A HISTÓRIA Mesa Diretora Biênio 1999/2000
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DEODORO: SUBSÍDIOS PARA AHISTÓRIA Ernesto Sena c •.M ........ , ..................................... DEODORO: SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA Mesa Diretora Biênio 1999/2000 Senador Antonio Carlos Magalhães Presidente Senador Geraldo Melo Senador Ademir Andrade 1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente Senador Ronaldo Cunha Lima Senador Carlos Patrocínio 1º Secretário 2º Secretário Senador Nabor Júnior Senador Casildo Maldaner 3º Secretário 4º Secretário Suplentes de Secretário Senador Eduardo Suplicy Senador Lúdio Coelho Senador Jonas Pinheiro Senadora Marluce Pinto Conselho Editorial Senador Lúcio Alcântara Joaquim Campelo Marques Presidente Vice-Presidente Conselheiros Carlos Henrique Cardim Carlyle Coutinho Madruga Raimundo Pontes Cunha Neto ...................................... Coleção Biblioteca Básica Brasileira DEODORO: SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA Ernesto Sena Brasília – 1999 BIBLIOTECA BÁSICA BRASILEIRA O Conselho Editorial do Senado Federal, criado pela Mesa Diretora em 31 de janeiro de 1997, buscará editar, sempre, obras de valor histórico e cultural e de importância relevante para a compreensão da história política, econômica e social do Brasil e reflexão sobre os destinos do país. COLEÇÃO BIBLIOTECA BÁSICA BRASILEIRA A Querela do Estatismo, de Antonio Paim Minha Formação, de Joaquim Nabuco A Política Exterior do Império (3 vols.), de Pandiá Calógeras Oito Anos de Parlamento, de Afonso Celso Capítulos de História Colonial, de Capistrano de Abreu Eleição e Representação, de Gilberto Amado O Brasil Social, de Sílvio Romero Os Sertões, de Euclides da Cunha Instituições Políticas Brasileiras, de Oliveira Viana A Cultura Brasileira, de Fernando Azevedo A Organização Nacional, de Alberto Torres Rodrigues Alves (Volumes I e II), de Afonso Arinos Presidencialismo ou Parlamentarismo?, de Afonso Arinos e Raul Pila Rui – O Estadista da República, de João Mangabeira Deodoro: Subsídios para a História, de Ernesto Sena Franqueza da Indústria, de Visconde de Cairu Dicionário Biobibliográfico de Autores Brasileiros, organizado pelo Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro Pensamento e Ação de Rui Barbosa – Fundação Casa de Rui Barbosa (seleção de textos) Projeto Gráfico: Aquilles Milan Neto ã Senado Federal, 1999 Congresso Nacional Praça dos Três Poderes s/nº CEP 70168-970 – Brasília – DF [email protected] http://www.senado.gov.br/web/conselho/conselho.htm ........................................................... Sena, Ernesto. Deodoro : subsídios para a história /Ernesto Sena. – Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 1999. 318 p. : il., retrs. – (Coleção biblioteca básica brasileira) 1. Presidente, biografia, Brasil. 2. Proclamação da República (1899), Brasil. 3. Brasil, história (1889). 4. Fonseca, Deodoro da, 1827-1892, biografia. I. Título. II. Série. ........................................................... ...................................... Sumário APRESENTAÇÃO A República que não era republicana, por José Sarney pág. 7 1. SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA pág. 11 2. CARTAS E DOCUMENTOS pág. 231 ÍNDICE ONOMÁSTICO pág. 309 .................................... Apresentação A REPÚBLICA QUE NÃO ERA REPUBLICANA JOSÉ SARNEY Em novembro de 1889, por um acidente, aconteceu a República. Os clubes republicanos, àquele tempo, estavam mergulhados na frustração por não ter encontrado eco na opinião pública sua pregação para a mudança do regime. As últimas eleições para o Parlamento do Império mostraram o inexpressivo de- sempenho da idéia republicana. Elegeram-se poucos representantes, sem qual- quer peso no Legislativo. O debate da República não figurava na pauta política. No Exército, a situação era diferente. Ele não era republicano, mas alguns oficiais, discípulos de Benjamim Constant, formador, pela cátedra que exercia na Escola Militar, de muitos militares, detinham pequenos nichos republicanos, muito bem colocados, principalmente na guarnição da Corte, e ativos mais pelo ressentimento do Exército contra o tratamento que a Monarquia lhes dispensava do que pelas idéias. A República, para estes, era a libertação do Exército da tutela dos gabinetes, tidos e havidos como inimigos da corporação, à qual perseguiam, discrimina- vam e humilhavam. Os militares julgavam-se dignos do respeito nacional pela sua atua- ção na defesa da unidade nacional, na guerra do Paraguai, na sustentação da ordem. Esse ressentimento e essa revolta tornaram-se mais consistentes depois que eles conheceram o gosto da popularidade com a sua participação na Abolição. Some-se a este estado de espírito a chamada Questão Militar não resolvida, fermentando a elite dos quartéis. Existiam outros problemas menores, nem por isso