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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CURSO: LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

ADIGELSON EVANGELISTA DA SILVA

O TURISMO EM MATINHAS - PB: uma análise dos impactos ambientais na Cachoeira do Pinga

CAMPINA GRANDE – PB 2012 2

ADIGELSON EVANGELISTA DA SILVA

O TURISMO EM MATINHAS - PB: uma análise dos impactos ambientais na Cachoeira do Pinga

CAMPINA GRANDE – PB 2012 3

ADIGELSON EVANGELISTA DA SILVA

O TURISMO EM MATINHAS - PB: uma análise dos impactos ambientais na Cachoeira do Pinga

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura Plena em Geografia da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB, como requisito para obtenção do Título de Licenciado em Geografia.

Orientador : Profº. Ms. Ozéas Jordão.

CAMPINA GRANDE – PB 2012 4

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL – UEPB

S586t Silva, Adigelson Evangelista da. O Turismo em Matinhas – PB [manuscrito] : uma análise dos impactos ambientais na Cachoeira do Pinga / Adigelson Evangelista da Silva . – 2012.

82 f. : il. color.

Digitado. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Educação, 2012.

“Orientação: Profº Me. Ozéas Jordão, Departamento de Geografia”.

1. Impactos Ambientais – Matinhas-PB. 2. Desenvolvimento

Turístico. 3. Sustentabilidade. I. Título.

21. ed. CDD 577.5

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a meus familiares, professores e amigos que ao longo de minha vida incentivaram ao meu desenvolvimento pessoal e intelectual. 7

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por minha vida, família e por minha capacidade de acreditar e lutar pelos meus ideais. Aos meus pais e demais familiares, pelo amor, confiança e por estarem sempre ao meu lado. A toda turma 2009.1, por momentos inesquecíveis durante a realização destes 4 (quatro) anos de Curso. A todos os meus amigos (destaque para Wendenberg, Paulo Sérgio, Francisco, José Alberto, Raimundo, Rui, David e Alexsandro), pelo incentivo e as múltiplas ajuda na realização deste trabalho. Aos funcionários e amigos (em especial Mª da Glória e Joacy) da E.E.E.F. de Camará, por toda compreensão e auxílio. Ao professor Ozéas Jordão, pela orientação, apoio e amizade. Enfim, a todos que direta ou indiretamente fazem parte deste momento tão especial em minha vida.

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“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas , o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”. Madre Teresa de Calcutá. 9

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido no município de Matinhas-PB, precisamente na Cachoeira do Pinga, com o propósito de analisar o papel da atividade turística no processo de impacto ambiental. A partir dessa apreciação, procurou-se justamente, evidenciar os efeitos negativos da inadequada infraestrutura e seus possíveis impactos, caracterizar os tipos de degradação presentes na Cachoeira, além de sugerir alternativas para um turismo mais responsável. Destarte, como referencial metodológico as literaturas existentes, além da aplicação de questionários e entrevistas com indivíduos e entidades responsáveis pelo desenvolvimento turístico do local, com a finalidade de realizar uma análise quali-quantitativa da área de estudo. Os resultados obtidos mostraram a necessidade de auxiliar a comunidade a partir de estudos e projetos para a conservação e/ou exploração de maneira harmônica entre o turismo e o meio ambiente. Tornando-se necessárias medidas voltadas à sustentabilidade, os quais permitam prevenir os possíveis impactos, recuperar e/ou minimizar os danos já existentes.

Palavras-chave: Degradação ambiental. Desenvolvimento turístico. Sustentabilidade.

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ABSTRACT

This study was conducted in the municipality of Matinhas-PB, precisely in Waterfall Pinga, with the purpose of analyzing the role of tourism in the process of environmental impact. From this assessment, we sought to precisely show the negative effects of inadequate infrastructure and its potential impacts, characterize the types of degradation present in the waterfall, and suggest alternatives to a more responsible tourism. Thus, as methodological existing literatures, besides the use of questionnaires and interviews with the individuals and organizations responsible for developing tourist site, in order to perform a qualitative and quantitative analysis of the study area. The results show the need to assist the community from studies and projects for the conservation and / or operate in a harmonic way between tourism and the environment. Becoming necessary measures focused on sustainability, which help prevent the possible impacts, recover and / or minimize the damage already.

Keywords : Environmental degradation. Tourism development. Sustainability.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 : Potencial turístico da Paraíba ...... 29 Figura 02 : Localização de Matinhas no Estado da Paraíba ...... 49 Figura 03 : Relação de Matinha com cidades importantes da Paraíba ...... 50 Figura 04 : Mapa Geológico de Matinhas ...... 51 Figura 05 : Característica do relevo matinhense ...... 52 Figura 06 : Vegetação característica do município de Matinhas ...... 53 Figura 07 : Cachoeira do Pinga ...... 56 Figura 08 : Área da Cachoeira do Pinga destinada ao mergulho ...... 57 Figura 09 : Turistas e o estilo de vida local ...... 57 Figura 10 e 11 : Serviços prestados pelos moradores locais ...... 60 Figura 12 e 13 : Áreas destinadas ao acampamento dos turistas ...... 61 Figura 14 : Processo de Erosão ...... 64 Figura 15 : Desmatamento ...... 64 Figura 16 : Poluição do solo ...... 65 Figura 17 : Poluição Hídrica ...... 65

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 : Relação entre o número de habitantes da zona rural e da zona urbana ...... 54 Gráfico 02 : Valor adicionado aos setores da economia de Matinhas ...... 55 Gráfico 03 : O que mais chama atenção dos turistas na Cachoeira do Pinga ...... 59 Gráfico 04 : Principais dificuldades que influenciam no desenvolvimento do turismo na Cachoeira do Pinga ...... 60 Gráfico 05 : Opinião dos turistas sobre a qualidade dos serviços prestados pelos moradores locais ...... 61 Gráfico 06 e 07 : Contribuição da ineficiente infraestrutura para o processo de impacto ambiental na Cachoeira do Pinga ...... 62 Gráfico 08 : Dificuldades enfrentadas pelos turistas até chegar a Cachoeira do Pinga ...... 63 Gráfico 09 e 10 : Nível de satisfação do turista ao chegar à Cachoeira do Pinga ...... 64 Gráfico 11 : Impactos mais evidentes na Cachoeira do Pinga ...... 65 Gráfico 12 e 13 : Há um descaso por conta do poder público municipal, no que diz respeito à prática do turismo local? ...... 66

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 : Ações que os governos devem realizar a favor do desenvolvimento turístico sustentável ...... 44 Quadro 02 : Papel das comunidades locais no desenvolvimento sustentável ...... 45 Quadro 03 : O que deve fazer a indústria turística? ...... 45 Quadro 04 : O que podem fazer os turistas? ...... 45 Quadro 05 : Medidas sugeridas pelos moradores locais ...... 66 Quadro 06 : Medidas sugeridas pelos turistas ...... 67

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...... 15

1. CAP. 01 – TURISMO: PRESSUPOSTOS E FUNDAMENTOS ...... 18 1.1. TURISMO: ANTECEDENTES HISTÓRICOS E CONCEITUAIS ...... 18 1.1.1. Evolução histórica do turismo ...... 18 1.1.2. Evolução histórica do turismo no Brasil ...... 20 1.1.3. Turismo: análise conceitual ...... 22 1.2. TURISMO NO ESPAÇO RURAL BRASILEIRO ...... 23

2. CAP. 02 – O TURISMO NO ESTADO DA PARAÍBA ...... 27 2.1. ORIGENS DO TURISMO NA PARAÍBA ...... 27 2.2. POTENCIALIDADES TURÍSTICAS DA PARAÍBA ...... 28 2.3. TURISMO RURAL NA PARAÍBA ...... 33

3. CAP. 03 – TURISMO E MEIO AMBIENTE ...... 36 3.1. A RELAÇÃO ENTRE O TURISMO E O MEIO AMBIENTE ...... 36 3.2. IMPACTOS DO TURISMO ...... 38 3.3. IMPACTOS SOCIOCULTURAIS DO TURISMO ...... 39 3.3.1. Impactos socioculturais positivos ...... 40 3.3.2. Impactos socioculturais negativos ...... 40 3.4. IMPACTOS ECONÔMICOS DO TURISMO ...... 41 3.4.1. Impactos econômicos positivos ...... 41 3.4.2. Impactos econômicos negativos ...... 41 3.5. IMPACTOS DO TURISMO SOBRE O MEIO AMBIENTE NATURAL ...... 42 3.5.1. Impactos sobre o meio natural positivos ...... 42 3.5.2. Impactos sobre o meio natural negativos ...... 42 3.6. TURISMO SUSTENTÁVEL ...... 42 3.7. PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL ...... 46

4. CAP. 04 – PERFIL BÁSICO DO MUNICÍPIO DE MATINHAS - PB E DA CACHOEIRA DO PINGA ...... 48 15

4.1.CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICO-GEOGRÁFICAS DO MUNICÍPIO DE MATINHAS- PB ...... 48 4.1.1. Aspectos históricos ...... 48 4.1.2. Localização ...... 49 4.2. ASPECTOS NATURAIS ...... 50 4.2.1. Geologia ...... 50 4.2.2. Clima, vegetação e os recursos hídricos ...... 52 4.3. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ...... 53 4.3.1. População ...... 53 4.3.2. Economia ...... 54 4.4. CACHOEIRA DO PINGA ...... 55 4.4.1. Características naturais ...... 55 4.4.2. Aspectos sociais ...... 56 4.4.3. Desenvolvimento do turismo na Cachoeira do Pinga ...... 57

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...... 58 5.1. O INÍCIO DA ATIVIDADE TURÍSTICA NA CACHOEIRA DO PINGA ...... 58 5.2. O TURISMO NA CACHOEIRA DO PINGA NA ATUALIDADE ...... 58 5.3. OS PROBLEMAS DO TURISMO PARA A CACHOEIRA DO PINGA ...... 61 5.4. MEDIDAS PARA UM TURISMO MAIS RESPONSÁVEL NA CACHOEIRA DO PINGA ...... 66

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 68

REFERÊNCIAS ...... 69

APÊNDICES 15

INTRODUÇÃO

A prática do turismo vem passando por um momento de ascensão e está se expandindo de forma considerável e abrangente pelo mundo, estando relacionado às viagens e ao movimento social das pessoas para lugares distintos de suas residências e/ou entorno habitual, seja por motivos de lazer, eventos, estudos, entre outros. Eventualmente, essa crescente procura por lugares distintos (principalmente naturais) para a prática de várias modalidades turísticas, tem se tornado na atualidade, um dos mais significativos motivos para a ocorrência das visitações em determinados espaços, levando milhares de pessoas a irem à busca do contato com novos roteiros. Estes lugares, bastante divulgados pela mídia, fornecem um acentuado desenvolvimento nos setores econômicos, sociais, culturais, entre outros. No entanto, infelizmente, essa prática nem sempre tem sido acompanhada por um planejamento adequado. Percebe-se então, que a atividade turística apesar de trazer certo desenvolvimento para a sociedade também traz alguns prejuízos e danos, principalmente para o meio ambiente. Como consequências pode-se destacar a degradação do solo, desmatamento da vegetação ao redor dos atrativos, poluição dos recursos hídricos, entre outros problemas. Neste contexto, o presente estudo procurou analisar o papel da atividade turística no processo de impacto ambiental na Cachoeira do Pinga no munícipio de Matinhas-PB, área que recebe um considerável número de turistas durante alguns meses do ano. No entanto, a necessidade de uma maior consciência ambiental dos visitantes e dos moradores da região, juntamente com a inadequada infraestrutura de serviços (bares, restaurantes, estacionamentos, entre outros) acaba por gerar um manejo incorreto dos recursos naturais. É justamente na tentativa para se entender estas e outras questões, que os objetivos específicos deste trabalho são: evidenciar os efeitos negativos da inadequada infraestrutura e seus possíveis impactos; caracterizar os tipos de degradação presentes na Cachoeira, além de sugerir alternativas para um turismo mais responsável para com o meio ambiente. Com relação aos processos metodológicos, a pesquisa tratou de uma análise crítica, baseando-se numa pesquisa teórico-descritiva, onde se buscou por meio dos levantamentos que foram realizados na área de estudo, as possíveis explicações para ocorrência dos impactos. Desta forma, a observação e a descrição foram de suma importância, procurando compreender esse fato como um fenômeno de contexto social e econômico, tentando encontrar situações que estabelecessem uma relação harmônica entre o setor turístico e o natural. 16

Num primeiro momento foi realizado um levantamento teórico acerca das literaturas existentes sobre o assunto, realizando também uma pesquisa in loco , acompanhada de uma entrevista aos moradores e turistas, para se conhecer os problemas reais advindos dessa atividade, além de procurar entender e mostrar os investimentos realizados pelos gestores da cidade, no que diz respeito à ineficiente infraestrutura da área. A pesquisa de campo contou com a participação de 34 indivíduos, dos quais 11 eram moradores, 22 eram turistas e um representante do órgão público municipal. Como critérios para a escolha dos moradores, utilizou-se residentes próximos a Cachoeira do Pinga, ou seja, pessoas que vivenciassem a situação que ocorrera no local de estudo. Com relação aos turistas, os dados foram coletados em dois momentos. O primeiro momento correspondeu ao domingo (08/07/2012) e contou com a contribuição de 12 turistas, o outro momento correspondeu a um sábado (11/08/2012) contando com a colaboração de 10 visitantes. Todas as informações e dados foram obtidos a partir da realização de entrevistas e questionários, além da vivência e/ou convivência do próprio autor deste trabalho. Estas informações foram coletadas e organizadas em forma de texto, gráficos e fotos apresentando assim, uma análise da dinâmica que envolve o turismo na Cachoeira do Pinga, apresentando causas, consequências e possíveis soluções. Quanto à estrutura, o capítulo 1 apresenta uma síntese sobre a evolução histórica da atividade turística, dando ênfase à contribuição das inovações tecnológicas para o desenvolvimento desse setor. Além disso, será possível ter uma noção de algumas definições de turismo, bem como analisar e/ou compreender a dinâmica que envolve o Turismo no Espaço Rural. O capítulo 2 tem como objetivo apresentar uma análise do processo evolutivo do turismo na Paraíba, tendo como referência inicial a década de 1970 e a construção e/ou instalação de alguns marcos importantes como o Hotel Tambaú e a PBTUR (Empresa Paraibana de Turismo). Em seguida fazer uma síntese sobre como se encontra a atividade turística no território paraibano atualmente, tomando por base os conjuntos de atrativos turísticos distribuídos nas quatro mesorregiões geográficas do Estado. Na última parte deste capítulo foi dado destaque ao desenvolvimento do Turismo Rural na Paraíba, mostrando sua importância e seus aspectos positivos e negativos para o meio ambiente. O terceiro capítulo abordou as relações existentes entre o turismo e o meio ambiente, dando ênfase principalmente aos impactos causados pelo desenvolvimento dessa atividade. 17

Além de apresentar um estudo referente aos princípios e as práticas do desenvolvimento sustentável do turismo. No quarto capítulo foram apresentadas as principais características histórico- geográficas e socioeconômicas do município de Matinhas-PB, bem como os aspectos naturais e sociais da área correspondente a Cachoeira do Pinga. Em seguida, apresentou-se os resultados e discussões da pesquisa bem como as considerações finais e referências. Espera-se que este estudo possa auxiliar no conhecimento da dinâmica que envolve a participação do turista no processo de impacto ambiental na Cachoeira do Pinga, partindo do entendimento de que são necessários mais estudos e projetos voltados à conservação e/ou exploração de maneira harmônica entre o turismo e o meio ambiente local.

