TERRA POR TERRA NA MARGEM DO LAGO

RES mum ü£

Trabalhadores rurais exigem soluções definitivas para o problema da seca

Prazos Reivindicações

1979 MAPEAMENTO - a Chesf deverá fornecer, o quanto antes, o MAPA delimitando a área a ser inundada, para estudo pelas comunidades.

1980 REASSENTAHENTO QAS FAMÍLIAS ATINGIDAS _- a Chesf devera distribuir a terra da margem do lago em lotes de dimensão familiar, conforme o Estatuto da Terra, Lei n2 4.504, de 30.11.64.

1981 CONSTRUÇÃO DE NOCLEOS RESIDENCIAIS - cada comunidade devera escolher um local onde a Chesf devera construir casas, de acordo com o número de casas de cada co- munidade, com os benefícios de: Escolas, Posto Medico, Igreja, Rede de Sa neamento. Eletrificação, Área coberta para a feira. Estradas, etc. - Área comunitária para criatório, com tamanho correspondente a 10 (dez) hectares por trabalhador.

1982 INDENIZAÇÃO JUSTA DAS BENFEITORIAS - conforme tabela de preços a ser aprovada pelos trabalhadores rurais da Região.

TRABALHADORES RURAIS 00 SUBNEDIOSXO FRANCISCO ATINGIDOS PEU BARRAGEM DE ITAPARICA - PERNAlfiUCO/ -

Apoio: Sindicatos - Federações - -Contag - CúDH/CNBB-Reg NE II - Pastoral Rural/CNBB-Rag NE II - CPI Nacional - Justiça e Não Violência - ACR-Reg NE II BOLETIM DOS TRABALHADORES RURAIS ATINGIDOS PELA BARRAGEM DE ITAPARICA Numero 08 Julho/81 a Junho/8 2

Cnft de fctwi hmt APRESENTAÇÃO BlBUOTElCA Companheiros e companheiras FinaTmente sai o boletim TERRA POR TERRA NA MARGEM DO LAGO. Neste numero os passos mais importantes da nossa luta no último semes^ tre de 81 e início de 1982. A nossa luta, apesar das dificuldades vai avançando a cada dia porque cada vez cresce mais a nossa união e aumenta o número de companheiros que abrem os olhos e entram na luta pelos nossos direitos. A luta é nossa, vamos em frente!

Roteiro do Boletim páginas

Canafístula: A nova terra das 29 famílias de Riacho Salgado . 1,2 Itaparica: Aumento da incerteza 3 a 6 TERRA POR TERRA [a luta continua] ". . . 7 a 19 LULA visita Petrolândia e 20 Belém do São Francisco(PE) - Trabalhadores constróem .... 21, 22 CPI - Enchentes 23, 24 1? CONCLAT 25 DIA DE LUTA 26, 27 Trabalhadores criticam COMPESA 28 Ponte da Volta do Moxoto 29 Poço Redondo(SE) - Trabalhadores passam fome e sede 30 Emergência/Frentes de Trabalho 31 a 34 PETROLANDIA - PE CANAFíSTULA: A NOVA TERRA DAS 29 FAMíLIAS DA COMUNIDADE DE RIACHO SALGADO

A CAPELA

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0 GRUPO ESCOLAR ,

A CANCELA

O POSTO MÉDICO DIÁRIO DE PERNAMBUCO Recife, sexta-feira, 19 de junho de 1981 Ttaparica: jumento da incerteza

Texto de Gildson OLIVEIRA

Belém do São Francisco, PETROLANDIA — stiianejos do São Fran- parica. O prefeito local, também atingirá uma t\ 'rert eza de que cisco residentes em sr. José Dantas da Silva, parte do município de iVlroliindia, dentro de rttrolándia, Itacuruba e Floresta, em Pernam- ! admite que o progresso tic s anos, desaparecera Belém do São FVancisco. "exige tais sacrifícios" e buco, aumentando para do mapa — e sem a me- 0 reinicio das obras de que a obra, além do as- quatro o número de co- nor perspectiva, até Ilapiuica, se para muitos pecto social, político e munidades que serão i},ora, de como será a fui um acontecimento econômico, permitirá à inundadas pelo rio São uma cidade — milhares histórico, com a presença Chesf a implantação de Francisco. de pessoas estão preocu- d;' autoridades na Re- uma nova usina Os problemas de re- lailas e intranquilas giâc não teve a mesma hidrelétrica que dentro locação desse imenso diante de um íuturo in- rt percussão junto a essas de quatro anos estará grupo de pessoas já vêm ; de Horesta e Belém balhadores rurais não so- contanto que permane- (Incra e Embrapa), os São Francisco e as ci- mente o destino de 34 çam firmes nos seus ne- Governos de Pernambuco ks baianas de Glória, pessoas expulsas das suas gócios e não f.ejam afeta- e Bahia e o órgão repre- irochó e Abaré. casas derrubadas e das dos nas atividades que sentativo dos trabalha- Segundo a Chesí', lavouras destruídas, mas atualmente exerçam. dores rurais, a Contag. (ontingente fíopula- também, o desconheci- Confiam nas providên- A coordenação e in- ii.Kial estimado em 23 mento de um programa cias e nas promessas das tegração de órgãos se- Ifjil pessoas será atingido de reassentamento defi- autoridades mas, não es- toriais permitirá á Chesf, i inundação, o que re- nitivo para os 120 mil ha- condem um certo receio segundo o seu presidente pr<.scnta, diz ainda a bitantes da Região, dos de que algum prejuízo Luiz Carlos Menezes, a toiiipanhia, 17% da po- quais, mais de 80 mil são possa ocorrer, principal- Execução de um projeto puiação total de oito mu- trabalhadores rurais e mente aos mais velhos e que minimiza os efeitos nicípios. Estes dados são suas famílias, todos vi- antigos comerciantes. A da inundação sobre as co- imitcstados pelos traba- vendo da terra e do rio, nova Petrolándia ainda é munidades atingidas, ao lhadores rurais, uma vez da agricultura e da pesca, incerta, embora o local já mesmo tempo em que ((iie somente Petrolándia e que estão sendo, se- tenha sido escolhido, cumpre a sua missão pre- tem uma população da gundo a Contag, sistemá- uma grande área a 10 km dpua de geração de ener- ordem de 24 mil habRan- tica e impiedosamente da futura hidrelétrica de gia elétrica. Ele afirma t«'S- üs dirigentes sindi- desalojados dos lugares Itaparica. que, desta maneira, cais e líderes dos traba- onde sempre residiram e Até o momento, a cresce de importância a lhadores rurais informam tiraram a sua subsistên- Chesf não implantou ne- participação do Incra na que são conhecedores da cia. Em Petrolándia, por nhuma infra-estrutura execução do programa de situação de atlição e de exemplo, pessoas mais na área, mas se sabe que reassentamento da po- miséria a que foram con- velhas, a maioria comer- toda uma rede de servi- pulação rural tendo em denados 120 mil "compa- ciantes e proprietárias de ços básicos será paulati- vista a situação fundiária nheiros nossos e não ape- lojas, farmácias, lancho- namente construída, existente na Região e o nas 23 mil como dizem ce netes, padarias, mer- como água, luz, sanea anseio dos trabalhadores boletins da Chesf. A si- cearias, açougues, buti- mento básico, hospitais, em continuarem desen- tuação é idêntica em re- ques, casas de confecções escolas, lojas, cemitério, volvendo suas atividades lação a Sobradinho". e que exercem diversas mercado, etc. A constru- agropastoris na periferia Quarta-feira última, atividades comerciais e ção do reservatório de do grande reservatório, lói um dia de muita in- industriais, são a favor Itaparica, além de em terras passíveis de re certeza para milhares de da hidrelétrica de Ita- Petrolándia, Itacuruba e gularização. 5 DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Recife, 19 de julho de 1981

Mais de 10 anos de debate O problema social terras. Em represália, a tribuna da Assembléia criado com a construção companhia requereu na Legislativa para analisar cia barragem de Itaparica Justiça ação desapropria- as declarações feitas á é antigo. Desde 1979 que tória, como medida limi- Imprensa pelo ministro os debates foram inicia- nar, de imissão de posse. César Cais. de Minas e dus, notadamente pelas Afirma o deputado que o Ene^la, sobre o início lideranças sindicais e a juiz Jurandir Soriano, ^as obras de terraplena- classe política. O depu- através de uma medida gem da barragem de Ita- tado Mansueto de Lavor, sensata e humana, em- parica. Disse que não po- da tribuna da Assem- bora tivesse concedido a dia aplaudir a iniciativa bléia Legislativa, na- liminar requerida, deixou ministerial "porque tí- quele ano, chamava a bem claro que "a autora, nhamos, em princípio, atenção das autoridades no caso a Chesf, não po- um ponto de vista diante da destruição das derá destruir as benfei- contrário, pois não lavouras dos pequenos e torias até o término da queríamos ver desaloja- médios agricultores. perícia". dos os moradores da área. Recentemente, ele No entanto, apesar das "Posteriormente — voltou a dizer que a alternativas e opções diz Mansueto de Lavor construção da barragem apresentadas, a exemplo —, depois de uma visita de Itaparica "começou a da barragem de Xingo, feita pelo mesmo juiz às fazer suas vítimas, a que não prejudicaria a plantações de Raimundo exemplo do que aconte- população, fomos venci- Luiz do Nascimento, ceu com Sobradinho, dos pelas circunstâncias Manuel Luiz do Nasci- quando mais de 60 mil do progresso e pela neces- mento, Otacílio Inácio da pessoas ainda hoje amar- sidade de mais energia Silva e João Pereira da gam os prejuízos sofri- para a Região". Silva, no caso os réus, re- dos". No entender do "Condenamos on- solveu reconsiderar o seu parlamentar oposicio- tem a construção de Ita- despacho liminar, sus- nista, encarando-se o parica — disse —, mas pendendo a posse dada a problema pelo ângulo hoje aceitamos este sacri- Chesf das terras preten- jurídico, os diretores da fício, desde que seja para didas. O fato é que a polí- Chesf "acabam de come- o bem do Nordeste, cia e empregados da ter não somente um ab- mesmo com o desapareci- empresa não deixaram surdo como também uma mento dos municípios de pedra sobre pedra como violência". Explica que Petrolândia e Itacuruba, testemunha para que se quatro proprietários de além da perda de parte comprovasse o direito dos terras em Petrolândia re- do território de Floresta. réus. Tudo foj destruído. correram à Justiça por E aqui estamos para Casas, bombas, lavouras não se conformarem com exaltar os esforços do go- e tudo mais encontrado". a importância oferecida vernador Marco Maciel e pela 'empresa para de- O deputado Vital do seu colega baiano, An- sapropriação das suas Novaes (PDS) ocupou a tônio Carlos Magalhães, DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Recife, 19 de julho de 1981

