MINA DO ANDRADE

MONITORAMENTO DA FAUNA DE VERTEBRADOS – AVIFAUNA, HERPETOFAUNA E MASTOFAUNA DE MÉDIO E GRANDE PORTE NAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DA MINA DO ANDRADE.

Relatório referente às campanhas de coleta de dados das estações seca e chuvosa de 2017.

RELATÓRIO CONSOLIDADO

ECO/DR-02/2017

Belo Horizonte Agosto/ 2017

ARCELORMITTAL MINERAÇÃO Gerência de Meio Ambiente de Longos e Mineração Mineração Andrade | Rua do Andrade, s/nº - Bela Vista de Minas João Monlevade - MG - Brasil T +55 31 3808 1113 | C +55 31 9283 4264

ECODINÂMICA Consultores Associados Ltda. Meio Ambiente - Estudos e Projetos Rua Monte Sião, 167 - Serra 30240-050 - Belo Horizonte - MG Fone/Fax: (031) 3227 5526 E-mail: [email protected] www.ecodinamica.com.br

EQUIPE EXECUTORA

Especialidade Nome CRBio Campanha

Coordenador Geral Gustav Valentin 44191/04 1 e 2 (Biólogo Pleno) Antunes Specht Avifauna Rodrigo Morais 62274/04 1 (Biólogo Pleno) Pessoa Avifauna Déborah Soldati 112135/04 1 (Biólogo Pleno)

Avifauna (Pleno) Gustav Specht 44191/04 1 e 2

Avifauna Leandro Lupi _ 2 (Biólogo Auxiliar) Herpetofauna Antônio Meira Linares 49.979/04-D 1, 2 (Biólogo Pleno) Herpetofauna Laila Mascarenhas 112.030/04-D 1,2 (Biólogo Auxiliar) Pimenta Mastofauna Alaine Izabela Alves 087050/04-D 1 (Biólogo Pleno) do Prado Frederico Bistene Mastofauna (Auxiliar) _ 1 Ferreira Mastofauna Maria Emília de 80685/04-D 2 (Biólogo Pleno) Avelar Fernandes

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ...... 1

2 OBJETIVO GERAL ...... 1

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...... 1 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...... 1

3.1 PERÍODOS DE AMOSTRAGEM ...... 1 3.2 ÁREAS DE ESTUDO ...... 1 3.3 COLETA DE DADOS ...... 4 3.3.1 Avifauna...... 4 3.3.2 Herpetofauna...... 9 3.3.3 Mastofauna...... 16

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...... 21

4.1 AVIFAUNA ...... 21 4.1.1 Composição de Espécies...... 21 4.1.2 Riqueza e Suficiência Amostral...... 38 4.1.3 Abundância e Diversidade...... 40 4.1.4 Estado de Conservação...... 42 4.2 HERPETOFAUNA ...... 45 4.2.1 Composição de Espécies...... 45 4.2.2 Riqueza e Suficiência Amostral...... 59 4.2.3 Sazonalidade...... 61 4.2.4 Estado de Conservação...... 62 4.3 MASTOFAUNA ...... 63 4.3.1 Composição de espécies...... 63 4.3.2 Riqueza e Suficiência Amostral...... 71 4.3.3 Frequência de Ocorrência...... 72 4.3.4 Sazonalidade...... 75 4.3.5 Estado de Conservação...... 76

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 76

5.1 AVIFAUNA ...... 76

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5.2 HERPETOFAUNA ...... 77 5.3 MASTOFAUNA ...... 78 5.4 CONSIDERAÇÕES GERAIS ...... 78

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 80

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

FIGURA 1 Mapa de Localização e Uso e Ocupação do Entorno da Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista De Minas, Mg FIGURA 2 Mapa da Área de Estudo com a Distribuição dos Pontos de Amostragem da Avifauna nas Áreas de Influência da Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista De Minas, Mg FIGURA 3 Mapa da área de estudo com a distribuição dos pontos de amostragem da herpetofauna nas áreas de influência da Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 4 Mapa da Área de Estudo com a Distribuição dos Pontos de Amostragem de Mamífero de Médio e Grande Porte nas Áreas de Influência da Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista De Minas, Mg FIGURA 5 Número de espécies registradas por famílias nas áreas de influência nas áreas de influência da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 6 Sensibilidade a perturbações antrópicas das espécies registradas durante as duas campanhas de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 7 Dependência Florestal das aves registradas durantes as duas campanhas de monitoramento na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. FIGURA 8 Número de espécies e espécies exclusivas registradas nas principais fitofisionomias amostradas durante as duas campanhas de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. FIGURA 9 Alimentação preferencial (Guildas Tróficas) das espécies registradas durante as duas campanhas do monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 10 Curva do coletor obtida através do método de Pontos de Observações para as duas campanhas de monitoramento da avifauna da ArcelorMittal Brasil S/A - Mina do Andrade FIGURA 11 Curva do coletor obtida através do método de Transectos lineares para as duas campanhas de monitoramento da avifauna da ArcelorMittal Brasil S/A - Mina do Andrade FIGURA 12 Espécies com os maiores índices pontuais de abundancia (IPA)

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obtidos durante a primeira campanha de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 13 Espécies com os maiores índices pontuais de abundancia (IPA) obtidos durante a segunda campanha de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 14 Distribuição das espécies de anfíbios por famílias registradas em duas campanhas de coletada de dados, referente ao monitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. FIGURA 15 Comparação da abundância das espécies de anfíbios entre as estações chuvosa e seca, registradas no monitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. FIGURA 16 Distribuição das espécies de répteis por famílias durante oMonitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 17 Comparação entre as estações chuvosa e da abundância das espécies de répteis registradas durante Monitoramento da Herpetofauna da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 18 Curva de acumulação de espécies de anfíbios e estimador de riqueza de espécies Jackknife1. As barras correspondem ao desvio- padrão. Riqueza observada de 17 espécies e riqueza estimada em 23,56 espécies FIGURA 19 Curva de acumulação de espécies de répteis e estimador de riqueza de espécies Jackknife1. As barras correspondem ao desvio-padrão. Riqueza observada de sete espécies e riqueza estimada em 10,75 espécies FIGURA 20 Representatividade, em porcentagem, das ordens de mamíferos de médio e grande porte registradas durante as duas campanhas de monitoramento na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 21 Curva de rarefação mostrando a riqueza de mamíferos de médio e grande porte observada e a estimada (Jackknife I), com seus respectivos intervalos de confiança a 95%, para o método de busca ativa na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. FIGURA 22 Curva de rarefação mostrando a riqueza de mamíferos de médio e grande porte observada e a estimada (Jackknife I), com seus respectivos intervalos de confiança a 95%, para o método de armadilhas fotográficas na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 23 Frequência de Ocorrência (FO) das espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas durante as duas campanhas de monitoramento na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG FIGURA 24 Frequência de Ocorrência (FO) das espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas na Mina do Andrade durante a primeira e segunda campanha de coleta de dados, Arcelormittal

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Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. * Os dados de frequência apresentados na primeira campanha divergem deste relatório por não terem sido considerados os dados de armadilhas fotográficas

TABELAS

TABELA 1 Unidades Amostrais (Pontos e Transectos) com suas respectivas coordenadas geográficas, fitofisionomias nas áreas de influência da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG TABELA 2 Sítios de amostragem do monitoramento da herpetofauna da Mina de Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG TABELA 3 Identificação e localização geográfica dos transectos (T) alocados nas áreas de influência do empreendimento Mina do Andrade, durante a realização do presente estudo. TABELA 4 Localização das Armadilhas Fotográficas nas Áreas de Influência da Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista De Minas, Mg. TABELA 5 Espécies registradas durante as duas campanhas do monitoramento da avifauna nas áreas de influência da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, Mg TABELA 6 Espécies de aves cinegéticas e xerimbabos registrados durante as duas campanhas de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG TABELA 7 Espécies ameaçadas de extinção e espécies endêmicas registradas durante as duas campanhas de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG TABELA 8 Lista de espécies de anfíbios registradas em duas campanhas de coletada de dados referente ao monitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG TABELA 9 Lista das espécies de répteis registradas em duas campanhas de coletada de dados durante oMonitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG TABELA 10 Lista de espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas durante as duas campanhas de monitoramento na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. TABELA 11 Espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas em cada campanha de monitoramento na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG

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1 – APRESENTAÇÃO

O presente relatório refere-se aos resultados obtidos após a realização de duas campanhas de coleta de dados, referente às estações seca e chuvosa do ano de 2017, do Programa de Monitoramento de Fauna nas áreas influência da Mina do Andrade e entorno imediato do empreendimento, em cumprimento à Condicionante Ambiental n° 07, 08 e 09 do PROCESSO 00105/1998/018/2012.

A metodologia de coleta de dados descrita no presente relatório refere-se à àquela proposta e executada durante coleta de dados da campanha realizada em 2016 (GEOMIL, 2016), não tendo sido proposta pela equipe, aqui, executora. Por se tratar de uma atividade de monitoramento, entende-se ser necessária a manutenção do escopo anteriormente proposto, o qual foi sistematicamente seguido pela presente equipe.Algumas adequações na interpretação e análises de dados foram realizadas afim de se ajustar aos pressupostos em estudos de monitoramento.

2 - OBJETIVO GERAL

O presente estudo tem por finalidade atender simultaneamente aos objetivos específicos de inventário (levantamento de dados primários) e de monitoramento (confirmações, correções, ratificações e retificações) da avifauna, herpetofauna e mastofauna de médios e grandes mamíferos presentes nas áreas de influência da atividade de mineração da ArcelorMittal Brasil S/A - Mina do Andrade.

2.1 - Objetivos Específicos

O monitoramento visa ainda, com base nos parâmetros quantitativos e na composição de espécies detectadas na área, inferir sobre possíveis impactos negativos ocasionados pelas atividades do empreendimento, propondo medidas mitigadoras. Da mesma forma, pretende-se indicar eventuais espécies ameaçadas, endêmicas e de interesse cinegético ocorrentes nas áreas de influência do empreendimento.

3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 - Períodos de Amostragem

Os estudos em campo dos grupos da avifauna, herpetofauna e mastofauna de médios e grandes mamíferos foram conduzidos entre os dias 08 e 13 de marçode 2017, considerando a estação chuvosa.A campanha referente à estação seca foi realizada no período compreendido entre os dias 26/07 e 02/08/2017.

3.2 - Áreas de Estudo

O empreendimento Mina do Andrade está localizado no município de Bela Vista de Minas/MG, em uma região de transição entre o bioma da Mata

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Atlântica e o Cerrado, cuja cobertura vegetal predominante é de Floresta Estacional Semidecidual (IBGE, 2015).

Veja Figura 1: Mapa de localização e uso e ocupação do entorno da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Em seu entorno é possível observar ambientes diversificados, com a presença de eucaliptais antigoscom sub-bosque de vegetação nativa, em diferentes estágios de regeneração. Ao longo das drenagens dos rios e córregos ainda persistem remanescentes de mata ciliar, sendo também possível observar a presença de capoeiras, áreas degradadas em regeneração, pequenos brejos ou áreas alagadas e áreas antropizadas como pastagens. A vegetação presente na Mina do Andrade encontram-se em diferentes estágios sucessionais e distintos graus de preservação. No entanto, embora fragmentados e circundados por extensos plantios de eucalipto, estes remanescentes são importantes em termos de conservação de uma parcela da biodiversidade da região, pois apresentam boa conectividade, especialmente ao longo do rio Santa Bárbara, onde ocorrem trechos expressivos de matas ciliares e de encosta.

Foto 1: Fragmento de floresta secundária. Foto: Gustav Specht

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Foto 2: Ambiente de campo cerrado presente nas áreas de influência da Mina do Andrade. Foto: Gustav Specht .

Foto 3: Região descampada composta por pastagem, encontrada no entorno da Mina do Andrade. Foto: Rodrigo Pessoa

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Foto 4: Floresta Ciliar ao Rio Santa Bárbara elucidando os ambientes florestais e aquáticos. Foto: Gustav Specht.

3.3 - Coleta de Dados

3.3.1 - Avifauna

O Desenho amostral para coleta de dados primários foi estabelecido durante a campanha do monitoramento realizada no ano de 2016 (GEOMIL, 2016). Com o intuito de dar continuidade aos trabalhos realizados, este estudo, manteve as unidades amostrais assim como as metodologias empregadas em cada uma delas (Tabela 1 e Figura 2). Foram, portanto, considerados cinco dias efetivos de campo com amostragem de 11 pontos de escuta (PO) e 08 caminhamentos em transectolinear (TST).

Tabela 1: Unidades Amostrais (Pontos e Transectos) com suas respectivas coordenadas geográficas, fitofisionomias nas áreas de influência da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. Metodologia Coordenadas Utm 23k Fitofisionomia PO 01 693044 / 7812205 Capoeira PO 02 694173 / 7812027 Floresta secundária (ciliar) P0 03 695964 / 7812424 Floresta Secundária (ciliar) PO 04 697489 / 7812321 Pastagem PO 05 692452 / 7812805 Pastagem PO 06 690121 / 7811904 Floresta secundária PO 07 693984 / 7810506 Eucaliptal com sub-bosque PO 08 694222 / 7810753 Capoeira PO 09 691652 / 7810043 Floresta secundária PO 10 697035 / 7811142 Capoeira PO 11 698287 / 7811099 Floresta secundária TST 01 Início 693176 / 7811869 Floresta secundária Fim 692508 / 7812003 4

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Metodologia Coordenadas Utm 23k Fitofisionomia TST 02 Início 694888 / 7812259 Floresta secundária Fim 695258 / 7812268 TST 03 Início 689938 / 7812232 Floresta secundária/Capoeira Fim 689526 / 7812423 TST 04 Início 690736 / 7811399 Floresta secundária Fim 691949 / 7811990 TST 05 Início 692609 / 7811925 Floresta secundária Fim 691777 / 7811752 TST 06 Início 692027 / 7809973 Eucaliptal com sub-bosque Fim 693634 / 7810172 TST 07 Início 695691 / 7809339 Floresta secundária/Capoeira Fim 696666 / 7810799 TST 08 Início 690908 / 7810096 Floresta secundária Fim 690410 / 7810362 Legenda: PO - Ponto de escuta; TST –Transecto Linear.

Figura 2: Mapa da área de estudo com a distribuição dos pontos de amostragem da avifauna nas áreas de influência da Mina do Andrade, Arcellormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Os ambientes e fitofisionomias observados ao longo dos pontos de amostragem foram caracterizados da seguinte forma:

• Floresta Secundária: ambientes de floresta estacional semidecidual em diferentes estágios de regeneração. Também foram incluídas nesta categoria as espécies registradas em eucaliptais abandonados com presença de sub-bosque nativo, uma vez que em alguns trechos a vegetação florestal encontra-se regenerada a ponto de ser impossível separar sua utilização pela avifauna. • Capoeira: ambientes florestais em estágio inicial de regeneração, em alguns casos com predomínio do canudo-de-pito ( Mabea fistulifera ), em outros pontos com grande presença de candeias ( Eremanthus sp.). • Áreas antropizadas: ambientes descaracterizados e com forte influência antrópica, como áreas de lavra, taludes revegetados, fazendas, pomares, jardins e habitações humanas. • Pasto: pastagens exóticas dominadas por Brachiaria sp. e também pastos abandonados com aspecto de campo sujo em estados inicial de regeneração. • Aquático: Ambiente próximo a açudes, barragens artificiais na área de lavra, córregos e brejos.

A seguir são detalhadas cada uma das metodologias de coleta de dados.

Ponto de Escuta

A metodologia de Ponto de Escuta (ou Pontos de observação e escuta) consiste em pontos fixos no centro de um círculo imaginário com ou sem raio definido (nesse estudo foi definido o raio de 60 metros), no qual todos os

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690000 692000 694000 696000 698000 LEGENDA 1. Sítos de amo s tragem por mé t odo: ￿ 2. Convenções Cartográficas￿ (! Pontos de escuta

0 1 Capoeira 0

0 ¯ !H Sede municipal 4

1 2 Floresta secundária (ciliar) 8 7 Ferrovia 3 Floresta Secundária (ciliar)

Rede hidrográfica￿ 4 Pastagem R

0 io 0 San 5 Pastagem 0 t a 3

1 8 Bá 6 Floresta secundária 7 rb ar 5 a (! 7 Eucaliptal com sub-bosque

3 8 Capoeira *#3F (! 4

0 2F (! 0 3I 1 #2I *# 0 *# (! * 9 Floresta secundária 2

1 1F 2 8 *#4F *# (! 10 Capoeira

7 6 (! *#5I *#1I *#5F 11 Floresta secundária

*#4I Transectos 0 *# 0 0 10 ( I=ponto inicial / F=ponto final ) 1 (! 11

1 (! 8

7 1 Floresta secundária 8 *#7F (! V,M .F. 2 Floresta secundária (!7 E 8F 3 Floresta secundária/Capoeira *# a 0

0 a 0 c

6F i 0 8I *# 1 *# (!9 c 4 Floresta secundária 8 a 6I r

7 *# i

P 5 Floresta secundária o

i 6 Eucaliptal com sub-bosque 7I R

0 *# 0 7 Floresta secundária/Capoeira 0 9 0

8 8 Floresta secundária 7 JOÃO MONLEVADE

ARQUIVO DR-02/2017 0 0 0 8

0 DATA

8 03/08/2017 7 MINA DO ANDRADE

Sítios de amostragem

0 do Monitoramento da Avifauna 0 0

7 Município ESCALA 0 Bela Vista de Minas 1:50.000 8 7 690000 692000 694000 696000 698000 RESP. TÉCNICO DO ESTUDO FIGURA Nº 0 0,5 1 2 3 4 Rodrigo Pessoa CRBio 62274/04 CARTOGRAFIA 2 km Projeção UTM/Datum WGS84 Imagem de Satélite Google Earth,2016. Mariana Mauro CREA-MG 177302/D

indivíduos visualizados e/ou ouvidos são identificados e contabilizados (adaptado de BIBBY et al., 1998; RALPH et al., 1993). Os pontos foram estabelecidos tomando o cuidado para que a proximidade mínima entre eles fosse maior que 200 metros de distância. O período de amostragem em cada ponto foi de 15 minutos, tendo sido realizadas duas visitas em cada ponto, uma no período matutino, iniciando ao nascer-do-sol e uma pseudo-réplica no período vespertino iniciando uma ou duas horas antes do pôr-do-sol local.Esta metodologia permite a obtenção de dados robustos em curtos espaços de tempo, incluindo um levantamento acurado da riqueza de espécies, bem como dados de composição e abundância relativa, que podem ser relacionados com variáveis ambientais (O’DEA et al., 2004).