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CAP. 01 – TURISMO: PRESSUPOSTOS E FUNDAMENTOS

Este capítulo apresenta uma breve síntese sobre a evolução histórica da atividade turística, dando ênfase à contribuição das inovações tecnológicas (a partir da Revolução Industrial), para o desenvolvimento desse setor. Além disso, será possível ter uma noção de algumas definições de turismo, bem como analisar e/ou compreender a dinâmica que envolve o Turismo no Espaço Rural.

1.1 - TURISMO: ANTECEDENTES HISTÓRICOS E CONCEITUAIS

1.1.1 - Evolução histórica do turismo

Embora não haja um consenso entre os mais diversos autores que estudam o turismo a respeito de sua gênese, ou de uma data específica que delimite a sua origem, muitos deles costumam associar o seu início a partir do momento em que o homem deixa de ser sedentário e passa a viajar frequentemente para outras localidades por razões diversas, seja por motivos econômicos, comerciais, religiosos, entre outros, e posteriormente retornando a sua área de origem (IGNARRA, 2003) . Desta forma, é reconhecido que esse fenômeno é algo bastante antigo na história da humanidade. Muitas das viagens referidas anteriormente eram feitas no começo, de forma desorganizada e ainda não existiam uma estrutura turística em muitos lugares. A partir do século XIX, de fato, começa surgir um turismo mais organizado e mais abrangente, propiciado pelo desenvolvimento tecnológico, iniciado pela Revolução Industrial e outras séries de fatores que acabaram contribuindo para a difusão dessa atividade.

A tecnologia no final do século XIX possibilitou novas construções em ferro fundido, como torres (Torre Eiffel, em Paris), estações ferroviárias, grandes salões com estruturas livres de ferro para sediar exposições ou realizar bailes e grandes edifícios, ou arranha-céus, com estrutura em aço. Essas novas possibilidades de engenharia começam a mudar a aparência das grandes cidades do mundo, assim como os meios de transporte. (TRIGO, 1998, p. 18).

Esse avanço tecnológico contribuiu muito para o desenvolvimento do turismo, pois possibilitou um maior e melhor fluxo das pessoas e um deslocamento mais confortável, o que impulsionou um crescimento em números de viagens pelo mundo. Sendo que:

A partir do século XIX, com o advento da Revolução Industrial e seus desdobramentos, como modificações nas relações de trabalho o que propiciou tempo livre aos trabalhadores, cada vez mais o ser humano tem buscado viajar, ― ora para retornar momentaneamente a suas origens nas áreas rurais, ora para ter contato com 19

elementos da natureza já desconfigurados nas áreas urbanas, ora para ter conhecimento de culturas que com as mudanças de valores instalados pela crise ambiental vêm perdendo seus signos e significados. (COUTINHO; SILVA, 2005, p.03).

Percebe-se então, que os principais fatores que impulsionaram o turismo a partir do século XIX foram: maior segurança, salubridade e alfabetização crescente (FERREIRA, 2007) além das modificações nas relações de trabalho que propiciaram maior tempo livre aos trabalhadores, destinados em muitos casos ao lazer. Assim a atividade turística, começava a ganha status de um importante setor para muitos países (sobretudo europeus), acarretando grandes mudanças econômicas, culturais e sociais, que posteriormente seriam as bases para o desenvolvimento do turismo contemporâneo. Apesar desse crescente desenvolvimento turístico em nível internacional também deve-se levar em consideração as crises e ascensões deste setor, sobretudo, na Europa, que era (e continua sendo) um dos grandes centros de atração turística naquela época, partindo dessa premissa, Trigo destaca que:

O crescimento do turismo na Europa é interrompido pela Primeira Guerra Mundial e retomado em 1919. O ano de 1929 pode ser indicado como sendo o auge do turismo europeu, quando a Suíça recebeu 2.209.000 visitantes estrangeiros. Entretanto, a crise iniciada no mesmo ano, com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, reflete-se no mundo todo e atinge a Europa em 1932, causando uma segunda estagnação do turismo em sua curta história no século XX. (TRIGO, 1998, p. 21).

Uma nova ascensão pode ser verificada a partir de 1934, no entanto, com a Segunda Guerra Mundial, iniciada no final dessa década , o turismo volta a decrescer, até mesmo estagnando-se em quase todos os países, ressurgindo em 1949. Apesar dos efeitos negativos trazidos pela guerra, os benefícios também foram enormes, pois grande parte das tecnologias desenvolvidas nesse período de conflitos foi utilizada de forma benéfica e pacífica pela população, onde:

O crescimento do turismo após a Segunda Guerra Mundial tem como causas a instituição geral de férias pagas aos trabalhadores, a elevação geral do nível de renda, a valorização da mentalidade do direito ao lazer a ao turismo, e a mudança de consumo nas sociedades que, aos poucos, vão se transformando em “pós - industriais”, com o crescimento do setor terciário ou serviços. As pessoas conquistaram o direito ao tempo livre. O individualismo e a possibilidade de ter prazer na vida deixam de ser algo negativo ou pecaminoso. Em fim, o turismo e as viagens tornam-se um objeto de consumo do ser humano contemporâneo. (TRIGO, op.cit, p. 22-23).

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Dessa forma, todos esses fatores mencionados anteriormente contribuíram bastante para a expansão do turismo, que hoje é vista como sendo uma das atividades que mais cresce em âmbito internacional, segundo o qual:

[...] os avanços da dita sociedade moderna tem permitido ao ser humano planejar viagens, escolher lugares, roteiros, meios de transporte, alimentação, acomodação, etc., em função de tempo disponível e custos. Hoje, por exemplo, é possível fazer tudo isto pela internet. Você pode conhecer virtualmente vários lugares e depois escolher para onde que ir, dependendo do que lhe for oferecido e das suas condições econômicas e disponibilidade de tempo. (COUTINHO; SILVA, 2005, p.03).

Assim, a atividade turística atualmente (também denominada de Turismo Contemporâneo ou Moderno) é resultado de uma série de fatores e/ou processos que de forma lenta e contínua acompanhou a evolução histórica, social e econômica do homem. Sendo considerada uma atividade em amplo crescimento internacional, gerando múltiplas receitas para vários países.

1.1.2 - Evolução histórica do turismo no Brasil

Segundo Wills Leal (2001) o turismo somente se torna realidade no Brasil, com a existência de um regular sistema de transportes, permitindo entre outras coisas, o encurtamento das distâncias, maior segurança e um permanente fluxo de informações. Partindo deste princípio, Ferreira (2007) afirma que, “em nosso país o turismo como fenômeno so cial só começou depois de 1920”. Sendo que a partir dessa data verifica -se certo impulso da atividade turística, porém ainda sofrendo restrições com relação às condições de infraestrutura que muitas cidades brasileiras apresentavam. Em 1950, devido às melhorias nos sistemas de transportes (aéreo e rodoviário) e das instalações nas cidades, muitas pessoas passaram a realizar algum tipo de viagens, principalmente internas. Porém, de maneira geral, o turismo nessa época, era mais acessível à camada de alto poder aquisitivo da população, que realizavam viagens de médias e grandes distâncias (FERREIRA, op.cit). Diante desse cenário de evolução histórica do turismo brasileiro, o autor Luiz Gonzaga Godoi Trigo, em seu livro “Turismo Básico”, divide o desenvolvimento da atividade turística no Brasil em duas fases. A primeira fase do desenvolvimento deu-se em pleno regime militar (1964 - 1985), no início da década de 70. Foi a primeira vez que o turismo obteve organização formal em nível federal (TRIGO, 1998). No entanto as iniciativas (privadas e públicas), por uma série de fatores não surtiram os efeitos esperados para esse setor. Dentre esses fatores destacou-se as 21

ações autoritárias tomadas pelo regime militar, que importou modelos externos sem fazer as adaptações à realidade nacional, e despreocupação com a formação profissional em todos os níveis (TRIGO, 1998), além dos problemas ambientais e econômicos que acabaram se refletindo na organização do planejamento turístico, sobretudo, na implantação das bases de infraestrutura. Dessa forma, o turismo brasileiro até meados de 1988, seguia a passos muito lentos, fato esse que estava muito interligado a questão da situação econômica que o país encontrava- se, além dos problemas relacionados à prática social (violência urbana, trânsito conturbado, entre outros) e ambiental (desmatamento, poluição), servindo para criar uma imagem negativa do Brasil no cenário internacional, diminuindo assim, o fluxo de turistas. Apesar desses empecilhos para o desenvolvimento e/ou crescimento real do turismo no Brasil, vale destacar que nesse período houve algumas medidas que serviram como bases para projetos futuros, como os poucos cursos que eram organizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), ligado as Federações do comércio de cada Estado (TRIGO,op.cit), além do marketing em revistas e jornais (ligados ao regime), dando ênfase as belezas naturais brasileiras, sobretudo, as praias. Com relação a segunda fase de desenvolvimento do turismo, esta ocorre a partir da década de 1990. Período em que o Brasil passava por uma fase de reestruturação o que daria início a estabilidade política, econômica e social. Sobre essa fase Trigo (op.cit, p.45) faz a seguinte afirmação:

A segunda fase do crescimento do turismo aconteceu no contexto de um regime democrático, que se beneficiou da estabilidade econômica e financeira, além da abertura comercial do país ao comércio e negócios internacionais. Suas políticas públicas foram marcadas pela tentativa de inserção de parte da população nas políticas locais e regionais por meio do Programa Nacional de Municipalização do turismo, marca da gestão da Embratur entre 1995 e 2002.

Diante desse “novo” cenário nacional, o turismo passou a representar uma alternativa de renda para muitos estados brasileiros, que a partir de seus encantos naturais e culturais, movidos pela intensa divulgação de marketing no exterior (através da Embratur), serviram para atrair novos fluxos turísticos internacionais. Além disso, outras medidas como a criação do Ministério do Turismo, Plano Nacional de Turismo, Salão Brasileiro de Turismo, serviram para tornar essa atividade algo mais formal e responsável, criando amplas condições e melhoramentos para que muitos municípios se desenvolvessem a partir dessa atividade. Percebe-se que o turismo no Brasil vem apesar de algumas dificuldades, se desenvolvendo consideravelmente desde a década de 90. Motivado pela interiorização dessa 22

atividade para além das áreas litorâneas, melhorias nos serviços de infraestrutura, formação profissional, investimentos de setores privados na realização de projetos, entre outros. Porém apesar dessa situação favorável, o território brasileiro ainda tem muito que solucionar para que possa ser mais aproveitado pelo setor turístico.

1.1.3 - Turismo: análise conceitual

Com relação ao conceito de turismo, este é algo bastante complexo e possui uma gama de interpretações que varia de acordo com a concepção de cada autor. Por isso é identificado uma grande diversidade de opiniões a cerca de sua definição, levando-se em conta o fato de que elas são frutos de um processo com características peculiares a cada momento histórico. O que se passa, em verdade, é que o conceito de turismo se aproximou ao longo da história, do conceito de viagem, incorporando, pode-se dizer todos os tipos de viagens, motivadas pelas mais diferentes razões (CRUZ, 2007). Sobre o conceito de turismo Andrade (1997 apud COUTINHO; SILVA 2005, p.05), considera-o como um complexo de atividades e serviços relacionados aos deslocamentos, transportes, alojamentos, alimentação, circulação de produtos típicos, atividades relacionadas aos movimentos culturais, visitas, lazer e entretenimento. Partindo ainda desse pressuposto, Trigo (1998 apud PANOSSO NETTO, 2009, p.16), segue caminho semelhante ao afirmar que:

Turismo é o fenômeno originado da saída e retorno dos seres humanos do seu lugar habitual de residência, por motivos diversos que podem ser revelados ou ocultos, que pressupõe hospitalidade, encontro e comunicação com outras pessoas, empresas que oferecem condições e tecnologias para a efetivação do ato de ir e vir, gerando experiências sensoriais e psicológicas e efeitos positivos e negativos no meio ambiente econômico, político, ecológico e sociocultural.

Apesar de não existir uma definição única, costuma-se usar como referência principal para se conceituar o turismo, uma definição considerada oficial dada pela a Organização Mundial do Turismo (OMT), que o descreve como sendo:

[...] as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e estadias em lugares diferentes do de sua moradia habitual, por um período de tempo contínuo inferior a um ano, com fins de lazer, por negócios ou outros motivos, não relacionados com o exercício de uma atividade remunerada no lugar visitado. (DIAS; AGUIAR, 2002, p.24).

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Percebe-se que a OMT relaciona o turismo aos movimentos sociais e aos lugares distintos. Na verdade, a grande maioria dos autores que costumam trabalhar com esse conceito, analisa-o como sendo um termo que está diretamente relacionado aos fluxos de pessoas, que realizam viagens temporárias a destinos que não são habitualmente seus lugares de moradia. De forma geral esse fenômeno, na concepção de vários estudiosos, está intrinsecamente ligado à mobilidade ou movimento populacional sobre o espaço terrestre, sendo, antes de qualquer coisa, uma prática social, que envolve o deslocamento de pessoas pelo território e que tem no espaço geográfico seu principal objeto de consumo (CRUZ, 2003). Dessa forma, pela ambiguidade que cerca o conceito de turismo, verifica-se que esta é uma atividade complexa, sendo o resultado de uma série de combinações, de serviços e indústrias que se relacionam com a realização de uma viagem (FERREIRA, 2007). Onde a partir da abertura em larga escala de novos espaços para atividades de recreação, de lazer, além de outras possibilidades como conhecer novos lugares a fim de se promover estudos, negócios, acabam desenvolvendo novos segmentos ou modalidades turísticas, como turismo religioso, turismo de aventura, turismo no espaço rural, entre outros, cada um com suas características e conceitos peculiares.