•Inundados querem justiça-

O contingente de atingem 200 famílias gere que ela entregue a 120 mil trabalhadores dos povoados de Riacho cada trabalhador o Tí- rurais — os inundados Salgado, Cachoeirinha, tulo de Propriedade da de Itaparica — só rei- Icó e Quixaba, princi- Terra e que cada comu- vindica uma coisa: jus- palmente porque os cam- nidade deverá escolher tiça social. Desde o iní- poneses têm roça em um local onde a Chesf cio das obras da terreno para criatório deverá construir casas, hidrelétrica, os protes- comum. Voltam a dizer de acordo com o nú- tos e reclamações são que a companhia vem mero de residências de muitos. O projeto, es- pressionando os mora- cada comunidade, com teve em atraso durante dores de Icó e Quixaba, os benefícios de escolas, três anos. Cientes da cercando a área sem in- posto médico, igreja, pressa das autoridades denizar, fechando as reds de saneamento, em dar continuidade estradas para as roças, eletrificação, área co- imediata á construção fazendo despejos, der- berta para feira e estra- da usina, os trabalha- rubando casas e des- das, além de uma área dores, que se dizem uni- truindo benfeitorias comunitária para cria- dos e organizados em sem mandado judicial, tórios, com tamanho sindicatos, federações e além de dificultar o correspondente a 10 confederação, deci- acesso ao São Fran- hectares, por trabalha- diaram apresentar as cisco, o rio que é a única dor. suas reivindicações, fonte de água para a po- pulação. Falam em indeni- "expressão da tomada zação justa das benfei- Diante dessas de- de consciência dos nos- torias, dentro do que es- núncias, os trabalha- sos direitos adquiridos dores desejam que a tabelece uma tabela de ao longo da nossa vida cada passo do Plano de preços a ser aprovada de trabalho duro e des- reassentamento, todas pelos trabalhadores ses t rés anos de estudo e as decisões sejam toma- rurais da Região no pró- de reflexão" das com a participação ximo ano. Os agricul- tores e suas entidades Afirmam, em me- ativa deles através das de classe — Confedera- morial «qui distribuído entidades de classe — ção, Federações e Sindi- á Imprensa, que as la- Sindicato de Trabalha- catos — reconhecem vouras de vazante, de dores Rurais, Federação que não são e nem po- irrigação e de chuva es- de Trabalhadores na deriam ser contrários a tão diretamente ligadas Agricultura da Região e uma política governa- ao rio São Francisco e Confederação Nacio- mental que vise a suprir que a produção do leite nal dos Trabalhadirres o Brasil de recursos e- depende da proximi- na Agricultura. nergéticos. dade do rio para dar Querem, igualmente, melhor produção. Pro- que todas asiexigências Segundo os traba- duzem carne e pele em constantes das reivindi- lhadores, somente "de- grande quantidade cações para o reassenta- sejamos e pleiteamos nessa região. A pesca é mento da população que a implantação dos o refrigério das suas fa- rural a ser atingida se- programas decorrentes mílias, em todas as épo- jam cumpridas antes do dessa política se faça re- cas do ano. Para fechamento das compro- almente em absoluta construir todas as casas las da barragem de Ita- obediência aos precei- em poucos meses "fi- parica e que a Chesf for- tos legais vigentes e cará caro demais para neça o mapa delimi- dentro dos melhores nós, pela falta de ma- tando a área a ser inun- princípios de humani- terial ede mão-de-obra, dada, para estudo pelas dade e justiça social como aconteceu na re- comunidades. atendidos os pressupos- gião de Sobradinho". tos de justa indenização LOTES Dizem que na área do e relocação dos que canteiro de obras de Um outro item forem atingidos, para construção de acampa- refere-se ao reassenta- que não aumente a po- mentos e demais setores mento e revindica que pulação trabalhadora do projeto de Itaparica, a empresa distribua a rural sem terra e sem continuam sofrendo ar- terra da margem do moradia, para que não bitrariedades. As violên- lago em lotes de dimen- se repitam os efeitos cias, segundo os agri- são familiar, conforme o negativos surgidos com cultores, com a missão Estatuto da Terra, Lei a construção da barra- de posse pela Chesf, 4.504, de 30.11.64. Su- gem de Sobradinho", DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Recife, 19 de julho de 1981

Boêmios pedem a Deus por um bom destino

0 município de tomou-se o mais flores- nominado , cente do Sertão. O meio Petrolândia, que será além de um grande pré- social aprimorou-se com inundado totalmente dio que servia de sede às os elementos de destaque pelo São Francisco, é o oficinas da Estrada de pela cultura vindos de mais importante de todos Ferro Paulo Afonso, fora para os serviços da daquela região. Em julho comprou um motor de via férrea. próximo, estará comple- 400 HP de força para ins- Como resultante, em tando 72 anos de emanci- talar na . 1887, a sede do municí- pação política. Antes da Nessa época, o cearense pio, que era Tacatu, foi construção da Estrada de Delmiro Gouveia, comer- Ferro Paulo Afonso, transferida pela Lei Pro- ciante de couros e peles e vincial 1.885, de 1 de Petrolândia era um sim- de algodão, residente na maio, para a então povoa- ples bebedouro dos gados localidade denominada ção de Jatobá, que, por que pastavam nas proxi- 9 Pedra — hoje cidade de midades, freqüentado efeito da Lei estadual n Delmiro Gouveia, em 991, de 1 de julho de por vaqueiros, à procura Alagoas —, resolveu esta- de alguma rés para trata- 1909, foi elevada à cate- belecer ali uma fábrica goria de cidade. De fun- mento, para a venda ou de linhas de coser — a li- para o corte. Um fron- dação, portanto, nha marca "Bispo", que doso jatobazeiro exis- Petroláncia tem mais de na pobreza de milhares tente junto ao bebedouro 100 anos de existência, de meninos, proporcio- deu nome ao local — Be- uma das poucas cidades nou a alegria de um bedouro de Jatobá. Com centenárias de Pernam- carretei n" 20, para empi- a aproximação da buco. E um município fa- nar o primeiro papagaio estrada de ferro, a pri- dado ás tragédias. Já em de papel. Com a linha meira que invadia o Ser- 1906 o rio São Francisco "Bispo", Delmiro, num tão pernambucano numa transbordou e invadiu a centro de consumo pre- promessa de progresso e cidade, destruindo casas cário se propunha enfren- civilização, as constru- e matando centenas de tar o monopólio da linha ções tiveram início. Em habitantes. Em 1919 "Corrente", da Machine 1883, quando a via férrea repetiu-se o fenômeno, Cottons Ltda., da Ingla- atingia o local, já várias arruinando desta vez o terra, ainda no apogeu do casas estavam construí- comércio, mais de 50 ca- seu império vitoriano. das, inclusive as destina- sas foram destruídas e o Realizou o seu intento e, das aos administradores povo enfrentou dias difí- para movimentar a sua e funcionários que nela ceis. Em razão desses de- • fábrica e a localidade, trabalhavam. O enge- sasíres, as construções construiu uma usina nheiro Eduardo Morais, deslocaram-se para ti hidrelétrica de 1.500 HP um dos chefes da parte mais alta. na Cahoeira de Paulo A- construção da ferrovia, Petrolândia continuava fonso. prevendo que a cidade al- em estado de grande de- Era uma linha de cançaria desenvolvi- cadência, quando, em transmissão de Paulo mento incomum, organi- 1923, a firma Brandão Afonso a Pedra e tubula- zou um plano de expan- Cavalcanti Ltdà., do Re- ção para o transporte da são, abrangendo, con- cife, apresentou uma pro- água bombeada. Sua forme a planta respec- posta ao Governador do usina e sua fábrica foram tiva, uma área de cerca Estado, dr. Sérgio inauguradas em 1913 e, de quatro quilômetros Loreto, para o aproveita- principalmente para a quadrados. As primeiras mento da Cachoeira de época, constituíram um construções obedeceram Itaparica. O plano tinha feito notável. As histórias ao plano traçado, mas as grande alcance: irrigação do pioneirismo de Del- autoridades, na época, do Vale do São Fran- miro e dos primitivos não tomaram providên- cisco, fundação de colô- barranqueiros, que ins- cias para evitar que os nias agrícolas, cultivo in- talaram toscas rodas de construtores o burlassem tenso e extenso de algo- água destinadas ao bom- e, em conseqüência, as dão e fornecimento de beio necessário á irriga- ruas se estenderam con- energia elétrica ao Re- ção, são lembradas hoje forme pensamento dos cife. A proposta foj deba- nos bares de Petrolândia interessados. Ao atingir a tida e posta á margem por alguns boêmios que estrada de ferro, em 1883, como irrealizável. não se conformam com a a localidade, esta A firma, no entanto, transferência da cidade desenvolveu-se rapida- fez aquisição de terra na para um outro local. mente e o comércio Cachoeira, e, no lugar de- TERRA POR TERRA NA MARGEM DO LAGO (a luta continua.]

Junho/81 - O ministro César Cais das Minas e Energia aprova o Relatório Final do GT-Itaparica, grupo de trabalho criado "para estabe lecer critérios visando a liberação da área necessária à for mação do reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaparica". Com a aprovação deste relatório o Governo aceitou a desapro- priação da margem do lago por interesse social para fins de Reforma Agraria, conforme reivindicado pelos trabalhadores rurais. Páginaò S n 9

Julho, Agosto/8 1 - Trabalhadores em grupos delegados pelas comunidades escolhem as áreas de terra para serem desapropriadas para o reassentamento. PaQina 10

Sctembro/Sl - Diretores dos Sindicatos do Polo reunem-se para discutir o documento reivindicando a desapropriação, por interesse so Ciai, das terras escolhidas pelos trabalhadores, quanto: - ao conteúdo - ao encaminhamento

Outubro/S 1 - Sindicatos realizam assembléias para aprovação do Documen- to de reivindicação da desapropriação por Interesse Social das terras escolhidas pelos trabalhadores rurais para reas- sentamento de suas famílias atingidas pela Barragem de Itapa rica - Município de Glória e Rodelas na Bahia, Itacuruba e Petrolândia em Pernambuco. Página* 11 a 14

Novembro/81 - Comissão de trabalhadores e diretores sindicais do Polo, das Federações de Pernambuco e Bahia e CONTAG entregam ao presidente da C11FSF, em Recife, o documento reivindicando a desapropriação das terras. 0 presidente da CHESF promete dar a resposta até o final de janeiro/82. Pagina* 15 í 16

Janeiro/82 - Nenhuma resposta da CHESF.