Foto 5: Biólogo ornitólogo realizando observação de aves com auxílio do binóculo durante a amostragem no ponto de escuta, Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. Foto: Leandro Luppi.

Transectos Linear e Registros ocasionais

A metodologia do Transecto Linear consiste na realização de caminhamentos por trilhas ou estradas com largura das faixas de observação pré-definidas em 25 metros para cada lado. Sempre que possível, foram feitos registros fotográficos e gravações dos indivíduos, sendo as fotos e gravações depositadas no arquivo pessoal dos pesquisadores. Ocasionalmente foi utilizada, também, a técnica do Playback , que consiste na reprodução da vocalização de uma espécie como forma de confirmação de sua identificação. As espécies que possuem comportamento “territorialista” respondem bem ao seu canto, especialmente na estação reprodutiva (SICK, 1997). No caso de identificações duvidosas dos espécimes registrados, recorreu-se ao auxílio de bibliografia especializada (RIDGELY & TUDOR, 1994; PEÑA & RUMBOLL, 1998; ERIZE et al., 2006; VAN PERLO, 2009; GRANTSAU, 2010a, b). 6

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Ao longo dos deslocamentos entre pontos e transectos foram anotadas, como registrosocasionas, todas as espécies de aves visualizadas e/ou ouvidas presentes na área de estudo. Estas não foram incluídas nas análises estatísticas e foram utilizadas apenas para composição da lista de espécies registradas na região do empreendimento.

Análise de Dados

As espécies foram classificadas de acordo com a dependência de ambientes florestais (adaptado de SILVA, 1995), sendo divididas nas três categorias a seguir: o Independente: Espécies que ocorrem predominantemente em vegetação aberta (e.g. campo hidromórfico, campo limpo, campo sujo, campo cerrado, campos rupestres e pastagens). o Semi-dependente: Espécies que ocorrem em vegetação aberta, florestas e ambientes aquáticos. o Dependente: Espécies encontradas principalmente em florestais (e.g. Floresta Estacional Semidecidual, matas ciliares, matas de galeria e capoeiras).

As aves foram também classificadas de acordo com seu preferencial na área de estudo, sendo identificadas os ambientes cinco categorias de acordo com Stotz et al. (1996) e Sick (1997) adaptadas para as área estudadas.

o Campestre: Espécies que ocupam preferencialmente ambientes abertos, como campos e pastagens. o Florestal: Espécies que ocupam preferencialmente o interior de ambientes florestais, Incluindo as Florestas Estacionais Semideciduais presentes na área de estudo. o Borda Florestal: Espécies que ocupam preferencialmente a borda de ambientes florestais e paisagens parcialmente abertas, como capoeiras. Florestas Estacionais Semideciduais em estágio inicial de regeneração e Eucaliptais. o Aquático: Espécies que ocupam preferencialmente ambientes aquáticos, como Brejos, Lagoas artificiais, Lagoa e açudes e etc. o Generalista: Espécies que ocupam mais de um tipo de ambiente, incluindo as espécies registradas em ambientes antrópizados, como áreas de cava, construções da mineração e áreas urbanas.

Quanto ao hábito alimentar (MOTTA-JÚNIOR, 1990; SICK, 1997; LOPES et al., 2005 & TELINO-JÚNIOR et al., 2005), as espécies foram classificadas nas seguintes guildas tróficas: o Insetívoros: Predomínio de insetos e outros artrópodes na dieta. o Inseto-carnívoros: Insetos, outros artrópodes e pequenos vertebrados, em proporções similares. o Onívoros: Insetos/artrópodes, pequenos vertebrados, frutos e/ou sementes.

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o Frugívoros: Predomínio de frutos na dieta. o Granívoros: Predomínio de grãos na dieta. o Nectarívoros: Predomínio de néctar, complementado por pequenos insetos/artrópodes. o Carnívoros: Predomínio de vertebrados vivos e/ou mortos na dieta, incluindo a classe Piscívora (predomínio de peixes).

As espécies também foram categorizadas quanto ao grau de sensibilidade às perturbações antrópicas (segundo STOTZ et al., 1996), sendo classificadas como de baixa, média ou alta sensibilidade.

A nomenclatura científica e popular adotada está de acordo com a Lista de Aves do Brasil (PIACENTINI, 2015). A definição do status de ameaça de extinção ocorreu por meio da consulta às listas de espécies ameaçadas em nível global (IUCN, 2017), nacional (MMA, 2014) e estadual (COPAM, 2010). As espécies consideradas “Quase Ameaçadas” e “Deficientes em Dados” em nível nacional e estadual estão classificadas, quando aplicável, de acordo com Machado et al. (2005) e Fundação Biodiversitas (2007). O status de endemismo foi definido com base em Brooks et al. (1999), para os endemismos da Mata Atlântica, Silva & Bates (2002) e Piacentini et al. (2015), para os táxons restritos ao território brasileiro. Foram consideradas aves cinegéticas aquelas que possuem valor de caça e alimentação e como xerimbabos aquelas que possuem valor de criação ou comercialização.

Os dados coletados nos pontos de escuta e nos transectos lineares foram tabulados em planilhas digitais. Os dados referentes aos pontos de escuta foram analisados por meio do programa PAST ver. 3.04 (HAMMER et al., 2001). A diversidade foi mensurada através do índice de diversidade de Shannon, proposto por Magurran (1988), que fornece uma relação entre o número de espécies e suas abundâncias relativas. Foi calculado também por meio do Índice de Pielou a Equitabilidade total, expressando a maneira pela qual o número de indivíduos está distribuído entre as diferentes espécies, isto é, indica se as diferentes espécies possuem abundância (número de indivíduos) semelhante ou divergente. (MARTINS & SANTOS 1999). Os dados obtidos através dos registros aleatórios, foram analisados somente de forma qualitativa para composição da lista de espécies.

Através do programa EstimateS 9.0 (COLWELL, 2013) foram traçadas uma curva do coletor para cada metodologia (Pontos e Transectos), utilizando-se o estimador não-paramétrico de riqueza Jackknife de 1ª ordem ramdomizados 100 vezes. Diferentemente do realizado em relatórios anteriores, optou-se por separar as análises de suficiência amostral entre cada metodologia, pois as estas não apresentam a mesma unidade amostral o que inviabiliza o teste estatístico.

A abundância relativa das espécies foi obtida através do cálculo do Índice Pontual de Abundância (IPA). O IPA corresponde ao número total de contatos

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obtidos para determinada espécie dividido pelo número total de amostras. Cada contato de uma amostra corresponde à ocupação de um território ou presença de um indivíduo ou grupo no raio de detecção da espécie no ponto (VIELLIARD & SILVA, 1990; VIELLIARD et al., 2010), e cada amostra correspondeu à realização de um ponto de escuta de 15 minutos de duração (Salienta-se que para o cálculo do IPA não foram consideradas as pseudo réplicas realizadas no período vespertino). O IPA indica a abundância da espécie em função do seu coeficiente de detecção, sendo um valor relativo que permite comparações entre medidas da mesma espécie (em locais ou períodos diferentes) ou de conjuntos equivalentes de espécies (entre comunidades semelhantes) (VIELLIARD & SILVA, 1990; VIELLIARD et al., 2010).

3.3.2 – Herpetofauna

Os sítios de amostragem foram selecionados e definidos previamente (Tabela 2, Figura 3 e fotos a seguir) pela equipe que conduziu a primeira campanha do monitoramento (GEOMIL, 2016), sendo mantidos pela presente equipe, no intuito de acompanhar as interferências da operação do empreendimento ao longo do período definido para o monitoramento. Um total de 16 sítios de amostragem foram estudados (oito corpos d'água, seis lagoas, dois riachos permanentes e oito transectos em estradas de terra margeadas por vegetação em diferentes estágios de regeneração durante uma hora no período diurno e uma hora no período noturno, totalizando 32 horas de esforço amostral. Como a amostragem foi realizada por dois pesquisadores experientes, é considerado o esforço amostral de cada pesquisador, totalizando, portanto, 64 horas de esforço amostral por campanha.

Tabela 2: Sítios de amostragem do monitoramento da herpetofauna da Mina de Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Coordenadas Geográficas Ponto Caracterização UTM 23K WGS84

Lagoa antropizada margeada por vegetação herbácea e PH1 689542 7812270 arbustiva. Riacho permanente de fundo rochoso / arenoso, em PH2 692214 7811938 mata de galeria secundária. Riacho permanente de fundo arenoso com pequeno PH3 692405 7811949 barramento, em mata de galeria secundária. Riacho permanente de fundo arenoso, em área aberta PH4 693036 7811763 com vegetação herbácea e arbustiva. Lagoa permanente em interior de floresta estacional PH5 699117 7811327 semidecidual. Lagoa artificial, com margem antropizada (Bacia de PH6 690337 7811425 Sedimentação 7). Poça permanente artificial em borda de floresta PH7 690518 7810366 secundária, com predominância de eucaliptos. Lagoa artificial, com margem antropizada. Local de PH8 690669 7811312 abastecimento de caminhões-pipa. Estrada de terra margeada por eucaliptal, com vegetação TH1 693372 7809432 em regeneração. TH2 Estrada de terra margeada por floresta secundária, 695352 7812228

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Coordenadas Geográficas Ponto Caracterização UTM 23K WGS84

paralela ao rio Santa Bárbara. Estrada de terra margeada por floresta secundária, TH3 693723 7812116 paralela ao rio Santa Bárbara. Estrada de terra em área antropizada, margeada por TH4 695693 7809271 vegetação secundária com predominância de eucaliptos. Estrada de terra margeada por vegetação secundária TH5 com predominância de eucaliptos, com presença de 692032 7811686 córrego permanente. TH6 Estrada de terra margeada por floresta secundária. 692734 7812002 Estrada de terra em área antropizada, margeada por TH7 689955 7812230 vegetação herbáceo arbustiva e floresta secundária. Estrada de terra margeada por vegetação secundária TH8 com predominância de eucaliptos, com presença de 691599 7811752 lagoa permanente.

Foto 6: Ponto 1. Foto: Antônio M. Linares. Foto 7: Ponto 2. Foto: Antônio M. Linares.

Foto 8: Ponto 3. Foto: Antônio M. Linares. Foto 9: Ponto 4. Foto: Antônio M. Linares.

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Foto 10: Ponto 5. Foto: Antônio M. Linares. Foto 11: Ponto 6. Foto: Antônio M. Linares.

Foto 12: Ponto 7. Foto: Laila M. Pimenta.

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Foto 13: Ponto 8. Foto: Antônio M. Linares.

Foto 14: Transecto 1. Foto: Antônio M. Linares. Foto 15: Transecto 2. Foto: Antônio M. Linares.

Foto 16: Transecto 3. Foto: Antônio M. Linares. Foto 17: Transecto 4.Foto: Antônio M. Linares.

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Foto 18: Transecto 5. Foto: Antônio M. Linares. Foto 19: Transecto 6. Foto : Antônio M. Linares.

Foto 20: Transecto 7. Foto: Antônio M. Linares. Foto 21: Transecto 8. Foto: Antônio M. Linares.

Veja Figura 3: Mapa da área de estudo com a distribuição dos pontos de amostragem da herpetofauna nas áreas de influência da Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Foram utilizadas três métodos para o estudo da herpetofauna nas áreas de influência da Mina do Andrade: 1 - procura visual limitada por tempo (CAMPBELL & CHRISTMAN, 1982; MARTINS & OLIVEIRA, 1998); 2 - zoofonia em conjunto com procura visual (DUELLMAN & TRUEB, 1994; DORCAS et al ., 2009); 3 - amostragem de estradas (SAWAYA et al. , 2008); além de registros aleatórios, como encontros oportunísticos (MARTINS & OLIVEIRA, 1998) e registros por terceiros (ver CUNHA & NASCIMENTO, 1978). Os métodos são detalhados no tópico a seguir.

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690000 692000 694000 696000 698000 LEGENDA 1. Sítos de amo s tragem por mé t odo: ￿ 2. Convenções Cartográficas￿ (! Pontos de escuta 0

0 Lagoa antropizada margeada por vegetação herbácea e 0 1 4 ¯ !H Sede municipal arbustva. ￿ 1 8

7 Riacho permanente de fundo rochoso / arenoso, em mata de 2 Ferrovia galeria secundária. Riacho permanente de fundo arenoso com pequeno Rede hidrográfica￿ 3 R barramento, em mata de galeria secundária.

0 io S Riacho permanente de fundo arenoso, em área aberta com 0 an 0 t 4 a

3 vegetação herbácea e arbustva. ￿

1

8 B á Lagoa permanente em interior de flor esta￿ estacional 7 r ba 5 ra semidecidual. Lagoa artficial, ￿￿ com margem antropizada (Bacia de 6 Sedimentação 7). 1 0 Poça permanente artficial￿￿em borda de flor esta￿ secundária, 0 (! 7 2 7 0 *# *# com predominância de eucaliptos. 2 *#3 1 6 8 2 3 *# Lagoa artficial, ￿￿ com margem antropizada. Local de 7 (!(! 8 8 !4 abastecimento de caminhões-pipa. *# *#5 ( 6 *# Transectos (! 5 8 ! Estrada de terra margeada por eucaliptal, com vegetação em 0 (! ( 1 0

0 regeneração. 1 1 Estrada de terra margeada por flor esta￿ secundária, paralela 8 2 7 ao rio Santa Bárbara. V,M Estrada de terra margeada por flor esta￿ secundária, paralela .F. 3 E ao rio Santa Bárbara. (!7 Estrada de terra em área antropizada, margeada por

0 4

0 vegetação secundária com predominância de eucaliptos.

0 a

a 0

c

1 Estrada de terra margeada por vegetação secundária com

i

8 c 5

7 predominância de eucaliptos, com presença de córrego a ir permanente. P

6 Estrada de terra margeada por flor esta secundár ia. ￿ o

*#1 i Estrada de terra em área antropizada, margeada por R 7 0 4 vegetação herbáceo arbustva e florest a secundár i a. ￿￿ 0 *# 0

9 Estrada de terra margeada por vegetação secundária com 0 8 8 predominância de eucaliptos, com presença de lagoa 7 JOÃO MONLEVADE permanente.

ARQUIVO 0

0 DR - 02/2017 0 8 0

8 DATA 7 03/08/2017 MINA DO ANDRADE

0 Sítios de amostragem 0 0 do Monitoramento da Herpetofauna 7

0 Município ESCALA 8

7 Bela Vista de Minas 1:50.000 000 000 000 000 000 690 692 694 696 698 RESP. TÉCNICO DO ESTUDO FIGURA Nº 0 0,5 1 2 3 4 Antônio Linhares CRBio 49.979/04 CARTOGRAFIA 3 km Projeção UTM/Datum WGS84 Imagem de Satélite Google Earth,2016. Mariana Mauro CREA-MG 177302/D

Os animais encontrados foram identificados ao menor nível taxonômico possível, através de consulta à bibliografia especializada (e.g. PETERS & OREJAS-MIRANDA, 1970; VANZOLINI, 1986; RODRIGUES, 1987; HADDAD et al ., 2008, 2013).

Procura visual limitada por tempo (PVLT)

O principal método utilizado foi a de procura visual limitada por tempo (PVLT), consistindo em lentas caminhadas em trilhas, estradas, ao longo de ambientes reprodutivos, tais como corpos d’água e outros ambientes favoráveis ao registro de anfíbios e répteis, explorando-se o maior número de micro-habitat possível.Foram checados o folhiço, árvores vivas e mortas, arbustos, troncos caídos, tábuas, rochas, dentro de tocas, etc. Esse método foi empregado durante o período diurno (Foto 22) e noturno nos sítios amostrais determinados para a herpetofauna, sempre por duas pessoas simultaneamente, com uma hora de esforço amostral em cada um desses sítios. Os animais registrados foram fotografados sempre que possível. Para o período noturno foram utilizadas lanternas de mão e lanternas de cabeça.

Foto 22 : Aplicação da metodologia de procura visual limitada por tempo no período diurno. Foto: Laila M. Pimenta.

Zoofonia em conjunto com procura visual (Z)

A metodologia de zoofonia (Z) constituiu-se em registros auditivos da vocalização de machos de anfíbios anuros, adultos durante a execução do método de procura visual ou por registros oportunísticos. Para este método, estima-se a quantidade de indivíduos em atividade de vocalização para cada espécie registrada, gerando uma estimativa da abundância relativa de cada espécie.

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Amostragem de estradas (AE)

A amostragem de estradas (AE) foi adaptada de Sawaya et al ., (2008) e consistiu no registro de espécies da herpetofauna nas estradas de acesso e naquelas que percorrem as áreas de estudo. No presente estudo considerou- se apenas os dados qualitativos, ou seja, as espécies registradas nas estradas, não sendo levado em consideração a quilometragem rodada ou o tempo despendido.

Os encontros oportunísticos (EO) correspondem aos registros feitos durante a execução de outras atividades que não as outras metodologias citadas anteriormente. Para esses encontros não foi apresentado o esforço amostral, tendo em vista que o encontro oportunístico não se refere a um método de amostragem sistemático e sim ao registro ad libitum de espécies durante a realização de outras atividades.

Os registros por terceiros (RT) corresponderam aos anfíbios ou répteis registrados por outras equipes envolvidas no estudo ou por funcionários da ArcelorMittal Brasil S/A na área de estudo. Para este método não é calculado esforço amostral, já que também não se trata de um método de amostragem sistemático, servindo para compor a lista de espécies como dados qualitativos.

Análise de Dados

Para a classificação taxonômica das espécies foram considerados Frost et al. , (2016) para os anfíbios e Uetz et al. , (2016) para os répteis. As espécies foram avaliadas quanto ao grau de ameaça de extinção, tendo como referência a lista estadual de MG (COPAM, 2010), a lista nacional (MMA, 2014) e a lista mundial (IUCN, 2017).