1.2 - TURISMO NO ESPAÇO RURAL BRASILEIRO

O turismo é uma atividade que sofreu profundas transformações e/ou inovações ao longo do tempo, fruto das exigências de mercado. No século XX, por exemplo, as intensas discussões acerca da questão ambiental alcançaram a atividade turística, evidenciando a necessidade de uma maior preservação do meio ambiente, como afirma Gomes (2004, p.01- 02): No final do século XX, vimos emergir a consciência de que, sem planejamento e conservação, os recursos naturais renováveis e não-renováveis estariam comprometidos, inviabilizando a própria existência da espécie humana no planeta. Essa constatação tem ajudado a transformar as relações dos seres humanos com o meio ambiente global. A partir de então, a sociedade vem buscando alternativas de desenvolvimento sustentável.

Eventualmente, as intensas evidências e debates associados à divulgação pela mídia, fizeram com que os setores responsáveis, repensassem a forma de desenvolver o turismo nos espaços naturais e urbanos, procurando encontrar novas e eficientes alternativas de relacionar 24

a prática turística com os mais variados ambientes, desenvolvendo novas modalidades para além do turismo de massa, que já se encontrava em fase de estagnação. O turismo de massa que foi considerado como principal responsável pelos acontecimentos com os espaços naturais e culturais, o que fez diminuir os fluxos desse setor para os grandes centros urbanos, onde grande maioria da sociedade acabou dando maior interesse às práticas ambientais, valorizando assim, espaços onde poderiam desfrutar de novas tendências como: áreas naturais, paisagens rurais , entre outros, passando a ganhar ênfase novos roteiros e consequentemente novas modalidades turísticas voltadas ao restabelecimento da conservação ambiental. Todos os acontecimentos anteriores, aliados a necessidade do agricultor em buscar alternativas de lucro para o meio rural, abriu-se uma oportunidade de desenvolvimento do setor turístico como meio de dinamizar a economia nesses espaços, onde:

Aos poucos, o agricultor vem deixando de ser somente um produtor de matéria- prima e descobre a possibilidade de desenvolvimento de atividades não-agrícola, como é o caso do turismo. Sob essa perspectiva, se assiste ao crescimento da atividade turística no meio rural devido especialmente ao caráter transversal, dinâmico e global do turismo, capaz de impactar as várias dimensões que afetam os processos de desenvolvimento de setores, atividades e territórios. (BRASIL, 2010, p.11).

Essa concepção de Turismo no Espaço Rural (TER) surge como uma das muitas alternativas para os problemas econômicos do campo, gerando direta ou indiretamente uma renda adicional para os moradores locais, além de valorizar os patrimônios e produtos, ajudando na conservação do meio ambiente, atraindo investimentos públicos e privados em infraestrutura para os locais onde se desenvolve (BRASIL, 2010). Já para a classe turística o TER é uma oportunidade de “fuga” da rotina diária, ou seja, do modo de vida urbano, além da busca por uma melhor qualidade de vida e de novas experiências em ambientes distintos de sua realidade, com exuberantes paisagens (naturais ou culturais).

Este nuevo modelo es el resultado de um cambio de valores y hábitos em el cual las personas buscan agregar a sus usuales prácticas de esparcimiento el mejorar su calidad de vida, lo que implica la búsqueda de ambientes más saludables, enmarcados por los escenarios exuberantes de la naturaleza. (IICA, 2009, p.08).

Segundo Gomes (2004), o turismo no espaço rural surgiu com força total porque tem a capacidade de agregar duas funções fundamentais: a conservação dos ambientes naturais e, a geração de divisas proporcionando benefícios e aumento de renda para as populações locais. 25

É importante ressaltar que o turismo em ambientes rurais abrange todas as possíveis atividades turísticas nesse espaço, onde em muitos casos acabam se interligando, para oferecer uma maior assistência ao turista. Sobre esse assunto, o Ministério do Turismo, define o turismo no espaço rural como sendo:

Todas as atividades praticadas no meio não urbano, que consiste de atividades de lazer no meio rural em várias modalidades definidas com base na oferta: Turismo Rural, Turismo Ecológico ou Ecoturismo, Turismo de Aventura, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo de Saúde, Turismo Cultural, Turismo Esportivo, atividades estas que se complementam ou não. (GRAZIANO et al., 1998 apud BRASIL, 2010, p.17).

Como se pode observar, dentro dessa nova tendência turística (TER), encontra-se a modalidade de Turismo Rural, cuja definição pode variar ao longo dos anos e dos próprios lugares onde ocorrem. Sempre tomando como fatores preponderantes os recursos naturais e culturais de cada localidade, além da própria sociedade. Sendo assim, o turismo rural representa um conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, agregando valor a produtos e serviços resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade (BRASIL, 2010). Podendo ainda ser definido como:

Es la denominación dada al desplazamiento de personas a espacios rurales, em rutas programadas o espontáneas com o sin pernoctar (dormir) para el disfrute de los escenarios e instalaciones agro pastoriles. [...]. El turismo rural tiene características propias bien definidas. En términos de permanência y de utilización de equipamentos, tanto pueden presentarse instalaciones de hospedaje em casas de antiguas colônias de trabajadores y emigrantes de las distintos períodos agrários de Brasil.[....] También puede darse en propriedades modernas, complejos turísticos y hoteles haciendas, particularmente dirigidos al turistas que busca ócio y recreación en atividades agro pastoriles. (IICA, 2009, p.10).

Essa prática de turismo apresenta um caráter dinâmico que se manifesta com características próprias advindas exclusivamente do estilo de vida campesinato, aproximando dessa forma, o turista da cultura rural, trazendo em muitos casos uma valorização do ambiente e dos costumes locais. No Brasil, o turismo rural começa a se desenvolver a partir da década de 80, impulsionado pelos exemplos de outros países (França, Itália, Espanha) que obtiveram lucros e ganharam destaque em nível mundial, através dessa atividade. Sendo assim , coube aos setores privados locais às primeiras iniciativas para o desenvolvimento da atividade turística no meio rural, concentrada primeiramente em algumas áreas do território nacional. Onde segundo, Tulik (2003, p.60):

No Brasil, o Turismo Rural apresenta-se distribuído de modo irregular, difuso e pontual, concentrando-se em núcleos mais atuantes do Sul e Sudeste, em tipos que, 26

de um modo geral, adaptaram-se as especificidades locais e regionais, decorrentes, sobretudo, da herança cultural.

Merece destaque a região Sul, sobretudo alguns municípios de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Nesse aspecto a região serrana de Santa Catarina, mais precisamente no município de Lages, surgiu, em 1984, a idéia de aproveitar a estrutura existente nas fazendas para receber turistas (TULIK, 2003), desenvolvendo os primeiros empreendimentos de turismo rural em nosso país. Ainda segundo Tulik (op.cit), Lages por ter sido considerada a pioneira, teve o mérito de organizar e promover essa forma de turismo, conferindo-lhe personalidade e marca, transformando-o num “produto” conhecido e imitado. A partir do exemplo de Santa Catarina (Lages), o turismo rural foi se desenvolvendo em outros estados brasileiros, como: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará, Paraíba, entre outros. Como consequência, o Brasil passou a apresentar um considerável crescimento no que se refere ao número de empreendimentos destinados à atividade turística no espaço rural (fazendas, engenhos, hotel-fazendas, restaurantes, pousadas, áreas de camping, entre outros.), além do aumento de visitantes interessados nessa nova tendência. Verifica-se que essa atividade trouxe inúmeros benefícios para o nosso país, dentre os quais se destaca: a melhoria das condições de vida das famílias rurais, a interiorização do turismo, a diminuição do êxodo rural, a promoção de intercâmbio cultural, a geração de novas oportunidades de trabalho, a integração do campo com a cidade, entre outros (BRASIL, 2010). Porém, como toda atividade esse setor apresenta alguns problemas, sobretudo a questão dos impactos ambientais bem como a descaracterização do meio rural.

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CAP. 02 – O TURISMO NO ESTADO DA PARAÍBA

Este capítulo tem como objetivo apresentar uma análise do processo evolutivo do turismo na Paraíba tendo como referência inicial a década de 1970 e a construção e/ou instalação de alguns marcos importantes como o Hotel Tambaú e a PBTUR (Empresa Paraibana de Turismo). Em seguida fazer uma síntese sobre como se encontra a atividade turística no território paraibano atualmente, tomando por base os conjuntos de atrativos turísticos distribuídos nas quatro Mesorregiões Geográficas do Estado. Na última parte deste capítulo foi dado destaque ao desenvolvimento do Turismo Rural na Paraíba, mostrando sua importância e seus aspectos positivos e negativos para o meio ambiente.

2.1 - ORIGENS DO TURISMO NA PARAÍBA

O desenvolvimento do turismo na Paraíba se deu de forma significativa a partir dos anos 70, sobretudo em função de algumas melhorias nos setores de infraestrutura. Destaca-se neste período a construção do Hotel Tambaú na Capital do Estado que representou um importante marco na prestação de serviços turísticos, tornando-se referência na Paraíba e no Nordeste. Segundo Leal (2001) com a chegada desse hotel, João Pessoa ganhou novos espaços deslocando-se para a orla marítima onde foram instaladas a quase totalidade dos equipamentos e serviços voltados para o turismo. Essa nova fase do turismo paraibano contou com outras melhorias que ocorreram em algumas cidades do interior, principalmente Campina Grande, como: a (re) construção de importantes estradas ligando a Capital e as principais sedes microrregionais (asfaltamento), melhorias e/ou construções de pousadas e hotéis, criação de um sistema aeroviário, instalações de agências de viagens, entre outros. Estas obras serviram como incentivos para o setor turístico que aos poucos foi sendo visto como uma atividade importante para a economia estadual. Sobre essa nova realidade paraibana, Wills Leal (op.cit, p.57) afirma que:

Nos anos 80, o turismo já é uma realidade na Paraíba, quando o Governo Burity, inicia a concretização de obras básicas para o setor, com destaque para o Espaço Cultural José Lins do Rego, Mercado de Artesanato, Via Litorânea, Centro Turístico de Tambaú, [...] e um programa de restauração e revitalização dos monumentos históricos. E lançou (grande parte de suas obras físicas concretizadas), o mais ambicioso complexo de turismo, no Brasil, nos anos 80: O “Projeto Costa do Sol”.

A partir dessas obras e divulgação das potencialidades turísticas o litoral paraibano passa a receber um considerável número de visitantes, motivados pela existência de praias 28

constituindo belas paisagens para o lazer e descanso. Além disso, estes novos serviços de infraestrutura, transportes, hotelaria, entre outros, colocaram em destaque cidades como João Pessoa e Cabedelo como centros turísticos. Nesse sentido, há que se destacar também a importância do turismo para a cidade de Campina Grande, que apesar de não contar com praias, nesse período (década de 70) passou a ser a principal referência de visitas no interior do Estado. A importância de Campina Grande no setor turístico é atribuída, sobretudo, as melhorias nas estradas, no aeroporto, na rede hoteleira e de restaurantes, além da descoberta de importantes atrativos turísticos em seu entorno como o Açude Presidente Epitácio Pessoa (Boqueirão), Itacoatiara de Ingá (Pedra do Ingá), Pedra de Santo Antônio, Museu do Índio, etc., que deram uma nova dimensão ao turismo campinense (LEAL, 2001). Observando essa crescente atividade turística (mesmo estando concentrada em algumas regiões do Estado), o governo da Paraíba em conjunto com algumas entidades privadas buscou dinamizar o setor para além do litoral e de Campina Grande. As ações tiveram como objetivo dar início a criar e/ou incentivar programas e medidas para colocar o turismo paraibano primeiro em âmbito regional e depois nacional. Uma dessas medidas começou a se desenvolver em 1975. Neste ano foi sancionada a lei nº 3.779, que autorizou a criação da Empresa Paraibana de Turismo (PBTUR) que:

Entre seus vários objetivos, encontravam-se os seguintes: adquirir, explorar, direta ou por concessão, hotéis, motéis, restaurantes, campings, balneários e outros empreendimentos turísticos; incrementar e fomentar o turismo no Estado, promovendo pesquisas, planejamentos e estudos; criar mecanismos que possam contribuir para o fortalecimento e desenvolvimento do setor. (LEAL, op.cit, p. 193).

Coube à recém-criada PBTUR a missão de promover o desenvolvimento do turismo pelas outras cidades paraibanas. Esta empresa põe em prática medidas como a realização de convênios com órgãos (públicos e privados), cujo objetivo era o de fortalecimento do turismo em pequenos e médios municípios visando estimular a realização de feiras, exposições, congressos e campanhas informativas com a finalidade de divulgar os atrativos paraibanos em âmbito estadual, regional e nacional.

2.2 - POTENCIALIDADES TURÍSTICAS DA PARAÍBA

Desde a década de 70 até os dias atuais vem sendo registrada uma evolução no processo de desenvolvimento do turismo paraibano como consequência dos investimentos e 29

medidas propostas pelo setor público, governo do Estado, principalmente da PBTUR e do setor privado. As medidas postas em prática por estes setores contribuíram para tornar a Paraíba um dos principais roteiros turísticos do Nordeste brasileiro, graças à existência da sua diversidade de atrativos amplamente distribuídos pelas quatro Mesorregiões Geográficas do Estado (Litoral, Agreste, Borborema e Sertão):

Na Paraíba, esta atividade vem se desenvolvendo principalmente devido às suas potencialidades, pois ela apresenta uma diversidade de paisagens que varia desde praias de águas mornas e areias bra ncas, onde “o sol nasce primeiro” até as serras e depressões sertanejas, pontilhadas de “inselbergs”. Em todas as regiões do Estado, a atividade turística pode ser desenvolvida, não apenas por seus recursos naturais, riqueza cultural, como também pela promoção de eventos atrativos. (ATLAS ESCOLAR, 2002, p.78).

Percebe-se o potencial turístico do território paraibano que possibilita o surgimento de novas opções de lazer que vão além dos atrativos encontrados na orla litorânea da Grande João Pessoa e dos eventos de Campina Grande, como pode ser comprovado na figura a seguir:

Figura 01 : Potencial turístico da Paraíba.

FONTE : Anuário Estatístico da Paraíba, Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual (IDEME), 2010.

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Reconhecidamente a maior parte das atividades turísticas na Paraíba está concentrada quantitativa e qualitativamente no litoral. No entanto, quando analisamos sua distribuição no mapa do turismo do Estado percebe-se que esta atividade vem crescendo, tanto no interior como na área litorânea. Constata-se ainda que cada mesorregião apresenta sua especificidade em atrativos culturais e naturais potencializando a intensificação dos fluxos de turistas nos espaços microrregionais e municipais e nos centros mais desenvolvidos do Estado. Os motivos das visitações turísticas são as mais variadas em cada cidade, seja ela ocasionada por eventos culturais, por motivos religiosos, por instintos de aventura, entretenimento e outros. Esta prática se tornou muito comum e estar se desenvolvendo cada vez mais no Estado. Muitos municípios já oferecem subsídios que deixam o turista mais a vontade para conhecer as belezas regionais. Ainda sobre este assunto, vale destacar a opinião de Silva Sousa (2006, p.38) onde afirma que:

Os atrativos naturais da Paraíba estão por toda parte, opções de lazer não faltam. Conhecer a Paraíba ecológica, do litoral ao sertão, a prática de esportes radicais e aventuras é favorecida por lugares pitorescos e pela geografia do Estado. A Paraíba rural é deslumbrante: as tradições, o artesanato, e a culinária paraibana são inigualáveis. Este Estado possui belezas naturais impressionantes e um conjunto arquitetônico que fala de sua grande história.

