O Democrata Nasceu Para Representar Governador Valadares

Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 7 O Democrata nasceu para representar Governador Valadares

dia 13 de fevereiro é o dia mais importante para os democratenses. A data representa o início de uma O trajetória vitoriosa, que já dura 87 anos. O Democrata foi o terceiro time do distrito de Figueira, que deu origem a Governador Valadares. A história do futebol em Figueira merece ser recontada. Os primeiros times de futebol do lugarejo jogavam de branco e vermelho. São essas as referências históricas: um time branco e outro vermelho. Depois surgiu o rubro-negro, o Flamengo Football Club. De uma dissidência do Flamengo, nasceu o Ibituruna Football Club, em 1931. Esse clube teve vida curta. Em 1932, o A história da fundação do Democrata é levava grande público aos campos de do Democrata: a tão sonhada emancipação Ibituruna foi jogar no distrito curiosa. Um descampado existente ali Figueira. Dona Inhazinha Rocha, a mais havia chegado. Figueira virou cidade. de Cachoeirinha (hoje onde hoje está a Estação Rodoviária, em fiel e aguerrida torcedora, estava lá, em O primeiro time do Democrata, cuja Tumiritinga) e foi goleado 1932, era um campo de futebol de terra e todos os jogos. Ela e sua sombrinha. Falou foto está no Museu da Cidade, é um retrato por 5 x 0 pelo Palestra Itália. grama, onde o maquinista Agenor Virgílio mal do Democrata, a sombrinha cantava da sociedade de Figueira. Era formado por Na volta, de trem, o time se de Oliveira treinava um time de garotos. no lombo de quem “cornetasse”. intelectuais, funcionários públicos, pro- Cornélio Mendes, torcedor do Ibituruna, O Democrata, desde os seus primeiros fessor, comerciantes e autônomos. Escala- desfez. Isso aconteceu no dia que estava bem chateado com a goleada anos, teve a vocação de defender e repre- ção do time da foto: Antônio Alcântara 9 de fevereiro de 1932. Dias sofrida em Cachoeirinha, procurou Agenor sentar Figueira. Em 1935, grande parte (diretor), Adhemar, Didinho, Dona Aidê depois, em 13 de fevereiro do e sugeriu que fosse criado um novo clube dos atletas e diretores do Democrata inte- Bumachar, Raymundo Simões, Cid Pitan- mesmo ano, os dissidentes em Figueira. Proposta feita, proposta acei- grava o Partido Emancipador de Figueira. ga, Ulisses Amado, Milton Amado (dire- do Ibituruna fundaram o ta. Nasceu o Democrata. A luta de todos era pela emancipação do tor). Laudelino, Hércules, César Simões, Sport Club Democrata. A A partir daí, os domingos de futebol distrito, que pertencia a Peçanha. Em 31 Melanton, Chaim Salomão e Pedro Pinto. O grafia era essa, híbrida, ficaram ainda mais quentes. O Democrata de dezembro de 1937, a primeira vitória mascotinho é Wilson Soares. Foto de 1932. inglês-português. DIÁRIO DO RIO DOCE Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 8 O hino que emociona a torcida

hino do Esporte Clube Letra e música / Housemberg Pettersen Democrata é uma composição de Hou- Esporte Clube Democrata És o orgulho do Vale do Rio Doce Porque unidos a vitória há de vir Osemberg Pettersen, o És uma equipe de grande tradição Esporte Clube Democrata Rosinha, músico e composi- Pantera de sangue alvinegro A tua camisa é a imagem do poder O teu nome exprime liberdade tor de Governador Valadares. A sua força faz tremer qualquer leão O teu passado reflete no presente És a esperança de tantos corações Foi composto em 1981, gra- O futuro que haveremos de vencer Alvinegros que te amam de verdade vado em um compacto sim- Democrata, sinônimo de luta Se acaso a derrota acontecer Democrata é o grito de um povo ples (vinil), que tem de um Força, coragem e esplendor Uma união cujo lema é vencer lado o Hino do Democrata e Pantera, teu lema é a vitória Não vai ser nada, iremos prosseguir Vamos, Pantera, nada temos a temer do outro uma marchinha que Seus dias são de glória, de raça e amor O que importa é a nossa união Nós somos brasileiros, Democrata até morrer homenageia Governador Vala- dares. O hino foi regravado em 2007, pela banda de pop-rock Instinto Coletivo, com uma interpretação diferente da O escudo do Democrata tem três estrelas e o primeira e típica do rock and significado de cada uma delas é desconhecido por roll. Agora, em 2019, o can- muitos. A primeira estrela representa o primeiro tor Christyan Lima, cuja linha título do Democrata como time de futebol musical também é voltada ao profissional: Campeão da Taça Minas Gerais. A pop-rock, o regravou. Na pri- conquista aconteceu em 28/11/1981, no meira amostra da gravação, Mamudão, quando a Pantera venceu o Uberlândia percebe-se a maneira enérgi- por 2 x 1. O técnico era Yustrich. No jogo que ca do rock and roll na inter- decidiu o título da Taça Minas Gerais, o Democrata pretação. E duas novidades: começou perdendo, mas, no “vira-vira”, o o grito de guerra da Torcida centroavante cabeludo Antônio Carlos marcou dois Organizada Pantera Cor-de- golaços e entrou para a história. O time campeão Raça e a chamada feita por jogou com Serginho, Fausto, Fred, Darci Menezes e Darci Menezes, logo na intro- Ferreira. Naves (Nino), Dirceu (Jairo), Antônio dução. Carlos. Batistote, Ziquita e Faísca. Christyan Lima disse que A outra estrela sobre o escudo representa o se emocionou ao gravar o hino título de Campeão Mineiro de Juniores, do Democrata. “Primeiro por- conquistado em 2005. A Panterinha jogou 20 jogos, que a letra do Rosinha é um conquistou 12 vitórias, empatou 4 jogos e perdeu primor, letra e melodia. É uma 4. O time se manteve invicto nos jogos realizados poesia forte, que fala de raça no Estádio José Mammoud Abbas e conquistou e união. Segundo porque eu pontos importantes jogando fora de casa. era criança quando meu pai Em 2005, o Democrata se sagrou Campeão me levou ao Mamudão, e quan- Mineiro do Módulo II. Esta conquista corresponde à do eu senti a arquibancada terceira estrela. Nesse título, o Democrata venceu o tremendo e o povão pulando, Rio Branco de Andradas por 2 x 1, no Estádio José cantando e gritando, não deu Mammoud Abbas. O jogo valeu uma vaga para a outra: decidi que o Democra- disputa do Campeonato Mineiro da primeira divisão ta seria o meu time”, disse. A em 2006. O Democrata jogou com Cláudio Santos, nova gravação estará dispo- Edson, Geovani, Fabrício Soares, Araújo, Wendel, nível para os torcedores, em Geraldo (Julio César), André, Alvinho (Fabrício breve, nas redes sociais do Lima), Biro Gomes e Edmundo. Técnico: José Maria clube. Pena. Gols: Giovani, aos 36 minutos, e Edmundo, aos 10 minutos da etapa final. Rincão, aos 45,

