DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 216.1.52.O

DATA: 08/10/03

TURNO: Vespertino

TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD

LOCAL: Plenário Principal - CD

INÍCIO: 14h

TÉRMINO: 20h03min

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO

Hora Fase Orador

Incluídos os seguintes discursos: do Deputado César Medeiros proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 211, realizada em 2 de outubro de 2003; do Deputado Paes Landim proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 211, realizada em 2 de outubro de 2003. CÂMARA DOS DEPUTADOS

Ata da 216ª Sessão, em 08 de outubro de 2003 Presidência dos Srs......

ÀS 14 HORAS COMPARECEM OS SRS.: João Paulo Cunha Inocêncio Oliveira Luiz Piauhylino Geddel Vieira Lima Severino Cavalcanti Nilton Capixaba Ciro Nogueira Gonzaga Patriota Wilson Santos Confúcio Moura João Caldas CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - A lista de presença registra na Casa o comparecimento de 326 Senhores Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. IVO JOSÉ, servindo como 2º Secretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Passa-se à leitura do expediente.

O SR. IVO JOSÉ, servindo como 1º Secretário, procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE

501 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Finda a leitura do expediente, passa-se ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

502 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ROBÉRIO NUNES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ROBÉRIO NUNES (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, recebi telefonemas de vários Prefeitos da Bahia preocupados com possível decreto da Presidência, que alega que aquele Estado recebeu recursos a mais do FUNDEF e que esses recursos creditados a mais às Prefeituras iriam ser devolvidos em uma única parcela.

Sei das dificuldades por que S.Exas. passam neste momento, por isso gostaria de fazer um apelo, em nome desses Prefeitos — de alguns que represento e de outros tantos que conheço. Se realmente foram creditados recursos a mais, que os Prefeitos façam a devolução de forma gradativa, dividida em algumas parcelas, a partir do início do próximo ano. Se a devolução acontecer de uma única vez, certamente os Prefeitos não terão condições sequer de efetuar a folha de pagamento dos seus funcionários.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Feito o registro, ilustre Deputado

Robério Nunes.

503 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Carlos Nader.

O SR. CARLOS NADER (PFL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, quero, hoje, manifestar também meu profundo pesar pelo falecimento do nosso colega, Deputado José Carlos Martinez. Aos familiares e amigos, apresento minhas condolências diante da tragédia que sobre eles se abateu, no acidente que vitimou o nobre Deputado.

O Deputado Martinez, figura proeminente do Estado do Paraná, era um

Parlamentar experiente, e seu falecimento entristece a todos que reconheciam nele a eficiência como Líder partidário. O Deputado Martinez fará falta neste plenário e na política nacional, que aprendeu a admirar a paixão com que S.Exa. desenvolvia a arte da política e o empenho que dedicava a seus projetos públicos e empresariais.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, passo agora a abordar outro tema.

Estou encaminhando, para análise e votação nesta Casa, projeto de lei que considero dos mais importantes para a pecuária leiteira do nosso País. Dispõe sobre a inclusão do leite entre os produtos amparados pela Política de Garantia de Preços

Mínimos. O projeto prevê o benefício aos produtores de leite e suas cooperativas, com recursos oriundos do orçamento federal. Tenho certeza de que poderemos fortalecer os pequenos e médios produtores, que sofrem com remuneração insuficiente para compensar os custos de produção.

Nos últimos anos, mesmo os pequenos produtores vêm investindo em condições sanitárias e tecnológicas a fim de melhorar a qualidade do leite produzido, mas esbarram na remuneração para que tais investimentos sejam compensatórios.

504 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

A inclusão do produto no programa vai corrigir uma distorção porque, hoje, apenas o setor industrial tem-se apropriado dos lucros na cadeia produtiva do leite.

A política de preço mínimo pode vir a favorecer cerca de 1 milhão de produtores de leite em todo o País que hoje enfrentam dificuldades para vender o produto por um preço justo.

O leite, Sr. Presidente, é um segmento do setor rural brasileiro que precisa de incentivos. As dificuldades da pecuária leiteira levaram, nos últimos anos, muitos produtores a abandonarem o negócio. Segundo dados de associações de produtores, a produção brasileira, que sempre apresentou crescimento, caiu 0,54% no período 2001/2002, passando de 20,5 bilhões de litros para 20,4 bilhões — uma queda pequena, de 100 milhões de litros, mas o bastante para mostrar que o setor precisa ser incentivado.

O agronegócio como um todo está avançando, mas a pecuária leiteira estacionou, e o País pode ampliar a produção. O leite produzido no Brasil é considerado de excelente qualidade. Até porque, nosso País, dono do maior rebanho do planeta, dispõe das condições ideais para a pecuária leiteira, que, por sinal, poderia ser uma grande aliada nas nossas exportações.

Se não fossem os subsídios que os países desenvolvidos concedem aos seus produtores, o Brasil teria muito mais condições de brigar nesse segmento.

Vários países subsidiam seus produtores. Na França, Japão, Canadá, entre outros, de cada um dólar que investe o produtor, US$ 0,40 são subsidiados.

Estima-se em 40 bilhões de dólares por ano a ajuda dos países ricos aos produtores de leite.

505 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Por isso, Sr. Presidente, defendo a inclusão do produto no programa de garantia de preços mínimos. Precisamos resgatar a tradição brasileira de produzir leite e em situações favoráveis para garantir aos que investem nesse segmento as condições de ampliar seus negócios, melhorando a qualidade de seus rebanhos e, conseqüentemente, do produto.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito o ensejo para dizer que, na sexta-feira passada, tive a honra de ser agraciado com o título de Cidadão

Frontinense, muito gentilmente a mim concedido pela Câmara Municipal de

Engenheiro Paulo de Frontin, nas comemorações do 40º aniversário daquele

Município. Foi uma homenagem que tocou o coração deste Parlamentar. Agradeço a honra que me foi concedida.

A lembrança dessa homenagem mais uma vez me leva a insistir na necessidade de proporcionar mais recursos aos Municípios, sobretudo os pequenos.

Paulo de Frontin é um exemplo de como cidades do interior do Brasil, apesar da escassez de verbas federais e estaduais, vêm se esforçando para dar aos seus munícipes melhor condição de vida.

O coronel Jurandy Paixão, Prefeito de Paulo de Frontin, tem-se dedicado permanentemente a buscar para sua cidade condições de promover investimentos que melhorem a qualidade de vida no Município. Igual a ele, muitos Prefeitos de pequenas cidades se esforçam, mas esbarram na limitação de verbas para aplicar em áreas importantes para a população, como saúde, educação, saneamento, entre outras.

A luta desses Prefeitos é árdua, Sr. Presidente, e muitos dependem exclusivamente das verbas federais para levar adiante seus projetos. Por mais que

506 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 se esforcem para bem administrar economicamente sua cidade, os Prefeitos enfrentam o dissabor de não poderem fazer mais. E são cobrados por isso, porque a população almeja melhoras, investimentos e, com toda a razão, espera que o

Prefeito resolva todos os problemas. Nem sempre leva em conta as limitações do

Município.

Tenho repetido desta tribuna apelo no sentido de que o Congresso Nacional procure sensibilizar o Governo Federal, quando ainda se discute reforma tributária, para que destine parcela maior das contribuições aos Municípios. Afinal, são eles a base da arrecadação que mantém as 3 esferas da Administração Pública.

Ainda tenho esperanças de que o Congresso e o Governo Federal se sensibilizem diante das dificuldades dos Prefeitos e possam proporcionar-lhes, diretamente — na verdade, diretamente aos cidadãos —, condições para viverem em cidades com melhor estrutura, com mais qualidade de vida, em condições realmente dignas.

Era o que tinha a dizer.

507 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. DR. HELENO (PP-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, inicialmente, gostaria de associar-me às palavras do Deputado Carlos Nader sobre o falecimento do nosso colega, Deputado José Carlos Martinez. A Casa se encontra em estado de dor.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho ao plenário desta Casa chamar a atenção de nossas autoridades sanitárias para uma doença hereditária, intimamente ligada à população negra. Refiro-me à anemia falciforme.

O Brasil, com a segunda maior população negra fora do continente africano, registra, em toda a sua história de ocupação, o negro sempre na mais baixa faixa da pirâmide social. O termo exclusão social é o que mais fielmente traduz a condição em que se encontra essa parcela da população. Por isso, o povo negro no Brasil continua lutando pela liberdade e cidadania.

Trata-se de doença, como já disse, hereditária, intimamente ligada à população negra. Há milhares de anos, oriunda de mutação genética ocorrida no continente africano, uma alteração morfológica fez com que os glóbulos vermelhos fossem destruídos precocemente, originando-se, desta forma, um tipo de anemia muito grave, também conhecida como anemia falciforme.

A anemia falciforme não é contagiosa; tem como característica a deformidade causada nos glóbulos vermelhos, os quais mudam da forma normal arredondada para a de foice (do latim falx falcis), origem do nome falciforme.

A crise de falcização é o sintoma mais comum. Caracteriza-se por dor severa no peito, abdome, braço e pernas. Podem durar 2 horas ou até semanas, podendo ocorrer várias vezes por ano. Ela não tem cura, porém pode ser controlada por meio de tratamento instituído logo após o nascimento e de acompanhamento periódico

508 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 em centros especializados. As crises podem se iniciar por infecção, fadiga, estresse, exercícios intensos e grande altitude.

O tratamento da anemia falciforme pode incluir medicação para dor, antibióticos, aumento da oferta de líquido, transfusão, repouso ao leito e cirurgia.

Manter a boa saúde por meio de dieta adequada, repouso, exercício moderado pode ajudar a proteger o paciente contra a crise de falcização e permitir-lhe fazer a maioria das coisas que não sejam extenuantes. Evitar o estresse, resfriados, indisposição gástrica ou fadiga são também importantes, bem como prevenir infecções em cortes e machucados, além de atenção especial nos cuidados com a pele e com a higiene pessoal.

Como já vimos, Sr. Presidente, a anemia falciforme é típica da raça negra, mas, no Brasil, por causa da intensa miscigenação dos povos, pode ser encontrada em qualquer pessoa. O diagnóstico tem que ser rápido, se possível, quando a criança nasce, ainda no exame do pezinho.

Num país com forte concentração de rendas nas elites, preocupam-me sobremaneira os projetos conservadores, que recolocam o racismo na ordem do dia.

Quando se fala em racismo, eu tenho um entendimento próprio para ver esse problema. É igual ao ácaro, todo mundo sabe que existe, mas ninguém o vê.

É por essa razão que venho a esta tribuna manifestar minha preocupação no que tange a essa massa brutal de brasileiros que já devem ser portadores desse mal sem sequer o saberem, visto que no Brasil não existe política sanitária de detecção nem prevenção de uma série de doenças.

509 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Quero solicitar, pois, ao Presidente Lula, representante legítimo desta Nação e exemplo típico dessa miscigenação brasileira, que faça implementar programas na

área de saúde que vá ao encontro dessa população carente.

Era o que tinha a dizer.

510 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. JOÃO ALFREDO (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Parlamentares, ocupo a tribuna desta Casa para falar da possível saída do nosso companheiro Fernando Gabeira das hostes do Partido dos Trabalhadores.

Rendo minhas homenagens àquele que tem sido para todos nós, ambientalistas, uma referência no debate teórico, nas ações de natureza parlamentar ou mesmo nos envolvimentos sociais.

Ontem, a Ministra Marina Silva disse à televisão que Gabeira foi para ela um mestre — e já ouvi S.Exa. referir-se assim a Gabeira em reunião no Ministério — e que os rudimentos de ecologia lhe foram passados justamente pelo companheiro.

Nós, do PT, que fazemos parte do Núcleo do Meio Ambiente, o qual coordeno, apelamos ao companheiro Gabeira para que continue no Partido dos

Trabalhadores. E o faço não para arrefecer ou mesmo retirar todas as críticas que

S.Exa. tem feito à condução da política ambiental por parte do Governo.

Não se trata de crítica à Ministra Marina Silva. Pelo contrário. Ao longo desses 9 meses, a Ministra Marina Silva e o movimento ambientalista têm sido derrotados seguidamente pelo nosso Governo quanto às teses defendidas pelo

Ministério e pela sociedade civil.

Tem razão Gabeira, quando reclama da liberação de pneus usados, lixo com permissão de entrada no Brasil; tem razão Gabeira, quando levanta o problema da energia nuclear; tem razão Gabeira, quando critica a liberação dos transgênicos por meio da Medida Provisória nº 131, objeto de documento assinado por 35

Parlamentares desta Casa pelo Partido dos Trabalhadores, contrários à MP, e por 7 dos 14 Senadores na Câmara Alta deste Congresso Nacional. Correm também de 3

Ações Diretas de Inconstitucionalidade: uma do Partido Verde, outra da

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Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG e outra da

Procuradoria-Geral da República. Tem razão, portanto, o Deputado Gabeira quando reclama de tudo isso.

Tem também razão o Deputado Gabeira, quando reclama que o núcleo que tem os ambientalistas como sua expressão maior não tem sido ouvido pelo nosso

Governo. Fomos ouvidos pelo Vice-Presidente José Alencar, mas não fomos ouvidos pelo Presidente Lula antes da edição da Medida Provisória nº 131, que dispõe sobre transgênicos.

Mas, no meu entendimento, não tem razão o Deputado Fernando Gabeira, com todo o respeito, a admiração e o bem-querer que nutro por S.Exa., quando decide abandonar as hostes do nosso partido. Essa briga, esse debate, essa disputa, essa discussão, temos de fazê-la dentro do PT, dentro do Governo e do

Parlamento. Essa é uma formulação da ala esquerda do Partido dos Trabalhadores.

Sabemos que este é um Governo de disputas e de alianças, por conjuminarem-se posições ideológicas diversas e, às vezes, até contraditórias em seus Ministérios e

órgãos.

Concordo em gênero, número e grau com o mérito das críticas feitas pelo

Deputado. Não falo apenas por mim, mas também por vários companheiros do PT que têm dirigido apelos ao companheiro Fernando Gabeira para que permaneça no

Partido, por suas referências na luta pelo meio ambiente, pelo equilíbrio ecológico do

País, por sua resistência, que se soma à da nossa Ministra Marina Silva, para garantir o cumprimento do programa do Governo Lula, que todos nós temos ajudado a construir.

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Sr. Presidente, foram 53 milhões de votos, mais de 60% da população. O povo brasileiro depositou sua esperança no companheiro Lula, e não podemos deixá-la esvair-se de nossas mãos com ações que nada têm a ver com a trajetória e a história do nosso Partido.

Por isso a presença do Deputado Fernando Gabeira no PT é importante. E mais importante que a luta parlamentar é a mobilização social como a que tem sido feita, durante toda esta semana, aqui em Brasília, pela Via Campesina, para protestar contra a MP nº 131, exigindo sua revogação.

Muito obrigado.

513 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. GONZAGA PATRIOTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o PSB e 8 partidos progressistas realizaram nesse final de semana uma convenção em Petrolina, Pernambuco, ocasião em que foi lançado meu nome à Prefeitura daquele importante Município.

Trata-se de uma pré-candidatura com o objetivo de construir um novo programa de governo para Petrolina, que, lamentavelmente, há 40 anos, está nas mãos de uma

única família, sem nenhum resultado positivo para a cidade.

Deixo claro aos pernambucanos que esta candidatura não é de Gonzaga

Patriota, mas do povo do Petrolina, e que nosso programa de governo buscará resolver os problemas da população mais excluída.

Muito obrigado.

514 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Mauro Benevides.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, faleceu, recentemente, em nossa Capital, o

Vereador , que integrava a bancada do Partido Liberal no Legislativo fortalezense.

Aos 52 anos, com intensa atividade político-partidária, aquele edil gozava de prestígio entre os seus pares e a comunidade de nossa metrópole, que o elegeu com expressiva votação.

Ressalte-se que o extinto mantinha, com recursos próprios, uma entidade incumbida de assistir aos idosos, num gesto que o situava como um benemérito daqueles que ali se achavam abrigados.

O velório de Luciano Dias ocorreu na própria Câmara Municipal, ali comparecendo uma legião imensa de amigos e correligionários, rendendo-lhe testemunho de reconhecimento pelo que lhe fora dado fazer em favor do interesse coletivo.

Aliás, poucos dias antes havia sido registrada a morte do Vereador Augusto

Gonçalves, que esperou, numa longa fila de pacientes, a oportunidade de um transplante de fígado.

Em praticamente 30 dias, o Poder Legislativo perdeu 2 de seus integrantes em nossa cidade, desfalcando os quadros daquela Casa do povo, na qual eram figuras das mais destacadas pelo correto desempenho do respectivo mandato.

515 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Homenageio, pois, o Vereador Luciano Dias, ao mesmo tempo em que transmito à sua família e à direção da Câmara a manifestação do pesar de nossa bancada no Congresso Nacional.

Aquela Casa ficou desfalcada de mais um legislador consciente de seus encargos e de seu papel de representante dos nossos munícipes.

516 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. LUIZ CARREIRA (PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com grande alegria e satisfação que venho a esta tribuna para registrar os 30 anos de existência do Conselho Estadual de Meio

Ambiente do Estado da Bahia — CEPRAM, o mais antigo conselho ambiental do

País.

Fundado em 4 de outubro de 1973, o CEPRAM é um marco histórico na área ambiental do Brasil, pois sua criação, através da Lei Estadual nº 3.163/73, antecedeu à própria existência do primeiro órgão federal de proteção ao meio ambiente, que veio a ser a Secretaria Especial de Meio Ambiente — SEMA, à época vinculada diretamente ao Presidente da República e embrião do atual Ministério do

Meio Ambiente, criada 26 dias após pelo Ato Presidencial nº 73.030, de 30 de outubro de 1973.

Todavia, suas origens são mais remotas ainda e revelam o pioneirismo da

Bahia em termos de regulação ambiental brasileira. Já em 1971, o então

Governador Antonio Carlos Magalhães, através da Lei Estadual n.º 2.874, de 18 de janeiro de 1971, criava o Conselho Estadual de Controle da Poluição do Estado da

Bahia — CCPB, vinculado, então, à Secretaria de Saúde Pública.

Desde sua constituição, o CEPRAM sempre contou com a participação de representantes da sociedade civil em sua composição.

Órgão superior do Sistema Estadual de Administração de Recursos

Ambientais — SEARA, que passou a funcionar a partir de novembro de 1981, o

CEPRAM teve suas funções ampliadas, passando a responder pela formulação da política ambiental do Estado da Bahia e a estabelecer as diretrizes, normas e medidas necessárias à conservação, defesa e melhoria do meio ambiente. Ganhou

517 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 reforço substancial com a gênese do Centro de Recursos Ambientais — CRA, que acabou por tornar-se sua Secretaria Executiva.

O CRA, que completou 25 anos de existência também este ano, é hoje, sem dúvida alguma, um dos melhores órgãos de meio ambiente do País. E digo isso com muito orgulho, pois, no período de 1994/2002, como Secretário de Planejamento,

Ciência e Tecnologia da Bahia, tive a honra e a oportunidade de dar minha parcela de colaboração para a realização desse sonho.

Além disso, a Constituição Estadual de 1989 reforçou ainda mais o papel do

CEPRAM e, em 1993, por meio da Lei nº 6.529, o órgão teve sua denominação alterada para Conselho Estadual de Meio Ambiente e sua composição tripartite com

15 conselheiros, sendo 5 advindos do poder público, 5 de entidades ambientalistas e outros 5 representando organizações diversas da sociedade civil.

De fato, como órgão de fundamental importância no processo de desenvolvimento do Estado, o CEPRAM contabilizou, nos seus 30 anos de existência, a realização de 265 reuniões ordinárias mensais e 16 reuniões extraordinárias, tornando-se, sem sombra de dúvidas, um dos mais atuantes e bem sucedidos conselhos de meio ambiente do Brasil.

Sr. Presidente, quero parabenizar todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para o excelente desempenho do CEPRAM ao longo das suas 3 décadas de existência. Em particular, aos seus Presidentes e Conselheiros, além de diretores e servidores do CRA, sem os quais não se poderia comemorar este fato memorável.

Parabéns, portanto, àqueles que, agindo com responsabilidade no presente, asseguram um meio ambiente melhor para as futuras gerações!

518 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Outro assunto, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, há poucos dias foi divulgado importante registro do que é o Brasil e da sua evolução social e econômica, portanto política, ao longo da

última década. Vale ressaltar, dentre as muitas importantes características desse trabalho, o fato de que, na mesma fotografia, estão representados muitos rostos daqueles que formam a diversidade regional do País. Todos eles com um traço comum: a pobreza e a desigualdade que tanto nos enfeiam e deveriam nos envergonhar. Refiro-me, Sr. Presidente, ao Atlas do Desenvolvimento Humano no

Brasil.

Com base nas informações dos censos de 1991 e 2000, a comparação entre os IDHs nos permite observar os avanços obtidos pelos Municípios brasileiros ao longo da última década. O que se pode constatar? Dentre os Estados brasileiros, aqueles que apresentaram maiores variações no período são os nordestinos. Não poderia ser de outra forma: nos anos base eram os que apresentavam as piores taxas.

Quero destacar o caso da Bahia, cujo IDH evoluiu 16,6%, mostrando o sucesso da continuada política de resgate econômico e social do Estado. Apesar disso, os Estados nordestinos ainda se mantêm entre os de menor índice.

No indicador relativo à educação, os avanços são expressivos, particularmente nos Estados da minha Região. Destaco novamente a Bahia, onde o esforço de universalização do ensino e de melhoria de sua qualidade levou a um avanço de 27,6% no seu índice. Todos os Estados experimentaram melhoras ao longo da década, evidenciando o trabalho realizado por eles e por seus Municípios,

519 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 no combate ao analfabetismo, na universalização do ensino para jovens e adolescentes e na melhora do acesso às instituições públicas de ensino.

O mesmo padrão se repete para a longevidade, indicador utilizado para avaliar as condições de saúde da população, onde os Estados do Norte e Nordeste apresentam as maiores taxas de variação.

Apenas no que diz respeito à renda, os resultados não são tão marcantes. A variação do indicador entre os anos de 1991 e 2000 não é tão significativa, e a dispersão regional é substancialmente maior.

Esse mesmo padrão de comportamento repete-se para a realidade municipal.

Na Bahia, Municípios mais carentes, como Ponto Novo, Quijingüe e Pedro

Alexandre destacam-se no que se refere à variação dos seus IDHs durante a última década do século passado. Pedro Alexandre, no que se refere ao IDH da educação, apresentou a notável variação de 193,7%, destacando-se dentre todos os

Municípios da Bahia em relação a este indicador.

O indicador de renda também apresenta maior dispersão pelo território baiano, evidenciando um padrão de comportamento substancialmente menos correlacionado com as administrações locais. Em 17 Municípios do Estado ocorreu perda de renda real no período, sem que se observe neles qualquer aspecto particular de redução da atividade econômica anterior.

O que estas informações parecem indicar? Que o Brasil melhora, é verdade, mas com um perigoso senão. Estados e Municípios têm feito suas lições de casa, investindo na melhoria da infra-estrutura produtiva e social de seus espaços territoriais, através da implantação de políticas públicas de combate à pobreza e às desigualdades de forma focalizada, articulada e convergente, aproximando-os

520 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 daqueles mais desenvolvidos. Contudo, a política econômica contencionista é um entrave a avanços mais expressivos, mantendo os níveis de renda em patamares abaixo dos necessários.

Assim, Sras. e Srs. Deputados, parece oportuno repensar a corriqueira prática de atribuir os problemas brasileiros às esferas subnacionais de poder. Mais importante ainda: se a política econômica recessiva não for abandonada, o Brasil continuará amargando indicadores de desenvolvimento humano abaixo daqueles desejados por todos.

Esta, Sr. Presidente, é a maior lição deste importante trabalho realizado pelo

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento — PNUD, pelo Instituto de

Política Econômica Aplicada — IPEA e pela Fundação João Pinheiro, instituições públicas do mais alto gabarito técnico e comprometidas com o desenvolvimento social do País, as quais cumprimento neste momento.

Aliás, essas instituições e mais algumas outras de diversos Estados da

Federação, inclusive a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais, do meu

Estado, entidade que desfruta de grande credibilidade nacional, estarão reunidas ao longo desta semana em São Paulo, no Encontro Anual da Associação Nacional das

Instituições de Pesquisa e Estatística — ANIPES, para uma discussão sobre indicadores municipais que permitam um melhor conhecimento sobre a diversidade regional no Brasil e suas desigualdades.

Era o que tinha a dizer.

521 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. AFFONSO CAMARGO (PSDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje quero fazer mais um registro sobre o meu relacionamento com a cidade de Ponta Grossa. Trata-se de um relacionamento inédito. Para V.Exas. terem idéia, não sou de lá, não tenho propriedade lá, mas fiz mais votos que os candidatos a Governador e a Deputado Federal. Isso explica a empatia cósmica.

Quero contar mais um episódio.

Em 1995, quando fui eleito pela primeira vez Deputado Federal, visitei o Dr.

Pedro Wosgrau, ex-Prefeito de Ponta Grossa, grande empresário. Naquela ocasião, ele me disse: “Affonso, agora que você se elegeu Deputado Federal, procure dar uma mão ao CEFET de Ponta Grossa. Eles estão precisando de um padrinho.

Dizem que sou o pai, mas eles estão precisando de um padrinho”.

Fiquei sabendo que, no final de sua gestão, em 1992, ele havia comprado um imóvel, onde funcionava o Seminário dos Padres Redentoristas, com 120.000 metros quadrados e 8.000 metros de área construída, e o doou ao Ministério da

Educação, possibilitando a instalação do CEFET de Ponta Grossa.

Em decorrência do apelo, visitei a unidade — fui o primeiro Deputado Federal a tomar tal atitude —, que funcionava há 3 anos, e resolvi concentrar a destinação da minha verba pessoal à educação daquela região, começando pelo CEFET. Para se ter idéia das realizações, com os 900.000 reais, parte da verba pessoal deste ano, concentrei 5 milhões de reais naquele centro. Transformei o CEFET de Ponta

Grossa na unidade mais bem equipada do interior do Brasil. Hoje ele tem 18.000 metros quadrados de área construída, 25 salas de aula, 40 laboratórios, 1 centro de atividades físicas, com ginásio de esporte, quadra poliesportiva, academia e parque

522 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 aquático, 1.600 alunos; oferece 4 cursos superiores, 1 de ensino médio e 1 de mestrado. Ainda mais: a antiga biblioteca, com 120 metros quadrados, transformou- se em biblioteca tecnológica, com 500 metros quadrados. Há um acervo de 15.000 livros. Ela é usada por 700 pessoas/dia, sendo 30% de cidadãos da comunidade, que se amparam nela para fazer suas pesquisas.

O CEFET ainda presta incentivos a novas empresas. Criou o hotel tecnológico e a incubadora tecnológica. Agora, o CEFET do Paraná está sendo transformado na primeira universidade tecnológica do Brasil. Vejam como esse apoio foi importante. Não digo que se transformou em universidade devido somente a Ponta Grossa, mas porque foi realmente apoiado.

A partir do dia 27 de setembro, o ex-Prefeito Pedro Wosgrau, que me induziu a ajudar o CEFET de Ponta Grossa, ingressou em meu grupo político, nessa transmutação partidária tão comum no Brasil. Então, imaginem minha felicidade.

Hoje estamos unidos para trabalhar em favor de Ponta Grossa.

Para concluir, digo ao meu novo correligionário: seja bem-vindo, Pedro

Wosgrau.

523 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. CARLITO MERSS (PT-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última segunda-feira, dia 6 de outubro, participamos de sessão solene da Câmara de Vereadores de Joinville, iniciativa do

Vereador Marcos Fernandes, do PT, destinada a homenagear os 25 anos do Centro de Educação Profissional Dario Geraldo Salles (CEDUP), antigo CIS.

Ficamos fortemente emocionados não só porque fizemos parte dessa instituição, como seu professor, mas porque se trata de uma escola pública que formou mais de 7.000 alunos hoje inseridos no mercado de trabalho, com formação profissional adequada e elevados valores éticos e sociais. O CEDUP não só forma profissionais competentes como é uma verdadeira escola de vida, formando cidadãos capazes de participar ativamente na construção de um tecido societário de inclusão e participação social.

Impressiona o dinamismo desse centro, sempre voltado para uma sinergia entre a formação de profissionais de qualidade e o investimento permanente no acompanhamento da dinâmica do mercado de trabalho e do surgimento de novas opções de trabalho. Atualmente são quase 500 alunos que enfrentam habilitações de comércio, contabilidade, mecânica, eletrotécnica, eletromecânica e administração de produção. Além disso, uma diversidade de cursos de curta duração são oferecidos para atualizar e qualificar o desempenho profissional em áreas de produção industrial, vendas e relações humanas. Um ensino de referência para o competitivo mercado de trabalho do norte catarinense e que também já merece diversos reconhecimentos nacionais, inclusive pelo programa de expansão do ensino profissionalizante (PROEP) do Ministério da Educação, que contemplou a

524 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 instituição com uma verba de R$ 2,5 milhões, que irá atualizar ainda mais seus equipamentos e modernizar suas instalações de ensino.

Por isso, registro aqui minha emoção e a satisfação de confirmar o sucesso do CEDUP e o fôlego, a competitividade e a qualificação de seu corpo docente e de sua combativa direção.

Parabenizo o CEDUP pelo seus 25 anos e me solidarizo com sua comunidade nesta confraternização pelo brilhantismo da educação profissional de

Joinville.

Parabenizo também seus alunos e ex-alunos, hoje profissionais de excelência, participantes do mercado de trabalho, graças aos conhecimentos e às lições proporcionadas por essa instituição de ensino exemplar.

Registro nos Anais da Casa esta comemoração, pela importância de mostrarmos ao País exemplos vitoriosos de investimento em formação profissional, no conhecimento especializado e em tecnologia, alternativas eficazes para a geração de empregos e incentivo ao empreendedorismo.

Parabéns ao CEDUP e ao Vereador Marcos Fernandes pela oportuna iniciativa.

525 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ANTONIO NOGUEIRA (PT-AP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, completaram-se 15 anos de vigência da

Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988. Ela foi chamada de

Constituição Cidadã em razão dos enormes avanços que trouxe, no sentido de criar os aparatos legais necessários à promoção do homem, da liberdade e da democracia.

O norte basilar da Constituição de 1988 é o chamado princípio da dignidade da pessoa humana. Com base nele, inúmeros avanços foram previstos, frutos do momento político que nossa Nação vivenciava naquele momento, quando voltávamos a respirar os ares da democracia e os movimentos sociais ganhavam força e entusiasmo. O fato é que nunca tivemos uma Carta tão avançada e tão rica de intenções e que tenha envolvido tantos brasileiros em seu debate preliminar.

Passados 15 anos, muita coisa aconteceu ou ainda está por acontecer. Nossa

Constituição já sofreu inúmeras emendas, a sociedade mudou bastante, as demandas sociais cresceram e continuam crescendo. Avanços mostram-se “sem gás” e atrofiam-se. Mas há também a feliz constatação de consolidação das conquistas: a previsão da igualdade entre homens e mulheres dentro do lar; a igualdade entre os filhos; a rígida proibição de discriminação; as garantias à liberdade de ir e vir, de pensar e exprimir suas idéias; enfim, a promoção e garantia da dignidade humana.

É claro, Sr. Presidente, que não podemos ficar acomodados, a contemplar os avanços tidos em passado próximo. Na verdade, se houve avanços, se os

Constituintes de 1988 tiveram a ousadia e a coragem de responder aos anseios populares daquele momento, há que se saudar essa atitude e reconhecer o seu

526 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 valoroso trabalho. Contudo, esse trabalho desencadeia novas demandas, atiça ainda mais os anseios dos movimentos sociais para que se garantam mais direitos, de modo a que a nossa Carta legal esteja cada vez mais sintonizada com as reais necessidade de nosso povo.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós, desta Legislatura, podemos, sim, render grande homenagem aos Constituintes de 1988 — alguns, inclusive, ainda presentes nesta Casa. E essa homenagem significa assumir a mesma posição de coragem, de ousadia e de sintonia com a sociedade, para lhe proporcionar leis que possam responder às suas necessidades e aspirações. Assim, estaremos a cada dia renovando o espírito que promulgou a Constituição de 1988.

Passo a abordar outro assunto.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero falar de uma questão que não tem ocupado muito os espaços de debate desta Casa. Trata-se do grande salto que estamos dando atualmente em nossa produção cinematográfica.

Há poucos dias assisti, com grande prazer, ao filme de Guel Arraes intitulado

Lisbela e o Prisioneiro. Como diriam nas pequenas cidades do Nordeste onde ele foi gravado, “que belezura de filme”! Engraçado, romântico e muito criativo.

Lisbela e o Prisioneiro é mais um da seqüência da boa safra de filmes nacionais que ultimamente nos têm sido presenteados por grandes cineastas brasileiros. As produções crescem em número e em qualidade, os cinemas estão voltando a ficar lotados e a nossa cultura agradece e se engrandece.

Assistir a um filme produzido por brasileiros, com temáticas nacionais, é muito mais do que a comprovação de que podemos fazer bons filmes no Brasil. Nossa

527 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 competência extrapola as fronteiras técnicas e avança para a formação de uma identidade nacional, tão necessária em momentos como o que estamos vivendo.

De tanto assistir a filmes hollywoodianos, com temáticas, problemas e valores americanos, já nos acostumamos com esses padrões e passamos a achar natural e específica a sua forma de produção. Criamos um estigma e passamos a referenciar todas as demais produções cinematográficas segundo aquele formato. Um filme é bom ou ruim de acordo com a capacidade de aproximar-se ou distanciar-se desse marco.

Contudo, Sr. Presidente, o rombo é muito maior em nossa cultura. Qualquer filme yankee, italiano ou mesmo francês é produzido em um ambiente que lhe é próprio, para refletir, conseqüentemente, valores que lhe são próprios. Assim, jeitos de falar, de vestir, de pensar, de comportar-se, de amar, de sorrir, de consumir chegam-nos com aparência de naturalidade, naturalmente são absorvidos e, infelizmente, reproduzidos.

Poder ver filmes em maior quantidade e melhores em nossas telas de cinema significa muito mais do que ter motivo para alimentar o orgulho nacional. Denota também o estabelecimento de um marco nacional para a produção cinematográfica, a oportunidade de expor nas telas valores e ambientes que formam o mosaico de nossa cultura. Se “uma imagem vale mais do que mil palavras”, um filme vale muito mais, como painel e exposição cultural, do que livros, horas de palestras, artigos e qualquer outra tentativa acadêmica ou artística de difusão de nossa cultura.

Assistir a um bom filme nacional, Sr. Presidente, é também ter contato com temáticas e problemas que são nossos. Sensibilizar-se pela necessidade de suas resoluções é conhecer nossas especificidades, é identificar-se a si próprio nas telas,

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é conhecer nossa paisagem natural e humana. Tudo isso nos dá noção de que temos especificidades, de que somos um povo único e, portanto, precisamos ter identidade própria. E, convenhamos, a formação de uma identidade nacional é fundamental para a construção de qualquer grande nação.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. GERALDO RESENDE (PPS-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, meu pronunciamento versa sobre a comemoração dos 26 anos do Estado de Mato Grosso do Sul.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Estado de Mato Grosso do Sul é o número 1 em pecuária; 2 bacias hidrográficas limitam nosso Estado que cresceu

4,5% em 10 anos; temos 11 microrregiões e 14 cidades com potencial turístico; 15 letras formam nosso nome; 16% do turismo é histórico-cultural; ocupamos 18% do

Centro-Oeste sendo 25% de nossa área alagada; completamos 26 anos; 28% do turismo é folclórico; existem 29 instituições de ensino superior; nossa renda per capita é 30% acima da média nacional; 31 é a lei complementar que nos criou; temos 35 espécies de anfíbios; 40% de nosso turismo é ecológico; são 77

Municípios com 86% da população alfabetizada e 90% com água tratada; temos 95 espécies de mamíferos; contamos com 98 hospitais; existem 105 hotéis; crescemos

106% na produtividade do trigo; registramos 167 espécies de répteis; nosso PIB cresceu 211% no último decênio; funcionam 222 agências de turismo; temos 263 espécies de peixes; por 400 anos fizemos parte de Mato Grosso; abrigamos 665 espécies de aves; 1.160 metros é nosso ponto mais alto e as chuvas atingem 1.600 mm/ano; fomos criados em 1977; temos 2.000 espécies de plantas; temos potencial hídrico de 2.200 metros cúbicos por segundo; a renda per capita é de R$ 15.000,00; abatemos 16.000 cabeças de gado por dia; temos 18.000 leitos na rede hoteleira,

47.000 índios habitam o Estado; a pesca esportiva atrai 57.000 pessoas ao ano;

89.318 quilômetros quadrados de nosso território é pantanal; temos 120.000 idosos; recebemos 200.000 estrangeiros por ano; 358.158 quilômetros quadrados é nossa extensão; 400.000 pessoas vivem no campo; 1 milhão de turistas nos visitam; 1

530 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 milhão e 350 mil de nossos 2 milhões de habitantes têm casa própria; colhemos mais de 4 milhões de toneladas de soja do total de 7 milhões e 600 mil toneladas de grãos e fibras, numa área agricultável de quase 9 milhões de hectares; possuímos

22 milhões de cabeças de gado; a pesca movimenta por ano 40 milhões de reais; abate-se 120 milhões de aves e se produz 450 milhões de litros de leite; e, pasmem,

7 bilhões e 500 milhões de reais é o valor total do nosso rebanho de Mato Grosso do

Sul.

Por mais que eu me delongue arrolando dados impressionantes sobre Mato

Grosso do Sul, a frieza dos números jamais será suficiente para expressar a grandeza que esse Estado assume dentro do nosso coração.

Todas as estatísticas só querem dizer uma coisa: Mato Grosso do Sul é um lugar especial. Foi abençoado por Deus, que adornou sua terra fértil com uma natureza esplendorosa e fez dali morada de um povo generoso e trabalhador.

Nesta oportunidade, em nome desse povo, agradeço ao Governo Federal o presente que nos agraciou com a conclusão da Ponte Alencastro, obra de grande relevância para o desenvolvimento econômico e social do Estado, nova via de escoamento da produção agroindustrial.

“A pujança e a grandeza, de fertilidades mil, são o orgulho e a certeza do futuro do Brasil”, assim diz nosso hino, assim tem sido em 26 anos de história.

Parabéns, Mato Grosso do Sul!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, passarei a tratar agora das desvinculações de receitas.

Já declaramos contrariedade a que se engesse em demasia as verbas públicas, o que, em alguns casos, castra a criatividade, impede soluções de cunho

531 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 regional, por conta de uma equalização que foge, quase sempre, às realidades locais. Mas, sem obrigatoriedade para aplicação de recursos em áreas essenciais, como a saúde pública, as prioridades sociais estariam sob séria ameaça.

Isso nos leva a diligenciar sistematicamente contra as Desvinculações de

Receitas da União — DRU, e seus desdobramentos: DRE e DRM, antagonismos inaceitáveis à grande conquista obtida pelos brasileiros com a Emenda nº 29, instrumento maior da sustentabilidade do SUS.

Nesse sentido, estivemos com a Frente Parlamentar da Saúde reunidos com os Ministros José Dirceu, Guido Mantega e Humberto Costa, colocando em pauta o necessário veto ao § 2º do art. 59 da LDO, de forma a impedir a possibilidade de ampliação dos gastos nos moldes preconizados na Normativa 322, que regulamenta a emenda. Além disso, foi exposta a preocupação quanto à inclusão do Fundo de

Combate à Pobreza, oriundo da MP 31, como gastos da saúde, conforme anuncia a

Lei Orçamentária.

O Conselho Nacional de Saúde tem lembrado que essas medidas, associadas às desvinculações, implicariam, somente no setor da saúde, queda nos investimentos na ordem de R$ 5 bilhões (R$ 3 bilhões pelos Estados e R$ 2,5 bilhões pelos Municípios). Para termos idéia do assombroso impacto das desvinculações, a perda desses valores supera o financiamento do Programa de

Combate à AIDS e o total do repasse federal para o SUS para a Região Norte do

Brasil.

Como se vê, assumimos uma luta árdua, mas honrosa na defesa da saúde pública, e ainda assim inúmeras dificuldades nos são opostas. Sinceramente, penso que não merecíamos ter agentes políticos “remando contra” essa causa.

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Causou-nos indignação e até constrangimento ver o Vice-Governador do

Estado de Mato Grosso do Sul interceder junto ao Presidente da Comissão de

Constituição e Justiça do Senado para que o projeto de reforma tributária traga a desvinculação das receitas dos Estados.

O argumento para justificar o pedido de Desvinculação das Receitas dos

Estados é a necessidade de alívio quanto ao pagamento de suas dívidas com a

União. Se o problema é pontual, que seja resolvido pontualmente. É notória a dificuldade dos Estados no pagamento da dívida com a União, mas parece-nos

óbvio que essa matéria não deve ser discutida no bojo das questões sociais, sob pena de estarmos derrubando uma árvore para fabricar um palito.

A incompetência administrativa do Governo do Estado de Mato Grosso do

Sul, afundado em dívidas, mesmo tendo quase triplicado sua arrecadação, não pode ser suportada pela população que ao final seria despojada de investimentos sociais mínimos, garantidos com as vinculações dos orçamentos públicos, e que, mesmo assim, não chegam plenamente aos sul-mato-grossenses, que dirá desvinculados.

O Vice-Governador fala em “desenvolvimento que promova crescimento econômico” com a desenvoltura típica dos neoliberais — ferrenhamente combatidos por ele e seu partido — que pregavam a minimização da intervenção social do

Estado.

Notamos em suas declarações a proposital inversão da lógica de aplicação das verbas públicas ao afirmar que “por mais que o Estado mantenha a casa em ordem, os recursos para investimentos acabam desaparecendo por causa deste tipo de vinculação de receita”.

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Isso é absurdo, mesmo porque, em se tratando de Mato Grosso do Sul, uma coisa que não existe é “casa em ordem”. Em verdade, o que faz “desaparecer” recursos não é a vinculação social da receita. O que faz “desaparecer” receita é a incompetência administrativa. A saúde e a educação pública não são as responsáveis pela quebra do Estado.

Nobres pares, é deprimente termos um homem público, representante de toda uma população na condução de um Estado, tratar as questões sociais com tamanho desdém, fazendo imperar a frieza de cálculos matemáticos sobre as necessidades básicas do ser humano, com o objetivo único de salvar o que resta de uma gestão reconhecidamente fracassada. Pedimos que o Vice-Governador assuma sua quota de responsabilidade no desastre financeiro imposto a Mato Grosso do Sul, sem jogar a culpa sobre a já combalida área social do Governo.

Essas lamentáveis declarações, mesmo causando profunda indignação e clamando por uma reação contundente, não são o bastante para nos afastar um milímetro sequer de nossa obstinada luta em prol da atenção social básica ao cidadão, especialmente a saúde pública.

Gratos pela atenção.

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O SR. MARCUS VICENTE (PTB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quando o Brasil entrou na Segunda Guerra

Mundial, declarando guerra à Itália, Alemanha e Japão, os imigrantes oriundos desses países foram discriminados e perseguidos.

As agressões eram motivadas pela diferença das roupas, comidas ou até mesmo do tipo físico. Suas culturas de origem foram proibidas até no que tinham de mais essencial, a língua. Bens foram confiscados, famílias expulsas de suas casas, trabalhadores espancados ou presos.

Embora presente no Espírito Santo desde o século XIX, a colônia alemã capixaba correu o risco de ver grande parte de sua herança cultural, como as danças e canções, ser eliminada pelo preconceito. Felizmente, curadas as feridas da guerra, os jovens do Município de Domingos Martins fundaram o primeiro grupo folclórico do Estado: o Bergfreunde de Campinho, sendo que Campinho é a sede do

Município e Bergfreunde significa amigos da montanha.

O grupo esteve aqui em Brasília entre os dias 1º e 4 de outubro, a convite da

Embaixada da Alemanha, para comemorar o Dia da Unidade Alemã. Com centenas de apresentações já realizadas, o Bergfreunde já recebera convites para se apresentar em Lisboa, Nova Iorque e até mesmo em Munique.

Trata-se de um feito considerável para um grupo nascido numa cidade com menos de 32.000 habitantes: Domingos Martins, cidade serrana com 18 graus centígrados de temperatura média anual. Seu clima, beleza natural e fertilidade da terra tornaram-na berço da imigração alemã e italiana no Espírito Santo. Os alemães, da região de Hunsrück e da Pomerânia, vieram a partir de 1847. Os italianos, da região do Piemonte, vieram a partir do ano seguinte.

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O Bergfreunde de Campinho tem cumprido com louvor sua tarefa de resgatar, preservar e divulgar a cultura trazida pelos imigrantes alemães que, misturada com a contribuição de todos os outros povos aqui estabelecidos, ajuda a tornar mais rica e versátil a Nação brasileira.

Registre-se, então, o nome desse grupo folclórico, cujas raízes alemãs não o fazem menos brasileiro que os grupos de capoeira ou de maracatu. Afinal, as raízes de nosso povo espalham-se pelo mundo, de Portugal ao Japão, da Angola à Itália; e, graças à extensão e à profundidade de nossas raízes, maior e mais hospitaleira torna-se a copa da nacionalidade brasileira.

Sr. Presidente, aproveito o ensejo para manifestar também os meus sinceros parabéns à cidade de Aracruz e, por extensão, ao meu Estado.

Parabéns pelo sucesso da 14ª EXPO.COM — Exposição Agropecuária,

Comercial e Comunitária, que, sem dúvida, superou as exitosas experiências anteriores.

A EXPO.COM de Aracruz é tradicional no Estado, e são inúmeros os visitantes que vêm à cidade assistir aos shows ou para comercializar animais, máquinas e produtos diversos, gerando divisas substanciais ao desenvolvimento do

Município.

A festa, de fato, tem servido ao que se propõe: promover a melhoria genética dos rebanhos bovino e eqüino; possibilitar o acesso do produtor rural a novas tecnologias; promover a integração entre as associações comunitárias e fomentar a economia. Para tanto, a EXPO.COM tem programação variada, como forma de viabilizar a concretude desses propósitos.

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O evento aconteceu no período de 2 a 5 de outubro e teve atrações como o

Rodeio Robson Show, forrós e grandes shows , com a presença dos artistas Lorena

Azevedo, Laion, Wander e Cássio, Osmar e Osmarzinho, Elba Ramalho, Bruno &

Marrone, Frank Aguiar, além de uma atração internacional, o cantor norte-americano

Gene Fireball.

Para a realização do evento, houve investimentos da ordem de 700.000 reais e o retorno foi certo, como previram os organizadores. Mais de 100.000 pessoas passaram pelo parque, ou para assistir aos shows, ou para ver e comercializar produtos diversos, em especial, animais de alto padrão genético. O concurso leiteiro, realizado em 6 etapas, foi prova da qualidade genética exposta na Feira.

A EXPO.COM, desta vez, foi engrandecida pela 1ª Mostra Estadual da

Cachaça Capixaba, que trouxe para o contato com o público os produtores de aguardente. Nós, capixabas, sabemos a qualidade da cachaça produzida em nosso

Estado. Entretanto, para que haja o necessário incremento nas vendas, é fundamental que se abram espaços como este, para que possa ser “mostrada a cara do nosso produto”, como bem disse o fabricante da GG, Eristeu Gilberti.

Nesse sentido, parabenizo a Administração do Município e todos os cidadãos de Aracruz pela percepção das necessidades e possibilidades de sua gente.

É de iniciativas assim que o País precisa, para alavancar o desenvolvimento que todos desejamos ver acontecer em tempo hábil, antes que o povo brasileiro perca a esperança.

Parabéns a Aracruz! Parabéns ao meu Estado! Parabéns aos meus conterrâneos! Muito obrigado.

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O SR. PROMOTOR AFONSO GIL (PCdoB-PI. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há 20 dias fiz um discurso nesta Casa sobre o maior escândalo financeiro ocorrido no Estado do Piauí. Não citei nomes por prudência e até porque não seria conveniente.

Saiu ontem, terça-feira, no jornal Diário do Povo: Caso Servaz. Procuradores pedem a prisão de Hugo e Leda Napoleão

O Ministério Público Federal vai pedir a indisponibilidade dos bens das 10 pessoas denunciadas à Justiça Federal no escândalo Agespisa/Servaz, com pedido de indiciamento e prisão preventiva, por crimes de peculato e formação de quadrilha, incluindo o ex-Governador Hugo Napoleão e a ex-Presidenta do SERSE, Leda

Napoleão. Os indiciados podem pegar até 20 anos de prisão. A decisão sobre os pedidos de prisão foi encaminhada à Justiça Federal.

A mesma notícia saiu no jornal Meio Norte.

O Piauí é um Estado pobre por culpa desse tipo de comportamento, corrupção, furto do dinheiro das escolas, dos hospitais e da merenda escolar para fins eleitorais.

A campanha de todos esses senhores, inclusive de alguns Deputados, foram financiadas com dinheiro do Estado, com dinheiro do povo.

Espero que a Justiça Federal ressuscite, saia do túmulo e, desta, vez, aja com rigor, a fim de que consigamos eliminar da vida pública as pessoas que furtam o dinheiro do povo. Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a inclusão dessas matérias no meu pronunciamento e sua divulgação nos meios de comunicação da Casa. Muito obrigado, Sr. Presidente. MATÉRIAS A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 539 A 539-I)

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O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Concedo a palavra, pela ordem, ao

Deputado Dr. Heleno, que se esqueceu de fazer uma observação em seu pronunciamento.

O SR. DR. HELENO (PP-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, dou entrada a projeto de lei que altera o art. 763 do Código Civil, para permitir que o segurado tenha indenização proporcional à importância que já pagou, caso esteja em mora de pagamento por ocasião de sinistro.

Com as regras atuais, o segurado perde o que já pagou, se estiver atrasado com o pagamento do seguro. Este projeto de lei beneficia justamente essas pessoas, não permitindo que sejam lesadas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Tarcisio Zimmermann.

O SR. TARCISIO ZIMMERMANN (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, na condição de militante, fundador e

Deputado Federal do Partido dos Trabalhadores, quero manifestar minha profunda tristeza e preocupação em razão da malfadada medida provisória dos transgênicos, que provocou importante perda para o PT, ou seja, a desfiliação do Deputado

Fernando Gabeira.

Quero também falar da minha tristeza por ver o Ministro Roberto Rodrigues integrar o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. S.Exa., aliás, não tem nenhuma identidade com a história e o projeto político que nos fizeram lutar pela vitória de Lula nas últimas eleições e ao longo de todo o processo conspirou contra a

Medida Provisória nº 113, não tomou nenhuma atitude necessária à sua efetivação.

Por isso, tornou a questão dos transgênicos fato consumado.

Lamento também o fato de o Ministro conspirar contra a política externa do

Presidente Lula, atacando, em um momento absolutamente inapropriado, o

Itamaraty por sua correta condução no sentido de resgatar a soberania do País.

Sr. Presidente, o motivo mais imediato da minha dor, ao qual vou me referir neste momento, é o projeto de lei de falências, cuja votação ocorrerá, se não hoje, na próxima semana. Em virtude da lei que vigora atualmente, os trabalhadores deste

País já foram muito prejudicados. Eles têm lutado ao longo de muitos anos para fazer prevalecer os direitos trabalhistas às garantias dadas aos banqueiros em caso de falência.

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Pessoalmente, tenho-me empenhado nessa luta desde 1989, quando foi iniciado vigoroso processo de resistência contra esse imperativo da lei atual, que assegura maiores garantias aos banqueiros do que aos créditos trabalhistas.

Lutamos na Justiça e conseguimos alguns avanços.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul já considera, por unanimidade — e sobre isso já existe súmula, com base na Constituição —, que aos trabalhadores assiste maior direito do que aos banqueiros. No mesmo sentido, lutamos muito nesta

Casa, mas não conseguimos progredir. Acreditávamos que no atual Governo haveríamos de ver finalmente reconhecido o direito dos trabalhadores frente aos dos banqueiros, porque o próprio Lula, à época em que ainda não havia sido eleito

Presidente da República, em 1982, em ato público num bairro pobre da cidade de

Novo Hamburgo e diante da falência de dezenas de fábricas de calçados, afirmou que pouco importava a Lei de Falências, que nesses casos o Governo teria de assumir a responsabilidade para não permitir que a classe trabalhadora fosse prejudicada em benefício dos banqueiros, que já têm mais direitos do que eles.

Pois bem, estamos prestes a votar a nova Lei de Falências. No entanto, vemos que os banqueiros do Santander, que obteve um lucro de 2,8 bilhões em

2002, do BRADESCO, que obteve um lucro de 2 bilhões em 2002, e do Itaú, com o lucro de 2,4 bilhões em 2002, vão ter mais garantias do que o trabalhador operário que vive em áreas ocupadas, ao lado de valões, cujos filhos não têm direito à saúde,

à escola e ao futuro. Por isso, quero registrar minha profunda tristeza.

Há pouco, conversando com dirigentes sindicais do Rio Grande do Sul, eles me perguntavam o que iriam dizer às portas das fábricas para milhares e milhares de trabalhadores que aguardam lhes sejam garantidos seus direitos.

542 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Ora, Sr. Presidente, vai ser muito difícil dizer a esses trabalhadores que a esperança foi vencida, porque ela tem para os trabalhadores significado concreto, não é abstrata, é a expectativa de ter um direito atendido. E esta Casa está frustrando a esperança desses trabalhadores pobres e humildes, que muitas vezes não têm comida na mesa, em favor dos banqueiros.

Esta é a razão da minha grande tristeza e do meu profundo desalento. No entanto, é também motivo de alerta, porque ainda temos tempo de reparar essa situação, assegurando que o crédito trabalhista tenha maior prioridade do que os banqueiros.

543 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ROGÉRIO TEÓFILO (PPS-AL. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há 28 anos a população alagoana, principalmente a da Capital, Maceió, testemunhava o avanço da comunicação.

Entravam em suas salas as imagens da primeira estação de televisão do Estado.

Era a inaugurada a TV Gazeta, de Alagoas. Era o sonho realizado do Senador e jornalista, Arnon de Mello, em 27 de setembro de 1975.

Acostumada às imagens chuviscadas, transmitidas pelas televisões do

Estado vizinho, Pernambuco, a população alagoana estava alegre com a novidade, que também veio a contribuir para o aumento das vendas de televisores no comércio local.

A TV Gazeta, ao longo dos anos, tem alcançado prestígio e o reconhecimento da população do Estado, reunindo no seu quadro excelentes profissionais de comunicação, o que certamente tem contribuído para os resultados positivos da emissora.

O próprio Arnon de Mello comandou a inauguração da TV, evento que reuniu naquela tarde de 27 de setembro as mais expressivas lideranças políticas, intelectuais, empresariais, artísticas e autoridades públicas de Alagoas.

A Organização Arnon de Mello, conglomerado de comunicação que reúne também um jornal — Gazeta de Alagoas —, rádios FM e AM na Capital e cidades do interior, tem feito investimentos tecnológicos para garantir o melhor padrão de qualidade e serviço em benefício dos seus telespectadores.

A TV Gazeta de Alagoas é afiliada da Rede Globo no Estado e seu sistema de comercialização, totalmente informatizado e on-line com a emissora nacional, também tem garantido o seu sucesso publicitário.

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Sras. e Srs. Deputados, quando o sonho vira determinação ele é concretizado. Assim foi a obra do jornalista e político Arnon de Mello. Como jornalista, foi repórter dos Diários Associados, no Rio de janeiro; escreveu livros e foi empreendedor na área de comunicação. Como político, foi Governador do seu

Estado.

Neste meu registro, quero parabenizar todos que fazem a TV Gazeta de

Alagoas e dizer que o Estado e os alagoanos têm muito que se orgulhar dessa emissora e reverenciar a memória do seu fundador, o saudoso Senador Arnon de

Mello.

Sr. Presidente, passo agora a tratar de outro assunto.

No final do mês passado, tive a oportunidade de participar da realização de um sonho de adolescente e também de constatar o quanto uma vontade política pode transformar a vida de pessoas. Reporto-me ao baile para 487 debutantes, realizado no último dia 20, em Arapiraca, Alagoas.

Tudo nasceu do sonho de uma das garotas beneficiadas pelo Programa de

Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), em Arapiraca, e do empenho da

Coordenadora do programa, Cida Santos, da Prefeita do Município, Célia Rocha, e do apoio do empresariado local. E já está na agenda de compromissos da Prefeita que esta festa será repetida anualmente no Município.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a emoção do evento podia ser observada em cada olhar daquelas garotas ao adentrar o salão de baile. Da mesma forma, era possível ver o orgulho das famílias e de todos os que colaboraram para a concretização dessa festa, que de tão importante, não só para as meninas e suas famílias, mas também para as autoridades, o Município e o Estado, atraiu a atenção

545 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 do País e foi notícia nacional, pela originalidade e pelo motivo inocente que levou toda uma comunidade a promover o evento.

Nada mais válido que o dito popular de que quando se acredita no sonho ele pode ser realizado, basta que se lute de verdade. Não só a festa dessas jovens deve ser destacada neste pronunciamento, como também o trabalho do PETI, em

Arapiraca.

Esse programa atende, hoje, no meu Município a 7.500 crianças e adolescentes em salas de aula, estudando música, dança, capoeira, todos com auto-estima elevada e perspectiva de futuro.

Desse fator tão positivo, senhoras e senhores, temos que reconhecer o merecimento de Cida Santos, coordenadora do Programa, e da Prefeita Célia

Rocha, que fez do PETI prioridade da sua administração.

O trabalho infantil é uma triste realidade nacional. Gostaria que o PETI de

Arapiraca servisse de exemplo para outros Municípios brasileiros. Ficarei muito feliz,

Sras. e Srs. Deputados, se outras festas como essa forem, daqui por diante, apresentadas freqüentemente no quadro Brasil Bonito, do Jornal Nacional.

Muito obrigado.

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O SR. ALMIR SÁ (Bloco/PL-RR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Exmo. Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, volto hoje a esta tribuna para tratar de assunto que, tanto por mim quanto por outros Parlamentares, já foi tratado à exaustão, embora até hoje não se tenha notícia de nenhuma medida adotada pelo Congresso

Nacional ou pelo Governo Federal para amenizar o sofrimento do povo do Estado de

Roraima e da Amazônia.

Quero, mais uma vez, tratar da preocupante questão da demarcação de terras indígenas neste País. Como fato novo, trago as diretrizes tiradas de um encontro realizado no último dia 26 de setembro, em Cuiabá, Mato Grosso, do qual participaram representantes de todas as federações estaduais de agricultura, inclusive este Parlamentar na qualidade de presidente da Federação de Agricultura do Estado de Roraima.

Foi com um misto de alívio e ao mesmo tempo apreensão que percebi, naquela oportunidade, que a demarcação, ampliação e a exacerbação das reservas indígenas não são mais um problema apenas de Roraima, que já tem 50% de seu território comprometido. Estamos agora falando de um flagelo nacional, que atinge tanto os Estados mais ricos quanto os mais pobres, como o meu.

Se antes a bancada de Roraima estava isolada dentro desta Casa na luta contra as pretensões absurdas da FUNAI e das organizações não-governamentais, a maioria estrangeiras, encontrando respaldo quase que exclusivamente em nossos companheiros da bancada da Amazônia, chamamos agora a atenção para o fato de que muitos Estados brasileiros, que até então não tinham problemas dessa natureza, vêem hoje as reservas indígenas avançarem sobre imensas áreas

547 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 produtivas, comprometendo a produção de alimentos, a geração de empregos e renda para milhões de brasileiros.

Não se questiona aqui, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a garantia do direito originário do índio à terra, um dos grandes avanços da Constituição de 1988.

Questiona-se, sim, o que pode ser uma grande orquestração, certamente com financiamento internacional, para esterilizar todas as regiões que potencialmente podem produzir riqueza neste País. No caso específico de Roraima, as reservas já demarcadas, por demarcar ou pretendidas pela FUNAI coincidem, de forma exemplar, com as principais reservas minerais do País, quiçá do mundo. Basta sobrepor os mapas. O que sobra para exploração econômica é muito pouco, tanto em termos de extensão quanto de recursos naturais.

E na reunião de Mato Grosso pude observar que levantamento feito pela

Confederação Nacional da Agricultura revela a mesma coincidência na maioria dos

Estados que hoje enfrentam problemas com demarcações de terras indígenas. As propostas de demarcação ou ampliação apresentadas pela FUNAI dizem respeito exatamente a áreas já consolidadas ou de expansão da atividade agrícola ou pecuária em Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia etc.

Alguns poderão dizer que se trata de paranóia, mas já diziam a mesma coisa de Roraima antes que a atividade econômica fosse inviabilizada por reservas indígenas, que somam quase metade dos mais de 225.000 quilômetros quadrados que tem o Estado.

É por isso que repito, esta é uma situação que ao mesmo tempo me preocupa e me alivia. Preocupa-me, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pelas razões

548 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 acima expostas. De outra forma, alivia-me por saber que outros Estados enfrentam hoje o mesmo problema de Roraima.

Quem sabe assim é possível mobilizar uma quantidade maior de Deputados e

Senadores para, dentro desta Casa, onde estão os legítimos representantes do povo brasileiro, encontrarmos uma solução capaz de contemplar o índio, mas também capaz de abrigar sob a legalidade o pequeno e o grande produtor rural.

Sinto-me aliviado por saber que, de alguma forma, a bancada de Roraima, na qual me incluo, não estará mais solitariamente protestando dentro do Congresso

Nacional contra a sanha antipatriótica da FUNAI.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

Muito obrigado.

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O SR. RUBENS OTONI (PT-GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, desde o início dos nossos trabalhos nesta Casa, temos feito esforço muito grande para integrar os sistemas rodoviário e ferroviário de transporte de passageiros na região do Entorno do Distrito Federal, principalmente no trecho

Brasília—Luziânia.

Temos avançado nesse debate. No mês de maio, apresentamos nesta Casa indicação ao ilustre Ministro dos Transportes, sugerindo a S.Exa. o estudo de viabilidade econômica e operacional da reativação do trecho ferroviário entre Brasília e Valparaíso de Goiás. A partir desse estudo e após realizadas consultas aos órgãos envolvidos, tanto o Ministério dos Transportes quanto a Agência Nacional de

Transportes Terrestres, será possível definir os procedimentos para reativação do sistema ferroviário no trecho citado. Tal medida facilitará a integração do trem suburbano com o sistema de transporte urbano de passageiros das cidades do

Entorno do Distrito Federal.

Sr. Presidente, realizaremos amanhã, na Câmara Municipal de Valparaíso de

Goiás, audiência pública para debater a questão. O evento contará com as presenças do Superintendente da Agência Nacional de Transportes Terrestres e do

Prof. Giulliano Renato Molinero, autor de importante estudo, tema de sua dissertação para o Mestrado em Transportes, da Universidade de Brasília, intitulado

Proposta de um modelo de integração do trem suburbano com o sistema de transporte urbano de passageiros entre as cidades de Valparaíso de Goiás e

Brasília. Será uma importante contribuição para aquilo que consideramos mais prioritário: o atendimento ao usuário do transporte coletivo.

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A nossa preocupação é atender ao cidadão e à cidadã, ao trabalhador e à trabalhadora no seu direito de transporte. Essa tem sido a prioridade nas cidades-dormitórios do Entorno do Distrito Federal, onde o transporte é essencial ao exercício da cidadania pelas pessoas.

Sei que já temos uma estrutura ferroviária funcionando para o transporte de carga. Por que ela não pode também efetuar o transporte de passageiros? Esse é o nosso desejo e o nosso desafio.

A comunidade do Entorno do Distrito Federal, principalmente dos Municípios de Novo Gama, Valparaíso de Goiás, Cidade Ocidental e Luziânia, está empenhada na busca de uma nova modelagem no sistema de transporte, com a integração do trem suburbano ao sistema rodoviário de transporte de passageiros.

Esperamos que a audiência pública que se realizará amanhã à noite, na cidade de Valparaíso de Goiás, possa contribuir com a Agência Nacional de

Transportes Terrestres e com o Ministério dos Transportes na busca de uma alternativa para a integração entre os sistemas rodoviário e ferroviário, no transporte de passageiros da região do Entorno do Distrito Federal.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Eduardo Campos, para uma Comunicação de Liderança, pelo PSB.

O SR. EDUARDO CAMPOS (PSB-PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero deixar registrado o lamento dos alunos, professores e funcionários da Unidade de Ensino Descentralizada — UNED de Pesqueira, no interior de Pernambuco. Eles questionam o processo eleitoral que homologou o Sr. Dijair Antônio de Souza, em 1º de outubro deste ano, como Diretor dessa Unidade. A comunidade da UNED — Unidade pertencente à CEFET-PE — já encaminhou ao Ministério da Educação pedido de rigorosa apuração desse processo eleitoral.

Vamos aos fatos. Esta semana, quando estive em meu Estado, fui procurado por professores, representantes da UNED, e tive informações de que a eleição da

Diretoria foi marcada por muitas “coincidências”, desde a formação da Comissão

Eleitoral para escolha do Diretor (que teve o mesmo Sr. Dijair Antônio de Souza como presidente), até o processo de aceleração do Regimento Eleitoral, que foi totalmente modificado, sem que as entidades ligadas ao CEFET — como Sindicatos,

Associação de Servidores e Grêmio Estudantil — fossem consultadas. Além disso, no dia do pleito, alguns alunos e aposentados que tinham direito à votação foram impedidos de chegar às urnas.

Durante o tumultuado processo eleitoral, algumas "coincidências" foram apontadas pela comunidade da Unidade de Ensino de Pesqueira: no final de agosto, depois de modificar o estatuto, o Sr. José Dijair saiu da Comissão e se candidatou a

Diretor da UNED. Servidor da Unidade, na função de porteiro, Dijair concorreu ao

552 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 pleito com os Profs. Joaci Galindo e Erivan Rodrigues, além do Sr. Valdomiro de

Abreu, que trabalhava na Unidade como carpinteiro.

Quero deixar claro, Srs. Deputados, que não fazemos qualquer discriminação com o tipo de profissão de nenhum cidadão brasileiro. Assim como também não desmerecemos as funções desempenhadas por empregadas domésticas, carpinteiros, porteiros e tantas outras profissões de nível básico que existem por este País afora. O fato é que nessa eleição, já que se tratava de cargo de liderança de uma instituição educacional, o regulamento exigia que o candidato apresentasse curso de nível superior.

E durante a campanha, ainda que nenhum colega de trabalho do Sr. José

Dijair tivesse conhecimento do grau superior de sua escolaridade, ele apressou-se, sendo o único candidato a mostrar documento de curso realizado na UFPB, de

Tecnologia de Cooperativismo e Associativismo. No entanto, o documento não esclarece se o curso tem reconhecimento superior ou é de nível técnico.

Ainda durante o tumultuado processo eleitoral, foram feitas denúncias de que a tal Comissão Eleitoral estava usando de seu poder para ter acesso aos telefones e endereços dos funcionários e alunos da CEFET e, assim, fazer o pedido do voto para o Sr. Dijair.

Uma curiosidade é que os membros dessa Comissão foram nomeados pelo

Diretor da CEFET, o Sr. Sérgio Galdêncio, que aparenta ser o principal interessado em manter seu candidato na liderança da direção da UNED. Hoje, esse cidadão está sendo questionado pela Comissão de Inquérito do Ministério da Educação por irregularidades cometidas em gestões anteriores. O MEC sugeriu 60 dias de suspensão ao Diretor do CEFET/PE, Sérgio Galdêncio.

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Diante de tudo isso, e se a Comissão de Inquérito do MEC vai investigar supostas irregularidades cometidas pelo diretor do Centro em gestões anteriores, sugerimos que essas novas denúncias, que já foram inclusive encaminhadas ao

Ministério da Educação, também sejam apuradas para que a verdade venha à tona e se estabeleçam a justiça e a democracia. Essa é a nossa intenção.

Sr. Presidente, é preciso haver, por parte do Ministério da Educação, acompanhamento do rigoroso cumprimento das regras democráticas, da igualdade de condições para a concorrência a cargos no ambiente escolar. A prática de um expediente que deseduca é péssimo exemplo para a juventude.

Devido ao lamentável desaparecimento do Deputado José Carlos Martinez, não pudemos comparecer à audiência já marcada com o Ministro Cristovam

Buarque, mas na próxima semana cobraremos de S.Exa. a rigorosa apuração desses fatos, para que se anule a eleição e outra seja realizada com o devido acompanhamento do Ministério Público Federal e de toda a sociedade. Assim, numa disputa clara, legítima e correta, vencerá quem a comunidade deseja e não aquele escolhido pelos “chefetes” do CEFET de Pernambuco, ali instalados para manter o feudo no poder.

