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Centro Filosófico do Kung Fu - Internacional JAPÃO & ARTES MARCIAIS História e Filosofia

Volume 2

www.centrofilosoficodokungfu.com.br “Se atravessarmos a vida convencidos de que a nossa é a única maneira de pensar que existe, vamos acabar perdendo todas as oportunidades que surgem a cada dia”

(Akio Morita) Editorial

Esta publicação é o 2° volume da coletânea “História e Filosofia das Artes Marciais”, selecionada para cada país que teve destaque na sua formação. Aqui o foco é o Japão.

Todo conteúdo é original da “Wikipédia”, editado e fornecido gratuitamente pelo Centro Filosófico do Kung Fu - Internacional.

É muito importante divulgar esta coletânea no meio das artes marciais, independente do praticante; pois estaremos contribuindo para a formação de uma classe de artistas marciais de melhor nível que, com certeza, nosso meio estará se enriquecendo.

Bom trabalho ! JAPÃO & ARTES MARCIAIS Filosofia e História Conteúdo

1 História do Japão 1 1.1 Periodização ...... 2 1.1.1 Eras do Japão ...... 2 1.2 História ...... 2 1.2.1 Período paleolítico japonês ...... 2 1.2.2 Período Jomon ...... 2 1.2.3 Período Yayoi ...... 3 1.2.4 Período Kofun ...... 3 1.2.5 Período Asuka ...... 4 1.2.6 Período Hakuhō ...... 5 1.2.7 Período Nara ...... 6 1.2.8 Período Heian ...... 7 1.2.9 Período ...... 10 1.2.10 Restauração Kemmu ...... 11 1.2.11 Período Muromachi ...... 12 1.2.12 Desenvolvimento cultural e contacto com o ocidente ...... 13 1.2.13 Período Azuchi-Momoyama ...... 14 1.2.14 Período ...... 16 1.2.15 Período ...... 22 1.2.16 Período Taishō ...... 25 1.2.17 Período Shōwa ...... 27 1.2.18 Período Heisei ...... 31 1.3 Notas ...... 33 1.4 Referências ...... 33 1.5 Bibliografia ...... 36 1.6 Ligações externas ...... 38

2 Império do Japão 39 2.1 Contorno ...... 39 2.2 Terminologia ...... 39 2.3 Restauração Meiji ...... 39 2.3.1 Guerra Boshin ...... 40 2.3.2 Carta de Juramento ...... 41

i ii CONTEÚDO

2.4 Período Meiji(1868-1912) ...... 41 2.4.1 Constituição ...... 42 2.4.2 Dieta Imperial ...... 42 2.4.3 Desenvolvimento Econômico ...... 42 2.4.4 Primeira Guerra Sino-Japonesa ...... 43 2.4.5 Rebelião Boxer ...... 44 2.4.6 Guerra Russo-Japonesa ...... 44 2.4.7 Anexação da Coreia ...... 45 2.5 Era Taisho (1912-1926) ...... 45 2.5.1 Primeira Guerra Mundial ...... 45 2.5.2 Intervenção na Sibéria ...... 46 2.5.3 “Democracia Taisho” ...... 46 2.6 Início do período Showa (1926-1937) ...... 46 2.6.1 Expansão da democracia ...... 46 2.6.2 Organizações militares e sociais ...... 47 2.6.3 Fatores nacionalistas ...... 47 2.6.4 Fatores econômicos ...... 48 2.7 Início do período Showa (1937-1947) - Expansionismo ...... 48 2.7.1 Expansionismo pré-guerra ...... 48 2.7.2 Pacto Tripartite ...... 50 2.7.3 Guerra do Pacífico ...... 50 2.8 Após a Segunda Guerra Mundial ...... 54 2.8.1 Ocupação do Japão ...... 54 2.8.2 Repatriação ...... 54 2.8.3 Crimes de guerra ...... 55 2.8.4 Negação de crimes de guerra ...... 55 2.8.5 Provas de crimes de guerra ...... 55 2.9 Referências ...... 55 2.10 Notas ...... 58 2.11 Bibliografia ...... 58 2.12 Ligações externas ...... 58 2.12.1 Documentos ...... 58 2.12.2 História ...... 58 2.12.3 Trabalhos acadêmicos ...... 58

3 Okinawa 60 3.1 História ...... 60 3.2 Geografia ...... 60 3.2.1 Cidades ...... 61 3.2.2 Distritos ...... 61 3.3 Economia ...... 61 3.4 Demografia ...... 61 CONTEÚDO iii

3.5 Arquitetura ...... 61 3.6 Turismo ...... 61 3.7 Ver também ...... 61 3.8 Ligações externas ...... 62

4 Budô 63 4.1 Etimologia ...... 63 4.1.1 Budô ...... 63 4.1.2 Budô e bujutsu ...... 63 4.2 História ...... 63 4.3 Alguns budô ...... 64 4.4 Ver também ...... 64 4.5 Referências ...... 64

5 Tao 65 5.1 O tao é a espontaneidade natural ...... 65 5.1.1 O modo de caminhar taoista ...... 65 5.2 Ver também ...... 66 5.3 Bibliografia ...... 66 5.4 Ligações externas ...... 66

6 Niju kun 67 6.1 História ...... 67 6.2 Texto ...... 67 6.3 Referências ...... 68

7 Dojo 69 7.1 Curiosidades ...... 69 7.2 Desenvolvimento de Software ...... 69 7.3 Referências ...... 69 7.4 Ver também ...... 70

8 (artes marciais) 71 8.1 Referências ...... 71 8.2 Bibliografia ...... 71 8.3 Ver também ...... 71

9 72 9.1 Aiquidô ...... 72 9.2 Karatê-Do ...... 72 9.2.1 Shorin-ryu ...... 72 9.2.2 Aspectos Aprimorados ...... 73 9.3 Notas ...... 73 9.4 Referências ...... 73 iv CONTEÚDO

10 74 10.1 Etimologia e filosofia ...... 74 10.2 História ...... 75 10.2.1 Desenvolvimento inicial ...... 75 10.2.2 Influências religiosas ...... 75 10.2.3 Divulgação internacional ...... 76 10.2.4 Proliferação de organizações independentes ...... 76 10.3 Treino ...... 77 10.3.1 Aptidão ...... 77 10.3.2 Funções de e nage ...... 77 10.3.3 Ataques básicos ...... 78 10.4 Características ...... 78 10.4.1 Denominação ...... 78 10.4.2 Etiqueta ...... 78 10.4.3 Competição ...... 79 10.5 Técnicas ...... 79 10.5.1 Caimento ...... 79 10.5.2 Posturas ...... 79 10.5.3 Técnicas de movimentação ...... 79 10.6 Notas ...... 80 10.7 Referências ...... 80 10.8 Bibliografia ...... 81

11 Judô 84 11.1 História ...... 84 11.1.1 Decadência e renascimento do ju-jitsu ...... 84 11.1.2 Nascimento ...... 85 11.1.3 No Brasil ...... 85 11.1.4 Academia Terazaki ...... 86 11.2 Os três princípios ...... 87 11.3 Graduações ...... 87 11.3.1 Graduações dan ...... 87 11.3.2 Pontuação ...... 87 11.4 Formas de saudação (Rei) ...... 88 11.5 Técnicas ...... 88 11.6 Exercícios básicos ...... 88 11.7 Kata ...... 88 11.7.1 Nage-no-kata ...... 89 11.8 Ideologias e espíritos ...... 89 11.9 Cinco fundamentos ...... 89 11.10Fases da projeção ...... 89 11.11Referências ...... 89 CONTEÚDO v

11.12Ligações externas ...... 90

12 do judô 91 12.1 Forma de execução ...... 91

13 Karatedo 92 13.1 História ...... 92 13.2 Filosofia ...... 92 13.3 Revisionismo ...... 92 13.4 Referências ...... 92

14 Katas do caratê 93 14.1 Finalidade ...... 93 14.2 História ...... 93 14.2.1 Formas vetustas ...... 94 14.2.2 Formas modernas ...... 94 14.3 Classificação ...... 95 14.4 Quadro comparativo ...... 95 14.5 Notas ...... 95 14.6 Referências ...... 95 14.7 Bibliografia ...... 95 14.8 Ver também ...... 95 14.9 Ligações externas ...... 95

15 Caratê 96 15.1 História ...... 96 15.1.1 Antecedentes ...... 96 15.1.2 Arte das mãos oquinauenses ...... 98 15.1.3 Arte das mãos vazias ...... 99 15.1.4 Caminho das mãos vazias ...... 100 15.1.5 Atualidades ...... 102 15.1.6 Em África ...... 102 15.1.7 No Brasil ...... 103 15.1.8 Em ...... 103 15.2 Estilos ...... 103 15.3 Ética e filosofia ...... 104 15.3.1 Dojo kun ...... 104 15.3.2 Tode jukun ...... 105 15.3.3 Niju kun ...... 105 15.4 Técnicas ...... 105 15.4.1 Currículo ...... 105 15.4.2 Didática ...... 105 15.5 Graduação ...... 106 vi CONTEÚDO

15.6 Competição ...... 107 15.7 Vocabulário ...... 108 15.8 Notas ...... 108 15.9 Referências ...... 109 15.10Ligações externas ...... 111

16 Shorin-ryu 112 16.1 História ...... 112 16.1.1 Peichin Takahara (1683 - 1760) ...... 113 16.1.2 Kanga Sakukawa (1733 - 1815) ...... 113 16.1.3 Sokon Matsumura (c. 1800 - c.1890) ...... 113 16.1.4 Anko Itosu (1831 - 1915) ...... 114 16.1.5 Choshin Chibana (1885 - 1969) ...... 115 16.1.6 Katsuya Miyahira (1918 - 2010) ...... 116 16.2 Escolas do estilo ...... 116 16.2.1 Shidokan ...... 117 16.2.2 Shorinkan ...... 117 16.2.3 Kyudokan ...... 118 16.2.4 Matsubayashi ...... 118 16.2.5 Seibukan ...... 118 16.2.6 Shobayashi ...... 118 16.2.7 Shinshukan ...... 118 16.3 Kata ...... 119 16.4 Progressão de faixas ...... 119 16.5 Outros pontos de relevância ...... 120 16.5.1 Takahara e o conceito de “Do” ...... 120 16.5.2 Itosu e "Os Dez Preceitos do " ...... 120 16.5.3 A Shorin-ryu e o Karate esportivo ...... 121 16.6 Ligações externas ...... 123 16.7 Referências ...... 123

17 Shorin-ryu Matsumura Seito 124 17.1 História ...... 124 17.2 Referências ...... 124

18 Goju-ryu 125 18.1 História ...... 125 18.2 Características ...... 125 18.3 Kata ...... 126 18.4 Escolas e associações ...... 127 18.5 Referências ...... 127 18.6 Bibliografia ...... 127 CONTEÚDO vii

18.7 Ligações externas ...... 127

19 128 19.1 História ...... 128 19.1.1 Formação ...... 128 19.1.2 Cisão ...... 129 19.2 Características ...... 129 19.2.1 Ética ...... 130 19.2.2 Kihon ...... 130 19.2.3 Kata ...... 130 19.2.4 ...... 131 19.2.5 Graduação ...... 131 19.3 Competições ...... 132 19.4 Notas ...... 132 19.5 Referências ...... 133 19.6 Ligações externas ...... 133

20 Katas do estilo Shotokan 134 20.1 Ver também ...... 134

21 Shotokai 135 21.1 História ...... 135 21.2 Estilo ...... 135 21.3 Kata ...... 135 21.4 Referências ...... 136 21.5 Ligações externas ...... 136

22 Shito-ryu 137 22.1 História ...... 137 22.2 Características ...... 138 22.2.1 Denominação ...... 139 22.2.2 Kihon ...... 139 22.2.3 Kata ...... 139 22.3 Ramificações ...... 140 22.4 Notas ...... 140 22.5 Referências ...... 141 22.6 Ver também ...... 141

23 Katas do estilo Shito-ryu 142 23.1 Ver também ...... 142

24 143 24.1 Masutatsu Oyama ...... 143 24.1.1 Exílio voluntário ...... 143 viii CONTEÚDO

24.1.2 Duelo com touros ...... 143 24.1.3 A prova dos cem combates ...... 144 24.1.4 A Organização ...... 144 24.1.5 No Brasil ...... 144 24.2 Características ...... 145 24.3 Graduação ...... 145 24.4 Referências ...... 145 24.5 Ligações externas ...... 145

25 146 25.1 Acção e meditação ...... 146 25.2 Princípios ...... 146 25.3 Dizeres de Kaiso ...... 146 25.4 As seis características do shorinji kenpo ...... 147

26 Budokan 148 26.1 Referências ...... 148

27 Jiu-jitsu 149 27.1 História ...... 149 27.1.1 Brasil ...... 151 27.1.2 Japão ...... 152 27.2 Características ...... 152 27.2.1 Técnicas ...... 152 27.2.2 Graduação ...... 152 27.3 Notas ...... 152 27.4 Referências ...... 152 27.5 Ver também ...... 153 27.6 Ligações externas ...... 153

28 Lista de armas de artes marciais 154 28.1 Armas japonesas ...... 154 28.2 Armas chinesas ...... 154 28.3 Armas de outras origens ...... 155

29 156 29.1 História ...... 156 29.1.1 Origens ...... 156 29.1.2 A origem do termo iaidô ...... 156 29.1.3 Iaidô no Brasil ...... 156 29.2 Prática ...... 157 29.2.1 Estrutura do kata ...... 157 29.2.2 Formato de uma seção de treino ...... 158 CONTEÚDO ix

29.2.3 Keiko ...... 158 29.3 Organizações ...... 158 29.4 Graduações ...... 158 29.5 Escolas ...... 158 29.5.1 Seitei iaidō ...... 158 29.5.2 Toho iaido ...... 160 29.5.3 Iaidō koryū ...... 160 29.6 Aspecto filosófico ...... 163 29.7 Na ficção ...... 164 29.8 Referências ...... 164 29.9 Ligações externas ...... 164

30 Naguinata-do 165 30.1 Histórico ...... 165 30.2 Naguinata Koryu ...... 166 30.2.1 Tenshin Shoden Katori Ryu ...... 166 30.2.2 Suio Ryu ...... 166 30.2.3 Outras tradições ...... 166 30.3 Atarashi Naguinata ...... 166 30.3.1 A prática ...... 166 30.3.2 Equipamento ...... 166 30.3.3 Aspecto filosófico ...... 167 30.3.4 Graduações ...... 167 30.4 Naguinata no Brasil ...... 168 30.4.1 Naguinata Koryu ...... 168 30.4.2 Atarashi Naguinata ...... 168 30.5 Referências ...... 168 30.6 Ligações externas ...... 169

31 Kyudo 170 31.1 Propósitos do kyudo ...... 170 31.2 História do kyudo ...... 170 31.3 Kyudo no mundo ...... 170 31.3.1 Kyudo no Brasil ...... 171 31.4 Equipamento ...... 171 31.4.1 Arco ...... 171 31.4.2 Flecha ...... 171 31.4.3 Luva ...... 171 31.5 Treino e prática ...... 171 31.6 Técnica ...... 172 31.7 Graduações ...... 172 31.8 Escolas principais ...... 172 x CONTEÚDO

31.8.1 All Nippon Kyudo (ANKF) ...... 173 31.8.2 Escolas tradicionais ...... 173 31.9 Bibliografia ...... 173 31.10Referências ...... 173 31.11Ver também ...... 173 31.12Ligações externas ...... 173

32 Koryū 174 32.1 Koryu e gendai budô ...... 174 32.2 Atualidade ...... 174 32.3 Algumas artes koryu ...... 174 32.4 Alguns estilos de koryu ...... 175 32.5 Referências ...... 175 32.6 Bibliografia ...... 176 32.7 Ligações externas ...... 176

33 177 33.1 História ...... 177 33.2 Estilos ...... 178 33.2.1 Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu ...... 178 33.2.2 Hyoho Niten Ichi Ryu ...... 178 33.2.3 Kashima Shinden Jikishinkage Ryu ...... 178 33.2.4 Kashima Shinto Ryu ...... 178 33.2.5 -ha Itto Ryu ...... 178 33.3 Prática ...... 178 33.4 O kenjutsu no Brasil ...... 179 33.4.1 A Confederação Brasileira de Kobudo (CBKob) ...... 179 33.5 Referências ...... 180 33.6 Ver também ...... 180 33.7 Ligações externas ...... 180

34 181 34.1 Histórico ...... 181 34.1.1 Origens ...... 181 34.1.2 Origens no Brasil ...... 182 34.2 Kendō moderno ...... 183 34.2.1 No mundo ...... 183 34.2.2 No Brasil ...... 183 34.3 Organizações ...... 184 34.3.1 Mundiais ...... 184 34.3.2 Brasileiras ...... 184 34.3.3 Portuguesas ...... 185 CONTEÚDO xi

34.3.4 Sul-americanas ...... 185 34.4 Prática ...... 185 34.4.1 Kamae ...... 185 34.4.2 Shiai (luta) ...... 186 34.4.3 Nihon kendō gata ...... 188 34.4.4 Bokuto Ni Yoru Kendo Kihon Waza Keiko Ho / Kihon Kendo Gata ...... 188 34.5 Aspecto filosófico ...... 189 34.6 Graduações ...... 189 34.6.1 Exame ...... 190 34.6.2 Graduações no Brasil ...... 192 34.7 Ficção ...... 192 34.8 Referências ...... 192 34.9 Ver também ...... 192 34.10Ligações externas ...... 193

35 194 35.1 História ...... 194 35.1.1 Jokoto ...... 195 35.1.2 Koto ...... 195 35.1.3 Shinto ...... 195 35.1.4 Gendaito ...... 195 35.2 Referências ...... 196 35.3 Ligações externas ...... 196

36 197 36.1 Breve história dos ...... 197 36.2 Nomenclatura ...... 198 36.3 Artes marciais dos Samurais ...... 199 36.3.1 Armadura ...... 199 36.4 O Dia do Samurai ...... 200 36.5 O Samurai na sociedade japonesa ...... 200 36.6 Casamento samurai ...... 201 36.6.1 Esposa, a mulher samurai ...... 201 36.7 Para Saber mais ...... 202 36.8 Referências ...... 202 36.9 Bibliografia ...... 203 36.10Ver também ...... 203 36.11Ligações externas ...... 203

37 204 37.1 Biografia ...... 204 37.1.1 O Início ...... 204 xii CONTEÚDO

37.1.2 Viagens e Duelos ...... 204 37.1.3 Serviço ...... 205 37.1.4 Últimos Dias ...... 205 37.2 A Arte de Musashi ...... 206 37.3 “Musashi”, o livro ...... 206 37.4 Musashi, a biografia ...... 206 37.5 Musashi nos quadrinhos ...... 207 37.6 Musashi no cinema e na TV ...... 207 37.7 Ver também ...... 208 37.8 Referências ...... 208 37.9 Bibliografia ...... 208 37.10Ligações externas ...... 208

38 O Livro dos Cinco Anéis 209 38.1 Sobre o autor e a obra ...... 209 38.2 Análise da obra ...... 210 38.2.1 Trecho ...... 210 38.3 Ver também ...... 210 38.4 Referências ...... 211 38.5 Ligações externas ...... 211 38.6 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem ...... 212 38.6.1 Texto ...... 212 38.6.2 Imagens ...... 215 38.6.3 Licença ...... 226 Capítulo 1

História do Japão

A história do Japão (em japonês: ⽇本の歴史 ou ⽇ Kamakura, uma instituição militar permanente que go- 本史, Nihon no rekishi / Nihonshi*?) é a sequência de vernaria durante quase setecentos anos. A corte viu as- eventos ocorridos no arquipélago japonês, com o surgi- sim o seu poder transferir-se para os samurais sob tal re- mento de factos únicos influenciados pela sua natureza gime militar. A eclosão da Guerra de Ōnin em 1467 pro- geográfica enquanto nação insular, assim como por even- vocou uma série de guerras que se estenderam por todo tos inculcados por influência do império Chinês que de- o Japão, num período que culminou em 1573, quando finiram a sua língua, a sua escrita e também a sua cultura iniciou uma unificação do país que não política. Por outro lado, o Japão foi ainda influenci- foi concluída devido à traição de um dos seus principais ado pelo Ocidente, convertendo-se numa nação indus- generais. O imperador foi morto e trial, mas manteve os laços com a tradição cultural do vingou a sua morte, completando a unificação em 1590. país. Exerceu uma influência significativa e expansão ter- Depois disto, o país ficou novamente dividido em dois ritorial na região do Pacífico, mas após a Segunda Guerra lados: os que apoiavam o seu filho e Mundial estacou. os que apoiavam um dos principais daimyo, Após a última idade do gelo, por volta de 12 000 AEC, o Ieyasu. As duas vertentes enfrentaram-se então durante a rico ecossistema do arquipélago japonês promoveu o de- Batalha de Sekigahara, da qual leyasu saiu vencedor e foi senvolvimento humano. O aparecimento das primeiras oficialmente nomeado shōgun em 1603, instaurando-se o pessoas no Japão data do Paleolítico, há cerca de 35 000 Shogunato Tokugawa. O período Edo caracteriza-se por anos. Entre 11 000 e 500 AEC, estes povos desenvolve- ter sido uma época de paz e pela implementação de uma ram um tipo de cerâmica designada de Jomon, a qual é nova política de relações internacionais que evitou o con- considerada das mais antigas do mundo. Posteriormente tacto com o exterior. Este isolamento teve o seu término surgiu uma cultura conhecida como Yayoi, onde a produ- em 1853, quando Matthew Calbraith Perry forçou o Ja- ção de ferramentas de metal, assim como o cultivo do pão a abrir portas e assinar uma série de tratados com as arroz, foram um importante progresso. Neste período grandes potências estrangeiras (tratados desiguais), cau- existiram várias tribos, porém foi no período Yamato que sando desconforto entre alguns samurais que apoiavam o se fez notar maior predominância de povos. Séculos de- imperador a favor da retoma do seu papel na política. pois, os governantes deste período reforçaram a posição O último shōgun de Tokugawa renunciou ao cargo em do país e começaram a disseminar-se por todo o arquipé- 1868, dando início à era Meiji, em homenagem ao lago sob um sistema centralizado, comprimindo as inú- imperador Meiji que havia assumido o poder político. meras tribos existentes e alegando a própria ascendência Iniciou-se então a modernização do país com a evacu- divina. Entretanto, o governo central havia começado a ação do sistema feudal e dos samurais, e com a trans- assimilar os costumes próprios da Coreia e da . Esta ferência da capital para Tóquio. Um forte processo de rápida imposição de tradições estrangeiras, contudo, pro- ocidentalização teve lugar, e o Japão emergiu no mundo duziu uma certa tensão na sociedade japonesa e, no ano enquanto primeiro país asiático industrializado. O país 794, a corte imperial fundou uma nova capital, Heian-kyō encontrava-se num processo de expansionismo territorial (actual Quioto), dando origem a uma cultura aperfeiço- sobre as nações vizinhas, o que originou conflitos com ada da aristocracia. Apesar disso, o sistema centralizado o Império Russo e o Império Chinês. Com a morte do fracassou nas províncias e iniciou-se um processo de pri- imperador Meiji, o país havia se convertido numa nação vatização de terras, dando origem a um colapso na ad- moderna, industrializada, com um governo central, as- ministração e ordem públicas. A aristocracia necessitava sim como uma superpotência na Ásia que rivalizava com então da ajuda de guerreiros para proteger a suas propri- o ocidente. Isto reflectiu-se numa explosão social devido edades - mais tarde denominada a classe samurai. ao crescimento económico e populacional. O império co- Em 1192, foi nomeado shogun meçou a conquistar terreno sob o extremismo político, (ditador militar) do Japão pelo imperador, marcando sendo que em 1930 a expansão militar se acelerou e o o início do regime feudal shogunato (ou bakufu) país confrontou a China pela segunda vez. Após a eclo-

1 2 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

são da guerra na Europa, o Japão aproveitou-se da situ- 1.2 História ação para ocupar outras áreas territoriais da Ásia. Du- rante o ano de 1941, as relações diplomáticas entre o Ja- 1.2.1 Período paleolítico japonês pão e os Estados Unidos complicaram-se quando o pre- sidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, interrom- peu o fornecimento de petróleo para o Japão e conge- A data aproximada do início do período paleolítico é lou todos os créditos japoneses nos Estados Unidos. A motivo de alguma controvérsia, embora seja geralmente 7 de dezembro de 1941 o Japão atacou Pearl Harbor, le- aceite que este período se defina entre 50 000/35 000 vando o país para a Segunda Grande Guerra enquanto ap, quando surgiram as primeiras ferramentas de pe- dra, e 13 000/9 500 ap, que corresponde ao início do parte das "Potências do Eixo". Apesar de uma série de * vitórias iniciais, o Japão veio a sofrer derrotas frente aos Mesolítico. [4] Por definição, o período paleolítico do Ja- aliados, como na Batalha de Midway, alterando conse- pão terminou com o aparecimento das primeiras técnicas de cerâmica durante o final do último período glacial, en- quentemente os papéis na Guerra do Pacífico. Depois dos * violentos bombardeamentos de Hiroshima e , o tre 13 000 e 10 000 anos ap [5] Este período situa-se nos Japão apresentou a sua incondicional rendição, uma vez finais do Pleistoceno. que estava sob ocupação das forças estadunidenses, as Existem poucas evidências que comprovem o estilo de quais desmantelaram o exército, libertaram as zonas ocu- vida das pessoas que viviam no Japão durante este pe- padas, o poder político do Imperador foi suprimido e o ríodo, assim como quanto à presença de seres humanos primeiro-ministro eleito pelo parlamento. antes de 35 000 ap, o que continua a ser algo contro- * Em 1952 o Japão havia recuperado a sua soberania após verso. [4] A transição entre este período e o período se- a assinatura do Tratado de , crescendo eco- guinte foi gradual, não tendo sido encontradas evidências de uma clara ruptura ou diferenciação entre as duas cul- nomicamente com a ajuda da comunidade internacional. * Politicamente, o Partido Liberal Democrata do Japão, de turas. [5] tendência conservacionista, governou quase ininterrupta- Sabe-se que os primeiros habitantes eram caçadores- mente no pós-guerra. Com o início da era Heisei, o Ja- coletores vindos do continente. Embora trabalhassem pão sofreu uma crise económica nos anos de 1990, en- a pedra, desconheciam a tecnologia da cerâmica e não frentando um declínio da taxa de natalidade e um rápido tinham práticas agrícolas que indicassem sedentariza- envelhecimento da população. Em princípios do século ção.*[6] Este período agrupa as mais antigas ferramentas XXI, o Japão começou a reformar as práticas que regiam de pedra polida conhecidas no mundo, datadas por volta desde o pós-guerra a sociedade, o governo e a econo- de 30 000 AEC.*[7] mia, o que resultou numa significante mudança política O paleolítico superior, documentado aquando realizada em 2009, com a tomada do poder por parte do Partido a escavação no sítio arqueológico de Iwajuku em 1949, Democrático do Japão. Contudo, em finais de 2012, o e que veio a permitir várias conclusões a partir da dé- poder voltou para as mãos do Partido Liberal Democrata. cada de 1960, é geralmente dividido pelas seguintes fa- ses e tradições:*[5] Através da datação por radiocarbono, concluiu-se que os primeiros ossos humanos descober- tos em Hamamatsu, Shizuoka datam de 14 000 a 18 000 1.1 Periodização ap.*[8]

A história do Japão divide-se em períodos importantes relativamente à produção artística, assim como a rele- 1.2.2 Período Jomon vantes acontecimentos políticos.*[1] A classificação ge- ralmente varia dependendo dos critérios do autor, con- A transição do paleolítico para o período Jomon (縄⽂ * tudo muitos dos períodos podem ser subdivididos.*[2] 時代, Jōmon-jidai ?) teve início com a introdução da cerâmica na região a par de culturas agrícolas ainda in- cipientes. A primeira civilização japonesa Jomon ocu- pou as ilhas nipónicas em finais da quarta glaciação por 1.1.1 Eras do Japão volta de 14 mil AEC.*[9] Durante os primeiros dez mil anos desde o aparecimento dos primeiros povos, apro- Segundo o imperador reinante, os nengō (年号*?) (eras ximadamente entre 11 000 e 500 AEC, a sobrevivência dos habitantes dependia principalmente da caça, pesca e do Japão) possuem outra divisão periódica na sua his- * * tória. O sistema de classificação por eras (ou períodos) colecta. [10] [11] fundamenta-se no nome do respectivo imperador, ou seja, O nome do período provém do tipo de cerâmica desen- pelo ano correspondente ao seu mandato. Como exem- volvida, que significa“marca de corda”- um cunho dis- plo, o ano 1948 corresponde ao ano Shōwa 23. Atual- tinto deixado pelas cordas na argila ainda crua, que se mente é utilizado tanto o calendário Gregoriano como o formava a partir de tiras de barro cozido a baixas tem- sistema de nengō.*[3] peraturas. De acordo com a sua datação, a cerâmica 1.2. HISTÓRIA 3

Dōtaku datado do século III, no período Yayoi. Estátua do período Jomon tardio. respectivos feudatários, dando origem à divisão territo- rial por caciques.*[14] deste período é das mais antigas cerâmicas conhecidas no mundo.*[12] Durante o final deste período existia já um número sig- nificativo de caciques. Um dos mais importantes foi Yamatai-, que estabeleceu bases para a nação emer- 1.2.3 Período Yayoi gente do período seguinte. As Crónicas de Wei descre- vem a existência desse território; uma nação conhecida A cultura do período Yayoi (弥⽣時代, Yayoi jidai*?) na China como Wa (primeiro registo escrito do nome do caracteriza-se por ter sido a fase de implementação de Japão), a qual era liderada por uma mulher chamada Hi- * métodos de cultivo de arroz e do trabalho em metal, ape- meko, provavelmente a imperatriz-consorte Jingo. [13] sar de, em arqueologia, ser classificado segundo a identi- ficação de determinados artefactos, especialmente de di- versos estilos de cerâmica. Considera-se que esta época 1.2.4 Período Kofun está definida desde 300 AEC até 500 EC.*[13] Os membros pertencentes à cultura Yayoi tinham carac- O período Kofun data entre 250 e 300, com a constru- ção do primeiro kofun, e 538 e 552, época em que se terísticas físicas distintas das dos povos de Jomon, o que sustenta três hipóteses quanto à origem dos Yayoi. A pri- considera que o budismo foi introduzido no Japão. Vá- meira afirma que os povos deste período eram descenden- rios historiadores e arqueólogos, como Charles T. Keally, tes dos Jomon, tendo, no entanto, sofrido alterações fisio- prorrogam o prazo até 710, por forma a que os períodos Asuka e Hakuhō sejam considerados subperíodos do Ko- lógicas devido a mudanças na dieta e estilo de vida. Outra * teoria afirma que eram imigrantes do continente (Coreia). fun. [15] A terceira hipótese sustenta que os povos Yayoi eram des- Este período adquiriu o mesmo nome das mamoas fu- cendentes do cruzamento entre os Jomon e os imigrantes nerárias onde os membros da classe aristocrática eram provenientes do continente.*[14] enterrados juntamente com as suas armas, armaduras e escudos de bronze - kofun (古墳*? lit. “antigo túmulo” As aplicações da tecnologia metalúrgica diversificaram- * se, passando a ser comum o fabrico de ferramentas agrí- ). [16] A área destes túmulos varia de tamanho, chegando a dimensões semelhantes às pirâmides do Egito, o que re- colas, espadas de bronze, armas de ferro e espelhos para * o uso em rituais religiosos. Com a divisão do trabalho flete a magnitude de poder dos governantes. [14] surgiu também uma profunda estratificação da sociedade, O período Kofun marca o fim da pré-história. Uma vez fazendo com que se estabelecessem classes dominantes e que não existem registos japoneses, a história deste pe- 4 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

Templo budista de Hōryū. Construído em meados do período Asuka por ordem do Príncipe Shotoku, representa o início da presença do budismo no Japão.

O Daisenryō-Kofun em Osaka, é o maior túmulo deste tipo e a sua construção data do século V a.C.

ríodo dependeu de fontes externas (inicialmente de do- derar que a sua implementação poderia contribuir para a cumentos coreanos e posteriormente de chineses), assim unidade nacional e facilitaria o estabelecimento de uma como dos manuscritos do início do período Nara, por nova hierarquia religiosa sob a autoridade de uma divin- volta do século XVII. Apesar de não existirem registos de dade omnipotente (Buda), ao contrário das centenas de origem chinesa que mencionem o Japão entre os anos 266 kami do xintoísmo. O conflito terminou com a vitória de e 413, as escrituras coreanas do século IV proporcionam Soga no Umako em 587, assim como com a implementa- uma vasta informação das actividades do reino de Wa na ção do budismo enquanto religião oficial, atribuída pelo península coreana. Por outro lado, os registos chineses príncipe Shōtoku Taishi e pela Imperatriz Suiko em 593. do século V demonstram uma relação muito próxima en- Apesar do tudo, o budismo não se chegou a sobrepor por tre a China e o emergente governo Yamato (localizado na completo ao xintoísmo e ambas as religiões coexistiram atual província de Nara). Entre 413 e 502, os Cinco Reis pacificamente ao longo da história do Japão.*[20] de Wa - nome que menciona os cinco monarcas do Japão O príncipe Shōtoku estabeleceu também um governo - mantiveram uma estreita relação com o dito país, envi- central. A corte financiou a construção de vários templos ando continuamente emissários ao território chinês.*[15] e palácios, inspirando-se em modelos arquitectónicos co- Durante este período, o Japão teve um contacto signifi- reanos e chineses. O príncipe, admirador profundo da cativo com a China e, sobretudo, com a Coreia. No ano cultura destas nações, fomentou o recurso a caracteres 400, a infantaria do exército japonês acudiu em socorro chineses (que estão na origem dos ); lançou bases o reino de Baekje,*[17] no sudeste da península da Co- para o desenvolvimento de códigos de conduta e ética de reia,*[15] tendo contudo sofrido uma significativa derrota governo fundamentados no budismo (constituição dos de- nas mãos da cavalaria do reino de Koguryo, proveniente zassete artigos, 604); e enviou inúmeras missões japone- do norte da península.*[17] sas à China Imperial durante a dinastia Sui (600-618), 君* com o intuito de estabelecer firmes relações diplomáti- O governo da corte de Yamato focou-se num Kimi ( ? * * "rei") e, a partir do século V, o mandatário passou a ser cas. [21] [22] chamado Tennō (天皇*? "imperador"). O termo Tennō Em 602, o príncipe Kume liderou uma expedição à Co- (天皇*? "imperador"), o qual é empregue atualmente, foi reia, acompanhado por cerca de 120 a 150 caciques lo- utilizado a partir do mandato do Imperador Tenmu.*[15] cais (Kuni ni Miyatsuko). Cada cacique foi escoltado por um exército pessoal, cujo número dependia da riqueza de cada feudo. Estas tropas formaram o protótipo de um 1.2.5 Período Asuka exército, que viria a ser conhecido nos séculos posterio- res por samurai.*[17] O período Asuka (⾶⿃時代, Asuka jidai*?) teve início A arte deste período incorpora os temas de arte bu- com a introdução do budismo no Japão, no ano 552.*[nt dista. Uma das obras mais notórias é o templo budista de 1] A introdução do budismo esteve na origem de uma sé- Horyu-ji, encomendado pelo príncipe Shōtoku no início rie de conflitos por todo o país. Alguns membros da corte do século VII, sendo a mais antiga estrutura de madeira viram com bons olhos a difusão desta religião, ao consi- do mundo.*[23] 1.2. HISTÓRIA 5

Nakatomi no Kamatari, personagem decisiva no período Hakuhō ao contribuir para a derrota do clã Soga e para a criação das Reforma Taika e do Código Omi. Em virtude do seu trabalho recebeu o apelido Fujiwara.

1.2.6 Período Hakuhō

Após a morte do príncipe Shōtoku em 621, surgiu den- tro da corte um novo clã chamado Soga, que foi gra- dualmente tomando o controlo político, o que consti- tuiu uma forte ameaça para o governo imperial.*[24] Em 645, face à urgência da situação, o príncipe Naka no Ōe (626-672), conjuntamente com outros membros, organi- Izanagi (direita) e Izanami (esquerda) criando o submundo. Pin- zou um grupo e assassinou o líder do clã, Soga no Iruka, tura de Eitaku Kobayashi. em plena audiência com a Imperatriz Kogyoku (Incidente de Isshi).*[25] A imperatriz abdicou do trono em favor do seu segundo filho, o Imperador Kōtoku (596-654), ao mesmo tempo que o clã Soga foi debelado. Em 646, o Imperatriz Saimei, vindo a falecer em 661), o príncipe novo imperador, juntamente com Nakatomi no Kamatari Naka no Ōe assumiu o poder sob o nome de Imperador e o príncipe Naka no Ōe, redigiu uma série de leis desig- Tenji. Durante o seu reinado foram promulgados o pri- nadas de "Reformas Taika", com o propósito de fortale- meiro ritsuryo (uma compilação de leis baseada na filo- cer o poder central, as quais implementaram uma reforma sofia de Confúcio e em leis chinesas) e o Código Omi em agrária e reestruturaram a corte imperial segundo o mo- 669. Nakatomi no Kamatari, que escreveu o código, foi delo chinês da Dinastia Tang. A corte impulsionou ainda recompensado pelo imperador Tenji, recebendo o sobre- o envio de embaixadas e estudantes para a China a fim nome de Fujiwara, que posteriormente veio a fundar o de assimilar aspectos culturais dessa região, afectando de clã Fujiwara.*[26] forma radical a cultura e sociedade japonesas. A este No ano 618 a dinastia Tang tomou o poder na China e período deu-se o nome de Hakuhō (⽩鳳⽂化, Hakuhō * * * aliou-se ao reino coreano de Silla, com o propósito de bunka ?). [24] [25] atacar o reino de Paekche. Os japoneses enviaram três Após as mortes do Imperador Kotoku (em 654) e da Im- exércitos expedicionários (em 661, 662 e 663) em au- peratriz Kogyoku (que retomou o trono com o nome de xílio do reino de Paekche. Durante o conflito, o Japão 6 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

sofreu uma das mais significativas derrotas na sua histó- banido pelos distúrbios que havia causado e, enquanto ria antiga, perdendo cerca de 10 mil homens, um número caminhava pelas terras de Izumo, ouviu uma cobra (ou significativo de barcos de grande porte e inúmeros cavalos dragão)*[33]*[34] de oito cabeças, chamada Yamata no de guerra. Receando uma invasão por parte da nova ali- Orochi, que atormentava os moradores locais. Susanoo ança entre Silla e a China, o Japão iniciou uma militariza- assassinou a cobra embriagando-a com saque e de seguida ção progressiva. Em 670 foi ordenado um recenseamento cortando-lhe as cabeças. Na cauda da cobra, Susanoo en- demográfico tendo em vista o recrutamento de população controu uma espada e decidiu oferecer à sua irmã em sinal para o exército japonês. Toda a costa norte de Kyushu foi de paz. Esta espada é, pois, o segundo ícone das insígnias fortificada, ao longo da qual se edificaram postos de vi- imperiais.*[32] gia, e se construíram torres de sinalização com fogueiras A terceira e última insígnia é uma magatama (miçanga em na costa das ilhas Tsushima e Iki.*[27] forma de curva) que deu ao seu neto Ninigi- Após a morte do Imperador Tenji em 671, os seus dois no-Mikoto, quando este recebeu o cargo de governar o sucessores disputaram o trono na Guerra Jinshin. Após a submundo. A joia, por sua vez, foi entregue ao seu neto, o vitória do Imperador Tenmu em 684, este decretou que imperador Jimmu, o primeiro imperador do Japão. Desta todos os elementos policiais civis e militares dominassem forma, subvencionados na crença popular, os governantes as artes marciais.*[27] Em 702, os sucessores do Impera- de Yamato legitimaram o processo pelo qual o Japão seria dor Tenmu culminaram com as reformas militares através governado sob um sistema imperial, fortemente apoiado do Código Taihō (⼤宝律令, Taihō-ritsuryō*?), conse- pela crença no xintoísmo.*[32] guindo assim a vantagem de um imenso e estável exército conforme o sistema chinês. Cada heishi (soldado japo- nês) era atribuído a um gundan (regimento), durante uma 1.2.7 Período Nara determinada parte do ano, enquanto que os restantes sol- dados dedicavam-se à agricultura. Os soldados estavam individualmente equipados com arcos, uma aljava e um par de espadas.*[28]

Estabelecimento do sistema imperial

No século VIII, os governantes do período Yamato or- denaram que a sua inclusão nos mitos e lendas japone- sas fosse consumada, por forma a se legitimarem pe- rante a população.*[16] Uma das mais importantes lendas refere-se à origem do Japão, atribuída aos kami Izanagi e Izanami. Segundo a lenda, foi a partir destes dois que nasceram os três kami maiores: Amaterasu, deusa do Daibutsu-den, dentro do complexo de Tōdai-ji. Este templo bu- Sol e senhora dos céus; Susanoo, deus dos oceanos; e dista foi financiado pela corte Imperial durante o período Nara. Tsukuyomi, o deus da escuridão e da Lua.*[29] Em de- terminado dia, Amaterasu e Susanoo discutiram e, em- O período Nara (奈良時代, Nara-jidai*?) teve origem briagado, Susanoo destruiu tudo à sua passagem. Ama- em 710, quando a capital foi transferida para Heijō-kyō terasu ficou tão assustada que se escondeu numa caverna, - próxima da província de Nara - prolongando-se até fi- recusando-se a sair, tendo o mundo ficado privado de luz. nais de 794, quando a capital foi novamente transferida Com o propósito de fazê-la sair, um kami feminino, Ame- para Heian-kyō, atual Quioto.*[2] A nova capital foi ins- no-Uzume-no-Mikoto, realizou uma dança erótica acom- pirada em Changan, antiga capital da China durante a panhada pelo regozijo da miríade dos deuses reunidos em dinastia Tang.*[35]*[36] Neste período, o governo finan- assembleia. No momento em que Amaterasu perguntava ciou a construção de inúmeros templos na capital e na o que tinha acontecido, revelaram-lhe a existência de uma província, com o intuito de obter apoio religioso. As- kami mais poderosa, Ame-no-Uzume, que tinha pendu- sim, a implementação em definitivo do budismo e do rado um espelho numa árvore, por forma a que Amate- confucionismo foi imposta. A influência cultural chi- rasu ficasse atraída por ele. Lentamente ela se aproximou nesa tornou-se mais evidente, refletindo-se na literatura. do espelho que tinham colocado à sua frente.*[30] A sur- É nesta época que surgem os primeiros registos histó- presa de ver o seu próprio reflexo*[31] foi tão grande que ricos compilados pela corte imperial - o Kojiki (712) e Amaterasu ficou deslumbrada e algum tempo depois a o Nihonshoki (720). Nasce então a poesia japonesa, o luz voltou a iluminar a Terra. Assim, o espelho Yata no waka, e em 759 é compilada a primeira coleção de poe- Kagami passou a fazer parte da Regalia Imperial do Ja- sia do Japão, o Man'yōshū.*[35] * pão. [32] Apesar de tudo, o novo sistema chinês não foi bem re- O segundo elemento das três joias da coroa japonesa é cebido pela sociedade japonesa. Disputas entre os mem- descrito posteriormente na mesma lenda. Susanoo foi bros da família imperial, o clã Fujiwara e os monges bu- 1.2. HISTÓRIA 7

distas eram frequentes. Fujiwara no Fuhito, filho de Ka- ⼤将軍*?“Grande General Apaziguador dos Bárbaros” matari e burocrata supremo dentro da corte, compilou en- ),*[39] - expressão mais tarde empregue para designar o tão o Código Yoro em 720, por forma a revisar o anterior líder dos samurais.*[40] Código Taihō. Contudo, no mesmo ano, o burocrata mor- O sistema de recrutamento de camponeses terminou em reu, gerando uma fragmentação de poderes entre os seus 792, ao se reconhecer que a principal força militar viera filhos, o que adiaria a publicação do código para o ano dos chefes e dos seus soldados e não dos camponeses, que de 757. Esta mudança de poderes foi a fonte de confli- não possuíam a formação adequada e disciplina suficien- tos entre o príncipe Nagaya e os quatro filhos de Fuhito tes para os campos de batalha.*[40] (Muchimaro, Fusasaki, Maro e Umakai). Em 729, es- tes acusaram falsamente Nagaya de corrupção, e ele foi condenado à pena de morte, vindo posteriormente a co- 1.2.8 Período Heian meter suicídio. Os filhos de Fuhito morreram após um surto de varíola, que foi atribuída a uma suposta maldi- ção lançada pelo príncipe antes de morrer. Isto fez com que o Imperador Shomu se transferisse para várias cida- des, declaradas sucessivamente capitais do país entre 740 e 745.*[37] Após a abdicação do trono por parte do imperador Shomu em 749, o clero budista tomou o poder com o apoio da Imperatriz Koken, que, apesar de ter abdicado do trono em 758, continuou a exercer controlo sobre a corte, fa- vorecida por um importante monge chamado Dokyo, ao qual outorgava poder político. Isso fez com que o clã Fujiwara e o imperador Junnin intentassem um golpe de estado em 764, tentativa esta falhada, provocando a de- posição do imperador e a execução de Fujiwara no Naka- maro, líder da conspiração. A imperatriz retomou então o trono com o nome Imperatriz Shotoku, continuando com a permuta de poder para Dokyo, que chegou inclusive a ser nomeado por um oráculo como sucessor a impera- dor.*[38] Mais tarde, em 770, a imperatriz morreu de va- ríola e Dokyo fugiu para o exílio, o que motivou profun- das alterações políticas. Os monges budistas foram, en- tretanto, excluídos do governo, seguindo-se a suspensão Ilustração de uma cena do Genji Monogatari. Durante o período dos apoios governamentais à religião. As medidas impos- Heian, a aristocracia foi o centro da cultura, política e sociedade tas pelo imperador Konin (770-781), assim como pelo japonesa. imperador Kanmu (781-806), fizeram com que a corte imperial abandonasse Nara, com o intuito de se afastar O período Heian (平安時代, Heian jidai*?) teve iní- dos templos budistas. A corte foi então transferida para cio em 794, indo até 1185, com o estabelecimento do Nagaoka-kyō em 784. Passados dez anos, esta foi nova- primeiro regime shogun na história do país - Shogunato mente deslocada para a nova capital Heian-kyō (“Capital Kamakura. da Paz e Tranquilidade”).*[35]*[36] Com o nascimento do estado unificado de Silla, a ameaça de uma invasão da Coreia contra o Japão desvaneceu-se, Consolidação da aristocracia e então a corte de Nara focou a sua atenção nos habitan- tes do nordeste de Honshu, designados de emishi (蝦夷*? Neste período, a rede estatal chinesa foi adaptada às ne- “bárbaros”), com quem tiveram numerosas altercações. cessidades japonesas, e uma cultura própria e sofisticada * Em 774, eclodiu uma grande revolta, conhecida como a emergiu. [35] Com o declínio do sistema burocrático dos guerra dos trinta e oito anos. Nela, os emishi empregaram códigos Taika e Taihō, a instituição imperial foi fortale- um sistema de “guerra de guerrilhas”e o uso de uma cida durante os primeiros anos do reinado do Imperador espada com lâmina curva, que lhes conferia uma signifi- Kanmu. Contudo, depois da sua morte em 806, a assi- cante vantagem de combate - com um melhor desempe- milação cultural com a China foi progressivamente des- nho rotativo, ao contrário da espada reta do exército da prezada e em 838 deram-se como finalizadas quaisquer corte imperial de Nara, tornando-se assim mais eficien- relações com a Dinastia Tang. Além disso, com o de- tes. Em 796, com ajuda de , saparecimento do antigo sistema político, o clã Fujiwara os emishi conseguiram a vitória sobre a corte imperial. começou um novo processo de adopção dos altos esca- Sakanoue recebeu então o nome de Seii Taishōgun (征夷 lões hierárquicos do governo, estabelecendo estreitos la- ços matrimoniais com a família imperial a partir da pri- 8 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

meira metade do século IX. Líderes do clã posicionaram- se de forma a se tornarem regentes (Sesshō e Kanpaku) dos imperadores, enquanto que outros membros do clã Fujiwara conseguiram monopolizar altos cargos, como o Conselho de Estado (Daijō-kan).*[35]*[36] Os oficiais de gama média e baixa foram distribuídos hereditariamente por outros clãs aristocráticos. Em finais do século X e co- meços do século XI, os Fujiwara governaram de facto o Japão e apenas uma pequena percentagem de imperado- res regeram por conta própria, uma vez que quando assu- miam o trono, eram forçados pelos líderes do clã a abdi- car do mesmo ainda muito jovens, cedendo assim as de- cisões administrativas aos regentes e ao Daijō-kan.*[35] O budismo esotérico das escolas de Tendai e Shingon tornou-se bastante popular durante este período, levando a que aristocratas procurassem a“salvação”através de ce- rimónias e rituais budistas em tais instituições religiosas. Até então, mobilizada pela escrita chinesa, a cultura japo- Mon do clã Minamoto, um dos protagonistas do período Heian. nesa sofreu um significativo aprimoramento, tendo como ponto central a corte imperial. O aperfeiçoamento lite- rário foi expressivo com a criação do Kana, uma escrita silábica, que se ajustava com a fonética japonesa. Novos géneros literários foram estabelecidos como romances (monogatari) - salientando-se o livro Genji Monogatari de Murasaki Shikibu escrito por volta do ano 1000 - segui- dos pelos jornais, ensaios e outros documentos pessoais feitos por cortesãos como Makura no Soshi de Sei Sho- nagon, escrito também por volta do ano 1000.*[35] Em 860 já poderia ser vista grande parte das caracterís- ticas dos futuros samurais nos campos de batalha - há- beis cavaleiros no uso do arco e flecha, bem como de .*[41]*[42] Estes militares a cavalo possuíam to- tal confiança do "Trono do Crisântemo, estando encarre- gues da segurança das cidades, assim como dos confron- tos contra as revoltas que se sucedessem.*[41] No entanto, o sistema público de terras que se estendia so- bre as províncias estava prestes a entrar em colapso. Em Mon do clã Taira, inimigo do clã Minamoto e um dos clãs mais inúmeros locais foram criadas terras privadas (shōen), as importantes do período Heian. quais eram utilizadas em primeira instância pela aristo- cracia e pelos grandes templos. Com a suspensão de re- gistos familiares e a alocação de terras de cultivo no sé- Durante o século IX, o Japão sofreu uma grave crise eco- culo X, os terrenos do estado foram ultimados enquanto nómica e social como resultado de pragas e fomes acom- áreas privadas.*[35] Assim, os proprietários destes terre- panhadas pela má nutrição em massa, epidemias e au- nos elegiam os clãs e camponeses locais como seus ad- mento da mortalidade. Com isto, numerosos distúrbios, ministradores, o que resultou na transferência do poder motins e revoltas começaram a surgir em inícios do sé- das terras para estes. Contudo, a existência de numero- culo X. O governo tomou então a decisão de conceder sas propriedades privadas reduziu significativamente os amplos poderes aos governantes de cada região, sendo impostos, chegando ao ponto em que a própria família que estes passaram a ter permissão para recrutar tropas imperial se viu forçada a adquirir terras privadas para as- de combate, que faziam uso do sabre japonês (katana), segurar a sua renda.*[43] de arqueiros (Kyujutsu) e cavalaria, alistando ainda agri- cultores enquanto seus simpatizantes que atuavam con- tra as crescentes rebeliões conforme sua vontade. Isto Ascensão da classe samurai veio a conceder um enorme poder político aos governa- dores. Foi durante este período que se documentou pela “ ” “ O processo de descentralização sofrido pelo governo fez primeira vez a palavra samurai , ou seja, aqueles que ” * * com que a administração local apresentasse dificuldades, servem , isto num contexto puramente militar. [43] [44] resultando numa quebra da lei e ordem públicas.*[35] O primeiro grande teste de equilíbrio sobre o sistema 1.2. HISTÓRIA 9

ocorreu no ano de 935, quando uma revolta contra o plo budista, contudo mantinha a posição de regente so- governo central de Quioto, liderada pelo samurai Taira bre o seu sucessor, preenchendo o vazio de poder que no Masakado, descendente do príncipe Takamochi, co- deixava o clã Fujiwara entre disputas internas e faccio- meçou a tomar graves proporções. A princípio, a corte nárias. O seu sucessor, o Imperador Shirakawa (1073 - Heian considerou que o incidente que envolvia Masakado 1087), foi quem aplicou o sistema insei na sua máxima ex- seria apenas uma revolta da localidade, até que este veio pressão ao governar enquanto imperador aposentado por a auto-proclamar-se“o novo imperador”. Respondendo mais de quarenta anos até 1129. Assim, Shirakawa gover- a tal situação, a corte enviou um exército provincial para nava sobre três imperadores que não passavam de títeres sufocar a revolta, originando na morte do líder por deca- do governo.*[46] O imperador Toba (1107 - 1123) havia pitação em 940.*[44] A partir deste momento e depen- também adoptado o sistema insei, administrando o país dendo da sua origem social, estes líderes de guerreiros por mais de três décadas até à sua morte em 1156. Toba começaram a definir uma aristocracia em cada região, exerceu influência sobre outros três imperadores. Neste sendo-lhes confiado o poder, o qual passou a ser domi- período houve, contudo, contradições entre o imperador nado por um grupo elitista de guerreiros.*[45] reinante e o aposentado, dando lugar à autoridade militar para governar o país sobre a autoridade civil.*[47] Alguns aristocratas que não conseguiram cargos impor- tantes no poder viram-se forçados a emigrar para ou- Em 1083 eclodiu novamente um conflito armado em que tras províncias, assumindo a liderança sobre os guerrei- Minamoto estaria envolvido, agora na Guerra Gosan- ros samurai do respectivo local. Um exemplo foram os nen, que teve origem sobre as diferenças entre os líde- clãs Taira, Minamoto e Fujiwara, que exerciam na ca- res dos antigos dirigentes e aliados dos clãs Minamoto e pital. Estes possuíam guerreiros que os protegiam - tal Kiyowara. Depois de uma feroz batalha por três anos con- como nos templos budistas, onde existiam monges arma- secutivos, em que a corte se recusou a auxiliar o clã Mi- dos (sohei) que guardavam defensivamente as suas pró- namoto, este conseguiu, contudo, sair vitorioso. Quando prias propriedades.*[43] Minamoto no Yoriyoshi, viu-se Yoshiie foi a Quioto com a finalidade de conseguir uma envolvido num marcante conflito da época denominado recompensa, tal desejo foi recusado pela corte, que recri- de Guerra Zenkunen ou“guerra dos primeiros nove anos” minou os impostos em atraso que o mesmo devia, dando entre 1051 e 1062. Esta foi a primeira guerra que ocorreu assim início a um claro distanciamento entre a corte e no país desde a batalha contra os emishi. A disputa co- Yoshiie. Enquanto isso, os seus rivais, os Taira, desfruta- meçou quando Abe no Yoritoki, descendente dos emishi vam cada vez mais de uma boa relação com a corte impe- e membro do clã Abe, não entregou os impostos à corte rial devido às suas façanhas na região oeste do país.*[48] imperial. Yoriyoshi teria sido enviado para resolver o A rivalidade entre os clãs Minamoto e Taira foi se intensi- problema pessoalmente.*[45] Yoriyoshi e Yoritoki che- ficando e tornou-se cada vez mais evidente. Em 1156, de- garam de forma pacifica a um acordo, contudo um con- pois da morte do imperador Toba, teve início um conflito flito interno eclodiu no clã Abe e Yoritoki foi morto. Com entre os dois clãs, quando Minamoto no Yoshitomo se este facto, foi declarada guerra entre Abe no Sadato, fi- juntou a Taira no Kiyomori contra o seu pai Minamoto no lho de Yoritoki, e Minamoto. Só em 1062 é que Yo- Tameyoshi e o seu irmão Minamoto no Tametomo, du- riyoshi conseguiu vencer os Abe na batalha de Kawasaki, rante a revolta de Hogen. A batalha foi breve, Tameyoshi tendo transportado a cabeça do rebelde até Quioto como acabou por ser executado e Tametomo castigado com o sinal de vitória. Minamoto no Yoshiie, filho de Yoriyoshi, desterro. Esta revolta pôs em causa o poder do sistema in- combateu lado a lado com o seu pai durante todo o con- sei, quando o retirado Imperador Sutoku foi vencido pelo flito, ganhando grande reputação pelas suas proezas mi- governante Imperador Go-Shirakawa, e também senten- litares. Isso lhe valeu o apelido de Hachimantarō ou “o ciou o destino final do clã Fujiwara, que foi banido do po- filho primogénito de Hachiman, o deus da guerra”.*[45] der. Assim, o domínio foi monopolizado exclusivamente * Enquanto que a crise económica e a instabilidade polí- pelos clãs Taira e Minamoto. [49] tica iam causando confrontações entre os clãs Fujiwara, Em 1159, houve outro confronto, conhecido como Taira e Minamoto, tanto dentro como fora da corte, na se- Rebelião Heiji, onde Yoshitomo enfrentou Kiyomori. A gunda metade do século X, a família imperial restaurou superioridade do clã Taira era de tal forma proeminente o seu poder político com a ascensão ao trono do Impe- que os membros do clã Minamoto fugiram para se sal- rador Go-Sanjo (1068 - 1073). Este impediu o clã Fu- varem. Os Taira perseguiram-nos e Yoshimoto foi cap- jiwara do controlo de decisões administrativas; regulou turado e morto. Dos membros do grupo inicial da fa- os shōen; decidiu implementar reformas económicas so- mília Minamoto, restava um número insignificante deles, bre os obsoletos ritsuryo; e estabeleceu um sistema mo- tendo o clã sido aniquilado quase por completo. Em 1167 nárquico designado de insei (governo enclaustrado), em Taira no Kiyomori recebeu do imperador o título de Daijō que o governante nominal de todos os governos e unida- Daijin (Primeiro Ministro), o qual constituía o mais alto des administrativas não possuía um poder prático, senão posto que o imperador poderia conceder, tornando-se en- o de simplesmente articular todos os processos. Apenas tão o governante do país e o primeiro governador militar os conselheiros detinham o poder real. O imperador, ao da história do Japão. Entretanto, na tentativa de aderir momento de abdicar do trono, retirar-se-ia para um tem- ao poder, Kiyomori entrou um conflito com o imperador 10 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

Go-Shirakawai, que intentava exercer controlo através do 1.2.9 Período Kamakura sistema insei, em 1158. No ano 1177, o imperador pla- neou um golpe de estado que acabou por fracassar, o que resultou consequentemente no seu exílio e na supressão do seu poder político. Kiyomori nomeou em 1178 como herdeiro ao trono o seu neto ainda criança, que em 1180 assumiu o poder com o nome de imperador Antoku. Isto motivou a ira dos opositores do clã Taira, dando origem às Guerras Genpei.*[49]

Guerras Genpei

Cena das Guerras Genpei (painel do século XVII).

As Guerras Genpei (源平合戦, Genpei kassen ou Gen- pei gassen*?) foram uma série de guerras civis que evol- veram os clãs mais influentes da acção política do país, designadamente os clãs Taira e Minamoto. Estas guerras Minamoto no Yoritomo, fundador do shogunato Kamakura em 1192. Estabeleceu o primeiro regime militar em que os samurais ocorreram entre 1180 e 1185.*[50] Em 1180, instalaram- governavam. se no país duas revoluções independentes, que envol- veram duas gerações distintas do clã Minamoto. Uma Em 1192, Minamoto no Yoritomo auto-proclamou-se das revoluções sucedeu-se em Quioto e foi chefiada pelo * veterano Minamoto no Yorimasa, enquanto que a ou- shōgun [52] - denominação esta que até então tinha sido tra ocorreu na província de Izu, comandada pelo jovem apenas temporária, e tornou-se um título militar de alto Minamoto no Yoritomo. Ambas as revoltas foram apa- nível. Com isto foi instituiu o shogunato enquanto fi- ziguadas com relativa facilidade. Na província de Izu, gura permanente, que duraria cerca de 700 anos até à Yoritomo foi forçado a fugir de Kanto, enquanto que em restauração Meiji. Com o novo ideal shōgun, o impera- Quioto, Yorimasa foi vencido na batalha de Uji, onde co- dor converteu-se num mero espectador quanto às ques- tões políticas e económicas do país,*[50] enquanto que meteu antes de ser capturado.*[51] os samurais se tornaram efectivos.*[52] Durante dois anos, ambos os lados foram se envolvendo em pequenos conflitos. Em 1183, os Taira decidiram Yoritomo estabeleceu o povo costeiro de Kamakura enfrentar , primo de Yoritomo. como a principal sede do shogunato, tendo assim este pe- Depois de derrotar os Taira na batalha de Kurikara, ríodo recebido o seu nome. A corte imperial concedeu Yoshinaka dirigiu-se com o seu exército para o local a Yoritomo o poder de nomear os seus próprios vassa- onde se encontrava Yoritomo. As tropas de Yoshinaka los de protectores provinciais (Jito) e mordomos (shugo), e de Yoritomo estavam envolvidas na batalha de Uji em responsáveis pela gestão das propriedades privadas. Em 1184. Yoshinaka perdeu o confronto e tentou escapar, paralelo, a corte imperial continuou elegendo funcioná- contudo foi capturado em Awazu, onde foi decapitado. rios provinciais, assim como proprietários de imóveis en- Com esta vitória, o corpo principal dos Minamoto focou quanto administradores da respectiva terra. Posto isto, a os seus esforços em derrotar os seus principais inimigos, estrutura política durante o período Kamakura apresen- os Taira.*[51] Yoshitsune dirigiu então o seu exército ao tou uma dualidade, pois enquanto a administração civil era subvencionada pela corte imperial, a administração encontro do clã em nome do seu irmão mais velho, Yo- * ritomo, que permanecera em Kamakura. Por fim, Mi- feudal era custeada pelo shogunato. [53] namoto reivindicou a vitória na Batalha de Dan no Ura. Após apenas três shoguns do clã Minamoto, e depois da Entretanto, Yoritomo ordenou que os seus homens perse- morte do último, o clã não possuía outros herdeiros. Hōjō guissem o seu irmão , pois este Masako, viúva de Yoritomo, tomou então a decisão de era considerado como uma forte ameaça e essencialmente adoptar uma criança de um ano de idade, descendente um rival. Yoshitsune foi derrotado e morto na batalha de de uma família do clã Fujiwara, e nomeou-o shōgun. As- Koromogawa em 1189.*[52] sim, o clã Hōjō se perpetuaria no poder por várias décadas 1.2. HISTÓRIA 11 ao eleger uma criança a shōgun a qual foi descartada as- A segunda tentativa de invasão teve lugar em 1281.*[58] sim que cumpriu vinte anos de idade, aproveitando-se de Os samurais efectuaram ataques aos navios inimigos, tais um estado fantoche para exercer o controlo do país.*[54] como a pequenas balsas que tinham uma capacidade li- Por este motivo, em 1219, o aposentado imperador Go- mitada de transportar cerca de doze guerreiros,*[59] isto Toba, que procurava restaurar o poder imperial que deti- com o propósito de impedir que as tropas inimigas apeas- nham antes do estabelecimento do shogunato, acusou os sem na costa. Após uma semana de combates, um emis- Hōjō de malfeitoria. As tropas imperiais mobilizaram-se, sário imperial foi requerido para solicitar a Amaterasu, a dando lugar à guerra Jōkyū (1219-1221), a qual culmina- deusa do sol, que intercedesse pelo exército japonês.*[58] ria com a terceira batalha de Uji. Durante este conflito, Um tufão atingiu a frota mongol e a afundou quase por as tropas imperiais foram derrotadas e o imperador Go- completo. Isso deu origem ao mito do Kamikaze (神⾵, Toba exilado. Com a derrota de Go-Toba, confirmou-se lit.“Vento Divino”*?),*[56] considerado como um sinal o governo dos samurais sobre o país.*[55] de que o Japão teria sido escolhido pelos deuses e, por- tanto, estes seriam responsáveis pela sua segurança*[60] e sobrevivência das forças japonesas.*[61] Os poucos Invasões mongóis do Japão sobreviventes mongóis decidiram aposentar-se, determi- nando a vitória do Japão.*[58]

1.2.10 Restauração Kemmu

Um samurai atacado por diversos arqueiros e explosivos lan- çados por catapultas durante as invasões dos mongóis contra o Japão.

Samurais atacam barcos mongóis durante a invasão de 1281.

Depois de Kublai Khan reclamar o título de imperador da Estátua de Kusunoki Masashige em Tóquio, um samurai de suma China, decidiu invadir o Japão com a finalidade de sub- importância nas guerras Nanbokuchō. meter o país ao seu domínio. Esta foi a primeira oportu- nidade dos samurais para testarem as suas forças contra No início do século XIV o clã Hōjō, que se encontrava em inimigos estrangeiros.*[56] decadência, enfrentou uma tentativa de restauração im- A primeira invasão ocorreu em 1274, quando as tropas perial, agora sob a figura do imperador Go-Daigo (1318- mongóis desembarcaram em Hakata (actual ). 1339). Tendo conhecimento de tais eventos políticos, o Durante esta batalha as tropas japonesas enfrentaram clã Hōjō enviou um exército de Kamakura, para impedir uma técnica bastante diferente no uso do arco e flecha o sucesso do imperador. Frente a esta situação Go-Daigo daquilo a que estavam acostumados. Os mongóis arre- fugiu para Kasagi, levando a regalia imperial com ele. O messavam flechas a grandes distâncias, gerando“nuvens imperador Go-Daigo procurou refugio por entre os mon- ” ges guerreiros que o acolheram e se prepararam para um de setas , enquanto que os arqueiros japoneses efectu- * avam um tiro único e de curta distância contra os opo- possível ataque inimigo. [62] nentes. Outra grande diferença entre as duas formas de Após tentativas de negociação entre os Hōjō e o impera- combate encontrava-se no uso de catapultas do exército dor para que este abdicasse do poder, e uma vez a sua mongol. Entretanto, durante a noite do dia da batalha, recusa, decidiu-se então que outro membro da família uma forte tempestade danificou significativamente a frota imperial subisse ao trono. Contudo, visto que o impe- invasora, obrigando-a a regressar à Coreia para rearmar rador havia levado consigo a insígnia real, não foi possí- o seu exército. Depois da retirada do exército inimigo, vel realizar a tradicional cerimónia.*[62] Kusunoki Ma- os japoneses tomaram uma série de medidas preventi- sashige - um importante guerreiro samurai que veio a vas, como foi exemplo a construção de muros nos pontos tornar-se um modelo de referência para os futuros samu- mais vulneráveis da costa, assim como o posicionamento rais da época*[63] - combateu contra o imperador Go- de um guarda efectivo em cada um deles.*[57] Daigo num yamashiro (castelo japonês). No entanto, 12 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

com a superioridade numérica do exército do imperador este novo governo, decidiu então revoltar-se.*[66]*[67] somada à vantagem da topografia do local, foi possível Descendente do clã Minamoto, Ashikaga podia ascen- constituir uma eficaz defesa contra o ataque. Em 1332, o der ao trono imperial. Assim, com o intento de impedir castelo desmoronou e Masashige decidiu retirar-se para tal acontecimento, o imperador decidiu agir rapidamente, dar continuidade à batalha no futuro. O imperador foi enviando um exército contra Takauji, que o seguiu até à capturado e levado para a sede dos Hōjō localizada em ilha Kyushu. Porém Takauji não foi derrotado e regres- Quioto, tendo sido mais tarde exilado nas ilhas Oki.*[64] sou ao trono em 1336. O imperador ordenou então que Construído um castelo em , o qual possibilitava Masashige enfrentasse as tropas rebeldes em Minatogawa (agora Kobe), mas foi novamente derrotado, resultando uma defesa superior comparada com o último, o exér- cito liderado por Masashige foi atacado pelos Hōjō, po- na vitória decisiva para Takauji. Masashige decidiu co- meteu seppuku antes de ser capturado pelo exército de rém a ofensiva do clã foi imobilizada. A forte defesa de Masashige motivou o imperador Go-Daigo a retomar Takauji. Entretanto, o shogun nomeou o príncipe im- perial Yutahito de imperador (Imperador Komyo). Go- novamente a batalha em 1333. Tomando conhecimento do retorno do imperador, os Hōjō decidiram enviar um Daigo foi para a cidade de Yoshino e, durante os seguintes 50 anos, duas cortes imperiais foram efetivas: a Corte do dos seus principais generais, . Porém, * Ashikaga decidiu aliar-se ao exército do imperador e de- Sul em Yoshino e a Corte do Norte em . [68] Esta finiu o lançar de um ataque juntamente com o exército ao pendência ficou conhecida como período Nanboku-chō 南北朝時代 * “ quartel-general dos Hōjō em Rokuhara.*[64] ( , Nanbokuchō-jidai ?, literalmente Cortes do Norte e do Sul”). A situação durou até 1392, graças A traição de Ashikaga trouxe graves consequências aos às habilidades diplomáticas de um dos maiores governan- regentes, e o exército do general foi dizimado. Entre- tes da história do Japão, o shogun , tanto, golpe definitivo surgiu pouco depois,*[65] quando quando as duas linhagens se reconciliaram e a Corte do um guerreiro chamado Nitta Yoshisada se uniu aos par- Sul cedeu.*[67] tidários imperiais, aumentando as suas forças. Nitta e o seu exército partiram para Kamakura e venceram os Com a divisão do governo imperial perdeu-se todo o po- Hōjō.*[66]*[67] der político efetivo, uma vez que a Corte do Norte recebia o apoio do shogunato e a Corte do Sul controlava apenas alguns territórios do Japão. O shogunato Ashikaga eri- 1.2.11 Período Muromachi giu enquanto governo central, apesar de ter sido um go- verno bastante débil, ao contrário do shogunato - .*[67] Isto deveu-se ao facto de os guardas das pro- víncias do Japão não serem simples oficiais, pois tinham poder suficiente para organizarem grupos elitistas de sa- murais e exércitos baseados no conceito entre senhor e vassalo, que foi progredindo até aos senhores feudais que detinham um controlo independente sobre várias regiões. Este novo tipo de líder foi chamado de daimió (⼤名*? lit. “Senhor das Terras”).*[67]*[69]

Período Sengoku (1467-1568)

Após um breve período de relativa estabilidade, desenvolveu-se uma certa abstinência política durante O Kinkakuji, o “Templo do Pavilhão Dourado”, é um sím- o shogunato de Ashikaga Yoshimasa, neto do famoso bolo da cidade de Kyoto. Foi construído pelo shōgun Ashikaga Yoshimitsu Ashikaga. Yoshimasa havia-se dedicado por Yoshimitsu em 1397. longo prazo às questões artísticas e culturais, pelo que se encontrava completamente ignoto sobre a situação O período Muromachi (室町時代, Muromachi-jidai*?) económica e política do país. Com isto, os proprietários envolve a era do shogunato Ashikaga (⾜利幕府, Ashi- aproveitaram-se deste oportuno momento e começaram kaga bakufu*?), sob o regime militar feudal que se encon- uma disputa interna pelo poder e pelas terras, aconteci- trava em vigor desde 1336 até 1573. O referente período mento que ficou conhecido como a Guerra de Ōnin (応仁 deve o seu nome à área onde o terceiro shogun Yoshi- の乱, Ōnin no Ran*?). De uma disputa entre Hosokawa mitsu havia estabelecido a sua residência. Depois de ter Katsumoto e Sōzen Yamana escalou para uma guerra que auxiliado o imperador Go-Daigo a conquistar novamente envolveu todo o país, incluindo o shogunato Ashikaga e o seu trono, Ashikaga Takauji acreditava receber uma re- uma série de daimyo de várias regiões do Japão. Este compensa substancial pelos seus serviços. No entanto, período da história que se estabeleceu entre 1467 e 1568 por considerar que a retribuição não seria o suficiente ficou conhecido como o período Sengoku (japonês: 戦 e tendo em conta a insatisfação da classe samurai com 国時代, sengoku jidai). É justamente neste clima de 1.2. HISTÓRIA 13

instabilidade e inúmeros conflitos que a participação dos samurais teve significante importância.*[70] Das figuras mais importantes deste período destacam-se e , cuja lendária rivali- dade serviu de inspiração para várias obras literárias. Os exércitos de Shingen e Kenshin enfrentaram-se nas famo- sas batalhas de Kawanakajima (1553 - 1564). Apesar de a maioria das batalhas não passarem de meras guerrilhas, a quarta batalha de Kawanakajima, que ocorreu em 1561, teve grande importância na aplicação de várias tácticas de combates. Esta batalha resultou em grandes perdas para ambos os lados, distinguindo-se de qualquer outra batalha do período Sengoku. O confronto corpo a corpo entre os dois líderes resultou num desfecho em igualdade de cir- cunstâncias no final do combate.*[71] A guerra derrubou a ordem do estado antigo, assim como o sistema de territórios privados, contudo esclareceu a Grupo de Nanban portugueses.Biombo de Kano Domi (finais do capacidade da classe guerreira e camponesa perante tais século XVI). eventualidades, uma vez que teriam sido instituídas en- tidades autónomas locais. Da mesma forma, as cidades edificadas nas principais vias de circulação do Japão pas- terceiro shōgun Yoshimitsu foi um importante promotor saram a ser administradas por cidadãos armados. Os das artes no Japão, aspecto este fulcral que estimulou a daimyo que conseguiram agrupar estas localidades autó- origem da cultura Kitayama durante o seu reinado, que nomas ao seu poder político obtinham um maior estatuto perdurou entre a segunda metade do século XIV e iní- e poder. Esta dinâmica, com o surgimento de novos cen- cios do século XV. Este período ficou marcado pelo sur- tros políticos e económicos através do país, fez com que gimento dos teatros e Kyogen e pela distinta constru- a sociedade do período Sengoku se tornasse bastante di- ção do pavilhão Kinkaku-ji (em japonês ⾦閣寺, Templo ferente da que anteriormente existia, onde o poder estava do Pavilhão Dourado).*[68]*[73] Na segunda metade do antes concentrado apenas na capital.*[72] século XV, o oitavo shogun, Ashikaga Yoshimasa, pro- moveu a cultura Higashiyama,*[74] onde o zen budismo Com estes excessivos confrontos internos pelo desejo de e a estética wabi-sabi influenciaram a harmonização cul- mais poder e mais terras, era só uma questão de tempo até tural entre a corte imperial e a classe samurai, assim que um poderoso daimyo tentasse alcançar Kyoto, com o como incentivaram o florescimento de expressões artís- objetivo de derrubar o shōgun, como aconteceu em 1560. ticas, como o surgimento da cerimónia do chá (chadō ou Acompanhado por um imenso exército, Imagawa Yoshi- sadō), a Ikebana, o Kōdō, o renga, entre outras.*[73] moto (1519-1560) marchou em direcção à capital com a finalidade de derrubar o então líder.*[72] No entanto, ele Durante a fase final do período de Sengoku deu-se a não contava em enfrentar as tropas de Oda Nobunaga, chegada dos primeiros europeus, oriundos de Portugal, um daimyo secundário que se encontrava em desvanta- ao Japão. Isto ocorreu em 1543, quando um navio de gem em relação a Imagawa numa proporção de doze sol- portugueses aportou na costa da ilha de Tanegashima (a dados para um. Yoshimoto, confiante do seu poder mi- sul de Kyushu). As armas de fogo trazidas pelos explo- litar, havia celebrado a vitória antes mesmo de a batalha radores portugueses foram as primeiras a serem introdu- terminar. Oda Nobunaga conseguiu atacá-lo quando este zidas no Japão. Em 1549, o jesuíta espanhol Francisco se encontrava desprevenido durante uma das suas habi- Xavier chegou a Kyushu e destacou-se como um impor- tuais celebrações na Batalha de Okehazama. Enquanto tante difusor do cristianismo no Japão. Nos anos se- Yoshitomo saia da sua tenda justo à causa da agitação guintes, comerciantes portugueses, holandeses, ingleses que ocorria no exterior, foi capturado e em seguida morto e espanhóis chegaram ao Japão enquanto missionários nesse mesmo local. Nobunaga passou então de um sim- jesuítas, franciscanos e dominicanos. Com isto, os vi- ples daimyo para uma figura de destaque na conjuntura sitantes europeus denominados de nanban (南蛮 literal- política e militar do país.*[72] mente: “Bárbaros do Sul”) desembarcaram na região sul do arquipélago japonês e rapidamente desenvolve- ram um conceito elementar relativamente aos japoneses, 1.2.12 Desenvolvimento cultural e con- considerando-os enquanto sociedade feudal, providos de tacto com o ocidente um grande desenvolvimento urbanístico e uma sofisti- cada tecnologia pré-industrial.*[73] Apesar do proeminente estado de guerra, o desenvolvi- As armas de fogo trazidas pelos portugueses foram uma mento de vários factores culturais no Japão foi evidente importante inovação tecnológica e militar que ocorreu neste período na arquitetura, pintura, música e poesia.O neste período. A produção deste tipo de armas começou 14 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

a ser efectiva em inúmeras áreas do Japão, tendo sido um factor decisivo com a utilização do Arcabuz na batalha de Nagashino em 1575. O cristianismo espalhou-se pelo país muito rapidamente, sobretudo a oeste do arquipé- lago, refletindo-se na conversão religiosa por parte de al- guns daimyo da região. No entanto, as autoridades ja- ponesas consideraram o cristianismo como uma eventual ameaça, que poderia facilmente desencadear uma possí- vel conquista europeia sobre o Japão. Assim, foi proi- bida a prática desta doutrina religiosa em toda a nação, recorrendo-se à violência como método exemplar e im- piedoso. Isto resultou no corte gradual entre as rela- ções comerciais do Japão com o resto do mundo (excepto com a China e Países Baixos) nos começos do período Edo.*[73]

1.2.13 Período Azuchi-Momoyama

Em 1573 Oda Nobunaga (1534 - 1582) marchou em di- reção a Kyoto para derrotar o shogun . Este acontecimento marcou o início do que é denominado Oda Nobunaga depôs ao shogun Ashikaga Yoshiaki terminando de período Azuchi-Momoyama (安⼟桃⼭時代,, Azu- assim o shogunato Ashikaga. chi Momoyama jidai*?), o qual recebeu o nome de dois emblemáticos castelos da época, nomeadamente os cas- telos Azuchi-jō e Fushimi-Momoyama. Uma semana de- generais ficaram encarregues de completar a tarefa; en- pois, após conseguir a retirada do shōgun Yoshiaki, Oda quanto que Toyotomi Hideyoshi pacificaria a parte sul da Nobunaga convenceu o imperador a alterar o nome da costa oeste do Mar Interior de Seto, em Honshu, Akechi era para Tenshō enquanto símbolo do estabelecimento de Mitsuhide marchou para o litoral norte do Mar do Japão. um novo sistema político. Da mesma forma, o impera- Durante o verão do mesmo ano, Hideyoshi encontrava-se dor concedeu-lhe o título de Udaijin (太政⼤⾂*? lit. detido no cerco do Castelo de Takamatsu, controlado pelo “Grande ministro do estado”) tendo assim permanecido clã Mōri. Hideyoshi solicitou reforços a Nobunaga, que por quatro anos.*[75] respondeu à solicitação e ordenou que Mitsuhide avan- çasse com o seu exército para apoiar Hideyoshi. Con- tudo, contrariamente ao acordo inicial, Nobunaga per- Oda Nobunaga maneceu no templo Honnō-ji para sua própria segurança. Ocorrente da situação Mitsuhide, decidiu então regressar Nobunaga nasceu em 1534 na província de Owari e até a Kyoto para atacar e incendiar o templo no que ficou co- 1560 havia sido um daimyo secundário. Em 1560, al- nhecido como o Incidente de Honnō-ji. Como resultado, cançou fama e reconhecimento ao vencer o vasto exército Nobunaga acabou por cometer seppuku.*[77] de durante a batalha de Okehazama. Depois de colaborar com a ascensão de Yoshiaki ao po- der, Nobunaga lançou uma campanha com o propósito de Toyotomi Hideyoshi tomar o controlo da parte central do país. Em 1570 derro- tou os clãs Azai e Asakura, durante a batalha de Anegawa, Toyotomi Hideyoshi (1536 - 1598)*[77] teve um impor- e em 1575 derrotou a lendária cavalaria do clã Takeda na tante papel político e militar no Japão. Distinto pela sua batalha de Nagashino. Outros dos seus principais inimi- destreza no campo de batalha, acabou por se tornar num gos foram os monges guerreiros Ikko-ikki, membros da dos principais generais do clã Oda.*[78] seita budista de Jōdo-Shinshu, uma rivalidade que per- Durante o Incidente de Honnō-ji, Hideyoshi encontrava- durou durante doze anos, dez dos quais persistiu o mais se no castelo Takamatsu quando recebeu a notícia da duradouro cerco da história, o cerco da fortaleza Ishiyama * morte do seu mestre. Imediatamente realizou tréguas Hongan-ji. [76] com o clã Mori e regressou a Kyoto numa marcha for- Em 1576, Nobunaga mandou construir o castelo de Azu- çada para defrontar o exército do recém auto-nomeado chi, o qual se veio a tornar o seu local de operações mili- shōgun . O confronto ocorreu nas mar- tares. Em 1582, Oda dominava quase toda a parte central gens do rio Yodo, perto do pequeno povoado designado do Japão e as suas principais vias, entre as quais as estra- Yamazaki, onde a batalha recebeu o seu nome. Hideyoshi das Tōkaidō e Nakasendo. Assim, decidido a estender o saiu vitorioso e Mitsuhide foi obrigado a partir em re- seu domínio territorial para oeste, dois dos seus principais tirada, porém acabou por ser assassinado por um grupo 1.2. HISTÓRIA 15

Retrato de .

Tokugawa leyasu Retrato de Toyotomi Hideyoshi. Tokugawa Ieyasu (1542-1616)*[82] passou a maior parte da sua infância como refém na corte de Imagawa Yoshi- moto, uma vez que o seu clã era feudatário dos Imagawa. Após a vitória de Oda Nobunaga sobre Yoshimoto, inú- meros daimyo retiraram-se do país e outros tornaram- de camponeses, pondo fim ao seu governo de apenas 13 se independentes ou declararam-se aliados do clã Oda, dias.*[78] como o ocorrido com o próprio Ieyasu.*[83] O facto de ter vingado a morte do seu antigo mestre Sob as ordens de Nobunaga em 1564, leyasu combateu concedeu-lhe a previsível oportunidade de se tornar a contra os Ikko-Ikki da província de Mikawa. Em 1570 mais alta autoridade militar do país. Derrotou e enfren- lutou na batalha de Anegawa ao lado das forças de No- tou todos os rivais que contra ele se opuseram, por cerca bunaga. Em 1572 foi obrigado a participar na batalha de de dois anos. Em 1585, e depois de ter garantido o con- Mikatagahara - um dos seus maiores desafios da sua vida trolo sobre o centro do Japão, dirigiu-se para oeste, con- militar - onde o seu exército foi derrotado pela cavalaria quistando territórios para além do escopo que Nobunaga de Takeda Shingen, que viria a morrer no ano seguinte havia conseguido.*[79] Em 1591, depois de unificar o Ja- depois de sofrer um tiro de arcabuz.*[83] Em 1575, To- pão, Hideyoshi tentou conquistar a China. Para isso, o re- kugawa Ieyasu esteve presente na batalha de Nagashino gente solicitou o apoio da dinastia da Coreia, para onde o clã Takeda foi derrotado e, a partir de então, que garantisse uma passagem segura até à China. Porém, concentrou-se somente na consolidação da sua posição o governo coreano negou tal assistência. A Coreia foi en- militar, mesmo depois de Toyotomi Hideyoshi adquirir o tão palco de duas invasões massivas por parte das tropas controlo do país.*[84] japonesas entre 1592 e 1598, originando na morte de Hi- Uma vez que o feudo de Ieyasu se situava no centro do deyoshi, que durante todo esse tempo havia permanecido * Japão, este evitou assistir a campanhas de pacificação em no Japão. [80] Shikoku e Kyūshū. Apesar de tudo, foi forçado a en- Uma vez que Hideyoshi não possuía descendência real e frentar o clã Hōjō tardio (後北条⽒, Go-Hōjō-shi*?) no nem sequer provinha de qualquer um dos históricos clãs Cerco de Odawara (1590). Alcançada a vitória sobre os japoneses, não lhe foi nunca concedido o título de shō- Hōjō, Hideyoshi concedeu a Ieyasu as terras penhoradas, gun. Em compensação, recebeu uma designação de me- transferindo a capital para Edo, actual Tóquio). A sua nor importância em 1595, nomeadamente a de Kanpaku nova localização em Kyūshū, possibilitou-lhe evitar par- (関⽩*? regente) e posteriormente a de Daijō Daijin (太 ticipar nas invasões japonesas na Coreia, guerra esta que 政⼤⾂*?) em 1586. Finalmente adoptou o título de exauriu significativamente os exércitos dos seus princi- Taikō (太閤*? "Kanpaku retirado”).*[81] pais rivais.*[85] 16 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

Batalha de Sekigahara Após a morte de Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu começou a estabelecer uma série de ali- anças com importantes figuras do país através de casa- mentos combinados. Contudo, , um dos cinco bugyō (奉⾏*? magistrado), desenvolveu alianças contra Ieyasu.*[86] A 22 de agosto de 1599, enquanto Ieyasu se preparava Recepção dos daimyos no Castelo de Edo com a aplicação da para enfrentar o clã de um rebelde daimyo chamado política sankin kōtai, que lhes permitiu o controlo do shogunato, , Mitsunari decidiu agir sob a ajuda de forçando-os a adquirir dupla residência que variou entre Edo e Han, o“sequestro”das suas famílias em Edo e o custo de trans- vários apoiantes, incluindo outros bugyō e três dos quatro porte entre os dois locais.Biombo de Kyosai Kiyomitsu (1847). tairō (⼤⽼*? lit. “Grande ancião”). Assim, haviam criado uma suposta conspiração contra Ieyasu para o as- sassinarem, acusando-o de treze distintas funções ilegais e condenáveis.*[86] Entre as acusações destacam-se ac- imperador Go-Yozei, ocupando o lugar por apenas dois ções ilícitas, dando em matrimónio filhos e filhas com po- anos, pois em 1605 havia decidido abdicar da posição der político. Ieyasu foi inclusivamente incriminado de ter em favor do seu filho Hidetada. Adquirindo o título de * tomado posse do castelo de Osaka, antiga residência de Ōgosho (⼤御所 ? “Shogun enclausurado”), Ieyasu * Hideyoshi, como que se a ele pertencesse. Enviada uma manteve assim o controlo governamental do país. [90] carta a Ieyasu, este interpretou-a como uma declaração Enquanto isso, Ōgosho foi compelido a enfrentar a ame- de guerra. Praticamente todos os daimyo do país se alis- aça de Toyotomi Hideyori, uma vez que alguns partidá- taram para o confronto, tanto o “Exército do Oeste”de rios alegavam que este seria o legítimo sucessor do go- Mitsunari como o “Exército do Leste”de Ieyasu.*[87] verno. Assim, inúmeros samurais e ronins se aliaram a Hideyori, contrapondo-se ao shogunato, o que resultou Os dois exércitos enfrentaram-se naquela que é conhecida em duas batalhas abreviadas do Cerco de Osaka. Em a Batalha de Sekigahara (関ヶ原の戦い, Sekigahara no 1614, sob a liderança de Ōgosho Ieyasu e shogun Hi- * tatakai ?), que teve lugar na vila Sekigahara (da província detada, os Tokugawa comandaram um imenso exército de Gifu) a 21 de outubro (15 de setembro) no antigo até ao castelo de Osaka, acontecimento este denominado * calendário chinês. [88] Ieyasu saiu vitorioso, depois de de“O cerco de inverno de Osaka”.*[91] Sugere-se que vários generais do“Exército do Leste”decidirem mudar Ieyasu havia realizado um acordo com Yodogimi, mãe de de lado no decorrer do conflito. Ishida Mitsunari foi for- Hideyori, consentindo que as tropas de Tokugawa regres- çado a fugir, no entanto acabou por ser capturado e deca- sassem a Sunpu. Contudo, Hideyori recusou-se a abando- * pitado em Kyoto. [89] Com esta vitória, Ieyasu tornou-se nar novamente o castelo, tendo sido cercado, situação esta a maior figura política e militar do país. que ficaria conhecida como “Cerco de verão de Osaka” .*[92] Por fim, em finais de 1615, o castelo de Osaka foi destruído durante a batalha de Tennōji*[93], onde inúme- ros defensores morreram no confronto, incluindo o pró- prio Hideyori, que cometeu seppuku. Com o clã Toyo- tomi exterminado, o domínio dos Tokugawa sobre o Ja- pão estava agora livre de sérias ameaças.*[94] A unificação do país durante o período Azuchi- Momoyama permitiu ao Japão tornar-se um país mais pacífico. No período Edo a estrutura social havia-se con- solidado, estabelecendo-se três classes sociais; a classe Vitória de Ieyasu durante a Batalha de Sekigahara, dando início ao shogunato Tokugawa, que permaneceu mais de 250 anos no samurai governante, a agrícola e a do cidadão (artesãos, poder. mercadores e comerciantes). A partir do período Mo- moyama, a pacificação e o aumento de produção de ouro e prata concederam condições de vida mais estáveis so- bre as classes sociais por cerca de dois séculos e meio, be- 1.2.14 Período Edo neficiando um desenvolvimento de habilidades profissio- nais sobre a população em geral.*[95] A classe samurai 江⼾時代 * O Período Edo ( , Edo-jidai ?), também conhe- foi organizada de acordo com um sistema administrativo cido como Período Tokugawa (徳川時代, Tokugawa- * eficiente e legal, assegurando avanços em vários campos jidai ?) é um período da história do Japão que se estende da erudição, enquanto que os agricultores e cidadãos co- desde 1603 até 1868. Esta época define o shogunato To- muns adquiriram condições de vida mais favoráveis. No kugawa, também denominado pelo seu nome original ja- século XVII, a produção de arroz duplicou e tornou-se 江⼾幕府* ponês Edo bakufu ( ?), o qual foi o último sho- significante a sua extensão no mercado de cada cidade. gunato que deteve poder no Japão. Com o desenvolvimento industrial, foi alcançado um ele- Em 1603, Ieyasu foi oficialmente nomeado shogun pelo vado nível de prosperidade em inúmeras cidades e o po- 1.2. HISTÓRIA 17

der económico dos comerciantes depressa ultrapassou o fundamentar em motivos religiosos nem políticos, este dos samurais.*[96]*[97] acontecimento aparentemente motivou Iemitsu a restrin- gir definitivamente o cristianismo no Japão, ao emitir uma ordem em 1639 que proibiu a prática da religião no país. Assim, sacerdotes portugueses ficaram impedi- dos de entrar no Japão, assim como japoneses interditos de saírem do país - processo este controlado sob a con- sequência de pena de morte.*[100] Durante este período de isolamento, conhecido como sakoku (鎖国*?), as re- lações comerciais com todas as nações europeias foram obstruídas, com excepção dos Países Baixos, que permi- tiria comércio ativo apenas em . Todavia, o Japão continuou a manter relações comerciais com a China e Coreia, ainda que limitadas.*[101]

Vista do porto de Nagasaki e da ilha de Dejima (abaixo do cen- tro). Observam-se dois barcos holandeses (à direita) e vários Sociedade e política juncos chineses estacionados no porto e um cerca de Dejima. O Império Chinês e os Países Baixos foram os únicos a comerciali- Com o shogunato, Tokugawa estabeleceu uma estrutura zar com Japão durante o sakoku.Pintura de 1820. de poder equilibrada, conhecida como Bakuhan (o sho- gunato e os feudos), em que o referente regime go- Quando Ieyasu assumiu o poder, o Japão encontrava-se vernava diretamente a cidade de Edo (sede do governo no esplendor do período comercial Nanban, e apesar do militar), enquanto que os daimyos governavam os seus comércio com a Europa ter sido autorizado, as acções po- feudos.*[102] Depois da pacificação, vários samurais ha- líticas do governante encontravam-se sob conspecto. Em viam perdido os seus bens essenciais e suas terras, o que 1614, Ieyasu realizou a primeira viagem transoceânica refletiu numa redução do número de daimyos (cerca de para o Ocidente com a embarcação à vela galeão San Juan 260 até ao séc. XVIII), uma vez consideradas as limi- Bautista, numa missão liderada por Hasekura Tsunenaga. tadas escolhas a eles disponíveis - ou deixavam suas es- Entre 1604 e 1636, o shogunato havia então permitido padas tornando-se agricultores, ou se tornavam vassalos várias permutas comerciais em diversas regiões da Ásia, de um daimyo ou de um shōgun (). Os daimyos utilizando-se de 350 Shuinsen. foram também parcialmente controlados pelo shogunato quando imposta a política Sankin-kōtai (1635-1862), em Contudo, a contínua expansão do cristianismo era consi- que as famílias dos daimyos eram obrigadas a viver na derada um “problema”por parte do shogunato, visto cidade de Edo, enquanto que estes estariam submetidos serem cada vez mais evidentes as relações comerciais ao dever de alternar as suas residências anualmente en- entre daimyos cristãos de Kyushu e comerciantes euro- tre Edo e o seu feudo, causando custos adicionais para peus. Assim, a percepção de que a presença espanhola manter duas habitações e compensando distâncias signi- e portuguesa no Japão iria facilmente desencadear um ficantes entre estas. Assim, os daimyo estavam limitados processo de conquista semelhante ao ocorrido no Novo no poder económico e militar, evitando-se assim qualquer Mundo era manifestamente provável. Calculoso, o sho- tentativa de revolta contra o shogunato.*[103] gunato considerou que a atividade dos europeus era um frontispício que ocultaria a intenção de uma conquista po- Além dos membros do bakuhan, o imperador e os cor- lítica. Em 1612, o regime obrigou a que os vassalos e re- tesãos (kuge) tiveram também uma posição privilegiada. sidentes de propriedades do clã Tokugawa repudiassem o Abaixo destes encontravam-se as“quatro classes sociais” cristianismo. Então, em 1616 foi restringido o comércio (⾝分制, mibunsei*?), ou seja, os samurais no topo da ta- fora das cidades de Hirado e Nagasaki; em 1622 foram bela (com cerca de 5% da população), depois os agricul- executados 120 missionários; em 1624 os espanhóis fo- tores (com cerca de 80%), seguindo-se os artesãos e por ram desapossados do arquipélago do Japão e em 1629 fo- último os comerciantes. Os agricultores eram forçados a ram executados milhares de pessoas que se converteram viver nos campos, enquanto que os samurais, os artesãos ao cristianismo.*[97] e os comerciantes viviam nas cidades (jōkamachi) que se situavam ao redor do castelo do daimyo, estando subordi- Durante o governo do terceiro shōgun Tokugawa, nados ao seu feudo. À parte deste sistema existiam ainda Iemitsu, foi registada a primeira grande fome do período, os eta e os hinin, que eram vistos como os Dalit (os “in- que perdurou desde 1630 até 1640 e 1641.*[98] Isto re- tocáveis”ou “impuros”). sultou em inúmeros protestos por parte dos agricultores em 1632, 1633 e 1635. A rebelião Shimabara de 1637 até 1638 foi a consequência mais dramática da deterio- Cultura rada relação com o governo devido a esta crise,*[99] onde camponeses católicos enfrentaram o numeroso exército O Japão foi parcialmente influenciado pelas técnicas e do governo. No entanto, e apesar deste protesto não se ciências ocidentais do (蘭学*? “aprendizagem 18 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

lar do homem e da sociedade, tendo como resultado um pensamento racionalista e humanista. Em meados do sé- culo XVII este sistema filosófico chinês tornar-se-ia na principal corrente filosófica do país, estabelecendo bases nas escolas kokugaku (国学*? “aprendizagem nacional” ) que rejeitavam o estudo de textos budistas e chineses, favorecendo antes a investigação filosófica dos clássicos japoneses.*[97] Com a expansão do neoconfucionismo a classe samurai mostrou um maior interesse na história japonesa e no cultivo das artes, dando origem ao bushido (caminho do guerreiro). Houve também um florescimento cultural da Kaitai Shinsho, tratado de anatomia publicado em 1774, sendo classe trabalhadora, através do chōnindō, onde a educa- uma tradução para a língua japonesa do livro holandês Ontle- edkundige Tafelen, desenvolvido por estudiosos rangaku. ção, a alfabetização e o estudo da aritmética se estende- ram para a população em geral.*[97] Uma das consequências deste estilo de vida mais culto foi o surgimento do ukiyo (浮世*? “mundo flutuante” ), um estilo de vida adoptado pela classe média que va- lorizava a diversão e o entretenimento como meios pelos quais se alcançava o prazer e o bem-estar, o qual pro- duziu um florescimento cultural na era Genroku (1688 - 1704 conhecida também como cultura Genroku): onde o bunraku , o kabuki , a gueixa , a cerimónia do chá, a música, a poesia e a literatura se converteram numa parte desse mundo, originando também representações artís- ticas como o ukiyo-e. Este estilo teve início no século XVII através de Hozumi Harunobu, e teve como princi- pais representantes Kitagawa Utamaro e Torii Kiyonaga, A Grande Onda de Kanagawa, uma xilogravura de 1832 do mes- conseguindo o seu esplendor com pintores como Utagawa tre japonês Hokusai, especialista em ukiyo-e. Hiroshige e Katsushika Hokusai na primeira metade no século XIX.*[97] Entre os principais expoentes da literatura deste período, holandesa”) a partir de fontes bibliográficas que os ho- encontram-se o dramaturgo Chikamatsu Monzaemon e a landeses deixaram na ilha de Dejima. Os campos de es- poeta Matsuo Bashō, que escreveu a poesia haiku durante tudo envolviam a medicina, geografia, astronomia, arte, a sua viagem a diversos locais no Japão em finais do século ciência, línguas, física e mecânica. Durante o governo do XVII. shogun em 1720, houve uma pro- eminente flexibilização na introdução de livros estrangei- ros no país, o que proporcionou a tradução destes para a Início do declive língua japonesa, levando consequentemente ao aumento adicional desta área de estudo. No início do século XIX No século XVIII, houve um significativo aumento do trá- existiu uma proeminente troca cultural entre o Japão e a fego de mercadorias nas zonas urbanas e rurais. Isso Holanda. Um exemplo encontra-se num facto conhecido teve como consequência o facto de que tanto o shogu- em que o Dr. Philipp Franz von Siebold havia ensinado nato como os daimyo acondicionassem uma situação des- medicina ocidental pela primeira vez em 1824 a estudan- * favorável, onde os impostos de renda sobre a produção tes japoneses, com permissão do shogunato. [104] Con- de arroz tornaram-se insuficientes para cobrir as despe- tudo, este decidiu reverter o seu apoio aos estudos oci- sas em constante acréscimo anual. Com vista a soluci- dentais (rangaku) em 1839, ao promulgar o decreto de onar o problema, o aumento dos impostos foi adotado lei bansha no goku. Isto provocou a repressão de vários pelo shogunato. Todavia, as rebeliões tornaram-se vee- estudiosos que questionavam os efeitos do sakoku e do mentes por parte da classe agrária, adicionadas ao surgi- edital de repulsão de embarcações estrangeiras em 1825. mento de inúmeras fomes e desastres naturais que asso- Em 1842, estes editais expiraram, e o rangaku passou laram o país, como são exemplo o Grande incêndio de a ser ensinado novamente, até se tornar obsoleto com a Meireiki de 1657, o terremoto de Genroku de 1703 e a abolição do sakoku uma década depois. erupção do Monte Fuji em 1707, que provocaram mi- Nesta época, o neoconfucionismo tornou-se o principal lhares de mortes.*[97] Com isto, o shogunato desenvol- movimento intelectual uma vez adoptado pelo shogunato. veu várias reformas, a fim de conter a queda da gover- Esta filosofia exerceu uma maior atenção na vida secu- nação do país - entre as quais as reformas Kyōhō (1717 1.2. HISTÓRIA 19

̶1744), que visaram à solvência financeira do governo; em 1804, assim que o Império Russo enfrentou o shogu- as reformas Kansei (1787̶1793), que solucionaram vá- nato numa disputa sobre as ilhas de Sacalina e Kuriles na rios problemas sociais provocados pela grande fome de primeira metade do século XIX.*[106] Tenmei, ocorrida entre 1782 e 1788, revertendo algumas Em 1808, a fragata britânica HMS Phaeton entrou no ̶ decisões do governo; as reformas Tenpo (1830 1842), porto de Nagasaki, comprometendo as autoridades de que se destinaram ao controle do caos social causado pela Dejima e do shogunato ao exigir forçosamente suprimen- grande fome de Tenpō, em que a imigração a Edo foi tos com a ameaça de disparos de canhão sobre as em- proibida, tal como o método rangaku e a formação de so- barcações japonesas e chinesas lá presentes. O Naga- ciedades, sendo que o alcance dessas reformas se esten- saki bugyō (oficial do shogunato da cidade, Matsudaira deu a nível militar, religioso, financeiro e agrícola; e por Yashuide), solicitou inicialmente reforços, contudo di- fim, as reformas Keiō (1866̶1867), que foram projec- ante da demora destes, acabou por concordar com as exi- tadas com o objetivo de conter a crescente rebelião que gências impostas pelos ingleses. Após o incidente, - existia nos domínios de Satsuma e Chōshū, sem sucesso * suhide cometeu seppuku, alertando as autoridades do sho- algum. [105] gunato sobre a presença de barcos estrangeiros, o que in- Apesar do governo intentar conter os problemas, es- centivou ao "édito de repulsão de embarcações estrangei- tes tornaram-se cada vez mais evidentes com o desejo ras”, criado em 1825.*[106] do povo pela transformação ante a inação do shogu- * O incidente de Morrison de 1837 deu-se quando um na- nato. [97] Um destes casos veio a evidenciar-se quando vio mercante dos Estados Unidos, liderado por Charles o samurai Ōshio Heihachirō, um oficial do shogunato em W. King, que, para além de intenções comerciais, tenci- Osaka, pediu aos seus superiores que apoiassem as víti- onava entregar náufragos japoneses que haviam sido en- mas de fome durante a grande fome de Tenpo. Dada a contrados em Macau, foi bombardeado pelos japoneses, recusa destes, Heihachirō vendeu seus livros com o no- no âmbito do "édito de repulsão de embarcações estran- bre propósito de ajudar as pessoas, e, seguindo os precei- geiras”.*[107] Esta situação dramática, juntamente com tos neoconfucionistas, acusou o shogunato de corrupção. a derrota do Império Chinês na Guerra do Ópio, em 1842, Heihachirō criou um exército com agricultores, estudan- marcou um ponto de viragem na situação internacional do tes neoconfucionistas e outros plebeus, suscitando subse- Extremo Oriente, pondo em causa a política de privaci- quentemente numa rebelião em 1837, que destruiu parte dade do shogunato. Como resultado, foi abolido o édito da cidade antes das tropas do governo se terem anteci- de repulsão de navios estrangeiros em 1842; efectivou-se pado ao ataque. O samurai cometeu seppuku quando foi a moratória sobre as execuções de estrangeiros que che- capturado.*[106] gavam ao país; e foram promovidos suprimentos para os seus navios. Com isto, os baleeiros de Inglaterra, Estados Unidos e outros países passaram a aportar na costa do Ja- pão para se abastecerem de água e comida.*[106] Apesar de esta abolição das regras não apresentar fins comerci- ais, algumas nações insistiram em abrir o comércio do país. Em 1846, o comandante americano James Biddle, que assumiu o primeiro tratado entre os EUA e a China, tentou, sem sucesso, abrir o comércio com o Japão. Em 1848, o capitão James Glynn conseguiu a primeira nego- ciação bem sucedida com o shogunato, tendo sido a pes- soa que recomendou ao Congresso dos Estados Unidos a negociação com o Japão, se necessário através da força, sendo este um dos propósitos da expedição de Comodoro Perry em 1853.*[106]

Representação japonesa do HMS Phaeton na baía de Nagasaki e Restauração Meiji em 1808. Este incidente foi uma das poucas tentativa do Ocidente em quebrar a política do sakoku, sem sucesso. O sistema político estabelecido por Ieyasu e aperfeiçoado pelos seus sucessores ( e Iemitsu To- Em paralelo com o que se sucedia dentro do Japão, al- kugawa) permaneceu praticamente intacto até meados do guns países estrangeiros começaram a pressionar o sho- século XIX. Distintas alterações políticas, sociais e eco- gunato a abandonar a política de relações internacionais, nómicas abrangeram o ineficiente governo Tokugawa, le- sakoku. Em finais do século XVIII, vários explorado- vando posteriormente ao seu colapso.*[101] A partir de res russos chegaram às ilhas Curilas e a Hakkaido (Pavel meados do século XVIII o shogunato e os daimyos sofre- Lebedev-Lastochkin em 1778 e Adam Laxman em 1792) ram sérias dificuldades financeiras justo à riqueza da so- com o objectivo de desobstruir o comércio com o Japão. ciedade comerciante das zonas urbanas do Japão. O cres- Esta tarefa foi atribuída sem êxito por Nikolai Rezanov cente descontentamento entre os fazendeiros e os samu- 20 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

ções com potências estrangeiras, o comércio foi por fim consentido, após serem assinados uma série de tratados conhecidos como "Tratados desiguais", (entre os quais o Tratado de amizade anglo-japonês, o Tratado Harris e o Tratado de amizade e comércio anglo-japonês) durante a convenção de Kanagawa. Porém, tudo isto ocorreu sem o consentimento da casa imperial, o que gerou algum de- sequilíbrio na relação entre ambos*[101] A decisão de Abe prejudicou significativamente a estabi- lidade do shogunato. Apesar da tentativa de ajuda militar por parte dos Países Baixos e da procura sobre um con- senso entre os shinpan e tozama daimyo, isto abespinhou os fudai daimyo, que possuíam os mais altos cargos polí- ticos. Assim, o oficial foi substituído por Hotta Masayoshi. Contudo, alguns oficiais como Toku- gawa Nariaki, seguidor da escola Mito, fundada sob os ideais do neoconfucionismo e do kokugaku, opuseram-se contra a presença estrangeira, apelando à reverência do imperador e consideraram então que o shogunato Toku- Matthew Calbraith Perry obrigou o Japão a pôr término ao iso- gawa já não era uma instituição confiável. Este pensa- lamento em 1853. mento nacionalista ficou conhecido como o lema sonnō jōi (尊王攘夷*? “reverenciar o imperador, expulsar os rais motivou o governo à tentativa de solucionar a grave bárbaros”), proposto pelo pensador Aizawa Seishisai da * situação do país através de diversas medidas, das quais escola Mito, num livro publicado em 1825. [112] nenhuma surtiu efeito. Concomitantemente com as ques- tões internas, a situação do país piorou justo às distintas pressões por parte de potências estrangeiras que pressio- naram o governo a abrir o país para o comércio interna- cional. Este período, entre 1853 e 1867, ficou conhecido como bakumatsu (幕末*?).*[101]

Abertura do Japão ao Ocidente Em julho de 1853 o comodoro estadunidense Matthew Calbraith Perry che- gou à baía de Tóquio com uma frota de navios conhecidos pelos japoneses como os "Barcos Negros"(⿊船, kuro- fune*?), e exigiu ao Japão que quebrasse o isolamento num prazo de um ano, com a ameaça de que, caso o Ja- pão recusasse o seu pedido, Edo seria atacado pelos sofis- ticados canhões Paixhans que armavam as suas embarca- Cenário da batalha de Shimonoseki, entre Estados Unidos e ções.*[106]*[108]*[109]*[110]*[111] Apesar da precau- Chōshū em julho de 1863. ção por parte dos japoneses contra o retorno dos america- nos - tendo inclusivamente sido criadas as ilhas-fortaleza Hotta procurou apoio da Corte Imperial para a ratifica- de Odaiba, assim como construído o navio Shōhei Maru ção dos novos tratados, sem sucesso, o que provocou uma segundo textos do rangaku e também criado um forno crise política entre o shogunato e a Corte. Em 1858, a si- para a produção de canhões -, quando a frota de Perry tuação piorou com a morte do shogun , regressou em 1854, esta não se deparou com a esperada que não havia deixado herdeiro algum como seu sucessor. resistência do oficial do shogunato, Abe Masahiro. Sem Naraki, juntamente com os shinpan e os tozama daimyo, qualquer tipo de experiência quanto à segurança nacio- apoiaram , enquanto que os fudai nal e incapaz de chegar a um consenso entre as várias daimyo apoiaram Tokugawa Iemochi, conseguindo por facções (Corte Imperial, shogunato e daimyos) Abe Ma- fim a aprovação deste último pela Corte Imperial.*[112] sahiro acabou por aceitar unilateralmente as exigências O líder da facção tornou-se tairō, tendo sido impostas por Perry e permitir a abertura de vários por- o arquitecto de um expurgo de importantes membros da tos, assim como o comissionamento de um embaixador oposição à assinatura dos tratados. Este evento, conhe- dos Estados Unidos no Japão, com o tratado de Kana- cido como a purga , colocou sob prisão domici- gawa de março de 1854, pondo fim à política formal do liar Nariaki, Yoshinobu, vários membros do shogunato sakoku que governou o Japão por mais de dois séculos. e inúmeros han, incluindo Yoshida Shōin, um intelec- Apesar de o shogunato estar relutante em assimilar rela- tual do sonnō jōi.*[113] Em 1858, foram assinados cinco 1.2. HISTÓRIA 21

tratados comerciais designados de Tratados Ansei, per- mitindo, em 1859, a abertura dos portos de Nagasaki, Hakodate e Yokohama. No entanto, isto causou um cres- cente atrito entre os estrangeiros e os samurais, agravando ainda mais a situação ao ponto de serem regularmente assassinados tanto estrangeiros como colaboradores ja- poneses.*[114] Ii Naosuke foi morto em março de 1860, durante o Incidente Sakuradamon (1860), pondo fim ao expurgo. Tanto o ataque em 1861 à embaixada britânica em Edo como o Incidente de Namamugi em 1862 foram justificados às potências ocidentais como se não passas- sem de intervenções militares contra os samurais. Em março de 1663, o Imperador Komei rompeu o papel ce- rimonial que os imperadores tiveram por vários séculos e ingressou ao cenário político ao emitir a ordem para ex- pulsar os bárbaros (攘夷実⾏の勅命,, jōi jikkō no cho- kumei*?). O domínio Chōshū obedeceu à ordem e deci- diu atacar os navios estrangeiros no estreito de Shimono- seki. Outros domínios como o Satsuma e Tosa, contrários ao shogunato, decidiram aliar-se seguindo o edital.*[115] Dado que o shogunato foi incapaz de controlar tais inci- dentes, países estrangeiros - como Estados Unidos, Reino Unido, França e Países Baixos - tomaram a iniciativa com represálias contra o movimento nacionalista. Em 16 de julho de 1863, teve ocorrência a batalha de Shimonoseki entre os EUA e o domínio de Chōshū. Quatro dias de- pois, a França bombardeou Shimonoseki, que foi segui- damente bombardeada pelos aliados da coligação a 5 e 6 de setembro de1864, resultando na derrota iminente de Chōshū. Em agosto de 1863, o Reino Unido bombardeou Tokugawa Yoshinobu. Kagoshima, causando a derrota do domínio de Satsuma. Entre maio de 1864 e janeiro de 1865, o shogunato com- bateu contra os samurais e seguidores do sonnō jōi na O crepúsculo do Shogunato O Chōshū manteve uma rebelião de Mito, na qual o shogunato saiu vitorioso. Du- posição beligerante frente ao shogunato e, em junho de rante a rebelião Hamaguri, a 20 de agosto de 1864, de- 1866, o governo enviou uma expedição punitiva contra fensores do sonnō jōi e membros do domínio Chōshū ten- o domínio. Esta operação militar não foi bem sucedida, taram apoderar-se do Palácio Imperial em Kyoto, sem pois o domínio Chōshū havia reforçado o seu exército, o êxito. Em finais de 1864, através dos confrontos, o sho- que impediu que a operação acabasse com o domínio feu- gunato conseguiu neutralizar o movimento xenófobo e dal. A derrota forçou o shogunato a uma modernização movimentos nacionalistas como o Ishin Shishi, o qual foi no sistema com o envio de alguns praças para o estran- brutalmente reprimido.*[116] O imperador Kōmei deci- geiro, correspondido pela França numa missão militar em diu alterar a sua atitude em não desenvolver tratados com 1867. Após a morte prematura do shogun Iemochi em fi- as potências estrangeiras, sendo que mais tarde, em no- nais de 1867, Tokugawa Yoshinobu sucedeu-o ao fim de vembro de 1865, vários navios de guerra aliados foram tantos anos de espera. Em janeiro de 1867, o imperador estacados nos portos de Hyogo e Osaka, com o propósito Kōmei faleceu e foi sucedido pelo príncipe Mutsuhito, * de convencer o imperador a ratificar os acordos comer- Imperador Meiji. [118] ciais com os Estados Unidos. A partir desse momento, a Yoshinobu tentou aparentemente manter relações cor- filosofia de“expulsar os bárbaros”perdeu o seu ímpeto, diais com o novo imperador, porém na realidade não visto que era algo irrealizável, especialmente quando as existia qualquer conformidade entre ambos os governan- potências ocidentais conseguiram severamente suprimir tes.*[119] Entretanto, o descontentamento dos daimyos aqueles que os desafiaram. No entanto, o ónus econó- que se encontravam em oposição ao shogunato era vee- mico que se impôs sobre o Japão ao ser vencido nestas ba- mente e, a 9 de novembro de 1867, o imperador ordenou talhas (indemnizações, novos tratados, abertura de mais sigilosamente aos líderes do Chōshū e Satsuma que eli- portos e mais privilégios para as potências), demonstrou minassem o shogun.*[nt 2] Contudo, a pedido do daimyo que a estrutura do shogunato era obsoleta e precisava de de Tosa, Yoshinobu decidiu voluntariamente entregar a um novo tipo de liderança, apresentando como figura má- sua autoridade e poder ao imperador, resolvendo convo- xima o imperador.*[117] car uma assembleia geral de daimyos com o propósito de criar um novo governo.*[121]*[122] 22 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

Apesar de a renúncia de Yoshinobu ter originado uma Guerra Boshin certa instabilidade no governo, o shogunato prevalecia impositivo. Além disso, o governo do shogunato e, em Embora Yoshinobu tivesse aceitado as reivindicações dos particular, a família de Tokugawa, prevaleciam enquanto seguidores do imperador, a 18 de janeiro de 1868 decla- uma importante força na nova ordem, pois mantinham rou que não aceitaria os termos da restauração imperial. * um enorme poder político, [123] o que continuaria a ser A 24 de janeiro, decidiu lançar um ataque em Kyoto con- um aspecto que os mais intransigentes membros de Sat- tra os exércitos de Satsuma e Chōshū, enquanto que em suma e Chōshū consideravam inaceitável. Os resultados Edo, este se encontrava sob pressão e ataques da parte dos foram precipitados quando, a 3 de janeiro de 1868, este rebeldes contra o shogunato. Os samurais que permane- último assumiu o controle do palácio imperial de Kyoto ciam leais ao governo shōgun acabaram por se revoltar na e, no dia seguinte, fez com que o imperador Meiji, de guerra civil conhecida como Guerra Boshin (戊⾠戦争, apenas 15 anos de idade, declarasse a restauração do seu Boshin sensō*?). poder absoluto, pondo fim ao regime Tokugawa e ao go- verno dos shoguns no país, que prevaleceram por mais de A 27 de janeiro do mesmo ano, teve lugar a batalha de sete séculos.*[124] Toba-Fushimi (⿃⽻・伏⾒の戦い, Toba-Fushimi no Tatakai*?), em que as forças pró-imperiais do Chōshū, Satsuma e de Tosa lideradas por Komatsu , con- seguiram vencer o exército do shogunato. A principal razão que motivou tal derrota encontra-se no facto de vá- 1.2.15 Período Meiji rias facções que apoiavam o shogunato terem mudado de posição, atendendo ao apoio oficial do imperador sobre Satsuma e Chōshū*[nt 3] . Yoshinobu foi forçado a aposentar-se de Edo, enquanto que as tropas imperiais dirigidas por Saigō Takamori se aproximavam lentamente da cidade, conseguindo in- clusivamente ocupá-la em maio.*[127] A resistência do shogunato em Edo cedeu rapidamente após a batalha de Ueno a 4 de julho, quando as forças imperiais tomaram a cidade nesse mesmo mês e Yoshinobu foi condenado à prisão domiciliar no templo Kan'ei-ji. Vários anos após ter sido despojado da sua terra, o shōgun Tokugawa foi finalmente libertado.*[128] A 3 de setembro, depois de alterado o nome de Edo para Tóquio, o imperador Meiji transferiu a capital de Kyoto para Tóquio, apoderando- se do castelo Edo enquanto novo palácio imperial.*[129] Porém, alguns partidos mostraram-se relutantes em se transigirem a tal mudança, como foi exemplo a coligação Ōuetsu Reppan Dōmei. No entanto, a baixa sofisticação das tropas da aliança determinou o progressivo avanço do exército imperial, que saiu vitorioso. Em outubro de 1868, deu-se a batalha de Aizu, fazendo com que parte do exército do shogunato abandonasse o confronto por mar em direção a Hokkaido. Após um mês de cerco, a 6 de novembro, Aizu rendeu-se.*[130] Ao chegar à ilha de Hokkaido, Enomoto reorganizou o exército e estabeleceu um governo independente, procla- mando a República de Ezo (蝦夷共和国, Ezo Kyōwa- koku*?) em 25 de dezembro de 1868 uma vez eleito pre- Imperador Meiji. (1872) sidente. Enomoto tentou, sem sucesso, obter reconhe- cimento internacional, contudo nem mesmo a aprovação do novo governo imperial japonês em ceder Hokkaido ao Com a queda do shogunato, o imperador foi erigido en- shogunato Tokugawa foi capaz de lograr.*[131] As for- quanto símbolo de unidade nacional e deu início a uma ças navais japonesas chegaram a Hokkaido em março de série de reformas significativamente radicais. A primeira 1869 com cerca de 7 mil homens das tropas imperiais que consistiu na promulgação da Carta de juramento (五箇 abeiraram sobre a ilha, na batalha naval da Miyako Bay. 条の御誓⽂, Gokajō no Goseimon*?) de 1868, que teve Estes foram tomando paulatinamente várias posições es- como objetivo elevar a moral e obter apoio financeiro tratégicas e destruíram as defesas da República de Ezo para o novo governo.*[125] durante a batalha de Hakodate. A 17 de março de 1869, 1.2. HISTÓRIA 23

Tokugawa Yoshinobu e o seu exército no Castelo de Osaka du- rante a Guerra Boshin. Samurais do clã Satsuma durante a guerra Boshin. Foto a cores por Felice Beato. depois de perder inúmeros homens e quase todos os seus Rebelião Satsuma navios, Ezo aceitou a rendição.*[132] Com o fim da guerra Boshin, o governo imperial passou Saigō Takamori, um dos líderes mais antigos do governo a controlar todo o Japão, sem que qualquer força rival in- Meiji, lutava contra a corrupção política no país. Após terna se contrapusesse. Com a guerra garantida, foram várias altercações com o governo, renunciou ao cargo e abolidos privilégios da classe samurai. Os nacionalistas, aposentou-se ao domínio Satsuma. Fundou academias que inicialmente apoiavam o imperador, assim como a fi- onde todos os estudantes adquiriam formação e treinos de losofia de sonnō jōi, sentiram-se fortemente traídos sobre guerra práticos. Esta notícia anunciada por Saigō em Tó- * tal derrogação. [132] quio foram encaradas com grande inquietação por parte da sociedade. Em 12 de setembro de 1877, Saigō reuniu-se com os seus proprietários de terras Kirino Toshiaki e Shinohara Kunimoto e anunciou uma investida em marcha até Tó- Governo Meiji quio para conversações com o governo Meiji. A 14 de fevereiro, as tropas de Saigō chegaram a , O novo governo assegurou às potências estrangeiras que onde atacaram o castelo da própria província. A 19 de os tratados assinados durante o shogunato Tokugawa se- fevereiro sucederam-se os primeiros disparos por parte riam atendidos pelas leis internacionais. A capital havia dos defensores, quando as unidades de Satsuma tenta- sido transferida de Kyoto para Edo, a qual foi renomeada ram forçar a entrada no castelo.*[134] Em 22 de fe- Tóquio, e o sistema feudal foi abolido em 1871, dando vereiro, a armada principal de Satsuma acercou e ata- origem ao sistema de prefeituras, para além de ter sido cou a fortaleza, numa batalha que se prolongou durante legalizada a propriedade de terras. O novo governo enfa- a noite até que as forças imperiais acabadas de chegar tizou também a prática do xintoísmo, a religião que teve se retiraram. Não conseguindo apossar-se do castelo apoio estatal.*[125] mesmo depois de infrutíferos ataques, o exército de Sat- Apesar de vários protestos, os líderes do governo continu- suma escavou um fosso em volta da fortaleza e posteri- aram com uma forte modernização do país: foram colo- ormente incendiaram-na. Durante o cerco, muitos dos cados cabos telegráficos nas principais cidades, construí- ex-samurais desertaram para o lado de Saigō. Enquanto dos vias-férreas, estaleiros, fábricas de munições e têx- isso, a 9 de março, Saigō, Kirino e Shinohara foram des- teis. Todas estas medidas de modernização conduziram pojados dos seus cargos e títulos políticos de Tóquio. o Japão a se tornar no primeiro país industrializado da Sob o comando do general Kuroda Kiyotaka e com a Ásia.*[133] Com a preocupação sobre a segurança naci- ajuda de Yamakawa Hiroshi, a 12 de abril de 1877, o onal, inúmeros esforços para amodernar o exército foram principal contingente do exército imperial chegou a Ku- desenvolvidos, ou seja, realizaram-se estudos sobre os mamoto para auxílio dos ocupantes do castelo. Isto resul- sistemas de armas estrangeiras; foram contratados con- tou numa supremacia numérica por parte dos defensores, selheiros de outros países para o exército; os cadetes fo- em oposição à significante desvantagem a que as tropas de ram enviados para países da Europa e Estados Unidos; Satsuma se condicionaram, forçando-os a fugir. Depois foi estabelecido um exército permanente com uma grande de uma constante perseguição, Saigō e os restantes samu- quantidade de reservas; e o serviço militar tornou-se obri- rais foram impingidos a regressar a Kagoshima, dando gatório.*[125] origem ao confronto final, a Batalha de Shiroyama. As 24 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

apenas quarenta rebeldes se encontravam com vida, en- tre os quais Saigō já perto da morte. Os seus seguidores argumentaram que um deles, Beppu Shinsuke,*[135] se encarregou ao papel de kaishakunin, ajudando Saigō a co- meter seppuku antes de ser capturado. Depois da morte de Saigō, Beppu e o último samurai ergueram as suas es- padas e dirigiram-se pela costa abaixo, até serem abatido pelos disparos das metralhadoras Gatling. Depois de to- das estas mortes, a rebelião deu-se por terminada.*[136]

Criação de um governo representativo

Saigō Takamori (sentado, com um uniforme ocidental), rodeado pelos seus oficiais. Artigo do jornal Le Monde Illustré, 1877.

