaste o uso da base de dados da Aneel, o preço estimado da Eletronorte estaria 18% acima dos padrões de mercado, vez que fixado em R$ 179.292.192,24, indicando sobrepreço de R$ 28 milhões. Todos os valores na data base de outubro de 2015 (Evidência 10). 51. Ademais, ainda que se justificasse o uso das cotações de mercado, os preços apresentados deveriam ser criticados pela estatal antes de serem levados à composição de seu orçamento paradigma. Isso é, aquelas propostas com preços discrepantes de um certo patamar tomado como razoável para a prática de mercado deveriam ser extirpadas do cálculo, a fim de evitar distorções no preço-referência apurado, tal como assentado na jurisprudência deste Tribunal, a exemplo do Acórdão 2.943/2013-TCU-Plenário: 78 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

‘9.1.2.1. deixe de considerar, para fins de elaboração do mapa de cotações, as informações relativas a empresas cujos preços revelem-se evidentemente fora da média de mercado, como se observa em relação à sociedade empresária [omissis], de modo a evitar distorções no custo médio apurado e, consequentemente, no valor máximo a ser aceito para cada item licitado, a exemplo do que ocorreu no Pregão Eletrônico 3/2009 [grifou-se].’ 52. Nesse contexto, verificou-se que a Eletronorte obteve cinco propostas de preços para o objeto da licitação que pretende realizar, mas apenas uma delas teria valores compatíveis com o mercado. As propostas podem ser assim sintetizadas (peça 07 do TC 018.724/2016-7): Tabela 1: Síntese das cotações de mercado obtidas pela Eletronorte Diferença % para Fornecedor Valor Total R$ estimativa própria Cymi Masa 899.361.140,00 460,27 Incomisa 350.648.760,98 118,44 Planova 364.492.989,57 127,07 SG 246.076.851,08 53,30 Tabocas 210.938.282,20 31,41 Estimativa Própria* 160.523.390,76 0,00 * Utilizou-se valor atualizado pela própria Eletronorte para maio de 2016, a fim de compatibilizar com os preços cotados pelos fornecedores. 53. Como pode ser observado, ainda que se considerassem as propostas com uma variação de até 50% da estimativa inicial da Eletronorte, somente a cotação da empresa Tabocas estaria apta a compor o preço de referência da licitação, o que vai ao encontro da tese acima mencionada no sentido de que as cotações de mercado costumam estar infladas em relação a referenciais fidedignos. Observa-se, entre as cinco cotações, que três possuem valores acima do dobro do orçamento prévio da Eletronorte. Careceria, pois, de confiabilidade a pesquisa de preços realizada junto a fornecedores pela Eletrobras, devendo mesmo prevalecer o preço obtido a partir de contratos anteriores. 54. Nesse sentido, já foi assentado nesta Corte que a deficiente justificação do orçamento prévio viola o princípio da motivação dos atos administrativos, e ainda atentam contra os princípios da busca da melhor proposta, da economicidade e da competitividade, pois impede a Administração contratante de aferir a vantajosidade real da contratação e os potenciais interessados de cotarem adequadamente suas propostas, conforme registrado no voto condutor do Acórdão 1.002/2015-TCU-Plenário. Ademais, aquele procedimento implicaria afronta à ordem de preferência para as fontes de preços, listadas no art. 8º, § 4º, da Lei 12.462/2011. Esclarecimentos prestados 55. Inicialmente, a estatal esclareceu que o alegado sobrepreço da ordem de 18% apontado pela equipe e associado à montagem de estruturas, instalação de cabos condutores, instalação de cabos para-raios e fornecimento de cabos OPGW, encontrar-se-ia, de fato, circunscrito a apenas oito dos 125 itens da planilha de quantidades e preços integrante do edital do RDC Presencial RE- 012-6-0067 (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 3). 56. Ressaltaram, em consequência, que a metodologia empregada pela Eletronorte na composição do orçamento de referência da licitação não fere o disposto no Acórdão 1.445/2015- TCU-Plenário, vez que pautou a adoção da pesquisa com os fornecedores como prática subsidiária, suplementar, tendo priorizado a utilização das fontes mais fidedignas de que dispunha na orçamentação de 117 dos 125 itens da planilha de quantidades e preços (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 4). 57. Quanto ao alegado incremento nos custos da mão de obra acima da variação do IPCA desde a celebração do Contrato 4400000372, em 27/2/2014, apresentaram a evolução do IPCA comparativamente ao índice de mão de obra da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base/ABDIB (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 5). 79 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

58. Registraram não ser regra geral para os leilões de transmissão que os insucessos decorram exclusivamente da desatualização de índices para cálculo de custo de capital e/ou da insuficiência de prazos para entrada em operação do empreendimento, havendo também situações em que as estimativas de investimento não refletem as condições do mercado, como teria ocorrido, sendo citados, como exemplos, o Lote H do Leilão 7/2012 e o Lote A do Leilão 2/2013, que se constituem as duas tentativas pretéritas ao Leilão 7/2013 nas quais objetivou-se conceder o objeto da presente auditoria. 59. Em relação ao Banco de Preços da Aneel, apresentaram considerações que apontam possíveis inconsistências nos orçamentos gerados pelo Banco de Preços da Aneel, já apontadas inclusive por esta Corte mediante o voto condutor do Acórdão 288/2016-TCU-Plenário. 60. Em continuidade, apresentaram uma série de considerações sobre os preços unitários dos oito itens que tiveram seus preços cotados no mercado. Neste aspecto, mediante reunião realizada em 3/8/2016 no âmbito desta Corte, os representantes da Eletronorte esclareceram que os serviços objeto dos orçamentos de mercado referem-se basicamente a serviços de instalação e montagem e, por isso, seriam de pleno domínio dos fornecedores, de forma a afastar imprecisões significativas em suas cotações, vez que não dependem de variáveis desconhecidas no atual estágio do projeto. 61. Por fim, a Eletronorte reconhece que igual raciocínio não se aplica aos itens atrelados ao fornecimento de cabos OPGW, razão pela qual corrigirá o orçamento base da licitação de forma a considerar, para tais itens, os valores de contratos anteriores, ao invés de utilizar os preços colhidos no mercado (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 11 e 12), alteração esta que proporcionará redução da ordem de R$ 1,5 milhão no orçamento de referência. Análise Técnica 62. A Eletronorte logrou demonstrar que houve efetivo incremento nos custos da mão de obra acima da variação do IPCA desde a celebração do Contrato 4400000372, em 27/2/2014, e que as condições de logística da obra a se realizar, no interior do Acre, diferem-se substancialmente daquelas afetas aos contratos possíveis de serem utilizados como parâmetro (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 4, 5, 9, 10). 63. Ademais, restou razoavelmente demonstrado que, embora os valores globais dos orçamentos utilizados na composição de preços da companhia sejam discrepantes, os oito serviços alçados de cada proposta são, de fato, harmônicos entre si (peça 24 do TC 018.724/2016-7, p. 7- 8). 64. Em consequência, conclui-se que as alegações apresentadas pela estatal devem ser acolhidas tanto no que se refere ao uso subsidiário da cotação de mercado quanto no que se refere à aparente discrepância dos orçamentos utilizados em sua composição de preços. 65. Por todo o exposto, será proposto dar ciência à Eletronorte que a utilização de cotações de preços de mercado na composição do orçamento de referência, no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067, desacompanhada das devidas justificativas, violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, e ainda atentou contra a ordem de preferência para as fontes de preços e contra os princípios da busca da melhor proposta, da economicidade e da competitividade, previstos no art. 8º, § 4º, da Lei 12.462/2011, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993, bem como no entendimento desta Corte presente no voto condutor do Acórdão 1.002/2015-TCU-Plenário. III.1.2.2. Inadequação do regime de execução contratual adotado para todo o empreendimento Descrição da irregularidade 66. Como consta da representação conexa, contatou-se que o grau de detalhamento do projeto básico aprovado pela Eletronorte (peças 09 e 10 do TC 018.724/2016-7) não se coaduna com o exigido pelo art. 2º, inciso IV e parágrafo único, da Lei 12.462/2011, de forma a inviabilizar a adoção do regime de empreitada por preço global para todo o empreendimento, uma vez não 80 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

ser possível garantir que o impacto financeiro no contrato a ser celebrado, decorrente do conjunto de ajustes necessários ante eventuais falhas ou omissões constatadas naquele projeto, se circunscreverá a apenas 10% do valor total do contrato, em afronta ao art. 42, § 4º, inciso III, do Decreto 7.581/2011 (regulamento do RDC). 67. Sucintamente, a conclusão acima alcançada pela equipe decorreu do fato: a) do projeto básico aprovado pela Eletronorte ter origem em documento elaborado pelo consórcio Mavi-Engeglobal – no âmbito da execução do EPC Full, que se rescindiu – com a finalidade específica de aprovação dos estudos junto à Aneel e, naquele momento, o detalhamento com o nível de precisão requerido pela norma legal não era crucial, visto que o próprio consórcio faria os projetos executivos e realizaria as obras, tornando possível, assim, o desdobramento dos estudos em momento posterior à aprovação do ‘projeto básico’; b) do ato de aprovação do projeto básico não conter análises – sequer declarações – quanto ao cumprimento dos requisitos da Lei do RDC (peça 04 do TC 018.724/2016-7, p. 106-113); c) de não terem sido juntados aos autos do RDC Presencial RE-012-6-0067 as Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) dos gestores responsáveis pela aprovação do projeto básico no âmbito da Eletronorte ou, ao menos, dos técnicos responsáveis pela análise e aperfeiçoamento do projeto, em afronta aos termos da Súmula-TCU 260; d) de ter sido constatada a ausência/insuficiência de diversos elementos de projeto que poderiam implicar em variações orçamentárias acima de 10% na fase de execução das obras, tais como a ausência do relatório de sondagem; a ausência do detalhamento dos serviços de mobilização e desmobilização, construção de canteiro e administração local; insuficiência da estimativa do serviço ‘acessos para construção e montagem’; e a indefinição do próprio traçado da LT em alguns trechos, correspondentes a cerca de cinquenta quilômetros (13% do comprimento total da linha), tornando-se possível a ampliação ou redução da extensão total da linha; e) de restar ausente no projeto básico o cronograma previsto para a realização das obras, restando definido apenas que as obras deveriam ser executadas em, no máximo, 22 meses, em afronta aos termos do art. 8º, § 2º, inciso I, do Decreto 7.581/2011 (regulamento do RDC); f) de restar ausente, nos autos do processo licitatório, as justificativas da estatal ante a definição do regime de empreitada por preço global para a execução do contrato, com violação ao princípio da motivação dos atos administrativo, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, e inobservância do item 9.1.1 do Acórdão 1.977/2013-TCU-Plenário. Esclarecimentos prestados 68. Neste aspecto, a estatal inaugurou esclarecendo que o projeto básico elaborado pelo consórcio MaviEngeglobal constituiu-se apenas um dos elementos que compõem o projeto básico elaborado pela Eletronorte, este sim com a finalidade de atender aos ditames do diploma legal. Ademais, mediante reunião realizada em 3/8/2016 no âmbito desta Corte, os representantes da Eletronorte esclareceram que seriam providenciados as ARTs dos gestores responsáveis pela aprovação do projeto básico no âmbito da Eletronorte. 69. Em relação a ausência do detalhamento dos serviços de mobilização, construção de canteiro e desmobilização e de administração local, foi informado que a estimativa de quantos metros quadrados deverá ter um canteiro de obras de linhas de transmissão é tarefa árdua, porquanto cada canteiro dependerá da definição das estratégias a serem adotadas pelo contratado no planejamento de condução da obra, tais como (i) quantidade de frentes de obra; (ii) fundações de concreto moldadas ‘in loco’ ou pré-moldadas no canteiro; (iii) utilização de terrenos vazios ou aproveitamento de edificações existentes; (iv) emprego de canteiros secundários com infraestrutura limitada, inferior à dos canteiros principais; (v) utilização de células reaproveitáveis de instalações de acampamento; (vi) emprego de mão de obra local ou de mão de obra ‘importada’, a depender das condições encontradas na região de implantação do empreendimento. 81 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

70. Na mesma linha informou a Eletronorte que seria igualmente árdua a tarefa de estimar a composição dos insumos que levam ao valor mensal da administração local, como a quantidade de engenheiros e apontadores na obra, utilização de carro de apoio, discriminação de valores de despesas fixas, entre outros. 71. Em consequência, a Eletronorte teria estimado os custos dos serviços de mobilização, construção de canteiros e desmobilização e de administração local a partir de referências de contratos anteriores, fazendo os devidos ajustes proporcionais em relação à quantidade de canteiros e ao número de parcelas de cada empreendimento e atualizando os valores pela variação do IPCA até outubro de 2015, mês de referência do orçamento da licitação. 72. Quanto à quantidade de acessos e respectivas extensões, informaram que sua definição encontra-se intrinsecamente relacionada à localização de cada uma das estruturas a serem instaladas na linha de transmissão, localização essa que somente será conhecida após a elaboração do projeto executivo. Ademais, esclareceram que os acessos requerem a avaliação de logística de execução que varia desde a possibilidade de se utilizar de acessos existentes que necessitem ser melhorados até a completa construção de novos acessos que necessitem da supressão de vegetação, instalação de pontes, tubos de drenagem, entre outros. 73. Em relação à indefinição do próprio traçado da LT em alguns trechos, correspondentes a cerca de cinquenta quilômetros, esclareceram que as possíveis variações naqueles trechos circunscrevem-se, mesmo quando considerado o empreendimento como um todo, a variação de 10% no cumprimento total da LT, o que corroboraria a precisão conferida àqueles trechos. Ademais, mediante a reunião do dia 3/8/2016, os representantes da Eletronorte acrescentaram que, mesmo naqueles trechos, a previsão de traçado da LT já se encontra muito bem definida e maturada, de tal forma que quaisquer variações nos quantitativos de torres e cabos seriam residuais, com reduzido impacto no orçamento de referência do empreendimento. 74. Quanto à ausência do cronograma previsto para a realização das obras, a estatal a reconheceu e informou que, no próximo certame para a implantação da LT Rio Branco – Feijó, será exigido dos licitantes que apresentem o cronograma definitivo em consonância com o prazo máximo de 22 meses e com a curva de desembolso máximo integrante do edital da licitação. 75. Em relação à ausência do relatório de sondagem, documento essencial para o dimensionamento das fundações, a Eletronorte concordou com o entendimento da Unidade Técnica ao reconhecer que os serviços de fundações não detinham o nível de precisão adequado ao regime de empreitada por preço global e, em consequência, seria adotado, quando do novo certame com o mesmo objeto, o regime misto, reservando-se aos serviços de fundações o regime de empreitada por preços unitários, permanecendo os demais serviços e fornecimentos que compõem o objeto sob o regime de empreitada por preço global. Análise Técnica 76. Preliminarmente, importa registrar que o compromisso assumido pelos representantes da Eletronorte, mediante a reunião de 3/8/2016, no sentido de que seriam providenciados as ARTs dos responsáveis técnicos pela aprovação do projeto básico no seu âmbito, terá o condão de atestar sua adequação quanto à precisão exigida para o regime de empreitada por preço global e, naquilo em que sua precisão não for suficiente, optar-se-á pelo regime de empreitada por preço unitário, como os informados serviços de fundações. Tais medidas mitigam significativamente as irregularidades apontadas. 77. Ademais, as justificativas apresentadas para a manutenção do regime de empreitada por preço global para os serviços de mobilização e desmobilização, construção de canteiro, administração local, acessos para construção e montagem mostraram-se coerentes e consistentes, razão pela qual propõe-se que sejam acolhidas. 78. Quanto à indefinição do próprio traçado da LT em alguns trechos, circunscritos a cerca de cinquenta quilômetros da LT, os esclarecimentos prestados pelos gestores, mediante a reunião do dia 3/8/2016, foram significativamente esclarecedores, razão pela qual propõe-se que sejam acolhidas. 82 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

79. Não obstante, será proposto dar ciência à Eletronorte das seguintes irregularidades/impropriedades praticadas no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067: a) a ausência das Anotações de Responsabilidade Técnica - ART da elaboração e da aprovação de cada etapa do projeto básico violou os termos da Súmula-TCU 260; b) a ausência do cronograma previsto de execução da obra no projeto básico violou os termos do art. art. 8º, § 2º, inciso I, do Decreto 7.581/2011 (regulamento do RDC); c) a ausência de motivação nos autos do procedimento licitatório pela escolha do regime de execução contratual por preço global, na qual deve constar declaração do responsável técnico de que o projeto básico possui o nível de detalhamento adequado a tal regime de execução, violou o princípio da motivação dos atos administrativo, assentado no art. 50 da Lei 9.784/1999; e d) a responsabilidade por eventuais falhas ou omissões no projeto básico, inclusive naquilo em que impacte o orçamento da obra, realizada no regime de execução por preço global, em patamar superior a 10% de seu valor total, é daqueles que o aprovaram, consoante entendimento firmado no Acórdão 1.067/2016-TCU-Plenário. III.1.2.3. Inadequação da adoção do sigilo para o orçamento de referência da licitação Descrição da irregularidade 80. Como consta da representação conexa, apurou-se, sucintamente, que a Eletronorte não motivara sua opção por manter o orçamento de referência da licitação sob sigilo e ainda não apresentou controles administrativos suficientes a garantir a manutenção efetiva daquele sigilo, não afastando, assim, a possibilidade de conluio entre as potencias proponentes e ainda detendo potencial de prejudicar a obtenção da proposta mais vantajosa pela estatal, com violação do princípio da isonomia e do caráter competitivo do certame, em afronta ao art. 3º, caput e §1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, c/c o art. 50 da lei 9.784/1999. Esclarecimentos prestados 81. Em resposta à oitiva realizada na representação cautelar, a estatal esclarece que acatará os argumentos desta equipe de fiscalização e não adotará o orçamento sigiloso na futura licitação sobre o objeto tratado nestes autos. Além disso, esclareceu, em reunião realizada em 3/8/2016 nesta Secretaria, que não adotará o orçamento sigiloso em suas futuras contratações até que reúna condições técnicas adequadas para garantir efetividade na manutenção do sigilo de seus preços- base. Análise Técnica 82. Pelo exposto, considera-se que os esclarecimentos apresentados pela estatal devem ser acolhidos. Não obstante, será proposto dar ciência à Eletronorte que a ausência de motivação da escolha pela utilização do orçamento de referência público ou sigiloso, no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067, violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, conforme já consignado mediante o voto condutor do Acórdão 3.011/2012-TCU-Plenário, e que o sigilo de processos e documentos, a exemplo do orçamento de referência, previsto no art. 6º da Lei 12.462/2011, pressupõe a institucionalização de controles administrativos suficientes a garantir a efetiva manutenção daquela confidencialidade, nos termos do art. 28 da Lei 12.527/2011, regulamentada pelo art. 31 do Decreto 7.724/2012. III.1.2.4. Presença no Edital RE 01260067 de disposições potencialmente restritivas à competitividade Descrição da irregularidade 83. De acordo com o que consta da representação conexa, apurou-se excessivo grau de subjetividade na descrição de alguns critérios, bem como a ausência de justificativas na definição de outros, a serem empregados na avaliação da qualificação das licitantes, mediante as regras presentes no Edital RE 01260067, e ainda cláusulas restritivas à competitividade, com potencial prejuízo aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da isonomia, do julgamento 83 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

objetivo e da motivação dos atos administrativos, decorrentes tanto do art. 37, inciso XXI, da CF/1988 quanto do art. 3º da Lei 8.666/1993 e art. 50 da Lei 9.784/1999. 84. Em síntese, constatou-se a necessidade da estatal (i) esclarecer o real alcance da expressão ‘boa situação financeira da empresa’ presente no item 13.11, C1 do Edital; (ii) justificar nos autos da licitação os valores de patrimônio líquido mínimo requeridos para habilitação financeira das licitantes, previstos no item 13.11, C3, do Edital; (iii) justificar nos autos do processo licitatório a metodologia e respectivo critério de corte, definidos no item 17.3.3 do Edital, para a avaliação da qualificação econômico-financeira das proponentes; e (iv) estabelecer parâmetros objetivos que permitam a aferição da qualificação técnica das licitantes, em complemento ao disposto nos itens 13.11, D2 e 13.11, D6, ambos do Edital. Esclarecimentos prestados 85. Em resposta à oitiva realizada na representação, a estatal manifesta anuência aos argumentos desta equipe de fiscalização e informa que o futuro edital da implantação da LT Rio Branco-Feijó contemplará as adequações propostas. Análise Técnica 86. Pelo exposto, considera-se que os esclarecimentos apresentados pela estatal devem ser acolhidos. Não obstante, será proposto dar ciência à Eletronorte que o excessivo grau de subjetividade na descrição de alguns critérios, a ausência de justificativas na definição de outros, e ainda a ausência de parâmetros objetivos que permitam a aferição de outros, empregados na avaliação da qualificação das licitantes, constatados no âmbito do Edital RE-012-6-0067, violaram o princípio da motivação dos atos administrativos e ainda constituiram cláusulas potencialmente restritivas à competitividade, em prejuízo aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da isonomia e do julgamento objetivo, previstos no art. 37, inciso XXI, da CF/1988, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993 e art. 50 da Lei 9.784/1999. III.1.2.5. Inadequada alocação contratual de riscos do empreendimento entre contratante e futura contratada Descrição da irregularidade 87. Conforme relatado na representação conexa, constatou-se inadequada a alocação contratual dos riscos do empreendimento entre a Eletronorte e a futura contratada, com prejuízo tanto à obtenção da proposta mais vantajosa quanto à segurança jurídica do contrato a ser celebrado, em afronta aos arts. 3º, caput, e 65, inciso II, alínea ‘d’, da Lei 8.666/1993. 88. Preliminarmente, a Cláusula 56ª, §2º, item 1, da minuta do contrato atribuiu expressamente à contratada todos os custos e riscos decorrentes das etapas de projeto, fabricação, fornecimento, transporte, instalação, treinamento de pessoal, garantia de fornecimento, montagem, desmontagem, construção e colocação em serviço. 89. Na espécie, verificou-se que a Eletronorte não distinguiu os riscos do negócio daqueles a serem suportados pela futura contratada, atribuindo todos a última. Cabe à Eletronorte – que tem o domínio do projeto básico – verificar os riscos da contratação e evidenciá-los no edital, alocando-os devidamente entre as partes. 90. Neste sentido, atribuir todo o risco aos licitantes – ou simplesmente omitir-se em relação à sua alocação – eleva sobremaneira os custos da contratação, podendo até inviabilizá-la. Em outras palavras, um cenário de incertezas quanto à assunção de riscos por parte da Administração induz sobremaneira as licitantes a incluírem elevados percentuais de contingências em seus preços, que acabarão por afastá-las do preço-base da licitação e, em última análise, inviabilizar o próprio certame. 91. A Administração pode, inclusive, vir a pagar duas vezes pelo mesmo evento, uma vez que, além de majorar suas contingências, a licitante vencedora certamente virá a pleitear aditivos contratuais para o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato em função da concretização de riscos que não estavam claramente definidos no edital e no contrato ou que, embora lhe tenham sido atribuídos, por irrazoáveis que venham a se mostrar, justifiquem a 84 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

