Jusciele Conceição Almeida De Oliveira
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JUSCIELE CONCEIÇÃO ALMEIDA DE OLIVEIRA “PRECISAMOS VESTIRMO-NOS COM A LUZ NEGRA”: UMA ANÁLISE AUTORAL NOS CINEMAS AFRICANOS – O CASO FLORA GOMES FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM ARTES E COMUNICAÇÃO 2018 JUSCIELE CONCEIÇÃO ALMEIDA DE OLIVEIRA “PRECISAMOS VESTIRMO-NOS COM A LUZ NEGRA”: UMA ANÁLISE AUTORAL NOS CINEMAS AFRICANOS – O CASO FLORA GOMES Doutoramento em Comunicação, Cultura e Artes. Trabalho efetuado sob a orientação de: Profa. Dra. Mirian Tavares (Universidade do Algarve / Portugal) FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM ARTES E COMUNICAÇÃO 2018 “PRECISAMOS VESTIRMO-NOS COM A LUZ NEGRA”: UMA ANÁLISE AUTORAL NOS CINEMAS AFRICANOS – O CASO FLORA GOMES Declaração de autoria de trabalho Declaro ser a autora deste trabalho, que é original e inédito. Autores e trabalhos consultados estão devidamente citados no texto e constam da listagem de referências incluída. __________________________________________________________ Jusciele Conceição Almeida de Oliveira “Copyright” em nome de Jusciele Conceição Almeida de Oliveira A Universidade do Algarve reserva para si o direito, em conformidade com o disposto no Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos, de arquivar, reproduzir e publicar a obra, independentemente do meio utilizado, bem como de a divulgar através de repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição para fins meramente educacionais ou de investigação e não comerciais, conquanto seja dado o devido crédito à autora e editor respectivos. __________________________________________________________ Jusciele Conceição Almeida de Oliveira ii À Mainha e Painho (in memorian). iii AGRADECIMENTOS A construção desse trabalho não seria possível se não fossem as trocas, os trânsitos e os deslocamentos entre familiares, amigos, críticos, teóricos e orientadora. Por isso, agradeço a todas e todos que passaram pela minha vida e pela minha escrita. Agradeço especialmente a Flora Gomes, que me permitiu, por meio da sua arte cinematográfica, ver e conhecer a Guiné-Bissau. Através da sua câmera, do seu olhar, do seu discurso, passei pelas matas, águas, sabores e dissabores da Guiné-Bissau e do continente africano. À minha orientadora professora Mirian Tavares, que, mesmo nas suas férias, aceitou me orientar e notadament pelas sugestões e crítica a essa investigação. Ao professor, intelectual, mestre e amigo Mohamed Bamba (agora in memorian), por ter me apresentado, encaminhado e formado nos cinemas africanos. À Martinha, minha mãe, que me ensinou a querer sempre mais nas nossas vidas. A João (in memorian), meu pai, pela sua honra, integridade e sabedoria de sertanejo; e por me fazer sonhar com suas narrativas e estórias sobre a cultura popular do Nordeste baiano. Às minhas irmãs, Lorena e Juliane, por me mostrarem a importância da família, do amor, do companheirismo e do respeito, que mesmo separadas por um imenso oceano (Portugal, Angola e Brasil) não diminuiu nossos afetos, pelo contrário nossos laços se mantiveram e se fortaleceram ainda mais. A João Paulo, meu irmão, pela infância querida e por juntamente com Sheila (cunhada- irmã) me darem Sofia e João Pedro, os seres que me proporcionam os momentos mais felizes da minha vida. À Bianca (mais novinha da família), que vi crescer por dois anos pela internet, e sempre me propiciou momentos de felicidade e boas risadas. Às minhas tias: Penha, Lourdes, Santana, Leci, Elenir; e às primas-irmãs: Naiara, Ana Júlia, Lorrayne, Uágda, Júlia, Graça, Aninha, que me acompanharam e acompanham na minha jornada pessoal e acadêmica. Aos amigos do Brasil, da Guiné-Bissau e de Portugal, em especial, Paula, Noé, Paulo, Alex, Sarah, Raul, Bruno Emanuel, Fátima, Tatiana, Miquele, Mônica, Maíra, Bia, Artemisa, Miguel, Felipe, Cléo, Priscila, Lon, Vércia, Rodrigo, Mariana, Letícia, Beth, Virginia, Sirley, Priscilla, Luzia, Marina pela amizade, companheirismo e conversas normalmente relacionadas com a tese. Às amigas Tatiana Mota, Mônica Lopes, Beatriz Riesco e aos amigos Wiliam Pianco e Alex França pela leitura de fragmentos, textos e reflexões, que compõem essa tese. Ao meu companheiro Júlio, pela paciência e incentivo. Em particular, pela coragem de me acompanhar nessa mudança física e de transformações acadêmicas. Ao jornalista Musa Baldé pela tradução do resumo para o Crioulo guineense; e a minha querida e amada amiga de infância Paula, por ter traduzido o resumo para o inglês. Por fim, agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela bolsa de estudos concedida no âmbito do Programa de Doutorado Pleno no Exterior que proporcionou o financiamento da pesquisa, especialmente na realização da pesquisa de campo na Guiné-Bissau. iv “Mas como é difícil modificar as coisas!”