As três estrelas no escudo descontou para o Rio Branco. DIÁRIO DO RIO DOCE DIÁRIO DO RIO DOCE Governador Valadares, quarta-feira, Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 13 de fevereiro de 2019 8 9 O hino que emociona a torcida Mamudão é o grande patrimônio do Democrata O Estádio José Mammoud Abbas, o Mamudão, é o grande patri- mônio do Democrata. A história dos campos (estádios) começou em 1932. O primeiro campo de futebol do Democrata foi em uma faixa de terra próximo ao prédio da atual Estação Rodoviária, em hino do Esporte Clube Letra e música / Housemberg Pettersen 1932. Na medida em que o distrito de Figueira crescia, os espaços Democrata é uma urbanos eram tomados por construções. E com a emancipação de composição de Hou- Esporte Clube Democrata És o orgulho do Vale do Rio Doce Porque unidos a vitória há de vir Figueira e o surgimento de Governador Valadares, o velho campo semberg Pettersen, o És uma equipe de grande tradição Esporte Clube Democrata foi ocupado. O Democrata teve de se mudar para um campo onde O hoje está a Estação Ferroviária. Lá, o clube fez grandes jogos, como Rosinha, músico e composi- Pantera de sangue alvinegro A tua camisa é a imagem do poder O teu nome exprime liberdade tor de Governador Valadares. o amistoso que parou a cidade, em 1942, contra o América Mineiro. A sua força faz tremer qualquer leão O teu passado reflete no presente És a esperança de tantos corações Mas a cidade crescia de forma espantosa, e a Estação Ferroviá- Foi composto em 1981, gra- O futuro que haveremos de vencer Alvinegros que te amam de verdade vado em um compacto sim- ria, que se localizava onde hoje é o Fórum, tinha de ter um lugar Democrata, sinônimo de luta Se acaso a derrota acontecer Democrata é o grito de um povo melhor, ou seja, estar junto aos trilhos da Estrada de Ferro Vitória ples (vinil), que tem de um Força, coragem e esplendor Uma união cujo lema é vencer a Minas, que foram retirados da área central da cidade. Mais uma FOTO: Divulgação lado o Hino do Democrata e Pantera, teu lema é a vitória Não vai ser nada, iremos prosseguir Vamos, Pantera, nada temos a temer vez o Democrata teve de ceder o seu campo em benefício do pro- do outro uma marchinha que Seus dias são de glória, de raça e amor O que importa é a nossa união Nós somos brasileiros, Democrata até morrer gresso da cidade, desta vez para a Cia. Vale do Rio Doce, que usou homenageia Governador Vala- o terreno para construir a atual Estação. dares. Em 19 de fevereiro de 1949, o prefeito Dilermando Rodrigues de A foto tirada em 1932 mostra a área onde foi o primeiro campo do Democrata, próximo de onde é a atual Estação Rodoviária O hino foi regravado em Melo assinou este decreto: “Artigo 1º - Fica o prefeito municipal 2007, pela banda de pop-rock autorizado a fazer doação ao Esporte Clube Democrata, associação Instinto Coletivo, com uma esportiva desta cidade, para instalação de sua praça de esportes, fizemos umas sapatas grandes, com muito ferro e concreto”, lem- ILUMINAÇÃO interpretação diferente da O escudo do Democrata tem três estrelas e o um terreno constituído pelos quarteirões 59 e 147 da planta primiti- bra. Parceirinho conta que o trabalho era duro, tudo supervisionado primeira e típica do rock and significado de cada uma delas é desconhecido por va da cidade, com área de 22 mil metros quadrados, parcialmente pelo “Seo Zé Abbas”, que era o presidente do Democrata à época. As obras de iluminação do Estádio Magalhães Pinto (Mamu- roll. Agora, em 2019, o can- muitos. A primeira estrela representa o primeiro circundado por muro e conhecido pela denominação Cemitério Feitas as fundações em 1962, no decorrer do ano de 1963 dão) foram inauguradas no dia 16/11/1976 com dois jogos. tor Christyan Lima, cuja linha título do Democrata como time de futebol Novo, abrangendo 47 lotes e mais 4 que resultaram do fechamento foram construídas as estruturas de concreto armado para as arqui- Na preliminar, o Tabajara, de Galileia venceu o Democrata por da rua 394”. Esse terreno é onde hoje está o Mamudão, que naquela bancadas e o setor de cadeiras da rua Osvaldo Cruz. Como aconte- 1 x 0. No jogo principal, debaixo de muita chuva, Cruzeiro de musical também é voltada ao profissional: Campeão da Taça Minas Gerais. A época era chamado informalmente de “Estádio dos Eucaliptos”. ce em todas as obras em que o construtor não tem dinheiro para Belo Horizonte e América do Rio empataram em 0 x 0. pop-rock, o regravou. Na pri- conquista aconteceu em 28/11/1981, no As obras de construção do estádio foram iniciadas em 1962. dar um andamento satisfatório ao ritmo de construção, a diretoria A iluminação do estádio resolveu um problema antigo do meira amostra da gravação, Mamudão, quando a Pantera venceu o Uberlândia Quem lembra de tudo como se fosse hoje é Dionízio Gonçalves da do Democrata enfrentou sérias dificuldades para concluir o lance Democrata, que não podia mandar os jogos no seu campo caso a percebe-se a maneira enérgi- por 2 x 1. O técnico era Yustrich. No jogo que Silva, 82 anos, conhecido por todos no Mamudão como “Parceiri- de arquibancadas. Inaugurado, o estádio recebeu o nome de José FMF os marcasse para o horário noturno. Em 1969, quando parti- ca do rock and roll na inter- decidiu o título da Taça Minas Gerais, o Democrata nho”, porque ele trata a todos como “parceiros”. “Sabe, parceiro, de Magalhães Pinto, na época governador de Minas. Somente na cipou da divisão extra do Campeonato Mineiro de Profissionais, o pretação. E duas novidades: começou perdendo, mas, no “vira-vira”, o nós começamos a construir isso aqui em 1962. Furamos dois palmos década de 1980 passou a se chamar José Mammoud Abbas, em Democrata teve de fazer os jogos noturnos no Estádio Armando o grito de guerra da Torcida centroavante cabeludo Antônio Carlos marcou dois e deu na areia, um areião vermelho. Aí furamos mais dez palmos e homenagem ao presidente que o construiu. Vieira, do C.A. Pastoril. Organizada Pantera Cor-de- golaços e entrou para a história. O time campeão Raça e a chamada feita por jogou com Serginho, Fausto, Fred, Darci Menezes e Darci Menezes, logo na intro- Ferreira. Naves (Nino), Dirceu (Jairo), Antônio dução. Carlos. Batistote, Ziquita e Faísca. Christyan Lima disse que A outra estrela sobre o escudo representa o se emocionou ao gravar o hino título de Campeão Mineiro de Juniores, do Democrata. “Primeiro por- conquistado em 2005. A Panterinha jogou 20 jogos, que a letra do Rosinha é um conquistou 12 vitórias, empatou 4 jogos e perdeu primor, letra e melodia. É uma 4. O time