relativização de tais cláusulas, com base no princípio da boa-fé objetiva e da vedação ao enriquecimento sem causa. 92. Mais especificamente, foram criticadas, de forma não exauriente: a) a ausência de delimitação da dimensão do que seriam imprecisões quantitativas no projeto básico a serem toleradas pelos licitantes e o que seriam erros substanciais a ensejar a celebração de aditivos; b) a alocação do risco hidrológico inteiramente à futura contratada, visto que as obras situam-se em região amazônica, onde a questão climática pode afetar consideravelmente seu cronograma de execução; e c) a ausência de clareza quanto à responsabilidade pelas indenizações fundiárias. Esclarecimentos prestados 93. Em resposta à oitiva realizada na representação, a estatal esclareceu que será adotado o regime de empreitada por preços unitários para os serviços de fundações, assumindo a contratante os riscos pelas variações de quantidades a serem apuradas no decorrer da execução do contrato. 94. Admitiu, ainda, a inadequação da responsabilidade imputada à futura contratada em relação aos custos das indenizações dos acessos necessários à construção, passando a assumir, na condição de contratante, tal ônus, de forma a incorporar tal alteração no edital que vier a ser publicado, em substituição ao Edital RE-012-6-0067. 95. Esclareceu também que o risco hidrológico, inerente ao empreendimento, sempre presente nas obras realizadas na região amazônica, foi inicialmente avaliado pela Eletronorte como tendo sido, de certa forma, repartido adequadamente ao se estabelecer o prazo de execução de 22 meses, suficiente para a ocorrência de dois períodos ‘secos’ e, em consequência, para a consecução do objeto. 96. Por fim, informaram que será definido, no edital que vier a ser publicado, os riscos a serem assumidos pelas partes, de tal forma a conferir maior transparência ao que pode ser considerado como imprecisões quantitativas no projeto básico a serem toleradas pelos licitantes e o que seriam erros substanciais a ensejarem a celebração de aditivos. Análise Técnica 97. As medidas a serem envidadas pelos gestores, juntamente com os esclarecimentos prestados quanto ao prazo de 22 meses para a consecução do objeto, mostram-se suficientes e vão ao encontro do que a equipe de auditoria propôs, mediante a instrução que culminou na medida cautelar, adotada em 4/7/2016, razão pela qual propõe-se o acolhimento das justificativas apresentadas. 98. Não obstante, será proposto dar ciência à Eletronorte que a alocação contratual de todos os custos e riscos à contratada, prevista na Cláusula 56ª, §2º, item 1, da minuta do contrato anexa ao Edital RE-012-6-0067, decorrentes das etapas de projeto, fabricação, fornecimento, transporte, instalação, treinamento de pessoal, garantia de fornecimento, montagem, desmontagem, construção e colocação em serviço – e que incluem, entre outros, erros quantitativos no projeto básico e no orçamento, mesmo diante do regime de preço global adotado para todo o empreendimento – deteve o potencial de acarretar prejuízo tanto à obtenção da proposta mais vantajosa quanto à segurança jurídica do contrato a ser celebrado, em afronta aos arts. 3º, caput, e 65, inciso II, alínea ‘d’, da Lei 8.666/1993, bem como ao entendimento já assentado por esta Corte mediante o item 9.2 do Acórdão 1.977/2013-TCU-Plenário. III.1.2.6. Oportunidades de melhorias identificadas no Edital Descrição das impropriedades 99. Por fim, apresentaram-se na representação conexa oportunidades de melhorias visando à reformulação do Edital RE-012-6-0067, afetas a ausência (i) da definição do prazo máximo de resposta pela Eletronorte tanto para os pedidos de esclarecimentos sobre o edital quanto para as 85 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

impugnações eventualmente apresentadas pelas licitantes; (ii) do condicionamento da aceitabilidade das certidões, previstas no item 13.11, C2 do edital, à sua data de emissão, tendo por parâmetro a data de recebimento das propostas; e (iii) de definição quanto às multas previstas no item 21.1 do edital, dos seus respectivos valores, suas gradações ante situações com gravidades distintas e mesmo o prazo para recolhimento. Esclarecimentos prestados 100. Em resposta à oitiva realizada na representação, a estatal manifesta anuência aos argumentos desta equipe de fiscalização e informa que o futuro edital da implantação da LT Rio Branco-Feijó contemplará as adequações propostas, salvo quanto à fixação de prazo de resposta pela estatal aos pedidos de esclarecimentos e de impugnações ao edital, uma vez que entende que a fixação de prazo em edital para as respostas pode comprometer a eficiência do certame. Análise Técnica 101. Nesse sentido, entende-se que os esclarecimentos apresentados pela estatal devem ser acolhidos, até porque não há indícios de que tenha havido retardo, no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067, no fornecimento de respostas aos questionamentos que lhes foram encaminhados. III.1.3. Conclusão da equipe 102. Inicialmente, verifica-se que há firme disposição da estatal em providenciar a elaboração de um novo edital de licitação para a obra em análise, razão pela qual será proposto determinar à Eletronorte que encaminhe a esta Corte cópia do edital e respectivos anexos que venha a publicar para a licitação das obras de implantação da Linha de Transmissão Rio Branco I – Feijó. 103. Ademais, será proposto dar ciência à Eletronorte das irregularidades/impropriedades acima identificadas, com o fim de mitigar suas reincidências tanto no edital que vier a substituir o Edital RE-012-6-0067 quanto nos demais, a cargo daquela entidade. III.1.4. Evidências: Evidência 10 - Resposta Ofício de Requisição 2-210/2016 III.2. Ausência de nova análise da viabilidade econômica do empreendimento quando da instauração do procedimento licitatório para implantar a LT Rio Branco – Feijó III.2.1. Tipificação do achado: Classificação – outras falhas e impropriedades (F/I) III.2.2. Situação encontrada: 104. Constatou-se que a decisão de licitar a implantação da LT Rio Branco – Feijó, cujo processo licitatório foi instaurado em 6/5/2016, foi adotada sem que a Eletronorte tivesse procedido a nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, em afronta aos princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência, decorrentes do art. 37 da Constituição Federal/1988, c/c o art. 6º do Decreto-Lei 200/1967. 105. Tal avaliação far-se-ia necessária ante o novo cenário em que se insere aquela licitação, uma vez que decorreu da rescisão do Contrato 4400000372, ocorrida em 19/1/2016, que por sua vez acarretou a frustração da expectativa de geração futura de parcela da receita, a ampliação dos investimentos necessários à conclusão do empreendimento e ainda a exposição da estatal a penalidades aplicáveis pela Aneel ante o atraso na entrada em operação comercial do empreendimento. 106. Nesse viés, a partir do exame dos autos do processo licitatório da LT Rio Branco – Feijó (RDC Presencial RE-012-6-0067), constatou-se que as razões econômicas que apontam para a realização da licitação inserem-se no parágrafo onze da Comunicação Interna DE-0075-2016, de 16/4/2016 (peça 04 do TC 018.724/2016-7, p. 12), nos seguintes termos: 86 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

É premente a retomada das obras para construção e instalação da linha de transmissão objeto da concessão firmada com a Aneel. O atraso maior desse empreendimento terá impactos desastrosos na equação econômico-financeira da concessão, sujeitando a Eletronorte a perdas de receita e a sanções pecuniárias elevadas pela outorgante [grifou-se]. 107. Como pode ser observado, tratam-se de informações vagas desassociadas de quaisquer estudos técnicos que evidenciem o saldo, positivo ou não, de se levar adiante a implantação do primeiro trecho da LT Rio Branco-Feijó-Cruzeiro do Sul, visto que a licitação do segundo trecho encontra-se prevista para ocorrer somente em maio de 2017. 108. Neste contexto, esperava-se uma análise de cenários por parte da estatal acerca dos desdobramentos possíveis para a concessão. Afinal, até mesmo a rescisão do contrato de concessão poder-se-ia mostrar uma alternativa viável, em termos estritamente econômicos, a depender do que aponte, por exemplo, os estudos de cenários. 109. Não por outro motivo este Tribunal já assentou que ‘a Administração deve realizar, previamente à realização da licitação, estudos que comprovem a viabilidade econômico- financeira do empreendimento’ (Acórdão 1.730/2004-TCU-Plenário). 110. Ademais, além de não constar nos autos do processo licitatório da LT Rio Branco – Feijó (RDC Presencial RE-012-6-0067) a avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, a Eletronorte encaminhou a esta equipe, em resposta ao Ofício de Requisição 1-210/2016, de 17/5/2016, cópia de Parecer Financeiro, datado de 25/5/2016 (Evidência 11), no qual procede tal avaliação, restando claro que sua elaboração foi providenciada apenas em decorrência da provocação desta equipe, uma vez que o processo para a implantação da LT Rio Branco – Feijó foi instaurado, como já exposto, em 6/5/2016 (peça 04 do TC 018.724/2016-7). 111. Em decorrência, resta claro que a decisão que autorizou a instauração do procedimento licitatório da LT Rio Branco – Feijó (RDC Presencial RE-012-6-0067) foi adotada sem que tivesse sido previamente avaliado a viabilidade econômico-financeira da continuidade do empreendimento. 112. Pelo exposto, será proposto dar ciência à Eletronorte que a instauração de procedimento licitatório de implantação da LT Rio Branco – Feijó, mediante o RDC Presencial RE-012-6-0067, em 6/5/2016, foi adotada sem que a estatal tivesse procedido a nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento (LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações), em afronta os princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência, decorrentes do art. 37 da Constituição Federal/1988, c/c o art. 6º do Decreto-Lei 200/1967. 113. A partir das projeções adotadas, no citado parecer, para as premissas operacionais, indicadores macroeconômicos, despesas operacionais, encargos setoriais, tributos, revisões tarifárias e, especialmente, para o novo valor do investimento, que alcançou a monta de R$ 530 milhões, e considerando ainda a postergação da entrada em operação comercial do empreendimento, a Taxa Interna de Retorno (TIR) do empreendimento como um todo (LT Rio Branco-Feijó-Cruzeiro do Sul e subestações associadas) caiu de 8,54%, previsto nos estudos que subsidiaram a licitação em 2014 (§18 deste relatório), para 4,64%. 114. Observa-se, portanto, redução quase pela metade da TIR inicialmente projetada para o empreendimento, em decorrência tanto do atraso na sua operação comercial quanto do aumento do valor do investimento. Diante deste cenário, esta equipe ressentiu-se ainda da ausência de uma avaliação, pela Eletronorte, que aponte a real viabilidade econômico-financeira da continuidade do empreendimento, a partir do emprego de métodos e técnicas que venham a considerar, por exemplo, (i) o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na implementação da transmissão em exame ante novos projetos de geração e transmissão a serem disponibilizados pela Aneel; (ii) os potenciais danos decorrentes da rescisão do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014; e (iii) até a importância social do empreendimento. 115. Pelo exposto, será proposto determinar à Eletronorte que encaminhe a esta Corte, no prazo de quinze dias, a análise da viabilidade econômico-financeira da continuidade da 87 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

implantação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, sopesando-se, entre outros, o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na sua implementação com seu respectivo retorno econômico e financeiro, os potenciais danos decorrentes da rescisão do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014 e ainda a importância social do empreendimento. 116. A análise acima mencionada poderá ser avaliada por esta SeinfraElétrica em processo apartado ou no bojo das contas daquela estatal relativas ao ano de 2016, já que se insere na clientela desta Unidade Técnica, a depender da coerência, consistência e robustez das informações a serem apresentadas. 117. Por fim, apenas a título de esclarecimento, em relação à percepção pela Eletronorte de parcela(s) da Receita Anual Permitida (RAP), ante a entrada em operação comercial de parte(s) das Instalações de Transmissão, foi questionado à estatal tal possibilidade, mediante o Ofício de Requisição 4-210/2016, uma vez inexistir tal previsão a partir da inteligência das Cláusulas Segunda e Sexta do Contrato de Concessão 9/2014-Aneel. 118. Em resposta, foi encaminhado cópia do Ofício 837/2014-SCT/Aneel, de 28/11/2014 (Evidência 12, p. 8-9), no qual aquela Agência esclarece haver a possibilidade de emissão, pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em favor da Transmissora, do Termo de Liberação Parcial (TLP), documento este apto a permitir a percepção de 90% da parcela de RAP por Função Transmissão (FT) liberada para operação comercial provisória com pendências não impeditivas próprias, de acordo com o art. 7º, §3º, da Resolução Normativa – Aneel 454/2011 (Evidência 12, p. 15), c/c o Despacho-Aneel 2.809/2014 (Evidência 12, p. 17). Ademais, aquela Agência expressamente consignou que ‘a não conclusão da Linha de Transmissão 230 kV Feijó – Cruzeiro do Sul pode ser considerada não impeditiva para a entrada em operação comercial da Linha de Transmissão 230 kV Rio Branco I – Feijó’. 119. Portanto, conclui-se que mesmo diante da inexistência de previsão, no Contrato de Concessão 9/2014-Aneel, de recebimento pela Eletronorte de parcela da RAP ante a entrada em operação comercial apenas da LT Rio Branco I – Feijó, tal percepção torna-se possível a partir dos atuais normativos da Aneel que disciplinam o assunto. III.2.3. Conclusão da equipe: 120. Por todo o exposto, será proposto determinar à Eletronorte que encaminhe a esta Corte, no prazo de quinze dias, a análise da viabilidade econômico-financeira da continuidade da implantação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, sopesando-se, entre outros, o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na sua implementação com seu respectivo retorno econômico e financeiro, os potenciais danos decorrentes da rescisão do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014 e ainda a importância social do empreendimento. 121. Ademais, será proposto dar ciência à Eletronorte que a instauração de procedimento licitatório de implantação da LT Rio Branco – Feijó, mediante o RDC Presencial RE-012-6-0067, em 6/5/2016, foi adotada sem que a estatal tivesse procedido a nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento (LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações), em afronta os princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência, decorrentes do art. 37 da Constituição Federal/1988, c/c o art. 6º do Decreto-Lei 200/1967. III.2.4. Evidências: Evidência 11 – Parecer Financeiro da Eletronorte Evidência 12 – Parte 2 da Resposta ao Ofício de Requisição 4-210-2016 III.3. Inadequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372 III.3.1. Tipificação do achado: Classificação – outras falhas e impropriedades (F/I) III.3.2. Situação encontrada: 88 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

122. Foram constatadas fragilidades no controle, guarda e conservação, pela Eletronorte, de estruturas metálicas de torres de transmissão, adquiridas pelo Consórcio Mavi/Engeglobal ainda no âmbito da execução do contrato 4400000372 e que remanesceram em poder da estatal após sua rescisão, em 19/1/2016, em afronta ao art. 15, §7º, inciso III, da lei 8.666/1993. 123. Mais especificamente, foram adquiridos pelo Consórcio Mavi/Engeglobal, no período de nov/2014 a jan/2015, estruturas metálicas de torres de transmissão que seriam empregadas no trecho da LT Rio Branco-Feijó, no valor total de R$ 6,5 milhões, conforme apontam as notas fiscais relacionadas na Tabela 1 abaixo, todas com o mesmo objeto (Evidência 13): Tabela 1: Relação das notas fiscais referentes às estruturas metálicas condicionadas em terreno próximo à Subestação de Rio Branco.

Nota Fiscal Data Valor 7292 19/11/2014 R$ 131.436,32 7293 19/11/2014 R$ 132.784,77 7299 19/11/2014 R$ 128.830,98 7300 19/11/2014 R$ 128.868,44 7301 20/11/2014 R$ 129.372,03 7304 20/11/2014 R$ 129.351,22 7309 20/11/2014 R$ 133.696,22 7310 20/11/2014 R$ 130.366,72 7311 21/11/2014 R$ 127.345,19 7324 24/11/2014 R$ 131.203,25 7325 24/11/2014 R$ 132.714,02 7327 24/11/2014 R$ 129.550,99 7331 25/11/2014 R$ 130.670,53 7332 25/11/2014 R$ 130.083,71 7336 25/11/2014 R$ 131.045,10 7346 28/11/2014 R$ 132.027,31 7347 28/11/2014 R$ 127.515,83 7348 28/11/2014 R$ 130.628,92 7349 28/11/2014 R$ 141.649,57 7350 28/11/2014 R$ 132.922,11 7360 28/11/2014 R$ 129.176,42 7361 28/11/2014 R$ 131.457,13 7371 03/12/2014 R$ 129.921,40 7372 03/12/2014 R$ 128.835,14 7373 04/12/2014 R$ 135.286,06 7384 05/12/2014 R$ 126.625,19 7385 05/12/2014 R$ 10.442,16 7453 29/12/2014 R$ 129.850,64 7454 29/12/2014 R$ 136.713,58 7456 29/12/2014 R$ 133.071,94 7457 29/12/2014 R$ 134.245,59 7459 29/12/2014 R$ 133.879,34 7465 30/12/2014 R$ 133.230,09 7466 30/12/2014 R$ 134.732,53 7467 30/12/2014 R$ 133.438,18 7469 30/12/2014 R$ 133.687,90 7476 06/01/2015 R$ 131.336,43 7477 06/01/2015 R$ 134.054,14 7480 06/01/2015 R$ 131.361,41 7481 07/01/2015 R$ 133.850,21 7482 07/01/2015 R$ 146.144,40 7487 07/01/2015 R$ 134.079,11 7490 07/01/2015 R$ 133.009,51 7494 08/01/2015 R$ 143.364,27 7508 14/01/2015 R$ 133.858,53 7527 19/01/2015 R$ 132.738,99 7530 19/01/2015 R$ 133.675,41 7544 21/01/2015 R$ 132.106,38 7559 26/01/2015 R$ 131.548,69 7572 28/01/2015 R$ 133.105,23 89 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

TOTAL R$ 6.500.889,23 Fonte: SeinfraElétrica 124. Mais especificamente, tal valor corresponde a 46,36% do total em estruturas metálicas originalmente previsto para aquele trecho (R$ 14.021.163,30) e 25,19% do total para o empreendimento (R$ 25.803.653,47), de acordo com as Planilhas de Quantitativos e Preços das LTs Rio Branco I-Feijó e Feijó-Cruzeiro do Sul, que constituem, respectivamente, os Anexos V e IV do contrato 4400000372 (Evidência 14). 125. Durante a execução da presente fiscalização (jun/2016), esta equipe de auditoria visitou o terreno onde se encontram condicionadas estas estruturas metálicas (aproximadamente 1.500 ton), localizado próximo à subestação de Rio Branco. 126. Naquela oportunidade, foi constatado que tais estruturas encontram-se expostas a intempéries, conforme fotos anexas ao presente relatório, e que o mencionado terreno é de propriedade de terceiros, tendo sido locado pelo Consórcio Mavi/Engeglobal à época dos recebimentos. 127. Mais especificamente, o Consórcio informou à Eletronorte via e-mail, datado de 27/04/2016, que estaria mantendo o contrato de locação do terreno onde se encontram depositadas as estruturas metálicas, assim como a vigilância armada, até o dia 30/4/2016 (Evidência 15). 128. Em consequência, posteriormente àquela data, a Eletronorte providenciou um posto de vigilância naquele mesmo terreno, situado junto ao seu principal acesso, mas que se mostra insuficiente a fim de preservar aqueles materiais contra furto ou roubo, ante as dimensões do terreno e características das cercas que o isola, de fácil transposição. 129. Tal situação é agravada tanto pela ausência de inventário ou qualquer outro controle patrimonial mais preciso que permita à estatal identificar eventuais subtrações, conforme confirmado pela equipe mediante entrevista com os gestores, quanto pelo expressivo valor daqueles materiais, de fácil comercialização, ainda que no mercado de ferro-velho. 130. Ainda mediante entrevistas, aqueles mesmos gestores informaram que estão sendo adotadas providências no sentido de remover aquelas estruturas metálicas do mencionado terreno, passando-as para uma área localizada no interior da própria subestação de Rio Branco. Com isso, esperam ampliar a salvaguarda daquelas estruturas, uma vez que a subestação conta com maior nível de segurança representado tanto pelo maior número de postos de vigilância quanto por um mais eficiente isolamento externo. 131. Ante o exposto, será proposto determinar à estatal que, no prazo de trinta dias, providencie o adequado controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372, encaminhando a esta Corte, até o término daquele prazo, informações acerca das providências efetivamente adotadas. 132. Quanto à destinação, constatou-se que a Eletronorte pretende entregar este material à empresa ou consórcio que vier a ser contratado, a partir do RDC Presencial RE-012-6-0067, juntamente com o restante necessário à completude da LT Rio Branco I – Feijó, a ser adquirido pela estatal, mediante inexigibilidade de licitação, de tal forma que o fornecimento de estruturas metálicas não se tornou item tanto do orçamento de referência do mencionado RDC (peça 04 do TC 018.724/2016-7, p. 102-105) quanto, por óbvio, da Planilha de Quantidades e Preços objeto do Anexo 3 daquele RDC (Evidência 16). 133. Ademais, mediante entrevista com os gestores, obteve-se a informação de que a inexigibilidade estaria amparada no parecer jurídico encomendado acerca do assunto (peça 04 do TC 018.724/2016-7, p. 20-45). Segundo informado, os fornecedores do Consórcio Mavi/Engeglobal já teriam fabricado parcela significativa dos materiais a adquirir, de forma que existiriam especificidades do negócio, em termos de preço e de solução ao projeto das torres, que estariam a justificar a inviabilidade da concorrência. 134. Nesse sentido, considerando o valor das estruturas metálicas já em poder da Eletronorte alcançam o valor de R$ 6,5 milhões; considerando que o valor total destas estruturas 90 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

para o trecho da LT Rio Branco I – Feijó alcançava, no âmbito do contrato 4400000372, a monta de R$ 14.021.163,30; e considerando, por fim, a ampliação da extensão daquele trecho no atual RDC, passando de 357 km, no certame anterior, para 390 km, estima-se que o valor das estruturas metálicas a serem adquiridas pela Eletronorte supere R$ 8 milhões. 135. Ante o exposto, considerando a materialidade dos recursos a serem envolvidos, bem como o risco de que as estruturas metálicas ainda não estejam disponíveis à empresa/consórcio que vier a ser contratado para a implantação da LT Rio Branco I – Feijó quando do início das fases de montagem e instalação das torres, será proposto determinar à Eletronorte encaminhe bimestralmente a este Tribunal informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam examinar tanto a viabilidade jurídica da pretendida inexigibilidade quanto a mitigação do risco de possíveis atrasos na disponibilidade daqueles materiais que possam vir a afetar a implantação da referida LT. III.3.3. Conclusão da equipe: 136. Por todo o exposto, e considerando que já se passaram cinco meses, contados da rescisão do contrato 4400000372, em 19/1/2016, desde que a Eletronorte assumiu diretamente a responsabilidade pela guarda, controle e conservação daquelas estruturas metálicas, será proposto assinar à estatal o prazo de trinta dias para que providencie o adequado controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372, encaminhando a esta Corte, até o término daquele prazo, informações acerca das providências efetivamente adotadas. 137. Ademais, será proposto determinar à Eletronorte encaminhe bimestralmente a este Tribunal informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam examinar tanto a viabilidade jurídica da pretendida inexigibilidade quanto a mitigação do risco de possíveis atrasos na disponibilidade daqueles materiais que possam vir a afetar a implantação da referida LT, até que esta se encontre conclusa. III.4.4. Evidências: Evidência 13 - Relação Notas Fiscais Evidência 14 - Planilha de Quantidades e Preços das LTs Evidência 15 - E-mail de 27-4-2016 Evidência 16 - Anexo 3 (Planilha de Quantidades e Preços) IV. Esclarecimentos Adicionais IV.1 Dos atrasos no licenciamento ambiental do empreendimento 138. Conforme já vem sendo verificado por esta SeinfraElétrica, no âmbito de suas fiscalizações (p.e TC 019.948/2014-0, TC 019.948/2014-0, TC 008.682/2016-5, TC 008.695/2016-4, TC 012.743/2016-0, TC 012.167/2016-9, TC 019.948/2014-0), a etapa de licenciamento ambiental tem sido um dos grandes responsáveis pelos atrasos das obras de transmissão das estatais do setor elétrico, seja por problemas relacionados ao processo de licenciamento junto ao órgãos ambientais, seja por problemas da própria gestão da empresa estatal, que dá causa concorrente aos atrasos por não apresentar tempestivamente os requerimentos e estudos exigidos pelos licenciadores. 139. No caso do empreendimento ora em exame não foi diferente, demonstrando haver, em verdade, uma questão sistêmica a ser enfrentada. Desta feita, colaciona-se neste tópico os fatos levantados por esta equipe de auditoria no tocante ao processo de licenciamento da LT Rio Branco – Cruzeiro do Sul, de forma a conferir transparência ao problema e subsidiar ação de controle futura da SeinfraElétrica, inclusive já autorizada pelo Tribunal, mediante o item 9.4 do Acórdão 3.493/2014-TCU-Plenário, e programada para realização ainda no segundo semestre do ano corrente. 140. A Eletronorte previa o prazo de 8 meses, a contar da assinatura do contrato de construção da obra (27/2/2014), para obtenção de todo licenciamento e 16 meses para a execução 91 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