Fevereiro/82 - Trabalhadores impedem a invasão de suas terras na comuni dade de Campo Grande, município de Gloria(BA), pelos trato- res da CHESF. Página 17

Março/82 - Reunião de trabalhadores, diretores dos Sindicatos e FETAPE com a CHESF no local da parada das máquinas. CHESF não quer atender aos trabalhadores. Sindicato; encaminham documento a CHESF com prazo de 90 dias para desapropriação das terras. Página* 1S z 19 7 DIAMO DE PERNAMBUCO RECIFE, SEGUNDA-FEIRA. 6 DE JULHO DE 1981

Chesf indenizará donos de terras do São Francisco BRASÍLIA — Os seu destino, podendo proprietários ou eventuais instalar-se isoladamente ocupantes de terras, lo- no módulo que lhe for calizadas até a cota de destinado ou reonir-se 305 metros da área neces- com outra família, for- sária á formação do reser- mando núcleos, residen- va t ó ri o da usina ciais. Tais núcleos seráo Hidrelétrica de Itaparica, dotados de infra-estrutura serão indenizados pela (estradas de acesso, Companhia Hidro- eletricidade, saneamento Elétrica. do São Fran- básico e prédios comuni- cisco, e suas famílias reas- tários), e as moradias po- sentadas em novo local a derão ser reconstruída ser escolhido pelo Insti- mediante convênios com tuto Nacional de Coloni- os órgãos federais ou es- zação e Reforma Agrária taduais do Sistema Fi- — Incra. nanceiro da Habitação. ü ministro César A Chesf indenizará Cais aprovou o relatório as acessões, culturas e final do grupo de traba- benfeitorias realizadas lho encarregado do es- pelos proprietários de tudo para recolocação terras, ou eventuais ocu- das populações rurais pantes, conforme tabelas atingidas pelo reserva- indicativas de preços ela- tório de Itaparica, deter- borad(K em conjunto com minando aos órgãos do os Sindicatos dos Traba- Ministério das Minas e lhadores Rurais da Re- Knergia que sejam toma- gião, obedecidos os pre- das imediatamente as ceitos legais e normas fi- providências nele conti- xadas pelos órgãos com- das. petentes. A Codevasf, a Sudene e o Ministério da DESAPROPRIAÇÕES Agricultura deverão, As desapropriações, ainda, estudar o poten- cadastramento das po- cial agrícola da área, vi- pulações atingidas, re- sando, inclusive, a im- gularização fundiária e plantação de pequenos reassentamento deverão projetos de irrigação. O ser efetuados pelo Incra, enchimento do reserva- após entendimentos dire- tório da Usina de Ita- tos de órgãos do Minis- parica somente começará tério das Minas e Energia a ser feito pela Chesf com aquela autarquia. quando todos os imóveis Cada família terá o tiverem sido desapropria- direito à livre-escolha de dos. SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

OFICIO S/N9/81 - AESP EM iS de maio de 1981

DO : Grupo Ce Trabalho do Reservatório da UHE de ITAPARICA CNDEREÇO

AO: Exmo. Sr. Hlniotro de Estado das Minas e Energia ASSUNTO: RELATÕRIO FINAL £>- ^f % f*^»

SENHOR MINISTRO: V

CH. -i ^ írí. ■ í '/

Consoante a resolução de V.Excia., constante da Por cr.rja n9 1.860, de 4 de dezembro de 1.980, apresentamos, em anexo, o Relatório Final do Grupo de Trabalho criado para estabelecer cri tèrios visando a liberação da área necessária ã formação do reserva tório da Usina Hidroelétrica de ITAPARICA e ã relocação das popula çõ.as rurais atingidas, bem como as 'Atas das Reuniões do dito Grupo.

Respeitosamente, ísné ARAG£O CAVALCAN Coordenador -

FARINO DE ARAOJÒ PelÁ /ELETROBRAS'

NORMAN BARBOSA COSTA Pela CHESF

JAC^SSr TRABALHADORES RURAIS DE TODA A ÁREA ATINGIDA PELA BARRAGEM DE ITA PARICA REUNIRAM-SE EM GRUPOS ESCOLHIDOS PELA COMUNIDADE PARA LOCA LIGAÇÃO E ESCOLHA DAS TERRAS PARA O REASSENTAMENTO DE SUAS FAMÍLi AS. AS ÁREA DE TERRAS ESCOLHIDAS FORAM INDICADAS À CHESF ATRAVÉS DE DOCUMENTO REIVINDICATÓRIO APROVADO POR TODOS OS TRABALHADORES EM ASSEMBLÉIAS REALIZADAS NO SINDICATOS,

10 DOCUMENTO DE REIVINDICAÇÃO DA DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SÓCIAS DAS TERRAS ESCOLHIDAS PELOS TRABALHADORES RURAIS PARA REASSENTAMENTO DAS FAMÍLIAS ATINGIDAS PELA BARRAGEM DE ITAPARICA - MUNICÍPIOS DE GLORIA E RODELAS NA BAHIA, ITACURUBA E PETROLÃNDIA EM PERNAMBUCO

Os trabalhadores rurais do Submêdio São Francis- co, atingidos pela barragem de Itaparica, compreendendo os municípios de Glória, Rodelas, Abarê, Macururé e Chorrocho na Bahia,Petrolândia, Floresta, Itacuruba e Belém do São Francisco em Pernambuco, represen tados pelos seus Sindicatos, Federação dos Trabalhadores na Agricultu ra do Estado de Pernambuco - FETAPE, Federação dos Trabalhadores na A gricultura do Estado da Bahia - FETAG(BA) e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG, tendo em vista o compromisso assumido pelo Governo, de desapropriar por interesse social as áreas necessárias para o reassentamento das famílias atingidas pela.barra gem de Itaparica, reivindicam que sejam desapropriadas as terras esco Ihidas pelos trabalhadores para o seu reassentamento, conforme o qua dro anexo, integrando deste documento.

Kòiambfíla no Sindicato do& JfiOLbalkadon.2.& RufiaZà da. ?dtfiolândla, dia 9 de outabtLO de 19S1

11 Nas áreas onde houver posseiros ocupantes, deve rá caber a cada uma das famílias, um lote em condições iguais as £a mílias reassentadas. Os trabalhadores rurais das comunidades de Reti ro e Roque do município de Floresta, deverão ser reassentadas junta mente com os trabalhadores rurais de Itacuruba, na área do Projeto Massangano. - Desta mesma forma, os trabalhadores rurais de Gloria, deverão ser reassentados juntamente com os de Rodelas,na Ser ra do Tona. Estes fatos deverão chamar atenção as dimensões de dois projetos de irrigação a altura das necessidades de tão grande número de trabalhadores rurais concentrados naquelas duas grandes áreas.Por outro lado, os trabalhos de escolha das terras e de levantamento das famílias atingidas estão sendo concluídos nos municípios de Floresta e Belém do São Francisco em Pernambuco. A escolha das terras, pelos trabalhadores rurais encontra-se prejudicada em algumas áreas, pela falta da demarcação da cota de inundação. Os trabalhadores exigem que a CHESF faça a demarcação o mais urgente possível.

A-ò-óemb-de-ca no Sindicato doò JKabalhoLdoiz& RmKalò de RodzlaA, no dia J / de outubn.0 de 19S1

12 Por fim, reafirmamos as nossas reivindicações: Terra por terra titulada na margem do lago, desapropriação por int£ resse social - em caráter de urgência, dada a expansão da grilagem nas áreas agricultáveis da região - reassentamento da5 famílias a- tingidas, conforme o Estatuto da Terra, Lei n9 4.504, de 30 de no- vembro de 1964. Construção de núcleos residenciais, indenização jus ta das benfeitorias - e, condições para que os trabalhadores conti- muem trabalhando na agricultura irrigada na nova terra.

Subniêdio São Francisco PERNAMBUCO/BAHIA

Aòòe.mblé.Á.a no Sindicato doi, l^abalhadofiíi. Rufião de. GtÕtla, no dia 12 de. outubtio dí 19S1 13 Mun-ccZp-co nÇ de úamZl-íaò Tznfia (Lòcolhlda. pzloò tnaba-

1. Itacuruba(PE) 618 Área do Projeto Massangano CODEVASF - 21 .000 ha

2. Floresta (PE)-pa/Lcia£ 124 idem

3. Gloria(BA) 533 Canafístula em Delmiro Gou- veia (AL) Caiçara em Paulo Afonso(BA) Angico em Gloria(BA) Serra do Tona, Baixa do Pe- nedo, Baixa do Arroz, Fazen da Dionísio Pereira nos mu~ nicípios de Gloria, Macuru- rê e Rodelas(BA)

%, Rodelas(BA) 662 idem

5. Petrolândia 1 .026 Toda a área da margem do lago

K&&e.mbJizi.a no S-ind-icato doò Jfiabalkoidon.2.i> Ha^aii de JtacuA.aba, d/ta 12 de outubn.o de 19S1 14 MARIO DE PERNAMBUCO RECIFE, QUINTA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 1981

Camponês quer ir para Raso A relocalização de famílias fltingiHfls pela barragem de Ita parira para a área da Serra do Tona, no , foi su- gerida, ontem, ao presidente da Cheaf, Luiz Carlos Menezes, por re- presentantes dos trabalhadores rurais daquela região sertaneja. "Em lugar de botar lixo atômico, o («overno deverá assentar trabalha dores", dsseram os IfHeres sindicais. A reivindicação visa a beneficiar uni total de 2.963 famílias. Por sua vez, o presidente da Chesf prometeu para dentro dos próximos 60 dias um novo encontro com os representantes dos trabalha dores rurais, quando serão conheci- IHS as posições definidas pelo Mi nistério das Minas e Energia, atra- vés da Chesf, Incra, Governo de Pernambuco e também o Ministério do Interior — todos órgãos interes- sados em uma solução pacífica para o problema Esclareceu que há bas- tante tempo para a demarcação das áress para reassentamento das fa- mílias cujas terras serão inundadas, pois a previsão da entrada de opera- ção da primeira máquina geradora de energia de Itaparica é para 1986 0 reservaiório estará cheio em 1985.