Itagaki Taisuke, proeminente político da Era Meiji. Estátua de Saigō Takamori no Parque Ueno, Tóquio. A maior conquista institucional após a rebelião de Sat- suma teve lugar quando se insurgiram com intenções de tropas do exército imperial japonês, comandadas pelo ge- criar um governo representativo por parte dos cidadãos neral Yamagata Aritomo, e os fuzileiros navais, coman- que haviam sido relegados do governo. Uma das prin- dados pelo almirante Kawamura Sumiyoshi excederam cipais figuras deste movimento foi Itagaki Taisuke, um as forças de Saigō com evidente superioridade numérica importante líder da Província de Tosa. Em 1875, este de sessenta soldados para um. O exército imperial pre- fundou o partido político Aikokusha, que, em 1878, vi- cisou de sete dias para finalizar a construção e desenvol- ria a pressionar fortemente o governo do país. Em 1881, vimento dos sistemas de barragens e muros que serviram Itagaki formou o Jiyūtō (⾃由党, Partido Liberal*?), o de obstáculo para impedirem que as tropas de Satsuma qual possuía alguns dos principais ideais da política fran- escapassem. Cinco navios de guerra uniram-se ao poder cesa.*[137] No ano seguinte Ōkuma Shigenobu fundou da artilharia de Yamagata enfrentando o posicionamento o Rikken Kaishintō (⽴憲改進党, Partido Constitucional dos rebeldes e reduzindo o seu número. Após Saigō re- Progressista*?), que revogou pelo estabelecimento de um jeitar uma carta de solicitação à própria rendição, a 24 de sistema constitucional democrático tal como o sistema in- setembro de 1877 Yamagata ordenou um ataque directo glês. Em resposta, os membros do governo formaram, em contra o exército de Saigō. Após seis horas consecutivas 1882, o Rikken Teiseitō (⽴憲帝政党, Partido Constitu- 1.2. HISTÓRIA 25

cional do Regime Imperial*?). Após o surgimento des- tes partidos, muitos outros movimentos emergiram, al- guns até de uma forma violenta. Finalmente, em 1889, a Constituição do Império do Japão, também conhecida como (Constituição Meiji), contemplou uma dieta impe- rial composta pela Câmara dos Deputados eleitos popu- larmente, acompanhada pela Câmara dos Pares que pos- suía um número de representantes extremamente baixo, composta pela nobreza num sistema designado de kazoku. As primeiras eleições foram realizadas em 1890, ao se- rem eleitos trezentos membros da Câmara dos Represen- Representação em ukiyo-e da Batalha de Pyongyang na Coreia, tantes do Japão.*[137] uma parte da Primeira Guerra Sino-Japonesa.

“ Expansionismo uma possível guerra com a Rússia, a menos que outra potência se aliasse a estes e se assim possível encararem ” Guerra Sino-Japonesa Durante o século XIX, a um papel mais ativo. Esta aliança presumiu uma evi- península da Coreia era uma forte atracção à qual o Japão dente ameaça para os russos, que procuraram um método não foi indiferente, considerando a sua posição geográfica mais conciliador do que haviam anteriormente empre- gue, prometendo inclusivamente o retiro das tropas em que poderia eventualmente proporcionar um ponto estra- * tégico para a defesa do arquipélago japonês. Um breve 1903. [138] conflito com a Coreia havia sido resolvido temporaria- Depois de o Japão interpor uma queixa devido ao incum- mente após assinado o Tratado de Kanghwa em 1876, primento russo sobre a retirada das suas tropas, a Rús- através do qual os japoneses passaram a ter acesso aos sia propôs dividir paralelamente a Coreia, considerando portos da Coreia. Em 1894, foi precipitada uma crise o controle do sul por parte do Japão, sendo que a zona política quando um líder coreano pró-Japão foi morto em norte se encontrava independente. Porém a Rússia asse- Xangai. A situação piorou quando o exército chinês aba- gurou que a Manchúria estaria fora da esfera de influência teu a rebelião Tonghak no próprio solo coreano, apesar japonesa.*[138] de que na Convenção Tianjin tanto a China como o Ja- A guerra eclodiu em 8 de fevereiro de 1904, quando a pão haviam consentido na retirada dos seus respectivos Marinha Imperial Japonesa lançou um ataque surpresa à exércitos da península coreana, afastando o apoio aos di- frota russa ancorada em Port Arthur. Após uma série de versos partidos contendores do país. O Japão respondeu vitórias japonesas tanto em terra como navais, (Batalha rapidamente à invasão chinesa, saindo vitorioso naquela de Tsushima em maio de 1905), foi levada a cabo uma que é conhecida como a Primeira Guerra Sino-Japonesa, conferência de paz com os Estados Unidos enquanto me- que terminou em 1895, quando foi realizado o chamado diador, onde a Rússia reconheceu a primazia dos interes- cessar-fogo.*[138] ses japoneses sobre a Coreia e Manchúria. Foram en- O conflito terminou com a assinatura do Tratado de Shi- tão cedidos ao Japão a locação de Dalian, os seus terri- monoseki, pelo qual foi reconhecida a independência da tórios adjacentes e a ferrovia, assim como a parte sul da Coreia, deixando de ser, portanto, um estado tributário. ilha Sacalina, proporcionando direitos de pesca no mar de Com isto, foram exigidos 200 milhões de taéis de in- Okhotsk e no mar de Bering, depois de ambos os lados demnização à Coreia; o comércio aos japoneses pelo rio finalmente concordarem em evacuar a Manchúria.*[138] Yangtze foi consentido; o direito dos investidores japo- Esta guerra marcou o reconhecimento do Japão como po- neses em negociar com a China foi permitido; tal como tência imperialista pelas diversas nações da Europa, en- aceite a tomada de relações de , das ilhas Pesca- quanto a derrota russa, por sua vez, patenteou a fraqueza dores e da península de Liaodong com o Japão. Contudo, do regime czarista e iniciou a sua queda concretizada na pela oposição da Rússia, Alemanha e França, Liaodong Revolução de 1917. Teve então início uma nova fase de foi replicada.*[138] expansão continental do Japão e, em 1910, a Coreia foi anexada ao Império Japonês.*[138] Guerra Russo-Japonesa As ambições imperiais tanto da Rússia, que estava interessada em manter o con- 1.2.16 Período Taishō trole da China, como do Japão, que ambicionava o con- trole da Coreia, levaram a que ambos os países se defron- O período Meiji terminou com a morte do imperador tassem em 1904. em 1912 e com a subsequente ascensão ao trono do Em 1902, o Reino Unido assinou com o Japão a Aliança imperador Taishō. O novo imperador tinha vários proble- Anglo-Japonesa, através da qual os britânicos reconhece- mas de saúde, - homem débil tanto física como mental- ram os interesses japoneses pela Coreia. Contudo, ambos mente - pelo que, durante o seu mandato, este manteve- se comprometeram em manter-se neutros sobre o caso de se longe de questões políticas. As decisões do governo 26 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

Japão encontrava-se ao lado das maiores potências milita- res e industriais do mundo durante a conferência de paz de Versalhes. Foi-lhe concedido um lugar permanente na Sociedade das Nações, com a transferência dos direi- tos tidos anteriormente pela Alemanha sobre Shandong. Finalmente, num Mandato da Sociedade das Nações, decidiu-se que as ilhas do Pacífico ao norte do Equador, outrora ocupadas pela Alemanha, estariam agora sob co- mando japonês (Mandato do Pacífico Sul).*[139]

Democracia

Desde a criação de um novo sistema político, com a Cons- tituição Meiji, apenas membros da elite aristocrática pos- suíam acesso aos elevados cargos políticos, ao conselho de ministros, à Câmara dos Pares ou a conselheiros do imperador. Contudo, entre 1918 e 1932, a situação polí- tica do país alterou-se. Apesar dos partidos políticos se- rem liderados pela elite, os políticos viram-se obrigados a trabalhar em coordenação com a corte, a burocracia e os militares, causa da consciência agora mais democrática das massas que se começaram a unir, sobretudo estudan- Imperador Taishō com o seu traje de coroação. tes, que se tornaram politicamente mais ativos. Em con- sequência, os partidos desempenharam um papel de lide- rança sobre a política nacional. Outra importante altera- recaíram sobre a Dieta e o seu secretariado. Consequên- ção teve lugar em 1925, quando se estabeleceu o sufrágio cia da sua deficiência, o seu filho Hirohito foi nomeado universal para os homens, o que aumentou a base eleitoral “Príncipe Regente”em 1921. em mais de 12 milhões de pessoas.*[140]

Primeira Guerra Mundial Grande sismo de Kantō

Procurando fortalecer a sua esfera de influência na Ásia e suas participações territoriais no Pacífico, o Japão aproveitou-se da condição da Alemanha, que se encon- trava bastante ocupada com o cenário europeu, e em agosto de 1914 declarou guerra às Potências Centrais, junto com os seus aliados. A marinha japonesa, actu- ando praticamente independente do governo civil, ocu- pou as colónias alemãs da Micronésia, a província de Shandong na China e as ilhas Marianas, ilhas Carolinas e ilhas Marshall, no Oceano Pacífico. Enquanto os seus aliados estavam concentrados na guerra, o Japão tentou consolidar a sua posição perante a China fazendo com que esta assinasse as «vinte e uma exigências»(対華⼆ ⼗⼀ヵ条要求, Taika Nijyūichikkajō Yōkyū*?) impostas, que incluía a não concessão das ilhas ou costas a tercei- Departamento metropolitano da polícia após o terremoto. ros.*[139] A 1 de setembro de 1923, pouco antes do meio-dia, ocor- Em 1917, os Estados Unidos entraram na guerra como reu na região de Kanto um dos sismos mais devastadores aliados dos japoneses, apesar dos atritos causados pela da história, com uma magnitude de 8.3 graus na escala situação na China assim como pela competição por ad- de Richter. O movimento de placas tectónicas causou quirir influência no Pacífico. Num esforço de evitar a um tsunami. Em Kamakura, as ondas chegaram a atingir tensão existente, foi assinado em novembro do mesmo cinco metros de altura, enquanto que em Atami, foram ano, o Acordo Lansing-Ishii (⽯井・ランシング協定, * * registadas ondas com treze metros. [141] Estima-se que Ishii-Ranshingu Kyōtei ?). cerca de 110 mil pessoas perderam a vida, quer pelos efei- Recebendo o reconhecimento oficial como um dos“cinco tos do sismo como pelo subsequente tsunami e inúmeros grandes”países da nova ordem internacional, em 1919 o incêndios que se perduraram por vários dias. A perda de 1.2. HISTÓRIA 27 vidas humanas deve-se à causa adicional de várias ondas Segunda Guerra Sino-Japonesa de violência que se desenvolveram após a tragédia, con- tra activistas políticos coreanos e chineses por parte de Neste período, as tropas japonesas controlavam as vias civis, polícias e militares.*[141] ferroviárias da Manchúria, pois, através destas, diversos recursos eram transportados para os portos na Coreia, de onde eram enviados para o Japão. Em setembro de 1931 1.2.17 Período Shōwa explosivos foram detonados nessas estradas de ferro do sul da província, as quais eram de propriedade japonesa -"Incidente de Mukden". Com isto, o governo japo- nês decidiu enviar tropas para ocupar toda a Manchú- ria, formando assim um regime fantoche designado de , sob o comando nominal do imperador Pu Yi.*[144] Nos anos seguintes, confrontos menores ocorreram na província, contudo em 1937, após o incidente da Ponte Marco Polo, tropas japonesas foram atacadas nos arre- dores de Pequim, iniciando-se abertamente a guerra com a China. Depressa o Japão atacou as principais cida- des costeiras e, em dezembro desse mesmo ano, as tro- pas japonesas tinham já ocupado Nanquim, Hangchow e Cantão. Quando Nanquim se rendeu perante os inva- sores, o exército imperial japonês realizou atos de suma crueldade contra a população civil em eventos conhe- cidos como o "massacre de Nanquim", onde cerca de 300 mil soldados chineses, assim como civis, foram mor- tos.*[144] A essa altura, o Japão já fazia parte do chamado Eixo, através do Pacto Anti-Komintern realizado com a Ale- manha e mais tarde com a Itália. Esses acordos foram substituídos pelo Pacto Tripartite de setembro de 1940, pelo qual as potências do Eixo reconheciam o Japão como líder de uma nova ordem na Ásia. As primeiras vitórias japonesas foram seguidas por um período de estagnação, e em 1938 a guerra encontrava- Imperador Shōwa, mais conhecido no Ocidente pelo seu primeiro se num impasse. Esta situação prolongou-se até 1941, nome, Hirohito. quando os japoneses entraram no palco da Segunda Guerra Mundial. Este tremendo conflito terminou em Em 25 de dezembro de 1926, após um breve reinado, o 1945, após o Japão anunciar a sua rendição incondicional imperador Taishō morreu e o príncipe regente foi empos- frente aos aliados.*[144] sado como o novo imperador do Japão, começando assim o período Shōwa.*[142] Segunda Guerra Mundial Em 1922, com o Tratado Naval de Washington, o nú- mero de navios da Marinha Imperial Japonesa viu-se li- mitado frente às frotas norte-americana e britânica, au- As relações com o ocidente deterioraram-se em finais mentando as dificuldades existentes no Japão por este ter da década de 1930. Em 1940, foi nomeado para sido forçado a deixar as colónias obtidas na China du- primeiro ministro o príncipe Konoe, que veio a formar rante a guerra russo-japonesa. O Japão foi significativa- um conselho de ministros nacionalista, defensor da ex- mente prejudicado quando as potências estrangeiras ocu- pansão da área com recurso à força. A essa altura, o param aquilo que consideravam a sua esfera de influên- Japão já fazia parte do chamado Eixo. A 27 de setem- cia governamental. A única área significativamente ex- bro desse mesmo ano, o ministro das relações externas, tensa onde lhes foi possível obter as matérias-primas ne- Yosuke Matsuoka, realizou um novo acordo substituindo cessárias para o desenvolvimento da sua economia sem os anteriores pelo Pacto Tripartite de setembro de 1940, em que as potências do Eixo reconheciam o Japão como depender das importações, era a China. Em 1931, o Ja- * pão decidiu invadir e ocupar Manchúria e posteriormente líder de uma nova ordem na Ásia. [143] a China em 1937. A invasão sobre esta última desenca- Depois de formada a chamada "Esfera de Coprosperi- deou a Segunda Guerra Sino-Japonesa que se desenrolou dade da Grande Ásia Oriental", o Japão invadiu o norte por mais de oito anos.*[143] da Indochina Francesa*[143] e em julho de 1941 intro- 28 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO

Explosão de um torpedo no USS West Virginia, visto a partir de um avião japonês.

Yōsuke Matsuoka durante uma visita a Adolf Hitler em 1941. seguinte, o presidente dos EUA, Franklin Delano Roose- velt, dirigiu-se ao congresso solicitando que se declarasse guerra ao Japão, num dos discursos mais famosos da his- duziu tropas a sul da Indochina. Isto fez com que países tória.*[149] como os Estados Unidos, Inglaterra e Holanda retalias- sem. Os EUA impuseram um obstáculo comercial ao Ja- pão, que se viu privado de cerca de 90% do suprimento Frente do Pacífico em finais de 1941 No dia seguinte de petróleo e, no comércio, limitado ao exterior em cerca ao ataque a Pearl Harbor, as forças japonesas iniciaram de 75%.*[145] um tipo de batalha Blitzkrieg no Pacífico,*[148] em que No gabinete japonês eram então debatidas as próximas a Malásia, Hong Kong, Filipinas, Ilha Wake, Birmânia e acções a serem seguidas, figurando com proeminência Tailândia foram atacados quase em simultâneo com o ob- * Hideki Tojo, ministro da defesa, um grande defensor jetivo de conseguir pontos estratégicos favoráveis. [150] da guerra que serviu durante a maior parte da Segunda Em 16 de dezembro, o Japão conseguiu ocupar as Índias Guerra Mundial.*[145] Enquanto a maior força do Pa- Orientais Holandesas, proporcionando assim uma impor- * cífico, o Japão possuía praticamente o dobro dos navios tante fonte de recursos ao país. [151] que os Estados Unidos; o seu exército contava com 1 800 000 soldados; e a sua força era superior a todos os outros Frente do Pacífico em 1942 Durante a primeira me- países do mundo.*[146] tade do ano, as forças do império do Japão foram vitorio- A 5 de novembro, o Imperador Shōwa e o seu governo de- sas em quase todas as frentes; a 7 de fevereiro a sua frota cidiram entrar na guerra caso até finais do mês os EUA saiu vencedora frente aos aliados na Batalha do Mar de não levantassem o embargo económico. Contudo a res- Java e no dia 15 do mesmo mês as forças aliadas entre- posta do governo dos EUA chegou a 26 de novembro, garam Singapura.*[152] A segunda metade do ano repre- quando através do seu Secretário de Estado foi confir- sentou um ponto de viragem na guerra. Forças estaduni- mada a demanda norte-americana de que as tropas ja- denses desalojaram os japoneses de Guadalcanal e con- ponesas se retirassem da Manchúria, China e Indochina, seguiram uma importante vitória na Batalha de Midway, para além da renúncia do Japão ao Pacto Tripartite.*[146] onde os japoneses perderam metade da sua frota de porta- aviões e cerca de 150 aeronaves.*[153]

Ataque a Pearl Harbor No mesmo dia de 26 de no- vembro, uma frota japonesa partiu das ilhas Curilas com Tentativa de defesa do anel defensivo Durante 1944 destino a Pearl Harbor,*[146] para destruir a frota esta- os esforços japoneses limitaram-se a tentar manter um dunidense do Pacífico. Realizou-se então o primeiro ata- anel defensivo, contudo viram-se obrigados a recuar na que com mais de 189 aviões a 7 de dezembro às 7:55 Nova Guiné e nas Ilhas Salomão. O Japão sofreu signifi- pm,*[147] tendo sido destruídos seis navios de guerra, cantes derrotas nas ilhas Gilbert,*[154] no entanto man- três cruzadores e quatro outros navios, para além de ani- teve um constante avanço ofensivo na Birmânia e na fron- quilados 188 aviões norte-americanos. Este ataque de teira com a Índia.*[155] Neste ano o Japão sofreu graves surpresa ocasionou 2 403 mortos.*[148] derrotas navais, como na Batalha do Mar de Bismarck, que ocorreu entre 2 e 5 de março, e na Batalha do Mar de O segundo e último ataque ocorreu às 8:45 da manhã e * terminou às 10:00 horas. Neste assalto, as defesas ameri- Bering, a 26 de março. [156] canas estavam já melhor preparadas e Nagumo cancelou Em 1944 a situação tornou-se insustentável para o Ja- o terceiro ataque previamente programado.*[148] No dia pão, uma vez que grande parte da sua frota foi des- 1.2. HISTÓRIA 29

truída durante a Batalha do Mar das Filipinas, quando tro- soldados, enquanto que no Japão estima-se que cerca de pas norte-americanas desembarcaram nas ilhas Marshall, 22 mil homens foram mortos.*[166] ilhas Gilbert e nas Filipinas. A partir dos aeródromos Outra sangrenta frente de batalha teve lugar em Okinawa. nas Filipinas, deu-se início ao bombardeamento do Ja- A invasão ocorreu a 1 de abril com a "Operação Iceberg". pão.*[157] A 18 de julho o general Tōjō renunciou do po- * A 5 de abril o primeiro-ministro Kuniaki Koiso renunciou der juntamente com o seu gabinete de estado. [158] Até ao seu cargo enquanto a guerra se aproximava das prin- finais de outubro deste ano, os japoneses perderam mais cipais ilhas do Japão.*[167] Durante a invasão faleceram uma importante batalha marítima, a batalha do Golfo de mais de 12 mil norte-americanos, enquanto que no exér- Leyte. Nesta fase surgiram os primeiros grupos suicidas * cito japonês foi estimado um número de 110 mil mortes. comummente conhecidos como kamikazes. [159] Para além disso, os Estados Unidos perderam 36 navios e 368 foram danificados, a maioria fruto de ataques re- alizados por kamikazes. Okinawa caiu finalmente em 21 de junho, oferecendo aos aliados uma importante base de operações.*[168] Durante a Conferência de Potsdam, Winston Churchill e Franklin D. Roosevelt concordaram com a utilização da bomba atómica. Uma declaração solicitando a rendição incondicional do Japão foi enviada, porém, esta foi rejei- tada dois dias depois pelo governo japonês.*[169]

USS Bunker Hill foi atacado por dois aviões kamikaze em menos de 30 segundos de diferença em 11 de maio de 1945.

Kamikazes Desde 1942 foram desenvolvidas diferen- tes doutrinas dentro do exército japonês num esforço de implementar tácticas suicidas na guerra. Unidades especiais suicidas foram finalmente implementadas em terra (como no caso da "carga banzai") e no mar (com os barcos Shin'yō). Finalmente, em meados de 1944, o primeiro-ministro Hideki Tōjō garantiu instruções para que os Corpos de Ataque Aéreo organizassem uma uni- dade especial,*[160] a chamada Shinpū tokubetsu kōgeki tai (神⾵特別攻撃隊, “Unidade Especial de Ataque Shinpū"*?) com a abreviatura de tokkōtai (特攻隊*?), mais conhecidos no ocidente por kamikaze.*[161] A primeira missão oficial da unidade especial ocor- reu no dia 25 de outubro, sucedendo-se inúmeros ata- ques semelhantes até ao término da Segunda Grande Guerra.*[162]*[nt 4] Nuvem cogumelo criada pela bomba Fat Man como resultado da explosão nuclear sobre Nagasaki.

Bombardeios atómicos de Hiroshima e Nagasaki 1945 Em fevereiro de 1945, a Alemanha estava pra- Após a autorização de Harry Truman e de seis meses ticamente derrotada. Porém, durante a Conferência de de bombardeios intensivos em 67 cidades, os bombar- Yalta, Stalin comprometeu-se a declarar guerra ao Japão deamentos atómicos foram realizados a 6 e 9 de agosto nos dois meses seguintes da derrota definitiva das forças * de 1945. A bomba atómica Little Boy foi lançada so- alemãs. [164] bre Hiroshima na segunda-feira*[170] de 6 de agosto de A 19 de fevereiro, após 72 dias de intenso bombardeio na 1945,*[171] seguida pela detonação da bomba Fat Man ilha, teve início a invasão de Iwo Jima por parte das tropas na quinta-feira de 9 de agosto em Nagasaki. Até à data norte-americanas. Passados quatro dias caiu o Monte Su- estes bombardeios constituem os únicos ataques nuclea- ribachi, acontecimento este capturado na famosa fotogra- res da história.*[172] Estima-se que até finais de 1945, as fia Raising the Flag on Iwo Jima, de Joe Rosenthal.*[165] bombas haviam matado cerca de 140 mil pessoas em Hi- Durante o conflito, os Estados Unidos perderam 6 821 roshima e 80 mil em Nagasaki,*[173] em que apenas me- 30 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO tade veio a falecer no próprio dia do atentado. Nas duas Japão pós-ocupação cidades, a maioria das mortes afectaram civis.*[174] Política Praticamente no início da ocupação do Ja- pão começaram a surgir vários partidos políticos. Os antigos Rikken Seiyūkai e o Rikken Minseitō ressurgiram, Rendição A 8 de agosto, a União Soviética declarou enquanto Nihon e Jiyūtō e Nihon Shinpotō, respectiva- guerra ao Japão e iniciou-se uma breve batalha na Man- mente. As primeiras eleições pós-guerra realizaram-se chúria, onde cerca de 80 mil soldados japoneses perde- em 1949 e marcaram o primeiro momento em que foi ram a vida. A 15 de agosto, o imperador Shōwa quebrou concedido o direito ao voto das mulheres, onde Yoshida o silêncio imperial e emitiu por rádio a rendição incondi- Shigeru foi eleito primeiro-ministro. Nas eleições do ano cional do Japão frente aos aliados (a primeira vez que a seguinte, opositores de Yoshida deixaram o Jiyūtō e uni- grande maioria dos japoneses pôde ouvir a voz do impe- ram forças com o Shinpotō, dando início ao Minshuto rador), solicitando ao seu povo que não oferecessem re- impulsionando a ascensão do partido socialista Nihon sistência, pois as suas tropas haviam entregue as suas ar- Shakai-tō, o qual formou um conselho de ministros, até mas, rendendo-se. Dois dias depois, o príncipe Higashi- que o seu poder decaiu novamente. Yoshida retornou kini foi nomeado primeiro-ministro, numa tentativa de como primeiro-ministro em 1948, cargo este que desem- supervisionar a rendição do país, a qual foi oficializada a penhou até 1954.*[177] 2 de setembro a bordo do USS Missouri, pondo fim tanto à Guerra do Pacífico como à Segunda Guerra Mundial. Sucessivas divisões dentro dos partidos políticos, assim Estima-se que no total o Japão perdeu cerca de 1 506 000 como a sucessão de governos por parte das minorias po- soldados e 900 mil civis, principalmente no último ano, líticas, levaram a que membros conservadores formassem devido aos atentados de incêndios e atómicos.*[175] em novembro de 1955 o Jiyū Minshutō ou Parido Libe- ral Democrata (entre 1955 e 1993).*[177] Depois de vá- rias reorganizações nas forças armadas, em 1954 foram formadas as Forças de Autodefesa, sob controle civil. A Ocupação do Japão situação mundial, condicionada pela Guerra Fria e pela Guerra da Coreia, estimulou o desenvolvimento econó- mico, assim como a supressão do socialismo sob influên- cia norte-americana.*[177]

Desenvolvimento económico Com o decorrer da época do pós-guerra, a economia japonesa começou a crescer contrariando todas as expectativas, com o cha- mado milagre económico japonês. Rapidamente, o país se comparava ao Ocidente, tanto no comércio exterior, (produto interno bruto), como na qualidade de vida. As conquistas foram marcadas pelos Jogos Olímpicos de Tó- quio em 1964 (a primeira Olímpiada na Ásia), assim como pela inauguração da primeira linha ferroviária de shinkansen.*[178] A isto somou-se a Exposição Univer- sal de Osaka em 1970.*[179] A partir da segunda metade do século XX, o Japão pas- sou a ser reconhecido pela sofisticada tecnologia. Com o crescimento económico, tornou-se a potência mais im- portante do mundo a nível de exportações, com pre- Auge do império japonês em 1942. valência nas áreas da electrónica, informática, robótica, indústria automobilística e bancária. Os benefícios eco- O general Douglas MacArthur foi nomeado comandante nómicos foram significativos para o país.*[180] Porém, supremo e coube-lhe o papel de responsável por su- tal crescimento somado à tranquilidade política em mea- pervisionar a ocupação do Japão, a qual perdurou até dos da década de 1960, foram interrompidos pela súbita 1952.*[175] subida de preços do petróleo decretado pela OPEP em 1973, o que provocou a primeira recessão no Japão desde Durante os primeiros dois anos foi realizado um processo * de democratização, no qual foram abolidos o exército e a a Segunda Guerra Mundial. [179] armada, destruíram-se munições e armas, e fábricas de O ano de 1987 foi um significante passo para o Japão. Os armamento foram convertidas para uso da população. O preços dos imóveis encontravam-se em constante cresci- xintoísmo estatal foi eliminado, dando lugar a reformas mento, a inflação alcançou o seu ponto mais alto desde políticas, económicas e sociais.*[176] 1975, o desemprego atingiu o valor recorde de 3,2%, e 1.2. HISTÓRIA 31

existia um grande descontentamento em relação ao go- verno de Yasuhiro Nakasone. Finalmente, embora que por alguns meses a economia tivesse aparentemente me- lhorado, em 20 de outubro do mesmo ano, a Bolsa de Va- lores de Tóquio sofreu uma queda profunda e inesperada do preço da acções.*[179]

Relações internacionais A maior crise política do pós-guerra aconteceu em 1960, quando da revisão do Tratado de Mútua Cooperação e Segurança, que origi- nou manifestações massivas nas ruas como sinal de rejei- ção. O conselho de ministros renunciou um mês depois da aprovação do novo tratado. Após sucessivas manifes- tações durante vários anos, a opinião geral dos cidadãos japoneses sobre os Estados Unidos melhorou em 1972, quando Okinawa foi colocado novamente sob a sobera- nia japonesa.*[181] O Japão renovou as relações com a República Popular da China no final da Segunda Guerra Mundial, contudo por causa do apoio obsequiado ao governo nacionalista exilado em Taiwan, foram gerados atritos com o governo chinês. A relação com este país foi novamente restabele- cida em 1972.*[181] O relacionamento com a União Soviética tem sido proble- mático, visto que o Japão reivindicou como suas próprias Akihito, ilhas aquelas ocupadas por este país durante os últimos 125º Imperador. dias da guerra, nomeadamente as ilhas Iturup e Kunashir, Shikotan e Khabomai.*[181]

1.2.18 Período Heisei

O Período Heisei começou a 8 de janeiro de 1989, um dia depois da morte do imperador Shōwa, com a subse- quente ascensão ao trono do príncipe Akihito.*[182] Du- rante esta época a bolha financeira e imobiliária do Ja- pão eclodiu, e em finais de 1987, os preços das acções do sector imobiliário ficaram inflacionados e, juntamente com as taxas de juros baixas, desenvolveu-se uma bolha especulativa. Após a queda do dólar americano durante a "segunda-feira negra", os investidores japoneses começa- ram a comprar propriedades e empresas dos Estados Uni- dos, o que obrigou o sistema de reserva federal a encarar novas medidas para combater a política económica japo- nesa. Durante maio de 1989, o banco do Japão elevou as taxas de juros por quatro vezes e a partir do ano seguinte a bolha económica começou a entrar em colapso.*[183] Em 1993, por meio de acusações de corrupção dentro do partido liberal democrata, uma coligação liderada por Shinzō Abe, 96º primeiro-ministro. Morihiro Hosokawa tomou o poder momentaneamente. Enquanto isso a sua falta de unidade era evidente, agra- vada pelo Sismo de Kobe, que destruiu Kobe, matando governo de coligação sofreu uma derrota frente ao Par- mais de 6 400 pessoas e causou prejuízos de 102,5 mil tido Liberal Democrático, que elegeu Ryūtarō Hashimoto milhões de dólares em 1995*[184] e, posteriormente, como primeiro-ministro. No entanto, devido à instabili- pelo ataque com gás sarin ao Metro de Tóquio por um dade económica, o primeiro-ministro foi substituído por culto apocalíptico nesse mesmo ano.*[185] Em 1996, o Keizō Obuchi em 1998. Este propiciou a estabilização da 32 CAPÍTULO 1. HISTÓRIA DO JAPÃO economia, porém veio a falecer em 2000, como resultado ração de oito meses depois deste reafirmar a presença do de um acidente vascular cerebral. Yoshiro Mori sucedeu exército dos EUA em Okinawa, apesar da rejeição por Obuchi, no entanto, considerado impopular pelos vários parte da população japonesa. Isto originou uma fractura erros no governo, foi substituído por na aliança do governo e na posterior demissão de Ha- em 2001.*[180] toyama a junho de 2010.*[189] Este foi substituído por Koizumi implementou uma série de reformas económi- Naoto Kan, também do Partido Democrático, que se as- cas que incidiram sobre a dívida pública e conseguiu de- sumiu como primeiro-ministro a 8 de junho. Kan seria ter a crise económica e propiciar um aumento de popu- substituído por Yoshihiko Noda, outro dirigente do Par- tido Democrático, a setembro de 2011.*[190] laridade do governo. Koizumi permaneceu no cargo até renunciar do mesmo em 2006. Antes, em 2005, o Partido Atualmente o Japão possui a terceira maior economia do Liberal Democrata obteve uma vitória esmagadora nas mundo desde 2009 (atrás da China, que ocupa o segundo eleições legislativas.*[180] Durante o governo de Koi- lugar depois dos Estados Unidos), onde a sua taxa de de- zumi foi aprovado em 2004 o envio de um contingente semprego é de 5,7%, a mais alta desde a Segunda Guerra com seiscentos soldados das Forças de Autodefesa do Ja- Mundial.*[191] pão para o Iraque sem o aval da Organização das Nações Unidas, a fim de apoiar a sua reconstrução. Isto marcou a primeira actuação de um grande contingente militar fora Sismo e tsunami de 2011 e acidente nuclear em Fu- do país desde o término da Segunda Guerra Mundial, o kushima que levou ao surgimento de uma controvérsia sobre a in- terpretação do artigo 9 da constituição do Japão, onde fo- ram proibidos atos de guerra por parte do estado.*[186] O ano de 2004 foi marcado por uma série de catástro- fes naturais, em que um número recorde de dez tufões num ano atingiu o Japão, em particular durante o mês de outubro, onde 94 pessoas morreram ou desaparece- ram vitimas de tais desastres. As fortes chuvas e inunda- ções que afetaram as prefeituras de Niigata, Fukushima e Fukui resultaram na morte de vinte pessoas. No mesmo mês de outubro, um terremoto atingiu a região centro de Niigata, no qual 64 pessoas perderam a vida, mais de 4 800 ficaram feridas e 100 mil pessoas foram evacuadas. Este terremoto ocasionou também no descarrilamento de Vista aérea do desastre causado pelo sismo. Shinkansen - o primeiro acontecimento do género em * quarenta anos. [187] Numa sexta-feira a 11 de março de 2011 às 14:46 ho- Após a renúncia de Koizumi, surgiu uma série de débeis ras (horário do Japão), ocorreu um sismo de 9.0 graus e fracos governos: Shinzo Abe, sucessor de Koizumi, re- na escala de Richter, que originou uma série de ondas nunciou ao cargo em setembro de 2007 por uma série tsunami com altura máxima de 40,5 metros. O epicen- de escândalos de corrupção, resultado da sua fraca lide- tro do terror deu-se no mar, frente à costa de Honshu, rança. Este foi sucedido por , que tam- a 130 km a leste de Sendai na província de Miyagi.A bém foi incapaz de governar de forma eficaz e abando- magnitude de 9.0 graus converteu o sismo no mais po- nou a sua função em setembro de 2008. Foi sucedido por deroso já alguma vez registado no país*[192] e o quarto Tarō Asō, considerado um dos membros mais carismá- mais poderoso do mundo de todos os sismos medidos até ticos dentro do Partido Liberal Democrata, que contudo à data.*[193] não pôde concertar as diversas facções quando assumiu A Agência da Polícia Nacional japonesa confirmou a liderança do governo, uma vez que a sua procura por 15 845 mortes, 380 pessoas desaparecidas e 5 893 antecipar as eleições legislativas, antes de solucionar a feridos*[194] em 18 prefeituras do Japão.*[195] O crise económica derivada do caos financeiro dos Estados Ministério dos Assuntos Exteriores do Japão confir- Unidos, originou numa drástica queda da sua populari- mou a morte de dezanove estrangeiros de nacionalidade * dade. [180] americana, canadense, chinesa, coreana (do Norte e do Nas eleições de 2009, a coligação do Partido Democrá- Sul), paquistanesa e filipina. A agência de polícia afir- tico do Japão, do Partido Social Democrata do Japão e mou que a 3 de abril de 2011, cerca de 45 700 prédios do Novo Partido Popular venceu as eleições, sendo que foram destruídos e 144 300 foram danificados pelo tsu- foi eleito primeiro-ministro e sucessor nami e pelo sismo. Danos em edifícios abrangeram 29 de Tarō Asō,*[188] pondo fim a mais de 50 anos de do- 500 estruturas em Miyagi, 12 500 em Iwate e 2 400 em mínio hegemónico do Partido Liberal Democrático. Não Fukushima. Trezentos hospitais de Tohoku foram danifi- obstante, o governo de Hatoyama foi breve, com uma du- cados pelo desastre, onze dos quais foram completamente destruídos.*[196] Foi declarado um estado de emergência 1.4. REFERÊNCIAS 33 na Central Nuclear de Fukushima I da empresa The [11] Habu 2004, p. 3 e 4 Electric Power Company por causa da falha dos sistemas de refrigeração dos reatores. Foram registados níveis de [12] Turnbull 2006a, p. 5 radiação oito vezes mais elevados do que o normal, exis- [13] Charles T. Keally. Yayoi Culture. tindo a possibilidade de uma fusão do núcleo.*[197] [14] Bito 1984, p. 2

[15] Charles T. Keally. Kofun Culture. 1.3 Notas [16] Turnbull 2006a, p. 6

[1] A data varia dependendo das fontes. Segundo o escritor [17] Turnbull 2006a, p. 15 britânico Stephen Turnbull o período em questão termina no ano 530.*[18] No entanto, várias outras referências da- [18] Turnbull 2006a, p. 9 tam o final entre os anos 593 e 710, sobrepondo-se assim [19] Kodansha 2003, p. 22 com período Hakuho.*[19] [20] Turnbull 2006a, p. 10 [2] A veracidade de tal ordem não está totalmente compro- vada, considerando a sua linguagem violenta e o resultado [21] Kodansha 2003, p. 21 de que, apesar de apresentar o nome imperial chin, o do- cumento não possui a assinatura de Meiji.*[120] [22] Bito 1984, p. 4

[3] O estandarte roxo e branco havia sido concebido e de- [23] Bito 1984, p. 4 senhado, entre outros, por Okubo Toshimichi e Iwakura Tomomi. Ao chefe nominal do exército, o príncipe Nin- [24] Köbunkan 1994 najinomiya Yoshiaki, foi oferecida uma espada especial, [25] Cambridge 1993 tendo sido nomeado de“grande general, conquistador do leste”. As forças do shogunato, contrárias à corte impe- [26] Ponsonby-Fane 1959, p. 52 rial, foram considerada “inimigas da corte”.*[126] [27] Turnbull 2006a, p. 18 [4] Registros estadunidenses indicam que o primeiro porta- aviões destruído foi o USS St. Lo, com a hora de impacto [28] Turnbull 2006a, p. 19 marcada às 10:47.*[163] [29] Turnbull 2006a, p. 6-7

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Império do Japão

O Império do Japão (Kyujitai: ⼤⽇本帝國; Shinjitai: 2.1 Contorno ⼤⽇本帝国; Romaji: Dai Nippon Teikoku; literalmente Grande Império Japonês; oficialmente Grande Japão A rápida industrialização e militarização do país sob o ou Império do Grande Japão; frequentemente Japão slogan Fukoku Kyōhei (富国強兵 em japonês, ou “En- Imperial ou o Império Japonês) foi uma entidade po- riqueça o País, Fortaleça os Militares”), levou ao sur- lítica japonesa que existiu desde a Restauração Meiji em gimento de uma grande potência, culminando eventual- 3 de janeiro de 1868 até sua derrota na Segunda Guerra mente com sua entrada no Eixo e a conquista de grande Mundial e a outorga da Constituição do Estado do Japão, parte da região do Pacífico asiático. em 3 de maio de 1947.*[1] Apesar de importantes vitórias durante a primeira metade A rápida industrialização e militarização do país, sob o da Guerra do Pacífico, o Império do Japão passou a sofrer * slogan Fukoku Kyohei (富国強兵 ? “Enriqueça o país, derrotas crescentes à medida que a guerra se desenrolava, fortaleça o exército”), levou a sua ascensão como uma culminando com os bombardeamentos de Hiroshima e potência mundial, posteriormente culminando na sua en- Nagasaki e a rendição aos Aliados em 2 de setembro de trada na aliança do Eixo e na conquista de grande parte 1945. Um período de ocupação pelos Aliados seguiu-se da região do Pacífico e do leste asiático. Com o aumento à rendição e dissolução do Império e uma nova constitui- de seu poder em 1942, o Império japonês dominava um ção foi criada sob orientação estadunidense. A ocupação território que cobria 7,4 milhões de quilômetros quadra- estadunidense e a reconstrução do país prosseguiram até dos, tornando-o um dos maiores impérios marítimos da a década de 1950, dando origem eventualmente ao Japão * história. [2] moderno. Após alguns sucessos militares de grande escala durante Os imperadores desta época, a qual atravessa os perío- a primeira metade da Guerra do Pacífico, o Império do dos Meiji, Taisho e Showa, são hoje conhecidos por seus Japão também ganhou notoriedade devido a sua eficiên- nomes póstumos, os quais coincidem com os dos respec- cia militar e crimes de guerra contra os seus inimigos. tivos períodos: imperador Meiji (Mutsuhito), imperador Após sofrer muitas derrotas e os bombardeamentos de Taisho (Yoshihito) e imperador Showa (Hirohito). Hiroshima e Nagasaki, o Império do Japão rendeu-se aos Aliados da Segunda Guerra Mundial em 2 de setembro de 1945.*[3] Um período de ocupação pelos aliados seguiu- se à rendição e à dissolução do Império e a nova cons- 2.2 Terminologia tituição foi criada com a influência americana. A ocu- pação americana e a reconstrução do país continuaram Embora o império seja comumente citado como “o Im- até a década de 1950, posteriormente formando o Japão pério Japonês”ou “Japão Imperial”em língua portu- moderno.*[4] guesa, a tradução literal do japonês é Grande Império Japonês (Dai Nippon Teikoku). A nomenclatura Impé- Os Imperadores durante esse período, que incluíam rio do Japão existia desde o tempo dos domínios feudais os períodos Meiji, Taisho e Showa,*[5] são conheci- antixogunato, Satsuma e Choshu, os quais constituíram dos no Japão, hoje, por seus nomes póstumos, que seus novos governos durante a Restauração Meiji com a coincidem com os nomes das eras: Imperador Meiji intenção de formar um estado moderno e resistir à domi- (Mutsuhito), Imperador Taisho (Yoshihito) e Imperador nação ocidental. Showa (Hirohito).

2.3 Restauração Meiji

Depois de dois séculos, a política de isolamento, ou Sa- koku, chegou a um fim sob os xoguns do período Edo e

39 40 CAPÍTULO 2. IMPÉRIO DO JAPÃO

o país foi forçado a abrir-se ao comércio exterior através do Tratado de Kanagawa em 1854. Os anos seguintes registraram um comércio e interação estrangeiras crescentes, com a assinatura de tratados co- merciais entre o Xogunato Tokugawa e os países ociden- tais. Em grande parte devido aos termos humilhantes destes Tratados Desiguais, o xogunato logo encarou hos- tilidade interna, que materializou-se num movimento ra- dical e xenofóbico, o sonnō jōi (literalmente,“Reverencie o imperador, expulse os bárbaros”).*[6] Em março de 1863, a "Jōi chokumei"(“Ordem para expulsar os bárbaros”) foi expedida. Embora o xogu- nato não tivesse a intenção de impor a sua execução, não obstante ela inspirou ataques contra o próprio xogunato e contra estrangeiros no Japão. O Incidente de Namamugi em 1862, teve como consequência o assassinato de um in- glês, Charles Lennox Richardson, por um grupo de samu- rais de Satsuma. Os britânicos exigiram reparações e re- taliaram bombardeando o porto de Kagoshima em 1863. Finalmente, o governo Tokugawa concordou em pagar uma indenização pela morte.*[7] O bombardeio de navios mercantes estrangeiros em Shimonoseki e ataques con- tra propriedades estrangeiras levaram ao bombardeio de Shimonoseki por uma força multinacional em 1864.*[8] O clã Chōshū também executou a fracassada Rebelião Hamaguri.A aliança Satsuma-Chōshū foi estabelecida Um dos primeiros magnatas do Exército Imperial Japonês, em 1866 para combinar seus esforços na derrubada do Takamori Saigo. bakufu Tokugawa. No início de 1867, o imperador Ko-

mei morreu de varíola e foi substituído por seu filho Mut- * suhito (Meiji). tos poderes executivos, [11] uma possibilidade que os linha-duras de Satsuma e Chōshū consideravam intole- rável.*[12] Em 3 de janeiro de 1868, as forças de Satsuma-Chōshū tomaram o palácio imperial em Quioto, e no dia seguinte o imperador Meiji, então com quinze anos de idade, de- clarou sua própria restauração de plenos poderes. Em- bora a maioria da assembleia consultiva imperial estivesse satisfeita com a declaração formal de governo direto pela corte e tendesse a apoiar a colaboração continuada com os Tokugawa, Saigō Takamori ameaçou a assembleia de abolir o título “xogun”e ordenar o confisco das terras de Yoshinobu.*[13] Em 17 de janeiro de 1868, Yoshinobu declarou“que não Samurais, membros da Primeira embaixada do Japão na Europa seria obrigado pela proclamação da Restauração e con- (1862), em torno de Shibata Sadataro, chefe do pessoal da mis- clamou a corte a rescindi-la.”*[14] Em 24 de janeiro, são (sentado) e Fukuzawa Yukichi (à sua direita), assinando a abertura do Japão e a Restauração Meiji. Yoshinobu decidiu preparar um ataque a Quioto, ocupada pelas forças dos Satsuma e Chōshū. Esta decisão foi esti- Em 9 de novembro de 1867, Tokugawa Yoshinobu renun- mulada por seu conhecimento de uma série de incêndios ciou ao seu posto e poderes perante o imperador, concor- criminosos em Edo, começando com o incêndio das de- dando em “ser o instrumento para desempenhar”or- fesas externas do castelo de Edo, a principal residência dens imperiais.*[9] O xogunato Tokugawa havia termi- Tokugawa. nado.*[10] Todavia, enquanto a renúncia de Yoshinobu havia criado um vácuo nominal no nível mais alto do go- verno, seu aparelho de estado continuou a existir. Ade- 2.3.1 Guerra Boshin mais, o governo xogunal e a família Tokugawa em par- ticular, permaneceram uma força proeminente na ordem A Guerra Boshin (戊⾠戦争, Boshin Sensō*?) ocorreu política em desenvolvimento e continuaram a deter mui- entre janeiro de 1868 e maio de 1869. A aliança dos sa- 2.4. PERÍODO MEIJI(1868-1912) 41

ação a ser seguido durante o reinado do Imperador Meiji, preparando o terreno legal para a modernização do Ja- pão.*[17]*[18] Os líderes Meiji também desejavam melhorar o moral e ganhar auxílio financeiro para o novo governo. Seu cinco dispositivos previam:

• Estabelecimento de assembleias deliberativas. • Envolvimento de todas as classes na condução dos negócios do estado. • A revogação das leis suntuárias e restrições de clas- ses em empregos. • Substituição dos “maus costumes”pelas “leis da natureza”. • Uma busca internacional por conhecimento para fortalecer as fundações do domínio imperial.

Mapa da campanha da Guerra Boshin (1868–1869).*[15] Os domínios de Satsuma, Choshu e Tosa (em vermelho) juntaram suas forças para derrotas as forças do Xogunato na Batalha de 2.4 Período Meiji(1868-1912) Toba-Fushimi, e então progressivamente tomaram o controle do resto do Japão. O Japão enviou a Missão Iwakura em 1871. Ela viajou pelo mundo para renegociar com os Estados Unidos e os países europeus os Tratados Desiguais, que o Japão foi murais do sul com os domínios do oeste e oficias da corte obrigado a assinar durante o Xogunato Tokugawa, além asseguraram a cooperação do jovem Imperador Meiji, de colher informações sobre os sistemas sociais ociden- que ordenou a dissolução do Xogunato de Tokugawa, que tais, a fim de realizar a modernização do Japão. A rene- já completava 2 séculos de existência. Tokugawa Yoshi- gociação dos tratados foi totalmente infrutífera, mas as nobu iniciou uma campanha militar para tomar a corte observações dos sistemas americano e europeu inspirou imperial em Kyoto. Entretanto, a sorte rapidamente vi- os membros da comitiva a trazerem iniciativas de mo- rou a favor das menores, mas relativamente moderniza- dernização para o país. O Japão celebrou o tratado de das, facções imperiais e resultou em muitas deserções de delimitação territorial com a Rússia em 1875, ganhando daimyos para o lado imperial. A vitória na Batalha de as Ilhas Curilas em troca da Sacalina.*[19] Toba-Fushimi, que combinou os exércitos dos domínios de Choshu, Tosa e Satsuma, foi decisiva.*[16] Uma série Vários escritores de destaque, sob a ameaça de assassi- de batalhas foram travadas em perseguição aos apoiado- nato de seus inimigos políticos, tiveram grande influência res do Xogunato; a cidade de Edo acabou se rendendo às em conseguir apoio para a ocidentalização japonesa. Um forças imperiais e logo depois Yoshinobu rendeu-se pes- desses escritores era Fukuzawa Yukichi, cujos trabalhos soalmente. Yoshinobu foi destituído de todo o seu poder incluíam “Condições no Ocidente”,*[20] "Deixando a pelo Imperador Meiji e a maior parte do Japão aceitou a Ásia" e “Um Esboço da Teoria da Civilização”, que ordem imperial. detalhavam a sociedade ocidental e suas filosofias. No período da Restauração Meiji, enfatizou-se o poderio mi- Remanescentes pró-Tokugawa, entretanto, foram em di- litar e econômico. A força militar tornou-se o meio ne- reção ao norte de Honshu (Ouetsu Reppan Domei) e de- cessário para alcançar o desenvolvimento nacional e a es- pois para Ezo (atual Hokkaido), onde estabeleceram a tabilidade. O Japão Imperial tornou-se a única Grande República Separatista de Ezo. Uma força expedicioná- potência não-ocidental e uma grande força no leste e su- ria multinacional foi enviada pelo novo governo imperial deste da Ásia depois de 40 anos, como resultado de seu e as forças da República de Ezo foram suprimidas. A desenvolvimento econômico e industrialização. Batalha de Hakodate terminou em maio de 1869 e as for- ças restantes renderam-se.*[15] O súbito processo de modernização, uma vez adotado, mudou quase todas as áreas da sociedade japonesa, abrangendo armamentos, artes, roupas, etiqueta, siste- 2.3.2 Carta de Juramento mas político e jurídico, língua etc. O governo japonês enviou estudantes para os países ocidentais para observar A Carta de Juramento tornou-se pública na posse do Im- e aprender suas práticas, além de pagar "conselheiros es- perador Meiji do Japão, em 7 de abril de 1868. O ju- trangeiros" em várias áreas para visitar ao Japão e educar ramento delineou os principais objetivos e o curso de a sua população. Por exemplo, o sistema judiciário e a 42 CAPÍTULO 2. IMPÉRIO DO JAPÃO

constituição foram em grande parte inspiradas nos mo- delos da Alemanha. O governo também proibiu costu- mes ligados ao passado do Japão feudal, como o uso e exibição públicos da katana e o penteado de cabelo para cima, característicos da classe samurai, que foram abo- lidos juntamente com o sistema de castas. Isso iria mais tarde causar a Rebelião de Satsuma.

• Saigo Takamori, um dos samurais mais influentes da história japonesa

• Imperador Meiji, o 122º Imperador do Japão O primeiro prédio da Dieta

• Os membros mais importantes da missão. Da 2.4.2 Dieta Imperial esquerda: Kido Takayoshi, Yamaguchi Masuka, Iwakura Tomomi, Ito Hirobumi, Okubo Toshimi- Em 1890, a Dieta Imperial foi instituída em resposta à chi Constituição Meiji. A Dieta consistia da Casa dos Re- presentantes do Japão e da Câmara dos Pares do Japão. • Princesa Kaneko Higashi-fushimi com roupas oci- Ambas as casas abriram vagas para o povo das colônias dentais bem como de japoneses. A Dieta Imperial existiu até 1947.*[1]

2.4.1 Constituição 2.4.3 Desenvolvimento Econômico

上 - As “palavras do Imperador”, parte da Constituição

A constituição reconheceu a necessidade de mudanças e modernização depois do fim do Xogunato. O Império do Japão foi fundado, de jure, depois da assi- natura da Constituição Meiji. A constituição formalizou a maior parte da estrutura política do Império e concedeu muitas responsabilidades e poderes ao Imperador. O Marquês Okuma Shigenobu foi um estadista, um dos primei- ros defensores da ciência e cultura ocidentais e fundador da Apesar de ser nessa constituição que o título de Impe- Universidade de Waseda. rador do Japão foi oficialmente usado pela primeira vez, somente em 1936 o título foi legalizado. Até então, os O processo de modernização foi acompanhado de perto nomes "Nippon"(⽇本; Japão), "Dai-Nippon"(⼤⽇本; e intensamente subsidiado pelo governo Meiji, aumen- Grande Japão), "Dai-Nippon/-Nihon Koku"(⽇本國; Es- tando o poder das grandes zaibatsu, como a Mitsui e a tado do Japão), "Nihon Teikoku"(⽇本帝國;Império do Mitsubishi. De mãos dadas, os zaibatsus e o governo Japão) eram usados. guiaram a nação, emprestando tecnologia do ocidente. 2.4. PERÍODO MEIJI(1868-1912) 43

O Japão gradativamente tomou controle de grande parte cialmente, a economia cresceu apenas moderadamente do mercado asiático de bens manufaturados, começando e baseou-se na agricultura tradicional japonesa para fi- com têxteis. A estrutura econômica tornou-se muito mer- nanciar uma moderna infraestrutura industrial. Quando cantilística, importando matéria-prima e exportando bens a Guerra Russo-Japonesa começou em 1904, 65% dos de consumo - um reflexo da escassez de matérias-primas trabalhadores e 30% do Produto Interno Bruto (PIB) es- no Japão. tavam concentrados na agricultura, mas a indústria mo- derna começava a expandir substancialmente. No final da década de 1920, a manufatura e a mineração respondiam por 23% do PIB, sendo que a agricultura era responsável por 21%.*[22] Foram feitos grandes investimentos nos transportes e nas comunicações para sustentar o grande desenvolvimento industrial. A partir de 1894, o Japão construiu um grande império que incluía Taiwan, Coreia, Manchúria e partes do norte China. Os japoneses consideraram essa esfera de influên- cia uma necessidade política e econômica, que impedia os estados ocidentais de sufocar o Japão bloqueando seu acesso a matérias-primas, alimentos e rotas marítimas fundamentais. A grande força militar japonesa foi consi- derada essencial para a defesa do império e para a pros- peridade, ao possibilitar a obtenção de recursos naturais que não existiam no arquipélago japonês.

2.4.4 Primeira Guerra Sino-Japonesa

Nota de prata conversível em 1 iene, de 1885

As reformas econômicas incluíram uma moeda moderna unificada baseada no iene, sistema bancário, leis comer- ciais e tributárias, bolsas de valores e uma rede de comu- nicações. O estabelecimento de um quadro institucional moderno em uma economia capitalista avançada levou tempo mais foi completada na década de 1890. À esta altura, o governo tinha abandonado o controle do pro- cesso de modernização, principalmente por razões orça- mentárias. Muitos dos antigos daimyos, cujas pensões eram pagas em um montante fixo, foram muito benefici- ados pelos investimentos que eles fizeram nas indústrias emergentes. O governo, inicialmente, envolveu-se no processo de mo- dernização econômica, fornecendo um grande número de “indústrias-modelo”para facilitar a transição para o pe- ríodo moderno. Depois dos primeiros vinte anos do pe- rído Meiji, a economia industrial expandiu rapidamente até por volta de 1920, com a importação de tecnologias avançadas do Ocidente e vultosos investimentos priva- dos.*[21] Primeira Guerra Sino-Japonesa, maiores batalhas e movimentos O Japão emergiu da transição Tokugawa-Meiji como a das tropas primeiração nação asiática industrializada. Desde o iní- cio, os governantes abraçaram o conceito de economia de Antes de sua participação na Segunda Guerra Mundial, mercado e adotaram os modelos inglês e norte-americano o Império do Japão travou duas grandes guerras depois de capitalismo de livre iniciativa. O rápido crescimento do estabalecimento da Revolução Meiji. A primeira foi e as mudanças estruturais caracterizaram os dois perío- a Primeira Guerra Sino-Japonesa, que ocorreu em 1894 dos de desenvolvimento econômico depois de 1868. Ini- e 1895. Essa guerra girava em torno do controle e da 44 CAPÍTULO 2. IMPÉRIO DO JAPÃO

2.4.6 Guerra Russo-Japonesa

Almirante da frota, marquês Togo Heihachiro. Kodama Gentaro

influência sobre a Coreia da Dinastia Joseon.*[23]. Uma rebelião camponesa levou o governo coreano a pedir para a Dinastia Qing, da China, que eles enviassem tropas para estabilizar o país. O Império japonês respondeu envi- ando suas próprias forças para a Coreia e instalando um governo subserviente em Seul. A China se opôs a isso e a guerra começou. As tropas terrestres japonesas cer- caram as forças chinesas na Península de Liaodong e a frota chinesa foi severamente atacada na Batalha do Rio Yalu, em 1894. O Tratado de Shimonoseki foi assinado entre Japão e China, que cedeu a Penínsua de Liaodong e a ilha de Taiwan para os japoneses.*[24] Após o tratado de paz, Rússia, Alemanha e França forçaram o Japão a desistir da península de Liaodong. Logo depois, a Rús- Bombardeio durante o Cerco a Port Arthur sia ocupou a península, construindo a base naval de Port Arthur e sediou a frota russa do Pacífico no porto. A Ale- A Guerra Russo-Japonesa foi um conflito para controlar manha ocupou a Baía de Kiauchau, construiu a fortaleza a Coreia e partes da Manchúria entre o Império Russo e de Tsingtao e baseou o Esquadrão alemão do leste asiá- o Império do Japão, que ocorreu entre 1904 e 1905. Ela tico neste porto. foi importante pois foi a primeira guerra moderna na qual um país asiático derrotou uma potência europeia. A vi- 2.4.5 Rebelião Boxer tória aumentou muito a importância mundial do Japão na política global. A guerra foi marcada pela oposição japo- Em 1900, o Japão e muitos países ocidentais despacha- nesa aos interesses russos na Coreia, Manchúria e China, mais especificamente a península Liaodong, controlados ram forças para a China a fim de proteger seus cidadãos e * os cristãos chineses da Rebelião Boxer. Após o levante, o pela cidade de Port Arthur. [26] Japão e os países ocidentais assinaram o Protocolo Boxer Originalmente, no Tratado de Shimonoseki, Port Arthur com a China, que permitiu que suas tropas entrassem no foi cedido ao Japão. Essa parte do tratado foi rejeitada território chinês para proteger seus cidadãos. Após o tra- pelas potências ocidentais, que deram o porto ao Império tado, a Rússia continuou a ocupar todo a Manchúria.*[25] Russo, promovendo os interesses russos na região. Esses 2.5. ERA TAISHO (1912-1926) 45

interesses entraram em conflito com os interesses japo- do Império do Japão por 35 anos, de 22 de agosto de neses. A guerra começou com um ataque surpresa à fra- 1910, até o término formal do domínio japonês, em 2 de gata oriental russa estacionada em Port Arthur, que foi se- setembro de 1945, com a rendição do Japão.*[31] Os tra- guido pela Batalha de Port Arthur. As unidades que tenta- tados de 1905 e 1910 foram posteriormente declarados ram escapar foram derrotadas pela marinha japonesa sob “nulos e sem efeitos”em 1965.*[32] o controle do Almirante Togo Heihachiro, na Batalha do Mar Amarelo. Após um início tardio, a frota báltica russa teve sua passagem negada pelo Canal de Suez, controlado 2.5 Era Taisho (1912-1926) pelos britânicos. A frota chegou ao local um ano atrasada, sendo aniquilada na Batalha de Tsushima. Enquanto a guerra terrestre não estava tão mal para os russos, as for- 2.5.1 Primeira Guerra Mundial ças japonesas eram muito mais eficientes e agressivas que as contrapartes russas e ganharam uma vantagem polí- tica que culminou no Tratado de Portsmouth, negoci- ado nos Estados Unidos pelo presidente Theodore Roo- sevelt.*[27] Como resultado, a Rússia perdeu a parte da ilha de Sacalina ao sul do Paralelo 50 N (que tornou-se a província de Karafuto), bem como muitos recursos mi- nerais na Manchúria. Além disso, a derrota russa abriu caminho para o Japão anexar a Coreia, em 1910.

2.4.7 Anexação da Coreia

No final do século XIX e começo do século XX, vários países ocidentais competiram ativamente por influência, comércio e territórios no leste asiático e o Japão bus- Mapa em 1912 de Tsingtao, antes da Batalha de Tsingtao. cava se juntar a essas potências coloniais modernas. O recém-modernizado governo Meiji virou-se para a Coreia O Japão entrou na Primeira Guerra Mundial em 1914, e então buscou exercer uma maior esfera de influência na aproveitando-se da distração dos alemães com a guerra Dinastia Qing, da China. O governo japonês inicialmente na Europa para expandir sua esfera de influência na China buscou isolar a Coreia e fazê-la um estado fantoche, a fim * e no Pacífico. O Japão declarou guerra à Alemanha em de assegurar os seus interesses nacionais. [28] 23 de agosto de 1914. As forças dos japoneses e dos Em janeiro de 1876, após a Restauração Meiji, o Japão aliados do Império Britânico logo se moveram para ocu- empregou uma diplomacia das canhoneiras a fim de pres- par a fortaleza de Tsingtao, a base do Esquadrão Alemão sionar a Coreia, sob comando da Dinastia Joseon, a assi- do Leste Asiático, os territórios da província chinesa de nar o Tratado de Ganghwa, que garantia direitos extrater- Shandong bem como as Ilhas Marianas, Ilhas Carolinas, ritoriais aos cidadãos japoneses e abria três portos corea- e Ilhas Marshall no Pacífico, que faziam parte da Nova nos para o comércio japonês. Esses direitos garantidos ao Guiné Alemã.O cerco de Tsingtao e uma rápida invasão Japão com os Tratados Desiguais,*[29] eram similares a no território alemão de Jiaozhou (Kiautschou) foram bem aqueles garantidos às potências ocidentais no Japão após sucedidas e as tropas coloniais renderam-se em 7 de no- a visita do Comodoro Matthew Calbraith Perry.*[29] O vembro de 1914. O Japão, então, ganhou os protetorados envolvimento do Japão com a Coreia aumentou após o alemães. assassinato da Imperatriz Myeongseong (também conhe- Com os seus aliados ocidentais, principalmente o Reino “ ” * cida como Rainha Min ) em 1895. [30] Unido, concentrados na guerra na Europa, o Japão despa- A Coreia foi ocupada e declarada um protetorado japonês chou uma frota naval para o Mar Mediterrâneo a fim de logo após o Tratado de Eulsa, de 1905, e foi oficialmente ajudar os navios aliados contra os ataques dos U-Boot ale- anexada em 1910, através do tratado de anexação. mães. O Japão procurou consolidar sua posição na China, Na Coreia, o período normalmente é descrito como um apresentado as Vinte e Uma Exigências para o país em momento de“ocupação forçada”japonesa (Hangul: 일 janeiro de 1915. Em face da lentidão das negociações 제강점기; Ilje gangjeomgi, Hanja: ⽇帝占期). Ou- com o governo chinês e condenações internacionais por tros termos usados incluíam“Período Imperial Japonês” parte dos potências ocidentais, o Japão retirou o grupo (Hangul: 일제시대, Ilje sidae, Hanja: ⽇帝時代) ou final de demandas e os tratados foram assinados em maio “Administração japonesa”(Hangul: 왜정, Wae jeong, de 1915. Hanja: 倭政). No Japão, uma descrição mais comum Em 1919, o Japão propôs uma cláusula de igualidade ra- é “domínio japonês”(⽇本統治時代の朝鮮, Nippon cial a ser incluída na convenção da Liga das Nações, na Tōchi-jidai no Chōsen*?). A Coreia foi oficialmente parte Conferência de Paz de Paris (1919). A cláusula foi re- 46 CAPÍTULO 2. IMPÉRIO DO JAPÃO

jeitada por países ocidentais e não foi objeto de maiores Em novembro de 1918, mais de 70 mil tropas japonesas discussões na reunião geral da conferência. A rejeição sob o comando do Chefe de Gabinete Yui Mitsue ocupa- foi um fator importante nos anos seguintes na mudança ram todos os portos e grandes cidades do Krai do Litoral de posição japonesa de cooperação com o ocidente para e a Sibéria oriental. O Japão aceitou 765 poloneses órfãos a adoção de políticas mais nacionalistas.*[33] A Aliança da Sibéria.*[34]*[35] Anglo-Japonesa terminou em 1923. Em junho de 1920, cerca de 450 civis e 350 soldados japoneses, juntos com os adeptos do Exército Branco Russo, foram massacrados por forças partidárias asso- 2.5.2 Intervenção na Sibéria ciadas ao Exército Vermelho em Incidente de Niko- layevsk, no Rio Amur; os Estados Unidos e seus parcei- ros multinacionais da coalizão consequentemente parti- ram de Vladivostok depois da captura e execução do lí- der do Exército Branco, Almirante Aleksandr Kolchak, pelo Exército Vermelho. Entretanto, os japoneses deci- diram permanecer, principalmente devido ao temor de difusão do comunismo tão perto do Japão e da Coreia e Manchúria, controlados pelos japoneses. O exército japonês forneceu auxílio militar para o Governo Pro- visório Priamurye, apoiado pelos japoneses e baseado em Vladivostok, contra a República do Extremo Oriente, subsidiada por Moscou. A presença continuada dos japoneses preocupava os Es- tados Unidos, que suspeitavam que o Japão tinha inte- resses territoriais na Sibéria e no extremo oriente russo. Sujeito a intensa pressão diplomática pelos Estados Uni- dos e Grã-Bretanha, e encarando uma crescente oposição doméstica devido ao custo econômico e humano, a admi- nistração do Primeiro Ministro Kato Tomosaburo retirou as forças japonesas em outubro de 1922. As vítimas ja- ponesas da expedição foram 5 mil mortos em combate ou por doença, com um custo de mais de 900 milhões de ienes.

2.5.3 “Democracia Taisho”

Imperador Taisho, o 123º imperador do Japão A eleição de Kato Takaaki como Primeiro Ministro do Ja- pão continuou com as reformas democráticas que haviam Após a queda do Regime czarista e o posterior regime sido defendidas por indivíduos influentes da esquerda. provisório de 1917, o novo governo bolchevique assinou Isso culminou com o sufrágio universal masculino em um Tratado de Brest-Litovsk de paz em separado com março de 1925. Essa lei concedeu a todos os homens, a Alemanha. Após isto, os russos lutaram entre si na com idade acima de 25 anos, o direito ao voto, desde Guerra Civil Russa. que eles tivessem vivido no distrito eleitoral por pelo me- nos um ano e que não fossem desabrigados. O eleito- Em julho de 1918, o Presidente americano Woodrow rado aumentou de 3,3 milhões para 12,5 milhões de elei- Wilson pediu ao governo japonês o fornecimento de 7 tores.*[36] mil tropas como parte de uma coalizão internacional de 25 mil tropas, planejadas para dar suporte à Força Ex- pedicionária Americana na Sibéria. O Primeiro Minis- tro Terauchi Masatake concordou em enviar 12 mil tro- 2.6 Início do período Showa (1926- pas, mas sob o comando japonês, e não como parte de 1937) uma coalizão internacional. Os japoneses tinham alguns motivos ocultos para a iniciativa, que incluía uma grande hostilidade e medo do comunismo, a determinação de re- 2.6.1 Expansão da democracia cuperar perdas históricas da Rússia; e o desejo de sanar o “problema do norte” da segurança do Japão, através Em 1932, cidadão coreano Park Chun-kum foi eleito da criação de um Estado-tampão ou de aquisições terri- para a Casa dos Representantes do Japão nas Eleições toriais. gerais do Japão como a primeira pessoa vinda da colô- 2.6. INÍCIO DO PERÍODO SHOWA (1926-1937) 47

2.6.3 Fatores nacionalistas

Sadao Araki era uma importante figura e fundador do partido do Exército, além de ser o mais importante pen- sador de direita de sua época.*[39] Suas primeiras obras ideológicas datam de sua liderança no Kodoha (Domí- nio Benevolente Imperial ou Grupo de Ação), que fazia oposição ao Toseiha (Grupo de Controle), liderado pelo General Kazushige Ugaki. Ele misturou o antigo código bushido e os ideais fascistas locais e da Europa que es- tavam em voga (ver Fascismo no Japão) a fim de for- mar uma base ideológica para o movimento nacionalista Showa. A partir de setembro de 1932, os japoneses estavam se tornando mais presos ao caminho que os levaria para a Segunda Guerra Mundial, sob a liderança de Araki.*[40] O totalitarismo, o militarismo e o expansionismo esta- vam se tornando a regra, com poucas vozes conseguindo ser contra isso. Em uma coletiva de imprensa em 23 de setembro, Araki mencionou pela primeira vez a filoso- fia do “Kodoha”(a Facção do Caminho Imperial). O conceito de Kodo estabeleceu uma ligação entre o Impe- rador, o povo, as terras e a moralidade que era indivisível. Isso levou à criação do “novo”Xintoísmo e aumentou a adoração imperial.

Imperador Showa, o 124º imperador do Japão

nia.*[37] Em 1935, a democracia foi introduzida em Taiwan e, em resposta à opinião pública taiwanesa, as- sembleias locais foram estabelecidas.*[38] Em 1942, 30 pessoas das colônias foram eleitas para as assembleias lo- cais da pátria japonesa.*[37] Soldados ocupando as regiões de Nagata-cho e Akasaka durante o Incidente de 26 de fevereiro.

2.6.2 Organizações militares e sociais Em 26 de fevereiro de 1936, houve uma tentativa de golpe de estado (O Incidente de 26 de fevereiro). Iniciado pela Existiam ligações institucionais importantes entre o par- facção ultranacionalista do Kodoha com os militares, aca- bou não tendo sucesso devido à intervenção do impera- tido do governo (Kodoha) e as organizações militares * e políticas, tais como a Federação Jovem Imperial e o dor. [41] Membros do Kodoha foram expulsos das po- “Departamento Político”do Kempeitai. Entre os hi- sições superiores do exército e a facção Toseiha ganhou mitsu kessha (sociedades secretas), o Kokuryu-kai (Black poder. Entretanto, ambas as facções acreditavam no ex- Society - atualmente denominado White Dra- pansionismo, em um exército forte e em uma guerra que gon Society) e o Kokka Shakai Shugi Gakumei (Liga estava por vir. Além disso, os membros do Kodoha, ape- Socialista Nacional) também tinham fortes laços com o sar de terem sido expulso do exército, ainda tinham in- governo. Os grupos do (comitê dos resi- fluência política no governo. dentes), a Sociedade de Serviço Nacional (sindicato co- O estado estava se transformando para server ao exército mercial do governo nacional) e a Associação Imperial e ao imperador. Espadas simbólicas katana voltaram à dos Fazendeiros eram todas aliadas. Outras organiza- moda, devido à personificação marcial dessas crenças, ções e grupos relacionados com o governo nos tempos enquanto a pistola Nambu tornou-se o seu equivalente de guerra eram: Futabakai, Kokuhonsha, Taisei Yoku- contemporâneo, que dava a mensagem implícita de que sankai, Yokusan Sonendan, Keishicho, Xintoísmo esta- a doutrina militar do combate corpo a corpo iria prevale- tal, Facção do Tratado, Facção da Marinha e a Kokumin cer. O objetivo final, idealizado pelos pensadores milita- Giyu Sentotai. res tais como Sadao Araki e seguidores da direita, era o 48 CAPÍTULO 2. IMPÉRIO DO JAPÃO

retorno para o antigo sistema de xogunato, mas na forma ocupação era a escassez de matérias-primas. O Primeiro de um Xogunato militar contemporâneo. Nesse governo, Ministro Fumimaro Konoye combinou preocupações so- o Imperador seria mais uma vez apenas uma figura deco- ciais com a necessidade de capital, se planejando para a rativa (assim como no período Edo). O verdadeiro poder expansão. ficaria nas mãos de um líder muito parecido com um füh- As principais metas do expansionismo japonês eram a rer ou duce, embora em uma posição com menos expo- aquisição e proteção de esferas de influência, manutenção sição. Por outro lado, os militaristas tradicionalistas da da integridade territorial, aquisição de matérias-primas e Marinha defendiam o Imperador e uma monarquia cons- acesso aos mercados asiáticos. Os países ocidentais, prin- titucional com um aspecto religioso mais significante. cipalmente Grã-Bretanha, França e os Estados Unidos, Um terceiro ponto de vista era apoiado pelo Príncipe Chi- por muito tempo mostraram grande interesse nas oportu- chibu, um irmão do Imperador Showa e que várias ve- nidades comerciais na China e em outras regiões da Ásia. zes o aconselhou a implementar um domínio imperial di- Essas oportunidades atraíram investimentos do Ocidente reto, mesmo que isso significasse suspender a constitui- devido à disponibilidade de matérias primas tanto para ção.*[42] a produção doméstica como para a re-exportação para a Com a eleição em 1940 do Primeiro Ministro Fumimaro Ásia. O Japão desejava aproveitar-se dessas oportunida- Konoe, fundador da Taisei Yokusankai (Associação de des e planejou o desenvolvimento da Esfera de Copros- Apoio ao Domínio Imperial), o Japão passaria a ter uma peridade da Grande Ásia Oriental. forma de governo que lembrava o totalitarismo.*[43] En- A Grande Depressão, assim como em muitos outros paí- tretanto, apesar de esse estilo único de governo ser muito ses, diminuiu o crescimento econômico japonês.*[44] O similar ao fascismo, havia muitas diferenças significantes grande problema do Império japonês era que sua rápida entre os dois, sendo que o primeiro, portanto, poderia ser expansão industrial tornou o país em uma potência ma- chamado de Nacionalismo japonês. nufatureira e industrial que requeria muitas matérias pri- mas; entretanto, essas commodities tinham de ser obtidas do exterior, tendo em vista a escassez de recursos naturais 2.6.4 Fatores econômicos no arquipélago. Nas décadas de 1920 e 1930, o Japão precisou impor- tar matérias primas tais como ferro, borracha e petró- leo a fim de manter seu forte crescimento econômico. A maior parte desses recursos veio dos Estados Unidos. Os japoneses sentiam que adquirir territórios ricos em re- cursos iria estabelecer uma auto-suficiência econômica e independência, e eles também esperavam iniciar o pro- cesso de recuperação da economia no meio da depres- são. Como resultado, o Japão focou-se no Leste asiático, especificamente na Manchúria, que tinha muitos recur- sos;*[45] o Japão precisava desses recursos para conti- nuar com seu desenvolvimento econômico e manter a in- tegridade nacional.

2.7 Início do período Showa (1937- 1947) - Expansionismo

2.7.1 Expansionismo pré-guerra

Manchúria

Enfrentando pouca resistência, o Japão conquistou a Manchúria em 1931.*[46] O Japão alegou que essa inva- são visava à liberação do grupo étnico manchu da China, Corrida aos bancos durante a crise financeira do período Showa, apesar de a maioria da população da Manchúria ser for- em março de 1927. mada por chineses Han, como resultado da ocupação em grande escala dos chineses na Manchúria, no século XIX. Ao mesmo tempo, os grandes grupos zaibatsu (principal- O Japão, então, estabeleceu um estado fantoche chamado mente Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo e Yasuda) busca- Manchukuo e nomeou o antigo Imperador da China, vam uma grande expansão no futuro. Sua principal pre- Puyi, como o Chefe de Estado oficial. Jehol, um território 2.7. INÍCIO DO PERÍODO SHOWA (1937-1947) - EXPANSIONISMO 49

Tropas japonesas entrando em Shenyang, China, durante o Incidente de Mukden, 1931.

300 mil pessoas, incluindo civis podem ter sido mortas, apesar de o número real ser incerto devido a contradi- ções na versão oficial e evidências supostamente forja- das. O governo chinês nunca anunciou o Massacre de Nanquim naquela epóca. A primeira menção do massa- cre surgiu muitos anos após o fim da guerra. O governo da China nunca contabilizou completamente o número de vítimas. No total, estima-se que aproximadamente 20 milhões de chineses, a maioria civis, morreram durante a O príncipe Manchu Aisin-Goro Pujie com sua esposa Hiro Saga, Segunda Guerra Mundial, em decorrêcia das batalhas tra- filha do marquês Saneto Saga (1938). vadas entre os comunistas de Mao Tsé-Tung e os naciona- listas de Chiang Kai-Shek.*[51] O Governo nacionalista chinês que fazia fronteira com a Manchúria, também foi de Nanquim, um estado fantoche do Japão, foi instalado tomada em 1933.*[47] Esse regime fantoche teve de rea- na China logo depois, liderado por . A hos- lizar uma campanha de pacificação prolongada contra os tilidades continuaram na Segunda Guerra Sino-Japonesa Exércitos Voluntários Anti-japoneses na Manchúria. Em quando os comunistas e os nacionalistas chineses forja- 1936, o Japão criou um estado fantoche semelhante na ram uma aliança defensiva temporária contra o Japão. Mongólia interior, chamado de (Chinês: 蒙 疆),*[48] que também era predominantemente povoado Confrontos com a União Soviética por chineses Han, como resultado da recente imigração Han para a região. Japoneses, coreanos e taiwaneses fo- Conflitos fronteiriços entre a União Soviética e o Japão ram proibidos de imigrar para a América do Norte e para a Austrália. Manchukuo abriu suas fronteiras para a imi- gração dos asiáticos e, consequentemente, a população japonesa cresceu em cerca de 850 mil habitantes.

Segunda Guerra Sino-Japonesa

O Japão invadiu a China em 1937, criando uma guerra com três diferentes pólos: os japoneses, os comunis- tas de Mao Tsé-Tung e os nacionalistas de Chiang Kai- Shek.*[49] Os motivos da invasão japonesa, incluía uma hostilidade ao comunismo e o desejo de sanar o “pro- blema da China”através da criação de um Estado-tampão na China. Em 13 de dezembro desse mesmo ano, a ci- Khalkhin Gol, 1939. Ofensiva dos tanques soviéticos BT-7. dade de Nanquim rendeu-se às tropas japonesas.*[50] No evento conhecido como o Massacre de Nanquim, Em 1938, a 19ª Divisão japonesa entrou no território da acredita-se que o exército japonês massacrou um grande União Soviética, levando à Batalha do Lago Khasan.*[52] número de unidades de defesa. Estima-se que mais de Essa incursão foi fundamentada na convicção japonesa de 50 CAPÍTULO 2. IMPÉRIO DO JAPÃO

que a União Soviética mal interpretou a demarcação de sua fronteira, como foi estipulado no Tratado de Pequim, entre a Rússia Imperial e a China de Manchu (e posterio- res acordos suplementares de demarcação) e, além disso, que os marcadores das delimitações foram adulterados. Em 11 de maio de 1939, no Incidente de Nomonhan (Batalhas do Khalkhin Gol), uma unidade de cavalaria mongol com cerca de 70 a 90 homens entrou na área dis- putada à procura de pasto para seus cavalos, encontrando a cavalaria de Manchukuoan, que os expulsou de lá.*[53] Dois dias depois, a força mongol retornou e os Manchu- koanos não foram páreos para eles. A 23ª Divisão do Exército Imperial e outras unidades do Exército de Guangdong entraram na disputa. Josef Sta- lin ordenou a Stavka, o alto comando do Exército Ver- melho, a desenvolver um plano para contra-atacar os ja- poneses. No final de agosto, Gueorgui Jukov empregou táticas de cerco que fizeram uso da superioridade na ar- tilharia, blindados e forças aéreas; essa ofensiva pratica- mente aniquilou a 23ª Divisão e dizimou a 7ª Divisão do Exército Imperial. Em 16 de setembro, um armistício foi assinado.*[54] Após dois anos, em 13 de abril de 1941, os dois países assinaram o Pacto de Neutralidade,*[55] no qual a União Soviética se comprometeu a respeitar a integridade territorial e a inviolabilidade de Manchukuo, enquanto o Japão concordou de modo semelhante em re- lação à República Popular da Mongólia. Um poster de propaganda do Pacto Tripartite: “Bons amigos em três países”. (Da esquerda: Adolf Hitler, centro: Fumimaro 2.7.2 Pacto Tripartite Konoe, direita: Benito Mussolini)

Em 1938, o Japão proibiu a expulsão dos judeus do Ja- pão, Manchúria e China, de acordo com o espírito de igualdade racial no qual o Japão defendia por muitos na Europa, o Japão na Ásia e a Itália no norte da África. anos.*[57]*[58] Os signatários da aliança passaram a ser conhecidos como as Potências do Eixo.*[61] O pacto também previa a pro- A Segunda Guerra Sino-Japonesa havia aumentado as teção mútua – se qualquer um dos membros fosse atacado tensões entre o Japão Imperial e os Estados Unidos que por um país que ainda não estava na guerra, excluindo a mantinha interesses na Ásia; eventos como o Incidente União Soviética – e a cooperação tecnológica e econô- Panay e a invasão da China tornaram a opinião pública mica entre os signatários. O não-cumprimento das pro- americana contra o Japão. Com a ocupação da Indochina * messas feitas pelos Aliados da Primeira Guerra Mundial Francesa nos anos de 1940-1941, [59] e com a contínua foi um dos fatores que levaram o Japão a aliar-se ao Eixo guerra na China, os Estados Unidos impuseram embar- na Segunda Guerra Mundial. gos aos japoneses sobre materiais estratégicos como ferro e petróleo, que eram de extrema necessidade para o es- Pelo bem de seu povo e nação, o Primeiro Ministro Konoe forço de guerra. O Japão tinha a opção de abandonar a formou o Taisei Yokusankai (Associação de Assistência * China ou tomar o controle e assegurar novas fontes de ao Domínio Imperial) em 12 de outubro de 1940, [62] matérias-primas nas colônias ricas em recursos controla- e, assim como o partido do governo no Japão, evitava as das pelos europeus, no Sudeste Asiático – especialmente influências da Alemanha nazista e do fascismo italiano. a Malásia britânica e as Índias Orientais Neerlandesas (atual Indonésia). Por outro lado, o Japão estava deter- minado eliminar o problema na Ásia Oriental com aqui- sições territoriais na China. Em 27 de setembro de 1940, o Japão imperial assinou o 2.7.3 Guerra do Pacífico Pacto Tripartite com a Alemanha nazista e a Itália fas- cista.*[60] O objetivo deles era “estabelecer e manter uma nova ordem de certos aspectos”em suas respectivas Na Guerra do Pacífico, muitas de suas ilhas tornaram-se regiões mundiais e esferas de influência, com a Alemanha domínios do Império japonês. 2.7. INÍCIO DO PERÍODO SHOWA (1937-1947) - EXPANSIONISMO 51

a base naval norte-americana no Havaí, trazendo assim os Estados Unidos definitivamente para dentro da Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados. Em 4 de setembro de 1941, o gabinete reuniu-se para examinar os planos de guerra preparados pelo Quartel-General Imperial e deci- diu que o Império, a fim de se auto-defender e se auto- preservar, não havia outra opção senão se preparar para uma guerra inevitável. Eles iriam tomar todas as medidas diplomáticas disponíveis, não excluindo a guerra contra os Estados Unidos, Grã-Bretanha e Holanda, se necess- sário. Caso as demandas japonesas não fossem atendidas até o começo de outubro, o Japão iria tomar medidas mais enérgicas contra esses países. Depois de inúmeras inicia- tivas diplomáticas efetuadas pelos japoneses, incluindo a oferta em 8 de agosto de 1941, o Japão foi forçado a ata- car Pearl Harbor a fim de manter a sua existência como um Estado soberano.*[65] A Marinha Imperial Japonesa realizou seu ataque sur- presa a Pearl Harbor, Oahu, Havaí, na manhã de domingo de 7 de dezembro de 1941.*[66] A Frota do Pacífico da Marinha dos Estados Unidos e as Forças Aéreas do Exér- cito e as Forças Aéreas da Marinha tiveram perdas signi- ficativas. O principal objetivo do ataque era incapacitar os Estados Unidos por tempo suficiente a fim de estabe- lecer um extenso império marinho no Sudeste Asiático e zonas de defesa. O público dos Estados Unidos via o ataque como um ato traiçoeiro e foram contra o Império do Japão. Os americanos entraram no Teatro Europeu e Cerimônia de fundação do monumento Hakko Ichiu, em 1940. na Guerra do Pacífico com força total. Quatro dias de- Tinha a caligrafia do Príncipe Chichibu de Hakko ichiu, gravado pois, Adolf Hitler, da Alemanha nazista, declarou guerra em sua parte da frente.*[56] aos Estados Unidos, unificando os conflitos que antes es- tavam separados.*[67]

USS Arizona queimando depois do ataque a Pearl Harbor, feito pelos japoneses, em 7 de dezembro de 1941. O Japão Imperial em 1942, mostrando as progressivas expansões territoriais a partir de 1870. Ataque a Pearl Harbor

Enfrentando um embargo de petróleo pelos Estados Uni- Ofensiva japonesa (1941-1942) dos*[63] bem como a diminuição de suas reservas do- mésticas, o governo japonês decidiu executar um plano Depois do ataque a Pearl Harbor, os japoneses lançaram desenvolvido pelo aparelho militar, liderado por Osami ofensivas contra as Forças Aliadas no sudeste asiático, Nagano e Isoroku Yamamoto,*[64] a fim de bombardear com ataques simultâneos em Hong Kong, Malásia britâ- 52 CAPÍTULO 2. IMPÉRIO DO JAPÃO

nadas Filipino-americanas para a Península de Bataan e mais tarde para a Ilha de Corregidor. Em janeiro de 1942, o General Douglas MacArthur e o Presidente Manuel Quezon foram forçados a fugir devido ao avanço japo- nês.*[73] Esta é considerada uma das piores derrotas so- fridas pelos americanos, deixando mais de 70 mil prisio- neiros de guerra americanos e filipinos sob a custódia dos japoneses.*[74] Na Batalha de Singapura em 15 de fevereiro de 1942, devido à superioridade das forças japonesas e às táticas de cerco eficientes, foi derrotada pelos japoneses,*[75] causando a maior rendição das forças militares britâ- Batalha de Singapura, fevereiro de 1942. Tropas vitoriosas ja- nica da história. Aproximadamente 80 mil soldados in- ponesas marcham pelo centro da cidade (Foto do Museu da dianos, australianos e britânicos foram tomados como Guerra Imperial). prisioneiros de guerra, juntando-se aos 50 mil presos na invasão japonesa da Malásia. Muitos prisioneiros foram usados mais tarde como trabalho forçado construindo a Ferrovia da Birmânia, o lugar onde ocorre a célebre his- tória A Ponte do Rio Kwai. Imediatalmente após a invasão da Malásia britânica, os militares japoneses efetuaram um expurgo da população chinesa na Malásia e em Singapura. No mês seguintes depois da vitória em Singapura, acredita-se que os japo- neses tenham matado dezenas de milhares de chineses, os quais o novo regime julgava serem perigosos. Os japoneses, então, tomaram o controle de importantes zonas produtoras de petróleo em Borneo, Java Central, Unidades blindadas japonesas avançam nas Filipinas. Malang, Cepu, Sumatra e Nova Guiné Holandesa, der- rotando as Forças Armadas dos Países Baixos.*[76] Eles foram recebidos com êxtase como os heróis libertado- nica e Filipinas.*[68] res dos nativos indonésios oprimidos pelos colonizado- res ocidentais, como previam as lendas indígenas. O Ja- A Campanha do Sudeste Asiático foi precedida por anos pão, então, consolidou suas fontes de recursos ao captu- de propaganda e atividades de espionagem realizadas na rar ilhas chaves no Pacífico, incluindo Guadalcanal (Ilhas região pelo Império japonês. Os japoneses defendiam Salomão). sua visão da Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental e a Ásia para os asiáticos ao povo do sudeste asiático, que viviam sobre domínio e exploração europeu A caminho da derrota (1942-45) por gerações.*[69] Como resultado, muitos habitantes da região realmente se alinharam aos invasores japoneses – exceto, é claro, pelos chineses, que já tinham sentido os efeitos da ocupação japonesa em seu território. Hong Kong rendeu-se aos japoneses em 25 de dezem- bro.*[70] Na Batalha da Malásia, as forças japonesas su- peraram um exército dos aliados composto por britâni- cos, indianos, australianos, e malaios. O Japão foi rápido ao avançar pela Península da Malásia, forçando as forças aliadas a se retirarem para Singapura. Os Aliados não tinha cobertura aérea e tanques suficientes; os japoneses tinham a superioridade aérea total. O naufrágio do HMS Prince of Wales e do HMS Repulse, em 10 de dezembro O navio de guerra Yamato realiza testes no Canal de Bungo (fora da Baía de Sukumo), em 20 de outubro de 1941. de 1941,*[71] deixou a costa leste da Malásia exposta ao desembarque dos japoneses e a eliminação da força na- Os estrategistas militares japoneses já tinham plena cons- val britânica da região. Ao final de janeiro de 1942, as ciência da inferioridade industrial, além da escassez de últimas forças aliadas cruzaram o estreito de Johore e en- * petróleo e matéria-primas do Império japonês em rela- traram em Singapura. [72] ção ao dos Estados Unidos. Devido a isso, eles argumen- Nas Filipinas, os japoneses empurraram as forças combi- tavam que o sucesso japonês dependia da habilidade de- 2.7. INÍCIO DO PERÍODO SHOWA (1937-1947) - EXPANSIONISMO 53

em 1943,*[85] empurraram o Império do Japão para a defensiva pelo resto da guerra. Durante 1943 e 1944, as Forças Aliadas, apoiadas pelo poder industrial e vastas fontes de matérias-primas dos Estados Unidos, avançou de forma contínua contra o Japão que já estava com petróleo, munição e matéria- primas esgotados. O Sexto Exército dos Estados Unidos, liderado pelo General Douglas MacArthur, atracou em Leyte em 19 de outubro de 1944.*[86] Nos meses seguin- tes, durante a Batalha das Filipinas (1944-1945), as tro- pas conjuntas dos Estados Unidos e da Commonwealth Conferência do Grande Leste Asiático em novembro de das Filipinas, com a ajuda de unidades guerrilheiras, li- 1943,*[77] Participantes da esquerda para a direita: Primeiro beraram grande parte das Filipinas.*[87] Ministro de Burma, Ba Maw, Primeiro Ministro de Manchukuo, Em 1944, os Aliados tinham controlado ou neutralizado Zhang Jinghui, Presudente da China (Nanquim), Wang Jingwei, Primeiro Ministro do Japão, Hideki Tojo, Príncipe da Tailân- muitas das bases estratégicas japonesas através de ata- dia, , Presidente das Filipinas, José P. Laurel, ques anfíbios e bombardeios. Isso, acompanhado das Presidente da Índia Livre, Subhas Chandra Bose. perdas infligidas pelos submarinos aliados nas rotas de navegação japonesas, começou a estrangular a economia e indústria do Japão e minar sua capacidade de forneci- les em se aproveitar da vantagem estratégica ganha com mento de seu exército. No começo de 1945, os fuzileiros o ataque a Pearl Harbor com vitórias estratégias rápi- navais dos Estados Unidos tomaram o controle das Ilhas * das. [78] Ogasawara após algumas duras batalhas como a Batalha O Comando japonês concluiu que apenas a destruição de- de Iwo Jima,*[88] marcando o começo da queda das ilhas cisiva da Frota do Pacífico dos Estados Unidos e a con- do Japão. quista de seus pontos avançados iria assegurar que o Im- pério do Japão não seria superado pelo poder industrial Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki americano. Em maio de 1942, a incapacidade de derro- tar os Aliados na Batalha do Mar de Coral, apesar da su- perioridade numérica japonesa, equivaleu a uma grande derrota para o Império.*[79]

O porta-aviões USS Bunker Hill acertado por dois kamikazes em 30 segundos, em 11 de maio de 1945*[80], durante a Batalha de Okinawa.

