Universidade De São Paulo Faculdade De Filosofia, Letras E Ciências Humanas Departamento De Teoria Literária E Literatura Comparada
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE TEORIA LITERÁRIA E LITERATURA COMPARADA GUILLAUME APOLLINAIRE: REFLEXÃO ARTÍSTICA E ELABORAÇÃO POÉTICA Conrado Augusto Barbosa Fogagnoli Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Letras. Orientadora: Professora Drª. Sandra Margarida Nitrini. São Paulo 2018 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Fogagnoli, Conrado Augusto Barbosa Fg Guillaume Apollinaire: Reflexão Artística e Elaboração Poética / Conrado Augusto Barbosa Fogagnoli ; orientador Sandra Margarida Nitrini Nitrini. - São Paulo, 2018. 252 f. Tese (Doutorado)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada. Área de concentração: Teoria Literária e Literatura Comparada. 1. Guillaume Apollinaire. 2. Arte Moderna. 3. Pintura Francesa. 4. Poesia Francesa. 5. Pintura e Poesia. I. Nitrini, Sandra Margarida Nitrini, orient. II. Título. Para Tina minha paciente companheira das batalhas diárias Ao Juan e ao Leon por me ensinarem diariamente esta lição de poesia: estranhar, sempre, o óbvio. AGRADECIMENTOS Agradeço à minha orientadora, Sandra Margarida Nitirini, por aceitar o desafio de acompanhar este projeto de trabalho, no início, apenas tateado. À Tina, que me acompanhou ao longo de toda minha trajetória acadêmica, que pacientemente me escutou, me aconselhou, me apoiou incondicionalmente, e que nos momentos mais difíceis sempre esteve a meu lado. Aos nossos pequenos e lindos filhos Juan e Leon, pela alegria e pela vitalidade que sempre me contagiaram. A Luiz e Marianne Aguirre, pelo apoio mental e material de todas as horas. Aos professores, amigos e interlocutores: Mayra Laudanna, pelos diálogos sobre a pintura e pelas viagens através da quatrième dimension. Margareth dos Santos, pelas discussões, sugestões e indicações de caminhos possíveis. Murilo Marcondes de Moura, pelo estímulo, pelas conversas sobre Apollinaire e sobre a poesia. Typhaine Samoyault, minha supervisora de estágio na Université Sorbonne Nouvelle, pour les échanges à propos de ma recherche, par l'ouverture des chemins nouveaux. Aos demais interlocutores e amigos: M. Victor Martin-Schmets, pour les indications à propos de la correspondance d'Apollinaire. À mon ami Gilles De Obaldia, poète-peintre, amant de la poésie, de la peinture et du chant, pour les longs entretiens sur les arts et sur la vie. À René De Obaldia, Le Centenaire, l'ami de Salmon, de Cocteau, le témoin de toute une époque. À Mme. Marie-Dominique Ehlinger, la plus aimable bibliotécaire de Fontainebleau, pour faciliter mes recherches. Ao Phil Sedlak e à Serge Tornay, pour les indications à propos des Arts d'Afrique. Ao pessoal do departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo, especialmente ao Luiz Mattos. Au personnel de l'Université Sorbonne Nouvelle, tout particulièrement à M. Sylvain Angonin et à M. Gilles Saunier. A todos vocês, e aos esquecidos, eu agradeço. Agradeço também à CAPES, pela concessão da bolsa que me serviu de apoio ao desenvolvimento desse trabalho. RESUMO O presente trabalho tem por objetivo tratar de uma parte pouco conhecida da obra de Guillaume Apollinaire: a sua crítica de artes. A partir da análise dos textos que o autor publicou neste domínio, evidencia-se a elaboração de uma série de conceitos que lhe possibilitam pensar a pintura e se posicionar no debate artístico francês dos anos iniciais do século XX. Considerando tais conceitos, mostra-se como estes podem ser relacionados com a reflexão do autor sobre a poesia de sua época e, em particular, com a sua própria. O encontro de suas ideias sobre a pintura e sobre a poesia traduz-se em um projeto estético em sentido amplo que, por isso mesmo, produz efeitos em sua obra poética. Com a finalidade de evidenciá-los, analiso alguns poemas para mostrar como a reflexão artística de Apollinaire importa para a compreensão da obra poética. Palavras-chave: Guillaume Apollinaire, Arte moderna, Pintura francesa, Poesia francesa, Pintura e poesia ABSTRACT The present work aims to deal with the little known part of Guillaume Apollinaire’s work: his critique of arts. From the analysis of the texts that the author published in this field, it is evident the elaboration of a series of concepts that allow him to think about paintings and position himself in the French artistic debate of the early year of the Twentieth Century. Considering theses artistic concepts, it is shown how they can also be related to the author’s