15 DIÁRIO DE PERNAMBUCO Recife, quinta-feira, 26 de novembro de 1981

Os colonos disseram ao presidente da Chesf que pretendem se instalar no Raso da Catarina Cblonos querem rnorar nas terras do "lixo atômico9'

Representantes dos colonos cujas terras seráo verno do Estado e outros assembléia, pelos sindi- inundadas pelo lago da órgãos interessados em catos dos trabalhadores barragem de Itaparica uma solução pacífica rurais, apontando as sugeriram, ontem á para o problema, como o terras escolhidas pelos tarde, ao presidente da Incra e o Ministério do colonos para o reassenta- Companhia Hidro Interior. mento de suas famílias Entregaram uma Elétrica do São Francisco "tendo em v sta o — Chesf, Luiz Carlos carta ao presidente da Chesf afirmando que a comprutnigso assumido Menezes, sua relocaliza- pelo Governo de de- ção para a área da Serra Confederação Nacional dos Trabalhadores na sapropriar por interesse do Tona, "que pode re- social", conforme su- solver todo o problema na Agricultura — Contag — gerido pelo Grupo de parte da Bahia e quase e entidades congêneres Trabalho de Itaparica, todo no lado de Pernam- de Pernambuco e da em atendimento ás rei- buco". Como as terras fa- Bahia, além dos Sindica- vindicações dos sindica- zem parte do Raso da Ca- tos dos Trabalhadores dos municípios a serem tos de trabalhadores tarina, disseram que "em rurais. vez de botar lixo atômico, atingidos pela barragem deveria (o Governo)^ as- de Itaparita, estavam en- O sr. Luiz Carlos sentar o trabalhador". viando um documento de Menezes informou já ter Argumentaram so- reivindicação da demar- conversado, em diversas bre informação' da Co- cação, por interesse so- oportunidades, com re- devasf de que as terras cial, das terras escolhidas presentantes dos traba- pelos trabalhadores próximas à Serra do lhadores rurais da área, e Tona serão, depois de rurais para reassenta- mento das famílias atin- que já existe uma por- irrigadas, as melhores do taria ministerial em que Baixo São Francisco. Por gidas pela represa. o Incra está empe- sua vez, o presidente da Apontaram áreas nhado, também, na Chesf prometeu para por eles selecionadas nos dentro de 60 dias um municípios de Glória, solução do problema. O novo encontro com os re- Rodelas, Abaré, Ma- que ficou acertado na re- presentantes dos traba- cururé e Chorrochó, na união foi a promoção de lhadores rurais daquela Bahia. E, em Pernam- melhores contatos com o região sertaneja, quando buco, nos municípios de Ministério do Interior, já será conhecida a posição Petrolândia, Floresta, que existe, também, in- definida pelo Ministério Itácuruba e Belém do teresse das famílias de se das Minas e Energia, São Francisco. O docu- reassentar no Projeto através da Chesf, o Go- mento fora aprovado, em Massangana.

16 DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Recife, terça-feira, 23 de março de 1'

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Trabalhadores de Petrolãndia voltam a criticar a barragem de Itaparica Itaparíca provoca atritos no campo

PETROLÃNDIA — mento de Implantação do reivindicação com prazo Desde o domingo de car- Reservatório — OIR. de 90 dias, onde denun- naval até o dia de ontem, A primeira reunião ciam o não cumprimento os trabalhadores rurais ocorreu no dia 10 do pela Chesf do plano de que moram e têm suas ro- corrente, no local da reassentamento dos tra- ças nas imediações da parada das máquinas, balhadores atingidos por barragem de Itaparica, contando com a presença Itaparica. impediram os trabalhos de comissão de trabalha- de tratoristas que iriam dores, para o debate, e de REIVINDICAÇÕES abrir estrada para a mais de 500 trabalha- Informa o sr. Adail- dores que assistiram o son B. Veras, assessor do Chesf. Segundo eles, as encontro. A reunião não máquinas adentraram na teve resultados práticos Sindicato de Petrolãn- dia, que os trabalhadores regiáo dos posseiros, sem pois as explicações da que aviso algum fosse apontam fatos como a Companhia, segundo as tentativa da empresa de dado e sem que fossem lidefanças, não conven- negociadas as condições convencer os rurícolas de ceram os trabalhado- que as terras que esco- do trabalho a ser efe- res. Diante desse fato, lheram são imprestáveis, tuado pela Companhia. os rurícolas reuniram-se "com evidente intenção A estrada, que se si- em assembléias gerais em de desestimular aplica- tua no lado baiano da todos oe sindicatos da ção do plano de reassen- barragem, servirá para área atingida pela barra- tamento". transporte de argila e gem e, em demonstração Denuncia, ainda, a cascalho para construção de boa vontade, deci- indenização de benfei- de Itaparica. Os trabalha- diram liberar a área em torias fora do plano, pa- dores rurais impediram a questão a partir de hoje, gando a Chesf "uma gra- passagem das máquinas, sob condição de no prazo tificação além do valor uma vez que sentem não de 90 dias serem atendi- da indenização desde que estar sendo aplicado o das reivindicações ime- o trabalhador abra mão plano de reassentamento diatas e que significam a do seu direito de reassen- dos trabalhadores rurais prática do plano de reas- tamento em outra área. e aprovado pelo Minis- sentamento. A Companhia está se ne- tério das Minas e Energia. Tal decisão foi infor- gando a reassentar os Paradas as máqui- mada á Chesf, em reu- camponeses maiores e nas, impedida a constru- nião realizada no dia solteiros", disse. O docu- ção da estrada, trabalha- 19 deste mês, nas de- mento que foi distribuído dores e Chesf iniciaram pendências do DIR., em toda a região, além de negociações. Os rurí- onde compareceram re- fazer outras denúncias, colas, foram representa- presentantes dos sindica- termina reafirmando a dos por seus sindicatos, tos de toda a região da existência do plano de re- no caso a Fetape e Fetag- barragem. Nesse ato, os assentamento e exigindo BA. A Chesf, por sua vez, trabalhadores entre- o atendimento no prazo foi representada pelos garam á Companhia do- de 90 dias das reivin- funcionárius do Departa- cumento de denuncia è dicaçõaii 17 DOCUMENTO DE DENUNCIAS E REIVINDICAÇÕES DOS TRABALHADORES RURAIS ATINGIDOS PELA BARRA GEM DE ITAPARICA DESTINADO A COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO SSO FRANCISCO - CHESF, COM PRAZO DE 90 (noventa) DIAS

Os trabalhadores rurais do Submedio São Francisco, atingidos pela Barra- gem de Itaparica, compreendendo os municípios de Glória, Rodelas, Abaré, Macururé e Chorrochó na Bahia, Petrolândia, Floresta, Itacuruba e Belém do São Francisco em Per- nambuco, representados pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais da região. Federações dos Trabalhadores na Agricultura dos Estados de Pernambuco e Bahia e pela Confedera- ção Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG, tendo em vista que as atitu- des da CHESF têm sido contrárias aos compromissos do Governo de desapropriar por inte resse social as áreas escolhidas pelos trabalhadores e de reassentar as famílias atin gidas e tendo em vista, ainda, que os trabalhadores rurais das comunidades mais próxi mas ao canteiro de obras da barragem, que no momento sentem-se diretamente prejudica- dos pelos serviços de construção da barragem, resolveram demonstrar seu descontenta- mento com a falta de medidas concretas e práticas, paralizando as máquinas que abriam estradas atingindo suas terras, denunciam e reivindicam o seguinte:

19) No dia 25 de novembro de 198l os Sindicatos de toda a região atingida pela barra- gem de Itaparica, além das Federações de Pernambuco e Bahia e a CONTAG fizeram a entrega ao presidente da CHESF, em Recife, do Documento de reivindicação da desapro- priação por interesse social das terras escolhidas pelos trabalhadores rurais para re assentamento das famíl ias at ingidas pela barragem de Itaparica - municípios de Glória e Rodelas na Bahia, Itacuruna e Petrolândia em Pernambuco. Na ocasião o presidente da CHESF comprometeu-se a até o final de janeiro, dar a resposta aos trabalhadores ru- rais em reunião que ficou marcada para Petrolândia. Até agora, entretanto, a reunião não aconteceu.

29) Além disso, as atitudes da CHESF junto aos trabalhadores rurais, têm sido contrá- rias aos critérios já estabelecidos no relatório final do GT-ltaparica e aprova- das pelo Governo, como se vê nos seguintes fatos: a) a CHESF tem procurado convencer os trabalhadores rurais de que as terras por eles escolhidas e apontadas ao presiden- te da Empresa para relocação das famílias são imprestáveis, com evidente intenção de desestimular a aplicação do Plano de Reassentamento dos trabalhadores rurais reivindi cado pelo Movimento Sindical; b) a CHESF tem tentado e conseguido, em vários casos, fazer indenização de benfeitorias a trabalhadores rurais fora do Plano de Reassenta- mento e sem o prévio conhecimento do Sindicato, com o agravante de pagar uma gratifi- cação além do valor da indenização desde que o trabalhador abra mão do seu direito de reassentamento em outra área; c) segundo ofício da CHESF os trabalhadores rurais sol- teiros, maiores de idade, não têm direito a reassentamento; por outro lado, o reassen tamento só poderia ser feito em áreas desocupadas e inexploradas e o título da terra entregue ao trabalhador reassentado somente depois de 1 ano; d) os mesmos ofícios pro curam criar dificuldades para o reassentamento na Serra do Tona, área, na sua maior parte devoluta. Mas os trabalhadores sabem muito bem que as dificuldades apresenta- das, como distâncias e altitudes, são perfeitamente superáveis para uma empresa como a CHESF com vasta experiência em construção de grandes barragens.