se manteve invicto nos jogos realizados poesia forte, que fala de raça no Estádio José Mammoud Abbas e conquistou e união. Segundo porque eu pontos importantes jogando fora de casa. era criança quando meu pai Em 2005, o Democrata se sagrou Campeão me levou ao Mamudão, e quan- Mineiro do Módulo II. Esta conquista corresponde à do eu senti a arquibancada terceira estrela. Nesse título, o Democrata venceu o tremendo e o povão pulando, Rio Branco de Andradas por 2 x 1, no Estádio José cantando e gritando, não deu Mammoud Abbas. O jogo valeu uma vaga para a outra: decidi que o Democra- disputa do Campeonato Mineiro da primeira divisão ta seria o meu time”, disse. A em 2006. O Democrata jogou com Cláudio Santos, nova gravação estará dispo- Edson, Geovani, Fabrício Soares, Araújo, Wendel, nível para os torcedores, em Geraldo (Julio César), André, Alvinho (Fabrício breve, nas redes sociais do Lima), Biro Gomes e Edmundo. Técnico: José Maria clube. Pena. Gols: Giovani, aos 36 minutos, e Edmundo, aos 10 minutos da etapa final. Rincão, aos 45,

As três estrelas no escudo descontou para o Rio Branco. DIÁRIO DO RIO DOCE Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 10 Histórias que a bola não conta HISTÓRIA PROFISSIONAL DO ESPORTE CLUBE DEMOCRATA: DE 1964 A 1991

por HADSON SANTIAGO ao contrário, recebeu uma ótima notícia. A FMF Caratinga. No final do mesmo ano, a FMF organi- e Jairo, dentre outros. A competição terminou em convidou Democrata, Vila do Carmo, Tupi e Sete de zou o Torneio Santos Dumont, disputa que conta- 11/03/1979 e, menos de um mês depois, em Fundado em 13/02/1932, nas primeiras três Setembro para disputarem a Primeira Divisão, va com equipes profissionais e amadoras. O Demo- 07/04/1979, iniciava-se a disputa do Campeonato décadas de sua história o Esporte Clube Democrata organizando um campeonato com 16 equipes. crata realizou uma boa campanha e chegou às Mineiro da Primeira Divisão. A Pantera perdeu Wil- conquistou o respeito e a admiração de todo o Vale A boa equipe montada pelo Democrata para semifinais, sendo eliminado pelo Vigilante Esporte dimark, vendido ao Cruzeiro, mas manteve a base do Rio Doce. Grandes craques, vitórias, títulos e debutar na Primeira Divisão, em 1969, é lembrada Clube, de João Monlevade. O campeão do torneio, da equipe que disputou a Segundona. O goleiro diversas rivalidades saudáveis foram forjados ao por muitos como uma das melhores da história que se encerrou já em 1974, foi o tradicional Ube- Buiana, exímio pegador de pênaltis, permaneceu longo desse período. Destaque, ainda, para o alvinegra. E realmente o time era experiente e raba Sport Club. titular da equipe, mas a Pantera não conseguiu maior clássico da cidade de Governador Valadares: muito bem armado. Conseguiu bons resultados ao Em 1975 veio um convite da FMF para que o repetir a boa campanha da competição anterior. Esporte Clube Democrata x Clube Atlético Pastoril. longo da competição, inclusive contra times da Democrata reativasse seu departamento de futebol Terminou o campeonato em 14º lugar, à frente Durante as décadas de 1950 e 1960, os torcedores capital, como, por exemplo, uma vitória sobre o profissional e participasse da segunda edição da somente de Ateneu e Araguari. Mas, se serve de da terra de José de Serra Lima ficaram divididos América e um empate contra o Atlético. Mas o Taça Minas Gerais, competição que também abriria consolo, o Nacional de Uberaba, Campeão da entre o alvinegro da Pantera e o verde do Leão da amadorismo e a desorganização de alguns dirigen- portas para o Campeonato Mineiro da Primeira Segunda Divisão, também não realizou uma boa Baixada. O futebol fervilhava por estas bandas. tes, algo que perseguiu a Pantera por muitos anos, Divisão. O Democrata montou uma grande equipe campanha e amargou a 13ª posição. O torcedor democratense precisava, queria e levou o clube a perder pontos preciosos no tribu- e teve como destaques individuais o goleiro Juve- De 1979 a 1987, o Democrata disputou conse- merecia algo mais grandioso. Num projeto auda- nal por escalação de jogadores com documentação nal e o goleador Ziquita. E o fantasma da desorga- cutivamente o Campeonato Mineiro da Primeira cioso comandado por José Mammoud Abbas, pre- irregular. O árduo trabalho em campo era perdido nização voltou a assombrar. O Democrata vencia Divisão, além de disputar esporadicamente outras sidente do clube, e que movimentou vários seg- no tapetão. Uma das formações do time de 1969 categoricamente seus adversários em campo e per- competições oficiais. Em 1981, um título de expres- mentos da cidade, no final de 1963 foi erguida a era: Tonho (Jota), Mário Brito, Juci, Elci e Itamar; dia os pontos nos tribunais devido a irregularida- são: comandado pelo técnico Iustrich, e contando casa do Democrata, o Estádio Magalhães Pinto, com Darci Menezes, Paulinho Batistote e Jairo, o cancha localizada na rua Oswaldo Cruz. Possuía Democrata sagrou-se Campeão da Taça Minas dois setores de arquibancadas de cimento e, entre Gerais, numa final inesquecível contra o Uberlân- eles, um setor de cadeiras numeradas. Com um dia. Em 1982 (venceu o Atlético no Mineirão) e em estádio à altura, o próximo passo seria a profissio- 1984 (goleou o Cruzeiro por 3x0), o Democrata nalização do time de futebol. montou duas grandes equipes e fez belas campa- Em 1964, o Democrata já estava totalmente nhas. 1987 foi ano de tristeza: rebaixamento à regularizado na Federação Mineira de Futebol Segundona. (FMF) e pronto para disputar sua primeira compe- Em 1988, a Pantera foi novamente vice-cam- tição oficial profissional. Havia dificuldades finan- peã da Segunda Divisão e retornou à elite do fute- ceiras para manter a equipe, mas com fé e confian- bol mineiro. Já em 1989, no meio da disputa do ça a Pantera partiu para jogar a Segunda Divisão Campeonato Mineiro, uma covardia sem preceden- do Campeonato Mineiro. Em 1964, a competição tes, arquitetada por FMF, Pouso Alegre e América, contava com 28 equipes, divididas em três chaves. retirou o Democrata da competição. O tapetão O Democrata ficou no grupo da Zona Metalúrgica e calava a alegria do torcedor democratense. teve como adversários o Clube Ferro Brasileiro Fora das competições profissionais desde (Caeté), o Independente Esporte Clube (Vespasia- então, e após inúmeras ações judiciais e apelos de no), o Metalusina Sport Club (Barão de Cocais), o autoridades ligadas ao futebol, o Democrata retor- Santa Cruz Futebol Clube (Santa Luzia), o Sete de nou ao Campeonato Mineiro em 1991, ocupando o Setembro Futebol Clube (Belo