Cosmopolítica E Espaço Kaingang No Sul Do Brasil Meridional
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL ““EEuu nnããoo ssoouu ppeeddrraa ppaarraa sseemmpprree”” CCoossmmooppoollííttiiccaa ee EEssppaaççoo KKaaiinnggaanngg nnoo SSuull ddoo BBrraassiill MMeerriiddiioonnaall JJ.. RR.. SSaallddaannhhaa Porto Alegre, outubro de 2009. ““EEuu nnããoo ssoouu ppeeddrraa ppaarraa sseemmpprree”” CCoossmmooppoollííttiiccaa ee EEssppaaççoo KKaaiinnggaanngg nnoo SSuull ddoo BBrraassiill MMeerriiddiioonnaall JJ.. RR.. SSaallddaannhhaa Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como exigência parcial à obtenção do título de Mestre em Antropologia Social. Orientadora: Profª. Drª. Maria Eunice Maciel Comissão Examinadora Profª. Drª. Ceres Victora Universidade Federal do Rio Grande do Sul Prof. Dr. José Otávio Catafesto de Souza Universidade Federal do Rio Grande do Sul Prof. Dr. Rogério Réus Gonçalves da Rosa Universisdade Federal de Pelotas Porto Alegre, outubro de 2009. 2 Ofereço este empenho à todos aqueles que sabem que, não só “outro mundo é possível”, mas “outros mundos” ainda existem. 3 “A diferença entre uma língua e um dialeto é o tamanho do exército.” Um desdobramento da idéia do lingüista Max Weinreich feito por um acadêmico participante de GT sobre a luta pataxó pela Terra Indígena na Bahia, 26° Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) de 2008, Porto Seguro/BA. A idéia foi expressa em resposta às colocações de outra acadêmica, da lingüística, que afirmava uma dita “impossibilidade” dos indígenas pataxós em re-atualizarem sua língua, considerada por muitos não-indígenas “morta” ou extinta. 4 Agradecimentos É pertinente esclarecer aqui que, no idioma kaingang, não existe uma expressão propícia “traduzível”, a menos por parte de meus interlocutores, que contenha um significado similar ao “nosso” “muito obrigado”. Se os kaingang “não agradeciam” um dia, isso me trouxe à tona a questão que talvez não devêssemos “agradecer” aquilo que faz parte “obrigatoriamente” dos traços de polidez entre pessoas que se relacionam. Se você sabe que um outro precisa de algo, e, se você atendeu essa necessidade, talvez você não tenha feito mais do que deveria ter feito. Mas, como estamos aqui falando das e nas “fronteiras”, faz parte de minha “bagagem cultural” até então, “agradecer”, mesmo em um mundo que me parece às vezes muito individualista. Assim, antes de tudo, não apenas “agradeço”, mas “ofereço” esta dissertação: A Gaya mãe, Planeta Terra, “tenda-templo”, e ao Cosmos pelas inspirações proporcionadas aos kaingang e a mim. A todos “indígenas” espalhados pelo mundo e, nessa etapa, em especial aos kaingang interlocutores e amigos, por partilharem comigo seu mundo, seu tempo, sua força, mesmo que agradecimentos ou oferecimentos não sejam muito importante para alguns deles pessoalmente. Aos colegas na “academia” e fora desta, empenho, esforço e busca... Por outros mundos... Aos familiares pela vida, pelo crescer... A todos “agentes” que, inseridos em determinados “pontos sistêmicos”, permitiram o acesso as “bases” do tipo de saber que podemos tentar “revirar” ou “trazer à tona” com a “academia”, manipulando os “recursos” de diversos tipos que foram 5 convertidos nesta pesquisa e dissertação através de meus estudos, orientações possibilitadas pela universidade pública e pelo sistema de bolsas de iniciação científica. Estes agentes, em sua maioria professores e demais servidores públicos tornaram possíveis, vinculados ao sistema de educação e pesquisa, muitas de minhas próprias agências desde minha graduação em Ciências Sociais até a realização deste mestrado. Assim, “agradeço” e “ofereço” este empenho a pessoas que de algum lugar dos cosmos envolvidos, fizeram um “sistema” tão às vezes “contraditório” e ambíguo em sua macrototalidade permitir, mesmo dentro de todos seus “meandros etnocidas”, de “caráter arbitrário”, “regulador” ou “estatizador” que se constituíssem as “tramas sistêmicas” onde um “Estado” e “Governo Federal”, “MEC”, “CNPq”, “CAPES”, “UFRGS”, “IFCH”, “PPGAS”, servissem de “ancoragem” para a elaboração desse empenho e sua pretensa conclusão. 