Linces: Olhando Além Do Horizonte Controladores De Operações Aéreas Militares (COAM)
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TESTE fgdgdgdgd t Linces: olhando além do horizonte Controladores de Operações Aéreas Militares (COAM) INSTITUTO HISTÓRICO-CULTURAL DA AERONÁUTICA Rio de Janeiro 2017 FICHA TÉCNICA Linces: olhando além do horizonte Controladores de Operações Aéreas Miliatres (COAM) Edição Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica Editor Maj Brig Ar R/1 José Roberto Scheer Autor 1º Ten QOCon Tec (HIS) Bruna Melo dos Santos Projeto Gráfico Seção de Tecnologia da Informação Capa 3S Tiago de Oliveira e Souza Impressão INGRAFOTO Rio de Janeiro 2017 Apresentação Nos idos dos anos de 1980, quando servíamos no Segundo Esquadrão do Primeiro Gru- po de Transporte de Tropa (2º/1º GTT), participávamos, como tripulantes das aeronaves KC-130H Hércules, dos deslocamentos para a Base Aérea de Anápolis (BAAN), a fim de realizar missões de Reabastecimento em Voo (REVO) com os esquadrões do Primeiro Gru- po de Aviação de Caça (1º GAvCa). Ficávamos duas semanas naquela localidade, realizando voos nos três períodos do dia, já que se ministrava instrução de REVO para os novos pilotos do 1º GAvCa, bem como para os do 2º/1º GTT. Cada vez que regressávamos para pouso (recolhimento) na BAAN, o controlador de voo nos solicitava a possibilidade de realizar o procedimento PAR (Precision Approach Radar), no qual aquele profissional orienta o piloto, utilizando-se das imagens do radar, para o pouso seguro do seu avião, quando em condições meteorológicas muito adversas. Voltávamos cansados, após várias horas de voo ministrando instrução, e querendo pousar logo para desfrutar do descanso e de uma refeição. Mas, o pedido do controlador sempre merecia especial atenção e era atendido. Voávamos por mais algum tempo, mas províamos o seu treinamento naquele tipo de procedimento, e também o nosso. Afinal, tínhamos a plena consciência de que quanto mais proficientes fôssemos, controladores e pilotos, maior a ga- rantia de nos encontrarmos no solo ao fim da missão, tendo chegado sob tempo muito ruim e, por vezes, com baixa autonomia. Isso se repetia durante toda a jornada, ainda que o controlador e a tripulação fossem ou- tros; e também quando chegávamos de outros destinos, muitas vezes, bem fatigados pelas longas horas voadas, que nos separavam da nossa última decolagem. Ainda assim, aquiescíamos e cumpríamos o ritual de posicionar a aeronave num determi- nado ponto do espaço, para receber as instruções do controlador de serviço, a nos encaixar na “rampa e no eixo”, até o toque suave da “borracha” na pista. Esse controlador, cujo código de chamada é “Lince”, sempre foi merecedor de toda a confian- ça dos tripulantes que faziam uso da sua eficiência operacional, como verdadeiro anjo da guarda a nos orientar e conduzir para a pista, transmitindo tranquilidade e confiança no seu trabalho. A ele, dedicamos esta pequena obra, acompanhada do agradecimento daqueles que acom- panham a sua trajetória na história da Defesa Aérea no Brasil, como parte integrante e im- prescindível desse sistema eficaz a proteger a nação. Lince! Com a sua visão além do horizonte, continue a olhar por nós, pilotos da Força Aérea Brasileira. Maj Brig Ar R/1 José Roberto Scheer Subdiretor de Cultura do INCAER Linces: olhando além do horizonte 5 BRANCO vbcbcbcbc Linces: olhando além do horizonte Controladores de Operações Aéreas Militares (COAM) Bruna Melo dos Santos A missão da Força Aérea Brasileira Circulação Operacional Militar (COM)” (FAB) é manter a soberania do espaço aé- (Penteado, 2010, p. 50). Esse código reo e integrar o território nacional, com é vitalício e serve para a identificação vistas à defesa da Pátria. do controlador durante a operação, no A Lei Complementar nº 97/1999 dis- briefing e no debriefing com o piloto, além põe sobre as normas gerais para a organi- de habilitá-lo para o controle das missões zação, o preparo e o emprego das Forças de interceptação e de combate. Armadas, cabendo à FAB o “controle do Pouco se sabe sobre o trabalho desen- espaço aéreo brasileiro, contra todos os volvido pelos Linces para interceptar as tipos de tráfego aéreo ilícitos, com ênfase aeronaves suspeitas que estejam sobre- nos envolvidos no tráfico de drogas, ar- voando o espaço aéreo brasileiro. Esse mas, munições e passageiros ilegais, agin- “pouco se sabe” é, na realidade, funda- do em operação combinada com organis- mental para que as operações tenham êxi- mos de fiscalização competentes”. to, tendo em vista que esse é um serviço As providências para fortalecer a se- sensível, que envolve operações de guer- gurança do espaço aéreo brasileiro vêm ra, comunicação cifrada e todo um apara- sendo tomadas desde a década de 70, to necessário para combater o inimigo. quando se iniciaram os estudos para a im- Sendo assim, respeitando as limitações plantação do Sistema