Este revés foi seguindo, em junho de 1942, por uma perda catastrófica de quatro cargueiros de força-tarefa na * Batalha de Midway. [81] Midway foi uma derrota deci- O bombardeamento atômico de Nagasaki, 9 de agosto de 1945. siva para a Marinha Imperial Japonesa e provou ser o ponto de virada da guerra.*[82] As Segunda Força Impe- Após assegurar campos aéreos em Saipan e Guam no rial Australiana derrotaram os fuzileiros navais japoneses verão de 1944,*[89]*[90] a força aérea americana ini- em Nova Guiné na Batalha da Baía Milne, em setembro ciou uma intensa campanha de bombardeamento, usando de 1942,*[83] que foi a primeira derrota terrestre sofrida bombas incendiárias, queimando as principais cidades do pelos japoneses no Pacífico. Mais derrotas para os Alia- Japão em um esforço de pulverizar a indústria e infra- dos em Guadalcanal, no mesmo mês,*[84] e Nova Guiné, estrutura do país e diminuir sua moral. Essas campanhas 54 CAPÍTULO 2. IMPÉRIO DO JAPÃO

de Bombardeamentos de Tóquio, cujo auge foi na noite pão a abolição da Constituição Meiji e a promulgação da de 9 e 10 de março de 1945, durante a Operação Mee- Constituição do Japão, e então renomearam o Império tinghouse em Tokyo,*[91] levaram à morte de 200 mil japonês para Japão, em 3 de maio de 1947*[1] O país civis, algumas fontes indicam até 500 mil mortos ape- adotou um sistema político baseado no parlamentarismo, nas em Tóquio, números que superam as mortes de Hi- enquanto o Imperador passou a ter um status apenas sim- roshima e Nagasaki.*[92] Ao mesmo tempo, as opera- bólico. ções navais costeiras do Japão foram severamente atingi- O General do Exército Americano Douglas MacArthur das com bombardeios aéreos pela Operação de Inanição mais tarde comentou sobre o novo governo japonês que dos Estados Unidos.*[93] ele ajudou a estabelecer e a nova era japonesa, quando ele Em agosto de 1945, a União Soviética declarou guerra ao estava prestes a enviar forças americanas para a Guerra da Japão e realizou uma grande ofensiva militar para con- Coreia: tra as forças japonesas que ocupavam o norte da China Manchúria e a Coréia até então. A ofensiva soviética, co- O povo japonês, desde a guerra, passou nhecida como a Batalha da Manchúria resultou na des- pela maior reforma registrada na história mo- truição, em apenas duas semanas, de toda a seção do derna. Com uma louvável vontade, ânsia em exército imperial japonês composta por mais de 1 milhão aprender, e grande capacidade para entender, de soldados, que ocupava o norte da China da Coréia. A eles erigiram no Japão, a partir dos escombros ofensiva soviética resultou em cerca de 500 a 600 mil sol- deixados pela guerra, uma estrutura dedicada à dados japoneses mortos e um número similar de prisio- supremacia da liberdade individual do indiví- neiros. O Japão estava em negociações secretas com os duo e da dignidade das pessoas; e no processo Estados Unidos desde 08 agosto de 1941 para capitulação que se seguiu, criou-se um governo verdadei- definitiva, mas o governo estadunidense se recusou a acei- * * ramente representativo compromissado com o tar novos acordos. [65] [94] Em 6 e 9 de agosto de 1945, avanço da moralidade política, liberdade de os Estados Unidos lançaram duas bombas nucleares sobre * empresa e justiça social. Politicamente, econo- o Japão. [95] Historicamente, estes são até agora os pri- micamente e socialmente, o Japão está hoje no meiros e únicos ataques nucleares realizados contra uma * mesmo nível de muitas nações livres da terra nação. [96] Elas mataram aproximadamente 100 mil a e não mais desapontará a confiança universal 200 mil pessoas em questão de minutos, além de muitas outra vez... Eu enviei todas as quatro divisões outras dezenas de milhares que morreram como resultado de ocupação para a frente de batalha da Coreia da radiação nuclear nas semanas, meses e anos seguintes. sem a menor preocupação com os efeitos do As bombas mataram cerca de 80 a 140 mil pessoas ci- vácuo no poder que ficará no Japão. Os resul- vis em Hiroshima e 60 a 80 mil em Nagasaki, no final de * * tados justificam completamente minha crença. 1945. [97] [98] Não conheço nenhuma outra nação tão serena, ordeira e trabalhadora, nem nas quais se depo- Derrota e rendição sita as mais altas esperanças, que pode auxiliar na construção de um futuro construtivo para o avanço da raça humana.*[100] Tendo ignorado a Declaração de Potsdam, o Império do Japão rendeu-se e a Segunda Guerra Mundial terminou, após os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki e a 2.8.2 Repatriação declaração de guerra da União Soviética. Em um discurso em rádio nacional em 15 de agosto, o Imperador Hirohito Houve um grande nível de emigração para os territórios anunciou a rendição ao povo japonês.*[99] fora do arquipélago do Japão durante o período colônia japonês, incluindo a Coreia,*[101] República da China, Manchúria e Karafuto.*[102] Ao contrário dos emigran- 2.8 Após a Segunda Guerra Mun- tes das Américas onde havia Campos de concentração dial nos Estados Unidos, os japoneses que foram para as colô- nias na Ásia ocuparam níveis sociais mais altos.*[103] * 2.8.1 Ocupação do Japão Em 1938, havia 309 mil japoneses em Taiwan. [104] No final da Segunda Guerra Mundial, havia 850 mil japone- * * Um período conhecido como Ocupação do Japão se se- ses na Coreia [105] e mais de 2 milhões na China, [106] guiu após a guerra, liderado em grande parte pelo Gene- a maioria dos quais eram fazendeiros em Manchukuo (o Japão tinha um plano de enviar 5 milhões de japoneses ral do Exército dos Estados Unidos Douglas MacArthur, * a fim de revisar a constituição japonesa e desmilitarizar o para Manchukuo). [107] Japão. A ocupação americana, com a assistência econô- No censo de dezembro de 1939, a população total do mica e política para recontrução do país, continuou até Mandato do Pacífico Sul era de 129.104 pessoas, dos a década de 1950. As forças aliadas ordenaram ao Ja- quais 77.257 eram japoneses. Em dezembro de 1941, 2.9. REFERÊNCIAS 55

Saipan tinha uma população de mais de 30 mil habitantes, japonês e não são mencionados nas escolas japonesas incluindo 25 mil japoneses.*[108] Havia mais de 400 mil por determinação do governo devido às contradições na pessoas vivendo em Karafuto (sul de Sacalina) quando versão oficial e evidências, consideradas por alguns pes- a ofensiva soviética começou no começo em agosto de quisadores japoneses como forjadas. Os motivos para 1945. A maioria era de japoneses e coreanos. Quando a negação dos crimes de guerra nunca foram questiona- o Japão perdeu as Ilhas Curilas, 17 mil japoneses foram dos por autoridades internacionais, provocando instabi- expulsos, a maioria vindo das ilhas do sul.*[109] lidade em relações diplomáticas entre os países da Ásia. Após a Segunda Guerra Mundial, a maioria desses japo- O Revisionismo do Massacre de Nanquim é o ponto de vista parcialmente defendido pelo governo japonês. neses vivendo fora do país voltaram ao Japão. As potên- cias aliadas repatriaram mais de 6 milhões de japoneses * das colônias e campos de batalha pela Ásia. [110] Ape- 2.8.5 Provas de crimes de guerra nas alguns permaneceram no exterior, muitas vezes in- voluntariamente, como no caso dos órfãos japoneses na Os alicerces do Massacre de Nanquim foram editadas por China ou prisioneiros de guerra capturados pelo Exército Harold Timperly, um conselheiro do Ministério da Infor- * Vermelho e forçados a trabalhar na Sibéria. [111] mação da China, no livro What War Means, que serviu de base para acusações de crimes de guerra.*[116] 2.8.3 Crimes de guerra São percebidos também como provas dos massacres os artigos de notícias de Chicago Daily News e New York Muitos líderes políticos e militares japoneses foram con- Times.O reverendo Miner Searle Bates que ensinava na denado por crimes de guerra ante o Tribunal de Tóquio Universidade de Nanquim, era também um conselheiro do Ministério da Informação da China, e seria a fonte e outros tribunais Aliados na Ásia. Entretanto, todos os * membros da família imperial envolvidos na guerra, como destas notícias. [116] o Imperador Showa e seus irmãos, primos e tios, como o Príncipe Chichibu, Príncipe Fushimi Hiroyasu e Príncipe Asaka Yasuhiko, foram absolvidos de acusações crimi- 2.9 Referências nais por Douglas MacArthur. [1] Chronological table 5 1 December 1946 - 23 June 1947 Os militares japoneses antes e durante a Segunda Guerra Library. Visitado em 30/09/2010. Mundial cometeram inúmeras atrocidades contra civis e militares. Massacres de grandes proporções, abusos e as- [2] Bruce R. Gordon (2005). To Rule the Earth... (Ver sassinatos contra civis foram cometidos, sendo os mais Bibliography for sources used.) (em inglês). notáveis o Massacre de Sook Ching e o Massacre de Nan- [3] , 2 (em in- quim, além do uso de cerca de 200 mil“mulheres de con- glês). Visitado em 22/08/2011. forto”, que foram capturadas e vendidas pelos bordéis ou forçadas a se prostituir para os militares japoneses.*[112] [4] Post World War II Japan - The Army (em inglês). Acessado em 22 de agosto de 2011. O Exército imperial japonês também se engajou na exe- cução e tratamentos cruéis dos prisioneiros de guerra Ali- [5] Japan - The Status of the Emperor (em inglês). Acessado ados, sendo que experimentos biológicos foram condu- em 22 de agosto de 2011. zidos na Unidade 731 em prisioneiros de guerra e civis [6] Hagiwara, p. 34. chineses suspeitos de atividades contra o Japão; isso in- cluía o uso de armas biológicas e químicas autorizadas [7] Jansen, pp. 314–5. * pelo próprio Imperador Showa. [113] De acordo com o [8] Hagiwara, p. 35. Simpósio Internacional de Crimes com Armas Bacterioló- gicas, em 2002, o número de pessoas mortas no Extremo [9] Satow, p. 282. Oriente pelos experimentos humanos e armas de germes [10] Keene, p. 116. Ver também Jansen, pp. 310–1. conduzidos pelo Exército imperial japonês foi de aproxi- madamente 580 mil indivíduos.*[114] Shiro Ishii e todos [11] Keene, pp. 120–1, e Satow, p. 283. Além disso, Satow os membros da Unidade 731 receberam o benefício da (p. 285) especula que Yoshinobu concordou com uma as- delação premiada pelo General americano Douglas Ma- sembleia de daimyos na esperança de que ela o recolocasse no poder. cArthur em troca de informações sobre os experimentos humanos realizados.*[115] [12] Satow, p. 286.

[13] Durante um recesso, Saigō, que tinha suas tropas a postos no lado de fora, “comentou que bastaria uma adaga para 2.8.4 Negação de crimes de guerra resolver a questão”(Keene, p. 122). Citação original em japonês: " 短⼑⼀本あればかたづくことだ.”in Ha- Massacre de Nanquim, Mulheres de Conforto e outros giwara, p. 42. A palavra específica usada para “adaga” crimes de guerra são parcialmente negados pelo governo foi “tantō". 56 CAPÍTULO 2. IMPÉRIO DO JAPÃO

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• Plantando nos campos do inimigo:japoneses no Brasil na Segunda Guerra Mundial (em português) • Premier Koizumi, Nacionalismo, Xintoísmo e o Santuário de Yasukuni (em português) Capítulo 3

Okinawa

Okinawa ou Oquinava (em japonês: 沖 縄 県; em (vestes folclóricas e danças folclóricas) que foi influen- uchinaaguchi: Uchinā) é a província mais ao sul do Japão. ciada pela Dinastia chinesa e uma história significativa- Consiste em 169 ilhas que formam o arquipélago Ryukyu, mente diferenciada do resto do Japão. Havia um pequeno numa cadeia de ilhas de 1000 quilômetros de compri- preconceito entre okinawanos e japoneses devido às di- mento, que se estende de sudoeste, de Kyushu até Taiwan, ferenças culturais. ainda que as ilhas mais a norte façam parte da província Depois da Segunda Guerra Mundial e da Batalha de Oki- de Kagoshima. A capital de Okinawa, , está locali- nawa em 1945, Okinawa permaneceu sob a administra- zada na parte meridional da maior e mais povoada ilha do ção dos Estados Unidos por 27 anos. Durante esse pe- arquipélago: Okinawa Honto. As disputadas ilhas Sen- ríodo, os Estados Unidos estabeleceram lá várias bases kaku são, em teoria, administradas como parte da pro- militares. Em 15 de maio de 1972, Okinawa foi devol- víncia. vido ao Japão. No entanto, os Estados Unidos ainda man- Antigamente, Okinawa fazia parte de um reino indepen- tém uma grande presença militar em Okinawa e no resto dente, o reino Ryukyu, o que foi decisivo para o desenvol- do Japão, mas devido à sua posição estratégica entre a vimento de uma cultura própria do desenrolar de uma his- China, Coreia e Japão, a presença militar em Ryukyu tória particular e significativamente diferenciada do resto ainda constitui um importante alicerce da política externa do Japão. defensiva Japão-Estados Unidos. As Ilhas Senkaku são um grupo de ilhas desabitadas controladas atualmente pelo Japão (Okinawa), mas tam- 3.1 História bém disputadas pela República Popular da China e pela República da China (Taiwan). As disputadas ilhas Sen- kaku são, em teoria, administradas como parte da pro- Devido à sua posição estratégica - entre o Japão, China, víncia de Okinawa. Coreia, Indonésia e Polinésia - se tornou um importante entreposto comercial. Relatos antigos apontam comer- Vários cantores populares japoneses e grupos musicais ciantes e representantes okinawanos nas cortes imperiais famosos são oriundos das Ryūkyū. Isto inclui (dentre ou- da China e do Japão. tros), a banda Stereopony e a cantora Amuro Namie e o grupo Da Pump. Antes dividida em feudos, foi unificada por Sho Hashi, que tornou-se rei designando o castelo de Shuri como cen- tro administrativo. Em 1609, uma expedição do clã Shi- mazu partiu de Satsuma, em Kyushu, e capturou o reino. Depois disso, os reis de Ryūkyū passaram a prestar tri- buto ao imperador japonês e porte de armas foi proibido 3.2 Geografia entre seus cidadãos. Diz-se que o caratê, como arte mar- cial para auto-defesa, nasceu nesta época, tendo Okinawa como seu berço. Próximo aos Trópicos, tem clima temperado onde Em 1879, o governo Meiji do Japão anunciou a anexa- cultiva-se cana de açúcar, banana, abacaxi, batata doce, ção formal das ilhas, que já estava sob influência japo- entre outros. nesa desde meados do século XVI. A China se opôs, e O Trópico de Câncer corta o arquipélago de Okinawa, o ex-presidente dos Estados Unidos, Ulysses S. Grant foi por isso é uma região de clima subtropical, onde as tem- chamado para intermediar. Ele decidiu favoravelmente peraturas alcançam uma mínima de 10 °C e máximas que ao Japão. podem atingir os 40 °C. Historiadores afirmam que os habitantes originais de Oki- Suas praias são muito procuradas pelos japoneses de ou- nawa eram predominantemente Jomon (etnia japonesa). tras regiões devido à beleza, ao clima e às diversas estân- Okinawa nos últimos séculos tinha uma cultura distinta cias turísticas existentes.

60 3.5. ARQUITETURA 61

3.2.1 Cidades

Em negrito, a capital da prefeitura.

• Ginowan

• Hirara

• Ishigaki

• Itoman

• Miyakojima Ruínas de um Gusuku

• Nago 3.5 Arquitetura • Naha Okinawa possui diversos remanescentes de um tipo único • Nanjo de castelo ou fortaleza chamado Gusuku. Acredita-se que tais construções precedem os castelos japoneses. • Okinawa Enquanto a maioria das casas no Japão é feita com ma- deira e permite a livre circulação do ar para combater a • Urasoe umidade, as típicas casas modernas de Okinawa são feitas de cimento ou concreto com janelas vedadas, para prote- • Uruma ger seus moradores dos tufões. Os telhados também são projetados para serem resistentes a fortes ventos, com te- • Yomitan lhas presas ao cimento e não simplesmente apoiadas nes- tes, como seria feito em qualquer outro lugar no Japão. Muitos telhados também possuem uma estátua circular 3.2.2 Distritos de um leão ou de um dragão, chamada shisa, que supos- tamente protege a casa do perigo. Os telhados são geral- • Distrito de Kunigami mente vermelhos, inspirados no estilo chinês.

• Distrito de Miyako

• Distrito de Nakagami 3.6 Turismo

• Distrito de Shimajiri Na sua culinária, diferente de outras regiões japonesas onde o peixe é ingrediente quase exclusivo, utiliza-se tam- • Distrito de Yaeyama bém a carne de porco e em ocasiões especiais a tradicio- nal sopa de cabrito, o “hidjá no shirú”. As ilhas de Okinawa são conhecidas por “Havaí do Ja- 3.3 Economia pão”devido às suas belas praias e pelo clima predomi- nantemente quente. O único aeroporto da região faz parte da base Naval Ame- 3.4 Demografia ricana, instalada na região após a 2ª Guerra Mundial.

Pirâmide etária de Okinawa no dia 1 de outubro de 2003 (por 1000's pessoas) 3.7 Ver também População de Okinawa em divisão de idade e sexo no dia 1 de outubro de 2003 (a cada 1000 pessoas) • Batalha de Okinawa

• fonte: Japan Statistics Bureau (総務省統計局) • Lista de ilhas do Japão 62 CAPÍTULO 3. OKINAWA

3.8 Ligações externas

• (em inglês) Sítio oficial da província de Okinawa

• (em português) Relatos de Okinawa Informação Tu- rística de Okinawa Pelo Site da Web Capítulo 4

Budô

Budô (em japonês: 武道; lit. caminho marcial) são as 4.2 História artes ou caminhos marciais de origem japonesa. São considerados a versão moderna do antigo bujutsu (em O bujutsu era um conjunto de disciplinas marciais que japonês: 武術; lit. técnica marcial), as artes marciais tra- podiam ser treinadas apenas pelos bushi (ou samurais) vi- dicionais. sando seu uso em batalha. Alguns exemplos são: kenjutsu (técnica da espada), (técnica de desembainhar a espada), sojutsu (técnica da lança), kyujutsu (técnica do 4.1 Etimologia arco), (técnica da alabarda), (téc- nica suave), aikijujutsu (técnica suave com harmonização 4.1.1 Budô do ki), entre outros. O Ninjútsu era o conjunto das técnicas usadas pelos Budô é um composto da raiz bu (em japonês: 武: ぶ), que . Incluía táticas de guerrilha, guerra psicológica, significa a guerra ou as artes marciais, e do (em japonês: arte do disfarce, espionagem, combate corpo a corpo, etc. 道: どう), o caminho de sentido ou forma. Especifica- Durante a II Guerra Mundial, o Japão ensinou técnicas mente, Do é derivada do sânscrito marga budista (o que ninjas a espiões num centro de treinamento secreto.*[1] significa o “caminho”para a iluminação). O termo re- A partir do Xogunato Tokugawa (século XVII), com a mete à ideia de formulação de proposições, submetê-los à estabilização e pacificação do Japão, o bujutsu começa crítica filosófica e, em seguida, na sequência de um“ca- a perder sua importância como instrumento de guerra e minho”para realizá-los. Não significa um “modo de a ganhar uma conotação mais formadora e educacional. vida”. fazer no contexto japonês, é um termo experien- Após a restauração Meiji, que terminou com o Xogunato cial, experimental, no sentido de que a prática (o modo e a sociedade estratificada, a classe guerreira deixou de de vida) é a norma para verificar a validade da disciplina existir e, assim, nada mais restava das antigas circunstân- cultivada através de uma determinada forma de arte. O cias que sustentavam as tradicionais técnicas de guerra. budô moderno não tem nenhum inimigo externo, só o ini- Elas haviam perdido completamente seu propósito origi- migo interno, uma de ego que deve ser combatido (estado nal. de -Muga). Para preservar o patrimônio marcial japonês foram ne- cessárias mudanças para se conformar com os novos tem- 4.1.2 Budô e bujutsu pos. Uma das mudanças foi a dos objetivos. A nova fi- nalidade não poderia ser mais a guerra, já que boa parte Bujutsu é um composto de raízes bu (em japonês: 武) das técnicas, já naquela época, eram anacrônicas tendo e (em japonês: : じゅつ) que significa ciência, em vista os equipamentos e armamentos modernos. Ou- ofício, ou arte. O budô é mais freqüentemente traduzido tra mudança foi em relação ao público que tinha acesso como“o caminho da guerra”, ou“caminho marcial ", às antigas técnicas: os samurais já não existiam. “ ” enquanto bujutsu é traduzido como ciência da guerra A nova finalidade foi explicitar o caráter formador e edu- “ ” ou ofício marcial . No entanto ambos, budô e bujutsu, cacional em detrimento da busca pela eficiência letal. “ ” são utilizados com o termo arte marcial . Através do treino das técnicas se cultivaria corpo, mente e O budô e o bujutsu tem uma diferença bastante deli- espírito para o auto-desenvolvimento. E as técnicas esta- cada. Enquanto o bujutsu só dá atenção para a parte fí- vam abertas para toda a sociedade. Por essas razões, mui- sica de luta (a melhor maneira de derrotar um inimigo), tas técnicas foram adaptadas e algumas até eliminadas. o budô também dá atenção para a mente e como se deve Não deveriam ser mais, técnicas que visavam a guerra e desenvolver-se. O budô moderno usa aspectos do estilo a morte, exclusivas dos samurais, mas caminhos educa- de vida dos samurais do Japão feudal e os traduz para o cionais para o aperfeiçoamento humano que estavam ao auto-desenvolvimento na vida moderna. alcance de qualquer um. Esta é a origem do budô.

63 64 CAPÍTULO 4. BUDÔ

4.3 Alguns budô

O judô (柔道 - caminho suave) foi um dos primeiros budô modernos. Jigoro Kano percebeu o valor educacional do budô e, no caso dele, compilou diversos estilos de jujutsu e idealizou uma disciplina para o novo Japão. Seguindo este exemplo, vieram diversas outras como o kendô (剣道 - caminho da espada), o iaidô (居合道 - caminho de desembainhar a espada), o kyudo (⼸道 - caminho do arco), o naguinata-do (薙⼑道 - caminho da alabarda), o aikidô (合気道 - caminho da harmonização do ki), o karatê-dô (空⼿道 - caminho das mãos vazias) e assim por diante.

4.4 Ver também

• Kyusho-jitsu (arte dos pontos vitais) • Linha do tempo das artes marciais

• Lista de armas de artes marciais • Miyamoto Musashi (autor do Livro dos Cinco Anéis)

4.5 Referências

[1] Japan Daily Press - WWII Ninjas? Secret spy school taught skills to soldiers. 21 de Junho de 2012. Página acessada em 21/10/2013. Capítulo 5

Tao

Tao (em chinês: 道; Wade-Giles: tao; : dao) sig- tra ela, conseguimos fazer tudo o que é possível, com o nifica, traduzindo literalmente, o caminho, mas é um mínimo esforço. Porque acabamos por deixar as coisas conceito que só pode ser apreendido por intuição. O seguirem o seu curso natural. Não fazemos nada (clara- tao não é só um caminho físico e espiritual; é identi- mente por nossa vontade própria) mas nada fica por fazer. ficado com o absoluto que, por divisão, gerou os opos- tos/complementares yin e yang, a partir dos quais todas Na busca do conhecimento, todos os dias as“dez mil coisas”que existem no Universo foram cri- algo é adquirido, adas. Na busca do tao, todos os dias algo é deixado É um conceito muito antigo, adotado como princípio fun- para trás. damental do taoísmo, doutrina fundada por Lao Zi. E cada vez menos é feito até se atingir a perfeita não-ação. Quando nada é feito, nada fica por fazer. Domina-se o mundo deixando as coisas segui- 5.1 O tao é a espontaneidade natu- rem o seu curso. ral E não interferindo. Tao Te Ching (道德), Cap. 48 O conceito de tao é algo que só pode ser apreendido por Devemos agir de acordo com a nossa vontade apenas den- intuição. É algo muito simples, mas não pode ser expli- tro dos limites da nossa natureza e sem tentar fazer o que cado. É o que existe e o que inexiste. Só que nós temos vai para além dela. Devemos usar o que é naturalmente demasiados conceitos dentro da cabeça para o entender útil e fazer o que espontaneamente podemos fazer sem in- como um todo uno. terferir na nossa natureza. E não tentar fazer aquilo que O tao é o caminho da espontaneidade natural. É o que não podemos fazer ou tentar saber aquilo que não pode- produz todas as coisas que existem. O te (德, a virtude) mos saber. A felicidade é essa “não-ação” (無為, wu é o modo de caminhar espontâneo que dá às coisas a sua wei). perfeição. Para conseguirmos entender o curso natural das coisas e O tao não transcende o mundo; o tao é a totalidade da es- seguirmos o caminho temos que conseguir desaprender pontaneidade ou“naturalidade”de todas as coisas. Cada muitos conceitos. Para podermos desaprendê-los é pre- coisa é simplesmente o que é e faz. Por isso, o tao não ciso que antes os tenhamos aprendido. Mas temos que faz nada; não precisa de o fazer para que tudo o que deve passar a um estado muito parecido com o estado inicial ser feito seja feito. Mas, ao mesmo tempo, tudo que cada em que estávamos antes de o termos aprendido. coisa é e faz espontaneamente é o tao. Por isso, o tao “faz tudo ao fazer nada”. “O tao que pode ser expressado, não é o tao O tao produz as coisas e é o te que as sustenta. As coisas absoluto”. surgem espontaneamente e agem espontaneamente. Cada coisa tem o seu modo espontâneo e natural de ser. E todas Se abrirmos os olhos de repente, há um brevíssimo mo- as coisas são felizes desde que evoluam de acordo com a mento durante o qual o nosso cérebro ainda não analisou o sua natureza. São as modificações nas suas naturezas que que está a ver. Ainda não distinguiu as cores e as formas causam a dor e o sofrimento. nem descodificou o que se está a passar à nossa frente. Os taoistas procuram viver o mais perto possível desse estado. É uma renúncia à análise, sempre imperfeita, da 5.1.1 O modo de caminhar taoista realidade.

Se entendermos bem a natureza das coisas e conseguir- Trinta raios convergem para o meio de uma mos esquecer tudo o que aprendemos que tenta ir con- roda

65 66 CAPÍTULO 5. TAO

Mas é o buraco em que vai entrar o eixo que a torna útil. Molda-se o barro para fazer um vaso; É o espaço dentro dele que o torna útil. Fazem-se portas e janelas para um quarto; São os buracos que o tornam útil. Por isso, a vantagem do que está lá Assenta exclusivamente na utilidade do que lá não está. Tao Te Ching (道德), Cap. 11

5.2 Ver também

• Taoismo • Tau

• Te

5.3 Bibliografia

• Campos, António M. de. Tao Te King: Livro do Caminho e do Bom Caminhar. [S.l.]: Editora Reló- gio d'Água, 2010. (Tradução direta do chinês para o português, comentários, introdução à filosofia ta- oista)

• Lao Tse. [S.l.]: Editora Ordem do Graal na Terra. ISBN 85-7279-065-9

5.4 Ligações externas

• O tao é a espontaneidade natural • Glossário completo de caracteres do Tao Te King Capítulo 6

Niju kun

Niju kun (⼆⼗*?) são os vinte preceitos compilados gijutsu yori shinjutsu * pelo sensei . [1] 5. O espírito é mais importante do que a téc- nica.

6.1 História 六、心は放たん事を要す。

Os mestres do caratê sempre derem muito relevo ao com- kokoro wa hanatan koto o yōsu portamento de um carateca, haja vista que suas habili- 6. Evitar o descontrole do equilíbrio mental. dades trariam também grande responsabilidade pelo uso das mesmas. O mestre Funakoshi, também preocupado 七、禍は懈怠に生ず。 com esse aspecto, a exemplo de outras grandes mestres, compôs um código ético próprio.*[2] wazawai wa ketai ni shōzu 7. Os infortúnios são causados pela negligên- 6.2 Texto cia.

八、道場のみの空手と思うな。 一、空手は礼に初まり礼に終ることを忘るな。

dōjō nomi no karate to omou na karate wa rei ni hajimari rei ni owaru koto o wasuru na 8. O caratê não se limita apenas à academia. 1. Não se esqueça que o caratê deve iniciar 九、空手の修行は一生である。 com saudação e terminar com saudação.

karate no shūgyō wa isshō dearu 二、空手に先手無し。 9. O aprendizado do caratê deve ser perseguido durante toda a vida. karate ni sente nashi 2. No caratê não existe atitude ofensiva. 十、凡ゆるものを空手化せ其処に妙味あり。

三、空手は義の補け。 arayuru mono o karate kase soko ni myōmi ari 10. O caratê dará frutos quando associado à karate wa gi no tasuke vida cotidiana. 3. O caratê é um apoio da justiça. 十一、空手は湯の如く絶えず熱を与えざれば元の 水に返る。 四、先づ自己を知れ而して他を知れ。 karate wa yu no gotoku taezu netsu o ataezareba mazu jiko o shire shikoshite hoka o shire moto no mizu ni kaeru 4. Conheça a si próprio antes de julgar os ou- 11. O carate é como água quente. Se não re- tros. ceber calor constantemente, esfria.

五、技術より心術。 十二、勝つ考えは持つな、負けぬ考えは必要。

67 68 CAPÍTULO 6. NIJU KUN

katsu kangae wa motsu na, makenu kangae wa hit- 6.3 Referências suyō 12. Não pense em vencer, pense em não ser [1] Kobukan - Clube de Artes Marciais - Sensei Funa- vencido. koshi/Niju Kun. Visitado em 19.dez.2010. [2] SHOTOKAN International Shotokan Karate Federation 十三、敵に因って転化せよ。 (em inglês). Visitado em 23.fev.2011.

teki ni yotte tenka seyo 13. Mude de atitude conforme o adversário.

十四、戦は虚実の操縦如何にあり。

ikusa wa kyojitsu no sōjū ikan ni ari 14. A luta depende de como se usam os pontos fracos e fortes.

十五、人の手足を劔と思え。

hito no teashi o ken to omoe 15. Imagine que os membros de seus adversá- rios são como espadas.

十六、男子門を出づれば百万の敵あり。

danshi mon o izureba hyakuman no teki ari 16. Para cada homem que sai do seu portão, existem milhões de adversários.

十七、構えは初心者に、あとは自然体。

kamae wa shoshinsha ni, ato wa shizentai 17. No início, os movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se naturais.

十八、型は正しく、実戦は別もの。

kata wa tadashiku, jissen wa betsu mono 18. O treino das técnicas deve ser de acordo com o movimento correto, mas na aplicação torna-se diferente.

十九、力の強弱、体の伸縮、技の緩急を忘るな。

chikara no kyōjaku, karada no shinshuku, waza no kankyū o wasuru na 19. Não se esqueça de aplicar corretamente: (1) alta e baixa intensidade de força; (2) expan- são e contração corporal; (3) técnicas lentas e rápidas.

二十、常に思念工夫せよ。

tsune ni shinen kufū seyo 20. Estudar, praticar e aperfeiçoar-se sempre. Capítulo 7

Dojo

Dojo (道場, sítio do caminho *?, Dōjō) é o local onde se afasta as energias negativas e ajuda na harmonia entre o treinam artes marciais japonesas. Muito mais do que uma corpo e a mente. simples área, o dojo deve ser respeitado como se fosse a Exemplos de artes marciais que adotam o conceito de casa dos praticantes. Por isso, é comum ver o praticante dojo em suas academias: fazendo uma reverência antes de adentrar, tal como se faz nos lares japoneses. • Morganti Ju-jitsu O termo foi emprestado do Zen Budismo, significando lugar de iluminação, onde os monges praticavam a medi- • tação, a concentração, a respiração, os exercícios físicos e outros mais. Decompondo-se a nos kanjis, ver-se-á que • Koryu «dō» quer dizer «caminho», «estrada» ou «trilha» (sen- tido espiritual), e «jō», «lugar», «espaço físico», «sítio». • Kendo Costuma-se referir a um academia de judô, aiquidô, • caratê etc. como um dojô, mas se trata de coisas distintas. Kyudo A palavra «dojô» somente se refere ao espaço físico onde • Aikido se desenvolve o treino de uma arte marcial japonesa, en- quanto academia se refere ao sítio onde se pratica alguma • Judô modalidade esportiva, ou não. Logo, «dojô» é o lugar * onde se pratica o «caminho de uma arte marcial» [1]. • Jiu-Jitsu Isto quer dizer que um pintor alcança a felicidade pin- tando, um médico realizando cirurgias e um budoca pra- • Ninjutsu ticando uma arte do budo*[2]. • Caratê

• Kobudo 7.1 Curiosidades

Antigamente no Japão, havia uma tradição que consistia 7.2 Desenvolvimento de Software em desafiar uma academia (no caso o dojo). Caso a aca- demia perdesse, o visitante poderia levar a placa na qual Outra curiosidade é o uso do termo Dojo em desenvolvi- estava escrito o nome do dojo como recompensa. mento de software. O Dojo representa o lugar de um en- Uma das maiores curiosidades de todas é por que antes contro de desenvolvedores, buscando exercitar boas prá- de entrar no dojo é preciso fazer uma reverencia. Assim ticas de desenvolvimento e absorvendo a visão de desen- como a casa do praticante deve ser respeitada, o dojo tam- volvimento como uma arte. bém tem que ser, pois é um lugar onde o praticante vai para se concentrar e limpar sua mente. Em um dojo é normal o praticante sempre meditar an- 7.3 Referências tes de começar a praticar, pois acredita-se que se limpa a mente e esquecem-se todas as preocupações e frustra- [1] O QUE SIGNIFICA DOJO (em português). Visitado em ções e entra-se em harmonia com o seu corpo e também 22.fev.2011. aprender a se controlar, não só o corpo como sua res- piração e sua mente. Também é muito normal no dojo [2] Filosofia do Karatê-do (em português). Visitado em acender um incenso, pois na cultura japonesa se diz que 22.fev.2011.

69 70 CAPÍTULO 7. DOJO

7.4 Ver também

• Dojang • Dojo yaburi

• Dojo Caruaru • Coding Dojo Capítulo 8

Kata (artes marciais)

Kata (型 ou 形, forma*?) é um conjunto de movimen- 8.1 Referências tos de ataque e defesa e está presente nas mais diversas artes marciais japonesas*[1], realizados em conjunto ou [1] AIKIDO - The Peaceful Martial Art (em inglês). Visitado individualmente. O significado mor é “forma”, mas em 23 de Agosto de 2010. que adquire conotações diversas, dependendo da arte em questão. [2] Karatê Wado-Ryu - Katas (em português). Visitado em 23 de Agosto de 2010. No caratê, descreve uma simulação de combate detalhada de movimentos, que é praticada índividualmente ou em [3] Encyclopedia of Aikido (KATA) (em inglês). Visitado em equipe. Antes de executá-lo, o praticante deve passar por 1 de Dezembro de 2010. uma prática de técnicas fundamentais, os kihons; ao que, antes da popularização, era referenciado como “balé da morte”, termo que bem descreve sua natureza. A depen- 8.2 Bibliografia der do estilo, há variações de um mesmo kata*[2]. Em judô, diz-se que um conjunto de técnicas funda- BULL, Wagner J. Aikidô, o caminho da sabedoria: a mentais, para transmitir uma técnica, como nage-no-kata técnica. São Paulo: Pensamento, 2003 (formas de projeção), katame-no-kata (formas de domí- MARWOOD, Desmond. : iniciación y perfeccio- nio no solo) ou kime-no-kata (técnicas de combate real). namiento. Badalona: Paidotribo, 1995. Também se diz que o escopo dos katas é revelar o ver- VIEIRA, Silvia. FREITAS, Armando. O que é judô: dadeiro espírito pacifista da arte e, bem assim, sua finali- histórias, regras e curiosidades. : Casa da dade. De igual formal, no aiquidô, que é um descendente Palavra, 2007. do jiu-jitsu tradicional, representa uma série de movi- mentos pré-definidos, mas com a peculiaridade de quase sempre utilizar bastão ou espada, em que um praticante ataca e outro defende*[3]. 8.3 Ver também Em qualquer arte marcial, a simulação inserta num kata • representa uma sequência de movimentos, ataque e de- Katas do aiquidô fesa numa luta imaginária. Cada ataque deve ser execu- • Katas do caratê tado como se o oponente estivesse em sua frente, para atingi-lo, e cada defesa deve ser executada como se o ad- • Katas do judô versário estivesse mesmo a atacá-lo, em uma situação real • de perigo. Cada movimento tem sua interpretação, de- Katas do kobudô vendo ser respeitado seu tempo e aplicação. O objetivo do kata é ajudar no desenvolvimento das apti- dões psicológicas e físicas necessárias para o verdadeiro combate. Além do mais, o kata faz com que uma pessoa tenha do- mínio da luta, ou seja, ela controla o espaço entre si e seu adversário. Os kata, quando foram desenvolvidos, ti- verem como modelo principal os movimentos que certos mestres tiveram que usar em situações reais de perigos contra dois ou mais adversários.

71 Capítulo 9

Kihon

Kihon (基本 ou きほん, básico, fundamental*?), nas • Kihon 02 - Posição do pé com movimento; artes marciais japonesas, refere-se normalmente às técni- • cas básicas, consideradas princípios fundamentais, como Kihon 03 - Ataque e defesa simples (avança, vira e o kendo, aikido e karate. volta); O conteúdo dos treinos são compostos atualmente de re- • Kihon 04 - Técnica de Shiai-Kumite; petições das técnicas, reduzidas neste contexto, àqueles • movimentos de aprendizado mais natural: as sessões com Kihon 05 - Ataque e defesa, conjuntos resumidos (4, práticas de kihons permitem até ao praticante inicial de 5 e 7 maneiras); uma arte marcial melhorar a velocidade e a potência de • Kihon 06 - Ataque e defesa com contra golpe (Kihon suas técnicas, junto com a correção da respiração, dos de Ippon Yakussoku-Kumite); movimentos de pés e da postura.*[1] • Kihon 07 - Ataque duplo e defesa dupla; 9.1 Aiquidô • Kihon 08 - Ataque triplo e defesa com contra golpes (Kihon especial);

No aiquidô*[a], a despeito de o termo kihon ter signi- • Kihon 09 - Taissabaki (esquiva); ficância peculiar, também refere-se a movimentos bási- • cos, havendo varidos sistemas, dependendo do “estilo” Kihon 10 - Sanbon-Kumite; * . [2] Geralmente, começa o aprendizado com as posturas • Kihon 11 - Ataque completo; e deslocamentos. • Kihon 12 - Shiko-Kogueki (ataque quatro lados) e Shiho-Uke (defesa quatro lados com contra golpe);

9.2 Karatê-Do • Kihon 13 - Tobi-Gueri e defesa com adversário;

Os kihons são movimentos de defesa e ataque praticados • Kihon 14 - Técnica de ataque com adversário; pelo Karateca, na formação da estrutura básica da pos- • Kihon 15 - Treinamento de firmeza, fortalecimento tura, bem como na execução de seus movimentos. Podem da asa e calejamento de antebraços e abdome; ser aplicados parado ou em movimento (andando).*[3] São utilizados nomes em japonês que associados ao kihon • Kihon 16 - Ukemi e Chugaeri (cambalhota); definem o número de repetições dos movimentos. Por exemplo: kihon go ho - são 5 repetições do kihon; kihon • Kihon 17 - Aiuchi (arrancada, velocidade, Kime e san - são 3 repetições do kihon. Há ainda o kihon parado controle); (kihon sonoba). Muito utilizado para o fortalecimento da • postura do praticante da arte marcial.*[4]. No caratê do Kihon 18 - Yobiashi e Hikiashi em Nekoashi-Dachi estilo Seigokan, Kihon é o nome do primeiro kata, que se e Shiko-Dachi; aprende ainda na faixa branca. • Kihon 19 - Kihon do Mestre Chibana;

• Kihon 20 - Exame para faixa preta da União Shorin- 9.2.1 Shorin-ryu Ryu Karate-Do Brasil;

Os 26 kihon praticados como seqüências de exercícios de • Kihon 21 - Arranque para Kumite; ataque e defesa pelo estilo Shorin-ryu são: • Kihon 22 - Base resumida em conjunto;

• Kihon 01 - Ataque e defesa simples; • Kihon 23 - Técnica de aproximação;

72 9.4. REFERÊNCIAS 73

• Kihon 24 - Base mista; [2] Grupo Nova Era de Aikido Forum • Ver Tópico - Ai- kidô Técnicas Básicas – Kihon Wasa. Visitado em • Kihon 25 - Várias defesas duplas, e; 14.dez.2010.

• Kihon 26 - Defesa Pessoal; Técnicas de saída de [3] Kyokushin Kai - Karate Kyokushin Oyama - Treino Bá- Agarramento. sico (Kihon Gueiko). [4] Princípios. Visitado em 21.nov.2010.

9.2.2 Aspectos Aprimorados [5] aiquidô significado aiquidô tradução Dicionário. Visitado em 14.dez.2010.. O carateca deve praticar Kihon pensando em:

• Forma - O equilíbrio e a estabilidade são necessários para as técnicas básicas. Os movimentos de Karate implicam a mudança constante do centro de gravi- dade corporal exigindo bom equilíbrio e um bom controle do corpo.

• Força e velocidade- A força se acumula com a velo- cidade. A potência do kime numa técnica básica de karate se origina pela concentração máxima de ener- gia no momento do impacto e isto depende muito da velocidade com que se produz a ação.

• Concentração e relaxação da força - O maior nível de potência vem de concentrar a energia de todas as partes do corpo no objetivo.

• Aumento da energia muscular - O fortalecimento dos músculos requer um adestramento constante.

• Ritmo e coordenação - Em qualquer esporte a atua- ção de um bom atleta é muito rítmica sempre. Ad- quirir sentido do ritmo e do tempo é uma forma ex- celente de progredir na arte do Karate-do.

• Utilização dos quadris - O movimento dos quadris joga um papel fundamental na execução das diver- sas técnicas de Karate-do. A rotação dos quadris dá força à parte superior do corpo ajudando-nos assim a realizar murros e bloqueios com mais força.

• Respiração - O karateka deve combinar perfeita- mente sua respiração com a execução das técni- cas. Respirar adequadamente aumenta a habilidade do karateka para relaxar-se e concentrar a máxima força em suas técnicas.

9.3 Notas

*[a] ^ O termo “aiquidô" é a forma diciona- rizada da língua portuguesa; a forma“aikido” é em romaji.*[5]

9.4 Referências

[1] Kihon. Visitado em 20.nov.2010. Capítulo 10

Aikido

Aikido ou aiquidô*[1]*[a] (em japonês: 合気道, aikidō) o monge Onisaburo Deguchi, líder da seita -kyo, é uma arte marcial japonesa desenvolvida pelo mestre no Japão, a quem, depois de um encontro fortuito, passou (1883-1969), aproximadamente entre a seguir e ser protetor pessoal.*[9] os anos de 1930 e 1960,*[2] como um compêndio dos Após várias décadas, a unidade da arte marcial manteve- seus estudos marciais, filosofia e crenças religiosas. O ai- se quase intacta, permanecendo sob a conduta dos seus kido é, frequentemente, traduzido como “o caminho da sucessores naturais, Kisshomaru Ueshiba (1921-1999) e * “ unificação (com) da energia da vida", [3] ou o cami- Moriteru Ueshiba (1951). Todavia, isto não impediu que ”* nho do espírito harmonioso . [4] O objetivo de Ueshiba outras entidades surgissem, cada qual com uma proposta era criar uma arte em que os seus praticantes pudessem e uma obrigação particular sobre a modalidade. Porém, defender-se a si próprios a partir do ataque adversário. O ao praticante realmente comprometido, resta a consciên- cerne desta arte marcial orbita em torno do uso pragmá- cia de sua origem.*[10] Estudantes seniores de Ueshiba tico da energia num combate, no controlo desse fluxo. Os possuem diferentes enfoques sobre o aikido, dependendo praticantes desta arte respeitosamente chamam seu cria- parcialmente do momento da sua aprendizagem com o dor de O-Sensei (“Grande Mestre”), ou “fundador” * mestre. Hoje em dia, o aikido pode ser encontrado em . [5] todo o mundo em vários estilos, com amplas interpreta- O aikido é exercido através da combinação de movimen- ções. No entanto, todos eles possuem o conhecimento tos atacantes, redirecionando a força adversária, ao in- adquirido a partir de Ueshiba em que a preocupação com vés de combatê-la diretamente. Isto requer uma reduzida o bem-estar do oponente deve ser considerada. força física, uma vez que o aikidōka (praticante de ai- kido) conduz o impulso atacante dando entrada ao ataque a partir da transformação dos movimentos rivais. As téc- 10.1 Etimologia e filosofia nicas são complementadas com várias projecções, torções e contusões comuns.*[6] A palavra“aikidō" é formada por três ideogramas kanji: Ueshiba concebeu o aiquidô a partir da sua experiên- cia com dezenas de artes marciais, mas, principalmente, • 合 ̶ai ̶unido, unificado, combinado, ajuste baseando-se no estilo da escola vetusta do daito-ryu aiki- • jujutsu, com sensei Sokaku Takeda, ao qual incorporou 気 ̶ki ̶espírito, energia, clima, ânimo, moral técnicas do kenjutsu (técnica da espada) e do jojutsu (téc- • 道 ̶dō ̶sentido, trajecto, caminho nica do bastão curto). Em 1920, o aikido divergiu-se desse estilo, em parte devido ao envolvimento de Ueshiba * O termo "aiki" não é comummente empregue na língua com a religião Ōmoto-kyō. [7] Noutra mão, a despeito japonesa. Isso originou inúmeras interpretações possí- da origem guerreira, o carácter distintivo reside do modo veis da palavra. O ideograma 合 é usado principalmente preciso em não se opor ao adversário, mas, antes de mais, em compostos que significam “combinar, unir, juntar, envolvê-lo e utilizar de sua própria agressividade e ener- reunir”. Como por exemplo 合同 (combinado/unido); gia. E, conforme o nome da arte sugere, toda sua prática 合成 (composição); 結合 (unir/combinar/juntar); 連合 está intimamente relacionada ao conceito de ki, uma ener- (união/aliança/associação); 統合 (combinar/unificar); e gia natural que flui no corpo humano: o aikido extrapola 合意 (acordo mútuo). Existe uma ideia de reciprocidade, e faz do controle/harmonização do ki a sua mola mestra, 知り合う (para se conhecer um ao outro); 話し合い isso claro no estudo do princípio do aiki (relacionado ao (falar/discussão/negociação); e 待ち合わせる (conhe- kiai), que tem estado presente nas mais diversas disci- cer por marcação/hora marcada). plinas orientais, o qual pretende resolver uma deficiência não pelo choque mas pela concórdia.*[8] Outro impor- O ideograma 気 é muitas vezes utilizado para expressar tante atributo desta arte é seu apego ao desenvolvimento um sentimento, tal como em 気がする (“eu sinto”, espiritual. Isso advindo dum dos mentores de Ueshiba, em termos de pensamento, mas com um menor racio- cínio cognitivo); 気持ち (sentimento/sensação); e 気分

74 10.2. HISTÓRIA 75

(ânimo/mural). Este carácter é empregue para designar Em 1912, Ueshiba mudou-se para Hokkaido, uma ilha energia ou força, como em 電気 (electricidade) e 磁気 setentrional e bastante inóspita do arquipélago nipónico, (magnetismo). como cabeça de um grupo colonizadores e aventureiros. O termo dō está também presente noutras artes marci- Por volta de 1915, Ueshiba encontrou-se na ilha com o ais como no jūdō, kendō, assim como em artes marciais mestre guerreiro do clã homónimo, Sokaku Takeda. Este mais pacíficas como em shodō (caligrafia japonesa), kadō foi considerado o último representante da arte marcial, à (arranjos florais) e chadō ou sadō (cerimónia do chá). época conhecida como daitō-ryū aiki-jūjutsu. Uma arte um tanto obscura, pois era praticada segundo o sistema Portanto, a partir de um ponto de vista puramente linguís- hereditário dos clãs samurai. Desde o encontro, Ueshiba tico,“aikidō" significa“o caminho de combinar forças” passou a treinar com Sokaku Takeda. A sua associa- . O termo aiki refere-se ao principio ou táctica das ar- ção oficial com daitō-ryū prevaleceu até 1937.*[14] Du- tes marciais de desagregar movimentos atacantes, com o rante a última metade desse período, Ueshiba começou propósito de controlar as acções do oponente, utilizando a distanciar-se de Takeda assim como da escola daitō- o mínimo de força possível.*[11] Praticar o aiki, passa ryū. Naquela época, ainda na sua fase embrionária, a arte por compreender o ritmo e a intenção do atacante e en- marcial de Ueshiba era denominada de "aiki budō". Não contrar a posição e o tempo ideais para aplicar a técnica existe certezas sobre quando Ueshiba começou a utilizar contrária ao ataque. Isto é muito semelhante aos princí- o nome “aikido”, contudo esta denominação foi ofici- pios expressos por Kanō Jigorō, o fundador do jūdō. alizada em 1942, quando a Grande Casa das Excelências Marciais do Japão (Dai Nippon Butoku Kai) estava en- volvida com uma reorganização e centralização de artes 10.2 História marciais japonesas, subvencionada pelo governo.*[6]

O aikido foi criado por Morihei Ueshiba.*[12] Ueshiba imaginou o aikido não apenas como uma síntese do seu treino marcial que foi desenvolvendo durante vários anos, mas como uma expressão pessoal da sua filosofia sobre a paz universal e reconciliação. Durante a vida de Ueshiba 10.2.2 Influências religiosas e prolongando-se até à actualidade, o aikido evoluiu a par- tir do conceito do "aiki" que Ueshiba havia estudado atra- vés de várias expressões artísticas marciais provenientes Na segunda metade da década de 1920, retornando de várias regiões por todo o mundo.*[13] à terra natal, Ueshiba conheceu e foi profundamente influenciado por Onisaburo Deguchi, líder espiritual da religião Ōmoto-kyō (um movimento neo-xintoísta) 10.2.1 Desenvolvimento inicial em Ayabe.*[16] Uma das características principais da Ōmoto-kyō baseia-se na consecução da utopia durante Ueshiba desenvolveu primeiramente o aikido a partir de uma vida. Esta foi, portanto, uma influência de signi- finais de 1920 até à década de 1930, através de conhe- ficante importância sobre a filosofia das artes marciais cimentos adquiridos de diversos estilos antigos de ar- de Ueshiba, de amor e compaixão principalmente para tes marciais que havia estudado.*[14] A essência da arte aqueles cujo o ódio é o seu principal infortúnio. O aikido marcial da qual o aikido deriva, provém do daitō-ryū aiki- evidencia essa filosofia numa essência apurada através da jūjutsu, uma arte marcial japonesa que Ueshiba teria estu- masterização das artes marciais, para que seja possível dado sob a orientação directa do mestre Sokaku Takeda, auferir um ataque e redirecciona-lo inofensivamente em o restaurador desta arte. Adicionalmente, Ueshiba é re- sentido oposto. Esse aspecto religioso, combinado com conhecido por ter estudado em escolas tradicionais japo- treino e com suas algumas correntes ideológicas e políti- nesas como Tenjin shinyō-ryū (em japonês: 天神真 cas, criou a cércea na qual uma nova arte marcial emergiu. 流), com Tozawa Tokusaburō, em Tóquio, 1901; Gotōha Pode-se afirmar que o aikido surgiu de um processo de Yagyū Shingan-ryū com Masakatsu Nakai em Sakai en- evolução pessoal, o qual ficou marcado como paradigma tre 1903-1908; e judo com Takagi Kiyoichi (⾼⽊喜代 a ser seguido pelos aikidōka.*[17] Em suma, o aikidōka ⼦) em Tanabe, em 1911.*[15] é não só um defensor como um atacante, saindo ileso da * O estilo da escola daitō-ryū é a principal influência téc- investida adversária. [18] nica do aikido. Juntamente com técnicas de mãos li- Para além do resultado do seu crescimento espiritual, a vres, com bloqueios e chaves a articulações, o Ueshiba in- relação com Deguchi proporcionou a Ueshiba a entrada corporou técnicas baseadas na utilização de armas como para os círculos da elite política e militar enquanto um a lança (), luta da vara (Jō) e possivelmente com a mestre de artes marciais. Como desfecho dessa admi- baioneta (銃剣). No entanto, e apesar de todas estas in- rada exibição, Ueshiba foi capaz de atrair não só apoio fluências marciais, a técnica do aikido possui uma estru- financeiro, mas também alunos com capacidades distin- tura com fortes traços da arte marcial de combate com tas. Vários desses alunos foram capazes de definir os seus espada, designada de kenjutsu (剣術*?).*[4] próprios estilos de aikido.*[19] 76 CAPÍTULO 10. AIKIDO

10.2.3 Divulgação internacional do Hombu Dōjō, em 1974. Tohei abandonou o dojo após um desentendimento com o filho do fundador, Durante o estabelecimento de sua escola, mestre Ueshiba Kisshomaru Ueshiba, que na época administrava a Fun- manteve contacto com diversos mestres, das mais varia- dação Aikikai. A desavença ocorreu sobre o caminho das escolas e estilos de artes marciais. Em 1951, esta apropriado para o desenvolvimento do ki nos treinos re- arte marcial japonesa começou a ser difundida em todo gulares de aikido. Depois de Tohei deixar a instituição, o mundo por Minoru Mochizuki, quando este viajou até este fundou o seu próprio estilo, designado de Shin Shin França, onde introduziu técnicas de aikido em escolas de Toitsu Aikido, o qual é governado pela organização Ki judo.*[20] No entanto, foi Tadashi Abe que a partir de Society (Ki no Kenkyukai).*[24] O último grande estilo 1952 deu continuidade ao ensino desta arte marcial no evoluiu da aposentadoria de Ueshiba em Iwama, Ibaraki, ocidente. Tadashi permaneceu na França por sete anos, cujo a metodologia de ensino a longo prazo foi da autoria e tornou-se no representante oficial da sede da fundação de Morishiro Saito. Este estilo é oficialmente conhecido Aikikai Hombu, uma organização que agrupa várias ins- por "estilo Iwama", e até certo ponto, um reduzido nú- tituições de aikido. O professor Kenji Tomiki, funda- mero de seguidores formaram uma pequena rede de esco- dor do estilo japonês Aikidō Shōdōkan, viajou com uma las as quais denominaram Iwama Ryu. Apesar dos prati- declaração a várias artes marciais através de quinze es- cantes do estilo Iwama conservarem o aikido após a morte tados continentais dos Estados Unidos, em 1953.*[19] de Saito em 2002, os seguidores do mestre dividiram-se Mais tarde, no mesmo ano, foi enviado em dois grupos. Um deles permaneceu com a Funda- pelo dojo Aikikai Hombu para o Havaí, onde permaneceu ção Aikikai enquanto que o outro formou uma associação durante um ano, estabelecendo inúmeros dojo.*[21] Se- independente, a Shinshin Aikishuren Kai em 2004 ba- guido por outras numerosas visitas, este foi considerado seada nos conhecimentos do filho de Morihiro, Hitohiro o ponto da introdução formal do aikido nos Estados Uni- Saito.*[19] dos.O Reino Unido, foi o destino subsequente em 1955, Hoje em dia, os principais estilos de aikido lutam indi- seguido da Itália em 1964 por Hiroshi Tada e Alemanha vidualmente por uma organização independente do go- por Katsuaki Asai em 1965. Seiichi Sugano foi nome- verno, e possuem uma sede própria no Japão designada ado para apresentar o aikido à Austrália em 1965. Hoje de Aikikai Hombu Dōjō, a qual direcciona e coordena as em dia, existem escolas de aikido operantes em todo o regras do estilo Aikikai, servindo como base para as várias mundo. Através do famoso ator americano Steven Sea- associações nacionais espalhadas pelo mundo.*[19] gal, o aikido foi exibido em vários filmes de Hollywood na década de 1990. Estilos de aikido

10.2.4 Proliferação de organizações inde- Conforme sucedeu com outras artes marciais japonesas, pendentes depois que o fundador faleceu (sendo a figura unifica- dora), fatores internos levaram à fragmentação da moda- lidade e, assim, hoje a arte possui algumas ramificações, A maior organização de aikido actualmente existente é a a maioria criados por antigos alunos de O-Sensei. Por ou- Fundação Aikikai, que permanece sob o controle da fa- tro lado, alguns apontam que o aiquidô não possui estilos mília Ueshiba. Apesar de tudo, a divulgação desta arte verdadeiros, eis que o próprio Fundador admitia que os marcial pelo mundo, teve como consequência o apare- instrutores ensinassem conforme seu entendimento. cimento de vários estilos, os quais foram maioritaria- mente desenvolvidos pelos principais estudantes de Mo- rihei Ueshiba.*[19] Aikikai O aikikai' está relacionado à Fundação Aikikai Os primeiros estilos independentes que tiveram signifi- no Japão encabeçada pelo Dōshu Moriteru Ueshiba, neto cante repercussão foram o Yoseikan Aikido, iniciado por do fundador. Em caráter global, o estilo é representado Minoru Mochizuki, em 1931; o Aikido Yoshinkan fun- pela Federação Internacional de Aikido (IAF). Diferen- dado por Gōzō Shioda em 1955;*[22] e o Aikido Sho- temente de outras escolas, no Aikikai cada mestre busca dokan, desenvolvido por Kenji Tomiki em 1967.*[23] O sua própria interpretação do aiquidô. Isso reflete em uma aparecimento destes estilos ocorreram durante a vida de grande diversidade técnica dentro da organização, do“es- Ueshiba, algo que não ocasionou em grandes conflitos tilo”. De qualquer maneira, a técnica é sempre fluida e quando foram formalizados enquanto disciplinas perten- não há competições de nenhuma forma. centes ao aikido. Contudo, o Aikido Shodokan originou algumas controvérsias uma vez que introduziu uma regra Iwama Ryu O estilo Iwama, também conhecido por única de competição que alguns“aikidokas”encararam * Iwama-ryu ou Iwama Juku, é um nome informal para o com algo contrário ao espírito do aikido. [19] estilo de aiquidô ensinado por Morihei Ueshiba no dojo Após a morte de Ueshiba, em 1969, mais dois estilo de Iwama. É comumente utilizado para descrever o estilo de aikido emergiram. A principal controvérsia até aqui praticado por , um dos discípulos que estu- originada ocorreu após a saída do mestre Koichi Tohei dou por mais tempo diretamente com O-Sensei (de 1946 10.3. TREINO 77

até 1969). O estilo de Iwama inclui um estudo combinado consistem em projeções e/ou arremessos, onde a aprendi- do aiki-jo (bastão), do aiki-ken (espada) e do tai-jutsu zagem de métodos de queda são essenciais ao praticante. (técnicas de mãos livres). Podemos encontrar pratican- As técnicas específicas de ataque incluem tanto golpes de tes do Iwama-ryu dentro e fora da fundação Aikikai. A punho como em garra, já as técnicas de defesa consistem maior organização independente do estilo é a Iwama Shin em projecções, desvios e torções/contusões das articula- Shin Aiki Shurenkai, encabeçada por Hitohiro Saito, fi- ções do adversário.*[26] lho de Morihiro Saito. 10.3.1 Aptidão Shin Shin Toitsu Aikido Também conhecido por Ki- Aikido, o Shin Shin Aikido Toitsu foi desenvolvido por Os objetivos do treino físico prosseguidos em conjunto Koichi Tohei com base em estudos realizados com o mes- com o aikido incluem o controle da técnica de relaxa- tre Tempu (fundador do Shin Shin Toitsu Do, mento, da resistência e exercícios de preparação para ou “caminho da unificação mente-corpo”). Este sis- flexibilidade, não sendo enfatizados ensaios com foco ao tema peculiar é caracterizado por técnicas muito subtis e treinamento de força. No aikido, os movimentos de em- fluídas, com ênfase no desenvolvimento da energia (ki). purrar e alongar são frequentemente utilizados em detri- mento de movimentos de contração como puxar o opo- nente. Esta característica pode ser aplicada aos treinos Aikido Shodokan O estilo Shodokan, também conhe- gerais sobre a aptidão física do praticante de aikido.*[4] cido por Tomiki Aikido, foi fundado pelo mestre Kenji Tomiki. É o único estilo que permite a competição, sendo Nesta arte marcial, diversos músculos são trabalhados, uma mistura da forma original com o método de ensino dada a enorme diversidade das técnicas de aikido, me- do judo moderno. Incorpora várias formas de desequilí- lhorando o tónus muscular. Trata-se de uma disciplina brio, esquiva, golpes, torções, arremessos, rolamentos e que aborda todo um processo educacional para o ades- giros no seu repertório técnico. Ele ensina desde técnicas tramento da mente, corpo e espírito. O treino de aikido tradicionais até técnicas desenvolvidas para o meio com- enfatiza a utilização coordenada de movimentos de todo petitivo. O Shodokan engloba kata, treino livre, compe- o corpo, assim como do equilíbrio semelhante ao ioga ou tição e defesa pessoal. A participação em competições pilates. A maioria dos dojo inicia as aulas com exercí- * não é obrigatória.*[25] cios de aquecimento (準備体操, junbi taisō ?) os quais podem fazer parte os alongamentos e ukemi.*[27]

Yoshinkan Fundado por Gozo Shioda, o Aikido Yoshin- kan possui ênfase na eficiência em combate devido à qual 10.3.2 Funções de uke e nage é frequentemente visto como um estilo duro (hard style) em alternativa aos estilos concentrados na fluidez, esté- O treino de aikido fundamenta-se principalmente na apli- tica e espiritualidade. É ensinado à polícia municipal de cação de dois parceiros que pratica movimentos pré- Tóquio. determinados (Kata). O padrão base consiste em sequên- cias de movimentos atacantes por parte do uke (受け, "[corpo] receptor”*?), o receptor da técnica, que inicia Shin'ei Taido O Shin'ei Taido ou Noriaki Inoue, foi cri- um ataque contra a pessoa que aplica a técnica - o tori ado pelo sobrinho do fundador do aikido, o sensei Noriaki (取り, “agarrador”*?) ou shite (仕⼿, “executante” (Yoichiro) Inoue (1902-1994). *?) (dependendo do estilo do aikido), também referido como 投げ (nage,“atirador”*?) (quando se aplica uma técnica de arremesso), que neutraliza o ataque com uma Korindo O Aikido Korindo foi criado por Minoru Hirai, técnica de aikido.*[28] antigo discípulo do fundador no Aikikai Hombu Dojo em Tóquio. Este mestre foi também o responsável pela cria- Tanto o uke como o nage são considerados elementos es- ção do nome da arte marcial, quando em 1942 foi dele- senciais para a prática do aikido. Ambos estudam os prin- gado da instituição perante o Butoku-kai. cípios do aikido de harmonia e adaptação. O nage deve compreender combinações sobre o controle da energia de ataque, enquanto o uke aprende atributos como sereni- dade e flexibilidade em situações desvantajosas, em po- 10.3 Treino sições instáveis de desequilíbrio comparativamente com o seu oponente. Esta“recepção”da técnica é designada No aikido, assim como em praticamente todas as artes de ukemi.*[28] O uke procura continuamente a tomada marciais japonesas, o treino é baseado em aspectos fí- de posição para o ataque, abordando pontos vulneráveis sicos e mentais. O treino físico no aikido é diversifi- do nage. Este por sua vez utiliza a posição e o momento cado, abrangendo tanto a aptidão e condição física, como adequado para manter o uke em desequilíbrio e vulnerá- preparação e ensaios de técnicas específicas da modali- vel ao ataque contrário. Em treinos de nível avançado, o dade.*[26] A maioria dos exercícios técnicos do aikido uke, aplica por vezes técnicas de reversão (kaeshi-waza, 78 CAPÍTULO 10. AIKIDO

し技*?) para recuperar o equilíbrio e prender ou arre- cura desenvolver sentimentos de fraternidade e coopera- messar o nage.*[29] ção. Baseia-se em movimentos fluidos e circulares. Além Ukemi (受⾝*?) refere-se ao ato de receber uma técnica. das técnicas de mãos vazias, os treinos também podem Um uekemi envolve total atenção da técnica, do parceiro incluir armas: ou bokutô (espada de madeira), jô e do ambiente imediato onde o praticante se insere - é (bastão curto) e tanken ou tantô (faca de madeira). um ativo e não um passivo na recepção da técnica. A queda em si é parte integrante do aikido, e é uma forma • Em combate, não há o costume de recuar. do profissional auferir, com segurança, o que seria um • ataque devastador de arremesso ou impacto.*[29] Se o adversário puxa o aiquidoca, este o empura e logo o gira.

• Se o adversário avança, o aiquidoca o gira e tão logo 10.3.3 Ataques básicos o puxa.

As técnicas do aikido são normalmente movimentos de- • Se especializa em torções dos membros superiores, fensivos sobre o ataque. Isto requer um conhecimento bem como mãos e dedos, além de desequilíbrios. alargado sobre vários movimentos atacantes por forma a que o parceiro de treino pratique habilmente esta dis- Na sua teoria espiritual, parte fundamental da luta, o ai- ciplina. Apesar dos ataques não serem estudados tanto quidô busca a harmonia dos seres com uma energia uni- quanto nas artes em que o foco principal são os golpes versal chamada ki, comum às práticas zen e à ioga. Este ofensivos ou imobilizações, no aikido é necessário apren- termo não tem uma tradução estrita para o português, po- der correta e eficazmente a aplicação da técnica sobre os dendo denotar diversos conceitos: respiração, sopro vital, mais variados tipos de ataque. espírito, energia ou intenção (nas imagens quem está apli- O repertório técnico da modalidade é baseado no koryu cando a técnica é denominado tori ou nage e quem sofre daito-ryu, de luta desarmada. A despeito disto, a técnica a aplicação é chamado uke). fundamenta-se nos movimentos ideais da manipulação da katana ou outro tipo de arma.*[4] Assim cada muitos dos movimentos atacantes (打ち, uchi*?) do aikido, seja de 10.4.2 Etiqueta punho ou deslocamentos e projeções, possuem um cor- respondente realizado com a espada ou faca.*[30] Outras O motivo pelo qual se usa a calça reside no fato técnicas como socos (tsuki), possuem características se- de que por suas sete pregas tem-se a representação das melhantes a ataques ofensivos com a utilização de uma sete virtudes do samurai, das quais uma é a etiqueta (res- faca ou espada. Os pontapés reservam-se a variantes de peito), pelo que um aiquidoca deve dar muita atenção à nível superior. Isto deve-se à gravidade dos golpes de etiqueta, principalmente dentro de um dojô. pernas e consequentes lesões a que os praticantes estão O atual Doshu (Do= caminho; Shu= mestre), Moriteru sujeitos. Com isto, durante o Japão feudal, os chutes (em Ueshiba, pratica o Cha No Yu (cerimônia do chá), que é particular chutes altos) eram impraticáveis na maioria das em essência a prática da etiqueta. competições. Cada dojô tem suas peculiaridades sobre etiquetas e pro- tocolos, mesmo no Japão, mas alguns comportamentos são mais claros a todos japoneses do que aos ocidentais 10.4 Características não iniciados:

10.4.1 Denominação • Ao adentrar e ao sair do dojô e do tatame, fazer reverência em direção ao kamiza (altar O termo aiquidô (aikidō) é composto por três ideogra- xintoísta). Quando estiver entrando, a reverência mas kanji: 合 (ai), harmonia; 気 (ki), energia; e 道 (dō), representa seu sentimento de solicitação, de humil- caminho. O que, numa tradução mais ou menos literal, dade. Quando estiver saindo, representa seu senti- significaria“caminho para harmonização de energia”ou mento de gratidão. “caminho para harmonia de energia”."Ki" é o mesmo • que o“chi”do chinês. Estes termos significam“energia” Ao começar e terminar o treino, fazer reverência em , a “energia que flui de cada ser”. seiza (ajoelhado) ao kamiza e ao shidoin (instrutor). O termo dô pode ser achado no judô ou no kendo, ou na • Ao início e ao término da prática a dois, fazer uma arte da caligrafia (shodō) ou do arranjo de flores (kadô). reverência ao parceiro de treino. Ao início, pode- O termo aiki refere-se ao princípio da luta de absorver o se dizer Onegai shimasu (por favor), ou, mais for- movimento dos atacantes para controlar suas ações com malmente Onegai itashimasu. Ao término, pode-se o mínimo esforço. Se inspira no tao ou o todo ou o ca- dizer Arigatou gozaimashita (muito obrigado), ou, minho, não se admitindo competição e onde o treino pro- mais formalmente, Domo arigatou gozaimashita. 10.5. TÉCNICAS 79

• Quando o sensei (mestre) ou shidoin (instrutor) esti- 10.5.1 Caimento ver lhe dando orientações, permanecer na posição de seiza (ajoelhado) e após o término, agradecer O-Sensei Morihei Ueshiba dizia“caímos sete vezes e nos com uma reverência. Permanecer nessa posição de- levantamos oito”. Por ser basicamente um budô sem nota humildade para receber os ensinamentos, en- kumite, treina-se metade do treino como tori (ou nage, quanto permanecer em pé seria como conversar com aquele que aplica o golpe, que se defende) e metade como um colega. uke (aquele que recebe o golpe, que faz o ataque).

• Se precisar pedir instruções ao sensei, não o chame. Por isso, é essencial o eterno desenvolvimento não só das Dirija-se ao sensei para lhe pedir a instrução. técnicas de tori, mas também das técnicas de uke, que Lembre-se que para o samurai o discípulo é quem incluem as técnicas de rolamento, ou quedas, ou ukemi 受⾝* deve servir a seu mestre. ( ?). Filosoficamente, o espírito de “cair sete vezes e se le- • Pague a mensalidade em dia. Aos olhos ocidentais, vantar oito”representa os momentos em que as quedas esta regra pode parecer materialista, mas a mensa- na vida são inevitáveis. Nesses momentos o aiquidoca lidade é uma adaptação moderna do envelope que deve saber como se comportar durante a queda inevitável, os discípulos depositavam no kamiza após o treino, preservando seus pontos vitais e também como erguer-se como forma de agradecimento aos ensinamentos posteriormente. passados. Nas técnicas, representa o fato de que após as quedas o • Não cruzar os braços dentro do dojo. No Japão, cru- uke não fica estendido ao chão, mas levanta-se utilizando zar os braços é um sinal de desavença. a própria cinética da queda. Para tanto, o uke deve treinar intensamente essas quedas individualmente previamente • Não arregaçar as mangas dentro do dojo. No Japão, para que quando for utilizá-las, as quedas sejam mais flui- arregaçar as mangas é um sinal de desavença. Se não das e mais eficazes. Daí porquê nos levantamos oito vezes. houver jeito, arregaçar as mangas para dentro.

• Manter o dogi (do = caminho; gi= vestimenta) em 10.5.2 Posturas ordem. Mantê-lo sempre limpo, bem-passado, com o (faixa) alinhado e o paletó adequadamente fe- As três posturas básicas do aiquidô também vém das pos- chado são sinais de disciplina. turas da espada, com os pés na posição de L, sendo o pé que está à frente correspondente ao mesmo lado da mão • Quando estiver no tatame, não apoiar as costas nas que está à frente e alinhando umbigo, mão, dedão do pé paredes. Essa regra existe tanto pela questão disci- e posição do olhar. São elas: plinar, quanto pelos aspectos marciais.

• Chudan no kamae - posição das mãos à meia-altura. 10.4.3 Competição • Jodan no kamae - posição das mãos à altura da visão.

O aiquidô é uma modalidade marcial na qual não existe • Gedan no kamae - posição das mãos em direção ao a prática de competição. Diferentemente do que sucedeu chão. com outras modalidades modernas de budo nas quais se enfatizou a realização de disputas entre atletas e de tor- neios, na arte de Ueshiba esse aspecto não existe, pois re- 10.5.3 Técnicas de movimentação foge do escopo original: o treinamento ostensivo do corpo e da mente serve como disciplina primaz para nortear O aiquidô, como o próprio nome já denota, prima pela o ser humano no caminho da evolução espiritual. Com manipulação das energias correntes num combate, daí isso, busca-se manter intacto o verdadeiro e tradicional que o princípio da não agressão é expresso por não se * budo. [31] contrapor a um golpe adversário, pero, antes disso, rece- ber esse golpe e direcioná-lo de volta ao agressor. Desta feita, estuda-se como o corpo inteiro deve mover-se, no 10.5 Técnicas escopo de atingir esse desiderato de não se contrapor, aplicando-se os conceitos de tai sabaki, ashi sabaki, te O repertório técnico da modalidade é baseado no koryu sabaki, e outros. daito-ryu, de luta desarmada. A despeito disto, os movi- A movimentação do corpo inteiro, ou tai sabaki, está li- mentos são inspirados pelos movimentos de manipulação gada à movimentação do tanden (região abaixo do um- da katana, isto é, cada movimento, seja das mãos, seja um bigo, também chamada de ponto um, saika tanden, saika deslocamento ou projeção, possui um correspondente re- no itten, kangen ou de hara ̶barriga). A propóstio, o alizado com a espada.*[32] ideograma de sabaki representa uma costureira cortando 80 CAPÍTULO 10. AIKIDO um tecido com sua tesoura. Da mesma forma o sabaki • Omote waza - quando o nage se move pela frente do deve ser executado em um movimento só. uke; quando o nage, após executar o golpe, moveu- se para frente de onde estava inicialmente; quando • Irimi undo o nage executa um movimento reto; quando o nage executa um movimento incisivo, ativo; quando o • Ten shin undo movimento é correto. • Ten kan undo também chamado de ten kai • Ura waza - quando o nage se move por trás do uke; • Kaiten ashi undo também chamado de ashi quando o nage, após executar o golpe, voltou sua e de kaiten mawashi frente para trás de onde estava inicialmente; quando o nage executa um movimento redondo; quando o • Irimi tenkan undo também chamado de zen poko hou nage executa um movimento receptivo, mais pas- tenkan sivo; quando o movimento é de contragolpe. • Sai undo • O “aiquidoca”deve vislumbrar o caminho a ser 10.6 Notas percorrido pelo sabaki e executá-lo em um tempo, tal qual a costureira traçando seu caminho com a te- aiquidô. soura. • Didaticamente, ensinam-se os shoshinsha (inician- *[a] ^ O termo “aiquidô" é a forma diciona- tes) passo a passo, mas deve-se ter em mente que, rizada da língua portuguesa; a forma“aikidō" após aprender o movimento, se deverá executá-lo trata-se de romaji, um método de translitera- em um tempo. ção desde os sistemas nativos de escrita, kanji, katakana, hiragana etc.*[33]*[34] • Undo significa exercício.

Movimentando-se o corpo, é mister lembrar que os des- 10.7 Referências locamentos são feitos com o movimento das pernas, ou ashi sabaki, também chamado de un-soku (sensação das [1] Academia Brasileira de Letras. Disponível em solas dos pés). Consiste no treino focado na movimenta- http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/ ção dos pés. start.htm?sid=23. Acesso em 29 de julho de 2013.

• Tsugi ashi undo - “pés deslizantes”. Partindo da [2] Stevens, John. Aikido: the way of harmony (em en). Bos- posição de kamae, o pé que está à frente é deslizado ton, Massachusetts: Shambhala, 1984. p. 3–17. ISBN um passo à frente e o segundo pé se aproxima, vol- 978-0-394-71426-4 tando à posição inicial. [3] Saotome, Mitsugi. The Principles of Aikido. , Mas- • sachusetts: Shambhala, 1989. p. 222. ISBN 978-0- Okuri ashi undo - “pés que empurram”. Partindo 87773-409-3 da posição de kamae, o pé que está atrás é deslizado meio passo em direção ao pé que está à frente e en- [4] Westbrook, Adele; Ratti, Oscar. Aikido and the Dynamic tão outro pé se desloca à frente, voltando à posição Sphere. Tokyo, Japan: Charles E. Tuttle Company, 1970. inicial. 16–96 p. ISBN 978-0-8048-0004-4 • Ayumi ashi undo -“pés naturais”. Entende-se como [5] Ueshiba, the Founder of Aikido (em inglês). Visitado em 3 maio 2012. os passos dados de forma natural, considerando o caminhar do samurai. Um passo é dado por vez, [6] Pranin, Stanley (2006). "Aikido". Encyclopedia of Ai- alternando-se os pé que estão à frente, mas voltando kido. sempre à posição de kamae a cada passo. [7] Pranin, Stanley (2006). "Aikijujutsu". Encyclopedia of • Shikko - Equivalente ao ayumi ashi em suwari waza. Aikido. Do kamae ajoelhado, caminha-se erguendo-se os jo- [8] História de Morihei Ueshiba. Visitado em 3 maio 2012. elhos e alternando-se o joelho que está à frente. [9] Gleason, William. The Spiritual foundations of aikido. Rochester: Destiny Books, 1995. p. 10-11. Formas omote e ura [10] Omiya, Shiro. As raízes secretas do aikido: técnicas de Basicamente, todos os golpes podem ser executados na uma antiga arte marcial. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2004. p. 19-22. forma omote waza e ura waza. Estes conceitos podem variar, mas estão ligados aos conceitos de yin e yang. Al- [11] Pranin, Stanley (2007). "Aiki". Encyclopedia of Aikido. gumas das definições são: Consultado em 2007-08-21. 10.8. BIBLIOGRAFIA 81

[12] Pranin, Stanley (2007). "O-Sensei". Encyclopedia of Ai- [33] aiquidô significado aiquidô tradução Dicionário. Visitado kido. em 14 dez. 2010.

[13] Sakanashi, Masafumi. Aikido: o desafio do conflito. São [34] aiquidô (nome) - MorDebe. Visitado em 14 dez. 2010. Paulo: Pensamento-Cultrix, 2003. p. 95.

[14] Stevens, John. Aikido: The Way of Harmony. Boston, Massachusetts: Shambhala, 1984. 3–17 p. ISBN 978-0- 10.8 Bibliografia 394-71426-4 • Ueshiba, Moriteru. Progressive Aikido: The Essen- [15] Pranin, Stanley (2006). "Ueshiba, Morihei". Encyclope- tial Elements, Hardcover dia of Aikido. • [16] Pranin, Stanley "Morihei Ueshiba and Onisaburo Degu- Ueshiba, Kisshomaru. A arte do aikido. Editora chi". Encyclopedia of Aikido. Pensamento-Cultrix, 2006.

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[28] Homma, Gaku. Aikido for Life. Berkeley, California: North Atlantic Books, 1990. 20–30 p. ISBN 978-1- 55643-078-7

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[30] Shioda, Gozo. Dynamic Aikido (em inglês). Nova Iorque: Kodansha, 1977.

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[32] Shioda, Gozo. Dynamic Aikido (em inglês). Nova Iorque: Kodansha, 1977. 82 CAPÍTULO 10. AIKIDO

Mestre Sokaku Takeda

Onisaburo Deguchi

"Aikido" escrito com "ki" em antigos caracteres 10.8. BIBLIOGRAFIA 83

Monge Onisaburo Deguchi

Ukemi (受け⾝) é um elemento de significante importância nos treinos de aikido

Tachiwaza nikkyo omote ou“técnica em pé, segundo princípio, forma frontal”

Projecção Capítulo 11

Judô

Judô *(português brasileiro) ou judo *(português euro- sico, espírito e mente. Esta arte marcial chegou ao Brasil peu)(柔道, Jūdō*?, caminho suave, ou caminho da su- no ano de 1922, em pleno período da imigração japonesa avidade) é um esporte de combate praticado como arte no país. marcial, fundado por Jigoro Kano em 1882. Os seus prin- cipais objetivos são fortalecer o físico, a mente e o espí- rito de forma integrada, além de desenvolver técnicas de 11.1.1 Decadência e renascimento do ju- defesa pessoal.*[1] jitsu O Judô teve uma grande aceitação em todo o mundo, pois Kano conseguiu reunir a essência dos principais estilos e Em 1864, o Comodoro Matthew Calbraith Perry, coman- escolas de jujitsu, arte marcial praticada pelos“bushi”, dante de uma expedição naval americana, obrigou o Ja- ou cavaleiros durante o período Kamakura (1185-1333), pão a abrir seus portos ao mundo com o tratado “Co- a outras artes de luta praticadas no Oriente e fundi-las mércio, Paz e Amizade”. Abrindo seus portos para numa única e básica. O Judô foi considerado desporto o ocidente, surgiu na Terra do Sol Nascente uma tre- oficial no Japão nos finais do século XIX e a polícia nipô- menda transformação político-social, denominada Era nica introduziu-o nos seus treinos. O primeiro clube ju- Meiji ou “Renascença Japonesa”, promovido pelo im- doca na Europa foi o londrino Budokway (1918). perador Mitsuhyto Meiji (1868-1912). Anteriormente, o imperador exercia sobre o povo influência e poderes espi- A vestimenta utilizada nessa modalidade é o judogi e que, rituais, porém com a“Renascença Japonesa”ele passou com a faixa, forma o equipamento necessário à sua prá- a ser o comandante de fato da Terra das Cerejeiras. tica. O judogi que é composto pelo casaco (Wagi), pela calça (Shitabaki) e também pela faixa (obi), o judogi pode Nessa dinâmica época de transformações e inovações ra- ser branco ou azul, sendo o último utilizado para facili- dicais, os nipônicos ficaram ávidos por modernizar-se e tar as arbitragens em campeonatos e na identificação dos adquirir a cultura ocidental. Tudo aquilo que era tradi- atletas durante as transmissões de TV. cional ficou um pouco esquecido, ou melhor, quase que totalmente renegado. Os mestres do jujutsu perderam as Com milhares de praticantes e federações espalhados suas posições oficiais e viram-se forçados a procurar em- pelo mundo, o Judô se tornou um dos esportes mais pra- prego em outros lugares. Muitos se voltaram então para ticados, representando um nicho de mercado fiel e bem a luta e exibição feitas. definido. Não restringindo seus adeptos a homens com vi- gor físico e estendendo seus ensinamentos para mulheres, A ordem proibindo os samurais de usar espadas em 1876 crianças e idosos, o Judô teve um aumento significativo assinalou um declínio em todas as artes marciais, e com no número de praticantes. o jujutsu não foi uma exceção. Sua técnica utiliza basicamente a força e equilíbrio do Tempos depois existiu uma onda contrária às inovações oponente contra ele. Palavras ditas por mestre Kano para radicais. Havia terminado a onda chamada febre ociden- definir a luta: "arte em que se usa ao máximo a força fí- tal. O jujutsu foi recolocado na sua posição de arte mar- sica e espiritual". A vitória, ainda segundo seu mestre cial, tendo o seu valor reconhecido, principalmente pela fundador, representa um fortalecimento espiritual. polícia e pela marinha. Apesar de sua indiscutível efici- ência para a defesa pessoal, o antigo jujutsu não podia ser considerado um esporte,*[2] muito menos ser praticado como tal. As regras não eram tratadas pedagogicamente, 11.1 História ou mesmo padronizadas. Os professores ensinavam às crianças os denominados golpes mortais e os traumati- O Judô é uma arte marcial esportiva. Foi criado no Japão, zantes e perigosos golpes baixos genitais.*[2] Sendo as- em 1882, pelo professor de educação física Jigoro Kano. sim, quase sempre, os alunos menos experientes faixas Ao criar esta arte marcial, Kano tinha como objetivo criar brancas a machucavam-se seriamente. Valendo-se de sua uma técnica de defesa pessoal, além de desenvolver o fí- superioridade física, os maiores chegavam a espancar os

84 11.1. HISTÓRIA 85

menores e mais fracos. Tudo isso fazia com que o jujutsu gem do estilo Yoshin-Ryu (Escola do Coração de Sal- gozasse de uma certa impopularidade, especialmente en- gueiro), que se baseava no princípio de“ceder para ven- tre as pessoas mais esclarecidas. cer”, utilizando a não resistência para controlar, dese- quilibrar e vencer o adversário com o mínimo de esforço. Em um combate, o praticante tinha como o único obje- 11.1.2 Nascimento tivo a vitória. No entender de Kano, isso era totalmente errado. Uma atividade física deveria servir, em primeiro lugar, para a educação global dos praticantes. Os culto- res profissionais do jujutsu não aceitavam tal concepção. Para eles, o verdadeiro espírito do jujutsu era o shin-ken- shobu (vencer ou morrer, lutar até a morte). Por suas idéias, Jigoro Kano era desafiado e desacatado insistentemente pelos educadores da época, mas não me- diu esforços para idealizar o novo jujutsu, diferente, mais completo, mais eficaz, muito mais objetivo e racional, denominado de judô. Chamando o seu novo sistema de judô, ele pretendeu elevar o termo“jutsu”(arte ou prá- tica) para “do”, ou seja, para caminho ou via, dando a entender que não se tratava apenas de mudança de no- mes, mas que o seu novo sistema repousava sobre uma fundamentação filosófica.*[1] Em fevereiro de 1882, no templo de Eishoji de Kita Inaritcho, bairro de Shimoya em Tóquio, Jigoro Kano inaugura sua primeira escola de Judô, denominada Kodokan*[3] (Instituto do Caminho da Fraternidade), já que“Ko”significa fraternidade, irmandade;“Do”sig- nifica caminho, via; e “Kan”, instituto.

Jigoro Kano 11.1.3 No Brasil No fim da década de 1910 e no início da década seguinte, Um jovem que na adolescência se sentia inferiori- Takaharu (ou Takaji) Saigo, 4° dan de Judô, ensinava a zado sempre que precisava desprender muita energia fí- arte na cidade de São Paulo, em sua academia localizada sica para resolver um problema, resolveu modificar o na Rua Brigadeiro Luís Antônio. Em 1922 e 1923, ele tradicional jiu-jitsu, unificando os diferentes sistemas, * chegou a fazer demonstrações da arte perante personali- transformando-o em um veículo de educação física [2]. dades políticas e militares da época e teve alunos tanto Pessoa de alta cultura geral, ele era um esforçado cultor japoneses quanto não japoneses. Diz-se que Takaharu de jiu-jitsu. Procurando encontrar explicações científi- Saigo era neto de Takamori Saigo, um dos homens mais cas aos golpes, baseados em leis de dinâmica, ação e re- importantes da Restauração Meiji no Japão. ação, selecionou e classificou as melhores técnicas dos , também conhecido Conde Koma, fez sua vários sistemas de jujútsu, juntamente com os imigran- primeira apresentação em Porto Alegre. Partiu para as tes japoneses dando ênfase principalmente no ataque aos demonstrações pelos estados do Rio de Janeiro e São pontos vitais (ver: Kyusho-jitsu) e nas lutas de solo do es- Paulo, transferindo-se depois para o Pará em outubro tilo Tenshin-Shinyo-Ryu e nos golpes de projeção do estilo de 1925,*[4] onde popularizou seus conhecimentos dessa Kito-Ryu. Inseriu princípios básicos como os do equilí- arte. Outros mestres também faziam exibições e aceita- brio, da gravidade e do sistema de alavancas nas execu- vam desafios em locais públicos. Mas foi um início difícil ções dos movimentos lógicos. para um esporte que viria a se tornar tão difundido. Essa Estabeleceu normas a fim de tornar o aprendizado mais ida do Conde Koma para o estado do Pará, resultaria em fácil e racional. Idealizou regras para um confronto es- seu contato com Gastão Gracie, dono de circo local. Este portivo, baseado no espírito do ippon-shobu (luta pelo contato do Mestre japonês com o Clã Gracie e com Luiz ponto completo). Procurou demonstrar que o jujutsu França, outro de seus alunos,*[5] originaria num futuro aprimorado, além de sua utilização para defesa pessoal, próximo o desenvolvimento do Jiu-jitsu brasileiro. poderia oferecer aos praticantes, extraordinárias oportu- Um dos primeiros torneios de judô foi realizado no dia nidades no sentido de serem superadas as próprias limi- 01 de maio de 1931 na cidade de Araçatuba, estado de tações do ser humano. São Paulo. Organizado por Yuzo Abematsu, 4º dan e Jigoro Kano tentava dar maior expressão à lenda de ori- ex-professor de judô da Escola Superior de Agronomia 86 CAPÍTULO 11. JUDÔ

de Kagoshima, da Segunda Escola de Ensino Médio e do Shingue, foi o terceiro filho. Batalhão da Polícia do Exército do Japão, o torneio in- Depois de terminar o curso primário, foi para a cidade de cluiu lutas contra boxe e luta greco-romana. Yamagata onde matriculou-se na escola agrícola. Logo O judô no Brasil passou a ser organizado e largamente depois migrou para Tóquio, onde trabalhava na indústria difundido a partir de agosto de 1933, com a fundação da Kubota de Ferro. Nas horas de folga treinava na academia Hakkoku Jûkendô Renmei, a Federação de Judô e Kendô do sr. Torakiti, Masateru Futakawa, onde aprendeu ju- do Brasil, por ocasião do 25º aniversário da imigração ja- jutsu com os fundadores do estilo. ponesa ao Brasil. Do lado do judô, foram membros fun- Mais tarde no Kodokan, sob a instrução do mestre Mi- dadores as seguintes personalidades: Katsutoshi Naito, fune conseguiu título de graduado. Atualmente, as aulas Tatsuo Okochi, Teruo Sakata,Zensaku Yoshida Renji na academia Terazaki são ministradas pelo sensei Celso Abarai e Shigueto Yamasaki. Tochiaki Kano, que foi aluno do mestre Terazaki e segue Nessa época, além dos quatro mestres supracitados, o os passos. judô no Brasil contava também com o mestre Tomiyo Em 1928, mestre Terazaki casou-se com D. Kiyoe, tendo Tomikawa e com Shigejiro Fukuoka, mestre de jujutsu como padrinho o professor Futakawa. Kiyoe trabalhava tradicional. Estes seis mestres eram os principais expo- na Kanebo, uma empresa de tecelagem e fiação, que mais entes do judô na época, dentro do âmbito da Hakkoku tarde Terazaki conheceu o presidente por meio da es- Jûkendô Renmei. posa e quando este iniciou a exploração na região da Um fator relevante na história do judô foi a chegada ao Amazônia, Terazaki colaborou na convocação de volun- país de um grupo de nipônicos em 1938. Tinham como tários para a imigração. Além de convocar, decidiu par- líder o professor Ryuzo Ogawa e fundaram a Academia ticipar da imigração chegando em Belém do Pará, em Ogawa, com o objetivo de aprimorar a cultura física, mo- 1929. Sua chegada, marcada pela epidemia de malária e o ral e espiritual, por meio do esporte do quimono. Apesar poço em que utilizavam para estava infestado de amebas. de Ryuzo Ogawa ser um mestre de jujutsu tradicional, Na época, dezenas de pessoas morreram, incluindo Te- chamou de Judô a arte marcial que lecionava quando este ruko, a filha de Terazaki. nome se popularizou. Portanto, ensinava um estilo que Em 1933, da ligação que teve com Katsutoshi Naito em não era exatamente o Kodokan Judo, o que não diminui Tóquio no Kodokan, veio a influência da vinda a Suzano, sua enorme contribuição ao começo do Judô no Brasil. onde após quatro anos na Amazônia, chega a cidade, onde Daí por diante disseminaram-se a cultura e os ensinamen- atua no cultivo de morangos na plantação de Naito. tos do mestre Jigoro Kano e em 18 de março de 1969 era fundada a Confederação Brasileira de Judô, sendo reco- Enquanto atuava na agricultura, crescia a fama de sua téc- nhecida por decreto em 1972. Hoje em dia o judô é en- nica como judoca e frequentemente era convidado a en- sinado em academias desportivas e clubes e reconhecido sinar a arte marcial em Suzano. Em 1934, após um ano como um esporte saudável que não está relacionado à vi- de trabalho na plantação de Naito, Terazaki compra um olência. Esse processo culminou com a grande oferta de terreno no Bairro da Vila Urupês, em Suzano, onde abriu bons lutadores brasileiros atualmente (ver: lista de judo- uma academia de judô e também fazia atendimento a to- cas do Brasil), tendo conseguido diversos títulos interna- dos os casos de fratura óssea e técnica ortopédica em ge- cionais. ral de forma voluntária. É o esporte individual brasileiro que mais conseguiu Após a II Guerra Mundial, foi organizada uma associação medalhas olímpicas. de graduados em judô. O presidente foi Katsutoshi Naito e Terazaki era vice. Com o aumento de adeptos veio a seguir a necessidade de organizar a Federação Nacional 11.1.4 Academia Terazaki de Judô. Das demonstrações da modalidade a Marinha veio a in- Réplica do primeiro templo de judô do Japão, o Kodo- trodução da modalidade no exército. Na mesma época kan, a Academia Terazaki, ou Clube Recreativo de Su- com o apoio de seus discípulos, amigos, iniciou-se cam- zano Judô Terazaki, é a primeira academia de Judô da panha para angariar recursos para a construção da aca- América e começou a ser construída no ano de 1937 por demia. Os resultados São discípulos como Professor ko- Tokuzo Terazaki, que idealizava difundir os ensinamen- dansha 6° Dan Paulo Graça o único negro na época a pra- tos do judô. A conclusão foi em 1952 e na construção ticar e compor a equipe terasaki de judô fundou o Clube contou com o apoio de muitas pessoas ligadas à colônia Rodoviário de Judô em 1958 onde ministra aulas até hoje e até do Japão. A academia fica localizada na cidade de na cidade de Jacareí dando continuidade aos ensinamen- Suzano, região Metropolitana de São Paulo. tos de seu sensei tokuzo terasaki e mesmo se orgulha por nunca ter perdido muitos outros abriram academias por Tokuzo Terazaki, ou mestre Terazaki, como é conhe- Estados brasileiros como Rio de Janeiro. Pelos trabalhos cido por seus discípulos, nasceu em 16 de agosto de 1906 prestados a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, em uma aldeia chamada Tominami, entre as cidade de a Academia Militar das Agulhas Negras e a policia rodo- Sihinjo e Yamagata, no Japão. Filho do sr. Tsuruki e D. 11.3. GRADUAÇÕES 87 viária recebeu várias condecorações. Em 1958 recebeu (**) Segunda faixa para os judocas com mais de 15 titulo de cidadão suzanense. anos de idade. (++) Quarta faixa para os judocas com menos de 15 anos de idade. 11.2 Os três princípios (*+) Última (sétima ou oitava) faixa para o judoca.

Os princípios que inspiraram Jigoro Kano quando da ide- alização do judô foram os três seguintes: 11.3.1 Graduações dan

• Princípio da Máxima Eficiência (Seiryoku ZenʼYo). As graduações de dan avançam de modo crescente, ao contrario das graduações kyu, indo do 1º dan (shoudan) • Princípio da Prosperidade e Benefícios Mútuos (Jita ao 10º dan (juudan). Esses graus se diferenciam pelas Kyoei). seguintes cores das faixas:

• Princípio da Suavidade (Ju). 11.3.2 Pontuação

O objetivo é conseguir ganhar a luta valendo-se dos se- 11.3 Graduações guintes pontos:

Os judocas são classificados em duas graduações: kyu e • * Yuko - Um terço de um ponto. Um yuko dan [6]. se realiza quando o oponente cai de lado. As promoções no judô baseiam-se em exames que inci- Também ganha Yuko se conseguir imo- dem sobre requisitos tais como: duração de tempo de bilizar o oponente por 10 a 14 segundos; treino, idade, caráter moral, execução das técnicas es- • Wazari - Meio ponto. Dois wazari valem * pecificadas nos regulamentos [7] e comportamento em um ippon e termina o combate logo após competições. No caso de promoção de kiu (classifica- o segundo wazari. Um wazari é um ip- ção), faixa branca a marrom é outorgada pela associação, pon que não foi realizado com perfeição. no caso de promoção as graduações de dan, até 5º dan são Também ganha wazari se conseguir imo- realizadas pela banca examinadora da Liga ou Federação bilizar o oponente por 15 a 19 segundos; Estadual, as outras graduações superiores pela Confede- • ração Nacional. Ippon - Ponto completo. O nocaute do judô, finaliza o combate no mo- Os praticantes de judô se classificam em dois grandes mento deste golpe. Um ippon realiza-se grupos - kiú (iniciantes) e dan (peritos) -, subdivididos, quando o oponente cai com as costas no respectivamente, em seis e dez graduações, e identifica- chão, ao término de um movimento per- dos por faixas coloridas (Obi) que usam na cintura. Para feito, quando é finalizado por um estran- os kiú a ordem de graduação é decrescente e as faixas gulamento ou chave de articulação, ou têm cores branca (6°), amarela (4°), verde (3°),roxa ou quando é imobilizado por 25 segundos. azul (2°) e marrom (1°). A numeração dos dan cresce de acordo com o seu valor:1° a 5°, faixa-preta; 6° a 8, vermelha e branca,rajada; 9° e 10°, faixa vermelha. Penalizações Fonte:Barsa • Shido - Infrações leves de regras são pe- As faixas vão na ordem de: nalizadas com shido. Ele é tratado como 1. Branca 2. Cinza 3. Azul 4. Amarela 5. La- um aviso. Shido, o primeiro Shido é um ranja 6. Verde 7. Roxa 8. Marrom 9. Preta 10. aviso, o segundo shido é uma pontuação Branca/Vermelha. para o adversário que vale um Yuko, o terceiro é um Wazari para o adversário. Ao total são 10 faixas

Graduações kyu • Hansoku-Make - Uma violação de regras Há oito graus de kyu (seis em Portugal) *[8], os quais se séria resulta em um hansoku-make re- distinguem pelas cores das faixas: sultando na desqualificação do competi- dor penalizado. Hansoku-make também OBSERVAÇÕES é dado pela acumulação de quatro shidos. (+) Todo judoca inicia no judô nesta faixa. (*) Apenas para pessoas com menos de 15 anos de No fim da luta, se a mesma estiver empatada em pontua- idade. ções, vence quem tiver menos shidos. 88 CAPÍTULO 11. JUDÔ

Se a luta estiver no golden score (devido a empate), o pri- Treinamento de entradas de técnicas de projeção. meiro a receber um shido perde, ou o primeiro a fazer um ponto, vence. Dando-Geiko Antes havia dois níveis de penalização entre o shido e o hansoku-make: chui, equivalente a um yuko e keikoku, Treinamento sombra, também conhecido como Segundo- equivalente a um wazari. tenente “sombra”. É o equivalente ao Chromium (en- trada de golpes) porém sem parceiro.

11.4 Formas de saudação (Rei) Nane-Ai (pronuncia-se ague ai)

A prática do judô é regida por cortesia, respeito e amabi- Projeções alternadas. Treinamento em duplas, alterna- lidade. A saudação é o expoente máximo dessas virtudes damente cada um projeta (derruba) o companheiro de sociais. Através dela expressamos um respeito profundo treino. aos nossos companheiros. No judô, há duas formas de ex- pressarmos: tati-rei ou ritsu-rei (quando em pé) e za-rei (quando de joelhos). Esta última é conhecida por sauda- Kakari-Geiko (pronuncia-se kakari gueiko) ção de cerimônia. Efetua-se as seguintes saudações: Treinamento defensivo. Nesse tipo de treinamento um -rei ou Ritsu-rei dos componentes da dupla é designado a defender e o ou- tro a atacar. Ao entrar no dojô bem como ao sair; Quando subir no para cumprimentar o professor ou seu ajudante; Yaku-Soku-Geiko (pronuncia-se yaku soku gueiko) Ao iniciar um treino com um companheiro, assim como ao terminá-lo. Projeções livres com movimentação. Treinamento com muita movimentação e projeção sem defesa ou disputa Za-rei de pegada.

Ao iniciar, bem como ao terminar o treinamento; Em ca- (乱取り) sos especiais, por exemplo, antes e depois dos KATA; Ao iniciar um treino no solo com o companheiro, bem como “ ” “ ” ao terminá-lo. Treino livre, simula ou reproduz o Shiai (competi- ção), pelo qual a aplicação das técnicas é praticada contra um parceiro, atacando e defendendo, a diferença básica é que ocorre de forma mais“solta”mais“livre”que nas 11.5 Técnicas competições propriamente ditas.

Na aplicação de waza (técnicas), tori é quem aplica a téc- Shiai nica *[11] e uke é aquele em que a técnica é aplicada*[11]. As técnicas do judô classificam-se em: Competição. Exige muita habilidade técnica, tática, pre- paração física e mental. Atualmente as competições de 11.6 Exercícios básicos alto nível envolvem a participação de diversos profis- sionais, não somente mais de um "Sensei", entre eles: preparador físico (geralmente especialista em fisiologia No judô cada professor pode estabelecer o seu sistema de do exercício e/ou treinamento esportivo) nutricionista, exercício, o plano geral de treinamento é o seguinte: fisioterapeutas, psicólogos, entre outros. As técnicas já dominadas no randori devem ser aplicadas sob um deter- Taiso minado conjunto de regras, sujeitas à pontuações que de- vem ser avaliadas por três árbitros (um central mais dois Exercício de aquecimento, visa aquecer e tornar o corpo laterais). mais flexível, desenvolvendo também a musculatura.

Ukemi-No-Waza 11.7 Kata

Técnicas de amortecimento de queda (rolamentos). É um conjunto de técnicas fundamentais, um método de estudo especial, para transmitir a técnica, o espírito e a Uchikomi ou Butsukari finalidade do judô. 11.10. FASES DA PROJEÇÃO 89

11.7.1 Nage-no-kata • → Tai-sabaki (deslocamento de corpo / tai = corpo; sabaki = deslocamento) É o primeiro kata do judô; compõe-se de quinze proje- ções divididas em cinco grupos de técnicas: Pode ser: Mae-sabaki (para frente), Ushiro-sabaki (para trás) ou Yoko-sabaki (para os lados)

11.8 Ideologias e espíritos • → Kumi-Kata (pegadas, formas de pegar)

• Quem teme perder já está vencido.*[16] Existem inúmeros tipos de pegadas, sendo apenas proi- bida a pegada por dentro da manga e por dentro da barra • Somente se aproxima da perfeição quem a procura da calça. com constância, sabedoria e, sobretudo humildade. A pegada pode ser feita no eri (gola), sode (manga) e, • Quando verificares com tristeza que não sabes nada, desde que haja o desequilíbrio do adversário ou o ad- terás feito teu primeiro progresso no aprendizado. versário esteja fazendo a pegada cruzada (manga e gola do mesmo lado), no chitabaki(calça). Pode ser de direita • Nunca te orgulhes de haver vencido a um adversário, (migui) ou de esquerda (hidari). Variando entre canhotos ao que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A e destros, embora para algumas projeções se use a pegada única vitória que perdura é a que se conquista sobre de lado contrário ao qual se vai atacar. a própria ignorância. • • O judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se → Ukemi (amortecimento de quedas) aperfeiçoar. Os“rolamentos”são fundamentais para a segurança do praticante, a física explica: estas técnicas “dissipam”a Conhecer-se é dominar-se, dominar-se é triunfar. energia cinética que, se fosse transferida na sua totalidade para os órgãos internos, poderia causar prejuízo à saúde. • O judoca é o que possui inteligência para compreen- der aquilo que lhe ensinam e paciência para ensinar Os ukemis são :Zenpo kaiten Ukemi -> Zenpo ( rola- o que aprendeu aos seus semelhantes. mento) kaiten ( rotação) , logo ukemi que você rola e gira. Ushiro ukemi -> Ushiro ( para trás) , logo ukemi • Saber cada dia um pouco mais e usá-lo todos os dias para trás. Mae ukemi -> Mae ( para frente) , logo ukemi para o bem, esse é o caminho dos verdadeiros judo- para frente. Yoko ukemi -> Yoko ( para o lado) , logo cas. ukemi para o lado.

• Praticar Judô é educar a mente a pensar com velo- cidade e exatidão, bem como o corpo obedecer com 11.10 Fases da projeção justeza.

• O corpo é uma arma cuja eficiência depende da pre- • 1º (desequilíbrio)*[17] cisão com que se usa a inteligência. • 2º Tsukuri (encaixe) • 3º Kake (finalização) 11.9 Cinco fundamentos

• →Shinsei (postura) 11.11 Referências

Existem dois tipos de postura no judô Shisentai, que é a [1] A história do Judô. Visitado em 10 de abril de 2011. postura natural do corpo e Jigotai, que é a postura defen- [2] História do judo. Visitado em 10 de abril de 2011. siva [3] .

• → Shintai (movimentação) [4] A chegada do Judô no Brasil - Conde Koma.

[5] Jiu-jitsu: a origem. Revista Tatame Nº 177, pág. 53, No- Ayumi-ashi, andando normalmente. vembro de 2010 (adicionado em 20/10/2013).

Suri-ashi, andando arrastando os pés. [6] Graduação do Judô. Tsugi-ashi (apenas em kata), que anda-se colocando um [7] Graduação no Judô. pé a frente e arrastando o outro, sem ultrapassar o pri- meiro. [8] Regulamentos de Graduação. 90 CAPÍTULO 11. JUDÔ

[9] Obi Faixas e Graduações.

[10] Ordem das Faixas (Padrão Nacional).

[11] UKE - TORI (NAGE).

[12] Miarka, B, Calmet, M & Franchini, E (2008), ʻFRAMI – Software for analysis techniques and tactics in judo. In: 9° Congrés Jorrescam, Toulouse.

[13] Miarka, B., Júlio, U.F., Vecchio, F.B.D., Calmet, M. and Franchini, E. (2010). Técnica y táctica en judo: una re- visión. Asian , 5, 427-431

[14] MARQUES, J.B.; MIARKA, B.; INTERDONATO, G.C.; LUIZ, C.C.Jr. Aspectos históricos do judô olím- pico. In: 1º Encontro da ALESDE“Esporte na América Latina: atualidade e perspectivas”, Curitiba, 2008.

[15] divisão das técnicas do judô.

[16] http://judoadcm.com/ideologias.html

[17] http://www.familiajudo.com.br/site/arquivos/manual_ judo_1.4.pdf

11.12 Ligações externas

• Federação Internacional de Judô (em inglês) Capítulo 12

Katas do judô

Katas do judô é o conjunto das técnicas fundamentais, em seguida um para o outro para se saudarem mutua- um método de estudo especial, para transmitir a técnica, o mente em za-rei, levantam-se e avançam um passo inici- espírito e a finalidade do judô. Segundo o mestre Jigoro ando com o pé esquerdo. “ Kano: Os katas são a estética do judô, sem o qual é Em seguida partindo em ayumi-ashi avançam um para o impossível compreender o alcance.”O kata oferece ao outro e inicia-se o kata. Todas as projeções são feitas para randori as razões fundamentais de cada técnica. o lado direito e esquerdo do uke. O kata foi desenvolvido com o propósito de ensinar os as- Voltado para o shomen, o tori fica à esquerda e o uke à di- pectos básicos das técnicas do judô e sua etiqueta apro- reita. Normalmente em sutemi-waza, o uke se levanta por priada. É através dos katas que o uke e o tori podem zempo-kaitem-ukemi, exceto no ura-nage e yoko-gake. trabalhar juntos a melhora da fluência e dos movimentos do judoka. Os katas são divididos de acordo com as habilidades e técnicas do judô a serem ensinadas, totalizando oito katas.

• Nage-no-kata: formas fundamentais de projeção • Katame-no-kata: formas fundamentais de domí- nio no solo • Kime-no-kata: formas fundamentais de combate real • Ju-no-kata: formas de agilidade aplicadas em ata- que e defesa, utilizando a energia de forma mais su- ave e flexível • Koshiki-no-kata: formas antigas é o kata da antiga escola do Jiu-Jitsu. Executava-se antigamente com armadura de samurai • Itsutsu-no-kata: são cinco formas de técnicas. Ex- pressão teórica do judô baseado na natureza • Seiryoku-zenko-kokumin-taiiku-no-kata: é uma forma de educação física, baseada sobre o princípio da máxima eficácia, visa o treino completo do corpo • Kodokan goshin-jutsu: técnicas de autodefesa.