da obra em si, totalizando 24 meses para concluir todas instalações da LT Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul. 141. No entanto, até o momento, a estatal somente conseguiu o licenciamento completo de parte do empreendimento (seguimento da LT Rio Branco – Feijó, subestações de Feijó e Cruzeiro do Sul e ampliação da SE Rio Branco I) com atraso de mais de 10 meses em relação ao previsto. Para o segundo trecho da linha de transmissão, LT Feijó – Cruzeiro do Sul, até hoje, passados 22 meses da data prevista, não há sequer o licenciamento prévio. 142. Todo malfadado processo de licenciamento ambiental do empreendimento em exame, que será detalhadamente abordado nos tópicos seguintes, trouxe repercussões econômico- financeiras danosas à Eletronorte, dada a frustração da expectativa de geração de parte da receita futura, a ampliação dos investimentos previstos e a exposição da estatal a penalidades aplicáveis pela Aneel pelo atraso na entrada em operação comercial. 143. As causas aparentes do problema, decorrentes da situação fática levantada, apontam para uma imbricada concorrência de condutas omissivas e intempestivas dos agentes envolvidos no processo de licenciamento, fomentada notadamente pela dificuldade de coordenação destes. Como já dito, tal problema tem caráter sistêmico, de forma que poderá ser melhor enfrentado por este Tribunal no bojo da auditoria operacional já autorizada, sem prejuízo das considerações ora apresentadas serem levadas a conhecimento dos agentes envolvidos e das instâncias responsáveis pela fiscalização e implementação das políticas públicas relacionadas ao setor elétrico. IV.1.1 Informações preliminares 144. A partir da celebração do contrato 4400000372 (celebrado pela Eletronorte com o Consórcio Mavi/Engeglobal), ocorrida em 27/2/2014, previa-se, de acordo com o cronograma físico-financeiro apresentado pelo próprio Consórcio (Evidência 17) e aprovado pela Eletronorte, que a Licença Prévia (LP) para todo o empreendimento (duas linhas e as três subestações) seria obtida até 5/8/2014 (159 dias), enquanto a Licença de Instalação (LI) e a Autorização de Supressão de Vegetação (ASV) seriam obtidas até 17/10/2014 (mais 73 dias), totalizando aproximadamente 8 meses no total. 145. O Consórcio Mavi/Engeglobal foi contratado para fornecer os projetos executivos, materiais, equipamentos e construção integral da obra, além de ser também o responsável pela obtenção de todas licenças ambientais e respectivos estudos necessários. 146. No caso das licenças ambientais, o Consórcio subcontratou a empresa Novo Norte Energia e Consultoria Ltda (CNPJ 09.613.277/0001-64), doravante referenciada pelo seu nome de fantasia Novo Norte Ambiental (NNA), como responsável técnica pelos estudos ambientais para a implantação do empreendimento. Também foi subcontratada pelo Consórcio a empresa Archaeo Pesquisas Arqueológicas Ltda (CNPJ 07.376.564/0001-72), doravante referenciada como Archaeo, para execução dos serviços de arqueologia afetos ao empreendimento. 147. A fim de perquirir-se as razões, circunstâncias e responsáveis que teriam dado causa ao atraso no processo de licenciamento ambiental do empreendimento, foram emitidos os Ofícios de Requisição 1-210/2016 à Eletronorte e 5-210-2016 ao Consórcio Mavi/Engeglobal, bem como foram realizadas reuniões com representantes do Imac, Sema/AC e Funai. Apenas a título de esclarecimento, trata-se o Imac de autarquia estadual, vinculada à Sema/AC, que tem como princípio básico ser o executor da política ambiental do Estado. 148. Também, foram obtidas cópias integrais dos processos de licenciamento ambiental no âmbito do Imac (processos administrativos LP-60/2014, LP-73/2014, LP-88/2014 e LI- 131/2014), cujas principais peças encontra-se compiladas nos autos (Evidências 18, 19 e 20); cópia integral do processo 08620.000804/2014-27 da Funai (Evidência 21); cópia de diversas ofícios encaminhados e recebidos pela Eletronorte sobre o assunto (Evidência 9); e, por fim, cópia da documentação correlata apresentada pelo Consórcio Mavi/Engeglobal, distribuída em anexos (Evidências 22, 23 e 24), com planilha descritiva de todos os anexos inaugurando o arquivo presente na Evidência 22. 92 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

149. Nos próximos dois tópicos será descrito todo o processo de licenciamento ambiental do empreendimento, que resta atrasado por vários motivos. IV.1.2 Início do processo de licenciamento ambiental no Imac (processos administrativos LP-60/2014 e LAU-84/2014) 150. A fase inicial do processo de licenciamento ambiental do empreendimento foi marcada pela indefinição quanto ao órgão ambiental que seria o responsável pela condução do processo de licenciamento. Originalmente, o licenciamento ambiental competiria ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão federal, tendo em vista que aproximadamente 15 km da LT Feijó-Cruzeiro do Sul (300 km) atravessaria a Terra Indígena Campinas/Katukina, de acordo com o previsto no art. 4º, inciso I, da Resolução-Conama 237/1997, c/c o art. 7º, inciso XIX, alínea ‘d’, da lei Complementar Federal 140/2011. 151. No entanto, segundo consta no e-mail encaminhado pelo Gestor do Contrato 4400000372 ao Superintendente de Expansão da Transmissão da Eletronorte, em 16/4/2014 (Evidência 22, p. 105-106), o presidente do Imac à época encaminhou consulta ao Ibama averiguando a possibilidade de delegação de competência àquele órgão estadual a fim de conduzir o processo de licenciamento ambiental do empreendimento. 152. A mencionada iniciativa do Imac, segundo informações obtidas durante entrevista com o Secretário de Meio Ambiente do Acre, decorreu tanto do interesse do Estado ante os benefícios sociais e econômicos advindos da implantação do empreendimento quanto da experiência pregressa daquele órgão ambiental decorrente da implantação da própria BR 364, ao longo da qual margeia o traçado definido para a LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul. 153. Em consequência, o Ibama encaminhou à Funai o Ofício 02001.002645/2014- 14/DILIC/IBAMA, de 23/3/2014 (Evidência 9, p. 1), consultando se haveria algum óbice à delegação por parte daquele órgão. 154. Em resposta, foi encaminhado o Ofício 332/2014/DPDS/FUNAI-MJ, de 24/4/2014 (Evidência 9, p. 2-3), esclarecendo que não haveria óbices à delegação, desde que fosse assegurado o cumprimento dos ritos dispostos na legislação vigente, inclusive no que se refere aos procedimentos abarcados nas Instruções Normativas nº 01 e 04/2012. 155. No entanto, aquele órgão indigenista pontuou que a condução dos processos que possuem componente indígena pelos órgãos estaduais de meio ambiente apresenta, em geral, diversas inconsistências e lacunas. Além disso, acrescentaram que as terras indígenas são bens da União e que sua proteção é tratada em nível federal, de modo que os procedimentos são facilitados quando conduzidos por órgãos da mesma esfera, ainda porque esses órgãos possuem dispositivos orientadores comuns, como a então vigente Portaria Interministerial 419/2011. 156. Por fim, a Funai esclareceu desde logo que a área mais afeta ao licenciamento ambiental no âmbito daquele órgão seria a Coordenação Geral de Licenciamento Ambiental (CGLIC), informando inclusive o telefone de contato, e ainda alertou desde logo quanto à necessidade de apresentação das alternativas locacionais que não interceptassem terras indígenas, tendo em vista as restrições legais que fazem referência a essas áreas especialmente protegidas, apontando, como ausentes, as coordenadas geográficas dos vértices do empreendimento e o arquivo digital em formato shapefile dos três traçados. 157. Neste ponto, importa fazer um primeiro parêntesis para esclarecer que o Consórcio Mavi/Engeglobal tomou conhecimento do teor do Ofício 332/2014/DPDS/FUNAI-MJ, como resta claro a partir do e-mail encaminhado pelo representante do Consórcio à Eletronorte, em 4/5/2014 (Evidência 22, p. 114-115). 158. Ademais, um segundo parêntesis se faz necessário a fim de esclarecer a mencionada ‘necessidade de apresentação das alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas’, uma vez ter sido constatado que tal questão gerou um imbróglio que se estende até a data presente. 159. A Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, de 26/10/2011 – vigente desde sua publicação até sua revogação, em mar/2015, mediante a edição da Portaria 93 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 60/2015, de 24/3/2015 – regulamenta a atuação da Funai, da Fundação Cultural Palmares (FCP), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Ministério da Saúde, incumbidos da elaboração de parecer em processo de licenciamento ambiental de competência federal, a cargo do Ibama (Evidência 25) 160. Segundo o art. 3º daquela Portaria, o início do procedimento de licenciamento ambiental junto ao Ibama é marcado pelo preenchimento da Ficha de Caracterização da Atividade (FCA) pelo empreendedor, mediante a qual deverá informar sobre possíveis interferências em terra indígena, em terra quilombola, em bens culturais acautelados e em áreas ou regiões de risco ou endêmicas para malária. 161. Em consulta ao site do Ibama, foi constatado que se trata a FCA de um formulário eletrônico padrão mediante o qual são informadas diversas características a fim de individualizar determinado empreendimento (setor a qual pertence e tipologia, responsáveis técnicos, características especificas, localização, entre outros). 162. Havendo interferência em terras indígenas, o Ibama disponibilizará a FCA em seu site e solicitará à Funai, nos termos do art. 5º, inciso I, a emissão de um Termo de Referência(TR) Específico, que constituir-se-á o instrumento que subsidiará a elaboração, pelo empreendedor, do componente indígena ínsito ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) ou Relatório Ambiental Simplificado (RAS), conforme o caso, definindo, para tanto, os itens que deverão nortear os estudos necessários à avaliação dos impactos sobre as terras e culturas indígenas, decorrentes da interferência do empreendimento. 163. Em outras palavras, o TR elaborado pela Funai será agregado ao TR elaborado pelo Ibama, a fim de estabelecer todo o conteúdo necessário dos estudos a serem apresentados pelo empreendedor no processo de licenciamento ambiental (EIA ou RAS). 164. Para tanto, nos termos daquela Portaria, é concedido à Funai o prazo de quinze dias consecutivos para envio do TR ao Ibama, contados do recebimento da solicitação de manifestação, podendo ser prorrogado excepcionalmente por dez dias, nos termos do art. 5º, inciso II e §1º daquela Portaria. 165. Importa salientar que, expirado o mencionado prazo, o TR do Ibama será considerado consolidado, dando-se prosseguimento ao procedimento de licenciamento ambiental, nos termos do art. 5º, §2º, daquela Portaria. 166. Neste caso, constatou-se, mediante entrevista com representantes da CGLIC/Funai, que o acesso às Terras Indígenas, para a confecção dos estudos afetos àquele componente, dependeria da anuência da Funai, representante legal daquelas comunidades, que avaliaria o programa de trabalho e respectivo cronograma para a confecção dos estudos. Por sua vez, ante a ausência de emissão pela Funai do TR específico para aquele empreendimento, os estudos do componente indígena ínsito ao EIA ou RAS do empreendimento poderiam partir do Termo de Referência padrão, presente no Anexo III-B daquela Portaria. 167. Por fim, aspecto importante presente tanto no parágrafo único do art. 4º quanto no tópico IX (Alternativas Locacionais) da seção 3 (Roteiro Tópico-Metodológico) diz respeito a necessidade do EIA ou RAS contemplar alternativas técnicas e locacionais sob a ótica do componente indígena, analisando qual traçado seria mais adequado à integridade das terras e culturas indígenas afetadas, avaliando-se inclusive a possibilidade de desvio do empreendimento das Terras Indígenas (Evidência 25, p. 17). 168. Dando continuidade à descrição dos fatos, apenas em 11/7/2014 foi celebrado o Acordo de Cooperação Técnica 11/2014 entre o Ibama, o Imac e a Sema/AC para delegação da atribuição de licenciamento ambiental do empreendimento (LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul e subestações associadas) do órgão ambiental federal ao estadual (Evidência 18, p. 27-30). Ou seja, a definição do órgão licenciador foi arrematada quando já se passara aproximadamente 4,5 meses da data de início do contrato, restando tão somente mais 3,5 meses para a obtenção de todo licenciamento, conforme inicialmente previsto. 94 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

169. Em seguida, mediante o Ofício NNA/066/2014, de 18/7/2014, a Novo Norte Ambiental (NNA) encaminhou tempestivamente ao Imac a solicitação de emissão de Licença Prévia para todo o empreendimento (LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, juntamente com as subestações associadas), inaugurando naquele órgão ambiental o processo administrativo LP- 60/2014, acompanhada dos estudos e documentos que embasam a solicitação (Evidência 22, p. 231-232). 170. Naquela mesma data, a NNA encaminhou ao Imac o Ofício NNA/067/2014, com diversos anexos, solicitando a autorização para supressão da vegetação para a LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul (Evidência 22, p. 233-234), dando origem naquele órgão ambiental ao processo administrativo LAU-84/2014. 171. Mediante a análise da documentação encaminhada no âmbito do processo administrativo LP-60/2014, aquele órgão ambiental constatou que o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) não encontrava-se concluso quanto ao estudo do componente indígena. Em decorrência, a NNA encaminhou ao Imac o Ofício 070/2014, de 20/8/2014, solicitando que nas licenças ambientais a serem emitidas por aquele órgão não fossem contempladas as liberações das Terras Indígenas atingidas, que ficariam condicionadas ao avanço da análise dos estudos do componente indígena pela própria Funai (Evidência 22, p. 284-285). 172. Em resposta, o Imac informou à NNA, mediante o Ofício 779/PRESI, de 26/8/2014, que não haveria a possibilidade de emissão de licença prévia (processo LP-60/2014) sem a devida conclusão dos estudos ambientais referentes às terras indígenas cortadas pelo empreendimento (Evidência 22, p. 295). 173. Em consequência, considerando que a necessidade de manifestação da Funai decorria da travessia da Terra Indígena Campinas/Katukina pela LT Feijó-Cruzeiro do Sul (300 km), numa extensão de aproximadamente 17km, a NNA, mediante o Ofício 75/2014, de 4/9/2014, solicitou ao Imac o cancelamento do processo administrativo LP-60/2014 e conseguinte abertura de novo processo, de licenciamento apenas da LT Rio Branco I – Feijó e respectivas subestações (inclusive a de Cruzeiro do Sul), estas fora de área indígena, solicitando ainda o aproveitamento dos estudos outrora protocolados naquele Instituto (Evidência 22, p. 298-299). Destarte, foi instaurado naquele órgão ambiental o processo administrativo LP-73/2014. 174. Naquela mesma data, mediante o Ofício NNA 76/2014, solicitou-se ao Imac o cancelamento do processo administrativo LAU-84/2014 (supressão vegetal), a fim de ser aberto novo processo contemplando apenas a supressão vegetal na faixa de servidão da LT Rio Branco I – Feijó e respectivas subestações (inclusive a de Cruzeiro do Sul), solicitando ainda o aproveitamento dos estudos outrora protocolados naquele Instituto. Deste modo, foi instaurado o processo administrativo LAU-114/2014 (Evidência 22, p. 300-301). 175. No entanto, a partir das informações presentes no Ofício NNA 73/2014, de 1º/9/2014, abstrai-se a ideia de que aguardar-se-ia a emissão do Termo de Referência pela Funai, a fim de concluir-se os estudos de componente indígena do RAS para somente então solicitar-se a LP para a LT Feijó – Cruzeiro do Sul (Evidência 22, p. 297/302). Em outras palavras, não houve, naquela oportunidade (4/9/2014), solicitação de abertura de novo processo de licenciamento para a LT Feijó – Cruzeiro do Sul, tendo sido providenciada pela NNA apenas em 17/12/2014, como será visto mais adiante. 176. Por fim, o teor do Ofício NNA 77/2014, de 4/9/2014, confirma o entendimento alcançado acima, uma vez ter sido solicitado ao Imac providências junto a Funai a fim de ser obtido o Termo de Referência afeto ao trecho da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, de forma a subsidiar a elaboração dos estudos de componentes indígenas (Evidência 22, p. 305). 177. Até a data acima, já havia se passado aproximadamente 6,5 meses da previsão total de 8 meses para obtenção de todo o licenciamento, sendo que 4,5 meses foram gastos apenas na definição do órgão licenciador. IV.1.3 Prosseguimento do licenciamento ambiental afeto à LT Rio Branco I – Feijó e subestações (processos administrativos LP-73/2014 e LAU-114/2014) 95 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

178. Em 4/9/2014 foi proferido o Parecer Técnico-Imac 25/2014, que registrou uma série de deficiências e indefinições nos estudos apresentados pela NNA, associadas ao canteiro de obras; gestão de resíduos sólidos; desenvolvimento dos trabalhos afetos à preparação da faixa de servidão no qual haverá supressão vegetal e serviços de movimentação de terra; segurança no trabalho; não atendimento, em meio à análise do Diagnóstico Ambiental, das especificações do Termo de Referência emitido para a elaboração do RAS; e ainda plágio, uma vez terem sido identificadas em várias citações ao longo dos estudos compilações de informações de autoria de outros autores, restando ausente a citação da fonte (Evidência 18, p. 31-56). 179. Em consequência, foi emitido pelo Imac à NNA o Ofício 693/2014/DLIS/DINFRA/DGT/IMAC, de 15/9/2014 (Evidência 18, p. 62), informando que o prosseguimento do licenciamento ambiental do empreendimento dependeria das informações complementares ao RAS, nos termos do Parecer Técnico-Imac 25/2014, bem como da apresentação das Certidões de Uso e Ocupação do Solo, uma vez que as certidões apensadas ao processo pela NNA referem-se ao Lote H do Leilão-Aneel 7/2012, que não condizia com o empreendimento (Lote N do Leilão-Aneel 7/2013), o que mais à frente verificou-se tratar de um erro material por parte da NNA. 180. Neste ponto, importa fazer um parêntesis a fim de esclarecer que o mesmo empreendimento já foi objeto de outros dois Leilões da Aneel, entre eles o Leilão 7/2012, Lote H, como já exposto no §16 deste relatório, de forma que as Certidões de Uso e Ocupação do Solo apresentadas pela NNA, todas emitidas pelas respectivas prefeituras entre fev/2014 e abr/2014, de fato não se coadunavam com o empreendimento (Evidência 22, p. 50/51/61/89/90/93/94/98). 181. Ato contínuo, o Imac emitiu o Relatório de Visita Técnica-Imac 451/2014, de 16/9/2014, apontando uma série de recomendações técnicas, complementares ao Parecer Técnico- Imac 25/2014, com a finalidade de minimizar os impactos ambientais decorrentes da constatação de que haveria supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente (APP) ao longo do traçado da LT Rio Branco I - Feijó, com interceptação de vários cursos d’água e afugentamento da fauna (Evidência 18, p. 63-89). 182. A NNA, mediante o Ofício 78/2014, de 30/9/2014, encaminhou ao Imac a primeira complementação solicitada pelo órgão ambiental, em atendimento ao Parecer Técnico 25/2014, gerando nova análise por parte daquele órgão ambiental, mediante o Parecer Técnico 29/2014, de 20/10/2014 (Evidência 18, p. 97-126), tendo, por sua vez, consignado que diversas daquelas deficiências e lacunas de informações anteriormente apontadas foram saneadas, mas que permaneciam outras, entre as quais destacavam-se imprecisões e incertezas afetas ao Estudo de Alternativas Locacionais do Traçado. Tal análise do Imac foi encaminhada à NNA por meio do Ofício 912/PRESI, 20/10/2014 (Evidência 18, p. 97-126). 183. A NNA, mediante o Ofício 85/2014, de 10/11/2014, encaminhou ao Imac a segunda complementação solicitada pelo órgão ambiental, em atendimento ao Parecer Técnico 29/2014 (Evidência 22, p. 358). 184. Nova análise foi procedida, mediante o Parecer Técnico-Imac 31/2014, de 20/11/2014, tendo registrado que subsistiam itens não contemplados ou parcialmente contemplados (Evidência 18, p. 140-150). 185. No entanto, a fim de dar prosseguimento ao processo, e considerando que já não havia mais óbice do Iphan à emissão da LP, uma vez ter sido aprovado o Relatório Final do ‘Diagnóstico Arqueológico’, conforme informado ao Imac por meio do Ofício 188/2014/IPHAN/AC, de 12/11/2014 (Evidência 18, p. 137-139), aquele órgão ambiental propôs que o cumprimento tanto daqueles itens quanto das condições de execução da compensação ambiental fosse condicionado a termo de compromisso a ser firmado com o empreendedor (Evidência 18, p. 151-159). 186. Em consequência, em 9/12/2014, foi emitida a LP-406/2014, autorizando o empreendedor a proceder ao planejamento das obras e elaboração dos projetos afeto à LT Rio Branco I – Feijó e subestações (Evidência 18, p. 170-174). 96 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

187. Quanto ao processo LAU-114/2014, consta apenas o encaminhamento ao Imac, pela NNA, do Ofício 86/2014, de 10/11/2014 (Evidência 22, p. 360-361), complementando as informações outrora encaminhadas, em resposta ao Ofício 901/2014/PRESI/IMAC. 188. Assim, a licença prévia em comento, emitida em 9/12/2014, atrasou em relação à data prevista (5/8/2014) por conta da indefinição do órgão ambiental licenciador, que perdurou por 4,5 meses. Após tal definição, todo processo que culminou no LP levou aproximadamente 5 meses, prazo esse compatível com o cronograma inicial caso não houvesse o atraso para definição do órgão licenciador. 189. Pondera-se que tal licença abrange somente parte do empreendimento (linha de transmissão de Rio Branco a Feijó e as 3 subestações). O trecho da linha que liga Feijó a Cruzeiro do Sul, que passa por 17km de área indígena, não foi comtemplado por essa licença. Mais à frente, serão apresentadas as razões e circunstâncias que ensejaram a ausência de emissão, até a fase de execução da presente auditoria, da LP para o trecho LT Feijó – Cruzeiro do Sul. 190. No tópico seguinte, serão apresentados os fatos relacionados ao licenciamento complementar (licença de instalação e autorização de supressão vegetal) do trecho Rio Branco – Feijó e subestações, obtidos 259 dias depois da emissão da LP-406/2014, prazo este muito superior aos 73 dias previstos. IV.1.4 Prosseguimento do licenciamento ambiental afeto à LT Rio Branco I – Feijó e subestações (processos administrativos LI-131/2014 e LAU-114/2014) 191. Preliminarmente, importa esclarecer que as informações que se seguem referem-se majoritariamente ao processo administrativo LI-131/2014 (licença de instalação) e, por isso, quando se referirem à LAU-114/2014 (autorização de supressão vegetal), será explicitado. 192. A NNA, mediante o Ofício 87/2014, de 16/12/2014, requereu tempestivamente ao Imac a emissão da Licença de Instalação para as mesmas atividades aprovadas pela LP-406/2014, encaminhando, em anexo, diversos documentos (Evidência 20, p. 22-23). 193. Mediante a Análise Técnica providenciada no dia 30/1/2015 (Evidência 20, p. 29-30), foram apontadas uma série de pendências técnicas e documentais que impediam a emissão da pleiteada licença, informadas ao Consórcio mediante o Ofício 78/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC, de 2/2/2015 (Evidência 20, p. 31-32). Em termos de pendências documentais, foi registrada ainda a ausência da ASV, apontada como necessária à emissão da LI. Permaneceu o processo, desde então, parado no Imac aguardando a adoção de providências pelo Consórcio. 194. Mais especificamente, importa esclarecer que todas as pendências técnicas detectadas no RAS, mediante a Análise Técnica do dia 30/1/2015, especialmente afetas ao canteiro de obras, vias de acesso e jazidas de material laterítico ou areia ao longo do empreendimento, já haviam sido apontadas pelo órgão ambiental desde o Parecer Técnico-Imac 25/2014, em 4/9/2014, e constam replicadas nos demais Pareceres 29/2014, de 20/10/2014, e 31/2014, de 20/11/2014. 195. Paralelamente, mediante o Ofício 015/2015/IPHAN/AC, de 12/2/2015, o Iphan/AC informou ao Imac que o Consórcio havia apresentado àquele instituto, até aquele momento, tão somente o ‘Diagnóstico Arqueológico’, suficiente, naquele órgão, à emissão da LP, restando ainda ausente o ‘Programa de Prospecção Arqueológica’, necessário à emissão da LI (Evidência 20, p. 34). 196. Somente em 23/3/2015, ou seja, 47 dias após o recebimento do Ofício 78/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC (4/2/2015), a NNA, mediante o Ofício 07/2015/NNA/AC, enviou as informações complementares, visando dar continuidade ao processo ambiental, informando ainda que a ASV estava sendo providenciada junto ao DAUS (outra diretoria do Imac) e que, após sua emissão, encaminharia à DINFRA em complemento ao ofício em tela (Evidência 20, p. 35-48). 197. Posteriormente, a NNA informou ao Imac, mediante o Ofício 09/2015/NNA/AC, de 10/04/2015, que foi emitida pelo Centro Nacional de Arqueologia portaria, em 7/4/2015, 97 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