Com o objetivo de avaliar a eficiência do esforço de amostragem, foi gerada uma curva de acumulação de espécies e estimada a riqueza de espécies de anfíbios e répteis, através do estimador não-paramétrico Jackknife 1, considerando-se os dados obtidos através da metodologia de procura visual limitada por tempo e zoofonia. Cada sítio de amostragem foi considerado como uma unidade amostral e a curva foi gerada a partir de 1000 adições aleatórias das amostras, utilizando-se o programa EstimateS 8.2 (COLWELL, 2011).

Foi analisada a abundância absoluta das espécies de anfíbios e répteis registradas neste estudo. Para o grupo dos anfíbios foram considerados os animais visualizados e em atividade de vocalização, enquanto que para os répteis foram considerados apenas os registros visuais realizados dentro do período amostral. A abundância equivale à proporção do número de indivíduos em uma amostra ou comunidade a qual pertence uma espécie (RICKLEFS, 2003; TOWNSEND et al. , 2006), sendo uma característica importante e complementar à riqueza de espécies em estudos sobre biodiversidade. No entanto, deve ser ressaltado, que nenhum métodos consegue identificar todas

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as espécies em proporções representativas de sua real abundância, tornando difícil a estimativa da abundância relativa e diversidade entre habitats (CORN, 1994).

3.3.3 – Mastofauna

A amostragem de dados primários para a mastofauna de médio e grande porte nas áreas de influência do empreendimento Mina do Andrade foi realizada no período compreendido entre os dias 07/03/2017 e 12/03/2017, para a estação chuvosa; e no período compreendido entre os dias 26/07/2017 e 02/08/2017, para a estação seca.Foram consideradas duas metodologias previamente estabelecidas: i) Busca Ativa e; ii) Armadilhas Fotográficas. Os dois métodos são descritos a seguir.

Veja Figura 4: Mapa da área de estudo com a distribuição dos pontos de amostragem de mamífero de médio e grande porte nas áreas de influência da Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Busca Ativa

A metodologia de busca ativa foi empreendida em transectos definidos (Tabela 4) pela GEOMILna campanha realizada no ano de 2016 sem, no entanto, apresentarem extensão sistematizada. Dessa forma, foi necessário padronizar o esforço amostral em horas de busca diurna e noturna, tendo sido empreendido um esforço de uma hora por turno para cada um dos transectos em cada campanha.

Tabela 3: Identificação e localização geográfica dos transectos (T) alocados nas áreas de influência do empreendimento Mina do Andrade, durante a realização do presente estudo. Inicio Fim Transecto Descrição Longitude Latitude Longitude Latitude

Estrada de terra contempla margem de lago T1 689519 7812343 689939 7812184 artificial e área de vegetação nativa antropizadas.

Alocado em estrada cujas bordas contemplam a T2 693140 7811822 692880 7811966 vegetação nativa.

Trilho pré-existente abrange áreas antropizadas e T3 692726 7811159 692815 7811829 área de vegetação em bom estado de conservação. Estrada de terra cujas bordas contemplam T4 694300 7810852 694007 7809373 vegetação nativa em diferentes estados de conservação.

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690000 692000 694000 696000 698000 LEGENDA 1. Sítos de amo s tragem por mé t odo: ￿ (! Armadilhas fotográficas/Câme r a Trap￿ 2. Convenções Cartográficas￿ FESD em estágio médio de regeneração, porção da mata

0 1

0 ciliar do rio Santa Bárbara 0

4 ¯ !H Sede municipal FESD em estágio médio de regeneração, porção da mata 1

8 2 ciliar do rio Santa Bárbara 7 Ferrovia 3 Mata Ciliar de pequeno corpo d'água próximo a Cava. Rede hidrográfica￿ 4 FESD em estágio médio/avançado de regeneração. 0 0 0

3 5 FESD em estágio médio/ avançado de regeneração. 1 R 8 7 io FESD em estágio médio de regeneração, próximo à estrada 6 com passagem constante de caminhões carregados com Sant a minério. Bá 1I rba 0 *# ra 0 3 5I 9I Transectos 0 (! 1F *#1 *# 2 *# 2 9F (! ( I=ponto inicial / F=ponto final ) 1 5 7F 5(!F *# 8 (! *# 2F *# *# 7 *# Estrada de terra contempla margem de lago artficial￿￿e área *#3F *#2I 1 de vegetação natva ant ropi zadas￿ *#7I 2 Estrada cujas bordas contemplam a vegetação natva￿

0 Trilho pré-existente abrange áreas antropizadas e área de 0

0 3 1 *#3I vegetação em bom estado de conservação 1

8 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação natva￿ 7 4 *#4I em diferentes estados de conservação V,M .F. E 5 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação natva￿ 6F 4 a em bom estado de conservação (área da reserva legal) (! b

0 *#*# a 0

c 0 6I Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação natva￿ i

0 6 c

1 em bom estado de conservação a

8 r 7 i Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação natva￿ #8F P * 7 em diferentes estados de conservação, alguns trechos são

o antropizados i (!6 #8I R 0 *# * 8 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação natva￿ 0

0 4F

9 em diferentes estados de conservação (região de aceiro) 0 8

7 JOÃO MONLEVADE 9 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação natva￿ em bom estado de conservação (área da reserva legal)

ARQUIVO 0 0

0 DR- 02/2017 8 0 8

7 DATA 03/08/2017 MINA DO ANDRADE

0 Sítios de amostragem 0 0

7 do Monitoramento da Mastofauna 0

8 Município ESCALA 7 690000 692000 694000 696000 698000 Bela Vista de Minas 1:50.000 0 0,5 1 2 3 4 RESP. TÉCNICO FIGURA Nº Fabíola Ferreira CRBio 57349/04 km Projeção UTM/Datum WGS84 Imagem de Satélite Google Earth,2016. CARTOGRAFIA 4 Mariana Mauro CREA-MG 177302/D

Transecto Inicio Fim Descrição Estrada de terra cujas bordas contemplam T5 694420 7812024 693388 7812027 vegetação nativa em bom estado de conservação (área da reserva legal).

Estrada de terra cujas bordas contemplam T6 690507 7810366 690550 7810360 vegetação nativa em bom estado de conservação.

Estrada de terra cujas bordas contemplam T7 690537 7811446 692579 7812035 vegetação nativa em diferentes estados de conservação, alguns trechos são antropizados. Estrada de terra cujas bordas contemplam T8 695470 7809381 696275 7809813 vegetação nativa em diferentes estados de conservação (região de aceiro). Estrada de terra cujas bordas contemplam T9 695352 7812228 694550 7812113 vegetação nativa em bom estado de conservação (área da reserva legal).

As fotos apresentadas a seguir ilustram os ambientes que contemplam os transectos amostrados pelo método de busca ativa (Foto 23 a Foto 31).

Foto 23 : Ambiente que contempla o Foto 24 : Ambiente que contempla o Transecto 1 (T1). Foto: Maria Emília. Transecto 2 (T2). Foto: Maria Emília.

Foto 25 : Ambiente que contempla o Foto 26 : Ambiente que contempla o Transecto 3 (T3). Foto: Maria Emília. Transecto 4 (T4). Foto: Maria Emília.

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Foto 27 : Ambiente que contempla o Foto 28 : Ambiente que contempla o Transecto 5 (T5). Foto: Maria Emília. Transecto 6 (T6). Foto: Maria Emília.

Foto 29 : Ambiente que contempla o Foto 30 : Ambiente que contempla o Transecto 7 (T7). Foto: Maria Emília. Transecto 8 (T8). Foto: Maria Emília.

Foto 31 : Ambiente que contempla o Transecto 9 (T9). Foto: Maria Emília.

Todos os indivíduos e vestígios encontrados foram devidamente registrados em fichas apropriadas, sendo posteriormente transferidos para planilhas eletrônicas. A identificação dos registros indiretos foi feita com o auxílio de guias de campo e literatura específica (BORGES E TOMAS 2004; REIS et al . 2011).

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Foto 32 : Busca ativa diurna no transecto T6. Foto: Foto 33 : Busca ativa diurna com uso de binóculos Christian Régis. no transecto T5. Foto: Christian Régis.

Foto 34 : Busca ativa noturna no transecto T9. Foto: Foto 35 : Registro de rastro durante busca ativa Christian Régis. noturna no transecto T4. Foto: Christian Régis.

Armadilhas Fotográficas

De forma a registrar espécies de hábitos mais elusivos e discretos, foram instaladas seis armadilhas fotográficas digitais, do tipo camera trap (CT), próximas a locais estratégicos, tais como: fontes de água e alimento, trilhas, tocas. Foi também considerada a utilização de isca atrativa composta por mel, frutas e sardinha, depositada no interior do raio de disparo das armadilhas fotográficas, a fim de atrair indivíduos presentes nas áreas adjacentes. O esforço de cada armadilha fotográfica, bem como sua localização podem ser vistos na Tabela 4.

Tabela 4: Localização das armadilhas fotográficas nas áreas de influência da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. Esforço de Ponto de coleta Longitude Latitude Altitude Descrição do hábitat amostragem Campanhas 1 e 2 (horas) FESD em estágio médio de Câmera 1 695525 7812152 720 regeneração, porção da mata 85 e 89 ciliar do Rio Santa Bárbara.

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Esforço de Ponto de coleta Longitude Latitude Altitude Descrição do hábitat amostragem Campanhas 1 e 2 (horas) FESD em estágio médio de Câmera 2 693487 7812093 720 regeneração, porção da mata 86 e 90 ciliar do Rio Santa Bárbara. Mata Ciliar de pequeno corpo Câmera 3* 689651 7812211 732 88 e 91 d'água próximo a Cava. FESD em estágio Câmera 4 690507 7810366 722 médio/avançado de 93 e 90 regeneração. FESD em estágio médio/ Câmera 5 692016 7812001 722 88 e 92 avançado de regeneração. FESD em estágio médio de regeneração, próximo à Câmera 6 693965 7809376 723 estrada com passagem 87 e 90 constante de caminhões carregados com minério. *A Camera trap CT3, teve seu local de instalação (campanha I) alterado devido à construção de uma barragem no ponto original (Foto 02).

Foto 36 : Procedimento de instalação de Foto 37 : Armadilha fotográfica instalada com armadilha fotográfica. Foto: Maria Emília. disponibilização de iscas. Foto: Maria Emília.

Análise de Dados

A riqueza total de espécies foi obtida considerando todas as metodologias utilizadas neste estudo. Para estimar a riqueza de espécies, os métodos de amostragem de busca ativa e armadilhas fotográficas foram considerados de maneira independente, tendo em vista diferenças nos esforço e na unidade amostral. Foram geradas as curvas de rarefação e de estimativa de riqueza (estimador Jackknife de primeira ordem) com auxílio do programa EstimateS versão 9.1, (COLWELL, 2011).

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A frequência de ocorrência foi calculada para cada espécie, considerando o número de registros da espécie dividido pelo número total de registros. Esse valor foi multiplicado por 100 para obter a frequência relativa de ocorrência para cada espécie.

O arranjo taxonômico, o endemismo, a o hábito alimentar e locomotor das espécies foram padronizados de acordo com a Lista Anotada de Mamíferos do Brasil (PAGLIA et al ., 2012). Para o gênero Leopardus , foi utilizada a nomenclatura atualizada proposta por Trigo et al. (2013). Para o gênero Guerlinguetus foi considerada a taxonomia proposta por Patton et al. (2015). As espécies foram classificadas como ameaçadas de extinção de acordo com as listas vermelhas estadual, nacional e global. A nível estadual foi utilizada a resolução COPAM (20100 para o Estado de Minas Gerais; a nível nacional, a Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção (PORTARIA MMA Nº 444, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2014), e a lista global (IUCN, 2017).

4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 - Avifauna

4.1.1 - Composição de Espécies

A avifauna existente na área de estudo apresentou-se bastante diversificada com a presença de 169 espécies, distribuída em 44 famílias e 20 Ordens (Tabela 5). A Família mais bem representada durante as campanhas do monitoramento foi a Tyrannidae com 25 táxons, seguida pela família Thraupidae com 20 espécies, e Furanriidae e Thamnophilidae com 12 espécies cada. Como exemplos da família Tyrannidae pode-se citar, o alegrinho (Serpophaga sibcristata ) registrada em ambiente de Eucaliptal, o irré (Myiarchus swainsoni ), o bem-te-vi-rajado ( Myiodynastes maculatus ) e a peitica (Empidonomus varius ) registrado exclusivamente em Florestas Estacionais Semideciduais Secundárias. Veja Figura 5.

Tabela 5: Espécies registradas durante as duas campanhas do monitoramento da avifauna nas áreas de influência da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. Método de Categoria de Ameaça Taxa Nome Comum Amostragem IUCN BR MG TST PO RO Tinamiformes Tinamidae Crypturellus obsoletus inambuguaçu 2 2 Crypturellus parvirostris inambu-chororó 1 Crypturellus tataupa inambu-chintã 1 1 Galliformes

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Método de Categoria de Ameaça Taxa Nome Comum Amostragem IUCN BR MG TST PO RO Cracidae Penelope obscura jacuguaçu 1, 2 1, 2 Suliformes Phalacrocoracidae Nannopterum brasilianus biguá 1 Pelecaniformes Ardeidae Butorides striata socozinho X Cathartiformes Cathartidae Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha X Coragyps atratus urubu 1, 2 1 Accipitriformes Accipitridae Accipiter bicolor gavião-bombachinha-grande 1 Heterospizias meridionalis gavião-caboclo X Urubitinga coronata águia-cinzenta EN EN EN 2 Rupornis magnirostris gavião-carijó 1, 2 1, 2 Geranoaetus albicaudatus gavião-de-rabo-branco X Spizaetus melanoleucus gavião-pato EN 1 Gruiformes Rallidae Aramides saracura saracura-do-mato 1 Columbiformes Columbidae Columbina talpacoti rolinha 1, 2 1 Columbina squammata fogo-apagou X Patagioenas picazuro asa-branca 1, 2 2 Patagioenas cayennensis pomba-galega 1 Patagioenas plumbea pomba-amargosa 1 Leptotila verreauxi juriti-pupu 1, 2 Leptotila rufaxilla juriti-de-testa-branca 1, 2 1 Cuculiformes Cuculidae Piaya cayana alma-de-gato 2 Crotophaga ani anu-preto 2 Strigiformes Strigidae Strix hylophila coruja-listrada NT X Caprimulgiformes Caprimulgidae Nyctidromus albicollis bacurau 2 X Apodiformes Apodidae Streptoprocne zonaris taperuçu-de-coleira-branca 2 Trochilidae Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado 1 1

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Método de Categoria de Ameaça Taxa Nome Comum Amostragem IUCN BR MG TST PO RO Eupetomena macroura beija-flor-tesoura 2 2 X Aphantochroa cirrochloris beija-flor-cinza 1 1 Florisuga fusca beija-flor-preto 1, 2 1, 2 Colibri serrirostris beija-flor-de-orelha-violeta 1 Lophornis magnificus topetinho-vermelho X Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho 1, 2 1 Thalurania glaucopis beija-flor-de-fronte-violeta 1 Amazilia versicolor beija-flor-de-banda-branca 1 Amazilia lactea beija-flor-de-peito-azul 1, 2 1, 2 Trogoniformes Trogonidae Trogon surrucura surucuá-variado 1, 2 1, 2 Coraciiformes Alcedinidae Megaceryle torquata martim-pescador-grande 2 X Chloroceryle amazona martim-pescador-verde 2 Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno 2 Galbuliformes Galbulidae Jacamaralcyon tridactyla cuitelão VU X Galbula ruficauda ariramba 1, 2 Piciformes Ramphastidae Ramphastos toco tucanuçu 2 Picidae Picumnus cirratus picapauzinho-barrado 1, 2 1, 2 Veniliornis maculifrons picapauzinho-de-testa-pintada 1 Veniliornis passerinus pica-pau-pequeno 1 Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca 2 Campephilus robustus pica-pau-rei 2 Cariamiformes Cariamidae Cariama cristata seriema 1 Falconiformes Falconidae Caracara plancus carcará 1, 2 1, 2 Milvago chimachima carrapateiro 1, 2 2 Herpetotheres cachinnans acauã 2 1, 2 Psittaciformes Psittacidae Primolius maracana maracanã NT 1, 2 1, 2 Psittacara leucophthalmus periquitão 1, 2 1, 2 Eupsittula aurea periquito-rei 1 1 Forpus xanthopterygius tuim 1, 2 1, 2 Pionus maximiliani maitaca 1, 2 Passeriformes Thamnophilidae

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Método de Categoria de Ameaça Taxa Nome Comum Amostragem IUCN BR MG TST PO RO Formicivora serrana formigueiro-da-serra 1, 2 2 Formicivora rufa papa-formiga-vermelho 2 Dysithamnus mentalis choquinha-lisa X Herpsilochmus atricapillus chorozinho-de-chapéu-preto 1, 2 1, 2 Herpsilochmus rufimarginatus chorozinho-de-asa-vermelha 1 1 Thamnophilus caerulescens choca-da-mata 1, 2 1, 2 Taraba major choró-boi Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora 1 Mackenziaena severa borralhara 1 Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul 1, 2 1, 2 Drymophila ochropyga choquinha-de-dorso-vermelho NT 2 Drymophila malura choquinha-carijó 1 Conopophagidae Conopophaga lineata chupa-dente X Rhinocryptidae Eleoscytalopus indigoticus macuquinho NT 2 Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde 1, 2 1, 2 Xiphorhynchus fuscus arapaçu-rajado 1 1, 2 Xenopidae Xenops rutilans bico-virado-carijó 1 Furnariidae Furnarius figulus casaca-de-couro-da-lama 2 Lochmias nematura joão-porca 2 1, 2 Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco 1 1 Philydor rufum limpa-folha-de-testa-baia 1 Phacellodomus rufifrons joão-de-pau 1, 2 1, 2 Phacellodomus ruber graveteiro 2 2 Phacellodomus erythrophthalmus joão-botina-da-mata 1, 2 Certhiaxis cinnamomeus curutié X Synallaxis cinerascens pi-puí 1 Synallaxis frontalis petrim 1, 2 1 Synallaxis spixi joão-teneném 1, 2 2 Cranioleuca pallida arredio-pálido 1 Pipridae Manacus manacus rendeira 2 Ilicura militaris tangarazinho 1, 2 2 Chiroxiphia caudata tangará 1 1 Tityridae Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto 1 1 Cotingidae Pyroderus scutatus pavó 1 Platyrinchidae Platyrinchus mystaceus patinho 1 1, 2 Rhynchocyclidae Mionectes rufiventris abre-asa-de-cabeça-cinza 1 1, 2 Leptopogon amaurocephalus cabeçudo 1 1