12.1 Forma de execução

Os dois judocas executam com extrema seriedade, con- centração mental é muito importante. Inicialmente cumprimentam o joseki ou shomen (lugar de honra, mesa central) na posição de tati-rei, voltando

91 Capítulo 13

Karatedo

Karatedo ou Karate-Do (空⼿道*?) é a forma mo- a compreensão do ciclo da vida. derna de caratê, que surgiu influenciada per um movi- mento ocorrido entre o fim do século XIX e o começo do XX. Tal movimento marcou praticamente a todas as 13.3 Revisionismo modalidades de luta japonesa, como kenjutsu, jujutsu, bojutsu etc., que se transformaram com abordagem mais Em princípios do século XXI, surge outro movimento filosófica.*[1] que pretende buscar as verdadeiras raízes do caratê e outras artes marciais, cuja marca é o retorno partícula jutsu.*[3]*[4] Todavia, dizendo ser estratégia de propa- 13.1 História ganda apenas, para conseguir um público maior de alunos em academias. O movimento passou a tomar corpo entre a transição do século XIX para o XX. Antes, as artes marciais japonesas eram ensinadas como pura disciplina de combate, em cír- 13.4 Referências culos fechados e numa linha estrita de mestre/discípulo; naquela época, o caratê era referido como tode-jutsu (唐 [1] Philosophy (em inglês). Visitado em 05.jan.2011. ⼿術*? arte das mãos chinesas), eis que a partícula jutsu [2] Pacific Shotokan Karate-Do (em inglês). Visitado em designa um conhecimento técnico, apenas. 05.jan.2011. Entrementes, logrando êxito tornar o caratê um arte mar- cial aceita no Japão inteiro (mudando o nome inclusive [3] Cursos« karatejutsu. Visitado em 26.set.2011. para significar “mãos vazias”), os mestres Gishin Fu- [4] Karate-Jutsu (geral) - Federação Portuguesa de Bujutsu. * nakoshi, Kenwa Mabuni e outros [2], assim como fizera Visitado em 26.set.2011. antes o mestre Jigoro Kano, transformando o jujutsu em judô, acrescentaram o ideograma «dō» (道, via, cami- nho, postura), posto a prática de uma arte marcial contar com uma finalidade a mais, a de buscar o conhecimento interior e a plena realização humana, vencendo os seus medos interiores e aperfeiçoando o carácter, obedecendo a regras milenares e a conhecimentos antigos. Assim, todas as artes marciais tradicionais possuem o su- fixo "Do" e diferem das simples artes de combate, como o Boxe, , ou K1, as quais não possuem uma disciplina com objectivos espirituais espe- cíficos, estas últimas visam precipuamente vencer o ad- versário fisicamente pela técnica ou técnicas aplicadas.

13.2 Filosofia

Trata-se de uma leitura japonesa do conceito chinês do Tao (Dao). É escrito (em kanji) com os mesmos carac- teres. Assim, o conteúdo semântico vai além do simples significado de“caminho”até atingir o de“método”para

92 Capítulo 14

Katas do caratê

Kata (型, forma*?) é uma sequência de movimentos ̶ cia de mestres de chuan fa, e o kata é a exata marca dessa técnicas de ataque e defesa ̶cujo fito é proporcionar ao evolução.*[3] praticante o apredizado mais aprofundado da arte e, si- Sabe-se que os mestres chineses faziam a transmissão multaneamente, experiência de luta. Também é conhe- de seus conhecimentos por intermédio de exercícios pré- “ ” cido por balé da morte . Antes do advento do caratê estabelecidos, de origem vetusta e que eram uma expres- moderno, e da criação de métodos mais básicos e simpli- são do Tao.O Tao, de forma bem simples, quer dizer ficados de transmissão do conhecimento, a arte marcial caminho e que por essa via as coisas devem ser aprendi- era ensinada somente pela prática ostensiva de kata. das como se fossem uma consequência natural, então os O kata possui outras facetas além do treinamento físico. mestres transmitiam seus conhecimentos por esses “ca- Cada forma possui, também, um componenete psicoló- minhos”, esses “taos”.*[4] gico, pois prepara o carateca para um combate real, e Antes da influência chinesa no te não há recordações de um componente filosófico, que busca transmitir valores haverem sido praticados os kata. Em todo caso, o ensino e pensamentos críticos, para avaliar as situações serena- por meio dos kata arraigou-se a tal modo que os mestres mente, situações essas não limitadas a embates físicos. tradicionais chegam a repudiar qualquer outro. No caratê tradicional não há lembrança também de Dojo/dojôs, um estabelcimento dedicado à transmissão 14.1 Finalidade e ao ensino da arte marcial, mas, por outro lado, havia apenas um esquema de mestre-aprendiz muito simples, Os katas, segundo ensinamento dos grandes mestres, são no qual o mestre repassava somente para quem de con- a essência do estilo de caratê. Neles estão contidas as téc- fiança, ou ainda somente da família. E tudo sob o mais nicas de grandes mestres, representando cada um deles velado segredo. Ou seja, o que um mestre sabia somente uma situação diferente pela qual o carateca pode enfren- aqueles venturosos discípulos tinham a honra de lhes ser tar, sendo que seus significados somente serão compreen- ensinado. didos, na verdade, por aquele que os pratica com maior * A despeito de os kata terem sua origem na China, não se frequência. [1] lhes pode retirar a originalidade nascida em Oquinaua, Um grande mestre, no passado disse que um kata só deve pois são claras as modificações desenvolvidas pelos mes- ser mostrado a outros quando ele for praticado 10.000 tres do te. Não se pode esquecer que o caratê surgiu vezes. Com uma prática dessa quantidade, pode-se re- como uma necessidade de defesa com as mãos nuas con- almente alcançar o real significado de cada técnica con- tra agressores portando punhais e/ou espadas e, às vezes, tida no Kata, e não a simples ordenação dos movimentos, usando armadura. Por conseguinte, aqueles movimentos pois o kata não deve ser dublado, mas sim vivido, e deve- considerados supérfulos ou ineficientes nesse tipo de em- se incorporar a situação para que ele possa vir a ter um bate, foram ou suprimidos ou adaptados: os movimentos proveito real para o praticante.*[2] acrobáticos (saltos) praticamente sumiram. No caratê moderno, que é praticado em escolas, até, sentiu-se a necessidade de uma simplificação do aprendi- 14.2 História zado, pois alguns katas são ainda muito complexos, pelo que foram introduzidos os kihon, por Anko Itosu e Gichin Funakoshi. Sabe-se que o te, a arte marcial autóctone de Oquinaua, já era estabelecida quando se deu a majoração da influência chinesa, mas, não se tem como precisar como era exata- mente transmitida, devido aos escaços registros. A arte marcial chamada de Okinawa-te foi justamente, e grosso modo, a evolução das técnicas locais insulares sob influên-

93 94 CAPÍTULO 14. KATAS DO CARATÊ

14.2.1 Formas vetustas • Tomari-te

* A expressão koshiki no kata (古式の型 ? formas tradi- 1. cionais), tal e qual sucede no judô, refere-se àquelas for- mas vetustas, tidas como as primeiras formas de promo- 2. Bassai ver o ensino do caratê. Deste modo, classificam-se como tais os kata reconhecidamente tradicionais, cuja origem 3. Gojushiho e/ou introdução nalguma das três linhagens promordiais 4. Kushanku tenha-se dado logo no nascedouro destas. Nesta cércea, entram logo os kata , do estilo tomari-te; Naifanchi, 5. Chinto do naha-te; e Kushanku, do shuri-te.*[5] 6. Rohai Além dos três kata previamente listados, os estilos tra- dicionais, que foram a base dos estilos modernos, ainda 7. Wanduan carregam as primeiras composições dos katas, que tam- bém podem ser consideradas primordiais. Ou seja, grosso 8. Wankuan modo, os koshiki no kata são aqueles oriunos de algumas das três primeiras ramificações do caratê. 9. Wanshu

• Shuri-te Formas perdidas

1. Naihanchi Ainda que existam vários katas e muitas outras variações de um mesmo kata, o que representa uma quantidade bas- 2. Channan tante grande de formas distintas, há relatos de que alguns deles foram perdidos. O factores que levaram a esse de- 3. saparecimento, tal e qual a forma que se perdeu, são diá- 4. Kushanku fanos. Sabe-se da existência de katas perdidos pelas no- tícias que chegaram sobre eles, como a enumeração ou 5. Passai citação deles nalgumas obras. 6. Jion

7. 14.2.2 Formas modernas

8. Sochin Há, porém, outros katas que não podem ser vinculados a este ou aquele estilo em exclusivo mas, antes de tudo, ape- 9. Gojushiho nas vinculados a determinados mestres e há ainda aqueles outros que foram criados tem tempos recentes como re- 10. Chinto sultado de estudos de alguns mestres, são os gendai no 11. kata (現代の型*?). A despeito da forte influência da tradição e respeito • Naha-te aos pioneiros, as sequências e os movimentos que com- põem os katas sofreram inúmeras adaptações, por vários 1. Naihanchi mestres, cada qual aplicando as técnicas contidas con- forme a visão que recebera e/ou tinha do caratê. Daí que, 2. ensinam os mestres, um kata, se se estiver sob o guarda- sol de algum estilo ou visão particular, não está certo ou 3. Saifa errado mas, antes de tudo, é uma visão única que deve 4. Seienchin ser resultado de um estudo acurado. Surgiram assim vá- rios“sabores”de um mesmo kata, ainda que os criadores 5. dos estilos contemporâneos da arte (Goju-ryu, Shito-ryu, Wado-ryu e Shotokan-ryu) tenha tidos os mesmos mes- 6. Sanseru tres tradicionais.*[6] 7. Seipai Além das mudanças conforme o estilo/escola, cada kata possui seu próprio caráter, seu próprio espírito e, eventu- 8. Kururunfa almente, uma finalidade particular. Alguns são pesados e 9. Seisan potentes, enquanto outros são mais graciosos e fluem em sua natureza, outros, no entanto, contêm uma mistura de 10. Suparinpei ambos. 14.7. BIBLIOGRAFIA 95

Kihon kata [2] [/reading/article.php?id=221 FightingArts.com - Roots Of Shotokan: Funakoshi's Original 15 Kata - Part 2: Pi- Alguns estilos praticam logo no início do aprendizado de nan, Naihanchi, Kushanku & Passai Kata] (em inglês). caratê os kihon kata, que são sequências simplificadas de Visitado em 24.fev.2011. movimentos, geralmente duas ou três técnicas, cujo fito [3] [/letra_e/esporte/KARATE.html ESPORTE - KA- é promover uma forma mais rápida, ou natural (?), de o RATE]. Visitado em 01.ago.2011. aluno ir-se acostumando ao treinamento.*[7] [4] [/alfa/karate/karate.php Karatê | Esportes História, Re- Esta prática tem suas raízes nos ensinamentos do mes- gras, Esporte Karatê]. Visitado em 01.ago.2011. tre Yasutsune Itosu, que com a finalidade de simplificar o ensino de sua arte marcial criou os katas da série Pinan. [5] [/nahashu/dojo-kata.shtml Mid-south Traditional Karate] Depois, seus discípulos e outros mestres em suas respec- (em inglês). Visitado em 30.ago.2011. tivas escolas também assim procederam, como é o caso [6] Chris Thompson. [/blog/what-are-karate-kata/ What are de Seigo Tada, que chamou explicitamente suas criações ?] (em inglês). Visitado em 24.fev.2011. de kihon kata. [7] [/karate/katas/kihonkata.htm Kihon Kata - Step by Step] (em inglês). Visitado em 01.ago.2011.

14.3 Classificação [8] [/articles.php?id=13 karate-jutsu - Artículos] (em espanhol). Visitado em 23.dez.2010. Outro critério usado para classificas os katas tem a ver * * [9] [/kata.html 何 謂 型? (Qual o tipo de kata?)] (em com sua finalidade: [8] [9] japonês). Visitado em 18.set.2011.

• Rintogata (臨闘型, rintōgata*?), kata de combate; [10] [/shiteikatas.php Karate - Shitei Katas - Manda- tory Katas] (em inglês). Visitado em 18.set.2011. • Rentangata (練胆型*?), de treinamento ou desen- volvimento físico; • Hyoengata (表演型*?), de mera demonstração; 14.7 Bibliografia • Shitei kata (指定型*?), obrigatórios. Os kata obri- gatórios, ou específicos, são aqueles exigidos numa CAMPS, Hermenegildo; CEREZO, Santiago. Estu- competição;*[10] dio técnico comparado de los katas del karate (em espanhol). Barcelona: Alas, 2005. ISBN 978-84203- • Tokui kata (得意型*?), facultativos. São aqueles 0432-8. escolhidos pelo praticante numa competição ou, de HABERSETZER, Roland. Karaté kata: les 30 kata modo mais pessoal, é aquele kata de preferência.*[9] du Shotokan (em francês). Amphora. ISBN 978- 2851806314. 14.4 Quadro comparativo LIND, Werner. Karate: I kata classici nell'insegnamento dei grandi maestri (em italiano). Roma: Mediterranee, 1995. ISBN 99-272-1218-3. 14.5 Notas PFLÜGER, Albrecht. 25 Shotokan Katas: Cuadros Si- nópticos de Los Katas de Kárate para Exámenes y com- * [a] ^ No quadro comparativo somente estão peticiones (em espanhol). 2 ed. Barcelona: Paidotribo, listadas linhagens principais de cada estilo e 2004. apenas uma variante de cada kata.

*[b] ^ Os estilos Uechi-ryu, Shito-ryu e 14.8 Ver também Shotokan-ryu, na linhagem Asai-ha, possuem cada qual um kata chamado seiryu, mas as for- • mas não guardam correspondência uma com a Kata (artes marciais) outra, nem na história nem nas técnicas. • Kyodo

*[c] ^ Kata perdido. 14.9 Ligações externas

14.6 Referências • Passo a passo dos 26 katas do estilo shotokan (em português) [1] Dennis Fink. [/Dojo/Essence_of_Kata/essence_of_kata.html Essence of Kata] (em inglês). Visitado em 24.fev.2011. Capítulo 15

Caratê

Caraté *(português europeu) ou caratê *(português lução do condicionamento físico, desenvolvendo veloci- brasileiro) (em japonês: 空 ⼿, transl. karate, AFI: dade, flexibilidade e capacidade aeróbica para participa- [kɑʀɑtə])*[1] ou caratê-dô (空 ⼿ 道, transl. karate- ção de competições de esporte de combate, ficando rele- dō AFI: [kɑʀɑtədɵ])*[a] é uma arte marcial japonesa gada àquelas poucas escolas tradicionalistas a prática de que se desenvolveu a partir da arte marcial autóctone exercícios mais rigorosos, que visam o desenvolvimento de Oquinaua sob influência do chuan fa chinês*[b] e da resistência dos membros, e de provas de quebramento dos koryu japoneses (modalidades tradicionais de luta), de tábuas de madeira, tijolo ou gelo. De um modo sim- incorporando aspectos das disciplinas guerreiras, ou ples, há duas correntes maiores: uma, tendente a preser- budō.*[2] var os caracteres marcial e filosófico do caratê; e outra, * A influência chinesa foi maior num primeiro estágio de que pretende firmar os aspectos esportivo e lúdico. [6] desenvolvimento, variando em um paradigma primitivo A partir do primeiro quartel do século XX, o processo de simples luta com agarrões e projeções para um modelo de segmentação instalou-se de vez, aparecendo diversos com mais ênfase em golpes traumáticos, e se fez sentir nas sodalícios e silogeus, até algums dentro dos outros, pre- técnicas dos estilos mais fluidos e pragmáticos da China tendendo difundir seu modo peculiar de entender e de- meridional.*[3] Depois,devido a alterações geopolíticas, senvolver o caratê, a despeito de compartilharem - sobreveio a predominância das disciplinas de combate do lhanças técnicas e de origem. Tal circunstância, que foi Japão e, nesse período, o modelo tendeu a simplificar combatida por mestres de renome, acabou por se con- ainda mais os movimentos, tornando-os mais diretos e solidar e gerar como consequência a falta de padroniza- renunciando àquilo que não seria útil ou que fosse mero ção e entendimento entre entidades e praticantes. Daí, floreio.*[2] posto que aceito mundialmente como esporte, classifi- O repertório técnico da arte marcial abrange, princi- cado como esporte olímpico e participando dos Jogos palmente, golpes contundentes ̶atemi waza ̶, como Pan-Americanos, não há um sistema unificado de valo- pontapés, socos, joelhadas, bofetadas etc., executadas ração para as competições, ocasionando grande dificul- dade para sua aceitação como esporte presente nos Jogos com as mãos desarmadas. Todavia, técnicas de proje- * ção, imobilização e bloqueios ̶nage waza, katame waza, Olímpicos. [7] uke waza ̶também são ensinados, com maior ou menor Em que pese a enorme fragmentação de estilos e os inú- ênfase, dependendo de onde ou qual estilo ou escola se meros tratamentos ou convívios sem cerimónia e com in- aprende karate.*[4] timidade ,procuram ainda seguir um modelo pedagógico A grosso modo, pode-se afirmar que a evolução desta arte mais ou menos comum. E neste ambiente, distingue-se o marcial aconteceu orientada por renomados mestres, que mero praticante daquele estudioso dedicado a arte mar- a conduziram e assentaram suas bases resultando no ca- cial,o carateca, o qual busca desenvolver uma disciplina ratê moderno, cujo trinômio básico de aprendizado re- rigorosa, filosofia e ética, além de aprender simples mo- pousa em kihon (técnicas básicas), kata (sequência de vimentos e condicionamento físico. Nessa mesma linha, técnicas, simulando luta com várias aplicações práticas) aquele carateca que alcança o grau de faixa ou cinturão e kumite (enfrentamento propriamente dito, que pode ser preto(a) é chamado de sensei. E os sítios de aprendizado mero simulacro ou dar-se de maneira esportiva ou com- são chamados de dojôs, sendo estes, via de regra, filiados petitiva ou mais próxima da realidade). Esse processo a alguma linhagem ou estilo. evolutivo também mostra que a modalidade surgida como se fosse uma única raiz acabou por se dividir em três par- tes e, por fim, tornou-se uma miríade de diversas varia- ções sobre um mesmo tema.*[5] 15.1 História O estágio da transição entre os séculos XX e XXI revela que a maioria das escolas de caratê tem dado ênfase à evo- 15.1.1 Antecedentes

96 15.1. HISTÓRIA 97

Mundo culações, posto não existirem fontes documentais, ou mesmo as que existem tratar-se-iam de relatos de lendas ou estórias), as artes marciais passaram a ter caracteres Um contratempo logo surge quando se trata de estudar as mais formais quando um monge budista indiano chamado origens das artes marciais: não há como precisar o mo- Bodhidharma ̶o primeiro grande mestre ̶, por volta mento em que surgiram. O máximo que se pode fazer do ano 520 EC, no fito de empreender uma longa jornada são conjecturas a partir do caractere sócio-cultural e tra- em busca de iluminação espiritual, viajou desde a Índia çar uma linha de acontecimentos mais ou menos coerente até a China. O monge ficava onde lhe dessem abrigo, dentro de certos aspectos, haja vista que alguns aspectos em templos ou casas, e aproveitava para evangelizar de duma arte marcial (v. g., algumas técnicas e/ou persona- acordo com sua doutrina.*[11] gens) têm uma origem bem conhecida ou documentada, porém, o conjunto não se fecha, se não se incluírem al- Sua jornada o teria levado até o Templo Shaolin e, quando gumas especulações. O que se sabe é que todos os povos Bodhidharma viu as condições físicas precárias em que se que se organizaram em sociedade possuem alguma forma encontravam os monges daquele sítio, exortou-os no sen- de defesa, isto é, pelo menos possuem uma força armada, tido que a pessoa deveria evoluir por completo, desenvol- pois os ajuntamentos de pessoas eventualmente entravam vendo o lado espiritual mas sem esquecer do físico, pelo em choque, por recursos naturais ou outros motivos. que instruiu todos na prática de exercícios.*[12] Naturalmente, seguindo uma linha evolutiva mais ou me- A prática dos exercícios evoluiu para um sistema de nos uniforme, tal como aconteceu com a agricultura, a defesa pessoal, até com o uso de armas e outros instru- pesca, a música e outras atividades, as artes marciais mentos, fazendo surgir uma reputação de que os monges desenvolveram-se como disciplina, surgindo mestres e lutadores seriam experts em diversas modalidades e for- aprendizes. Isso, por exemplo, pode ser demonstrado mas de combate, pelo que se difundiu por toda a China. pela existência das falanges gregas, modelo que se impôs Os monges de Shaolin não se isolaram apenas na China e por certo tempo, até ser superado pelas coortes romanas, levaram seus conhecimentos religiosos, filosóficos e mar- e assim anterior e sucessivamente. ciais para outros recantos, entre estes o Japão. Da Grécia, vem outro exemplo de desenvolvimento das artes marciais como disciplina. As cidades-estados (ou Japão polis) disputavam a supremacia sobre as demais, pelo que apareceram os períodos ateniense, espartano, tebano O arquipélago de Oquinaua (沖縄, Okinawa*?) localiza- etc. Dentro de tais circunstâncias, somente em Esparta se quase que exatamente a meio caminho entre Japão e as disciplinas militares tiveram relevo, eis que naquele China, no Mar da China Oriental. Por causa de sua posi- ambiente foi dado destaque ao desenvolvimento físico, ção geográfica, a região sempre despertou a cupidez dos para fazer frente aos embates e os cidadãos espartanos dois países, os quais não pouparam esforços para estende- (esparciatas) treinavam de maneira forte tanto a luta ar- rem suas influências (culturais e econômicas), tornando a mada como a desarmada. existência de um governo local submetida à conjugação Em se tratando de luta desarmada, no ambiente helênico de interesses e política externos. A influência chinesa era desenvolveu-se a arte marcial do pancrácio, que teria sur- considerável, e alguns praticantes de artes marciais oriun- gido por volta do século VII AEC ou antes e cujo ar- dos daquele país chegaram a Oquinaua.*[12] cabouço técnico englobaria os mais variados movimen- Apesar da circunstância de gravitar em torno da influên- tos e golpes, desde socos a estrangulamentos. Como es- cia sino-japonesa, sucedeu na história de Oquinaua, entre porte sabe-se ter feito parte dos Jogos Olímpicos naquela * 1322 e 1429, um período denominado de Sanzan-jidai época. [8] (三⼭時代, período dos três montes) quando que se de- Caminhando já na Ásia, onde se acredita ser o berço bateram os três reinos de Hokuzan (北⼭, Monte Seten- das artes marciais modernas, sabe-se que o exército de trional), Chuzan (中⼭, Monte Central) e Nanzan (南 Alexandre Magno enfrentou guerreiros de várias origens, ⼭, Monte Meridional) pelo controle da região. Tal pe- como de China e Índia. É impossível creditar o desen- ríodo acabou com a unificação sob a bandeira do reino de volvimento das artes marciais asiáticas ao contacto com Ryukyu e sob o comando de Chuzan, que era o mais forte o gregos, pois logicamente existiam já naquelas paragens economicamente, inaugurando a primeira dinastia Sho: suas próprias disciplinas, tanto é que se deu enfrenta- Sho Hashi. Nessa época, influência chinesa consolidou- mento entre exércitos e não de um exército e pessoas se como a preponderante das duas e isso se refletiu na desarmadas. Infere-se ter havido certamente a troca de estrutura administrativa do reino e noutros aspectos cul- conhecimentos, o que era inevitável, após a estabiliza- turais.*[13] ção das relações. De qualquer forma, havia na Índia uma Entrementes, após a unificação e no fito de conter even- forma de luta chamada de vajramushti, a qual parecer ter tuais sentimentos de revolta, el-Rei Sho Hashi promulgou sido transmitida a outros países ou mesmo comunidades, * * um édito que tornou proibido o porte de quaisquer armas no processo de trocas culturais na Ásia. [9] [10] por parte da população civil. Este facto é considerado o De fato (alguns ainda dizem tratar-se mais de espe- marco principal do processo evolutivo que veio a culmi- 98 CAPÍTULO 15. CARATÊ

nar no caratê, posto que já existisse em Oquinaua uma 15.1.2 Arte das mãos oquinauenses arte marcial própria, a medida régia impôs um ritmo di- ferente, pelo que, devido à necessidade de as pessoas te- rem uma forma de defesa e em razão da proibição real, Antes das influências sínica e nipônica, já existia uma es- aquelas técnicas foram-se aperfeiçoando.*[14] pécie de luta desarmada e nativa de Oquinaua, que era Fruto também da proibição do porte de armas foi o de- praticada abertamente, chamada de mutô, em cuja o em- senvolvimento do kobudo, outra arte marcial oquinauense bate começava com empurrões muito parecidos com os que transformou o uso de objectos do cotidiano em ar- de sumô, depois, seguindo-se com apliacação de golpes de arremesso e torção.*[20] Vencia aquele que derru- mas, como a tonfa e o nunchaku, que eram originalmente * instrumentos de trabalho, para manuseio de moinho e de- basse ou submetesse o adversário. [21] Era uma prática bulhagem de arroz.*[15] cujo fito mor era recreativo, mas que, segundo alguns au- tores e mestres, teria sido a semente do caratê, que foi A sociedade japonesa, possuindo uma classe guerreira, então paulatinamente sendo moldado e modificado sob a era há muito conhecedora de disciplinas de combates influências do boxe sino-meridional.*[22]*[23] com e sem armas. No seio das famílias e/ou clãs Em meados do século XVII, uma arte marcial oquinau- fomentaram-se formas de combate, os chamados koryu, * transmitidos somente internamente. Entretanto, o que ense [c] sem armas já era estabelecida, sendo conhecida “ ⼿ ティー importa é que houve certa troca de conhecimentos, posto por tê" ( ou , em japonês: te, em oquinauense: * 沖 que muito velada, e que essas artes evoluíram para aten- ti). [24] Também é referida como mão de Oquinaua ( 縄⼿ der exatamente às necessidades do grupos que as usa- , em japonês: Okinawa-te, em oquinauense: Uchi- vam.*[16] naadi), quando surge a figura de Matsu Higa, renomado mestre de te e kobudo e também experto em chuan fa, que Essa peculiaridade, de existir uma classe nobre guerreira, teria aprendido com mestres chineses.*[25] Mas já nesse impingiu à nascente arte do caratê um carácter subal- tempo, a arte marcial já vinha evoluindo em três formas terno, de exórdio, pois se desenvolveu precipuamente nas distintas, radicadas nas três cidades que as nomearam, camadas mais pobres da população, que sobreviviam de Naha-te, Tomari-te e Shuri-te. atividades agrícolas e de pesca, haja vista que as clas- ses de guerreiros, tal e qual sucedia em China e Japão, Acredita-se que Sensei Higa tenha sido, dentro de seu es- tilo próprio, o primeiro a estabelecer um conjunto formal não difundiam suas disciplinas de combate fora de seu * estreito círculo. De qualquer modo, a classe guerreira de técnicas e chamá-lo de te. [25] (mormente, os peichin) acabou por se render às técnicas Destacaram-se mais os estilos de Shuri, por ser a capital, de luta desarmada.*[16]*[17] e de Naha, por ser cidade portuária e mais importante en- O que viria a ser o jiu-jítsu surgiu para capacitar o sa- treposto comercial. Entretanto, posto que tivesse menor murai para a luta desarmada mas usando armadura, pelo relevo no cenário da época, por ser mormente uma cidade que não era racional utilizar ostensivamente de ponta- de trabalhadores, pescadores e campesinos, Tomari, de- pés e socos mas mais projeções e estrangulamentos. Por vido a exatamente suas características, desenvolveu o es- seu turno, o que se desenvolveu em Ryukyu visava jus- tilo peculiar e muitas vezes erradamente confundido com tamente ao combate desarmado, que se poderia dar em o estilo de Shuri. Ademais, em que pese cada um das ci- dades ter seu estilo, elas compartilhavam informações e qualquer sítio sem que os contendores estivessem a usar * dum trajo específico, pero poderia coincidir de se enfren- praticantes. [26] tar guerreiros com armadura, pelo que socos e pontapés Na linhagem do estilo shuri-te, caracterizado pelas postu- eram mais interessantes, isso aliado ao condicionamento ras corporais naturais e por movimentos lineares de des- de mãos e pés para serem instrumentos de ataques fulmi- locamento e de golpes, seguiram-se a sensei Higa, mais nantes.*[18] ou menos numa linha de instrutor e aprendiz, os mes- tres Peichin Takahara, Kanga Sakukawa e Sokon Mat- A independência do reino de Ryukyu sofreu duro golpe * quando, em 1609, o clã samurai de Satsuma, com aprova- sumura. [27] ção do imperador do Japão, subjugou o arquipélago. Por Com mestre Takahara*[d], já por influência japonesa, o ocasião da invasão, os samurais encontraram pouco ou te vem a receber os três princípios que culminariam com nenhum revide, porque, dadas as circunstâncias, el-Rei a transformação da técnica numa disciplina muito maior declarou que a vida é o mais importante tesouro e reco- já na transição do século XIX para o século XX. mendou que a população das ilhas não revidasse à agres- Ainda no século XVII, o te sofria fortes influências desde são estrangeira. Oquinaua passou a ser um estado tribu- a China. Mestre Sakukawa, por sugestão de Peichin Ta- tário de Japão e China, mas, contrário ao cenário ante- kahara, foi aprender com o chinês Kushanku ̶mestre de rior, com predomínio nipônico, que expôs a cultura local chuan fa ̶e, depois, diretamente no continente. Tais ca- e influenciou sobremaneira o desenvolvimento das artes racterísticas não passaram despercebidas e calharam em marciais, sob os valores da classe guerreira. Naquele mo- que a arte marcial passou a se chamar Tode ou Todi (唐⼿ mento, o clã Satsuma introduziu sua própria disciplina, o ou トゥデ, mão chinesa)*[e], ou ainda Toshukuken (徒 jigen-ryu.*[19] ⼿空拳) e Toshu-jitsu (徒⼿術).*[28] 15.1. HISTÓRIA 99

Enquanto isso, em Tomari, seu estilo adquiria uma carac- porque era praticado e ensinado num rígido esquema de terística mais acrobática.*[16] Os principais expoentes da mestre/aluno.*[32] região foram os mestres Karyu Uku e Kishin Teryua, que Nesse meio tempo, sem olvidar altercações sínicas, o deixariam por legado a Kosaku Matsumora. Em Naha, o cenário político mudou porquanto da anexação final de te evoluia numa direção diversa, com movimento de ex- Ryukyu, em 1875, por parte do Japão, fazendo com trema contração, golpes de curto alcance e condiciona- que o provecto reino se transmutasse na província de mento do corpo para absorção de golpes, tudo conjugado * * * Oquinaua. [33] Todavia, o que poderia ser o fim tornou- a técnicas de respiração (ibuki). [29] [30] se uma oportunidade, pois terminou com o isolamento da Sob o ministério de Sokon Matsumura, o tode passou a população do arquipélago, incorporados de vez à popu- ter um treinamento mais formalizado com a compilação lação nipônica. E coube a Anko Itosu, um discípulo de de uma série mais ou menos fechada de katas e, princi- Matsumura e secretário do rei de Oquinaua, usar de sua palmente, rompeu-se a barreira das classes sociais. Com influência para tentar disseminar a arte marcial. Matsumura, que fazia parte da elite guerreira e da corte de O mestre via o te não somente como arte marcial mas, el-Rei Sho Ko e sucessores, o tode, praticado mormente principalmente, como uma forma de desenvolver caráter, pelas classes trabalhadoras, passou a ser uma arte militar * disciplina e físico das crianças. Ainda assim, o mes- reconhecida. [31] tre julgava que os métodos utilizados até a época não Por essa época, ficaram famosos, e quase lendários, eram práticos: o te era ensinado basicamente por inter- os contos sobre as proezas dos artistas marciais de médio do treino repetitivo dos kata. Então, Itosu simpli- Oquinaua, como a do mestre de Tomari-te, Kosaku Mat- ficou o treino a unidades fundamentais, os kihons, que sumora, que desarmado derrotou um samurai. Assim, são as técnicas compreendidas em si mesmas, um soco, o te era conhecido também por shimpi tode (神秘唐⼿, uma esquiva, uma base, e, além, compilou a série de kata misteriosa mão chinesa) ou reimyo tode (霊妙唐⼿, eté- Pinan com técnicas mais simples e que passariam a for- rea/miraculosa mão chinesa).*[25] mar o currículo introdutório. A mudança resultou na di- minuição, supressão em alguns casos, de táticas de luta, mas reforçou o caráter esportivo, para benefício da saúde: 15.1.3 Arte das mãos vazias deu-se relevo a postura, mobilidade, flexibilidade, tensão, respiração e relaxamento. Atribui-se ao mestre Itosu os primeiros movimentos no fito de promover a mudança de denominação para karate (空⼿, mãos vazias), como forma de vencer as barrei- ras culturais, as resistências para aceitação, pois como algo com origem chinesa não era visto com bons olhos, ademais porque havia tensões latentes entres os dois paí- ses.*[34] Todavia, documentado é o fato de o mestre Hanashiro Chomo, numa publicação entitulada «karate kumite», claramente referir-se à sua arte marcial como maos vazias.*[35] Em 1900, aconteceu uma grande emigração amostra do caratê aos ocidentais, quando o Havaí tinha sido anexado pelos EE.UU. havia aproximadamente dois anos. O caratê tornou-se esporte oficial em 1902. Evento dra- mático no desenvolvimento do caratê que é o ponto em que se aperfeiçoa a transição de arte marcial para dis- ciplina física, deixando ser visto apenas como meio de autodefesa.*[32] Como resultado de seu progresso, Anko Itosu crê ser pos- sível exportar o caratê para o resto do Japão e, em co- meços do século XX, passa a empreender esforços para tanto, mas não consegue lograr sucesso. Paralelos a esses eventos, outro influente mestre, Kanryo Anko Itosu Higashionna, promovia por si outras mudanças. Ele de- senvolvia um estilo peculiar que mesclava técnicas sua- No fim do século XIX, o caratê ainda era marcado de ves, evasivas e defensivas (como esquivas e projeções), e modo forte por quem o ensinava, não havia, posto que menos as rígidas, e tinha como discípulos Chojun Miyagi houvesse similitudes entre as técnicas, um padrão, o que e Kenwa Mabuni. A exemplo de Itosu, Higashionna con- dificultava sua maior aceitação fora de círculos restritos, 100 CAPÍTULO 15. CARATÊ

seguiu fomentar os valores neles que levaram até as mu- danças futuras que tornariam o caratê mais aceitável.*[4] Em que pesem a evolução que arte estava experimen- tando e havendo a fama de ser um estilo de luta eficaz, fama essa que já havia muito corria pelo Japão, ainda era pouco conhecida. Não se sabia realmente muito essa luta que matou muitas pessoas, sobre suas características, fora os praticantes oquinauenses e alguns poucos fora desse círculo ainda pequeno e cerrado. Em 1965 o caratê foi proibido no Brasil por que ele ja matou duas pessoas que estavam lutando: Francisco de Oliveira dos Santos e Ma- ria Fernanda dos Campos*[36] Alguns fatores contribuíram, entretanto, para a divulga- ção do caratê. Um desses fatores era a mentalidade cor- rente à época que, mesmo com o processo de dissemina- ção dos costumes ocidentais iniciado com a Restauração Meiji, ainda era muito apegada à figura do guerreiro, não sendo incomum o lance de desafios a lutadores proemi- nentes ou mesmo a uma casa, família ou paragem. Não se pode esquecer, contudo, que isso não se deva por bra- vata mas por orgulho, de suas tradições e para homena- gear seus mestres, resguardando-se a honra (no mor das vezes). Era comum a prática do dojo yaburi (desafio ao dojô). Certa altura, por volta de 1906 chegou a Oquinaua uma praticante de jujutsu (ou de judô, segundo algumas fon- tes) que desafiou a todos da ilha a medir forças com ele, para provar que seu estilo de jiu-jítsu era superior aos do Kenwa Mabuni Japão e da região. No dia aprazado, posto que fosse já provecto (na casa dos setenta anos), no meio de vários lutadores, o mestre Itosu não quis deixar sem resposta o 15.1.4 Caminho das mãos vazias convite e foi ter com o desafiante, que interpelou o mes- tre, dizendo“que honra haveria de ganhar de um idoso?", Os esforços de Itosu, a despeito de não gerarem os efei- mas aquiesceu ao embate, por respeito ao nobre ancião. tos almejados, frutificaram nas mãos de seus alunos. Por A luta foi decidida com apenas um golpe.*[37] exemplo, o Mestre Kenwa Mabuni, como forma de tri- buto, sistematizou todos os ensinamentos aprendidos no Marcante e decisivo, entretanto, foi um desafio que mes- estilo Shito-ryu, que pretende fundir os estilos Shuri-te e tre Choki Motobu protagonizou. Chegou ao Japão um Naha-te e com isso veio a preservar muitas variações de navio russo, conduzindo um lutador de (Jon Kir- kata; o Mestre Choshin Chibana, por seu turno, compilou ter), com porte físico avantajado (quase 2m de altura) seu conhecimento no estilo Kobayashi-ryu, pretendendo e capaz de cravar um prego na madeira co'as mãos. O preservar as exatas formas por ele aprendidas de Matsu- fito daquele lutador era divulgar sua modalidade de luta mura e Itosu.*[39] e, para tanto, além das demonstrações públicas, que en- volviam proezas, como enrolar uma barra de ferro nos Entretanto, aproveitando o interesse no caratê, principal- braços e quebramentos, foi lançado um desafio a todo o mente depois da vitória do mestre Choki Motobu sobre país. o lutador russo, coube a Gichin Funakoshi lograr grande êxito no objetivo do mestre Itosu, isto é, difundir o ca- A nova correu até Oquinaua, sendo o desafio aceito pe- ratê como desporto e nativo da cultura japonesa. Fun- los irmão Motobu, descendentes da casa real e notórios damental também foi a empresa de outros grandes mes- expertos em artes marciais, além do caratê, kobudo e tres, como Mabuni, Miyagi, Motobu etc., que não podem gotende. Dirigiram-se eles até o Japão. No dia da luta, ser considerados no arrabalde. Esses esforços não po- tudo certo o embate foi decidido com apenas um golpe dem ser olvidados porque criaram a ambiência em que na região do plexo solar. A vitória foi considerada tão Funakoshi logrou êxito em difundir o caratê pelo arqui- surpreendente que criou alvoroço e despertou de vez o pélago japonês. As técnicas do estilo iniciado por Fu- interesse pelo caratê.*[38] nakoshi baseiam-se no caratê de Itosu, mas dando mais ênfase ao aspecto formativo da personalidade, caracte- rística que ficou impressa nas demais linhagens surgidas naquele momento. 15.1. HISTÓRIA 101

A divulgação não aconteceu sem resistência. A despeito palavra que é análoga ao familiar conceito de tao.*[41] de vários pedidos para a não exibição de vários mestres Daí que o caratê deixou de ser encarado apenas em seu que não viam com bons olhos o movimento, Funakoshi aspecto técnico, ou jutsu, para serem realçados o filosó- levou o caratê até o sistema público de ensino, com a fico e o físico (educacional). ajuda de seu mestre Anko Itosu e, em pouco tempo, a arte Por outro lado, o caratê beneficiou-se de uma perspec- marcial já fazia parte do currículo escolar como disciplina tiva que existia, a de que a luta nativa de Oquinaua, aí in- física/esportiva, dando um impulso extraordinária, com o cluso o seu kobudo (manipulação de armas), era simples- caratê sendo praticado em vários sítios e sendo bastante mente uma forma de jujutsu ou koryu. Assim se pensava apreciado e valorizado localmente. porque tanto os vários estilos de jujutsu (takenouchi-ryu, Entre 1902 e 1915, sensei Funakoshi viajou com seus me- daito-ryu etc.) japoneses quanto o oquinauense valiam- lhores alunos por toda Oquinaua realizando demonstra- se das mesmas formas técnicas (luta desarmada, princi- ções públicas de caratê e calhou de o inspetor de Educa- palmente), diferenciando-se apenas no foco e no treina- ção do concelho, Shintaro Ogawa, estava particularmente mento, ou seja, nada de estranho, se comparado à tradi- interessado no processo seletivo para ingresso nas forças ção samurai. Denominava-se o caratê de tejutsu, o que armadas, preocupado em obter um bom grupo, composto reforçava esse aspecto.*[42] por jovens de boa índoles (valores) e boa compleição. Ogawa ficou impressionado, que escreveu ao continente dando as novas.*[32] Sucedeu de o almirante Rokuro Yashiro assistir a uma daquelas demonstrações, explicadas por Funakoshi, en- quanto seus alunos executavam kata, quebravam telhas e faziam outras proezas, que expunham a eficácia do con- dicionamento físico. O almirante ficou muito impressi- onado e ordenou que seus homens que iniciassem o trei- namento de imediato. Sucedeu também de, em 1912, o comando Almirante Dewa escolher doze de seus homens para treinarem caratê por uma semana, enquanto estives- sem ancorados nas imediações. As novas levadas por es- ses dois oficiais levaram o caratê a ser mais comentado * no Japão. [32] Mestres de caratê na década de 1930 E no desenrolar dos acontecimentos, calhou de, em 1921, o então príncipe herdeiro e futuro imperador Hirohito as- Entrementes, a proposição de Mestre Itosu, pela escrita sistir a uma dessas demonstrações, pelo que ficou admi- do nome da arte marcial como kara-te-dō foi objecto de rado e pediu a feitura de um evento nacional em Tóquio, debate em 1936, e mestres na época acordaram que se- realizado em 1922. O evento foi muito bem sucedido e ria a melhor escolha, o que reflectira a unidade do caratê ocasionou de o mestre Funakoshi ser coberto de convites e sua originalidade, posto que houvesse sofrido diversas para apresentar sua arte e um desses convites foi feito por influências de fora.*[5]*[43] Jigoro Kano, para ser feito no instituto Kodokan. Do modo como se desenvolveu, um elemento da cultura Durante o evento, que levantou a plateia, mestre Funa- japonesa, o caratê está imbuído de certos elementos do koshi foi convencido a permanecer no Japão e, com a Zen-budismo, sendo que sua prática algumas vezes é cha- ajuda de Jigoro Kano, de que se tornou amigo íntimo, mada de“zen em movimento”. As aulas frequentemente o caratê foi difundido. começam e terminam com curtos períodos de meditação. O mestre sabia que haveria de surgir enorme oposição, Também a repetição de movimentos, como a executada haja vista que naquele período da história das relações en- no kata, é consistente com a meditação zen pretendendo tre Japão e China não era dos melhores. Ainda era muito maximizar o autocontrole, a atenção, a força e veloci- recente a lembrança da Primeira Guerra Sino-Japonesa dade, mesmo em condições adversas. A influência do zen nesta arte marcial depende muito da interpretação de cada (1894-1895). E até o fim da Segunda Guerra Mundial e * da Segunda Guerra Sino-Japonesa, com a rendição do Ja- instrutor. [44] pão perante os Aliados, ocorreram vários incidentes be- Devido aos esforços de Funakoshi o caratê passou a ser licosos.*[40] ensinado nas universidades de Shoka, Takushoku, Wa- Tais circunstâncias levavam à conclusão de que uma arte seda e Faculdade de Medicina. marcial de origem chinesa seria certamente repudiada, A modernização e sistematização do caratê no Japão tam- pelo que a mudança da arte para o karate-dō (空⼿道, bém incluiu a adoção do uniforme branco (quimono ou caminho das mãos vazias), isto é, com o acréscimo do karategi) e de faixas coloridas indicadoras do estágio al- sufixo “dō", como se deu com muitas das artes marciais cançado pelo aluno, ambos criados e popularizados por praticadas no Japão. A partícula do significa caminho, Jigoro Kano, fundador do judô. 102 CAPÍTULO 15. CARATÊ

Após a Segunda Guerra Mundial, o mestre Funakoshi com seus alunos conseguiram que o Ministério da Edu- cação classificasse o caratê como educação física e não como arte marcial, tornando possível seu ensino, durante a ocupação do Japão. Depois dos Estados Unidos o caratê foi difundido pela Europa e o mundo.*[48]

15.1.5 Atualidades

Posto que mestre Funakoshi pregasse que o caratê era uma arte marcial única, que as variações nas formas, nos estilos, deviam-se precipuamente às idiossincrasias e que jamais denominou sua linhagem de estilo, ainda durante sua existência e persistindo até os dias atuais, o que su- cedeu foi uma proliferação de estilos, escolas e linhagens diferentes. A grande variedade de estilos e escolas, se por um lado facilita essa disseminação, por outro, causou enormes dis- sensões e cisões entre entidades e representantes. Muitas vezes, o que motivou a cisão foram disputas políticas e/ou ideológicas.*[49] Jigoro Kano Depois de criada por discípulos de Funakoshi, a quem aclamaram como líder, em 10 de abril de 1957, a JKA ganhou a condição de entidade oficial, mas, cerca de duas As contribuições de Jigoro Kano não se limitam ao uni- semanas depois, o grande mestre faleceu com a idade de forme de treinamento e à padronização das graduações, 89. mas vão até a técnicas, que foram compiladas dentro do estilo Shotokan. O conceito de do, posto que presente Olimpíadas há muito, foi de certa forma reinterpretado segundo suas ideias. Em 19 de junho de 1999, depois de muitos anos e mui- Depois que Funakoshi demonstrou o caratê, outros mes- tos episódios marcados pela discórdia, na 109ª Sessão do tres de Oquinaua seguiram pela mesma trilha e se foram, Comitê Olímpico Internacional - COI, confirmou-se o re- no fito de conseguir novos alunos e divulgar ainda mais. conhecimento da Federação Mundial de Caratê (World Um daqueles mestres era Kenwa Mabuni, que se fixou Karate Federation - WKF, em inglês) como o ente go- em Osaca e, no ano de 1931, criou a Dai-Nihon Karate- vernativo do caratê mundial, o que significava o também do Kai, para dar apoio a seu estilo, que foi registrado, reconhecimento do esporte como esporte candidato a fi- primeiro como Hanko-ryu, e, depois, Shito-ryu.*[45] gurar nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, como esporte de demonstração, cuja confirmação dar-se-ia na Entrementes, somente durante a década de 1930 foi que a * Associação Japonesa de Artes Marciais, Butoku-kai, re- 111ª Sessão do Comitê, para o ano seguinte. [7] conheceu oficialmente o caratê como arte marcial nipô- O COI estabelece dois parâmetros para a aceitação de nica e requereu que todas as escolas fizessem registro na um esporte como olímpico: ser praticado em muitos paí- entidade, exigindo para esse registro que cada uma delas ses (membros) e ser representado por uma entidade mun- indicasse os nomes de seus estilos.*[46] dialmente reconhecida. Aparentemente, o caratê possui Em maio de 1949, alguns discípulos de Funakoshi cri- apenas um desses requisitos. aram uma associação cujo escopo principal seria a pro- moção do caratê. O nome dado foi Nihon Karate Kyokai 15.1.6 Em África (⽇本空⼿協会, (Japan Karate Association - JKA, As- sociação Japonesa de Caratê), e o primeiro presidente foi A forma esportiva de caratê foi-se introduzindo em Saigo Kichinosuke, membro da Câmara Alta do Japão, África por volta da década de 1940. Formalmente, na neto de Saigo Takamori, um dos maiores heróis do Japão * África do Sul a modalidade foi iniciada no começo dos Meiji. [47] anos 1950 por instrutores, como Len Barnes, Richard Durante a Segunda Guerra Mundial, o caratê tornou-se Salmon, James Rousseau, Stan Schmidt e outros. Em popular na Coreia do Sul sob os nomes tangsudo ou kong- , processo semelhante se deu. E com o tempo sudo quando a pratica do foi proibida pelos algumas entidades foram sendo criadas e se afiliando a japoneses após sua invasão. outras, de cunho internacional.*[50]*[51] 15.2. ESTILOS 103

15.1.7 No Brasil nor renome, como Shindo jinen ryu, Seiwakai, Shudokan, Toon-ryu, Chito-ryu, Kenyu-ryu, Isshin-ryu etc. Há ainda Da mesma forma como sucedeu com outras artes mar- alguns estilos que nada mais são do que visões mais tra- ciais japonesas, o caratê foi introduzido no Brasil com a dicionalistas ou ortodoxas de um estilo, como é o caso do chegada de imigrantes japoneses no começo do século Shotokai, que propala estar verdadeiramente conectado à XX. Mas somente no ano de 1956, o sensei Mitsuke escola criada pelo mestre Funakoshi; aqueles que são uma Harada (Shotokan) instala o primeiro dojô em São visão particular e/ou moderna, como o Gosoku-ryu, que é Paulo.*[52] A esse exemplo seguiram os mestres Juichi uma recopilação baseada no Shotokan; ou estilos que são Sagara (Shotokan), em 1957; Seichi Akamine (Goju- compilações de outros estilos. ryu), em 1958; Koji Takamatsu (Wado-ryu); Takeo Su- Em termos de artes marciais, há que se notar que a pa- zuki (Wado-ryu); Michizo Buyo (Wado-ryu); Yoshihide lavra “escola”não tem o mesmo sentido empregado no Shinzato (Shorin-ryu); Takeda, Kimura e Fábio Sensei uso comum. O caratê é uma arte marcial que se subdi- (Bushi Ryu), em 1992; Akio Yokoyama (Kenyu-ryu), em * vide em diversos estilos, o Shorin-ryu sendo um dos mais 1965. [53] antigos entre eles. Cada estilo, identificados geralmente A prática da modalidade percebeu um aumento depois pela partícula ryu (流, ryũ*?, fluxo), é uma forma dis- que participantes de competições de artes marciais mis- tinta de se praticar uma determinada arte marcial. Nesse tas lograram vitórias, como é o caso do carateca Lyoto sentido, membros de estilos diferentes terão nomes dife- Machida.*[54] rentes para golpes semelhantes, kata e kihon próprios, di- ferentes progressões de faixa, ou nível, e até mesmo me- todologias de ensino variadas. O que une os diferentes 15.1.8 Em Portugal estilos é a consciência de que são como galhos de uma mesma árvore, no caso a arte marcial em questão.*[59] Em Portugal, a arte marcial foi introduzida entre os anos As escolas, kan (館*? edifício, casa), por sua vez, são vi- de 1962 e 1964, quando se reuniu um grupo de pessoas sões particulares de um determinado estilo. Muitas vezes que praticam a modalidade na Academia de Budo, em elas se originam como tributos a mestres muito graduados Lisboa. Foi com este grupo que se organizou e entabulou e, algumas vezes, acabam se transformando em estilos os primeiros contactos com as entidades internacionais propriamente ditos, como foi o caso do estilo Shotokan, da modalidade. Na década de 1970, verifica-se a criação que deve ser mais corretamente chamado de Shotokan- das primeiras entidades associativas nacionais represen- ryu (uma vez que Shotokan seria a Escola de Shoto e tativas de alguns estilos.*[55]*[56] Em 1980, foi fundada Shotokan-ryu seria o Estilo da Escola de Shoto). Uma a Associação Portuguesa de Karate-Do (Shotokai), cuja “escola”, nesta cércea, não é, portanto, um local de apren- génese se reporta a uma parte importante do núcleo ini- dizado de técnica, mas um conjunto de ideias dentro de cial dos praticantes da Academia de Budo. Até 1985, a um estilo.*[60] CDAM (Comissão Directiva das Artes Marciais), presi- dida pelo Comandante Fiadeiro e sob a égide e super- Outra subdivisão pode se dar com o surgimento de uma visão do Ministério da Defesa Nacional, integrava e re- linhagem, marcada com a adição do sufixo ha (派*? fac- gulamentava todas as Artes Marciais. De 1985 a 1992, ção, escola, seita), que, semelhante às escolas, impri- divide-se a CDAM, de onde emergem duas instituições mem uma visão particular de um estilo ou de uma es- que reivindicam a gestão do Karaté nacional: a Federação cola. Nessa leva, existem as linhagens, por exemplo, Portuguesa de Karaté (FPK) e a Federação Portuguesa de Hayashi-ha, Motobu-ha e Inoue-ha, do estilo Shito-ryu; Karaté e Disciplinas Associadas (FPKDA). Finalmente, Goju-kai e Seigokan, do estilo Goju-ryu; ou Shobayashi- a 15 de Junho de 1992 é fundada por aquelas duas fede- ryu, Matsubayashi-ryu e Kobayashi-ryu, do estilo Shorin- rações a Federação Nacional de Karaté - Portugal (FNK- ryu.*[60] * P). [57] Nota-se, portanto, que não existe um padrão ou uma norma para definir os nomes dos estilos e suas respectivas ramificações. E divergências de entendimento são natu- 15.2 Estilos ralmente esperadas, pelo que variações de uma mesma forma não seria algo insólito e nem as pessoas terem por desiderato trilhar caminhos distintos, porém dever-se-ia A despeito do que preconizavam os grandes mestres, ho- restar cônscio da origem comum.*[61] diernamente, há na seara do caratê um grande número de divisões, sendo as mais conhecidas os estilos, e re- Os mestres tradicionais pensavam que qualquer arte mar- conhecidos pela Federação Mundial de Caratê, Shito- cial deveria ser assemelhada a um flúmen, isto é, fluente ryu, Shotokan, Goju-ryu e Wado-ryu. Todos eles cria- e flexível. De outro modo, uma arte marcial deveria ser o dos na primeira metade do século XX. Reconhecidos pela resultado dum constante processo de aprimoramento in- WUKF, há os estilos Shorin-ryu, Uechi-ryu, Kyokushin e dividual, pelo qual o budoca adaptar-se-ia conforme os Budokan, além dos reconhecidos pela WKF.*[58] conhecimentos adquiridos e nunca seria idêntica, posto que duas pessoas praticassem a mesma, por igual período Há, contudo, muitos outros estilos, como maior ou me- 104 CAPÍTULO 15. CARATÊ

e com um só mestre, pois as pessoas não são iguais. As- sas, tratando-se uma leitura japonesa do tao. Como cami- sim sendo, não haveria razão para existirem diversos es- nho, por conseguinte, deve ser interpretado de forma bem tilos.*[62] abrangente, para a compreensão de um ciclo de vida. De outra forma, uma vez que o ciclo da vida é já um caminho pré-determinado, um sistema no qual todas as formas e 15.3 Ética e filosofia seres estão inter-relacionados, mister haver a consciência de que existe uma relação de interdependência de todas as coisas e situações: o aprendizado não seria mérito pes- Além das mudanças para facilitar a divulgação do caratê, soal mas o resultado da relação voluntária do praticante os mestres do começo do século XX (mormente Funa- com o ambiente e com todos os seres.*[64] koshi, que aproveitou também esse aspecto da cultura ja- ponesa, relevante naquele momento) foram eficazes em imprimir solenidade aos treinamentos, respeito para com mestres, instrutores e praticantes, de forma mútua, o que realça o carácter de formação de bons indivíduos. Isto, contudo, sem esquecer que naturalmente no processo de formação da arte marcial desenvolvia-se um paradigma para as condutas dentre e fora do sítio de treino. Neste ambiente, alguns dos mestres eram reconhecidos por sua moral e trabalhos nesse sentido.*[63] O treinamento tradicional de caratê deve começar e ter- minar com um breve momento de meditação, mokuso, cuja finalidade é preparar o carateca para os ensinamen- tos que receberá e, depois, refletir sobre os mesmos. A cada momento ou exercício faz-se saudação no começo e no fim, sendo costume difundido em vários dojôs fazer uma reverência ao entrar e sair do sítio. Esse carácter mais abrangente do caratê é bem visível pela partícula “dō" (道) de seu nome. Tais princípios, posto que a grande mudança filosófica ocorrida nas artes marciais japonesas possa ser localizada na transição do século XIX para o XX, possuem suas raízes fincadas bem mais no passado.

Historicamente, foi o monge Peichin Takahara quem pri- Samurai meiro a descreve a filosofia do“dō", do caminho de evo- lução que são as artes marciais, em sintonia com os ensi- Nesta cércea, o caratê se insere como uma das discipli- namentos do caratê. Ainda no século XVII, ele descreveu nas do Bushido, o código de ética do guerreiro. Assim, o as três vertentes que, combinadas, culminam na evolução caratê é muito mais do que uma forma de luta (o “dō" * da pessoa: ijo, fo e katsu. [63] rejeita esta visão limitada), é um modo de vida. Os mes- tres prolataram um conceito, o que de nesta arte marcial, • Ijo' (径) pode ser expresso em atitudes pró-ativas em além de não existir atitude agressiva, em caso de embate, favor de terceiros. Também se diz que a forma ijo nunca o carateca faria o primeiro movimento: respousa na compaixão, humildade e no recato. Sob duas ópticas capitais e pragmáticas, ressai o escopo • Fo (, princípio) é o compromisso, isto é, a dedica- pacífico da modalidade. Primeiro, caso se enfrentem dois ção que alguém tem para com algo; no caso, o afinco caratecas, nenhum deles tomará atitude ofensiva, pelo com que um carateca treina os conhecimentos ensi- que o combate nunca existirá. Depois, caso o enfren- nados, a seriedade e devoção que nutre, além, para tamento se desse contra alguém que não é um carateca, com seu mestre e colegas. com a atitude pacífica ou desestimularia o ataque ou, se esse existir, poder-se-ia usar da energia despendida pelo • Katsu' (奉, observância) reflete-se no conhecimento, contendor para resolver a demanda. Trata-se destarte de na compreensão que a arte marcial possui, mas com- uma abordagem complementar à do shinbu.*[65] preendida nos mínimos detalhes e em que momen- tos, da vida ou de um enfrentamento real, farão sen- tido. 15.3.1 Dojo kun

O conceito do caminho evolutivo que é a prática do ca- A par dos princípios básicos elencados e tendo em foco o ratê pode ser achado em todas as artes marciais japone- Bushido, o mestre Kanga Sakukawa elaborou um código, 15.4. TÉCNICAS 105

o Dojo kun, para servir de norte à prática do caratê.*[66] Daí que nas técnicas manuais incluem-se defesas, ata- Tal código é composto por cinco regras: ques, projeções, imobilizações. E isso também é verdade quando se focam os movimentos feitos com os pés.*[71] 15.3.2 Tode jukun

Sensei Anko Itosu, quando se dirigiu aos administradores Um caractere importante é o manejo do ki, da energia: japoneses, no fito de divulgar o caratê por todo o Japão, o carateca deveria executar todas as técnicas parecendo referiu-se à sua arte marcial em forma de princípios que um flúmen. Sob a umbrela desse conceito, o ki fluiria poderiam ser facilmente compreendidos. Assim, tal con- livremente.*[72] junto de princípios ficou conhecido como Tode jukun, ou os Dez Princípios do Tode.*[67] 15.4.2 Didática

15.3.3 Niju kun Todas as escolas e estilos modernos de caratê desenvol- vem seu ensino no trinômio formado por kihon, kata e Imbuído pelo conceito do “dô" e a exemplo do que fi- kumite. Todavia nem sempre foi assim, eis que as esco- zeram os mestres do passado, em particular, seu instru- las tradicionais (ainda hoje) seguem um paradigma assen- tor directo, mestre Sakukawa, Gichin Funakoshi elaborou tado somente nos kata, cujo fito é ser um modo completo um código ético, Niju kun, o qual seria difundido em sua de treinamento e era adoptado pelas outras artes marciais escola, mas se acabou por espraiar-se por outros dojôs.O japonesas e mesmo por algumas modernas, como judô e nome significa literalmente as vinte regras: quendô. Este modelo perdurou intacto, ou sem alterações sensíveis, pelo menos até o surgimento do mestre Anko Itosu.*[27] 15.4 Técnicas Mestre Itosu possuía um projecto pessoal, que era de in- troduzir a arte marcial de Oquinaua em seu sistema de 15.4.1 Currículo ensino público. Antes dele, grosso modo, quando se dizia que o mestre tinha transmitido todo o seu conhecimento, O repertório técnico do caratê está dividido, de modo bá- significava que ele tinha ensinado todos os kata que sabia, ̶ sico, em dois grandes grupos go waza (剛技, técnicas rí- aí inseridos todos os aspectos. Não se praticava a luta ̶ gidas*?) e ju waza (柔技, técnicas suaves*?), que com- kumite porque o entendimento da época era que o ca- preendem respectivamente os golpes de impacto e os de ratê (como disciplina de combate) era mortal e, portanto, controle. Sendo que isso não tem nenhuma relação com insuscetível de ser praticado em luta, posto que combi- nada. Ou, quando era praticado, as lutas eram uma parte estilo ou mesmo a denominação deste, são dois aspec- * tos presentes em qualquer sodalício ou modo de se ensi- mínima dos exercícios. [26] nar/aprender a modalidade.*[68] Como a modalidade é, antes de tudo, uma arte marcial, exige-se de seu adepto que pratique os exercícios com de- As técnicas rígidas englobam todos aqueles golpes e mo- vimentos em que há explosão de energia, promoção ou dicação e empenho similares a estar num campo de ba- talha: a mente deve estar focada no exercício, de molde a absorção de impacto, daí seu nome (saltos, socos, chutes e pancadas). A sua contrapartida são as técnicas suaves, absorver o movimento/conceito na sua inteireza. Essa ati- tude é, em verdade, esperada do carateca perante quais- ou aquelas nas quais visa-se mormente o controlo da ener- gia da luta e da do adversário contra si mesmo e controlo quer situações do cotidiano, eis que o caratê é concebido como uma disciplina marcial ética (budo). dele de per se (projeções, caimentos, imobilizações e lu- xações).*[4] Essa ideia foi paulatinamente sendo cambiada. Ainda as- Além da divisão conforme a natureza do movimento, sim, as escolas tradicionais transmitem a arte marcial pre- podem-se dividir as técnicas do caratê em dois grandes cipuamente com base no aprendizado do kata. grupos, te waza (⼿技, técnicas manuais*?) e soku waza Acontece, porém, que o modelo de ensino fulcrado nos (⾜ 技, técnicas podais*?), e um grupo menor, atama kata não se mostra eficaz quando se trata de promover waza (頭技, técnicas capitais*?).*[69] E, bem assim, em o ensino do caratê a crianças, como notou mestre Anko uke waza (受け技, técnicas de defesa*?) e kogeki waza Itosu ainda no século XIX.*[73] Foi então que ele par- (攻撃技, técnicas de ataque*?). Os vários grupos e sub- ticionou os kata nas técnicas fundamentais e criou os grupos tendem a misturar-se, exibindo a noção de que kihon do caratê, adoptando um modelo mais próximo ao uma técnica pode ter variados fitos, ou seja, um mesmo conceito do dõ/tao, que também resta presente nalgu- movimento ou golpe pode ser usado tanto como defesa mas artes marciais, como o aiquidô. Da mesma forma, como ataque, o que vai realmente prover uma diferen- compreendeu-se que a simulação da luta (que o kata pre- ciação mais objetiva não exatamente o golpe em si mas tende ser) deveria ser praticada, pois já coloca o carateca o binômio de cenário de enfrentamento e intento.*[70] em situação de enfrentamento e o prepara de modo mais 106 CAPÍTULO 15. CARATÊ

eficaz. Destarte foi que surgiu o trinômio em que o caratê Kumite hodierno se lastreia. Kumite (組み⼿ ou ⼿*? mãos dadas) representa uma luta, um combate. Seu nome, sendo traduzido como o en- contro das mãos, pretende fazer memento ao lutador que o embate dar-se-á, pelo menos nos primeiros momentos, Kihon em condições de igualdade. Por conseguinte, deve haver respeito. * Kihon (基本 ?) significa“fundação”ou“fonte”e, nesta Em princípio, as lutas eram proibidas e/ou desestimula- lógica, quer dar sustento ao desenvolvimento do caratê de das, porque o caratê possui técnicas perigosamente mor- forma perene e propedêutica. Um kihon é uma técnica tais.*[41] Mas, quando o kumite foi incorporado ao trei- básica, um soco, uma defesa, uma postura, que é repetida namento, viu-se que deveria haver maior controle, é que pelo praticante diversas vezes. O escopo é tornar o mo- um aluno somente deveria treinar com luta depois de co- vimento tão natural que, quando for executado num kata nhecer bastante as técnicas dos kihons e katas, que são ou num kumite, não haverá dificuldades e o aprendizado sua base. A despeito disso, existem algumas formas de fluirá. kumite, que seguem uma linha contínua de aumento de O estudo na forma de fundamentos consegue transmitir dificuldade, com mais até menos controle.*[32] ao aluno a forma básica, incumbindo ao professor conse- Por outro lado, a prática do kumite como parte do trei- guir transmitir não somente o movimento em si mas toda namento, além de promover a adaptação do praticante a a filosofia e os conceitos que estão por detrás, porque de situações de combate, tem como fito precípuo a promo- outra forma a essência do caratê inexoravelmente será es- ção do companheirismo, do compartilhamento de infor- quecida, deixando de ser“dô" para ser“jitsu”. Noutras mações, da ajuda mútua. palavras, técnica pela técnica, num movimento contrário ao deixado pelos mestres. Ademais, quando o caratê passou pelas mudanças filosó- ficas que o transformaram em caratê-dô, impregnou-se da Por fim, a fixação do movimento por meio da repetição ideia de que o carateca que evolui sozinho praticamente levará eventualmente à compreensão maior de seu signi- não evolui, pois não se forma completamente, com res- ficado conquanto a energia (ki) do golpe não será desper- peito a outrem e à coletividade. E isso, num hipotético diçada mas, antes de tudo, canalizada do modo mais efi- combate, fatalmente contribuiria de modo nefasto para ciente possível. Ou seja, visa-se o equilíbrio entre prática um insucesso. e teoria. O mestre Choki Motobu dizia que as técnicas aprendidas tornar-se-iam «vazias» caso não fossem postas em prá- tica.

Kata 15.5 Graduação Kata (型*?) significa “forma”ou “modelo”. Um kata pretende ser uma luta simulada, formatada para que Os mestres de caratê não usavam nenhum padrão para o carateca consiga praticar sozinho; são movimentos co- identificar o nível de cada apedeuta, de modo pro- reografados que visam dar desenvoltura frente a situações saico identificavam particularmente quem estava mais ou reais de enfrentamento, contra um ou vários adversários menos avançado nos conhecimentos. Paulatinamente, imaginários. A prática do kata foi introduzida desde cedo passou-se, de um jeito ou de outro, a se utilizar do sis- no caratê, quando a influência de mestres chineses se fez tema menkyo (vigente ainda nas escolas tradicionalistas) peremptória, desde quando se tratava de luta tipicamente para certificar o grau de conhecimentos de um praticante, de Oquinaua (Okinawa-te). Todavia, com a crescente in- basicamente destacando-se três níveis: fluência dos estilos oriundos da China, a prática fixou-se de vez.*[27]*[28] • Shodan (初段*?): significando que se havia adqui- Há muitos kata e muitas variações de um mesmo kata, rido o status de principiante; dependendo do estilo/escola e até de professor para pro- fessor, refletindo diversos significados e as características • Chudan (中段, Chūdan*?): significava a obtenção desse estilo/escola. Os significados e aplicações de um de um nível médio de prática. Isso significava que o kata são dadas pelo , ou aplicação. O escopo mor é indivíduo estava seriamente comprometido com sua preparar o praticante para a luta real: a finalidade é que o aprendizagem, escola e mestre; aluno aprenda profundamente os kihon e, depois, perceba a aplicação de facto das técnicas de projeção, controle, • Jodan (上段, Jōdan*?): a graduação mais alta. Sig- chute e/ou deslocamento etc. O kata é, portanto, o ponto nificava o ingresso no Okuden (escola, sistema e que une as práticas de kihon e kumite.*[74] tradição secreta das artes marciais). 15.6. COMPETIÇÃO 107

Se o indivíduo permanecia dez anos ou mais junto ao seu diferentes características e exigências, de acordo com o mestre, demonstrando interesse e dedicação, recebia o grau de conhecimentos exigidos para o nível imediata- menkyo, a licença que permitia ensinar. Essa licença po- mente anterior, ou seja, o aluno obtém a próxima gradu- dia ter diferentes denominações como: Sensei, Shihan, ação, se conseguir demonstrar que aprendeu a todo o co- Hanshi, Renshi, Kyoshi, dependendo de cada sistema em nhecimento correspondente ao grau que ocupa e pretende particular. A licença definitiva que podia legar e outorgar superar; em tese, somente quando o aluno aprendeu tudo acima do menkyo, era o certificado kaiden, além de habi- de um estágio é que está pronto para prosseguir no ca- litado a ensinar, implicava que a pessoa havia completado minho do caratê. Habitualmente, também se exige certo integralmente o aprendizado do sistema. período de tempo entre um exame e outro.*[77] Depois, sob a influência de Gichin Funakoshi, adoptou-se Não existe um consenso sobre os programas dos exames o sistema de faixas coloridas, que foi elaborado por Jigoro de faixa, variando de organização para organização, ou Kano para seus alunos, com o escopo de, além de deixar mesmo de dojôs. claro o nível do praticante, estabelecer um“caminho”a ser percorrido, o que era uma ideia muito cara à filosofia do dō/tao. 15.6 Competição Inicialmente, em alguns casos (distinguir entre homens e mulheres ou níveis mais altos) os cintos de algodão cru usados não eram tingidos de modo uniforme, mas para se diferenciarem das outras artes marciais, havia a cor do grau ladeada por tingimento das bordas em cor distinta. Esse modelou não vigeu por muito tempo (alguns estilos ainda usam), passando a ser igual ao do judô. Por outro lado, posto que se almejasse estabelecer um modelo único (a ideia original), cada estilo/escola passou a estabelecer seus próprios graus e sequência de cores. Nesse mesmo espírito, alguns possuem cores diferentes para designar os graus mais elevados, por exemplo, com o cinto coral (vermelho e branco intercalados).*[75] O sistema atual que rege a maioria das artes marciais usando kyu (“classe”) e dan (“grau”), foi criado pelo Competição de caratê: kumite fundador do judô. Kano era um educador e conhecia as pessoas, sabendo que são muitos os que necessitam de es- Não existe competição no caratê tradicional, mas com o tímulos imediatamente depois de haver começado a pra- câmbio pelo qual passou a modalidade, de disciplina mar- ticar artes marciais. A ansiedade desse tipo de praticante cial pura para esporte e meio de desenvolvimento físico, não pode ser saciada por objetivos em longo prazo. paulatinamente algumas entidades passaram a promover A graduação no caratê é importante para indicar o nível torneios, cujo fito era promover o intercâmbio e a ami- de experiência dos praticantes, e é vista como sinal de zade. respeito para os atletas menos graduados. Para demons- Outros, contudo, sempre alertaram para a alta letalidade trar a graduação os caratecas usam uma faixa com uma de alguns golpes, como sucedeu num desafio em que o cor na região da cintura. A ordem das cores das gradua- oponente faleceu depois de um golpe desferido pelo mes- ções variam de estilo para estilo mas como padrão, o grau tre Choki Motobu. Deste modo, naturalmente foram sur- de intróito é marcao pela cor branca.*[76] gindo regras probitivas e foram sendo adoptadas prote- Na classificação de orientada por cores, o termo kyu sig- ções aos esportistas, dependendo do sexo, da idade etc., nifica classe, sendo que essa classificação é em ordem de- como colete para o peito e capacetes. Além deste aspecto crescente. Na classificação de mestres (com cinturão ou pragmático, as entidades pretendem fazer com que suas faixa pretos), dan significa grau, sendo a primeira faixa afiliadas promovam também o lado filosófico do caratê, preta a de primeiro dan; a subsequente, o segundo dan'; do respeito para com os colegas e demais praticantes da e assim por diante em ordem crescente. Em um plano modalidade.*[78] simbólico, o branco representa a pureza do principiante, Além da crítica sobre o perigos dos golpes, mestres ainda e o preto se refere aos conhecimentos apurados durante argumentam que as competições fazem o caratê perder anos de treinamento. sua essência, como esporte e como arte marcial, eis que, Desde que foi estabelecido e aceito o sistema de níveis derivado das próprias normas de proteção aos lutadores, coloridos, a graduação do caratê assemelhou-se muito ao as entidades vêm limitando o acervo de golpes que se po- seriamento escolar, num paradigma no qual os alunos gal- dem utilizar, na verdade, acenando com um repertório gam graus ascendentes (e mais complexos) até que obte- estreito do qual não se pode desviar, sob pena de desclas- nham o de mestre. No exame, são procedidos testes com sificação ou não marcação de pontos. Mas tais técnicas 108 CAPÍTULO 15. CARATÊ são deveras eficazes num embate real. Os mestres tra- quando o tempo expira ou quando um dos dois oponen- dicionalistas dizem que o praticante pode sair-se muito tes atinge três pontos (sanbon), daí o nome do sistema bem na competição, mas, como essa não admite contacto de disputa ser Shobu Sanbon (disputa por três pontos). maior nem controle verdadeiro das técnicas, ele não terá Uma variação desse sistema é o Shobu Ippon (disputa por um ataque potente nem resistirá a contra-ataques certei- um ponto), onde vence aquele que conseguir um ippon ros.*[79] ou dois wazari. Há, ainda, outra variação: Shobu Nihon Enfim, estão em choque duas abordagens diferentes do (disputa por dois pontos), na qual vence aquele que ob- caratê: uns com visão tradicional, entendendo que se trata tiver dois ippon's ou quatro waza-ari's, mas esta última forma de disputa é mais utilizada para competições in- de uma arte marcial, cujo objectivo é o aperfeiçoamento, * do corpo, do intelecto, da personalidade etc.; outros, com fantis. [83] a visão desportiva, enxergando o caratê como mais uma modalidade. Os torneios são realizados em duas modalidades, kata e 15.7 Vocabulário kumite. Uma terceira modalidade, que outros enxergam como subdivisão da de kata, é a de bunkai.*[80] O caratê desenvolveu-se paralelamente às demais artes marciais japonesas, em Oquinaua, onde há uma língua Na competição de kata, pontos são concedidos por cinco própria. Todavia, o vocabulário é basicamente em japo- juízes, de acordo com a qualidade do desempenho do nês. atleta, de maneira análoga à ginástica olímpica. São cri- térios fundamentais para uma boa performance a correta execução dos movimentos e a interpretação pessoal do kata através da variação de velocidade dos movimentos 15.8 Notas (bunkai). Quando o kata é executado em grupo (usual- mente, de três atletas), também é importante a sincroni- caratê. zação dos movimentos entre os componentes do grupo. No kumite, dois oponentes (ou duas equipes de lutadores) *[a] ^ Ortografia: “Caraté" ou“caratê" são enfrentam-se por um tempo, que pode variar de dois a as formas de grafia correta em língua portu- cinco minutos. Pontos são concedidos tanto pela técnica guesa.*[84]*[85] Em que pese a vigência do quanto pela área do corpo em que os golpes são desferi- Acordo Ortográfico de 1990, pelo qual as le- dos. As técnicas permitidas e os pontos permissíveis de tras “K”, “W”e “Y”passaram a fazer serem atacados variam de estilo para estilo. Além disso, parte do alfabeto, a grafia com a letra “K”, o kumite pode ser de semi-contato (como no estilo Sho- posto que seu uso seja difundido entre as as- tokan), ou de contato direto (como no estilo Kyokushin). sociações representativas, deve ser desestimu- No modelo adoptado pela Confederação Brasileira de lada, ante o processo histórico/natural de apor- * Karate-do - CBK, e entidades a ela filiadas, e no adoptado tuguesamento da grafia. [86] O uso da forma pela Federação Nacional de Karate, de Portugal, yuko com a letra“K”parece dever-se à circunstân- equivale a um ponto e corresponde a um soco na área do cia fáctica de os líderes das entidades desco- abdome, do peito, do rosto ou costas; wazari, dois pon- nhecerem, no mais das vezes, as normas de gra- tos, sendo um chute nas áreas das costas, do abdome ou mática e ortografia do português, devido a suas do peito, ou chute nas laterais do tronco; e ippon, três origens, tradicionalmente estrangeiras. A va- pontos, sendo um chute na cabeça ou nas laterais do pes- riação com acento circunflexo justifica-se, no coço, com contato rigorosamente controlado (ou, depen- Brasil, pela influência da língua francesa; em dendo da categoria em disputa, com aproximação de 5 Portugal, a com acento agudo, por recepção di- cm a 10 cm, desde que o oponente não esboce reação), recta do japonês, na qual o som da letra final se- independentemente do oponente estar caído ou não; apli- ria aberto. Em Portugal, a despeito de a norma car uma técnica pontuável no oponente completamente culta estabelecer que a grafia certa é“caraté", caído e sem chances de contra-atacar, num intervalo de tem prevalecido o uso da forma vulgar, “ka- * * * * até 2 segundos, independentemente de ter caído por si só raté". [87] [88] [89] [90] ou ter sido derrubado com técnica de varredura ou pro- jeção.*[81]*[82] *[b] ^ O termo Kenpo (拳法, *?, lei do Há, ainda, confederações que utilizam tabela de pontu- punho) designa as artes marciais, em transpo- ação semelhante a esta. Por exemplo, a Confederação sição do termo chuan fa, ou, como é dito em Brasileira de Karate-do Interestilos (CBKI), bem como as português, kung fu. entidades filiadas à mesma, utilizam wazari (meio ponto - ○), para golpes chudan (altura do tronco); e ippon (um *[c] ^ Ortografia: o gentílico de Oquinaua ponto - ), para golpes jodan (altura da cabeça), ou in- tende a variar entre “oquinauense”*[91] defensáveis. Nesse sistema de luta, o combate termina e “oquinauano”, ou, segundo as regras do 15.9. REFERÊNCIAS 109

Acordo Ortográfico de 1990,“okinawano”ou [17] Seiler, Kevin; Seiler, Donald J. Karate-do: Traditional “okinawense”. Training for All Styles (em inglês). Frisco: Seiler, 2006. p. 54. ISBN 0979010802 * [d] ^ Peichin Takahara era um monge de [18] History of Karate | Chiltern Karate Association (em in- Oquinaua. glês). Visitado em 20.dez.2012.

[19] Historia Shorin Ryu (em espanhol). Visitado em *[e] ^ A forma de escrita kanji, do japonês, usa 20.dez.2012. dos caracteres chineses. Assim, o caractere 唐, quando escrito em chinês, soa como“Tang”, [20] Funakoshi, Gichin. Karate-do: meu modo de vida. São pelo que a palavra To-de também faz referência Paulo: Pensamento-Cultrix, 1975. p. 129. à dinastia Tang. [21] O Tegumi dentro do seu Karatê. Visitado em 07.ago.2012. 15.9 Referências [22] McCarthy, Patrick; McCarthy, Yuriko. Ancient Oki- nawan Martial Arts: koryu uchinadi (em inglês). Mas- sachusetts: Tuttle, 1999. p. 1. [1] Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Caraté. Vi- sitado em 16 de outubro de 2014. [23] Nagamine, Shōshin. Tales of Okinawa's great masters (em inglês). Massachusetts: Tuttle, 2000. p. 28. ISBN [2] Lowry, Dave. The Karate Way: Discovering the Spirit of 0804820899 Practice (em inglês). Boston: Shambhala, 2009. p. 8. ISBN 1590306473 [24] KARATETOTAL.com - Orígenes del Karate (em espa- nhol). Visitado em 20.fev.2011. [3] HIGAONNA, Morio. Traditional Karatedo Vol. 1 Fun- damental Techniques. [S.l.: s.n.], 1985. 17 p. ISBN 0- [25] To-De (em espanhol). Visitado em 20.fev.2011. 87040-595-0 [26] History Okinawan Shorin Ryu (em inglês). Visitado em [4] What is Okinawa Goju Ryu Karate-Do? - Wakefield Tra- 13.dez.2010. ditional Karate Association (em inglês). Visitado em 08 de abril de 2012. [27] Stand up fighting lineage (em inglês). Visitado em 13.dez.2010. [5] Bishop, Mark. Okinawan Karate: Teachers, Styles and Secret Techniques (em inglês). North Clarendon: [s.n.], [28] Bushinkai - Karate History (em inglês). Visitado em 1999. ISBN 0804832056 13.dez.2010.

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[86] Artigo - CARATÊ, ABORDAGEM DO CICLO DE VIDA. :: KarateSul. Visitado em 10 de dezembro de 2010.

[87] Ciberdúvidas da Língua Portuguesa: Caratê ou caraté, 29/02/2008. Visitado em 4 de julho de 2012.

[88] Infopédia: Definição de karaté no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora - Acordo Ortográfico. Visi- tado em 4 de julho de 2012.

[89] Centro Português de Karate. Visitado em 4 de julho de 2012.

[90] Federação Portuguesa de Karate Shotokan. Visitado em 4 de julho de 2012.

[91] UFRGS (PDF). Visitado em 30 de janeiro de 2011.

15.10 Ligações externas

• Confederação Brasileira de Karate (em português) • Liga Nacional de Karate do Brasil (em português)

• FNK-P - Federação Nacional de Karate - Portugal (em inglês) Capítulo 16

Shorin-ryu

Treinamento de Karate no Castelo de Shuri, 1938.

Karaté hoje praticados no mundo, como o Shotokan, o Shito-ryu e o Wado-ryu. Shorin é a pronúncia japonesa da palavra chinesa Shaolin, que quer dizer "Pequeno Bos- que", sendo assim, como Ryu significa Estilo, Shorin-ryu seria o "Estilo do Pequeno Bosque".

16.1 História

As raízes do estilo Shorin-ryu se confundem com as raízes do próprio Karate e remontam ao fim do século XVIII, na ilha de Okinawa. Àquela época, a ilha era a sede do hoje extinto Reino de Ryukyu, que englobava to- das as ilhas do Arquipélago de Ryukyu, hoje pertencentes ao Japão. De fato, um preciso estudo das origens do Ka- rate não pode ser feito de forma dissociada do estudo da cultura de Ryukyu. Nesta seção, a periodização histó- rica utilizada será baseada na vida dos mais importantes Ideogramas de Karate-do, significando Caminho da Mão Vazia Mestres do estilo Shorin-ryu. Shorin-ryu por ser o primeiro estilo criado, foi o es- Shorin-ryu (⼩林流 ou 松林流 ou 少林流*?) é um tilo central para a criações de diferentes estilos como o estilo de Karatê*[1] originário de Okinawa e de cujo Shotokan, graças a ele que temos o Caratê de hoje em desmembramento surgiram vários dos demais estilos de dia.

112 16.1. HISTÓRIA 113

16.1.1 Peichin Takahara (1683 - 1760)

Nascido na vila de Akata Cho, Takahara*[2] viveu a maior parte da vida na cidade de Shuri, capital do Reino de Ryukyu, e foi o maior Mestre de Te (mão) à sua época. O Te era uma arte marcial nativa de Okinawa e cujo nome significava simplesmente "mão", por ser uma forma de luta praticada sem armas. O desenvolvimento do Te enquanto arte marcial se perde nas brumas do tempo, visto que o mesmo surgiu de forma secreta entre os camponeses de Ryukyu, que eram proi- bidos de portar armas a fim de se evitar revoltas. Dessa forma, o Te era ensinado em reuniões secretas e sua pró- pria organização se assemelhava à das Sociedades Secre- tas, com iniciações e graus de hierarquia interna. Templo Shaolin, em Henan, que Sakukawa teria visitado com Kusanku e cujo nome serviu de inspiração para o batismo do Apesar de geograficamente pequena, a ilha de Okinawa estilo Shorin-ryu era muito segmentada em termos culturais, de forma que três micro-cosmos culturais acabaram por se desenvol- ver em torno das três cidades mais importantes: Shuri (a Em homenagem a Kusanku e também como forma de capital), Naha (a cidade de comércio mais dinâmico) e compilar seus ensinamentos de forma a passá-los para Tomari (o principal porto). Em cada uma dessas cidades seus alunos, Sakukawa criou os dois katas que levam o e seus respectivos arredores, desenvolveu-se um tipo par- nome do monge Shaolin: Kusanku Sho (Kusanku menor) ticular do Te; sendo o que importa ao verbete em questão e Kusanku Dai (Kusanku maior). Contudo, talvez por aquele desenvolvido em Shuri: o Shuri-te. azar, ou talvez por ter passado muitos anos na China, ou ainda, talvez por seu Mestre ter vivido tanto, Sakukawa Por volta de 1750, um monge budista chinês do não conseguiu ter um aluno brilhante e seus ensinamen- Monastério Shaolin chamado Kusanku*[3] foi enviado tos corriam o risco de não serem levados adiante após sua a Okinawa como uma espécie de embaixador. Àquela morte. época, Ryukyu era um reino independente, mas cultural e comercialmente dependente da China Imperial. Por volta de 1812, contra a sua vontade, o idoso Saku- kawa viu-se obrigado a honrar uma promessa que havia Como a maioria dos monges Shaolin, Kusanku era prati- feito a um nobre de Ryukyu e, assim, aceitou o filho da- cante de Kung fu (na época chamado Chuan fa). Como quele homem - um adolescente conhecido como encren- Shuri era a capital, foi para lá que ele foi enviado e lá, queiro , como discípulo. O jovem se chamava Sokon entrou em contato com Takahara, já com uma idade bas- Matsumura. tante avançada. Ambos trocaram conhecimentos sobre artes marciais, mas não desenvolveram nenhuma relação Professor-Aluno. 16.1.3 Sokon Matsumura (c. 1800 - c.1890) 16.1.2 Kanga Sakukawa (1733 - 1815) Mesmo já não sendo uma criança, Matsumura*[5] se des- Quando Kusanku chegou a Okinawa, Sakukawa*[4] con- tacou rapidamente nos estudos com o Mestre Sakukawa e, quando ele faleceu, em 1815, já estava apto a dar pros- tava cerca de 18 anos e era o mais prodigioso aluno de Takahara. O velho Mestre percebeu que a chegada do seguimento a seus ensinamentos. estrangeiro seria uma boa oportunidade para obter um O treinamento de Matsumura naquela arte que vinha se aperfeiçoamento de sua arte marcial, mas como já estava configurando a partir da mistura do Kung Fu com o Te com quase 70 anos, não se sentia apto a aprender novas não só lançou as bases do Karate Shorin-Ryu (mão vazia), técnicas. Enviou, então, seu pupilo para ser treinado pelo mas também fez com que a prática de artes marciais, até monge chinês. então restrita ao campesinato, atingisse a nobreza, da qual Sakukawa, já à época um grande praticante de Te, se tor- o próprio Matsumura fazia parte. nou, então, discípulo de Kusanku, com quem se diz, in- De fato, Matsumura utilizou seus novos conhecimentos clusive, que chegou a visitar a China e o próprio Monas- para galgar postos na administração do reino e logo se tor- tério Shaolin. Quando Kusanku faleceu, em 1762, Saku- nou o General Supremo das Forças Armadas de Ryukyu. kawa já dominava amplamente tanto o Te de Okinawa, Sua vida é, contudo, coberta por mitos que o fazem uma quanto o Kung Fu da China. Passou, então a ser o Grão- espécie de Miyamoto Musashi de Okinawa. Diz-se que Mestre do Te de Shuri, assumindo o lugar de Takahara, nunca perdeu uma luta, desde o início de seu treinamento falecido dois anos antes. até sua velhice, sendo seu embate mais famoso (e o único 114 CAPÍTULO 16. SHORIN-RYU

que não venceu, mas empatou) contra um marinheiro chineses) no Japão. Contudo, com a Restauração Meiji, náufrago oriundo provavelmente da China, cujo nome era tal mecanismo já não se fazia necessário e como a China, . envolvida em milhares de problemas devidos à ocupa- Annan fora o único sobrevivente do navio em que estava, ção estrangeira de seu território e às Guerras do Ópio, na costa de Okinawa, e conseguiu chegar à ilha nadando. se encontrava impossibilitada de oferecer resistência ao Como não sabia falar o idioma local e como era exímio lu- expansionismo nipônico, o Japão consolidou seu domí- tador, estava se aproveitando de sua habilidade para rou- nio sobre Ryukyu. bar comida e outras coisas das vilas próximas a Shuri. Matsumura foi, então, chamado para lidar com o pro- blema, mas o estrangeiro se mostrou um oponente muito superior a todos os outros que já havia enfrentado ou que ainda viria a enfrentar. Num determinado momento da luta, ambos se viram impossibilitados de vencer e re- solveram parar o embate, chegando a um acordo. Mat- sumura deixou que Annan partisse sem ter que respon- der pelos crimes que havia cometido e, em troca, Annan ensinou-lhe algumas de suas técnicas, que Matsumura vi- ria a compilar num Kata chamado Chinto (Marinheiro do Leste). Além de seus feitos militares quase-heróicos, Matsumura também deu uma grande contribuição pessoal ao nas- cente Karate, tendo criado diversos Katas: Naihanchi (depois dividido em três partes), Passai (depois dividido em duas versões), Gojushiho, Chinto e Hakutsuru (este não praticado pela Shorin-ryu). Além das grandes contribuições que deu ao Karate, pelo fato de ser um nobre, Matsumura nunca abriu mão do uso de armas (Kobujutsu) e chegou mesmo a introduzir o Jigen-ryu (Estilo de luta com espadas) de Satsuma (Japão) em Okinawa. O tempo de vida, bem como muitos dos feitos deste ho- mem, considerado por muitos como o verdadeiro funda- Mestre Anko Itosu dor do Karate Shorin-Ryu, não é precisamente conhe- cido, mas seu aluno mais brilhante e sucessor também no Percebendo que era impossível resistir a um adversário posto de General Supremo de Ryukyu, foi Anko Itosu, tão superior, Ryukyu se rendeu sem luta e sua nobreza outro membro da nobreza do reino. passou a colaborar com os japoneses a fim de manter o status de que dispunha. O próprio Rei Sho Tai, úl- 16.1.4 Anko Itosu (1831 - 1915) timo monarca de Ryukyu, foi morar em Edo (Tóquio), onde recebeu o título de Kazozu (equivalente a Marquês). Aluno de Matsumura, Itosu*[6] esteve presente em mo- Com esse intuito colaboracionista, Itosu trabalhou incan- mentos decisivos da História de Ryukyu e do Japão. Era savelmente para fazer o Karaté ser introduzido no Japão. ele o General Supremo do Reino quando de sua anexação Acreditava que, caso fosse bem sucedido, poderia vir a ao Japão, em 1879. De fato, até o momento em questão, gozar de uma posição influente junto às Forças Armadas Ryukyu vivia uma situação muito peculiar. Se por um do Imperador Meiji. Contudo, devido à grande influência lado, seus governantes e sua população demonstravam chinesa sobre o Karate da época (até mesmo muitos dos uma ampla preferência pela China (em todos os senti- golpes possuíam nomes em chinês), a arte marcial não dos), por outro, o Japão considerava (desde 1609, quando encontrou receptividade num Império sinófobo como o o Daimyo de Satsuma obteve autorização do Shogun para japonês. Itosu fracassou. invadir a região a fim de puní-la por não ter aceitado par- A despeito de seu fracasso em tornar o Karatê uma arte ticipar na campanha de anexação da Coreia, em 1590) marcial japonesa, Itosu deu grandes contribuições pes- a região como um protetorado e, inclusive, só não a ti- soais a ele. Uma das mudanças introduzidas pelo Mes- nha anexado formalmente a seu território, porque, com tre no Karatê foi o treinamento com Makiwara, espécie o fechamento do Japão aos países estrangeiros, no século de boneco de madeira rígida, para calejar as mãos e os XVII, a situação de Ryukyu e seu intenso comércio com pés, a fim de potencializar os golpes. Outra grande ino- a China funcionavam como uma forma de burlar o sis- vação de Itosu foi ter tornado o Karate mais acessível às tema e introduzir produtos estrangeiros (principalmente crianças através da invenção dos primeiros Kihons e da 16.1. HISTÓRIA 115

divisão do imenso Kata Naihanchi, criado por seu Mes- dância, talvez por ter se empenhado na disseminação do tre, em três Katas menores: Naihanchi Shodan, Nahan- Karate por Okinawa através de sua implantação no en- chi Nidan e Nahanchi Sandan. Esses Katas seriam uma sino público regular. Seja como for, ao menos cinco forma de se introduzir as crianças ao Karate e, uma vez de seus discípulos merecem alguma nota de importân- dominados, fariam delas praticantes de nível intermediá- cia: Anbun Tokuda (1886 - 1945), Shugoro Nakazato rio. Itosu, contudo, acreditava que havia uma grande di- (1921 - 2008), Yuchoku Higa (1910 - 1994), Gichin Fu- ferença nos níveis de dificuldade apresentados pelos três nakoshi*[7] (1868 - 1957) e Choshin Chibana*[8]. Naihanchi e pelos demais Katas, criados por Matsumura e por Sakukawa, sendo assim, como forma de ensino in- termediário, ele particionou os dois Katas Kusanku (cri- ados por Sakukawa) em cinco Katas menores, os quais batizou de Pinan, a dizer: Pinan Shodan, Pinan Nidan, Pinan Sandan, Pinan Yondan e Pinan Godan. Há uma grande discussão histórica sobre o papel de Itosu em relação ao Karatê em geral e ao estilo Shorin-ryu em particular. Quanto ao Karate, não se pode precisar se o criador da arte marcial foi Matsumura, Sakukawa ou Itosu. Os que defendem a tese de que Sakukawa foi seu criador consi- deram que ele foi o primeiro a reunir os ensinamentos do Te e do Kung Fu numa só arte. Os que defendem que Matsumura tenha sido seu criador argumentam que ele foi quem mais contribuições deu àquela arte nascente e que Sakukawa teria sido um mero praticante de duas ar- tes marciais (como hoje existem tantos). Por fim, aqueles que argumentam que Itosu teria sido o criador do Karatê se apegam ao termo em si, que, ao que parece, não havia sido utilizado antes de Anku Itosu. Contudo, aos defen- sores dessa tese, cabe lembrar que o termo só se populari- zou após a morte de Itosu, sendo que em sua época (como pode ser conferido na carta que escreveu e que hoje é co- nhecida como “Os Dez Preceitos do Karatê"), o Karatê ainda era majoritariamente conhecido como Tang Te, ou Com a morte de Itosu, seus discípulos se desentende- seja, Mão Chinesa e não Mão Vazia, como hoje. ram acerca da sucessão do Mestre, mas coube a Chibana ocupar o título de Grão-Mestre do estilo. Muitos vêem Quanto ao estilo Shorin-ryu, a discussão parece mais neste ato a criação do Shorin-ryu, enquanto outros ape- simples. Embora pareça um contra-senso, visto que o nas veem a consolidação de sua existência já então muito Shorin-ryu é um estilo de uma arte marcial (o Karatê), antiga. Seja como for, Tokuda e Motobu mantiveram-se ao que parece, sempre houve a consciência de que aquela fiéis ao estilo que aprenderam com seu Mestre e, embora arte havia sido trazida da China e que advinha do Kung Fu não aceitassem plenamente a autoridade de Chibana, não dos monges Shaolin, sendo assim, é muito provável que ousaram criar dissidências. Funakoshi, contudo, tentou o Estilo praticado por Itosu já fosse chamado de Shorin- fazer o que seu Mestre não havia conseguido: levar o Ka- ryu mesmo em tempos anteriores a esse Mestre (como ratê para o Japão. também se pode supor através da leitura de “Os Dez Preceitos do Karatê"). De qualquer forma, como sempre Tecnicamente, com a anexação de Ryukyu, o Karate já ocorre com fatos históricos embasados na História Oral era uma arte marcial japonesa, mas a verdade é que ele (uma vez que a escrita era muito pouco disseminada em era quase desconhecido (e visto com maus olhos) no ar- Ryukyu), há discordâncias sobre esse tema e, embora al- quipélago principal; assim como tudo o que vinha de Oki- guns debatam sobre se Matsumura ou Itosu seria o funda- nawa que, até hoje, é a prefeitura mais pobre e negligen- dor do Estilo, o único consenso que existe é que Chibana ciada do Japão. foi seu primeiro Grão-Mestre. Para levar o Karate ao arquipélago principal, Funakoshi dedicou-se a alterá-lo a fim de contornar a intolerância japonesa para com os costumes e ideias de origem chi- 16.1.5 Choshin Chibana (1885 - 1969) nesa. Assim, alterou nomes (traduzindo todas as palavras chinesas para o japonês; diz-se, inclusive, que o próprio Ao contrário de Matsumura, que teve grande dificuldade nome Karate seria uma niponização de Tang Te, usado para encontrar um discípulo à altura de suas técnicas, até então, sendo que o som das duas expressões é muito Itosu encontrou discípulos de qualidade em grande abun- semelhante e Funakoshi teria passado a escrever Karate 116 CAPÍTULO 16. SHORIN-RYU

sua criação, o Mestre passou a atuar mais diretamente na disseminação do estilo e, dessa forma, tentou mantê-lo unido até o fim de sua vida. Um dos grandes feitos de Miyahira, enquanto ainda era aluno de Chibana, foi ter se tornado professor do grande mestre Choki Motobu*[9] (1870 - 1941), com quem de- senvolveu uma relação de mútuo aprendizado.

também a fim de nipozar a arte marcial) e algumas ba- ses, de modo a criar diferenças sutis, mas suficientes para tornar a arte marcial palatável aos japonses. Fundou en- tão um dojo, ao qual deu (ou, segundo outra versão da história, seus alunos deram) o nome de Shotokan, literal- mente, "Escola do Shoto", sendo que Shoto (Vento nos Pinheiros) era seu apelido. Até mesmo o uniforme de treino do Karate foi niponizado, uma vez que o primeiro Karate-Gi utilizado por Funakoshi era, na verdade, um Judo-Gi, ou seja, um de Judo. Choki Motobu, professor e aluno de Katsuya Miyahira Enquanto Funakoshi fazia progressos na inserção do Ka- rate no Japão, Chibana enfrentava dificuldades na manu- Uma recente alteração introduzida por Miyahira no es- tenção da unidade do Estilo Shorin-Ryu. tilo Shorin-ryu foi a renomeação dos dois Katas Passai: o antigo Passai Sho (Passai menor) passou a ser chamado Itosu no Passai (Passai de Itosu, em homenagem àquele 16.1.6 Katsuya Miyahira (1918 - 2010) Grande Mestre do passado); já o antigo Passai Dai (Pas- sai maior) passou a se chamar Matsumura no Passai (Pas- Após a morte de Chibana, o título Grão-Mestre do es- sai de Matsumura). tilo Shorin-ryu passou a seu mais proeminente discípulo: Katsuya Miyahira. Katsuya Miyahira veio a falecer no dia 27 de novembro de 2010, com 92 anos de idade, devido a falência múl- Miyahira assumiu um estilo em franca fragmentação, tipla dos órgãos. Seu sucessor como presidente mundial com o surgimento de diversas escolas a ele filiadas, mas do estilo Shorin-ryu e da escola Shidokan ainda não foi independentes em termos de autoridade. Ele percebeu definido. que se não fizesse nada, não só o eixo nuclear do Shorin- ryu estaria comprometido, como também a sua própria existência, visto que a tendência das diferentes escolas era virem a se tornar estilos propriamente ditos, como 16.2 Escolas do estilo acontecera com a Shotokan de Funakoshi no Japão. A fim de competir com as escolas nascentes, Miyahira Após a morte de Choshin Chibana, muitos de seus alunos transformou seu dojo numa escola: a ''Shidokan''. Com não aceitaram a escolha de Katsuya Miyahira como novo 16.2. ESCOLAS DO ESTILO 117

Grão-Mestre do Estilo Shorin-Ryu. Essa atitude precipi- • Brasil: Em 1990 Kazunori Yonamine foi autorizado tou a criação de diversas escolas dentro do Estilo. por Miyahira a comandar a Shidokan no Brasil. Ele Na prática, uma escola não é um estilo separado por man- é hoje um Hanshi de 9º Dan. ter raízes históricas unidas com as demais de seu estilo, • Canadá: Desde 1996 a Shidokan dos EUA se esta- bem como por manter em sua gama de Katas ensinados beleceu também no Canadá, onde é comandada por os Katas de seu estilo matriz. Contudo, a criação de uma Roy Paul, um Renshi de 5º Dan. escola equivale à dissenção de uma linha de pensamento, o que acaba sendo o primeiro passo para o surgimento • Estados Unidos: Em 1967, o mais talentoso aluno de de um estilo próprio. De fato, é possível que as muitas Miyahira, Seikichi Iha foi aos EUA ensinar Karate escolas do estilo Shorin-Ryu hoje existentes só se mante- no Clube Okinawano dos EUA. Em 1968, junta- nham a ele vinculadas porque esse é um dos estilos mais mente com outros dois Kyoshis de 7º Dan, ele abriu tradicionais do Karate e acaba sendo preferível a mui- seu primeiro Dojo e, logo após a morte de Chibana, tos mestres serem os líderes de uma escola desconhecida separou-se dos outros dois e formou seu Dojo pró- dentro de um estilo importante do que serem os líderes prio. Desde 1975, a sede da Shidokan dos EUA está de um estilo desconhecido. em Lansing, no Estado de Michigan, onde ainda é Seja como for, o estilo Shorin-Ryu se divide hoje em sete presidida por Iha, hoje um Hanshi de 10º Dan. A Shidokan dos EUA adota o nome de Beikoku Shido- escolas, cada uma delas comandada por um Hanshi (ver * mais abaixo). kan [12] e funciona de forma amplamente indepen- dente da Shidokan de Okinawa, tendo se expandido por diversos países.

16.2.1 Shidokan • Filipinas: Em 1963, antes mesmo da morte de Chi- bana, Miyahira enviou Seikichi Iha até as Filipinas, Em 1948, após atingir o 4º Dan, Katsuya Miyahira (1918- onde ele treinou Latino Gonzales, que é hoje o co- 2010) fundou seu primeiro Dojo, ao qual deu o nome de mandante da Shidokan nas Filipinas. Shidokan, conforme os anacletos de Confúcio (capítulo VII, versículo VI, do livro IV, volume XX): • França: Estabelecida no país desde 1988, a escola é chefiada por Dick Kevork, Kyoshi de 7º Dan.

Determine-se de coração a sempre seguir o • Guam: Em 1969, Seikichi Iha e seu aluno Seigi Shi- caminho. roma viajaram dos EUA para Guam a fim de esta- Fique próximo do sol da virtude e dele não se belecer uma braço da Shidokan naquele país. Shi- afaste. roma ficou por lá e até hoje é o líder da Shidokan Acredite no poder da benvolência como seu em Guam, sendo hoje um Hanshi de 9º Dan. apoio. Obtenha prazer através dessas técnicas. • : Também como parte da expansão da Shido- kan dos EUA, a Shidokan de Israel é chefiada por Amit Michaeli, Shihan de 4º Dan. Em 1969, após a morte de Chibana, Miyahira recebeu dele os selos oficiais do estilo Shorin-Ryu e, por conta • Rússia: Paul Snader, Renshi de 6º Dan e aluno de disso, foi eleito presidente do estilo. Sua eleição frustrou Seikichi Iha tem um aluno, Dmitry Uritsky, Sensei muitos de seus colegas, especialmente os mais velhos, o de 2º Dan, que comanda a Shidokan russa, também que precipitou a criação de diversas das escolas do estilo uma expansão da escola nos EUA. Shorin-Ryu. Por sua vez, Miyahira transformou seu Dojo numa escola, nascendo assim a Shidokan. Em Okinawa, a escola é a maior representante do estilo, Hoje a Shidokan se espalha por onze países além do Japão tendo 25 dojos.*[13] e sendo um dos mais importantes sendo, em cada um deles, chefiada por um Kodansha: baluartes do Karate tradicional.