Assim, o litoral paraibano além dos encantos naturais possui uma grande diversidade histórico-cultural. Encontra-se nesta região, importantes atrativos representados nas construções do século XVI ao XVIII como o Convento de São Francisco, Mosteiro de São Bento, Casa da Pólvora e outros. Além destas obras existem ainda as construções mais recentes do final do século XIX (ATLAS ESCOLAR, 2002) que encantam os turistas pela sua arquitetura e significado histórico. No litoral se destacam algumas cidades como Lucena, Cabedelo, Conde, Bayeux e João Pessoa, sendo que a capital é a que apresenta maior concentração de atrativos e de investimentos no setor de infraestrutura e dos serviços (bares, restaurantes, hotéis e pousadas, áreas de lazer, redes de supermercados, eventos e outros). O litoral é também beneficiado pela melhor qualidade e distribuição da malha rodoviária do Estado. No Agreste os atrativos naturais e históricos também favorecem o desenvolvimento do turismo. A relevância de suas paisagens rurais com suas cachoeiras, serras, engenhos, fazendas, entre outros, são reconhecidos como promovedores de renda para as populações dos pequenos e médios municípios. O município de Campina Grande é identificado como o mais importante polo turístico da mesorregião tanto pela sua dimensão sócio-política como por sua 31

importância como polo educacional, industrial e comercial que faz com que a cidade se torne um centro de atração turística em todas as estações do ano. Sobre este desenvolvimento turístico campinense, Wils Leal, assim se refere:

Nas últimas décadas, importantes equipamentos (públicos e privados) foram construídos e se tornaram peças marcantes no desenvolvimento do seu turismo. Entre outros, merecem destaque: “Museu de Arte Assis Chateaubriand”, “Museu Histórico e Geográfico”, “Centro Nacional de Pesquisa do Algodão”, “Teatro Severino Cabral”, “Parque da Estação Velha”, parques menores (como os dos açudes velho e novo, de vaquejadas e exposição de animais), o “Parque do Povo”, as grandes casas de shows (“Spazzio” e “Vale do Jatobá”), pequenos museus, alguns eventos , como o “Festival de Inverno”, “Festival de Violeiros”, “Forró Fest”, “Encontro da Nova Consciência”, o consagradíssimo “Maior São João do Mundo” e as atividades da Fundação Manoel Bandeira. (LEAL, 2001, p.154-155).

Por esses e muitos outros motivos, tornaram esta cidade um importante polo turístico do interior paraibano, contando com a presença de turistas durante praticamente todo o ano. Na Microrregião do Brejo, destacam-se o turismo rural e de aventura, a partir dos engenhos e as inúmeras trilhas por serras, cachoeiras, entre outros lugares ocorrendo também o turismo de eventos, como festas de padroeiros, e mais recentemente a Rota Caminhos do Frio que atrai turistas de várias partes do país. Sobre este último evento, vale ressaltar que trata-se de uma parceria entre o SEBRAE/PB, Governo do Estado e o Banco do Nordeste, que tem como meta promoverem o desenvolvimento sustentável do turismo e divulgar os potenciais turísticos das cidades do interior da Paraíba. Este roteiro abrange os municípios de , Areia, , , e Pilões ¹. Na Borborema, a atividade turística se desenvolve a partir das paisagens naturais, além de contar com diversos eventos, muitos deles ligados ao meio rural como festejos religiosos, vaquejadas, romarias, feiras de artesanatos, entre outros. Dentre os municípios dessa mesorregião a cidade de Cabaceiras conhecida como a “Roliúde Nordestina” é o maior destaque tanto local como regional e nacional. São mais de 20 produções cinematográficas ocorridas. Além disto, o Lajedo de Pai Mateus representa uma das mais importantes atrações do município por sua curiosa formação rochosa e registros pré-históricos. Este local se encontra a 25 km da sede municipal. Cabaceiras também é conhecida por sua popular festa do “Bode Rei” que atrai significativo número de visitantes interessados na caprinocultura, nos produtos artesanais, na gastronomia e nas festas complementares. O Sertão paraibano associa atrativos rústicos das diversas paisagens naturais, com as ______

¹ Disponível em: http://www.agenciasebrae.com.br/noticia/14069018/ultimas-noticias/bananeiras-inicia-rota- cultural-caminhos-do-frio/. 32

relíquias arqueológicas e históricas, sendo visível o crescimento do turismo rural nessa mesorregião.

De base fundamentalmente social, o turismo rural nos sertões tem um perfil agroecoturístico e cultural, possibilitando ao turista vivenciar experiências participativas em meio à paisagem sertaneja, deleitando-se com as apresentações folclóricas e culturais. Além do mais, o turista é acomodado em pequenas unidades hoteleiras familiares, nos pequenos centros urbanos e no campo, onde os hábitos simples de vida são elementos a mais na paisagem, proporcionando descanso, lazer e crescimento pessoal ao visitante. (SILVA SOUSA, 2006, p.46).

Por apresentar características rurais peculiares, no que se refere aos atrativos naturais e culturais, que muitas cidades sertanejas vêm atraindo um considerável número de turistas. Nesse sentido, merece destaque o município de Sousa que apresenta um importante sítio paleontológico (pegadas de dinossauros) onde acaba por atrair vários visitantes. Dentre todo esse processo evolutivo do turismo paraibano, procurando ao longo dos anos dinamizarem essa atividade por todo o Estado, tem-se que considerar os esforços públicos e privados que a partir de suas iniciativas tentou (re) organizar os rumos desse setor. Visando divulgar ainda mais o potencial turístico, o governo do Estado sancionou a lei nº 8.726 que definiu as Sete Maravilhas da Paraíba, eleitas através da campanha promovida pelos sites do Governo do Estado e Assembleia Legislativa. Na última fase da campanha foram selecionadas 36 localidades turísticas e as sete que ficaram definidas como Maravilhas da Paraíba, foram: 1- Lajedo de Pai Mateus (Cabaceiras) 2- Igreja de São Francisco (João Pessoa) 3- Ponta do Seixas (João Pessoa) 4- Cristo Rei (Itaporanga) 5- Pedra de Ingá e as Inscrições Itaquatiaras (Ingá) 6- Memorial Frei Damião () 7- Vale dos Dinossauros (Sousa)

Apesar de todas essas iniciativas e da constatação da crescente atividade turística na Paraíba, ainda há muita coisa para ser feita, sobretudo com relação às melhorias na infraestrutura e na capacitação de profissionais voltados para este setor. Conclui-se, portanto, que é necessário não apenas continuar investindo na divulgação dos múltiplos atrativos, mas construir e ampliar e/ou melhorar os serviços e acessos para melhor atender as necessidades dos turistas, comerciantes e operadores do turismo.

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2.3 - TURISMO RURAL NA PARAÍBA

O Turismo Rural é uma das novas modalidades que vem demostrando um destacado crescimento nos dias atuais. Contribui para este fenômeno vários fatores. Entre estes, o fato de que o espaço permite ao visitante vivenciar um pouco do cotidiano da vida campesina, participando das atividades realizadas pela população do campo, proporcionando ao turista se afastar por algumas horas ou dias das adversidades dos grandes centros urbanos. Quando se fala nos primórdios do desenvolvimento do Turismo Rural no Brasil de forma significativa e organizada, o município de Lages (SC) na década de 80 é tomado como referência principal do início desta modalidade. A iniciativa de Lages foi tomada como positiva que teve como consequência a crescente valorização dessa atividade, exercendo importante papel na sua difusão para os outros estados brasileiros. Com relação ao estado da Paraíba se pode observar que o crescimento do Turismo Rural vem ganhando importância, sobretudo, por sua capacidade de atrair os turistas para conhecer os diversos elementos naturais e culturais espalhados pelo seu território. Sobre este assunto Silva Sousa (2006, p.37-38), comenta:

A Paraíba guarda encantos naturais de singular beleza. O Estado se descortina para o lazer desde o seu litoral com praias paradisíacas, passando pelo Agreste e Brejo, Cariri e Curimataú até o Sertão. Em qualquer dessas regiões é possível encontrar recantos deslumbrantes e as delícias de uma culinária regional com tempero inigualável.

Como se percebe, o território paraibano é rico em atrativos turísticos rurais e estão amplamente distribuídos em todas suas macrorregiões: Litoral, Agreste, Borborema e Sertão. Esta atividade vem sendo vista como perspectiva promissora pela possibilidade de geração de renda nas propriedades e comunidades rurais. O crescente número de eventos e de negócios relacionados ao campo vem ajudando ao desenvolvimento do turismo. O potencial dos recursos turísticos naturais e culturais do espaço paraibano permite que o turista possa “desfrutar” dos mais variados atrativos amplamente distribuídos por todas as mesorregiões do Estado. Em tese é possível encontrar em todos os municípios recursos com potencial para serem explorados como atrativos turísticos. O Litoral destaca-se pelas paisagens naturais, e os acervos histórico-culturais de algumas cidades. Além da presença de aldeias indígenas, que acabam atraindo visitantes interessados em conhecer e desfrutar do estilo de vida dessas comunidades.

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No Agreste a prática do turismo rural é mais intensa e caracterizada pela valorização da cultura local. Destacam-se em muitos municípios as festas tradicionais de padroeiros, feiras e exposições de artesanatos, além da presença em algumas cidades (Areia, Alagoa Grande, Campina Grande, entre outras) de um importante patrimônio histórico-cultural. As Mesorregiões da Borborema e do Sertão também se destacam pelo importante patrimônio histórico, cultural e natural, permitindo aos turistas conhecer e entrar em contato com a cultura sertaneja: o artesanato, a culinária, as festas religiosas, as vaquejadas e a presença da caprinocultura em muitas cidades. O Turismo Rural é visto como uma alternativa para o aumento do fluxo de turistas no Estado por representar possibilidade de ampliação de oferta de serviços nos espaços rurais dos pequenos e médios municípios, uma vez que os agricultores e/ou proprietários rurais percebem a contribuição econômica do turismo para a complementação de renda. Diante de toda essa dinâmica que envolve essa modalidade turística, torna-se necessário à implantação de serviços de infraestrutura adequada, como: hotéis, fazendas, roteiros de trilhas, serviços de orientação e localização aos turistas, entre outros; além da capacitação dos recursos humanos (que em muitos casos, são os próprios moradores da região). Deste modo é idealizada essa atividade, pois os custos são reduzidos, uma vez que os recursos e atrativos já se encontram no local e a mão-de-obra, por exemplo, é formada (basicamente) pelo próprio agricultor e sua família (SILVA SOUSA, 2006). No entanto, apesar dos custos reduzidos, essa prática assim como as outras modalidades de turismo (Turismo de Eventos, Turismo de Negócios, Ecoturismo, Turismo de Aventura, entre outros), precisa do apoio e investimentos dos setores públicos, do privado e das ações dos moradores locais, que almejem melhores soluções, e serviços para o atendimento ao turista. Deste modo, as iniciativas privadas e algumas propostas desenvolvidas pelo Governo Estadual e Municipal, além dos projetos do SEBRAE, serviram para estimular o turismo rural no Estado. Dentre esses projetos pode-se citar o ATRACAR, que é uma associação de turismo rural voltado para o cariri paraibano e o APETUR, a associação paraibana de turismo rural, que busca a intensificação do setor no Estado (SILVA SOUSA, op.cit). Mas, assim como ocorre em muitas outras atividades econômicas, o Turismo Rural apresenta fatores positivos e negativos, tanto para as áreas praticadas como para os órgãos e pessoas responsáveis. Dentre os aspectos positivos, se destaca a busca por alternativas que vise um desenvolvimento local sustentável, levando em conta os princípios de valorização do 35

ambiente onde esta sendo explorados seus recursos nativos, além de complementar a renda dos produtores rurais e moradores. Sobre os aspectos negativos, Silva Sousa (2006) afirma que se esta atividade não for planejada e fiscalizada, esta pode acarretar impactos indesejados sobre o meio ambiente, sobre a economia e a sociedade local. Esses impactos ao meio ambiente cita-se o desmatamento, aumento da poluição dos recursos hídricos e do solo o que pode diminuir exponencialmente o fluxo de turistas, e consequentemente a economia advinda dessa atividade. Cabe ao poder público (estadual e municipal), ao setor privado e a comunidade local adotar práticas para que o Turismo Rural na Paraíba se realize sempre respeitando os elementos naturais e culturais existentes nessas áreas, buscando soluções para um manejo voltado para a sustentabilidade local.

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CAP. 03 – TURISMO E MEIO AMBIENTE

Este capítulo irá abordar as relações existentes entre o turismo e o meio ambiente, dando ênfase ao reconhecimento e análise dos principais impactos socioculturais, econômicos e naturais causados pela implantação dessa atividade. Além de apresentar um estudo referente aos princípios e as práticas do desenvolvimento sustentável do turismo.

3.1 - A RELAÇÃO ENTRE O TURISMO E O MEIO AMBIENTE

O turismo e o meio ambiente possui uma importante relação, pois essa atividade para se desenvolver necessita dos recursos disponíveis num determinado ambiente urbano ou natural. Relação esta, que ganhou destaque nas últimas décadas, onde a procura por áreas naturais, constituiu uma das maiores motivações das viagens turísticas, atraindo um fluxo considerável de visitantes para locais como: praias, rios, espaços rurais, entre outros. Verifica- se que o contato com ambientes (sobretudo os naturais), torna-se cada vez mais intenso, onde os aspectos relacionados à natureza passam a compor uma atividade comercial rentável, destinada tanto para o turismo de massa como para as novas modalidades turísticas. Isso ocorreu, principalmente após a desvalorização turística dos centros urbanos, que ao longo do seu processo de urbanização desenvolveu alguns efeitos negativos para a população residente e também para os turistas. Como nos afirma Ruschmann (1997, p.19):

A deterioração dos ambientes urbanos pela poluição sonora, visual e atmosférica, a violência, os congestionamentos e as doenças provocadas pelo desgaste psicofísico das pessoas são as principais causas da “fuga das cidades” e da “busca do verde” nas viagens de férias e de fim de semana.