de Defesa Aérea e do tema, por se tratar de um assunto de Controle de Tráfego Aéreo (SISDACTA) segurança nacional, cabe ao presente e, consequentemente, a integração entre opúsculo trazer à luz as experiências nar- três vetores: os aviões, os pilotos e os radas pelos próprios Linces. Buscar-se-á controladores. isso a partir da metodologia de entrevis- Desses três vetores, o presente trabalho ta, cuja contribuição para a história oral coloca em destaque a figura dos Linces – está na possibilidade de conhecer outras código utilizado para os Controladores facetas do entrevistado que esclareçam de Operações Aéreas Militares (COAM), fatos, atitudes e decisões tomadas, que que “conduzem as operações de Defesa não foram contempladas pela história Aeroespacial, bem como o controle da oficial. 5 A IMPL A NT A ÇÃO DO SISDACTA, os estudos já em andamento para a im- A A QUI S IÇÃO DO S MIR A GE S E A plantação do Sistema de Defesa Aérea e C ON S TRUÇÃO D A Bas E AÉRE A DE Controle de Tráfego Aéreo (SISDACTA), era chegada a hora da escolha da aerona- ANÁPOLI S (BAAN) ve. Para tanto, criou-se a Comissão de Es- tudos do Projeto da Aeronave de Inter- Com o objetivo de desenvolver a es- ceptação (CEPAI), que, em 10 de maio de trutura do controle do espaço aéreo da 1970, escolheu a aeronave de caça Mirage FAB, o então Ministro da Aeronáutica, III, desenvolvida pela indústria aeronáu- Ten Brig Ar Márcio de Souza e Mello, tica francesa, para integrar a defesa aérea incumbiu ao Estado-Maior da Aeronáu- brasileira. tica (EMAER), na ocasião chefiado pelo A referida Comissão teve também a Ten Brig Ar Deoclécio Lima de Siqueira, a realização de estudos e pesquisas para missão de analisar o melhor local para a desenvolver um sistema de defesa aérea construção de uma base aérea, a fim de sediar os primeiros supersônicos da FAB. atrelado a um sistema de controle aéreo A escolha por Anápolis (GO), vizinha de (Moreira, 2004, p. 35-40). Brasília, seguiu as recomendações estraté- O resultado dos estudos realizados gicas de defesa nacional de que “sempre pelo EMAER apontou que as propostas que possível, uma unidade de defesa aé- técnico-operacionais apresentadas pela rea deve ser colocada um pouco afasta- empresa francesa Thomson-CSF aten- da do alvo ou sistema de alvos que ela se diam melhor as necessidades do supraci- propõe a defender”. (Jornal do Brasil, 28 tado sistema (Penteado, 2010, p. 34). Com mar 1971). O caça F-103 Mirage, em 1973, na BAAN Fonte: http://anapolisnarede.com.br/a-base-aerea-de-anapolis/ 6 Linces: olhando além do horizonte Assim, por meio do Decreto nº 67.203, operação, estabelecendo, assim, o marco de 15 de setembro de 1970, criou-se a Co- inaugural do Primeiro Centro Integrado missão de Construção da Base Aérea de de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Anápolis (CCBASAN), pois era preciso Aéreo (CINDACTA I). caminhar a largos passos para que tudo ficasse pronto, respeitando o cronograma de entrega dos Mirage. Mais que a entrada em operação de mais um órgão da Aeronáutica, era a Os Mirage formaram, em Anápolis, concretização de um desejo, de um uma unidade denominada Primeira Ala sonho, de um objetivo nacional. Era de Defesa Aérea (1ª ALADA), criada por mesmo o grande divisor de águas bra- Decreto Reservado de 18 de janeiro de sileiro. O projeto da implantação deste 1972, cuja missão específica era realizar Sistema Integrado era inédito e, por- operações de defesa aérea. A nova Unida- tanto, não havia um modelo na qual se de, que foi a primeira de Interceptação na espelhar. Tudo foi concebido e gerado América do Sul, tornou-se um braço ar- por brasileiros altamente competentes mado do SISDACTA e ficou responsável e visionários (DECEA, 2011, p. 68). por “prover a defesa da recém-transferida Capital Federal do Rio de Janeiro para Brasília” (Penteado, 2010, p. 34). Em face do exposto, por meio da Porta- Nesse ínterim de estudo, análise e ria nº 464/GM3, de 17 de abril de 1980, o aprovação do projeto, para a implanta- CINDACTA I alcançou autonomia admi- ção do Sistema, a Força Aérea empossava nistrativa. Porém, antes disso, objetivando um novo ministro, o Ten Brig Ar Joelmir a defesa aeroespacial, foi criado, por meio Campos de Araripe Macedo, que, em 14 do Decreto Reservado nº 9, de 18 de março de novembro de 1973, por meio do De- de 1980, o Comando de Defesa Aeroespa- creto nº 73.160, criou o Centro Integrado cial Brasileira (COMDABRA), uma Orga- de Defesa Aérea e Controle de Tráfego nização Militar com dupla função: Órgão Aéreo (CINDACTA) “destinado à vigi- Central do Sistema de Defesa Aeroespacial lância e ao controle da circulação aérea Brasileiro (SISDABRA) e Comando Ope- geral, bem como a condução das aero- racional, que veio a substituir o Comando naves que têm por missão a manutenção Aéreo de Defesa Aérea (COMDA) e es- da integridade e da soberania no espaço tava subordinado diretamente ao Coman- aéreo brasileiro”.