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Método de Categoria de Ameaça Taxa Nome Comum Amostragem IUCN BR MG TST PO RO Corythopis delalandi estalador 1 1 Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta 1, 2 1, 2 Todirostrum poliocephalum teque-teque 2 1, 2 Poecilotriccus plumbeiceps tororó 1, 2 1, 2 Myiornis auricularis miudinho 2 2 Hemitriccus diops olho-falso 2 1 Hemitriccus nidipendulus tachuri-campainha 2 2 Tyrannidae Hirundinea ferruginea gibão-de-couro 2 1 Euscarthmus meloryphus barulhento 1 Camptostoma obsoletum risadinha 1, 2 1, 2 Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela 1, 2 1 Elaenia obscura tucão 1 Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta 1, 2 1, 2 Phaeomyias murina bagageiro 1 1 Phyllomyias fasciatus piolhinho 1, 2 1 Serpophaga subcristata alegrinho 2 X Myiarchus swainsoni irré 1 Myiarchus ferox maria-cavaleira 1 1 Myiarchus tyrannulus maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado 1, 2 1, 2 Pitangus sulphuratus bem-te-vi 2 1 Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado 1 Megarynchus pitangua neinei 1, 2 1, 2 Myiozetetes cayanensis bentevizinho-de-asa-ferrugínea 1 bentevizinho-de-penacho- Myiozetetes similis vermelho 1 1, 2 Tyrannus melancholicus suiriri 1 1 Griseotyrannus aurantioatrocristatus peitica-de-chapéu-preto 2 2 Empidonomus varius peitica 1 Colonia colonus viuvinha 1, 2 1, 2 Myiophobus fasciatus filipe 1, 2 1, 2 Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada 1 Cnemotriccus fuscatus guaracavuçu 1 Lathrotriccus euleri enferrujado 1, 2 1, 2 Vireonidae Cyclarhis gujanensis pitiguari 1, 2 1 Hylophilus amaurocephalus vite-vite-de-olho-cinza 1, 2 1 Vireo chivi juruviara 1 1 Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa 1 1, 2 Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora 1, 2 1, 2 Tachycineta albiventer andorinha-do-rio Tachycineta leucorrhoa andorinha-de-sobre-branco 2 1 Troglodytidae Troglodytes musculus corruíra 1, 2 1, 2 Turdidae Turdus leucomelas sabiá-branco 1, 2 1, 2 25

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Método de Categoria de Ameaça Taxa Nome Comum Amostragem IUCN BR MG TST PO RO Turdus rufiventris sabiá-laranjeira 2 Turdus amaurochalinus sabiá-poca 1 Turdus albicollis sabiá-coleira 1 Passerellidae Zonotrichia capensis tico-tico 1, 2 1, 2 Arremon semitorquatus tico-tico-do-mato 1, 2 2 Parulidae Basileuterus culicivorus pula-pula 1, 2 1, 2 Myiothlypis flaveola canário-do-mato 1, 2 1, 2 Icteridae Psarocolius decumanus japu 1 1 Thraupidae Cissopis leverianus tietinga 2 Schistochlamys ruficapillus bico-de-veludo 1, 2 1, 2 Tangara cyanoventris saíra-douradinha 1, 2 1, 2 Tangara sayaca sanhaço-cinzento 1, 2 1, 2 Tangara palmarum sanhaço-do-coqueiro 1 1 Tangara cayana saíra-amarela 1, 2 1, 2 Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto 1 Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho 1, 2 1 Sicalis flaveola canário-da-terra 1, 2 1 Hemithraupis ruficapilla saíra-ferrugem 1, 2 1, 2 Volatinia jacarina tiziu 1 1, 2 Trichothraupis melanops tiê-de-topete 1, 2 Coryphospingus pileatus tico-tico-rei-cinza 1, 2 2 Tachyphonus coronatus tiê-preto 1, 2 2 Tersina viridis saí-andorinha 1 1 Dacnis cayana saí-azul 1, 2 1, 2 Coereba flaveola cambacica 1, 2 1, 2 Tiaris fuliginosus cigarra-preta 1 Sporophila nigricollis baiano 1, 2 1, 2 Saltator similis trinca-ferro 1 1, 2 Cardinalidae Piranga flava sanhaço-de-fogo 1 Cyanoloxia brissonii azulão 1 Fringillidae Spinus magellanicus pintassilgo 1 2 Euphonia chlorotica fim-fim 1, 2 Estrildidae Estrilda astrild bico-de-lacre 1 * Legenda: PO = Ponto de Escuta e Observação; TST = Transecto Linear; RO = Registros ocasionais. IUCN = Aves ameaçadas de extinção a nível global (IUCN 2017). BR = Aves ameaçadas de extinção a nível nacional (MMA 2014). MG = Aves ameaçadas de extinção a nível estadual (COMPAM 2010). VU = Vulnerável; QA = Quase ameaçado, EP = Em perigo; DD = Deficiente em dados.

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70 58 60 50 40 30 25 20 20 12 12

Númeroespécies de 10 9 10 7 6 5 5 0

Famílias

Figura 5: Número de espécies registradas por famílias nas áreas de influência nas áreas de influência da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

A superioridade de representantes de família Tyrannidae corrobora com outros estudos realizados para a região neotropical (ANJOS, 2001; LYRA-NEVES et al. , 2004; MOTTA-JÚNIOR et al., 2008). Tal fato pode ser explicado em função desta ser reconhecida como a maior e mais diversificada Família de aves do hemisfério ocidental com habito alimentar predominantemente insetívoro (SICK, 1997). Porém, para o Brasila familia Tyranidae deixou de ser a maior família de aves. Anteriormente as espécies da família Rhynchocyclidae, eram consideradasrepresentantes dos Tyrannideos e com a exclusão destas espécies, divididas a partir de 2011 (CBRO, 2011), a família Thamnophilidae corresponde agora como a mais diversificada. Entretanto, enquanto a família Tyrannidae é reconhecida por possuir representantes de comportamento diversificado podendo ocupar uma grande variedade de habitats (SICK, 1997), o que facilita sua detecção em campo, a família Thamnophilidae é constituída principalmente por espécies associadas a florestas, podendo se distribuir por diferentes estratos no interior das matas neotropicais (IRESTEDT et al ., 2004). Sendo assim, os Tyranideos continuam sendo as espécies mais registradas em diferentes estudos no Brasil.

No que diz respeito às características ecológicas das famílias com um número maior de representantes, vale destacar o papel desempenhado pelos Traupídeos, segunda maior em número de representantes, como bons dispersores de sementes, por incluírem uma grande variedade de frutos em sua dieta e pelos longos deslocamentos que realizam (SICK, 1997).

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 Sensibilidade Ambiental

A sensibilidade das espécies frente a perturbações antrópicas foi analisada, e apenas cinco (3,00% do total) espécies são consideradas por Stotz et al . (1996) como altamente sensíveis a perturbações (veja Figura 6). São elas: a pomba-amargosa ( Patagioenas plumbea ), o gavião-pato ( Spizaetus melanoleucus ), a coruja-listrada ( Strix hylophila ), arapaçu-rajado (Xiphorhynchus fuscus ) e o macuquinho ( Eleoscytalopus indigoticus ).

Esta classificação foi empregada segundo o conceito geral de que quanto maior o nível de sensibilidade das espécies, maior a probabilidade de seu desaparecimento de paisagens alteradas, em decorrência da perda ou fragmentação de hábitats. Como a Mina do Andrade está localizada em uma região com ambientes já descaracterizados por estar próxima a áreas urbanas e plantações de Eucaliptos, era esperado que não fossem registradas espécies altamente sensíveis. Entretanto, características ecológicas das duas primeiras espécies ( P. plumbea e S. melanoleucus ) como o grande deslocamento em voo, pode explicar a ocorrência das mesmas na região. A área de estudo, portanto, é importante como corredor e pontos de descanso por ainda abrigar alguns pequenos fragmentos de matas Estacionais Semideciduais. Estes fragmentos restantes se mostram ainda mais interessantes, pois apesar de pequenos, ainda abrigam outras três espécies a ( S. hylophila,X. fuscus e o E. indigoticus ) que segundo a classificação de Stotz et al. (1996) estariam fadados ao desaparecimento caso os fragmentos continuassem a serem alterados.

A maioria das espécies registradas apresentou baixa sensibilidade à perturbações antrópicas (60%) a exemplo do socozinho ( Butorides striata ), do martim-pescador-grande ( Megaceryle torquata ) e do bentivizinho-de-penacho- vermelho ( Myiozetetes similis ) (Foto 38). Este resultado era esperado uma vez que houve predomínio das unidades amostrais em áreas antropizadas e relativamente próximas da cava da Mina do Andrade, permanecendo nestes ambientes espécies mais generalistas.

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Foto 38 : Bem-te-vizinho-de-penacho-vermelho ( Myiozetetes Similis ) Ponto de Observação PO9. Foto: Rodrigo Pessoa.

Os táxons que apresentaram média sensibilidade a perturbações representam 37 % da avifauna registrada, a exemplo do beija-flor-cinza ( Aphantochroa cirrochloris ) (Foto 39), do pula-pula (Basileuterus culicivorus ), do curutié (Certhiaxis cinnamomeus ), entre outros .

Foto 39 : Beija-flor-cinza ( Aphantochroa cirrochloris ). Foto: Rodrigo Pessoa.

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Baixa Média Alta 3%

37%

60%

Figura 6: Sensibilidade a perturbações antrópicas das espécies registradas durante as duas campanhas de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG .

 Dependência Florestal

A dependência florestal das aves registradas ao longo do monitoramento foi avaliada e observou-se que 42,60% das espécies são dependentes de ambientes florestais para sua sobrevivência (Veja Figura 7) podendo ser citados o gavião-bombachinha-grande ( Accipiter bicolor ), o tico-tico-do-mato (Arremon semitorquatus ), o tangará ( Chiroxiphia caudata ), o chupa-dente (Conopophaga lineata ) e o inambú-chitã (Crypturellus tataupa ).

Já as espécies que independem de florestas para sua sobrevivência representaram 29,5 % da comunidade de aves. Como exemplo pode-se citar o urubu-da-cabeça-vermelha (Cathartes aura ), a fogo-apagou ( Columbina squammata ) e do gavião-do-rabo-branco ( Geranoaetus albicaudatus ) (Foto 40). As espécies semidependentes de ambientes florestais totalizaram 27,81% da avifauna registrada, a exemplo da saracura-do-mato ( Aramides saracura ), da saí-azul ( Dacnis cayana ) (Foto 41) e do formiqueiro-da-serra ( Formicivora serrana .

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Foto 40 : Gavião-do-rabo-branco Foto 41: Saí-azul ( Dacnis cayana ). (Geranoaetus albicaudatus ) indivíduo em Foto: Rodrigo Pessoa. sobrevoo na ADA da Mina do Andrade.

45,00 42,60

40,00

35,00 29,59 30,00 27,81

25,00

20,00

15,00

10,00 Porcentagemde espécies registradas 5,00

0,00 Idenpendente Semidependente Dependente Habitat preferencial

Figura 7: Dependência Florestal das aves registradas durantes as duas campanhas de monitoramento na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Neste aspecto, é interessante perceber que apesar das perturbações oriundas da mineração e dos centros urbanos próximos, a matriz de ecossistemas na área de estudo, predominantemente florestal, permanece contribuindo significativamente para uma rica composição da comunidade avifaunística.

Para corroborar a este estudo sobre a dependência florestal, as amostragens buscaram analisar os ambientes comumente utilizados pelas espécies de aves. Assim, observou-se que a fitofisionomia Florestal, a grande matriz de vegetação na área de estudo, abriga o maior número de espécies exclusivas a esse ambiente (n = 46) (Figura 8). Como por exemplo, o barranqueiro-de-olho-

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branco ( Automolus leucophthalmus ), a peitica ( Empidonomus varius ), o bacurau ( Nyctidromus albicollis ) e o bico-virado-carijó ( Xenops rutilans ).

Os ambientes de Bordas Florestais, classificados aqui como Capoeira, aparecem como a segunda fitofisionomia em riqueza de espécies (n = 87) apresentando 14 espécies que só foram registradas neste ambiente durante o estudo. A exemplo do arredio-palido ( Cranioleuca pallida ), maria-cavaleira-de- rabo-enferrujado ( Myiarchus tyrannulus ) e o petrim ( Synallaxis frontalis ).

As aves classificadas na categoria Borda-Florestal são espécies que podem se beneficiar dos ambientes de transição entre as matas e as fisionomias abertas em seu entorno. De acordo com Primack e Rodrigues (2001) as bordas naturais, formada entre ambientes de vegetações nativas, podem produzir um efeito positivo na riqueza de espécies, enquanto as bordas criadas a partir da fragmentação por ação antrópica podem resultar em um efeito negativo. Em seguida, merecem destaque os ambientes campestres, representado principalmente por pastagens e campos com 31 espécies registradas, apresentando seis espécies exclusivas, a seriema ( Cariama cristata ), o tucão (Elaenia obscura ), a Serpophaga subcristata (alegrinho), oPhacellodomus ruber (graveteiro), o martim-pescador-grande ( Megaceryle torquata ) e o tiê-preto (Tachyphonus coronatus ). As duas últimas, espécies típicas de ambientes florestais e que provavelmente foram visualizados se deslocando entre um fragmento e outro.

Total Espécies exclusivas

120 114

100 87 80

60 46 40 31 21 19 20 14 6 8 56 5 0 Floresta Capoeira Pastagens Sobre vôo Áreas Aquático Secundária Antropizadas

Figura 8: Número de espécies e espécies exclusivas registradas nas principais fitofisionomias amostradas durante as duas campanhas de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Diante disso, a área possui uma grande diversidade de ambientes, o que reflete diretamente em uma comunidade de aves também diversa devido

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principalmente as suas especificidades com relação aos habitats preferenciais (SICK, 1997).

Ainda que muitos dos ambientes visitados para as amostragens apresentem sinais de interferência antrópica, como áreas urbanas e pastagens, a matriz ambiental dominante são os fragmentos florestais unificados pela presença de eucaliptais com sub-bosque, a área de estudo se mostrou, portanto, capaz de abrigar uma comunidade de aves florestais que se sobressaiu sobre as demais categorias verificadas. Desta forma, a presença destas plantações de eucaliptos, muitas antigas e com a presença de sub-bosque, se mostrou importante para permeabilidade das espécies por estas fitofisionomias permitindo a ligação entre os fragmentos florestais restantes.

 Guildas Tróficas

O estudo da dieta das aves pode fornecer importantes informações sobre a estrutura trófica de comunidades, bem como das condições físicas do ambiente (PIRATELLI & PEREIRA, 2002), além de auxiliarem na compreensão de diversos aspectos relacionados à vida destes animais, sendo fundamentais para um melhor entendimento dos processos ecológicos nos quais eles participam (MALLET-RODRIGUES, 2010).

Durante esta campanha, as espécies insetívoras foram as mais bem representadas com 73 espécies (43,19%), sendo seguidas pelas onívoras com 35 táxons (20,7%) e frugívoros representadas por 18 espécies (10,6%) (Figura 9).

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80 73 70 60 50 40 35 30 18 20 12 11 11 9 10

Númeroespéciesde registradas 0

Guilda Trófica

Figura 9: Alimentação preferencial (Guildas Tróficas) das espécies registradas durante as duas campanhas do monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Em geral insetos e outros artrópodes constituem a base da dieta alimentar de famílias de aves que são abundantes no neotrópico, como Thamnophilidae, Furnariidae, Picidae e Tyrannidae (SICK, 1997), o que pode contribuir para a elevada representatividade dessa guilda.

Cabe considerar também que, a prevalência de insetívoros pode ser um indicativo de distúrbio ambiental. Piratelli & Pereira (2002) encontraram uma maior prevalência de insetívoros em áreas degradadas do que em áreas preservadas, sendo observada uma proporção inversa para as espécies frugívoras. Entretanto na área de estudo, foi verificada a presença também de insetívoros especialistas, categoria considerada sensível às perturbações ambientais que é representada principalmente por integrantes das famílias Picidae e Dendrocolaptidae (MOTA-JÚNIOR, 1990; ALEIXO, 1999). Esse fato permite concluir que as fisionomias naturais presentes na região dispõem de recursos suficientes para abrigar populações de espécies mais exigentes e sensíveis a perturbações ambientais.

Considerando então que a área de estudo possui um mosaico de áreas alteradas com remanescentes de fragmentos florestais, ambas as situações, favorecem o resultado desta guilda trófica ser a mais representativa no presente monitoramento.

Dentre os insetívoros especialistas, merecem destaque o picapauzinho-barrado (Picumnus cirratus ), o pica-pau-pequeno ( Veniliornis passerinus ), o pica- pauzinho-de-testa-pintada ( Veniliornis maculifrons ), o arapaçu-verde (Sittasomus griseicapillus ) e o arapaçu-rajado ( Xiphorhynchus fuscus ). Essas

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espécies são avistadas forrageando troncos de árvores a procura de larvas e insetos para se alimentar. Outras espécies de insetívoros especialistas foram registradas na área de estudo como o suíriri ( Tyrannus melancholicus ) e a viuvinha ( Colonia colonus ). Essas espécies apresentam comportamento de capturarem de suas presas em pleno voo, principalmente insetos alados. Além dessas, outros exemplos de insetívoros como o limpa-folha-de-testa-baia (Philydor rufum ) (Foto 42) da família Furnariidae e a andorinha serradora (Stelgidopteryx ruficollis ) (Foto43) da família Hirundinidae foram registrados na área de estudo.

Foto 42 : Limpa-folha-de-testa-baia ( Philydor Foto 43 : Andorinha-serradora ( Stelgidopteryx rufum ) registrado em Floresta secundária na ruficollis ), espécies insetívora. Foto: Rodrigo área de estudo. Foto: Rodrigo Pessoa. Pessoa.