Sr. Presidente, este é o registro que gostaria de fazer na tarde de hoje.

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O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Gonzaga Patriota.

O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Município de Pilão Arcado, no norte da Bahia, viveu na semana passada um dia de violência. Quatro pessoas morreram e várias saíram feridas no confronto entre uma quadrilha, que saqueou a agência do Banco do Brasil, e 42 policiais, sendo 30 agentes da Polícia Federal e 12 PMs. O policial federal Klaus Henrique Teixeira de Andrade foi fuzilado dentro de um helicóptero da

PF, quando enfrentava o bando com a metralhadora da aeronave.

Moradores da cidade ficaram em clima de terror durante a hora e meia que durou o confronto dentro da cidade. Vários veículos estacionados na avenida e as fachadas das lojas ao redor do banco foram perfurados pelas balas. Até mesmo o helicóptero da PF foi atingido pelos assaltantes. Um disparo acertou o agente Klaus

Henrique, que morreu antes que fosse socorrido. Os 2 líderes da quadrilha foram encurralados dentro do bar que invadiram.

Os bandidos que morreram foram Cleiton Araquan e Walter Araquan, 2 dos principais membros do clã Araquan, uma família criminosa que controla o tráfico de maconha no sertão de Pernambuco e está envolvida em assaltos a banco e carros-fortes em diversos Estados. Cleiton Araquan até vinha sendo apontado como o novo Lampião do Nordeste.

Quero congratular-me com a Polícia Federal que, juntamente com a Polícia

Militar da Bahia, conseguiu desbaratar essa quadrilha acusada de vários crimes no sertão de Pernambuco. Desejo também manifestar à Polícia Federal e à família do policial meu pesar pela morte de Klaus Henrique Teixeira, que tombou no

555 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 cumprimento do dever. Houve outra vítima, o pedreiro Pedro Coelho, que trabalhava em obras realizadas no banco por ocasião do assalto. Manifesto à família do trabalhador minhas condolências.

Fica esse triste registro do episódio, Sr. Presidente. O povo da região do São

Francisco espera nunca mais ver uma cena como essa. As polícias daqueles

Estados, principalmente da Bahia, Pernambuco e Piauí, precisam investir em segurança para que a população não seja exposta a esses episódios de violência e morte.

Enfatizo que o trabalho só surtirá efeito se for conjunto. De nada adianta investir em treinamento, aperfeiçoamento e aparelhamento da Polícia em

Pernambuco, se não ocorrer o mesmo na Bahia, no Piauí e no Ceará, por exemplo.

Logicamente acontecimentos como o que acabei de narrar são exceção. De fato, Sr. Presidente, gostaria de ressaltar que a segurança em Pernambuco tem melhorado muito. O trabalho que o Governador Jarbas Vasconcelos vem fazendo nessa área é digno de nota. Todos sabemos que os efeitos não podem aparecer da noite para o dia. Essa é uma das mais sensíveis questões de todo o País. Só vamos ter mais segurança com anos, talvez décadas de investimento sério na melhoria de vida da população e no aperfeiçoamento de nossas polícias. É visível, no entanto, e tem até sido tema de menção em editoriais e artigos de jornais em Pernambuco, o progresso que o atual Governo tem feito na área da segurança pública.

A morte de qualquer cidadão, seja ele bandido ou pessoa de bem, não agrada a ninguém. É com muita tristeza que ainda somos obrigados a contemplar cenas de derramamento de sangue como essa ocorrida em Pilão Arcado. A população fica apreensiva, na expectativa de quando um fato semelhante voltará a ocorrer, e se

556 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 questiona se as autoridades estão realmente tomando todas as providências necessárias para que todos vivam em paz.

Esperamos que os moradores da região do São Francisco testemunhem não o carregamento de 13.000 cartuchos para fuzil calibre 762, ou batalhas, perseguições e abate de helicópteros, fugas de criminosos, ou guerras de famílias e clãs que já vitimaram mais de 130 pessoas, muito menos filmagens de torturas a policiais. Todos esses, são fatos que deveriam estar restritos à ficção policial, mas que infelizmente têm ocorrido na realidade das pessoas do semi-árido nordestino.

Esperamos que fatos como esses fiquem na história passada do sertão e que a nova história que começamos a escrever seja muito mais bonita e esperançosa.

557 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. BABÁ (PT-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, a liberação da soja transgênica por parte do Governo Lula já produziu uma baixa: o Deputado Fernando Gabeira acaba de deixar o Partido dos

Trabalhadores. Este é um fato grave. Contudo, mais preocupantes do que isso são as conseqüências que essa medida irresponsável pode acarretar, no futuro, à saúde da população brasileira.

Segundo matéria assinada pelo jornalista Jânio de Freitas, o jornal inglês The

Guardian revelou a conclusão de 3 anos de pesquisas comparativas entre plantios convencionais e transgênicos. O resultado mostra que as plantas transgênicas trouxeram efeitos nocivos ao ecossistema, o que não aconteceu com as orgânicas.

Deve ser por isso que, na Inglaterra, o consumo de transgênicos continua proibido.

Apesar desse perigo, Lula enviou um jatinho para trazer o Governador do Rio

Grande do Sul, Germano Rigotto, a Brasília, em 19 de setembro. Reunidos no

Planalto, decidiram pela liberação do plantio de sementes transgênicas. Apesar dos tumultos e idas e vindas, dos conflitos e pressões, a Medida Provisória nº 131, assinada poucos dias depois pelo Presidente em exercício, José Alencar, foi comemorada pelo Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pela bancada ruralista, pela multinacional Monsanto e pelo Presidente norte-americano, George

Bush.

Não poderia ser diferente. A Monsanto tem a patente para uso de sementes de soja geneticamente modificadas, a soja Roundup Ready, preparadas para resistir ao herbicida Roundup fabricado pela própria Monsanto.

O lobby da multinacional funcionou. Em junho, a Monsanto e a Embaixada dos Estados Unidos organizaram uma viagem aos Estados Unidos de uma

558 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 delegação de Parlamentares, encabeçada pelo Deputado Paulo Pimenta, do PT do

Rio Grande do Sul, fervente defensor da liberação dos transgênicos. A “bancada transgênica” voltou convencida, por poderosas razões, as quais podemos imaginar, e começou a trabalhar para a liberação do plantio e da comercialização dessa soja.

A decisão que contrariou os pequenos agricultores e os sem-terra passou por cima das leis e decisões judiciais, enfrentou o Ministério de Meio Ambiente, irritando os ambientalistas e desrespeitando o necessário tempo de debate com a sociedade e com as partes envolvidas, deixando de lado o critério de cautela. Nesse caso, não existe segurança em relação à saúde e à biodiversidade. A revolta entre milhares de petistas é total, visto que significa a reviravolta da posição adotada oficialmente pelo partido em 1999.

A decisão do Governo é um delito contra os interesses do País!

Em nota oficial de 19 de maio de 1999, o PT declarou:

“(...) absoluto desacordo com a conduta (...)

irresponsável do governo (...) sem o conhecimento

científico dos riscos impostos à população e ao meio

ambiente (...) a medida caracteriza mais um ato de

alinhamento automático do governo FHC ao governo

americano”.

Agrega ainda que:

“(...) causa perplexidade o trabalho obstinado pela

liberação dos transgênicos (...) ignorando os seus

impactos na perda futura da soberania do país, inclusive,

sobre o suprimento alimentar da população brasileira, o

559 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

que deverá conduzir o Brasil para os termos mais

absolutos da dependência externa (...) O PT, em

consonância com os interesses maiores do povo brasileiro

e com o ‘Princípio da Precaução’ garantido pela

Constituição Federal, exige do governo brasileiro: A

anulação da autorização para o cultivo comercial e

consumo de transgênicos no país, vinculando-a à

comprovação científica prévia, por instituições

independentes, de suas inofensividades para a saúde

humana e o meio ambiente (...)”.

Essa nota do PT termina anunciando que:

“(...) mantida a liberação dos transgênicos, nas

condições postas, cuidaremos para que o tempo não

conspire contra a responsabilização criminal dos

responsáveis por esse grave delito contra os interesses

do país, desde a figura pessoal do Sr. Fernando Henrique

Cardoso”.

Apesar dos protestos de ambientalistas, sem-terra, cientistas e trabalhadores, inclusive de setores do próprio Governo, a medida provisória foi assinada, mostrando mais uma vez que o Governo tem lado: o do imperialismo, do setor financeiro e dos ruralistas. As modificações de última hora introduzidas pela Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não modificam a medida provisória no essencial e expressam a impotência de se lutar contra o Governo por dentro do próprio

Governo. Essa batalha não tem nenhuma chance de ser ganha disciplinando-se as

560 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 decisões do núcleo central do Planalto que controla a bancada, que decide seus passos em acordo com os interesses dos poderosos do setor financeiro, do agronegócio e das multinacionais.

Por isso, saudamos a nota assinada por 30 Parlamentares do Núcleo Agrário do PT, que mantém as tradições da nota de 1999, posicionando-se claramente contra essa medida provisória. Esperamos que os 30 Parlamentares e o restante da bancada do PT votem contra essa medida provisória.

É necessário organizar forte resistência da Esquerda conseqüente junto aos trabalhadores e aos movimentos sociais, para barrar mais essa política neoliberal.

Junto ao “velho” PT de 1999, afirmamos: não aos transgênicos, até a comprovação científica de sua inofensividade para a saúde humana e para o meio ambiente.

Era o que tinha a dizer.

561 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ANDRÉ LUIZ (PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem foi o Dia Nacional do Compositor, do artista que leva ao mundo a nossa cultura popular, através da música brasileira — arte maior que enriquece alguns poucos e que deixa ao relento a grande maioria, sem receber seus direitos autorais.

A luta inglória desses artistas populares vem do tempo de Ari Barroso, que tanto combateu as sociedades arrecadadoras de direito autoral em nosso País, desde a década de 40. Já dizia, nessa época, o cronista Nestor de Holanda, em seu livro Memórias do Café Nice: “Compositor brasileiro que não tem outra profissão morre de fome”.

Sr. Presidente, ainda hoje, mais de 50 anos depois, essa afirmativa é verdadeira, com raríssimas exceções.

Nossa Casa, hoje, recebe a visita de uma comitiva de compositores populares do Rio de Janeiro. Eles nos entregaram, em nome da Casa do Compositor Musical, um anteprojeto de lei visando modificar a Lei nº 9.610, de 1998, que trata do direito autoral em nosso País.

Como representante do Rio de Janeiro e Vice-Presidente da Comissão de

Legislação Participativa, tive a honra de receber esse anteprojeto de lei das mãos do

Presidente da Casa do Compositor Musical, Benedito Barbosa, o Barbosão, que dedica todo o vigor de seus 80 anos de idade à luta em defesa de seus associados.

Quero afirmar a ele e a todos os compositores que eu e meus nobres colegas da Comissão de Legislação Participativa já estamos avaliando o anteprojeto de lei que nos foi encaminhado e logo estaremos apresentando-o como projeto de lei a

562 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 este douto Plenário, que certamente participará da luta em defesa desses músicos e poetas da arte popular brasileira.

Esta Casa sabe que tem o compromisso de devolver o real direito a que faz jus: o compositor brasileiro.

Parabéns pelo seu dia!

563 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ADELOR VIEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ADELOR VIEIRA (PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro que estamos apresentando hoje a esta Casa 2 projetos de lei. Um dispõe sobre a veiculação de peças publicitárias em serviço de rádio e difusão comunitária e outro altera a Lei nº 8.213, para conceder abono ao aposentado que permanecer ou retornar à atividade sujeita ao Regime

Geral da Previdência Social, bem como para suprimir a aplicação do limite máximo no cálculo do salário benefício e da renda mensal dos beneficiários.

564 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Concedo a palavra ao Deputado Luiz

Bittencourt.

O SR. LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados. a Cidade de Goiás foi recentemente proclamada, por decisão da UNESCO, Patrimônio Histórico e Cultural da

Humanidade, passando a integrar a lista de outras localidades brasileiras que receberam o mesmo título, entre elas Olinda, Diamantina e alguns sítios urbanos da

Bahia e de Brasília.

Sr. Presidente, V.Exa., que também é goiano e tem o sangue dos pioneiros da nossa terra, conhece muito bem o esforço e a luta do povo do nosso Estado, principalmente de inúmeras personalidades, para que a cidade de Goiás Velho alcançasse essa condição. Muita gente se empenhou pela conquista desse título — luta que envolveu o próprio Governo Estadual e todas as instituições culturais do meu Estado, no que, aliás, contou com o apoio da população goiana.

Uma mulher de muita altivez e de coragem, chamada Brasilete Ramos

Caiado, foi uma das pessoas que se juntaram ao movimento destinado à obtenção dessa honraria de um dos órgãos da ONU. Professora, magistralmente dedicada ao estudo das tradições históricas do seu berço natal, orientadora educacional da juventude e exemplo de ousadia cívica, ela foi até o fim da meta de fazer da Cidade de Goiás um dos núcleos patrimoniais do mundo, no campo da cultura e do passado histórico.

Incansável e destemida na tarefa da preservação de todas as tradições da antiga Capital do Estado, essa mulher de inquebrantável fibra moral e plena de idealismo morreu em decorrência de um acidente rodoviário, na estrada que liga a

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Cidade de Goiás a Goiânia, nas proximidades de Itaberaí. Sua morte causou muita consternação em todo o povo goiano, principalmente nos círculos acadêmicos e universitários, onde ela desfrutava de renomado prestígio.

Era Brasilete Ramos Caiado filha do ex-presidente de Goiás, Brasil Ramos

Caiado, tio do Deputado Federal Ronaldo Caiado, pertencente, portanto, a uma das mais tradicionais famílias da antiga Vila Boa. Seu irmão, Brasílio Caiado, médico generalista, foi Prefeito da sua cidade, Deputado Estadual, Presidente da

Assembléia Legislativa, Deputado Federal e Secretário da Justiça durante o

Governo de Ary Valadão. Tinha, portanto, a tradição de uma família que, durante muitos anos, dominou a política de Goiás, sob o comando do então Senador Antônio

Ramos Caiado, um dos vultos ilustres da República Velha.

Professora de língua inglesa e de outras idiomas, escritora, mulher de muita leitura e de primorosa dedicação às letras, Brasilete Ramos Caiado sempre agiu firmada em inquebrantável idealismo e extrema fidelidade ao povo da Cidade de

Goiás. Estava à frente de quase todas as iniciativas culturais ali promovidas e foi diretora do campus da Universidade Federal de Goiás, exercendo essa função com o mais absoluto brilhantismo. Era infatigável na luta pelo atendimento das reivindicações da sua comunidade, batia em todas as portas, tanto da administração pública quanto da iniciativa privada, e suas solicitações eram sempre dirigidas no interesse da preservação do patrimônio histórico de Goiás.

Foi, não há dúvida, uma arrojada mulher, modesta na singeleza das atitudes, cumpridora dos seus deveres de patriotismo e amizade, respeitável e respeitada por suas posições em favor da Cidade de Goiás. Ela se fez instrumento do bem comum, compromissada com o progresso social e o desenvolvimento econômico da terra

566 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 onde nasceu, jamais se valendo do prestigio político de sua família, mas apenas confiando na firmeza de suas justas pretensões, que não eram suas, mas do povo da antiga Capital do Estado.

Vejo-a agora na lonjura do tempo e recordo os versos de Dante Milano, que, na sua linguagem poética, dizia:

“Onde reflui o sonho do que foi,

Onde o tempo passado continua,

Se não fosse a poeira das palavras

Só ficaria um círculo, e eu no meio.”

Isto é, debruçada na janela da casa de Cora Coralina, a casa da ponte, assistindo à poesia caindo do céu.

É assim que traço o perfil humano de Brasilete Ramos Caiado, a ilustre goiana que agora desaparece na plenitude de sua vida a serviço de uma hospitaleira, generosa, efetiva e tradicional cidade, que outrora foi a sede do Governo de Goiás.

Em sua homenagem, desejo que se faça inserir nos Anais da Câmara Federal um voto de pesar pelo falecimento dessa mulher arrojada, corajosa, ousada, que soube lutar com fervor para fazer da Cidade de Goiás, por escolha da UNESCO,

Patrimônio da Humanidade.

Passo a abordar outro assunto.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro, para que conste de nossos

Anais, o fato de estar a intelectualidade de Goiás celebrando os 80 anos de vida do escritor Bariani Ortêncio, que também cultiva com muita eficiência a arte da música.

É poeta, cronista e sobretudo estudioso do folclore, à maneira de Luiz da Câmara

Cascudo, de quem foi um predileto amigo. Ele é uma das figuras de maior renome

567 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 nas letras de Goiás, membro da Academia Goiana de Letras, da Sociedade

Geográfica Brasileira e da Comissão Nacional de Folclore, além de compositor e membro da União Brasileira de Escritores e do Instituto Histórico e Geográfico.

O octogenário Bariani Ortêncio é natural da cidade paulista de Igarapava.

Veio para Goiânia em 1938, quando a nova Capital de Goiás começava a desabrochar na laboriosa atividade dos bravos nordestinos que ajudaram a construí-la, colaborando com entusiasmo para a realização do ideal de Pedro

Ludovico, seu fundador. Antes, residiu em Ituverava e daí se transportou com a família para Campinas, bairro que foi núcleo de Goiânia, hoje o mais populoso e o mais comercialmente desenvolvido da metrópole que abriu caminho para a edificação de Brasília no Planalto Central e as portas da Amazônia, atravessando toda a hinterlândia brasileira.

Na mocidade, foi alfaiate e jogador de futebol, vendedor de discos cenográficos e empresário bem-sucedido, com iniciativas de elevado alcance social e espírito empreendedor no setor da iniciativa privada. Tornou-se um paciente pesquisador e, durante 40 anos, coletando material de alto interesse, publicou o

Dicionário do Brasil Central e posteriormente um livro exclusivamente de uso doméstico, ao qual deu o título de A Cozinha Goiana. Lançou nos Estados Unidos, pela Editora Thesaurus, um livro intitulado A Deal With Death, que contou também com o patrocínio expresso da Publishing House.

É Bariani Ortêncio autor do livro de contos O que vai pelo sertão, assim como de Sertão sem Fim, Força da Terra e de um livro de ficção científico-policial, que leva o título de Dr. Libério, o Homem Duplo. Ainda é de sua autoria um livro que lhe consumiu mais de 30 anos de pesquisa e que recolhe com minucioso critério uma

568 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 relação de plantas medicinais. Chama-se ele Medicina Popular do Centro-Oeste, que tem merecido constantes referências de bibliógrafos da América Latina, inclusive de pesquisadores europeus que trabalham em universidades francesas, alemãs e da Inglaterra. Da Academia Brasileira de Letras, recebeu o Prêmio João

Ribeiro, quando editou, em 1997, pela Universidade Católica de Goiás, Cartilha do

Folclore Brasileiro.

O evento comemorativo dos seus 80 anos contou com o apoio de todas as instituições culturais de Goiás, inclusive do Governo do Estado e da Prefeitura

Municipal de Goiânia. A celebração de uma série de estudos sobre seus escritos a respeito do folclore goiano e das suas novelas, abordando assuntos infanto-juvenis, inclusive aprofundados ensaios acerca do Dicionário do Brasil Central, A Cozinha

Goiana e Medicina Popular do Centro-Oeste, que despertaram a atenção da classe médica e de estudiosos da área acadêmica.

Jubiloso por estar registrando os 80 anos de Bariani Ortêncio nesta Casa, quero homenageá-lo também pelo seu ofício de palestrante em escolas públicas e particulares de Goiânia, eis que habitualmente comparece a reuniões de jovens estudantes para debater assuntos culturais relativos às suas pesquisas folclóricas. É um ofício que pratica com o melhor do seu entusiasmo e com o objetivo exclusivo de despertar os jovens para o gosto desse gênero literário.

Envio ao escritor Bariani Ortêncio os meus mais efusivos cumprimentos e a certeza de que Goiás é muito grato ao seu trabalho no campo das letras.

Era o que tinha a dizer.

569 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, lamentamos profundamente o falecimento, de forma prematura, do nosso estimado companheiro e amigo José Carlos Martinez, vítima de um trágico acidente aéreo, que enlutou os corações de todos nós brasileiros.

O fatalismo que abateu o Deputado e mais 3 companheiros — João Luiz

Goebel, André Surugi e o piloto, Cláudio da Luz — com quem viajava acabou por retirar do nosso convívio um expressivo aliado na luta em defesa de um país mais humano e justo.

Sua larga experiência como homem público, seu tino empreendedor e seu espírito de lealdade às causas que defendia fizeram com que ele fosse respeitado por todos os brasileiros.

À viúva Maria Beatriz e aos seus filhos — Oscar, Mônica, Rodrigo e Priscila

— a minha mensagem de fé e de esperança, certo de que o amigo inesquecível já está ao lado de Deus, gozando da paz eterna.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos nós sabemos que o Poder

Público, sozinho, não tem condições de solucionar todos os problemas que afligem a

Nação. É preciso que haja o engajamento de toda a sociedade civil organizada, com cada segmento dando a sua contribuição para que este País consiga, aos poucos, ir amenizando o sofrimento de milhões de brasileiros que ainda nem sequer sabem o que são, de fato e de direito, cidadania e dignidade.

Confesso, porém, que me emocionou a manifestação de solidariedade do

Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, o empresário

Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira.

570 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Num artigo publicado no domingo passado no jornal O Dia, intitulado Sem analfabetos, o líder de um segmento responsável por um dos maiores PIBs deste

País deixa claro que é possível ajudar a mudar o Brasil. Basta ter vontade, desejo, espírito solidário e sobretudo amor ao próximo, principalmente à enorme parcela de excluídos que tanto envergonha este País.

Pois bem, Eduardo Gouvêa Vieira usou o espaço do jornal O Dia para anunciar que a FIRJAN acaba de firmar convênio com o Ministério da Educação, com o SESI nacional e com a Confederação Nacional da Indústria para alfabetizar nada menos do que 2 milhões de brasileiros até o final de 2006, em 10 Estados.

Vejam os senhores que iniciativa extraordinária!

O acordo, Sr. Presidente e nobres Deputados, insere-se no programa denominado Por um Brasil Alfabetizado, que pretende combater o analfabetismo de indivíduos acima de 15 anos de idade, usando a mesma metodologia do Projeto

TransFormar, outro grande sucesso da FIRJAN, que propunha erradicar o analfabetismo entre jovens de 15 a 19 anos. E de fato o TransFormar foi sucesso absoluto, porque, vejam os senhores, conseguiu mobilizar nada mais nada menos do que 85 Prefeituras, beneficiando 20 mil jovens. E não foi só isso. Conseguiu erradicar o analfabetismo nos 13 Municípios do noroeste fluminense.

Como conseqüência, o projeto educacional da FIRJAN, que já beneficiou quase 1 milhão de trabalhadores, foi reconhecido pela Organização das Nações

Unidas e recebeu o Prêmio UNESCO 2001 de Educação, que vem a ser o certificado de Programa de Alto Impacto Social.

A ONU entendeu que o programa, além de magnífico, contribui para suprir as lacunas no campo da educação de jovens e adultos, desde a alfabetização até a

571 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 conclusão do Ensino Fundamental, como também possibilita melhor qualificação ao trabalhador brasileiro.

Agora, Sr. Presidente, a FIRJAN está fazendo com que o Projeto

TransFormar se engaje ao Programa Por um Brasil Alfabetizado, para permitir a alfabetização de 10 mil pessoas no Rio e 100 mil no resto do Brasil, até o final deste ano.

Mas a ação generosa de Eduardo Gouvêa Vieira não pára por aí. Seu espírito de liderança lhe permitiu sensibilizar seus liderados no sentido de que o combate ao analfabetismo também se unisse ao combate à fome. E de que forma? Simples: a

FIRJAN vai distribuir cartilhas de educação alimentar para os que recebem cestas básicas da Pastoral do Menor e os alunos do TransFormar, além de cestas básicas para os 10 mil alunos alfabetizados pelo projeto.

Vejam, Sr. Presidente e Senhores Deputados, que coisa divina, maravilhosa, sensacional! Somente Deus seria capaz de tocar o coração dessa gente empreendedora, sabedora que é do seu papel social no contexto de um país que ainda mata seus filhos de fome, por falta de condições de trabalho, de emprego que lhes permita receber renda para a sobrevivência.

Portanto, em hipótese alguma eu poderia deixar passar em um fato tão sublime e de tamanha grandeza. Até porque, eleito para o seu terceiro mandato consecutivo à frente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro,

Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira não é filiado a nenhum partido político e nem demonstra intenção de se candidatar a um cargo eletivo, embora não lhe faltem os convites.

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Eduardo Gouvêa Vieira nunca escondeu o seu desejo de não cuidar apenas dos problemas dos empresários. Deixou claro também que é preciso discutir os problemas da sociedade brasileira.

Encerro, portanto, esta manifestação de carinho e de gratidão ao empresário

Gouvêa Vieira, certamente em nome de milhões de brasileiros que gostariam de estar na tribuna desta Casa para dizer apenas o necessário, ou seja, o inevitável muito obrigado à Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. JOSÉ CARLOS ELIAS (PTB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou, no dia 29 do mês passado, um estudo de enorme importância, chamado

Estatísticas do Século XX.

O trabalho tem o objetivo de oferecer uma visão abrangente do País, durante o século passado, por meio de dados estatísticos e análises sobre a população, o mercado de trabalho, as atividades econômicas, a carga tributária e diversos outros aspectos de nossa sociedade. É uma publicação sob a responsabilidade do IBGE, cuja seriedade é reconhecida por todos nós. Dela participaram economistas, sociólogos, professores universitários, pesquisadores e outros profissionais de grande competência. Por isso, merece nossa especial atenção.

O que, afinal, as Estatísticas do Século XX podem nos revelar sobre o Brasil?

Ao mesmo tempo em que trazem algumas surpresas, comprovam, por meio de números e cálculos, suspeitas mais ou menos generalizadas.

Podemos verificar, por exemplo, que de 1901 a 2000 o Brasil percorreu os caminhos da industrialização e da urbanização; o número de seus habitantes multiplicou-se por 10; o Produto Interno Bruto, por 110; e, em conseqüência, a renda per capita aumentou quase 12 vezes.

A população saltou de 17,4 milhões para 169,7 milhões de habitantes, nesse período, e a expectativa média de vida do brasileiro subiu dos 33,4 anos, em 1910, para 68,5 anos, em 2000. A taxa anual média de crescimento do PIB foi de 4,8%, observando-se um desenvolvimento mais acelerado entre 1920 e 1980. É um número que impressiona, principalmente quando comparado à expansão prevista para o PIB deste ano, em torno de, apenas, 0,7%.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o crescimento econômico brasileiro talvez tenha sido o maior do mundo, durante o século passado. Contudo, não beneficiou, igualmente, todos os segmentos da população. Em 1960, a renda dos

10% mais ricos era 34 vezes maior que a dos 10% mais pobres, e em 1991 chegou a ser 60 vezes maior. A situação chegou a tal ponto que, em 1999, a renda do 1% mais rico era praticamente igual à dos 50% mais pobres. Infelizmente, o Brasil encerrou o século XX ocupando o vergonhoso posto de sexto país com a pior distribuição de renda do planeta.

Os estudos do IBGE ajudam a explicar, em parte, a absurda concentração de renda com que nos defrontamos: a inflação — que, por si só, é concentradora — acumulada de 1901 a 2000 atingiu o valor, até difícil de imaginar, de 1 quintilhão por cento; a estagnação econômica, a partir dos anos 80, provocou desemprego e queda do rendimento dos trabalhadores; a carga tributária, que passou de 10% do

PIB, em 1900, para 33%, em 2000, e continua subindo, desestimula os investimentos e impede a geração de empregos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o brilhante trabalho realizado pelo

IBGE nos permite concluir, a partir dos dados do século passado, que o grande desafio que teremos de enfrentar neste século que se inicia é garantir o desenvolvimento sustentável do País, com melhor distribuição da renda gerada.

Para isso, é necessário políticas públicas. É preciso que o Governo se preocupe com a estabilidade econômica, mas é imprescindível que atue como indutor do crescimento, possibilitando às empresas e aos empreendedores condições para que trabalhem, criem empregos, produzam riquezas internamente e gerem divisas, pelas

575 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 exportações. Das lições que aprendemos do passado, parece ser esse o melhor caminho para chegarmos a uma sociedade mais próspera e mais justa.

Sr. Presidente, gostaria ainda de deixar registrado meu profundo pesar pelo trágico falecimento do Deputado José Carlos Martinez, Presidente do PTB, partido a que me orgulho de pertencer.

Pela seriedade e reconhecida competência com que presidiu nosso partido, pela capacidade de articulação e diálogo com todos os seus membros e com os dos demais partidos, visível agora no aumento da bancada, pela paixão com que exercia seu mandato parlamentar, registro que é uma grande perda para este Parlamento.

Mas tenho certeza de que o seu nome está gravado na história política de nosso

País.

Transmito os meus pêsames a toda a família do Parlamentar.

Muito obrigado.

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O SR. MARCELINO FRAGA (PMDB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, volto a esta tribuna para falar de um sério problema que a região norte do Estado do Espírito Santo vem enfrentando há mais de 6 meses. A seca vem castigando os Municípios da região, trazendo grandes prejuízos para a agricultura e a pecuária. Os agricultores estão bastante preocupados ao ver que a safra de 2004 já está ameaçada, em virtude dos efeitos da estiagem prolongada.

Vários Municípios da região estão tendo grandes perdas. Em São Mateus o prejuízo pode chegar a 20 milhões de reais. As maiores perdas estão ocorrendo no café, e a próxima safra deve ter uma redução de 40%, em relação a última, só na cafeicultura. Isso pode significar 8 milhões de reais a menos na economia do

Município. O mesmo acontece com o Município de Colatina, que normalmente produz cerca de 400 mil sacas, em 20 mil hectares de área plantada. Com a seca, a produção pode cair em até 40%. A estiagem causou um prejuízo de 13 milhões de reais. O Município deixou de produzir 5,4 toneladas de grãos e 1,5 toneladas de frutas. As taxas de desemprego são de 50% na zona rural e de 30% na zona urbana. No comércio, as vendas caíram 25%.

A pecuária é outro grande alvo da seca e a situação está mais complicada.

Há cenas de pastagens totalmente secas. Até as margens de córregos e rios, onde nas estiagens anteriores o capim permanecia verde, atualmente estão devastadas.

Na pecuária de leite as perdas têm chegado a 60% em algumas comunidades

A recepção de leite nas cooperativas teve uma queda de 50%. Sem opção de alimento, o rebanho não produz, perde peso, comprometendo ainda mais a produção de leite.

577 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Não posso deixar de registrar que os Prefeitos dos Municípios de Nova

Venécia, Boa Esperança, Pinheiros, Águia Branca, Ecoporanga, Pancas, Pedro

Canário e Vila Pavão já decretaram estado de emergência, em virtude da seca que assola a região.

Sr. Presidente, solicito ao Governo Federal, através do Ministério da

Integração Nacional, na pessoa do Ministro Ciro Gomes, que autorize a criação das frentes de trabalho nos Municípios atingidos pela seca e que estão situados na área da SUDENE. Essa medida já foi implantada outras vezes na região, quando da ocorrência de outras calamidades.

Peço a divulgação deste pronunciamento em todos os meios de comunicação desta Casa.

Era o que tinha a dizer.

578 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para parabenizar os Agentes

Comunitários de Saúde — ACS de todo o Brasil pelo seu dia. Em 4 de outubro comemoramos o Dia Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde.

Aproveito a oportunidade para lembrar o quanto esses profissionais são importantes para a prevenção de doenças e promoção da saúde, principalmente nos locais mais pobres e distantes deste País.

Só para exemplificar a importância desses trabalhadores, depois da implantação do Programa dos Agentes Comunitários de Saúde, o índice de desnutrição infantil caiu drasticamente em todo o Brasil. Os agentes contam com a confiança da comunidade, conhecem os moradores e vão de casa em casa levando noções de saúde e higiene. Um trabalho aparentemente simples, mas que significa muito para as famílias das periferias, das pequenas cidades e do campo.

Lembro, porém, Sr. Presidente, que apesar de desenvolver um trabalho tão fundamental, até hoje os Agentes Comunitários de Saúde não têm sua profissão regulamentada. As negociações ocorrem há quase 10 anos, mas até agora nada foi concretizado. Com o Governo Lula houve avanços, com reuniões junto ao Ministério da Saúde, mas é preciso maior agilidade para dar, enfim, a dignidade trabalhista que essa categoria tanto merece.

Na Bahia, a Associação dos Agentes Comunitários de Saúde enviou-nos uma mensagem, parabenizando-os pelo seu dia, e pediu-nos que fosse lida no plenário.

579 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Aqui cumpro o pedido. O texto é de autoria do ACS Paulo Cezar, que trabalha no

Município de Morro do Chapéu.

Diz ele:

“Carregando a bandeira da promoção à saúde,

lutamos contra a fome, a miséria, a mortalidade infantil e

materna, contra hipertensão, diabetes, hanseníase,

tuberculose, gravidez na adolescência; a favor das

vacinas e outras batalhas travadas com vitórias. Enfim,

avançamos e muito para ganhar território para a saúde.

Entretanto, de tanto recebermos ordens para acatar,

combater e conquistar, estamos cansados, desanimados

com os comandantes. Esses não enviam reforços para

que as tropas sigam com mais conquistas, pois os

soldados, sem munição, mal alimentados e doentes, não

têm como prosseguir com mais domínio. É necessário

que o plano de batalha seja revisto e elaborada nova

estratégia para que a companhia, fortalecida, não venha a

sofrer baixa”.

Obrigado.

580 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Adão Pretto.

O SR. ADÃO PRETTO (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, preciso fazer uma grave denúncia.

Recebi, ontem à noite, a informação de que no Estado de Rondônia teria havido uma chacina, que resultou em 3 mortes — podendo chegar a 7 — e 13 desaparecimentos. De acordo com a última notícia que tive, talvez o quadro tenha mudado: 8 mortos, podendo chegar a 20. A chacina ocorreu em razão de conflito entre agricultores, madeireiros e garimpeiros.

Nosso Governo precisa tomar providências, porque na Amazônia está havendo uma verdadeira guerra entre fazendeiros. Mas quem acaba sendo vítima é o pobre, o trabalhador. Ocorreu a mesma coisa, dias atrás, no Estado do Pará. E agora o fato se repete no Estado de Rondônia.

Era essa a denúncia.

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Deputado Adão Pretto, esta

Presidência registra a denúncia de V.Exa. e lamenta que tais fatos estejam ocorrendo também em Rondônia, Estado deste Presidente.

581 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura) - Concedo a palavra ao Deputado

Roberto Gouveia.

O SR. ROBERTO GOUVEIA (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna nesta tarde cumprimentar a

União dos Movimentos de Moradia, que realiza, no próximo sábado, dia 11, na cidade de Santo André, mais um encontro anual. Acompanho esse movimento desde 1987, quando exercia meu primeiro ano de mandato como Deputado Estadual em São Paulo. Lá estarei presente, convidado que fui, para, na abertura, realizar uma análise do momento atual.

Acredito no sucesso de mais esse encontro anual, tendo em vista que ele se realiza no momento em que o Brasil inteiro se prepara para a Primeira Conferência

Nacional das Cidades. Inclusive levo a esse encontro, no próximo dia 11, sábado, uma boa notícia. Estivemos, durante todo esse tempo, lutando em São Paulo e conseguimos aprovar duas importantes leis na área da habitação. A primeira foi chamada de Lei do Mutirão. Estabelecemos na Legislação a necessidade de se disponibilizar recursos públicos diretamente para associações e cooperativas habitacionais, que, por intermédio de nossos movimentos, numa parceria da sociedade civil com o Poder Público, realizam esse processo de construção direta de habitações, quer sejam casas ou prédios.

Esse processo vem se desenvolvendo de forma espetacular! É um exemplo de construção de uma verdadeira política habitacional popular para enfrentar a carência habitacional em nosso País, que chega a mais de 6 milhões de unidades.

Com a implantação desse modelo em São Paulo, que, aliás, vem se estendendo para todo o Brasil, temos conseguido estabelecer, portanto, uma política

582 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 habitacional popular que, além de casas e apartamentos, constrói cidadania, união, novos valores e nos ajuda nesse processo em que todos acreditamos, qual seja, o desenvolvimento com sustentabilidade, porque gera renda, trabalho, emprego, além de possibilitar ao nosso País crescimento e desenvolvimento na área da construção civil.

Outra boa notícia que quero levar a esse encontro que acontecerá no próximo sábado, dia 11, na cidade de Santo André, diz respeito à regulamentação de uma lei que aprovamos há 2 anos, mas que ainda não foi implementada.

Essa segunda lei que aprovamos no Estado de São Paulo estabelece um programa para a compra de terra por meio de associações e cooperativas habitacionais. Com isso, dentro do processo institucional de negociação e parceria, resolveremos o problema da carência de terrenos para construção de imóveis, enfrentando não só os problemas habitacionais, mas também elevando o padrão das condições de habitabilidade da nossa população.

Sr. Presidente, na Faculdade de Medicina do Estado de São Paulo, instituição onde me formei, por ocasião de um encontro com a Frente Parlamentar da Saúde, estive com o Governador, e S.Exa. me assegurou, por livre e espontânea vontade, que o processo de regulamentação da lei que estabelece esse programa de compra de terra está nos seus últimos momentos. Portanto, em breve, o Governo do Estado de São Paulo editará um decreto de regulamentação, o que irá consolidar essa segunda vitória importante da União dos Movimentos de Moradia.

Sras. e Srs. Deputados, essa é uma iniciativa importantíssima! Precisamos investir no processo de negociação e na solução institucional e democrática dos nossos problemas. Temos assistido por esse Brasil afora ao nosso povo,

583 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 desesperado, ocupando terras e imóveis por absoluta necessidade e por não ter outra saída ou solução.

Portanto, quero estabelecer esse processo de diálogo na regulamentação da lei que cria o programa estadual de compra de terra, por intermédio do qual as associações e cooperativas habitacionais poderão diretamente levantar os terrenos, negociar os seus preços para adquiri-los e construir através de mutirão e autogestão.

Quero agradecer ao Sr. Presidente, às Sras. Deputadas, aos Srs. Deputados, ao público que acompanhou nosso pronunciamento nesta tarde. É com muita alegria que parabenizo a União dos Movimentos de Moradia pela realização de mais esse encontro anual, a realizar-se no próximo dia 11, na cidade de Santo André, São

Paulo.

Muito obrigado!

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O SR. ALMIR MOURA (Bloco/PL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Exmo.

Sr. Presidente, prezados colegas Parlamentares, os diversos Estados subdesenvolvidos do sistema internacional têm-se desdobrado em esforços para superar a dependência econômica que subjuga seus respectivos interesses nacionais. Acreditava-se, décadas atrás, que as riquezas naturais seriam condições sine qua non para o progresso. Ou, radicalizando essa premissa, estabelecia-se uma relação direta de causa e efeito entre recursos naturais e desenvolvimento econômico.

A corrida por áreas ricas em recursos naturais desencadeou conflitos sangrentos entre Estados nacionais, como as 2 grandes guerras mundiais, a guerra dos Estados Unidos contra o México e a recente invasão do Iraque por forças americanas.

O Brasil nunca atribuiu a devida valoração às suas extraordinárias riquezas naturais. O efeito positivo dessa postura lânguida é que o Brasil, com exceção da

Guerra do Paraguai, nunca agrediu os seus vizinhos. Se não havia preocupação com suas próprias reservas, o País não se inclinaria a se envolver em disputas por recursos de outrem. O Governo brasileiro nunca manifestou pretensões de conquistar territórios dos países limítrofes, nem mesmo para se servir de uma estratégica ligação com o Oceano Pacífico.

Quando a PETROBRAS foi criada, em outubro de 1953, o Brasil deixou para trás uma postura leniente e assumiu o desafio de investir na exploração de petróleo.

Hoje, a PETROBRAS é uma das maiores companhias de energia do mundo. No ano passado, a receita da empresa atingiu 22,6 bilhões de dólares, valor que supera o

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PIB de vários países. Atualmente, o Brasil já produz quase 90% do petróleo que consome.

Infelizmente, o lema “O petróleo é nosso” ainda não se tornou uma realidade, apesar dos avanços. Os combustíveis e os demais derivados do ouro negro continuam muito caros. Os salários dos brasileiros estão entre os mais baixos do mundo, mas o preço da gasolina, por exemplo, figura entre os mais elevados do planeta.

O desafio do Governo e da PETROBRAS é transformar os avanços da exploração do petróleo em benefícios para a população. Por enquanto, quem realmente ganha são os executivos e os acionistas da empresa. Por enquanto, Sr.

Presidente, o petróleo é deles.

O País precisa perseguir o desenvolvimento econômico, investindo maciçamente na exploração ecologicamente equilibrada de seus recursos naturais.

Na Amazônia há um sem-número de riquezas inexploradas, cobiçadas pelas maiores potências do mundo e desdenhadas pelo Governo brasileiro.

O problema é que, mesmo sendo dotado de uma infinidade de riquezas naturais, nenhum país vai atingir o desenvolvimento suportando a carga de dependência de capitais externos que ocorre no caso do Brasil. Não sobra dinheiro para investimento em novas tecnologias, porque o superávit que se produz é todo canalizado para o pagamento do serviço da dívida pública.

O Brasil está como aquele agricultor que dispõe de terras férteis, mas não tem nenhum recurso para investir em cultivo. Ou como aquele cidadão que inventa uma nova máquina que seria um sucesso de vendas, mas que não dispõe de meios de produzi-la em larga escala.

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Sr. Presidente, o Brasil precisa conquistar a sua verdadeira independência. E isso só vai acontecer com o ajuste profundo no gerenciamento de nossa economia, com a exploração, mediante técnicas avançadas, dos recursos naturais de que dispomos.

Nosso País carece de recursos e de novas tecnologias para o desenvolvimento. O Governo brasileiro precisa investir na ciência, nos jovens valores, no campo. Ele deixa de pagar um salário mínimo miserável ao cidadão do campo, mas gasta o equivalente a 7 salários mínimos quando esse mesmo cidadão vai para a cadeia no Rio, em São Paulo ou em outra grande Capital.

Muito obrigado.

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A SRA. ANN PONTES (PMDB-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, durante o mês de julho de 2002, isto é, há pouco mais de um ano, uma comissão instituída por meio de resolução da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária esteve reunida para reavaliar o uso de diversos produtos agrotóxicos suspeitos de provocarem efeitos nocivos à saúde humana.

Estes produtos haviam tido as suas avaliações toxicológicas emitidas há alguns anos, porém, novas denúncias de uso indiscriminado e de contaminação tornaram necessária a reavaliação.

Essa Comissão de Reavaliação, composta por representantes de diversos

órgãos como IBAMA, Ministério da Agricultura, Sindicato Nacional da Indústria de

Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG), e da própria ANVISA, entre outras instituições científicas, determinou uma série de normas para regulamentar a comercialização e o manuseio dos produtos reavaliados.

Entre os agrotóxicos reavaliados pelos técnicos, o heptacloro, que no Brasil deveria ter uso restrito para preservação da madeira, chamou minha atenção porque, além de oferecer graves riscos à saúde humana e não possuir fiscalização rigorosa, seu uso está abolido na grande maioria dos países desenvolvidos.

Banido no Primeiro Mundo, em alguns casos, há mais de 25 anos, como parasiticida, mesmo para aplicações externas no gado, o heptacloro pertence a um grupo de poluentes chamados Poluentes Orgânicos Persistentes — POPs —, e, além de causar vários riscos à saúde, também apresenta forte impacto ambiental.

No Brasil, o heptacloro é normalmente adicionado à cola utilizada nas madeiras.

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Entretanto, fiscalizações realizadas pelo IBAMA em madeireiras na cidade de

Marabá, no Pará, detectaram que o uso está sendo feito de forma totalmente irregular, ou seja, a céu aberto, sem proteção do trabalhador e tendo como destino final o esgoto e o meio ambiente.

Mais grave: foi observado que, quando o heptacloro é adicionado à cola, ele é misturado com o auxílio das mãos, sem nenhuma proteção.

Os trabalhadores alegam que isto é feito para que eles possam sentir melhor o ponto da “liga”.

Entre os impactos ambientais, como a maioria dos Poluentes Orgânicos

Persistentes, uma vez liberado no meio ambiente, o heptacloro não se degrada facilmente e penetra na cadeia alimentar.

Em geral, ele se acumula nos tecidos gordurosos dos animais. Como não é solúvel em água, também não é metabolizado com facilidade.

Assim, sofre o processo de bioacumulação, afetando mais os animais do topo da cadeia alimentar, entre os quais está o homem.

Por exemplo, denúncias recentes informam que esse produto, uma vez misturado ao resto de serragem, que muitas vezes serve como base de galinheiros, acaba sendo ingerido pelo frango e, posteriormente, contamina também o homem.

Entre os principais riscos à saúde, sabe-se que o heptacloro pode ser cancerígeno e causar malformações estruturais no feto, como baixo peso, disfunções metabólicas e biológicas, além de atuar como um desregulador endócrino, isto é, afeta de forma negativa o metabolismo do indivíduo.

A venda do heptacloro, que, em tese, deveria ser feita diretamente às usinas de beneficiamento de madeira e usuários cadastrados e controlada através de

589 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 relatórios semestrais repassados ao IBAMA, também não tem um controle rígido o suficiente para evitar as irregularidades do uso e a revenda para terceiros.

Como se tudo isso não bastasse, além do Brasil, somente países como

Burkina Faso, Etiópia, Nicarágua e Madagascar ainda permitem a sua utilização.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, diante dos fatos, a Comissão de

Reavaliação, à época, achou por bem cancelar a importação do produto e não permitir mais a produção do material em solo brasileiro.

Além disso, ficou determinado que o restante do material existente em estoque deveria ser imediatamente lacrado.

No entanto, ainda restou uma questão: o que fazer com o material que já havia sido comercializado?

Pela dificuldade de resgatar o produto, a Comissão admitiu o uso do material que já estivesse em poder dos consumidores.

Pouco tempo depois, a ANVISA promoveu a exclusão da monografia do heptacloro, isto é, passou oficialmente a considerá-lo totalmente ilegal, e pediu ao

IBAMA, órgão fiscalizador, que excluísse definitivamente seu registro.

Passado já um ano, Sr. Presidente, o IBAMA ainda não efetivou a exclusão do registro do heptacloro, desobedecendo à determinação da ANVISA, e, pasme

V.Exa., a única empresa brasileira cadastrada para realizar a venda do heptacloro, a

Action Agro, uma indústria do Paraná, continua comercializando o produto em sua página na Internet, com venda on-line.

Isso é totalmente ilegal. Primeiro, porque o produto foi declarado irregular e ilegal pela ANVISA. Segundo, mesmo que não tivesse sido, a propaganda do

590 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 produto na Internet deveria obedecer a uma série de normas, inclusive alertando para a venda restrita e para a periculosidade do produto.

É inevitável, mesmo não conhecendo as razões do IBAMA, não pensar que isso é um total descaso com a saúde humana e com o bem-estar da comunidade.

Diante de tantas evidências, é inadmissível que, passado mais de um ano da sua reavaliação, o heptacloro continue a ser comercializado como se nem irregular fosse.

Como Parlamentar e membro da Comissão de Meio Ambiente desta Casa, encaminho neste momento requerimento de informações à Ministra Marina Silva para que, através do IBAMA, esclareça essa questão o mais rápido possível.

Para concluir, Sr. Presidente, gostaria de registrar que, no próximo domingo, estaremos celebrando a maior festa popular do Pará e uma das maiores do Brasil, o

Círio de Nossa Senhora de Nazaré, festa religiosa que dispensa comentários e que há 210 anos emociona não apenas o povo do meu Estado, como também os milhares de turistas atraídos a cada ano para o evento.

Nesta oportunidade, peço a Nossa Senhora de Nazaré que abençoe esta

Casa, para que estejamos sempre atentos às verdadeiras e prementes necessidades do nosso povo.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que este pronunciamento seja divulgado no programa A Voz do Brasil e no Jornal da Câmara.

Muito obrigada.

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Durante o discurso da Sra. Ann Pontes, o Sr.

Confúcio Moura, 3º Suplente de Secretário, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. João

Correia, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (João Correia) - Concedo a palavra ao Deputado

Confúcio Moura.

O SR. CONFÚCIO MOURA (PMDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não se pode entender claramente o discurso do Governo atual; fala uma coisa e faz outra. Quando digo isto, não é com a intenção de fazer uma crítica simplória, só para atender ao ímpeto popular de querer ser contra. Não, não é isso. Defendo o emprego e o fortalecimento da empresa como condição essencial para a empregabilidade.

Quero chegar, com esta introdução, ao meu Estado, Rondônia.

Particularmente, ao setor madeireiro, setor forte no Estado, grande gerador de renda e emprego. Mas há um recente movimento no sentido da sua inviabilização, de sua falência no Estado.

A justificativa do IBAMA é no sentido de que há muita irregularidade no setor.

Muito bem, então vamos combater a irregularidade, vamos estabelecer regras claras, vamos promover a transição para o modelo ideal. É o que desejam os empresários sérios do Estado de Rondônia. Há gente desonesta no setor? Há, ninguém poderá negar, como de resto está contaminada parcela do setor público, conforme se vê diariamente pelos telejornais.

Dias atrás viajei e casualmente sentou-se ao meu lado um empresário do setor madeireiro de Rondônia. A conversa partiu dele. Perguntou-me sobre a evolução dos acordos sobre a exploração da madeira. Eu disse que sabia da evolução do acordo e que sou a favor da assinatura da Aceitação do Zoneamento

Econômico e Ecológico (ZEE) de Rondônia com o Governo Federal. Considero a proposta boa e deve ser assinada pelo Governador Ivo Cassol, a não ser que S.Exa.

593 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 não queira. Se não quiser e não assinar, será de uma gravidade imensa para o

Estado. A Medida Provisória 2.166 é de 1996 e poderá ficar até 2006 neste impasse inconveniente.

Ele me disse — o que me causou estranheza — que o esforço para a legalização da exploração madeireira eliminará primeiro o empresário sério. Estes são mais sensíveis. Os ilegais, por astúcia, escapam facilmente, tal a conexão que têm com funcionários do IBAMA, que, em grande parte, são viciados com as propinas e protegem os ilegais, os madeireiros de fachada.

E continuou dizendo que, a permanecer o modelo atual, não acredita que a tal

"legalização" venha a funcionar. Os maus funcionários protegem os maus empresários. Melhor atitude será a de dar continuidade às câmaras técnicas que foram implantadas e que, no momento, perderam força e apoio. Aí, sim, a própria sociedade estará observando à luz do dia as decisões do Estado e ratificando-as.

O empresariado rondoniense do ramo da madeira está saindo do Estado pela indefinição, pela falta de clareza na política estadual de exploração da madeira, o que põe o empresário do ramo na condição de grande vilão, predador das florestas tropicais. Os madeireiros lentamente estão saindo para os Estados do Acre e de

Mato Grosso. E como isto quem perde é Rondônia. E veja a contradição: o Governo do Acre, cujo slogan é Governo da floresta, está atraindo a indústria madeireira.

A classe produtiva clama para que o poder público não a dizime, não a leve à destruição completa, para que mais tarde, como terra arrasada, tenham que ressurgir das cinzas. Aí, sim, o custo da reconstrução será muito alto. E o Estado perderá riqueza, ICMS e emprego; perderá o ritmo natural.

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Sr. Presidente, é indispensável que se resguarde a produção, que se resguarde o patrimônio das empresas. Não se pode destruir a galinha dos ovos de ouro. Ruim ou bom, é o empresário que se arrisca, quem toma dinheiro em banco, paga juro alto e contribui com o País, gerando divisas e riquezas. O Governo apenas gasta. E é por isso que defendo o setor madeireiro de Rondônia, o lado sério que deseja ficar no setor. O "ilegal", o falso empresário, nada tem a perder. Ele não tem obrigação social, não paga impostos, não tem obrigação de recompor o que foi extraído e ainda degrada as estradas vicinais.

Srs. Parlamentares, lógico que não pedimos "fiscalizações generosas" nem

"fiscais franciscanos", mas nada de premiações para bons fiscais, para aqueles multadores incondicionais, criando a saga da multa, a saga do sangue. E é preciso acabar com a crença de que fiscal que não multa, até que prove o contrário, é suspeito de corrupção. Isto não pode ser um paradigma de conduta do IBAMA, transformando-o num órgão repressor por natureza.

A concessão de uso florestal em terras públicas tem que ser uma medida urgente, uma acomodação legal entre INCRA e IBAMA. Caso não venha a ocorrer rapidamente, estas florestas serão "depenadas" sem nenhum manejo, sem nenhum programa sério, justamente pelos falsos madeireiros, os ilegais. É simples, Sr. Presidente. O Brasil precisa de emprego, e a madeira gera emprego. Desejo que se ajuste o discurso, a busca do entendimento. Os ecologistas querem as florestas em pé, os madeireiros também. A empresa madeireira vive da floresta em pé. Então, os dois lados, ambientalistas e desenvolvimentistas, querem a mesma coisa: florestas em pé, adequadamente manejadas. Era o que tinha dizer.

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O SR. LEÔNIDAS CRISTINO (PPS-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a cada dia ficam mais claros os equívocos e o descaso com que o setor elétrico brasileiro foi tratado nos últimos anos. Sob todos os aspectos, tudo reproduz a irresponsabilidade com que se procedeu ao programa de privatização no Governo anterior, um processo minado por erros imperdoáveis e eivado de suspeitas de corrupção.

Já no início de abril, quando me pronunciei desta tribuna sobre os 100 primeiros dias da gestão do Presidente Lula, lembrando a herança por ele recebida, chamei a atenção para o verdadeiro caos da infra-estrutura do País, largamente demonstrado pelo abandono e destruição da malha viária nacional e pelas condições do setor elétrico, este último tragicamente caricaturado pelo apagão e uma das mais sérias restrições à retomada do crescimento econômico.

Na semana passada, em entrevista concedida a uma revista de circulação nacional, o Presidente da ELETROBRÁS, Luiz Pinguelli Rosa, afirmou que um dos principais fatores que atualmente contribuem para a oferta adicional de energia existente é a prolongada recessão a que o País está submetido. Ou seja, se o Brasil voltar a crescer e não forem multiplicados os níveis atuais de investimento, poderemos sofrer um novo apagão.

Conforme diagnosticou o Dr. Pinguelli, as empresas privatizadas do setor elétrico não estão investindo um único centavo. Os 3,5 bilhões de reais que estão sendo investidos são totalmente provenientes da ELETROBRÁS.

Segundo avaliação do Presidente da ELETROBRÁS, para a economia brasileira atingir um crescimento de 3% ao ano, será necessário um investimento de

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10 bilhões de reais; se quisermos crescer a uma taxa de 5% em 2004, o investimento necessário no setor elétrico será de 15 bilhões de reais.

A essa altura, não é nenhuma provocação lembrar que um dos principais argumentos utilizados pelo Governo anterior para justificar a privatização das empresas do setor elétrico era o de que o setor precisava de investimentos e somente a iniciativa privada seria capaz de aportar os recursos necessários.

Hoje, o que está claramente evidenciado é que essas empresas, além de terem sido adquiridas com dinheiro público, encontram-se com graves problemas financeiros e não estão fazendo nenhum investimento, e o País ainda permanece sob a ameaça de novo colapso no fornecimento de energia elétrica, comprometendo o esforço do Governo e da sociedade brasileira no sentido da retomada do processo de crescimento econômico.

Prova inconteste da gravidade da situação e atestado cabal da irresponsabilidade com que foi promovido e conduzido o processo de desestatização pelo Governo anterior foi o lançamento de um segundo pacote de ajuda do Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES às distribuidoras de energia elétrica no valor de 3 bilhões de reais, anunciado no último dia 16, apenas um mês depois de aprovado um financiamento de 1,9 bilhão de reais, recursos do

Tesouro Nacional, para essas mesmas empresas.

Enquanto isso, Sr. Presidente, ampliando e agravando ainda mais as dificuldades do setor, é aplicada política de tarifas soluçante e sem critérios. A atrelagem a índices esdrúxulos ou ao câmbio, mercê de contratos malfeitos ou mal-intencionados, com cláusulas extravagantes, associada ao desencontro entre autoridades, forma um quadro confuso, marcado pela ausência de regras claras e

597 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 estáveis, que desarvora os agentes produtivos, afugenta possíveis empreendedores e investidores e deixa sobressaltados os usuários.

Lastimavelmente, essa situação não é exclusiva da distribuição. As áreas de transmissão e geração inspiram máxima preocupação e exigem ações e intervenções imediatas.

A matriz energética nacional mostra que o País está demasiadamente na dependência do regime das chuvas e do humor de São Pedro. Noventa por cento da capacidade de geração instalada são de origem hidráulica — em termos de produção efetiva, chega em média a 95%.

Ainda que considerando essa característica fundamental do sistema e a certeza de sua permanência por longo período, principalmente pela alta competitividade econômica da geração hidrelétrica, é inadiável a introdução de instrumentos que atenuem tal dependência. A promessa das termelétricas movidas a gás natural, por exemplo, deve ser convertida em realidade, sem que se transforme em pesadelo para o consumidor.

Da mesma forma, é preciso estimular o desenvolvimento de fontes alternativas de energia e vencer o desafio de aumentar a participação da energia proveniente da força dos ventos, da luz solar e da biomassa.

A demora em encontrar solução permanente para o setor elétrico tem deixado o País insone. O Nordeste brasileiro, apenas para citar o exemplo de minha região, no que pese a integração do sistema, está com sua capacidade de geração hidrelétrica esgotada e mais e mais precisando de água para irrigação e para outros usos que não a geração de eletricidade. A demora na aplicação de medidas

598 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 estruturantes e duradouras é mais um fator que estrangula e condena sua capacidade e possibilidades de progresso e desenvolvimento.

É preciso ter sempre presente o fato de que o setor elétrico exige planejamento e ações de médio e longo prazos, com estabelecimento de metas consistentes e coordenadas, que atendam ao planejamento energético global e às políticas públicas. O preço do imediatismo e do improviso é alto, e o Brasil e a sociedade brasileira já pagaram e continuam pagando muito caro por esse verdadeiro desastre da gestão pública. A visão estreita e a cultura do imediatismo, que nortearam as ações dos nossos governantes na última década sacrificaram o presente e, se não houver rápida mudança, tendem a destruir nosso futuro.

Precisamos nos convencer de que a implantação mesmo de simples unidade de geração de energia eólica exige prazo relativamente longo. A construção de usina hidrelétrica de porte razoável demanda mais de um lustro.

Não será demais afirmar que a própria formação de profissionais, assim como a implantação de indústrias de equipamentos e implementos, também demanda tempo e, definitivamente, não aceita descontinuidade, improvisos, arranjos, gambiarras e outros artifícios.

Diante desse quadro de desleixo e claudicação oficial da gestão do setor elétrico, que põe em dúvida a capacidade de atendimento da demanda e projeta grave e preocupante cenário futuro, caso não sejam adotadas imediatamente as medidas necessárias, sobressai-se grande exemplo, que deve ser realçado: o povo brasileiro, mesmo lancinado por sobretarifas, indenizações e "seguros-apagões", continua poupando energia elétrica, racionalizando o seu uso, para que o parque

599 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 nacional de geração seja suficiente até que possam ser lançadas bases coerentes para uma política energética.

Urge, portanto, Sr. Presidente, como se diz na imprensa, que se passe o setor elétrico a limpo. Faz-se mister que se analise, com cuidado e critério, cada segmento, desde os agentes governamentais, passando pelos agentes privados, pela legislação emanada desta Casa, até as normas e resoluções administrativas. É indispensável que se avalie o papel dos agentes que atuam nas áreas de geração, transmissão e distribuição.

É igualmente preciso que as entidades gestoras do setor elétrico, os órgãos de meio ambiente e os agentes produtivos busquem uma agenda mínima e ágil, para que, entendendo as necessidades do País, fundamentados no respeito aos limites da natureza e submetidos às políticas públicas de desenvolvimento sustentado e universalização do acesso e do uso de energia elétrica, afastem as vacilações e exigências descabidas, que consomem nossa capacidade de realização.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. REINALDO BETÃO (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, parabenizo os compositores brasileiros pela passagem do seu dia. Em especial saúdo meu amigo Zeca Pagodinho, grande cantor e compositor.

Aproveito esta oportunidade também para solicitar ao Ministro da Justiça atenção especial para a Polícia Rodoviária Federal, particularmente para a que atua no Rio de Janeiro, que carece de combustível, fardas, viaturas e homens. A Polícia

Rodoviária é muito importante no combate ao tráfico de drogas e na prevenção de acidentes. Pedimos ao Ministro que cuide com carinho do Estado do Rio de Janeiro.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, talvez nenhum País no mundo dê tanta importância ao futebol como o nosso. O Brasil pára nas decisões e lota os estádios do Oiapoque ao Chuí. São milhões de apaixonados pelo esporte, introduzido no País por Charles Miller, no final do século XIX. A arte futebolística tomou conta do sangue brasileiro. É, na verdade, Sr. Presidente, um eterno caso de amor.

Dentre os vários atletas que temos, um merece destaque especial. Refiro-me ao cidadão Manoel dos Santos, internacionalmente conhecido como Mané

Garrincha, que, se estivesse vivo, completaria, no dia 28 de outubro próximo, 69 anos de idade. Nascido no bairro de Pau Grande, Município de Magé, pertenceu ao

Esporte Clube Pau Grande, onde iniciou sua carreira.

Na história do futebol brasileiro, talvez ele tenha sido o jogador que melhor sintetizou qualidade, estética e eficiência. Sua arte se concentrava no balé desnorteante das fintas, vício transformado em virtude pelas pernas tortas do craque. Lotava os estádios, cujos torcedores chegavam de toda parte para assistir seus dribles antológicos.

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Por tudo que Garrincha representou e representa para os brasileiros, amantes ou não do futebol, não podemos permitir o anonimato dos seus feitos e do seu nome. Só para se ter uma idéia, caros colegas, a sepultura nº 4.581, na velha quadra do Cemitério de Raiz da Serra, Distrito de Magé, é hoje um símbolo da indiferença com que vem sendo tratada a história do bicampeão mundial que eternizou a camisa 7 do Botafogo e da Seleção Brasileira. Desbotado pela falta de conservação, cercado de mato e sem zelo algum, o túmulo onde o fenômeno está sepultado foi emprestado por uma família da região. Até a família do jogador está totalmente desamparada, vivendo de doação de cestas básicas.

Passadas 2 décadas, Sr. Presidente, pouco se fez para resgatar a trajetória de Mané Garrincha, à exceção de ver seu nome em ruas, escolas, estádios. Até mesmo em Pau Grande, as homenagens se limitam ao batismo de logradouros e um busto na avenida principal.

O próprio Presidente Lula leu o livro sobre o ídolo e manifestou interesse em conhecer a família e a cidade natal de Garrincha.

Devido ao seu destaque no cenário nacional e mundial, a vida de Mané foi motivo de publicação do livro Estrela Solitária — Um Brasileiro Chamado Garrincha; do filme Garrincha: Estrela Solitária; e da confecção de álbuns pertencentes ao acervo da Confederação Brasileira de Futebol — CBF. Essas obras abrangem toda sua infância e adolescência, o início da carreira, as namoradas, as peladas, a vida familiar, o trabalho na fábrica América Fabril e as noitadas no boteco do Dodi, um velho amigo.

As relíquias do craque — que foi apelidado de “alegria do povo” pela irreverência de seus dribles — estão espalhadas entre familiares e alguns poucos

602 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 felizardos. E é por este motivo que entendo ser de extrema importância a criação do

Museu do Garrincha, pois ele tinha a cara do Brasil. Esse monumento seria imprescindível para se resgatar a memória do craque. Possibilitaria, também, que inúmeros investimentos e o próprio turismo fossem atraídos para o Município de

Magé.

Portanto, Sr. Presidente, nobres Parlamentares, Mané Garrincha merece ser lembrado com alegria, com seus dribles, sua arte inesgotável, pois entusiasmou multidões. Jamais poderá ser esquecido.

Era o que tinha a dizer com muita satisfação.

Muito obrigado.

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O SR. PAULO FEIJÓ (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, um dos principais problemas brasileiros, que se acumulam por seguidos anos, é o do crescente nível de empobrecimento das comunidades carentes, dos núcleos urbanos menos favorecidos, principalmente no tocante à democratização do acesso a serviços de água e esgotos.

Nesse sentido, acompanhei com bastante atenção o anúncio feito ontem pelo

Ministro das Cidades, Sr. Olívio Dutra, de que seriam necessários investimentos superiores a R$178 bilhões, até 2020, para conseguir universalizar o abastecimento de água e os serviços de esgotamento sanitário no Brasil. A afirmação foi feita no encontro com a Diretora de Programas para Habitação da Organização das Nações

Unidas (ONU), Anna Tibajuca, quando da celebração do Dia Mundial do Hábitat.

É preciso que o País procure implementar políticas públicas capazes de reverter cenários como o atual, em que o Brasil se apresenta com 12% da reserva mundial de água doce e 53% da reserva na América do Sul, em que 83% das nossas reservas se concentrem em locais com menos de 15% da população nacional.

No evento que marcou o Dia do Hábitat, o Ministro Dutra acrescentou que a

Região Norte tem uma das maiores reservas de água potável do País e, mesmo assim, o pior atendimento à população com relação aos serviços de distribuição de

água e esgotamento sanitário. A segunda região mais populosa do Brasil é a

Nordeste, que detém menos de 4% da reserva nacional de água potável e um mau aproveitamento de gerência de recursos hídricos, por causa da manipulação política e mercadológica.

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O Governo Federal precisa de determinação para reverter os piores indicadores existentes — 45 milhões de pessoas que moram em áreas urbanas e rurais carecem de redes de distribuição de água. Esperamos que realmente a equipe de colaboradores do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja capaz de produzir não só estudos, mas efetuar ações de melhoria para essa imensa parcela da sociedade brasileira que se encontra às margens do atendimento de serviços básicos, essenciais.

Segundo o Ministério das Cidades, até o início de janeiro de 2004, será apresentado o resultado do estudo que visa estruturar um sistema de financiamento, de informações, de desenvolvimento institucional e as regras para a participação dos setores público e privado no setor. O objetivo é criar uma estrutura capaz de promover o levantamento de US$2,5 bilhões por ano, para levar água potável a metade dos 5.507 Municípios brasileiros e tratar o esgotamento sanitário.

Na condição de representante de Municípios de pequeno e médio porte do norte e noroeste do Estado do Rio de Janeiro, tenho a compreensão exata do quanto é importante e vital a participação do Governo Federal, tanto no aporte de recursos como na parceria em coordenação de projetos. Por isso, saudamos o anúncio pelo Ministro Dutra no sentido de que seja acelerada a liberação de R$1,4 bilhão de recursos do FGTS para ações de saneamento, entendendo que o interior fluminense merece atenção especial, e não pode ficar fora das futuras destinações de verbas públicas.

Não podemos admitir que as comunidades de baixa renda, de Municípios de reduzida capacidade financeira sejam postas de lado nesse processo de distribuição dos projetos do Governo Federal.

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Desta forma, quero registrar minha cobrança para que sejam efetuados os devidos estudos que insiram no rol de investimentos em saneamento aquelas

Prefeituras com menores condições do interior do Estado do Rio de Janeiro.

Faço tal cobrança, observando que há recursos para saneamento e saúde, aprovados no Orçamento da União deste ano, que ainda se encontram contigenciados, parcialmente, e que se liberados podem contribuir para mudar a qualidade de vida de centenas de milhares de cidadãos fluminenses. Reporto-me a uma reivindicação de caráter inquestionável. E espero que o Governo Federal, de posse dos indicadores sociais das regiões norte e noroeste do Estado do Rio, entenda, com sensibilidade, que o pouco esforço que demonstrar na agilidade desses projetos vai representar muito na conquista de direitos mínimos de cidadania por várias comunidades.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

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O SR. CARLOS DUNGA (PTB-PB. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, são gritantes os conflitos enfrentados pelos presídios brasileiros, dada a situação por que passam a carceragem e o apenado, principalmente devido à superpopulação, problema que piora com o crescimento da criminalidade. O crime organizado, com suas múltiplas facetas, desestabiliza elementares estruturas de segurança, infiltrando-se nos presídios e promovendo constantes rebeliões e fugas.