Horizonte), o Vale- seu lugar na elite do futebol mineiro e de onde foi riodoce Esporte Clube (Itabira) e o Vera Cruz Fute- maquiavelicamente retirado. E a volta foi triunfal. bol Clube (Betim). O Democrata estreou goleando Comandado por José Maria Pena e tendo o atacan- a equipe do Metalusina por 5x1. A Pantera fez uma te Gilmar Estevam como goleador máximo da com- boa campanha, mas não suficiente para o acesso. petição, com 14 gols, o Democrata sagrou-se Vice- Democrata na Taça Minas Gerais de 1975. Juvenal, Osmar, Altair, Luizinho, Helinho e Tiziu; O Valeriodoce foi o vencedor da Zona Metalúrgica. João Carlos, Vanderlei, Wellington, Ziquita, Neguinha e Haroldo (massagista) Campeão Mineiro de 1991, ficando atrás apenas do No triangular final, a equipe de Itabira superou o Atlético. E com direito a partidas magistrais, como Paraense, campeão da Zona Centro, e o Araguari, a goleada sobre o América (3x0) e a vitória sobre o campeão da Zona Triângulo. Valeriodoce foi Cam- Alemão (Luizinho) e Pinduca; Antoninho (Alexan- des nas documentações dos atletas. Lamentável e Cruzeiro, então supercampeão das Américas, por peão Mineiro da Segunda Divisão de 1964. dre), Válter Cardoso, Marco Antônio e Crispim. O decepcionante. Algo que não ficou bem esclareci- 2x1. Um time humilde, montado às pressas e que Foi um ganho de experiência e um grande técnico era Henrique Frade. Tonho, Antoninho e do até hoje. O time-base de 1975 atuava com Juve- demonstrou garra e respeito à camisa. E ainda aprendizado para o Democrata. Subir para a Pri- Marco Antônio vieram do Cruzeiro. A dupla de nal, Helinho, Altair, Maninho e Tiziu; Luizinho, contou com o apoio maciço da sua fiel torcida. meira Divisão e se manter nela não era fácil. Até zaga - Juci e Elci - veio da Desportiva Ferroviária João Carlos (Wellington) e Vanderlei; Zeca (Eduar- Glória máxima da Pantera! hoje é assim. Isso ficou comprovado nos campeo- (ES). Um senhor time que poderia ter ido mais do), Ziquita e Neguinha (Hudson). A região era O Democrata, com a conquista de 1991, tor- natos seguintes, de 1965, 1966, 1967 e 1968. longe na competição. um celeiro de grandes jogadores que abastecia o nou-se, após a inauguração do Mineirão, em 1965, Mesmo com muito esforço da equipe e apoio da Em 1970 e 1971, o Democrata disputou a fase time profissional da Pantera. Juvenal e Neguinha o primeiro time do interior a ficar entre os dois torcida, o acesso não estava sendo fácil. E não preliminar do Campeonato Mineiro, sem a presen- jogavam no Esporte Clube Carlos Chagas, o Borro- melhores do Campeonato Mineiro, honra essa, até veio. ça dos clubes de Belo Horizonte, e em ambas as ló; Altair veio do Esporte Clube Caratinga; Helinho então, sentida apenas pelos times da capital. E, ao O Campeonato Mineiro da Segunda Divisão de competições não logrou êxito em passar para a e Tiziu eram crias do valadarense Esporte Clube disputar a Copa do Brasil de 1992, entrou para a 1968 foi especial para a cidade de Governador fase final. Rio Doce, Campeão Citadino de 1973. Bons tempos história como o terceiro time de Minas Gerais e o Valadares, pois duas equipes disputaram a compe- Com dificuldades financeiras, o Democrata aqueles. primeiro do interior a disputar tão importante tição: Democrata e Pastoril. O Leão da Baixada, desativou seu departamento de futebol profissio- Após a Taça Mina Gerais, o Democrata disputou competição nacional. Naquela época só havia duas mesmo sem a força de outrora, também se profis- nal a partir de 1972. Vale ressaltar que, mesmo o Campeonato Mineiro, sem muito sucesso. Em vagas para o Estado, e as mesmas foram preenchi- sionalizou e seguiu os passos do arquirrival. Os durante as disputas do Campeonato Mineiro da 1976, a Pantera voltou a disputar a Taça Minas das somente por Cruzeiro e Atlético desde o início times valadarenses não conseguiram o acesso em Primeira e Segunda Divisões (1964 a 1971), a Pan- Gerais, competição que também valia como a pri- da disputa da Copa do Brasil, em 1989. campo, mas fizeram dois jogos muito acirrados. A tera mantinha um time amador em atividade. A meira fase do Campeonato Mineiro. Com um desem- Muitos outros títulos e alegrias vieram após Pantera venceu ambos. O Vila do Carmo, de Barba- equipe disputava amistosos e competições organi- penho pouco satisfatório, a equipe não conseguiu 1991. Tristezas e decepções também. Há muita cena, foi o campeão. Ganhou, mas não levou o zadas pela Liga de Futebol Amador de Governador classificação para a segunda fase do Campeonato história para ser contada ainda. O futebol é assim. acesso. O esdrúxulo regulamento previa um rebolo Valadares (LFAGV). O clube investia em jovens Mineiro (Taça Governador do Estado) e disputou o A vida é assim. A bola gira, e com ela ganhamos e (play-off) entre o campeão da Segundona e o últi- valores da cidade e região, servindo de celeiro Torneio Paralelo como prêmio de consolação. O perdemos. O que não se pode questionar é o res- mo colocado da Primeira Divisão (Independente para o time profissional. A César o que é de César, time amador da Pantera fazia bonito, mais uma peito conquistado pelo Democrata ao longo dos de Uberaba). Após três empates consecutivos, o e esse mérito de não se esquecer do time amador vez, e conquistou o Torneio Regional da Integra- anos. Uma tradição que orgulhou e orgulha figuei- time do Independente venceu o quarto jogo e deve ser creditado à diretoria do clube. ção numa final acirrada contra o Nacional de Res- renses e valadarenses de várias gerações. garantiu a permanência na Primeirona. Longe do profissionalismo, o Democrata dispu- plendor (MG). Em 1969, o Pastoril desistiu de disputar a tava o Campeonato Amador da Cidade e o Torneio 1977 foi o ano de voltar à dureza da Segunda Parabéns ao Esporte Clube Democrata, glória Segunda Divisão. Depois de algum tempo sem o Regional da Integração, ambas as competições Divisão. Sem sucesso. Em 1978 veio o primeiro maior do desporto de Governador Valadares! apoio da empresa madeireira que bancava a equi- organizadas pela LFAGV. Em 1973, o Democrata acesso ao campo: Democrata Vice-Campeão da pe, o Leão da Baixada encerrava sua aventura de (*) Hadson Santiago Farias é democratense desde o dia em que nas- conquistou o Torneio Regional da Integração, Segunda Divisão, num time em que brilhavam ceu e contador de causos. uma temporada no futebol profissional. A Pantera, numa final memorável contra o Esporte Clube Buiana, Wildimark, Bigorna, Mateus, Tô, Naldinho DIÁRIO DO RIO DOCE Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 11 O dia de glória da Panterinha