3?) Os trabalhadores rurais das comunidades de Campo Grande, Fazenda Gato e Salgado 18 dos Benlcios, sentindo a não aplicarão do Plano de Reassentamento, inclusive com a de- mora de reassentamento de uma única família, como a do Sr. Manoel Martins, paralisaram as máquinas. São 8l famílias atingidas diretamente e mais outras situadas na mesma re- gião que reagiram ante o fato de máquinas adentrarem suas terras e áreas de criatõrio, sem que pelo menos tenha sido iniciado o seu reassentamento noutras áreas, ja do conhe cimento da empresa. Segundo a CHESF as máquinas iriam apenas abrir uma estrada sem pre judicar as roças. Do lado dos Trabalhadores rurais torna-se impossível o trabalho na roça e o criatõrio em meio ãs máquinas: as safras com certeza serão prejudicadas e com a abertura de estradas as cercas que são construídas, os acidentes que se tornam fre- qüentes impedem o criatõrio. Dessa forma a atitude dos trabalhadores rurais de impedi- rem a entrada de máquinas em suas terras tem total apoio do Movimento Sindical de Tra- ba1hadores Rura i s.

4?) Os preços para as indenizações de benfeitorias criteriosamente preparados pelos trabalhadores rurais, inclusive com assistência técnica, não foram aceitos pela CHESF, apôs várias reuniões realizadas com o representante da Empresa.

59) A demarcação da borda do futuro lago não está sendo feita pela CHESF o que impede a localização e escolha de novas áreas pelos trabalhadores para seu reassentamento.

Considerando todas estas situações criadas pela CHESF, que contrariam o Plano de Reassentamento dos trabalhadores rurais, reivindicado pelo Movimento Sindical^ inclusive os critérios estabelecidos pelo GT-ltaparica e aprovados pelo Ministro das Minas e Energia, os trabalhadores rurais vem mais uma vez, por intermédio de suas enti dades sindicais reafirmar perante a CHESF o seu Plano de Reassentamento e solicitar que sejam atendidas no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da presente data, as se- guintes reivindicações:

1. Que seja iniciado o reassentamento de 232 famílias diretamente atingidas no momento pelos serviços da barragem nas comunidades de Rio Fundo, Campo Grande, Fazenda Gato e Salgado dos Benícios no Município de Glõria(BA) e Brejinho de Fora, município de Pe- trolândia(PE).

2. Que as áreas escolhidas pelos trabalhadores rurais para reassentamento e já apresen tadas ã CHESF através do seu presidente sejam declaradas prioritárias para fins de Reforma Agrária e em seguida desapropriadas por Interesse Social para o reassentamento das famílias atingidas.

3. Que se dê continuidade ã demarcação da borda do futuro lago tomando medidas necessá rias para que fazendeiros não cerquem as terras, enriquecendo-se ilicitamente. k, Que sejam aceitos os preços de indenização de benfeitorias reivindicados pelos tra- balhadores rurais.

Gubmédio São Francisco - PE/BA, 19 de março de 1982

BcwXolomm Manoel dz Souòa - STR Floresta (PE) - Assembléia em 13/03/82 GmÓJvio Mat&aò doi, Santoò - STR Belém do São Franc i sco(PE) - Assembléia em 1V03/82 Jo-òé SooAM Uoyatíò - STR I tacuruba(PE) - Assembléia em 15/03/82 SilvjUtAii Apnlglo da Silva - STR Gloria (BA) - Assembléia em 15/03/82 Jo4é MvM da Silva filho - STR Rodelas(BA) - Assembléia em 14/03/82 V-tcínte. da CoAta Coelho - STR PetrolSndia(PE) - Assembléia em 19/03/82

19 Lula visita Petrolândia PETROLÀNDIA — se «rticular com as li- camponeses, que estão dispostos a enfrentar a si- Luiz Inácio da Silva, lí- deranças sertanejas do tuação de fome e de- der sindical dos metalúr- PT em Petrolândia, onde deverá ser fundado um semprego diante da pas- gicos e presidente nacio- sividade e medidas nal do Partido do Traba- núcleo do Partido vi- paliativas das autorida- lhador — PT_—, virá a sando o seu fortaleci- este município no pró- mento nas bases rurais e des. 0 movimento im ximo dia 11, a fim de pro- junto às principais li- campo ganha nova di- ferir palestra para os tra- deranças comunitárias. A balhadores rurais da re- primeira visita de Luiz measão com a difusão das doutrinas do Fapa João gião do São Francisco e Inácio da Silva a esta re- Píulo II, através da enci demais municípios serta- gião é motivo de certa ex- clica "Laborem Kxcr- nejos, onde o problema pectativa nos meios cens", o mais recente da seca vem aumentando rurais do São Francisco, instrumento de reivindi o índice de desemprego e *endo em vista o movi- cações dos trabalhadores, provocando o êxodo mento de conscientização assunto que foi abordado rural, com graves conse- iniciado no campo, vi. sando a uma tomada de por este jornal na edição qüências. de domingo último, em "Lula" vai aprovei- posição diante dos graves página inteira. tar a oportunidade para problemas que afligem os

Em Paulo Afonso LULA debateu sobre o Sindicalismo no Brasil com Itderes - e trabalhadores de todas as categorias profissionais da região 0) BELÉM DO SAO FRANCISCOCPE) - Trabalhadores rurais constróem cemitério

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"MÓò zonòtKuimoò o C2.mltih.lo aqui na Ilha poUqUiZ um dz nõi mofitidu e. áomo4 òcpaltau na cidadã. Elzò qaíHiam quz. botaòòz dunthO' dí uma qavn ta, mai, noò não acn-Ltamoú.

klò noò nzunlmoi, aqui 1 tnatamoi, de ^azan. o ce.mlt2.ftl0. Pígamoò uma to- lha de, pape.1 z.òaZmo* poK ai. Ma4 também ^ol logo. Knfianjamoò dlnhzlfiò t iol ^ílto tudo llgelhame.ntt.

hlao ^ol hácll poiqua naquele tempo aò canoa* z>tam tudo de. >te.mo. Todo o mateKlal {oi tuanòpontado com multo òacnl^lclo lá do ponto da cidade.. Meu todo mundo trabalhou, homenò, mulheAeòçz ctlançai, .

A conòtnuçáo faol tzftmlnada no dia 1 de janelho de 1969.

Hoje no* temoh o noéòo czmltéhlo na Ilha de. CachauZ, entfie. a Ilha da Ulòòão e a Ilha do Cunnallnho.

Quando not, fcon. òaln. daqui poh cauòa da ba^/iagem nÕò ex-ege. outno cmlté. filo. A CHESF te.m que. conòtfiulK outfto ce^mltífilo pia nôé,

0 ce.mlte.fLlo e. uma colòa multo Impofitante que. temoò aqui na Ilha."

21 Guiando a canoa Ve.ui>d

Os companheiros trabalhadores rurais de Belém do São Francisco, reorga nizaram a diretoria do Sindicato. Como presidente da nova diretoria £i cou o companheiro DEUSDEDITH SILVINO PEREIRA. 0 levantamento das famílias que residem nas ilhas deu o seguinte resul tado: 1. Ilha da Missão (ponta) 35 famílias 2. Ilha da Missão (meio) 102 famílias 3. Ilha do Curralinho . . 78 famílias 4. Ilha do meio .... 42 famílias 5. Ilha Grande 24 famílias

Total 281 famílias

22 Trechos do depoimento do companheiro Vicente da Costa Coelho, presiden- te do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolândia perante a Comis são Parlamentar de Inquérito - CÇI das Cheias no Vale-do São Francisco

"A luta do-i tfiabalhad})fi, 6ob condxçõe-ó cont^ici^Zaò, òob pfiíòòõzò, -òob ameaçai, uem conquistando t2.n.fi2.noi> e K.zòpíÁ.to. Hoje, a CHESF já 4e òznta a uma me-óa de de.bat&A com oò tfiabaZhcidoftzi, ttufiaíi, ■iòAo (Jo-t conquiòtado poh. nÕ-ò. não uma bondada da ímptizòa, como moòtfiam oi, acontcc-Lmzntoò aqui. dc&cfi-itoi, . lÁaò, Scnkoficò Vcputadoi., 04 pftoblcmaò do Mate do São fh.anci.i,co continuam a 0C.0KHQ.fL, A bafifiaQcm 2. p^iobtíma não òÕ quando^-.e. construída, maò dzpots, com a exploração dai, margeni, por projctoi, que não atendem aoò noòòoi, tntereòi,es, ou pelai chetai agora mati longai, e maii prejudtcta-íi . Oi trabalhadora ruraÁ.i de minha região tem um Flano de Reaaentamento e exigem que ele ieja cumprido. Ene Plano de Reanentamento viia proteger o trabalhador rural não i>d por ocasião da enchente permanente do lago, ina-ó *• também quanto ao futuro aproveitamento dai margem deae lago. Para qualquer a,i tividade em torno do aproveitamento do rio São Vranciico e preciio que;

oi trabalhadora que soarem ai comequénciai de qualquer projeto no Ua-{ le ou na borda do lago participem de iua elaboração, execução e duração. Aaim, exigimoi que oi trabalhadorei rurais que vão ser desalojados pelas águas represadas do Rio São Vrancisco, não recebam indenização pela terra, mas sim outra terra em lugar da que perderam.''