Em função desse quadro, o Governo da Paraíba, por intermédio de sua

Secretaria da Cidadania e Justiça, e objetivando gestão de qualidade nos presídios, elaborou e apresentou ao Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, semana passada, o Plano de Humanização do Sistema Penitenciário Estadual.

O Secretário da Cidadania e Justiça do Estado da Paraíba, ex-Deputado Vital do Rêgo, enfatizou ao Ministro da Justiça que o Governo da Paraíba, convicto dos inúmeros problemas agravados pela superpopulação nos presídios, pretende efetivar políticas eficazes que ofereçam condições de humanização e ressocialização dos apenados. Essas políticas se darão a partir do aumento do número de vagas nas unidades prisionais — que devem ser seguras e providas de condições dignas, que contribuam para a redução das reincidências —, minimizando gradualmente a desumana superpopulação nos cárceres e, em conseqüência, aliviando o estado de tensão no complexo universo dos segregados. Toda essa problemática será minimizada, e também haverá a implementação de atividades e profissionalização dos apenados.

É exatamente nesse ponto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, intentando criar infra-estrutura adequada para atacar os problemas de frente, que a

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Paraíba está buscando soluções reais, tangíveis, mas que só se concretizarão com o efetivo apoio do Governo Federal por meio da liberação de recursos para a ampliação das 7 penitenciárias já existentes, a construção de novos presídios, a recuperação e melhoria do Complexo Penitenciário de Mangabeira, a reforma e ampliação de cadeias e a melhoria do sistema de administração e segurança carcerária.

Acreditamos que o Presidente Lula e o Ministro Márcio Thomaz Bastos, cientes da gravidade da realidade aqui exposta, empreenderão todos os esforços no sentido de propiciar ao Governador Cássio Cunha Lima o apoio necessário à realização desse novo modelo de política penitenciária na Paraíba.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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O SR. LUIZ ALBERTO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta semana, o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística — IBGE lançou a publicação Estatísticas do Século XX. Os dados foram recolhidos de diversas fontes, e os 16 capítulos da publicação contêm gráficos, tabelas e análises sobre temas fundamentais para o entendimento da nossa sociedade, tais como educação, sindicalismo e trabalho, atividade econômica e saúde. O estudo traça abrangente painel da evolução das estatísticas no Brasil e certamente será poderoso instrumento para as mais diversas áreas de atuação, inclusive para nós, Parlamentares.

A publicação também abre espaço para a realização de estudos praticamente inéditos sobre o número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada, além de aspectos administrativos do sindicalismo.

As estatísticas reunidas pelo IBGE demonstram que durante o regime autoritário, o número de associados dos sindicatos pode ter sido subestimado, permitindo flexibilidade na manobra da contabilidade, sempre fiscalizada pelo

Governo Federal. Verificou-se, por exemplo, que, enquanto a Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios — PNAD de 1973 estimava a população ocupada em quase

37 milhões, o inquérito sindical reportava a existência de 3,2 milhões de trabalhadores sindicalizados. Esses valores implicam uma taxa de sindicalização de

9%, o que é considerado baixo demais.

A partir de 1988, já no período democrático, a possibilidade é a de que o procedimento tenha sido inverso. Na época, os sindicatos recenseados pelo IBGE informaram uma taxa de sindicalização superior a 35%, enquanto a PNAD, no

609 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 mesmo período, detectou que, no máximo, 25% dos trabalhadores estavam filiados a sindicatos e associações de classe.

Outros dados fundamentais são referentes à relação entre trabalho, desemprego e trabalho informal no Brasil. Até a década de 80, por exemplo, os postos de trabalho extintos por conta de crises eram recriados nos períodos de crescimento econômico. Depois dos anos 90, porém, verificou-se notável mudança de comportamento: grande parcela dos postos de trabalho eliminados só estão ressurgindo na informalidade, isto é, são ocupados por trabalhadores sem carteira assinada.

Esses são apenas exemplos mínimos de como os dados do volume recém-lançado pelo IBGE podem servir de suporte para as mais diversas áreas da sociedade, além de representarem preciosa ferramenta para todo nós,

Parlamentares. Trata-se de valiosa fonte para estudo e elaboração de projetos e para reflexões sobre variados aspectos de nossa sociedade.

Por isso, Sr. Presidente, solicito que a Câmara dos Deputados estude a possibilidade de fazer com que cada Deputado receba um exemplar da publicação

Estatísticas do Século XX.

Muito obrigado.

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O SR. CHICO ALENCAR (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, neste 8 de outubro, 36º aniversário da morte de Ernesto

Che Guevara, saúdo o retorno, com muita saúde, do Bispo de Caxias e de São João de Meriti, D. Mauro Morelli, que sabe unir a luta social com a fé em Deus.

Mahatma Gandhi, que nasceu em 1869 e morreu em 1948, é um exemplo de oração em ação, de meditação no engajamento e de calmo pensar animando o clamor para mudar. É dele a maravilhosa síntese sobre fé e política: “Minha devoção

à verdade empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima hesitação, e também com toda a humildade, que não entendem nada de religião aqueles que afirmam que ela nada tem a ver com a política”.

Ainda da cultura oriental — na qual, aliás, deita raízes a tradição judaico-cristã

— vem a sábia resposta do Dalai Lama, quando indagado sobre qual a melhor religião: “Toda aquela que coloca o ser humano em comunhão com outro ser humano”. Portanto, não há a melhor.

Política vem de polis, cidade — cidade como coletivo de cidadão e espaço da prática da cidadania, isto é, da elaboração, muitas vezes conflituosa, de regras comuns de convivência que permitam qualidade de vida para todos, e não apenas para alguns poucos. A política, nessa dimensão tão diferente da politicagem reinante, foi assim entendida na Grécia Antiga, aquela mesma onde nasceu a democracia, que visava dar a todos o mesmo ponto de partida, as mesmas oportunidades, excetuando-se, à época, os escravos, as mulheres e os prisioneiros de guerra.

“O ser humano é um animal político”, observou Aristóteles. Assim, toda ação política, inerente à condição humana, tem motivações e objetivos. As religiões, que

611 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 buscam religar o ser humano com sua origem primeira, com sua energia fundadora, com o transcendente, com Deus — de tantos nomes e imagens —, viram pura alienação quando vividas apenas na perspectiva da salvação individual, do bem-estar pessoal. O ser humano é um animal político-religioso, o único ser vivo que desenvolveu essas dimensões tão singulares, o único que ora e labora.

Todos sabem de cor o mandamento maior do cristianismo: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Que revolução haveria se aprendêssemos de fato esse ensinamento! O reino daquele que “faz novas todas as coisas” é um reino que não é deste mundo, mas que começa aqui. A eternidade penetra nas artérias no tempo, o imanente é o único caminho que conhecemos para o transcendente.

Na civilização das coisas, que, no século XX, produziu mais objetos do que toda a caminhada anterior da humanidade, os fetiches são o dinheiro, o prestígio, o consumo, o poder. Estes são também os emuladores contemporâneos da política, reprodutora de exclusão, marginalização e insensibilidade. Os tempos da

Antigüidade Clássica, com tantos aspectos de barbárie, pareciam melhores.

O cristão comprometido com o Evangelho é fermento na massa, testemunho vivo de que o mundo pode ser diferente. Para ele, a expressão maior do Divino se fez carne, nasceu numa estrebaria, amparado pelos pastores da noite, e habitou entre os mais pobres de todos nós. Por isso o cristão, na sociedade da competição, do atropelo, da dominação de classe e da discriminação, é um exemplo de cooperação, de cuidado, de igualitarismo, de acolhida da diversidade humana, o que não significa aceitação da exploração econômica e do lucro.

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A rigor, o cristão hoje é anticapitalista por definição, e sua mística é socialista, mesmo reconhecendo as criminosas distorções cometidas em seu nome, no século passado. Afinal, Jesus Cristo, como reitera Frei Betto, não morreu na Palestina vitimado por um desastre de camelo ou de hepatite: preso político, foi condenado à morte e executado na cruz, como rebelde, pelo poder político do Império Romano e pelo clero de Israel. Praticar a política como conseqüência natural da fé não significa, como se pensou em outros tempos, construir um partido de cristãos, uma comunidade fechada. “Pai, não vos peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal”, rezou o Senhor Jesus.

Devemos, motivados pela fé cristã, mergulhar no espaço comum, laico, secular, dos partidos e dos projetos históricos, compartilhando metas e lutas com aqueles homens e mulheres de boa vontade que também querem construir uma sociedade fraterna e justa, ainda que motivados por outros símbolos, mitos e aspirações.

Padre Camilo Torres, colombiano e de Deus, morreu na guerrilha um ano antes de Ernesto Che Guevara, em 1966. Explicava ele assim sua opção aos ateus seus companheiros: “Não percamos tempo discutindo agora se a alma é mortal ou imortal; a fome sim, esta é mortal!”.

O que diferenciaria, enfim, um cristão de outro militante na política, ambos comprometidos com o mesmo ideal de sociedade? Ousaria eu dizer que é a forma de entrega. O cristão precisa ser mais despojado, inclusive na política institucional, desprezando as pompas, mordomias e excessos dos cargos, assumidos sempre como serviço, jamais como carreira. O cristão precisa ser mais esperançoso, pois, fiel ao Crucificado — escândalo para os judeus, subversão para os romanos e

613 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 loucura para os gregos —, sabe que nunca será derrotado, por mais que os êxitos não apareçam. Basta-lhe o largo testemunho, mesmo sem possibilidade de sucesso.

O cristão precisa fazer tudo com alegria, pois tenta imitar um Ressuscitado que fez da entrega total sua razão de existir, vencendo, assim, a própria morte, que quando chegou para reclamar seus bens, sua propriedade, nada encontrou para tomar. O cristão sabe que é grão: tem de fenecer para germinar. Ele percebe, pela fé, que nos outros continuará. Sabe que o que coletivamente busca aqui de forma imperfeita, um dia, além do tempo, se revelará em plenitude, no reino do amor e da interminável comunhão.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, era o que tinha a dizer na condição de membro do Movimento Fé e Política e do Grupo de Oração Hélio Pellegrino.

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O SR. CORIOLANO SALES (PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, embora a qualidade de vida tenha melhorado nos últimos 10 anos, na maioria dos Municípios brasileiros, não se pode dizer o mesmo sobre as desigualdades que permanecem crescentes, em razão da violenta e odiosa concentração de renda vigorante no País.

A queda na renda vem atingindo milhões de pessoas, e essa tem sido uma das razões do crescimento das desigualdades.

É interessante registrar que as populações que mais de desenvolveram foram as que mais investiram em educação e mais tiveram acesso a crédito.

Um fato relevante é o de que as grandes cidades e suas regiões metropolitanas estão ficando empobrecidas, fruto do desemprego e da falta de condições de habitabilidade nos chamados “grandes centros”.

O crescimento da desigualdade em 66% do País, reveladora de uma brutal concentração de renda, revela, prima facie, que há algo de muito errado com a organização econômica e social do Brasil.

A sensação que se tem é que o País não possui um plano de combate à pobreza e à miséria, que apresentam resultados pífios de diminuição pelo fato de distribuição de alguns benefícios sociais serem praticados como esmolas.

A reduzida previsão de crescimento da economia para cerca de 0,6%, neste ano, indica que a sociedade não suportará mais sacrifícios — elevados, diria eu —, resultantes de mais desemprego no País.

A projeção inicial de crescimento da economia brasileira acabou reduzida e sufocada pelo elevado superávit primário para pagamento de juros das dívidas

615 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 interna e externa, os quais devem elevar-se neste ano para mais de 100 bilhões de reais, com pesados sacrifícios para a população brasileira.

Não é sem razão que milhões de pessoas estão vivendo nas favelas, em casebres, desempregadas, alimentando-se com dificuldades, apesar do Fome Zero.

Aliás, o mundo está ficando pobre — pobreza humana, diga-se —, não obstante os

Bill Gates, que são muito poucos para quase um sexto da humanidade que vive nas favelas.

A mudança desse quadro perverso impõe medidas serenas, mas firmes, corajosas e determinadas. Ou o Governo investe na educação e cria instrumentos permanentes de crédito para o conhecimento e a produção, ou o fosso entre a riqueza e a pobreza será cada vez maior.

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O SR. PAULO RUBEM SANTIAGO (PT-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em Pernambuco, a Justiça determinou a prisão de empresários do setor de combustíveis, por sonegação fiscal.

O Ministério Público Estadual, no uso de suas atribuições institucionais, denunciou José Joaquim Dias Fernandes, brasileiro, casado, comerciante, portador da Cédula de Identidade nº 748.938, SSP/PE, e CIC nº 042.583554-53, com endereço na Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, 240, apto. 501, Parnamirim, Recife,

Pernambuco, CEP 52060-030;

Alberto Perez Machado, brasileiro, solteiro, industrial, portador da Cédula de

Identidade nº 1.295.381, SSP/PE, e CIC nº 192.732.824-15, com endereço na Rua

Duarte Coelho, 371, Santa Tereza, Olinda, Pernambuco, CEP 53.110-000;

Marcos José Bezerra Menezes, brasileiro, solteiro, comerciante, portador da cédula de identidade nº 2.891-399, SSP/PE, e CIC nº 439.859.804-97, com endereço na Avenida Boa Viagem, 4.138, apto. 301, CEP 51.021-000 e/ou Rua

Antônio Pedro Figueiredo, 56, Boa Viagem, Recife, Pernambuco, CEP 51.011-510; e

Rômulo Pina Dantas, brasileiro, solteiro, comerciante, portador da Cédula de

Identidade nº 603.908, SSP/PE, e CIC nº 373.463.344-34, com endereço na Avenida

Boa Viagem, 1.850, apto. 401, Boa Viagem, Recife, Pernambuco, CEP: 51.111-000 e/ou Rua Tenente João Cícero, 325, apto. 402, também em Boa Viagem, CEP

50.000-000, pelos motivos que a seguir passa a expor:

“Em 17 de janeiro de 2001, por ocasião de

fiscalização procedida pela Fazenda Estadual, foi

constatado que durante os anos de 1998 e 1999, os

denunciados, na qualidade de responsáveis pela gestão

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da empresa Total Distribuidora Ltda., CNPJ nº

262.009.723/3496 e Inscrição Estadual nº

18.1.545.0227097-8, atualmente localizada na Avenida

Portuário, Complexo Industrial, Suape, nessa comarca,

que detém a qualidade de substituta tributária para efeito

das operações de circulação de combustíveis (sujeito

passivo de obrigação), fraudaram o Tesouro estadual

inserindo elementos inexatos em documentos fiscais

relacionados à movimentação de 93.511.060 litros de óleo

diesel, sendo 38.941.310 litros no exercício de 1998 e

54.569.750 litros no exercício de 1999. Na medida em

que, nas notas fiscais de saída de mercadorias, fizeram

constar e utilizaram a base de cálculo estabelecida para o

Município do Recife e de outros da Região Metropolitana,

quando as vendas eram realizadas para Municípios com

base de cálculo superior, tudo conforme narrado no Auto

de Infração nº 005.00032/01-7 (fls. 04/05 dos autos da

Comunicação Fiscal em anexo).

Tal conduta importou em redução do pagamento de

ICMS no valor de R$348.668,10 (trezentos e quarenta e

oito mil, seiscentos e sessenta e oito reais e dez

centavos), quantia que, acrescida da multa e dos juros de

mora, alcança a cifra de R$ 788.669,14 (setecentos e

oitenta e oito mil, seiscentos e sessenta e nove reais e

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quatorze centavos), conforme demonstrativo de crédito

contido no auto de infração e documentos que o

acompanham.

Consta da peça informativa que os denunciados,

dolosamente, ludibriaram a Fazenda Estadual através do

lançamento de dados inexatos nos documentos de

circulação de óleo diesel, resultando dessa conduta no

recolhimento a menor de ICMS, fato que gerou a

diferença encontrada pelos agentes fiscais.

Destaque-se que esta base de cálculo foi utilizada

pela PETROBRAS (1ª substituta tributária) para o cálculo

do imposto devido, haja vista que a operação de venda de

combustível ocorreu, inicialmente, para o Município de

Ipojuca, situado na Região Metropolitana do Recife.

No entanto, ao repassar o combustível para outros

Municípios com base de cálculo superior aos da RMR, os

denunciados não fizeram inserir nas notas fiscais a base

de cálculos desses Municípios, repetindo a base de

cálculo utilizada pela PETROBRAS que, agora, não mais

correspondia à verdade das operações, já que os

municípios de destino dos combustíveis possuíam base

de cálculo superior.

Tal fato pode ser constatado através do

Demonstrativo do ICMS de Substituição Tributária de

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responsabilidade da Total Distribuidora, em que declara

suas vendas de óleo diesel para os contribuintes do

Estado de Pernambuco (fls. 07/182 do procedimento em

anexo).

A conduta delituosa foi detectada através do

levantamento analítico de estoque, onde foram

examinados os livros fiscais de entradas, saídas e

apuração do ICMS, bem como foram analisadas as notas

fiscais de entrada e saída de óleo diesel, constatando-se

a diferença de imposto a recolher, em razão da venda a

contribuintes situados em municípios com base de cálculo

diferenciada, conforme previsão do Decreto nº 19.114, de

1996, que estabelece a complementação da diferença do

imposto pelo distribuidor.

É oportuno ressaltar que, após três intimações

fiscais, os acusados não apresentaram o livro de

inventário, a declaração de IRPJ, o livro razão, o livro

caixa, os balancetes e balanços da empresa, conforme

noticiou o auditor fiscal no Livro de Ocorrências. Como

insistia em não atender à fiscalização, o contribuinte foi

autuado por embaraço à ação fiscal nº 005.00522/00-6,

datado de 31 de março de 2000, conforme consta no livro

de registro de utilização de documentos fiscais e termos

de ocorrências (fls. 195). Mesmo assim, os fiscais da

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Fazenda Estadual, de posse de Livro de Saídas, Entradas

e Apuração de ICMS conseguiram estabelecer a quantia

devida em face da diferença de base de cálculo.

A prática relatada perdurou, em continuidade

delitiva, nos anos de 1998 e 1999, resultando em

supressão do pagamento de tributo em detrimento dos

cofres estaduais.

A prova da materialidade encontra-se nos autos,

representada pela cópia do Auto de Infração (fls. 04/05), o

qual foi confirmado pelo Tribunal Administrativo Tributário

deste Estado — TATE (decisão em anexo),

Demonstrativo de Crédito Tributário (fl. 06),

Demonstrativos do ICMS Substituição Tributária dos

exercícios de 1998 (fls. 07/82) e 1999 (fls.83/182) e o

Termo Lavrado no Livro Registro de Utilização de

Documentos Fiscais e Termos de Ocorrência — RUDFT

(fls. 195/199).

O mesmo se dá em relação à autoria, posto que,

sendo os denunciados administradores da sociedade

comercial Total Distribuidora Ltda., conforme contrato

social e alteração de fls. 183/188, detêm o ‘domínio do

fato’, ou seja, o poder de determinar, de decidir e de fazer

com que seus empregados e contratados executem o ato.

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São, portanto, responsáveis pela ocorrência da redução

do tributo.

Em resumo, os quatro denunciados associaram-se

para o cometimento de crime contra a ordem tributária, eis

que desenvolviam atividade comercial de combustíveis

suprimindo parte do ICMS devido ao Tesouro Estadual,

mediante inserção de dados inexatos em documentos

fiscais.

Diante de todo o exposto, estão os denunciados

incursos nas penas do artigo 1º, inciso II, da Lei nº

8.137/90 c/c artigo 288 do Código Penal Brasileiro, na

forma dos artigos 69 e 29 do mesmo diploma legal

(concurso material de crimes e concurso de agentes),

motivo pelo qual esta Promotoria de Justiça ofereceu a

presente denúncia, para que, recebida, seja instaurado o

processo crime, requerendo a citação dos denunciados

para os interrogatórios e demais atos da ação penal”.

Por tudo isso, Sr. Presidente, expresso meus mais significativos elogios ao

Ministério Publico de Pernambuco, reconhecendo e aplaudindo a decisão da eminente Juíza Dra. Ildete Veríssimo, por mais essa demonstração de empenho e compromisso no combate ao crimes fiscais e tributários, de tão graves repercussões para as finanças públicas de Pernambuco.

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O SR. LUIZ PIAUHYLINO (PTB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Ministério da Ciência e Tecnologia acaba de dar passo fundamental, no sentido de eliminar ou pelo menos reduzir as graves distorções históricas na distribuição de recursos orçamentários, cuja execução está a cargo daquela importante Pasta.

Como é de amplo conhecimento de V.Exas., os grupos de pesquisa das

Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste sempre enfrentaram inúmeras barreiras no acesso a recursos do Governo Federal aplicados na área de ciência e tecnologia.

Sob a alegação de que a distribuição desses recursos baseia-se em critérios de mérito, tais grupos enfrentaram, ao longo dos anos, restrições de toda natureza sempre que pleiteavam apoio aos órgãos de fomento federais.

A partir de 1997, quando começaram a ser criados os chamados fundos setoriais de ciência e tecnologia, esse problema começou a ser atacado, na medida em que a maioria das leis que instituíram os referidos fundos destinou parcela significativa de seus recursos para o apoio a projetos realizados por entidades localizadas nessas regiões.

Contudo, a mera introdução desses dispositivos nas normas legais não foi suficiente para mudar esse quadro de injustiça, pois não se quebrou o ciclo vicioso que condena os grupos de pesquisa não consolidados das citadas regiões a continuarem na mesma situação. Não conseguem apoio para seus projetos porque não são consolidados e não se consolidam porque não conseguem apoio. Prova cabal dessa realidade é o fato de que a maioria dos fundos setoriais não está cumprindo a disposição legal de aplicar no mínimo 30% de seus recursos nas referidas regiões.

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Por essa razão, merece ser louvada a iniciativa do Ministro Roberto Amaral de lançar o Edital para apoio a Grupos de Pesquisa vinculados a Programas de

Pós-Graduação Não Consolidados, localizados nas Regiões Norte, Nordeste e

Centro-Oeste.

O referido edital apresenta ainda importante inovação: a obrigatoriedade de estabelecimento de parcerias entre esses e outros grupos de pesquisa de qualquer região do País, associados a programa de pós-graduação consolidado.

Os recursos a serem aplicados provêm do Programa de Apoio ao

Desenvolvimento Científico e Tecnológico — PADCT III e do Fundo Setorial de

Infra-estrutura — CT-INFRA.

O edital recém-lançado tem como objetivo promover a melhoria de qualidade de 80 programas de pós-graduação não consolidados, apoiar a cooperação científica inter ou intra-regional entre grupos de pesquisa associados a programas de pós-graduação não consolidados e, sobretudo, promover a consolidação de grupos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação das instituições públicas de ensino superior e pesquisa das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Os mecanismos de apoio são tradicionais e compreendem o financiamento de despesas de custeio e capital, a serem realizadas no País e no exterior. A grande novidade é a priorização de propostas que, além do mérito, apresentarem contrapartida explícita de agências estaduais e regionais de fomento ou de desenvolvimento, ou de empresas. Tal medida estimula o atrelamento das propostas

às necessidades e potencialidades locais ou regionais, o que, a nosso ver, é muito benéfico para as instituições localizadas nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-

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Oeste, que vivem realidades socioeconômicas muito diversas das outras regiões do

País.

Embora vede explicitamente qualquer tipo de despesa com a contratação de pessoal ou complementação salarial de pessoal técnico e administrativo, bem como o pagamento a servidores públicos por serviços de consultoria e assistência técnica, a iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, com certeza, contribuirá de forma decisiva para reter nas referidas regiões os pesquisadores e técnicos que costumam migrar para as outras regiões em busca de melhores condições de trabalho, agravando ainda mais as dificuldades de consolidação de seus grupos de pesquisa.

Apesar de não ser o primeiro programa a estabelecer esse tipo de tratamento para grupos de pesquisa não consolidados, talvez seja a primeira iniciativa do

Governo Federal com chances efetivas de reverter os desequilíbrios regionais, dando reais oportunidades às instituições sediadas nas Regiões Norte, Nordeste e

Centro-Oeste de participarem do esforço nacional de desenvolvimento científico e tecnológico.

Muito obrigado.

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O SR. EDUARDO CAMPOS (PSB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero deixar registrada minha homenagem à

Sra. Maria Sérgia de Santana, que morreu ontem, dia 7 de outubro, aos 104 anos de idade, na cidade de Igarassu, Região Metropolitana de Recife, Estado de

Pernambuco.

Exemplo de vida e orgulho de todos os pernambucanos, D. Mariú, como era popularmente conhecida, viveu todos esses anos — pouco mais de um século — distribuindo alegrias e divulgando a cultura de Pernambuco.

Figura folclórica de Recife e, por que não dizer, do Estado, ela era a mais antiga componente do Maracatu Estrela Brilhante, um dos grupos populares da dança mais antigos e famosos do Estado.

Apesar da idade avançada, D. Mariú acompanhou os desfiles e ensaios do

Estrela Brilhante até os últimos dias de vida. Com dificuldade de andar, já em uma cadeira de rodas, pedia aos parentes que a levassem em todas as apresentações do

Grupo. Foi batizada como Rainha do Maracatu ainda jovem e manteve o título durante todos esses anos. A matriarca do Estrela Brilhante começou a dançar

Maracatu ainda menina, aos 12 anos de idade, e desde então a dança passou a fazer parte de sua vida.

Srs. Deputados, são pessoas como D. Mariú que orgulham o povo brasileiro

— uma mulher de origem simples e parcos recursos, mas com muita alegria de viver. Sua passagem aqui na terra nos deixa grandes ensinamentos, principalmente aos mais jovens que, ao lado dela, aprenderam a conhecer um pouco mais sobre a cultura do Estado e que hoje lutam pela expansão e divulgação do Maracatu.

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Por tudo isso, eu não poderia, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, deixar de homenagear essa enorme referência cultural do meu Estado, D. Mariú. Tenho certeza de que, durante esses 104 anos que ficou entre nós, ela conseguiu repassar suas experiências e fazer herdeiros não só na dança, como na vida. Seus ensinamentos serão “molas de incentivo” dentro do Maracatu Estrela Brilhante e dos demais grupos, que têm a responsabilidade de difundir nossas ricas raízes culturais para todos os Estados do País.

Era o que eu tinha a dizer.

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O SR. LEANDRO VILELA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da

Silva entra em seu décimo mês colecionando importantes êxitos em sua tarefa de promover profunda mudança no País. O principal deles, sem dúvida alguma, é ter conseguido debelar os problemas macroeconômicos que desafiavam o controle inflacionário e a confiança no País.

Num outro campo, as reformas da Previdência e tributária caminham celeremente para a aprovação final no Senado. No caso específico da reforma previdenciária, os Líderes do Senado já asseguraram a aprovação do texto integral, como foi votado na Câmara, o que permitirá que o Presidente sancione o projeto talvez ainda este mês.

O Brasil caminha bem. O Risco País encontra-se em níveis mais baixos, o dólar mantém certa estabilidade e os investimentos externos não cessaram, como se temia. É preciso avançar. O grande desafio do Governo Lula e de todos nós, a partir de agora, já passa a ser a retomada do desenvolvimento com a geração de empregos.

A geração de empregos foi o tema dominante nas eleições presidenciais do ano passado, objeto das mais ousadas promessas. O Brasil, agora, começa a cobrar a sua execução. Não há mais como protelar, até porque os índices continuam a crescer e a bater recordes.

O desemprego nas 6 mais importantes regiões metropolitanas do País voltou a atingir nível recorde em agosto. A taxa bateu na marca de 13%, de acordo com informações divulgadas pelo IBGE. O resultado é 1,3 ponto percentual maior do que o de agosto de 2002, quando havia sido de 11,7%.

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A taxa de 13% é a mais alta apurada pela Pesquisa Mensal de Emprego do

IBGE, iniciada em outubro de 2001, o que causa grande preocupação. O número de pessoas à procura de emprego aumentou 16,8% em relação a agosto de 2002, enquanto o de postos de trabalho subiu apenas 3,5%. O crescimento do número de pessoas ocupadas tem desacelerado nos últimos meses, ao mesmo tempo em que aumenta o número de pessoas sem emprego.

Grandes empresas continuam anunciando demissões e enxugamentos. A desaceleração da economia, motivada pela política recessiva necessária para debelar o temor da inflação, inibe novos empreendimentos. De outro lado, o

Governo reduz seus investimentos em infra-estrutura e o mercado fica escasso para tanta gente à procura de emprego.

Faço este alerta porque acredito ser necessário acelerar as medidas para a retomada do crescimento. A gradativa queda nos juros é um bom sinal, e é preciso avançar nesse sentido. De outro lado, o Governo precisa retomar seus investimentos e aumentar as linhas de crédito e financiamento para o setor produtivo.

A queda na aprovação do Presidente Lula, registrada esta semana pela

Pesquisa IBOPE, é um sinal de que a sociedade exige, a partir de agora, o início do que está sendo chamado de Fase 2 do Governo. Com a economia sob controle, é preciso crescer e gerar empregos.

Era o que tinha a declarar.

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O SR. SIGMARINGA SEIXAS (PT-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Constituição Federal chega aos 15 anos de vigência consagrada como a mais democrática das Cartas brasileiras. Ela devolveu ao povo brasileiro os direitos suprimidos pelos 20 anos de ditadura militar, rompendo definitivamente com aquele sistema, e ampliou as garantias individuais como nunca se viu antes em nossa história.

Um dos maiores méritos da Carta foi garantir os direitos fundamentais, como a cidadania e a dignidade da pessoa humana, e os individuais, entre eles a igualdade e a liberdade de expressão. O valor dessas garantias fica evidente na composição do texto constitucional. Os capítulos que tratam desses direitos são os 2 primeiros da Carta.

A construção de uma sociedade mais equilibrada e, portanto, com menos desigualdades sociais foi outra conquista da Constituição. A erradicação da pobreza e da miséria e a promoção do bem de todos, sem qualquer tipo de discriminação, são tratados pela Carta como um dos principais objetivos da República Federativa do Brasil.

Preocupados em resgatar a dívida social do Estado com a população brasileira, os Constituintes incluíram no texto constitucional um conjunto de benefícios e direitos comparáveis às mais avançadas nações do planeta.

Diferentemente das Constituições anteriores, nas quais o Estado era o poderoso, nessa o homem é o centro de tudo.

Outros avanços importantes foram nos Poderes Legislativo e Judiciário. Para citar alguns exemplos, a Lei Maior deu às Comissões Parlamentares de Inquérito poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Ao Judiciário assegurou

630 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 autonomia administrativa e financeira. Estabeleceu ainda regras de funcionamento do Ministério Público, que, com seus procuradores independentes, contribuiu para o impeachment do ex-Presidente Fernando Collor de Mello, entre outros episódios emblemáticos da construção da democracia brasileira.

A Constituição também deu ao País mais estabilidade política. Em 15 anos, não houve no Brasil nenhuma revolta. Só para lembrar, a primeira Carta, outorgada por D. Pedro I, em 1824, tinha um perfil absolutista e contribuiu para a eclosão de movimentos republicanos que desgastaram o Imperador e o forçaram a abdicar. As outras 5 Constituições, editadas depois, sofreram golpes de todo tipo.

Já a atual Carta nasceu com o chamado Compromisso à Nação, fechado entre o PMDB e a Aliança Liberal, uma dissidência do partido dos militares. O pacto previa a eleição direta e a realização da Assembléia Constituinte, convocada oficialmente em 26 de novembro de 1985, da qual participei como Relator da

Subcomissão da União, Distrito Federal e Territórios. A discussão do texto final foi, sem nenhum exagero, o momento mais democrático e rico do Congresso Nacional.

É claro que, como qualquer obra humana, a Constituição não está isenta de imperfeições. É pertinente, por exemplo, a crítica de que é excessivamente detalhista — o formato final ganhou 315 artigos permanentes e 70 transitórios.

Muitos desses pontos poderiam constar de uma legislação infraconstitucional.

Mas o momento era outro. O debate era ideológico e havia um clamor popular. As amarguras do regime militar ainda estavam vivas na memória nacional e estiveram presentes durante os 20 meses em que trabalhamos na nova Carta. O passado recente acabou nos levando a tentar engessar os movimentos do

Executivo, de forma a evitar que seus ocupantes voltassem a concentrar tanto

631 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 poder. Havia insegurança em relação ao futuro. O mundo também estava sob tensão. No dia em que a Constituição era promulgada no Brasil, por exemplo, os chilenos diziam não ao presidente-ditador Augusto Pinochet. É preciso entender esse contexto histórico.

Se o momento hoje é outro, é claro que são necessárias mudanças. A

Constituição não pode congelar a história política. Mas isso não justifica uma revisão da Carta. Uma nova Constituição tem de ser fruto de uma ruptura ou de um pacto.

Algumas definições já foram atualizadas com as reformas. Temos de continuar a propor as emendas, como vem sendo feito, para promovermos a discussão, até chegarmos a um consenso. Esse é o processo democrático.

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O SR. EUNÍCIO OLIVEIRA (PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com uma sessão magna, a Câmara dos

Deputados celebrou os 15 anos de existência da Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, pelo Presidente da Assembléia Nacional Constituinte, o nosso inolvidável companheiro e líder Deputado Ulysses Guimarães.

O texto definitivo da nova Carta Magna da República brasileira foi aprovado na memorável sessão da Assembléia Nacional Constituinte da tarde de 22 de setembro de 1988, com 245 artigos no corpo permanente e 70 no Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias.

Apesar de asperamente criticada por respeitáveis mestres do nosso Direito

Constitucional, sob o fundamento de haver sido emanada de uma Constituinte congressual, o que comprometeria sua legitimidade, a Constituição de 1988, não se pode deixar de reconhecer, foi também resultado de um diálogo direto, imediato, constante e eficaz com a própria sociedade. Logrou-se o acompanhamento e o debate de todas as regras temáticas por distintas correntes sociais, que faziam convergir para a Constituição aspirações, interesses e reivindicações patrocinadas com todo o vigor e empenho.”

Enfim, é uma Constituição como nunca, aliás, houve em nossa história constitucional, de várias repúblicas e um império, em que o povo esteve realmente perto dos mandatários da soberania e que sem qualquer obstáculo lhe trouxe o subsídio de sua colaboração e o préstimo de sua vontade. A presença da sociedade nunca lhe faltou.

Vale lembrar que durante todo o decorrer dos trabalhos da Assembléia

Nacional Constituinte predominou no País clima de liberdade, sem estado de sitio,

633 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 sem censura à imprensa, sem cassação de mandatos. Esses fatores, sem dúvida, ponderáveis, demonstram e evidenciam que não faltou à Assembléia Nacional

Constituinte congressual a devida legitimidade.

De sua extraordinária importância para a consolidação de ordem social e econômica mais justa e democrática à reintegração definitiva do País na plenitude do Estado de Direito, vale lembrar histórica afirmação do Presidente Ulysses

Guimarães no ato da promulgação:

“A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o

fizemos com amor, aplicação e sem medo. A Constituição

certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao

admitir a reforma.

Quanto a ela, discordar, sim; divergir, sim;

descumprir jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da

Constituição é traidor da Pátria.

A persistência da Constituição é sobrevivência da

democracia. Quando após tantos anos de lutas,

promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e da

Democracia, bradamos por imposição de sua honra:

temos ódio à ditadura”.

Mesmo reconhecendo que a Constituição vigente pecou por excesso de minúcias e por ser originária de uma Constituinte congressual, não se pode negar sua extraordinária contribuição ao reencontro definitivo da Nação brasileira com o

Estado de Direito. Com sua promulgação, a República emergiu de longo período de

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20 anos sem Parlamento livre e soberano, submetida à tutela e violência dos atos institucionais.

Se outros méritos não lhe coubessem, deve-se destacar entre outros avanços positivos o dispositivo que estabeleceu a transferência de 47% dos recursos da

União para os Estados e Municípios; 21,05% àqueles e 22,05% a estes.

“Se não tivéssemos feito nada mais, só com isso teríamos feito muito”, enfatizou Ulysses Guimarães.

Acresce que a própria Constituição, no seu art. 3º, estabelece:

“Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da

República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e

reduzir as desigualdades sociais e regionais”.

Há de se reconhecer ainda, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que a

Constituição de 88 teve outros méritos. Dentre os pontos relevantes, vale lembrar o reconhecimento do racismo, da tortura e do tráfico de drogas como crimes inafiançáveis.

Estabeleceu, ademais, o mandato de injunção e o habeas data, assegurou a amplitude dos direitos e das garantias constitucionais, restabelecendo a plenitude das liberdades fundamentais, sob o império da lei. E restituiu ao Congresso Nacional prerrogativas que lhe haviam sido subtraídas pela ditadura de 31 de março de 1964, valorizando o controle parlamentar sobre o Executivo, por meio de comissões parlamentares de inquérito dotadas de poderes de investigação, quando substituiu o

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Conselho de Segurança Nacional por conselhos de assessoria do Presidente da

República, no propósito de fazer mais eficaz, mais aberto e, conseqüentemente, mais fiscalizado o sistema de defesa das instituições. E, mais, quando define os princípios da ordem econômica, a defesa do meio ambiente, a proteção dos índios, as conquistas da seguridade social.

A promulgação da Constituição ensejou sobretudo o restabelecimento da democracia direta por meio de três instrumentos: referendo, plebiscito e a iniciativa popular de legislação.

Para apresentação de projetos de lei à Câmara dos Deputados, por exemplo

é necessária a subscrição de 1% do eleitorado nacional, distribuído em pelo menos cinco Estados, com a adesão de não menos de 0,3% dos eleitores de cada um dos cinco Estados.

Trouxe mais a Constituição: o direito de voto aos 16 anos, o mandato de segurança coletivo, o direito irrestrito de greve, a jornada semanal de 44 horas, o turno ininterrupto de trabalho de seis horas, a licença maternidade, o adicional de

33% nas férias, a proibição à comercialização do sangue.

Ressalte-se ainda o fortalecimento da Federação, sobretudo porque a

Federação é a governabilidade, e a governabilidade da Nação passa pela governabilidade dos Estados e dos Municípios.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em nome do meu glorioso partido, o

PMDB, ocupo esta tribuna para dizer da nossa total solidariedade à Câmara dos

Deputados pela feliz e oportuna iniciativa de celebrar, em sessão solene, os 15 anos de vigência da nossa Constituição.

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A Constituição é a lei suprema de qualquer nação verdadeiramente livre e democrática. É a garantia maior de que se pode valer cada cidadão para assegurar seus direitos fundamentais.

Devemos todos ter a consciência de que jamais haverá legalidade com a violação dos preceitos constitucionais. O respeito absoluto aos direitos e garantias constitucionais é fundamental à consolidação do Estado Democrático de Direito.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é certo que a Constituição, no curso de seus 15 anos foi bastante alterada sob o pretexto de reformá-la, o que para muitos juristas é comprometedor.

Entendem os mestres do Constitucionalismo brasileiro que o reformismo constitucional deve se processar com cautela e moderação. Vale, a propósito, considerar o ensinamento dos eminentes constitucionalistas Paulo Bonavides e

Paes de Andrade, em sua clássica obra História Constitucional do Brasil. Dizem eles:

“Um dos pontos mais polêmicos e cruciais do

Direito Constitucional, desde que este positivou

codificação das liberdades e limitação às prerrogativas

dos governantes, tem sido, sem dúvida, o da maior ou

menor rigidez das constituições.

A expectativa normal é que as regras

constitucionais se façam para ter o máximo de

juridicidade, eficácia e permanência, de tal maneira que a

emenda e a mudança já venham a ocorrer em situações

raras e excepcionais, cumprindo assim a Constituição a

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finalidade superior de fundamentar e proteger, pelo longo

espaço de tempo possível, a ordem estabelecida. Urge

assim resguardá-la contra as surpresas de um reformismo

ou de uma mudança sem critério, ao sabor tão-somente

do arbítrio e do casuísmo”.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao concluir, ressalto que considero oportuno secundar a conclamação feita por Clóvis Bevilacqua, um dos nossos maiores jurisconsultos, em memorável conferência no Instituto Brasileiro de

Advogados em 1932, quando disse ser a Carta Magna a Bíblia da Nação. A maior parte da população, porém, desconhece a Constituição como garantia dos seus direitos fundamentais.

Urge, portanto, levá-la às escolas, aos sindicatos, às associações de classe, a todos os lugares, para que o Estado de Direito, em nosso País, seja duradouro e verdadeiramente efetivo, mesmo porque não há democracia sem Constituição respeitada e preservada.

Muito obrigado.

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O SR. ELISEU PADILHA (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as principais autoridades do mercado financeiro são bastante objetivas ao dizerem que as medidas adotadas até agora pelo atual

Governo, que já ingressa no seu décimo mês, são insuficientes para a retomada do desenvolvimento econômico. Ações como a redução da taxa dos juros e programas como o de microcrédito são, isoladamente, insuficientes para a economia voltar a crescer em níveis aceitáveis, única base para que haja a prometida oferta de empregos aos brasileiros.

É lamentável, mas 2003 já é tido como um ano perdido para a maioria dos líderes empresariais, haja vista as projeções de um crescimento da economia de apenas 0,5% do PIB.

Contudo, para que a economia brasileira volte a crescer, retirando diversos segmentos da total estagnação, é preciso que o País retome o volume de investimentos públicos e privados. Mas é exatamente neste aspecto que o atual

Governo está na contramão da história.

Os investimentos públicos, por exemplo, caíram para níveis insignificantes, e o que se vê, em todo o País, são inúmeras obras paralisadas e projetos importantíssimos engavetados. Conforme projeções contidas no Plano Plurianual, necessitamos de aumento nos investimentos públicos a partir de 2004. Para tanto, o

Governo já anuncia a necessidade de parceria com o capital privado, como no setor de saneamento básico — tema, por sinal, que causava urticária à maioria dos governistas de hoje até o ano passado.

Em termos de investimentos do mercado internacional, porém, o Governo consegue se superar na contradição. Enquanto acompanhamos o Presidente Lula,

639 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 nas suas viagens por diferentes países, conclamando os investidores a apostar no

Brasil, de prático mesmo, o Governo faz exatamente o contrário.

Não esperem do mercado financeiro que definam o destino do dinheiro somente com discursos oportunistas. Os grandes volumes financeiros são destinados somente a portos seguros, com amplo leque de garantias políticas, é verdade, mas, acima de tudo, contratuais.

Nesse aspecto, está o Governo brasileiro cometendo grande equívoco, quando se mostra disposto a interferir nas Agências reguladoras. Ao querer retirar das Agências reguladoras parte de sua competência, que segue padrão internacional, e ferir sua autonomia e independência, o Governo afugenta os investimentos externos.

Pelas propostas contidas nos dois anteprojetos de lei, o Governo quer retirar das Agências reguladoras a possibilidade de concessão e contratação de serviços públicos e privados, que passariam para a esfera dos Ministérios, bem como retirar outras atribuições e ampliar a ingerência nas suas atividades, inclusive no prazo dos mandatos dos conselheiros. As Agências vão se transformar em meros conselhos consultivos, o que representará grande retrocesso para o desenvolvimento do Brasil.

Se analisarmos os níveis de investimentos externos da última década, veremos que o ano de 2002 representou um dos períodos de menor ingresso de recursos, exatamente pelas incertezas naturais diante do processo eleitoral.

Todavia, no ano de 2003, a situação é muito mais grave: até agora os investimentos externos foram menores, no montante de US$ 6 bilhões, do que no ano passado.

Aí reside uma das principais vertentes que originam os níveis nunca vistos em termos de desemprego no Brasil e que afastam, cada vez mais, o Presidente Lula da

640 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 grande meta de gerar 10 milhões de novos empregos. Sem atrair investimentos, a economia brasileira está fadada a regredir. A recessão poderá bater à nossa porta constantemente.

Por fim, Srs. Deputados, é preciso dizer que o esvaziamento das Agências reguladoras reflete mais uma faceta da transfiguração que atinge o PT no poder. Ao buscar a ingerência direta no trabalho das Agências, o Governo esquece as críticas que o próprio Presidente fazia antes de se eleger em relação à falta de fiscalização sobre os serviços privatizados, culminando, inclusive, com o oferecimento de denúncia por crime de responsabilidade contra o ex-Presidente Fernando Henrique

Cardoso, em 1999. Na época, Lula mencionava a “inutilidade das empresas de regulação, como a ANATEL e ANEEL”, por não ter “poderes para realizar um trabalho de fiscalização e controle efetivo”, conforme artigos publicados nos principais jornais do País.

Trata-se de mudança significativa: quem antes defendia a realização de auditoria e a revisão dos contratos de concessão, agora, quer ver a sociedade longe de qualquer mecanismo de fiscalização, dando tal atribuição ao Poder Executivo.

Muito obrigado a todos.

641 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. MOREIRA FRANCO (PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Município de Cantagalo, localizado no centro-norte fluminense, completou no último dia 2 de outubro, 215 anos de fundação. Ao registrar mais um aniversário desse importante Município do Estado do

Rio de Janeiro, quero parabenizar seus 20 mil habitantes e o Prefeito Geraldo

Guimarães, do PMDB.

Eternizado pelo ilustre escritor Euclides da Cunha, Cantagalo tornou-se importante para o Estado do Rio de Janeiro por se ter transformado, ao longo dos anos, em importante pólo cimenteiro. O seu solo possui jazidas de calcário que sustentam 3 poderosas indústrias cimenteiras, e o Município é hoje o maior pólo cimenteiro do Estado do Rio de Janeiro e o terceiro do País.

A história desse Município fluminense se confunde com a História do Brasil.

Os primeiros habitantes do território de Cantagalo foram os índios coroados e goitacases, que desapareceram da região por volta de 1855. A colonização do local teve início em meados do século XVIII, em função da chamada febre do ouro, que traiu aventureiros de todos os cantos.

Seu desenvolvimento, todavia, não deve ser atribuído somente ao ouro que para lá atraiu os primeiros colonizadores. Originalmente chamado Sertões de

Macacu, o Município de Cantagalo teve como atividade predominante a mineração e, mais tarde, a agricultura. Vale lembrar que os negros trazidos pelos colonos representaram papel preponderante na formação do patrimônio social e econômico do Município. Foi devido a eles que aquelas terras se cobriram de vastas plantações de café, milho, feijão, cana-de-açúcar, mandioca etc., fazendo com que a localidade

642 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 ocupasse uma das mais destacadas posições na província e chegasse, no seu período áureo, a ser cognominada Celeiro da Terra Fluminense.

Mais tarde, na década de 70, a atividade primária ainda ocupava posição relevante no Município, principalmente a pecuária. Atualmente a indústria assume a liderança na geração de renda, embora o setor primário conserve o predomínio em volume de empregos criados.

Com estas breves palavras, desejo registrar minha homenagem ao Município de Cantagalo e, mais uma vez, parabenizar seus habitantes, Vereadores e o Prefeito

Geraldo Guimarães, que tanto têm contribuído para o desenvolvimento e o fortalecimento desse Município do centro-norte fluminense.

Passo agora a abordar outro assunto, Sr. Presidente. No final dos anos 70, quando exercia o mandato de Prefeito de Niterói, acompanhei de perto e apoiei o trabalho de um grupo de pessoas que lutavam pelos direitos dos portadores de deficiência.

Em 1981, por ocasião da instituição, pela Organizações das Nações Unidas

— ONU, do Ano Internacional da Pessoa Deficiente, o esforço desse grupo foi finalmente consolidado com a criação da Associação Niteroiense de Deficientes

Físicos — ANDEF, organização não-governamental sem fins lucrativos.

Desde então, a ANDEF vem desenvolvendo formalmente ações visando contribuir para a melhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência, implementando projetos que proporcionam seu engajamento em atividades lúdicas, laborativas, esportivas e sociais.

A atuação da ANDEF tem priorizado três frentes estratégicas: geração de empregos, aliada à qualificação e requalificação para o trabalho, incentivo à prática

643 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 de esportes paraolímpicos e participação na formulação e implementação de políticas públicas direcionadas aos portadores de deficiência.

Cabe ressaltar, Sr. Presidente, a incansável e brilhante atuação da atual

Presidenta da ANDEF, Tânia Regina Pereira Rodrigues, médica com especialização em neurologia e portadora de deficiência por seqüela de poliomielite, doença adquirida aos 3 anos de idade. Seu trabalho no movimento pelos direitos dos portadores de deficiência a levou para a política, e ela foi eleita Vereadora por

Niterói, em 1992, e por duas vezes Deputada Estadual — 1995 e 1999.

Não poderia deixar de registrar também a relevante atuação em favor dos portadores de deficiência do Vereador José Alaor Boschetti. Em 1986, quando se encontrava em processo de reabilitação profissional depois da amputação de uma perna, José Alaor conheceu a ANDEF e se tornou o primeiro jogador de futebol para amputados em nosso País. O hoje Vereador, reeleito pela população de Niterói, integrou várias seleções que representaram o Brasil em competições internacionais.

A ANDEF, atualmente engajada no Programa Primeiro Emprego, desde a sua fundação priorizou a realização de convênios com órgãos e empresas públicas e privadas, para absorção de mão-de-obra da pessoa portadora de deficiência. Nos

últimos 12 anos, com a multiplicação desse tipo de parceria, a ANDEF ampliou o número de funcionários empregados no mercado, passando de 30, em 1989, para

468 pessoas, em 2002. Dessas, 113 alcançaram seu primeiro emprego graças à

ANDEF.

No campo dos esportes, o trabalho realizado pela ANDEF é também de grande importância porque vem revelando para a sociedade a capacidade da

644 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 pessoa portadora de deficiência, desmistificando conceitos de menos valia e elevando a auto-estima de seus praticantes, dando-lhes novo sentido de vida.

A ANDEF possui hoje 81 atletas de alto rendimento em treinamento permanente, sendo que, nos últimos anos, a associação formou atletas de destaque no cenário internacional. Entre eles, 4 dos melhores jogadores de futebol de amputados do mundo.

E as ações dessa associação, que merece o nosso incondicional apoio, não se restringem a esses programas. A criação do grupo de dança Corpo em

Movimento e a inauguração, em 2002, do Centro Social e Esportivo, são exemplos claros de que, com garra e determinação, é possível superar desafios e transformar o impossível em realidade.

A ANDEF, com seu magnífico trabalho, vem provando que somente fortalecendo conceitos de igualdade e cidadania poderemos alcançar um país menos desigual.

Sr. Presidente, mais uma vez, quero parabenizar a aguerrida Presidenta

Tânia Regina Pereira Rodrigues e toda a equipe administrativa da ANDEF, que nos orgulham com seu trabalho com os portadores de deficiências de Niterói, e dizer que esse exemplo de organização nos mostra como é possível transformar nosso Brasil num País mais forte e mais justo socialmente.

Era o que tinha a dizer.

645 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. NELSON BORNIER (PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, foi necessário que os povos remanescentes da

Segunda Guerra Mundial se reunissem em torno de uma instituição que congregasse os anseios da humanidade em maior dimensão — no caso, a

Organização das Nações Unidas — para que o mundo começasse a caminhar no rumo de dias melhores. Nessas assertivas, optou a ONU pela criação de setores especializados, encarregados de tratar de problemas como saúde, educação, agricultura e tantos outros do interesse da humanidade.

A globalização da economia, com interesse na consolidação de um mundo justo e perfeito, ainda está longe de ser alcançada, na medida em que não se tem conhecimento de programas governamentais voltados para a pessoa humana, em especial para a infância e a juventude, também globalizados.

Isto porque, Sr. Presidente, não basta pensar em um mundo rico, capitaneado por meia dúzia de dirigentes, rodeados de miséria por todos os lados, como ocorria antigamente. As dinastias faraônicas, apesar do seu significado histórico, não passam hoje de figuras de retórica.

Segundo relatório divulgado recentemente pelo ONU, em conjunto com o

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada — IPEA e a Fundação João Pinheiro, nos anos 90, 2 de cada 3 Municípios brasileiros apresentaram queda na renda média; e houve aumento na desigualdade social em 23 Estados.

O Índice de Pobreza Humana (IPH) das Nações Unidas, calculado com base na proporção de habitantes que não completa 40 anos de vida, no acesso a rede de

água potável, no percentual de crianças desnutridas e na taxa de analfabetismo dos

646 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 adultos, mostra que o Brasil está num patamar que só nos leva às margens do desenvolvimento.

Ainda segundo o UNICEF, o Brasil vai muito mal na classificação mundial de mortalidade infantil, com 42 óbitos para cada grupo de mil nascidos vivos. E as causas são sempre as mesmas: desnutrição, falta de saneamento básico, ausência de campanhas de profilaxia de doenças endêmicas e parasitárias direcionadas exclusivamente para a infância. Nem mesmo o Programa Comunidade Solidária alcançou os seus objetivos, pois não basta distribuir cesta de alimentos à população faminta, como ocorre em algumas regiões da África.

Sr. Presidente, são alarmantes esses índices de desigualdade social no

Brasil, decorrentes da falta de saneamento básico e de condições mínimas de sobrevivência entre as populações de menor poder aquisitivo. Porém, nada disso desanima os nossos corações, que estão voltados para a prática do bem, tendo os cidadãos do nosso País como objetivo maior.

Gostaria que, neste momento, todas as pessoas do Brasil pudessem estar se alimentando, recebendo o devido respeito e dignidade a que têm direito. Mas se isso não é possível, cabe-me, como representante do povo que sou, formular a todos votos de esperança e o compromisso de sempre lutar pelos seus direitos.

Não nos esqueçamos de que o Governo que não cuida do seu povo hoje está fadado a lidar, amanhã, com a miséria, a violência e a marginalidade que tanto atormentam os nossos dias. Sejam, pois, as minhas palavras de compromisso, visto que no povo brasileiro repousa, sem dúvida alguma, a grande esperança deste País.

647 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Tantas foram as matérias divulgadas pela imprensa, na última semana, envolvendo a Receita Federal, que não podemos deixar cair no esquecimento os principais personagens dessa novela.

Enquanto a Polícia Federal empreende verdadeira caçada de gato e rato com envolvidos no caso, juntamente com documentação que seja utilizada como prova contra os acusados, a um só tempo, o Secretário daquele órgão admite que houve fraude. Até o Ministério Público já foi acionado, mas nada leva a crer que se possa reaver todo somatório desviado dos cofres públicos, pelo menos a curto prazo.

Com isso, Sr. Presidente, o Corregedor-Geral da Receita Federal promete fazer uma devassa nos processos da Delegacia de Arrecadação Tributária do Rio de

Janeiro.

Numa tentativa de minimizar os efeitos da fraude na Receita Federal, o

Secretário Nacional do órgão exonerou por justa causa várias pessoas supostamente envolvidas no caso, esperando que fossem convidadas a prestar esclarecimentos perante a Justiça.

Sinceramente, ninguém está entendendo mais nada. As autoridades dizem que querem tudo esclarecido, passado a limpo, como manda o figurino democrático.

Mas o que se viu e ouviu até agora não passa de nebulosa, de jogo de palavras que não dizem nada. Em países politicamente civilizados como o Japão, um fato dessa natureza já estaria, tenho certeza, devidamente elucidado. São incontáveis os casos de suicídio e condenações pesadas de pessoas que ousam incorrer em improbidade pública.

De fato, Sr. Presidente, o Poder é doce e tem vitaminas, como dizia um ex-Secretário de Estado americano. Basta galgar as escadas do poder para o

648 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 indivíduo sentir-se acionista majoritário dos destinos da nação. E com os envolvidos na fraude à Receita Federal não está sendo diferente.

Tão triste quanto dolorosa é a situação, e só veio prejudicar de forma direta toda legião de brasileiros, que sempre pagam o pato. Eles sonham com um lugar ao sol, através dos recursos públicos, mediante a arrecadação dos tributos, porque, quando falamos de desvio de recursos e fraudes pertinentes aos cofres públicos, falta saúde, falta educação, falta saneamento básico, enfim, uma série de outros serviços básicos de responsabilidade do Estado.

Esperamos, Sr. Presidente, que a Corregedoria-Geral da Receita Federal realize um trabalho de investigação em clima de lisura e austeridade, identificando aqueles que realmente tenham culpa, independentemente de influências isoladas.

Registro o fato, hipotecando a minha irrestrita solidariedade a todos os brasileiros que, no fundo, foram os verdadeiros ludibriados por ocasião desse esquema de fraude. Espero, ao mesmo tempo, que o alto escalão da Receita

Federal, interessado na transparência, tenha o discernimento necessário a um final feliz de toda essa problemática. E renovo as minhas esperanças de que a justiça prevalecerá.

Era o que tinha a dizer.

649 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. DR. PINOTTI (PFL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os medicamentos representam o maior gasto em saúde, tanto no plano individual quanto no plano familiar. De acordo com dados da OMS, 7% a 66% do custo nacional com saúde no mundo corresponde ao gasto com medicamentos. Nos países em desenvolvimento, esse gasto varia entre 24% e

66%; nos desenvolvidos, entre 7% e 30%. Mesmo assim, cerca de um terço da população mundial não tem acesso regular aos medicamentos. Em 32 países, essa proporção chega a 50%. Por outro lado, metade dos cidadãos somente consegue comprar medicamentos para um dia de tratamento. Além disso, há o problema do uso irracional — dados da OMS indicam que somente 50% dos pacientes, em média, tomam seus medicamentos corretamente (Brundtland, Gro Harlem. Global partnerships for health. Who Drug Information Vol. 13. nº 2, 1999. pp. 61-64).

No Brasil, em 2002, a indústria farmacêutica vendeu US$5,5 bilhões em medicamentos no mercado interno, ou cerca de R$19,3 bilhões (FEBRAFARMA,

Indicadores da Indústria. www.abifarma.com.br/mercado; em 10.12.2002. Preços de fábrica, sem impostos. Vendas totais menos exportações). A maior parte desse mercado (76,5%) é comercializado pelas farmácias e drogarias privadas.

Os gastos do Ministério da Saúde com medicamentos ultrapassam a cifra de

R$ 2,8 bilhões (Ministério da Saúde. GTAF/DAB/SPS. Relatório de Gestão — nov.

2000 a nov. 2002. Brasília. 2002. Inclui compras dos laboratórios estatais e privados). Os gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde também compram medicamentos e gastam quantias significativas, ainda não estimadas.

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Vale dizer que, apesar da magnitude e extensão dos serviços do Sistema

Único de Saúde, a população que tem algum poder aquisitivo recorre à rede comercial das farmácias e drogarias para obter os medicamentos de que necessita.

Em dezembro de 2001, de acordo com o Conselho Federal de Farmácia

(CFF), estavam inscritos 73.341 farmacêuticos e 55.908 farmácias e drogarias privadas. Destas, 2.815 eram farmácias com manipulação e 852 homeopáticas ou outros tipos de estabelecimentos. Considerando os dados populacionais do Censo de 2000, a proporção é de 1 farmácia para cada 3.033 habitantes. A maior proporção é no Maranhão (1:6.209) e a menor em Sergipe (1:1.319).

Se tomarmos como referência, Sr. Presidente, para efeitos comparativos, a informação de que na Inglaterra e nos países escandinavos essa proporção é de 15 mil habitantes para cada farmácia, concluímos que não há carência de estabelecimentos em nosso País, mas, antes, uma distribuição aleatória, que concentra unidades nos centros de maior apelo comercial.

No Brasil, o uso irracional de medicamentos também se constitui em um sério problema. Segundo os dados do Sistema Nacional de Informações

Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), os medicamentos ocupam a primeira posição entre os 3 principais agentes causadores de intoxicações em seres humanos desde

1996, sendo que, em 1999, foram responsáveis por 28,3% e, em 2000, representaram 30,4% de um total de 72.786 casos de intoxicação humana registrados no País. Em 2000, foram registrados 79 óbitos por medicamentos, de um total de 377 mortes por intoxicações (letalidade = 0,35%).

As práticas realizadas nas farmácias e drogarias, a desinformação da população, entre outros fatores, contribuem ao uso irracional dos medicamentos

651 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 refletido nestes dados. Eles mostram a necessidade de racionalização dos gastos públicos e privados e de melhoria da qualidade dos serviços farmacêuticos prestados pelos dispensadores públicos e privados de medicamentos. Mostram, também, a necessidade de o SUS investir em sistemas de gestão da assistência farmacêutica e de racionalização da utilização dos medicamentos.

Entretanto, no Brasil, esses estabelecimentos prestam serviços de qualidade sofrível, com resultados que, embora ainda não avaliados, apontam para sérios prejuízos na economia e, principalmente, na saúde dos indivíduos e da sociedade.

A Comissão Parlamentar de Inquérito de Medicamentos, realizada na Câmara dos Deputados no ano de 2000, apontou para uma situação muito preocupante nesse setor:

a) as farmácias e drogarias transformaram-se em negócio bastante rentável e multiplicaram-se em todo o País; sua forma de atuar igualou-se ao senso comum do comércio, sem consciência da natureza e das exigências especiais do varejo farmacêutico;

b) a exigência da prescrição não é observada e estratégias para vender produtos mais caros e desnecessários predominam na atitude dos balconistas e dos proprietários dos estabelecimentos;

c) os balconistas e donos de estabelecimentos, em regra, recebem toda a sorte de estímulos das indústrias ou dos atacadistas para forçarem a venda dos seus produtos — desde brindes e sorteios de bens (carros, bicicletas, televisores, viagens, etc.) até o sistema de bonificação da mercadoria (compra 1 e ganha 2 ou

3);

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d) a qualidade dos serviços nesses estabelecimentos é precariíssima; as orientações aos pacientes ou consumidores são desqualificadas e visam principalmente incrementar as vendas;

e) afora poucas exceções, as drogarias transformaram-se em fontes de informações distorcidas sobre os medicamentos, locais de descumprimento da legislação, fontes de disseminação de drogadição e de outros riscos farmacológicos, de banalização do consumo e de estímulo ao consumo abusivo, inadequado e irracional de medicamentos;

f) o farmacêutico, profissional que poderia fazer valer a visão sanitária e científica nesse tipo de comércio, não está presente ou não tem força para reverter o senso comercial predominante;

g) as farmácias e drogarias têm uma distribuição aleatória e desigual no território nacional e, apesar de executarem um serviço de relevância pública, sua instalação não obedece a parâmetros de cobertura populacional.

Srs. Parlamentares, o Presidente do Conselho Federal de Medicina foi ainda mais longe ao afirmar, na mesma CPI, que “o balconista de farmácia se encontra ao arrepio da lei, investido de um profissional que prescreve, dispensa e empurra medicamentos, em atitude de desrespeito com a população, em flagrante exercício ilegal da medicina e da farmácia”.

Em síntese, as farmácias e drogarias hoje funcionam como simples estabelecimentos comerciais, como se não fizessem parte da assistência à saúde da população. Não prestam serviços farmacêuticos de qualidade, investem-se das funções de prescrição e de dispensação ilegais e difundem o uso irracional de medicamentos, causando prejuízos no campo da economia e da saúde.

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Não obstante esse quadro, cabe destacarmos que o Sistema Único de Saúde tem realizado esforços para garantir: I) o acesso aos medicamentos essenciais para a atenção básica à saúde, com a definição de um financiamento pelas 3 esferas de governo; II) o acesso aos medicamentos estratégicos, de alto custo, tendo como principal exemplo os anti-retrovirais; III) a melhoria dos mecanismos de compra, como o registro de preços e o banco de dados de preços de medicamentos; IV) a instituição dos medicamentos genéricos; V) o controle dos preços; e VI) a revisão constante e ampla divulgação da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, entre outras ações.

Por outro lado, a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) implementou decisivamente a luta pela prevenção e combate à falsificação de medicamentos, pela atualização da regulamentação de medicamentos, pela otimização do processo de registro e sua revisão, pela certificação das Boas Práticas de Fabricação, pelo controle da propaganda de medicamentos e pela estruturação da farmacovigilância, como importantes instrumentos de política pública nessa área. Cabe também mencionar a sua importância na regulação econômica dos medicamentos, com a criação da Câmara de Medicamentos.

De janeiro de 2001 a julho de 2002, a ANVISA recebeu cerca de 350 notificações de suspeitas de reações adversas a medicamentos. De janeiro de 2001 a novembro de 2002, foram exarados 353 autos de infração sanitária relativos a medicamentos disponíveis no mercado: 146 por irregularidades quanto à propaganda, 70 por falta de registro no Ministério da Saúde, 38 por desvio de

654 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 qualidade e 287 contendo mais de uma irregularidade. Além disso, foram publicadas

3 resoluções referentes a cargas roubadas.

Esses esforços de reestruturação no campo da política de medicamentos demandam maior cuidado e compromisso com a qualidade dos serviços e o fundamento sanitário das etapas de distribuição e dispensação. Tal compromisso significa, inapelavelmente, a atualização da legislação básica nessas áreas.

Essas foram as razões, Srs. Deputados, que me levaram a apresentar projeto de lei nesta Casa que se fundamenta no eixo da reorientação da assistência farmacêutica proposta pelo Conselho Nacional de Saúde e busca uma profunda mudança cultural, que reconheça os estabelecimentos farmacêuticos como prestadores de serviços e integrantes da atenção à saúde prevista na Constituição

Federal, obedecendo aos princípios doutrinários e organizacionais do SUS, e não como meros depositários e distribuidores de produtos de interesse para a saúde.

Os princípios que fundamentam o projeto identificam a farmácia como unidade integrada aos sistemas locais de saúde, onde se finaliza a assistência à saúde por meio do acesso ao medicamento, principal recurso terapêutico da medicina moderna.

Em nossa proposta, a abertura de farmácias será realizada mediante concessão regida por critérios sanitários e de cobertura assistencial, e elas serão controladas pelas correspondentes instâncias de gestão do SUS. Assim, como parte do sistema de saúde, possuem funções e serviços definidos e serão responsáveis pelo atendimento aos usuários, com compromisso orientado ao uso racional de medicamentos e à integralidade e resolutividade das ações de saúde, além de trabalhar em articulação com os serviços de saúde locais como agentes de

655 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 promoção e recuperação da saúde e de prevenção de doenças. Realizam, portanto, atividades consubstanciadas em atos sanitários e não apenas atos comerciais, de

ética questionável.

Há, no Brasil, Sr. Presidente, uma diferenciação equivocada entre farmácia e drogaria. Nos países mais desenvolvidos, somente as farmácias podem vender medicamentos sob prescrição médica; em alguns deles, as drogarias comercializam apenas produtos correlatos e, em outros, produtos correlatos e medicamentos de venda livre.

O projeto que apresentei reserva às farmácias a prerrogativa de dispensar medicamentos e institui uma série de requisitos para sua habilitação. Tais requisitos são indispensáveis para que se opere o que preceitua a Política Nacional de

Medicamentos em suas 8 diretrizes, principalmente as seguintes: Reorientação da

Assistência Farmacêutica; Garantia da Segurança; Eficácia e Qualidade dos

Medicamentos; Regulamentação Sanitária de Medicamentos; e Promoção do Uso

Racional de Medicamentos.

Outra diretriz básica desse projeto de lei foi a preocupação em estabelecer forte compromisso dos farmacêuticos responsáveis técnicos com as necessidades da terapêutica do paciente. Os serviços de saúde, dentre eles os farmacêuticos, são definidos como de relevância pública em nossa Constituição. Para merecer tal emblema, devem embasar suas ações nos critérios sanitários de proteger e recuperar a saúde dos indivíduos e da comunidade.

A missão dos estabelecimentos farmacêuticos não é essencialmente comercial; é essencialmente sanitária e, por isso, não é compatível com a venda de outros produtos que não os de importância sanitária. Não fosse assim, os

656 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 medicamentos poderiam ser vendidos em mercearias e outros estabelecimentos semelhantes. Esse projeto de lei também busca recuperar a especificidade da função e das competências das farmácias, permitindo apenas a venda de produtos que têm identidade com a terapêutica, farmacológica ou não, aprovados ou legitimados pelas autoridades sanitárias competentes.

A atualização e reestruturação aqui propostas não se referem apenas aos estabelecimentos privados; abrange também os órgãos públicos. De acordo com o

DATASUS, em outubro de 2002, a rede ambulatorial do SUS correspondia a 63.473 unidades de saúde e a rede hospitalar do SUS, a 5.744 unidades. As farmácias públicas dessa rede também devem pautar-se pelas diretrizes e princípios aqui propostos.