autorizando o início das atividades de prospecção arqueológica para a implantação do empreendimento, cujo produto final, como já exposto, é um dos insumos necessários à emissão da LI (Evidência 20, p. 50-51). 198. A partir da análise da nova documentação acostada aos autos do processo administrativo LI-131/2014, aquele Instituto concluiu, mediante Despacho de 13/4/2015 (Evidência 20, p. 54), que ainda permaneciam algumas daquelas deficiências apontadas em 30/1/2015, informada à NNA mediante o Ofício 233/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC, de 14/4/2015 (Evidência 20, p. 56-57). Permaneceu o processo, desde então, parado no Imac aguardando a adoção de providências pelo Consórcio. 199. Paralelamente, mediante o Ofício 48/2015/IPHAN/AC, de 11/5/2015 (Evidência 20, p. 59-60), o Iphan/AC informou ao Imac que o ‘Programa de Prospecção Arqueológica’, necessário a emissão da LI, ainda não havia sido executado pelo empreendedor. Neste ponto, importa frisar que já havia se passado 88 dias desde o recebimento da mesma informação no Imac, em 12/2/2015, e 180 dias desde a aprovação do ‘Diagnóstico Arqueológico’, conforme informa o Ofício 188/2014/IPHAN/AC, de 12/11/2014 (Evidência 18, p. 137-139). 200. Tamanha demora no trâmite do processo no âmbito do Iphan/AC encontra resposta nas atas das reuniões realizadas entre representantes da Eletronorte e o Consórcio Mavi/Engeglobal, nos dias 14 e 15/4/2015 (Evidência 23, p. 10-11), e posteriormente em 6/5/2015 (Evidência 23, p. 21-22). 201. Nestas atas, consta que o Consórcio encontrava-se em débito com a subcontratada Archaeo, sendo relatado no primeiro momento que os serviços de prospecção deveriam iniciar em 4/5/2015, e no segundo que não haveria previsão de início das atividades devidos aos problemas financeiros. Como já exposto, essa indefinição impactava diretamente a emissão da LI, uma vez que a anuência do Iphan/AC ao Imac para aquela emissão dependia do recebimento dos relatórios referentes aos serviços de prospecção arqueológicos ainda a serem realizados. 202. Somente em 19/5/2015, ou seja, 30 dias após o recebimento do Ofício 233/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC (19/4/2015), a NNA, por meio do Ofício 14/2015/NNA/AC (Evidência 20, p. 61-76), encaminhou ao Imac as necessárias complementações apontadas no Ofício 233/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC. 203. Mediante o mesmo expediente, também foi informado ao Imac que o processo de emissão da ASV – processo administrativo LAU-114/2014 – já se encontrava em fase final de análise, após as complementações realizadas naquele processo, mediante o Ofício 10/2015/NNA/AC, de 16/4/2015 (Evidência 23, p. 16-17). 204. Neste ponto, quanto ao processo LAU-114/2014, importa esclarecer que o Imac, mediante o Ofício 84/2015/DGT/DAUS/IMAC, de 3/2/2015, solicitou à NNA o envio de documentação pendente, para a continuidade do processo de licenciamento. Em resposta, o Oficio 08/2015/NNA/AC, de 26/3/2015 (ou seja, 51 dias após), informa a realização de novo inventário florestal, e posteriormente, mediante o Ofício 10/2015/NNA/AC, apresenta o novo inventário florestal do traçado ajustado. 205. Retornando ao processo LI-131/2014, mediante a Análise Técnica realizada em 8/6/2015, aquele Instituto concluiu que a única pendência documental a partir daquele momento seria a autorização para supressão vegetal na faixa de servidão, cuja emissão, como já exposto, estava sendo tratada em outro processo em curso também naquele Instituto (Evidência 20, p. 105), situação esta informada à NNA mediante o Ofício 356/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC (Evidência 20, p. 107). 206. Somente em 26/6/2015 e 25/8/2015, como já exposto, foram emitidas respectivamente a LI-229/2015, autorizando o empreendedor a proceder ao planejamento das obras e elaboração dos projetos afeto à LT Rio Branco I – Feijó e subestações – com a ressalva de não autorizar a realização de supressão vegetal (condicionante 3.2) – e a LAU-21/2015 para supressão de vegetação na faixa de servidão do trecho da LT Rio Branco I – Feijó. 98 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

207. Em consequência, considerando o prazo de 259 dias compreendido entre as emissões da LAU-21/2015 e da LP-406/2014, prazo este muito superior aos 73 dias previstos no cronograma físico-financeiro elaborado pelo próprio Consórcio; considerando que as deficiências apontadas pelo Imac no RAS, ao longo do trâmite do processo administrativo LI-131/2014, já haviam sido apontadas pelos Pareceres Técnicos 25/2014, 29/2014 e 31/2014, emitidos ao longo do trâmite do processo administrativo LP-73/2104; considerando os extensos lapsos temporais decorridos entre o recebimento das críticas do Imac e a apresentação das informações complementares pela NNA; considerando as paralisações dos serviços prestados pela subcontratada Archaeo e consequente retardo no processo do licenciamento junto ao Iphan/AC; considerando o extenso lapso temporal de 355 dias decorridos entre a instauração do processo administrativo LAU-114/2014, em 4/9/2014,e a emissão da LAU-21/2015, em 25/8/2015; e considerando, por fim, as inúmeras correspondências, e-mails e atas de reunião entre as partes em que a Eletronorte reiteradamente adverte o Consórcio Mavi/Engeglobal ante o atraso no cumprimento das medidas saneadoras necessárias ao deslinde do licenciamento ambiental e emissão da LI e ASV (Anexo 8, p. 23, 37-38, 49-51; Anexo 9, p. 21/24), verifica-se que o Consórcio Mavi/Engeglobal, contratado da Eletronorte como responsável pela obtenção das licenças ambientais, teve responsabilidade única e exclusiva pelo atraso na emissão da LI e ASV para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, a contar de 20/2/2015 (73 dias corridos desde 9/12/2014) até 25/8/2015, no total de 186 dias. 208. Embora quem tenha dado causa ao atraso seja o Consócio contratado, quem responde diretamente pelos prejuízos decorrentes, perante a Aneel, é a Eletronorte, empresa que tem a gestão do empreendimento em face da concessão a ela outorgada. 209. No que tangencia a responsabilidade da empresa estatal, verifica-se que uma dessas causas pode ter origem na transferência integral, pela Eletronorte, da gestão de um risco sensível, complexo e que se constitui caminho crítico de todo empreendimento (obtenção do licenciamento) a uma empresa contratada. IV.1.5 Licenciamento ambiental afeto à LT Feijó – Cruzeiro do Sul – área indígena (processo administrativo LP-88/2014) 210. Preliminarmente, impende relembrar que, quando da solicitação de LP pela NNA para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, em 4/9/2014, paralelamente foi requerido por aquela empresa também ao Imac, como já exposto, providências junto a Funai para a obtenção do Termo de Referência (TR) específico afeto ao trecho da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, a fim de subsidiar a elaboração do componente indígena do RAS. Neste sentido, constam nos autos diversas iniciativas por parte tanto da NNA quanto do Imac e da própria Eletronorte a fim de obtê-lo. 211. Mais especificamente, em referência ao Ofício 332/2014/DPDS/FUNAI-MJ, a Eletronorte encaminhou à Funai, mediante a Carta EEM 429/2014, de 15/7/2014, diversos documentos a fim de atender a demanda daquele órgão indigenista, solicitando, a partir disso, a emissão daquele TR (Evidência 21, p. 18-50). Entre aqueles documentos, destacam-se: a) Tabela de vértices para o trecho entre as Subestações Rio Branco – Tarauacá e trecho entre as Subestações Feijó – Cruzeiro do Sul; b) Relatório do traçado para viabilização do empreendimento, descrevendo a passagem da LT pela TI Campinas Katukina, consubstanciado na Nota Técnica EEMT – 002/2014 (Traçado para Viabilização do Empreendimento); e c) Traçado preliminar da LT e posicionamento das Subestações. 212. Neste ponto, impende fazer um parêntesis e tecer algumas considerações acerca do Relatório R3 disponibilizado pela Aneel, quando da realização do Leilão 7/2013. O mencionado Relatório, intitulado Caracterização e Análise Socioambiental do empreendimento Linha de Transmissão 230 kV Rio Branco / Feijó / Cruzeiro do Sul e Subestações Associadas, teve por finalidade apresentar as características socioambientais do corredor de estudo selecionado, bem como os aspectos relevantes da diretriz básica da Linha de Transmissão (Evidência 19, p. 130). 99 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

213. Consta do R3 que a diretriz preferencial apresentada no Relatório é uma sugestão preliminar, sendo de responsabilidade do empreendedor a escolha definitiva do traçado para implantação do empreendimento. A diretriz preliminar de traçado foi aquela em que as recomendações de boa prática para escolha de traçados de LTs são usualmente aplicadas. 214. Em decorrência, a principal condicionante daquele traçado foi a existência da rodovia BR 364 asfaltada, buscando-se aproximar o seu traçado das margens daquela rodovia, mitigando assim os impactos ambientais e, ao mesmo tempo, respeitar os limites das Terras Indígenas existentes e áreas protegidas legalmente, inclusive com suas áreas de amortecimento, contornando-as (Evidência 19, p. 142 – traçado preto). 215. Mais especificamente, a existência de Terras Indígenas ao longo e nas proximidades da BR-364 condicionou duas grandes derivações e consequentes distanciamentos da diretriz do traçado com a BR-364, uma delas representada pelo desvio da Terra Indígena Campinas Katukina, numa extensão de aproximadamente 82 km (traçado preto), ao longo do trecho compreendido entre Feijó e Cruzeiro do Sul, com consequente aumento na extensão total da LT. 216. Em consequência, para a construção dessas derivações da diretriz do traçado, aquele Relatório considerou que seriam necessários novos acessos e desmatamentos em áreas de matas nativas e inexploradas (preservadas), provocando impactos sobre os meios físico e biótico nessas regiões. 217. Quando da análise do negócio pela Eletronorte, antes mesmo da realização do Leilão- Aneel 7/2013, em jul/2013, a Eletronorte teria verificado, mediante reunião com o Secretário do Sema/AC, lideranças indígenas das Terras Indígenas Campinas/Katukina, representantes da Funai e do Governo do Acre, que a diretriz preferencial do traçado previsto no Relatório R3, ao contornar àquelas terras, além de desbravar mata nativa, se insere em área de perambulação empregada na caça, pesca e extrativismo pelos índios. Sendo assim, manifestaram não apenas o interesse de que aquele traçado saísse daquela área, como também que se estendesse ao longo da rodovia BR 364 (Evidência 19, p. 136). 218. Em decorrência, e considerando ainda a significativa redução de custos e impactos ambientais, a solução de traçado adotada pela Eletronorte atravessa a Terra Indígena Campinas/Katukina margeando a rodovia BR 364, em uma extensão aproximada de 17 km, sendo nesse sentido celebrado tanto o pré-contrato quanto o contrato 4400000372 com o Consórcio Mavi/Engeglobal, no valor de R$ 355 milhões. 219. Por todo o exposto até o momento, conjugando-se o disposto no parágrafo único do art. 4º e no tópico IX (Alternativas Locacionais) da seção 3 (Roteiro Tópico-Metodológico) do Anexo III-B, todos da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, com o teor da manifestação da Funai, mediante o Ofício 332/2014/DPDS/FUNAI-MJ, de 24/4/2014, conclui-se que aquele órgão indigenista encontrava-se perquirindo junto ao empreendedor se fora por este analisado o custo-benefício das alternativas de traçado que desviassem das Terras Indígenas e o comparasse com a alternativa que a atravessa, a fim de se preservar a integridade das terras e culturas indígenas afetadas, ou, em poucas palavras, que justificasse a necessidade de travessia daquelas Terras Indígenas, em termos de custos econômicos, financeiros e/ou ambientais, quando comparados ao traçado que a contorna. 220. Destarte, considerando que o orçamento do Consórcio Mavi/Engeglobal baseou-se na travessia daquelas Terras Indígenas, seguindo orientação da própria Eletronorte, e considerando ainda que integrava o objeto do contrato firmado com o Consórcio o licenciamento ambiental do empreendimento, caberia ao Consórcio Mavi/Engeglobal justificar a escolha do traçado perante o Imac para que então este, seguindo o rito previsto na Portaria Interministerial- MMA/MJ/MINC/MS 419/2011 e já exposto no tópico V.2.2 deste relatório, enviasse estas e outras informações já em seu poder à Funai, solicitando a emissão do TR específico para a elaboração do componente indígena do EIA/RAS afeto à LT Feijó – Cruzeiro do Sul. 221. Neste sentido, importa desde logo esclarecer que nem o Relatório R3 disponibilizado pela Aneel, mediante o Leilão 7/2013, e nem os documentos encaminhados pela Eletronorte à Funai, mediante a Carta EEM 429/2014, de 15/7/2014, continham tal análise. 100 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

222. Mediante reunião realizada entre representantes da Funai e da Eletronorte, em 19/8/2014, foi esclarecido à Eletronorte, entre outros, que o TR específico deveria ser solicitado pelo órgão ambiental licenciador e não pelo empreendedor, em conformidade com a Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011 (Evidência 21, p. 74-75). 223. A partir daquela mesma reunião, foi encaminhado pela Funai, na mesma data, o Ofício 544/2014/CGLIC/DPDS/FUNAI-MJ ao Coordenador Geral de Geoprocessamento solicitando a elaboração de plotagem e análise técnico cartográfica e posterior encaminhamento à Coordenação Geral de Identificação e Delimitação, para manifestação no que se refere a reivindicações fundiárias ou revisão de limites na área de influência do empreendimento (Evidência 21, p. 78). 224. Mediante nova reunião entre representantes da Funai, do Imac e da Sema/AC, em 22/8/2014, foi reforçado pela Funai o entendimento de que o órgão licenciador deve ser o interlocutor obrigatório com aquele órgão indigenista, e não o empreendedor, e que não haveria qualquer óbice em se manter o RAS pelo empreendedor desde que o componente indígena fosse considerado na íntegra (Evidência 21, p. 86-87). 225. Ademais, aqueles representantes do órgão indigenista acrescentaram ainda que, até aquele momento, o Imac sequer havia comunicado oficialmente à Funai a delegação de competência para o licenciamento, tão pouco a existência do processo de licenciamento. 226. Considerando que, naquele mesmo momento, encontrava-se em curso o processo de licenciamento LP-60/2014 para todo o empreendimento, instaurado em 18/7/2014 e cancelado em 4/9/2014, aquela crítica foi suprida pelo Imac, mediante o Ofício 768/PRESI, com data de 21/8/2014 (Evidência 21, p. 90). 227. No entanto, desde 24/7/2014 encontrava-se em curso na Funai o processo administrativo 08620.000804/2014-27 com o fim de acompanhar o licenciamento da LT 230 kV Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul e subestações associadas (Evidência 21, p. 6). 228. Por fim, nesta mesma reunião foi sugerido ao Imac, ante a inexistência de terras indígenas em distância inferior à 8km da LT Rio Branco I – Feijó e subestações, o desmembramento do processo de licenciamento ambiental, ficando acertado que, após esta análise, o Imac oficializaria à Funai solicitando o TR para a elaboração do componente indígena. 229. Mesmo a partir de todas as críticas realizadas pela Funai à Eletronorte e ao Imac, mediante as citadas reuniões, tanto a Eletronorte reiterou os termos da Carta EEM 429/2014, mediante as Cartas EEM 581/2014, de 18/9/2014, e EEM 637/2014, de 9/10/2014, solicitando àquele órgão indigenista a emissão do TR específico (Evidências 19, p. 52-53; 21, p. 18-19), quanto o Imac, mesmo provocado reiteradamente pela NNA, mediante os Ofícios 77/2014, de 4/9/2014, e 83/2014, de 16/10/2014 (Evidência 22, p. 305/337/338), absteve-se de solicitar à Funai a emissão do TR específico. 230. Mediante o Ofício NNA 88/2014, de 17/12/2014 (Evidência 22, p. 406-407), a NNA requereu junto ao Imac a emissão da LP para a LT Feijó-Cruzeiro do Sul, sendo, em consequência, instaurado o processo administrativo LP-88/2014, encaminhando, para tanto: a) Relatório Ambiental Simplificado (RAS), contendo as Certidões de Uso e Ocupação do Solo; b) Cópia das publicações dos pedidos da LP no Diário Oficial e Jornal de Circulação Diária; c) Volume único contendo as autorizações de passagens assinadas pelos proprietários; e d) CD-R contendo as documentações emitidas. 231. Impende registrar que, a esta altura, as Certidões de Uso e Ocupação do Solo já haviam sido novamente emitidas pelas prefeituras, todas em nov/2014, com a correta remissão ao Lote N do Leilão-Aneel 7/2013. Também importa destacar que aquela documentação encontrava-se desprovida da análise das alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas, nos termos da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011. 101 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

232. Em 6/1/2015, foi emitido o Ofício 01/2015/NNA/AC ao Imac novamente solicitando aquele TR, já no âmbito do processo LP-88/2014 (Evidência 19, p. 63-64). Destarte, restou claro que o RAS apresentado em 17/12/2014 encontrava-se desprovido dos estudos do componente indígena. 233. Neste ponto, importa esclarecer que a ausência da emissão do TR específico pela Funai poderia ter sido contornada, ante a inteligência do que dispõe o art. 5º, §2º, da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, c/c as considerações presentes no §164. 234. Em decorrência, e considerando o extenso lapso temporal decorrido desde a apresentação da primeira versão do RAS para todo o empreendimento, em 18/7/2014, verifica-se que teria sido possível a elaboração do componente indígena do RAS pela NNA, a partir do modelo presente no Anexo III-B daquela Portaria, de forma que sua apresentação completa ao Imac poderia ter ocorrido mesmo antes de 17/12/2014, a fim de dar prosseguimento ao licenciamento ambiental do empreendimento, com posterior apreciação daquele componente pelo órgão indigenista, nos termos do art. 6º da Portaria. 235. No entanto, após compulsar-se toda a documentação listada no §146 deste relatório, constatou-se não ter havido qualquer iniciativa neste sentido tanto por parte do Consórcio Mavi/Engeglobal, responsável pelo deslinde do licenciamento ambiental do empreendimento, por meio de sua subcontratada Novo Norte Ambiental, quanto por parte da própria Eletronorte. 236. Em resposta ao Ofício 01/2015/NNA/AC, o Imac, mediante o Ofício 18/2015/DLIS/DGT/IMAC, de 13/1/2015, informou que o TR deveria ser solicitado pelo próprio requerente do licenciamento ambiental à Funai, esclarecendo ainda que não caberia àquele órgão ambiental tal solicitação, uma vez que a anuência da Funai é documento complementar do checklist da atividade em questão. 237. Neste ponto, restou claro tanto o desconhecimento, por parte daquele órgão ambiental estadual, dos termos da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, mais especificamente do art. 5º, inciso I – que expressamente atribui tal competência ao órgão ambiental – quanto o quão infrutífera foi a reunião realizada em 22/8/2014. 238. Em 21/1/2015, mediante o Oficio 03/2015/NNA/AC (Anexo 8, p. 27-28), reiterou-se solicitação no sentido de que o Imac providenciasse junto à Funai o TR, pontuando que tal iniciativa decorria não apenas de tratativas anteriores entre o Imac e o Consórcio como também do acordado entre a atual presidência daquele instituto e o Consórcio, mediante reunião realizada em 15/1/2015, onde teria ficado acertado que o Imac encaminharia à Funai as documentações necessárias solicitando o pleiteado TR. 239. Apenas em 6/2/2015, ou seja, um mês após o recebimento do Ofício 01/2015/NNA/AC, o Imac, mediante o Ofício 86/2015/PRES/IMAC (Evidência 19, p. 87), encaminhou à Coordenação Geral de Licenciamento Ambiental (GLIC) da Funai, em formato digital, os documentos técnicos e estudo ambiental referente ao processo de licenciamento ambiental, objetivando a elaboração e fornecimento do TR do Componente Indígena a ser fornecido ao requerente do licenciamento (LP-88/2014), reiterando-o por meio do Ofício 170/2015/PRES/IMAC, de 6/4/2015 (Evidência 19, p. 188). Compulsando-se os autos do processo 08620.000804/2014-27, constatou-se que aqueles dois expedientes do Imac permaneceram sem resposta pela Funai. 240. Neste ponto, importa registrar as críticas apresentadas pelos representantes da Funai a esta equipe de auditoria, mediante entrevista, no sentido de não lhes ter sido informado pelo Imac o encerramento do processo administrativo LP-60/2014, que objetivava a LP para todo o empreendimento, e esclarecido, em consequência, que outros dois processos haviam sido instaurados, LP-73/2014 e LP-88/2014, em complemento às informações encaminhadas pelo Ofício 768/PRESI (§214 deste relatório). 241. Paralelamente, o Imac solicitou à NNA, mediante o Ofício 61/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC, de 28/1/2015, que apresentasse as três vias impressas do 102 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