• Alemanha: Desde 1997 a escola é comandada no 16.2.2 Shorinkan país por Joachim Laupp, Kyoshi de 8º Dan. Shugoro Nakazato (1919-) iniciou sua prática no Karate • Argentina: Desde 1959 Shoei Miyazato*[10] esta- dentro do estilo Shito-Ryu, mas após a Segunda Guerra beleceu a Shidokan na Argentina, mas hoje a enti- Mundial, tornou-se aluno de Choshin Chibana. dade é chefiada por Jorge Garzón*[11], Renshi de 6º Dan. Após a morte de Chibana, em 1969, Shugoro Naka- zato assumiu o título de vice-presidente do estilo Shorin- • Austrália: Estabelecida em 1979 no país, a escola é Ryu. Até 1975 ele se manteve no cargo, mas nesse hoje comandada por Abet Presincula, Kyoshi de 8º ano, renunciou e fundou sua própria escola do estilo: a Dan. Shorinkan*[14], a qual preside até hoje. 118 CAPÍTULO 16. SHORIN-RYU

16.2.3 Kyudokan de Okinawa lhe proviu com alguns alunos militares dos EUA, o que rendeu a Shimabukuro muito respeito até Em 1941, Yuchoku Higa (1910-1994), que já havia trei- mesmo no arquipélago principal do Japão. nado com grandes mestres de Shuri-te e Naha-te, tornou- Em 1960 ele foi eleito presidente do braço okinawano da se aluno de Choshin Chibana, tronando-se o primeiro de Federação de Karate-do do Japão, mas essa parte da as- seus alunos a atingir o 9º Dan e receber a graduação de sociação logo se desmembrou. Em 1962 Shimabukuro Hanshi. Em 1947, ele fundou seu Dojo, o qual batizou de recebeu de Chibana o 10º Dan e fundou sua escola, a Kyudokan. Seibukan (Escola da Arte Sagrada), presidindo-a até sua Em 1961, Higa foi nomeado vice-presidente do estilo morte, por apendicite, em 1969. Desde então sua escola Shorin-ryu, mas seus afazeres político na Câmara de Oki- vem sendo presidida por seu filho Zenpo Shimabukuro, nawa somados à sua participação como presidente na atualmente um Hanshi de 9º Dan. Federação de Karate e Kobudo de Okinawa acabaram li- mitando sua paticipação dentro da organização do estilo Shorin-ryu em si, sendo assim, após a morte de Chibana 16.2.6 Shobayashi ele foi substituído na vice-presidência por Shugoru Naka- zato. Tendo sido aluno de Chotoku Kyan (mestre de Tomari- Em 1976, Katsuya Miyahira, elevou-o ao 10º Dan*[15] e, te), Chojun Miyagi (fundador do estilo Goju-ryu), Tatsuo a partir de então, Higa transformou seu Dojo na sede de Shimabukuro (seu irmão mais velho e fundador do es- mais uma escola do estilo Shorin-Ryu: a Kyudokan, que tilo Isshin-Ryu), Choki Motobu e Zenryo Shimabukuro * hoje conta com mais de dez mil alunos nos vinte e três (fundador da escola Seibukan), Eizo Shimabukuro [20] países em que está presente*[16]. O trabalho de difusão (1925-) acabou se filiando diretamente ao estilo Shorin- da escola foi operado por Benito Higa (América do Sul) Ryu apenas em 1961, quando, já no 10º Dan, foi aceito e Oscar Higa (Europa), descendetes de Yuchoku. como aluno pelo Grão-Mestre do estilo, sensei Choshin Chibana. Desde a morte de Yuchoku, a escola vem sendo coman- dada por seu filho, Minoru Higa (1941-), Hanshi de 9º Desde 1948 Eizo Shimabukuro já possuía seu próprio Dan. Dojo e com o apoio que recebeu das tropas norte- americanas no pós-guerra, treinou, segundo suas próprias contas, mais de 35.000 soldados até os dias de hoje. 16.2.4 Matsubayashi Com a morte de Chibana, Eizo Shimabukuro fundou sua própria escola de Karate Shorin-Ryu, embora tenha ele Em 1947, Shoshin Nogamine (1907-1997), aluno de próprio sido treinado em diversos estilos de Karate, tais Choki Motobu, fundou seu dojô ao qual deu o nome de como: Goju-ryu, Shudokan e Shorei-Ryu. Sua escola foi Matsubayashi em homenagem a Sokon Matsumura e a batizada como Shobayashi e é até hoje presidida por ele. Kosaku Matsumora (mestre de Tomari-te). Abdicando de muitos dos katas originais do estilo, a es- cola é hoje conhecida também como Matsubayashi-Ryu, 16.2.7 Shinshukan sendo que a terminação Ryu (estilo), indica que ela esteja muito adiantada no caminho de se desvincular do estilo O Karate Shorin-ryu chegou ao Brasil em 1954, junto Shorin-Ryu e se tornar um estilo próprio. com Yoshihide Shinzato (foi iniciado no estilo como Desde 1997, com a morte Shoshin Nogamine, a escola aluno de Anbun Tokuda; após a 2ª Guerra Mundial, foi vem sendo comandada por seu filho, Takayoshi Noga- aluno de Choshin Chibana e, após a morte deste, con- mine, Hanshi de 10º Dan, que busca ensinar a seus alunos tinuou com Katsuya Miyahira; também treinou com Shi- de acordo com os escritos de seu pai nos livros A Essên- kan Akamine, do estilo Goju-ryu). Sua disseminação por cia do Karate-do*[17] e Contos dos Grão-Mestres de Oki- aqui se deu no contexto do racha de escolas ocorrido no nawa*[18]. final da vida de Chibana e, sendo assim, até os dias de hoje ainda existe certa disputa entre os membros das di- Muitos praticantes desta escola consideram-na como o ferentes escolas deste estilo no Brasil. verdadeiro Shorin-Ryu, inclusive chamando-a, muitas ve- zes apenas de Shorin-Ryu, como se as demais escolas do Unindo, inicialmente, os imigrantes japoneses (especial- estilo não existissem. mente os oriundos de Okinawa) de Santos, a Shorin-ryu começou a ganhar notoriedade a partir de 1962, quando Shinzato fundou a primeira academia do estilo e quando 16.2.5 Seibukan realizou uma demonstração pública de Karate no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Em 1946, Zenryo Shimabukuro*[19] (1908-1969), fun- Originalmente chamada de Associação Okinawa de dou seu primeio Dojo, onde ensinava principalmente a Karate-do Shorin-ryu, essa academia passou a se chamar seus familiares. Contudo, a ocupação norte-americana União de Karate-do Shorin-ryu do Brasil e, finalmente, 16.4. PROGRESSÃO DE FAIXAS 119 quando Yoshihide Shinzato alcançou o 10º Dan, se trans- 4. Naihanchi sandan formou na escola Shinshukan. Seu nome deriva dos ide- ogramas do nome de Shinzato, sendo o Shin de Shinzato, 5. dai ni o Shu de Yoshihide e o Kan, de Escola. Assim, ela é, 6. Pinan shodan literalmente, a "Escola de Yoshihide Shinzato". 7. Pinan nidan Por ter sido fundada pelo introdutor do estilo no Brasil, a Shinshukan é hoje a escola Shorin-ryu com mais pratican- 8. Pinan sandan tes no país, algo em torno de 7000 segundo suas próprias contas. Contudo, a escola considera que todos os prati- 9. Pinan yondan cantes do estilo no Brasil tenham, de alguma forma, sido 10. Pinan godan seus alunos. Daí o alto número. Uma alteração feita por Shinzato nos costumes da Shorin- 11. Itosu no Passai ryu brasileira foi a introdução do uso de Hachimaki (ban- 12. Kusanku sho dana de cabeça), que o próprio Mestre utilizou até o fim de seus dias, mesmo contrariando recomendações do 13. Matsumura no Passai próprio Katsuya Miyahira e diretrizes internacionais da WKF e da WUKO (atual WUKF). O uso de hachimaki 14. Kusanku dai é considerado proibido porque seu significado tradicio- 15. Chinto nal é de vingança, o que indicaria que seu usuário estaria buscando vingança contra algo ou alguém, o que é in- 16. Jion compatível com o ideal do Karate moderno. Seja como 17. Gojushiho for, a Shinshukan não concorda com essa linha de pensa- mento e chegou mesmo a incentivar seus alunos a com- 18. Teesho prarem hachimakis decoradas à moda da bandeira do Ja- pão, como as utilizadas pelo personagem Daniel San, de 19. Koryu Passai Ralf Macchio, em Karate Kid. 20. Unshu Com o falecimento de Yoshihide Shinzato, em 13 ja- neiro de 2008, a escola é hoje comandada por seu fi- 21. Ryuko lho, Masahiro Shinzato, Hanshi de 9º Dan e ex-presidente da Federação Paulista de Karate - FPK*[21]. Masahiro, Ao chegar ao 5º DAN, o karateca do estilo Shorin-ryu apesar dos constantes problemas de saúde, vem tentando deve saber fazer e demonstrar com maestria as técnicas conduzir o legado de seu pai buscando manter os padrões contidas nestes 21 Kata. da escola e objetivando seu crescimento. A principal luta da Shinshukan nos últimos anos tem sido no sentido de que o Shorin-ryu seja aceito pela WKF*[22] 16.4 Progressão de faixas (World Karate Federation) no rol dos estilos de Karate de competição. Isso implicaria na possibilidade de seus No estilo Shorin-ryu os karatecas começam na faixa atletas virem a fazer Katas do próprio estilo sem terem branca, como na grande maioria dos estilos de Karate e que ser avaliados pelo embusen (padrão de movimento) a coloração de suas faixas vai escurecendo até chegar à similar ao do estilo Shotokan, aceito pela entidade. preta, quando se inicia uma nova contagem de progres- são, muito mais lenta. Karatecas que não são faixas pre- tas são chamados de Mudansha ou Dangai (sem Dan), 16.3 Kata enquanto os que já atingiram a faixa preta são chama- dos de Yudansha. A progressão de faixas do estilo é a seguinte*[24]: As técnicas do estilo são aperfeiçoadas através do treino de kihon (exercícios fundamentais), kata (exercícios for- Os Dangai ou Mudansha são: mais) e kumite (luta), incorporando princípios filosóficos, tanto na teoria quanto na prática. • 7º Kyu = Branca * Há, ao todo, 21 kata, aprendidos [23] pelos praticantes • 6º Kyu = Amarela do estilo nesta ordem: • 5º Kyu = Laranja 1. Naihanchi shodan • 4º Kyu = Azul 2. Fukyugata dai ichi • 3º Kyu = Verde 3. Naihanchi nidan • 2º Kyu = Roxa 120 CAPÍTULO 16. SHORIN-RYU

16.5.1 Takahara e o conceito de “Do”

O nome completo do Karate é Karate-Do, ou seja, Ca- minho da Mão Vazia. Sendo Kara o correspondente a vazio, Te a mão e Do a caminho. O conceito contido na partícula Do permeia as artes marciais orientais e tem sig- nificados muito variados de região para região. Em geral, no entanto, ele pode ser definido como uma forma de en- carar as artes marciais como uma filosofia de vida, algo com uma forte conotação religiosa, especialmente relaci- onada ao Budismo. O conceito de Do encerra em si o comportamento ético esperado de um artista marcial e é o seu ensino ou não que acaba por diferenciar um bom dojo e um mau dojo Algumas das faixas (ou obi) de Dangai (McDojo), visto que saber dominar seu corpo de modo a utilizar adequadamente as técnicas aprendidas para der- • 1º Kyu = Marrom rotar um oponente não deve ser o único (e talvez nem mesmo o mais importante) ensinamento de um bom sen- sei. Não há honra nenhuma em se nocautear um adver- Obs.: Alguns dojôs ainda utilizam uma faixa vermelha sário inferior técnica ou fisicamente, ou em se tornar um entre as faixas branca e amarela, destinada a caratecas causador de problemas, o famoso “valentão”referenci- considerados muito jovens para progredirem à faixa ama- ado por Anko Itosu em seus “Dez Preceitos do Karate” rela. Esta faixa vermelha não é internacionalmente re- , apenas porque se tem competência física para tanto. conhecida, assim como não o são os graus atribuídos às pontas das demais faixas dos Dangai, e era muito mais Tradicionalmente se atribui, ao menos no que tange ao amplamente utilizada até o final do século XX, quando Karate, a criação do conceito de Do a Peichin Takahara. * * a idade mínima para se atingir a faixa preta era de 18 Vejamos seus três preceitos básicos [25] [26]: anos completos. Hoje, como a idade mínima para a faixa preta é de 14 anos, dificilmente existe a necessidade de • ijo: “o caminho”- compaixão, humildade e amor; se atribuir essa faixa a alguém. Por isso, além de não ser • katsu: “as leis”- completa compreensão de todas reconhecida, a faixa vermelha (também chamada pejora- as regras e formas do Karate; tivamente de vermelhinha) foi abolida de muitas escolas. A brasileira Shinshukan ainda a utiliza. • fo: “a dedicação”- a seriedade do Karate precisa Os Yudansha são: ser entendida não apenas no treino, mas no combate real.

• 1º ao 4º Dan = Faixa Preta com uma listra horizontal Uma tradução coletiva considerada apropriada para es- para cada Dan. ses preceitos é: "A obrigação de cada um para consigo mesmo e para com o seu próximo". Isso seria o Do. Os Kodanshas são:

• 5º Dan acima. 16.5.2 Itosu e "Os Dez Preceitos do Karate" Além de sua imensa contribuição pessoal para o Karate Obs.: Caratecas de 1º e 2º dan são chamados de Sensei em geral e para o estilo Shorin-ryu em especial, Anko (embora esse título possa ser usado para designar qual- Itosu deixou ainda um importante legado numa carta en- quer karateca de 1º Dan em diante, ele é mais comumente dereçada aos Ministros da Guerra e da Educação do Ja- empregado para designar o mais graduado de um dado lu- pão. Essa carta, de outubro de 1908, chamada de "Os Dez gar), os de 3º e 4º Dan são chamados de Renshi, os de 5º Preceitos do Karate"(Tode Jukun) *[27] tinha o objetivo até 8º Dan são chamados Shihan, os de 9º e 10º Dan são de desvincular o Karate de influências religiosas opostas chamados Hanshi. Obs. Um professor particular poderá ao Xintoísmo então em voga no Japão, bem como de res- receber o título de Shidoshi, porém somente se estiver em saltar os benefícios militares da arte marcial. A missivia um treinamento especial para um guerreiro ou classe de não logrou seus objetivos, mas segue transcrita abaixo: guerreiros. Dez Preceitos do Karate

16.5 Outros pontos de relevância O Karate não evoluiu do Budismo ou do Confucionismo. No passado, as escolas 16.5. OUTROS PONTOS DE RELEVÂNCIA 121

4. No Karate, o treinamento das mãos e dos pés é importante, então faz-se necessário um meticuloso treinamento na makiwara. Para fazê-lo, relaxe os ombros, abra os pulmões, agarre-se às suas forças, prenda-se ao chão com seus pés e concentre suas energias no baixo ventre. Treine usando cada braço cem ou duzentas vezes por dia. 5. Quando estiver praticando as bases do Tang Te (sic), certifique-se de manter sua coluna reta, relaxar os ombros, colocar força nas pernas, manter-se firme e buscar energia no seu baixo ventre. 6. Pratique cada uma das técnicas do Karate repetida- mente, seu uso é transmitido oralmente. Aprenda bem cada explicação e decida quando e de que forma aplicá-las quado se fizer necessário. Avançar, contra-atacar e recuar é a regra para se soltar a mão (torite). 7. É necessário decidir se o Karate será para a sua saúde ou para auxiliar em seus deveres. 8. Quando treinar, faça-o como se estivesse no campo de batalha. Seus olhos devem brilhar, seus ombros devem ficar relaxados e seu corpo rígido. Você deve sempre treinar com intensidade e espírito e, dessa forma, você vai estar naturalmente preparado. 9. Não se deve treinar além do limite; isso ocasiona a perda de energia no baixo ventre e é agressivo para o Os Dez Preceitos do Karate corpo. O rosto e os olhos enrubrecem. Treine com sabedoria. Shorin-ryu e Shorei-ryu foram trazidas da 10. No passado, os mestres de Karate desfrutaram de China para Okinawa. Ambas têm pontos for- longas vidas. O Karate ajuda a desenvolver os ossos tes, os quais eu mencionarei agora, antes que e os músculos. Ajuda na digestão, bem como na cir- haja muitas mudanças: culação. Se o Karate for introduzido logo no início do Primário, nós produziremos muitos homens ca- 1. O Karate não é praticado apenas para o benefício in- pazes de derrotarem dez agressores. Eu acredito fri- dividual, pode ser usado para proteger sua família e amente que isso pode ser feito se todos os estudantes seu mestre. Ele não é pensado para ser utilizado ape- da Escola de Professores de Okinawa aprenderem nas contra um único bandido, mas sim, como uma Karate. Dessa forma, depois de se formarem, eles forma de se evitar uma briga caso se venha a ser poderão ensinar nas Escolas Primárias aquilo que confrontado com um vilão ou um valentão. aprenderam. Eu acredito que isso será um grande 2. O propósito do Karate é tornar os músculos e ossos benefício para nossa nação e para nossas Forças Ar- duros como rochas e usar as mãos e pernas como madas. Espero que o senhor considere minha suges- lanças. Se as crianças começarem a treinar Tang Te tão. (sic) enquanto ainda estiverem no Primário, então elas se tornarão bem preparadas para o serviço mi- Anko Itosu, Outubro de 1908. litar. Lembre-se das palavras atribuídas ao Duque de Wellington depois de ter derrotado Napoleão:"A Batalha de Waterloo foi vencida nos playgrounds de 16.5.3 A Shorin-ryu e o Karate esportivo Eton." Atualmente a WKF (World Karate Federation) reconhece 3. O Karate não pode ser aprendido rapidamente. e aceita a execução de kata de qualquer estilo de Karate, Como um búfalo que se move lentamente, ele acaba inclusive de Shorin-ryu. Mas nem sempre foi assim: até viajando mil milhas. Quando alguém treina diligen- o final de 2012, esta entidade considerava como “ofi- temente todos os dias, então, em três ou quatro anos, ciais”apenas quatro estilos de Karate: Goju-ryu, Shito- irá entender o Karate. Aqueles que treinarem dessa ryu, Shotokan e Wado-ryu. Esses quatro eram conside- forma descobrirão o Karate. rados estilos de Karate tradicional japonês e, apesar de 122 CAPÍTULO 16. SHORIN-RYU

o Shorin-ryu ser mais antigo do que três deles (além de olímpico, visto que esta entidade é a única reconhecida existir décadas antes do Wado-ryu, deu origem direta- pelo COI - fator este que prejudicaria os atletas filiados a mente ao Shotokan e, em combinação com o Goju-ryu, outras entidades. originou o Shito-ryu), não entrava nesse rol porque nunca No que concerne ao estilo Shorin-ryu, entretanto, cabe foi aceito no arquipélago principal do Japão, sendo con- ressaltar que, embora seus Kata sejam hoje em dia acei- siderado pelos japoneses como um estilo de Karate de tos em competições regulamentadas pela WKF, ainda Okinawa. será preciso transcorrer alguns anos para que surja um Parece um contra-senso, já que o Karate, enquanto arte campeão internacional com Kata deste estilo, porque, en- marcial, nasceu em Okinawa. Mas o fato de o estilo quanto os árbitros da WKF e entidades a ela filiadas (no Shorin-ryu ser batizado em homenagem a um templo bu- caso do Brasil, árbitros da CBK - Confederação Brasileira dista chinês, e o fato de ainda utilizar muitas palavras em de Karatê, e das federações estaduais coligadas, como a chinês, somado ao reconhecimento de suas raízes chine- FPK - Federação Paulista de Karatê), não quiserem co- sas, fez com que o Japão, sinófobo como sempre foi, ti- nhecer - e reconhecer - os Kata Shorin-ryu, e enquanto vesse se recusado a aceitá-lo no rol de estilos tradicionais. ainda houver atletas Shorin-ryu fazendo Kata de outros “ ” A recente aproximação entre Japão e China, com o pe- estilos (no caso, os estilos ditos oficiais ), infelizmente, dido de desculpas do Japão pelas atrocidades cometidas pode-se dizer que esta é uma realidade distante. contra a China durante a Segunda Guerra Mundial, teria Os primeiros estilos de Karate a serem reconhecidos pela aumentado as esperanças dos atletas do estilo Shorin-ryu WKF (com seu ano de registro no Butokukai*[*carece de de que seu estilo finalmente recebesse o reconhecimento fontes?] do Japão) são: que merece e fosse aceito no rol dos estilos tradicionais de Karate japonês, podendo fazer parte da WKF. • Goju-ryu (1933); A importância de se ser aceito como um estilo reconhe- • Wado-ryu (1938); cido na WKF está nas competições de Kata, onde ape- nas os Katas praticados pelos estilos aceitos eram per- • Shito-ryu (1939); mitidos. Os praticantes do estilo Shorin-ryu (bem como • de outros estilos não aceitos) viam-se obrigados a tomar Shotokan (1939). uma destas duas atitudes, caso quisessem competir nessa modalidade com chances reais de serem medalhistas: ou Embora o Karate não tenha conseguido os três quintos aprendiam e executavam Kata de um dos estilos aceitos, de votos do Conselho do COI (Comitê Olímpico Interna- ou, na hora de nomearem o Kata que iriam fazer, teriam cional) necessários para se tornar um esporte olímpico, que dizer o nome japonês do correlato Kata Shotokan e como obteve o voto de mais da metade dos países com- eram avaliados pelo embusen semelhante, já que, como ponentes do conselho, adquiriu o status de aspirante às foi demonstrado, os Katas da Shotokan (bem como todos Olímpíadas*[29], podendo vir a ingressar nelas num fu- os estilos derivados do Shotokan, que é o caso do Wado- turo próximo. Daí a expressão “Karate Olímpico”.A ryu), vêm de modificações do estilo Shorin-ryu feitas por principal justificativa dos conselheiros que votaram con- Gichin Funakoshi, a fim de fazer o Karate ser aceito no tra a aceitação do Karate como esporte olímpico foi jus- arquipélago principal do Japão. Já o Goju-ryu e o Uechi- tamente o fato de haver uma grande multiplicidade de es- ryu, possuem katas próprios em função de possuírem uma tilos com regras diferentes, o que dificultaria uma com- origem própria a partir de Naha, em Okinawa, e Fukien, petição unificada que abrangesse a todos. O fato é que na China, e distinta do Shorin-Ryu. nas competições de Shiai Kumite (luta de competição), as diferenças de estilo não têm grande importância, mas, nas Uma alternativa aos atletas do estilo ainda tem sido a competições de Kata, têm. É provável que, enquanto os WUKF*[28] (World Union of Karate-Do ), principais estilos dessa arte marcial (aí incluído o Shorin- entidade anterior à WKF, que havia entrado em declí- ryu, visto ser um dos mais antigos e praticados no mundo) nio no início da década de 1990, mas que vem sendo re- não deixarem de lado suas disputas internas por poder e vitalizada nos últimos anos; anteriormente, já foi conhe- se reunirem visando um consenso acerca do Karate en- cida como WUKO (World Union of Karate-Do Organiza- quanto esporte, o Karate nunca venha a integar os Jogos tions). A WUKF inclui no rol de estilos por ela reconhe- Olímpicos. Um bom exemplo a ser seguido seria o do cidos como tais, além dos aceitos pela WKF, também os Taekwondo, que conseguiu integrar as Olimpíadas depois estilos Shorin-ryu, Uechi-ryu, Kyokushinkai e Budokan. de acertos internos entre seus diversos estilos. Embora a WUKF conte com menos integrantes e países filiados do que a WKF, enquanto o Karate não integrar Após as Olimpíadas de Atenas, em 2004, ficou decidido as Olimpíadas de fato, não haverá qualquer diferença real que, em 2008, o Karate e o Squash integrariam os Jogos entre as duas federações, que promovem campeonatos no lugar de Baseball e Softball, mas alguns países compo- mundiais e internacionais independentes uma da outra. nentes do conselho interno do COI, como Estados Uni- Se, contudo, o Karate vier a integrar os Jogos Olímpi- dos e Japão, onde os esportes que seriam excluídos têm cos, apenas atletas filiados à WKF poderão obter índice grande aceitação, foram contra a troca e se basearam na votação que não atingiu os três quintos para vetarem a 16.7. REFERÊNCIAS 123 entrada dos dois novos esportes no rol das disputas de [20] >Martial Arts Biography - Eizo Shimabukuro (em inglês). . Visitado em 20.fev.2011. [21] Federação Paulista de Karate (Sem-título) ? (em português). Visitado em 20.fev.2011. 16.6 Ligações externas [22] Título não preenchido, favor adicionar (em inglês). Visi- tado em 20.fev.2011. • Descrição do Shorin-ryu (em inglês) [23] Katas do Estilo Shorin-ryu (em inglês)(Documento ine- • Site da Federação Internacional de Karatê-Do xistente) Shorin-Ryu (em português) [24] Progressão de Faixas (em português). Visitado em • Site da Shidokan do Brasil 06.mar.2011.

• Site da Shinshukan da Argentina (em espanhol) [25] Peichin Takahara (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

• Federação Catarinense de Karate Tradicional e Es- [26] Shorin-ryu Shorinkan Karate (em inglês). Visitado em portivo (em português) 20.fev.2011. [27] Ten Precepts (em inglês). Visitado em 20.fev.2011. 16.7 Referências [28] WUKF - World Union of Karate-Do Federations (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[1] Karateka.net (em inglês)(Página inexistente). [29] Sports | Summer and Winter | London 2012 Olympics (em inglês). Visitado em 20.fev.2011. [2] Peichin Takahara (em inglês). Visitado em 19.fev.2011.

[3] Kusanku (em inglês). Visitado em 19.fev.2011.

[4] Sakugawa Satunuku 'Tode' (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[5] Matsumura Sokon “Bushi” (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[6] Itosu (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[7] Supreme Grand Master Gichin (Shoto) Funakoshi (船越 義珍) (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[8] Choshin (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[9] Choki Motobu (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[10] Miyazato Dojo (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[11] Shidokan Argentina :: Dojo (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[12] Ihadojo.com (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[13] Beikoku Shidokan Association, Iha Dojo (em inglês). Vi- sitado em 20.fev.2011.

[14] Shorin-ryu Shorinkan Karate (em inglês). Visitado em 20.fev.2011.

[15] ? (em inglês)(Página inexistente)

[16] Difusão da Kyudokan pelo mundo (em inglês)(Página inexistente)

[17] Nagamine, Shoshin. The Essence of Okinawan Karate-dō. [S.l.: s.n.]. ISBN 0804821100

[18] Nagamine, Shoshin. Tales of Okinawa's Great Masters. [S.l.: s.n.]. ISBN 0804820899

[19] História de Zenryu Shimabukuro (em inglês)? Capítulo 17

Shorin-ryu Matsumura Seito

Shorin-ryu Matsumura Seito (em japonês: ⼩林流松 [6] O' Sensei Hohan Soken (em inglês). Visitado em 村⽣徒, Shorin-ryū Matsumura Seito), ou linhagem or- 07.nov.2012. todoxa, é a escola de caratê, do estilo Shorin-ryu, que pretende conservar uma linhagem de mestres começada com Kanga Sakugawa.*[1]*[2]*[3]

17.1 História

O mestre Sokon Matsumura tornou-se reconhecido ex- perto em artes marciais, o que, dentre outros fatores, o levou a fazer parte do séquito mais rente a el-Rei de Oqui- naua, Sho Ko. Durante a vida, mestre Matsumura de- senvolveu o seu estilo próprio de luta, bem como teve alguns alunos, o mais célebre deles, Anko Itosu ̶res- ponsável pela inserção do caratê no currículo escolar em Oquinaua.*[4] A despeito de Anko Itoso ser o mais velho e também re- conhecido por suas habilidades, ele não se manteve fiel à exata compleição do caratê de seu mestre, mas promoveu mudanças para simplificar algumas técnicas e incorporou outras. Deste modo, posto que herdeiro de Matsumura, não assumiu a liderança da linhagem, o que coube ao neto do mestre, Nab Matsumura.*[5] Reconhecidamente, o único estudante de Nabi Matsumura foi seu sobrinho, Hohan Soken.*[6]

17.2 Referências

[1] NE Kenshin Kan Karate Dojo (em inglês). Visitado em 07.nov.2012.

[2] About Matsumura Seito (em inglês). Visitado em 07.nov.2012.

[3] McCarthy, Pat; Lee, Mike. Classical Kata of Okinawan Karate (em inglês). Santa Clarita: Ohara, 1987. p. 42. ISBN 0897501136

[4] Bushi Matsumura Biography (em inglês). Visitado em 07.nov.2012.

[5] The White Swan of Hohan Soken (em inglês). Visitado em 07.nov.2012.

124 Capítulo 18

Goju-ryu

18.1 História

Sanchin.*[1] Por influência de seu mestre e na companhia de seus ami- gos Yoshikawa e Wu Xian Hui (mestre chinês de Pak Hok Pai que passou a viver em Oquinaua, compartilhando seus conhecimentos marciais com renomados mestres de caratê no começo do século XX), Chojun Miyagi faz sua primeira viagem até a China, o que veio a influenciar di- retamente o estilo, fato que é visto em alguns kata. Fi- cou lá por quatro anos, seguindo os passos do seu mestre, quando treinou os estilos Pa Kua Chang e Shaolin Chuan, estilos suaves e internos que além de aprimorarem o fí- sico, prezam muito pelo desenvolvimento emocional e es- piritual. Quando à terra natal, baseou-se no princípio de yin e yang (as energias negativa e positiva que regem o universo) e uniu a flexibilidade das artes internas chine- sas à rigidez do tradicional estilo Naha-te, criando assim o Goju-ryu.*[2] Porém, as bases do estilo já haviam sido estabelecidas pelo mestre Kanrio Higaonna, discípulo do mestre Chinês Woo (“Ru”, em japonês), ou Ryu Ryu Ko.

18.2 Características

O estilo, como o próprio nome denota, é marcado pela Chojun Miyagi busca do equilíbrio entre os opostos, das energias antagô- nicas e complementares. Ele ensina como agir, seja com energia ou brandura, rapidez ou suavidade. como nos demais estilos, o que os tornam únicos no ka- Ao se praticar o estilo, pretende-se aprender a ser como rate. Percebe-se que as defesas também são circulares a água, fluída e sem forma, por isso pode assumir todas e amplas, permitindo muitas aplicações variadas como as formas: calma e suave ou revolta, mas ambas com o "projeções, torções de articulações, chaves de braço, poder de passar por quaisquer obstáculos, mesmo os de estrangulamento etc”. Por tudo isso, pode-se caracte- aparência mais resistentes. rizar os estilos como eficientes para combate em curta Resumidamente, pode-se dizer que os estilos Goju-ryu e distância. Uechi-ryu (outra linhagem que descende do Naha-te, mas Estes dois estilos, na sua forma original, são nativos do indiretamente) têm influência chinesa mais direta, especi- antigo reino de Ryukyu, pelo que e não sofreram fortes ficamente do wushu de Shaolin do sul (Pangainun, estilos influências do Japão, portanto não romperam com suas da Garça, Tigre, Dragão e outros). origens chinesas e tradições (não passaram por “mo- Observa-se que eles caracterizam-se também por mo- dernizações”e ocidentalizações). Por seu turno, estilo vimentos circulares, não sendo estes apenas lineares goju caracteriza-se por bases firmes e centro de gravi-

125 126 CAPÍTULO 18. GOJU-RYU

dade baixo, algumas estreitas e/ou curtas; pelo trabalho outros) já era conhecido em Oquinaua e praticado tam- de tensão dinâmica com grande ênfase na respiração pro- bém em Shuri. Uma versão mantém-se no estilo Shorin- funda e no trabalho do Ki, a energia interna; chutes bási- ryu. No estilo Shotokan, o kata é chamado de Hanguetsu. cos descendentes e ao nível gedan, isto é, direccionados O estilo inclui também o kobudo (arte de lutas com armas para abaixo da linha de cintura, esses pontapés quando tradicionais como o bo, eku, nunchaku, tonfa, sai etc), direccionados aos níveis superiores, jodan e chudan, são mas o programa com essas armas varia muito entre as executados quase que exclusivamente por meio de saltos escolas. (tobi geri). Antigamente o trabalho feito pelos alunos era treinar um É tradicional o treinamento complementar em aparelhos, kata durante mais ou menos três anos. O mestre Higoshi- “ ” um sistema de musculação tradicional que foi herdado onna – e depois Miyagi – faziam que cada aluno apren- da China. Também se realizam exercícios de fortaleci- desse o kata sanchin e depois um dos outros kata em es- mento dos braços em duplas (kakie) associados ao uso pecial, havia uma especialização em um ou poucos kata eficiente da respiração. por parte de cada aluno, dependendo do seu tipo físico, Os axiomas do estilo podem ser resumidos como: condições técnicas e a intuição do mestre. Nas escolas modernas, o ensino segue um programa padronizado, não • um ataque duro se defende com uma defesa suave, havendo mais uma restrição nem especialização. e vice-versa; e Segue, abaixo, a lista dos kata clássicos: • alvos duros se golpeiam com armas (naturais) moles, e vice-versa. • Sanchin

Para terminar, deixamos aqui algumas frases do Mestre • Gekisai dai ichi Miyagi que resumem alguns dos princípios deste estilo: • Gekisai dai ni • deve-se saber que nos Kata estão os princípios se- • Saifa cretos do Goju-ryu; • O karatê-dô Goju-ryu é uma manifestação da har- • Seyunchin monia do universo dentro de nós mesmos; e • Shisochin • O caminho do Karatê-dô Goju-ryu é buscar a via da virtude. • Sanseru

Os últimos ensinamentos de Chojun Miyagi: • Seipai

Síntese da escola Goju ryu: • Seisan

• busca do combate a curta distância (sendo a estraté- • Kururunfa gia de combate diferente do shiai kumite); • Suparinpei • movimentos curtos e circulares; • • chutes baixos e varridos; • conciliação entre força, flexibilidade e respiração; Posto que haja o conjunto tradicional de kata, há no Goju- • contração muscular go e ju; ryu moderno uma tendência de que cada escola tenha ou- tros kata mais básicos, ensinados antes dos Gekisai; ou- • respiração sonora (ibuki); e tra, por sua vez, possuem ainda um kata avançado extra, criado pelo fundador da escola ou adaptado de outros esti- • administração do espaço de combate (). los. Veja-se o caso da escola Seigokan (Kihon kata e Uke no kata) ou da Shobukan, que elaborou recentemente o Gekisai san, mas que não faz parte da lista oficial; a Sho- 18.3 Kata reikan tem mais Kata básicos (Guekisai dai san, Gue- kiha, Kakuha); a Ken-Shin-Kan e Ken-In-Kan do mes- Possui kata básicos e emblemáticos como o Sanchin e o tre Seiichi Akamine com os kata Kanshwa (adaptado do Tensho (antigamente também se executava o Naihanchi). Uechi-ryu), Ryufa (serpente), Kenshin-ryu e dos cinco Todos os kata clássicos, menos os Genkisai e o Tensho kihon kata (Uke Godan, Empi Godan, Tegatana Godan, (criados pelo mestre Miyagui), foram trazidos da China Teisho Godan e Tsuki Godan que exploram pontos vi- pelos mestres Higoshionna e Miyagi. O Kata Seisan (e tais). 18.5. REFERÊNCIAS 127

18.4 Escolas e associações • Associação de Karate Foz do Iguaçu - Nilson Rigo- Faixa Preta 5º Dan CBK • Ryubu-kai - Okinawa Karate Do Goju Ryu Bujitsu • [[Goju-Ryu Shobukan(Dojo Yamau- Kyokai Internacional Organization - Mestre Yasu- chi)|Okinawa Gojuryu]] (CBKGST) - Morihiro nori Yonamine 10º Dan YAMAUCHI • CCI Fight - Centro Comunitário Integrado de Luta • Associação Vale do Tigre - Aníbal de Severo • Goju-Ryu Shodokan - Seiko HIGA • APKG - Associação Piauiense de Karatê Goju Kai 18.5 Referências - Sensei Valderi Cardoso

• Associação Sol Nascente de Karatê - Sensei Marco [1] HIstória do GOJURYU. Visitado em 07.set.2011. Aurélio Gazzoni [2] International Goju Ryu Karate Federation (em inglês). Visitado em 17.nov.2010. • Meibukan - Meitoku YAGI

• Força e Flexibilidade - Shiran José MONTEIRO 18.6 Bibliografia • Jundokan Okinawa - Eiichi MIYAZATO

• Jundokan International - Teruo CHINEN HIGAONNA, Morio. Traditional karatedo: funda- mental techniques (em inglês). Estados Unidos: Japan • Shoreikan - Publications, 1985. 1v. • Goju-Ryu Goju-Kai (JKGA/IKGA) - Gogen YA- MIYAGI, Chojun. Ancient : MAGUCHI Koryu uchinadi (em inglês). Tuttle Publishing, 1999.

• IKGABRAZIL- International Karate-DO gojukai MIYAGI, Takashi. Orthodox Goju Ryu (em inglês). Association do Brasil Masters Publications, 2008. TOGUCHI, Seikichi. Okinawan Gojuryu (em inglês). • Goju-Ryu Goju-Kai (JKF) Shozo UJITA Estados Unidos: Ohara Publications, 1976. • Goju-Ryu Seigokan - Seigo TADA VELASCO, Gonzalo. Uma breve história do Karate- do. 1999. Disponível em . • Goju-Ryu Seiwakai - Shuji TAZAKI YAMAGUCHI, Gogen. Goju-Ryu Karate-Do Kyohan • Goju-Ryu Reibukan - Elias OLIVEIRA (em inglês). Rising Sun Productions, 2006. • Seibukai - Kinei NAKASONE YAMAGUCHI, Gosei. Gojuryu Karate (em inglês). Estados Unidos: Ohara Publications, 1974. 1v. • Shobukan - Shinjo MASANOBU YAMAKURA, Mooto. Goju-Ryu Karate-Do (em • Sengukan - Seiko FUKUCHI inglês). GKK Publications,

• Jinbukan - Kanei KATSUYOSHI

• Liga de Karate de Osasco - L.K.O. 18.7 Ligações externas • Ohshikai - Kiyotaka TAKASAKI • Goju Ryu Karate Do Martial Art of Okinawa Japan: • Kenshikai - Tetsuhiro HOKAMA All Gojyu Ryu Network (em inglês)

• Kenshinkan - Seiichi AKAMINE

• Seito Goju-ryu - Kanki IZUMIKAWA

• Goju-ryu Kyokai (GKK) - Motoo YAMAKURA

• Goju-Ryu Karatedo International (GKI) - James Rousseau

• Okinawa Gojuryu (IOGKF) - Morio HIGA- ONNA

• [Goju-Ryu Seibukan] - Morimasa YAMAUCHI Capítulo 19

Shotokan

Shotokan (松涛館*?) é um dos estilos de karatê que surgiu dos ensinamentos ministrados pelo mestre Gichin Funakoshi e por seu filho, Yoshitaka Funakoshi*[a].O repertório técnico do estilo foi baseado no do Shorin-ryu, mas, devido aos estudos empreendido pelo filho do mestre e sua influência, várias técnicas foram incorporadas e/ou modificadas, de modo a refletir o escopo almejado, que era o de valorizar mais o lado desportivo e físico como forma de promover o desenvolvimento pessoal. Mestre Funakoshi em princípio não denominou o que ele ensinava de um estilo próprio, mas, antes de tudo, afir- mava que ensinava karatê. Por outro lado, é certo que ele ensinava a arte marcial de acordo com sua visão e enten- dimento particulares sobre a mesma, mas isso seria ex- plicado ̶também segundo o próprio mestre comentava ̶como uma consequência natural, pois vários professo- res ensinariam uma mesma disciplina de modos diferen- tes. Entretanto, alguns de seus alunos, como forma de o homenagear, manufaturaram uma placa com a inscrição Shotokan, eis que Shoto era a alcunha que o mestre assi- Símbolo do estilo Shotokan nava suas obras, pelo que o dojô passou a ser conhecido “ ” * como casa de Shoto . [1] Jigen-ryu, de kenjutsu ̶que era amigo de seu pai e tinha A despeito de outros mestres tentarem antes e contempo- sido discípulo do grande mestre Bushi Matsumura.*[1] raneamente, foi o estilo de mestre Funakoshi que logrou O jovem Funakoshi, além de outros interesses muito ca- êxito em vencer as barreiras culturais opostas a Oquinaua ros, tinha especial apreço pelas artes marciais, sempre e difundir o caratê pelo resto do Japão, modificando no- buscando novos ensinamentos. Assim, não depois de en- mes de técnicas e adaptando outras. veredar pelo karatê, passa a treinar com mestre Anko O Shotokan foi totalmente baseado no estilo Shorin- Itosu, com quem aprende as principais técnicas.*[2] Por ryu,tanto que o criador era praticante desse estilo.O Sho- outro lado, o aprendizado se deu com outros mestres de tokan foi criado para a correção de alguns detalhes e ocul- renome, com os quais, além de obter novos conhecimen- tar a influência chinesa por conta da rivalidade entre o tos, também foi influente, como Kenwa Mabuni, Kanryo Japão e a China, para ser bem recebido pela divulgação Higaonna, Chojun Miyagi.*[1] em Tóquio em 1921. O mestre Itosu empreendera sérios esforços para popula- rizar a arte marcial, não sendo muito bem-sucedido, po- rém talvez o mais significativo seja a mudança de nome da 19.1 História arte marcial desarmada de Okinawa, de tode (mão sínica) para karate (mão vazia), o que significou naquela época, fim do século XIX, uma enorme mudança de paradigma 19.1.1 Formação e o rompimento de uma barreira cultural. Funakoshi fez parte dos movimentos e despendeu novos esforços, no Em Okinawa, o pequeno Gichin Funakoshi, por volta sentido de popularizar o caratê não só em sua terra natal de 1880, no fim da infância e começo da adolescência, mas em todo o Japão. Calhou de, em 6 de março de 1921, começou a praticar o karatê sob os auspícios do mestre o príncipe herdeiro Hirohito assistir a uma demonstração Anko Asato ̶experto nos estilos shuri-te, de caratê, e encabeçada por Gichin Funakoshi, no castelo de Shuri,

128 19.2. CARACTERÍSTICAS 129

ajudado por seus discípulos e pelo mestre Miyagi. outros pela força física. Nesta arte marcial não existe Depois, em 1922, surgiu o convite do mestre Jigoro Kano agressão, mas sim nobreza de espírito, domínio da agres- ̶criador do judô ̶para que fosse feita uma demonstra- sividade, modéstia e perseverança. E, quando for neces- ção pública do caratê no instituto Kodokan. Como causou sário, fazer a coragem de enfrentar milhões de adversá- muito boa impressão, Gichin Funakoshi permaneceu em rios vibrar no seu interior. É o espírito dos samurais. Tóquio por mais algum tempo, a ministrar aulas.*[3] Por volta de 1935, tem início um movimento de alguns 19.1.2 Cisão discípulos de Gichin Funakoshi, para ter um lugar próprio de treino de caratê e, em 1936, esse esforço dá resultados Quando se mudou para Tóquio, mestre Funakoshi ad- e é finalmente construído um dojô (道場, sítio de treino*?) mitiu como aluno o já experiente lutador de jiu-jitsu em sua homenagem e o chamaram de Shotokan, ou“casa Hironori Otsuka, que ficou impressionado com as proezas de Shoto”, colocando uma placa com tal inscrição nos que os caratecas faziam em suas demonstrações.*[6] umbrais da entrada. Shoto era o pseudônimo com que Funakoshi assinava seus textos. Infelizmente, o prédio Eventualmente, Otsuka tornou-se instrutor de karatê sho- original foi destruído durante um bombardeio durante a tokan, mas, em 1930, as divergências sobre a condução II Guerra Mundial. da arte tornaram-se mais acentuadas, pelo que os mestres chegaram ao consenso de seguirem caminhos diferentes. Gichin Funakoshi não acreditava na diversificação de es- Dessa primeira cisão nasceu o estilo Wado-ryu, que in- tilos, e sim que todo o caratê deveria ser um só, mesmo corpora técnicas de jiu-jitsu e gotende ao repertório do com as diferenças naturais de ensino que variam entre os caratê, dando mais ênfase à pratica de kumite. professores, posto que seu estilo ainda fosse tradicional e intimamente conectado ao estilo Shorin-ryu, com ba- Após a morte de Gichin Funakoshi, outras dissensões ses altas e golpes duros, tendo como base a filosofia do tornaram-se evidentes. Alguns defendiam a participação Budo, em cujo conteúdo há a consciência da busca cons- em torneios e disputas e outros mantinham-se arraigados tante pelo aperfeiçoamento pessoal, sempre contribuindo à proposição inicial de proibir quaisquer tipo de embate, para a harmonização do meio onde se está inserido, por devendo a arte ser desenvolvida principalmente por meio intermédio de muita dedicação ao trabalho, treinamento do treinamento reiterado de kata. Apartada, veio a lume rigoroso e vida disciplinada. O praticante do caratê tra- a linhagem Shotokai. dicional caminha em direção dessas metas, formando seu * A linhagem Shotokan foi assumida por Masatoshi Na- caráter, aprimorando sua personalidade. [4] kayama, e permaneceu única (isto é, sob a direção da Noutra mão, o estilo Shotokan era uma escola aberta a JKA) até 1977, quando o mestre Hirokazu Kanazawa*[7] novos conceitos, desde que se mostrassem eficientes no formou outra dissensão. Nesta última, ao longo do escopo do mesmo, que era o aprimoramento moral e fí- tempo pequenas diferenças foram-se acumulando, prin- sico. Neste sentido, o desenvolvimento do estilo foi mui cipalmente quanto à execução de katas. E, no início do influenciado pelo o sensei Yoshitaka Funakoshi, filho do século XXI, outros katas passaram ser treinados, o que mestre, o qual dava o exemplo de afinco ao treinamento acentua ainda mais o distanciamento. e carreou elementos de outras artes marciais japonesas, Há ainda a linhagem Asai-ha, do mestre Tetsuhiko Asai, como os chutes laterais e o emprego de bases bem mais na qual pretende-se fazer resgate de alguns conceitos do baixas do que aquelas exercitadas nas escolas derivadas caratê tradicional e, bem assim, foram criados e adapta- dos estilo Shuri-te e Shorin-ryu. Tanto é assim que se dos outros kata. pode identificar dois momentos distintos na evolução do Shotokan: a formação, feita por Gichin Funakoshi, e o amadurecimento, encabeçado por Gigo Funakoshi.*[5] A meta imaginada quando do estabelecimento do dojo 19.2 Características de Shoto era fazer da arte marcial um contributo para a formação integral do ser humano, não podendo, por- O estilo Shotokan caracteriza-se por bases fortes e gol- tanto, ser confundido com uma prática puramente espor- pes no corpo inteiro.*[8] Os giros sobre o calcanhar em tiva. “Tradição é um conjunto de valores sociais que posição baixa dão fluidez ao deslocamento e todo movi- passam de geração à geração, de pai para filho, de mestre mento começa com uma defesa. Este é um estilo em que para discípulo, e que está relacionado diretamente com o as posições têm o centro de gravidade muito baixo, e em crescimento, maturidade, com o indivíduo universal.” que técnicas como um“simples”soco direto são difíceis A famosa expressão do mestre Gichin Funakoshi - Ka- de se dominar, porém quando a técnica é dominada o seu rate ni sente nashi (空⼿に先⼿なし*? No caratê não poder é incrível e quase sobre-humano. existe atitude ofensiva) - define claramente o propósito Alguns tendem a classificá-lo como uma evolução do es- antiviolência. tlio shuri-te ou shorin-ryu. Entretanto, há divergências O verdadeiro valor do caratê não está em sobrepujar os porque as bases do shotokan são precipuamente baixas, enquanto que em shuri-te são altas. Ademais, há golpes 130 CAPÍTULO 19. SHOTOKAN

como mae geri e ushiro geri, que não são comuns nos es- cumprimento é sinal de falta de confiança. O cumpri- tilos shorin, mas estão presentes no estilo de Funakoshi. mento pode ser feito de duas maneiras distintas: Neste estilo são levados a sério fatos como: a concentra- ção e o estado de espírito, pois sem concentração e um • Ritsurei (⽴礼*?), cumprimento em pé, em posição estado de espírito leve porem determinado a técnica de natural ou shizentai; pouco servirá, devendo estes dois atributos expandirem- • Zarei (座礼*?), cumprimento em posição de seiza. se com a pratica e determinação.

O cumprimento deve acontecer nas situações a seguir: 19.2.1 Ética 1. Quando se entra ou sai do dojô; O caratê moderno, ou kara-te-do, pretende ser muito mais do que uma disciplina de combate, mas, antes de 2. Quando o professor entra ou sai do dojô; tudo, o fito é proporcionar ao praticante um meio de evo- 3. No início e final de um combate; lução pessoal completa. Nesta cércea, os rituais, conce- bidos para serem praticados em todos os locais de treina- 4. No início e final da aula; mento, propõem uma série de atitudes e gestos que facili- tam as relações entre eles deixando claro o desejo comum 5. No início e final de um kata; de obedecer a uma ordem válida para toda a comunidade 6. No início e final de um exercício com um compa- e para cada um. A intenção do praticante é sempre a de nheiro. estimular o progresso coletivo na arte sem perder, con- tudo, o desenvolvimento individual. A maneira correta de se cumprimentar é, partindo-se A prática do caratê está repleta de exercícios fortes e com- da posição natural, curvar o corpo apenas em 30 cm e bativos, porém não se pode perder de vista o espírito de segurá-la por meio segundo e retornar a posição ereta. O conciliação, buscando a vitória pela harmonia, pela paz, zarei é realizado a partir da posição seiza, inclinando-se e olvidando as atitudes egoístas, pelo que tenta fazer in- o corpo e as mãos descem suavemente das coxas para o cutir a ideia de que o grupo faz parte do indivíduo: um chão, formando um triângulo onde a fronte tocará. carateca deve treinar com seu companheiro com todo res- peito e consideração, pois o considera como parte de si mesmo e sem o qual não há treinamento. Niju kun É, pois, de fundamental importância tratar o compa- nheiro com cortesia e agradecimento, haja vista o colega O Niju Kun é a síntese do pensamento de Funakoshi so- proporcionar um aprendizado mais achegado à realidade. bre como deve ser o espírito do praticante de karatê. São Deve-se ainda ao instrutor respeito e agradecimento pela vinte preceitos cujo propósito é dar subsídios acerca da transmissão dos conhecimentos e pela dedicação e es- prática cotidiana da modalidade, servindo também como forço em ensinar segredos que foram por muitos séculos um guia para o autoconhecimento. restritos a uma minoria privilegiada. Tem-se como máxima que respeitar é se fazer respei- 19.2.2 Kihon tar. Conciliar e nunca confrontar é o princípio básico. Esquecer-se da palavra “eu”e substituí-la pela palavra Sendo um descendente do shorin-ryu, o estilo adoptou o “nós”é a essência do ensinamento. Outro ponto funda- sistema de kihon criado por Anko Itosu, pelo qual se en- mental é que se treina karatê para a vida. Portanto, fica sinam as técnicas básicas, os fundamentos técnicos antes claro ao praticante e ao grupo que o fundamental não é de treinar kata ou kumite. Mestre Funakoshi dava ênfase vencer, não é derrubar, não é ser o mais forte, mas des- no treinos com kata, mas reconhecia que o praticante de- cobrir o potencial individual, o centro das ações e se, ele via executar antes os movimentos básicos, para facilitar o não for o centro, colocar-se em uma de suas órbitas, de aprendizado profundo do caratê, compilados num chute, acordo com suas reais condições. soco ou projeção.*[9]

Cumprimento 19.2.3 Kata

Uma demonstração tradicional de cortesia é o cumpri- Logo no início de suas atividades como instrutor de ca- mento, isto tanto é verdade que ele é realizado no início e ratê, quando procurava de vários modos divulgar sua arte no final da aula de frente para o Shomeni (forma de agra- marcial, o mestre Funakoshi manteve contacto com ou- decimento àqueles que desenvolveram a arte). Ao cum- tros expertos, notadamente o mestre Kenwa Mabuni, por primentar, deve-se mirar para baixo e não na face do seu quem a série Heian (à época Pinan) foi introduzida na oponente, pois cruzar o olhar com alguém durante um escola. No princípio, no estilo Shotokan ensinava-se um 19.2. CARACTERÍSTICAS 131

currículo de quinze katas: Heian shodan, Heian nidan, 27. Meikyo Heian sandan, Heian yondan, Heian godan, Tekki sho- dan, Tekii nidan, Tekki sandan, Bassai dai, Kanku dai, 28. Gojushiho sho , Gankaku, Jitte, Jion, . Por fim, depois 29. Gojushiho dai das medidas adoptadas por Yoshitaka Funakoshi, o qual criou a série (com três kata)*[b], o estilo passou 30. Unsu contar trinta kata.*[10]*[11] A entidade SKIF, do mestre Kanazawa, entre os períodos 19.2.4 Kumite final do século XX e inicial do século XXI incorporou outros katas, a saber, Nijuhachiho, Gankaku sho, Seipai e Seienchin.*[12] Da mesma forma, o mestre Asai, sem romper com a herança do mestre Funakoshi nem chamar sua escola de estilo diverso, incorporou a prática de outros katas.

1. Ten no kata

2. Taikyoku shodan

3. Taikyoku nidan

4. Taikyoku sandan

5. Heian shodan

6. Heian nidan

7. Heian sandan

8. Heian yondan

9. Heian godan

10. Tekki shodan

11. Tekki nidan

12. Tekki sandan

13. Bassai dai Gichin Funakoshi 14. Jion Originalmente, o treino com lutas não fazia parte do 15. Enpi aprendizado do karatê, pois os mestres tradicionais sem- pre consideram os golpes como potencialmente letais. 16. Jitte Contudo, com advento do karatê moderno, o kumite foi 17. Hangetsu de forma paulatina sendo incorporado aos treinamentos, como meio de dar aplicação prática das técnicas estuda- 18. Kanku dai das diante de um adversário real. Seu objetivo é demons- trar a efetividade tanto das técnicas de ataque como de 19. Gankaku defesa. 20. Nijushiho Os pontos importantes a se observar no trabalho do Ku- mite são: distância, velocidade, reação, antecipação, con- 21. Jiin trole e correta aplicação de ataque e defesa. Os quais per- 22. Bassai sho mitem desenvolver a tática e a estratégia.

23. Kanku sho 19.2.5 Graduação 24. Chinte

25. As graduações acima são utilizadas no Brasil. Porém, em Portugal*[13] e em vários países da Europa, a graduação 26. Sochin no Karaté Shotokan é diferente, sendo esta a sua ordem: 132 CAPÍTULO 19. SHOTOKAN

• Branco; Numa competição de caratê tradicional não há divisão de pesos. O lutador cujo físico é pequeno poderá vencer o * • 8ºKyu - Amarelo [14]; grande, se estiver bem preparado. Ele deverá estar dis- posto a enfrentar qualquer adversário, seja qual for o seu • 7ºKyu - laranja*[15]; tamanho. • 6ºKyu - verde*[16]; As modalidades de competição são: • 5ºKyu - azul*[17]; • Kata individual - Apresentação individual de kata: * • 4ºKyu - vermelho [18]; Durante as fases eliminatórias, dois competidores executam o mesmo kata (que é escolhido pelo ár- • 3º ao 1ºKyu - castanho*[19]; bitro central) lado a lado, e o vencedor é aclamado • 1ºDan a 10ºDan - preto pelos árbitros através de bandeiras.

• Kata em equipe - Apresentação de kata e respectiva Estas diferenças causam algumas duvidas entre atletas de aplicação (bunkai) em equipes de três pessoas: Após diferentes países. O motivo pelo qual em competições a a apresentação do kata, a equipe deverá apresentar nível internacional não há desentendimentos deve-se ao uma aplicação para as técnicas do kata escolhido. A facto de apenas existir dois cintos em combate: o verme- decisão é sempre tomada por nota. lho e o azul. Deste modo, nenhum dos combatentes sabe qual é a graduação do seu oponente. • Kumite individual - Combate individual. Além dos diferentes sistemas de graduação, existem ainda cintos de duas cores. Estes são atribuídos aos atle- • Kumite em equipe - Combate em equipes de cinco tas que são considerados demasiado novos para obter a pessoas: A cada luta são somados os pontos de cada graduação seguinte por não possuírem ainda as capaci- lutador aos pontos de sua equipe. Será vencedora dades físicas de um corpo adulto. Estes cintos também a equipe que obtiver o maior número do pontos ao podem ser atribuídos quando os examinadores não con- final da última luta. seguem decidir se o examinando possui ou não as capa- cidades de progredir à próxima graduação. • Enbu - Teatro marcial: Apresentação de aplicações Em algumas escolas de Shotokan no Japão, como o sis- de técnicas em duplas. A decisão é tomada por nota tema de graduação foi adotado do Judo, é possível de ver dos árbitros. o mesmo sistema de graduação utilizado no Judo. • Fuku Go - Disputa individual que engloba kata e kumite, alternando a cada rodada: A ITKF instituiu 19.3 Competições o Kitei como kata oficial das competições de Fuku Go, para permitir as disputa direta (lado a lado) de competidores de estilos diferentes. A busca de vitórias em competições não é o principal objetivo do caratê tradicional. As competições são um meio que permitem ao praticante fazer uma autoavalia- ção técnica e emocional. Vencer ou perder numa com- 19.4 Notas petição não é o mais importante, o relevante é o cresci- mento como lutador e como pessoa que ela proporciona. A prática nunca foi bem vista pelos mestres, chegando *[a] ^ Mestre Funakoshi não criou propria- a ser peremptoriamente desestimulada por Mestre Funa- mente um estilo, o que ficou evidente após seu koshi.*[20] passamento com a formação dos estilos Soto- kan e Shotokai, cujos nomes querem dizer exa- A despeito de severas reticências, a competição foi pau- tamente a mesma coisa: “casa de Shoto”. latinamente se fixando na seara do caratê. Ainda assim, o cerne exigido dos lutadores é a eficiência na execução dos movimentos, ou seja, a dinâmica corporal utilizada *[b] ^ A palavra kata, em romaji, não deve ser para se aplicar os golpes, e não tão somente a velocidade escrita no plural, mesmo que se refira a vários ou o contato. Não basta acertar o alvo, é preciso fazê- kata. No idioma japonês não existe plural e lo da forma correta, baseado nos fundamentos técnicos. muito menos as palavras são escritas no femi- Isso exige um grande domínio físico e mental, e também nino. Logo a palavra kata não pode ser dita estimula a busca pelo aperfeiçoamento pessoal e pelo re- desta forma: a kata, porque não é uma palavra finamento da técnica. “Perder-se na beleza dos movi- feminina. Diga sempre o kata, o kamae, e as- mentos ou apenas buscar pontos numa luta não levam à sim por diante. E letras como V, L, X e Q não perfeição!" existem no idioma japonês. 19.6. LIGAÇÕES EXTERNAS 133

19.5 Referências 19.6 Ligações externas

[1] Biografias - Karate-do - Funakoshi. Visitado em • Shotokan Karate-do Website (em português) 21.fev.2011. • Confederação Brasileira de Karate-dô Tradicional (CBKT) [2] Biografia do Mestre Funakoshi pai do Shotokan. Visitado em 21.fev.2011. • Federação Nacional de Karate

[3] Stevens, John. Três mestres do budo. [S.l.: s.n.]. p. 69. • Karate Shotokan - Ginásio Pires de Lima (UKSP) • [4] Confederação Brasileira de Karate Shotokan. Visitado em Confederação Brasileira de Karatê 24.nov.2010. • Federação Portuguesa de Karatê Shotokan [5] Yoshitaka Funakoshi, genio del Karate-do (em espanhol). • Confederação Brasileira de Karatê Shotokan Visitado em 21 de fevereiro de 2011. (CBKS)

[6] Título não preenchido, favor adicionar. Visitado em • Associação Shotokan Karatedo Portugal (ASKP) 21.fev.2011. • Japan Karate Association Portugal (JKA-Portugal) [7] The Shotokan Way: Hirokazu Kanazawa (em inglês). Vi- • Federação de Karatê Interestilos do Mato Grosso do sitado em 22 de fevereiro de 2011. Sul

[8] The History of Shotokan Karate (em inglês). Visitado em • Federação Catarinense de Karate Tradicional e Es- 24 de novembro de 2010. portivo

[9] Total Karate: Karate Nage Waza - Karate Throwing Te- chniques (em inglês). Visitado em 05.abr.2011.

[10] History of the Pinan / Heian Katas (em inglês). Visitado em 21 de fevereiro de 2011.

[11] Título não preenchido, favor adicionar (em inglês). Visi- tado em 07.mar.2012.

[12] SKIF – USA Newslletter (em inglês) (inverno de 2008). Visitado em 09.mar.2011.

[13] http://www.anam-pt.com

[14] http://www.anam-pt.com/joomla5/index.php?option= com_content&view=article&id=426&Itemid=143

[15] http://www.anam-pt.com/joomla5/index.php?option= com_content&view=article&id=427&Itemid=144

[16] http://www.anam-pt.com/joomla5/index.php?option= com_content&view=article&id=428&Itemid=145

[17] http://www.anam-pt.com/joomla5/index.php?option= com_content&view=article&id=429&Itemid=146

[18] http://www.anam-pt.com/joomla5/index.php?option= com_content&view=article&id=430&Itemid=147

[19] http://www.anam-pt.com/joomla5/index.php?option= com_content&view=article&id=431&Itemid=148

[20] Institucionalização e Competição em Shotokai (Paralelis- mos com a Agricultura Biológica e... o Tanden). Visitado em 22.fev.2011. Capítulo 20

Katas do estilo Shotokan

Lista de katas (por escola) do estilo Shotokan-ryu, fun- dado pelo mestre Gichin Funakoshi.

20.1 Ver também

• Katas do estilo Shito-ryu

134 Capítulo 21

Shotokai

Shotokai (松濤会*?) é uma escola de karate. Assim norma o kumitê é muito controlado, em termos de definir como a shotokan, foi fundada pelo mestre Gichin Funa- quem ataca e quem defende, bem como onde são direcci- koshi*[1]. onados os ataques, isto uma vez que os ataques são produ- Shoto era o nome com que o mestre Funakoshi assinava zidos com intensidade máxima, contudo torna-se agres- os seus poemas, podendo ser traduzido para“o pinheiro sivo visto que se utiliza golpes de cotovelos e joelhadas. e o mar". Shotokai pode ser traduzido como o “grupo Existem duas vertentes principais, a da Nihon Karate Do de Shoto”. Shotokai, a organização criada pelo “grupo de Shoto”e O estilo pretende manter-se fiel aos ensinamentos origi- a da KDS (Karate Do Shotokai) fundada por Mitsusuke nais do mestre Funakoshi, que disse que o “Karate-dô Harada, que foi aluno direto de mestre Funakoshi durante é uma arte para treinar a própria mente, desporto pos- três anos, cinco dias por semana, três horas cada vez, pelo sível de ser praticado por pessoas de menor compleição que se presume que é a pessoa viva que mais treinou com corporal, arte para manutenção da saúde e a arte da de- o criador do estilo. Mitsusuke Harada também treinou fesa pessoal”*[2], por meio da continuação dos esforços com a mesma intensidade e frequência com o Mestre Shi- iniciados por hanshi Egami*[3]. gueru Egami pelo período de um ano e meio, sendo a pessoa viva que mais treinou com o mestre Egami. Actualmente têm banalizado o nome“Shotokai”havendo 21.1 História grupos que nada têm a ver com o estilo de Gichin Funa- koshi, modificando a forma e o fundo original.

Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o mestre Egami passou a ser asistente do mestre Funakoshi e, um ano após a morte deste, Egami torna-se o instrutor-chefe 21.3 Kata do estilo. Logo entrou em choque com a postura da enti- dade sobre quais caminhos deveriam ser serguidos, que, O estilo pratica ao todo trinta katas*[6]. segundo mestre Egami, estariam muito afastandos das suas verdadeiras origens e preceitos estipulados pelo cria- 1. Ten no kata dor do estilo. Por exemplo, o mestre Funakoshi executava o soco de oi zuki de forma relaxada, pelo muitos diziam 2. Taikyoku shodan ser essa a razão de sua idade avançada. 3. Taikyoku nidan Outro ponto que gerava dissensões eram as competições, que faziam os praticantes almejar mais a vitória, o re- 4. Taikyoku sandan conhecimento, as medalhas, do que a evolução pessoal e coletiva. E, em movimento contínuo, o próprio desen- 5. Heian shodan volvimento das técnicas de luta degeneraram-se, pois a 6. Heian nidan postura inicial era a de jamais recuar (como sucede no aikio) e reforçar o estado de , a atenção, a anteci- 7. Heian sandan pação dos golpes do oponente*[4]. 8. Heian yondan

9. Heian godan 21.2 Estilo 10. Tekki shodan

O Shotokai é caracterizado por ser um estilo muito fluido 11. Tekki nidan e no qual não existe competição*[5], por se considerar que esta desvirtua o estilo e os objectivos do karate. Por 12. Tekki sandan

135 136 CAPÍTULO 21. SHOTOKAI

13. Bassai dai 21.5 Ligações externas

14. Bassai sho • União Portuguesa de Karate-do

15. Kanku dai • Bushidokan 16. Kanku sho • Akser Portugal

17. Hangetsu • [http://www.dogishin.com

18. Gankaku • Associação Shotokai de Portugal

19. Enpi • Associação Budokai Shotokai de Portugal

20. Jion • Site com principais mestres de karate Portugal • 21. Jitte Karaté-Zen (A arte da ética), praticada pela Bushido Karaté-Zen desde 1975, sob a orientação de Vítor 22. Nijushiho Silva – 5º Dan

23. Jiin

24. Meikyo

25. Sochin

26. Chinte

27. Wankan

28. Unsu

29. Gojushiho sho

30. Gojushiho dai

As escolas ordinárias do estilo Shotokan praticam ape- nas 26 kata, mas foram criados pelos mestres Gichin e Gigo Funakoshi mais elementares formas, que serviriam de pré-aprendizado aos kata tradicionais, compondo a sé- rie Taikyoku e o Ten no kata*[7].

21.4 Referências

[1] Karate-do Shotokai (em português). Visitado em 17.set.2010.

[2] Nihon Karate Do Shoto-kai Official Web Site (em inglês). Visitado em 20.nov.2010.

[3] Karaté Shotokai (em português). Visitado em 20.nov.2010.

[4] Estilos o escuelas - Karate do (em espanhol). Visitado em 08.fev.2011.

[5] Shotokai Europe (em francês). Visitado em 20.nov.2010.

[6] Kata Shotokai Karate Budo (em espanhol). Visitado em 20.nov.2010.

[7] Karate-Do - Sensei Yoshitaka/Gigo Funakoshi (em português). Visitado em 23.fev.2011. Capítulo 22

Shito-ryu

Shito-ryu (em japonês: ⽷東流, Shitō-ryū) é um es- diferentes: o te ensinado por Anko Itosu compunha-se de tilo de caratê, criado (oficialmente) em 1931 por Kenwa técnicas velozes, fortes e poderosas, com deslocamentos Mabuni, que sintetizou os estilos tradicionais, Tomari- lineares, longos e angulosos; por sua vez, a arte de Higa- te, Shuri-te e Naha-te, no escopo de preservar as técnicas onna possuia métodos baseados em movimentos circula- ensinadas à época pelos renomados mestras Anko Itosu, res, fortalecimento do corpo e combates a curta distân- do estilo de Shuri ou Shorin-ryu, e Kanryo Higaonna, do cia, com prevalência de golpes manuais. Não se dando Naha-te ou Shorei-ryu, manutenindo aquelas formas e va- por satisfeito, Mabuni foi estudar outras formas com ou- riações dos kata por estes últimos ensinadas, no que resul- tros mestres, como seu amigo Miyagi e Seisho Aragaki, tou no maior repertório dos estilos de caratê.*[1] Ainda Tawada Shimboku, Sueyoshi Jino e Wu Xianhui (um nesse fito, a denominação da linhagem foi dada em ho- mestre chinês conhecido em Oquinaua como Go-). menagem aos dois mestres, pois o repertório técnico do sistema orbita em torno dos sistemas desse dois grandes mestres de caratê, que representavam também as verten- tes principais da arte marcial. O estilo é um dos quatro oficialmente reconhecidos pela Federação Mundial de Caratê. Outro memento impor- tante da linhagem é o fato de formar outros grandes mes- tres, os quais acabaram por instituir suas próprias entida- des, com características próprias mas sempre conectadas à vertente principal, como as escolas Motobu-ha Shito- ryu e Hayashi-ha Shito-ryu.*[2]

22.1 História

O mestre Kenwa Mabuni, nascido na cidade de Shuri, na ilha principal do arquipélago/distrito de Oquinaua, era membro da tradicional aristocrática local, descendente de uma famosa família denominada Shikozu (de casta de Samurais).*[1] Porque a compleição corporal era débil, aos 13 anos, Ma- buni começou a treinar Shuri-te em sua cidade natal, sob a tutela do lendário mestre Anko Itosu, com quem pas- sou vários anos, aprendendo diversos katas e outras téc- nicas.*[3] Entrementes, por intermédio de um de seus melhores amigos, o reconhecido mestre Chojun Miyagi, fundador do estilo Goju-ryu, apresentou Mabuni a outro grande expoente das artes marciais daquele período chamado Kanryo Higaonna, com quem começou a aprender outro sistema, o Naha-te. Kenwa Mabuni Embora Mabuni estivesse a treinar a mesma arte mar- cial, de Okinawa, foi submetido a duas concepções bem O mestre Mabuni reuniu muitos conhecimentos sobre

137 138 CAPÍTULO 22. SHITO-RYU

kihons e katas e suas aplicações ̶o bunkai ̶, tornando- torneios haviam sido feitos separadamente e, em outubro se lendário por isto e, já por volta de 1920, era conside- do mesmo ano, foi criado um órgão para administrar o rado como a maior autoridade na prática e na história dos caratê no Japão, a Federação Japonesa de Caratedô (em katas do te, pelo que seria muito solicitado como profes- inglês: Japan Karate Federation - JKF), formalmente co- sor por seus contemporâneos. nhecida como Federação de Todo o Japão das Organi- Nesse meio-tempo, somando esforços com Gishin Funa- zações de Caratedô (em inglês: Federation of All Japan koshi (de quem era amigo próximo e com ele trocava co- Karate-do Organizations - FAJKO). nhecimentos), no fito de divulgar e popularizar sua arte Em 1973, as filiais da Nippon Karate-do Kai foram uni- marcial no restante do Japão, o mestre Mabuni empreen- ficadas, passando a chamar-se Nippon Karate-do Shito- deu viagens para Tóquio entre os anos de 1917 e 1928 e, kai. Com a unificação, a esta organização iniciou sua di- no ano seguinte, fixou residência em Osaca. vulgação internacional, mestres foram enviados à Ásia, Segundo o próprio mestre dizia, não existia um estilo América Latina, Estados Unidos, , México e Eu- próprio dele, Mabuni, o que ele ensinava eram os esti- ropa. los Shuri-te e Naha-te puros, conforme havia aprendido Representantes oficiais dos diferentes países reuniram- com seus dois principais mestres. Todavia, em 1931, por se na cidade do México, em novembro de 1990, para requisição do instituto Butoku-kai (órgão sob a tutela do discutir o desenvolvimento do caratê no mundo e a cri- Ministério da Eduação Japonês, que tinha a incumbên- ação da Federação Mundial do Caratedô Shito-ryu (em cia de registrar e regulamentar as artes marciais japone- inglês: World Shito-ryu Karate-do Federation- WSKF). sas), que demandava um nome para ser registrado, Ma- A mesma pauta voltou a ser discutida durante o primeiro buni teve sua forma reconhecida como Mabuni-ryu, nome Campeonato Pan-Americano de Caratedô Shito-kai. Fi- usado por seus discípulos, especialmente em Osaca. nalmente, em 19 de março de 1993, com o surgimento de vários grupos por todo o mundo, durante o congresso Por volta de 1933, Kenwa Mabuni estabeleceu um mé- todo teórico baseado na combinação/fusão dos ensina- de Osaca foi criada a entidade, com Manzo Iwata como presidente. mentos de seus mestres, resultando ao longo dos anos em um estilo próprio, que foi a priori chamado de Hanko-ryu Oficialmente, o primeiro Campeonato Mundial de ka- (estilo metade duro), mas logo cambiou-se para Shito-ryu, rate Do Shito-ryu foi realizado no Nippon Budokan em em reverência a seus dois principais instrutores. E, em Tóquio, juntamente com a continuação do congresso de 1938, foi publicado o livro Kobokenpo Karate-do Nyu- Osaca, evento que contou com a participação de 28 paí- mon (Introdução ao Caratedô), quando pela primeira vez ses. aparece oficialmente o nome Shito-ryu. Embora tenham surgido algumas ramificações, após a Depois do falecimento de Kenwa Mabuni, Kennei Ma- morte de Kenwa Mabuni, o estilo permanece único e faz buni, filho mais velho do fundador, assumiu a liderança parte dos anais da história das artes marciais japonesas. do estilo.*[4] Depois, seu segundo filho, Kenzo Mabuni, em atendimento à solicitação de sua mãe, depois de um afastamento de dois anos, assumiu a entidade fundada por seu pai ̶Nippon Karate-do Kai, localizada na casa da fa- 22.2 Características mília, em Osaca ̶, tornando-se o segundo a dirigi-la e herdeiro directo do mestre Mabuni.*[5] O Sensei Mabuni dedicou-se a preservar exatamente a Todavia, muitos outros foram ensinados diretamente por forma e a essência das técnicas tradicionais, ensinando- Kenwa Mabuni ou por seus discípulos diretos, como os exatamente como lhe foram ministrados, de modo a Teruo Hayashi, Shogo Kuniba, Chuzo Kotaka, Tanka consolidar os três grandes estilos, Shuri-te, Naha-te e Toji, Fumio Demura, Shigeru Kimura, Shiraishi Tsune- Tomari-te, em um único sistema detalhado, resultando na taka, Yoshiaki Tsujikawa, Kazuo Kokubo, Ken Sakio, combinação das características dos estilos mais suaves e Jun-Ichi Inoue, Toshiyuki Imanishi, Yoshijaru Yoshida linear Shuri-te e Tomari-te, de Anko Itosu, com o estilo e Tokyo Hisatomi, entre outros, que criaram instituições duro-circular do Naha-te, de Kanryo Higaonna. Porém, próprias, ensinado o estilo conforme suas visões. Kenwa Mabuni não se contentou em mesclar as correntes, também sistematizou o treinamento de maneira racional A sede central da Nippon Karate-do Kai ficava no dis- e científica, construíndo uma verdadeira e original sín- trito de Kansai, em Osaca. Porém, devido aos esforços de teses, posto que lastreada de forma fiel nos de diversos Manzo Iwata, foi estabelecida uma filial no leste, em sua mestres. própria casa, localizada no distrito de Kanto, em Tóquio. O estilo é o sistema mais extenso de caratê que existe, que Em novembro de 1960, a matriz de Kansai foi restabe- se distingue dos demais pelo grande número de katas, pela lecida por Kennei Mabuni. Enquanto Manzo Iwata foi suavidade e versatilidade das técnicas de combate e pela nomeado Presidente da filial de Kanto. Depois, em abril inclusão de técnicas de solo (ne waza) e do uso de armas de 1964, foi realizado o First All Japan Shito-ryu Cham- (kobudo). pionship, pois até então todos os eventos, seminários e Desde os Shuri-te e Tomari-te foram herdadas as técnicas 22.2. CARACTERÍSTICAS 139

lineares baseado no estilo externo proveniente do norte lo com toda a força, usando de potência tal que se da China que tem como principais características à ve- fosse desferido o golpe contra uma árvore florida, locidade, a agilidade, a explosão, as técnicas em linha esta perderia todas as flores; reta, os chutes altos e as posições naturais. Em verdade, • 屈伸* à época da formação do estilo, o mestre Itosu ensinava Kusshin ( ? torção): o controlo de um mo- um já previamente condensado dos dois estilos, que se vimento deve ser feito com o movimento do corpo, convencinou chamar de Shorin-ryu. tendo por espeque as articulações dos joelhos, isto é, o tronco permanece ereto, quando em postura fixa, e Do Naha-te, de Kanryo Higaonna, o estilo herdou o pa- a força e o equlíbrio originam-se na articulação das radigma de técnicas suaves e circulares, baseado no estilo pernas, resultando no mínimo uso de energia pró- “interno”proveniente do sul da China que tem como prin- pria. Controlo do centro de gravidade; cipais características a força concentrada, a busca pelo * combate a curta distância, as técnicas circulares, chu- • Ryusui (流⽔, ryū-sui ?, água fluente): tal como a tes baixos, as posições estáveis e a respiração abdominal água se molda a qualquer recipiente que a contenha, (Ibuki). assim deve ser a postura ante o oponente, ou seja, perante a força usa-se a suavidade, ou em vez de As posições de treinamento em kihons buscam ser natu- bloquear o lanho, deve-se interceptá-lo e conduzi- rais, nem muito baixas, nem muito altas, existindo pouca lo para onde se quer. O ki exterior é recebido pelo diferença entre o treinamento e a aplicação real. Pero as inteior; posturas mais baixas foram completamente preservadas, segundo o intuito do fundador, de modo exato. • Ten'i (転移*? transição): antes de ser atingido por qualquer golpe, melhor é não ser atingido, fazendo- As diversas posições são utilizadas em todas as direções, se movimentação constante e coerente. Mas não se sempre coordenando simultaneamente técnica, corpo e trata de simples esquiva; quadril. A forma de fechar o punho é o mesmo utilizado pelas outras escolas de caratê, porém o hikite é feito na • Hangeki (反 撃*?): contra-ataque utilizado como “metade do corpo”. E a força das técnicas concentra-se defesa, ikken hissatsu. no baixo ventre (tanden), onde reside o centro de gravi- dade. Outro conceito muito importante praticado no estilo é o Tenshin happo (deslocamento nas oito direções). 22.2.1 Denominação A despeito de o caratê ter sempre enfatizado as técni- cas traumáticas (ate e atemi waza, são praticadas técnicas O termo Shito-ryu provém das iniciais dos nomes dos dois de controle do oponente (gyaku waza), projeções (nage principais mestres de Mabuni, Anko Itosu (安恒⽷洲*?) waza), estrangulamentos (shime waza), torções (kansetsu e Kanryo Higaonna (寛量東恩納*?): o ideograma ⽷ waza) e submissões (katame waza), preservadas nos ka- representa a sílaba “ito”do nome “Itosu”, podendo tas, principalmente. ser lido como “shi"; o ideograma 東 representa a sílaba Os ataques avançando são geralmente em linha reta e as “higa”do nome “Higaonna”, com pronúncia alterna- técnicas sejam de perna, punho ou um simples desloca- tiva de “to"; quando lidos desta forma os caracteres, em mento são executadas em grande velocidade. Os chutes on'yomi, soam “shi"-"to”. são executados nos níveis: gedan (nível baixo), chudan O ideograma ryu (流*?) literalmente significa“corrente” (nível médio) de uma forma principal, embora nos trei- ou “fluxo”, pero na cércea das artes marciais referem- namentos também sejam trabalhados a nível Jodan (nível se a uma escola original. Desta feita, embora não tenha alto) e inclusive com Tobi (salto), sem restrição alguma. um significado literal, Shito-ryu pode ser traduzido como Também é uma característica complementar do estilo o * “estilo dos mestres Itosu e Higaonna”. [6] estudo e prática do Ryukyu Kobudo (arte marcial antiga de Oquinaua). 22.2.2 Kihon 22.2.3 Kata As defesas são geralmente trabalhadas em um ângulo de 45°, utilizando técnicas tanto com as mãos abertas como O repertório dos kata é virtualmente o maior de todos os com os punhos fechados, sempre percorrendo a menor estilos modernos da arte marcial, haja vista o conheci- trajetória possível e o menor gasto de energia, agrupando- mento pessoal do mestre Mabuni, que era tido por enci- se-as em cinco conceitos fundamentais, chamadas pelo clopédico, e por contribuições incorporadas ao longo do mestre de GoHō no Uke (五法の受け) eller Uke no go tempo pelos herdeiros da linhagem e por alunos que se * Gensoku (受けの五原則), que são: [7] tornaram mestres de relevo.*[8] Trabalha-se nos bunkai e kumite sempre buscando o controle do adversário du- • Rakka (落花*? flor cadente): quando o fito for con- rante todo o processo técnico e com o desenvolvimento ter um ataque fora do eixo central, deve-se bloqueá- baseado na harmonia e na continuidade do movimento. 140 CAPÍTULO 22. SHITO-RYU

Atualmente, se forem consideradas as diferentes linha- de seus principais discípulos, gerando uma fragmentação gens, existem mais de setenta formas, embora apenas no estilo e ocasionando o surgimento de diversas asso- 52 delas sejam oficialmente reconhecidas pela Federação ciações. Algumas das principais ramificações do estilo Mundial de Shito-ryu, pois as demais variações foram Shito-ryu são: acrescidas por seus discípulos ao sistema. Os katas do estilo possuem uma beleza plástica extraordinária devido • Nippon Karate-do Shito-kai (⽷東会): organizada à grande combinação que o permeia. por Kenʼei Mabuni e Manzo Iwata; Segundo a linhagem, ou origem, do kata, pode-se agrupar • Nippon Karate-do Kai (Seito Shito-ryu): formali- da seguinte forma: zada por Kenzo Mabuni; Chatan Yara • Shuko-kai (Tani Ha Shito-ryu)(修交会): fundada Kushanku por Chojiro Tani; • Kosaku Matsumora Itosu-kai Shito-ryu Karate-do: estabelecida por Bassai, Rohai; Ryusho Sakagami;

• Sokon Matsumura Seishin-kai (Motobu Ha Shito-ryu)(聖⼼会): orga- Bassai, Seisan, Rohai nizada por Kosei Kuniba; • Kuniba-kai: elaborada por Shogo Kuniba Anko Itosu Pinan, Bassai, Chinto, Chinte, Gojushiho, Jion, Jitte, • Hayashi Ha Shito-ryu: fundada por Teruo Hayashi Jiin, Kosokun, Naihanchi, Rohai, Wanshu • Keishin-kai (Inoue-ha Shito-ryu): estabelecida por Kanryo Higaonna Yoshimi Inoue; Seienchin, Sanchin, Seipai, Suparinpei, Kururunfa, Seisan, Shisochin, Sanseiru, Saifa • Shiroma Shito-ryu: organizada por Shinpan Shi- roma. Kenwa Mabuni*[b] Juni no kata, Shinsei, Miyojo, Aoyanagi, Juroku, • Kotaka-ha Shito-ryu: fundada por Chuzo Kotaka; Shinpa, Matsukaze, Shiho Kosokun • Nanbu-do: elaborada por Yoshinao Nanbu; Kenei Mabuni • Genbu-kai Demura Ha Shito-ryu: organizada Shinsei ni porFumio Demura;

Chojun Miyagi • Hokushin: estabelecida por Minobu Miki; Tensho • San-Shin-Kan: fundada por Tamas Weber. Chotoku Kyan • Kurokawa-ha Shito-ryu Kai: elaborada por Timothy Ananko M. Brooks. • Seisho Aragaki Seiko-kai: formalizada por Seiko Suzuki; Unshu, Sochin, Niseishi • Dai Nippon Budo Kai Brasil: formalizada por Edimario Ferreira; Go-genki Nipaipo, Papuren (Paipuren, Happoren), Hakucho (Haffa) 22.4 Notas Kenko Nakaima*[c] *[a] ^ O a família Mabuni possuiu um escudo Pachu, Heiku, Annan, Paiku (Mon) particular, cuja exegese traduz a harmo- nia (Wa) e inspira a ideia de duas pessoas que se encontram frente a frente unidas para manter a 22.3 Ramificações paz. A data de criação do símbolo é desco- nhecida, porém é possível afirmar que já exis- Após a morte de Kenwa Mabuni, em 1952, o estilo per- tia a varias gerações antes de ser adotado por maneceu vivo por intermédio de seus discípulos. Con- Kenwa Mabuni como símbolo oficial do estilo tudo, é necessário mencionar que houve uma dispersão Shito-ryu. 22.6. VER TAMBÉM 141

*[b] ^ Os kata da série Juni No Kata também são conhecidos como kihon kata (Ichi, Ni, San & Yon) ou ainda como Dai (Ichi, Ni, San & Yon) Dosa.

*[c] ^ Os kata Annan, Heiku, Pachu e Paiku não eram ensinados por Kenwa Mabuni, sendo acrescentados ao estilo por discípulos.

22.5 Referências

[1] Shito-Ryu History (em inglês). Visitado em 29.dez.2010.

[2] The WKF Shitei Kata Are Finally Removed (+ Historical Bonus Material!) - KARATEbyJesse (em inglês). Visi- tado em 03.jan.2013.

[3] AMAZING shito ryu karate martial arts HISTORY (em inglês). Visitado em 29.dez.2010.

[4] JKF ⽷東会 (em inglês) Acesso em 29.dez.2010.

[5] Título não preenchido, favor adicionar (em inglês). Visi- tado em 29.dez.2010.

[6] karateBCN (em espanhol). Visitado em 29.dez.2010.

[7] Shitoryu Cyber Academy: Uke No Go Gensoku. Visitado em 11.dez. 2011.

[8] Karatedo. Visitado em 29.dez.2010.

22.6 Ver também

• AKP

• Federação Catarinense de Karate Tradicional e Es- portivo (em português) Capítulo 23

Katas do estilo Shito-ryu

Lista dos kata praticados no estilo Shito-ryu, do mestre Kenwa Mabuni, por escola.

23.1 Ver também

• Katas do estilo Shotokan

142 Capítulo 24

Kyokushin

O Karate Kyokushin foi criado no Japão, em 1957, pelo “Pratiquei o shotokan, mas já duvidava de sua abordagem Grão Mestre Masutatsu Oyama. Na opinião dele, os gol- linear. Não gostava da ideia de controlar minhas técnicas. pes deveriam ser reais, pois só assim cada praticante sa- Era rígido demais para mim, então saí”. Oyama deixou beria seu verdadeiro potencial. Oyama criou, então, uma o dojo shotokan dois anos depois. Passou a dedicar-se, nova forma de luta, acrescentando o contato no Karate. então, ao goju-ryu e ao estudo Zen. “ ” O novo estilo foi batizado de KYOKUSHIN , que sig- “No karate, o espírito conta mais que a técnica ou a força. nifica “aprofundar-se na verdade”e, hoje, é praticado É ele que permite ao indivíduo se mover e agir em plena em mais de 100 países ao redor do mundo. liberdade. Para fortalecer o espírito, a meditação Zen é É um estilo de karate dinâmico, baseado nos princípios muito importante. Através dela, podemos vencer a emo- do “bushido”(caminho do guerreiro), priorizando con- ção e o pensamento. O homem que quer seguir a via do ceitos ancestrais como ser rigoroso consigo mesmo, ser karate não pode negligenciar o Zen e o aperfeiçoamento compreensivo com seus semelhantes, venerar seus pais e espiritual”. ser fiel à pátria. As técnicas do estilo refletem sua proposta; os treinos são duros e ostensivos, e a prática de luta pretende ser 24.1.1 Exílio voluntário fluida. Alguns praticantes notáveis (famosos) são: Sean Connery, Dolph Lundgren, Michael Jai White, Georges Em 1948, Oyama se impôs um exílio voluntário de 18 St-Pierre, Sonny Chiba. meses, no monte Kiyosumi (Japão). “Todos que se de- dicam a uma causa devem passar por um período de isola- O Karate Kyokushin foi trazido ao Brasil em 1972, pelo mento. Meu treinamento cotidiano começava bem cedo, mestre Seiji Isobe, hoje 8º Dan e chefe da Organização com uma sessão de purificação espiritual sob as águas ge- Sul-americana do estilo. Shihan Isobe tornou-se mun- ladas de uma cascata. Depois, eu voltava correndo à mi- dialmente conhecido no meio das artes marciais ao for- nha humilde moradia para continuar o treino. Mudava mar os dois primeiros estrangeiros campeões mundiais pedras e troncos de árvores de lugar, mergulhava nas tor- de Kyokushin: os brasileiros Francisco Filho (1999) e rentes geladas. E terminava o treino matinal com nova Ewerton Teixeira (2007). sessão de meditação. A tarde era dedicada à prática do karate. Instalei makiwaras nos troncos das árvores e os golpeava durante várias horas, com os punhos e com os 24.1 Masutatsu Oyama pés. Exercitava também o quebramento até que o estado de minhas mãos me impedisse de continuar”.

Hyung Yee nasceu na Coreia em 1923. Adotou o nome Na medida em que Oyama tomava consciência de sua japonês“Masutatsu Oyama”(elevação da alta montanha) força, um projeto começou a germinar em seu espírito: quando decidiu dedicar sua vida ao karate. o de realizar uma façanha fora do comum, que provasse a superioridade do karate sobre todas as outras formas de Em sua terra natal, Hyung Yee descobriu cedo as artes combate a mãos nuas. Decidiu repetir o feito de certos marciais locais, principalmente o tae-kyon e o tae-kwon- praticantes de kenpo de Okinawa e abater touros. pup, raízes do tae-kwon-do. Ainda em seu país, Oyama estudou também diferentes formas do kenpo chinês e ja- ponês. Nessa época, o principal modelo de Oyama era 24.1.2 Duelo com touros Otto von Bismarck, unificador da Alemanha. “Queria ʻ ʼ ser o Bismarck do Oriente . Então, saí de casa aos 13 Oyama foi a diferentes matadouros da prefeitura de ” anos e fui para Tóquio . Shiba, a fim de testar seu poder de golpe. Depois de Na capital japonesa, Oyama praticou inicialmente o judô. várias tentativas cuidadosas, ele conseguiu abater o pri- Em 1938, matriculou-se na escola de karate shotokan. meiro touro. A técnica consistia em desferir um golpe

143 144 CAPÍTULO 24. KYOKUSHIN

com o punho direto (tsuki) sobre a fronte do animal. meiro torneio oficial de Karate Kyokushin. Nessa oca- Em 1950, pela primeira vez, Oyama enfrentou um touro sião, Oyama fez uma demonstração de kata e quebra- em uma arena. O animal dobrou sob o efeito do primeiro mento. Em 1960, o segundo torneio havaiano já contava tsuki, mas Oyama não conseguiu acabar com ele. Ten- com a participação de 16 países. tou um golpe circular com a mão (mawashi-shutô-uchi) Em 1962, foi organizado no Madison Square Garden, em e quebrou os chifres do animal. Depois disso, no Japão Nova Iorque, o primeiro North American Open Karate e nos Estados Unidos, enfrentou 52 touros, partindo os Tournament. Dois anos depois, a organização Kyokushin chifres de 49 e matando os outros três. Um desses con- já ocupava espaço na crônica internacional ao ter aceitado frontos foi filmado pela Shochiku Motion Picture. um desafio lançado por lutadores tailandeses. A escola de Oyama delegou três de seus representantes para ir a Bangkok. 24.1.3 A prova dos cem combates Neste mesmo ano, foi criada a International Karate Or- Ainda restava um desafio a ser vencido. Oyama decidiu ganization (IKO). reviver, no Karate Kyokushin, uma antiga prova praticada Hoje, a organização Kyokushin está presente em mais de nas escolas de kendo e judô: os cem combates. 130 países. Todos os anos, em cada um deles, realizam-se Oyama foi além. Lutou por três dias consecutivos. Cem competições regionais e nacionais que preparam os com- combates a cada dia. Oyama saiu seriamente ferido de petidores para o torneio mundial de Tóquio, a cada quatro uma das provas, mas venceu todas elas. anos.

24.1.4 A Organização 24.1.5 No Brasil

Entre 1952 e 1954, a convite da US Professional Wres- O Kyokushin no Brasil foi introduzido pelo Shihan Seiji tling Association, Oyama fez mais de 200 demonstrações Isobe, que começou a praticar a modalidade aos quinze pelos Estados Unidos e aceitou numerosos desafios con- anos de idade e conheceu o mestre Mas Oyama quatro tra lutadores e pugilistas. anos depois. Aos 21 anos, desistiu da carreira de enge- “Na verdade, não tinha vontade de partir nessa turnê. nheiro agrônomo e passou a trabalhar como instrutor na Desgostava-me aceitar dinheiro por demonstração de matriz Kyokushin-kai, em Tóquio. Budo, mas era preciso viver. Ofereciam-me 100 dóla- A convivência com os veteranos na academia durou dois res por semana e todas as despesas pagas. Para o pós- anos e meio e, nesse ínterim, o mestre conseguiu graduar- guerra, no Japão, era uma fortuna. Eu era muito forte se como 2º dan. Depois, retornou a sua cidade natal, nesse tempo. Poderia ser campeão de atletismo, mas tudo Fukui-ken, para abrir uma dojô. Ao final de várias vi- que me interessava era o karate”. agens, chegou-se a um consenso de o destino final seria o Em 1954, Oyama retornou ao Japão onde fundou o pri- Brasil. Aonde temos grandes vencedores, alguns até fa- meiro “Oyama Dojo”. mosos no meio das artes marciais ainda muito jovens na década de 90 como André Luiz Pereira Dias (Yamato), A organização Kyokushin-Kai foi fundada três anos mais Juliano Reis e Otavio Santos que na epóca ainda adoles- tarde, em 1957. Oyama preferiu deixá-la à margem das centes apresentavam grandes combates até hoje lembra- outras organizações japonesas de karate, pois não apre- dos como ´´batalhas de Katatê``.Mas após anos foram apa- ciava o business-karate e os constantes desentendimentos recendo outros Talentos e outros icones jovens ao redor da Japan Karate Association. Pagou um alto preço por do mundo. isso. Em 10 de outubro de 1972, Sensei Isobe, no Aero- “Queria realizar o primeiro campeonato mundial no sa- porto Internacional de Viracopos, por Campinas, em São lão de artes marciais (Budo-kan), em Tóquio. Era o único Paulo, chega enfim ao Brasil. Sem saber ao certo onde es- imóvel capaz de acomodar mais de 10 mil espectadores. tava e sem falar ou entender uma palavra em português, Entretanto, notificaram-me que o Budo-kan não seria alu- seguiu os demais passageiros até chegar ao portão de de- gado para mim, pois achavam que o Kyokushin não era sembarque, quando ouviu dizerem “OSSU”. um karate legítimo. Porém, mais tarde, verifiquei que um * poderoso dirigente de outra associação de karate estava Palavras do mestre: [1] por trás do incidente. Alguns anos antes, ele havia me Após 1994 quando o mestre Oyama morreu no Japão, a oferecido uma grande ajuda financeira se eu concordasse Organização Kyokushin se dividiu, devido a falsificação em filiar o Kyokushin à sua organização, mas eu recusei” da assinatura do Sr. . Yoshiaki Umeda que era o Diretor Geral, pelo Sensei Em 1958, Edward Bobby Lowe criou a ramificação ha- Shokei Matsui outro diretor, cargos de confiança do fale- vaiana da Kyokushin-kai e, no ano seguinte, organizou, cido Mestre Oyama. Isso destruiu a reputação e a família em Honolulu, o First Hawaian Karate Tournament, pri- do Mestre. 24.5. LIGAÇÕES EXTERNAS 145

Além disso o direito da família do Mestre Oyama.

24.2 Características

O estilo Kyokushin, segundo quer dizer seu nome, busca a verdade e a realidade. Fundamentado em técnicas com- pactas e eficazes visa nocautear o indivíduo com um único golpe (Ichigeki), aplicado com força espetacular. Através deles, atraem ondas de dinamismo e criam vagalhões de potência. Também tem como intuito tonificar os musculos, melho- rar a resistência aeróbica, a flexibilidade, postura e con- trole emocional. A sua filosofia, baseada no budo, o código ético dos gue- reiros japoneses, tem por princípio a disciplina rígida dos seus próprios atos, na compreensão dos limites alheios, no respeito aos pais e superiores e na fidelidade aos seus ideais. Os combates tendem a resolver-se por nocaute. As provas de quebramento e resistência querem desenvolver a força de vontade. Kihon e kata são peças importantes, permi- tindo a cada um progredir na arte marcial. O estilo pre- tende ser mais do que uma arte de combate, mas uma escola dotada de uma fabulosa riqueza técnica, onde a humildade é rigorosa, onde o respeito por si próprio se adquire no respeito do próximo, onde o mental se conse- gue com a disciplina e com o rigor necessário nos treinos. Lista de kata: Taikyoku sono ichi, Taikyoku sono ni, Taikyoku sono san, Pinan sono ichi, Pinan sono ni, Pinan sono san, Pinan sono yon, Pinan sono go, Yansu, Tsuki no kata, Kanku dai, Sushiho, Sanchin, Gekisai dai, Gekisai sho, Tensho, Saifa, Seienchin, Garyu, Seipai.*[2]

24.3 Graduação

24.4 Referências

[1] Kyokushin Karate - Liberdade Dojo :: Matriz da América do Sul. Visitado em 24.nov.2010.

[2] Kyokushin Katas (em inglês). Visitado em 08.abr.2012.

24.5 Ligações externas

• World Martial Arts Federation (em inglês)

• Iko Sosai Kyokushinkaikan (em inglês) • Federação Catarinense de Karate Tradicional e Es- portivo (em português) Capítulo 25

Shorinji Kempo

Shorinji kempo é uma arte marcial japonesa, desenvol- sociedade devem se transformar pelos corações humanos vida ao mesmo tempo que a meditação Zazen pela neces- e por meios pacíficos.” sidade de autodefesa e melhoria da saúde, num contexto Para tornar essa esperança em realidade, ele tomou como similar ao dos monges do templo Shaolin. objetivos “o melhoramento das pessoas e da sociedade Regime marcial profundamente meditativo, o shorinji em que vivem”quando criou o shorinji kempo. kempo foi ensinado durante numerosos anos, unicamente Com esta frase, procurava educar as pessoas para que àqueles que entravam para o sacerdócio. possam viver de acordo com o seguinte: Shorinji é a tradução em japonês para Templo Shaolin. 1 - Pessoas que possam viver com fé em seu potencial. Kempo é a tradução em japonês para“técnica de punho” , que pode ser traduzido com “boxe”, ou seja: “boxe 2 - Pessoas que possam guiar suas vidas de acordo com do templo Shaolin”. suas convicções. 3 - Pessoas que agem considerando a felicidade dos ou- tros. 25.1 Acção e meditação 4 - Pessoas que agem com justiça, coragem e compaixão. 5 - Pessoas que vivem em cooperação, em paz com es- Ainda que infinitamente impregnado da teoria da calma tranhos e familiares. nas ações - a meditação Zazen representa a calma, e o kempo representa a ação - o Shorinji pensa que alguns de seus aspectos não podem existir de uma maneira inde- pendente. No shorinji kempo, os dois aspectos são de importância igual. Todos os atrativos do shorinji kempo necessitam esforço cooperativo de duas pessoas: praticar suas técni- cas encorajam o respeito mútuo, a compreensão e o de- senvolvimento da amizade. A verdadeira força do sho- 25.3 Dizeres de Kaiso rinji kempo é uma combinação do espírito de benevolên- cia para o esforço humano e a perseguição paralela da meditação calma e do ensinamento físico ativo. Um dos dizeres de Kaiso é “viva a metade de sua vida para você, e metade para os outros.”Isto é um dos prin- cípios mais representativos do shorinji kempo. 25.2 Princípios “Melhorar a si próprio”significa realizar todo o poten- cial que a pessoa possui, ter um padrão para como a hu- Os princípios do shōrinji kenpō têm a sua base nas“pes- manidade deve viver, ter a confiança de desenvolver a si soas”e na “paz”. mesmo, e ter uma vida digna de orgulho. O valor que Kaiso colocou na“pessoa”foi transformado “Felicidade para você e para os outros”significa reco- pelas suas experiências quando o Japão foi derrotado na nhecer a existência de si mesmo e dos outros, e viver de guerra, e após isso, quando ele observou mudanças soci- um modo que procure o melhoramento de si mesmo e da ais. Ele estabeleceu uma maneira de ver que examina a sociedade. “ ” qualidade da pessoa envolvida. Muitas pessoas falam não apenas do lado técnico da arte Além disso, Kaiso não gostava da guerra, o símbolo de marcial, mas do jeito que ela afeta a sua vida como um toda a tolice humana, ele gostava da paz, e lutou pela paz todo, e isso pode ser considerada um dos motivos da ex- verdadeira para a humanidade. Ele disse: “os países e a pansão do shorinji kempo em todo o mundo.

146 25.4. AS SEIS CARACTERÍSTICAS DO SHORINJI KENPO 147

25.4 As seis características do sho- rinji kenpo

• Ken Zen Ichi Nyo

• Riki Ai Funi • Shushu Koju

• Fusatsu Katsujin • GoJu Ittai

• Kumite Shutai Capítulo 26

Budokan

Budokan (em japonês: 武道館, Budōkan) é um estilo de caratê que foi criado por Chew Choo Soot, que, depois de treinar outros esportes de luta, na adolescência pas- sou a treinar caratê com um oficial do exército nipônico, por ocasião da ocupação japonesa da Malásia, terra na- tal do fundador.*[1] O estilo pretende compilar uma arte marcial original, que complementa o caratê (Shotokan e Kenshinkan) com elementos de outras modalidades, como wushu e tae kwon do.*[2]

26.1 Referências

[1] Budokan Karate - A History and Style Guide of Budokan Karate (em inglês). Visitado em 01.mai.2012.

[2] The Karate and KBI Story (em inglês). Visitado em 01.mai.2012.

148 Capítulo 27

Jiu-jitsu

Jiu-jítsu, jujitsu ou jujutsu (em japonês: 柔術, transl. sário fazendo-o desistir da luta (competitivamente), ou jū,“suavidade”,“brandura”, e jutsu,“arte”,“téc- (em luta real) fazendo-o desmaiar ou quebrando-lhe uma nica”),*[a] é uma arte marcial japonesa (Budô) que uti- articulação. liza como principais técnicas golpes de alavancas, torções e pressões para derrubar e dominar um oponente.*[1]*[2] Sua origem, como sucede com quase todas as artes mar- ciais vetustas, não pode ser apontada com total certeza, 27.1 História o que se sabe por certo é que seu principal ambiente de desenvolvimento e refino foi nas escolas de samurais, a A denominação “jiu jitsu”foi composta para designar, casta guerreira do Japão.*[3]*[4] Contudo, outros levan- no Japão, aquelas habilidades de luta que não envolviam tam a hipótese de ter proveniência sínica, posto que sejam a utilização de armas. Nesse contexto, o termo acabou também notadas influências indianas.*[5] por reunir grande variedade de estilos de combate, que se tinham desenvolvido até aquele momento. A finalidade e o corolário de sua criação residem na cons- tatação de que, no campo de batalha ou durante qualquer Sabe-se dentro de qual cércea o jujitsu foi formado numa enfrentamento, um samurai poderia acabar sem suas es- arte marcial, por outro lado não se pode apontar em qual padas ou lanças, daí que ele precisava de um método momento histórico esse processo se iniciou nem qual foi de defesa desarmada. Nesta cércea, os golpes paulati- a semente. É aceite, contudo, o facto de que as culturas namente tenderam para projeções (nage waza) e luxa- que entraram em contacto intercambiavam elementos e ções e torções (kansetsu waza), haja vista que os golpes dentro desses elementos estavam as disciplinas marciais. traumáticos não se mostravam eficazes, pois, no ambiente Destarte, posto que não formalmente, existiu esse con- de luta, os samurais encaminhavam-se às batalhas usando tubérnio porque havia a migração de pessoas, comerci- de armaduras. O guerreiro feudal japonês deveria estu- antes, pescadores, agentes diplomáticos etc. Ou, ainda, dar inúmeras modalidades de combate, porquanto deve- durante os conflitos e encontros bélicos em que se en- ria estar preparado para quaisquer circunstâncias, sendo volveu o Japão, porque, depois dum embate, vencedores obrigado a defender não somente sua vida mas a de seu e vencidos, como consequência lógica, buscavam apren- líder, um daimiô.*[6] der e apropriar-se daqueles métodos eficazes no campo de batalha.*[8]*[9] O romaji jūjutsu advém dos kanji jū (柔*?), que quer di- zer suave ou macio, e jutsu (術*?), arte ou ofício. Isso Índia, China, Mongólia e demais países da região, vez implica dizer que a tal «arte suave» nasceu como con- por outra, entraram em conflito, pelo que as artes mar- traponto às artes rígidas, que eram executadas com a es- ciais eram um importante aspecto de suas culturas. De pada, como naginatajutsu e kenjutsu, por exemplo. E, a qualquer forma, a despeito de os enfrentamentos darem- despeito de ser reconhecida como utilizadora de técnicas se tendo como atores forças militares, armadas, a luta de- de agarramento, o seu repertório de golpes de controle sarmada formou-se e não somente composta por golpes (gyaku waza) e submissão (katame waza) incluem tam- traumáticos mas com golpes de arremesso e imobiliza- bém golpes traumáticos (ate waza). O que vai dizer quais ção, como era o jiaodixi mongol. Na China, no Templo golpes serão estudados será a escola, ou linhagem, que se Shaolin, surgia o chuan fa (em chinês: 拳法), isto é, o aprende.*[7] kung fu (denominação mais comum no Ocidente), como arte marcial mas também esporte e condicionamento fí- É um postulado basilar desta arte marcial o emprego da sico, que, na verdade, é mais um gênero, pois sob essa própria força e, quando possível, da força do adversá- denominação coexiste uma grande miríade de estilos va- rio, em alavancas, que possibilita a um lutador, mesmo riados, que praticam exercícios e golpes também muito com compleição física inferior à do oponente, conseguir variados, como maior ou menor ênfase em determinado vencer. No chão, com as técnicas de estrangulamento e conjunto de movimentos ou forma de os aplicar.*[8] pressão sobre articulações, é possível submeter o adver- Recuando um pouco, há menção de que, entre os séculos

149 150 CAPÍTULO 27. JIU-JITSU

III e VIII AEC, uma arte de combate corpo a corpo sabe- - katana), battojutsu (corte com a espada), iaijutsu (sa- se que era praticada na China e essa arte era impregnada que da espada), kyujutsu (emprego de arco), bojutsu (em- de técnicas similares às do jujutsu. *[10] prego de bastões), nanginata (emprego da alabarda ̶ ), sojutsu (emprego da lança - yari) e a luta de- Algumas das habilidades treinadas eram, sem dúvida, * golpes de luxação, controle e projeção. Tanto que se de- sarmada. [15] Entrementes, a luta desarmada não rece- senvolveu uma arte marcial particular, a qinna (ou chin- bia o nome jujutsu ainda, mas se desenvolveu como as demais disciplinas em escolas ou linhagens particulares, na), e nesta podem ser encontradas as raízes do que vi- * riam a ser o judô e o aiquidô.*[11] Pero o conjunto cha- conhecidas por koryu ou kobudo. [16]. mado de qinna era mais propriamente uma das discipli- Nesse meio tempo, as lutas desarmadas (ou que se torna- nas marciais que compunham o kung fu de Shaolin, ou ria o jujutsu) eram identificadas por vários nomes, como seja, esse tipo de golpe era praticado como mais uma das torite (捕⼿*?), kumiuchi (組討*?), taijutsu (体術*?), ko- habilidades que os monges deveriam exercitar. Com o gusoku koshinomawari (⼩具⾜腰之廻*?) ou wajutsu tempo, porém, passou a trilhar uma via mais ou menos (和術*?).*[17]*[18] particular: dependendo de onde se treinava (um mosteiro, O combate corpo a corpo desarmado evoluiu, portanto, por exemplo), o instrutor (ou mestre encarregado) dava como consequência natural de um processo de aperfei- maior ou menor a certo currículo, em decorrência de suas * çoamento. Esse movimento repetiu-se em diversas pa- experiências pessoais ou dos mestres anteriores. [12] ragens, no Japão e noutros países, tal como sucedeu em Certas técnicas e/ou artes marciais parecem ter migrado Okinawa, onde era praticada uma arte marcial muito pró- às terras nipônicas desde Índia e China, principalmente, xima em características ao jujutsu, o gotende, que era tí- já em meados do segundo século AEC, sendo adaptadas pica da elite do reino de Ryukyu e conhecida como ex- ao feitio local, com o descarte de movimentos plásticos clusiva da corte e muitas vezes referida como torite. e, eventualmente, desnecessários, para a compilação de O termo jujutsu não foi cunhado senão até o século XVI, conteúdo mais pragmático e voltado ao resultado eficaz quando surgiu o koryu Takenuchi-ryu, reunindo os golpes num ambiente de conflito.*[10] aplicados com as mãos desnudas, uma arte suave, e para No Japão feudal, que, grosso modo, foi marcado pela diferenciar das disciplinas consideradas rígidas. Ou seja, predominância de uma classe guerreira, os samurais, seu além das habilidades com armas, como a katana ou a jitte, modo de vida (Bushido (組討*?) estabeleceu-se para atri- que seriam as artes duras ou rígidas, ou kojutsu (固術*?), buir a cada classe social uma função típica e essencial que visavam provocar uma ferida cortante, contundente, para o funcionamento como um todo do sistema, mais ou perfurante etc., dever-se-ia estudar as lutas sem armas, menos enrijecido. que seriam por sua vez as artes suaves, ou jiu-jítsu, que não buscavam exatamente magoar seriamente o adversá- Deste modo, a sociedade foi organizada tendo como o * topo a figura do imperador, que detinha tanto os pode- rio mas subjugá-lo com o menor gasto de energia. [8] res político e militar quanto a supremacia religiosa, mas, Houve vários fatores que influíram no surgimento da arte. dependendo da época, esse poder militar e consequen- Durante Idade média, Idade moderna, quando não havia temente o político eram assumidos pelo xogum. Em guerras ou querelas nas quais se necessitava dos présti- nome desde, e eventualmente do imperador, existiam os mos dos samurais, estes eram vistos ou se sabia de seu daimiôs, os senhores feudais propriamente ditos, e es- envolvimento em confusões e maus hábitos, como a em- tes controlavam um séquito de samurais. Abaixo destes, briaguez. Esse tipo de acontecimento veio tornar-se mais quando sem um líder, vinham os Ronin. Sustentando a comum e aparente por ocasião do Xogunato Tokugawa, economia, vinham os camponeses, a grande maioria, que no século XV, quando, após o estabelecimento de um go- incluía desde os agricultores e pecuaristas aos pescadores verno central forte, houve um longo período sem disputas e demais pessoas sem posses. Depois, vinham os artesãos maiores. Se os maus comportamentos dos samurais eram que, apesar de fazerem os utensílios e ferramentas usados tolerados as épocas anteriores, o mesmo não se deu com pelos demais, porque não produziam alimento eram mal- a aproximação da Idade contemporânea. * vistos. Por fim, vinham os mercadores. [13] Sucedeu, contudo, que sobreveio a Restauração Meiji, A despeito de sua condição privilegiada, pela qual um pelo que o último shogun perdeu prestígio e poder samurai não deveria ocupar-se com atividades produti- político-militar e com esse advento todo o modo de vida vas, tais como agricultura, mineração ou pastoreio, e se- pretérito, a restarem em posição marginal tudo aquilo ria sustentado por um senhor, e as classes abaixo de si que o simbolizava: os samurais desceram na escala so- deviam-lhe respeito e deferência no cotidiano, durante os cial.*[19] Os acontecimentos daquele período foram o úl- momentos em que não eram necessárias suas habilidades timo catalisador. de combate, não lhes era permitido procurar outras ativi- * Por fim, durante a transição do século XIX ao XX, um dades que não as próprias de sua classe/condição. [14] mestre de jiu-jitsu com reconhecimento veio a modifi- Os guerreiros japoneses viviam para um único propó- car a arte marcial, inserindo-lhe e dando maior relevo a sito: atuar no campo de batalha. Bem assim, pratica- princípios filosóficos e pedagógicos: mestre Jigoro Kano vam diversas disciplinas: kenjutsu (manuseio de espada criou o que, por motivos políticos, ficou conhecido como 27.1. HISTÓRIA 151

27.1.1 Brasil

Mitsuyo Maeda

Gichin Funakoshi Com o surgimento do judô, o mestre Kano buscou pro- mover seu estilo, que no começo não era reputado como uma arte marcial autônoma. Em 1913, um dos desta- cados instrutores do centro Kodokan, Mitsuyo Maeda, também conhecido como «Conde Koma», foi enviado ao judô.*[3] Brasil em missão diplomática com o objetivo de receber os imigrantes japoneses e fixá-los no país. E outro grande mestre, Morihei Ueshiba, reuniu seus conhecimentos de jiu-jítsu, tendo por espeque o estilo Em Belém, o Conde Koma teve entre seus alunos, Carlos Daito-ryu, e, de modo expletivo, a outras artes marciais Gracie e Luiz França.*[21] Carlos foi ensinado em vir- e formou uma nova modalidade, o Aikido, que é uma tude da afinidade entre seu pai, Gastão Gracie, e Maeda. forma de jujutsu bem mais suave que o Judo, com ên- Carlos, por sua vez, ensinou a seus demais irmãos, em fase no controle da energia (ki), conceitos sobre a maneira especial a Hélio Gracie. Maeda ensinou somente o judô dessa energia fluir, como dosen e tai sabaki, e projeções de Jigoro Kano a Carlos, e esse o repassou a Hélio, que focadas mais no próprio adversário.*[20] era o mais franzino dos Gracies, adaptando-o com grande ̶ ̶ Além de evoluir na direção de modalidades neófitas, o enfoque no ne waza técnicas de solo com o fito de jiu-jítsu, no começo do século XX, sofreu grande influên- compensar seu biótipo, pelo uso ostensivo do dispositivo cia do Karate, pelo que notáveis mestres de jiu-jítsu pas- de alavanca, dando-lhe a força extra que ele não dispunha. “ saram a praticar e estudar profundamente a arte “Oki- Numa entrevista, Hélio Gracie afirma que Carlos lutava “ nawense”, tornando com o tempo grandes mestres tam- judô", que Não 'existe' mais Jiu-Jítsu no Japão, e que bém nas duas vertentes, como foi o caso dos mestres os lutadores de Newaza japoneses que praticam MMA ” Yasuhiro Konishi e Hironori Otsuka, que criaram res- hoje em dia são essencialmente Judocas e finalmente que “ ” pectivamente dois estilos de Karate, Shindo jinen ryu e Criou o Jiu-Jítsu existente hoje . É certo que o jiu-jítsu tradicional muito difere do praticado e criado por Hélio Wado-ryu, que mesclam aspectos de ambas. Não se pode * olvidar ainda que o mestre Gichin Funakoshi, maior di- e Carlos no Brasil atualmente. [22] vulgador do karate no Japão, ensinou seu estilo no centro Luiz França, colega de turma de Carlos na escola de Ma- Kodokan e, eventualmente, estudou com Jigoro Kano, e eda, foi responsável pelo nascimento de outro ramo do até adoptou algumas técnicas de nage waza. jiu-jitsu no país.*[23] Além de aprender judô/jiu-jitsu 152 CAPÍTULO 27. JIU-JITSU

com o Conde Koma, inicialmente treinou com Soishiro lenda, que essa concepção surgiu a partir da observação Satake em Manaus, concluindo sua formação com Geo de um médico japonês, Shirobei Akiyama, que percebeu Omori, em São Paulo.*[23] França fixou-se no Rio de que os galhos mais fortes de uma árvore não suportam o Janeiro, onde ensinou a arte para militares e moradores peso da neve por muito tempo, ao contrário dos galhos carentes do subúrbio carioca.*[23] Seu mais importante mais fracos e finos, que por serem flexíveis fazem com aluno foi Oswaldo Fadda, que posteriormente tornou- que a neve escorra, a partir dessa análise o medico for- se mestre. Na zona Norte da cidade, Fadda desenvol- mulou mais de trezentos golpes. veu uma escola de jiu-jitsu independente da família Gra- cie.*[24] 27.2.2 Graduação

27.1.2 Japão Os estilos tradicionais (melhor dizendo, kobudo) adop- tam o sistema menkyo e as escolas modernas, o sistema Actualmente, ainda se pratica o jujutsu' associado aos sa- Kyu Dan criado pelo mestre Jigoro Kano, composto de murais do antigo Japão. Note-se que, no caso dessa arte faixas coloridas (Obi), que segue basicamente a seguinte tradicional, as palavras ju (flexibilidade, gentil, suave) e ordem:*[26] jutsu (arte, técnica) são as mesmas do jiu-jítsu mais utili- zado para classificar o chamado jiu-jitsu brasileiro, criado • Branca (Qualquer idade) pelos irmãos Gracie. Crê-se que essa vertente tenha sido propagada na Europa por Minoru Mochizuki. • Azul (Varia com o desempenho do atleta, normal- mente 1 ano e meio, a 2 anos, a partir de 16 anos) No caso da prática do jujutsu tradicional, a essa são as- sociados disciplinas que usam de armas, como o tanto • Roxa (Varia com o desempenho do atleta, normal- (faca), o tambo (bastão), o kubotan ou kashinobo (se- mente 2 anos, a partir de 17 anos) melhante a uma caneta), a tonfa (utilizada pelas forças • policiais), o bo (bastão comprido) e a katana, entre ou- Marrom (Varia com o desempenho do atleta, nor- tros (ver: lista de armas de artes marciais). malmente 1 ano e meio, a partir de 18 anos) Tendo a vertente de defesa pessoal, militar ou policial • Preta (A partir de 19 anos) compreende técnicas de batimento, projeção, imobiliza- • Coral (Vermelho e preto - Mestre) ção, controle, estrangulamento e reanimação, além de po- der ser combinado com as técnicas de massagem terapêu- • Vermelha (Grande Mestre) tica (shiatsu ou seitai). A maior diferença entre os estilos tradicional e brasileiro talvez seja o uso de diferentes armas (bukiwaza) e tam- 27.3 Notas bém uma menor utilização da luta no chão no jujutsu tra- dicional, sendo que esse utiliza também técnicas de con- *[a] ^ Grafia: também são aceitas as grafias trole como o hojojutsu. Nessa arte também as graduações jujutsu ou ju-jitsu, para designar o nome da são diferentes, além de um maior vínculo aos usos e tra- arte marcial. Este fato advém do problema de dições japonesas. A ligação ao mestre é muito forte e se transliterar os sons originais da língua japo- são utilizadas com muita frequências expressões e nomes nesa.*[27]*[28] japoneses no tocante às técnicas. *[b] ^ O caratê de Oquinaua, segundo a men- talidade do fim do século XIX e começo do 27.2 Características século XX, tratava-se de mais um estilo de ju- jutsu, chamado por alguns de tejutsu, haja vista 27.2.1 Técnicas que suas técnicas são exactamente as mesmas desenvolvidas no Japão em luta desarmada, diferenciando-se apenas no foco.*[29]*[30] Ao tempo da introdução do karate no Japão, mui- A arte marcial usa de todo o corpo como instrumento tas escolas de jujutsu treinavam com maior de combate e pretende ainda beneficiar-se do oponente foco em pancadas do que em arremessos e imo- também, utilizando sua energia e seu próprio corpo, por bilizações.*[31] intermédio de projeções, imobilização, contusões etc. Daí que, a depender de qual tradição (estilo) seja pra- ticada, haverá maior ênfase em determinado gênero de 27.4 Referências golpes.*[25] Uma característica fundamental é a necessidade de do- [1] 'Dicionário escolar da língua portuguesa. 2 ed. São Paulo: mínio e equilíbrio do corpo. Acredita-se, segundo reza a Academia Brasileira de Letras. p. 757. 27.5. VER TAMBÉM 153

[2] Federação portuguesa de jujútsu e disciplinas associadas. [27] Gladiatorium. Visitado em 26.set.2011. Visitado em 29.jul.2013. [28] Dicionário Prático Japonês-Português Michaelis [3] Jiu-jitsu History (em inglês). Visitado em 26.mar.2012. [29] Walder, Marc. Brazilian Jiu Jitsu (em inglês). Londres: [4] Le origini del Ju-Jitsu (em italiano). Visitado em New Holland, 2008. ISBN 1845377605 26.mar.2012. [30] Differences between Japanese Karate & Jujitsu (em [5] Tsutsumi Hozan Ryu Jujutsu (Jujitsu) (em inglês). Visi- inglês). Visitado em 08.jan.2014. tado em 26.mar.2012. [31] Aikido, Judo, Jujitsu and Karate - Comparing Different [6] Jujutsu History (em inglês). Visitado em 26.mar.2012. Martial Arts (em inglês). Visitado em 08.jan.2014. [7] ATEMI-WAZA: Striking Techniques (PDF) (em inglês). Visitado em 26.mar.2012. 27.5 Ver também [8] Jiu-jitsu History (em inglês). Visitado em 09.abr.2012.