Enfim, com esse projeto de lei pretendemos contribuir para que os estabelecimentos dispensadores tenham condições para colocar em prática a missão da farmácia, que é prover medicamentos e outros produtos para a saúde por meio de serviços qualificados e ajudar as pessoas e a sociedade a utilizá-los da melhor forma possível, conforme o que preconiza a Organização Mundial da Saúde

(WORLD HEALTH ORGANIZATION. Good Pharmacy Pratice: in community and hospital settings. Geneve, 1996).

Esclarecemos, Sr. Presidente, ainda, que essa proposição — inspirada em experiências concretas, que têm buscado promover o uso racional de medicamentos, a assistência e a atenção farmacêutica — foi fruto de um amplo processo de debates entre profissionais de universidades e serviços de saúde, juntamente com a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da

Saúde (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL

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DA SAÚDE (OPAS/OMS). Relatório 2001-2002: atenção farmacêutica no Brasil: trilhando caminhos. Brasília, 2002. Disponível em www.opas.org.br/medicamentos.

Acesso em 7.11.2002).

Por esses motivos e pela relevância social do tema, contamos com o apoio de nossos pares ao projeto de lei que já está tramitando nesta Casa, pois sua aprovação representará um passo importante no sentido de resgatar a saúde pública brasileira, tão deteriorada nas últimas décadas.

Muito obrigado.

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O SR. JOÃO TOTA (]Bloco/PL-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o tema que me traz a esta tribuna diz respeito ao presente e sobretudo ao futuro deste País, tal sua importância e complexidade.

Falar da criança é falar da base fundamental de uma sociedade que vai se revelar em toda sua essência e todas suas dimensões, desde que devidamente protegida e suficientemente assistida em suas necessidades mais fundamentais. Neste período em que se comemora a Semana da Criança, é de todo oportuno sugerir uma profunda reflexão acerca de um tema que suscita candente polêmica.

Desnecessário lembrar que o País tem muito a aprender e implementar em termos de assistência e proteção ao menor. Se é verdade que muito já foi sugerido e mesmo colocado em prática, a realidade demonstra à exaustão que muito mais deverá ser feito, dada a necessidade premente de enorme faixa de nossa infância.

Se o Estatuto da Criança e do Adolescente foi um salto indiscutível rumo à busca de soluções e meios para enfrentar o problema do menor e, particularmente, da criança desassistida e abandonada às mazelas de toda sorte das ruas dos grandes centros urbanos, é bem verdade também que as hordas de pequenos infelizes que perambulam sem rumo nem perspectiva continuam a inchar as periferias e os centros de nossas metrópoles.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, já foi dito, com toda a convicção e propriedade, que nenhum país que se preze conseguirá atingir um nível razoável de desenvolvimento humano enquanto não tratar com a seriedade necessária o problema da infância indigente e abandonada à própria sorte. É na infância que são lançadas as sementes para um crescimento sadio, no qual cidadania e solidariedade tenham lugar de destaque e sirvam de esteio a toda uma estrutura de vida social.

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Infelizmente, o Brasil tem apresentado índices absolutamente reprováveis em termos de saúde, educação, habitação e assistência de grande parte de suas crianças. É com especial preocupação que, hoje, os técnicos se debruçam sobre dados que apelam para uma tomada de consciência e de responsabilidade de todos os que integram nossa sociedade, tamanha a dimensão do problema.

Nunca é demais lembrar o que já foi feito em termos de progresso e extinção de formas de trabalho que sufocavam e desvirtuavam a infância de muitas de nossas crianças. Diversas olarias e manufaturas ilegais de sisal foram fechadas por obra do combate sem fronteiras das formas mais torpes de utilização do trabalho infantil. Até mesmo o trabalho infantil doméstico hoje é alvo de intenso bombardeio da mídia, do que outrora foi absurdamente tolerado e mesmo incentivado por uma sociedade que, convenientemente, preferia fechar os olhos à exploração sutil e mesquinha do trabalho do menor.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o triste espetáculo público e gratuito das grandes cidades mostra meninos e meninas de rua utilizados de forma torpe pelos próprios pais, como fonte de renda na indústria da mendicância, isto quando o menor não envereda por caminhos muito mais tortuosos e perigosos, como o tráfico de entorpecentes ou a prostituição propriamente dita. O País revela um de seus maiores cancros sociais quando unidades de recuperação, em princípio construídas para a reeducação e a reinserção do menor no meio social, são convertidas em verdadeiros celeiros de marginais treinados em autênticos centros de excelência da criminalidade, numa inversão de valores que fere de morte a cidadania e a dignidade brasileiras.

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Felizmente, é preciso ressaltar, este País conta com pessoas abnegadas e mesmo obstinadas num trabalho sério e de resultados, para produzir índices dignos acerca dos mais variados aspectos que contemplem a infância brasileira. Basta lembrar o trabalho hercúleo realizado pela Pastoral do Menor, tendo à frente Zilda

Arns, que conseguiu reduzir a índices irrisórios, no Nordeste brasileiro, uma chaga que se apresentava sob a face da desnutrição infantil. Espectro combatido com armas exclusivamente nacionais, como a multimistura, cujos esforços renderam até mesmo uma indicação da Sra. Arns para o Prêmio Nobel da Paz.

É mais que nunca hora de uma guerra sem fronteiras a toda sorte de exploração do menor, exatamente aquele que não ostenta nem conta com qualquer instrumento útil para sua defesa, do que muito se valem seus algozes oportunistas e covardes. Esta tarefa, é preciso lembrar, não é apenas do Governo ou dos órgãos tradicionalmente envolvidos, como a Igreja ou o Judiciário. É, antes de tudo, um encargo que deverá envolver toda a sociedade, em seus mais estratificados segmentos. É uma luta consagrada a toda a comunidade. É, antes de tudo, uma forma de combater o bom combate, um privilégio a todos os que se alistarem nestas fileiras. Uma verdadeira mostra de brasilidade.

Muito obrigado.

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O SR. FRANCISCO DORNELLES (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a notícia de que o nosso Arcebispo D.

Eusébio Oscar Scheid será feito Cardeal pelo Papa João Paulo II, neste mês de outubro, nos traz alegria e legítimo orgulho. Cardeal não é só um título honorífico, mas corresponde a uma responsabilidade maior dentro da Igreja. Deus vai pedir mais de quem já lhe deu sua vida por inteiro, pois sabe a quem está pedindo.

Sim, D. Eusébio é um homem todo de Deus. Seu lema “Deus é bom” manifesta, de modo eloqüente, esta disposição fundamental do nosso pastor: sua vida quis ser coerente com a bondade, que é a essência do Evangelho. A bondade de Deus, que se reflete nas suas criaturas, deve encontrar acolhida no ser humano, para que ele se torne, por sua vez, um foco irradiante de bondade.

E isso acontece com o homem de Deus que é D. Eusébio: nele transparece essa calorosa e lúcida bondade que o faz profundamente piedoso, firme nas suas convicções cristãs, sem dureza nem intransigência, manifestando a mansidão do coração amoroso de Jesus, mas forte e aguerrido contra tudo o que ameaça seu rebanho.

O que nos impressiona mais em D. Eusébio é seu modo de se deixar conduzir pela Providência divina, que tem suas horas e seus caminhos; é sua autenticidade, que o torna simples e próximo de todos, sem perder um só instante a consciência da grandeza da sua missão e das exigências da verdade, que é o próprio Deus que ele serve com tanta coragem e tanta confiança.

Saibamos aproveitar a graça de termos um D. Eusébio como pastor, buscando um afervoramento da nossa fé e da caridade que nos une, numa abertura

662 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 maior às necessidades da nossa cidade e num compromisso mais decidido nas atividades que porventura desenvolvamos dentro da Igreja.

Que este momento de festa seja também uma oportunidade para tomarmos consciência das nossas responsabilidades como católicos, ajudando o nosso

Arcebispo, logo mais Cardeal, na sua espinhosa e bela missão.

Que esta minha homenagem a D. Eusébio seja inserida nos Anais da Câmara dos Deputados.

Muito obrigado.

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O SR. RICARDO IZAR (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje se homenagearam, em sessão solene, os

15 anos de vigência da Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988.

O homem brasileiro tem lá as suas manias. Por que se comemoram os 15 anos da data de um evento? Por que não 8 ou 13 anos? Por que vamos nos fixar no emblemático número 15? Para nós, brasileiros, efetivamente 15 é um número emblemático, porque representa, no curso da existência humana, a idade em que as mulheres se apresentam, estréiam, iniciam-se na vida social. Isso lhes dá um quê de maturidade, responsabilidade, maior preparo para os desafios da vida. Estamos, dessa forma, como que personificando a nossa Constituição, atribuindo-lhe características humanas. E isso é bom. É correto. Afinal, ela foi erigida com o pensamento voltado para a sociedade brasileira. E o que seria o mundo, Srs.

Deputados, se não fosse o ser humano o fim último de todas as coisas?

Os tempos agora são outros, bem diferentes do momento histórico de 15 anos atrás. Mais da metade da população brasileira é certamente incapaz de compreender um dia a importância de nossa Constituição, agora debutante.

Estávamos saindo de cruel pesadelo e vivíamos uma grande ressaca. Ao longo de penosos 21 anos, desde 1964, milhares e milhares de cidadãos foram mortos e torturados; o troar dos canhões silenciava vozes e controlava pensamentos; a imprensa amordaçada; a esperança em estado terminal; era proibido sonhar.

Impingiram-nos, com o irrespondível argumento das baionetas, duas

Constituições e um sem-número de atos institucionais, atos complementares e decretos-leis, impondo a fórceps aos cidadãos brasileiros o tipo de cidadania que interessava aos quartéis. O Congresso Nacional fora desonrado de várias maneiras,

664 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 fecharam as nossas duas Casas, Deputados e Senadores foram cassados, torturados, alguns executados. A Nação esteve em luto por mais de 21 anos.

Finalmente, Srs. Deputados, os grilhões foram rompidos, e chegou a nossa hora. A Nação acordou para o possível e correu para consolidar uma estrutura institucional para o País, depressa, já, antes que o sonho acabasse.

Nesse espírito de verdadeira urgência e euforia, reunidos por 20 meses consecutivos, 536 representantes do povo brasileiro analisaram mais de 100 mil propostas e sugestões. A Assembléia Nacional Constituinte chegou ao seu termo, em 5 de outubro de 1988 e legou para a posteridade um texto moderno, equilibrado, ambicioso e fortemente voltado para o cidadão brasileiro. Como bem a definiu o saudoso Ulysses Guimarães: a Constituição cidadã. Instituiu-se o Estado

Democrático de Direito, assegurando ao nosso povo a liberdade, a segurança, o bem-estar, a igualdade, a justiça, os direitos sociais e individuais.

Foram muitas as mudanças que implementamos. Desde logo, nos preocupamos com a democracia, a democracia que nos faltou por mais de duas décadas, mas que tem sido defendida, desde Platão, há 2 mil e 400 anos. Não existe saída para a civilização, Sras. e Srs. Deputados, sem a democracia. Tratamos de fortalecer o Poder Legislativo, que representa o povo, instrumentalizar o Poder

Judiciário e limitar a ação do Poder Executivo aos efetivos interesses da coletividade.

O teste institucional já foi feito, com o episódio do impeachment de um

Presidente da República eleito livremente, mas que se mostrou adverso aos interesses desta Nação. Garantimos a realização de eleições diretas em todos os níveis de governo e a ampliação do colégio eleitoral, incluindo os analfabetos e os

665 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 maiores de 16 anos dentre os eleitores. Os trabalhadores tiveram os seus direitos sociais amplificados. Não nos esquecemos de proteger e enaltecer as mulheres.

Pela primeira vez em nossa História, cuidamos de disciplinar a importante questão do meio ambiente. Nunca os direitos individuais do cidadão brasileiro foram expressos com tamanha clareza e detalhamento.

Muitos haverão de dizer, Srs. Deputados, que a nossa Constituição é irrealista; que, passados 15 anos, ainda estamos longe de atingir os seus objetivos primordiais com relação ao bem-estar do cidadão.

Que direito à saúde é esse, se assistimos diariamente pelos telejornais a pessoas morrendo como moscas nas filas dos hospitais públicos? No Brasil, 70 milhões de brasileiros ainda não dispõem de saneamento básico, vivem em grotões sem acesso à água, à coleta e ao tratamento de esgotos.

Que direito à educação é esse, se vemos a deterioração da qualidade do ensino público? Pesquisa recente demonstra que 60% dos estudantes brasileiros formados no 1º grau, apesar de ostentarem diploma, não sabem entender o que lêem e mal fazem as quatro operações básicas da Matemática.

O que dizer do direito à moradia, quando temos um déficit habitacional da ordem de 7 milhões de habitações, concentrado em 97% na população de baixa renda? O que se vê, em decorrência disso, é a proliferação das favelas, dos cortiços, famílias amontoadas debaixo de pontes, viadutos, árvores, e o avanço acelerado da mendicância, da prostituição, da criminalidade.

E quanto ao direito ao trabalho? A taxa de desemprego atinge o recorde de

13% da população economicamente ativa. Muitos trabalhadores estão há dois anos procurando um mero emprego e não o conseguem.

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O cidadão também teria direito à segurança, mas o que de fato ocorre? A violência e a criminalidade crescem assustadoramente no meio urbano, deixando um rastro de desespero e terror nas famílias.

É verdade, Sr. Presidente. Tudo isso é verdade, mas haveremos de convir que o Constituinte jamais ousou sonhar em resolver, de uma só penada, todo o imbróglio de problemas históricos que abalaram e abalam o nosso País. A

Constituição de 88 é um sonho, sim, mas no sentido de meta a ser atingida, de filosofia do Estado com relação ao seu povo. É o porto a que deveremos chegar. É o compromisso escrito e assinado para com as gerações futuras, um compromisso de mudança, visando à dignidade do ser humano. Nisso, a nossa Constituição não é irrealista. Ela visa ao bem e, nem que seja apenas por isso, não se pode condená-la.

Os problemas que hoje enfrentamos — e eles não são poucos — são conjunturais. Amanhã, o desemprego poderá ser um problema já resolvido, a saúde da população pode estar mais bem equacionada, a segurança pública melhor atendida. Mas temos um norte: a Constituição de 1988. E ali está esculpido, como marca profunda no cimento da calçada da História, o compromisso de um povo para consigo mesmo, quase que um juramento de um dia chegarmos lá.

Esses direitos básicos do cidadão, imutáveis, pétreos, voltados para a justiça social, jamais serão extirpados de nossa Carta Magna, o que não quer dizer que nossa Constituição seja intocável. Afinal, Srs. Deputados, os tempos mudam, muda a tecnologia, mudam os homens, a cultura humana é como um organismo vivo em desenvolvimento. Quem poderia prever, algumas décadas atrás, a necessidade de disciplinamentos legais para a telefonia celular, para a transgenia, a Internet, a difusão de sinais por satélites?

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A Constituição há de ter mecanismos para se reciclar, adaptar-se a tempos novos. Mas o essencial — a justiça social —, esta é intocável.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados: não posso deixar de confessar o meu orgulho por ter sido Constituinte, por ter participado, em cada fase, da geração desse documento. Apresentei 178 emendas, todas elas incorporadas no todo ou em parte ao texto final da Constituição. Dei o meu quinhão, pensando no que tudo isso poderia representar, não para mim, mas para meus filhos, meus netos e para o povo brasileiro que está por vir. Da geração de hoje e da que está por vir, para transfigurar este País no paraíso que ele merece ser.

Parabenizo a Câmara dos Deputados por realizar sessão solene para comemorar os 15 anos da promulgação de nossa Carta Magna e congratulo-me com a Mesa e com cada Deputada e Deputado, com os nossos funcionários e com todos os cidadãos brasileiros.

O Partido Trabalhista Brasileiro tem o compromisso de lutar pela implementação dos elevados ideais e compromissos assumidos pela Constituição de 1988 com a justiça social.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na semana em que a PETROBRAS comemorou

50 anos de criação, a Câmara dos Deputados prestou uma dupla homenagem à estatal de petróleo do Brasil, uma das maiores empresas do setor no mundo e motivo de orgulho para todos os brasileiros. Na manhã da última quarta-feira, a

Câmara, sob a presidência do Deputado João Paulo Cunha, realizou sessão solene que contou com a presença da Ministra Dilma Rousseff, de Minas e Energia; do

Ministro Miro Teixeira, das Comunicações; do Ministro Waldir Pires, da

Controladoria-Geral da União; da Ministra Emília Fernandes, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres; e do Presidente da PETROBRAS, José Eduardo

Dutra.

Nesse mesmo dia, à tarde, a Câmara concedeu a Medalha do Mérito

Legislativo às pessoas que, de alguma forma, participaram do projeto de criação da

PETROBRAS. Ali estavam o atual Presidente da empresa, José Eduardo Dutra;

Celina Vargas, neta do Presidente Getúlio Vargas, agraciado post-mortem por ter sido o autor da Mensagem nº 469, encaminhada ao Congresso Nacional em dezembro de 1951, propondo a criação da empresa; e o Sr. Eugênio Antonelli, o primeiro funcionário da PETROBRAS, que também recebeu a medalha. Foram igualmente homenageados o Ministro Waldir Pires, atual Chefe da

Controladoria-Geral da União; o ex-Governador de Sergipe, Seixas Dória; os ex-Deputados Chagas Rodrigues e Fernando Santana e o atual Deputado Neiva

Moreira, pessoas que tiveram atuação marcante na campanha nacionalista “O petróleo é nosso”.

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Se, do ponto de vista material, a Medalha do Mérito Legislativo pode parecer uma homenagem singela, ela é, na realidade, uma homenagem profunda e de grande valor, porque a Câmara não a concede a todo mundo, mas apenas àqueles que efetivamente se destacaram. E nada mais justo do que escolher essas personalidades que participaram da criação da PETROBRAS, empresa que completa 50 anos e é um exemplo de pujança e de grandeza para o Brasil. Não podemos deixar de reconhecer que esses homens foram verdadeiramente visionários, pois enxergaram na PETROBRAS o caminho para a auto-suficiência do

País na extração do petróleo e na produção de derivados. Há 50 anos, o Brasil produzia 2 mil barris de petróleo por dia. Hoje, o País produz 1,5 milhão de barris por dia em território nacional e outros 250 mil no exterior.

A Câmara dos Deputados votou não apenas o projeto de criação da empresa e a definição de seu nome — PETROBRAS —, após acalorado debate, como também o estabelecimento do monopólio estatal na exploração, importação e refino do óleo mineral no Brasil. Esse monopólio durou 42 anos, quando a Câmara, sob a liderança do PFL, decidiu votar a “quebra do monopólio estatal”. Pelos resultados que vêm sendo obtidos desde então, pode-se concluir que foi mais uma decisão acertada da Casa do povo. Nós, do PFL, que defendemos a quebra do monopólio estatal, não queremos a privatização. O que seria do Brasil se a PETROBRAS não fosse uma empresa pública?

Temos hoje uma das maiores empresas de petróleo do mundo, que ocupa a

16ª posição no ranking dos países produtores de petróleo. E, ao contrário do que diziam no passado técnicos de outros países, há petróleo no Brasil, sim, não apenas sob o solo, como aquele que jorrou em Lobato, na Bahia, pela primeira vez, como

670 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 também em alto-mar. E a PETROBRAS tem se especializado cada vez mais na extração do produto em águas profundas, chegando a atuar em outros continentes.

Por todos esses motivos, nada mais justo que a Câmara dos Deputados homenagear aqueles que estiveram à frente de seu tempo e iniciaram o trabalho de fixar os alicerces dessa empresa que é hoje um dos grandes trunfos do País. São grandes brasileiros, cujos nomes ficarão impregnados na história do Brasil.

Muito obrigado.

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O SR. FERNANDO DE FABINHO (PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a biblioteca é um tesouro ao alcance de todos; é capaz de operar milagres em quem se apossa dela. Ela aumenta à medida que transfere sua riqueza (o conhecimento) para um número cada vez maior de professores e alunos. Por isso é preciso descobri-la, torná-la parte da vida de todos, melhorá-la constantemente. Os ganhos são visíveis. Um cruzamento de dados realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais com base nos resultados de 300 mil estudantes no Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Básica (SAEB) revela um desempenho quase 20% superior nos colégios em que mais de 75% dos alunos manipulam e lêem regularmente as obras das estantes. "Existe uma clara correlação entre a existência e o uso da biblioteca e notas melhores, principalmente em Língua Portuguesa", afirma Carlos Henrique

Araújo, diretor de Avaliação do Ministério da Educação.

Infelizmente, ainda se contam aos milhares as "ilhas sem tesouro" em nosso

País. Das mais de 172 mil escolas de Ensino Fundamental, apenas 46 mil contam com biblioteca ou sala de leitura. O quadro melhora no Ensino Médio, com 81% das unidades aparelhadas. Além disso, muitas crianças brasileiras nascem em lares com pouco material escrito. E também: 1 em cada 4 alunos de 4ª série, segundo o SAEB de 2001, não tem nenhum livro em casa. Daí a importância da biblioteca, como também do professor, que é o primeiro "leitor" na vida desses meninos e meninas.

Ao ler em voz alta, ele está ajudando a construir um mundo na cabeça dos estudantes.

Com esse sentimento e com a responsabilidade de prover uma geração de grande conhecimento, o Prefeito José Ronaldo de Carvalho, de Feira de Santana,

672 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 no Estado da Bahia, reformou, ampliou, modernizou e entregou à comunidade feirense, no último dia 18 de setembro, a Biblioteca Arnold Silva.

A Biblioteca Municipal Arnold Silva, localizada na rua Geminiano Costa, s/n,

Centro, inaugurada em 8 de abril de 1962, possui um acervo de 18.867 exemplares, divididos nas seguintes seções: Circulante — acervo de 13.066 exemplares;

Referência — acervo de 2.886 exemplares; Braille — acervo de 836 exemplares;

Infantil — acervo de 2.080 exemplares.

Mantém ainda atualizado o acervo de jornais locais e do Diário Oficial do

Estado, além de exemplares de revistas e periódicos.

A Biblioteca Municipal Arnold Silva foi reinaugurada em 18 de setembro

último, dia do aniversário da cidade. O prédio, foi totalmente reformado. As suas fachadas de vidro verde temperado o tornaram um dos espaços públicos mais modernos e belos de Feira de Santana.

A Prefeitura de Feira de Santana manteve a estrutura e vai preservar, na fachada, o nome do ex-Prefeito e jornalista feirense Arnold Silva, que teve a idéia de dotar a cidade de uma biblioteca — à época, à altura das suas necessidades. “Ele foi um homem de cultura e de visão”, afirmou o Secretário de Cultura, Esporte e

Lazer, Alcione Cedraz.

Para o Secretário, o ex-Prefeito merece todas homenagens. “Foi uma personalidade que soube não apenas administrar o Município, mas teve também a sensibilidade de dotar a cidade com uma obra desta magnitude, que se tornou referência, não apenas estética, mas para todos os estudantes.”

A Biblioteca Municipal Arnold Silva ganhou novas instalações sanitárias e elétricas, nova rede hidráulica, piso de alta resistência, reservatório de água com

673 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 capacidade para 25 mil litros e estacionamentos externo e interno. A área onde existia um espelho d´água foi transformada num espaço para eventos culturais e exposições diversas.

A parte superior da biblioteca também foi totalmente modificada. O pequeno auditório, que já não mais atendia à demanda, vai dar lugar a um espaço mais dinâmico. O projeto da reforma criou salas para que estudantes façam seus estudos individuais ou em grupos.

“Não apenas ganhamos um prédio dos mais modernos, em todos os sentidos.

Feira de Santana está recebendo uma nova biblioteca totalmente funcional e que vai atender às necessidades dos nossos estudantes e da comunidade em geral. É um avanço muito grande na nossa cultura”, diz Alcione Cedraz.

O Secretário de Cultura da Bahia, Paulo Gaudenzi, citou o educador baiano

Anísio Teixeira, durante a reinauguração da Biblioteca Municipal Arnold Silva: “Uma nação é feita com homens e livros”. “Esta biblioteca talvez seja a mais importante obra da administração de José Ronaldo”, disse. E ainda: “É um local que vai possibilitar o crescimento das pessoas. Porque livros serão capazes de formar os homens que a nação precisa”.

Ele afirmou que o tempo dirá a real importância da reforma total da biblioteca.

“Este é um espaço aberto à comunidade, para que estudem, pesquisem e busquem conhecimentos”.

Paulo Gaudenzi elogiou a iniciativa tomada pelo Prefeito, “que teve a visão para entender que a obra é muito importante para Feira de Santana”. A reforma é resultado de parceria firmada entre a Prefeitura, o Governo do Estado e o Governo

Federal.

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A Prefeitura de Feira de Santana e o Governo do Estado assinaram um convênio de cooperação técnica. Serão cedidos móveis e os funcionários passarão por uma capacitação tecnológica; também será prestada assistência técnica. Além disso, será feita a renovação do acervo, mediante a integração e ações de esforços mútuos.

O Prefeito José Ronaldo de Carvalho destacou a importância de Arnold Silva na história política local. Além de político, foi jornalista e um dos donos do jornal

Folha do Norte. Disse que a Biblioteca, mesmo sendo um dos templos da cultura local, não mais estava atendendo às necessidades dos feirenses. O prédio foi inaugurado há mais de 40 anos.

“Feira de Santana sempre esteve presente em todos momentos da história da

Bahia e sempre colaborou ativamente para o desenvolvimento de toda região”. E destacou as características do feirense, que considera um povo extremamente forte e de luta, voltado para o trabalho. “São 170 anos de luta”, disse, referindo-se à emancipação política, comemorada na quinta-feira.

A Secretária de Educação, Anaci Paim, disse que é muito sintomático que os

170 anos de emancipação foram comemorados com cultura. “É uma iniciativa que mostra o que feito para a sociedade feirense pelo governo municipal.” Ela ainda salientou que a Biblioteca hoje é uma nova casa. “Dá entendimento à população de que com cultura é possível mudar a sociedade. Esta é uma ação muito importante para o Município.”

Para a Secretária, uma cidade onde não existe um equipamento para resguardar sua memória corre grande risco de perder a história do seu povo. “Este é um equipamento fundamental de acesso aos conhecimentos e à cultura. Aqui é um

675 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 espaço importante para todos os cidadãos que desejam participar com qualidade para a construção da sociedade. A Biblioteca vai fomentar ainda mais a educação no Município.”

O Presidente da Câmara de Vereadores, Antônio Carlos Coelho, analisa que, com esta obra, José Ronaldo demonstra sua preocupação com a formação cultural dos moradores de Feira de Santana: “É uma obra voltada para a cultura e a educação”. Ele afirmou que Arnold Silva foi um exemplo de cidadão.

O Público se emocionou com Quinteto Bahia Sopros, da OSBA (Orquestra

Sinfônica da Bahia) que se apresentou na área destinada a eventos culturais da

Biblioteca Municipal Arnold Silva. O evento teve dupla comemoração: a da reinauguração da biblioteca e em homenagem aos 170 anos de emancipação político-administrativa de Feira de Santana.

Sr. Presidente, como parte do primeiro evento após reinaugurada a Biblioteca

Arnold Silva, foram expostas no seu hall principal réplicas de flautas de vários modelos, procedentes de 4 continentes, exceto a Oceania. O Projeto Memórias dos

Instrumentos Musicais, cujas flautas fazem parte do acervo da etnomusicóloga

Emília Biancardi, vão ser mostradas ao público até o dia 4 de outubro. Foram trazidas para a mostra 70 peças de uma coleção formada por mais de 600 instrumentos.

São flautas de vários períodos, de barro ou madeira e formatos, principalmente o pré-colombiano, no caso, das Américas.

Feira de Santana é o primeiro Município do interior baiano a participar do projeto. E a mesma mostra já foi realizada em Salvador com grande sucesso de

676 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 público: foram mais de 2.500 mil visitas registradas. “São instrumentos étnicos”, explica a coordenadora do projeto, Fátima Gaudenzi.

As flautas remontam ao período neolítico, quando os homens, procurando imitar o canto dos pássaros, produziram os primeiros instrumentos de sopro que se tem notícia. Pinturas em cavernas comprovam sua existência há 10 mil anos AC.

Algumas flautas são raras, como uma precedente das Ilhas Jasne Costa, que têm apenas duas unidades em todo o mundo.

As que estão sendo mostradas na Biblioteca Arnold Silva são de vários modelos. São longas, curtas, ovaladas e redondas. Outras têm formatos de animais.

A grande maioria toca-se com a boca. Mas tem também uma que as pessoas, para tocar, usavam as narinas. A jacuí é utilizada apenas em rituais sagrados, como o

Quarup, por algumas tribos do Parque Indígena do Xingu; e são tocadas apenas por homens.

Também podem ser vistas flautas utilizadas pelos povos pré-colombianos: a duyonice, que faz parte da música folclórica iugoslava; a Ney, de origem turca; a machu quena, uma das mais antigas flautas andinas; a nyamga, típica flauta-pan

(feita de bambu) de origem moçambicana; e a hullacapiztli, que era utilizada pelos astecas e tem forma de ave.

“São instrumentos da cultura popular. Aqueles que estão ligados ao dia-a-dia de um povo”, diz Fátima Gaudenzi. Os homens primitivos acreditavam que a flauta era o principal porta-voz dos deuses. Ao lado de cada instrumento foi colocado um histórico, para que o visitante compreenda o seu significado e origem.

Sr. Presidente, quero parabenizar o Prefeito José Ronaldo de Carvalho, de

Feira de Santana, convidando toda a comunidade para que faça uma visita à

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Biblioteca Arnold Silva, reinaugurada e modernizada, pois, como diz o jargão “uma

Nação se faz com homens e livros”.

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Feira de Santana, no Estado da Bahia, realizou, em setembro, a 28ª EXPOFEIRA — Exposição Agropecuária de

Feira de Santana, que, segundo avaliação feita pelo Prefeito José Ronaldo de

Carvalho, movimentou mais de R$10 milhões em vendas de máquinas e aquisição de animais.

Houve recorde na movimentação de recursos, superior à casa dos R$10 milhões, investidos na aquisição de animais de alta linhagem genética e também em equipamentos, o que reflete o sucesso da 28ª EXPOFEIRA.

A avaliação dos resultados surpreendentes foi feita na noite de domingo, 21 de setembro, durante a cerimônia de encerramento daquela mostra agropecuária.

José Ronaldo atribuiu o sucesso do evento, promovido pela Prefeitura de

Feira de Santana, por meio da Secretaria de Agricultura, Recursos Hídricos e

Desenvolvimento Rural, com participação do Governo da Bahia, ao apoio irrestrito das classes produtoras. Ao saudar a todos do Governo, na pessoa do Secretário

Mário Borges, que coordenou a 28ª EXPOFEIRA, agradeceu aos expositores de caprinos, ovinos, bovinos, muares, eqüinos e avestruzes que abrilhantaram o evento, trazendo para o Parque de Exposição João Martins da Silva animais de alta qualidade genética.

As vendas de caprinos e ovinos foram superiores a R$140 mil. “Pelo segundo ano, o leilão Afixo Paco e Convidados mostra a força e união das pessoas pela defesa das raças. Além disso, a Arca de Noé (leilão de todos os animais de médio e grande porte) vem obtendo sucesso muito grande. Os leilões Arca de Noé e

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Princesa do Sertão, de gado de corte, foram realizados com muito sucesso de vendas, superando a arrecadação de R$200 mil”, observou.

José Ronaldo também comemorou as vendas atingidas durante o leilão Dose

Dupla de Guzerá, quando a comercialização de cerca de 130 animais resultou na arrecadação superior a R$240 mil. “As informações que tenho do Banco do Brasil dão conta de que, através da apresentação de 150 propostas de financiamentos, estão sendo liberados R$4 milhões esta semana. Mas as negociações não terminam por aí. O Banco do Nordeste já tem propostas no montante de R$3 milhões para financiamentos. Isto sem se falar no BRADESCO e SICOOB Subaé, que também estiveram presentes para facilitar as vendas durante a EXPOFEIRA”, ressaltou, lembrando que estes resultados comprovam que a Prefeitura está cumprindo o papel de incentivar e apoiar a agropecuária.

O Presidente da ACCOFS — Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos de Feira de Santana, Geoval Pinto Lima, agradeceu o empenho do Prefeito José

Ronaldo e do Secretário Mário Borges, de Agricultura, Recursos Hídricos e

Desenvolvimento Rural, na promoção do leilão e da própria EXPOFEIRA, como mecanismos essenciais para alavancar a ovinocaprinocultura na região.

“Terminamos a exposição felizes porque crescemos em quantidade e em qualidade de animais. No ano passado foram 169 caprinos e ovinos e este ano trouxemos 258 animais. Nós estamos crescendo para que a Bahia um dia não precise mais importar a carne destes animais”, destacou.

O gerente da ADAB — Agência de Desenvolvimento Agropecuário da Bahia,

Luciano Figueiredo, comemorou os resultados da mostra agropecuária, lembrando que todos saíram satisfeitos por ter sido a maior e melhor de todos os tempos.

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“Chegamos ao fim de uma exposição que todos admitem que foi a maior festa. Mas a iniciativa também foi um largo passo para que Feira de Santana continue na pecuária.”

Para o Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Feira de Santana,

Carlos Henrique Ribeiro Rodrigues, o sucesso da 28ª edição da EXPOFEIRA se reflete nos vários recordes nos negócios e nos leilões. “Este ano houve o dobro dos leilões realizados no ano passado. Isto demonstra claramente a confiança e credibilidade do governo do prefeito José Ronaldo. Aqui na EXPOFEIRA temos o cheiro de povo, que assiste gratuitamente aos shows.”

O artesanato típico de diversas regiões da Bahia esteve em evidência na 28ª

EXPOFEIRA, por iniciativa da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração da

Bahia. Os produtos foram apresentados em uma vila montada no Parque de

Exposição João Martins da Silva, onde os visitantes puderam experimentar alguns produtos e adquirir outros, principalmente da área artesanal.

Destilados de cana-de-açúcar e outras bebidas produzidas na Bahia foram apresentadas ao público. A empresa Jurubeba Leão do Norte deu destaque à bebida da sua marca, enquanto que a Catuí apresentou produtos produzidos e embalados em Feira de Santana, principalmente da linha láctea e seus derivados.

As novidades foram mostradas por associações contempladas com estandes na vila da secretaria. A Associação de Artesão Mineral de Macaúbas, na região da

Chapada Diamantina, mostrou a produção de artefatos de enfeite produzidos manualmente com pedras de quartzito azul, quartzito verde, quartzo rosa, marináceo, azul Bahia e também cristais.

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Um dos associados, Leonardo Rego Souza, explica que todo o trabalho é confeccionado artesanalmente com minerais típicos da região. Dentre os produtos estão peixes, bolas, estatuetas e outros objetos fruto da imaginação dos produtores.

A Associação de Produtores de Biscoitos e Cocadas também esteve presente presente com uma infinidade de produtos, da mesma forma que a Delícia de Ipuaçu, da Associação do Distrito de Governador João Durval Carneiro, fez mostra e comercialização de geléias, sequilhos, licores, cocadas, doces e compotas.

A iniciativa também foi oportunidade para mostrar o talento e produção do

Projeto Jaguara, uma empresa comunitária responsável pelo beneficiamento de artigos a partir de refugos do acrílico. Saboneteiras, equipamentos para escritórios, móbiles, porta retratos, porta canetas, troféus, placas de sinalização e uma infinidade de outros produtos que compõem a linha estiveram à disposição dos visitantes.

Enquanto isso, o Projeto Couto de Ipirá trouxe para a vila inúmeros artefatos ligados diretamente à história do sertanejo e do homem do campo. Expuseram e comercializaram preços bastante competitivos selas, chapéus, gibões, cintos, chaveiros, porta facas e inúmeros outros objetos confeccionados com couro legítimo e bom acabamento.

Ainda em destaque a produção da Associação de Produtores de Flores de

Amélia Rodrigues, que revelou para os visitantes da EXPOFEIRA a arte que esta comunidade de artesãos também produz a partir de cipó, gravetos e outros materiais, confeccionando enfeites para jardins, vasos de flores e ornamentos diversos.

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Sr. Presidente, parabenizo todos os envolvidos na realização da 28ª

EXPOFEIRA e cumprimento a população feirense, que soube aproveitar mais esta iniciativa do Governo local e, de forma ordeira, participou de todos os eventos e shows , dando exemplo de civilidade. Parabéns a todos!

Passo a abordar ainda outro assunto, Sr. Presidente. O jornal O Globo, em sua edição de domingo (28 de setembro), nos trouxe uma notícia no mínimo surpreendente. O Governo Federal, que durante duas décadas conclamou a população brasileira a uma verdadeira revolução no orçamento de investimentos no

País, sobretudo nas áreas de educação e saúde, ao apresentar seu primeiro projeto de lei que estima receitas e fixa a despesa da União, o faz ignorando sua memória e os valores que pregava. Refiro-me, Sr. Presidente, à matéria publicada em O Globo sob o título Verba de Publicidade Engorda, dos jornalistas Bernardo de La Peña e

Valderez Caetano, que diz: "Mesmo elaborado sob rígido controle de gastos, o orçamento do Governo Federal para o ano que vem, prevê um aumento de 30,43% nas verbas de publicidade".

A soma dos recursos destinados às propagandas pelo Governo Federal mostra que, no próximo ano deverão ser gastos cerca de R$70 milhões a mais do que este ano.

No ano em que ocorrerão eleições municipais, que deverão medir a aceitação do atual Governo, serão investidos R$300 milhões em propagandas. E de onde virá esse dinheiro? Aí, nessa resposta, a surpresa: sairão dos recursos, já minguados, da educação e da saúde. Os recursos destinados para investimentos em melhoria de escolas e na modernização de hospitais terão redução de 22%, o que, segundo

682 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 levantamento feito pela Comissão Mista de Orçamento, prejudicará 150 programas em execução.

Sr. Presidente, “a propaganda é a alma do negócio”, diz o jargão popular.

Entretanto, nenhuma empresa retira dinheiro de sua saúde para fazer propaganda.

Até as pequenas empresas preservam os investimentos em suas edificações e treinamento (educação) de pessoal à propaganda.

Além desses graves problemas, outro agravante é narrado pelos próprios técnicos da área de saúde, que reclamam que, para cumprir a Emenda

Constitucional nº 29 (que prevê que os investimentos em saúde têm de crescer na mesma proporção do PIB), o Governo Federal teve de incluir R$3.57 bilhões que seriam do Fundo de Combate à Pobreza no orçamento da Saúde; ou seja, o orçamento previsto no orçamento da União para a saúde já veio menor do que deveria. E menor porque — parece-me — o Governo prefere investir em propaganda pessoal do que na saúde da população; talvez julgue melhor mostrar-se em outdoors do que reformar e construir escolas.

Essa Casa deverá, nos próximos dias, iniciar as discussões em torno do projeto de lei orçamentário enviado pelo Governo Federal, e temos o dever de zelar pela população, a verdadeira dona do mandato que aqui exercemos. Por isso apelo ao Relator do Orçamento de 2004 para que corrija essas distorções.

A previsão de investimentos para o ano que vem, contida no Orçamento enviado a esta Casa, é de irrisórios R$7 bilhões.

Não devemos permitir que a propaganda se sobreponha à educação e à saúde! Devemos, sim, unirmo-nos em prol de um orçamento com tração nas 4 rodas, ou seja nas principais áreas, principalmente nas áreas sociais: educação,

683 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 saúde, segurança, trabalho, geração de emprego e renda. Somente assim, para retirar o País da inércia, colocando-o novamente nos trilhos do desenvolvimento e crescimento.

Passo a abordar o último assunto, Sr. Presidente. Registro o transcurso do

Dia do Nordestino — este, que sempre foi um emigrante nato, situação decorrente das secas, quando toda a economia se paralisa nos Estados no Nordeste. Sem ter o que fazer, ele, que na maior parte de sua vida foi criado no campo, viu-se obrigado a procurar as cidades. E, se grande parte dos emigrados regressa quando volta a chover, a outra grande parte, sabendo que encontrará no campo as mesmas difíceis condições que o expulsaram, procura se radicar na cidade que o acolheu. Esse o drama. O campo no Nordeste cada vez mais se esvazia. Com a mão-de-obra escassa, a produção agrícola fica mínima. E a conseqüência maior desse desequilíbrio é, em palavra rude, a fome.

Cada vez mais o nordestino emigra, e os que têm maior capacidade intelectual disputam posições com os nativos da cidade; mas os analfabetos, que ainda são a maioria, se refugiam nos subempregos a que têm acesso, enquanto vêem as oportunidades sendo dadas aos que são nativos da cidade. De quem é a culpa por essa situação incerta? Como eles dizem lá, “a culpa é do céu, que não chove”. Choveu, todo mundo está feliz. Mas, se o tempo da chuva não chega, se a terra seca não recebe a planta, ele tem que emigrar para não morrer de fome.

Enquanto isso, como já disse, o campo, no Nordeste, se esvazia. E o sertanejo urbanizado procura outro meio de vida que não seja a agricultura.

Sr. Presidente, desta triste realidade podemos citar como exemplo o Sr. Lula da Silva, Presidente da República, que fugiu da seca nordestina. Mas, sendo

684 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 obstinado e perseverante, conquistou seu espaço na cidade e hoje ocupa o cargo mais alto do Poder Executivo brasileiro.

Nós nordestinos somos assim: enfrentamos as agruras diárias, que nos são impostas, de cabeça erguida, olhando para o futuro, com a certeza de que construiremos uma vida digna. Com essas qualidades, se pudéssemos escolher, permaneceríamos em nossa terra. Há de chegar o tempo em que não precisaremos mais fugir da seca e da fome!

Por isso, com a fé que nos é peculiar, abraço cada um dos meus amigos nordestinos, conclamando os nossos pares, dos Estados da nossa Região Nordeste, a que, juntos, inauguremos um novo ciclo: um ciclo de desenvolvimento no

Nordeste, que possa contribuir para a permanência de nossos irmãos em seus lares, em suas cidades.

Com o sentimento de orgulho que nós, nordestinos, nunca perderemos, transcrevo abaixo alguns versos de autor desconhecido, que traduzem este sentimento tão nobre: “O orgulho... O orgulho nordestino Não se compra... Não se vende... Não s'encontra na farmácia Nem o receita o doutô... O orgulho... O orgulho nordestino Já nasceu dentro da gente... Foi nossa mãe Quem botô...” Muito obrigado.

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O SR. VITTORIO MEDIOLI (PSDB-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aos 50 anos de idade, a PETROBRAS alcançou nível de excelência na extração de petróleo, deixando o Brasil próximo da auto-suficiência. Sem a PETROBRAS, o País seria muito mais pobre e frágil do que

é. Basta pensar nos US$16 bilhões que economiza por ano de importações.

Não há reparos a fazer à estatal, que ao longo de sua existência cumpriu em cheio seu dever e demonstra fôlego para dar conta da demanda nacional de petróleo por muito tempo ainda. Aplausos também, neste período de vacas magras, pela descoberta na Bacia de Santos de uma megajazida de gás, capaz de abastecer por uns 100 anos os principais centros industriais do País.

Há muito para comemorar, contudo, cabe um reparo: são baixos os investimentos no desenvolvimento de fontes que possam substituir o petróleo.

Dentro da PETROBRAS há um setor que cuida (forçosamente) disso, mas não se instalou ainda uma cultura definida nesse sentido.

As tentativas empreendidas no passado foram abandonadas por falta de interesse, quase que sabotadas de dentro para fora. Não se encontra, de fato, uma alta patente da estatal que não torça o nariz quando a conversa versa sobre biocombustível, lembrando a mesma reação do médico alopata quando se trata de remédio homeopático ou de judeus a comentar o fundamentalismo xiita.

Doa a quem doer, mais cedo ou mais tarde, o petróleo acabará, mas antes disso seria de suma importância para a preservação do planeta a diminuição de seu uso e sua substituição por uma matriz energética mais limpa, aposentando plataformas, perfuratrizes, petroleiros, refinarias e fumaças irrespiráveis.

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É ponto pacífico que o aquecimento da atmosfera, portanto, o degelo das calotas polares, a diminuição da camada de ozônio e a crescente desertificação se relacionam ao efeito-estufa provocado pela queima de combustíveis fósseis, essencialmente petróleo e carvão, que desprendem na atmosfera CO² (dióxido de carbono) e substâncias como chumbo e enxofre.

Os biocombustíveis como o álcool e os óleos naturais extraídos da mamona, do dendê, da soja, do babaçu, da colza, do caroço de algodão, ao contrário, emitem uma quantidade bem inferior de poluentes, com a vantagem de seqüestrar da atmosfera durante o ciclo de crescimento grandes quantidades de CO² — em apenas 1 hectare plantado, a mamona absorve em 1 ano 8 toneladas de CO².

É ponto pacífico que o uso de combustíveis fósseis acrescenta CO² na atmosfera e os biocombustíveis, felizmente, o diminuem. Energia suja de um lado e limpa do outro, portanto, o futuro é do biocombustível. A briga em Kyoto deu-se por isso, fazendo sair da mesa de negociação os EUA (maior produtor de CO²), deixando certa a diferença, como certo é que o Brasil, mais que qualquer outro país, pode se transformar numa verdadeira Arábia do biocombustível.

A França, a Alemanha, a Itália e os EUA estão investindo pesadamente, apesar das condições pouco favoráveis de clima e da exiguidade de terras, na produção do biodiesel. Na Europa, já se encontram postos que oferecem o produto a preços competitivos, em função da isenção de impostos.

Se o Brasil destinasse 400 mil quilômetros quadrados, cerca de 1,4% de seu território, para produção de biocombustíveis, estaria substituindo integralmente o petróleo que consome e geraria ao mesmo tempo cerca de 5 milhões de empregos diretos no campo. Dobrando a área dedicada, para 2,8% do território nacional,

687 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 teríamos 10 milhões de novos empregos (que Lula prometeu) e um excedente exportável na ordem de US$20 bilhões. Ainda com a satisfação de estar colaborando com a preservação do planeta.

A PETROBRAS, com os lucros que acumula e pelo fato de ser uma estatal criada para suprir o Brasil de combustível, deveria investir pesadamente no desenvolvimento do petróleo verde — do biocombustível. Receberia muito mais aplausos do que hoje justamente merece.

Muito obrigado.

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O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última terça-feira, a população de Várzea do

Poço, Município baiano, presenciou uma ação de despejo violento que chocou a comunidade. Quarenta famílias que ocupam a Fazenda Pampulha, propriedade improdutiva já vistoriada pelo INCRA, foram intimidadas por policiais militares. Eles chegaram no acampamento José de Assis num ônibus lotado e mais 3 viaturas.

Queimaram todos os barracos, inclusive um que tinha sido construído fora da área ocupada; apreenderam todos os instrumentos de trabalho; humilharam e pressionaram trabalhadores e trabalhadoras para que “revelassem onde estavam escondidas as armas”. Chegaram ao cúmulo de invadir casas de famílias vizinhas à procura das tais armas, que nunca existiram.

Motos dos trabalhadores e um carro da Diocese foram apreendidos. Várias pessoas foram presas e depois soltas, com exceção de 2 coordenadores do acampamento e 2 agentes da CPT local, que tiveram prisão temporária decretada.

Eles foram acusados de invasão de propriedade alheia, desobediência à lei e formação de quadrilha, sendo logo transferidos para Jacobina.

A Diocese e a CPT, diante de tanta barbaridade, logo se mobilizaram, fazendo contatos com as autoridades do Município e com a juíza responsável pelo caso. Mas ficou um sentimento de indignação e revolta pelo acontecido. É triste ver trabalhadores rurais e agentes de pastoral serem tratados como um bando de criminosos quando, na verdade, buscam promover a dignidade humana e lutam por uma sociedade justa e solidária.

689 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

É lamentável, mas o Judiciário tem sido ágil no atendimento aos poderosos, enquanto o movimento social sofre com a demora das medidas que façam sair do papel os direitos humanos e constitucionais.

Deixo desta tribuna minha solidariedade à comunidade do acampamento José de Assis e rogo para que a justiça seja feita neste caso. Por uma reforma agrária digna e pacifica.

Obrigado.

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O SR. ANTÔNIO CARLOS BIFFI (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito a data de hoje para parabenizar

Bonito pelos 55 anos de fundação. É um dos Municípios de Mato Grosso do Sul mais visitados, por suas belezas naturais, e também serve de apoio às regiões do

Pantanal e de acesso às fronteiras com o Paraguai e a Bolívia.

Sua população tem merecido destaque, pela preocupação ambiental e cultural com a cidade, buscando a preservação e a manutenção das belezas naturais. Alguns lugares já possuem atividades específicas na área. Em períodos de temporada, as atividades são intensificadas, para que os turistas tenham a consciência de que é importante preservar.

Bonito recebe anualmente cerca de 70 mil visitantes, e o turismo é responsável pela manutenção da economia local, seguido da agropecuária. Em função da grande procura, a cidade possui uma estrutura turística que abrange hotéis, pousadas, sítios, transporte, alimentação, agências e guias de turismo, tudo com alta qualidade para receber os turistas.

Quem vai a Bonito tem o prazer de conhecer o aquário natural, suas grutas milenares com águas cristalinas e cachoeiras que encantam e surpreendem. Os passeios oferecidos aos turistas são seguros e contam com equipe de apoio, com equipamentos de segurança, que atendem aos mais variados estilos: caminhadas, mergulho nas grutas, cavalgadas, passeios de bote, entre outras atividades que deixam os visitantes surpresos diante de tantas belezas.

Bonito merece destaque também pelo incentivo à cultura e ao lazer. Todo ano, no mês de julho, é realizado o Festival de Inverno, que recebe pessoas de várias cidades do Brasil, além de estrangeiros e muitos músicos famosos, que

691 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 animam a população. O carnaval de rua em Bonito já é tradição e hoje é um dos melhores de Mato Grosso do Sul.

Quero destacar ainda os investimentos em infra-estrutura feitos pelos hotéis, que oferecem aos visitantes serviços com qualidade e contribuem na geração de empregos.

Faço votos de um crescente desenvolvimento na cidade e parabenizo seus moradores. Espero que outros Municípios também sigam o exemplo de Bonito e comecem a explorar suas belezas naturais, para que o Estado possa se tornar referência turística no Brasil e no mundo.

E para quem ainda não teve o prazer de conhecer Bonito eu recomendo que visite esse santuário ecológico.

Parabéns, Bonito!

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O SR. PRESIDENTE (João Correia) - Passa-se ao

V - GRANDE EXPEDIENTE

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O SR. MAURO BENEVIDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Correia) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na noite da última quinta-feira, a cidade de Fortaleza foi palco de perverso assassinato, que vitimou o Vigário da

Paróquia de Santo Afonso, no populoso bairro de Parquelândia, Padre Djair Gomes

Cavalcante, sacerdote dos mais benquistos entre a comunidade a que servia abnegadamente, cumprindo as suas tarefas evangelizadoras com extrema eficiência, o que lhe garantia o respeito e a admiração de seus jurisdicionados.

Os agressores, ainda não identificados, atingiram-no no crânio, deixando-o desacordado até ser encontrado na Casa Paroquial e levado para o Instituto José

Frota, sendo ali atendido com traumatismo dos mais sérios, internando-se na UTI do

Hospital e recebendo assistência da equipe médica de plantão, que logo reconheceu como melindroso o seu estado de saúde.

Ao tomar conhecimento da ocorrência, o Arcebispo de Fortaleza, D. José

Antônio Tosi, adotou todas as providências de sua alçada, indo pessoalmente à

Emergência para inteirar-se das medidas adotadas para salvar o paciente, que antes exercera o vicariato em Palmácia e no Bairro Ellery, revelando sempre arraigada vacação para assistir aos carentes e necessitados.

As autoridades policiais incumbidas das diligências para a apuração do revoltante atentado até ontem não haviam localizado os criminosos, tendo o próprio

Secretário de Segurança, Wilson Nascimento, acompanhado a ação de seus detetives, exigindo a prisão dos culpados.

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Mais de 6 mil pessoas participaram do velório e da missa do corpo presente na Catedral Metropolitana de Fortaleza, oficiada pelo próprio Arcebispo, que presidiu a concelebração, com mais de 60 colegas, do Padre Djair Gomes Cavalcante.

Os antigos paroquianos do Bairro Ellery, da Parquelândia, de Palmácia e até os seus conterrâneos de Itapebuçu revezaram-se diante do ataúde, na Catedral, todos extravasando sua indignação diante do inominável delito que atingiu um dos mais benquistos religiosos de nossa Capital.

O Cardeal Aloísio Lorscheider, de Aparecida do Norte, São Paulo, ao ser cientificado da morte do Padre Djair, enviou expressiva mensagem de condolências

à família e ao próprio Arcebispo de Fortaleza, lembrando que a ele coubera presidir a ordenação do extinto, em 1985, quando ainda se achava como Metropolita de nossa Arquidiocese.

O longo cortejo que conduziu o caixão mortuário até o Jardim Metropolitano era encabeçado pelos membros do Conselho Paroquial da Parquelândia, todos condenando a violência que impera em nosso País, da mesma forma como o fizera

D. José Antônio durante homília na missa da Catedral fortalezense.

Com este registro, ao lado de encarecer ao Governo do Estado uma intensificação das investigações procedidas, desejo levar ao Arcebispo de Fortaleza e aos paroquianos de Santo Afonso a manifestação de meu profundo pesar, já que conhecia o Padre Djair Gomes Cavalcante e testemunho a sua dinâmica atividade apostólica em nossa Capital.

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O SR. PRESIDENTE (João Correia) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Pauderney Avelino. S.Exa. dispõe de 25 minutos na tribuna.

O SR. PAUDERNEY AVELINO (PFL-AM. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicio meu pronunciamento fazendo uma homenagem póstuma ao companheiro José Carlos Martinez, que, vítima de acidente aéreo, faleceu no último sábado, e manifestando meu pesar à família do nobre

Deputado. José Carlos Martinez foi um grande e combativo Parlamentar nesta Casa.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, falo hoje sobre a peça orçamentária e o Plano Plurianual que o Governo do PT encaminhou a esta Casa.

É um espetáculo de má-condução e má-construção dessas 2 peças. O PPA e o projeto de lei orçamentária vieram para cá eivados de vícios não apenas no já conhecido e decretado rombo das contas do Orçamento de 2004. Esse Orçamento chegou à Casa trazendo no seu ventre um rombo de mais de 9 bilhões de reais, e, no dizer do Ministro do Planejamento, é o Orçamento do cobertor curto. Realmente é uma peça orçamentária magra. Mesmo assim, ainda faltam recursos para complementá-la.

Se não bastasse esse rombo, os técnicos do Planejamento esqueceram de incluir na Lei Orçamentária de 2004 mais de 60 obras, cuja maioria — mais de 90%

— se encontra nas Regiões Norte e Nordeste. São obras prioritárias. Esses recursos, que deveriam estar no Orçamento e constam do Plano Plurianual, não têm nenhuma citação na Lei Orçamentária.

O Correio Braziliense de ontem, Sr. Presidente, antecipou minha fala quando relatou conversa minha com jornalistas, quando lhes passei o estudo que elaborei

696 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 na Comissão Mista de Orçamento. O jornal chamava atenção sobre isso em matéria de primeira página.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como é que poderemos corrigir esses desequilíbrios regionais e sociais se o Governo dito popular se esquece de incluir na peça orçamentária mais de 600 milhões de reais para obras em andamento que tiveram dotação orçamentária nos exercícios de 2002 e 2003, e simplesmente deixaram de existir no exercício de 2004.

Sr. Presidente, solicito que mande elevar a altura do som, porque não posso gritar. Essa é uma prática que vem acontecendo muito com a Oposição.

Ademais, entendemos que faltam recursos, mas não podemos aceitar que seja votado parecer preliminar na Comissão Mista de Orçamento enquanto o

Orçamento estiver eivado desses vícios.

Além do problema do rombo que todos já conhecem e da não-inclusão dessas obras constantes no PPA, a Reserva de Contingência prima por retirar recursos de fonte sadia e segura de recursos ordinários. Só da Fonte 100, do

Tesouro Nacional, temos 7 bilhões, 166 milhões de reais em Reserva de

Contingência. Esses recursos serão esterilizados, não serão úteis para absolutamente nada, a não ser gerar superávit primário. Desse valor, 1 bilhão e 200 milhões de reais é receita condicionada à reforma tributária. Mesmo assim, é muito dinheiro para se colocar em Reserva de Contingência.

Se não bastasse essa Reserva de Contingência, está se aplicando, a meu ver, um dos piores castigos que se pode impor à sociedade brasileira: receitas vinculadas da ordem de mais de 10 bilhões de reais.

697 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Ora, o País, durante o ano de 2001, teve executado, de um Orçamento da ordem de 19 bilhões e 499 milhões de reais, 14 bilhões e 580 milhões de reais. Em

2002, de 18 bilhões e 183 milhões de reais, foram executados 10 bilhões e 126 milhões de reais. Em 2003, de 14 bilhões e 248 milhões de reais — refiro-me a investimentos —, até setembro, apenas 719 milhões de reais foram liquidados. Mas não foram totalmente pagos, Sr. Presidente. Temos pagos apenas 630 milhões de reais até o mês de setembro, o que significa uma execução orçamentária de 4,42%.

O Sr. Luiz Carreira - Permite-me V.Exa. um aparte?

O SR. PAUDERNEY AVELINO - Ouço, com prazer, o aparte de V.Exa.

O Sr. Luiz Carreira - Caro Deputado Pauderney Avelino, V.Exa., que é um estudioso de assuntos orçamentários e tem tido grande participação na Comissão

Mista de Orçamento, é pessoa abalizada para fazer essa exposição neste plenário.

Pelas opiniões colhidas por mim na Casa, pois nela não estive em outras

Legislaturas, e pela leitura da peça orçamentária e do Plano Plurianual apresentados pelo Governo, realmente este é o pior Orçamento apresentado ao Congresso

Nacional. Inclusive a Reserva de Contingência foi elevada, salvo engano, para 25,6 bilhões de reais, o que significa mais arrocho e mais dificuldades para o ano que vem. É importante ressaltar, nobre Deputado, que 4,6 bilhões de reais da CIDE — mais de 60% dos recursos deste imposto —, previstos para serem aplicados na área do transporte no ano que vem, estão na Reserva de Contingência, ou seja, esterilizados definitivamente. Isso significa que os investimentos para o exercício de

2004 na área de rodovias federais, que apresentam estado lamentável em todo o

País, não só neste Governo — quero fazer justiça — mas desde um bom tempo atrás, vão ser prejudicados ainda mais com o contingenciamento verificado na

698 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 proposta orçamentária. Além do mais, e muito bem questionado pelos

Parlamentares que integram a Frente Parlamentar da Saúde, há o desvio dos recursos do Fundo de Combate à Pobreza para integrar o percentual mínimo de recursos da saúde. Aliás, é bom frisar que qualquer Estado ou Município que não tenha aplicado o percentual mínimo de recursos na Saúde, definido a partir de iniciativa do Poder Executivo e desta Casa, terá sua conta reprovada. Por outro lado, a União não cumpre compromissos mínimos estabelecidos na Constituição e em leis aprovadas nesta Casa e nada acontece.

O SR. PAUDERNEY AVELINO - Agradeço o aparte ao nobre Deputado Luiz

Carreira.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, enquanto o Poder Executivo investe apenas 4,42% do Orçamento, a amortização da dívida é executada em 53,99%, as inversões financeiras são executadas em 32,16%.

Está errado o modelo. O País que há mais de 10 anos não faz investimentos, não tem como sobreviver. Por essa razão, saímos da posição de 8ª economia do mundo para o 15º lugar. Não é esse meu desejo, mas, lamentavelmente, o Brasil continuará caindo.

Com relação à saúde, bem lembrada pelo Deputado Luiz Carreira, houve dedução do Fundo de Combate à Pobreza. Se compararmos o cálculo do Governo anterior, baseado na Emenda da Saúde nº 29 — base fixa mais variação do PIB na execução e o que o atual Governo pretende executar, com a mudança da base, agora não mais fixa, mas a móvel e o PIB do ano anterior —, teremos, se nos basearmos na metodologia do Governo passado, uma diferença de 1 bilhão 384

699 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 milhões para a saúde. Com a mudança da metodologia do cálculo, teremos este ano não 3,6 bilhões, mas 4,024 bilhões de reais a menos para a saúde.

Este Governo deve isso não só à população pobre, mas à classe média, que está caindo de posições, se nivelando por baixo, buscando postos de saúde e hospitais mantidos pelo SUS, uma vez que o setor está universalizado. E não podemos, de forma nenhuma, permitir que essa área perca 4 bilhões de reais; não podemos permitir que os recursos sejam retirados do Fundo de Combate à Pobreza.

E mais: esse Fundo foi criado pelo ilustre e querido Senador Antonio Carlos

Magalhães, votado por esta Casa, que lhe destinou dotação orçamentária, e não aceitamos que seja esvaziado. E mais ainda: está se retirando 340 milhões de reais do Fundo de Combate à Pobreza para o orçamento do Ministério das Cidades. E aí existem os programas de saneamento ambiental urbano, programas de resíduo sólido urbano. Fizeram a coisa de forma tão estapafúrdia, apressada, sem critério, que os resíduos sólidos de cidades até 30 mil habitantes vão ficar na FUNASA. E aquelas com população entre 30 mil e 250 mil habitantes não vão ficar em lugar algum. A partir de 250 mil, volta para o Ministério das Cidades.

E como ficam essas cidades, Deputado Coriolano Sales? Não terão recursos para a coleta de resíduos sólidos?

Concedo o aparte ao nobre Deputado Coriolano Sales.

O Sr. Coriolano Sales - Deputado Pauderney Avelino, é um prazer cumprimentá-lo neste momento em que V.Exa. ocupa a tribuna para falar sobre a peça orçamentária de 2004/2005, que está muito magra e, parece-me, comprometida com o pagamento de juros internos e externos. Na verdade, esse deve ser o primeiro compromisso do Governo do Presidente Lula. Mas gostaria de

700 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 me reportar um pouco ao cancelamento de mais de 10 bilhões de reais do

Orçamento da União, feito pelo Presidente da República logo ao assumir seu mandado, deixando milhares de obras inacabadas, algumas já com 80%, 85% já realizadas, que não serão retomadas com esse magro orçamento. E V.Exa. está comentando as principais funções do Estado. Depois de 8 anos nesta Casa, tenho convicção de que se não aprovarmos o orçamento impositivo, o Congresso não andará e será joguete do Poder Executivo de forma permanente. Sou intransigente defensor do orçamento impositivo e votarei emenda constitucional que determine sua execução. Agradeço a V.Exa. o aparte e parabéns.

O SR. PAUDERNEY AVELINO - O aparte de V.Exa. engrandece meu discurso.

Deputado Coriolano Sales, o Orçamento é curto, mas há um detalhe que

V.Exas. precisam saber: já no mês de setembro o Executivo Federal, o Governo central cumpriu o superávit primário que deveria cumprir em dezembro deste ano.

Teremos outubro, novembro e dezembro ainda de folga. Portanto, há recursos a serem investidos. Haverá, sim, folga de recursos para serem investidos, porque em setembro — vejo o nobre Líder do Governo chegando, com quem sempre discutimos na Comissão de Orçamento mais investimentos na nossa Região Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste e nas várias regiões do Brasil — atingimos 38 bilhões

172 milhões, estimativa do superávit primário segundo a estimativa do PIB.

Ora, não podemos, de forma nenhuma, aceitar que as coisas simplesmente aconteçam.

Não concluí a questão da saúde, mas vou comentar agora o salário mínimo.

Conforme informações complementares que o Executivo nos passou sobre o Projeto

701 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 de Lei Orçamentária de 2004, o reajuste do salário mínimo previsto para o próximo ano é de 7,92%. Com isso, ele passará para 259 reais, no máximo, sem 1 real a mais; sem 1 real de ganho concreto.

Se a inflação tiver outro repique, o ganho será negativo e não positivo. Das mesmas informações, retiramos que os gastos com inativos previstos para 2004 apresentam praticamente os mesmos valores dos estimados para 2003. Há alguma coisa errada, porque é inadmissível que não existirão novos aposentados para receber proventos em 2004. Há muitos funcionários públicos, professores e outras categorias se aposentando.

Soube que no Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, dos 64 juízes,

Deputada Luiza Erundina, 30 estão pedindo contagem de tempo para se aposentar, sem falar que nas universidades e no serviço público federal também milhares de funcionários estão na iminência de pedir aposentadoria. E o Governo não prevê aumento dos gastos com inativos para o ano que vem.

Conforme dados da mensagem que encaminhou o projeto de lei, as despesas com inativos aumentaram cerca de 3,9 bilhões de reais, em 2002, se comparado com o ano de 2001. Estima-se que, em 2003, o aumento será de 2,1 bilhões de reais em relação a 2002. A estimativa de gastos com o pessoal inativo, em 2003, é de 36,8 bilhões de reais e, em 2004, de 37 bilhões. Um aumento de apenas 200 milhões de reais. Teremos um rombo anunciado. Portanto, faço este alerta: será um rombo em torno de 2 bilhões de reais a mais neste orçamento.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com base em pesquisa nacional realizada por amostra em domicílio — refiro-me, en passant, ao Estatuto do Idoso —

, à redução da idade mínima para o benefício na lei orçamentária, de 67 anos para

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65 anos, vai também causar um novo aporte ao Orçamento, que será da ordem de

490 milhões de reais a mais. Como temos algo em torno de 190 milhões de reais já previstos no Orçamento, teremos mais um rombo de 304 milhões de reais, em função da aprovação da lei que ampara o idoso. Nós aprovamos a lei. Não discuto o mérito, pois sou favorável ao Estatuto do Idoso, mas o Governo precisa corrigir também o Orçamento, porque, com esse Estatuto, o impacto na lei orçamentária será de 490 milhões de reais.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu teria muito o que falar sobre

Orçamento, porque a peça orçamentária e o Plano Plurianual são fontes inesgotáveis de assunto que podemos trazer aqui para mostrar claramente os erros cometidos na confecção dessas peças. Eu passaria aqui um dia inteiro tratando somente dessa questão.

Apesar de tudo que eu disse a V.Exas., das obras que não constam no

Orçamento e que constam no PPA, do rombo orçamentário em função da reforma tributária acertada entre o Governo e Governadores — e o Deputado Luiz Carreira disse, com muita propriedade, que, dos 8 milhões da CIDE, apenas 2 bilhões de reais serão liberados e que o Governo terá que repassá-los para Estados e

Municípios e, portanto, não sobrará 1 real sequer para o Governo investir em estradas —, apesar de ter tirado 4 bilhões do Fundo de Combate à Pobreza para transferir para a Saúde e para o Ministério das Cidades, apesar de ter feito um contingenciamento gigantesco, uma reserva de contingência de onde não se poderia retirar recursos, o Ministro do Planejamento, como bom funcionário do Presidente da

República, não se esqueceu de destinar 43,3% das verbas destinadas para a

703 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 publicidade institucional para a propaganda do Presidente da República: são 128 milhões 669 mil reais só para o gabinete presidencial.

Façamos a comparação com os anos anteriores. Em 2001, para o gabinete do Presidente da República foram destinados apenas 24,98%; em 2002, só 22%; em

2003 — pasmem! — temos 67,38% dos recursos para a propaganda do Governo, destinados ao gabinete do Presidente da República; em 2004, serão 43,3%. É claro que o Governo precisa fazer propaganda! O Governo precisa de dinheiro para pagar propaganda, porque não age.

Sr. Presidente, desnudei esta peça orçamentária, e podemos ver que não há como fazer investimento, porque o Governo não quer fazer investimento. Como não há o espetáculo do investimento, por conseguinte, não há o espetáculo do crescimento. Por esta razão, o Ministro do Planejamento decidiu colocar os recursos de propaganda no gabinete do Presidente, para promover o espetáculo da propaganda, da obra e das ações inexistentes.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Pauderney Avelino, o Sr.

João Correia, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. José Ivo

Sartori, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.

704 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. LINCOLN PORTELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Ivo Sartori) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PL-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, no Brasil, as universidades públicas parecem ter-se transformado numa utopia para a maioria dos estudantes brasileiros. Os exames vestibulares são complicados e difíceis e cobram conhecimentos que sequer são ministrados nas escolas públicas.

Praticamente 80% dos alunos que conseguem vaga nas universidades públicas ou são estudantes de escolas particulares ou fizeram bom cursinho preparatório para o vestibular. No entanto, os alunos das escolas públicas são os que mais precisam da universidade pública.

Atualmente, o número de faculdades particulares é maior do que o de universidades públicas. Todavia, 90% das pesquisas desenvolvidas no País, apesar da falta de recursos, são realizadas por instituições mantidas pelo Poder Público.