views of poetry of his time and, in particular, with his own. From this communication of artistic ideas, it is exposed how it translates into na aesthetic project in the broad sense and that, for this very reason, produces effects in his poetic work. With the purpose of showing this, poems are analysed to express Apollinaire’s artistic views matters for the understanding of his poetic work. Keywords: Guillaume Apollinaire, Modern Art, French painting, Frech poetry, Painting and poetry RÉSUMÉ Dans la présente thèse je m’occupe d’une partie peu connue de l’œuvre de Guillaume Apollinaire: sa critique d’art. À partir de l’analyse des textes que l’auteur a publié dans ce domaine, j’expose comment se sont forgés des concepts qu’il utilize pour penser la peinture de ses contemporains et sa façon de s’insérer dans les débats parisiens sur l’art du début du XXème siècle. Em considérant ces concepts-là, j’essaie de montrer comment ils peuvent être liés à la réflexion de l’auteur à propôs de la poésie de son temps et, em particulier, sur la sienne. La recontre de ses idées sur la peiture et de ses idées sur la poésie se traduit par um projet estétique au sens large qui, pour cette raison même, produit des effets dans son travail poétique. Dans le but de montrer comment il possible d’identifier ses idées sur l’art dans son travail poétique, je procéde à une analyse de quelques poèmes choisi de ses deux plus grands recueils: Alcools et Calligrammes. Mots-clés: Guillaume Apollinaire, Art moderne, Peinture française, Poésie française, Peinture et poésie SUMÁRIO Apresentação ....................................................................................................... 3 Capítulo 1 - Guillaume Apollinaire: Ideias e Conceitos sobre a Pintura ................................................................................................................................ 6 Capítulo 2 - Guillaume Apollinaire: Do Cubismo ao Orfismo. Do Orfismo ao Simultaneísmo ...................................................................................................... 98 Capítulo 3 - Guillaume Apollinaire: Da Pintura à Poesia .............................................................................................................................. 154 Anexos: Poemas de Guillaume Apollinaire ........................................................... 224 Bibliografia .......................................................................................................... 234 2 Apresentação Do primeiro artigo publicado sobre as artes por Guillaume Apollinaire, "Le Pergamon à Berlin", no jornal L'Européen de 11 de outubro de 1902, até um dos últimos textos redigidos pelo autor, em 1918, um prefácio para esta que hoje poderíamos afirmar ser uma exposição histórica, a que reunia em um mesmo espaço, e talvez pela primeira vez, a pintura de Henri Matisse e a de Pablo Picasso, dois dos pintores mais admirados pelo autor, quase vinte anos de vida artística parisiense transcorreu. Durante este tempo, que viu surgir e desaparecer movimentos, escolas, agrupamentos, "phalanges" artísticas, artistas, Apollinaire não foi apenas testemunha dos debates, das batallhas, que tiveram Paris como palco, tanto no campo da pintura quanto no campo da poesia e da cultura de um modo geral, ele foi um dos protagonistas, entre os mais ativos, a se pronunciar sobre as artes produzidas em seu tempo, incluindo a sua. Colaborou com revistas dedicadas às letras e às artes, La Phalange, La Plume, La Revue Blanche, Montjoie!, Lacerba, La Voce, Der Sturm, Volné Sméry; fundou e dirigiu outras, Le Festin d'Ésope, La Revue Immoraliste, Les Lettres Modernes, Les Soirées de Paris, Les Arts à Paris; escreveu para pequenos e grandes jornais como o Guide du Rentier: moniteur des petits capitalistes, ou o L'Intransigeant, sempre movido pela evidente preocupação de divulgar as artes e de difundir ideias artísticas, novas ou antigas. Escreveu sobre a pintura de Matisse e de Picasso, a de Braque, a de Derain, a de Vlaminck; sobre as pinturas de Signac, Seurat e Cross, sobre Delacroix e Ingres. Ao mesmo tempo que destacava a pintura nova, servia-se da passagem escrita por Plinio, o Velho, na sua Histoire Naturelle, que exemplifica a excelência dos artistas Apeles e 3 Protógenes, para destacar que a pintura não precisa de assunto para ser arte. Publicou textos sobre o Salon des Indépendants, onde expunham os artistas da "avant-garde", e sobre o Salon de la Société Nationale de Beaux-Arts, onde era exposta o que ele chamava, sempre com ironia, de "peinture