A categoria dos onívoros (35 spp.) se caracteriza por apresentar espécies que se aproveitam de múltiplos recursos para adquirir alimento. Geralmente espécies onívoras podem aparecer bem difundidas em ambientes impactados e fragmentados em função da disponibilidade de recursos frente à baixa oferta de alimento para outras categorias tróficas mais exigentes. Entre os onívoros pode-se citar a presença da saracura-do-mato (Aramides saracura ), espécie presente nos brejos, o inambu-chintã ( Crypturellus tataupa ) e o japu (Psarocolius decumanus ).

As espécies frugívoras (18 spp.) são representados principalmente por integrantes das famílias Thraupidae e Psittacidae. Os representantes da família Psittacidae não são considerados bons dispersores de sementes por apresentarem comportamento predador, quebrando as sementes e impedindo que estas germinem. Entretanto, a ocorrência de muitos representantes da família e de outros frugívoros é um bom indicador ambiental, uma vez que frugívoros necessitam de grandes áreas naturais para um suprimento suficiente de frutos ao longo de todo um ciclo sazonal (WILLIS, 1979; MOTTA-JÚNIOR, 1990; ALEIXO, 1999).Como exemplo de espécie Frugívora encontrada na área de estudo, podemos citar saí-andorinha ( Tersina viridis ) (Foto 44) e o jacuguaçu ( Penelope obscura ) (Foto 45) espécie cinegética que vive nas matas a procura de seu alimento.

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Foto 44 : Saí-andorinha ( Tersina viridis ). Foto: Foto 45 : Jucuquaçu ( Penelope obscura ), Rodrigo Pessoa. espécies frugívora. Foto: Rodrigo Pessoa.

Os nectarívoros (11 spp.) são representados neste estudo principalmente pelos beija-flores e pela cambacica ( Coereba flaveola ). Os beija-flores (Família Trochilidae) são exclusivamente americanos e desempenham um importante papel como vetores na polinização de espécies botânicas (SICK, 1997).

Os Granívoros (12 spp.) são integrantes das famílias Columbidae, Thraupidaee Fringilidae. Essas famílias podem apresentar espécies que se distribuem por matas ou em fisionomias campestres, sendo que para a área de estudo foi observada uma maioria de espécies generalistas, como o pombão (Patagioenas picazuro ) e o baiano (Sporophila nigricollis ).

Vale citar nesta família a ocorrência do pintassilgo ( Spinus magellanicus ), espécie que em Minas Gerais é considerada deficiente em dados, ou seja, não há dados disponíveis sobre suas populações capazes de classificar a espécie em alguma categoria de ameaça de extinção.

Carnívoros (9 ssp.) e inseto-carnívoros (11 ssp.) são representados por integrantes das famílias Accipitridae (gaviões), Falconidae (falcões), Strigidae (corujas) eCathartidae (urubus). Algumas espécies dessas famílias costumam ocupar posições apicais em cadeias tróficas, permitindo inferir que a área de estudo ainda possui ambientes favoráveis à manutenção das presas dessas espécies.

Em resumo, a distribuição das espécies pelas guildas tróficas, mostra que a diversidade de habitats e ambientes presentes na área de estudo permeados por uma matriz de ambientes florestais, ainda favorece a diversidade e riqueza de espécies encontradas neste estudo.

 Cinegéticas e Xerimbabos

Entendem-se como espécies cinegéticas aquelas procuradas para caça e/ou comoxerimbabos (animais de estimação). Durante as amostragens, foram registradas 39 espécies cinegéticas e xerimbabos. Dentre elas, destacam-se os

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Columbiformes, representada pelas pombas, como é o caso da juriti-pupu (Leptotila verreauxi ), e a família Tinamidae, representada pelos inambús, como é o caso do inambú-choróró ( Crypturellus parvirostris ), ave muito cobiçada por caçadores(Tabela 6).

Dentre os xerimbabos, merecem destaque o trinca-ferro ( Saltator similis ), o azulão ( Cyanoloxia brissonii ), o pintassilgo ( Spinus magellanicus ) e os representantes da família dos Psittacideos como as maritacas, e periquitos, que figuram dentre as espécies mais capturadas e comercializadas ilegalmente (GIOVANNI, 2002).

Tabela 6: Espécies de aves cinegéticas e xerimbabos registrados durante as duas campanhas de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. Taxa Nome Comum Cin/Xer

Crypturellus parvirostris inambu-chororó Cin Crypturellus tataupa inambu-chintã Cin Penelope obscura jacuguaçu Cin Columbina talpacoti rolinha Cin Columbina squammata fogo-apagou Cin Patagioenas picazuro asa-branca Cin Patagioenas cayennensis pomba-galega Cin Patagioenas plumbea pomba-amargosa CIn Leptotila verreauxi juriti-pupu CIn Leptotila rufaxilla juriti-de-testa-branca Cin Crypturellus obsoletus inhambuguaçu Cin Urubitinga coronata águia-cinzenta Cin Primolius maracana maracanã Xe Psittacara leucophthalmus periquitão Xe Eupsittula aurea periquito-rei Xe Forpus xanthopterygius tuim Xe Pionus maximiliani maitaca Xe Turdus leucomelas sabiá-branco Xe Turdus amaurochalinus sabiá-poca Xe Turdus albicollis sabiá-coleira Xe Zonotrichia capensis tico-tico Xe Tangara cyanoventris saíra-douradinha Xe Tangara sayaca sanhaço-cinzento Xe Tangara palmarum sanhaço-do-coqueiro Xe Tangara cayana saíra-amarela Xe Sicalis flaveola canário-da-terra Xe Volatinia jacarina tiziu Xe Coryphospingus pileatus tico-tico-rei-cinza Xe Tachyphonus coronatus tiê-preto Xe Tersina viridis saí-andorinha Xe Dacnis cayana saí-azul Xe Sporophila nigricollis baiano Xe Saltator similis trinca-ferro Xe

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Taxa Nome Comum Cin/Xer

Piranga flava sanhaço-de-fogo Xe Turdus rufiventris sabiá-laranjeira Xe Ramphastos toco tucanuçu Xe Cyanoloxia brissonii azulão Xe Spinus magellanicus pintassilgo Xe Estrilda astrild bico-de-lacre Xe Legenda: Xe = xerimbabo, Cin = cinegético.

4.1.2 - Riqueza e Suficiência Amostral

Os dados coletados para esta campanha do monitoramento da Mina do Andrade, em Bela Vista de Minas, resultaram em uma riqueza de 169 espécies de aves, distribuídas em 44 famílias (Tabela 2). Este resultado pode ser considerado satisfatório diante do esforço amostral desprendido em duas campanhas de amostragem. Se comparado aos valores encontrados durantes as duas campanhas anterioresa riqueza encontrada representa 93,37% das espécies registradas (n = 181).

Foram realizadas duas curvas de acumulo de espécies, uma para cada metodologia, considerando os dados de presença e ausência de aves. As duas curvas apresentaram comportamento semelhantes não apresentando tendência à estabilização (Figura10 e Figura 11).

Riqueza Observada Riqueza Estimada

180 160 140 120 100 80 60 40 Riqueza Espécie em 20 0 0 5 10 15 20 25 Unidade Amostral (Ponto de Escuta)

Figura 10: Curva do coletor obtida através do método de Pontos de Observações para as duas campanhas de monitoramento da avifauna da ArcelorMittal Brasil S/A - Mina do Andrade.

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Riqueza Observada Riqueza Estimada 250

200

150

100

50 Riqueza Espécies em

0 0 5 10 15 20 Unidade Amostral (Transectos)

Figura11: Curva do coletor obtida através do método de Transectos lineares para asduas campanhas de monitoramento da avifauna da ArcelorMittal Brasil S/A - Mina do Andrade.

Estes dados demonstram que o desempenho da campanha foi satisfatório, se considerado os objetivos propostos para o presente relatório. Entretanto, cabe destacar que tanto os dados secundários levantados durante relatórios anteriores e os valores das estimativas encontradas, demonstram uma riqueza ainda a quem dos valores possíveis de serem registrados. Novos esforços amostrais delevantamento podem aumentar as chances de detecção de parte da comunidade, especialmente de táxons endêmicos e/ou ameaçados de extinção, os quais naturalmente ocorrem em menores densidades e demandam maior tempo de campo para serem registrados, além de permitir o registro de espécies migratórias (VASCONCELOS, 2006; STRAUBE et al ., 2010).

A riqueza registrada pelos métodos de Pontos de escuta foi de 111 espécies, e a riqueza estimada foi de 149 espécies. Para Trasectos Lineares a riqueza observada foi de 133 espécies e a riqueza estimada foi de 176 ± 14,66 espécies ambas para o estimador Jackknife de 1ª ordem. Se considerarmos o esforço das duas metodologias o número de espécies registradas foi de 154 espécies. Somando-se ainda os registros aleatórios têm-se um total de 169 espécies.

O método de Transectos Lineares apesar de apresentar um menor número de unidades amostrais (n = 16) apresentou um maior número de espécies registradas em comparação com os pontos de escuta (22 unidades). Pode-se dizer, portanto, que os transectos foram mais eficientes na área de estudo. Isto ocorreu, devido ao fato dos mesmos atravessarem diferentes fitofisionomias ao longo de cada percurso, sendo, portanto, passíveis de se encontrar diferentes parcelas da comunidade de aves.

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4.1.3 - Abundância e Diversidade

Com relação ao IPA obtido, foram realizados 11 pontos de escuta para cada campanha, com diferentes espécies frequentes em cada uma delas. (Figura 12 e Figura 13). Fazendo uma análise das espécies mais abundantes na área de estudo durante a primeira campanha, podemos identificar o predomínio de espécies de hábitos frugívoros e insetívoros. As espécies frugívoras, como dito anteriormente, se deslocam mais em busca do seu recurso alimentar, o que facilita sua detecção em campo. Já as espécies insetívoras são representadas principalmente pela família com maior número de espécies na área de estudo. Outra característica interessante sobre as espécies mais abundantes é o fato das mesmas serem diversas com relação ao seu habitat preferencial e sua dependência florestal. Ou seja, podemos citar espécies típicas de ambientes florestais como o chorozinho-de-asa-vermelha ( Herpsilochmus atricapillus ) e o baiano ( Sporophila nigricollis ) típico de ambientes campestre. Este resultado mais uma vez, demonstra a heterogeneidades dos mosaicos fitofisionomicos presentes na área de estudo e refletem a boa disposição das unidades amostrais ao longo das mesmas.

A espécie mais abundante na área de estudo, o periquitão, possui comportamento gregário e frequentemente pode ser observado sobrevoando em grandes grupos a área de estudos. 3

2

1 IPA C1

0

Figura 12: Espécies com os maiores índices pontuais de abundancia (IPA) obtidos durantea primeira campanha de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

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Durante a segunda campanha de campo realizada no período pré- reprodutivo das aves, a distribuição da abundância demonstrou ser mais heterogênea. A espécie mais abundante foi o papa-taoca-do-sul ( Pyriglena leucoptera ), que é uma espécie abundante das florestas secundárias da região. A espécie se alimenta de insetos e vive perambulando em pequenos bandos pelo sub- bosque das matas. Outra espécie abundante foi o papa-capim ( Sporophila nigricolis ) que vive em bandos forrageando em campineiras em frutificação. Outras espécies como a saíra-ferrugem ( Hemithraupis ruficapilla ) e o saí-azul (Dacnis cayana ) forrageiam juntas em bandos mistos pela copa das árvores a procura de seu alimento. Essas espécies frugívoras, como dito anteriormente, exploram mais os ambientes em busca do seu recurso alimentar, o que facilita sua detecção em campo. Já as espécies insetívoras são representadas principalmente pela família com maior número de espécies na área de estudo.

Outro aspecto que aumenta a detectabilidade em campo é o fato da segunda campanha ter incidido no período pré-reprodutivo onde as espécies vocalizam com maior frequência sendo detectadas com maior facilidade e quantidade pelo observador.

Este resultado, mais uma vez, demonstra a heterogeneidades dos mosaicos fitofisionômicos presentes na área de estudo e refletem a boa disposição das unidades amostrais ao longo das mesmas.

2

1,5

1

IPA C2 0,5

0

Figura13: Espécies com os maiores índices pontuais de abundancia (IPA) obtidos durantea segunda campanha de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

O índice de diversidade de Shannon ( H’ ) foi calculado a partir dos dados coletados através da metodologia de pontos de escuta, para se verificar se os

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valores de diversidade encontrados estão de acordo com o esperado para a região neotropical. Vielliard e Silva (1990) apontam que uma diversidade entre 1,00 e 2,00 caracteriza a avifauna de florestas temperadas, e valores em torno de 3,00 foram obtidos em diversos ambientes em regiões tropicais.

O valor total obtido para este estudo foi de H’ = 4,26, consideradas as duas campanhas de coleta de dados; e de 3,90 e 3,95 se consideradas as campanhas separadamente.Vielliard et al . (2010) encontraram valores de diversidade que variaram de 3,31 a 4,43 em diferentes regiões do Brasil. Assim, o índice de diversidade total encontrado no presente trabalho pode ser considerado de moderado a alto, permitindo considerar a região do estudo como interessante do ponto de vista da biodiversidade de aves.

O cálculo da Equitabilidade varia entre 0 (equitabilidade mínima) e 1 (equitabilidade máxima). Os valores encontrados para a área de estudofoide 0,90, considerando o somatório das duas campanhas e de 0,88 e 0,90 para cada campanha separadamente. Este resultado revela uma distribuição uniforme de espécies na área de estudo e corrobora com as discussões sobre o IPA, pois demonstram um equilíbrio entre a diversidade e abundância da espécies em uma área heterogênea.

Os dados oriundos das amostragens realizadas por meio da metodologia de Transectos lineares não foram incluídos nestas análises devido à falta de padronização entre os mesmos com relação ao seu comprimento e tempo de duração. Saliento que a metodologia escolhida foi mantida da campanha anterior segundo determinação do termo de referência para continuidade deste estudo.

4.1.4 - Estado de Conservação

Durante as duas campanhas do monitoramento da avifauna realizadas no ano de 2017 nas áreas de influência da Mina do Andrade foram registradas três espécies ameaçadas de extinção e quatro quase ameaçadas de extinção. (Tabela 7).

Tabela 7: Espécies ameaçadas de extinção e espécies endêmicas registradas durante as duas campanhas de monitoramento da avifauna na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Taxa Nome Comum Endemismo IUCN BR MG

Aphantochroa cirrochlores beija-flor-cinza ATL Aramides saracura saracura-do-mato ATL

Arremon semitorquatus tico-tico-do-mato ATL

Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco ATL

Chiroxiphia caudata tangará ATL

Campephilus robustus pica-pau-rei ATL

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Taxa Nome Comum Endemismo IUCN BR MG

Conopophaga lineata chupa-dente ATL

Cranioleuca pallida arredio-pálido ATL

Cyanoloxia brissonii azulão QA

choquinha-de-dorso- Drymophila ochropyga ATL QA vermelho Drymophila malura choquinha-carijó ATL

Eleoscytalopus indigoticus macuquinho ATL QA

Formicivora serrana formigueiro-da-serra ATL

Hemithraupis ruficapilla saíra-ferrugem ATL

Hemitriccus diops olho-falso ATL

Hemitriccus nidipendulus tachuri-campainha ATL

Ilicura militaris tangarazinho ATL

Jacamaralcyon tridactyla cuitelão ATL VU QA

Lophornis magnificus topetinho-vermelho ATL

Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora ATL

Mackenziaena severa borralhara ATL

Mionectes rufiventris abre-asa-de-cabeça-cinza ATL

Myiornes auriculares miudinho ATL

Phacellodomus joão-botina-da-mata ATL erythrophthalmus Primolius maracana maracanã QA QA

Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul ATL

Pyroderus scutatus pavó QA QA

Spinus magellanicus pintassilgo DD

Spizaetus melanoleucus gavião-pato EP

Strix hylophila coruja-listrada ATL QA

Synallaxis cinerascens pi-puí ATL

Synallaxis spixi joão-teneném ATL

Tachyphonus coronatus tiê-preto ATL

Tangara cyanoventris saíra-douradinha ATL

Thalurania glaucopis beija-flor-de-fronte-violeta ATL

Todirostrum poliocephalum teque-teque ATL

Trogon surrucura surucuá-variado ATL

Urubitinga coronata águia-cinzenta EP EP EP

picapauzinho-de-testa- Veniliornis maculifrons ATL pintada Xiphorhynchus fuscus arapaçu-rajado ATL Legenda: ATL = Endêmico da Mata Atlântica; QA = Quase ameaçado; EP = Em perigo; VU= Vulnerável; DD = Deficiente em Dados.

Uma delas é a águia-cinzenta ( Urubitinga coronata ) que é atualmente considerada bastante ameaçada e constante das listas mundial, nacional e estadual de espécies ameaçadas de extinção como “em perigo”. O avanço da

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agricultura, descaracterização de seu habitat e abate indiscriminado são as principais causas da situação atual dessa espécie (IUCN, 2017). Trata-se de um accipitriforme naturalmente raro e de grande porte, que necessita de presas grandes e significativas áreas para constituir territórios de alimentação e reprodução. Estimativas sugerem 1 indivíduo/500 km2 (BAUMGARTEN, 2008).

Tem preferência por habitats abertos ou semiflorestados, tornando-se alvo fácil de caça, uma vez que é considerado prejudicial a criação de certos animais domésticos. Sobrevoa veredas e matas ciliares do cerrado (SICK, 1997). É sempre avistado sobrevoando áreas abertas ou pousado no alto das grandes árvores e antenas de alta tensão. Tais características tornam difícil a conservação de populações viáveis nas poucas áreas protegidas do Cerrado.

Foram registrados três indivíduos na região de estudo, dois adultos e um filhote, pousados no topo de uma torre de alta tensão que corta o empreendimento. Os adultos vocalizavam com frequência, indicando um cuidado parental ao filhote que aparentava ser bem jovem. Tais aspectos sugerem que a região é utilizada como sítio de nidificação. A espécie constrói seu ninho com galhos e ramos em uma árvore alta, geralmente na forquilha principal, podendo utiliza-lo em vários períodos reprodutivos repetidamente (SICK, 1997 e SIGRIST, 2006).

Foto 46: Fotos da águia-cinzenta ( Urubitinga coronata ) avistada na região de estudo. Foto: Gustav Specht.