Precisamos, na verdade, não de universidade em que seja fácil entrar, mas de ensino médio de melhor qualidade, para que os alunos tenham condições de disputar, em igualdade de condições, com os estudantes que fazem cursinho.

O Brasil necessita, com urgência, de grandes investimentos educacionais, afinal, a educação é a alavanca para o desenvolvimento de uma nação.

Muito obrigado.

705 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. SANDES JÚNIOR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Ivo Sartori) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SANDES JÚNIOR (PP-GO. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna hoje elogiar a disposição desta ilustre Casa de discutir a questão do transporte coletivo, criando a Frente Parlamentar do Transporte Público e o Movimento Nacional pelo Direito ao

Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT). Entendo, Sr. Presidente, que a questão do transporte envolve demandas reprimidas ao longo de anos, devido à incompetência do Poder Público. É um dos mais graves problemas que atingem as

Capitais brasileiras e diz respeito à vida de populações humildes.

A Frente e o MDT têm como objetivo promover o barateamento das tarifas do transporte público, a recuperação e o desenvolvimento do transporte público urbano e metropolitano, e incentivar investimentos permanentes, com avanço tecnológico e respeito ao meio ambiente. Trata-se de objetivos nobres, porque vêm ao encontro das aspirações do cidadão brasileiro, especialmente aquele que recorre diariamente ao transporte coletivo para se deslocar para o trabalho, para a escola, para as atividades do dia-a-dia.

Além da Frente Parlamentar, constituída por Deputados e Senadores, estará atuando a favor da sociedade o Movimento de Defesa do Transporte, entidade civil composta por um conjunto de entidades e instituições: Associação Nacional de

Transportes Públicos (ANTP), Associação Nacional das Empresas de Transportes

Urbanos (ANTU), Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER),

Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô de São Paulo (AEAMESP),

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes (CNTT/CUT), Fórum

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Nacional dos Secretários de Transporte Urbano e Trânsito, Fórum Nacional da

Reforma Urbana (FNRU), Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e

Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), e Companhia do

Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP).

Parabenizo o ilustre Deputado Jackson Barreto pela escolha como

Coordenador da Frente Parlamentar do Transporte Público. Desde já, coloco-me inteiramente à disposição dos nobres colegas que iniciam essa empreitada a favor de um transporte público de qualidade. A idéia da Frente, como bem explicou o

Deputado Jackson Barreto, é discutir e estudar formas para possibilitar o acesso ao transporte de milhões de brasileiros que têm seu direito constitucional de ir e vir prejudicado por falta de condições econômicas para arcar com as tarifas.

Por fim, manifesto integral apoio ao primeiro documento apresentado pela

Frente, que propõe a redução das tarifas em até 50%.

Sr. Presidente, agradeço a V.Exa. a atenção e o espírito democrático com os quais conduz esta sessão.

Era o que tinha a dizer.

707 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (José Ivo Sartori) - Concedo a palavra ao Deputado

Josué Bengtson, do PTB do Pará. S.Exa. dispõe de 25 minutos.

O SR. JOSUÉ BENGTSON (PTB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trouxe a esta tribuna pronunciamento elaborado por minha assessoria, em cuja leitura gastaria praticamente todo o tempo de que disponho neste Grande Expediente. O tema é o turismo no Brasil, especialmente no

Estado do Pará. Ater-me-ei, entretanto, à homenagem póstuma — e sei que alguns companheiros também gostarão de fazê-lo — ao nosso eterno Presidente do PTB,

Deputado José Carlos Martinez, que no último sábado, de maneira trágica, perdeu a vida.

Sr. Presidente, esta Casa perdeu um grande Parlamentar, o Brasil perdeu um grande brasileiro, e nós, do PTB, perdemos um grande amigo, que realizou tremenda transformação no partido.

O PTB teve 2 grandes momentos: o de Getúlio Vargas, com toda a sua tradição e história; e o da renovação, promovida nos últimos 5 anos pelo nosso

Presidente José Carlos Martinez, que soube arregimentar e unir os companheiros, fazendo do partido não apenas uma bancada, mas uma verdadeira família. Os 55

Parlamentares se reuniam a cada semana em sua casa para conversar a respeito do partido.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Lincoln Portela.

O Sr. Lincoln Portela - Deputado Josué Bengtson, parabenizo V.Exa. pelo pronunciamento e por honrar as fileiras do PTB. Na condição de Vice-Líder do PL, lamento a perda irreparável do Deputado José Carlos Martinez. Na quarta-feira passada, S.Exa. estava profundamente entristecido nesta Casa. Eu me aproximei

708 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 dele e perguntei a razão daquele entristecimento. S.Exa. respondeu: “Perdi um amigo no Paraná, um ex-Suplente de Senador”. E hoje, aqui, lamentamos a morte desse grande líder do Partido Trabalhista Brasileiro e do Brasil. Espero que o PTB continue a se espelhar na dedicação, no carinho e na competência de José Carlos

Martinez, em busca de um Brasil melhor. Parabéns pelo pronunciamento e pela lembrança, nobre Deputado.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Agradeço ao nobre Deputado Lincoln Portela o aparte, que incorporo ao meu pronunciamento.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Carlos Dunga.

O Sr. Carlos Dunga - Nobre Deputado Josué Bengtson, cumprimento V.Exa. e agradeço pelo aparte que me concede. Cumprimento também o nosso Presidente, ilustre Deputado José Ivo Sartori, pela condução desta sessão vespertina.

Associo-me ao pronunciamento de V.Exa., Deputado Josué Bengtson, de homenagem póstuma a um grande líder, a um homem que conduziu o nosso partido com tanto afinco, não só no seu Estado, mas também nos demais Estados brasileiros. Hoje o PTB da Paraíba está de luto, como estão de luto todos os companheiros do País.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Agradeço ao nobre Deputado Carlos Dunga o aparte, que também incorporo ao meu pronunciamento.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Zé Geraldo.

O Sr. Zé Geraldo - Deputado Josué Bengtson, agradeço a V.Exa. o aparte e elogio a iniciativa de fazer esta homenagem póstuma ao nosso querido colega.

Parece que o Plenário sente a ausência do Deputado José Carlos Martinez. Neste ano já perdemos 2 valorosos companheiros: José Carlos Martinez, em trágico

709 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 acidente aéreo no último final de semana, e a jovem Francisca Trindade, do Partido dos Trabalhadores. Resta-nos apenas fazer uma reflexão: nós, Parlamentares, vivemos numa correria tão grande, dentro e fora do plenário, e não percebemos que a qualquer momento podemos perder a vida. O seu partido perde grande liderança, alguém que estava sempre à frente das negociações do PTB. Deputado Josué

Bengtson, também queria fazer pequeno comentário em relação ao turismo, tema original do seu pronunciamento. O Pará precisa de muita infra-estrutura para crescer nessa área. E a bancada paraense tenta formar se unir, a fim de captar recursos para o Estado nos próximos anos e, assim, realizá-las as obras estruturais, para que turistas brasileiros e estrangeiros possam conhecer tudo o que há de bom e de bonito no Estado. Temos os rios mais lindos do mundo, como o Xingu, o Tapajós, o

Amazonas e o Araguaia; temos lindas florestas e uma cultura popular muito rica.

Mas as pessoas deixam de visitar o Estado do Pará e a Região Norte devido à dificuldade da infra-estrutura, que já é desenvolvida nas Regiões Sul e Sudeste.

Parabenizo V.Exa. por trazer este assunto ao plenário, Deputado.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Deputado Zé Geraldo, agradeço a V.Exa. o aparte, que incorporo ao meu pronunciamento.

Ouço, com prazer, o grande companheiro de Minas Gerais, Deputado José

Militão.

O Sr. José Militão - Sr. Presidente, prezado companheiro de partido,

Deputado Josué Bengtson, esta hora em que nos referimos ao Presidente José

Carlos Martinez é bastante triste para nós do PTB. Como bem disse V.Exa., os petebistas, sob o comando do nobre Deputado, formavam uma grande família. O nosso desejo, daqui para frente, sob a liderança do companheiro Roberto Jefferson,

710 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

é fazer com que a alma de José Carlos Martinez permaneça entre nós, que mantenhamos unida essa família e que o PTB tenha sempre como símbolo o nosso querido companheiro.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Agradeço ao ilustre Deputado José Militão o aparte, que incorporo ao meu pronunciamento.

Ouço, com prazer, o Deputado Daniel Almeida.

O Sr. Daniel Almeida - Deputado Josué Bengtson, em nome do PCdoB e em meu nome, manifesto nosso sentimento de pesar e nossa solidariedade aos familiares, ao povo do Paraná e a todos os petebistas que sofrem, assim como esta

Casa e o Brasil, a perda do honroso Parlamentar José Carlos Martinez. Podíamos até ter divergências no debate político. José Carlos Martinez era um Deputado correto que procurava marcar sua presença na Câmara dos Deputados. S.Exa. era um dos Parlamentares mais destacados nas grandes articulações, presente em todos os debates em plenário. Fazia parte da base de sustentação do Governo Lula, o Governo das mudanças. Portanto, nobre Deputado Josué Bengtson, manifesto nosso pesar pela morte desse importante homem público. A vida parlamentar, tão atribulada e difícil, distancia-nos dos nossos familiares e nos apresenta percalços. O destino prepara esse tipo de surpresa, sempre nos pega despreparados, mas a batalha continua. A luta de José Carlos Martinez, do PTB e do Governo Lula continuam, pois temos de promover as transformações que todos desejam.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Deputado Daniel Almeida, agradeço a V.Exa. o aparte, que será incorporado ao meu pronunciamento.

Ouço, com alegria, o companheiro Deputado Ricardo Izar.

711 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O Sr. Ricardo Izar - Meu caro Josué Bengtson, em primeiro lugar cumprimento V.Exa. pela feliz iniciativa. Não poderia, de forma alguma, deixar de externar o meu sentimento. Estivemos em Curitiba e sentimos de perto que a morte de Martinez foi um verdadeiro desastre para a vida pública nacional, para o nosso partido, para sua família e seus amigos. Com a morte de José Carlos Martinez, sentimos que perdemos um verdadeiro irmão, que trabalhava diuturnamente no

Congresso Nacional. Ontem, nas últimas homenagens, um dos Deputados presentes, José Múcio Monteiro, disse algo interessante: “Com José Carlos

Martinez, tínhamos a impressão de que éramos seu melhor amigo, seu melhor companheiro”. Isso era válido para toda a bancada e para a grande maioria da

Câmara dos Deputados. José Carlos Martinez foi um homem brilhante e trabalhador.

E muito realizou pelo nosso partido. Começamos aqui com 26 Deputados e hoje somos 55, graças ao seu trabalho. Dizia S.Exa.: “Não queremos quantidade e, sim, qualidade”. Foi o que ocorreu. Estamos de luto, muito tristes e chocados ainda.

Vamos perder muito com a ausência de José Carlos Martinez.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Agradeço a V.Exa., Deputado Ricardo Izar, o aparte, que fará parte do nosso pronunciamento.

Ouço, com muita alegria, a Deputada Luiza Erundina.

A Sra. Luiza Erundina - Nobre Deputado Josué Bengtson, associo-me também, em nome do Partido Socialista Brasileiro, à homenagem póstuma que

V.Exa. presta ao colega José Carlos Martinez, que, lamentavelmente, de forma trágica, foi retirado do nosso meio, da Casa do povo. Sem dúvida alguma, a morte de Martinez constrange a todos. Aproveito este momento para enviar à Direção do

PTB, aos seus militantes e aos familiares do nobre Deputado José Carlos Martinez a

712 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 solidariedade do Partido Socialista Brasileiro e de todos nós que convivemos com

S.Exa., no meu caso desde a Legislatura anterior, outros há mais tempo, porque

S.Exa. estava no quarto mandato. Independentemente das divergências ideológicas ou partidárias, a convivência com S.Exa. era das mais agradáveis, de mútuo respeito e de permanente colaboração. Tive oportunidade de conviver com o

Parlamentar na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, que hoje também prestou a sua homenagem póstuma ao nobre colega de trabalho falecido. Todos estamos muito consternados e assumimos a nossa parte naquilo que dependerá de cada um para continuar sua luta em defesa dos interesses do

País. Fica a nossa homenagem à memória do Parlamentar que nos deixa de forma trágica e o nosso apreço aos petebistas e aos familiares que nos deixa de forma trágica.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Nobre Deputada Luiza Erundina, agradeço a

V.Exa. o aparte.

Nobres Parlamentares, a assessoria da Mesa fez uma lista dos Deputados que solicitarão aparte ao meu discurso. Ouço agora, com prazer, o nobre Deputado

Heleno Silva.

O Sr. Heleno Silva - Nobre Deputado Josué Bengtson, fiz parte da família do

PTB, em 1998, quando fui eleito Deputado Estadual pelo pequeno Estado de

Sergipe. Sempre admiramos o trabalho e a postura do Deputado José Carlos

Martinez. Por divergências políticas locais, tive de sair do partido e hoje estou no PL, que me tem dado apoio naquele Estado. Quero me somar ao sentimento de solidariedade manifestado pelos colegas que me antecederam na tribuna à bancada do PTB, aos familiares de José Carlos Martinez e ao povo brasileiro, especialmente

713 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 do Paraná. Fomos surpreendidos com a notícia da morte desse grande homem público.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Ouço, com prazer, o Deputado Max

Rosenmann.

O Sr. Max Rosenmann - Deputado Josué Bengtson, quero dar o testemunho do sentimento de perda que tomou conta da gente do Paraná com o falecimento do jovem, empreendedor, valente e otimista Deputado José Carlos Martinez, que dirigia o PTB com o mesmo entusiasmo com que dirigiu todos os seus empreendimentos.

Imaginem que, aos 20 e poucos anos, já dirigia emissoras de televisão e outros empreendimentos. Seu pai, Oscar Martinez, ensinou-lhe a típica característica do bandeirante, do desbravador. Na verdade, Martinez era exemplo de conduta. Foi meu colega Constituinte. Tive o prazer de desfrutar de sua amizade e da convivência com sua família. Minha esposa é amiga da sua esposa, D. Maria Beatriz

Ferreira Martinez. Dois dos seus 4 filhos — Oscar, Mônica, Rodrigo e Priscila — estudaram com meus filhos. Deputado Josué Bengtson, o Paraná realmente está entristecido porque perdeu figura humana que trazia progresso. Há Deputados especialistas em acusação, são bons promotores, fazem parte da democracia; outros são construtores. Martinez era o típico Deputado construtor, pois queria o

Brasil grandioso e justo. V.Exa., Deputado Josué Bengtson, que tanto admiro, que tão bem representa o Estado do Pará, sabe que o País perdeu muito.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Agradeço a V.Exa., Deputado Max Rosenmann, o aparte.

Vejo que vários Deputados querem se pronunciar. Concederei um minuto a cada um. Ouço agora, com prazer, o Deputado João Correia.

714 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O Sr. João Correia - Deputado Josué Bengtson, em nome do PMDB, manifesto nosso pesar à família do Deputado José Carlos Martinez, bem como à família petebista, que perdeu seu comandante. Além do Deputado José Carlos

Martinez, tivemos também a infelicidade de perder nesta Legislatura a Deputada

Francisca Trindade, do PT do Piauí, e os Deputados Sérgio Carvalho, do PSDB de

Rondônia, e Moisés Lipnik, do PL de Roraima. Entristece a alta taxa de mortalidade entre Parlamentares da Câmara dos Deputados.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Agradeço a V.Exa. o aparte.

Ouço o Deputado Corauci Sobrinho, do PFL de São Paulo.

O Sr. Corauci Sobrinho - Deputado Josué Bengtson, associo-me a V.Exa. e aos demais Deputados em suas manifestações de pesar pela morte do Deputado

José Carlos Martinez. Hoje pela manhã, na qualidade de Presidente da Comissão de

Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, da qual era membro o Deputado

José Carlos Martinez, promovi sessão de homenagem à memória do colega falecido. Falo agora em nome do PFL de São Paulo e da Comissão. O passamento prematuro do Deputado José Carlos Martinez abre impreenchível lacuna. Ninguém chega por acaso à Presidência Nacional do PTB, que tem indiscutíveis méritos, pois leva adiante os ideais de Getúlio Vargas, Alberto Pasqualini, Ivete Vargas e tantos outros. Natural de São Paulo, Martinez levou para o Paraná seu dinamismo e seu espírito bandeirante, como lembrou o Deputado Max Rosenmann. Sua partida prematura nos enche de tristeza e saudade. Externo a V.Exa., à família do Deputado

Martinez e ao Estado do Paraná a nossa tristeza, a nossa saudade e a certeza de que o PTB e os demais partidos, que têm sempre um núcleo trabalhista, levarão

715 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 adiante as idéias de S.Exa., que estão no nosso coração e no nosso dia-a-dia.

Obrigado, Deputado.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Agradeço a V.Exa., prezado Deputado Corauci

Sobrinho, o aparte.

Ouço, com prazer, o nosso querido Deputado Antonio Cruz, de Mato Grosso do Sul.

O Sr. Antonio Cruz - Deputado Josué Bengtson, também lamentamos a perda do nosso companheiro, Presidente Nacional do PTB, José Carlos Martinez.

Depois de 10 anos em outra legenda, em dezembro passado retornei ao PTB, o que foi fruto do trabalho do meu irmão e colega Silas Câmara, aqui presente, e do

Deputado José Carlos Martinez. Em seguida, também em conseqüência do trabalho do Deputado Martinez e do Líder Roberto Jefferson, fui designado para a presidência do PTB no meu Estado, Mato Grosso do Sul, que tem encontrado progresso e desenvolvimento jamais vistos. Então, manifesto minhas condolências à família do saudoso José Carlos Martinez e a esta Casa pela irreparável perda.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Ouço, com prazer, o Deputado Philemon

Rodrigues.

O Sr. Philemon Rodrigues - Sr. Deputado Josué Bengtson, associo-me à manifestação de todos os Parlamentares que me antecederam, de homenagem póstuma ao companheiro Presidente do PTB, José Carlos Martinez, que não foi apenas colega de Parlamento, mas também amigo e companheiro sincero e leal, que sabia dizer “não” sem provocar constrangimento nos colegas. Foi irreparável perda não só para o PTB, mas também para o Parlamento. Em nome dos funcionários e da assessoria do PTB, aqui presente, expresso à família do

716 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 inesquecível Martinez nossas condolências. O Parlamento e o partido perdem com sua ausência, mas aqui fica registrada a história da sua competência como

Parlamentar e como Presidente do partido.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Com a permissão do Presidente, vou ouvir os

Deputados Silas Câmara e Beto Albuquerque.

O Sr. Silas Câmara - Deputado Josué Bengtson, estava em meu gabinete quando ouvi o início da sua fala sobre o triste episódio que marcou a vida da Nação brasileira. Não pude deixar de vir até o plenário para também registrar os meus sentimentos, a minha dor de amigo, de companheiro e filiado ao PTB, pelo falecimento de José Carlos Martinez. Estive em Curitiba com V.Exa. durante 4 dias, acompanhando o dramático resgate dos corpos. Pude testemunhar a mobilização de todos os Deputados do PTB, a verdadeira correria ao Estado do Paraná para se solidarizarem com a família e abraçarem os que sofrem com a perda do amigo, do meu irmão José Carlos Martinez. A Câmara dos Deputados ficou mais triste, perdeu o sorriso de Martinez, perdeu o entusiasmo do homem sonhador que tinha como meta principal um Brasil melhor. Ficam registrados, em nome da família PTB, da

Liderança do partido, do Líder, Deputado Roberto Jefferson, nossa saudade e o compromisso de continuar a jornada empreendida por José Carlos Martinez para fazer um grande partido para os brasileiros e para todos que dele participam.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Ouço, com alegria, o Deputado Beto

Albuquerque.

O Sr. Beto Albuquerque - Deputado Josué Bengtson, ilustre Deputado José

Ivo Sartori, que no momento preside os trabalhos da Casa, em nome da Liderança do Governo, quero dizer que o Governo está triste, assim como toda a Casa, em

717 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 virtude do trágico passamento do grande líder político e Presidente de um dos partidos mais importantes da base aliada no Congresso Nacional, o Partido

Trabalhista Brasileiro. Queremos, em nome da Liderança do Governo, primeiramente nos solidarizar com a família do Deputado Martinez na dor que sente neste momento, e com o povo do Paraná, que indiscutivelmente dependia da fantástica capacidade de organização, de liderança e da enorme visão política e empresarial de José Carlos Martinez. Solidarizamo-nos com o PTB, que perde seu maestro, seu Presidente, ao tempo em que cumprimentamos o Deputado Josué

Bengtson, que enaltece o grande homem público que prematuramente nos deixa.

Ficamos com seus exemplos de dedicação e empenho para construir a unidade do

Governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional, no sentido de concluirmos a apreciação das propostas do Governo. Aos integrantes do Partido Trabalhista

Brasileiro nosso carinho e nossa solidariedade neste momento de dor.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Sr. Presidente, agradeço a tolerância de V.Exa., que me permitiu ouvir todos os companheiros.

O SR. PRESIDENTE (José Ivo Sartori) - Deputado Josué Bengtson, o pronunciamento de V.Exa. é oportuno e a ele se associa a Mesa Diretora da Casa. A

Câmara dos Deputados sofre com a lamentável perda. Para encerrar seu pronunciamento, concedo a V.Exa. mais um minuto e meio.

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Sr. Presidente, agradeço a V.Exa.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como é efêmera a vida. Na quarta-feira passada, à tarde, o Deputado Martinez anunciou o falecimento do

Senador José Carlos Gomes de Carvalho, o Carvalhinho. Comentei com S.Exa. que para morrer bastava estar vivo.

718 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Há um versículo da Bíblia que diz: “Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus”. Minha conversa com o nobre Deputado ocorreu na quarta-feira à tarde. Quem poderia imaginar que, em tão curto período de tempo, já no sábado de manhã, S.Exa. faleceria?

Feliz é aquele que vive bem e usufrui da vida em toda a sua potencialidade.

Mas também feliz é aquele que, além de se preparar para viver, prepara-se para o encontro com Deus. De todas as certezas que temos, a mais certa é a de que um dia todos passaremos por isso.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, passo agora a abordar o tema original do meu pronunciamento.

Dentre todas as honrosas missões que nos foram cominadas nesta Casa, seguramente nenhuma superará, em termos de satisfação pessoal, a Presidência da

Comissão de Turismo e Desporto. A criação deste que é o mais novo dos

Colegiados Permanentes da Câmara dos Deputados reflete a prioridade que se confere, de forma institucional, às matérias atinentes aos importantes ramos da atividade humana. Essa atenção crescente para com a indústria turística não decorre de modismo passageiro, mas é reflexo direto do vulto deste setor que movimenta recursos e cria postos de trabalho em dimensões muito superiores às de tradicionais ramos da economia, como o eletroeletrônico e o automobilístico. O

Brasil tem muito a ganhar com esses novos rumos.

Deve-se lembrar, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, que o turismo apresenta singular capacidade de gerar empregos a curto prazo e de baixo custo, especialmente para o contingente de mão-de-obra pouco ou não qualificada.

Ademais, trata-se de setor no qual o País detém excepcionais vantagens

719 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 comparativas, em virtude da beleza de nossos recursos naturais. O Brasil é lugar

único por sua riqueza natural, cultural, econômica e histórica. Essa diversidade transforma nosso País em pólo de atração potencial que precisa ser desenvolvida a passos largos. Dispomos de condições especiais para cativar os visitantes. Nossas praias, florestas, montanhas, rios, folclore, culinária diferenciada em cada região do

País, nossos parques nacionais, cidades históricas, sobretudo o coração aberto e generoso do brasileiro para acolher o turista, o sorriso franco e aberto de um povo tropical que sabe cantar as belezas de sua terra, tudo contribui para o encantamento de quem chega.

A miscigenação racial que permite ao Brasil ter todos os tipos físicos representados no rosto de seu povo é mostra de convivência pacífica e feliz, onde todos os povos se encontram. Fato a ser observado com muito cuidado é que os pontos de maior interesse turístico do Brasil se localizam em regiões mais pobres que, uma vez visitadas por turistas do próprio País ou do exterior, vêm sua renda aumentar. Caso típico é o que acontece com a Amazônia e todo o Norte brasileiro, sempre relegado a plano secundário em flagrante contraste com o Sul do País. A distância dos centros de decisão política e econômica, a imensidão amazônica, a quase impossibilidade de transporte e de comunicações no interior da floresta, a baixa densidade populacional foram fatores que contribuíram para o isolamento da região. No entanto, nobres colegas, esses mesmos fatores antes desfavoráveis para o progresso regional agora são elementos preciosos de sua redenção pelo turismo.

O ecoturismo é a grande mola propulsora que hoje leva milhares de brasileiros e estrangeiros ao interior de nosso País, hospedando-se em confortáveis hotéis, navegando pelos rios imensos em navios de luxo, deixando, assim, parcela

720 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 preciosa do dinheiro na região. Hoje é inegável: o turismo, essa indústria sem chaminé, tem valor inestimável pelos recursos gerados com a circulação dos turistas e seus gastos em restaurantes, bares, áreas de diversão e entretenimento. O benefício se mostra claramente no comércio local, forçado a crescer e a se modificar para atender às exigências dos visitantes.

Cabe aqui nosso aplauso ao Ministro do Turismo, Dr. Walfrido dos Mares

Guia, por apresentar sua mensagem, oferecendo as diretrizes, metas e programas para o período 2003/2007. Disposto a enfrentar o desafio que tem pela frente, o ilustre Ministro salienta que o alcance de metas tão ambiciosas somente será possível por meio de esforço conjunto entre agentes públicos e privados, solidificando estrutura integrada e duradoura, uma política baseada na força das parcerias e na gestão descentralizada. O objetivo é aumentar para 9 milhões o número de turistas estrangeiros no Brasil.

É forçoso notar que, após 7 anos de crescimento contínuo, o número de turistas estrangeiros caiu consideravelmente nos 2 últimos anos. Vários fatores concorreram para que tivéssemos apenas 3,8 milhões de turistas visitando nosso

País em 2002. Evidentemente, elementos externos influem no desenvolvimento dessa indústria tão flutuante quanto os interesses dos personagens envolvidos. Os atentados de 11 de setembro de 2001, o baixo crescimento do Brasil, até mesmo a crise da Argentina desestimularam a chegada de turistas, temerosos da violência e da crise política. Essa diminuição de estrangeiros trouxe nos últimos 2 anos uma curva de decréscimo na receita cambial realmente lamentável. Hoje, a situação tende a ser outra para o Brasil. O País cresce; o atentado terrorista de 11 de setembro não se repetiu, graças a Deus; já temos produto de qualidade para

721 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 oferecer; os eventos nacionais e internacionais se sucedem; as grandes programações públicas, bem ao gosto popular, são chamativos para quem deseja apenas descansar e conhecer novas terras.

A meta é conseguirmos 9 milhões de visitantes estrangeiros em 2007.

Embora pareça muito elevado esse número, não é impossível. Atingir a meta proposta vai depender não só do aumento do fluxo de turistas, mas de outras variáveis, como o tempo de permanência e o aumento do gasto médio per capita do turista. Então, entram em cena fatores ponderáveis: a movimentação dos aeroportos

é dado que merece consideração. O destino de milhares de brasileiros que antes iam passar férias no exterior hoje se volta para as diferentes opções dentro do País, face aos problemas cambiais. A melhoria dos aeroportos, a facilitação dos vôos regionais, a capacitação profissional e o fortalecimento do mercado interno merecem atenção especial, ao lado dos turistas rodoviários que se deslocam dentro do País, rumo a férias nas nossas maravilhosas estâncias balneárias, planaltos, cachoeiras, rios piscosos, corredeiras e eventos do folclore local.

O Ministério do Turismo inclui, entre seus alvos, o desenvolvimento do turismo com base nas sustentabilidade, estimulando a integração e a ampliação da oferta de produtos regionais, contemplando, assim, a pluralidade e visando à diminuição das desigualdades regionais. De acordo com os últimos números divulgados pela Organização Mundial do Turismo (OMT) e pela EMBRATUR, o

Brasil se localiza em 34º lugar como País acolhedor de turistas estrangeiros, posição muito aquém de nosso potencial e que, infelizmente, enfatiza a queda iniciada em

2001 a que já nos referimos. No ano de 2000 foram 5,3 milhões de visitantes; em

2001 foram 600 mil a menos, totalizando 4,7 milhões; e no ano de 2002, apenas 3,8

722 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 milhões. Estamos atrás de Polônia, Bélgica, Holanda, Irlanda, Tunísia e

Checoslováquia.

O faturamento caiu na mesma proporção. Estamos faturando menos do que

Coréia do Sul (US$ 6,3 bilhões), Indonésia (US$ 5,4 bilhões) ou Malásia (US$ 4,9 bilhões). Agora mesmo, com a realização dos Jogos Pan-Americanos em Santo

Domingo, tivemos a dura revelação de que faturamos menos do que o país da

América Central. Considerando nosso potencial, podemos ver quanto temos a caminhar na maravilhosa estrada do turismo e o conseqüente impacto econômico para o País. Numa meta-desafio podemos esperar 4,4 milhões de turistas estrangeiros para 2003, trazendo receita de US$ 3,6 bilhões, o que deve ser aumentado para 9 milhões até 2007, gerando receita de US$ 8,5 bilhões.

Para que isso aconteça, medidas urgentes devem ser tomadas. Uma delas — e quero me deter nesse aspecto — é proclamar aos 4 ventos as maravilhas com que a natureza dotou nosso País. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, reunimos condições para nos transformar no maior pólo turístico do mundo. Nossa imensa Amazônia, com seus imensos atrativos, seus mistérios e pouco conhecidos segredos, a exuberância da floresta, a generosa acolhida do morador, o desenvolvimento hoje bem programado do ecoturismo propiciam oportunidade de agigantarmos o setor.

Quero tomar o Pará como porta de entrada. Nosso querido Pará é a síntese viva das potencialidades de uma terra nascida para o turismo e do profissionalismo com que encara a indústria turística nos dias de hoje. O Governo do Pará dedicou-se à formulação de uma política de turismo digna do nome, selecionando os

Municípios de maior interesse e definindo 5 pólos turísticos, cada um com atrativos próprios.

723 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O primeiro deles, Sr. Presidente, é o de Belém/Costa Atlântica. Nossa bela

Capital congrega em um mesmo local a modernidade e o passado, a história e o futuro. Vultosos investimentos em infra-estrutura e em recuperação de sítios de interesse turístico repuseram a Cidade das Mangueiras, como é carinhosamente conhecida, no circuito do turismo brasileiro. Citemos, brevemente, o Complexo

Estação das Docas, às margens da Baía de Guajará, conjunto de equipamentos de lazer e serviços localizado na área de antigos armazéns portuários. Ou, então, o

Projeto Feliz Luzitânia, integrado pela Igreja de Santo Alexandre, do século XVII, e pelo Museu de Arte Sacra, principal referência da arquitetura jesuítica, com um acervo de mais de 500 peças. Não nos esqueçamos ainda do Parque da

Residência, antiga casa dos Governadores do Estado do início do século que abriga teatro, orquidário e área de lazer. Registre-se, ademais, a reforma do Aeroporto de

Val-de-Cães, que o transformou em um dos mais modernos do País, com área construída de 16 mil metros quadrados. Quando concluída, a obra permitirá o atendimento de fluxo da ordem de 3 milhões de passageiros por ano.

Por seu turno, Sras. e Srs. Deputados, a Costa Atlântica oferece ao visitante belas praias, como Salinas, Marudá, Algodoal e Ajuruteua, rios e igarapés. Além das belezas naturais, as ricas manifestações culturais da região representam atrativos incomparáveis para os turistas brasileiros e estrangeiros. O carimbó em Marapanim, a Marujada em Bragança e o Boi Tinga em São Caetano de Odivelas são a demonstração viva da alegria e da criatividade que só se encontram em terras paraenses. O carimbó, conhecido por estudiosos em folclore como a única dança brasileira, representa a miscigenação dos povos que formaram a sociedade

724 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 brasileira: o batuque africano, os instrumentos indígenas e a coluna curvada com que dança esse povo, e o estalar de dedos dos portugueses.

Já o pólo turístico do Tapajós, Sr. Presidente, abriga o encontro das águas deste rio com as do Amazonas, que correm separadas, verdes e barrentas, ao longo de muitos quilômetros. A região oferece ao turista lindas praias fluviais, cachoeiras, florestas, formações rochosas e ótimas condições para a prática da pesca esportiva.

O Rio São Benedito, da Bacia Tapajós e Teles Pires, forma um complexo muito propício para várias espécies de peixes encontrados na região. Em estado virgem, é considerado um dos rios mais preservados do Brasil, onde apenas a pesca esportiva

é praticada e o Pega-e-Solta é uma lei na região. Nos pontos mais profundos do rio, podem-se fazer pescarias de peixes de couro gigantes, como a piraíba, o jaú e a pirara. Todos podem ultrapassar 50 quilos; alguns deles, como a piraíba, podem chegar a 150 quilos. Além de peixes, o Rio São Benedito é pródigo em vida selvagem. Em suas margens podem ser observados jacarés, capivaras, antas, veados e onças, além de uma infinidade de pássaros como araras, tucanos e ciganos.

A Festa do Çairé, a maior expressão folclórica do Médio Amazonas, tem lugar em Alter-do-Chão, distrito de Santarém. Quem já foi a Alter-do-Chão, na Festa do

Çairé, provavelmente um símbolo do respeito dos indígenas pelos portugueses colonizadores — era para homenageá-los —, sai de lá com enorme dúvida: não sabe dizer o que é mais surpreendente e mais bonito: se o próprio local e suas praias paradisíacas, muito apropriadamente chamadas de “Caribe de água doce”, ou a festividade nascida entre os índios boraris, nos tempos do Brasil Colônia. A Festa do Çairé é diferente de tudo quanto já se viu. Nela se conhece e se participa de mais

725 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 de uma dezena de manifestações folclóricas, especialmente dança e música, a cargo de moradores do próprio local: camelu, desfeiteira, lundu, valsa da ponta do lenço, marambiré, quadrilha, cruzador tupi, macucauá, cecuiara e muitas outras.

Todos os anos, os rapazes do vilarejo de Alter-do-Chão, em Santarém, no Pará, ficam ameaçados de perder suas namoradas. O perigo ronda o lugar quando o boto está à solta. Segundo a lenda, o animal sai das águas do Rio Amazonas, sempre à noite, encarna o caboclo sedutor, que chega de mansinho nas vilas ao longo do rio e faz o coração das jovens moças balançarem de paixão. Para a sorte dos rapazes, a história do boto é apenas uma encenação das muitas que são feitas para celebrar a

Santíssima Trindade.

Por sua vez, o pólo turístico do Araguaia/Tocantins, no sul do Estado, apresenta a inusitada combinação de rios, florestas, fauna e riquezas minerais. No lago da Hidrelétrica de Tucuruí, quarta maior do mundo, realiza-se o Torneio de

Pesca Esportiva da Amazônia, específico para a pesca do tucunaré, lançando o ecoturismo de pesca sustentável no Município de Tucuruí e no Estado do Pará. A disputa acontece no grande lago da represa de Tucuruí, onde a conservação da natureza é o ponto principal, sendo os peixes capturados, pesados e devolvidos ao seu hábitat. Cerca de 300 espécies já foram identificadas na bacia. O Rio Araguaia, entre Aruanã e Luiz Alves, recebe anualmente cerca de 18 mil pescadores amadores. As principais espécies capturadas pela pesca amadora são pacu- caranha, matrinxã, pirarucu, piau-cabeça-gorda, piau-flamengo, pacu-manteiga, pacu-prata, sardinha, corvina, traíra, entre os peixes de escama; e filhote, cachara, barbado, pirarara, jaú, mandubé ou fidalgo, surubim-chicote, bico-de-pato, mandi, entre os peixes de couro.

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O quarto pólo turístico é o de Marajó. Parece incrível, mas esse arquipélago reúne 15 Municípios e é maior do que muitos países europeus. Neste ambiente

único, o viajante pode conhecer um dos mais importantes santuários ecológicos do planeta, com paisagens exuberantes, fauna variada e o espetáculo da pororoca.

Esta ilha do Pará, maior do que os Estados do Rio de Janeiro, de Alagoas e de

Sergipe, é uma mistura de ilha fluvial e ilha oceânica, pois ao norte é banhada pelo

Atlântico. A Ilha de Marajó guarda muitas belezas e curiosidades. Sua população de búfalos é maior do que o número de habitantes, e a carne do animal é um dos pratos típicos locais. Outro animal abundantemente encontrado é o pássaro guará, todo vermelho. Ele voa em bando e pousa nas lagoas encontradas na ilha. A registrar ainda o artesanato marajoara, de beleza reconhecida em todo o mundo, e as delícias da culinária local.

Por fim, o pólo turístico do Xingu abriga a cidade de Altamira, com sua rica tradição histórica, e tem nesse rio e em vários de seus afluentes um dos principais corredores de pesca esportiva do País.

Diante do panorama de um país tão propício ao turismo como o nosso Brasil, do qual fizemos referência apenas ao Estado do Pará, já que o tempo não nos permite delongas, faz-se necessário considerar que o desenvolvimento do setor depende intensamente de informações, de programa contínuo de pesquisas, não só de oferta, mas também de demanda. É necessário um sistema que avalie o impacto da atividade na economia, criando condições para o fortalecimento do setor junto à sociedade. É fundamental o incentivo às agências de recepção nacional, por gerar desenvolvimento e emprego em várias áreas do setor: hotelaria, restaurantes, equipamentos turísticos, artesanato, infra-estrutura cultural e turismo ecológico.

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Um aspecto que ainda não tem merecido o devido cuidado é o incentivo ao turismo social como direito à plena cidadania, possibilitando ao trabalhador conhecer a diversidade cultural e a potencialidade turística do Brasil. Mesmo a classe menos provida de recursos, se incentivada, poderá se dirigir em grupos familiares ou de excursão aos mais variados pontos turísticos próximos de suas cidades, de modo a não ter despesas descabidas e, no entanto, facilitando a circulação de recursos. É o

“turismo formiguinha”, próximo de casa, que levanta o pequeno comércio e estimula o artesanato.

Enfim, senhoras e senhores, esse é apenas um aspecto de nosso imenso

Brasil, País abençoado por Deus, como sempre faço questão de repetir: sem guerras, nem terremotos, nem maremotos, nem erupções vulcânicas, mas cheio de graça, habitado por um povo feliz, que pode trazer e levar alegria aos corações.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que determine a divulgação deste meu pronunciamento nos meios de comunicação da Casa e no programa A Voz do Brasil.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Josué Bengtson, o Sr.

José Ivo Sartori, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.

Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente.

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O SR. MAX ROSENMANN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem a palavra V.Exa.

O SR. MAX ROSENMANN (PMDB-PR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna hoje para registrar nossa profunda tristeza pelo trágico acidente de avião que vitimou, no

último final de semana, o Presidente Nacional do PTB, Deputado Federal José

Carlos Martinez.

Mais do que a importância indiscutível para os paranaenses da liderança política que Martinez exercia no cenário nacional, esse acontecimento nos abalou pessoalmente por conta da grande amizade que minha família sempre manteve ao longo dos anos com a família do Deputado.

Amizade construída com base na admiração pelo espírito de liderança e de solidariedade para com os oprimidos exercida na trajetória de José Carlos Martinez, muito por influência de seu pai, Oscar Martinez.

Nascido em São Paulo em 23 de maio de 1948, filho de Oscar Martinez e

Joanice de Castro Martinez, o Deputado José Carlos Martinez tinha alma paranaense, pois foi no Paraná que construiu sua vitoriosa história pessoal, política e profissional.

Sua ligação com o Paraná veio por meio do pai, Oscar, proprietário de terras na região de Assis Chateaubriand, oeste do Estado.

Formado em Administração de Empresas, entrou para o ramo das comunicações quando comprou, em 1975, a TV Paraná, canal 6, emissora remanescente do grupo Diários Associados.

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Na década de 80, comprou a TV Tropical, de Londrina, e a TV Corcovado, do

Rio de Janeiro, com o objetivo de formar aquela que seria a primeira rede nacional de televisão com sede fora do eixo Rio—São Paulo.

A rede foi formalizada no fim da década de 80, com o nome de rede OM

(Organizações Martinez), sendo rebatizada mais tarde de CNT, com base em

Curitiba.

Sua trajetória política começou em 1982, quando disputou mandato de

Deputado Federal. Reelegeu-se em 1987 para a Câmara de Deputados filiado ao

PMDB, pelo qual participou ativamente da Assembléia Nacional Constituinte.

Ainda no segundo mandato, filiou-se ao PRN, partido do ex-Presidente

Fernando Collor de Mello, de quem foi aliado durante a campanha presidencial de

1989.

Em 1990, ainda aliado a Collor, disputou o Governo do Paraná. Foi o candidato mais votado no primeiro turno, passando para a disputa final com Roberto

Requião, que acabou vencendo e se tornando Governador pela primeira vez.

A derrota não abateu Martinez, que se filiou ao PTB em 1992 e voltou à

Câmara de Deputados em 1997, sendo eleito para seu terceiro mandato.

Em junho de 1999, chegou à Presidência Nacional do PTB, assumindo definitivamente, a partir daí, um papel de grande influência política no País.

Nas eleições de 2002, além de realizar sua campanha para a reeleição ao

Congresso, Martinez participou diretamente da disputa presidencial, primeiro como coordenador-geral da campanha do candidato do PPS, Ciro Gomes.

Com grande habilidade, construiu uma forte aliança reunindo o PTB, o PPS e mais tarde o PDT.

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Com Ciro Gomes, hoje Ministro da Integração Nacional, fora do segundo turno, a aliança PTB/PPS/PDT apoiou a eleição do Presidente Lula no segundo turno e Martinez passou a ser um dos grandes responsáveis pela governabilidade do

País ao integrar a base aliada.

Casado com Maria Beatriz Ferreira Martinez, o Deputado tinha 4 filhos —

Oscar, Mônica, Rodrigo e Priscila. Destes, Rodrigo é suplente de Vereador de

Curitiba e ex-Secretário Municipal do Esporte e já começa a trilhar os caminhos do pai.

Na Câmara dos Deputados, Martinez era integrante de diversas Comissões

Permanentes: Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; Economia,

Indústria, Comércio e Turismo; Educação, Cultura e Desporto; Fiscalização

Financeira e Controle; Relações Exteriores e de Defesa Nacional; Trabalho, de

Administração e Serviço Público.

Como Presidente do PTB, vinha tendo uma atuação destacada na votação das reformas constitucionais em discussão no Congresso, conforme reconheceu o próprio Presidente Lula em nota oficial emitida pelo Palácio do Planalto.

A morte de Martinez, vítima de um acidente de avião no último final de semana, no litoral do Paraná, deixa uma lacuna insubstituível para o País e principalmente para o nosso Estado. Mas a perseverança, a lealdade, a determinação e a sensibilidade social desse homem que sonhava com um Brasil mais justo continuarão alimentando nossa memória e servindo de exemplo para os caminhos que rumaremos daqui em diante. Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu pronunciamento no programa A Voz do Brasil. Muito obrigado.

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O SR. FRANCISCO APPIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FRANCISCO APPIO (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, 1885 é o ano oficial da fundação da Colônia de São Marcos, parte territorial de São Francisco de Paula, originário de Santo

Antonio da Patrulha. Pesquisa do historiador Áureo Bertélli, ajuda-nos a recuperar os principais eventos desde a formação do pequeno povoado.

Em 3 de fevereiro de 1885, com o grande desembarque dos imigrantes italianos, que aportaram na serra gaúcha, chegavam os 2 primeiros colonos italianos para desafiar as matas e as encostas do Rio das Antas. Registramos como pioneiros: Braga Tomaso e Grison Giuseppe, que ocuparam os lotes 1 e 2, respectivamente, da Linha Riachuelo, antiga Santo Antônio do Zamoner.

Entre 1885 a 1890 houve intenso litígio entre o Governo brasileiro e o fazendeiro Felisberto Paim de Andrade pela posse da área. Durante 5 anos, disputaram a legitimação de terras. Resolvido o impasse no dia 31 de dezembro de

1889, chegou o primeiro imigrante polaco, João Modtkowski, que ocupou o lote 6 da

Linha Rosita.

Em 1891, foi criado o Curato pela Igreja Católica, com a designação de D.

Augusto Finotti como 1º Sacerdote, que ali permaneceu até 1895. Coube ao sacerdote acalmar a pequena população durante o ano de 1893, marcado pela sangrenta revolução civil. São Marcos foi palco dos horrores da revolução da degola.

Mas no mesmo ano foi iniciada a construção da primeira igreja de madeira de São

Marcos, localizada na Praça Dante Marcucci.

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Em 1896, visita São Marcos o polonês Dr. Stanislaw Klobwkowski e edita o livro Nas pegadas dos imigrantes, onde relatou as dificuldades e os desafios dos colonos nas encostas do Rio das Antas, abrindo lavouras e implantando parreirais.

Em 1898, D. Carmine Fasulo organiza os livros de batismos, casamentos e

óbitos, registrando que o primeiro batizado foi o de José Fochesatto, em 28 de agosto. O primeiro casamento foi o dos noivos Luiz Cioatto e Margarida Rizzon, em

8 de junho. Em 1902 anota o primeiro óbito, registrando a morte de Luisa Mason, em

18 de setembro.

Em 1903, São Marcos recebeu a visita do Bispo D. Claudio Ponce de Leão.

Dois anos depois, em 1905, deu posse ao Padre Antônio Rizzotto, que procedeu à compra do terreno para o cemitério, em outubro. Em 1908, foram nomeados

Francesco Cipriani, Julizan Ktozenski, José Tonolli e Giovanni Mazotti como os primeiros fabriqueiros. Cinco anos depois, em 1913, o Padre Antônio Rizzotto voltou para São Marcos. Em 1914, a comunidade católica recebeu a visita do Bispo D.

João Becker, que no ano seguinte deu posse ao Padre Henrique Campagnoni, em

19 de março, iniciando uma nova etapa da vida local.

A proximidade com Caxias do Sul, da qual dependia para atividades econômicas e sociais, mobilizou a comunidade, que obteve, em 1921, sua anexação ao novo Município, dele fazendo parte administrativamente. Esse foi também o ano da inauguração da Igreja de São Marcos. Só 17 anos depois foi construída a

Subprefeitura de São Marcos, em alvenaria, inaugurada em 23 de dezembro de

1938, localizada na Rua Dr. Rosa.

Em São Marcos, a comunidade católica, de intensa atividade religiosa, ergueu o monumento ao Calvário, inaugurado em 27 de abril de 1952.

733 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Cresce o movimento emancipacionista, que culmina com a independência política de São Marcos, no dia 9 de outubro de 1963, tendo o novo Município área de 275 quilômetros quadrados, de acordo com a Lei nº 4.576, sancionada pelo

Governador do Estado. A Comissão de Emancipação foi liderada por Manoel Ramos

Castilho, que logo depois foi eleito Prefeito Municipal, e era constituída por

Monsenhor Henrique Compagnoni, Padre Antônio Rizzotto, Padre Antonio Galafazzi,

Humberto Bortoluzzi, José Nicoletti Sobrinho, Napoleão Menegat, Oscar Puhl, João

Folle, Agostinho Pessini, Victorino Ballardin, Natal Leonardelli, Raimundo Pessini,

Clito João Doncatto, Luiz Nicoletti, Carlos José Michelon, Gomercindo Jordão,

Alexandre Zaniol, Nelson Tomiello, Romeu Rech, Tranqüilo Nesello, Alcides Stédile e Padre David Picolli.

Em 27 de janeiro de 1964, foi instalada administração política do novo

Município de São Marcos, com a posse do primeiro Prefeito, o fundador Manoel

Ramos de Castilho. Na Câmara de Vereadores foram empossados, na Primeira

Legislatura, os Vereadores Raimundo Pessini (PTB), Leôncio Batista de Azevedo

(PTB), Victorino Ballardin (PTB), Clito João Doncatto (PSD), Ruy Henrique Nicolletti

(PSD) e Victorino Bertolazzi (PSD).

Durante 40 anos o Município foi administrado por apenas 5 Prefeitos: Manoel

Ramos de Castilho (1964-1968 e 1973-1976), Albino Antônio Ruaro (1969-1972),

Edejaime Cioatto (1977-1982 e 1989-1992), Serafim Gabriel Quissini (1983-1988 e

1993-1996) e Adair Casarotto (1997-2003).

O Prefeito Adair Casarotto, que administra o Município em perfeita sintonia com o Vice-Prefeito Demétrio Lazaretti, certamente o seu sucessor nas eleições municipais de 2004, tem avaliação positiva da comunidade. Casarotto e Lazaretti,

734 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 ambos do Partido Progressista, realizam uma bem-sucedida administração e foram reeleitos com mais de 70% dos votos, no último pleito. À frente de uma competente equipe de Secretários e assessores, em perfeita harmonia com os segmentos de produção, comércio e indústria, colhem neste 40º aniversário resultados animadores, que consolidam São Marcos como uma das cidades de melhor qualidade de vida na serra gaúcha.

Com 20 mil habitantes, dos quais 4 mil na área rural, São Marcos destaca-se na Serra Gaúcha pelo acelerado desenvolvimento urbano e rural, superando crises com notáveis indicadores sociais e econômicos, a saber: conta a frota de 2 mil caminhões emplacados, o que representa o maior índice per capita, com um caminhão para cada 10 habitantes; é o maior produtor de alho do País; é o terceiro maior produtor de vinho do Estado, superado apenas por Flores da Cunha e Bento

Gonçalves; é o nono maior produtor de uva do Estado; é o sexto maior pólo da indústria moveleira do Estado — em novembro realiza a sua Mostra do Mobiliário —;

é o nono colocado na região no Índice de Desenvolvimento Humano, ocupando o

13o lugar no Estado; possui 154 empresas, das quais 33 exportam seus produtos para o exterior, gerando empregos, impostos e divisas para o País; tem renda per capita de 10.550 reais/ano, bem acima da média estadual; possui saneamento

(esgoto) em 100% dos domicílios e água potável em 80%; tem nível de alfabetização elevadíssimo, com taxa de analfabetismo de apenas 1,7%, sendo 1,2% com idade superior a 70 anos; o ensino municipal conta com 9 escolas, todas da 1ª a 8ª série, totalmente reformadas e informatizadas; oferece ensino superior para 3% da população, acima da média nacional de 0,4%; na área de saúde alcançou a posição invejável de mortalidade infantil zero, pela excelência dos serviços prestados, e a

735 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 saúde pública ganhará em breve o maior Centro Municipal de Saúde da região; e está em execução projeto de 2.180 metros quadrados, com 72 salas, disponibilizando sede para 42 repartições públicas.

Desta tribuna da Câmara Federal, presto homenagem à comunidade são-marquense, especialmente aos caminhoneiros que trafegam pelo Brasil com o nome da cidade da maior festa dos motoristas do País, a Festa de Nossa Senhora

Aparecida.

Cumprimento o Prefeito Adair Casarotto; o Deputado Henrique Fontana, que

é filho de São Marcos; e o Deputado José Ivo Sartori, que estava presidindo esta sessão e de cuja cidade, Caxias do Sul, São Marcos se desmembrou.

Por fim, Sr. Presidente, registro que, nos próximos sábado e domingo, por ocasião da festa de Nossa Senhora Aparecida, em São Marcos será realizado o maior encontro de caminhoneiros do Brasil.

Era o que tinha a dizer.

736 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. FRANCISCO TURRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FRANCISCO TURRA (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Srs. Deputados, acompanhei, hoje pela manhã, importante reunião na Comissão de Agricultura e Política Rural. Um dos temas tratados foi a aviação agrícola, que cumpre importante papel histórico.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a população mundial ultrapassa o patamar de 6 bilhões.

Produzir alimentos para esse importante contingente tem sido um enorme desafio neste mundo globalizado, pois os recursos básicos — solo e água — são limitados e tendem a diminuir.

A única alternativa é buscar o aumento da produtividade agrícola, utilizando a

área já fertilizada. O Brasil é um país abençoado, graças a sua extensão territorial e

às condições climáticas que propiciam a exploração de alimentos, cultivados tanto na região tropical quanto em área temperada.

É importante, também, especificar a eficiência gerencial utilizada pelos empreendedores rurais no Brasil, pois aqui não temos o privilégio dos países ricos, que oferecem US$ 1 bilhão por dia de subsídio a seus agricultores. Com isso, nosso

País perde anualmente cerca de US$ 6 bilhões, pela impossibilidade de vender nas

Nações ricas.

Nos últimos 40 anos, a agricultura brasileira viveu freqüentes crises institucionais, colapsos comerciais, políticas internas desfavoráveis, queda do volume de crédito rural, desestímulo nos trabalhos da pesquisa, falta de assistência

737 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 técnica e de extensão rural e incentivo insuficiente à exportação de produtos agropecuários.

Graças ao talento de técnicos, à dedicação dos agricultores e à utilização de tecnologias modernas, o Brasil tem colhido safras recordes a cada ano. Na última, alcançou 122 milhões de toneladas de grãos. É considerado o nono exportador de alimentos do mundo, podendo ser o maior produtor agrícola mundial em 2015.

Nesta oportunidade, quero destacar a importante contribuição da aviação agrícola para o desenvolvimento da agropecuária nacional. Contando com a segunda maior frota do mundo — mais de mil aeronaves agrícolas, pertencentes a

260 empresas —, a atividade tem sido essencial na prevenção de pragas, doenças e invasoras. Ora semeando, ora fertilizando, mas sempre zelando pelo meio ambiente.

Registro com satisfação o incansável trabalho desenvolvido pelo Sindicato

Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, presidido pelo ilustre Comandante

Carlos Heitor Belleza, e a eficiência do engenheiro agrônomo Eduardo Cordeiro de

Araújo, Diretor Técnico do SINDAG. Ambos têm competência inigualável e freqüentemente estão buscando na Capital da República estímulos ao crescimento da atividade aeroagrícola.

Nesta oportunidade, quero enumerar seus pleitos:

1 - Implantar a Câmara Setorial Permanente da Aviação Agrícola no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

2 - Criar linha de crédito de R$ 150 milhões no BNDES para recuperação de aeronaves e aquisição de novos aviões agrícolas com carência, prazo e taxa de juros compatíveis ao setor;

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3 - Fortalecer o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento — MAPA na sua competência de fomentar a aviação agrícola;

4 - Estimular projetos de pesquisa de novas tecnologias;

5 - Executar programa de capacitação dos recursos humanos apoiado pelo do

SEBRAE;

6 - Reduzir o ICMS da gasolina de 33% para 12%, padronizando a alíquota já existente nos Estados do Paraná e de São Paulo;

7 - Manter a não-taxação do IPVA sobre aeronaves;

8 - Equalizar a cobrança da CIDE sobre a gasolina de aviação ao patamar do querosene aeronáutico;

9 - Implantar o Selo de Qualidade da Aviação Agrícola, expedido pelo

Ministério da Agricultura; e,

10 - Propagar um projeto de divulgação do valioso serviço prestado à agropecuária nacional pela aviação agrícola, conservando o meio ambiente, cumprindo a lei, respeitando o ordenamento jurídico de proteção aos alimentos e à vida.

Nos últimos anos, a aviação agrícola tem se firmado como setor estratégico para o Brasil, devido ao atendimento rápido e eficiente, à inexistência de danos à

área ambiental, à possibilidade de uso em qualquer tipo de solo, à uniformidade na distribuição dos produtos e, sobretudo, à redução dos custos na agropecuária. O

País precisa dela para retomar o crescimento econômico a uma taxa de 5% anual e gerar nos próximos 4 anos 10 milhões de empregos. Também necessita dela para combater a fome de 50 milhões de compatriotas e exportar o excedente das safras como contribuição para o abastecimento mundial.

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Desta tribuna, faço um veemente apelo ao Governo do Exmo. Sr. Presidente

Luiz Inácio Lula da Silva para que respeitosamente ofereça solução imediata aos problemas aqui reivindicados e que estão sendo vivenciados com sacrifício pelos empresários e trabalhadores da aviação agrícola, que tem participado de maneira efetiva do crescimento nacional.

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O SR. JOÃO CORREIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO CORREIA (PMDB-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nos últimos dias tem havido na minha terra, o Acre, acentuado debate a respeito das denúncias de fraudes na concessão de licenças para desmatamento pelo Governo do Estado, auto-intitulado Governo da

Floresta. O fato veio à luz por meio da revista Veja, em sua Edição nº 1.821, de 24 de setembro.

Ancorado em uma das provas de que disponho desde o ano passado, tomei a liberdade de escrever ao diretor daquela revista pequena carta, que passo a ler, para registro nos Anais da Câmara dos Deputados:

“Sobre a matéria O Crime da Motosserra, de

Leonardo Coutinho, publicada na última edição, gostaria

de aduzir algumas informações:

Sr. Diretor,

1 - de que em meados de 2001 o Governo do Acre,

autonominado Governo da Floresta, empreendeu uma

ampla operação de fiscalização e punição, através de

multas, de várias propriedades rurais — contando com o

apoio das estruturas dos IBAMA dos Estados amazônicos

— que lhe rendeu muita impopularidade, especialmente

entre os colonos dos Projetos de Assentamento Dirigido.

Era necessário ao Governo da Floresta, naquele

momento, demonstrar ao Banco Interamericano de

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Desenvolvimento que os colonos e fazendeiros locais

seriam pequenos felinos na repartição do espólio florestal

do Acre;

2 - de que em 2002, temendo perder as eleições, o

Governo da Floresta patrocinou o maior derrame de

autorizações de desmatamento fraudulentas de que se

tem notícia no Estado. Crime ambiental e eleitoral. Nunca

se desmatou tanto como em 2002 e jamais se queimou

tanto como em 2003 (segunda queima de formação das

pastagens). Munido de um GPS, com meia hora de vôo

de monomotor, e um cinegrafista, coletei profusas provas

do crime ambiental e mostrei-as ao povo acreano. Ao

invés da investigação, identificação e punição dos

culpados, os fariseus do Governo da Floresta preferiram

trilhar o usual caminho da calúnia, do linchamento moral e

das ameaças de processos;

3 - de que em junho de 2002 levei as provas de

que dispunha ao IBAMA Nacional, ao Ministério Público

Federal, às Comissões de Meio Ambiente e da Amazônia

da Câmara dos Deputados, e ao Ministério Público

Estadual. Já decorreram mais de 14 meses e desconheço

quaisquer investigações efetuadas a respeito do assunto;

e

742 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

4 - de que o Governo da Floresta — íntimo do

tucanato de FHC — sempre exibiu muita “sorte” em não

ter seus crimes investigados. As instituições responsáveis

por estas obrigações têm declinado de fazê-lo com

espantosa e estranha facilidade. A reportagem de

Leonardo Coutinho foi, por conseguinte, a maior

contribuição externa que conheço para o

restabelecimento da democracia e da verdade no Acre.

Haja o que houver já cumpriu o seu papel. Como as

coordenadas geográficas não mudam de lugar, bem que

Veja poderia dar uma olhadinha, com liberdade, na terra

de Galvez”.

Sr. Presidente, dou conhecimento à Casa e ao Brasil desse crime ambiental e eleitoral que conta com a cumplicidade criminosa de órgãos federais que deveriam investigar as provas que lhes apresentei no ano passado. Reiterarei a denúncia ao

Ministério do Meio Ambiente, ao IBAMA, ao Ministério Público da União e ao

Ministério Público Estadual do Acre.

Por último, Sr. Presidente, solicito a transcrição nos Anais de carta enviada por mim, em junho de 2002, ao então Presidente do IBAMA, Sr. Rômulo José

Fernandes Barreto Melo, a respeito do assunto.

Muito obrigado.

CARTA A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 744 A 744-E)

744 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. BETO ALBUQUERQUE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com muita honra que venho à tribuna registrar as comemorações dos 40 anos da Federação dos Trabalhadores na

Agricultura do Rio Grande do Sul — FETAG/RS, fundada em 6 de outubro de 1963, com o objetivo de “investigar e estudar a questão agrária, formar líderes rurais, desenvolver a educação de base do agricultor, incentivar a sindicalização e cooperativação, dentre outras iniciativas de ordem cultural e assistencial dos assalariados rurais e agricultores”.

A FETAG/RS abrange, hoje, 360 sindicatos de trabalhadores rurais, 1,5 milhão de trabalhadores, 22 regionais sindicais, 4.800 dirigentes sindicais, 396 mil estabelecimentos de agricultura familiar e 200 mil assalariados rurais. A entidade, que hoje encerrou um dos seus maiores congressos estaduais, é presidida por

Ezídio Pinheiro, que exerceu mandato de Deputado Federal na Legislatura passada e foi Vice-Presidente da CONTAG. Também compõem a atual diretoria: Sérgio de

Miranda, Vice-Presidente; Nelson Wild, 2º Vice-Presidente; Elton Weber,

Secretário-Geral; Lisiane Q. Cunha, 1º Secretária, representando a juventude rural;

Rodrigo Fritzen, 2º Secretário; Amauri Miotto, Tesoureiro-Geral; Adilson Metz; 1º

Tesoureiro; Iraci Paulus, minha conterrânea e 2º Tesoureira; e Elisete Hintz, coordenadora de mulheres.

O nascimento da FETAG/RS, conforme subsídios que obtive junto ao meu companheiro e ex-Presidente da FETAG, o Deputado Estadual do Rio Grande do

Sul Heitor Schuch, esteve diretamente ligado aos bispos da Igreja Católica, que, em

745 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 julho de 1961, constituíram a FAG — Frente Agrária Gaúcha, para atuar no campo, visando tirar o agricultor do anonimato. Foi ela a responsável pelos primeiros passos da FETAG/RS. Lembro também o importante trabalho dos pastores luteranos.

De um intenso processo de debates, em 6 de outubro de 1963, 8 corajosos e pioneiros sindicatos de trabalhadores rurais constituíram a FETAG/RS. Os sindicatos fundadores são os de Caxias do Sul, Porto Alegre, Taquari, Veranópolis, Antônio

Prado, Santa Rosa, Torres e Farroupilha.

No período de organização da FETAG/RS, que até outubro de 1965 chamava-se Federação dos Pequenos Proprietários e Trabalhadores Autônomos do

Rio Grande do Sul, foi marcado por debates e congressos defendendo reforma agrária, apoio às formas associativas, melhores preços para os produtos agrícolas, cumprimento da legislação trabalhista e especialmente equiparação de direitos entre trabalhadores urbanos e rurais.

A década de 70 foi um período de consolidação, estruturação e prestação de serviços na área da previdência social, o que possibilitou grande incremento no número de associados.

Em 1972, através de convênio com a Secretaria da Agricultura do Estado do

Rio Grande do Sul, a FETAG/RS contrata 104 técnicos agrícolas para prestar serviços de assistência técnica aos agricultores. Esse foi também um período marcado pela repressão, que controlava de perto a atuação dos sindicatos e da

FETAG/RS, promovendo intervenções em alguns deles, censuras a programas de rádio, destituição de diretorias dos seus cargos, sob a acusação de promoverem a subversão da ordem.

746 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

A partir dos anos 80, o movimento sindical experimenta o vento da mudança com o enfraquecimento e o declínio da ditadura militar, passando a adotar postura de crítica e de reivindicação forte. Em 1979, promove um protesto com mais de 10 mil agricultores em Frederico Westphalen, tendo como bandeira principal a assistência médico-hospitalar, para que o colono não precisasse vender a última vaca de leite para pagar o hospital. A partir daí seguiram inúmeras outras mobilizações.

Inicia-se também o trabalho de organização das mulheres e dos jovens trabalhadores rurais, que passam cada vez mais a participar nas diretorias dos sindicatos e em todos os espaços.

É preciso também relembrar e falar sobre as principais lutas travadas pelo movimento sindical e pela FETAG/RS nesses 40 anos, o que resultou em direitos que hoje parecem ter existido sempre, mas que na verdade foram fruto de muita luta, podendo-se destacar o Estatuto do Trabalhador Rural, o Estatuto da Terra, a previdência social rural, o enquadramento sindical, a manutenção dos moinhos coloniais, os melhores preços para os produtos agrícolas, os programas de alfabetização e de formação para agricultores e mulheres trabalhadoras rurais e as ações preventivas contra acidentes de trabalho.

Em 1980, houve intensas lutas em favor dos agricultores expulsos das áreas indígenas, que formaram o acampamento de Encruzilhada Natalino, e pelas famílias desalojadas pela barragem de Passo Real, além da luta contra o confisco da soja.

Foi também na década de 80 que grandes protestos mobilizaram os produtores de leite, fumo, uva, cebola e suínos. Foram realizados grandes atos, como o Grito do Campo, com a cooperação da FECOTRIGO, na defesa dos

747 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 associados da falida COOPAVE e de inúmeras outras empresas que fecharam e deixaram os agricultores em situação difícil. Nessa época aprofunda-se também a luta pela reforma agrária, pelos benefícios previdenciários e pelo atendimento médico-hospitalar gratuito para os agricultores.

Destaco outras grandes conquistas, como: reconhecimento da profissão da mulher trabalhadora rural; descontos em passagens de ônibus intermunicipais para aposentados com mais de 65 anos; universalização do atendimento à saúde; igualdade de direitos trabalhistas entre assalariados rurais e urbanos; programa troca-troca de sementes; PRONAF e PRONAFINHO, com criação de linhas de crédito para a agricultura familiar; participação efetiva nas negociações de preços; ocupação de espaços políticos decisórios pelos jovens e pelas mulheres no movimento sindical e na sociedade; cheque-seca; campanhas de documentação para mulheres; convenções coletivas de trabalho em 70 Municípios; PRONAF para a pecuária familiar; aposentadoria com salário integral para homem e mulher; auxílio-doença; salário-maternidade; e auxílio-acidente, entre outros. E houve principalmente a mudança de conceito de pequeno produtor de subsistência para agricultura familiar.

Após 40 anos de lutas, com certeza existem ainda muitos desafios para a

FETAG/RS, tais como: organização da produção (plantar sabendo para quem vender e a que preço); ampliação da habitação rural; aposentadoria por tempo de serviço, garantindo a permanência dos rurais na previdência social; crédito fundiário; seguro agrícola; educação e formação diferenciada para o meio rural.

Quanto ao crédito para a nossa juventude rural, ainda queremos ver aprovado nesta Casa o PRONAJUR — Programa Nacional de Primeiro Crédito para a

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Juventude Rural, projeto que já aprovamos na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Por fim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aqui fica a nossa homenagem a todos os agricultores e a todas as agricultoras, às diretorias dos

Sindicatos de Trabalhadores Rurais, aos jovens, aos diretores e a todas as lideranças que construíram esses 40 anos da FETAG/RS.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a divulgação deste pronunciamento no programa A Voz do Brasil.

Muito obrigado.

749 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Antes de dar prosseguimento à sessão, esta Mesa dá conhecimento ao Plenário do seguinte

Ato da Presidência

Nos termos da alínea m do inciso I do art. 17, c/c o

inciso II do art. 22, todos do Regimento Interno, esta

Presidência decide constituir Comissão Especial

destinada a “acompanhar as negociações da Área de

Livre Comércio das Américas”, e

Resolve

I - designar para compô-la, na forma indicada pelas

Lideranças, os Deputados constantes da relação anexa:

II - convocar os membros ora designados para a

reunião de instalação e eleição, a realizar-se no dia 09 de

outubro, quinta-feira, às 9:30h, no Plenário 15, do Anexo

II.”

João Paulo Cunha Presidente da Câmara dos Deputados

750 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

PT

Titulares: Fernando Gabeira, José Pimentel, Maninha, Paulo Delgado, Rubens

Otoni, Tarcisio Zimmermann.

Suplentes: Ary Vanazzi, Dra. Clair, Henrique Fontana, Ivan Valente, Luci Choinacki,

Paulo Pimenta.

PFL

Titulares: Fábio Souto, José Thomaz Nonô, Marcos Abramo, Ney Lopes, Ronaldo

Caiado.

Suplentes: Paes Landim e Robério Nunes. Três vagas de Suplentes.

PMDB

Titulares: Cezar Schirmer, Edson Ezequiel, Max Rosenmann, Silas Brasileiro.

Suplentes: Bernardo Ariston, Moacir Micheletto. Duas vagas de Suplentes.

PSDB

Titulares: Antonio Carlos Mendes Thame, Bismarck Maia, Custódio Mattos, Yeda

Crusius.

Suplentes: Antonio Carlos Pannunzio, Carlos Alberto Leréia, Luiz Carlos Hauly,

Nilson Pinto.

PP

Titulares: Feu Rosa, Francisco Garcia, Francisco Turra.