inconsideráveis, como as queixas de que às Forças Armadas não eram dados títulos de nobreza – que nutriam a vaidade e o prestígio no Império –, a falta de recursos para aparelhar instalações militares, armamentos e algumas persegui- ções aos mais exaltados, como transferências, ausência de postos e punições. Entre os marginalizados, encontrava-se Manuel Deodoro da Fonse- ca. Era herói de guerra, militar totalmente dedicado às suas tarefas profissionais, sem ligações maiores na política, avesso por temperamento a composições, enérgico, exaltado, colérico e gozando de um grande respeito e liderança, sobretudo entre os mais exaltados. Para ele, o Exército era tudo, estava sempre alerta na defesa de suas prerrogativas e na exaltação dos deveres da Pátria para com ele. Por isso revol- tavam-no as notícias de desprestígio e manobras para diminuir sua corporação. Este foi o filão que descobriram os oficiais republicanos para atraí-lo a um golpe militar. Primeiro, lavar a honra da corporação, destituir o Gabinete e, assim, dar um passo curto para chegar à República. Mena Barreto e Sebastião Bandeira, oficiais ligados a Deodoro e com ele solidários nas suas desavenças com Silveira Martins no Rio Grande do Sul, procuram-no em 6 de outubro de 1889, menos de sessenta dias antes do 15 de Novembro, e lhe dão conta de que (!) os praças que o tinham acompanhado na missão de Mato Grosso, fazendo parte do seu piquete, não haviam sido reincluídos no 1º Regimento. Com a sensibilidade de velho soldado, guardião da disciplina e hierar- quia, este assunto menor, mas muito sensível a um chefe e comandante, era o bas- tante para causar-lhe ira, e por aí eles estenderam as denúncias sobre um plano do governo para desprestigiar e retirar força ao Exército. Mena Barreto fantasiou o esquema diabólico: “Aumentar a polícia na Corte, e na Província do Rio, criar guarda cívica, arregimentar a Guarda Nacional, armar todas essas forças à Comblain e dar-lhes instrução que não se pode dar ao Exército.” [...] “E mais, retirar da Corte, com precipitação, grande parte da tropa de linha, sendo de pre- sumir que brevemente seria a guarnição do Exército dispensada de serviço, a pre- texto de precisar de descanso, substituindo-a pela Guarda Nacional..." Deodoro, doente, deitado, com dispnéia, ao ouvir isso, temperamento explosivo e colérico, levantou-se do leito e, possesso, exclamou: “Não. Não permi- tirei isto. Voltará o 31". Estava aberto o caminho para levar o Marechal à República. Nessa li- nha passaram a agir, intrigar e levantar a tropa. De ideal da República, nada, só os cabeças pensavam nisso e foram de grande capacidade e espertos. Deodoro: Subsídios para a História 9 Oficiais vestiam-se à paisana, disfarçados, e espalhavam boatos da prisão de Deodoro, de Benjamim, deportação de regimentos, enfim, uma guerra psicológica para levar grande comoção e criar espírito de corpo. Organizado o golpe, a tropa mar- chou para lavar a honra do Exército. A República não veio logo, pois ninguém acha- va ser esse o objetivo, a não ser os cabeças. Deodoro, ao tomar o Quartel-General, o Ministério reunido, entra na sala, vira-se para o Visconde de Maracaju, Ministro da Guerra, e diz: “Adeus, primo Rufino”. Manda os ministros para casa e deixa o presidente do Conselho, o Visconde de Ouro Preto, preso, e contra ele dirige muitas críticas. A posição de Floriano é dúbia. Ajudante-general, encarregado de proteger o governo, na iminência de um grande confronto armado, com uma bata- lha na qual teria tudo para ganhar, recusa o enfrentamento em nome da unidade do Exército. Deodoro diz que vai falar ao Imperador sobre o novo governo. Ao descer, os oficiais republicanos já estão ali dispostos e de plano feito para tudo. Cobram do chefe a proclamação da República. Ele vacila, não é esse seu desejo. O Major Sólon lhe diz com todas as letras: “Enquanto a República não for pro- clamada, não embainho minha espada”. Deodoro, com eles articulado no movimento, seria o último soldado a derramar o sangue dos seus companheiros, dividindo-os em confronto interno. Melhor sacrificar o Imperador que uma batalha entre amigos. Vai de roldão. Entra na História e ganha aquele quadro, simbólico, montado no tordilho, quei- xo virado, chapéu na mão, dando viva à República. Ele, que escrevera em setem- bro de 1888 a um sobrinho: “Não te metas em questões republicanas, porquanto República no Brasil, é desgraça completa...” À sugestão de convocarem-se Quintino Bocaiúva e outros próceres re- publicanos para as primeiras deliberações, cortou Deodoro: “Paisano não!” Aristides Lobo, não vendo povo, diz que este assistiu “bestializado”, e Saldanha Marinho, pouco tempo depois, afirmou que essa “não era a Repúbli- ca dos seus sonhos”. Deodoro e Floriano desentenderam-se e a este coube, com mão-de-ferro, segurar a República que não nascera República, e até hoje guar- da os males do berço. 10 Apresentação Tudo isso nos