A partir desses problemas apresentados nos centros urbanos e de uma intensa divulgação das qualidades e benefícios dos recursos naturais, fez-se desenvolver uma demanda turística sendo caracterizados por rotas novas e emocionantes tanto providos de recursos naturais quanto culturais. Nascem assim, algumas modalidades de turismo, voltadas para atender esses viajantes, nas características naturais, como: Turismo de Natureza, Turismo Rural, Turismo de Aventura, entre outros. Trata-se, portanto, da renovação do turismo, cuja clientela busca a calma, as aventuras e o conhecimento mais profundo das regiões visitadas (RUSCHMANN, op.cit). Diante da crescente valorização do turismo em ambientes naturais, verifica-se que atualmente essa atividade em muitos locais, entrou numa fase que pode gerar alguns danos 37

aos atrativos. Apesar de seu valor econômico o setor turístico passa a ser questionado diante dos efeitos negativos ao meio ambiente, provocados pelo afluxo massivo de turistas nas localidades receptoras (RUSCHMANN, 1997). Onde segundo Coutinho; Silva (2005) muito se tem feito para o turismo acontecer, mas poucos são os cuidados para a manutenção dessa atividade, principalmente no que se refere à conservação ambiental. Constata-se que um dos responsáveis por essa nova tendência (danos ao meio ambiente), é o grande fluxo de turistas associados ao turismo de massa, que em muitos casos superam a capacidade de carga do ambiente, causando-o alguns impactos. Isso ocorre em princípio, devido à implementação das infraestruturas que a área necessita para oferecer um bom atendimento aos visitantes.

A necessidade de montagem de infra-estrutura adequada para o alojamento e o transporte dos turistas, consequentemente aumentando o grau de urbanização, é o impacto inicial de um processo que se completa com o movimento de visitantes em um local que explora o turismo de natureza, seja ele qual for. (DIAS; AGUIAR, 2002, p.116).

Sobre este mesmo assunto, Cruz apresenta uma opinião semelhante, onde:

A construção da infra-estrutura e das facilidades para este fim transformam inevitavelmente o aspecto físico do lugar escolhido para o desenvolvimento do turismo, e, se essas facilidades não forem planejadas de modo adequado, poderão afetar a qualidade do ambiente, tanto natural quanto cultural, que estão, muitas das vezes, no centro da atratividade dos lugares para o turismo. (CRUZ, 2003, p.29).

Porém, mais sério que essas mudanças que ocorrem no ambiente por causa das instalações de infraestrutura, correspondem à ausência da mesma para atender os fluxos turísticos. Em muitos lugares, principalmente nos que não disponibilizam de uma boa infraestrutura, a atividade turística pode trazer uma série de consequências aos elementos naturais, causando danos e/ou prejuízos irreversíveis para o atrativo. Além desses problemas referentes à questão infraestrutural, Ruschmann acrescenta uma informação nova no que diz respeito, a relação entre o turismo e o meio ambiente.

[...] a falta de “cultura turística” dos visitantes faz com que eles se comportem de forma alienada em relação ao meio que visitam ― acreditam que não tem nenhuma responsabilidade na preservação da natureza e da originalidade das destinações. Entendem que seu tempo livre é sagrado, que têm direito ao uso daquilo pelo qual pagaram e que, além disso, permanecem pouco tempo ― insuficiente, no seu entender, para agredir o meio natural. (RUSCHMANN, op.cit, p.23).

Na tentativa de evitar e/ou minimizar esses problemas torna-se necessário levar em conta antes da realização do turismo, um importante estudo sobre a área onde esta atividade 38

irá se desenvolver, analisando as características físicas, naturais e culturais do ambiente, para que as intervenções ocorridas não destrua suas características principais. Até porque, esses impactos não são satisfatórios para quem ver no turismo uma oportunidade de renda, como nos afirma Cruz (2003, p. 30-31):

[...] é preciso reconhecer que a degradação dos ambientes, de modo geral, não interessa ao turismo porque este tem o espaço como principal objeto de consumo. A degradação de ambientes naturais ou urbanos provocada pelo turismo contraria a lógica de reprodução da atividade. Nesses casos, ou há algum erro estratégico de planejamento subjacente ao processo de apropriação dos lugares pela atividade ou, simplesmente, o planejamento jamais existiu.

Dessa forma, é preciso que o turismo e o meio ambiente encontrem um ponto de equilíbrio, a fim de que a atratividade dos recursos não seja a causa da sua degradação (RUSCHMANN, 1997). Sendo que, nos últimos anos surgiram novas modalidades de turismo, a fim de minimizar tais impactos, como: Turismo Alternativo, Ecoturismo, Turismo Sustentável, entre outros.

3.2 - IMPACTOS DO TURISMO

O rápido crescimento do setor turístico acompanhado de um planejamento inadequado acaba por gerar uma série de impactos sobre os mais variados atrativos. Sobre esse assunto, Ruschmann (op.cit, p.34), revela que:

Os impactos do turismo referem-se à gama de modificações ou à sequência de eventos provocadas pelo processo de desenvolvimento turístico nas localidades receptoras. As variáveis que provocam os impactos têm natureza, intensidade, direções e magnitude diversas; porém, os resultados interagem e são geralmente irreversíveis quando ocorrem no meio ambiente natural.

Percebe-se a relação conturbada existente entre o turismo e o meio ambiente, principalmente no que se refere à questão dos impactos ambientais. Estes que são resultados de um processo de mudanças, onde as variáveis responsáveis por essa situação têm origem e intensidade diversas. Para alguns autores e especialistas da área ambiental, o turismo é um dos grandes responsáveis pelos impactos causados ao meio ambiente. Para outros, ele surge como alternativa positiva. Desse modo, ele pode está associado tanto a impactos negativos como impactos positivos ao espaço onde esta se desenvolvendo.

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Nem todo impacto sobre os ambientes naturais é, a priori, negativo. Se estivermos tratando, por exemplo, de áreas naturais degradadas (por outras práticas humanas) das quais o turismo se apropria, promovendo sua recuperação e assegurando sua proteção a partir daí, estamos falando, nesses casos, de um impacto positivo do turismo sobre o ambiente natural. (CRUZ, 2003, p.30).

De forma resumida, verifica-se que o turismo podem trazer impactos positivos e negativos para o meio ambiente, dependendo assim, do planejamento desenvolvido em cada área. Ainda sobre esse assunto, Ruschmann (1997), salienta que esses impactos podem ser percebidos local, regional, nacional e internacionalmente. Onde sua intensidade, irá variar em cada caso. A seguir irá se dá ênfase aos impactos (negativos e positivos) do turismo no que se refere às práticas socioculturais, econômicas e aos ambientes naturais.

3.3 - IMPACTOS SOCIOCULTURAIS DO TURISMO

O turismo consiste no deslocamento de pessoas de sua área habitual para outras localidades, num período determinado. Durante essa estadia, o turista acaba por entrar em contato com pessoas de diferentes níveis culturais e sociais. Essas interações entre a comunidade receptora e os visitantes provocam modificações em todos os atores que participam desse processo, algumas perceptíveis e intencionadas e outras não desejadas nem vislumbrada, mas que ocorrem de qualquer maneira (DIAS; AGUIAR, 2002). Os impactos socioculturais, irão se desenvolver, justamente dessas relações sociais mantidas durante a estada dos visitantes, cuja intensidade e duração são afetadas por fatores espaciais e temporais restritos (CORNER, 2001). Ainda, segundo De Kadt (1979 apud CORNER, 2001, p.215), o encontro entre turistas e moradores ocorre em três contextos principais: · Quando o turista compra um bem ou serviço do residente. · Quando ambos compartilham o mesmo espaço físico (praias, passeios, etc.). · Quando ambos trocam informações e/ou idéias. A partir desses contatos entre pessoas com diferentes valores culturais (costumes, comportamentos, crenças, estilos de vida, entre outros), ocorrerá um impacto mais ou menos considerável, dependendo do nível de diferenças existentes e do respeito do turista à cultura local. De modo geral, a intensidade do impacto sociocultural irá depender do tipo de turista e de suas possíveis relações sociais com os moradores locais. 40

Segundo essas relações que ocorrem entre turistas e moradores, no qual pode inferir nos impactos socioculturais, Doxey (1975 apud CORNER, 2001, p.218), destaca 5 (cinco) fases: · Fase de euforia – Fase das primeiras aparições do turismo, quando ele desperta entusiasmo da população residente, que o vê como uma boa opção para o desenvolvimento. · Fase de apatia – Uma vez que a expansão já está concretizada, o turismo é visto como um negócio lucrativo. O contato formal é intensificado. · Fase da irritação – À medida que alcançam níveis de saturação no local, os moradores necessitam de algumas compensações para poderem aceitar a atividade turística. · Fase do antagonismo – O turismo é considerado como a causa de todos os males do lugar. · Fase final – Durante todo o processo anterior, o destino perdeu todos os atrativos que originalmente atraíram os turistas. Todo esse processo (fases de relações), caso não seja ministrado a tempo pode levar ao fim de um determinado atrativo turístico. No entanto, apesar dos impactos socioculturais do turismo serem mais negativos, vale ressaltar que este também podem possuir aspectos positivos.

3.3.1 - Impactos socioculturais positivos

· Valorização e preservação dos mais diversos patrimônios histórico-culturais de uma localidade. · Incentivo a valorização dos costumes e tradições locais, como: folclore, festivais, danças, gastronomia, artesanato, entre outros. · Campanhas para melhor inserir os turistas no âmbito da cultura local, para que estes possam usufruir o máximo de sua estadia.

3.3.2 - Impactos socioculturais negativos

Segundo Ruschmann (1997), os principais impactos socioculturais negativos do turismo são: 41

· Descaracterização das tradições e dos costumes das comunidades receptoras, cujos ritos e mitos muitas vezes são transformados em shows para os turistas; · Sentimentos de inveja e ressentimento diante de hábitos e comportamentos diferentes dos turistas e da ostentação de tempo e de dinheiro, muitas vezes escassos para os moradores das localidades (efeito demonstração); · Migração de pessoas originárias de regiões economicamente debilitadas para os novos pólos turísticos, em busca de empregos, provocando excedente na oferta de mão - de - obra e escassez de moradias.

3.4 - IMPACTOS ECONÔMICOS DO TURISMO

Atualmente o turismo é uma atividade com um grande crescimento econômico, representando em muitos casos, a base para o desenvolvimento socioeconômico de muitos países. Pois, além das receitas deixadas pelos turistas essa atividade atrai vários outros setores (privados), interessados nos fluxos de pessoas que frequentam determinada área.

Por isso, muitos governos passaram a considerar o turismo como a “tábua de salvação” para a economia de seus países e estimularam a implantação da atividade sem considerar as adequações necessárias às dimensões, ao tipo e ao nível do desenvolvimento da nação. (RUSCHMANN, 1997, p.41).

É por visar apenas o desenvolvimento econômico que muitas vezes, o turismo é implantado num curto prazo de tempo, sem um planejamento adequado, podendo ocorrer que num primeiro momento essa atividade atraía bons investimentos e um considerável fluxo de turistas, gerando receitas para o Estado. Porém, em muitos casos, com o passar dos anos a falta de planejamento torna-se visível, diminuindo a satisfação e o número de visitantes.

3.4.1 - Impactos econômicos positivos

· Aumento considerável na renda de muitos países. · Geração de empregos tanto de forma direta como indireta. · Investimentos de setores privados em áreas de atividade turística.

3.4.2 - Impactos econômicos negativos

· A extrema dependência do turismo por parte de alguns países. 42

· Altos investimentos que são destinados à atividade turística, esquecendo-se em muitos casos, dos outros setores da economia. · A crescente inflação e valorização das áreas próximas aos atrativos turísticos.

3.5 - IMPACTOS DO TURISMO SOBRE O MEIO AMBIENTE NATURAL

O turismo por apresentar uma dependência com o meio ambiente para acontecer, acaba inevitavelmente modificando-o apresentando assim, alguns impactos consideráveis sobre o entorno seja ele natural ou não.

3.5.1 - Impactos sobre o meio natural positivos

· Promove iniciativas de planejamentos, com a finalidade de manter a qualidade ambiental. · Desenvolvem planos e metas para conservar e/ou preservar as áreas e recursos naturais. · Promove em muitos casos uma maior recuperação e conservação dos espaços naturais.

3.5.2 - Impactos sobre o meio natural negativos

· Contaminação das águas dos rios, lagos e mares, provocada pelo lançamento de esgotos e lixo. Provocando em muitos casos a morte de espécies animais e vegetais. · Acúmulo de dejetos e lixos, as margens dos atrativos turísticos naturais. · Desmatamento da vegetação, para a criação e/ou ampliação de trilhas. · Processo de erosão de encostas e vias de acesso. · Pinturas e rasuras em rochas e árvore decorrentes dos registros dos turistas.

3.6 - TURISMO SUSTENTÁVEL

Segundo Corner (2001), é justamente na procura de minimizar os impactos que deterioram os ambientes naturais e culturais, que nas últimas décadas, se introduz o conceito de turismo sustentável, com a pretensão de desenvolver esta atividade sem prejudicar irreversivelmente os recursos disponíveis.

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O ponto de partida do conceito de turismo sustentável está dentro das teorias referidas ao desenvolvimento sem degradação nem esgotamento dos recursos. Pode- se dizer que a conservação dos recursos para que a geração presente e as futuras possam desfrutar deles. (CORNER, 2001, p.245).

Outra definição importante é que considera o turismo sustentável, como um processo de transformação, no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos se harmoniza e reforça o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas (CMMAD, 1991 apud RUSCHMANN, 1997, p.109). A partir desses conceitos percebe-se que a preservação do meio ambiente, tornar-se uma preocupação, onde o turismo sustentável tenta atender os princípios dos turistas da atualidade, buscando proteger os recursos para as gerações futuras.

O turismo sustentável situa-se, nesse contexto, como a base para a proteção da atratividade das destinações pela preservação do meio ambiente. Assim, se empreendido, tanto pelos órgãos governamentais como pelas empresas privadas, o seu desenvolvimento ampliará o ciclo de vida das destinações e dos equipamentos turísticos. Os esforços na preservação da qualidade do meio ambiente manterão a atratividade das destinações em alta durante um período maior, ampliando a lucratividade dos empreendimentos. (RUSCHMANN, op.cit, p.113-114).