Suplentes: Delfim Netto, Leodegar Tiscoski, Vadão Gomes.

751 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

PTB

Titulares: Jackson Barreto, Roberto Jefferson.

Suplentes: duas vagas.

PL

Titulares: Neucimar Fraga, Welinton Fagundes.

Suplentes: Humberto Michiles, Mário Assad Júnior.

PSB

Titulares: Alexandre Cardoso, Luiza Erundina.

Suplentes: Duas vagas.

PPS

Titular: Nelson Proença.

Suplente: Geraldo Resende.

PDT

Titular: Severiano Alves.

Suplente: Manato.

PCdoB

Titular: Jamil Murad.

Suplente: Inácio Arruda.

752 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

PRONA

Titular: Vanderlei Assis.

Suplente: Elimar Máximo Damasceno.

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O SR. SIMPLÍCIO MÁRIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SIMPLÍCIO MÁRIO (PT-PI. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de registrar a importante visita do Presidente da CODEVASF, Dr. Francisco Guedes, à minha cidade de

Piripiri, no Piauí, atendendo a um convite por mim formulado. Na oportunidade, realizou-se uma grande reunião no Auditório do Memorial Espedito Resende, da qual participaram Prefeitos e representantes da sociedade civil de diversos

Municípios da região, ocasião em que foram anunciadas diversas ações da companhia para a região de Piripiri.

Dentre as ações mais importantes, destaco a recuperação do Centro de

Piscicultura do Caldeirão, obra que será realizada em parceria com o DNOCS, envolvendo recursos da ordem de 326 mil reais. Estes recursos propiciarão triplicar a produção do centro, que passará dos atuais 4 milhões para 12 milhões de alevinos por ano.

Em visita ao local, constatou-se o estado de abandono de parte do centro, que foi fundado em 1976 e hoje tem sua produção muito aquém da capacidade instalada, o que é lamentável. Além disso, 20% do setor de reprodução está paralisado por falta de recursos. Mesmo assim, o centro atende aos mercados do

Piauí, Ceará e Maranhão.

É importante destacar que, além do aumento da produção de alevinos, os recursos deverão ser utilizados também na capacitação dos funcionários, bem como dos pescadores artesanais de toda a região, que envolve, além de Piripiri, os seguintes Municípios: Brasileira, Capitão de Campos, Piracuruca, Cocal de Telha,

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Lagoa de São Francisco, Batalha, Domingos Mourão, Milton Brandão, São João da

Fronteira e Pedro II. A prioridade, conforme assegurou o presidente da CODEVASF, será para a agricultura familiar, ovinocaprinocultura, apicultura, fruticultura irrigada, artesanato e turismo.

O desenvolvimento da piscicultura local também vai beneficiar os comerciantes do Açude Caldeirão, já que atualmente eles têm de importar praticamente todo o pescado que é oferecido aos turistas. Como se vê, Sr.

Presidente e nobres colegas, trata-se de uma intervenção que se destina a dinamizar o mercado local, com geração de trabalho e renda que, elevará significativamente a qualidade de vida dos moradores de toda essa região do norte do Piauí.

De acordo com o Dr. Guedes, esse trabalho de capacitação deverá ser estendido a cerca de 10 mil pescadores cadastrados em todo o estado do Piauí.

Somente na piscicultura, deverão ser investidos no Piauí, ainda neste ano, um montante de 12 milhões de reais. Os recursos serão utilizados também na reativação da estação de Nazária, criação de peixes em tanques-rede localizados em 6 grandes barragens do Estado, e em assistência técnica aos profissionais envolvidos na área.

Embora sem o estardalhaço que costuma acompanhar a implementação de grandes projetos, o investimento em pequenas iniciativas de desenvolvimento local aponta para a criação de um novo ciclo virtuoso da economia do País. A multiplicação dessas pequenas intervenções promete mudar a face do nosso País, com o diferencial de que essa estratégia é protagonizada exatamente por quem tem

755 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 sido, ao longo de séculos a fio, vitimado pela sucessão de modelos econômicos desvinculados de suas reais demandas.

Por isso fiz questão de deixar registrada essa iniciativa da CODEVASF no meu Estado, aproveitando para saudar o presidente da companhia pela sua dedicação e compromisso com as transformações sociais que o nosso povo espera nesta nova fase da história do Brasil.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. JOÃO GRANDÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO GRANDÃO (PT-MS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o povo sul-mato-grossense está exultante de alegria com as comemorações do 26º aniversário de criação do Estado, que recebe neste sábado a visita oficial do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. S.Exa. será recepcionado pelo Governador Zeca do PT, para uma maratona de inaugurações e lançamentos de obras de grande alcance socioeconômico, beneficiando várias regiões.

O novo Mato Grosso do Sul, como está sendo chamado o nosso Estado, está dando exemplo de organização e competência em vários setores da economia, com recordes de produção de grãos e carne bovina; sucesso na agricultura familiar, com o assentamento Itamarati; criação de universidade estadual; no turismo e no meio ambiente. Estes são resultados do Governo popular do Partido dos Trabalhadores, que lança ações em todas os Municípios do Estado.

Em sua visita a Mato Grosso do Sul no próximo sábado, o Presidente Lula estará em 2 importantes cidades. Em Paranaíba, o Presidente da República inaugura, com o Governador Zeca, ponte no Porto Alencastro, na divisa com o

Estado de Minas Gerais. Em Corumbá, o Presidente inaugura simbolicamente o asfalto da rodovia Maracaju—Itaporã e lança as obras de recuperação da pavimentação asfáltica de trechos das BRs 262, 163 e 267, que são importantes para o escoamento da produção, interligando todos os pontos de Mato Grosso do

Sul.

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Durante a visita, o Presidente e o Governador vão oficializar a unificação dos programas sociais dos Governos Federal e Estadual, o que permitirá a ampliação dos programas para 106 famílias beneficiadas. Com isso, o novo Mato Grosso do

Sul comemora com jubilo o seu aniversário na expectativa de dias melhores para sua população. A visita de Lula e o lançamento de obras e programas sociais estão contribuindo sobremaneira para a elevação da auto-estima do nosso povo e a luta por uma identidade cultural para esse jovem Estado que tem em suas riquezas naturais como maior patrimônio.

Peço a V.Exa., Sr. Presidente, que autorize divulgação do meu pronunciamento nos órgãos de comunicação da Casa.

Era o que tinha a dizer.

758 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. FRANCISCO RODRIGUES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FRANCISCO RODRIGUES (PFL-RR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro nesta tarde assuntos que considero da mais alta relevância. Primeiro, o aniversário de 15 anos da implantação do Estado de Roraima, ocorrida após a promulgação da Constituição de 1988.

A condição de Território engessava o desenvolvimento de Roraima, localizado na parte mais setentrional do País. Com a transformação em Estado, Roraima avançou bastante e passou a se destacar no cenário nacional.

Também registro a visita de comitiva de empresários da República

Cooperativista da Guiana, na última semana, aos nossos campos de soja, aos projetos de reflorestamento, às obras de pavimentação de rodovias, aos projetos de apicultura e piscicultura, mostrando a verdadeira integração que há entre o Estado de Roraima e aquele país vizinho e amigo.

Essa visita é importante, porque, com a integração da Amazônia no processo de aproximação com países limítrofes, que fazem parte do Pacto Andino, e com os que fazem essa interação com a comunidade amazônica, o Estado de Roraima tem assumido posição de vanguarda na aliança e nos acordos com essas nações amigas.

Sr. Presidente, abordo ainda outro assunto. Na última quinta-feira, dia 2, o

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que "o tempo das vacas magras acabou".

759 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

S.Exa. quis deixar bem claro que a situação de desespero, em que se encontra mergulhada a maioria da classe trabalhadora e da população de nosso

País, vai ser radicalmente modificada.

Estamos todos ansiosos, desejando que tal aconteça, porque nos incluímos entre aqueles que torcem pelo bem de nosso povo e pelo progresso de nossa

Nação.

O problema é que declarações como essa, Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, começam a perder o significado e cair diretamente no vazio.

Como se fosse mera promessa de palanque, a que o próprio Presidente costuma se referir, ao mencionar o vocábulo "bravatas" — e coloco bravatas entre aspas —, arroubos proferidos por candidatos ávidos na luta pelo poder.

Não faz muito tempo, não se completaram sequer 3 meses, o mesmo

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava anunciando o "espetáculo do crescimento" de nossa economia, o qual, de acordo com sua palavra empenhada, iria acontecer no mês de julho último.

Infelizmente, ao contrário de sua previsão, o que aconteceu foi mais recessão, mais desemprego e um registro recorde de cheques sem fundo, atestando a insolvência da maioria dos consumidores nacionais.

Já não quero mais me referir aos 10 milhões de empregos prometidos, ao longo da campanha eleitoral de 2002, pois S.Exa. fez espécie de mea-culpa ao se reportar aos tais arroubos eleitoreiros.

Mas é situação extremamente delicada, Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, criar clima de expectativa num quadro extremamente negativo e cheio

760 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 de desalento, para que se descubra mais tarde ter sido apenas mais uma projeção, dentre tantas efetuadas a esmo.

Isso vai frustrando os que enfrentam as virtualmente invencíveis dificuldades do dia-a-dia.

Não obstante tantos percalços, os números registrados por órgãos oficiais apresentam uma atividade econômica que aparentemente tem reagido e ultrapassado obstáculos.

O PIB — Produto Interno Bruto, no primeiro semestre de 2003, foi de 711 bilhões de reais.

Esse resultado, em termos nominais, é maior do que o acontecido no primeiro semestre do ano de 2002, com exatos 14,6 pontos percentuais acima dos números contabilizados naquela data.

Mas, apesar do resultado econômico positivo, Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, é sombrio o panorama que se anuncia.

Segundo o IBGE, abro aspas, "de abril a junho deste ano, o país teve o pior desempenho trimestral em mais de dez anos", fecho aspas.

A taxa de investimentos da economia brasileira, de acordo com matéria assinada por Chico Santos e publicada na Folha de S.Paulo do último dia 1º, apresentou "o pior resultado trimestral desde os primeiros três meses de 1993".

Para se conseguir esse número, o da taxa de investimentos, divide-se o valor do PIB pelo valor dos investimentos, que foi de 17,88% no segundo trimestre deste ano.

Pois bem: há anos que a taxa de investimentos tem girado em torno de 18% e

19%.

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E para que o País cresça entre 4% e 5% ao ano, "é necessário que a taxa de investimentos gire em torno de 25% e 26% do PIB".

Essa é a abalizada opinião do Gerente da Equipe das Contas Financeiras

Trimestrais do IBGE, Carlos César Sobral, segundo levantamento da citada matéria.

Portanto, Sr. Presidente Sras. e Srs. Deputados, não sabemos em que se tem pautado S.Exa., o Presidente da República, para efetuar projeções otimistas que claramente não possuem o menor contato com a realidade.

Além do mais, todas as riquezas que o Brasil produz vão sendo desviadas para o pagamento de suas dívidas, tanto a externa quanto a interna, multiplicando os nossos problemas sociais e nos colocando de ponta-cabeça em círculo vicioso do qual será difícil emergir.

A responsabilidade do mais alto mandatário é enorme. Não deve ser erodida em declarações de improviso e sopradas de forma aleatória ao vento.

Até porque isso vai contribuir para um acirramento de ânimos e uma cobrança que não tem como encontrar respaldo dentro do atual modelo.

Precisamos resgatar o Brasil para os brasileiros.

Executando trabalho de cunho social e ordenando o nosso sistema econômico.

Propiciando a todos uma participação justa no pleno direito de satisfação dos anseios e projetos de desenvolvimento.

Muito obrigado.

762 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. EDSON EZEQUIEL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDSON EZEQUIEL (PMDB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, faço este pronunciamento para deixar registrado nos Anais desta Casa minhas sinceras congratulações à

PETROBRAS, por 2 motivos: em primeiro lugar, para parabenizar a PETROBRAS pelos seus 50 anos de desafios enfrentados e pelos inúmeros sucessos alcançados; em segundo lugar, para agradecer à instituição, da qual sou, com muito orgulho, engenheiro concursado deste 1968 — naturalmente, hoje, licenciado sem vencimentos —, por ter reconhecido meus esforços e eventuais méritos, proporcionando diversas oportunidades para o meu progresso nas áreas técnica e gerencial.

Na PETROBRAS, tive a oportunidade de enriquecer meu currículo com inúmeros cursos e seminários nas áreas técnica e gerencial, destacando-se o mestrado em ciências pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos da

América.

Estes fatos, aliados às experiências profissionais e gerenciais obtidas, formaram bases sólidas que muito contribuíram na minha carreira como engenheiro, professor universitário, administrador e político.

Ao parabenizar a PETROBRAS, estou também reverenciando todos aqueles que desde a luta por sua criação até os dias atuais deram suas inestimáveis parcelas de contribuição para que a PETROBRAS seja hoje um patrimônio, orgulho e símbolo da Nação.

763 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

A PETROBRAS integra hoje restrito grupo de 16 países que produzem mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia.

Na verdade, de acordo com os últimos dados de que disponho, a

PETROBRAS está hoje produzindo cerca de 1,6 milhão de barris por dia, em contraponto a um consumo nacional da ordem de 1,8 milhão, portanto cerca de 88% de nossas necessidades.

Entretanto, se combinarmos esses dados com as suas recentes descobertas e avanços tecnológicos, podemos prever, para um futuro muito próximo, estimado para o ano 2006, a nossa independência e total auto-suficiência no que concerne ao petróleo.

A PETROBRAS é também classificada em um ranking composto de critérios que permitem comparar empresas estatais e privadas como: reservas de petróleo e gás, capacidade de refino e volume de vendas entre as 15 maiores empresas do mundo no setor.

Nesta trajetória de conquistas, cabe ressaltar que a PETROBRAS é hoje detentora da mais avançada tecnologia do mundo na prospecção de petróleo em

águas profundas, feito este que lhe valeu, por duas vezes, o prêmio internacional

Distinguished Achievement Award concedido pela Offshore Technology Conference

(OTC), em 1992 e 2000.

É importante notar que todas essas conquistas não foram obtidas sem muita luta, dedicação, competência e perseverança, mesmo diante dos enormes desafios que teve que suplantar.

Isto torna praticamente impossível, no tempo de que dispomos, homenagear o enorme conjunto de homens e mulheres — intelectuais, políticos, profissionais

764 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 altamente qualificados e renomados nas mais diversas especialidades, técnicos e trabalhadores em geral — que deram a sua parcela de contribuição para que estes resultados fossem hoje alcançados.

Entretanto, para ser breve, creio que inicialmente podemos destacar a figura de Monteiro Lobato e seus seguidores, que clamavam desde o início dos anos 30 pela priorização da exploração de petróleo no País. Esse movimento certamente influenciou a primeira etapa, que foi a criação do Conselho Nacional do Petróleo, em

1938.

Posteriormente, precisamos homenagear, através da figura do general Júlio

Caetano Horta Barbosa, os integrantes da inflamada campanha O Petróleo é nosso, os quais, por sua pujança, competência, persistência e apoio popular, certamente contribuíram de forma decisiva para a criação da PETROBRAS.

Finalmente, sensível à demanda existente, em 3 de outubro de 1953, através da Lei 2.004, o Presidente Getúlio Vargas estabeleceu o hoje extinto monopólio do petróleo e a criação de uma companhia responsável por este ramo industrial. Estava sendo então criada a PETROBRAS e com ela o sonho da auto-suficiência em petróleo. Esse empreendimento, de tão ambicioso, gerava dúvidas e dividia opiniões.

Apenas para ilustrar, em 1954, o IBOPE foi às ruas para pesquisar a opinião de cariocas e paulistas. Encontrou uma modesta vantagem para os que acreditavam que o Brasil conseguiria desenvolver sua indústria de petróleo. Dos 1.500 entrevistados, 777 (51,8%) acreditavam no empreendimento. Apostavam no inverso

716 (48%), muitos destes por duvidar, principalmente, da capacidade do Estado de financiar e qualificar técnicos em quantidade e qualidade para alcançar os objetivos

765 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 pretendidos. Além disto, não faltaram estudos, inclusive de renomados técnicos estrangeiros, que duvidavam da existência de petróleo no Brasil.

Para felicidade do povo brasileiro e de nossa nação, a PETROBRAS suplantou todos estes desafios e descrenças com vitórias e avanços tecnológicos em todos os níveis, sendo hoje, após 5 décadas, líder, há 9 anos seguidos, no ranking das 500 maiores companhias do País, de acordo com a Fundação Getúlio

Vargas.

Era o que tinha a dizer.

766 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Convoco os Srs. Parlamentares presentes nas diferentes dependências da Casa para que venham ao plenário, a fim de darmos início à Ordem do Dia. O painel eletrônico está registrando a presença de

217 Srs. Deputados.

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A SRA. MARIA DO ROSÁRIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.)

- Sr. Presidente, Inocêncio Oliveira; Sras. e Srs. Deputados, é certo que estamos implementando no País, desde o início deste ano, uma grande mudança.

Sentimo-nos todos esperançosos com a caminhada segura que estamos realizando para recuperar a possibilidade de o Brasil incluir milhões de pessoas no Estado de

Direito e no sistema de direitos e garantias fundamentais do homem. No entanto, a verdade é que ainda continuamos batendo o triste recorde da desigualdade e da concentração de renda.

Estamos nos aproximando de 12 de outubro, data em que rendemos louvores

à Padroeira do Brasil e também comemoramos o Dia da Criança, quando muitas crianças brasileiras têm esperança de receber uma acolhida, um abraço, uma atenção especial, talvez até um presente. É preciso refletir sobre a caminhada que estamos fazendo, sobre como esta deve ser forte e firme no sentido da proteção integral aos direitos da criança e do adolescente, uma das principais perspectivas inauguradas a partir da Constituição de 1988 e reeditadas com maior fôlego e concretude no Estatuto da Criança e do Adolescente.

O desafio é fazer com que nos Municípios brasileiros, que têm a principal tarefa na execução das políticas públicas, que devem ser realizadas com total atenção, as estruturas do ECA, que chega à adolescência ao aproximar-se de seu décimo quarto ano, a exemplo dos Conselhos de Direitos, dos Conselhos Tutelares e dos fundos de financiamento, possam funcionar. Mais ainda: que consigamos

768 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 superar as marcas que fazem permanecer no Brasil tristes índices de mortalidade e trabalho infantis.

Sobre a exploração do trabalho infantil doméstico, recentemente vieram a esta Casa centenas de crianças denunciar o trabalho invisível realizado em casas de família, locais onde vivem praticamente como escravas, longe de seus familiares. O trabalho infantil, em 2000, sugava crianças de 10 anos a adolescentes de 16 anos, perto de 20% dessa população, para dentro das perversas redes de exploração de um trabalho que precariza as condições de vida, vulnerabiliza a criança e lhe impede o desenvolvimento adequado para o mundo futuro. A primeira negação que o trabalho infantil realiza é, de forma direta, a vivência escolar, portanto, retirando dessas crianças a possibilidade de serem trabalhadores valorizados dentro de um sistema altamente competitivo, como é o mundo do trabalho em nossos dias.

Em especial, Sr. Presidente, quero fazer referência ao trabalho que estamos desenvolvendo, com a responsabilidade da Relatoria, na Comissão Parlamentar

Mista de Inquérito que investiga, a partir do Congresso Nacional, as situações da violência sexual e da exploração sexual, trabalho que conta com a presença das

Deputadas Janete Capiberibe e Luiza Erundina.

Verificamos que em todas as regiões brasileiras e em todos os Estados do

Brasil, independentemente de seu desenvolvimento econômico, desde os mais ricos até aqueles onde encontramos as mais precárias condições de vida, crianças e adolescentes são vítimas de redes que promovem a exploração sexual. Tanto em

Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul, onde estivemos na semana passada, como no Nordeste brasileiro, a exemplo da cidade de São Luís, identificamos as mesmas circunstâncias de violência.

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Em todo o litoral brasileiro, em nossas mais longínquas fronteiras, no Estado do Amapá ou em Foz do Iguaçu, cidade para a qual estaremos nos dirigindo amanhã, acabamos verificando que crianças e adolescentes brasileiros são vítimas de perversas redes que promovem a exploração sexual.

A CPMI e todos nós, Parlamentares, queremos desvelar essas circunstâncias da violência. E queremos mais: ao mesmo tempo em que enfrentamos a impunidade presente na sociedade brasileira, queremos desenvolver políticas públicas para as quais devemos reservar um olhar específico neste momento, quando estamos às vésperas de discutir e votar o Plano Plurianual e o Orçamento da União.

Para que dêem conta das situações de empobrecimento e vulnerabilidade por que passam as nossas crianças e adolescentes, as políticas públicas não podem ser pobres, de segunda categoria. Precisaremos, portanto, de um olhar específico, exatamente o que estamos procurando desenvolver juntamente com a Frente

Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, a fim de que o

Orçamento da União seja por inteiro destinado aos direitos humanos, à inclusão social e particularmente às crianças. É com esse chamamento que realizamos este pronunciamento.

Portanto, às vésperas do dia 12 de outubro, esperamos que bênçãos caiam sobre nós e que o Orçamento e o Plano Plurianual que estamos discutindo tenham em si a marca do interesse da criança e do adolescente brasileiros. Que avancemos nessa discussão, para que nos próximos anos possamos enfrentar o drama da desigualdade e compor políticas públicas de inclusão social.

Muito obrigada.

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A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. JANETE CAPIBERIBE (PSB-AP. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, ontem, dia 7, realizamos no auditório Petrônio Portela, no Senado Federal, o seminário internacional Transgênicos: Embates Atuais, que contou com a participação de cientistas franceses e brasileiros, além de vários colegas da Casa.

Quero ressaltar aqui, Sr. Presidente, a importância da realização desse seminário num momento em que o Brasil vive a decepção de ver autorizada, pelo

Governo, a plantação de soja transgênica, por meio da Medida Provisória 131.

Pontos críticos e graves foram citados pelos cientistas franceses Jacques

Testart, Frederic Prat e Jean Yves Griot, pelo professor da Universidade Federal do

Paraná Victor Pelaz e pelos demais participantes do seminário: 1 - não existe nenhuma comprovação de que os organismos geneticamente modificados não façam mal à saúde humana, nem existem estudos que comprovem que os transgênicos não colocam em risco nosso meio ambiente; 2 - o Brasil perderá mercado se optar pela plantação desses produtos; 3 - estudos demonstram, claramente, que a produção de transgênicos possui maior resistência de bactérias e de ervas daninhas e por conseqüência deverá utilizar mais herbicidas.

O pesquisador francês Jacques Testart, "pai científico" do primeiro bebê de proveta, afirmou que os alimentos geneticamente modificados são uma violência contra a ciência, pois não há experimento sério sobre suas conseqüências no meio ambiente e na saúde dos seres humanos. "O que acontecerá quando os

771 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 transgênicos estiveram massivamente nos campos?", indagou o cientista, que defendeu, Sr. Presidente, maior rigor na discussão do assunto.

Frederic Prat, engenheiro agrônomo especialista na questão dos transgênicos, disse em sua exposição que a possibilidade de contaminação de transgênicos em plantações não transgênicas é enorme e coloca em risco a saúde de toda uma produção. Segundo ele, uma semente transgênica, ao cair e misturar-se com as orgânicas, compromete a produção.

Jean Yves Griot, Presidente de cooperativa de produtores franceses, garantiu,

Sr. Presidente, que a Europa passou a comprar muito mais soja brasileira depois que os Estados Unidos passaram a produzir soja transgênica. Se nós, Sr.

Presidente, começarmos agora a plantar soja transgênica, com certeza perderemos esse mercado, que ganhamos com o suor dos nossos produtores, pois pesquisa revela que mais de 70% da Europa rejeita esses produtos.

Quero registrar ainda a decepção que o representante da empresa Monsanto do Brasil causou a todos ao comparecer ao seminário e ir embora antes de proferir sua palestra, para debater democraticamente todos os pontos da questão.

Sr. Presidente, a ciência não é uma aventura. Ao contrário, é um trabalho cheio de desafios, relevante para a sociedade brasileira, para nós, Parlamentares, que nesta Casa fazemos as leis que regem nosso País.

Lamentamos, Sr. Presidente, a ausência da EMBRAPA e da Monsanto.

Agradecemos ao Presidente João Paulo por nos haver facilitado o contato com o Senador Romeu Tuma, para que fosse realizado o seminário, em dia de luto desta Casa, em razão do falecimento do nosso colega Deputado José Carlos Martinez. Solidarizamo-nos com seus companheiros do PTB neste momento. Muito obrigado.

772 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. CARLOS SANTANA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, estou muito preocupado com os resultados aos quais pode chegar a

Comissão Interministerial que está analisando a questão da rede ferroviária.

Sr. Presidente, a Rede Ferroviária Federal S/A, erroneamente, está em processo de liquidação. Tenho posição contrária a esse processo. Estudos do

BNDES constataram que hoje poderiam circular vários trens de passageiros no

Brasil, como o Trem Mineiro, o Trem Barrinha e tantos outros.

Cada vez mais tenho certeza de que não pode ser liquidada empresa tão importante quanto a Rede Ferroviária Federal S/A. Os trabalhadores ferroviários da ativa e aposentados fizeram manifestação em esfera nacional. No final de mês de outubro irão a cada Parlamentar, de gabinete em gabinete, mostrar a importância que a ferrovia tem neste País.

Entendemos que, se o Governo Federal quiser, temos condições de revitalizar todos os ramais que, depois do processo de privatização, foram tirados deste País.

Existem vários trens de passageiros que podem ser reutilizados. Sabemos da importância que a ferrovia tem.

Não poderia deixar de me manifestar. O aniversário da Rede Ferroviária

Federal S/A foi no último dia 30 de setembro, e até hoje os aposentados ferroviários não receberam seus reajustes.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

773 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. CHICO ALENCAR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CHICO ALENCAR (PT-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o anúncio — que queremos reverter — da saída do companheiro Deputado Fernando Gabeira do nosso partido, o Partido dos Trabalhadores, explicita os problemas em uma área do Governo muito sensível para um País como o Brasil: a política de meio ambiente do Governo Lula.

Essa crise teve início no começo do nosso Governo.

A medida provisória que liberou a importação de pneus usados, por pressão dos países do MERCOSUL, contribuiu para aumentar nosso problema doméstico de destinação final dessas carcaças. Ou seja, viramos o lixão do mundo.

Para agradar o neopetista Flamarion Portela, até hoje não foi demarcada a reserva indígena de Raposa/Serra do Sol, antiga luta dos movimentos indígenas e do próprio PT.

Os transgênicos viraram um drama a parte. Primeiro, liberaram a safra transgênica do ano passado, argumentando que o grave momento econômico que o

Brasil atravessava não comportaria esse prejuízo, mas que não seria repetido na safra deste ano. E o que vimos? Uma medida provisória que libera a safra deste ano, desrespeitando a Lei de Biossegurança e o Código de Defesa do Consumidor, ao invés de priorizar o envio do projeto de lei que regulamentaria o plantio de plantas geneticamente modificadas.

O anúncio do apoio à construção da Usina Nuclear de Angra III, usina cara, desnecessária e perigosa, assim como a produção de urânio enriquecido, nos

774 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 deixou — nós, pacifistas petistas — em uma situação desconcertante perante a sociedade que sempre nos viu combater essas idéias.

Por fim, vimos o enfraquecimento da Ministra Marina Silva, que teve suas posições derrotadas nesses episódios e no grande contigenciamento que o

Ministério de Meio Ambiente teve este ano, amarrando suas ações e inviabilizando boas propostas da Ministra.

Muito obrigado.

775 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência reitera o apelo aos

Srs. Parlamentares a fim de que venham ao plenário para atingirmos o quorum regimental e darmos início à Ordem do Dia. Registraram presença 237 Srs.

Deputados. Precisamos atingir o quorum.

776 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. NEUCIMAR FRAGA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NEUCIMAR FRAGA (Bloco/PL-ES. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos entrando no período mais crítico da seca. Essa época traz um enorme prejuízo a várias regiões do País.

Quero deixar registrado, em especial, o grande prejuízo ao Estado do Espírito

Santo. O norte do Estado tem passado por uma situação muito difícil em face do agravamento da crise da seca na região. Não chove há 8 meses.

Em São Roque do Canaã, a água já está sendo racionada e os córregos secaram. No Município de São Mateus, embora conte com um importante rio, o Rio

Cricaré, os prejuízos também são grandes. O gado está morrendo. As safras de cana, café e cacau estão comprometidas. A seca pode provocar um prejuízo de aproximadamente 20 milhões para a economia de São Mateus.

Segundo informações, o Ministério da Integração Nacional possui 25 milhões de reais disponíveis para aplicação na região do Espírito Santo.

Portanto, deixo registrado nos Anais desta Casa um apelo ao Ministro Ciro

Gomes — estamos inclusive agendando uma audiência com S.Exa. — para que sejam empreendidos esforços no sentido da liberação dos recursos para o combate

à seca no norte do Espírito Santo, a serem aplicados em medidas urgentes, tais como a formação de frentes de trabalho para combater as conseqüências mais graves da seca, sendo a principal a fome.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, além da liberação desses recursos, sabemos que é necessária a elaboração, inclusive com a participação e o apoio do

Ministério da Integração Nacional, de um Programa de Gestão Participativa de

777 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Recursos Hídricos, uma vez que identificou-se que no Estado do Espírito Santo o fator determinante da seca está relacionado, sobretudo, à falta de planejamento e manejo de recursos hídricos, gerando, por conseqüência, crises recorrentes na região.

Destaco, ainda, que tais medidas são da maior importância, já que a gestão e aplicação correta dos recursos, sobretudo para os Municípios do norte do Estado, contribui para o desenvolvimento do Estado e, por conseguinte, das potencialidades econômicas dos Municípios do interior, vez que, em muitos casos, 80% da economia desses Municípios é oriunda de fontes econômicas do agricultura e do agronegócio em geral.

Espero contar com o apoio do Governo, para que possamos rapidamente reverter essa situação, antes que as conseqüências sejam maiores e sem retorno.

Deu abençoe esta Casa!

Obrigado.

778 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. MANATO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MANATO (PDT-ES. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna no dia de hoje para prestar minha homenagem à PETROBRAS, empresa genuinamente brasileira com muito orgulho.

Na última sexta feira, nossa estatal petrolífera completou 50 anos muito bem vividos e com motivos de sobra para comemorar.

Trata-se, Sr. Presidente, da maior empresa brasileira, a décima segunda companhia mundial no segmento de petróleo e a sétima entre as empresas com capital aberto.

Os avanços alcançados pela PETROBRAS nesse meio século de vida foram inúmeros, e a cada dia que passa nossa estatal aumenta sua atuação além das nossas fronteiras.

A presença da PETROBRAS é maciça em toda a América Latina, nos

Estados Unidos e também na África. Tem como seu próximo desafio a entrada no

Oriente Médio, a partir da participação em licitações que serão realizadas no Irã.

Outro fato que me dá muita alegria diz respeito aos projetos cada vez mais ambiciosos da PETROBRAS. Entre as suas metas está ser a maior empresa de energia da América Latina até o ano de 2010. Já em 2006 poderemos ter auto-suficiência no que diz respeito a petróleo, e no ano seguinte a empresa se tornará grande exportadora de óleo, um volume estimado em 600 mil barris por dia, superando em muito os atuais 200 barris por dia.

779 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Ressalto que a ruptura do monopólio estatal do petróleo, iniciada no Governo

Fernando Henrique Cardoso, ainda não se transformou numa concorrência, como se pretendia, no mercado interno de petroleiras transnacionais.

De acordo com o próprio Presidente da PETROBRAS, José Eduardo Dutra, a empresa está totalmente pronta para competir no regime de livre mercado, no que diz respeito à gestão dos seus negócios e na sua eficiência de atuação nos processos da cadeia petrolífera.

A PETROBRAS investe 7 bilhões de dólares por ano, e após uma abertura maior de mercado esses investimentos tendem a crescer ainda mais.

Para o quadriênio 2003/2007, a PETROBRAS prevê investimentos na ordem de 34 bilhões de dólares, que serão alocados em refinarias, plataformas de exploração e gasodutos. Do referido total, quase 6 bilhões serão correspondentes a investimentos no campo da modernização e ampliação da capacidade de refino e participação minoritária no projeto de uma nova refinaria, que ainda não possui localização definida.

Ainda no que diz respeito aos investimentos da estatal, é devido exatamente aos feitos na área de prospecção que nossas reservas provadas de petróleo aumentarão de 11 bilhões para 15 bilhões de barris, só com as descobertas registradas no último ano. Além disso, houve um incremento de 419 bilhões de metros cúbicos de gás natural sobre os 250 bilhões já comprovados.

O cadastro da empresa acerca de seus fornecedores ativos compreende

1.764 empresas de materiais e 2.630 empresas de serviços, que dão a idéia da grandeza e do atingimento da PETROBRAS.

780 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Não poderia deixar de destacar, Sr. Presidente, todo o esforço que a empresa emprega na área de pesquisa, o que valeu para a PETROBRAS a liderança em tecnologia de prospecção e exploração de petróleo em águas profundas. Como exemplo, posso citar o campo de Marlin, na Bacia de Campos, onde se registra o recorde mundial na produção de óleo em águas profundas, com a incrível marca de

600 mil barris por dia.

Os resultados das pesquisas da PETROBRAS também se refletem na tecnologia de exploração de óleo superpesado no fundo do mar e na recuperação de petróleo existente em poços terrestres, que deverá chegar a 50%, prolongando, portanto, a vida útil dos referidos poços.

No campo financeiro, temos o balanço de 2002 com receita operacional líquida de quase 70 bilhões de reais e um lucro líquido de 8 bilhões. Já no primeiro semestre deste ano, o lucro da empresa superou todo o lucro obtido no ano passado, atingindo 9,3 bilhões de reais.

Portanto Sr. Presidente, está mais que provada a competência do Estado para gerir seus negócios, acabando de vez com o mito que se criara quando a

PETROBRAS foi criada, há meio século, quando muitos duvidaram até de que o

Brasil tivesse petróleo e de que uma empresa genuinamente brasileira teria a devida competência para descobrir e depois explorar o “ouro negro”. E sobretudo sua capacidade de se adaptar aos novos tempos, com a quebra do monopólio e as futuras concorrências.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

781 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. LEANDRO VILELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LEANDRO VILELA (PMDB-GO. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Sras. Deputados, para a minha tristeza e de todo o povo goiano, venho mais uma vez a esta tribuna denunciar a inépcia demonstrada pelo Governo de Goiás na gestão dos serviços públicos essenciais. Não bastasse o caos no transporte coletivo, a ineficácia da segurança pública e o descaso para com a educação, especialmente com a Universidade Estadual de Goiás, nesta segunda- feira, 6 de outubro, o jornal O Popular exibiu como manchete de capa o patamar lamentável ao qual chegou a saúde pública em Goiás.

Sabemos que em praticamente todos os Estados brasileiros o serviço público de saúde apresenta deficiências graves e nem sempre consegue prestar os serviços que a população precisa, com a qualidade que ela merece. A demanda é imensa e os recursos são limitados.

Contudo, em Goiás, o problema não é outro senão o descumprimento da

Emenda Constitucional nº 29, que determina que o Estado invista pelo menos

11,47% de sua arrecadação em saúde. O déficit de repasses já chega a R$ 45 milhões. As despesas mensais da Secretaria Estadual de Saúde superam os R$ 14 milhões, mas o Governo Estadual tem repassado apenas R$9 milhões em média.

A dívida com fornecedores ultrapassa R$70 milhões. Enfrentando sérias dificuldades, entre elas a ausência de crédito junto aos fabricantes, as empresas já anunciaram que serão obrigadas a cortar o fornecimento de remédios, alimentos e produtos de limpeza nos próximos dias. À Associação dos Distribuidores e

Fornecedores da Saúde não restou outra alternativa senão protocolar denúncia no

782 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Ministério Público Federal contra o Governo de Goiás pelo descumprimento da

Constituição.

Não apenas as informações, mas as fotos publicadas pelo jornal O Popular são revoltantes e dão a dimensão exata do sofrimento a que são submetidos os goianos que necessitam do serviço público de saúde. Em 13 anos de existência o

Hospital de Urgências de Goiânia, que atende cerca de 800 pacientes por dia, muitos deles em estado grave, nunca passou por uma reforma completa. A cozinha do HUGO, responsável pelo fornecimento de mais de 1,7 mil refeições diárias, foi notificada pela Vigilância Sanitária. Azulejos quebrados e calhas abertas no lugar de ralos compõe um cenário lamentável e nem um pouco higiênico.

Por falta de uniformes, os funcionários que lidam com a comida trabalham com suas próprias roupas. Alguns chegam até mesmo a usar sandálias de dedo em vez de sapatos fechados ou botas, como seria recomendável. Como agravante, o quadro de profissionais de nutrição é insuficiente.

Por falta de manutenção nos elevadores, 2 deles estão parados desde a

última quinta-feira. Pacientes, visitantes e funcionários estão sendo transportados no mesmo elevador que conduz lixo e material contaminado, o que expõe todo mundo à contaminação. Há a possibilidade de que os salários dos funcionários terceirizados, que prestam serviços de limpeza, sejam pagos com atraso.

Desde segunda-feira, faltam margarina, macarrão, fubá, bolachas, café, maionese, doces e extrato de tomate na dispensa do HUGO. O fornecedor de carnes e verduras do hospital avisou que estes produtos também podem faltar na próxima semana.

783 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O quadro deverá se agravar ainda mais nos próximos dias, caso os médicos voltem a se mobilizar por melhores salários. No início do ano, todos os neurocirurgiões da unidade pediram demissão, em protesto pela falta de condições de trabalho e pelos salários aviltantes. Agora, outros especialistas, como ortopedistas e cirurgiões vasculares e gerais, também se mobilizam e reivindicam remuneração mais justa.

Por todos estes motivos, faço apelo ao Ministério Público Federal e também ao Estadual para que fiquem do lado da população de baixa renda de Goiás e mandem apurar, com rigor, todos os indícios de irregularidades. Os cidadãos que procuram o serviço público de saúde em momento de dor não podem ser penalizados pela ineficiência e irresponsabilidade do Governo Estadual.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no momento em que comemoramos os excelentes resultados apresentados pela agricultura brasileira, é fundamental que tenhamos consciência de que o preço do sucesso do agronegócio não pode ser a degradação do meio ambiente. Tão importante quanto gerar divisas e bater recordes de produtividade e receita é garantir que o planeta não se torne um local inóspito para as gerações futuras.

A Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente e a Prefeitura de Santa Helena de Goiás, Município localizado no sudoeste goiano, a 205 quilômetros de Goiânia, deram exemplo de responsabilidade ambiental na quarta-feira, 1º de outubro, com a realização do 1º Dia de Campo Ambiental. O evento contou com a parceria do

IBAMA e serviu como prévia para a Pré-Conferência Estadual do Meio Ambiente, a ser realizada em Goiânia de 20 a 22 de outubro, e a Conferência Nacional do Meio

Ambiente, que será realizada em Brasília de 28 a 30 de novembro próximos.

784 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Representantes de órgãos e entidades ligadas à defesa ambiental e de diversos Municípios da região sudoeste, como Aparecida do Rio Doce, Caçú,

Itarumã, Acreúna, Rio Verde, Lagoa Santa, Jataí e Quirinópolis, prestigiaram o encontro. O evento se tornou um fórum privilegiado de questões importantes relativas ao meio ambiente, e as sugestões, reclamações e denúncias colhidas servirão de subsídios para a realização da Pré-Conferência Estadual do Meio

Ambiente.

Como não poderia deixar de ser, o equilíbrio entre o desenvolvimento da agropecuária e o meio ambiente foi um dos temas que ganhou destaque no debate.

O sudoeste goiano é responsável pela maior parte dos grãos colhidos no Estado, e está entre as principais regiões produtoras do País. Gigantes no agronegócio e vivendo um processo crescente e acelerado de urbanização, os Municípios que compõem a região sudoeste demonstraram preocupação com a preservação dos recursos naturais e com a qualidade de vida da população.

O Dia de Campo Ambiental também serviu para que a competente administração de Santa Helena de Goiás pudesse mostrar aos representantes de outros Municípios como é possível, mesmo com limitações orçamentárias, fazer uma gestão empreendedora e comprometida com a preservação ambiental. Os presentes puderam conferir a eficiência do trabalho da Central de Produção de Mudas de

Espécies Nativas do Município, que tem capacidade de produção de mais de 150 mil mudas por ano. Também puderam conhecer 2 áreas de reflorestamento sob a responsabilidade da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Santa Helena de

Goiás.

785 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Tanto o Prefeito de Santa Helena de Goiás, Judson Lourenço, quanto o

Secretário de Agricultura e Meio Ambiente do Município, Elcione Barbosa dos

Santos, merecem o nosso aplauso. Comprometidos com o desenvolvimento do

Município e a qualidade de vida da população, esses 2 homens demonstram que o

Poder Público pode ser o condutor de um processo de crescimento econômico com respeito ao meio ambiente. Que o exemplo dado por Santa Helena de Goiás sirva de inspiração para outros Municípios brasileiros.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com a proximidade do 12 de outubro, quando será celebrado o Dia da Criança, fica mais evidente a imensa dívida que toda a nossa sociedade tem a resgatar junto a estes pequeninos. O Brasil tem falhado com suas crianças. O Congresso Nacional não pode fugir à sua parcela de responsabilidade.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, apesar dos esforços aparentes do Poder Público no combate ao trabalho infantil, há 6,6 milhões de pequenos brasileiros, entre 5 e 15 anos, trabalhando. Desde total, 870 mil estão realizando os piores tipos de atividade e 560 mil fazem trabalhos domésticos. Os números chocam, mas é importante frisar que os casos estão subnotificados.

Por esse Brasil continental a fora milhares de crianças estão submetidas a condições degradantes de trabalho, perdendo sua infância e o direito de sonhar com um futuro melhor. Os pais, quase sempre também vítimas da miséria, não podem abrir mão da ajuda dos filhos para garantir um pouco de comida à mesa.

A prostituição infantil é uma ferida aberta em nossa sociedade. Meninos e meninas de todas as regiões do País vendem seus corpos por alguns trocados. Nos garimpos da Região Norte, nas zonas portuárias, nos grandes centros e até nos

786 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 locais mais insuspeitos a exploração sexual de menores sobrevive às tentativas dos governantes de combater esse crime revoltante.

Mas os abusos não partem apenas de desconhecidos. Dentro de suas casas crianças também sofrem violência física e sexual por parte daqueles que deveriam amá-las e protegê-las. E neste caso, a violência não faz distinção de sexo, cor da pele, religião ou classe social. A violência não poupa a infância de ricos ou pobres.

Pesquisa divulgada recentemente pela Secretaria Especial dos Direitos

Humanos revelou que 69% das vitimas de abuso sexual são crianças de até 11 anos de idade, e em pelo menos 50% dos casos o abuso foi prolongado.

Estima-se que todos os dias 18 mil brasileirinhos são espancados e pelo menos 100 morem vítimas de maus-tratos. São aproximadamente 6,5 milhões de casos de violência por ano, e em cerca de 50% dessas ocorrências os agressores têm convívio familiar com a vítima.

Ainda temos de conviver com altas taxas de mortalidade infantil. São 29,68 mortes para cada mil brasileiros nascidos vivos. A miséria, a desnutrição, a violência e doenças que já deveriam ter sido erradicadas ameaçam continuamente a infância brasileira. Muitos, pela mais completa desestruturação familiar, hoje moram nas ruas, correndo todo o tipo de risco e muitas vezes cometendo pequenos crimes.

Neste 12 de outubro, mais do que afagar ou presentear com um brinquedo a criança mais próxima, devemos nos lembrar de todos os menores submetidos a ultrajantes sofrimentos. Todos nós temos de nos comprometer com a superação dessa infame realidade.

Também somos responsáveis pela criança que mora ao lado, que é espancada ou abusada, com a cumplicidade do nosso silêncio; pelos pequenos que

787 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 vendem os mais diversos produtos nos faróis, ou o próprio corpo, nas esquinas; por aqueles que estão em situação de rua e hoje são vistos por nós como ameaça; pelos milhões de meninos e meninas subnutridos, e até por todos aqueles que freqüentam a escola mas não conseguem aprender.

Espero que no próximo 12 de outubro tenhamos boas notícias para comemorar. Que todos esses pequenos brasileiros encontrem em sua família carinho, compreensão e cuidado e que os pais não precisem mais do trabalho de seus filhos para sobreviver.

Aproveito a oportunidade, para saudar todos os engenheiros agrônomos do

País, que em 12 de outubro também comemoram o seu dia. Graças à determinação e à excelência técnica desses profissionais, hoje o Brasil pode celebrar safras recorde ano após ano. Não há dúvidas de que a modernização das técnicas agrícolas é a maior responsável pelo aumento expressivo da nossa produtividade.

São a esses profissionais que devemos nossos recordes de exportação e receita e a nossa consolidação como potência agroexportadora.

788 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Esta Presidência aproveita a oportunidade e parabeniza V.Exa., nobre Deputado Luiz Carlos Hauly, pelo transcurso, hoje, do seu aniversário. Esta Presidência deseja a V.Exa. muitas felicidades e lhe rende as mais justas homenagens, pelo grande trabalho que realiza nesta Casa em defesa do Estado do Paraná e do País.

Meus efusivos cumprimentos, nobre Deputado Luiz Carlos Hauly.

789 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. JÚLIO CESAR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JÚLIO CESAR (PFL-PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Diário Oficial da União, na edição nº 190, de

1º de outubro de 2003, publicou a Portaria nº 252, de 29 de setembro de 2003, do

Exmo. Sr. Ministro da Fazenda.

A portaria diz:

“Art. 1º Divulgar, na forma do Anexo a esta

Portaria, a planilha de cálculo dos valores dos ajustes da

complementação da União, relativa ao ano de 2002, a

serem implementados no mês de outubro do corrente

ano.

§ 1º Os valores repassados a maior aos Estados

do Maranhão, Bahia, Pará e Piauí, e seus respectivos

Municípios, serão deduzidos da quota do FUNDEF, com

base nos coeficientes individuais de participação

divulgados pelo Ministério da Educação — MEC, que

vigoraram em 2002”.

Sr. Presidente, quanto ao Estado do Piauí, está previsto o desconto, no dia 10 do corrente, de 11 milhões, 193 mil reais dos Municípios. Ora, esse valor representa mais de 80% do que os Municípios recebem por mês.

Apelo ao Sr. Ministro Antônio Palocci e ao Secretário da Receita Federal para que suspendam esse desconto. Vamos ajustar essas contas com os Prefeitos e

Governadores do Estado e saber se realmente foi creditado a maior em favor dos

790 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Municípios do Piauí. Aí, sim, vamos procurar uma forma de compensar, mas de maneira que não inviabilize a educação nos Municípios do meu querido Piauí.

Obrigado, Sr. Presidente.

791 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. LUIZ CARLOS HAULY - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, quero registrar o aniversário de

2 importantes cidades do Estado do Paraná. Uma é a minha cidade natal, Cambé, que, no dia 11 de outubro, comemorará mais 1 ano de emancipação político-administrativa. Cambé foi emancipada do Município de Londrina em 1947 e tem hoje 100 mil habitantes. É uma das mais importantes cidades do Estado do

Paraná. São 56 anos de emancipação. Estendo os cumprimentos a todo o povo de

Cambé, ao Prefeito José do Carmo Garcia, ao Vice-Prefeito Cícero e à Câmara de

Vereadores.

A outra cidade é Araponga, que fará aniversário no dia 10 de outubro. Foi a mesma lei que criou esses 2 Municípios. Araponga também tem 100 mil habitantes e

é um dos mais importantes Municípios do Estado do Paraná. Meus cumprimentos ao

Prefeito José Bisca, ao Vice-Prefeito Guto Grassano, à Câmara de Vereadores e a todo o povo de Araponga. Esses Municípios são exemplos no País.

O Prefeito de Cambé, José do Carmo Garcia, é Presidente da Associação dos

Municípios do Brasil. Sempre foi uma liderança municipalista, 2 vezes Presidente da

Associação dos Municípios do Paraná e da microrregião da AMEPAR, celeiro do municipalismo no Brasil.

Por sua vez, o Prefeito José Bisca, outra grande liderança municipalista, foi

Presidente da Federação dos Municípios do Estado do Paraná.

Sr. Presidente, os Municípios que homenageio ostentam altos índices de qualidade de vida e de desenvolvimento econômico, social e político. Deixo,

792 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 portanto, registrado o aniversário das 2 importantes cidades do norte do Paraná, colonizadas na década de 30 pelos ingleses com a Companhia de Terras Norte do

Paraná, que tinha sede maior em Londrina e Maringá.

É o registro que gostaria de deixar consignado.

Muito obrigado.

793 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência reitera apelo aos

Srs. Parlamentares a fim de que venham ao plenário registrar a presença.

Precisamos atingir o quorum regimental para dar início à Ordem do Dia. Até o presente momento, o painel registra 246 presenças; faltam apenas 11.

794 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ABELARDO LUPION - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ABELARDO LUPION (PFL-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, venho registrar o momento extremamente triste que vive a população do Estado do Paraná, principalmente nós, Deputados Federais, que perdemos um grande companheiro com o falecimento do Deputado José Carlos Martinez. Acabei de falar com meu filho, que está indo me representar no velório do querido amigo.

Em nome da minha família e em meu nome particular — tive tantas passadas com o amigo Martinez, companheiro que me estendeu a mão quando eu saí candidato a Deputado pela primeira vez, na época do PRN —, quero lamentar, entristecido, este momento amargo que enfrentamos. Companheiro de todas as horas, homem que sabia ser leal e amigo não é todo dia que se encontra.

795 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

A SRA. LUIZA ERUNDINA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. LUIZA ERUNDINA (PSB-SP. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, colegas Parlamentares, venho chamar a atenção de V.Exas. e dos telespectadores da TV Câmara para artigo publicado pela Folha de S.Paulo, edição de 1º de outubro, de autoria do ex-Deputado e ex-Secretário de Saúde da cidade de

São Paulo por 2 vezes Eduardo Jorge Sobrinho, que denuncia o que se está fazendo com a saúde pública em nosso País, um desrespeito ao que estabelece a

Constituição federal brasileira sobre vinculação de recursos para aplicação em política de saúde, em âmbito federal, estadual e municipal.

Eduardo Jorge denuncia particularmente a manobra feita pelo Governo

Federal quando vetou dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias e retirou mais de 3,5 bilhões do que estava previsto no Orçamento da União para 2004, em cumprimento à Emenda Constitucional nº 29, aprovada no ano 2000. Graças àquela conquista do povo brasileiro, o Orçamento em curso prevê um montante de 40 bilhões de reais para a saúde, quantia ainda insuficiente para atender à demanda por saúde pública, sobretudo porque a crise social — desemprego em massa e conseqüente perda de poder aquisitivo da população brasileira, até mesmo da classe média — está fazendo crescer a procura pelos serviços públicos. A maioria daqueles que antes tinham convênios particulares não mais dispõem de recursos para cobrir esse gasto, o que implica maior pressão da população sobre os serviços do Sistema Único de Saúde.

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Sr. Presidente, requeiro a V.Exa. autorize a inscrição nos Anais da Casa do magnífico e oportuno artigo do nobre ex-Deputado Eduardo Jorge Sobrinho, intitulado O SUS é do Brasil.

Sr. Presidente, além de denunciar os cortes programados para o orçamento da saúde no próximo ano, Eduardo Jorge ressalta o avanço que representaram para o País a reforma sanitária e o Sistema Único de Saúde, lembrando que é essa a política social mais inclusiva que o Brasil já adotou. Graças à melhoria na qualidade dos serviços públicos de saúde prestados pelas 3 esferas de poder — municipal, estadual e federal —, nosso índice de desenvolvimento humano já mostra indicadores positivos. Diz ainda o ex-Deputado que é inaceitável, inadmissível descumprir as leis e a Constituição, aprovadas nesta Casa graças ao trabalho dedicado e persistente de tantos Parlamentares que se ocuparam prioritariamente de defender a saúde pública.

O Sistema Único de Saúde, que ainda não está de todo implantado — ainda não se estabeleceu a gestão plena nos Municípios, a efetiva descentralização da saúde, com controle social e uma política prioritária —, tem necessidade urgente de aporte de recursos.

Sr. Presidente, a meu ver, o texto do colega Eduardo Jorge deve servir para que todos tenham consciência do atentado que se perpetra contra o povo brasileiro quando a peça orçamentária do Governo prevê cortes inaceitáveis de recursos que, constitucionalmente, deveriam estar vinculados. Lamento que o Governo esteja decido a reduzir os recursos da saúde para o ano 2004.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Agradeço a oportunidade. ARTIGO A QUE SE REFERE A ORADORA

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 798 A 798-A)

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O SR. ASSIS MIGUEL DO COUTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ASSIS MIGUEL DO COUTO (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que me traz aos microfones desta Casa é uma preocupação muito grande com fato de conhecimento de toda a população. Refiro-me à situação em que se encontra o Parque Nacional do Iguaçu.

A questão é complexa e certamente tomará muito tempo de discussão, mas quero fazer publicamente uma denúncia. Moro a 6 quilômetros da cidade de Capanema.

Minha família está lá. A cidade de Capanema está cercada pela Polícia Federal, que tenta tirar de lá uma balsa que poderia ser usada para a travessia do rio Iguaçu. O

Prefeito, o juiz e o padre do Município foram conversar com o delegado da Polícia

Federal que está à frente dessa operação, para ver a possibilidade de essa balsa ficar na cidade. Comprometeram-se a assinar termo de responsabilidade para que ela não saia de lá, numa clara tentativa de evitar um confronto da polícia com a população local.

Sr. Presidente, considero absurdo esse conflito no centro da cidade com a

Polícia Federal. Desde 8h30min de hoje tentamos negociar. Só falta o parecer do

IBAMA para que o juiz da Vara Federal de Foz do Iguaçu desconsidere a liminar de apreensão e destruição daquele equipamento, que não está no rio e sequer próximo do Parque Nacional. Ele está a 26 quilômetros desse parque. Estamos sendo prejudicados com a falta de sensibilidade do IBAMA, que acionou a 2ª Vara Federal de Foz do Iguaçu para obtenção dessa liminar.

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Em Capanema, não moram bandidos, mas pessoas que trabalham, inclusive da minha família.

Portanto, registro meu repúdio a essa ação da Polícia Federal ordenada por iniciativa do IBAMA.

Muito obrigado.

800 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. CORIOLANO SALES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CORIOLANO SALES (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero fazer o registro da presença na Casa do Desembargador

Cláudio Baldino Maciel, membro do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e

Presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, o qual veio prestar depoimento na Comissão Especial criada para discutir o mérito da PEC que dispõe que as vagas para o Supremo Tribunal Federal sejam preenchidas por juízes de carreira.

Manifesto-me contra essa proposta porque acho o modelo atual, do quinto constitucional preenchido por advogado, integrante do Ministério Público ou juiz de carreira, o melhor para a composição do STF.

Na oportunidade, Sr. Presidente, travamos uma discussão sobre a questão do mandato. Entendo que os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos demais

Tribunais Superiores devem ter mandato para oxigenar estas cortes. As nomeações devem se renovar permanentemente, para o aparecimento de novas idéias e de novas propostas jurídicas.

Sr. Presidente, faço este registro na certeza de que as mudanças para transformar o Supremo Tribunal Federal numa corte ocorram de forma a inserir na

Constituição competência dessa natureza, para que também alivie o STF e este possa cumprir sua missão histórica como tribunal político — político no sentido mais belo do termo — e julgar as ações exclusivamente dentro do preceito constitucional.

Muito obrigado.

801 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ZONTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ZONTA (PP-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na pauta da Ordem do Dia de hoje constam apenas 2 projetos. Indago a V.Exa. por que não faz parte dela o Projeto de Lei nº 7.214-A, de 2002, já que na última terça-feira encerrou-se a discussão deste projeto e, por apelo do Partido dos

Trabalhadores, a votação ficou para o dia seguinte. Por acordo de Lideranças, decidiu-se votar a matéria na última quarta-feira. No entanto, ela não foi votada e hoje não consta da Ordem do Dia, assim como o Projeto de Lei nº 5.756, de 2001, que cria as varas da Justiça Federal.

802 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. SEVERINO CAVALCANTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SEVERINO CAVALCANTI (PP-PE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, uma Casa de leis sem solenidade é uma Casa sem respeito. Democracia e liberdade de expressão não se confundem com desregramento. Os dizeres de nossa bandeira exprimem esse mandamento: “Ordem e Progresso”.

Esta é a Casa do povo. No entanto, isso não significa que este possa fazer aqui dentro qualquer coisa e em qualquer lugar. A Câmara dos Deputados é uma

Casa de liberdade, mas também é uma Casa de Direito, com regras. A liberdade não é um bem absoluto. Para ser real, ela precisa de limites.

Hoje assistimos ao lançamento da Frente Parlamentar pela Livre Expressão

Sexual. Até aí tudo bem. O problema, que chocou Parlamentares e funcionários da

Casa de diferentes idades, credos religiosos e até ateus, foi o local destinado ao evento: o Salão Nobre do Congresso Nacional, o mais reservado espaço do Poder

Legislativo para cerimônias antes restritas, solenidades que prezavam pela formalidade. Ali, em um café da manhã que se converteu em grande algazarra, homossexuais beijavam-se e acariciavam-se de maneira inconveniente e espalhafatosa, esquecendo-se de que se encontravam no Salão Nobre do

Congresso Nacional, posando para fotos sob o delírio dos que os acompanhavam e diziam prestigiar o evento.

803 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Não quero defender a censura, mas as manifestações de grupos ou de quem quer que seja devem ser feitas em local e da forma apropriados, com seriedade, sobriedade e respeito, sem algazarra e sem afronta a um Poder constituído.

Não podemos abandonar a solenidade de eventos realizados nesta Casa, mesmo os mais festivos, sob pena de darmos razão quando acusarem este Poder de não ser sério, de não se dar ao respeito e à ordem, onde qualquer um faz o que bem entende e em qualquer lugar.

Ainda não conseguimos saber de quem partiu a ordem e a decisão de se instalar essa Frente em espaço que jamais foi conseguido por uma Liderança desta

Casa ou por um Presidente de partido, para fazer reuniões ou encontros partidários.

Quando Cristo expulsou os vendedores do pátio do Templo, não o fez porque era contra o comércio, mas porque aquele não era o local correto.

Não me move aqui a discriminação de grupos por suas opções sexuais, ideológicas ou religiosas. Como cristão, nada tenho contra ninguém. Respeito todos os seres humanos, mas não podemos abrir mão de princípios que devem nortear qualquer civilização, como o respeito aos valores morais e éticos de uma sociedade, garantidos em nossa Constituição.

Todavia, não aceito que uma condição pessoal, como a opção sexual, seja usada como bandeira de proselitismo. Não podemos aceitar que se transforme o homossexualismo em causa destinada unicamente a afrontar a lei e o espírito cristão da sociedade brasileira.

Infelizmente, Sr. Presidente, esta Casa tem sido palco de várias afrontas. No

último dia 28 de agosto, por exemplo, fomos surpreendidos com a notícia de que o

Conselho Diretor do Pró-Saúde da Câmara dos Deputados tomou decisão ilegal e

804 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 injusta. Contrariando a um só tempo a Constituição Federal, o Código Civil, a Lei de

Responsabilidade Fiscal e a legislação interna da Casa, o Conselho do Pró-Saúde autorizou — veja bem V.Exa., Sr. Presidente — a inclusão do companheiro homossexual de um servidor no programa, quando centenas de funcionários brigam na Justiça para incluir enteados, pais idosos e até mesmo companheiras de muitos anos. Então, agora, o companheiro de homossexual pode contar com os benefícios do Pró-Saúde.

Não há lei que autorize tratar a sociedade homossexual como união estável.

Quando foi aprovado o novo Código Civil, este Plenário, em conformidade com a

Constituição Federal, decidiu que só pode haver união estável entre homem e mulher. Só essa união a lei considera entidade familiar, a ela dando proteção e conferindo direitos. Não há, portanto, base legal para estender à sociedade homossexual os mesmos direitos da entidade familiar. Logo, a decisão do Conselho do Pró-Saúde é uma afronta à lei, e a despesa gerada é ilegal.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vivemos sob o império da lei. É preciso dar um basta nesse estado de coisas. Não podemos perder a solenidade da

Casa. A um Poder da República não basta ser sério, é preciso parecer sério.

Quando se vive em sociedade, é preciso ter em mente que a moral é um conceito que reflete a maioria dos seus sentimentos. Por isso, devemos entender que os objetivos políticos de determinados grupos devem estar sujeitos ao sentimento moral da sociedade brasileira. Não seremos menos democratas se impusermos limites às manifestações dentro desta Casa.

Se algum dia este País decidir reconhecer a sociedade homossexual como entidade familiar, será por decisão soberana deste Plenário, que representa a

805 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 sociedade brasileira, e não pelo açodamento de meia dúzia de pessoas que se pretendem entendidas na matéria.

Eram estas as considerações que tinha a fazer, Sr. Presidente.

O Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente, deixa

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. João

Paulo Cunha, Presidente.

806 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

VI - ORDEM DO DIA

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A lista de presença registra o comparecimento de 291 Senhores Deputados.

808 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero referir-me ao item do Regimento que aborda o regime de urgência. Queremos pedir regime de urgência para requerimento que cria

Comissão Externa que irá a Cuba acompanhar a questão dos Direitos Humanos.

Regimentalmente, só podemos apresentar requerimento de urgência a projeto de lei em tramitação e não à formação de Comissão Externa.

Então, peço a V.Exa. que inclua na Ordem do Dia dos próximos dias requerimento para criação dessa Comissão Externa que viajará a Cuba.

809 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Passa-se à apreciação da matéria sobre a mesa e da constante da Ordem do Dia.

Sobre a mesa requerimento assinado pelo nobre Líder do PFL, José Carlos

Aleluia, requerendo, nos termos regimentais, a inversão da pauta para que o PLP nº

72-A, de 2003, seja apreciado como o primeiro item da pauta da presente sessão.

810 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ZONTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ZONTA (PP-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, pergunto a V.Exa. por que não foram incluídos na pauta da Ordem do Dia de hoje os

Projetos de Lei nº 7.214, acerca do prêmio do Seguro Rural, e o de nº 5.756, que trata das varas da Justiça Federal, cuja discussão já foi encerrada e houve acordo na terça-feira passada.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Não está na Ordem do Dia,

Deputado, porque eu pautei na semana passada, o Plenário pediu para retirá-los de pauta, inclusive com apoio do Governo, e até agora não sei a posição sobre os 2 projetos. Então, não adianta pautar se não houver acordo, porque depois tem de retirar.

O SR. ZONTA - Sr. Presidente, foi feito acordo de Lideranças...

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Então, agora eu sei.

O SR. ZONTA - ... na terça-feira passada.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para retirar.

O SR. ZONTA - Para votar na quarta-feira.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Não, não foi.

O SR. ZONTA - Para votar na quarta-feira.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Não. A Mesa não ficou sabendo disso, Deputado Zonta.

O SR. ZONTA - Mas foi discutido aqui.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Não ficou.

811 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Antônio Carlos Magalhães Neto.

O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desde o início da discussão da Lei de Falências nesta Legislatura membros do Partido da Frente Liberal, associados aos de outros partidos com assento nesta Casa, chamaram a atenção para o fato de que não poderíamos votar a matéria sem antes promovermos algumas importantes e substanciais alterações no Código Tributário Nacional por um motivo lógico: a hierarquia entre as leis.

O Código Tributário Nacional é uma lei de ordem e natureza complementar; a

Lei de Falências é ordinária. Não poderíamos aprovar uma lei ordinária que estivesse em dissonância com uma lei complementar. Daí a necessidade de primeiro promovermos as mudanças na lei complementar para que então as inovações trazidas pela lei ordinária, no caso a Lei de Falências, estivessem plenamente adaptadas ao Ordenamento Jurídico Brasileiro.

O que fez o Partido da Frente Liberal, tendo como um dos principais artífices dessa construção o Deputado Aroldo Cedraz? Procurou estudar as mudanças necessárias ao Código Tributário Nacional.

É de minha autoria o Projeto de Lei de Complementar nº 72, que propõe essas mudanças. A este projeto de lei complementar está apensado outro, de autoria do Poder Executivo, que também promove alterações no Código Tributário

Nacional. São matérias correlatas e, por isso, estão apensados.

Relatou na Comissão de Economia, Indústria e Comércio o Deputado

Fernando de Fabinho, também do PFL, que deu parecer pela sua aprovação. O

812 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Relator na Comissão de Finanças e Tributação é o Deputado Aroldo Cedraz, estudioso e profundo conhecedor da matéria.

Portanto, neste momento defendemos inversão de pauta para permitir aprovação das mudanças na lei complementar e abrirmos caminhos, a fim de que a ordinária, a Lei de Falências, possa ser aprovada por esta Casa.

Também ressalto que os relatórios, tanto da lei complementar, como da Lei de Falências, ainda estão sendo elaborados e serão posteriormente apresentados.

Daí defendermos a necessidade de se discutir mais a matéria.

Não é possível que 2 relatórios tão importantes — um, que altera o Código

Tributário Nacional, e outro, que promove mudança substancial na Lei de Falências

— sejam hoje apresentados, conhecidos pelos Parlamentares, discutidos e votados na tarde de hoje.

Portanto, fazemos um apelo para que seja aprovada a inversão de pauta, para discutirmos inicialmente os Projetos de Lei Complementar nºs 72 e 73, que altera o Código Tributário Nacional. Apelamos no sentido de ganharmos um pouco mais de tempo para ouvir o Relator, Deputado Aroldo Cedraz, a fim de apreciarmos com cuidado seu relatório e fazermos juízo completo da matéria. Assim, teremos uma produção legislativa à altura do Congresso Nacional e da Câmara dos

Deputados.

Sr. Presidente, deixo registrado este apelo, encaminhando favoravelmente, e peço o apoio das Sras. e Srs. Deputados para a inversão de pauta.

813 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. MORONI TORGAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, isso faz parte de amplo acordo, no qual concordamos votar, primeiro, as modificações do Código Tributário para depois votarmos a Lei de Falências.

Conseqüentemente, esperamos que a votação seja favorável.

814 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. BETO ALBUQUERQUE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, de fato, a iniciativa de inversão de pauta é pertinente, em razão de um tema que discutimos na convocação extraordinária, no mês de julho.

A Lei de Falências já estava em votação. O Código Tributário Nacional, quando da discussão sobre a inversão de pauta, estava apenas em discussão.

Minha pergunta é se do ponto de vista regimental não há impedimento de se fazer inversão de pauta de matéria que já está em votação para optarmos por outra em discussão. Se isso estiver sanado, o Governo concorda, porque de acordo estava quando foi acordado.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Essa questão de ordem já é matéria superada. Trata-se da mesma questão de ordem levantada pelo Deputado

Arnaldo Faria de Sá na sessão que tivemos essa mesma pauta. A Presidência já respondeu, dizendo que é possível a inversão. O Deputado Arnaldo Faria de Sá não se contentou com o indeferimento da questão de ordem por parte da Presidência e recorreu à Comissão de Constituição e Justiça e de Redação. Então, essa questão está sub judice, e a Presidência mantém a decisão da sessão pretérita.

O SR. BETO ALBUQUERQUE - Fico muito grato. No entanto, gostaria de fazer uma consulta aos nobres Líderes.

815 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Vamos votar o requerimento. Há alguém contra votar a mudança de pauta?

816 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, peço a palavra apenas para contribuir no sentido de elucidar a questão.

Entendo que o Deputado Beto Albuquerque, do ponto de vista regimental, está certo. Entretanto, parece-me que, a despeito de ter sido iniciada a votação da

Lei de Falências, há um grande consenso entre os partidos no sentido de que paralisemos esse processo e venhamos a apreciar o Código Tributário. Havendo consenso, não há questão regimental desobedecida.

817 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação o requerimento.

818 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADO.

819 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Item 2.

Discussão, em turno único, do Projeto de Lei

Complementar nº 72, de 2003, que altera dispositivos da

Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 — Código

Tributário Nacional — e dá outras providências; tendo

parecer da Comissão de Economia, Indústria e Comércio

pela aprovação deste, e do PLP 73/03, apensado, com

substitutivo. Pendente de pareceres das Comissões: de

Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de

Redação.

Tendo apensados os Projetos de Lei nºs 73 e 97,

de 2003.

