2019 Tese Cspereira.Pdf
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA CAMILA DA SILVA PEREIRA IDENTIDADES (RE)DESCOBERTAS E A LUTA QUILOMBOLA POR DIREITOS TERRITORIAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL FORTALEZA 2019 CAMILA DA SILVA PEREIRA IDENTIDADES (RE)DESCOBERTAS E A LUTA QUILOMBOLA POR DIREITOS TERRITORIAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Geografia. Área de concentração: Dinâmica territorial e ambiental. Orientadora: Profª. Dra. Alexandra Maria de Oliveira FORTALEZA 2019 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a) P49i Pereira, Camila da Silva. Identidades (re)descobertas e a luta quilombola por direitos territoriais no estado do Rio Grande do Norte, Brasil / Camila da Silva Pereira. – 2019. 291 f. : il. color. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências, Programa de Pós-Graduação em Geografia , Fortaleza, 2019. Orientação: Profa. Dra. Alexandra Maria de Oliveira. 1. Território. 2. Territorialidades. 3. Identidade étnica. 4. Luta quilombola. 5. Direitos territoriais. I. Título. CDD 910 CAMILA DA SILVA PEREIRA IDENTIDADES (RE)DESCOBERTAS E A LUTA QUILOMBOLA POR DIREITOS TERRITORIAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Geografia. Área de concentração: Dinâmica territorial e ambiental. Aprovada em: ___/___/______. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Profª. Dra. Alexandra Maria de Oliveira (Orientadora) Universidade Federal do Ceará (UFC) ___________________________________________ Prof. Dr. Alessandro Dozena Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ___________________________________________ Profª. Dra. Gema Galgani Silveira Leite Esmeraldo Universidade Federal do Ceará (UFC) ___________________________________________ Prof. Dr. Josias de Castro Galvão Universidade Federal da Paraíba (UFPB) _____________________________________________ Profª. Dra. Vera Regina Rodrigues da Silva Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) AGRADECIMENTOS A Deus e a espiritualidade amiga que se manifestam nos detalhes e através de pessoas que tornam essa passagem mais leve e esperançosa. À minha família pelo apoio e pelas críticas que me fizeram não desistir nessa longa caminhada tão incompreendida, por tantas vezes. Aos meus amigos de longa data que entenderam as minhas angústias, meu distanciamento e estiveram presentes nessa trajetória. Agradeço, especificamente, aos amigos da minha turma de doutorado. As aulas, os seminários e os momentos de escape da pressão acadêmica, foram mais bonitos com vocês ao meu lado. Aos professores que me inspiraram a seguir a vida acadêmica desde a graduação, passando pelo mestrado, chegando até o encerramento do doutorado. Especifico a minha gratidão aos professores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) que, diretamente, me ajudaram na caminhada contínua de amadurecimento teórico e metodológico para a construção da tese. Enfim, minha admiração eterna a vocês que acreditam numa educação geográfica transformadora. Às comunidades quilombolas que acolheram com tanto carinho e respeito essa “estranha” em seus territórios. Obrigada por me receberam em suas casas, pelo lugar para dormir, pelo alimento compartilhado com tanto amor, pela ajuda durante as pesquisas em campo e por todo o afeto compartilhado nesses últimos anos. Esse trabalho é de vocês, eu só tive a alegria de escrever o que aprendi com as suas vivências e as suas histórias. Nem de longe conseguirei sentir o que é ser quilombola numa sociedade que ainda os invisibiliza. Fiz um esforço e sou só gratidão por essa oportunidade. Às instituições responsáveis pelas demandas das comunidades quilombolas por toda a contribuição no trabalho, destacamos a Conaq, a Coeppir, a Kilombo e o Incra. À minha orientadora Alexandra Maria de Oliveira pelos caminhos traçados para que chegássemos a realizar uma leitura mais profunda e não reducionista da luta quilombola. Obrigada por todo o acolhimento e pelo cuidado até nos momentos em que as minhas lutas diárias dificultaram o processo. Aos meus amigos de trabalho do Curso de Geografia da Fafidam/Uece e aqueles que não mais compõem nosso quadro docente, por compartilharem momentos difíceis e contribuírem com discussões e reflexões sobre a pesquisa. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Agradeço pelo financiamento da pesquisa durante seu primeiro ano de duração. À Fundação Cultural Palmares pela disponibilidade de documentos e arquivos que compuseram esse trabalho. Aos colegas do grupo de pesquisa NATERRA (Pesquisa e Articulação Campo, Terra e Território) do qual fiz parte, pelas oportunidades de partilhar aprendizagens com os sujeitos do campo em seus territórios. Por fim, agradeço à disponibilidade dos professores que compuseram a banca de defesa, professor Josias de Casto Galvão, professora Gema Galgani Leite Esmeraldo, professor Alessandro Dozena e professora Vera Regina Rodrigues da Silva, o trabalho ganhou mais vida com a sensibilidade e as orientações de vocês. Parafraseando parte dos agradecimentos da minha dissertação de mestrado, na qual disse que a semente estava plantada e ela cresceria, digo agora que a semente continuará germinando, produzindo outras que também tenham esse desejo. “A luta de libertação é, acima de tudo, uma luta tanto para a preservação e sobrevivência dos valores culturais do povo, quanto para a harmonização e desenvolvimento desses valores dentro da estrutura nacional” (Abdias do Nascimento). RESUMO Nas últimas décadas tem ocorrido a ampliação dos debates no âmbito acadêmico e dos movimentos sociais acerca dos conflitos no campo e das demandas dos territórios quilombolas em todo o Brasil. As tentativas de invalidar a luta dos povos camponeses e, nesse contexto, os quilombolas, se fortaleceram pela consolidação de uma aristocracia rural e uma elite burguesa urbana, anos antes da abolição oficial da escravidão em 1888, o que produziu e reforçou as ideologias de negação da presença negra quilombola e a existência de relações escravistas aprazíveis em estados como o Rio Grande do Norte. Até meados dos anos de 1920, as identificações quilombolas, que tiveram no seio dos quilombos coloniais as primeiras formas de materialização, sofreram um processo de invisibilização pelo Estado e agentes sociais ligados a este. O (re)aparecimento dessa discussão é fruto de articulações de movimentos sociais a partir da década de 1920, como a Frente Negra Brasileira o Movimento Negro Unificado, contribuindo para o processo que denominamos de (re)descoberta oficial das identidades quilombolas, com a entrada das suas demandas na pauta legislativa e a emergência de novos sujeitos políticos entendidos fora da ideia unilateral de organização social originada pela fuga. A tese objetiva analisar o processo de (re)descoberta e reconhecimento oficial das identidades quilombolas e a luta por direitos territoriais no estado do Rio Grande do Norte, partindo do pressuposto de que a ideologia das relações de escravismo negro aprazíveis e/ou inexistentes no estado, gerou discursos de negação da existência de negros aquilombados e os processos de fragmentação de suas identidades que enfrenta, por outro lado, a burocratização na efetivação das políticas públicas e confrontos com agentes locais que compõem os arranjos espaciais de conflitos no território. A construção teórico-metodológica da análise baseia-se no materialismo histórico dialético com influência de leituras pós-estruturalistas para refletir a estruturação da sociedade em diferentes tempos e espaços e as relações de dominância tanto pelo viés econômico capitalista, quanto sociocultural entre etnias e classes sociais. Realizamos trabalhos de campo e entrevistas semiestruturadas com lideranças quilombolas das comunidades: Jatobá no município de Patu, Boa Vista dos Negros no município de Parelhas, Acauã no município de Poço Branco e Macambira situada entre os municípios de Lagoa Nova, Santana do Matos e Bodó. Os dados secundários coletados, bem como os registros fotográficos e as entrevistas semiestruturadas com representantes do Estado e movimentos que tratam da questão quilombola no Rio Grande do Norte, constroem o leque de informações para a análise do campo de estudo. A luta quilombola não só no Brasil, mas em todos os países que consolidaram o regime de escravidão, atravessa a busca por romper com a força política dos discursos e práticas de poder que historicamente minimizam ou negam a existência das demandas dos quilombos, tornando-se necessário o fortalecimento coletivo das identidades étnicas para o combate às imposições históricas; além de configurar um enfrentamento aos agentes do capital, proprietários de terras, empresas privadas, entre outros, que representam as formas perpetuadas de repressão aos quilombos visando deslegitimar a luta por direitos territoriais. Palavras-chave: Território. Territorialidades. Identidade étnica. Luta quilombola. Direitos territoriais. ABSTRACT