RAS necessárias ao avanço do processo ambiental, uma vez que não teriam sido apensadas ao processo LP-88/2014 no momento do protocolo naquele Instituto (Evidência 19, p. 79). 242. Em resposta, a NNA, mediante o Ofício 5/2015/NNA/AC, de 29/1/2015, informou que teria sido entregue uma via do RAS, bem como outras documentações exigidas no checklist para abertura do processo de licenciamento ambiental, mas se prontificava, a fim de dar continuidade ao processo, encaminhar as três vias como solicitado, divididas, cada qual, em três volumes (Evidência 19, p. 81-82). 243. Em continuidade, o Imac analisou o RAS e demais documentação apresentada pela NNA, no âmbito do processo LP-88/2014, tendo sido emitido o Parecer Técnico 02/2015, de 19/3/2015 (Evidência 19, p. 91-111), que constatou uma série de deficiências e indefinições naqueles estudos, associadas ao estudo das alternativas, caracterização do empreendimento, canteiro de obras, área de influência do empreendimento, saúde trabalhista, impactos ambientais, entre outros, onde destacam-se as seguintes passagens: ‘Considerando que a Terra Indígena Campinas será afetada diretamente, recomendamos apresentar a anuência da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que deverá ser parte integrante do presente licenciamento. (...) As informações referentes as diretrizes e alternativas mencionadas são dados indicativos proposto do Ministério de Minas e Energia (MME) e Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (páginas 4,5,6,8 e 9), mas que seriam necessários dados locacionais. O estudo não apresenta a caracterização das diretrizes selecionadas, informando ao longo da diretriz escolhida, citando: os locais, as condições de acesso e apoio logístico para a construção, operação e manutenção da Linha de Transmissão (LT). O subitem 2.4 páginas 4 e 5, informa que a diretriz preliminar são as recomendações de escolha de traçado usualmente aplicadas em LT, conforme o MME, bem como a alternativa proposta pela ANEEL e Relatório R3.’ 244. Mediante o Ofício 191/2015/DINFRA/DLIS/DGT/IMAC, de 24/3/2015 (Evidência 19, p. 116), o Imac informou a NNA que o prosseguimento do licenciamento ambiental do empreendimento dependia das complementações elencadas no Parecer Técnico-Imac 2/2015. Permaneceu o processo, desde então, parado no Imac aguardando a adoção de providências pelo Consórcio. 245. Posteriormente, a Funai, reportando-se às Cartas da Eletronorte EEM 581/2014 e EEM 637/2014 e fazendo referência ao ‘Licenciamento Ambiental da LT em 230 kV Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul’ (processo Funai 08620.000804/2014-27), informou ao Sema/AC, mediante o Ofício 448/2015/DPDS/FUNAI-MJ, de 20/4/2015 (Evidência 21, p. 208), que a continuidade do processo na Funai dependeria da ‘adoção de alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas’, cuja cópia foi encaminhada ao Consórcio em 21/5/2015, mediante o Ofício 251/2015/PRES/IMAC (Evidência 19, p. 119). 246. Neste sentido, a NNA manifestou-se expressamente, mediante o Ofício 16/2015, de 10/6/2015 (Evidência 23, p. 33-36), reafirmando junto ao Imac, em alusão àquela correspondência da Funai, a possibilidade de licenciamento ambiental do empreendimento mesmo atravessando terras indígenas, nos termos do art. 231, §3º, da CF/1988, c/c o art. 4º, inciso I, da Resolução- Conama 237/1997, e ainda o art. 2º, inciso I, da Instrução Normativa – Funai 4/2012. 247. De fato, à luz do art. 231, §6º, da CF/1988, c/c os demais dispositivos citados, é possível a incidência de empreendimentos de relevante interesse público da União em Terras Indígenas, potencial e efetivamente causadores de impactos ambientais e socioculturais em terras e povos indígenas, desde que os estudos de impacto ambiental do empreendimento contemplem informações e estudos específicos afetos ao componente indígena, a serem analisados e avaliados pela Funai, a fim de verificar o grau de adequação das medidas de controle e de mitigação propostas pelo empreendedor, decorrentes desses impactos. 248. O processo LP-88/2014 só teve sua continuidade retomada quase um ano depois, em 17/3/2016 (posteriormente à rescisão do contrato 4400000372), quando a Eletronorte, mediante 103 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

a CE-EEM 119/2016, encaminhou ao Imac a Nota Técnica EEMT – 002/2016 (Análise das Alternativas de Traçado), mediante a qual foi providenciada a análise de alternativa ao traçado inicialmente proposto no Relatório R3, em atendimento ao Ofício 448/2015 da Funai (Evidência 19, p. 128-145). 249. Dessa forma, é possível que os termos do citado Ofício tenham acarretado prejuízo ao deslinde do licenciamento ambiental da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, ante o condicionamento do seu prosseguimento à adoção de alternativas locacionais que não interceptassem terras indígenas, restando a possibilidade de o empreendimento incidir tão somente dentro dos limites de influência estabelecidos no Anexo I da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 60/2015, em afronta art. 231, §6º, da CF/1988, c/c o art. 4º, inciso I, da Resolução-Conama 237/1997, e ainda o art. 2º, inciso I, da Instrução Normativa – Funai 4/2012. 250. A fim de avaliar se o conteúdo da mencionada Nota Técnica – que apresenta não mais do que duas páginas com informações efetivamente relacionadas à análise de alternativas locacionais ao traçado proposto – constata-se que o seu conteúdo vai, em alguma medida, ao encontro das considerações presentes neste relatório, conclusão esta alcançada a partir dos excertos abaixo: ‘A implementação de empreendimentos de transmissão envolve o estabelecimento de faixa de servidão e a abertura de vias de acesso (estradas) que permitem o transporte de equipamentos na etapa construtiva e a manutenção da linha de transmissão na etapa de operação. A proximidade de LTs com estradas já implementadas reduz significativamente os impactos socioambientais relacionados ao seu processo construtivo. As áreas de floresta ombrófila densa, localizadas ao norte e ao sul dos limites da TI Campinas Katukina estão preservadas, e apesar de não estarem localizadas dentro dos limites da TI, têm sido utilizadas pelos Katukinas para caça, pesca, extrativismo, etc (Anexo 1 - Mapa de Alternativa de Traçado da LT 230 kV Rio Branco Feijó/ Cruzeiro do Sul). A abertura de uma nova faixa de servidão ao norte ou ao sul da TI traria impactos significativos às áreas utilizadas pelos indígenas no seu modo de vida tradicional, por meio da abertura de novos vetores de desmatamento e caça predatória, aumentando a pressão ao redor do território indígena. (...) Analisando-se os impactos sobre a vegetação local, a alternativa de traçado proposta em Relatório R3, teria uma estimativa de área de supressão de vegetação de 458 ha, sendo que na alternativa de traçado proposta margeando a rodovia e interceptando a TI, a supressão de vegetação estimada é de 50,7 ha, sendo 9,7 ha no interior da TI (Anexo 3 - Estimativa de cálculo de supressão de vegetação). Dessa forma, considerando os impactos já ocasionados com a construção da BR 364, a constante vigilância da comunidade indígena às margens da rodovia (onde eles residem) a utilização pelos Katukinas de áreas preservadas localizadas ao norte e ao sul dos limites do seu território para a manutenção dos seus hábitos tradicionais de caça e coleta e a importância da não abertura de novos vetores de desmatamento ao redor dos limites da TI, recomenda-se uma alternativa ao traçado originalmente proposto no Relatório R3, mantendo-se o paralelismo e a proximidade com a BR 364 (Anexo 1 - Mapa de Alternativa de Traçado da LT 230 kV Rio Branco Feijó/ Cruzeiro do Sul). (grifos nossos)’ 251. Em complemento, o Anexo 3 da CE-EEM 119/2016 apresenta estimativas de cálculo de supressão vegetal, comparando a área total necessária com o traçado proposto no Relatório R3 (458 ha) com a alternativa proposta pela Eletronorte (50,7 ha) que, uma vez adotada, demandaria, no interior das Terras Indígenas Campinas/Katukina, supressão da ordem de 9,7 ha, reforçando o exposto no excerto acima, em destaque. 252. Em continuidade, o Imac, mediante o Ofício 405/PRES/IMAC, de 31/5/2016, informou à Funai que o traçado com menor grau de impactos ambientais é o que segue paralelo à rodovia BR-364 e, por conseguinte, em 27/7/2016, mediante o Ofício 723/2016/DPDS/FUNAI- 104 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

MJ, aquele órgão indigenista finalmente encaminhou ao Imac o pleiteado Termo de Referência específico a fim de subsidiar a elaboração dos estudos afetos ao componente indígena no trecho da LT Feijó-Cruzeiro do Sul (Evidência 26). 253. Por fim, impende registrar que, decorridos aproximadamente dois anos e meio desde a assinatura do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014, em 29/1/2014, a LT Feijó – Cruzeiro do Sul permanece sequer contando com a Licença Prévia, necessária ao planejamento das obras e elaboração dos projetos para aquele trecho. 254. Por todo o exposto, considerando que a previsão inicial para a emissão da LP pelo órgão ambiental competente seria até 5/8/2014; e considerando a razoabilidade de admitir sua obtenção até 9/12/2014, juntamente com a LP-73/2014, ao supor-se que, em 4/9/2014, o Consórcio Mavi/Engeglobal tivesse tanto enviado ao Imac a análise das alternativas ao traçado inicialmente proposto no Relatório R3 quanto apresentado o RAS já com o componente indígena concluso, elaborado a partir do modelo presente no Anexo III-B da Portaria Interministerial- MMA/MJ/MINC/MS 419/2011; conclui-se que a responsabilidade pelo atrasos no licenciamento ambiental do para o trecho LT Feijó – Cruzeiro do Sul encontra-se espraiada entre as diversas pessoas jurídicas que atuaram no processo, a saber: a) Consórcio Mavi/Engeglobal por: a.1) inexecução dos estudos afetos ao componente indígena da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, tendo em vista não terem sido apresentados ao longo da execução do contrato 440000372, em inobservância às cláusulas do próprio contrato, bem como ao disposto no art. 5º, §2º, c/c o modelo presente no Anexo III-B, ambos da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011; a.2) deixar de adotar providências com vistas ao andamento do processo de licenciamento ambiental LP-88/2014, a partir de 24/3/2015, até a rescisão do contrato, em 19/1/2016. b) Imac por: b.1) ter comunicado a Funai apenas em 21/8/2014, mediante o Ofício 768/PRESI, tanto a delegação de competência para o licenciamento, empreendida pelo Acordo de Cooperação Técnica 11/2014, de 11/7/2014, quanto a existência do processo de licenciamento LP-60/2014; b.2) deixar de comunicar à Funai, até a fase de execução desta auditoria (mai/2016), o encerramento do processo administrativo LP-60/2014, que objetivava a LP para todo o empreendimento, e esclarecido, em consequência, que outros dois processos haviam sido instaurados, LP-73/2014 para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, e LP-88/2014 para a LT Feijó – Cruzeiro do Sul, a fim de complementar às informações encaminhadas pelo Ofício 768/PRESI; b.3) deixar de solicitar o TR específico à Funai, mesmo quando provocado reiteradamente pela Novo Norte Ambiental, mediante os Ofícios 77/2014, de 4/9/2014, e 83/2014, de 16/10/2014, chegando mesmo a se opor, mediante o Ofício 18/2015/DLIS/DGT/IMAC, de 13/1/2015, com inobservância do art. 5º, inciso I, da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, bem como das orientações oferecidas pela Funai, mediante a reunião do dia 22/8/2014. c) Funai por: c.1) deixar de responder o Ofício 86/2015/PRES/IMAC, de 6/2/2015, reiterado pelo Ofício 170/2015/PRES/IMAC, de 6/4/2015, a fim de esclarecer ao Imac que restava ausente a apresentação das alternativas locacionais que não interceptassem terras indígenas, necessário à emissão do pleiteado Termo de Referência específico; e c.2) condicionar, mediante o Ofício 448/2015/DPDS/FUNAI-MJ, de 20/4/2015, o prosseguimento do deslinde do licenciamento ambiental da LT Feijó – Cruzeiro do Sul à adoção de alternativas locacionais que não interceptassem terras indígenas, em afronta art. 231, §6º, da CF/1988, c/c o art. 4º, inciso I, da Resolução-Conama 237/1997, e ainda o art. 2º, inciso I, da Instrução Normativa – Funai 4/2012. 105 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

255. Por todo o exposto, será proposto encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser proferido nestes autos, bem como do Relatório e Voto que o fundamentarem, à Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), à Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras); à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao Ministério de Minas e Energia (MME), à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre (Sema/AC), ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), ao 1º Ofício Civil e Criminal da Procuradoria da República em Cruzeiro do Sul/AC, às Comissões de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal, e às Comissões de Minas e Energia (CME) e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara dos Deputados. IV.1.6 Evidências Evidência 17 - Cronograma Físico-Financeiro Evidência 18 - Processo Imac 73-2014 - LP Rio Branco I-Feijó Evidência 19 - Processo Imac 88-2014 - LP Feijó-Cruzeiro do Sul Evidência 20 - Processo Imac 131-2014 - LI Rio Branco I-Feijó Evidência 21 - Processo Funai e Legislação Evidência 22 - Manifestação Consórcio - Anexos 1-21, 141-154, 34-101 Evidência 23 - Manifestação Consórcio - Anexos 102-169 Evidência 24 - Manifestação Consórcio - Anexos 169-183 Evidência 25 - Portarias Interministeriais 49-2011 e 60-2015 Evidência 26 - Ofício 723/2016/DPDS/FUNAI-MJ IV.2 Regularidade da rescisão unilateral do Contrato 4400000372 pela Eletronorte e consequente inexecução parcial do Consórcio 256. Diante de todo imbróglio da rescisão unilateral do Contrato 440000372 pela Eletronorte, firmado junto ao Consórcio Mavi/Engeglobal, é pertinente apresentar esclarecimentos que levam pela conclusão da regularidade dos atos praticados pela estatal, que, em 19/1/2016, mediante a Resolução da Diretoria Executiva nº 33, de 18/1/2016 (Evidência 7, p. 17), aprovada pela Deliberação do Conselho de Administração nº 13, de 19/1/2016 (Evidência 7, p. 18), rescindiu unilateralmente o contrato com base nas alíneas ‘b’ e ‘c’ da Cláusula 54 daquele Contrato, c/c a Cláusula 55, alínea ‘a’, abaixo transcritas, reflexas dos arts. 77 e 78, inciso III, da Lei 8.666/1993. ‘CLÁUSULA 54ª Constituem motivo para a rescisão do presente Contrato: (...) b) Quando o Contratado, por motivos exclusivamente a ele imputáveis, estiver comprovadamente incapaz de fornecer materiais, equipamentos ou mão-de-obra suficientes para executar os trabalhos, no ritmo e progresso que proporcionem garantias à Contratante, de que o Contratado possa atingir a Aceitação Provisória até as datas estabelecidas; c) Quando o atraso nos marcos contratuais ultrapasse 90 (noventa) dias consecutivos, desde que por culpa comprovada do Contratado; (...) CLÁUSULA 55 A rescisão do Contrato poderá ser: a) Determinada por ato unilateral e estrito da Contratante, nos casos enumerados nas alíneas de ‘a’ à ‘m’ da Cláusula 54ª.’ 257. Mais especificamente, a Eletronorte afirmou a ocorrência de atraso na execução de centenas de marcos contratuais pelo Consórcio, muitos deles ensejadores apenas de multas, nos 106 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

termos do Parágrafo Nono da Cláusula 58 do Contrato, outros ensejadores de multa e advertência, nos termos do Parágrafo Terceiro da mesma Cláusula. 258. Segundo a Eletronorte, a lentidão na execução dos serviços e o descumprimento sistemático das obrigações contratuais pelo Consórcio vinha acarretando atrasos nas obras suficientes a comprovar a impossibilidade de recuperação dos prazos contratualmente previstos, a fim de concluir-se o empreendimento no prazo estabelecido. Tais circunstâncias, além de caracterizarem de per si a inexecução contratual e ensejarem a necessidade de rescisão, foram agravadas pela exposição da Eletronorte à aplicação de penalidades por parte da Aneel, ante o atraso na energização do empreendimento, nos termos das Cláusulas 9ª e 10ª do Contrato-Aneel 9/2014 (Evidência 5). 259. O Consórcio, por sua vez, alegou perante a Eletronorte que não concorreu para o atraso nas obras, que acabaram por impactar o preço e prazo contratuais, tendo apontado as seguintes causas (Evidência 7, p. 23-27): a) entraves na obtenção do licenciamento ambiental, especialmente junto à Funai, uma vez que a solução adotada para o trecho da LT Feijó-Cruzeiro do Sul, que margeia a BR 364 e atravessa a Terra Indígena Campinas/Katukina, em uma extensão aproximada de 17km, torna necessária sua manifestação no processo, mediante a emissão do Termo de Referência, a fim de subsidiar a elaboração do componente indígena do Relatório Ambiental Simplificado (RAS); b) mora da Eletronorte na emissão dos Certificados de Realização de Eventos (CRE), o que atrasa a emissão das faturas e os pagamentos devidos, ‘afetando enormemente o fluxo de caixa do Consórcio, que não pode seguir antecipando recursos para manutenção do ritmo das obras sem a correspondente e pontual contrapartida’; e c) exigência de execução de atividades pela Eletronorte suplementares àquelas previstas no Contrato, o que oneraria sobremaneira os custos do Consórcio. 260. O deslinde do licenciamento ambiental do empreendimento já se encontra suficientemente descrito e analisado no tópico anterior deste relatório, mediante o qual apontou- se em que medida os alegados entraves pelo Consórcio Mavi/Engeglobal o eximem da responsabilidade tanto pela obtenção propriamente dita das necessárias licenças ambientais quanto do desenvolvimento das atividades executivas do contrato 4400000372. 261. Cada uma das alegações apresentadas pelo Consórcio foram objeto de exame pela Eletronorte que, em resposta, afirmou que (Evidência 7, p. 29-32): a) ocorreram atrasos até mesmo na execução de marcos contratuais que não dependiam da emissão da LI para o empreendimento; b) houve atraso inclusive no encaminhamento aos órgãos ambientais da documentação necessária ao deslinde do licenciamento ambiental, sendo citado, como exemplo, o encaminhamento ao Imac de documentos fundamentais à obtenção da LI apenas em jun/2015; c) as obras de implantação da LT Rio Branco – Feijó e das três subestações associadas, abrangidas pela LI-229/2015 e LAU-21/2015, permaneceram paralisadas mesmo após suas obtenções; d) as atividades que precedem as atividades civis de campo, tais como construção de canteiros, mobilização da equipe de obra, de topografia, de arqueologia, de sondagem e o projeto executivo, não foram concluídas por morosidade e culpa exclusiva do Consórcio, sendo destacado ainda que somente cerca de três meses após a obtenção da LI o Consórcio teria iniciado os serviços de terraplanagem afetos a ampliação da SE Rio Branco, não tendo sido posteriormente iniciada qualquer outra atividade civil de implantação da LT e demais subestações; e) o Consórcio teria reconhecido, em mais de uma oportunidade, a exemplo do que consta na ata da reunião EET 1/2015, realizada em 28/1/2015, e EET 7/2015, realizada em 20/2/2015, suas dificuldades financeiras, que terminavam por prejudicar a continuidade das atividades executivas do empreendimento, tendo sido alertada, pela Eletronorte, da necessidade de aportar capital de giro a fim de garantir o prosseguimento da implantação do empreendimento; 107 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

f) as dificuldades financeiras retrocitadas do Consórcio teriam sido corroboradas pelo ajuizamento de pedido de recuperação judicial pela empresa Mavi Engenharia e Construções Ltda; g) o atraso na obtenção da LI para o trecho LT Rio Branco – Feijó e subestações associadas é de inteira responsabilidade do Consórcio, ao passo que, em relação ao trecho da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, reconheceram que o avanço do processo de licenciamento depende de autorização da Funai, e que sua ausência não impactaria a implantação do outro trecho; h) em relação à alegação de atraso na emissão dos CREs e consequentes pagamentos, a Eletronorte esclareceu que a documentação de suporte encaminhada pelo Consórcio afeta a diversos marcos contratuais encontrava-se incompleta, em desacordo com o Parágrafo Primeiro da Cláusula 9ª do Contrato 4400000372, e ainda destacou que o adiantamento ao Consórcio no valor de R$ 24,85 milhões, providenciado em cumprimento à Cláusula 7ª, possibilitaria a manutenção do ritmo de execução adequado do empreendimento; e, por fim, i) quanto às alegadas atividades suplementares, a Eletronorte consignou que todas as atividades que vinham sendo exigidas do Consórcio estavam em consonância com as cláusulas contratuais, não tendo sido solicitada nenhuma atividade suplementar. 262. Ademais, foram aplicadas pela Eletronorte as seguintes penalidades ao Consórcio ante o inadimplemento de suas obrigações contratuais (Evidência 7, p. 1-9; 26, p. 147): a) advertência em 18/11/2014, pelo atraso na LI, conforme Fax EETO-CAOB/1096/2014; b) advertência em 12/12/2014, pelo atraso na mobilização dos serviços de terraplanagem, conforme Fax EETO-1163/2014; c) multa em 28/10/2015, pelo atraso de 262 dias na obtenção da LI, conforme Fax EETE- CAOB/774/2015; d) multa em 5/11/2015, pelo atraso de 321 dias na mobilização para serviços de terraplanagem da SE Rio Branco I (marco 001), conforme Fax EETE-CAOB/809/2015; e) advertência em 5/11/2015, pelo atraso na conclusão de 50% das fundações dos transformadores nas Subestações Feijó e Cruzeiro do Sul, conforme Fax EETE-CAOB/811/2015; f) advertência em 5/11/2015, pelo atraso na conclusão de 50% das fundações do trecho da LT Rio Branco – Feijó, conforme Fax EETE-CAOB/812/2015; e g) advertência em 5/11/2015, pelo atraso na conclusão de montagem de 70% das torres do trecho da LT Rio Branco – Feijó, conforme Fax EETE-CAOB/813/2015. 263. A fim de logo estender ao Consórcio Mavi/Engeglobal a ampla defesa e o contraditório necessários ante os reflexos diretos e/ou indiretos das conclusões que viriam a ser alcançadas nestes autos sobre os interesses jurídicos/econômicos/financeiros do Consórcio, esta equipe lhe enviou o Ofício de Requisição 5-210/2016, de 8/6/2016, solicitando que fosse apresentado, acompanhado da cópia de todos os documentos que se fizessem necessários, a descrição detalhada, entre outros, de todas as circunstâncias que ensejaram a rescisão do contrato 4400000372 pela Eletronorte, em 19/1/2016. Análise Técnica 264. Em relação à alegação do Consórcio de entraves na obtenção do licenciamento ambiental do empreendimento, como já exposto, o deslinde do licenciamento ambiental do empreendimento já se encontra suficientemente descrito e analisado no tópico anterior deste relatório, mediante o qual concluiu-se pela: a) responsabilidade exclusiva do Consórcio Mavi/Engeglobal ante o atraso na emissão da LI-229/2015 para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, em 26/6/2015, e da LAU-21/2015 para a LT Rio Branco I – Feijó, em 25/8/2015, a contar de 20/2/2015 até 25/8/2015, no total de 186 dias; e 108 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