por TIM FILHO Os dois se abraçaram e comemoraram. abraçaram e detonaram uma algazarra. “É cam- Os mais ansiosos pela chegada do time pare- peão! É campeão! É campeão!” Os gritos se mis- Era o dia 1º de dezembro de 2003. Por volta ciam ser os jogadores reservas, que não viajaram turaram às lágrimas. Os torcedores se aproxima- de 8h30, vários torcedores estavam no pátio do com a delegação. Andavam de um lado para o ram do ônibus. Rolou a festa. Posto Recreio (hoje, um grande supermercado), outro. Mas o nervosismo também tomava conta A chegada do caminhão do Corpo de Bombei- na avenida JK, no bairro Santa Rita. Chegaram de todos os que esperavam pela chegada do ôni- ros e dos policiais militares em suas motocicletas cedo e hastearam bandeiras alvinegras nas entra- bus roendo as unhas. “Que horas são? Vai demo- “fez cair a ficha” de muitos jogadores. Inacredi- das do posto, junto às árvores. Três carros de som rar? Esse ônibus está onde?” Essas eram as per- tável! O time da Panterinha ia desfilar pelas prin- estavam estacionados, com outros carros e moto- guntas feitas a cada minuto. cipais ruas de Governador Valadares em cima de cicletas. O carro de reportagem da TV Leste tam- De repente, um dos jogadores reservas, que um caminhão dos Bombeiros, com sirene ligada, bém estava no local, com o cinegrafista Augusto saiu de um grupinho e foi dar uma “espiada” na com motocicletas da PM abrindo caminho, com Lima e o repórter Aguiar Júnior. Todos espera- direção da rodovia, acenou para os companhei- trio elétrico tocando o hino do clube, com fogos vam a delegação do Esporte Clube Democrata, ros e gritou: “Chega aí, chega aí”. Era a senha e bandeiras. “A gente não esperava por isso. A que no domingo, 30/11/2003, havia se sagrado que anunciava a chegada do ônibus. Com uma gente achava que ia chegar com uma ‘moralzinha’ Campeão Mineiro de Juniores, em Patos de Minas. faixa instalada na frente, sobre os faróis acesos, em Valadares, mas não imaginava que a festa A Panterinha, mesmo perdendo por 2 x 1 para a o ônibus vencia 12 longas horas da viagem entre fosse desse jeito”, disse o lateral esquerdo Enes. URT, conquistou o título, por ter a melhor cam- Patos de Minas e Governador Valadares. A luz Os garotos da Panterinha estavam ensandecidos. panha entre todos os times que participaram da vazava o tecido da faixa e parecia acender o Subiram no caminhão fazendo mais barulho que A Panterinha, Campeã Mineira de competição. O Cruzeiro, único time que poderia letreiro que dizia: “Esporte Clube Democrata. a sirene. Não paravam de gritar. Juniores, teve direito a desfile pelas alcançar o time de Valadares, havia perdido para Campeão Mineiro de Juniores-2003”. Ao lado da Os carros saíram do pátio do posto sob um ruas da cidade no carro do Corpo de o Atlético Mineiro por 2 x 1, na Vila Olímpica, em frase, o escudo do clube e o nome da cidade: foguetório ensurdecedor, rumo à glória. Desce- Bombeiros. A festa tomou conta dos jogadores, diretoria e dos torcedores partida realizada no domingo, no mesmo horário Governador Valadares/MG. ram a avenida JK, passaram pela Israel Pinheiro valadarenses em que jogaram Democrata e URT. O ônibus demorou uma eternidade para sair e fizeram o povo sair das lojas para aplaudir os Os torcedores festejavam, sem esconder a da BR e entrar no pátio do posto. Quem o dirigia campeões. Depois desceram a Minas Gerais, ansiedade. Aos poucos foram chegando o presi- era José Pereira dos Santos, que desde 1991 foi o passaram pelo Mergulhão, foram até a Praça da dente do Democrata, Luiz Bento Macedo, o Mar- motorista que rodou grande parte do estado Waldinelly, contornaram e voltaram para o Cen- reco, e o diretor de futebol, Edvaldo Soares. Che- levando o Democrata para os jogos. O ônibus tro, seguindo para a rua Osvaldo Cruz, que gou também o delegado regional de polícia, parou. Um silêncio inexplicável tomou conta do estava lotada de torcedores. Foi uma loucura! Astrogildo Valério, democratense doente. Edval- local. Mas quando os jogadores desceram a festa Que dia louco foi esse! O dia de glória da Pante- do foi ao seu encontro e disse: “Ganhamos essa”. começou, entre titulares e reservas. Todos se rinha. Governador Valadares, quarta-feira, DIÁRIO DO RIO DOCE 13 de fevereiro de 2019 DIÁRIO DO RIO DOCE 13 Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 12 Vasco, Flamengo e Democrata, mais o Pantera presidente da FIFA, inauguraram as metálicas de sangue alvinegro Em 1981, o Estádio José Mammoud Abbas aumentou a sua capacidade de público para aproximadamente 15 mil pessoas. As obras aconteceram antes A arquibancada metálica das normas de segurança do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, que foi inaugurada com a presença ilustre do limitaram o público, anos mais tarde, em cerca de 8.600 pessoas. presidente da FIFA, João Havellange, e as Na ampliação, o Democrata construiu as arquibancadas metálicas e as equipes de Flamengo e Vasco. Essa pompa não foi à toa, porque até hoje o espaço é o arquibancadas de concreto atrás do gol da rua Afonso Pena. Na inauguração, preferido dos torcedores, principalmente o Democrata recebeu um visitante ilustre, o presidente da FIFA, João Havel- das torcidas organizadas lange. Também vieram os times do Vasco e do Flamengo, que disputaram a Taça João Havellange, em um torneio triangular com o Democrata. No primeiro jogo, em 10/05/1981, Democrata e Flamengo empataram em 2 x 2. Chiquinho abriu o placar para o Flamengo aos 5 minutos do primeiro tempo. Claudinho empatou aos 13. No segundo tempo, Ziquita desempatou aos 22 minutos, mas Tita empatou novamente aos 31. No segundo jogo, em 13/05/1981, o Democrata perdeu para o Vasco por 3 x 2. Jairo abriu o placar para o Democrata aos 16 minutos do primeiro tempo. Guina empatou aos 33. No segundo tempo, Marquinhos fez 2 x 1 para o Vasco, aos 9 minutos. Aos 12, Jairo empatou, mas Silvinho, aos 15, fez o gol da vitória do Vasco. O Vasco foi o Campeão do Torneio João Havellange e a taça foi levada para a sala de troféus de São Januário. Na partida final, o Vasco venceu o Flamengo por 1 x 0. Nesse torneio, Roberto Dinamite e Zico, as duas maiores estrelas de Vasco e Flamengo, não vieram porque estavam servindo à Seleção Brasileira. O lateral esquerdo Júnior também estava convocado pela Seleção e não veio. FOTO: Divulgação Mesmo assim, a inauguração das metálicas e das arquibancadas de concreto atrás do gol da rua Afonso Pena foi muito prestigiada pelos torcedores, que viram belos jogos, com os melhores jogadores brasileiros da década de 1980.