[9] Civilização Chinesa - História da Civilização Chinesa. • Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu Visitado em 09.abr.2012. • Liga Brasileira de Jiu-Jitsu [10] Le origini del Ju-jitsu (em italiano). Visitado em 10.abr.2012. • Oswaldo Fadda

[11] Shaolin Qinna (em inglês). Visitado em 10.abr.2012. [12] System of Shaolin Kung fu (em inglês). Visitado em 27.6 Ligações externas 10.abr.2012. • [13] Estrutura Social do Japão Feudal (PDF). Visitado em Federação Portuguesa de Jujutsu e Disciplinas As- 27.mar.2012. sociadas

[14] Japan, 1333 to 1700 (em inglês). Visitado em • Portal do Jiu-Jítsu Brasileiro 27.mar.2012. • Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu [15] IAIDO - HISTORY (em inglês). Visitado em 27.mar.2012. • Federação Internacional de Jiu-Jítsu

[16] Kobudo - Instituto Niten. Visitado em 27.mar.2012. • Escola Zendou Ryu Jujutsu

[17] 武搏会⽐⽬介之柔, 柔⽬概况 ( 1) - 拳搏散打 - 武林中武 (em japonês). Visitado em 27.mar.2012.

[18] Martial Art of Jujutsu from shinsei-jutsu.co.uk (em in- glês). Visitado em 27.amr.2012.

[19] Meiji Restoration/Revolution in Japan (em inglês). Visi- tado em 27.mar.2012.

[20] Bull, Wagner J. Aikido, o caminho da sabedoria: a teoria. 19 ed. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2012.

[21] Thiago Merlo - Mestre Fadda - A História Perdida do Brazilian Jiu-Jitsu. Página visitada em 20 de Outubro de 2013.

[22] Biografia . Visitado em 27.mar.2012.

[23] BJJHeroes - Luiz França. Página visitada em 20 de Ou- tubro de 2013.

[24] Jiu-jitsu: a origem. Revista Tatame Nº 177, pág. 53, No- vembro de 2010 (20/10/2013).

[25] Classical Budo Malta - Honbu Dragon's Den Dojo, Luqa (em inglês). Visitado em 11.abr.2012.

[26] Donn F. Draeger. Ranking Systems in Modern :Modern vs. Classical (em inglês). Visitado em 11.abr.2012. Capítulo 28

Lista de armas de artes marciais

28.1 Armas japonesas • : espécie de foice atrelada a uma cor- rente. • Bo: bastão de madeira com comprimento entre 180 • Kusarifundo: corrente com contrapesos nas extre- cm e 200 cm. minades, usado no desarmamento e imobilização. • Boken: espada de madeira que simula uma katana • ou . Tanto: adaga de mão utilizada para luta corpo a corpo. • Hanbo: bastão de madeira com comprimento entre • 90 cm a 100 cm. Tonfa: ferramenta agrícola em forma de bastão, que passou a ser usada como arma. • Jitte: arma usada para a pratica do Jittejutsu, a pa- • lavra Jitte significa dez mãos (ju=dez e te=mão), re- Naginata: lâmina semelhante a espada, atrelada a ferência à força criada pela alavanca, capaz de de- um longo bastão, muito utilizada nas cavalarias. sarmar ou quebrar as espadas. • : alabarda, utilizada contra cavalaria. • Jo: bastão de madeira, tem aproximadamente 150 • Yari: lança reta ou em cruz. cm de comprimento. • • Kama: ferramenta tradicional de agricultura prove- Ashiko: preso ao calçado, ele permitia escalar ou niente do Japão, semelhante a uma foice, também golpear o adversário. utilizada como arma. Também utilizada em artes marciais chinesas e coreanas. 28.2 Armas chinesas • Katana: espada tradicional japonesa samurai.

• Kodachi: espada intermediária entre a e • Biān: chicote, qualquer tipo de chicote ou chibata a katana. Tem aproximadamente 75 cm. • Dang: arma chinesa composta por uma haste longa • : lâmina de ferro com furo na base. de madeira terminada numa espécie de tridente ser- rilhado. • -to: espada ninja, reta, um pouco menor que a katana, com um lado cortante e um lado rombo. • Dao (Tou em cantonês): facão de wushu ou kung fu.

: espada de treino composta de 4 “varas” • Dardo e corda (shéng biāo) e martelo meteoro de bambu, ponta e empunhadura de couro; pode vir (liúxīng chuí): armas de arremesso, presas a uma equipada com o tsuba (guarda da espada/shinai, ge- corda com comprimento entre 4 ou 5 metros, por ralmente feito de carbono). meio da qual o praticante manipula a arma.

: arma de arremesso pequena, utilizada por • Fei biao: pequenos dardos para lançamento no kung ninjas, muito popularizada no cinema. Por seu for- fu. mato semelhante a uma estrela é também conhecida como estrela ninja. • Ge

• Tanto: faca tradicional japonesa similar à katana, • Guan dao (Kwan Tou em cantonês): alabarda ou porém de menor tamanho. bastão com facão largo na ponta, sua historia está ligada ao guerreiro divinizado Kwan Kung. • Wakizashi: punhal com cabo turvo, similar a uma katana. • Ji

154 28.3. ARMAS DE OUTRAS ORIGENS 155

• Jian: espada reta de corte e perfuração, pode ter la- mina extremamente flexível, ela é usada no wushu e no taichijian. • Kao wan tou, cantonês para“facão de nove argolas” . • Kwan: bastão chinês, em geral da altura aproximada do usuário. • Lança de duas pontas • Leque “( tiě shān”em chinês,“putchê" em coreano, “tessen” em japonês). • Maça • Nan dao: facão de lâmina larga e reta. • Pu dao: semelhante ao guan dao. • Qiang (tcheang, em cantonês): lança flexível de kung fu. • San jie gun: bastão de três seções, chamado San- Chaku no Japão. • Juan sing: arma da qual se usa nos pés para furar a pessoa

28.3 Armas de outras origens

• Balisong ou batangas ou Canivete Butterfly: faca com dois cabos originária das Ilhas Filipinas. An- cestral do canivete. • Bolo: facão. • Bordão: bastão para prática de JUT-BO. • Chakram arma de origem indiana, é uma espécie de argola metálica, de lâmina chata e larga. Pode ser usada no combate pessoal ou como arma de arre- messo. • Hawakan: arma filipina conhecida como Tonfa no Japão. • Katar: arma de origem indiana, muito usada pela seita Thugee. É uma adaga composta de lâminas e um bracelete, para que possa formar uma extensão do braço. • Kris: punhal de lâmina ondulada originária da Ma- lásia. • Nunchaku: em mandarim ( Lintinquan ) de origem ainda incerta (China/Japão), consiste de dois peque- nos bastões conectados por uma corda ou corrente. • Tjabang: espécie de adaga, conhecida como Sai no Japão. • Yantok: bastão de rattan de 70 cm. Para prática de Kali. Capítulo 29

Iaido

Iaidô (em japonês: 居合道, iaidō) é a arte marcial japo- 29.1.2 A origem do termo iaidô nesa do desembainhar da espada. Consiste em conjuntos de katas, técnicas ou movimentos que permitem ao pra- A criação do termo iaidō é atribuída à Nakayama Hakudo ticante reagir de forma apropriada a determinadas situa- (1869-1952), o fundador do estilo Musō shinden-ryū. ções. A denominação atual de iaidō é amplamente usada no É também chamado de iaijutsu (居合術), battōjutsu (抜 meio marcial, em publicações especializadas japone- ⼑術), saya-no-uchi (鞘ノ内), nuki (抜き・居合) e yore sas*[2] e em eventos oficiais para se referir generica- (乱曲).*[*carece de fontes?] Não se deve confundir iaidō mente à todas escolas, antigas e modernas, que ensinam o com kendō (剣道) ou kenjutsu (剣術). iai. Porém existem críticos à esta denominação, como o mestre Nakamura Taizaburo (1912-2003) considerando mais correto utilizar o termo battodo, ou iai-battodo.*[1] Ainda assim, atualmente o termo iaidō é amplamente 29.1 História usado para referenciar a prática do iai tanto nos koryū quanto nos sistemos modernos, como Seitei iai (制定居 29.1.1 Origens 合) e Toho iai.

A tradição e história do iaidō remontam cerca de 500 29.1.3 Iaidô no Brasil anos. A arte japonesa de desembainhar a espada come- çou provavelmente com Iizasa Choisai, o fundador do es- O início da prática do iaidō no Brasil é incerta. Porém, tilo Tenshin shōden Katori shintō-ryū. Essa escola incluía um“marco”do início da era moderna do iaidō no Brasil em seu currículo a prática com vários tipos de armas, foi a chegada de dois senseis do Japão no Brasil. Primei- desde o uso da katana e do bastão jō ao arremesso de ramente Asahi Sensei, em meados da década de 1970, e faca e de naginata. Uma parte de seu currículo consistia posteriormente Nakakura Sensei. Este último realizou o na técnica de desembainhar rápido e golpear imediata- primeiro exame de graduação de iaidō no Brasil. mente com o uso de espadas, ou seja, o iai. Essa técnica era usada para autodefesa ou ataque preventivo. O Seitei iaidō é praticado no Brasil a partir da década de 1980, destacando os Dojos filiados à CBK, como ACEP Ao longo da história diferentes expressões foram utiliza- e Saga. Nesses Dojos podemos destacar o trabalho reali- das para se referir às técnicas do saque da espada durante zado pelos Senseis Tadashi Tamaki, Yoshiaki Kishikawa, o combate. Durante o período Muromachi (1392-1572) Mitiko Kishikawa. era chamado de battōjutsu. No período Edo ficou conhe- cido como iaijutsu.*[1] É reputado a Hayashizaki Jinsuke Shigenobu (1542- 1621), como em toda arte marcial, ter recebido inspira- ção divina para o desenvolvimento de sua técnica, assim como Iizasa Choisai. Inspiração essa que o levou a de- senvolver um conjunto de técnicas que denominou Musō shinden jushin-ryū battōjutsu. Aqui, a palavra battō sig- nifica simplesmente desembainhar a espada. O fator comum relevante em ambas às tradições (esco- las) ou ryū, assim como em muitas outras tradições que lidavam com katana, era que suas práticas envolviam so- mente o uso de katas, sempre preconizando adversários imaginários em seus treinos. 1º Campeonato Brasileiro de Iaido

156 29.2. PRÁTICA 157

Em 1993, o Sensei Jorge Kishikawa funda e inicia a 29.2 Prática divulgação do iaidō através do Instituto Cultural Ni- ten, chegando posteriormente até a Argentina e Chile. Os principais estilos praticados atualmente são suiō-ryū, Musō shinden-ryū, tenshin shōden Katori shintō-ryū e sekiguchi-ryū. Sensei Jorge Kishikawa (7° Dan Kyoshi em Kendō, Menkyo Kaiden no estilo niten ichi-ryū e Shi- dosha no estilo tenshin shōden Katori shintō-ryū) estudou por mais de uma década, durante idas anuais ao Japão, com os Senseis Tadatoshi Haga e Tsunemori Kaminoda. Sensei Haga é 8º dan Hanshi de Kendō, 8º dan Hanshi de iaidō e mestre do Musō Shinden-ryū. A partir do final da década de 1990, a CBK passa a rece- ber senseis japoneses no Brasil. Destacando-se entre eles Tomoharu Ito Sensei (8º Dan Kyoshi de kendō e de Seitei iaidō), que desde então já esteve no Brasil três vezes para ministrar treinamentos e participar de bancas examina- doras. Sensei Cook Pela Confederação Brasileira de Kobudô (CBKob), es- teve no Brasil em duas ocasiões (2002 e 2005), o Sensei Kaminoda Tsunemori (Presidente da Nihon Jodokai e 8º A prática do iaidō se reveste de grande profundidade pois Dan Hanshi de Jodô e Iaidô). o iai tem como objetivo o autodomínio do praticante e a Em 2003, veio morar no Brasil o sensei japonês derrota do adversário sem a necessidade de desembainhar Toshihiko Tsutsumi (6º Dan Renshi em Iaidô e 5° Dan a katana. Em outras palavras, a conquista psicológica do em Kendô), sendo atualmente o praticante reconhecido adversário sem que haja necessidade do uso da espada. pela ZNKR (Zen Nippon Kendo Renmei) e pela FIK (In- A prática é feita visualizando-se os inimigos de acordo ternational Kendo Federation) mais graduado no Brasil com os princípios de cada kata, não tendo necessaria- em Iaidô, mestre em Musō shinden-ryū. Seu Sensei foi mente um oponente físico. Para fins didáticos, podem-se Hakuo Sagawa (9° Dan Hanshi Iaido e 8º Dan Kyoshi executar os movimentos com oponentes reais. Kendo), aluno direto de Hakudo Nakayama (fundador do Um iniciante na arte utiliza uma espada de madeira (bo- estilo Musō shinden-ryū). kutō) ou uma iaitō (espada com lâmina de liga metálica). A partir de 2004, através do trabalho realizado pelo Sen- Os praticantes mais avançados utilizam , espadas sei Ichitami Shikanai diversos Dojos filiam-se à CBK de aço com fio. para a prática exclusiva do Iaidō. O Sensei Ichitami Shi- Além dos katas, alguns estilos praticam também téc- kanai, ainda no Japão, foi apresentado a Omura Tadaji, nicas executadas com espadas desembainhadas (geral- discípulo de Hakudo Nakayama, com quem estudou du- mente chamadas de kumitachi 組太⼑). Outros estilos rante 3 anos. Atualmente o Sensei Ichitami Shikanai é praticam também o 試し斬り ou o suemo- Presidente e Supervisor do ARJ (Aikido Rio de Janeiro) e nogiri 据え物切り, que é o corte de rolos de palha de estudioso dos estilos shintō Musō-ryū Jo (okuiri) e Musō larguras equivalentes a partes do corpo humano. shinden-ryū. A partir de 2007, o Sensei Jorge Kishikawa, não mais ligado à CBK, passa a focar na divulgação dos estilos de koryū, na CBKob. Também a partir de 2007, com a ajuda de Tsutsumi Sen- 29.2.1 Estrutura do kata sei, a CBK passa a realizar anualmente seminários e ao menos um exame de Iaidō, em especial com a prática do Cada kata segue a mesma estrutura básica de quatro par- Seitei Iaido (Zen Ken Ren Iai), do Muso Shinden Ryu e tes: Nukitsuke (desembainhar e cortar) Kirioroshi (corte do Muso Jikiden Eishin Ryu. principal com o uso das duas mãos) Chiburi (retirada do Em 2013 a CBK realizou o 1º Campeonato Brasileiro de sangue da lâmina) e Noto (embainhar a espada); existem Iaido, sendo o primeiro torneio de Iaido realizado no Bra- dentro desse formato variações consideráveis. Dentro das sil reconhecido pela ZNKR e pela FIK. As categorias fo- mais comuns encontram-se: golpear para frente com o ram: Aspirantes e Ikkyu; 1º; 2º e 3º Dan. tsuka (empunhadura da katana) antes de desembainhá-la, puxar a bainha (saya) para trás e golpear imediatamente girando-se para trás, cortar em ângulos diferentes de hori- zontal e vertical, e.g.: diagonalmente de baixo para cima e de cima para baixo ou pela lateral, entre outros. 158 CAPÍTULO 29. IAIDO

quando os katas são praticados sem sincronismo e indivi- dualmente, cabendo ao instrutor a observação e correção de pontos de cada praticante de forma individual. Ao fi- nal da seção, todos fazem a etiqueta de fechamento em conjunto.

29.2.3 Keiko

Esse termo é traduzido como treino ou prática, mas seu significado em japonês abrange mais que isso. É o es- tágio em que os movimentos são aperfeiçoados por re- petição lenta, dividindo-se o kata em suas partes compo- Iaidô - reishiki (etiqueta) nentes e pela contextualização da técnica em situações e confronto real. Com o tempo, o praticante começa a en- tender os princípios de Metsuke (correto uso dos olhos), Seme (pressão sobre o adversário) com o objetivo de con- trolar o adversário. Durante o keiko também são apreen- didos os conceitos de maai (distância de combate) e ma (tempo - timing).

29.3 Organizações

Por ser iaidō um termo amplo que abrange uma ampla gama de práticas, estilos e associações, existem diversas organizações que congregam os praticantes. Iaidô - prática

29.2.2 Formato de uma seção de treino 29.4 Graduações

O formato do treino varia enormemente de acordo com As graduações no iaidō dependem do estilo que se pratica. o estilo a ser praticado. A diferença vai desde detalhes básicos, como a forma de amarrar o sageo, até grandes diferenças, como a proibição de todo e qualquer tipo de 29.5 Escolas alongamento, para buscar o máximo realismo dentro da prática. 29.5.1 Seitei iaidō No Seitei iaidō, um seção típica de treino começa com aquecimento e alongamento. Em seguida faz-se o rito de Instituído no ano de 1968 pela ZNKR (Zen Nippon etiqueta de abertura, que consiste de: Kendo Renmei - Federação Japonesa de Kendô), com de- monstração pública no Kyoto Taikai, e atualmente regu- • Kamiza ni rei (curvar-se para o lugar sagrado) lamentado em âmbito internacional pela FIK, o Seitei iai é um conjunto de katas estabelecido para a prática do iai. • Sensei ni rei (curvar-se para o instrutor) Recebeu novos Katas em 1980 e 2001. • To rei (curvar-se para o katana) A ZNKR, foi fundada em 1952, imediatamente seguindo a restauração da independência japonesa e o fim do ba- Em seguida inicia-se uma seção de suburi (prática dinâ- nimento das artes marciais no país. Para popularizar o mica de cortes) e kihon incluindo chiburi e noto. A de- Iaido e tornar mais simples o aprendizado dos praticantes pender do tamanho e nível da turma, outras técnicas deri- de Kendo, um comitê de mestres foi estabelecido. O co- vadas dos katas são exercitadas antes da prática dos katas mitê selecionou técnicas básicas do currículo das princi- propriamente dita ser iniciada. A série de katas, freqüen- pais escolas de Iaido para criar o ZNKR Iaido. Em 1969, temente, se inicia com o sensei explicando algum ponto a ZNKR apresentou o currículo do Seitei com sete Katas que deve ser especialmente observado pela classe ou por de Iaido. Esses Katas foram baseados em diversas entre algum subgrupo específico da mesma. A isso se segue a as escolas mais tradicionais, em especial Musō Jikiden pratica formal, em que todos praticam os katas em con- Eishin-ryū (無双直伝英信流), Musō Shinden-ryū (夢 junto sob o comando do líder do dojo ou um treino livre 想神伝流) e Hōki-ryū (伯耆流). Mais três Katas foram 29.5. ESCOLAS 159

adicionados em 1981 e mais dois em 2000, formando a Campeonatos série atual de doze Katas. Esses Katas são conhecidos oficialmente como “ZNKR Iai”, ou Zen Ken Ren Iai e normalmente chamado Seitei ou Seitei-gata. O termo Os campeonatos, são feitos como os campeonatos de kata Seitei significa simplesmente“Padrão”ou“Uniforme” de caratê, ou seja, dois competidores executam cinco ka- . tas. Para até o 3º Dan são realizados apenas Katas do Seitei Iaido escolhidos pela banca para cada categoria e 1969: ZNKR Comitê (7 primeiros Katas): - Danzaki To- podendo ser alterados nas disputas finais, mas para pra- moaki, 9º Dan Hanshi, Muso Shinden Ryu - Yamatsuta ticantes a partir do 4º Dan são realizados dois do koryū Jukichi, 9º Dan Hanshi, Muso Shinden Ryu - Yamamoto que praticam de escolha pessoal e três de Seitei iaidō es- Harusuke, 9º Dan Hanshi, Muso Jikiden Eishin Ryu - colhidos pela banca. Três juízes (sendo um principal e Masaoka Kazumi, 9º Dan Hanshi, Muso Jikiden Eishin dois auxiliares) dão o veredito levantando as bandeiras Ryu - Muto Shuzo, Hanshi, 9º Dan Hanshi, Hasegawa da cor representativa (vermelha ou branca) do competi- Eishin Ryu - Kamimoto Eichi, 9º Dan Hanshi, Hasegawa dor que cada um entendeu que executou melhor os Katas. Eishin Ryu - Yoshizawa Ikki, 9º Dan Hanshi, Hoki Ryu - A prova deve durar um mínimo de cinco e um máximo Tsumaki Seirin, 8º Dan Kyoshi, Tamiya Ryu - Suetsugo de seis minutos, sempre dentro de uma área retangular Tomezo 8º Dan Kyoshi, Muso Shinden Ryu - Nukada demarcada preciamente, sendo que qualquer coisa fora Hisashi, 8º Dan Kyoshi, Muso Shinden Ryu - Ohmura disso acarreta em desclassificação automática. Tadaji, 8º Dan Kyoshi, Muso Shinden Ryu - Sawayama Shuzo 8º Dan Kiyoshi, Hoki Ryu 1980: ZNKR Comitê (3 Katas adicionais): - Danzaki To- moaki, 9º Dan Hanshi, Muso Shinden Ryu - Kamimoto Eichi, 9º Dan Hanshi, Muso Shinden Ryu - Hashimoto Masatake, 9º Dan Hanshi, Muso Jikiden Eishin Ryu - Organizações Wada Hachiro, 8º Dan Hanshi, Muso Shinden Ryu - Mi- tani Yoshisato, 8º Dan Hanshi, Muso Jikiden Eishin Ryu - Sawayama Shuzo, 8º Dan Hanshi, Hoki Ryu As atividades do Seitei iaidō são mundialmente regidas e regulamentadas pela FIK (Federação Internacional de Kendô), fundada em 1970 e sediada no Japão. Até 2008 Katas havia, filiadas na FIK, 47 entidades representantes de paí- ses.*[3] A lista dos katas do Seitei iai são, em ordem: No ano de 2006 a FIK passou a ser membro da Ge- neral Association of International Sporting Federations 1. Mae 前 (frente) (GAISF), entidade máxima do esporte mundial, que in- 2. Ushiro 後 (trás) clui outras entidades como FIFA, FIBA, FIVB, Federa- ções Internacionais de Aikido, Judo, Jujitsu, Karate.*[4] 3. Uke-nagashi 受け流し (receber e deixar fluir) No Brasil o representante da FIK é a CBK (Confederação 4. Tsuka-ate 柄当て (atingir com o cabo da espada) Brasileira de Kendô), reconhecida também pelo Ministé- * 5. Kesa-giri 袈裟切り (corte ao kesa) *kesa ⇒ estola rio dos Esportes [5] como entidade reguladora da prática * budista do iaidô, kendô e jodô. [5] Nos últimos anos vem crescendo muito a prática do iaidō 6. Morote-zuki 諸⼿突き (estocada com duas mãos) em dojos de kendō filiados à CBK em diversos estados 7. Sanpō-giri 三⽅切り (corte em três direções) do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Bahia, Espírito Santo, entre outros.*[6] Existem também entida- 顔⾯当て 8. Ganmen-ate (atingir o rosto) des filiadas à CBK exclusivamente para a prática do iaidō, 9. Soete-zuki 添え⼿突き (estocada com a mão apoi- como a Aizen no DF. ada) Em Portugal a representante da FIK é a Associação Por- 10. Shihō-giri 四⽅切り (corte em quatro direções) tuguesa de Kendô (APK), que também promove a prática do iaidō. 11. Sō-giri 惣切り (corte contínuo) Em todos os dojos de entidades ligadas à FIK é ampla- 12. Nuki-uchi 抜打ち (saque cortante) mente estimulado que os praticantes aprendam também estilos tradicionais (koryū), visto que nos exames é obri- Os katas de nº1 a nº3 são realizados em seiza 正座, ou gatória a demonstração de ao menos dois katas de iaidō seja, sentado formalmente. O kata nº4 é realizado em koryū, além dos katas de Seitei iaidō. Um dos estilos mais tatehiza ⽴膝, a forma de se sentar quando se está com praticado é o Musō shinden-ryū, devido a sua estreita li- armadura (yoroi-kacchû 鎧甲冑). Os demais katas são gação com o Seitei iaidō, mas no Brasil também existem feitos em pé. muitos praticantes de Muso Jikiden Eishin Ryu. 160 CAPÍTULO 29. IAIDO

Graduações 29.5.3 Iaidō koryū

No seitei iaidō, a graduação obedece aos ditames da FIK Refere-se aos estilos estabelecidos antes de 1868, o ano com uma banca examinadora, sendo regulamentado no da restauração Meiji e que possuem técnicas de iai em Brasil pela CBK. Atualmente, a graduação segue a se- seu currículo. guinte progressão:1º kyu e em seguida 1º dan ao 8º dan As técnicas de iai vinham de séculos antes, estando pre- (o grau mais alto). Paralelamente, existem títulos que po- sentes em estilos mais antigos como o tenshin shōden Ka- dem ser conferidos de acordo com as contribuições do tori shintō-ryū, fundado no século XV. praticante à arte. Porém a importância de Hayashizaki Jimsuke Minamoto- Atualmente, existem três: Renshi (praticante avançado), no-Shigenobu, no século XVI, é inegável, dada a grande Kyôshi (praticante professor) e Hanshi (praticante mo- popularidade que o iai alcançou no período Edo (1603- delo). O título de Renshi pode ser conferido para pra- 1867). Grande parte dos estilos existentes ainda hoje de ticantes a partir do 6º dan, o de Kyôshi a partir do 7º dan iai tem como raiz o Musō Hayashizaki-ryū, seu estilo ori- e o de Hanshi, o mais elevado, pode ser conferido apenas ginal. para praticantes que atinjam o 8º dan. Todos os títulos japoneses marciais são inspirados no passado do espada: As técnicas de saque da espada são bastante antigas, Hanshi, por exemplo, corresponde a “Grão-Mestre de mas a maior parte das conhecidas atualmente foram Armas”. A partir do século 17, os títulos marciais da (re)concebidas por Hayashizaki. Assim sendo, é comum espada foram adotados para o conjunto das Artes Guer- se aceitar que ele foi o“criador”do iai, mas o mais cor- reiras (Sobujutsu) e depois para as“Artes Marciais Ver- reto seria afirmar que ele é o Chûkō no So (em japonês: dadeiras”(Sobudo). 中興の祖; lit. revitalizador da arte). Nos exames cada praticante deve se realizar 5 Kata. Até a Dentre estilos anteriores Hayashizaki que possuem técni- graduação de 3º Dan são realizados Katas apenas do Seitei cas de iai merece destaque o tenshin shōden Katori shintō- Iai, e a partir do 4º Dan os dois primeiros Katas devem ryū, o mais antigo estilo existente. A existência de técni- ser do Koryu que o praticante treina e os três seguintes do cas no Katori shintō-ryu atesta sua antiguidade e impor- Seitei Iai. No dia do exame a banca examinadora escolhe tância ainda antes do período Edo. e anuncia os Katas de Seitei Iai a serem executados por Os dois estilos mais difundidos na atualidade são: cada graduação, não obrigatoriamente os mesmos para todas as graduações. • Musō jikiden eishin-ryū (em japonês: 無双直伝英 信流)

29.5.2 Toho iaido • Musō shinden-ryū (em japonês: 夢想神伝流)

A Federação Japonesa de Iai (ZNIR, Zen Nihon Iaido Outros estilos difundidos no Japão e no ocidente são: Renmei) possui um conjunto padronizado de cinco katas denominado Toho iaidō. É, em essência, o equivalente • Suiō-ryū desta federação ao Seitei iaidô da FIK. Os cinco katas citados acima advém de cinco diferentes estilos: • Tamiya-ryū • Sekiguchi-ryū • Maegiri - Musō Jikiden Eishin-ryū • Katori shintō-ryū

• Zengogiri - Mugai-ryū • Hoki-ryū

• Kiriage - Shindō Munen-ryū Escolas

• Shihôgiri - Suiō-ryū Tenshin shōden Katori shintō-ryū O tenshin shōden Katori shintō-ryū (em japonês: 天真正伝⾹取神道流) • Kissakigaeshi - Hoki-ryū é o mais antigo estilo de kobudo existente. Foi fundado por Iizasa Chosai Ienao há aproximadamente 700 anos. Possui 16 katas de iai em seu currículo, divididas em três Organizações conjuntos:

O Toho iaidō é organizado pela Federação Japonesa de 1. Omote no iai : 6 katas Iaidô (ZNIR, Zen Nihon Iaidō Renmei, fundada em 1948). 2. Tachiai battōjutsu : 5 katas 29.5. ESCOLAS 161

nobu (1577-1665), que em sua juventude estudou o estilo Musō Hayashizaki-ryū, além de técnicas de naginata dos (guerreiros das montanhas). No suiō-ryū, além das técnicas de iai executadas solo, também se pratica o kumi iai, katas de iai executados em duplas. Visa a aplicação direta do iai em combate. O 15° Soke é o mestre Katsuse Yoshimitsu. Atualmente o estilo continua sendo praticado no Japão, Brasil, Ar- gentina, Chile, Estados Unidos e Europa. Na America do Sul o estilo é representado por Jorge Kishikawa, discípulo do Soke Katsuse Yoshimitsu.*[8]

Sekiguchi-ryū O sekiguchi-ryū iai (em japonês: 関⼝ 流) é um estilo de kobudo desenvolvido no Japão feudal há 400 anos. Foi fundado orinalmente como um estilo de jujutsu (téc- nicas de combate desarmadas) por Sekiguchi Yarokue- mon Ujishin. Seu filho mais velho, Sekiguchi Ujinari, foi seu sucessor, e adicionou as técnicas de espada, que constituíram o iai do estilo. Durante o período Tokugawa, o sekiguchi-ryū se difun- diu por todo o Japão. Posteriormente, o estilo se dividiu, sendo que o sekiguchi-ryū jujutsu mantém as técnicas de mãos vazias (mas ainda praticando uma pequena parte Demonstração (Comemoração do Dia do Samurai - São das técnicas de espada) e o sekiguchi-ryū iai, que ensina Paulo/2007) o currículo completo das técnicas armadas da escola. O sekiguchi-ryū iai chegou ao século XX através do 14° 3. Gokui no iai: 5 katas Soke (grão mestre), Aoki Kikuo (também Soke do estilo niten ichi-ryū). O Sensei Jorge Kishikawa é Shidosha (mestre) e repre- Atualmente o estilo se encontra representado por discí- sentante do estilo na America do Sul..*[7] pulos de Aoki Soke, como o Shihan Gosho Motoharu, Yoshimoti Kiyoshi e Yonehara Kameo (15° Soke).*[9] Estes katas são demonstrados anualmente ao publico em geral, no Dia do Samurai (24 de abril),instituído em São O estilo se encontra razoavelmente bem difundido no Ja- Paulo e Paraná, na data de seu aniversário. pão e no Ocidente. No Brasil é ensinado pelo Sensei Jorge Kishikawa, que é discípulo do Shihan Gosho Motoharu nos estilos niten Ichi-ryu*[10] e Sekiguchi Ryu.*[11]

Musō shinden-ryū Esta escola descende diretamente de Hayashizaki Jinsuke Minamoto no Shigenobu, por ser uma derivação do estilo Musō jikiden eishin-ryū. O Musō shinden-ryū (em japonês: 夢 想 神 伝 流) foi um estilo criado por Nakayama Hakudō (1869-1952) no início do século XX, foi originalmente chamado Musō hayashizaki-ryū. Pode-se traduzir Musō shinden como uma escola “transmitida em sonho por divindade.”ou “inspirada por sonho divino.”ou“transmitida por visão divina.” Hakudo Nakayama, devido a sua diversificada experi- ência em técnicas de esgrima, seu estilo, inicialmente, Suio Ryu ostentou um desorientador arranjo de técnicas. Então ele desenvolveu um currículo estruturado dividido em Suiō-ryū O suiō-ryū iai kenpō (em japonês: ⽔鷗流 shoden (curso primário), chuden (curso intermediário) e 居合剣法) foi fundado por Mima Yoichizaemon Kage- okuden* (curso superior) e nakayma-sensei franqueou as 162 CAPÍTULO 29. IAIDO

• Risshin (Tatsumi)-ryū ⽴⾝流

• Seigō-ryū 制剛流

• Shinkage-ryū 新影流

• Shinmusō Hayashizaki-ryū 神夢想林崎流

• Suihasu-ryū ⽔蓮流

Organizações

Cada estilo possui sua própria organização. No Japão existe a Nihon Kyokai, que congraga os pratican- tes dos etilos clássicos não só de iaidô, mas do kobudô em geral. A Nihon Kobudō Kyokai tem também o objetivo de validar os dados históricos dos estilos, certificando ou não a linhagem das escolas em questão. No Brasil existem diversos membros da Nihon Kobudō Kyokai associados à Confederação Brasileira de Kobudô. São membros do estilo suiō-ryū. Na Confederação Brasileira de Kobudo (CBKob), são ensinados estilos tradicionais (principalmente Suiō-ryū, Musō shinden-ryū, tenshin Katori shintō-ryū e sekiguchi- técnicas a todas as pessoas interessadas. (antes só pessoas ryū). altamente recomendadas poderiam estudar seu estilo). Estilos tradicionais também são ensinados na Sociedade Ela se divide em três níveis: Brasileira de Bugei (SBB) e no Aizen Dojo. A Nihon Kobudō Kyokai não reconhece alguns esti- • Shoden (básico)- Ômori-ryū - com 12 Katas los como koryū, embora sejam amplamente praticados. Dentre esses estilos destacam-se shintō-ryū ensinado no • Chuden (intermediário) - Hasegawa Eishin-ryū - Dojo Shokakukan e o kaze no-ryū ensinado na SBB. com 10 Katas Dentro dos Dojos filiados à CBK também é amplamente • Okuden (avançado), este subdivide-se em: estimulado o estudo de iaidō koryū, havendo a prática de estilos variados, considerando inclusive a obrigatoriedade • Tate Hiza no Bu com 8 formas da demonstração de ao menos dois Katas de koryū nos • Tachi no Bu com 10 formas exames de graduação. • Seiza No Bu 3 formas. Na América do Sul há grupos conhecidos na Argentina, Brasil e Chile. Entre os estilos praticados se destacam No Brasil um dos grandes conhecedores desse estilo é o Seitei iai, suiō-ryū, sekiguchi-ryū, tenshin shōden Katori Sensei Toshihiko Tsutsumi, que treinou com alunos di- shintō-ryū, Musō shinden-ryū e Musō jikiden eishin-ryū. retos de Nakayama Hakudō. Outro expoente importante é Jorge Kishikawa, discípulo direto de Kaminoda Tsune- mori (8° Dan Hanshi Iaidô),*[12]. Graduações

A graduação nos koryū varia muito dependendo do estilo. Outros koryū Cada estilo possui um currículo diferente de técnicas e a graduação representa o grau de conhecimento das técni- • Tamiya-ryū ⽥宮流 cas. • Hōki-ryū 伯耆流 Antes disto, a maioria das escolas de artes japonesas tra- dicionais utilizavam o complicado sistema Menkyo como • Kageyama-ryū 影⼭流 uma forma de licenciar os estudantes aos níveis técnicos de habilidades particulares. • Kanshin-ryū 貫⼼流 O estudo técnico é comumente dividido em quatro den: • Mugai-ryū 無外流 • Rikishin-ryū ⼒信流 • Shoden 初伝 – Ensinamentos Prelimilares. 29.6. ASPECTO FILOSÓFICO 163

• Chuden 中伝 – Ensinamentos Intermediários (tí- no kendō. O rigor na repetição dos movimentos do kata tulo: Shidoshi). não deixa também espaço para adaptações em resposta às ações de um adversário real. • Okuden 奥伝 – Tradição Oral de Mestre para Dis- cípulo (título: Shiran). Além do estudo das técnicas, existe também o aspécto filosófico que envolve cada um dos diversos estilos de • Hiden – Ensinamentos Secretos. iaidô, influenciando inclusive na forma como as técnicas são executadas. Um praticante de um estilo tradicional Os certificados de graduação técnica costumam ser: (koryū) deve conhecer tais influências. Como uma arte marcial contextualizada no mundo atual, • Meikyo – Após ser aprovado no Shoden. é muito fácil enxergar, superficialmente, o iaidō e outras • Kaiden – Após comprovado conhecimento místico formas de esgrima como extemporâneas, simplesmente e superior. Título raro, que significa“Igual ao Mes- por não ser usual nem esperado que alguém saia pelas tre”. Esse termo é muitas vezes utilizado em vez ruas portando uma espada. de“Menkyo-Kaiden”, espécie de certificado conce- O que deve ser notado no entanto é o que está por baixo dido pelo Mestre no qual declara por escrito ter“en- dessa observação superficial. O que deve ser observado sinado todo seu saber ao portador”. Raramente um é o modo como o praticante deve se portar para evitar Mestre concedia um Kaiden, por vezes um ou dois conflitos. Isso foi explicado milênios atrás por Sun Tsu em toda sua vida. Por outro lado, sem um Menhyo- em sua obra A Arte da Guerra e, posteriormente, por Kaiden de seu precedente mestre, era impensável muitos estrategistas. O praticante que treina com dedi- ao discípulo ser aceito por outro Mestre de igual ou cação e correção e com a orientação de um Sensei, de- maior valor. senvolve a habilidade de reconhecer situações difíceis e de como evitá-las antes que se tornem problemas de fato. • Meikyo Kaiden – após comprovado maestria e do- Mesmo sendo inevitáveis ele aprende a enfrentá-los antes mínio. que atinjam grandes proporções. Mesmo algumas sendo inevitáveis, o praticante aprende a manter um estado de Nos estilos antigos (koryū) são em forma de makimono espírito e postura corporal e mental, que não oferece, ao (pergaminhos), onde a graduação máxima se completa adversário, oportunidade de agredi-lo. Essa é a essência com o Menkyo e Menkyo Kaiden. Não há dan ou kyu e do iaidô, do kendô e de outras artes-marciais que não se dependem exclusivamente do mestre Shihan, responsável transformaram simplesmente em esportes comerciais. pelo estilo. O kanji 'I' também pode ser lido como 'itte' e 'ai' como Embora seja incomum, algumas escolas adotam o sistema 'awasu' na frase 'Tsune ni itte kyu ni awasu' que signi- de graduações modernas (“kyu”e “dan”). Existem fica: seja onde e o que estiver fazendo, sempre esteja pre- estilos que possuem as duas formas de graduações coe- parado. Como preparado entende-se não só estar alerta, xistindo. mas também ter treinado rigorosamente para que, se ne- cessário, uma técnica decisiva possa ser utilizada para ter- minar um conflito. Golpes com uma katana normalmente 29.6 Aspecto filosófico são cabais, mas esse não é o ponto. No mundo dos negó- cios a pessoa deve estar preparada e agir decisivamente A espada no iaidō é um instrumento espiritual, sem di- quando necessário. Será que a pessoa está preparada, tem mensão material. As horas de treinamento dedicadas a autoconfiança necessária? para que se possa atingir o domínio da técnica são horas Quando um amigo desaponta uma pessoa, ela consegue em que o praticante entra em contato com seu eu interior lidar bem com esse tipo de situação, entendendo comple- (espírito). tamente as implicações e as conseqüências de suas ações? O iaidō é uma mistura única de ética Confucionista, de Ao cruzar uma rua e um carro aparecer como do nada métodos introspectivos do Zen-budismo e da filosofia ou algo cai sob sua cabeça enquanto está caminhando, Taoísta, tudo isso temperado pelo rigor do bushido. O Iai seu corpo se encontra suficientemente equilibrado e sua proporciona um estado mental focado e sereno ao prati- mente suficientemente clara para lidar com esse tipo de cante, podendo ser entendido como uma disciplina medi- situação e se colocar em segurança? Todos esses são tativa. exemplos práticos da aplicação do iaidô no mundo mo- derno. Como uma arte marcial pode ser efetiva quando é prati- cada somente com o uso de katas contra oponentes imagi- A prática do iaidō é educativa tanto para jovens estudan- nários? Essa questão é mais profunda e difícil de respon- tes, como para executivos, gerentes e empresários, em re- der do que pode parecer inicialmente. O problema co- para todo aquele que precisa e quer aprimoramento meça na definição de 'efetiva' e que efeito se deseja obter. nos principais valores humanos e de cidadania. Claro que nos katas não existe oportunidade de compro- vação da técnica do praticante em combate, como existe 164 CAPÍTULO 29. IAIDO

29.7 Na ficção [8] ⽔鴎流本部碧雲舘道場 (Site oficial do Suio Ryu - Do- jos) (html) (em Japonês). "" 南代表代表ジージ 川古場所ンロ、リ、(現在ヶ • O suiō-ryū é o estilo utilizado pelo personagem do 所)⽣ 800 名" Tradução Livre: Brasil: Represen- filme e mangá Lobo solitário. tante Jorge Kishikawa 35 Lugares de treino, 800 alunos"

• Aldebaran de Touro, personagem da série de anime [9] (Japonês) Revista Kendo Nippon, Set/2007: Páginas 62- e mangá conhecida como Saint Seiya, tem uma pos- 65 "" 武の道 - 歩む歓び"; Ikeda Kiyonori tura onde seus ataques são movidos pelas técnicas [10] Training (Site oficial do Hyoho Niten Ichi Ryu) (html) (em do iaidō. Japonês).

• [11] O Livro dos Cinco Anéis, Gorin no Sho, Editora Conrad, Jin, personagem da série Samurai Champloo tem 1ª Edição de Dezembro de 2006: Páginas 10-13,166-167, duas espadas, uma katana e um wakizashi. Suas téc- Miyamoto Musashi, com Apresentação do Shihan Gosho nicas usadas com katana são do iaidō. Motoharu, Introdução e Revisão Técnica do Sensei Jorge Kishikawa • Kenshin Himura de Samurai X era conhecido como [12] Instituto Niten. Sensei Kaminoda Tsunemori (html) (em battousai (mestre do desembanhar da espada). Português). "Kaminoda Tsunemori"

• O estilo hiten mitsurugi-ryū (⾶ 天 御 剣 流), que aparece no mangá e no anime Rurouni Kenshin ou 29.9 Ligações externas Samurai X é um estilo totalmente fictício. Ape- sar disto, o personagem principal (Kenshin Himura) • Origem e aspectos do Iaidô - Associação Portuguesa é baseado vagamente em um personagem histórico, de Kendô Kawakami Gensai, o qual, acredita-se, praticava o estilo sekiguchi-ryū. • Artigo sobre a origem e aspectos técnicos do Iai

• Vergil, o irmão do protagonista do jogo Devil May Cry, Dante, luta usando uma kataná e sua bainha em movimentos semelhantes aos do Iaido, repetindo muitas vezes o battou e o Nuki-uchi, no jogo Devil May Cry 3.

• Kagero Sai, da série de anime e mangá Shijou Saikyou no Deshi Kenichi, é mestre em Iaidō.

29.8 Referências

[1] Nakamura, Taizaburo; Guy H. Power & Takako Funaya. Thoughts on Iaido (html) (em Inglês). "“The correct name for iai-do is“batto-do”. In the (1392- 1572) the term“batto-jutsu”was used; it was only from the middle of the (1730s) that“iai-jutsu”began to be used. The correct naming of iaido is a separate issue to be addressed; I earnestly desire the adoption of either“iai batto-do”or “batto-do”as the official name”"

[2] (Japonês) Revista Kendo Nippon: Páginas 83,84, jul/2004 “Iaido Dojo"]

[3] FIK. Sobre a FIK (html) (em inglês).

[4] FIK. FIK na GAISF (html) (em inglês).

[5] Ministério do Esporte. Entidades do Desporto (html) (em português).

[6] CBK. Academias Filiadas na CBK (html) (em português).

[7] Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu (html) (em Portugues). Capítulo 30

Naguinata-do

A naguinata (⻑⼑・薙⼑) é essencialmente uma lâmina japonesa montada em uma haste longa. Ela se assemelha a uma alabarda européia mas somente com uma lâmina curva e de um gume montada em sua extremidade. O naguinatajutsu 薙⼑術 refere-se aos estilos clássicas (Koryu) que contém esta arma em seu currículo. Atarashii Naguinata あたらしいなぎなた (lit.“nova naguinata”) é o nome de uma arte marcial japonesa mo- derna (Gendai Budo) que emprega em sua prática a arma de mesmo nome, modelada a partir de tradições clássicas que ensinam Naginatajutsu.

30.1 Histórico

As origens da Naguinata remontam ao Período Heian (794 d.c à 1185 d.c). A naguinata foi uma arma muito usada pelos Sôhei 僧兵, os monges guerreiros*[1]*[2], e os Yamabushi ⼭伏*[3], os monges da montanha. Sua popularidade deu-se por volta do ano 1000 d.c.. Nos séculos seguintes a Naguinata sua popularidade passou por altos e baixos, conforme as táticas usadas em batalha iam evoluindo. De qualquer forma, a importância da naguinata para os samurais pode ser atestada pela quantidade relativamente grande de estilos de bujutsu que a incorporaram em seu currículo, para citar alguns: Suio Ryu, Katori Shinto Ryu, Samurai empunhando uma Naguinata Tendo Ryu, Toda-ha Buko ryu e o Yoshin ryu. Posteriormente seu uso foi disseminado pelas mulheres japonesas de família Samurai, como uma arma que po- deria ser usada na proteção de seus lares em período de guerra. Com o final da era dos Samurais e a Restauração Meiji em 1868 o Japão foi modernizado e muitas das antigas nata: Atarashi Naguinata (Naguinata nova) e Naguinata práticas caíram em desuso. No Período Showa a Na- Koryu (Naguinata clássica). guinata passou a fazer parte do currículo escolar de edu- * Apesar das diferenças existentes, as duas maneiras de se cação física para as meninas [4]. A prática nesta época praticar a Naguinata compartilham muitas coisas em co- 薙⼑道 “ denominava-se Naguinata-do (lit. caminho da mum. Em ambas a prática é sistematizada de acordo com ” naguinata ). uma tradição de golpes, cortes e movimentos da esquerda Após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial a e da direita em várias direções, promovendo um treina- prática foi remodelada, surgindo duas práticas da Nagui- mento com enfase na forma e beleza do movimento.

165 166 CAPÍTULO 30. NAGUINATA-DO

com os monges sohei durante o Musha shugyo *[6] (pere- grinação guerreira) que fez na primeira parte de sua vida. Os katas de Naguinata são divididos em três conjuntos: Naguinata contra espada, Naguinata contra Naguinata e formas solo em que são praticadas técnicas usadas em campos de batalha para abater cavalos.

30.2.3 Outras tradições

Outras importantes tradições que ensinam Naguinata são: *[7].

• Tendo Ryu Naguinata-jutsu • Jiki-shinkage Ryu Naguinata-jutsu • Toda-ha Buko Ryu Naguinata-jutsu • Higo Koryu Naguinata-jutsu • Yoshin Ryu Naguinata-jutsu

30.3 Atarashi Naguinata

Ishi-jo, esposa do samurai Oboshi Yoshio - quadro de Kuniyoshi 30.3.1 A prática - 1848. As primeiras associações para a prática do Atarashi Na- 30.2 Naguinata Koryu guinata formaram-se a partir de 1950, congregando mais de 15 estilos diferentes. A Naguinata é encontrada como parte do currículum de Em 1953 foi instituída a ZEN NIPPON NAGINATA diversos estilos de Kobudô. A prática e sistema de gra- RENMEI - Confederação Japonesa de Naguinata, que re- duação varia de estilo para estilo, assim como o uso ou gulamentou o estilo oficial dessa arte, reunindo as técni- não de protetores para a prática de combate. cas dos diversos estilos existentes, principalmente Tendô Alguns dos estilos mais comuns conhecidos que incorpo- Ryu e Jiki Shinkague Ryu. ram a naguinata em seu currículo são: A Atarashi Naginata, passou a ser escrito, em japonês, utilizando os caracteres hiragana, ao invés do Kanji*[8]. 30.2.1 Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu O Atarashi Naguinata possui atualmente mais de 80 mil praticantes no Japão e diversos países do ocidente. O Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu é o estilo mais an- Atualmente, a regulamentação da Atarashi Naguinata é tigo de Koryu*[5], e única tradição do Japão reconhecida realizada mundialmente pela Federação Internacional de como Bunkasai, ou tesouro cultural japonês. As caracte- Naguinata - INF. A INF foi criada em 1990, congregando rísticas desta escola são técnicas dinâmicas e katas lon- vários países e está divida em três seções : Japão, Europa gos, com movimentos como saltos, giros com o corpo e e Américas. cortes ascendentes e descendentes usados em alternância. No Japão a Atarashi Naguinata é regido pela All Japan O Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu possui sete katas Naginata Federation, representada no Brasil pela Associ- com naguinata, divididos em dois conjuntos. ação de Naguinata do Brasil.

30.2.2 Suio Ryu 30.3.2 Equipamento

O Suio Ryu Iai Kenpo é um dos estilos mais comple- A Naguinata verdadeira, de lâmina de aço e com gume, tos, tendo em seu currículo diversas armas. A Nagui- somente é usada em demonstrações, salvo raras exceções. nata ocupa um importante destaque , tendo sido incorpo- Adequadas ao treino há 2 tipos de Naguinata, a 1ª tem no rada pelo próprio fundador do estilo, Mima Yochizaemon lugar da lâmina duas tiras de bambu curvas e bem flexí- Kagenobu(1577-1665), que aprendeu a utilizar esta arma veis que possibilitam a absorção do impacto sendo usadas 30.4. NAGUINATA NO BRASIL 167

nos treinos de contato e campeonatos e inclusive na prá- • Aprender e preservar a cultura tradicional japonesa tica de formas pré-ordenadas básicas (Shikake-Ôji), a 2ª • é inteiriça em madeira, própria para o treino de formas Cultivar a mente pré-ordenadas avançadas (Kata). • Desenvolver o espírito e o corpo Os praticantes de Atarashi Naguinata vestem-se com pro- • tetores durante os treinos de contato e nos campeonatos. Promover a paz e prosperidade entre as pessoas O Bogu, como é chamado esta vestimenta de proteção, compreende protetores da cabeça (e garganta) (Men), dos punhos (Kote), do tronco (Do) e das canelas/tíbia 30.3.4 Graduações (Suneate). Somente é permitido os golpes direcionados nestes pontos protegidos. Mudansha (sem dan): Em comparação ao Kendo o Men possui abas laterais • 6º Kyu = Rokkyu mais curtas, o Kote possui articulação para o dedo indi- cador, possibilitando assim o melhor manuseio da arma e • 5º Kyu = Gokyu por fim o uso do Suneate que não é usado no Kendo*[9]. • 4º Kyu = Yonkyu • Sune - International Budo University, Japão. • 3º Kyu = Sankyu • Sune - International Budo University, Japão. • 2º Kyu = Nikyu • Furikaeshi - International Budo University, Japão. • 1º Kyu = Ikkyu

30.3.3 Aspecto filosófico Yudansha (com dan):

• 1º Dan = Shodan

• 2º Dan = Nidan

• 3º Dan = Sandan

• 4º Dan = Yondan

• 5º Dan = Godan

Shogo - títulos de instrução, obtidos após o 5º dan:

• Renshi

• Kyoshi Naginata Kata - International Budo University, Japão. • Hanshi A Federação Japonesa de Naguinata tem atuado com o seguinte conceito e princípio: Requisitos para exame:

• Promover a harmonia entre a mente e o corpo atra- • 1º Kyu - nenhum vés do treinamento. • 1º Dan - deve possuir 1º Kyu

De acordo com a Federação Japonesa de Naguinata, atra- • 2º Dan - permanência na graduação anterior por 1 vés da orientação correta da Atarashi Naguinata procura- ano se o aperfeiçoamento da técnica, cultivar o espírito, au- mentar a vitalidade e também : • 3º Dan - permanência na graduação anterior por 2 anos • Treinar corretamente dentro dos princípios do Na- • guinata 4º Dan - permanência na graduação anterior por 3 anos • Respeitar a disciplina • 5º Dan - permanência na graduação anterior por 3 • Respeitar a etiqueta e cooperar com os outros anos 168 CAPÍTULO 30. NAGUINATA-DO

forma oficial nos eventos da INF. Assim em 1993 o Brasil esteve no 3º Torneio Internacional da Amizade realizado em - EUA e no 1º Campeonato Mundial em Tóquio - Japão. Em 1995 esteve no Seminário e Torneio em Yamagata - Japão. Presente no 2º Campeonato Mun- dial em Paris - França e em 1996 o Brasil teve a grande honra de sediar o 4º Torneio Internacional da Amizade. Atualmente no Brasil existem duas professoras autoriza- das pela INF a lecionar a arte do Atarashi Naguinata: Ya- sue Morita Sensei e Keiko Abe Sensei, ambas com gradu- ação de 3º Dan e têm mantido um grupo de treinamento através da ANB em São Paulo. Responsáveis pela di- 5° Torneio Brasileiro por equipes de Kobudo - CBKob. vulgação dessa arte marcial e pela orientação às pessoas interessadas em aprendê-la, de acordo com os princípios da Atarashi Naguinata e regras da INF. No Rio de Janeiro 30.4 Naguinata no Brasil há um grupo de estudo supervisionado pela ANB. No ano de 2007 ocorreu o 4º Campeonato Mundial de 30.4.1 Naguinata Koryu Naguinata, na Bélgica, onde o Brasil foi representado por uma equipe da Associação de Naguinata do Brasil. No Brasil, o Naguinatajutsu dos estilos Suio Ryu e Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu *[10] é praticado den- tro da Confederação Brasileira de Kobudo (CBKOb). 30.5 Referências O ensino dentro da CBKob é feito por seu presidente, Sensei Jorge Kishikawa, outros professores ligados a ele, São filiados à Nihon Kobudo Kyokai (sede em Toquio, [1] Instituto Niten. A História da Naguinata (html) (em por- tuguês). "“A menção mais antiga aparece no Kojiki, o Japão)- NKK - e autorizados a lecionar a arte da Nagui- mais antigo relato do Japão e em pinturas de batalha de nata do Suio ryu pelo Soke (grão-mestre) Yoshimitsu Kat- Tengyo no ran, em 980 d.c. Muitos destes relatos anterio- * suse [11]. res da naguinata associam o uso da naguinata com monges A prática dentro da CBKob abrange ainda shiai (luta) uti- Sohei”" lizando bogu equipado com sune (proteção da tíbia). São realizados combates entre duas (Categoria Na- [2] Federação Japonesa de Naguinata. What's Naguinata (html) (em inglês). "“It was in 1086, in the book enti- ginata) e entre Naginatas e espadas (Categoria Kobudô tles Oushu Gosannenki (A Diary of Three Years in Oushu) Ishu Jiai). Nesta prática as regras e técnicas empregadas that the use of the naginata, in , is first recorded”" diferem das do Atarashi Naginata. [3] Associação de Naguinata do Brasil. História (html) (em português). "“Os monges guerreiros, os Yama-Bushi, fo- 30.4.2 Atarashi Naguinata ram os primeiros a utilizar essa arma no Japão, a fim de assegurar a proteção dos santuários contra os bandidos.” " A Atarashi Naguinata é uma arte marcial praticamente desconhecida no Brasil. Esta arte foi praticada na colônia [4] Federação Japonesa de Naguinata. What's Naginata japonesa durante o período pré-Segunda Guerra Mun- (html) (em inglês). "“During the Showa period naginata dial, mas praticamente não há registros sobre ela. A pro- became a part of the public school system.”" fessora mais destacada da época foi Shizu Furumoto sen- sei. [5] Instituto Niten. Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu - A tradição guerreira do Katori Jinguu (html) (em portu- O grupo atual de praticantes iniciou suas atividades há guês). "“Foi fundado por Choisai Ienao, um samurai da pouco mais de 15 anos, quando a professora Hatsue Ta- província de Chiba em 1447, o que faz deste o primeiro kahashi veio do Japão em 1987 e fez demonstrações em estilo de combate criado no Japão. "" São Paulo, formando o primeiro grupo de praticantes dessa arte marcial. Este pequeno grupo foi aos poucos au- [6] Instituto Niten. Suio ryu Iai Kenpo (html) (em português). mentando, contando com a orientação da mesma profes- “" Partiu então para um Musasha Shugyo, jornada de apri- sora Takahashi, que esporadicamente vinha para o Brasil. moramento pelo Japão. Durante este período praticou com diversos mestres para aperfeiçoar sua técnica, dentre eles Em 1993 foi criada a Associação de Naguinata do Bra- dDestaca-se o treinamento com a Naguinata (alabarda) sil - ANB, que congrega praticantes e simpatizantes da com os monges guerreiros do monte Hiei”" Atarashi Naguinata, cuja filiação à Federação Internaci- onal de Naguinata - INF, foi aprovada e aceita como seu [7] Instituto Niten. A História da Naguinata (html) (em por- 8º membro. Isso possibilitou a participação do Brasil, de tuguês). "“Estilos de Kobudo que ensinam Naguinata”" 30.6. LIGAÇÕES EXTERNAS 169

[8] Ellis Amdur. Women Warriors of Japan - The Role of the Arms-Bearing Women in Japanese History - Part 5 (html) (em inglês). "“After a eight years, however, these bans were lifted and the first All Japan Kendo Renmei (Fede- ration) Tournament was held in 1953. At a meeting held afterwards, Sakakida and several of the leading naginata instructors of Tendo-ryu and Jikishin Kage-ryu made plans for the institution of a similar All Japan Naginata-do Ren- mei. It was decided to adopt the Mombusho kata as the standard form of the federation, with only a few minor changes. They also decided to eliminate the writing of na- ginata in characters (long blade) and (mowing blade) and, to indicate their break with the past, spell it in the syllabary whose letters have only sound values. This martial sport has come to be called atarashii naginata (new naginata).” "

[9] Associação de Naguinata do Brasil. Equipamento (html) (em português).

[10] Confederação Brasileira de Kobudô. Histórico da Confe- deração (html) (em Portugês).

[11] ⽔鴎流本部碧雲舘道場 (Site oficial do Suio Ryu - Do- jos) (html) (em Japonês). "" 南代表代表ジージ 川古場所ンロ、リ、(現在ヶ 所)⽣ 800 名" Tradução Livre: Brasil: Represen- tante Jorge Kishikawa 35 Lugares de treino, 800 alunos"

30.6 Ligações externas

• A História da Naguinata

• Associação de Naguinata do Brasil - ANB • Federação Internacional de Naguinata - INF

• (em inglês) What´s Naginata? • 4º Campeonato Mundial de Naguinata Capítulo 31

Kyudo

Kyudo (em japonês: ⼸道; lit. o caminho do arco), é a No entanto é só após a segunda guerra mundial, e com arte marcial japonesa do tiro com arco. Apesar da sua a formação da Federação Japonesa de Kyudo, que o ob- actual forma ter evoluído, ao longo das últimas décadas, jectivo de unificar e normalizar os procedimentos do tiro para uma unificação, trata-se da mais antiga arte marcial oriundos das diversas escolas é atingido e aceite no Ja- japonesa, com as primeiras referências históricas a data- pão, permitindo o desenvolvimento do kyudo no mundo e rem do século VII da nossa era. estabelecer uma prática comum onde diferentes formas e estilos possam coexistir e atirar em conjunto. Como con- sequência é publicado em 1953 o Manual de Kyudo (com 31.1 Propósitos do kyudo 4 volumes actualmente), que será revisto e ampliado em 1971 e do qual existe, para o volume 1, uma tradução ofi- cial em inglês e uma adaptação em francês. Este manual Na sua forma actual, o kyudo é práticado como uma é uma fonte e uma referência para todos os praticantes de forma de desenvolvimento da pessoa em sentido integral, kyudo qualquer que seja o seu nível. A Associação Por- através do corpo nos seus componentes físicos e mentais. tuguesa de Kyudo*[1] (APK) possui uma tradução (não No Japão muitos arqueiros praticam o kyudo com uma editada) do volume 1. vertente de desporto. Segundo o Manual de Kyudo da Fe- deração Japonesa de Kyudo (ANKF), a verdade do kyudo A síntese e unificação das diversas formas de tiro pela está na unidade de três princípios, (1) a estabilidade do ANKF fez-se em paralelo com as escolas tradicionais. As corpo, (2) a estabilidade da mente e (3) a estabilidade do tradições de tiro antigas são ainda mantidas e transmitidas arco. Dedicar-se e concentrar-se completamente no tiro em paralelo com o desenvolvimento do kyudo pela ANKF. é, então, um objetivo que está para além do mero acertar Cada escola pratica o kyudo através da coexistência das o alvo. suas formas com as da ANKF. Alguns núcleos e escolas no Japão mantêm-se à margem da ANKF, evitando por exemplo o uso das graduações em 31.2 História do kyudo Dan, e mantendo estritamente as suas formas tradicionais de tiro. O arco foi uma arma de guerra sobretudo entre os séculos O arco japonês tem um significado cultural amplo no Ja- XII e XVI. Para além disso, o tiro foi também, e desde os pão. A sua utilização não se limita ao kyudo, sendo uti- século VI, utilizado em cerimónias de corte. Como arma lizado no tiro a cavalo () e em cerimónias reli- foi perdendo importância após a introdução das armas de giosas (shintoísmo sobretudo), nas actividades diárias de fogo pelos portugueses no século XVI. As escolas de tiro alguns mosteiros zen em cerimónias diversas como bap- com arco, então existentes, evoluem para formas de tiro tizados e aberturas de torneios de sumô. onde a ênfase é colocada tanto nos aspectos técnicos e físicos quanto nos aspectos mentais e formais do tiro. A palavra kyudo começa a utilizar-se ao longo do século 31.3 Kyudo no mundo XVII, a par da designação corrente que ainda hoje sub-

siste de kyujutsu; é a partir do início do século XX que a * designação de kyudo se generaliza. A ANKF [2] (Federação Japonesa de Kyudo) foi, de 1953 até 2009, o órgão que regulava a prática do kyudo A partir de 1930 surgiram os primeiros esforços para uni- em todo o mundo. ficar a prática do kyudo, uma vez que existência de várias * escolas, cada uma com várias técnicas e formas de tiro, Em 30 de fevereiro de 2009 foi fundada IKYF [3] (Fede- dificultava a prática conjunta. É em 1934 que surge o ração Internacional de Kyudo), que atualmente é a enti- primeiro manual de kyudo que propõe um conjunto de dade responsável mundialmente pela prática do kyudo. princípios comuns. Os países filiados à IKYF*[4] são Japão, , Bél-

170 31.5. TREINO E PRÁTICA 171 gica, Canadá, Finlândia, França, Alemanha, Islândia, Itá- das flechas actualmente ainda são feitas de bambu (ape- lia, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, sar de muitos kyudokas utilizarem as de alumínio ou fi- Suécia, Suiça, Inglaterra, Estados Unidos. O número de bra de carbono), e as penas actualmente são de aves que praticantes registados no mundo em 2005 era aproxima- não correm perigo de extinção, como perus. Os arqueiros damente o seguinte: Japão - 110.000, Europa - 2.200 e normalmente atiram duas flechas de cada vez, (a primeira América - 2.500. chama-se haya, a segunda otoya). Também são reconhecidos pequenos núcleos em alguns países que praticam o kyudo e são reconhecidos pela ANKF: Argentina, Brasil, Dinamarca, Hungria, Letônia, 31.4.3 Luva Lituânia, México, Nova Zelândia, Polônia, Russia, Tai- No tiro utiliza-se uma luva na mão direita chamada yu- lândia e Ucrânia. gake, ou seja luva (kake) do arco (). Esta luva é feita de pele de gamo ou veado, e possui um revestimento en- 31.3.1 Kyudo no Brasil durecido na região do polegar, além de um pequeno en- caixe na sua base para que a corda do arco (tsuru) seja Em 2008, foi criada a Associação Brasileira de Kyudô - mais facilmente puxada. Existem diversos tipos de luvas BKK (ブラジル⼸道会)*[5], no Rio de Janeiro. Em- consoante o número de dedos que têm. A luva de três bora ainda não seja oficialmente filiada à IKYF, a BKK dedos (polegar, indicador e médio) designa-se por mitsu- já é reconhecida no site desta, encontrando-se sob orien- gake. A luva de quatro dedos (polegar, indicador, mé- tação da Federação de Kyudô dos EUA (AKR) e sendo, dio e anelar) chama-se yotsugake. A luva de cinco dedos desta maneira, a entidade representativa oficial do Kyudô designa-se por morogake sendo a menos comum. no Brasil. Existem grupos filiados e que recebem orienta- ção da BKK no Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Porto Alegre entre outras localidades. 31.5 Treino e prática

A prática do kyudo para um principiante inicia-se com 31.4 Equipamento os primeiros treinos em que os movimentos básicos do tiro (hassetsu) são apreendidos de mãos vazias, sem arco. 31.4.1 Arco Após 2-3 treinos o praticante inicia os movimentos com uma fisga ou elástico. Depois os mesmos movimentos são repetidos já com o arco, mas sem flechas. De seguida o praticante será levado para o primeiro tiro em frente de um alvo de palha (makiwara) situado a curta distância (+/- 2 metros) onde disparará as suas primeiras flechas já Yumi (arco de Kyudô) com a luva na mão direita. Depois durante dois ou três treinos passará a disparar ao alvo, primeiro a curta dis- O arco japonês (yumi) é excepcionalmente longo (cerca tância (5-6 metros), depois a meia distância (14 metros) de 2,20 m), ultrapassando a altura do próprio arqueiro depois a 20 metros e finalmente à distância normal do (kyudoka). Os arcos são tradicionalmente feitos de alvo, que é de 28 metros. Entre o início da aprendiza- bambu, madeira e couro utilizando técnicas que não mu- gem e o primeiro tiro ao alvo a 28 metros poderão passar daram em séculos, apesar de alguns kyudokas (principal- entre 1 a 3 meses, dependendo do número de treinos por mente os novos na arte) utilizarem arcos feitos de mate- semana e do praticante. riais sintéticos (fibra de vidro e carbono). Actualmente, mesmo alguns kyudokas veteranos utilizam arcos destes A par desta aprendizagem da técnica do tiro, o praticante materiais, dada a grande vulnerabilidade do bambu em inicia-se também desde o início nos movimentos formais, climas extremos. uma vez que os movimentos e deslocações na zona do tiro são feitos segundo um conjunto de princípios estabeleci- dos: a entrada na zona de tiro, a saudação, a aproxima- 31.4.2 Flecha ção à linha de tiro, o ajoelhar para preparação das flechas o levantar para o tiro, a sequência do tiro e a saída. A postura e a forma do corpo ao longo de todas as fases e movimentos é um aspecto essencial na prática do tiro. Uma sessão de treinos depende do contexto em que se realiza, do tempo disponível e do número de pratican- Ya (flecha de Kyudô) tes envolvidos; sendo derivado não só, mas também, de antigas práticas guerreiras, a imprevisibilidade e capaci- A flecha (ya) é tradicionalmente feita de bambu, e era dade de adaptação são parte essencial do kyudo. Tipica- adornada com penas de águia ou de falcão. A maioria mente inicia-se um treino com alguns movimentos breves 172 CAPÍTULO 31. KYUDO

de aquecimento e exercícios respiratórios. Depois segue- os atiradores atiram segundo uma seqüência em tempos se o tiro contra o alvo de palha (makiwara) a curta distân- determinados e com movimentos coordenados entre si. cia, podendo ainda ser antecedido pela prática dos movi- Também por isso os atiradores estão todos virados para mentos do hassetsu sem arco. No tiro ao makiwara, o ati- o mesmo lado. rador concentra-se sobretudo na postura e na técnica sem O abrir do arco deve ser efectuado através de um movi- a preocupação com o alvo. O treino de makiwara é fun- mento simultãneo dos braços direito e esquerdo que se damental para a evolução de qualquer atirador, qualquer inicia com ambas as mãos acima da altura da cabeça. Na que seja o seu nível e não apenas para os iniciados; no Ja- extensão máxima a corda e a mão direita ficam bem atrás pão muitas cerimónias públicas envolvendo ou não artes da cabeça. Apesar dos receios que a corda possa bater no marciais são inauguradas com um tiro de cerimónia ao rosto, é muito raro isso acontecer. makiwara executado pelo mestre de mais alta graduação presente. Após o tiro ao makiwara os praticantes passam Imediatamente após o tiro, o yumi irá (para um kyudoka então a atirar contra ao alvo à distância de 28 metros. O com prática) rodar na mão, fazendo com que a corda do tamanho do alvo é normalmente 36 cm de diâmetro (ou arco pare na frente do antebraço externo. Este movi- 12 sun, uma unidade de medida tradicional do Japão que mento, o yugaeri é uma combinação de técnica e da mo- equivale a cerca de 3,03 cm), e ficam a uma distância de vimentação natural do arco. É único no kyudo. 28 metros do kyudoka. Esta distância do alvo e a sua po- Os movimentos executados durante o tiro seguem a se- sição baixa, a 15 cm do chão, é aquela que permite que o guinte seqüência, designada hassetsu, conforme pres- atirador permaneça numa postura vertical correcta com o crito pela Federação Japonesa de Kyudo - All Nippon corpo firme e em extensão em todas as direcções (baixo- Kyudo Federation (ANKF) no Kyudo Kyohon (Manual de cima, direita-esquerda e frente-trás). Kyudo):

• Ashibumi - Abertura dos pés; 31.6 Técnica • Dozukuri - Postura do corpo;

• Yugamae - Preparação do arco (para o tiro);

• Uchiokoshi - Elevar o arco;

• Hikiwake - Abertura do arco;

• Kai - Encontro (a posição de extensão máxima);

• Hanare - Disparar da flecha;

• Zanshin - Permanência da forma.

31.7 Graduações

O sistema de graduações baseia-se na atribuição de graus que vão de 1º dan a 10º dan. Abaixo de 1º dan poderão ser atribuídos os graus de kyu que vão de 5º a 1º. No kyudo não é utilizado o sistema de cintos coloridos para distinguir os graduados. As graduações em todo o mundo são apenas atribuídas pela ANKF através da realização de estágios que podem ocorrer no Japão; na Europa e nos EUA ocorre um estágio anual com mestres japoneses da ANKF com exames de atribuição de grau. O tiro efectua-se sempre com o arco na mão esquerda - yunde, a mão do arco - e a mão direita com luva segura a corda. Pode-se treinar individualmente, mas as diferen- 31.8 Escolas principais tes formas de tiro são sempre de tiros em grupo em que 31.12. LIGAÇÕES EXTERNAS 173

31.8.1 All Nippon Kyudo Federation 31.12 Ligações externas (ANKF) • European Kyudo Federation (em inglês) A Federação Japonesa de Kyudo é, desde 1953, o órgão • de cúpula do kyudo no Japão. American Kyudo Renmei (em inglês) • London Kyudo Society (em inglês) 31.8.2 Escolas tradicionais • Associação Brasileira de Kyudo - Burajiru Kyudo Kai (em português) Várias escolas tradicinais continuam a existir, mas desde • Associação Portuguesa de Kyudo a formação da ANKF algumas têm desaparecido. A ANKF tem vindo a unificar a prática do kyudo num con- • Grupo Google de praticantes de kyudo em Portugal junto de princípios comuns, embora admitindo ainda al- • gumas diferenças originárias das escolas principais. Grupo Yahoo de praticantes de kyudo no Brasil Escolas tradicionais • Sobre o kyudo - Bushido online • Tradução portuguesa do Manual da Federação Ja- • Ogasawara Ryu - origem no século XII ponesa de Kyudo

• Heki Ryu Chikurin-ha - com origem no século XV, ramo da escola Heki

• Heki Ryu Insai-ha - com origem no século XV, ramo da escola Heki

• Honda Ryu - origem no século XIX.

31.9 Bibliografia

• Morisawa, Jackson S. - O segredo de acertar o alvo. 10ª ed. São Paulo, Brasil. Editora Pensamento, 1997.

• Herrigel, Eugen - A arte cavalheiresca do arqueiro zen. 22ª ed. São Paulo, . Editora Pensamento- Cultrix, 2007.

31.10 Referências

[1] APK - Associação Portuguesa de Kyudo.

[2] ANKF - All Nippon Kyudo Federation.

[3] IKYF - International Kyudo Federation.

[4] Entidades Filiadas da IKYF.

[5] BKK - Associação Brasileira de Kyudô (em português).

31.11 Ver também

• Tiro com arco Capítulo 32

Koryū

Koryu (em japonês: 古流, koryū, lit. «estilo antigo» ou que o gendai budô teve uma ênfase bastante grande no «tradição antiga»), também referido como kobudo (古 desenvolvimento interior do praticante, apesar de ter sido 武道, kobudō*?), é uma denominação genérica aos es- largamente utilizado nas guerras Russo-Japonesa, Sino- tilos de artes marciais tradicionais japonesas, fundadas Japonesa e na Segunda Guerra Mundial. anteriormente à Restauração Meiji.*[1] Durante o Xogunato Tokugawa, existiam centenas de es- tilos, mas com a Restauração Meiji e a adoção de métodos 32.2 Atualidade de guerra ocidentais, ocorreu um declínio acentuado do chamado koryū.*[2] Nos dias atuais, não há muito sentido em falar que as artes Entretanto, vários estilos de koryû sobreviveram e são marciais classificadas como koryu possuem tanta impor- praticadas até hoje no Japão e em todo o mundo, tância prática como no Japão feudal. mantendo-se essencialmente as mesmas tradições e trei- Entretanto, existem três aspectos a serem considerados: nos de outrora. 1. As técnicas em si ainda mantém a sua letalidade, podendo em casos específi- 32.1 Koryu e gendai budô cos ainda serem utilizados; outros conhe- cimentos também podem ser adaptados para o mundo moderno; Gendai budô (現代武道*?) é o nome dado às artes mar- ciais pós Restauração Meiji, como o kendô, iaidô, aikido 2. As tradições seculares que estão presen- e judô.*[3] tes em tais artes são um patrimônio cul- tural a ser preservado; A principal diferença é a origem, tanto em termos da 3. O processo de ensinamento e desenvol- época da criação, quanto em termos de finalidade. Um vimento interior do praticante são fato- estilo de koryû era costumeiramente fundado em fun- res que devem ser percebidos, embora ção de lutas reais, onde o fundador sobrevivia a uma o caráter extremamente não-ortodoxo e luta de vida ou morte e, com base nas técnicas utilizadas pouco trivial do treinamento faça com na luta, desenvolvia o estilo. Posteriormente, adicionou- que poucas pessoas na atualidade estejam se influências mais filosóficas, com influência notável do realmente aptas a treinarem como era o confucionismo, taoísmo e o zen budismo. treino antigamente. Além disso, muitos koryû eram Sôgô bujutsu (総合武 術*?), compreendendo técnicas com diferentes armas (incluindo técnicas de luta corporal). A especialização 32.3 Algumas artes koryu dos estilos é um fenômeno relativamente recente, ocor- rendo há aproximadamente 400 anos, com o surgimento • 剣術 do Xogunato Tokugawa. kenjutsu , técnicas de esgrima Por outro lado, o gendai budô teve origens baseadas em • iaijutsu 居合術, técnicas de saque da espada diretrizes educacionais (caso do kendô, iaidô, kyûdô e • 鑓術 judô) ou foi fruto de experiências de caráter mais eso- sojutsu , técnicas de lança térico durante a prática de artes marciais (caso do ai- • ju-jutsu 柔術, técnicas de luta corpo-a-corpo. (Não quidô e do kyudô de Awa Kenzô). As artes classificadas confundir com o jiu-jitsu brasileiro) com gendai budô são todas provenientes de artes ditas koryû, mas foram reorganizadas de forma a atender os • naginatajutsu 薙⼑術, técnicas de naginata, a ala- seus respectivos propósitos. Deve-se ressaltar também barda japonesa

174 32.5. REFERÊNCIAS 175

• kyujutsu ⼸術, técnicas de arco e flecha • Ono-ha Ittô-ryu

• bojutsu 棒術, técnicas de bastão • Owari Kan-ryû

⼿裏剣術, técnicas de armas de arre- • Sekiguchi ryû messo • Sekiguchi Shinshin-ryû • bajutsu ⾺術, técnicas de equitação • Shindô Yôshin-ryû • jingaijutsu 陣⾙術, técnicas de sopro de conchas de batalha • Shingyôtô-ryû

• suijutsu ou suirenjutsu ⽔術, técnicas de natação • Shinkage-ryû

• jittejutsu, técnicas de jitte • Shinmusô Hayashizaki-ryû

• kusarigamajutsu, técnicas de kusarigama, uma arma • Shintô Musô-ryû composta de corrente e foice • Shojitsu Kenri Kataichi-ryû • 32.4 Alguns estilos de koryu Sôsuishitsu-ryû • Suio ryu • Araki-ryu • Takeda-ryu • Asayama Ichiden-ryû • Takenouchi Ryu • Daito-ryu • Tamiya-ryu • Higo Ko-ryû • Tatsumi-ryu • Hôki-ryû • Tendo-ryu • Hokushin Ittô-ryû • Tenjin Shin-yô-ryû • Hontai Yôshin-ryû • Tennen Rishin-ryû • Hôzôin-ryû • Tenshin Shôden Katori Shintô-ryu • Hyôhô Niten Ichi-ryû • Toda-ha Bukô-ryû • Ikkaku-ryû • Toyama-ryû • Isshin-ryu • • Kage-ryu Uchida-ryû • • Kashima Shinden Jikishinkage-ryû Yagyû Seigô-ryû • • Kashima Shin-ryû Yagyû Shingan-ryû • Kashima Shintô-ryû • Yagyû Shinkage-ryû • Kasumi Shinto-ryû • Yôshin-ryû • Kito-ryu • Kôgen Ittô-ryû 32.5 Referências • Kurama-ryû [1] Kobudo - A arte dos Samurais Instituto Niten. • Maniwa Nen-ryû [2] Green, Thomas A.; Svinth, Joseph R. Martial Arts of the • Mizoguchi-ha Ittô-ryû World: an encyclopedia of history and innovation (em inglês). Santa Barbara: Greenwood, 2010. p. 125. vol. • Mugai-ryu 2. ISBN 978-1-59884-243-2 • Musô Jikiden Eishin-ryû [3] Brown, Ju; Brown, John. China, Japan, Korea Culture and Customs (em inglês). North Charleston: BookSurge, • Musô Shinden-ryû 2006. p. 123. 176 CAPÍTULO 32. KORYŪ

32.6 Bibliografia

Skoss, Diane. Koryu bujutsu: classical warrior traditi- ons of Japan (em inglês). Koryu, 1997.

32.7 Ligações externas

• (em japonês) Nihon Kobudo Kyokai

• (em inglês) Koryu budo, kobudo, kobujutsu, koryu bujutsu: what's the difference?

• (em inglês) The Kashima-Shinryû Federation of Martial Sciences Capítulo 33

Kenjutsu

Kenjutsu, em tradução literal: “Técnica da Espada”, é • Tenshinshôden Katori Shintô-ryû, criado por Iizasa a arte marcial japonesa clássica do combate com espadas. Chôisai Iga-no-kami Ienao ,o Kasumi Shinto Ryu e Pode também ser chamada de kendo ou heihō/hyōhō , en- o Kashima Shinto Ryu; tre outras denominações possíveis. • Chûjô-ryû, criado por Chujô Hyôgo-no-kami Na- gahide ; 33.1 História • Nen-ryû, criado pelo monge Nen-ami Jion , em par- ticular o estilo Maniwa Nen-ryû .

O número de estilos de kenjutsu existentes teve uma grande expansão durante o período Edo (séculos XVI a XIX), registrando-se mais de 500 estilos de kenjutsu em seu auge. Foi nessa época que se começou a praticar ken- jutsu com a shinai, a espada de bambu, e com o bogu, a armadura, no que foi o precursor do kendo moderno.

Kata de kenjutsu do estilo Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu

Existem vários estilos de kenjutsu. Os primórdios da arte remontam ao período Kofun da história japonesa, com registros sobre o Kashima-no-Tachi , ou“espada de Kashima”, supostamente ensinada aos soldados Sakimori (防⼈) que eram destacados para proteger as fronteiras Kata de kenjutsu do estilo Niten Ichi Ryu contra ameaças externas. A evolução do kenjutsu se deu basicamente na região de Kashima, Ibaraki, onde havia Alguns dos principais estilos de kenjutsu que se desen- sete estilos sob a supervisão de sete sacerdotes xintoís- volveram no período Edo foram: tas, e na região de Quioto, onde havia oito estilos sob a supervisão de oito monges budistas. • Niten Ichi Ryu, criado por Miyamoto Musashi; Os estilos de kenjutsu como conhecidos hoje foram to- • Yagyu Shinkage Ryu, criado por Yagyu Muneyoshi, mando forma no período Muromachi (séculos 15 e 16), a partir do Shinkage Ryu de Kami-izumi Ise-no- em particular no período Sengoku. Existem basicamente kami Hidetsuna; quatro estilos (alguns definem três) que foram a fonte da • grande maioria dos estilos criados posteriormente: Ittô-ryû, criado por Itô Ittôsai Kagehisa, a partir do estilo Toda-ryû, que é a linhagem legítima do estilo Chûjô-ryû, criado por Chujô Hyôgo-no-kami Na- • Shinkage-ryū, criado por Kami-izumi Ise-no-kami gahide. Hidetsuna a partir do Kage-no-nagare , criado por Aisu Ikôsai Hisatada; • Suio ryu, de Mima Yochizaemon

177 178 CAPÍTULO 33. KENJUTSU

Com a restauração Meiji, no fim do século XIX, e a proi- 33.3 Prática bição do porte de espadas, vários estilos acabaram desa- parecendo, fato que se repetiu após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial. Mas ainda existem vários que sobreviveram até os dias de hoje. Atualmente, existem duas organizações, a Nihon Kobudô Kyôkai e a Nihon Kobudô Shinkôkai que congregam vá- rios dos estilos de kenjutsu existentes atualmente. Em diferentes países, existem federações locais. No Bra- sil existe a CBKob (Confederação Brasileira de Kobudo), antiga CBKen (Confederação Brasileira de Kenjutsu).

33.2 Estilos O kenjutsu engloba luta com duas espadas simultaneamente O treinamento de kenjutsu varia de acordo com o estilo 33.2.1 Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu em questão. Na maior parte dos estilos o treinamento se baseia em katas (formas pré-arranjadas). Em alguns É considerado o estilo mais antigo de todo o Japão e é estilos, a prática dos katas é complementada por treino a única tradição marcial a ser reconhecida como bunka- de luta utilizando equipamentos de proteção. sai (tesouro cultural nacional) pelo governo japonês. Foi No treinamento de katas, normalmente, é utilizada uma fundado em por Iisaza Choisai, da província de Chiba. espada de madeira semelhante a uma katana, chamada Além do kenjutsu (espada longa, curta e duas espadas), bokken ou bokuto. Cada estilo de kenjutsu costuma impor ensina uma ampla gama de outras técnicas, como iai- medidas específicas de comprimento, largura e curvatura jutsu, bojutsu, naginatajutsu, shurikenjutsu, sojutsu e ju- para o seu bokuto. jutsu*[1]. Já no treinamento de luta, os dojos que o fazem utilizam alguma forma de proteção para evitar lesões graves. A 33.2.2 Hyoho Niten Ichi Ryu maior parte utiliza o mesmo equipamento de proteção do kendo, composto por bogu (armadura) e shinai (espada de Hyoho Niten Ichi Ryu foi fundado na primeira metade do bambu). Outro equipamento que também pode ser utili- século XVII por Miyamoto Musashi (1584-1645). Essa zado para lutar é o fukuro-jinai, uma espada semelhante técnica utiliza movimentos econômicos, sem espalhafa- à shinai do kendo, mas com o mesmo comprimento que toso ou movimentos inúteis. Os golpes são exatos, e a uma katana e construído a partir de várias tiras de bambu distância exata e sem desperdício movimento. O bokken cobertas por um revestimento de couro. utilizado em Niten Ichi Ryu segue um modelo feito pelo Alguns estilos praticam também corte (tameshigiri e su- fundador do estilo e que existe ainda em nossos dias. emonogiri) com shinken(espada de metal com corte). O Hyoho Niten Ichi Ryu possui técnicas com duas espa- * Cabe lembrar que cada estilo tem características próprias das, espada longa, espada curta e bastão [2]. de treino. O praticante já começa o combate com a es- pada desembainhada. Em alguns estilos, como por exem- 33.2.3 Kashima Shinden Jikishinkage Ryu plo o Niten Ichi ryu, existem técnicas específicas para a utilização de duas espadas, uma em cada mão. A Kashima Shinden foi criado por Matsumoto Bizenno- O kenjutsu é uma disciplina física, mental e espiritual; Kami Naokatsu. para a sua prática é necessário o equilíbrio entre corpo e mente, mais do que força física e vigor. Os ensinamentos mais profundos do kenjutsu possuem um teor filosófico 33.2.4 Kashima Shinto Ryu bastante forte. Várias artes marciais dela descendem ou sofreram in- Criado por fluência, tais como: o kendô, sua versão moderna, que possui uma maior enfase no Dô (formação do caráter 33.2.5 Ono-ha Itto Ryu humano); o iaidô, arte do desembainhar da espada, e o aikido, que incorpora princípios de treinamento com a Estilo derivado do Itto Ryu criado por Itto Itosai. Foi espada, embora não a tenha como foco principal. criado por seu discípulo, Ono Jirouemon Tadaaki durante No Brasil, a prática do kenjutsu encontra-se bem difun- o período Edo. Foi um dos estilos oficiais do xogunato dida e segue as normas da Confederação Brasileira de Tokugawa. Kenjutsu (CBKEN)- fundada por membros do Instituto 33.4. O KENJUTSU NO BRASIL 179

Cultural Niten e presidida pelo mestre Jorge Kishikawa. 33.4.1 A Confederação Brasileira de Ko- Preconiza-se que a prática seja feita com professores fi- budo (CBKob) liados a CBKEN (Instituto Cultural Niten) e ao Nihon Kobudo Kyokai.

33.4 O kenjutsu no Brasil

É possível que os primeiros praticantes e mestres de ken- jutsu tenham vindo ao Brasil durante os primórdios da imigração japonesa, apesar de não existirem dados que comprovem. Atualmente, existem praticantes e mestres que imigraram ao Brasil, bem como alguns que estuda- ram no Japão e trouxeram os estilos para o país.

3° Torneio Brasileiro por Equipes de Kobudo, 2004

No Brasil os treinamentos de kenjutsu englobam os katas e o uso de equipamentos de proteção (bogu), em que os praticantes experimentam as várias técnicas que existiam nos estilos antigos. Golpes como o corte de baixo para cima, horizontais, apoiar o dorso da lâmina com as mãos, lançar a espada, ajoelhar-se enquanto golpeia e outras formas antigas e que não foram incluídas na elaboração do kendo espor- tivo são aplicados a partir das quase 60 posturas de com- bate. Destaque importante é o estudo do combate com Praticantes de kenjutsu prontos para iniciar treino de luta duas espadas, mais conhecido nos filmes e livros sobre o lendário samurai Miyamoto Musashi. No Brasil, o kenjutsu se difundiu principalmente atra- Atualmente, os mais de 40 dojos fundados pelo Instituto vés dos ensinamentos do mestre Jorge Kishikawa, que Cultural Niten - também presidido pelo mestre Jorge tem em seu vasto currículo o conhecimento de mais de Kishikawa - fazem parte da Confederação Brasileira de uma dezena de estilos de kenjutsu. Kishikawa possui o Kobudo*[*carece de fontes?], exclusivamente. Menkyo Kaiden, diploma concedido a aqueles que atingi- ram a maestria e o domínio em determinado estilo de ken- jutsu, no caso o Gosho-ha Niten Ichi Ryu. É um termo Torneios da Confederação Brasileira de Kobudo CB- “ ” em japonês que significa licença de transmissão total Kob . Kishikawa é discípulo do Shihan Gosho Motoharu.É Shidosha (mestre responsável)do estilo Tenshin Shoden Os torneios são realizados de acordo com os regulamen- Katori Shinto Ryu para a América do Sul. Existem ou- tos da CBKob e permitem aos atletas combaterem e es- tros praticantes de kenjutsu espalhados pelo Brasil, mas colherem as suas armas. Os atletas podem optar por com- são pouco conhecidos. bater com a espada menor apenas, espada maior, ou com A Confederação Brasileira de Kobudo, a CBKob, é o ór- as 2 espadas. gão responsável pela divulgação e supervisão do kenjutsu O combate é realizado em uma quadra de 10m x 10m em todo o Brasil. Seus professores são filiados também a sendo que há o en (círculo) no seu interior , semelhante a Nihon Kobudo Kyokai, com sede no Japão. arena do sumo. O atleta obtém a pontuação com o yuko Atuando com a Nihon Kobudo Kyokai, a CBKob avalia (bom golpe) equivalendo a meio ponto , ou com o ippon a legitimidade dos estilos praticados, visto que há muitos (golpe certeiro) o equivalente a 1 ponto. São necessários estilos não reconhecidos no Japão que tem proliferado no dois“yuko”ou um“ippon”para se vencer nos torneios exterior. No Brasil são praticados estilos como Hyoho oficiais. O tempo oficial é de 3 minutos. Niten Ichi ryu, Suio Ryu e Kasumi Shinto Ryu (este úl- Esta forma de pontuar advém dos próprios combates dos timo como parte do Shindo Muso Ryu), entre outros. antigos samurais com espadas, quando era raro, senão O Brasil é um caso único no mundo, onde o número de impossível , vencer o adversário com um só golpe cer- praticantes de kenjutsu se equipara ao de kendo*[3] teiro. Além de que, minar o adversário pouco a pouco 180 CAPÍTULO 33. KENJUTSU fazia parte de muitos estrategistas da época dos samurais. O atleta que, durante o combate de kenjutsu, deixa parte de seu corpo fora do en, consagra o “yuko”ao seu opo- nente, raciocínio comparável ao sumô (no caso do sumô, sair do círculo consagra ippon ao adversário).

33.5 Referências

[1] Instituto Niten. Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu - A tradição guerreira do Katori Jinguu (html) (em portu- gues).

[2] Instituto Niten. Técnicas do Hyoho Niten Ichi Ryu (html) (em portugues).

[3] Revista Made in Japan, Edição 129, Junho de 2008 Ci- tação:"No Brasil, o número depraticantes de kenjutsu é maior que o de kendô"

33.6 Ver também

• Kendo

• Katana

• Samurai • Iaido

33.7 Ligações externas

• A história do kenjutsu e do kendo • O koryu de kenjutsu criado por Miyamoto Musashi Capítulo 34

Kendo

Kendo (em japonês: 剣 道, caminho da espada*[1]), quendô *(português brasileiro) ou quendo *(português europeu)*[2]*[3] é uma arte marcial japonesa moderna (gendai budo), desenvolvida a partir das técnicas tradi- cionais de combate com espadas dos samurais do Japão feudal, o Kenjutsu. O praticante de kendô é chamado de kenshi ou kendoka.

34.1 Histórico

34.1.1 Origens

No Japão, desde os seus primórdios, dentre vários arma- mentos, a espada vem sendo reverenciada. Isso se deve ao fato de haver muitas histórias relacionadas à espada, nos mitos e lendas japonesas. Além disso, as espadas eram ofertadas como tesouro divino aos templos ou recebidas como símbolo da nomeação de um generalíssimo.

Período Muromachi O samurai Takasugi Shinsaku, praticante do kendo. Por volta do ano de 1350 d.C. o uso da espada japonesa deu um grande salto. A partir de 1467 d.C., por cerca de Período Edo cem anos, o Japão passou por um período de guerras ci- vis. Como consequência, a técnica de luta com espada foi A partir de 1615 d.C., com o sistema feudal já instalado, estruturada sob o nome de Kendo, ou Kenjutsu, e surgi- ram muitas escolas que tornaram-se transmissoras desses foi estabelecido o sistema de classes. Esse sistema propi- conhecimentos, cada uma à sua maneira. Dentre as es- ciou um desenvolvimento especial, como algo próprio à colas da época, podemos citar as três mais tradicionais: classe guerreira. Por um lado, pode-se considerar que, re- Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu, Kageryu e Chujoryu. cebendo a influência do zen-budismo e do confucionismo, aprimororam-se as técnicas ao mesmo tempo em que O método de treinamento daquela época não usava ganhavam-se elementos morais e espirituais. espada de bambu nem protetores para o corpo como os usados atualmente. Cada escola praticava repetidamente Logo, começou a ser praticado pelos guerreiros como um suas técnicas na forma de kata, seqüencias de movimen- treinamento educacional que visava a formação do cará- tos que visavam preparar os praticantes para enfrentar as ter guerreiro para a vida cotidiana e para as atitudes espi- mais diversas situações que poderiam vir a encontrar. O rituais. Isso significava que o desenvolvimento espiritual, acúmulo de horas de treinamento fazia com que a pessoa conquistado por meio da prática da espada, conduzia ao pudesse parar o golpe próximo à pele do oponente. Em caminho da formação do ser humano, cujo objetivo era o algumas escolas, esse grau de proximidade refletia o nível ideal de elevar o nível espiritual de seu cotidiano. de desenvolvimento do praticante. Por volta de 1712 d.C., Yamada Heisaemon e Naganuma

181 182 CAPÍTULO 34. KENDO

Shiro da escola Jikishinkageryu e Nakanishi Chuzo da pachiro, Negishi Shigoro; escola Ittoryu, por sua vez, aproximadamente em 1754 • Musashi-ryū – Mihashi Kanichiro; d.C., propuseram protetores primitivos e, nos treinos de suas escolas, passaram a utilizar a espada de bambu, o que • Jikishin Kage-ryū – Tokuno Kanshiro, Abe Morie; trouxe um formato de kendo próximo ao que conhecemos • na atualidade. Kyoshin Mechi-ryū – Sakabe Daisaku. Nesse método de treino, eram requisitados muitos ele- mentos espirituais, que foram cultivados, provavelmente, Período Showa como pano de fundo para a manifestação da técnica den- tro do processo de treinamento e como usar de forma me- Com a derrota na Segunda Grande Guerra Mundial e por lhor e mais correta a espada de bambu. Como consequên- ordem do Comando Supremo das Tropas Aliadas no Ja- cia, o kendo, dentro do processo de treinamento de suas pão, em dezembro de 1945, a prática do kendo foi to- técnicas, desenvolveu a relação entre natureza humana e talmente proibida por ser considerada manifestação do técnica, construindo, assim, as bases de uma filosofia do ultra-nacionalismo pré-guerra e parte importante do trei- kendo como caminho de busca para a vida e a existência namento militar durante a guerra. humana. Mas, em 1952, com a entrada em vigor do Tratado de Paz, Do início do fechamento do Japão ao mundo exterior, em o kendo começou a trilhar o caminho da revitalização e 1639, até o ano de 1866, devido à contínua paz reinante, a nesse mesmo ano foi criada a Liga Nacional de Kendo. necessidade de uso de arma de fogo foi abolida e o desen- A tradição do kendo não permaneceu como no passado, volvimento desses artefatos interrompidos. Apesar disso, adequando-se aos novos tempos e modificando-se para o uso da espada perdurou ao longo dos séculos. E como melhor adaptação à sociedade moderna, formando o em- consequência de um caminho cuja técnica era posta a ser- brião do kendo contemporâneo.*[4] viço da luta física, que punha em jogo a vida ou a morte,o kendo, acabou por atingir um elevado patamar, cujo ca- minho visava a educação e a formação do ser humano. 34.1.2 Origens no Brasil

O Brasil tem uma grande tradição na prática do kendo, Período Meiji devido, entre outros fatores, ao grande número de imigrantes japoneses existente no seu território. O Brasil Como resultado do povo japonês, que desde os seus pri- é o país que reúne maior número de imigrantes japoneses mórdios, cultivou uma educação calcada no caminho da em todo mundo.*[5]*[6] pena e da espada, o kendo se desenvolveu visando a for- mação do ser humano e propiciando o caminho do guer- A história das artes marciais japonesas no Brasil, entre reiro. Toda a evolução desta arte marcial ocorreu na era elas o kendo, começa com a chegada dos primeiros imi- feudal, que perdurou por setecentos anos, terminando em grantes japoneses ao Brasil, em 1908. Inicialmente, o 1868. kendo foi praticado individualmente pelos imigrantes e seus descendentes, principalmente no interior do estado Com a restauração Meiji, como primeiro passo para a de São Paulo. modernização, foram introduzidos muitos elementos cul- turais da civilização europeia no Japão e a cultura tradici- Em 1933, na comemoração dos vinte e cinco anos do onal, por um tempo, foi deixada em segundo plano. Em início da imigração japonesa, os praticantes de judô e 1876, a classe dos guerreiros – os samurais – foi extinta e, kendo fundaram a primeira associação brasileira de judô ao mesmo tempo, a prática de kendo nas escolas foi abo- e kendo, a “Hakoku Ju-Ken Do Ren-Mei”.*[7] Desta lida, chegando esta arte marcial até mesmo a defrontar-se época, destacam-se os nomes dos mestres Eiji Kikuchi com o perigo da extinção. Sensei, Ryunosuke Murakami Sensei e Kobayashi Sen- sei. O kendo também era ensinado nas escolas de língua Mais tarde, em 1890, o kendo volta a ser praticado nas japonesa existentes nas colônias. escolas como atividade extra-curricular. Em 1895, foi criada a Associação Dai Nippon Butokukai, congregando A derrota do Japão na 2ª Guerra Mundial também afetou todas as escolas de kendo. Foi estabelecida uma política a vida dos japoneses no Brasil. Escolas de língua japo- de difusão e de desenvolvimento da orientação desta arte nesa foram fechadas e qualquer manifestação da cultura marcial. japonesa foi proibida. Desta forma, o kendo só volta a ser praticado no Brasil depois do final da 2.ª Guerra Mundial Entre diversos mestres e escolas envolvidas nesse pro- e só toma contornos mais organizados alguns anos depois, cesso de unificação do kendo (Kendo Renmei), podemos com a fundação da Associação Brasileira de Kendo“( Zen citar: Haku Kendo Ren-Mei”, em japonês), em 1959.

• Ono-ha Itto-ryū – Kagehisa; Na cidade de São Paulo, os primeiros treinamentos foram provisoriamente realizados no centro da cidade e posteri- • Shintō Munen-ryū – Watanabe Noboru, Shibae Um- ormente, no inicio da década de 1960, passaram a ocorrer 34.2. KENDŌ MODERNO 183

na sede de um dos primeiros clubes fundados pela comu- nidade nipo-brasileira, a Associação Cultural e Esportiva Piratininga (ACEP). Ainda hoje a ACEP vem sendo tam- bém o principal local de realizações de eventos oficiais, apresentações, campeonatos e exames de graduação no Brasil. No estado do Rio de Janeiro, apesar de ter sido o local da primeira colônia agrícola japonesa no Brasil *[8] em 1907, apenas em meados da década de 1960 o kendo co- meçou a se organizar. Em 13 de abril de 1966 sob super- visão inicial dos senseis japoneses Katsusaburo Sasaki e Yukio Ikeda, foi fundada a Federação de Kendo do Rio de Janeiro. As primeiras entidades foram: Rio de Janeiro, Jorge Kishikawa conquista a primeira medalha (3.º lugar) do Nova Friburgo, Niterói, São Bento, Volta Redonda e An- Brasil nas competições individuais no II Torneio Mundial Juvenil, gra dos Reis. em Tóquio, 1977.