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O Cuitelão ( Jacamaralcyon tridactyla ) segundo a IUCN (2017) apresenta declínio de suas populações devido à fragmentação e destruição do seu habitat ao longo de sua distribuição geográfica na Mata Atlântica. No entanto, é interessante perceber que a espécie pode ocupar áreas degradadas onde a vegetação original foi alterada, incluindo plantações de eucaliptos abandonadas (IUCN, 2017). Durante o presente estudo, o cuitelão ( J. tridactyla ) foi registrado ocasionalmente em fragmentos de Floresta secundária presentes na região.

O gavião-pato ( Spizaetus melanoleucus ) depende de extensas áreas de florestas conservadas. Embora tenha sido registrado apenas em sobrevoo sobre a área de cava da Mina do Andrade, pode-se inferir que este táxon utilize de alguma forma as florestas da área de estudo como corredores ecológicos, uma vez que esta espécie depende de fragmentos florestais maiores e extensos (SICK, 1997).

Além das ameaçadas acima descritas, outrasquatro espécies foram registradas com categoria "quase ameaçadas" pela lista de espécies ameaçadas globalmente (IUCN, 2017). São elas a coruja-listrada ( Strix hylophila ), a choquinha-do-dorso-vermelho ( Drymophila ochropyga ), o macuquinho (Eleoscytalopus indigoticus ) e a maracanã ( Primolius maracana ).

Também foram registradas 34 espécies endêmicas da Mata Atlântica na região, ou seja, aquelas que possuem distribuição restritaà este bioma. Alguns exemplos são: o topetinho-vermelho ( Lophornis magnificus ), o formigueiro-da- serra ( Formicivora serrana ), o joão-botina-da-mata ( Phacellodomus erythrophthalmus ), o arredia-do-rio ( Cranioleuca pallida ), o tangarazinho ( Ilicura militaris ) e o teque-teque ( Todirostrum poliocephalum ).

4.2 – Herpetofauna

4.2.1 - Composição de Espécies

 Anfíbios

Através da coleta dos dados primários, considerando as duas campanhas realizadas pela Ecodinâmica, foram registradas 17 espécies de anfíbios (Tabela 8), representadas por sete famílias (Figura 14), todas pertencentes à ordem Anura. Para compor a lista de espécies de anfíbios, foi considerado o registro de três espécies encontradas em estudo anterior ao monitoramento, mas que não foram registradas nas duas campanhas realizadas pela Ecodinâmica, o sapo Rhinella schneideri e as rãs Leptodactylus latrans e cuvieri , elevando para 20 o número de espécies de anfíbios encontradas na área de estudo. Em relação à distribuição das espécies de anfíbios registradas por famílias (Figura 14), nota-se que a grande maioria pertence à família Hylidae, que representa cerca de 25% da fauna de anuros da América do Sul (DUELLMAN, 1999), seguido pela família ,

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refletindo um padrão normalmente encontrado na região neotropical (DUELLMAN, 1988; HEYER et al. , 1990).

20% 50% 10%

5% 5% 5% 5%

Hylidae Leptodactylidae Bufonidae Phyllomedusidae Cycloramphidae Odontophrynidae Craugastoridae

Figura 14: Distribuição das espécies de anfíbios por famílias registradas em duas campanhas de coletada de dados, referente ao monitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

A seguir são apresentadas as espécies de anfíbios registradas no presente estudo com a indicação do habitat em que foram encontrados, seus hábitos preferenciais, sítios amostrais em que foram encontrados, campanha em que foram registrados e o método utilizado para o registro da espécie, além do status de conservação, de acordo com a lista estadual (COPAM, 2010), nacional (MMA, 2014) e mundial (IUCN, 2017) de animais ameaçados de extinção (Tabela 8).

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Tabela 8: Lista de espécies de anfíbios registradas em duas campanhas de coletada de dados referenteao monitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. PONTOS NOME Método de Amostragem* Categoria de ameaça TAXA HABITAT HÁBITOS DE COMUM REGISTRO PVLT Z AE RT IUCN Brasil MG ANURA Fischer von Waldheim, 1813

Bufonidae Gray, 1825

Rhinella crucifer (Wied-Neuwiedi, 1821) Sapo FLO, FO TE T1, P8 ● ■ - - LC - - Rhinella schneideri (Werner, 1894) Sapo-cururu ANT, LP TE P4, P6 - - - ● LC - - Craugastoridae Hedges, Duellman & Heinicke, 2008

Haddadus binotatus (Spix, 1824) Rã-de-folhiço FLO, FO TE, FO P4, T6 ● - - - LC - - Cycloramphidae Bonaparte, 1850

FLO, FO, Thoropa miliaris (Spix, 1824) Rã TE, FO T2 ● - - - - - RP LC Hylidae Rafinesque, 1815

Perereca- Boana albopunctata (Spix, 1824) ANT, LP ARB P1 - ● - - LC - - cabrinha Boana crepitans (Wied-Neuwiedi, 1824) Perereca ANT, LP ARB T5 - ●, ■ - - LC - - ANT, P1, P6, P8, Boana faber (Wied-Neuwiedi, 1821) Sapo-martelo ARB ●, ■ ● - - LC - - FLO, LP T8 Perereca- ANT, RP, P1, P2, P4, Boana polytaenia (Cope, 1870) ARB ■ ●, ■ - - LC - - listrada LP P8, T5 Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871) Perereca FLO, RP ARB P2 ● - - - LC - - Perereca-de- Dendropsophus elegans (Wied-Neuwiedi, 1824) ANT, LP ARB P8 ● ● - - LC - - moldura Pererequinha- P1, P5, P6, Dendropsophus minutus (Peters, 1872) ANT, LP ARB ●, ■ ●, ■ - - LC - - do-brejo P8, T5 Ololygon luizotavioi Caramaschi & Kisteumacher, P2, P3, P7, Perereca FLO, RP ARB ●, ■ ●, ■ - - LC - - 1989 T8 Perereca-de- Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) ANT, LP SA, TE P1, P8 ●, ■ ● - - LC - - banheiro ANT, Scinax aff. perereca Perereca ARB P2, P6, P7 ● ●, ■ - - NA - - FLO, LP Leptodactylidae Werner, 1896 (1838)

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PONTOS NOME Método de Amostragem* Categoria de ameaça TAXA HABITAT HÁBITOS DE COMUM REGISTRO PVLT Z AE RT IUCN Brasil MG Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) Rã-pimenta ANT, LP TE, AQ P1, P8, T5 ●, ■ - - - LC - - Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) Rã-manteiga ANT, LP TE, AQ P4, P5 - - - ● LC

FLO, FO, Physalaemus crombiei Heyer and Wolf, 1989 Rã TE, FO P4 ● - - - LC - - LP Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Rã-cachorro ANT, LP TE P3, P5, P7 - - - ● LC - - Odontophrynidae Lynch, 1969

P2, P3, P4, Sapo- Odontophrynus cultripes Reinhardt & Lütken, 1862 ANT, LP CRI P6, P7, P8, ● ●, ■ - - LC - - verrugoso T5, T8 Phyllomedusidae Günther, 1858

Perereca-das- ANT, Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1872 ARB P1 - ● - - LC - - folhagens FLO, LP Legenda:Hábitat : ANT - Área aberta antropizada; FLO - Florestal; LP - Lagoa permanente; RP - Riacho permanente, FO - Folhiço (Serrapilheira). Hábitos: AQ - Aquático; TE - Terrícola; ARB - Arborícola; CRI – Criptozóico; SA – Semi-arborícola. Metodologia: PVLT – Procura visual limitada por tempo; Z - Zoofonia; AE - Amostragem de estrada; RT - Registro por terceiros. Status de conservação: Mundial (IUCN, 2017); Brasil (MMA, 2014); Minas Gerais (COPAM, 2010); NA - Não Avaliado; LC - Pouco Preocupante. *Na coluna Método de Amostragem, ponto ( ●) corresponde ao registro para cada metodologia na primeira campanha, quadrado ( ■) significa registro para a segunda campanha e hífen (-) significa ausência de registro.

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Foto 47: Rhinella crucifer . Foto: Antônio M. Foto 48: Rhinella schneideri . Foto: Antônio M. Linares Linares *Foto de arquivo pessoal

Foto 49: Haddadus binotatus . Foto: Antônio M. Foto 50: Thoropa miliaris . *Foto: Antônio M. Linares Linares *Foto de arquivo pessoal

Foto 51:Boana albopunctata . *Foto: Antônio M. Foto 52 : Boana crepitans . *Foto: Antônio M. Linares *Foto de arquivo pessoal Linares *Foto de arquivo pessoal

Foto 53: Boana faber . *Foto: Antônio M. Foto 54: Boana polytaenia . *Foto: Antônio M. Linares *Foto de arquivo pessoal Linares *Foto de arquivo pessoal

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Foto 55: Bokermannohyla circumdata . Foto: Foto 56: Dendropsophus elegans . *Foto: Antônio M. Linares Antônio M. Linares *Foto de arquivo pessoal

Foto 57: Dendropsophus minutus . Foto: Foto 58: Ololygon luizotavioi . Foto: Antônio M. Antônio M. Linares Linares

Foto 59: Scinax fuscovarius . Foto: Antônio M. Foto 60: Scinax aff. perereca . Foto: Antônio M. Linares Linares

Foto 61: Leptodactylus labyrinthicus . Foto: Foto 62: Leptodactylus latrans . Foto: Antônio

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Antônio M. Linares M. Linares *Foto de arquivo pessoal

Foto 63: Physalaemus crombiei . Foto: Antônio Foto 64: Physalaemus cuvieri . Foto: Antônio M. M. Linares Linares

Foto 65: Odontophrynus cultripes . Foto: Foto 66: Phyllomedusa burmeisteri . *Foto: Antônio M. Linares Antônio M. Linares *Foto de arquivo pessoal

Dentre as 20 espécies de anfíbios registradas neste estudo, somente a perereca Ololygon luizotavioi é endêmica de Minas Gerais (NASCIMENTO et al. , 2010), o que corresponde a 5% das espécies registradas para este grupo no presente estudo.

A espécie Scinax aff. perereca trata-se de uma espécie ainda não descrita pela ciência, que se encontra em fase de descrição por pesquisadores da PUC Minas. Embora ainda não seja formalmente descrita, já foi encontrada em diversos municípios em Minas Gerais, tais como Belo Horizonte, Catas Altas, Serro, Itapanhoacanga, Conceição do Mato Dentro, Nova Lima, dentre outros, sendo geralmente comum em suas áreas de ocorrência, ocupando áreas abertas e bordas de floresta, tanto em ambientes lóticos como lênticos (A.M. Linares, obs. pess. ). Foi publicado um artigo abordando a ecologia da espécie no Parque das Mangabeiras, em Belo Horizonte (GALDINO et al ., 2008), mas ainda é necessário aguardar a descrição da espécie para obter informações mais precisas sobre sua taxonomia e distribuição geográfica. É possível que seja endêmica de Minas Gerais.

Duas espécies de anfíbios registradas podem ser consideradas cinegéticas, a rã-pimenta Leptodactylus labyrinthicus e a rã-manteiga Leptodactylus latrans , já

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que no meio rural são comumente capturadas para serem utilizadas como alimento.

Nenhuma das espécies de anfíbios registradas encontra-se ameaçada de extinção, de acordo com a lista estadual (COPAM, 2010), nacional (MMA, 2014) e mundial (IUCN, 2017).

Observando a abundância das espécies de anfíbios registradas em campo (Figura 15), verifica-se de forma geral, uma maior abundância das espécies durante a estação chuvosa, um resultado esperado, já que a grande maioria dos anfíbios apresenta maior atividade durante o período chuvoso (WELLS, 1977; DUELLMAN & TRUEB, 1994). As únicas exceções foram o sapo Rhinella crucifer e a perereca Ololygon luizotavioi , com maior número de registros para o período de seca. A perereca Dendropsophus minutus apresentou a maior abundância nas duas campanhas, com mais de 50 registros no período chuvoso e quase 20 registros no período de seca, enquanto Bokermannohyla circumdata e Thoropa miliaris apresentaram os menores números de abundância, com apenas um indivíduo registrado para cada espécie, somente no período chuvoso. Das 17 espécies de anfíbios registradas através da coleta de dados primários, sete não foram encontradas no período de seca, ressaltando a importância do período chuvoso para a comunidade de anfíbios, que de maneira geral apresenta maior atividade durante épocas chuvosas (WELLS, 1977; DUELLMAN & TRUEB, 1994). As espécies registradas por terceiros não foram consideradas para elaboração do gráfico.

60 50 40 30 20 10 0

Estação Chuvosa Estação Seca

Figura 15: Comparação da abundância das espécies de anfíbios entre as estações chuvosa e seca, registradas no monitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

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 Répteis

Através da coleta de dados primários e registros por terceiros, foram registradas 14 espécies de répteis (Tabela 9) de sete diferentes famílias (Figura 16 ) sendo um quelônio, uma anfisbênia, cinco lagartos e sete serpentes. Em relação à distribuição das espécies de répteis registradas por famílias, percebe-se que houve uma distribuição bastante diversa, com quatorze espécies registradas de sete diferentes famílias (Figura 16 ).

14,5% 14,5% 7% 7%

7%

43% 7%

Colubridae Teiidae Viperidae Leiosauridae

Tropiduridae Chelidae Amphisbaenidae

Figura 16:Distribuição das espécies de répteis por famílias durante oMonitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

A seguir são apresentadas as espécies de répteis registradas no presente estudo, com a indicação do habitat em que foram encontrados, seus hábitos preferenciais, sítios amostrais em que foram encontrados, método de registro e a campanha em que foram registrados. Nenhuma das espécies registradas está presente na lista estadual (COPAM, 2010) e nacional (MMA, 2014) de animais ameaçados de extinção, portanto é apresentado apenas o status de conservação em âmbito mundial (IUCN, 2017).

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Tabela 9: Lista das espécies de répteis registradas em duas campanhas de coletada de dados durante oMonitoramento da Herpetofauna na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. Método de PONTOS DE Categoria de ameaça TAXA NOME COMUM HABITAT HÁBITOS Amostragem* REGISTRO PVLT AE RT IUCN Brasil MG TESTUDINES Batsch, 1788

Chelidae Gray, 1825

Cágado-de- 23K 694356 / Phrynops geoffroanus (Schweigger, 1812) ANT, RP AQ ● - ● NA - - barbicha 7811939 Opel, 1811

AMPHISBAENIA Gray, 1844

Amphisbaenidae Gray, 1825

Cobra-de-duas- 23K 693970 / Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 ANT, FLO FO, TE - - ● LC - - cabeças 7809913 LACERTILIA Günther, 1867

Leiosauridae Frost, Etheridge, Janies & Titus, 2001

Enyalius bilineatus Duméril & Bibron, 1837 Papa-vento FLO, ANT SA P7, T7 ● - - NA - - Teiidae Gray, 1827

Ameiva ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Calango verde ANT, FLO TE P4, T2, T8 ● - - NA - - 23K 694617 / Salvator merianae (Duméril & Bibron, 1839) Teiú ANT, FLO TE - - ● LC - - 7811002 Tropiduridae Bell in Darwin, 1843 T4, T5, T6, Tropidurus torquatus (Wied, 1820) Calango ANT TE ●, ■ - - LC - - T7, T8 SERPENTES Linnaeus, 1758 Oppel, 1811 23K 690530 / Chironius sp. Cobra-cipó ANT, FLO SA - - ● - - - 7810881 Oxyrhopus guibei Hoge & Romano, 1978 Falsa-coral ANT, FLO TE T7 ● - - NA - - Oxyrhopus trigeminus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 Falsa-coral ANT, FLO TE T7, T8 ●, ■ - - NA - - Spilotes pullatus pullatus (Linnaeus, 1758) Caninana ANT, FLO SA T3 ● - - NA - - Tropidodryas sp. Falsa-jararaca ANT, FLO TE 23K 690394 / - - ● - - -

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Método de PONTOS DE Categoria de ameaça TAXA NOME COMUM HABITAT HÁBITOS Amostragem* REGISTRO PVLT AE RT IUCN Brasil MG 7811428

Xenodon merremii (Wagler in Spix, 1824) Boipeva ANT TE ** - - ● NA - - Viperidae Oppel, 1811 Bothrops jararaca (Wied-Neuwied, 1824) Jararaca ANT, FLO TE, SA T7 ■ - - NA - - 23K 693828 / Crotalus durissus terrificus (Laurenti, 1768) Cascavel ANT TE - ● ● LC - - 7811652 Legenda:Hábitat : ANT - Área aberta antropizada; FLO - Florestal; LP - Lagoa, açude ou poça permanente; RP - Riacho ou rio permanente, FO - Folhiço (Serrapilheira). Hábitos: AQ - Aquático; TE - Terrícola; ARB - Arborícola; FOS - Fossorial; SA – Semi-arborícola. Metodologia: PVLT – Procura visual limitada por tempo; AE - Amostragem de estrada; RT - Registro por terceiros. Status de conservação: Mundial (IUCN, 2017); Brasil (MMA, 2014); Minas Gerais (COPAM, 2010). NA - Não Avaliado; LC - Pouco Preocupante. *Na coluna Método de Amostragem, ponto ( ●) corresponde ao registro para cada metodologia na primeira campanha, quadrado ( ■) significa registro para a segunda campanha e hífen (-) significa ausência de registro. * *Registrada por brigadista da ArcelorMittal na área da Mina de Andrade, sem coordenadas geográficas específicas.

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Foto 67:Phrynops geoffroanus . Foto: Antônio Foto 68:Amphisbaena alba . Foto: Alaine Prado M. Linares

Foto 69:Enyalius bilineatus . Foto: Antônio M. Foto 70:Ameiva ameiva ameiva . *Foto: Antônio Linares M. Linares *Foto de arquivo pessoal

Foto 71:Salvator merianae . Foto: Edimar J. F. Foto 72:Tropidurus torquatus . Foto: Antônio M. Dias Linares

Foto 74:Oxyrhopus guibei . Foto: Antônio M. Foto 73:Chironius sp.. Foto: Edimar J. F. Dias Linares

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Foto 75:Oxyrhopus trigeminus . Foto: Antônio Foto 76:Spilotes pullatus pullatus .Foto: Antônio M. Linares M. Linares

Foto 77:Tropidodryas sp. predando Ameiva Foto 78:Xenodon merremii . Foto: Anônimo ameiva ameiva . Foto: Edimar J. F. Dias (Brigadista da ArcelorMittal)

Foto 79:Crotalus durissus terrificus . Foto: Foto 80: Bothrops jararaca . Foto: Antônio M. Antônio M. Linares † atropelado Linares

Nenhuma das espécies de répteis registradas no presente estudo é endêmica de Minas Gerais ou de qualquer bioma brasileiro. A maioria possui ampla distribuição geográfica e hábitos generalistas, não havendo, portanto, nenhum registro de espécies raras de répteis.