23 "Qae a nova tzn.Ka ò&jd do tamanho do modulo fia/tal tòtabílacldo pafia e^ex to de Rí^ofima kQfiãfila e qae 4e òltua na mzòma nzglão Q^ogná^lca, p/ie^e- nznclalmíntz na bonda do lago, paia que, mantinham aò mzòmaò condlçõzò òócto-zcondmlcai. E a TERRA POR TERRA WA MARGEM VÕ LAGO. Junto com a tma ddvzfião ftzczbzn. a mofiadla quí píKdzxão. Kò caòai, dzvzfiao ò&st con^ tnuldaò poK qudm vai dzòtnul-laò. t a mofiadla um condições Igualo ou me. Ihofidò. Água e luz dzví.m ^azzn. pafitz Intagianta de ama malhonla de vida, já quz o dzòalojamznto e pafia ptioduzln. nnungla, dntáo oí> tn.abalhadoHíi> deueA-ão òan Oò pnlmulnoò a òQ, bzno.^lclaxe.m. Não podemos noò (Lòquízan qua guando, paute, da população a -óe-t. atingida mofia nai> mangznò do filo São Tfianclòco e qut vive. de cult-t- vafi a te.fifia com Ififilgação. Pofitanto, ai novaò tcfifiai* pana onde te tfian&_ ^e-filfizm de.ve.fiao te.fi condlçde.ò e òcfi Inòtaladaò com òlòte.ma de Ififilgação já quz e-i-òa e a covidlção que vivem hoje.. Oò tfiabalhadofiíi, não actltam òubmctcfi-òe. a pfiojctoò lm- poòtoò.de. cima pafia baixo. Eéi&ò pfiojctoA gove. finam entalo têm òldo de^ou tAOòOò pafia o Vale e pafia oò tfiabalhadofiei,. Mão aceitamos a validade deòòeò pfiojetoò que tlfiam a llbefidade de pfiodução e comeficlallzação, a- lem de eòcfiavlzafi o tfiabalhadofi peloò gfiandeò gaòtoò lmpoi>toò, o que a- caba fieòultando em pKtjaZzoò pafia 04 colonoò. (luefiem pafitlclpafi de um PLANO e não de um pfiojeto. Plano no qual tenham voz ativa e decisiva quanto ã iofima de i>e òltuafiem, pfioduzlfiem e comeficlallzafiem. Não fiene- gam a técnica. pfieclòam dela, ma* eita deve òubmetefi-òe aoò Intefieòòeò doò tfiabalhadofieò. Aòòlm, a Ingefiencla do Eòtado devefiá òefi no ^ofinecl- mento da In^fia-eòtfiutufia, tal cemo eletfil^lcação e canalização pafia Ifi- filgação. Vepolò dlàòo podem delxafi que o tfiabalhadofi com a aòtlòtencla técnica òabefiá como deòcobfilfi novaò ^ofimaò de pfiodução e comeficlo. Eòpefiam oò tfiabalhadofieò que òuaò poòlçoe* òejam não 60 entendldaò como cumpfildaò. Concluindo, Senhofieò Veputadoò, diante deòte quadfio que acabo de apfieòentafi, não podemos eloglafi oi> fundamentos e oò eie-ttoò da política deòpenòada ao Vale do Rio São tfianclòco, uma vez que não leva em conta oò Intefieòòeò doò tfiabalhadofieò e òlm a pfiodução de enen.- gla. t òó pofi quefiefi que digo loto? Pafia mim e pafia o povo que fiepfieòento e uma tfilòteza em vez de alegfila eòtafi hoje aqui moòtfiando ^atoò deòagfiadávelò. Sefila, òlm, alegfila òe hoje eòtlveòòeòmoò juntoò depolò debatendo e eòtudando noòòoò pfioblemaò vlòando encontfiafi melhofi òolu- ção, polo òo com a pafitlclpação de quem tfiabalha e quem pfioduz e que encontfiafiemoò a melhofi òolução pafia o Vale do São Vfianclòco e pafia o Bfiaòll. Obfildado. "

24 1* COMCLAT

PARTICIPARAM DA 1^ CONCLAT - CONFERÊNCIA NACIONAL DA CLASSE TRABA- LHADORA - 5.036 TRABALHADORES DELEGADOS PELAS SUAS CATEGORIAS. RE- PRESENTANDO 1.091 ENTIDADES SINDICAIS ENTRE SINDICATOS. FEDERAÇÕES (RURAIS E URBANOS). ASSOCIAÇÕES DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS E ASSOCIA COES PRE-SINDICAIS E 5 CONFEDERAÇÕES NACIONAIS DE TRABALHADORES A- LÉM DE 11 DELEGAÇÕES DE ENTIDADES SINDICAIS INTERNACIONAIS, DO POLO DO SUBMÉDIO SÃO FRANCISpO - PE/BA PARTICIPARAM: W TRABA- LHADORES RURAIS. 3 TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL E 6 TRABALHA- DORES ELETRICITÁRIOS. NA lò CONCLAT FORAM TOMADAS DECISÕES DA MAIOR IMPORTÂNCIA PARA OS TRABALHADORES BRASILEIROS COMO A LUTA CONTRA O DESEMPREGO E PELA REFORMA AGRÁRIA. ESTÁ MARCADO PARA OS PRÓXIMOS DIAS 27. 28 E 29 DE AGOSTO/82. A REA LIZAÇÃO DO 29 CONGRESSO DA CLASSE TRABALHADORA

CONFERÊNCIA NACIONAL DA CLASSE TRARAUADORA 2122a 23/Agosto 81 - SP 25 DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Recife, domingo, 4 de outubro de 1981

"Dia de Luta" é lembrado no campo

Petrolândia, que coiitr.v O 1" de outubro — praça pública denunciar as injustiças praticada? tadas pela Prefeitura nA«i "Dia Nacional de Luta" tém carteira assinada, —, que paralisou por contra os trabalhadores e apresentar as reivindica- décimo terceiro saiário e várias horas as ruas nem abono família, além centrais do Recife, tam- ções de melhores condi- ções de vida e de traba- da falta de cohdiçtts de bém foi lembrado no ensino" campo, e um manifesto lho" "Em primeiro lugar, "Os trabalhadores chegou a ser distribuído rurais, por sua vez, são em diversas localidades denunciamos o de• semprego que atinge a expulsos de suas terras do Sertão Central, do Pa- pelos grileiros quç. finan jeú e do São Francisco. classe trabalhadora !»ra- sileira. A cada dia, rni ciados pelos bancos ofi- Em Petrolândia, por ciais, cercam grande; exemplo, onde os campo- lhares de trabalhadores são despedidos das fábri- áreas de terra, prejudi- neses estão bastante or- cando centenas de fa- ganizados e conscientes, cas, aumentando o nu- mero de famílias conde- mílias de posseiros. houve manifestação pú- Como se isso não bas- blica/; nadas a viver na maigi- nalização, na miséria, tasse, centenas de Ca Através do Sindicato milias de trabalhadores dos Trabalhadores enfrentando a fome e a prostituição. O País está rurais serão desalojadas Rurais de Petrolândia, de suas terras com a Assodiaçâo Profissional em crise, é o que dizem nossos governantes, mas construção da barragem dos Trabalhadores na In- de Itaparica. Km nosso dústria da Construção não fomos nós. os tra- balhdores, que a provoca- Estado, mais de 140 mil Civil de Petrolândia e As- trabalhadores rurais es- sociação dos Moradores mos. Por outro lado, ape- sar de as fábricas de São tão prejudicados com o do mesmo município, foi corte do Plano de Emer- lançado o Manifesto do Paulo estarem cheias de ? carros sem vender, ape- gência". 1 de Outubro, assinado, "Por outro lado, ape- respectivamente, pelos sar de o Brasil estar em crise, os preços dos auto- sar do empobrecimento dirigentes João Araújo cada vez. maior, os traba- Silva, Cláudio Aureliano móveis continuam a su- bir. Não aceitamos, por- lhadores defrontam-se da Silva e Jorge Ernesto com a carestia dos ali- de Souza. tanto, que a crise caü so- mente em nossas costas. mentos, que aumentam O MANIFESTO A crise não foi provocada de preço a cada semana, pela classe trabalhadora. sem nenhuma providên- O Manifesto do 1" Em nosso Município, cia do Governo, que efeti- de Outubro afirma que quase mil trabalhadores vamente garanta, pelo os trabalhadores rurais, da Construção Civil estão menos, a alimentação da construção civil, pro- desempregados. Além do para a população pobre. fessores municipais e os desemprego, os capitalis- Dessa forma, os trabalha- moradores de Petrolân- tas usam outras formas dores reafirmam as suas dia que sofrem a explora- de jogar nas costas do reivindicações: — Terra ção de uma minoria de ri- trabalhador a crise: des- por terra na margem do cos privilegiados, dos classificam operários pro- lago; — Reassentamento patrões, dos latifun- fissionais de sua função; das famílias atingidas diários e do próprio Go- demitem trabalhadores pela barragem de Ita- verno sobre a classe tra- para em seguida parica; Construção de balhadora, "todos reuni- readmiti-los com salário núcleos residenciais; In- dos neste dia l9 de ou- menor. Por esta mesma denização justa das ben- tubro de 1981, "Dia Na- situação, passam as pro- feitorias; Reativação do 26 cional de Luta", vem à fessoras municipais de Plano de Emergência, "DIA DE LUTA" é LEMBRADO NO CAMPO - CONTINUAçãO

sos filhos com fome e sem alistando imediata- denizadas ou trocadas terem o que comer. Viva mente, os mais necessita- por outras; Reivindica- a classe traballladora dos; Reforma agrária, ra- mos a localização da Brasileira!!! Viva o Di^ dical, sob o controle dos nova Petrolândia no Pro- Nacional de Luta!!!" trabalhadores; Estabili- jeto 3, na Fazenda Lagoa Diante da situação dade no emprego; Velha, como foi escolhido provocada pela seca e Salários e preços justos pelo povo. tendo em vista os apelos para os gêneros alimentí- Por fim, levamos a» às autoridades, que, se- cios; Readmissão de to- conhecimento da opinião gundo eles, fingem desco- dos os trabalhadores de- pública que todas as nos- nhecer a gravidade do mitidos; Liberdade e au- sas reivindicações são do problema dos trabalha- tonomia sindical; Casa conhecimento do Go- dores rurais, a classe, por casa igual ou melhor verno. As nossas entida- através de sindicatos e na nova Petrolândia; des de classe e associa- entidades, vai se reunir Construção de casas pelo ções têm encaminhado-o numa grande assembléia BNH na nova Petrolân- que reivindicamos, que publica, marcada para os dia, para as famílias que são os nossos direitos. Es- dias 14 e 16 deste més, no moram atualmente em peramos, portanto, pro- Centro Social da Federa- casas alugadas; Não vidências a tempo, antes ção dos Trabalhadores da derrubar as casas indeni- que a nossa situação che- Agricultura de Pernam- zadas até que todas as gue ao ponto de um de- buco — Fetape —, em casas da cidade sejam in- sespero geral, vendo nos- Serra Talhada.