jornalista Marcondes Tedesco, um Mas o animal que simboliza o carioca que adotou Governador Vala- Democrata não é este, é uma varia- O dares como sua cidade, foi quem ção deste, de pelagem toda preta. De teve a ideia inteligente de escolher a perto dá pra ver as mesmas pintas pantera como animal símbolo do pretas (um pouco mais brilhante) da Esporte Clube Democrata. Até então, Tek Tek na temida Kuparak Rym, o o Democrata vivia uma crise de iden- nome indígena da fera que simboliza tidade quando o assunto era o mas- o Esporte Clube Democrata. É o maior cote. O clube era chamado pelos cro- felino da América do Sul. Sua carac- nistas esportivos de Governador terística principal é demarcar o seu Valadares de Jacaré ou Esquadrão território com urina de cheiro muito Carijó. forte. Nesse território, tanto a Tek A justificativa apresentada por Tek quanto a Rym é valente, luta e Tedesco para a escolha de uma pan- mata. Mata para ter comida, mata tera como mascote do Democrata é para sobreviver. “É um felino guer- de uma coerência singular. A pante- reiro, vencedor”, disse Tedesco, em ra não entrou na história por acaso. 1995, justificando a escolha. Há muitos e muitos anos, quando o Quem fez o primeiro desenho da Vale do Rio Doce era coberto por uma mascote do Democrata foi o artista densa floresta, que guardava uma plástico Epaminondas Bassi, que fauna exuberante, um animal se des- usou tinta nanquim e a técnica “bico tacava: a onça pintada. Eram milha- de pena”. À época, ele tinha o seu res de exemplares vivendo na mata e ateliê na rua Caio Martins, na área bebendo água no rio. O nome cientí- central da cidade. Epaminondas Soa- fico da onça pintada é Yauaretê Pan- res dos Reis é mineiro de Governador thera Onca. A coerência da escolha Valadares. Além dos trabalhos de começa aí. A onça pintada que habi- arte, geralmente pinturas e escultu- tava a extensa faixa de terra onde se ras surrealistas, ele trabalha como localiza atualmente o município de pintor letrista, fazendo faixas e car- Governador Valadares era um animal tazes. Mas como bom democratense, cultuado pelos legítimos donos des- o trabalho que ele mais teve satisfa- tas terras, os índios Krenak (também ção e orgulho de fazer foi o desenho chamados de Botocudos e citados da Pantera. “Quando vi as pessoas nos livros de história como ferozes e na rua usando as camisas com o meu sanguinários). Os Krenak chamavam desenho, nossa, foi uma satisfação (e ainda chamam) a onça pintada de incrível! Eu senti muito orgulho Kuparak Tek Tek. daquilo”, disse. Governador Valadares, quarta-feira, DIÁRIO DO RIO DOCE 13 de fevereiro de 2019 DIÁRIO DO RIO DOCE 13 Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 12 Vasco, Flamengo e Democrata, mais o Pantera presidente da FIFA, inauguraram as metálicas de sangue alvinegro Em 1981, o Estádio José Mammoud Abbas aumentou a sua capacidade de público para aproximadamente 15 mil pessoas. As obras aconteceram antes A arquibancada metálica das normas de segurança do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, que foi inaugurada com a presença ilustre do limitaram o público, anos mais tarde, em cerca de 8.600 pessoas. presidente da FIFA, João Havellange, e as Na ampliação, o Democrata construiu as arquibancadas metálicas e as equipes de Flamengo e Vasco. Essa pompa não foi à toa, porque até hoje o espaço é o arquibancadas de concreto atrás do gol da rua Afonso Pena. Na inauguração, preferido dos torcedores, principalmente o Democrata recebeu um visitante ilustre, o presidente da FIFA, João Havel- das torcidas organizadas lange. Também vieram os times do Vasco e do Flamengo, que disputaram a Taça João Havellange, em um torneio triangular com o Democrata. No primeiro jogo, em 10/05/1981, Democrata e Flamengo empataram em 2 x 2. Chiquinho abriu o placar para o Flamengo aos 5 minutos do primeiro tempo. Claudinho empatou aos 13. No segundo tempo, Ziquita desempatou aos 22 minutos, mas Tita empatou novamente aos 31. No segundo jogo, em 13/05/1981, o Democrata perdeu para o Vasco por 3 x 2. Jairo abriu o placar para o Democrata aos 16 minutos do primeiro tempo. Guina empatou aos 33. No segundo tempo, Marquinhos fez 2 x 1 para o Vasco, aos 9 minutos. Aos 12, Jairo empatou, mas Silvinho, aos 15, fez o gol da vitória do Vasco. O Vasco foi o Campeão do Torneio João Havellange e a taça foi levada para a sala de troféus de São Januário. Na partida final, o Vasco venceu o Flamengo por 1 x 0. Nesse torneio, Roberto Dinamite e Zico, as duas maiores estrelas de Vasco e Flamengo, não vieram porque estavam servindo à Seleção Brasileira. O lateral esquerdo Júnior também estava convocado pela Seleção e não veio. FOTO: Divulgação Mesmo assim, a inauguração das metálicas e das arquibancadas de concreto atrás do gol da rua Afonso Pena foi muito prestigiada pelos torcedores, que viram belos jogos, com os melhores jogadores brasileiros da década de 1980.