Nenhuma das espécies de répteis registradas está ameaçada de extinção atualmente, de acordo com a lista estadual (COPAM, 2010), nacional (MMA, 2014) e mundial (IUCN, 2017).

Duas espécies de répteis registradas na área de estudo podem ser consideradas cinegéticas, o cágado-de-barbicha Phrynops geoffroanus, que

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pode ser ocasionalmente capturado e consumido por pessoas, assim como o lagarto teiú Salvator merianae, comumente consumido por humanos em meios rurais.

Vale destacara presença de duas espécies de serpentes peçonhentas de interesse médico, a cascavel Crotalus durissus terrificus , que causa grande número de acidentes na região sudeste do Brasil (CARDOSO et al. , 2009) e a jararaca Bothrops jararaca , responsável pela maioria dos acidentes ofídicos na região sudeste (ver RIBEIRO & JORGE, 1997). A plasticidade dessas espéciesas possibilita ocupar áreas rurais ou mesmo periurbanas. Embora apenas duas espécies de serpentes peçonhentas tenham sido registradas neste estudo através da coleta de dados primários, existe relato de outra espécie de jararaca para o município de João Monlevade, a Bothrops jararacussu , conhecida popularmente como jararacuçu (A.S. Marques, com. pess. ). Assim como existe a possibilidade de ocorrerem também serpentes do gênero Micrurus , conhecidas popularmente como corais e que apresentam hábito primariamente fossorial e terrícola, habitando galerias subterrâneas e o folhiço de ambientes florestais, o que dificulta o encontro dessas serpentes (CAMPBELL & LAMAR, 2004).

Observando a abundância das espécies de répteis registradas em campo (Figura 17), verifica-se que houve maior abundância para este grupo durante o período chuvoso, com várias espécies sendo registradas apenas neste período. O lagarto Tropidurus torquatus apresentou a maior abundância, tanto no período chuvoso como no período seco, sendo obtido um maior número de registros para esta espécie na época da seca. A serpente Bothrops jararaca foi registrada através de um único indivíduo, encontrado na estação seca. Todas as outras espécies de répteis foram registradas durante a época de chuvas e apenas o lagarto Tropidurus torquatus e a falsa-coral Oxyrhopus trigeminus foram registradas em ambas as campanhas. As espécies registradas por terceiros não foram consideradas para elaboração do gráfico.

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10

0

1ª Campanha 2ª Campanha

Figura 17: Comparação entre as estações chuvosa e da abundância das espécies de répteis registradas durante Monitoramento da Herpetofauna da Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. 58

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4.2.2 - Riqueza e Suficiência Amostral

As curvas de acumulação de espécies são extremamente úteis para avaliar a eficiência das amostragens (CECHIN & MARTINS, 2000). O fato das curvas não estabilizarem ao fim da segunda campanha (Figuras 6 e 7), indica que o aumento do esforço amostral possivelmente acarretará em um acréscimo de outras espécies para a área de estudo, sobretudo por se tratar de um monitoramento, com amostragens periódicas. Deve ser levado em consideração que estudos envolvendo a fauna de um determinado local, para uma comunidade específica ou área geográfica, demandam grande esforço amostral, sendo muito difícil realizar uma amostragem em que todas as espécies que ocorram no local sejam registradas (SANTOS, 2003; CHAO, 2005; CHAO et al. , 2005; HORTAL et al. , 2006), considerando que para a maior parte dos táxons, novos registros de espécies serão feitos com o aumento do número de indivíduos na amostra (BUNGE & FITZPATRICK, 1993; GOTELLI & COLWELL, 2001; RICKLEFS, 2003).

Para elaboração da curva de acumulação de espécies, não foram considerados os registros por terceiros. Através da coleta de dados primários, foram registradas 17 espécies de anfíbios e a riqueza estimada pelo Jackknife1 foi de 23,56 espécies (Figura18). No grupo dos anfíbios, algumas espécies apresentam hábitos crípticos de extrema complexidade (GOTTSBERGER & GRUBER, 2004), onde muitas vezes as atividades de algumas espécies estão relacionadas a períodos de fortes precipitações. Apesar de a campanha ter sido realizada no fim do período chuvoso, houve precipitação somente nos primeiros dois dias de amostragem, e uma maior incidência de chuvas poderia levar a resultados ainda mais significativos. Outro fato que reforça a probabilidade de haver uma maior riqueza que a registrada, são dados de um estudo realizado em João Monlevade, em que foram encontradas 33 espécies de anfíbios para a região, incluindo duas espécies "deficientes em dados" pela IUCN, além de uma cecília que constituiu em um aumento de distribuição geográfica para a espécie (ARCADIS LOGOS, 2014; A.M. Linares, dados não publicados ).

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10 Riqueza Observada 5 Riqueza emRiqueza espécies Riqueza Estimada 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516

Amostras (Pontos de amostragem)

Figura 18: Curva de acumulação de espécies de anfíbios e estimador de riqueza de espécies Jackknife1. As barras correspondem ao desvio-padrão. Riqueza observada de 17 espécies e riqueza estimada em 23,56 espécies.

Além dos fatores ambientais e antrópicos, estudos com anfíbios são naturalmente de grande complexidade devido à dificuldade de se registrar espécies crípticas ou que apresentem reprodução do tipo “explosiva”, onde somente após fortes chuvas os indivíduos de algumas espécies iniciam suas atividades, que perduram apenas durante alguns dias ou semanas, apesar de muitas espécies apresentarem reprodução do tipo "prolongada", sendo capazes de se reproduzir ao longo de todo ano ou durante vários meses do ano (WELLS, 1977; DUELLMAN & TRUEB, 1994; BASTOS et al. , 2003; UETANABARO et al. , 2008). Espécies arborícolas que ocupam o dossel de ambientes florestais podem ser difíceis de visualizar e em alguns casos para detectá-las podem ser necessárias inúmeras incursões a campo. Alguns autores relatam que mesmo após dois a quatro anos de amostragem de anfíbios em uma determinada área, o aumento da lista de espécies é comum com a continuidade das amostragens (DUELLMAN & TRUEB, 1994; MOREIRA et al. , 2007).

Foram registradas quatorze espécies de répteis no presente estudo. No entanto, para gerar a curva de acumulação de espécies, foram considerados somente os dados obtidos através da metodologia de procura visual limitada por tempo, que resultou no registro de sete espécies. Das outras sete espécies de répteis registradas, cinco foram encontradas através de registros por terceiros, uma por encontro oportunístico e outra por amostragem de estrada. O estimador de riqueza de espécies Jackknife 1 indicou que o número estimado de 10,75 espécies para a área estudada é maior do que a riqueza registrada de sete espécies através da procura visual limitada por tempo, indicando que a continuidade das amostras certamente irá adicionar outras espécies à lista de répteis presentes na área de estudo, fato que pode ser corroborado pelos 60

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resultado obtido considerando todas as metodologias envolvidas, com um total de quatorze espécies registradas, já superando a estimativa feita pelo Jackknife 1.

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6

4 Riqueza Observada

Riqueza de espécies 2 Riqueza Estimada 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516

Amostras (Pontos de amostragem)

Figura 19: Curva de acumulação de espécies de répteis e estimador de riqueza de espécies Jackknife 1. As barras correspondem ao desvio-padrão. Riqueza observada de sete espécies e riqueza estimada em 10,75 espécies.

Além do acima exposto, outro fator sugere uma maior riqueza de répteis para a área de estudo: os dados de um diagnóstico de herpetofauna realizado em João Monlevade, no qual foram registradas 14 espécies de répteis para a região, sete das quais não foram encontradas no presente estudo, incluindo Hydromedusa maximiliani , um cágado ameaçado de extinção (ARCADIS LOGOS, 2014). O menor número de espécies registradas para o grupo dos répteis pode ser explicado pelo fato desses animais geralmente serem amostrados com maior dificuldade em relação aos anfíbios, pois geralmente ocorrem densidades populacionais menores, além do fato de apresentarem vagilidade e de muitas espécies possuírem colorações crípticas ou inconspícuas, exibindo predominância de hábitos secretivos e/ou fossoriais, especialmente em relação às serpentes e anfisbênias. Essas características demandam, muitas vezes, a utilização de metodologias de captura passivas, tais como armadilhas de queda e a realização de estudos de médio a longo prazo, a fim de se aumentar o sucesso de captura (DUELLMAN, 1987; SAZIMA & HADDAD, 1992; MARTINS & OLIVEIRA, 1998; STRÜSSMANN et al ., 2000; RECODER & NOGUEIRA, 2007).

4.2.3 – Sazonalidade

A sazonalidade exerce um papel fundamental nas histórias de vida e ciclos reprodutivos tanto de anfíbios como de répteis, sendo que uma parte considerável desses animais apresenta um aumento em seus níveis de

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atividades durante períodos chuvosos, especialmente em anfíbios, já que períodos com maior precipitação favorecem as atividades reprodutivas de grande parte das espécies deste grupo, principalmente na região neotropical (CAMPBELL & LAMAR, 2004; POUGH et al. , 2004; VITT & CALDWELL, 2009). Essa característica fica evidente se compararmos os resultados obtidos nas duas campanhas do monitoramento da herpetofauna na Mina do Andrade, com a primeira campanha realizada ao fim do período chuvoso e a segunda campanha realizada no auge do período de seca. Das 17 espécies de anfíbios registradas através da coleta de dados primários, todas foram registradas durante o período chuvoso, enquanto na época da seca, sete dessas espécies não foram encontradas durante a realização da segunda campanha (Tabela 8). No período de seca, também foi verificado que a abundância de cerca de 88% das espécies encontradas foi menor do que no período chuvoso, com apenas duas espécies sendo mais abundantes durante o período de seca, a perereca Ololygon luizotavioi e o sapo Rhinella crucifer . Em relação aos répteis, também pode-se observar resultados mais significativos durante o período chuvoso, pois das nove espécies registradas através dos dados primários, seis foram encontradas somente na época chuvosa, enquanto apenas uma espécie de serpente, a jararaca Bothrops jararaca foi registrada exclusivamente no período de seca (Tabela 9). Em relação à abundância, somente o lagarto Tropidurus torquatus obteve maior número de registros no período de seca. Esses dados demonstram claramente como a sazonalidade é marcante para os grupos que compõem a herpetofauna, exercendo papel determinante na avaliação da composição, abundância e riqueza de uma comunidade herpetofaunística em um determinado local.

4.2.4 - Estado de Conservação

De maneira geral, a maioria dos ambientes amostrados neste estudo apresenta estágio médio a alto de antropização, com lagoas artificiais, riachos impactados por pó de minério e fragmentos florestais com predominância de eucaliptos.

A herpetofauna encontrada na área de estudo, indica uma composição de espécies de maioria generalista, tolerante a certos níveis de impactos ambientais e com amplas distribuições geográficas. No entanto, foi registrada uma espécie de lagarto; o papa-vento Enyalius bilineatus , além de quatro espécies de anfíbios; a rãs Thoropa miliaris e Haddadus binotatus e as pererecas Bokermannohyla circumdata e Ololygon luizotavioi , que habitam preferencialmente áreas florestadas, sendo dependentes destas para sobreviver. Essas espécies, portanto, podem ser consideradas como bioindicadoras da qualidade do ambiente, por estarem associadas principalmente aos ambientes florestais (BORGES et al ., 2013; HADDAD et al ., 2013).

Os anfíbios constituem um modelo apropriado dos pontos de vista ecológico e evolutivo, para estudos de processos de adaptação a diferentes tipos de ambientes e evolução de estratégias e modos de vida que permitiram sua 62

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distribuição geográfica atual. Além disso, esses animais desempenham uma função fundamental no controle de populações de insetos e outros invertebrados, principais itens de sua dieta, sendo essenciais para manutenção de um ecossistemaequilibrado (ETEROVICK & SAZIMA, 2004).

Para os répteis, diversas espécies podem ser utilizadas na avaliação da qualidade ambiental, uma vez que ocupam posição apical em cadeias alimentares e sua sobrevivência depende da integridade das populações de presas (MOURA-LEITE et al ., 1993). Os répteis são de grande importância na cadeia alimentar, atuando como mediadores de energia em cadeias tróficas (POUGH et al ., 2004), como modelos de estudos populacionais (VRCIBRADIC & ROCHA, 1996), em aspectos da saúde pública (NISHIOKA & SILVEIRA, 1994; RIBEIRO et al ., 1995), em estudos evolutivos (GAUTHIER et al ., 1988, 1989) e pela diversidade adaptativa, incluindo a ocupação de microambientes específicos (POUGH et al ., 2004).

Ainda vale destacar a espécie de perereca Ololygon luizotavioi como endêmica de Minas Gerais e as serpentes peçonhentas Crotalus durissus terrificus e Bothrops jararaca , como espécies de interesse médico e econômico, pois além de terem seu veneno utilizado para a produção de soro antiofídico, os compostos de seus venenos despertam o interesse da indústria farmacêutica, que vem realizando diversas pesquisas com venenos de serpentes para a elaboração e produção de fármacos. Pesquisas realizadas com o veneno da cascavel, por exemplo, já resultaram em potentes remédios analgésicos, cicatrizantes e mesmo em tratamentos para pacientes de diferentes tipos de câncer (ver LIMA-VERDE, 1994; SANTOS, 1994; PRADO, 1997; GIRARDI, 2008). E o veneno da jararaca é utilizado para a produção do remédio mais utilizado no mundo para combater a hipertensão arterial, chamado de Captopril (ver PEIXOTO et al. , 2005).

4.3 – Mastofauna

4.3.1 - Composição de espécies

Foram registradas, através da coleta de dados primários, 20 espécies nativas de mamíferos de médio e grande porte na região de estudo do empreendimento Mina do Andrade (Tabela 10). Dentre os táxons documentados, quatro aparecem com imprecisão taxonômica: Cabassous sp, Leopardus sp., Mazama sp., e Dasypus sp. A identificação desses táxons em nível genérico deve-se a possibilidade de ocorrência de mais de uma espécie do gênero para a área e por terem sido registrados de forma indireta (pegadas e toca). Embora Cabassous sp. tenha sido registrado por fotografia a mesma não permitiu uma visualização precisa dos caracteres taxonômicos, a dizer pela disposição e quantidade de escudos cefálicos, que possibilitasse precisar a espécie (CHIARELLO etal., 2015).

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Duas espécies registradassão consideradas domésticas: o cachorro ( Canis lupus familiaris) e o cavalo ( Equus caballus ). Durante a segunda campanha de coleta de dados foram encontrados indícios de uso da área por Equus caballus em praticamente todos os transectos, além do registro fotográficoem dois pontos amostrados por armadilha fotográfica. Ao final deste item é possível visualizar, através de fotografias, alguns dos registros obtidos.

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Tabela 10: Lista de espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas durante as duas campanhas de monitoramento na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Método de Categoria de TAXA NOME COMUM Campanhas Amostragem* ameaça***

AF BA OC IUCN Brasil MG DIDELPHIMORPHIA

Didelphidae Gray, 1821

Didelphis albiventris (Lund, 1840) gambá 2 x

Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) gambá 1, 2 x x

CINGULATA

Dasypodidae

Cabassous sp. tatu-de-rabo-mole 2 x

Dasypus sp. tatu-galinha 1, 2 x

Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) tatu-peba 1,2 x

ARTIODACTYLA

Cervidae

Mazama sp. veado 2 x

PRIMATES

Callithrichidae

Callithrix geoffroyi (Humboldt. 1812) mico-estrela 1,2 x

Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812) sagui 1 x

RODENTIA

Cuniculidae

Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) paca 1, 2 x x x

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Método de Categoria de TAXA NOME COMUM Campanhas Amostragem* ameaça***

AF BA OC IUCN Brasil MG Sciuridae

Guerlinguetus brasiliensis (Gmelin, 1788) caxinguelê 2 x

LAGOMORPHA

Leporidae

Sylvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758) tapeti 1, 2 x x x

CARNIVORA

Canidae

Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) cachorro-do-mato 1, 2 x x

Chysocyon brachyurus (Illiger, 1815) lobo-guará 1,2 x x VU VU

Mephitiidae

Conepatus semistriatus (Boddaert, 1785) jaritataca 1 x

Mustelidae Fischer, 1817

Eira barbara (Linnaeus, 1758) irara, papa-mel 1, 2 x x

Felidae

Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) jaguatirica 1, 2 x x x VU

Leopardus sp. gato-do-mato 2 x x VU

Puma concolor (Linnaeus, 1771) onça-parda, suçuarana 1, 2 x x VU VU

Procyonidae

Nasua nasua (Linnaeus, 1766) quati 2 x

Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798) mão-pelada 1, 2 x x Legenda: Tipo de Registro -AF = Armadilha Fotográfica; BA = Busca Ativa; RO = Registro Ocasional; Categorias de Ameaça: VU = vulnerável. 66

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Foto 81 : Fezes de Chrysocyon brachyurus Foto 82 : Didelphis albiventris registrado durante registrada durante busca ativa noturna no T6. busca ativa noturna no T6.

Foto 83 : Pegada de Nasua nasua registrada Foto 84 : Toca atribuída a Dasypus sp. registrada durante busca ativa diurna no T7. durante busca diurna no T7.

Foto 85 : Pegada de Leopardus pardalis registrada Foto 86 : Pegada de Cuniculus paca registrada ocasionalmente em estrada próxima à bacia de ocasionalmente na área da bacia de sedimentação sedimentação 7. 7.

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Foto 87 : Pegada de Puma concolor registrada Foto 88 : Fezes atribuídas à Leopardus sp. durante busca ativa diurna no T1. registradas durante busca ativa diurna no T7.

Foto 89 : Didelphis aurita registrado durante busca Foto 90 :Sylvilagus brasiliensis registrado durante ativa noturna no T1. busca ativa noturna no T7.

Foto 91 : Pegada de Cerdocyon thous registrada Foto 92 : Pegada atribuída à Mazama sp. durante busca ativa diurna no T6. registrada durante busca ativa diurna no T6.