Resultados do Brasil em torneios internacionais

34.2 Kendō moderno Como é evidenciado nos resultados alcançados em tor- neios mundiais, o Brasil tem a tradição de bons resulta- 34.2.1 No mundo dos nas competições internacionais desde 1970, quando foi fundada a FIK:

O número de praticantes de kendo vem aumentando con- tinuamente (em 2005 a FIK estimava que no Japão exis- Medalhas por equipes tam cerca de 1.2 milhões de praticantes, e no mundo 2.0 milhões) • 1970 – 3.º lugar – I Torneio Mundial Tóquio - Atle- tas: Tomiyoshi Toita, Frederico Fujihara, Mitsuo Kimura, Yoshikata Kiyohara, Kosho Higashi, Ichiro Orui, Isao Murakami, F. Yamaasa, S. Nagahashi e 34.2.2 No Brasil K. Takazawa • 1977 – 3.º lugar – II Torneio Mundial Juvenil em Acompanhando a evolução do kendo no Japão, considera- Tóquio - Atletas: Jorge Kishikawa, Alberto Gyotoku se que a era moderna do kendo no Brasil começou na e Hugo Gondo década de 1970. É nessa época que Chicara Fukuhara retorna do Japão trazendo os ensinamentos e orientações • 1982 – 2.º lugar – V Torneio Mundial em São Paulo do novo kendo dos mestres japoneses. Este fato pode ser - Atletas: Yoshimi Kudo, Eiji Sugino, Hugo Gondo, considerado um dos principais marcos do início do kendo Jorge Kishikawa e Roberto Someya contemporâneo no Brasil. A partir de então, o kendo • passa a ser cada vez mais praticado, principalmente na 1985 – 2.º lugar – VI Torneio Mundial em Paris - cidade de São Paulo e no interior do estado. Atletas: Oscar Hayashi, Yoshimi Kudo, Jorge Kishi- kawa, Roberto Someya e Roberto Kishikawa Em 1982, o Brasil foi sede do V Torneio Mundial de Kendo.*[9] Para contribuir com o desenvolvimento do • 1988 – 3.º lugar – VII Torneio Mundial em Seul - Kendo no Brasil, a Universidade Kokushikan construiu Atletas: Nelson Murakawa, Oscar Hayashi, Yoshimi um dojo de alto padrão, localizado no município de Var- Kudo, Roberto Kishikawa e Jorge Kishikawa gem Grande, no interior do estado de São Paulo, e por anos enviou professores para melhorar o nível técnico do • 1997 – 3.º lugar – X Torneio Mundial em Kyoto - Kendo Brasileiro. Atletas: Jogi Sato, Willian Fujikura, Flavio Hayashi, Roberto Someya e Roberto Kishikawa Em Agosto de 2009, em São Bernardo do Campo/SP, * foi realizado o XIV Torneio Mundial de Kendo. [10] Fo- • 2000 – 2.º lugar feminino – XI Torneio Mundial em ram 32 Países participando das lutas Individual Femi- Santa Clara, EUA - Atletas: Mayu Dan, Natsumi nino, com 104 atletas e 19 Países participando das lutas Miyazawa, Miwa Onaka, Patricia Sato, Saly Konishi Feminino por Equipes, com 113 atletas. Foram 39 Paí- ses participando das lutas Individual Masculino, com 149 • 2000 – 3.º lugar masculino – XI Torneio Mundial atletas e 35 Países participando das lutas Masculino por em Santa Clara, EUA - Atletas: Kenji Toita, Willian Equipes, com 222 atletas. Fujikura, Flavio Hayashi, Ernesto Onaka e Jogi Sato 184 CAPÍTULO 34. KENDO

• 2003 – Honra ao mérito – XII Torneio Mundial em • 2006 – Honra ao mérito – XIII Torneio Mundial em Glasgow: Saly Stöckli Taiwan: Ernesto Onaka

• 2003 – Honra ao mérito – XII Torneio Mundial em • 2009 – Honra ao mérito – XIV Torneio Mundial em Glasgow: Jogi Sato São Paulo: Lie Kimura

• 2009 – 3.º lugar masculino – XIV Torneio Mundial • 2009 – 3.º lugar – XIV Torneio Mundial em São em São Paulo, Brasil - Atletas: Coichi Urano, Heiji Paulo: Eliete Harumi Takashina Kariya, Alberto Takayama, Zen Tachibana, Ernesto Onaka, Kenji Toida e Jogi Sato

• 2009 – 3.º lugar ferminino – XIV Torneio Mundial 34.3 Organizações em São Paulo, Brasil - Atletas: Kyoko Takeuchi, Ha- rumi Tsukamoto, Izumi Honda, Erika Ashiuchi, Lie 34.3.1 Mundiais Toida, Natsumi Miyazawa e Miwa Onaka Em 1970, foi fundada a Federação Internacional de Medalhas individuais Kendo (IKF), com sede no Japão. Em 2006, a IKF passou a fazer parte da General Asso- • 1977 – 3.º lugar – II Torneio Mundial Juvenil em ciation of International Sporting Federations (GAISF), Tóquio: Jorge Kishikawa entidade máxima do esporte mundial, que congrega en- tidades de diversos outros esportes (como FIFA, FIBA, • 1977 – Honra ao mérito – II Torneio Mundial em FIVB) e artes-marciais (como Federações Internacionais Tóquio: Jorge Kishikawa de Aikidô, Judô, Jujitsu, Karatê). A partir de então a sigla * • 1985– Honra ao mérito – VI Torneio Mundial em IKF foi alterada para FIK. [11] Paris: Roberto Kishikawa São mundialmente regidos e regulamentados pela FIK as atividades de kendo. Até 2009, havia, filiadas na FIK, • 1985 – 1.º lugar nas categorias 2.º e 3.º dan – VI 50 entidades representantes de países.*[12] Entre estas, Torneio Mundial em Paris – Goodwill matches: Ro- podemos citar: berto Kishikawa

• 1985 - 3o. lugar nas categorias 2o. e 3o. dan - • ÁFRICA: África do Sul VI Torneio Mundial em Paris - Goodwill matches: Oscar Hayashi • ÁSIA: Coreia, Rep. Popular da China, Japão, Ma- lásia, Hong Kong, Taiwan, Macau • 1985 – 2.º lugar nas categorias 4.º e 5.º dan – VI Tor- neio Mundial em Paris – Goodwill matches: Jorge • AMÉRICA: Argentina, Aruba, Brasil, Canadá, Kishikawa Chile, Equador, EUA, Havaí, México, Rep. Domi- nicana, Venezuela • 1988 – Honra ao mérito – VII Torneio Mundial em Seul: Jorge Kishikawa • EUROPA: Alemanha, Andorra, Bélgica, Bulgá- ria, Espanha, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Ho- • 1988 – Honra ao mérito – VII Torneio Mundial em landa, Hungria, Irlanda, Israel, Itália, Montenegro, Seul: Roberto Kishikawa Noruega, Polônia, Portugal, República Tcheca, Ro- • 1994 – Honra ao mérito – IX Torneio Mundial em mênia, Russia, Servia, Suécia, Suíça Paris: Roberto Kishikawa • OCEANIA: Austrália, Nova Zelândia • 1997 – Honra ao mérito – X Torneio Mundial em Kyoto: Roberto Kishikawa 34.3.2 Brasileiras • 1997 – 2.º lugar – X Torneio Mundial em Kyoto: Miwa Onaka Como fatos marcantes que acompanham o crescimento do kendo no Brasil, podemos citar: • 2000 – Honra ao mérito – XI Torneio Mundial em Santa Clara: Miwa Onaka • outubro de 1981 – criação a Federação Paulista de • 2003 – Honra ao mérito – XII Torneio Mundial em Kendo (FPK). Glasgow: Miwa Onaka • 29 de julho a 3 de agosto de 1982 – o Brasil é país- • 2006 – Honra ao mérito – XIII Torneio Mundial em sede do 5.º Campeonato Mundial de Kendo, reali- Taiwan: Miwa Onaka zado na cidade de São Paulo. 34.4. PRÁTICA 185

• agosto de 1998 – é criada a CBK, tendo como fili- 34.3.3 Portuguesas adas fundadoras: Federação Paulista de Kendo (São Paulo), Federação de Kendo do Estado do Rio de Em Portugal a representante da FIK é a Associação Por- Janeiro (Rio de Janeiro), Associação Metropolitana tuguesa de Kendo (APK). de Kendo (Brasília), Associação Kendo Shinko-kai De acordo com a APK, até 2014 os Dojos filiados eram: de Londrina (Paraná). Lisboa, Porto, Coimbra, Aveiro, Leiria e Braga.

34.3.4 Sul-americanas

No Brasil, a CBK é reconhecida pelo Ministério dos Em novembro de 2002 é criada da Confederação Sul- Esportes*[13] como entidade reguladora da prática americana de Kendo (CSK), tendo como filiadas funda- do kendo, sendo também a representante da FIK no doras: Confederação Brasileira de Kendo, Federação Ar- país.*[13] gentina de Kendo, Federação Chilena de Kendo. Existem mais de trinta Dojo de kendo filiadas à CBK, dis- Atualmente, fazem parte da Confederação Sul-americana tribuídas por todas as regiões do país. A prática está mais de Kendo: Argentina, Brasil, Chile, Equador, Colômbia, desenvolvida no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Aruba, México, Peru, Guatemala, Venezuela e Uruguai. Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará e São Paulo (onde há a maior quantidade de praticantes).*[14] Também existem grupos organizados que treinam kendo 34.4 Prática sob a orientação da CBK em estados como Minas Ge- rais, Alagoas, Bahia e Paraíba, entre outros. Em 2008 A prática do kendo não se limita ao manejo da shinai (es- são mais de 900 praticantes de kendo nos Dojos ligados pada de bambu), Bokuto (espada de madeira) ou katana à CBK, em todo o Brasil. (espada longa japonesa), mas abrange também a prática e cultivo do espírito e do Reigi (etiqueta). De acordo com indicação da CBK, o ensino do kendo não pode assumir caráter profissional ou comercial. Desta O ken (espada) é estudado de duas formas: prática (shiai) maneira, entre os Dojos filiados à CBK, não é permitida e o kata. a cobrança para o ensino do kendo, salvo a quantia ne- cessária para manter as atividades do Dojo (academia). Nesse sentido, o item 3 do artigo 6, do capítulo “Sup- Objetivo da prática de kendo plemental Provisions of FIK Constitution”discorre que “No caso em que o ensino do kendo é utilizado de má fé • Não golpear pontos incorretos. para qualquer propósito comercial”, há razões para pe- dido de expulsão de um membro.*[15] Existem também • Não desperdiçar golpes. Dojos onde o ensino é gratuito, como em São Carlos/SP. • Golpear atacando e quebrando a postura do adver- Existem no Brasil alguns grupos e entidades que realizam sário. a prática do kendo fora dos parâmetros da FIK. Em ge- ral estas entidades fazem o estudo do kendo junto com a • Golpear com destemor, 'sem pensar na morte' prática de estilos tradicionais (koryu). Na Confederação Brasileira de Kobudo (CBKob) o kendo é ensinado na prática do kenjutsu. Existem aproximada- 34.4.1 Kamae mente 50 Dojos do Instituto Cultural Niten, fundado pelo Sensei Jorge Kishikawa, afiliados à CBKob, com aproxi- Há cinco diferentes Kamae (posturas de combate) em madamente 800 alunos. *[16] kendo, com um número de variantes. Segundo a AJKF, temos as seguintes definições:*[17]*[18] Na Associação Japonesa de Santos (AJS), na cidade de Santos-SP, o estilo Shinto-ryu (fundado por Sensei Raifu 1. Chudan no Kamae: Este é o mais básico e fundamental Hibino) da linhagem de Akira Tsukimoto (Tsukimoto- Kamae, e serve como a raiz de todos os outros. ha) é ensinado por Sensei Adriano Pereira da Silva (co- A espada é posicionada à frente do corpo, apontando para nhecido como “Sojobo”, responsável pelo desenvolvi- a garganta do oponente e buscando manter a linha central. mento da linhagem), com dojos afiliados em São Paulo. O dojo Shokakukan, localizado também em São Paulo, Chudan também é conhecido como o Kamae de água de- sob supervisão de Sensei Marcelo Haafeld Pereira da vido à sua flexibilidade e capacidades adaptativas. Um Silva (ex-shihandai, irmão de Sensei Sojobo), também forte Chudan no Kamae serve tanto para produzir um ensina o mesmo estilo - e mesma linhagem - apesar de forte ataque como uma defesa impenetrável. não estar mais vinculado com Sensei Sojobo. Variantes: 186 CAPÍTULO 34. KENDO

• Seigan no Kamae. Esta variante do Chudan é utili- 4. Hasso no Kamae: Hasso no Kamae também é conhe- zada quando se enfrenta um adversário que está na cido como o Kamae da Madeira. A espada fica posicio- Jodan no Kamae. A ponta da espada é posicionada nada ao lado direito do corpo, com a ponta voltada para mais alto que no chudan padrão. cima, em um ângulo que varia de 45 a 20 graus em re- lação ao solo. Quando assume-se Hasso no Kamae, ele • Kasumi no Kamae: Junto com Seigan no Kamae, é deve ser reto e forte como uma árvore, capaz de respei- atualmente utilizado em lutas contra Hidari Jodan tar os seus adversários“de cima”. Hasso é considerada no Kamae ou contra Nito-ryu. NEsta variante, a uma variante do Jodan no Kamae,*[19] e portanto é uma linha central é deslocada para a direita do lutador, postura agressiva. protegendo assim seu kote direito. Variantes: • Chudan Hanmi no Kamae: Esta variante do Chudan é tomada quando se utiliza Shoto, e pode ser visto Existem Migi e Hidari Hasso no Kamae. Utilizados, em na Kodachi no Kata: Ipponme. geral, como transição para um ataque Jodan Kara“falso” , ou como uma modificação de Katsugi Waza (Kotê-Men). • Chudan Iri-Mi no Kamae: Outra variante para Shoto, que pode ser vista no Kodachi no Kata: Hidari Hasso no Kamae é uma variante mais rara desta Nihonme. postura, onde a espada fica ao lado esquerdo do corpo. Não é praticado dentro dos kata de kendo. 2. Jodan no Kamae: Também conhecido como Hi no 5. Waki Gamae: Waki Gamae também é conhecido Kamae (Kamae de fogo) ou Ten no Kamae (Kamae do como o Kamae de metal ou a Kamae de Ouro, indicando Céu), é um kamae agressivo, tanto espiritualmente quanto uma espécie de “preciosidade escondida”. Esse Ka- fisicamente. mae pode ser visto no Nihon Kendo Gata: Yonhonme, e A espada é segurada acima da cabeça, em um ângulo que no Kodachi no Kata Nihonme. varia de 45 a 20 graus em relação ao solo. Neste Kamae, a espada fica oculta à direita do corpo, as Quando se utiliza Jodan, podemos pressionar o oponente mãos na linha da cintura. Tem como objetivo esconder com seus ataques, assim como com o seu espírito. A efi- do adversário o tamanho da espada e a trajetória que irá cácia da Jodan é dependente mais do aspecto espiritual tomar. Praticamente sem uso no kendo, especialmente do que físico, daí Jodan é considerado um “Kokoro no pelo fato das espadas possuírem tamanho padrão nas lu- Kamae"; uma atitude ou mentalidade. tas. Variantes: Cada um dos diferentes Kamae acima citados tem as suas origens nas técnicas desenvolvidas em campos de batalha. • Morote Hidari Jodan: Esta é a forma normal de Jo- Hoje, são praticados no Kata e Shiai, ajudando a manter * * dan, onde o pé esquerdo está na frente e a espada os laços entre kendo moderno e suas origens. [17] [18] em um ângulo de cerca de 30 graus para a direita. • Morote Migi Jodan. A segunda versão do Jodan. Os pés são os mesmos que em Chudan e o espada é se- 34.4.2 Shiai (luta) gurada reta sobre a cabeça. Devido à existência de lutas e campeonatos em âmbi- 3. Gedan no Kamae: Gedan no Kamae também é conhe- tos regionais, nacionais e internacionais, o kendo possui cido como o Kamae da Terra. um aspecto competitivo bastante relevante, mas preser- vando sempre suas características marciais e a etiqueta Nesta postura, a ponta da espada aponta em direção ao (Reigi), destacando-se entre as artes marciais japonesas. solo, abaixo da linha dos joelhos. No kendo, o critério de golpe válido/letal (yûkô-datotsu) é Embora possa parecer-se com uma postura defensiva, é bastante subjetivo e está diretamente relacionado às ori- uma postura capaz de atacar adversários, impedir um ata- gens marciais da arte, que prega a sincronia perfeita entre que flagrante e criar oportunidades. Também ajuda a dis- a energia do praticante ("Ki"), a trajetória e a precisão da farçar a intenção do lutador. Muitos vão usar Gedan no espada (técnica, "ken") e a “postura”(necessária para Kamae como uma transição da Chudan no Kamae para a correta aplicação da força e a correta movimentação) um ataque de Tsuki. Segundo o livro "Kendo Fundamen- ("tai"). Essa sincronia é denominada de Ki-Ken-Tai Icchi tais": “O Gedan no Kamae é usado quando você baixar (気剣体⼀致), e é um dos ensinamentos fundamentais o kensen e, ao mesmo tempo que protege o seu próprio do kendo. corpo, evoluir para um ataque que está em conformidade No kendo, as lutas são realizadas com uma espada de ” com os movimentos e as ações do adversário. bambu, chamada de shinai (⽵⼑), e são usados prote- Variantes: tores para todas as regiões de ataque, além de uma ves- timenta especial: hakama (calça), dogi ou keiko-gi (ca- • Gedan Hanmi no Kamae. Encontrado no Kodachi misa/blusa) e bogu (armadura). Alguns praticantes usam no Kata: Sanbonme. ainda o obi (faixa). 34.4. PRÁTICA 187

• Demonstrar falta de combatividade;

• Passar rasteira no adversário;

• Soltar ou perder a Shinai durante a luta.

Nas lutas, conforme regulamento da FIK, é possível utili- zar técnicas de Itto-ryu (uma única espada longa) ou Nito- ryu (duas espadas - uma longa e outra curta).

Principais pontos-alvo do Kendo Nito-ryu - Europeu de Kendo 2005

São executados cortes no centro e nas laterais da ca- Observa-se que a grande maioria dos praticantes de kendo beça (men-uchi), no antebraço (kote-uchi), na lateral do opta por utilizar Itto-ryu, especialmente em Chudan-no- abdome (dô-uchi) e na garganta (estocada) (tsuki), e cada kamae, principalmente devido à sua flexibilidade e capa- golpe deve ser anunciado com o Kiai, ou seja um grito cidades adaptativas. Apesar disso, não é proibido o uso que demonstre o espírito e a vontade do kenshi. As lutas dos kamae anteriormente citados.*[20]*[21] duram de três a cinco minutos e são disputadas na forma Uma observação quanto ao uso de Nito-ryu e do Jodan- de melhor de três, e o vencedor é aquele que aplicar pri- * meiro dois ippon, ou seja, golpe considerado letal. Existe no-Kamae [22] é que a prática destas técnicas dentro do a possibilidade de haver enchô ou prorrogação em caso kendo é estimulada apenas aos alunos mais experientes, de empate no tempo regulamentar, e o vencedor é aquele devido a importância de se fixarem profundamente os que aplicar primeiro um ippon. fundamentos da espada antes que o praticante passe a li- dar com técnicas mais avançadas. Outros pontos importantes que podem ser considerados nas lutas são: O uso de Jodan é visto por muitos mestres japoneses como uma atitude presunçosa e quase arrogante.*[23] • O golpe só é válido se aplicado com o lado correto Nas 56 edições do Campeonato Japonês de Kendo rea- da Shinai (equivalente ao lado de corte da Katana); lizadas até 2008, apenas 8 campeonatos foram vencidos por praticantes de Jodan: Chiba Sensei ganhou 3 vezes: • O golpe só é valido se o realizado com o correto ân- 1967, 1970 e 1973. Aquando da sua primeira vitória ti- gulo de corte; nha 22 anos e era 5º dan (Chiba sensei é 8º dan hanshi e • Não é permitido golpear enquanto um oponente que lançou em novembro de 2008 um conjunto de três DVDʼs estiver com a espada sobre o seu ombro; sobre kendo, sendo o terceiro volume dedicado ao Jodan). Toda Sensei ganhou 2 vezes: 1963 e 1965. Aquando da • Duas penalizações de um mesmo praticante durante sua primeira vitória tinha 23 anos e era 5º dan (Toda sen- uma luta são consideradas um Ippon. Podem ser sei é 8º dan hanshi e especialista em Nito Ryu). Kawazoe consideradas penalizações: ganhou 2 vezes: 1972 e 1976. Aquando da sua primeira vitória tinha 21 anos e era 4º dan (Kawazoe sensei era o • Pisar fora da área de luta; único que não era polícia. Kawazoe faleceu com 27 ou • Empurrar o adversário para fora da área de 28 anos num desastre ferroviário enquanto viajava pela luta; China). Shodai ganhou 1 vez: 2008. Aos 27 anos e 5º • Segurar a Shinai fora da Tsuka (equivalente a dan, membro da polícia de Kanagawa, foi sua 4ª partici- segurar a espada pela lâmina); pação no campeonato. 188 CAPÍTULO 34. KENDO

34.4.3 Nihon kendō gata 4. Uchitachi em Hasso-no-Kamae e Shidachi em Waki- Gamae Além da luta (shiai), um praticante de kendo tam- bém se aperfeiçoa nos kata, técnicas específicas de 5. Uchitachi em Jodan-no-Kamae e Shidachi em kendo que consistem em conjuntos de movimentos pré- Chudan-no-Kamae determinados. Atualmente, existem sete kata para Ta- 6. Uchitachi em Chudan-no-Kamae e Shidachi em chi, a espada grande (também conhecida como Katana), Gedan-no-Kamae e três para Kodachi, a espada curta (também conhecida como Wakizashi). 7. ambos em Chudan-no-Kamae No kendo, os kata são sempre praticados em duplas, da mesma maneira que no Judô, diferente de outras artes Nos três últimos Kata, o Uchidachi utiliza Tachi e o Shi- marciais, onde quem executa o Kata está sozinho, lutando dachi utiliza Kodachi (espada curta): contra oponentes imaginários. Um dos praticantes do Kata é denominado Uchidachi ou 1. ambos em Chudan-no-Kamae Uchitachi (打太⼑), desempenhado geralmente pelo pra- 2. Uchidachi em Jodan-no-Kamae e Shidachi em ticante mais avançado. O outro é denominado Shidachi Chudan-no-Kamae ou Shitachi (仕太⼑), desempenhado geralmente pelo praticante mais novato. Nos Katas, Uchidachi é quem 3. Uchidachi em Chudan-no-Kamae e Shidachi em executa os ataques, enquanto Shidachi é quem executa o Gedan-no-Kamae contra-ataque (é quem “ganha”o Kata). Por ser Uchi- dachi quem dita o ritmo do Kata, este costuma ser o pra- ticante mais avançado. 34.4.4 Bokuto Ni Yoru Kendo Kihon Waza Keiko Ho / Kihon Kendo Gata

Esse método de treino básico com Bokutô foi desenvol- vido pelos mestres da FIK a partir de 1970, sendo uma série de Kata com Bokutô, com o propósito de:

• Ajudar o praticante a aprender o conceitos de que o Shinai é a representação da Katana;

• Desenvolver uma técnica e base sólidas, que podem ser diretamente utilizadas na prática com Bogu;

• Desenvolver no praticante habilidades e conheci- mento para a prática do Nihon Kendo Gata;

• Desenvolver Reihō (etiqueta). Nihon Kendo Kata. De uma maneira geral, nesse treino é possível treinar o ângulo correto da lâmina da Katana quando o golpe é aplicado. Dessa maneira diminui-se a diferença entre o treino e aplicação dos golpes com Shinai e com Bokuto, ou Katana. Bokken. Os exercícios são os seguintes:

Como no Shiai (luta), nos 10 (dez) Kata do kendo existem • Kihon Ichi: Ippon-uchi no waza: Men, Kote, Do, muitos detalhes filosóficos, além da técnica apurada, que Tsuki. devem ser desenvolvidos simultaneamente em diferentes Kamae (posições). • Kihon Ni: Nidan no waza: Kote-Men. Os sete primeiros Kata são com ambos utilizando Tachi • Kinon San: Harai waza: Harai-Men. (espada longa): • Kihon Yon: Hiki waza: Men Tsubazeriai kara no 1. ambos em Jodan-no-Kamae Hiki-Do. 2. ambos em Chudan-no-Kamae • Kinon Go: Nuki waza: Men Nuki-Do. 3. ambos em Gedan-no-Kamae • Kihon Roku: Suriage waza: Kote Suriage-Men. 34.6. GRADUAÇÕES 189

• Kihon Shichi: Debana waza: Men Debana-Kote. Dessa maneira, será possível uma pessoa amar seu país e sociedade, contribuir para o desenvolvimento da cultura • Kihon Hachi: Kaeshi waza: Men Kaeshi-Migi-Do. e promover a paz e prosperidade entre todos os povos. • Kihon Kyu: Uchiotoshi waza: Do Uchiotoshi-Men. Em 1975, com a finalidade de popularizar a prática cor- reta do kendo, a FIK institui a divulgação do conceito do Ao praticante que executa as técnicas, dá-se o nome de “propósito do kendo". Kakaritê; ao outro, o que recebe, dá-se a designação de Motodachi. Comparando ao Nihon Kendo Gata, Kakaritê Kendō rinen seria Shidachi e Motodachi seria Uchidachi. Em 2010, foi definido, pela FIK, que este Kata também O kendo rinen (“propósito do kendo") é o caminho/busca passará a ser exigido nos exames de graduação. No Brasil, do crescimento/aprimoramento humano por meio do está prevista a introdução nos exames a partir de 2013. aperfeiçoamento do manejo da espada. Nesse sentido, o item 3 do artigo 6, do capítulo "Supplemental Provisions of FIK Constitution" discorre 34.5 Aspecto filosófico que “No caso em que o ensino do kendo é utilizado de má fé para qualquer propósito comercial”, há razões para * O kendo é uma das artes marciais modernas japone- pedido de expulsão de um membro. [26] sas que mais mantêm valores ligados às suas raízes. O texto abaixo, da All Japan Kendo Federation (Federa- Kendō Shuuren no Kokoro Kamae ção Japonesa de Kendo), fala dos objetivos de todos os * kenshis [24] A kendo shuuren no kokoro kamae (“postura espiritual para o aperfeiçoamento do kendo") prega a dedicação permanente à prática do kendo “correto”, por meio da busca do aperfeiçoamento da técnica de manejo da ver- dadeira espada com espírito e corpo, e com isto, fazer flo- rescer a força espiritual com as características marcantes do kendo de respeito e moderação. E sobretudo, poder servir, com amor, à pátria e à socie- dade, promovendo a paz entre as pessoas. Esses conceitos propostos pela FIK não são novos para o povo japonês. O conceito do“caminho”sempre foi a es- pinha dorsal do pensamento japonês. Em outras palavras, a idéia de que o processo de aperfeiçoamento da técnica e da prática leva ao desenvolvimento pessoal e espiritual e à formação do indivíduo. A prática do kendo leva ao aperfeiçoamento humano, de- pendendo de como se pratica. É necessário praticá-lo se- guindo os fundamentos do conceito do“caminho”. Isto é, Dojo Noma, Japão*[25] buscar o aperfeiçoamento de corpo e espírito, mantendo o kendo shuuren no kokoro kamae, tanto nos treinamentos O Objetivo do kendo é disciplinar o caráter humano pela quanto nas competições. aplicação dos princípios da katana

O propósito de se praticar kendo é: 34.6 Graduações Moldar a mente e o corpo, Para cultivar um espírito vigoroso, A partir do 1.º kyu, de acordo com as normas da FIK (no Japão), as graduações são controladas pelas confedera- E pelo treinamento rígido e correto, ções e federações nacionais filiadas.*[13] Graduações de Lutar para desenvolver-se na arte do kendo, 6.º kyu a 2.º kyu são de responsabilidade do próprio dojo. Obter respeito à cortesia e à honra, No kendo, não são usadas faixas para mostrar o nível do Para relacionar-se com os outros com sinceri- praticante. Não há indicações ou insígnias que demons- dade, trem o grau de um kenshi. E para sempre ter como objetivo o autoaper- A graduação máxima do kendo atualmente é o 8.º dan feiçoamento. (equivalente em outras artes à faixa preta de 8.º nível), 190 CAPÍTULO 34. KENDO mas no passado já chegou a existir até o 10.º dan. Paralelamente, existem títulos que podem ser conferidos a praticantes que contribuíram para a arte, como:

• Renshi (“praticante avançado”, conferido para kenshi de 6.º dan e acima);

• Kyôshi (“praticante professor”, conferido para kenshi de 7.º dan e acima);

• Hanshi“( praticante modelo”, conferido para kenshi de 8.º dan).

A partir do início da década de 1990, a FIK proíbe a prá- tica de conferir graduações por Suisen (推薦, recomen- dação, indicação*[27]), ou seja, sem uma banca exami- nadora formal. As graduações somente podem ser con- feridas após o praticante passar por exames formais. A partir de 2009, a FIK proíbe que senseis acima de ses- senta anos realizem exame de graduação acima do 6.º dan Campeonato Mundial de Kendo 2003 - Glasgow/Escócia não tendo tempo mínimo de prática exigido entre as gra- duações. A partir desse mesmo ano, para que o sensei visitante, ou seja, de outro país, realize exame quando estiver viajando, será necessária uma autorização formal • treze anos de idade, no mínimo. da entidade regulamentadora do kendo da qual faça parte • cinco examinadores com, no mínimo, 4.º dan. esse sensei. – ao menos três devem conceder a graduação. Os exames de graduação se dividem em 3 fases: • Kirikaeshi.

1.ª fase: técnica, na qual os candidatos mos- • Ji-Geiko. tram a sua habilidade com o bogu e o shinai. • Tati Kata 1-5. 2.ª fase: katas, na qual os candidatos mostram a sua habilidade em fazer os Kata. • exame escrito. 3.ª fase: escrita, na qual os candidatos respon- dem a questões de ordem teórica (a partir do Nidan (2.º dan) 1.º dan apenas). • um ano depois do 1.º dan.

34.6.1 Exame • cinco examinadores com no mínimo 5.º dan. – ao menos três devem conceder a graduação. Requisitos para exame de graduação:*[28] • Kirikaeshi. Ikkyu (1.º kyu) • Ji-Geiko.

• doze anos de idade, no mínimo. • Tati Kata 1-7.

• cinco examinadores com, no mínimo, 4.º dan. • exame escrito. – ao menos três devem conceder a graduação. Sandan (3.º dan) • Kirikaeshi

• Ji-Geiko. • dois anos depois do 2.º dan e dezoito anos de idade.

• Tati Kata 1-2 (até 2007 era 1-3). • cinco examinadores com no mínimo 5.º dan. – ao menos três devem conceder a graduação. Shodan (1.º dan) • Kirikaeshi.

• seis meses depois do 1.º kyu. • Ji-Gueiko. 34.6. GRADUAÇÕES 191

• Tati Kata 1-7 e Kodachi Kata 1-3. • exame de arbitragem. • exame escrito. Hachidan (8.º dan) Yodan (4.º dan) • dez anos depois do 7.º dan, quarenta e cinco anos de • três anos depois do 3.º dan. idade e possuir título de Kyoshi. • seis examinadores com no mínimo 6.º dan. • vinte e um examinadores com, no mínimo 8.º dan. – ao menos quatro devem conceder a graduação. – ao menos cinco devem conceder a graduação no primeiro exame, com sete examinadores, e ao menos • Ji-Geiko. dez no segundo exame, com catorze examinadores. • Tati Kata 1-7 e Kodachi Kata 1-3. • Ji-Geiko. • exame escrito. • Tati Kata 1-7 e Kodachi Kata 1-3. • redação. • exame escrito. Godan (5.º dan) • redação.

• quatro anos depois do 4.º dan. • exame de arbitragem. • seis examinadores com no mínimo 7.º dan. • tese. – ao menos quatro devem conceder a graduação. • exame realizado apenas no Japão. • Ji-Geiko.

• Tati Kata 1-7 e Kodachi Kata 1-3. Renshi • exame escrito. • ter obtido 6.º dan há pelo menos um ano. • redação. • ter graduação 5.º dan obtida há pelo menos 10 anos, Rokudan (6.º dan) idade acima de 60 anos e autorização do presidente da Federação à qual está filiado. • cinco anos depois do 5.º dan. • quatro examinadores com no mínimo 7.º dan • seis examinadores com no mínimo 7.º dan. Kyoshi, um examinador com título acadêmico de – ao menos quatro devem conceder a graduação. mestrado ou pós-graduação, um examinador com tí- tulo acadêmico de doutorado. • Ji-Geiko. – ao menos quatro devem conceder a graduação. • Tati Kata 1-7 e Kodachi Kata 1-3. • apresentar dissertação e os atestados requeridos. • exame escrito. • redação. Kyoshi • exame de arbitragem. • ter obtido 7.º dan há pelo menos dois anos.

Nanadan (Shichidan) (7.º dan) • ter título de Renshi. • • seis anos depois do 6.º dan. quatro examinadores com no mínimo 7.º dan Kyoshi, dois examinadores com título acadêmico de • sete examinadores com, no mínimo 7.º dan. doutorado. – ao menos cinco devem conceder a graduação. – ao menos quatro devem conceder a graduação.

• Ji-Geiko. • apresentar dissertação e os atestados requeridos. • Tati Kata 1-7 e Kodachi Kata 1-3. Hanshi • exame escrito. • redação. • somente no Japão. 192 CAPÍTULO 34. KENDO

34.6.2 Graduações no Brasil [9] V World Kendo Champioship - Brazil (html) (em portu- guês). Atualmente, existem no Brasil mestres com graduação de [10] [www.14wkc.com.br 14º World Kendo Champioship - no máximo 7º dan Kyoshi, reconhecidos pela FIK. Brazil] (html) (em português). Até 1998,no Brasil, a graduação ao 7º dan ocorria por [11] FIK. FIK na GAISF (html) (em inglês). Suisen. A partir daquele ano, com a fundação da CBK e por ocasião da visita de uma comissão de mestres da FIK, [12] FIK. Sobre a FIK (html) (em inglês). foi abolida a prática do Suisen, passando-se a graduar so- [13] Ministério do Esporte. Entidades do Desporto (html) (em mente mediante aprovação em exame de graduação. Foi português). também realizado o primeiro exame de graduação para [14] CBK. Academias Filiadas na CBK (html) (em português). 7º dan no Brasil. Três mestres de 6º dan participaram deste primeiro exame no Brasil, tendo sido aprovado o [15] FIK. FIK Constitution (PDF) (em inglês). Sensei Jorge Kishikawa, que também recebeu da AJKF [16] (em português) (em japonês) Revista Kendo Nippon: Pá- * o shogo (titulação) de kyoshi, [29] passando a integrar o ginas 112,115, jan/2006 “O Espírito que enriquece os já existente grupo de Senseis com a mais alta graduação brasileiros - tradução oficial de Yuko Takeda de kendo no Brasil. Desde então diversos outros mestres do Brasil prestaram exame e receberam essa graduação, [17] All Japan Kendo Federation. Kendo Fundamentals - Book 2. All Japan Kendo Federation, 2007 (págs. 28-32) contribuindo para a solidificação e alto padrão do kendo no Brasil. [18] All Japan Kendo Federation. Kendo Fundamentals (html) (em inglês). [19] Confederação Brasileira de Kendo. Nippon Kendo Kata - 34.7 Ficção Manual de Instrução, 2004 (pág. 15) [20] Regulamentação da AJKF (ed. 2002): “A zona de alvo O animê e mangá Bamboo Blade é baseado na prática de kote será o pulso direito (...) contra chudan-no-kamae e do kendo, em especial por garotas. Outros mangás tam- ambos os pulsos contra as outras kamae". Para definirmos bém possuem personagens que praticam kendo, tendo o que significa “outras kamae". como exemplos as séries Love Hina (Motoko Aoyama), [21] Guia da Kokutai (Organização Nacional Atlética*): "... o Samurai X (Kaoru Kamiya), Highschool of The Dead kote esquerdo é também um alvo válido quando o oposi- (Saeko Busujima),Katekyo Hitman Reborn (Yamamoto tor se encontra em chudan-kamae com a mão esquerda Takeshi), Sword Art Online e Usagi Yojimbo, que se ba- à frente, em jodan-no-kamae, hasso-no-kamae, waki- seia tanto na técnica da luta com espadas quanto na filoso- gamae, nito-no-kamae, age-gote, e outras variantes de chu- fia samurai, sendo o personagem principal uma referência dan.” ao samurai Miyamoto Musashi, dentre outros títulos. [22] Jodan No Kamae (pdf) (em inglês). [23] Darrel Max Craig. A arte do kendo e do Kenjitsu, Ed. Madras, 2005 (pág. 94) 34.8 Referências [24] International Kendo Federation. Concept of Kendo (html) (em inglês). [1] International Kendo Federation. The History of Kendo (em inglês). Visitado em 28 de fevereiro de 2008. [25] Noma Dojo (html) (em inglês). [26] FIK. FIK Constitution (PDF) (em inglês). [2] Houaiss, Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (ABL) [27] Michaellis-Dicionário Japonês-Português, Katunori Wa- kisaka 2003 Ed. Aliança ISBN 85-0603352-7 [3] Portal da Língua Portuguesa – Dicionário de Estrangei- rismos [28] Confederação Brasileira de Kendo http://www.cbkendo. esp.br [4] CBK. O Kendo e sua História (html) (em português). [29] Instituto Niten. A Trajetória do Sensei Jorge Kishikawa [5] IBGE. Resistência & Integração - 100 anos de imigração no Kendo (em português). japonesa no Brasil. IBGE, 2008 [6] Governo do Estado de São Paulo. A Linha do Tempo da 34.9 Ver também Imigração Japonesa (html) (em português).

[7] Site oficial do 14º World Kendo Championship. Hakoku • Kenjutsu Ju-Ken Do Ren-Mei (html) (em português). • Katana [8] GOMES, Marcelo Abreu. Antes do Kasato Maru…Cen- • Samurai tenário da Colônia Agrícola Japonesa da Fazenda Santo Antônio. Conceição de Macabu. Editora Macuco, 2008. • Iaido 34.10. LIGAÇÕES EXTERNAS 193

34.10 Ligações externas

• Federação Internacional de Kendo (em inglês)

• Federação Japonesa de Kendo (em inglês)V • APK - Associação Portuguesa de Kendo

• Confederação Brasileira de Kendo Capítulo 35

Katana

A katana, catana*[1] ou catãna (em japonês: ⼑, ka- A katana era muito mais do que uma arma para um samu- tana) é o típico sabre longo japonês.*[2] No entanto, esta rai: era a extensão de seu corpo e de sua mente. Forjadas palavra foi incorporada na língua portuguesa no século em seus detalhes cuidadosamente, desde a ponta, até a XVI, após a chegada dos portugueses ao Japão. Por curvatura da lâmina eram trabalhadas totalmente a mão. essa razão, nestes quase quinhentos anos, essa palavra Assim, os samurais virtuosos e honrados faziam de sua es- foi perdendo a sua pronúncia japonesa aportuguesando- pada uma filosofia de vida. Para o samurai, a espada não se e ganhou novos sentidos em português, especialmente era apenas um instrumento de matar pessoas, mas sim nas variantes europeia, africana e asiática, designando uma forma de fazer a justiça e ajudar as pessoas. A es- uma variedade de objectos como espadas, sabres ou fa- pada ultrapassava seu sentido material; simbolicamente, cões*[3]*[4]*[5]. Com o renovar do interesse pela cul- era como um instrumento capaz de “cortar”as impu- tura nipónica nos vários países de língua portuguesa, nos rezas da mente.Havia ainda um sabre pequeno, chamado últimos anos, a palavra catana reforçou o seu sentido ori- tantô, que era utilizado não apenas para combates, mas ginal. Surgida no Período Muromachi, era a arma pa- também para o ritual do seppuku (suicídio honroso). A drão dos samurais e uma das suas variantes, a wakizashi, diferença básica entre as três era o tamanho, tendo a Ka- era usada pelos ninjas. É utilizada para a prática do tana um comprimento de 60 ~ 90 cm de lâmina (hamon); kenjutsu, a arte de manejar a espada. Tem gume apenas a Wakizashi entre 30 ~ 60 cm; e o tantô um comprimento de um lado, e sua lâmina é ligeiramente curva.*[6] Era de cerca de 30 cm. Cada espadachim escolhia as espadas usada tradicionalmente pelos samurais, acompanhada da de acordo com as suas preferências, tanto em termos de wakizashi (脇差). A katana era usado em campo aberto, forja, quanto em termos de comprimento e curvatura da enquanto a wakizashi servia para combate no interior de lâmina. As medidas das espadas japonesas são referen- edifícios. ciadas em shaku (equivalente a 30 cm). Qualquer lâmina Apesar dos samurais terem desenvolvido tradicional- que possuir até um shaku é considerada uma tantō; se o mente a esgrima usando uma espada manejada pelas duas comprimento da lâmina for entre um e dois shaku, então mãos juntas, existem estilos de kenjutsu que possuem ela é considerada uma shotō (é a categoria da wakizashi e técnicas com ambas as espadas ao mesmo tempo, como da kodachi); se a lâmina possuir um comprimento maior por exemplo o Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu e o que dois shaku, então ela é considerada uma daitō (como Niten Ichi Ryu de Miyamoto Musashi. Em sua obra Go- a katana e a tachi); e, ainda, se a lâmina tiver de quatro a rin no Sho (O Livro dos Cinco Anéis), Musashi advoga o cinco shaku, ela é considerada uma (katana de três punhos). Afora estes, existem muitas outras varian- uso das duas espadas, dizendo ser “indigno do samurai morrer com uma espada ainda embainhada”. O con- tes de sabres japoneses. Kenjutsu, Kendo, Iaidô e Iaijutsu são as artes marciais comumente associadas ao manejo da junto das duas armas chama-se daisho (⼤⼩), literal- mente “grande e pequeno”, e podia ser usado apenas Katana. pelos samurais, representando seu prestígio social e honra pessoal. A diferença entre a espada ninja (ninja-to) e a ka- tana samurai se dá na sua forma, sendo que a ninja tem 35.1 História forma reta e ponta também reta, tendo a lâmina não tão afiada (em razão da pratica do "doku no jutsu" - envene- namento), já a samurai possui uma leve curvatura e ponta A espada foi a arma mais usada no Japão medieval, prin- semi-curva, muito bem afiada. Isso se dá a diferença de cipalmente após sua unificação pelo Shogun Tokugawa que o ninja carrega sua espada nas costas, portanto um Ieyasu (início do séc XVII), período de muitos duelos en- corte vertical de cima para baixo, e o samurai levar sua tre samurais. Tão grande era sua importância que foi de- espada na altura da cintura realizando um corte transver- clarada privilégio exclusivo da classe guerreira em 1588. sal de baixo para cima ou horizontal. “A espada é a alma do samurai”, disse Tokugawa Ieyasu. Um samurai era facilmente reconhecido pelas ruas por portar duas espadas presas ao obi, uma longa, a Katana

194 35.1. HISTÓRIA 195

35.1.2 Koto

Katana (Masamune)

A partir do período Heian (794-1185), surge o termo Nip- ponto ou Nihonto, que significava“espada japonesa”(nip- pon=japão, to=espada). A mudança no estilo de luta criou a necessidade de alteração no seu formato. Não se guerre- ava mais a pé, mas sim a cavalo. As espadas tornaram-se longas, curvadas, com uma base mais larga e forte e uma ponta bem fina. As espadas desta época são chamadas de Tachi e representam a categoria das antigas espadas ou Koto. Neste período, as inscrições nas espadas derivavam, de motivos budistas, representando a forte ligação do cute- leiro com a religião e com seu trabalho. Foi criado o mé- todo de forjar com a superfície extremamente dura e o núcleo macio. O período Kamakura (1185-1333), com o Japão sob do- mínio da classe guerreira, foi considerado a época de ouro da espada japonesa. Muitas espadas consideradas tesouro nacional foram produzidas neste período. Esquema de uma katana A Katana (a clássica arma dos samurais) surgiu no período Muromachi. Com os feudos em guerra, enquanto (de 60 a 102 cm), usada nas lutas em locais amplos, e uma os exércitos cresciam, os soldados a cavalo se tornavam menor, a Wakizashi (de 30 a 60 cm), para espaços fecha- mais raros e a força principal vinha daqueles que comba- dos. O Daishô, nome dado ao conjunto, representava o tiam a pé. Variando entre 60 a 90 cm no comprimento estatuto máximo dos samurais, simbolizando o orgulho e e com lâmina de largura uniforme, eram mais fáceis de emblema do guerreiro. Havia uma terceira arma, o Tanto, carregar e mais rápidas para sacar. uma faca fina que ficava escondida e que era usada só em emergências. A história da Katana está ligada à história do Japão e 35.1.3 Shinto ao desenvolvimento das técnicas de luta. Sua denomi- nação muda conforme o período ao qual as peças perten- Era Edo. Iniciou-se o governo de Tokugawa e, apesar cem.*[7] de as armas de fogo já fazerem parte do armamento dos exércitos, as espadas ainda eram produzidas e de forma ainda mais refinada, com a matéria-prima mais acessível • Jokoto ano 795 e a troca de experiência entre os cuteleiros que passaram a viajar com os exércitos. • Koto (espadas antigas) 795-1596 As espadas deste período são conhecidas como espadas • Shinto (espadas novas) 1596-1624 novas. • Gendaito (espadas contemporâneas) 1876-1953 Esta fase foi curta, pois com a unificação interna do Japão, foi instituída uma lei proibindo o porte de espadas pelos samurais. Soma-se a isto a inflação e a queda na qualidade 35.1.1 Jokoto do aço produzido, piorando a qualidade das espadas.

Durante o período Jokoto (800 d.C.), as espadas usadas eram retas, com fio simples (a Chokuto) ou duplo (Ken) e 35.1.4 Gendaito pobremente temperadas. Não havia um desenho padrão e eram atadas à cintura por meio de cordas. Evidências Espadas feitas a partir da era Meiji são chamadas de espa- históricas sugerem que elas eram jians feitas por artesãos das modernas ou Gendaito. Estas foram feitas na maior chineses e coreanos que trabalhavam no Japão. parte para os oficiais militares japoneses, para rituais e 196 CAPÍTULO 35. KATANA ocasiões públicas. Apesar de possuírem as mesmas for- mas de uma espada tradicional, não tinham as caracterís- ticas principais do artesanato (feito a mão) e do aço não industrial.

35.2 Referências

[1] Academia Brasileira de Letras. Disponível em http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/ start.htm?sid=23. Acesso em 29 de julho de 2013.

[2] Catana. Visitado em 14.mai.2012.

[3] Catana - Priberam. Visitado em 03.ago.2012.

[4] Catana - Aulete. Visitado em 03.ago.2012.

[5] Catana - Infopédia. Visitado em 03.ago.2012.

[6] Turnbull, Stephen. Katana: The Samurai Sword (em inglês). Londres: Random House, 2011.

[7] Marco Araujo Poli. Cronologia da Katana - A história das espadas japonesas Instituto Niten - Artigos. Visitado em 27.fev.2008.

35.3 Ligações externas

• História da Katana

• Katana Capítulo 36

Samurai

queda do terceiro xogunato, na segunda metade do século XIX.*[1] O samurai era uma pessoa muito rígida moralmente, tanto que se seu nome fosse desonrado ele executaria o seppuku, pois em seu código de ética era preferível mor- rer com honra a viver sem a mesma. Seppuku, suicídio honrado de um samurai em que usa uma tanto (faca) e com ela enfia no estômago e puxa-a para cima eviscerando-o. Uma morte dolorosa e honrada. Inicialmente, os samurais eram apenas coletores de impostos e servidores civis do império. Era preciso ho- mens fortes e qualificados para estabelecer a ordem e muitas vezes ir contra a vontade dos camponeses. Posteriormente, por volta do século X, foi oficializado o termo “samurai”, e este ganhou uma série de novas funções, como a militar. Nessa época, qualquer cidadão podia tornar-se um samurai, bastando para isso adestrar- se no Kobudo (artes marciais samurais), manter uma re- putação e ser habilidoso o suficiente para ser contratado por um senhor feudal. Assim foi até o xogunato dos Tokugawa, iniciado em 1603, quando a classe dos samu- rais passou a ser uma casta. Assim, o título de“samurai” começou a ser passado de pai para filho. Samurai vestindo yoroi O samurai mais famoso de todos os tempos foi Miyamoto Musashi (1584̶1645), um guerreiro que veio do campo, participou da batalha de Sekigahara e iniciou um longo caminho de aperfeiçoamento. Ele derrotou os Yoshioka em Edo (atual Tóquio) e venceu o grande Sasaki Kojirō, Samurai (侍, samurai*?) - era como soldado da outro grande samurai. aristocracia do Japão entre 1100 a 1867. Com a restauração Meiji a sua era, já em declínio, chegou ao fim. Pelo fim da era Tokugawa, os samurais eram burocratas Suas principais características eram a grande disciplina, aristocráticos ao serviço dos daimiô, com as suas espadas lealdade e sua grande habilidade com a katana. servindo para fins cerimoniais. Com as reformas da era Meiji, no final do século XIX, a classe dos samurais foi abolida e foi estabelecido um exército nacional ao estilo ocidental. O rígido código samurai, chamado bushido, 36.1 Breve história dos samurais ainda sobrevive, no entanto, na atual sociedade japonesa, tal como muitos outros aspectos do seu modo de vida. O processo histórico que culminou na formação da casta Os Samurais, como classe social, deixaram de existir em social dos samurais teve início já no século VIII. Mas foi 1868, com a restauração Meiji, quando o imperador do apenas com o estabelecimento do primeiro xogunato, no Japão retomou o poder do país. final do século XII, é que teve início o período de sete séculos de dominação política e social samurai sobre o Seu legado continua até nossos dias, influenciando não povo japonês, que terminou com a Restauração Meiji e a apenas a sociedade japonesa, mas também o ocidente.

197 198 CAPÍTULO 36. SAMURAI

36.2 Nomenclatura de 60 cm. Todos os samurais dominavam o manejo do arco e O nome “samurai”significa, em japonês, “aquele que flechas. Alguns usavam também bastões, lanças e outras serve”. Portanto, sua maior função era servir, com to- armas como a foice e corrente (kusarigama) e jutte. tal lealdade e empenho, o Imperador. Em troca disso Eram chamados de ronin os samurais desempregados: recebiam privilégios terras e/ou pagamentos, que geral- aqueles que ainda não tinham um daimyo para servir ou mente eram efetuados em arroz, numa medida denomi- quando o senhor dos mesmos morria ou era destituído do nada koku (200 litros). cargo. Um termo mais apropriado para Samurai é bushi (武⼠) Os samurais obedeciam a um código de honra não-escrito (significando literalmente “guerreiro ou homem de ar- denominado bushidô (caminho do guerreiro). Segundo mas”) que era usado durante o período Edo. No entanto, esse código, os samurais não poderiam demonstrar medo o termo “Samurai”refere-se normalmente à nobreza ou covardia diante de qualquer situação. guerreira e não por exemplo à infantaria alistada. Um sa- murai sem ligações a um clã ou daimyō era chamado de Havia uma máxima entre eles: a de que a vida é limitada, ronin (literalmente “homem-onda”). Rōnin são tam- mas o nome e a honra podem durar para sempre. Por bém samurais que largaram a sua honra ou aqueles que causa disso, esses guerreiros prezavam a honra, a imagem não cumpriram com o seppuku, que significa dividir a pública e o nome de seus ancestrais acima de tudo, até da barriga, de modo a repor a honra do seu clã ou família. própria vida. Samurais ao serviço do han eram chamados de hanshi. A morte, para o samurai, era um meio de perpetuar a sua Era esperado dos Samurais que eles não fossem existência. Tal filosofia aumentava a eficiência e a não- analfabetos e que fossem cultos até um nível básico, e ao hesitação em campos de batalha, o que veio a tornar o longo do tempo, durante a era Tokugawa (também cha- samurai, segundo alguns estudiosos, o mais letal de todos mada de período Edo), eles perderam gradualmente a sua os guerreiros da antiguidade. função militar.

Kabuto

Equipamento militar dos samurais.

Tal relação de suserania e vassalagem era muito seme- Talvez o que mais fascine os ocidentais no estudo desses lhante à da Europa medieval, entre os senhores feudais e lendários guerreiros é a determinação que eles tinham em os seus cavaleiros. Entretanto, o que mais difere o samu- freqüentemente escolher a própria morte ao invés do fra- rai de quaisquer outros guerreiros da antiguidade é o seu casso. Se derrotados em batalha ou desgraçados por outra modo de encarar a vida e seu peculiar código de honra e falha, a honra exigia o suicídio em um ritual denominado ética. harakiri ou seppuku. Todavia, a morte não podia ser rá- Após tornar-se um bushi (guerreiro samurai), o cidadão e pida ou indolor. O samurai fincava a sua espada pequena sua família ganhavam o privilégio do sobrenome. Além no lado esquerdo do abdômen, cortando a região central disso, os samurais tinham o direito (e o dever) de car- do corpo, e terminava por puxar a lâmina para cima, o regar consigo um par de espadas à cintura, denominado que provocava uma morte lenta e dolorosa que podia le- "daishô": um verdadeiro símbolo samurai. Era composto var horas. Apesar disso o samurai devia demonstrar total por uma espada curta (wakizashi), cuja lâmina tinha apro- autocontrole diante das testemunhas que assistiam ao ri- ximadamente 40 cm, e uma grande (katana), com lâmina tual. No entanto, dispunham de um assistente neste mo- 36.3. ARTES MARCIAIS DOS SAMURAIS 199

mento, que deceparia sua cabeça ao menor sinal de fra- ram versões modernizadas (Gendai budō) no século XX, queza para que sua honra fosse igualmente preservada. como o Kendō, Iaidō, Jōdō, Aikido, Judô e Jiu-Jitsu por Normalmente eram escolhidas pessoas próximas (famili- exemplo. Tanto o Kobudo como o Gendai Budo são pra- ares, amigos) da pessoa que estava cometendo o seppuku ticados hoje em dia, muitas vezes se complementando. para ajudar como assistente. Tal“cargo”era considerado de grande honra. 36.3.1 Armadura A morte, nos campos de batalha, quase sempre era acom- panhada de decapitação. A cabeça do derrotado era como um troféu, uma prova de que ele realmente fora vencido. Por causa disso, alguns samurais perfumavam seus elmos com incenso antes de partirem para a guerra, para que isso agradasse o eventual vencedor. Samurais que ma- tavam grandes generais eram recompensados pelos seus daimyo, que lhe davam terras e mais privilégios. Ao tomar conhecimento desses fatos, os ocidentais geral- mente avaliam os samurais apenas como guerreiros ru- des e de hábitos grosseiros, o que não é verdade. Os samurais destacaram-se também pela grande variedade de habilidades que apresentaram fora de combate. Eles sabiam amar tanto as artes como a esgrima, e tinham a alfabetização como parte obrigatória do currículo. Mui- tos eram exímios poetas, calígrafos, pintores e escultores. Algumas formas de arte como o Ikebana (arte dos arran- jos florais) e a Chanoyu (arte do chá) eram também consi- deradas artes marciais, pois treinavam a mente e as mãos do samurai. O caminho espiritual também fazia parte do ideal de homem perfeito que esses guerreiros buscavam. Nessa busca os samurais descobriram o Zen-budismo, como um caminho que conduzia à calma e à harmonia. Os samurais eram guerreiros que davam muita importân- cia ao seu clã (família) por isso se algum membro da fa- mília do samurai morresse por assassinato ele teria que matar o assassino para assim reconquistar sua honra. Réplica da armadura do Daimiô Uesugi Kenshin (1530–1578).

36.3 Artes marciais dos Samurais Uma armadura típica dos samurais era composta por diversos detalhes importantes, sofrendo mudanças de acordo com o período histórico, o clã e a classe do sa- Os samurais prezavam particularmente o treinamento mi- murai. As usadas para batalhas a cavalos, chegavam a litar. Através das artes marciais, era fortalecida tanto a pesar até quarenta quilos.*[2] sua técnica quanto o seu espírito. Mais do que acertar um alvo com sua flecha ou cortar algo com sua espada, um sa- • Suneate: Duas lâminas verticais presas na tíbia por murai sempre visava refinar seu espírito, com a autodisci- juntas ou correntes. plina e o autocontrole, para assim estar sempre preparado para as situações mais adversas possíveis. • Haidate: Protetor de coxas, com a parte inferior sobreposta de lâminas de metal ou couro. Tal preocupação com o espírito que ajudou as artes Sa- murai a se salvar de sua extinção na Restauração Meiji • Yugate: Luvas feitas de couro. (época em que os samurais viraram burocratas a serviço do governo). O Kobudo, como são conhecidos os esti- • Kotê: São as mangas que protegiam os antebraços los de combate criados pelos samurais ainda é praticado e punhos, poderiam ser feitas de diversos materiais, até nossos dias. O Kobudo envolve uma grande gama como tecido, couro ou lâminas de metal. de armas diferente e técnicas, como o Kenjutsu (arte de • Dô: Protetor para o abdômen. combater com espadas), Iaijutsu (arte de desembainhar a espada em combate), Naginatajutsu (luta com alabarda), • Kusazuri: Um tipo de saia feita de lâminas de me- Sōjutsu ou Yarijutsu (arte da lança), Jojutsu e Bōjutsu tal presas a um cinto de couro e amarradas no Dô, e uma forma de Taijutsu. A maioria destas artes tive- servia para proteger o quadril e as coxas. 200 CAPÍTULO 36. SAMURAI

• Uwa-obi: Cinto feito de linho e algodão que amar- rava o Dô.

• Sode: Protetor de ombros feito de lâminas de metal.

• Hoate: Máscara que variavam muito de modelo, conforme o período.

: Capacete, que também variavam muito de modelo, conforme o período. Simbolizavam o poder e status do samurai.

: Capa, feita de seda utilizada como aparador de flechas, também levava consigo o desenho do clã o qual o samurai participava.

36.4 O Dia do Samurai

Em 22 de julho de 2005, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei estabelecendo o dia 24 de abril de cada ano como data comemorativa do Dia do Samurai *[3] A data foi escolhida pelo autor do projeto (o então ve- reador William Woo) em homenagem ao aniversário do Sensei Jorge Kishikawa, a título de reconhecimento por Comemoração do Dia do Samurai em São Paulo no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera. seu trabalho na difusão das artes samurais tradicionais (Kobudo ou Koryu Budo) no Brasil. A comemoração do Dia do Samurai foi posteriormente proposta e oficializada em várias outras cidades e também estados do território brasileiro. Atualmente a data é parte do calendário oficial das cidades de São Paulo (a metró- pole onde se concentra o maior número de descendentes japoneses fora do Japão), Ribeirão Preto (cidade consi- derada como o berço da imigração japonesa no Brasil), Brasília, Piracicaba, Campinas e Guarulhos e nos estados do Amazonas, Paraná e Santa Catarina.

36.5 O Samurai na sociedade japo- Comemoração do Dia do Samurai na Câmara Municipal de São nesa Paulo.

Os samurais eram treinados militarmente desde a infância, e formavam uma casta respeitadíssima e here- por poder portar armas legalmente, as quais eram proi- ditária. Moldados no treinamento e educação esparta- bidas às outras pessoas; a eles, samurais, quais cabiam a nos, sua conduta era rígida e baseada num código restrito responsabilidade de manter a ordem. chamado Bushido (o caminho guerreiro), que enfatizava Os samurais tinham privilégios, como o livre direito de as qualidades de lealdade, bravura e resistência. Quando ação; diante deles, em certas ocasiões, as pessoas das derrotados ou desonrados, praticavam o Seppuku, o sui- classes mais baixas deviam lhes reverenciar, como ato cídio sagrado e ritualístico, em que o guerreiro abria o de respeito. Por lei, um direito chamado kirisute gomen próprio ventre com uma faca. dava a um samurai o poder de eliminar com sua espada A Sociedade Japonesa, durante o período do xogunato, qualquer um das castas mais baixas que não o respeitasse. abaixo dos nobres, dos senhores feudais e dos grandes Os samurais, como casta, terminaram com a extinção do líderes militares, dividia-se em 4 classes principais: sa- feudalismo. murais, lavradores, artesãos e mercadores. Os samurais, Sem ter a quem servir, entraram na luta contra o impé- a classe dos guerreiros, que compreendia cerca de 3 a 8 rio, numa série de revoltas iniciadas em 1870, que fo- por cento do total da população, destacava-se como casta ram abafadas pelo exército imperial. Os sobreviventes 36.6. CASAMENTO SAMURAI 201

Formação de tropas samurais denominada Ganko (voo dos pás- Atores de teatro kabuki caracterizados como samurais (c. 1880). saros) do Período Azuchi-Momoyama. das revoltas, homens com séculos de orgulho, honra e Nas famílias dos samurais, a monogamia tornou-se regra, cultura guerreira, se degradaram e terminaram seus dias mas no caso de esterilidade da mulher, o marido tinha com bandoleiros ou mendigos. o direito de possuir uma “segunda esposa”(como na aristocracia), pertencente à mesma classe ou de casta in- ferior. Mas depois no século XV, esse costume acabou, no caso do casal não ter filhos e assim sendo não possuir herdeiros, recorria-se ao processo de 'yôshi' (adoção) de um parente ou de um genro. Como norma geral o casa- mento constituía assunto estritamente familiar e se reali- zava dentro dos limites de uma mesma classe. Contudo, os interesses políticos às vezes rompiam as bar- reiras dos laços familiares, transformando o matrimônio em assunto de estado. Na aristocracia existiu um famoso ocorrido, o caso da família Fujiwara que, a fim de manter a hegemonia da família nas altas posições junto à corte, casou suas filhas com herdeiros do trono e outros mem- bros da família imperial. De modo semelhante, os che- fes de clãs samurais promoviam políticas de alianças por meio de casamento, dando suas filhas em matrimônio a senhores vizinhos ou outras pessoas influentes.

36.6.1 Esposa, a mulher samurai

Na classe samurai, mesmo não tendo uma autoridade ab- soluta, a mulher ocupava uma posição importante na fa- mília. Quase sempre dispunha de um controle total das Samurais (c.1880). finanças familiares, comandando os criados e cuidando da educação dos filhos e filhas (sob orientação do marido). Comandavam também a cozinha e a costura de todos os membros da família. Tinham a importante missão de in- cutir na mente das crianças (meninos e meninas), os ide- 36.6 Casamento samurai ais da classe samurai que eram: não ter medo diante da morte; piedade filial; obediência e lealdade absoluta ao Geralmente o casamento era arranjado pelos pais, com senhor; e também os princípios fundamentais do budismo o consentimento silencioso dos jovens. Mas, também e confucionismo. não se descartava a hipótese dos próprios jovens arruma- Com todas essas responsabilidades, a vida de esposa de rem seus pretendentes. Na maioria dos casos segundo um samurai não era nada invejável. Com muita freqüên- os velhos costumes, as preliminares eram confiadas a um cia, o samurai estava ausente prestando serviço militar ao (uma) intermediário(a). seu senhor; e em tempo de guerra o samurai às vezes era 202 CAPÍTULO 36. SAMURAI

36.7 Para Saber mais

• Hagakure - O Livro do Samurai, Yamamoto Tsune- tomo

O mais conhecido tratado sobre o Bushido, o código de conduta dos Samurais Editora Conrad, 2004

• Shin Hagakure - Pensamentos de um Samurai Mo- derno, Jorge Kishikawa

Os preceitos do Bushido adaptados para a vida moderna por Jorge Kishikawa. Editora Conrad, 2004

• O Livro dos Cinco Anéis - Gorin No Sho, Miyamoto Musashi

Apresentação: Shihan Gosho Motoharu Revisão técnica e introdução: Jorge Kishikawa O maior clássico da história do Japão, pela primeira vez traduzido para o português diretamente do original em japonês arcaico e com revisão por um mestre do Niten Ichi Ryu, o estilo de Miyamoto Musashi Esposa de Onodera Jyūnai Hidekazu, um dos 47 rōnin, Editora Conrad, 2006 preparando-se para cometer o jigai (versão feminina do sep- puku). • Musashi, Eiji Yoshikawa

O romance mais vendido da história do Japão. Conta a história de Miyamoto Musashi, o mais famoso espadachim de todos os tempos forçado a defender seu lar, pois conforme os reveses da batalha poderiam virar alvo de ataques inimigos. • Armaduras Japonesas, Mario Del Rey Nessas ocasiões de perigo para a família, não era difícil a mulher combater ao lado do marido, usando de preferên- Esta obra apresenta não apenas minuciosas e fascinantes cia a 'naginata' (alabarda), arma que aprendiam a manejar informações sobre as armaduras dos antigos guerreiros desde cedo. japoneses, os samurais, mas também um resumo da his- tória do Japão, desde os tempos pré-históricos até o início Mesmo não tendo o refinamento das damas da nobreza, do processo de modernização do país, na segunda metade pela qual os samurais nutriam certo desprezo, a mulher do século XIX. Conheça esse universo fascinante dos sa- samurai possuía conhecimentos dos clássicos chineses e murais e as suas armaduras, bem como faça uma viagem sabia compor versos na língua de Yamato, ou seja, no ja- cultural à Terra do Sol Nascente. ponês puro, usando 'kana'. As crônicas de guerra, como o 'Azuma Kagami', contam- nos que esposas de samurais lutavam na defesa de seus 36.8 Referências lares, empunhando alabarda, atirando com arco ou até acompanhando seus maridos nos campos de batalha. Es- [1] Yamashiro, José. História dos Samurais. 3 ed. São Paulo: sas mulheres demonstravam muita coragem ao enfrenta- IBRASA, 1993. rem o perigo sem medo. [2] RIBEIRO, Patrícia. A força que vinha das espadas e ar- Sem perder a feminilidade essas esposas, cuidavam de maduras. A História dos Samurais. Revista Conhecer sua aparência vestiam-se com esmero; gostavam de man- Fantástico#6. Arte Antiga Editora. Janeiro de 2002 ter a pele clara, usando batom e pintando os dentes de preto (tingir os dentes de preto era hábito de toda mulher [3] Câmara Municipal de São Paulo. LEI Nº 14.039 DE 22 casada), tiravam a sobrancelha e cuidavam com muito ca- DE JULHO DE 2005, Arquivo pdf. rinho dos longos cabelos escuros. 36.11. LIGAÇÕES EXTERNAS 203

Arcabuzes Tanegashima (Teppo). A técnica samurai para

uso de armas de fogo era denominada Teppo Jutsu.*link

36.9 Bibliografia

• História dos Samurais, José Yamashiro

36.10 Ver também

• Bushido

• Instituto Cultural Niten

• Katana • Kendo

• Kenjutsu • Ninja

• Representação artística dos 47 rōnin • Seppuku

36.11 Ligações externas

• Arquivos Samurai Páginas da História Japonesa • Comemoração do Dia do Samurai em São Paulo

• Sobre o Samurai Capítulo 37

Miyamoto Musashi

Miyamoto Musashi (宮本武蔵*?)(Harima, c. 1584 37.1.1 O Início ̶Higo , atual Kumamoto, junho de 1645), também co- nhecido como Shinmen Takezō, Miyamoto Bennosuke Musashi nasceu na aldeia de Miyamoto, província de Mi- ou pelo nome budista Niten Dōraku, foi um espadachim masaka, e se chamava "Shinmen Musashi No Kami Fu- e ronin, por vezes identificado como um samurai, nas- jiwara No Genshin". De seu pai, Shinmen Munisai, tam- cido onde hoje é o Japão moderno, criador do estilo de bém chamado Munisai Hirata, um "goushi" (pequeno luta com duas espadas chamado Niten Ichi Ryu*[1]*[2] fidalgo rural, algo entre um camponês e um samurai), teve (ou Hyoho Niten Ichi Ryu Kenjutsu) e escritor do tratado as primeiras lições com a espada. sobre artes-marciais conhecido como o Livro dos Cinco * Com sete anos Musashi fugiu de casa por causa de uma Anéis [1]. reação raivosa de seu pai que ameaçou sua vida,ele então foi viver com seu tio Dorin. Aos treze anos, travou seu primeiro duelo, vencendo o 37.1 Biografia então famoso espadachim Arima Kihei.

37.1.2 Viagens e Duelos

Musashi finca sua espada em uma baleia gigantesca, gravura de Utagawa Kuniyoshi (1798-1861).

Era do clã Tokugawa (1603-1868) Miyamoto Musashi (1584-1645) foi um dos heróis nacionais do Japão. Vi- vendo num período histórico de transição, em que os tra- dicionais métodos dos samurais eram aos poucos substi- tuídos por armas de fogo (ainda primitivas), ele simbo- lizou o auge do bushido (caminho do guerreiro), no qual um homem com uma espada na mão representava o má- ximo da realização individual. Vários espadachins percorriam o país, alguns simples- mente procurando um adversário famoso como forma Duelo entre Musashi e Sasaki Kojirō. de promoção, outros realmente buscando aperfeiçoar sua técnica. Musashi era um destes aventureiros. Como narra Aos 15 anos deixou seu vilarejo para realizar sua primeira na introdução de O Livro dos Cinco Anéis, nunca foi der- viagem trilhando o caminho de Shugyosha(Guerreiro pe- rotado em combate, apesar de ter enfrentado mais de ses- regrino),quando tinha apenas 17 anos Musashi entrou senta oponentes, algumas vezes mais de um simultanea- para o exército de Toyotomi Hideyoshi, onde participou mente. da tentativa de tomar castelo Fushimi por assalto em Ju-

204 37.1. BIOGRAFIA 205 lho de 1600,e na defesa do Castelo Gifu sitiada em agosto do mesmo ano. Acredita-se que ele também participou da importantíssima Batalha de Sekigahara (que consolidou o poder de Tokugawa Ieyasu no Japão), porém a única prova disto é um trecho do livro dos cinco anéis onde ele diz que participou de seis batalhas em sua juventude. Depois disso Musashi desaparece dos registros por um tempo,até sua chegada a Kyoto em 1604 com aproxima- damente 22 anos de idade onde arruinou a escola yoshi- oka, quando em duelos acabou com os três herdeiros da linhagem da escola. Após deixar Kyoto em por volta de 1605, Musashi parte numa série de viagens pelo Japão onde aperfeiçoou sua técnica com monges e através de diversos duelos. O mais épico e importante Duelo da vida de Musashi foi realizado em 1612 contra Sasaki Kojirō, travado numa pequena ilha. Na ocasião Musashi reconheceu que Sasaki dominava sua técnica, e que teria de adotar uma nova para poder derrotá-lo. Há relatos de que ele entalhou um bas- tão de madeira (Bokken) à partir de um remo quebrado do barco que usara para chegar à ilha. Tudo isso acon- teceu enquanto Sasaki o esperava impacientemente. Ao terminar seu bastão, o duelo pode finalmente começar. Logo Sasaki Kojirō saltou em direção a Musashi e quase lhe atinge o pescoço, porém Musashi esquivando-se com um salto, acertou-lhe violento golpe com o bastão que partiu o crânio de Sasaki Kojirō, matando-o ali mesmo.

37.1.3 Serviço Ichijoji Sagarimatsu, local da batalha entre Musashi e a escola Yoshioka Entre 1614 e 1615, Musashi se envolveu em uma nova guerra entre os clãs Tokugawa e Toyotomi. A guerra co- meçou quando Tokugawa sentiu que a família Toyotomi representava uma ameaça ao seu domínio no Japão. Mais uma vez pelo lado dos Toyotomi, Musashi participou das 37.1.4 Últimos Dias duas batalhas do castelo de Osaka, e estas resultaram na total ruína do exército de Toyotomi. No final, de alguma forma Musashi conseguiu ser adotado pelo clã Tokugawa. Em 1643, ele se retirou em uma caverna conhecida como Reigandō, a oeste da cidade de Kumamoto. Como ere- Ele entrou no serviço de Ogasawara Tadanao na Provincia mita escreveu então o seu tratado mais conhecido, o Livro de Harima, onde ajudou na construção do castelo de dos Cinco Anéis, concluído em 1645. Akashi,ensinou artes marciais, aperfeiçoou sua técnica de lançar shuriken e adotou um filho. Em 1621, depois de Em 1645, no décimo segundo dia do quinto mês (data derrotar 4 adeptos do Togun-ryu na frente do lorde de japonesa), sentindo a aproximação da morte, Musashi Himeji, este o confiou parte do papel de organizar a ci- liberou-se de suas posses materiais após entregar a cópia dade. manuscrita do Livro dos Cinco Anéis a seu discípulo mais próximo, o irmão mais novo de Terao Magonojô. Nesse Em 1622 seu filho adotivo se tornou vassalo do domínio mesmo dia, Musashi escreveu o manuscrito Dokkōdō, Himeji. Depois disso, Musashi embarcou em mais uma o Caminho do Andarilho Solitário, em que descreve 21 série de viagens, onde adotou outro filho. princípios de vida. Ele faleceu em Kumamoto por volta Em 1626 seu primeiro filho adotivo comete Seppuku por do dia dezenove do quinto mês, segundo o calendário ja- causa da morte de seu lorde. ponês da época*[3] . Em 1627 ele viajou outra vez. Em 1634 ele se estabeleceu A história de sua vida tornou-se uma lenda e forte ins- em Kokura junto com seu filho, mais tarde entrou em piração para o imaginário japonês, inspirando diversas serviço do daimyo Ogasawara Tadazane, tendo ele e o gravuras Ukiyo-e, livros, filmes, séries de TV, mangás e filho participado da Rebelião de Shimabara. videogames. 206 CAPÍTULO 37. MIYAMOTO MUSASHI

37.2 A Arte de Musashi como contra Muso Gonnosuke, contra Shishido Baiken, os três duelos contra mestres e discípulos da academia Yoshioka, e o mais famoso de todos, contra Sasaki Ko- jiro na ilha de Ganryūjima. Entre um duelo e outro conhecemos os dramas de perso- nagens secundários como o amigo desorientado Hon'iden Matahachi, a vingativa velhinha Osugi, os discípulos mi- rins Joutaro e Iori, e o romance com Otsu, eternamente apaixonada por Musashi. Musashi foi originalmente publicado em pequenos ca- pítulos diários no jornal Asahi Shimbun, entre 1935 e 1939. A narrativa tem um estilo folhetinesco, cheio de encontros e desencontros, misturando uma longa histó- ria de amor com episódios de aventura, tudo recheado de coincidências. A ação é muitas vezes surpreendente para o leitor acos- Diversas Edições de “O Livro dos Cinco Anéis” tumado com histórias ocidentais. Quando esperamos que Musashi acabe com seus inimigos, ele prefere fugir. Sua maior proeza talvez seja a de ter criado um estilo de Quando achamos que não haverá combate, ele desembai- luta com duas espadas, chamado Niten Ichi Ryu, onde nha a espada. Quando tudo indica que o beijo dos apai- seus discípulos e praticantes têm acesso aos katas e estra- xonados finalmente acontecerá, a mocinha amedronta-se. tégias que o tornou imbatível pelos sessenta duelos. Vale lembrar que, apesar do estilo Niten Ichi Ryu ser conhe- Estes comportamentos inesperados talvez sejam fruto cido pela luta com duas espadas, contém técnicas com a simplesmente de diferenças culturais, já que Musashi é, espada maior (tachi seiho), espada menor (kodachi seiho) por natureza, um produto destinado ao grande público. e o bastão longo, o bojutsu. Depois de aparecer em 1013 capítulos diários, foi trans- formado em livro e vendeu mais de cento e vinte milhões Um dos fios condutores da narrativa de Musashi é exata- de exemplares no Japão. mente o nascimento deste estilo, desde a primeira ideia, instintiva, até as poéticas considerações sobre a luta com Quem gosta de uma boa e leve aventura e não se inti- duas armas. mida frente a milhares de páginas vai encontrar nos dois grossos volumes de Musashi muitas horas de diversão, Além de ter sido um duelista imbatível, Musashi também além de poder aprender um pouco sobre a história e os * se dedicou a outras artes, como a pintura [4] caligrafia costumes do Japão antigo.(...) e a escultura, e chegou a escrever livros sobre esgrima e estratégia. Em 1643, ele se retirou em uma caverna conhecida como Reigandō, a oeste da cidade de Kumamoto. Como ere- 37.4 Musashi, a biografia mita escreveu o então seu tratado mais conhecido, o Livro dos Cinco Anéis ou“Gorin No Sho”. “Go”significa Em O Samurai - A vida de Miyamoto Musashi, biografia cinco,"rin”significa anéis ,e“sho”significa escrito, per- publicada no Brasil pela Estação Liberdade, o especia- gaminho ou livro. Concluiu no segundo mês de 1645. lista em língua e cultura japonesas William Scott Wilson se baseia em fatos históricos para traçar os caminhos do espadachim.*[6] A obra é resultado de extensa pesquisa e 37.3 “Musashi”, o livro traz ainda mapas e vários anexos, como desenhos de au- toria do próprio Musashi, que além da habilidade com as espadas, destacou-se como pintor a nanquim, praticante “Musashi”, o livro de Eiji Yoshikawa, publicado no Bra- de caligrafia tradicional, estudioso de poesia chinesa e sil em dois tomos pela editora Estação Liberdade, conta adepto da filosofia zen-budista. parte da vida de Miyamoto. A obra é inspirada em fatos históricos mas não se prende aos mesmos, romanceando Como mostra o livro, Musashi foi uma lenda de seu os aspectos históricos.*[5] tempo. Ignorando as convenções, ele preferia uma es- pada de madeira e em seus anos de maturidade nunca lu- Grande parte dos personagens saíram da imaginação do tou com uma arma autêntica. Foi um mestre em aniquilar autor, e mistura-se livremente com outros que realmente os inimigos usando recursos psicológicos que estudava existiram. O esqueleto da narrativa, porém, segue a tra- exaustivamente antes dos combates. Musashi orientava jetória histórica do famoso espadachim. seus estudos tão arduamente conquistados sobre as artes Começamos na batalha de Sekigahara e acompanhamos combatentes para metas espirituais de cunho zen-budista. Musashi por sua peregrinação e vários de seus duelos, Como nos mostra Scott Wilson nesta biografia, no japo- 37.6. MUSASHI NO CINEMA E NA TV 207

nês moderno existem figuras de linguagem que se referem ao caráter“musashiano”, revelando que, provavelmente, o seu nome seja tão ou mais conhecido do que importan- tes personalidades da história e cultura japonesas.

37.5 Musashi nos quadrinhos

O criador de mangás Takehiko Inoue iniciou em 1998 a publicação do mangá Vagabond, que já reúne mais de 37 volumes no Japão*[5]. Sua criação provou ser mais do que uma versão para os quadrinhos do livro de Eiji Yoshikawa. é uma elaborada e bem pesquisada releitura da vida de Musashi, usando como base o romance de Eiji Yoshikawa, mas não se prendendo a ele*[5]. Sua narrativa elaborada, integrada a um desenho minu- cioso, tornou a série um sucesso que vendeu mais de 23 milhões de exemplares apenas no Japão, sendo premiada com o Cultural Affairs Media Arts e o Kodansha Manga Award. No Brasil o mangá foi publicado pela Conrad Editora.*[5] e pela Nova Sampa.*[7] O nipo-brasileiro Júlio Shimamoto (que é descendente de samurais aris- tocratas que entraram em declínio)*[8] produziu várias histórias protagonizadas por Musashi, muitas delas foram cartaz do filme Zoku Miyamoto Musashi: Ichijôji no kettô compiladas em dois álbuns (Musashi e Musashi II) pela editora Opera Graphica*[9] e um (Samurai) pela Mythos Editora, esse último também traz histórias protagoniza- do anime Samurai Champloo. das por outros samurai como Zatoichi, o samurai cego Filmografia criado para o cinema japonês*[10]. Também pela Mythos, Shimamoto ilustrou os livros • Miyamoto Musashi, realizado/dirigido por Kenji “Lendas de Musashi”e Lendas de Zatoichi”*[11], ambos Mizoguchi (1944) de autoria de Minami Keizi, precursor do estilo mangá no • país*[12]. Miyamoto Musashi 1 - primeira parte da trilogia es- trelada por Toshiro Mifune e realizada/dirigida por Musashi também serviu de inspiração para o quadrinista Hiroshi Inagaki (1954) nipo-americano Stan Sakai criasse em 1987, Miyamoto Usagi, um coelho antropomorfizado protagonista da sé- • Miyamoto Musashi 2 - Zoku Miyamoto Musashi: rie Usagi Yojimbo (em português: coelho guarda-costa), Ichijôji no kettô (Morte no templo Ichijoji - 1955) ambientada no século XVI, no Brasil a série foi publica- • das pelas editoras Via Lettera e Devir*[13]. Miyamoto Musashi 3 - kanketsuhen: kettô Ganryû- jima (Duelo na ilha Ganryu - 1956) Em 2012, a Shambhala Publications publicou “The Book of Five Rings: a Graphic Novel”roteirizada por • Miyamoto Musashi 1 - primeiro dos cinco filmes es- Sean Michael Wilson (roteiro) e Chie Kutsuwada (de- trelados por Kinnosuke Nakamura (1932-1997), re- senhos),*[14] em 2014, a editora lançou “Musashi (A alizados/dirigidos por Tomu Uchida (1961) Graphic Novel)" roteirizada pelo próprio Wilson e ilus- • trada por Michiru Morikawa.*[15] Miyamoto Musashi 2 - Hannyazaka no ketto (1962) • Miyamoto Musashi 3 - Nitoryu kaigen (1963) 37.6 Musashi no cinema e na TV • Miyamoto Musashi 4 - Ichijoji no ketto (1964) • Miyamoto Musashi 5 - Ganryû-jima no kettô (1965) Personagem de grande apelo popular no Japão, represen- • tado em muitas gravuras antigas, Musashi serviu também Miyamoto Musashi, realizado/dirigido por Tai Katō como fonte de inspiração para diversos filmes, o mais co- (1973) nhecido tem o ator Toshiro Mifune como protagonista, e séries de TV. Musashi também é citado no 21° episódio Séries de TV 208 CAPÍTULO 37. MIYAMOTO MUSASHI

• Sorekara no Musashi (1981), estrelado por Kitaoji 37.9 Bibliografia Kinya • • Musashi, realizado pela rede NHK (2003), com MUSASHI, Miyamoto. O Livro dos Cinco Anéis - Ichikawa “Ebizo”Shinnosuke Go Rin No Sho (Revisão Sensei Jorge Kishikawa, Apresentação Shihan Gosho Motoharu, Tradução por Dirce Miyamura) Editora Conrad, 2006. 37.7 Ver também • Scott Wilson, William. O Samurai - A vida de Miya- moto Musashi Estação Liberdade, 2006. • Livro dos Cinco Anéis • MUSASHI, Miyamoto. Gorin No Sho: O Livro dos • Niten Ichi Ryu Cinco Elementos. (Notas de Watanabe Ichiro, Tra- dução por José Yamashiro) São Paulo: Cultura Edi- • Gosho Motoharu tores Associados, 1992.

• YOSHIKAWA, Eiji. Musashi (2 volumes) Estação 37.8 Referências Liberdade, 1999.

[1] Breve histórico do Hyoho Niten Ichi Ryu (html) (em Por- tuguês). Visitado em 28/02/2008. 37.10 Ligações externas [2] Hyoho Niten Ichi Ryu (site oficial). Niten Ichi Ryu (html) (em Inglês). Visitado em 28/02/2008. "Hyoho Niten Ichi • Miyamoto Musashi (biografia, pinturas, Hyoho Ni- Ryu was created by Miyamoto Musashi (1584-1645), one ten Ichi Ryu) (em português) of the most famous samurai of all times (Hyoho Niten Ichi Ryu foi criado por Miyamoto Musashi (1584 - 1645), um • Miyamoto Musashi and The Book of Five Rings O dos mais famosos samurais de todos os tempo) trad. livre" livro dos cinco anéis em inglês e em italiano [3] A vida de Miyamoto Musashi (html) (em Português) Ins- • Miyamoto Musashi, Shinmen Musashi no Kami Fu- tituto Niten. Visitado em 28/02/2008. jiwara no Genshi (em inglês) [4] Instituto Niten. Pinturas de Miyamoto Musashi (html) (em Português) Instituto Niten. Visitado em 30/04/2008. [5] Marcelo Naranjo (Dezembro de 2004). Wizard Brasil #15 - No Caminho da Espada. Panini Comics. ISSN 1679- 5598 [6]“Não Ficção”(23 de dezembro de 2006) Folha de São Paulo. [7] press release (07/07/2014). Vagabond: A Lenda de Mu- sashi #18 HQManiacs. [8] Samir Naliato. Júlio Shimamoto, um apaixonado pelos quadrinhos Universo HQ. [9] Gazy Andraus (20 de Outubro de 2003). Musashi I e II de Shimamoto: HQs ideogramáticas e filosóficas! Omelete. [10] Carlos Costa (13/04/2009). Samurai: as clássicas aventu- ras de Julio Shimamoto HQManiacs. [11] Novos livros ilustrados nas bancas podem enganar o lei- tor (em português) Universo HQ (04/09/07). Visitado em 19/10/2009. [12] Morreu Minami Keizi (em português) Universo HQ (15/12/09). Visitado em 15/12/2009. [13] Igor Toscano (2011). Usagi Yojimbo - The Special Edi- tion Universo HQ. [14] Shambhala Publications to Publish Book of Five Rings Graphic Novel Anime News Network (21/09/2012). [15] MUSASHI (A Graphic Novel) Site oficial de Sean Mi- chael Wilson. Capítulo 38

O Livro dos Cinco Anéis

O Livro dos Cinco Anéis (五輪書, Go Rin No Sho*?) é um texto sobre Kenjutsu e artes marciais de um modo ge- ral, escrito por Miyamoto Musashi em 1645. É conside- rado o tratado clássico sobre estratégia militar do Japão, numa linha semelhante à Arte da Guerra, escrito pelo es- trategista chinês Sun Tzu.

38.1 Sobre o autor e a obra

Miyamoto Musashi nasceu no Japão e acabou por se tor- nar o maior samurai de sua época. Criado por um pai autoritário, foge de casa aos oito anos, indo viver com o seu tio, desde cedo interessou-se pelas artes militares, ins- piradas nos ensinamentos do Zen, Xintoísmo (a religião tradicional do Japão) e Confucionismo. Dentro delas, es- tudou Kenjutsu, a Arte da Espada, cujos ideais virtuosos, foram adotados por Musashi toda a vida. Desde a primeira luta, aos treze anos, conheceu o sabor da vitória. Aos 17 anos, como era comum na época, parte em Musha Shugyo, uma jornada de auto-aperfeiçoamento na qual os samurais viajavam de cidade em cidade pro- curando oponentes fortes para testar sua habilidade. O Musha Shugyo de Musashi o levou a ter mais de 60 embates entre os 17 e 30 anos, nunca sendo derrotado. Pintura Ukiyo-e de Kuniyoshi retratando Miyamoto Musashi Estas disputas quase sempre eram coroadas com a morte com duas espadas do rival. Atitudes como esta, para nossos olhos, ociden- tais, podem até parecer cruéis, mas para aquele grupo de nobres integrantes das classes mais abastadas a morte era encarada com naturalidade. De fato os samurais eram Anéis, Musashi sentia que venceu estes duelos não por apresentados às artes militares para tornarem-se bons es- ter dominado a estratégia, mas por ser mais forte, prepa- trategistas, corajosos e aptos a tomar decisões, por vezes rado ou simplesmente por sorte. Passa então a buscar o extremas, rapidamente. Em guerras e disputas, sua ati- significado mais profundo do caminho da espada, que o tude era serena até mesmo diante da morte. Aquele que leva a entrar em contato com outras formas de arte, como encontrava a iluminação por meio do Kenjutsu desenvol- pintura, escultura, caligrafia e também meditação Zen. via uma visão precisa da realidade, premiada com uma Foi com 50 anos que Musashi finalmente alcançou seu conduta digna e honesta. Musashi foi um mestre no Ca- objetivo de compreender os princípios do caminho, con- minho da Espada; buscou a perfeição na arte da esgrima forme escreveu na introdução do Livro dos Cinco Anéis. até sua fama alcançar as principais cortes do Japão. Por volta desta época, estabeleceu seu estilo, o Niten Ichi Aos 30 anos, após vencer Sasaki Kojiro, considerado um Ryu. dos mais hábeis samurais da época, Musashi passou por No final de sua vida, sentindo a proximidade do fim, Mu- uma grande mudança espiritual. Conforme escreveu anos sashi se isolou na caverna de Reigandō, na ilha de Kyushu, mais tarde em sua mais famosa obra, o Livro dos Cinco onde ficou por 1 ano e oito meses deixando registrado

209 210 CAPÍTULO 38. O LIVRO DOS CINCO ANÉIS

seus ensinamentos para as futuras gerações. O resultado realmente sentir, deixar que tomem conta de nosso corpo, foi o Gorin No Sho, ou O Livro dos Cinco Anéis, como estaremos longe de erros. é conhecido no ocidente. O terceiro capítulo é o do Fogo o assunto é a luta, a es- Musashi Sensei escreveu o Livro dos Cinco Anéis para tratégia em si, e fica bem claro que o estilo Niten Ichi era Terao Magonojo, seu discípulo e primeiro sucessor. baseado na eterna prática e disputa, onde ele nos alerta Pouco tempo depois de concluir a obra, Musashi faleceu que muitos usando apenas espadas de bambu, treinavam aos 61 anos, de causas naturais. Desde então passaram- questões insignificantes da destreza. se 10 gerações de discípulos, que continuam a preservar O quarto capítulo é chamado de livro do Vento. Neste seus ensinamentos no Kenjutsu. livro analisa outros estilos contemporâneos, comparando- O Livro dos Cinco Anéis não se restringiu apenas aos os a seu estilo. praticantes da arte da espada. Hoje é referência para os Por último, há o capítulo do Vazio, que segundo o autor homens de negócio e de marketing do Japão. Desde a é um termo que ele usa para designar aquilo que não tem década de 1980 publicado também no Ocidente, é con- começo nem fim. Ao entender esse princípio, significa siderado um dos melhores guias psicológicos de estraté- que não estamos atendendo o princípio, e assim como foi gia, excelente para profissionais que precisam impor sua dito no capítulo do Fogo, os princípios devem ser entendi- marca, por meio de campanhas e táticas de vendas no dos internamente, com o coração, e não seguidos à risca, competitivo mercado de hoje. sendo assim, a partir do momento que não entendermos o Esta obra de estratégias militares, que pode ser aplicada princípio, mas sim sentirmos e vivenciarmos, percebendo “em qualquer situação que exija planejamento e tática”, que todas as coisas estão interligadas e que o Caminho é foi concebida por Musashi, o santo da espada, pouco an- um só, lá estará o Vazio,“quando a atitude se tornar não- tes de morrer. Seus últimos dois anos de vida foram dedi- atitude e a espada se tornar não-espada”, como encon- cados a imortalizar a filosofia que desenvolveu enquanto tramos no livro da Água, ou seja, quando agirmos livre trilhava o Caminho da Espada. de ânsia de resultado e com propósito desembaraçado. ( “Pois vontade pura, desembaraçada de propósito, livre de ânsia de resultado, é toda via perfeita*[1]”). 38.2 Análise da obra 38.2.1 Trecho O Livro é dividido em cinco capítulos, cada qual com seu respectivo elemento. No primeiro capítulo, chamado Mandamentos da arte militar segundo Miyamoto Mu- Terra, trata sobre o Caminho da Estratégia pelo ponto de sashi vista do estilo Niten Ichi Ryu. Neste capítulo, Musashi diz que considerava difícil enxergar o Verdadeiro Cami- • Evitar todo e qualquer pensamento perverso. nho através apenas do treino com a espada, advertindo que devemos observar e conhecer as menores e as mai- • Treinar dentro dos preceitos do “Nitô-Ichi-Ryu” ores coisas; tanto as mais superficiais e óbvias quanto as (Também chamada Hyoho Niten Ichi Ryu). mais sutis e profundas. • Conhecer muitas artes, não só a arte militar.

• Compreender os mandamentos das diversas profis- sões.

• Discernir as vantagens e as desvantagens que exis- tem em todas as coisas.

• Desenvolver a capacidade de discernir a verdade em todas as coisas.

• Conhecer pela percepção instintiva coisas que não podem ser vistas ou notadas.