27 DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Recife, quinta-feira, 29 de outubro de 1981

Trabalhadores de Petrolâadia fazem crítica à Compesa PETROLANDIA pessoas ja morreram por Os moradores de Carai- falta de assistência médica beiras, no Sertão pernam- e de remédios? O dinheiro bucano, encaminharam para assistência médica ontem uma carta ao gover- sai do nosso trabalho atra- nador do Estado, Marco vés dos impostos. Quere Maciel, protestando mos uma assistência mé- contra a decisão da Com- dica boa, que respeite os pesa, de acordo com a qual direitos que as pessoas têm o abastecimento de água por serem humanas e não da região será efetuado a por terem dinheiro" — partir do aproveitamento conclui o documento CíP das águas do rio Moxotó, Caraibairas. que segundo explicam são salgadas e contaminadas. ESTIAGEM Em vista disso, a popula- ção está exigindo que o Por outro lado, a falta abastecimento se processe d'água para ■limentação a partir daa águas do rio do gado vem se tomando insu São Francisco e seja ficiente, bem corno as pasta- construído no local, uma gens que estão i-ompletfi- estação para tratamento e mente secas diante da es- filtragem. cassez de chuvas. Não chove na região há mais de Paralelamente, a co- dois meses. Cerca de 12 munidade de Caraibeiras, animais já morreram era distribuiu uma carta conseqüência da falta de aberta à população denun- pasto. Os agricultores tam- ciando as condições de bém estão dirigmdo um saúde e alimentação das apelo ás autoridades, no duas mil pessoas ali radi- sentido de providenciar a cadas. De acordo com o do- venda de ração a preços mais baratos. cumento, a comunidade exige que as autoridades Uma comissão de cumpram sua obrigação de moradores de Caraibeiras zelar pela saúde da po- deverá viajar ao Recife a pulação. fim de tentar uma solução — A terra é quem nos junto á Secretaria de Agri- dá o alimento, Para termos cultura. Os trabalhadores saúde, precisamos de co- rurais estão preocupados mida . Portanto, precisa- com a morte do gado pela mos de terra. Nós temos falta de pastagem e, neste cada vez menos terra, pois sentido, sugerem que a os grandes fazendeiros e as pasta da Agricultura envie grandes companhias, com paia a região não só os o apoio das autoridades, carros-pipa mas, também, desapropriam os pequenos grande quantidade de ra- agricultores. Assim, somos ção para assegurar alimen- expulsos do que é nosso tação para o rebanho bo- para irmos morar em fa- vino. velas na cidade ou na terra A escassez de chuvas. de um patrão onde vamos por outro lado, também sobreviver como escravos e vem afetando os plantios doentes. Sentimos urgên- de milho, feijão e man- cia de sindicatos que sejam dioca. Este ano, a safra do povo e para o povo, para desses produtos ficará re- conquistarmos os nossos duzida a 20% em relação direitos de trabalhadores ao ano passado que, se não — afirma o documento. foi das melhores, em con- Prosseguindo, a carta seqüência da estiagem que denuncia o pagamento de já se prolonga por três baixos salários aos agricul- anos, atingiu os 30%, tores, fator que é apontado garantindo a subsistência como responsável pela de-milhares de trabalha- fome e a doença: "Quantas dores.

28 DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Recife, quarta-feira, 4 de novemoro de 1981

Us trabalhadores de Petrolândia não querem que a velha ponte seja destruída porque, além de histórica, serve de passagem sobre o rio Mõxoto, na região Venda de ponte prejudica Sertão

PETROLÂNDIA — Segundo a Rffsa, a Mais de uma centena de Chesf, com a represa da "Ponte Ferroviária de trabalhadores rurais do barragem de Moxotó, Moxotó, só poderá ser ce- povoado de Volta do Mo- inundou todas as roças, dida por venda, sendo xotó, neste município, es- até hoje sem indenização que, a preços de 1979, a tiveram reunidos dia 31 e também as estradas, fi- mesma estava avaliada de outubro último, a con- cando então a ponte em 20 milhões e 256 mil vite do Sindicato dos ferroviária como única cruzeiros". Finaliza a Trabalhadores Rurais lo- passagem no local. Como Rede Ferroviária solici- cal, para debater sobre o havia inundado as estra- tando resposta se há in- problema da ponte da das carroçáveis, a Chesf teresse ou não, da parte Rede Ferroviária Fe- comprometeu-se de dos prefeitos, de fazer ne- deral, existente na locali- forrar a ponte, de modo a gociação para que possa dade que, se demolida e possibilitar o trânsito de também definir compro- vendida como ferro ve- animais e carros de pe- missos assumidos com a lho, como está previsto, queno porte, o que não foi firma contratante da des- acabará prejudicando feito. Em abril deste ano, montagem e compra da mais de 500 famílias dire- ao tomarem conheci- mencionada ponte. Os tamente. mento de que a ponte es- trabalhadores rurais de- taria sendo vendida, os cidiram então, mais uma A ponte em questão, camponeses procuraram vez, reivindicar dos pre: segundo informam os logo o Sindicato para ver feitos a resolução do pro- moradores mais idosos da que providências tomar. blema, já que contam in- Vila de Volta, foi clusive com o apoio da construída ainda no Foi feito um abaixo- Chesf, conforme ofício tempo dos escravos. A assinado com mais de 800 encaminhado pela construção foi iniciada assinaturas e comissões empresa ao Sindicato, em 1875 e inaugurada em de trabalhadores foram com cópia para o prefeito 1877 pelo Imperador D. organizadas para entrega de Petrolância, José Dan- Pedro II, ano em que co- aos prefeitos de Petrolân- tas de Lima. meçou a servir de passa- dia, Delmiro Gouveia e gem sobre o rio Moxotó, Informaram os rurí- Água Branca, Rffsa e culas que gexta-feira, dia para o trem que fazia o Chesf. O prefeito de percurso de Petrolândia à 6 do corrente, entregarão Petrolândia, José Dantas em mãos do prefeito mais Piranhas, em Alagoas, de Lima, conforme de- No ano de 1966, essa li- um ofício reivindicando a claram os trabalhadores aquisição e o conserto da nha férrea deixou de fun- que fizeram a entrega do cionar. O governo Castelo ponte, já que são inú- abaixo-assinado, disse na meros os benefícios que Branco, dizem os mora- ocasião que o Sindicato dores, achou que a linha trará diretamente a mais só chegava atrasado. Se- de 500. famílias das várias estava dando prejuízo. gundo o prefeito, o pro- Para eles, ehtretanto, aí é comunidades rurais de blema da ponte já havia Pernambuco e Alagoas. que o prejuízo veio, por- sido encaminhado e já es- que tiveram, a partir da- tava resolvido. Para A ponte, segundo os quele momento, que surpresa de todos, há estudantes e professores iftilizar o transporte ro- poucos dias o Sindicato locais, não pode ser ven- doviário, muito mais caro recebeu um ofício da dida pelo valor histórico e oneroso em relação ao Rede Ferroviária Fe- que representa não só combustível. deral, datado de 16 de para o Estado de Per- outubro, em que, dentre nambuco como para a DRAMA outras coisas, diz que o Nação. E, através deste Sindicato deveria reati- jornal, fazem um apelo Em 1975, ho mês de var o assunto junto aos ao Patrimônio Histórico maio, lembram os cam- Esfeitos de Petrolândia. Nacional, através da Fundarpe, no sentido de poneses, a situação Imiro Gouveia e Água 29 piorou ainda mais. A Branca. av«liar o monumento. DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Recife, quarta-feira, 18 de novembro de 1981

POÇO REDONDO - SE

TRABALHADORES RURAIS PASSAM FOME E SEDE

Em meio à política a água é um luxo

POÇO REDONDO Sergipe, a começar pelas (SE) — Além da agricul- regiões mais afetadas. tura e da pecuária, prin- cipais bases de sustentação DENUNCIAS econômica deste municí- pio, encontra-se prejudi- Não é de graça cado sob os efeitos da entretanto, que os traba- seca, o próprio abasteci- lhadores rurais de Poço mento d'água de Poço Redondo tém conseguido Redondo que é precário e que as suas reivindica- não atende ás necessida- ções sejam atendidas. des da população. O mu- Afirmam que além das nicípio de Poço Redondo, pressões exercidas pelo localizado no sertão de prefeito e políticos locais Sergipe, a 172 km de Ara- negando assistência mé- caju, dispõe apenas de dica do ex-Funrura! (hoje seis carros-pipa para Prorural) e até mesmo abastecer a cidade e a controlando, o abasteci maior parte da população mento d'água ás comuni rural, num total de 15 mil dades rurais, os dirigentes habitantes. sindicais tém sido ai vo de constantes ameaças pela Há localidades, polícia local, familiares como Sítios Novos, onde do prefeito e até elemen- moram mais de 200 fa- tos desconhecidos. mílias em que o abasteci- Dia 12 de outubro, <> mento d'água resume-se presidente do Sindicato, a um carro-pipa por se- Manoel Dionísio da Cruz, mana, apenas. Na cidade na feira de Pão de Açú- a luta por uma lata d'á- car, município vizinho, gua quando chega o ca- foi ameaçado de morte minhão é "aquela dana- por um desconhecido. A ção de gente, capaz de ameaça se estendia tam- morrer criança pisada", bém ao presidente do conforme afirmam al- Sindicato dos Trabalha- guns 'moradores. O cul- dores Rurais de Porto da pado disso tudo, segundo Folha, Manoel Rodrigues os habitantes, é o prefeito de Oliveira. Noutra oca- do município, que benefi- sião, Manoel Dionísio, cia somente "os que estão segundo relato do próprio do lado dele", quer dizer, e outro agricultor, quando aqueles que são do PDS. voltavam de uma reunião O Governo do Estado, na comunidade de Santa pelo contrário, através da Rosa, por pouco não Secretaria de Assistência foram atropelados por ao» Municípios, parece um caminhão guiado 30 estar disposto a resolver o pelo filho do prefeito, co- problema da seca eta nhecido por Era Ido. DIÁRIO DE PERNAMBUCO Recife, segunda-feira, 7 de dezembro de 1981

Trabalhadores de Petroíândia reuniram-se em frente à Prefeitura para exigir o pagamento Petroíândia: Trabalhadores pedern pagamento de novembro