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Foto 93 : Toca de Euphractus sexcinctus registrada Foto 94 :Guerlinguetus brasiliensis registrado durante busca ativa diurna no T4. durante busca ativa diurna no T5.

Foto 95 :Callithrix geoffroyi registrado durante Foto 96 : Fezes de Sylvilagus brasiliensis busca ativa diurna no T9. registradas durante busca ativa diurna no T2.

Foto 97 : Fezes de Puma concolor registradas Foto 98 : Indivíduos de Didelphis aurita registrados durante busca ativa diurna no T8. pela armadilha fotográfica CT1.

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Foto 99 :Eira barbara registrada pela armadilha Foto 100 :Didelphis aurita registrado pela armadilha fotográfica CT1. fotográfica CT2.

Foto 101 :Sylvilagus brasiliensis registrado pela Foto 102 : Cabassous sp . registrado pela armadilha armadilha fotográfica CT2. fotográfica CT2.

Foto 103 : Leopardus pardalis registrada pela Foto 104 : Procyon cancrivorus registrado pela armadilha fotográfica CT4. armadilha fotográfica CT5.

A Ordem mais representativa foi Carnivora (n=9), seguida por Cingulata com três espécies registradas; Primate, Didelphimorphia e Rodentia com dois representantes cada; e Lagomorpha e Artiodactyla com um representante cada (Figura 20).

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5% 10% Artiodactyla Didelphimorphia Cingulata 45% 15% Primates Rodentia Lagomorpha 10% Carnivora

5% 10%

Figura 20: Representatividade, em porcentagem, das ordens de mamíferos de médio e grande porte registradas durante as duas campanhas de monitoramento na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

A riqueza encontrada foi bastante relevante, com o registro de 20 espécies nativas confirmadas, e pelo menos três espécies dependentes de habitats ou recursos específicos, como é o caso do lobo guará (Chrysocyon brachyurus ) (JUAREZ & MARINHO FILHO, 2002); da jaguatirica ( Leopardus pardalis ) e da onça-parda ( Puma concolor ) (REIS et al., 2011). Além disso, a região abriga duas espécies consideradas endêmicas da Mata Atlântica: o mico-da-cara- branca ( Callithrix geoffroyi ) e o gambá- da- orelha-preta ( Didelphis aurita ) (PAGLIA et al., 2012). Embora a região de estudo apresente uma paisagem em mosaicos com diversas atividades antrópicas, tais com a mineração, eucaliptais e mesmo área urbana, é possível observar corredores de matas ciliares que, certamente, conectam os remanescentes de vegetação do entorno, gerando aumento do habitat disponível e possibilitando a presença das espécies mais sensíveis, como as acima citadas.

4.3.2 - Riqueza e Suficiência Amostral

A riqueza média estimada ( Jackknife de primeira ordem) considerando os registros obtidos pela metodologia de busca ativa foi de 27.5 ± 8,76 espécies de mamíferos de médio e grande porte (intervalo de confiança de 95%), com uma riqueza observada de 18 espécies . Para a metodologia de armadilha fotográfica foram estimadas 11,9 ± 4,09 e observadas 07 espécies. Ambas as metodologias indicam a presença de outras espécies para a região de estudo, o que poderá ser confirmado com a continuidade do monitoramento. A comparação da oscilação da riqueza entre campanhas poderá fornecer uma análise do padrão de comportamento da comunidade em função da presença das atividades minerárias.

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Riqueza Observada Riqueza Estimada

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15

10 Riqueza emRiqueza Espécies 5

0 0 5 10 15 20 25 Unidade Amostral (Horas)

Figura 21: Curva de rarefação mostrando a riqueza de mamíferos de médio e grande porte observada e a estimada ( Jackknife I), com seus respectivos intervalos de confiança a 95%, para o método de busca ativa naMina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Riqueza Observada Riqueza Estimada 18 16 14 12 10 8 6

Riqueza emRiqueza Espécies 4 2 0 0 10 20 30 40 50 60 Unidade Amostral ( Armadilhas/ Dia) Figura 22: Curva de rarefação mostrando a riqueza de mamíferos de médio e grande porte observada e a estimada ( Jackknife I), com seus respectivos intervalos de confiança a 95%, para o método de armadilhas fotográficas na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

4.3.3 - Frequência de Ocorrência

Considerando o somatório de registros para as duas campanhas, tem-se como espécie mais frequenteo Didelphis aurita, com 32% dos registros obtidos, seguidos por Cerdocyon thous , Dasypus sp. e Euphractus sexcinctus com 8 % dos registros cada (Figura 23). A maior frequência de Didelphis aurita remete a

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um quadro de alteração da paisagem, uma vez que a espécie, se comparada às demais, apresenta grande eficiência adaptativa, já que possui hábito generalista e pode estar associada à habitats variados, incluindo estratos distintos de vegetação e ambientes antropizados (PASSAMANI, 1995; REIS et al ., 2011). Além disso, as imediatas espécies mais frequentes apresentam, também, certo grau de tolerância a alterações do ambiente, sendo todas elas onívoras e com ampla distribuição geográfica (MCBEE; BAKER, 1982; EISENBERG; REDFORD, 1999).

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5

0

Figura 23: Frequência de Ocorrência (FO) das espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas durante as duas campanhas de monitoramento na Mina do Andrade, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG.

Se comparadas as frequências entre campanhas, observa-se Didelphisaurita como a espécie mais frequente para as duas campanhas, mas diferentes espécies subsequentes (Figura 24).

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40 FO campanha 2 FO campanha *1 35 30 25 20 15 10 5 0

Figura 24: Frequência de Ocorrência (FO) das espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas na Mina do Andrade durante a primeira e segunda campanha de coleta de dados, Arcelormittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. * Os dados de frequência apresentados na primeira campanha divergem deste relatório por não terem sido considerados os dados de armadilhas fotográficas.

Para a primeira campanha as duas espécies mais frequentes seguintes ao Didelphisaurita foram o tapeti ( Sylvilagus brasiliensis ) e a paca (Cuniculus paca ) . O tapeti é o único representante nativo da ordem Lagomorpha em território brasileiro e ocorre em florestais primárias e secundárias, bem como em fisionomias abertas limitrofes à habitats florestais (CHAPMAN E CEBALLOS, 1990). Os transectos de amostragem foram alocados em estradas pré-existentes, bem como próximos a cursos dá água. É sábido que bordas de fragmentos de vegetação, nativas ou exóticas, apresentam alteração de microclima quando comparado ao seu interior (BRADSHAW, 1992; LAURANCE & PERES, 2006; EWERS et al., 2007), principalmente no que diz respeito à incidência de radiação solar. Esta condição proporciona ambiente ideal para propagação e sobrevivência de plantas herbáceas e arbustivas, (GASCON et al., 1999; RIES et al., 2004) sobretudo na estação chuvosa (primeira campanha), as quais representam abundante recurso para a espécie em questão.

Já a paca ( Cuniculus paca ) possui especificidade de habitat, uma vez que quase sempre está associada a cursos d´água (EMMONS & FEER, 1999), tendo sua sobrevivência associada à manutenção de matas ciliares (REIS et al., 2011), o que vem de encontro à região de amostragem que apresenta corredores de conectividade formados ao longo dos cursos d´água.

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Para a segunda campanha as duas espécies mais frequentes subsequentes ao Didlephis aurita foram o tatú-galinha (Dasypus sp.) e o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous ), ambas espécies generalistas e adaptadas a ambientes alterados (Reis et al., 2011). Como existe a possibilidade de ocorrência de mais de uma espécie de Dasypus para a região, os valores encontrados podem gerar interpretação distinta, já que alguns autores mencionam diferença no uso do habitat entre as duas espécies com ocorrência potencial para a região, onde D. novemcinctus, seria encontrado primariamente em pântanos e florestas no Brasil, e D. septemcinctus , ocupando campos e áreas perturbadas (MCDONOUGH et al., 2000; SILVA, 2006).

Em relação ao cachorro-do-mato, é sabido que a espécie adota uma estratégia oportunista, consumindo os recursos alimentares mais abundantes em cada estação (BISBAL & OJASTI 1980, MOTTA-JUNIOR et al. , 1994). É uma espécie que tolera proximidade ao homem e sistemas antrópicos, se beneficiando, quer seja pela possibilidade em obterem recursos como restos de alimentos humanos, bem como predando animais domésticos(DOTTO et al., 2001).

4.3.4 – Sazonalidade

Ao se avaliar os valores de riqueza de espécies obtidos em cada campanha tem-se um maior sucesso durante e estação seca, com o registro de pelo menos 07 espécies exclusivas a esta campanha. Este resultado por serum simples reflexo do aumento do esforço amostral, bem como ser um indicativo de alterações na disponibilidade de recursos e padrões de deslocamento, influenciada ou não por variáveis sazonais como diferenças de temperatura, umidade e densidade de plantas (RICKLEFS, 2003;MICHALSKI & NORRIS, 2011). No entanto, tendo em vista a realização de apenas duas campanhas de coleta de dados para este monitoramento, e a impossibilidade de análises robustas a este respeito, não serão realizadas inferências conclusivas neste item, considerando os resultados, por ora, qualitativos.

Tabela 11: Espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas em cada campanha de monitoramento na Mina do Andrade, ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas, MG. Espécies Registros Campanha 1 Registros Campanha 2

Cabassous sp. 0 1 Callithrix geoffroyi 2 3 Callithrix penicillata 2 0 Cerdocyon thous 1 5

Chrysocyon brachyurus 1 1 Conepatus semistriatus 1 0 Cuniculus paca 3 1 Dasypus sp. 1 6

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Espécies Registros Campanha 1 Registros Campanha 2

Didelphis albiventris 0 1 Didelphis aurita 5 19 Eira barbara 0 1 Euphractus sexcinctus 2 4 Guerlinguetus ingrami 0 1 Leopardus pardalis 1 1 Leopardus sp. 0 1 Mazama sp. 0 1 Nasua nasua 0 1 Procyon cancrivorus 1 1 Puma concolor 0 2 Silvilagus brasiliensis 3 2 * Em evidencia as espécies registradas exclusivamente em uma campanha de coleta de dados.

4.3.5 - Estado de Conservação

Do total de espécies registradas, três estão ameaçadas de extinção:o lobo guará ( Chrysocyon brachyurus ), a onça parda ( Puma concolor ) e a jaguatirica (Leopardos pardalis ). Ao se analisar a história natural dessas espécies, a dizer pelo tamanho corporal, áreas de vida muito extensas e baixa densidade populacional; bem como a sensibilidade à redução e perda de habitat (EMMONS & FEER, 1990; CHIARELLO, 1999; JUAREZ & MARINHO-FILHO, 2002; MAZOLLI, 2006; DE OLIVEIRA et al ., 2010), além do histórico de perda e fragmentação da Mata Atlântica SOS Mata Atlântica, 2016), não se torna surpreendente suas fragilidades e ameaça à extinção.

Outro aspecto relevante e que implica diretamente na conservação de espécies nativas é a presença de espécies domésticas, tendo sido registrados cães e cavalos. Estudos realizados no Brasil mostram que espécies domésticas e exóticas podem causar diferentes impactos na fauna nativa, já que atuam como predadores, competidores e transmissores de doenças (GALETTI et al., 2006; SBREK-ARAÚJO & CHIARELLO, 2007). Ambas as espécies foram registrados circulando na região de remanescentes de vegetação, bem como foram capturadas nas armadilhas fotográficas.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 – Avifauna

A comunidade de aves registrada para a área do empreendimento da Mina do Andrade se mostrou com grande riqueza e diversidade. Essa avifauna registrada pode ser considerada predominantemente dependente de ambientes florestais, porém com baixa sensibilidade a perturbações antrópica. Isto se deve ao fato de que nas estruturas localizadas próximo de áreas operacionais

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da mina, predominam espécies generalistas e ruderais, as quais apresentam maior plasticidade ambiental, adaptando-se melhor a ambientes impactados. Por toda a área amostrada, encontra-se um alto número de espécies cinegéticas e xerimbabos, o que é refletido na presença de consideráveis populações de Psittacideos e Thraupideos. Do ponto de vista biogeográfico, estas espécies são comuns na região e seu registro era esperado.

Os dados obtidos podem ser considerados satisfatórios, pois representou 93 % das espécies registradas para o primeiro ano de monitoramento.

A paisagem da região é amplamente dominada por extensos plantios de eucalipto entremeados por florestas estacionais semideciduais e matas ciliares. Entretanto, a maioria dos eucaliptais da área de estudo apresenta um sub- bosque nativo em regeneração, sendo que em alguns casos, do ponto de vista da composição da avifauna é impossível discernir tais ambientes das florestas nativas. Dentro desse contexto, pode-se inferir que as florestas de eucalipto da área formam um corredor contínuo que mantém interligadas as matas nativas da região, permitindo o fluxo de indivíduos e a manutenção das populações da avifauna regional, destacando-se a presença de espécies ameaçadas que dependem de florestas preservadas.

5.2 – Herpetofauna

Considerando os dados primários obtidos com a realização de duas campanhas de monitoramento, foram registradas um total de 17 espécies de anfíbios e 14 espécies de répteis no presente estudo, com destaque para a perereca Ololygon luizotavioi , endêmica de Minas Gerais e duas espécies de serpentes peçonhentas; Crotalus durissus terrificus , conhecida popularmente como cascavel e Bothrops jararaca, conhecida popularmente como jararaca, ambas de interesse médico e econômico.

Possivelmente a riqueza da herpetofauna na área de estudo está subestimada, o que pode ser indicado por vários fatores, tais como pelo fato das curvas de acumulação de espécies de anfíbios e répteis não terem estabilizado ao final da segunda campanha, assim como o fato de a primeira campanha ter sido realizada já no final da estação chuvosa, quando algumas espécies de anfíbios de hábitos reprodutivos do tipo "explosivo" já podem ter diminuído ou cessado suas atividades reprodutivas, dificultando o seu encontro. Também deve ser considerada a ausência de métodos de captura como as armadilhas de interceptação e queda, que tendem a aumentar significativamente os resultados de estudos envolvendo a herpetofauna, principalmente em projetos de média a longa duração. Além disso, dados pessoais de um estudo realizado pelo autor no município de João Monlevade, apresentam uma riqueza de anfíbios e répteis bem mais significativa do que a registrada neste estudo (ARCARDIS LOGOS, 2014; A.M. Linares, dados pessoais ). Todos esses fatores indicam que de fato, a riqueza de espécies da herpetofauna na área de

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estudo pode ser mais elevada do que a registrada até o momento, o que deve ser confirmado com a realização das próximas campanhas do monitoramento. Este estudo contribui para o conhecimento a respeito da fauna de anfíbios e répteis da região, com informações sobre a composição, riqueza, abundância e distribuição das espécies que compõem a herpetofauna da área de estudo, podendo desta forma, subsidiar futuras decisões e estratégias envolvendo a utilização da área, o manejo e conservação adequados da herpetofauna local. Portanto é recomendada a continuação do monitoramento da herpetofauna na Mina do Andrade, no intuito de aprofundar o conhecimento sobre a fauna de anfíbios e répteis da região e verificar os efeitos dos impactos gerados pelo empreendimento sobre a comunidade herpetofaunística.

5.3 – Mastofauna Embora a região de inserção do presente estudo seja formada por uma paisagem em mosaico, com fisionomias nativas entremeadas em matrizes antrópicas, como eucalipatais, descampados e áreas urbanas, foi observada uma relevante riqueza de espécies de mamíferos de médio e grande porte. A presença dessas espécies parece estar associada à presença de matas ciliares que se conectam em remanescentes de vegetação, funcionando como corredores permeáveis entre as regiões. O comportamento da comunidade frente aos impactos potenciais provenientes do empreendimento em questão, não pode ser avaliado com a realização de apenas duas campanhas de monitoramento, no entanto, a presença de espécies mais restritivas ao habitat, bem como ameaçadas de extinção, sugerem que as alterações provenientes do empreendimento ainda não se fizeram notar ou não causaram interferências significativa na sobrevivência dos mamíferos de médio e grande porte na região de estudo.

5.4 - Considerações Gerais

A despeito da paisagem heterogênea presente na região de estudo, com a presença de ambientes naturais florestais, aquáticos e campestres, bem como paisagens antropizadas a riqueza observada até o momento para os três grupos estudados é bastante relevante, com presença de endêmicas, ameaçadas e bioindicadoras. O comportamento destes táxons perante o empreendimento operante será corretamente avaliado com a consolidação dos dados provenientes das diversas séries amostrais, permitindo traçar um panorama mais coerente com o uso de análises de parâmetros ecológicos.

Além dos impactos previamente identificados no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), importante destacar dois impactos observados nas áreas de estudo que podem não apresentar relação direta com a operação do empreendimento, mas que ocorrem em sua área de atuação, sendo eles: presença de caçadores dentro das áreas amostradas; comedouros artificiais para fornecimento de alimento à animais silvestres instalados em áreas de propriedade da mineração

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e presença de animais domésticos e exóticos, a dizer por cães, equinos e gatos.

Foram observadas pessoas, aparentemente não autorizadas (não uniformizadas e com vestimentas esportivas e informais), percorrendo as áreas de estudo dentro da propriedade da mineração. Algumas destas pessoas estavam acompanhadas de cães e objetos suspeitos. Alguns comedouros de ferro estavam dispostos nas dependências da mineradora, como guaritas e próximo ao escritório, bem como alguns improvisados em outras áreas da mineradora como a área de abastecimento de água.

Foto 105: Registro de c omedouros artificias Foto: Gustav Specht.

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6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ART’s (Anotação de Responsabilidade Técnica) da Equipe

NOME CRBio / CREA N° ART

Alaine Izabela Alves do CRBio: 2017/02628 Prado 087050/04-D CRBio: 2017/06589 Antônio Meira Linares 049979/04-D 2017/02298 CRBio: 2017/06579 Fabiola Keesen Ferreira 057349/04-D 2017/02667 Gustav Valentin Antunes CRBio: 2017/06578 Specht 044191/04-D 2017/02332 Maria Emilia de Avelar CRBio: 2017/06040 Fernandes 080685/04-D

Mariana Fonseca Mauro CREA: 64987 14201700000003740512

CRBio: Rodrigo Morais Pessoa 2017/02279 062274/04-D

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