Alea: Estudos Neolatinos ISSN: 1517-106X
[email protected] Universidade Federal do Rio de Janeiro Brasil Vidal, Paloma Memória em desconstrução: da ditadura à pós-ditadura Alea: Estudos Neolatinos, vol. 8, núm. 2, julho-dezembro, 2006, pp. 249-261 Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=33008207 Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Memória em desconstrução: da ditadura à pós-ditadura Paloma Vidal I. Sob ditadura, o poder estatal se torna criminoso e se estende de tal forma, que todas as experiências cotidianas se vêem subi- tamente tomadas pelo medo. Como narrar isso? A maioria dos escritores argentinos se fez essa pergunta nos últimos anos da década de 1970. Como dar conta de uma realidade cindida en- tre o discurso oficial, reproduzido por grande parte da mídia, e uma série de outros relatos subterrâneos que testemunham uma violência tão excessiva que beira a irrealidade? Se os formalistas russos nos ensinaram que a literatura deve tornar estranho o familiar, desautomatizando nossa relação com a realidade, o que fazer quando o familiar se torna tão estranho que custa a dis- tinguir real e irreal? Da confrontação com esse estranhamento radical surge boa parte dos textos escritos nessa época. Rodolfo Enrique Fogwill – ou, simplesmente, Fogwill, como vem assinando seus livros há vários anos – publicou seu primeiro livro, uma coletânea de poemas intitulada El efecto de realidad, em 1979, com quase quarenta anos.