• Prestar atenção aos menores detalhes. Técnica com duas espadas do estilo Hyoho Niten Ichi Ryu pre- • Ser sempre útil. sente no Livro da Água

No segundo capítulo, o livro da Água, o autor nos diz que jamais entenderemos os princípios descritos lendo, 38.3 Ver também memorizando ou imitando. A interpretação leviana nos desvia do caminho, portanto, se ao invés disso pudermos • Dokkōdō 38.5. LIGAÇÕES EXTERNAS 211

• Musashi (romance)

• O Samurai • Vagabond

38.4 Referências

[1] Liber Al Vel Legis 1. 44

38.5 Ligações externas

• O Livro dos Cinco Anéis - Gorin No Sho - Apre- sentação do Shihan Gosho Motoharu e revisão do Sensei Jorge Kishikawa (Editora Conrad)

• Versão do livro em espanhol (em espanhol) 212 CAPÍTULO 38. O LIVRO DOS CINCO ANÉIS

38.6 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

38.6.1 Texto

• História do Japão Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Jap%C3%A3o?oldid=41839170 Contribuidores: Jorge~ptwiki, Cdang, Manuel Anastácio, Joaotg, Ovídio, Kurogawa~ptwiki, Mschlindwein, Rui Malheiro, João Xavier, E2mb0t, Juntas, Monocromatico, LeonardoRob0t, Malafaya, Diotti, Ikescs, Nuno Tavares, Indech, NTBot, RobotQuistnix, Rei-artur, Leslie, Marc Sena, Epinheiro, 333~ptwiki, Agil, OS2Warp, Lampiao, 555, Adailton, YurikBot, Gpvos, Bonás, Lflrocha, FlaBot, Neko, Eduardoferreira, Arges, Missionary, Gabrielt4e, Armagedon, Jorge Morais, DIEGO RICARDO PEREIRA, Antonio Prates, Al Lemos, Reynaldo, Thijs!bot, Rei-bot, GRS73, Escarbot, Ronabol, BOT-Superzerocool, Alchimista, Luiza Teles, Bisbis, BetBot~ptwiki, CommonsDelinker, Net Esportes, Der kenner, TXiKiBoT, VolkovBot, SieBot, Francisco Leandro, Lechatjaune, Cléééston, Mário Henrique, Zdtrlik, GOE, Kaktus Kid, Faunas, GOE2, Tetraktys, Leandro Drudo, Darkicebot, Ebalter, SilvonenBot, Vini 17bot5, Vitor Mazuco, Ben 17, Luckas-bot, LinkFA-Bot, Blogpedia, Salebot, ArthurBot, Matheus-sma, Danielsjc, Xqbot, JotaCartas, RibotBOT, Ishiai, D'ohBot, RedBot, Tuga1143, AstaBOTh15, Braswiki, Stegop, Brasileiro1500, Marcos Elias de Oliveira Júnior, Coelhoscoelho, HVL, Ripchip Bot, Renataangelica, Crash Overclock, EmausBot, Vic971306, Claudio M Souza, Renato de carvalho ferreira, Salamat, Stuckkey, PedR, MerlIwBot, Antero de Quintal, Épico, Takeshi-br, DARIO SEVERI, Shgür Datsügen, Dravinia, WOtP, JYBot, Makecat-bot, Legobot, Citzen Eddie e Anónimo: 139 • Império do Japão Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_do_Jap%C3%A3o?oldid=42628376 Contribuidores: JMGM, Mschlindwein, Rui Silva, Davemustaine, Al Lemos, DougNovaes, Thijs!bot, Leoberaldo, CommonsDelinker, Stego, Idioma-bot, TXi- KiBoT, VolkovBot, Francisco Leandro, Bluedenim, Chronus, Raafael, Inox, Luckas-bot, Nortisop, Salebot, ArthurBot, Lord Mota, Xqbot, JotaCartas, Jlfreimam, RibotBOT, Parrera, Ricardo Ferreira de Oliveira, João Vítor Vieira, Tuga1143, KamikazeBot, TjBot, Viniciusmc, Doutorgrillo, EmausBot, Renato de carvalho ferreira, Camboim, Lucas clodo, ChuispastonBot, WikitanvirBot, Tschis, MerlIwBot, Avoca- toBot, Takeshi-br, Zoldyick, CeraBot, Makecat-bot, Sabiusaugustus, Rafazmr, Alexandre Bila e Anónimo: 26 • Okinawa Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Okinawa?oldid=42224472 Contribuidores: Robbot, Wagnertamanaha, Herr Klugbeisser, Manuel Anastácio, LeonardoRob0t, Get It, NTBot, RobotQuistnix, Levs, Clara C., Epinheiro, OS2Warp, Chobot, Jgsodre, Lijealso, Yu- rikBot, Gpvos, Bonás, Roberto Cruz, RobotJcb, Neko, Sanpey, LijeBot, Pikolas, Thijs!bot, Rei-bot, Mauro sato, JAnDbot, Alquimista Digital, ChongDae, Alexanderps, EuTuga, TXiKiBoT, Gunnex, Jesielt, SieBot, BOTijo, Kurono~ptwiki, Zdtrlik, Bruno Leonard, Hei- ligenfeld, RafaAzevedo, Alexbot, Gonçalo Veiga, Maurício I, CarsracBot, Numbo3-bot, Mr.Yahoo!, ThrasherÜbermensch, Luckas-bot, HerculeBot, Amirobot, Salebot, ArthurBot, Xqbot, SassoBot, RibotBOT, ThiagoRuiz, RedBot, Erico Tachizawa, EmausBot, HRoestBot, Yama 123, ChuispastonBot, Redaktoro, MerlIwBot, PauloEduardo, Aesgareth, Vagobot, AvocatoBot, Lisa116, Belessandra, Legobot, Rodrigolopesbot e Anónimo: 46 • Budô Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bud%C3%B4?oldid=37161007 Contribuidores: Ciro~ptwiki, André Koehne, OS2Warp, Poran- tim, MalafayaBot, TarcísioTS, Plant, VolkovBot, SieBot, Eco-friend, BotMultichill, Hxhbot, DorganBot, Gutø, NunoOliveiraPT, Laak- norBot, Xqbot, Rubinbot, RibotBOT, MastiBot, Escoria79, EmausBot, WikitanvirBot, PauloEduardo, J. A. S. Ferreira, Shgür Datsügen e Anónimo: 13 • Tao Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tao?oldid=39276665 Contribuidores: Mschlindwein, Lusitana, Ligia, NTBot, Arouck, Robot- Quistnix, 333~ptwiki, Rigel~ptwiki, Águia, Chobot, Zwobot, YurikBot, Xellos, Gpvos, LijeBot, Tó campos, TarcísioTS, Yanguas, Thijs!bot, Rei-bot, Idioma-bot, TXiKiBoT, VolkovBot, SieBot, GOE, DragonBot, Georgez, RafaAzevedo, MenoBot, SilvonenBot, Lockal- bot, ChristianH, Luckas-bot, Ko Hung, Eugênioxx7, Ptbotgourou, Salebot, GnawnBot, Xqbot, RibotBOT, MauritsBot, EduardoBlucher, Legobot, Rodrigolopesbot e Anónimo: 19 ,איליה בורין ,Escoria79, TjBot, ZéroBot, Stuckkey, Colaborador Z, MerlIwBot • Niju kun Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Niju_kun?oldid=34797725 Contribuidores: Xqbot, Judcosta, Alph Bot, Ripchip Bot, FMT- bot, EmausBot, MarceloGlazieur, KLBot2, RafaelSilvaTap e Anónimo: 1 • Dojo Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dojo?oldid=42526125 Contribuidores: Giro720, Porantim, Tonyjeff, FlaBot, Villarinho, Leo- nardo.stabile, Nikitta, TarcísioTS, Thijs!bot, JSSX, JAnDbot, Youko, Danilodn, TXiKiBoT, Abrivio, SieBot, Mateussf, BotMultichill, AlleborgoBot, DorganBot, Lockalbot, NjardarBot, Numbo3-bot, Luckas-bot, LaaknorBot, Dieggodoa, Solstag, Xqbot, Judcosta, Darwi- nius, LucienBOT, D'ohBot, Danieyyl, Escoria79, Alch Bot, FMTbot, EmausBot, WikitanvirBot, Mjbmrbot, Addbot e Anónimo: 17 • Kata (artes marciais) Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kata_(artes_marciais)?oldid=42351411 Contribuidores: Cjapes, OS2Warp, Tonyjeff, LijeBot, JAnDbot, Liclopes, Marioattab, Lechatjaune, Yone Fernandes, Mário Henrique, Danilouquinho, Andremizael, Es- coria79, EmausBot, WikitanvirBot, Marcosuper, Addbot e Anónimo: 5 • Kihon Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kihon?oldid=42394527 Contribuidores: TarcísioTS, FSogumo, Yanguas, JAnDbot, Carlos28, TXiKiBoT, VolkovBot, Georgez, Vitor Mazuco, ChristianH, Luckas-bot, MystBot, Ptbotgourou, Salebot, Judcosta, Darwinius, Escoria79, AugustoEnzima, MarceloGlazieur, MerlIwBot, KLBot2, Shgür Datsügen, GamerVK e Anónimo: 11 • Aikido Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Aikido?oldid=41886973 Contribuidores: Jorge~ptwiki, Vicente~ptwiki, Robbot, Hashar, JMGM, PauloColacino, Manuel Anastácio, Webkid~ptwiki, Rui Malheiro, Gbiten, Daniel Mendes, E2mb0t, LeonardoRob0t, Tom B, Aikishurenkai, Diotti, Indech, NTBot, RobotQuistnix, Rei-artur, Leandromartinez, Tom-b~ptwiki, Dan~ptwiki, OS2Warp, Zwobot, Lije- also, YurikBot, Porantim, João Coelho Garcia, Pecorajr, Tonyjeff, MalafayaBot, Eduardoferreira, Arges, Chicocvenancio, Pedrociarlini, Jo Lorib, Jmduclos~ptwiki, FSogumo, Saulofong, Lelioiv, Yanguas, Mastruz, Thijs!bot, Rei-bot, Robson camargo, Alchimista, ZackThe- Jack, Lexicon~ptwiki, Berts, Rjclaudio, Der kenner, Clayton1975brasilmg, TXiKiBoT, VolkovBot, SieBot, Waltsam, Anne Valladares, Eco-friend, Synthebot, Lechatjaune, Claudiomarcelo, AlleborgoBot, Leonardossb, GOE, Lilja~ptwiki, Hxhbot, Pangoladm, HyperBroad, Chronus, Dudedubba, Kim richard, Majinbooji, Amats, RafaAzevedo, Sampayu, Vitor Mazuco, Insbrai, NjardarBot, ChristianH, Numbo3- bot, Luckas-bot, LinkFA-Bot, HerculeBot, Taliban77, CasperBraske, Salebot, Yonidebot, Satiomiura, Rodrigonrlins, JotaCartas, Judcosta, Darwinius, TheSurak, Aikidokawai, Fábio P Nogueira, Ricardo.jgc, Omar xavier, Tuga1143, Escoria79, TobeBot, Rjbot, Ximboca~ptwiki, Dinamik-bot, Erico Tachizawa, EmausBot, Edslov, MarceloGlazieur, Fabiogravina, Danieldraw, MerlIwBot, Aesgareth, AvocatoBot, J. A. S. Ferreira, Shgür Datsügen, Zoldyick, Addihockey10 (automated), PauloHenrique, Cainamarques, Legobot, Fábio João, Id2009, Felipe Eduardo Borges e Anónimo: 256 • Judô Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jud%C3%B4?oldid=42630377 Contribuidores: Redux, Xadai, Reccanello, Mschlindwein, Rui Malheiro, E2mb0t, Mário e Dário, Juntas, LeonardoRob0t, Alexg, Diotti, Nuno Tavares, Indech, NTBot, RobotQuistnix, Educorpo, Rei-artur, Leslie, Sturm, Epinheiro, Leandromartinez, Agil, Giro720, OS2Warp, FML, Adailton, Lijealso, YurikBot, Porantim, Bonás, Tonyjeff, FlaBot, Mosca, MalafayaBot, Arges, Armagedon, João Borges Braga, LijeBot, Jairinho, SOAD KoRn, Lemarlou, Juliowcouto, 38.6. FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM 213

Vigia, Daelanus~ptwiki, FSogumo, Cidcn, Thijs!bot, Rei-bot, Oscarjburd, Franklinbaldo, Belanidia, Daimore, BOT-Superzerocool, Jonas kam, Pchan, Jose afonso d. l. c machado, Rafaely, JAnDbot, Alchimista, Kleiner, Bisbis, Maxtremus, Iberian boy, Augusto Reynaldo Caetano Shereiber, Vulgothiagoaugusto, Rjclaudio, Idioma-bot, Der kenner, Luckas Blade, TXiKiBoT, Tumnus, VolkovBot, Rodrigo Tet- suo Argenton, Jesielt, SieBot, PTJoel.HD, Eco-friend, BOTijo, Cdmafra, Andlima, Fabsouza1, Juliobeal, Teles, Claudiomarcelo, Vini 175, Mário Henrique, AlleborgoBot, Leonardossb, Pfgalego, Hhs~ptwiki, BelFelipe, BfoP, Danilo P, Antonio070771, Chronus, Raafael, Esopo, Cpt.Guapo, Ordepsss, Beria, RafaAzevedo, FilRB, Arley, Ruy Pugliesi, Danilo - O Cidus, BodhisattvaBot, Ebalter, SilvonenBot, Vitor Mazuco, Numbo3-bot, Luckas-bot, LinkFA-Bot, Davisonbotafogo, Eduardofeld, Dakota Green Richards~ptwiki, Vanthorn, Sale- bot, ArthurBot, DSisyphBot, Linda Martens, SuperBraulio13, Xqbot, Gean, TaBOT-zerem, Judcosta, Darwinius, FilRBot, ThiagoRuiz, BenzolBot, Faustino.F, RedBot, MastiBot, Escoria79, Rjbot, Ximboca~ptwiki, Braswiki, Dinamik-bot, Marcos Elias de Oliveira Júnior, HVL, Rafael Kenneth, Viniciusmc, EmausBot, Salamat, Hallel, Reporter, ChuispastonBot, Stuckkey, MarceloGlazieur, MerlIwBot, Pau- loEduardo, Gabriel Yuji, Jdcollins13, Luquinhaasvn, AvocatoBot, J. A. S. Ferreira, Bianca Miarka, Lisa116, Shgür Datsügen, Zoldyick, Peeta12, Raul Caarvalho, Drikamia, Legobot, Pedroharaujo, Pedromenezes1, Jefersonmoraes, Marcos dias de oliveira, SamantaRaioLazer, Rodrigolopesbot, Grim ReaperZ, Rogeriocbastos, Nayara ferna, Lucasdandoumaeditada, Angelo Apavone, Lucas valente123, Luis Felipe graça peres e Anónimo: 482 • Katas do judô Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Katas_do_jud%C3%B4?oldid=28868563 Contribuidores: Escoria79 e FMTbot • Karatedo Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Karatedo?oldid=27059530 Contribuidores: Daimore, Seigokanportugal, Judcosta, Escoria79 e MarceloGlazieur • Katas do caratê Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Katas_do_carat%C3%AA?oldid=41052549 Contribuidores: Georgez, Vitor Mazuco, JotaCartas, Judcosta, Escoria79, Prowiki, Beto Brandão, Jadolfo, Deyversonesilva, MarceloGlazieur, MerlIwBot, KLBot2, Belessandra, Fckte e Anónimo: 17 • Caratê Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carat%C3%AA?oldid=42256146 Contribuidores: Mschlindwein, Osias, E2mb0t, Mário e Dá- rio, LeonardoRob0t, Diotti, Osvaldo Santos, Indech, Elwikipedista~ptwiki, NTBot, RobotQuistnix, Educorpo, Rei-artur, Leslie, Clara C., Epinheiro, Leandromartinez, João Carvalho, Giro720, OS2Warp, Brederodes, 555, Camponez, Eduardo.mps, Adailton, YurikBot, Porantim, Fernando S. Aldado, Tonyjeff, FlaBot, Eduardoferreira, Dantadd, Fabricioaguirre, Leonardo.stabile, Pikolas, Retornaire, Tar- císioTS, He7d3r, Samuelstj, Cidcn, Rei-bot, PADilla, Alan Wink, M.F., Belanidia, Daimore, BOT-Superzerocool, Jonas kam, UsagiYo- jimbo~ptwiki, Bonesman~ptwiki, JAnDbot, Alchimista, Sergiotucano, Luiza Teles, Bisbis, Felipe Frezzatti, Barão de Itararé, Commons- Delinker, Pepezera28, Rjclaudio, Idioma-bot, EuTuga, Der kenner, Luizgustavovasques, G.Fernandes, TXiKiBoT, Tumnus, Gunnex, Ai- bot, VolkovBot, SieBot, Floquinho, PTJoel.HD, Synthebot, Minhoto, Lechatjaune, Joãofcf, Fabsouza1, YonaBot, Teles, Filiejr, Clau- diomarcelo, Hermógenes Teixeira Pinto Filho, BotMultichill, AlleborgoBot, GOE, Kaktus Kid, Crazyaboutlost, Lucasvicious, Hxhbot, Danilouquinho, Jjlyra, Raafael, Gustavomaster, Amats, Bazem, Corredor, César Nogueira, Gutø, Georgez, PixelBot, RafaAzevedo, Seigo- kanportugal, Noalid, Alexbot, Mike.lifeguard, Kaine, MelM, Chpneves, Daito, Vitor Mazuco, Cep2imanha, Hakunishi, Labrador escocês, Jitieicreiz, ChristianH, Luckas-bot, Karateca mkt, Tomguima, Toshinkai, Lucia Bot, Ptbotgourou, Higor Douglas, Issomesmo, Eamaral, L'Éclipse, Vanthorn, Salebot, Dianosoaresb, Diego Queiroz, Yonidebot, ArthurBot, DumZiBoT, Roberto de Lyra, Xqbot, Gean, Judcosta, Darwinius, RibotBOT, ThiagoRuiz, Luiz Fernando Yago, D'ohBot, RickGon, ROMIM DIOGO, Escoria79, Timtek, Popotão, TobeBot, Rjbot, Xguimaraesx, Ximboca~ptwiki, RefeRzorafa, Stegop, Marcos Elias de Oliveira Júnior, Coelhoscoelho, HVL, Krugio, Erico Tachi- zawa, Vegetz, Ripchip Bot, Viniciusmc, Taiyokan, Tiago Peixoto, Viktordanko, Aleph Bot, EmausBot, Joao.pimentel.ferreira, ZéroBot, HRoestBot, Érico Júnior Wouters, Miguel.frl, Ounic, Revengeofthenerds, Reporter, Ronaldo1234~ptwiki, Nelson Teixeira, Rodrigoan, Ka- rateka1000, ChuispastonBot, Stuckkey, WikitanvirBot, Mjbmrbot, Ilha de Vera Cruz, MarceloGlazieur, Bruno Meireles, Daniel161664, PedroHrocker, Colaborador Z, MerlIwBot, Antero de Quintal, Ariel C.M.K., Bushi Ryu, PauloEduardo, Épico, AvocatoBot, Belessandra, Shgür Datsügen, Zoldyick, Giovanebmr, Pedroraizer, Mirelli Navarra, Prima.philosophia, Legobot, Fckte, Siltonsenpai, RodrigoAndradet e Anónimo: 542 • Shorin-ryu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Shorin-ryu?oldid=41795559 Contribuidores: Rui Silva, LeonardoRob0t, Diotti, Santana- freitas, Shikai shaw, Leslie, Nanshu, FlaBot, Dantadd, LijeBot, TarcísioTS, Rei-bot, Sergiotucano, CommonsDelinker, Rjclaudio, Gunnex, SieBot, Francisco Leandro, Hermógenes Teixeira Pinto Filho, AlleborgoBot, Zdtrlik, Luizerivelto, Noalid, Ruy Pugliesi, Vini 17bot5, Vitor Mazuco, Salebot, RamissesBot, Darwinius, Hyju, Ricardo Ferreira de Oliveira, Aleph Bot, Reporter, MarceloGlazieur, MerlIwBot, BrunoGalati, Belessandra, RafaelSilvaTap, Addbot, Fckte e Anónimo: 50 • Shorin-ryu Matsumura Seito Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Shorin-ryu_Matsumura_Seito?oldid=32878629 Contribuidores: Jud- costa e Azimuth72 • Goju-ryu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Goju-ryu?oldid=40966878 Contribuidores: LeonardoRob0t, Diotti, Lusitana, Get It, Robot- Quistnix, OS2Warp, YurikBot, FlaBot, Zumg, TarcísioTS, Cidcn, Thijs!bot, Rei-bot, TXiKiBoT, VolkovBot, SieBot, YonaBot, Hermóge- nes Teixeira Pinto Filho, Kaktus Kid, G Velasco, DorganBot, Gustavomaster, Seigokanportugal, Vini 17bot5, SpBot, Ptbotgourou, Yoni- debot, DSisyphBot, Alexis Shineye, Xqbot, Judcosta, Escoria79, Arnaldo.garcia, Aleph Bot, EmausBot, Arnaldo Garcia Karate, BinViper, ChuispastonBot, WikitanvirBot, Belessandra, Inácio Rodrigo de Castro, YFdyh-bot, Legobot, LC VIEIRA4, GamerVKY e Anónimo: 59 • Shotokan Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Shotokan?oldid=42477916 Contribuidores: Mschlindwein, Diotti, NTBot, RobotQuistnix, Clara C., Epinheiro, Giro720, OS2Warp, YurikBot, Casainho, Roberto Cruz, LijeBot, TarcísioTS, Cidcn, Thijs!bot, Jml, Rei-bot, Daimore, JSSX, Gpastore, Kleiner, Der kenner, Juliapires225, TXiKiBoT, Tumnus, VolkovBot, Liclopes, SieBot, Vini 175, Fabinhoayres, Stalinlira, Categorizador, Frei-Zak, Georgez, PixelBot, Unl0ad, Seigokanportugal, Ruy Pugliesi, JABaron, Chpneves, SilvonenBot, Vitor Mazuco, FiriBot, Sonicedu, ChristianH, Numbo3-bot, Luckas-bot, Karateca mkt, Innv, Stiljeferson, Eamaral, Medalutador X, Vanthorn, Salebot, Yonidebot, Danielbonfim, RMP95, Obersachsebot, Xqbot, Judcosta, Darwinius, Druuh, RedBot, Leandro Negrão Messinetti, Maycon ivi, Escoria79, TobeBot, Rjbot, Xguimaraesx, HVL, Rafael Kenneth, Capitão Pirata Bruxo, Aleph Bot, EmausBot, Érico Júnior Wouters, Salamat, Hallel, Nelson Teixeira, Stuckkey, MarceloGlazieur, Bruno Meireles, PedR, Colaborador Z, Ariel C.M.K., Épico, Takeshi-br, Kagehiko, Legobot, Fckte e Anónimo: 177 • Katas do estilo Shotokan Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Katas_do_estilo_Shotokan?oldid=40472987 Contribuidores: Judcosta, Da- nilo.bot, Aleph Bot e Anónimo: 2 • Shotokai Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Shotokai?oldid=42371737 Contribuidores: Mschlindwein, Lugusto, Diotti, Rei-artur, Clara C., Epinheiro, OS2Warp, Dantadd, TarcísioTS, Cidcn, Thijs!bot, Der kenner, Laobc, Filiejr, AlleborgoBot, PixelBot, Seigokanportugal, BOTarate, Mike.lifeguard, Pt kboy, Luckas-bot, LaaknorBot, Judcosta, LucienBOT, Euproprio, ZéroBot, PedR, Épico, Legobot e Anó- nimo: 39 214 CAPÍTULO 38. O LIVRO DOS CINCO ANÉIS

• Shito-ryu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Shito-ryu?oldid=40126948 Contribuidores: RobotQuistnix, YurikBot, Chlewbot, LijeBot, TarcísioTS, Reynaldo, Thijs!bot, G.Fernandes, Hmy1968, Lechatjaune, AlleborgoBot, LeoBot, Ricardo Bitencourt, Alexbot, Denis An- dretta, Hakunishi, Salebot, Judcosta, Ishiai, Rjbot, HVL, Aleph Bot, MarceloGlazieur, Andretta denis, Addbot, Fckte, Giovannip77 e Anónimo: 19 • Katas do estilo Shito-ryu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Katas_do_estilo_Shito-ryu?oldid=40481283 Contribuidores: Judcosta e Danilo.bot • Kyokushin Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kyokushin?oldid=42282736 Contribuidores: Rnbastos, Mschlindwein, RobotQuistnix, Jcmo, Loge, Spangineer, YurikBot, FlaBot, Eduardoferreira, Dantadd, LijeBot, Timor, TarcísioTS, Thegoergen, Rei-bot, Escarbot, H.v.Diaknoff, Jack Bauer00, Der kenner, VolkovBot, SieBot, BotMultichill, GOE, Hxhbot, DorganBot, PixelBot, Seigokanportugal, Gama- junior, Luckas-bot, Lucia Bot, Ptbotgourou, Vanthorn, ArthurBot, DumZiBoT, Xqbot, Judcosta, Escoria79, TobeBot, Rjbot, KamikazeBot, Ripchip Bot, EmausBot, ZéroBot, Érico Júnior Wouters, Jbribeiro1, ChuispastonBot, MarceloGlazieur, PedR, IKO SOSAI BRASIL, Shgür Datsügen, Legobot, Fckte, Rapesil, RodrigoAndradet e Anónimo: 43 • Shorinji Kempo Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Shorinji_Kempo?oldid=41104308 Contribuidores: LeonardoG, NH~ptwiki, FlaBot, TarcísioTS, TXiKiBoT, SilvonenBot, Luckas-bot, DumZiBoT, Xqbot, Escoria79, FMTbot, EmausBot, ChuispastonBot, KLBot2, J. A. S. Ferreira, Shgür Datsügen e Anónimo: 7 • Budokan Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Budokan?oldid=41295638 Contribuidores: Teles, Luckas-bot, Gean, Judcosta, KLBot2, Shgür Datsügen e Anónimo: 4 • Jiu-jitsu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jiu-jitsu?oldid=42639331 Contribuidores: Manuel Anastácio, Xadai, LeonardoRob0t, Diotti, Lusitana, Indech, Elwikipedista~ptwiki, NTBot, Getbot, RobotQuistnix, Rei-artur, Leslie, Epinheiro, Slade, Loudenvier, João Carvalho, André Koehne, OS2Warp, Fasouzafreitas, YurikBot, Porantim, Fernando S. Aldado, Bonás, Rachmaninoff, Tonyjeff, FlaBot, Esan br, Fa- bio b, Arges, Chlewbot, Dantadd, Jorge Morais, YgorCS, Jo Lorib, Nerun, TarcísioTS, Murillus, Nice poa, Filipesouza, FSogumo, Naty Ivi, Yanguas, Cidcn, Thijs!bot, Rei-bot, Biologo32, Belanidia, Daimore, Jonas kam, JAnDbot, Alchimista, Bisbis, RSan~ptwiki, Maxtremus, Snowgrill, Alexanderps, Eric Duff, EuTuga, Der kenner, Gansinho, Fsarmony, TXiKiBoT, VolkovBot, SieBot, Lechatjaune, Marlonlyon, YonaBot, Teles, Claudiomarcelo, Mp roder, AlleborgoBot, Leonardossb, GOE2, Danilo P, Esopo, Arthemius x, JoãoT.F.Santos, RafaA- zevedo, Gamajunior, Darkicebot, Freedom~ptwiki, BodhisattvaBot, SilvonenBot, Leone Melo, Vitor Mazuco, CarsracBot, Cão fanfarrão, ChristianH, ThrasherÜbermensch, Arthur barretto, Sandronf, Nallimbot, Cmilfont, Eamaral, Le.knoner, CasperBraske, Salebot, Ocag, Fernandosignorelli, RamissesBot, Xqbot, Gean, Judcosta, Rubinbot, Darwinius, Hyju, LucienBOT, RibotBOT, ThiagoRuiz, MauritsBot, RedBot, MondalorBot, MastiBot, Educr1, Flavio Nobre, Escoria79, Takeoverfight, Marcos Elias de Oliveira Júnior, HVL, Erico Tachizawa, TjBot, Viniciusmc, FMTbot, Aleph Bot, EmausBot, Érico Júnior Wouters, Stuckkey, Marcelito~ptwiki, MarceloGlazieur, Colaborador Z, Ariel C.M.K., Rodrigolopes, Gabriel Yuji, J. A. S. Ferreira, Rúben André, Takeshi-br, DARIO SEVERI, Belessandra, Zoldyick, Gil- van1998, Legobot, Alan2013DF, Yuri Soares Carvalho, Marcos dias de oliveira, Dezimador, Leal96, Ixocactus, O revolucionário aliado, Jaimec.luz1112, Caiã Tabalipa, Matheus Nunes bjj e Anónimo: 322 • Lista de armas de artes marciais Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_armas_de_artes_marciais?oldid=40718004 Contribuido- res: Hgfernan, Nuno Tavares, RobotQuistnix, Chobot, Porantim, Tonyjeff, Moretti, JYMMI, Aavalente92, TarcísioTS, Yanguas, Creisso- nino, Daimore, Youko, L'Astorina, Joaopchagas2, Digoscience, Luckas Blade, Silvânia Coutinho, Kombato, Jitieicreiz, MystBot, Salebot, JotaCartas, Faustino.F, Escoria79, Ximboca~ptwiki, Danilo.bot, J. A. S. Ferreira, Addbot, BlackWarrior e Anónimo: 42 • Iaido Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Iaido?oldid=38130570 Contribuidores: Santana-freitas, Get It, NTBot, RobotQuistnix, Clara C., Slade, Leandromartinez, Tom-b~ptwiki, YurikBot, Porantim, Tonyjeff, MalafayaBot, Serizawa, LijeBot, TarcísioTS, Kendobr, Thijs!bot, Rei-bot, Escarbot, JAnDbot, Delemon, EduardoPereira, CommonsDelinker, TXiKiBoT, SieBot, Eco-friend, Gringo Desconhecido, Bla- med, Allsmac, RafaAzevedo, Lockalbot, Luckas-bot, Ptbotgourou, Eamaral, Leosls, Salebot, ArthurBot, XZeroBot, DSisyphBot, Haga- kure, Kendoiaido, Kenshi, Xqbot, JotaCartas, Rubinbot, Darwinius, Escoria79, Ximboca~ptwiki, Alch Bot, Stegop, Dinamik-bot, Kashi BR, Guy Bushin, J. A. S. Ferreira, Shgür Datsügen, Legobot e Anónimo: 37 • Naguinata-do Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Naguinata-do?oldid=36622000 Contribuidores: Rei-artur, Epinheiro, OS2Warp, Po- rantim, Serizawa, TarcísioTS, Nice poa, Kendobr, Yanguas, Rei-bot, Christian Zambra, JAnDbot, EduardoPereira, CommonsDelinker, Helena k, Luizgustavovasques, TXiKiBoT, WaldirBot, Lechatjaune, Vini 175, Allsmac, MystBot, Vanthorn, ArthurBot, Hagakure, Esco- ria79, KLBot2, J. A. S. Ferreira e Anónimo: 25 • Kyudo Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kyudo?oldid=40993986 Contribuidores: LeonardoRob0t, RobotQuistnix, Slade, Tom- b~ptwiki, OS2Warp, PCLuso, YurikBot, Porantim, Fernando S. Aldado, FlaBot, MalafayaBot, Cecchetto, Adriano Bonotto, LijeBot, TarcísioTS, Rei-bot, BOT-Superzerocool, RicardoReis, Roger paulo, Pedroliveira, EuTuga, TXiKiBoT, VolkovBot, SieBot, BOTijo, Bot- Multichill, Leonardossb, Allsmac, Joaoki, Numbo3-bot, Luckas-bot, LinkFA-Bot, LaaknorBot, Xqbot, Rubinbot, LucienBOT, Thiago- Ruiz, Escoria79, Crisrich, Ximboca~ptwiki, Pehdefigo, WikitanvirBot, MerlIwBot, KLBot2, J. A. S. Ferreira e Anónimo: 23 • Koryū Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kory%C5%AB?oldid=38688947 Contribuidores: Chico, Leslie, Porantim, Serizawa, LijeBot, TarcísioTS, Nice poa, Kendobr, Shindou Tamashii~ptwiki, JAnDbot, CommonsDelinker, Ryulong, EuTuga, Ittoria, Ptbotgourou, Salebot, Judcosta, LucienBOT, RibotBOT, Senkisho, Escoria79, Grattepierre, JackieBot, Kashi BR, MerlIwBot, Zoldyick, Addbot e Anónimo: 21 • Kenjutsu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kenjutsu?oldid=41875699 Contribuidores: Manuel Anastácio, RobotQuistnix, Rei-artur, Marcelo-Silva, Marc Sena, Tom-b~ptwiki, OS2Warp, YurikBot, Porantim, Tonyjeff, FlaBot, Chlewbot, Serizawa, LijeBot, NickRyosuke, TarcísioTS, Nice poa, Kendobr, Thijs!bot, Rei-bot, Dr.Stefano, Digoscience, Onikas, Gringo Desconhecido, Vini 175, BotMultichill, Alle- borgoBot, Allsmac, SilvonenBot, SpBot, Luckas-bot, Salebot, Rubinbot, LucienBOT, Senkisho, Escoria79, Grattepierre, Ximboca~ptwiki, ZéroBot, Matheus A. Albino, Prima.philosophia, Legobot, ⼩室武琉之 e Anónimo: 58 • Kendo Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kendo?oldid=41730417 Contribuidores: Xadai, Rodrigo Santos, LeonardoRob0t, Diotti, Santana-freitas, Gameiro, Indech, NTBot, RobotQuistnix, Rei-artur, Leslie, Tom-b~ptwiki, OS2Warp, 555, FML, Porantim, Fernando S. Aldado, Tonyjeff, FlaBot, Jmaltez, MalafayaBot, Afonso Galvão, Eduardoferreira, PatríciaR, Dantadd, Serizawa, LijeBot, Kendo666, Tar- císioTS, Ugur Basak Bot~ptwiki, Kendobr, Yanguas, Thijs!bot, Dr.Stefano, JSSX, Ródi, Shindou Tamashii~ptwiki, JAnDbot, Alchimista, MarceloB, Renaum, CommonsDelinker, Bot-Schafter, Idioma-bot, EuTuga, Luizgustavovasques, Carlos28, TXiKiBoT, Gunnex, Volkov- Bot, Jesielt, SieBot, Eco-friend, Lechatjaune, OTAVIO1981, Teles, Vini 175, AlleborgoBot, Kaktus Kid, Hxhbot, Burmeister, Allsmac, Beria, Anderson.vieira, PixelBot, SilvonenBot, Maurício I, SpBot, NjardarBot, Luckas-bot, LinkFA-Bot, Lucia Bot, Netbug~ptwiki, Ea- maral, GoeBOThe, Salebot, ArthurBot, Hagakure, Kendoiaido, Coltsfan, JotaCartas, LucienBOT, Senkisho, Escoria79, TobeBot, Sornii, Ximboca~ptwiki, HVL, QuarkAWB, Erico Tachizawa, EmausBot, JackieBot, ChuispastonBot, WikitanvirBot, Kashi BR, Frlara, J. A. S. Ferreira, Musashijapan, YFdyh-bot, Legobot e Anónimo: 119 38.6. FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM 215

• Katana Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Katana?oldid=40542095 Contribuidores: LeonardoG, LeonardoRob0t, NTBot, RobotQuist- nix, Renatomcr, Leslie, Clara C., Epinheiro, Ciro~ptwiki, João Carvalho, Tom-b~ptwiki, Brunobarreto, OS2Warp, Porantim, Veri- tas~ptwiki, Tonyjeff, FlaBot, MalafayaBot, Leonardo.stabile, Serizawa, LijeBot, TarcísioTS, Reynaldo, Lfdneves, Nice poa, Kendobr, Aluan11, Yanguas, MachoCarioca, Rei-bot, Escarbot, Crazy Louco, JAnDbot, Alchimista, Hawk~ptwiki, Melancolicsphere, Luiza Te- les, Warraq, Luizgustavovasques, TXiKiBoT, VolkovBot, SieBot, Eco-friend, Vini 175, Renatops, Hxhbot, Vinicius7, Luz28, Alvaro Rodrigues, SilvonenBot, Vitor Mazuco, Luizão1990, Luckas-bot, LinkFA-Bot, Marcelo Assef, Salebot, XZeroBot, Schekinov Alexey Victorovich, Judcosta, Rubinbot, Escoria79, KamikazeBot, Erico Tachizawa, Ripchip Bot, Viniciusmc, Crash Overclock, EmausBot, Wi- kitanvirBot, Samuraiantiqueworld, Gabriel Yuji, Takeshi-br, Musashijapan, Shgür Datsügen, Walker Messias, Gilberto312, Legobot e Anónimo: 53 • Samurai Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Samurai?oldid=41854991 Contribuidores: Robbot, Joaotg, Xadai, Mschlindwein, Juntas, Le- onardoRob0t, Nuno Tavares, RobotQuistnix, 333~ptwiki, 555, Osnimf, Lijealso, M7bot, Porantim, Roberto Cruz, Adamlorenz, FlaBot, Constantine~ptwiki, LijeBot, TarcísioTS, Aleborges007, Nice poa, Kendobr, Cidcn, Thijs!bot, Rodrigokuba, Rei-bot, Ricardo dos Santos, Belanidia, Daimore, JAnDbot, Kleiner, Bisbis, SEP, Alexanderps, Rjclaudio, Maneco2007, Bot-Schafter, EuTuga, Luizgustavovasques, Danielgc, Maqs, Mibaango, Carlos28, TXiKiBoT, Gunnex, VolkovBot, SieBot, Filoswaldo, Francisco Leandro, Lechatjaune, BOTijo, Vini 175, Hermógenes Teixeira Pinto Filho, BotMultichill, Marcelokurimori, Leonardossb, GOE, Mizunoryu, Esopo, Heiligenfeld, Le- oBot, Insondavel, Allsmac, Osamurai, Sgticebergzo, Chepereira, Ittoria, SilvonenBot, Vitor Mazuco, NjardarBot, ChristianH, Tatili fer, Luckas-bot, LinkFA-Bot, LaaknorBot, Dark jedimaster, Nallimbot, Ptbotgourou, Salebot, Regi-Iris Stefanelli, ArthurBot, DWJR, Cythi- ago, Xqbot, JotaCartas, Darwinius, RibotBOT, Ts42, RedBot, MastiBot, Carlos Eduardo Ramos, Senkisho, TobeBot, Brasileiro1500, TjBot, Aleph Bot, EmausBot, JackieBot, ZéroBot, Salamat, LuizpaDm, ChuispastonBot, Stuckkey, Kashi BR, MerlIwBot, Antero de Quintal, Gabriel Yuji, Épico, Musashijapan, Shgür Datsügen, Zoldyick, Fcabick, Leon saudanha, Legobot, KuraiAngel2013, Ixocactus e Anónimo: 139 • Miyamoto Musashi Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Miyamoto_Musashi?oldid=42504808 Contribuidores: Chico, LeonardoRob0t, Diotti, NTBot, RobotQuistnix, Leandromartinez, Erico Koerich, Adailton, Musashisama, YurikBot, Porantim, FlaBot, Luís Felipe Braga, Plaigueis, Jorge Morais, LijeBot, TarcísioTS, Nice poa, Kendobr, Yanguas, Cidcn, Thijs!bot, Rei-bot, Shaitan, Ródi, JAnDbot, Petermoon, Luiza Teles, Kimbrasil, TXiKiBoT, VolkovBot, Jesielt, SieBot, BotMultichill, AlleborgoBot, Leonardossb, Kaktus Kid, Mizunoryu, Geo- sapiens, Insondavel, PixelBot, Alexbot, SilvonenBot, Less, Xqbot, FilRBot, Hyju, Ishiai, D'ohBot, Senkisho, Grattepierre, Dinamik-bot, Brasileiro1500, HVL, Kouei, Sanix29, EmausBot, Renato de carvalho ferreira, O Informante, Kashi BR, Gabriel Yuji, AvocatoBot, Shgür Datsügen, Legobot, TheIslanderOne, Danestudo, Papangu e Anónimo: 36 • O Livro dos Cinco Anéis Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_dos_Cinco_An%C3%A9is?oldid=42301756 Contribuidores: Ro- botQuistnix, Rei-artur, YurikBot, Porantim, Gdamasceno, Roberto Cruz, LijeBot, TarcísioTS, Kendobr, Thijs!bot, Artur Carlos Pinto, Daimore, CommonsDelinker, Oritemis, Idioma-bot, Jcegobrain, Luckas-bot, Zorglub, Xqbot, Hyju, D'ohBot, FMTbot, Kouei, EmausBot, KLBot2, Hyomaru, Marcioseno e Anónimo: 10

38.6.2 Imagens • Ficheiro:100_goju_ryu_em_japones.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/ba/100_goju_ryu_em_japones. jpg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Seigokanportugal • Ficheiro:1867_Osaka_Yoshinobu_Tokugawa.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/1867_Osaka_ Yoshinobu_Tokugawa.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Japanese book " 将軍のフォトグラフィー写真にみる徳川慶 喜・昭武兄弟 TYCOON AND PHOTOGRAPHY Tokugawa Yoshinobu and Akitake”Artista original: published by 松⼾市⼾定歴史 館 • Ficheiro:1938_Naka_yoshi_sangoku.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/73/1938_Naka_yoshi_sangoku. jpg Licença: Public domain Contribuidores: Japanska Wikipedia Artista original: Desconhecido • Ficheiro:1941_Roosevelt_speech_pearlharbor_p1.ogg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/46/1941_ Roosevelt_speech_pearlharbor_p1.ogg Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:1º_Campeonato_Brasileiro_de_Iaido.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8d/1%C2%BA_ Campeonato_Brasileiro_de_Iaido.JPG Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Allsmac • Ficheiro:Abe_Shinzo_2012_02.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2f/Abe_Shinzo_2012_02.jpg Licença: CC0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: TTTNIS • Ficheiro:Ageha-cho.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6a/Ageha-cho.svg Licença: CC-BY-SA-3.0 Contri- buidores: Traced and retouched after Ageha01.jpg(now deleted) by Misogi Artista original: Júlio Reis and Misogi • Ficheiro:Aisin-Gioro_Pǔjié_and_Lady_Hiro_Saga_1937_wedding_photo.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/c/cd/Aisin-Gioro_P%C7%94ji%C3%A9_and_Lady_Hiro_Saga_1937_wedding_photo.jpg Licença: Public domain Contribui- dores: Japanese book “Showa History of 100 million people: Year 1930”published by Mainichi Newspapers Company. Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Ambox_rewrite.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1c/Ambox_rewrite.svg Licença: Public do- main Contribuidores: self-made in Inkscape Artista original: penubag • Ficheiro:Attack_on_Pearl_Harbor_Japanese_planes_view.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c7/ Attack_on_Pearl_Harbor_Japanese_planes_view.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Official U.S. Navy photograph NH 50930. Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Aïkido-shihoo_nage.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/62/A%C3%AFkido-shihoo_nage.jpg Li- cença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: Ygonaar Artista original: My father • Ficheiro:Bank_run_during_the_Showa_Financial_Crisis.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/34/Bank_ run_during_the_Showa_Financial_Crisis.JPG Licença: Public domain Contribuidores: Japanese book “Showa History Vol.5: The begin- ning of Showa era”published by Mainichi Newspapers Company. Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Battle_of_Pyongyang_by_Mizuno_To.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ce/Battle_of_ Pyongyang_by_Mizuno_To.jpg Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ? 216 CAPÍTULO 38. O LIVRO DOS CINCO ANÉIS

• Ficheiro:Bokken.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/56/Bokken.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuido- res: Obra do próprio Artista original: Grimlock • Ficheiro:Books-aj.svg_aj_ashton_01.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/Books-aj.svg_aj_ashton_01. png Licença: CC0 Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:BoshinCampaignMap.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/27/BoshinCampaignMap.jpg Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:CalSamurai.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/92/CalSamurai.svg Licença: Public domain Con- tribuidores: Based on Image:CalSamurai.gif Artista original: User:Stannered • Ficheiro:Calligraphic_Dao..png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c5/Calligraphic_Dao..png Licença: Public domain Contribuidores: Transferred from pt.wikipedia; transferred to Commons by User:Lijealso using CommonsHelper. Artista original: Original uploader was Tarcí sioTS at pt.wikipedia • Ficheiro:Cannon1.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a1/Cannon1.png Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribui- dores: Obra do próprio Artista original: Producer • Ficheiro:Ceinture_blanche.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/Ceinture_blanche.png Licença: CC BY- SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_bleue.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/52/Ceinture_bleue.png Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_jaune.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8f/Ceinture_jaune.png Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_marron.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/14/Ceinture_marron.png Licença: CC BY- SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_noire.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e1/Ceinture_noire.png Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_orange.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bb/Ceinture_orange.png Licença: CC BY- SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_rouge.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f4/Ceinture_rouge.png Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_verte.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8d/Ceinture_verte.png Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_violette.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3d/Ceinture_violette.png Licença: CC BY- SA 2.5 Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Ch5_wakamurasaki.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/ba/Ch5_wakamurasaki.jpg Licença: Pu- blic domain Contribuidores: The Tale of Genji: Legends and Paintings Artista original: Tosa Mitsuoki • Ficheiro:Chibana.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3a/Chibana.jpg Licença: Public domain Contribuido- res: http://img.photobucket.com/albums/v283/tundakat/Masters-ChosinChibana1-ShorinRy.jpg Artista original: ? • Ficheiro:Commons-logo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Commons-logo.svg Licença: Public domain Contribuidores: This version created by Pumbaa, using a proper partial circle and SVG geometry features. (Former versions used to be slightly warped.) Artista original: SVG version was created by User:Grunt and cleaned up by 3247, based on the earlier PNG version, created by Reidab. • Ficheiro:Cquote1.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4d/Cquote1.svg Licença: Public domain Contribuido- res: ? Artista original: ? • Ficheiro:Cquote2.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1a/Cquote2.svg Licença: Public domain Contribuido- res: ? Artista original: ? • Ficheiro:Crystal_Clear_app_Login_Manager.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ca/Crystal_Clear_app_ Login_Manager.png Licença: LGPL Contribuidores: All Crystal Clear icons were posted by the author as LGPL on kde-look; Artista original: Everaldo Coelho and YellowIcon; • Ficheiro:Daibutsu-den_in_Todaiji_Nara01bs3200.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b5/Daibutsu-den_ in_Todaiji_Nara01bs3200.jpg Licença: CC BY 2.5 Contribuidores: 663highland Artista original: 663highland • Ficheiro:Daisho_katana_and_wakizashi_1.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e8/Daisho_katana_and_ wakizashi_1.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Samuraiantiqueworld • Ficheiro:DejimaInNagasakiBay.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b4/DejimaInNagasakiBay.jpg Li- cença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: self-made, photographed at the British Museum Artista original: PHGCOM • Ficheiro:Disambig_grey.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Disambig_grey.svg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Bub's • Ficheiro:DotakuBronzeBellLateYayoi3rdCenturyCE.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c4/ DotakuBronzeBellLateYayoi3rdCenturyCE.jpg Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: self-made, photographed at Musee Gui- met Artista original: PHGCOM • Ficheiro:Edit-find.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7d/Edit-find.svg Licença: Public domain Contribui- dores: The Tango! Desktop Project Artista original: The people from the Tango! project • Ficheiro:EdoJapaneseArquebuse.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f2/EdoJapaneseArquebuse.jpg Li- cença: CC BY-SA 2.0 fr Contribuidores: Rama Artista original: Rama • Ficheiro:Egamishigeru.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dd/Egamishigeru.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.kclaglio.it/images/f_egamyg.jpg Artista original: Desconhecido 38.6. FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM 217

• Ficheiro:Emblem-scales.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/Emblem-scales.svg Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: Image:Unbalanced_scales.svg & The Tango! Desktop Project. Artista original: w:User:Tkgd2007; w:User: Booyabazooka; The people from the Tango! project. • Ficheiro:Emperor_Akihito_cropped_2_Barack_Obama_Emperor_Akihito_and_Empress_Michiko_20140424_1.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/42/Emperor_Akihito_cropped_2_Barack_Obama_Emperor_Akihito_and_ Empress_Michiko_20140424_1.jpg Licença: Public domain Contribuidores: President Obama at the Welcome Ceremony in Japan | Flickr - Photo Sharing! Artista original: State Department photo by William Ng / Public domain East Asia and Pacific Media Hub • Ficheiro:Emperor_Taisho_of_Japan.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/52/Emperor_Taisho_of_Japan. jpg Licença: Public domain Contribuidores: 毎⽇新聞社「天皇四代の肖像」Artista original: 宮内省 (Imperial Household Agency) • Ficheiro:Emperor_Taishō.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/33/Emperor_Taish%C5%8D.jpg Licença: Public domain Contribuidores: 毎⽇新聞社「天皇四代の肖像」Artista original: 宮内省 (Imperial Household Agency) • Ficheiro:EstatuaKusunokiMasashige.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/50/EstatuaKusunokiMasashige. jpg Licença: CC BY 2.0 Contribuidores: http://www.flickr.com/photos/valeyoshino/2281482583/ Artista original: Valentina • Ficheiro:Femme-47-ronin-seppuku-p1000701.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/af/ Femme-47-ronin-seppuku-p1000701.jpg Licença: Public domain Contribuidores: ? 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Artista original: Ulflarsen • Ficheiro:First_Japanese_treatise_on_Western_anatomy.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/85/First_ Japanese_treatise_on_Western_anatomy.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Transferido de en.wikipedia para o Commons. Ar- tista original: Este ficheiro foi inicialmente carregado por PHG em Wikipédia em inglês • Ficheiro:Flag_map_of_Japan.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/Flag_map_of_Japan.png Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: ? 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Similar file available at Portal of the Brazilian Government (accessed in November 4, 2011) Artista original: Governo do Brasil • Ficheiro:Flag_of_Cambodia.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/83/Flag_of_Cambodia.svg Licença: CC0 Contribuidores: File:Flag_of_Cambodia.svg Artista original: Draw new flag by User:_ • Ficheiro:Flag_of_Canada.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cf/Flag_of_Canada.svg Licença: Public do- main Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Flag_of_Colombia.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/21/Flag_of_Colombia.svg Licença: Public domain Contribuidores: Drawn by User:SKopp Artista original: SKopp • Ficheiro:Flag_of_Egypt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fe/Flag_of_Egypt.svg Licença: CC0 Contribui- dores: From the Open Clip Art website. 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• Ficheiro:Flag_of_Iceland.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ce/Flag_of_Iceland.svg Licença: Public do- main Contribuidores: Islandic National Flag Artista original: Ævar Arnfjörð Bjarmason, Zscout370 and others 218 CAPÍTULO 38. O LIVRO DOS CINCO ANÉIS

• Ficheiro:Flag_of_India.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/41/Flag_of_India.svg Licença: Public do- main Contribuidores: FIAV 111000.svg↑ Artista original: User:SKopp • Ficheiro:Flag_of_Indonesia.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9f/Flag_of_Indonesia.svg Licença: Public domain Contribuidores: Law: s:id:Undang-Undang Republik Indonesia Nomor 24 Tahun 2009 (http://badanbahasa.kemdiknas.go.id/ lamanbahasa/sites/default/files/UU_2009_24.pdf) Artista original: Drawn by User:SKopp, rewritten by User:Gabbe • Ficheiro:Flag_of_Israel.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d4/Flag_of_Israel.svg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.mfa.gov.il/MFA/History/Modern%20History/Israel%20at%2050/The%20Flag%20and%20the%20Emblem Artista original: “The Provisional Council of State Proclamation of the Flag of the State of Israel” of 25 Tishrei 5709 (28 October 1948) provides the official specification for the design of the Israeli flag. • Ficheiro:Flag_of_Italy.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/03/Flag_of_Italy.svg Licença: Public domain Contribuidores: There has been a long discussion on the colors of this flag. Please read the talk page before editing or reverting this image. Pantone to RGB performed by http://www.pantone.com/pages/pantone/colorfinder.aspx Artista original: see below • Ficheiro:Flag_of_Japan.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9e/Flag_of_Japan.svg Licença: Public domain Contribuidores: Law Concerning the National Flag and Anthem (1999) URL link in English, actual law (Japanese; colors from http://www. mod.go.jp/j/info/nds/siyousyo/dsp_list_j.htm#Z8701 Artista original: Various • Ficheiro:Flag_of_Laos.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/56/Flag_of_Laos.svg Licença: Public domain Contribuidores: Drawn by User:SKopp Artista original: ? • Ficheiro:Flag_of_Malaysia.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/66/Flag_of_Malaysia.svg Licença: Public domain Contribuidores: Create based on the Malaysian Government Website (archive version) Artista original: SKopp, Zscout370 and Ranking Update

• Ficheiro:Flag_of_Mexico.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fc/Flag_of_Mexico.svg Licença: Public domain Contribuidores: Este(a) desenho vetorial foi criado(a) com Inkscape. Artista original: Alex Covarrubias, 9 April 2006

• Ficheiro:Flag_of_Myanmar.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8c/Flag_of_Myanmar.svg Licença: CC0 Contribuidores: Open Clip Art Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Flag_of_New_Zealand.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3e/Flag_of_New_Zealand.svg Li- cença: Public domain Contribuidores: http://www.mch.govt.nz/files/NZ%20Flag%20-%20proportions.JPG Artista original: Zscout370, Hugh Jass and many others • Ficheiro:Flag_of_Nigeria.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/79/Flag_of_Nigeria.svg Licença: Public do- main Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Flag_of_Pakistan.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/32/Flag_of_Pakistan.svg Licença: Public domain Contribuidores: The drawing and the colors were based from flagspot.net. Artista original: User:Zscout370 • Ficheiro:Flag_of_Peru.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cf/Flag_of_Peru.svg Licença: Public domain Contribuidores: Peru Artista original: David Benbennick • Ficheiro:Flag_of_Portugal.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/Flag_of_Portugal.svg Licença: Public domain Contribuidores: http://jorgesampaio.arquivo.presidencia.pt/pt/republica/simbolos/bandeiras/index.html#imgs Artista original: Co- lumbano Bordalo Pinheiro (1910; generic design); Vítor Luís Rodrigues; António Martins-Tuválkin (2004; this specific vector set: see sources) • Ficheiro:Flag_of_Romania.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/73/Flag_of_Romania.svg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: AdiJapan • Ficheiro:Flag_of_Russia.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f3/Flag_of_Russia.svg Licença: Public domain Contribuidores: Государственный флаг Российской Федерации. Цвета флага: (Blue - Pantone 286 C, Red - Pantone 485 C) взяты из [1][2][3][4] Artista original: Zscout370 • Ficheiro:Flag_of_Serbia.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Flag_of_Serbia.svg Licença: Public domain Contribuidores: From http://www.parlament.gov.rs/content/cir/o_skupstini/simboli/simboli.asp. Artista original: sodipodi.com • Ficheiro:Flag_of_Somalia.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a0/Flag_of_Somalia.svg Licença: Public do- main Contribuidores: see below Artista original: see upload history • Ficheiro:Flag_of_South_Africa.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/af/Flag_of_South_Africa.svg Licença: Public domain Contribuidores: Per specifications in the Constitution of South Africa, Schedule 1 - National flag Artista original: Flag design by Frederick Brownell, image by Wikimedia Commons users • Ficheiro:Flag_of_South_Korea.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/Flag_of_South_Korea.svg Licença: Public domain Contribuidores: Ordinance Act of the Law concerning the National Flag of the Republic of Korea, Construction and color guidelines (Russian/English) ← This site is not exist now.(2012.06.05) Artista original: Various • Ficheiro:Flag_of_Spain.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9a/Flag_of_Spain.svg Licença: CC0 Contribui- dores: ["Sodipodi.com Clipart Gallery”. Original link no longer available ] Artista original: Pedro A. Gracia Fajardo, escudo de Manual de Imagen Institucional de la Administración General del Estado • Ficheiro:Flag_of_Switzerland.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f3/Flag_of_Switzerland.svg Licença: Public domain Contribuidores: PDF Colors Construction sheet Artista original: User:Marc Mongenet

Credits: 38.6. FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM 219

• Ficheiro:Flag_of_Thailand.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a9/Flag_of_Thailand.svg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Zscout370 • Ficheiro:Flag_of_Uzbekistan.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/84/Flag_of_Uzbekistan.svg Licença: Pu- blic domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Oʻzbekiston Respublikasining Davlat bayrogʻi. The officially defined colours are Pantone 313C for blue and 361C for green (source: [1], [2]). Drawn by User:Zscout370. • Ficheiro:Flag_of_Venezuela.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/06/Flag_of_Venezuela.svg Licença: Pu- blic domain Contribuidores: official websites Artista original: Zscout370 • Ficheiro:Flag_of_Vietnam.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/21/Flag_of_Vietnam.svg Licença: Public domain Contribuidores: http://vbqppl.moj.gov.vn/law/vi/1951_to_1960/1955/195511/195511300001 http://vbqppl.moj.gov.vn/vbpq/ Lists/Vn%20bn%20php%20lut/View_Detail.aspx?ItemID=820 Artista original: Lưu Ly vẽ lại theo nguồn trên • Ficheiro:Flag_of_the_People'{}s_Republic_of_China.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fa/Flag_of_ the_People%27s_Republic_of_China.svg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio, http://www.protocol.gov.hk/flags/ eng/n_flag/design.html Artista original: Drawn by User:SKopp, redrawn by User:Denelson83 and User:Zscout370 • Ficheiro:Flag_of_the_Philippines.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/99/Flag_of_the_Philippines.svg Li- cença: Public domain Contribuidores: The design was taken from [1] and the colors were also taken from a Government website Artista original: User:Achim1999 • Ficheiro:Flag_of_the_United_Kingdom.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/Flag_of_the_United_ Kingdom.svg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio per data at http://flagspot.net/flags/gb.html Artista original: Original flag by Acts of Union 1800

• Ficheiro:Flag_of_the_United_Nations.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2f/Flag_of_the_United_ Nations.svg Licença: Public domain Contribuidores: Flag of the United Nations from the Open Clip Art website. Modifications by Denelson83, Zscout370 and Madden. Official construction sheet here. United Nations (1962) The United Nations flag code and regulations, as amended November 11, 1952, New York OCLC: 7548838. Artista original: Wilfried Huss / Anonymous • Ficheiro:Flag_of_the_United_States.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/Flag_of_the_United_States. svg Licença: Public domain Contribuidores: SVG implementation of U. S. Code: Title 4, Chapter 1, Section 1 [1] (the United States Federal “Flag Law”). Artista original: Dbenbenn, Zscout370, Jacobolus, Indolences, Technion. • Ficheiro:Formacion-samurai-Ganko.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3b/Formacion-samurai-Ganko. jpg Licença: GFDL Contribuidores: Obra do próprio, based on“Samurai Armies 1550 - 1615”Author: Stephen Turnbull.Osprey Publishing, 1979. Artista original: Rage against • Ficheiro:Founding_Ceremony_of_the_Hakko-Ichiu_Monument.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/ de/Founding_Ceremony_of_the_Hakko-Ichiu_Monument.JPG Licença: Public domain Contribuidores: Japanese book“Asahi Historical Photographs Library: War and People 1940-1949 Vol.1”published by Asahi Shimbun Company. Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Fujiwara-Kamatari.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d6/Fujiwara-Kamatari.jpg Licença: Pu- blic domain Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Funakoshi.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4f/Funakoshi.jpg Licença: Public domain Contri- buidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Funakoshi.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4f/Funakoshi.jpg Licença: Public domain Contri- buidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Funakoshi_Makiwara.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/13/Funakoshi_Makiwara.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Japanese Book " 錬胆護⾝唐⼿術" (Rentan Goshin Karate Jutsu) Artista original: Funakoshi Gichin • Ficheiro:G01.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/06/G01.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:G03.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b5/G03.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:G05.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fe/G05.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:G10.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7b/G10.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:G100.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/49/G100.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:G30.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2b/G30.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:G50.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/75/G50.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:G_Blaize_Kokiu_Nague_2.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/41/G_Blaize_Kokiu_Nague_2. JPG Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Genpei_kassen.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/78/Genpei_kassen.jpg Licença: Public domain Contribuidores: 『源平合戦図屏⾵』⾚間神宮所蔵 Artista original: 伝狩野元信 • Ficheiro:Gentaro_Kodama_2.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9e/Gentaro_Kodama_2.jpg Licença: Pu- blic domain Contribuidores: Japanese book Kinsei Meishi Shashin vol.1 (世名⼠写真 1), Publicado em 1934 – 1935 Artista original: Desconhecido 220 CAPÍTULO 38. O LIVRO DOS CINCO ANÉIS

• Ficheiro:Gigo_funakoshi.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/88/Gigo_funakoshi.jpg Licença: Public do- main Contribuidores: property of the uploader Artista original: disciples of sensei Yoshitaka Funakoshi • Ficheiro:Gnome-mime-sound-openclipart.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/87/ Gnome-mime-sound-openclipart.svg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio. Based on File: Gnome-mime-audio-openclipart.svg, which is public domain. Artista original: User:Eubulides • Ficheiro:Gorin-no-sho.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fb/Gorin-no-sho.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Arquivo pessoal do autor Artista original: Kendobr • Ficheiro:Great_Wave_off_Kanagawa2.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0d/Great_Wave_off_ Kanagawa2.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Restored version of File:Great Wave off Kanagawa.jpg (rotated and cropped, dirt, stains, and smudges removed. Creases corrected. Histogram adjusted and color balanced.) Artista original: Katsushika Hokusai (葛飾北 斎) • Ficheiro:Greater_East_Asia_Conference.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/38/Greater_East_Asia_ Conference.JPG Licença: Public domain Contribuidores: Japanese book “Showa History Vol.11: Road to Catastrophe”published by Mainichi Newspapers Company. Artista original: Desconhecido • Ficheiro:GusukuArch.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/95/GusukuArch.jpg Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Harry_Truman_Announcing_Surrender_Of_Japan.ogg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8f/ Harry_Truman_Announcing_Surrender_Of_Japan.ogg Licença: Public domain Contribuidores: University of Virginia, Miller Center for Public Affairs library.[1] Artista original: Harry S. Truman • Ficheiro:Hirohito_in_dress_uniform.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/44/Hirohito_in_dress_uniform. jpg Licença: Public domain Contribuidores: Esta image está disponível na Divisão de Impressos e Fotografias da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos sob o número de identificação digital cph.3a40859. Esta marcação não indica o status de direito autoral da obra aqui mostrada. Uma marcação normal de direitos autorais ainda é necessária. Veja Commons: Licenciamento para mais informações. Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Hirohito_wartime.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/25/Hirohito_wartime.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.geocities.jp/torikai007/war/tokyotrial.html Artista original: ? • Ficheiro:Horyu-ji08s3200.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/Horyu-ji08s3200.jpg Licença: CC BY 2.5 Contribuidores: 663highland Artista original: 663highland • Ficheiro:IJA_units_in_Philippines.gif Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0b/IJA_units_in_Philippines.gif Li- cença: Public domain Contribuidores: Transferred from en.wikipedia; transferred to Commons by User:BanyanTree using CommonsHelper. Artista original: Original uploader was Celebrity historian at en.wikipedia • Ficheiro:Iaido2.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/70/Iaido2.jpg Licença: Copyrighted free use Contribui- dores: Originally from cs.wikipedia; description page is/was here. Artista original: Original uploader was Birch321 at cs.wikipedia (autor Michal Kolisek dal souhlas k jeho plnemu uzivani) • Ficheiro:Iaidoka_apprentissage_reishiki_lesneven_2006.jpeg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/ Iaidoka_apprentissage_reishiki_lesneven_2006.jpeg Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Christophe Dang Ngoc Chan (user:cdang) • Ficheiro:Iaidoka_lesneven_2006.jpeg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/24/Iaidoka_lesneven_2006.jpeg Li- cença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Christophe Dang Ngoc Chan • Ficheiro:Iaijutsu.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/Iaijutsu.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Kendobr • Ficheiro:IchijojiSagarimatsuKyoto.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5b/IchijojiSagarimatsuKyoto.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Transferido de en.wikipedia para o Commons. Artista original: Fg2 em Wikipédia em inglês • Ficheiro:Image-Qingdao_city_map_1912_in_german.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/ dc/Image-Qingdao_city_map_1912_in_german.png Licença: Public domain Contribuidores: Derived from the PD Image: Qingdao-city-map-1912-in-german-from-madrolles-guidebook-to-northern-china.jpg by me, William Avery Artista original: own work • Ficheiro:Imperial_Rescript_on_the_Termination_of_the_War.ogg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/42/ Imperial_Rescript_on_the_Termination_of_the_War.ogg Licença: Public domain Contribuidores: The Broadcasting Corporation of Ja- pan (⽇本放送協会) Artista original: The Empire of Japan (scripter), Emperor Hirohito of Japan (speaker) • Ficheiro:Imperial_Seal_of_Japan.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/37/Imperial_Seal_of_Japan.svg Li- cença: Public domain Contribuidores: Inspired by File:Japan coa kiku.png Artista original: User:Philip Nilsson • Ficheiro:Itosu_Anko.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7c/Itosu_Anko.jpg Licença: Public domain Contri- buidores: 沖縄タイムス,2006 年 2 ⽉ 28 ⽇ (Okinawa Times,February 28, 2006) Artista original: 沖縄県⽴図書館 (Okinawa prefectural library) • Ficheiro:Itosu_Ten_Precepts.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2e/Itosu_Ten_Precepts.jpg Licença: Pu- blic domain Contribuidores: The japanese book " 空⼿道⼤観" (A Broad View of Karatedo) Artista original: Nakasone Genwa • Ficheiro:Japan_okinawa_map_small.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c5/Japan_okinawa_map_small. png Licença: ? Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:JapaneseMarchSgpCity.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/15/JapaneseMarchSgpCity.jpg Li- cença: Public domain Contribuidores: This is photograph HU 2787 from the collections of the Imperial War Museums. Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Japanese_Arrows.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/eb/Japanese_Arrows.jpg Licença: CC-BY- SA-3.0 Contribuidores: http://ja.wikipedia.org/upload/4/42/%E7%9F%A2.jpg Artista original: 霧⽊諒⼆ 38.6. FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM 221

• Ficheiro:Japanese_Empire2.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/65/Japanese_Empire2.png Licença: CC- BY-SA-3.0 Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Japanese_Empire_(orthographic_projection).svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b3/Japanese_ Empire_%28orthographic_projection%29.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: • Japan_(orthographic_projection).svg Artista original: Shadowxfox (talk) • Ficheiro:Jiu_jitsu_kanji.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c3/Jiu_jitsu_kanji.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Foto Artista original: hoosic06 • Ficheiro:JomonStatue.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/JomonStatue.JPG Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Judo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/45/Judo.svg Licença: ? Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Judo_black_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/76/Judo_black_belt.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Judo black belt.PNG: Judo black belt.PNG Artista original: • Spoxjox • Ficheiro:Judo_blue_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d3/Judo_blue_belt.svg Licença: CC BY- SA 3.0 Contribuidores: Judo blue belt.PNG: Judo blue belt.PNG Artista original: • Spoxjox • Ficheiro:Judo_brown_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/03/Judo_brown_belt.svg Licença: CC BY- SA 3.0 Contribuidores: Judo brown belt.PNG Artista original: • Spoxjox • Ficheiro:Judo_dark_blue_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/76/Judo_dark_blue_belt.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Spoxjox • Ficheiro:Judo_green_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/16/Judo_green_belt.svg Licença: CC BY- SA 3.0 Contribuidores: Judo green belt.PNG: Judo green belt.PNG Artista original: • Spoxjox • Ficheiro:Judo_grey_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1b/Judo_grey_belt.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Jdcollins13 • Ficheiro:Judo_orange_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/03/Judo_orange_belt.svg Licença: CC BY- SA 3.0 Contribuidores: Judo orange belt.PNG: Judo orange belt.PNG Artista original: • Spoxjox • Ficheiro:Judo_pictogram.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fa/Judo_pictogram.svg Licença: Public do- main Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Thadius856 (SVG conversion) & Parutakupiu (original image) • Ficheiro:Judo_purple_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c3/Judo_purple_belt.svg Licença: CC BY- SA 3.0 Contribuidores: Judo purple belt.PNG: Judo purple belt.PNG Artista original: • Spoxjox • Ficheiro:Judo_white_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fb/Judo_white_belt.svg Licença: CC BY- SA 3.0 Contribuidores: Judo white belt.PNG: Judo white belt.PNG Artista original: • Spoxjox 222 CAPÍTULO 38. O LIVRO DOS CINCO ANÉIS

• Ficheiro:Judo_yellow_belt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/78/Judo_yellow_belt.svg Licença: CC BY- SA 3.0 Contribuidores: Judo yellow belt.PNG: Judo yellow belt.PNG Artista original: • Spoxjox • Ficheiro:Kano_Jigoro.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0c/Kano_Jigoro.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Japanese Book " 空⼿道"(Karatedo) Artista original: ? • Ficheiro:Karate-hor.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f5/Karate-hor.svg Licença: Public domain Contri- buidores: Image:Karatedo.svg Artista original: chris 論 • Ficheiro:Karate_ShuriCastle.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4b/Karate_ShuriCastle.jpg Licença: Pu- blic domain Contribuidores: The Japanese book " 空⼿道⼤観" (A Broad View of Karatedo) Artista original: Nakasone Genwa • Ficheiro:Karate_Yola.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d5/Karate_Yola.JPG Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Telfir32 • Ficheiro:Karate_budokan_international_logo.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/23/Karate_budokan_ international_logo.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.hmakarate.com/ Hawkesbury Martial Arts website. They study Karate Budokan and are part of the club that this image originates from. Artista original: The Karate Budokan International club • Ficheiro:Karate_icon.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/46/Karate_icon.svg Licença: GFDL Contribuido- res: Obra do próprio Artista original: Matzu • Ficheiro:Karate_pictogram.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4e/Karate_pictogram.svg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Thadius856 (SVG conversion) & Parutakupiu (original image) • Ficheiro:Karatedo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bb/Karatedo.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribui- dores: Bittmann, Heiko. Karatedô. Der Weg der Leeren Hand. Meister der vier grossen Schulrichtungen und ihre Lehre. Ludwigsburg und Kanazawa. Verlag Heiko Bittmann Artista original: Verlag Heiko Bittmann • Ficheiro:Karatedo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bb/Karatedo.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribui- dores: Bittmann, Heiko. Karatedô. Der Weg der Leeren Hand. Meister der vier grossen Schulrichtungen und ihre Lehre. Ludwigsburg und Kanazawa. Verlag Heiko Bittmann Artista original: Verlag Heiko Bittmann • Ficheiro:Kata.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/44/Kata.jpg Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: Lance Cpl. Patrick J. Floto • Ficheiro:Katana_(shema).png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/Katana_%28shema%29.png Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: ? 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Artista original: ? • Ficheiro:Kenshin_Uesugi'{}s_armour.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/Kenshin_Uesugi%27s_ armour.jpg Licença: CC BY-SA 2.0 Contribuidores: Tick Artista original: Raisa H from Tokyo, Japan • Ficheiro:Khalkhin_Gol_Soviet_offensive_1939.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/Khalkhin_Gol_ Soviet_offensive_1939.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.nashgorod.ru/news/news24145.html?print Artista origi- nal: Виктор Антонович Тёмин • Ficheiro:Kimigayo_vocal_1930.ogg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/88/Kimigayo_vocal_1930.ogg Li- cença: Public domain Contribuidores: Transferido de en.wikipedia para o Commons. Artista original: Este ficheiro foi inicialmente carre- gado por Zscout370 em Wikipédia em inglês • Ficheiro:Kinkaku3402CBcropped.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c9/Kinkaku3402CBcropped.jpg Li- cença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Fg2 • Ficheiro:Kobayashi_Izanami_and_izanagi.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/Kobayashi_Izanami_ and_izanagi.jpg Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Korea_map_1939.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f9/Korea_map_1939.svg Licença: CC BY- SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Emok • Ficheiro:Kyokushinkai.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/46/Kyokushinkai.svg Licença: Public domain Contribuidores: • http://de.wikipedia.org/wiki/Bild:-Kyokushinkai.jpg Artista original: Defchris (vectorized with Inkscape) • Ficheiro:Kyosai_Kiyomitsu_001.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/69/Kyosai_Kiyomitsu_001.jpg Li- cença: Public domain Contribuidores: [1] Artista original: Kyosai Kiyomitsu 38.6. FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM 223

• Ficheiro:Kyudo_Kai_01.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c6/Kyudo_Kai_01.jpg Licença: CC-BY-SA- 3.0 Contribuidores: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Kyudo_Kai_Nobiai.jpg Artista original: Kollotzek/Wallrafen • Ficheiro:LocationAsia.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/22/LocationAsia.png Licença: Public domain Contribuidores: own work - map adapted from PDF world map at CIA World Fact Book Artista original: Dado • Ficheiro:MIKASAPAINTING.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b8/MIKASAPAINTING.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Original upload: en.wikipedia 01:00, 9 October 2004 . PHG Artista original: Tōjō Shōtarō • Ficheiro:Mabuni_Kenwa.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/Mabuni_Kenwa.jpg Licença: Public do- main Contribuidores: The Japanese book " 空⼿道⼤観" (A Broad View of Karatedo) Artista original: Nakasone Genwa • Ficheiro:Mabuni_Kenwa2.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0d/Mabuni_Kenwa2.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Japanese book " 空⼿研究" (The Study of Karate) Artista original: published by 東京興武館(Tokyo Koubukan) • Ficheiro:Maeda_Mituyo.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1a/Maeda_Mituyo.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Japanese book 『前⽥光世世界柔道武者修⾏』Artista original: published by 島津書房 • Ficheiro:Magnifying_glass_01.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3a/Magnifying_glass_01.svg Licença: CC0 Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Masters_of_Karate.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/28/Masters_of_Karate.jpg Licença: Pu- blic domain Contribuidores: The Japanese Book " 空⼿道⼀路"(Karatedo One Road) Artista original: 船越義珍 (Funakoshi Gichin) • Ficheiro:Matsuoka_visits_Hitler.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/02/Matsuoka_visits_Hitler.jpg Li- cença: Public domain Contribuidores: http://fj.eastday.com/slideshow/20061013_13/images/00747350.jpg Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Matthew_Calbraith_Perry.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8b/Matthew_Calbraith_Perry.jpg Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Meiji_Kenpo02.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/65/Meiji_Kenpo02.jpg Licença: Public do- main Contribuidores: digital.archives.go.jp Artista original: Meiji Emperor • Ficheiro:Meiji_tenno3.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/ba/Meiji_tenno3.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Tenno Yondai No Shozo " 天皇四代の肖像", published by Mainichi Shinbun Sha 毎⽇新聞社, 1999. Artista original: Photographed by Uchida Kuichi. • Ficheiro:Merchant_flag_of_Japan_(1870).svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/79/Merchant_flag_of_ Japan_%281870%29.svg Licença: Public domain Contribuidores: kahusi - (Talk)'s file Artista original: kahusi - (Talk) • Ficheiro:Metropolitan_Police_Office_after_Kanto_Earthquake.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7b/ Metropolitan_Police_Office_after_Kanto_Earthquake.jpg Licença: Public domain Contribuidores: 関東震災画報 EARTHQUAKE PIC- TORIAL EDITION Artista original: ⼤阪毎⽇新聞社 THE OSAKA MAINICHI • Ficheiro:Military_symbol.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5d/Military_symbol.svg Licença: CC-BY- SA-3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Ash Crow • Ficheiro:Minamoto_no_Yoritomo.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/76/Minamoto_no_Yoritomo.jpg Li- cença: Public domain Contribuidores: ? 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O LIVRO DOS CINCO ANÉIS

• Ficheiro:Namban-08.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/06/Namban-08.jpg Licença: Public domain Con- tribuidores: Artista original: Atribuído a Kano Domi • Ficheiro:Ni_hon_go2.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/de/Ni_hon_go2.png Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Mizunoryu • Ficheiro:Nikyo_omote.jpeg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f6/Nikyo_omote.jpeg Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Christelle Fillonneau • Ficheiro:NintokuTomb.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3f/NintokuTomb.jpg Licença: ? Contribuido- res: http://w3land.mlit.go.jp/cgi-bin/WebGIS2/WC_AirPhoto.cgi?IT=p&DT=n&PFN=CKK-85-2&PCN=C2&IDX=8 Artista original: Ministry of Land, Infrastructure and Transport Government of Japan & moja resized • Ficheiro:Niten-diasamurai1.ogg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Niten-diasamurai1.ogg Licença: Public domain Contribuidores: Arquivo pessoal do autor Artista original: Kendobr • Ficheiro:Niten_ichi_ryu_11.soke_Iwami_Toshio_Gensho.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/ Niten_ichi_ryu_11.soke_Iwami_Toshio_Gensho.JPG Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: ”Own work”Artista original: Koskinen Kai • Ficheiro:Nito_ryu.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c3/Nito_ryu.jpg Licença: Public domain Contribuido- res: Obra do próprio Artista original: Kendobr • Ficheiro:Nito_web.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8a/Nito_web.jpg Licença: Public domain Contribui- dores: Arquivo pessoal do autor Artista original: Instituto Niten • Ficheiro:NoFonti.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b5/NoFonti.svg Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuido- res: Image:Emblem-important.svg Artista original: RaminusFalcon • Ficheiro:Noia_64_apps_kworldclock.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/84/Noia_64_apps_kworldclock. png Licença: LGPL Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Noma_Dojo,_2006.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/17/Noma_Dojo%2C_2006.JPG Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Noma_Dojo%2C_2006.JPG Artista original: Wang Ming • Ficheiro:Obi-gokyū.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6e/Obi-goky%C5%AB.jpg Licença: CC-BY-SA- 3.0 Contribuidores: Fotografia própria Artista original: chris 論 • Ficheiro:Odanobunaga.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/36/Odanobunaga.jpg Licença: Public domain Contribuidores: en:Image:Odanobunaga.jpg Artista original: 狩野元秀 (Kano Motohide, ? - ?) • Ficheiro:Old_1_Yen_Bank_of_Japan_silver_convertible_note.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/24/ Old_1_Yen_Bank_of_Japan_silver_convertible_note.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Eclipse2009 • Ficheiro:Old_Japanese_military_paraphernalia.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/19/Old_Japanese_ military_paraphernalia.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Flickr Artista original: T. Enami (1859-1929) • Ficheiro:Onisaburo_Deguchi.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/78/Onisaburo_Deguchi.jpg Licença: Pu- blic domain Contribuidores: ? Artista original: ? • Ficheiro:Onisaburo_Deguchi_2.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/25/Onisaburo_Deguchi_2.jpg Li- cença: Public domain Contribuidores: Omoto Believers Federation website Artista original: ??? • Ficheiro:Onna_bugeisha_Ishi-jo,_wife_of_Oboshi_Yoshio.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/94/ Onna_bugeisha_Ishi-jo%2C_wife_of_Oboshi_Yoshio.jpg Licença: Public domain Contribuidores: [1] ⼤英博物館 Artista original: Utagawa Kuniyoshi • Ficheiro:Osaka_Castle_02bs3200.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e4/Osaka_Castle_02bs3200.jpg Li- cença: CC BY 2.5 Contribuidores: 663highland Artista original: 663highland • Ficheiro:Phaeton_(frigate).jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d2/Phaeton_%28frigate%29.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Artista original: ? • Ficheiro:R01.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a5/R01.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:R03.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b9/R03.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:R05.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1a/R05.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:R10.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c0/R10.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:R30.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e1/R30.png Licença: Public domain Contribuidores: ? Ar- tista original: ? • Ficheiro:R50.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/21/R50.png Licença: Public domain Contribuidores: ? 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• Ficheiro:Samurai_II_Duel_at_Ichijoji_Temple_poster.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/90/Samurai_ II_Duel_at_Ichijoji_Temple_poster.jpg Licença: Public domain Contribuidores: movie poster by Toho Company Ltd. (東宝株式会社, Tōhō Kabushiki-kaisha) (Downloaded from http://entertainment.webshots.com/photo/2786918980055228984iQZdih accessed 01-March- 2008) Artista original: Toho Company Ltd. (東宝株式会社, Tōhō Kabushiki-kaisha) © 1955 • Ficheiro:Samurai_in_1880.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/Samurai_in_1880.jpg Licença: Public domain Contribuidores: german wikipedia, originally uploaded on 24. Jul. 2004 by de:User:MatthiasKabel Artista original: Raimond, Baron Stillfried • Ficheiro:Samurai_with_sword.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7c/Samurai_with_sword.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Britannica Artista original: Felice Beato • Ficheiro:Sasa_Rindo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ca/Sasa_Rindo.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Con- tribuidores: Obra do próprio Artista original: 百楽兎 • Ficheiro:Sasaki_kojiro_2.gif Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/15/Sasaki_kojiro_2.gif Licença: Public do- main Contribuidores: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Sasaki_kojiro_2.gif Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Satsuma-samurai-during-boshin-war-period.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/ Satsuma-samurai-during-boshin-war-period.jpg Licença: Public domain Contribuidores: From the English Wikipedia. Origin source unknown Artista original: Felice Beato • Ficheiro:Sekigaharascreen.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9f/Sekigaharascreen.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.sengoku-expo.net/flash/sekigahara/byoubu/byoubu_c.html http://inpaku02.iamas.ac.jp/sekigahara/byoubu/images/l/263.jpg Artista original: User LordAmeth on en.wikipedia

• Ficheiro:Sensei_1977.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1c/Sensei_1977.jpg Licença: Public domain Con- tribuidores: Obra do próprio Artista original: Kendobr • Ficheiro:Sensei_iaido-rework.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f5/Sensei_iaido-rework.jpg Licença: Public domain Contribuidores: • Sensei_iaido.jpg Artista original: Sensei_iaido.jpg: Varencor • Ficheiro:Seppuku_8-10-08.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c3/Seppuku_8-10-08.png Licença: Public domain Contribuidores: Image:Samurai_Tokugawa_Era.jpg, original in [1] Artista original: Karacas • Ficheiro:SeptemArtes-Philosophia-Detail.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1c/ SeptemArtes-Philosophia-Detail.jpg Licença: Public domain Contribuidores: from “Hortus deliciarum”of Herrad von Lands- berg - date: about 1180 Artista original: User:Markus Mueller • Ficheiro:Shaolinsi.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/Shaolinsi.JPG Licença: CC-BY-SA-3.0 Contri- buidores: Obra do próprio Artista original: User:Yaoleilei • Ficheiro:ShimonosekiWyomingAttacks.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4b/ ShimonosekiWyomingAttacks.jpg Licença: Public domain Contribuidores: [1] Artista original: ? • Ficheiro:Shotokan_japanese.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1f/Shotokan_japanese.svg Licença: CC- BY-SA-3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Harkonnen2 • Ficheiro:Shotokan_karate.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7c/Shotokan_karate.jpg Licença: GPL Con- tribuidores: Funakoshi Gitin's pictures. Artista original: ? • Ficheiro:Sports_icon.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/95/Sports_icon.png Licença: Public domain Con- tribuidores: made by myself Artista original: Pepetps • Ficheiro:Statue_of_Saigo_Takamori,_Ueno_Park,_Tokyo.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/55/ Statue_of_Saigo_Takamori%2C_Ueno_Park%2C_Tokyo.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Daderot • Ficheiro:Suio-ryu-Kumiai.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b0/Suio-ryu-Kumiai.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Author Personal Archieve Artista original: KendoBR • Ficheiro:Taekwondo_pictogram.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d3/Taekwondo_pictogram.svg Li- cença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Thadius856 (SVG conversion) & Parutakupiu (original image) • Ficheiro:Taisuke_Itagaki_2.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f9/Taisuke_Itagaki_2.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Japanese book " 幕末・明治・⼤正回顧⼋⼗年史" (Memories for 80 years, Bakumatsu, Meiji, Taisho) Artista original: published by 東洋⽂化協會 (The Eastern Culture Association) • Ficheiro:Takamori_Saigo.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/75/Takamori_Saigo.jpg Licença: Public do- main Contribuidores: 『幕末・明治・⼤正回顧⼋⼗年史』(1933 年出版)Artista original: Edoardo Chiossone (1833 - 1898) • Ficheiro:Takasugishinsaku_kendo.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/61/Takasugishinsaku_kendo.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://ja.wikipedia.org/w/index.php?title=%E3%83%95%E3%82%A1%E3%82%A4%E3% 83%AB:Takasugishinsaku_kendo.jpg&action=edit 歴史群像シリーズ『図説・幕末志⼠ 199』(学研)Historical group image se- ries “199 Illustrated Bakumatsu patriot”(Gakken) Artista original: 不明 Unknown • Ficheiro:Takeda_Sokaku.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b6/Takeda_Sokaku.jpg Licença: Public do- main Contribuidores: Aikido FAQ Artista original: Desconhecido • Ficheiro:Tanka-tsuba-p1010068_Rama_300.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/45/ Tanka-tsuba-p1010068_Rama_300.jpg Licença: CC BY-SA 2.0 fr Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Rama • Ficheiro:Text_document_with_red_question_mark.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/Text_ document_with_red_question_mark.svg Licença: Public domain Contribuidores: Created by bdesham with Inkscape; based upon Text-x-generic.svg from the Tango project. Artista original: Benjamin D. Esham (bdesham) 226 CAPÍTULO 38. O LIVRO DOS CINCO ANÉIS

• Ficheiro:The_First_Japnese_Diet_Hall_1890-91.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1e/The_First_ Japnese_Diet_Hall_1890-91.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.sangiin.go.jp/japanese/70/images/1kari01.jpg Artista original: Japanese House of Councillors • Ficheiro:Tokugawa_Ieyasu2.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/11/Tokugawa_Ieyasu2.JPG Licença: Pu- blic domain Contribuidores: main tower Artista original: Kanō Tan'yū • Ficheiro:Tokugawa_Yoshinobu_organizing_defenses_at_Osaka_castle.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/f/f0/Tokugawa_Yoshinobu_organizing_defenses_at_Osaka_castle.jpg Licença: Public domain Contribuidores: 1870 painting (woodblock print, here part of a triptych. 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38.6.3 Licença • Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Seigokan

Seigokan (正剛館*?) é uma escola de caratê do estilo Membro do Comité Executivo da WKF, Vice-Presidente Goju-ryu. A linhagem foi fundada pelo Mestre Seigo e Secretário-Geral da AKF. Tada (8º Dan), em 1945.*[1]

1.2 No Brasil e América Latina

1 História No Brasil, o Presidente Executivo da Seigokai é o Shihan Roberto Takeshi Fukuchi (7ºDan), que também exerce o O criador do estilo Seigokan, Mestre Seigo Tada, foi cargo de Diretor da Seigokan Américas. aluno do Grande Mestre Chojun Miyagi. Seigo Tada foi A escola Seigokan no Brasil foi introduzido pelos Mes- o Técnico Responsável pelo Clube de Karate-do da Uni- tres Luís Alberto Borges da Silva Pedruco (Pedruco) e versidade de Ritsumeikan. A escola Seigokan possui dois Alberto Carlos Paes DʼAssumpção (Acaio), vindos de kata próprios, Kihon-tsuki-no-kata e Uke no kata, e ou- Macau, na China no incio da década de 1970. tros doze katas tradicionais do estilo Goju-ryu. O pro- grama técnico da Seigokan inclui também Yakusoku ku- Em 1976 o Mestre Seigo Tada visitou o Brasil, formali- mite, uma modalidade de luta combinada, nas variantes zando a representação do estilo Goju-Ryu, Seigokan, no 1-7 de zenkutsu e 1-7 de shiko dachi, e sete técnicas de país. Durante a primeira visita do Mestre Seigo Tada, auto-defesa (torite).*[2] em 1976, foi graduado como o primeiro faixa preta da linhagem no Brasil o Sr. Leonardo José Carion, hoje 7º Durante vida do Mestre Seigo Tada, o qual fazia transmi- Dan. Leonardo Carion, nascido na China mudou-se para tir seu carisma e empolgação à modalidade, a escola Sei- o Brasil em 1963, com 18 anos, onde ainda treinou a arte gokan era a maior organização (Kai-Ha) do estilo Goju- marcial por um tempo antes de se graduar faixa preta. No ryu existente no Japão, com mais de 200.000 membros, Brasil Leonardo Carion é o Shihan de um dojo em Magé, sendo ainda na actualidade considerada como uma das onde ensina a arte para seus alunos em um projeto social maiores. Todos os anos realiza um Campeonato Mun- que inclui jovens no esporte. Após Leonardo Carion, ou- dial, aberto a todos os países com Associações da Sei- tros faixas pretas foram graduados em seguida, Marcos gokan, designado de World Seigokan Friendship Tourna- Collaço e R. Takeshi Fukuchi. ment. Um dos seus membros mais conhecido, é a Tetra- Campeã Mundial de Kata, Atsuko Wakai. Outro menos Marcos Collaço foi o responsável por inserir o Seigokan conhecido, mas não menos importante, é a famosa ac- nos Estados Unidos em 1977, no Estado da Califórnia, triz de cinema de acção, Cynthia Luster. A sua sede ou onde até hoje possui um Dojo. Honbu Dojo é na Cidade de Himeji, no Japão, sendo a O Shihan R. Takeshi Fukuchi foi o responsável por intro- Seigokan All Japan Karatedo Association (SAJKA) actu- duzir a linhagem Seigokan nos paises da América Latina, almente presidida por Sandaime Kancho ou Soke Seigo Venezuela, Colômbia e Chile e o responsável pela grande Tada III. difusão do estilo Seigokan por todo o Brasil, principal- mente no Estado do Rio de Janeiro, onde possui um Dojo na Capital Fluminense. Também ajudou na difusão do 1.1 No mundo Seigokan pelos países da Ásia, e Sri-Lanka.

Existem Associações de Karatedo Gojuryu Seigokan es- palhadas pelos cinco continentes em países como os Esta- 1.3 Em Portugal e Europa dos Unidos, Canadá, Brasil, Venezuela, Colômbia, Chile, Portugal, Itália, Austrália, Índia, China (Hong Kong e Em Portugal, o Director Técnico Nacional do estilo é o Macau), Filipinas, Sri-Lanka, Nepal e mais recentemente Shihan José Manuel Guerreiro Santana (6ºDan). no Irão e Inglaterra. Dois membros seniores da Sei- gokan desempenharam um papel importante no Conti- O Presidente da AKSP - Associação de Karatedo Seigo- nente Asiático e no mundo do caratê. O falecido José kan de Portugal, a Associação mais representativa do es- Martins Achiam, 7º Dan (1944-2008) foi um Mem- tilo e a única legal e inscrita na Federação Nacional de bro do Comité Executivo da World Karate Federation Karaté, é o Sensei Francisco Altino Morais (4º Dan). (WKF) e Secretário-Geral da Asian Karatedo Federa- O Presidente Honorário e Vice-Presidente da Associa- tion (AKF). Bill K.S. Mok (7 º Dan) é actualmente um ção de Karatedo Seigokan de Portugal (AKSP), João Joa-

1 2 3 YAKUSOKU KUMITE

quim Salgado da Silva (3ºDan), actual (2011) Presidente • Saifa da Federação Nacional de Karaté (FNK-P), foi eleito em 2010, Membro da Direcção do Comité Olímpico de Por- • Seienchin tugal (COP). • Tensho A Seigokan em Portugal nasce com a criação da Escola de Budo em Maio de 1975, em Sapadores, Lisboa, pelo • Uke no kata Sensei Mitsuharu Tsuchiya, Mestre de à época, actualmente Tai-Do. Em 1976 convida para lecci- • Sanseru onar na sua Escola o seu amigo e também Mestre, mas de Goju-Ryu, Sensei Katsumune Nagai (4º Dan), Campeão • Seipai da Seigokan por quatro vezes em Campeonatos Interes- • taduais do Japão. Dessa época ressaltam nomes para a Shisochin história da Seigokan em Portugal, que ainda está por es- • Seisan crever. Eduardo Pinheiro, José Santana, Carlos Fernan- des, Altino Morais, entre outros, são os mais importantes. • Kururunfa Em 1978 é criada a Associação Portugal Seigokan - • Nagai-Kai, em homenagem ao Mestre Nagai, tendo como Suparinpei director técnico o primeiro cinto negro de Portugal - Edu- ardo Pinheiro. O Grande Mestre Seigo Tada (8º Dan), fundador do es- 3 Yakusoku kumite tilo, deslocou-se por duas vezes a Portugal, em 1987 e 1989, para efectuar estágios e realizar exames de gra- Formas de lutas pré-combinandas. duação. Em 1997 é novamente convidado pela Direc- Zenkutsu dachi no tsuki ção da AKSP a deslocar-se a Portugal, mas tal não chega a concretizar-se, pois veio a falecer em Setembro do mesmo ano. • Zenkutsu nas variantes 1 a 7 Em Outubro de 2008, uma comitiva da AKSP Seigokan de Portugal, liderada pelo Shihan José Santana, desloca- 1. Uchi uke suigetsu se à Reggio di Calabria, em Itália, para realizar um Está- 2. Soto uke wakido zuki gio e formalizar a adesão da Seigokan Itália, liderada pelo Maestro Francesco Cuzzocrea, que foi aluno do Sensei 3. Kawashi geri Tatsuto Sadanobu, mestre japonês da Nihon Seigokan, que introduziu o estilo naquele país em 1974. 4. Suriague furi uchi Em Março de 2011, o Sempai Richard Marsh, de Wi- veliscombe, na região de Somerset, em Inglaterra, aluno 5. Uchi uke Shito uchi graduado pelo Shihan Ian Stoddern (radicado nos Estados 6. Harai uke ura uchi Unidos desde 2002), que por sua vez foi aluno do Grande Mestre Lam Wun Sun, um antigo Sensei da Seigokan de 7. Nodoate ashi kake nage fumi geri hime Hong-Kong, que sob a influência do wushu chinês e de outras artes marciais, viria a formar o seu próprio estilo, solicita a sua adesão formal à Seigokan Europa, liderada Shiko dachi no tsuki pelo Shihan José Santana (que entretanto tinha sido for- mada em 2008 conjuntamente com o Shihan Francesco • Shiko dachi nas variantes 1 a 7 Cuzzocrea), tendo com ele assinado um Compromisso de Honra (Seigokan Commitment). 1. Soto ike Wakido zuki

2. Uchi uke Ganmen zuki 2 Katas 3. Ossae uke furiuchi

• Kihon 4. Shomen uke ode kansetsu kime

• Gekisai dai ichi 5. Soe kansetsu geri

• Gekisai dai ni 6. Ague uke mae geri

• Sanchin 7. Harai uke yoi tsui him 3

4 Torite • Seigokan Itália • Seigokan Índia • Torite nas variantes 1 a 7 • Seigokan Chile 1. Katate dori • Seigokan Irão 2. Morote dori • Seigokan USA 3. Ryoote dori

4. Ryosode dori

5. Eri dori

6. Ushiro dori

7. Hanman nage

5 Graduação

6 Referências

[1] History - AKSP - Seigokan Karatedo Association of Por- tugal (em inglês). Visitado em 24.nov.2010.

[2] Seigokan. Visitado em 08.set.2011.

7 Bibliografia

• "Yoki´s Karate Errantry in America" by Yukiaki Yoki (2001); 1ª Edição de Betty D.Greenberg; 2ª Edição de Bubok

• "Seigokan Golden Book" by JKS; Edição Limitada da Japan Karatedo Seigokan (Esgotado)

• Website Oficial da AKSB Seigokai do Brasil

8 Ligações externas

• Seigokan Portugal

• Seigokan Brasil

• Seigokan Japão

• Seigokan Macau

• Seigokan Hong Kong

• Seigokan Venezuela

• Seigokan Colômbia

• Seigokan Sri-Lanka

• Seigokan Austrália

• Seigokan Inglaterra 4 9 FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM

9 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

9.1 Texto

• Seigokan Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Seigokan?oldid=42279862 Contribuidores: FlaBot, MachoCarioca, Barão de Itararé, Com- monsDelinker, Teles, Kaktus Kid, Seigokanportugal, Luckas-bot, Judcosta, Escoria79, Stegop, AugustoEnzima, MarceloGlazieur, KLBot2, Do Pinheiro e Anónimo: 18

9.2 Imagens

• Ficheiro:Ceinture_blanche.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/Ceinture_blanche.png Licença: CC BY- SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_jaune.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8f/Ceinture_jaune.png Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_marron.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/14/Ceinture_marron.png Licença: CC BY- SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_noire.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e1/Ceinture_noire.png Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Ceinture_verte.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8d/Ceinture_verte.png Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: User:Liquid_2003 Artista original: Made by Liquid_2003. • Ficheiro:Flag_of_Japan.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9e/Flag_of_Japan.svg Licença: Public domain Contribuidores: Law Concerning the National Flag and Anthem (1999) URL link in English, actual law (Japanese; colors from http://www. mod.go.jp/j/info/nds/siyousyo/dsp_list_j.htm#Z8701 Artista original: Various • Ficheiro:Karate_icon.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/46/Karate_icon.svg Licença: GFDL Contribuido- res: Obra do próprio Artista original: Matzu • Ficheiro:Karate_pictogram.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4e/Karate_pictogram.svg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Thadius856 (SVG conversion) & Parutakupiu (original image) • Ficheiro:Karatedo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bb/Karatedo.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribui- dores: Bittmann, Heiko. Karatedô. Der Weg der Leeren Hand. Meister der vier grossen Schulrichtungen und ihre Lehre. Ludwigsburg und Kanazawa. Verlag Heiko Bittmann Artista original: Verlag Heiko Bittmann • Ficheiro:Seigokan1master.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Seigokan1master.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Seigokanportugal

9.3 Licença

• Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Matsubayashi-ryu

Matsubayashi-ryu (em japonês: 松 林 流, dan Estudos de Caratê e Artes Marciais Antigas (numa Matsubayashi-ryū) é uma escola de caratê, que se tradução livre). O nome também reflete uma homena- desenvolveu dentro do estilo Shorin-ryu, fundada por gem em respeito aos dois grandes mestres que foram os Shoshin Nagamine, em 1947, que tem com um dos instrutores dos mestres diretos de Sensei Naganime. fins a preservação das técnicas orginais do Okinawa-te, À abertura seguiram-se notoriedade e crescimento, anga- reunindo movimentos desde Tomari-te e Shuri-te. riando muitos alunos e, dentre eles, muitos militares que Shorin-ryu Matsubayashi Também é conhecido como ou faziam a ocupação de Oquinaua pelos Estados Unidos Shorin-ryu.*[1] Como aconteceu com os estilos e escolas fundados pelos grandes mestres, com a linhagem Matsubayashi-ryu viu- se fragmentar, após o falecimento de Sensei Nagamine 1 História Sensei em 1997.*[4]

O-Sensei Shoshin Nagamine é natural de Naha e come- çou a treinar caratê do estilo Tomari-te com o mestre 2 Características Chojin Kuba, quando jovem, por motivos de saúde. Mais tarde, tornou-se o mais proeminente do dojô e, em 1947, como forma de prestar homenagem aos dois grandes mes- O estilo pretende preservar as técnicas dos estilos Shuri- tres de caratê Kosaku Matsumora, do estilo Tomari-te, e te e Tomari-te e, por causa disso, como os demais estilos Sokon Matsumura, do Shuri-te, estabeleceu sua própria de caratê, tem como fundamentos o trinômio kihon-kata- escola, nomeando-a com o kanji 松 (matsu), presente nos kumite. nomes dos dois mestres, mais o kanji 林 (rin), que no caso pode soar como bayashi. Seus mestres diretos foram Chotoku Kyan e Choki Motobu, os quais foram alunos de 2.1 Kata Sokon Matsumura e Kosaku Matsumora. A escola de caratê é herdeira de toda a ancestralidade do Sobre os katas dá-se muita ênfase e o treino busca ser ri- estilo Shorin-ryu, cuja origem pode ser traçada até esco- goroso e persistente, sendo praticado um conunto de de- las de kung fu e do te, de Oquinaua, sem com isso olvidar zoito: Fukyugata Ichi, Fukyugata Ni, Pinan Shodan, Pi- e se fechar a outras influências, pois a arte marcial desar- nan Nidan, Pinan Sandan, Pinan Yondan, Pinan Godan, mada de Oquinaua, o Te, mesmo evoluindo em três ver- Naihanchi Shodan, Naihanchi Nidan, Naihanchi Sandan, , Wankan, Rohai, Wanshu, Passai, Gojushiho, tentes distintas, Naha-te, Shuri-te e Tomari-te, estas duas * * últimas vertentes, por serem mais achegadas nas técnicas, Chinto e Kusanku. [5] [6] acabaram por fundir-se no que veio a ser chamado de es- tilo Shorin-ryu.*[2] E este ramo acabou por gerar mais quatro, sendo o Matsubayashi um deles.*[3] 3 Notas O caratê, no começo do século XX, passou por um pro- fundo movimento de mudanças, que acabou por transfor- *[a] ^ Considera-se a escola Matsubayashi- mar completamente o sentido que se dava. Fato marcante ryu como sendo uma das quatro grandes es- é que deixou de ser conhecida por“todê" (唐⼿, tode*?, colas oriundas do Shorin-ryu tradicional de mão chinesa) por “caratê" (空⼿, karate*?, mão vazia), Oquinaua. As outras três são Kobayashi- e deixou de ser“jutsu”(術, jitsu*?, uma arte, uma desci- ryu, Shobayashi-ryu e a linhagem ortodoxa de plina militar) para ser“dô" (道, dō*?, um caminho, uma Sokon Matsumura.*[1] filosofia para a vida).*[3] Após a Segunda Guerra Mundial, Sensei Nagamine en- controu um livro do mestre Gichin Funakoshi, intitulado 4 Referências “Introdução ao Caratê", que lhe deu incentivo e ideia para fazer do caratê uma forma e uma meta para sua vida. [1] Nagamine, Shōshin. The Essence of Okinawan Karate-Do Desta feita, em 1947, Sensei Naganime inaugurou seu (em inglês). North Clarendon: Tuttle, 1998. Capítulo: 1. primeiro dojô, com o nome de Matsubayashi-ryu Kodo- , p. 19-23. ISBN 0804821100

1 2 4 REFERÊNCIAS

[2] Matsubayashi Ryu - Shorin Ryu Karate style (em inglês). Visitado em 06.nov.2012.

[3] Clayton, Bruce. Shotokan's secret: the hidden truth behind karate's fighting origins (em inglês). Santa Clarita: Ohara, 2004. p. 64. ISBN 0897501446

[4] History of the Matsubayashi-Ryu School and It's Divisions (em inglês). Visitado em 27.dez.2010.

[5] Matsubayashi Shorin-Ryu Karate Do. Visitado em 09.dez.2010.

[6] Kata ̶Matsubayashi-Ryu Karate (em inglês). Visitado em 09.dez.2010. 3

5 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

5.1 Texto

• Matsubayashi-ryu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Matsubayashi-ryu?oldid=34638014 Contribuidores: Kaktus Kid, Amirobot, Jud- costa, Escoria79, ZéroBot, KLBot2 e Anónimo: 1

5.2 Imagens

• Ficheiro:Karate_icon.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/46/Karate_icon.svg Licença: GFDL Contribuido- res: Obra do próprio Artista original: Matzu

5.3 Licença

• Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Gosoku-ryu

Gosoku-ryu (em japonês: 剛速流, Gosoku-ryū) é um (流, fluxo/escola/estilo). Assim, o nome mostra a pro- estilo de caratê fundado pelo mestre Takayuki Kubota, posta da escola, que é incorporar dentro do estilo Shoto- que possui o título de soke, na década de 1950, com a fi- kan, reconhecidamente um estilo duro, a leveza dos estilo nalidade de juntar e compatibilizar as técnicas duras, li- Goju-ryu, para tornar o estilo Shotokan mais rápido.*[1] neares e ligeiras do estilo Shotokan-ryu (do mestre Gichin Funakoshi) com as técnicas mais suaves e circulares do estilo Goju-ryu (do mestre Chojun Miyagi). Sua denomi- 2.2 Armas nação quer dizer que se trata de uma escola cujos golpes pretendem ser «rígidos e céleres».*[1] O estilo incorporou o treinamento com armas, para seguir a tradição de Ryukyu. São utensílios do estilo a tonfa, o kama, o bastão curto jo, a espada de madeira (boken, 1 História bokuto, o shinai e outras.

O jovem Kubota, nascido em 20 de Setembro de 1934, 2.3 Níveis desde muito cedo teve contacto com diversas artes marci- ais, dentre elas o kendo, aiquidô e judô. Depois de muito A escola segue um padrão que mescla as escalas cromá- estudo e com o escopo de prover uma forma mais ver- ticas do Shotokan com o judô: sátil e didáctica de ensinar o caratê, levando em contra principalmente o aprendizado de jovens e crianças, criou • 10° kyu/branco uma entidade ̶em inglês: International Karate Associ- • ation −, para dar suporte a seu empreendimento. Assim 9° kyu/amarelo nasceu o estilo Gosoku-ryu, ou escola dura e rápida, em • 8° kyu/laranja 1953.*[2]*[3] • 7° kyu/azul A entidade criada é responsável pela gestão e dissemi- nação do estilo, conforme designação do criador (que é • 6° kyu/lilás reconhecido mundialmente como experto no estilo Sho- • tokan). A entidade, nesse fim, promove o caratê como 5° kyu/verde uma arte marcial única, sem fazer distinções ou classifi- • 4° kyu/verde car um estilo como melhor ou pior do que outro. O mestre Kubota, seguindo o exemplo de outras grandes mestres, • 3° kyu/marrom como Gichin Funakoshi e Kenwa Mabuni, ao ser interpe- • lado sobre qual escola (ryu) é melhor, responde: «Caratê 2° kyu/marrom * é caratê»! [4]Em 1964, a sé da entidade é implantada nos • 1° kyu/marrom Estados Unidos*[1] • 1°−9° dan/preto Em 1989, grande mestre Kubota recebeu o título de Soke, isto é, aquele que cria uma nova e original escola, sendo • 10° dan/vermelho esta reconhecida internacionalmente. A bem da verdade, o fundador não chega a denominar sua entidade como um estilo em si, mas mais como uma escola, que é intima- 2.4 Kata mente ligada ao estilo Shotokan. O estilo incorpora vários katas, mas a base é o conjunto de katas do estilo Shotokan, ao qual foram acrescentados * 2 Características outros exercícios mais simples e katas de kobudo. [5] Básicos 2.1 Denominação 1. Tachi kata O nome da escola de caraté é formado pelos caracteres kanji go/tsuyoshi (剛, duro) soku/haya (速, rápido) e ryū 2. Keri kata

1 2 2 CARACTERÍSTICAS

3. Kihon mae geri no kata 3. Kubo giri (katana)

4. Kihon ichi no kata 4. Giyaku giri (katana)

5. Kihon ni no Kata 5. Iaido ichi no kata (katana)

6. Kihon san no kata 6. Iaido san no kata (katana)

7. Kihon yon no kata 7. Toshin (katana) 8. Keibo jitsu (jo) 8. Kihon go no kata 9. Ken shin ryu (jo) 9. Kihon roku no kata 10. Washi no Kata (tonfa) 10. Kihon shichi no kata 11. Jiuji Uke (tonfa) 11. Kihon hachi no kata 12. Tsuye Ichi No Kata- Cane 12. KihonjKu no kata 13. Tsuye Ni No kata -Cane 13. Kihon ju no kata 14. Tsuye San No Kata- Cane 14. Kihon ju ichi no kata 15. Tsuye Yan No Kata -Cane 15. Kihon ju ni no kata 16. Tsuye Go No Kata -Cane 16. Kihon ju san no kata 17. Tsuye Roku No Kata- Cane 17. Kihon ju yon no kata 18. Giyaku Mawashi No Kata- Cane 18. Kihon ju go no kata 19. Mawashi no Kata -Cane 20. Giyaku tsuye no Kata -Cane Gosoku 21. Kubotai No Kata Kubotai 1. Uke no kata 22. So Nota No Kata 2. Kime no kata Shotokan 3. Ni no kata 1. Heian shodan 4. Go no kata 2. Heian nidan 5. Gosoku 3. Heian sandan 6. Gosoku yondan 4. Heian yodan 7. Gosoku godan 5. Heian godan 8. Denkogetsu 6. Tekki shodan 9. Tamashi 7. Bassai dai 10. Ri kyu 8. Hangetsu 11. Rai dan 9. Kanku dai 12. Jyu hachi no tachi kata 10. Kanku sho 13. Anso no kata 11. Empi

14. Jyu no michi 12. Jion 13. Jite Kobudo 14. Gojushiho sho 1. San kaku giri kitana kata 15. Sochin 2. Atemi no kata katana 16. Unsu 3

3 Referências

[1] Istoria -”WKF ”, si scolilor de Karate derivate din WKF (em romeno) (05.out.2011). Cópia arquivada em 12.dez.2010.

[2] Artes Marciales On-Line (em espanhol). Visitado em 05.out.2011.

[3] AICS (em italiano). Visitado em 5 de outubro de 2011.

[4] IKA KUBOTAN ESPAÑA (em espanhol). Visitado em 05.out.2011.

[5] Gosoku

4 Ver também

• Gosoku Ryu 4 5 FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM

5 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

5.1 Texto

• Gosoku-ryu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gosoku-ryu?oldid=38912620 Contribuidores: Kaktus Kid, Xqbot, Shihan 883, Emaus- Bot, MerlIwBot e Anónimo: 3

5.2 Imagens

• Ficheiro:Flag_of_Japan.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9e/Flag_of_Japan.svg Licença: Public domain Contribuidores: Law Concerning the National Flag and Anthem (1999) URL link in English, actual law (Japanese; colors from http://www. mod.go.jp/j/info/nds/siyousyo/dsp_list_j.htm#Z8701 Artista original: Various • Ficheiro:Karate_icon.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/46/Karate_icon.svg Licença: GFDL Contribuido- res: Obra do próprio Artista original: Matzu

5.3 Licença

• Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Wado-ryu

Wado-Ryu (em japonês: 和道流, wadō-ryū)*[a] é um aspecto mais aparente são, por parte do jiu-jitsu, a ten- estilo de caratê, criado pelo mestre japonês Hironori Ot- dência a uma luta mais fechada com o oponente e, por suka, em 1932, no qual são mescladas técnicas do es- parte do caratê, o maior foco nas técnicas contundentes e tilo Yoshin-ryu de jiu-jitsu à forma ensinada pelo mestre a lista de kata (quinze). Gichin Funakoshi*[1]. Foram desenvolvidas sequências de luta combinada, ou yakussoku kumite, para o treinamento das técnicas e, no decorrer, o mestre Otsuka passou a treinamento livre de 1 História luta, jiu kumite e shiai kumite, com os alunos. Nessas sessões de luta, eram utilizados os coletes desenvolvidos para o treinamento de kendo, no fito de promover protec- Hironori Otsuka graduou-se no estilo Shindo yoshin-ryu ção aos praticantes.*[5] de jiu-jítsu, que começou a treinar ainda com a idade de treze anos, por volta de 1905. Esta escola tradicio- Do aikido, a influência mostrou-se sutilmente no nome nal (ou koryu), criada por Katsunosuke Matsuoka, é uma adotado, que à semelhança da arte de Ueshiba, o termo * das ramificações do remoto estilo Yoshin-ryu. Matsu- “harmonia”faz parte da denominação do estilo. [6] E, na oka tinha estudado Jikishin kage-ryu kenjutsu, Hokushin mesma trilha, as características do pouco uso de energia itto-ryu kenjutsu e Tenjin shinyo-ryu jujutsu na academia própria, o pouco esforço físico, e do uso de esquivas e Bakufu kobusho, que era a instituição oficial no período controle do oponente, que são marcantes no aikido, fazem * Edo.*[2] parte da proposta do estilo wado-ryu. [7] O estilo Yoshin-ryu, por sua vez, fora criado pelo mestre A metodologia adoptada pelo mestre Otsuka acabaria por Yoshitoki Akiyama nos idos da década de 1530, aparen- afastar seu estilo marcial tanto do jiu-jitsu, que era muito temente depois de uma epifania enquanto meditava so- mais suave, e do caratê, que era muito linear e mais rí- bre a resistência da árvore de salgueiro debaixo duma ne- gido. Esse fator também cumpriu o papel de promover vasca. Durante sua evolução, o estilo teria sido ensinado a dissensão em relação ao mestre Funakoshi, que acredi- ao mestre Matsuoka por Hirotuska Totsuka, que o uti- tava que a repetição constante dos kata era suficiente para lizou para sua própria evolução e criação de seu estilo o aprendizado do caratê e a prática de kumite era muito peculiar. arriscada. Entretanto, Otsuka manteve estreito contacto com outros mestres, como Kenwa Mabuni e, principal- Seguindo a linhagem de ensino, Matsuoka tomou por dis- mente, Choki Motobu, para quem o kumite deveria ser cípulo Matakichi Inose, este a Tatsusaburo Nakayama, um parte importante do treino, em cujo escopo está inse- que foi mestre de Hironori Otsuka. rida a fixação dos conhecimentos.*[5] No ano de 1917, Otsuka conheceu Morihei Ueshiba, cri- * As visões do mestre Funakoshi, de origem oquinauaense, ador do Aikido, e logo se tornaram amigos. [3] querendo uma modalidade mais esportiva e educacional, Em 1921, Otsuka recebeu o grau de mestre de jujutsu.*[4] para o desenvolvimento do aspecto cívico do carateca, e Um ano depois, tornou-se aluno do mestre Gishin Funa- de Otsuka, de origem nipônica e herdeiro de uma tra- koshi. dicional linhagem, com um abordagem mais achegada aos valores marciais tradicionais (budo), distanciaram-se Com dedicação aos treinamentos, logo galgou grau de de tal forma que o mestre oquinauense achou por bem mestre de caratê, mas como já tinha uma visão própria despedir-se marcialmente do aluno, pois a arte deste já de como a arte marcial deveria evoluir, levou-se à cisão não era mais Shotokan. Em 1934, o estilo foi formal- e à criação de um estilo particular, no qual as técnicas de mente reconhecido como apartado do Shotokan e regis- tai sabaki, nage waza, ukemi waza tivessem maior rele- trado no Butoku-kai.*[8] vância, pois, segundo a observação de Otsuka, o currículo composto por inúmeros kihon, a despeito de aprimorar o Por volta de 1940, o mestre Hironori Otsuka funda a condicionamento físico, não tinha muito emprego prático Wado-kai (kai = organização), com o objetivo de conso- num embate real. lidar as diretrizes e garantir a padronização das técnicas do Wado-ryu (ryu = estilo). Por volta de 1929, Otsuka já tinha composto um currículo básico do futuro estilo, o qual era uma quimera baseada Em meados de 1980, já com idade bastante avançada, no seu estilo de jiu-jitsu e da variação do estilo Shorin- mestre Otsuka considerava se aposentar como líder da or- ryu ensinado pelo mestre Funakoshi. O que deixa esse ganização e pretendia nomear seu filho, Jironori Otsuka,

1 2 3 DOJO KUN como seu sucessor. Entretanto diversos outros professo- 2 Características res de alto nível do estilo Wado-Ryu não compartilhavam * dessa opinião [9]. Wado significa, em tradução literal para o português,“ca- Depois de diversas tentativas de negociação, sem sucesso, minho (do) da paz e harmonia (wa)". Otsuka acabou deixando sua própria organização, cha- O estilo se diferencia dos demais pela ênfase no emprego gando a declarar publicamente, em 8 de Novembro desse de técnicas de esquiva (sabaki e nagashi), projeção ̶ mesmo ano que “as pessoas que não me seguirem e não mais comuns no judô, no aiquidô e jiu-jitsu ̶e movi- concordarem comigo como alunos, não terão mais nada mentação/troca de guarda (ten-i, ten-tai e ten-gui). Isso a ver com o Wado-Ryu Karate-Do”, o que o levou a se deve ao fato de mestre Otsuka ter-se graduado em fundar, no dia primeiro de Abril de 1981, a Wado-Ryu judô e kendo. Não que no caratê tradicional essas téc- * Karate-Do Renmei [4]. nicas não existissem, como mestre Funakoshi exemplifi- Neste momento, os diversos praticantes do estilo acabam cou codificando oito movimentos de projeção, mas de- se dividindo entre as duas organizações. Posteriormente, vido ao facto de os mestres caratê naquela época estarem na europa, o mestre Tatsuo Suzuki funda a organização buscando mais as raízes do kenpo na China, os golpes de Wado Kokusai, reunindo praticantes descontentes com as atemi eram mais valorizados. outras duas organizações. No estilo, as técnicas de defesa (ukewaza) são fortemente Portanto, após a morte do fundador, o estilo cindiu-se em baseadas na esquiva e na movimentação de quadril, em três principais organizações: Wado-Ryu Renmei, Wado detrimento dos bloqueios simples feitos com os braços e Kokusai e Wado-kai.*[10] Embora o estilo em si perma- as mãos. Já o ataque é lançado quase simultaneamente à neça basicamente inalterado. defesa, visando aproveitar ao máximo a força usada pelo adversário na agressão, pois um dos princípios é obter o máximo de eficiência com o mínimo gasto de energia: o 1.1 O Estilo Wado Ryu no Brasil kiai, no sentido de harmonizar o fluxo de energia entre os adversários, também recebe especial atenção. O estilo Wado Ryu teve início no Brasil em fevereiro de Outro diferencial marcante é a prática do yakussoku ku- 1956 com a chegada do mestre Koji Takamatsu*[4]. Pos- mite, ou luta combinada, que consiste em simulação de teriormente, com a chegada dos mestres Susumu Suzuki combate na qual se permite aos lutadores o treino de si- e Takeo Kikutake, e a criação da entidade Kii Kuu Kai tuações de projeção, esquiva, imobilização, finalização, Karatê-Dô Wado-Ryu em 1977, o Wado Ryu cresceu no defesa, ataque e contra-ataque. interior do Brasil*[*carece de fontes?]. O Mestre Suzuki, chegou em solo brasileiro em 1975 a convite da Wado- Kai do Brasil onde assumiu a Diretoria Técnica e a Co- 2.1 Katas ordenação Geral de Arbitragem dessa entidade*[*carece de fontes?]. Conforme o estilo, segundo sua filosofia, os movimentos e escopos dos katas tendem a variar. Em 1977, o sensei Otsuka declinou que, além do kihon-kata, em seu estilo 1.1.1 Wado Ryu no Rio Grande do Sul havia apenas nove katas: os cinco da série Pinan, mais Kushanku, Naihanchi, Seishan e Chinto. E em seu livro O Wado Ryu chegou ao Rio Grande do Sul no ano de do mesmo ano, foram dadas notas detalhadas de execução 1966, através do professor Muto Takeo Suzuki, vindo do de cada um deles. Todavia, o mestre ensinava outros, mas estado do Pará. Em 1968 lecionava na Associação Cristã sobre os quais não fornecia maiores explicações formais: de Moços, em Porto Alegre. Formou diversos alunos Bassai, Rohai, Niseishi, Wanshu, Jion, e Jitte. faixas pretas até o início da década de 1970, fundando a Escola Dojinmon (portal para o caminho do conheci- mento) de Wado-Ryu Karate. Formou diversos alunos 2.2 Graduação faixas pretas, que por sua vez formaram outros, assim de- terminando a formação de uma rede de escolas Dojinmon A sequência de faixas ou cinturões, desde o principiante no Estado do Rio Grande do Sul, e mesmo fora dele, nos ao mais graduado, é dividida em dezoito níveis: nove de outros locais onde o Prof. Suzuki lecionou, como Bra- principiantes e nove de expertos. sília, São Paulo, Curitiba, e Minas Gerais. Dentre seus alunos mais graduados, e dirigentes das escolas Dojin- mon atuais, estão Nelson Guimaraes, Renato Amemyia, 3 Dojo kun Ernani Kuhn. O estilo é praticado em várias cidades do Rio Grande do Sul como por exemplo: Porto Alegre, Ca- xias do Sul, Gramado, Canela, Camaquã, Pelotas, Dom São os preceitos éticos a serem praticados pelo carateca. Pedrito e Santana do Livramento/Rivera(fronteira com Uruguai). • Respeito acima de tudo 3

• Polidez de caráter 7 Ligações externas • Sinceridade • (em inglês) A História do Karate Wado Ryu • Espírito de esforço e perseverança • (em inglês) O Kata do Karate Wado Kai • Conter o espírito de agressão. • (em português) Federação Catarinense de Karate Tradicional e Esportivo Um carateca deve introduzir em suas atitudes o dojokun para alcançar um equilíbrio entre mente, corpo e alma, e assim conseguir enfrentar seu dia a dia com dignidade.

4 Notas

*[a] ^ O nome do estilo é também grafado wa- doryu ou wado ryu.

*[b] ^ Autoria provável.

5 Referências

[1] About Wado-Ryu.

[2] Cody, Mark Edward. Wado Ryu Karate/Jujutsu (em in- glês). Bloomington: AutorHouse, 2008.

[3] History Of Rado-Ryu (em inglês). Visitado em 09.mai.2012.

[4] Wadô-Ryu Karatê-Do Renmei do Brasil. Visitado em 09.mai.2012.

[5] Academy of Classical Karate - History (em inglês). Visi- tado em 20.mai.2012.

[6] Bull, Wagner. Aikido, o caminho da sabedoria: a teoria. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2004. p. 93.

[7] Grandmaster Hironori Ohtsuka II - The 2001 Interview (em inglês). Visitado em 20.mai.2012.

[8] Habersetzer, Gabrielle; Habersetzer, Roland. Encyclopé- die des arts arts marciaux de l'extrem orient: technique, historique, biographique et culturelle (em francês). 4 ed. Paris: Amphora, 2004. p. 548. ISBN 2-85160-660-2

[9] Wado-Kai History.

[10] Wado Ryu (em inglês). Visitado em 09.mai.2012.

6 Bibliografia

FUNAKOSHI, Gichin. Karatê-dô: meu modo de vida. São Paulo: Cultrix, 2000. ______. Karatê-do nyumon: texto introdutório do mestre. São Paulo: Cultrix, 1998 NAKAYAMA, Masatoshi. O Melhor do Karatê: visão abrangente. São Paulo: Cultrix, 2002, 1v. 4 8 FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM

8 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

8.1 Texto

• Wado-ryu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wado-ryu?oldid=41316212 Contribuidores: OS2Warp, FlaBot, Neko, Arges, TarcísioTS, Thijs!bot, Felipe Frezzatti, Nonoyama, SieBot, AlleborgoBot, SilvonenBot, Luckas-bot, Ptbotgourou, Eamaral, Xqbot, JotaCartas, Judcosta, LucienBOT, EmausBot, WikitanvirBot, YFdyh-bot, Addbot, Fckte, GamerVKY, Diegocamilotto e Anónimo: 56

8.2 Imagens

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8.3 Licença

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Esta coletânea é o volume 2 da série “História e Filosofia das Artes Marciais”, selecionada para cada país que teve destaque na sua formação. - Neste caso o Japão. Todo conteúdo é original da “Wikipédia”, editado e fornecido gratuitamente pelo Centro Filosófico do Kung Fu - Internacional.

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