Nesse sentido, os princípios de desenvolvimento sustentável do turismo, segundo o Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável (CBTS) / Instituto de Hospitalidade (INSTITUTO DE HOSPITALIDADE, 2005 apud MOURA; GARCIA, 2009, p. 89-90) são: (1) “Respeitar a legislação vigente → O turismo deve respeitar a legislação vigente, em todos os níveis, no país e as convenções internacionais de que o país é signatário”. (2) “Garantir os direitos das populações locais → O turismo deve buscar e promover mecanismos e ações de responsabilidade social, ambiental e de equidade econômica, inclusive a defesa dos direitos humanos e de uso da terra, mantendo ou ampliando, médio e longo prazos, a dignidade dos trabalhadores e comunidades envolvidas”. (3) “Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade → Em todas as fases de implantação e operação, o turismo deve adotar práticas de mínimo impacto sobre o ambiente natural, monitorando e mitigando efetivamente os impactos, de forma a contribuir para a manutenção das dinâmicas e processos naturais em seus aspectos paisagísticos, físicos e biológicos, considerando o contexto social e econômico existente”. (4) “Considerar o patrimônio cultural e valores locais → O turismo deve reconhecer e respeitar o patrimônio histórico-cultural das regiões/localidades receptoras e ser planejado, implementado e gerenciado em harmonia às tradições e valores culturais, colaborando para seu desenvolvimento”. 44

(5) “Estimular o desenvolvimento social e econômico dos destinos turísticos → O turismo deve contribuir para o fortalecimento das economias locais, a qualificação das pessoas, a geração crescente de trabalho, emprego e renda e o fomento da capacidade local de desenvolver empreendimentos turísticos”. (6) “Garantir a qualidade dos produtos, processos e atitudes → O turismo deve avaliar a satisfação do turista e verificar a adoção de padrões de higiene, segurança, informação, educação ambiental e atendimento estabelecidos, documentados, divulgados e reconhecidos”. (7) “Estabelecer o planejamento e a gestão responsáveis → O turismo deve estabelecer procedimentos éticos de negócio visando engajar a responsabilidade social, econômica e ambiental de todos os integrantes da atividade, incrementando o comprometimento do seu pessoal, fornecedores e turistas, em assuntos de sustentabilidade desde a elaboração de sua missão, objetivos, estratégias, metas, planos e processos de gestão”. O desenvolvimento sustentável do turismo para ocorrer de forma adequada, tem que contar com a colaboração e empenho dos órgãos responsáveis. Sendo assim, torna-se necessário que os setores públicos e privados, tomem as medidas necessárias tentando preservar os atrativos naturais e culturais, para que estes continuem fornecendo receitas por um longo período. Mas, além desses setores responsáveis por incrementar os equipamentos e serviços de infraestrutura voltados à sustentabilidade, essa modalidade ainda deve contar com a participação e/ou colaboração da população residente e dos turistas, que irão usufruir dessa prática, cabendo a ambas as atitudes mais responsáveis para com o lugar que habitam e/ou visitam. Observe os quadros:

Quadro 01 : Ações que os governos devem realizar a favor do desenvolvimento turístico sustentável. · Trabalhar conjuntamente os empresários no estabelecimento de políticas sustentáveis. · Proporcionar uma política de incentivos que favoreça o crescimento equilibrado. · Elaborar um programa de avaliação de impactos sobre os destinos turísticos. · Controlar sua capacidade de carga. · Criar auditorias de qualidade ambiental. · Incluir o turismo nos planos do governo.

Fonte : Mclntyre apud Corner.

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Quadro 02 : Papel das comunidades locais no desenvolvimento sustentável. · Proporcionar interações culturais entre a comunidade local e os visitantes. · Proporcionar serviços ao visitante. · Capacitar os produtos locais. · Tomar decisões sobre a elaboração de projetos. · Ter iniciativas com respeito às ações. · Participar com os custos dos projetos. · Proteger as normas culturais. Fonte : Mclntyre apud Corner

Quadro 03 : O que deve fazer a indústria turística? · Eliminar o uso de agrotóxicos. · Desenvolver o uso equilibrado do solo, da água e da mata. · Tratar dos resíduos sólidos e líquidos. · Adotar técnicas eficientes de energia. · Realizar práticas de markentig verde. · Minimizar riscos de intoxicações. · Proporcionar um guia ou informações aos turistas, com a finalidad e de orientá-los para um comportamento responsável. · Incorporar valores meio ambientais nos processos de decisão empresarial. · Gerar auditorias meio ambientais próprias. Fonte : Mclntyre apud Corner.

Quadro 04 : O que podem fazer os turistas? · Escolher destinos com responsabilidade meio ambiental. · Integrar-se nas comunidades receptoras. · Não perturbar as populações nativas. · Realizar suas atividades com pouco impacto. · Apoiar as atividades de conservação do meio ambiente.

Fonte : Mclntyre apud Corner.

Por necessitar de pessoas com diferentes interesses, que o desenvolvimento sustentável do turismo, torna-se um grande desafio. Além disso, uma dos grandes empecilhos 46

dessa nova prática encontra-se nos altos custos na realização de um planejamento adequado. No qual tanto os setores públicos e privados, deixam muitas vezes, de investir nas bases do turismo sustentável, por necessitar de serviços e instrumentos muitas vezes com um custo elevado, além disso, o rendimento pode ocorrer em longo prazo. Para Ruschmann (1997), o turismo sustentável só irá correr de maneira adequada q uando a filosofia de “enriquecer rapidamente” der lugar à de cuidar dos produtos e dos recursos para proporcionarem lucros menores, porém contínuos.

3.7 - PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

Nos últimos anos, quando o turismo entrou em evidência, por conta de sua importância econômica, os setores responsáveis por esta atividade, vêm tentando ao máximo minimizar os possíveis impactos que possam atingir negativamente os mais variados ambientes. Partindo desse princípio, tornou-se necessário antes (e possivelmente depois) de desenvolver o turismo no âmbito da sustentabilidade, fazer um planejamento turístico adequado, visando alcançar um melhor equilíbrio entre o meio natural e a demanda turística. Sendo que: O planejamento turístico tem como finalidade definir os objetivos do desenvolvimento dessa atividade, indicando meios para executá-lo, tentando elevar ao máximo os benefícios econômicos, sociais e culturais, e buscando alcançar um equilíbrio entre a oferta e a demanda turística. (MORUCCI, 1991 apud CORNER, 2001, p.234).

Assim, um planejamento quando é colocado em prática, seguindo os seus objetivos estabelecidos, este pode contribuir e muito, para o desenvolvimento do turismo sustentável favorecendo para prevenir e possivelmente evitar problemas de cunho ambiental. Mas, para que esses resultados ocorram é necessário que esse planejamento abranja não apenas um recurso (ou localidade), mas também o seu entorno (RUSCHMANN, 1997), fazendo desse modo, um estudo e análise mais detalhada das áreas em destaque. Esse estudo pode abranger diferentes níveis, dependendo dos objetivos e metas do planejamento, no qual pode ter caráter: local, regional, nacional e internacional. Diante desses fatores, merece destaque no momento de um planejamento sustentável, levar em consideração a capacidade de carga do atrativo turístico. Segundo Dias (2007) capacidade de carga corresponde ao número de pessoas que podem ser acomodadas em um destino turístico, sem que haja alterações no meio físico e 47

social. Para Mathieson e Wall (1982 apud CORNER 2001, p.237) é o limite máximo de pessoas que podem utilizar um determinado lugar, sem provocar alteração inaceitável ao entorno natural e declive também inaceitável na qualidade da experiência dos visitantes. Procura-se fazer um planejamento sustentável do turismo, controlando a quantidade de visitantes em uma determinada área, evitando que esta seja impactada devido a grande circulação de turistas, pois em muitos casos, as infraestruturas dos locais não são suficientes para toda a demanda de pessoas. Desse modo, a fim de desenvolver uma atuação mais equilibrada entre os recursos naturais e os turistas, a capacidade de carga atua de diferentes formas, como nos sugere Lawson e Boyd-Bovy (1977 apud CORNER, 2001, p.239): · Acesso restrito – O número de visitantes pode ser controlado, por exemplo, pelo número de entradas vendidas, estabelecendo preços elevados, pela capacidade dos estacionamentos, etc. · Facilidades limitadas – Proibição de construir alojamentos adicionais, limite de licenças de abertura de atividades, etc. · Programação – Limitando uma ou mais atividades em momentos distintos do dia e da semana, etc. · Regionalização – Inclui a elaboração de um catálogo e avaliação dos recursos ambientais e turísticos mais significativos da área com a finalidade de elaborar mapas que delimitem as regiões nas quais a atividade turística e o entorno sejam compatíveis. · Desenvolvendo caminhos alternativos – Em caso de pressão excessiva, etc.

Apesar dessas alternativas e da crescente preocupação ambiental, a prática desse planejamento (incluindo a capacidade de carga) não é uma tarefa simples, pois envolve toda uma dinâmica socioeconômica, e uma maior participação dos setores públicos, privados e da comunidade local.

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CAP. 04 – PERFIL BÁSICO DO MUNICÍPIO DE MATINHAS - PB E DA CACHOEIRA DO PINGA

Este capítulo tem como objetivo apresentar as principais características histórico- geográficas e socioeconômicas do município de Matinhas-PB, bem como os aspectos naturais e sociais da área correspondente a Cachoeira do Pinga.

4.1 – CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICO-GEOGRÁFICAS DO MUNICÍPIO DE MATINHAS- PB

4.1.1 – Aspectos históricos

O processo de colonização da região onde situa atualmente o município de Matinhas, acredita-se ter sido proveniente do século XVII. As terras onde hoje se localiza o município foram inicialmente habitadas por índios Bultrins, da nação Cariris. Não se sabe ao certo a data exata de origem da cidade, mas relatos afirmam que esta surgiu, a princípio, sob a forma de vilarejo, tendo o início de seu desenvolvimento por volta do século XIX. Existem duas proposições para explicar o processo de origem da cidade de Matinhas (SILVA, 2011). A primeira é baseada no relato contado pelos moradores mais antigos do local, onde afirmam que existia apenas uma pequena vila numa mata de vegetação densa para onde eram levadas pessoas doentes, de diferentes lugares, afetadas por uma epidemia de catapora que ocorria na região. Afim de isolar as pessoas infectadas para não haver uma proliferação, tendo em vista que se trata de uma doença facilmente transmitida de uma pessoa para outra, onde estas pessoas lá permaneciam para tratamento, até serem curadas e daí poderem voltar para o seu lugar de habitação. Porém muitos permaneceram no local, fixaram moradias, passaram a desenvolver atividades agrícolas e posteriormente começaram a praticar o comércio. Com isso a pequena vila foi crescendo e tornou-se distrito. A segunda proposição usada para explicar teoricamente o processo histórico do surgimento de Matinhas, afirma que esta se localizava numa região aplainada, onde existia uma mata, por onde passavam comerciantes vindos de algumas regiões do Estado, levando suas mercadorias para serem vendidas na feira de Campina Grande, sendo este local ponto de descanso dos tais comerciantes. A partir daí, algumas casas foram surgindo e um pequeno povoado foi se formando, povoado este que recebeu o nome de Matinhas devido à localização desta área (em uma mata). 49

Segundo Silva (2011) após sua constituição, por volta de 1900, o povoado de Matinhas passou a pertencer ao município de Campina Grande, mas posteriormente tornou-se distrito de Alagoa Nova. No ano de 1993 o TER autorizou um plebiscito para confirmar o desejo popular de se tornar independente, no qual, em 29 de abril de 1994, dia este que se concretizou o processo de emancipação do município, Matinhas deixou de pertencer a Alagoa Nova, segundo a lei estadual nº 5 893. Porém, a primeira eleição municipal ocorreu apenas em outubro de 1996 e sua municipalização deu-se em primeiro de janeiro de 1997.

4.1.2 – Localização

O município de Matinhas está localizado na microrregião do Brejo e mesorregião do Agreste paraibano. Territorialmente limita-se ao norte com Alagoa Nova, ao sul com Massaranduba, ao leste com Alagoa Grande e ao oeste com e São Sebastião de Lagoa de Roça (Figura 02).

Figura 02 : Localização de Matinhas no Estado da Paraíba.

Fonte : IBGE (2010). Adaptado por : Adigelson Evangelista da Silva.

As coordenadas geográficas correspondente a 07º07’37’’ S e 35º45’19’’ O, o referido município tem uma área territorial correspondente a 38 Km², o que representa cerca de 0,0675% do Estado paraibano, 0,0025% da Região Nordeste e 0,0004% de todo o território nacional (CPRM, 2005). Encontrando-se a uma distância de aproximadamente 145 km da 50

capital paraibana (João Pessoa) e a 25 km de Campina Grande (Figura 03), principal cidade do Agreste com a qual mantém intensa relação no setor de serviços. Esta relação ficou ainda mais fortalecida quando em 2010 o município de Matinhas passou a integrar a região Metropolitana de Campina Grande (RMCG), segundo a Lei nº 95.

Figura 03 : Relação de distância de Matinhas com cidades importantes da Paraíba.

Fonte : IBGE (2010). Adaptado por : Adigelson Evangelista da Silva.

A BR-104 é a principal via de acesso à sede do município, seguido pela via estadual PB-097, mas até certo ponto, tendo que se percorrer um trecho de estrada de terra (não asfaltada) até se chegar à parte urbanizada.

4.2 - ASPECTOS NATURAIS

4.2.1 - Geologia

O município de Matinhas está situado numa altitude média de 500 m, na parte oriental do Planalto da Borborema, uma das unidades geomorfológica de bastante destaque no estado paraibano, se caracterizando como uma faixa de transição entre o brejo alto de Areia e o 51

agreste semiárido (SOUZA; RAMOS; GUIMARÃES, 2012). Ainda sobre os aspectos geológicos do referido município, vale ressaltar que este:

[...] ocorre sobre rochas do embasamento cristalino pré-cambriano que foram cortados por falhas e fraturas relacionadas às ações tectônicas antigas registradas na região, de forma que os efeitos do tectonismo antigo sobre as rochas agem controlando em partes as formas do relevo e o padrão de drenagem da paisagem atual [...]. (SOUZA; RAMOS; GUIMARÃES, 2012, p.02).

Percebe-se que esta área abrange um grande falhamento, sendo constituído por rochas metamórficas do período pré-cambriano. Esse importante falhamento acaba por controlar em parte o relevo e a rede de drenagem atual (Figura 04).

Figura 04 : Mapa geológico de Matinhas.

Fonte: Serviço geológico do Brasil – CPRM/2005

Com relação aos aspectos geomorfológicos o território matinhense está localizado no Planalto da Borborema e caracteriza por formações de serras, vales profundos e estreitos principais fatores influenciadores do clima e da própria vegetação local.

52

Figura 05 : Característica do relevo matinhese.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

Através da figura 05, notam-se as características altimétricas do relevo dando ênfase aos alinhamentos de morros, influenciando diretamente na rede de drenagem e possivelmente na formação vegetal, do município de Matinhas como da própria Cachoeira do Pinga.