820 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Há, sobre a mesa, o seguinte requerimento:

“Requeiro a Vossa Excelência, nos termos

regimentais, a retirada da pauta do Projeto de Lei

Complementar nº 72-A, de 2003, que ‘altera dispositivos

da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (...).

Sala das sessões, 8 de outubro de 2003.

Líder do PSDB”.

821 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, temos vários textos, várias proposições sobre esta matéria. Há uma proposição de autoria do nobre Deputado Antônio Carlos

Magalhães Neto, uma do Deputado Sandro Mabel e outra do Governo, tratando do mesmo assunto.

Creio que precisamos conhecer o parecer do Relator. Segundo eu soube, haveria um substitutivo. Sem isso, não vejo como votarmos. Há 3 proposições, e precisamos ter o parecer do Relator. Não vejo como votar esta matéria no escuro.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Ainda vou convocar o Relator,

Deputado Aroldo Cedraz, para dar o parecer pela Comissão de Finanças e

Tributação. Então, efetivamente, ainda não conhecemos o parecer.

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA - Sr. Presidente, proponho a V.Exa — veja se é possível — sobrestarmos a votação desse meu requerimento até ouvirmos o parecer do Deputado Aroldo Cedraz.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Sobrestar a votação do requerimento não dá porque vamos entrar em uma nova fase.

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA - Quando poderei apresentar...

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Após a apresentação do relatório do Deputado Aroldo Cedraz, V.Exa. poderá pedir adiamento de votação. É uma outra fase do processo.

822 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA - Adiamento da votação? Isso seria factível.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Assim, V.Exa. teria a oportunidade de conhecer o relatório. (Pausa.)

V.Exa. retira o requerimento?

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA - Retiro.

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O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, informo a V.Exa. que o Deputado Aroldo Cedraz encontra-se em Brasília, já esteve hoje na Câmara dos Deputados. Contudo, neste momento, S.Exa. não se encontra na Casa. Portanto, gostaríamos de fazer um apelo a V.Exa. para que aguardasse a chegada do nobre Relator.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Deputado Antônio Carlos

Magalhães Neto, o Deputado Aroldo Cedraz esteve com o Presidente. Informei a

S.Exa., ao Deputado Moroni Torgan e a V.Exa. que seria mantida a pauta e que faríamos, pelo menos, o encaminhamento para votar esta matéria — salvo se o

Plenário decidisse o contrário.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Então, vou suspender a sessão por 10 minutos. Se o Deputado Aroldo Cedraz não comparecer ao plenário, esta

Presidência nomeará outro Relator.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Está suspensa a sessão por 10 minutos.

(A sessão é suspensa.)

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Está reaberta a sessão.

Concedo a palavra, para oferecer parecer ao projeto, em substituição à

Comissão de Finanças e Tributação, ao Sr. Deputado Aroldo Cedraz.

O SR. AROLDO CEDRAZ (PFL-BA. Para emitir parecer. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este parecer tratar de matéria importante para a Casa e o País. Temos hoje em pauta a possibilidade de discutir e votar o Projeto de Lei Complementar nº 72, de 2003, do eminente Deputado Antônio

Carlos Magalhães Neto. A proposta de S.Exa. altera os dispositivos da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 — Código Tributário Nacional, e dá outras providências.

Ora, Sr. Presidente, sabemos que há mais de 10 anos tramita na Casa outra lei de grande importância para o sistema econômico do País: a Lei de Falências, que não poderia, em hipótese alguma, ser discutida e votada antes das modificações que teríamos de imprimir ao Código Tributário Nacional, objeto de lei complementar, enquanto aquela é simplesmente lei ordinária.

Por isso, na ordem jurídica, teríamos de apreciar hoje essa brilhante iniciativa

à qual estão apensados 2 outros projetos: um de iniciativa do Poder Executivo e outro de autoria do Deputado Sandro Mabel, que também procura agregar a esse trabalho considerações importantes para o aperfeiçoamento do sistema legal brasileiro.

Sr. Presidente, o relatório é o seguinte:

O presente projeto de lei complementar tem por objetivo modificar dispositivos do Código Tributário Nacional, bem como atribuir interpretação autêntica a outras normas de caráter tributário. A oportunidade do presente projeto comprova-se sobejamente em face da discussão em torno da aprovação da nova Lei de

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Falências, projeto sob a relatoria do nobre Deputado Osvaldo Biolchi, que tantas contribuições tem dado a esta Casa. S.Exa., nesse caso particular, demonstrou competência, denodo e aplicação, para que o Pais dispusesse de Lei de Falências moderna e à altura daquilo que vemos nos países mais desenvolvidos.

Ocorre, Sr. Presidente, que qualquer modificação de vulto ao regime de falências necessariamente trará implicações à disciplina constante do Código

Tributário Nacional, na parte em que dispõe sobre as garantias e privilégios do crédito tributário. A tarefa da Câmara dos Deputados não restaria completa se o projeto de Lei de Falências fosse aprovado sem que guardasse relação de compatibilidade com o Código Tributário Nacional, diploma legal recepcionado pelo ordenamento vigente com status de lei complementar.

Um dos principais objetivos da proposta é modificar o atual sistema de preferência dos créditos, em especial o crédito tributário, em ambiente falencial.

Segundo justifica o autor, “a posição preferencial dos créditos públicos geram menor probabilidade de recuperação do capital dos credores privados (aumento do risco e do custo do capital), aumento da probabilidade de falências em cascata dos credores e, conseqüentemente, perda de bem-estar social”. Seria, ademais, duvidoso o benefício da Fazenda Pública na recuperação judicial de seus créditos, em face dos custos a que é submetida em virtude das sucessivas condenações ao pagamento de verbas sucumbenciais decorrentes de embargos do devedor em que se debatem a exigência de multa e juros da massa falida.

Outra possibilidade constante do projeto visa dar o fundamento normativo necessário à instituição de regime de parcelamento específico aos devedores em recuperação judicial.

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Com a finalidade de harmonizar o projeto de Lei de Falências com o Código

Tributário Nacional, o texto apresentado adapta terminologias e adapta as disposições do Código Tributário Nacional aos novos institutos. Nesse sentido, substitui, no art. 188, a expressão “encargos da massa” por “despesas extraconcursais”, bem como acresce a figura da recuperação judicial ao art. 187.

Por fim, adota soluções de interpretação autêntica de modo a resolver controvérsias interpretativas quanto a dispositivos do Código Tributário Nacional, na forma autorizada pelo art. 106, inciso I, do referido Código.

A este projeto apensou-se o Projeto de Lei Complementar nº 73, de 2003, encaminhado, com urgência constitucional (art. 64, § 1º, da Constituição), pelo

Poder Executivo com desiderato similar. Conforme a exposição de motivos do Sr.

Ministro de Estado da Fazenda, a inovação do regime falimentar, “do modo que está sendo desenhada, recomenda paralela modificação do Código Tributário Nacional, o que requer, como é cediço, lei complementar”.

Sr. Presidente, esse projeto adota normas de caráter interpretativo com o fito de eliminar dúvidas sobre o alcance e o significado de determinados dispositivos do

CTN. Posteriormente, foi também apensado o Projeto de Lei Complementar nº 97, de 2003, de autoria do nobre Deputado Sandro Mabel, com objetivo semelhante.

Seu texto apresenta ainda relevante contribuição no sentido de disciplinar a sucessão tributária da empresa adquirida em âmbito falencial.

Aprovou-se em plenário, por derradeiro, em 30 de julho de 2003, a urgência ao presente projeto.

Voto.

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A proposta em exame pretende trazer à tona pontos importantes relativos ao regime falencial, bem como ao instituto da recuperação judicial constante do projeto de Lei de Falências em debate nesta Casa. Em sua essência, pouco há a acrescer ou a modificar no projeto.

Assim, entendeu-se por bem dar nova redação ao § 4º do art. 155-A, de modo a evitar qualquer dubiedade ou imprecisão interpretativa, bem como acrescer dispositivo relativo à sucessão tributária na aquisição de empresas ou unidades empresariais.

No restante, foram mantidos os termos do projeto original, especialmente no que tange à classificação dos créditos no âmbito da falência. Acompanham-se, nessa linha, as palavras do nobre autor do projeto no sentido de que a absoluta

“preferência legal ao crédito tributário, hoje em vigor, prejudica a formação de um ambiente econômico que propicie o desenvolvimento. Assim, vê-se a necessidade de modificação desse quadro, redefinindo o papel do crédito fiscal no processo de quebra das empresas e demais agentes econômicos”. Tais modificações, na forma proposta, contribuirão de modo decisivo, tenho certeza, a que o regime falencial pátrio traga novos ventos à economia e ao desenvolvimento nacional.

Acolhe-se, ademais, sugestão apresentada pelo nobre Deputado Mussa

Demes, ao qual faço referência especial, no sentido de suprimir norma interpretativa de preceito constante do CTN, que dispõe sobre a responsabilidade tributária dos administradores de empresas inadimplentes. Em que pese seja o descumprimento da obrigação tributária uma infração legal, descabe, ante os elevados custos sociais, fiscais e financeiros que recaem sobre o empresariado brasileiro, imputar ao

830 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 administrador de empresa inadimplente a responsabilidade pelo tributo não recolhido, independentemente da intenção que pautou sua conduta.

Ante o exposto, Sr. Presidente, voto pela adequação orçamentária e financeira do projeto e, no mérito, opino pela aprovação do Projeto de Lei

Complementar nº 72, de 2003, de autoria do Deputado Antônio Carlos Magalhães

Neto, a que foi apensado o Projeto de Lei Complementar nº 73, de 2003, do Poder

Executivo, bem como o Projeto de Lei Complementar nº 97, de 2003, na forma do substitutivo.

Sr. Presidente, submeto à apreciação de V.Exa. e dos meus pares este parecer.

SUBSTITUTIVO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 832 A 832-B)

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra, para oferecer

parecer ao projeto, em substituição à Comissão de Constituição e Justiça e de

Redação, ao Deputado Professor Luizinho.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Para emitir parecer. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o projeto respeita a juridicidade e a constitucionalidade. Por isso, somos por sua aprovação.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Sobre a mesa requerimento no seguinte teor:

“Sr. Presidente, solicito, com base no Regimento

Interno da Casa, o adiamento da discussão por duas

sessões do PLP nº 72-A, de 2003, constante do item 1 da

presente Ordem do Dia”.

Assina o Deputado Moroni Torgan.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra, para falar a favor da matéria, ao nobre Deputado Moroni Torgan.

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Parlamentares, sabemos que esta matéria é bastante complexa, que já tramita há vários anos na Casa, que tem repercussão nos financiamentos e em várias áreas da nossa economia.

Vejo que tanto o Relator, Deputado Aroldo Cedraz, quanto o próprio Deputado

Antônio Carlos Magalhães Neto, do nosso partido, têm feito brilhante trabalho nesta

área e ainda ouvem as várias sugestões apresentadas.

Não vejo que diferença pode fazer para a apreciação de matéria que já tramita há mais de 10 anos nesta Casa o adiamento da discussão por apenas 2 sessões. Aliás, o adiamento da discussão da matéria nos daria a oportunidade de dialogar ainda mais com as camadas sociais, de aperfeiçoar o projeto, para que não haja prejuízo algum, principalmente no que tange à geração de emprego.

Temos de ter cuidado com essa matéria, sob pena de causarmos problemas para o desenvolvimento econômico brasileiro. Vejo que o Deputado Aroldo Cedraz tem boa vontade de ouvir todas as camadas sociais. Acredito que S.Exa. gostaria de ter esse prazo para receber sugestões de outros segmentos da sociedade. E duas sessões, Sr. Presidente, não farão grande diferença para a apreciação desse projeto. Não vejo por que não darmos esse prazo para que seja aperfeiçoado ainda mais o projeto. Acredito que muitos Deputados do PSDB, do PFL e de outros partidos, até mesmo da base do Governo, gostariam de dar suas sugestões, de trazer propostas de representantes da sociedade, para fazer adequações que não tragam prejuízos ao desenvolvimento econômico, o que todos buscamos. É através

835 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 do desenvolvimento econômico que promoveremos geração de emprego e daremos grande passo no sentido de dar ao nosso povo condições mínimas de vida.

Sr. Presidente, muitas vezes minimizamos importantes projetos que devem passar por esta Casa. Sem dúvida, poderia até dizer que os itens da reforma tributária aqui votados, e que serão modificados no Senado Federal, são menos importantes do que este projeto que ora apreciamos. Ele realmente fará a reforma da economia, talvez muito maior do que a reforma tributária que passou por esta

Casa.

Portanto, precisamos de tempo suficiente para tratar desse projeto. Não pedimos 1 ou 2 anos, mas apenas duas sessões, justamente para que o Relator possa ouvir as sugestões de todos os companheiros da Casa e da sociedade civil organizada, a fim de inserir no seu parecer o conhecimento daqueles que vivem essa questão e que muitas vezes não são ouvidos.

Na verdade, os que passam por esse problema provavelmente são aqueles que trazem as soluções contidas nessa nova legislação. Infelizmente, trata-se de legislação que ainda não cumpriu todo o itinerário para se aperfeiçoar. Ainda existe um caminho a ser trilhado para o seu aperfeiçoamento. Volto a frisar que ela talvez seja uma das mais importantes legislações que já votamos nesta Casa e sobre a qual não temos os necessários esclarecimentos para votar democraticamente.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO (PFL-BA. Questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o art. 86 do Regimento Interno trata da organização da Ordem do Dia. Determina o § 2º do referido artigo:

“Art. 86......

......

§ 2º Constarão da Ordem do Dia as matérias não

apreciadas da pauta da sessão ordinária anterior, com

precedência sobre outras dos grupos a que pertençam”.

Outras matérias constantes da pauta da sessão anterior, que tramitam em regime de urgência como esta que discutimos neste momento, simplesmente não são prioridade.

Encaminho a questão de ordem a V.Exa. para que a Mesa se pronuncie.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Responderei à questão de ordem de V.Exa. daqui a pouco.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Beto Albuquerque, que falará contra a matéria.

O SR. BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, em primeiro lugar, relembro ao PFL, que pede o adiamento da discussão, que foi de sua autoria a solicitação para que votássemos, antes de apreciar a proposta sobre a Lei de Falências que há 9 anos tramita nesta Casa, as alterações no Código Tributário Nacional, por ser lei maior.

Em segundo lugar, a relatoria das mudanças no Código Tributário Nacional foi conferida a Parlamentares do próprio PFL. Já em julho, durante a convocação extraordinária, chegamos a acordo, com algumas divergências, sobre o texto que o nobre Relator, Deputado Aroldo Cedraz, apresentou há pouco da tribuna.

Portanto, não nos parece coerente, Sr. Presidente, postergar decisão que podemos tomar hoje sobre assunto de tamanha importância para o País, visto que desde o mês de julho já tínhamos conhecimento do texto que acaba de ser lido, já sabíamos que esta votação deveria ser encaminhada primeiramente e que o Relator seria do próprio PFL. Não há, portanto, qualquer argumento para o adiamento da discussão.

Esta Casa completou com altivez e responsabilidade as reformas previdenciária e tributária. Somadas à nova Lei de Falências, que introduz conceito moderno de recuperação judicial de empresas, representam 3 elementos fundamentais para obtermos o que todo o País quer: diminuição da taxa de juros e dos custos bancários e do crédito, que estão na estratosfera.

Protelar essa decisão significa não oferecer as condições necessárias ao crescimento do País. Por isso, encaminhamos contrariamente à proposta de

838 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 adiamento da votação da matéria. A alteração do Código é matéria simples, objetiva, necessária para recepcionar os novos conceitos propostos pela Lei de Falências, a exemplo da recuperação judicial de empresas. Se queremos acabar com a prática do empresário que põe a perder o negócio, os empregos e o futuro dos credores, enrolando-os durante 10 anos sob o abrigo da chamada concordata; se queremos que sua empresa continue funcionando e gerando empregos, precisamos estabelecer no Código Tributário Nacional a recuperação judicial, tornando-a figura jurídica do ordenamento tributário do País.

Essa é a essência do relatório do Deputado Cedraz. Não há nenhum tipo de complexidade que não nos permita compreendê-lo.

Sr. Presidente, em nome do Governo, encaminho contrariamente ao adiamento proposto, mesmo que por duas sessões, para que ainda hoje possamos votar as mudanças do Código Tributário Nacional, mesmo havendo divergências quanto à matéria e em homenagem até a relatoria do PFL. O relatório está pronto há

3 meses, ou seja, desde julho. Não há dúvidas sobre ele, pois não foi feito de ontem para hoje. É objetivo e sintético, como são as mudanças que introduzimos no Código

Tributário Nacional.

A partir daí, poderemos iniciar a votação da Lei de Falências, mais complexa porque envolve temas polêmicos, mas urge ser votada para que o Brasil tenha maior credibilidade.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação o requerimento.

Se alguém pedir verificação, ouvirei a opinião das bancadas.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADO.

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O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço verificação da votação.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Verificação concedida.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PSC? (Pausa.)

Como vota o PRONA? (Pausa.)

Como vota o PV? (Pausa.) Vota “não”.

Como vota o PCdoB?

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB-BA. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, o PCdoB é contra o adiamento.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PDT? (Pausa.)

Como vota o PSB? (Pausa.)

Como vota o PPS?

O SR. CLÁUDIO MAGRÃO (PPS-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PPS vota contra o adiamento.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o Bloco Parlamentar

PL/PSL?

O SR. MIGUEL DE SOUZA (Bloco/PL-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, somos favoráveis a que seja votado o projeto. Por isso, votamos contra o adiamento da votação.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PP?

O SR. CELSO RUSSOMANNO (PP-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, o PP vota contra o requerimento.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PSDB?

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PSDB considera irresponsável a atitude da bancada de votar neste momento a matéria em questão. Trata-se de 3 projetos de lei complementar: um do Governo, um do Deputado Antônio Carlos Magalhães Neto e

843 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 um do Deputado Sandro Mabel, sobre questão importantíssima do Código Tributário

Nacional.

O parecer do nobre Deputado Aroldo Cedraz contém substitutivo do qual tomamos conhecimento neste instante. Não temos em mão sequer o texto impresso.

No entanto, vem o Líder do Governo dizer que o texto é do conhecimento de todos desde o mês de julho, e que já foi feito acordo sobre ele. Acordo com quem,

Deputado? Quem tinha conhecimento do texto que acabou de ser lido?

Não aceito esse tipo de empáfia, esse tipo de imposição, especialmente quando se trata de projeto desta gravidade. O Relator, Deputado Aroldo Cedraz, merece toda a nossa confiança, mas o assunto não é tão trivial como sugere o

Deputado Beto Albuquerque. É preciso cotejar o texto com a jurisprudência do

Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, para saber se as cláusulas interpretativas se ajustam ou não a elas. Precisamos verificar se há coerência no texto em si; precisamos verificar sua repercussão sobre o texto da Lei de Falências. De modo que não é matéria que possa ser resolvida em cima da perna. O adiamento não trará nenhum prejuízo para o processo legislativo. Pelo contrário: só trará ganhos, se pudermos durante duas sessões meditar sobre o parecer e sobre o substitutivo do Deputado Aroldo Cedraz. Depois disso poderemos votar, sem que haja motivo para obstrução.

Sr. Presidente, queremos fazer uma boa lei. Creio que a matéria-prima é boa, pois o Relator merece o respeito e o acatamento de todos nós, mas é preciso verificar o texto com o cuidado que ele merece. Repito: pelo menos com o PSDB não houve acordo; com a Maioria desta Casa não houve. Pode ter havido algum tipo

844 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 de conciliábulo, mas acordo político que fundamenta decisões legislativas, contrariamente ao que afirma o nobre Líder do Governo, não houve.

O PSDB pretende o adiamento e, por isso, declara-se em obstrução na votação da matéria.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PRONA?

O SR. ENÉAS (PRONA-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a favor do requerimento.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PTB?

O SR. ENÉAS - Sr. Presidente, corrijo: o PRONA está em obstrução.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - O PRONA está em obstrução.

Como vota o PTB?

O SR. JOSUÉ BENGTSON (PTB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Partido Trabalhista Brasileiro quer votar o projeto e, conseqüentemente, encaminha o voto “não” ao requerimento.

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O SR. EDUARDO PAES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDUARDO PAES (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PSDB aparece no painel eletrônico com o voto “sim”, mas estamos em obstrução.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PFL, Deputado

Antônio Carlos Magalhães Neto?

O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o projeto em análise é de autoria de um membro do Partido da Frente Liberal; o Relator do projeto é do PFL, e o próprio partido apresenta o requerimento de adiamento da discussão. Ou seja, estamos plenamente conscientes de que, em virtude da gravidade da matéria, não há como apreciar as alterações do Código Tributário Nacional no dia de hoje.

Confiamos plenamente no Relator, nobre Deputado Aroldo Cedraz, um dos mais competentes membros da Casa, contudo, precisamos de tempo para conhecer o seu relatório, o seu substitutivo. Afinal de contas, o nobre Deputado tece opinião sobre 3 diferentes projetos.

Por isso o PFL apresentou requerimento de adiamento da discussão, solidário com o competente Deputado Aroldo Cedraz, e se declara em obstrução.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PMDB?

O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PMDB encaminha o voto contrário ao adiamento da votação, porque já tivemos oportunidade de estudar a matéria, que há muito tempo vem sendo posta em discussão, foi retirada de pauta e novamente incluída. A Nação espera pela nova Lei de Falências, que depende desta alteração que se deve fazer no Código Tributário Nacional.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PT?

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, a Lei de Falências há 10 anos tramita na Casa. É importante que

847 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 entendamos que não se está propondo profundas alterações no Código Tributário

Nacional, mas, sim, uma adequação do código para que ele se sincronize com o projeto de lei de falências que vamos votar.

O argumento apresentado pela Oposição é no sentido de que precisamos discutir mais profundamente a questão, que ela carece de maiores argumentações, até porque o objetivo fundamental da alteração no Código Tributário Nacional é sua adequação ao projeto de Lei de Falências, que tramita há 10 anos na Casa.

Por isso, somos contra o requerimento de adiamento e pela votação do projeto em tela.

Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PSB?

A SRA. LUIZA ERUNDINA (PSB-SP. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, o PSB vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota o PDT?

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, embora seja curioso que o autor queira retirar a matéria, achamos que ela já foi suficientemente discutida.

Portanto, votamos “não” ao requerimento.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Como vota a Liderança do

Governo, Deputado Professor Luizinho?

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, íamos votar a Lei de Falências, mas, por exigência da

Oposição, suspendemos a votação para adequar a matéria ao Código Tributário.

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Primeiramente votaríamos o Código Tributário para depois votarmos a Lei de

Falências. Não estou entendendo por que muitos dizem não terem tomado conhecimento disso. Trata-se de mera obstrução.

Somos, portanto, contrários ao adiamento.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A Presidência solicita aos Srs.

Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

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O SR. FERNANDO FERRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, convoco a bancada do Partido dos Trabalhadores ao plenário, para darmos prosseguimento à votação da Lei de Falências.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Deputado Antônio Carlos

Magalhães Neto, V.Exa. levantou uma questão de ordem baseada no § 2º do art. 86 do Regimento Interno. Disse V.Exa. que, em havendo matéria da sessão ordinária anterior, ela deverá preceder qualquer outra.

Pergunto-lhe, Deputado: qual a última sessão ordinária que esta Casa realizou?

O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Na quarta-feira passada, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Não, Deputado, foi na sexta-feira.

O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, a última sessão deliberativa ocorreu na quarta-feira passada.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Mas aqui não fala em sessão deliberativa, fala em sessão ordinária anterior. Qual foi a última sessão ordinária?

O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Na sexta-feira.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Qual era a pauta da Ordem do Dia da sessão de sexta-feira?

O SR. ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Não havia, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Então, a pauta de hoje procede.

Está respondida a questão de ordem de V.Exa., nobre Deputado.

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O SR. JOÃO ALFREDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO ALFREDO (PT-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, desejo fazer o registro de um artigo da jornalista Dora Kramer, intitulado O ministro Jobim tinha um segredo, publicado hoje no jornal O Estado de

S.Paulo, acerca das declarações do Ministro Nelson Jobim de que 2 artigos foram incluídos na Constituição sem que fossem votados. É um artigo impagável.

Diz a jornalista, a certa altura do artigo:

“Surpreende é ele achar natural esconder o por

maior por causa de uma promessa feita a Ulysses

Guimarães e considerar normal a manutenção dos dois

segredos (como um devoto a preservar revelações

santas) para si até quando considerou conveniente”.

Em outro trecho, diz ainda:

“O problema aqui, como vemos muitos

argumentarem a propósito de conferir leveza ao caso, não

é, primordialmente, o conteúdo dos artigos

contrabandeados.

A questão é o gesto, a quebra do rito, a indiferença

à indispensável formalidade republicana, como se a

convivência política intramuros da Constituinte pudesse

se sobrepor a todos os outros valores.

Se não houvesse incorreção alguma no fato de na

Constituição constarem dois artigos sem votação apenas

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porque não alteram a ordem das coisas, por que Ulysses

Guimarães pedira a Jobim para guardar o segredo por 15

anos? (...)

Um pacto de silêncio que contempla a não

observância de normas e a indiferença aos mandatos —

e, por extensão, aos eleitores — de todos os outros

constituintes eleitos para constituírem uma nova Carta ao

País nunca se espera ver defendido nem saudado

abertamente por ninguém. Muito menos por um ministro

do Supremo Tribunal Federal.”

Hoje esta Casa realizou sessão em homenagem ao 15º aniversário da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, ao tempo em que se dá a surpreendente declaração do Ministro Nelson Jobim de que houve fraude no processo de votação na Constituinte. É preciso que tais casos sejam definitivamente esclarecidos.

Sr. Presidente, peço que seja registrado nos Anais a íntegra do brilhante artigo da jornalista Dora Kramer.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 855)

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O SR. BISMARCK MAIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BISMARCK MAIA (PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou um gol de placa ao criar uma instância de nível superior para priorizar a pesca neste País. A criação da Secretaria Nacional de Aqüicultura e Pesca foi, sem sombra de dúvida, uma grande conquista.

No entanto, o jornal O Globo noticiou, na segunda-feira passada, na coluna

Panorama Político, que o Governo do PT está cogitando extinguir a secretaria. Se tal ameaça for transformada em realidade, a decisão do Presidente da República será absolutamente incompreensível.

Entendemos nós, do PSDB, que um país como o Brasil, com a potencialidade que tem para a pesca, tem de contar com um órgão governamental especializado na matéria. Somente assim poderemos desenvolver o enorme potencial brasileiro, capaz de transformar a pesca em item maior de nossa pauta de exportação.

Como membro da Frente Parlamentar da Pesca, manifesto, aqui, o fato de ser imprescindível para a Região Nordeste a existência da Secretaria Nacional de

Aqüicultura e Pesca, principalmente porque o Brasil necessita ter voz ativa junto aos principais mercados internacionais, entre eles os Estados Unidos da América, que vêm cogitando criar barreiras protecionistas à exportação do nosso camarão cultivado, prejudicando assim a carcinicultura brasileira, segmento que apresenta, hoje, dinamismo invulgar, principalmente no Nordeste.

Torço, Sr. Presidente — e torço sinceramente —, para que o Governo do

Presidente Lula retroceda em sua decisão.

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Mas, desde já, em nome de meu partido, asseguro que o PSDB trabalhará fortemente a favor da manutenção da Secretaria Nacional de Aqüicultura e Pesca, em conformidade com os anseios e desejos dos produtores e da legião de trabalhadores brasileiros deste setor estratégico de nossa economia produtiva. E desde já pedimos aos membros da bancada do Governo nesta Casa que lutem também para que o órgão não seja extinto, o que frustraria a expectativa de todos.

Muito obrigado.

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O SR. MAURO BENEVIDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, dentre os compromissos prioritários que pretende cumprir ao longo de sua gestão, o Presidente Luiz Inácio

Lula da Silva inclui a continuação das obras da Transnordestina, ligando

Pernambuco ao Ceará, tendo como ponto terminal a cidade de Missão Velha, na região do Cariri, com irradiação para as cidades limítrofes, como Juazeiro do Norte,

Crato e Barbalha, além de várias outras adjacentes, que aguardam, com igual ansiedade, o prosseguimento das obras da importante via de comunicação terrestre, interligando duas Unidades Federadas do Polígono das Secas.

Aliás, em maio passado, num almoço com Parlamentares do PMDB, na residência do Presidente do Senado, José Sarney, o Chefe da Nação foi explícito em mencionar a Transnordestina como ponto de honra de seu Governo, já que conhecia a relevância do empreendimento, cabendo-lhe garantir os recursos indispensáveis à sua viabilização.

Recentemente, o Secretário Raul Simões, do Ministério dos Transportes, em declarações à imprensa enfatizou que “a Transnordestina já é algo irreversível”, o que trouxe redobrado alento a quantos tomaram ciência do explícito posicionamento daquela autoridade, certamente credenciado pelo Ministro Anderson Adauto, cujo presença, na Capital do nosso Estado, permitiu-lhe recolher informações sobre as nossas mais justas aspirações, no elenco das atribuições daquele Ministério.

Mesmo identificando o orçamento como capaz de alcançar a cifra de 400 milhões de reais, Raul Simões esclareceu que o BNDES “abraçara o projeto”, não

858 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 situando, entretanto, os parâmetros da engenharia financeira a ser elaborada para a breve concretização da obra.

Sabe-se que a coordenação do projeto, no que tange aos seus aspectos orçamentários, estaria o cargo do Vice-Presidente José Alencar, que já se incumbe de conduzir as articulações com vistas à transposição de águas do São Francisco, reputada como o mais urgente dos anseios de nossa região, idealizada ainda em

1847 e sempre protelada, a pretexto da inexistência de dotações suficientes para o encaminhamento de sua exeqüibilidade.

É possível que o Plano Plurianual 2004/2007 venha a consignar a verba indispensável ao importante cometimento, sabido que o ilustre mineiro que se elegeu como companheiro de Lula é obstinado no cumprimento das tarefas que lhe são cometidas.

Renasceram, portanto, as esperanças de que a Transnordestina possa vir a ser reiniciada ainda no presente exercício, como decorrência de uma realidade que o Primeiro Mandatário conhece muito bem, filho que é do vizinho Estado de

Pernambuco, no qual se origina o maior trecho daquela estrada de ferro.

Ao lado da Transnordestina, é indispensável que a malha viária que entrecorta o Ceará, particularmente, a BR-116 e a BR-222, além da BR-020, favoreceram-se de assistência constante, num processo de recuperação que se torna imperiosa, devidamente para evitar prejuízos incalculáveis aos veículos que pelas mesmas transitam.

A entrevista concedida pelo Dr. Raul Simões, no Centro de Pesquisa

Logística, Transporte e Desenvolvimento da Universidade Federal do Ceará, trouxe novo alento aos nossos conterrâneos, ainda mais porque contam com a decisão

859 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 presidencial, alardeada peremptoriamente, não comportando recuos em nome dos tradicionais contingenciamentos orçamentários.

A Transnordestina precisa assumir conotação de irreversibilidade, como imperativo do nosso desenvolvimento regional.

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O SR. LUIS CARLOS HEINZE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, colegas Parlamentares, ontem a Comissão de Defesa do

Consumidor realizou seminário sobre os transgênicos, que contou com a presença do Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

Manifesto minha contrariedade com relação a uma série de manifestações desrespeitosas a S.Exa. O Ministro foi duramente criticado no seminário, sendo chamado de “Roberto Roundup” e representante da Monsanto.

Essas palavras desrespeitosas não se aplicam a S.Exa., cujo bom nome é consenso na agropecuária e no agronegócio. Portanto, manifesto minha contrariedade com relação às duras críticas e às vaias dirigidas ao Sr. Ministro da

Agricultura.

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O SR. LUIZ COUTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, inicialmente, quero justificar minha ausência das próximas votações, pois tenho de me deslocar para Foz do Iguaçu, onde participarei de audiências públicas a serem realizadas pela CPI Mista que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil já ocupa, em algumas áreas, o topo da economia mundial no quesito agricultura. E o Governo Lula compreende a importância estratégica desse setor para a nova inserção mundial de nossa também nova política externa, que estamos negociando na OMC — Organização Mundial do

Comércio.

Mas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tanto quanto a agricultura de larga escala, empresarial, o chamado agronegócio, a agricultura familiar tem importância crucial para a vida econômica do brasileiro.

De cada 10 empregos gerados no campo, a agricultura familiar é responsável por 7, razão pela qual o Governo do Presidente Lula optou por apostar alto e cada vez mais nesse setor de nossa economia, o qual tem retorno garantido. O Governo assim sinaliza para uma distribuição de renda mais eqüitativa, utilizando como alavanca a agricultura familiar.

Em depoimento ao Jornal do Brasil, em 12 de setembro de 2003, o Gerente de Projetos da Agricultura Familiar, Luiz Guadagnin, afirma que o Presidente Lula incluiu entre as prioridades para este e para os próximos anos algo em torno de 5,4 bilhões de reais. Com larga experiência nesta área, Guadagnin é responsável por

862 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 articular, com os gerentes de banco, uma melhor interpretação da legislação, para que todos os entraves, todas as costumeiras barreiras a empréstimos dessa natureza sejam todos removidos.

Sr Presidente, o Governo montou uma rede de instituições para, com maior rapidez e capilaridade, atingir a toda a extensa camada social da agricultura familiar.

Cooperativas de crédito estão sendo “recrutadas” para serem parcerias dos bancos que estão operando o volume de crédito disponível.

Para se ter idéia, informações repassadas por Guadagnin ao Jornal do Brasil dão conta de que os números do PRONAF 2003/2004 atingiram mil operações por hora. A velocidade das operações dobrou. O PRONAF busca algo em torno de 400 mil agricultores que não tinham como ter acesso aos bancos. Agora, em setembro, o

PRONAF ultrapassou a marca de 100 mil empréstimos a pequenos agricultores e assentados. A meta é atingir 1,4 milhão de operações.

Na safra anterior foram disponibilizados 4,2 bilhões de reais. Os agricultores somente tiveram acesso a 2,3 bilhões de reais. Dos 5,4 bilhões postos à disposição dos agricultores familiares, o Governo espera superar entraves de natureza institucional e burocrática para atingir patamar de 4,6 bilhões em empréstimos, superando, portanto, em 400 milhões os empréstimos concedidos pelo Governo anterior. Atingir o total de recursos disponíveis é meta do Governo, se não neste, no próximo ano.

Sr Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as linhas de crédito são as mais variadas, a saber:

- Para a estrutura de assentamentos, o Governo destinou 13,5 milhões de reais, com mais 1,5 milhão para assistência técnica a fundo perdido, com juros de

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1,15% ao ano e desconto de 46% sobre o principal para aqueles que pagarem em dia;

- Microcrédito para reduzir a pobreza rural. Os agricultores que possuem renda anual bruta de até 2 mil reais podem obter empréstimo de até 1.000 reais para investir no que bem entenderem, com juros de 1% ao ano e desconto de 25%;

- Agricultores que possuem renda anual bruta acima de 2 mil reais e abaixo de 14 mil reais podem contrair empréstimos de até 5 mil reais com juros de 4% ao ano para investimentos, com desconto de 25% sobre os juros e com direito a bônus de 700 reais para projetos de cunho coletivo;

- Agricultores com renda anual entre 14 mil e 40 mil reais podem contrair empréstimos de até 18 mil reais, com juros de 4% ao ano e bônus de 25% sobre os juros;

- Agricultores com renda familiar anual entre 40 mil e 60 mil reais podem contrair empréstimos de até 36 mil reais, com juros de 7,5 % ao ano.

Sr. Presidente, estes números divulgados pelo Jornal do Brasil estão detalhados no Ministério para quem quiser acompanhar esta nova “safra” de iniciativas do Governo Lula, que está atendendo aos agricultores familiares por uma razão muito simples: eles sustentam 37% da economia no campo. É bom afirmar que este País de imensas possibilidades tem uma agricultura plural. Dos pequenos aos grandes, todos são importantes para a economia do Brasil. Mas é de se compreender, por razões técnicas e também de justiça, que a agricultura familiar precisa de mais cuidado, até por suas especificidades. Mas o Governo também disponibilizou para a agricultura de médio e grande portes algo em torno de 32,5 bilhões de reais.

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Esta nova face do campo não pode nem deve ser somente creditada às políticas públicas de Estado. Iniciativas privadas, não-estatais, de Organizações

Não-Governamentais (ONGs) somam-se a essas iniciativas de caráter puramente estatal, de modo que um modelo novo e sólido possa ser construído sem que a responsabilidade caiba somente ao poder público estatal.

Este universo complexo, multifacetado, pode muito bem ser articulado por estes 3 setores econômicos, cada um com suas atribuições e importância, desaguando numa política agrícola duradoura e eficaz para o campo.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. WLADIMIR COSTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WLADIMIR COSTA (PMDB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, minhas congratulações a todos.

Os corações paraenses estão, neste exato momento, esfuziantes, reluzentes de alegria, pois, no próximo domingo, o Brasil e o mundo voltarão suas atenções à

Capital de Nossa Senhora de Nazaré.

Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a maior festa religiosa do mundo, repete-se no domingo. Já posso ver a berlinda em seu cortejo, sendo saudada pelos estivadores, pelo pessoal do elo marítimo, pelos funcionários do Banco do Brasil; as pessoas humildes do meu Estado do Pará; o povo do interior vindo honrar seu compromisso religioso com Nossa Senhora de Nazaré; o povo caminhando; a fé na corda; a devoção; o hino cantado e interpretado com amor e muita paz, oriundo de corações apaixonados em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, mãe de nosso

Senhor Jesus Cristo.

Mais de 2 milhões de pessoas ganham as ruas. Já posso sentir o cheiro da maniçoba, do tucupi, daquela terra abençoada por Deus e Nossa Senhora. Muita gente, de todos os rincões deste Brasil, já está se dirigindo ao Estado do Pará. Os hotéis estão lotados; a cidade, em festa; e as autoridades eclesiásticas se empenham cada vez mais para que, a cada ano, essa festa ganhe mais importância nacional e internacional.

Toda a bancada federal, unida neste momento de fé, convida o Brasil, os

Parlamentares, os religiosos, todos os amigos que amam festas religiosas para ir conhecer Belém do Pará, sua culinária forte e sua religiosidade.

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Círio de Nossa Senhora de Nazaré nasceu há 214 anos, época de grandes milagres, quando o caboclo Plácido Domingos encontrou em um tronco de árvore a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, à beira do Rio Murucutu, onde hoje está erguida a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.

Muito obrigado, Sr. Presidente. Minha satisfação e congratulações de sempre estar nesta Casa.

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O SR. WALTER FELDMAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER FELDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Presidente, registro evento extraordinário ocorrido na manhã de ontem, ao qual comparecemos eu e os Deputados Julio Semeghini,

Walter Pinheiro e Alberto Goldman. Trata-se do Congresso do ABTA — associação que reúne as instituições e empresas privadas que fazem TV a cabo no Brasil.

Fiquei extremamente impressionado com a qualidade do pronunciamento, nesse Congresso, do Editor Presidente do Grupo Abril, Dr. Roberto Civita. Nesse sentido, peço a V.Exa. que permita sua divulgação nos Anais da Casa, para que possamos ter conhecimento histórico da realidade, no tocante ao estado da arte da

TV a cabo no Brasil.

PRONUNCIAMENTO A QUE SE REFERE O ORADOR

Pronunciamento de Roberto Civita, Presidente e Editor do Grupo Abril no Congresso da ABTA 2003/São Paulo, 7 de Outubro de 2003. Senhores e senhoras, bom dia e bem-vindos a mais uma edição da Feira e Congresso da ABTA. Há muitos e muitos anos, na primeira metade da longínqua década de noventa do século passado, tive a oportunidade de ser um dos parteiros que ajudou a dar a luz à televisão por assinatura no Brasil. Que dias, aqueles! Não existiam telefones celulares, não havia lnternet, e cento e cinqüenta e seis milhões de brasileiros estavam condenados a passar seus dias assistindo a meia dúzia de canais de TV aberta, com aquele célebre mix de novelas, shows , futebol, alguns filmes e um pouco (muito pouco) de jornalismo. Que futuro vislumbrávamos! Lembro até hoje quando o consenso das maiores consultorias, as principais empresas de pesquisa e os melhores cérebros da época

868 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 projetavam um mínimo de dez milhões de domicílios com IV por assinatura até a chegada do milênio. E a tecnologia! Lançamento de foguetes com satélites em Cabo Kennedy, construção de “uplink centers” futurísticos no Rio e em São Paulo, ruas sendo abertas para a colocação de cabos de fibra ótica concorrentes... o admirável mundo novo estava ali, a poucos meses de distância, nos reservando uma cornucópia de centenas de canais, programação para todos os gostos, serviços interativos e “television on demand”. Bem-vindos ao século 21, ao ano de 2003 e à décima primeira edição do Congresso e Feira da ABTA. Não para ficar desanimados, mas para discutir, analisar e projetar os caminhos da nossa indústria com os pés agora fincados na realidade, mas as cabeças ainda cheias de novos projetos, sonhos ousados e grandes expectativas. Pois o fato é que a televisão por assinatura no Brasil, apesar de ter demorado (e sofrido) muito mais do que esperávamos para “pegar”, é hoje uma incontestável realidade com um futuro brilhante. Há, hoje no Brasil, 288 operações, distribuindo 105 canais que oferecem um extraordinário leque de programas de todos os tipos durante 24 horas por dia para mais de três milhões e meio de domicílios com aproximadamente catorze milhões de telespectadores. Em menos de uma década, nossa atividade já representa o segundo maior segmento da mídia brasileira em faturamento, devendo superar os jornais ainda este ano, e — com a maior taxa de crescimento do setor — chegando a faturar cerca de 60% da TV aberta! Nada mau para um bebê que diziam doente... Mas chega de jactância. Vamos falar do que já estamos fazendo e do que podemos fazer nos próximos poucos anos para consolidar este vibrante e fundamental segmento da comunicação social em nosso pais. Antes de mais nada, cumpre enfatizar alguns aspectos básicos que a TV por assinatura trouxe para o Brasil: 1) Multiplicação da escolha - No lugar de uma enxurrada de programas baseados no principio do mínimo denominador comum, a IV por assinatura oferece

869 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 centenas de programas científicos e culturais, documentários extraordinários, música clássica e popular de alto nível, cinema europeu, cinema asiático, cinema erudito, cinema clássico, cinema nacional, cursos de alfabetização, cursos técnicos, cursos de inglês, notícias do mundo inteiro o dia inteiro, em todos os idiomas e com todos os pontos imagináveis. Enfim, um extraordinário leque de informação, cultura e diversão durante 24 horas por dia que nenhuma outra mídia chega perto de oferecer. 2) Serviço público - Qual o outro meio que contribui tanto para o exercício da cidadania? Onde estão os canais locais e universitários das rádios e televisões abertas? E os canais do Senado, da Câmara e de outros poderes da República que permitem aos brasileiros conhecer, acompanhar e fiscalizar o funcionamento de nossas principais instituições? É bom lembrar que enquanto a TV por assinatura presta todos esses serviços gratuitamente em tempo integral (e enquanto a IV a cabo é obrigada a retransmitir todo e qualquer canal aberto), os canais abertos cobram do erário para fazer a mesmíssima coisa de vez em quando... 3) Produção local - A IV por assinatura já representa — e à medida que se desenvolve representará cada vez mais — um novo mercado e um canal de divulgação importante para todo tipo de produção local — desde musical até cinematográfico, documentário e noticioso. Sem falar do potencial para estimular e divulgar a programação regional em todos os cantos do nosso país-continente. No horizonte próximo, já podemos vislumbrar a digitalização de todo o nosso conteúdo, a crescente interligação da IV por assinatura com a Internet, a interatividade que permite ao telespectador fazer compras, se comunicar com amigos, navegar pela lnternet e — no futuro não muito distante — escolher o filme ou programa que quiser assistir na hora em que quiser: o já célebre “video on demand”. O que precisamos para poder fazer tudo isso acontecer? O que reivindicamos para colocar este maravilhoso leque de mais informação, mais educação, mais cultura e entretenimento de melhor nível à disposição de mais dezenas de milhões de brasileiros? Na realidade, muito pouco. Mas esse pouco é absolutamente fundamental para cumprir a missão de democratizar ainda mais o meio e acabar de

870 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 vez com a acusação injusta e inverídica de que somos apenas fornecedores de um produto de luxo, de elite. Precisamos, na realidade, de apenas três coisas simples: Primeiro, uma política que ajude a reduzir o custo dos decodificadores que nossos clientes têm que adquirir. Segundo, a garantia de compatibilidade técnica com a TV digital que está no horizonte. Por último, mas não menos importante, a redução da absurda carga tributária que atualmente trata a IV por assinatura exatamente como aquilo que não é e não deve ser: um serviço supérfluo limitado aos ricos. Pelo contrário, precisamos de um tratamento fiscal que nos permita passar a ser — de verdade — a fonte permanente de conteúdo segmentado de qualidade que atende aos interesses, aspirações e necessidades de cada vez mais famílias brasileiras. Precisamos nos mobilizar para demonstrar a enorme contribuição que podemos fazer para elevar o nível da programação audiovisual no Brasil. Precisamos insistir que — como a lei exige — a TV por assinatura esteja de fato disponível nas escolas, bibliotecas e locais de acesso público de todo o país. E precisamos continuar nos empenhando para fazer com que nosso extraordinário meio seja — verdadeiramente — o grande transmissor de educação de qualidade, informação responsável e cultura de todos os tipos para nossos contemporâneos e para seus filhos.

871 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. JOÃO PAULO GOMES DA SILVA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO PAULO GOMES DA SILVA (Bloco/PL-MG. Pela ordem.

Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna movido pelo dever cívico de propor a extinção de uma grande injustiça largamente praticada por diversas administrações municipais em todo o País, decorrente da cobrança pela utilização de vias públicas, por veículos, a título de estacionamento.

Registre-se que todas as Prefeituras já percebem 50% do IPVA, relativamente aos veículos matriculados nos respectivos Municípios. Esta cobrança representa recursos suficientes para garantir a conservação, a sinalização e a fiscalização das vias públicas. É preciso ressaltar que as multas aplicadas também reforçam consideravelmente este quadro arrecadatório das administrações municipais. Não se pode, portanto, admitir que essa cobrança abusiva persista nos centros urbanos, penalizando fortemente o cidadão brasileiro.

À luz do Direito Tributário, vê-se que essa cobrança tem o inegável caráter de taxa, que é paga pela utilização de via pública. Contudo, para que isso fosse possível, os recursos arrecadados a esse título (de taxa) deveriam ser empregados na restauração, conservação e fiscalização das vias públicas. Considerando-se que os impostos e as multas já possuem essa mesma finalidade, é forçoso concluir pela ilegalidade dessa cobrança, que caracteriza a bitributação.

Sr. Presidente, caros Deputados, faz-se necessário ainda alertar para o fato de que as Prefeituras, apesar de cobrarem, não se responsabilizam por eventuais

872 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 furtos ou qualquer dano causado ao veículo que faz uso dos estacionamentos rotativos; diferentemente dos estabelecimentos particulares do setor, sempre obrigados a indenizar.

É ainda relevante registrar que, em quase todos os Municípios mais populosos do País, já foi cogitado o sistema de rodízio de veículos como fórmula, ainda que inconstitucional, para minimizar os constantes congestionamentos. É paradoxal observar a voracidade arrecadatória que estimula a proliferação desses estacionamentos rotativos, bloqueando as laterais das pistas, dificultando o tráfego dos veículos e contribuindo para o já tão caótico trânsito urbano.

Outro detalhe importante é o fato de não se poder pagar proporcionalmente pela utilização do local por tempo inferior ao máximo permitido. Há locais onde é permitido estacionar por 1, 2 ou até 5 horas. Quando o veículo desocupa o espaço antes de vencer o prazo, não há como obter a devolução do valor correspondente ao tempo não utilizado.

Por tudo que foi dito, torna-se imperioso acabar com essa injustiça, sendo essa nossa iniciativa já formatada através do Projeto de Lei nº 1.539, de 23 de julho de 2003, para a qual pedimos o apoio dos nossos pares.

Vale lembrar que tais estacionamentos em leito de via pública devem cumprir função social, com tempo limitado para sua utilização, que deve ser gratuita.

Muito obrigado.

873 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

A SRA. ZELINDA NOVAES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. ZELINDA NOVAES (PFL-BA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil, o Congresso Nacional e a mídia perdem prematuramente um grande representante dos interesses da Nação.

Nascido em São Paulo, José Carlos de Castro Martinez era administrador de empresas e começou a carreira política em Curitiba, no ano de 1982. Aos 55 anos, estava em seu quarto mandato nesta Casa.

Há 11 anos integrava as fileiras do Partido Trabalhista Brasileiro e presidia o partido desenvolvendo um trabalho marcado pela ética, pela solidariedade entre seus filiados, pelo respeito às opiniões divergentes, mantendo, porém, a união e unidade necessárias para a busca pelo engrandecimento, a modernização e o aperfeiçoamento na atuação política e social de valorização ao trabalhador brasileiro, sendo reconhecido, por isso, como um dos maiores Presidentes do PTB.

Como político dedicado ao Estado do Paraná, Martinez realizou ações localizadas em Municípios que representava e que ajudaram todo o Estado, a exemplo de Matinhos — onde auxiliou na recuperação da orla que beneficia todos os paranaenses na temporada de verão. Na cidade de Santa Isabel do Ivaí, o

Parlamentar colaborou para que a Prefeitura enfrentasse com sucesso o início de um surto de toxoplasmose, e em Nova Londrina atuou para a compra do hospital municipal.

Homem de visão, era também empresário de comunicação e junto com familiares administrava a rede CNT de televisão, que cobria, através da TV aberta, via satélite ou a cabo, todo o território brasileiro.

874 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Lamentavelmente, Sr. Presidente, no último sábado, 4 de outubro, o monomotor que decolou do aeroporto de Curitiba, em direção ao Município de

Navegantes, em Santa Catarina, caiu vitimando o Deputado José Carlos Martinez e outras 3 pessoas.

Além de toda obra realizada na política e nos meios de comunicação, permanecem a eterna lembrança de esposo para a Sra. Maria Beatriz Ferreira

Martinez e de pai para Oscar, Mônica, Rodrigo e Priscila.

Que o Espírito Santo consolador esteja nos corações dos familiares, amigos e de todos que terão que conviver com a ausência de José Carlos Martinez.

Obrigada.

875 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. RENATO CASAGRANDE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RENATO CASAGRANDE (PSB-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito este momento para manifestar a preocupação do Espírito Santo com a estiagem prolongada que tem atingido principalmente o norte do Estado e alguns outros Municípios.

Há 8 meses não chove, o que tem causado enormes prejuízos para os agricultores do Estado e, especialmente, para os Municípios do interior do Espírito

Santo que arrecadam seus recursos e sobrevivem da atividade agrícola.

No último levantamento realizado pelo Governo do Estado, constatou-se que os prejuízos já são da ordem de 300 milhões de reais nos Municípios, onde não há perspectiva de chuvas, infelizmente.

Encaminhei documento ao Ministro Ciro Gomes com algumas reportagens.

Está sendo implantado, no Estado do Espírito Santo, um programa de convivência com a seca há alguns anos, mas os resultados virão a médio ou a longo prazo.

Infelizmente, precisamos apelar para os Governos Estaduais, Municipais e, principalmente, Federal para que manifestem solidariedade ao povo capixaba, transmitindo-lhe ajuda por meio de frentes de trabalho, cestas básicas. Com isso, poderemos minorar momentaneamente as dificuldades em que se encontram os pequenos agricultores do Espírito Santo.

876 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Aproveito a oportunidade para convocar as Sras. e os Srs. Deputados para se dirigirem ao plenário, pois estamos em processo de votação.

877 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CLAUDIO CAJADO (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para apelar ao Governo

Federal a fim de que descontingencie recursos do Ministério dos Transportes em decorrência do estado literalmente de ruínas em que se encontram as estradas nacionais.

Sr. Presidente, falo não apenas como Deputado Federal mas como cidadão e usuário das estradas, principalmente no Estado da Bahia, onde não conseguimos mais trafegar nas estradas federais. Não vou nem mencionar o custo do frete do transporte dos caminhões, mas me refiro a questão maior: muitas vidas estão sendo ceifadas por causa das estradas intrafegáveis em meu Estado. Não é possível continuarmos nessa situação. Milhares de pessoas estão morrendo nas estradas brasileiras, milhares de acidentes estão acontecendo!

Outro dia, a televisão mostrou reportagem em que 3 carretas haviam virado na BR-116, no trecho compreendido entre a cidade de Feira de Santana e o entroncamento da BR-242.

Não podemos admitir que o Governo Federal, por conta de compromissos com o FMI, não libere recursos para que se faça o mínimo que é a operação tapa- buracos, emergencial, nas estradas federais.

O Governo da Bahia investiu, ao longo do últimos 10 anos, mais de 300 milhões de dólares para construir e manter as estradas estaduais. O tráfego de veículos, principalmente pesados, que usavam e usam as rodovias federais, passou todo para as rodovias estaduais. Estão acabando com as rodovias estaduais!

878 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Não podemos admitir, passivamente, que o Governo Federal não tenha sensibilidade para liberar os recursos, a fim de fazer operações emergenciais tapa-buracos.

As BRs na Bahia estão intrafegáveis, repito. Mais do que isso: estão ocasionando milhares de mortes. Se houvesse no País um Poder Judiciário célere, o acesso à Justiça a todos, principalmente os cidadãos de bem, para que pudéssemos recorrer às ações judiciais com a certeza de que haveria celeridade no julgamento, o

Governo estaria sendo julgado e condenado por responsabilidade civil, em razão de não prover de condições mínimas de tráfego as estradas do nosso País.

Sr. Presidente, faço este apelo veemente e conclamo as Lideranças com assento nesta Casa, principalmente as Lideranças da base de sustentação do

Governo Federal, a apelarem aos Ministros Antonio Palocci e José Dirceu, para que

S.Exas. liberem recursos do Ministério dos Transportes. Não podemos mais conviver com essa situação caótica, que está aniquilando a economia do País e a vida de milhares de brasileiros.

Espero que nosso apelo, seguido do posicionamento deste Parlamento, seja ouvido e atendido, para que não continuemos a assistir passivamente a essa situação de caos nas estradas federais.

879 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ONYX LORENZONI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ONYX LORENZONI (PFL-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados e aqueles que nos assistem, o Brasil possui a última fronteira agricultável do mundo. Produzimos em 44 milhões de hectares anualmente, dispomos de 90 milhões de hectares novos a serem conquistados e, se computarmos os 220 milhões de hectares de pastagens nativas e cultivadas, provavelmente teremos uma fronteira agrícola ainda a ser explorada de mais de 190 milhões de hectares.

Quando olhamos para os Estados Unidos, nosso grande competidor, que possui apenas 100 milhões de hectares agricultáveis; ou para a Europa, que tem

130 milhões de hectares, ambos sem condições de expandir essas áreas, percebemos a gravidade do problema que está sendo criado com a edição da

Medida Provisória nº 131, que libera a plantação de soja transgênica no Brasil.

Fato igualmente grave é que o Banco do Brasil já está exigindo de produtores a assinatura de um termo de ajustamento de conduta, o que é criminoso, porque se trata de documento que pode e deve ser utilizado para responsabilizar bandido, não para constranger produtor rural.

Outro aspecto importante sobre o qual devemos refletir neste momento é que a edição da Medida Provisória nº 131 não foi um favor do Governo Federal, ao contrário, foi a vitória do bom senso e da ciência contra o obscurantismo e principalmente a desinformação científica.

880 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Os cálculos recentes feitos pela CNA dos impactos da tragédia que foi a aprovação da reforma tributária a toque de caixa neste plenário são outra preocupação do setor primário.

Para que se tenha uma idéia, o custo de produção de alimentos fundamentais para a cesta básica crescerá, em média, de 15% a 20%. É evidente que tal acréscimo será repassado ao trabalhador brasileiro, que pagará mais, principalmente em razão do aumento do imposto sobre trigo e leite, produtos importantes na formatação do preço da cesta básica.

Nos jornais de hoje o Ministro Furlan chama a atenção para o equívoco da aprovação, no texto da reforma tributária, da contribuição sobre as importações brasileiras, assunto sobre o qual falávamos desta tribuna por ocasião das votações.

Dizíamos aqui o que hoje diz o Ministro Furlan, ou seja, mais de 75% das importações brasileiras são matéria-prima e bens de capital, essenciais tanto para a produção e preparação de produtos acabados quanto para as máquinas que irão equipar nosso parque industrial.

Portanto, Presidente, é um alerta em nome da agricultura brasileira.

Cometemos outro equívoco aqui ao permitir a ampliação da COFINS e do

ICMS, cujas alíquotas, tanto para insumos quanto para produtos agrícolas, são muito baixas nos Estados. Com as novas alíquotas propostas, seguramente haverá aumento do ICMS incidente sobre o insumo e o produto final.

Como se não bastasse, Sr. Presidente, esta Casa também errou quanto à possibilidade de apropriação e transferência de créditos tributários do setor primário, até porque 96% das propriedades brasileiras são movidas e mantidas por pessoas físicas e, por esta questão óbvia, não há condições para que haja tal transferência.

881 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Portanto, a reforma tributária foi uma tragédia para o agronegócio brasileiro.

Quero lembrar que o Partido da Frente Liberal defendeu desta tribuna, neste plenário, a desoneração do agronegócio brasileiro e continua defendendo, principalmente, que deve prevalecer o bom senso quando da análise da Medida

Provisória nº 131 por esta Casa.

Não à apenação! Não à criminalização! Sim ao respeito ao produto brasileiro!

O Sr. João Paulo Cunha, Presidente, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio

Oliveira, 1º Vice-Presidente.

882 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, creio que em função da situação econômica e das dificuldades encontradas, principalmente sob o ponto de vista das contas públicas, o Governo Lula tomou medidas e fez ajustes que, às vezes, até nós consideramos impopulares. Particularmente envolvidos no debate das reformas da

Previdência e tributária, fizemos várias intervenções e, inclusive, também confessamos nossa insatisfação pessoal.

Jogamos uma partida nesta Casa — para usar de uma linguagem costumeira neste Parlamento — e parece-me que o jogo não valeu, pois vai-se disputar outro jogo no Senado. Refiro-me à reforma tributária; é como se aqui nada tivesse sido debatido.

O Presidente tem tentado trabalhar, de forma linear, o comportamento dos

Ministros petistas de seu Governo. Portanto, creio ser importante ressaltar que, costumeiramente, Ministros têm falado à imprensa sobre verbas, liberação de recursos e seus projetos. Mas faço especial referência aos Ministros petistas,

Deputado Mauro Passos, aos quais tem sido cobrada muita lealdade, a exemplo do ocorrido quando das declarações feitas pelo Ministro Cristovam Buarque a propósito dos recursos destinados a sua Pasta, assim como fizeram outros Ministros quanto a suas atuações e desempenhos.

Neste ponto, faço referência à atitude do Ministro da Agricultura, que formulou publicamente declaração — na minha opinião, infeliz — sobre a violência no campo, incitando o povo a atitudes dessa envergadura e à composição de milícias na zona

883 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 rural. Estas palavras são minhas. O Ministro da Agricultura travou debate com a

Ministra Marina Silva a respeito dos transgênicos. Volto a frisar: tem-se cobrado dos

Ministros comportamento adequado, conduta uníssona com o pensamento do

Governo. Mas eis que o Ministro da Agricultura vem mais uma vez a público para torpedear o Ministério das Relações Exteriores — digo torpedear porque me refiro a um aspecto de guerra —, fazendo crítica contundente a esse órgão, que passo a defender.

O Brasil destaca-se nas relações internacionais. O Ministério das Relações

Exteriores atua de maneira firme, particularmente quanto aos assuntos que dizem respeito à ALCA. Os diplomatas, os técnicos do Ministério das Relações exteriores agem corretamente na defesa dos interesses do povo, da Nação brasileira. Mas eis que foram torpedeados pelo Ministro da Agricultura.

Agora, faço uma cobrança. Se há linearidade, se há cobrança de conduta — como ocorreu aqui — de Parlamentares do PT com relação a posições de Governo, se há cobranças quanto a posições de Ministros, o Ministro da Agricultura não pode torpedear Ministros do Governo do qual faz parte. Aliás, há poucos minutos, acabamos de entregar um documento solicitando a permanência do Deputado

Fernando Gabeira no PT, em confronto com vários pontos relacionados à atuação do Ministério da Agricultura.

Quero fazer esta cobrança veemente. Não é possível que a um Ministro sejam dadas condições em sua plenitude, em um curto espaço de tempo, para disparar suas baterias contra outros Ministros e contra posições históricas e acumuladas pelo partido majoritário nessa frente de governo. Portanto, Sr.

Presidente, quero estabelecer essa cobrança e lamentar essa atitude,

884 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 principalmente nesse último episódio, do Ministro da Agricultura contra o Ministério das Relações Exteriores.

É importante fazer este registro. Espero que o Governo faça lembrar ao

Ministro da Agricultura que ele é Ministro de um Governo e que, portanto, não representa isoladamente uma corrente de pensamento, devendo adotar uma postura, no mínimo ética, para tratar de ações de outros Ministérios, principalmente de questões polêmicas como a da ALCA. O pior não é o conteúdo, mas sim a forma desrespeitosa — diria até desleal — com que o Ministro da Agricultura agiu contra o

Ministério das Relações Exteriores, repito, do mesmo Governo.

885 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. FERNANDO FERRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero fazer neste momento um registro sobre a mobilização dos comerciantes da cidade de Toritama, com cerca de 30 mil habitantes, no agreste pernambucano. Esse Município tem a particularidade de ser grande produtor de confecções de jeans, com uma economia extremamente pujante e dinâmica, que gera empregos. Mas, na verdade, lá ocorre o mesmo que em outros locais do País: a informalidade do comércio. E, por conta disso, o Governo do

Estado desencadeou uma operação para legalizar, por meio de fiscalização, esses comerciantes de Toritama. É uma atitude correta, exatamente para tirá-los da clandestinidade, pagarem seus impostos e exercerem suas atividades comerciais com todos os direitos e deveres que têm.

Também importante é que este mesmo Governo, que exerce e pratica essa rigorosa fiscalização dos tributos do Município, ofereça as condições necessárias à sua população, garantindo segurança para os comerciantes e o suprimento de água para aquela comunidade, que dela tem carência muito grande, a fim de que possam exercer e praticar o comércio têxtil e de confecções na área.

Em Toritama, verificamos uma situação particular: não existe desemprego.

Uma particularidade importante que revela uma característica de produção, geração de emprego de uma cidade que oferece condições de sobrevivência a um parcela expressiva daquela região.

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Reforçamos nossa solidariedade à iniciativa daqueles comerciantes, que, ao mesmo tempo em que cobram do Governo sua legalização, cobram também a ação do Estado para melhor exercerem suas ações comerciais.

Solicitamos ainda ao Banco do Brasil a instalação, naquele Município, de uma agência, para facilitar as transações comerciais resultantes da atividade têxtil e de confecções naquela área. É necessário dotar aquele Município de condições de emprego e de legalização fiscal, para que se exerça e pratique o comércio dentro da legalidade.

Estamos todos solidários nessa luta para garantir a continuidade da ação daquela atividade comercial geradora de emprego e cidadania. Repito: lá não verificamos desemprego, crianças abandonadas nas ruas; ao contrário, um padrão de vida acima da média dos Municípios do interior do Estado. Os comerciantes que praticam esse comércio na informalidade buscam e merecem sua legalização, sua atuação legal, para que possam continuar nas suas laboriosas e prósperas atividades.

Sr. Presidente, esse o nosso registro, essa a nossa ação solidária aos comerciantes do Município de Toritama, no Estado de Pernambuco.

887 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Jutahy Junior, para uma Comunicação de Liderança, pelo PSDB.

O SR. JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, acabamos de ouvir o discurso em que o

Deputado Walter Pinheiro acusa o Ministro da Agricultura de fazer jogo sujo com o

Ministro da Relações Exteriores, do mesmo Governo.

Hoje foi publicada no jornal Folha de S.Paulo entrevista do Deputado

Fernando Gabeira, na qual S.Exa. diz por que está se retirando do Partido dos

Trabalhadores. Imaginem como deve estar se sentindo o eleitor do PT, que acreditou em algumas propostas da sua campanha eleitoral!

Se não me falha a memória, o Deputado Gabeira listou alguns exemplos muitos claros sobre a contradição entre o discurso e a prática. Vamos lembrar alguns deles. Primeiro, a importação de pneus usados. O Governo Fernando

Henrique Cardoso a impediu; mas o Governo do PT a liberou, provocando terrível impacto ambiental para a nossa comunidade. Ainda não se sabe o local onde devem ser colocados esses pneus usados.

Presenciei uma luta na Comissão de Constituição e Justiça e de Redação com relação à estrada que corta o Parque do Iguaçu. Agora, vemos Deputados do

PT lutando para que a estrada seja novamente utilizada pelos fazendeiros da região.

Não entro no mérito dessa questão, mas vi na Comissão de Constituição e Justiça o

PT demonstrar que se cometeria, dessa forma, um crime contra o meio ambiente.

Outro fato a ser condenado é a liberação da propaganda de cigarros nas corridas de Fórmula 1 e no Grande Prêmio de Motociclismo. O PT, que sempre foi

888 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 nosso parceiro nessa luta, autorizou essa publicidade por meio de medida provisória.

Como é que o Deputado Fernando Gabeira poderia se comportar diante da liberação do processamento de urânio, assunto que ele sempre acreditou fosse ponto pacífico no PT? E o que dizer em relação aos transgênicos, se o PT sempre condenou, com postura fundamentalista, a utilização dessa tecnologia no cultivo da soja, e agora edita uma medida provisória para liberar o plantio e a comercialização do produto?

Há pouco vi subir a esta tribuna o Deputado Walter Pinheiro, que não é apenas representante da bancada do PT, mas também já foi Líder do partido na

Câmara dos Deputados. Pois agora S.Exa. diz que o Ministro da Agricultura está fazendo jogo sujo com o Ministro das Relações Exteriores.

Ora, isso mostra o que é o Governo do PT, um governo que não se constituiu baseado num projeto para o País, mas sim numa confederação de interesses pelo poder.

Não preciso citar o caso da Previdência. Diziam tanto que não era preciso cobrar dos inativos nem aumentar a idade para a aposentadoria. Pois acabaram encaminhando a votação da reforma baseados num conceito completamente distinto do que sempre defenderam.

Sr. Presidente, defendemos a tese de que estamos encerrando um ciclo no processo democrático do Brasil, do qual minha geração fez parte — participamos da

Constituinte — defendendo a estabilidade econômica. Esse ciclo encerra-se agora, em que começa uma nova fase. Podemos dizer que todas as forças políticas do

889 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Brasil, num determinado momento, chegaram ao poder. Esta é a vez do Partido dos

Trabalhadores.

Mas comparemos o que é o PT no Governo com o que foi o PT quando na oposição.

Quero citar um fato que, a meu ver, jamais poderia ter acontecido com o projeto de Orçamento enviado ao Congresso Nacional. Na Legislatura passada, todos defendemos a aprovação da Emenda nº 29, que dava garantias constitucionais para a vinculação de recursos na área de saúde. Sempre acreditamos que aquele fosse um patamar mínimo, um ponto consensual, e a emenda confirmou essa nossa certeza com uma aprovação quase unânime nesta

Casa. Mas o que ora acontece com a proposta orçamentária em debate na

Comissão Mista de Orçamento? Retiram-se R$3,5 bilhões dos recursos da saúde.

Onde estão agora os representantes do PT que sempre lutaram por mais recursos para essa área? Onde está a bandeira que tanto empunharam? Onde está o

Ministro da Saúde do PT, que, quando era Parlamentar nesta Casa, defendia mais recursos para o SUS, em favor dos mais necessitados, da gente mais simples do

Brasil?

Sr. Presidente, a bancada do PSDB, que hoje se reuniu com o Presidente da

Frente Parlamentar da Saúde, Deputado Rafael Guerra, tomou uma decisão: vamos ajuizar todas as ações cabíveis no Supremo Tribunal Federal para impedir que se retire dinheiro do Sistema Único de Saúde. Entendemos a necessidade de se investir no Fundo de Combate à Pobreza e no saneamento básico, mas, se aceitarmos a visão elástica de que a saúde engloba também essas áreas, daqui a

890 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 pouco vão dizer que esporte, educação e estradas também precisam ser atendidas com esses recursos. Querem burlar o que aprovamos nesta Casa.