6 Resumo Este empenho dissertativo objetiva apresentar elementos etnográficos e de análise etnológica e antropológica acerca de substâncias cosmopolíticas e de espaço a respeito de interlocutores kaingang no Sul do Brasil Meridional. A partir de uma etnografia de “pontos-fronteiras”, as percepções contemplam também uma reflexão quanto a elementos diacríticos não-indígenas presente na conjuntura das situações de contato entre kaingang e não-kaingang, ou não-indígenas. Esses elementos referem-se, principalmente, às constituições de horizontes imaginativos não-indígenas etnocidas a partir de perspectivas neocoloniais. A partir deste modelo narrativo, buscou-se mapear as espacialidades e territorialidades de uma ambiência kaingang entre elementos de uma guerra relacional e de agências cosmopolíticas no limiar de “mundos kaingang” e “mundos não-kaingang”, ou “não-indígenas”. Palavras-chaves: Cosmopolítica kaingang, territorialidade, conjuntura, neocolonialismo, guerra, etnocídio, horizontes imaginativos. Abstract This dissertation aims to show ethnographic elements as well as ethnological and anthropological analysis about spatial and cosmopolitics substances concerning to kaingang speakers in the South of Southern Brazil (Brasil Meridional). Starting from ethnography of “frontiers-points”, these perceptions also contemplates a reflection as regards of diacritics non-indigenous elements presents in the contact standings situations between kaingangs and non-kaingangs, or non-indigenous. These elements concerns, principally, about the constitutions of ethnocide non-indigenous imaginative horizons since neocolonial perspectives. This narrative model is looking to map the spatialities and territorialities of one environmence kaingangs between elements of one symbolic war and of cosmopolitics agencies in the threshold of “kaingangs worlds” and “non-kaingang worlds”, or “non-indigenous”. Key-words: kaingang cosmopolitics, territorialities, situations, neocolonialism, war, ethnocide, imaginative horizons. 7 Ilustrações Imagem de capa - Peças de cestaria kaingang, acampamento Morro Santana, Passo do Dorneles, Porto Alegre. Fotografia de J. R. Saldanha, Dez/2008. Imagem 01 - Dona Lurdes, uma de suas filhas e três de seus netos á época do II Acampamento Kaingang do Morro do Osso. Fotografia de Rita Rauber, Mai/2004..........................................................................................................................49 Imagem 02 - Dona Lurdes artesanando em 2004 no Morro do Osso. Fotografia de Rita Rauber, Jun/2004.............................................................................................................49 Imagem 03 - Tramas vegetais, tramas sociais. Fotografia de J. R. Saldanha, Jun/2004...........................................................................................................................50 Imagem 04 - Mapa do Território do Cacique Nonoai. Fonte LAROQUE, 2000 (cf. Referências).....................................................................................................................54 Imagem 05 - Seu Chico Rokág aponta para a área ameaçada de destruição pelo loteamento. Imagem obtida com apoio de equipe Navisual/UFRGS a partir de quadro selecionado do filme documentário “Os Kujá vão na frente”, realizado com a “comunidade kaingang Tupeng Pó”, Morro do Osso e equipe NIT/UFRGS, 2005.................................................................................................................................75 Imagem 06 - Placa de demarcação do loteamento em meio à mata (I). Imagem obtida com apoio de equipe Navisual/UFRGS a partir de quadro selecionado do filme documentário “Os Kujá vão na frente”, realizado com a “comunidade kaingang Tupeng Pó”, Morro do Osso e equipe NIT/UFRGS, 2005.................................................................................................................................75 Imagem 07 - Placa de demarcação do loteamento em meio à mata (II). Imagem obtida com apoio de equipe Navisual/UFRGS a partir de quadro selecionado do filme documentário “Os Kujá vão na frente”, realizado com a “comunidade kaingang Tupeng Pó”, Morro do Osso e equipe NIT/UFRGS, 2005.................................................................................................................................76 Imagem 08 - Placa de demarcação do loteamento em meio à mata (III). Imagem obtida com apoio de equipe Navisual/UFRGS a partir de quadro selecionado do filme documentário “Os Kujá vão na frente”, realizado com a “comunidade kaingang Tupeng Pó”, Morro do Osso e equipe NIT/UFRGS, 2005.................................................................................................................................76 Imagem 09 - II Acampamento Kaingang no Morro do Osso durante a noite. Fotografia de J. R. Saldanha, Mai/2004............................................................................................81 Imagem 10 - II Acampamento Kaingang no Morro do Osso durante o dia. Fotografia de Rita Rauber, Jun/2004.....................................................................................................81 Imagem 11 - Aspecto atual da aldeia Kaingang em contraste com a vizinhança. Fotografia de J. R. Saldanha. Abr/2009...........................................................................82 8 Imagem 12 - Aspecto atual