4.2.2 - Clima, vegetação e recursos hídricos

Segundo Silva (2011) o município de Matinhas possui um clima quente e úmido do tipo As’ (segundo a classificação de Koppen) , com chuvas abundantes, média de 900 a 1700 mm no período outono-inverno, possuindo uma temperatura média mensal oscilando entre 20º a 26º C. Quanto à vegetação predominante no local, pode-se afirmar que é formada por matas úmidas subcaducifólias, conhecida como mata de Brejo (Figura 06), apresentando árvores de pequeno e médio porte, como: pau-santo, pau-d’arco, ipês, entre outros, encontrando -se 53

bastante modificado resultado de muitos anos de uso com atividades agropecuárias e extração vegetal (SILVA, 2011).

Figura 06 : Vegetação característica do município de Matinhas.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

Com relação aos recursos hídricos, Matinhas encontra-se situada na bacia hidrográfica do rio Mamanguape (alto curso), possuindo características temporárias, ou seja, diminuem seu volume de água ou secam no período de estiagem. O principal reservatório de água do município é o açude Caraibeira. Existem ainda diversos outros de pequeno porte, em grande parte, localizados em propriedades particulares (CPRM, 2005).

4.3 - ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

4.3.1 - População

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), o município de Matinhas conta com uma população de 4 321 habitantes, sendo que deste total, 2 170 é do 54

sexo feminino e 2 151 do sexo masculino. Ainda segundo o mesmo levantamento, sua população urbana é de aproximadamente 687 habitantes e a população rural de 3 634, ou seja, mais que o dobro da população vive no campo, o que torna este município relativamente agrário (Gráfico 01).

Gráfico 01 : Relação entre o número de habitantes da zona rural e da zona urbana. População de Matinhas

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0

URBANA RURAL

Fonte : IBGE (2010). Adaptado por : Adigelson Evangelista da Silva.

Com relação à densidade demográfica Matinhas tem 113,6 hab./Km². Verifica-se no município um número total de 1549 endereços residenciais dos quais 288 são urbanos e 1261 são rurais (IBGE, 2010).

4.3.2 - Economia

De acordo com o IBGE, no ano de 2009 o PIB (Produto Interno Bruto) matinhense foi equivalente a R$ 22.665 e uma renda per capita de R$ 5.253. O gráfico abaixo mostra o valor adicionado aos setores da economia no município.

55

Gráfico 02 : Valor adicionado aos setores da economia de Matinhas.

Fonte : IBGE (2009).

Percebe-se que por se tratar de um município relativamente pequeno e de criação recente os valores referentes aos setores da economia ainda são de pouca representatividade. Sendo marcante a contribuição do setor primário, com atividades permanentes e temporárias, além do setor terciário.

4.4 - CACHOEIRA DO PINGA

4.4.1 - Características naturais

A Cachoeira do Pinga (Figura 07) está localizada a cerca de 3 km da sede municipal e sua área se situa no alto curso do rio Mamanguape de características temporárias (ROCHA, 2007). O relevo é marcado pela ocorrência de cristas e vales, segundo, Souza, Ramos e Guimarães (2012, p.09):

Destaca-se na área a ocorrência do relevo de planalto fortemente marcado pela estrutura geológica envolvendo a litologia e a tectônica onde se encontra escavados vales profundos ladeados por encostas íngremes recobertas por solos mais argilosos, lateríticos e podzólicos [...].

O solo da área é do tipo argiloso com um elevado índice de permeabilidade. Sua biodiversidade apresenta uma vegetação sub-úmida marcada pela presença de árvores de 56

pequeno e médio porte, além de uma considerável variedade de animais (pássaros, lagartos, cobras, entre outros).

Figura 07 : Cachoeira do Pinga.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

4.4.2 - Aspectos sociais

Na área próxima a Cachoeira do Pinga, encontra-se residindo cerca de 08 (oito) famílias, as quais fazem parte do Sítio Jurema (Matinhas). Esses moradores aproveitam a proximidade do Rio Mamanguape e da própria mata ciliar para a obtenção de alguns alimentos e água, para consumo próprio e de seus animais domésticos. No qual, percebe-se uma manutenção do estilo de vida rural, traçados num contato direto com a natureza. No entanto, nos últimos anos verifica-se uma saída de pessoas dessa localidade, motivada pela procura de trabalho ou então para residirem em áreas mais acessíveis. Para aqueles que ainda residem no local, frente ao desenvolvimento da atividade turística, esses moradores encontraram novas oportunidades de aumentar sua renda, atribuindo alguns serviços aos turistas: bares, serviços de estacionamentos, área para acampamentos, entre outros. Porém, esses serviços são apenas para complementar a renda, pois a base econômica 57

dessas famílias é a agricultura e a pecuária. Entre os produtos mais cultivados por esses moradores destaca-se: a banana, manga, feijão e o cultivo de frutas cítricas (laranjas, tangerina e limões).

4.4.3 - Desenvolvimento do turismo na Cachoeira do Pinga

O desenvolvimento da atividade turística na área correspondente a Cachoeira do Pinga, está associada há alguns fatores, sobretudo de origem naturais e socioculturais. Os principais fatores naturais que influenciaram (e continuam influenciando) para atração turística na área são: o tipo de relevo, a característica da vegetação, e o mais importante à presença da Cachoeira do Pinga que além da quantidade de água que corre no período de chuvas, acaba por formar ao “pé” da cachoeira uma piscina própria para a prática do mergulho (Figura 08). Com relação, aos fatores socioculturais destaca-se o estilo (modo) de vida da comunidade local, onde os turistas além de desfrutar dos atrativos naturais, ainda podem entrar em contato com o estilo de vida rural dos residentes (Figura 09).

Figura 08 : Área da Cachoeira destinada ao mergulho. Figura 09 : Turistas e o estilo de vida local.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

Por apresentar esses e outros atrativos, a Cachoeira do Pinga se transformou num ponto turístico. Nos últimos anos, esta localidade tem registrado a presença de muitos visitantes em busca do turismo de aventura, mesmo de forma amadora. Conclui-se que o potencial turístico da Cachoeira do Pinga tem dado importante contribuição para o desenvolvimento do turismo rural no município de Matinhas.

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5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 - O INÍCIO DA ATIVIDADE TURÍSTICA NA CACHOEIRA DO PINGA

Segundo os próprios moradores locais, o início das visitações a Cachoeira do Pinga, é uma prática relativamente antiga, sem que haja um consenso na definição de uma data específica. No começo, esse atrativo era destinado apenas a população local, que pela proximidade com às margens do Rio Mamanguape, utilizava esta no período de cheia para a prática da pesca e do mergulho (banhos). Por muito tempo, essa Cachoeira permaneceu sendo um “refúgio”, um agradável atrativo para os próprios moradores e também para visitantes do mesmo município. Essas restritas visitações, ocorriam porque a vegetação altamente densa, aliada as formas do relevo formado por serras e terrenos íngremes, dificultava o acesso das pessoas até este recinto. Esse fato começa a mudar quando o município de Matinhas torna-se emancipado da cidade de Alagoa Nova. Como consequência, o então prefeito Pedro Sudério da Silva, na tentativa de facilitar o acesso das pessoas à nova sede municipal, realizou a melhoria de algumas estradas de acesso para sítios da área. Tal medida, acompanhada pelo desmatamento promovido, muitas vezes, pelos próprios moradores, facilitou o acesso a cachoeira. Que por ser uma “novidade” para os demais visitantes, de beleza exuberante e rústica, instigando a aventura, esse local atrair visitantes, não mais apenas do município, mas de cidades vizinhas como Alagoa Nova, Campina Grande, São Sebastião de Lagoa de Roça e Lagoa Seca.

5.2 - O TURISMO NA CACHOEIRA DO PINGA NA ATUALIDADE

O turismo na Cachoeira do Pinga começou a ganhar destaque, a partir de 2003, quando o então prefeito Aragão Júnior, na tentativa de tornar Matinhas conhecida em âmbito estadual e regional, começa a desenvolver projetos e iniciativas para dinamizar a economia local, com base na citricultura e no turismo. A partir daí, esse município torna-se um dos maiores produtores de tangerina da região Nordeste, sendo palco também de uma das maiores festas do Estado da Paraíba (Festa da laranja e festival nacional da tangerina), atraindo milhares de turistas a fim de conhecer as festividades e os atrativos (culturais e naturais) desse local. 59

Esse fato (maior destaque de Matinhas no cenário paraibano e nordestino), aliado as práticas de marketing, realizado pela Prefeitura, acaba por divulgar também a Cachoeira do Pinga, como um importante atrativo turístico natural do município. Dessa forma, registra-se no período de chuvas de Maio a Setembro, um grande fluxo de turistas para o referido local, onde nos finais de semana e feriados são comuns uma intensa circulação de pessoas, interessados nas variadas possibilidades de aventura e lazer (Gráfico 03).

Gráfico 03 : O que mais chama a atenção dos turistas na Cachoeira do Pinga.

A Cachoeira principal que 8% proporciona um grande 9% espetáculo ao público. A piscina formada abaixo da Cachoeira, excelente para a prática do mergulho. 21% 62% O relevo acidentado, apto para a prática de escaladas, trilhas, entre outros. A vegetação exuberante.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012.

No entanto, apesar desse crescente fluxo de turistas motivados pelas mais diversas razões, essa atividade ainda tem muito que desenvolver. Para isso, torna-se necessário superar alguns desafios que ao longo da história dificultam o amplo desenvolvimento do turismo na Cachoeira do Pinga. Sobre esta temática, os próprios turistas fazem um levantamento dos principais empecilhos para a divulgação e crescimento dessa atividade, conforme mostra o gráfico 04.

60

Gráfico 04 : Principais dificuldades que influenciam no desenvolvimento do turismo na Cachoeira do Pinga.

Falta de pessoas preparadas para 7% melhor atender aos turistas. 16% Melhor e mais adequada infraestrutura local.

31% Acesso rodoviário e localização do atrativo.

32% Carência de hóteis, pousadas, bares e restaurantes para o atendimento do turista. 14% Outros.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012 .

A partir do rápido crescimento do turismo na região, alguns moradores, com a finalidade de ampliar a renda familiar, iniciaram atividades de caráter comercial com o objetivo de atender a demanda de turistas, como: pequenos bares, serviços de estacionamentos, aluguel de áreas para acampamento, entre outros. Porém, por não contar, com um apoio adequado dos órgãos municipais e estaduais, muitos desses serviços são desenvolvidos de forma precária, conforme figuras (10,11,12 e 13).

Figura 10 e 11 : Serviços prestados pelos moradores locais aos turistas.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

61

Figura 12 e 13 : Áreas destinadas ao acampamento dos turistas.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

A partir das figuras percebe-se a “precariedade” dos serviços prestados aos visitantes, não satisfazendo em muitos casos as necessidades tanto dos turistas como dos próprios moradores. Tal fator pode ser observado a partir do gráfico 05, que evidencia a insatisfação dos turistas em relação aos serviços disponibilizados na região.

Gráfico 05 : Opinião dos turistas sobre a qualidade dos serviços prestados pelos moradores locais.

15% Bom.

Regular. 48%

Precário. 37%

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012.

Além disso, a forma como esses serviços são prestados acabam contribuindo direto ou indiretamente, para a ocorrência de alguns impactos ambientais no entorno do atrativo.

5.3 - OS PROBLEMAS DO TURISMO PARA A CACHOEIRA DO PINGA

O considerável fluxo de turistas que a Cachoeira do Pinga registra no período de chuvas, acaba por apresentar alguns transtornos aos moradores e ao meio ambiente. 62

Isso ocorre, porque enquanto o número de turistas aumentava no local, os serviços de infraestrutura não acompanhava esse crescimento, se desenvolvendo de forma amadora e precária. Diante dessa ineficiente infraestrutura do local, aliada a outros fatores de cunho social, acabaram dificultando, num primeiro momento o desenvolvimento do turismo e em seguida, causaram alguns danos ambientais ao local. Nesse aspecto é semelhante a opinião tanto dos turistas como dos moradores, onde para grande maioria a ineficiente infraestrutura do local apresenta uma grande contribuição no que se refere as dificuldades do desenvolvimento turístico bem como as causas dos impactos ambientais presentes nesta área, conforme pode ser observado a partir dos gráficos 06 e 07.

Gráfico 06 e 07 : Contribuição da ineficiente infraestrutura para o processo de impacto ambiental na Cachoeira do Pinga. TURISTAS MORADORES LOCAIS

Apresenta uma Apresenta grande uma grande 9% contribuição. 9% contribuição. 11% Apresenta uma Apresenta pequena 25% uma pequena contribuição. 66% contribuição. 80% Não contribui. Não contribui.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012.

Tal fato é comprovado, a partir da própria rota em direção a cachoeira. Onde, o acesso até este recinto é realizado sobre 3 Km de estrada não asfaltada, na qual no período de chuvas, amplia-se a quantidade de buracos e alagamentos neste percurso. Muitas vezes, esta situação, torna intransitável o fluxo de veículos de médio e grande porte (ônibus, micro-ônibus, entre outros), que conseguem acesso apenas até a estrada principal, obrigando ao turista fazer uma caminhada até o local da cachoeira. Além desse problema de acesso, observa-se a falta de sinalização e/ou orientação por meio de placas, nas estradas, que facilitem o visitante a se orientar pelo trajeto. Chegando ao entorno da Cachoeira do Pinga, tem-se mais problemas de origem infraestrutural. Trata-se da questão de onde deixar os veículos (em sua maioria, carros e motos), no qual, a fim de tentar solucionar esse problema e ainda ganhar algum dinheiro, alguns moradores acabam transformando alguma área de sua propriedade em estacionamento 63

improvisado. Além disso, os turistas para chegarem ao lugar, ainda tem que enfrentar uma pequena trilha, entre a vegetação fechada e o relevo íngreme, dificultando em muitos casos a tão esperada chegada a Cachoeira do Pinga.

Gráfico 08 : Dificuldades enfrentadas pelos turistas até chegar a Cachoeira do Pinga.

Condições das vias de acesso ao local. 14% Falta de informações visuais (placas, setas, entre outros), que 41% 15% oriente a chegada dos turistas ao atrativo. Falta de espaços para algumas atividades, como estacionamentos próximos ao local. 30% Outros.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012.

Para muitos visitantes, todas essas dificuldades, acabam sendo recompensadas pela beleza natural do lugar. Esses fatos servem apenas como estímulos para o espírito aventureiro de muitos turistas, que vem destinado a “fugir”, nos finais de semana e feriados, da rotina tradicional dos centros urbanos, buscando um maior contato com os elementos da natureza. Para outros, toda essa dificuldade é fruto de um mau planejamento, que reduz e muito para o desenvolvimento do local. “No qual o ambiente é maravilhoso, lindo, porém deveria ser melhor cuidado pelos órgãos responsáveis” (fala de um turista). As perspectivas de satisfação dos turistas, após o chegar ao atrativo da Cachoeira do Pinga, são evidenciadas mediante os gráficos 09 e 10.

64

Gráficos 09 e 10 : Nível de satisfação do turista ao chegar à Cachoeira do Pinga. ATENDIMENTO COMODIDADE

8% Precário. 16% Precária.