b) responsabilidade concorrente do Consórcio Mavi/Engeglobal, ante a ausência de emissão da LP para o trecho LT Feijó – Cruzeiro do Sul, necessária ao planejamento das obras e elaboração dos projetos para aquele trecho, já tendo decorridos aproximadamente dois anos e meio desde a assinatura do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014, em 29/1/2014. 265. Ademais, mediante o cotejamento dos esclarecimentos prestados tanto pela Eletronorte quanto pelo Consórcio com os documentos probatórios correlatos, foi constatado que, de fato, procede a resposta da Eletronorte ao afirmar que diversos serviços marcos que não dependiam da emissão da LI foram concluídos com atraso ou sequer tiveram sua execução iniciada. 266. Neste sentido, reveladora é a Carta EET/1154/2014, de 18/8/2014 (Evidência 22, p. 269/281/282), enviada pela Eletronorte ao Consórcio Mavi/Engeglobal, que já apontava dificuldades da estatal em acompanhar efetivamente a execução do contrato 4400000372, em decorrência de informações inconsistentes fornecidas pelo Consórcio afetas tanto às atividades realizadas quanto à previsão de datas para as atividades programadas. 267. A fim de que o empreendimento fosse entregue dentro do prazo contratual, aquele expediente registra que havia sido acordado entre as partes, mediante reunião realizada em 10/6/2014, que as seguintes atividades, listadas no Quadro 1 abaixo, deveriam encontrar-se concluídas antes da emissão da LI, de acordo com o previsto na coluna ‘data prevista 1’, para que, logo após sua emissão, as atividades executivas de campo pudessem ser iniciadas: Quadro 1: Serviços que independiam da emissão da LI concluídos com atraso ou sequer iniciados Atividades Data Prevista 1 Data prevista 2 Implantação dos canteiros principais 30/6/2014 out/2014 Projeto de locação de torres 17/7/2014 5/9/2014 Projeto de fundação de torres 17/7/2014 5/9/2014 Locação/sondagem/prospecção de torres 25/7/2014 12/9/2014 Regularização fundiária 31/7/2014 set/2014 Entrega de materiais para fundação 31/7/2014 set/2014 Projeto terraplanagem/prospecção SE Cruzeiro do Sul 31/7/2014 set/2014 Fonte: Carta EET/1154/2014, de 18/8/2014 (Evidência 22, p. 269/281/282) 268. No entanto, após reunião realizada em 28/7/2014 e inspeção realizada no período de 11/8/2014 a 15/8/2014, aquele mesmo expediente prossegue informando que não houve o cumprimento das datas acordadas, sendo previstas novas, de acordo com o registrado na coluna ‘data prevista 2’. 269. Em complemento, na seara fundiária, aquele mesmo expediente esclarece que a Eletronorte solicitava ao Consórcio, desde 1º/7/2014, informações consistentes da situação das autorizações de passagem, que seria a atividade básica para o início das atividades de locação e sondagem. No entanto, a cada reunião de coordenação, tal informação era protelada, o que os deixava em alerta sob a viabilidade de início das atividades de execução do empreendimento tão logo fosse emitida a LI. 270. Em continuidade, prossegue aquele expediente esclarecendo que a data contratual de obtenção de todas as autorizações de passagem era de 12/6/2014 e que o quadro abaixo demonstrava a não confiabilidade nas datas informadas até aquele momento. Quadro 2: Data prevista para encaminhamento de todas as autorizações de passagem Reunião Data Data prevista para encaminhamento de todas as autorizações de passagem 35/2014 14/7/2014 21/7/2014 36/2014 28/7/2014 31/7/2014 39/2014 15/8/2014 Quando a subcontratada for paga pelo Consórcio Fonte: Carta EET/1154/2014, de 18/8/2014 (Evidência 22, p. 269/281/282) 271. Também são citados naquela Carta informações que caracterizam a mora do Consórcio no encaminhamento à Eletronorte do Levantamento Cadastral e Planialtimétrico, 109 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Projeto de Terraplanagem e Arranjo, afetos aos projetos executivos das SEs Cruzeiro do Sul e Feijó. 272. Mediante nova reunião realizada entre as partes e registrada na ata EET 7/2015, em 20/2/2015 (Evidência 22, p. 427-428), novamente foi apontada uma série de serviços que antecediam a LI e que ainda não haviam sido executados, tais como prospecção arqueológica, dinâmica de canteiros, produção de pré-moldados, produção de helicoidal, regularização fundiária, sondagens, serviços de topografia, inventário florestal, entre outros. 273. Nova reunião realizada entre as partes e registrada na ata EET 20/2015, em 14 e 15/4/2015 (Evidência 23, p. 10-12) informa que alguns dos serviços citados acima, tais como o de topografia e inventário florestal, ainda não se encontravam conclusos. E diversas outras reuniões registradas em atas e e-mails prosseguiram informando uma série de atrasos no cumprimento das obrigações contratuais pelo Consórcio Mavi/Engeglobal, tais como as realizadas em 1º/4/2015 (Evidência 23, p. 2-3), em 5/5/2015 (Evidência 23, p. 19-20), em 6/5/2015 (Evidência 23, p. 21-22) e o e-mail de 15/5/2015 (Evidência 23, p. 24). 274. Quanto à resposta da Eletronorte no sentido de afirmar o atraso da NNA no envio, aos órgãos ambientais, da documentação necessária ao deslinde do licenciamento ambiental, de fato, como consta registrado no tópico V.2.4 deste relatório, os extensos lapsos temporais decorridos entre o recebimento das críticas do Imac e a apresentação das informações complementares pela NNA foi uma das causas que conduziu esta equipe de auditoria a concluir pela responsabilidade do Consórcio Mavi/Engeglobal ante o atraso na emissão da LI e ASV para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, a contar de 20/2/2015 até 25/8/2015, no total de 186 dias. 275. Em relação à resposta da Eletronorte no sentido de afirmar que as obras de implantação da LT Rio Branco – Feijó e das três subestações associadas, abrangidas pela LI-229/2015 e LAU- 21/2015, permaneceram paralisadas mesmo após a obtenção das referidas licenças, foi constatado, a partir do exame dos relatórios mensais de jul/2015 a jan/2016, elaborados pela Eletronorte em acompanhamento do empreendimento (Evidência 27), que tanto o avanço físico quanto financeiro da execução do empreendimento (2 LTs e as 3 Subestações) permaneceram praticamente inalterados naquele período, com tímido avanço de 2% na elaboração do projeto executivo da SE Rio Branco I em ago/2015, frente a jul/2015, e com os serviços de terraplanagem da SE Rio Branco I iniciados em set/2015. 276. Quanto à resposta da Eletronorte no sentido de afirmar que somente cerca de três meses após a obtenção da LI o Consórcio teria iniciado os serviços de terraplanagem afetos a ampliação da SE Rio Branco, não tendo sido posteriormente iniciada qualquer outra atividade civil de implantação da LT e demais subestações, procedem tais informações, como pode ser observado a partir dos relatórios mensais elaborados pela Eletronorte (Evidência 27). 277. Em relação à resposta da Eletronorte no sentido de afirmar que a continuidade das atividades executivas do empreendimento encontrava óbices também nas dificuldades financeiras do Consórcio, de fato uma série de cartas e e-mails enviados e recebidos pela Eletronorte, assim como reuniões entre a Eletronorte e o Consórcio Mavi/Engeglobal registradas em ata, distribuídos desde ago/2014 até ago/2015, informam as dificuldades financeiras do Consórcio para honrar seus compromissos junto às subcontratadas, a fim de dar prosseguimento nas atividades executivas do contrato 4400000372, tais como a Carta EET/1154/2014, de 18/8/2014; e-mails de 24/11/2014 e 20/1/2015; ata das reuniões EET 1/2015, de 27/1/2015, EET 7/2015, de 20/2/2015, EET 57/2014, de 1º/4/2015, EET 20/2015, de 14 e 15/4/2015, EET 22/2015, de 6/5/2015; e-mails de 13/5/2015, 15/7/2015 e 10/8/2015 (Evidência 28). 278. Em consequência, fora distribuída, em 1º/10/2015, a ação 46354-55.2015.811.0041, em trâmite na Primeira Vara Civil do Tribunal de Justiça do Mato Grosso/MT, que trata do pedido de recuperação judicial ajuizado pelas empresas do Grupo Bipar, entre as quais a Mavi Engenharia & Construções Ltda, CNPJ 08.712.460/0001-54 (Evidência 29, p. 1-60). 279. Em resposta àquele juízo, a Eletronorte informou a existência de Contratos de Cessão de Crédito em que a Recuperanda MAVI Engenharia e Construções Ltda. cedeu créditos do Contrato 4500000372 às seguintes Cessionárias (Evidência 29, p. 61-63) 110 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

a) TOPOCART – Topografia Engenharia e Aerolevantamentos S/S Ltda, no valor de R$ 926.871,59, em 5/5/2015; b) ENGETOWER engenharia e consultoria Ltda., no valor de R$ 235.657,50, em 13/4/2015; c) ENGEPRO Engenharia Ltda., no valor de R$ 404.337,10, em 13/4/2015. 280. Por outro lado, mediante tabela elaborada pela Eletronorte, em 10/8/2015, consta que as duas empresas do Consórcio Mavi/Engeglobal possuem débitos junto a subcontratadas, decorrentes da execução do contrato 4400000372, que alcançam a soma de R$ 3 milhões (Evidência 28, p. 25-26; 32, p. 64). 281. Em relação à alegada mora ou ausência da Eletronorte na emissão dos CREs afetos a marcos contratuais já concluídos, o Consórcio encaminhou cópia de diversos documentos, referenciados, no Quadro 3 abaixo, pelos marcos ao quais se referem e respectivas localizações nos presentes autos. Quadro 3: Relação de marcos contratuais que, segundo o Consórcio, teriam sido adimplidos sem a emissão do respectivo CRE Marcos Contratuais Anexo Evidência SE RB – 139 e XXX (inelegível) / SE FJ – 222 e 246 / SE CZ 117 27, p. 83-86 – 221 e 245 / LT RB-FJ – 012, 013, 021, 022, 113, 137, 150, 218 e 263 / LT FJ – CZ - 145 SE FJ – 245 e 246 / SE CZ – 245 / LT RB-FJ – 263 125 27, p. 125-128 SE FJ – 245 e 246 / SE CZ – 245 / LT RB-FJ – 263 129 27, p. 139-141 Não especifica 138 27, p. 173-176 LT RB-FJ – 013, 015, 021, 022, 137 e 146 141 27, p. 184-192 SE RB – 094 / SE FJ – 201 / SE CZ – 200 142 27, p. 193-194 LT RB-FJ – 013, 015, 021, 022, 137 e 146 143 27, p. 195-198 SE RB – 015 e 016 145 27, p. 202-205 Não especifica 146 27, p. 206-208 SE RB – 015, 016 e 094 / SE FJ – 201 / SE CZ – 200 / LT 149 27, p. 216-220 RB-FJ – 013, 015, 021, 022, 137 e 146 Não especifica 153 27, p. 233-236 SE RB – 015, 016, 094, 200 e 201 / LT RB-FJ – 013, 015, 154 27, p. 169-173 021, 022, 137 e 146 Não especifica 155 27, p. 241-246 Não especifica 157 27, p. 250-251 Cópia de Diários de Obra inelegíveis 158 27, p. 252-254 SE RB – 064 / SE FJ – 117, 133, 145 e 158 / SE CZ – 116, 159 27, p. 255-257 132, 144 e 161 Diversos 162 27, p. 267-291; 33 Não especifica 163 27, p. 292-293 SE RB – 064 / SE FJ – 117, 133, 145 e 158 / SE CZ – 116, 164 27, p. 294-296 132, 144 e 161 SE FJ – 116 166 27, p. 314-315 Não especifica 168 27, p. 319-320 SE RB – 015, 016, 064 e 094 / SE FJ – 117, 133, 145, 158 e 169 27, p. 321-347; 28, p. 1-168 201 / SE CZ – 116, 132, 144 e 200 / LT RB-FJ – 006, 007, 008, 013, 015, 021, 022, 137, 146, 218-232 / LT FJ – CZ – 006, 137, 138-141 e 218-232 Fonte: elaboração própria 282. Preliminarmente, impende esclarecer que os documentos apontados acima se estendem no tempo, de tal forma que alguns dos marcos contratuais correlacionados já foram reconhecidos e aprovados pela estatal, como por exemplo, entre outros, os marcos 139 (SE RB), 221 (SE CZ) e 150 (LT RB-FJ), tendo em vista constarem nesta condição na planilha de encontro de contas, providenciada pela estatal ante a rescisão do contrato, nos termos da Cláusula 56ª, parágrafo único, alíneas ‘d’, ‘e’ e ‘f’ (Evidência 33). 283. Ao final, remanesceram todos os marcos contratuais relacionados na Evidência 30 que, segundo o Consórcio, já teriam sido executados e cuja soma alcança a monta de R$ 111 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

22.199.348,51, mas cujos pagamentos não foram adimplidos ante a recusa da estatal na emissão das respectivas CREs. 284. Compulsando-se a documentação relacionada no Quadro 03 acima, resta claro que se trata, em sua maioria, de simples e-mails encaminhados pelo Consórcio à Eletronorte, Cartas e outros cobrando a emissão de CRE para os referenciados marcos contratuais, que não se confundem com as documentações de suporte que lhe são próprias, especificadas nos Anexos VI a X do contrato 4400000372 (Evidência 31). 285. Ademais, para fins de comprovação de execução, além da documentação de suporte, far-se-ia necessário que estivessem acompanhadas do protocolo de entrega e/ou recebimento pela Eletronorte e também, quando o caso, em se tratando de projetos e outros, da aprovação da estatal no sentido de atestar que aqueles encontram-se completos e adequados aos fins a que se destinam, nos termos da Cláusula 9ª, Parágrafo Primeiro. 286. Em consequência, conclui-se que as documentações apresentadas pelo Consórcio a esta Corte não se prestam a evidenciar o cumprimento, em relação aos marcos contratuais apontados, do previsto na Cláusula 9ª, Parágrafo Primeiro, do contrato e muito menos o descumprimento, pela estatal, da obrigação prevista na Cláusula 52ª, alínea ‘e’. 287. Questionados a respeito, os gestores da Eletronorte informaram, mediante entrevista, que após o exame dos documentos apresentados pelo Consórcio afetos aos marcos contratuais listados na Evidência 30, apenas alguns deles ainda foram considerados pendentes de comprovação e permaneceriam em análise até que o Consórcio providenciasse as devidas complementações, conforme consta inclusive na planilha de encontro de contas (Evidência 33). 288. No entanto, mesmo estes marcos considerados pendentes de comprovação pela estatal e que, uma vez somados, alcançam o valor de R$ 5.047.031,98, não foram devidamente comprovados. Ante o exposto, torna-se insubsistente a alegação de que o atraso nas emissões dos CREs e consequentes pagamentos estaria ‘afetando enormemente o fluxo de caixa do Consórcio, que não pode seguir antecipando recursos para manutenção do ritmo das obras sem a correspondente e pontual contrapartida’. 289. Ademais, fora adiantado ao Consórcio, a título de adiantamento para mobilização do empreendimento, o valor de R$ 24,85 milhões, que corresponde a 7% do valor total do contrato, nos termos da Cláusula 7ª, coberto pelo seguro garantia emitido em favor da estatal no mesmo valor (Parágrafo Primeiro, alínea ‘a’), valor este que seria recuperado ao longo da execução do contrato, descontando-se 7% do valor de cada pagamento devido ao contratado (Parágrafo Segundo). 290. A partir da tabela providenciada pela estatal a fim de evidenciar o saldo final dos adiantamentos descontados e a descontar, em vista dos marcos contratuais efetivamente realizados pela contratada, foram executados eventos no valor total de R$ 16.915.921,44, tendo sido descontado o valor de R$ 1.184.114,50, restando a haver pela estatal o saldo de R$ 23.665.885,50 que, corrigido pelo IPCA, alcança o valor de R$ 27.641.286,60 (Evidência 32). 291. Pelo exposto, mesmo que o Consórcio lograsse comprovar a execução daqueles marcos que, somados, alcançam o valor de R$ 5.047.031,98, o saldo do adiantamento ainda devido à estatal supera em quatro vezes os alegados valores. Aliás, mesmo considerando o conjunto de marcos contratuais listados na Evidência 30, sua soma também é inferior ao saldo do adiantamento devido à estatal, torna-se absolutamente insubsistente a alegação do Consórcio. 292. Por fim, quanto às alegadas atividades suplementares que estariam sendo exigidas pela Eletronorte e que estariam onerando sobremaneira os custos do Consórcio, novamente não foi apresentado, compulsando-se os autos, qualquer evidência neste sentido, tendo a estatal expressamente informado, como já exposto, que todas as atividades que vinham sendo exigidas do Consórcio estavam em consonância com as cláusulas contratuais, não tendo sido solicitada nenhuma atividade suplementar. 112 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

293. Por todo o exposto, conclui-se pela regularidade da rescisão unilateral do Contrato 4400000372 pela Eletronorte, em 19/1/2016, com base nas alíneas ‘b’ e ‘c’ da Cláusula 54 daquele Contrato, c/c a Cláusula 55, alínea ‘a’, tendo em vista ter restado comprovado que: a) as dificuldades financeiras do Consórcio terminaram por prejudicar a execução das atividades do empreendimento, ante o atraso nos pagamentos devidos às subcontratadas, a ponto das empresas do Grupo Bipar, entre as quais a Mavi Engenharia & Construções Ltda, terem interposto pedido de recuperação judicial, distribuído em 1º/10/2015; b) o Consórcio incorreu em atraso superior a 90 dias na execução de diversos marcos contratuais tanto antes quanto após a obtenção das LI-229/2015 e LAU-21/2015; c) ocorreram atrasos mesmo na execução de marcos contratuais que não dependiam da emissão da LI para o empreendimento; d) o Consórcio foi responsável pelo atraso na obtenção da LI-229/2015 e LAU-21/2015; e) a execução das atividades do contrato foi mínima após a obtenção das referidas licenças; e f) o saldo de adiantamento em poder do Consórcio, desde o início da execução do Contrato 4400000372, no valor de R$ 23.665.885,50, considerado conjuntamente com a ausência de comprovação de execução dos marcos contratuais listados na Evidência 30, mostra-se suficiente a refutar o argumento de que o atraso nas emissões de diversos CREs e consequentes pagamentos estaria ‘afetando enormemente o fluxo de caixa do Consórcio, que não pode seguir antecipando recursos para manutenção do ritmo das obras sem a correspondente e pontual contrapartida’. IV.2.1 Evidências: Evidência 27 - Relatório de Transmissão jul/2014 a mar/2015 Evidência 28 - Dificuldades Financeiras do Consórcio Mavi-Engeglobal Evidência 29 - Ação 46354-55.2015.811.0041 Evidência 30 - Alegados eventos executados e não faturados Evidência 31 - Anexos VI a X do contrato 4400000372 Evidência 32 - Cálculo do adiantamento a recuperar pela Eletronorte Evidência 33 - Rescisão contratual total IV.3 Pendências decorrente da rescisão do Contrato 4400000372 294. A partir das respostas ao item 2.4.5 do Ofício de Requisição 1-210/2016 e 3.3 do Ofício de Requisição 4-210/2016, avaliou-se a regularidade do encontro de contas procedido pela Eletronorte, previsto na Cláusula 56ª, parágrafo único, alíneas ‘d’, ‘e’ e ‘f’, do contrato 4400000372. 295. Como já exposto no tópico anterior, a partir dos R$ 24,85 milhões adiantados ao Consórcio, a Eletronorte reouve, mediante os marcos contratuais executados, o valor de R$ 1.184.114,50, restando a haver pela estatal o saldo de R$ 23.665.885,50 que, corrigido pelo IPCA, alcança o valor de R$ 27.641.286,60 (Evidência 32). Em análise, constatou-se a regularidade dos resultados apresentados. 296. Em relação às multas moratórias, previstas na Cláusula 58ª, Parágrafo Nono, importam alguns comentários mais específicos. Em primeiro lugar, constatou-se que os marcos ensejadores das multas (Evidência 33, p. 20-26) conferem com o disposto no contrato. Em segundo lugar, considerando que muitos marcos contratuais permaneceram inadimplidos até a rescisão do contrato, reputa-se regular, para fins de definição de valor das multas moratórias, calculá-las até aquela data (19/1/2016). 297. Em terceiro lugar, quanto aos marcos apontados pela Eletronorte, ensejadores de multa moratória, que teriam sido tardiamente adimplidos ou inadimplidos pelo Consórcio, cotejando-se 113 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

a relação de eventos que o Consórcio alega ter executado mas que não restou comprovado nestes autos (Evidência 30) com a memória de cálculo das multas moratórias aplicadas (Evidência 33, p. 20-26), as únicas controvérsias identificadas encontram-se listadas na Tabela 2 abaixo. Tabela 2: Marcos contratuais ensejadores de multa cuja execução foi alegada mas não comprovada pelo Consórcio Empreendimento - Valor Evento Data Prevista Data de Dias de Valor da Multa Data de Marco Contratual para a Conclusão Atraso Conclusão Conclusão (Evidência (Evidência 30) 33) SE RB - 094 R$ 48.739,93 5/5/2014 19/1/2016 624 R$ 30.413,72 2/10/2015 SE FJ - 201 R$ 56.443,32 5/5/2014 19/1/2016 624 R$ 35.220,63 2/10/2015 SE CZ - 200 R$ 106.444,22 5/5/2014 19/1/2016 624 R$ 66.421,19 2/10/2015 TOTAL R$ 132.055,54 Fonte: elaboração própria 298. De qualquer forma, ainda que comprovados, e considerando que a multa é fixada no valor de 0,1% do valor atualizado do marco contratual, e considerando ainda que seriam reduzidos 109 dias no cálculo da multa de cada marco contratual acima, conclui-se que o valor total acima, de R$ 132.055,54, seria reduzido para R$ 108.988,10. No entanto, estes três marcos contratuais se inserem no bojo de outros tantos que o Consórcio não logrou comprovar a execução, como esclarecido no tópico anterior (Evidência 33). 299. Por fim, quanto às multas moratórias, registra-se terem alcançado a monta de R$ 4.764.925,91, enquanto a multa rescisória, de 10% do valor total do contrato, nos termos da Cláusula 64ª, e corretamente aplicada quando do encontro de contas, alcançou o valor de R$ 35,5 milhões. 300. Por todo o exposto, o saldo final do encontro de contas alcançou o valor de R$ 67.962.363,63 devido à Eletronorte, conforme se depreende da Tabela 3 abaixo. Tabela 3: Resultado final do encontro de contas promovido pela Eletronorte Eventos Valores Adiantamento Contratual R$ 27.641.286,60 Multa Contratual Rescisória R$ 35.500.000,00 Multa Contratual Moratória R$ 4.764.925,91 Valor do Reajuste a Pagar R$ 56.151,12 Valor a ser Restituído à Eletronorte R$ 67.962.363,63 Fonte: elaboração própria, a partir XXXX 301. Resta, por fim, considerar o seguro garantia firmado pelo Consórcio em decorrência do adiantamento, no valor de R$ 24,85 milhões, nos termos da Cláusula 7ª, Parágrafo Primeiro, alínea ‘a’, bem como o seguro garantia de fiel cumprimento do contrato, no valor de R$ 17,75 milhões, nos termos da Cláusula 28ª, ambos tomados pelas empresas do Consórcio e em favor da Eletronorte junto à seguradora Berkley Internacional do Brasil de Seguros Ltda, conforme a Tabela 4 abaixo. Tabela 4: Apólices de seguro emitidas em favor da Eletronorte, no âmbito do contrato 4400000372 Nº Apólice Tomadora Valor Vigência (com endossos) Cláusula 014142014000107760005646 Mavi R$ 12.425.000,00 14/2/2014 a 27/8/2016 7ª 014142014000107760005648 Engeglobal R$ 12.425.000,00 14/2/2014 a 27/8/2016 7ª 014142014000107760005645 Mavi R$ 8.825.000,00 14/2/2014 a 27/8/2016 28ª 014142014000107760005653 Engeglobal R$ 8.825.000,00 14/2/2014 a 27/8/2016 28ª TOTAL R$ 42.600.000,00 Fonte: elaboração própria (Evidências 37 e 38) 114 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

302. Pelo exposto, ainda que sejam liberados os valores dos seguros pela seguradora, restaria ainda um passivo a descoberto cujo valor, no presente momento, seria de R$ 25.362.363,63. 303. Em resposta ao Ofício 4-210/2016 (Evidências 33, 34 e 35), foi constatado o envio de correspondências pela Eletronorte ao Departamento de Sinistros da Seguradora, em nov/2015, já informando a aplicação de advertências e multas ao tomador devido ao baixo desempenho, bem como a expectativa de sinistro, sendo solicitado pela Seguradora, em jan/2016, uma série de documentos probatórios, complementados posteriormente em mar/2016, que se encontravam, até a fase de execução da presente auditoria, em análise no âmbito daquela Seguradora. 304. Em decorrência, conclui-se que a Eletronorte, na condição de beneficiária, tem envidado esforços na seara administrativa, junto à seguradora Berkley Internacional do Brasil de Seguros Ltda., a fim de receber as indenizações decorrentes dos seguros acima, referentes ao adiantamento contratual, no valor de R$ 24,85 milhões, e cumprimento fiel do contrato, no valor de R$ 17,75 milhões, e assim mitigar seus prejuízos decorrentes da rescisão do contrato 4400000372, em 19/1/2016. 305. No entanto, considerando os expressivos valores envolvidos, que somam R$ 42,6 milhões, será proposto à Eletronorte que encaminhe bimestralmente a este Tribunal informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam a esta SeinfraElétrica acompanhar o deslinde do recebimento das indenizações, pela estatal, decorrentes das apólices de seguro acima. V.3.1 Evidências: Evidência 34 - Trâmite da execução das garantias contratuais – Parte 1 Evidência 35 - Trâmite da execução das garantias contratuais – Parte 2 Evidência 36 - Trâmite da execução das garantias contratuais – Parte 3 IV.4 Esclarecimentos sobre a execução dos contratos 4300000000, 4300000001 e 4500083642 306. A presente auditoria constitui-se a segunda na implantação da LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações, tendo a primeira sido realizada em 2015 (Fiscalis 114/2015), cujos resultados constam do TC 008.681/2015-5. Os principais achados daquela fiscalização (peça 40 do TC 008.681/2015-5) referem-se à constatação de diversas irregularidades no contrato secundário 4500083642 (achado 3.1); e à exclusão, no bojo do contrato principal 4400000372, da repercussão de benefícios posteriores advindos de alterações do ICMS, bem como sua omissão quanto a necessária indicação da periodicidade do reajustamento de preços (achado 3.2). 307. Em despacho de 29/7/2015 (peça 48 do TC 008.681/2015-5), foi determinada a audiência dos senhores José Orlando Cintra, Tito Cardoso de Oliveira Neto e Ricardo Gonçalves Rios para apresentarem suas razões de justificativa quanto às irregularidades apontadas no achado 3.1 do Relatório de Auditoria, bem como a oitiva da Eletronorte e do Consórcio Themag/Leme para se pronunciarem sobre o mesmo assunto, e ainda foi determinada a oitiva da Eletronorte e do Consórcio Mavi/Engeglobal para se pronunciarem quanto aos indícios de irregularidades apontados no achado 3.2 daquele Relatório. 308. Impende registrar que já constam nos autos do TC 008.681/2015-5 as respostas aos diversos ofícios encaminhados em cumprimento às deliberações do relator, conforme registrado na peça 114 daquele TC, e que já se encontram em curso, no âmbito desta Unidade Técnica, as respectivas análises a fim de encaminhar aquele processo para o exame de mérito desta Corte. 309. No curso da pressente auditoria, em resposta ao Ofício de Requisição 1-210/2016, foi constatado que o contrato 4500083642 teve sua execução suspensa, tendo ocorrido, no seu âmbito, a execução de demandas relativas ao objeto desta auditoria até jul/2015. Do total de R$ 15.197.175,00, foram executados R$ 3.079.845,17 (20,27% do total) e, destes, R$ 632.557,90 (4,16% do total) referem-se a serviços vinculados ao objeto da presente auditoria (Evidência 8). 115 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