PETROLANDIA mais conhecida como diram se reunir no sin- — Mais de cem traba- tinuam os rurícolas, fal- Cidade üvre, abriga uma dicato, segunda-feira e, tam só as ferramentas lhadores rurais população de aproxima- com o apoio do órgão de aglomeraram-se em que foram prometidas e damente três mil pes- classe, partir para a até agora nãochegaram. frente à Prefeitura local, soas, à espera de sede da municipali- com o apoio da diretoria Todos são unânimes em emprego nas constru- dade. Eles obtiveram o afirmar que o trabalho do Sindicato dos Traba- toras da represa ou de apoio da população e o lhadores Rurais, para mais necessário de ser alistamento no plano de prefeito terminou pa- leito e que traria benefí- exigir do prefeito o pa- emergência. Estão alis- gando o frete do cami- gamento do salário da cio a uma grande po- tados 101 trabalhadores nhão, no valor de Cr$ 3 pulação seria a constru- emergência referente ao e há pelo menos 300 es- mil, e prometeu o paga- mês de novembro. A ção de uma estrada perando alistamento. mento do mês de no- variante ligando a Vila concentração somente O que levou os tra- vembro para o dia se- terminou quando o pre- Jatobá a . ; balhadores rurais a fre- guinte, o que foi feito na Seria um trecho de 4 feito autorizou o paga- tarem um caminhão e ir terça-feira. Cada traba- mento, o que aconteceu Km partindo da Vila à Prefeitura de lhador recebeu Cr| 4 onde moram até as co- na terça-feira pela ma- Petroíândia exigir o pa- mil e 20 cruzeiros, mas nhã. munidades rurais de gamento do salário, foi a muitos reclaram que o Umburanas, Santa Segundo informa- resposta do prefeito valor real édeCr$5 mil, ções da diretoria sindi- Rita, Grande, José Dantas de Lima, a 773, tendo o prefeito Fazenda Grande e cal, esses trabalhadores um bilhete que os traba- prometido pagar a di- são oriundos das mais Martelo, beneficiando a lhadores lhe enviaram. ferença quando saísse o variadas áreas nordesti- uma população de apro- Os rurícolas pergun- dinheiro este mês. ximadamente 6 mil pes- nas, expulsos de suas taram onde seria feito o Por outro lado, os terras pelas grilagens ou soas, que semanalmente pagamento e diziam da trabalhadores mostram- pela seca. Assim é cons- deslocam-se para a feira sua disposição em fretar se apreensivos "com o da Cidade Livre, como é tituída toda população um caminhão para che- descaso do prefeito de que se aglomerou nos conhecida a Vila Ja- gar até a Prefeitura e re- Petroíândia", que não tobá. últimos cinco anos em ceberem o dinheiro. O lhes indicou em que frente ao acampamento Segundo os dirigeif- prefeito mandou dizer obra podem trabalhar principal da Chesf, tes sindicais de que se aparecesse traba- até o momento. Eles atraída pelas promessas Petroíândia esses fatos lhador na Prefeitura, preferem, segundo de- serão colocados na reu- de emprego na constru- entre até 50 ou 60 ho- clararam, receber um ção da barragem de Ita- nião de todos os Sindi- mens "eu tenho onde salário merecido como parica, a dez quilô- catos de Trabalhadores guardar". Entendendo pagamento de algum Rurais do Sertão e do metros a jusante desta a resposta como uma trabalho executado. O cidade. A Vila Jatobá, Agreste na sede da FE- ameaça de prisão, deci- que fazer não falta, con- TAPE no próximo dia 7. 31 DIÁRIO DE PERNAMBUCO Recife. wsuiMía^Wra ^^l^lêzêniBr^e

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i O prefeito de Fetrolãndia, José Dantas, atendeu aos camponeses com a Prefeitura fechada Trabalhadorespeden imcas inscrições na emergência frete do caminhão no ao prometido pelo Go- PETROLÁNDIA verno do Estado. mento. No dia 15 urna valor de Cr| 3 mil, utili- comissão de dez traba- — Distante 427km do Re- Quando chegamos em zado pelos trabalha- lhadores, n a sua cife, encravada no Ser- dores para se deslo- frente á Prefeitura, mais tão de Pernambuco, ás maioria mulheres, com- carem até a Prefeitura e de 300 trabalhadores pareceu mais unia vez à margens do rio São o pagamento no dia se- rurais, o prefeito man- Francisco, esta cidade Prefeitura. Depois de guinte, espalhou-se dou imediatamente fe- uma espera de mais de tem sido palco de diver- char o portão de ferro imediatamente no meio quatro horas o prefeito sas manifestações dos rural, motivando os para não atender nin- trabalhadores rurais guém". José Dantas atendeu camponeses daquela e aos trabalhadores que que nas últimas três se- Diante da negativa de outras localidades a se faziam acompanhar manas, sempre acompa- do prefeito, que falou fazerem o mesmo para pela diretoria do Sindi- nhados pela diretoria do com os camponeses do exigir o alistamento. cato e assessores da Fc- Sindicato dos Trabalha- lado de dentro da Pre- Isto deve-se também ao tape, A esta altura o dores Rurais do municí- feitura, por trás dn por- fato de o Governo do Es- prédio municipal já es- pio, fizeram diversas as- tão de ferro, os rurícolas tado haver assumido o tava lotado de trabalha- sembléia e vigílias em compromisso de alistar acamparam e a con- frente à Prefeitura. dores, a maior parte todos os trabalhadores centração somente en- mulheres com filhos que A finalidade dessas necessitados, homens e cerrada quando foi deci- mobilizações, que chega insistiam em só sair dali mulheres, a partir de 14 dido pelo Sindicato, que quando a comissão fosse ram a reunir mil e quin- anos de idade. Ressal- informou a Feteape e os hentos trabalhadores, a- atendida pelo prefeito, tam os dirigentes sindi- dirigentes desse órgão apesar da insistência proximadamente, é exi- cais deste município, comunicaram ao gover- gir o alistamento no Plano- em vão dos funcionários que os trabalhadores nador Marco Maciel. A de esvaziar o prédio, de Emergência, de to- conseguiram fazer com notícia de que o número dos os necessitados. As que deveria ser fechado que o Governo se de vagas havia sido au- para o almoço. lideranças sindicais in- comprometesse a aten- mentado para Petrolán- formaram que dos três Durante a audiên- der quase todas as rei- dia foi recebida como cia de uma hora, aproxi- mil desempregados a- uma vitória dos campo- vindicações apresenta- madamente, o prefeito penas a metade está neses. A expectativa dos das pelo Movimento José Dantas disse ter alistada nas frentes de trabalhadores é que Sindical dos Trabalha- conseguido mais 300 va- trabalho. dores Rurais. Assim fi- nesta semana a Prefei- A movimentação gas para Petrolándia, cou acertado nas últi- tura recomece o alista- alegando entretanto que dos rurícolas começou mas reuniões com os re- mento. quando 100 trabalha- não estava autorizado a presentantes da Secre- , Para isto o Sindi- fazer alistamento de dores alistados, residen- cato está providen- taria de Planejamento e mulheres casadas. Mas tes na Vila Jatobá, nú- ciando, a relação nomi- da Fiam, órgão respon- os dirigentes sindicais cleo populacional locali- nal de todos os traba- sável direto pela emer- comentam que as 300 zado a 15 quilômetros gência em Pernambuco. lhadores necessitados, desta cidade, decidiram vagas são insuficientes, "Mas — para atendendo á solicitação e muitos trabalhadores ir á Prefeitura exigir o surpresa nossa, afir- da Fiam de que os sindi- pagamento da emergên- continuarão passando mam os líderes sindi- catos junto com a Fe- fome, caso o Governo cia que estava atrasado. cais, o comportamento tape, fornecesse os no- 77 A notícia de que o pre- não autorize novos alis- adotado pelo prefeito mes dos trabalhadores tamentos. feito além de pagar o José Dantas é contrário que precisam de alista- TRIBUNA DO SERTÃO DEZEMBRO/1981

Governo fecha porta aos trabalhadores

Cerca de 3 mil camponeses, vítimas da seca, foram ao Recife contar sua situação. Mas o governador não os recebeu

0 Governo bateu com a porta na emergência foi feita (numa ex- mento do movimento sindical, sua na cara cie quase três mil tralialha- traordinária demonstrarão de traba- organização e sua enorme capacida- dores i!o Agreste e Sertão, que fo- lho) e entregues aos homens do Go- de de luta. E essa luta continuará. ram ao Recite, no dia 14 de dezem- verno. Mas a frustação dos homens e bro, reivindicar providências urgen- tes para solucionar os sofrimentos No dia da Marcha, pretextando das mulheres humildes, que percor- de mais de 100 mil camponeses víti- que não fora marcada audiência reram, com enorme sacriffcio, cen- mas da seca. com antecedência, o governador tenas de quilômetros e tiveram de Lnfrentando as maiores dificul- Maciel recusou-se a receber ou con- ficar ao relcnto, sem direito a entrar dades (financeiras c de transporte), versar com os traballiadores. Uma no Palácio do Governo, é muito os dirigentes sindicais autênticos das características do governante - grande. Os sertanejos ficaram, inclu- conseguiram demonstrar sua capaci- que não foi eleito com o voto do sive, decepcionados com a falta de dade de organização, seriedade e povo - é, nos momentos críticos, hospitalidade do governante indire- combatividade, promovendo a Mar- fugir dos problemas, iílc não recebe to. .A gravidade da situação nos cha dos Camponeses. trabalhadores rurais, mas vive em campos, onde militares de famílias Antes, já haviam encaminhado Brasília, dando satisfações aos seus passam privações, exigia do sr. Ma- 16 documentos ao Governo do Es- patrões que o colocaram no Gover- ciel uma atitude menos formal e de tado c obtido cinco audiências com no. mais sensibilidade. autoridades estaduais, sem qualquer A mobilização, em si, foi uma Ficou demonstrado que o gover- resultado. Uma lista de 100 mil agri- grande vitória dos sindicatos e da nador não dá nenhuma satisfação cultores necessitados de alistamento Fetape. Demonstra o amadureci- ao povo humilde.

33 AS FRENTES DE TRABALHO EM PETROLÂNDIA NÃO ALISTARAM TODOS OS NE- CESSITADOS. APESAR DAS VÁRIAS MANIFESTAÇÕES DE TRABALHADORES EM FRENTE À PREFEITURA. E DOS DOCUMENTOS E RELAÇÕES NOMINAIS DOS NE CESSITADOS ENTREGUES ÀS AUTORIDADES.

OS ALISTAMENTOS- FORAM FEITOS DE ACORDO COM OS INTERESSES ELEITO- REIROS DOS PREFEITOS.

OS PLANOS DE MERGÊNCIA NO NORDESTE. ULTIMAMENTE CONTROLADOS PELOS PREFEITOS SEM A MENOR POSSIBILIDADE DE FISCALIZAÇÃO PELAS ENTIDA DES SINDICAIS. ESTÃO LONGE DE RESOLVER OS PROBLEMAS PROVOCADOS PE LA SECA. BASTA CONHECER DE PERTO A SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS PARA COMPROVAR OS RESULTADOS.

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CENTRO DOS TRABALHADORES RURAIS DO SUBMÊDIO SÃO FRANCISCO CONTAG - FETAPE - FETAG(BA) - STRs - CPT Av.Manoel Borba, 49 - 56.460 - Petrolandia(PE)