31% Satisfatório. Satisfatória. 31% 53% 61% Excelente. Excelente

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012.

Além de gerar algumas insatisfações para alguns turistas, a ineficiente infraestrutura aliada a falta de consciência ambiental por parte de alguns visitantes e dos próprios moradores locais, contribui também para um processo de degradação ambiental do local (Gráfico 11). Dentre os impactos negativos causados pelo turismo na Cachoeira do Pinga, destaca-se: · Elevado processo de erosão nas vias de acesso e entornos, causados pela intensa circulação de pessoas e veículos. · Desmatamento da vegetação local, devido à abertura de novas trilhas e rotas como acesso para a cachoeira. Além disso, o pisoteio das pessoas, acabam danificando os tipos de vegetação de porte médio e pequeno.

Figura 14 : Processo de erosão Figura 15 : Desmatamento

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

· Poluição do solo, devido a grande quantidade de lixo, jogados nas vias de acesso e no entorno da cachoeira. 65

· Poluição hídrica, em alguns casos registra-se a presença de lixo na própria água. Advinda dos próprios turistas como também das águas das chuvas e vento que transportam o lixo do entorno do rio, para dentro.

Figura 16 : Poluição do Solo. Figura 17 : Poluição Hídrica.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

· Poluição auditiva, motivada pelo excesso de barulho e ruídos provocados pelas pessoas e também pela presença de sons de automóveis. · Algumas discursões e brigas, entre os próprios turistas, ou entre os turistas e moradores, motivados pelo excesso de bebidas alcoólicas, ou outros motivos.

Gráfico 11 : Impactos mais evidentes na Cachoeira do Pinga.

Poluição do solo 7% 9% Desmatamento. 38% Poluição hídrica. 17% Queimadas. Outros.

29%

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012.

O gráfico 11 mostra os impactos destacados se não forem minimizado a tempo, podem contribuir para a ocorrência de danos irreversíveis ao ambiente, e consequentemente a um possível fim da atividade turística nesse local.

66

5.4 - MEDIDAS PARA UM TURISMO MAIS RESPONSÁVEL NA CACHOEIRA DO PINGA

As principais medidas para melhorar a atividade turística preservando ou tentando minimizar os impactos já decorrentes, sugeridas pelos turistas e pelos próprios moradores, seria justamente uma maior participação do órgão municipal. Segundo o qual, este é citado por não cuidar do local, não dando ênfase a contribuição que o desenvolvimento do turismo pode representar para a economia municipal (Gráfico 12 e 13).

Gráfico 12 e 13 : Há um descaso por conta do poder público municipal, no que diz respeito à prática do turismo local? TURISTAS MORADORES LOCAIS

16% Sim. Sim. 34% Não. 66% Não. 84%

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012.

Deste modo, caberia ao órgão público municipal a responsabilidade, sobretudo pela implantação e/ou melhoramento dos serviços de infraestruturas, cabendo ao turista e a comunidade o papel de cuidar das melhorias e preservar o ambiente natural e cultural. Acompanhe a seguir (quadro 05 e 06), algumas medidas propostas pelos moradores e turistas para melhor desenvolver o turismo na Cachoeira do Pinga de maneira mais eficaz e responsável.

Quadro 05 : Medidas sugeridas pelos moradores locais. · Melhorar a infraestrutura do local. · Oferecer mecanismos (capacitação, auxílio financeiro) para que os moradores desenvolvam seus serviços para os turistas. · Melhorar as condições das vias de acesso ao local.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012.

67

Quadro 06 : Medidas sugeridas pelos turistas. · Abertura de áreas específica para estacionamento e camping. · Melhorar as vias de acesso, tanto a rota principal, como as secundárias (dos sítios). · Implantar meios de informações e, sobretudo orientação sobre a localização da Cachoeira do Pinga. · Retirada do lixo do local, além da implantação de lixeiras.

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo, 2012.

Segundo a assessoria da Prefeitura Municipal, a Cachoeira do Pinga representa, atualmente, um “bom” atrativo turístico para o município de Matinhas, constituindo uma paisagem adequada para a prática de aventura e lazer. No entanto, sobre as condições de infraestrutura local, admite-se que esse setor deixa muito a desejar, visto que ainda não se despertou para o real crescimento do turismo, sendo necessário um melhor planejamento para estruturação e acessibilidade do local. Porém, ainda não existe nenhum projeto com esta finalidade, sendo necessário primeiro implantar no município uma secretaria destinada exclusivamente ao turismo.

68

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa permitiu constatar que a atividade turística na Cachoeira do Pinga está contribuindo para a ocorrência de impactos ambientais, sobretudo devido à falta de uma adequada infraestrutura do local. Revelou-se ainda a importância do turismo na Cachoeira do Pinga e evidencia a necessidade de organizá-lo dando ênfase a capacitação dos moradores locais, incentivo a conscientização por parte dos turistas e melhorias no setor de infraestrutura. De modo que estas ações promovam o turismo local, contribuam para minimizar os efeitos dos impactos negativos e sirva de modelo permanente para o desenvolvimento turístico não apenas para a Cachoeira do Pinga como também para todo território do município de Matinhas. Portanto, conclui-se que para o desenvolvimento do turismo na Cachoeira do Pinga incorpore as qualidades de sustentabilidade se torna necessário implementar políticas que priorize maiores investimentos na elaboração de estudos e projetos por parte dos órgãos públicos (municipal e estadual). Para tanto, torna-se imprescindível à consulta e participação da comunidade local. Caso o turismo siga sendo praticado sem levar em consideração as bases do turismo sustentável em alguns anos todos os elementos ambientais componentes do atrativo turístico estarão degradados e impossibilitados de continuar com suas características de atratividade.

69

7 - REFERÊNCIAS

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DIAS, Reinaldo; AGUIAR, Marina Rodrigues de. Fundamentos do Turismo: Conceitos, normas e definições . Campinas, SP: Editora Alínea, 2002.

DIAS, Reinaldo. Turismo Sustentável e Meio Ambiente . 1. Ed. São Paulo, Atlas, 2007.

FERREIRA, Victor Henrique Moreira. Teoria geral do turismo: livro didático . 2. Ed. Rev. Palhoça: Unisul Virtual, 2007. 70

GOMES, Eliane Meireles. Turismo rural: Proposta para o desenvolvimento sustentável da região administrativa do Paranoá – RA VII . Brasília, 2004.

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IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do Turismo . São Paulo. Pioneira Thomson Learning, 2003.

Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura. IICA, 2009.

Introdução ao turismo / direção e redação Amparo Sancho; traduzido por Dolores Martin Rodrigues Corner. São Paulo: Roca, 2001.

LEAL, Wills. O Real e o Virtual no Turismo da Paraíba . Arpoador Gráfica, João Pessoa, 2001.

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PANOSSO NETTO, Alexandre. Cenário do turismo brasileiro . São Paulo: Aleph, 2009.

ROCHA, K. F. da. Desenvolvimento socioeconômico do munícipio de Matinhas – PB: Uma análise a partir da produção de laranjas e tangerinas . Campina Grande: UEPB, 2007.

RUSCHMANN, Doris Van Meene. Turismo e planejamento sustentável: A proteção do meio ambiente . Campinas, SP: Papirus, 1997.

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SWARBOOKE, John. Turismo sustentável: setor público e cenários geográficos . São Paulo: Aleph, 2000.

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TULIK, Olga. Turismo rural . São Paulo: Aleph, 2003.

VIDAL, Fabiano Cesar de Mendonça . Do Tambaú ao Garden: a história moderna do turismo da Paraíba . João Pessoa: Editora Imprell, 2007.

72

APÊNDICE A

ENTREVISTA DESTINADA AOS MORADORES RESIDENTES PRÓXIMOS A CACHOEIRA DO PINGA

VARIÁVEL: SOCIOAMBIENTAL FONTE: ADIGELSON EVANGELISTA DA SILVA

NOME:______IDADE:______ENDERENÇO: ______

1. Qual é sua profissão?

2. Quanto tempo mora no local?

3. Em média, no período de chuvas quantos turistas visitam a Cachoeira do Pinga?

4. Que serviços são oferecidos pelos moradores aos turistas?

5. Qual a influência e/ou importância do turismo para o desenvolvimento econômico local?

6. Quais os aspectos positivos e negativos provocados pelo turismo sobre a comunidade?

7. Quais os aspectos positivos e negativos provocados pelo turismo sobre a natureza local (Cachoeira do Pinga)?

8. Quais os principais impactos ambientais causados pela realização do turismo?

9. Quais destes fatores contribuem para um maior impacto ambiental: falta de infraestrutura do local ou falta de consciência dos turistas? Ou ambas?

73

10. Até que ponto a inadequada infraestrutura influência no processo de impacto ambiental na Cachoeira?

11. A poluição que está se concentrando no local, pode comprometer a área da Cachoeira, podendo acabar com esse atrativo natural?

12. Você acha que existe uma falta de interesse do poder público municipal, no que diz respeito aos investimentos e conservação (infraestrutura) do local para melhor atender os visitantes?

74

ENTREVISTA DESTINADA AOS TURISTAS

VARIÁVEL: SOCIOAMBIENTAL FONTE: ADIGELSON EVANGELISTA DA SILVA

NOME:______IDADE:______CIDADE:______UF:______

1. O que você acha que poderia ser feito para melhorar o turismo no município de Matinhas- PB, principalmente na Cachoeira do Pinga?

2. Quais os aspectos positivos e negativos provocados pelo turismo sobre a comunidade local?

3. Quais os aspectos positivos e negativos provocados pelo turismo sobre a natureza local?

4. Você acha que a inadequada infraestrutura influência no processo de impacto ambiental da Cachoeira?

5. Que medidas deveriam ser tomadas para tornar a atividade turística uma prática mais comprometida com a preservação do ambiente?

6. Que sugestões você daria para a melhoria do turismo na Cachoeira do Pinga?

75

ENTREVISTA DESTINADA AO PODER PÚBLICO MUNICIPAL

VARIÁVEL: SOCIOAMBIENTAL FONTE: ADIGELSON EVANGELISTA DA SILVA

ÓRGÃO RESPONSÁVEL:______

NOME DO ENTREVISTADO: ______

CIDADE: ______DATA:__/__/__

1. Atualmente, a Cachoeira do Pinga representa um “bom” a trativo turístico para o munícipio de Matinhas? Por quê?

2. Qual a sua opinião sobre a infraestrutura (condições de acesso, orientação e/ou sinalização, áreas para estacionamento) do local? E em, que aspecto essa infraestrutura contribui para os impactos ambientais?

3. Existe algum projeto com a finalidade de melhorar o turismo na Cachoeira do Pinga?

4. Você acredita que a atividade turística na Cachoeira do Pinga pode contribuir para o desenvolvimento local?

De acordo: ______Responsável pela entrevista Entrevistado

76

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS TURISTAS

VARIÁVEL: SOCIOAMBIENTAL FONTE: ADIGELSON EVANGELISTA DA SILVA

1. NOME:______2. SEXO: ( ) Masculino ( ) Feminino

3. FAIXA ETÁRIA ( ) 15-25 anos ( ) 26-40 anos ( ) 41-60 anos ( ) +60 anos

4. PROFISSÃO:______

5. CIDADE DE ORIGEM:______

6. ESCOLARIDADE ( ) Fundamental incompleto ( ) Fundamental completo ( ) Médio Incompleto ( ) Médio Completo ( ) Superior

7. QUANTAS VEZES ESTIVERAM NA CACHOEIRA DO PINGA? ( ) 1 a 5 vezes ( ) 6 a 10 vezes ( ) 11 a 15 vezes ( ) Mais 16 vezes

8. COM QUEM VIAJA? ( ) Sozinho ( ) Com a família ( ) Com os amigos

9. QUEM ORGANIZOU SUA VIAGEM? ( ) Agência ( ) Por conta própria

10. VOCÊ CONSIDERA A CACHOEIRA DO PINGA UM BOM ATRATIVO TURÍSTICO? ( ) Sim ( ) Não 77

Por quê?______

11. O QUE MAIS TE CHAMA ATENÇÃO NA CACHOEIRA DO PINGA? ( ) A cachoeira principal que proporciona um grande espetáculo ao público. ( ) A vegetação exuberante. ( ) A piscina formada abaixo da cachoeira, excelente para a prática do mergulho. ( ) O relevo acidentado, apto para a prática de escaladas, trilhas, entre outros. ( ) Outros motivos, quais?______12. QUAL A PRINCIPAL DIFICULDADE PARA SE CHEGAR A CACHOEIRA DO PINGA? ( ) Falta de pessoas preparadas para melhor atende-los. ( ) Melhor e mais adequada infraestrutura. ( ) Falta de comodidade como a carência de hotéis, pousadas, bares e restaurantes. ( ) Falta de informações em placas e/ou setas que orientem a chegada dos turistas ao local. ( ) Outros,quais?______13. QUE TIPO DE IMPACTO É MAIS EVIDENTE NO LOCAL? ( ) Queimadas ( ) Desmatamento ( ) Poluição hídrica ( ) Poluição do solo ( ) Outros, quais?______14. O PROCESSO DE IMPACTO AMBIENTAL NA CACHOEIRA DO PINGA É RESULTADO DA: ( ) Falta de infraestrutura do ambiente para atender os turistas. ( ) Falta de educação ambiental dos moradores e visitantes.

15. EM SUA OPINIÃO, ATÉ QUE PONTO A INADEQUADA INFRAESTRUTURA CONTRIBUI PARA O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NA CACHOEIRA DO PINGA? ( ) Apresenta uma pequena contribuição. ( ) Apresenta uma grande contribuição. 78

( ) Não contribui.

16. VOCÊ ACHA QUE HÁ UM DESCASO POR CONTA DO PODER PÚBLICO MUNICIPAL, NO QUE DIZ RESPEITO À PRÁTICA DO TURISMO LOCAL? ( ) Sim ( ) Não

17. QUE MUDANÇAS DEVEM OCORRER PARA QUE HAJA UM TURISMO VOLTADO PARA A SUSTENTABILIDADE LOCAL? ( ) Percepção ambiental dos turistas. ( ) Disponibilidade de infraestrutura e facilidades. ( ) Capacitação dos moradores para atender melhor os visitantes. ( ) Todas as alternativas anteriores.

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APÊNDICE B

EXEMPLOS DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA CACHOEIRA DO PINGA.

CACHOEIRA DO PINGA: EROSÃO

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

80

CACHOEIRA DO PINGA: DESMATAMENTO

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

81

CACHOEIRA DO PINGA: POLUIÇÃO DO SOLO

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).

82

CACHOEIRA DO PINGA: POLUIÇÃO HÍDRICA

Fonte : Adigelson Evangelista. Pesquisa de Campo (Agosto de 2012).