É muito grave a ação política do Governo do PT. Este Governo está caindo em descrédito. Não com a população, com as pessoas mais simples do Brasil, que vêem na figura do Presidente Lula um exemplo respeitável de homem humilde que conquistou o poder com uma história extremamente digna e edificante. Mas ocorre que as pessoas que participam do processo político, os que têm mais consciência na avaliação de processos sofisticados, já começam a notar o que de fato está acontecendo. Nosso objetivo agora é mostrar a todo o País que este Governo não tem projeto nenhum — nem econômico nem social nem político. Tinha simplesmente um projeto de poder, e esse poder, infelizmente, está sendo exercido de forma conflituosa, o que, inevitavelmente, gerará grandes prejuízos à nossa sociedade.

O ano de 2003 já jogamos fora: crescimento praticamente zero e aumento do desemprego. O Governo, que prometeu 10 milhões de empregos, já deve mais 800 mil.

Desejamos, com fé em Deus, que no próximo ano não reincidam no equívoco que provocou esta recessão, esta crise de desemprego, esta desesperança. Que o

Governo defina desde logo o que quer para o Brasil. Para a saúde já sabemos: dela quer tirar dinheiro. Para a agricultura, ainda não. Enfim, há conflito em todas as

áreas, mau gerenciamento e despreocupação com os grandes objetivos nacionais.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, atentem para o discurso do Deputado Walter Pinheiro, ex-Líder do PT nesta Casa, que disse que o Governo joga sujo com o próprio Governo. Era o que tinha a dizer.

891 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Esta Presidência informa que a sessão do Congresso Nacional convocada para hoje, às 19h, foi cancelada. Fica convocada outra sessão do Congresso Nacional para amanhã, às 19h, com a mesma pauta da sessão anteriormente prevista para hoje.

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O SR. GIACOBO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GIACOBO (Bloco/PL-PR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Nação passa hoje por um momento de transição. Os últimos índices apurados pelo IBGE e pela Confederação Nacional da

Indústria — CNI, indicam a volta, ainda que modesta, do crescimento. Com isso, a interrupção do aumento dos índices de desemprego.

Passado o primeiro momento que exigiu do Governo Lula fortíssimo choque nos juros e freio nos gastos, indispensáveis para colocar a casa em ordem, começam a surgir os primeiros indicativos positivos.

Pode-se discutir a dose do remédio e suas conseqüências, principalmente sobre a dívida pública e sua repercussão pelo resto da economia, mas os resultados positivos começam a aparecer. Crescimento em agosto de 1,5% na produção industrial e de bens de capital; aumento de 5,2% na produção de bens duráveis e de

3,77% nas vendas das indústrias; elevação de 0,72% na massa líquida dos salários.

Tudo isso acompanhado por recordes de valorização na Bolsa de Valores e queda no índice Risco Brasil.

Esses números, no entanto, representam tão-somente a retomada dos níveis de atividade econômica do passado. Por mais consistência que venham a demonstrar, não são suficientes para a recuperação, no curto prazo, das últimas 2 décadas perdidas — quase 20 anos em que o Brasil teve crescimento inferior à sua média histórica, tirando-lhe o posto de 8ª ou 9ª economia do mundo para o 14º ou

15º lugar.

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É preciso, no entanto, Sr. Presidente, ler por trás desses números o drama humano do desemprego. E ver que, apesar da retomada do crescimento, o desemprego só fez parar de crescer.

E, se nos serve de lição, prestemos atenção e aprendamos com outros números, como os revelados por recente pesquisa feita pelo BNDES. Segundo o estudo, o crescimento do número de trabalhadores nas microempresas foi de 25,9% entre 1995 e 2000, o que equivale a 1,4 milhão de vagas. O número de trabalhadores nas grandes corporações, no mesmo período, cresceu apenas 0,3%.

Enquanto o número de empresas de grande porte cresceu 2,2%, as microempresas aumentaram em 25%, chegando a 93% do total de empresas no País.

Esses números, juntamente com outros tantos indicadores, vêm demonstrar que as pequenas e microempresas são mais ágeis e flexíveis para contornar as crises e as dificuldades da macroeconomia; requerem menos investimento em tempos de recursos escassos e são grandes geradoras de emprego.

Em plena Semana da Micro e Pequena Empresa, cujo dia se comemorou no

último domingo, dia 5 de outubro, e ao lado dessas ponderações que faço, é interessante a releitura atenta do Plano Plurianual de Investimentos — PPA, recentemente lançado pelo Governo.

Toda estratégia de crescimento para os próximos anos definida pelo PPA está baseada no aumento do consumo de massa, principalmente nos segmentos de renda D e E. Como tática para esse crescimento, está o aumento da oferta de crédito a juros baixos para a população de menor renda, fato aliado a uma política de microfinanças e microcrédito também para o pequeno empreendimento, rural e urbano.

894 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O diagnóstico e a receita estão no caminho correto. Principalmente diante do indicativo de que, no médio prazo, persistirá a necessidade de manutenção de elevados superávits que permitam o equilíbrio orçamentário, a confiabilidade na capacidade de pagamento do Governo, e que este reduza sua participação no mercado de crédito.

O Governo não pode continuar demandando 65% dos recursos financeiros da

Nação, e, com isso, sendo o grande concorrente de crédito com o setor produtivo, principalmente em relação as pequenas e microempresas. As grandes corporações estão capacitadas a buscar financiamento internacional, o que se mostra extremamente difícil para as de pequeno porte.

Portanto, uma política agressiva de expansão do microcrédito nos parece extremamente oportuna. Mas, ainda assim, também insuficiente para a superação das barreiras ao nascimento, à estabilidade e ao crescimento das pequenas e microempresas e pequenos negócios.

Para quebrar essas barreiras é que defendemos um tratamento tributário adequado a esse segmento, um tratamento realmente diferenciado, favorecido e simplificado para os pequenos negócios. Inclusive uma Lei Geral e um

Super-SIMPLES, para que a enorme capacidade empreendedora dos brasileiros venha à tona. Movimento este que deve estar associado a maior oferta de crédito facilitado e barato para o consumo das grandes massas, o que não só lhes trará melhor qualidade de vida, como incentivará a produção interna, gerando mais emprego e mais renda.

A solução brasileira está no crescimento. E o crescimento do Brasil está condicionado ao comportamento das pequenas e microempresas e ao microcrédito.

895 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. DARCÍSIO PERONDI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, antes de mais nada quero apresentar minha solidariedade ao Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, homem universal, profundo conhecedor da agricultura brasileira e do agribusiness internacional, e ao Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz

Fernando Furlan, empresário bem-sucedido e conhecedor do comércio internacional. É inadmissível que o Ministério das Relações Exteriores leve a uma negociação sobre a ALCA documento que não tenha sido discutido com os demais

Ministros interessados. Algo está acontecendo. Acho que o Brasil não quer exportar.

O Ministério das Relações Exteriores tem problemas históricos. Nossos embaixadores não conseguem vender os produtos brasileiros mundo afora. Agora, não dialogar com os Ministros da área é doloroso!

Outro assunto, Sr. Presidente.

Quero comunicar a esta Casa e ao Brasil que foi criado o Comando Nacional em Defesa da Manutenção de Recursos Destinados à Área de Saúde, que se mobiliza para evitar o desvio de R$4 bilhões dos pobres doentes, dos que batem às portas dos hospitais e ambulatórios municipais. O comando é composto por

Deputados Federais e Senadores e 6 entidades nacionais ligadas a todo o movimento dos Conselhos Federais, bem como à área médica e afim. Fazem parte do comando a Confederação dos Trabalhadores de Saúde, o Conselho Nacional dos

Secretários de Saúde, o Conselho Nacional dos Secretários Municipais e o

Conselho Nacional de Saúde.

896 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Esse comando nacional irá organizar o Brasil inteiro para sensibilizar o

Presidente Lula. É um horror o que o Ministro Antonio Palocci, um médico, e o

Ministro Guido Mantega fizeram com a Constituição Federal. Há 4 anos, aprovamos recursos permanentes para a saúde. O dinheiro pode ser pouco, mas o setor estava recebendo em dia.

Cada Deputado sabe quantos problemas têm seus Municípios na área da saúde. Estão rasgando a Constituição Federal!

É inadmissível o que disse ontem o Ministro Antonio Palocci, um médico, aos

Líderes do Governo no Palácio do Planalto. S.Exa. disse que tapar buraco de estrada corresponde à área da saúde porque o buraco pode provocar acidente; que fazer casa corresponde à área da saúde, porque a pessoa e se alimentando bem diz respeito à saúde, porque as pessoas ficam mais resistentes.

Parece que o Governo Federal quer transformar o Ministério da Saúde em um

Superministério dos Transportes e da Assistência Social, incluindo a área de habitação e o programa Fome Zero. Mas esquece de destinar recursos. Ao contrário, caros Deputados, brasileiros que acompanham esta sessão, retiram da saúde recursos previstos na Constituição Federal.

O Comando Nacional vai levantar o País. Estamos negociando com o

Governo Federal para que haja sensibilidade.

Conclamo todos os Deputados que aprovaram a Emenda nº 29, inclusive do

Partido dos Trabalhadores, do Partido Social Trabalhista, do Partido Comunista do

Brasil, a que se manifestem. Esse crime contra a saúde do Brasil não pode se concretizar! Vamos ajudar a melhorar a saúde ano que vem, votando na Comissão

Mista de Orçamento contra o veto do Presidente Lula.

897 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Pela saúde, pelos doentes, pela prevenção, pelas grávidas, pelos idosos, por quem precisa de remédio, vamos reagir, Sras. e Srs. Deputados! O Comando

Nacional está organizado e vai levantar o País!

Solução, já! Rombo da saúde, não!

O Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente, deixa

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. João

Paulo Cunha, Presidente.

898 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Sras. e Srs. Deputados, o projeto que trata da nova Lei de Falências há muito é reclamado pela sociedade brasileira, em particular no novo momento que vivemos. Tanto que de todos os partidos há manifestação favorável a ele, em seu aspecto mais global.

Desde o primeiro semestre, insisto na importância de votarmos essa proposição. Foi formada Comissão de 11 Deputados, coordenada pelo Deputado

Arlindo Chinaglia e relatada pelo Deputado Osvaldo Biolchi, para recolher sugestões de todos os partidos e apresentar novo substitutivo. Dezenas de reuniões foram feitas, e não se conseguiu produzir um relatório que tivesse vida até a votação de hoje. Outros relatórios foram apresentados, novas medidas complementares foram feitas. De tal forma que ainda estamos discutindo o projeto, apesar de estarmos em processo de votação.

Sendo evidente a falta de quorum, vou encerrar a votação. Antes, porém, informo aos Srs. Deputados que, acatando sugestão de vários Deputados, vou convocar para a próxima terça-feira, dia 14, Comissão Geral, à tarde, para discussão desse tema. Cada partido poderá indicar uma pessoa para fazer explanação da sua posição.

Após esse debate, convocarei sessão extraordinária para quarta-feira pela manhã, para iniciarmos a votação tanto do projeto de lei complementar que altera o

Código Tributário Nacional quanto do projeto de lei que altera a Lei de Falências.

Assim, espero concluir no dia 15, quarta-feira, a votação da Lei de Falências.

Trata-se de assunto complexo e de difícil entendimento pelo conjunto da Casa, mas precisamos decidi-lo.

899 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Está encerrada a votação.

900 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. MORONI TORGAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha.) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero cumprimentá-lo pela manifestação que acaba de fazer. Meu apelo era nesse sentido.

901 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ALBERTO GOLDMAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero cumprimentá-lo. Também estive em seu gabinete para solicitar, em nome do PSDB, exatamente a decisão que V.Exa. acaba de tomar.

Quero sugerir a V.Exa. que possamos apresentar para a sessão do dia 13 nomes de alguns especialistas na matéria, para apresentarem algumas sugestões.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A Presidência receberá a sugestão de V.Exa.

902 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Nelson Pellegrino, para uma Comunicação de Liderança, pelo PT.

O SR. NELSON PELLEGRINO (PT-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Líder do PSDB, Deputado Jutahy Junior, veio a esta tribuna para tecer uma série de comentários a respeito do Governo do

Presidente Lula. S.Exa. é um Parlamentar experiente desta Casa, foi Deputado

Constituinte e Líder do PSDB quando o Presidente Fernando Henrique Cardoso governava este País, e, portanto, sabe muito bem o que é ser governo. Foi

Deputado de um Governo de composição, como é o nosso, e sabe muito bem que um Governo de aliança traz no seu bojo um conjunto de posições que estão no mesmo campo, mas não são necessariamente idênticas.

O nobre Líder centrou seu pronunciamento na tese de que o Governo do

Presidente Lula não tem rumo nem projeto estratégico para o País. E é com relação a essa tese que gostaria de dialogar com o Deputado Jutahy Junior.

Hoje, os jornais brasileiros estampam matérias dizendo que a economia do

País começa a dar sinais de reaquecimento, a indústria começa a retomar sua atividade. Há unanimidade e até euforia no Brasil e no mundo inteiro em relação aos rumos da economia nacional. O Risco Brasil chegou ao seu menor nível desde o ano de 2000 (633 pontos), o dólar está em queda, as bolsas estão em alta e o País retoma o crescimento econômico. Não tenham dúvida V.Exas. de que no último trimestre deste ano o País retomará o crescimento econômico, e, no ano que vem, poderemos crescer em torno de 3,5% a 4% ao ano.

Isso foi possível porque este Governo tem rumo, tem projeto, sabe o que tem de ser feito no País.

903 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Passamos 9 meses adotando medidas — reconhecemos — duras, difíceis, mas que foram tomadas por um Presidente que tem compromisso com esta Nação.

Talvez outro Presidente, quem sabe até preocupado com reeleição, não teria encaminhado ao Congresso Nacional projetos de reforma da Previdência e tributária.

Sabemos todos que a reforma da Previdência hoje é muito importante para os

Governadores, inclusive para os do PSDB, uma vez que alguns não pagaram o 13º salário do ano passado. E o Governo do Presidente Lula teve de emprestar dinheiro para tal pagamento. Governadores do PSDB afirmam que, se nada for feito, não terão condições sequer de pagar o salário de dezembro, muito menos o 13º salário.

Mas o Governo teve coragem. Encaminhou a reforma da Previdência a esta

Casa, negociou com a Oposição e com os servidores e obteve sua aprovação. Essa reforma está prestes a ser aprovada pelo Senado, já o foi na Comissão de

Constituição e vai a Plenário.

Pensando no equilíbrio fiscal, na retomada do crescimento econômico, no estímulo à economia, o Governo encaminhou a esta Casa o projeto de reforma tributária, que desonera as exportações e a produção e permitirá às empresas nacionais maior competitividade no exterior e também condições de competir no caso dos produtos importados. Ao estabelecermos a cobrança da COFINS para produtos importados, fortalecemos ainda mais a empresa brasileira, a que está instalada no Brasil.

Este Governo simplifica a COFINS, reduz a zero a alíquota dos medicamentos e da cesta básica e corta pela metade a contribuição sobre a folha de

904 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 pagamento, o que vai aumentar o índice de empregabilidade, de formalidade, e vai dar fôlego às pequenas e microempresas para gerar empregos.

Nosso Governo conseguiu em 9 meses tirar o País da grave crise em que se encontrava: o dólar a 4 reais, o Risco Brasil a 2.400 pontos, as empresas brasileiras sem crédito no exterior. As empresas brasileiras endividadas no exterior tinham de pagar 80% das suas dívidas, só conseguiam renegociar 20%. Hoje, elas conseguem renegociar 135% das suas dívidas, ou seja, não só conseguem renegociar 100% da sua dívida, mas ainda obter crédito novo.

Isso foi possível porque este Governo tem credibilidade. Fecharemos este ano sem déficit nas contas correntes, com as contas em dia, ao contrário do ano passado, quando tivemos déficit de 8 bilhões de dólares nas contas correntes. Não tínhamos crédito externo, e hoje tanto as empresas nacionais como o País o têm. O

Brasil, no ano que vem, receberá 11 bilhões de dólares de investimentos estrangeiros diretos, e não de capital especulativo. Estamos transformando o Brasil no país da produção, e não da especulação, como foi no passado.

Disse e repito desta tribuna que este Governo cumpre com suas promessas de campanha. O Presidente Lula, quando anunciou sua carta ao povo brasileiro, assumiu compromissos claros de que a inflação não retornaria. Em janeiro, quando

S.Exa. assumiu a Presidência da República, a inflação projetada para os 12 meses seguintes era de 40%. Hoje, é de 8,8%, e no ano que vem será de 5,5%. Fomos vitoriosos no combate à inflação e também no processo de renegociação da dívida pública, uma dívida externa monstruosa, de mais de 120 bilhões, e uma interna de

850 bilhões de reais. A curto prazo a estamos alongando, de forma negociada, pela credibilidade do Governo, dando mais fôlego ao País.

905 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

No ano que vem, o Governo investirá 7 bilhões a mais na área social. E está preparando o País para a retomada do crescimento de forma sustentada.

Ao contrário do que foi dito pelo Deputado Jutahy Junior, o Governo tem rumo na política externa. Pela primeira vez nos últimos anos, o País assume postura altiva no cenário internacional. O Brasil teve posição determinante na recuperação do

MERCOSUL e na integração do continente sul-americano, onde é líder hoje, como também é um líder mundial. Na Rodada de Cancún, o País liderou o G-22. Os países em desenvolvimento deixaram recado muito claro aos países ricos, de que não vamos continuar aceitando essa ordem econômica injusta que reserva a um país importante como o Brasil a cozinha e a periferia do sistema econômico mundial.

Queremos um lugar ao sol.

O Presidente da República, de forma altiva, responsável e competente, constrói estratégia que evitará que o Brasil se isole nas negociações da ALCA e, acima de tudo, promoverá a solidariedade dos seus iguais. Para isso, é necessário que os países ricos negociem com os em desenvolvimento no sentido de buscar relação de parceria, e não essa a que o Brasil tem se submetido até agora.

Este Governo busca e amplia parcerias internacionais, amplia o comércio com a China, a Rússia, a África e a Índia — estamos trocando tecnologia. Enfim, nosso

País busca hoje nova perspectiva no plano mundial.

Não tenho dúvida de que nossa política internacional é vitoriosa e assim continuará, porque parte de 2 pressupostos fundamentais: primeiro, a soberania do

País, o interesse da Nação e do povo brasileiro; segundo, enxerga o País a partir de interesses não só particulares, mas de seus parceiros. Esta política é fundamental

906 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 para abrir caminhos no cenário internacional, para o crescimento econômico, porque faz parcerias que propiciam ao Brasil viver um novo ciclo de desenvolvimento.

Graças a uma política que levou o País à estabilidade, poderemos retomar o desenvolvimento econômico no ano que vem. Vamos ter investimentos em infra-estrutura por meio de parcerias públicas, privadas e estrangeiras, o que preparará o Brasil para a recuperação das finanças públicas.

Os juros estão em queda, e não tenho dúvida de que em breve estarão no patamar em que devem ser praticados.

Portanto, Deputado, este Governo tem rumo e estratégia. Os indicadores econômicos demonstram isso. Muito em breve, o País voltará a crescer de forma sustentada, o que não aconteceu nos últimos 30 anos.

O problema do nosso Governo não é pura e simplesmente fazer com que o

Brasil cresça, pois o País tem de crescer não só de forma sustentada, sem fazer bolhas, como aconteceu no passado, mas distribuindo renda, distribuindo riqueza. É esse o crescimento que nos interessa, é esse o crescimento que estamos construindo com o microcrédito, com o apoio à agricultura familiar, com políticas de geração de emprego e renda e de atração de investimentos produtivos para este

País, fazendo com que definitivamente o Brasil deixe de ser dependente e refém do capital financeiro especulativo.

Poderia passar a noite toda aqui para comprovar com dados, números e fatos que o Brasil está mudando — e para melhor —, que este Governo tem rumo estratégico, que este Governo tem projeto estratégico para o País e que esse projeto

é vitorioso.

907 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Portanto, não aceitamos os argumentos que o Deputado Jutahy Junior aduziu da tribuna, porque eles não têm consistência, não fiéis à realidade que estamos vivendo hoje no País.

O Sr. João Paulo Cunha, Presidente, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio

Oliveira, 1º Vice-Presidente.

908 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Esta Presidência tem o prazer de anunciar ao Plenário que estamos recebendo visita dos Profs. Raduan Miguel e

Renato e de alunos da Faculdade de Direito de Rondônia — FARO, acompanhados pelo nosso querido colega Deputado Hamilton Casara.

A Presidência da Câmara dos Deputados os recebe de braços abertos.

909 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao nobre Deputado Antonio Carlos Pannunzio.

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, é sabido que o poder isola. Sabemos que um Presidente da República, isolado em seu palácio, cercado apenas pelos seus Ministros e pelo primeiro escalão do Governo, que moram em outros palácios, igualmente bem guardados por sistema de proteção, acaba ficando isolado. Isso é natural.

Mas o que se espera do Líder do partido do Governo é que leve a realidade dos fatos ao Presidente da República, que não divague, imaginando viver outra realidade que não a que estamos vivendo. É preciso, caro Líder Pellegrino, que alguém diga ao rei ele está nu. Do contrário, o rei continuará nu.

Sr. Presidente, ouvimos assertivas as mais variadas a respeito dos índices positivos, e nós, diferentemente do PT, não torcemos contra o Brasil. Ficamos satisfeitos de saber que muitos índices estão melhores agora do que em abril do ano passado, quando já ficava claro ao público interno, ao chamado investidor ou ao mercado internacional e aos outros países, que a vitória do PT era uma perspectiva concreta. Os índices voltaram à normalidade.

Porém, o nobre Líder do PT esqueceu-se de elencar pelo menos um índice, mais importante que o Risco Brasil e a relação cambial: o de desemprego, o mais alto da história do Brasil. A esse S.Exa. não fez menção.

É preciso dizer ao Presidente Lula que o desemprego chegou às raias do absurdo, e, se já devia 10 milhões de empregos em promessa de campanha, S.Exa. deve agora 11 milhões de empregos aos brasileiros.

910 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

Falou o nobre Líder do PT da liderança inconteste do Presidente Lula no plano internacional. Pergunto: que liderança? O Instituto Ibero-Americano, segundo divulgado hoje pela CBN, fez uma pesquisa em toda a América Latina. E o que constata? Constata que, entre os líderes latino-americanos, em primeiro lugar, como reconhecimento, está o Presidente Néstor Kirchner, da Argentina; em segundo, o

Presidente Vicente Fox, do México; em terceiro, o Presidente Ricardo Lagos, do

Chile; em quarto, nem me lembro quem; em quinto, juntamente com o Presidente

Hugo Chávez, está o Presidente Lula. Não sei onde está a imaginada liderança internacional.

Se o Brasil, há um tempo, teve uma atuação positiva em Cancún, temos de lamentar a atuação desastrosa em Trinidad e Tobago, quando o Itamaraty — e estranho o Ministro ter feito isso — designou para proceder às negociações diplomatas que já se proclamaram há muito tempo contra a ALCA. Ora, já tinham, ideologicamente, uma posição contrária à ALCA, foram lá e radicalizaram. E qual foi o resultado disso? O resultado, Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, foi o isolamento do Brasil. O famoso G-23 ou G-20 Plus aparentemente ficou abalado. Os países do

MERCOSUL nem sequer acompanharam o Brasil na sua posição. Hoje, jornal do

Paraguai critica o Governo brasileiro pela posição adotada, pelo radicalismo. Para radicalizar é preciso ter trunfos, e esses trunfos o Governo brasileiro não tinha, nem cacife para blefar, nem cartas na mão que pudessem garantir maior endurecimento.

Era preciso, sim, seguir negociando, não transigir nunca com os interesses brasileiros, que, aliás, foi o que o Sr. Lula da Silva fez em seu primeiro encontro, em

Washington, com o Presidente Bush, quando aquiesceu na data de janeiro de 2005 para início da ALCA. Endurecimento retórico contra a maior potência do mundo,

911 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 aquele que co-preside conosco as negociações da ALCA, parece-me bazófia sem nenhum sentido, senão o de agravar a situação brasileira.

Vamos todos trabalhar para que nunca mais o Itamaraty, à revelia dos

Ministros da Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, proceda a negociações sem auscultar o setor produtivo brasileiro, que sabe muito bem o que devem dizer os brasileiros numa negociação da responsabilidade da

ALCA.

Encerro não por falta de assunto, mas por falta de tempo para expor o estado da vestimenta do rei. O rei continua nu.

912 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. RODRIGO MAIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RODRIGO MAIA (PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, no final do pronunciamento, o Líder Nelson Pellegrino disse que poderia ficar a noite inteira aqui mostrando dados, explicando e defendendo o Governo Lula.

Eu acho que poderíamos, sim, deixar a sessão aberta a madrugada inteira, para que

S.Exa. pudesse mostrar ao País o que ninguém está vendo: um Governo funcionando. Infelizmente, o Governo não funciona.

Sr. Presidente, gostaria que ficasse registrado nos Anais da Casa editorial do jornal O Dia de domingo que trata exatamente do Governo Lula, intitulado Milagre

Verbal. O último parágrafo diz o seguinte:

“O governo do PT vai ingressar no seu décimo mês

à frente do manche. Ao contrário do que o Presidente tem

dito, ainda não produziu milagres e muito menos os

prometidos espetáculos. Programas inovadores e

generosos, como o Fome Zero, estão patinando no seco.

A criação de novos postos de trabalho também

permanece atolada no terreno das boas intenções. Talvez

o jargão mais apropriado para o momento seja aquele que

aconselha que se faça mais e se fale menos”.

Gostaria que este editorial ficasse registrado nos Anais da Casa da Câmara dos Deputados.

EDITORIAL A QUE SE REFERE O ORADOR

913 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 914)

914 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. ZENALDO COUTINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ZENALDO COUTINHO (PSDB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de somar-me não só às manifestações feitas hoje neste plenário no sentido de que o Governo do PT está conseguindo acabar com o tempo das vacas magras — porque elas estão morrendo —, mas também registrar que teremos, no próximo domingo, no Estado do Pará, a maior festa católica do

Brasil, o Círio de Nazaré, manifestação de fé que reúne 1,5 milhão de pessoas e transforma as ruas de Belém num imenso caminhar de renovação da fé cristã, da fé em Jesus e da fé em Maria, sua genitora, cuja devoção os paraenses têm em alta conta.

Ao fazer este registro, estendo o convite aos colegas que puderem presenciar esse evento, que, com certeza, representa também a maior concentração de fé católica no mundo. A população vai se misturar, as pessoas não se distinguirão por classe social, por cor, e, muito menos, por credo. Num caminhar permanente, elas se unirão em torno da fé católica e cristã, e para esse caminhar convergirão os olhares do Brasil e do mundo.

Muito obrigado.

915 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. MARCOS DE JESUS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MARCOS DE JESUS (Bloco/PL-PE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos sabemos que o Estado democrático de Direito é regido por leis. Para que exista o Estado democrático de fato, há de se fazer leis que representem a vontade popular, que garantam a harmonia e o bem-estar social. Tais leis são executadas por outra instância de poder, o Executivo, e permitem o funcionamento da Justiça. Configuram-se, aí, os

Três Poderes da nossa República, da nossa democracia.

No Dicionário Aurélio, temos, para o verbete “democracia”, 2 acepções que me parecem apropriadas à nossa realidade: A primeira diz que é “governo do povo; soberania popular”; a segunda, “doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição eqüitativa do poder, ou seja, regime de governo que se caracteriza, em essência, pela liberdade do ato eleitoral, pela divisão dos poderes e pelo controle da autoridade”.

Portanto, o que caracteriza a democracia é a representatividade, é o povo no poder. No Brasil, o povo nos Três Poderes. Pelo voto, são escolhidos os representantes, e são esses legítimos representantes da vontade popular os encarregados de governar; no caso do Legislativo, de fazer as leis.

Podemos afirmar que as relações sociais, das mais simples às mais complexas, passam pelo crivo do que é discutido e aprovado nas Casas Legislativas

— o Congresso Nacional, a Assembléia Legislativa, a Câmara Municipal. Não podemos, pois, esquecer que algumas pessoas elaboram leis que regem as ações de toda a sociedade, e que isso se dá na esfera municipal, estadual e federal.

916 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

A Câmara Municipal, como órgão do Governo local, constitui elemento básico do conceito de autonomia dos Municípios, porque integra a noção de governo próprio, condição assegurada pela Constituição Federal.

Hoje, gostaria de centrar a minha fala na importante figura do legislador municipal, o Vereador, a quem é dedicado o dia 1º de outubro.

A palavra “Vereador” vem do verbo verear e significa “pessoa que vereia”, isto é, pessoa a quem cabe zelar pelo bem-estar dos munícipes. Quero aqui manifestar meu reconhecimento aos abnegados homens e mulheres que se dedicam a legislar em prol do bem comum de seu Município, a esses que constituem o Poder Legislativo local, por escolha direta do seu povo.

A vereança talvez seja um dos mandatos mais legítimos, pois, geralmente, o eleito é amplamente conhecido pelos eleitores, envolve-se com a comunidade, com a sua base política. É o Vereador que caminha pelas ruas da cidade, pelas estradas vicinais, pelas fazendas, é ele que se comunica com os munícipes para perceber-lhes os anseios, é ele que traz esses anseios para o debate público. Nisso, nobres colegas, se constitui a essência da atividade de Vereador, o que enobrece o cargo, porque ao legítimo representante cabe estar perto do seu povo e legislar em favor dele.

Portanto, por ocasião do Dia do Vereador, comemorado no dia 1º deste mês, manifesto nesta Casa, para onde confluem os anseios da Nação, o meu apreço, o meu respeito e a minha admiração a cada um dos milhares de Vereadores de todos os Municípios deste imenso Brasil, por mais distante e pequenina que seja a sua cidade. Destaco, sobretudo, a sua importância para a plenitude da nossa democracia.

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Parabéns, Vereadores e Vereadoras do Brasil!

Sr. Presidente, peço que meu pronunciamento seja divulgado nos meios de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

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O SR. ALEXANDRE SANTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALEXANDRE SANTOS (PP-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, votei de acordo com meu partido na última votação.

919 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. COSTA FERREIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. COSTA FERREIRA (PSC-MA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o relatório da ONU sobre habitação divulgado recentemente traz a sombria constatação de que, se nada for feito, o total de pessoas que habitam favelas no mundo vai dobrar de 1 para 2 bilhões em 30 anos. A pesquisa aponta que o número maior encontra-se nos países em desenvolvimento, onde 43% dos habitantes moram em favelas.

A ONU classifica como favela o aglomerado de habitações humanas com precárias condições de habitabilidade. Considera, para tanto, o sistema de saneamento básico, o tipo de construção, a disponibilidade de água potável, o título de posse. Quadro quase sempre agravado pela falta de escolas e de ruas e pela ausência do Poder Público.

Infelizmente, uma fatia dessa realidade humana imprópria também cabe ao

Brasil. Embora o relatório da ONU não detalhe o problema em todos os Estados, aponta dados preocupantes. Em São Paulo, de 1980 a 2001, a proporção de favelados passou de 5,2% para absurdos 19,8%. Esse quadro não serve de modelo de análise para os demais, mas é um alerta importante, já que há falta de programas habitacionais e inchaço dos grandes centros urbanos.

Técnicos da ONU estimam em torno de 50% a população mundial que vive nas cidades e nos grandes centros urbanos, com aumento anual de 2,3% nos países em desenvolvimento. No Brasil, vê-se, a olho nu, o inchaço das cidades pelo incessante êxodo rural. Da noite para o dia, surgem verdadeiros bairros em periferias dos grande centros. Nascem como favelas e assim permanecem.

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Essa realidade aumenta a necessidade de uma nova política de habitação.

Mas ater-se somente a projetos habitacionais não é suficiente para atingir os objetivos sociais. É preciso projetos habitacionais factíveis, que sobrevivam a mudanças administrativas e diminuam o fluxo da imigração do interior para os grandes centros urbanos.

A extinção do antigo Banco Nacional de Habitação não foi acompanhada de uma política de habitação capaz de preencher essa carência fundamental da sociedade. Os planos públicos colocados em prática priorizaram a classe média — a população realmente carente ficou de fora —, delineando a política de que só pode morar que tem dinheiro. Isso é uma tragédia, considerando que o Brasil tem uma população de 21 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza — pessoas cuja renda familiar é insuficiente para comprar uma cesta básica.

Agora, a Caixa Econômica Federal tem enfrentado problemas relacionados à inadimplência elevada. Antes que haja precipitação em achar culpados irreais, é preciso que se diga que o aumento excessivo dos juros encareceram o financiamento. A matemática cruel que condicionou os financiamentos de imóveis residenciais conseguiu resultados estranhos: após pagar o valor total do imóvel, o adquirente continuava devendo o equivalente a outro imóvel. Pagava um e ficava devendo dois.

O custo dessa situação, pelas doenças e criminalidade que gera, é muito mais alto que o investimento em desenvolvimento equânime. Para tanto, os investimentos não podem se limitar a uma classe específica. Qualquer plano habitacional deve considerar principalmente as classes menos favorecidas.

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Volto a insistir na necessidade de o Governo Federal incluir nesse projeto a participação de capitais públicos e privados, criando mecanismos adequados à retomada dos financiamentos e eficientes para tornar disponíveis os recursos futuros.

Ao reconhecermos a importância decisiva da questão habitacional, estamos abertos às propostas que definam mais claramente custos e benefícios. Não se deve, inclusive, destacar a hipótese de que algum subsídio seja incorporado aos mecanismos de financiamento, para beneficiar os mutuários.

Esperamos do Governo Popular ações correspondentes ao seu programa histórico, desenvolvido numa ampla parceria com Governadores, Prefeitos e iniciativa privada, para atendermos aos apelos crescentes de brasileiros sem moradia ou em habitação imprópria ao ser humano.

Muito obrigado.

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O SR. IVO JOSÉ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. IVO JOSÉ (PT-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cito Vinícius de Moraes:

“E o operário ouviu a voz

De todos os irmãos

Os seus irmãos que morreram

Por outros que viverão.

Uma esperança sincera

Cresceu no seu coração

e dentro da tarde mansa

Agigantou-se a razão

De um homem pobre e esquecido

Razão porém que fizera

Em operário construído

O operário em construção”.

Ontem, 7 de outubro de 2003, completaram-se 40 anos do massacre dos trabalhadores em Ipatinga, Minas Gerais, ocorrido na porta da USIMINAS, quando reivindicavam melhores condições de trabalho.

É necessária uma reflexão sobre o episódio, conhecido como “Massacre de

Ipatinga”, que registrou o assassinato de operários que lutavam por dignidade e respeito. Quarenta anos depois desse trágico acontecimento, é preciso reconhecer publicamente o esforço de milhares de trabalhadores e trabalhadoras que ajudaram a construir uma das maiores e mais avançadas siderúrgicas do mundo, a

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USIMINAS, e também a cidade de Ipatinga, orgulho de Minas Gerais por causa dos seu alto índice de desenvolvimento socioeconômico.

Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados, Ipatinga está localizada no leste de

Minas Gerais, a 208 quilômetros de Belo Horizonte. Trata-se de importante pólo siderúrgico, que reúne ainda empresas dos setores metal e mecânico. Portanto, é uma cidade com característica industrial, com alto grau de consciência política e sindical. O fato ocorrido em 1963 foi, sem dúvida, um dos episódios mais sangrentos na história do Estado de Minas Gerais, que sempre esteve no eixo político deste

País.

Para entendermos as circunstâncias que levaram as forças policiais do

Estado a disparar suas metralhadoras contra trabalhadores desarmados, é preciso compreender o contexto daquela época. Com o fim do Governo JK, a renúncia de

Jânio Quadros e o início da abertura política no Governo João Goulart, o sindicalismo passa a ganhar força e representatividade. Nessa época, a situação da classe operária era aviltante, em face das condições desumanas de vida e de trabalho.

lpatinga, que até então era distrito de Coronel Fabriciano, passa a crescer de forma mais intensa a partir de 1958, com a implantação da USIMINAS. O empreendimento acarretou a migração de milhares de pessoas de todo o País.

Como Ipatinga ainda era uma vila e, não, uma cidade planejada para receber um grande contingente de pessoas, a precariedade de vida era real. Assim, para manter a ordem, não raro a força policial se utilizava de truculência, o que demonstra que o massacre de 7 de outubro de 1963 foi o ápice da violência rotineira praticada contra os trabalhadores e a população.

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No caso específico de Ipatinga, vários relatos anteriores a 1963 apontam que a situação de opressão aos operários era insuportável. Dois fatores básicos poderiam ser citados como causa do levante operário: a indignidade das condições de vida e a violência da força militar e da vigilância da empresa — em ambos os casos, o abuso de autoridade era constante, e essa postura decorria da falta de habilidade dos policiais com os operários.

Cansados de tanto autoritarismo e tantos maus-tratos, os operários resolveram manifestar sua indignação após o desentendimento entre um trabalhador e um vigia, por causa de um saco de leite. Para conter os manifestantes, a cavalaria foi acionada e passou a reprimir violentamente os operários. Revoltados com essa repressão, eles resolveram fazer um movimento para reivindicar melhores condições de trabalho, concentrando-se nas portarias da usina.

Toda a movimentação tinha como objetivo propiciar melhores condições de trabalho e pôr fim ao desrespeito com que eram tratados os operários. Por causa disso, dezenas deles foram mortos, embora a contagem oficial registre apenas 8 mortes. Essa dolorosa passagem da história brasileira deixou marcas profundas, que, 40 anos depois, ainda trazem tristes recordações.

Neste ponto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de abrir um parêntese para louvar a pesquisa dos alunos Maxwel Assis Carvalho, Márcia Lúcia

Silveira e Ana Paula Andrade Pinheiro, do Curso de Pós-Graduação em História do

Brasil, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caratinga, que lança um pouco de luz sobre os fatídicos eventos de outubro de 1963.

Esse estudo constata, por exemplo, que o “Massacre de lpatinga”, como ficou popularmente conhecido, não teve dimensão apenas local, “como foi expresso pelo

925 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 então Governador de Minas Gerais, José Magalhães Pinto”, mas estava inserido no contexto da crise política do Governo Jango. Considerado chefe civil do golpe militar de 1964, Magalhães Pinto, desde muito cedo, começou a temer os rumos do

Governo Jango. Foram várias as divergências entre ambos. Assim, “pelo envolvimento de Magalhães Pinto no golpe, pela rapidez com que acionou a repressão militar, a violência com que tratou os operários na manifestação de 7 de outubro”, o episódio em lpatinga serviu como laboratório para o que ocorreria nos anos pós-64, que mergulharam o País num regime de exceção.

Um exemplo que ratifica essa conclusão é a entrevista concedida, 25 anos depois do massacre, ao jornal Hoje em Dia, pelo Coronel José Geraldo de Oliveira,

Chefe da Polícia Militar de Minas Gerais. Para o militar, se Magalhães Pinto tivesse permitido a presença de tropas federais em Minas Gerais, como queriam os metalúrgicos de Ipatinga, “a história do Brasil teria tomado outro rumo e o golpe de

64 provavelmente não teria ocorrido”.

Há muito a ser estudado e desvendado, haja vista que inexistem fontes históricas sobre o episódio de 7 de outubro de 1963. Pesquisar é resgatar a memória de centenas de pessoas; uns se calaram pela dor da recordação; outros, pela dor da intimidação. Estudar esse fato histórico é não permitir que caia no esquecimento. É entender um pouco mais a história recente do Brasil, escrita com o sangue e o suor de nosso povo.

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O SR. ISAÍAS SILVESTRE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ISAÍAS SILVESTRE (PSB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, transcorreu no dia de ontem a inauguração do Centro Oftalmológico do Hospital Lindouro Avelar, em Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte.

Esse centro tem como principal objetivo a descentralização do atendimento médico na Capital mineira. Ele vai atender a usuários do SUS e a particulares, que poderão encontrar serviço de marcação de consultas de rotina e prevenção cirúrgica de cataratas, glaucoma, estrabismo, plástica ocular e operações de rotina.

Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais, a inauguração do centro aumentará em 4 mil o número de pessoas atendidas. Em

2002, cerca de 51 mil receberam tratamento de qualidade.

Quero parabenizar o Secretário de Saúde de Minas Gerais, Marcus Pestana, o Governador Aécio Neves e o Prefeito Genesco Aparecido de Oliveira Júnior por essa iniciativa que concretiza o sonho da população de baixa renda principalmente da região norte da Grande Belo Horizonte, minimizando um pouco o seu sofrimento.

Muito obrigado.

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O SR. ROGÉRIO TEÓFILO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ROGÉRIO TEÓFILO (PPS-AL. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último final de semana, estive em Penedo, Alagoas, participando da 2ª Reunião Plenária do Comitê da Bacia

Hidrográfica do Rio São Francisco, ao qual também compareceram, além das autoridades locais — Governador, Prefeitos e Vice-Prefeitos —, o Vice-Presidente da República, José Alencar, os Ministros Ciro Gomes, da Integração Nacional, e

Marina Silva, do Meio Ambiente.

Trago para registro nesta Casa a Declaração de Penedo, elaborada com as proposições do encontro e dirigida à opinião pública e ao Governo Federal.

A reunião de Penedo foi muito importante como fator de consolidação do

Comitê da Bacia, por tratar-se de uma ferramenta da Lei Nacional dos Recursos

Hídricos e a melhor garantia para que a gestão compartilhada e democrática das

águas possa realmente acontecer.

Além das discussões, o encontro serviu à realização de convênio entre a

Agência Nacional de Águas e o Comitê, na presença do Vice José Alencar e dos

Ministros Ciro Gomes e Marina Silva, para dar suporte financeiro às atividades iniciadas e já consolidadas no Plano de Ação do Comitê da Bacia Hidrográfica do

Rio São Francisco, aprovado em sua 2ª Reunião Plenária.

Sras. e Srs. Deputados, esse evento assinalou o compromisso do

Vice-Presidente da República com a temática da revitalização e o claro posicionamento prático do Ministro Ciro Gomes de acelerar os projetos de saneamento básico das cidades do Baixo São Francisco.

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Tenho de registrar também o interesse da Ministra Marina Silva, que promoveu, com seus assessores, reuniões com os Prefeitos das cidades do Baixo

São Francisco e com gestores estaduais de recursos hídricos de Alagoas e Sergipe para a definição das ações locais dentro do programa de revitalização. Dessas reuniões resultou a criação de um grupo de trabalho interinstitucional com esse objetivo.

A Ministra também anunciou medidas de criação de Unidades de

Conservação na área da Barragem de Xingó e na área de influência da Foz do São

Francisco. Marina Silva ainda assinou um Protocolo de Intenções para criação do

Pólo de Ecoturismo do Baixo São Francisco, que certamente terá papel importante na recuperação econômica das cidades ribeirinhas.

Diante destes fatos, posso atestar que o encontro foi bastante positivo para o meu Estado de Alagoas e para todos os demais que são abençoados pelo Rio São

Francisco.

Muito obrigado.

DECLARAÇÃO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 930 A 930-B)

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O SR. ANTÔNIO CARLOS BIFFI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTÔNIO CARLOS BIFFI (PT-MS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, gostaria de destacar a importância e o espaço que o turismo ocupa atualmente na economia do Brasil e em especial na de Mato Grosso do Sul. Chamo a atenção para as cidades que estão desenvolvendo essa atividade e também para os empresários que acreditam no potencial turístico e fazem seus investimentos no Estado. Há algum tempo, o turismo era utilizado apenas como diversão e lazer. Hoje, a atividade responde por 10% do PIB mundial e gera 200 milhões de empregos.

Atualmente, o turismo é responsável, direta e indiretamente, por 1 em cada 9 empregos existentes no mundo, e deve crescer 46% nos próximos 2 anos. No Brasil, o turismo movimenta uma economia de 45 bilhões de dólares e arrecada outros 7,8 bilhões em impostos, além de empregar quase 6 milhões de trabalhadores com um salário considerado 6,1% acima da média no País. Essa indústria movimenta outros setores da economia como construção civil, transportes, hotéis, pousadas, agências, operadoras e informática.

Mato Grosso do Sul é um Estado privilegiado no que diz respeito ao turismo, pois possui uma enorme biodiversidade ainda preservada e que, se bem explorada, pode multiplicar as oportunidades econômicas e sociais. A proximidade com o

Paraguai e a Bolívia também contribui para o recebimento de turistas.

As belezas naturais do Pantanal e da cidade de Bonito despertam o interesse de visitantes do mundo inteiro, que ajudam a movimentar a economia local. No

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âmbito social, o turismo tornou-se instrumento que gera mão-de-obra qualificada e especializada.

O turismo é considerado por muitos professores, analistas de mercado e empresários um fenômeno multiplicador tanto de empregos quanto de divisas. É um fator que contribui com o desenvolvimento social, econômico, cultural e político; é um dos líderes na geração de empregos do século XXI, e que deve ser mais bem explorado para que continue beneficiando nossa economia.

Gostaria de pedir atenção especial dos senhores para esse setor da economia que vem se destacando não só em Mato Grosso do Sul, mas em todo o

País, e dizer que devemos tratá-lo com seriedade, pois precisa ser mais barato e de melhor qualidade do que o encontrado em outros países, para que a nossa população tenha acesso às nossas riquezas e não busque fora do Brasil o conforto e o tratamento que todo turista deve ter.

Sr. Presidente, registro também a satisfação de recebermos em nosso

Estado, no próximo sábado, o Presidente da República, que deverá inaugurar a ligação asfáltica de Mato Grosso do Sul com Goiás e Minas Gerais. Na cidade de

Corumbá, o Governo do Estado inaugura nova linha aérea da VASP, que fará o transporte aéreo até Campo Grande. O Presidente Lula também assinará vários convênios, principalmente com a iniciativa privada, com o objetivo de resgatar o setor ferroviário no Estado.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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O SR. ELISEU MOURA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ELISEU MOURA (PP-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido, o PP.

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O SR. SERAFIM VENZON - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SERAFIM VENZON (PSDB-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a legislação do FGTS já possui várias hipóteses de movimentação por motivo de doença, beneficiando o trabalhador e seus dependentes. Nesse contexto, podemos relacionar o saque por acometimento de neoplasia maligna, quando for portador do vírus HIV ou quando estiver em estágio terminal decorrente de doença grave.

Temos essas medidas como absolutamente necessárias. Afinal de contas, trata-se de recurso que pertence, efetivamente, ao titular da conta vinculada, permitindo-se a utilização do saldo em um momento extremo, em que ele ou seu dependente encontre-se com um sério problema de saúde. A liberação do saldo permitirá que a pessoa que esteja sofrendo uma daquelas doenças relacionadas receba um tratamento mais adequado.

Seguindo essa linha de raciocínio, estamos propondo a inclusão de mais um inciso que permita a movimentação do saldo quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de enfermidade irreversível e incapacitante, a exemplo da paraplegia, da tetraplegia e da esclerose múltipla, entre outras.

Observe-se que esses agravos à saúde, em razão de sua perversidade, já possibilitam ao trabalhador a obtenção de aposentadoria por invalidez com valor integral.

Para evitarem-se desvios na aplicação da lei, decorrentes das especificidades mencionadas acima, a matéria deverá ser objeto de regulamento em que constará o procedimento a ser adotado para fazer jus ao benefício, o que implicará, certamente,

934 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 uma avaliação por um perito quanto à extensão da enfermidade e às situações que a justifiquem.

Alguns podem argumentar que a paralisia, quando for irreversível e incapacitante, gerará direito à aposentadoria do trabalhador e acarretará, por conseguinte, direito ao saque do FGTS. Esse direito, no entanto, não é extensivo aos dependentes do titular da conta, distorção que a nossa proposta corrige.

Diante do que foi exposto, entendemos que é inegável o alcance social de nossa proposição, motivo pelo qual esperamos contar com o apoio de nossos ilustres pares para sua aprovação.

Este é o projeto in litteris:

Projeto de Lei nº , de 2003 (Do Sr. Serafim Venzon) Acrescenta hipótese de movimentação da conta vinculada do FGTS em razão do acometimento de paralisia irreversível e incapacitante. O Congresso Nacional decreta: Art. 1º O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, que “dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e dá outras providências”, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XVI: “Art. 20...... “XVI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de enfermidade irreversível e incapacitante, nos termo do regulamento”. Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua

publicação.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. AUGUSTO NARDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. AUGUSTO NARDES (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

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O SR. LEÔNIDAS CRISTINO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LEÔNIDAS CRISTINO (PPS-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, dizia Tolstoi que “só seremos universais se conhecermos e amarmos nossa aldeia”. Inicio meu pronunciamento com esta frase porque ela sintetiza o espírito e a grandeza intelectual de meu ilustre conterrâneo, Leonardo

Pildas, que, com extrema dedicação e incansável pesquisa, acaba de escrever a

História de Coreaú (1702-2002).

Resultado de um devotado esforço, traduzido por um intenso e profundo mergulho na história de sua terra natal, esse livro representa um verdadeiro legado à historiografia do Ceará e, especialmente, de Coreaú e da região banhada pelo rio que leva o mesmo nome.

Foram 18 anos dedicados à pesquisa e à busca incessante de fatos e acontecimentos, que vão desde as origens e registros dos primeiros habitantes que marcaram o início do povoamento de Coreaú até os dias atuais, revelando as características de sua genealogia, formação étnica, evoluções sociais, econômicas, políticas e religiosas.

Pesquisador atento, Pildas lançou seu olhar sobre todas as vertentes da vida coreauense. Com a necessária isenção histórica e a fidelidade de um filho que ama sua terra, conseguiu reunir as mais diversas informações referentes a tradições familiares, filhos ilustres, figuras populares, apelidos famosos, costumes, anedotário, manifestações folclóricas, formação econômica, social, política e religiosa. Tudo, enfim, que identifica e constrói o perfil de seu querido Município de Coreaú.

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Na próxima sexta-feira, dia 10 de outubro, depois do lançamento realizado em sua terra natal, Leonardo Pildas apresentará sua obra na Sala de Cultura de Sobral.

Faço este registro, Sr. Presidente, com imensa alegria, para prestar minha justa homenagem ao historiador Leonardo Pildas e manifestar, mais uma vez, meu respeito fraternal ao povo de Coreaú, tão bem retratado nessa obra, desde já considerada um verdadeiro documentário e uma importante contribuição à história da cidade e do Estado.

Solicito que meu pronunciamento seja divulgado nos meios de comunicação da Câmara dos Deputados.

Muito obrigado.

938 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado José Carlos Aleluia, para uma Comunicação de Liderança, pelo PFL.

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, inicialmente, em nome do PFL, quero repetir desta tribuna o que disse pessoalmente à família do Deputado José Carlos Martinez, a seus pais, filhos e esposa, à família do PTB e aos amigos do Paraná e do Congresso Nacional.

Perdemos um Deputado combativo, que fazia política com muita garra e vontade e promovia o crescimento de seu partido. Trata-se de perda significativa, sobretudo para a base de sustentação do Governo, pois José Carlos Martinez assumia suas responsabilidades.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, venho à tribuna perguntar: o que tem o

Governo do Presidente Lula a comemorar? Há pouco, ouvi o Líder do PT falar como se o Governo tivesse transformado o Brasil em um país das maravilhas, aliás, no país por ele prometido durante a campanha eleitoral. Não é exatamente isso, porém, o que tem ocorrido, e já está demonstrado pelas pesquisas.

Tenho em mão reportagem publicada no jornal O Globo, edição de hoje, atribuída ao Consórcio Ibero-Americano de Empresas de Pesquisas de Mercado e

Assessoria, sediado em Bogotá, que diz o seguinte: Kirchner, Presidente da

Argentina, com 80%, é o presidente mais popular da América Latina. Lula caiu de

74% para 35%, foi do primeiro para o quarto lugar”.

O povo brasileiro está começando a enxergar o que é o Governo Lula: um governo cuja ação diária não corresponde ao discurso de campanha.

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Este Governo tem problemas de coordenação e dá claros sinais dessa descoordenação. Vou exemplificar citando alguns fatos, apenas os mais recentes, porque o tempo não me permite citar todos.

A Ministra do Meio Ambiente vai a uma manifestação do MST contra a medida provisória que trata da liberação do plantio de transgênicos. S.Exa. representa o espírito do Governo na Pasta do Meio Ambiente, mas contesta a medida assinada pelo Presidente da República. Essa é uma clara demonstração do que é o Governo do PT.

Em seguida, o PFL, o PSDB e demais partidos da Oposição, durante a votação da proposta de reforma tributária, mostram claramente que a incidência da

COFINS sobre a importação é basicamente sobre matérias-primas e, portanto, onera a produção. Depois do PFL e do PSDB, presidentes de federações de indústria e líderes empresariais dizem o mesmo, ou seja, que a proposta de reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados onera as importações e a produção e, assim, retira a competitividade do produto nacional.

Até aí, Sr. Presidente, era razoável, porque éramos nós, da Oposição, que estávamos dizendo que o Governo remava no sentido contrário. Hoje, porém, os jornais veiculam notícias sobre o Ministro Furlan — homem lúcido —, dizendo o seguinte: Furlan critica a COFINS de importação.

Quem critica o Governo, portanto, não é somente a Oposição ou a esquerda do PT, não é apenas o Deputado Babá ou a Deputada Luciana Genro.

Descoordenado internamente, o Governo vai de um lado para o outro.

Recentemente, disse o Presidente Lula que o PT, quando na oposição, fazia bravata, mas que agora, no Governo, não mais pode agir assim. Na área

940 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 macroeconômica, reconheço, o Governo Lula não tem feito grandes bravatas, mas começou a fazê-las internacionalmente. Primeiro foi em Cancún; depois, em Trinidad e Tobago, o que resultou no isolamento e na divisão do Brasil.

No fim de semana, todos os grandes jornais mostraram que o Brasil estava isolado, que a ação da Diplomacia brasileira, orientada pelo Palácio do Planalto, era prejudicial aos nossos interesses comerciais. Mas, enquanto isso estava sendo dito por mim e por algum embaixador de país dissidente, como o Uruguai, que se afastou do Brasil, ou da Colômbia, ou de países da América Central — e todos subscreveram documento contra a posição Brasil —, poder-se-ia dizer que são os outros. Mas quem criticou a posição do Governo brasileiro foi o Ministro da

Agricultura, que disse que a ação do Governo estava equivocada em relação aos interesses do Brasil.

O que me preocupa — e é importante que os Líderes prestem atenção — é que o Governo dá sinais também de descoordenação motora. Sr. Presidente,

V.Exa., médico que é, sabe muito bem o que é isso. Quem não consegue fazer os movimentos que pretende tem descoordenação. E é difícil governar sem ter coordenação, é difícil governar quando uma parte do Governo rema num sentido, e a outra, em sentido contrário.

Portanto, o Governo nos preocupa quando vem à tribuna tentar mostrar que está exuberante. Não está exuberante, não! O que temos diante de nós é um governo que, durante a campanha elevou o Risco Brasil aos mais altos valores (o

Risco PT), assim como também o dólar (o Risco PT), e que, depois, sem um plano de governo — sim, o PT não tem plano de governo, mas apenas plano de poder —, chegou à Presidência e começou a executar exatamente a mesma política do

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Ministro Pedro Malan. Tenho a impressão de que o Ministro Palocci fala todos os dias com o ex-Ministro Malan, para perguntar que caminho seguir. É exatamente esse o caminho. O Governo começou a executar a mesma política macroeconômica e, por isto, conseguiu fazer, como divulgam os jornais de hoje, com que o Risco

Brasil voltasse ao percentual do ano 2000; não acrescentou nada; apenas fez com que o Brasil retornasse ao patamar que ocupava em 2000.

Estamos paralisados. O Governo prometeu emprego, mas está entregando desemprego.

Presidente Inocêncio Oliveira, não apenas os Deputados, mas todas as pessoas sabem como o desemprego está assolando o País. Refiro-me a São Paulo,

Capital e interior; ao Rio Grande do Sul; ao Paraná etc. Estive hoje em Curitiba e, conversando com motoristas, pude detectar que o drama é o mesmo em todos os lugares; é grande o volume de casas comerciais alugadas ou vendidas. É a imagem da decadência e da recessão o que este Governo está entregando ao Brasil — nada mais.

Do previsto para o programa de investimento aprovado no final do ano passado, foi realizado menos de 5%. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados; menos de 5% do previsto foi realizado. É claro que isso gera desemprego e desestruturação. As empresas estão paralisando, estão demitindo.

Sugiro às pessoas que nos estão ouvindo que procurem uma pequena, média ou grande empresa de construção para verificar como estão despedindo engenheiros, carpinteiros, pedreiros, ajudantes. Ninguém tem emprego porque o

Governo não investe. Estamos diante de quadro extremamente complexo.

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Hoje tentaram aprovar nesta Casa projeto que diz respeito à área da saúde, que era exatamente o oposto do que o PT pregava na Comissão de Orçamento. Fui

Presidente dessa Comissão. O Relator, da base do Governo, propôs, por intermédio de emenda do Deputado Machado, do PFL de Sergipe, que se repusesse o que o

Presidente vetou, porque é muito ruim para o Presidente tirar dinheiro da Saúde.

Este ano está perdido para o País em termos de crescimento econômico e geração de emprego. A renda média da população caiu. Para comprovar isso, basta conversar com o dono de um pequeno mercado. Outro dia conversei com proprietários de pequenas bodegas em Campo Formoso, interior da Bahia, e eles disseram que as vendas caíram mais de 10%. O Presidente Lula precisa ouvir isso.

Disse o Deputado Antonio Carlos Pannunzio que às vezes o Palácio do

Planalto não permite que se enxergue a rua. Não adianta, porém, apenas ir, pois não se vê a rua cercado de amigos. Vê-se a rua conversando com as pessoas, abrindo os ouvidos do Governo, e não ouvindo discursos de Líderes que passam a idéia de que o País está uma maravilha.

O Líder que se pronunciou antes de mim dá a impressão de que Salvador, terra dele, está esbanjando emprego, mas ocorre o contrário: há desemprego. As cidades de Salvador, Porto Alegre, que é dirigida pelo PT, e Recife, são as 3

Capitais que mais têm desemprego no Brasil.

Portanto, Sr. Presidente, estamos diante de Governo que precisa rapidamente coordenar-se, seguir um rumo e mostrar ao País a que veio.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Apresentação de proposições.

Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:

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O SR. WILSON SANTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WILSON SANTOS (PSDB-MT. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero registrar meu voto: acompanhei a bancada do PSDB.

Aproveito também a oportunidade, Sr. Presidente, para externar meu agradecimento às várias siglas partidárias do meu Estado que me convidaram para integrar seus quadros. Diante da iminência das eleições municipais no ano que vem, recebi convites de filiação do PSB, do PDT, do PL, do PTB e do PMDB, partido a que já pertenci.

Decidi permanecer no PSDB.

Como dizia o saudoso Franco Montoro, longe das benesses do poder, mas junto do pulsar das ruas. Sei que não é fácil ficar na oposição.

Foram inúmeras as propostas e insinuações que ouvi no sentido de mudar de sigla e passar para a base governista. Mas, junto com os companheiros de partido e de acordo com a minha consciência, decidi permanecer no PSDB, na Oposição, e continuar contribuindo para o País.

Não posso, portanto, Sr. Presidente, ao decidir pela permanência no PSDB, deixar de registrar o meu agradecimento a todas essas agremiações partidárias.

Portanto, ao PPS, ao PSB, ao PMDB, ao PDT, ao PL e ao PTB, meus mais sinceros agradecimentos pelo convite feito.

Tenho 15 anos de vida pública. Comecei em Cuiabá, na condição de

Vereador, em 1989 e 1990. Fui, por 8 anos, Deputado Estadual por Mato Grosso e estou no segundo mandato de Deputado Federal. Foi justamente a folha de serviços prestados ao meu Estado ao longo desse tempo que fez com que quase 10 partidos

945 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 me convidassem para ingressar em seus quadros. Agradeço a todos. Reconheço a grandeza de todas essas siglas, mas resolvi permanecer no Partido da Social

Democracia, dando ao País a contribuição da voz da oposição coerente, equilibrada, sensata e a favor do País.

Muito obrigado, Presidente Inocêncio Oliveira.

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O SR. NEUCIMAR FRAGA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NEUCIMAR FRAGA (Bloco/PL-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero registrar evento realizado na cidade de Teixeira de

Freitas, sul da Bahia, pela Igreja Batista Central. Refiro-me à Semana de Prevenção ao Uso de Drogas, durante a qual foram realizadas várias palestras nas escolas, com o objetivo de orientar jovens e adolescentes sobre os males causados pelas drogas.

Parabenizo os Pastores Nemi e Jônatas Davi e Genilson, coordenador do grupo de jovens da Igreja Batista Central, da cidade de Teixeira de Freitas, pelo trabalho realizado em prol da prevenção e do combate ao uso de drogas.

Que Deus nos abençoe!

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VII - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão, lembrando que amanhã, quinta-feira, dia 9 de outubro, às

9h30min, haverá sessão solene em homenagem ao Dia Mundial do Coração, para comemorar os 25 anos da Fundação Zerbini/INCOR e os 60 anos da Sociedade

Brasileira de Cardiologia; e, às 11h, em homenagem ao 15º aniversário de criação do Estado do Tocantins. A Presidência informa que o painel eletrônico estará aberto

às 9h.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - COMPARECEM MAIS OS SRS.:

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DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.:

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Encerro a sessão, designando para quinta-feira, dia 9 de outubro, às 14h, a seguinte

ORDEM DO DIA

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(Encerra-se a sessão às 20 horas e 3 minutos.)

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO CÉSAR MEDEIROS NO

PERÍODO DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 211, REALIZADA EM 2 DE OUTUBRO DE

2003 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. CÉSAR MEDEIROS (PT-MG.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, em primeiro lugar, registro que, juntamente com um grupo de

Parlamentares, reunimo-nos na quinta-feira passada com cerca de 30 representantes e lideranças dos projetos Escolas Famílias Agrícolas e Casas

Familiares Rurais, de diversos Estados do Brasil, ocasião em que realizamos a primeira reunião da futura Frente Parlamentar de Apoio aos Centros de Formação e

Alternância, que lançaremos ainda neste mês. Em breve teremos a oportunidade de divulgar o seu lançamento. Muitos Parlamentares e assessores que estiveram presentes à reunião se motivaram. Convido todos os Parlamentares a aderirem a esta Frente Parlamentar, que tem como princípio a educação no campo.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a cidade de Viçosa, em Minas Gerais, completou esta semana 132 anos de fundação. O primeiro bandeirante a chegar às margens do Rio Turvo foi Antônio Rodrigues Arzão, em 1693, mas a ocupação começou a se formar somente após a fase de declínio e esgotamento aurífero, no século XVIII, na região de Ouro Preto, quando os exploradores do ouro buscaram as margens férteis do Rio Turvo para plantios agrícolas.

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Em 1800, foi instalada a Freguesia de Santa Rita do Turvo, tendo sido transformada em Vila de Santa Rita, no dia 30 de setembro de 1871, passando a chamar-se Viçosa, a partir de 1911.

Ao longo de sua historia política, Viçosa atravessou o ciclo do café, assistindo a sua consolidação e declínio, e hoje vive a retomada da atividade cafeeira no

Município. Viçosa testemunhou a Proclamação da Republica, tendo cedido ao Brasil um dos principais Presidentes do início da era republicana, o Dr. Arthur da Silva

Bernardes. Cedeu também outros políticos — Senadores, Deputados Estaduais e

Federais, entre os quais me incluo, com muito orgulho, como filho adotivo desta terra.

Viçosa assistiu, ainda, a duas guerras mundiais e acompanhou com apreensão a participação de alguns de seus filhos na 2ª Guerra e os percalços de um Brasil oprimido pela ditadura. Seus estudantes resistiram à opressão política dos anos militares, pintaram seus rostos para depor um Presidente da República e, hoje, a cidade tem contribuído significativamente com o desenvolvimento tecnológico e, em especial, com o desenvolvimento agrícola do Brasil, através da Universidade

Federal de Viçosa, um dos mais importantes pólos de educação e de pesquisa da

América Latina.

Nota-se que Viçosa não assistiu ao processo histórico brasileiro apenas como coadjuvante, mas participou e ajudou efetivamente a escrever a historia deste País.

Desta forma presto hoje minha homenagem a essa cidade que com muito carinho me acolheu para ali realizar meus estudos e me formar. Uma cidade não é formada apenas pelos seus filhos naturais, e Viçosa é expressão maior disto. Já foi habitada pelos índios puris, recebeu os bandeirantes, para lá se dirigiram os

953 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 216.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 08/10/03 Montagem: 4176/4171 imigrantes portugueses, os negros escravos, principalmente bantus, originários do

Congo. Houve, ainda, a colônia alemã, os imigrantes espanhóis, libaneses e tantos outros. E até hoje Viçosa mantém sua missão acolhedora, recebendo imigrantes brasileiros de todas as regiões do País; são milhares de jovens que todos os anos deixam suas casas e famílias e para lá se dirigem em busca do conhecimento, da cultura e da hospitalidade de sua gente.

Aproveitando este momento, e em nome do povo de Viçosa, convido-os a conhecer sua gente, a cidade e um dos mais destacados centros de pesquisa e ensino do País, a Universidade Federal de Viçosa.

Muito obrigado.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO

DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA

CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 211, REALIZADA EM 2 DE OUTUBRO DE 2003

— RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. PAES LANDIM (PFL-PI.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a imprensa fez, há alguns dias, considerações, até de natureza crítica, sobre o comportamento do nobre Ministro da Saúde, Dr. Humberto Costa.

Não quero entrar no mérito dessas discussões a respeito de quadros que teriam sido ocupados tão-somente por partidários, em detrimento de critérios de natureza técnica. O certo é que o Ministro Humberto Costa tem se havido à frente do

Ministério com muito senso de responsabilidade e imparcialidade, por exemplo, na liberação de recursos dos convênios firmados no Governo passado.

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Sou testemunha de que no Piauí S.Exa. em nenhum momento discriminou partidos políticos ou Parlamentares na liberação de recursos para seus Municípios.

Cito o exemplo de São Raimundo Nonato, que recebeu a maior liberação do Estado,

2 milhões de reais; São João do Piauí, 800.000 reais, além de outros Municípios, sem falar nos que estão apenas aguardando a dotação financeira do Ministério do

Planejamento. Vê-se que o Ministro Humberto Costa tem realmente se comportado no interesse da saúde, no cumprimento do Orçamento, preocupando-se com melhores condições sanitárias para a população brasileira.

Presto minhas homenagens ao Ministro Humberto Costa, que se tem portado com muita dignidade à frente do Ministério da Saúde, acima de interesses partidários. Esta é a ótica de um Parlamentar que não votou no Presidente Lula, no

PT, mas que acompanha com respeito a maneira transparente com que S.Exa., o

Ministro da Saúde, age em relação aos recursos daquela Pasta.

Sr. Presidente, também não poderia deixar de aplaudir essa grande figura humana, nosso ex-colega, a exemplo do Ministro da Saúde, o Ministro das Cidades,

Olívio Dutra, ex-Governador do Rio Grande do Sul. Como todo bom gaúcho, é um cavalheiro. A ordem de seu Ministério é a rigorosa transparência. S.Exa. não admite nenhum interesse que não a clareza e eficiência na ação do Ministério, sem influência das politicalhas ou do lobismo.

Prefeitos que procuram o Ministério, ouvem sempre da assessoria de Olívio

Dutra que ali não há partidos. Todos os recursos empenhados no Governo passado, assim como no Ministério do Sr. Humberto Costa, estão sendo liberados.

Nesse sentido, o Município de Campo Maior, no Piauí, onde fui votado, foi o que recebeu mais recursos, cerca de 800 mil reais, assim como a cidade de Bom

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Jesus. O Município de Picos ainda não teve seus recursos liberados, por problemas de documentação, que está sendo regularizada, para que em breve possa receber também os empenhos de 2002.

Olívio Dutra é um cavalheiro, repito, um homem firme nas suas convicções, duro nas suas atitudes partidárias, mas sempre de trato suave, agradável, atencioso.

Realmente, espero que ambos, na reforma ministerial que se anuncia, permaneçam, porque vêm-se comportando exatamente com isenção político-partidária à frente dos

2 Ministérios.

Não posso deixar de transmitir ao Ministro Olívio Dutra minha admiração permanente como colega desta Casa, embora sempre em quadro político diverso.

S.Exa. está se comportando no Ministério como se comportou nesta Casa: firme nos seus compromissos partidários, mas sempre atencioso com seus colegas. É uma pessoa que realmente merece todo nosso respeito e admiração.

Muito obrigado.

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