FOTO: Divulgação Um gigante nos anos 60

Olé, alcunha que o Democrata ganhou no iní- formalizar o ingresso na liga profissional da Após perder o primeiro jogo amistoso por 2 a cio dos anos 60, por golear os adversários e Federação Mineira em 1964 - mostrava a sua 1, a equipe venceu o segundo duelo por 3 a 1, ainda humilhá-los com o tradicional olé nos força diante de clubes do interior que já dis- no dia 1º de março, com gols de Jorge, Chico e minutos finais. Outros nomes importantes do putavam a elite do Campeonato Mineiro. Alecir. Mais de meio século depois, essa ainda elenco eram Hélio Melo, Paulista e Clóvis Bateu o xará Democrata-SL por 3 a 1 em 7 de é a maior vitória democratense sobre o Galo Moreira – irmão de Rui e Jorge. junho de 62 e aplicou 5 a 2 no Valério no dia em toda a história. Egresso do Pastoril assim como o veterano 30 do mesmo mês, com gols de Chico (2), No dia 21 de junho, o desafio foi contra Carioca, o goleiro Jota era conhecido como Tuca (2) e Carioca. uma máquina carioca, o Fluminense de Casti- Cavalheiro Negro. Bons de briga e marcadores Em 1963, o Time do Olé viveria uma fase lho, Procópio, Oldair, Evaldo, Joaquinzinho & implacáveis, os irmãos Moreira tinham a fama de altos e baixos, com constantes mudanças Cia., time que viria a ser campeão estadual de Irmãos Jararaca e não perdiam a viagem - de treinadores, pelo fato de a gestão do naquele ano. Foi um jogo parelho, mas deu na bola ou na porrada. presidente José Mammoud Abbas ter focado Flu, com vitória por 2 a 0. No meio de campo, Vicente se destacava mais na construção e venda de cadeiras Dois anos depois, outro grande clube do pela versatilidade. Já na linha ofensiva, só cativas do estádio que viria a ter o nome Rio de Janeiro chegaria completo a Valadares MARCELO MACHADO SILVA, jornalista e escritor feras! José Leonídio, o Zé Cocô, era um ponta dele na década seguinte. Ainda assim, a para enfrentar o Democrata, mas não sairia da arisco e catimbeiro. Tuca tinha porte de cen- equipe seguia batendo os fregueses da cida- cidade com boas lembranças. No dia 31 de Em 1961, quando a “Santa” começou a troavante clássico. Ótimo jogador, assim de, da região e até times forasteiros, como julho de 1966, com o zagueiro selecionável ser construída e a energia elétrica chegou ao como Hélio Melo. Para completar, Chico Duro, o Campo Grande (RJ). Brito e o craque uruguaio Danilo Menezes, o topo da Ibituruna, os valadarenses mais o craque, chamado de Pelé do Vale do Rio Já em 1964, o Time do Olé passaria por Vasco sucumbiu na rua Osvaldo Cruz com um abastados passavam a ter em casa um revolu- Doce pela mídia valadarense e da região. uma leve repaginação, com algumas caras 2 a 1 para o time da casa. cionário aparelho eletrônico chamado televi- No início da temporada de 1962, equipes novas, entre elas o meia Carlos Antônio, irmão Assim era o Democrata nos anos 60. Uma são. Naquele momento, todavia, o maior da região e de outras plagas eram presas fáceis do cantor Zé “Milho aos Pombos” Geraldo, e equipe que não se intimidava com os grandes espetáculo de entretenimento na cidade não para o Democrata. O Campos (RJ), clube da Alecir, um atacante veloz. O ano começou e que era impiedosa com os rivais da região. se via na telinha nem mesmo nas telonas. terra natal dos craques Amarildo e Didi, caiu animado, com um sapeca de 5 a 0 sobre um Muitos desses registros você pode conferir no Desenhava-se a olhos vistos, bem ali, na rua por 4 a 1 em 24 de fevereiro. Duas semanas selecionado do Vale do Aço, gols de Chico (4) livro “Chico Duro, o craque”, que escrevi. Ele Osvaldo Cruz. depois, o América, de Téofilo Otoni, teve e Carlos Antônio. conta a trajetória do meu pai e traz um pouco Jota, Gerval, Rui, Coelho e Jorge; Adelson menos sorte e levou 7 a 2, também com direi- Nos dois testes contra o todo poderoso da história do futebol valadarense. e Vicente; José Leonídio, Tuca, Chico e Cario- to ao famoso olé. Clube Atlético Mineiro em Valadares, pode- ca. Essa era uma das formações do Time do Ainda amador, o Democrata - que viria a mos dizer que o Democrata saiu por cima. SAUDAÇÕES DEMOCRATENSES! DIÁRIO DO RIO DOCE Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 15 DemocrataDemocrata quebrouquebrou aa hegemoniahegemonia dede AtléticoAtlético ee CruzeiroCruzeiro emem 19911991 Entre 1965 e 1990, quando o fute- com o técnico Pedro Omar, que trouxe lembrando que as “tias” Tina (cozi- bol mineiro vivia a “Era do Mineirão”, a alguns jogadores, como o zagueiro nheira) e Ninha (esposa do Parceiri- hegemonia nas conquistas de títulos Parreira e o próprio Gilmar, que veio do nho) tratavam os jogadores como se era alternada entre Cruzeiro e Atlético. Santo Antônio, de Teófilo Otoni. O fossem filhos: “Nossa, somos todos O América Mineiro, campeão de 1971, Democrata fez um bom Campeonato gratos a elas, que foram verdadeiras quebrou essa hegemonia. Mas o pri- Mineiro, classificou-se para o Octogo- mães pra todos nós, dando conselhos, meiro clube do interior a desbancar nal Final, mas foi tirado da competição orientando, tudo com muito carinho”. Cruzeiro e América Mineiro e a decidir pelo América Mineiro, por meio de um Gilmar foi o goleador do Campeona- o título contra o Atlético foi o Demo- recurso no TJD da FMF. Fora da compe- to Mineiro de 1991, com 14 gols, dois a crata, em 1991. Até então, a última vez tição em 1990, o presidente Almyr Var- mais que Edu Lima, do Atlético Minei- que um time do interior conseguiu gas trouxe para Governador Valadares ro. As boas atuações no Democrata essa façanha foi em 1964, quando o o técnico Barbatana, descobridor de levaram Gilmar ao São Paulo, de Telê Siderúrgica, de Sabará, foi o Campeão talentos no Atlético Mineiro. O Demo- Santana, em 1992. E ele participou de Mineiro. O América Mineiro foi vice. crata de Barbatana fez vários amisto- algumas partidas da fase de grupos na Mas o que determinou o sucesso do sos na região e a equipe foi ganhando conquista do título pelo Tricolor. No Democrata? Gilmar Estevam, o camisa experiência. Almanaque do São Paulo, dos pesqui- 9 da Pantera em 1991, tem a resposta: Na volta à disputa do Campeonato sadores Raul Snell Jr. e José Renato S. “Foi a amizade que havia entre os joga- Mineiro, o técnico José Maria Pena Santiago Jr., é possível encontrar a dores. Amizade e união. A gente joga- montou a equipe com a garotada da informação de que ele disputou oito va pra ganhar, com respeito à camisa base. “Eram garotos muito bons: Síl- partidas, alcançando quatro vitórias e do clube e principalmente com a nossa vio, Baiano, Valmir, Coqui, Borges, quatro derrotas, mas sem balançar a torcida. Era uma alegria imensa entrar Marcelo Alves, João Batista, Chiqui- rede. Depois, Gilmar voltou ao Demo- em campo, para treinar e jogar, porque nho, que deram conta do recado. E crata, disputou a primeira Copa do Bra- o torcedor sempre estava lá, apoian- ainda contamos com um técnico que sil da qual a Pantera participou e foi do”, disse. sabia o que fazer, que tinha pulso forte, para Portugal, onde fez carreira, defen- O atacante Gilmar Estevam era o dono da camisa 9 do Democrata naquele timaço de 1991, que tinha na amizade entre os jogadores a Gilmar Estevam lembra que a for- que puxava a orelha dos rebeldes (risos) dendo clubes como Chaves, Vitória de fórmula de seu sucesso mação da equipe começou em 1989, e foi um vencedor”, comenta Gilmar, Guimarães e Boavista. DIÁRIO DO RIO DOCE Governador Valadares, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019 16