310. Quanto à execução dos contratos 4300000000 (R$ 5.925.282,68) e 4300000001 (R$ 850.191,55), também tiveram suas execuções suspensas (não foram informadas as datas), tendo sido executados, respectivamente, R$ 2.209.099,18 (35,81% do total) e R$ 313.861,41 (35,50% do total). V. Conclusão 311. O sistema elétrico do estado do Acre já conta atualmente com uma Linha de Transmissão em 230 kV, com comprimento aproximado de 500km, procedente da cidade de Porto Velho-RO, que integra ao SIN os municípios de Rio Branco, Senador Guiomard, Plácido de Castro, Porto Acre, Bujari, Capixaba, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Sena Madureira, Acrelândia e as Vilas Redenção e Campinas, que representam aproximadamente 70% da população acreana, de acordo com as estimativas populacionais encaminhadas a esta Corte pelo IBGE e atualizadas em 12/7/2016 (http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2015/estimativa_tcu.shtm). 312. O empreendimento objeto da presente auditoria visa integrar ao SIN, entre outros, os municípios de Cruzeiro do Sul, Feijó, Tarauacá, Manoel Urbano e Rodrigues Alves, que apresentam atualmente, quando somados, população em torno de 180.000 pessoas, perfazendo aproximadamente 23% da população acreana ainda suprida por usinas termoelétricas à diesel, no Sistema Isolado. 313. No curso da presente auditoria, foi constatado que, passados aproximadamente dois anos e meio desde a assinatura do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014, em 29/1/2014, o empreendimento ainda se encontra distante da sua conclusão, tendo sua execução física alcançado a ordem de 16,96% até a rescisão do contrato 4400000372, em 19/1/2016, e permanece não contando sequer com a Licença Prévia para o trecho da LT Feijó – Cruzeiro do Sul. 314. Em agravante, enquanto o edital do primeiro RDC para empreender apenas a LT Rio Branco I – Feijó foi publicado, em 10/6/2016, com uma série de vícios tanto nas escolhas feitas pelos gestores quanto na sua própria redação, o edital do segundo RDC, visando apenas as subestações, conta apenas com a previsão de ser publicado em breve, ao passo que para o terceiro, afeto à LT Feijó – Cruzeiro do Sul, a previsão mais otimista é de publicação em meados de 2017. 315. Considerando que o prazo para a implantação da LT Rio Branco I – Feijó será de 22 meses, a contar da assinatura do contrato que vier a ser celebrado, e que os demais RDCs não foram sequer inaugurados, estima-se que o empreendimento como um todo não estará concluso antes de 2019. 316. A partir do acima exposto, a presente auditoria teve por objetivo não apenas verificar a regularidade da rescisão unilateral do Contrato Principal 4400000372 pela Eletronorte, em 19/1/2016, tendo em vista seus impactos econômico-financeiros para ambas as partes (Eletronorte e Consórcio), como também avaliar a regularidade das ações que vêm sendo empreendidas pela Eletronorte a fim de contratar a execução dos serviços e fornecimentos remanescentes daquele Contrato. 317. Para tanto, perquiriu-se, mediante as três questões de auditoria, se (i) a rescisão unilateral do contrato 4400000372 pela Eletronorte, com base nas alíneas b e c da Cláusula 54, foi regular; (ii) eventuais atrasos no licenciamento ambiental das obras concorreram para a inexecução do Contrato 4400000372; e (iii) a administração tem adotado as providências necessárias com vistas a regularizar a situação da obra. 318. Em resposta à terceira questão, foram constatados os seguintes achados de auditoria: diversas irregularidades no RDC Presencial RE-012-6-0067 da LT Rio Branco – Feijó (achado III.1); ausência de nova análise da viabilidade econômica do empreendimento quando da instauração do RDC Presencial RE-012-6-0067 para implantar a LT Rio Branco – Feijó (achado III.2); e inadequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372 (achado III.3). 319. Em relação ao achado III.1, no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067 da LT Rio Branco – Feijó, foram constatados (i) potencial sobrepreço da ordem de 18% no orçamento de 116 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

referência da licitação; (ii) inadequado regime de execução contratual adotado para todo o empreendimento; (iii) inadequada adoção do sigilo para o orçamento de referência da licitação; (iv) presença no Edital RE 01260067 de disposições restritivas à competitividade; (v) inadequada alocação contratual de riscos do empreendimento entre contratante e futura contratada; e (vi) oportunidades de melhorias na redação do Edital RE 01260067. 320. Em decorrência, tendo em vista que o edital já havia sido publicado em 10/6/2016, com recebimento das propostas econômicas das licitantes previsto para o dia 4/7/2016, e considerando ainda o rito do Fiscobras 2016, que inviabilizaria a apreciação de mérito do processo antes daquela data, esta equipe de auditoria representou ao dirigente da Unidade Técnica, em processo apartado (TC 018.724/2016-7), com proposta de cautelar, adotada em 4/7/2016, mediante despacho do Relator naqueles autos, suspendendo o RDC Presencial RE-012-6-0067 até que a questão se resolvesse no mérito. 321. Em resposta, foi recebido nesta Corte a CE-PR-0174, de 21/7/2016, que informou a revogação do RDC Presencial RE-012-6-0067, conforme publicação no DOU de 19/7/2016, Seção 3, p. 96, restando configurada, em consequência, a perda do objeto tanto da cautelar quanto da representação conexa. 322. No entanto, em especial atenção à função pedagógica do Controle Externo, optou-se por dar ciência à Eletronorte das irregularidades que cometera na interpretação e na aplicação das normas licitatórias pertinentes na realização de tal certame, mormente acerca dos entendimentos deste Tribunal sobre os dispositivos da Lei 12.642/2011 - Regime Diferenciado de Contratação Integrada -, mesmo porque trata-se da primeira licitação realizada pela estatal com base na lei do RDC. 323. Além disso, foi proposto determinar à Eletronorte que encaminhe a esta Corte cópia do edital e respectivos anexos que eventualmente venham a substituir o publicado no dia 10/6/2016, alusivo à implantação da LT Rio Branco I – Feijó, para fins de acompanhamento da futura licitação. 324. No tocante ao achado III.2, foi constatado que a decisão de licitar a implantação da LT Rio Branco – Feijó foi adotada sem que a Eletronorte tivesse procedido nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, tendo em vista as consequências da rescisão do contrato 4400000372, em 19/1/2016, em termos de frustração da expectativa de geração futura de parcela da receita, ampliação dos investimentos necessários à conclusão do empreendimento e ainda exposição da estatal a penalidades aplicáveis pela Aneel ante o atraso na entrada de sua operação comercial, em afronta os princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência. 325. Destarte, foi proposto tanto dar ciência à Eletronorte da irregularidade acima quanto determinar à estatal que encaminhe a esta Corte a análise da viabilidade da continuidade da implantação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, sopesando-se, entre outros, o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na sua implementação com seu respectivo retorno econômico e financeiro, os potenciais danos decorrentes da rescisão do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014 e ainda a importância social do empreendimento. 326. Quanto ao achado III.3, constataram-se inadequados controle, guarda e conservação, pela Eletronorte, de estruturas metálicas de torres de transmissão, adquiridas pelo Consórcio Mavi/Engeglobal ainda no âmbito da execução do contrato 4400000372, no valor de R$ 6,5 milhões, cuja responsabilidade passou para a estatal após sua rescisão, em 19/1/2016. 327. Em consequência, foi proposto determinar à Eletronorte que providencie, no prazo de 30 dias, os adequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372, encaminhando a esta Corte informações acerca das providências efetivamente adotadas. 328. Quanto à destinação daquelas estruturas, constatou-se que a Eletronorte pretende entregar este material à empresa ou consórcio que vier a ser contratado, a partir do RDC Presencial 117 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

RE-012-6-0067, juntamente com o restante necessário à completude da LT Rio Branco I – Feijó, a ser adquirido pela estatal, mediante inexigibilidade de licitação. 329. Ante o exposto, considerando a materialidade dos recursos a serem envolvidos, bem como o risco de que as estruturas metálicas ainda não estejam disponíveis à empresa/consórcio que vier a ser contratado para a implantação da LT Rio Branco I – Feijó quando do início das fases de montagem e instalação das torres, foi proposto determinar à Eletronorte que encaminhe bimestralmente informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam examinar tanto a viabilidade jurídica da pretendida inexigibilidade, em caso de efetiva adoção, quanto a mitigação do risco de possíveis atrasos na disponibilidade daqueles materiais que possam vir a afetar a implantação da referida LT. 330. A partir das consequências econômico-financeiras para a Eletronorte do ato por ela praticado que rescindiu o contrato 4400000372, em 19/1/2016, tendo em vista não apenas o resultado do encontro de contas decorrente, mas principalmente a confirmação de frustração da expectativa de geração futura de parcela da sua receita, a ampliação dos investimentos necessários à conclusão do empreendimento e ainda a exposição da estatal a penalidades aplicáveis pela Aneel ante o atraso na entrada em operação comercial do empreendimento, a primeira questão de auditoria buscou, precisamente, examinar a regularidade daquela rescisão. 331. Para tanto, fez-se necessário examinar sua motivação, ou seja, se de fato o Consórcio Mavi/Engeglobal, por motivos exclusivamente a ele imputáveis, encontrou-se comprovadamente incapaz de fornecer materiais, equipamentos ou mão-de-obra suficientes para executar os trabalhos no ritmo e progresso pactuados, e ainda se atrasou a execução de marcos contratuais por prazo superior a 90 dias consecutivos, por sua exclusiva culpa, de forma a fazer incidir o previsto na Cláusula 54, alíneas ‘b’ e ‘c’, e Cláusula 55, alínea ‘a’, e consequente encontro de contas, previsto na Cláusula 56ª, parágrafo único, alíneas ‘d’, ‘e’ e ‘f’, todas do Contrato 4400000372. 332. O Consórcio, por sua vez, reiteradamente alegou que adotou todas as providências que lhe cabia nos prazos determinados, e que o atraso nas obras decorreu, principalmente, da mora dos órgãos/entidades que atuaram no licenciamento ambiental do empreendimento, bem como da ausência de emissão pela Eletronorte dos Certificados de Realização de Eventos ante a conclusão de diversos marcos contratuais, ‘afetando enormemente o fluxo de caixa do Consórcio, que não pode seguir antecipando recursos para manutenção do ritmo das obras sem a correspondente e pontual contrapartida’. 333. Sendo assim, a segunda questão de auditoria perquiriu as razões e circunstâncias que ensejaram atraso na emissão das licenças ambientais. A partir das conclusões alcançadas, decidiu- se registrar o produto daquela análise no tópico V.2 dos esclarecimentos adicionais deste relatório, tendo em vista não terem sido identificadas irregularidades/impropriedades imputáveis à estatal. 334. Em resposta a segunda questão, se por um lado constatou-se que a LP-406/2014, emitida em 9/12/2014, atrasou em relação à data prevista (5/8/2014) por conta da indefinição do órgão ambiental licenciador, constatou-se que o Consórcio Mavi/Engeglobal teve responsabilidade única e exclusiva pelo atraso na emissão da LI e ASV para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, a contar de 20/2/2015 (73 dias corridos desde 9/12/2014) até 25/8/2015, no total de 186 dias. 335. Em decorrência, foi proposto o encaminhamento de cópia do Acórdão que vier a ser proferido nestes autos, bem como do Relatório e Voto que o fundamentarem, a diversos órgãos/entidades. 336. Quanto à primeira questão, restou comprovado que as dificuldades financeiras do Consórcio terminaram por prejudicar a execução do contrato, ante o atraso nos pagamentos devidos às subcontratadas, assim como a ocorrência de atraso superior a 90 dias na execução de diversos marcos contratuais tanto antes quanto após a obtenção das LI-229/2015 e LAU-21/2015, concluindo-se, portanto, pela regularidade da rescisão do Contrato 4400000372, em 19/1/2016. 118 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

337. A fim de recompor seus prejuízos decorrentes da ruptura daquele contrato, a Eletronorte promoveu o encontro de contas previsto contratualmente, mediante o qual apurou-se o saldo final de R$ 67.962.363,63 devido à estatal, havendo ainda quatro apólices de seguro emitidas em favor da Eletronorte pela mesma seguradora, duas delas referentes ao adiantamento contratual, no valor de R$ 24,85 milhões, e as outras duas ao cumprimento fiel do contrato, no valor de R$ 17,75 milhões. 338. Na fase de execução da presente auditoria, foi constatado que estão em curso tratativas da Eletronorte, junto àquela seguradora, a fim de receber aquelas indenizações. Em caso de recebimento, o saldo final do encontro de contas seria reduzido para R$ 25.362.363,63, ainda devido à estatal. 339. Em consequência, foi proposto à Eletronorte que encaminhe bimestralmente a este Tribunal informações, presentes na ficha de informações constantes do Anexo I deste Relatório de Auditoria, que permitam a esta SeinfraElétrica acompanhar o deslinde do recebimento das indenizações, pela estatal, decorrentes das quatro apólices de seguro mencionadas. 340. Por fim, constatou-se que os contratos 4500083642 (R$ 15.197.175,00), 4300000000 (R$ 5.925.282,68) e 4300000001 (R$ 850.191,55) tiveram suas execuções suspensas pela Eletronorte em 2015, tendo sido executados até então, respectivamente, R$ 3.079.845,17 (20,27%), R$ 2.209.099,18 (35,81%) e R$ 313.861,41 (35,50%). VI. Proposta de encaminhamento Proposta da equipe 341. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, para posterior envio ao gabinete do Ministro Relator Weder de Oliveira, propondo: a) Determinar à Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que: a.1) encaminhe a esta Corte cópia do edital e respectivos anexos que eventualmente venham a substituir o publicado no dia 10/6/2016, alusivo à implantação da LT Rio Branco I – Feijó (Achado III.1); a.2) no prazo de quinze dias, encaminhe a esta Corte a análise da viabilidade econômico- financeira da continuidade da implantação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, comparando-se o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na implementação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul com o retorno econômico e financeiro deste empreendimento (Achado III.2); a.3) no prazo de 30 dias, providencie o adequado controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372, encaminhando a esta Corte, até o término daquele prazo, informações acerca das providências efetivamente adotadas (Achado III.3); a.4) encaminhe bimestralmente a este Tribunal, a partir da ciência do acórdão que vier a ser prolatado, informações alusivas à implantação da LT Rio Branco – Feijó – Cruzeiro do Sul (objeto do Contrato de Concessão – Aneel 9/2014), mediante o preenchimento da ficha de informações cujo modelo segue no Anexo I deste Relatório de Auditoria, até que aquele empreendimento esteja concluído, a fim de permitir (i) o acompanhamento tanto da execução física e financeira do empreendimento quanto da suficiência de recursos financeiros destinados a sua conclusão; (ii) o exame da viabilidade jurídica da pretendida inexigibilidade para a contratação do fornecimento do restante das estruturas metálicas necessário à implantação da LT Rio Branco – Feijó, bem como da mitigação do risco de possíveis atrasos na disponibilidade daqueles materiais que possam vir a afetar a implantação da referida LT; e (iii) o acompanhamento do deslinde do recebimento das indenizações, pela estatal, oriundas das quatro apólices de seguro emitidas em seu favor, referentes tanto ao adiantamento contratual quanto ao cumprimento fiel do contrato, no valor total de R$ 42,6 milhões (Achado III.3 / Esclarecimentos Adicionais V.4); 119 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

b) Dar ciência à Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., nos termos do art. 4º da Portaria - Segecex 13/2011, das seguintes irregularidades/impropriedades cometidas no âmbito do RDC Presencial RE 012.6.0067 (Achado III.1): b.1) a utilização de cotações de preços de mercado na composição do orçamento de referência, desacompanhada das devidas justificativas, violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, e ainda atentou contra a ordem de preferência para as fontes de preços e contra os princípios da busca da melhor proposta, da economicidade e da competitividade, previstos no art. 8º, § 4º, da Lei 12.462/2011, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993, bem como no entendimento desta Corte presente no voto condutor do Acórdão 1.002/2015-TCU-Plenário; b.2) a ausência das Anotações de Responsabilidade Técnica - ART da elaboração e da aprovação de cada etapa do projeto básico violou os termos da Súmula-TCU 260; b.3) a ausência do cronograma previsto de execução da obra no projeto básico violou os termos do art. 8º, § 2º, inciso I, do Decreto 7.581/2011 (regulamento do RDC); b.4) a ausência de motivação nos autos do procedimento licitatório pela escolha do regime de execução contratual por preço global, na qual deve constar declaração do responsável técnico de que o projeto básico possui o nível de detalhamento adequado a tal regime de execução, violou o princípio da motivação dos atos administrativos, assentado no art. 50 da Lei 9.784/1999; b.5) a responsabilidade por eventuais falhas ou omissões no projeto básico, inclusive naquilo em que impacte o orçamento da obra realizada no regime de execução por preço global em patamar superior a 10% de seu valor total, é daqueles que o aprovaram, consoante entendimento firmado no Acórdão 1.067/2016-TCU-Plenário; b.6) a ausência de motivação da escolha pela utilização do orçamento de referência público ou sigiloso violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, conforme já consignado mediante o voto condutor do Acórdão 3.011/2012-TCU- Plenário, e que o sigilo de processos e documentos, a exemplo do orçamento de referência, previsto no art. 6º da Lei 12.462/2011, pressupõe a institucionalização de controles administrativos suficientes a garantir a efetiva manutenção daquela confidencialidade, nos termos do art. 28 da Lei 12.527/2011, regulamentada pelo art. 31 do Decreto 7.724/2012; b.7) o excessivo grau de subjetividade na descrição de alguns critérios, a ausência de justificativas na definição de outros, e ainda a ausência de parâmetros objetivos que permitam a aferição de outros, empregados na avaliação da qualificação das licitantes, violaram o princípio da motivação dos atos administrativos e ainda constituiram cláusulas potencialmente restritivas à competitividade, em prejuízo aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da isonomia e do julgamento objetivo, previstos no art. 37, inciso XXI, da CF/1988, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993 e art. 50 da Lei 9.784/1999; b.8) a alocação contratual de todos os custos e riscos à contratada, prevista na Cláusula 56ª, §2º, item 1, da minuta do contrato anexa ao Edital RE-012-6-0067, decorrentes das etapas de projeto, fabricação, fornecimento, transporte, instalação, treinamento de pessoal, garantia de fornecimento, montagem, desmontagem, construção e colocação em serviço – e que incluem, entre outros, erros quantitativos no projeto básico e no orçamento, mesmo diante do regime de preço global adotado para todo o empreendimento – deteve o potencial de acarretar prejuízo tanto à obtenção da proposta mais vantajosa quanto à segurança jurídica do contrato a ser celebrado, em afronta aos arts. 3º, caput, e 65, inciso II, alínea ‘d’, da Lei 8.666/1993, bem como ao entendimento já assentado por esta Corte mediante o item 9.2 do Acórdão 1.977/2013-TCU- Plenário; b.9) a instauração daquele procedimento licitatório foi adotada sem que a estatal tivesse procedido nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento (LT Rio Branco I – Feijó – Cruzeiro do Sul e Subestações), em afronta os princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência, decorrentes do art. 37 da Constituição Federal/1988, c/c o art. 6º do Decreto-Lei 200/1967; 120 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

c) Encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser proferido nestes autos, bem como do Relatório e Voto que o fundamentarem, à Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), à Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras); à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao Ministério de Minas e Energia (MME), à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre (Sema/AC), ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), ao 1º Ofício Civil e Criminal da Procuradoria da República em Cruzeiro do Sul/AC, às Comissões de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal, e às Comissões de Minas e Energia (CME) e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara dos Deputados (Esclarecimentos Adicionais V.1); d) Encerrar o presente processo, com fulcro no art. 169, inciso V, do Regimento Interno do TCU.” É o relatório.