. Guy Hennebelle “Cada filme africano representa uma forma de afirmação, uma confluência de todas as sensibilidades e a salvaguarda da diversidade cultural”. Mahomed Bamba v RESUMO Os longas-metragens de ficção de Flora Gomes: Mortu nega (1988), Udju azul di Yonta (1992), Po di sangui (1996), Nha fala (2002) e Republica di mininus (2012) contam histórias locais com desdobramentos globais; falam de trânsitos, de música, de mulher, de crianças, de guerra, de (neo)colonialismo, de cosmogonia, de vida, de morte, de amor, de nascimento, de migração, de tradição, de modernidade, de coletividade; retratam problemas socioeconômicos, relacionados com o ecossistema (desmatamento e escassez de água - seca). Gomes utiliza como cenário o espaço natural, ao ar livre: no meio do mato, na guerra, na cidade, no bairro, no deserto, na tabanca, na rua, na praia, seja na África ou na Europa; com discursos irônico, crítico e metafórico. A presente tese está centrada nas marcas autorais de Flora Gomes, as quais são perceptíveis não apenas no discurso, nos temas, na trilha sonora, na temporalidade contemporânea e/ou nas referências ao seu país e ao seu continente de nascimento e residência, mas também mediante sua estética fílmica e mise en scène, reveladas nos movimentos de câmera, preparação de atores, trabalho de iluminação do corpo negro e uso de cores, na cenografia, nas metáforas visuais, na montagem. A investigação partiu da discussão de algumas questões, demandas e exigências surgidas nas leituras que abarcam esta cinematografia africana, destacando as múltiplas possibilidades dos cinemas africanos contemporâneos, para tanto, contextualizaram-se os cinemas africanos, o cinema, a história e a cultura da Guiné-Bissau, a autoria e o cineasta Flora Gomes, por meio de breves historiografia, discussões teóricas e trajetória; bem como as possibilidades de classificação e inserção dos filmes no âmbito do cinema mundial, pelos vieses de produção, circulação e recepção crítica. Palavras-chave: Cinemas africanos; História e cinema da Guiné-Bissau; Autoria; Mise en scène; Estilo; Marcas autorais de Flora Gomes. vi ABSTRACT The fiction feature films of Flora Gomes: Those Whom Death Refused (1988), Blue eyes fo Yonta (1992), Tree of blond (1996), My voice (2002) and Children republic (2012) tell us local stories with global developments; they speak of transits, music, women, children, war, (neo) colonialism, cosmogony, life, death, love, birth, migration, tradition, modernity, collectivity; portray socioeconomic problems related to the ecosystem (deforestation and water scarcity – dry). Gomes uses the natural space in the open air: middle of the forest, war, city, neighborhood, desert, tabanca (village or african locality), street, on the beach, Africa or Europe; with ironic, critical and metaphorical discourses. This thesis focuses on the trademarks of Flora Gomes, which are noticeable not only in discourse, themes, soundtrack, contemporary temporality and / or references to his country and his continent of birth and residence, but also through his filmic aesthetics and mise en scène, revealed in the camera movements, actor preparation, black body lighting work and use of colors, set design, visual metaphors, and montage. The investigation was based on the discussion of some questions, demands and requirements during the readings that cover this African cinematography, highlighting the multiple possibilities of the contemporary African Cinema, in plural, therefore, to contextualize the African cinemas, the cinema, the history and culture of Guinea Bissau, the authorship and the filmmaker Flora Gomes, through brief historiographies, theoretical discussions and trajectories; as well as the possibilities of classification and the insertion of films in the scope of the world cinema, the biases of production, the dynamics and the critical reception. Keywords: African cinemas; History and cinema of Guinea-Bissau; Authorship; Mise en scène; Style; Trademarks of Flora Gomes. vii RUZUMU Longas metragens di cinema de ficção de Flora Gomes Mortu Nega (1988), Udju azul di Yonta (1992), Po di Sangui (1996), Nha Fala (2002) ku Republica di minunus (2012) é ta konta histoias di um kau ma ku pudi kamba té na mundu intidu. É ta papia di kambanças, di musica, di mininu, di guerria, di neocolonialismo, di kunsada di mundu, di vida, di mortu, di amor, di nanci, di bai bias, di kussas di terra, di kussas di brankus, di kussas djuntadu, di purblemas di bindi bindi, di purblema ku korta matu di mampassada ta tici, di purblema di falta de yagu di bibi, di purblema di sekura na terra. Flora Gomes ta tarbadja si cinema na kau ku nhor deus kumpu suma na kampada limpu, na metadi di matu, na kau di guerra, na praça, na bairrus, na desertu, na tabanka, na rua, na praia, i pudi sedu na Africa, na Europa, i ta konta si historias na tchalassa, na raine ou nsomba nsombadu na palabra. És nha tese sta na kaminhu di manera ku Flora ta pensa. Kila kana odjadu so na kombessas di Flora Gomes, na kussas ki ta fassi, na musicas di si filmes, na tempo ki ta pega pa konta si storias di si terra, na kontinenti nundé ki padidu, nundé ki mora, ma na bonitasku di si filmes, na manera ki ta filma, na manera ki ta pega camara, manera ki ta purpara si atores, na manera ki ta lumia curpus negrus, na si stilu, na uso de cores, na cenas, na manera mbossa mbossadu di kussas ki ta mostra na si cinema i na montagem di cenas.