Democrata na Copa do Brasil Expediente edição especial 87 O Democrata já participou da Copa do Bra- deu por 1 x 0 e se classificou para a fase sil três vezes. A primeira vez foi em 1992. seguinte, pegando o Vitória (BA), em um dos anos do Esporte Clube Democrata Conquistou a vaga depois de se sagrar vice- melhores jogos de sua história. Venceu os campeão mineiro em 1991, sendo o primeiro baianos por 3 x 2 no Mamudão. Na partida de Diretores do Sistema Leste de Comunicação: clube do interior de Minas Gerais a disputar a volta, no Barradão, o Vitória venceu por 2 x 0 Getúlio Miranda e Rodrigo Gualberto Copa do Brasil. Nas três primeiras edições e eliminou o Democrata. (1989, 1990 e 1991), Atlético e Cruzeiro foram Em 2008, o Democrata disputou a Copa do Editor-chefe: Raimundo Santana os representantes mineiros. Assim, em 1991, Brasil pela terceira vez. Fez dois jogos contra Textos: Alpiniano Silva Filho - Tim o Democrata largou na frente do América o Bragantino. No primeiro, no Mamudão, ven- Colaboradores: Marcelo Andrade e Hadson Santiago Mineiro e fez história. ceu por 3 x 2. No jogo de volta, em Bragança Fotos: Arquivo Democrata, Museu da Cidade, Tim Na sua primeira participação, a Pantera Paulista, perdeu por 2 x 1. Gerente Depto. Comercial: Sheila Bicalho de Farias jogou contra o Paraná Clube e empatou em 1 a Entre todas as recordações da Copa do Corretores: Elzi Morais, Carlos Augusto, Bruno Argolo, Thales Xavier e Geraldo Gomes (Geraldinho) 1, em Valadares (28/07/1992), mas perdeu Brasil, existe uma curiosa: um pedaço da Chefe do setor de design gráfico: Sebastião Evilásio (substituto) por 2 a 1 em Curitiba (18/08/1992). grama do Estádio Serra Dourada está plan- Designers: Leonízio Azevedo e Edson Firmino O Democrata disputou a Copa do Brasil tado em um vasilhame, no Mamudão. Quem Revisora: Dalete Gama pela segunda vez em 1995. Na fase prelimi- trouxe a grama foi o massoterapeuta Getú- Chefe do setor gráfico: Márcio Gomes Correia nar, o time venceu o Goiás por 2 x 0 no Mamu- lio Anacleto, que trabalhou no jogo entre Impressão: Marcelino de Oliveira e Elias Peres dão. No jogo de volta, no Serra Dourada, per- Goiás e Democrata. Distribuição: Fausto Carvalho

Sonhando com a volta à elite

O Democrata, como clube importante que é nos cenários estadual e nacional, está temporariamente no Módulo II do Campeonato Mineiro, mas sonha em retornar à elite do futebol mineiro em 2020. A disputa do Módulo II é difícil, afinal, todos os adversários querem subir e isso torna a competição um desafio. “Mas vamos subir, com certeza”, diz o confiante técnico Cipriano Alexandre Valentim, experiente, com muitos trabalhos internacionais e com algo a mais que a torcida democratense valoriza: ele é valadarense. Embora tenha saído de Governador Valadares ainda criança, Cipriano tem consigo o orgulho de ser valadarense, e acredita que foi presenteado pelo destino ao ser convidado para dirigir o Democrata, time de sua cidade natal. Ele mantém uma confiança incomum no retorno da Pantera à elite do futebol mineiro. É verdade que não foi com vitória a estreia no Campeonato Minei- ro, no último sábado, contra o Athletic, em São João del-Rey. A der- O time do Democrata fez a estreia no Módulo II do Campeonato Mineiro 2019 rota por 2 x 1 para o time da casa não foi a fotografia de um jogo bem no último domingo, 10, contra o Athletic, da cidade de São João del-Rey disputado, com amplo domínio do Democrata na primeira etapa. Entretanto, o resultado não abateu a equipe e muito menos diminuiu a excelente convivência entre eles e o respeito pela instituição desistiu da competição na semana passada. “Sem a verba da TV, que o otimismo de Cipriano, que agora vai preparar os jogadores para o Democrata são os diferenciais”. apenas os clubes do Módulo I recebem, manter uma equipe disputan- “derby” regional, contra o Ipatinga, dia 18, às 20h, no Mamudão. Edvaldo Filho diz que no próximo jogo, contra o Ipatinga, o do o Módulo II é muito difícil. Ainda bem que tivemos o apoio de Cipriano confia muito nos seus jogadores e não gosta de destacá- Democrata vai dar a sua arrancada rumo ao Módulo I, e não estará várias empresas de Governador Valadares, e somos muito gratos a los individualmente. Para ele, o futebol é um esporte coletivo e a sozinho: vai com a sua torcida. “O torcedor do Democrata joga todos os empresário que estão investindo no Democrata”, comenta. equipe forte se baseia em um conjunto de atletas comprometidos. junto, vai junto com o time, e na próxima partida vai lotar a Para atender às normas de segurança exigidas pela Federação “Esse comprometimento existe aqui no Democrata”, afirma. Mamudão”, diz, confiante. Mineira de Futebol e autoridades como Corpo de Bombeiros, Polícia Quem faz questão de reforçar essas palavras do técnico é o vice- Militar, Ministério Público e Vigilância Sanitária, o Democrata teve presidente, Edvaldo Soares Filho, que vê os jogadores como um BASTIDORES ainda mais gastos. “São gastos necessários à segurança de todos os grupo de vencedores. Para ele, a união entre os atletas do elenco Fora de campo, o trabalho é árduo. Disputar o Campeonato Minei- nossos torcedores, funcionários e atletas, e para cumpri-los tivemos 2019 é a principal razão de sua confiança. “Esse elenco é comprome- ro do Módulo II não é tarefa das mais fáceis para os clubes, no que de fazer um investimento extra. Mas cumprimos, e o Mamudão está tido, os atletas se empenham muitos nos jogos e nos treinamentos, e diz respeito às finanças. Tanto que o Tricordiano, de Três Corações, apto a receber os jogos”, concluiu.