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Proposta de Deliberação

Examina-se auditoria de conformidade (Fiscalis 210/2016) realizada na Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), na Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no período compreendido entre 11/5/2016 a 1º/7/2016, cujo objetivo foi fiscalizar as obras de implantação da Linha de Transmissão LT 230KV entre os municípios de Rio Branco, Feijó e Cruzeiro do Sul, no Acre, além das subestações (SE) associadas. A fiscalização em tela foi autorizada pelo acórdão 664/2016-TCU-Plenário (TC 011.421/2015-0). O empreendimento fiscalizado refere-se ao lote "N" do leilão 7/2013-Aneel e inclui quatro instalações, a saber, a LT 230 kV Rio Branco I - Feijó (357 km); a LT 230 kV Feijó - Cruzeiro do Sul (300 km); a SE 230/69 kV Feijó; a SE 230/69 kV Cruzeiro do Sul; bem como a ampliação da SE Rio Branco. Segundo consignado no relatório de auditoria (peça 52), a Eletronorte celebrou o contrato principal 4400000372 com o consórcio das empresas Mavi Engenharia e Construções Ltda. e Engeglobal Construções Ltda., no valor de R$ 355.000.000,00 e regime EPC Full (Engineering, Procurement and Construction), abrangendo projetos, fornecimento de materiais e equipamentos, obras civis, terraplanagem, construção, montagem eletromecânica e comissionamento, obtenção de todas as licenças e autorizações socioambientais, serviços de regularização fundiária e aquisição de terrenos necessários. O referido contrato, com prazo de vigência previsto de 30 meses, a partir de 27/2/2014, estabeleceu o prazo de 24 meses para a entrada em operação comercial do empreendimento. Foram, ainda, celebrados os seguintes contratos acessórios: “a) Contrato 4300000000, em 8/7/2014, no valor de R$ 5.925.282,68, com a empresa Cristal – Consultoria e Projetos Ltda, para apoio ao controle de qualidade dos projetos básico e executivo das linhas de transmissão e apoio à fiscalização e controle de qualidade das obras de implantação das LT e Subestações (Evidência 2); b) Contrato 4300000001, em 12/8/2014, no valor de R$ 850.191,55, com a empresa Themag Engenharia e Gerenciamento Ltda., para apoio ao controle de qualidade dos projetos básico e executivo das subestações (Evidência 3); e c) Contrato 4500083642, em 15/12/2014, no valor de R$ 15.197.175,00, com o consórcio das empresas Themag Engenharia e Gerenciamento Ltda. e Leme Engenharia Ltda, para prestação de serviços de apoio institucional à estatal na gestão de diversos empreendimentos de transmissão da companhia, incluindo o empreendimento em tela (Evidência 4)”. O contrato principal 4400000372 foi rescindido unilateralmente pela Eletronorte, em 19/1/2016, em decorrência do inadimplemento contratual do consórcio Mavi/Engeglobal. Na ocasião, a execução física do empreendimento era de 16,96%, tendo havido pagamento de R$ 36.976.506,40 (10,42% do valor total do contrato). Foi executada, até a data da rescisão contratual, apenas parte dos projetos básicos e executivos da obra, além de ter sido fornecida parcela das estruturas metálicas das torres. Em vista desses fatos, a equipe de auditoria destaca que a Eletronorte vem atuando para obter o ressarcimento dos prejuízos decorrentes da rescisão do contrato e o licenciamento ambiental da LT Feijó- Cruzeiro do Sul, que ainda não dispõe de licença prévia (LP). O trecho LT Rio Branco-Feijó e as subestações Feijó, Cruzeiro do Sul e ampliação da SE Rio Branco, por sua vez, dispõem tanto de licença de instalação (LI) quanto de licença ambiental única (também conhecida como autorização para supressão de vegetação – ASV), para supressão da vegetação na faixa de servidão. 122 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Relativamente à parte não executada do empreendimento, a Eletronorte programou a realização de três licitações distintas, sob o regime diferenciado de contratações públicas (RDC), da seguinte forma, conforme agrupado pela unidade instrutiva: “a primeira para as obras da LT Rio Branco – Feijó, cuja fase interna encontra-se encerrada, tendo ocorrido a publicação do edital (RDC Presencial RE-012-6-0067), em 10/6/2016, e sua revogação em 19/7/2016 (peça 24 do TC-018.724/2016-7, p. 34), a partir da medida cautelar adotada por esta Corte em 4/7/2016 (peça 16 do TC-018.724/2016-7); b) a segunda para as obras das três subestações, sem processo administrativo autuado, mas com previsão de publicação de edital em breve; e c) a terceira, que se realizaria na modalidade de contratação integrada, para as obras da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, ainda sem processo administrativo autuado, mas com previsão de publicação do edital em 2017”. Considerando os fatos relatados, a equipe de auditoria definiu como foco da fiscalização a verificação da legalidade da rescisão unilateral do contrato 4400000372, ocorrida em 19/1/2016 (incluída a análise de eventuais impactos do processo de licenciamento ambiental como causa da ruptura do ajuste), bem como o exame da regularidade do procedimento licitatório para a realização das obras da LT Rio Branco – Feijó. A partir do objetivo mencionado, formulou as seguintes questões de auditoria: 1) A rescisão unilateral do contrato 4400000372 pela Eletronorte, com base nas alíneas b e c da Cláusula 54, foi regular? 2) Eventuais atrasos no licenciamento ambiental das obras concorreram para a inexecução do Contrato 4400000372? 3) A administração tem adotado as providências necessárias com vistas a regularizar a situação da obra? Os trabalhos, conforme registra a equipe de fiscalização, foram realizados em consonância com as normas de auditoria do Tribunal (NAT) e com os padrões de auditoria de conformidade estabelecidos por esta Casa. Foram realizadas entrevistas com os gestores, inspeção física sobre os materiais da obra estocados pela estatal, conferência de cálculos relativos ao preço-paradigma da nova contratação e ao encontro de contas resultante da rescisão contratual, e análise documental. Os principais achados de auditoria foram resumidos pela SeinfraElétrica nos seguintes termos: “1) Diversas irregularidades no RDC Presencial RE-012-6-0067 da LT Rio Branco – Feijó, com edital publicado em 10/6/2016, que ensejaram representação em apartado desta equipe de auditoria (TC 018.724/2016-7) com proposta de cautelar, uma vez que, ante o rito do Fiscobras 2016, fatalmente o processo não estaria concluso para decisão do relator antes do dia 4/7/2016, data em que se encontrava prevista o recebimento das propostas econômicas das licitantes, evidenciando, entre os demais pressupostos também evidenciados para a adoção da cautelar, o periculum in mora; 2) Ausência de nova análise da viabilidade econômica do empreendimento quando da instauração do novo procedimento licitatório (RDC Presencial RE-012-6-0067) para implantar- se a LT Rio Branco – Feijó; 3) Inadequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372”. Cabe destacar que os achados ora descritos estão relacionados à terceira questão de auditoria, qual seja, se a administração tem adotado providências para regularizar a situação da obra. Sobre esse quesito, tecerei comentários adiante. 123 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Quanto às demais questões, os trabalhos de auditoria demonstraram a regularidade do ato da Eletronorte de promover a rescisão unilateral do contrato 4400000372, com fundamento na cláusula 54, alíneas ‘b’ e ‘c’, bem como na cláusula 55, alínea ‘a’, do referido instrumento. Ao longo dos parágrafos 256 a 292 do relatório de fiscalização transcrito no relatório precedente, a equipe de auditoria descreve e analisa os argumentos apresentados tanto pelo Consórcio Mavi/Engeglobal quanto pela Eletronorte para a questão da rescisão unilateral. Em vista desse exame, apresenta os seguintes fundamentos que demonstram a regularidade do ato da Eletronorte: “a) as dificuldades financeiras do Consórcio terminaram por prejudicar a execução das atividades do empreendimento, ante o atraso nos pagamentos devidos às subcontratadas, a ponto das empresas do Grupo Bipar, entre as quais a Mavi Engenharia & Construções Ltda., terem interposto pedido de recuperação judicial, distribuído em 1º/10/2015; b) o Consórcio incorreu em atraso superior a 90 dias na execução de diversos marcos contratuais tanto antes quanto após a obtenção das LI-229/2015 e LAU-21/2015 [respectivamente, licença de instalação e licença ambiental única para a LT Rio Branco-Feijó e subestações]; c) ocorreram atrasos mesmo na execução de marcos contratuais que não dependiam da emissão da LI para o empreendimento; d) o Consórcio foi responsável pelo atraso na obtenção da LI-229/2015 e LAU-21/2015; e) a execução das atividades do contrato foi mínima após a obtenção das referidas licenças; e f) o saldo de adiantamento em poder do Consórcio, desde o início da execução do Contrato 4400000372, no valor de R$ 23.665.885,50, considerado conjuntamente com a ausência de comprovação de execução dos marcos contratuais listados na Evidência 30, mostra-se suficiente a refutar o argumento de que o atraso nas emissões de diversos CREs e consequentes pagamentos estaria ‘afetando enormemente o fluxo de caixa do Consórcio, que não pode seguir antecipando recursos para manutenção do ritmo das obras sem a correspondente e pontual contrapartida.” A Eletronorte, com vistas a se ressarcir do prejuízo decorrente da rescisão do contrato, promoveu o encontro de contas, tendo apurado o saldo final de R$ 67.962.363,63 devido à estatal. Foi constatada a existência de quatro apólices de seguro emitidas pela seguradora Berkley Internacional do Brasil Seguros Ltda. em favor da Eletronorte, duas referentes ao adiantamento contratual, no valor de R$ 24,85 milhões, e as outras duas concernentes ao cumprimento fiel do contrato, no valor de R$ 17,75 milhões (ver tabela 4 do relatório de fiscalização – peça 52). A equipe de fiscalização verificou que a Eletronorte vem adotando medidas voltadas ao recebimento das indenizações. Em caso de sucesso, o saldo final do encontro de contas seria reduzido para R$ 25.362.363,63, em favor da estatal. Em vista da situação descrita, foi proposto que seja determinado à Eletronorte encaminhar bimestralmente a este Tribunal informações que permitam o acompanhamento pela SeinfraElétrica do deslinde do recebimento das indenizações, pela estatal, decorrentes das quatro apólices de seguro mencionadas. Embora se trate de questão relevante, dada a materialidade dos recursos envolvidos, considero que o encaminhamento mais acertado é a apresentação de pleito à Segecex, para a inclusão das informações requeridas nos relatórios de gestão da entidade e no sistema e-Contas. II Como se extrai das conclusões mencionadas no parágrafo 18, supra, resta evidenciado nos autos que os atrasos na obtenção das licenças ambientais concorreram para a inexecução do contrato 4400000372. 124 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Nos parágrafos 138 a 254, a equipe de auditoria descreve em detalhes todo o processo de licenciamento ambiental do empreendimento em exame, de modo a destacar os problemas existentes ao longo do processo, bem como os responsáveis pelos atrasos na obtenção das licenças. Saliente-se que a responsabilidade pela obtenção de todas as licenças ambientais e pela realização dos estudos correspondentes era do Consórcio Mavi/Engeglobal, que subcontratou a empresa Novo Norte Energia e Consultoria Ltda., cujo nome de fantasia era Novo Norte Ambiental (NNA), como responsável técnica para a implantação do empreendimento, além de subcontratar a empresa Archaeo Pesquisas Arqueológicas Ltda. para a execução dos serviços de arqueologia. Registre-se, ainda, que o processo de licenciamento ambiental foi dividido de modo a abranger dois trechos, sendo conduzido pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre, autarquia vinculada à Secretaria de Meio Ambiente do Acre, mediante delegação de competência do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em vista do fato de que 15 km da LT Feijó-Cruzeiro do Sul atravessam terras indígenas, foi identificada a necessidade de elaboração de termo de referência específico por parte da Fundação Nacional do Índio (Funai) para subsidiar a elaboração do estudo de impacto ambiental (EIA) por parte do empreendedor. Diante desse quadro, para o primeiro trecho, LT Rio Branco-Feijó, subestações de Feijó e Cruzeiro do Sul e ampliação da SE Rio Branco I, foi obtido o licenciamento completo, com atraso de 10 meses relativamente à data prevista. Para o segundo trecho, LT Feijó-Cruzeiro do Sul, até o fechamento da auditoria não havia sido obtido nem mesmo o licenciamento prévio. A equipe de auditoria identificou que o responsável pelo atraso na obtenção do licenciamento no primeiro trecho foi o consórcio contratado, pelos motivos expostos nos parágrafos 179 a 207 do relatório de auditoria. Já no caso do licenciamento ambiental referente à LT Feijó-Cruzeiro do Sul, a equipe concluiu que a responsabilidade pelos atrasos na obtenção da licença ambiental recai sobre vários atores, conforme se verifica no trecho do relatório ora reproduzido: “a) Consórcio Mavi/Engeglobal por: a.1) inexecução dos estudos afetos ao componente indígena da LT Feijó – Cruzeiro do Sul, tendo em vista não terem sido apresentados ao longo da execução do contrato 440000372, em inobservância às cláusulas do próprio contrato, bem como ao disposto no art. 5º, §2º, c/c o modelo presente no Anexo III-B, ambos da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011; a.2) deixar de adotar providências com vistas ao andamento do processo de licenciamento ambiental LP-88/2014, a partir de 24/3/2015, até a rescisão do contrato, em 19/1/2016. b) Imac por: b.1) ter comunicado a Funai apenas em 21/8/2014, mediante o Ofício 768/PRESI, tanto a delegação de competência para o licenciamento, empreendida pelo Acordo de Cooperação Técnica 11/2014, de 11/7/2014, quanto a existência do processo de licenciamento LP-60/2014; b.2) deixar de comunicar à Funai, até a fase de execução desta auditoria (mai/2016), o encerramento do processo administrativo LP-60/2014, que objetivava a LP para todo o empreendimento, e esclarecido, em consequência, que outros dois processos haviam sido instaurados, LP-73/2014 para a LT Rio Branco I – Feijó e subestações, e LP-88/2014 para a LT Feijó – Cruzeiro do Sul, a fim de complementar às informações encaminhadas pelo Ofício 768/PRESI; b.3) deixar de solicitar o TR específico à Funai, mesmo quando provocado reiteradamente pela Novo Norte Ambiental, mediante os Ofícios 77/2014, de 4/9/2014, e 83/2014, de 16/10/2014, chegando mesmo a se opor, mediante o Ofício 18/2015/DLIS/DGT/IMAC, de 13/1/2015, com 125 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

inobservância do art. 5º, inciso I, da Portaria Interministerial-MMA/MJ/MINC/MS 419/2011, bem como das orientações oferecidas pela Funai, mediante a reunião do dia 22/8/2014. c) Funai por: c.1) deixar de responder o Ofício 86/2015/PRES/IMAC, de 6/2/2015, reiterado pelo Ofício 170/2015/PRES/IMAC, de 6/4/2015, a fim de esclarecer ao Imac que restava ausente a apresentação das alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas, necessário à emissão do pleiteado Termo de Referência específico; e c.2) condicionar, mediante o Ofício 448/2015/DPDS/FUNAI-MJ, de 20/4/2015, o prosseguimento do deslinde do licenciamento ambiental da LT Feijó – Cruzeiro do Sul à adoção de alternativas locacionais que não interceptem terras indígenas, em afronta art. 231, §6º, da CF/1988, c/c o art. 4º, inciso I, da Resolução-Conama 237/1997, e ainda o art. 2º, inciso I, da Instrução Normativa – Funai 4/2012.” Tendo em vista, portanto, que a obtenção da licença ambiental é questão a ser resolvida com urgência, acompanho a proposta da SeinfraElétrica no sentido de encaminhar cópia do relatório e da proposta de deliberação aos órgãos e entidades relacionados pela equipe de fiscalização. III Os achados de auditoria tratados no tópico III do relatório de fiscalização referem-se às supostas irregularidades/impropriedades verificadas no RDC Presencial RE-012-6-0067 e examinadas originalmente no TC 018.724/2016-7 (representação – processo apenso), descritas a seguir: diversas irregularidades no RDC Presencial RE-012-6-0067 da LT Rio Branco – Feijó (achado III.1); ausência de nova análise da viabilidade econômica do empreendimento quando da instauração do RDC Presencial RE-012-6-0067 para implantar a LT Rio Branco – Feijó (achado III.2); inadequados controle, guarda e conservação dos materiais remanescentes da execução do contrato 4400000372 (achado III.3). Tendo em vista a revogação do procedimento licitatório, a equipe de fiscalização incorporou ao relatório de auditoria a discussão sobre as irregularidades verificadas, com a finalidade de fornecer subsídios à Eletronorte em relação às futuras licitações. Insta salientar que a medida cautelar de suspensão da licitação determinada no despacho inserto à peça 16 do TC 018.724/2016-7 perdeu o objeto em face da decisão da Eletronorte de revogar o RDC RE-012- 6-0067. No que concerne ao achado III.1, no âmbito do RDC Presencial RE-012-6-0067 da LT Rio Branco – Feijó, a equipe de fiscalização apontou a existência de “(i) potencial sobrepreço da ordem de 18% no orçamento de referência da licitação; (ii) inadequado regime de execução contratual adotado para todo o empreendimento; (iii) inadequada adoção do sigilo para o orçamento de referência da licitação; (iv) presença no Edital RE 01260067 de disposições restritivas à competitividade; (v) inadequada alocação contratual de riscos do empreendimento entre contratante e futura contratada; e (vi) oportunidades de melhorias na redação do Edital RE 01260067”. Considerando os esclarecimentos prestados pela Eletronorte, acompanho a proposta da equipe de fiscalização no sentido de cientificar a entidade acerca das irregularidades verificadas. Rejeito, contudo, a proposta de determinar à Eletronorte que encaminhe a esta Corte cópia do edital e respectivos anexos que eventualmente venham a substituir o publicado no dia 10/6/2016, relativo à implantação da LT Rio Branco I – Feijó, para fins de acompanhamento da futura licitação. 126 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

Entendo que a unidade instrutiva poderá avaliar oportunamente a conveniência de analisar o novo edital de licitação, quando da elaboração dos seus planos de ação. No tópico atinente ao achado III.2, a equipe de fiscalização concluiu que “a decisão de licitar a implantação da LT Rio Branco – Feijó foi adotada sem que a Eletronorte tivesse procedido a nova avaliação da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, tendo em vista as consequências da rescisão do contrato 4400000372, em 19/1/2016, em termos de frustração da expectativa de geração futura de parcela da receita, a ampliação dos investimentos necessários à conclusão do empreendimento e ainda a exposição da estatal a penalidades aplicáveis pela Aneel ante o atraso na entrada de sua operação comercial, em afronta os princípios do planejamento, da prudência, da razoabilidade e da eficiência”. Propõe, assim, dar ciência à Eletronorte da irregularidade acima, além de determinar àquela entidade que encaminhe a esta Corte a análise da viabilidade da continuidade da implantação da LT Rio Branco I-Feijó-Cruzeiro do Sul, sopesando-se, entre outros, o custo de oportunidade dos recursos ainda a serem investidos na sua implementação com seu respectivo retorno econômico e financeiro, os potenciais danos decorrentes da rescisão do contrato de concessão – Aneel 9/2014 e, ainda, a importância social do empreendimento. Sobre essas propostas, há algumas considerações a fazer. O processo de auditoria de conformidade em exame visa precipuamente à avaliação da regularidade das ações que vem sendo realizadas pela Eletronorte a fim de contratar a execução dos serviços e fornecimentos remanescentes do contrato 4400000372, rescindido. Trata-se de um processo de fiscalização de obras públicas. A questão da viabilidade econômico-financeira do empreendimento foge ao escopo deste processo, uma vez que envolve outra relação contratual, qual seja, a relação que se estabeleceu entre a União e a Eletronorte, com a intermediação da Aneel, no âmbito do contrato de concessão-Aneel 9/2014, celebrado em 29/1/2014 (peça 20). As ações de acompanhamento deste Tribunal sobre os processos de concessão no setor de energia elétrica são realizadas em consonância com o disposto na IN TCU 27/1998, abrangendo duas fases: a fiscalização dos processos de outorga e a fiscalização da execução contratual. Ambas as ações de controle têm como jurisdicionado direto o órgão regulador e não as empresas concessionárias. Ademais, há que se ressaltar que a Eletronorte, ao arrematar o lote “N” do leilão Aneel 7/2013, obteve a outorga da exploração do serviço público de transmissão de energia elétrica para construção, operação e manutenção da LT 230 kV Rio Branco I-Feijó, da LT 230 kV Feijó-Cruzeiro do Sul e subestações correspondentes, comprometendo-se a colocar essas instalações de transmissão em operação comercial no prazo de 36 meses a partir da data de assinatura do contrato Aneel 9/2014. Portanto, não deve esta Corte de Contas se imiscuir nessa relação contratual no sentido de questionar a obrigação de a Eletronorte executar o contrato nos termos em que foi celebrado. No que diz respeito ao achado III.3, a equipe de fiscalização constatou que a Eletronorte não estava realizando adequadamente o controle, guarda e conservação de estruturas metálicas de torres de transmissão, adquiridas pelo Consórcio Mavi/Engeglobal quando da execução do contrato 4400000372, no valor de R$ 6,5 milhões, cuja responsabilidade passou para a estatal após a rescisão, em 19/1/2016. A equipe propôs determinar à Eletronorte que, no prazo de 30 dias, adote providências nesse sentido, encaminhando a esta Corte informações correspondentes. Outro ponto destacado no relatório de auditoria refere-se à destinação daquelas estruturas metálicas. A equipe constatou que a Eletronorte pretendia entregar o material adquirido à empresa ou consórcio que vier a ser contratado, a partir do RDC Presencial RE-012-6-0067, revogado, juntamente com o restante 127 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica necessário à completude da LT Rio Branco I – Feijó, a ser adquirido pela estatal, mediante inexigibilidade de licitação. Tendo em vista a materialidade dos recursos envolvidos (R$ 6,5 milhões de material adquirido e R$ 8 milhões em planos de aquisição), bem como o risco de as estruturas metálicas ainda não estarem disponíveis à empresa/consórcio que vier a ser contratado para a implantação da LT Rio Branco I – Feijó quando do início das fases de montagem e instalação das torres, a equipe de auditoria propõe que a Eletronorte encaminhe bimestralmente “informações (...) que permitam examinar tanto a viabilidade jurídica da pretendida inexigibilidade, em caso de efetiva adoção, quanto a mitigação do risco de possíveis atrasos na disponibilidade daqueles materiais que possam vir a afetar a implantação da referida LT”. Considerando que a própria estatal já informou que está adotando providências para remover as estruturas para área localizada no interior da estação Rio Branco, reputo desnecessária qualquer determinação corretiva a respeito do controle, guarda e manutenção dessas estruturas. Quanto à possível destinação do material em foco, nenhuma irregularidade foi relatada que demande a expedição de determinação à Eletronorte. Diante do exposto, manifesto-me pela aprovação do acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 14 de setembro de 2016. WEDER DE OLIVEIRA Relator

128 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

ACÓRDÃO Nº 2383/2016 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 013.633/2016-3. 1.1. Apenso: 018.724/2016-7. 2. Grupo II – Classe V - Assunto: - Relatório de Auditoria (Conformidade). 3. Interessado: Congresso Nacional. 4. Entidades: Agência Nacional de Energia Elétrica; Centrais Elétricas Brasileiras S.A.; Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. 5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica (SeinfraElétrica). 8. Representação legal: não há.

9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade cujo objetivo foi fiscalizar as obras de implantação da linha de transmissão LT 230KV entre os municípios de Rio Branco, Feijó e Cruzeiro do Sul, no Acre, além das subestações (SE) associadas. ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo relator, em: 9.1. declarar extintos, por perda de objeto, os efeitos da determinação cautelar exarada nos autos do TC 018.724/2016-7 (peça 16), apensado, ratificada pelo Plenário na sessão extraordinária reservada de 6/7/2016 (peça 23); 9.2 dar ciência às Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., nos termos do art. 4º da Portaria- Segecex 13/2011, das seguintes irregularidades/impropriedades cometidas no âmbito do RDC Presencial RE 012.6.0067 (achado III.1 do relatório de fiscalização – Fiscalis 210/2016): 9.2.1 a utilização de cotações de preços de mercado na composição do orçamento de referência, desacompanhada das devidas justificativas, violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, e, ainda, atentou contra a ordem de preferência para as fontes de preços e contra os princípios da busca da melhor proposta, da economicidade e da competitividade, previstos no art. 8º, § 4º, da Lei 12.462/2011, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993, bem como no entendimento desta Corte presente no voto condutor do acórdão 1002/2015-TCU-Plenário; 9.2.2. a ausência das anotações de responsabilidade técnica - ART da elaboração e da aprovação de cada etapa do projeto básico violou os termos da Súmula-TCU 260; 9.2.3. a ausência do cronograma previsto de execução da obra no projeto básico violou os termos do art. 8º, § 2º, I, do Decreto 7.581/2011 (regulamento do RDC); 9.2.4 a ausência de motivação nos autos do procedimento licitatório pela escolha do regime de execução contratual por preço global, na qual deve constar declaração do responsável técnico de que o projeto básico possui o nível de detalhamento adequado a tal regime de execução, violou o princípio da motivação dos atos administrativos, assentado no art. 50 da Lei 9.784/1999; 9.2.5. a responsabilidade por eventuais falhas ou omissões no projeto básico, inclusive naquilo que impacte o orçamento da obra realizada no regime de execução por preço global, em patamar superior a 10% de seu valor total, é, primordialmente, daqueles que o aprovaram, consoante entendimento firmado no acórdão 1067/2016-TCU-Plenário; 9.2.6. a ausência de motivação da escolha pela utilização do orçamento de referência público ou sigiloso violou o princípio da motivação dos atos administrativos, previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, conforme já consignado mediante o voto condutor do acórdão 3011/2012-TCU-Plenário, e o sigilo de processos e documentos, a exemplo do orçamento de referência, previsto no art. 6º da Lei 12.462/2011, pressupõe a institucionalização de controles administrativos suficientes a garantir a efetiva manutenção daquela confidencialidade, nos termos do art. 28 da Lei 12.527/2011, regulamentada pelo art. 31 do Decreto 7.724/2012; 129 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica

9.2.7. o excessivo grau de subjetividade na descrição de alguns critérios, a ausência de justificativas na definição de outros, e, ainda, a ausência de parâmetros objetivos que permitam a aferição de outros, empregados na avaliação da qualificação das licitantes, conforme sintetizado no parágrafo 84 do relatório de auditoria, violaram o princípio da motivação dos atos administrativos e ainda constituíram cláusulas potencialmente restritivas à competitividade, em prejuízo aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da isonomia e do julgamento objetivo, previstos no art. 37, XXI, da CF/1988, c/c o art. 3º da Lei 8.666/1993 e art. 50 da Lei 9.784/1999; 9.2.8. a alocação contratual de todos os custos e riscos à contratada, prevista na cláusula 56ª, §2º, item 1, da minuta do contrato anexa ao edital RE-012-6-0067, decorrentes das etapas de projeto, fabricação, fornecimento, transporte, instalação, treinamento de pessoal, garantia de fornecimento, montagem, desmontagem, construção e colocação em serviço – e que incluem, entre outros, erros quantitativos no projeto básico e no orçamento, mesmo diante do regime de preço global adotado para todo o empreendimento – configurou o risco potencial de acarretar prejuízo tanto à obtenção da proposta mais vantajosa quanto à segurança jurídica do contrato a ser celebrado, em afronta aos arts. 3º, caput, e 65, II, ‘d’, da Lei 8.666/1993, bem como ao entendimento já assentado por esta Corte mediante o item 9.2 do acórdão 1977/2013-TCU-Plenário; 9.3. determinar à SeinfraElétrica que apresente proposta à Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex), por meio da Diretoria de Normas e Gestão de Contas (Contas) da Secretaria de Métodos e Suporte ao Controle Externo (Semec), para discussão, avaliação e inclusão nos relatórios de gestão e no sistema e-Contas de informações sobre as medidas adotadas pelas Centrais Elétricas do Norte S.A. visando ao recebimento de quatro apólices de seguro emitidas pela seguradora Berkley Internacional do Brasil Seguros Ltda., em favor da referida estatal, duas referentes ao adiantamento contratual, no valor de R$ 24,85 milhões, e as outras duas concernentes ao cumprimento fiel do contrato, no valor de R$ 17,75 milhões (ver item 301 e tabela 4 do relatório de fiscalização – peça 52); 9.4. encaminhar cópia desta deliberação às Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), às Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras), à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao Ministério de Minas e Energia (MME), à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre (Sema/AC), ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), ao 1º Ofício Civil e Criminal da Procuradoria da República em Cruzeiro do Sul/AC, às Comissões de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal, e às Comissões de Minas e Energia (CME) e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara dos Deputados (esclarecimentos adicionais V.1); 9.5. encerrar o processo e arquivar os autos.

10. Ata n° 35/2016 – Plenário. 11. Data da Sessão: 14/9/2016 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2383-35/16-P.

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13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Vital do Rêgo. 13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa. 13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira (Relator).

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente) RAIMUNDO CARREIRO WEDER DE OLIVEIRA na Presidência Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente) LUCAS ROCHA FURTADO Procurador-Geral, em exercício